A Espiritualidade Na Família
A Espiritualidade Na Família
A Espiritualidade Na Família
Estrutura da família
O homem, é impelido irresistivelmente, por sua fortíssima tendência natural para a
felicidade, a propor e a resolver a profunda questão vital sobre o fim último da vida
humana e da morte. Essa felicidade plena não se encontra na vida terrestre e material,
mas na vida eterna e transcendente. Se observamos a natureza da realidade, veremos
que o sentido de uma coisa se encontra para além dessa coisa mesmo. O sentido de uma
escola não se encontra na própria escola, mas visa uma formação técnica ou superior,
assim como o ensino superior não tem sentido em si mesmo, mas adquire sentido no
exercício de uma profissão para a qual a pessoa foi qualificada, e o sentido dessa
profissão não se encerra nela mesmo, mas no provável retorno financeiro que ela
garanta, e assim por diante.
Assim, o homem possui algo de profundamente distinto dos animais, que não são
capazes de amar e, por isso mesmo, não exercem em sentido próprio nenhum papel
familiar. As relações que os bichos estabelecem entre si regem-se por inclinações
naturais ordenados à satisfação de necessidades biológicas (comer, beber, reproduzir-se
etc.). O ser humano, no entanto, traz em seu coração, animado por uma alma espiritual,
muito mais do que carências orgânicas: há nele um anseio mais fundamental, que prazer
físico e material nenhum pode substituir: amar e ser amado.
Comida, sexo, dinheiro, realização profissional, nada disso é capaz de nos tirar aquele
anseio infindável, aquele desejo por alguma coisa a mais que fica bem no fundo de
nossa alma. Ainda que tudo tenhamos neste mundo, ainda assim sentimos que algo nos
falta. É justamente aí que se encontra o papel e a finalidade de uma família, de um pai e
de uma mãe que nos ponham no mundo e, transmitindo-nos valores e amor, nos deem as
ferramentas necessárias para forjarmos o nosso caminho nesta vida em direção àquela
outra que nos espera na eternidade. Precisamos, pois, ter e ser família, porque ser
família com Deus no Céu, em comunhão com toda a Igreja e com todos os santos, é a
finalidade última de nossa existência terrena.
Entretanto, diante de um mundo cada vez mais fechado em si mesmo, as pessoas foram
levadas a se esquecerem da importância da família como ponto de partida para a nossa
comunhão no Céu. Ideologias perniciosas corromperam o sentido da família
estabelecido por Deus. Ele mesmo, que poderia ter se encarnado da forma que quisesse,
escolheu ser gerado no seio de uma família, recebendo o carinho e o amor de seus pais
humanos.
Nunca a família esteve tão ameaçada quanto está na modernidade. Legalização do
aborto, ideologia de gênero, poligamia, uniões homoafetivas, tudo isso forma um
conjunto de fatores cuja finalidade é a destruição da família tradicional, não porque se
pretenda substituí-la em sua finalidade transcendente, mas porque ela também
desempenha um papel fundamental na existência terrena como instância continuadora
dos ensinamentos de Cristo, como transmissora de valores materiais e espirituais e
como núcleo dentro do qual nenhum poder temporal pode se imiscuir. Os inimigos da
família sabem que um indivíduo fora desse núcleo familiar está desprotegido e se torna
uma presa fácil para poderes mundanos mais fortes do que ele.