A Toga e Suas Significações PDF
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A Toga e Suas Significações PDF
Juiz de Fora
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
PÓS-GRADUAÇÃO EM MODA, CULTURA DE MODA E ARTE
INSTITUTO DE ARTES E DESIGN
Monografia apresentada ao
Instituto de Artes e Design da
Universidade Federal de Juiz de
Fora, no Curso de Especialização
em Moda, como pré-requisito para
a obtenção do título de Especialista
em Moda, Cultura de Moda e Arte.
Orientador: Professor Afonso
Carvalho Rodrigues.
JUIZ DE FORA
2010
A toga e suas significações: dos primórdios à contemporaneidade
____________________________________________
Orientador
Prof. Afonso Carvalho Rodrigues
____________________________________________
Avaliador 1
____________________________________________
Avaliador 2
JUIZ DE FORA/UFJF
MAIO/2010
SUMÁRIO
Introdução......................................................................................................p.5
Considerações Finais....................................................................................p.26
Referências Bibliográficas.............................................................................p.29
Anexos
Figuras................................................................................................p.32
Entrevistas..........................................................................................p.37
INTRODUÇÃO
5
(2003, p. 12), “a cor negra da roupas dos homens tem a sua formalidade, por
mais à vontade que eles estejam. Ela reflete posição social, define se são
proprietários ou empregados (...)”.
Herdamos da cultura helênica os valores estéticos que foram valores
capazes de permanecer nos tempos atuais. O ser humano cobriu, desde os
primórdios, seu corpo com objetos; cobriu com elementos decorativos, em
primeiro lugar, por sua significação simbólica; posteriormente, pelo valor
estético e, finalmente, pelo seu valor material. Será discorrido nesse trabalho,
portanto, os principais aspectos referentes ao uso da toga e as simbologias
comumente atribuídas às peças de roupa.
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TOGADO: que usa toga; que pertence à magistratura judicial;
magistrado judicial; do latim “togatu”. (Dic. Brasileiro da Língua Portuguesa- O
Globo, Ed. Globo, 1993).
TOGA: túnica talar preta, que os magistrados judiciais, os membros do
Ministério Público e os advogados vestem quando no exercício de suas
funções, perante juízes ou tribunais. Diz-se, especialmente, da beca usada
pelos juízes. Por extensão, a própria magistratura judiciária. Segundo usança
do século passado, a toga dos juízes tinha uma faixa branca e a dos
promotores de justiça uma vermelha. O mesmo que beca. (Dic. de Tecnologia
Jurídica- Pedro Nunes- 12ª Edição-1990)
BECA: veste talar preta, que os magistrados judiciais, os membros do
Ministério público e advogados usam, quando no exercício solene de suas
funções principalmente nas sessões dos tribunais de justiça e do júri.
Garnacha, toga ( Dic. de Tecnologia Jurídica- Pedro Nunes- 12ª Edição- 1990).
GARNACHA: veste talar preta, dos magistrados judiciais; beca, toga.
(Dic. de Tecnologia Jurídica- Pedro Nunes- 12ª Edição- 1990)
TOGA: veste de tecido, drapeada, usada por romanos acima de
dezesseis anos de idade, durante na Antiguidade. Apresentou variações em
seu formato e sua cor no decorrer do tempo. (Dicionário da Moda- Marco
Sabino-Elsevier Editora Ltda- 2007).
A partir do que foi exposto acima, nota-se que o emprego do termo
toga depende do ambiente em que foi utilizado. Porém, tanto no âmbito jurídico
quanto no universo da moda, as definições sobre o uso da toga são referentes
a propósitos semelhantes e apresentam características sinônimas. As distintas
denominações atribuídas à toga (como garnacha ou beca) também não
influenciam suas características básicas e primordiais.
Como exemplo de uma indumentária que surgiu nos primórdios da
civilização, atravessou os tempos e permaneceu até à contemporaneidade,
com algumas mudanças na cor , na forma, na quantidade de tecido,
conservando porém o mesmo significado, temos a toga.
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A túnica e a toga eram as duas vestimentas essenciais que os romanos
tinham. A túnica era uma vestimenta usada por baixo, em lã branca que era
vestida pela cabeça e a vestimenta usada por cima era a toga, uma espécie de
manto a qual era utilizada em todos os atos civis, religiosos e militares. O uso
da toga era propício para aparecer em público, diante dos tribunais e usada
somente em tempo de paz.
