Cálculo de Velocidade e Atropelamento PDF
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FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
LICENCIATURA EM FÍSICA: RAMO EDUCACIONAL
Trabalho de Licenciatura
Trabalho de Licenciatura
CAPITULO 1 – Introdução
Neste capítulo apresentam-se os objectivos do trabalho de licenciatura, análise do
contexto, perguntas de pesquisa e delimitação do trabalho.
1.1.Introdução
No processo de peritagem de acidente de trânsito rodoviário, o perito é um dos principais
intervenientes, pelo papel que desempenha como auxiliar da justiça nos levantamentos de
vestígios nos locais de acidente de trânsito, ajudando a determinar a dinâmica e estudar a causa
determinante dos acidentes de trânsito, gerando ao final um auto pericial que chegará ao juízo e
então será avaliado pelo juiz dentro de processo criminal ou civil.
O trabalho está organizado em cinco capítulos, onde o primeiro capítulo está dedicado à
introdução e os objectivos a alcançar durante a pesquisa. No segundo capítulo faz-se a revisão da
literatura, traçando o quadro teórico da investigação. No terceiro capítulo refere-se ao
enquadramento metodológico, enquanto o quarto capítulo faz-se análise e discussão dos
resultados da pesquisa, mostrando uma actividade de campo ou seja, um acidente de trânsito real,
com as devidas aplicações físicas. No quinto e último capítulo são apresentadas as conclusões e
recomendações, e, por fim, referências bibliográficas e os anexos.
1.2.Contextualização do Trabalho
Este trabalho de licenciatura enquadra-se no contexto educacional de ensino de física duma
forma profissionalizante aos peritos de acidente de trânsito, e tem em vista contribuir para a
melhoria da qualidade de ensino que se reflectirá na deontologia da perícia criminalística, através
de subsídios que poderá vir fornecer às entidades educacionais e às instituições de formação
desses peritos. Para além de que as pessoas que recebem tais informações, de toda a
problemática que o trânsito gera e de que forma o conhecimento físico-matemático é empregue
para explicar alguns de seus efeitos.
1.4.Justificativa
A escolha deste tema foi lhe suscitado por seguintes motivos: durante o estágio (ao seu
pedido para observação participativa em função deste tema com finalidade de recolha de dados),
decorrido entre os meses de Maio à Novembro de 2012, na 5ª Esquadra da Polícia de República
de Moçambique (esquadra com funções de atendimento de casos de acidentes de trânsito), na
cidade de Maputo, constatou-se que os autos elaborados os aspectos descritivos e analíticos do
acidente de trânsito não são acompanhados por um tratamento físico-matemático, que é a parte
mais chave de um acidente de trânsito na determinação da causa – efeito.
Como motivação pessoal há que destacar o facto de ser membro da Polícia da República de
Moçambique – PRM, e futuro profissional da área de ensino de Física, deseja responder uma
pergunta feita por alguns dirigentes seus, a quanto do seu ingresso no curso de Física na UEM “
Onde vai aplicar física na Polícia? ”; demonstrando a aplicação do conhecimento da física na
análise, na reconstrução e na prevenção de acidentes de trânsito.
1.5. Objectivos
O estudo foi realizado na Avenida Eduardo Mondlane, em que duas viaturas seguiam o
mesmo sentido, saindo do Edifício do Distrito Municipal de Kampfumu no sentido a estátua de
Eduardo Mondlane. O acidente ocorreu após três metros do KFC, perto do Hospital Central de
Maputo.
1ª Lei de Newton para o movimento também é conhecida como a lei da inércia – “um
corpo em repouso permanece em repouso a menos que sobre ele actue uma força externa. Um
objecto em movimento desloca-se com velocidade constante, a menos que sobre ele actue uma
força externa”.
