Apostila Curso de Integração Sensorial
Apostila Curso de Integração Sensorial
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HISTÓRICO
A história da educação de crianças com distúrbios de aprendizagem teve
seu impacto sobre os termos usados para rotular tal condição. Distúrbios de
aprendizagem e lesões cerebrais foram primeiramente identificados como
concomitantes. Quando se observava crianças que não tinham lesões
cerebrais, mas apresentavam alguns sintomas que caracterizavam tais lesões,
era inferido que elas também possuíam lesões ou disfunções cerebrais, de
pequeno porte. O termo lesão ou disfunção cerebral mínima foi criado e
utilizado de forma imprecisa para classificar uma variedade de crianças que
possuíam problemas de aprendizagem de qualquer extensão, fossem
hiperativas, tivessem problemas de percepção, falta de atenção ou que fossem
desajeitadas. Geralmente, crianças assim rotuladas possuíam escores de
inteligência dentro dos limites normais.
Lesão cerebral mínima e disfunção cerebral mínima eram termos
utilizados popularmente nos anos 50 nos EUA. O primeiro indica que essas
crianças têm uma lesão, que está localizada em uma área cerebral e, portanto
existe uma patologia no cérebro. A segunda tenta amenizar a gravidade,
apresentando um termo mais suave, mas pouco determinante. Este termo não
implica que o cérebro da criança esteja literalmente lesado, apenas sugere que
alguma área do cérebro não esteja funcionando adequadamente.
Em 1963, Dr. Samuel Kirk, sugere a utilização do termo distúrbio de
aprendizagem, por não concordar com a aplicação do termo disfunção cerebral
mínima, que por sua vez não definia um problema dentro do campo
educacional. Por distúrbio de aprendizagem ele descreve a criança com
distúrbios da fala, da leitura e habilidades de comunicação associadas, que não
fossem cegas, surdas ou mentalmente retardadas.
A partir de uma lei federal implantada nos EUA, que utilizou as idéias de
Kirk ficaram assim definidos os distúrbios específicos de aprendizagem:
“Uma desordem em um ou mais processos psicológicos básicos
envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que
pode se manifestar em uma habilidade imperfeita para ouvir, pensar, ler,
escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos. O termo inclui condições tais
como dificuldades perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima,
dislexia e afasia do desenvolvimento. O termo não inclui crianças que tenham
problemas de aprendizagem primordialmente resultantes de deficiência visual,
auditiva ou motora, de retardo mental, ou de desvantagens ambientais,
culturais e econômicas.”
Contudo, esta definição tenha sido aceita a nível federal, encontrou
controvérsias no campo da educação especial. Gearheart criticou esta
definição por considerar que ela não enfatiza suficientemente a natureza
neuropsicológica dos distúrbios. Contudo alguns especialistas no campo dos
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1 - SISTEMA VESTIBULAR
O aparelho vestibular é um órgão proprioceptivo. Funcionalmente, ele
está envolvido na manutenção do equilíbrio da cabeça e corpo. Como o
sistema vestibular está intimamente conectado com os sistemas auditivo,
visual, proprioceptivo e motor, ele trabalha em cooperação com um número de
outros sistemas para modular funções importantes. Pesquisas sugerem que o
sistema vestibular conecta-se com uma variedade de impulsos sensoriais e faz
ajustes em sua sensibilidade à posição no espaço e movimento. O sistema
vestibular tem sido envolvido na influência do tono muscular, manutenção da
mira visual, direcionalidade espacial, orientação da cabeça e corpo, influência
no aprendizado e desenvolvimento emocional.
O aparelho vestibular é uma estrutura membranosa localizada na
região temporal do crânio, no ouvido interno. É subdividido em cóclea (que
está primariamente envolvida na audição), vestíbulo e três canais
semicirculares. Uma característica em comum entre o sistema auditivo e
vestibular é que eles compartilham da mesma raiz de nervo craniano. Contudo,
as conexões com os núcleos do tronco cerebral e outras estruturas
neurológicas são explicitamente diferentes.
O vestíbulo (utrículo e sáculo) está localizado entre os canais
semicirculares e a cóclea. É freqüentemente chamado de labiríntico estático,
pois desencadeia reflexos tônicos nos músculos posturais em resposta a
alterações nas posições da cabeça e do corpo e influências gravitacionais.
O vestíbulo contém duas câmaras comunicantes: o sáculo e o utrículo.
As células ciliadas no sáculo e no utrículo são semelhantes: cada câmara
contém um local espessado de células sensoriais chamadas mácula. As
células ciliadas são arranjadas em uma posição fixa de modo que os tufos
pilosos se projetam para cima através de uma massa gelatinosa chamada
membrana otolítica. Embebidos nessa substância gelatinosa estão pequenos
cristais de carbonato de cálcio chamados otólitos. Esse arranjo anatômico
permite que as células ciliadas sejam altamente responsivas a alterações na
posição da cabeça. Quando a cabeça se move para um lado, a força de
gravidade desloca a membrana otolítica, os que fazem com que os cílios das
células ciliadas se dobrem. Esse dobramento ou ação de atrito faz com que as
células ciliadas disparem e transmitam impulsos aferentes para o SNC.
