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1. Introdução
O objetivo da presente pesquisa é verificar se diplomas e títulos de pós-graduação stricto
sensu em Direito Canônico, expedidos por instituições de ensino superior da Santa Sé, podem
ser reconhecidos no Brasil como equivalentes aos títulos de Mestre e Doutor.
1
Professor Permanente de Direito Internacional e Direitos Humanos da Universidade Católica do Rio de
Janeiro - UCP. Juiz de Direito do Poder Judiciário do Rio de Janeiro.
Bacharel, Mestre e Doutor em Direito Internacional e da Integração Econômica pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro - UERJ; Pós-Doutorando na Linha de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Ordem
Internacional da Pós-Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC Rio.
Instituição: Universidade Católica de Petrópolis - UCP, Rio de Janeiro. Brasil. E-mail: eaklausner@tjrj.jus.br
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2
Artigo 9º. do Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da
Igreja Católica no Brasil, promulgado pelo Decreto n. 7.107 de 11 de fevereiro de 2010.
3
http://carolinabori.mec.gov.br/?pagina=inicial.
4
Artigo 5º.
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Bobbio (2008, p.3), por sua vez, explica que “nossa vida desenvolve-se em um mundo
de normas”; ubi societas ibi ius, já diziam os juristas romanos. Esse mundo normativo posto pela
sociedade e pelo Estado, que estipula ao ser humano uma conduta ideal na sociedade e na relação
com terceiros, um dever-ser coercitivo e com sanção pré-determinada pelo descumprimento da
conduta imposta, é a característica mor do Direito. Isso, independentemente das diversas
correntes que discutem sobre a natureza, a formação, a validade, a legitimidade e a adequação
do Direito à Justiça. O Direito possui, portanto, como principais atributos: a heteronomia, a
coercibilidade e a bilateralidade atributiva5.
A Ciência Jurídica, ou Ciência do Direito, portanto, é aquela que tem por objeto o estudo
do Direito e do fenômeno jurídico “tal como ele se concretiza no espaço e no tempo” (REALE,
2007, p. 16-17). Como toda ciência, “é discurso, teoria, que se constrói em função de um objeto
de conhecimento e de um método, por sua vez também construídos” com função precípua de
explicar, “e não ditar normas e, muito menos, dogmatizar” (MARQUES NETO, 2001, p. 184-
185).
Como ciência social, ou política6, visa a uma aplicação. A especificidade técnica ou
tecnológica do Direito se materializa na norma válida em um sistema normativo de observância
coercitiva pelo corpo social, e na aplicação técnico-normativa (MARQUES NETO, 2001, p. 185)
pelos juristas7. A norma, nesse sentido, por sua vez, engloba o preceito que pode ser
genericamente nomeada como lei assim como os princípios, ambos com características próprias
e sujeitos à aplicação por métodos e técnicas específicas nas relações jurídicas travadas na
sociedade.
O Direito, para organizar a vida em sociedade, necessita categorizar fenômenos
jurídicos, formar conceitos e definições jurídicas, e estipular instituições jurídicas. Assim, o
Direito, por natureza, constrói instituições jurídicas e qualifica fenômenos jurídicos de maneira
sistemática e organizada, a fim de evitar uma mera justaposição de regras que comportaria
incoerências e contradições. “Portanto, o direito constitui inevitavelmente um sistema
5
Como destacam, entre outros, REALE (Lições Preliminares de Direito,2007, p. 44-52; Filosofia do Direito,
2002, p. 699-710); e BITTAR e ALMEIDA (2010, p. 519-520). No mesmo sentido, BERGEL (2006, p. 39-
43). Tais características são do sistema normativo como um todo, como esclarece BOBBIO (2008, p. 147), o
que justifica a existência de normas jurídicas sem sanção no sistema.
6
Alguns autores entendem que o Direito deve ser libertado do caráter científico-positivo que
contemporaneamente tem sido preferido, pois adequa-se melhor a Política, assim entendida como Filosofia
Política ou Ciência Política. Nesse sentido, citando diversos juristas nacionais e estrangeiros com o mesmo
posicionamento, Jacques (1981, p. 6-11).
7
Juristas são os peritos ou especialistas em Direito. Os juristas por excelência são os Juízes. Também são
juristas os Promotores de Justiça, os Advogados, além dos Notários, Registradores e “qualquer ofício ou
profissão em que seja necessário estabelecer o direito em relação a algumas pessoas ou instituições.”
(HERVADA, 2008, p. 54-60).
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Afirma ainda o acima citado jurista que, sendo o Direito Canônico direito da Igreja
Católica “para as relações de seus fiéis, independentemente de nacionalidade ou do domicílio”,
não pode ser considerado propriamente direito estrangeiro, mas reconhece existir certas
“manifestações contraditórias e vacilantes” na jurisprudência (TENÓRIO, 1976, p. 414). No
entanto, apesar de divergências quanto à qualificação do Direito Canônico, seja como corpo de
normas estatutárias de organizações religiosas, seja como o direito decorrente de um “corpo de
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leis que emana das autoridades legislativas da Igreja e é imposto obrigatoriamente aos seus fiéis”,
não há dúvidas de sua característica normativa e coercitiva (TENÓRIO, 1976, p. 421).
Por sua vez, alguns dicionários jurídicos seculares contêm verbetes definindo Direito
Canônico, não o distinguindo dos demais ramos da Ciência do Direito. Cite-se, por exemplo, De
Plácido e Silva (1995, p. 79):
“DIREITO CANÔNICO. Assim se designa o corpo ou coleção de leis
que regem a Igreja Católica. [...].
Entre os canonistas a questão não é tão simples. Três principais correntes divergem sobre
a natureza do Direito Canônico: a teológica, a pastoral e a jurídica (STEFFEN, 2014).
