7º Ano Interpretação Textual
7º Ano Interpretação Textual
7º Ano Interpretação Textual
Aluno(a):__________________________________________
Turma:_______________Data:____/____/____
Professor: Cláudio Cesário
Disciplina: Português
DE SACO CHEIO
Está caindo o maior dilúvio. Fiquei todo encharcado quando estava indo para a escola. A mamãe e
a minha professora de Matemática me perguntaram se eu tinha levantando com o pé esquerdo. Estou
morto de cansaço. Fiquei com dor de cabeça o dia inteiro e ainda estou irritado com a ideia de não ir ao
cinema. Foi aí que aconteceu a GRANDE briga. (...) Eu derramei um pouquinho de café sem
querer. Susie disse que tinha sido de propósito, só porque era a vez dela tirar a mesa e lavar a louça, e que
eu é que ia ter que limpar. Não concordei, já que era a vez DELA limpar. Ela fez uma careta e foi para a
cozinha batendo o pé, carregando uma pilha de pratos. Então derramei o café dela. Quando ela voltou, eu
disse que ela agora tinha alguma coisa dela para limpar. Ela tentou bater em mim. Agarrei o braço dela e
torci. Ela caiu, bateu na mesa, e a garrafa de leite caiu no chão e se quebrou. Foi aí que a mamãe
apareceu, pau da vida. Eu disse que a culpa tinha sido da Susie. Mas a Susie, mentindo como sempre,
disse que a culpa tinha sido minha. A mamãe atirou um pano de chão para a Susie e uma vassoura para
mim, e mandou a gente limpar tudo. Depois ela saiu, com um tremendo mau humor.
Na mesma hora, a Susie derramou leite no meu tênis novo e sussurrou:
- Eu te odeio. Então eu disse que ela era uma pentelha, e que não era à toa que a Kate não gostava
mais dela.
Quando eu disse isso, tive a certeza, junto com um medo delicioso, de que ia haver violência. Ela
me acertou no braço com um pano de chão encharcado de leite. Então eu gritei e caí (ileso) no chão.
Fique segurando o braço e acabei me cortando sem querer nos cacos de vidro da garrafa de leite. Nesse
instante, a mamãe e o papai apareceram: a mamãe numa porta, muda de raiva, e o papai na outra porta,
recém-saído de mais uma batalha contra monstros microscópicos, igualmente mudo.
A mamãe conseguiu se recobrar primeiro e gritou:
- OS DOIS PARA CAMA. AGORA!
E aí o papai também conseguiu falar:
- Façam o que sua mãe mandou.
- Mas eu estou sangrando!
– gritei. E a Susie reclamou:
- Mas foi tudo culpa dele, por que vocês sempre implicam comigo?
- CAMA!
Então, fazendo questão de derramar sangue pela escada inteira, fui para o quarto e bati a porta.
Fiquei deitado escutando a Susie soluçar. Vai ver que ficar “de saco cheio” é contagioso. (...) Dez horas
da noite. Pensei que já tivesse fechado o diário por hoje, mas não consigo dormir. O papai e a mamãe
estão brigando um com o outro e o meu corte está ardendo. (...) A briga ficou ainda mais sangrenta e sem
sentido do que a minha com a Susie.
Parece que o papai nunca ajudava a mamãe a tomar conta da gente, nunca ajudava a cozinhar, a
lavar louça e a limpar a casa, sempre esquecia o aniversário dela e também o dia dos namorados (...). Meu
pai, na hora em que minha mãe parava para tomar fôlego, dizia que ela sempre deixava o carro sem
gasolina, era ilógica, não valorizava o fato de ele ir fazer as compras com ela, sempre misturava as
páginas do jornal, nunca tampava a pasta de dente depois de usar e, pior de tudo, a gente estava ficando
igual a ela... e por aí vai.
De repente fiquei totalmente deprimido e muito preocupado. Será que isso quer dizer que meus
pais vão se separar? A culpa ia ser minha. Fui eu – sou forçado a admitir – que comecei tudo, quando
estava de saco cheio.
Se meu pai e minha mãe se separassem, não ia valer a pena continuar vivendo. Eu não estava mais
cansado. Tinha que falar com alguém, qualquer um, sobre isso. Fui escondido até o quarto da Susie, mas
ela não estava lá. Então fui no quarto da Sally, e lá estavam as duas deitadas na cama, conversando.
Desabei no chão com um suspiro, quando percebi o silêncio que tinha se instalado lá embaixo de repente.
A Sally falou baixinho:
- Não fica preocupado. A culpa não é sua, nem da Susie. Os adultos costumam brigar muito. Não
sei como é que vocês nunca ouviram o papai e a mamãe discutindo antes. O monopólio das brigas não é
de vocês, sabe? Uma briga de vez em quando é uma coisa normal, e não significa necessariamente que as
pessoas não se gostem. (...) Esperem só até amanhã para ver.
Tentei explicar à Sally como eu estava me sentindo mal. Parece que ela estava entendendo o que
eu ia dizer. Ela até botou um band-aid no meu machucado.
MACFARLANE, Aidan; MCPHERSON. Diário de um adolescente hipocondríaco. Tradução de André Cardoso. São Paulo:
Editora 34, 1993. P.35 – 38. ( Fragmento. Título adaptado ).
QUESTÃO 01. Diário é o registro que uma pessoa faz, para si mesma, de pensamentos, sentimentos,
opiniões, experiências e acontecimentos do seu dia a dia. Em geral, as anotações são datadas e o
destinatário é o próprio autor. Em qual passagem, o jovem expressa uma opinião sobre a Susie?
A) “Estou morto de cansaço”.
B) “Os adultos costumam brigar muito”.
C) “Mas a Susie, mentindo como sempre (...)”.
D) “Eu disse que a culpa tinha sido da Susie”.
QUESTÃO 02. Leia o que a Susie diz para os pais: “- Mas foi tudo culpa dele, por que vocês sempre
implicam comigo?” Qual frase indica como a irmã se sente?
A) Ela se sente abandonada.
B) Ela se sente injustiçada.
C) Ela acha que os pais não gostam dela.
D) Ela acha que o irmão não gosta dela.
QUESTÃO 03. A respeito da reação dos pais diante da briga dos irmãos, considere as afirmativas abaixo:
I. Os pais ficaram bravos.
II. A mãe ficou muda de raiva.
III. O pai gritou e berrou.
IV. A mãe reagiu de forma mais drástica.
Está CORRETO o que se afirma em:
A) I e II apenas.
B) I e III apenas.
C) I, II e IV apenas.
D) I, II e III apenas.
QUESTÃO 04. Quais palavras caracterizam os estados do jovem na sequência em que ele os expõe?
A) Cansado, deprimido, com dor de cabeça, irritado, preocupado.
B) Cansado, deprimido, irritado, com dor de cabeça, preocupado.
C) Cansado, irritado, com dor de cabeça, preocupado, deprimido.
D) Cansado, com dor de cabeça, irritado, deprimido, preocupado.
QUESTÃO 05. Identifique o trecho em que o narrador admite que sua briga com a irmã foi sem motivo.
A) “De repente fiquei totalmente deprimido e muito preocupado”.
B) “A briga ficou ainda mais sangrenta e sem sentido do que a minha com a Susie.”
C) “Fiquei deitado escutando a Susie soluçar”.
D) “Uma briga de vez em quando é uma coisa normal”.
QUESTÃO 06. Há um exagero com relação à descrição que o jovem faz de seu machucado.
Qual frase comprova esse fato?
A) “Desabei no chão com um suspiro”.
B) “Tentei explicar à Sally como eu estava me sentindo mal.”
C) “ (...) o meu corte está ardendo”.
D) “Ela até botou um band-aid no meu machucado”.
QUESTÃO 08. O pai do jovem é dedetizador, mas ele prefere descrever a profissão do pai de um ponto
de
vista bem particular.
Identifique o trecho em que o jovem fala da profissão do pai.
A) “(...) o papai nunca ajudava a mamãe a tomar conta da gente (...)”
B) “Os adultos costumam brigar muito”.
C) “ (...) recém-saído de mais uma batalha contra monstros microscópicos (...) .”
D) “(...) saiu, com um tremendo mau humor”.
QUESTÃO 09. Em qual das frases abaixo o verbo instalar tem o mesmo sentido que no trecho a
seguir?