Fundamentos Da Educacao Infantil
Fundamentos Da Educacao Infantil
Fundamentos Da Educacao Infantil
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Maria Aparecida Gialluisi
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa.......................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Aula 1
Finalidades da Educação Infantil..............................................................................................................................7
Aula 2
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual........................................................................................ 17
Aula 3
Elementos Orientadores para a Educação Infantil ......................................................................................... 35
Aula 4
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil ........................................................................................... 57
Aula 5
Planejamento................................................................................................................................................................ 79
Aula 6
Avaliação........................................................................................................................................................................ 84
Referências........................................................................................................................................................................... 93
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
5
Introdução
Este caderno é constituído de cinco aulas. Nessas aulas, você terá oportunidade de compreender
as finalidades da Educação Infantil, importante etapa da Educação Básica, na qual se busca
ampliar o conhecimento do universo da criança, envolvendo o aprendizado de direitos e deveres.
Desejamos que você conheça, reflita e discuta a situação atual da Educação Infantil no Brasil,
tal como as novas exigências de formação para os educadores e a proposição do documento
introdutório do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, no qual estabelece
que esta é a primeira etapa da Educação Básica.
Nossa intenção é trabalhar no sentido do respeito aos princípios, explorando conceitos básicos,
metodologias e práticas da Educação Infantil.
Objetivos
6
Aula
Finalidades da Educação
Infantil 1
Introdução
A escola é o lugar privilegiado para iniciar a formação necessária a que toda pessoa tem direito
para o exercício da cidadania, recebendo os conhecimentos básicos que são necessários para a
continuidade dos estudos posteriores.
Encerrando esta aula, refletiremos sobre a relação direta que há entre cidadania e democracia:
concepção de uma educação que deve atender às necessidades infantis de desenvolvimento
em uma atmosfera de gestão coletiva, superando o modelo individualista presente em nossa
sociedade.
Objetivos
7
AULA 1 • Finalidades da Educação Infantil
Podemos responder a essa indagação com o que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.
Concepções de infância
O historiador francês Philippe Ariès em muito contribuiu com pesquisas sobre a “História Social
da Criança e da Família”. Seu trabalho partiu da análise de diversos documentos que o levaram a
relatar sobre a evolução histórica do sentimento de infância. Entre as diferentes fontes de pesquisa,
Ariès examinou pinturas e nelas identificou elementos representativos do sentimento de infância.
Esses estudos revelaram que a compreensão da infância vincula-se ao contexto histórico.
8
Finalidades da Educação Infantil • AULA 1
Diante do exposto, cabem alguns questionamentos pertinentes aos dias atuais: Qual o valor da
infância? As diferentes classes sociais dão origem a diferentes infâncias?
Alguns projetos podem ser definidos como enriquecedores para a vida das
crianças aqui e agora, reconhecendo o valor da infância. As instituições para a
9
AULA 1 • Finalidades da Educação Infantil
Educação e democracia
Educar para a democracia supõe ensinar a tomar decisões, ensinar a fazer escolhas entre múltiplas
opções, isto é, ensinar a eleger e assumir suas escolhas. Essas habilidades do educador constituem
uma tarefa importante da educação, pois trata-se de um grande desafio, já que demanda uma
pedagogia participativa: aprender fazendo. O desenvolvimento dessas capacidades voltadas para a
dimensão cooperativa e democrática exige que a criança pratique, com consciência, determinadas
tarefas que fazem parte de seu cotidiano na instituição infantil e que também envolvem tomadas
de decisão por conta de diferentes opções: organizar as atividades propostas, decidindo quando
desenvolvê-las e, partindo de um plano de trabalho participativo, como, também, desenvolvê-las;
participar, por meio de trabalho de equipe, dos jogos de cooperação; ter oportunidade de decidir
em relação a determinadas atividades, se vai desenvolvê-las individualmente ou com parceiros;
optar por um determinado brinquedo em um dado momento em detrimento de outro; e outras
atividades que favoreçam o desenvolvimento da capacidade de eleger.
Sabemos, também, que toda decisão tomada tem suas consequências e, assim, nas práticas
direcionadas para o exercício do “saber escolher”, a criança tem oportunidade de desenvolver
aprendizado para assumir suas escolhas, por meio de periódicas autoavaliações. Na Educação
Infantil, autoavaliação é oferecer momentos à criança para que ela expresse, em conjunto ou
individualmente, sentimentos, vontades e desagrados, dando-lhe oportunidade para mostrar o
que para ela significa dar certo ou errado com relação às experiências vivenciadas.
Enfim, desse modo, pode-se aprender a conviver, a fazer escolhas responsáveis, a participar
solidariamente, não se esquecendo de que não há democracia que perdure sem cidadãos desejosos
e capazes de desempenhar um papel ativo e responsável; para isso, é necessário que se favoreça
à criança se envolver ativamente na participação e tomada de decisões e a criar um clima que
propicie a cultura e a socialização democrática.
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Finalidades da Educação Infantil • AULA 1
A Educação Infantil, conduzida para o desenvolvimento pleno da criança, a fim de que a sua
inserção social no grupo seja construtiva, exige que a criança seja vista como ser histórico e social
e, consequentemente, cidadão.
Para que a função da Educação Infantil se efetue, faz-se necessário desenvolver uma proposta
pedagógica alinhada à educação para a cidadania, o que presume a formação de valores.
Ser cidadão significa ser tratado com o respeito devido e aprender a fazer o mesmo em relação
às demais pessoas.
Reconhecer a criança como cidadã é também entender a Educação Infantil como espaço de
enriquecimento da infância, onde a criança é valorizada em sua singularidade como ser histórico
e cultural.
Kramer (2007, p. 15) reforça tal posicionamento, quando afirma que ”crianças são cidadãs,
pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas”.
A partir desse entendimento, a criança deve ter garantido, como cidadã hoje, acesso a uma
educação que favoreça seu pleno desenvolvimento, ou seja, uma educação que lhe dê condições
de desenvolver uma consciência crítica, aspecto fundamental para exercer a cidadania, o que
supõe uma formação plena que considere a integração das dimensões: afetiva/emocional, física,
cognitiva e social.
Com base na afirmativa de Oliveira, cabe ao professor dar às crianças oportunidades de decisões
nas relações que elas estabelecem entre si e que nem sempre são harmoniosas, mas, também,
de rivalidades. Nesse sentido, o docente necessita ter a clareza de seu papel de mediador da
situação para as tomadas de decisão por parte das crianças, para que tais decisões não sejam
desprovidas de princípios.
A autora Ana Maria Mello esclarece, através de um caso, o papel do professor na tarefa de educar
para a boa convivência. O fato apresentado é o de duas meninas de cinco anos que brincam
muito juntas, são cooperativas, mas também brigam. Em mais um episódio de briga, Gabriela
propôs “fazer as pazes” com Carolina.
11
AULA 1 • Finalidades da Educação Infantil
Gabriela fez concessões, após perceber que Carolina estava muito sentida e, finalmente, fizeram
as pazes.
Educação em valores
Em uma proposta educativa ampla e consistente, a questão dos valores para a promoção da
cidadania tem como eixo central o processo educativo de conscientização.
Assim, em uma perspectiva de cidadania como prática social cotidiana, o desafio é pensar em
práticas educativas intencionalmente dirigidas ao ensino de valores e nos meios que respondam
a essa intenção.
Falar de educação em valores, na Educação Infantil, pode parecer um discurso um tanto patente.
Por que, então, realçar tal questão já que os valores são ensinados, queiramos ou não, mediante
inumeráveis situações no ambiente escolar?
Diante disso, obriga-nos a refletir sobre a relação que há entre o contexto atual e a educação em
valores e, para tal, consideramos os aspectos marcantes do mundo contemporâneo: globalização
da economia, individualismo acentuado, idolatria do sucesso (o sucesso a qualquer preço),
exacerbação da informação, cultura do consumo e globalização ligada à tecnologia.
12
Finalidades da Educação Infantil • AULA 1
O cenário de hoje aponta a necessidade de se elaborar projetos que visam à criação de uma
Educação Infantil voltada para a concentração de dois eixos de intervenção: organização e
provocação.
O primeiro eixo da proposta é organizar práticas pedagógicas que façam da Educação Infantil
um espaço social de aprendizagem capaz de promover a formação de valores.
Educar para a cidadania envolve práticas educativas que deem conta do desenvolvimento da
educação para a autonomia, para a solidariedade, para o respeito e para a compreensão, e isso
implica criar diferentes ambientes de aprendizagem que favoreçam o trabalho coletivo, em
grupos, individual e independente.
Nesse sentido, as práticas são explicitadas no planejamento curricular por meio da criação
de situações que oferecem à criança as seguintes oportunidades. FAZER ESCOLHAS: optar
por diferentes temas/ tarefas/ fontes de informação/ parceiros de trabalho/ quando e como
desenvolver o trabalho.
BRINCAR: ressignificar o que vive e sente para: desenvolver-se, aprender, socializar-se, criar,
expressar-se, vivenciar interações e vivenciar ludicidade.
ASSUMIR SUAS ESCOLHAS: tomar para si suas tarefas, suas decisões, desenvolvendo-as com
autonomia e avaliando-as.
PARTILHAR: dividir com o companheiro, com grupos, com a classe, com o professor, com os
adultos com os quais convive na instituição as suas descobertas, os seus sentimentos em relação
a essas descobertas, suas dificuldades, seus progressos e seus desejos.
CRIAR: manifestar a sua capacidade criadora, por meio de diferentes formas de expressão
(múltiplas linguagens) e na solução nova de um problema real.
CONHECER-SE MELHOR: organizar e planejar seus projetos, suas atividades e suas tarefas,
tomando consciência de como tem se desempenhado em relação a si própria e em relação ao
grupo.
13
AULA 1 • Finalidades da Educação Infantil
Construção do conhecimento
Para ajudar a progredir, o professor toma cada aluno no ponto em que este se
encontra, mas alia-se com ele para ajudá-lo a se superar.
(MEIRIEU, 2005, p. 213)
Partilhar
Envolver o quanto mais possível a criança na busca de respostas a partir de problematizações que
a surpreendam, reforçando o que proclamou Freire (2004, p. 70): “Quanto mais se problematizam
os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais
desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio”.Propor uma Educação Infantil em que
14
Finalidades da Educação Infantil • AULA 1
Os dois eixos apresentados geram a possibilidade de unir, relacionar construir e articular saberes,
envolvendo diferentes dimensões da criança: cognitiva, social, afetiva e ética.
Mas as instituições para a primeira infância, como aqui conceitualizadas, devem ser
locais para provocação e confrontação, discordância e indocilidade, complexidade
e diversidade, incerteza e ambivalência, mantendo o pensamento crítico aberto,
o deslumbramento e assombro, a curiosidade e diversão, aprendendo com os
adultos e também com as crianças sobre perguntas para as quais as respostas
não são conhecidas.