Hervada (2006, p. 169-173), jurista secular e canonista, é categórico sobre a natureza do
Direito Canônico como ramo da Ciência do Direito, in verbis:
Nas origens da ciência jurídica moderna encontramos não só os legistas, [...]
como também os canonistas, com a figura também não muito conhecida do
mestre Graciano. [...] a ciência jurídica moderna, em suas origens, deve tanto
aos legistas quanto aos canonistas o que, unido ao regime jurídico dos Estados
e suas relações com a Igreja Católica (regime de Cristandade), originou o
sistema do utrumque ius, dos dois direitos: o ius civile (direito civil) e o ius
canonicum (direito canônico), que durante séculos regeu a vida jurídica da
Europa.
Com o advento da Reforma protestante, esse sistema desapareceu para que o
direito canônico ficasse dentro dos limites da Igreja Católica. Porém, embora
separado do direito secular, o direito canônico continuou vivo e os canonistas
constituíram um setor importante da ciência jurídica, com suas Faculdades de
Direito Canônico e uma atividade científica e prática intensa. Não se deve
esquecer, entretanto, que o direito canônico rege matérias muito relevantes
para a vida dos homens, como o casamento, em uma comunidade
independente e soberana que conta com milhões de fiéis, que superam em
número, com grande diferença, os Estados mais habitados e extensos. Nenhum
direito dos Estados mais habitados – ainda contando com o direito das uniões
de Estados como a União Europeia – tem vigência em extensão que o direito
canônico tem. [...]
Essas inegáveis diferenças de conteúdo entre o direito canônico e o direito
secular não devem induzir ao engano sobre a genuína natureza do direito
canônico. Na Igreja, existem verdadeiras relações de justiça comutativa (v.g.
contratos), justiça distributiva (v.g., os fiéis têm direito aos sacramentos) e
justiça legal (há na Igreja autêntica potestade legislativa e de regime ou
executiva e judicial); e a Instituição conta com um direito penal e com um
sistema judicial etc.
Se existe verdadeira justiça, existe verdadeiro ius,[...]
Por isso, [...] ser canonista é ser jurista, a ciência canônica é um importante –
ao mesmo tempo original – setor da ciência jurídica, e o método a seguir é um
método jurídico”.
O canonista Gigante (1955, p.5) define Direito Canônico como ramo dogmático do
Direito, frisando o seu aspecto eminentemente normativo e jurídico: “Direito Canônico é o
sistema ou complexo de leis com que a Igreja regula a sua atividade social específica e a de seus
membros como tais”.
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O Direito Canônico é uma necessidade da Igreja Católica Apostólica Romana, uma vez
que a Igreja se organiza na sociedade humana como uma instituição, atribuindo direitos e deveres
aos seus membros por preceitos de observância coercitiva. O Direito Canônico tem por fontes,
quanto ao legislador e aos principais documentos, Deus e sua legislação divina proveniente da
Revelação Cristã materializada no Antigo e no Novo Testamento, bem como as autoridades
humanas que governam a Igreja e editam leis, decretos e sentenças para tanto8.
O Direito Natural com matriz teológica, tendo por fundamento ou fonte Deus, a
legislação divina e o ordenamento religioso, não é estranho à Ciência do Direito. Essa é a
doutrina que predominou no estudo e na justificação do Direito antes mesmo de Cristo, como no
direito hebraico, no direito grego e no direito romano, por exemplo, e que, fundado na Revelação
Cristã, predominou no Ocidente até o século XVI com o advento da Reforma e do jusnaturalismo
racionalista.
Destaque-se que o Direito Natural, tendo por fonte Deus, a lei divina e o ordenamento
religioso decorrente da sua soberana divindade, predomina em outras tradições, organiza a
sociedade civil, é formalmente recepcionado nas Constituições dos Estados e inspira a legislação
secular de diversos países muçulmanos, como, por exemplo, ocorre na Arábia Saudita, no
8
Nesse sentido: Andreau-Guitrancourt (1963, p. 281-288, 410 e s).; Le Tourneau (1998, p. 17-25); e Gigante
(1955, p. 7 e s.).
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Paquistão e no Irã. Nesses Estados a validade do Direito reside no Direito Islâmico e suas fontes:
o Alcorão, a Sunnah e a Charia, (ou Shari’ah)9.
Sobre a origem de um Direito Canônico sistematicamente e juridicamente organizado no
seio da Igreja Católica, explica Lima (1999, p.19):
O fenômeno jurídico-eclesiástico que se verifica nos vinte séculos de
existência da Igreja Católica decorre, portanto, de sua própria natureza, cujas
leis provêm de sua constituição, que, embora divina em sua origem, é humana
nas pessoas que a compõem e, inserida na grande sociedade humana, por isso
mesmo, sem perder de vista o sobrenatural, necessariamente passível de
evolução. Se suas leis se destinam a governar a vida prática dos que se
associam a ela [...].
A autoridade eclesiástica, por sua vez, enfatiza o caráter jurídico da legislação canônica.
Cite-se, a título de exemplo, a mais importante legislação da Igreja Latina: o Código de Direito
Canônico. Sua Santidade o Papa João Paulo II, ao promulgar o novo Código de Direito
Canônico, é claro ao enfatizar o caráter jurídico do mesmo:
[...]
Surge agora uma outra questão sobre a natureza do próprio Código de Direito
Canónico. Para responder devidamente a esta pergunta, é preciso recordar o
antigo património de direito contido nos livros do Antigo e do Novo
Testamento, de onde provém, como da sua primeira fonte, toda a tradição
jurídica e legislativa da Igreja.
[...]
O Código, como principal documento legislativo da Igreja, baseado na herança
jurídica e legislativa da Revelação e da Tradição, deve considerar-se o
instrumento indispensável para assegurar a ordem tanto na vida individual e
social, como na própria atividade da Igreja. Por isso, além de conter os
elementos fundamentais da estrutura hierárquica e orgânica da Igreja,
estabelecidos pelo seu Divino Fundador ou baseados na tradição apostólica ou
na mais antiga tradição, e ainda as principais normas referentes ao exercício
do tríplice múnus confiado à própria Igreja, deve o Código definir também as
regras e as normas de comportamento.
