Gerenciamento de Estoque

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DOUGLAS HENRIQUE MORRONI RICARDO


VICTOR AUGUSTO SILVA MARTINS

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS PARA O GERENCIAMENTO DE


ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MÉDIO
PORTE DO NORTE DO PARANÁ

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA
2017
DOUGLAS HENRIQUE MORRONI RICARDO
VICTOR AUGUSTO SILVA MARTINS

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS PARA O GERENCIAMENTO DE


ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MÉDIO
PORTE DO NORTE DO PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia de Produção, do
Departamento Acadêmico de Engenharia
de Produção, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Everton Luiz de Melo

PONTA GROSSA
2017
Ministério da Educação
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PARANÁ
CÂMPUS PONTA GROSSA
Departamento Acadêmico de Engenharia de Produção

TERMO DE APROVAÇÃO DE TCC

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS PARA O GERENCIAMENTO DE


ESTOQUE: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MÉDIO
PORTE DO NORTE DO PARANÁ

por

DOUGLAS HENRIQUE MORRONI RICARDO


VICTOR AUGUSTO SILVA MARTINS

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em 01 de Dezembro de


2017 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de
Produção. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores
abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho
aprovado.

____________________________________
Prof. Dr. EVERTON LUIZ DE MELO
Prof. Orientador

____________________________________
Prof. JUAN CARLOS CLAROS GARCIA
Membro titular

____________________________________
Prof. ANA CAROLINA DZULINSKI
Membro titular

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.


RESUMO

MARTINS, V.A.S.; RICARDO, D.H.M. Aplicação de ferramentas para o


gerenciamento de estoques: estudo de caso em uma empresa de médio porte
do norte do Paraná. 2017. 74f. Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em
Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta
Grossa, 2017.

Atualmente, a gestão de estoque é uma das áreas que mais evoluem dentro das
organizações, devido à grande competitividade do mercado e ao desenvolvimento
de novas técnicas de controle de inventário, as empresas passaram a notar a real
importância de se obter um melhor gerenciamento em seus estoques. Com isso, as
ferramentas de gestão dessa área têm como objetivo, obter uma estocagem
eficiente, auxiliar na compra de matérias primas e gerar uma melhor organização
dos produtos. Devido à falta de um estudo especializado nessa área, a empresa
familiar estudada encontra dificuldades no controle e na organização de seu
estoque. Este trabalho teve como principal objetivo, criar um modelo de gestão de
para aumentar a eficiência da empresa nessa área. As principais ferramentas
utilizadas nesse estudo foram a classificação ABC, o IDS e a metodologia 5S, cada
uma delas com um objetivo específico. A classificação ABC mostrou quais produtos
devem ser priorizados para se manter em estoque em maior quantidade. O IDS
auxiliou em melhorias no Planejamento de Produção e controle deste. Já a
metodologia 5S buscou melhorar a organização do inventário da empresa e obter
um melhor ambiente de trabalho aos seus colaboradores.

Palavras-Chave: Gestão de estoque. Empresas familiares. Classificação ABC. IDS.


Metodologia 5S.
ABSTRACT

MARTINS, V.A.S.; RICARDO, D.H.M. Application of tools for inventory


management: a case study in a medium-sized company in the north of Paraná.
2017. 74f. Work of Conclusion Course – Graduation in Industrial Engineering,
Federal Technology University – Paraná. Ponta Grossa, 2017.

Currently, Inventory Management is one of the most evolving areas within


organizations. Due to the great competitiveness of the market and development of
new inventory control techniques, companies have come to realize the real
importance of obtaining better management in their stocks. With this, the inventory
management tools aim to obtain efficient storage, assist in the purchase of raw
materials and generate a better organization in their stocks. Due to the lack of a
specialized study in this area, this family company has difficulties in controlling and
organizing its stock. This work had as main objective, to create a model of
management to increase the efficiency of the company in this area. The main tools
used in this study were the ABC classification, IDS and 5S methodology, each one
with a specific objective. The ABC rating showed which products should be prioritized
to keep in stock in greater quantity. IDS assisted in improvements in its Production
Planning and control. The 5S methodology sought to improve the organization of the
company's inventory and obtain a better working environment for its employees.

Key-Words: Inventory Management. Family Companies. ABC classification. IDS. 5S


Methodology.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Gráfico curva dente de serra .................................................................... 23


Figura 2 – Gráfico curva dente de serra com ruptura ................................................ 24
Figura 3 – Representação gráfica da curva ABC ..................................................... 32
Figura 4 – Diagrama ilustrativo do lote econômico de compra .................................. 35
Figura 5 – Organograma Funcional........................................................................... 43
Figura 6 – Fluxograma do processo produtivo .......................................................... 47
Figura 7 – Gráfico Análise ABC................................................................................. 54
Figura 8 – Desenho da Proposta do Armazém ......................................................... 57
Figura 9 – Ferramenta de planejamento e controle de estoque ................................ 61
Figura 10 – Ferramenta de controle de despacho..................................................... 64

Fotografia 1 – Armazém Piso 1 ................................................................................. 49


Fotografia 2 – Armazém Piso 2 ................................................................................. 51
Fotografia 3 – Área de despacho .............................................................................. 52
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Custos envolvidos no sistema logístico .................................................. 18


Quadro 2 – Critérios de classificação ABC ............................................................... 29
Quadro 3 - Confecção da curva ABC ....................................................................... 30
Quadro 4 – Metodologia 5S ...................................................................................... 38
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Coleta de dados ...................................................................................... 31


Tabela 2 – Ordenação dos dados ............................................................................. 31
SUMÁRIO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 10
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................... 14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15
2.1 CADEIA DE SUPRIMENTOS .............................................................................. 15
2.2 LOGÍSTICA ......................................................................................................... 16
2.3 GESTÃO DE ESTOQUE ..................................................................................... 19
2.3.1 Definição de gestão de estoque ....................................................................... 19
2.3.2 Objetivos da gestão de estoque ....................................................................... 20
2.3.3 Tipos de Estoque ............................................................................................. 21
2.3.3.1 Estoque de segurança ou de proteção .......................................................... 21
2.3.3.2 Estoque de ciclo ............................................................................................ 22
2.3.3.3 Estoque de antecipação ................................................................................ 22
2.3.3.4 Estoque de canal de distribuição ................................................................... 22
2.3.4 Níveis de Estoque ............................................................................................ 22
2.3.4.1 Curva dente de serra ..................................................................................... 23
2.3.4.2 Curva dente de serra com ruptura ................................................................. 24
2.4 SISTEMAS DE CONTROLES DE ESTOQUE..................................................... 24
2.4.1 Sistema de Duas Gavetas ................................................................................ 24
2.4.2 Tempo de Reposição e Ponto de Pedido ......................................................... 25
2.4.3 Kanban ............................................................................................................. 26
2.4.4 First In First Out ................................................................................................ 27
2.4.5 Inventory Day of Supply ................................................................................... 27
2.5 CLASSIFICAÇÃO ABC ....................................................................................... 28
2.5.1 Elaboração da curva ABC ................................................................................ 29
2.6 ESTOQUE DE SEGURANÇA ............................................................................. 33
2.7 LOTE ECONÔMICO DE COMPRA ..................................................................... 35
2.8 DEPÓSITOS E ARMAZENAGEM ....................................................................... 37
2.9 METODOLOGIA 5S ............................................................................................ 37
2.9.1 SENSO DE LIMPEZA....................................................................................... 38
2.9.2 SENSO DE SAÚDE ......................................................................................... 39
2.9.3 SENSO DE ARRUMAÇÃO............................................................................... 39
2.9.4 SENSO DE AUTODISCIPLINA ........................................................................ 40
3 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................... 41
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 41
3.2 DEFINIÇÃO DA PESQUISA................................................................................ 43
4. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 46
4.1 SITUAÇÃO INICIAL ............................................................................................ 46
4.1.1 Armazenamento ............................................................................................... 48
4.1.2 Controle de estoque ......................................................................................... 49
4.2 PROPOSTA DE MELHORIA ............................................................................... 53
4.2.1 Análise ABC ..................................................................................................... 53
4.2.2 Melhorias no Armazenamento .......................................................................... 55
4.2.3 Melhorias no controle de estoque .................................................................... 58
4.2.3.1 Capacidade do estoque:................................................................................ 58
4.2.3.2 Gestão do estoque ........................................................................................ 59
4.2.3.3 Controle do estoque ...................................................................................... 62
4.2.3.4 Controle de despacho ................................................................................... 63
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 67
APÊNDICE ................................................................................................................ 71
10

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O mundo empresarial está cada vez mais competitivo. O atual momento


econômico do país incentiva que cada vez mais surjam novos negócios e uma
concorrência bastante acirrada entre inúmeras empresas. Para a Revista Extra
(2014), dentre as empresas que aparecem com bastante destaque em novas
tentativas de negócio são as consideradas empresas de pequeno e médio porte,
sendo grande parte delas de administração familiar.
Krakauer et al. (2012) afirmam que a importância que empresas de pequeno
e médio porte possuem para o Brasil é incontestável no cenário atual. Elas possuem
relevância para setores de produção, para o setor tributário e para a geração de
empregos, também sendo um fator de encorajamento para medidas inovadoras e
competitivas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT),
relativo ao último Censo de Empresas Brasileiras realizado em 2012, o Brasil possui
12.904.523 empresas. Sendo que 19% destas se localizam na região Sul do país e
apenas 15% delas são classificadas como de grande ou médio porte (IBPT, 2013)
Segundo a agência de consultoria PwC (2014) dentre as empresas que são
consideradas de grande e médio porte, muitas são familiares ou iniciaram sua
gestão com essa característica. Este é um tipo de negócio que sempre está em
evidência no país, sendo fonte de renda para boa parte da população e gerando
muitos produtos que têm um grande poder de comercialização.
Ainda de acordo com a PwC (2014) se comparado com a média mundial, as
empresas familiares brasileiras ampliaram-se em maiores quantidades nos últimos
anos e preveem um bom nível de crescimento futuro. Cerca de 79% das empresas
tiveram crescimento de mercado no último ano e 66% delas esperam manter esse
crescimento nos próximos 5 anos.
Os grandes desafios encontrados por essas empresas familiares são a necessidade
contínua de inovação e o contexto econômico. Para a PwC (2014), as empresas
brasileiras são tradicionalmente resistentes a inovar, mas estão mudando de atitude
por conta da chegada das novas gerações ao mercado de trabalho. Devido à alta
11

competitividade entre as empresas atualmente, essas precisam se adequar a


tecnologias e estudos existentes, com o intuito de ganhar vida dentre a dura
concorrência.
Devido à alta competitividade que caracteriza o mercado atualmente e a
facilidade de acesso às informações que é marcada pela globalização, realizar as
entregas de produtos e matérias-primas com o menor custo é crucial para a
sobrevivência das empresas. Com isso surgem os estudos logísticos.
Ao longo dos anos, a logística entrou em um novo patamar. Com o amplo
aumento na circulação de produtos e o grande desejo de redução de custos e
aumento de vendas, as organizações passaram a enxergar a importância de
desenvolver uma cadeia de suprimentos apropriada (DIAS, 2012, p. 1).
Nesse contexto, a cadeia de suprimentos é de grande importância para um
bom andamento da empresa, sendo responsável pelo bom desempenho de todo o
processo. Ballou (2001) afirma que pode considerar rede ou cadeia de suprimentos
os elementos da produção que vêm desde a matéria prima e que são conectados
com objetivo de fornecer produtos e serviços até o destino final.
Em conjunto com a cadeia de suprimentos, Pozo (2002) considera a gestão
de estoque uma das funções mais importantes na administração de materiais. Esta
atividade fornece as diferentes categorias de produtos e materiais que uma
corporação necessita manter, seguindo sempre os fatores econômicos.
Atualmente, a ferramenta 5S tem sido muito utilizada dentro das empresas
para auxiliar a realizar uma boa gestão de estoque, não apenas com o intuito de
melhorar os resultados no gerenciamento de inventário, mas também sendo uma
forma de organizar diversas áreas atuantes na empresa. Segundo Campos (1999), a
metodologia 5S tem como objetivo, criar um novo modo de pensar das pessoas em
relação aos seus comportamentos, não só dentro da empresa, como também para a
vida. O programa 5S não será apenas um evento metódico de limpeza, e sim uma
nova forma de dar rumos melhores para a empresa em relação à organização e
produtividade.
Com isso, observa-se que, para um bom desempenho operacional das
empresas em geral, é necessário que a cadeia produtiva esteja sempre funcionando
de maneira integrada, dependendo de um bom funcionamento de sua administração
de materiais e gestão de estoque, sendo uma forma de boa produtividade, controle
de custos e um excelente ambiente de trabalho para os colaboradores.
12

O trabalho consiste em um estudo e análises com objetivo de


implementação de métodos de melhoria para a cadeia de suprimento e no
desempenho dos processos administrativos da empresa alimentícia, buscando
assim melhores resultados e facilitar os processos internos.
A empresa estudada é classificada como familiar e não possui nenhum
estudo relacionado a gestão de estoque. Desse modo, o trabalho consiste em um
estudo e análises com objetivo de implementação de métodos de melhoria para a
cadeia de suprimento e para o desempenho dos processos administrativos da
empresa alimentícia, buscando assim melhores resultados e um gerenciamento de
estoque mais eficiente.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho é a elaboração de um modelo de


gestão de estoque com o propósito de proporcionar à empresa analisada uma maior
eficiência no controle de estoque.