Deve ser enfatizado que as células ciliadas são receptores tônicos, e,
portanto mesmo na posição neutra, ficam disparando constantemente.
O utrículo responde a forças gravitacionais e à aceleração linear,
principalmente no plano horizontal. A maioria dos cílios no utrículo é arranjada
verticalmente quando a cabeça está na posição ereta. Assim, a aceleração e
desaceleração linear no plano horizontal são estímulos adequados para os
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Síntese
LOCALIZAÇÃO: região temporal do crânio, no ouvido interno, próximo ao
órgão auditivo. Consiste em labirintos ósseo e membranoso e nas células
pilosas.
Labirinto ósseo é um espaço enrolado em espiral dentro do crânio que
consiste em ter canais semicirculares e dois órgãos otolíticos.
Labirinto membranoso fica dentro do labirinto ósseo sendo oco e cheio
de um líquido chamado endolinfa. A perilinfa banha o espaço entre o
labirinto membranoso e ósseo.
Células pilosas são receptores que ficam dentro do labirinto
membranoso.
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Ajustes posturais.
Função autônoma e consciência.
CANAIS SEMICIRCULARES
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UTRÍCULO
Responde a forças gravitacionais e à aceleração linear e horizontal da
cabeça, como no andar para frente. Os cílios no utrículo são arranjados
verticalmente quando a cabeça está ereta. A aceleração e desaceleração linear
no plano horizontal são estímulos adequados aos cílios do utrículo. Ex: descer
de skate na rampa; balançar na plataforma móvel para frente e para trás.
SÁCULO
Responde a estímulos vibratórios e à aceleração linear no plano
dorsoventral (vertical) como andar de cavalo ou pular em uma bola. Os cílios no
sáculo são é arranjado de modo a ficar de lado quando a cabeça estiver na
posição ereta. Ao mover a cabeça em um plano vertical em aceleração ou
desaceleração, os cílios serão disparados. Ex: pular de um trampolim, balanço
de mola.
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deste sistema é tão básica em tudo o que fazemos que seja muito difícil
imaginarmos como seria não usarmos tal informação corretamente. A
discussão que trazemos aqui é necessária, pequena; é uma discussão muito
simples de um assunto muito complexo.
Ayres diz “O sistema vestibular é um sistema unificado. Todos os outros
tipos de sensação são processados tendo como referência a informação básica
do vestibular. A atividade do sistema vestibular provê um arcabouço para os
outros aspectos de nossas experiências” (1979). Assim, o input sensorial do
sistema vestibular, dá medidas ou noções do funcionamento do sistema
nervoso central como um todo e o prepara para outro input sensorial.
O input vestibular nos diz se estamos nos movendo ou não, se estamos
nos movendo rapidamente, e para que direção esteja nos movendo.
Proporciona-nos aquela sensação de segurança quando estamos com os pés
plantados firmemente no solo. Também nos dá uma referência física que nos
ajuda no sentido da informação visual, particularmente onde nós e as outras
coisas em nosso ambiente estamos em relação umas as outras.
O tônus muscular adequado e a postura nos permitem mover
eficazmente e assumir e manter várias posições confortavelmente ao longo do
dia. Um exemplo de eficiência de movimento é a habilidade para seguir objetos
com nossos olhos. Esta habilidade é fundamental para a aquisição de
habilidades acadêmicas básicas como ler e escrever. A habilidade para mover
diferentes partes do corpo harmoniosamente é outra habilidade importante. Por
exemplo, requer controle adequado, estabilidade, e rotação do tronco e da
cintura escapular.
Outra habilidade importante relacionada ao sistema vestibular é a
coordenação bilateral, ou a habilidade para usar ambos os lados do corpo. Esta
habilidade nos permite andar de bicicleta, saltar, pular corda, ou tocar piano. A
coordenação bilateral pode ser inibida se a dominância da mão não for
estabelecida corretamente. Crianças que não processam a informação
vestibular eficazmente podem estabelecer a dominância de mão tão
completamente, que elas ignoram o lado não dominante do corpo, ou elas
podem não estabelecer a dominância da mão adequadamente. Qualquer
deficiência faz com que o desempenho de muitas tarefas comuns torne-se
bastante difícil.
Crianças com disfunção do sistema vestibular provavelmente têm
problemas com muitos dos componentes da vida diária. Elas parecem
freqüentemente incoordenadas e com falta de habilidade para atividades que
requerem seqüenciamento e timing. Elas podem não perceber a informação
visual corretamente. Elas podem ter a memorização pobre e se mostrarem
lentas para aprenderem muitas das habilidades acadêmicas básicas. Elas
podem apresentar náusea ao movimento não importando a intensidade do
movimento, ou podem ser muito lentos ou ficarem tontos não importando com o
movimento violento. Elas são freqüentemente relutantes em participar de
atividades físicas ou experiências que lhes exigem mover ou usar os seus
corpos de maneira suave ou calma e coordenadamente.