Um instrumento, como é o Código, corresponde totalmente à natureza da
Igreja, sobretudo como é proposta pelo magistério do Concílio Vaticano II,
[...]
De facto, o Código de Direito Canónico é absolutamente necessário à Igreja.
Já que ela também está constituída como um todo orgânico social e visível,
tem necessidade de normas, para que a sua estrutura hierárquica e orgânica se
torne visível, para que o exercício das funções a ela divinamente confiadas,
especialmente a do poder sagrado e a da administração dos Sacramentos, possa
ser devidamente organizado, para que as relações mútuas dos fiéis possam ser
reguladas segundo a justiça baseada na caridade, garantidos e bem definidos
os direitos de cada um, e, enfim, para que as iniciativas comuns, assumidas
para uma vida cristã cada vez mais perfeita, sejam apoiadas, fortalecidas e
promovidas mediante as normas canónicas.
9
Sobre o tema Direito na antiguidade, especialmente grego e romano ver, Coulanges (2003 edição brasileira,
sem as notas de rodapé da edição original, pela RT). Sobre o Direito Hebraico ver: Palma (2007, Juruá). Sobre
o Direito Islâmico ver: Morêz (2008, Juruá). Sobre sistemas jurídicos contemporâneos com fonte no Direito
Divino, ver: David (2002, Martins Fontes) e Losano (2007, Martins Fontes). Para um rápido panorama sobre
o sistema jurídico israelense, indiano, árabe saudita e paquistanês, ver: Klausner (2012,p. 142-155).
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Finalmente, as leis canónicas pela sua própria natureza devem ser observadas;
por isso foi usada a máxima diligência, para que na longa preparação do
Código a expressão das normas fosse precisa e elas se apoiassem num sólido
fundamento jurídico, canónico e teológico.
Depois de todas estas considerações, deve sem dúvida augurar-se que a nova
legislação canónica se torne um instrumento eficaz com que a Igreja possa
aperfeiçoar-se de acordo com o espírito do Concílio Vaticano II, e mostrar-se
cada vez mais capaz de cumprir neste mundo a sua missão salvífica. [...]10
A Reunião Geral do Sínodo dos Bispos de 1967, que definiu os princípios que regeriam
os trabalhos para a revisão do Código de Direito Canônico, foi cristalina ao se expressar sobre a
índole jurídica do Código citado, v.g., no primeiro, no sétimo e no nono princípios, in verbis:
10
SANTA SÉ. João Paulo II, PAPA. Constituição Apostólica “Sacrae Disciplinae Leges” de Promulgação do
Código de Direito Canônico. 1983. Roma, Palácio Vaticano.
11
SANTA SÉ. Comissão para a Revisão do Código de Direito Canônico. Prefácio. Código de Direito
Canônico. 1983, Vaticano.
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proteger os seus interesses, e as vontades que acionam esses poderes são as vontades de certos
homens determinados segundo a organização. ”
A definição acima é criticada por Kelsen, que nela vê uma “hipostatização”. Numa
perspectiva do positivismo jurídico normativo, a própria organização como pessoa jurídica
confunde-se com a sua própria ordem normativa, nada mais é do que uma ordem personificada.
Nesse sentido, no caso em exame, a Igreja Católica confunde-se com o seu próprio Direito
Canônico. Kelsen (2005, p. 144) é peremptório nesse sentido:
Isso porque, para o positivismo jurídico normativo, a pessoa jurídica, que é como se
constitui a Igreja Católica, - e outras organizações religiosas -, à luz da Ciência do Direito, assim
como todas as demais entidades a ela pertencentes ou associadas, é formada por um grupo de
indivíduos tratados pelo Direito como uma unidade. Assim explica Kelsen (2005, p. 140) ipsis
litteris:
[...] ou seja, como uma pessoa que tem direitos e deveres distintos daqueles
dos indivíduos que a compõem. Uma corporação é considerada como uma
pessoa porque nela a ordem jurídica estipula certos direitos e deveres jurídicos
que dizem respeito aos interesses dos membros da corporação, mas que não
parecem ser direitos e deveres dos membros e são, portanto, interpretados
como direitos e deveres da própria corporação. Tais direitos e deveres são, em
particular, criados por atos dos órgãos da corporação.
O sistema normativo oriundo da Igreja Católica, como o sistema normativo que organiza
todo o tipo de corporação ou pessoa jurídica, portanto, é reconhecido pelo próprio Estado como
Direito. Esse sistema normativo de fonte corporativa é essencial para a existência da própria
pessoa jurídica e, no caso, da própria Igreja como ente dotado de personalidade jurídica na
sociedade e perante o Estado, e é ordem normativa jurídica no sentido estrito do termo. Como
leciona Kelsen (2005, p. 142-143):
Dizer que esta associação possui órgãos é exatamente o mesmo que dizer que
os indivíduos que formam a associação estão organizados por uma ordem
normativa. A ordem ou organização que constitui a corporação é o seu
estatuto, os chamados regulamentos da corporação, um complexo de normas
que regulamenta a conduta dos seus membros. Deve-se notar aqui que a
corporação existe juridicamente apenas através do seu estatuto. [...] Os
indivíduos “pertencem” a uma associação ou formam uma associação apenas
na medida em que a sua conduta é regulada pela ordem “da” associação. Na
medida em que a sua conduta não é regulada pela ordem, os indivíduos não
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12
Nesse sentido, Sampel (2002, p. 104-105, versão eletrônica:< http://revistas.pucsp.br/culturateo>).
13
Zani (2007, p. 140, versão eletrônica idem) afirma que o Direito Canônico é ramo da Teologia, confundindo
o interesse interdisciplinar com aspectos dogmáticos e epistemológicos.
14
Nesse sentido, Mörsdorf (Direito Canônico. FRIES, Heinrich (diretor). Dicionário de Teologia: conceitos
fundamentais da teologia atual. 1970, p. 412).
