Xavier Candido F Escrinio de Luz
Xavier Candido F Escrinio de Luz
Xavier Candido F Escrinio de Luz
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INDICE
ESCRÍNIO DE LUZ
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À FRENTE DA MORTE
Emmanuel
Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado
que partiu...
Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.
Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.
Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.
Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda.
Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para a
frente, honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te
reservou.
Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do
labirinto em que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na
recuperação do rumo certo.
Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na
grande viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé; sem
esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.
Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque, de outros domínios
vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as
tuas vitórias solitárias, portas a dentro de teu mundo interior.
Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não
passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em
gradativa e laboriosa ascensão para a vida eterna.
Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o
amor, a beleza e a vida, para arremessá-los às trevas.
Repara em torno dos próprios passos.
A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.
O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e
floração.
A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com
asas multicolores de borboleta.
Nada parece.
Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.
Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos
a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso
próprio espírito, a luz inextinguível da gloriosa imortalidade.
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F. de La Rochefoucauld em “Maximes”: On n’est jamais si hereux ni si
malheureux qu’on s’imagine. Nunca se é tão feliz ou tão desgraçado quanto as
aparências possam fazer supor.
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A INCÓGNITA DO ALÉM
Emmanuel
Meus amigos, Deus vos conceda muita paz espiritual no caminho diário.
Conheço a ansiedade com que muitos de vós outros batem às portas da
revelação; sei de vossas aspirações e já experimentei vosso desejo infinito.
O homem defrontará sempre a incógnita do além túmulo, tomado de indezíveis
angústias, quando se distancia do alimento espiritual, matéria prima da vida externa. É
o que ocorre no cenário de vosso século, repleto de acontecimentos de profunda
significação científica e filosófica, cercados de realizações, da máquina e empolgados de
ideologias políticas; permaneceis à beira de abismos que solapam os séculos laboriosos
de realizações.
O homem moderno cresceu em suas realizações puramente intelectualísticas
avançando no domínio das organizações materiais entretanto, por trás de muralhas de
livros, ao longo de códigos pacientemente elaborados, à sombra de laboratórios, a
inteligência da criatura se esconde para preferir a morte. A ciência que devassou desde o
sub-solo à estratosfera, manifesta a sua impossibilidade de dominar o vulcão mortífero.
Vinte séculos de pensamento cristão não bastaram. Milhares de mensagens da
Providência Divina, convertidas em utilidades para a civilização de nossos tempos
sopitaram os novos surtos de devastações e misérias. Não lamentamos porém. Apenas
nos referimos à semelhante derrocada para exaltar a grandeza da experiência espiritual.
O homem econômico de nossas filosofias atuais não pode subsistir no quadro da
evolução divina. O homem é espírito antes de tudo. A Terra é a nossa escola milenária,
aguardando resignadamente a nossa madureza de sentimentos.
É por isto que acorrestes à presente reunião, em vossa maioria tangidos pelo
desejo de auscultar o desconhecido. É por isso que esperáveis expressões fenomênicas
que vos modificassem inteiramente. No fundo, meus amigos, desejais a Fé, quereis tocar
a certeza. Entretanto, a curiosidade não pode substituir o trabalho perseverante e
metódico. Nenhuma técnica profissional por mais singela pode se eximir de cultores da
experiência sentida e vivida.
Alguns dentre vós formulais indagações mentais enquanto outros aguardam
manifestações que firam as percepções externas. Todavia, apesar do desejo de vos
atender particularmente, não seria possível quebrar a lei universal da iniciativa de cada
um no campo do livre arbítrio que nos rege os destinos. Vossa ansiedade palpita em todo
mundo. A humanidade suplica expressões novas que lhe definam as diretrizes para o
mais alto e vossos corações permanecem cansados do atrito despensivo. Sois, de modo
geral, os viajores que extenuados do caminho árido começam a indagar as profundezas
do céu, tendo sempre uma resposta para quantos o contemplam, convictos de que a vida
é testemunho de trabalho, de realizações e de confiança. Nenhuma elevação se verificará
sem o esforço próprio.
É por este motivo que as idéias religiosas antigas, embora respeitáveis pelas
mais sublimes tradições, não mais satisfazem. Os templos de pedra deixam exalar ainda
o incenso da poesia, mas as novas esperanças pedem esclarecimentos concretos e
roteiros precisos.
Sim, nossa sede é justa.
A fonte, porém, ainda é aquela que o Mestre nos trouxe há dois mil anos.
Procurai esta água da vida eterna.
Não vos deixeis dominar tão somente pela ânsia que às vezes é doentia.
Procurai de fato conhecer.
Não vos restrinjas ao campo limitado da curiosidade. Toda curiosidade é boa
quando conduz ao trabalho.
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Recebei, portanto, os serviços de Deus, em vós mesmos. Vosso coração e vossa
inteligência constituem a grande oficina. Aí dentro operareis maravilhas desde que não
condeneis vossas melhores ferramentas de observação e possibilidades de serviço à
ferrugem do esquecimento.
Que a vossa curiosidade seja um marco útil na estrada da sabedoria.
Continuai no vosso esforço lembrando que se viestes hoje bater à porta do mais
além, o mais além respondendo vem bater igualmente às vossas portas.
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Paul Auguez em “Moderne et rococó”: L’experience est le total de nos
décepetions. A experiência é a soma total de nossos desenganos.
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A PRECE
Emmanuel
A oração não será um processo de fuga do caminho escuro que nos cabe percorrer, mas
constituirá uma abençoada luz em nosso coração, clareando-nos a marcha.
Não representará uma porta de escape ao sofrimento regenerativo de que ainda
carecemos, mas expressará um bordão de arrimo, com o auxílio do qual superaremos a
ventania da adversidade, no rumo da bonança.
Não será um privilégio que nos exonere da enfermidade retificadora, ambientada em
nosso próprio templo orgânico pela nossa incúria e pela nossa irreflexão, no abuso dos
bens do mundo, entretanto, comparecerá por remédio balsamizante e salutar, que nos
renove as energias, em favor de nossa própria cura.
Não será uma prerrogativa indébita que nos isente da luta humana, imprescindível ao
nosso aperfeiçoamento individual, todavia, brilhará em nossa experiência por sublime
posto de reabastecimento espiritual, suscetível de garantir-nos a resistência e o valor na
tarefa de renunciação e sacrifício em que nos cabe perseverar.
Não será uma outorga de recursos para que os nossos caprichos pessoas sejam
atendidos, no jardim de nossas predileções afetivas, contudo, será uma dispensação de
forças para que possamos tolerar galhardamente as situações mais difíceis, diante
daqueles que nos desagradam, em sociedade ou em família, ajudando-nos, pouco a
pouco, a edificar o santuário da verdadeira fraternidade, no próprio coração, em cujo
altar amealharemos o tesouro da paz e do discernimento.
