Legislação e Custo de Energia 6

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AULA 6

LEGISLAÇÃO E CUSTOS
DE ENERGIA

Prof. Felipe Freitas


CONVERSA INICIAL

Vamos continuar a aprofundar nossos conhecimentos de legislação,


falando sobre geração distribuída.
Muitas usinas do SIN se encontram localizadas distantes dos grandes
centros de carga do Brasil, ocasionando um desperdício de energia devido às
perdas elétricas ao longo das linhas de transmissão. Para reduzir as perdas
elétricas e também para contribuir com o meio ambiente, há a alternativa de
gerar a sua energia próxima aos centros de carga. Nesta aula serão
apresentadas as legislações e os desafios envolvidos na geração distribuída.

CONTEXTUALIZANDO

A geração distribuída, até há alguns anos, não era muito bem


desenvolvida no Brasil, devido à falta de regras para permitir a conexão de
sistemas fotovoltaicos, eólicos ou hídricos, diretamente a rede elétrica.
Comparado com outros países como Alemanha, Estados Unidos, Noruega, a
geração distribuída no Brasil caminhava a passos lentos. Atualmente a geração
distribuída no Brasil tem se tornado representativa e deve ser estudada
detalhadamente.

TEMA 1 – DEFINIÇÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A definição de geração distribuída na literatura não é unânime e varia sua


definição de acordo com o local em que é instalada. A geração distribuída,
segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), é caracterizada pela
instalação de geradores de pequeno porte, principalmente a partir de fontes de
energia renovável, ou mesmo utilizando combustíveis não renováveis,
localizados próximos aos centros de consumo de energia elétrica (ANEEL,
2016b).
Sandel, Chauhan e Singh (2012) mencionam que a Agência Internacional
de Energia (IEA) define geração distribuída como uma planta de geração
servindo um consumidor local ou provendo suporte para uma rede de
distribuição, conectada à rede em níveis de tensão de distribuição, independente
do seu tamanho e da fonte de energia. Já a International Conference on Large
High Voltage Electric Systems (CIGRE) define geração distribuída como geração
até 100 MW (Sandel; Chauhan; Singh, 2012)

02
A União Europeia publicou em 2009, no Jornal Oficial da União Europeia,
a “Diretiva 2009/72/CE do Parlamento Europeu e do Conselho”, que define
geração distribuída como a geração dada por plantas conectadas ao sistema de
distribuição.
A geração distribuída (GD) normalmente utiliza geradores a partir de
fontes de energia renováveis (podendo utilizar combustíveis fósseis) instalados
próximos aos centros de consumo e conectados à rede por meio de uma
unidade consumidora (UC), e é dividida em microgeração distribuída e
mineração distribuída (ANEEL, 2016b).

Figura 1 – Exemplo de GD

Fonte: Portal Solar (2017)

TEMA 2 – LEGISLAÇÃO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Dentro desse contexto de geração distribuída, a ANEEL definiu pela


resolução normativa ANEEL n. 482, de 17 de abril de 2012, atualizada pela
resolução normativa ANEEL n. 687, de 24 de novembro de 2015, dois tipos de
geração distribuída especiais, como centrais geradoras de energia elétrica
conectadas na rede distribuição por meio de unidades consumidoras, sendo elas
diferenciadas da seguinte forma (ANEEL, 2015):

1. Microgeração distribuída se possuir potência instalada inferior ou igual


a 75 kW e que utilize cogeração qualificada, ou fontes renováveis de energia
elétrica;
2. Minigeração distribuída se possuir potência superior a 75kW e menor
ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou menor ou igual a 5 MW para demais
fontes.

03
Importante reforçar que na REN nº 482 mencionada anteriormente, a
minigeração distribuída era limitada até 1 MW, e pela resolução nº 687 de 2015
o limite aumentou para até 5 MW, marco importante para o setor elétrico
brasileiro (ANEEL, 2015).
Por meio dessas duas resoluções, a ANEEL regulamentou as maneiras
de se utilizar geração distribuída no Brasil, possibilitando o aumento significativo
a participação deste tipo de geração no balanço energético nacional.

2.1 REN 482 e REN 687

A REN 482 é caracterizada por estabelecer as condições gerais para o


acesso de microgeradores (geradores menores ou iguais a 75 kW) e
minigeradores (geradores maiores que 75 kW e menores que 5 MW e menores
que 3 MW para gerador de fonte hidráulica). Foi implantada em 17 abril de 2012
após a Consulta Pública n. 15/2010 e após a Audiência Pública n. 42/2011
(ANEEL, 2012)
A Resolução Normativa criou o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica, em que a geração excedente de energia é injetada na rede e registrada
em um medidor bidirecional para posterior compensação no faturamento mensal.
Caso a geração seja maior que o consumo, o excedente é registrado como
crédito em kWh (utilizando a rede como armazenamento de energia), que pode
ser utilizado em até 60 meses. O sistema de Compensação de Energia Elétrica é
uma alternativa aos sistemas implantados em outros países, como o Net
Metering, que é caracterizado por compensar a energia injetada na rede quando
a geração está em alta e consumi-la quando a geração estiver em baixa, não
importando a hora da geração nem a sua localização, e o Feed In, que é
caracterizado pelo pagamento de tarifas para as unidades geradoras que injetam
energia na rede (mais atrativo economicamente). (ANEEL, 2016b)

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Figura 2 - Sistema de Compensação de Energia

Fonte: ANEEL, 2016b

O Sistema de Compensação de Energia Elétrica se diferencia do Net


Metering e do Feed In, pois no Brasil, conforme o Caderno Temático de Micro e
Minigeração Distribuída (2016b), a definição sobre a cobrança de impostos e
tributos federais e estaduais foge das competências da ANEEL, cabendo à
Receita Federal do Brasil e às Secretarias de Fazenda Estaduais tratar da
questão. Assim sendo, o governo federal saiu na frente e, com a publicação da
lei n. 13.169/2015, de 06 de outubro de 2015, os tributos federais (PIS/COFINS)
são cobrados apenas na diferença entre o consumo e o injetado na rede para
todos os estados do país. Com relação ao ICMS, após interações da agência
com o Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
Ministério de Minas e Energia e com o Congresso Nacional, o Conselho
Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) publicou o Convênio ICMS 16, de
22/04/2015, que revogou o convênio ICMS 6/2013, autorizando os estados a
cobrar o ICMS apenas na diferença entre a energia consumida e a gerada. O
governo do Paraná ainda não aderiu ao convênio 16, cobrando o ICMS sobre
todo o consumo de energia, desconsiderando a energia injetada na rede. Os 21
estados que já aderiram ao Convênio ICMS 16 são: Pará, Acre, Alagoas, Bahia,
Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia,
Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal (Ambiente Energia,
2016). O Sistema de Compensação de Energia Elétrica também se diferencia

05
com relação ao horário da injeção de energia, tendo de ser compensado
primeiramente no posto tarifário da injeção, no caso de consumidores do grupo
A caracterizados por tarifas binômias.
No Sistema de Compensação de Energia Elétrica, quando a geração é
maior que o consumo, a UC do grupo A pagará apenas a parcela referente à
demanda, e o grupo B pagará apenas o custo de disponibilidade, que pode
variar o valor de acordo com a conexão com a rede (monofásica, bifásica e
trifásica). Para ambos os casos, deve ser adicionado o custo de bandeira
tarifária (quando houver) e o custo com iluminação pública (ANEEL, 2016b).
Em 24 de novembro de 2015, foi criada a REN 687, cujo objetivo é
atualizar a REN 482 e os Módulos 1 e 3 dos procedimentos de distribuição
(PRODIST). As principais alterações são:

• Atualização dos prazos dos procedimentos para a conexão do gerador


(Figura 3)
• Mudança da faixa de potência para micro e minigeração
• Aumento do prazo para expirar os créditos gerados para 60 meses
• A possibilidade de o consumidor utilizar créditos em outras UCs dentro da
mesma área de concessão, denominadas como:
o Geração Compartilhada
o Autoconsumo remoto
o Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras
(condomínios)

06
Figura 3 – Procedimentos e etapas de acesso

Fonte: ANEEL, 2016b

O interessante do autoconsumo remoto é que agora não é necessário


mais que o ponto de consumo seja o mesmo do ponto de geração. Nessa
modalidade, se a geração é realizada em uma fazenda, é possível receber os
créditos de energia na casa de praia ou em um hotel, desde que tenham o
mesmo titular de conta de energia. Isso também é válido para empresas, que,
por exemplo, possuem geração em um local e querem utilizar a compensação
de energia em suas filiais que são atendidas pela mesma distribuidora (ANEEL,
2016b).
No caso da geração em condomínios, a geração realizada dentro da área
condominial pode ser repartida entre os condôminos, conforme as regras
estabelecidas entre eles, classificadas como geração com múltiplos
consumidores (ANEEL, 2016b).
Também existe a geração compartilhada, que “possibilita que diversos
interessados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma
micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das
faturas dos consorciados ou cooperados” (ANEEL, 2016b).

07
2.2 NTC Copel (verificar no seu estado as normas correspondentes!)

2.2.1 NTC 905100

Chamada de “Acesso de geração distribuída ao sistema da COPEL (com


comercialização de energia) (Copel, 2017)”, a norma foi emitida em dezembro de
2010 e a sua última revisão até o presente momento é de junho de 2017.
Esta norma técnica da COPEL visa empreendimentos de geração de
energia elétrica conectados ao sistema de distribuição da concessionária em
média tensão (MT), 13,8 kV e 34,5 kV, e em alta tensão (AT), 69 kV e 138 kV,
com o intuito de comercialização da energia no ambiente de contratação livre ou
regulado. (Copel, 2017)
A norma apresenta os requisitos técnicos, o procedimento de acesso, os
contratos para acesso, além de diagramas unifilares por faixa de potência e seus
requisitos. Além disso, essa norma técnica não apresenta restrição de fonte
geradora e é classificada no âmbito da geração distribuída (GD). (Copel, 2017)

2.2.2 NTC 905200

Chamada de “Acesso de micro e minigeração distribuída ao sistema da


COPEL”, a norma foi emitida em fevereiro de 2014 (a resolução normativa
ANEEL n. 482 (REN 482), que regulamenta a micro e minigeração distribuída é
de 2012) e a sua última revisão até o presente momento é de março de 2016.
(Copel, 2017)
Essa norma técnica da COPEL visa ao acesso de micro e minigeradores
de energia elétrica (até 3 MW para fontes de origem hidráulica e menor ou igual
a 5 MW para as demais fontes renováveis, nos termos da REN 235/2006 para
cogeração qualificada) através de unidades consumidoras (UC) e que aderem
ao sistema de compensação de energia.
A norma apresenta as etapas para os procedimentos de acesso, os
requisitos técnicos e os arranjos de conexão em baixa, média e alta tensão,
além de especificações dos equipamentos.

08
2.3 Legislação ambiental

Segundo a NTC 905200, as exigências são definidas pela Resolução


Conjunta SEMA/IAP n. 09/2010, que não faz distinção entre microgeração ou
minigeração, e deve seguir a tabela da Figura 4. (Copel, 2014)

Figura 4 – Licenciamento ambiental para microgeração e minigeração

Fonte: COPEL, 2014


Segundo a Resolução Conjunta SEMA/IAP n° 09/2010, “Licença Prévia é
concedida na fase preliminar de planejamento do empreendimento ou atividade,
aprova sua localização e concepção, atesta a viabilidade ambiental e estabelece
os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas fases seguintes
da implantação.” (IAP, 2017).
Segundo a Resolução Conjunta SEMA/IAP n° 09/2010, “a Licença de
Instalação autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com
as especificações dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
medidas de controle ambiental e as demais condicionantes” (IAP, 2017).
Ainda de acordo com a Resolução Conjunta SEMA/IAP n. 09/2010, “a
Licença de Operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento após
a verificação do cumprimento das exigências das licenças anteriores, conforme
as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a
operação” (IAP, 2017).
Segundo a mesma resolução,

a Licença Ambiental Simplificada aprova a localização e a concepção


do empreendimento, atividade ou obra de pequeno porte e/ou que
possua baixo potencial poluidor/degradador, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos bem como autoriza sua instalação e operação de
acordo com as especificações constantes dos requerimentos, planos,
programas e/ou projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes determinadas pelo IAP.” (IAP,
2017).

09
A portaria n. 19/2017 “estabelece os procedimentos para o licenciamento
ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fonte
solar para sistemas heliotérmico e fotovoltaicos” (IAP, 2017).
Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (2017),

os empreendimentos de até 1 MW (megawatt) estão dispensados de


estudos e de licenciamento ambiental. De 1 MW a 5 MW, é necessário
apresentar um memorial descritivo para a autorização ambiental ou
dispensa de licenciamento ambiental. Acima de 5 MW até 10 MW é
necessário Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de
Operação e Relatório Ambiental Simplificado (RAS). Acima de 10 MW
são necessárias as mesmas licenças anteriormente mencionadas e
estudo EIA-RIMA.

Segundo a NTC 905200, não será exigido documento de licença


ambiental ou de dispensa de licença para empreendimentos fotovoltaicos
instalados sobre telhados, ou seja, sem movimentação de solo (Copel, 2014).

Figura 5 – Inexigibilidade de licenciamento ambiental

Fonte: Copel (2014)

Para o estado de São Paulo, por exemplo, a CETESB – Companhia


Ambiental do Estado de São Paulo – regulamenta que não é necessário EIA-
RIMA, para esta faixa de potência, apenas um Estudo Ambiental Simplificado
(Ambiente Energia, 2017).

TEMA 3 – CONEXÃO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Para apresentar o projeto da conexão da UC à rede elétrica, é necessário


apresentar no mínimo as seguintes informações, entretanto estas informações
podem variar de distribuidora para distribuidora de energia (ANEEL, 2017c).

010
a. Memorial descritivo das instalações de conexão, da proteção, os dados e
as características do acessante
b. Diagrama unifilar
c. Certificado de conformidade do inversor
d. Lista e especificação dos materiais e equipamentos
e. ART do autor do projeto
f. Projeto de travessias (se houver)

A conexão pode ser diretamente em baixa tensão (BT) se a geração for


inferior a 75kW, e se for entre 76 e 300kW, a conexão poderá ser feita por meio
de relés de proteção e transformador exclusivo do acessante, sendo que neste
caso o disjuntor pode ser instalado na baixa tensão. No caso de geração acima
de 301kW, a conexão deve ser feita de forma trifásica e com disjuntor na média
tensão (MT) e com transformador exclusivo do acessante, em que os
equipamentos de proteção e controle devem ser automatizados, com
possibilidade de supervisionar e comandar remotamente no COD. (Copel, 2014).
O Módulo 3 do PRODIST – Procedimentos de Distribuição, revisão 7 –
regulamenta quais são os requisitos mínimos de proteção de geração
distribuída, por faixa de potência, conforme tabela a seguir (ANEEL, 2017c):

Figura 6 - Requisitos Mínimos para Geração Distribuída por faixa de potência


instalada

Fonte: ANEEL, 2017c

A função anti-ilhamento é fundamental para prevenir acidentes durante a


fase de manutenção da rede quando ela está desligada. Segundo o PRODIST,

011
no caso de operação e milha do acessante, a proteção de anti-
ilhamento deve garantir a desconexão física entre a rede de
distribuição e as instalações elétricas internas à unidade consumidora,
incluindo a parcela de carga e de geração, sendo vedada a conexão ao
sistema da distribuidora durante a interrupção do fornecimento
(ANEEL, 2017c).

