Dissertacao Adriano Rolim Paz
Dissertacao Adriano Rolim Paz
Dissertacao Adriano Rolim Paz
Banca Examinadora
Prof. PhD Lafayette Dantas da Luz UFBA
Prof. PhD David Manuel L. da Motta Marques IPH/UFRGS
Prof. Dr. André Luiz Lopes da Silveira IPH/UFRGS
AGRADECIMENTOS
Não foi fácil, não foi simples e muito trabalho foi necessário ao longo do
desenvolvimento desta pesquisa. Contudo, foram as dificuldades e a complexidade que
tornaram sua conclusão ainda mais gratificante e ampliaram meu aprendizado. Agradeço aos
orientadores Beatriz e Adolfo, pela oportunidade de trabalharmos juntos nesta pesquisa.
Para levar adiante o curso e a dissertação, muitas pessoas contribuíram e aqui
deixo registrados meus sinceros agradecimentos a todos. Em especial, agradeço:
- aos meus pais, pelo inquestionável apoio, desde a idéia inicial de vir para Porto Alegre
fazer o mestrado como durante todo o curso;
- aos meus irmãos, pela amizade que há entre nós;
- à Isabela, que, além de mudar a minha vida, sempre ofereceu carinho e apoio, de
fundamental importância;
- aos professores da Universidade Federal da Paraíba, pelo incentivo ao trabalho na área
de Recursos Hídricos e à formação qualificada dos alunos;
- ao professor da UFPB Alain Passerat de Silans, cujos conhecimentos e experiência
transmitidos foram fundamentais na minha formação inicial nesta área;
- aos professores Beatriz e Adolfo, pela amizade, orientação e ensinamentos passados,
e, em extensão, aos demais professores do IPH;
- ao professor Alejandro, pela atenção e suporte com o modelo IPH-A;
- à Nadir e Maria, pela atenção e ajuda com os assuntos da secretaria da Pós-Graduação;
- aos hidrotécnicos do IPH, César, Pedrinho, Zé Carlos, Álvaro, Antônio Bueno e
demais membros da equipe, pela companhia durante as visitas ao Taim;
- ao pessoal da biblioteca do IPH, pelo pronto atendimento e atenção dispensada;
- ao Restaurante Universitário do Campus do Vale, pelas ótimas refeições;
- aos vigilantes do IPH, pelos serviços prestados nos sábados, domingos e feriados de
pesquisa, e deles estendo aos demais funcionários do IPH;
- à cidade de Porto Alegre e ao Estado do Rio Grande do Sul, pela boa acolhida;
- aos colegas companheiros de jornada do IPH ou externos que, de diversas formas
(conversas técnicas, troca de experiências, conversas fiadas, eventos
gastronômicos/etílicos, jogos de futebol e festas), contribuíram para a elaboração deste
trabalho e para a vida em Porto Alegre. Listo aqui alguns nomes que me recordo
agora: (do IPH) Eduardo, Diego, Carol Costi, Carol Farias, Luis Gustavo, Gilliano,
ii
Márcio, Wálter C., Wálter V., Marllus, Jaildo, Renato, Joana, Fábio, Omar, Sidnei,
Laudízio, Daniel, Ruth, Vladimir, Ane, Bia, Emília, Jean, Mário, Patrícia, Aquiles,
Sefione, Benedito, Herenice, Laura, Nílson, Elba, Dante, Ivanilto, Daniela, Andréa,
Mônica, Cristiane...; (externos) Caju, Marilu, Felipe, Uziel, Otaciana, Rysleine,
Roberta, Marina...
- aos amigos da “Cauduro”: Luis Gustavo de Moura Reis, Gilliano Borges, Márcio
Nóbrega e Eduardo Bueno, com quem tive a honra de conviver durante os melhores e
piores momentos no Rio Grande do Sul. A vida durante o mestrado não teria sido tão
boa sem o companheirismo de tais amigos. Ficaram muitas histórias, que lembrarei
para o resto da vida;
- aos amigos Diego e Marilu, e às respectivas famílias Carrillo (Miguel, Sandra, Felipe
e Fabíola) e Fiegenbaum (Marino, Marli e Mariele), pela amizade e inestimável apoio
aos amigos “do Norte”;
- ao amigo Jean Ricardo, pelo apoio fundamental na etapa final da dissertação;
- ao CNPq, pela concessão de bolsa de estudo e
- ao apoio do programa Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD/CNPq) –
Sistema Hidrológico do Taim (sítio 7), no qual esta pesquisa está inserida.
iii
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
pág
Lista de símbolos viii
Lista de tabelas xii
Lista de figuras xiii
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Justificativa e relevância do estudo 1
1.2 Objetivos 2
1.3 Introdução à metodologia 3
1.4 Organização do texto 4
2 O BANHADO DO TAIM 6
2.1 Introdução 6
2.2 Visão geral de banhados 6
2.2.1 Definição e caracterização 6
2.2.2 Funções e valores 7
2.2.3 O fator hidrologia 8
2.2.4 O fator vegetação 10
2.3 A Estação Ecológica e o banhado do Taim 12
2.3.1 Localização e descrição 12
2.3.2 Caracterização hidrológica 14
2.3.3 Conflitos pelo uso da água 17
ANEXO A1 A1
viii
LISTA DE SÍMBOLOS
r
g aceleração da gravidade terrestre
φ latitude
ρ massa específica da água
ρ ar massa específica do ar
∆ operador laplaciano
∇ operador nabla
Ω parâmetro de Coriolis
∆t passo de tempo de cálculo
Tω período de oscilação
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1. Características das imagens de satélite da região do Taim utilizadas na pesquisa. 52
Tabela 5.2. Distribuição da freqüência de ocorrência dos ventos. 65
Tabela 5.3. Especificações das malhas numéricas testadas. 67
Tabela 5.4. Valores do número de Courant (Cr) para diferentes malhas numéricas. 69
Tabela 6.1 Características do pico do pulso em alguns pontos. 93
Tabela 6.2. Casos simulados para analisar a seiche da lagoa Mangueira. 97
Tabela 6.3. Inclinação da superfície da água da lagoa Mangueira após 48h de vento constante. 98
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1. Processos associados com a melhoria da qualidade da água proporcionada pelos banhados.
(Fonte: adaptado de EPA, 1992). 8
Figura 2.2. Processos fluviais associados à vegetação. (Fonte: adaptado de Tsujimoto,1999). 10
Figura 2.3. Localização da Estação Ecológica do Taim. 12
Figura 2.4. Indicação dos limites da Estação Ecológica do Taim, sobre composição colorida RGB de
imagem do satélite Landsat5, de 06/jul/1987 (WGS 84, UTM-22S), onde: (1) sede da ESEC
Taim; (2) comportas de saída do banhado; (3) lagoa Nicola; (4) lagoa Jacaré; (5) canal do
Jacaré; (6) canal da Sarita; (7) local das fotos da figura 2.5. 13
Figura 2.5. Fotos do banhado do Taim, de 26/nov/2002, referentes à região indicada na figura 2.4. 14
Figura 2.6. Localização dos três subsistemas que compõem o Sistema Hidrológico do Taim: Sistema
Norte, banhado do Taim e Lagoa Mangueira. (Fonte: Villanueva, 1997). 15
Figura 2.7. Foto do canal da Sarita (indicado pela seta vermelha), tirada da margem da estrada
BR-471, em 09/jun/2001. 16
Figura 2.8. Foto do canal da Sarita (indicado pela seta vermelha), tirada da margem da estrada
BR-471, em 26/nov/2002. 17
Figura 2.9. Foto do banhado do Taim, tirada da margem da BR-471, em 09/jun/2001, com indicação
do canal paralelo a esta (seta vermelha). 17
Figura 2.10. Foto do banhado do Taim, tirada da margem da BR-471, em 18/set/2002, com indicação
do canal paralelo a esta (seta vermelha). 18
Figura 2.11. Usos do solo na região da ESEC Taim. (Fonte: Villanueva, 1997). 20
Figura 2.12. Fotos com detalhe do “capivaroduto”, em duas épocas de níveis de água diferentes:
(a) período de seca (Fonte: PELD, 2002); (b) período de cheia (18/set/2002). 21
Figura 3.1. Plano de referência (plano xy) e definição das variáveis η, h e H. 27
Figura 3.2. Relação entre a profundidade do escoamento e o coeficiente de Manning obtida de
experimentos em campo, onde: veg. tipo 1 = predominância da espécie Eichhornia crassipes;
tipo 2 = composição de várias espécies. (Fonte: adaptado de Shih e Rahi, 1981). 31
Figura 3.3. Variação do coeficiente de Manning para diferentes velocidades do escoamento durante
a fase de desenvolvimento da espécie Potamogeton trichoides (planta emergente). (Fonte:
adaptado de Pitlo, 1979, apud Pitlo e Dawson, 1993). 31
Figura 3.4. Representação do movimento da superfície da água durante seiches dos tipos uninodal e
binodal. (Fonte: adaptado de Martin e McCutcheon, 1999). 32
Figura 4.1. Esquema da malha numérica utilizada pelo IPH-A, com localização das variáveis nas
quadrículas de cálculo. 39
Figura 4.2. Diagrama de funcionamento do modelo IPH-A, onde: o retângulo central delimita os
módulos do modelo (representados pelos retângulos de linhas cheias); as linhas tracejadas
indicam a relação entre os arquivos gerados pelo modelo (representados pelos retângulos
chanfrados) e os módulos, e as linhas finas cheias representam a entrada de dados externos.
(Fonte: adaptado de Casalas, 1996). 40
xiv
Figura 4.3. Corte do terreno e definição das variáveis do algoritmo de secagem/inundação. 44
Figura 4.4. Diagrama de funcionamento do algoritmo de secagem/inundação. 46
Figura 4.5. Identificação das quadrículas vizinhas (a) e das velocidades impostas nulas (b). 46
Figura 4.6. Geometria do canal fictício usado para testar o algoritmo de secagem/inundação: (a)
planta; (b) planta com contorno fechado ao redor da região elevada; (c) curvas de nível, em
metros, da superfície do canal. 48
Figura 4.7. Perspectiva tridimensional da topografia do fundo do canal. 48
Figura 4.8. Nível ao longo do tempo nos pontos 3 e 5 do canal, para as simulações com contorno sólido
ao redor da região elevada e com o algoritmo de secagem/inundação. 49
Figura 4.9. Componentes da velocidade do escoamento no ponto 5 do canal, para as simulações com
contorno sólido ao redor da região elevada e com o algoritmo de secagem/inundação. 50
Figura 4.10. Campos de velocidades no canal fictício, durante teste do algoritmo de secagem/inundação
(detalhe em torno da área elevada). Em cima: canal de contorno fechado ao redor da área
elevada, para t = 5,4 h (a) e t = 7,9 h (b). Embaixo: canal com contorno original, para t = 5,4 h
(c) e t = 7,9 h (d). 50
Figura 5.1. Composições coloridas RGB de imagens de satélite do banhado do Taim, de diferentes
datas: (a) 06/jul/1987-imagem 1; (b) 04/mar/1997-imagem 2; (c) 18/ago/2000-imagem 3. 52
Figura 5.2. Delimitação do contorno do banhado do Taim e dos elementos internos sobre composição
colorida da imagem de satélite 1 (WGS 84, UTM-22S), onde: (1) Lagoa Nicola; (2) região
A; (3) região B; (4) região C; (5) Lagoa Jacaré; (6) canal do Jacaré; (7) canal da Sarita. 53
Figura 5.3. Delimitação do contorno da Lagoa Mangueira sobre composição colorida RGB da imagem
de satélite 1 (WGS 84, UTM-22S) Em detalhe, tem-se a região da interface com o Taim,
mostrando o contorno da lagoa obtido de Beltrame et al. (1998) (em amarelo) e o adotado
neste estudo (em azul), além de alguns pontais. 55
Figura 5.4. Contornos do banhado do Taim adotados em algumas simulações: (a) o contorno coincide
com a delimitação do banhado; (b) o contorno engloba parte norte da lagoa Mangueira. 56
Figura 5.5. Rotação de coordenadas do contorno do sistema Mangueira-Taim. 56
o
Figura 5.6. Contorno do sistema Mangueira-Taim rotacionado de 63 (sentido horário). 57
Figura 5.7. (a) Pontos utilizados para geração do MNT do banhado do Taim e (b) curvas de nível
resultantes (valores de cota em metros, referidos ao nível do mar - SGE). 58
Figura 5.8. Curvas de nível das lagoas Nicola (a) e Jacaré (b), com valores em metros, referidos ao
nível do mar (SGE). 59
Figura 5.9. Curvas de nível da Lagoa Mangueira (cotas em metros, relativas ao nível do mar - SGE). 59
Figura 5.10. Exemplo de superposição dos MNT para compor as matrizes de batimetria e de cotas do
fundo: (a) MNT da lagoa Jacaré; (b) MNT da lagoa Nicola; (c) MNT do banhado do Taim;
(d) composição dos vários MNT. 60
Figura 5.11. Localização dos perfis longitudinais da interface entre a lagoa Mangueira e o banhado do
Taim. 61
Figura 5.12. Perfis topográficos longitudinais da interface entre o banhado do Taim e a lagoa Mangueira.61
Figura 5.13. Localização das réguas limnimétricas e dos linígrafos da região do banhado do Taim. 62
Figura 5.14. Variação do nível da água no banhado do Taim, resultante das simulações de Villanueva
(1997). (Fonte: adaptado de Villanueva, 1997). 63
xv
Figura 5.15. Indicação das áreas consideradas secas (em cinza) para os três níveis de água característicos
do banhado do Taim: (a) nível baixo (cota 2,40 m); (b) nível médio (cota 2,90 m); (c) nível
alto (cota 3,40 m). 64
Figura 5.16. Rosa dos ventos com distribuição de freqüência dos ventos, agrupado em 3 classes (o
tamanho do triângulo indica a porcentagem do tempo em que o vento teve origem na direção
correspondente; para cada direção, a porcentagem do tempo em que o vento foi fraco,
moderado ou forte é indicada pela subdivisão do triângulo, conforme legenda). 66
Figura 5.17. Período de 4 dias de ventos com direção em torno de SO, extraído da série de dados do
posto Negreiros. 66
Figura 5.18. Período de 4 dias de ventos com direção em torno de NE, extraído da série de dados do
posto Negreiros. 67
Figura 5.19. Distribuição espacial do coeficiente de Manning, para análise do refinamento da malha
numérica: (a) dx = 180m; (b) dx = 360m; (c) dx = 480m. 68
Figura 5.20. Localização dos pontos de verificação de níveis e velocidades ao longo das simulações
para testar o refinamento da malha numérica. 69
Figura 5.21. Variação no tempo do nível no ponto A3. 70
Figura 5.22. Variação no tempo da componente da velocidade na direção O-E, no ponto A3. 70
Figura 5.23. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, no ponto A3. 70
Figura 5.24. Campos de velocidade após 12h de simulação, com uma malha de (a) 180m e (b) 360m,
onde os vetores velocidade, na região da lagoa Mangueira, foram omitidos, por questão de
escala. 71