(MOSS, 2002, p. 246)
O homem é um ser situado no tempo e no espaço. Quanto mais ele reflete sobre a sua realidade,
mais compromissado ele é com o seu mundo. Assim, projetos voltados às questões da natureza
e à sociedade devem permitir à criança relacionar os conhecimentos que já possui com os novos
apresentados na Educação Infantil, no sentido de mostrar uma realidade a ser transformada.
Como consequência, em cada situação, esses conhecimentos devem ser abordados de forma
significativa, favorecendo a formação de pessoas reflexivas, conscientemente críticas e que
aprendam a viver e conviver de forma mais justa, comprometida e solidária.
Podemos concluir, então, que a educação em valores não implica transmitir conteúdos
prescritos pela sociedade, mas significa ter a presença da dimensão de formação em valores no
desenvolvimento das ações do cotidiano escolar.
15
AULA 1 • Finalidades da Educação Infantil
Resumo
16
Aula
A Situação da Educação Infantil
no Contexto Atual 2
Introdução
O quadro atual exige maior especialização dos educadores voltados para a educação da infância,
apesar de o nível de formação desses profissionais ter ampliado.
Objetivos
17
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Historicamente, a Educação Infantil no Brasil iniciou com a marca da filantropia, no meio rural,
“famílias de fazendeiros assumiam o cuidado de inúmeras crianças órfãs ou abandonadas”
(OLIVEIRA, 2005, p. 91). O caráter assistencialista da Educação Infantil surgiu quando houve
necessidade de um local para “guardar” as crianças pequenas – os filhos de mães operárias,
já que com o advento da industrialização, nos centros urbanos, a mão de obra da mulher fez-
se necessária, pois um grande número de mão de obra masculina encontrava-se no campo.
Inicialmente, alguns proprietários das empresas atenderam às solicitações das operárias, sendo
que empresários viam nisso vantagens na relação: satisfação - trabalhador - produção. No entanto,
as iniciativas por parte das indústrias ainda era muito tímida. Assim, relata Oliveira.
À luz das ideias desses movimentos renovadores, iniciativas de educadores brasileiros mostraram
que a educação deveria avançar, caminhando contra a velha estrutura educacional. Entre essas
iniciativas, tivemos a do escritor, poeta, professor de música, folclorista Mário de Andrade.
18
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
A autora Ana Lúcia Goulart de Faria (2002), em sua obra “Educação Pré-escolar e Cultura”, faz
uma análise dos Parques Infantis e sua contribuição para a história da Educação Infantil. A
transcrição a seguir tem como objetivo refletirmos a respeito dos aspectos sociais, culturais,
políticos, econômicos e administrativos que tanto influenciam os planos educacionais do País.
Para tirar o Brasil do atraso e construir uma nação moderna, os intelectuais das décadas de 1920
e 1930 acreditavam na reforma da educação e do ensino, e só dispunham do poder das ideias;
porém, com a estreiteza dos espíritos, o que fazer? Mário de Andrade acreditou que poderia ser
por meio da administração pública.
Já em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova apresentava uma proposta para a educação
brasileira sem excluir a idade pré-escolar – constantemente criticada até os dias de hoje, por
ser elitista, assistencialista (sic) – e Mário de Andrade, por meio do Departamento de Cultura,
colocou em prática quase todos os seus itens. (p.30)
Ao lado do folclore, jogos e brincadeiras eram as atividades principais dos Parques Infantis,
fazendo com que as crianças participassem do projeto de construção da cultura nacional. Mário
de Andrade acreditava que a criança não só aprende e consome a cultura do seu tempo, como
também produz cultura, seja cultura infantil de sua classe, seja reconstruindo a cultura à qual
tem acesso. (p. 48)
Ao lado dos interesses do poder constituído de organizar a máquina governamental para controlar
o crescimento e a subversão da classe operária (GUZZO DE DECCA, 1987), Mário de Andrade
cria junto com seus companheiros modernistas o Departamento de Cultura com o objetivo de
interferir no melhoramento da qualidade de vida dos paulistanos, sem excluir o operariado.
E dessa forma, os Parques Infantis são criados nos bairros operários, para oferecer educação,
recreação, alimentação, saúde e higiene para as suas crianças. (p. 85)
Atenção
Froebel, ao valorizar a percepção como ponto inicial da educação, conclui que, então, a mulher, mais especificamente a
mãe, teria um papel decisivo na Educação Infantil (ARCE 2002, p. 43). Conclusão esta que se evidencia ao fundar o primeiro
Jardim de Infância (Kindergarten), pois este recanto deveria ser entregue às mulheres (ARCE, p. 67), já que somente o coração
materno é capaz de cultivar nas crianças todos os seus talentos desde os seus primeiros anos de vida.
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AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Jardim de Infância – fundado em 1840 e destinado a crianças menores de seis anos de idade, organizado de acordo
com os princípios: educação sensorial, integração com a natureza e o divino, liberdade, formas de expressão (o gesto,
o canto, o jogo. o trabalho manual e a linguagem) e a autoatividade.
O jogo – Para a realização do autoconhecimento com liberdade, Froebel elege o jogo como seu (ARCE, p. 59). De acordo
com este educador, os jogos eram instrumento como presentes dados às crianças e, assim, foram chamados de “dons”
(ARCE, p. 61). Caberia, então, ao educador observar a criança, para, a partir daí, conhecê-la, entender como ela pensa
e percebe o mundo.
As ideias de Froebel foram divulgadas pela Europa e América. No Brasil, o primeiro Jardim de Infância público foi
criado, em São Paulo, em 1896. (ARCE, p.76)
No entanto, a renovação pedagógica voltou-se mais aos jardins de infância onde estudavam
crianças dos grupos sociais de prestígio, do que aos parques infantis que recebiam crianças dos
meios populares (OLIVEIRA, 2005, p. 99). Enfim, as ideias da Escola Nova ganharam força nas
instituições infantis que atendiam crianças de nível socioeconômico mais alto.
Atenção
Escola Nova
As ideias oriundas da Escola Nova surgem com o propósito de superar a rigidez, o conteudismo e o autoritarismo da
escola tradicional.
O escolanovismo traz em seu interior contribuições da Filosofia, Biologia, Psicologia e Sociologia, configurando-
se como um movimento que foi se construindo e que tomou fôlego, no início do século XX, com as seguintes
características:
»» atribuição de maior destaque para os processos mentais do conhecimento e não ao produto (acúmulo de
conhecimentos, simples memorização);
»» valorização dos jogos, das práticas de desenvolvimento da motricidade, da educação sensorial e dos trabalhos
manuais;
»» favorecimento da prática das relações humanas, com incentivo à livre comunicação e à cooperação;
Apesar de sua grande influência, a Escola Nova recebeu muitas críticas por sua limitação ao desconsiderar o aspecto
político-social da educação. Tornou-se uma escola bem equipada e voltada para pequenos grupos de elite.
Cabe aqui a contribuição de Gadotti (1993, p.147-148), citando um parecer de Paulo Freire a respeito do pensamento
pedagógico escolanovista: “O educador brasileiro Paulo Freire, herdeiro de muitas conquistas da Escola Nova,
denunciou o caráter conservador dessa visão pedagógica e observou corretamente que a escola podia servir tanto para a
educação como prática da dominação quanto para a educação como prática da liberdade.
Entretanto, como ele mesmo afirma, a educação nova não foi um mal em si, como sustentam alguns educadores
conteudistas. Ela representou, na história das ideias, um considerável avanço. Gadotti completa o pensamento de
Freire: “Educar não é ser omisso, ser indiferente, ser neutro diante da sociedade atual. Deixar a criança à educação
espontânea da sociedade é também deixá-la ao autoritarismo de uma sociedade nada espontânea”.
20
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
Além das ideias escolanovistas, as propostas pedagógicas voltadas para as instituições infantis
receberam contribuições provenientes da teoria construtivista e da teoria interacionista.
Médico.Inicia suas experiências com crianças com deficiência e, com a ajuda se sua mulher, sua
colaboradora a vida inteira, funda, em 1901, um instituto leigo para essas crianças. Mais tarde,
em 1907, abre uma escola par crianças não deficientes.
Proposta:
“Decroly definiu seu programa em fórmula tornada célebre: ‘A escola para a vida,
pela vida’. Quer, com efeito, que a escola, cujo quadro ideal é o campo, tenha
programa conforme à psicologia da criança e correspondente ás exigências da
vida individual e social de hoje.” (PLANCK IN: CHATEÂU 1978, p. 261).
Meios:
Atividades:
21
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Como médica, inicialmente, dedicou-se às crianças deficientes, experiência que lhe permitiu
fazer observações importantes sobre a psicologia infantil. Posteriormente, Montessori utiliza seu
método na educação de crianças não deficientes. Em uma iniciativa social, abre uma escola, em
1907, para filhos de trabalhadores, em Roma, em um bairro de operários (Casa dei Bambini).
Proposta:
»» Observação e autocontrole.
Meios e instrumentos:
Professor que fez críticas ao ensino livresco e de memorização. Lutou contra as práticas tradicionais
do ensino público na França. Preocupou-se com as classes populares.
Proposta:
22
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
Técnicas:
»» Aulas-passeio.
»» Fichários.
»» Correspondência interescolar.
Desenvolvimento cognitivo – desde o nascimento até a adolescência que, segundo sua teoria,
as crianças se desenvolvem passando pelos estágios:
»» sensório- motor;
»» pré-operacinal;
»» operações concretas;
»» operações formais.
Interacionismo – o ser humano transforma o ambiente agindo diretamente sobre ele e, ao agir,
também se modifica.
Conceitos básicos Piaget utiliza conceitos básicos para explicar como e por que ocorre o
desenvolvimento cognitivo (cf. HAIDT).
23
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
»» Interação do indivíduo com o meio – “as características de cada indivíduo vão sendo
formadas a partir da constante interação com o meio, entendido com mundo social e
físico.” (REGO, 1995, p. 94). A criança, na interação social, entra em contato e se utiliza
de instrumentos mediadores , passando a decifrar o mundo que a cerca, a partir de seu
desejo e de sua necessidade de descobrir o universo de significados.
Vejamos:
»» proximal: a criança é capaz de fazer, mas em uma situação de interação com parceiros
com níveis diferenciados de conhecimento, isto é, com ajuda de outra pessoa mais
experiente;
24
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
»» “a distância entre aquilo que ela é capaz de fazer de forma autônoma (nível de
desenvolvimento real) e aquilo que ela realiza em colaboração com outros elementos
de seu grupo social (nível de desenvolvimento potencial ou proximal).” (REGO, 1995, p.
73)Vygotsky faz distinção entre conceitos cotidianos e conceitos científicos:
»» a ajuda do outro: “esta outra pessoa pode ser entendida como sendo o parceiro mais
próximo, aquele que ensina: um companheiro mais experiente, um adulto, um educador
leigo ou profissional, um professor. Mesmo no caso do conhecimento dado pela
experiência direta da criança, a experiência ocorre em um determinado contexto físico
e social e,. portanto, o “outro” se faz aí presente sob a forma de tradição, hábito, normas
ou valores, enfim, sob a forma de cultura, mediador sempre presente na situação de
interação”. (MACHADO apud OLIVEIRA, 1994, p. 30).