O facto de um corpo permanecer em repouso ou em movimento com velocidade constante
depende do sistema de referência em relação ao qual ele é observado. Esta lei define sistemas de
referências inerciais, a qual é observado, e também, é uma propriedade de todos os corpos
associados a massa , e em virtude da qual o corpo oferece resistência em alterar sua
velocidade. Se a resultante das forças sobre um corpo é nula, esse se encontra em repouso ou em
movimento rectilíneo uniforme, sendo assim, em velocidade constante. Para que esses estudos
sejam abandonados, deve agir uma força resultante (Tripler: 2006).
0 conduz a 0 (1.01)
Neste caso, entende-se o motivo pelo qual a legislação de trânsito obriga a utilização de
cinto de segurança e os dispositivos de segurança para os menores de sete (07) anos de idade.
= = = = .
R= assim
= . (1.02)
Onde
– Representa a aceleração produzida pela força ao actuar sobre o corpo de massa
(suposta constante, que faz o papel de resistência ao movimento).
Para interpretação física da 2ª lei de Newton vamos considerar duas situações distintas:
a) O carro desloca-se em terreno plano e horizontal
Neste caso, à força proveniente do motor, opõe-se o atrito entre os pneus e o solo e a
resistência do ar, que se pode desprezar se a velocidade não for muito grande. É, pois, a
resultante dessas forças que será responsável pela aceleração do carro.
segundo a direcção da rampa; é fácil de ver que, se o carro desce a rampa, essa componente
ajuda a força proveniente do motor e, se o carro sobe, vai contrariá-la.
1= - 2 (1.03)
A lei de acção e reacção é de grande utilidade na resolução de muitos problemas, como por
exemplo, nas colisões. As leis do choque que serão apresentados ao longo deste trabalho, tem
como ponto de partida, a igualdade da acção e da reacção.
Por outro lado, a força que se estabelece entre as rodas de um veículo e a superfície em
contacto se denomina de força de atrito. Esta força é muito importante não só para o
deslocamento do veículo, mas também para acção de travar. A superfície exerce uma força de
atrito para frente nos pneus de um carro acelerando, então também é uma força de atrito que a
terceira lei de Newton prediz para os pneus puxando o carro para trás da superfície.
W m v2
W = m v2 Ec (2.01)
W = mv2 Ec (2.02)
A expressão (2.02) afirma que o trabalho realizado pela resultante de todas as forças
actuando sobre uma viatura se traduz na variação da energia cinética (Indias:1992). Quando não
existe atrito envolvido, o trabalho realizado sobre o sistema e a variação na energia mecânica do
sistema são iguais (Halliday:2006).
Sabe – se que, o trabalho é a energia produzida por uma força constante ao deslocar um
corpo numa distância , e tendo em conta que esta mesma força e a distância tem a mesma
direcção e sentido, é expresso por:
Figura 2: Trabalho realizado por uma força ao deslocar uma viatura numa distância.
= = (2.05)
rampa, sendo a , a diferença de nível entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo da rampa
2.1.3. Atrito
Quando um corpo desliza sobre outro ou roda sobre a sua superfície, origina-se uma força
que se opõe ao movimento, chamada de atrito (Enciclopédia dos conhecimentos oceânicos). A
força de atrito é paralela à superfície e está dirigida de modo a se opor ao deslizamento.
Uma investigação quantitativa mostra que, em módulo, o atrito é aproximada e directamente
Aplicação da Física na Investigação de Acidentes de Trânsito Rodoviário Bito Sixpence 9
Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Ciências - Departamento de Física
proporcional à força normal de reacção . Numa superfície nivelada, a reacção normal é igual
ao peso P de um objecto.
=µ
= =
= (3.01)
Onde
-Força de atrito;
µ - Coeficiente de atrito (é a quantidade de força que resiste ao movimento) e
- Força da normal (é a força com que uma superfície está sendo empurrada para o
outro e o coeficiente de atrito).