1.2.2 Objetivos Específicos

i) Identificou o que é feito atualmente pela empresa no controle de seu


estoque;
ii) Realizou o levantamento de dados para identificar os principais pontos
críticos na gestão do estoque da empresa;
iii) Propôs o uso das ferramentas ABC, IDS e 5S para melhorar a eficiência da
gestão de estoque da empresa;
13

1.3 JUSTIFICATIVA

Diante da situação econômica atual do Brasil, em que muitas organizações


estão passando por dificuldades financeiras e corte de custos, muitas medidas são
estudadas para viabilizar uma maior adaptação das empresas a este ambiente
adverso. Assim, avaliando os vários setores dentro da empresa, tem-se a conclusão
de que uma das áreas com grande importância em termos econômicos e funcionais
é a de controle de estoque. A boa administração dessa área beneficiará o
desempenho financeiro da empresa.
Segundo Ballou (2001), o principal objetivo de fazer o controle de estoque da
empresa é que este permita assegurar a disponibilidade e quantidade de mercadoria
no tempo desejado, buscando ter o equilíbrio da disponibilidade dos produtos ou
serviços juntamente com os custos do fornecimento.
Analisando este cenário, justifica-se o presente estudo como sendo de
elevada importância para um bom desempenho da empresa. Sendo a empresa a ser
estudada familiar e não sendo de grande porte, nota-se que, por falta de
conhecimento na área de logística, possui diversas lacunas a serem exploradas e
situações a serem otimizadas.
Para ser possível este estudo são utilizadas ferramentas da gestão de
estoque objetivando a busca dos principais pontos a serem analisados e
consequentemente buscando as melhores ferramentas para que seja possível
encontrar as soluções adequadas e alcançar um modelo de gestão de estoque
eficiente.
Portanto, este estudo justifica-se pelo fato de:
i) A gestão de estoque favorecer o desempenho positivo das empresas, ou
seja, ela é capaz de causar um grande impacto no crescimento econômico dessa
organização;
ii) A maioria das empresas familiares necessitarem de um maior
conhecimento na área de gestão de estoque;
iii) O controle de estoque ajuda no aumento da competitividade e da
sobrevivência das empresas; e
iv) A empresa estudada não possuir um controle de estoque adequado.
14

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Esse trabalho se estrutura conforme é apresenta à seguir. O primeiro capítulo


do trabalho contém a parte da introdução do estudo realizado, juntamente com a
demonstração dos objetivos que deverão ser alcançados e as justificativas para
elaboração desse estudo
O Capítulo 2 apresenta os principais conteúdos da área de cadeia de
suprimentos, envolvendo a área de logística, a gestão de estoque e armazenagem e
as ferramentas, sendo a base teórica que sustenta o presente trabalho.
O Capítulo 3 apresenta a metodologia aplicada no desenvolvimento do
estudo, em que apresenta os métodos de coleta e análise dos dados, sendo
necessários para a realização de possíveis implementações.
No Capítulo 4 são relatadas detalhadamente todas as características e
métodos da empresa analisada, assim como também são demonstrados os
principais pontos de melhorias dentro da área de estudo a ser feito na empresa.
Juntamente, são apresentadas sugestões de estudos e melhorias a serem aplicados
na empresa, de acordo com as necessidades por ela apresentadas.
O Capítulo 5 apresenta as considerações finais, contendo o que de principal
foi feito e proposto dentro do trabalho e o que é visado como benefício após a
apresentação do estudo.
15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Toda instituição necessita ter um planejamento adequado para que consiga


cumprir suas metas e ter bons níveis de produtividade. Para que isso seja possível,
uma boa interação dos setores internos da empresa com a cadeia de fornecedores é
essencial. Muito desta interação está diretamente ligada com a cadeia de
suprimentos da empresa, que bem organizada poderá gerar resultados positivos
para a organização. Uma área que faz total diferença dentro da cadeia de
suprimentos é a logística, sendo responsável por toda a movimentação de produtos.
Dentro da logística, existe a gestão de estoque, que é de extrema importância na
questão de atender ao cliente e fazer o sistema produtivo funcionar a todo momento.

2.1 CADEIA DE SUPRIMENTOS

A gestão da cadeia de suprimentos é um conjunto de métodos que consistem


em gerenciar diferentes fluxos de bens, serviços, finanças e informações, sendo de
extrema importância o seu bom funcionamento para as organizações. De acordo
com Bowersox et al. (2014) a negociação e parceria entre empresas com objetivo de
alavancar o posicionamento estratégico e obter melhorias na eficiência operacional
formam a cadeia de suprimento. Assim, para as empresas que formam esta cadeia,
seus relacionamentos demonstram uma escolha no planejamento.
A gestão da cadeia de suprimentos é a gestão da interconexão das
empresas que se relacionam por meio de ligações à jusante entre os
diferentes processos, que produzem valor na forma de produtos e serviços
para o consumidor final (SLACK ET AL., 2002, p. 415).

Ainda de acordo com Bowersox et al. (2014) os processos da cadeia de


suprimentos envolvem processos gerenciais que englobam várias áreas de atuação
dentro de uma empresa, conectando estas com empresas parceiras, fornecedores e
clientes, sendo realizados por acordos organizacionais.
Para Ballou (2009) o conjunto que engloba as atividades funcionais da
empresa, executadas repetidamente ao longo do canal, no qual o produto primário é
convertido em produto de consumo, é considerado cadeia de suprimentos,
possuindo valor agregado para o cliente.
16

2.2 LOGÍSTICA

Principal responsável para que os produtos cheguem a seus respectivos


destino, sejam eles meterias primários, secundários ou bens de consumo. Sem os
estudos feitos em processos logísticos, muitos processos ficariam impossibilitados
de ser realizados.
Segundo Ballou (2009), a função da logística é atender ao pedido do
consumidor desde os processos primários até o produto final, possuindo um
eficiente controle do fluxo de mercadorias, serviços e das informações relativas ao
processo.
Para Slack et al. (2002) a logística faz menção ao setor da gestão do fluxo de
materiais e informação, sendo considerada como uma continuação do controle de
gestão física, começando pelo canal de distribuição da empresa até o final da cadeia
produtiva.
O Council of Logistics Management (2012) explica que:
Logística é a parte dos processos da cadeia de suprimentos (SC) que
planeja, implementa e controla o fluxo e estocagem de bens, serviços e
informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo,
com o objetivo de atender as necessidades dos clientes.

Braido et al. (2011) consideram que atualmente as empresas têm o processo


logístico como parte das decisões estratégicas, sendo de grande importância na
prestação de serviço aos clientes. Por meio deste pensamento empresarial, pode-se
agregar um maior valor aos seus produtos e atender as necessidades de seus
clientes no momento em que é necessário.
Para Dias (2012) quando a logística é bem planejada e executada, tem-se a
garantia de reduzir os custos do estoque, transporte e distribuição, além de otimizar
o tempo das operações e diminuir a ocorrência de produtos defeituosos e perdas por
falhas na produção.
Bowersox et al. (2014), afirma que para as empresas conseguirem alcançar
vantagens competitivas, estas necessitam possuir competências logísticas
diferenciadas, sendo resultado de serviços de elevada qualidade a seus melhores
clientes.
De acordo com Ballou (2009) quando o produto ou serviço não está
disponível ao seu destino final como é desejado, este acaba tendo a perda de todo
17

seu valor. Assim, quando a empresa disponibiliza um produto que não é facilmente
encontrado, acaba criando valor para o cliente.
Segundo Dias (2012) os custos podem ser considerados como um dos
fatores mais importantes quando se aborda processos logísticos. Este fator está
sujeito à ocorrência de grande variação, dependendo da característica da indústria,
partindo de medidas básicas de controle de custos do transporte e manutenção de
estoques, tendo foco em diminuir os custos totais.
O Quadro 1 mostra todos os custos que estão envolvidos no sistema
logístico, apresentando os centros analisados e os processos e atividades que são
ligados a estes. É possível ter o conhecimento bem detalhado de tudo que está
envolvido neste sistema.
18

Quadro 1 – Custos envolvidos no sistema logístico


Centro Custos Os custos são Método de
Localização
de Custo incorridos função de análise
Estoque - Fornecedor/ - Valor de Estoque - Quantidade - Técnicas de
de Produtor - Armazenagem Econômica do compra
matérias- - Movimentação pedido - Otimização do
primas / Obsolescência - Econômico de transporte
compra
- Distância do
Fornecedor
- Segurança do
fornecimento
Material - Fornecedor/Produtor - Valor de - Quantidade - Produção em
em Estoque/ econômica de lotes menores
processo Armazenagem/ produção Programação
Movimentação - Capital de giro na por técnicas
fábrica apropriadas
- Disponibilidade de
mão de obra
- Velocidade de
passagem de
produto pela fábrica
(programação da
produção)

Estoques - Produtos - Valor de - Quantidade - Minimização


dos - Armazéns Estoque/ econômica de dos pontos de
produtos - Fornecedor - Armazenagem Produção armazenagem
acabados - Danificação - Quantidade
- Obsolescência mínima de pedido
- Dimensões e peso
do produto

Estoques - Para o produtor - Valor de Estoque - Quantidade em - Minimização


em - Para o armazém - Custo de trânsito do tempo de
trânsito - Para o revendedor transporte - Tempo de transporte em
- Para o consumidor transporte relação ao
- Dimensões e peso custo de
do produto manutenção de
estoque
Fonte: Dias (2012).

Especificado na obra de variados autores, a descrição e explicação da


logística para todo o processo produtivo é de grande importância, possuindo uma
grande abrangência, sendo essencial para o bom desempenho de setores nos quais
a empresa necessita colher resultados positivos. Deste modo, as empresas devem
19

dar uma atenção especial para esta parte do processo, que será de grande valor
para os clientes.

2.3 GESTÃO DE ESTOQUE

2.3.1 Definição de gestão de estoque

O estoque é um mal necessário que a grande maioria das empresas devem


possuir. Uma boa gestão deste permite que as organizações assegurem produzir
tudo que é necessário e vender tudo o que é planejado.
“Os estoques são pilhas de matérias-primas, insumos, componentes,
produtos em processo e produtos acabados que aparecem em numerosos pontos
por todos os canais logísticos e de produção da empresa.” (BALLOU, 2001, p.247).
Segundo Slack et al. (2002), estoque pode ser definido como o acúmulo de
recursos materiais armazenados em um sistema de transformação. Geralmente, a
palavra estoque é utilizada para representar qualquer recurso armazenado.
De acordo com Chiavenato (2005), o termo estocar pode ser compreendido
como a composição de materiais em processamento, materiais semi-acabados e
materiais acabados, que não estão sendo utilizados em certo momento dentro da
empresa, mas poderão ser utilizados em caso de necessidade em um futuro
próximo.
Para Arnold (1999), estoques são materiais que a empresa retém, seja para
vender aos clientes ou para serem utilizados como matérias primas no processo de
produção de seus produtos. Para obterem êxito, qualquer empresa deverá manter
um estoque de seus produtos e insumos.
Para Viana (2008), os estoques são componentes extremamente
significativos para as empresas em diversos aspectos, sejam eles do gênero
econômico, financeiro ou operacional crítico.
Administrar estoques é maximizar o efeito lubrificante do feedback de vendas
e o ajuste do planejamento e programação da produção. A empresa deve diminuir
seu capital em estoque, pois é considerado um custo de alto valor, e cresce
conforme o custo financeiro. Uma empresa com estoque nulo, não terá a capacidade
20

de trabalhar, pois o mesmo é empregado como um amortecedor entre os diversos


estágios da produção até a venda final (DIAS, 2010).
Ainda segundo Dias (2010), ter o conhecimento sobre o estoque é um grande
desafio para as empresas. Todavia, o obstáculo não está diretamente ligado na
redução do número de produtos estocados, muito menos na redução de custos. O
obstáculo está em atingir a quantidade necessária de produtos estocados, com o
intuito de satisfazer as prioridades gerenciais de maneira efetiva.
Como constatado, na literatura pode-se encontrar inúmeros conceitos de
estoque, e praticamente todos dão a clara ideia de que o controle se relaciona com a
entrada e saída de todos os materiais que uma empresa utiliza. Devido a isso, há
uma grande quantidade de estudos relacionados à gestão de estoque, o que o torna
algo extremamente importante para as empresas nos dias de hoje.

