Camara Fria - Textos.
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NR 15 - ANEXO Nº 9
FRIO
Uma alteração polêmica diz respeito ao direito ao intervalo de 20 minutos para cada
uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo, que é assegurado aos
trabalhadores que atuam em Câmara Frigorífica.
Art. 253. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e
para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e
vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo será
assegurado um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo como
de trabalho efetivo.
Para que se tenha ideia do problema, decisão do Estado de Mato Grosso proferida
pelo Desembargador Tarcísio Valente assevera que abaixo de 15º graus o trabalho já
deve ser considerado equivalente ao de Câmara Frigorífera. Já para o Desembargador
Nicanor de Araújo Lima, do Mato Grosso do Sul, o descanso de 20 minutos a cada
01h40 só deve ser assegurado para o trabalhador que atua em ambiente abaixo de
12º C.
Vejamos:
No Estado de Mato Grosso, que se situa na zona climática quente, deve ser
considerado artificialmente frio o ambiente cuja temperatura seja inferior a 15ºC.
“O desrespeito patronal à previsão contida no art. 253 da CLT rende ensejo ao
pagamento dos intervalos sonegados como se horas extras fossem.” (TRT 23ª R. –
RO 0099100-90.2009.5.23.0 – 1ª T. – Rel. Des. Tarcísio Valente – DJe 18.08.2010)
RESUMO
Os ambientes frigoríficos expõem os trabalhadores a esforços
repetitivos, posturas estereotipadas e desconforto térmico. Esses
riscos estão associados a problemas muscoloesqueléticos devidos às
respostas dos tecidos moles ao excesso de solicitação das estruturas
dos membros superiores, e, ainda, aos acidentes de trabalho causados
pela diminuição da destreza, que tem como origem, provavelmente, a
isquemia provocada pela queda da temperatura do tecido
musculoesquelético. O resfriamento de todo o corpo ou de partes dele
resulta em desconforto, distúrbio da sensibilidade da função
neuromuscular e, por último, lesão por frio. A prevenção do
resfriamento através de uso de roupas protetoras, sapatos, luvas e
capacetes ou gorros interfere na mobilidade e na destreza do
trabalhador. Há um custo de proteção, de modo que os movimentos se
tornam restritos e exaustivos. Deve-se enfatizar a tríade: proteção,
formação e ergonomia. Conclui-se com este trabalho que desde que
observados os procedimentos de segurança disponíveis, como a
utilização de equipamentos de segurança apropriados, métodos de
trabalho seguro como o controle do tempo máximo de permanência em
ambiente frio, o trabalho em câmara de resfriamento e de congelamento
pouco reflete na saúde do trabalhador exposto.
2. OBJETIVO
3. REVISÃO DA LITERATURA
10
4
-1
-7
-12
-18
-23
-29
-34
-40
-46
-51
9
3
-3
-9
-14
-21
-26
-32
-38
-44
-49
-56
16
4
-2
-9
-16
-23
-31
-36
-43
-50
-57
-64
-71
24
2
-6
-13
-21
-28
-36
-43
-50
-58
-65
-73
-80
32
0
-8
-16
-23
-32
-39
-47
-55
-63
-71
-79
-85
40
-1
-9
-18
-26
-34
-42
-51
-59
-67
-76
-83
-92
48
-2
-11
-19
-28
-36
-44
-53
-61
-70
-78
-87
-96
56
-3
-12
-20
-29
-37
-46
-55
-63
-72
-81
-89
-98
64
-3
-12
-20
-29
-37
-46
-55
-63
-72
-81
-89
-98
(Velocidade do vento maiores que 64 km/h têm pequeno efeito adicional)
POUCO PERIGOSO
PERIGO CRESCENTE
MUITO PERIGOSO
Interna (°C)
Sinais Clínicos
37,6
Temperatura retal “normal”
37
Temperatura oral “normal”
36
Taxa metabólica aumenta para compensar as perdas de calor
35
Tremor máximo
34
Vítima consciente e com resposta, com pressão arterial normal
33
Hipotermia severa abaixo desta temperatura
32
30
28
Possível fibrilação ventricular, com irritabilidade miocáridica
27
Parada do movimento voluntário; as pupilas não reagem à luz; ausência
de reflexos profundos e superficiais
26
Vítima raramente consciente
25
Fibrilaçào ventricular pode ocorrer espontaneamente
24
Edema pulmonar
22
Risco máximo de fibrilação ventricular
21
Parada cardíaca
20
18
Vítima de hipotermia acidental mais baixa de recuperar
17
Eletroencefalograma isoelétrico
9
Vítima de hipotermia por resfriamento artificial mais baixa de
recuperar
Situações relacionadas de forma aproximada com a temperatura interna
do núcleo do corpo. Reprodução da revista de janeiro de 1982,
"American Family Physician", publicada pela American Academy of Family
Physicians.