(3.02)
Seu valor é usualmente menor do que 1. O valor de μ entre o pneu e a superfície da estrada é o
(3.03)
Coeficiente de atrito dinâmico µd - dá nos a força mínima necessária para manter os dois
corpos em movimento relativo uniforme (Alonso e Finn:1992). É com este coeficiente, quando
um corpo desliza, o piso exerce uma força de atrito dinâmico também chamado de atrito de
deslocamento, que se opõe ao movimento. Para manter o corpo deslizando com velocidade
constante é necessário exercer sobre ele uma força de mesmo módulo e sentido oposto ao da
força de atrito dinâmico exercida pelo piso. O coeficiente de atrito dinâmico é igual à relação dos
módulos de força de atrito dinâmico e da força normal .
(3.04)
Sabe – se de forma experimental que a força necessária para manter um objecto a deslizar a
velocidade constante é menor que a necessária para o pôr em movimento. Isto é, que a força
dinâmico é sensivelmente menor que a força de atrito estático. Consequentemente, comparando
as expressões (3.03) e (3.04), deduz – se que:
› (3.05)
Após o contacto com os princípios de física dos acidentes de trânsito no capítulo 2.1.,que
consiste na utilização de equações físicas utilizadas em um acidente de trânsito, escolheu-se
alguns casos duma forma muito simplificada com o objectivo de aos poucos introduzir a física de
maneira gradual dentro do contexto.
Como a dinâmica estuda o movimento segundo as causas, isto é, as forças que o
produzem. Neste trabalho de licenciatura destacam-se:
a) Dinâmica do ponto, que se refere aos corpos que apenas possuem movimento de
translação, em cujo caso podem ser estudados como se toda a sua massa estivesse
concentrada no centro de gravidade.
b) Dinâmica do sólido rígido, que se refere aos corpos que possuem movimento de
rotação, independentemente de possuírem ou não movimento de translação.
= m v2 Ec
= mvf2- mvi2
(4.01)
A força oposta a força responsável pelo trabalho resultante é a força de atrito, e o sinal
negativo indica que o sentido do atrito é oposta à direcção do movimento.
=-
(4.02)
A expressão (4.02) refere a um veículo que desacelera ao travar.
Se consideramos que o veículo pára no final da travagem, então sua velocidade final será
nula , e a expressão (4.02) substituindo em (4.01) teremos:
= Considerando =
=4,43 (4.03)
=4,43 (4.04)
(4.05)
Cada parcela de velocidade da equação (4.05), pode ser calculada de forma independente,
por meio da equação de Torricelli (4.03), que relaciona o deslocamento às velocidades iniciais e
finais utilizando a expressão cinemática para o caso de aceleração constante.
As equações (4.03, 4.04 e 4.05), acima demonstradas, assume – se que os travões estejam
funcionando adequadamente e que as rodas tenham sido trancadas ao mesmo tempo.
No caso do processo de travagem onde não envolve as quatro rodas, devido a defeitos
mecânicos, neste caso a força de atrito é exercida por apenas rodas menor ou igual a quatro,
podemos introduzir o factor , na equação (4.03), o que equivale a dizer que do peso do
veículo esteja actuando sobre roda (Aragão:2003), assim a equação (4.03) se torna:
= Considerando =
=2,21 (4.06)
No ponto mais alto o veículo possui duas porções de energia: possui energia
cinética devido a sua velocidade e possui energia potencial gravitacional, devido a altura do
veículo em relação ao plano inferior. No processo de travagem toda essa energia será dissipada,
em vez que estamos admitindo que ao final da travagem o veículo se imobiliza.
Pelo Princípio da Conservação de Energia, a energia cinética mais a energia potencial
=
= (5.01)
=
= Considerando =
= (5.02)
Portanto, a equação (5.02) é para determinação da velocidade inicial de um veículo que se
desloca no sentido de um declive.
No ponto mais baixo, o veículo possui apenas a energia cinética. No processo de subida,
parte dessa energia cinética é convertida em energia potencial gravitacional e outra porção é
dissipada no processo de travagem.
