2017 IgorCarvalhoSantosdeOliveira TCC PDF
2017 IgorCarvalhoSantosdeOliveira TCC PDF
2017 IgorCarvalhoSantosdeOliveira TCC PDF
Por,
IGOR CARVALHO SANTOS DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
PROJETO DE GRADUAÇÃO
Por,
Igor Carvalho Santos de Oliveira
BANCA EXAMINADORA
ii
RESUMO
iii
ABSTRACT
A study of a Formula 1 wing in ground effect using CFD tools in order to establish
guidelines for a numerical approach on this type of flow simulation comparing various
types of turbulence models and mesh elements provided by commercial CFD package
StarCCM+. The work focuses specifically on RANS simulations of the F1 Tyrrel 026 front
wing for which experimental work has been conducted at the University of Southampton’s
moving belt wind tunnel. Spalart-Allmaras and 𝑘-𝜀 turbulence models are evaluated as
well as Tetrahedral, Dodecahedral and Hexahedral mesh elements. The coefficient of lift
and drag are plotted against the height – cord ratio and compared with the experimental
results. The flow structures are also compared with the ones observed by PIV and LDA
techniques in the experiment. The simulations show that the flow structures occur in
slightly further regions from the ground when compared to the experimental data. Lift
curves were underestimated and Drag curves were overestimated for the majority of the
cases and greatest divergences happened for the greatest heights. 𝑘-𝜀 turbulence model
showed better results for drag prediction. None of the mesh element geometries showed
superiority over the others against all of the criteria evaluated.
iv
Sumário
Sumário v
Lista de tabelas xi
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 MOTIVAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 NOTA HISTÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18
2.1 TEORIA DA ASA FINITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 ASA DELTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 CFD - COMPUTATIONAL FLUID DYNAMICS . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4 MODELOS DE TURBULÊNCIA E EQUAÇÃO MÉDIA DE REYNOLDS 27
3 METODOLOGIA 35
3.1 MODELAGEM DA ASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.2 CONFECÇÃO DO DOMÍNIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3 CONFECÇÃO DA MALHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4 DEFINIÇÃO DA FÍSICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4 RESULTADOS E ANÁLISE 48
4.1 ESTUDO DE DOMÍNIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2 ESTUDO DE REFINAMENTO DE MALHA . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 CURVAS DE SUSTENTAÇÃO E ARRASTO EM EFEITO SOLO . . . . 52
v
SUMÁRIO vi
5 CONCLUSÕES 76
vii
LISTA DE FIGURAS viii
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolos Latinos
𝑏 Envergadura da Asa.
𝑐 Corda.
𝐶𝐷 Coeficiente de Arrasto.
𝐶𝐿 Coeficiente de Sustentação.
𝐶𝑃 Coeficiente de Pressão.
𝐷𝑖 Arrasto Induzido.
𝑓𝑤 Função de Parede.
𝑙 Comprimento Característico.
𝑙𝑚 Comprimento de Mistura.
𝐿 Força de Sustentação.
𝑃 Pressão.
xii
Lista de símbolos xiii
𝑡 Variável Tempo.
𝑢 Velocidade em x.
𝑢′ Flutuação da Velocidade em x.
𝑢¯ Média da Velocidade em x.
v Velocidade em y.
v’ Flutuação de Velocidade em y.
𝑣 Velocidade Característica.
𝑤 Velocidade em z.
𝑤′ Flutuação da Velocidade em z.
Símbolos Gregos
𝛼 Ângulo de Ataque.
Δ Variação.
𝜇 Viscodidade Dinâmica.
𝜇𝑇 Viscosidade Turbulenta.
𝜈 Viscosidade Cinemática.
Lista de símbolos xiv
𝜌 Massa Específica.
𝜏 Tensão de Cisalhamento.
𝜔 Frequência de Turbulência
Ω Vorticidade Média.
Grupos Adimensionais
𝑅𝑒 Número de Reynolds.
𝑉* Velocidade de Fricção.
Subscritos
𝐷 Arrasto.
𝑒𝑓 𝑓 Efetivo.
Lista de símbolos xv
𝑖 Induzido.
𝐿 Sustentação.
𝑃 Pressão.
𝑤 Na Parede.
∞ Escoamento Não-Perturbado.
Sobrescritos
′
Flutuação.
−
Média.
Siglas
INTRODUÇÃO
Os vórtices criados pelo efeito de ponta de asa induzem o downwash, que altera o
ângulo de ataque efetivo da superfície, no entanto, em efeito solo, a componente vertical
do fluxo de ar em torno da asa é limitada e os vórtices são parcialmente obstruídos pelo
1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 2
Figura 1.3: Ecranoplano conhecido como ‘Caspian Sea Monster’ (Fonte: [Komissarov e Gordon
2010])
Figura 1.4: Redução da potência necessária para um helicóptero pairar próximo ao solo (Fonte:
[Gessow 1945])
Figura 1.5: Teste da influência da oscilação do solo em helicópteros pairando sobre embarcações
(Fonte: [Beard 1996])
1.2 MOTIVAÇÃO
1.3 OBJETIVOS
Figura 1.6: Chapparal 2E (1966) e Ferrari 312 (1968) (Fonte: [Seljak 2008])
Em 1970, carros de F1 já usam asas em efeito solo, mas é em 1977, com o Lotus type
78, que seu grande trunfo é revelado. Colin Chapman, chefe da equipe Lotus, realizava
revisões de rotina de determinadas áreas do time quando decidiu retornar aos princípios
1.4. NOTA HISTÓRICA 6
Naquele ano a equipe venceu 5 corridas, 4 com Mario Andretti e uma por Gunnar
Nilsson. O ano seguinte viu a consagração de Mario como campeão da temporada e do
Lotus Type 79, a versão revisada para aquele ano, como pioneiro do efeito solo. Quando
perguntado sobre a performance do 79 nas curvas, Mario respondeu: “It’s like its painted
to the road”.
