Confinamento de Alto Grão
Confinamento de Alto Grão
Confinamento de Alto Grão
ARAPUTANGA-MT
MAIO/2018
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ARAPUTANGA-MT
MAIO/2018
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................5
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................11
REFERÊNCIAS......................................................................................................................12
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1 INTRODUÇÃO
A cada ano a pecuária brasileira ganha mais espaço e força tanto no mercado nacional
como no exterior. De acordo com dados divulgados no Relatório Anual 2017 sobre o Perfil da
Pecuária no Brasil, elaborado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carne (ABIEC, Brasília/DF) em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (APEX-Brasil, Brasília/DF), o Produto Interno Bruto (PIB) do
agronegócio brasileiro representou 24% no PIB total do País. Somente a pecuária gerou
riqueza de R$ 458,2 bilhões e foi responsável por cerca de 31% do PIB do agronegócio, valor
que representa 12% do total brasileiro (ABIEC, 2017).
Entretanto, com o passar dos anos as margens de lucro desta atividade tem regredido,
especialmente devido ao acréscimo de custo da reposição diante o valor de venda do animal
terminado, e também a uma elevação dos valores das terras nos últimos anos. Diante dessa
situação, a pecuária para ser viável economicamente precisa elevar o ganho por área, com
introdução de tecnologias que possibilitam elevação da produtividade, sendo a terminação de
animais em dietas de elevado teor energética uma das opções (TEIXEIRA, 2015).
Segundo Pedreira e Primavesi, (2011) para o Brasil, o confinamento deve representar
uma técnica de modernização da pecuária de corte, melhorando os índices zootécnicos e
desempenho de produção além de ter como objetivo e desafio, ofertar um produto de
qualidade elevada.
A produção de volumoso para confinamento sempre foi uma tarefa árdua e arriscada,
demandando altos custos para aquisição de maquinário e sendo altamente dependente de
fatores climáticos para a produção e armazenamento do alimento. Por outro lado, devido às
fronteiras de expansão agrícola e a inclusão tecnológica, a safra nacional de cereais tem batido
recordes de produtividade (SILVA et al., 2010).
Neste contexto, nos últimos anos, dietas ricas em concentrados e com pouca quantidade
de volumoso vêm se tornando uma opção mais comum. Uma dessas modalidades de elevado
concentrado e baixo volumoso é a dieta de alto grão com elevados níveis de concentrado
(PAULO; RIGO, 2012).
O uso de dietas de alto teor de concentrados fornecidas é prática comum na indústria de
gado de corte norte-americana. Essa prática caracteriza-se por rápido ganho de peso, alta
eficiência de conversão alimentar e consequentemente diminuição no tempo de terminação
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O uso de dietas a base de milho inteiro tem se difundido rapidamente pelo país, uma vez
que se tornam uma importante ferramenta na gestão das fazendas, pois possibilitam a
terminação de bovinos sem a necessidade de construção de grandes estruturas e aquisição de
maquinas, além de aumentar o desempenho produtivo. Há fatores regionais de mercado que
diferem e provocam percentuais diferentes de oscilação de preços no grão, sendo essa
oscilação importante variável a ser considerada no planejamento do confinamento. A compra
do grão na época de safra possibilita a aquisição da saca de milho com menor preço, sendo
uma relevante estratégia a ser considerada. O milho é um dos principais cereais produzidos no
Brasil, com uma produção de 70 milhões de toneladas, das quais cerca de 70% são destinados
à alimentação animal (SILVA et al., 2010).
O milho consiste em um dos alimentos tradicionais mais empregados para suprir as
demandas energéticas dos bovinos, tida como um dos nutrientes de maior importância para
terminação dos mesmos. Além do milho, vários subprodutos agroindustriais podem ser
empregados como fontes alternativas de energia em dietas para ruminantes, como por
exemplo, os farelos de gérmen de milho e de arroz integral (KAZAMA et al., 2008).
Em dietas exclusivas de grão a mastigação exerce papel fundamental na melhor
utilização do alimento, visto que se os grãos integrais não são fisicamente danificados, e a
digestão é severamente limitada, uma vez que a mastigação reduz o tamanho das partículas,
libera nutrientes solúveis para a fermentação, expõe o interior do alimento para a colonização
bacteriana e hidrata a ingesta durante a salivação, resultando em maior facilidade para a
digestão (CANESIN; FIORENTINI; BERCHIELLI, 2012).
Segundo Paulo e Rigo (2012) em dietas de alto grão deve se ter o cuidado em manter a
integridade física do grão, uma vez que esse tipo de dieta só se torna viável devido às
condições físicas e morfológicas do mesmo. Os animais alimentados com dietas à base de
milho inteiro apresentaram ganho de peso 7,45% menor, consumo 6,82% inferior e eficiência
alimentar 1,71% pior, em relação aos animais que receberam as dietas à base de milho moído.