Problemas com memória e com aprendizagem das habilidades
acadêmicas básicas, são em parte devido a problemas com o processamento
do input auditivo. Enquanto todos nós precisamos até certo ponto nos mover
para escutar (ficar na ponta dos pés ou mudarmos de cadeira), crianças com
desordens do sistema vestibular precisam mover-se mais para escutar e
entender. Adultos podem estranhar a quantidade de movimento que estas
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2 - SISTEMA VISUAL
O sistema visual proporciona:
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Reflexos vestibuloculares
Os reflexos vestibulares (RVOs) estabilizam as imagens visuais durante
os movimentos da cabeça. Essa estabilização impede o mundo visual de
parecer saltar em torno quando a cabeça se movimenta espacialmente durante
a caminhada.
Quando a cabeça roda para a direita, os sinais do canal semicircular
horizontal direito aumentam e os sinais do canal semicircular horizontal
esquerdo diminuem. Essa informação é retransmitida para os núcleos
vestibulares de III e IV nervos cranianos, ativando os músculos retos que
movimentam os olhos para a esquerda e inibem os músculos retos que
movimentam os olhos para a direita.
Os RVOs verticais podem ser desencadeados por flexão e extensão da
cabeça. Todos os RVOs movimentam os olhos na direção oposta ao
movimento da cabeça para manter a estabilidade do campo visual e a fixação
visual nos objetos.
Reflexo Optocinético
O reflexo optocinético ajusta a posição dos olhos durante movimentos
lentos da cabeça. Optocinético significa que o reflexo é desencadeado por
estímulos visuais móveis. A cabeça de uma pessoa que está caminhando se
move em relação aos objetos no ambiente. O sistema optocinético permite que
os olhos sigam grandes objetos no campo visual.
Direção do olhar
Sácades, perseguições suaves e convergência são movimentos
oculares que servem para direcionar o olhar para objetos selecionados.
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Nistagmo
São movimentos involuntários para trás e para frente, como ocorre
durante uma rotação ou depois dela. A direção do nistagmo é denominada de
acordo com a direção dos movimentos oculares sacádicos. Desse modo, se os
movimentos rápidos forem para direita, o nistagmo é chamado nistagmo de
batimento para a direita.
O nistagmo fisiológico é uma resposta normal que pode ser
desencadeada num sistema nervoso intacto por estimulação rotacional ou de
temperatura nos canais semicirculares ou por movimentos dos olhos até a
posição horizontal extrema. O nistagmo patológico é um sinal de anormalidade
do sistema nervoso.
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Tipos de nistagmo-pós-rotatórios
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1 - SISTEMA TÁTIL
O sistema somatossensorial é geralmente subdividido em dois sistemas
distintos. Um sistema é filogenéticamente mais antigo e não-específico por
natureza. O outro sistema é filogeneticamente mais novo e específico em
função.
O sistema de qualidade dupla do sistema somatossensorial foi primeiro
sugerido por Head. O sistema sensorial mais antigo foi chamado de protopático
por mediar estímulos primitivos de respostas de proteção. O sistema sensorial
mais novo foi descrito como epicrítico por mediar os aspectos discriminativos
da sensibilidade somática. Atualmente esses sistemas são descritos mais em
termos anatômicos como sistema espino-talâmico (protopático) e lemniscal
(epicrítico).
Uma compreensão fundamental da anatomia e fisiologia dos dois
sistemas sensoriais é importante antes de empreenderem-se técnicas
terapêuticas de intervenção. O sistema leminiscal consiste de vias que são
claramente distinguíveis anatômica e neurofisiologicamente. Os sinais
aferentes são projetados para duas regiões corticais do lobo parietal a partir da
medula espinhal e do nervo trigêmeo. A partir do nível espinhal, que é o que
mais nos interessam, os impulsos aferentes percorrem pelas colunas
posteriores, ascendem pelo lemnisco medial até os núcleos ventro basais do
tálamo para regiões específicas do córtex.
As fibras do sistema lemniscal são largas e bem mielinizadas. Assim, os
sinais são transmitidos rapidamente com um mínimo de três estações
sinápticas. Uma característica notável desse sistema é sua organização
somatotópica. Existe uma representação topográfica espacial ordenada da
superfície da péle nos feixes de fibras das colunas dorsais e a organização
sináptica do tálamo. Essa organização altamente desenvolvida das estações
sensoriais permite que o sistema lemniscal diferencie os estímulos táteis
específicos. Esse sistema transmite informações proprioceptivas e cinestésicas
conscientes e inconscientes, tais como toque, pressão, localização, contorno,
qualidade e detalhes espaciais de estímulos mecânicos. Os proprioceptores e
as informações trazidas por eles são essencial para a consciência da posição
dos membros e seus movimentos, o que é comumente referido como sentido
cinestésico. Em geral os receptores que alimentam o sistema lemniscal são
encapsulados, de adaptação lenta, com fibras do tipo I e II (alfa). Muitos desses
receptores são encontrados nas articulações, músculos e superfícies lisas (sem
pêlos) da pele, além de incluírem os fusos musculares, os órgãos tendinosos
de Golgi e os corpúsculos de Paccini.