1.5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
Figura 1.9: Curva de coeficiente de sustentação 𝐶𝐿 pela altura adimensional (Fonte: [Zerihan
2001])
Zerihan [Zerihan 2001] realizou uma pesquisa de efeito solo abrangente no perfil da asa
dianteira do Fórmula 1 Tyrrel 26, abordando diversos aspectos relacionados à dispositivos
associados a asas de competição, como gurney flaps, multi-elementos, transicionadores,
além de comparações das características do escoamento da asa em efeito solo e em esco-
amento livre. Assim como esse trabalho se propõe, ele também realizou um estudo CFD
(no entanto, bidimensional), tentando examinar a aplicabilidade desta ferramenta para o
efeito solo.
Em seu estudo conjunto com Zhang [Zerihan e Zhang 2000], observou que o 𝐶𝐿
aumentava assintoticamente com a proximidade do solo, atingindo um máximo e então
regredindo, para regiões muito próximas ao solo (Fig. 1.9). Através de manômetros na
superfície, observou-se que o efeito de proximidade do solo era de aumentar a sucção em
toda a superfície inferior da asa (Fig. 1.10-a), contrastante com o efeito em escoamento
livre de se aumentar o ângulo de ataque, observado por incrementar de forma apreciável
a sucção somente próximo do bordo de ataque no intradorso e a pressão no extradorso,
no mesmo local (Fig. 1.10-b).
É importante ressaltar que Zhang e Zerihan adotaram algumas diretrizes específicas
como ponto de partida dos estudos. Coeficientes de sustentação positivos representam
um coeficiente de força direcionado para o chão, ou seja, um downforce positivo (como
pode ser observado nas figuras 1.9 e 1.16). Variações positivas do ângulo de ataque 𝛼 são
representadas por girar o bordo de ataque para baixo. O ângulo de incidência é medido
em relação a uma linha na qual a corda está inclinada de 2,45° em relação à horizontal.
Então:
Zhang [Zerihan e Zhang 2000] aponta que o fenômeno de redução de downforce para
ℎ/𝑐 muito baixos se dá devido à combinação dos efeitos de separação gradual da camada
limite devido ao alto gradiente na recuperação de pressão (Fig. 1.10) gerado pelo efeito
venturi, como postulado por Dominy [Dominy 1992], e da ligeira redução da pressão na
superfície de pressão. Em seu experimento, Zerihan não observou a fusão da camada limite
do solo e do perfil (Fig. 1.11), como proposto por Ranzenbach e Barlow [Ranzenbach e
Barlow 1994] como sendo a causa do fenômeno de redução do downforce.
1.5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10
Figura 1.11: Dados das camadas limite da asa e do solo através de LDA 𝑢/𝑈∞ para alturas ℎ/𝑐:
a) 0,448 ; b) 0,224 ; c) 0,134 ; d) 0,090 (Fonte: [Zerihan 2001])
Figura 1.12: Papel do edge vortex no ganho de downforce (Fonte: [Zhang, Toet e Zerihan 2006])
Em [Zerihan e Zhang 2000] também se observou que a fusão das camadas limites
não poderia ser o único responsável pelo efeito de redução do downforce, já que, em
seus experimentos, compararam-se as curvas de 𝐶𝐿 para diferentes números de Reynolds,
observando que apesar de gerarem downforce de magnitudes diferentes, o fenômeno de
redução acontecia para a mesma altura do chão. Para diferentes Reynolds, a camada
limite possui tamanhos distintos e, portanto, deveria alterar a distância na qual a redução
ocorre. Isso não foi observado. (Fig. 1.14)
Em outro trabalho, Zhang [Cui e Zhang 2010] explica de forma sucinta as 4 dife-
rentes formas de se modelar o chão em experimentos de efeito solo: Modelo de imagem
espelhada, placa fixa, cinta rotativa e modelo de reboque. Associados a esses modelos
existem avançadas técnicas de medição gerando dados de distribuição de pressão, esforços
aerodinâmicos e estabilidade com o auxílio de técnicas de visualização de escoamento PIV
(Particle Image Velocimetry), LDA (Laser Doppler Anemometry), e Escoamento de Óleo.
O modelo de imagem espelhada consiste em usar um par de perfis espelhados dentro
do túnel de vento. Este método impõe condições semelhantes ao efeito solo, já que força
que o escoamento, no plano imaginário do espelho, tenha vetor normal igual a zero de-
vido a condição de simetria. No entanto, este método apresenta dificuldades em modelar
a velocidade tangencial correta no plano de simetria pois considera apenas efeitos invís-
cidos, e o “solo” assume uma velocidade maior do que a de escoamento não perturbado.
Werlè [Werlè 1969, Werl 1963] comparou diferentes modelos de representação do solo e
demonstrou que, de fato, a condição de contorno para o chão apresenta defeitos quando
utilizando a abordagem de imagens espelhadas.
1.5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 12
Para o modelo de placa fixa, uma placa abaixo da asa é utilizada para simular o solo.
A distância da placa para o perfil é determinada pela altura do modelamento de efeito
solo. Uma camada limite é formada entre a placa e a asa alterando o espaço efetivo entre
as duas, alterando, portanto, as características do modelamento. Esse impacto pode ser
minimizado através da implementação de um sistema de sucção da camada limite na placa,
no entanto é um sistema custoso. Essa falha no modelo pode ser evidenciada pela curva
pontiaguda da região de máximo downforce no modelamento de placa fixa de Ranzenbach
e Barlow [Ranzenbach e Barlow 1994] enquanto a curva apresentada por modelos de cinta
rotativa e estudos computacionais de Zerihan demonstram uma queda suave na região de
máximo downforce [Zerihan 2001]. Isso também é evidenciado em um estudo comparativo
de placa fixa de Zhang no qual o downforce máximo é significativamente menor para a
placa fixa, quando comparada a cinta rotativa (Fig. 1.14). Ele propõe que o escoamento
não é acelerado tão intensamente devido a camada limite na placa.