2.3.2 Objetivos da gestão de estoque

A gestão de estoque tem o papel de planejar e controlar o estoque desde a


etapa de matéria-prima até o produto acabado que é entregue aos clientes
(ARNOLD, 1999).
Ballou (2001) enumera as razões para uma empresa manter seu sistema de
estoque, sendo elas:
 A dificuldade das empresas para realizar a previsão da demanda e para se
obter uma coordenação perfeita entre a demanda e o fornecimento, a
produção teria que ter uma resposta imediata, um transporte extremamente
seguro, ou seja com tempo de entrega zero, sendo que esses fatores citados
são de altos custos para as empresas;
 Armazenar um produto perto dos clientes ajuda a diminuir o tempo de
entrega, e o ressuprimento pode ser imediatamente disponibilizado. Desse
modo, a presença dos estoques junto ao cliente, poderá resultar não apenas
na manutenção das vendas, e sim em um crescimento amplo das mesmas; e
 Melhorar a coordenação da oferta-procura. A estocagem se torna um
benefício financeiro ao invés de ser apenas uma necessidade.
Para Viana (2008), a gestão de estoque é denominada como um conjunto de
atividades que buscam, por intermédio de perspectivas políticas de estoques, o
21

pleno atendimento das necessidades da empresa, com a melhor efetividade e o


custo inferior, por meio do m viável para o capital investido em material.
Ainda segundo Viana (2008), em uma situação hipotética, onde as entregas
das encomendas de compras de matérias primas fossem imediatas e flexíveis às
necessidades qualitativas e quantitativas das empresas, não existiria a necessidade
de formação de estoques. Desse modo, o ideal é que não haja estoques.
Portanto, a gestão de estoque pode auxiliar na conquista do equilíbrio na
quantidade de matérias-primas a serem compradas e também nas quantidades de
produtos produzidos durante um certo período de tempo. O alto volume de produtos
estocados também pode ser prejudicial para a saúde financeira da empresa.
Segundo Wanke (1999), as empresas buscam encontrar a disponibilidade de seus
produtos aos clientes com o menor nível de estoque possível. Sendo alguns dos
fatores que ajudaram a fortalecer essa tese:
 O aumento da diversidade de produtos em cada empresa, o que leva a ser
mais complexa e trabalhosa a gestão dos níveis de estoque, dos pontos de
pedido e dos estoques de segurança das empresas;
 O alto custo de oportunidade de capital, reflexo das exorbitantes taxas de
juros, que tem tornado a manutenção de estoque cada vez mais onerosa; e
 O foco das empresas em reduzir o Capital Circulante Líquido, umas das
ações mais escolhidas por empresas que querem aumentar os seus
indicadores de Valor Adicionado pelo Mercado.

2.3.3 Tipos de Estoque

Há diversos motivos que podem ocasionar o desequilíbrio entre a taxa de


fornecimento e a demanda, e com isso podem gerar diferentes tipos de estoque.
Existem 5 tipos diferentes de estoque gerados, os quais podem ser classificados em
estoque de segurança, estoque de ciclo, estoque de desacoplamento, estoque de
antecipação e estoque de canal de distribuição (SLACK ET AL., 2002).
2.3.3.1 Estoque de segurança ou de proteção

O objetivo do uso do estoque de segurança é se precaver contra futuros


imprevistos, seja no fornecimento ou na demanda de determinado item. Esse tipo de
22

estoque tem a função de preservar um número aceitável de itens estocados caso


ocorra algum imprevisto no futuro.

2.3.3.2 Estoque de ciclo

Esse tipo de estoque acontece quando uma ou mais etapas das operações
não podem fornecer ao mesmo tempo todos os itens que precisam ser produzidos.
Deste modo, o estoque de ciclo resulta da necessidade de se produzir bens em
lotes.

2.3.3.3 Estoque de antecipação

Esse estoque é comumente utilizado quando as flutuações de demanda estão


em níveis relevantes, mas possivelmente previsíveis. Eles igualmente podem ser
utilizados na ocorrência de variações de fornecimento.

2.3.3.4 Estoque de canal de distribuição

É o estoque que ocorre quando um material não pode ser transportado de


imediato entre o ponto de demanda e o ponto de fornecimento.

2.3.4 Níveis de Estoque

Geralmente, os níveis de estoque acabam variando em relação à medida que


são consumidos e repostos, o que pode ocasionar diversas situações diferentes.
Cabe à empresa focar seus esforços para que os estoques nunca deixem de
atender à sua demanda. Para que isso seja possível, a organização pode utilizar
ferramentas que auxiliem em uma gestão de estoque eficiente.
23

2.3.4.1 Curva dente de serra

Curva dente de serra é o nome dado a um método gráfico usado por


empresas para o controle nos níveis de estoque.
Segundo Dias (2010) esse método é a representação da movimentação de
entrada e saída de um determinado produto dentro dos sistemas de estoque,
realizada através de um gráfico, onde a abscissa é representada pelo tempo
decorrido para o consumo (t), e a ordenada é representada pela quantidade total
dessa determinada peça em estoques no intervalo do tempo t. Através da
movimentação e reposição de estoques, cria-se um gráfico (Figura 1), denominado
como curva dente de serra, que tem como objetivo expor graficamente a quantidade
de uma mercadoria em um determinado tempo.

Figura 1 - Gráfico curva dente de serra

Fonte: Autoria própria.

Ainda segundo Dias (2010), o ciclo da curva será repetitivo, sempre que não
ocorrer as seguintes condições:
● Falhas administrativas;
● Atrasos dos fornecedores;
● Variação do consumo durante o tempo; e
● Não atender o padrão de qualidade.
24

2.3.4.2 Curva dente de serra com ruptura

Ruptura de estoque é geralmente conhecida como a situação na qual ocorre


a falta de algum produto em estoque. Segundo Dias (2010), a ruptura dos estoques
ocorre quando os estoques alcançam zero em quantidade, ou seja, a empresa não
pode atender a uma necessidade de consumo ou a realização de uma venda.
Contudo, as condições lembradas anteriormente podem ocorrer com grande
frequência na realidade das empresas, devido às numerosas incertezas que cercam
esse meio. Na Figura 2, há uma representação deste tipo de situação de incerteza.

Figura 2 – Gráfico curva dente de serra com ruptura

Fonte: Dias (2010).

No gráfico da Figura 2 pode-se notar que durante um determinado tempo, os


estoques estiveram a zero e deixaram de atender a uma quantidade.

2.4 SISTEMAS DE CONTROLES DE ESTOQUE

2.4.1 Sistema de Duas Gavetas

Sistema de duas gavetas é um método de fácil controle, em que são


disponibilizados dois compartimentos para armazenamento. Segundo Dias (2012) o
25

compartimento menor ou A possui a quantidade disponível para atender a produção


durante o período de reposição e o compartimento maior ou B é programado para o
consumo do ciclo de produção.
O método de duas gavetas é bastante eficiente com vários benefícios para a
empresa, iniciando pela simplicidade e agilidade na implementação. Para Dias
(2010) pode-se considerar este método como o mais simples aplicado para controle
de estoque. Utilizado em grande quantidade por revendedores de autopeças e
pequenos comércios varejistas.
Arnold (1999) afirma que o sistema de duas gavetas é um método simples de
controlar os produtos do grupo C da classificação ABC, que são considerados os
menos relevantes. Assim, seu controle não necessita de muito tempo e dinheiro.

2.4.2 Tempo de Reposição e Ponto de Pedido

O tempo de reposição é um fator bastante importante a ser considerado em


um sistema produtivo. Este quando tem uma defasagem no controle pode causar
grandes danos para o desempenho produtivo.
Para Dias (2010) tempo de reposição é considerado todo tempo transcorrido
a partir da apuração do estoque, que necessita de reposição até o momento em que
o material é entregue no almoxarifado pelo fornecedor.
Uma ferramenta muito utilizada é o ponto de pedido, pois ela permite
disponibilidade do material durante o tempo de reposição. Sendo assim, não há
interrupções no processo produtivo da empresa.
Pozo (2002) afirma que o ponto de pedido é a quantidade de material que tem
que ser mantida em estoque para garantir que a produção não sofra alteração em
seu andamento durante o período de chegada do material requerido para reposição.
Na literatura, existem dois métodos diferentes para se encontrar o ponto de
pedido. O primeiro método considera que a demanda e o ciclo de atividades
possuem incertezas. Sob essas condições a fórmula seria como a apresentada por
Pozo (2002):

PP = (C x TR) + ES (1)
Sendo:
26

PP: Ponto de Pedido


C: Consumo normal da peça por unidade de tempo
TR:É o tempo de duração do ciclo de atividades, que representa o tempo necessário
para que um novo pedido seja entregue
ES: Estoque de Segurança

Esse método leva em consideração a existência do estoque de segurança,


que será utilizado para se precaver contra futuras incertezas na demanda e em
atrasos de entrega.
O segundo método para se obter o ponto de pedido não leva em
consideração possíveis incertezas, seja na demanda ou no ciclo de atividades.
Sendo assim não leva em conta o estoque de segurança. A fórmula indicada para
esse tipo de caso é representada por Bowersox (2007) e adaptada:

PP = C x TR (2)
Sendo:
PP: Ponto de Pedido
C: Consumo normal da peça
TR:Tempo de reposição

2.4.3 Kanban

Moura (1989) afirma que o método Kanban diminui o tempo de espera, assim
reduz o estoque e aumenta a produtividade, relacionando os setores de produção,
operando sem interrupção. Proporciona a produção de produtos acabados com o
mesmo tempo de espera que o processamento, não ocorrendo material sem
utilidade e tempo ocioso.
Kanban é um método responsável a dar início ao processo no sistema de
planejamento e controle puxado. Conhecido como “correia invisível” por fazer
o monitoramento da transferência de material entre diferentes estágios de
produção. Pode-se dizer que é um cartão utilizado por parte do cliente para
avisar ao fornecedor que necessita de mais matéria. (SLACK ET. AL., 2002
p. 494).

Assim, conclui-se que o método Kanban é feito a partir da utilização de


cartões ou cartas, como diz o significado da palavra, para fazer a liberação de algum
27

processo da produção ou de outras atividades como pedidos de modo rápido,


prático e eficiente.

2.4.4 First In First Out

Segundo Arnold (2008) o método First in First Out (FIFO) assume que o mais
antigo item em estoque deverá ser o primeiro retirado para venda. Sendo assim,
para Dias (2010) quando o produto tem uma veloz mobilidade no estoque ou quando
o valor do item pode absorver as instabilidades nos custos, essa ferramenta
possibilita elevar o valor do estoque. Permitindo assim, que os valores dos produtos
permaneçam equivalentes aos do mercado, sendo parte do ativo da empresa.