A capacidade do sistema lemniscal em avaliar a qualidade da
estimulação é chamada esterognosia: reconhecimento das formas dos objetos
com estimulação da pele. A informação relativa a essas sensações é
transmitida não apenas para o nível do córtex cerebral, mas também para
certas localizações subcorticais, particularmente o cerebelo, onde a informação
é usada para o controle motor e não para sensação.
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Sensações cutâneas
As sensações da pele incluem:
Tato
Dor
Temperatura
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2 - PROPRIOCEPÇÃO
Mesmo de olhos fechados somos capazes de saber exatamente em que
posição está às diversas partes de nosso corpo em cada momento. Assim
também somos capazes de perceber os movimentos dos membros e do corpo
em geral. Esse tipo de percepção se chama propriocepção, um termo criado
pelo fisiologista inglês Charles Sherrington (1857 – 1952) para indicar a
“percepção do próprio corpo”, em oposição à exterocepção (percepção de
estímulos externos) e a interocepção (percepção dos estímulos internos,
originários das vísceras).
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INFORMAÇÕES VISUAIS
INFORMAÇÕES SOMATOSSENSITIVAS
INFORMAÇÕES VESTIBULARES
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IV - AVALIAÇÃO
Para determinarmos qualquer processo terapêutico é necessária uma
avaliação inicial apropriada. As disfunções da integração sensorial não são
diretamente observáveis. Sua presença ou não é inferida através de grupos
significativos de desempenhos pobres em um número razoável de testes e de
observações clínicas do desempenho neuro-muscular e da organização do
comportamento. Estes testes tentam buscar hipóteses provisórias que possam
responder sobre a natureza dos fatores que contribuem para os distúrbios de
aprendizagem da criança.
Os testes devem ser escolhidos de forma que amplie as possibilidades
de verificar a presença ou não de algum distúrbio relacionado à disfunção da
integração sensorial que implica no desempenho acadêmico da criança.
Nesta fase de investigação devem ser considerados vários aspectos
pertinentes ao desenvolvimento anterior e atual da criança. A entrevista inicial
com os pais é necessária, no sentido de iniciarmos o conhecimento da história
da criança através dos pais, bem como verificarmos como os pais estão
encarando o problema, e buscando soluções. Após o contato com os pais, a
criança deve ser avaliada, onde observaremos as condições neuromusculares
e a organização do comportamento.
As seguintes observações estão usualmente incluídas:
acompanhamento visual; praxia oral; reações de equilíbrio; respostas posturais;
habilidade de assumir padrões corporais totais, tais como extensão em prono e
flexão em supino; a presença de coreoatetose; co-contração; coordenação fina;
suavidade de movimentos; preferência olho-mão; organização do
comportamento; habilidade de planejamento motor; segurança gravitacional;
labilidade emocional; a história do brincar da criança.
Além dos testes desenvolvidos e aplicados pelos terapeutas
ocupacionais, os testes conduzidos por outros profissionais envolvidos com a
criança, são de muita valia para a formulação do diagnóstico final. Nem sempre
é possível chegarmos a um diagnóstico definitivo através da avaliação, mesmo
sendo esta ampla.
A correção do diagnóstico é testada na situação terapêutica. Se a
hipótese está correta, os procedimentos devem produzir certos efeitos
previsíveis. A ação, então, de se chegar a um diagnóstico é levado a cabo para
orientar a intervenção. É essencial que não só o processo avaliativo seja
documentado, bem como, todo efeito do tratamento (ou confirmação das
hipóteses) sejam cuidadosamente registrados.
A documentação dos efeitos dos procedimentos da integração sensorial
também exige a utilização de outros testes posteriores que servem para
distinguir os ganhos reais do tratamento dos efeitos maturacionais. Um destes
testes é o Bruininks-Oseretsk Test of Motor Proficiency que é destinado a
crianças de 4 anos e meio a 14 anos e meio, e mede o funcionamento motor e
perceptivo. Outro teste é o Developmental Test of Visual Motor que é projetado
para crianças de 2 a 5 anos e mede a percepção visual e a coordenação viso
manual na forma de teste de cópia de desenhos.
Outro modelo de avaliação que tem sido utilizado e com bons resultados
é a do Perfil Sensorial (Sensory Profile) de Dunn 1994. Este roteiro de
entrevista (99 itens) é dividido em categorias tátil, visual, auditiva, gustativa,
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V - METAS E OBJETIVOS
Os objetivos específicos dos procedimentos da integração sensorial irão
variar de acordo com o tipo de disfunção diagnosticada e as diferenças
individuais que fazem cada criança única. Em síntese, os objetivos são
individualizados para cada paciente. Contudo, é possível citar algumas metas
gerais das quais os objetivos específicos podem ser derivados.
As metas propostas podem ser aplicadas na maioria das crianças
submetidas aos procedimentos da integração sensorial, embora os objetivos
traçados vão variar de acordo com as necessidades de cada criança.