Figura 1.14: Dados 𝐶𝐿 × ℎ/𝑐 em diferentes 𝑅𝑒 e com placa fixa (Fonte: [Zerihan e Zhang 2000])
gerada pela asa (Fig. 1.15). No modelo de reboque, o perfil é acelerado contra o ar
estacionário em uma instalação enclausurada. Instrumentos de medição são montados no
perfil para aquisição de dados.
Figura 1.15: Esquema do Modelo de Cinta Rotativa (Fonte: [Cui e Zhang 2010])
Diferentes ângulos de ataque em efeito solo foram estudados, notando que o aumento
do ângulo de incidência minimiza a sensibilidade da asa ao efeito solo (figuras 1.18 e
1.19), ou seja, o incremento do downforce máximo. O efeito combinado de gerar maiores
gradientes de pressão na asa devido ao incremento da incidência 𝛼 e da proximidade do
solo resultam em separações ocorrendo mais cedo para ângulos de ataque mais elevados.
Figura 1.18: Sensitividade ao efeito solo com ângulo de incidência (a) (Fonte: [Zerihan e Zhang
2000])
1.5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15
Figura 1.19: Curvas de sustentação em efeito solo (Fonte: [Zerihan e Zhang 2000])
Figura 1.22: Resultado comparativo dos modelos de turbulência (Fonte: [Zerihan 2001])
1.5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Entre 1912 e 1918, o estudo de aerodinâmica deu um grande salto graças a Ludwig
Prandl e seus colegas em Gottingen, na Alemanha [Anderson 2010]. Eles demonstraram
que as considerações aerodinâmicas de uma asa podem ser separadas em duas partes. No
estudo da asa como um perfil bidimensional e nas modificações das propriedades deste
perfil para contabilizar os efeitos tridimensionais de uma asa finita.
De fato, existem diferenças entre o escoamento em um aerofólio e uma asa. O meca-
nismo pelo qual asas geram sustentação é o desbalanço entre a alta pressão no intradorso
e a baixa pressão no extradorso. No entanto, esse desequilíbrio faz com que o escoamento
próximo da ponta da asa “escape” da região de alta pressão, curvando ao redor da ponta
da asa para preencher a região de baixa pressão. Isso faz com que haja um fluxo da ponta
da asa para a raiz no extradorso, e as linhas de corrente são desviadas em direção a raiz.
Do mesmo modo, as linhas de corrente na intradorso são inclinadas para a ponta, como
mostra a Figura 2.1. [Anderson 2010]
18
2.1. TEORIA DA ASA FINITA 19
A aparição do vórtice de aresta (edge vortex), vórtice formado pela interação do esco-
amento com a end plate, contribui significativamente para fenômenos de aprimoramento
de downforce em efeito solo. Seu mecanismo de formação é muito semelhante geração de
sustentação em asas delta (Fig. 2.5) em escoamento subsônico e, portanto, sua menção é
pertinente a este trabalho.
• Pré-Processamento
• Etapa de Solução
• Pós-Processamento
Pré-Processamento
• Definição da geometria
• Geração da malha
• Seleção dos modelos físicos
• Definição das propriedades do fluido
• Especificação das condições de contorno
Etapa de Solução
Pós-Processamento
É importante lembrar que os resultados gerados pelo CFD são no máximo tão bons
quanto os modelos e física embutidos em seu código e no mínimo tão bons quanto seu
operador.
As etapas de identificação, formulação e seleção dos modelos que regem o problema
são críticas para um bom resultado. Poucos são os casos em que nenhuma medida de
simplificação da complexidade do problema é adotada. É a adequação das simplificações
que irão, em parte, garantir a qualidade do resultado.
Dois aspectos que caracterizam uma simulação de sucesso são a independência de
refinamento da malha e convergência da solução. A convergência pode ser identificada
por valores suficientemente pequenos dos resíduos, que são medidas monitoradas do desvio
da equação do modelo para com a solução do sistema linear. [Yunus e Cimbala 2006]
Ao fim da simulação, o operador deve julgar se seus resultados são bons o suficiente.
Isso é feito através de comparações com modelos experimentais. Devido a grande com-
prexidade dos algorítmos computacionais em códigos CFD, é difícil julgar o valor de uma
simulação sem dados de experimentos reais.
Métodos Numéricos
1 ∫︁ Δ𝑡
Φ= 𝜑(𝑡)𝑑𝑡 (2.2)
Δ𝑡 0
2.3. CFD - COMPUTATIONAL FLUID DYNAMICS 26
onde,
Figura 2.12: Da esquerda para a direita: DNS, LES e RANS (Fonte: [Laidlaw e Vilanova 2012])
Filosofia
• Modelos algébricos
• Modelos a uma equação
• Modelos a duas equações
2
(︃ )︃
𝜕𝑢𝑖 𝜕𝑢𝑗
−𝑢′𝑖 𝑢′𝑗 = 𝜈𝑡 + − 𝜅𝛿𝑖𝑗 (2.6)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖 3
Onde, 𝜅 é a energia cinética turbulenta por unidade de massa (𝑢′𝑖 𝑢′𝑖 ), 𝜈𝑇 é o escalar
chamado viscosidade cinemática turbulenta. Conhecido assim por ser análogo a forma de
transferência de quantidade de movimento da viscosidade cinemática. Tal viscosidade é
determinada pela escala turbulenta de velocidade 𝑣 e pelo comprimento de escala turbu-
lenta 𝑙,em que 𝜈𝑇 = 𝐶𝑣𝑙. No qual 𝐶 é um coeficiente adimensional. Diferenças entre os
modelos se dão de acordo com o método de determinação das escalas turbulentas e da
determinação da constante 𝐶.
Modelo algébrico: Uma equação algébrica é utilizada para determinar o valor da
viscosidade turbulenta.