Na década de 1940, o atendimento oferecido pelo governo, para crianças que ainda não
frequentavam o curso primário, restringia-se à saúde, à filantropia e à assistência.
Tal situação persistiu na próxima década, já que um número reduzido de entidades filantrópicas
leigas e religiosas ofereciam cuidados básicos a crianças das classes populares, isto é, atendimento
com sentido assistencial (higiene, segurança, saúde e alimentação), excluindo a intencionalidade
pedagógica que envolvia o desenvolvimento intelectual e afetivo.
Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LEI No 4.024) incluiu a educação
pré-primária no sistema de ensino, estabelecendo o seguinte.
Art. 24 – As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de 7 anos serão
estimuladas a organizar e a manter, por iniciativa própria ou com cooperação
com os poderes públicos, instituições de educação pré-primária.
Década de 1970 – nesse período, creches e pré-escolas foram reivindicadas pelas mulheres da
classe operária, como também mulheres da classe média.
25
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Já as mulheres de classe média, que se inseriam cada vez mais no mercado de trabalho, procuravam
pelas instituições infantis com propostas educativas voltadas para e educação integral da criança.
Como consequência de tal cenário, houve um crescimento de creches e pré-escolas nas redes
particulares, sendo que essas instituições tiveram condições de desenvolver projetos pedagógicos
em que educar e cuidar eram indissociáveis de toda ação pedagógica, garantindo experiências
enriquecedoras de aprendizagem que favoreciam o desenvolvimento de criança em todos os
aspectos.
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a seguinte
garantia de:
Assim, a Constituição Federal de 1988 também define e Educação Infantil como um direito da
criança e opção da família.
Em 1990, O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define, por meio do art. 54, inciso IV, o
dever do Estado em relação à Educação Infantil.
A lei afirma que a criança é um ser histórico e social. Ela é cidadã agora, e não somente no futuro.
II – Educação Superior.
A lei afirma, também, que a Educação Infantil faz parte integrante do sistema de ensino. Reconhece
que as creches e pré-escolas, ao cuidarem das crianças, desempenham um papel importante em
seu desenvolvimento e educação.
26
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
A forma de garantir uma organização para produzir um caráter educativo das instituições da
Educação Infantil dar-se-ia por um projeto curricular. Estamos falando aqui de uma ideia de
currículo ativo, produtivo que oferecesse orientações e não um rol de informações distribuídas
artificialmente, sem significado para as crianças.
Um Referencial Curricular Nacional (em 1998) e Diretrizes Curriculares Nacionais (em 2009)
foram formulados pelo MEC.
Trata-se de um conjunto de orientações, referências, como o próprio nome diz, Referencial. São
orientações pedagógicas que têm como objetivo contribuir com a “implantação e implementação
de práticas educativas de qualidade”.
Três volumes que compõem o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil organizados
da seguinte forma.
27
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
(BRASIL, 1999:7)
Além das exigências dessas diretrizes, devem também ser observadas a legislação
estadual e municipal atinentes ao assunto, bem como as normas do respectivo
sistema.
Educação Infantil:
Criança:
Currículo:
28
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
Proposta Pedagógica:
Profissionalidade docente
Assumir uma Educação Infantil que vincule criação de ambiente que ofereça segurança física
e psicológica à criança com oportunidades para a mesma explorar o mundo e construir
conhecimentos requer profissionais que reflitam sobre suas ações pedagógicas de forma que
se aproximem cada vez mais da “efetivação de um cuidar que promova a educação”. (ANGOTTI,
2006, p.18)
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil traz a seguinte colaboração a respeito
da formação profissional docente da Educação Infantil.
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma
competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar
com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos
essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas de
conhecimento. Esse caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação
bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz,
refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares,
dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias
sobre o trabalho que desenvolve.
(BRASIL, 1998:41)
Essa formação mais ampliada da profissionalidade dos educadores de infância torna-se mais
evidente diante do que expõe a LDB no título VI, art. 62.
29
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Sem dúvida, a qualificação profissional apresenta-se como fator imprescindível para assegurar
um efetivo trabalho junto à criança pequena e ressaltando que, além de tal qualificação, a
formação continuada passa a ter lugar preponderante, em que o docente assume um papel de
investigador a respeito dos aspectos referentes à sua profissionalidade: a criança cidadã, com
sua cultura, suas necessidades e reflete, também, sobre as ações pedagógicas que respondem
às exigências desse fazer pedagógico do professor da Educação Infantil.
30
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
Em relação, ainda, ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, há dois aspectos
que merecem destaque: Objetivos e Conteúdos.
Objetivos
Para que se possa atingir os objetivos é necessário selecionar conteúdos que auxiliem o
desenvolvimento destas capacidades.
31
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
Conteúdos
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil “entende” o conteúdo como um meio
para que as crianças desenvolvam suas capacidades e exercitem sua maneira própria de pensar,
sentir e ser, ampliando suas hipóteses acerca do mundo ao qual pertencem e constituindo-se
em um instrumento para a compreensão da realidade.
O Referencial afirma que não há aprendizagem sem conteúdos, pois em qualquer linha pedagógica
professores e alunos trabalham, necessariamente, com conteúdos. O que muda nesta perspectiva
é a função atribuída aos conteúdos, já que eles abrangem, para além dos fatos, conceitos e
princípios, também os conhecimentos relacionados a procedimentos, atitudes, valores e normas
como objetos de aprendizagens.
Referem–se à construção ativa das capacidades para operar com símbolos, ideias, imagens e
representações que permitem atribuir sentido à realidade.
Assim, deve - se ter claro que alguns conteúdos conceituais são possíveis de serem apropriados
pelas crianças durante o período de Educação Infantil. Outros não, e estes necessitarão de
mais tempo para que possam ser construídos. Isso significa dizer que muitos conteúdos serão
trabalhados com o objetivo apenas de promover aproximações a um determinado conhecimento,
de colaborar para elaboração de hipóteses e para a manifestação de formas originais de expressão.
32
A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual • AULA 2
Os CONTEÚDOS ATITUDINAIS: valores, atitudes e normas têm relação com o “saber ser”.
Conceber valores, normas e atitudes como conteúdos implica torná-los explícitos e compreendê-
los como passíveis de serem aprendidos e planejados.
As instituições educativas têm uma função básica de socialização e, por esse motivo, têm sido
sempre um contexto gerador de atitudes. Isso significa dizer que os valores impregnam toda a
prática educativa e são aprendidos pelas crianças, ainda que não sejam trabalhados de forma
consciente e intencional. A aprendizagem de conteúdos deste tipo implica uma prática coerente,
onde os valores, as atitudes e as normas que se pretende trabalhar estejam presentes desde as
relações entre as pessoas até a seleção dos conteúdos, passando pela própria forma de organização
da instituição. A falta de coerência entre o discurso e a prática é um dos fatores que promove o
fracasso do trabalho com os valores. Nesse sentido, dar o exemplo evidencia que é possível agir
de acordo com valores determinados. Do contrário, os valores tornam-se vazios de sentido e
aproximam-se mais de uma utopia não realizável do que uma realidade possível.
Para que as crianças possam aprender conteúdos atitudinais, é necessário que o professor e todos
os profissionais que integram a instituição possam refletir sobre os valores que são transmitidos
cotidianamente e sobre os valores que se quer desenvolver. Isso significa um posicionamento
claro sobre o quê e o como se aprende nas instituições de Educação Infantil.
Deve-se ter em conta que, por mais que se tenha a intenção de trabalhar com atitudes e valores,
nunca a instituição dará conta da totalidade do que há para ensinar. Isso significa dizer que parte
do que as crianças aprendem não é ensinado de forma sistemática e consciente e será aprendida
de forma incidental. Isso amplia a responsabilidade de cada um e de todos com os valores e as
atitudes que cultivam.
»» Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente,
com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações.
33
AULA 2 • A Situação da Educação Infantil no Contexto Atual
»» Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a
articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração.
»» Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais
como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando
atitudes que contribuam para sua conservação.
Resumo
34
Aula
Elementos Orientadores para a
Educação Infantil 3
Introdução
Nesta terceira aula, mostraremos a valorização dos elementos que compõem o espaço organizado
na Educação Infantil e a sua relação direta com a proposta pedagógica. A importância de se
constituir um ambiente que estimule a busca, a exploração e as interações promovidas que
favorecem o desenvolvimento da criança.
Falaremos, também, das diferentes linguagens que fazem parte do eixo de trabalho do âmbito
do conhecimento de mundo.
Objetivos
35
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
Os objetivos definidos nos planejamentos operacionalizam-se por meio das práticas educativas
desenvolvidas no ambiente da instituição infantil, dando vida, assim, ao currículo. Nessa
viabilização, contamos com elementos que garantam experiências prazerosas de aprendizagem,
por meio de provocações que conduzam às descobertas e contribuam para o desenvolvimento
integral e harmônico da criança. E, assim, uma atenção deve ser dedicada à organização e ao
aproveitamento do espaço e do tempo, favorecendo a criação de diversificados ambientes de
aprendizagem disponíveis tanto às crianças da creche quanto para as de pré-escola.
Ambientes de aprendizagem
36
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Espaço
Olhar a criança como um todo exige a elaboração de planejamentos que objetivem o desenvolvimento
dessa criança de forma mais ampla. Assim, o espaço é um dos elementos integrantes do
planejamento, já que o ambiente físico oportuniza várias possibilidades de arrumação espacial,
sempre considerando a proposta pedagógica. Nesse sentido, faz-se necessário reconhecer que,
além do espaço da sala de aula, outros espaços (externos e internos) possibilitam vivências de
diferentes experiências e sensações às crianças: pátios, espaços culturais, parques, entornos da
escola etc. Tudo isso sem perder de vista todo tipo de segurança: delimitações de espaço, materiais,
mobiliários etc. e a intencionalidade dessa organização espacial, pois precisamos levar em conta
que os espaços devem promover oportunidades para o convívio social, assim como para as ações
que exigem privacidade e intervenções personalizadas. Assim, Barbosa e Horn observam.
Tempo
O tempo é parte integrante do processo de aprendizagem e tal afirmativa requer que o professor
da Educação Infantil considere a criança em suas diferentes necessidades e características e,
assim, a organização do tempo abre perspectivas para que a dinâmica das ações educativas
ofereça oportunidades para as crianças se desenvolverem mais plenamente.
37
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
Diferentes tipos de atividades integrarão duas situações básicas: o que é previamente conhecido, o
que é já esperado e o que se apresenta como novo ou, até, como o inesperado. Assim, o educador
deve considerar essas duas situações ao organizar o tempo de forma que as atividades sejam
significativas para as crianças: adequações, entendimentos, aprendizagens e desenvolvimento,
isto é, atividades “coordenadas pelo adulto, atividades que permitem que as crianças escolham
o que desejam fazer ou atividades que propomos tendo como referência o interesse das crianças
por algum acontecimento”. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p.69)
Rotina
Cabe ao professor elaborar planejamento cuidadoso da rotina que envolve tempo e espaço,
possibilitando referência à criança e ao professor.