No início de quando começou a ser utilizada, a toga tratava-se de um
manto de lã, passando, posteriormente, a ser confeccionada em linho comprido
e largo, que servia de vestimenta nacional masculina aos romanos, sendo uma
peça característica da Roma Antiga, e de uso exclusivo do cidadão romano que
pertencesse à classe alta, especialmente pelos Senadores e na cor branca. As
togas que os romanos usavam no começo do Império eram simples e,
guardadas as devidas proporções, equivalem a uma espécie de terno hoje em
dia, que servia para diferenciar os romanos.
Por sua vez, os romanos a herdaram dos etruscos. Inicialmente
apresentava uma forma retangular e curta. Posteriormente passou a ser
semicircular, o que proporcionou um grande aumento de seu tamanho. Assim,
tornou-se de difícil uso, necessitando, por esse motivo, principalmente para os
romanos mais ricos, de um escravo para ajudar na tarefa de vesti-la. Existiu,
para cada função, vários tipos de togas, sofrendo mudanças ao longo do
Império, mas sempre resguardando o seu simbolismo, ou seja, o de
diferenciador de classe social, nas relações de poder entre os grupos
componentes da sociedade romana. Para os romanos, o sentido da toga se
relacionava à memória dos seus ancestrais, pois era uma vestimenta própria
dos oradores, dos magistrados, dos senadores.
Dentre os vários tipos existentes de toga, que eram associadas a
diferentes funções e estatutos, destacam-se:
A toga pura ou virillis, que era lisa, usada pelos homens romanos assim
que atingissem a idade adulta e era feita de lã branca. Toga praetexta: de uso
exclusivo dos rapazes romanos que ainda não tivessem atingido a maioridade,
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ocasião em que a abandonavam e passavam a usar a virillis. Toga picta ou
purpura era usada pelos triunfadores e posteriormente pelos imperadores.
A toga candida era de um branco imaculado, usada pelos candidatos
a cargos públicos. A toga sordida ou pulla era a usada pelos pobres e pelo réu,
quando se apresentava nos tribunais (servindo neste caso, para inspirar
sentimentos de piedade). A toga trabea era usada na cor púrpura, durante os
atos rituais pelos sacerdotes augures (adivinhos).
A toga negra simbolizava o luto, o fim. A cor preta originária da
tradição romana era também usada nas cerimônias solenes e magistraturas.
Cabe ressaltar que veste “talar” não significa roupa preta, mas sim roupa
comprida até os tornozelos.
As mulheres na Roma Antiga chegaram a vestir a toga, sendo logo
substituída por uma espécie de vestido chamada stola, ficando restrito o uso da
toga, apenas pelas mulheres adúlteras e que eram condenadas.
Na Idade Média, estátuas de deuses e imperadores eram
representadas vestindo togas em esculturas, ilustrações greco-romanas,
mosaicos bizantinos e iluminuras de manuscritos.
Em virtude de toda a sofisticação sofrida pela peça, a toga deixou de
ser vestida diariamente, passando a partir do Século II a .C. a ser trajada
somente pelos homens e sobre a túnica. Os primeiros romanos usavam a toga
no campo. Eles faziam com ela uma volta em torno do corpo, o que sustentava
a toga e deixavam seus braços livres.
Durante o Século XVII, a toga chegou a ser usada por homens de mais
idade e proeminência. À medida que a moda se alterava, ela também se
transformava, sem perder o seu significado. Foi abandonada ainda naquele
século como indumentária pública, sobrevivendo como roupa ritual da religião e
do Direito.
Geralmente é comum as pessoas julgarem a importância e o status das
outras, com base no que estão vestindo. Ficou claro que uma peça do
vestuário, ao longo da história da humanidade, agiu como um diferenciador de
classe social, simbolizando um poder que emana da necessidade de como a
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sociedade quer ser vista e identificada e qual a imagem que ela faz de si
mesma. A túnica e a beca prestaram relevante papel na história da roupa.
A toga, com o nome de beca, sempre na cor preta e utilizada pelos
magistrados, membros do Ministério Público e advogados, no exercício de suas
funções nos tribunais, tornou-se mais conhecida e notável nos tempos
modernos. Também é muito divulgada por ser largamente usada pelos
formandos, professores, diretores e reitores nas solenidades de formatura dos
cursos de graduação.