Modelo a uma equação: Uma EDP de transporte é resolvida para uma propriedade
turbulenta, normalmente a energia cinética turbulenta 𝐾. Uma segunda propriedade é
fornecida por uma equação algébrica, normalmente um comprimento de escala.
Modelo a duas equações: Utilizam duas EDPs de transporte de propriedades tur-
bulentas, o que as caracteriza como modelo de fechamento completo. As equações de
transporte empregam, usualmente, as propriedades de energia cinética turbulenta 𝑘 e
taxa de dissipação de energia cinética turbulenta 𝜀. [ALHO e ILHA 2006]
Esse modelo não é usado por si só em pacotes comerciais de CFD, mas encontra-se
embutido em diversos modelos de turbulência para descrever comportamentos próximos à
parede, integrando parte do tratamento das condições de contorno. [Houghton e Carpenter
2003]
Numa investida para encontrar um vínculo entre a velocidade das grandes escalas
com propriedades médias do escoamento, pode-se propor:
⃒ ⃒
⃒ 𝜕𝑢 ⃒
𝑣= 𝑐𝑙 ⃒ ⃒⃒
⃒
(2.7)
⃒ 𝜕𝑦 ⃒
𝜇𝑡 = 𝜌˜
𝜈 𝑓𝑣1 (2.9)
Onde 𝑓𝑣1 é uma função de amortecimento na parede, que tende a 1 para altos Reynolds
e cai para 0 próximo à parede.
A equação do transporte de 𝜈˜ fica:
)︃2
(𝜕𝜌˜
𝜈) 1 𝜕 𝜈˜ 𝜕 𝜈˜ 𝜈˜
[︃ ]︃ (︃
+ ∇ · (𝜌˜
𝜈 U) = ∇ · (𝜇 + 𝜌˜
𝜈 )𝑔𝑟𝑎𝑑(˜
𝜈 ) + 𝐶𝑏2 𝜌 + 𝐶𝑏1 𝜌˜
𝜈 Ω̃ − 𝐶𝑤1 𝜌 𝑓𝑤
𝜕𝑡 𝜎𝑣 𝜕𝑥𝑘 𝜕𝑥𝑘 𝜅𝑦
(2.10)
Onde Ω̃ é a vorticidade média corrigida, 𝑓𝑣2 e 𝑓𝑣𝑤 são demais funções de amorteci-
mento.
de Reynolds por 𝑈 .
𝜕(𝜌𝐾)
+ ∇ · (𝜌𝐾U) = ∇ · (−𝑃 U + 2𝜇U𝑆𝑖𝑗 − 𝜌U𝑢′𝑖 𝑢′𝑗 ) − 2𝜇𝑆𝑖𝑗 + 𝜌𝑢′𝑖 𝑢′𝑗 · 𝑆𝑖𝑗 (2.12)
𝜕𝑡 ⏟ ⏞ ⏟ ⏞ ⏟ ⏞ ⏟ ⏞
𝐼𝐼
⏟ ⏞
𝐼𝐼𝐼, 𝐼𝑉, 𝑉 𝑉𝐼 𝑉 𝐼𝐼
𝐼
𝜕(𝜌𝑘) 1
+ ∇ · (𝜌𝑘U) = ∇ · (−𝑝′ u’ + 2𝜇u’𝑠𝑖𝑗 − 𝜌 𝑢′𝑖 · 𝑢′𝑖 𝑢′𝑗 ) − 2𝜇𝑠′𝑖𝑗 · 𝑠′𝑖𝑗 − 𝜌𝑢′𝑖 𝑢′𝑗 · 𝑆𝑖𝑗 (2.13)
⏟ 𝜕𝑡
⏟ ⏞ 2 ⏟ ⏞ ⏟ ⏞
𝐼𝐼
⏞ ⏟ ⏞
𝐼 𝐼𝐼𝐼, 𝐼𝑉, 𝑉 𝑉𝐼 𝑉 𝐼𝐼
Nas duas equações, os termos 𝑉 𝐼𝐼 são iguais em módulo, porém de sinais diferen-
tes. Isso representa matematicamente a conversão de energia cinética média em energia
cinética turbulenta.
O termo 𝑉 𝐼 contribui negativamente para a equação da energia cinética de turbulên-
cia. Ele representa o termo de dissipação viscosa causada pelas interações das menores
estruturas contra tensões viscosas.
Esse termo normalmente é escrito de forma a explicitar a taxa de dissipação de energia
cinética turbulenta por unidade de massa, 𝜀, onde :
𝜅3/2
𝑣 = 𝜅1/2 𝑙= (2.15)
𝜀
Aplicando essas equações na definição de viscosidade turbulenta, tem-se:
𝑘2
𝜇𝑇 = 𝐶𝜌𝑣𝑙 = 𝜌𝐶𝜇 (2.16)
𝜀
O modelo 𝑘-𝜀 padrão usa as seguintes equações para 𝑘 e 𝜀:
(𝜕𝜌𝑘) 𝜇𝑇
+ ∇ · (𝜌𝑘U) = ∇ · ( 𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑘) + 2𝜇𝑆𝑖𝑗 · 𝑆𝑖𝑗 − 𝜌𝜀 (2.17)
𝜕𝑡 𝜎𝑘
(𝜕𝜌𝜀) 𝜇𝑇 𝜀 𝜀2
+ ∇ · (𝜌𝜀U) = ∇ · ( 𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜀) + 𝐶1𝜀 2𝜇𝑆𝑖𝑗 · 𝑆𝑖𝑗 − 𝐶2𝜀 𝜌 (2.18)
𝜕𝑡 𝜎𝜀 𝑘 𝑘
2.4. MODELOS DE TURBULÊNCIA E EQUAÇÃO MÉDIA DE REYNOLDS 31
As equações contém cinco constantes. O modelo padrão adota valores que são deter-
minados através de ajustes de curvas para diversos tipos de escoamento turbulento:
𝜌𝑘
𝜇𝑇 = (2.20)
𝜔
Esse modelo se demonstrou interessante por não precisar de funções de amortecimento
na parede para casos de Reynolds baixos. Infelizmente, seus resultados demonstram
problemas devido à grande dependência com a definição de 𝜔 para o escoamento não-
perturbado, o que é um grande problema em aplicações aeronáuticas, onde a definição de
condições de contorno do escoamento livre é uma questão rotineira.