2.4.5 Inventory Day of Supply

Consiste em um método bastante flexível e utilizado para o processo de


planejamento de inventário, em que apresenta capacidade de adaptação e
implementação em empresas de diversas características e métodos de gestão.
Para Sehgal (2009), o Inventory Day of Supply (IDS) significa o número de
dias suficiente para cobrir a demanda que uma organização manterá como estoque
de segurança, sendo justificativa para a manutenção de uma determinada
quantidade de material em estoque.
Arnold (2008) considera que o IDS é a maneira de medir a quantidade de dias
de suprimento que há em estoque baseando-se na média de consumo de
suprimento. A fórmula utilizada para o calculo é:

𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙
𝐼𝐷𝑆 = (3)
𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑢𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

De acordo com System, Aplications and Products (2011) o IDS cobre a


quantidade de entre a compra de uma matéria-prima e a vendo do produto
28

concluído. Um alongamento de dias para esse método pode significar a


desaceleração na negociação ou a construção de níveis de inventário excessivos.
Este método, devido a sua flexibilidade, eleva o rendimento da empresa por
garantir produtos em estoque e mantém um controle de custos de acordo com a
política de cada organização.

2.5 CLASSIFICAÇÃO ABC

A curva ABC, também chamada de classificação ABC ou Princípio de Pareto


é considerada uma das ferramentas mais importantes para a logística e necessita de
um bom entendimento para ser utilizada.
Yu (2011) diz que uma gestão de estoque efetiva é de grande importância
para a cadeia de suprimentos. Para organizações que mantém um grande número
de produtos estocados, gestores utilizam a classificação ABC para classificar os
itens, com objetivos de controlar cada classe de produto de acordo com sua
importância.
“A análise ABC é o processo de classificar os itens em três categorias de
acordo com sua utilização e valor, de modo que os gerentes possam concentrar-se
nos itens que possuem maior valor” RITZMAN; KRAJEWSKI (2004)
Segundo Dias (2010) existe um número variado de opções para aplicação da
curva ABC. É um método de possível utilização para empresas de pequeno, médio,
ou grande porte, assim, sendo benéfico tanto para as organizações que dispõe de
sistemas informatizados, como por aquelas que possuem planejamento próprio.
Ballou (2001) aponta outro possível modo de utilização para a classificação
ABC. Esta pode ser utilizada para realizar o agrupamento dos itens em um local de
estocagem, tendo números de categorias restritos que são dados a estes diferentes
níveis de disponibilidade no estoque.
Nesse estudo os produtos podem ser classificados em três categorias
diferentes A, B e C. No Quadro 2 segue a classificação ideal para cada item
estudado:
29

Quadro 2 – Critérios de classificação ABC


Valor
Classes Descrição Itens
Total
Nesta classe estão os itens com maior importância e
que devem receber maior atenção. Os itens dessa classe
A 80% 20%
correspondem a 80% do valor monetário total e 20% dos itens
estudados
Nesta classe estão os itens em segundo lugar. Os itens
B da classe B correspondem a 15% do valor monetário e a 30% 15% 30%
dos itens.
Nesta classe estão os itens com menor importância.
Apesar de possuírem grandes quantidades, os itens C possuem
C 5% 50%
valores baixos. Correspondem a 5% do valor monetário e 50%
dos itens

Fonte: Adaptado de Ballou (2001).

2.5.1 Elaboração da curva ABC

Para a elaboração da curva ABC certos cuidados devem ser levados em


conta, pois alguns problemas podem surgir na etapa de verificação e levantamento
dos dados que foram utilizados para confeccionar a curva ABC. Deste modo, os
funcionários devem ser treinados e preparados para o levantamento das
informações, sendo adquiridos formulários para a coleta de dados e principalmente
devem ser definidas normas e rotinas para os levantamentos das informações (DIAS
2010).
Todas as fases da Classificação ABC são demonstradas no Quadro 3, desde
a constatação que a ferramenta deve ser utilizada em busca de melhorias, até se
chegar na tomada de decisão através de seu estudo.

Segue no Quadro 3, uma ilustração do modelo de confecção da curva ABC :


30

Quadro 3 - Confecção da curva ABC


Passos para confecção da curva ABC
1 Necessidade curva ABC
Descrição Preliminar
Definição de objetivos
2 Definição das técnicas para análise
Tratamento de Dados
Cálculo Manual ou Eletrônico
3 Obtenção da classificação: Classe A
Classe B e Classe C sobre a ordenação efetuada
Tabela explicativa e traçado pelo Gráfico ABC
4 Análise e conclusões
5 Providências e decisões
Fonte: Adaptado de Dias (2010).

Dias (2010) aponta que a montagem da curva ABC é distribuída em quatro


passos, da seguinte forma:

1- Primeiramente é realizado o levantamento de todos os produtos do problema,


com as suas quantidades, preços unitários e preços totais conforme segue o
exemplo na Tabela 1.
31

Tabela 1 – Coleta de dados


Valor do
Material Consumo anual Consumo
Preço Unitário (R$) Grau
(Unidades) Anual
(R$)
A 1 10.000 10.000 8º
B 12 10.200 122.400 2º
C 3 90.000 270.000 1º
D 6 4.500 27.000 4º
E 10 7.000 70.000 3º
F 1.200 20 24.000 6º
G 0.60 42.000 25.200 5º
H 28 8.000 22.400 7º
I 4 1800 7.200 10º
J 60 130 7.800 9º
Fonte: Adaptado de Dias (2010).

2- Após a primeira etapa, é necessário colocar todos os produtos em uma


tabela, todos eles em forma decrescente de preços totais e o seu somatório.
A tabela a ser criada deve conter as seguintes colunas: número da peça,
preço unitário, preço total do item, preço acumulado e porcentagem. Segue o
exemplo na Tabela 2.

Tabela 2 – Ordenação dos dados

Valor de % Porcentagem
Valor de
Grau Material Consumo Sobre o valor do
Consumo (R$)
Acumulado (R$) Consumo Total
1 C 270.000 270.000 46
2 B 122.400 392.400 67
3 E 70.000 462.400 79
4 D 27.000 489.400 83
5 G 25.200 514.000 88
6 F 24.000 538.600 92
7 H 22.400 561.000 95
8 A 10.000 571.000 97
9 J 7.800 578.800 98
10 I 7.200 586.000 100
Fonte: Adaptado de Dias (2010).
32

3- No terceiro passo, cada valor total irá ser dividido pelo somatório total de
todos os produtos colocando cada percentual em sua respectiva coluna;

4- O quarto e último passo é dividir todos os produtos de acordo com as classes


A, B, e C, levando em conta a sua prioridade e o tempo disponível para
tomada de decisão do problema. Na Figura 3 é ilustrada uma representação
gráfica da curva ABC, com os valores utilizados nos quadros anteriores:

Figura 3 – Representação gráfica da curva ABC

Fonte: Dias (2010).

Diante do gráfico, podemos constatar os seguintes dados:


 Classe A: 20% dos produtos que correspondem a 67% do valor total;
 Classe B: 30% dos produtos que correspondem a 21% do valor total;
 Classe C: 50% dos produtos que correspondem a 12% do valor total.
Segundo Pozo (2002) a utilização da classificação ABC traz vantagens para a
empresa, pois é possível diminuir as imobilizações em estoque sem interferir na
segurança. Sendo assim se controlará com severidade os itens de classe A, e mais
levemente os itens da classe B e da classe C.
33

Desse modo, nesse exemplo, os itens da Classe A devem ter uma atenção
especial, enquanto os itens da classe B devem ter uma atenção intermediária e os
da classe C uma menor atenção.

2.6 ESTOQUE DE SEGURANÇA

O estoque de segurança é uma ferramenta de indispensável uso na gestão de


estoque de uma empresa. Possibilita ter uma gestão segura sem haver problemas
de falta de material ou de deficiência no atendimento ao cliente. Assim, Keskin et al.
(2015) afirmam que as organizações devem manter estoque de segurança para
assim evitar pedidos pendentes no caso de demandas incertas, desvio no lead time
e processos logísticos e oportunidades para imprecisões.
Para Arnold (1999) o objetivo do estoque de segurança é evitar demanda e
oferta imprecisa. Sendo que esta imprecisão pode ocorrer da seguinte maneira:
quantia do produto e tempo de entrega imprecisos.
Garcia, Lacerda e Arozo (2001) citam algumas das causas que acarretam a
falta de estoque:
● Flutuações no nível de consumo;
● Atraso no tempo de reposição;
● Variação na quantidade. Exemplo: Quando o setor de qualidade rejeita um
lote de produtos recém fabricados; e
● Diferenças de estoque.
No ambiente organizacional necessita-se utilizar um estoque de segurança
que possibilite garantir a continuidade do processo produtivo, levando em
consideração que a reposição de estoque não é uniforme e o tempo que leva para
isso não é fixo. Segundo Pozo (2002) a otimização dos recursos acessíveis e a
minimização dos custos são essenciais para garantir o melhor desempenho do
estoque de segurança. Para ser possível definir o estoque de segurança são
utilizadas algumas das seguintes equações matemáticas:

A. Fórmula Simples

EMn = C x K (4)
34

Onde:
EMn: estoque mínimo
C: consumo médio mensal
K: fator de segurança arbitrário com o qual se deseja garantia contra um risco de
ruptura.

B. Método da Porcentagem de Consumo

EMn = (CMax - CMédio) x TR (5)


Onde:
EMn: estoque mínimo
C.Max: consumo máximo
CMédio: consumo médio
TR: tempo de fornecimento

C. Método de grau de risco

ES = C x k (6)
Onde:
ES: estoque de segurança
C: consumo médio no período
K: coeficiente de grau de atendimento

D. Método com variação de consumo e/ou tempo de reposição

ES = (Cm - Cn) + Cm x Ptr (7)


Onde:
ES: estoque de segurança
Cn: consumo normal do produto
Cm: consumo maior previsto do produto
Ptr: porcentagem de atraso no tempo de reposição
35

2.7 LOTE ECONÔMICO DE COMPRA

O método mais utilizado na decisão da quantidade a ser pedida de um item,


quando há a necessidade de reabastecimento, é chamado de abordagem do lote
econômico de compra (LEC) (SLACK ET AL., 2002).
Esse método é de extrema importância na relação empresa-fornecedor, pois,
o objetivo do LEC na gestão de estoque é identificar a melhor quantidade de um
material a ser comprada junto ao fornecedor em cada operação de reposição de
estoque. Através disso, busca a diminuição dos custos e o equilíbrio entre a
quantidade de materiais e o volume de reservas financeiras.
Uma variável usada para o cálculo do LEC é o ponto de ressuprimento. O
ponto de pedido é a quantidade que indica o momento de fazer um novo pedido de
compra. (GARCIA; LACERDA; AROZO, 2001).
A Figura 4 mostra como é realizada a política do LEC:

Figura 4 – Diagrama ilustrativo do lote econômico de compra

Ocorre a retirada de um certo insumo x

Comparar a quantidade restante do


A quantidade é maior
insumo x em estoque com o Ponto de
que o Ponto de
Ressuprimento Ressuprimento ?

NÃO SIM
O

Registrar a quantidade restante e realizar Registrar a quantidade restante de


o pedido do LEC insumo x

Fonte: Autoria própria.

A fórmula do modelo de LEC foi criada por Ford Harris em 1913,


através do custo total de estoque, que implica os custos de aquisição e de
36

manutenção de estoques, na procura de encontrar o equilíbrio entre as vantagens e


as desvantagens de manter estoque. (BALLOU, 2006). A seguir está a fórmula de
custo total:

𝐷 𝑄
𝐶𝑇 = 𝑆 × ( ) + 𝐼𝐶 × ( ) (8)
𝑄 2

Onde: CT = custo de estoque total anual;


Q: quantidade do pedido para reposição do estoque;
D: demanda anual dos itens;
S: custo de aquisição por pedido;
C: valor do item no estoque;
I: custo da manutenção como percentagem do valor do item, %/ano.

Para encontrar a Quantidade (Q) que minimiza o Custo Total (CT), ou seja, o
LEC, deriva-se a equação do Custo Total em função da quantidade e iguala-se a 0.

𝜕𝑇𝐶 𝐼𝐶 𝐷𝑆
= − (9)
𝜕𝑄 2 𝑄2

2×𝐷𝑆
𝐿𝐸𝐶 = √ (10)
𝐼𝐶

O intervalo ótimo entre pedidos e o número ótimo de pedidos anuais serão


respectivamente:

𝐿𝐸𝐶
𝑇1 = (11)
𝐷
𝐷
𝑁1 = (12)
𝐿𝐸𝐶
37

2.8 DEPÓSITOS E ARMAZENAGEM

Arnold (1999) aponta a minimização dos custos e maximização do


atendimento aos clientes como sendo os objetivos fundamentais dos depósitos. Para
isso, as administrações de depósitos necessitam:
 Disponibilizar a seus clientes suporte específico;
 Preservar a ordem dos itens, assim sendo de fácil acesso quando necessário;
 Reduzir a totalidade dos trabalhos, como resultado, diminuindo o custo do
fluxo de produtos ao realizar o transporte; e
 Disponibilizar fácil meio de informação para os clientes.
Para Dias (2012) a armazenagem, que é parte do processo logístico,
considera essencial a ocorrência do melhoramento da produção e avanços nos
processos produtivos tornando-os totalmente eficazes.
Segundo Pozo (2002) dois dos componentes mais importantes para o
conjunto de atividades logísticas são a armazenagem e o manuseio dos produtos.
Essas atividades envolvem de 10 a 40% dos custos logísticos de uma empresa.