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sua “combinação de um poder simbólico e ótico” como já foi observado. De
fato, essa cor tem um significado permanente e profundamente marcado
associado às memórias das ocasiões em que foi usada. Foi no começo do
século XIX, que o preto foi mais usado pelos homens como distinção entre os
sexos (homens de preto, mulheres de branco), causando muita polêmica aos
comentaristas da época ao alegarem que os homens estavam usando uma
vestimenta da morte. A cor preta era naturalmente associada com a roupa
formal. No entanto, assim como é enfatizado por Harvey (2003, p. 74): “O preto
não perdeu sua gravidade ao se tornar uma cor elegante a ser usada em
sociedade”.
Para Baudelaire, a explicação sobre o uso da casaca e do fraque
pretos é política. Para ele, a casaca preta representa um uniforme da
democracia. Além disso, o poeta francês acreditava que as vestimentas pretas
representavam uma espécie de constante luto do século XIX. Baudelaire
escreveu sobre a casaca:
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vestimentas, uma vez que um dos deveres formais dos monges era vestir luto.
Nas igrejas ordinárias, o preto sempre foi usado nas missas dos mortos e nos
dias de jejum penitencial.
Fora da igreja, poucas pessoas usavam o preto. No entanto, nos
séculos seguintes, o negro era usado pelos médicos, os homens da lei e os
advogados, mercadores, cavaleiros e escudeiros, não apenas o clero. O
judaísmo e o protestantismo também fizeram uso da cor preta.
O preto era pouco usado pelos príncipes no início do século XV, à
exceção nos dias de festa. Porém, o monarca Felipe, o Bom, duque de
Borgonha, após o assassinato de seu pai (João Sem Medo) pelos franceses,
usou preto como luto pela primeira vez e não o tirou mais. O preto usado,
dessa forma, por ele simboliza, ao mesmo tempo, um misto de vingança e
poder, uma vez que ele vingou a morte de seu pai matando muita gente, antes
de confrontar e matar o assassino de seu pai.
A partir daí, o negro começou a adquirir, na moda, o valor que
simbolizou posteriormente e (que tem ainda hoje), carregando em sua
elegância, as sugestões concomitantes de importância e sofisticação.
Em Veneza, como nas outras Cidades-Estado italianas, a população
gostava de imaginar-se em uma Nova Roma. Todos os homens notáveis, a
partir dos 25 anos, vestiam no inverno ou no verão, dentro ou fora de casa,
uma longa veste preta chamada de toga, aparentando todos serem doutores
em lei. Eles vestiram o preto antes dos reis, tinham o preto como uniforme dos
homens notáveis e poderosos dentro da sociedade.
No século XV, na Europa, os juízes usavam cores vivas, geralmente o
vermelho, por serem substitutos de soberanos e lordes, anteriormente
responsáveis pelos julgamentos, embora alguns juízes usassem o preto em
Estados como Portugal, Lombardia e Gênova . Muitos advogados também
vestiam roupas coloridas ( na Inglaterra, suas vestes eram bicolores: azul de
um lado e verde do outro), mas, no Século XVI, a profissão “escureceu”,
influenciada pela toga negra, que representava a erudição e dignidade em
geral e, mais especificamente, pela toga negra das universidades.
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Além dos advogados, outros profissionais como médicos, professores
e os membros do clero, as conhecidas “profissões educadas”, vestiam o negro
na Europa do século XVI. Na virada do século XVII, todos os estudantes de
Direito ingleses, advogados e conselheiros do Rei, vestiam togas pretas.
Os médicos usavam togas pretas nos séculos XVI, XVII e XVIII sendo
considerado como o reflexo da alta dignidade do conhecimento. Embora o
preto dos médicos não tivesse o mesmo significado do preto usado pelos
agentes funerários, ele tinha o intuito de ser a cor daqueles que se colocavam
à frente dos mistérios da luta contra a morte. Até o século XIX os médicos
ainda vestiam o preto, caracterizando a erudição, a elegância e a seriedade.
Sobre a toga, a cor preta e sua história, Harvey (2003) coloca que:
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observados a observarem algo e o foco de observação das outras pessoas era,
principalmente, sobre o aspecto alinhado, extremamente arrumado, elegante e
distinto dos dândis. Lord Byron e Oscar Wilde eram alguns de seus mais
famosos seguidores (ver nos anexos, página das ilustrações).
Também as bruxas, gatos pretos, que são motivos de muito medo,
fazem a cor preta ser considerada um complemento do Mal. Sua
representação mais autêntica, Drácula, o vampiro aterrorizante do romance
de Bram Stocker, foi associado à cor preta, por causa de suas roupas e dos
seus hábitos noturnos.
