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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 10
DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL ........................................................................................................................ 10
CONCEITO DE DIREITO PENAL ..................................................................................................................... 10
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 11
FONTES DO DIREITO PENAL ............................................................................................................................. 11
FONTE MATERIAL ........................................................................................................................................ 11
FONTE FORMAL ........................................................................................................................................... 12
FORMAL IMEDIATA .................................................................................................................................. 12
FORMAL MEDIATA ................................................................................................................................... 12
PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DIREITO PENAL............................................................................................. 13
CONCEITO DE PRINCÍPIO ............................................................................................................................. 13
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.................................................................................................................... 13
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE...................................................................................................................... 13
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL ................................................................................................................ 14
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL ........................................................................................ 15
PRINCÍPIO DA FORMALIDADE DA NORMA .............................................................................................. 16
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DA NORMA .............................................................................................. 16
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................... 17
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 18
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA ........................................................................................... 22
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA ......................................................................................... 23
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 23
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE .................................................... 24
PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS .......................................................................................... 25
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA .................................................................................................... 25
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 26
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU NECESSIDADE ............................................................................... 26
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE....................................................................................................... 27
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 27
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE/ALTERIDADE/ TRANSCENDENTALIDADE ...................................................... 28
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 29
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL OU HISTÓRICA................................................................................ 29
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 30
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIME DE BAGATELA ..................................................................... 31
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 33

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PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM ................................................................................................................. 36


PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO .................................................................................................................... 37
MAPAS MENTAIS E RESUMOS ..................................................................................................................... 38
APLICAÇÃO DA LEI PENAL ................................................................................................................................ 40
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................... 40
ANTERIORIDADE DA LEI PENAL ............................................................................................................... 40
LEI PENAL NO TEMPO .................................................................................................................................. 40
LEIS PENAIS EM BRANCO ......................................................................................................................... 42
ANTINOMIA JURÍDICA OU CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO .......................................................... 43
ABOLITIO CRIMINIS .................................................................................................................................. 43
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS .................................................................................................................... 44
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA ........................................................................................................... 47
NOVATIO LEGIS IN PEJUS ......................................................................................................................... 47
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA ........................................................................................................ 48
TEMPO DO CRIME ................................................................................................................................... 49
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 50
LEI PENAL NO ESPAÇO ................................................................................................................................. 55
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................... 55
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA ..................................................................................... 55
DIVISÃO DO TERRITÓRIO ......................................................................................................................... 56
TERRITÓRIO FÍSICO/PROPRIAMENTE DITO/EFETIVO/REAL ..................................................................... 56
TERRITÓRIO FICTÍCIO, ABSTRAÇÃO JURÍDICA, EXTENSÕES DO TERRITÓRIO .......................................... 57
EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS ................................................................................................................... 58
EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS............................................................................................................... 59
AERONAVES BRASILEIRAS ........................................................................................................................ 60
AERONAVES ESTRANGEIRAS.................................................................................................................... 61
PASSAGEM INOCENTE ............................................................................................................................. 62
LUGAR DO CRIME .................................................................................................................................... 63
EXTRATERRITORIALIDADE ....................................................................................................................... 63
PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXTRATERRITORIALIDADE ............................................................................ 66
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 68
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ............................................................................................................... 77
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA ....................................................................................................... 78
CONTAGEM DE PRAZO ................................................................................................................................ 79
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA ..................................................................................................... 79
LEGISLAÇÃO ESPECIAL ................................................................................................................................. 80
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 81

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DO CRIME ........................................................................................................................................................ 83
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................... 83
CONCEITO DE CRIME ................................................................................................................................... 83
ASPECTO MATERIAL ................................................................................................................................ 84
ASPECTO FORMAL/LEGAL........................................................................................................................ 84
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME ............................................................................................................. 86
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 87
FATO TÍPICO ................................................................................................................................................. 89
CONDUTA ................................................................................................................................................ 90
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO ......................................................................................................... 91
CRIME DOLOSO........................................................................................................................................ 92
TEORIAS DO DOLO ................................................................................................................................... 92
ESPÉCIES DE DOLO ................................................................................................................................... 92
CRIME CULPOSO ...................................................................................................................................... 95
ESPÉCIES DE CULPA ................................................................................................................................. 95
DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE ................................................................................................. 96
COMPENSAÇÃO DE CULPAS .................................................................................................................... 97
CRIME PRETERDOLOSO ........................................................................................................................... 97
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA...................................................................................................... 97
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 98
RESULTADO NATURALÍSTICO................................................................................................................. 103
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 105
NEXO CAUSAL ............................................................................................................................................ 106
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES DA CAUSA ................................................................ 107
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA.................................................................................................. 108
OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE ........................................................................................................ 113
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 115
TIPICIDADE ................................................................................................................................................. 117
TIPICIDADE FORMAL .............................................................................................................................. 117
TIPICIDADE MATERIAL ........................................................................................................................... 118
TIPICIDADE CONGLOBANTE ................................................................................................................... 119
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 120
ITER CRIMINIS ............................................................................................................................................ 126
CRIME CONSUMADO ................................................................................................................................. 128
CRIME TENTADO ........................................................................................................................................ 128
NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA ..................................................................................................... 129
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL ............................................................................................... 129

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PENA DA TENTATIVA ............................................................................................................................. 129


ESPÉCIES DE TENTATIVA ............................................................................................................................ 130
TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA .................................................................................................... 130
TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA ................................................................................................... 131
TENTATIVA PERFEITA OU ACABADA OU CRIME FALHO ........................................................................ 131
TENTATIVA IMPERFEITA OU INACABADA .............................................................................................. 132
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA.............................................................................................. 133
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 134
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ......................................................................... 141
REQUISITOS DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA.......................................................................................... 142
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ............................................................... 143
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X TENTATIVA .............................................................................................. 144
REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO EFICAZ ......................................................................................... 144
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO ARREPENDIMENTO EFICAZ ............................................................... 145
NATUREZA JURÍDICA DOS DOIS INSTITUTOS ......................................................................................... 145
ARREPENDIMENTO POSTERIOR................................................................................................................. 146
REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................. 147
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS ................................................................................................................. 148
NATUREZA JURÍDICA DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................... 148
JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES ........................................................................................................ 148
CRIME IMPOSSÍVEL .................................................................................................................................... 148
REQUISITOS DO CRIME IMPOSSÍVEL ..................................................................................................... 149
NATUREZA JURÍDICA.............................................................................................................................. 150
SÚMULAS IMPORTANTES ...................................................................................................................... 150
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 150
CAUSAS EXCLUDENTES DO FATO TÍPICO ................................................................................................... 164
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE ................................................................................................................... 165
EXCLUDENTES DE ILICITUDE GENÉRICAS ............................................................................................... 166
ESTADO DE NECESSIDADE ..................................................................................................................... 166
TEORIA UNITÁRIA X DIFERENCIADORA ................................................................................................. 168
TIPOS DE ESTADO DE NECESSIDADE...................................................................................................... 170
LEGÍTIMA DEFESA .................................................................................................................................. 171
LEGÍTIMA DEFESA E ERRO NA EXECUÇÃO ............................................................................................. 172
LEGÍTIMA DEFESA PARA AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA ................................................................. 173
TIPOS DE LEGÍTIMA DEFESA .................................................................................................................. 173
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL .......................................................................................... 174
EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO.................................................................................................... 175

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OFENDÍCULOS ........................................................................................................................................ 176


EXCLUDENTES DE ILICITUDE ESPECÍFICAS ............................................................................................. 177
CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE ............................................................................. 177
EXCESSO PUNÍVEL ...................................................................................................................................... 178
EXCESSO INTENSIVO .............................................................................................................................. 178
EXCESSO EXTENSIVO ............................................................................................................................. 179
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 180
CULPABILIDADE ......................................................................................................................................... 187
EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DA CULPABILIDADE ...................................................................................... 187
IMPUTABILIDADE PENAL ....................................................................................................................... 188
RETROATIVIDADE DA AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE ......................................................................... 190
CAUSAS EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE ....................................................................................... 190
CAUSAS QUE NÃO EXCLUEM A IMPUTABILIDADE................................................................................. 192
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ............................................................................................... 194
CAUSAS EXCLUDENTES DA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE .................................................... 194
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA .................................................................................................. 195
CAUSAS EXCLUDENTES DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA ...................................................... 195
ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO ........................................................................................................... 202
ERRO DE TIPO ............................................................................................................................................ 202
ERRO DE TIPO ESSENCIAL ...................................................................................................................... 202
ERRO DE TIPO ESSENCIAL ESCUSÁVEL/DESCULPÁVEL, INEVITÁVEL...................................................... 202
ERRO DE TIPO ESSENCIAL INESCUSÁVEL/INDESCULPÁVEL, EVITÁVEL .................................................. 203
DESCRIMINANTES PUTATIVAS POR ERRO DE TIPO ............................................................................... 203
ERRO PROVOCADO POR TERCEIROS ..................................................................................................... 204
ERRO DE TIPO ACIDENTAL ..................................................................................................................... 205
ERRO DE PROIBIÇÃO .................................................................................................................................. 208
ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL .......................................................................................................... 209
ERRO DE PROIBIÇÃO INESCUSÁVEL ....................................................................................................... 209
ERRO DE PROIBIÇÃO GROSSEIRO .......................................................................................................... 209
ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO ................................................................................................................. 210
ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO ............................................................................................................. 210
EXERCÍCIO ...................................................................................................................................................... 211
CONCURSO DE PESSOAS (ART. 29 A 31, CP) .................................................................................................. 211
CONSIDERAÇÕES INICIAI ........................................................................................................................... 211
AUTORIA, COAUTORIA, PARTICIPAÇÃO................................................................................................. 212
ACESSORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO ..................................................................................................... 213
PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ................................................................................................................. 213

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AUTORIA MEDIATA OU INDIRETA ......................................................................................................... 213


REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS ............................................................................................. 214
TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS .......................................................................................... 214
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (ART. 29, §1º, CP) .............................................................. 214
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (ART. 29, §2º, CP) ................................................................ 214
COMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO PENAL (ART. 30, CP) ............. 215
CASOS IMPUNÍVEIS (ART. 31, CP) .......................................................................................................... 216
QUESTÕES FINAIS DOUTRINÁRIAS SOBRE CONCURSO DE PESSOAS .................................................... 216
CONCURSO DE CRIMES .................................................................................................................................. 217
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 217
CONCURSO MATERIAL ........................................................................................................................... 218
CONCURSO FORMAL ............................................................................................................................. 218
CRIME CONTINUADO ............................................................................................................................. 219
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 220
PARTE ESPECIAL-CRIMES CONTRA A VIDA .................................................................................................... 225
DOS CRIMES CONTRA A VIDA .................................................................................................................... 225
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................... 225
A) HOMICÍDIO SIMPLES ......................................................................................................................... 225
B) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO- CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA ........................................................... 226
C) HOMICÍDIO QUALIFICADO................................................................................................................. 226
D) HOMICÍDIO CULPOSO ....................................................................................................................... 229
E) HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO- AUMENTO DE PENA ................................................................. 229
F) HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO ..................................................................................................... 230
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À AUTOMUTILAÇÃO ................................ 231
INFANTICÍDIO......................................................................................................................................... 234
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO ............................................ 235
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO .................................................................................................. 236
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO, COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE ............................... 236
FORMA QUALIFICADA............................................................................................................................ 237
DAS LESÕES CORPORAIS ................................................................................................................................ 238
LESÃO CORPORAL .................................................................................................................................. 238
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:..................................................................................................................... 238
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: ............................................................................................. 239
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE ................................................................................................ 241
LESÃO CORPORAL CULPOSA .................................................................................................................. 242
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ......................................................................................................................... 242
AÇÃO PENAL NOS CASOS DE CRIMES DE LESÃO CORPORAL ................................................................. 243

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DOS CRIMES CONTRA A HONRA .................................................................................................................... 244


CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 244
CALÚNIA ................................................................................................................................................ 245
EXCEÇÃO DA VERDADE .......................................................................................................................... 246
DIFAMAÇÃO ........................................................................................................................................... 246
INJÚRIA .................................................................................................................................................. 247
INJÚRIA REAL ......................................................................................................................................... 248
INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO .......................................................................................... 248
MAJORANTES OU CAUSAS DE AUMENTO DE PENA .............................................................................. 249
EXCLUSÃO DO CRIME ............................................................................................................................ 249
RETRATAÇÃO ......................................................................................................................................... 250
CRIMES CONTRA LIBERDADE INDIVIDUAL ..................................................................................................... 251
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL ........................................................................................... 252
CONSTRANGIMENTO ILEGAL ................................................................................................................. 252
AUMENTO DE PENA............................................................................................................................... 252
AMEAÇA................................................................................................................................................. 253
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO ......................................................................................................... 254
FORMAS QUALIFICADAS DO DELITO ..................................................................................................... 254
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .......................................................................................................... 255
DO FURTO .................................................................................................................................................. 255
FURTO .................................................................................................................................................... 255
FURTO QUALIFICADO ............................................................................................................................ 258
FURTO DE COISA COMUM ..................................................................................................................... 259
DO ROUBO E DA EXTORSÃO ...................................................................................................................... 260
ROUBO ................................................................................................................................................... 260
EXTORSÃO ............................................................................................................................................. 263
MAJORANTES OU CAUSAS DE AUMENTO DE PENA .............................................................................. 264
QUALIFICADORAS .................................................................................................................................. 264
SEQUESTRO RELÂMPAGO...................................................................................................................... 264
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO....................................................................................................... 265
QUALIFICADORAS .................................................................................................................................. 266
DO DANO ................................................................................................................................................... 267
DANO ..................................................................................................................................................... 267
DANO QUALIFICADO.............................................................................................................................. 267
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA ..................................................................................................................... 268
APROPRIAÇÃO INDÉBITA ....................................................................................................................... 268
AUMENTO DE PENA............................................................................................................................... 269

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DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES ..................................................................................................... 269


ESTELIONATO......................................................................................................................................... 269
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA .......................................................... 270
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR .................................................................................................................. 271
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA............................................................................................................ 271
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO ............................................ 271
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE ............................................................................... 271
ESTELIONATO CONTRA IDOSO .............................................................................................................. 272
DA RECEPTAÇÃO ........................................................................................................................................ 273
RECEPTAÇÃO ......................................................................................................................................... 273
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA .................................................................................................................. 273
RECEPTAÇÃO DE ANIMAL ...................................................................................................................... 275
DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 275
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................. 276
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 276
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............ 277
PECULATO APROPRIAÇÃO/DESVIO ....................................................................................................... 277
PECULATO FURTO .................................................................................................................................. 278
PECULATO CULPOSO ............................................................................................................................. 278
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM ............................................................................................. 278
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS ................................................................... 278
CONCUSSÃO .......................................................................................................................................... 279
EXCESSO DE EXAÇÃO ............................................................................................................................. 279
CORRUPÇÃO PASSIVA ............................................................................................................................ 280
PREVARICAÇÃO...................................................................................................................................... 280
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO ............................................................................ 281
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA .......................................................................................................... 281
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA .............................................................................................................. 281
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL ........................... 281
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA ....................................................................................................... 281
RESISTÊNCIA .......................................................................................................................................... 282
DESOBEDIÊNCIA..................................................................................................................................... 282
DESACATO ............................................................................................................................................. 282
CORRUPÇÃO ATIVA ............................................................................................................................... 283
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA ............................................................................ 283
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA .................................................................................................................. 283
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO .................................................................. 283

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FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA .............................................................................................. 284


EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 285
GABARITO .................................................................................................................................................. 291

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INTRODUÇÃO

Olá! Sou o professor Everton Mota, tecnólogo em Logística, bacharel e pós-graduado em


Direito, aprovado em 15 concursos públicos, seis na área policial e três na área de tribunais, e
aprovado no Exame da OAB. Estarei com você, compartilhando conhecimentos de Direito
Penal, que vão ajudar bastante na sua aprovação.
A dica que dou é: “nunca desista dos seus sonhos!” Estudei mais de 2 anos até passar
no meu primeiro concurso, porém, depois do primeiro, eu fui aprovado em mais 14. Não
tenho uma inteligência incomum ou acima da média, mas fui e sou muito esforçado em tudo
que faço.
Agora, vamos ao que interessa!

DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL


O Códigó Penal e divididó em duas partes: parte geral e parte especial.

A parte geral, que vai dó Art. 1º aó 120, e basicamente a parte teórica. Trata da
aplicabilidade da lei, da Teória dó Crime, da teória da pena etc. Trata das características,
permissóes e próibiçóes cóntidas na lei penal.
Já a parte especial vai dó Art. 121 aó 361 e trata justamente dós crimes em especie.
Estuda ó crime em si, pór exempló, hómicídió, róubó, estupró, etc.
Cabe salientar que o Direito Penal é composto não apenas pelo Código Penal. Além do
Código, existem leis penais especiais, as quais tipificam condutas, cominam penas e
regulamentam a execução delas em alguns casos. Podemos citar como exemplo a Lei
11.343/06 que é a famosa Lei de Drogas.

CONCEITO DE DIREITO PENAL


O Direito Penal póde ser cónceituadó cómó ramó dó Direito Público, fórmadó pór
nórmas jurídicas que tem ó cóndaó de seleciónar ós bens sóciais mais relevantes, criar
crimes e cóminar penas para as cóndutas que lesam óu expóem a perigó esses bens.
E Direitó Publicó pórque trata de uma relaçaó vertical, relaçaó entre Estadó e
administradó, e tem cómó óbjetivó manter a paz sócial.
Percebe-se que ó Direitó Penal naó se impórta cóm tódós ós bens jurídicós, mas apenas
cóm ós bens mais relevantes e as cóndutas que cóntenham certó grau de significancia sócial.

CONCEITO DE
D. PENAL

DIREITO PROTEGE BENS CRIA CRIMES E


PÚBLICO JURÍDICOS MAIS COMINA PENAS
RELEVANTES

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EXERCÍCIOS
1. O Direito Penal é ramo do Direito Privado que seleciona os bens jurídicos mais
importantes para a sociedade, cria crimes e comina penas.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

O Direito Penal é ramo do direito PÚBLICO, e não de Direito Privado, pois se


trata de uma relação entre Estado e administrado, ou seja, uma relação vertical. O
ramo do Direito Privado seria uma relação horizontal, ou seja, conflitos entre os
administrados. Como exemplo do ramo do Direito Privado, podemos citar o Direito
Civil.

2. O Direito Penal é o ramo do Direito Público que protege todos os bens sociais, cria
crimes e comina suas respectivas sanções.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

O Direito Penal não se importa com todos os bens, apenas com os mais
relevantes para a sociedade. Além disso, ele não se importa com qualquer conduta,
e sim com as condutas que tenham um relevante valor, um valor significante para
o Direito.

FONTES DO DIREITO PENAL


FONTE MATERIAL
A fonte material é justamente onde o Direito Penal é construído/criado/produzido. Em
regra, o Direito Penal tem como fonte material a União, pois é o Poder Legislativo Federal que
cria as leis penais. Excepcionalmente, e somente quando se tratar de matérias específicas,
também podemos citar os Estados federativos como fontes materiais do Direito Penal. Para
tanto, é imprescindível a criação de uma lei complementar federal concedendo tal autorização
ao Estado.

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Essa previsão encontra-se no Art. 22, da CF/88. Vejamos:


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - Direito Civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,


marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...)

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a


legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.

FONTE FORMAL
Já a fonte formal é justamente a forma de exteriorização do Direito Penal. É a forma
como o Direito Penal se apresenta no mundo exterior. Por isso, é chamada também de fonte
de conhecimento ou de fonte de cognição.
Para entender melhor, basta pensar o seguinte: a fonte material (União) cria a fonte
formal (a lei). Nesse caso, é por meio da lei que o Direito Penal se exterioriza no mundo real.
Pode-se afirmar ainda que a fonte formal se subdivide em duas: imediata e mediata.
FORMAL IMEDIATA
Apesar de a doutrina clássica apontar a lei como única fonte formal imediata, a doutrina
moderna inclui nessa modalidade não apenas a Lei, mas também a Constituição Federal, os
Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos, a jurisprudência, os princípios e os atos
administrativos.
FORMAL MEDIATA
Paralelamente, a doutrina clássica aponta como fonte formal mediata os costumes e os
princípios gerais do Direito. Mas para a doutrina moderna, a fonte formal mediata seria a
própria doutrina. Nesse caso, os costumes são considerados fontes informais.

A União e,
FONTE Doutrina Moderna
excepcionalmente, Doutrina Clássica
MATERIAL
os Estados.
Lei, CF, TIDH,
Jurisprudência,
IMEDIATA Lei princípios e atos
FONTE FORMAL administrativos.
Costumes e os princípios Doutrina.
MEDIATA
gerais do Direito.