15
Como bem destaca a CAPES, Diretoria de Avaliação. LIMA, Martonio Mont’Alverne Barreto, Coordenador
de Área. Documento de Área 2013 – Área de Avaliação: Direito, p. 4-5
16
Sobre o tema no Brasil, ver também: Aguillar (2015, LTr).
17
Cf. Baldisseri (2011, p. 56-57 e nota de rodapé n. 1), o Decreto n. 119-A de 07 de janeiro de 1890 já
assegurava a liberdade religiosa no Brasil e reconhecia a todas as igrejas e confissões religiosas personalidade
jurídica.
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cada uma delas. Nesse diapasão, viu-se mais acima que as organizações religiosas são pessoas
jurídicas de direito privado na forma do artigo 44, IV, do citado Codex.
No entanto, a Igreja Católica, entre todas as organizações religiosas, tem um caráter e
uma natureza anômala, pois a Santa Sé, que governa a Igreja Católica Apostólica Romana e o
Estado da Cidade do Vaticano, também é pessoa jurídica de direito público externo, conforme
define o artigo 42 do Código Civil, por se enquadrar como ente regido pelo Direito Internacional
Público.
Como os demais Estados a Santa Sé tem sua soberania reconhecida mundialmente na
sociedade de Estados e na Organização das Nações Unidas (BALDISSERI, 2011, p. 23-30, 85 e
s.), da qual participa na qualidade de observador. O Papa governa a Santa Sé como um monarca
absoluto sediado no Estado da Cidade do Vaticano, - um enclave em Roma, capital da Itália -, e
a sua soberania é garantida pelo Estado italiano formalmente pelo Tratado de Latrão de 192918.
A Santa Sé, como os demais entes soberanos, promulga seu próprio direito, o Direito Canônico,
com o qual se organiza e ordena as relações sob sua jurisdição estatal, eclesial e religiosa, bem
como celebra tratados, tratados esses que também criam e regulam direitos, (tradicionalmente
conhecido como Direito Concordatário), e participa de organismos internacionais19. Mazzuoli
(2012, p. 440) frisa que o reconhecimento da personalidade internacional da Santa Sé é histórico
e nunca foi contestado à luz do direito das gentes. Em razão desta soberania, a Santa Sé mantém
relações diplomáticas com 178 países, com organizações internacionais e participa de diversos
organismos intergovernamentais. Atualmente há mais de 180 representantes estrangeiros
credenciados junto a Santa Sé (BALDISSERI, 2011, p. 50-51).
A Santa Sé também mantém relações internacionais com o Brasil que remontam ao
Império e que foram mantidas após a proclamação da República (TENÓRIO, 1976, p. 415-416).
No entanto, carecia de um tratado que regulamentasse as relações entre a Igreja Católica e o
Brasil. Em razão disso e após longa negociação, o Brasil e a Santa Sé firmaram o Acordo
Relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, ratificado em 10 de dezembro de 2009
e promulgado por decreto do Poder Executivo brasileiro em 11 de fevereiro de 2010, Decreto n.
7.107.
18
Sobre o Tratado de Latrão, o Estado da Cidade do Vaticano e a soberania da Santa Sé ver: DE LA BRIÈRE
(1930, p. 113-166).
19
Mesmo antes de 1929 e após a unificação da Itália e a conquista de Roma pelo Rei da Sardenha, o Papa
manteve a sua soberania e a “independência e o livre exercício da autoridade especial da Santa Sé”, reconhecida
conforme a Lei das Garantias de 13 de maio de 1871 promulgada pelo Reino da Itália. Mazzuoli (2012, p. 441-
448) frisa que a Santa Sé sempre foi soberana e reconhecida por todos os Estados como tal, mesmo pelos
Estados que não professam a religião católica.
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Na parte dispositiva do tratado pode ser destacado o artigo 3º, que estipula sobre o
reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja Católica “e de todas as Instituições
Eclesiásticas que possuem tal personalidade em conformidade com o direito canônico”. Tal
dispositivo reconhece ao Direito da Santa Sé capacidade extraterritorial de produzir efeitos no
Brasil no que tange a atribuição de personalidade jurídica às instituições eclesiásticas.
Cite-se, ainda, o disposto no artigo 12 do Acordo, que estabelece que “o casamento
celebrado em conformidade com as leis canônicas, que atender também às exigências
estabelecidas pelo direito brasileiro para contrair casamento, produz os efeitos civis [...]”, assim
como o seu importantíssimo parágrafo 1º.
20
Para uma visão geral do Acordo e seus dispositivos ver Baldisseri e Martins Filho, (coordenadores), 2012,
LTr).
21
Nesse sentido, ver Rodas, Direito Canônico é aplicável no Brasil, por força de tratado ou de regras conflituais.
Consultor Jurídico.10/12/2015, 8h. Apreendido em <conjur.com.br>.
22
As normas de Direito Internacional Privado brasileiro estão dispostas, especialmente, na Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.
23
Nesse sentido, Baldisseri (2011, p. 97).
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REQUERENTE : M W M T
ADVOGADO : JOSÉ EDUARDO COELHO DIAS E OUTRO(S)
REQUERIDO : A C T
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – CURADOR
ESPECIAL
DECISÃO
24
Sobre homologação de sentença estrangeira ver, entre outros, Araujo (2016, p.303-332) e Dolinger e Tiburcio
(2016, p. 613-618).
25
Acessado e apreendido diretamente na página do Superior Tribunal de Justiça em 08 de abril de 2017,
<http://www.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?processo=006516.NUM.&&tipo_visualizacao=RESUMO&b=
DTXT&thesaurus=JURIDICO&p=true>.
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É o breve relatório.
Decido.