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criança a fazer julgamentos sobre o que há no ambiente, o que pode ser feito
com os objetos, e quais ações específicas necessárias para atingir uma meta.
a repetição de atividades é aceitável durante o período que a criança está
aperfeiçoando a resposta; contudo, o desenvolvimento de habilidades mais
complexas ocorre quando as tarefas se tornam mais desafiadoras onde a
criança pode obter novo sucesso. o terapeuta deve participar no sentido de
inovar atividades, ajudando a criança aumentar a complexidade dos desafios,
estimulando a motivação interna da criança à interação mais complexas com
os equipamentos. O aumento na complexidade das atividades pode ter uma
variação no sentido da gravidade ou não de cada caso. Crianças mais
comprometidas, podem ter respostas adaptativas menos complexas, exigindo
mais repetição, e avançam mais lentamente. Nesse caso é papel do terapeuta
simplificar algumas situações, para garantir o sucesso no final da atividade.
Sempre deve haver uma boa relação entre o desafio e o sucesso
Outras crianças no ambiente terapêutico podem ajudar a emissão de
respostas adaptativas complexas em uma outra criança, podendo servir como
modelo de uma variedade de opções de atividades. Contudo, o procedimento
de integração sensorial deve ser oferecido em forma díade, ou seja, ter um
terapeuta para cada criança.
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não visam diretamente essas funções. Os ganhos nessas áreas são vistos
como conseqüências finais da intensificação de registros sensoriais,
integração sensorial, e capacidade de programação geral. Ayres afirma que
para realizar uma tarefa propositada, não familiar, a criança deve primeiro
gerar uma idéia de como ela deve realizá-la. Em seguida, “um programa”
deve ser formulado de como realizar o ato. Finalmente, a execução da
tarefa envolverá o seqüenciamento de atividades motoras.
Alguns procedimentos específicos têm sido desenvolvidos no sentido de
promover idealização, seqüenciamento e programação. Essas atividades
que exigem esses componentes são importantes no tratamento de crianças
com dispraxia, podendo ser utilizado condutas verbais, tais como, contar ou
cantar, para regular as respostas motoras.
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VI - O PAPEL DO TERAPEUTA
O papel do terapeuta ocupacional que utiliza dos procedimentos de
integração sensorial, não é o daquele que vêm com uma lista de atividades e
que convida a criança a executá-la.
A escolha de uma atividade a ser usada no contexto tarepêutico resulta
da interação entre a criança e o terapeuta. O terapeuta deve ser habilidoso ao
estabelecer uma boa relação terapêutica para que a criança crie vínculo e um
senso de segurança, apoio e confiabilidade, facilitando assim a exploração do
ambiente e as possibilidades do uso efetivo dos equipamentos.
O terapeuta traz para a situação as impressões sobre a capacidade da
criança, impressões estas que são formadas através dos resultados da
avaliação formal e experiências anteriores do tratamento da criança. A criança,
similarmente, traz uma concepção de sua própria capacidade. Tanto o
terapeuta como a criança possui algum conhecimento das opções de
atividades no ambiente, embora o conhecimento do terapeuta nessa área seja
muito mais abrangente e essencial do que a criança. O conhecimento nessas
duas áreas influenciará a motivação da criança no desenvolvimento de
atividades particulares.
O terapeuta deve orientar, mas é a criança quem dirige a terapia.
Contudo, a observação e a intuição do terapeuta o levarão a perceber que
algumas crianças demonstram pouca ou nenhuma motivação interna evocável,
havendo a necessidade de uma intervenção mais incisiva durante o
procedimento.
A função central do terapeuta que oferece os procedimentos de
integração sensorial é de preparar um ambiente que conduza a criança a
organizar sua própria conduta. O terapeuta durante todo o desenvolvimento de
uma sessão, estará sempre julgando o que deve ser encorajado e estimulado
ou não na criança para que esta possa realizar a atividade com êxito.
O terapeuta, observando o auto-direcionamento da criança no sentido de
uma atividade particular, decide se ela é desafiadora e atingível, com ou sem a
sua ajuda. Se for, o auto-direcionamento da criança determinará a escolha da
atividade; se não, outra atividade pode ser encorajada pelo terapeuta. Uma
sessão de terapia consiste na repetição desse processo, com a escolha de
cada atividade resultando de uma interação criança-terapeuta.Um fio de
continuidade une as atividades e imbui a sessão de características de
espontaneidade e fluidez.
A sessão deve ter um fluxo, onde as atividades acontecem de uma
forma sucessiva e não imposta pelo terapeuta para a sua simples execução.
Quanto mais à terapeuta incentiva à criança a se auto-dirigir maior será a
possibilidade de um equilíbrio entre a estrutura do terapeuta, e a liberdade da
criança. O terapeuta deve ter a capacidade de fazer julgamentos sobre quando
oferecer estruturas versus quando permitir que prevaleça o auto
direcionamento da criança.
O terapeuta assiste o comportamento da criança, interpreta a
adaptatividade de suas ações, e antecipa o evento seguinte, ajudando a
criança sempre que necessário. Outra questão é a forma como o terapeuta irá
conduzir a intervenção com a criança criando o seu próprio estilo que será
determinado também pelas características próprias de cada criança.