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PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DIREITO PENAL


CONCEITO DE PRINCÍPIO
O princípio é a base, é o alicerce do direito. Tanto serve para sustentar como para impor
limites ao direito. Para entendermos melhor podemos citar o conceito de princípio de Pinto
Ferreira. Vejamos:

“os princípios estão para o direito assim como os trilhos estão para a locomotiva”

Percebe-se que quem tem a força é o direito (representado pela locomotiva), porém,
essa força é limitada pelos princípios (aqui representados pelos trilhos). Em resumo, os
princípios orientam, sustentam e, ao mesmo tempo, impõe limites ao direito.

Alguns doutrinadores costumam dividir os princípios em dois grupos: constitucionais e


jurisprudenciais e doutrinários. Eremos abordar os mais relevantes.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Os princípios constitucionais são aqueles previstos na Constituição Federal,
principalmente no Art. 5º da Carta Magna. Vejamos os mais relevantes no tocante ao Direito
Penal:

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade do Direito Penal está previsto no Art. 5º da CF/88 e também no
Art. 1º do Código Penal. Vejamos:

Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Tal princípio tem como objetivo garantir a segurança jurídica e limitar o poder punitivo
estatal, uma vez que proíbe que a lei penal seja aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada
em vigor e, ao mesmo tempo, impede que o Estado puna alguém, caso a conduta praticada por
ele não esteja prevista em lei como crime. Além disso, o princípio da legalidade reserva a
matéria crime para a lei em sentido estrito e impede que tipos penais incriminadores sejam
criados por outros meios diversos da lei.
Por esse princípio, o crime e sua respectiva sanção só podem ser criados por lei em
sentido estrito (criada pelo Poder Legislativo federal, em regra) e essa lei penal incriminadora
só poderá ser aplicada aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor.
Assim, podemos afirmar que o princípio da legalidade pode ser subdividido em dois:
reserva legal e anterioridade da lei. Para termos uma didática melhor, iremos estudá-los
separadamente.

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PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL


O princípio da reserva legal estabelece que o crime e sua respectiva sanção só podem ser
criados por lei em sentido estrito, ou seja, lei criada pelo Poder Legislativo. Nota-se que tal
princípio RESERVOU a matéria CRIME para ser tratada com exclusividade pelo Poder
Legislativo, o qual representa o povo brasileiro.
Portanto, atenção! Lei penal incriminadora só pode ser criada por lei em sentido
estrito. Medida provisória, decreto, regulamento, ou qualquer outra coisa, NÃO podem
tipificar condutas nem cominar sanções.
Porém, é preciso ter muito cuidado! A lei penal NÃO incriminadora não deve respeito
ao princípio da reserva legal. Ou seja, a lei penal que não cria crime nem comina pena pode ser
criada por meio de lei em sentido amplo, por exemplo, por meio de decreto.
O que mais aparece em provas de concursos são questões afirmando que Medida
Provisória pode tipificar condutas e cominar penas. Mas o Art. 62 da CF/88 deixa claro que
isso não é possível. Vejamos:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República


poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a: […]

b) Direito Penal, processual penal e processual civil

Apesar de o artigo não especificar se a proibição é para qualquer tipo de lei penal ou
apenas para lei penal incriminadora, devemos seguir o que a doutrina majoritária afirma.
Portanto, se cair na prova objetiva, você deverá responder que o Presidente da República
somente poderá editar Medida Provisória no tocante à Lei Penal, se e somente se a lei penal
for NÃO incriminadora. Caso seja uma questão discursiva, você terá que abordar as duas
correntes:
➢ A primeira corrente afirma que a medida provisória não pode ser editada para
tratar de NENHUMA lei penal.

➢ A segunda afirma que é proibido editar medida provisória apenas no tocante à lei
penal INCRIMINADORA. Essa última prevalece no STF.

Cabe salientar que a reserva legal também impede utilização da analogia in malam
partem, ou seja, para prejudicar o réu. Nesse caso, não é possível comparar um fato novo com
um fato tipificado como crime para então punir alguém, nem mesmo comparar um fato
qualquer com uma qualificadora, por exemplo, para qualificar o crime e prejudicar o réu.
Por fim, é importante saber que, se por acaso o Presidente da República editar uma
Medida Provisória tipificando uma conduta, ela NÃO PODERÁ SER CONVALIDADA, pois tal
MP é considerada inconstitucional e, portanto, é inválida desde sua origem.

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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL


Já o princípio da anterioridade da lei afirma que a lei deve vir antes do fato (não há crime
sem lei ANTERIOR que o defina) assim como a sanção deve ser cominada previamente (não há
pena sem PRÉVIA cominação legal).
Dessa forma, a lei penal só deve ser aplicada a fatos ocorridos após a sua entrada em
vigor.

Exemplo: No dia 1º de janeiro de 2020, Everton aperta a campainha da casa do vizinho e


corre. Tal conduta até então não era tipificada como crime. Dez dias depois, entra em vigor
uma lei que acrescenta a conduta de apertar campainha alheia no rol de crimes contra a paz
social. Pergunta: Everton pode ser punido? É claro que não, pois a lei veio após o fato.

Convém perceber que, em regra, a lei penal é ex nunc, que significa dizer que ela não
retroage para alcançar fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor. Temos então o
princípio da irretroatividade da lei penal, que pode ser visto como corolário do princípio da
anterioridade da lei penal. Vejamos o que diz o Art. 5º, XL, da CF/88:

Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o


réu;

Portanto, em regra, a lei penal NÃO pode retroagir e alcançar fatos passados. Porém,
poderá retroagir excepcionalmente se for para beneficiar o réu.

Exemplo 1: Everton cometeu o crime de tráfico de drogas em 2005, e a lei em vigor


nessa época previa uma pena de 5 a 10 anos de reclusão. Porém, Everton só foi julgado em
2006, quando já havia entrado em vigor a Lei 11.343/06, a qual aumentou a pena máxima
para 15 anos. Essa lei pode ser aplicada no julgamento de Everton? Não! Segue-se a regra: a lei
penal não retroagirá se não for para beneficiar o réu.

Exemplo 2: Everton foi preso pelo crime de adultério tipificado pela lei X e foi
condenado a cumprir uma pena de 1 ano de prestação de serviço comunitário. Dois meses
após o início do cumprimento da pena, surge uma lei penal nova (lei Y) que aboliu o crime de
adultério. Essa lei Y pode ser aplicada ao crime de Everton? Sim! Isso porque nesse caso irá
beneficiar o réu. O juiz deve liberar Everton imediatamente e apagar o nome dele do livro do
rol dos culpados.

Cuidado!

Nos chamados CRIMES PERMANENTES, o flagrante se protrai no tempo, portanto,


aplica-se a lei vigente no momento do fim do flagrante, independentemente se o flagrante
iniciou ainda durante a vigência de uma lei mais benéfica para o réu.

Exemplo: um crime de sequestro e cárcere privado iniciou quando uma lei x estava em
vigor, porém, antes da liberação da vítima, uma lei y (que piora a situação do réu) entra em
vigor revogando a lei x. Será aplicada a lei y, ainda que seja prejudicial ao réu, pois o flagrante
ainda existia quando a lei y entrou em vigor.

Outro caso muito cobrado em provas é sobre normas penais em vacatio legis. Podem ou
não podem ser aplicadas? A resposta é não!

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Vacatio legis é o tempo entre a publicação de uma lei até a sua entrada em vigor. Nesse
período, ela NÃO pode ser plicada. Isso é até lógico, pois a lei ainda não entrou em vigor.

Exemplo: a lei X foi publicada no dia 1ºde janeiro de 2020 e no final havia a seguinte
expressão: Essa lei entra em vigor 30 dias após sua publicação. São dois tempos diferentes,
o primeiro é a publicação da lei, o segundo é sua entrada em vigor, portanto, a lei só poderá
ser aplicada após o fim dos 30 dias, ou seja, do seu período de vacatio legis.

PRINCÍPIO DA FORMALIDADE DA NORMA

Alguns autores costumam citar outros princípios como sendo derivações do princípio da
legalidade. Iremos estudar dois deles: o da formalidade e o da taxatividade da norma penal.
O princípio da formalidade da norma indica que as normas penais incriminadoras
devem passar pelas formalidades legais. Isso nada mais é que o devido processo legislativo, ou
seja, é o rito por meio do qual a lei é criada. Leis penais, em regra, devem advir do Governo
Federal, da União, (Congresso Nacional). A criação de crimes e as suas penas são de
competência privativa da União, mas, como já vimos, excepcionalmente os Estados podem
receber autorização para tratar de condutas específicas de âmbito local.
Em matéria penal, o princípio da legalidade exige que a tipificação ocorra tanto por meio
de lei em sentido formal (devido processo legislativo) quanto em sentido material
(conteúdo de acordo com a CF/88).

Exemplo: A Câmara de Vereadores do Município X criou uma lei penal incriminadora.


Para a criação dessa lei, foram respeitados rigorosamente todos os procedimentos legais de
criação de lei municipal.

Nesse exemplo, a lei respeitou o sentido FORMAL da legalidade, pois passou pero rito
legal de criação de uma lei municipal. Porém, não respeitou o sentido MATERIAL, visto que a
matéria crime foi reservada à União.

PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DA NORMA

Esse princípio afirma que a lei penal deve ser clara e compreensível pelo homem
médio. Não pode deixar dúvidas; a população tem que entender claramente o sentido da
norma. A lei penal deve completa e precisa e deve delimitar expressamente a conduta
considerada criminosa.

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FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


Por fim, cabe ressaltar que o princípio da legalidade possui algumas funções
importantíssimas para o Direito e para a sua prova. Vejamos cada uma delas de forma bem
resumida e compreensiva.

A primeira função é a de proibir a retroatividade da lei, isso enxergamos dentro do


princípio da anterioridade da lei, que visa justamente garantir a segurança jurídica. Em latim
pode cair na prova da seguinte forma: nullum crimen nulla poena sine lege praevia, traduzindo,
não há crime e não há pena sem uma lei prévia.
A segunda função é a de proibir a criação de crimes e penas por meio dos costumes.
Podemos enxergar dentro do próprio princípio de reserva legal, o qual afirma que o crime só
pode ser criado por lei em sentido estrito, lei formal. Em latim, nullum crimen nulla poena sine
lege scripta, não há crime e não há pena sem lei escrita.
A terceira função é a de proibir o emprego de analogia para criar crimes. Como
vimos, a analogia só pode ser utilizada no Direito Penal se for para beneficiar o réu, e NUNCA
para criar um crime. Em latim, pode vir da seguinte forma, nullum crimen nulla poena sine lege
stricta.
Por fim, o princípio da legalidade visa proibir incriminações vagas e indeterminadas.
A lei deve ser clara e compreensiva, conforme estudado no princípio da taxatividade. Em
latim, nullum crimen nulla poena sine lege certa.

PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE

RESERVA ANTERIORIDADE
LEGAL DA LEI DA
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
FORMALIDADE

Crime e pena só podem A lei deve vir antes do fato


ser criados por lei em e em regra não retroage,
sentido estrito. PRINCÍPIO DA salvo para beneficiar o réu.
TAXATIVIDADE

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EXERCÍCIOS
3. O Art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Considerando esse dispositivo legal, bem
como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue.

A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por que é proibida,
em caráter absoluto, a analogia no Direito Penal, seja para criar tipo penal incriminador,
seja para fundamentar ou alterar a pena.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão afirma que é proibida a analogia em caráter absoluto, o que não é
verdade, uma vez que existe exceção, que é justamente sua aplicação para o
benefício do réu.

SOLUÇÃO COMPLETA

O que se proíbe, no Direito Penal, é a ANALOGIA que prejudique o réu, ou


seja, IN MALAM PARTEM. Porém, é permitida a analogia para beneficiar o réu, em
latim, IN BONAM PARTEM. A questão afirma que é proibida em caráter absoluto, o
que não é verdade, uma vez que existe exceção que é justamente sua aplicação
para o benefício do réu.

Nesse caso, não é possível comparar um fato novo com um fato tipificado
como crime para então punir alguém, nem mesmo comparar um fato qualquer com
uma qualificadora, por exemplo, para qualificar o crime e prejudicar o réu.
Porém, se a comparação for para derrubar a qualificadora ou para
desclassificar o crime, aí sim, pode ser utilizada.

4. (Cespe-2018) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e


coletivos e às garantias constitucionais.

Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser
feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal.

Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A lei deve respeitar tanto o sentido material, como o formal.

SOLUÇÃO COMPLETA

Pelo princípio da legalidade, mais precisamente o da formalidade da norma, a


lei penal incriminadora deve ser feita respeitando tanto o sentido formal, que é o
respeito ao devido processo legislativo, como também o sentido material, que
significa dizer que a lei deve respeitar a matéria em si.
Em matéria penal, a própria Constituição Federal conferiu à União a
competência para criar crimes. Portanto, se outro ente federativo criar um crime,
mesmo que respeite o sentido formal da norma, estaria desrespeitando o sentido
material. Já o sentido formal é o respeito ao rito legislativo pelo qual a lei deve
passar. No caso de crimes, teria que passar pelo Congresso Nacional em ambas as
Casas e depois seguir para o Presidente da República sancionar.
O erro da questão está justamente em afirmar que não se exige o sentido
formal.

5. (Cespe – 2016) O Art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas


dele decorrentes, julgue o item que se segue.

O Presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida


provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena
agravada ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA
A criação de crime e a cominação de pena só podem se dar por meio de lei
em sentido estrito. Medida provisória jamais poderá criar crime nem agravar uma
pena.

SOLUÇÃO COMPLETA

O Presidente da República pode editar Medida Provisória para criar lei penal
NÃO INCRIMINADORA, porém, para criar crime e cominar pena, ou até mesmo
aumentar a pena, devemos respeitar o princípio de reserva legal, ou seja, apenas
lei em sentido estrito é que pode tratar dessa matéria. Assim, criar tipos penais por
meio de medida provisória viola o princípio da reserva legal.

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Portanto, é inconstitucional agravar pena de crime por meio de medida


provisória. Igualmente, se tal medida for editada, não poderá ser convalidada pelo
Congresso Nacional, pois é considerada inconstitucional desde sua origem.
Portanto, a questão erra duas vezes, a primeira, quando fala em agravar pena
por meio de medida provisória; a segunda, quando fala que o Congresso pode
aprovar posteriormente.

6. (CESPE -2018) À luz do Código Penal, julgue o item que se segue.

No caso de entrar em vigor lei penal que inove o ordenamento jurídico ao prever como
crime conduta até então considerada atípica, será aplicada a retroatividade.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

A regra é que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

SOLUÇÃO COMPLETA

O princípio da anterioridade da lei afirma que a lei penal deve vir antes do
fato, assim como a cominação da pena deve ser prévia. Desse princípio deriva o da
irretroatividade da lei penal, o qual determina que a lei penal não pode retroagir e
alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, salvo se a lei nova
beneficiar o réu.

No caso em tela, a questão apresentou uma situação de lei penal


incriminadora. Dessa forma, ele não poderá retroagir, visto ser pior para o réu.
Segue a base legal para uma melhor compreensão:

Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

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7. (CESPE - 2017) Com relação ao acesso à justiça e aos princípios processuais, julgue o
item subsecutivo.

O princípio da legalidade não impede que o juiz apene o acusado criminal com base nos
costumes e que o legislador vote norma penal sancionadora de coação direta, impondo
desde logo a pena, sem julgamento.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

Uma das funções do princípio da legalidade é justamente impedir a utilização dos


costumes para criminalizar uma conduta ou apenar alguém. Apenas a lei é que
pode estabelecer isso. A questão peca ao afirmar que o princípio da legalidade não
impede tal situação.

SOLUÇÃO COMPLETA

Além disso, não pode haver norma penal sancionadora de coação direta, pois
para o Estado exercer o seu poder de punir, deve haver antes o devido processo
legal. Senão vejamos:

CF/88, Art. 5°,(...)


II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal.
CP, Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.

8. (CESPE – 2016) Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se


realizar incriminações vagas e indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo
penal incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da conduta proibida ou
imposta, sendo vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham
conceitos vagos e imprecisos.

Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão conceituou justamente o princípio da taxatividade, o qual deriva do


princípio da legalidade.

SOLUÇÃO RÁPIDA
Uma das funções do princípio da legalidade é justamente proibir incriminações
vagas e indeterminadas. A lei deve ser clara e compreensiva, conforme estudado
no princípio da taxatividade. Em latim, nullum crimen nulla poena sine lege certa.
Ou seja, não há crime nem pena sem que haja uma lei certa, clara, compreensiva
por todos.

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

Por esse princípio, as penas que serão imputadas devem ser adequadas de acordo com a
PERSONALIDADE, os antecedentes criminais, a conduta social, a natureza do agente. O juiz,
antes de sentenciar o acusado, deve fazer a dosimetria da pena. Isso é feito individualmente,
pessoa por pessoa.
Portanto, se duas pessoas praticarem juntas o mesmo crime, não significa que as penas
serão idênticas. O juiz vai observar a pena mínima e máxima. Porém, ele deve analisar as
circunstâncias judiciais do Art. 59 do Código Penal de forma individual, ou seja, ele analisa
cada agente delitivo individualmente para depois fixar a pena de cada um separadamente.
A individualização da pena deve ser feita com base nas duas finalidades básicas do
Direito Penal, quais sejam; ressocialização, também chamada de reabilitação e a prevenção.
A própria Constituição Federal expressa que a pena é individual e a lei deverá regular tal
individualização. Vejamos:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre


outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;


b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.

Cuidado!
Não se deve confundir a individualização com a intranscendência da pena. As
questões costumam misturar esses dois conceitos. Já estudamos a definição de
individualização, que impõe que a pena deve ser individual e cada pessoa deve ter
sua pena analisada separadamente. Agora, passaremos a estudar o princípio da
intranscendência.

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PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA

O princípio da intranscendência da pena sustenta que as sanções penais não podem


ultrapassar (transcender) a pessoa que foi condenada. Ou seja, só quem pode cumprir uma
sanção penal é a pessoa que foi condenada e, se ela morrer, a pena morre com ela.
Porém, as sansões civis, como a reparação do dano e o perdimento de bens, podem ser
estendidas para os sucessores (herdeiros) da pessoa que foi condenada. Mas essa
transferência tem um limite! Os sucessores só assumem as sanções civis até o valor do
patrimônio deixado pelo falecido. Vejamos o que diz a CF/88:

CF/88- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,


podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido.
Exemplo: Everton foi condenado por tráfico de drogas e crime de dano em concurso de
crimes e, na sentença, o juiz impôs uma pena de 10 anos de reclusão, decretou o perdimento
de uma casa no valor de 100 mil reais, a qual ficou provada que foi adquirida com o dinheiro
do tráfico, e a reparação do dano causado, no valor de 150 mil reais. Everton, que possuía um
carro no valor de 50 mil reais, morreu antes de iniciar a pena e, automaticamente, seus bens
passaram a ser do seu filho.
Quem vai cumprir os 10 anos de prisão que Everton ficou devendo? Ninguém! A casa
que agora pertence ao filho dele vai ser perdida em favor do Estado? Sim! Isso porque o
perdimento de bens se estende aos sucessores. O dano no valor de 150 mil reais será
realizado pelo filho integralmente? Não! O patrimônio deixado por Everton foi um carro no
valor de 50 mil reais. Nesse caso, o filho dele só fica obrigado a reparar apenas 50 mil reais do
dano, não se responsabilizando pelos 100 mil restantes.

EXERCÍCIOS
9. (CESPE- 2018) PC-SE - Delegado de Polícia
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias
constitucionais.

O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da pessoa


do condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcançarão
parentes do autor do delito.

Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

Conforme alertado anteriormente, as questões costumam inverter os


conceitos dos princípios. O princípio que determina que nenhuma pena passará da
pessoa do condenado é o da INTRANSCENDÊNCIA da pena, e não o da
INDIVIDUALIZAÇÃO, como afirma a questão.

SOLUÇÃO COMPLETA

O princípio da individualização de pena aduz que a pena é individual e deve


ser analisada separadamente, pessoa por pessoa. Vejamos o que diz a CF/88:

CF/88- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a


obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido.

Já o da intranscendência fala que a pena não pode passar da pessoa que foi
condenada. Convém perceber, no entanto, que o conceito está perfeito, mas a
banca trocou o princípio. Segue o texto da CF/88:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as


seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;


b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE


O princípio da presunção de inocência aduz que todos devem ser considerados
inocentes até que haja uma sentença penal condenatória transitada em julgado. Ou seja,
deve existir uma sentença condenando o réu e que não caiba mais nenhum tipo de recurso
para só então o réu ser taxado de culpado. É o que afirma a CF/88:
Art. 5º, LVII, CF/88 - ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Nesse caso, todos devem ser tratados como inocentes dentro e fora do processo. Dentro
do processo o juiz não pode decretar a execução da prisão condenatória do acusado se ainda
couber algum tipo de recurso. Já fora do processo, o acusado não pode ser prejudicado por
conta desse processo. Por exemplo, ele não pode ser eliminado na fase de investigação social
de um concurso na área policial apenas por responder a um processo crime.

MUDE SUA VIDA!


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CUIDADO!
O entendimento do STF ERA no sentido de que se a sentença fosse
confirmada em segunda instância; o início do cumprimento da pena, antes mesmo
de transitar em julgado, não feriria o princípio da presunção de inocência.
ESSE ENTENDIMENTO MUDOU!

Em 2019, o STF firmou entendimento no sentido de que o início do cumprimento


condenatório (prisão pena) só deve se dar após o trânsito em julgado. Dessa forma, o
entendimento hoje é o de que o início do cumprimento de prisão após a confirmação da
sentença em segunda instância, sem que haja o trânsito em julgado, fere, sim, o princípio da
presunção de inocência, e tal prisão é considerada inconstitucional. Porém, isso não impede
que o juiz decrete a prisão preventiva do réu durante o andamento do processo, se estiverem
presentes os requisitos da prisão preventiva, é claro!
Tal entendimento foi aplicado no julgamento do recurso que libertou o Ex-Presidente da
República, Luiz Inácio. O juiz, da 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba, baseado no novo
entendimento do STF, libertou Lula, pois ele seguia preso cumprindo uma sentença que até
então não teria transitado em julgado.
Por isso, cuidado! Pode constar em prova que o início do cumprimento de prisão penal, a
partir da confirmação da sentença em segunda instância, fere o princípio da presunção de
inocência. A resposta deve ser: sim; fere, sim.

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS


Estudamos os princípios fundamentais constitucionais que se aplicam ao Direito Penal.
A partir de agora vamos estudar alguns princípios doutrinários e jurisprudenciais.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O princípio da intervenção mínima é um dos mais importantes do Direito Penal.
Intervenção mínima do Direito Penal é dizer que esse direito deve intervir o mínimo possível
na vida das pessóas e “quantó menós utilizadó fór, mais eficiente ele será”.
Tal princípio sustenta que o Direito Penal só deve ser utilizado para proteger os bens
jurídicos mais relevantes, punindo as condutas que causem relevantes lesões ou ameaça
de lesões a esses bens, e só deve ser utilizado quando for estritamente necessário ao
controle social, e somente após o fracasso dos demais ramos do Direito.
Trata-se de princípio constitucional implícito, ou seja, não está escrito expressamente na
Constituição.
Depreende-se desse princípio que o Direito Penal não se importa com qualquer bem
jurídico, mas apenas com os mais relevantes, assim como o Direito Penal só deve se preocupar
com as condutas que causem lesão significante ou ameaça de lesão a esses bens. Aqui se
enxerga o caráter fragmentário do Direito Penal (protege apenas fragmentos).
Outro fator importante é que o Direito Penal só age quando todos os outros ramos do
Direito falham. Ou seja, se o ramo do Direito Civil resolver, o penal não pode ser aplicado. Aqui
se enxerga o caráter subsidiário do Direito Penal.

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EXERCÍCIOS

10. Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de Direito Penal, julgue o item
seguinte.

Segundo o princípio da intervenção mínima, o Direito Penal somente deverá cuidar da


proteção dos bens mais relevantes e imprescindíveis à vida social.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão está correta, pois conceituou perfeitamente o princípio da


fragmentariedade, o qual deriva do princípio da intervenção mínima do Direito
Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

A questão trata do caráter fragmentário do Direito Penal, enxergado dentro


do princípio da intervenção mínima. O Direito Penal deve intervir minimamente na
vida das pessoas, por isso, não deve se “meter” em tudo e sair protegendo todos
os bens jurídicos, mas deve, sim, selecionar os bens mais relevantes/importantes e
imprescindíveis à vida social e os proteger.

Do princípio da intervenção mínima derivam vários outros. Iremos estudar o princípio


da subsidiariedade, fragmentariedade, lesividade, adequação social e o da insignificância.
Estudaremos cada um separadamente, mas tenha em mente que eles podem ser entendidos
como derivados do princípio da intervenção mínima.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU NECESSIDADE

O princípio da subsidiariedade, ou para alguns princípios da necessidade, afirma que o


Direito Penal deve ser última opção, em latim ultima ratio. Ele só pode ser utilizado em
último caso e apenas quando todos os outros ramos do Direito falharem. Deve haver um
racionamento do Direito Penal.

Podemos citar como exemplo as hipóteses da aplicação desse princípio nos crimes de
ação penal privada:

MUDE SUA VIDA!


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Exemplo: No crime de DIFAMAÇÃO, que seguirá o rito dos crimes de menor potencial
ofensivo, regido pela Lei 9.099/96, antes do julgamento, é possível uma composição CIVIL do
dano (é, grosso modo, pagar um valor para a vítima).

Nesse caso, já que o Direito Civil conseguiu resolver, o Direito Penal não será aplicado. O
prócessó “mórre” antes de subir para a esfera do Direito Penal.

PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE

O Direito Penal não tutela todos os bens jurídicos, mas apenas os mais relevantes e
indispensáveis ao harmonioso convívio social no Estado Democrático de Direito.
Percebe-se que o Direito Penal separa os fragmentos/pedaços mais importantes para
tutelar, e os demais fragmentos/pedaços, aqueles que não são tão relevantes, ele deixa a
cargo dos demais ramos do Direito.
Podemos dizer que a fragmentariedade inicia no Congresso Nacional, no momento da
criação de uma lei. Lá o Poder Legislativo separa os bens indispensáveis ao convívio social,
separa as condutas que lesam ou expõem a perigo esses bens e tipifica essas condutas como
crimes, cominando suas respectivas penas.

Cuidado!

As questões costumam trocar os conceitos desses princípios.

EXERCÍCIOS

11. No que se refere aos princípios do Direito Penal e às causas de exclusão da ilicitude,
julgue o próximo item.

Em consequência da fragmentariedade do Direito Penal, ainda que haja outras formas de


sanção ou outros meios de controle social para a tutela de determinado bem jurídico, a
criminalização, pelo Direito Penal, de condutas que invistam contra esse bem será
adequada e recomendável.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

Quando existirem outras formas de sanção ou outros meios de o Estado


promover o controle social para a tutela de determinado bem jurídico, a

MUDE SUA VIDA!


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criminalização, pelo Direito Penal, de condutas que invistam contra esse


bem, NÃO será adequada e recomendável a utilização do Direito Penal. Além disso,
o princípio conceituado pela questão é o da SUBSIDIARIEDADE, e não o da
FRAGMENTARIEDADE, como diz a questão.

SOLUÇÃO COMPLETA

O princípio da fragmentariedade afirma que o Direito Penal só deve se


preocupar com fatos realmente graves. Portanto, a questão contém dois erros,
trocou o princípio da subsidiariedade pelo da fragmentariedade e ainda fez uma
afirmação errônea no tocante à subsidiariedade.

Atenção: a banca costuma trocar os conceitos dos princípios.

PRINCÍPIO DA LESIVIDADE/ALTERIDADE/ TRANSCENDENTALIDADE

O princípio da alteridade, também chamado de princípio da lesividade ou da


transcendentalidade, assevera que o Direito Penal só deve ser aplicado ao fato que cause lesão
ou perigo de lesão à coletividade ou a terceiros. Sendo assim, o Direito Penal não tutela o
homem diante dele mesmo.
Percebe-se que só haverá lesividade quando a conduta humana atingir um bem jurídico
de terceira pessoa ou um bem da coletividade.

Exemplo 1: Everton, com dolo de cometer dano ao patrimônio, ateia fogo no seu próprio
veículo.

Exemplo 2: Everton, com dolo de cometer dano ao patrimônio, ateia fogo no veículo de
seu vizinho.

Exemplo 3: Everton tentou suicídio, porém, por circunstâncias alheias à sua vontade, o
fato não chegou a se consumar.
No primeiro exemplo, o Direito Penal não pode agir, pois o princípio da
transcendentalidade não permite a tutela de condutas que não ultrapassem a esfera individual
do autor. Já no segundo exemplo, o Direito Penal deve ser aplicado, uma vez que a conduta do
autor feriu um bem patrimonial de outrem. E no terceiro exemplo, Everton será punido por
tentativa de suicídio? É claro que NÃO! Ele tentou contra a própria vida, não saiu da esfera
individual e, portanto, o Direito Penal não será aplicado.
Por fim, esse princípio impede a punição na fase da cogitação (pensamento), visto que
essa fase não lesa nenhum bem jurídico de terceiro, muito menos da coletividade. Dessa
forma, você pode pensar o que quiser, que o Direito Penal não vai punir você. Quem nunca
pensou em matar alguém que infernizou a sua vida?!

MUDE SUA VIDA!


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EXERCÍCIOS
12. (Cespe - Adaptada) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, em regra,
não é punível.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

A autolesão não é tutelada pelo Direito Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA
Segundo o princípio da lesividade, o bem jurídico protegido deve ser de
TERCEIRO, de modo que a autolesão não é punível. Assim, aquele que se auto
lesiona não pode ser punido com a legislação penal, pois o Direito Penal não tutela
o homem diante dele próprio.
Por fim, esse princípio impede a punição na fase da cogitação (pensamento),
visto que essa fase não lesa nenhum bem jurídico de terceiro, muito menos da
coletividade.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL OU HISTÓRICA


As normas são reflexos de um momento histórico no qual elas foram criadas, por isso,
com o passar do tempo, elas podem se adequar à sociedade e deixar de fazer parte dos bens
tutelados pelo Direito Penal. Ou seja, passam a ser INSIGNIFICANTES para o Direito Penal.

O princípio da adequação social/histórica afasta a tipicidade MATERIAL, e


conseguintemente torna a conduta ATÍPICA. (obs.: esse assunto (tipicidade) será abordado na
aula de Teoria do Crime).

A seguir, constam alguns exemplos de aplicação do princípio da adequação social:

Exemplo 1:, mulher honesta no crime de estupro: tempos atrás só quem poderia ser
vítima de estupro era a mulher honesta. Ou seja, uma prostituta póderia ser “estuprada” e ó
autor de estupro não responderia por nada, apenas por ela ser considerada desonesta. Isso
não existe mais no Brasil, pois a sociedade se adequou a uma nova realidade e hoje qualquer
mulher (inclusive o homem) tem sua dignidade sexual protegida pelo Direito Penal.

Exemplo 2: crime de adultério: tempos atrás existia o crime de adultério, porém, esse
crime foi abolido pelo princípio da adequação social. O adultério hoje em dia não é mais
relevante para o Direito Penal, e tal conduta hoje é considerada atípica.

MUDE SUA VIDA!


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Nesse caso, o Direito Penal deve se adequar à sociedade de duas maneiras: a primeira -
condutas insignificantes para o Direito Penal podem ser inseridas no contexto de alta
relevância para a sociedade e, dessa forma, passar a ser tuteladas pelo Direito Penal; a
segunda - condutas antes relevantes para a sociedade podem tornar-se insignificantes e
deixar de fazer parte da tutela penal.
Porém, para uma conduta ser considerada insignificante e deixar de fazer parte da
esfera da tutela penal, é imprescindível que haja uma lei nova revogando tal conduta outrora
tipificada como crime. Vejamos o que disse o STJ no tocante à conduta de expor CDs e DVDs
piratas à venda:
Súmula nº 502 do STJ - Presentes a materialidade e a autoria,
afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do
CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

Como consta na súmula supracitada, a conduta de expor CDs e DVDs piratas à venda
continua sendo crime. Isso porque, apesar de ter se adequado à sociedade, ainda não foi
revogada pela lei e, portanto, continua sendo punível.

EXERCÍCIOS

13. (CESPE - Departamento de Polícia Federal 2018)

A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em
determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais,
que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.

Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

A conduta de expor esses materiais piratas à venda continua sendo crime,


uma vez que não foi editada nenhuma lei abolindo-a.

SOLUÇÃO COMPLETA

É justamente o que trata a Súmula nº 502 do STJ - o STJ afasta por


completo a possibilidade de aplicação do princípio da adequação social à conduta de

MUDE SUA VIDA!


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expor à venda CDs e DVDs pirateados. Trata-se de conduta típica, prevista no Art.
184, 1º e 2º do CP. Segue a sumula na íntegra:

Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime


previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIME DE BAGATELA

Um dos mais cobrados em provas de concursos e OAB, o princípio da insignificância


baseia-se em duas premissas: o Direito Penal não deve ser usado para tutelar coisa ínfima
(pequena); e, muitas vezes, é possível a aplicação da lei penal, porém não é razoável nem
necessária tal aplicação.
Como vimos no próprio conceito do Direito Penal, esse “super Direito” só deve ser
utilizado para proteger bens de relevante valor social e só deve agir contra condutas que
causem uma lesão ou ameaça de lesão significante a esses bens. Caso a conduta seja muito
pequena, ínfima, insignificante, o Direito Penal não será aplicado.

Exemplo: um agente entra em uma grande loja e subtrai uma camisa, no valor de
30,00. No momento do furto, ele estava sendo vigiado por câmeras de segurança e, assim que
ele sai da loja, é surpreendido pelos seguranças que o prendem em flagrante delito pelo crime
tipificado no Art. 155 do CP (furto).

Cumpre observar que é até possível aplicar o Direito Penal a esse fato! Porém, é
razoável? Não! Já pensou ter que movimentar toda máquina pública - instaurar um inquérito
policial, ocupar o Ministério Público, ocupar o Poder Judiciário, etc. por conta de uma camisa
de 30,00?! Não seria razoável!
Ou seja, a conduta tem tipicidade formal (que seria a adequação da lei ao caso
concreto), mas não tem tipicidade material (que seria a significância/relevância da
conduta), tal conduta é insignificante e o Direito Penal não tutela coisa ínfima.

Mas, atenção!

Não é em qualquer caso que o princípio da bagatela pode ser aplicado! O STJ e o STF
estabeleceram 4 requisitos imprescindíveis à aplicação desse princípio. Deve haver o
concurso deles para a caracterização da insignificância. Vejamos:

➢ Mínima ofensividade da conduta do agente.


➢ Ausência de periculosidade social da ação.
➢ Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
➢ Inexpressividade da lesão jurídica causada.
Convém frisar que apenas um deles deve estar AUSENTE (A PERICULOSIDADE), pois os
demais podem até se fazer presentes, porém de forma bem reduzida, chegando a ser
insignificante.
Esses vetores são cumulativos, ou seja, para a aplicação do princípio da bagatela devem
estar presentes todos os 4 requisitos. Segue abaixo um mnemônico para facilitar sua
memorização:

MUDE SUA VIDA!


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Não esqueça! Somente MARI consegue aplicar o princípio da insignificância:

Mínima ofensividade da conduta do agente.


Ausência de periculosidade social da ação.
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
Inexpressividade da lesão jurídica causada.

É importante ressaltar que o STJ cita um quinto vetor do princípio da


insignificância, apontado como sendo o valor subjetivo do bem furtado para a
vítima.

Algumas observações serão imprescindíveis para a sua prova. Acompanhe cada uma
delas com bastante atenção.
Crime de falsificação de moeda não admite bagatela, ou seja, o agente que fabricar uma
moeda de 5 centavos será punido pelo Direito Penal, pois, nesse caso, não existe mínima
ofensividade na conduta, uma vez que fere a fé pública das cédulas. Vejamos o que disse a 6ª
turma do STJ ao julgar um agravo:

O bem jurídico tutelado pelo Art. 289 do Código Penal (moeda


falsa) é a fé pública, a credibilidade da moeda e a segurança de sua
circulação. Independentemente da quantidade e do valor das
cédulas falsificadas, haverá ofensa ao bem jurídico tutelado, razão
pela qual não há que se falar em mínima ofensividade da conduta
do agente, o que afasta a incidência do princípio da insignificância.

Igualmente, o valor inferior a um salário mínimo, por si só, não configura a


insignificância. O valor de um bem pode ser insignificante para determinada pessoa, porém,
para outra, pode ser altamente significativo. Imagine um idoso aposentado que recebe um
salário mínimo por mês para seu sustento. Se alguém subtrair dele a metade desse salário,
você acha que é significativo para ele? É claro que sim, pois ele irá passar fome até receber
novamente, e resta clara a expressividade da lesão jurídica causada. Agora imagine um
empresário forte (Evandro Guedes), se alguém subtrair um salário mínimo da conta dele, você
acha que é significativo? É claro que não. Nesse último caso, enxergamos perfeitamente a
inexpressividade da lesão jurídica causada.
Portanto, a análise da inexpressividade na lesão jurídica varia de caso para caso, e o
salário mínimo, por si só, não deve servir de parâmetro caracterizador da bagatela.

Cabe ressaltar ainda que, em regra, não se admite a insignificância nos crimes contra
a Administração Pública. Vejamos o entendimento sumulado pelo STJ:

Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos


crimes contra a Administração Pública. STJ. Corte Especial.
Aprovada em 20/11/2017.

MUDE SUA VIDA!


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Mas existe uma exceção!

É plenamente possível a aplicação da bagatela no crime de DESCAMINHO, se o valor


não ultrapassar 20 mil reais. Aqui devemos tomar muito cuidado, pois esse valor ANTES era
de 10 mil reais para o STJ e 20 mil para o STF, mas o entendimento mudou: HOJE esse valor é
de 20.000,00 (vinte mil reais) tanto para o STF como para o STJ.

Cuidado! O crime de CONTRABANDO não admite a aplicação do princípio


supramencionado.

Outra informação importante para a sua prova é a interferência da reincidência na


aplicação desse princípio.
Segundo o STF, a reincidência, POR SI SÓ NÃO, desnaturaliza a insignificância. Ou seja,
é possível a aplicação do princípio da insignificância aos reincidentes, desde que presentes os
4 requisitos. Segue parte da decisão:
Importante registrar, finalmente, que a mera circunstância de ser a
ora paciente reincidente não basta, por si só, para afastar o
reconhecimento, na espécie, do denominado delito de bagatela.
HABEAS CORPUS 155.920 MINAS GERAIS RELATOR : MIN. CELSO
DE MELLO

É importante também estudar a Súmula 589 do STJ, que afirma ser inaplicável o
princípio da insignificância aos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher
no âmbito das relações domésticas e familiares.

Por fim, é importante saber que, segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da


insignificância não deve ser aplicado a casos de furto qualificado. STJ, RECURSO
ESPECIAL Nº 1.413.914 - GO (2013/0355554-3), 05/11/2013

EXERCÍCIOS

14. (CESPE- 2018 - Analista Judiciário)

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a
seguir, acerca de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a Administração


Pública, desde que o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

A jurisprudência é no sentido de não se aplicar o princípio da insignificância


aos crimes contra a Administração Pública.

MUDE SUA VIDA!


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SOLUÇÃO COMPLETA

Vejamos a súmula do STF:


Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
Administração Pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017.

Porém, no crime de descaminho, é perfeitamente possível a aplicação do


crime de bagatela, desde que o valor da mercadoria não seja superior a 20
SALÁRIOS MÍNIMO, e não a 1 salário mínimo, como fala a questão.

15. (Adaptada) No Direito Penal, o princípio da insignificância, segundo o entendimento do


STF, pressupõe apenas três requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da
conduta do agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA
O princípio da insignificância requer o concurso de 4 vetores, e não de 3.

Solução completa

Cuidado! Não são apenas 3 requisitos, e sim 4, a saber:

Mínima ofensividade da conduta do agente.


Ausência de periculosidade social da ação.
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
Inexpressividade da lesão jurídica causada.

Deve haver o concurso deles. Nesse caso, faltou a inexpressividade da lesão


jurídica causada e isso deixou a questão errada.

É importante ressaltar que o STJ cita um quinto vetor do princípio da


insignificância, apontado como sendo o valor subjetivo do bem furtado para vítima.

16. De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da insignificância


pressupõe a constatação de certos vetores para se caracterizar a atipicidade material do
delito. Tais vetores incluem o(a):
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta.
e) expressiva lesão jurídica provocada.

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Questão 16: Gabarito: A.

SOLUÇÃO RÁPIDA
O reduzido ou reduzidíssimo grau de reprovabilidade é um dos vetores do
princípio da insignificância.

SOLUÇÃO COMPLETA

A questão cobrou os vetores do princípio da insignificância, e o único correto


encontra-se na alternativa “A”. Vejamos cada uma delas:

a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. Está correto.


Pode haver reprovabilidade, porém, deve ser em nível reduzido.

b) desvalor relevante da conduta e do resultado. Aqui o desvalor deve ser


irrelevante, e não relevante, como mencionou a questão. Portanto, alternativa
errada.

c) mínima periculosidade social da ação. Cuidado! A periculosidade não pode


existir, deve estar ausente. Se houver perigo, ainda que seja mínimo ou
inexpressivo, não podemos aplicar o princípio da insignificância.

d) relevante ofensividade da conduta do agente. Aqui deveria ser irrelevante


ofensividade; a ofensa deve ser mínima.

e) expressiva lesão jurídica provocada. A lesão jurídica pode até existir, mas
deve ser inexpressiva.

17. (Adaptada) O princípio da insignificância propõe ao ordenamento jurídico uma


redução dos mecanismos punitivos do Estado ao mínimo necessário, de modo que a
intervenção penal somente se justificaria nas situações em que fosse definitivamente
indispensável à proteção do cidadão.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

O conceito acima exposto diz respeito ao princípio da INTERVENÇÃO


MÍNIMA, e não ao da insignificância. Mais uma vez a banca trocou os conceitos e
induziu o candidato ao erro.