2.9 METODOLOGIA 5S

O Programa 5S surgiu no Japão, em meados da década de 1960, sendo


parte do esforço empreendido para reconstruir o Japão, que foi derrotado na
segundo guerra mundial. Contribuiu, junto com outros métodos e técnicas, para o
reconhecimento da famosa inscrição made in Japan. (MARSHAL, 2005)
As empresas que buscam a melhoria da qualidade de vida no trabalho
utilizam o programa 5S como uma base para o desenvolvimento dessa qualidade. O
programa 5S não é utilizado apenas para os aspectos de qualidade e de
produtividade, como também deve ocorrer em relação à organização da área de
trabalho. Como por exemplo, na realização do descarte dos itens sem utilidade, na
liberação de espaço, na limpeza do ambiente de trabalho, na identificação dos itens
de trabalho e na disciplina necessária para realizar um bom trabalho.
(BARRETO,1999).
Os sensos que dão nome ao Programa 5S têm relação com as iniciais das
palavras japonesas seiso, seiketsu, seiri, shitsuke e seiton. Traduzidos para o
38

português são nomeados como os sensos de limpeza, higiene, utilização,


autodisciplina e organização. Como é ilustrado no Quadro 4:

Quadro 4 – Metodologia 5S
Em Japonês Em Português Adaptação
Seiso Senso de Limpeza Limpeza
Seiketsu Senso de Asseio Higiene
Seiri Senso de Arrumação Descarte
Shitsuke Senso de Autodisciplina Ordem Mantida
Seiton Senso de Ordenação Organização
Fonte: Autoria Própria.

Cada senso tem um objetivo específico, conforme descreve as seguintes seções.

2.9.1 SENSO DE LIMPEZA

Segundo Silva (2010), cada funcionário tem a responsabilidade de limpar seu


próprio posto de trabalho, e manter em mente que melhor do que limpar, é não sujar.
Isso também ajuda na conservação do ambiente e ferramentas de trabalho.

Ribeiro (2010) afirma que o senso deve seguir os seguintes pensamentos:

 Os funcionários devem se sentir responsáveis pela limpeza do local de


trabalho;
 Locais de uso coletivo, após serem utilizados, devem ser limpos;
 Verificar lixeiras e materiais de coleta de lixo, para facilitar o trabalho da área
de limpeza;
39

2.9.2 SENSO DE SAÚDE

Segundo Ribeiro (2010), o sendo de saúde tem a função de criar o hábito de


higiene nos funcionários. As atividades a seguir mostram o pensamento desse
senso:

 Ter reuniões sobre normas de convivência no setor;


 Verificar com as pessoas ligadas à saúde, quais devem ser os planos de
ações para eliminar os problemas que afetam os funcionários;
 Identificar as instalações e os materiais de trabalho de acordo com o padrão
estabelecido pela empresa.

2.9.3 SENSO DE ARRUMAÇÃO

Segundo Silva (1994), o senso de arrumação consiste em organizar os


materiais de trabalho de modo a agilizar o uso quando necessário. De acordo com
Ribeiro (2010), o senso de baseia em otimizar o tempo através da organização dos
materiais e ambiente de trabalho. Esse objetivo será conquistado através dos
seguintes itens:

 Definir os locais para os materiais de trabalho serem guardados com


segurança, afim de manter a preservação dos mesmos;
 Manter os materiais de trabalho organizados e que os mesmos estejam em
locais de fácil visualização;
 Identificar os recursos e os locais de trabalho, com objetivo de evitar perda de
tempo quando necessitar encontrá-los.
40

2.9.4 SENSO DE AUTODISCIPLINA

Para Silva (1994), todo funcionário deve seguir padrão ético, moral e técnico
de organização. Este senso tem a função de garantir que os outros sensos sejam
aplicados. Segundo Ribeiro (2010), o sendo tem como objetivo criar uma série de
regras, normas e procedimentos para que a ordem seja mantida. O senso deve ser
estabelecido através dos seguintes itens:

 Constante monitoramento, deve-se manter em dia o 5S;


 Compromissos cumpridos nas datas estabelecidas, caso não seja possível,
contatar o mais rápido possível as áreas envolvidas;
 Cumprir normas e regras estabelecidas pela empresa;
 Analisar se as atitudes das pessoas estão prejudicando algum funcionário.
41

3 MÉTODO DE PESQUISA

No Capítulo 3 é apresentado a metodologia utilizada, buscando atingir os


objetivos propostos. Encontra-se especificado o tipo de pesquisa realizada, a
definição da área de estudo e como é realizada a coleta de dados.
Gil (2002) afirma que toda classificação é feita baseada em algum critério. A
classificação de pesquisas é usualmente feita embasada no objetivo geral da
pesquisa. Sendo assim, possibilita ter a classificação dividida em três diferentes
grupos: pesquisa do tipo exploratória, explicativa e descritiva. Esta pesquisa pode
ser classificada como qualitativa ou quantitativa.
As técnicas de coleta de informações utilizada para o desenvolvimento do
trabalho foi entrevista com o proprietário, levantamento de dados dos processos
analisados e visita ao local. Através dos dados obtidos, foi analisado o que poderia
ser realizado com os mesmos, com o intuito de buscar melhorias para a gestão de
estoque da empresa.
Após coletados, os dados foram organizados e utilizados pelas ferramentas
selecionadas nesse estudo, com o intuito de gerar um melhor controle de estoque
para a empresa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A empresa do ramo de biscoitos mantém suas atividades por quase 15 anos.


Fundada na cidade de Cambará, localizada no norte do estado do Paraná, sempre
procurou manter seu estilo de gestão e administração desde os primeiros momentos
de suas atividades. Empresa familiar e bastante tradicional na área de atuação na
região, a empresa vem alcançando grande crescimento nos últimos anos,
abrangendo não só a região de origem, como estados das regiões Sul e Nordeste,
entre outros.
O enfoque da empresa sempre foi produtos do ramo alimentício, com linhas
que contam atualmente com mais de 30 produtos. Possuindo todas suas instalações
no mesmo parque industrial, sendo duas delas utilizadas para produção e
armazenagem e o departamento administrativo. A empresa mantém um estilo de
42

gestão centralizador e com as atividades integradas contando atualmente com cerca


de 80 funcionários.
A missão da empresa é oferecer produtos de qualidade, procurando
disponibilizar produtos acessíveis a todos os tipos de consumidores, mantendo
preços não elevados e praticidade na aquisição. Ser reconhecida como a maior
empresa de alimentos do Sul do país está como visão e principal objetivo para os
próximos períodos.
O estudo de caso foi realizado na empresa alimentícia de médio porte, que
foca sua comercialização para pequenos e médios empreendimentos e empresas
varejistas. Nota-se em diversos setores da empresa falta de processos e métodos
pré-definidos para lidar com situações diárias e conhecimentos técnicos mais
desenvolvidos quando se trata de processos, podendo ocasionar uma grande
ocorrência de divergências e avarias. Além disso, encontra-se falta de ferramentas
de controle para processos produtivos e estocagem, gerando muitas vezes
desperdícios e perdas de materiais.
A divisão das atividades e hierárquica que a empresa possui segue
características de empresas de origem familiar, tendo um nível de organização
dentro dos padrões da empresa, havendo chance de colaboradores efetuarem
diversas funções em sua área. A hierarquia da empresa é ilustrada conforme a
Figura 5.
43

Figura 5 – Organograma Funcional

Fonte: Autoria Própria.

3.2 DEFINIÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa quanto aos seus objetivos é classificada como exploratória. Para


Gil (2002) pesquisas exploratórias disponibilizam maior relação com o problema em
questão para formulação de hipóteses.
A pesquisa exploratória ajuda na busca de hipóteses ou explicações
plausíveis e a identificar áreas para um estudo mais específico. Na escolha desse
delineamento de pesquisa, é de extrema importância, conhecer quais são os
métodos disponíveis para coleta e análise dos dados.
A pesquisa pode ser qualificada como qualitativa quando são observados os
métodos de controle de estoque que podem interferir diretamente na gestão de
estoque adequada. A forma como são armazenadas as mercadorias e o layout da
fábrica são observados durante o estudo.
Segundo Gonçaves e Meireles (2004), numa pesquisa qualitativa os dados
são de natureza semântica e interpretativa, onde são nomeados objetivos abstratos
ou reais, por meio de atributos que geram um significado.
44

A pesquisa quantitativa utiliza modelos matemáticos com o intuito de gerar


uma maior precisão nos dados, na busca pela maximização do lucro e a perfeição
dos resultados procurados (POZO,2008).
Os procedimentos técnicos dessa pesquisa podem ser classificados como
estudo de caso. Para Gil (2002) um estudo de caso é considerado a análise
contínua sobre um ou poucos objetivos, permitindo assim um grande conhecimento
específico sobre o assunto.
Partindo do princípio que o estudo de caso permite simples coletas e análise
dos dados, este método também permite a preservação das características
principais e significativas nos processos organizacionais da empresa.
Para Gil (2002) um estudo de caso é considerado a análise contínua sobre
um ou poucos objetivos, permitindo assim um grande conhecimento específico sobre
o assunto.
A coleta de dados foi realizada através de entrevista com os proprietários da
empresa, do acesso ao banco de dados da empresa e das observações realizadas
no dia da visita dos pesquisadores à empresa.
Os proprietários da empresa forneceram um banco de dados com os números
de produção de cada produto nos últimos dois anos (2015-2016). Esses dados
continham o nome do produto, a linha de produção do produto, a quantidade de
caixas vendidas mensalmente do produto e a quantidade em quilos que cada caixa
representava.
Durante as visitas realizadas, foi observada toda a organização do armazém
da empresa, local destinado ao estoque dos produtos fabricados. Através dessas
observações, foram estudadas melhorias para o armazém da empresa.
A análise dos dados foi realizada a partir do banco de dados e da visita ao
armazém da empresa em questão.
Através do banco de dados da empresa, foram observados e selecionados
todos os dados de real importância para a pesquisa. Sendo assim, os produtos
foram divididos de acordo com a sua família. Com os dados de quantidade em
gramas de cada produto, quantidade de caixas do produto vendidas e quantidade de
produtos em cada caixa, foram geradas as produções totais em quilos nos últimos
dois anos para cada produto.
Através da visita realizada, foi observado o layout do armazém, a organização
de cada produto estocado, maquinários utilizados no armazenamento de estoque e
45

os métodos utilizados pelos funcionários no armazenamento. Todos os dados


obtidos foram anotados e analisados pela metodologia 5S nesse estudo.
Também através da coleta de dados foi possível a elaboração da análise
ABC, utilizando dados de produção e analisando quais são os produtos com maiores
volumes produtivos.
Além desses, as informações permitiram o desenvolvido da ferramenta de
planejamento e controle de estoque e IDS. O desenvolvimento dessa ferramenta
utilizou os dados de capacidade produtiva e capacidade de estoque, sendo
elaborado uma ferramenta que possibilita sempre manter os respectivos valores
dentro da capacidade da empresa.
Juntamente com as ferramentas citadas, foi possível utilizar o sistema FIFO
que permite o controle de estoque com bastante eficiência, controlando a entrada e
saída dos produtos no armazém.
46

4. DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo será tratado todo o processo de análise de dados e


desempenho da empresa em questão, tendo uma visão bastante detalhada e
completa dos pontos importantes a serem notados, assim como a apresentação de
métodos e melhorias decorrentes de possíveis implementações na empresa citada.
Para que isso seja possível, segue-se a metodologia aplicada apresentando as
ferramentas de gestão de estoque a serem utilizadas, sendo analisado a sistemática
e possíveis processos de adaptação cultural da empresa para o desenvolvimento
destas.
Para que os critérios citados sejam possíveis, ocorreu a aplicação de um
estudo de caso, que segundo Gil (2002) é uma análise apurada e insistente de
determinados métodos, visando obter um conhecimento amplo e detalhado, sendo
muito mais difíceis de alcançar na aplicação de outras metodologias.