O preto também se caracteriza por ser a cor predileta de algumas
“tribos” específicas, como os rebeldes, punks, darks, góticos, roqueiros,
motoqueiros. Foi eleita também como uma cor para ser usada no guarda
roupa feminino, no século XX. Consistia em uma peça considerada importante
e útil em várias ocasiões, o chamado “pretinho básico”. Quem não se lembra
de Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo”?
No final do século passado, a cor preta passou a vestir todos os
seguranças de lojas, no Brasil e no exterior. Além das representações de
poder, das diferentes classes sociais ou dos distintos grupos aos quais se
refere, a cor preta também pode sugerir sentimentos ou relações entre as
pessoas que podem ser considerados positivos ou negativos. São alguns
deles: Sugere ainda a cor preta: poder, miséria, silêncio, pessimismo, negação,
dor, opressão, angústia, nobreza, distinção, elegância e masculinidade.
Com base em tudo que foi exposto anteriormente, percebe-se o status
conferido à cor preta que, em inúmeras ocasiões, é considerada a cor mais
democrática, uma vez que se encontra em diversos e diferentes tipos de
situações. Já foi também incorporada ao mundo da sétima arte, pois já foi a
cor escolhida para fazer parte do figurino principal dos heróis de cinema, como
nos filme Matrix (1999) e Homens de Preto I e II (1997 e 2002) (ver
ilustrações).
Continua, ainda no século XXI a ser considerado cor da moda para a
definição que simboliza a ELEGÂNCIA.
14
III – A ROUPA E O PODER:
15
desde as sociedades primitivas. Hoje em dia, porém, essa demarcação não
existe mais, uma vez que tanto homens e mulheres, de acordo com seus
estilos próprios e definidores, usam tanto saias quanto calças.
As roupas têm o poder de enviar uma variedade de sinais, de quem as
veste, como, por exemplo, uma pessoa de origem social modesta. Se elas têm
um significado, esse é, antes de mais nada, pessoal, e exerce sobre nós uma
magia. O vestir é também uma arte performática. A pessoa vestida é uma
pessoa que interpretamos, as roupas servem segundo Elizabeth Wilson, para
“estabilizar a identidade” ou ainda “a maneira com a qual nos vestimos pode
aliviar o medo ( de não sustentar a própria autonomia ) ao estabilizar a nossa
identidade individual.”
Vale ressaltar que quando fomos vestidos pela primeira vez, houve
uma influência ou interferência que antecederam o nosso gosto pessoal e que,
provavelmente, formou uma certa identidade. Posteriormente, quando
passamos a escolher as nossas próprias roupas, já teremos um inconsciente
legado, fazendo com que realizemos escolhas até mesmo intuitivas, que
poderão se tornar um estilo definitivo, como acontece com a educação, as boas
maneiras, quando administradas no âmbito familiar, que já nos são transmitidas
antes mesmo de nascermos.
As roupas sempre têm um significado, é difícil imaginar uma roupa
sem nenhum significado. Significados mudam, mas significados mais antigos
permanecem com o passar do tempo. Como é colocado por Gilda de Mello e
Souza (1987), a arte de vestir está intimamente associada aos princípios
morais; ao mesmo tempo que traduz a necessidade do adorno, a roupa
corresponde ao desejo de distinção social. A maior parte das leis suntuárias
certifica a intenção de impedir as classes pobres de se vestirem como os
nobres, visando monopolizar o poder e impedir a mobilidade entre as classes
sociais.
Peter Stallybrass, em sua obra intitulada “O Casaco de Marx - Roupas
Memórias, Dor” , mostra, através do primeiro texto do seu livro, a relação entre
a pessoa e as peças do vestuário, dando uma visão da importância da roupa
16
no nosso cotidiano, estabelecendo relação entre lembranças (memórias) o
poder e a posse. Mostra a Inglaterra na época da Renascença como uma
“sociedade de roupas”, onde a base industrial do país era a roupa, mais
propriamente a manufatura da lã, colocando esta como moeda corrente, mais
importante que o ouro ou o próprio dinheiro. Os valores e as trocas assumem a
forma de roupas, que eram usadas como pagamento por serviços prestados e
até como dotes. Como coloca o autor:
17
mesmo nossa forma” (p.13). Sobre o fato de a roupa nos representar, coloca
Harvey (2003, p. 18): “Achamos as nossas roupas, as nossas roupas nos
acham: elas impedem que nos percamos”.