Figura 5.25. Contornos do banhado do Taim utilizados nas simulações para verificar algoritmo de
secagem/inundação (mapa rotacionado de 90o, sentido horário). 72
Figura 5.26. Campo de velocidades após 5h de simulação, para o cenário A0. 74
Figura 5.27. Campo de velocidades após 5h de simulação, para o cenário A1. 74
Figura 5.28. Campo de velocidades após 5h de simulação, para o cenário A2. 74
Figura 5.29. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, para o ponto B1. 75
Figura 5.30. Variação no tempo da componente da velocidade na direção E-O, para o ponto B1. 75
Figura 5.31. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, para o ponto B2. 76
Figura 5.32. Variação no tempo da componente da velocidade na direção E-O, para o ponto B2. 76
Figura 5.33. Localização dos pontos de verificação de níveis e velocidades, com detalhe da região norte
do banhado. 78
Figura 5.34. Campo de velocidades no banhado do Taim, para o caso sem considerar a força de Coriolis,
após 4 dias de simulação. 79
Figura 5.35. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando a força de Coriolis (latitude
33o Sul), após 4 dias de simulação. 79
Figura 5.36. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de viscosidade
turbulenta nulo, após 4 dias de simulação. 80
Figura 5.37. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de viscosidade
turbulenta igual a 20 m2/s, após 4 dias de simulação. 80
Figura 5.38. Nível na lagoa Mangueira (ponto C5) ao longo do tempo. 82
xvi
Figura 5.39. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning
igual a 0,02 para a região do banhado, após 4 dias de simulação. 83
Figura 5.40. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning
igual a 0,1 para a região do banhado, após 4 dias de simulação. 83
Figura 5.41. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning
igual a 0,4 para a região do banhado, após 4 dias de simulação. 84
Figura 5.42. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning
igual a 2,0 para a região do banhado, após 4 dias de simulação. 84
Figura 5.43. Nível no banhado do Taim (ponto C7) ao longo do tempo. 85
Figura 5.44. Campo de velocidades no banhado do Taim, sem reduzir a tensão do vento na região do
banhado (cred = 1,0), após 4 dias de simulação. 86
Figura 5.45. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 50% a tensão do vento sobre
a região do banhado (cred = 0,5), após 4 dias de simulação. 86
Figura 5.46. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 80% a tensão do vento sobre
a região do banhado (cred = 0,2), após 4 dias de simulação. 87
Figura 5.47. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 90% a tensão do vento sobre
a região do banhado (cred = 0,1), após 4 dias de simulação. 87
Figura 6.1. Localização dos pontos de análise de níveis e velocidades, com detalhe da região norte do
banhado. 89
Figura 6.2. Nível no banhado do Taim (ponto C9), durante simulações com operação das comportas. 90
Figura 6.3. Nível no banhado do Taim (ponto C10), durante simulações com operação das comportas. 90
Figura 6.4. Condição de contorno de nível imposta para a simulação do banhado do Taim. 92
Figura 6.5. Localização dos pontos de verificação de nível e velocidade ao longo das simulações. 93
Figura 6.6. Evolução do nível ao longo do tempo durante as simulações com condição de contorno
tipo pulso, em vários pontos. 94
Figura 6.7. Variação no tempo das componentes da velocidade do escoamento no ponto C14. 95
Figura 6.8. Variação no tempo das componentes da velocidade do escoamento no ponto C5. 95
Figura 6.9. Nível da água no ponto C1, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante. 99
Figura 6.10. Nível da água no ponto C3, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante. 99
Figura 6.11. Nível da água no ponto C5, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante. 100
Figura 6.12. Nível da água nos pontos C1, C3 e C5, para o caso S3, ao longo das 48h de vento constante.100
Figura 6.13. Nível da água nos pontos C1, C3 e C5, para o caso S4, ao longo das 48h de vento constante.101
Figura 6.14. Nível da água no ponto C1, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após
48h constante. 103
Figura 6.15. Nível da água no ponto C3, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após
48h constante. 103
Figura 6.16. Nível da água no ponto C5, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após
48h constante. 104
Figura 6.17. Parâmetros estabelecidos para gerar os mapas de vegetação e as respectivas denominações. 105
Figura 6.18. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo A, com localização dos pontos de
análise de níveis e velocidades. 106
xvii
Figura 6.19. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo B, com localização dos pontos de
análise de níveis e velocidades. 106
Figura 6.20. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo C, com localização dos pontos de
análise de níveis e velocidades. 106
Figura 6.21. Localização dos pontos de análise de níveis e velocidades. 107
Figura 6.22. Descrição resumida dos diversos casos simulados. 108
Figura 6.23. Campo de velocidades no banhado do Taim, para o caso T23, em t = 60 h. 110
Figura 6.24. Nível da água no ponto C5, para três casos simulados com a configuração de vegetação A. 111
Figura 6.25. Velocidade do escoamento na direção x no ponto C4, para três casos simulados com a
configuração de vegetação A. 111
Figura 6.26. Velocidade do escoamento na direção y no ponto C4, para três casos simulados com a
configuração de vegetação A. 112
Figura 6.27. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação A. 112
Figura 6.28. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação B. 113
Figura 6.29. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação C. 114
Figura 6.30. Campo de velocidades no banhado, para o caso T20 (veg. A), em t = 60 h. 114
Figura 6.31. Campo de velocidades no banhado, para o caso T21 (veg. B), em t = 60 h. 115
Figura 6.32. Campo de velocidades no banhado, para o caso T22 (veg. C), em t = 60 h. 115
Figura 6.33. Campo de velocidades no banhado, para o caso T02, em t = 60 h. 116
Figura 6.34. Campo de velocidades no banhado, para o caso T08, em t = 60 h. 116
Figura 6.35. Campo de velocidades no banhado, para o caso T01, em t = 60 h. 117
Figura 6.36. Campo de velocidades no banhado, para o caso T07, em t = 60 h 117
Figura 6.37. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), para as simulações com um nível inicial alto
(cota 3,40 m). 118
Figura 6.38. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), para as simulações com um nível inicial médio
(cota 2,90m). 118
Figura 6.39. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com
um nível inicial alto (cota 3,40m). 119
Figura 6.40. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com
um nível inicial médio (cota 2,90m). 119
Figura 6.41. Campo de velocidades no banhado, para o caso T05, após 60 h de simulação. 120
Figura 6.42. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), para as simulações com um nível inicial baixo
(cota 2,40m). 121
Figura 6.43. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com
um nível inicial baixo (cota 2,40m). 121
Figura A1.1. Exemplo de uma linha genérica k com a indicação das variáveis. A12
Figura A1.2. Esquema da localização das equações da continuidade, em uma linha genérica k. A13
Figura A1.3. Esquema da localização das equações dinâmicas no eixo x, em uma linha genérica k. A13
Figura A1.4. Exemplo de uma coluna genérica j com a indicação das variáveis. A16
Figura A1.5. Esquema da localização das equações da continuidade (a) e dinâmicas no eixo y (b), em
uma coluna genérica j. A17
1
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
Esta pesquisa foi desenvolvida procurando estudar como ocorre e quão intensa é a
influência dos principais fatores intervenientes no comportamento hidrodinâmico do banhado
do Taim, utilizando simulações numéricas.
Apesar da escassez de informações face à complexidade do ecossistema estudado,
esta pesquisa tem por objetivos específicos analisar diversas situações, através de modelagem
hidrodinâmica bidimensional. Os fatores citados são:
- interação com a lagoa Mangueira;
- efeito direto da ação do vento sobre o banhado;
- efeito indireto causado pela ação do vento sobre a lagoa Mangueira e
- ocorrência de vegetação e sua distribuição espacial no banhado.
Na tentativa de fornecer subsídios de como os fatores preponderantes influenciam
na dinâmica do banhado do Taim, foi realizada uma análise teórica para cada um deles e sua
interação, já que não há dados de campo apropriados à análise dos fenômenos de interesse.
3
1.3 INTRODUÇÃO À METODOLOGIA
Com a intenção de permitir ao leitor ter uma noção geral de como foi elaborado o
trabalho, neste item é apresentada uma introdução à metodologia empregada no
desenvolvimento desta pesquisa. A metodologia será discutida em detalhe nos capítulos 4 e 5.
Para estudar a hidrodinâmica do banhado do Taim, utilizou-se modelagem
hidrodinâmica bidimensional, empregando o modelo IPH-A, desenvolvido no Instituto de
Pesquisas Hidráulicas (Casalas, 1996). Parte deste trabalho consistiu em elaborar e
implementar um algoritmo de secagem/inundação, que permite a simulação hidrodinâmica
com a presença de áreas secas internas ao contorno modelado (“ilhas”).
A escassez de informações por longos períodos de tempo conduziu esta pesquisa a
avaliar comparativamente as respostas do sistema modelado a diferentes situações simuladas,
e não de procurar obter uma representação detalhada do seu comportamento hidrodinâmico.
Por falta de dados de nível de água, de velocidade do escoamento e de vento com
discretização temporal suficiente e relativos à mesma época, o modelo IPH-A não foi
calibrado no Taim. Tendo em vista o enfoque da pesquisa, adotaram-se valores para os
parâmetros do modelo de acordo com os citados na literatura, após realização de uma análise
de sensibilidade da resposta do sistema estudado à variação de tais parâmetros.
O banhado do Taim está integrado ao sul com a lagoa Mangueira, formando um
conjunto denominado aqui de sistema Mangueira-Taim. A referida lagoa constitui a principal
fonte de afluência de água para o banhado e, com o intuito de realizar uma modelagem mais
próxima das condições reais, parte do estudo hidrodinâmico do Taim foi realizado simulando
todo o sistema Mangueira-Taim.
Normalmente, uma característica do ecossistema banhado é a forte presença de
vegetação, como ocorre no Taim, a qual oferece grande resistência adicional ao escoamento.
Para representar a ocorrência de vegetação em determinadas áreas do banhado do Taim,
utilizou-se um coeficiente de Manning citado na literatura, de valor superior ao atribuído às
lagoas, diferindo as áreas com e sem presença de vegetação.
A vegetação também oferece uma proteção contra a ação de cisalhamento do
vento na superfície da água e, para representá-la, inseriu-se um coeficiente de redução da ação
do vento no equacionamento matemático do modelo hidrodinâmico. A variação espacial de tal
coeficiente também foi empregada para caracterizar as áreas com e sem vegetação.
Para analisar a influência da vegetação sobre o comportamento hidrodinâmico do
Taim, foram consideradas diferentes distribuições espaciais da sua ocorrência no banhado,
mediante a variação espacial dos coeficientes de Manning e redutor da ação do vento.
4
O efeito do vento foi avaliado considerando diversas condições de vento, variando
intensidade, direção e ocorrência espacial, nas simulações. Com a simulação do sistema
Mangueira-Taim completo, foi possível analisar a interação que ocorre entre tais sub-
sistemas, do ponto de vista hidrodinâmico, frente às variações nas condições de vento, nível
de água inicial e distribuição espacial da vegetação.
2 O BANHADO DO TAIM
2.1 INTRODUÇÃO
remoção de
nutrientes
escoamento
deposição de
sedimentos
desintoxicação
química
Figura 2.1. Processos associados com a melhoria da qualidade da água proporcionada pelos banhados.
(Fonte: adaptado de EPA, 1992).
Por definição, os banhados são criados e mantidos pela água, de tal modo que a
freqüência e a duração do nível da água determinam, significativamente, a vegetação presente
e o desempenho das funções desses ecossistemas (Marble, 1992), além de condicionarem as
propriedades físicas, químicas e ecológicas (Clymo et al., 1995). Por esse motivo, especial
atenção é dispensada ao estudo do que se denomina de hidroperíodo das terras úmidas, o qual
é definido como a ocorrência periódica ou regular de inundação ou saturação do solo, em
função do balanço hídrico, da topografia e das condições sub-superficiais, e que constitui sua
assinatura hidrológica (Marques et al., 1997). Os mesmos autores ressaltam que a
identificação do hidroperíodo específico, ou da série de hidroperíodos, é fundamental para o
gerenciamento de banhados, de modo a manter as funções desempenhadas por tais
9
ecossistemas. Marble (1992) cita uma classificação de doze tipos de hidroperíodos elaborada
pelo U.S. Fish and Wildlife Service, em função dos fatores que modificam o regime
hidrológico, como a influência da maré ou de corpos d’água próximos, e de sua periodicidade,
o que ilustra o grau de complexidade relacionado à caracterização da oscilação natural do
nível da água em banhados.
