BR MovendoMontanhas
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o impossível!
A Bíblia fala, várias vezes, sobre a necessidade de perseverar em fé e
em oração, e que Deus ouve e responde súplicas até o ponto de mover
montanhas. Mas quando nossas orações não são atendidas, conforme
Movendo
montanhas
esperávamos, podemos ser levados a questionar se tivemos fé
suficiente. Movendo montanhas nos relembra de que a oração não tem
a ver com a quantidade de fé que temos; é uma questão de se cremos,
ou não, que Deus pode fazer o que lhe pedimos.
DR. DAVID M. CRUMP doutorou-se em Estudos do Novo Testamento
na Universidade Aberdeen, na Escócia. É pastor e também ensina A prática de perseverar em oração
Novo Testamento na Calvin College, em Michigan, EUA. Vive com sua
esposa, Terry, em Montana, EUA.
Para uma lista completa dos endereços de todos os nossos escritórios, acesse:
paodiario.org/escritorios.
1
se tivéssemos fé, poderíamos ordenar aos montes que se
movessem. Mas as pessoas continuam doentes, o emprego
não vem e os amigos continuam longe de Deus. O que
aconteceu? Será que não cremos?
A maioria de nós tem dificuldades com a oração,
principalmente quando parece sem resposta. Sendo assim,
oferecemos as páginas a seguir como forma de ajudá-lo a
passar pela desafiante relação entre fé e oração.
2 MOVENDO MONTANHAS
Índice
1
Quando a oração se torna
um fardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2
Jesus e a figueira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3
Movendo montanhas . . . . . . . . . . . . . . . .21
4
Duas condições. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9
Porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a
este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar
no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será
com ele. Por isso, vos digo que tudo quanto em oração
pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco
(Marcos 11:23,24).
10 MOVENDO MONTANHAS
que possa ser honestamente assinado com a caneta da fé
que move montes. Porém, para muitos de nós, afirmações
assim levantam mais perguntas do que respostas: E quanto
àqueles que nunca chegam a ver seus milagres tão pedidos
e aguardados? Será que a ausência do milagre sugere uma fé
fraca, ou pior ainda, uma dúvida?
Qualquer tentativa de explicar o panorama do Novo
Testamento a respeito das relações entre a oração, a fé e
a resposta de Deus, precisa incluir uma olhada séria em
Marcos 11:23,24 e afirmações relacionadas em outras partes
dos evangelhos — Lucas 17 e Mateus 17.
Paralelos sinóticos
Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão
de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e
transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá (Lucas 17:6).
O relato de Lucas não tem relação específica com
oração. Esse contexto (17:3-10) fala da fé necessária para
se perdoar repetidamente um irmão ou irmã. Em resposta
à perplexidade de Pedro sobre essa expectativa, Jesus
identifica essa fé como um requisito do verdadeiro
discipulado. Mas, aqui, Jesus não está sugerindo uma
quantidade necessária de fé e, sim, uma genuinidade dessa
fé. Perdoar ofensas frequentes não é uma questão do
tamanho da fé, mas de sua autenticidade. A comparação
da fé com um grão de mostarda não serve para sugerir a
quantidade, mas a realidade da fé na vida da pessoa. A
lição não é ”crer e não duvidar” para ver o impossível ser
Jesus e a figueira 11
realizado, mas sim, para demonstrarmos que simplesmente
cremos, através da disposição de perdoar sempre aquele
que repetidamente pecar contra nós. Uma grande fé não é
exatamente um requisito nesse caso.
Em Lucas 17, Jesus disse: ”Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o;
se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar
contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido,
perdoa-lhe” (vv.3,4). Em resposta a isso, os discípulos disseram a Jesus:
”Aumenta-nos a fé” (v.5).
12 MOVENDO MONTANHAS
Nossa busca por uma relação explícita entre fé e oração
nos leva às declarações de Jesus ligadas à ocasião em que
Ele amaldiçoou a figueira (Marcos 11:23,24; Mateus 21:21,22). Nessas
passagens, o poder da fé, aparentemente, livre de dúvidas é
conectado ao resultado da oração de petição.
