FREI LUÍS DE SOUSA Resumo

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FREI LUÍS DE SOUSA, de ALMEIDA GARRETT

Estrutura interna e externa da obra 


A obra Frei Luís de Sousa, em termos de estrutura externa, está
dividida em três atos (I, II e III), à semelhança dos dramas
românticos, e em cenas dentro dos atos. Quanto
à estrutura interna da obra dividimo-la em Exposição (ato I, cena 1 e
cena 4); Conflito (ato I cena 5 - ato III cena 9) e Desenlace (ato III
cena 10 - ato III cena 12).

O Romantismo versus  Tragédia Clássica  


Na obra Frei Luís de Sousa, segundo indicado pelo próprio autor
em Memória ao Conservatório Real, existem dois estilos facilmente
identificáveis que convergem, o romantismo, de que são
característicos os “dramas”, que se opõe ao realismo; e
a tragédia clássica, que é trazida deste o tempo dos gregos, cuja
principal característica prende-se no facto de, sobre alguém que não
tem culpa (não fez nada) cair uma tragédia (desgraça), de forma a
que o público sinta o efeito de catarse. 
 
Características Românticas na obra:  
 Escrita em prosa; 
 Dividida em três atos (I, II e III); 
 Presença (e exaltação) de sentimentos fortes nas
personagens; 
 Exaltação do patriotismo, presente principalmente em D.
Manuel e D. João; 
 Personagens “anjo”, especialmente Maria, (inteligente,
perfeição); 
 A morte de Maria em palco; 
 A religião como consolo. 

Características da Tragédia Clássica na obra: 


 
 A família condenada apesar de não ter culpa; 
 O erro de D. Manuel e D. Madalena em casar (sem saber
se D. João estava 
morto), que se chama Hybris; 
 A catarse no fim, ou seja, a sensação da audiência que a
sua vida pessoal não é assim tão má;  
 Os ambientes que mudam o estado de espírito de uma
forma subtil; 
 Poucos espaços e poucas personagens; 
 Os conflitos interiores de Madalena e Telmo, que se
chama agón; 
 O reconhecimento de D. João de Portugal no Romeiro,
que se chama anagnórisis; 
 O aparecimento de D. João e as suas consequências
(casamento e filha ilegítimos), a que se chama peripécia; 
 - O clímax, quando se reconhece o Romeiro (que também
corresponde à anagnórisis); 
 O sofrimento das personagens ou o pathos, muito
evidente em D. Madalena; 
 A catástrofe, que é a dissolução da família e a morte de
Maria. 
A Linguagem na obra  
A linguagem em Frei Luís de Sousa é, no geral,
cuidada: encontramos léxico erudito, repleto de recursos estilísticos,
interjeições e atos ilocutórios expressivos. A presença
de muitas reticências representa algo mau, algo de que a
personagem tem medo, com que está inquieta. As frases
curtas conferem um tom incisivo nas partes em que são usadas.
As repetições são muito frequentes e representam ansiedade,
inquietação ou afeto, dependendo de quem as profere

Temas de Frei Luís de Sousa 


- Amor: como algo que cega e impossível de trazer felicidade; o
amor entre Telmo, Maria e D. João, na fidelidade do escudeiro fiel; 
  
- Religião: apresenta-se como uma consolação, salvação; existem
outros exemplos, como a soror Joana, que incitam o público a
acreditar no final trágico da história; 
 
- Sebastianismo: o culto, quase religião, do mito do sebastianismo,
neste drama anunciado pelas bocas de Telmo e Maria, contra a
vontade de D. Madalena; 
 
- Patriotismo: espelhado nas personagens de D. Manuel (“Há de
saber-se que ainda há um português em Portugal”) e D. João de
Portugal (que lutou pelo país ao lado do jovem rei); 
 
- Liberdade Individual: principalmente na personagem de D.
Manuel, esta característica romântica pode ser encontrada nas
suas ações, como o facto de ter incendiado a sua própria casa, não
subversivo ao regime da época; independentemente do plano político
ou social, o homem faz o que deseja, toma as suas próprias
decisões. 
 
Síntese 
 
Frei Luís de Sousa é um drama, também considerado pelo próprio
autor uma tragédia antiga. Como drama, está escrito em prosa e
aborda muitos dos temas caros ao romantismo. Desenrola-se em três
atos, divididos em cenas (cada ato, muda o cenário; cada cena,
mudam as personagens).  
Primeiro Ato 
 
- Decorre no palácio de D. Manuel de Sousa Coutinho; 
- Ambiente leve e exótico que revela o estado de espírito da família
(feliz, no geral); 
- Inicia com um excerto d’ Os Lusíadas, mais precisamente o excerto
de Inês de Castro, em que se afirma que o amor cega e condena a
alma ao sofrimento. Este excerto é lido por D. Madalena de
Vilhena, mulher de Manuel de Sousa Coutinho; 
- Telmo, o fiel escudeiro da família, entra em cena e ambos discutem
sobre Maria, filha de D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho; 
- Os medos de D. Madalena em relação ao regresso do ex-marido, D.
João de Portugal, que nunca regressou da batalha de Alcácer-Quibir,
refletem-se na proteção da sua filha em relação ao Sebastianismo (se
D. Sebastião voltasse, o seu ex-marido também poderia voltar) – um
tema muito discutido na altura, prenúncio da vinda de um novo
“salvador”; 
- Maria é considerada muito frágil, é doente – sofre de tuberculose,
porém não diagnosticada, e Telmo, que já fora escudeiro de D. João,
incentiva-a a acreditar fervorosamente no Sebastianismo, apesar da
desaprovação da mãe; 
- Por fim, chega com D. Manuel um cavaleiro da nobreza, que
informa as personagens da necessidade de movimentação daquela
cas, porque os “governantes” (na altura Portugal estava sob domínio
espanhol) viriam e desejavam instalar-se em sua casa; 
- o ato acaba com D. Manuel a incendiar a sua própria casa, como
símbolo de patriotismo, incendiando também um retrato seu
(simboliza o início da destruição da família), mudando-se a família
para o palácio de D. João de Portugal, apesar dos agouros de D.
Madalena. 

Segundo Ato 
- Decorre no palácio de D. João de Portugal; 
- O ambiente fechado, sem janelas, com os quadros grandes das
figuras de D. João, Camões e D. Sebastião, revelam uma presença
indesejada e uma família mais abatida (algo está para acontecer –
presságio); 
- D. Madalena apresenta-se muito fraca; com a chegada de D.
Manuel, que teve de fugir devido à afronta aos governantes, e a
indicação de que estes o tinham perdoado, fica mais descansada. No
entanto, ao saber por Frei Jorge, do convento dos Domínicos, que
este terá de partir para Lisboa para se apresentar, fica, de novo,
angustiada; 
- D. Manuel parte para Lisboa na companhia de Maria e Telmo,
deixando em casa D. Madalena e Frei Jorge; 
- Aparece um Romeiro que não se quer identificar de princípio, mas
que dá indícios de ser D. João de Portugal, regressado 21 anos depois
da Batalha de Alcácer-Quibir (7 anos para procurar o corpo + 14 anos
de casamento de D. Madalena com D. Manuel). 

Terceiro Ato  
- Decorre na parte baixa do palácio de D. João de Portugal; 
- Apresenta um ambiente muito fechado, simbolizando a falta de
opções da família, caso o Romeiro fosse D. João de Portugal – estaria
perante um casamento e uma filha ilegítimos (casamento de D.
Madalena e D. Manuel e a filha, Maria), sendo a morte a única forma
de dissolução; 
- O Romeiro encontra-se a sós com Telmo (que, entretanto, volta
com Maria e D. Manuel) e este reconhece, imediatamente, o antigo
amo; mas a sua lealdade não é certa pois, apesar de ter servido
devotamente a ambos – D. João, primeiro, e Maria, depois. Assim, o
Romeiro pede-lhe que minta por ele: que diga que é um impostor e
salve, dessa forma, a família (momento em que o público
acredita aque a salvação é possível); 
- Telmo vai pedir conselhos a Frei Jorge, que lhe diz que, caso tenha
a certeza da identidade do Romeiro, então a verdade deve ser dita
(mostra a faceta obediente e inflexível desta personagem); 
- Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de desgosto, por ser
filha ilegítima, e de tuberculose; 
-Os pais, D. Madalena e D. Manuel vão para um convento (a religião
a funcionar como consolo da alma mortificada), tornando-se D.
Manuel, Frei Luís de Sousa. 

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