A hidrologia desempenha um papel de destaque na formação, exploração e
conservação das terras úmidas, influenciando a composição das espécies, a produtividade
primária, a disponibilidade de nutrientes e as características dos sedimentos (Heathwaite,
1995). Pequenas alterações na hidrologia podem resultar em grandes mudanças bióticas,
principalmente quanto ao tipo e à distribuição espacial da vegetação, as quais, por sua vez,
irão influenciar o regime hidrológico, constituindo uma relação de interdependência (Wheeler
e Shaw, 1995).
O emprego de estruturas como comportas e diques, para modificar a hidrologia
das terras úmidas e atender aos interesses humanos, altera todos os processos físicos,
químicos e biológicos. Apesar disso, a influência de tais estruturas nos parâmetros
hidrológicos, como tempo de residência e nível da água, ainda é pouco compreendida
(Sanzone e McElroy, 1998). Vários estudos comprovam os impactos ambientais decorrentes
da intervenção humana dessa forma. Por exemplo, David (1996) constatou, através de
observações em campo, que mudanças de origem antrópica na hidrologia de um banhado
levaram à redução da diversidade da flora e a alterações no ciclo reprodutivo de algumas
espécies da fauna, enquanto Shay et al. (1999) relataram a variação na composição das
espécies vegetais dominantes, em função da alteração do regime hidrológico, também
resultante de intervenção humana.
Entretanto, apesar do hidroperíodo ser amplamente reconhecido como de extrema
importância, pouca atenção tem sido dada à circulação da água, aos papéis físicos e
ecológicos que ela desempenha e a como medidas de gerenciamento impactam o escoamento
(Aumen, 2003). O mesmo autor argumenta que a circulação da água, em ecossistemas como
os banhados, é um fator de fundamental importância para a sua própria estrutura e
funcionamento, e cita que significativas mudanças foram observadas em banhados da Flórida
(EUA), conhecidos como the Florida Everglades, com efeitos ecológicos adversos, em razão
da alteração do regime de escoamento causado por atividade antrópica – construção de
barreiras e desvios. Newall e Hughes (1995) acrescentam que, embora o escoamento da água
constitua a variável física mais importante em muitos banhados, ainda são poucos os estudos
que investigam os seus efeitos nos padrões da vegetação. Tais autores elucidam que pesquisas
dessa natureza podem não só ajudar a explicar padrões ecológicos, tais como a distribuição,
10
diversidade e abundância de invertebrados e peixes dependentes de plantas aquáticas, mas
também ser vitais para projetos de restauração e revitalização.
Porto Alegre
Oceano Atlântico
Lagoa Mirim
Rio Grande
ESEC Taim
Lagoa Mangueira
6400000
(1)
N (2)
(3)
6395000
Lagoa Mirim
(4) (5)
6390000
(6)
6385000
Banhado
Limites da do Taim (7)
ESEC Taim
6380000
6375000
6370000
6365000
Lagoa
Mangueira
Oceano
Atlântico
6360000
340000 345000 350000 355000 360000 365000
Coordenadas UTM
Figura 2.4. Indicação dos limites da Estação Ecológica do Taim, sobre composição colorida RGB de imagem do
satélite Landsat5, de 06/jul/1987 (WGS 84, UTM-22S), onde: (1) sede da ESEC Taim; (2) comportas de saída do
banhado; (3) lagoa Nicola; (4) lagoa Jacaré; (5) canal do Jacaré; (6) canal da Sarita; (7) local das fotos da figura
2.5.
Figura 2.5. Fotos do banhado do Taim, de 26/nov/2002, referentes à região indicada na figura 2.4.
Figura 2.6. Localização dos três subsistemas que compõem o Sistema Hidrológico do Taim: Sistema Norte,
banhado do Taim e Lagoa Mangueira. (Fonte: Villanueva, 1997).
16
A seguir, é apresentada uma breve descrição de tais subsistemas, cuja principal
fonte de afluência de água é a precipitação, a partir do relatado por Villanueva (1997):
(i) Sistema Norte: constituído pelas Lagoas Caiubá e Flores e pelo banhado do Marisco;
apresenta um fluxo definido pelo escoamento superficial da bacia de contribuição para as
lagoas, e por um canal ligando a Lagoa das Flores ao banhado do Taim;
(ii) Lagoa Mangueira: apresenta uma grande superfície líquida (~820km2) e importante bacia
de contribuição; além das perdas por evaporação e da demanda por irrigação, a Lagoa
Mangueira alimenta o banhado do Taim, ocorrendo fluxo no sentido inverso dependendo das
condições de vento e das respectivas cotas do nível da água;
(iii) Sistema do banhado do Taim: além do intercâmbio de água com a Lagoa Mangueira e do
canal que une à lagoa das Flores, há uma ligação do banhado com a lagoa Mirim por meio de
um canal, interrompido pelo aterro da rodovia BR-471 e que apresenta dois sistemas de
galerias submersas e uma casa de bombas abandonada.
A presença de elementos internos ao banhado, como as lagoas Nicola e Jacaré e os
canais da Sarita e do Jacaré, além do canal paralelo à estrada, contribui para a complexidade
da circulação da água nessa região. As figuras 2.7 e 2.8 apresentam fotos do canal da Sarita,
em duas épocas diferentes, sendo a primeira referente a um período mais seco do banhado,
relativamente à segunda. A comparação entre tais fotos permite ter uma noção de como a
paisagem se altera, neste caso, devido à variação do nível da água. O mesmo efeito pode ser
constatado nas fotos das figuras 2.9 e 2.10, nas quais é mostrado o canal paralelo à estrada,
também em duas épocas distintas, sendo a primeira referente a um período mais seco.
Figura 2.7. Foto do canal da Sarita (indicado pela seta vermelha), tirada da margem da estrada BR-471, em
09/jun/2001.
17
Figura 2.8. Foto do canal da Sarita (indicado pela seta vermelha), tirada da margem da estrada BR-471, em
26/nov/2002.
Figura 2.9. Foto do banhado do Taim, tirada da margem da BR-471, em 09/jun/2001, com indicação do canal
paralelo a esta (seta vermelha).
Figura 2.10. Foto do banhado do Taim, tirada da margem da BR-471, em 18/set/2002, com indicação do canal
paralelo a esta (seta vermelha).
BR-471
“capivaroduto”
(a)
BR-471
“capivaroduto”
(b)
Figura 2.12. Fotos com detalhe do “capivaroduto”, em duas épocas de níveis de água diferentes: (a) período de
seca (Fonte: PELD, 2002); (b) período de cheia (18/set/2002).
22
3.1 INTRODUÇÃO
r
onde u, v e w são as componentes do vetor velocidade V = V (u , v, w ) nas direções x, y e z,
respectivamente; ρ é a massa específica e υ é o coeficiente de viscosidade cinemática do
fluido; p é a pressão; g é a aceleração da gravidade; Ω é o parâmetro de Coriolis; ∇ é o
r r r r r
operador nabla; ∆ = ∇2 é o operador laplaciano; FI , FG , FC , FP e FV são as forças de
onde a barra acima das variáveis indica o termo médio e υT é um coeficiente de viscosidade
cinemática turbulenta.
Convém ressaltar que, durante o processo de integração, surgem termos relativos
às flutuações turbulentas nas equações dinâmicas, os quais são conhecidos como tensões
aparentes ou turbulentas de Reynolds e cuja definição se faz necessária a fim de tornar o
sistema de equações matematicamente determinado. Para os modelos hidrodinâmicos que não
procuram caracterizar, detalhadamente, a turbulência, mas apenas representar a sua influência
na dissipação de energia, como é o caso desta pesquisa, adota-se a simplificação de considerar
as tensões de Reynolds de forma análoga às tensões viscosas, mediante a introdução de um
coeficiente de viscosidade turbulenta (υT), resultando no sistema apresentado anteriormente.
Esse tipo de abordagem, usando somente o conceito de viscosidade turbulenta, é
classificado por Rodi (1980) apud Eiger (1989) como modelos com nenhuma equação de
transporte de grandezas turbulentas. Quando há interesse em estudar o fenômeno da
turbulência com maiores detalhes, como no caso do lançamento de efluentes em corpos
d’água estratificados, costuma-se empregar modelos com uma equação (equação de transporte
de energia cinética turbulenta) ou duas equações de transporte (uma equação de transporte
para a energia cinética e outra para a dissipação – modelos k-ε de turbulência). As
propriedades e demais aspectos do fenômeno da turbulência constam em White (1991),
Schlichting (1979) e Tennekes e Lumley (1972), por exemplo, enquanto uma discussão sobre
os modelos de turbulência e sua aplicação a corpos d’água naturais podem ser vistos em Yu e
Righetto (1999) e Eiger (1989).
26
As equações (3.7) a (3.10) descrevem o escoamento sobre as três dimensões
espaciais, porém, como em grande parte dos problemas estudados, há a predominância de
uma ou duas direções no escoamento, costuma-se simplificar o equacionamento, reduzindo-o
a uma ou duas dimensões, resultando nos chamados modelos uni e bidimensionais,
respectivamente. Então, conforme o interesse e os objetivos da modelagem, as equações
podem ser integradas nas direções consideradas não predominantes para o problema.
Com relação aos modelos bidimensionais, eles podem ser resultantes da
integração na vertical (modelos bidimensionais horizontais – 2DH) ou na horizontal (modelos
bidimensionais verticais – 2DV). Os últimos normalmente são aplicados a estuários
fortemente estratificados com canal suficientemente regular (Schettini, 1991) ou a
reservatórios com dimensões longitudinais muito maiores que as dimensões transversal e
vertical (Eiger, 1999).
Os modelos 2DH são empregados, geralmente, para a representação da maioria
dos corpos d’água rasos, desde que as escalas verticais do escoamento sejam muito menores
que as horizontais, e que a coluna d’água apresente pouca ou nenhuma estratificação vertical
(Rosman, 1989). A aplicação deste tipo de modelo é facilmente encontrada na literatura,
como em Pinho et al. (2001), Podsetchine e Schernewski (1999), Somes et al. (1999), Guardo
e Tomasello (1995), Almeida et al. (1990), Józsa et al. (1990), Rosauro e Schettini (1989) e
Silveira (1986).
Em algumas pesquisas, há o interesse em outros processos associados à circulação
da água, tais como: transporte, dispersão e reações cinéticas de crescimento e decaimento de
constituintes (Schettini, 1991; Rajar et al., 1997), deposição e re-suspensão de sedimentos
(Cancino e Neves, 1999; Tsujimoto, 1999; López e García, 1998; Rajar et al., 1997),
crescimento e distribuição espacial de fitoplâncton e zooplâncton (Le Pape e Menesguen,
1997), entre outros. Para tanto, emprega-se o modelo hidrodinâmico e equações que
descrevem cada processo, conforme o objetivo do estudo, o que não é o caso desta pesquisa e,
portanto, não serão discutidas aqui.
Nesta pesquisa, empregou-se um modelo 2DH, cujo equacionamento é resultante
da integração das equações (3.7) a (3.10) na direção vertical, tendo como limites de integração
o fundo e a superfície livre da água. Para tanto, fixou-se como plano de referência o plano xy,
conforme mostrado na figura 3.1, ficando definidas as profundidades fixas do plano em
relação ao fundo (h) e os níveis da água variáveis em função do escoamento (η), sendo a
relação entre tais variáveis dada por:
H( x, y, t ) = h ( x, y) + η( x , y, t ) (3.11)
27
O sistema resultante da integração na vertical das equações (3.7) a (3.10), que
constitui o equacionamento empregado pelos modelos bidimensionais horizontais, pode ser
escrito como:
∂η ∂(HU ) ∂ (HV)
+ + = 0, (3.12)
∂t ∂x ∂y
∂U ∂U ∂U ∂η (τ fx − τ sx )
+U +V = ΩV − g − + ε T ∆U , (3.13)
∂t ∂x ∂y ∂x H
∂V ∂V ∂V ∂η (τ fy − τ sy )
+U +V = −ΩU − g − + ε T ∆V , (3.14)
∂t ∂x ∂y ∂y H
onde U e V são as médias verticais das componentes das velocidades u e v ; U ' e V' são as
flutuações em torno das médias, sendo u = U + U' e v = V + V ' ; εT é a média vertical do
coeficiente de viscosidade cinemática turbulenta υT; τfx e τfy são as tensões de cisalhamento
no fundo, nas direções x e y, respectivamente; τsx e τsy são as tensões de cisalhamento na
superfície da água, nas direções x e y, respectivamente.
z
nível da água
η (x,y,t) y
H(x,y,t)
x
h(x,y)
ρgU U 2 + V 2
τfx = ρgHSfx = (3.17)
C2
ρgV U 2 + V 2
τfy = ρgHSfy = (3.18)
C2
Tais expressões são as comumente utilizadas para representar a tensão de
cisalhamento no fundo em modelos 2DH, como em Crowder e Diplas (2000), Weiyan (1992),
Schettini (1991), Almeida et al. (1990) e Silveira (1986), por exemplo. Outra equação
empírica bastante empregada é a equação de Manning (Streeter, 1961):
n2u u
Sf = , (3.19)
R4 /3
onde n é o coeficiente de Manning.
29
O uso da equação anterior para o cálculo da tensão de cisalhamento no fundo
resulta em:
ρgn 2 U U 2 + V 2
τfx = e (3.20)
H1 / 3
ρgn 2V U 2 + V 2
τfy = , (3.21)
H1 / 3
que foram as relações adotadas por Podsetchine e Schernewski (1999), Zhang et al. (1990) e
Boudreau e Leclerc (1990), entre outros.
Quando há uma efetiva presença de vegetação no corpo d’água, têm sido
propostas e empregadas equações alternativas às equações de Chezy ou de Manning, para
representar a resistência ao escoamento.