A estrutura de Marcos
O fato de Jesus amaldiçoar a figueira causou estranheza a muita
gente. O filósofo inglês Bertrand Russell, autor de Por que não
sou cristão, afirma que a distinta falta de virtude demonstrada
nesse irrompimento de Cristo foi o motivo de ele considerar
Jesus uma figura inferior a Buda ou a Sócrates.1 Mesmo entre
os mais simpatizantes do Novo
Testamento, não são raras palavras do
tipo ”desedificante”, ”problemático”,
”questionável”, ”absurdo” e ”irracional
e revoltante”, ainda mais à luz do
fato de que ”não era tempo de figos”
O tratamento de
(11:13). O tratamento de Jesus para com
Jesus para com uma
uma figueira infrutífera sem dúvida figueira infrutífera
levanta questões para qualquer leitor sem dúvida
curioso, em especial nessa versão levanta questões
notavelmente mais longa em Marcos. para qualquer
O mais notável no relato de leitor curioso.
Marcos é Jesus visitar a figueira duas
Movendo montanhas 13
vezes em um período de dois dias, ao contrário de Mateus,
que fala de uma visita só. A maldição inicial (Marcos 11:12-14)
vem antes da manifestação de ira de Jesus no Templo
(11:15-19). Já em Mateus, a figueira é amaldiçoada depois
da expulsão dos comerciantes do Templo. Em Marcos, a
árvore ressequida é redescoberta na manhã seguinte (11:20,21),
e o incidente é usado como ocasião para instruir sobre a
oração (11:22-26). O relato de Marcos transcorre assim: figueira
(11:12-14), Templo (11:15-19), figueira (11:20,21), oração (11:22-26).
Jesus e o Templo
A maioria dos estudiosos concorda que a intenção
de Marcos era que seus leitores entendessem o
comportamento de Jesus como uma advertência profética
da vindoura destruição que logo assolaria o Templo, seu
sacerdócio e até a própria nação de Israel.
Amaldiçoar a árvore era um símbolo da condenação
do Templo. Essa analogia não é novidade em Marcos. O
Antigo Testamento usa a imagem da figueira com frequência.
É um símbolo profético favorito para o povo de Israel. A
figueira improdutiva e ressequida, representando uma
nação desleal prestes a ser tomada pelos inimigos, é uma
imagem comum no Antigo Testamento (Isaías 28:4; 34:4; Jeremias 8:13;
Oseias 2:12; Joel 1:7,12; Amós 4:9; Naum 3:12; Habacuque 3:17). Muitas vezes
o centro da infidelidade de Israel era o abuso nos cultos no
Templo. Não era incomum que os profetas usassem uma
figueira ressequida como uma advertência da destruição do
Templo. Na verdade, a passagem citada em Marcos 11:17 é
exatamente isso. Jesus cita o profeta Jeremias, que condena
14 MOVENDO MONTANHAS
Judá por pensar, de forma hipócrita,
que frequentar o Templo os
absolveria da culpa por sua idolatria:
Ouvi a palavra do Senhor, todos
de Judá, vós, os que entrais por A figueira
estas portas, para adorardes ao improdutiva
Senhor […]. Emendai os vossos e ressequida,
caminhos e as vossas obras, e eu representando
vos farei habitar neste lugar. Não uma nação
confieis em palavras falsas, dizendo: desleal prestes a
Templo do Senhor, templo do ser tomada pelos
Senhor, templo do Senhor é inimigos, é uma
este […]. Eis que vós confiais em imagem comum no
palavras falsas, que para nada vos Antigo Testamento.
aproveitam […]. Será esta casa
que se chama pelo meu nome um
covil de salteadores aos vossos olhos? (Jeremias 7:2,4,8,11).
O longo julgamento continua, e por fim Jeremias
incorpora diversas imagens, incluindo a figueira:
Eu os consumirei de todo, diz o Senhor; não haverá uvas
na vide, nem figos na figueira, e a folha já está murcha; e
já lhes designei os que passarão sobre eles (Jeremias 8:13).