𝜕𝜏
𝜏 = 𝜏𝑤 + + ... ≈ 𝜏𝑤 (2.21)
𝜕𝑦
⏟ ⏞
≪𝜏𝑤
2.4. MODELOS DE TURBULÊNCIA E EQUAÇÃO MÉDIA DE REYNOLDS 32
Na região totalmente turbulenta, as tensões de Reynolds são muito maiores que ten-
sões viscosas, então
𝜏 = 𝜌𝑢′ 𝑣 ′ = 𝜏𝑤 (2.23)
𝜏𝑤
𝑉* = (2.25)
𝜌
Então, para escoamento na subcamada viscosa, tem-se:
𝑢¯ 𝑦𝑉*
= 𝑢+ = (2.26)
𝑉* 𝜈
E para escoamentos na camada logarítmica:
𝑢¯ 𝑦𝑉*
(︂ )︂
= 𝑢+ = 𝐶1 ln + 𝐶2 (2.27)
𝑉* 𝜈
*
Nas quais 𝐶1 e 𝐶2 são constantes determinadas empiricamente, 𝑦 + = 𝑦 𝑉𝑣 é a distância
adimensional da parede e 𝑙+ = 𝑉𝑣* é a unidade de parede. A equação 2.27 é conhecida
como Lei de Parede.
2.4. MODELOS DE TURBULÊNCIA E EQUAÇÃO MÉDIA DE REYNOLDS 33
Figura 2.17: Energia cinética de turbulência e tensão de Reynolds próximo à parede (Fonte:
[Houghton e Carpenter 2003])
METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho será dividida nas etapas abaixo. É importante observar
que as etapas 1 até 3 serão realizadas utilizando-se o modelo de malha Trimmed Mesher
e o modelo de turbulência Spalart-Allmaras. Só então, com as propriedades da malha
definidas e observadas as estruturas do escoamento, serão investigados os outros casos. O
estudo de malha e estudo de domínio foram feitos para ℎ/𝑐 = 0, 067. Todas as simulações
foram feitas com ângulo de ataque 𝛼 = 1∘ .
1. Estudo de Domínio:
Diferentes tamanhos de domínio serão simulados, buscando o menor domínio com-
putacional para o qual os parâmetros 𝐶𝐿 e 𝐶𝐷 estabilizem. Essa etapa é importante
para definir uma distância a montante adequada para a entrada de velocidade não
seja afetada pela geometria da asa e uma distância a jusante suficientemente longa
para capturar o desenvolvimento da esteira, já que o problema em questão é do tipo
elíptico. Também, nesta etapa será efetuado o ajuste das dimensões deste domínio
para o qual os resíduos numéricos fiquem abaixo de 10−3 , como sugerido pelo manual
do software.
35
3.1. MODELAGEM DA ASA 36
regiões de separação para regiões mais próximas ao solo. Além disso, verificar se as
alturas para quais fenômenos críticos, como a formação e desintegração do vórtice de
aresta e a separação da camada limite coincidem com os pontos de inflexão e pontos
de máximo na curva de 𝐶𝐿 × ℎ/𝑐 (Figura 4.12) como foi proposto por [Zhang, Toet
e Zerihan 2006].
Figura 3.3: Perfil Tyrrel e perfil modificado NASA GA(W) (Fonte: [Zerihan 2001])
O arquivo SolidWorks foi salvo em formato parasolid (.x_t). Isso permitiu sua im-
portação no programa de simulação utilizado StarCCM+.
• Surface Remesher
• Trimmed Mesher
• Prism Layer Mesher
Figura 3.6: Exemplo de malha superficial antes e depois da aplicação de surface remesher (Fonte:
StarCCM+ User Guide)
Prism Layer Mesher, também conhecido como Boundary Layer Mesher (gerador de
malha de camada limite), permite gerar camadas de células primáticas ortogonais às
paredes no domínio. Essa camada é importante para melhorar a precisão da simulação.
Geralmente essas células acolhem a camada limite do problema (Fig. 3.10). O manual
do Star recomenda que, para o modelo de turbulência Spalart-Allmaras, a camada limite
seja resolvida e não modelada. Isso implica em um wall 𝑦 + ≤ 1. Para atender a esse
requisito, ele também sugere que sejam utilizadas entre 20-30 prism layers. Utilizou-se
nesse trabalho 20 camadas com um stretching factor de 1.3 e uma altura total da camada
de 7 mm. Essa configuração foi testada e demonstrou capturar toda a camada limite. O
valor de 𝑦 +1 obtido foi menor que 1 para toda a asa e o solo (Fig. 3.11).
Algumas regiões foram selecionadas para haver ali um controle mais refinado da
malha. Essas regiões são: volume imediatamente abaixo da asa, onde existem altos
gradientes de pressão (Fig. 3.12); ao longo do vórtice de ponta de asa (Fig. 3.13); na
esteira da asa (Fig. 3.14); e na malha de superfície da asa (Fig. 3.15).
Na superfície da asa foi definido uma meta de refinamento de 10% do tamanho base
e mínimo refinamento de 1% do tamanho base. Além disso foi definida uma curvatura de
100 pontos por círculo de refinamento de superfícies curvas.