A vegetação oferece uma grande resistência adicional ao escoamento ao longo de
toda a coluna d’água (no caso de plantas emergentes) ou de grande parte dela (no caso de
plantas submersas), e diversos estudos têm sido conduzidos com experimentos e medições,
tanto em canais de laboratório como em campo, procurando avaliar tal efeito (Stephan e
Gutknecht, 2002, Freeman et al., 2000, Nepf e Vivoni, 2000, Wu et al., 1999, Tsujimoto,
1999, Fathi-Maghadam e Kouwen, 1997, Jadhav e Buchberger, 1995, Abdelsalam et al.,
1992, Turner e Chanmeesri, 1984, Shih e Rahi, 1981, Turner et al., 1978, Petryk e Bosmajian
III, 1975).
O estudo do escoamento sobre e através de vegetação aquática é, atualmente, um
dos principais interesses de pesquisas relacionadas à engenharia hidráulica, inclusive para
propósitos de recuperação e renaturalização de corpos d’água degradados (Fischer-Antze et
al., 2001), servindo para aumentar a funcionalidade biológica, oportunidades recreativas e
beleza estética (Bennett et al., 2002). Vários autores propuseram equações empíricas
relacionando a declividade da linha de energia e a vazão, incluindo parâmetros relativos às
características da vegetação, como densidade e altura relativa à coluna d’água, ou apenas
recomendando o uso de expoentes distintos dos utilizados nas equações de Chèzy e de
Manning (Bolster e Saiers, 2002; Abdelsalam et al., 1992; Kadlec, 1990; Turner et al., 1978).
Outros sugeriram a inclusão, nas equações que descrevem o escoamento, de um termo
análogo ao arrasto sobre cilindro para computar a resistência da vegetação, além do termo
relativo à tensão de cisalhamento no fundo (Fischer-Antze et al., 2001; Tsujimoto, 1999;
López e García, 1998; Petryk e Bosmajian III, 1975).
A interação entre o escoamento e a vegetação é muito complexa, dependendo de
diversos fatores, incluindo o grau de organização do arranjo das plantas (que pode variar de
simples caules cilíndricos a um emaranhado de caules de seção transversal irregular), a
30
flexibilidade, a área e a forma frontal ao escoamento, a área da seção transversal e o
espaçamento dos caules, além da relação entre o nível da água e a altura da vegetação (Pitlo e
Dawson, 1993). Tudo isso, aliado à variabilidade temporal das características das plantas, em
função dos seus ciclos sazonais de crescimento e desenvolvimento, tornam os resultados dos
estudos experimentais muito restritos às condições originais onde foram desenvolvidos e
dificultam a extrapolação para outras situações, face à necessidade de uma prévia
caracterização da vegetação local, o que raramente está disponível.
Para os objetivos deste estudo, que trata da modelagem hidrodinâmica
bidimensional com enfoque sobre a circulação da água e não há informações suficientes das
características da vegetação, a aplicação da equação de Chèzy ou de Manning representa uma
simplificação aceitável.
Para estudos semelhantes a este, resultados mais interessantes do ponto de vista
prático são os que indicam valores dos coeficientes de Manning ou de Chèzy em função de
uma maior ou menor densidade de vegetação, da condição de emergência ou submergência
das plantas ou de outras variáveis do escoamento, como em Wu et al. (1999), Fathi-
Maghadam e Kouwen (1997), Pitlo e Dawson (1993), Abdelsalam et al. (1992), Turner e
Chanmeesri (1984) e Shih e Rahi (1981), entre outros.
Como exemplos, são citados aqui dois casos:
(i) a partir de medições em um banhado natural, Shih e Rahi (1981) obtiveram vários
resultados estimando a variação do coeficiente de Manning com a profundidade do
escoamento e a época do ano, para dois tipos de vegetação. Analisou-se uma vegetação
composta por Eichhornia crassipes, uma espécie flutuante durante maior parte do seu ciclo de
vida, e outra vegetação formada por uma composição de espécies, cujos resultados são
apresentados no gráfico da figura 3.2;
(ii) Pitlo e Dawson (1993) citam um estudo experimental em laboratório desenvolvido por
Pitlo, cujos resultados apresentam o comportamento do coeficiente de Manning em função da
velocidade média do escoamento e da época do ano, relativo à espécie emergente
Potamogeton trichoides (figura 3.3).
Além da resistência ao escoamento, alguns estudos consideraram, ainda, o volume
ocupado pela vegetação no corpo d’água, através da introdução de um coeficiente de
porosidade na equação da continuidade (Jadhav e Buchberger, 1995; Hammer e Kadlec,
1986).
31
0.6
vegetação tipo 1
coef. de Manning n
0.4
0.3
0.2
0.1
Figura 3.2. Relação entre a profundidade do escoamento e o coeficiente de Manning obtida de experimentos em
campo, onde: veg. tipo 1 = predominância da espécie Eichhornia crassipes; tipo 2 = composição de várias
espécies. (Fonte: adaptado de Shih e Rahi, 1981).
0,14
0,17
0,20
0,1
M A M J J A S O N
tempo (mês)
Figura 3.3. Variação do coeficiente de Manning para diferentes velocidades do escoamento durante a fase de
desenvolvimento da espécie Potamogeton trichoides (planta emergente). (Fonte: adaptado de Pitlo, 1979, apud
Pitlo e Dawson, 1993).
τ sy = ρ ar C d ω y ω (3.28)
r
onde ωx e ωy são as componentes da velocidade do vento ω nas direções x e y,
respectivamente.
Quando há disponibilidade de dados da velocidade e direção do vento em mais de
um posto de medição, costuma-se adotar algum tipo de interpolação para considerar a
variação espacial das condições de vento, como as empregadas por Podsetchine e
Schernewski (1999), Almeida et al. (1990) e Rosauro e Schettini (1989). Entretanto, o
problema reside na ausência de dados disponíveis, sendo o campo de ventos usualmente
considerado homogêneo em toda a região estudada, como em Pinho et al. (2001) e Rajar et al.
(1997).
Quanto ao coeficiente Cd, em alguns estudos ele foi ajustado durante a calibração
do modelo, como em Almeida et al. (1990), por exemplo, enquanto em outros foi adotado um
valor de referência citado na literatura ou alguma relação para calculá-lo em função da
velocidade do vento, como as mencionadas por Leitão (2002), Weiyan (1992) e Rosman
(1989). O valor usual desse parâmetro é em torno de 1,0 x 10-3 a 3,0 x 10-3 (Weiyan, 1992).
A proximidade do corpo d’água com morros e montanhas provoca em certas áreas
daquele um efeito de proteção contra a ação do vento, o que foi concluído por Józsa et al.
(1990) durante a aplicação de um modelo 2DH, cuja calibração com dados medidos em
34
campo só foi alcançada com a modificação do campo de tensões do vento levando em conta o
referido efeito.
A necessidade de considerar a variabilidade espacial da tensão do vento também é
enfatizada por Podsetchine e Schernewski (1999), que ressaltam, além da proteção provocada
por regiões de topografia elevada, o efeito da presença de vegetação no corpo d’água. Este
último fator também foi levado em conta nas simulações realizadas por Ramming (1979), que
adotou, arbitrariamente, uma redução de 75% no termo referente à tensão do vento, nas áreas
do lago modelado com grande presença de plantas emergentes. Kadlec (1990) comenta,
inclusive, que uma densa cobertura vegetal pode efetivamente bloquear a ação do vento e
excluí-lo como fator atuante no escoamento.
1 1
Cr = ∆t gH + 2 , (3.29)
∆x 2
∆y
4.1 INTRODUÇÃO
∂η CV ωx ωx + ωy gU U 2 + V 2
2 2
∂U ∂U ∂U
+U +V = ΩV − g + − + εT ∆U (4.2)
∂t ∂x ∂y ∂x H C2 H
∂η C V ωy ωx + ωy gV U 2 + V 2
2 2
∂V ∂V ∂V
+U +V = −ΩU − g + − + εT ∆V (4.3)
∂t ∂x ∂y ∂y H C2 H
V(j,k)
Cv(j,k) hv(j,k)
y hu(j,k)
U(j,k)
η (j,k) Cu(j,k)
k+1
k Simbologia
Pontos onde estão definidos hu, U e Cu
Pontos onde estão definidos hv, V e Cv
k-1 Pontos onde estão definidos os níveis η
k-2
Figura 4.1. Esquema da malha numérica utilizada pelo IPH-A, com localização das variáveis nas quadrículas de
cálculo.
A aplicação do sistema computacional IPH-A é facilitada pela forma com que foi
desenvolvido: uma série de programas que permitem a definição do contorno, dos parâmetros
de simulação e a entrada dos dados de batimetria de forma separada, gerando arquivos
específicos.
Uma característica interessante do modelo aqui descrito é a utilização de uma
forma vetorial para armazenar todas as informações correspondentes às quadrículas da malha,
o que poupa memória e aumenta a velocidade de processamento (Casalas, 1996). Cada
elemento da malha é referido por um número K1, em função da linha e da coluna onde está
localizado, da seguinte forma:
K1 = AR (I) + J (4.4)
onde I é o número da linha do elemento, J é o número da coluna e AR é um vetor cujas
componentes são determinadas pela diferença entre o número e a coluna da primeira
quadrícula de cada linha.
Cada módulo do modelo armazena as informações correspondentes em arquivos
utilizando a forma vetorial citada, os quais são responsáveis pela troca de dados entre os
diversos programas de uma maneira eficiente. A figura 4.2 apresenta um esquema com os
programas que constituem o referido modelo, bem como as informações de entrada e os
arquivos de saída gerados por cada um.
40
A definição do contorno a ser simulado é realizada através do programa INICIAL,
gerando-se os arquivos ARQCONT.nnn e ARQGEO.nnn, onde .nnn é a terminação dos
arquivos especificada pelo usuário. Em seguida, através do módulo denominado BATIM, são
introduzidos ou alterados os dados de batimetria, atualizando-se o arquivo ARQGEO.nnn.
Com o programa CHEZY, são informados os valores do coeficiente de Chèzy para cada
elemento da malha numérica, caso se deseje variar esse parâmetro espacialmente, registrando
no arquivo ARQCHEZY.nnn.
dados do
contorno
dados de
INICIAL batimetria
ARQGEO.nnn ARQCONT.nnn
dados de
BATIM coef. de
Chèzy
CHEZY
ARQCHEZY.nnn
CONDICON
dados de
vento
dados de condição
de contorno PRECALC1
valor dos ARQLIM.nnn
parâmetros
ARQLIM$.nnn
CALCULO1
ARQNS.nnn SA.nnn
ARQVS.nnn ARQTS.nnn
Figura 4.2. Diagrama de funcionamento do modelo IPH-A, onde: o retângulo central delimita os módulos do
modelo (representados pelos retângulos de linhas cheias); as linhas tracejadas indicam a relação entre os
arquivos gerados pelo modelo (representados pelos retângulos chanfrados) e os módulos, e as linhas finas cheias
representam a entrada de dados externos. (Fonte: adaptado de Casalas, 1996).
Para não ter que sempre simular os modelos hidrodinâmicos com níveis de água
que cubram todos os pontos da região, vários métodos têm sido estudados. Elder (1994) apud
Martin e McCutcheon (1999) cita dois grupos de métodos principais: (i) métodos que
“desligam” ou “ligam” elementos internos ao contorno, conforme sua situação de “seco” ou
“molhado”; (ii) métodos que utilizam contornos móveis, com uma malha numérica adaptativa.
Enquanto o primeiro grupo utiliza algum artifício, para considerar que determinados
elementos do contorno sejam isolados do escoamento, caso sejam classificados como secos,
sem alterar a configuração do contorno modelado, o segundo, efetivamente, modifica a malha
numérica, excluindo os elementos rotulados como secos (Awruch, 1983). Uma alternativa,
desenvolvida mais recentemente, consiste no método das fronteiras virtuais, cuja origem foi
motivada pela dificuldade em simular o escoamento na proximidade de geometrias
complexas, como ao redor de um cilindro submerso, por exemplo. O método em questão
consiste em adicionar um termo de força de campo às equações dinâmicas do escoamento, de
modo a simular a presença de uma fronteira imersa no escoamento, sem alterar a malha
cartesiana uniformemente espaçada (Ribeiro, 2002).
Vários métodos adotam a verificação da condição de tirante mínimo, de modo a
tomar medidas que evitem a ocorrência de valores negativos ou nulos, o que acarretaria na
parada da execução do modelo. Leitão (2002) ressalta que o valor do tirante mínimo tem que
ser suficientemente grande de modo a minimizar a criação artificial de massa, porém pequeno
o bastante para não comprometer a propagação do escoamento, e cita como valor usual o
tirante de 4 cm, enquanto que Ramming (1979) adotou o valor de 5 cm e Martin e
McCutcheon (1999) mencionam o uso na literatura do valor de 10 cm.
Em Martin e McCutcheon (1999) é apresentado um bom resumo de modelos
hidrodinâmicos bidimensionais desenvolvidos com algum tipo de procedimento que
possibilite a simulação com secagem/inundação da região estudada, com comentários e
observações acerca do desempenho constatado durante as aplicações. Awruch (1983)
apresentou um método de contornos móveis adaptado para escoamentos de águas rasas,
43
enquanto Feng e Molz (1997) incluíram um algoritmo dessa natureza em um modelo de
difusão 2D, na simulação de terras úmidas.
4.3.2.1 Concepção
A forma com que o modelo IPH-A foi desenvolvido, sendo os elementos da malha
numérica internos ao contorno identificados e referidos por uma numeração seqüencial,
dificulta a adaptação de um algoritmo de contornos móveis, uma vez que, a cada passo de
tempo, caso o contorno mude, toda a numeração dos elementos é modificada, havendo a
necessidade de criar uma rotina que faça a correspondência entre as duas numerações. Isso
levou à conclusão de que a conservação do contorno original e, conseqüentemente, a
permanência da numeração dos elementos internos ao contorno deveria ser adotada. No
entanto, segundo Casalas (2002), há uma versão do modelo IPH-A que trabalha com
contornos móveis, mas ainda em fase de ajustes.