18 MOVENDO MONTANHAS
destinados a tornarem-se a verdadeira casa de oração para
todas as nações; eles seriam o novo Templo.
1 Bertrand Russell: Por que não sou cristão L&PM Editores, 2008.
2 Dowd, S. E., Prayer, Power, and the Problem of Suffering: Mark 11:22-25 in the Context of Markan Theology
(Oração, poder e o problema da dor: Marcos 11:22-25 no contexto da teologia marcana). Atlanta: Scholars Press,
1988, p. 53.
3 Evans, C. A., Mark 8:27–16:20 (Marcos 8:27–16:20). Nashville: Nelson, 2001, p. 154; e Geddert, T. J. Mark (Marcos)
Scottdale, PA: Herald, 2001, p. 266.
4 Talmude babilônico, (tratado de Berachot 32b), p. 22.
Jesus e a figueira 19
20 MOVENDO MONTANHAS
3
Movendo montanhas
21
Com esse objetivo em mente, temos mais um ”monte” de
contexto histórico para escalar antes de estarmos com os pés
firmes para explorar a teologia de Marcos sobre a oração de
petição. O espetáculo de montes dando twist carpado duplos
no mar Mediterrâneo é uma representação dramática de Deus
fazendo ”tudo quanto pedirmos” em oração (11:24), se crermos
e não duvidarmos (11:23). Mas como poderemos entender essa
imagem? Como explicar essa paisagem tão hiperativa?
Muitos argumentam que o monte ser movido não
é apenas uma representação metafórica do poder da fé;
também se trata do monte do Templo, monte Sião, que será
simbolicamente removido quando o Templo for destruído
por Roma.5 Assim, Jesus enfatiza o contraste entre o velho
e o novo; a casa de oração de Jerusalém, fracassada, será
removida para abrir espaço para a nova casa de oração
incorporada na comunidade dos Seus discípulos.
Outros argumentam que a remoção desse monte deve
ser interpretada no contexto dos antigos debates sobre
os limites do poder divino. Hoje em dia, perguntamos se
é hipoteticamente possível Deus criar uma pedra grande
demais para Ele carregar. No mundo antigo, havia uma
questão semelhante sobre se Deus poderia criar um monte
pesado demais para Ele conseguir mover. A capacidade de
Deus de deslocar montanhas era uma maneira figurada de
afirmar Seu poder de fazer o impossível. Marcos ressalta
essa convicção em outros trechos, lembrando ao leitor que
”para Deus tudo é possível” (10:27; 14:36).
Então, qual das duas possibilidades mais esclarece
as palavras de Jesus? Eu sugiro adotarmos as duas.
22 MOVENDO MONTANHAS
Afinal, Marcos usa a figueira como símbolo da destruição
do Templo e do poder da oração com fé. A ideia de os
discípulos falarem com esse monte (11:23) é comparável
a Jesus ter fé em Deus e falar com a figueira (11:14,21). Em
outras palavras, o mesmo poder divino que secou a árvore
infrutífera e mais tarde destruirá o Templo está à disposição
do discípulo que ora. O significado duplo do monte traz
duas importantes lições para os leitores de Marcos.
Movendo montanhas 23
No começo, a oposição à igreja surgiu do Sinédrio encabeçada
pelo sacerdócio e seus líderes no Templo (ATOS 4:1-22; 5:17-42; 6:12-15; 7:54-60;
22:5; 23:1-4,14,15; 24:1; 25:15; 26:10,21), mas depois passou a incluir a sinagoga
como um todo (8:1-3; 9:23, 29; 12:1-4; 13:45, 50; 14:2-5, 19; 17:5-9, 13; 18:6,12-17; 19:9,33; 20:3;
21:27-36; 23:12-15; 24:9; 25:7,24).
5 Telford, W. R., The Barren Temple and the Withered Tree: A Redaction-Critical Analysis of the Cursing of the Fig-Tree
Pericope in Mark’s Gospel and Its Relation to the Cleansing of the Temple Tradition (O Templo estéril e a árvore
ressequida: Uma análise crítica de redação da perícope sobre maldição da figueira no evangelho de Marcos e
sua relação com a tradição da limpeza do Templo). Sheffield: JSOT Press, 1980, pp. 110–115.