26
Outras decisões já foram proferidas, inclusive reconhecendo a constitucionalidade do Acordo Brasil-Santa
Sé e a adequação do Direito Canônico às garantias fundamentais de natureza processual, como o respeito ao
princípio da igualdade, ao contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido julgado da Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça, SEC 11.962-EX, Rel. Min. Felix Fischer, j. 4/11/2015, DJe 25/11/2015.
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DOI: 10.12957/rqi.2019.37638
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DOI: 10.12957/rqi.2019.37638
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27
Ser parte desta convenção é sine qua non para participar do processo de uniformização das regras para a
educação superior e para a concessão de graus acadêmicos, cf. http://www.ehea.info/pid34249/members.html.
28
http://www.coe.int/en/web/conventions/full-list/-conventions/treaty/country/HOL?p_auth=XUmxKksJ.
29
Ver, http://www.ehea.info/.
30
Cf. http://www.ehea.info/pid34438/three-cycle-system.html.
31
O ECTS também propicia ao estudante e as instituições de ensino um critério fixo para avaliar e determinar
o número de horas dedicadas às disciplinas cursadas e, assim, possibilizar a sua contabilização em caso de
retorno de estudantes estrangeiros ao país de origem para aproveitamento de estudos ou para a revalidação e
reconhecimento de diplomas de graduação e pós-graduação stricto sensu.
32
Cf. http://www.ehea.info/pid34438/three-cycle-system.html
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33
Segundo HORTAL, in SANTA SÉ, Código de Direito Canônico (2008, nota ao Cân. 808, p. 218).
34
Cf. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS. Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado.
Esclarecimentos do Reitor sobre o reconhecimento pontifício da Católica como PUC Goiás, 16 de setembro
de 2009, in http://www.ucg.br/ucg/avisos/0249.asp, apreendido em 09 de fevereiro de 2017.
35
Disponível em < http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_constitutions/documents/hf_jp-
ii_apc_15041979_sapientia-christiana.html> apreendida em 10 de março de 2018.
36
Cf.<http://www.educatio.va/content/cec/it/studi-superiori-della-santa-sede/quadro-nazionale-delle-
qualifiche/qualifications-framework/diritto-canonico.html> apreendido em 10 de março de 2018.
37
PONTIFÍCIO INSTITUTO SUPERIOR DE DIREITO CANÔNICO DO RIO DE JANEIRO. Guia
Acadêmico. Sem data. Rio de Janeiro, p. 10, disponível em http://pisdc.com.br/site/wp-
content/uploads/2010/10/Guia-Academico.pdf.,p.16.
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38
Cf. http://www.unigre.it/Univ/chi_siamo_it.php.
39
O Tratado de Latrão é composto por acordos firmados entre a Santa Sé e a Itália, datados de 11 de fevereiro
de 1929, que puseram fim a “Questão Romana” e fundaram o Estado da Cidade do Vaticano. No processo de
unificação da Itália, os Estados Pontifícios e a cidade de Roma, território da Santa Sé, foram invadidos pelas
tropas do Rei da Sardenha e anexados definitivamente em 1870, o que levou o Papa Pio IX a se refugiar no
Palácio do Vaticano e a não reconhecer a soberania italiana. Pelos acordos de Latrão, a Santa Sé aceita a perda
dos Estados Pontifícios e da cidade de Roma, decorrente da unificação italiana, reconhece o Reino da Itália, e,
em compensação, entre outras vantagens, mantém a soberania sobre os 44 hectares do Vaticano - originalmente
uma localidade na cidade de Roma -, reconhecidos pela Itália como território do Estado da Cidade do Vaticano,
sobre o Palácio de Castelgandolfo, sobre as Basílicas de São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo
Extramuros situadas na cidade de Roma. Os acordos também concedem imunidades diplomáticas, fiscais,
compensações financeiras e inclui matérias de interesse religioso. Sobre o assunto ver, também, MELLO
(2004, p. 562-563) e ACCIOLY, SILVA e CASELLA (2009, p. 552-553).
40
Cf. http://www.unigre.it/Univ/su/PUG_esenzione_it.php.
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instituição de ensino superior romana com institutos de estudos superiores ao nível de primeiro
e segundo ciclo de estudos (bacharelado e mestrado)41.
A PUG observa o Processo e o Acordo de Bologna42 para a construção de um espaço
europeu integrado de alto nível para a educação superior, e, por sua vez, a Faculdade de Direito
Canônico da PUG foi fundada em 1876, é renomadíssima, e dedica-se a estudar e a pesquisar a
Ciência Jurídica Canônica, ordenamento da própria Santa Sé, o que faz com expertise
incomparável vez que é uma Faculdade dedicada a um ramo do Direito ligado umbilicalmente a
sua própria existência como ente central da Santa Sé e da Igreja Católica Apostólica Romana.
As informações sobre a Faculdade e sobre o Curso de Direito Canônico estão disponíveis
em várias línguas em sítio próprio43, e especificamente se afirma a adequação do seu currículo
ao sistema de três ciclos estabelecido pelo Processo de Bologna. O segundo ciclo, com defesa
de uma dissertação (em italiano “Tesi di licenza sotto la guida di um professore”44), equivale ao
segundo ciclo pelo Processo de Bologna e se adequa ao estabelecido no Brasil para o grau de
mestrado, como será demonstrado. O terceiro ciclo equivale ao doutorado.
O segundo ciclo do Processo de Bologna, (que pode corresponder ao curso de
mestrado45), implica em carga horária total de atividades acadêmicas que varia em média de 90
a 120 ECTS, não podendo ser inferior a 60 ECTS. Cada crédito ECTS corresponde a 25-30 horas
de atividades acadêmicas, o que gera uma carga de trabalho de 1.500 a 1.800 horas por ano,
conforme o ECTS User’s Guide p. 10-19, publicado pela Comissão Europeia em 201546.
A carga horária contada em créditos e horas de atividades acadêmicas a serem cursadas
pelos alunos do curso equivalente ao mestrado em Direito Canônico da PUG, atende aos
requisitos do Processo de Bologna para os estudos do segundo ciclo. Os alunos que não cursaram
Faculdade de Teologia obrigatoriamente cursam também o primeiro ciclo, com dois anos de
duração, como se pode constatar do Programma degli Studi 2016-201747, conforme determinado
na Constituição Apostólica Sapientia Christiana e já exposto mais acima.
41
Cf. explana a Congregazione per l’Educazione Cattolica della Santa Sede em
http://www.educatio.va/content/cec/it/studi-superiori-della-santa-sede.html, apreendido em 09 de fevereiro de
2017. Nesse sentido também, HORTAL in SANTA SÉ. Código de Direito Canônico, 2008, nota ao Cân. 816,
p. 219).
42
Cf. <http://www.unigre.it/Studenti/processo_bologna_en.php>.
43
http://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/brochure/090100_brochure_diritto_canonico.pdf.
44
Cf. http://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/specifico/brochure_diritto_canonico_en.php.
45
Sobre as dificuldades na equiparação de diplomas e graus acadêmicos estrangeiros aos brasileiros ver
VARELLA e LIMA, (2012, p. 143-161, doi: 10.5102/rbpp.v.2i1.1814).
46
Disponível in http://ec.europa.eu/dgs/education_culture/repository/education/ects/users-guide/docs/ects-
users-guide_en.pdf.
47
Disponível no sítio da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana in
http://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/documenti/programma_diritto_canonico_2016-
17_v2.pdf.
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48
Para detalhes ver la brochure della Facoltà di Diritto Canonico, disponível in
<http://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/specifico/brochure_diritto_canonico_it.php>
apreendida em 30 de janeiro de 2017.
49
Cf.< https://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/specifico/terzo_ciclo_ordinario_it.php>
apreendido em 01 de setembro de 2018.
50
Trata-se de uma especialização em prática forense romana, com estudo de disciplinas e temas mais comuns
judicialmente, análise de casos judicias e jurisprudência dos tribunais eclesiásticos.
51
Cf.<https://www.unigre.it/struttura_didattica/Diritto_canonico/brochure/090100_brochure_diritto_canonico
.pdf >apreendido em 01.09.2018.
52
A pós-graduação stricto sensu em Direito da USP possui posição consolidada na nota 6 de avaliação do
Capes. A nota máxima é 7, mas nenhum programa de pós-graduação em Direito no Brasil atingiu a nota 7 até
a data do relatório no ano de 2013. Somente oito programas de pós-graduação em Direito receberam nota 6,
que significa produção científica de nível e referência internacional, formação de professores com forte
inserção nas universidades brasileiras em todas as regiões do país, renome de seus professores em nível
nacional e internacional, e, no caso da USP, forte inserção na vida política e jurídica do país, cf. Relatório de
Avaliação Trienal 2013 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, do
Ministério da Educação da República Federativa do Brasil, p. 25 e s. in
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=Y2FwZXMuZ292LmJyfHRyaWVuYWwtMjAxM3x
neDo5NWRiMjBlOGY2ZDQ5ODA. Ver também http://www.prpg.usp.br/index.php/pt-br/faca-pos-na-
usp/programas-de-pos-graduacao/215-direito-fd>, apreendido em 30 de janeiro de 2017.
53
Cf. Normas da Comissão Coordenadora do Programa Direito, disponível in
http://www.prpg.usp.br/uploads/norma-CCP-Direito-FD.pdf, apreendido em 30 de janeiro de 2017.
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O diploma expedido pela PUG é escrito em latim, língua oficial da Santa Sé, atribui ao
seu beneficiário o título de “Licentiatum in Iure Canonico”, o que equivale ao título de Mestre,
considerando a graduação prévia em Teologia ou Direito (somada a carga horária a ser cumprida
no primeiro ciclo para os que não estudaram Teologia) e a carga horária do Curso, o Acordo de
Bolonha e a legislação que rege a concessão do título ou grau. O título de Doutor pode,
opcionalmente, vir agregado com especialização em Giurisprudenza. Frise-se que esses títulos
são legalmente reconhecidos pela Congregação para a Educação Católica (para as Instituições
de Estudos)54, órgão máximo da Santa Sé para a educação católica, atribuindo ao seu detentor
grau canônico, conforme já esclarecido anteriormente. Sendo assim, o diploma emitido pela
PUG atende a todas as exigências do ordenamento jurídico da Santa Sé para a sua plena validade
e efeitos de direito, e tem plena equivalência com os brasileiros de modo a permitir o seu
reconhecimento.
Portanto, considerando o Acordo Brasil – Santa Sé, já citado em outro momento, no qual
o artigo 9º. dispõe sobre o reconhecimento recíproco de títulos e qualificações em nível de
graduação e pós-graduação desde que atendidas às exigências dos ordenamentos jurídicos
brasileiro e da Santa Sé, não há óbice legal para que o título e grau concedido pelas universidades
e faculdades eclesiásticas da Santa Sé, decorrentes de estudos de pós-graduação stricto sensu em
Direito Canônico sejam reconhecidos como correspondentes aos de Mestre e Doutor em Direito
e produzam os seus naturais e jurídicos efeitos no Brasil.
Questão importante a ser examinada é sobre a possibilidade do curso de pós-graduação
stricto sensu em Direito Canônico ser ministrado validamente em solo brasileiro por Instituição
de Ensino da Santa Sé, ou sob seu patrocínio.
3.1.1. Curso de pós-graduação stricto sensu em Direito Canônico ministrado no Brasil
por universidade eclesiástica da Santa Sé.
Esse problema é relevantíssimo, considerando que muitos egressos da pós-graduação
stricto sensu em Direito Canônico com títulos de “Licentitatum in Iure Canonico” e diplomas
expedidos pela PUG estudaram e pesquisaram no Brasil, mais precisamente no Pontifício
Instituto Superior de Direito Canônico – PISDC55, fundado e administrado pela Arquidiocese do
Rio de Janeiro e agregado à PUG com a autorização da Santa Sé.