Ainda mesmo que te encontres no labirinto quase inextricável das provações inflexíveis,
ainda mesmo que a tua jornada se alongue sob o granizo da discórdia e da
incompreensão, em plena sombra cultiva a prece, com a mesma persistência em
empregas na procura diária da água para a sede e do pão para a fome do corpo.
Na dor, ser-te-á divino consolo, na perturbação constituirá tua bússola.
Não olvides que a permanência na Terra é uma simples viagem educativa de nossa alma,
no espaço e no tempo, e não te esqueças de que somente pela oração descobriremos,
cada dia, o rumo que nos conduzirá de retorno aos braços amorosos de Deus.
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Jean Baptiste H. de Lacordaire em “Pensées”: Le bonheur est la vocation de l’homme. A
felicidade é a vocação do homem.
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A REFULGENTE
LUZ DO ESCRÍNIO
Emmanuel
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Utopia, de Tomás Morus, a Cidade do Sol, de Companella, a Cidade de Deus de
Agostinho, enfim, esses oásis de paz desanuviada, com a sombra das tamareiras e a
doce fonte borbulhante, tudo como, principalmente os brasileiros, costumam ambicionar
(em sua sabedoria tão semelhante à chinesa quanto a argentina recorda a japonesa!) e
mais o complemento do "pijama-largo", verde-e-amarelo.
Ao pé de cada mensagem deste livro, ditado, todo ele, pelo Espírito de
Emmanuel, o leitor encontrará, postos por nossa conta, os "clarões" que mencionamos,
as pequenas "chaves", (apenas a título de ilustração), visto que os imponentes portões
que se abrem para o Caminho, já foram, linhas acima, escancarados pela respeitável
Entidade Espiritual à qual, no futuro, se erguerão monumentos pelos levantes serviços
prestados ao Amor, à Paz e à Fraternidade real entre os homens.
Todavia, por agora, essa Humanidade-Criança ainda se deixa levar pela mão,
tão franqueada aos carismas que estes chegam a parecer um pirulito. E docilmente
caminha, - quase sempre cegos arrastados por outros cegos, - conduzida pelas velhas-
raposas, sendo ela a Menina-do- Chapeuzinho- Vermelho. E para os raposões, conforme
Jung (tão perto de nós!) constatou, os interesses-criados, o PODER, constitui uma
questão de vida ou morte.
Conhecem-se as leis dos quanta e desandamos por esses espaços siderais
para saber que poeira esdrúxula é essa que cobre as crateras e vulcões extintos dessa
velha alcoviteira dos namorados: a Lua.
Mas não procuramos saber que temos ONTENSREENCARNATÓRIOS, anteriores
ao nascimento de nossa individualidade atual, e que arrastamos como um lastro. E esse
passado é, nas mais das vezes, inglório: se revelado, pouco ou nenhum orgulho nos
trará, mas, sem dúvida, teve participação nos processos da História e nos destinos de
outros seres. E se dele não nos recordamos é por acréscimo da Divina Providência, que
de nós se condói.
Desse processo, - que vem a ser uma das Leis que regem a Vida, - resulta O
QUE SOMOS HOJE - por vezes incomodativamente.
E tão pouco nos preocupamos em revezar um minutinho do nosso cotidiano,
para conjeturar que as nossas ações atuais são o PROJETO sobre o qual nossa vida será
reconstruída no ETERNO AMANHÃ, nesse Futuro Dinâmico, do qual inexoravelmente
somos parte constitutiva.
E quem pensa nessa ponte até bem pouco pintada de negro, a MORTE, hoje
desmoralizada por esse enfant gaté de apenas 100 anos, o ESPIRITISMO?!
Por isso nos preparamos para ir até ali na esquina, mas estamos em geral
distraídos de pensar que tudo isto que nos cerca é apenas uma ESTAÇÃO DE
BALDEAÇÃO. De um momento para o outro os ponteiros do enigmático relógio dos
nossos "tempos particulares", estarão marcando o momento da "partida".
Todavia esses pensamentos, se levados a sério, arrancarão reclamações de
nossa parte: "esquentam a cabeça da gente", "há muito tempo para se pensar nisso!".
São as alegações mais comuns.
Inesperadamente o homem-do-apito deixará escapar o aviso e o trem se porá
em movimento.
Só nos preocupa que QUEREMOS, que PRECISAMOS ser felizes.
E a Felicidade, onde se enquadra? Na ÉTICA, na MORAL, na RELIGIÃO?
Deveria ser mister da Religião que se diz capaz de SALVAR as criaturas.
Todavia esta se institucionalizou a partir do Concílio de Nicéia e, interessada
em fazer seus os esplendores da Terra, esqueceu-se do HOMEM, já prisioneiro de seus
dogmas e intimidado por seus artifícios e rituais. Entre a pompa e os ouropéis, o espírito
do Cristianismo se perdeu. Este ganhou aliados, comercializou-se, hierarquizou-se,
politizou-se, guerreou e matou em nome de Deus, sempre, entretanto, para garantir o
PODER, sob quaisquer pretextos.
Pior do que isto, a Religião desviou o HOMEM do eixo de suas
responsabilidades, fazendo-o crer (embora sendo ele já consciente de seus vícios, de sua
indigência espiritual, de sua recente emersão raciocinal...) - que ele pode, de uma hora
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para outra transformar em flores os seus espinhos, e isso pela arte "a tantos cruzeiros",
de ritos e paramentos. Isso feito, teria entrada imediata nas... verdes pastagens..., onde
o próprio Deus tem o seu Camarote Real e permanece perpetuamente a ouvir harpas e
liras, prestando-se, até não se sabe onde ou quando, a ser "contemplado" pela multidão
anódina que mais e mais se avoluma, com entradas facilitadas pelo Admite-se das
extremas-unções e encomendas. O despacho fica por conta dos Umbandistas.
Assim, a religião mentiu e caiu em descrédito, a tal ponto que Engels e Marx,
ao fazerem o seu début encontraram terreno cuidadosamente preparado para
proclamarem ser ela... "o ópio da Humanidade".
Todavia pode-se imaginar que as "Inteligências Superiores", que comandam a
Humanidade, já previam tal desenrolar, e que seja até mesmo um mal necessário o que
temos por objeto de responsabilização - por exemplo, um treino para a libertação pela
Verdade, da conscientização dos homens rumo à razão que deverá estar a seu lado em
todas as épocas da Humanidade.
Cristo, a Culminância, asseverou que iria partir mas não deixaria o Homem só.
Ele próprio alçou-o ao primeiro degrau da escada do conhecimento. Mais tarde, em exato
momento, mandaria o Espírito de Verdade.
Nesse entremeio sucedeu à Humanidade a epopéia de uma tomada de
consciência progressiva, a libertação dos grilhões do PODER e do DOMÍNIO que se
supunham definitivamente instalados.