Além de ajudar a criança a prever ações e a situar-se em relação aos acontecimentos, a rotina
promove situações enriquecedoras provenientes das crianças, assim como das intervenções
por parte do professor, diante do inusitado e do novo, permitindo modificações, sem cair em
repetições esvaziadas de significados para as crianças.
38
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Jogos
Existem termos que, por serem empregados com significados diferentes, acabam
se tornando imprecisos como o jogo, o brinquedo e a brincadeira...O que oferece
dificuldade para a conceituação de jogo é o emprego de vários termos como
sinônimos. Jogo, brinquedo e brincadeira têm sido utilizados com o mesmo
significado. No Brasil, estudos de Bomtempo, Hussein e Zamberlain (1986),
Oliveira (1984) e Rosamilha (1979) apontam para a indiferenciação no emprego
de tais termos.
(KISHIMOTO, 1994, pp. 1 e 7)
Diante do exposto, os termos brincadeira e jogo podem ser sinônimos e, por conta da proposta
aqui feita, refletir a respeito da importância da brincadeira, na Educação Infantil, torna-se de
primordial importância colocar à disposição dos leitores pensamentos de autores que abordam
a temática em questão. Há textos um pouco mais extensos, mas são valiosos instrumentos para
início de reflexão.
Definir o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança é incorreto por
duas razões. Primeiro, muitas atividades dão à criança experiências de prazer
muito mais intensas do que o brinquedo, como, por exemplo, chupar chupeta,
mesmo que a criança não se sacie. E, segundo, existem jogos nos quais a própria
39
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
Gilles Brougère (da Universidade de Paris) é formado em Filosofia e Antropologia. Ele realiza
pesquisas sobre o brinquedo e as relações entre brincadeira e educação.
40
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Tipos de jogos
Por meio do jogo, a criança percebe como se dão as relações humanas, comunica-se com mundo
e também se expressa.
Há nos jogos funções que exercem maior domínio e, conforme essa predominância, os jogos
costumam ser classificados em: de exercícios, simbólicos, de aquisição, de construção e de regras.
OS JOGOS DE EXERCÍCIO exploram o ritmo, a força e suas regras variam de um grupo para
outro, nas diversas situações lúdicas, momentos, espaços e condições de jogo. Esses jogos são
realizados com o próprio corpo: balançar com ritmo a cabeça, passar objetos de uma mão para
outra, encher e esvaziar um recipiente de areia, manipular massinha e outros.
41
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
busca superar situações desagradáveis (situações que fazem enfraquecer sua tensão, tristeza,
medo – como pedir para alguém repetir várias vezes uma passagem de história que lhe causou
medo, e a criança a imitar as personagens). Dos quatro aos sete anos, há uma crescente busca
de aproximação do real – realismo. Imitação de forma mais coerente (cenas familiares, eventos,
experiências do cotidiano e da escola, cenas da TV, do cinema...), há ordenação, na busca da
adequação ao real.
O JOGO DE AQUISIÇÃO está relacionado à busca dos significados. A criança observa e escuta
na busca de compreender pessoas, histórias, música e objetos. A esse esforço concentrado da
criança, para trabalhar os significados que a cerca, chama-se jogo de aquisição.
Os jogos de construção constituem a transição entre os três tipos de jogos: o exercício, o símbolo
e a regra.
O jogo de regra constitui-se a partir de quatro anos. Até esta idade, a criança joga sozinha. Nas
palavras de Friedmann:
42
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
As diferentes linguagens
Linguagem da palavra
Em nosso mundo letrado, a criança “lê” sem saber ler, “escreve” sem saber escrever e, assim,
há necessidade de o professor da Educação Infantil promover situações em que a criança
tenha diferentes possibilidades de “ler” e “escrever” não convencionalmente, permitindo a ela
compreender o sistema convencional de leitura e de escrita.
O trabalho com a linguagem (oral e escrita) envolve: diferentes gêneros de texto, manuseio e
utilização de diversos portadores de textos (livros, revistas, jornais, folhetos...); comunicação no
cotidiano (vivências, relatos, conversas informais ou em situações formais...); conhecimento de
narrativas literárias, escutando e apreciando a leitura; brincadeiras com as palavras; reconhecimento
de seu próprio nome (isoladamente e no conjunto dos nomes do grupo); escrita do próprio nome;
outras escritas infantis.
Complementando a reflexão sobre linguagem oral e escrita na Educação Infantil, o RCNEI diz que:
Ideias, trocas de experiências, expressão da realidade – todas essas formulações têm como base a
palavra. Ao ampliar a fala, a criança amplia sua participação de intercâmbio social. Antunes (2009,
43
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
p.42) também considera que, quando, desde cedo, se expõe um bebê a um ambiente linguístico
rico e diversificado é bem mais um vocabulário que se está passando, é a estruturação de todo
um mecanismo cognitivo do cérebro e os fundamentos com os quais a criança e, futuramente,
o adulto, irão ler e compreender a diversidade de pensamentos produzidos.
Música
Diante do exposto, entendemos a linguagem musical na Educação Infantil indo além de execuções
“de cantigas infantis, folclóricas e cívicas ou ainda de acompanhamento de bandinha rítmica”.
(GUILHERM IN: ANGOTTI, 2006, p.161)
44
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Diferentes ruídos invadem o nosso mundo e as pessoas com mais sensibilidade melhor percebem,
identificam e contextualizam os diferentes sons do ambiente. Desenvolver a sensibilidade auditiva
é importante para despertar a consciência da qualidade de sons, os que são desejáveis ou não.
Assim, a partir dessas constatações, visualizamos um processo mais ampliado da formação musical.
As crianças também precisam de silêncio para povoá-lo com seus próprios sons.
Além dos sons da natureza, existe um enorme repertório de sons aprendidos por
meio da televisão, que estão incorporados nas ações e nos brinquedos infantis.
Sons de helicóptero, lancha, sirene, explosões... gritos, inflexões vocais de medo,
raiva e dor. Novos sons de aeronaves espaciais, sons sibilantes, sopros ruidosos
e uma variedade de grunhidos agudos e graves. As crianças reconhecem os sons
característicos das cenas de suspense – o vento que sopra ruidoso, o lobo que
uiva..– e divertem-se com as trilhas sonoras.. As crianças aprendem a utilizar
os recursos expressivos de sua cultura. Falam alto quando querem chamar a
atenção, falam baixo para contar um segredo e usam adequadamente o tom de
voz para mostrar seriedade e brincadeira. Seria uma lástima que perdessem essas
habilidades por ocasião de sua entrada na escola.
(MAFFIOLETTI IN: CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 127)
Rompendo, então, com uma concepção da educação musical sem maiores significados, isto é, mais
voltada para modelos estéreis (simples repetições), a Educação Infantil deve preocupar-se com a
qualidade da linguagem sonora oferecida, procurar ampliá-la e oferecer oportunidade à criança:
de conhecer diferentes sons, suas características, sendo capaz de identificá-los e compará-los;
de expressar-se e comunicar-se através dos sons; de reproduzir sons por meio de instrumentos,
de outros materiais e do corpo; de criar novos sons a partir dos já conhecidos (novos ritmos).
Movimento
A Educação Infantil, hoje, tem como um dos aspectos mais expressivos o reconhecimento
da criança como ser único e como sujeito em sua integralidade desde o nascimento. Assim,
uma prática educativa que objetiva a formação global entende que a educação do movimento
deve ser concebida como um processo de suporte que acompanha a criança em seu trajeto de
amadurecimento. Esse percurso é universal no desenvolvimento de todos os seres humanos,
no entendimento de Sánchez, Martinez e Peñalver (2003, p. 13), e deve ser a base de qualquer
projeto pedagógico para a Educação Infantil.
Entendemos, então, que desenvolver os aspectos comunicativos do corpo deve ser objetivo
imprescindível da proposta educativa da criança pequena; oferecer à criança a possibilidade
de conhecer e dominar seu corpo, explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento,
como economizar sua energia, controlar seus movimentos, conscientizar-se de suas capacidades,
conhecendo gradativamente os limites e potencialidades do próprio corpo.
45
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
Para Angotti (2006, p. 21), o corpo deve ser entendido e trabalhado enquanto primeiro brinquedo
e instrumento de ludicidade infantil, enquanto ferramenta fundamental para as elaborações de
leituras interpretativas de mundo, potencial decorrente da utilização dos órgãos dos sentidos que
permitem a agudeza das percepções, das observações, da orientação (espacial e temporal), da
coordenação (global e fina), dos sentimentos, pois permite à pessoa trocar experiências e atuar
(verbal e gestualmente) no mundo.
46
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Diante do exposto, cabe ao professor da Educação Infantil propor atividades das mais diversas,
individuais e coletivas, em que as crianças tenham possibilidades expressivas do corpo, pois é
fundamental que a prática educativa leve em conta competências corporais e cognitivas.
Arte
»» valorizar as produções da criança, fazer com que ela se interesse pela própria produção
e pelas produções das outras crianças;
»» levar a criança a ver e apreciar obras de diferentes artistas (variadas expressões artísticas)
e imaginar a respeito delas.
Nesse sentido, as Artes Visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura
e características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por meio da
articulação dos seguintes aspectos:
47
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
A criança desenvolve-se, por meio do seu trabalho criador, em diferentes aspectos: em relação
à compreensão de si mesma e do mundo, em relação ao outro.
Matemática
Da mesma forma que o processo de aquisição da língua escrita, as noções matemáticas são
construídas gradativamente pela criança desde os primeiros anos de vida.
48
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
menos, igual, diferente, parecido, maior, menor, longe, perto... Wajskop (1997, p. 96) diz que as
crianças estabelecem relações quantitativas e espaciais no seu convívio com os adultos e com
as outras crianças ou em qualquer outro lugar, manipulando objetos, executando contagens a
seu modo, decodificando símbolos, utilizando sua progressiva capacidade de classificar, ordenar
grandezas e operar quantidades.
Objetivos:
»» Para esta fase, o objetivo é aprofundar e ampliar o trabalho para a faixa etária de zero a
três, garantindo, ainda, oportunidades para que sejam capazes de:
49
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
›› ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com situações
matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios.
(BRASIL, v. 3, pp. 214, 215)
Natureza e Sociedade
A criança, por meio da interação com os adultos, com outras crianças e com o ambiente, toma
conhecimento de seu próprio corpo e, ao viver experiências, a criança utiliza os recursos de que
dispõe para satisfazer suas necessidades básicas. Aprende a cuidar do corpo e compreende seu
ambiente social, a partir de certas habilidades: observar, comparar, explorar e identificar.