MUDE SUA VIDA!


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SOLUÇÃO COMPLETA

O princípio da intervenção mínima afirma que o Direito Penal deve ser utilizado o
mínimo possível. Ele deve ser guardado para ocasiões de relevante interesse social
e não deve ser usado para tutelar condutas ínfimas. Portanto, a questão trouxe o
conceito da intervenção mínima e falou que seria o princípio da insignificância.

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM

Ne bis in idem, que quer dizer “nãó repetir sóbre ó mesmó”, assevera que ninguém pode
ser responsabilizado duas vezes pelo mesmo FATO gerador. Portanto, uma pessoa só pede ser
processada uma única vez por cada fato que cometer.
Além disso, o ne bis in idem impede que o mesmo fato seja usado duas vezes para
agravar a pena do réu na fixação da pena. Por exemplo, o emprego de veneno, se for utilizado
como uma qualificadora do crime de homicídio, (Art. 121, § 2°, III) não pode mais ser usado
como agravante da pena prevista no Art. 62, II, “d”, do CPB. Isso porque, se assim fosse,
estaríamos diante do bis in idem, ou seja, repetindo e utilizando o mesmo fato para
responsabilizar o réu duas vezes. Vejamos os artigos na íntegra:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
(...)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum; (...)

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando


não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) (...)
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum.

No Art. 121 do CP, o emprego de veneno é utilizado para qualificar o crime de homicídio.
Já no Art. 62 do CP, o veneno é utilizado como agravante da pena. Se o juiz aplicar o veneno
para qualificar o crime, ele não poderá mais usá-lo para agravar a pena do agente.

Cuidado!
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo FATO, e não pelo mesmo
CRIME. As questões às vezes utilizam afirmações capciosas quanto a esse assunto.

MUDE SUA VIDA!


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Se a proibição fosse em relação ao mesmo crime, o agente que respondesse por crime de
homicídio estaria livre para matar quantas pessoas ele quisesse, uma vez que ninguém
poderia ser punido duas vezes pelo mesmo CRIME (homicídio + homicídio).

Cabe alegar que a sentença penal transitada em julgado, a qual forma coisa julgada
material, não poderá ser alterada para punir o réu, mesmo que surjam provas para isso.
Exemplo: Digamos que Everton tenha sido processado por crime de homicídio e no final
do processo foi absolvido porque o juiz entendeu não ser ele o autor do crime. Após essa
sentença transitar em julgado, Everton vai até o juiz e leva um vídeo do momento do crime, o
que prova que realmente foi ele o autor do delito. Everton vai ser punido? Não! Pois é
proibido o bis in idem.
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO

Aplica-se o princípio da consunção sempre que o crime-meio (menos grave) atuar como
fase de preparação ou de execução para o crime-fim (mais grave), ou seja, é quando o
crime-fim absorve o crime-meio.

Por esse princípio, o concurso de crimes é afastado e o agente responde apenas pelo
crime-fim. Por exemplo, se uma pessoa invade uma residência e furta alguns objetos, ela, em
tese, cometeu duas condutas típicas, invasão domiciliar e furto. Porém, a invasão serviu de
preparação para o furto. Para furtar uma residência, necessariamente o agente tem que
invadi-la. Nesse caso, ele só responde pelo furto, ficando a invasão (crime-meio) absolvida
pelo furto (crime-fim).

Faz-se necessário entendermos dois conceitos importantes no tocante ao princípio da


consunção: crime progressivo e progressão criminosa. Vejamos:

➢ Crime progressivo: dá-se quando o agente, para alcançar um resultado-crime


mais grave, passa necessariamente por um crime menos grave.

Exemplo: no homicídio, o agente necessariamente tem que passar pela lesão corporal,
um mero crime de passagem para matar alguém.

➢ Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado


mais grave. O agente deseja praticar um crime menos grave e, após consumá-lo,
decide cometer um crime mais grave. Aqui o dolo inicial é substituído.

Exemplo: é o caso do agente que inicialmente pretende somente causar lesões na


vítima, porém, após consumar os ferimentos, decide matá-la. Nesse caso, o agente só
responde pelo homicídio, fincando a lesão absolvida.
Como vimos, os princípios servem de base e impõem limites ao Direito. Por isso, o
conhecimento de alguns deles é imprescindível para o entendimento dos demais assuntos que
iremos estudar adiante.

MUDE SUA VIDA!


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MAPAS MENTAIS E RESUMOS

Preocupa-se com as agressões e ameaças + violentas.


Intervenção mínima

ou
Atua quando os demais ramos do Direito fracassarem.
última ratio

Subsidiariedade Só se usa quando os demais ramos do Direito não forem


ágeis.

Somente se Lesão
Lesividade usa esse
princípio em
caso de:
Perigo de lesão

Afasta a tipicidade
Adequação social
MATERIAL

Elencar leis , bens


Sentido social de justiça
tutelados pelo Estado

Excesso
Proporcionalidade Proibição

Proteção insuficiente

Alteridade A autolesão, EM REGRA, não é punível

Consunção O crime-fim absorve o crime-meio

ATENÇÃO ,CONCURSEIRO! A divisão apresentada nos mapas mentais é apenas para facilitar a divisão dos
princípios ,mas não quer dizer que todos decorram do princípio da intervenção mínima.

MUDE SUA VIDA!


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Princípio da insignificância Mínima ofensividade da conduta

Ausência de periculosidade social da ação


Requisitos do STF
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Requisitos
OBJETIVOS
Inexpressividade lesiva ao bem jurídico tutelado

Requisito STJ O valor do bem furtado, para a família, vítima

Requisito SUBJETIVO

PONTOS IMPORTANTES DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

QUADRO PROIBITIVO
Descaminho – Cabe a aplicação do
NÃO CABE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA princípio – Patamar R$20.000,00.
INSIGNIFICÂNCIA PARA :

➢ Tráfico de pessoas;
➢ Moeda falsa;
➢ Furto qualificado;
➢ Crimes contra a Administração
Pública (seguir o posicionamento do
STF);
➢ Roubo (ou crimes com violência ou
grave ameaça).

MUDE SUA VIDA!


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APLICAÇÃO DA LEI PENAL


INTRODUÇÃO

Quando estudamos a lei penal no tempo, o objetivo é saber quando é que a lei penal
pode ser aplicada, ou seja, a partir de que momento a lei pode ser aplicada e até quando.
Para entendermos a aplicação da lei penal no tempo, é imprescindível conhecer o
princípio da anterioridade da lei. Apesar de termos estudado no título anterior, faz-se
necessário um breve comentário a respeito desse princípio.

ANTERIORIDADE DA LEI PENAL

Como vimos no estudo dos princípios, a anterioridade da lei está explícita no Art. 1º do
Código Penal, assim como no Art. 5º da CF/88. Isso significa dizer que a criação de crime (ou
contravenção penal) deve se dar antes do fato, assim como a cominação de pena (ou medida
de segurança) também deve ser realizada anterior ao fato. Vejamos o que diz o Art. 1º, do
CPB:
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Diante disso, surge o princípio da irretroatividade da lei penal, o qual declara que a lei
penal não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor, essa é a
regra. Mas ao mesmo tempo, o princípio da irretroatividade da lei traz uma exceção à regra e
permite que a lei penal retroaja para fins de beneficiar o réu. Vejamos o texto de lei:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

LEI PENAL NO TEMPO

Então, a regra geral é que a lei penal será aplicada desde o momento em que entra em
vigor até o momento em que é revogada. Chamamos isso de período de atividade da lei penal.
É o momento em que a lei penal está apta a reger os casos concretos. Portanto, a lei penal é ex
nunc (não retroage).

➢ Atividade da lei penal: a atividade da lei é justamente o momento em que ela


deve “trabalhar”. É desde ó mómentó em que ela entra em vigór, até mómentó em
que é revogada.
Tomamos como exemplo o seguinte: falar ao celular dirigindo veículo, hoje não é crime.
Eu passo o dia de hoje dirigindo e falando ao celular, e amanhã surge uma lei que diz que a
partir de agora tal conduta é crime. Eu respondo por esse crime por ter cometido um dia

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antes? Não! Isso porque o fato veio antes da lei e a regra é que a lei deve vir antes do fato. A
regra é que a lei penal não deve retroagir para alcançar fatos anteriores a norma.

Mas, atenção! A lei penal pode ser publicada em uma data e entrar em vigor em outra
data. E como se chama esse período entre a data em que ela foi publicada e a data em que
entra em vigor? Chamamos de vacatio legis. Geralmente esse período dura 45 dias.
Durante o período de vacatio legis, a lei penal NÃO PODE SER APLICADA. Isso cai em
prova!
Atividade da lei

Lei publicada Lei/vigorada lei/revogada

vacatio legis
Tempo da lei penal/período de sua aplicação

Porém, existem situações em que a lei penal vai poder ser aplicada a casos ocorridos
antes de sua entrada em vigor ou até mesmo aplicada depois de ser revogada. Temos,
portanto, a EXTRA-ATIVIDADE da lei penal. É um períódó de “hóra extra” da lei, nó qual a lei
penal vai “trabalhar” mais dó que deveria.
A extra-atividade da lei penal se da pór meió da RETROATIVIDADE e da
ULTRATIVIDADE da lei. Em regra, issó acóntece sempre que fór para beneficiar ó reu.

➢ A retroatividade é quando a lei é aplicada para trás, ou seja, é aplicada a fatos


ocorridos ANTES da sua entrada em vigor.

➢ Já a ultratividade é quando a lei penal é aplicada para frente, ou seja, após ser
revogada, ela continua sendo aplicada aos fatos ocorridos durante o período em
que ela esteve em vigor.
Em ambas as situações, a regra é que só ocorrerá a extra-atividade (retroatividade ou
ultratividade) se for para beneficiar o réu.

Retroatividade
Benéfica
Extra-atividade

Ultratividade
Benéfica

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LEIS PENAIS EM BRANCO

São leis que necessitam de um complemento normativo para terem validade e serem
aplicadas.

Exemplo: a Lei de Drogas diz apenas que é crime vender, transportar, fornecer, etc., mas
não diz o que seria droga. Essa lei é complementada por uma portaria do Ministério da Saúde,
a qual traz um rol de substâncias que são consideradas drogas para fins do cometimento do
crime de tráfico de drogas.

A lei penal em branco pode ser classificada com heterogenia ou homogênea.

➢ HOMOGÊNEA: também chamada de norma penal em branco imprópria, é a lei


que foi complementada por outra lei. Ou seja, é uma lei sendo complementada pela
mesma espécie normativa.

Exemplo: crime de casamento contraído com ciência de impedimento absoluto. O que


seria impedimento absoluto? O Código Civil é quem vai dizer quais são as causas de
impedimentos absolutos, e o Código Civil também é uma lei. Portanto, lei + lei = homogênea.

➢ HETEROGÊNEA: também chamada de lei penal em branco própria, é a lei que tem
como complemento outra espécie normativa. Ou seja, trata-se de uma lei sendo
complementada por uma portaria, por exemplo.

Exemplo: a Lei de Drogas é complementada por uma portaria do Ministério da Saúde.


Portaria não é lei, portanto, lei + portaria = heterogênea.

Segue esquema:
Imprópria: Lei
complementando lei.

Homogênea

LEI PENAL EM
BRANCO

Heterogênea

Própria: portaria
complementando lei.

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ANTINOMIA JURÍDICA OU CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO

A antinomia jurídica é o conflito entre uma lei nova e a lei anterior que foi revogada por
essa nova lei. São situações em que podemos enxergar a aplicação extra-atividade da lei penal.

Diante desse conflito de leis no tempo, devemos saber quando a lei penal pode retroagir
ou ultragir e quando ela só deverá ser aplicada no seu período de atividade.
Vamos analisar caso a caso e utilizaremos ex nunc quando a lei nova for irretroativa e ex
tunc quando a lei penal puder retroagir. Lembrando que só será retroativa se beneficiar o réu.
Para memorizar, segue o seguinte esquema:

Dê uma tapa na NUCA de alguém que


ele vai andar para frente: NÃO vai
Ex nunc retroagir!

Lei nova

Ex tunc Dê uma tapa na TESTA de alguém que


ele vai andar para trás: ou seja, VAI
retroagir!

Vejamos a seguir os quatro tipos de antinomia jurídica (conflitos de lei penal no tempo).
ABOLITIO CRIMINIS

A abolitio criminis acontece quando uma lei nova revoga por completo determinado tipo
penal incriminador (lei que descriminaliza uma conduta). Tem previsão expressa no caput do
Art. 2º do Código Penal, vejamos:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

Exemplo: O ADULTÉRIO antes de 2005 era considerado conduta criminosa prevista no


Art. 240 do CP, e todos que adulteravam eram punidos com pena de detenção, de acordo com
a lei penal. Em 2005 veio uma lei nova e aboliu/revogou (acabou/descriminalizou) a conduta
de adulterar.

A abolitio criminis é retroativa (ex tunc), pois beneficia o réu, uma vez que acabou/aboliu
o crime. Percebe-se que a lei nova revogou o crime de adultério e, nesse caso, todos que
estavam respondendo pelo crime de adultério foram liberados imediatamente e tiveram seus
nomes excluídos do livro de rol de culpados.

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Retroatividade da lei nova

Conduta criminosa Vigência da lei nova que revogou o crime

Lei nova que revoga a lei incriminadora


Vigência da lei incriminadora

➢ ABOLITIO CRIMINIS X PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA

A abolitio criminis acontece quando uma lei nova descriminaliza um fato anteriormente
definido como crime. Já o princípio da continuidade normativo-típica, é quando uma lei
nova transfere uma conduta prevista como crime dentro de um determinado artigo da lei
penal para dentro de outro tipo penal incriminador criado pela lei nova, porém, essa conduta
continua tipificada em outro diploma legal. Vejamos o exemplo para você entender melhor:

Exemplo: O Art. 214 do CP punia o crime de atentado violento ao pudor, e uma lei nova
revogou esse artigo. Todavia, seu conteúdo foi transferido para o Art. 213 do CP e, agora, as
condutas antes previstas como atentado violento ao pudor passaram a ser consideradas como
crime de estupro. Não houve, portanto, abolitio criminis, pois a conduta continua sendo crime,
apenas mudou de nome. Cuidado com isso!

Atenção!
A abolitio criminis exclui a responsabilidade penal do agente, mas não exclui
as responsabilidades extrapenais (civil e administrativa).

NOVATIO LEGIS IN MELLIUS

A novatio legis in mellius é uma nova lei melhor para o réu. Aqui, diferentemente da
abolitio criminis, a lei nova não revoga o crime, apenas melhora um pouco a situação do réu.
Tem previsão expressa no parágrafo único do Art. 2º do CP. Vejamos:
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.

Exemplo: A POSSE DE ENTORPECENTE PARA CONSUMO PESSOAL, antes previa pena


de detenção, hoje, ninguém pode ser detido por esse crime, a pena máxima é uma
admóestaçãó verbal (‘’um puxãó de órelha’’ do juiz). Por ser benéfica ao réu, essa lei também
retroage para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, ela é, portanto, ex tunc.

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Cuidado!
As questões costumam misturar esses dois conceitos. Na abolitio criminis o
crime é revogado e a conduta deixa de ser crime. Já na novatio legis in mellius a
conduta continua sendo crime, a lei apenas melhorou um pouco a situação do réu,
como, por exemplo, diminuindo a pena, diminuindo o tempo de progressão de
regime, etc.

Retroatividade da lei nova

Conduta criminosa Vigência da lei nova melhor

Lei nova que melhora a situação do réu


Vigência da lei pior

ATENÇÃO!

Lei benéfica em seu período de vacatio legis já pode ser aplicada?


Como já vimos, entende-se majoritariamente que não. Mesmo sendo melhor
para o réu, essa lei ainda não pode ser aplicada. Só poderá ser aplicada depois que
entrar em vigor.

E quanto à jurisprudência benéfica, ela retroage?


Também majoritariamente entende-se que não retroage.

• Jurisprudência consiste em interpretações feitas por juízes e tribunais. A


doutrina majoritária entende que não podem retroagir para alcançar fatos
ocorridos antes dela se consolidar, mesmo sendo benéfica para o réu.

➢ LEIS PENAIS HÍBRIDAS

Leis híbridas são leis que trazem em seu conteúdo parte melhor e parte pior. A
pergunta é: admite-se a combinação de leis para beneficiar o réu? Ou seja, as leis
mistas/híbridas podem ser divididas e aplicadas apenas à parte boa da lei anterior e à parte
boa da lei nova?

Exemplo: Digamós que a lei “X” prevê uma pena privativa de liberdade de 5 a 10 anos e
multa para aquele que cometer determinada conduta. Surge uma lei nóva, “Y”, que agora
prevê uma pena privativa de liberdade de 10 a 15 anos e retirou a pena de multa. Ou seja,
piorou a pena privativa de liberdade e melhorou no tocante à multa.

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Nesse casó, é póssível aplicar a lei “X” apenas à parte boa que trata da pena privativa de
liberdade (05 a 10 anos) e apenas à parte boa da lei “Y” que trata da nãó aplicaçãó da pena de
multa?
• A primeira corrente diz que não é possível esse tipo de combinação, pois se
assim fosse (segundo Nelson Hungria), o Judiciário estaria criando uma
terceira lei, e não cabe ao Judiciário a criação de leis, uma vez que se isso
ocorrer estaria ele exercendo uma função típica do Poder Legislativo, ferindo,
portanto, o princípio da separação de poderes.
Nesse caso, ambas as leis terão que ser avaliadas no todo e será aplicada completamente
a lei mais benéfica ao réu.
Além desse grande doutrinador, temos o entendimento sumulado pelo Superior
Tribunal de Justiça. Vejamos o enunciado da súmula 501 do STJ:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais
favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Convém observar que a súmula indica que a lei deve ser aplicada na íntegra. Mesmo que
traga parte ruim para o réu, deve ser analisada inteiramente e assim aplicada.
Já o STF também decidiu adotar o mesmo entendimento o STJ no sentido da não
possibilidade de combinação de leis. Essa é a chamada teoria da ponderação unitária, a qual
admite a aplicação de uma única lei.

• A segunda corrente adota a teoria a ponderação diferenciada, a qual admite a


combinação de leis para aplicação apenas da parte boa de cada uma delas.
Podemos citar como apoiadores dessa corrente os doutrinadores Basileu Garcia
e Celso Delmanto.
Em questões objetivas, geralmente a banca pergunta qual o entendimento do STF ou do
STJ. A resposta deve ser no sentido da não possibilidade de combinação de leis.
Porém, se a questão perguntar acerca da possibilidade de combinação de leis no tocante
à doutrina, a resposta deve ser no sentido de que há, sim, essa possibilidade.

➢ COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO A LEI BENÉFICA

Para finalizar, é imprescindível saber de quem é a competência para aplicar a


retroatividade da abolitio criminis e a novatio legis in mellius. Para o STF, isso vai depender do
momento em que o processo se encontrar:

• Se o processo ainda estiver em curso, cabe ao juiz titular do processo aplicar a


lei que de qualquer forma beneficiar o réu.

• Se o processo já transitou em julgado (não cabe mais nenhum tipo de recurso) a


competência para aplicar a lei benigna para o réu passa a ser do juiz da
execução penal.

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Segue súmula 611 do Supremo Tribunal Federal para uma melhor compreensão do
assunto competência:

Súmula 611 – STF: Transitada em julgado a sentença condenatória,


compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.

NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA

A novatio legis incriminadora é uma nova lei que tipifica condutas como sendo crimes
(lei penal incriminadora). É a lei penal que toma uma conduta não criminosa e a transforma
em crime.

Exemplo: OS CRIMES CIBERNÉTICOS, que há pouco tempo não existiam, passaram a ser
criminalizados por lei. Essa lei, por piorar a situação do réu, segue a regra da lei penal e só
pode ser aplicada aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor, ou seja, não retroage, ela é
Ex nunc. Lembra do mnemônico? - Tapa na nuca (anda apenas para frente).

NOVATIO LEGIS IN PEJUS

Já a novatio legis in pejus, ou a chamada lex gravior, NÃO CRIA CRIME, apenas piora o
crime que já existe. É diferente da lei incriminadora. Mais uma vez, é preciso ter muito
cuidado! As bancas costumam misturar esses dois conceitos.

Exemplo: A LEI DE TRÁFICO DE DROGAS (Lei 6.368/76) até 2006 previa uma pena
máxima de 10 anos para quem cometesse tal conduta. De 2006 em diante, entrou em vigor
uma nova lei (11.343/06) que piorou a situação do réu, pois aumentou a pena máxima para
15 anos. Como estamos diante de uma lei que piora a situação do réu, ela não pode retroagir
e alcançar fatos anteriores à sua entrada em vigor, sendo, portanto, ex nunc.