Pelo Princípio da Conservação de Energia PCE, a energia cinética se converte em energia
potencial e se dissipa na travagem, então a energia inicial corresponde à soma da parcela de
energia potencial gravitacional com a energia dissipada .
=
= (5.03)
=
= Considerando =
= (5.04)
Portanto, a equação (5.04) é para determinação da velocidade inicial de um veículo que
se desloca no sentido de um aclive.
derrapagem, conforme o tipo de pavimento. Ao final, faz-se a soma das parcelas de energia pela
equação (4.05), sendo que uma das parcelas a ser incluída corresponde aos danos apresentados
pelo veículo (velocidade de danos).
(6.01)
Cada parcela de velocidade da equação (6.01), com excepção da última parcela, pode ser
calculada de forma independente, por meio da equação (4.03). A última parcela que corresponde
a velocidade de danos pode ser calculada segundo a tabela 3 ou recorrer os valores das tabelas 4
e 5.
cm (7.01)
Dessa forma, a quantidade de movimento linear de um objecto é também uma grandeza vectorial
que tem a mesma direcção e o mesmo sentido da velocidade, sendo formado pelo produto de
uma grandeza escalar (massa) e por um vector (velocidade). Graficamente é representada por um
segmento de recta orientado, ou seja, uma seta segundo a figura 8, tendo em conta:
A Intensidade: o valor numérico (módulo) acompanhado da unidade de medida, (neste caso
no S.I. );
Em relação aos desenhos de vectores, não importa qual escala, ou qual unidade de
medida seja usada. Se o desenho for feito respeitando-se as proporções de cada vector e
respeitando-se a direcção e o sentido, também o resultado final certamente será satisfatório.
Quando se informa por exemplo que um vector quantidade de movimento tem valor de
(7.02)
(7.03)
Para se obter velocidade dos veículos antes ou no momento da colisão é feita através de quatro
fases do método gráfico de Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento.
Fase 01
Calcula-se a velocidade dos dois veículos colidentes desde a sua posição de repouso final
até o ponto (sitio de colisão) onde ocorre a colisão propriamente dita, ou seja, calcula-se a
velocidade dos dois veículos imediatamente após a colisão. Para os referidos cálculos, podem ser
utilizados os métodos convencionais de cálculo de velocidade, isto é, usando por analogia a
equação (4.03).
= e = (8.01)
Fase 02
Calculada a velocidade dos dois veículos e considerando os ângulos de saída de ambos,
entenda-se que nesse caso deve-se efectivamente conhecer a direcção e o sentido que cada
veículo tomou logo após a colisão. Calcula-se a quantidade de movimento de ambos os veículos
e então calcula-se também a quantidade de movimento final resultante, utilizando-se do método
de soma vectorial pela fita.
e (8.02)
Depois da colisão
Instante da colisão
Fase 1
Antes da colisão Fase 2
Fase 4 Fase 3
Fase 03
Esta fase corresponde ao espaço de tempo imediatamente anterior à colisão. Conforme
exposto, pelo Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento, o vector quantidade de
movimento resultante final é igual ao vector quantidade de movimento resultante inicial:
(equação 7.03). Representa-se então a direcção e o sentido de movimento do
primeiro veículo antes da colisão partindo do início do vector resultante . Da mesma forma
representa-se a direcção e o sentido de movimento do segundo veículo partindo do final do
vector resultante. Ambas as direcções normalmente se cruzam. As medidas desses segmentos de
recta que se cruzam correspondem aos vectores quantidade de movimento de cada veículo no
instante imediatamente anterior à colisão. Para se determinar a velocidade no instante da colisão
de cada veículo , basta dividir a quantidade de movimento de cada veículo pela sua respectiva
massa.
e (8.03)
(8.04)
Fase 04
Determinada a velocidade (velocidade no instante da colisão) com que o veículo
entrou no sítio de colisão SC, verifica-se os veículos antes de colidirem ainda percorreram algum
trecho onde seria possível calcular a velocidade anterior ao impacto inevitável. Tais trechos são
materializados por travagens e fricção; então finalmente calcula-se a velocidade do veículo no
início do processo de colisão.