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Capacidade
da criança
Julgamento do
terapeuta
Escolha da
atividade
Demanda do Motivação da
ambiente criança
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VII - MATERIAIS
REDE
A rede é feita de nylon com uma trama larga, de modo que a criança
mesmo balançando visualiza o ambiente externo. A rede é do tipo “rede de
descanso do pescador”, e é pendurada com as duas pontas num gancho preso
ao teto ou em uma estrutura de madeira. Neste material é possível dar a
estimulação vestibular em várias posições (deitado em prono, supino, de lado
ou sentado).
A estimulação pode ser dada passivamente pela terapeuta ou a criança
mesmo pode controlar quando deitado em prono com as mãos no chão (a rede
deve ficar suspensa do chão a 30 cm de altura). Pode usar um cobertor
colocado sob a criança para ficar mais confortável, além da estimulação tátil
provocada. A estimulação vestibular provocada pela rede é intensa, de maneira
que ela deve ser usada somente após o terapeuta estar treinado para seu uso;
é contra indicado para crianças que apresentam quadro de crises convulsivas.
BOLA DE BOBATH
A bola de Bobath tem 1.20 m de diâmetro é constituída internamente
por um plástico resistente e externamente por vinil. A bola pode ajudar na
estimulação vestibular, tátil e proprioceptiva que facilitam reações não
experimentadas antes; na facilitação das reações de endireitamento e equilíbrio
em prono e supinação; a aprendizagem ocorre através da participação ativa da
criança e não exige resposta cognitiva.
Quando a criança está sobre a bola, é exigido o controle de tronco e
membros inferiores e uma boa reação de proteção dos membros inferiores. A
criança pode segurar na mão do terapeuta, puxando ou empurrando. Nem
sempre a criança apresenta reações posturais normais, não sendo a bola o
melhor material para suscitar essas reações.
TUBÃO
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SKATE
O skate ou carrinho é feito de madeira grossa, de tamanho variado,
com a medida em torno de 50 cm por 35. Também é revestido de carpete, com
quatro rodas que giram em todas as direções, como as usadas em carrinho de
rolimã. No skate a criança explora as posições deitadas, sentadas ou
ajoelhadas.
O carrinho poderá dar estimulo vestibular (usado na rampa),
proprioceptivo, cinestésico e tátil. Pode ajudar a estimular a percepção de
espaço, planejamento motor e inibição dos reflexos primitivos.
RAMPA
A rampa é feita de madeira grossa com inclinação e uma base
superior. Contornando a rampa deve haver uma borda elevada de madeira,
evitando que o skate caia. Ela é usada principalmente com o carrinho para dar
estimulação vestibular e inibição dos reflexos primitivos. Outros aspectos
podem ser explorados na rampa como o planejamento motor, percepção
espacial e visual e a propriocepção.
Criança com forte reflexo não conseguem descer a rampa ou têm
medo, devem fazer outra atividade até estarem prontas para rampa. A criança
deitada sobre o carrinho pode subir puxando-se por uma corda presa na parte
plana superior. Ao atingir a superfície empurra com as pernas, assume um
padrão de extensão e desce a rampa, sendo a parada espontânea ou
encontrando obstáculos como caixa de sapatos vazia empilhada, derrubando
com o próprio corpo ao descer em velocidade.
PLATAFORMA MÓVEL
A base é feita de madeira compensada forrada de carpete e possui 60
cm de comprimento por 60 cm de largura e 2 cm de espessura. Prende-se 4
cordas, uma em cada ângulo da plataforma; as 2 cordas do lado direito
prendem-se nas duas extremidades de um bastão de madeira que também
estão do lado direito, as duas cordas esquerdas. No meio destes dois bastões
estão afixados dois pequenos bastões de madeira que fica perpendicular aos
dois primeiros bastões. Finalmente um outro bastão maior que os anteriores
fixam-se no meio do último bastão, prendendo a gangorra na parede. A
gangorra deve ficar a 30 cm do chão. A criança pode usar das seguintes
formas:
deitar em pro no ou supino na plataforma, podendo rodar, balançar,
rodar e balançar ao mesmo tempo ou empurrar da parede em diferentes
ritmos usando as mãos ou os pés.
pode sentar ajoelhar-se ou ficar em pé na plataforma.
duas crianças podem usar ao mesmo tempo a plataforma, desde que
esteja firme o suficiente para agüentar o peso.
é um equipamento que pode ser associado a outros equipamentos,
como a rede, por exemplo, pendurando-se na rede a partir da plataforma,
transpondo obstáculos.
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TRAPÉZIO
O trapézio é preso em dois pontos, com uma corda de cada lado, com
bastão resistente no meio. A criança pode utilizá-lo sentada ou em pé, sendo
que o mesmo se mantém balançando enquanto a criança estiver sobre ele. As
reações de equilíbrio são exploradas associando ao planejamento motor,
sincronia de movimento, cocontração e propriocepção.