Por não ser o foco principal deste trabalho, optou-se por desenvolver um
algoritmo alternativo que constituísse uma solução mais simples do ponto de vista
computacional, mas que resolvesse o problema, permitindo a secagem/inundação.
Tendo como princípio a conservação do contorno, vários algoritmos foram
formulados, testados e descartados, até chegar à formulação final adotada neste trabalho. Uma
dificuldade adicional surgiu da limitação de memória a que os programas desenvolvidos em
linguagem Basic estão sujeitos, restringindo o número e as dimensões das variáveis.
O algoritmo de secagem/inundação empregado neste estudo consiste,
resumidamente, em identificar se cada elemento está “seco” ou “molhado”, baseado em um
critério de tirante mínimo (considerado igual a 10 cm), e adotar procedimentos específicos
para cada uma das situações, como: imposição de condições de velocidade nula, rugosidade
do fundo extrema e alterações da batimetria e do nível da água de cada elemento. Considerou-
se que lâminas de água inferiores a 10 cm não proporcionariam escoamento, devido à grande
resistência causada pela presença de vegetação e material depositado no fundo.
nível da água
terreno real
T2
BR
T1
N
T
N
N
N
plano de corte
BR
T
região B terreno
BR
cortado região D
CF
CF
T
CC
CC
região A
BR
CF
plano de referência
CF
Simbologia
T = tirante d'água CC = cota cortada
N = nível d'água BR = batimetria real
CF = cota do fundo ou real região C
NÃO SIM
NÃO quadrícula molhada
SIM
quadrícula molhada quadrícula seca
SIM
NÍVEL_AUX(QUAD)=MÍNIMO NÍVEL DAS QUAD.
ATUALIZA NÍVEIS DA QUAD. VIZINHAS COM VELOC. NÃO NULA (SEM FLUXO)
NÍVEL(QUAD)=NÍVEL_AUX(QUAD)
(a) (b)
Figura 4.5. Identificação das quadrículas vizinhas (a) e das velocidades impostas nulas (b).
47
A imposição de velocidade nula tem um efeito similar ao observado pelo método
das fronteiras virtuais, com a diferença de que, neste último, a própria resolução do sistema de
equações fornece valores nulos para a velocidade nos elementos considerados secos ou que
representam a fronteira sólida. O fato é que, em ambos, as regiões consideradas sem fluxo têm
velocidade nula e isso faz com que, no semi-intervalo de tempo seguinte, o fluxo vizinho
interprete tais áreas como um obstáculo e as contorne. A imposição de coeficiente extremo de
rugosidade, quando o elemento está seco, tem o objetivo de inibir o transporte de massa e de
quantidade de movimento, reforçando o efeito de impor velocidade nula. Alguns testes foram
feitos adotando apenas um dos mecanismos, sendo os melhores resultados observados
considerando a combinação de ambos.
A variação dos níveis nas áreas dadas como secas, em função das zonas vizinhas
com fluxo, tem o objetivo de evitar instabilidades numéricas pela formação de um “degrau”,
ou seja, um gradiente hidráulico muito alto, nas áreas de interface entre elementos secos e
molhados. Esse problema foi identificado em diversas simulações preliminares, com o
surgimento de fontes ou sumidouros nas áreas secas, ocasionando, inclusive, a divergência
dos resultados. O ajuste do nível da região seca pela média aritmética da região vizinha com
fluxo mostrou-se satisfatório, permitindo acompanhar a subida ou descida do nível, sem gerar
gradiente hidráulico e sem comprometer a simulação.
A imposição da batimetria cortada para o elemento considerado seco é o que faz
com que nunca ocorram tirantes nulos ou negativos, caso o nível da água não seja inferior à
cota de corte. Por outro lado, quando tal elemento muda seu estado para molhado, e, portanto,
passa a apresentar fluxo, a elevação da batimetria para o valor real faz com que se trabalhe
com um tirante coerente e não com um valor irreal baseado na batimetria cortada.
18 km
fronteira 9 km
aberta
(a)
contorno
fechado
18 km
1 2 3 4 5 6 7
fronteira
aberta 9km
(c)
(b)
Figura 4.6. Geometria do canal fictício usado para testar o algoritmo de secagem/inundação: (a) planta ; (b)
planta com contorno fechado ao redor da região elevada; (c) curvas de nível, em metros, da superfície do canal.
cota
(m)
Figura 4.8. Nível ao longo do tempo nos pontos 3 e 5 do canal, para as simulações com contorno sólido ao redor
da região elevada e com o algoritmo de secagem/inundação.
50
São apresentados, na figura 4.10, alguns campos de velocidade, que traduzem a
concordância mencionada, mostrando quanto o algoritmo foi capaz de interpretar a área de
cotas acima do nível da água como área classificada como seca, fazendo com que o
escoamento a contornasse, como se realmente houvesse uma fronteira sólida, que é o que
ocorre na situação simulada para comparação.
Figura 4.9. Componentes da velocidade do escoamento no ponto 5 do canal, para as simulações com contorno
sólido ao redor da região elevada e com o algoritmo de secagem/inundação.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.10. Campos de velocidades no canal fictício, durante teste do algoritmo de secagem/inundação (detalhe
em torno da área elevada). Em cima: canal de contorno fechado ao redor da área elevada, para t = 5,4h (a) e t =
7,9 h (b). Embaixo: canal com contorno original, para t = 5,4 h (c) e t = 7,9 h (d).
51
5.1 INTRODUÇÃO
Tabela 5.1. Características das imagens de satélite da região do Taim utilizadas na pesquisa.
Bandas Resolução Sistema de referência
Imagem Data de aquisição Satélite/sensor Fonte
espectrais (m) e projeção
1 06/jul/87 LANDSAT5 - TM 1a7 30 WGS 84, UTM-22N ESDI(1)
2 04/mar/97 LANDSAT5 - TM 3, 4, 5 30 - IPH(2)
1a7e
3 18/ago/00 LANDSAT7 - ETM+ 30 WGS 84, UTM-22N ESDI(1)
pan-cromática
(1)
Earth Science Data Interface (ESDI, 2002).
(2)
Instituto de Pesquisas Hidráulicas, UFRGS.
Para cada imagem, gerou-se uma composição colorida tipo RGB, sendo as bandas
espectrais 5, 4 e 3 usadas para as cores vermelho, verde e azul, respectivamente (Mendes e
Cirilo, 2001). Na figura 5.1, são apresentadas as composições coloridas de cada imagem,
cujos limites foram restritos à área do banhado do Taim, de modo a visualizá-lo com mais
detalhes. Segundo Crósta (1992), composições a cores de conjuntos de três bandas constituem
uma poderosa forma de sintetizar uma grande quantidade de informação em uma única
imagem, ao mesmo tempo em que representam essa informação em diferentes cores,
facilitando sua interpretação.
Figura 5.1. Composições coloridas RGB de imagens de satélite do banhado do Taim, de diferentes datas: (a)
06/jul/1987-imagem 1; (b) 04/mar/1997-imagem 2; (c) 18/ago/2000-imagem 3.
53
Como as imagens são referentes a épocas bem distintas entre si, observa-se a
variação do nível da água no banhado do Taim ao longo do tempo, evidenciada pelas lagoas
Nicola e Jacaré. Os contornos de tais lagoas são identificados mais claramente na imagem
mais antiga (imagem 1), onde o nível se encontra mais baixo e a vegetação ocupa toda a
região ao redor. Por isso, escolheu-se tal imagem para delimitar os contornos do banhado e
dos elementos internos e extrair demais informações em termos de coordenadas (figura 5.2).
6398000
(1)
Lagoa
Mirim
(2)
6394000
(3)
(4)
(5)
(6)
6390000
(7)
6386000
6382000
contorno do
6378000 banhado do Taim
6374000
Lagoa Mangueira
6370000
Figura 5.2. Delimitação do contorno do banhado do Taim e dos elementos internos sobre composição colorida da
imagem de satélite 1 (WGS 84, UTM-22S), onde: (1) Lagoa Nicola; (2) região A; (3) região B; (4) região C; (5)
Lagoa Jacaré; (6) canal do Jacaré; (7) canal da Sarita.
54
Através da comparação entre as três imagens de satélite e de acordo com a
delimitação das celas de simulação de Villanueva (1997), foram identificadas três regiões que
apresentam características particulares e diferem das áreas vizinhas, as quais foram
denominadas de regiões A, B e C (figura 5.2). Essas regiões receberam um tratamento
especial quanto à topografia, o que será comentado adiante, no item 5.4 deste texto.
Para a lagoa Mangueira, dispunha-se de um contorno em coordenadas UTM de
um levantamento realizado pelo IPH (Beltrame et al., 1998), mas que, superposto à imagem
de satélite, apresenta algumas diferenças em relação a esta, principalmente na região norte, na
interface com o banhado do Taim. Como os dados batimétricos da lagoa provêm do mesmo
levantamento (Beltrame et al., 1998) e as diferenças são muito pequenas, preferiu-se manter o
referido contorno, alterando-se, apenas, a região de interface com o banhado, que foi
digitalizada a partir da imagem de satélite (figura 5.3). Além disso, através da técnica de
realçamento aplicada à banda 3, cujo intervalo de comprimento de onda provoca maior
reflectância do solo (Mendes e Cirilo, 2001), observam-se alguns detalhes das margens da
lagoa não constatados com a composição colorida, mas que são coerentes com o contorno
obtido em Beltrame et al. (1998), como ocorre para os pontais em detalhe na figura 5.3, por
exemplo.
6400000
N
6390000
banhado
do Taim
6380000
Lagoa Mirim
6370000 pontais
6360000
6350000
Lagoa
6340000
Mangueira
6330000
6320000
6310000
6300000
6290000
Figura 5.3. Delimitação do contorno da Lagoa Mangueira sobre composição colorida RGB da imagem de satélite
1 (WGS 84, UTM-22S). Em detalhe, tem-se a região da interface com o Taim, mostrando o contorno da lagoa
obtido de Beltrame et al. (1998) (em amarelo) e o adotado neste estudo (em azul), além de alguns pontais.
6400000 6400000
N N
6395000 6395000
6390000 6390000
6385000 6385000
6380000 6380000
6375000 6375000
Figura 5.4. Contornos do banhado do Taim adotados em algumas simulações: (a) o contorno coincide com a
delimitação do banhado; (b) o contorno engloba parte norte da lagoa Mangueira.
x
6390000 α = 63ο
x’
63
90
6380000
638
000
o
63
00
637
y
00
00
63
6370000
00
60
635
000
00
634
6360000
00
000
63
30
0
63
000
6350000
y’
200
63
00
100
63
00
00
6340000
62
00
900
0
00
6330000 2585000
2580000
2575000
31
6320000
000
0
6310000
000
0
330
6300000
00
0 3
40
00
6290000
350
2586000
2581000
2576000
N
2571000
5740000 5749000 5758000 5767000 5776000 5785000 5794000 5803000 5812000 5821000 5830000 5839000 5848000 5857000
Coordenadas UTM rotacionadas
6398000 N 6398000 N
3.15
2.50
2.73
3.15
6386000 6386000
2.64
3.00
2.43
2.59
3.30
6382000 2.50 6382000
3.00
1.00
2.20
2.50
3.00
2.50
2.50 6378000
6378000
1.00
2.50 2.50
2.50
2.00
6374000 6374000
2.00 2.50
6370000 6370000
Figura 5.7. (a) Pontos utilizados para geração do MNT do banhado do Taim e (b) curvas de nível resultantes
(valores de cota em metros, referidos ao nível do mar - SGE).
6398500
6393000
N
6398000
N
6392500
6397500
6392000
6397000
6391500
6396500
6391000
6396000
6390500
353000 353500 354000 354500 355000 355500
6395500 Coordenadas UTM
355000 355500 356000 356500 357000 357500 (b)
Coordenadas UTM
(a)
Figura 5.8. Curvas de nível das lagoas Nicola (a) e Jacaré (b), com valores em metros, referidos ao nível do mar
(SGE).
6370000
N
6360000
6350000
6340000
6330000
6320000
6310000
6300000
6290000
Figura 5.9. Curvas de nível da Lagoa Mangueira (cotas em metros, relativas ao nível do mar - SGE).
(a)
(b)
(d)
(c)
Figura 5.10. Exemplo de superposição dos MNT para compor as matrizes de batimetria e de cotas do fundo: (a)
MNT da lagoa Jacaré; (b) MNT da lagoa Nicola; (c) MNT do banhado do Taim; (d) composição dos vários
MNT.
61
No mesmo programa de superposição dos MNT, adaptou-se uma rotina para
atribuir valores específicos aos coeficientes de rugosidade e redutor da ação do vento para
cada região (banhado do Taim, lagoa Nicola, lagoa Jacaré, lagoa Mangueira e regiões A, B e
C), gerando-se as matrizes correspondentes para entrada no modelo IPH-A.
6385000
N
6380000
B
D F
6375000
6370000
C
E
6365000
A
Figura 5.11. Localização dos perfis longitudinais da interface entre a lagoa Mangueira e o banhado do Taim.
2.0
cota (m)
0.0
-2.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000
A Distância ao longo da seção (m) B
4.0
2.0
Cota (m)
0.0
-2.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
C Distância ao longo da seção (m) D
4.0
2.0
Cota (m)
0.0
-2.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
E Distância ao longo da seção (m) F
Figura 5.12. Perfis topográficos longitudinais da interface entre o banhado do Taim e a lagoa Mangueira.