6 C. D. Marshall, Faith as a Theme in Mark’s Narrative (Fé como tema na narrativa de Marcos). Cambridge:
Cambridge University Press, 1989, p. 169.
24 MOVENDO MONTANHAS
4
Duas condições
A condição da Fé
A questão da fé é crucial para todos os ensinamentos de
Jesus. Mas ela é especialmente relevante nessa passagem.
Sua relevância é ressaltada pela tríplice repetição ”tende
fé em Deus” (Marcos 11:22), ”não duvidar […] mas crer” (11:23)
e ”tudo quanto […] pedirdes, crede que recebestes”
(11:24). Fica claro que a fé é essencial para a resposta das
orações; mas de que forma, exatamente? E a pergunta mais
básica ainda permeia a nossa mente: O que é fé? Qual é
sua definição? Como poderemos reconhecê-la quando a
virmos? Ou será que devemos simplesmente esperar para
ver se nossas orações são atendidas e depois tirar nossas
próprias conclusões?
25
Marcos 11:22 abre uma caixa de Pandora de questões
complexas sobre fé. Primeiro, esse versículo é notável porque
a expressão traduzida como ”tende fé em Deus” é única no
Novo Testamento. Jesus pede que os discípulos coloquem
sua fé no poder de Deus e se lembrem de que o resultado
da oração depende da capacidade de Deus, não da nossa.
O que o discípulo precisa acreditar, a respeito do poder de
Deus, é exatamente que ”para Deus tudo é possível” (10:27;
14:36). Ao discípulo é instruído crer primeiro ”que se fará o
que diz” (11:23) e, segundo, ”que recebestes” ”tudo quanto
[…] pedirdes” (11:24). De maneira geral, em Mateus, Marcos
e Lucas, a linguagem da fé significa confiança ou segurança
no poder de Deus demonstrado por meio de Jesus e/ou
Seus discípulos (Mateus 8:10,13; 9:28,29; Marcos 2:5; 5:34, 36; 10:52; Lucas 1:45;
17:19; Atos 27:25; Romanos 4:17-21).7 O encorajamento para ”crer que”
refere-se ao fato de que Deus tem o poder para executar o
pedido em questão.
Em outras palavras, a oração cristã pressupõe uma visão
de mundo bastante específica, que afirma que, se certas
orações não são respondidas, não é que os pedidos estejam
além da capacidade de Deus. Quando oramos, devemos nos
aproximar de Deus com confiança, sabendo que ”para Deus
tudo é possível”. Ele é o Criador que pode reiniciar o que quer
que tenha parado, finalizar o que quer que tenha começado,
ou redirecionar qualquer coisa em andamento. A fé, nesse
contexto, requer que abracemos a convicção, principalmente
em oração, de que Deus ainda pode operar milagres.
As respostas em potencial não são afetadas pelo volume
ou pela força da nossa fé. Isso é evidente por dois motivos.
26 MOVENDO MONTANHAS
Primeiro, traduções que transformam Marcos 11:22 em uma
afirmação condicional: ”se vocês tiverem fé em Deus” seguem
uma tradução menos provável do original grego. Essas poucas
traduções que usam o ”se” podem ter sido influenciadas por
Lucas 17:6. E, também, a frase seguinte em Marcos 11:23
começa com ”amém” ou ”em verdade”, dependendo da
versão da Escritura. Juntas, essas duas considerações indicam
que Jesus não disse ”se vocês tiverem fé, então suas orações
serão atendidas”. Em vez disso, ele faz uma exortação direta:
”Tenham fé em Deus! Orem. Vocês serão atendidos!” O
volume ou qualidade da fé não estão em questão.