Estímulo:
Vestibular nos planos horizontais e rotatórios
Visual
Somatossensorial (proprioceptivo e tátil)
BOLA SUIÇA
Posição no espaço – prono, supino, sentada e em pé
Estímulo:
Vestibular nos planos horizontais e verticais
Somatossensorial
Reações de endireitamento e equilíbrio
SKATE
Posição no espaço – prono, supino, sentado com ou sem apoio dos pés
Estímulo:
Vestibular nos planos horizontais e rotatórios
Somatossensorial
Visual
Orientação espacial
Movimento de impulsão e graduação de força
PLATAFORMA MÓVEL
Posição no espaço – prono, supino, sentado, de gato, ajoelhado, semi-
ajoelhado e em pé
Estímulo:
Vestibular nos planos horizontais e rotatórios
Somatossensorial
Visual
Reações de endireitamento e equilíbrio
Orientação espacial
Cocontração
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TRAPÉZIO
Posição no espaço – sentado, em pé, suspensa com apoio e garra das
mãos
Estímulo:
Vestibular no plano horizontal
Visual
Planejamento Motor
Sincronia de Movimento
Cocontração
Propriocepção
ROLO SUSPENSO
Posição no espaço – Prono, sentado, em pé
Estímulo:
Vestibular nos planos horizontais e rotatórios
Somatosensorial
Visual
Cocontração
Planejamento Motor
Reações de endireitamento e equilíbrio
CAMA ELÁSTICA
Posição no espaço – sentado, em pé, de gato, ajoelhado, semi ajoelhado e em
pé
Estímulo:
Vestibular no plano vertical
Proprioceptivo e tátil
Visual
Orientação espacial
RAMPA
Posição no espaço – a rampa é utilizada principalmente em conjunto com o
skate na posição supina ou sentada
Estímulo:
Vestibular no plano horizontal
Visual
Somatosensorial
Planejamento motor
Cocontração
Orientação espacial
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ATIVIDADES
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ser esperadas como rir , coçar, usar várias expressões faciais ou fazer
movimentos corporais excessivo.
A presença da defensividade tátil afeta mais o comportamento social e o
ambiente do que a aprendizagem acadêmica. Os sintomas das crianças
hiperativas geralmente começam desde a primeira infância. Crianças com este
problema terão comportamentos anti-sociais sérios durante a vida. Elas às
vezes têm hipersensibilidade ao estímulo auditivo, olfatório e visual.
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Principais características:
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Principais características
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IX - A INTEGRAÇÃO SENSORIAL NO
TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM PARALISIA
CEREBRAL
A paralisia cerebral é o termo mais usado para um grupo de condições
caracterizadas pela postura e movimentos desordenados devido ao dano não
progressivo ao cérebro antes que seu crescimento e desenvolvimento estejam
completos. Deficiências sensoriais e outros problemas associados
freqüentemente coincidem com deficiências motoras (Knoblach e Pasmanik,
1979). Karen e Berta Bobath (1964, 1972; Bobath, B., 1967) descreveram a
criança com PC como apresentando uma desordem do mecanismo reflexo
postural normal, tônus postural anormal e padrões desordenados de
movimento. Reações reflexas são mantidas além das fases pelas quais elas
deveriam ser integradas, e estas reações interferem no desenvolvimento de
ajustes posturais normais e diferenciação de movimento. O problema é visto
como uma coordenação anormal de ações musculares, ou como uma
padronização anormal das funções musculares com um empobrecimento de
padrões motores.
A presença de atividades reflexa postural anormal limita a criança a
padrões de movimento estereotipados. Tendo essas experiências de
movimento, suas experiências sensório-motoras de movimento também vão
ser anormais. Quanto mais uso a criança fizer desses padrões, especialmente
se houver esforço, mais forte eles ficarão. Hipotonia e tônus flutuante também
podem estar presentes, e todos esses fatores juntos, interferem no
desenvolvimento normal.
1 - TRATAMENTO NEUROEVOLUTIVO
O tratamento neuroevolutivo, tem como seu maior representante, pela
abordagem terapêutica desenvolvida, o método Bobath que enfatiza:
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Atetóide:
movimentos menores em amplitudes menores mantendo
alinhamento;
tomada de peso com bom alinhamento;
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simetria;
trabalhar em linha mediana e / ou meia amplitude;
graduar estimulação;
esperar por respostas;
fazer o manuseio ser funcional;
guiar a atividade para o nível cognitivo;
Ataxia:
Rotação;
Dar tempo para ajustar;
Fora da linha mediana;
Dar segurança quando estiver tendo controle;
Diminuir o uso dos braços para reações de proteção em extensão
Para que a criança ganhe reações de tronco;
Atividades de acordo com a idade da criança;
Tomada de peso com transferência de peso;
Hipotonia:
cuidado para não estimular demais;
dar alinhamento vertical para que a gravidade possa ajudar;
movimentos lentos na manipulação, e intensos no equipamento;
dar tempo para as reações emergirem;
tomada de peso;
posição com bom alinhamento.
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muito utilizado com crianças com PC, sendo necessário fazermos algumas
adaptações como uso de almofadas, rolos, suporte de apoio (corrimão) para
criança ter maior segurança.
Todos os equipamentos de integração sensorial podem ser aproveitados
no tratamento da criança com PC. Deve-se, no entanto levar em conta as
características próprias de cada criança e o tipo de estimulo mais adequado às
suas necessidades, que irão variar de acordo com os padrões de movimento,
distribuição de tônus, e respostas ao movimento. Ao utilizar os equipamentos
suspensos, também devemos estar preocupados em evitar algumas situações
indesejadas como: tônus anormal usa de padrões anormais, a combinação de
estímulos para inibição e facilitação, e os reflexos tônicos e as reações
associadas.