O Homem antevia horizontes e queria se movimentar para eles.
Foi quando Allan Kardec se apresentou, perfeitamente sintonizado com a
"tropa-de-choque" do Paracleto. Onde os pseudo-sábios falharam, eles iam erguer o
monumento do triunfo do Espírito mortal.
Ensinaram que, tão ou mais importantes que as leis periféricas descobertas
nos laboratórios do Mundo, existem aquelas que regem o maior dos tesouros: a
EVOLUÇÃO. E soube-se, - se não tudo pelo menos o necessário, - sobre a Reencarnação,
as leis de Ação-e-Reação, de Causa-e-Efeito, da Comunicabilidade do Espírito, das Muitas
Moradas. E deu-se a interação entre os dois mundos: um denso (este em que vivemos
encadernados na carne), outro invisível e inapercebido pelos nossos sentidos ainda
embrutecidos, instrumentos de cordas enferrujadas, mas que já se afinavam para o
Sublime Concerto.
Percebeu-se que, basicamente, a Felicidade consiste em o ser-humano
conhecer essas Leis e a elas conformar-se. Não se trata subjugação mas de uma
consciente auto-disciplina à qual Jesus denomina "jugo suave".
E a grande Universidade recebeu o nome de Espiritismo. Nela, se os "Maiores
do Paracleto" têm as cátedras, mesmo os espíritos-encarnados, aqueles que se
distinguem pelo estudo espontâneo, posto em prática de modo a que dia-a-dia, se
renovem intimamente para melhor, - podem ser assistentes e monitores.
E é assim que o homem ganhou um curso para aprender a ser feliz! O
currículo contém matérias sobre as multiformes modalidades de AMAR E SERVIR. Nessa
Divina Pedagogia, esteve, desde o princípio, estabelecido que o Espiritismo caminharia
passo a passo com as Ciências. Ora, entre elas, uma existe, extremamente juvenil: A
COMUNICAÇÃO-DE-MASSAS.
Acontece que, no estudo científico da Comunicação-de-massas, o elemento
primordial é a COMUNICAÇÃO, isto é, o estudo científico das relações entre pessoas que
selecionam essas MENSAGENS (fontes) e as pessoas que as interpretam e são por elas
afetadas (receptadores).
Não é singular que, desde há tanto tempo, venham sendo chamadas
MENSAGENS às lições que os Orientadores Invisíveis, a serviço de Cristo, nos endereçam
através da mediunidade e, principalmente, pela psicografia?
Este ESCRÍNIO DE LUZ contém MENSAGENS de um dos mais hábeis Mestres,
filtradas por um dos mais apurados médiuns de que se tem notícia em toda a história da
Humanidade: Emmanuel (o Espírito) e Francisco Cândido Xavier (o médium).
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É quase um dever espiritual das a conhecer ao público que vai aprender neste
livro, um breve resumo do que seja a COMUNICAÇÃO e o que seja a MENSAGEM no
domínio da ciência da Comunicação-de-Massa, visto que empregamos os dois vocábulos,
COMUNICAÇÃO e MENSAGEM gratuitamente, sem nos darmos conta de quanto exigiriam
dos Mestres Invisíveis, de há muito integrados nesta nova área do conhecimento
humano, a COMUNICAÇÃO-DE-MASSAS, tendo em vista a informação e conseqüente
evolução da população gregária desta choça humilde, a Terra, entre os Palácios de Luzes
da esteira cósmica.
Vamos, depois disto, para o nosso MOBRAL. Dissemos que COMUNICAÇÃO é o
estudo científico das relações entre pessoas que selecionam MENSAGENS (fontes) e
pessoas que as interpretam e são por elas afetadas (receptadores).
Este estudo abrange:
a - O processo de comunicação humana em todos os seus aspectos - os
significados desejados e os fatores que afetam as relações entre a intenção, o conteúdo e
OS EFEITOS DA COMUNICAÇÃO;
b - os problemas de natureza teórica e prática, estudados, digamos, em livros,
ligados ao uso da comunicação (por exemplo, este livro);
c - quaisquer aspectos do comportamento e da experiência humana que
afetem a comunicação ou são afetadas por estes (aqui lembramo-nos das sessões de
desobsessão, nas quais os assistentes tomam conhecimento de certas experiências
humanas e são por elas afetados);
d- quaisquer aspectos do comportamento (reconhecereis o espírita pela sua
modificação interior) e da experiência humana (o comportamento do espírita na
sociedade, na família ou sua atividade espontânea, não afetada e gratuita em benefício
das comunidades) que afetam a comunicação ou são por esse comportamento afetados.
De modo geral, esta é a área que tem sido predominantemente identificada
com o estudo dos meios de comunicação-de-massa ou coletiva (aqui não nos referimos
ao Espiritismo): livros, revistas, jornais (não-espíritas, mas que também valem para os
espíritas) e seus efeitos no público, assim como o estudo da COMUNICAÇÃO face-a-face,
em grupos (na Inglaterra é muito comum a reunião de pessoas para estudos espíritas e
aqui no Brasil ganha amplidão o Culto do Evangelho no Lar) e o interpessoal, diálogo
(experiência que a Federação Espírita do Estado de S. Paulo vem fazendo com os mais
animadores resultados).
Nos últimos anos, entretanto, ganhou ampla aceitação entre os especialistas
(e os espíritas intuitivamente os seguiram), o ponto-de-vista do que os fenômenos de
comunicação-de-massa e comunicação-interpessoal, apresentam muito em comum.
A expressão COMUNICAÇÃO é, hoje, considerada mais conveniente para
designar, tanto no terreno da MENSAGEM escrita (pode ser o produto da psicografia),
quanto no terreno do diálogo (pode ser de encarnados para com encarnados, ou destes
com desencadernados, se virmos do ponto-de-vista espírita), a TEORIZAÇÃO E A
PESQUISA nesta área, quer se refiram à Comunicação-de-Massa, à COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL ou a AMBAS;
Nós, espíritas, não podemos ficar alheios a esta questão, tirando partido da
MENSAGEM e da COMUNICAÇÃO simplesmente como recursos de consolo pessoal ou
fonte de emoção mística, uma vez que isto é cometer um equívoco em relação ao
Espiritismo que é CIÊNCIA, FILOSOFIA e RELIGIÃO.
Não pode haver dissociação, mesmo porque, considerando-se o aspecto
científico (tão mal compreendido e visto com tão indolente perpassar de olhos) no
sentido em que estamos desenvolvendo estas considerações de abertura, o aparecimento
da Comunicação-de-Massa como área de conhecimento, campo de pesquisa, disciplina
acadêmica e conjunto e aplicação de leis e princípios, a processos sociais, está
profundamente associado a:
a - progressos tecnológicos realizados neste século;
b - contribuição das ciências humanas, particularmente da Psicologia, da
Sociologia, da Ciência Política e do próprio Espiritismo (quando os técnicos no assunto
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tiverem olhos de ver essa fascinante contribuição) proporcionam instrumentos de
COMUNICAÇÃO altamente flexíveis e que atingem grande número de pessoas.