Nesse caso, a lei antiga, mesmo estando revogada pela lei nova, que piorou a situação do
réu, continuará a ser aplicada aos fatos ocorridos durante sua vigência. É justamente a
ultratividade da lei penal.
Segue um esquema para melhor entendimento:

Ultratividade da lei velha

Conduta criminosa Vigência da lei nova pior

Julgamento conforme a lei


Lei nova que piorou a situação do réu 6368/76
Pena de 05 a 15 anos
Vigência da antiga lei 6368/76
Pena de 05 a 10 anos

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No esquema acima, a lei pior foi revogada pela lei melhor, porém, mesmo revogada, ela
foi aplicada posteriormente, ao fato ocorrido no período de sua vigência, utilizando-se da
ultratividade.
Atenção!
Nos crimes permanentes o nos crimes continuados, a lei penal nova, ainda
que seja prejudicial ao réu, será aplicada se, durante sua entrada em vigor, o crime
ainda estiver em andamento.

Súmula 711- STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime


continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.

Nó capítuló “Concurso de Crimes” estudaremos esses dois tipos de crimes


detalhadamente. Nesse momento, o objetivo é apenas saber que a lei mais grave pode ser
aplicada a eles, enquanto não cessar a sua continuidade ou permanência.

Segue um esquema para melhor memorização:

Abolitio criminis:
Ex tunc

Novatio legis in mellius:


Ex nunc
Conflito de leis
penais no tempo
Novatio legis incriminadora:
Ex nunc

Novatio legis in pejus:

Ex nunc

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA

A lei excepcional ou temporária é uma lei criada para regulamentar períodos de


anormalidades, como, por exemplo, períodos de guerra, calamidade pública, Copa do Mundo,
Olimpíadas, etc. e são sempre ultrativas, uma vez que, mesmo revogadas, continuam sendo
aplicadas aos fatos ocorridos durante seu período de vigência. A previsão legal está no Art. 3º
do CP, vejamos:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

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Mas qual é a diferença entre uma e outra?

➢ LEI EXCEPCIONAL: tem data de início de vigência, mas não tem data do final da
sua vigência. Dura até terminar a anormalidade jurídico-social.

Exemplo: lei de guerra que proíbe a população litorânea de acender luzes à noite. A
guerra tem data de início, mas não temos como prever seu final.

➢ LEI TEMPORÁRIA: tem data de início e tem data de fim de vigência.

Exemplo: Lei das Olimpíadas no Brasil (Lei 13.284/61) - essa lei foi criada para
proteger o patrimônio material e imaterial das entidades que organizaram os jogos olímpicos
no Brasil. As olimpíadas tiveram data de início e data de fim, portanto, essa lei é uma lei
temporária.

Tanto a lei excepcional como a temporária são sempre ultrativas, ou seja, serão
aplicadas aos fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de serem revogadas.

Exemplo: a Lei das Olimpíadas proibia a venda de materiais de marcas diferentes das
que patrocinavam o evento. Digamos que Antônio passou as Olimpíadas vendendo outras
marcas. Assim que o evento acabou, a lei temporária deixou de ter validade, porém, meses
depois, descobriram que Antônio vendeu marcas proibidas no período em que a lei esteve em
vigor.

Antônio vai ser punido de acordo com a lei temporária, mesmo ela estando revogada,
pois a lei temporária e a excepcional são sempre ultrativas. Se assim não fosse, essas leis não
teriam força intimidativa.

TEMPO DO CRIME
Para definir o tempo/momento do crime, o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da
atividade. Essa teoria afirma que o tempo do crime é o tempo em que se deu a atividade, ou
seja, a ação ou omissão, não importando, para tanto, o momento em que ocorreu o resultado.
Também chamada de teoria da ação ou, em latim, Tempus regit actum, tem previsão
legal no Art. 4º do CP. Vejamos o texto do artigo:
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Exemplo: Cibely, que tem 17 anos de idade, com intenção de matar, atira em Cleisson
aqui no Brasil no dia 01 de janeiro de 2020. Cleisson é socorrido e fica internado por 30 dias
no hospital, vindo a falecer no dia 30 de janeiro do corrente ano. Na data do resultado morte
(30 de janeiro) Cibely já havia completado 18 anos.

Nesse exemplo, qual seria o tempo do crime?


Como vimos, o Brasil adotou a teoria da atividade, portanto, o tempo do crime é dia 01
de janeiro de 2020.

Cibely vai responder pelo crime de homicídio?

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Não, pois no momento da ação ela ainda era inimputável (menor de 18 anos) e, portanto,
não comete crime. Nesse caso, ela responderá por ato infracional análogo ao crime citado, de
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A título de informação, cabe ressaltar que existem mais duas teorias que regem o tempo
do crime:
➢ Teoria do resultado: que indica como momento do crime o momento em que se
deu o resultado. No exemplo do homicídio, teríamos como momento do crime
exatamente o momento da morte da vítima.

➢ Teoria mista: que estabelece como tempo do crime tanto o momento da ação ou
omissão, como também o momento do resultado.
Nenhuma dessas duas últimas foi adotada no Brasil.

O tempo do crime também é utilizado para estabelecer a lei que será aplicada ao caso
concreto. Em regra, aplica-se a lei vigente na data da ação do crime, salvo nos casos de extra-
atividade da lei penal benéfica.

Cabe relembrar que nos casos de crime continuado e permanente, o tempo do crime é
até enquanto durar o flagrante. Sendo assim, ainda que sobrevenha uma lei mais gravosa, essa
será aplicada aos crimes que ainda não tiverem cessado sua continuidade ou permanência,
conforme afirma a súmula 711 do STF abaixo colacionada:
Súmula 711- STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.
Acabamos de estudar a aplicação da lei penal no tempo, ou seja, quando a lei pode ser
aplicada. Passaremos agora a estudar a aplicação da lei penal no espaço.

EXERCÍCIOS

18. (CESPE-2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.


No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se fala do
tempo do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento da ação ou da omissão.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado

SOLUÇÃO RÁPIDA

Quando se fala em tempo do crime, a teoria adotada foi a da atividade, e não a da


ubiquidade.

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SOLUÇÃO COMPLETA

Para solucionar essa questão de forma rápida e objetiva, basta atentar-se


para um mnemônico antigo, porém muito prático, o famoso LUTA, sendo a letra
”L” representando o lugar do crime e, em sua sequência, a letra “U” simbolizando a
teoria da ubiquidade e, logo após, as letras “T” e “A” representando o tempo e a
sua respectiva teoria adotada, a da atividade.

19. Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.

A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se
aplique aos crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida
lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão conceitua corretamente a aplicação da lei ao caso concreto na hipótese


de crimes permanentes ou continuados. Nesses casos, a lei aplicada será a vigente
à época em que cessaram a continuidade ou a permanência do crime.

SOLUÇÃO COMPLETA

A lei penal que será aplicada aos crimes permanentes e continuados será a lei
vigente à época em que cessou a continuidade ou permanência do crime, ainda que
sobrevenha uma lei mais gravosa, conforme o próprio STF externa sua
manifestação de pensamento, por meio de sua súmula vinculante número 711. A lei
penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

20. Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá
ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser
aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão começa corretamente, quando afirma que a teoria da atividade foi


adotada para definir o momento do crime, mas na segunda parte ela peca ao
afirmar que o local do crime é o local da ação ou omissão.

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SOLUÇÃO COMPLETA

De acordo com a leitura do Art. 4º e do Art. 6º do Código Penal, percebe-se


que, para o tempo do crime, o Brasil adotou a teoria da atividade; já para o lugar
do crime o Brasil adotou a teoria da ubiquidade.

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

21. Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em fevereiro de
2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alteração
legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido. Assertiva: Nessa situação, deve
ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio da irretroatividade
da lei penal mais gravosa.

SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Errado

Quando se tratar de crimes continuados e permanentes, a lei penal aplicada


será a do momento de cessação da conduta, mesmo que a pena seja mais gravosa.

SOLUÇÃO COMPLETA

Atente-se ao comando da súmula vinculante número 711:


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

22. (CESPE-2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir. No


ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se fala do tempo
do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento da ação ou da omissão.

Certo( ) Errado( )

SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Errado

A questão está errada, pois trocou as teorias adotadas no Brasil. LUTA -


Tempo do crime - teoria da Atividade, Local do crime - teoria da Ubiquidade.

MUDE SUA VIDA!


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23. (CESPE-2018) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de
crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com
determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em
operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido
à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação
hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que
diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o
Direito Penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.

Certo( ) Errado( )

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão está errada, pois quando se tratar de norma penal mais benéfica
para o réu, ela deverá ser aplicada em razão do princípio da retroatividade de lei
penal mais benéfica.

SOLUÇÃO COMPLETA

A lei penal é criada para ser aplicada durante o seu período de atividade, ou
seja, desde o momento em que entrar em vigor até o momento em que for
revogada. Porém, se a lei de qualquer forma beneficiar o réu, ela será aplicada no
período de extra-atividade: retroatividade e/ou ultratividade é quando a lei é
aplicada aos fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e também após sua
revogação, respectivamente.

24. (CESPE-2018) No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de


uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos
tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes,
crime impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse
tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo
penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio
criminis com a edição da nova lei.
Certo( ) Errado( )

Gabarito: CERTO

SOLUÇÃO RÁPIDA
O tipo penal não foi abolido, e sim transferido para dentro de outro tipo penal.

MUDE SUA VIDA!


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SOLUÇÃO COMPLETA

Trata-se do assunto relativo ao princípio da continuidade normativo-típica.


Esse princípio afirma que nesses casos o tipo penal não é abolido, justamente
porque há uma continuidade dele dentro de outro tipo penal incriminador.

É o exemplo do crime de atentado violento ao pudor que foi colocado dentro


do crime de estupro.

25. (CESPE - 2018)


Julgue o item a seguir, com base no que dispõe o Código Penal.
Situação hipotética: Um indivíduo desferiu facadas em alguém, com a intenção de matar. A
vítima veio a óbito três semanas depois. Assertiva: Nesse caso, considera-se praticado o
crime desde o momento em que as facadas foram desferidas (ação), ainda que somente em
momento posterior tenha ocorrido a morte da vítima (resultado almejado pelo agressor).
Certo( ) Errado( )

SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo

Considera-se praticado o crime no momento da sua ação ou omissão, pouco


importando se o resultado almejado foi alcançado em momento posterior. A
questão ainda traz a informação de que a consumação só ocorreu 3 semanas após
a ação do agente, mas o momento do crime é considerado o do deferimento das
facadas, uma vez que o Brasil adotou a teoria da atividade.

26. (CESPE-2018) Julgue o item subsecutivo, acerca de crime e aplicação de penas.


Na hipótese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicada a lei penal mais
grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessação da continuidade ou da permanência.
Certo( ) Errado( )

SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo

A questão atende à súmula vinculante 711 do STF: A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
à cessação da continuidade ou da permanência. Essa súmula é aplicada a crimes
permanentes ou continuados.

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27. Na cidade de Rio Branco – AC, Caio, brasileiro, atirou em João, que, ferido, fugiu em seu
veículo para um país vizinho, onde morreu em decorrência dos ferimentos produzidos pelo
projétil. O pai de João, Mário, brasileiro, revoltado com a morte do filho, decidiu matar a
família de Caio, que morava em outro país. Mário, então, sabendo que a esposa de Caio e
seu filho recém-nascido estavam internados em uma maternidade, sufocou-os com um
travesseiro. Ao encontrar seus familiares mortos, Caio atirou em Mário, matando-o, e
resolveu suicidar-se, tendo, para isso, contado com a ajuda de uma enfermeira, que lhe
administrou veneno.
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item seguinte, a respeito da
aplicação da lei penal no tempo e no espaço e dos crimes contra a vida.
Ainda que João tenha morrido posteriormente e em outro país, considera-se praticado o
crime no momento em que Caio atirou contra ele.
Certo( ) Errado( )

SOLUÇÃO RÁPIDA

Gabarito: Certo
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.

SOLUÇÃO COMPLETA

No Brasil, aplica-se da TEORIA DA ATIVIDADE. Assim, ainda que João tenha


morrido posteriormente e em outro país, considera-se praticado o crime no
momento em que Caio atirou contra ele.

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

Gabarito DAS QUESTÕES: 22-E 23-E 24-C 25-C 26- C 27-C

LEI PENAL NO ESPAÇO


INTRODUÇÃO
Quando falamos em lei penal no espaço, o objetivo é saber exatamente o local em que a
lei penal poderá ser aplicada. É saber o local estabelecido para o exercício do poder punitivo
estatal baseado. Para sabermos isso, estudaremos dois princípios: o da territorialidade
temperada e o da extraterritorialidade.

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA


O princípio da territorialidade, adotado como regra pelo Código Penal, afirma que a lei
penal será aplicada em todo território nacional, uma vez que este é onde o Estado exerce sua
soberania, independentemente da nacionalidade da vítima, do autor ou do bem jurídico
lesado. Vejamos o texto da lei:

MUDE SUA VIDA!


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Art. 5º- Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.
Atenção!
Não importa quem matou, quem morreu nem a quem pertencia o bem
jurídico atingido, o que importa é o local no qual ocorreu o crime, pois aqui
estamos analisando a aplicação da lei penal no espaço.

Convém frisar que ao indagar sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, o artigo admite a aplicação de leis estrangeiras aos crimes cometidos dentro do
território brasileiro. Chamamos isso de INTRATERRITORIALIDADE. Podemos citar como
exemplo os casos de imunidades diplomáticas. Por isso, o princípio da territorialidade foi
adotado de forma temperada ou mitigada.

Como visto, a regra é que a lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos
dentro do território nacional, mas o que se entende por território? Veremos a seguir:

DIVISÃO DO TERRITÓRIO

O território nacional é o local em que o país exerce sua soberania. A doutrina divide o
território nacional em dois grupos: físico, que é o território propriamente dito e ficto ou
também chamado de abstração jurídica, que nada mais é que uma extensão do território
nacional. Estudaremos ambos separadamente para uma melhor compreensão.

TERRITÓRIO FÍSICO/PROPRIAMENTE DITO/EFETIVO/REAL


É considerado território físico a área continental, o mar territorial, os lagos, as ilhas e o
espaço aéreo nacional, sujeitos ao exercício da soberania do Estado. Vejamos a seguir alguns
detalhes:

➢ Área continental: É a terra, tudo aquilo que você consegue pisar.


➢ Ilhas: Oceânicas (Fernando de Noronha), fluviais (nos rios), lacustres (nos lagos).
➢ Mar territorial: 12 milhas náuticas/marítimas contadas a partir das linhas de
baixa-mar do litoral.
Atenção, aqui, pois não é medido em quilômetros, e sim em milhas náuticas ou
marítimas. Cada milha corresponde a 1,66 km. Mas se a questão falar em 12 km, estará errada.
Isso está previsto na Lei 8.617/93.

Cuidado!
Esse espaço de 12 milhas náuticas é o mar territorial onde a lei penal
brasileira pode ser aplicada, mas é diferente da zona contígua (das 12 até as 24
milhas náuticas), da zona de exploração econômica exclusiva (das 12 às 200 milhas
náuticas) e da plataforma continental.

➢ Espaço aéreo brasileiro: tudo que estiver acima do território brasileiro, inclusive
acima do mar territorial. Cabe ressaltar que o Brasil adotou o princípio da

MUDE SUA VIDA!


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soberania mediante a coluna atmosférica, o qual afirma que o espaço aéreo


nacional acaba quando acabar a força gravitacional (Lei 7.565/86, Art. 11).
Já sabemos o que se entende por território físico. Passaremos agora a analisar o que se
entende por território fictício.
TERRITÓRIO FICTÍCIO, ABSTRAÇÃO JURÍDICA, EXTENSÕES DO
TERRITÓRIO
São as embarcações e as aeronaves brasileiras públicas ou privadas. Ambas são
consideradas uma extensão do território nacional ou jurídico. Por isso, são chamadas de
abstração jurídica ou de território ficto ou fictício. Vejamos o que dispõe o Código Penal a esse
respeito:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do


território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados


a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.

➢ CONCEITOS IMPORTANTES

Para resolver as questões sobre aplicação da lei penal no território ficto, alguns conceitos
são imprescindíveis:

• São brasileiras: quando registradas nos órgãos públicos brasileiros e


navegarem com o pavilhão principal usando a bandeira do Brasil. Geralmente a
questão deixa claro que é brasileira, mas a CESPE às vezes traz implicitamente a
informação e você tem que interpretar.
• Serão públicas: as que pertencem ao Estado Brasileiro (ex.: Marinha ou
Aeronáutica) e as privadas a serviço do Brasil (alugadas para a Marinha, por
exemplo).
• Serão privadas: são as mercantes - destinadas ao transporte de cargas ou
passageiros (ex.: transporte de soja de um estado para outro), e as pertencentes
a particulares.

• Águas internacionais: águas de ninguém ou de todos, é o alto-mar (comum a


várias nações).
• Águas estrangeiras: águas que pertencem a outro país. Dentro das 12 milhas
náuticas de uma determinada nação.

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Portanto, temos que saber se ela é brasileira ou estrangeira, depois saber se é pública ou
privada. Além disso, no tocante às privadas, temos que saber onde elas se encontravam no
momento do crime. A partir de então, fica fácil aplicar as regras que estudaremos a seguir e
assim saber qual é a lei penal que será aplicada aos crimes ocorridos dentro desses ambientes.

EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS
➢ EMBARCAÇÃO BRASILEIRA PÚBLICA
Para a embarcação brasileira pública, devemos aplicar a seguinte regra: onde quer
que esteja, será considerada extensão do território brasileiro.
Não importa se está navegando (andando) ou aportada (parada). Portanto, ao crime
ocorrido dentro dessa embarcação será aplicada a lei penal brasileira, independentemente
da nacionalidade de quem cometeu o crime ou da vítima. É o que dispõe o § 1º do Art. 5º do
CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, (...)bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Exemplo: há um navio da Marinha do Brasil aportado em território português e um


argentino mata um italiano dentro dele. A lei penal brasileira será aplicada a esse crime por
meio do princípio da territorialidade, pois o crime ocorreu dentro do território nacional
brasileiro, chamado de ficto ou de abstração jurídica ou território por extensão. Cumpre
lembrar que não importa a nacionalidade do autor do crime ou da vítima.

Exemplo: há um navio privado alugado a Marinha do Brasil, em território argentino,


um alemão mata um argentino dentro do navio, este também responderá pela lei penal
brasileira, pois o navio brasileiro privado a SERVIÇO DO PAÍS também é considerado público
por equiparação.
Portanto, se a embarcação é brasileira e pública, ou sendo privada esteja a serviço da
República Federativa, onde quer que esteja, será considerada território nacional e a lei penal
brasileira será aplicada a todos os crimes que ocorrerem dentro dala.

➢ EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS PRIVADAS ou MERCANTES

Só estarão sujeitos às leis brasileiras os crimes cometidos nessas embarcações estando


elas em TERRITÓRIO BRASILEIRO (dentro das 12 milhas náuticas) ou em ÁGUAS
INTERNACIONAIS (fora das 12 milhas/ águas pertencentes a todas as nações). É o que dispõe
a segunda parte do § 1º do Art. 5º do CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, (...)
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.

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Se essa embarcação adentrar em águas estrangeiras (dentro das 12 milhas náuticas de


outro país), a lei aplicada será a do país estrangeiro.

Exemplo: Evandro pega o iate dele, enche de mulher e sai mar adentro. Antes de o iate
atravessar a linha das 12 milhas náuticas, uma das mulheres mata a outra com ciúme dele.
A lei que será aplicada será a brasileira.

Exemplo: Suponhamos que o iate já havia ultrapassado as 12 milhas náuticas. Será


aplicada a lei penal brasileira, pois se trata de águas internacionais (águas de ninguém ou de
todos).

Exemplo: O iate já havia adentrado em águas estrangeiras (dentro das 12 milhas


náuticas da Argentina) a lei da Argentina será aplicada, pois o navio brasileiro privado, ao
entrar em território nacional estrangeiro, deixa de ser território nacional por extensão.

EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS

Também se dividem em públicas e privadas, e as regras são as mesmas.

➢ EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS PÚBLICAS

Para as embarcações estrangeiras públicas, a regra será a mesma das brasileiras, sendo
aplicadas ao contrário.
As embarcações estrangeiras PÚBLICAS, onde quer que estejam, serão consideradas
território estrangeiro. Portanto, mesmo estando dentro das 12 milhas náuticas brasileiras, a
lei que será aplicada aos crimes cometidos dentro dessa embarcação será a lei do estrangeiro
(do país a que pertencer a embarcação).

Exemplo: um navio da Marinha dos EUA visitando a Marinha do Brasil, e dentro das 12
milhas náuticas do Brasil, no interior desse navio, um Argentino mata um americano.
A lei penal aplicada será a dos Estados Unidos, pois a embarcação estrangeira pública é
considerada território estrangeiro onde quer que esteja.

➢ EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS PRIVADAS

No tocante às embarcações estrangeiras de propriedade privada, só será aplicada a lei


brasileira se estiverem dentro do mar territorial brasileiro (12 milhas náuticas do
Brasil). Isso porque se aplica a mesma regra que já estudamos para as embarcações privadas
brasileiras. Só será aplicada a lei do estrangeiro se essa embarcação estiver dentro das 12
milhas náuticas do seu país de origem ou em águas internacionais, que são as águas de
ninguém ou de todos.