Para o resto do domínio, em Automated Mesh > Default Controls, foram definidas as
carcterísticas padrão da malha (Tabela 3.2). Nela, especifica-se a meta de tamanho para
as superfícies do domínio, o tamanho mínimo dessas superfícies, a curvatura de superfície,
o número de camadas da prism layer, o seu tamanho e sua elasticidade (razão entre alturas
da célula na camada acima e na abaixo). Além disso determina-se a taxa de crescimento
volumétrico das células e o tamanho máximo de uma célula no domínio.
3.3. CONFECÇÃO DA MALHA 44
O tamanho base foi variado, como comentado, anteriormente para produzir o estudo
de refinamento de malha. As figuras 3.16 e 3.17 ilustram o resultado final deste processo.
A seleção de uma velocidade igual à 30 𝑚/𝑠 foi feita para que se possa comparar, pos-
teriormente, os resultados com os testes em túnel de vento das referências bibliográficas,
que também foram realizados à 30 𝑚/𝑠.
O nó ‘Physics 1 ’ possui a função de seleção de modelos físicos. Nele foram seleciona-
dos os seguintes modelos:
• Fluido Gás
• Cálculo de Gradientes
• Reynolds-Averaged Navier-Stokes
• Segregated Flow
• Modelo de Turbulência Spalart-Allmaras
• Standard Spalart-Allmaras
• Escoamento Permanente
• Tridimensional
• Turbulento
forma a 𝑦 +1 estar dentro da subcamada viscosa, esse modelo é o recomendado pelo Star
para a maioria das simulações.
A seleção de Densidade Constante define o fluido como incompressível e de densidade
única através de todo o domínio. Pode-se assumir esta hipótese pois o número de Mach
é muito menor do que 0.3 e, como ressalta [Anderson 2010], escoamentos com número
de Mach abaixo deste valor são usalmente tratados como incompressíveis pois a variação
de densidade devido à velocidade é de aproximadamente 5%. O valor dessa densidade
é importado do modelo Fluido Gás, o qual dispõe de uma biblioteca de fluidos de fase
gasosa e suas respectivas propriedades. Para esse modelo selecionou-se, obviamente, a
opção Ar como o gás no escoamento.
Cálculo de Gradiente define os passos do algorítmo de computação dos gradientes
envolvidos nas equações modeladas.
Segregated Flow especifica ao programa que as soluções das equações do escoamento
para cada componente de velocidade e para a pressão serão resolvidas de forma dasa-
coplada. As relações são posteriormente acopladas pelo algorítmo. Essa modelagem é
fundamentada em escoamentos de densidade constante e é automaticamente selecionada
pelo programa para a condição de escoamento incompressível.
A escolha da opção Tridimensional refere-se à maneira que o programa modela o
espaço e as métricas da malha, como volume de célula, posição do centróide de célula,
área de face e deformação.
Os demais pontos tratam do conjunto de escolhas que levam a equação apresentada
na seção de modelos de turbulência. O programa irá resolver a equação média de Reynolds
para um regime permanente fechando o problema matemático das tensões de Reynolds
através do modelo de turbulência de Spalart-Allmaras.
O programa permite que o operador escolha uma das 3 formas de entrada dos pa-
râmetros do modelo de turbulência: especificação da difusividade turbulenta modificada;
especificação da intensidade de turbulência e de um comprimento de escala; especificação
da razão de viscosidade turbulenta com a viscosidade dinâmica.
A opção utilizada foi a especificação da intensidade turbulenta e do comprimento
de escala. Os valores entrados foram de 0,2% de intensidade turbulenta (baseado nas
medições do túnel de vento da Universidade de Southampton - [Zerihan e Zhang 2000]) e
o comprimento de escala utilizado foi 0,2234 m. Esse comprimento é o mesmo da corda
da asa e é o recomendado a ser utilizado pelo manual do software.
CAPITULO 4
RESULTADOS E ANÁLISE
48
4.1. ESTUDO DE DOMÍNIO 49
Figura 4.3: Demonstração da Melhoria de Convergência e Redução dos Resíduos entre o Domínio
Número 5 e uma Configuração Ligeiramente Menor
Figura 4.6: Malha Tetraédrica com Transição Brusca entre Regiões de Refinamento
A curva de coeficiente de arrasto obtida pelas simulações demonstra grande erro para
as condições de maior altura e gradual convergência para os valores de túnel de vento
4.3. CURVAS DE SUSTENTAÇÃO E ARRASTO EM EFEITO SOLO 54
para as condições mais próximas ao solo. Para ℎ/𝑐 = 0, 673, o erro chega a 100%
Os fenômenos de escoamento e desenvolvimento de suas estruturas, tratadas no tó-
pico seguinte, são localizadas na curva de sustentação em efeito solo e apresentadas na
figura 4.11. Nela é possível observar que a simulação e o experimento em túnel de vento
apresentam diferentes localizações para algumas das estruturas importantes que regem o
problema. Comparando-a com a figura 4.12 (repetida aqui por conveniência) é possível
notar os efeitos dessas estruturas no comportamento da curva de sustentação. Como es-
perado, a altura para a maior intensidade de vórtice está localizada próxima da região de
maior inclinação da curva e a quebra deste vórtice entre o máximo da curva a região de
maior inclinação. Ainda é possivel notar que a sustentação continua a aumentar mesmo
com regiões de separação, como previsto pela teoria.