15,0 a -17,9*
Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos
12,0 a -17,9**
sendo quatro períodos de uma hora e 40 minutos alternados com 20
10,0 a -17,9***
minutos de repouso e recuperação térmica fora do ambiente frio
do ambiente frio
4. METODOLOGIA
5. RESULTADOS
Local
Menos de 6 meses
6 meses a 1 ano
1 a 2 anos
Mais de 2 anos
Avícola
43%
0%
43%
14%
Frigorífico
25%
50%
25%
0%
Local
5 min
10 min
15 min
20 min
30 min
Avícola
14%
14%
14%
29%
29%
Frigorífico
0%
13%
13%
50%
25%
Local
Sim
Não
Sem resposta
Avícola
34%
66%
0%
Frigorífico
13%
62%
25%
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ACGIH Limites de Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes
Físicos & Índices Biológicos de Exposição (BEIs). (ABHO-Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais, Trad.). 2003.
FUNDACENTRO Riscos Físicos, São Paulo, 1994.
PATRÍCIO, Z. M. Ser saudável - uma abordagem ética e estética pelo
cuidado holístico-ecológico. Florianópolis: Editora Universitária.
1996, 153p.
TORREIRA, Raul P. Os efeitos do frio. São Paulo: Revista Cipanet, nº
299, janeiro 2004.
FUNDACENTRO, Norma de Higiene Ocupacional, Avaliação da Exposição
Ocupacional ao Calor – NHO 06 – 2002.
Ou seja:
Tempo de trabalho máximo permitido = 1 hora e 40 minutos;
Tempo de descanso = 20 minutos;
Ambiente artificialmente frio, temperaturas (T):
T < 15oC nas 1a, 2a e 3a zonas climáticas (quente);
T < 12o C na 4a zona climática (sub quente);
T < 10oC, nas 5a, 6a e 7a zonas climáticas (mesotérmicos brando e mediano);
Conforme Mapa Brasil Climas:
MAPA BRASIL CLIMAS
Para visualizar o Mapa com detalhes acesse: [8]
ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf
III – DA CONCLUSÃO
Considerando que:
a) Não há exposições contínuas ao agente nocivo superiores ao limite de tolerância
estabelecido que é de 100 minutos de exposição para cada 20 minutos de descanso;
b) Não há exposições acima dos limites de tolerância e por esse motivo a atividade não
apresenta nocividade ao Reclamante, mesmo sem a utilização de EPI mais eficazes que os
citados no Laudo;
c) O Laudo foi elaborado parcialmente e não aborda todos os aspectos da legislação
aplicável;
d) O Laudo não apresenta de forma empírica a real exposição do trabalhador, demonstrando
como as exposições foram dimensionadas;
e) O perito, propositalmente ou não, desconsiderou o Art. 253 da CLT, corroborado com a
Portaria 21, de 26/12/1994, dispositivos legais essenciais para fundamentação desse tipo de
Laudo;
f) A ação nociva dos produtos químicos (cáusticos) utilizados pelo Reclamante na limpeza
das instalações (item “6.3” do Laudo) é neutralizada pelas botas de PVC e luvas de látex (item
“7.2”, “a” do Laudo), tendo-se em vista que a única via de penetração no organismo desses
agentes nocivos é a cutânea e os EPI fornecidos são impermeáveis;
Concluímos que as exposições ocupacionais ao frio sofridas pelo Reclamante não se
encontram acima dos níveis permitidos e a ação dos produtos cáusticos utilizados é cem por
cento neutraliza pelo uso dos EPI fornecidos, devendo a atividade ser caracterizada
como salubre, não fazendo o Reclamante jus ao adicional de insalubridade conforme
exaustivamente demonstrado nesta contestação.
***************************************************************
O Laudo Pericial pode induzir o magistrado a emitir sentenças erradas, lesando a empresa
inclusive em processos futuros. Para isso, basta que o advogado do reclamante futuro
considere a sentença anterior e formate a defesa na mesma linha de pensamento utilizada
fraudulentamente pelo Perito responsável (ou irresponsável).
Devemos levar em conta também que a indicação de Assistentes Técnicos despreparados
pode até prejudicar a empresa, seja por ação ou omissão, motivada pelo desconhecimento da
função.
Para o exercício da função de Assistente Técnico Pericial, confiança, experiência e
conhecimento específico se sobrepõem a títulos. Verdade essa ainda desconhecida por muitas
empresas.
Webgrafia:
[1] Atuação dos Assistentes Técnicos Periciais
http://heitorborbasolucoes.com.br/tecnicos-em-seguranca-estao-mais-atuantes-em-pericias-
trabalhistas/
[2] Edição do HBI com a Contestação (Artigo exposições ocupacionais ao frio)
http://heitorborbainformativo.blogspot.com.br/2014/11/heitor-borba-informativo-n-75-
novembro.html
[3] CLT
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
[4] NR-15
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A47594D040147D14EAE840951/NR-
15%20(atualizada%202014).pdf
[5] Súmula 460 do STF
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula&pagina=sumula_4
01_500
[6] Anexo 09 da NR-15
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF3F94D3513D/nr_15_anexo9.pdf
[7] Portaria 21, de 26/12/ 1994
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812C12AA70012C12D8C07F6B06/p_19941226_21.pd
f
[8] Mapa Brasil Climas do IBGE
ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf