2 Roteiro Família e Comunidade Enquanto Sistemas
2 Roteiro Família e Comunidade Enquanto Sistemas
2 Roteiro Família e Comunidade Enquanto Sistemas
Livro:
https://books.google.com.br/books?id=W6bqy8--
vDkC&pg=PA141&lpg=PA141&dq=Linhas+relacionais+da+fam
%C3%ADlia+de+Sigmund+Freud&source=bl&ots=iPTkgNJHZf&sig=qel6u
GoG9C7wGsbR3AixvbckH-A&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwiL8MTXscHPAhXKj5AKHQX5AE0Q6AEIMzAH#v=
onepage&q=Linhas%20relacionais%20da%20fam%C3%ADlia%20de
%20Sigmund%20Freud&f=false
Professora Adriana
Todos nós temos uma família que de algum modo tem vindo a contribuir
para sermos quem somos hoje e a nossa profissão leva-nos frequentemente a
olhar para outras famílias, para as perceber e apoiar.
O que será afinal a família?
Seguindo a abordagem sistêmica, considera-se que a família é um
sistema social em que os seus elementos se encontram ligados por uma teia
relacional e emocional.
Cada família é única e constitui uma entidade global, com um elevado
nível de complexidade, separando-se do exterior por fronteiras, mais ou menos
permeáveis, através das quais troca informações e recebe feedback, evoluindo
e diferenciando-se ao longo do tempo.
Nos sistemas familiares podemos considerar vários subsistemas:
individual, conjugal, parental, fraternal, entre outros. Os diferentes elementos
relacionam-se e desempenham funções tendo em vista as necessidades
individuais de proteção e autonomia, de acordo com as normas, explícitas ou
implícitas criadas na família.
Uma família é mais do que a soma dos seus elementos, isto é, a família
Lopes é mais do que a soma da Maria, da Joana, do Álvaro, do Rui e do Tiago,
pois o que confere unicidade a esta família é o tipo de relações estabelecidas,
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a forma de comunicar, as atividades desenvolvidas dentro e fora de casa, as
trocas de afetos, as normas, etc.
Sistema Familiar
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comunidade em que estão inseridos, a sociedade, etc. Pois, por exemplo, se
há relações muito funcionais em determinadas sociedades, noutras poderão
não o ser – tal é constatado diariamente pelos técnicos que trabalham com
famílias de diferentes culturas.
No tocante à comunidade ela é fundamental para o bom funcionamento
da família.
Quais as redes de suporte?
Que tipo de relações estabelecem os elementos da família?
Para um técnico é fundamental ter em atenção esta relação.
Naturalmente que a comunidade, a par de ser um supra-sistema de uma
família, poderá ser considerado um sistema total, com subsistemas como os
clubes recreativos, as escolas, a junta de freguesia, os comerciantes, a
paróquia e as próprias famílias.
Dentro da abordagem sistêmica, temos sempre presentes as relações
estabelecidas em todo e qualquer sistema e a forma como isso afeta uma
família ou um indivíduo.
Os sistemas têm um caráter dinâmico e, como tal, estão em constante
mudança influenciando e sendo influenciados pelos respectivos subsistemas e
supra-sistemas.
Sistemas Sociais
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In Silva, L.F (2001); Acção Social na Área da Família; Universidade Aberta.
Genograma
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conscientização do sistema relacional familiar ao longo de pelo menos três
gerações.
Criar um genograma supõe:
Traçar a estrutura familiar;
Estrutura Familiar
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De forma geral o elemento masculino do casal é representado do lado
esquerdo e o elemento feminino do lado direito. Quanto às fratrias, o irmão
mais velho encontra-se do lado esquerdo e, do lado direito, encontra-se o mais
novo. Será ainda útil assinalar os elementos da família que vivem em conjunto,
através de um tracejado que envolve os membros em questão.
7
Ecomapa
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Exemplo de Ecomapa
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A família confia na Instituição onde trabalho? Que espera de mim?
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possível visão do percurso de vida de uma família, tendo em conta critérios
específicos. Mais do que procurar adoptar linearmente, sugiro uma reflexão
sobre as diferentes fases, que poderão ser mais complexas do que as
apresentadas, de acordo com eventos internos e externos à família, nº de
elementos, entre outras contingências.
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a aceitar a necessidade do
independência dos filhos adolescente movimentar-
e as fragilidades dos se para dentro e fora do
avós sistema
(b) Foco na relação
conjugal e questões
profissionais – meio da
vida
(c) Inicio da função de
suporte à geração mais
velha
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Considerar o Ciclo Vital é importante contudo deveremos ter em conta
que se trata de uma referência e não de uma regra para todas as famílias. O
exemplo dado, baseado nos estudos de McGoldrick e Carter, mostra uma
possível visão do percurso de vida de uma família, tendo em conta critérios
específicos. Mais do que procurar adotar linearmente, sugiro uma reflexão
sobre as diferentes fases, que poderão ser mais complexas do que as
apresentadas, de acordo com eventos internos e externos à família, nº de
elementos, entre outras contingências.