Diversas estratégias são utilizadas para que as crianças possam recriar temas e conceitos
pertencentes ao mundo social e natural e uma delas dá-se por diferentes projetos, ajudando-as
a entender como a sociedade criou organizações culturais com seus símbolos, suas relações e
como criou ritos e mitos como base de conhecimento e ação social e reconhecimento de certas
regularidades dos fenômenos sociais e naturais. Suas representações e noções sobre o mundo
estão associadas diretamente aos objetos concretos da realidade conhecida, observada, sentida
e vivenciada.
A organização do planejamento desses projetos favorece a integração dos temas e, a partir daí,
oportuniza à criança contato com a natureza, observação de diversidade de ambientes, de cultura
e, assim, ela elabora ideias acerca do mundo.
Cabe ao professor ensinar a criança a ler o mundo, despertando sua curiosidade para que ela
seja capaz de:
50
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
»» registrar dados e informações por diferentes meios, com ou sem ajuda do professor.
Contudo, o professor precisa ter claro que esses domínios e conhecimentos não
se consolidam nesta etapa educacional. São construídos, gradativamente, na
medida em que as crianças desenvolvem atitudes de curiosidade, de crítica, de
refutação e de reformulação de explicações para a pluralidade e diversidade de
fenômenos e acontecimentos do mundo social e natural.
(BRASIL, v. 3, p. 172)
Creches
Pensar hoje a Educação Infantil, no Brasil, é ter como horizonte quais crianças e o cotidiano
dessas crianças nas creches e pré-escolas que frequentam.
Refletindo a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI),
eis alguns trechos.
Apresentação
O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se afirma
na Constituição de 1988, com o reconhecimento da Educação Infantil como dever
do Estado com a educação. O processo que resultou nessa conquista teve ampla
51
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
»» As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na
Educação Infantil.
Jornada:
»» É considerada Educação Infantil em tempo parcial, a jornada de, no mínimo, quatro
horas diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas
diárias, compreendendo o tempo total que a criança permanece na instituição.
Princípios:
»» As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:
52
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Diante do exposto nas DCNEI, a creche não se limita apenas a um lugar para deixar crianças
enquanto os pais trabalham. Sabemos que o Brasil, ainda, tem um grande desafio que é a criação
de centros de educação infantil de qualidade. Há escolas infantis em nosso País que possuem
boa infraestrutura, eficiente formação de professores e proposta pedagógica que traduz o real
objetivo da educação infantil: desenvolver integralmente as diferentes dimensões da criança:
cognitiva, física, social, afetiva e comunicativa. No entanto, sabemos, também, que são poucas
as escolas com tais qualidades, apesar de esforços a respeito.
No Brasil, houve avanço quanto ao acesso à Educação Infantil, no entanto, precisamos de uma
atenção especial ao fator qualidade e compreendermos com mais profundidade o atendimento
oferecido pelas creches. Nesse sentido, Isabel Branco, jornalista e cientista social, traz-nos a
seguinte reportagem.
53
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
Vemos hoje uma preocupação muito grande com a quantidade. O Judiciário tem
sido incisivo em forçar a matrícula mesmo quando não há qualidade, mas as
crianças não podem ficar amontoadas em uma creche só porque os pais têm que
trabalhar. Muitas creches são conveniadas, e aí mora o problema: em várias delas,
o padrão de qualidade dos profissionais e das instalações são muito precários.
No afã de atender à demanda, com pressão política e social, muitas prefeituras
fazem convênios com instituições sem nenhum padrão de qualidade. Temos que
garantir que o aumento quantitativo esteja relacionado à qualificação.
No caso das creches, são exatamente os mais pobres que estão fora. Temos que
dar prioridade a esse público. Todos têm direito, mas alguns têm necessidades
muito maior que outros. A criança tem que estar na escola. No caso da creche, eu
acho que o problema é maior, quanto ao acesso e também à qualidade. Eu daria
para a pré-escola nota 8 e no caso da creche estaríamos entre 3 e 4.
(JORNAL O GLOBO, pp. 41 12/6/2016)
Assim, para promover a qualidade no trabalho desenvolvido nas creches, para que cada vez mais
ele se aproxime da DCNEI, precisamos de: elaboração e implementação de um currículo conectado
com a realidade das crianças e conteúdos integrados; docentes capacitados a desenvolver esse
54
Elementos Orientadores para a Educação Infantil • AULA 3
Um trabalho efetivo na creche que tem como meta o encorajamento da criança, para que ela
avance com autonomia em suas descobertas, exige organização das ações educativas e, nesse
sentido, o quadro a seguir apresenta ações que integram o cuidar e o educar.
Resumo
55
AULA 3 • Elementos Orientadores para a Educação Infantil
56
Aula
A Metodologia de Trabalho na
Educação Infantil 4
Introdução
Posteriormente, conversaremos sobre o jogo infantil como recurso para a aprendizagem, pela
exploração do ambiente e pelo processo de criar situações imaginárias.
E, finalmente, trataremos dos temas geradores em torno das quais giram os projetos didáticos.
Essa forma de desenvolver a proposta educativa garante a ampliação do conhecimento, por meio
da realidade sociocultural das crianças.
Objetivos
57
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
»» Compreender que os projetos didáticos que giram em torno dos temas geradores
ampliam o campo da investigação e criam um clima para o trabalho cooperativo, no
qual favorecem a construção do conhecimento.
Diferentes linguagens
Na elaboração dos planejamentos das ações didáticas, há referências necessárias para o trabalho
do professor em relação às aprendizagens desejadas e, assim, a integração das linguagens é uma
forma de conduzir as ações para uma aprendizagem significativa, cabendo ao professor compor
a articulação das linguagens no sentido de promover aprendizagens.
A possibilidade de cada criança se expressar não se restringe ao uso da palavra falada, escrita
ou lida. Utilizar as diferentes linguagens no trabalho pedagógico pressupõe ampla liberdade de
comunicação e expressão.
Nessa perspectiva, o trabalho educativo voltado para o emprego das múltiplas linguagens
contempla diferentes formas de expressão, oportunizando atividades significativas para a criança
e favorecendo a aprendizagem de conceitos e habilidades.
No sentido de ilustrar o que foi enfatizado a respeito da inserção das múltiplas linguagens nas
atividades da Educação Infantil, apresentaremos alguns relatos de trabalhos significativos extraídos
de obras de referência que possuem como objetivo maior oferecer experiências pedagógicas
para o desencadeamento de reflexões diversas.
58
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
Tudo começou num momento de observação (no sentido de dar-se conta, como coordenadora
pedagógica, no que o grupo de crianças estaria envolvido). Hora do “brinquedo livre”. Um
grupo de quatro meninos numa mesa brinca com seus bonecos (tartarugas ninjas). Os bonecos
começam a lutar entre si, manipulados pelas crianças, a briga fica violenta, um bate no outro.
Um menino chora. Intervenho, converso com os envolvidos e a brincadeira continua e a minha
observação também. Dali a alguns segundos, a mesma cena: começam a brigar entre si com suas
tartarugas ninjas. Foi preciso ajudá-los novamente a resolver os conflitos. Proponho brincarmos
com “massinha” e o grupo aceita. Faço (tento imitar) uma tartaruga ninja, usando massa verde
e vermelha. As crianças vibram e, no mesmo instante, todas no grupo começam a “modelar”,
“confeccionar” suas tartarugas ninjas. Ficam superenvolvidas na atividade. Eu aproveito o
momento e pergunto às crianças “coisas” sobre aquela “espécie” de tartaruga:
Crianças: Pizza.
Crianças: No esgoto.
Com esse diálogo e com as informações trazidas pelo grupo, ficou “evidente” para mim que seria
muito produtivo conhecermos as tartarugas. Não havia como ignorar esse assunto, porque as
“ninjas” eram o universo que elas conheciam como único e verdadeiro. Era preciso proporcionar-
lhes outras experiências, trocar pontos de vista sobre as tartarugas. Diz Madalena Freire (1982:15):
“quando se tira da criança a possibilidade de conhecer este ou aquele aspecto da realidade, na
verdade se está alienando-a da sua capacidade de construir seu conhecimento”.Mas, como? Por
onde começar? Como planejar um estudo desse tipo com crianças em faixas etárias diferentes?
Como sair da rotina? Como planejar com o grupo? Enfim, com enfrentar esse “desafio”?
AS CRIANÇAS – foi o primeiro passo a ser tomado. Ouvi-las na rodinha, durante o lanche, no
brinquedo-livre, no pátio, em todos os momentos. Para que ouvi-las tanto assim? Para poder
planejar e redirecionar a prática a partir delas, dar vida ao trabalho e fim à “rotina rotineira”.
TROCAR PONTOS DE VISTA – foi o segundo passo. Falar sobre a “tartaruga animal”, o que
conheciam (como e onde vivem, o que comem, como andam, o que faz etc.).
59
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
As crianças falavam, respondiam, mas sem muitas certezas. Estavam “confusas” e “atrapalhadas”
com as informações que ouviam sobre as tartarugas. A fantasia se confundia com a realidade:
tartaruga ninja x tartaruga animal. E agora? Alguma criança falou que tinha um livro sobre
tartaruga em casa. Foi ótimo! A ideia era mesmo de começar a pesquisar, perguntar para outras
pessoas e trazer tudo para sala. Nos dias seguintes, vieram livros, revistas, gravuras e até um
casco de tartaruga (os pais deram sua contribuição nesse momento).
Os “momentos de estudo” (na rodinha) ganharam ânimo, todas ouviam, todas falavam, e as
descobertas começaram a acontecer.
Era preciso neste momento parar e planejar o que iríamos fazer. Como coordenadora pedagógica,
planejei com a professora da turma as intervenções refletindo com ela sobre a postura do
professor investigador e as propostas de trabalho que poderiam ser levadas ao grupo. Isso só
foi possível acontecer conjuntamente (coordenadora e professora) porque observei muito o
grupo de crianças e também a prática da professora, “senti o clima”, e percebi as dificuldades
que havia. Depois disso, foi possível planejarmos e investigarmos juntas para que realmente se
desenvolvesse uma experiência significativa, em que as crianças construíssem conhecimento
sobre “tartarugas”, respeitadas as possibilidades das diferentes faixas etárias.
Para fazer descobertas sobre tartarugas, era preciso, a essa altura, agir concretamente sobre o
objeto “tartaruga”, pelas características do estágio pré-operacional de pensamento em que se
encontram crianças dessa idade (2 a 5 anos). Foi com essa intenção que propusemos ao grupo
um passeio ao Jardim Botânico, mais especificamente, ao “Lago das Tartarugas”. Foi um momento
de alegria, de prazer e de apropriação de conhecimento pelas crianças: poder chegar perto do
lago, colocar as mãos na água, cutucar a tartaruga batendo no casco com um pauzinho, tocar
levemente no casco para sentir a sua textura, segurá-la na mão e depois virá-la com as patas
para cima. As tartarugas, que antes habitavam somente a sua fantasia e imaginação (as ninjas),
se transformaram em objeto de estudo, de descobrimento de um ser vivo com o qual o homem
tem o privilégio de conviver.