Exemplo: o navio privado japonês, que tinha como destino final um dos portos
brasileiros, quando estava a 5 milhas náuticas do porto, percebeu que havia 5 passageiros
clandestinos e lançou-os ao mar, causando-lhes a morte. A lei aplicada será a lei penal
brasileira, uma vez que a embarcação é privada e estava em águas brasileiras (dentro das 12
milhas náuticas).

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Diante de tudo que foi exposto, segue um esquema com as regras estudadas:

Onde quer que esteja, será


considerada extensão do
PÚBLICAS território do seu respectivo país.

EMBARCAÇÕES

PRIVADAS
É extensão do território do seu
respectivo país se dentro das
suas 12 milhas ou em alto-mar.

AERONAVES BRASILEIRAS
Para as aeronaves, devemos aplicar as mesmas regras das embarcações. A previsão
está também no § 1º do Art. 5º do CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

➢ AERONAVE BRASILEIRA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO BRASIL

Onde quer que esteja, será considerada território nacional, e será aplicada a lei penal
brasileira aos crimes cometidos dentro dessa aeronave.

Exemplo: O Hercules C130 da FABE decola para o Haiti e, ao adentrar no espaço aéreo
haitiano, um crime é cometido dentro dele.
A lei penal aplicada será a brasileira, pois a aeronave brasileira pública será considerada
território nacional fictício onde quer que esteja.

➢ AERONAVE BRASILEIRA PRIVADA

Para as aeronaves brasileiras privadas, a regra também é igual a das embarcações


privadas. Dentro do espaço aéreo nacional (acima das 12 milhas náuticas), será aplicada a
lei penal brasileira. Dentro do espaço aéreo internacional (fora das 12 milhas náuticas, ou
seja, em espaço pertencente a todas as nações) também será aplicada a lei penal brasileira.
Porém, dentro do espaço aéreo estrangeiro (dentro das 12 milhas náuticas de algum país),
será aplicada a lei penal do país dono do espaço.

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AERONAVES ESTRANGEIRAS

Para as aeronaves estrangeiras públicas, a regra é a mesma: onde quer que estiverem,
serão consideradas território nacional do seu respectivo país.
Para as aeronaves estrangeiras privadas, segue a regra das embarcações: sobrevoando
espaço aéreo estrangeiro ou internacional, a lei aplicada será a deles (do estrangeiro). Porém,
se adentrar no espaço aéreo brasileiro, será aplicada a lei penal brasileira. Vejamos o texto da
lei:
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
Depreende-se, portanto:

✓ Voando no espeço aéreo brasileiro, lei brasileira.


✓ Pousada no território brasileiro, lei brasileira.
✓ Voando em espaço internacional, lei do seu país de origem.
✓ Voando ou pousada em espaço estrangeiro, lei estrangeira (conforme lei de cada
país).
✓ Voando no espaço aéreo do seu respectivo país, lei do seu país.

Em resumo, as aeronaves e as embarcações brasileiras públicas serão


consideradas extensão do território brasileiro onde quer que estejam, pousadas ou
voando, aportadas ou navegando. E todo crime que acontecer dentro delas será
regido pela lei penal do Brasil.

Já as aeronaves e as embarcações brasileiras privadas ou mercantes só serão


consideradas como extensão do território nacional se estiverem nas 12 milhas náuticas do
Brasil ou em alto-mar. Segue esquema completo:

Onde quer que estejam, serão


consideradas extensões do
PÚBLICAS território do seu respectivo país.

AERONAVES
EMBARCAÇÕES

PRIVADAS
É extensão do território do seu
respectivo país, se dentro das
suas 12 milhas ou em alto-mar
ou espaço aéreo correspondente.

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PASSAGEM INOCENTE
A passagem inocente é quando uma embarcação está apenas de passagem em águas
brasileiras. Ou seja, o destino dela não é o Brasil; ela apenas está passando pelas nossas águas
porque é o caminho traçado para se chegar a outro país. Nesse caso, a lei penal brasileira não
será aplicada, mesmo que a embarcação seja privada e esteja dentro das águas brasileiras.

Para a caracterização da passagem inocente, é imprescindível a presença de alguns


requisitos, conforme a Lei 8.617/93. Vejamos:
Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o
direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro.

§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja


prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo
ser contínua e rápida.

§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear,


mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam
incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de
força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a
pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.

§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão


sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro.

➢ Deve ser contínua e rápida: em regra, a embarcação não pode parar nas águas
brasileiras, salvo nos casos de incidentes comuns de navegação ou sejam impostos
por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a
pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. Exemplo, pode
parar se o navio quebrar ou para prestar socorro.

➢ Deve ser pacífica: para tanto, é imprescindível que não seja prejudicial à paz, à
boa ordem ou à segurança do Brasil. Se a embarcação estiver passando pelo Brasil
para bombardear um país vizinho, por exemplo, ela deixa de ser pacífica
(inocente).

Exemplo: um navio japonês privado que segue COM DESTINO A OUTRO PAÍS e a rota
passa dentro do território brasileiro, assim que adentra às 12 milhas náuticas brasileiras, um
americano mata um japonês dentro dela.
A lei que será aplicada será a lei do Japão, pois no caso de passagem inocente, não se
aplica a lei penal brasileira, mesmo a embarcação sendo privada.

Cuidado! Se o navio tem como destino o Brasil, aí sim, aplica-se a lei penal
brasileira, conforme estudamos. Porém, se ele está de passagem inocente, a lei aplicada será
a do seu país de origem. Foge à regra estudada.

Atenção!
Apesar de não haver previsão legal acerca da aplicação da passagem inocente
no tocante às aeronaves, alguns autores entendem que é plenamente possível tal
aplicação.

MUDE SUA VIDA!


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LUGAR DO CRIME
Para definir o lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, a qual
afirma que se considera lugar do crime tanto o local onde ocorreu a atividade (ação ou
omissão), como o local onde se deu o resultado (consumação do crime). Essa previsão está no
próprio Código Penal. Vejamos:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
Exemplo: Everton atira em Eduarda aqui no Brasil. Eduarda é socorrida e levada a um
hospital americano e lá vem a óbito. Qual é o lugar do crime?
Considera-se lugar do crime o Brasil e os Estados Unidos, ou seja, local da atividade e do
resultado, respectivamente.

Existem três teorias que tentam reger o lugar do crime:


➢ Teoria do resultado: que indica como lugar do crime o local em que se deu o
resultado. No exemplo do homicídio teríamos como lugar do crime exatamente os
Estados Unidos, pois foi lá que ocorreu a morte. Essa teoria não foi adotada no
Brasil.

➢ Teoria da atividade: que indica como lugar do crime o local em que se deu
atividade (ação ou omissão). No exemplo do homicídio teríamos como lugar do
crime exatamente Brasil, pois foi aqui que ocorreu a ação (tiros). Essa teoria
também não foi adotada no Brasil.

➢ Teoria mista ou da ubiquidade: que estabelece como local do crime tanto o lugar
da ação ou omissão, como também o lugar do resultado. Essa foi adotada no Brasil,
como mencionado acima.
Para memorizar melhor, vamos juntar o lugar do crime e o termo do crime em um único
mnemônico. A palavra LUTA resume tudo:

L.U.T.A.

Lugar do crime: Ubiquidade. (Art. 6º)

Tempo do crime: Atividade. (Art. 4º)

Cuidado!
Já houve questões cobrando a ordem em que essas teorias estão expressas
no Código Penal. Basta lembrar que primeiramente vem o tempo do crime (Art. 4º)
e depois o lugar do crime (Art. 6º).

EXTRATERRITORIALIDADE

A extraterritorialidade consiste em situações em que a lei brasileira será aplicada a


crimes cometidos fora do território nacional. Ou seja, não foi cometido no território físico nem
no território ficto: foi cometido em território estrangeiro mesmo.

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O princípio da extraterritorialidade divide-se em dois: condicionada ou


incondicionada.

➢ EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Pela extraterritorialidade incondicionada, o agente que comete o crime no exterior é


punido com a lei penal brasileira, mesmo que tenha sido absolvido ou condenado no país onde
cometeu o crime. Por isso, ela recebe o nome de INCONDICIONADA, pois não precisa
preencher nenhum requisito/condição para ser punido com a lei brasileira, basta cometer um
destes crimes previstos no Art. 7º do CP, abaixo colacionado:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:

I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
no Brasil;
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

Convém frisar que não é aplicada a qualquer crime! Na alínea “a”, são apenas crimes
contra a vida ou liberdade do presidente. Portanto, se o presidente for assaltado no exterior,
não se aplica a extraterritorialidade incondicionada, uma vez que roubo é crime contra o
patrimônio.

Na alínea “b”, trata-se dos crimes contra o patrimônio ou a fé pública da Administração


direta e indireta. Digamos que uma aeronave da Força Aérea Brasileira pouse em solo japonês
e um japonês atire uma pedra causando dano a essa aeronave (dano ao patrimônio público).
Nesse caso, a lei penal brasileira será aplicada incondicionalmente.

Já, na alínea “c”, trata-se dos crimes contra a Administração Pública. Porém, não são
cometidos por qualquer pessoa em qualquer situação; eles têm que ser praticados por quem
está a serviço da Administração. Suponhamos que um policial federal vai ao exterior para
cumprir um mandado de prisão e, ao localizar o alvo, exige-lhe dinheiro para não o prender
(crime de concussão). Nesse caso, o agente será punido com a lei penal brasileira pelo
princípio supracitado.

Por fim, tem-se a alínea “d”, que trata do crime de genocídio, também praticado fora do
território nacional brasileiro. Mais uma vez deve-se ter atenção, pois esse crime só será
punido pela lei penal brasileira se cometido por brasileiro ou por estrangeiro domiciliado no
Brasil.

MUDE SUA VIDA!


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O agente que comete esses crimes acima citados será punido com a lei penal brasileira,
ainda que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro; é o que afirma o § 1º. Por isso,
fala-se em extraterritorialidade incondicionada.

➢ EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

O Código Penal prever também a extraterritorialidade condicionada. Para o agente ser


punido pela extraterritorialidade condicionada, ele deve cometer um dos crimes do inciso II,
fora do país, e deve preencher todas as condições previstas no § 2º desse mesmo artigo.
Vejamos:

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira


depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

Nas alíneas do inciso II, estão os crimes punidos pela extraterritorialidade condicionada.
Leia com atenção e não os confunda com os crimes do inciso I. Cuidado!
Já no § 2º a lei aponta as condições/requisitos a serem preenchidos para que haja
aplicação da lei penal brasileira. Todas as condições devem ser preenchidas; se faltar qualquer
uma delas, a lei penal brasileira não será aplicada.

➢ EXTRATERRITORIALIDADE PLUS CONDICIONADA OU HIPERCONDICIONADA


Além da extraterritorialidade incondicionada e da condicionada, há ainda a chamada
plus condicionada ou hipercondicionada. Corresponde a um crime praticado por estrangeiro
contra brasileiro, fora do país. Nesses casos, além da exigência das condições previstas no
parágrafo segundo, exige-se o preenchimento de mais duas condições: a falta de pedido de
extradição ou, se foi pedida, a sua negativa. Segue abaixo o texto de lei:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

MUDE SUA VIDA!


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PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXTRATERRITORIALIDADE


A extraterritorialidade é regida por princípios que autorizam a pretensão punitiva do
Estado e a aplicação da lei pátria aos fatos ocorridos no exterior. Iremos analisar cada um
deles e indicar onde estão sendo aplicados.

➢ PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA

Por esse princípio, a lei penal aplicada será a lei do país de origem do autor do crime,
independentemente do local onde o crime ocorreu. É o caso do Art. 7º, II, “b” dó CP. Vejamós:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro.

➢ PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA

Enquanto o princípio da nacionalidade ativa baseia-se no agente que cometeu o crime, o


princípio da nacionalidade PASSIVA volta-se para a vítima do crime. É o que se encontra no
parágrafo 3º do Art. 7º a seguir descrito:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

➢ PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL

Por esse princípio a lei penal que deve ser aplicada é a lei de onde o agente for
encontrado, independentemente da nacionalidade do agente, do bem jurídico lesado, da
nacionalidade da vítima. Basta cometer um dos crimes previstos no rol que o Brasil se obrigou
a reprimir. Vejamos a lei:

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir.

➢ PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO DO PAVILHÃO OU DA BANDEIRA

Esse princípio assevera que a lei pátria será aplicada aos crimes cometidos em
embarcações ou aeronaves brasileiras privadas ou mercantes quando estas estavam em
território estrangeiro e lá não foram punidos. Trata-se da extraterritorialidade condicionada
prevista no Art. 7, II, “b” dó CP. Nesse casó, a regra seria aplicar a lei do estrangeiro, pois
a aeronave ou embarcação privada ou mercante, quando em território estrangeiro,
passa a ser considerada território de lá. Segue abaixo a alínea “c”:

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c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes


ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
Esse assunto que acabamos de estudar é muito importante para a sua prova. Segue
abaixo um esquema para memorização:

NÃO É ABSOLUTO
TERRITORIALIDADE

ATENDE AO PRINCÍPIO RELATIVO – MITIGADO – TEMPERADA


(SÃO SINÔNIMOS)

TRATADOS OU CONVENÇÕES

PRATICADOS POR BRASILEIROS


CONDICIONADA

AERONAVES OU EMBARCAÇÕES
BRASILEIRAS
EXTRATERRITORIALIDADE
CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA

PATRIMÔNIO OU FÉ PÚBLICA

INCONDICIONADA
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, POR
QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO

GENOCÍDIO, QUANDO O AGENTE FOR


BRASILEIRO OU DOMICILIADO NO BRASIL

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EXERCÍCIOS
28. (CESPE-2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço do
governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro.

Certo ( ) Errado ( )

SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo

A questão está correta, pois se entende o navio que esteja a serviço da


República Federativa do Brasil em território estrangeiro como uma extensão do
território brasileiro.

SOLUÇÃO COMPLETA
Tanto o navio público, como o privado a serviço do país, é considerado como
extensão do território nacional, onde quer que esteja, parado ou navegando.
Exemplo: imagine um navio privado alugado à Marinha do Brasil, em
território argentino; um alemão mata um argentino dentro do navio, esse também
responderá pela lei penal brasileira, pois o navio brasileiro privado a SERVIÇO DO
PAÍS também é considerado público por equiparação.

Portanto, se a embarcação é brasileira e pública, ou sendo privada, estiver a


serviço da República Federativa do Brasil, onde quer que esteja, será considerada
território nacional e a lei penal brasileira será aplicada a todos os crimes que
ocorrerem dentro dala.

29. (CESPE) Julgue o item seguinte, com relação ao tempo, à territorialidade e à


extraterritorialidade da lei penal.

A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada têm como elemento


comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Apenas a extraterritorialidade condicionada é que tem como elemento o
ingresso do agente no território nacional.

Solução completa

A extraterritorialidade incondicionada não possui nenhuma condição a ser


preenchida para que o agente seja punido segundo a lei brasileira. Porém, a

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extraterritorialidade condicionada possui algumas condições imprescindíveis à


aplicação da lei penal aos fatos ocorridos fora do nosso território. Vejamos a lei:

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições: )
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

30. (CESPE-2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.


Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço do
governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro.
CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A embarcação a serviço do Brasil, mesmo que seja ela privada, é equiparada


à pública.

SOLUÇÃO COMPLETA

As embarcações e aeronaves a serviço do governo brasileiro, para fins penais,


atendem ao princípio da territorialidade. Onde quer que estejam serão consideradas
território nacional do Brasil. Vejamos o que diz o Código Penal:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

31. (CESPE-2015) Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de Direito Penal e do
arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da
República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele país.
CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

O crime cometido contra a fé pública da Administração direta ou indireta é


protegido pela lei penal brasileira, mesmo ocorrendo fora do país.

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SOLUÇÃO COMPLETA

Crimes cometidos contra e fé pública ou contra o patrimônio de uma


autarquia serão ser julgadas pela Justiça brasileira, ainda que o autor seja
absolvido no território estrangeiro. Isso está previsto no Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público.

32. (CESPE-2015) Julgue o item a seguir, referente à lei penal no tempo e no espaço e aos
princípios aplicáveis ao Direito Penal.
Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal, cometeu crime de corrupção
e de lavagem de dinheiro no território português, condutas essas tipificadas tanto no
Brasil quanto em Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao território
brasileiro. Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime praticado por
João em Portugal.

CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

Trata-se de extraterritorialidade condicionada, prevista no Art. 7º, II, do CP.

SOLUÇÃO COMPLETA

Cumpre observar que o brasileiro cometeu um crime fora do país e o Art. 7º


do Código Penal afirma que os crimes cometidos por brasileiros serão punidos pela
lei penal do Brasil, ainda que tenham sido cometidos no estrangeiro.
Porém, trata-se de extraterritorialidade condicionada e necessita do concurso
de várias condições.
A questão mencionou as duas primeiras condições (entrar o agente no país e
a conduta deve ser considerada crime lá onde foi cometido e aqui no Brasil). Apesar
de não citar todos os requisitos, a banca afirmou que a lei penal brasileira PODE ser
aplicada (e não DEVE). O termo “pode” significa que poderá ser aplicada a lei
brasileira, desde que preenchidos os demais requisitos. Segue texto de lei:

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;

MUDE SUA VIDA!


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§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso


das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido
a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

33. (CESPE-2013) Acerca de aplicação da lei penal, concurso de crimes e culpabilidade,


julgue o próximo item.
Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em
embarcação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.
CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão está correta, mesmo a embarcação sendo mercante e estando em


alto-mar, ela respeita o princípio do pavilhão.
Representado pela bandeira hasteada no topo da embarcação, que para meios
jurídicos de representação simboliza que aquela embarcação responde às leis da
respectiva bandeira.

SOLUÇÃO COMPLETA
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território


nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Cumpre observar que a embarcação mercante é equiparada à privada e, se


estiver em alto-mar, é considerada extensão do território brasileiro, ou território
ficto.

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34. (CESPE-2013) Julgue o item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no
espaço.
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no estrangeiro
são puníveis segundo a lei brasileira se praticados contra a Administração Pública quando o
agente delituoso estiver a serviço do governo brasileiro, salvo se já absolvido pela justiça no
exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos.

CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão está errada, pois se trata de extraterritorialidade incondicionada, e


mesmo o agente sendo absolvido no estrangeiro, ele também poderá ser punido
aqui no Brasil.

SOLUÇÃO COMPLETA

Na extraterritorialidade incondicionada não importa se o agente foi condenado


ou absolvido no estrangeiro. Além disso, a lei não exige nenhuma outra condição a
ser preenchida para a lei pátria ser aplicada a esses casos. Vejamos:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.

35. (CESPE-2013) Julgue o item seguinte, relativo à teoria da norma penal, sua aplicação
temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro.
Considere a seguinte situação hipotética. A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira,
em sobrevoo pelo território argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros
contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contudo, em virtude da
inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão venezuelano
que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência do princípio da territorialidade,
aplicar-se-á a lei penal brasileira.
CERTO ( ) ERRADO( )

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

O crime ocorreu dentro de uma aeronave brasileira pública, ou seja, dentro do


território nacional do Brasil por extensão.

SOLUÇÃO COMPLETA

A questão tenta induzir o candidato ao erro pelo excesso de informações, mas


atente-se ao comando: ‘’A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira’’. Logo, será
julgado pela justiça brasileira. Por mais que haja muitas informações o concurseiro não pode
pecar pela falta de atenção.

Lembre-se: dentro de aeronaves brasileiras públicas a lei penal será aplicada


INDEPENDENTEMENTE da nacionalidade da vítima, do autor ou do bem jurídico
tutelado.

Portanto, as várias nacionalidades contidas na questão serviram apenas para


confundir a mente daqueles que não estudam corretamente.

36. (CESPE-2013) A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território
nacional ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada
em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional.
CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Em razão da nossa soberania, crimes acontecidos no território brasileiro serão


julgados pela justiça nacional.

SOLUÇÃO COMPLETA

Se o crime foi cometido a bordo de aeronave estrangeira de propriedade


privada e esta sobrevoava o território nacional do Brasil, a lei que deve ser aplicada
é a nossa mesmo, uma vez que a aeronave privada, dentro do nosso território,
passa a ser considerada território brasileiro. Inside a mesma regra aplicada a
nossas aeronaves privadas. Vejamos:

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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37. (CESPE-2008) Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada que estejam em território
nacional.
CERTO ( ) ERRADO( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

O comentário da questão anterior aplica-se a esta também.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Gabarito: 23-E 24-C 25-C 26-C 27-C 28-E 29-C 30-C 31-C 32-C 33-C 34-E 35-C 36-C 37-C

38. – (CESPE – 2019) Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime


no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria ter sido produzido o resultado.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
O princípio da ubiquidade afirma que o lugar do crime é tanto o local onde
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, como o local onde ocorreu o
resultado (crime consumado) ou onde deveria ter ocorrido o resultado (crime
tentado).