e (8.05)
Leve Até 20
Media 20 à 40
Gravíssimo Acima de 60
Entortar pára-choques 5
Quebrar pára-choques 10
Quebrar pára-choques e grade do motor 15 à 20
Quebrar pára-choques, faróis, afundar grade, amassar capô, 20 à 30
deformar lateral anterior
Quebrar pára-choques, faróis, afundar grade, deformar 30 à 40
lateral anterior até encostar no motor sem deslocá-lo
Quebrar pára-choques, faróis, afundar grade, amassar, 40 à 50
deformar lateral anterior até encostar no motor sem deslocá-
lo, deformar suspensão
Afundar grade do radiador mais colmeia 40 à 45
Arrancar suspensão 40 à 45
Arrancar roda directriz 40 à 45
Partir longarina 50 à 60
Arrancar motor dos calços/ deslocar motor 60 à 70
Arrancar roda motriz 50 à 60
Considerando um veículo descrevendo uma trajectória curva e plana (figura 11). Num
instante t, o veículo está no ponto A, com velocidade v, e aceleração a.Visto que a aceleração a
está dirigida para a concavidade da trajectória, podemos decompor numa componente
tangencial paralela a tangente e denominada aceleração tangencial . E a outra
componente normal paralela a normal e é denominada aceleração normal . A cada uma
dessas componentes tem um significado físico bem definido. Quando o veículo se move, o
módulo da velocidade pode variar, e essa variação está relacionada com a aceleração tangencial.
A direcção da velocidade também varia e essa variação está relacionada com a aceleração
normal. Isto é;
(10.01)
(10.02)
Todavia, antes de nos envolvermos nos processos físicos que ocorrem nos acidentes dos
trechos curvos, precisamos ter conhecimento de como medir o raio da curva no local do
acidente. Neste caso trace uma corda c, ligando dois pontos da curva; divida essa medida ao
meio, obtendo-se dois comprimentos de medida c e faça a medida da flecha d.
(11)
Na vertical, o veículo fica sujeito à força normal , devido ao contacto com a superfície
e à força do peso decorrente da atracção gravitacional, Na horizontal, a
força actuante que sustenta o veículo na pista, não deixando que este sofra os efeitos da inércia, é
a força de atrito , que actua no sentido de força para dentro da curva. Desta forma, pode se
concluir que a força de atrito é igual à força centrípeta , ou seja, a força resultante voltada
para o centro da curva.
(12.01)
A equação (12.01) pode ser melhor entendida como sendo a máxima velocidade possível com
que um veículo pode fazer uma curva de raio R, sem se desprender desta e não seguir em linha
recta devido a sua inércia.
(12.02)
Figura 15. Diagrama de forças que actuam num veículo que percorre uma curva contendo
super elevação com atrito.
Neste caso, a força de atrito é uma das componentes da força centrípeta resultante que
sustenta o veículo na pista, além do desenho característico da pista com a inclinação , voltada
para o lado de dentro da curva.
Considerando as duas forças de atrito actuantes no veículo, força normal devido ao
contacto com a superfície, a força do peso , devido à gravidade e força de atrito .A
força normal e a força de atrito são decompostas nas direcções horizontal e vertical,
conforme o ângulo de inclinação da pista.
Figura 16:Representação gráfica das forças que actuam num veículo que percorre uma curva
contendo super elevação.
Na vertical: + (13.01)
(13.02)
Na horizontal: + + (13.03)
(13.04)
A equação (13.04), pode ser melhor entendida como sendo a máxima velocidade com que um
veículo pode fazer uma curva de raio com declive interno num ângulo interno , sem se
desprender desta e seguir em linha recta devido a sua inércia e devido às forças de atrito
contrárias à tendência de escape.