Simplesmente a título de informação, é bom que se diga que quatro cientistas
são geralmente citados como pioneiros no estudo científico da COMUNICAÇÃO: Lasswel,
Lazarsfeld, Lewin e Hovland. Lasswel, professor de Ciências Políticas na Faculdade de
Direito da Universidade de Yale, interessou-se pelo estudo de problemas de
COMUNICAÇÃO ligados à propaganda política e ideológica e contribuiu especialmente
para o desenvolvimento da Técnica de análise de conteúdo.
Suas obras World Revolutionary Propaganda (1939), Psychopatology and
Politics (1930), Power and Personality (1948) e The compative Study of Symbols (1952)
são de grande importância e poderão ser um ponto de partida para quantos estiverem
ligados à divulgação dos conceitos doutrinários do Espiritismo.
Lazarsfeld, Lewin e Hovland atêm-se mais particularmente à área da
Psicologia. O primeiro, vienense de nascimento, transferiu-se para os Estados Unidos em
1933, dedicando-se à pesquisa e ao ensino da Psicologia Social e Sociologia (ambos
ramos do conhecimento de maior interesse para nós, espíritas, visto que a Psicologia
Social poderá, no capítulo da Atitude, auxiliar muito no reconhecimento dos processos
obsessivos), leciona em Princeton e Colúmbia. Na década dos 40, Lazarsfeld dedicou-se à
pesquisa da COMUNICAÇÃO, tendo o rádio por ponto de referência. É de notar que, 10
anos antes, Hubert Forestier, na França e Caibar Schutel, no Brasil, embora guiados
apenas pela intuição, já haviam iniciado a COMUNICAÇÃO dos postulados espíritas pelo
rádio.
Kurt Lewin é natural de Viena. Na década dos 30, transferiu residência para os
Estados Unidos, exercendo grande influência sobre os jovens pesquisadores da
Universidade de Massachusetts.
Dedicou-se à investigação de relações interpessoais em pequenos grupos, nos
quais observava a influência da COMUNICAÇÃO. Seu nome está ligado principalmente ao
movimento de "dinâmica de grupo". Nos Estados Unidos e Inglaterra já se iniciaram
estudos semelhantes, isto é, grupos espíritas dinâmicos, embora falte-lhes monitoria
científica. É difícil saber até quando, nos arraias espíritas, dominarão empirismo. O
"poder jovem” certamente acertará a situação levado pela inexorável tecnologia.
Hovland orientou um extenso e importante programa de investigações
psicológicas sobre a Comunicação-de-Massa, na Universidade de Yale,fundamentando-se
nas formulações de outros pesquisadores como Clark Hull, Miller, Dollard,Mower, Lewin e
Festinger. O resultado desses estudos foram publicados em numerosos artigos e em
livros como Communication and Persuation (1953), Personalily and Persuability (1959) e
Atitude, Organization and Change (1960), sem, entretanto, despertar as atenções de
quaisquer denominações religiosas,e é possível que este livro seja pioneiro no assunto.
Nesses estudos é preciso destacar o seguinte:
a) QUEM
b) DIZ O QUE
c) ATRAVÉS DE QUE CANAL
d) PARA QUEM
e) COM QUE EFEITO?
Especialmente Lasswel associa as várias atividades dos especialistas em
Comunicação a cada um destes cinco itens. Assim, pessoas que estudam o primeiro item,
o QUEM, isto é, a fonte (o Comnicador), interessam-se pelos fatores que iniciam e
orientam o Ato de Comunicação. Pode-se chamar essa subdivisão de campo de pesquisa
como Análise de Controle.
Especialistas preocupados com o segundo item, "Diz o Que", dedicam-se à
análise do conteúdo.
Aqueles que se concentram no rádio, na imprensa, no cinema e em outros
canais de comunicação, realizando analises de meios, abrem caminho para a tropa-de-
choque que vai acrescentar a esses itens: o rádio, a imprensa, o cinema, outros canais
no contexto espírita, acrescentando ainda o mais importante: A COMUNICAÇÃO
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MEDIÚNICA pelos CANAIS DA MEDIUNIDADE. Certo, isso é para o futuro, mas esse
futuro já começou.
Prosseguindo: quando a preocupação principal se refere às pessoas atingidas
pelos meios, fala-se em ANÁLISE DE AUDIÊNCIA.
Se o problema estudado é o impacto da Comunicação-de-Massa sobre a
audiência,defrontamos ANÁLISE DE EFEITO (Laswell, 1948) Hovland e colaboradores
(1963) preferem definir COMUNICAÇÃO como um processo psicológico: é o processo por
meio do qual um indivíduo, o COMUNICADOR,transmite
estímulos para modificar o comportamento de OUTROS INDIVÍDUOS, ou
AUDIÊNCIAS. Essa definição
específica a tarefa de pesquisa, consistindo em análise de quatro fatores:
a) o COMUNICADOR retransmite a COMUNICAÇÃO
b) os ESTIMOLOS TRANSMITIDOS pelo COMUNICADOR
c) A AUDIÊNCIA respondendo à COMUNICAÇÃO
d) a RESPOSTA dada pelas AUDIÊNCIAS à COMUNICAÇÃO
No passado era comum conceber a AÇÃO e os EFEITOS dos meios de
COMUNICAÇÃO-DE-MASSA é, em primeiro lugar, um seletor ativo de materiais. Parece-
nos que isso é especialmente do interesse espírita, destituído de dogmas de fé e que,
pelo contrário, visa tornar o homem até hoje acrítico em - o quanto mais possível, -
CRÍTICO. Mesmo durante a exposição com a qual nos ocuparemos em seguida, vale
aguçar uma atenção seletiva, variando em função do seguinte.
a) O QUE o indivíduo é capaz de lembrar
b) O QUE o sujeito assimila
Essa assimilação depende e está em função do nível pré-existente, o qual,
visto de uma enquadratura espírita pode ter sido adquirido nesta existência mas pode,
também, ser herança das múltiplas encarnações já vividas pela criatura na fieira
evolutiva das reencarnações.
Pesam também a NATUREZA DAS NECESSIDADES do indivíduo Da
QUALIDADE DE SEU AJUSTAMENTO À SUA SITUAÇÃO DE VIDA. Sem a compreensão
destes dois itens, - os quais a doutrina da reencarnação explica tão bem, auxiliando o
indivíduo mais do que outra qualquer coisa-, é pura enfatuação a tentativa de
COMUNICAÇÃO visando a recuperação do indivíduo ou de grupos de indivíduos.
Não é demais insistir em que a Lei da Reencarnação, tão lógica e tão pura,
poderia ser de especial valor no futuro vai provar isto!