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

39. - (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal
no tempo, julgue o item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a
qual o delito deverá ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local
do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.

CERTO ( ) ERRADO( )

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão acerta no início quando fala do tempo do crime, mas erra no final
quando afirma que o local do crime deverá ser aquele onde ocorreu o resultado.

O lugar do crime, na verdade, é tanto onde ocorreu a atividade como onde


ocorreu o resultado.

40. - (CESPE–2018) Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio
que esteja a serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Aeronaves e embarcações brasileiras, que estejam em território estrangeiro a


serviço do Brasil, respondem criminalmente como se estivessem no país, pois, onde
quer que estejam, serão consideradas extensão do território nacional.

41. - (CESPE–2016) No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade,


conforme a qual o lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: C
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão é basicamente uma cópia do texto de lei.

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

42. - (CESPE–2015) Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e no espaço,


julgue o item que se segue. Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-se lugar do
crime não só aquele onde o agente tiver praticado atos executórios, mas também aquele
onde deveria produzir-se o resultado.

CERTO ( ) ERRADO( )

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão atende ao princípio da ubiquidade, que considera o lugar do crime


tanto o local da atividade, como o local onde se produziu o resultado ou onde se
deveria produzi-lo. Essa última parte (onde se deveria produzir o resultado)
trata exatamente do crime tentado, conforme afirma a questão.

43. - (CESPE–2015) O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido


no território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja
absolvido naquele país.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

É uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada prevista no Código


Penal brasileiro. Vejamos o que diz a lei:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

44. -(CESPE–2013) Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete


latrocínio em embarcação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Devido ao princípio do pavilhão, a embarcação brasileira mercante, estando


ela em alto-mar, é considerada território nacional brasileiro.

45. -(CESPE–2013) A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada


têm como elemento comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional.

CERTO ( ) ERRADO( )

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Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Na extraterritorialidade incondicionada não é necessário o ingresso do agente
no território nacional para que seja cumprida a sua devida responsabilização no
âmbito penal.
Apenas na extraterritorialidade condicionada é que se exige a entrada do
agente no território nacional.

Gabarito: 38-C 39-E 40-C 41-C 42-C 43-C 44-C 45-C 46-E

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO


Quando estudamos os princípios, vimos que em regra, o Direito Penal é regido pelo
princípio do no bis in idem, o qual afirma que ninguém poderá se responsabilizar duas vezes
pelo mesmo fato. Porém, o Código Penal brasileiro excepcionalmente admite a aplicação do bis
in idem. Vejamos o Art. 8º:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no


Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
Esse artigo é cobrado na íntegra. Você só tem que tomar cuidado com a inversão de
conceitos.
Quando a lei fala ATENUA a pena, está dizendó que vai “aliviar” óu amenizar a pena
imposta aqui no Brasil. No tocante à palavra DIVERSA, está se referindo ao tipo de pena, e não
à quantidade.
➢ Exemplo: Cibely cometeu crime de furto em outro país e foi condenada. Lá,
cumpriu pena de 1 ano de PRESTAÇÃO ALTERNATIVA DE SERVIÇO. Pelo mesmo
crime, Cibely foi condenada no Brasil a 1 ANO DE DETENÇÃO (pena privativa de
liberdade).
Nesse exemplo, Cibely vai ter sua pena atenuada aqui no Brasil, pois se trata de pena
diversa/diferente. O juiz pode reduzir a pena dela em 1 mês, 2 meses, etc. não há uma tabela
de quantitativo de meses quando se trata de atenuação de pena, o importante é o juiz
atenuar/amenizar a pena imposta aqui no Brasil.

Porém, se a pena aplicada no estrangeiro for igual (idêntica) à pena imposta no Brasil,
ela será COMPUTADA na pena aplicada aqui no país.

➢ Exemplo: Antônio cometeu homicídio em outro país e lá cumpriu uma pena de 10


anos de reclusão. Aqui no Brasil, por esse mesmo crime, ele foi condenado a 15
anos de reclusão.

MUDE SUA VIDA!


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Nesse exemplo, Antônio terá um desconto de 10 anos na pena imposta pelo Brasil. Ou
seja, os 10 anos cumpridos no estrangeiro serão computados na pena imposta aqui no Brasil
e ele só cumpre 5 anos no aqui.

Resumindo:
Requisitos para aplicação da pena imposta no estrangeiro: mesmo crime – pena no
estrangeiro – pena no Brasil.
➢ PENAS DIVERSAS – ATENUA (diminui) a pena imposta no Brasil.
➢ PENAS IDÊNTICAS – COMPUTA (subtrai) na pena imposta no Brasil.

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA


Quanto à eficácia da sentença imposta por países estrangeiros, as questões costumam
cobrar mais o parágrafo único do Art. 9º, que trata da homologação da sentença, ligado aos
incisos I e II do mesmo artigo. Vejamos o texto de lei:

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira


produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada
no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
outros efeitos civis;
II - Sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição
do Ministro da Justiça.
Percebe-se que a sentença do estrangeiro pode ser homologada no Brasil quando a
aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências. Porém, nos dois
incisos do mesmo artigo, temos as situações que autorizam a homologação da sentença do
estrangeiro aqui no Brasil.
O inciso I trata dos efeitos CIVIS da sentença e da reparação do dano ou da
restituição. Nesse caso, para a sentença ser homologada no Brasil, deve existir um PEDIDO
DA PARTE INTERESSADA. É isso que a questão vai cobrar!

O inciso II trata de OUTROS EFEITOS diversos dos efeitos civis. Nesses casos, para a
sentença estrangeira ser homologada no Brasil é necessária a existência de tratados de
extradição entre os países envolvidos. Caso esse tratado não exista, deve haver requisição
do Ministro da Justiça.

Atenção! A competência para a homologação da sentença estrangeira aqui no Brasil é


do STJ, conforme prever o Art. 105, I, “i” da FC/88.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente: (...)
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

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Segue um esquema para memorização:

Efeitos civis: reparação de Depende de pedido da parte


dano ou restituição de coisas. interessada.

Depende da existência de
tratados de extradição.

Sujeição a medida de
segurança. OU
Requisição do Ministro da
Justiça.

CONTAGEM DE PRAZO
No tocante à contagem de prazo, no Direito Penal é diferente do processo penal. Aqui no
Direito Penal, conta-se incluindo o primeiro dia. Portanto, se o prazo é de 15 dias e começou
a contar no dia 01, deve-se contar incluindo o dia 01, o que faria com que esse prazo acabasse
no dia 15.
Já no processo penal, o primeiro dia é excluído. No exemplo acima, o dia 01 não
seria computado e, portanto, o prazo acabaria no dia 16, e não no dia 15, como no Direito
Penal. Segue texto de lei:
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA


Na contagem do prazo, as frações não são computadas. Nesse caso, não se contam os
dias: por exemplo, uma sentença de 2 anos e 3 dias, o réu só cumpre os dois anos. Nem se
contam os centavos: por exemplo, condenação à multa de mil reais e 33 centavos, o réu só
paga os mil reais. Esse artigo geralmente é cobrado na íntegra. Vejamos:
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as
frações de cruzeiro.

MUDE SUA VIDA!


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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Já o Art. 12 afirma que se existir uma lei especial que trate das regras gerais do Código
Penal de forma diferente da prevista aqui, o que deve ser aplicado é o que está previsto na lei
especial. Porém, se essa lei especial deixar de tratar sobre algo previsto no Código Penal, ele
deve ser aplicado aos casos que envolvam a lei especial, como forma de preenchimento da lei
especial.

Mas se houver um conflito aparente de norma, devemos aplicar alguns princípios


para resolvê-lo. O conflito se dá quando aparentemente mais de uma lei pode ser aplicada ao
mesmo fato (lei especial e/ou lei geral). Podemos citar 3 princípios que regem esse conflito
aparente das normas penais e 1 (alternatividade) que, apesar de não ser considerado
princípio que resolve esse aparente conflito, costuma ser cobrado dentro desse assunto:

➢ PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU DA ABSORÇÃO


Como vimos no capítulo dos princípios, aplica-se o princípio da consunção sempre que o
crime-meio (menos grave) atuar como fase de preparação ou de execução para o crime-fim
(mais grave), ou seja, é quando o crime-fim absorve o crime-meio.

Exemplo: no homicídio, o agente necessariamente tem que passar pela lesão corporal,
um mero crime de passagem para matar alguém.
Nesse caso, aplica-se a norma do crime mais grave, ou seja, a norma do crime-fim
pretendido pelo autor.

➢ PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
Previsto no Art. 12 do Código Penal, esse princípio afirma que diante de um aparente
conflito entre uma norma geral (CP) e uma norma especial (lei especial) deve prevalecer a
norma especial.
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Exemplo: Everton mata o Presidente do Senado Federal por razões políticas. Everton
não responderá pelo Art. 121 do CP (norma geral), mas pelo Art. 29 da Lei de Segurança
Nacional (norma especial).

➢ PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

É quando a conduta do agente pode constituir um crime mais grave de que o crime
aparentemente cometido. Podemos citar o Art. 132 do CP.
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
crime mais grave.
Só será aplicado o Art. 132 subsidiariamente, caso a conduta de expor a perigo a saúde
ou vida de outrem nãó cónstituir um crime mais grave. Imagine que “A” expôs a vida de “B” a
perigo quando tentou matá-lo com um tiro de espingarda cal. 12. Nesse caso, ele não

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responderá pelo crime do Art. 132, e sim pelo 121 c/c Art. 14, II do CP, qual seja, homicídio
tentado.
➢ PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE

Por fim, cabe mencionar o princípio da alternatividade. Esse princípio não é


considerado um princípio que resolve o conflito aparente de normas. Mas é aplicado aos
crimes plurinucleares, que são os crimes que possuem vários verbos/núcleos. Como
exemplo podemos citar o crime de tráfico de drogas previsto no Art. 33 da Lei 11.343/06:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
O agente tem várias alternativas para cometer o crime em tela, são núcleos e se por
acaso o agente cometer dois, três ou mais desses núcleos, responderá por um único crime,
apenas um tráfico de drogas.

EXERCÍCIOS
46. (CESPE-2012) Considere que Maria seja condenada ao pagamento de multa por crime
praticado no estrangeiro, e, pelo mesmo delito, seja igualmente condenada no Brasil a pena
privativa de liberdade. Nessa situação, a pena de multa executada no estrangeiro tem o
condão de atenuar a pena imposta pela justiça brasileira.
Certo errado

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão está se referindo ao artigo 8º do Código Penal e está correta.

Solução completa

A pena cumprida no estrangeiro pode atenuar a pena a ser cumprida aqui no


Brasil pelo mesmo crime ou poderá ser computada na pena imposta pelo Brasil.

Atenção para essas duas palavras-chaves: atenuar e computar.

Se as penas são idênticas: privativa de liberdade x privativa de liberdade,


então a pena imposta no estrangeiro será COMPUTADA na pena imposta pelo
Brasil.

MUDE SUA VIDA!


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Porém, se a pena for diversa/diferente: pena privativa de liberdade x pena


restritiva de direito, então a pena imposta no estrangeiro vai apenas ATENUAR a
pena imposta no Brasil.

47. -(CESPE–2013) A homologação de sentença estrangeira para obrigar condenado à


reparação de dano requer a existência de tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Depende de pedido da parte interessada.

Solução completa

A questão trata da homologação da sentença penal estrangeira aqui no Brasil.


Vejamos o que diz o Código Penal:

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie


as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos


civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único - A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;


b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça.

Dica: basta você ligar o inciso I à alínea “a” do parágrafo único.

48. (CESPE-2013) A homologação de sentença estrangeira no Brasil, nos casos em que a


aplicação da lei brasileira produza na espécie as mesmas consequências, independe de
pedido da parte interessada, a fim de obrigar o condenado a reparar o dano.

CERTO ERRADO

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Depende de pedido da parte interessada.

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Solução completa

Quando se trata de homologação de sentença para REPARAR O DANO ou


RESTITUIR A COISA, depende, SIM, de pedido da parte interessada.

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie


as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos


civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único - A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;


b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça.

Dica: basta você ligar o inciso I à alínea “a” do parágrafo único, e o inciso II à
alínea “b”.

Gabarito: 46-C 47-E C 48-E.

DO CRIME
INTRODUÇÃO

A Teoria do Crime trata do conceito do crime e seus aspectos. Neste capítulo, iremos
estudar o crime não na mesma ordem em que Código Penal traz, mas em uma ordem
didaticamente mais compreensível.

O Código Penal separou a imputabilidade da Teoria do Crime. Porém, vamos estudar


tudo junto, pois querendo ou não, a imputabilidade também é um elemento do crime, segundo
a teoria tripartida, adotada pela doutrina majoritária no Brasil.

CONCEITO DE CRIME

O conceito de crime pode ser visto sobre 3 aspectos: o aspecto formal/legal, o material e
o analítico. Iremos estudar cada um deles e no último (aspecto analítico) estudaremos
praticamente toda Teoria do Crime.

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ASPECTO MATERIAL

É toda ação ou omissão humana que lesa ou ao menos expõe a perigo um bem jurídico
de terceiro ou da coletividade tutelado pela norma penal. O objetivo do aspecto material do
crime é analisar se a conduta tem capacidade de lesionar ou de pelo menos expor a perigo
relevante um bem jurídico de terceiro ou da coletividade.

➢ Exemplo 1: porte ilegal de arma é crime em sentido material? Sim, pois expõe a
perigo bens de terceiros.

➢ Exemplo 2: lesão corporal é crime em sentido material? Sim, pois lesa/ofende a


saúde ou integridade física de outrem.

ASPECTO FORMAL/LEGAL
É toda conduta que a lei prevê como crime e, em regra, comina pena de detenção ou
reclusão. Esse conceito está previsto no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (LICP).
Nesse mesmo artigo, enxergamos o sistema dicotômico da infração penal. Vejamos:

Art. 1º DA LICP. Considera-se CRIME a infração penal que a lei


comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
CONTRAVENÇÃO, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas.
Alternativa ou cumulativamente.

A regra é que o crime seja punido com pena de detenção ou de reclusão.


Porém, existe uma exceção prevista na Lei de Drogas (Lei 11.343/06, Art. 28):
posse de droga para consumo pessoal, que é crime, porém, não tem pena de
detenção nem de reclusão.

Vejamos:
Art. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas: I -
advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de
serviços à comunidade; III - medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo.

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➢ SISTEMA DICOTÔMICO

Como vimos no Art. 1º da LICP supracitado, o sistema dicotômico adotado no Brasil afirma
que INFRAÇÃO PENAL é gênero que tem como espécie CRIME e CONTRAVENÇÃO. No Brasil,
o delito é sinônimo de crime. Segue esquema para memorização:

INEXISTE DIFERENÇA
CONCEITUAL

CRIME/DELITO

SISTEMA DICOTÔMICO INFRAÇÃO PENAL


OU DUALISTA

CONTRAVENÇÃO

Existem algumas diferenças entre crime e contravenção que vêm sendo cobradas em
provas. Segue as principais logo abaixo:

CRIME CONTRAVENÇÃO

Pena privativa de liberdade Reclusão ou detenção Prisão simples

Multa Não pode ser aplicada Pode ser aplicada


isoladamente isoladamente

Pena Limite de 40 anos Não superior a 05 anos

Leis das contravenções


penais
Regidos Código Penal (Decreto-Lei 3.688/41)

Tentativa Punível Não punível

Ação penal Pública ou privada Pública incondicionada

Competência Justiça estadual ou federal Justiça estadual, como regra

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CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME

Já o conceito analítico divide o crime em partes. Essas partes serão estudadas uma a uma
seguindo uma ordem didaticamente melhor em comparação à ordem prevista no Código
Penal.
Três são as teorias que dividem o crime em partes: a teoria bipartida, a tripartida e a
quadripartida.

➢ TEORIA QUADRIPARTIDA

Essa teoria divide o crime em 4 partes. São elas: fato típico, ilícito/antijurídico, culpável
e punível. Essa teoria não foi adotada pelo ordenamento jurídico pátrio brasileiro.

➢ TRIPARTIDA TRIPARTIDA

A teoria tripartida divide o crime em três partes: fato típico, ilícito e culpável. Essa teoria
predomina no Brasil. A maioria dos doutrinadores e da jurisprudência adotam a teoria
tripartida e é justamente nessa teoria que vamos nos guiar para as provas objetivas.

➢ TRIPARTIDA BIPARTIDA

Por fim, tem-se a teoria bipartida, a qual divide o crime em 2 partes; fato típico,
ilícito/antijurídico. Para essa teoria a culpabilidade não faz parte do crime e é considerada
apenas mero pressuposto de aplicação da pena, ou seja, a culpabilidade existe, mas serve
apenas para aferir se o agente pode receber uma pena ou não.

Apesar da doutrina e jurisprudência majoritária no Brasil adotarem a teoria tripartida,


podemos enxergar em alguns lugares do país a aplicação da teoria bipartida, por exemplo, no
estado do Rio de Janeiro.

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Segue esquema de memorização:

CONCEITO DE
CRIME

ASPECTOS

MATERIAL FORMAL ANALÍTICO

TEORIAS

QUADRIPARTIDA BIPARTIDA TRIPARTIDA

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

Cabe ressaltar que os três aspectos do conceito de crime (material, formal e analítico)
são utilizados no Brasil. Nosso estudo daqui para frente será baseado no conceito analítico,
tomando como base a teoria tripartida que é adotada pela maioria da doutrina e
jurisprudência brasileira. Nele, vamos estudar toda Teoria do Crime e da culpabilidade.

EXERCÍCIOS

49. No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema


tricotômico, de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e
contravenções.
Certo Errado
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O Código Penal adotou o sistema dicotômico: infração penal é gênero que tem
duas espécies – crime e contravenção; sendo o delito sinônimo de crime.

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SOLUÇÃO COMPLETA

A questão erra ao dizer que existe diferença conceitual entre crimes e delitos,
quando na verdade não há, no Brasil adotou-se o sistema dicotômico ou dualista no
que tange à conceituação de infração penal; essa se divide em contravenções
penais e crimes/delitos não existindo diferença conceitual entre esses dois últimos.

50. A respeito do Direito Penal, julgue os itens que se seguem.


Considera-se crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.

Certo Errado

Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

O crime é composto por 3 elementos, fato típico, ilícito e culpável.

SOLUÇÃO COMPLETA

A maioria da doutrina e da jurisprudência brasileira adotou a teoria tripartida


do crime, que, no tocante ao conceito analítico de crime, partiu-o em 3: fato típico,
ilícito e culpável. A ilicitude também pode ser chamada de antijuridicidade.

Lembre-se de que se excluirmos o fato típico ou a antijuridicidade, exclui-se o


crime, porém, excluindo-se a culpabilidade, o réu é isento de pena.

51. Na doutrina e jurisprudência contemporâneas predominam o entendimento de que a


punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta
típica, ilícita e culpável.

Certo Errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A punibilidade não integra o conceito analítico de crime, ela está relacionada à


teoria quadripartidada do crime, a qual não foi adotada no Brasil.

Solução completa

Existem 3 teorias que definem o crime em seu aspecto analítico. A teoria


bipartida, que diz que crime é a conduta típica e ilícita, sendo a culpabilidade
apenas um mero pressuposto de aplicação da pena (adotada pena minoria no
Brasil). A teoria tripartida, que afirma que o crime é a conduta típica, ilícita e

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culpável (esta é adotada no Brasil pela maioria). E, por fim, existe a teoria
quadripartida, a qual acrescenta como elemento do crime a punibilidade (não foi
adotada no Brasil).

Gabarito -50E 51c 52C

A teoria tripartida pode ser resumida no esquema a seguir. A memorização dele é


imprescindível para entender toda Teoria do Crime e ajudará bastante na resolução de
questões.

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação Moral
Causalidade ad…

Formal
TIPICIDADE
Material

Esse quadro deve ser memorizado ao ponto de você conseguir montá-lo sem precisar
consulta-lo.
Cumpre observar que cada elemento do crime está separado em um quadro diferente.
Portanto, não podemos misturar esses elementos. O que está dentro do fato típico é do fato
típico; o que está dentro da ilicitude exclui apenas a ilicitude, e os elementos da culpabilidade
fazem parte apenas da culpabilidade. Estudaremos cada um dos elementos do crime
separadamente.

FATO TÍPICO
O fato típico é composto por 4 elementos, quais sejam, conduta, resultado naturalístico,
nexo causal e tipicidade. O primeiro que iremos estudar é a conduta.

