A Cidade e Sua Função Social PDF
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Há três tipos de países desenvolvidos sob o ponto de vista da diferenciação espacial entre áreas
urbanas e rurais. Primeiro, um pequeno grupo fortemente urbanizado, que reúne Holanda Bélgica,
Reino Unido e Alemanha, no qual as regiões essencialmente urbanas ocupam mais de 30% do
território e as regiões essencialmente rurais menos de 20%, sendo que s intermediárias variam entre
30% e 50%. No extremo oposto há um grupo maior, formado por quatro países do “Novo Mundo” -
Áustria, Canadá, Estados Unidos, e Nova Zelândia – mas no qual também fazem parte três nações
muito antigas: Irlanda, Suécia e Noruega. Nesse grupo as regiões essencialmente rurais cobrem mais
de 70% do território e as relativamente rurais têm porções inferiores a 20%. Finalmente, no meio do
caminho encontram-se França, Japão, Áustria e Suíça, países nos quais entre 50% e 70% do território
pertence a regiões essencialmente rurais e cerca de 30% a regiões relativamente rurais.
São bem diversas as combinações entre os vários tipos de atividade econômica que permitem elevar
os níveis de renda, educação e saúde e muitas populações que continuam rurais. As novas fontes de
crescimento das áreas rurais estão principalmente ligadas a peculiaridades dos patrimônios natural e
cultural, o que só reafirma o contraste entre os contextos ambientais dos espaços urbanos e rurais.
Enfim, a visão de uma inelutável marcha para urbanização como única via de desenvolvimento só
pode ser considerada plausível por quem desconhece a imensa diversidade que caracteriza as relações
entre espaços rurais e urbanos dos países que mais se desenvolveram, não faz sentido, portanto,
amalgamar desenvolvimento e urbanização. As zonas urbanas, suburbanas e rurais são cada vez mais
interdependentes e os problemas de uma delas também interferem nas outras.
O desenvolvimento harmônico do tecido econômico está no centro dos trabalhos dos grupos que
tratam de assuntos urbanos, locais, rurais e regionais. Isso se traduz por ações que visam encontrar,
para uma determinada zona, um equilíbrio entre o fortalecimento de sua capacidade concorrencial e
a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Atingir esse objetivo exige a criação de novas
formas de parcerias entre os atores envolvidos, quer eles sejam públicos, privados, nacionais,
regionais ou locais. Estimulo a projetos, iniciativa rural, ação urbana, tudo isso decorre da mesma
ideia, segundo a qual as contribuições locais permitem operar mudanças significativas na paisagem
socioeconômica territorial.
Não existe país que conte mais cidades que o Brasil. Eram 5507 há quase três anos, houve o último
Censo Demográfico. A menor, União da Serra, no nordeste gaúcho, tinha exatos 18 habitantes. Eram
90 as “cidades” com menos de 500 habitantes, por exemplo: 49 no Rio Grande do Sul, em Santa
Catarina 21, 9 no Piauí, Paraíba 4, 3 no Paraná, 2 em Tocantins, e outra em São Paulo. Seria mesmo
uma cidade com tão pouco moradores? No resto do mundo, não.
A definição brasileira de cidade é estritamente administrativa. Toda sede de município é cidade, e
pronto. Mesmo que só tenha 4 casas, nas quais residem 3 famílias de agricultores e uma de
madeireiro(caso de União da Serra). Se for sede de município, é cidade e estamos conversados.
Disparate que surgiu em 1938, ápice do Estado Novo, com o Decreto 311.
Fora daqui não se usa critério administrativo para definir cidade. O mais comum é uma combinação
de critérios estruturais e funcionais. Critérios estruturais são, por exemplo, a localização, o número
de habitantes, de eleitores, de moradias, ou, sobretudo, a densidade demográfica.
Enfim, é necessário enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que defina o que é cidade,
revogando o Decreto 311, de 2 de março de 1938. Para que esse projeto seja elaborado, será
aconselhável que se consulte legislações de outros países. E aí se perceberá que os critérios nunca são
puramente administrativos, como ocorre aqui. Sempre foram principalmente funcionais as condições
sine-qua-non da promoção de um povoado à categoria de cidade.
UM TERÇO DOS MUNICÍPIOS NÃO GERA RECEITA NEM PARA PAGAR SALÁRIO DO
PREFEITO
Um em cada três municípios brasileiros não consegue gerar receita suficiente sequer para pagar o
salário de prefeitos, vereadores e secretários. O problema atinge 1872 cidades que dependem das
transferências de Estados e da União para bancar o custo crescente da máquina pública.
Hoje, a situação mais grave está em cidades pequenas, que não tem capacidade de atrair empresas –
o que significa mais emprego, renda e arrecadação. Em geral, contam com um comércio local precário
e, para evitar a impopularidade, as prefeituras cobram poucos impostos. Há cidades em que o IPTU
só começou a ser cobrado depois que a crise apertou.
Em média, a receita própria das cidades com população inferior a 20 mil habitantes é de 9,7% - ou
seja mais de 90% da receita vem de transferências públicas.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, diz ser contra a criação de
municípios que não tenham condições de atender à população.