Em vista do que foi exposto, não se deve colocar a questão dos efeitos da
COMUNICAÇÃO-DE-MASSA em termos de ... existência ou não desses efeitos, mas sim,
em termos de QUANTO efeito, em QUE TIPO de sujeitos e sob QUE CIRCUNSTANCIAS,
tais efeitos se manifestam.
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Muitas pessoas perguntam por que motivo a produção psicográfica destinada à
criança, é tão parca. Devidas às mãos mediúnicas de Francisco Candido Xavier, ela pode
ser contada nos dedos.
Imaginemos o seguinte: aqui na Terra, onde a metodologia destinada à
criança. Inúmeros ensaios têm sido e estão sendo feitos. COMUNICAÇÃO-DE-MASSA X
CRIANÇA é um problema: mais do que um problema, um enigma.
Em 1961, Schramm e outros pesquisadores lembravam que... "para algumas
crianças, sob certas condições, a COMUNICAÇÃO-DE-MASSA é prejudicial. Causa
admiração, mas é fruto de pesquisa e há é lógico, exceções...Para outras crianças, sob as
mesmas condições, ou para as mesmas crianças, em outras condições, a Comunicação-
de-Massa pode ser benéfica.
Mas, como fazer a diferenciação se a evangelização da criança ainda não é
vista como algo de mais sério, é feita às pressas, por professores pegos-a-laço? No pé
em que estamos e de acordo com Schramm e sua equipe de pesquisadores, para a
maioria das crianças, na maioria das condições a maioria dos veículos de
COMUNICAÇÃO-DE-MASSA é anódina: nem particularmente prejudicial, nem
particularmente benéfica.
Se nós, espíritas, fizermos uma estatística rigorosa, verificaremos que os
adeptos do Espiritismo crescem dia a dia, incontivelmente, ENTRE ADULTOS. A
percentagem de crianças que freqüentam nossos "Cursos de Moral Evangélica", ao se
tornarem adolescentes, se deslastram dos Centros Espíritas. Embora não se filiem a
outras seitas e se digam espíritas, só raramente levam avante a frequência e o estudo da
doutrina. E se enamoram de jovens e de outras denominações religiosas, sempre lançam
mão de um desculpismo vasto para se casarem e batizarem seus filhos de acordo com o
desejo do companheiro ou da companheira. Dizem que assim procedem por espírito-de-
tolerância, mas acontece que também precisamos dar aos filiados em outros credos
religiosos a oportunidade de exercer essa virtude, que não é apanágio do Espiritismo.
Isto significa que os Cursos de Moral Evangélica e a frequência às Mocidades
Espíritas, quando a criança ou o jovem ainda dependem do respeito paternal, deixam
ainda a desejar, ao menos do ponto de vista da COMUNICAÇÃO-DE-MASSAS.
No início de nosso prólogo, tomamos a liberdade de dizer que precisamos
incessantemente, encontrar no Espiritismo, o lugar em que se podem incorporar os
progressos anunciados dia a dia.
O momento em que se instala uma civilização tecnocrata convida a novos
exames, avaliações e um aproveitamento final. A COMUNICAÇÃO COM A CRIANÇA
ESPÍRITA precisa ser reexaminada, a fim de que, já emplumada, ela não bata vôo das
caatingas áridas em que se constituem certos Cursos de Moral Evangélica.
Para terminar queremos lembrar a argumentação sintetizada de Katz em
1959, o estudo que se refere à abordagem dos usos e gratificações.
A pergunta principal é esta:
a) O que os meios de COMUNICAÇÃO-DE-MASSA fazem ao público para se
converter.
b) o que o público faz com os meios de COMUNICAÇÃO-DE-MASSA.
Essa constatação pode provar o que dissemos quanto à tendência atual de
reforçar comportamentos, opiniões e atitudes, ao invés de produzir modificações.
A abordagem deste setor principia com a admissão de que a MENSAGEM, até
mesmo dos mais poderosos meios de comunicação, é capaz de influenciar um indivíduo
que não tem um USO para tal MENSAGEM, no contexto social e psicológico em que vive.
Se os técnicos têm razão e a sociedade tecnológica em que vivemos está
gerando uma "personalidade neurótica", nesse caso a doutrina espírita, se tomada em
sua pureza, tal como a desejou Allan Kardec, poderá ser considerada o USO por
excelência.
Esta, repetimos, é a hora e a vez da MENSAGEM ESPÍRITA, visto que a
abordagem dos USOS admite que os valores das pessoas, seus interesses, suas
representações sociais, suas associações (todos esses valores prepotentes e modelados
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seletivamente: o que vêem e ouvem no círculo de seus interesses), não são refratários à
MENSAGEM ESPÍRITA visto a lógica que a comanda e o seu caminhar pari-passu com o
progresso das Ciências.
Poderá haver dificuldades. Dexter e White (1964), lembram que... "o efeito de
qualquer comunicação não pode ser visto como o efeito direto de um estímulo sobre um
objeto. Seres humanos não são bolas de bilhar, manipuladas por pistas externas".
Para nós, espíritas, como foi dito, o ser humano possui um passado composto
por uma fieira de reencarnações - são membros de grupos, muitas vezes reunidos desde
há séculos e isso pode significar que interpretam e modificam o significado dos
estímulos; e são capazes de integrar suas respostas aos vários estímulos mais ou menos
simultâneos, de modo que a ação resultante pode ser, - e quase sempre é, - muito
diferente daquela que a simples adição ou subtração sugeriria.
A evidência experimental e também a empírica, convergem nesta direção e,
também assim, o desenvolvimento teórico da ciência social.
Não se pode assimilar o processo da COMUNICAÇÃO-DE-MASSA sem
compreender a comunicação de pessoa para com pessoa ou em grupos. Isso já se faz
nos arraiais espíritas. Não sabemos quem, como ou quando alguém teve a inspiração de
promover, no decorrer da semana, noites para o diálogo ou o estudo e troca de pontos
de vista, de temas espíritas e evangélicos, sorteados, seja no "Evangelho Segundo o
Espiritismo", em "O Livro dos Espíritos" ou em algumas das obras psicografadas por
Francisco Cândido Xavier. É possível que este livro também tenha tal função.
Um dos mais influentes investigadores do problema quanto à COMUNICAÇÃO-
DE-MASSA e a COMUNICAÇÃO INTER-PESSOAL, Elihu Katz, lembramos que... "uma
audiência de massa não é desconexa e atomizada, conforme se pensava antigamente...
Numerosos estudos indicaram que as pessoas não são facilmente persuadidas a
modificar suas opiniões e comportamento. A procura das fontes de resistência à
mudança, assim como das fontes efetivas da influência quando as mudanças
efetivamente ocorrem, levou à descoberta do papel das relações interpessoais".