4.1 SITUAÇÃO INICIAL

A produção da empresa segue um processo bem específico, que vem sendo


utilizado praticamente desde sua fundação. A demanda é conhecida através dos
pedidos mensais dos clientes, seguindo em geral um volume padrão para os
principais compradores que a empresa possui.
Assim que o setor de vendas obtém informações do volume de vendas no
mês e as datas que devem ser entregues os produtos, os valores são encaminhados
para o gerente de produção, que é o responsável por dar seguimento ao processo e
garantir que os produtos estejam prontos no exato dia que deverão ser
despachados. As informações de vendas são transmitidas para a produção através
de tabelas e planilhas de controle. Partindo dessa premissa, os produtos vão sendo
fabricados de acordo com as prioridades de entrega, sendo feito o planejamento da
produção semanal ou diário, variando de acordo com a situação. Para o
planejamento da produção é utilizado pelo gerente de produção um controle simples,
podendo ser uma tabela impressa ou feita manualmente contendo os volumes e os
produtos que devem ser fabricados ao decorrer da semana. Esses valores são
47

transmitidos para o setor produtivo através de um auxiliar de produção, que é o


responsável por verificar se está havendo o devido andamento. O fluxograma do
processo produtivo é representado na Figura 6.

Figura 6 – Fluxograma do processo produtivo

Fonte: Autoria Própria.

A empresa alterna dois turnos de produção, tendo aproximadamente 80 horas


produtivas por semana. Devido às máquinas, é possível ter até duas linhas de
produtos fabricados por vez, tendo a capacidade de produção uma variação
dependendo da linha que estiver em andamento.
O processo de compras de matéria-prima é realizado pelo gerente de
produção juntamente com o presidente da empresa. O gerente de produção
transmite a necessidade, que é calculada com base no estoque mínimo, e o
presidente é o responsável pela negociação e aquisição dos produtos diretamente
com os fornecedores.
É possível identificar durante o processo produtivo grande possibilidade e
abertura para falhas e erros devido à falta de um processo de controle mais apurado
e seguro. Desta forma a ocorrência de atraso na entrega do produto ou um longo
48

período de setup pode ser notado, prejudicando o desempenho produtivo e


mercadológico da empresa.

4.1.1 Armazenamento

A armazenagem do produto final é feita em um depósito interligado com o


setor de produção, assim facilitando o manuseio e o transporte desses produtos.
Este depósito possui piso único, em que encontram-se instalados pisos elevados
encostados nas paredes laterais que foram adaptados conforme a necessidade da
empresa.
No piso inferior, que é o local de maior armazenamento, encontram-se os
produtos finais separados por paletes, embalagens que também são separados por
paletes e o depósito de paletes, localizado próximo à porta pela qual é feita a
entrada dos produtos finais no armazém. A distribuição dos produtos no piso inferior
é feita visando facilitar a movimentação dentro do armazém, com grande
espaçamento entre os paletes e com os produtos alocados estrategicamente.
No piso superior encontram-se mais embalagens e caixas de papelão que são
utilizadas para o transporte dos produtos. Devido à improvisação deste piso,
ocorrem dificuldades maiores na movimentação do material e limitação na
armazenagem, sendo apenas determinados produtos permitidos no local. A
Fotografia 1 mostra uma foto da disposição do armazém.
49

Fotografia 1 – Armazém Piso 1

Fonte: Autoria Própria.

O armazém é situado em um local que estrategicamente facilita a mobilidade


dos produtos finais e possibilitando fácil acesso às embalagens para o setor
produtivo. A instalação é bem arejada e possui adequada condição para a
conservação dos produtos. As condições de higiene também seguem o padrão para
manter o produto intacto até ser despachado para os consumidores.

4.1.2 Controle de estoque

O estoque da empresa localiza-se nas duas instalações que a empresa


possui. O estoque de matéria-prima é mantido próximo à estrutura produtiva da
empresa, visando otimizar o tempo de preparação do produto e transporte para as
máquinas. As ordens de compra da matéria-prima são realizadas baseando-se em
intervalos de compra e estoque mínimo calculado através de dados histórico de
consumo. A quantidade que a empresa adquire de matéria-prima é o volume que é
suportado no espaço reservado aos produtos. O método de controle do volume para
estes produtos é visual, sem haver a existência de alguma ferramenta específica.
50

Na segunda instalação é localizado o estoque dos materiais que são


utilizados no produto final. Assim são encontrados produtos utilizados para a
embalagem e transporte, além do espaço utilizado para a armazenagem do produto
final até ocorrer o despacho para os clientes.
A empresa não possui nenhum sistema de inventário ou controle de
mercadorias. A quantidade em estoque é baseado no número de vendas, tendo
frequentes ocorrências de estoques baixos devido à quantidade produzida ser
exatamente a que será despachada. Para organização do estoque não é utilizado
nenhum estudo ou aplicação de ferramentas. O responsável pela gestão de estoque
é também o gerente de produção, que se direciona em sua experiência para manter
um estoque de acordo com as necessidades da empresa.
Para o estoque de produtos finais nota-se o posicionamento no armazém de
acordo com o volume de venda e data de validade. Buscando otimizar o processo,
os produtos que possuem maior volume de venda e data de validade mais próxima
são colocados mais próximos ao corredor de movimentação entre os paletes,
priorizando-os para as próximas entregas. Na distribuição dos paletes no armazém,
há apenas um corredor para fazer essa movimentação de mercadorias, o que pode
limitar bastante o transporte dos materiais e também dificultar o controle da
quantidade devido à falta de exposição de certos produtos.
51

Fotografia 2 – Armazém Piso 2

Fonte: Autoria Própria.

Buscando facilitar a gestão do estoque, a empresa desenvolveu alguns


métodos próprios. Após embalados, os produtos são devidamente distribuídos em
caixas com cores demarcadas para cada linha existente no portfólio da empresa,
facilitando assim a busca e separação na hora do despacho. Mantém-se um volume
fixo de caixas por paletes para facilitar a contagem dos produtos, sendo que cada
palete deve possuir 48 caixas. No processo de despacho, os paletes com os
volumes exatos de venda são separados em uma área próxima a porta de
carregamento dos caminhões.
O carregamento é executado manualmente pelos funcionários da empresa,
processo que pode gerar lesões ou desgaste excessivo. Não há nenhum sistema de
controle do lote que foi enviado ao cliente, sendo ausente um método que é
essencial para controle de qualidade caso haja alguma devolução devido a produtos
com defeito. O volume a ser entregue é repassado aos funcionários para separação
da mercadoria por um controle manual, contendo o nome do produto, quantidade e o
valor do produto, o que não é muito indicado devido ao excesso de informação. O
volume a ser entregue é separado previamente em uma área específica para
executar o carregamento, perdendo um espaço considerável do armazém. A
Fotografia 3 mostra a área de despacho de produtos.
52

Fotografia 3 – Área de despacho

Fonte: Autoria Própria.

Para o estoque de embalagens é mantido o mesmo estilo de gestão. O


volume é regulado visualmente e a reposição é feita com base em dados históricos e
pesagem dos rolos. Como não há validade para as embalagens dos produtos, não
há necessidade de priorizar a utilização. Não há um método de paletização ou
alocação padronizada para o estoque de embalagens, dificultando o acesso e a
movimentação dos produtos.
O mesmo método de gestão de estoque da embalagem é utilizado para os
materiais utilizados para o transporte, porém o volume estocado é muito elevado
devido a melhores negociações de compras e a ocorrência de reposição é feita com
um longo intervalo de tempo. Estes produtos são localizados no piso superior,
possibilitando a armazenagem de grandes volumes sem prejudicar outros produtos.
Manter uma armazenagem bem planejada torna-se uma ferramenta de
grande importância para a empresa que trabalham com elevados volumes de
produção. Evita a ocorrência de cancelamento com os clientes e suporta possíveis
atrasos ou problemas na produção. Em momentos durante a realização do estudo
notou-se a dificuldade que as empresas possuem de atender o volume de vendas
durante manutenção de máquinas ou problemas com matéria-prima, perdendo
consideráveis arrecadações com vendas.
53

4.2 PROPOSTA DE MELHORIA

Nesta etapa do estudo serão apresentadas sugestões de ferramentas e


processos a serem implementados na empresa visando oportunidade de melhorias
em vários pontos de sua gestão de estoque. Todos os processos foram baseados a
partir de análise detalhada e estudos realizados, sendo descritos os benefícios e as
mudanças que acarretará para a empresa.

4.2.1 Análise ABC

A elaboração do método de análise ABC na empresa visa proporcionar um


direcionamento estratégico, assim possibilitando que a empresa tenha conhecimento
preciso do volume e da importância que cada produto de seu portfólio tem para o
bom desempenho da empresa. Consequentemente, viabiliza planejamentos mais
elaborados para o processo produtivo e também uma gestão de estoque mais
eficiente.
Para ser possível a elaboração da análise ABC, os relatórios obtidos através
do banco de dados da empresa alimentícia foram analisados de acordo com a
metodologia para a obtenção da classificação e do gráfico com a curva ABC.
O quadro presente no Apêndice A mostra a classificação ABC para os
produtos da empresa. Desse modo, é possível observar que os 9 primeiros produtos
equivalem a 77,2% da produção da empresa durante o período de 2 anos (2014 e
2015). Os próximos 7 produtos correspondem a 17,3% da produção, e o restante
dos produtos compreendem 5,5%.
Uma das finalidades básicas da gestão de estoques é guiar as informações
adequadas assinalando as prioridades. Os resultados encontrados na análise foram
os esperados. A classificação ABC se mostra bastante coerente com a metodologia
proposta. Analisando o quadro presente no Apêndice A, onde estão descritas as
linhas de produtos produzidos pela empresa, é possível observar que apenas 9 de
53 produtos correspondem a 3.724.798 kg de produto. O que significa cerca de
77,2% da produção da empresa, sendo que esses 9 itens correspondem cerca de
16,98 % dos produtos. Sendo esses itens classificados como pertencentes à classe
A. Os demais itens somam um total de 44 produtos, mas representam um percentual
54

de apenas 22,8% da produção da empresa nesse período de 2 anos. Os itens


pertencentes à classe B têm 17,3% da produção total, sendo empregados em 7 dos
53 produtos, e correspondem a 13,2% dos produtos, e a classe C, que corresponde
a 5,5% da produção da empresa, pertencente a 37 produtos ou 69,8% da lista.
Então, os produtos das classes B e C equivalem à grande maioria de itens, mas que
tem uma menor representatividade produtiva para a empresa. A classificação ABC
informa que os itens da classe A devem ser priorizados, na política de estoque,
devido à maior importância em quantidade produzida desses itens para a empresa,
devendo receber maior atenção por parte dos responsáveis pela compra de matéria
prima e planejamento de produção da empresa. A Figura 7 demonstra de maneira
gráfica a curva ABC confeccionada nesse estudo.

Figura 7 – Gráfico Análise ABC

Fonte: Autoria própria.

Observando a Figura 7, nota-se visualmente a diferença entre as classes.


Sendo que poucos produtos equivalem a uma grande porcentagem da produção
55

total da empresa, e muitos produtos não influenciam de forma significativa na


produção total.
Durante o estudo da classificação ABC não foram utilizados dados em relação
aos valores monetários de cada produto, devido à dificuldade da empresa de
repassar tais valores. Desse modo, foram utilizados dados relacionados à produção
total em quilos de cada produto do portfólio.