O casaco que Marx usava tinha o poder de determinar diretamente o
que poderia ou não ser feito pelo seu proprietário. Se estivesse penhorado
durante o inverno, Marx não podia sair de casa devido à baixa temperatura e
também não podia frequentar a biblioteca do Museu Britânico, por falta de
vestuário apropriado. Aí, tinha de paralisar as pesquisas, permanecendo em
casa escrevendo colaborações para jornais, de onde conseguia angariar
pequenas importâncias que asseguravam o sustento seu e o de sua família,
além de proporcionar o dinheiro para o resgate do casaco na casa de
penhores.
Entre a aristocracia na Antiguidade, o costume de deixar roupas em
testamento era uma afirmação do poder do doador e da dependência do
donatário.
No século XIX, transformações radicais como o desenvolvimento das
profissões liberais, a democracia, a emancipação das mulheres, a propagação
dos esportes e as mudanças sociais fizeram com que o traje imóvel dos
séculos anteriores desabrochasse na estrutura movediça que ainda vigora de
hoje em dia.
Segundo a antropóloga Gilda da Castro, o vestuário é o ponto de
partida na construção de identidade social ao transformar-se em referência
objetiva quanto ao senso estético, princípios morais, sucesso profissional e
auto-estima. O Estado reconhece o vestuário como um conjunto de símbolos
que indica proeminência do cargo e adesão institucional, porque define normas
rígidas para o trabalho e para as solenidades para alguns servidores,
especialmente magistrados, procuradores, diplomatas e militares. Oferece,
inclusive, condições especiais na remuneração de tais servidores para suprir
essa despesa, esperando confirmar sua autoridade diante de todos os
cidadãos. Admite, portanto, que a roupa e respectivos complementos
materializam poder, sucesso e seriedade, reforçando o respeito às instituições.
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Também as empresas têm interpretação semelhante, porque cobram “boa
aparência” dos empregados que lidam com a clientela ou com os fornecedores.
A transgressão aos modelos tradicionais provoca, por outro lado,
rejeição ou exclusão, quando gera mal-estar entre os presentes, embora tenha
havido desde o movimento da contracultura (1968), adesão a novos hábitos,
que incluem um verdadeiro vale-tudo nas roupas e nas atitudes. Isso cresceu
com fenômenos que contribuíram na formulação dos novos ideais de
modernidade: emancipação feminina, aumento dos custos de subsistência e
novos padrões de consumo. Eles reforçaram a rebeldia às tradições e se
encaminharam à informalidade excessiva, induzindo a adoção de vestuário
distante do terno e gravata ou vestido, sapatos e meias de seda.
Algumas mulheres assimilaram tais proposições sem avaliar a
adequação dos modelos ao seu corpo, suas responsabilidades e ao ambiente.
Roupas muito extravagantes sugerem desqualificação, carência de senso
estético e pouco apreço pelas atribuições. Alguns homens também têm
ignorado as regras e princípios para a circulação em diversos ambientes,
desconhecendo os limites do bom senso e do cerimonial inerente a cada
evento público.
A toga ou beca, como uma veste talar com o comprimento até os pés,
tem como simbologia forense uma tradição e um prestígio que ao longo dos
tempos marcou na sociedade, a solenidade do sacerdócio dos defensores do
Direito e da Justiça. O uso da toga perante os tribunais, com o objetivo de
impor respeito pela profissão, se tornou obrigatório em Roma, visto que foi com
os romanos que a advocacia tornou-se uma profissão organizada.
A balança, bem como a espada, simbolizam a nivelação e o equilíbrio
da Justiça, colocando no mesmo plano as partes envolvidas em um litígio.
19
Segundo Rudolf Von Ihering : “A Justiça tem numa das mãos a balança em
que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A
espada sem a balança é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência
do direito”. A imagem da justiça é representada pela deusa grega Têmis. É a
deusa que usa uma venda por cima dos olhos: deusa da Justiça e das leis dos
homens e usada para representar o equilíbrio entre a razão com o julgamento.