O passeio desencadeou muitas atividades em sala de aula. Uma delas foi o jogo “trilha das
tartarugas”, elaborado a partir de ideias trazidas pelas crianças. O jogo consistia numa trilha que
as tartarugas precisaram percorrer para chegar ao lago das tartarugas. Na trilha foram criados
obstáculos (“regras”), e as peças do jogo eram miniaturas de tartarugas, cada uma de uma de uma
cor e com os cascos removíveis. Para jogar e fazer a tartaruga andar (“ela anda muito devagar”),
60
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
foi preciso incluir no jogo um dado de seis faces com quantificação de um a três. Para seguir as
regras do jogo (havia momentos em que a tartaruga parava, em outros andava mais depressa),
foi preciso construir uma legenda em que apareciam desenhos e o que eles significavam.
O jogo foi um sucesso! As crianças maiores jogavam seguindo as regras na sua essência (e fazendo
a leitura da legenda), muitas vezes dando origem a conflitos e discussões, porque, para jogar, era
preciso estabelecer muitas relações e exercitar a descentração (ex.: ficar parado, voltar atrás no
jogo). As crianças menores jogavam conforme as suas necessidades e, muitas vezes, tentavam
imitar as maiores. Gostavam muito das peças de jogo, tartarugas de plástico em miniatura. O
jogo com o tempo se tornou um brinquedo de sala, não era preciso que a professora jogasse
junto; as crianças se organizavam sozinhas.
Brincar de tartaruga na sala de aula usando almofadas como casco (preso às costas) foi outro
momento em que todos se divertiram. Inventar, criar e ouvir histórias sobre as tartarugas também
começou a fazer parte de rotina.
A Borboleta e a Tartaruga foi uma das histórias que as crianças trabalharam juntamente com
a confecção de uma tartaruga gigante de “sucata” (caixa, caixinhas e caixões), num trabalho
coletivo em que o mais significativo não foi o produto final e sim a descoberta de que a cola não
fixava as caixas e era preciso outro material – fita durex –, antes usado somente pela professora,
agora manipulado por todos.
As crianças reclamavam que queriam uma música de tartaruga e nós não conhecíamos nenhuma.
Realmente faltava, “som”, “ritmo”, e a música auxilia a descontrair o ambiente.
A solução encontrada foi “inventar” uma música, mas não deu certo. Então adaptamos uma
música do caranguejo para a tartaruga. Deu certo! As crianças aprovaram e cantaram, e nós
ficamos felizes em ter atendido a um pedido delas.
LETRA DA MÚSICA
A música teve relação com outras histórias narradas para as crianças: O Livro da Tartaruga, A
Tartaruga Falante, Talita e Estrelinha.
Houve muitas outras atividades espontâneas criadas pelo grupo e aproveitadas pela professora
neste “projeto”. O que aconteceu de fato foi que as crianças (sujeitos ativos) tiveram oportunidade
61
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
de interagir com as tartarugas, ou melhor, as crianças por meio da convivência com o assunto,
tiveram a liberdade de construir seu conhecimento sobre essa espécie-animal, transformando
velhas ideias em aprendizagens novas e significativas. (RODRIGUES & AMOEDO 2003, p.21 a 24)
Problemas para a criança e para o educador. Como trabalhar o raciocínio lógico com um grupo
de crianças de 4 a 6 anos de idade?
Em busca de solucionar este problema de um jeito interessante para elas, trabalhei com a história
do índio Kikiô do livro: A CONSTRUÇÃO DO NÚMERO: UMA PROPOSTA PARA O PROFESSOR.
Kikiô teve que enfrentar um problema sério. As matas de sua tribo estavam sendo destruídas e
ele tinha que proteger os animais.
Ele resolveu que iria levar os animais para uma aldeia vizinha onde os invasores não teriam
possibilidade de chegar com suas máquinas, serras etc. Para isso, ele precisava contar cada bicho,
para saber quantos animais teria que transportar.
Mas Kikiô não tinha aprendido a ler e a escrever e isso dificultava as coisas. Propus, então, que
as crianças procurassem soluções para ajudá-lo.
A euforia foi geral. Elas deram sugestões, começaram a surgir conflitos e imediatamente todas
queriam dar opinião para ajudar o curumim. Apareceram ideias como estas:
Meu objetivo nesse momento era fazer com que as crianças pudessem formular hipóteses sobre
o problema. Comecei a desafiá-las para que elas correspondessem quantidades entre dois
conjuntos diferentes sem usar os números.
Assim, elas poderiam chegar a essa relação, que se chama “correspondência biunívoca”.
»» E se, para cada bicho que o Kikiô levar, ele colocar uma pedrinha em um saquinho? E
quando o desmatamento acabar, ele volta para buscar os bichos. E para cada um que
encontrar, joga a pedra fora.
62
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
E se sobrar alguma...
Montamos uma maquete da floresta, uma imitação em miniatura. Nela as crianças resolveram,
usando pedrinhas, palitinhos e feijões como recurso. E contamos com elas os pontos ganhos
nos jogos, como de boliche, por exemplo.
Esse foi um trabalho de matemática que deu um trabalhão... e muito prazer. As crianças
conseguiram problematizar e resolver aspectos da lógica matemática brincando com histórias
e com jogos. Isso dá muita alegria para a criança. E para nós, educadores, também.
Portanto, cabe ao adulto um dos maiores modelos de imitação da criança, ser criativo e crítico
na escolha do que apresentar a ela, garantindo que o trabalho seja interessante para ambos.
(ROSETTI-FERREIRA et.al. ,2006, p. 111).
Crianças em torno de 1 ano e meio, embora ainda não falem, se expressam por meio de
movimentos, sons e ritmos. Esses pequeninos adoram ouvir música e demonstram grande
satisfação com o canto dos pássaros, das cigarras, dos grilos...
Sabemos que para eles a convivência com os diferentes sons e ruídos é muito importante, pois
traz novas descobertas e, com elas, o conhecimento e a exploração do diferente, do novo.
A primeira descoberta dos sons e do ritmo se dá por meio do próprio corpo e do ambiente ao
redor. Como o ser humano é um ser criativo, ele vai rompendo continuamente os esquemas
repetidos das experiências anteriores e vai explorando novos caminhos.
Os sons da natureza, com seus diferentes ruídos, dão muito prazer às crianças. Já o barulho de
um avião, de um carro ou de uma sirene chama a atenção de uma forma diferente, muitas vezes
incômoda. Mas todas essas experiências ampliam o repertório de linguagens e sentimentos.
Ao ouvir os diversos sons, a primeira coisa que os pequeninos fazem é escutar com muita
atenção e, em seguida, vem a tentativa de imitação. Com grande surpresa e alegria, cada um
tenta reproduzir o que ouviu. Acompanhar uma música juntamente com os colegas também
ajuda a criança a sentir-se pertencendo ao grupo.
63
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Quando um educador seleciona algumas músicas para trabalhar com as crianças, é importante
que ele ofereça a elas um repertório variado, pois cada região do Brasil tem suas músicas típicas,
que foram influenciadas pelas várias culturas que compõem o nosso País. Temos uma diversidade
enorme de instrumentos e ritmos. Apresentando às crianças essa riqueza musical, estamos
despertando nelas respeito pelos colegas de outras regiões e curiosidade pelo novo.
Quando a criança escuta uma música, ela se concentra e tende a acompanhá-la, cantando e fazendo
movimentos com o corpo. Isso desenvolve o senso do ritmo nos pequeninos. Aprendendo a ouvir,
a criança pode repetir uma música, recriando-a. É importante que nós, educadores, valorizemos
o ato de criação da criança, para que ele seja significativo no seu contexto de desenvolvimento.
(ROSETTI-FERREIRA [et.al.], 2006 p. 109).
As crianças, até aquelas bem pequenas, hoje, encontram-se envolvidas pelas tecnologias e, assim,
as mais diferentes informações chegam até elas. Diante dessa realidade, cabe refletir a respeito
da “contação” de histórias na Educação Infantil.
Os suportes tecnológicos também contam histórias, emocionam, mas cabe ao educador proceder
as escolhas próprias para um trabalho educativo e de encantamentos. Além dessa criteriosa
seleção, o professor deve levar em conta que, nessa faixa etária, a “contação” feita por ele oferece
uma cumplicidade que o suporte digital não alcança: o envolvimento do contador e a criança,
ambos “se alcançando” social e afetivamente em tempo real. Nesse momento, o professor levanta
questões, instiga, propõe a partir das situações de momento, contextualizando-as, tendo como
base o enredo da história em questão, podendo levar as crianças à criação de outros fatos a esse
enredo.
Não podemos dispensar a voz do professor contador de histórias, e sua narração pode se encontrar
de forma harmoniosa com os suportes tecnológicos, sempre a levar em consideração os objetivos
da “contação” em relação à criança: desenvolver a oralidade, socializar as ideias, compartilhar
experiências, instigar a imaginação e a curiosidade, favorecer o surgimento das “vozes coletivas”
a partir de confronto de ideias, desenvolver a criticidade e o gosto pela leitura.
64
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
Contar uma história é uma experiência de grande significado para quem conta e para quem
ouve. Muitas crianças são capazes de antecipar as sequências emocionantes e reagem
escondendo-se atrás do amigo, apertando as mãos, arregalando os olhos. Depois, o suspiro
de alívio e o riso quando o herói venceu os obstáculos.
Por meio da história, a criança observa diferentes pontos de vista, vários discursos e registros da
língua. Amplia sua percepção de tempo e espaço e seu vocabulário.
Para que seja um momento prazeroso, é fundamental que se escolha uma história com a qual
a criança possa se identificar. Além disso, convém criar um clima de aconchego, construindo
uma interação positiva.
O professor vai se transformando num contador de histórias quando se liberta do texto escrito e
mantém um contato íntimo com as crianças, observando suas reações, ouvindo seus comentários,
fazendo dessa hora um momento de emoção. Assim, poderá reajustar a narrativa, introduzindo,
acrescentando ou até suprimindo detalhes para torná-la mais significativa para o grupo.
Há vários modos de apresentar histórias para as crianças. A maioria delas alcança sua melhor
forma de expressão se forem contadas; outras, se forem lidas, pois assim ganham mais brilho e
até exigem que sejam mostradas as ilustrações.
Quando se conta uma história, em vez de ler o livro para os alunos, está-se permitindo que os
significados simbólicos e interpessoais da narrativa sejam atingidos plenamente.
Pode-se contar a história sem mostrar a ilustração logo de início, pois às vezes a intermediação do
texto obriga o contador a dividir sua atenção entre a narrativa e os ouvintes. Além disso, é possível
criar um clima que permita à criança liberar sua imaginação e viver sua fantasia. Entretanto,
além de contar, é importante que o professor também leia histórias.