Os fatores compartilhados em grupos de família (no Espiritismo, o Evangelho
no Lar) amigos e companheiros de trabalho (a aplicação da MENSAGEM espírita nas
condutas do cotidiano) e as redes de COMUNICAÇÃO que são sua estrutura, a decisão de
aceitar ou resistir a novas idéias (no caso as idéias espíritas) - todos são processos
interpessoais que intervêm entre os meios de COMUNICAÇÃO-DE-MASSA e o indivíduo
visado pelos mesmos.
Estas descobertas recentes, desfazem a imagem tradicional das audiências
individualizadas (Katz, 1969).
Tudo isto, - embora possa parecer cansativo ou dispensável, dar-lhe-á, leitor,
uma visão mais veraz daquilo em que consiste a MENSAGEM, - exatamente quando se
começa a dizer que o mercado livreiro está se saturando com obras contendo
"mensagens psicografadas".
Por outro lado, quando Você ler este livro, as diversas abordagens do Espírito
de Emmanuel, tão prudentes, meditadas e judiciosas, já terão tornado este grupo de
páginas realmente em um ESCRÍNIO DE LUZ. Pode ser que Você sinta o impulso de
percorrer suas linhas com displicência de quem lê uma novela ou um romance.
Entretanto neste prefácio temos o breaking-point. Você terá um descortínio maior, que
lhe dará alguns centímetroso a mais em sua estatura moral, e esse benefício se
estenderá inegavelmente àqueles que tiverem a felicidade de ter com Você
COMUNICAÇÕES INTER-PESSOAIS.
Agora Você sabe. E, sabendo, se libertará com mais facilidade, muito embora
a sua responsabilidade esteja duplicada ou triplicada.
E a caravana vai passar!
François de La Rochefoucauld, em "Maximes 227", assegura que: "Les gens
hereux ne se corrigent quère; ils croient toujours avoir raison quand la fortune soutient
leurs mauvaises conduite. As pessoas felizes jamais se corrigem; elas sempre crêem ter
razão quando a fortuna material sustenta-lhes a conduta deplorável.
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Isso dá muito em que pensar.
Tomemos "Maximes et anecdotes" de Chamfort para ouvi-lo exclamar: "Le
plaisir peu s'appuyer sur I'illusion, mais le bonheur repose sur la vérite". O prazer pode
se apoiar sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a verdade.
E aqui está o "Social Staticts" de Herbert Spencer. No capítulo XXX: "No one
can be perfectly happy til all are". Ninguém pode ser perfeitamente feliz enquanto todos
os homens não sejam perfeitamente felizes.
Miguel de Cervantes, em "Numancia", sai-se com uma consideração que
poderia ter sido tirada de uma obra espírita: "Cada qual se fabrica su destino; no tiene
aqui fortuna alguna". Cada um de nós fabricamos o nosso destino; nessa questão nada
intervém e de nenhuma forma.
O mesmo se poderia dizer de Edouard Pailleron que, em "Noel", assim se
exprime: "Le seul bonheur qu'on a , vient du bonheur qu'on donne". A única felicidade
que temos, advém da felicidade que damos aos outros.
Mas J. Joubert, em "Pensés V. 31", escreve que "II entra dans la composition
de tout bonheur I'idée de l'avoir mérite". Entra no contexto da felicidade a idéia de tê-la
merecido.
Isso complica e desassossega - pois não é mesmo, leitor?
E Jean de La Bruyere, em "Les Caractères" agrava essa sensação com o seu
escrúpulo: "Y il a une certaine honte d'être hereux à la vue de certaines miseres". À vista
de certas misérias, sentimos vergonha de ser felizes!
Tudo se torna mais difícil.
Todavia essas cogitações não estão apenas nas estantes das bibliotecas, vêm,
através de gerações deslizando na montanha-russa da massa cinzenta do "homem-
plural": dO POVO. Há um provérbio alemão que diz: "Glück und Regenbogen sieht man
nicht über dem fremden". A felicidade, como o arco-íris, nunca é visto sobre a casa-
própria e, sim, sobre a alheia.
E aquele poeta brasileiro lembrando que a "árvore de doirados pomos (a
felicidade), existe sim, só que nunca nós a botamos onde nós estamos".
Foi talvez por isso que o nosso Coelho Neto - prolífico autor brasileiro cuja
coroa bibliográfica Francisco Cândido Xavier arrebatou com o Niagara Falls de sua
mediunidade ilimitada - surge tão apressado nas páginas do seu "Pelo Amor" e,
pressuroso, célebre, empurra para o lado pensares e meditações, aconselhando de
arrepio: "Não perguntes à Felicidade quem ela é nem de onde vem: abre-lhe a porta,
deixe que ela entre e feche-a, bem aferrolhada para que não fuja".
Mas... desçamos outros livros das prateleiras, uma vez que o assunto não tem
a quem deixe de interessar. Aqui está Holderlin, em "Musen-Alman": "Schwe ist zu
tragen das Unglück, aber scwerer das Glück. Difícil não é suportar a desgraça; muito
mais difícil é suportar a felicidade!
Haverá como contestá-lo?
E Channing Pollock nas páginas de "Mr. Moneypenny": "Happines is a way-
station between to little and too much". A felicidade é um ponto-de-parada entre o
mínimo e o demasiado! Já Michael Drayton chega verde-esperança no seu "Mooncalf,
work 11, 511": "Good luck never como to late!" A felicidade nunca chega demasiado
tarde.
Em épocas inumeráveis, inumeráveis pessoas em centenas de situações,
correm, sonham com essa borboleta rutilante. E a sua ansiedade se deixa ver,
indisfarçável, amarga, doce, esperançosa, tímida ou arrojada, cálida de fé ou fria de
quem tenta com o coração fundido no chumbo da desilusão ou da descrença.
E haveria muito a ser examinado, mas, de modo geral, é como se
disséssemos:
- Vai para Passárgada!
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E não esclarecêssemos se fica ao Norte, Sul, Leste ou Oeste; não déssemos
um mapa ou uma bússola; ou informássemos que ônibus, trem ou carroça chegam até
lá; ou o preço da passagem; ou - conforme o caso, - o dinheiro para as despesas.
- Vai para Passárgada!...
Todavia, agora já não há tantas dúvidas. Vai para Passárgada. E já sabemos
como e quando ir.