Frise-se que existem outros institutos de estudos de Direito Canônico erigidos no Brasil
e vinculados a universidades eclesiásticas estrangeiras, como o recém-fundado Instituto de
54
A tradução para o português é da própria Santa Sé, conforme sítio na internet: <
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/index_po.htm> apreendido em 22 de fevereiro
de 2017.
55
Não há Curso de Doutorado no PISDC até 21 de setembro de 2018, embora haja estudos sobre o assunto.
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56
Ver: http://isdcsc.org.br/institucional/, acesso em 17 de março de 2017.
57
A Resolução CNE/CES no.3 de 2016, em seu artigo 32, revogou expressamente apenas o artigo 4º. da
Resolução CNE/CES no.1 de 2001.
58
Regulamentos não podem restringir ou ampliar direitos assegurados por lei ou por tratado, pois visam
propiciar a execução da lei ou do tratado (vide artigos 87, II, e 84, IV, da Constituição Federal). Frise-se que a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça é pacífica ao atribuir aos tratados
internacionais status hierárquico supralegal, ou seja, superior a lei.
59
Os Dicastérios são órgãos da Santa Sé que auxiliam o Papa no governo da Igreja e do Estado, vide:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_20051996_profil
e_en.html, e, principalmente, a Constituição Apostólica Pastor Bonus Sobre a Cúria Romana, disponível em
http://paroquiasantoantoniopatos.com.br/admin/documentos/Constitui%C3%A7ao-Apostolica-PASTOR-
BONUS-sobre-a-Curia-Romana.pdf.
60
Cf. pode ser constatado em http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/index_po.htm.
61
Cf. PONTIFÍCIO INSTITUTO SUPERIOR DE DIREITO CANÔNICO DO RIO DE JANEIRO. Guia
Acadêmico. Sem data. Rio de Janeiro, p. 10, disponível em http://pisdc.com.br/site/wp-
content/uploads/2010/10/Guia-Academico.pdf. e também como narrado resumidamente na citada página da
internet.
62
Cf. se constata em http://pisdc.com.br/site/institucional/organizacao/.
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63
Romano é a denominação dada aos que têm o equivalente a nacionalidade da Santa Sé. Deve também ser
frisado que não é estranho ao direito brasileiro o reconhecimento de organizações com dupla nacionalidade,
como, por exemplo, ocorre no Tratado para o Estabelecimento de um Estatuto das Empresas Binacionais
Brasileiro-Argentinas citado por DEL’OLMO (2015, p. 221).
64
Cf. http://pisdc.com.br/site/quem-somos/ e http://pisdc.com.br/site/wp-content/uploads/2010/10/Guia-
Academico.pdf.
65
A doutrina é unânime ao interpretar literalmente o caput, v.g.: TENÓRIO (1976, v.2, p. 21-22) e
RECHSTEINER(2015, p.184-195) esclarecendo que o Brasil se filia a teoria da incorporação.
66
Está registrado como estabelecimento filiado à Mitra Arquidiocesana do Rio de Janeiro, cf.
http://www.empresascnpj.com/s/empresa/mitra-arquiepiscopal-do-rio-de-janeiro-nome-fantasia-instituto-
superior-de-direito-canonico/33593575033470, apreendido em 17.3.2017.
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67
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Portaria 457 de 2010, Manual do Serviço Consular e Jurídico,
art. 4.7.2.
68
Idem, art. 4.7.1. Nesse sentido a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), v. g. no seguinte aresto do STF, SEC-4.738/EU. Rel. Min. Celso de Mello, DJ 07-04-95, p.
0871: “[...] O ato de chancela consular destina-se a conferir autenticidade ao documento formado no exterior
(RTJ 49-148). Os cônsules brasileiros, quer em face de nosso ordenamento positivo interno, quer à luz do que
prescreve a Convenção de Viena sobre relações consulares (1963), dispõem de funções certificantes e de
autenticação de documentos produzidos por órgãos públicos do Estado estrangeiro perante o qual
desempenham as suas atribuições. ”
69
Decreto n. 61.078 de 26 de julho de 1967.
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70
Sobre a Convenção da Apostila da Haia, ver http://www.cnj.jus.br/poder-judiciario/relacoes-
internacionais/convencao-da-apostila-da-haia. Frise-se que a Itália é parte da Convenção da Apostila, mas não
a Santa Sé. Itália e Santa Sé firmaram acordo para reconhecimento comum de graus e diplomas de ensino
superior, vez que ambas participam do Processo de Bologna, além de manterem disposições convencionais do
Tratado de Latrão que se estendem em favor da PUG.
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Todo documento estrangeiro para produzir efeitos legais no Brasil deverá ser traduzido
para o português, idioma oficial do país conforme art. 13 da Constituição Federal, em razão do
determinado nos arts. 129, 6º. e 148 da Lei n. 6.015 de 1973 e art. 224 do Código Civil. O tradutor
deverá ser necessariamente o Tradutor Público nomeado e registrado pela Junta Comercial, sob
pena da tradução não ter fé pública nos termos do Decreto n. 13.609 de 1943, art. 19.
Destaque-se que o Supremo Tribunal Federal sempre foi peremptório ao exigir a
tradução para o português dos documentos apresentados em processos de homologação de
sentença estrangeira. Tradução essa realizada obrigatoriamente no Brasil por Tradutor Público e
Juramentado, devidamente nomeado e inscrito na Junta Comercial71, dando, portanto, pleno
cumprimento ao disposto no art. 15, letra “d”, da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, norma essa que foi repetida no Código de Processo Civil de 2015, art. 963, V.
Outrossim, o citado Código de Processo Civil é categórico ao dispor no art. 192,
parágrafo único, que o “documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado
aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática
ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado”.