O crucifixo usado tanto nos escritórios dos advogados, como nos
plenários, não tem só a conotação religiosa, mas, especialmente, uma
representação de um erro judiciário cometido há dois milênios (crucificação de
Jesus Cristo). Também a figura de Santo Ivo é reverenciada pelo seu zelo e
predileção pelos pobres, sendo o protetor dos advogados, comemorando-se
universalmente seu dia na data 19 de maio. Rui Barbosa que é o Patrono dos
Advogados Brasileiros, deixou ensinamentos que estão expressos no Código
de Ética Profissional e no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, tendo
sua vida e obra resumidos na trilogia: o bom direito a luta pela liberdade e a
crença na Justiça, que são os princípios deontológicos do bom Direito.
Através de uma coleção de leis, denominadas códigos, os advogados
exercem a sua função. O mais antigo código já encontrado é o de Hamurabi1
que constitui em leis escritas em na pedra sobre o qual se estima que tenha
sido elaborado pelo rei do Império Babilônico Hamurabi por volta de 1700 a.C.
Lembra o jurista Carnelutti: “Nossas ferramentas não são mais que
palavras”. É através das palavras, escritas ou orais que os advogados lutam
para exercer a sua profissão. A oratória e a eloquência tornam-se qualidades
associadas ao advogado, tendo na Grécia Antiga as figuras de Péricles e
Demóstenes como os oradores mais famosos.
A Lei número 8.906 de 4 de julho de 1994 - dispõe sobre o Estatuto da
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil- OAB. No Capítulo II- Dos
Direitos do Advogado fica estabelecido no seu Art. 6º :
1
O código de Hamurabi contém 282 artigos, estabelecendo regras. Entre elas, destaca-se,
principalmente, a Pena de Talião, que consistia em “Olho por olho, dente por dente”. Nesse
código, havia previsão final para o direito de família, propriedade, sucessão, direito penal,
comercial, entre outros.
20
“Não há hierarquia nem subordinação entre advogados,
magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos
tratar-se com consideração e respeito recíprocos”.
21
social, subordinando a atividade do seu ministério privado à elevada função
pública que exerce.
Calamandrei o grande processualista italiano, ensina:
......................................................................................................
......................................................................................................
22
análise, um verdadeiro trabalho de Sísifo3. Com efeito,
fazem uma porção de leis que não chegam a conclusão
alguma. Que são o digesto4, as pandectas5, o codigo? Um
amontoado de comentários, de glosas, de citações. Com
toda essa mixórdia , fazem crer ao vulgo que, de todas as
ciências, a sua é a que requer o mais sublime e laborioso e,
como sempre se acha mais belo o que é mais difícil,
resulta que os tolos têm em alto conceito essa ciência.
3
Sísifo, segundo os poetas, foi condenado a fazer rolar uma enorme pedra, sem parar, até ao
cume de uma montanha. Mal, porém, chegava ao termo do seu trabalho, a pedra rolava para
baixo.
4
Digesto = (Digesta) Constitui compilação de regras de Direito Civil e das principais decisões
dos jurisconsultos romanos, sobre questões que lhes era propostas (responsa prudentium),
feita em três anos e terminada em 533 da E.C. por uma comissão composta de onze
advogados e dezesseis jurisconsultos, nomeados por Justiniano, sob a presidência de
Triboniano, e na qual se explicam ou se esclarecem certas passagens do Código de Justiniano.
4
Lato sensu: compilação de leis e de julgados. O mesmo que Pandectas
23
diante da língua). A Justiça deve prevalecer diante de todos os argumentos
contrários, sejam eles verbais ou bélicos.
V – ENTREVISTAS E ANÁLISES
24
sedimentada com o tempo”. Os outros entrevistados afirmaram que não é
prática: “a roupa não faz o homem”.
Sobre a toga como símbolo de autoridade, todos disseram que
funciona, sim, como objeto que impõe respeito: “A toga proporciona um
aspecto solene a quem a usa, tanto na esfera tradicional, quanto nas
formaturas de cursos superiores”. Além disso, também foi dito pela maioria
que “não é o hábito que faz o monge”: portanto, não deveria importar a roupa
do juiz, e sim a sua postura diante de uma situação mais séria e que depende
totalmente de seu aval. Também há os que acreditam que a toga serve para
lembrar aos não-togados que eles estão diante do Poder Judiciário: “A toga cria
uma violência simbólica ao construir uma distância entre quem a usa e quem a
não usa”.