É sempre bom fazer um estudo prévio do texto antes de contar ou ler a história. Se conhecer
o enredo, o ambiente, os personagens e as falas, o professor poderá fazer uma narração e uma
interpretação mais precisas e convincentes. (1996, p. 141)
Materiais escritos
Buscando informações
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AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Um meio de despertar o interesse dos alunos por materiais escritos é criar uma biblioteca
circulante. As crianças trazem livros e fazem trocas entre si. Como administrador, o professor
atribui as tarefas de registro, distribuição e controle.
A cobrança por atraso na devolução do livro pode ser um gibi, uma revista ou um jornal. Para dar
uma destinação a esse material, pode-se criar uma banca de jornais e revistas e uma gibiteca.
Em geral, a organização é perfeita no início, mas tende a ser abandonada, devido à grande
circulação de crianças num mesmo espaço. O professor poderá intervir para retomar e estabelecer
“combinados”, redistribuindo tarefas e criando um “quadro de ajudantes”.
Cartas e bilhetes
O trabalho com cartas e bilhetes pode ser incentivado na pré-escola desde que se tenha uma
boa razão para isso. Numa turma de Jardim III, por exemplo, a aluna Cristine mudou-se de Belo
Horizonte para Niterói e deixou seu novo endereço com os colegas.
Ao receber sua carta, a turma manifestou o desejo de respondê-la. A carta contava um pouco de
cada um e no final todos assinaram.
Mas escrever cartas não se limitou apenas à produção de texto – elaboração, correção e
reelaboração.
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A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
Montagem de um jornal
Quando uma criança vê os pais lendo jornal ou percebe que o jornal está sendo usado para
embrulhar alguma coisa ou simplesmente sendo empilhado como sucata, será que tem ideia de
sua utilidade? Saberá por acaso para que serve e por que algumas pessoas têm tanto interesse
nesse tipo de leitura?
A ideia do produto acabado pode ser desmitificada quando a criança tem oportunidade de
participar da confecção de um jornal. É nesse momento que ela percebe que o jornal é um
produto como outro qualquer, feito por pessoas e baseado nos acontecimentos do dia a dia que
se transformam em notícia.
Essa atividade cria no grupo um clima intenso de troca de informações e discussão, em intercâmbio
muito positivo. O primeiro passo é o contato com os jornais “de verdade”, para que as crianças
se familiarizem com sua estrutura: as seções específicas, as diversas técnicas de expressão, a
montagem de fotos e a colocação dos títulos, sempre num trabalho coletivo.
Além disso, a função do jornal como instrumento democrático para socializar informações vai
sendo mais bem compreendida quando a criança faz seu próprio jornal. (1996, p. 145)
Por meio do jogo ou brincadeira, a criança percebe como se dão as relações humanas, explora
e desenvolve noções sobre o mundo físico ao alargar a rede de significados, percebendo, assim,
o mundo à sua volta. O jogo deve ser um dos suportes na organização do trabalho pedagógico,
pois ele contribui para diversificadas aprendizagens e para ampliação da rede de significados
construídos pelas crianças.
Assim, as creches e as pré-escolas são espaços propícios às diversificadas brincadeiras que dão
suportes para a construção de determinados conhecimentos e para a exploração da realidade.
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AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Além da organização das áreas de atividades, o educador precisa ter clareza de quando e como
deve intervir no jogo.
Nesse sentido, a ação pedagógica do professor é a de explorar as situações por meio de questões
e sugestões, para que a criança avance do ponto em que se encontra na aprendizagem e
desenvolvimento, atuando, assim, na zona de desenvolvimento proximal, conforme ideia de
Vygotsky.
Ideias de Vygotsky
As ideias de Vygotsky e seus discípulos a respeito do jogo são muito significativas e, como veremos
a seguir, ampliam a visão piagetiana.
Vygotsky reage ao que considera ser a “terrível intelectualização do jogo”, em que a criança é
vista como um algebrista sem sucesso e que ainda não pode escrever as palavras no papel, mas
as representa pelas ações. Contrariamente a essa visão, Vygotsky defende que necessidades,
incentivos e motivos da criança devem ser levados em conta pelos teóricos do jogo. Para ele, o
jogo ”é essencialmente desejo satisfeito” originado dos “desejos insatisfeitos” da criança que se
tornam afetos generalizados. O jogo deve também se distinguir das outras formas de atividade da
criança. Vygotsky sugere, como característica que define o jogo, o fato de que, nele uma situação
imaginária é criada pela criança (isso é verdade tanto na brincadeira sociodramática quanto
também nos jogos de regras). O brincar da criança é imaginação em ação.
Outra característica acentuada por Vygotsky é a natureza das regras da brincadeira: ele afirma
que não existe atividade lúdica sem regras. A situação imaginária de qualquer forma brinquedo já
contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas
a priori. Essas regras não precisam ser explicitadas, como é o caso dos jogos. Para ilustrar essa
característica, Vygotsky comenta um caso no qual irmãs de cinco e sete anos resolvem “brincar
de serem irmãs”, o que é, na verdade, a “realidade” do seu relacionamento. Mas quando elas
68
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
“brincam de irmãs” há uma diferença. O que na vida real passa despercebido pela criança torna-
se uma regra de comportamento no brinquedo.
Vygotsky acredita ser o jogo crucial para o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de criar
situações imaginárias leva ao desenvolvimento do pensamento abstrato. Isso acontece porque
novos relacionamentos são criados no jogo entre significados e objetos e ações. (2001, p. 35)
Macaco Simão
OUTROS NOMES: Siga o Mestre, Mestre Manda, Chefe Manda, Mamãe Manda.
REGRA TRADICIONAL: O Macaco Simão, ou o Mestre, é quem determina o que o grupo tem que
executar, segundo a regra que exige o comando completo.
Somente as ordens dadas pelo Macaco Simão (ou Mestre) devem ser obedecidas.
Quando disser somente: “− levante os braços...” deve-se permanecer na posição anterior, até
que a ordem venha de Simão (Mestre). Quem mudar de posição, nesse momento, sai do jogo
(Fonte: Magalhães Navarro).
Áreas desenvolvidas
Área físico-motora: quando as ordens dizem respeito a movimentos corporais, esse jogo é
excelente para o desenvolvimento físico (correr, pular, colocar o pé no nariz, encostar as mãos
no chão sem dobrar os joelhos).
Área social: há competição (para ver quem faz mais rápido) e trocas – um mostra ao outro como
dá para fazer, qual é o melhor jeito.
Área afetiva:
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AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Área cognitiva: pode-se trabalhar com a fixação de conceitos como partes do corpo, cores, figuras,
números etc., quando se pensa em objetivos pedagógicos específicos. (2001, p. 100)
Não me pega!
Conteúdos
Objetivos didáticos
Atividades de aprendizagem
Espaço: externo.
Duração: 15 ou 20 minutos.
Atividades de avaliação
Para garantir a inexistência de conflitos ou brigas pelas bolas, deverá insistir-se na necessidade
de que cada criança reconheça bem a sua bola e as características que a diferenciam de outras,
70
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
As crianças que se chocarem com as outras serão prejudicadas, devido à falta de atenção e de
controle da corrida.
Outras propostas
Uma variação do mesmo exercício é que o adulto jogue as bolas, e, espontaneamente, as crianças
corram para pegar uma e retornem ao lugar de início. (2004, p.37)
Cata-ventos
Conteúdos
Objetivos didáticos
Atividades de aprendizagem
Duração: 10 minutos.
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AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Distribuição: à medida que terminam de pintar e recortar as cartolinas para fazer os cata-ventos,
ficam sentados em um canto da sala. O adulto colocará os fixadores e entregará o cata-vento.
Desenvolvimento da atividade: como primeiro exercício para comprovar a melhor forma de rodar
o cata-vento, será pedido a todo o grupo que, sem se deslocarem, somente com o movimento dos
braços, movimentem o cata-vento até fazê-lo rodar: Quando o adulto, que estará observando, der
o sinal individualmente, ficarão preparados para decolar com os aviões e correrão tão rapidamente
quanto possível pela a sala, sem bater em ninguém, tentando fazer o cata-vento rodar.
Atividades de avaliação
É necessário dispor de cata-ventos reserva para substituir aqueles que não forem fortes o suficiente
ou que já tenham sido muito manipulados. As crianças que mostrarem algum tipo de dificuldade
deverão receber os cata-ventos em melhores condições.
Outras propostas
Segurando dois lenços, um em cada mão, as crianças tentarão imitar cometas, lançando os lenços
para o ar e tentando pegá-los, com a mão correspondente. (2004, pp. 41,42).
Um projeto envolve um tema sobre o qual se desenvolverão as atividades. Eles são propostos
como estratégias de ensino, oferecendo à criança oportunidade de fazer descobertas a respeito
de seu ambiente, por meio de indagações e de criação de redes de significações.
Na creche, podemos organizar ambientes a partir de temas que possam gerar situações favorecedoras
ao desenvolvimento da criança, como o tema “movimento e sensações”: a criança tem contato
com diferentes texturas em uma área coberta e tem acesso a uma variedade de materiais (caixas,
cordas, gangorra, escadas e outros). A criança é incentivada a correr, saltar, pular etc., além de
muitos outros estímulos para o movimento e para os sentidos.
Trabalhar com tema gerador significa ajudar a criança a retirar o sentido mais profundo dos
fatos, das situações e dos fenômenos do seu ambiente.
72
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
Para Kramer:
Alguns temas são cíclicos (dia das mães, festas juninas, páscoa, copa do mundo, eleições...);
outros surgem a partir da realidade, vinculados às questões sociais ou da natureza (o trabalho, a
família, a minha escola, os animais...). O importante é que os temas sejam do interesse do grupo
e correspondam ao seu nível de desenvolvimento.
O tema gerador permite ao aluno ser o protagonista de suas construções, já que ele é o agente da
elaboração de seus conceitos; leva o aluno a assumir as suas responsabilidades, a fazer e assumir
suas escolhas e a trabalhar cooperativamente.
Os temas podem ser escolhidos pelas crianças e suas famílias e, em algumas situações, podem ser
detectados pelo professor como tendo especial importância para as crianças naquele momento.
6 . Variar a duração dos temas de acordo com a sua amplitude e com o interesse
da turma.
73
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
As atividades e tarefas desenvolvidas ao longo do projeto devem ter significado para que a criança
tenha o prazer de aprender e descobrir. E para que as propostas apresentadas sejam realmente
construtivas e facilitem progressos para as crianças, elas precisam ser relevantes, contextualizadas
e ter objetivos claros.
Assim, um projeto precisa ser planejado, segundo os seguintes pontos, no entender de Corsino.
2. Público
8. Proposta de finalização
9. Fontes de consulta
(CORSINO, 2009, p. 114)
74
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
75
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Concluímos, então, que após a escolha do tema, da justificativa e dos objetivos, o Projeto passará
a ser estruturado por etapas bem-definidas.
Exemplo prático
Ao apresentarmos o exemplo a seguir, lembramos que os projetos não têm formas rígidas, eles
são flexíveis e podem ser modificados ou adaptados de acordo com a pertinência da proposta
dos educadores e alunos.