Figura 4.12: Influência do Edge Vortex e da Separação na Curva de Sustentação (Fonte: [Zhang,
Toet e Zerihan 2006])
Figura 4.17: Distribuição de Velocidade no Plano de Simetria Obtida no Túnel de Vento (ℎ/𝑐 =
a) 0,448; b) 0,224; c) 0,134; d) 0,067)
Zerihan [Zerihan 2001] comenta que a diferença entre a queda abrupta de sustentação
em uma asa (longe do solo) devido ao aumento do ângulo de ataque (Fig. 1.16) e a queda
4.4. FENÔMENOS E ESTRUTURAS DO ESCOAMENTO 58
Figura 4.18: Vista de Baixo e Lateral da Separação da Camada Limite, ℎ/𝑐 = 0, 224
4.4. FENÔMENOS E ESTRUTURAS DO ESCOAMENTO 59
Figura 4.19: Vista de Baixo e Lateral da Separação da Camada Limite, ℎ/𝑐 = 0, 179
4.4. FENÔMENOS E ESTRUTURAS DO ESCOAMENTO 60
Figura 4.20: Vista de Baixo e Lateral da Separação da Camada Limite, ℎ/𝑐 = 0, 134
4.4. FENÔMENOS E ESTRUTURAS DO ESCOAMENTO 61
Figura 4.21: Vista de Baixo e Lateral da Separação da Camada Limite, ℎ/𝑐 = 0, 067
É importante ressaltar que também existe separação próximo a ponta da asa, porém,
com o intuito de transmitir somente a informação do crescimento da separação devido ao
intenso gradiente de velocidade, o visualizador de separação foi limitado para não chegar
muito próximo à ponta da asa para não capturar a separação devido à end-plate. Por
esta razão existe uma interrupção vertical pelo lado direito na distribuição em coloração
vermelha.
Apesar disso, principalmente na altura ℎ/𝑐 = 0, 067, é notável a diferença do tamanho
da região separada do centro da asa comparado com a ponta. Os efeitos tridimensionais
aliviam o gradiente de velocidade na ponta da asa e sua separação é mais tardia. Esse
efeito também foi constatado pelo experimento (Fig. 4.22).
4.4. FENÔMENOS E ESTRUTURAS DO ESCOAMENTO 62
Figura 4.22: Visualização de Óleo, Separação da Camada Limite (experimental, sem transicio-
nadores); h/c = a)0,134 b)0,090 c)0,067
A escala apresentada nas figuras 4.23 à 4.27 estão em valores absolutos, mas foram
escolhidos de forma a representarem os mesmos valores de mínimo e máximo da escala da
figura 4.28, que usa valores adimensionalizados.
Figura 4.29: Curva de Arrasto em Efeito Solo Utilizando Modelo de Turbulência S-A
Figura 4.30: Curva de Arrasto em Efeito Solo Utilizando Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀
4.5. COMPARAÇÃO DA PERFORMANCE DOS DIFERENTES MODELOS 67
É esperado que as simulações apresentem valores de arrasto mais elevados, uma vez
que, como comentado em 4.4.2, as simulações apresentam maiores regiões de separação
do que o observado experimentalmente.
Em relação a curva de sustentação, o modelo S-A apresentou uma variação mais
intensa, tanto na região de ganho de downforce quanto na perda de sustentação, quando
comparado à declividade mais suave da curva experimental. Os modelos tetraédrico e
poliédrico superestimam a força máxima, em aproximadamente 4% e o modelo hexaédrico
subestima em aproximadamente 3%.
Figura 4.31: Curva de Sustentação em Efeito Solo Utilizando Modelo de Turbulência S-A
Figura 4.32: Curva de Sustentação em Efeito Solo Utilizando Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀
Figura 4.33: Perfil de Velocidade da Camada Limite na Superfície de Sucção para ℎ/𝑐 = 0, 134
Utilizando Modelo de Turbulência S-A (𝑥/𝑐 = 1)
4.5. COMPARAÇÃO DA PERFORMANCE DOS DIFERENTES MODELOS 69
Figura 4.34: Perfil de Velocidade da Camada Limite na Superfície de Sucção para ℎ/𝑐 = 0, 134
Utilizando Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀 (𝑥/𝑐 = 1)
Para a altura de ℎ/𝑐 = 0, 067, a curva da malha poliédrica usando S-A prevê bem
o comportamento experimental, em especial a região de inversão de fluxo. O modelo
hexaédrico também é capaz de reproduzir a região de velocidades negativas, porém seus
valores estão consideravelmente deslocados.
A malha tetraédrica segue a tendência da hexaédrica para quase todas as alturas,
exceto próximo à asa, onde tem um comportamento diferente de todas as outras, não
apresentando inversão de fluxo e voltando a ter velocidades maiores do que zero próximo
à superfície. Esse comportamento também é observado quando utilizado o modelo de
turbulência 𝑘 − 𝜀.
Figura 4.35: Perfil de Velocidade da Camada Limite na Superfície de Sucção para ℎ/𝑐 = 0, 067
Utilizando Modelo de Turbulência S-A (𝑥/𝑐 = 1)
4.5. COMPARAÇÃO DA PERFORMANCE DOS DIFERENTES MODELOS 70
Figura 4.36: Perfil de Velocidade da Camada Limite na Superfície de Sucção para ℎ/𝑐 = 0, 067
Utilizando Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀 (𝑥/𝑐 = 1)
Figura 4.40: Perfil de Velocidade da Esteira no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 134 Utilizando
Modelo de Turbulência S-A (𝑥/𝑐 = 1, 5)
Figura 4.41: Perfil de Velocidade da Esteira no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 134 Utilizando
Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀 (𝑥/𝑐 = 1, 5)
4.5. COMPARAÇÃO DA PERFORMANCE DOS DIFERENTES MODELOS 73
Figura 4.42: Perfil de Velocidade da Esteira no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 067 Utilizando
Modelo de Turbulência S-A (𝑥/𝑐 = 1, 5)
Figura 4.43: Perfil de Velocidade da Esteira no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 067 Utilizando
Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀 (𝑥/𝑐 = 1, 5)
Assim como a esteira, o valor de arrasto gerado pelas simulações também é sempre
maior do que o dado experimental. Acredita-se que o maior déficit de velocidade na esteira
esteja ligado ao maior arrasto nas simulações.