Enfim, acerca do fato de a toga ser confortável, alguns dos
entrevistados afirmam que nunca a usaram e que sua prática é antiquada e
ultrapassada: “Se é confortável, não tenho como responder, mas acho que não,
e no meu entender não existe fim específico para o seu uso, trata-se apenas de
um modismo „totalmente fora de moda‟.” Porém, há também os que ressaltam
que seu uso é necessário para “impressionar” os que esperam um certo tipo de
resposta, compromissada com valores éticos e totalmente dentro da lei, de
quem a usa: “[...] se a justiça for célere e eficaz, se imporá muito mais e
verdadeiramente à sociedade como um todo do que pura e simplesmente vestir
uma toga, que não é confortável nem prática”.
Assim, conclui-se que o uso da toga, apesar de gerar algumas opiniões
contraditórias, se mantém como prática tradicional e habitual em certos
âmbitos, como o do judiciário e de universidades, principalmente nas colações
de grau dos cursos superiores. Além do que foi exposto, torna-se necessário
enfatizar que todos os profissionais acreditam que a toga impõe uma certa
autoridade sobre os não-togados, já que aquela, mesmo com o passar dos
anos, ainda é vista pela sociedade como uma simbologia do poder. De tal
forma, Gilda de Mello e Souza (1987, p. 125) resume o que pode ser
25
diretamente associado ao uso da toga e ao seu entendimento na sociedade: “a
vestimenta é uma linguagem simbólica”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
26
todo o seu visual, corrobora com esse poder, respeito e consideração que é
concedido à figura do juiz e inserido pela veste tão sóbria e solene que ajuda a
compor o valor. Muito além do conhecimento, o poder consiste principalmente
nos valores objetivos: na verdade, na sabedoria e no amor, em busca da paz.
Com o avanço tecnológico e com as mudanças constantes devido à
globalização, há que se fazer consideráveis observações em função da
atuação dos operadores do direito. É inegável que o dia em que ninguém mais
tiver temor, respeito e acatamento pela justiça, estará implantado o caos. Há
quem diga que estamos nos aproximando deste dia. Suposições à parte,
verdade é que diante de um turbilhão de processos jurídicos, que se instauram
pela violência generalizada do mundo moderno, a responsabilidade do juiz com
a verdade se torna cada vez maior, apesar de essa estar, em alguns casos,
difícil de ser alcançada.
Com o crescimento e a divulgação da figura do psicopata que, segundo
especialistas, correspondem a uma considerável parte da população mundial ,
tendo por característica uma “personalidade criminosa”, não nutrindo
nenhuma compaixão pelos seus semelhantes, por serem desprovidos de
sentimentos, não temendo a lei, contribuindo com aumento da criminalidade
violenta, fazendo o número de processos judiciais e a consequente sensação
de impunidade.
A prevalência desses indivíduos na população carcerária gira em torno
de 20%, mas são responsáveis por mais de 50% dos crimes graves
comparados aos outros presidiários. A mídia mostra a todo instante que eles
estão em todos os segmentos da sociedade, provocando indignação pelos
danos absurdos causados ao semelhante, advindos de suas mentes perigosas.
Como é sabido de todos, estamos vivendo um momento em que a
crise ética está afetando toda a sociedade em geral, motivo da multiplicação de
litígios. Talvez seja chegada a hora da tomada de consciência do ser humano
da sua imperfeição e limitação, com a observância da não diferenciação de
religião, classe social, raça, etc. Colaborando de alguma forma, talvez
27
possamos evitar tantas hostilidades, violências e, consequentemente, os
litígios, tornando nosso mundo um lugar melhor para se viver.
Partindo da premissa que todos os humanos trazem naturalmente
consigo o sentimento da justiça, e que a toga é uma indumentária que a
representa, então podemos concluir que todos deveriam vestir a toga, ou seja,
todos deveriam se unir em torno da justiça para promover o bem comum. Para
o bem estar coletivo, todos devem se posicionar diante das mudanças bruscas
que estão ocorrendo no mundo, contribuindo com a justiça, denunciando,
socorrendo os que estiverem sofrendo algum tipo de constrangimento e
ameaça, observando as campanhas veiculadas pela mídia, levando em
consideração que todos são infinitamente preciosos para comporem o tecido
da vida e que “A Justiça é o único amigo que acompanha os homens depois da
morte: porque qualquer outro afeto é submetido à mesma destruição que o
corpo”, conforme o que está disposto no Código de Manu6, ( 200 a.C. e 200 d.
C.), não restando outra alternativa a todos, se não a de ser participativo.