Rituais Familiares
Ao longo do ciclo vital da família, são muitas as rotinas e hábitos que vão
e a cor com que todos dão significado de ser e pertencer à sua família. São
negativas). Os rituais têm assim um lado simbólico sobre o que é ser família.
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ROTINAS
TRADIÇÕES
MUDANÇAS FAMILIARES
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associadas com eventos negativos, como a morte de um elemento da família,
mas também os eventos positivos poderão gerar stress familiar.
Através dos rituais, estas mudanças poderão ser integradas de forma
faseada e conjunta, bem como haver uma maior flexibilidade ao nível da
adaptação às exigências. Rituais de casamento, baptizados, festa de
‘inauguração de uma nova casa’, celebrar o dia da reforma, são formas de
celebrar novos passos e, em conjunto, partilhar significados e encontrar novas
formas de estar em família. Velórios e enterros ajudam as famílias a
partilharem a dor sentida e, mais uma vez, procurarem encontrar novo
equilíbrio emocional e funcional de acordo com as exigências desta perda.
Os rituais têm um potencial de ajuda e prevenção de uma possível
desestruturação, perante as contínuas mudanças. Mantendo a família unida,
sentindo que pertencem àquele núcleo, todos se sentem mais protegidos e
com um propósito maior.
Resiliência Familiar
Resiliência é a capacidade (individual ou familiar) de lidar com uma ou
mais situações adversas, com um sentimento de maior fortalecimento e
confiança após a situação.
Durante muitos anos a Resiliência foi estudada sobretudo em indivíduos,
dando-se assim particular atenção à forma como cada um superava os maiores
obstáculos da sua vida, em situações em que se seria expectável danos
grandes do ponto de vista emocional, relacional e social. Tem sido dada uma
atenção grande à resiliência nas crianças e à capacidade que muitas vezes
demonstram em ultrapassar momentos e circunstâncias particularmente
difíceis.
Num estudo clássico de resiliência, um investigador passou 40 anos
numa ilha do Hawai, a acompanhar o desenvolvimento de 700 crianças (de 1
ano de idade até os 32) que viviam em situações de extrema pobreza, muitas
com problemas de saúde, educadas em famílias com múltiplos problemas
(violência, negligência, alcoolismo, etc). Foi possível perceber que, apesar de
se esperar que estas crianças se transformassem em adolescentes e mais
tarde adultos problemáticos, 1/3 do grupo estudado mostrou adaptar-se muito
bem na adolescência e 2/3 na idade adulta! O que as diferenciava? Entre
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diferentes variáveis, destacava-se elevada autoestima e autoconfiança e pelo
menos uma relação positiva de afetiva com um adulto (nem sempre os pais,
mas uma avó, uma irmã mais velha, ou outra pessoa da comunidade)
Mais recentemente, tem sido dada atenção não só às características dos
indivíduos, mas das dinâmicas familiares. Algumas famílias lidam diariamente
com um adolescente com problemas na escola, enquanto cuidam de um idoso
doente em casa, juntando por vezes uma situação de dificuldades financeiras,
e muitas horas de trabalho, etc… e nem todas entram em colapso, ou
discussões diárias!
A resiliência familiar verifica-se quando as famílias lidam com um ou
mais problemas graves, e referem que as suas relações se mantêm positivas,
mesmo que tenham tido necessidade de modificar a forma de viver o dia-a-dia.
Perante a morte de um familiar querido, por exemplo, estas famílias ressentem-
se, vivendo a dor e a tristeza, mas muitas vezes falam da forma bonita como a
família se reuniu e prestou a homenagem. Mantêm (ou reforçam) as suas
actividades, rotinas e rituais, bem como a função de cuidar uns dos outros.
Dizem muitas vezes sentir que a família se tornou ainda mais unida. De modo
geral, são famílias que contam com ajuda de fora: família alargada, amigos e
serviços da comunidade (escola, saúde, etc) e que referem muitas vezes que
conversaram em conjunto e foram à procura de ajudas e soluções.
Acima de tudo, demonstram uma elevada confiança nas suas
capacidades em ultrapassar as dificuldades, e surpreendem na forma como se
transcendem e mantêm o sentido de família inabalável.
Todas as famílias têm um potencial de resiliência, que não é igual em
todas as fases de vida. Contudo, de acordo com a investigação, parece que
algumas dinâmicas fortalecem as famílias na sua capacidade de lidar com as
adversidades (Walsh, F, 2006):
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Têm fé e mantêm os seus rituais
Ao nível da Organização:
Mostram-se flexibilidade e capacidade de adaptação às exigências
Ao nível da Comunicação:
Comunicam com clareza, sem ambiguidade
Rir em Conjunto
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