O medidor bidirecional consegue ler a potência injetada na rede, quanto à


potência consumida da rede, e pode ser substituído por dois medidores
unidirecionais desde que sejam solicitados pelo titular da unidade consumidora.
O mesmo procedimento informa que a concessionária de energia é responsável
por adquirir e instalar o sistema de medição, sem custos para o acessante, e
também é responsável pelo seu O&M, no caso da microgeração distribuída. Já
no caso de minigeração distribuída, o acessante é responsável por reembolsar a
distribuidora desses custos (ANEEL, 2017c).
Já o medidor de 4 quadrantes consegue ler tanto a potência ativa
consumida e gerada, quanto a potência reativa consumida e gerada, também
chamadas de fluxo direto e fluxo inverso. No caso em que a UC não
comercialize energia para a CCEE, o sistema de medição pode ter as mesmas
características e requisitos mínimos que as UCs do grupo A. No caso de
comercialização com a CCEE, é necessário que o medidor possua uma porta de
comunicação com um link exclusivo para a CCEE fazer a contabilização dos
encargos de distribuição do sistema e fazer a contabilização financeira de
produção de energia (ANEEL, 2017c). A seguir é indicado um unifilar de como é
feita a conexão de geração distribuída através de conexão a uma rede de baixa
tensão.

012
Figura 7 – Unifilar de conexão em BT de geração distribuída com inversor

Fonte: Energisa, 2017

013
Figura 8 – Exemplo de conexão de geração distribuída em MT

Fonte: COPEL, 2014

TEMA 4 – HISTÓRICO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL

A utilização de sistemas de Geração Distribuída (GD) está em


crescimento acelerado no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), em dezembro de 2015 havia 1.819 conexões desse tipo no
Brasil, mas em novembro de 2016 saltou para 6.670 conexões. Esse
crescimento acentuado pode ser visto em um cenário ampliado desde seu início
(17 abril de 2012) com a Resolução Normativa n. 482 (REN 482) da ANEEL na
Figura 9. (ANEEL, 2015).

014
Figura 9 – Número de conexões acumulado até dez de 2017

Número de conexões acumulado


25000 21864

20000

15000

10000
57416670
5000 2768
11671819
3 5 14 40 75 124 197 302 431 568 780
0

Fonte: Adaptado de ANEEL, 2015.

Segundo dados de dezembro de 2017, existem aproximadamente 22 mil


unidades consumidoras que são atendidas através de geração distribuída, em
sua grande maioria, através de fonte fotovoltaica. A potência instalada total é de
aproximadamente 207 MW. (ANEEL, 2017d)

Tabela 1 – Unidades consumidoras por tipo de geração

Fonte: ANEEL, 2017d

A seguir, o gráfico da potência instalada de geração distribuída por estado


até dezembro de 2017. O estado com maior potência instalada é o de Minas
Gerais, seguido do estado do Rio Grande do Sul, Ceará e São Paulo. O líder em
potência instalada por classe de consumo é o comercial, seguido do residencial
e do industrial (ANEEL, 2017d).

015
Figura 10 – Potência instalada por estado

Potência instalada por estado (kW)


50000
45000
40000
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
BA

ES

PA
PB
PE
PI
PR
RJ
RN

TO
RO
RS
CE
DF

MA
MG
MS
MT
AC
AL
AM
AP

GO

SC
SE
SP
Fonte: ANEEL, 2017d

Figura 11 – Potência instalada por classe de consumo

Potência Instalada (kW) por Classe de Consumo


565 37

440
2.990 7
174

14.871

Comercial Iluminação pública Industrial Poder Público


Residencial Rural Serviço Público

Fonte: ANEEL, 2017d.

Além disso, o maior número de unidades consumidoras com geração


distribuída é do tipo Geração na própria UC, seguido por autoconsumo remoto
(ANEEL, 2017d).

016
Figura 12 – Unidades consumidoras com geração distribuída por tipo

UNIDADES CONSUMIDORAS COM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA


Quantidades de UCs que
Modalidade Quantidade Potência Instalada (kW)
recebem os créditos
Autoconsumo remoto 1.498 3.976 40.871,80