(13.05)
(14.01)
(14.02)
(14.03)
(14.04)
(14.05)
Para este trabalho de licenciatura vai abordar factos relacionados com a percepção e
reacção, e de comportamento humano de modo a serem tratados de forma única como
características do ser humano. A análise dos factores que influenciam na definição da causa
determinante do acidente deve ser feita de tal modo que seja contemplada a avaliação de todos os
agentes presentes no acidente de trânsito.
PPP
𝑖 𝑓=0
SC
PNE
Figura 17: Ponto de percepção possível (PPP) e ponto de não escapada (PNE).
Para efeitos de cálculo relacionados de PPP – Ponto de percepção possível, uma vez que PPP
se localiza anterior ao sítio de colisão, determina-se pela adição do trecho de travagem
(15.01)
(15.02)
(15.03)
(15.04)
(15.05)
(15.06)
Quando maior PNE, maior será a vantagem do condutor colidir noutro veículo no
momento de análise, na comparação com o PPP. Para evitar tal distorção, deve-se calcular o PNE
da pista PNEp . O Ponto de Não Escapada da Pista PNEp é utilizada na comparação inicial entre
PPP.
Caso a velocidade total do veículo seja menor ou igual à velocidade de placa (ou de
pista), será utilizada no cálculo de PNEp a velocidade total do veículo, portanto se ,
então se utiliza a velocidade total do veículo na determinação do PNEp, considerando que o
veículo desenvolve velocidade inferior ou igual à velocidade da placa.
Caso a velocidade total do veículo seja maior que a velocidade de placa, neste caso então, utiliza
a velocidade de placa, por que neste caso recaímos em uma situação, onde devido ao excesso de
velocidade dentro da análise final, o condutor do veículo colidente é beneficiado; se ,
então se utiliza a velocidade de placa para a determinação do PNEp, para se evitar benefício ao
condutor devido ao seu excesso de velocidade.
Calcular a
velocidade do
veículo colidente
Não
Sim
Causa determinante:
Ausência de reacção
Não
Velocidade do
veículo Não Houve
colidido é reacção?
excessiva?
Sim
Distância
Sim
\Sim ?
Não
Causa determinante:
Causa determinante:
Velocidade excessiva
Reacção Tardia
CAPITULO 3 – Metodologia
3.1. Descrição da Metodologia
O presente trabalho consiste em:
Pesquisa bibliográfica e
Trabalho de Campo.
Para desenvolver este trabalho de licenciatura não fugiu das normas de um trabalho científico,
em que a epistemologia está estreitamente ligada ao método e a metodologia a escolher. Neste, usou
o método indutivo e segundo (Richardson:1999), “é um processo pelo qual, partindo de dados ou
observações de particulares constatadas, podemos chegar a proposições gerais”. Enquanto a
metodologia usada para procedimentos técnicos de estudo do objecto, é de estudo de caso do tipo
múltiplo, de natureza quantitativa em física com base na medição de unidades fundamentais e de
modo mais abrangente qualitativa, com uma base empírica, focada na descrição, interpretação e
análise, pretendendo-se pesquisar algum aspecto considerado importante como o excesso de
velocidade ou velocidade excessiva/inadequado como causa de acidentes de trânsito. A medição é
uma operação básica para o desenvolvimento da descrição quantitativa em física (Utui:1992),
enquanto a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de compreensão detalhada
dos significados e características situacionais apresentados (Richardson:1999). Toda essa
metodologia é para usar-se método de análise de dados, porque este trabalho não aborda soluções
através dos programas computacionais, em virtude de que o objectivo não é mostrar a física de forma
automatizada. Ao contrário, procura mostrar a essência da física presente nos acidentes de trânsito
testando as leis ou princípios. Segundo (Yin:2001), este procedimento tem com a finalidade:
empíricos que se relaciona ao levantamento de dados empíricos para responder as perguntas
deste trabalho de licenciatura, isto é, visa pesquisar eventos da vida real que não possam ser
desvinculados de seu contexto mais amplo, através de replicações de um dado fenómeno. O
objectivo desta metodologia é explicativa, pois, para além de se registar, analisar, classificar e
interpretar os fenómenos, têm como preocupação central identificar seu factor determinante.