Em situações onde o grão é fornecido inteiro Barbosa et al., (2011) relata que, seu
aproveitamento é totalmente dependente da extensão em que sua estrutura física é rompida
pelo processo de mastigação. Animais mais jovens tendem a mastigar de forma mais intensa o
alimento ingerido, aumentando o aproveitamento do amido presente no grão de milho.
Animais mais velhos, criados em sistemas a pasto por períodos mais prolongados, por outro
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lado, exercem menos essa parte crítica do processo de digestão dos alimentos. O plano
nutricional prévio a que o animal foi submetido também influência a eficiência mastigatória.
Esse tipo de dieta denominado “Alto Grão”, necessita de aditivos que tem por objetivo a
manutenção da saúde do rúmen. Estes atuam evitando o abaixamento do pH ruminal, que
limitaria o desempenho dos animais que se alimentassem de dietas que contenham mais de
65% de grãos em sua composição (PEDREIRA; PRIMAVESI, 2011).
Dietas com essa característica são bastante difundidas em sistemas intensivos nos
Estados Unidos, proporcionando melhores resultados de acabamento e cobertura de gordura,
produzindo uma carne de qualidade. Ao se trabalhar com esse tipo de dieta faz-se necessário
associá-la a um núcleo peletizado composto por fibras, minerais, vitaminas e tamponantes,
pois o fornecimento apenas do milho grão certamente ocasionaria distúrbios metabólicos
interferindo negativamente no resultado da atividade (LEME et al., 2003).
Para Teixeira (2015) esses núcleos nutricionais conhecidos comumente como pellets são
indispensáveis para o desenvolvimento das dietas de alto grão, estes possibilitam a
complementação das necessidades nutricionais dos animais, controle e seleção da microflora
ruminal e estabilização do pH.
O Pellet deve ser fornecido juntamente com o milho, variando suas proporções de
acordo com os fabricantes e objetivos no decorrer do confinamento. Estes devem possuir
tamanho semelhante ao do grão de milho para evitar a seleção pelo animal durante a
alimentação, o que poderia gerar distúrbios alimentares. Deve-se tomar cuidado para evitar
quebra dos pellets, assim como não se deve usar milho de outra forma a não ser o grão inteiro.
A mistura da dieta poderá ser feita diretamente no cocho desde que haja uma boa
homogeneização. Dietas com essa característica possuem a vantagem de não proporcionarem
desafios ao animal quando relacionado à ingestão da dieta final, pois a mesma possui uma
característica adensada não requerendo maiores volumes em consumo (MACHADO;
MADEIRA, 1990).
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Um ponto importante no uso da dieta de grão de alto grão é a adaptação dos animais,
que geralmente estão ingerindo dietas baseadas em 100% de alimentos volumosos,
principalmente no pasto, nesse caso necessitamos efetuar uma adaptação adequada, que
deverá seguir protocolos de acordo com a disponibilidade de alimentos volumosos e das
características dos animais, pois o não cumprimento desse protocolo pode levar o animal a
distúrbios metabólicos (BARBOSA et al., 2011).
A correta adaptação dos animais a dieta é um ponto chave no confinamento de alto grão,
sendo a mesma responsável pelo perfeito desenvolvimento do planejamento nutricional dos
animais. Ao analisar vários experimentos Silva (2009) e estabeleceu um protocolo de
adaptação à dieta de alto grão, descrito a seguir:
1º ao 5º dia: oferecer 1,3 a 1,5% do peso vivo;
6º ao 10º dia: oferecer 1,5 a 1,7% do peso vivo;
11º ao 14º dia: oferecer 1,8 a 2,0% do peso vivo;
Após o 15º dia: aumentar gradativamente a cada três dias conforme aceitação dos
animais até 2,3% de peso vivo.
O período de adaptação a uma nova dieta, quando modificamos o balanço entre
volumoso e concentrado é importante, pois os microrganismos ruminais responsáveis pela
metabolização dos alimentos fibrosos e os amilolíticos necessitam de pH em faixas distintas
para seu desenvolvimento. Os protozoários e bactérias celulolíticas necessitam de pH de 6,2
ou mais alto, enquanto bactérias amilolíticas são ativas em condições mais ácidas com pH em
torno de 5,8. Portanto, o pH do fluido ruminal afeta a degradação dos alimentos e o seu valor
ideal varia de 5,5 a 7,0, sendo a salivação uma das maneiras que o ruminante utiliza para
manter o pH do rúmen em níveis mais neutros (CANESIN; FIORENTINI; BERCHIELLI,
2012).
Um fato a ser observado ao se usar dietas de alto grão é a redução no volume de fezes,
assim como as mudanças em textura, odor e densidade da massa. A presença de um
determinado volume de grãos inteiros nas fezes é comum, visto que parte da dieta não é
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aproveitada por deficiência na mastigação, esta que é fundamental para a quebra do grão
(TEIXEIRA, 2015).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BELTRAME, J. M.; UENO, R. K. Dieta 100% concentrado com grão de milho inteiro
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