Geração compartilhada 52 322 12.328,96

Geração na própria UC 17.533 17.533 153.388,29

Múltiplas UC 1 5 5,00
Fonte: ANEEL, 2017d

TEMA 5 – DESAFIOS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL

A rede de distribuição das concessionárias foi preparada para um fluxo


unidirecional de energia para os consumidores e não está preparada para
absorver um grande volume de conexões de geração distribuída (Castro et al.,
2016).
Uma das dificuldades encontradas é na intermitência da geração eólica
durante o dia e a noite e na inexistência da geração solar durante a noite, que
dificulta a previsibilidade de geração destas fontes (Castro et al., 2016).
Além disso, há uma redução da capacidade de despachar as usinas da
matriz energética, uma vez que essas fontes são intermitentes e não é possível
controlá-las. Um exemplo desse problema é que quando o tempo começar a
ficar nublado ou chuvoso, ou quando o sol se pôr, a geração solar irá
bruscamente diminuir, e essa queda brusca não acompanha a redução de carga,
causando uma inversão de fluxo muito grande, uma vez que o consumidor passa
de exportador para importador de energia, conforme pode ser visto na figura
abaixo. Pode-se observar também que, com a inclusão de um sistema de
armazenamento adequado, a curva se suaviza (Castro et al., 2016).

017
Figura 13 – Variação da curva de carga

Fonte: Castro et al., 2016

Para que o consumidor fique mais independente da rede da


concessionária, é necessário armazenar toda essa energia gerada de forma
intermitente. Entretanto, as baterias atuais custam muito caro e possuem uma
vida útil reduzida comparada com a vida útil dos módulos fotovoltaicos ou dos
inversores, por exemplo. Para sistemas muito grandes, as baterias atuais
exigem um espaço e um investimento elevado, tornando inviável a implantação
de baterias dimensionadas para 100% da potência dos módulos fotovoltaicos ou
dos microgeradores eólicos. Para resolver esse problema, é necessário que o
custo de acumuladores de energia com alto desempenho e alta densidade de
potência se desenvolva para ficar viável aos consumidores comuns de mercado.
(Castro et al., 2016).
Outra questão importante a ser verificada é na variação de tensão
ocasionada pela geração distribuída, já que o sistema de transmissão e
distribuição necessita operar com limites máximos de 105 a 95% da tensão
nominal da rede. Também há necessidade de desenvolver dispositivos de
proteção e controle nas redes de distribuição capazes de proteger contra surtos
ou sobrecorrentes em ambos os sentidos, já que os dispositivos atuais foram
fabricados para proteger surtos unidirecionais. (Castro et al., 2016).

018
Também existe a questão do aumento da tarifa de energia elétrica para
os consumidores cativos que não possuem geração distribuída. Inevitavelmente
haverá um ciclo vicioso de aumento de custos da tarifa de energia elétrica das
concessionárias, devido ao aumento de custos de manutenção, bem como a
queda da demanda das concessionárias da energia. Este efeito ficou conhecido
como espiral da morte e foi difundido na década de 70 devido ao contexto
internacional da crise de petróleo (Castro et al., 2016).

Figura 14 – Modelo geral da difusão da geração fotovoltaica

Fonte: Castro et al, 2012

FINALIZANDO

Nesta aula foi possível conhecer mais sobre geração distribuída, a


legislação envolvendo GD no Brasil, a conexão da GD, o histórico da GD no
Brasil e os desafios da difusão da GD no Brasil.

019
REFERÊNCIAS

AMBIENTE ENERGIA. 21 Estados Já Aderiram a Convênio que Isenta


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<https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2016/08/21-estados-ja-
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21 jan. 2018.

Ambiente Energia. SP regulamenta licenciamento ambiental para energia


solar. 25 ago. 2017. Disponível em:
<https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2017/08/sao-paulo-
regulamenta-licenciamento-ambiental-para-geracao-de-energia-solar/32320>.
Acesso em: 21 jan. 2018.

SANDEL, A.; CHAUHAN, D. S.; SINGH, D. Reliable Distributed Generation


Planning. Proc. of the Intl. Conf. on Advances in Electronics, Electrical and
Computer Science Engineering — EEC 2012.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa n. 482, de


17 de abril de 2012. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19
abr. 2012.

_____. Resolução normativa n. 687, de 24 novembro de 2015. Diário Oficial da


União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 dez. 2015.

_____. Resolução Homologatória nº 2.096, de 21 de junho DE 2016a. Diário


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