62
5.5 DADOS DE NÍVEL DE ÁGUA
Régua linmétrica
Linígrafo Ponte do albardão
6398000
Comportas do banhado
Lagoa Nicola
Veado de jusante
Veado de montante
6394000
Lagoa Jacaré
6390000
6386000
Cachorro
Negreiros
6382000
6378000
6374000
6370000
Figura 5.13. Localização das réguas limnimétricas e dos linígrafos da região do banhado do Taim.
Figura 5.14. Variação do nível da água no banhado do Taim, resultante das simulações de Villanueva (1997).
(Fonte: adaptado de Villanueva, 1997).
348000 352000 356000 360000 348000 352000 356000 360000 348000 352000 356000 360000
Coordenadas UTM Coordenadas UTM Coordenadas UTM
(a) (b) (c)
Figura 5.15. Indicação das áreas consideradas secas (em cinza), para os três níveis de água característicos do
banhado do Taim: (a) nível baixo (cota 2,40 m); (b) nível médio (cota 2,90 m); (c) nível alto (cota 3,40 m).
N
NNO NNE
15%
banhado
NO NE
do Taim
10%
ONO ENE
5%
O E
OSO ESE
SO SE
SSO SSE
Legenda
S
lagoa Mangueira
Ventos fracos (veloc.<10km/h)
Figura 5.16. Rosa dos ventos com distribuição de freqüência dos ventos, agrupado em 3 classes (o tamanho do
triângulo indica a porcentagem do tempo em que o vento teve origem na direção correspondente; para cada
direção, a porcentagem do tempo em que o vento foi fraco, moderado ou forte é indicada pela subdivisão do
triângulo, conforme legenda).
Figura 5.17. Período de 4 dias de ventos com direção em torno de SO, extraído da série de dados do posto
Negreiros.
67
Figura 5.18. Período de 4 dias de ventos com direção em torno de NE, extraído da série de dados do posto
Negreiros.
n = 0,1
n = 0,02
(a)
(b)
(c)
Figura 5.19. Distribuição espacial do coeficiente de Manning, para análise do refinamento da malha numérica:
(a) dx = 180 m; (b) dx = 360 m; (c) dx = 480 m.
69
Cabe ressaltar que, para todas as malhas empregadas (dx = 180, 360 e 480 m),
com os passos de tempo de 30 s e 60 s considerados na pesquisa e em função dos tirantes
observados na região modelada, em torno de 1 a 5 m, o número de Courant apresenta um
valor baixo (tabela 5.4), inferior ao limite acima do qual foram verificados problemas
numéricos com esquemas tipo ADI (Benqué et al., 1982).
Tabela 5.4. Valores do número de Courant (Cr)(1) para diferentes malhas numéricas.
dt
dx (m)
30s 60s
180 Cr < 1.65 Cr < 3.30
360 Cr < 0.83 Cr < 1.65
480 Cr < 0.62 Cr < 1.24
(1)
Limite superior referente a um tirante de 5m, calculado pela equação (3.29).
6398000 A12
N
A11
A10
6394000
y A9
x A7
6390000 A8
A6
6386000
A5
A4
6382000
A3
6378000
A2
A1
6374000
A14
A13
6370000
Figura 5.20. Localização dos pontos de verificação de níveis e velocidades ao longo das simulações para testar o
refinamento da malha numérica.
70
Figura 5.22. Variação no tempo da componente da velocidade na direção O-E, no ponto A3.
Figura 5.23. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, no ponto A3.
71
Os campos de velocidade traçados na figura 5.24 comprovaram que o aumento do
espaçamento da malha de 180 m para 360 m não acarretou mudanças significativas na
resposta do modelo às condições simuladas. Em tais figuras, os vetores velocidade da região
norte da lagoa Mangueira foram omitidos, por questão de escala do desenho, já que a
velocidade do escoamento no banhado é bem menor do que a da lagoa Mangueira, por causa
da vegetação.
Os resultados das simulações descritas neste item mostraram que, apesar de
trabalhar com menor número de elementos e ocasionar perda na definição das regiões, a
malha numérica com espaçamento de 360 m reproduziu a circulação da água de modo muito
semelhante ao obtido com a malha de 180 m. Assim, a opção de simular todo o sistema
Mangueira-Taim, com uma malha de 360 m, é preferível à simulação do banhado do Taim
isolado, com uma malha de 180 m.
6400000 6400000
Escala de velocidade Escala de velocidade
N N
0.02m/s 0.02m/s
6395000 6395000
vento OSO vento OSO
(6m/s) (6m/s)
6390000 6390000
6385000 6385000
6380000 6380000
6375000 6375000
6370000 6370000
Figura 5.24. Campos de velocidade após 12 h de simulação, com uma malha de (a) 180 m e (b) 360 m, onde os
vetores velocidade, na região da lagoa Mangueira, foram omitidos, por questão de escala.
72
5.8 VERIFICAÇÃO DO ALGORITMO DE SECAGEM/INUNDAÇÃO NO BANHADO
DO TAIM
B1
B2
-355000
x
-360000
6370000 6375000 6380000 6385000 6390000 6395000 6400000
Coordenadas UTM
Figura 5.25. Contornos do banhado do Taim utilizados nas simulações para verificar algoritmo de
secagem/inundação (mapa rotacionado de 90o, sentido horário).
Escala de velocidade
0.02m/s
-350000
condição
aberta de
nível N
-355000
-360000
6370000 6375000 6380000 6385000 6390000 6395000 6400000
Coordenadas UTM
Escala de velocidade
0.02m/s
-350000
condição
aberta de
nível N
-355000
-360000
6370000 6375000 6380000 6385000 6390000 6395000 6400000
Coordenadas UTM
Escala de velocidade
0.02m/s
-350000
condição
aberta de
nível
N
-355000
-360000
6370000 6375000 6380000 6385000 6390000 6395000 6400000
Coordenadas UTM
Figura 5.29. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, para o ponto B1.
Figura 5.30. Variação no tempo da componente da velocidade na direção E-O, para o ponto B1.
Figura 5.31. Variação no tempo da componente da velocidade na direção S-N, para o ponto B2.
Figura 5.32. Variação no tempo da componente da velocidade na direção E-O, para o ponto B2.
C12
C10 C11
C9
2585000
2580000
2586000
C1
C8
C2 5850000 5855000 5860000 C7
C6
2581000 C5
C3 C4
2576000 N
2571000
5740000 5760000 5780000 5800000 5820000 5840000 5860000
Coordenadas rotacionadas
Figura 5.33. Localização dos pontos de verificação de níveis e velocidades, com detalhe da região norte do
banhado.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
N
2580000
2575000
vento OSO
6m/s
Figura 5.34. Detalhe do campo de velocidades no banhado do Taim, para o caso sem considerar a força de
Coriolis, após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
N
2580000
Figura 5.35. Detalhe do campo de velocidades no banhado do Taim, considerando a força de Coriolis (latitude
33oS), após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
N
2580000
Figura 5.36. Detalhe do campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de viscosidade
turbulenta nulo, após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
N
2580000
2575000
vento OSO
6m/s
Figura 5.37. Detalhe do campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de viscosidade
turbulenta igual a 20 m2/s, após 4 dias de simulação.
81
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
N
Figura 5.39. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning igual a 0,02
para a região do banhado, após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
N
Figura 5.40. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning igual a 0,1
para a região do banhado, após 4 dias de simulação.
84
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
N
Figura 5.41. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning igual a 0,4
para a região do banhado, após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
N
Figura 5.42. Campo de velocidades no banhado do Taim, considerando um coeficiente de Manning igual a 2,0
para a região do banhado, após 4 dias de simulação.
85
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
Figura 5.44. Campo de velocidades no banhado do Taim, sem reduzir a tensão do vento no banhado (cred = 1,0),
após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
Figura 5.45. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 50% a tensão do vento sobre o banhado
(cred = 0,5), após 4 dias de simulação.
87
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
N
2575000
vento OSO
6m/s
Figura 5.46. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 80% a tensão do vento sobre o banhado
(cred = 0,2), após 4 dias de simulação.
Escala de velocidade
0.05m/s
2585000
2580000
Figura 5.47. Campo de velocidades no banhado do Taim, reduzindo em 90% a tensão do vento sobre o banhado
(cred = 0,1), após 4 dias de simulação.
88
6.1 INTRODUÇÃO
2580000
2586000
C1
C8
C2 5850000 5855000 5860000 C7
C6
2581000 C5
C3 C4
2576000 N
2571000
5740000 5760000 5780000 5800000 5820000 5840000 5860000
Coordenadas rotacionadas
Figura 6.1. Localização dos pontos de análise de níveis e velocidades, com detalhe da região norte do banhado.
Figura 6.2. Nível no banhado do Taim (ponto C9), durante simulações com operação das comportas.
Figura 6.3. Nível no banhado do Taim (ponto C10), durante simulações com operação das comportas.
91
Pela própria capacidade física, a vazão de saída pelas comportas é estimada em
torno de 5 m3/s, que, segundo os resultados apresentados aqui, não tem influência
significativa no comportamento hidrodinâmico do banhado do Taim. Desse modo, conclui-se
que a consideração das comportas fechadas representa uma simplificação pouco importante na
modelagem da hidrodinâmica do referido sistema, para períodos curtos de simulação.
Figura 6.4. Condição de contorno de nível imposta para a simulação do banhado do Taim.
6398000 A12
N
A11
A10
6394000
y A9
x A7
6390000 A8
A6
6386000
A5
A4
6382000
A3
6378000
A2
A1
6374000
A14
A13
6370000
Figura 6.5. Localização dos pontos de verificação de nível e velocidade ao longo das simulações.
Figura 6.6. Evolução do nível ao longo do tempo durante as simulações com condição de contorno tipo pulso,
em vários pontos.
95
O pulso provocou um escoamento predominantemente no sentido sul-norte do
banhado, como ilustram as figuras 6.7 e 6.8, caracterizado por uma inversão do sentido do
fluxo após a passagem daquele. Nas mesmas figuras, observa-se como a presença de
vegetação, representada no modelo pelos coeficientes de Manning 0,1 e 0,4, reduziu a
velocidade do escoamento, a medida que a onda se deslocava na direção norte do banhado. A
partir da região onde está localizado o ponto A3, as velocidades correspondentes às
simulações com tais valores do coeficiente de Manning ficaram abaixo de 0,02 m/s, enquanto
que, para o caso considerado sem vegetação, velocidades em torno de 0,25 m/s ainda foram
observadas na área do ponto A5, e valores por volta de 0,10 m/s no ponto A8.
É interessante constatar como uma maior resistência ao escoamento no banhado
fez com que a componente da velocidade na direção N-S, na parte norte da lagoa Mangueira,
fosse reduzida. Pelo gráfico referente ao ponto A14 (figura 6.7), observa-se que as
velocidades máximas, durante a passagem do pulso, foram 0,37 m/s, 0,22 m/s e 0,13 m/s para
os casos de nB iguais a 0,02, 0,1 e 0,4, respectivamente. Isso traduz como a vegetação, ao
impor uma resistência adicional à circulação da água, inibiu o fluxo afluente ao banhado,
repercutindo no expressivo amortecimento da elevação dos níveis, já comentado.
Figura 6.7. Variação no tempo das componentes da velocidade do escoamento no ponto A14.
Figura 6.8. Variação no tempo das componentes da velocidade do escoamento no ponto A5.
96
A variação do nível da água na lagoa Mangueira, do modo como foi imposto nas
simulações aqui analisadas, sob a forma do pulso mostrado na figura 6.4, retrata uma situação
idealizada. Porém, como tal condição de contorno representa uma variação de níveis na lagoa
de forma mais brusca e intensa do que a natural, e os resultados mostraram que a vegetação
atua amortecendo a primeira, pode-se concluir que o mesmo acontece para a oscilação natural
da lagoa.
Tabela 6.3. Inclinação da superfície da água da lagoa Mangueira após 48h de vento constante.
cota (m) desnível(1)
caso sistema modelado
ponto C1 ponto C5 (m)
sistema Mang.-Taim 2.72 2.94 0.22
S1
lagoa Mangueira 2.73 2.96 0.22
sistema Mang.-Taim 2.55 3.05 0.51
S2
lagoa Mangueira 2.58 3.09 0.50
sistema Mang.-Taim 3.12 3.56 0.44
S3
lagoa Mangueira 3.17 3.61 0.44
sistema Mang.-Taim 3.13 2.63 -0.50
S4
lagoa Mangueira 3.13 2.63 -0.50
sistema Mang.-Taim 2.48 3.11 0.63
S5 sistema Mang.-Taim (sem veget.) 2.42 3.05 0.63
lagoa Mangueira 2.53 3.16 0.63
(1)
Diferença entre as cotas dos pontos C5 e C1.
Como foi suposto, o vento com direção alinhada com a lagoa Mangueira (caso S5)
proporcionou o maior desnível (63 cm), cerca de 13 cm ou 26% de aumento em relação aos
ventos OSO (caso S2) e ENE (caso S4) de igual intensidade, cujas diferenças de níveis entre
as regiões norte e sul foram iguais a 50 cm, com inclinações opostas entre si. O aumento da
99
velocidade do vento de 21,6 km/h para 32,4 km/h (50% de acréscimo), acarretou um desnível
127% maior, tomando os casos S1 e S2 para comparação, cujos desníveis foram iguais a 22 e
50 cm, respectivamente.
Figura 6.9. Nível da água no ponto C1, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante.
Figura 6.10. Nível da água no ponto C3, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante.
Figura 6.11. Nível da água no ponto C5, para os casos S1, S2 e S5, ao longo das 48h de vento constante.
Figura 6.12. Nível da água nos pontos C1, C3 e C5, para o caso S3, ao longo das 48h de vento constante.
Figura 6.13. Nível da água nos pontos C1, C3 e C5, para o caso S4, ao longo das 48h de vento constante.
Figura 6.14. Nível da água no ponto C1, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após 48h
constante.
Figura 6.15. Nível da água no ponto C3, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após 48h
constante.