4.2.2 Melhorias no Armazenamento

Levando em consideração a boa estrutura que a empresa possui e um


espaço físico adequado para que possa desempenhar suas atividades, notou-se que
em vários aspectos há oportunidades para melhorias e estudos visando aumentar a
capacidade do armazém.
Na parte estrutural não há muito que se fazer, pois o custo que acarretaria
não seria compensatório para a empresa considerando o atual volume de produção.
Futuramente, levando em conta o crescimento dos últimos anos, serão necessárias
melhores instalações para a armazenagem de matéria-prima. O espaço atual
armazena o volume limite para manter a média produtiva, porém um aumento dessa
média já causaria transtornos com disponibilidade de material, além de impedir
facilidades em negociações com fornecedores para maiores volumes de compra.
O armazém de produto final possibilita aplicação de variados processos para
melhoria e maior capacidade. Primeiramente será essencial a aplicação de 5S, com
objetivo principal de disciplinar os funcionários a manter um local organizado e de
fácil acesso. Nota-se que não há regras de organização rígidas no local, nem
demarcações visando a segurança dos funcionários. Assim, pode-se ter os
seguintes critérios aplicados para a implementação do 5S:

Senso de Utilização
Procurar dar prioridade para materiais de uso frequentes. Além de estoque de
produtos e materiais utilizados nos produtos finais (embalagens, caixas, etc).
Encontram-se no armazém paletes quebrados, maquinários e outros materiais que
poderiam ser descartados ou alocados para locais com menor utilização. Dentre os
materiais de uso frequente, podem ser considerados os paletes e produtos finais,
56

seguido pelas embalagens, caixas e as ferramentas utilizadas para transporte de


materiais que podem ser considerados materiais de uso esporádico ou que
necessitam recuperação. Os materiais com muito pouca utilidade devem ser
alocados para uma área pouco utilizada do armazém ou colocados junto com
materiais desnecessários. Essas ações gerariam um ganho de espaço, além de
possibilitarem um local de mais fácil organização.

Senso de Organização
Procurar demarcar e estabelecer localização fixa para os materiais. O método
de etiquetagem é bastante comum para auxiliar neste senso e será muito útil para a
organização do armazém. Este método deve permitir fácil localização dos produtos
com estocagem padronizada, além de manter o local sempre organizado e livre de
materiais dispersos que atrapalhem a movimentação no armazém.

Senso de Limpeza
Procurar manter o ambiente sempre limpo e agradável, gerando assim um
conforto maior para quem exerce a maioria de suas funções dentro do armazém. Por
se tratar de uma empresa alimentícia, é exigido atenção para obter um ambiente
higienizado, porém necessita estabelecer regras de higienização aos funcionários e
maior número de lixeiras será essencial para este processo.

Senso de Padronização e Saúde


Critério em que há preocupação na empresa, principalmente voltado para
manutenção de locais em bom estado e boa ventilação. São necessárias melhorias
em sinalizações e elaboração de análise ergonômica dos funcionários, além da
implementação de atividades que exercitem coordenação motora e mental.

Senso de Disciplina
Investir em treinamentos e instruções a funcionários da empresa buscando
sempre manter o ambiente organizado. Sujeitar a multas e punições caso não haja o
cumprimento destas também é uma forma de que o processo consiga ser efetivo
dentro da empresa e mantenha a disciplina dos funcionários.
A empresa deverá focar e investir em treinamentos, campanhas de
conscientização e impor rígidas regras para que se torne possível a implementação
57

dessa ferramenta. Assim, esta ferramenta pode ser executada com rapidez, levando
em consideração a baixa complexidade que há para sua implementação e o pouco
investimento necessário.
Além da aplicação do 5S foi elaborado um layout com a distribuição e o local
que será destinado cada item, em que foi planejado buscando a melhor distribuição
de espaço para poder utilizar da melhor maneira disponível. A Figura 8 representa o
novo layout que foi confeccionado nesse estudo.

Figura 8 – Desenho da Proposta do Armazém

Fonte: Autoria Própria.

Legenda:

1 – Estantes para armazenamento do produto


2 – Espaço para escritório e armazenamento de paletes
3 – Espaço para armazenamento de embalagens
4 – Local isolado para produção de rosquinhas
5 – Pequeno estoque de paletes de fácil acesso a produção
6 - Porta utilizada para entrada de embalagens
7 – Porta utilizada para carregamentos
8 – Porta utilizada para entrada de produtos no estoque
58

9 – Porta de circulação de pessoas

A elaboração do layout foi feita juntamente com o setor administrativo da


empresa, visando agregar as melhorias de espaço e organização com a
necessidade que a empresa tem de ocupação deste local. Assim, os itens ficaram
dispostos de acordo com a exigência da empresa, possuindo excelente distribuição
dos materiais, com espaços suficientes para uma boa movimentação dos produtos,
facilidade no acesso e aumento da capacidade de armazenagem do local.

4.2.3 Melhorias no controle de estoque

Durante o período de observação e análise do controle do estoque presente


na empresa foi possível notar alguns pontos que possibilitariam um estudo mais
detalhado e a implementação de ferramentas e controles específicos para os
processos que a empresa possui. Isso para se buscar melhorias nos processos já
existentes e novos métodos que levem benefícios para as atividades.
Na sequência são analisadas atividades que envolvem o controle de estoque.
Existem diversas possibilidades de melhorias, sendo essas sugeridas com base em
estudos, adequando-se com as características da empresa.

4.2.3.1 Capacidade do estoque:

Para ter conhecimento de que métodos será possível utilizar no estudo


realizado, primeiramente foi feita uma análise da capacidade atual e se existem
meios de elevar o volume total que poderá ser estocado no armazém da empresa.
A capacidade total do armazém, de acordo com o gerente de produção, para
produtos finais é de aproximadamente 5.000 caixas, constatando-se assim que é um
volume que limita bastante a aplicação de ferramentas de gestão de estoque, por
ser uma quantidade muito abaixo da média produtiva da empresa.
Assim, buscou-se meios de aumentar a capacidade do estoque, e analisando
vários métodos que existem no mercado, chegou-se à conclusão que, devido às
características do armazém, a melhor forma e mais viável financeiramente seria a
59

implementação de estantes de armazenamento. As estantes demonstradas na


Figura 8, segundo dados dos fornecedores, possibilitam que o armazém tenha
capacidade para aproximadamente 420 paletes ou 20.000 caixas de produto final
(capacidade de caixas nas estantes), além de reduzir o espaço ocupado pelos
produtos, melhorando a mobilidade dentro do armazém.
A capacidade do armazém após a instalação de estantes de armazenagem
torna viável a elaboração de estudos e a implementação de ferramentas de gestão
de estoque para a empresa.
Para os produtos utilizados na produção, como as embalagens e as caixas, a
empresa possui capacidade de estocagem adequada para atender a produção por
um longo período. O estoque de matéria-prima, por questões de negociação com
fornecedores, necessita um espaço físico maior, mas não foi quesito de análise no
presente estudo devido à inviabilidade financeira no atual momento.
Com o estudo feito e a implementação de métodos para o aumento na
capacidade de estocagem, há a estimativa de que o armazém tenha capacidade
aumentada em torno de 400%, sendo um número considerável e suficiente para que
permita à empresa ter uma administração do estoque de acordo com sua
necessidade e planejamento da produção. Assim, conseguirá sustentar e até
aumentar o volume de vendas mesmo em épocas sem produtividade.

4.2.3.2 Gestão do estoque

No estudo e em todas as análises realizadas para a elaboração do trabalho,


notou-se que um dos pontos mais críticos a ser considerado é como a empresa
realiza a administração de seu estoque. Devido ao fato da empresa trabalhar com
um estoque muito baixo, não existe uma atenção maior para produtos que estão no
estoque e nem ferramentas e pessoas capacitadas para fazerem esse controle.
Com a implementação de uma gestão de estoque mais elaborada, haverá a
possibilidade de obter volume de estoque mais alto, beneficiando o atendimento ao
cliente e proporcionando uma melhor programação na produção. Devido aos
métodos de melhorias no armazém já analisados, é possível a implementação de
algumas ferramentas de gestão de estoque, elaboradas e adaptadas de acordo com
a estrutura e características da empresa.
60

Inicialmente, tendo como base as principais ferramentas de gestão de


estoque, a intenção era a elaboração de uma possível implementação de estoque de
segurança ou estoque mínimo para os produtos finais, porém, devido ao volume que
é produzido anualmente, a capacidade do armazém não é suficiente para a
implementação de métodos com essa característica.
Sendo assim, o método que foi analisado como melhor forma de gerir o
estoque de produto final é o que calcula o tempo de suprimento no armazém, termo
conhecida pela sigla em inglês IDS. Como essa metodologia envolve variados
cálculos para obtenção do número de dias, foi elaborada uma ferramenta utilizando
o software Microsoft Excel para facilitar o processo. A elaboração dessa ferramenta
permite que, tendo conhecimento do volume de venda mensal do produto, seja
possível planejar a produção visando atender a demanda e obter o volume suficiente
a ser mantido em estoque.
Os princípios desse método permitem obter os dias dentro de um mês que a
quantidade em estoque consegue atender o volume de vendas. Devido à
capacidade do armazém, não há a possibilidade de que todos os produtos finais
atendam todos os dias do mês, então, dessa maneira, foram necessárias
adaptações ao método devido ás características da empresa.
Primeiramente, utilizando a análise ABC feita para os produtos da empresa,
foi possível verificar os produtos com maior volume de vendas. Partindo dessa
premissa, foi possível ter conhecimento dos produtos que devem ser priorizados na
hora da armazenagem, ou seja, possuir maior capacidade de atendimento dentro do
mês.
Os produtos classificados como A, com maior volume de produção durante o
ano, devem ter capacidade de atendimento total. Assim, além de não haver risco de
falta de produtos, isso proporcionaria melhorias no planejamento da produção,
devido ao elevado tempo de utilização das máquinas na fabricação desses produtos.
Os produtos com classificação B devem ter no máximo metade da capacidade
de atendimento dentro do mês, devido ao volume de vendas e também ao tempo de
produção ser menor comparado aos produtos classificados como A. Grande parte
dos produtos com classificação B são sazonais, tendo maior tempo de programação
para a produção, sendo suficiente IDS de 15 dias. Dentre os produtos com
classificação C, apenas os que possuírem volumes de vendas consideráveis devem
ser armazenados, de acordo com a disponibilidade que restar no armazém. Estes
61

produtos possuem grandes chances de perdas e não necessitam de grandes


recursos para produção. Esta forma de classificação foi elaborada de acordo com os
recursos e características da empresa.
Além de priorizar os produtos de acordo com o volume de produção, a
ferramenta desenvolvida permite controlar a quantidade de produtos em estoque,
sendo medidos através dos dias de suprimento, elaborar uma estimativa de vendas
e simular os volumes a serem produzidos sempre visando manter o estoque total
dentro da capacidade da empresa. Na Figura 9 é apresentada a ferramenta
desenvolvida no software Microsoft Excel:

Figura 9 – Ferramenta de planejamento e controle de estoque

Fonte: Autoria Própria.

Com a utilização do sistema desenvolvido, além de se obter um controle


preciso do estoque, se possibilita ter um planejamento de produção que diminua o
setup das máquinas e que isso seja feito de acordo com a disponibilidade de
matéria-prima e volume de vendas, sendo muito importante para o planejamento
estratégico da empresa.
A ferramenta desenvolvida é um método simples e de grande utilidade para
qualquer empresa, sendo baseado em fórmulas que possibilitam dar praticidade a
todo o processo. A demanda é atualizada de acordo com os números que são
passados para o setor de planejamento. Assim, conforme é planejado o suprimento
a ser produzido de acordo com a demanda, os valores dos campos de estoque final
do mês planejado e os estoques dos meses posteriores são conhecidos e
62

controlados, permitindo obter esse controle com grande precisão e obter um cenário
visando considerável horizonte de planejamento.
Encontram-se métodos de planejamento e controle como o elaborado no
presente trabalho em empresas de variados setores, devido a sua flexibilidade e fácil
adequação, sendo utilizado em empresas de grande porte e de elevada tecnologia.
Além da ferramenta, a utilização de lotes de fabricação é uma forma bastante
útil de controle dos produtos, possibilitando a verificação da data de fabricação, da
data de validade e da quantidade do produto de determinado lote que ainda é
mantido em estoque. Para um bom controle do estoque essas informações são
essenciais.
A gestão do estoque de matéria-prima e materiais utilizados na fabricação do
produto final não obteve um estudo mais aprofundado devido ao mais simples
controle e fácil reposição, que com a estrutura de momento não necessita métodos
mais avançados.
Tratando-se de um ponto em que não há muita atenção por parte da
empresa, a implementação de ferramentas para auxiliar na gestão de estoque e
planejamento da produção possibilitará visualizar o estoque como parte do
planejamento estratégico da empresa. Isso acarretará em uma mudança de cultura
administrativa e elevará os resultados da empresa, havendo melhores volumes
produtivos e de vendas.

