A CBB e o Movimento g12

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A CBB e movimento G12

02/07/14
Pronunciamento
Preâmbulo

A Diretoria da Convenção Batista Brasileira e os Secretários Executivos das Convenções


Batistas dos Estados vêm acompanhando com o maior interesse os debates e as
experiências com relação ao chamado Movimento G12, e entende necessário fazer o
pronunciamento a seguir, visando à saúde doutrinária e à unidade das igrejas, a
sustentação dos princípios bíblicos e teológicos que informam nossa Eclesiologia, a
eficácia de nosso testemunho nesta virada de século e milênio e, sobretudo, a glória de
Deus.

Nossas Convicções

Como preliminar às nossas posições sobre o G12, é mister recordar e afirmar algumas de
nossas convicções:

1. Cremos nas Escrituras Sagradas, canônicas, composta de Antigo e Novo Testamento,


como registro fiel da revelação de Deus, e como única regra de fé e conduta, para o crente
e para a igreja de Jesus Cristo no mundo.

2. Cremos que a Bíblia deve ser interpretada por firmes princípios hermenêuticos, dos
quais ressaltamos o de que a Bíblia deve ser inter pretada pela Bíblia, o texto à luz do
contexto, mas sempre à luz da Pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.

3. Cremos no Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo, cujas obras nós vemos na Criação e
na História, e que se revela, de maneira gradativa e progressiva, nas Escrituras e,
plenamente, na Pessoa de Jesus Cristo, Verbo encarnado.

4. Cremos na Igreja como entidade a um tempo temporal e atemporal, fundada por Jesus
Cristo e que tem por missão a redenção dos homens e o fazer discípulos de Dele em
todas as nações, formando uma nova criação, a humanidade deutero-adâmica.

5. Cremos na suficiência de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, na eterna salvação dos
que Nele crêem.

6. Como cristãos, evangélicos e batistas, cremos que a revelação chegou à sua


culminância em Jesus Cristo e que toda alegação de novas revelações ou verdades deve
ser cotejada com as Escrituras canônicas, corretamente interpretadas.

7. Cremos que a igreja do Novo Testamento, especialmente a de que nos dá conta o livro
de Atos, constitui modelo para as igrejas de nossos dias, já no compromisso com a
proclamação, a adoração, a comunhão, a edificação e o serviço; já no modelo pendular de
seu funcionamento, no templo e nas casas, a difundir o reino de Deus.

8. Cremos que são permanentes e de valor universal e transcultural (a valer em todas as


culturas) os princípios bíblicos de organização, vida, ministério, proclamação e serviço da
igreja, porém os métodos e modelos podem e devem variar, de acordo com a sociedade e
a cultura em que se insere a igreja e desenvolve-se sua missão.
9. Cremos que os fins não justificam os meios na realização da obra de Deus no mundo.
Fins e meios devem ser compatíveis com a verdade, os princípios e a ética das Santas
Escrituras.

10. Cremos devermos estar abertos para o diálogo e a aprendizagem em nosso mundo
globalizado, em todas as áreas da existência humana, porém capazes de discernir os
métodos e modelos consoantes os princípios e fundamentos de nossa fé, a manter-nos
sempre inarredáveis em nossa fidelidade a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. 

Nossa posição sobre o Movimento G12

À luz das convicções que acabamos de explicitar, e do exame criterioso e desapaixonado


de testemunhos, relatórios, pronunciamentos e documentos elaborados por líderes
evangélicos de modo geral, e batistas em particular, chegamos à seguinte posição:

1. Não julgamos o espírito ou as intenções dos fundadores e pais do Movimento G12, por
não caber-nos tal responsabilidade e não conhecermos sua mente e consciência.

2. Reconhecemos que ao longo dos séculos, e especialmente no nosso, têm surgido


propostas, modelos e métodos de “fazer igreja” e de evangelizar e ou de “fazer missões”,
algumas das quais com a pretensão de ser a “última revelação”, “a última palavra”, o
“método final”, mas todos foram marcados pela temporalidade e impermanência, pois,
afinal de contas, os métodos variam e não é qualquer método que conta mas o homem. O
“homem é o método de Deus”, como lembrou com propriedade Edward M. Bounds.

3. O G5, o G12, a “igreja em células”, o modelo dos NEBs constituem modelos humanos,
com o propósito de promover a atuação da igreja no mundo, mas nenhum deles pode
arrogar-se o status de revelação final ou método perfeito; todos são marcados pela
falibilidade humana.

4. Nossas igrejas, para cumprirem o mandato recebido do Senhor, de “fazer discípulos de


todas as nações”, precisam de extroverter-se, conforme a igreja de Jerusalém que se
reunia “no templo e nas casas”, adotando estruturas leves, de pequenos grupos nos lares.
Mas sem perder de vista sua unidade e integridade. Para tanto os grupos nos lares, seja
qual for o nome adotado, devem ser dirigidos por pessoas espiritual, moral e
intelectualmente capazes, preparados pelos pastores e orientadas a conduzir estudos
sobre os mesmos temas, a comunicar as mesmas doutrinas, a conduzir o povo de Deus à
firmeza na fé, à comunhão, à santidade e ao serviço.

5. Não aprovamos o modelo G12, já no chamado “Encontro Tremendo”, que emprega


métodos e procedimentos que vêm ao arrepio dos princípios e ensinos das Santas
Escrituras; já na compreensão de que todos os crentes são potencialmente líderes, pois
isso contraria a diversidade de dons a que a Bíblia ensina e a experiência eclesiástica
comprova. Nem todos receberam o Dom de liderar, mas todos com certeza receberam
dons que os habilitam a servir no corpo de Cristo.

Nossa exortação e recomendação

1. Exortamos pastores e igrejas a cumprirem o que ordena Paulo aos tessalonicenses:


“Examinai tudo, retende o bem”; mas nunca venham a adotar e apregoar, como definitivo e
de valor absoluto, qualquer método, modelo ou programa de igreja que eventualmente
tenha produzido frutos noutras culturas e outros lugares. Cada método ou modelo deve ser
confrontado com os princípios bíblicos e, se passar por esse crivo, deve ser ajustado à
realidade de cada igreja.

2. Recomendamos que o G12, como qualquer modelo de igreja em células ou grupos nos
lares, deve ser rejeitado quanto à sua pretensão de revelação final de Deus para a Igreja
hoje; mas pode ser aproveitado, em princípio, naquilo em que não conflitar com as
Escrituras e a teologia e eclesiologia que delas decorrem e nós adotamos como povo
cristão, evangélico e batista.

Pr. Irland Pereira de Azevedo (Relator)

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