16
AFABILIDADE
Emmanuel
17
AFABILIDADE E DOÇURA
Emmanuel
18
AJUDEMOS O INIMIGO
Emmanuel
19
ALICERCES
Emmanuel
20
ANTE A LEI DO BEM
Emmanuel
21
ANTE A BONDADE DE DEUS
Emmanuel
22
ANTE A GRANDEZA DIVINA
Emmanuel
23
ANTE A IDÉIA DE DEUS
Emmanuel
24
ANTE A SOMBRA
Emmanuel
25
ANTE O CRISTO CONSOLADOR
Emmanuel
26
ANTE O SOL ETERNO
Emmanuel
27
AUXÍLIO MÚTUO
Emmanuel
28
CARIDADE CONOSCO
Emmanuel
29
CARIDADE E DIREITO
Emmanuel
30
COMUNHÃO SOCIAL
Emmanuel
31
CONCURSO ESPÍRITA
Emmanuel
32
COMPAIXÃO PARA OS OFENSORES
Emmanuel
33
CONSIDERA A TUA ESCOLHA
Emmanuel
34
CONSIDERAÇÕES
Emmanuel
35
DELINQÜÊNCIA
Emmanuel
36
DINAMISMO
Emmanuel
37
EMBAIXADORES DIVINOS
Emmanuel
38
ENTENDER E TOLERAR
Emmanuel
39
ESPÍRITAS NO EVANGELHO
Emmanuel
40
FÉ E AÇÃO
Emmanuel
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FÉ E CARIDADE
Emmanuel
Fé sem caridade é a lâmpada sem o reservatório da força.
Caridade sem fé representa a usina sem a lâmpada.
Quem confia em Deus e não ajuda aos semelhantes recolhe-se na
contemplação improdutiva à maneira de peça valiosa, mumificada em museu brilhante.
Quem pretende ajudar ao próximo, sem confiança em Deus, condena-se à
secura, perdendo o contato com o suprimento da energia divina.
A fé constitui nosso patrimônio intimo de bênçãos.
A caridade é o canal que as espalha, enriquecendo-nos o caminho.
Uma confere-nos visão; a outra intensifica-nos o crescimento espiritual para a
Eternidade.
Sem a primeira, caminharíamos nas sombras.
Sem a segunda, permaneceríamos relegados ao poço escuro do nosso
egoísmo destruidor.
Jesus foi o protótipo da fé, quando afirmou: - "Eu e meu Pai somos Um".
E o nosso Divino Mestre foi ainda o paradigma da caridade quando nos
ensinou: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Desse modo, se somos efetivamente os aprendizes do Evangelho Redivivo,
unamos o ideal superior e a ação edificante, em nossos sentimentos e atos de cada dia, e
busquemos fundir numa só luz renovadora a fé e a caridade, em nossos corações, desde
hoje.
42
FINANÇAS
Emmanuel
43
FORTUNA
Emmanuel
44
HERANÇA DO MESTRE
Emmanuel
45
HUMILDADE
Emmanuel
46
LÁZARO E O RICO
Emmanuel
Recordemos a lição de Jesus na Parábola, para que não Lhe percamos a bênção
do conteúdo.
Não se ergueu Lázaro ao paraíso porque fosse pobre, nem desceu o Rico aos
abismos da sombra, porque houvesse granjeado a fortuna entre os homens.
O primeiro elevou-se à glória de Abrahão pela humildade com que se portou na
prova recebida.
Arrojou-se o segundo ao seio atormentado das trevas, pela displicência com que
usufrui a posição e o dinheiro que o mundo lhe oferecia.
Enquanto o Rico se trajava de linho e púrpura, exibia Lázaro as chagas que lhe
envenenavam a carne e, enquanto o afortunado companheiro se banqueteava, feliz, sem
lembrar-se do irmão desditoso que lhe visitava a porta, conformava-se Lázaro sofredor,
com o espinheiro de angústia que as circunstâncias lhe impunham à sensibilidade,
incapaz de amaldiçoar o vizinho gozador, indiferente e surdo aos seus rogos.
O problema do céu para Lázaro e da expiação para o Rico, é de simples atitude,
induzindo-nos a meditar nas oportunidades de progresso e sublimação que o Senhor nos
confere, para que o tempo amanhã não se encontre categorizados à condição de réus em
nós mesmos.
Não nos esqueçamos, ainda, de que os dois, embora separados por desfiladeiros
intransponíveis, na alegria celeste e no sofrimento infernal, podiam comunicar-se entre
si, entendendo-se um com outro.
*
Não olvides que na abundância ou na carência, na mordomia ou na
subalternidade, sempre somos depositários da confiança de Deus e que somente a nossa
atitude para com a vida, cultivando o bem onde estivermos, determinará a nossa
ascensão à luz e o nosso definitivo afastamento do mal.
________
Píndaro em “Piticas, VII”: Cuando la Fortuna nos descubre su bello rostro, es
precisamente quando a tormenta comienza a cenerse sobre nuestra cabeza. Quando a
abundância nos descobre o seu belo rosto é, precisamente, quando a tormenta começa a
formar-se sobre a nossa cabeça.
47
MANSOS DE CORAÇÃO
Emmanuel
Quando Jesus proclamou a felicidade nos mansos de coração, não se propunha, de certo,
exaltar a ociosidade, a hesitação e a fraqueza.
Muita gente, a pretexto de merecer o elogio evangélico, foge aos mais altos deveres da
vida e abandona-se à preguiça e à fé inoperante, acreditando cultivar a humildade.
O Mestre desejava destacar as almas equilibradas, os homens compreensivos e as
criaturas de boa vontade que, alcançando o valor do tempo, sabem plantar o bem e
esperar-lhe a colheita, sem desespero e sem violência.
A cortesia é o primeiro passo da caridade.
A gentileza é o princípio do amor.
Ninguém precisa, pois, aguardar o futuro, a fim de possuir a Terra. É possível orientá-la
hoje mesmo, detendo-lhe os favores e talentos, entre os nossos semelhantes, cultuando
a bondade fraternal.
As melhores oportunidades de cada dia no mundo pertencem àqueles que melhores se
fazem para quantos lhes rodeiam os passos. E ninguém se faz melhor, arremessando
pedras de irritação ou espinhos de amargura na senda dos companheiros.
A sabedoria é calma e operosa, humilde e confiante.
O espírito de quem ara a Terra com Jesus compreende que o pântano pede socorro, que
a planta frágil espera defesa, que o mato inculto reclama cuidado e que os detritos do
temporal podem ser convertidos em valioso adubo, no silêncio do chão.
Se pretendes, pois, a subida evangélica, aprende a auxiliar sem distinção.
A pretexto de venerar a verdade, não aniquiles as promessas do amor. Abraça o teu
roteiro, com a alegria de quem trabalha por fidelidade ao Sumo Bem, estendendo a graça
da esperança, a benefício de todos, e, um dia, todos os que te cercam e te acompanham
entoarão o cântico de bem-aventurança que o teu coração escreveu e compôs nos teus
atos, aparentemente pequeninos de fraternidade e sacrifício, em favor dos outros, em
tua jornada de ascensão à Divina Luz.
________
C. C. Salustio em “De repub. ord., Im. I”: Fortunas Omni in re dominatur; ea res
conctas, ex lubinidine magis quam ex vero, celebrat obscurat-que. A fortuna tudo
domina: exalta ou abate, não porque a verdade assim o imponha, mas por simples
capricho.