O balanço tipo “rede”, proporciona o estímulo rotativo mais efetivo,
sendo que a criança na posição prona, os padrões de movimento de extensão
e abdução são estimulados, o que se torna difícil que ao mesmo tempo, o
terapeuta faça o manuseio para inibição ou facilitação. Nas crianças com PC,
caso o terapeuta deseje oferecer o estímulo vestibular, poderá utilizar
estímulos menos potentes que a rede, como barril, a bola ou a plataforma
móvel, que também dão estímulos vestibulares e possibilitam maior controle
sobre o tônus muscular, a atividade reflexa e os padrões motores anormais.
A plataforma móvel favorece uma variação de posturas tais como:
prono, supino, sentada, ajoelhada e em pé. A velocidade e a direção do
movimento podem ser guiadas pelo terapeuta para fornecer reações posturais,
enquanto aplica simultaneamente técnica de facilitação e/ou inibição com uso
de vibração, estimulação tátil, proprioceptiva e vestibular. A graduação dos
estímulos, principalmente o tátil e o vestibular devem ser balanceados no
sentido de oferecer o tátil leve e o vestibular lento e rítmico.
Sugerimos que o uso de almofadas, rolos, apoios, tapetes antes
derrapantes e suportes sempre facilitam um melhor posicionamento para
criança e para o terapeuta, assegurando além das questões técnicas, maior
conforto para a criança.
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O RTCA e o RTCS são reflexos que na maioria dos casos não são
inibidos durante o desenvolvimento da criança com paralisia cerebral. A
permanência desses reflexos influencia em toda experiência que a criança
possa vir a ter com sua lateralidade, com os movimentos das mãos (trazê-las
para a linha média) e a coordenação dos olhos associados aos movimentos
das mãos.
Quando a criança consegue segurar e mantiver a cabeça no centro e
trouxer as mãos na linha média do corpo ela se torna capaz de aprender a
manipular os objetos, analisar texturas, formas, cores e outras características.
Ela dependerá da integração desses reflexos para ser capaz de alimentar-se,
vestir e locomover-se. Caso isso não ocorra, as mãos não são capazes de
funcionarem juntas além do que terá problemas na coordenação olho-mão,
equilíbrio, nas AVDs e em deambular.
As atividades dos procedimentos da integração sensorial podem ser
úteis na medida em que o terapeuta junto com a criança nos equipamentos
suspensos posiciona-a de maneira a inibir o reflexo indesejado. As brincadeiras
devem associar movimentos de cabeça e membros superiores e inferiores, de
maneira que favoreça a simetria ou assimetria controlada e funcional.
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X - DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO
SENSORIAL NA CRIANÇA PORTADORA DE
PARALISIA CEREBRAL
Blanche et al., no livro Combining Neurodevelopmental Treatment and
Sensory Integration Principles, discutem vários aspectos da integração
sensorial na criança portadora de paralisia cerebral. São eles:
Déficit de modulação;
Hiporresponsividade
Déficits de discriminação
Déficits no sistema proprioceptivo e na cinestesia.
Déficits no processamento vestibular, subdivididos em:
Déficits de modulação: resposta aversiva ao movimento e gravidade;
Hiporresponsividade ao movimento e gravidade.
Dispraxia.
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hipotonia, ou ainda, serem lentificadas. O limiar tátil destas crianças pode ser
variável, sendo necessária à observação no início do tratamento, pois a
estimulação adequada poderá levar os bons resultados do tratamento.
Déficits no Sistema Proprioceptivo e na Cinestesia
As desordens vestibulares e proprioceptivas são difíceis de serem
detectadas nas crianças com PC em função dos déficits motores que já
apresentam. As repostas às reações de equilíbrio são precárias ou lentas
sendo que o padrão de retificação e os ajustamentos posturais não ocorrem de
forma satisfatória pelo pobre feedback proprioceptivo.
Em função da manutenção de padrões posturais inadequados, a criança
com PC tem uma percepção corporal exacerbada, e conseqüentemente os
movimentos deste corpo no espaço.
3 – Dispraxia
Os fatores relacionados à dispraxia como a ideação, planejamento motor
antecipação e execução propriamente dita estão alteradas na criança com PC.
As crianças que têm o cognitivo preservado podem manifestar a ideação
corretamente, no entanto pelas dificuldades motoras fica comprometida a fase
de execução.
Blanche et al. refere que nas crianças com PC poderemos encontrar
uma diminuição no estado de alerta, certa apatia que podem levar a uma
diminuição do tônus e na capacidade de manter a atenção em estímulos que
sejam relevantes, levando assim a um desinteresse pelo ambiente e pelas
atividades decorrentes do mesmo. Também podemos observar em algumas
crianças uma resposta contrária, ou seja, um alto nível de alerta que pode
resultar em na falta de manutenção da atenção, bem como uma reação
desorganizada de seus movimentos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AYRES, A.J.: Sensory Integration and The Child, Los Angeles, WPS,
1979.
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