4.2.3.3 Controle do estoque

A empresa em seu atual modo de administração possui alguns métodos de


controle de estoque, que para a estrutura que possui, consegue manter um
considerável nível de eficiência. Porém, há a possibilidade de realização de estudos
visando métodos mais elaborados e com maior nível de eficiência.
Considerando o plano de aumento da capacidade de estoque, o atual método
de controle torna-se menos eficaz, sendo necessária a realização de análises mais
detalhadas e elaboração de métodos mais específicos.
Com a implementação de estante de armazenagem, a organização e controle
tornam-se mais fáceis de serem feitos, podendo ser definidas divisões para os
produtos que serão mantidos estocados com mais frequência. O ideal para essas
63

divisões é dar prioridade para produtos com maior fluxo de saída, estando sempre
com maior parte de espaços disponíveis e dispostos visando facilitar a
movimentação do material. Essa disposição é possível ser realizada utilizando os
valores da análise ABC.
Outro critério a ser considerado é priorizar o lote que está a mais tempo
estocado, através do método FIFO. Esse método possibilita que o número de
produtos a vencer em estoque, sejam bastante reduzidos.
Juntando os métodos citados, com os já adaptados pela empresa, é possível
manter um estoque bastante controlado, facilitando bastante a movimentação dos
produtos e sem que haja transtornos de perda de material ou a falta do mesmo.

4.2.3.4 Controle de despacho

Outro ponto que necessita de consideráveis melhorias na empresa é o


controle dos produtos que são encaminhados para os clientes. O fato de não possuir
um controle de lote ou registros de produtos que são retirados do estoque pode
gerar conflito na contagem do estoque e também impossibilita informações muito
úteis para o pós venda e controle de qualidade da empresa.
Os produtos a serem despachados são repassados aos funcionários através
de uma ficha contendo a quantidade e não é realizado nenhum tipo de controle de
saída. Para isso foi elaborado um controle através do software Microsoft Excel em
que será possível fazer o registro do lote que está saindo do estoque, a quantidade
que ainda resta estocada, a data de fabricação e validade do produto. Essa
ferramenta também possibilita o controle da validade dos produtos, visando a
diminuição de perdas e sendo um auxílio bastante importante no controle do
estoque. Segue a ferramenta desenvolvida na Figura 10.
64

Figura 10 – Ferramenta de controle de despacho

Fonte: Autoria Própria.

A ferramenta proporciona fácil acesso e controle dos funcionários a dados


relativos a lote, datas e quantidade. É possível controlar o produto que foi
despachado a partir do lote, data de fabricação e data de vencimento, além do
principal, que são as quantidades enviadas para o cliente e as que restaram em
estoque equivalentes ao mesmo lote. A elaboração da ferramenta também visa a
indicação de produtos que estão mais próximos do vencimento, dando destaque
com fácil visualização e ciência da situação.
Além da ferramenta de controle desenvolvida, será necessária a retenção de
um funcionário capacitado para ser o responsável por essas atividades, fazendo o
controle do que é necessário sair do estoque e também possibilitando que seja um
processo ágil desde a retirada dos produtos das estantes pela empilhadeira até o
carregamento dos caminhões.
Esse processo, devido a falta de controle, agilidade e excesso de espaço
ocupado, sendo implementado acarretará em grandes melhorias para a empresa,
pois beneficiará também outras atividades essenciais que ocorrem no armazém.
Considerando todos os métodos propostos, nota-se a importância e o
diferencial que acarreta para a empresa quando se tem um processo bem definido
para a gestão de estoques. Este quando bem executado, é essencial para o
planejamento e principalmente para a organização estratégica, facilitando bastante a
gestão dos processos vitais dentro de uma organização e a geração de bons
resultados.
65

5. CONCLUSÕES

Com a grande complexidade dos empreendimentos e o aumento da


concorrência entre as empresas, é necessária a utilização de ferramentas que
auxiliem no gerenciamento de estoque das empresas, com o intuito de deixá-lo mais
eficiente e a fim de obter diversas melhorias relacionadas a essa área.
Este estudo, levando em relação ao seu objetivo, apresentou os principais
conceitos relacionados à gestão de estoque. O mesmo conseguiu demonstrar que é
possível a aplicabilidade das ferramentas de gestão de estoques em pequenas e
médias empresas sem estrutura bem definidas, utilizando como cenário uma
indústria alimentícia de médio porte.
Através das análises e estudos que foram realizados no decorrer da
elaboração do trabalho, foi possível constatar as principais necessidades da
empresa e os pontos a serem melhorados em sua gestão de estoque. Além disso,
com a coleta dos dados de vendas, produção, compra e capacidade que a mesma
possuía, possibilitou a seleção adequada das ferramentas a serem utilizadas. Para
cada ferramenta foram analisados todos os dados que poderiam ter importância
para seu funcionamento.
Uma das ferramentas utilizadas foi a classificação ABC, que através de dados
da produção no período de 2 anos pode contribuir com o estudo da priorização dos
produtos em estoque. Em caso de falta de espaço dentro do armazém, os produtos
com a classificação A, que representam cerca de 77,2% da produção, merecem um
cuidado especial da empresa em seu controle de estoque.
Outra ferramenta utilizada foi o 5S com enfoque no armazém da empresa,
onde a mesma poderia auxiliar na gestão de estoque. Através dos 5 sensos, foram
diagnosticadas diversas mudanças dentro do armazém, que têm a possibilidade de
reduzir os custos, como também contribuir para um melhor ambiente de trabalho
para os colaboradores da empresa que tenham contato direto com o armazém.
A criação de um novo layout do armazém em conjunto com a utilização de
novas estantes de armazenamento, auxiliaria a empresa a adquirir uma melhor
organização no armazém e aumentaria a capacidade de produtos estocados. Sendo
assim, com um armazém de maior capacidade, as outras ferramentas utilizadas
nesse estudo poderiam encontrar melhores resultados.
66

A precariedade do sistema atual de controle de estoque, possibilitou a criação


de um sistema de controle de estoque no Microsoft Excel. Esse sistema utilizou o
IDS, que trabalhando em conjunto com a classificação ABC, poderá ajudar a
empresa a obter um melhor controle em seu estoque. O objetivo dessa ferramenta é
auxiliar o planejamento da produção de produção e a buscar uma quantidade ótima
de estoque para os produtos da empresa.
Desse modo, devido a simples implementação de todas as ferramentas
utilizadas e das diversas ações propostas que podem gerar melhorias para a
empresa, o estudo atingiu o seu principal objetivo, gerando uma gestão de estoque
totalmente controlada e organizada. Com o plano de ação gerado nesse estudo, a
empresa em questão, além da oportunidade de obter um eficiente planejamento de
estoque, poderá também melhorar o atendimento aos clientes, com uma maior
disponibilidade de produtos em estoque, gerando maior competitividade e
oportunidades de mercado. Com essa nova organização no estoque, facilitará o
trabalho de seus funcionários, pois os mesmos teriam um melhor ambiente de
trabalho para desempenhar sua função.
É possível comprovar, através de todas as análises realizadas no presente
estudo, que as melhorias propostas terão impacto positivo no desempenho e na
capacidade do inventário que será resultado para a organização após a
implementação de todas as ferramentas citadas. Consequentemente,
proporcionando oportunidades de crescimento e desenvolvimento em um cenário
não muito distante, possibilitando, através da manutenção de estudos contínuos, a
implementação e aplicação de métodos mais elaborados e sistemas que gerenciem
o estoque com mais complexidade.
Portanto, com esse trabalho podemos observar a importância do
gerenciamento de estoque em empresas de menor porte. Devido à falta de estudo
em seu gerenciamento de estoque, puderam-se constatar diversas melhorias a
serem realizadas. Essas mudanças podem auxiliar a empresa a ter um melhor
planejamento de produção na compra e venda de produtos, reduzirá as perdas e
desperdícios de estoque, e obterá um suprimento adequado para atender todas as
vendas da empresa.
67

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71

APÊNDICE

APÊNDICE A – Análise ABC.

TOTAL EM PORCENTAGEM PORCENTAGEM


PRODUTO CLASSIFICAÇÃO
KG INDIVIDUAL ACUMULADA
CREAM CRACKER 857210 17.8% 17.8% A
MAIZENA 664330 13.8% 31.5% A
MARIA 509119 10.5% 42.1% A
SORTIDOS 461373 9.6% 51.6% A
BEIJO DE MEL 335279 6.9% 58.6% A
LEITE 260105 5.4% 64.0% A
ROSQUINHA DE
COCO 221808 4.6% 68.6% A
ROSQUINHA
CHOCOLATE 212169 4.4% 72.9% A
ROSQUINHA DE
LEITE 203407 4.2% 77.2% A
PAO DE MEL 187826 3.9% 81.1% B
RECHEADOS
CHOCOLATE 179078 3.7% 84.8% B
COCO 178348 3.7% 88.5% B
AGUA E SAL 88031 1.8% 90.3% B
BISCOITO
LAMINADO MARIA 79520 1.6% 91.9% B
MARIA
CHOCOLATE 71042 1.5% 93.4% B
BISCOITO
LAMINADO COCO 50960 1.1% 94.5% B
BISCOITO
LAMINADO
CREAM CRACKER 43066 0.9% 95.3% C
RECHEADOS
MORANGO 36346 0.8% 96.1% C
BISCOITO
GAITEIRO MARIA 25506 0.5% 96.6% C
RECHEADOS
FLORESTA
NEGRA 18568 0.4% 97.0% C
72

BISCOITO
GAITEIRO AGUA E
SAL 18000 0.4% 97.4% C
ROSQUINHA DE
MILHO 17576 0.4% 97.8% C
RECHEADOS
CHOCOLATE
BRANCO 15246 0.3% 98.1% C
PAO DE MEL
COBERTURA
CHOCOLATE 14285 0.3% 98.4% C
RECHEADOS
DOCE DE LEITE 13959 0.3% 98.7% C
PAO DE MEL
COBERTURA
MORANGO 7150 0.1% 98.8% C
BISCOITO
GAITEIRO CREAM
CRACKER 6030 0.1% 98.9% C
BISCOITO
GAITEIRO
SORTIDO 5940 0.1% 99.0% C
BISCOITO
GAITEIRO
CHOCOLATE 5868 0.1% 99.2% C
BISCOITO
MAIZENA DISBIS 4510 0.1% 99.3% C
BISCOITO LEITE
DISBIS 4493 0.1% 99.4% C
BISCOITO COCO
DISBIS 4320 0.1% 99.4% C
BISCOITO CREAM
CRACKER DISBIS 3309 0.1% 99.5% C
BISCOITO
GAITEIRO LEITE 2970 0.1% 99.6% C
BISCOITO
GAITEIRO
MAISENA 2160 0.0% 99.6% C
BISCOITO
GAITEIRO PAO DE 2052 0.0% 99.7% C
73

MEL
PAO DE MEL
VULCANIA 1800 0.0% 99.7% C
BISCOITO AGUA E
SAL DISBIS 1780 0.0% 99.7% C
BISCOITO MARIA
DISBIS 1702 0.0% 99.8% C
ROSQUINHA
CHOCOLATE
VULCANIA 1492 0.0% 99.8% C
ROSQUINHA DE
COCO VULCANIA 1492 0.0% 99.8% C
ROSQUINHA DE
LEITE VULCANIA 1480 0.0% 99.9% C
BISCOITO
GAITEIRO COCO 1260 0.0% 99.9% C
BISCOITO
LAMINADO
MAIZENA 1218 0.0% 99.9% C
BISCOITO C/SAL
MANTEIGA 735 0.0% 99.9% C
BISCOITO
ROSQUINHA
DISBIS SORTIDO 626 0.0% 99.9% C
BISCOITO
ROSQUINHA
DISBIS COCO 590 0.0% 100.0% C
BISCOITO
ROSQUINHA
DISBIS LEITE 576 0.0% 100.0% C
BISCOITO
LAMINADO LEITE 550 0.0% 100.0% C
BISCOITO
ROSQUINHA
DISBIS MILHO 526 0.0% 100.0% C
BISCOITO
LAMINADO AGUA
E SAL 244 0.0% 100.0% C
BISCOITO CREAM
CRACKER 230 0.0% 100.0% C
74

PAO DE MEL
NATURAL 0 0.0% 100.0% C
TOTAL 4827259 1

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