Projeto didático
Justificativa
A realidade mais próxima das crianças é tudo o que está ligado à sua própria experiência de vida
e, tratando-se dos espaços próximos a elas, o local onde se abrigam, onde moram é extremamente
significativo para as crianças.
76
A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil • AULA 4
Assim, o tema favorece a ampliação daquilo que elas já conhecem em relação às áreas fundamentais
de conhecimento: conhecimento linguístico, matemática, ciências sociais e da natureza,
integrando-as por meiode diferentes práticas pedagógicas.
Sensibilização ao tema
»» Proposição de conversas concernentes à realidade do tema proposto.
»» Identificação das situações do dia a dia das crianças e de suas relações umas com as
outras (brincadeiras, conversas, jogos...) referentes ao tema.
Fase de exploração
O objetivo a alcançar nessa fase é fazer com que as crianças expressem o que conhecem e o que
sentem a respeito das moradias.
77
AULA 4 • A Metodologia de Trabalho na Educação Infantil
Nesse sentido, a proposta pode girar em torno de um tema de interesse das crianças e que,
necessariamente, serão levadas a explorar seu ambiente e a expressar e comunicar o resultado
dessa pesquisa por diferentes linguagens que naturalmente incluirão, também, aí, os jogos.
Resumo
78
Planejamento
Aula
5
Introdução
Planejar é o desejo de levar a êxitos os propósitos estabelecidos. Essa intencionalidade é aceitar que
os objetivos podem e devem ser traçados, mas que as imprevisibilidades acontecem, cabendo, aí,
revisões, negociações, avaliações e a reflexão a respeito do que deve ser retomado ou modificado.
Objetivos
79
AULA 5 • Planejamento
Planejamento
No dizer de Gandin:
Tomando por base uma proposta pedagógica que tenha como eixo condutor os temas geradores,
as estratégias de planejamento estariam assim configuradas, segundo Kramer.
80
Planejamento • AULA 5
Por último, há o plano diário feito com as crianças, que poderá ou não confirmar
as atividades previstas no planejamento, bem como originar outras atividades.
É importante notar que esse esquema serve apenas como guia, devendo ser
introduzidas todas as modificações que se façam necessárias, a fim de atender
a acontecimentos novos, à curiosidade infantil e às sucessivas descobertas das
crianças. Um cuidado a se tomar é o de registrar as mudanças ou as inovações no
caderno de planos, que vai, assim, se constituindo em um arquivo progressivo e
cumulativo da vida da turma, instrumento fundamental para os planejamentos
subsequentes.
(KRAMER, 2003, p. 91)
Percebemos que o planejamento tem função de assegurar a unidade e a coerência das práticas
docentes, facilitando a preparação das aulas e fugindo do conceito de que planejar é dar a receita
pronta, já que nessa preparação há um espaço para resolver questões imprevistas ou desdobrar
outras em função do interesse das crianças.
Outro aspecto a ser trazido para reflexão é o que se refere ao planejamento participativo. O trabalho
em conjunto é caminho seguro para alcançarmos a melhoria do ensino. Nessa perspectiva,
precisa haver entrosamento, desenvolver um exercício de trocas constantes entre professores,
direção, coordenação, funcionários e pais, por meio de reuniões periódicas.
Planejamento Participativo
Diante do exposto, planejar no âmbito escolar é uma ação consciente, responsável, democrática
e libertadora e, assim, ele deve ser participativo, isto é, todos os segmentos que fazem parte da
escola (professores, alunos, funcionários, coordenação e direção) devem participar de tomada
de decisão.
81
AULA 5 • Planejamento
Nessas reuniões avaliamos o que está em andamento, levando em conta os objetivos mais
amplos da instituição, tratamos dos assuntos que apresentaram dificuldades e colocamos em
pauta novas metas.
Dessa forma, escolhemos a melhor maneira de atuar, em que todos diagnosticam situações e
ações, identificam problemas e buscam soluções.
82
Planejamento • AULA 5
Resumo
83
Aula
Avaliação 6
Introdução
O ato avaliativo não se restringe apenas às crianças, mas abrange sujeitos responsáveis pelo
desenvolvimento do projeto pedagógico.
Sendo a avaliação um componente do processo educativo, não pode ser encarada como final
de processo, pois as ações são avaliadas permanentemente no desenrolar do projeto e, assim,
a avaliação é um processo contínuo de coleta e análise de dados, tendo em vista até que ponto
os objetivos foram alcançados.
Objetivos
A avaliação é parte integrante do ensino e da aprendizagem e deve ser coerente com os objetivos
da proposta. Seus indicadores possibilitam revisões do processo, voltando-se, cada vez mais, às
atividades das crianças e refletindo a respeito dos dados coletados, pois a avaliação não é um
momento isolado e sim elemento que faz parte do planejamento, conforme afirma Perrenoud
(1999, p. 13) que em todos os casos, a avaliação não é um fim em si. É uma engrenagem no
84
Avaliação • AULA 6
Há três elementos que compõem a avaliação: juízo de valor, caracteres relevantes da realidade
e tomada de decisão.
De acordo com Luckesi (1994, p. 33), a avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações
relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão.
»» juízo de relevância, quando julgamos de acordo com o que sobressai , partindo dos
dados experienciais e esperados do objeto;
Contrária a essa visão de divisão dos três domínios, Jussara Hoffmann assim se expressa.
85
AULA 6 • Avaliação
Segundo Kramer:
86
Avaliação • AULA 6
No sentido de se conservar na memória o que foi observado, os registros podem ser organizados
como arquivo, da seguinte forma:
»» arquivo diário em que o professor observa cada criança em situações significativas que
exemplificam seu desenvolvimento;
»» arquivo contendo a avaliação feita pela direção, pela equipe pedagógica e pelos docentes
sobre o trabalho escolar desenvolvido durante um determinado período;
Partindo dessa série de registros, podemos proceder a uma análise e uma avaliação, distinguindo
o que é regular e o que é apenas circunstancial, o que é determinante e o que é secundário e
elaborar o relatório.
87
AULA 6 • Avaliação
Ao conceber a avaliação como uma forma de diagnosticar os avanços e as dificuldades dos alunos
e como indicador para o replanejamento de seu trabalho docente, no sentido de atuar como
mediador por meio de intervenções junto às crianças, o professor ajudará no progresso delas e
aperfeiçoará sua prática pedagógica.
88
Avaliação • AULA 6
Avaliar contribui para nos tornar conscientes de nossas modificações e para nos situar de outra
maneira diante da experiência adquirida.
Considerações finais
Como vimos no decorrer destas seis aulas, a meta principal da Educação Infantil é valorizar,
nas crianças, a construção da identidade pessoal e de sociabilidade, buscando a formação dos
valores, no cotidiano.
Pensar em uma proposta pedagógica para creches e pré-escola que favoreça “o desenvolvimento
integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade”. (LDB 9.394/1996) envolve organizar
condições para a construção das estruturas cognitivas, sociais e afetivas.
Nesse sentido, precisamos considerar os fundamentos básicos que sustentam, hoje, a relevância
da Educação Infantil: o compromisso para a formação do cidadão, a função do educador infantil,
os recursos pedagógicos, as metodologias e o planejamento e a avaliação.
A Educação Infantil insere-se no conjunto da Educação Básica, já que pela LDB 9.394/1996
foi definida como primeira etapa da Educação Básica, tendo, assim, a missão de contribuir
na construção das estruturas cognitivas, sociais e afetivas da pessoa; estruturas estas que a
acompanharão construindo nas diversas circunstâncias da vida, na formação do cidadão.
É no período de 0 a 6 anos que se inicia o processo de formação do “eu” e do “nós”, assim como
das condições de convivência e, em decorrência disso, a construção do significado social dos
direitos e deveres de cada um.
A convivência cria-se, desenvolve-se e cultiva-se; não é algo que nos seja dado, exige tempo,
cuidado e, sobretudo, presença, estar com e sentir com o outro.
89
AULA 6 • Avaliação
A nova dimensão da Educação Infantil, como primeira etapa da Educação Básica, criou uma
valorização do papel do professor da Educação Infantil, exigindo novas habilitações, uma
interligação profunda entre função pedagógica e função de cuidados, alargando naturalmente
o papel do profissional da infância.
Sssim, as aprendizagens mais relevantes que o educador deve mediar são as relativas às estruturas
cognitivas, afetivas e sociais da pessoa.
Os recursos pedagógicos
Os recursos pedagógicos são múltiplos; eles oferecem várias possibilidades para a efetivação da
proposta educativa, sendo que o ambiente físico e os arranjos dos espaços são recursos privilegiados
para a articulação adequada das atividades, conteúdos e horários, a fim de alcançarmos as metas
estabelecidas para as situações previstas ou não.
O educador organiza o espaço de acordo com suas ideias sobre o desenvolvimento infantil e
concepção de sociedade. No cotidiano da sala de aula, o grande desafio é conceber a gestão do
espaço e do tempo de forma integrada, considerando os princípios da educação democrática
que valoriza as competências, os direitos e os deveres das crianças.
As metodologias
90
Avaliação • AULA 6
Planejamento e avaliação
Planejamento e avaliação são elementos essenciais de uma proposta pedagógica e ambos possuem
como características fundamentais o critério e a flexibilidade.
Uma análise mais cuidadosa a respeito do fundamento da avaliação aponta para determinado
conjunto de critérios: por que avaliar, o que avaliar, quem avaliar e como avaliar.
Avaliar para investigar a história e as conquistas de cada criança, a fim de estudar a origem e a
constituição de suas ações em seu processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, é fundamental que o ato de avaliar se fundamente em bases teóricas consistentes a
respeito do desenvolvimento infantil, em objetivos bem-definidos em relação à ação pedagógica,
tendo em vista a tarefa permanente do professor de observar e analisar as descobertas e as
manifestações das crianças.
No processo avaliativo, observação e registro da história da criança são procedimentos que têm
um significado maior na Educação Infantil.
91
AULA 6 • Avaliação
conhecimento que o professor adquire sobre as crianças, ele procede as mediações de acordo
com a proposta educativa.
Esse olhar reflexivo sob a forma de registros sistemáticos e significativos será organizado em
relatório de avaliação.
Nessa mesma postura investigativa, todos os envolvidos no projeto pedagógico são avaliados:
a criança, o professor, a equipe pedagógica e a instituição, no sentido de elevar a qualidade do
trabalho pedagógico da Educação Infantil.
Resumo
»» A concepção de avaliação.
»» Os pressupostos da avaliação.
»» Estratégias avaliativas.
92
Referências
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ANGOTTI, Maristela (Org.). Educação Infantil: para quê, para quem, para quê? Campinas: Alínea, 2006.
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ARCE, Alessandra. Friedrich Froebel: o pedagogo dos jardins de infância. Petrópolis: Vozes, 2002.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
AROEIRA, Maria Luísa C.; SOARES, Maria Inês B. Didática de pré-escola: vida/criança/brincar e aprender. São Paulo:
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