104
Figura 6.16. Nível da água no ponto C5, para o caso S5, a partir do instante em que o vento pára, após 48h
constante.
Figura 6.17. Parâmetros estabelecidos para gerar os mapas de vegetação e as respectivas denominações.
C12
C10 C11
C9 C16
2585000 C8
C7 C15
C6 C14
C13
2580000 C5
N
2575000
Vegetação
Figura 6.18. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo A, com localização dos pontos de análise de
níveis e velocidades.
C12
C10 C11
C9 C16
2585000 C8
C7 C15
C6 C14
C13
2580000 C5 N
2575000
Vegetação
Figura 6.19. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo B, com localização dos pontos de análise de
níveis e velocidades.
C12
C10 C11
C9 C16
2585000 C8
C7 C15
C6 C14
C13
2580000 C5
N
2575000
Vegetação
Figura 6.20. Configuração da distribuição espacial da vegetação tipo C, com localização dos pontos de análise de
níveis e velocidades.
107
C12
C10 C11
2586000 C1 C9 C16
C8
C7 C15
C2
C6
2581000 y C13 C14
C3 C5
C4
2576000
x
N
2571000
5740000 5760000 5780000 5800000 5820000 5840000 5860000
Coordenadas rotacionadas
Configurações
Nível d'água de simulação Condições de vento Casos
de vegetação
A T01
C T14
A T03
A T20
C T22
nível médio (cota = 2,9m)
A T23
C T25
A T04
C T16
A T05
C T18
Escala
2586000 0.10m/s
2581000
N
2576000
direção predominante
do vento (SO)
2571000
5830000 5840000 5850000 5860000
Coordenadas rotacionadas
Figura 6.24. Nível da água no ponto C5, para três casos simulados com a configuração de vegetação A.
Figura 6.25. Velocidade do escoamento na direção x no ponto C4, para três casos simulados com a configuração
de vegetação A.
A constatação anterior é reforçada pela análise dos resultados dos casos onde a
ação do vento foi considerada apenas sobre o Taim, para cada mapa de vegetação (T23, T24 e
T25). Em tais situações, não se observou, praticamente, nenhum efeito considerável sobre a
lagoa Mangueira, que permaneceu com uma superfície d’água quase sem oscilação e
velocidades de escoamento desprezíveis, relativamente aos casos onde a ação do vento foi
considerada diretamente sobre a mesma, como mostram as figuras 6.24 a 6.26 para o caso da
configuração A (casos T03 e T20).
112
Figura 6.26. Velocidade do escoamento na direção y no ponto C4, para três casos simulados com a configuração
de vegetação A.
Tendo como enfoque o banhado do Taim, as simulações dos casos onde a área de
atuação do vento foi modificada permitiram ter uma noção do quanto a oscilação dos níveis
da água em tal região tem origem na ação direta do vento sobre a mesma e o quanto é causada
pela variação dos níveis na lagoa. No gráfico da variação do nível com o tempo, referente ao
ponto C8 (figura 6.27), para o caso da configuração A, identificou-se, claramente, que a
oscilação resultante da ação do vento sobre todo o sistema modelado (T03) foi semelhante à
combinação dos efeitos resultantes da ação direta do vento sobre o banhado (T23) e sobre a
Mangueira, isoladamente (T20).
Figura 6.27. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação A.
113
Tomando o nível inicial como referência, observou-se que, em alguns momentos,
tais efeitos foram opostos: enquanto um provocou a elevação, o outro contribuiu para o
rebaixamento dos níveis, como o ocorrido em t = 60 h. Em outros instantes, como t = 80 h,
ambos os efeitos provocaram uma oscilação do nível da água no mesmo sentido.
Entretanto, para os mapas de vegetação B (casos T09, T21 e T24) e C (casos T15,
T22 e T25), o ponto C8 não apresentou o mesmo comportamento de variação de nível daquele
observado para a configuração A, quanto à combinação dos efeitos isolados devido à ação do
vento sobre o banhado e sobre a lagoa Mangueira. Essa diferença é justificada pela própria
distribuição espacial da vegetação, já que, no mapa tipo A, o ponto em questão está localizado
em uma região considerada sem vegetação, existindo uma faixa contínua de área no banhado,
desde a interface com a lagoa Mangueira, caracterizada pela ausência de vegetação, ao
contrário do que ocorre com as configurações B e C (figuras 6.18 a 6.20). Nestas, o ponto C8
está situado em uma região com vegetação, o que também contribuiu para diminuir a
amplitude de oscilação, como mostram as figuras 6.28 e 6.29, cujas escalas foram alteradas
para permitir diferenciar as três curvas.
Figura 6.28. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação B.
Quando a atuação do vento foi restrita à lagoa Mangueira (casos T20, T21 e T22),
observou-se uma circulação da água no banhado do Taim direcionada pelo fluxo afluente da
lagoa Mangueira, como se observa através dos campos de velocidade mostrados nas figuras
6.30 a 6.32. A comparação entre os resultados referentes às três configurações de vegetação
permite verificar o quanto a ocorrência de vegetação no banhado e, principalmente, na
114
interface entre este e a lagoa, condicionou a circulação da água no mesmo, induzida pela
oscilação dos níveis na Mangueira.
Figura 6.29. Nível da água no ponto C8, para três casos simulados com a configuração de vegetação C.
Escala de velocidade
2586000
0.10m/s
2581000
2576000
direção predominante
do vento (SO)
2571000
5830000 5840000 5850000 5860000
Coordenadas rotacionadas
Figura 6.30. Campo de velocidades no banhado, para o caso T20 (veg. A), em t = 60 h.
Escala de velocidade
0.10m/s
2585000
2580000
N
2575000
direção predominante
do vento (SO)
Figura 6.31. Campo de velocidades no banhado, para o caso T21 (veg. B), em t = 60 h.
Escala de velocidade
0.10m/s
2585000
2580000
N
Figura 6.32. Campo de velocidades no banhado, para o caso T22 (veg. C), em t = 60 h.
Escala de velocidade
2585000 0.10m/s
2580000
N
Escala de velocidade
0.10m/s
2585000
2580000
N
Escala de velocidade
2585000 0.10m/s
2580000
N
Escala de velocidade
0.10m/s
2585000
2580000
N
Nas figuras 6.37 e 6.38, são apresentadas as variações do nível d’água na lagoa
Jacaré (ponto C10), onde se observa a diferença no comportamento da lagoa Jacaré, em
função da direção do vento predominante, principalmente após 60 h de simulação, quando o
vento apresentou maiores velocidades. Os efeitos de elevação e rebaixamento do nível,
provocados pela ação de um vento com direção em torno de Sudoeste e Nordeste,
respectivamente, foram intensificados conforme a menor ocorrência de vegetação no
banhado. Desse modo, a amplitude de oscilação do nível da lagoa, para a configuração A, que
apresenta a menor área de vegetação, foi bem superior às demais, mostrando como a
distribuição espacial da vegetação teve influência sobre a região em questão e como a
vegetação amorteceu a onda de cheia gerada pelo vento.
118
Figura 6.37. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), nas simulações com um nível inicial alto (cota 3,40m).
Figura 6.38. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), nas simulações com um nível inicial médio (cota 2,90
m).
Figura 6.39. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com um nível
inicial alto (cota 3,40 m).
Figura 6.40. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com um nível
inicial médio (cota 2,90 m).
Com base nas figuras 6.37 e 6.38, referentes à oscilação do nível na lagoa Jacaré
(ponto C10), pode-se analisar a diferença entre as simulações com os níveis d’água iniciais
120
alto (casos T01, T07, T13, T02, T08 e T14) e médio (casos T03, T09, T15, T04, T10 e T16),
respectivamente. As menores profundidades do escoamento, no segundo caso, tornaram o
efeito da vegetação mais intenso e foram responsáveis pela menor amplitude de variação dos
níveis, relativamente ao primeiro caso, o que foi constatado para as três configurações de
vegetação.
Para o nível d’água classificado como baixo (casos T05, T11, T17, T06, T12 e
T18), grande parte da área do banhado está seca, como mostrado no capítulo 5 (figura 5.15), o
que, aliado à presença de vegetação e seus efeitos sobre o escoamento, fez com que as lagoas
Nicola e Jacaré ficassem praticamente isoladas do restante do banhado e, portanto, da lagoa
Mangueira, durante as simulações considerando o referido nível como inicial. A ação do
vento provocou a circulação da água nas lagoas internas do banhado, como exemplifica a
figura 6.41 para o mapa de vegetação tipo A, mas com quase nenhuma oscilação da superfície
da água, indicando não haver trocas significativas de volume de água com as áreas vizinhas
(figura 6.42).
Escala de velocidade
0.10m/s
2585000
2580000
2575000
direção predominante
do vento (SO)
Figura 6.41. Campo de velocidades no banhado, para o caso T05, após 60 h de simulação.
Figura 6.42. Nível da água na lagoa Jacaré (ponto C10), para as simulações com um nível inicial baixo (cota 2,40
m).
Figura 6.43. Nível da água no extremo norte da lagoa Mangueira (ponto C5), para as simulações com um nível
inicial baixo (cota 2,90 m).
122
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1 CONCLUSÕES
7.2 RECOMENDAÇÕES
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A1
ANEXO A1
∂η
- termo
∂t
n +1 / 2
∂η η j, k − η j, k
n
∂t
≅
∆t / 2
=
2 n +1 / 2
∆t
[
η j, k − η nj, k ] (A1.2)
∂(HU)
- termo
∂x
Esse termo é aproximado da forma:
∂(HU ) 1
≅ [(HU ) j, k − (HU) j−1, k ] , (A1.3)
∂x ∆x
e, usando a relação H = h + η (onde se toma a componente hu para representar a batimetria h),
tem-se:
η nj, k + η nj+1, k n +1 / 2
(HU) j, k = hu j, k + ⋅ U j, k (A1.4)
2
η nj−1, k + η nj, k n +1 / 2
(HU) j−1, k = hu j−1, k + ⋅ U j−1, k (A1.5)
2
Assim, substituindo as expressões (A1.4) e (A1.5) em (A1.3), tem-se:
η nj, k + η nj, k −1 n
(HV) j, k −1 = hv j, k −1 + ⋅ V j, k −1 (A1.9)
2
Substituindo as expressões (A1.8) e (A1.9) em (A1.7), resulta:
onde:
− ∆t ηnj−1, k + ηnj,k
A= hu j−1,k + (A1.13)
2∆x 2
∆t ηnj+1, k + ηnj, k
B= hu + (A1.14)
2∆x
j, k
2
2∆y
j, k
2
2
A4
A1.1.2 Discretização da equação dinâmica no eixo x
∂U ∂U ∂U ∂η ρ ar C D ω x ω 2x + ω 2y U U2 + V2
+U +V = −g + ΩV + −g + ε∇ 2 U
∂t ∂x ∂y ∂x ρH 2
C H
(A1.16)
∂U
- termo
∂t
∂U 1
≅
∂t ∆t
[
U nj,+k1 / 2 − U nj,−k1 / 2 ] (A1.17)
∂U
- termo U
∂x
n +1 / 2
∂U U j, k
U
∂x
≅
2∆x
[
U nj+−11, k/ 2 − U nj−−11, k/ 2 ] (A1.18)
∂U
- termo V
∂y
n
∂U Vj, k n −1 / 2
V ≅
∂y 2∆y
[
U j, k +1 − U nj,−k1−/12 ] (A1.19)
onde:
V jn, k =
4
(
1 n
V j, k + V jn+1, k + V jn, k −1 + V jn+1, k −1 ) (A1.20)
- termo ΩV
ΩV ≅ ΩV jn, k (A1.21)
∂η
- termo − g
∂x
∂η
A derivada é calculada como a média das derivadas nos tempos (n+1/2) e (n-1/2):
∂x
A5
∂η 1 ∂η
n +1 / 2 n −1 / 2
∂η
≅
∂x 2 ∂x
+ =
1
( )
η nj++11, k/ 2 − η nj,+k1 / 2 + η nj+−11, k/ 2 − η nj,−k1 / 2 , (A1.22)
∂x 2∆x
e, portanto:
∂η − g n +1 / 2
−g ≅
∂x 2∆x
(
η j+1, k − η nj,+k1 / 2 + η nj+−11, k/ 2 − η nj,−k1 / 2 ) (A1.23)
U U2 + V2
- termo − g
C2H
Esse termo é discretizado da seguinte forma:
−g
U U 2 + V 2 − g n +1 / 2
≅ U j, k + U nj,−k1 / 2[ ]
(U n −1 / 2 2
j, k ) ( )
+ V j, k
n 2
(A1.24)
2
C H 2 (
H nj, k Cu nj, k )2
η nj, k + η nj+1, k
H n
j, k = hu j,k + (A1.25)
2
( )
e o coeficiente de Chèzy Cu nj, k pode ser informado diretamente ou calculado em função da
Cu n
=
(H )
n 1/ 6
j, k
(A1.26)
j, k
nM
g H j, k
n
Cu n
= ln − 1 (A1.27)
k z 0
j, k
onde nM é o coeficiente de Manning, κ é a constante de Kármàn e z0 é a rugosidade do fundo.