Portanto, é de bom alvitre traduzir o diploma expedido por instituição de ensino da Santa
Sé para o português, valendo-se do serviço de Tradutor Público. Caso não haja Tradutor Público
habilitado para o latim, deverá o interessado requerer a nomeação de tradutor ad hoc com base
no parágrafo único do art. 19, do Decreto n. 13.609 de 1943, e art. 18, da Instrução Normativa
DIREI n. 17 de 5 de dezembro de 2013, do Diretor do Departamento de Registro Empresarial e
Integração.
Importante também mencionar o artigo 20 da Resolução CES/CNE n. 3, que assim
dispõe:
Cursos de pós-graduação stricto sensu estrangeiros, cujos diplomas tenham
sido objeto de reconhecimento nos últimos 10 (dez) anos, receberão, da
universidade responsável pelo reconhecimento do diploma, tramitação
simplificada.
A tramitação simplificada visa a agilizar e desburocratizar o processo de
reconhecimento dos graus universitários estrangeiros, e poderá beneficiar o reconhecimento de
diplomas de pós-graduação stricto sensu concedidos pelas instituições de ensino da Santa Sé.
As universidades deverão aguardar o lapso temporal determinado como mínimo na
Resolução, dez anos contados a partir do primeiro reconhecimento, para adotar o procedimento
simplificado. O procedimento simplificado não pode ser adotado considerando apenas ser
71
Vide, por exemplo, SE-6.609, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 06/12/2000, j. 28/11/2000, p. 0009.
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4. Considerações Finais
O presente trabalho demonstrou e provou ser o Direito Canônico uma disciplina
eminentemente jurídica. Eventual interesse da Teologia pela disciplina não afeta a sua natureza,
considerando que o seu objeto é o fenômeno jurídico. O Direito Canônico não é um discurso de
fé religiosa ou sobre Deus, sua natureza, qualidades e relação com seus fiéis. Assim como não é
um estudo sistemático sobre as práticas eclesiais e litúrgicas. Logo, não é Teologia ou ramo
especializado da Teologia.
A Ciência Canônica tem por objeto o fenômeno jurídico no seio da Santa Sé e da Igreja
Católica Apostólica Romana. Como Ciência Social aplicada, se materializa para os seus
destinatários como sistema de normas coercitivo a estabelecer direitos e deveres. Nesse sentido,
o Direito Canônico é essencialmente dogmático, jurídico e normativo, e visa disciplinar e
organizar a vida e as práticas na Igreja de modo coercitivo para todos os seus membros. Assim,
possui todos os elementos do saber jurídico e as principais características do Direito: a
heteronomia, a coercibilidade e a bilateralidade atributiva. Por conseguinte, o Direito Canônico
é epistemologicamente ramo da Ciência do Direito e está inserido nessa área de conhecimento.
Consequentemente, como as demais disciplinas jurídicas que têm por objeto o fenômeno
jurídico e a normatividade, o método adequado de estudo, pesquisa e operação é o jurídico,
utilizado pelo jurista.
A determinação do Direito Canônico como ramo do Direito repercute, também, na
própria identidade científica dos profissionais dedicados a essa disciplina. Nesse último aspecto,
significa que canonistas são juristas e que os graus, títulos e diplomas acadêmicos atribuídos a
esses profissionais são pertinentes a área de conhecimento do Direito.
Portanto, considerando que esta pesquisa também provou serem às exigências romanas
equivalentes às brasileiras para a obtenção de títulos, graus e diplomas de Pós-Graduação Stricto
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Sensu em Direito, não há motivo para não reconhecer esses diplomas em Direito Canônico
expedidos por instituições de ensino superior da Santa Sé. Diplomas esses que podem e devem
ser reconhecidos pelos Programas de Pós-Graduação em Direito brasileiros, mantidos por
universidades públicas ou privadas, para que produzam plenamente todos os efeitos jurídicos
correspondentes aos graus acadêmicos de Mestre ou Doutor em Direito atribuído ao titular do
diploma.
Esse estudo demonstra ainda que as restrições impostas ao reconhecimento de diplomas
expedidos por universidades estrangeiras, quando o curso é fornecido diretamente no Brasil, não
se aplica aos diplomas expedidos pelas universidades eclesiásticas da Santa Sé.
Ademais, a análise realizada evidenciou que para o reconhecimento do diploma de
Mestre ou Doutor em Direito Canônico expedido por instituição de ensino da Santa Sé, não basta
a aplicação literal da Resolução CNE/CES n. 3 de 2016. A Resolução deve ser aplicada à luz da
legislação específica aplicável a Santa Sé e as organizações religiosas: o Acordo Brasil – Santa
Sé, promulgado pelo Decreto n. 7.107 de 2010, o Código Civil e a Lei n. 9.394 de 1996.
Outrossim, foi diagnosticado que a Resolução CNE/CES n. 3 de 2016 erra ou se omite
em pontos fundamentais para a validade dos documentos acadêmicos no Brasil. A tradução da
documentação acadêmica para o português é necessária, e a Lei de Registros Públicos deverá ser
observada para a validade do reconhecimento do diploma expedido por qualquer universidade
estrangeira, assim como as demais normas citadas sobre legalização consular, ou apostilamento
se for o caso, a fim de que não venha a ser o ato de reconhecimento e equivalência do grau
acadêmico estrangeiro eivado de vício com prejuízo para o detentor do diploma acadêmico
estrangeiro e para a universidade reconhecedora72.
Por fim, após o decurso do lapso temporal determinado no artigo 20 da Resolução
CES/CNE n. 3 de 2016, dez anos desde o primeiro reconhecimento de diploma de pós-graduação
stricto sensu concedido por estabelecimento específico de ensino superior romano, deverá ser
adotado o procedimento simplificado para reconhecimento de diploma pela universidade
brasileira reconhecedora.
72
A palavra reconhecedora é adotada pela Resolução CNE/CES n. 3 de 2016 para identificar a universidade e
os seus órgãos responsáveis pelo reconhecimento, trata-se, portanto, de nomen iuris as designações
universidade reconhecedora, instituição reconhecedora ou órgão reconhecedor.
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