A estratégia de investigação através de estudo de caso, visa responder as formas de questões
que se referem ao “como e por que” da investigação. É provável que estas questões estimulem
na focalização dos acontecimentos do contemporâneo.
Como se referiu a metodologia para procedimentos técnicos de estudo do objecto é estudo
de caso, e que se concretizou usando os instrumentos como a pesquisa bibliográfica e trabalho
de campo.
3.2. Amostra
Consiste em seleccionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis,
possa ser considerado representativo de toda a população” (Gil:1999). A amostra em estudo foi
escolhido um dos vários acidentes de trânsito que ocorrem na cidade de Maputo, que presenciado no
acto de perícia com os agentes da Policia de Trânsito durante o estágio, nos meses de Maio à
Novembro de 2012. O acidente de trânsito rodoviário em referência ocorreu na Avenida Eduardo
Mondlane, em que as duas viaturas estavam em movimento e seguiam a mesma direcção e sentido
neste caso este ao oeste, tendo ocorrido precisamente após três metros do KFC, perto do Hospital
Central de Maputo.
2 = 1200
𝑙. = 5
= 5
23,5°
17,4°
1 = 3500 = 10
𝑙.
Figura 19. Colisão traseira entre duas viaturas que terminam separados.
Distância de Travagem
= =
= =
Torna-se agora somente o vector quantidade de movimento resultante, com seu respectivo
módulo, direcção e sentido e admite-se pelo PCQM que esse vector encontrado pós - colisão tem
mesmas características do vector quantidade de movimento anterior ao momento da colisão,
passa-se o 5º passo, que consiste na projecção dos vectores e sobre o vector resultante.
A soma vectorial da quantidade de movimento dos dois veículos não pode exercer à quantidade
de movimento resultante que se conserva. Desse modo pode-se estimar a velocidade do veículo
colidente e colidido por essas projecções como mostra a figura 21 e a tabela 9. Admite-se
uma mínima velocidade antes da colisão para o veículo e máxima velocidade para o veículo
, conforme projecções dos vectores e .
Mesmo com essa operação, ainda devemos fazer uma segunda verificação, uma vez que
se houve colisão traseira é que o veículo que colidiu atrás certamente tem velocidade
maior que o veículo que se encontra à frente. Então, considera-se a seguinte soma de
vectores:
Sendo , ou seja, considere que a menor velocidade possível para o veículo deve
ser a mesma velocidade de .
Podemos então concluir que das suas velocidades possíveis para o veículo que colidiu atrás
( ), a que deve ser escolhida é aquela que apresenta o maior valor, então
( ), ou seja:
7º Passo: Determina-se então a velocidade no instante da colisão, como sendo a média entre as
velocidades mínima e máxima de cada veículo. Vide tabela 11.
8º Passo: Como somente o veículo possui marcas de travagem antes da colisão, passa-se ao
incremento dessa parcela de energia à velocidade no instante da colisão determinada na tabela
11, para se determinar a velocidade total de cada veículo quando do início da colisão.
Tabela 12: Cálculo da velocidade total de cada veículo quando do início da colisão.
Veículo 1 Veículo 2
9º Passo: Energia dissipada devido aos danos decorrentes da colisão é determinada da seguinte
forma: calcula-se a energia imediatamente antes da colisão de cada veículo, a seguir calcula-se a
energia imediatamente após a colisão de cada veículo e a diferença das energias corresponde à
energia de dano que possibilita a determinação da velocidade de dano de cada veículo, veja
tabela 13.
Diferença de
energia decorre
dos danos
Velocidade de
danos equivalente
A energia dissipada na coluna do veículo resultou negativa por que os danos decorrentes da
colisão do tipo traseira devem ser atribuídos ao veículo que atinge a traseira, ou seja, a energia
deve ser atribuída ao veículo .