Diante de todo o exposto, lembrando ser desde criança possuidora de
um senso aguçado de justiça e exercer a função de advogada há mais de
trinta anos, fiz opção de falar sobre o empolgante tema TOGA, no qual de
certa forma, presto uma homenagem à Justiça encerrando o presente
trabalho, citando o grande jurista italiano Piero Calamandrei (um dos principais
inspiradores do Código de Processo Civil de 1940):
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Código de Manu: Inscrito em Sânscrito, constitui-se na legislação do mundo indiano e
estabelece o sistema de castas na sociedade Hindu. É um código escrito de forma poética, não
é um código como estamos acostumados, mas sim um conjunto de normas que abrange vários
aspectos da sociedade. Redigido entre os séculos II a. C e II d. C.
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bíblia Sagrada. Tradução dos originais pelo Centro Bíblico Católico – 106ª Ed.
Ed. Ave Maria: São Paulo.
BRAGA, João. Reflexões sobre moda I. 4ª Ed. ver. São Paulo: Ed. Anhembi
Morumbi, 2008.
BRAGA, João. Reflexões sobre moda III. 2ª Ed. ver. São Paulo: Ed. Anhembi
Morumbi, 2008.
NUNES, Pedro dos Reis. Dicionário de tecnologia jurídica. 12ª Ed. ver.
Ampliada e atualizada. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990.
RIBEIRO, Herval Pena. O juiz sem a toga: um estudo da percepção dos juízes
sobre trabalho, saúde e democracia no judiciário. 1ª Ed. Florianópolis: Lagoa
Editora, 2005.
29
Vademecum – 8ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
Sites:
http://oabsp.org.ler.tribunal-de-etica-e-disciplina/melhorespareceres/E3048/04 -
acesso em 22/04/2010
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2022916/novoadvogado_espera_etica_emo
ralidadenaadvocacia - acesso em 29/04/2010
http://www.parana_online.com.br/canal/direito_e.../14529? – acesso em
29/04/2010
http://www.migalhas.com.br/mostranoticia_urbanidadenaadvocaciaenojudiciario
_umdeverdetodos - acesso em 09/04/2010
http://portalsaofrancisco.com.br/alfa/rui_barbosa/o_dever_do_advogado -
acesso em 29/04/2010
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ANEXOS
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FIGURAS7
Fonte: http://sucodecazuza.files.wordpress.com/2007/10/toga.gif
Fonte:
http://www.mydisguises.com/wpco
ntent/uploads/2007/11/toga2.png
Fonte: http://www.edupics.com/toga-t13323.jpg
7
Todas as ilustrações foram tiradas da internet em acessos entre os dias 23 e 24 de maio de 2010.
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Fonte: http://www.nationalbankruptcyforum.com/wp-content/uploads/2009/12/judge-1.jpg
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(1) (2)
(1) Fonte: http://www.marriedtothesea.com/041207/new-judge.gif
(2) Fonte:http://www.on.br/revista_ed_anterior/janeiro_2003/noticias/astro_arte/imagens/mib.jpg
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(6) (7)
(6) Karl Marx - Fonte: http://www.marxists.org/archive/marx/works/1864/iwma/marx.gif
(7) Oscar Wilde - Fonte: http://bainhadefitacrepe.files.wordpress.com/2008/09/oscar-wilde.jpg
(8) (9)
(8) Lord Byron - Fonte: http://echostains.files.wordpress.com/2010/03/lord-byron.jpg
(9) Oscar Wilde - Fonte:http://www.fashionbubbles.com/wp-content/uploads/wp-
content/plugins/hotlinked-image-cacher/upload//assets/photos/w/oscar-wilde-210x295.jpg
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Fonte:http://4.bp.blogspot.com/_EY2XUNj-LVI/SbndZjFOnUI/AAAAAAAACU4/9Gsvcr-
vlLs/s400/dandi_1.jpg (Dândis do século XVIII)
(10) (11)
Fotos tiradas em maio de 2010, em Lisboa/Portugal –
(10): Universitários no dia da Visita do Papa Bento XVI; (11): Formatura de Graduação.
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ENTREVISTAS
ASSUNTO: TOGA
Entrevistado: Wilimar Pereira (advogado)
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Entrevistado: João Maurício Pelagagi (advogado)
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Entrevistada: Maria das Graças Gomes Pacheco (advogada)
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Entrevistada: Maria Auxiliadora Santiago (advogada)
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Entrevistada: Edwiges Silveira (advogada)
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Entrevistada: Regina Pontes (advogada)
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Entrevistada: Lucília Rezende de Oliveira (Oficial de Justiça aposentada e
advogada militante)
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