A condição da dúvida
De forma similar, a referência a dúvidas em Marcos 11:23
não estabelece uma ligação entre possíveis respostas e a
qualidade da fé da pessoa. Jesus diz: “se não duvidar, mas
crer”. O “mas” serve para ligar os dois verbos (“duvidar” e
“crer”) como alternativas. O comando é “não A, mas B”. Em
outras palavras, escolha. Você pode ter A ou B, dúvida ou fé,
mas não os dois simultaneamente. Nesse contexto, não há
sugestão de que fé e dúvida sejam graus variados da nossa
crença. Ter fé é recusar-se a duvidar.
A expressão “não duvidar” não tem intenção de
descrever uma fé especialmente forte, forte o bastante para
ver milagres, diferente de uma fé fraca que é assombrada
pela dúvida e não consegue ver milagres. Na verdade, não
duvidar é a própria definição de fé. Uma fé disposta a pedir
por milagres, ainda que timidamente, é a fé que um dia verá
milagres. Aqueles que duvidam suspeitam que Deus não
Duas condições 27
tem poder para fazer o impossível.
Permitir que as dúvidas moldem
nosso comportamento é rejeitar
a visão de mundo promovida por
Jesus. Consequentemente, quem
Permitir que as duvida deixa de orar — ou, pelo
dúvidas moldem menos, se recusa a pedir milagres a
nosso comportamento Deus. Afinal, muitas pessoas oram
é rejeitar a visão de
todos os dias, mas parecem não
mundo promovida
ter segurança real na capacidade
por Jesus.
de Deus, ou pelo menos em Sua
vontade, de agir de maneiras que
vão além da ordem natural das
coisas. De acordo com 11:22-24, essas orações não são
orações de fé, mas de dúvida. Orações que não contam,
pelo menos, com a possibilidade de um milagre são orações
feitas em incredulidade.
[
Não, eu não tentei explicar essas questões interpretativas
para meu amigo Gary enquanto ele compartilhava o
otimismo frágil de suas orações por cura na minha classe
noturna de estudo bíblico. Talvez eu devesse ter explicado,
mas duvido. Ele continuava a orar; ainda acreditava no
poder de Deus para operar milagres, e eu não tinha como
saber o que os planos de Deus reservavam para ele. Talvez
eu ficasse mais inclinado a falar algo se detectasse algum
vestígio de exaustão espiritual ou um cinismo canceroso
sobre oração em geral. Pois esses são os principais perigos
do típico mal-entendido que Gary trouxe a essa passagem.
Duas condições 31
Oração não é mágica, e não existe promessa geral, ou
receita de fé, para garantir que Deus realize toda e qualquer
petição simplesmente se a pessoa que fizer a oração crer. Oro
para que pelo menos isso fique claro.
De acordo com Marcos 11:12-26, a oração é a expressão
da fé, e fé é o único meio de se relacionar com Deus. A
maneira com que uma pessoa fala com Deus e o que ela
se dispõe a lhe pedir refletem a realidade ou a ilusão do
compromisso de fé da pessoa.
Os líderes incrédulos do Templo nos tempos de Jesus
foram substituídos pela (e se realizam na) resistente
comunidade de discípulos que creem. Nós — membros da
Igreja de Cristo — jamais renunciaremos à verdadeira fé em
Jesus Cristo. Nunca deixaremos de crer que o Pai de nosso
Senhor nos fez membros da família de Deus. Nenhuma
oposição de qualquer origem, religiosa ou secular, será
capaz de barrar o sempre crescente círculo de salvação
que está cobrindo este mundo através do invencível reino
de Deus. A principal expressão dessa fé são as orações
persistentes para que nosso Pai celestial aja das maneiras
em que somente Ele pode agir. Orações ofertadas com o
conhecimento de que cada novo momento pode facilmente
trazer o tão esperado milagre. Podemos não ser capazes de
prever resultados específicos, mas vivemos sabendo que
nosso Pai celestial “é poderoso para fazer infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Efésios 3:20).
7 Rudolph Bultmann, “Π ιστεύω” Vol. 6 no Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário teológico
do Novo Testamento). Editado por G. Kittle e G. Frriedrch. Traduzido por G. W. Bromily, (Grand Rapids,
Eerdmans, 1968), p. 206.
32 MOVENDO MONTANHAS