Tendo em vista que as simulações apresentaram valores de arrasto mais elevados do
que o experimento, é de se esperar que os déficits de velocidade na esteira também sejam
mais elevados. Uma análise de integração das equações de quantidade de movimento
4.5. COMPARAÇÃO DA PERFORMANCE DOS DIFERENTES MODELOS 74
Figura 4.44: Distribuição de Pessão ao Longo da Corda no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 134
Utilizando Modelo de Turbulência S-A
4.6. EFEITOS DE INSTALAÇÃO 75
Figura 4.45: Distribuição de Pessão ao Longo da Corda no Plano de Simetria para ℎ/𝑐 = 0, 134
Utilizando Modelo de Turbulência 𝑘-𝜀
CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos neste trabalho, não é possível definir com clareza a
abordagem e seleção de parâmetros que melhor se adequa ao tratamento deste tipo de
problema. Cada combinação de modelos de simulação apresentavam melhores resultados
para diferentes critérios em diferentes condições. Algumas performances notáveis foram:
O modelo de turbulência 𝑘 − 𝜀 em gerar melhores resultados para o arrasto; O modelo
de malha poliédrico em capturar os perfis de velocidade na camada limite e na esteira; e
o modelo de malha tetraédrico, combinado ao modelo de turbulência 𝑘 − 𝜀, em prever a
curva de sustentação em efeito solo.
Foi possível observar a reprodução de todos os fenômenos e estruturas de escoamento
citados em literatura para este tipo de aplicação. E ainda, as estruturas encontradas
e a altura para a qual elas eram desenvolvidas ou extinguidas estão de acordo com o
comportamento das curvas de sustentação, evidenciando a sua influência e governância
do problema.
As curvas de arrasto foram sempre superestimadas. O modelo 𝑘 − 𝜀 demonstrou
uma melhor reprodução dos valores, enquanto que o modelo Spalart-Allmaras chegou a
produzir dados com mais de 100% de erro. Acredita-se que a superestimação do arrasto
esteja ligada ao fato do modelo RANS não estar capturando devidamente os efeitos das
regiões de alto cisalhamento e descolamento da camada limite, já que são regiões de
grande influência dos efeitos transientes, gerando assim maiores regiões de separação e
consequentemente maior arrasto.
Foi observada a formação, intensificação e desintegração do vórtice de aresta (edge
vortex). A região de maior intensidade desse vórtice estava próxima da região de maior
derivada da curva de sustentação em efeito solo e a região de desintegração estava entre os
pontos de máxima derivada e máximo da curva de sustentação. No entanto, as alturas de
máxima intensidade de vórtice de aresta, para a simulação, apresentaram valores menores
do que para o experimento. O mesmo aconteceu em relação a altura de desintegração do
vórtice.
Os perfis de velocidade na camada limite apresentaram tendências semelhantes ao
obtido experimentalmente, mas seus valores apresentaram um deslocamento em relação a
curva prevista.
Todos os perfis de velocidade na esteira apresentam um déficit consideravelmente
maior do que o obtido em túnel de vento. Entende-se que isso se deve aos maiores valores
de coeficiente de arrasto.
A distribuição de pressão ao longo da corda central apresentou resultados muito
76
77
78
Referências Bibliográficas
ALHO e ILHA 2006 ALHO, A.; ILHA, A. Turbulência, simulação numérica de escoamentos
complexos. V Escola de Primavera em Transição e Turbulência–5ª EPTT, ABCM, Rio de
Janeiro, 2006.
Cui e Zhang 2010 CUI, E.; ZHANG, X. Ground effect aerodynamics. Encyclopedia of
Aerospace Engineering, Wiley Online Library, 2010.
Dominy 1992 DOMINY, R. Aerodynamics of grand prix cars. Proceedings of the Institution of
Mechanical engineers, Part D: Journal of Automobile Engineering, Sage Publications, v. 206,
n. 4, p. 267–274, 1992.
Gessow 1945 GESSOW, A. Flight tests of the sikorsky hns-1 (army yr-4b) helicopter ii:
Hovering and vertical-flight performance with the original and an alternate set of main-rotor
blades, including a comparison with hovering performance theory. 1945.
Katz 1985 KATZ, J. Calculation of the aerodynamic forces on automotive lifting surfaces.
Journal of fluids engineering, American Society of Mechanical Engineers, v. 107, n. 4, p.
438–443, 1985.
Knowles, Donoghue e Finnis 1994 KNOWLES, K.; DONOGHUE, D.; FINNIS, M. A study of
wings in ground effect. In: Loughborough University Conference on Vehicle Aerodynamics. [S.l.:
s.n.], 1994. v. 22, p. 1–13.
Menter 1993 MENTER, F. R. Zonal two equation k-turbulence models for aerodynamic flows.
AIAA paper, v. 2906, p. 1993, 1993.
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
Xin et al. 1999 XIN, H. et al. Ground effect aerodynamics of lifting rotors hovering above
inclined ground plane. In: 17th Applied Aerodynamics Conference. [S.l.: s.n.], 1999. p. 3223.
Yunus e Cimbala 2006 YUNUS, A. C.; CIMBALA, J. M. Fluid mechanics: fundamentals and
applications. International Edition, McGraw Hill Publication, p. 185–201, 2006.
Zahm e Bear 1921 ZAHM, A. F.; BEAR, R. Ground-plane influence on airplane wings.
Journal of the Franklin Institute, Elsevier, v. 191, n. 5, p. 687–693, 1921.
Zerihan 2001 ZERIHAN, J. An investigation into the aerodynamics of wings in ground effect.
Tese (Doutorado) — University of Southampton, 2001.
Zerihan e Zhang 2000 ZERIHAN, J.; ZHANG, X. Aerodynamics of a single element wing in
ground effect. Journal of aircraft, v. 37, n. 6, p. 1058–1064, 2000.
Zhang, Toet e Zerihan 2006 ZHANG, X.; TOET, W.; ZERIHAN, J. Ground effect
aerodynamics of race cars. Applied Mechanics Reviews, American Society of Mechanical
Engineers, v. 59, n. 1, p. 33–49, 2006.
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
APÊNDICE A