ρ ar C D ω x ω 2x + ω 2y
- termo
ρH
A discretização numérica do termo referente à tensão de cisalhamento do vento na
superfície é da seguinte forma:
ρ ar C D ω x ω 2x + ω 2y ρ ar C D ω x ω 2x + ω 2y Cv1⋅ ω x ω 2x + ω 2y
≅ = (A1.28)
ρH ρH nj, k H nj, k
- termo ε∇ 2 U
A6
Na discretização desse termo, cada uma das derivadas segundas é aproximada em
função de 3 pontos, resultando em:
ε∇ U = ε 2 +
2
≅ε + ε
∂x ∂y 2 ∆x 2
∆y 2
(A1.29)
Cv1 ⋅ ω x ω 2x + ω 2y ε ε
+ + ( ) (
U nj+−11, k/ 2 − 2 U nj,−k1 / 2 + U nj−−11, k/ 2 + 2 U nj,−k1+/12 − 2 U nj,−k1 / 2 + U nj,−k1−/12 )
H n
j, k ∆x 2
∆y
(A1.30)
onde
g∆t
E=− (A1.32)
2∆x
g∆t
G= (A1.33)
2 ∆x
F = 1+
∆t
2∆x
(
U nj+−11, k/ 2 − U nj−−11, k/ 2 +
g∆t
)
2H nj, k Cu nj, k ( )2
(U j, k )
n −1 / 2 2
( )
+ V j, k
n 2
(A1.34)
∆t g∆t n −1 / 2
L = U nj,−k1 / 2 − V jn, k
2∆y
( )
U nj,−k1+/12 − U nj,−k1−/12 + ΩVjn, k ∆t −
2∆x
η j+1, k − η nj,−k1 / 2 + ( )
−
g∆tU nj,−k1 / 2
(
2H nj, k Cu nj, k ) 2
(U j, k )
n −1 / 2 2
( )+
+V
n
j, k
2 Cv1⋅ ω x ω 2x + ω 2y
H nj, k
∆t + (A1.35)
ε∆t ε∆t
+ (U n −1 / 2
j +1, k − 2U nj,−k1 / 2 + U nj−−11, k/ 2 +) (
U nj,−k1+/12 − 2U nj,−k1 / 2 + U nj,−k1−/12 )
∆x 2
∆y 2
A7
A1.2 CÁLCULO POR COLUNAS: 2 SEMI-INTERVALO DE TEMPO (N+1/2,N+1)
O
∂η
- termo
∂t
∂η 2 n +1
≅
∂t ∆t
[
η j, k − η nj,+k1 / 2 ] (A1.36)
∂(HU)
- termo
∂x
Esse termo é aproximado da forma:
∂(HU ) 1
≅ [(HU ) j, k − (HU) j−1, k ] , (A1.37)
∂x ∆x
e, usando a relação H = h + η (onde se toma a componente hu para representar a batimetria h),
tem-se:
η nj,+k1 / 2 + η nj++11, k/ 2 n +1 / 2
(HU) j, k = hu j, k + ⋅ U j, k (A1.38)
2
η nj−+11, k/ 2 + η nj,+k1 / 2 n +1 / 2
(HU) j−1, k = hu j−1, k + ⋅ U j−1, k (A1.39)
2
Assim, substituindo as expressões (A1.38) e (A1.39) em (A1.37), tem-se:
∂(HV )
- termo
∂y
Procedendo de modo análogo ao item anterior, obtém-se:
∂ (HV ) 1
≅ [(HV) j, k − (HV ) j, k −1 ] , (A1.41)
∂y ∆y
e, tomando a componente hv para representar a batimetria h, tem-se:
η nj,+k1 / 2 + η nj,+k1+/12 n +1
(HV) j, k = hv j, k + ⋅ V j, k (A1.42)
2
A8
η nj,+k1−/12 + η nj,+k1 / 2 n +1
(HV) j, k −1 = hv j, k −1 + ⋅ V j, k −1 (A1.43)
2
Substituindo (A1.42) e (A1.43) em (A1.41):
(A1.45)
A equação anterior pode ser reescrita sob a seguinte forma:
MVjn, k+−11 + η nj,+k1 + OV jn, k+1 = Q (A1.46)
onde:
− ∆t ηnj,+k1−/12 + ηnj,+k1 / 2
M= hv + (A1.47)
2∆y
j, k −1
2
∆t ηnj,+k1+/12 + ηnj,+k1 / 2
O= hv + (A1.48)
2∆y
j, k
2
n +1 / 2 ∆t ηnj−+11, k/ 2 + ηnj,+k1 / 2 n +1 / 2 ∆t
ηnj,+k1 / 2 + ηnj++11,k/ 2 n +1 / 2
U j, k
Q=η + hu j−1, k + U j−1,k − 2∆x hu j,k +
2∆x
j, k
2 2
(A1.49)
∂V ∂V ∂V ∂η ρ ar C D ω y ω 2x + ω 2y V U2 + V2
+U +V = −g − ΩU + −g + ε∇ 2 V
∂t ∂x ∂y ∂y ρH 2
C H
(A1.50)
é apresentada a seguir:
A9
∂V
- termo
∂t
∂V 1
≅
∂t ∆t
[
V jn, k+1 − V jn, k ] (A1.51)
∂V
- termo U
∂x
n +1 / 2
∂V U j, k
U
∂x
≅
2∆x
[
V jn+1, k − V jn−1, k ] (A1.52)
onde:
U nj,+k1 / 2 =
4
(
1 n +1 / 2
U j−1, k +1 + U nj−+11, k/ 2 + U nj,+k1 / 2 + U nj,+k1+/12 ) (A1.53)
∂V
- termo V
∂y
n +1
∂V V j, k
V ≅
∂y 2∆y
[
V jn, k +1 − V jn, k −1 ] (A1.54)
- termo (− ΩU )
∂η
- termo − g
∂y
∂η
A derivada é calculada como a média das derivadas nos tempos (n+1) e (n):
∂y
∂η 1 ∂η ∂η
n +1 n
≅ + , (A1.56)
∂y 2 ∂y ∂y
e, desse modo:
∂η − g n +1
−g ≅ (
η j, k +1 − η nj,+k1 + η nj, k +1 − η nj, k ) (A1.57)
∂y 2∆y
V U2 + V2
- termo − g
C2H
A10
−g
V U +V
≅
− g n +1
2
V j, k + V jn, k
2
[ ]
(U ) + (V
n +1 / 2 2
j, k
n 2
j, k )
(A1.58)
2
C H 2 (
H nj, k+1 / 2 Cv nj,+k1 / 2 )
2
n +1 / 2
onde U j, k está definido em (A1.53) e H nj, k+1 / 2 é definido da seguinte forma:
η nj,+k1+/12 + η nj,+k1 / 2
H nj, k+1 / 2 = hv j, k + (A1.59)
2
( )
e o coeficiente de Chèzy Cv nj,+k1 / 2 pode ser um valor conhecido ou calculado por uma
expressão em função da altura d’água H nj, k+1 / 2 , de maneira análoga à equação dinâmica no eixo
Cv nj,+k1 / 2 =
(H ) n +1 / 2
j, k
1/ 6
(A1.60)
nM
g H j, k
n +1 / 2
Cv n +1 / 2
= ln − 1 (A1.61)
k z0
j, k
ρ ar C D ω y ω 2x + ω 2y
- termo
ρH
O termo relativo à tensão de cisalhamento do vento na direção y é discretizado da
seguinte forma:
ρ ar C D ω y ω 2x + ω 2y Cv1 ⋅ ω y ω 2x + ω 2y
≅ , (A1.62)
ρH H jn, k+1 / 2
n +1 / 2
onde H j, k é definido em (A1.59) e Cv1 é um coeficiente dado por Cv1 = ρ ar C D / ρ .
- termo ε∇ 2 V
ε∇ V = ε 2 + 2 ≅ ε
2 + ε (A1.63)
∂x ∂y ∆x 2
∆ y 2
Cv1 ⋅ ω Y ω 2x + ω 2y ε ε
+ + ( ) (
V jn−1, k − 2V jn, k + V jn+1, k + 2 V jn, k +1 − 2V jn, k + V jn, k −1 )
H n +1 / 2
j, k
∆x 2
∆y
(A1.64)
Ou, de outra forma, a equação anterior fica:
Rη nj,+k1 + SV jn, k+1 + Tη nj,+k1+1 = Z (A1.65)
onde:
g∆t
R=− (A1.66)
2∆y
g∆t
T= (A1.67)
2∆y
S = 1+
∆t
2∆y
(
V jn, k +1 − V jn, k −1 + ) g∆t
2 H j, k Cv nj,+k1 / 2
n +1 / 2
( )
2
(U ) + (V
n +1 / 2 2
j, k
n 2
j, k ) (A1.68)
∆t g∆t n
Z = V jn, k − U nj,+k1 / 2
2∆x
( )
V jn+1, k − V jn−1, k − ΩU nj,+k1 / 2 ∆t −
2∆y
(
η j, k +1 − η nj, k + )
−
2H
g∆tV jn, k
n +1 / 2
(
Cv )
n +1 / 2 2
(U ) + (V
n +1 / 2 2
j, k
n 2
j, k) +
Cv1 ⋅ ω y ω 2x + ω 2y
H n +1 / 2
∆t +
ε∆t
∆x 2
(
V jn−1, k − 2V jn, k + V jn+1, k + )
j, k j, k j, k
ε∆t
+ (
V jn, k +1 − 2V jn, k + V jn, k −1 )
∆y 2
(A1.69)
y
hv j −1,k V jn−1,k hv j ,k V jn,k hv j +1,k V jn+1,k hv j +2 ,k V jn+ 2,k
k-1
j j+1 j+2 x
j-2 j-1
Figura A1.1. Exemplo de uma linha genérica k com a indicação das variáveis.
Figura A1.2. Esquema da localização das equações da continuidade, em uma linha genérica k.
j j+1 j+2 x
j-2 j-1
Figura A1.3. Esquema da localização das equações dinâmicas no eixo x, em uma linha genérica k.
1 B1 0 0 0 0 0 η nj−+11, k/ 2 D 1
E
1 F1 G1 0 0 0 0 U nj−+11, k/ 2 L1
0 A2 1 B2 0 0 0 η nj,+k1 / 2 D 2
0 0 E2 F2 G2 0 0 ⋅ U nj,+k1 / 2 = L 2 , (A1.79)
0 0 0 A3 1 B3 0 η nj++11, k/ 2 D 3
0 0 0 0 E3 F3 G 3 U nj++11, k/ 2 L 3
0
0 0 0 0 A4 1 η nj++21,/k2 D 4
já que a condição (A1.78) implica que o valor dos coeficientes A1 e B4 não importa para a
resolução do sistema. Nesse caso, o sistema (A1.79) é composto por 7 equações e 7
incógnitas, sendo matematicamente determinado. Assim, resolvendo-se tal sistema e
determinando-se os valores das incógnitas da linha k, no instante (n+1/2), o cálculo prossegue
para a linha k+1, onde são determinadas as incógnitas para o mesmo instante de tempo.
(ii) Considerando, agora, que a linha k seja do tipo aberta-aberta, apresentando, como
condição de contorno, valores conhecidos ao longo do tempo da velocidade na margem
(
esquerda U j− 2, k ) e de nível η j+ 2, k( ) na margem direita, então o sistema é modificado da
seguinte forma:
- como o valor de U j− 2, k é conhecido, a equação (A1.70) pode ser reescrita assim:
não faz parte mais do sistema de equações, enquanto que a equação (A1.75) pode ser reescrita
sob a forma:
E 3 η nj++11, k/ 2 + F3 U nj++11, k/ 2 = L 3 − G 3 η nj++21,/k2 (A1.81)
1 B1 0 0 0 0 η nj−+11, k/ 2 D 1 − A 1 U nj−+21,/k2
E
1 F1 G1 0 0 0 U nj−+11, k/ 2 L1
0 A2 1 B2 0 0 η n +1 / 2
j, k
D2
⋅ n +1 / 2 = , (A1.82)
0 0 E2 F2 G2 0 U j, k L2
0 0 0 A3 1 B3 η n +1 / 2 D3
n +1 / 2
j +1, k
0 0 0 0 E3 F 3 U j+1, k L 3 − G 3 η nj++21,/k2
Seja a coluna de ordem j mostrada na figura A1.4, tomada aqui para exemplificar
o cálculo por colunas, referente ao 2o semi-intervalo de tempo (n+1/2, n+1). Para cada coluna,
o sistema de equações é constituído pelas equações da continuidade e dinâmicas no eixo y,
que, para uma quadrícula (j,k) qualquer da coluna, têm a forma:
MVjn, k+−11 + η nj,+k1 + OV jn, k+1 = Q (A1.83)
n +1
hv j , k + 2 V j , k + 2
hu j −1 , k + 2 η nj ,+k1+ 2 hu j , k + 2
k+2
n +1 / 2
U j −1 , k + 2 U nj ,+k1+/ 22
hv j , k +1 V jn,k++11
hu j −1, k +1 η nj ,+k1+1 hu j , k +1
k+1
n +1 / 2
U j −1, k +1 U nj ,+k1+/12
n +1
hv j , k V j ,k
hu j −1, k η nj ,+k1 hu j , k
k
U nj −+11,/k2 U nj ,+k1 / 2
hv j , k −1 V jn,k+−11
hu j −1, k −1 η nj ,+k1−1 hu j , k −1
k-1
U nj −+11, /k2−1 U nj ,+k1−/12
hv j , k − 2 V jn, k+1− 2
k-2
j j+1 x
j-1
Figura A1.4. Exemplo de uma coluna genérica j com a indicação das variáveis.
d.3
c.3
k+1 k+1
d.2
c.2
k k
d.1
c.1
k-1 k-1
k-2 k-2
j x j x
(a) (b)
Figura A1.5 Esquema da localização das equações da continuidade (a) e dinâmicas no eixo y (b), em uma coluna
genérica j.
De acordo com os esquemas mostrados nas figuras A1.5a e A1.5b, para a coluna
em questão, há 4 equações da continuidade e 3 equações dinâmicas na direção do eixo y,
explicitadas a seguir:
(c.1) M 1 V jn, k+−12 + η nj,+k1−1 + O 1 V jn, k+−11 = Q1 (A1.85)
( )
E como o valor da velocidade V j, k − 2 é conhecido, a equação (A1.85) pode ser
reescrita assim:
η nj,+k1−1 + O 1 V jn, k+−11 = Q1 − M 1 V jn, k+−12 (A1.94)