48
MOCIDADE...
Emmanuel
Mocidade é força. Mas, se a força não estiver sob a direção da justiça pode convertesse
em caminho para a loucura.
Mocidade é poder. Entretanto, se o poder não aceita a orientação do bem, depressa se
converte em tirania do mal.
Mocidade é liberdade. Todavia, se a liberdade foge á disciplina é, invariavelmente, a
descida para deplorável situação.
Mocidade é chama. No entanto, se a chama não sofre no controle do proveito justo, em
breve tempo se transformará em incêndio devastador.
Mocidade é carinho. Mas, se o carinho não possui consciência de responsabilidade, pode
ser veneno mortal para o coração.
Mocidade é beleza de forma. Contudo, se a beleza de forma não se enriquece com o
aprimoramento interior, não passa da máscara perecível.
Mocidade é amor. Entretanto, se o amor não se equilibra na sublimação da alma, cedo
se transforma em paixão infeliz.
Mocidade é primavera de sonhos. Todavia, se a primavera não se enobrece no trabalho
digno, todo o nosso idealismo será simplesmente um campo de flores mortas.
Se te encontras na hora radiante da juventude, não te esqueças de que o tempo é o
nosso julgador implacável.
A plantação de agora será a colheita depois.
Nossas esperanças dia-a-dia se materializam nas obras a que nos destinamos. A lei será
sempre a Lei.
Povoam-se e despovoam-se os braços e túmulos para que o Espírito, divino caminheiro -
através da mocidade e da velhice do corpo terrestre -, desenvolva, em si, as asas que o
transportarão ao cimo da vida eterna.
Assim, pois, se realmente procuras a felicidade incorruptível, confia teu coração e tua
mente ao Cristo Renovador, a fim de que, jovem hoje, te faças, o caráter sem jaça que
lhe refletirá no mundo a Divina Vontade.
49
NA TAREFA CRISTÃ
Emmanuel
Reparte o teu pão com o faminto e alivia a sede nos lábios ressequidos do teu
irmão, mas não esqueças balsamizar-lhes as chagas interiores, com o remédio do
entendimento e do carinho, restaurando-lhe a força exaurida ou a esperança quase
morta.
Jesus deseja ver com os nossos olhos, escutar com os nossos ouvidos e socorrer
por nossas mãos...
Não estendas os braços somente nos dias da grande necessidade do teu
próximo, porque a dádiva tardia significa recusa.
Sustenta a alegria edificante, alimenta o bom ânimo, ampara a boa vontade dos
outros e dilata o estímulo nos corações que te cercam, de vez que muita gente existe
recordando o semelhante apenas quando a miséria já reduziu a alma e a carne a
farrapos de sombra e pó.
Ante a maledicência, sê o verbo de Jesus, auxiliando o ausente cujo nome é
golpeado sem compaixão.
Diante da palavra em desvario, aplica os ouvidos do Amigo Celestial e sê
complacente com os escravos da ignorância e do infortúnio.
À frente da aflição e do mal, usa os olhos do Cristo, enchendo-te de
compreensão e amor para ajudar sempre.
E, sobretudo, perante o trabalho digno, qualquer que ele seja, retém o júbilo de
buscas as mãos do Mestre nas tuas e coopera na execução das boas-obras, sem o intuito
de recompensa e sem a vaidade de pareceres superior.
Não repouses no serviço espontâneo do bem e surpreenderás na tua fadiga um
cântico de gloriosa e indefinível luz, porque o Senhor terá realmente encontrado em ti o
sublime instrumento para a extensão do seu Reino na Terra.
________
Victor Hugo, “Les Misérables”: Il faut de I’inutile dans le bonheur. Le bonheur,
ce n’est que le necessaire! Deseja-se o inútil para a felicidade; e ela é apenas o
necessário.
50
NO COMBATE AO EGOÍSMO
Emmanuel
51
NOS QUADROS DA LUTA
Emmanuel
52
O GRANDE TESOURO
Emmanuel
53
ONTEM NO HOJE
Emmanuel
54
OS MINUTOS DE DEUS
Emmanuel
55
PEDI E OBTEREIS
Emmanuel
56
PERDÃO
Emmanuel
57
PIEDADE
Emmanuel
58
POEIRA
Emmanuel
59
RECORDA E SERVE
Emmanuel
60
RELIGIÕES
Emmanuel
61
RICOS E RIQUEZAS
Emmanuel
62
SALVAÇÃO
Emmanuel
63
SAÚDE DO CORPO E DA ALMA
Emmanuel
64
SEJAMOS IRMÃOS
Emmanuel
Meu amigo:
Guarda a luz divina nos olhos do entendimento, porque, no lar, na sociedade ou
no mundo, somos sempre a grande família humana, cujos membros – sempre nós
mesmos – se integram indissoluvelmente entre si.
Quando a reprovação ou a crítica te assomarem ao pensamento inquieto,
recorda que somente vemos nos outros as imagens que conservamos dentro de nós e
cada homem julga o próximo pelas medidas que estabeleceu para si mesmo.
Encontrarás o mau, quando a maldade ocultar-se em teu coração, à maneira de
serpe invisível.
Ouvirás a irreverência, quando os teus ouvidos permanecerem tocados pela
sombra espessa da desconfiança.
Identificaremos o procedimento censurável, quando ainda alimentamos em nós
os motivos de tentação degradante, induzindo-nos às mesmas quedas que observamos
naqueles que se tornaram passíveis de nossa crítica.
Quando nos irritamos, vemos a nossa própria má vontade naqueles que nos
cercam.
Quando desanimados, encontraremos razões para o desalento nas mais belas
notas de alegria em nosso ambiente.
“Amai-vos uns aos outros” – aconselhou o Divino Mestre.
Amando fraternalmente, seremos, em verdade, irmãos do ignorante e do infeliz,
do aleijado e do enfermo, de modo a ser-lhes efetivamente úteis.
Jesus, no Evangelho, não pede censores; aguarda companheiros de boa vontade
que, olvidando todo o mal e surpreendendo o bem celeste em todos os escaninhos da
Terra, com Ele colabore para que o mundo se faça mais feliz e para que o homem se faça
realmente melhor.
________
Miguel de Cervantes em “Persiles y Sigismunda, liv. II, cap. II”: Andan el pesar
e el placer tan aparejados, que es simple el triste que se confia y el alegre que se
desespera. O pesar e o prazer andam tão próximos um do outro, que é comum o triste
estar satisfeito consigo mesmo e o alegre se desesperar.
65
SEMENTEIRAS E COLHEITAS
Emmanuel
66
SERVIÇO
Emmanuel
67
SERVIÇO DE CARIDADE
Emmanuel
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68
SUICIDAS
Emmanuel
69
USEMOS A LUZ
Emmanuel
70