Assim e segundo a presente hipótese antes da colisão o veículo de marca ISUZU ( ) circulava a
1º Passo: Depois de ter calculado a velocidade que cada veículo circulava antes da colisão, as
hipóteses foram definidas como:
3º Passo: Houve reacção do condutor do veículo colidente? Resposta: Sim, materializada por
marcas de travagem.
4º Passo: Cálculo de PPP- Ponto de Percepção Possível através das equações (14.04 e 14.05).
Adopte tempo psicotécnico
5º Passo: Cálculo de - ponto de não escapada da pista através das equações (15.03, 15.05
e 15.06). Na pista ou avenida em referencia neste trabalho não tem placa da velocidade
regulamentar da via, para tal recorreu-se ao Decreto nº.1/2011 de 23 de Março, a velocidade
Cálculo do da pista ( )
6º Passo: A distância
= 21,7
= 3,7
𝑝 = 18
=5
𝑝 = 36,6
𝑝
5.1. Conclusões
Em forma de conclusão deste trabalho de licenciatura, de uma forma geral demonstrou as
principais características dos acidentes e um pouco de como são realizadas os cálculos periciais
nos acidentes de trânsito. Nas diversas modalidades de ocorrência de trânsito aqui narradas,
verifica -se a presença marcante da física e, que cada acidente de trânsito rodoviário exige um
alto conhecimento físico-matemático porque cada caso específico depende de diversos factores,
para além de que existem algumas propriedades físicas que são comuns a todos.
Também nota-se que sem o conhecimento físico-matemático dificilmente as causas de um
acidente de trânsito podem ser esclarecidas com justeza. Isto é, a investigação de um acidente de
trânsito, passa por três fases: perícia criminal; física e o acidente de trânsito e a causa
determinante nos acidentes de trânsito, onde a segunda fase é fundamental ou elo de ligação em
relação as restantes fases, pôs é demonstrado o tratamento físico-matemáticos dos dados
recolhidos no local de acidente de trânsito, facilitando assim na reconstrução, na análise e na
prevenção do acidente de trânsito.
O caso em estudo mostrou que o veículo colidente circulava com excessivo de
velocidade em relação ao veículo colidido , pôs verifica-se que houve reacção por parte do
condutor do veículo colidente, que materializou-se por marcas de travagem. O condutor do
veículo colidente não deixou espaço suficiente para que se evitasse o acidente porque não
verificou-se a condição , logo a causas determinantes do acidente é atribuída ao
condutor do veículo colidente por reacção tardia e comportamento ilegal. Pois o local onde
ocorreu acidente de trânsito é próximo da paragem de transportes de passageiros que está oposto
ao Hospital central de Maputo, apesar de não ter placa que regulamenta a velocidade limite o
condutor do veículo colidente transgrediu a velocidade limite plasmado no código de estrada.
5.2. Recomendações
Que se aplique ou se incorpore o tratamento físico-matemático nos autos de peritagem de
acidente de trânsito, para deixar clara a ocorrência ou o auto do acidente de trânsito. Isto facilita
a quem de direito aplicar a legislação em vigor no país ou fazer a reconstrução do acidente de
trânsito com muita fiabilidade, evitando assim dar culpabilidade um em detrimento do outro por
presunção sem que tenha demonstrado os cálculos.
O ensino de física nestas instituições, deve ser planificado de forma que o conhecimento dos
profissionais que realizam peritagem em acidente de trânsito ou qualquer investigação criminal
(exemplo a balística) possa crescer de forma lógica e ordenada, tornando-se mais profundo, e
não apenas mais extenso a cada passo e sensibilizar os profissionais para a relação entre o saber
teórico e a actividade prática.
Dado que este estudo não inclui todos tipos de acidentes de trânsito rodoviário, recomenda-se
que os próximos estudos incluam outros tipos de acidentes que no presente trabalho não foram
incluídas.
Referências Bibliográficas
Anexos