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CONDUTA
Conduta é a ação ou omissão humana, voluntária, consciente, dolosa ou culposa, dirigida a
uma finalidade. Por isso, a doutrina afirma que o Brasil adotou a teoria finalista da conduta,
pois toda conduta é dirigida a uma finalidade.
Existem três teorias que tentam explicar a conduta: a teoria social, a causal e a finalista.
Segue um resumo de cada uma delas:

➢ TEORIA NATURALISTA OU CAUSAL DA AÇÃO


Por essa teoria, para existir fato típico, basta existir uma ação, não se exigindo a
voluntariedade na ação. Para os adeptos a ela, o dolo e a culpa (elementos subjetivos) não
fazem parte da conduta e são deslocados para a culpabilidade. Por exemplo, uma pessoa que
leva um choque elétrico e, por meio de um ato reflexo, causa uma lesão em alguém, comete
uma conduta típica. Essa teoria não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico.

➢ TEORIA FINALISTA DA AÇÃO

Para a teoria finalista da ação, criada por Hans Welzel, deve haver uma combinação do
elemento objetivo (ação ou omissão) com o elemento subjetivo, vontade, ainda que essa
vontade não seja de cometer um crime. Percebe-se que o dolo e a culpa estão presentes
dentro da conduta, logo, se não houver dolo nem culpa, não há conduta, logo o fato é atípico.
Essa é a teoria adotada pelo nosso Código Penal. Pode-se observar isso no Art. 20 do CP:

Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.
O erro de tipo pode excluir o dolo e permitir a punição a título de culpa, mas também
pode excluir o dolo e a culpa, caso seja inevitável. Mas o que se desejam demonstrar é que o
erro de tipo exclui o fato típico, logo, fica claro que o Código Penal adotou a teoria finalista,
uma vez que o dolo e a culpa fazem parte do fato típico (dentro da conduta), e não da
culpabilidade.

➢ TEORIA SOCIAL

A teoria social da ação, defendida por Hans-Heinrich Jescheck, baseia-se na relevância da


conduta perante a sociedade. Para se caracterizar o fato típico, o dolo e a culpa não seriam
elementos suficientes, pois, além desses elementos subjetivos, deve-se analisar se a conduta é
aceita perante a sociedade. Por essa teoria, a conduta de vender CD pirata não caracterizaria
fato típico, uma vez que a sociedade aceita essa conduta, mesmo sendo crime.

A conduta pode ser positiva (fazer) ou negativa (deixar de fazer). Quando a conduta
criminosa é positiva, chamamos de crime comissivo; já a conduta negativa é chamada de
crime omissivo. Existe ainda a possibilidade de o agente cometer o crime por meio de uma
omissão e responder pelo crime comissivo (crime comissivo por omissão). Vamos em frente
para entender isso.
O Art. 13, § 2º, trata da relevância da omissão e é estudando esse artigo que vamos
entender o que seria crime comissivo por omissão. Acompanhe o texto do artigo:

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Art. 13. (...) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o


omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
Quando o § 2º fala que a omissão é penalmente relevante significa dizer que o
agente responde pelo resultado ocorrido, e não pela simples omissão.

Exemplo: o policial presencia um estupro e, podendo agir para evitar o resultado, não
age. Esse policial tinha o DEVER de agir, obrigação de prender em flagrante, e não agiu.
Nesse caso, essa omissão é relevante e ele responderá pelo crime de estupro
consumado, e não pela simples omissão.
Para entendermos melhor, é imprescindível distinguir omissão própria de omissão
imprópria. Vejamos:

➢ Crimes omissivos próprios – pune um “nãó fazer”.


A omissão propriamente dita vem descrita no próprio tipo penal. Ex.: omissão de
socorro (Art. 135 do CP).
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-
lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

➢ Crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão).


Aqui, a omissão do agente é considerada penalmente relevante, pois o agente podia e
devia agir para evitar o resultado; não o fazendo, responde pelo crime comissivo, como se
tivesse realizado a conduta positiva. Os agentes que são imbuídos de agir estão previstos no
parágrafo 2º do Art. 13 (visto acima).

Como visto, o dolo e a culpa estão dentro da conduta que, por sinal, é um elemento do
fato típico. Portanto, passaremos a estudar o dolo e a culpa.

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO

O dolo e a culpa são os elementos subjetivos do tipo penal incriminador e aqui iremos
estudá-los como elementos da conduta. Se não há dolo nem culpa, não há conduta, logo o fato
torna-se atípico. Ambos estão previstos no Art. 18 do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia

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Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser


punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

CRIME DOLOSO
A primeira parte do inciso II trata do dolo direto, que é a vontade que o agente tem de
cometer determinada conduta e alcançar determinado resultado. Contudo, a segunda parte
trata do dolo eventual, o qual não tem o elemento vontade, mas sim o consentimento (o
agente assume o risco de produzir o resultado). Essas são as principais espécies de dolo (dolo
direto e dolo eventual). Existem varias especies de dóló, pórem, vamós tratar apenas de
algumas delas.
TEORIAS DO DOLO
Existem algumas teorias que representam o dolo, vejamos:

➢ TEORIA DA VONTADE: esta teoria afirma que há dolo quando existe consciência
mais vontade em cometer a conduta criminosa. Foi adotada no Brasil para definir
o dolo direto, previsto na primeira parte do inciso II do Art. 18.

➢ TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: segundo esta teoria, basta a simples previsão do


resultado pelo sujeito para a existência do dolo; não foi adotada no Brasil.

➢ DO ASSENTIMENTO: de acordo com esta teoria, há dolo quando o agente


assume/consente o risco de produzir o resultado. Aqui não há o elemento
“vóntade”; há, pórtantó, a consciência e o agente, mesmo não querendo o
resultado criminoso, assume o risco de produzi-lo. Essa teoria define o dolo
eventual.

ESPÉCIES DE DOLO
A doutrina costuma classificar o dolo em algumas espécies. Segue abaixo um resumo das
principais espécies de dolo:

➢ DIRETO/DETERMINADO: é quando o agente quis o resultado. É a vontade mais a


consciência em cometer determinada conduta criminosa.

Esse dolo pode ser de primeiro ou de segundo grau.

• DOLO DIRETO DE 1º GRAU: é o dolo comum, a vontade de realizar o crime


contra determinada pessoa. Ex.: quero matar Fulano, então atiro nele.

• DOLO DIRETO DE 2º GRAU: é o dolo de consequências necessárias. O agente


tem o dolo em determinado resultado, mas ele sabe que, para isso ocorrer,
NECESSARIAMENTE haverá outras consequências.

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Exemplo de dolo direto de 2º grau: Quero matar um desafeto meu e sei que ele vai
pegar um voo para são Paulo. Então, eu instalo uma bomba em uma das asas do avião com a
intenção de matá-lo. Percebe-se que meu dolo (1º grau) é de matar meu desafeto, mas eu sei
que o avião vai cair e vai matar todos que estão nele (dolo direto de 2º grau em relação aos
demais passageiros).

➢ INDIRETO OU INDETERMINADO: é aquele em que o agente delitivo não quer a


produção do resultado, mas, mesmo prevendo que o resultado criminoso poderá
acontecer, assume o risco de causá-lo.

O dolo indireto subdivide-se em duas subespécies: alternativo e eventual.

• ALTERNATIVO: é aquele em que o sujeito prevê mais de um resultado, sendo


um resultado mais grave que o outro. Ele não quer o resultado mais grave, mas
assume o risco de produzi-lo, como, por exemplo, Everton atira uma pedra em
Letícia com a intenção de feri-la ou matá-la.

• EVENTUAL: é aquele em que o sujeito prevê o resultado, não quer o resultado,


mas aceita o risco de produzi-lo. É baseadó na frase “der nó que der”, eu vou
continuar fazendo.

Para o dolo eventual, o Código Penal adotou a teoria do consentimento. Como vimos, no
dolo eventual, não existe ó elementó “vontade”, há apenas a consciência, e o agente assume o
risco de produzir o resultado.

O agente sabe que pode causar lesão a bem jurídico de terceiro, mas não se importa,
tanto faz, “DER NO QUE DER”. É a segunda parte do Art. 18, I.

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime doloso:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.

Exemplo: Bruna está na sua fazenda realizando um treinamento de tiro com sua Glock
380 quando sua colega, Tamyres, alerta-se: “Bruna, cuidado, pois vai passar um pessoal perto
dó alvó”. Bruna diz: “estou vendo, mas não estou nem aí, vou atirar no alvo, der no que der”.
Bruna atira, erra o alvo e mata alguém. Bruna responderá por homicídio doloso na
modalidade dolo eventual.

➢ DOLO DE DANO: é o dolo em que o agente deseja ou assume o risco de causar um


dano efetivo à sua vítima.

➢ DOLO DE PERIGO: é aquele em que o autor da conduta quer apenas o perigo.


Sendo assim, o próprio perigo constitui o resultado previsto na lei. Por exemplo: o
crime de perigo de contágio venéreo (Art. 130 do CP).

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➢ DOLO GENÉRICO: é a vontade de realizar o fato criminoso descrito na lei.

➢ DOLO ESPECÍFICO: é a vontade de realizar o fato descrito na lei com um fim


específico, isto é, o agente pretende uma finalidade especial com a prática da
conduta, como, por exemplo, o delito previsto no Art. 148, §1º, inciso V, do CP, a
saber:

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou


cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: (...) V – se o crime é
praticado com fins libidinosos.

Outro exemplo é o Art. 319 do CP, que trata da prevaricação. O agente tem o dolo genérico de
retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
e o dolo específico que é de praticar o ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: o interesse
pessoal é justamente o fim específico (dolo específico).

➢ DOLO ÍMPETO: é o dolo praticado de imediato, ou seja, é uma ação instantânea.

➢ DOLO DE PREMEDITAÇÃO: é aquele em que o agente toma uma atitude planejada


com antecedência, é exatamente o oposto ao dolo de ímpeto.

São várias espécies de dolo indicadas pela doutrina, mas vamos nos ater a essas, pois a
nosso ver, são os principais.
Por fim, observemos o parágrafo único do Art. 18:

Art. 18 - Diz-se o crime:

(...)
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

O parágrafo único afirma que, em regra, o agente só responde por crime se cometê-lo
dolosamente, seja dolo eventual ou dolo direto.
Excepcionalmente é que o agente poderá responder a título de culpa: apenas se houver
previsão legal daquela modalidade de crime culposo.

Exemplo: O crime de furto do Art. 155, CP, não admite a modalidade culposa, portanto,
segue a regra – o agente só responde por furto doloso. Porém, o crime de homicídio admite a
modalidade culposa – Art. 121, § 3º: Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.

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Segue esquema de dolo:

1º grau
Teoria da
DIRETO
vontade
Consequências
2º grau
DOLO necessárias

Teoria do
EVENTUAL
consentimento

CRIME CULPOSO
No crime culposo não existe o elemento vontade, muito menos o consentimento. Aqui o agente,
mediante violação a um dever de cuidado, acaba por lesar um bem jurídico de terceiro. Para
existir culpa, deve existir uma previsibilidade objetiva do resultado, e o agente não previu por
imprudência, imperícia ou negligência. Tem previsão legal no mesmo Art. 18, porém, no inciso II.
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
A culpa propriamente dita pode ser cometida por três modalidades: negligência,
imprudência ou imperícia.

➢ Negligência: deixar de fazer algo que deveria fazer.


➢ Imprudência: o agente faz o que não deveria fazer.
➢ Imperícia: desconhecimento de uma regra técnica profissional.

Para existir culpa deve haver a Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve
ser previsível mediante um esforço intelectual razoável. É a chamada previsibilidade
do homem médio.
ESPÉCIES DE CULPA
A doutrina relaciona algumas espécies de culpa e iremos estudá-las aqui. Iniciaremos
com os conceitos de culpa inconsciente e culpa consciente.

➢ CULPA INCONSCIENTE: apesar de o resultado ser previsível, o agente não o prevê


nem sequer representa a possibilidade da sua ocorrência. Ou seja, o resultado é
previsível para o homem médio, mas, por imprudência, negligência ou imperícia, o
agente não previu.

➢ CULPA CONSCIENTE: é quando o agente prevê o resultado, não quer o


resultado e acredita sinceramente que o resultado não vai ocorrer.

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A culpa ainda pode ser classificada como própria ou imprópria. Vejamos:

➢ CULPA PRÓPRIA: é a culpa propriamente dita, a culpa comum, inconsciente. Aqui


o agente NÃO quer o resultado, mas acaba alcançando-o por falta de cuidado
objetivo (por imprudência, negligência ou imperícia).

➢ CULPA IMPRÓPRIA: já a culpa imprópria é uma culpa que não deveria ser
chamada de culpa porque contém o elemento vontade. Aqui o agente QUER o
resultado, mas acredita está amparado por uma das excludentes de ilicitude.
São as chamadas descriminantes putativas. Por exemplo, erro que constitui uma
legítima defesa putativa.

Exemplo: Imaginem o pai que mata o próprio filho de madrugada acreditando que seria
um ladrão invadindo sua casa. Esse pai cometeu a conduta com consciência e vontade, logo
poderia responder por crime doloso (a conduta é dolosa), porém, ele acreditava estar amparado
pela legítima defesa (legítima defesa putativa). Dessa forma, o legislador preferiu punir com a
pena do crime culposo e ele responderá a título de culpa, na modalidade culpa imprópria.

DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE


Atenção! As questões de concursos costumam trocar o conceito de dolo eventual e
culpa consciente. Cumpre observar que a diferença está no final de cada conceito.
➢ DOLO EVENTUAL: O agente prevê o resultado; não o quer, mas ASSUME O RISCO
de produzi-lo.

➢ CULPA CONSCIENTE: o agente prevê o resultado; não o quer e ACREDITA


SINCERAMENTE que o resultado NÃO VAI OCORRER.

DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE

Prevê o resultado, não o quer, mas ASSUME Prevê o resultado, não o quer, e ACREDITA
SINCERAMENTE que NÃO VAI OCORRER.
O RISCO de produzi-lo.

A diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente é que no dolo eventual, o agente
assume o risco de produzir o resultado, já na culpa consciente o agente acredita que o
resultado não ocorrerá.
Isso faz uma diferença enorme para a punição do agente. Por exemplo, no crime de
homicídio se o agente responder por crime doloso a pena é de 6 a 20 anos, se for culposo a
pena é de 1 a 3 anos.

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COMPENSAÇÃO DE CULPAS
O nosso ordenamento jurídico brasileiro não admite a compensação de culpas.

Exemplo: Rivaldo avança o sinal vermelho e colide com Tiago, que vem na contramão.
Ambos causaram lesão corporal de natureza culposa.

Os dois respondem pelo crime? Ou nenhum responde? Ambos devem responder. Cada
um pelos seus atos.
CRIME PRETERDOLOSO

Também chamado de preterintencional, é quando há dolo no antecedente e culpa no


consequente. O agente comete a conduta com intenção de um resultado menos grave e acaba
causando um resultado mais gravoso, culposamente.

Exemplo: Bruno, com intenção de lesionar Alisson, atinge-o com uma pedra. Alisson
vem a falecer em decorrência da lesão causada por Bruno. Lesão corporal seguida de morte
(Art. 129, parágrafo 3º). Dolo na lesão, culpa na morte.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA


Cabe relembrar que estamos estudando o primeiro elemento do fato típico: a conduta.
As excludentes de condutas são causas que excluem algum dos elementos que compõem
a conduta. Logo, se não há conduta o fato torna-se atípico.
Vamos relembrar o conceito de conduta: É a ação ou omissão, humana, voluntária,
consciente, dirigida a uma finalidade e pode ser dolosa ou culposa.

➢ COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL: acontece quando há uma coação física que faz o
agente agir sem voluntariedade. A coação física pode advir de:

• Força da natureza: exempló, “A” é levadó pór uma córrenteza e acaba


causando lesão córpóral em “B”.

• Força humana: exempló: “A” empurra “B” fórtemente, de fórma que “B” cai pór
cima de “C” causandó-lhe lesão corporal.
Nós dóis casós acima nãó há cónduta, póis ó elementó “vóluntariedade” fói excluídó pela
coação física irresistível, portanto, se não há conduta o fato torna-se atípico e não há que se
falar em crime.

Atenção! A coação moral irresistível não exclui a conduta, e sim, a culpabilidade.


Portanto, não confundam!

➢ ATOS REFLEXOS: podemos citar como exemplos de atos reflexos uma descarga
elétrica, uma picada de insetos, um espirro etc. são situações nas quais não há
voluntariedade. Nesses casos, não haverá conduta, pelos mesmos motivos citados
anteriormente.

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➢ ESTADO DE INCONSCIÊNCIA: é a falta de capacidade psíquica de vontade. Nesse


caso não há a consciência. Exemplos: sonambulismo, hipnose profunda, mal súbito,
crise epilética, etc.

➢ ERRO DE TIPO: além dessas causas excludentes da conduta acima estudadas,


temos também o erro de tipo escusável/inevitável/invencível, que exclui o dolo e a
culpa. Logo, se não há dolo nem culpa, não existe conduta, e se não há conduta o
fato é atípico. Iremos reservar um capítulo para estudarmos detalhadamente esse
erro. Aqui basta saber que se o erro de tipo for escusável, exclui o dolo e a culpa.

Antes de iniciarmos o próximo elemento do fato típico, vamos relembrar nossa tabela da
Teoria do Crime?

EXERCÍCIOS
52. (CESPE-2017) Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual,
em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as
precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou
ocasionando dano à integridade física de uma pessoa.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Embora não tenha desejado o resultado danoso, Antônio poderá ser punido devido à
imperícia na execução do procedimento laboratorial.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Antônio foi negligente, e não imperito.

SOLUÇÃO COMPLETA

A questão tenta confundir o candidato no tocante às modalidades do crime


culposo: imprudência, negligência e imperícia. Em momento algum a questão disse
que o cientista foi imperito, pelo contrário, a questão afirma que ele é um
renomado cientista, mas foi negligente quanto à forma de atuação no seu
procedimento laboratorial rotineiro.
Portanto, a questão erra ao apontar a imperícia como sendo causa do crime
doloso, e no caso apresentado foi a negligência.

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53. Julgue o item seguinte, a respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude,


culpabilidade e fixação da pena.

Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar uma infração penal
cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A coação física irresistível exclui o fato típico. Logo, a infração penal não é
nem típica, muito menos ilícita.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A conduta é a ação ou omissão humana, voluntária, consciente, dirigida a


uma finalidade. Logo, a coação física exclui a voluntariedade e, por consequência,
exclui o fato típico. Se não há fato típico, não há que se falar em ilicitude.

Lembre-se de que a análise dos elementos do crime deve ser feita nessa
ordem: primeiro analisa-se o fato típico, depois a ilicitude e por fim a culpabilidade.
Só se analisa o segundo elemento se o primeiro for confirmado, só se analisa o
terceiro se o segundo for confirmado.

54. Julgue os seguintes itens, à luz do Direito Penal.

A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o
agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Atenção! A coação FÍSICA exclui a própria ação voluntária. Porém, a coação


MORAL irresistível exclui a culpabilidade, que será estudada adiante.

55. A imprudência caracteriza-se pela omissão daquilo que razoavelmente se faz, ajustadas
as condições emergentes às considerações que regem a conduta normal dos negócios
humanos.

Certo Errado

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Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão conceituou a negligência, e não a imprudência.

SOLUÇÃO COMPLETA

Não é imprudência que se caracteriza pela omissão daquilo que


razoavelmente se faz, ajustadas as condições emergentes às considerações que
regem a conduta normal dos negócios humanos. O conceito acima fala exatamente
da negligência, que nada mais é que uma conduta negativa, é um não fazer o que
deveria ser feito mediante um dever objetivo de cuidado.

56. (CESPE-2015) No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.

A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de um
veículo responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por
sufocamento dentro do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente
garantidora, possui a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilância da criança.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Nesse caso, a mãe responderá pelo crime de homicídio culposo, não doloso.

SOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal afirma que a omissão é penalmente relevante nos caos em


que o agente devia e podia agir para evitar o resultado. Dentre esses casos, temos
a responsabilidade dos pais em relação aos filhos.
Quando a omissão é penalmente relevante, o agente responde pelo resultado
causado pela sua omissão, e não simplesmente pela omissão. Assim, o agente
responde por crime comissivo por omissão (responde como se ele tivesse realizado
o resultado).
No caso em tela, temos uma mãe que, por negligência (culpa), esqueceu o
filho, que acabou falecendo em decorrência dessa omissão. A mãe, portanto, deve
responder pelo crime como se ela mesma o tivesse matado (crime comissivo por
omissão).
Como a mãe não teve dolo em relação ao resultado, responderá pelo crime de
homicídio culposo.

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57. No Direito Penal brasileiro, admite-se a compensação de culpas no caso de duas ou


mais pessoas concorrerem culposamente para a produção de um resultado naturalístico,
respondendo cada um, nesse caso, na medida de suas culpabilidades.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não existe o sistema de compensação de culpa no DP, no entanto, a culpa


concorrente da vítima atenua a responsabilidade do acusado, de acordo com o Art. 59 CP.

DICA: não existe a compensação de culpas no Direito Penal brasileiro.

58. Em relação ao Direito Penal, julgue os próximos itens.

O crime culposo advém de uma conduta involuntária.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O crime culposo advém de uma CONDUTA VOLUNTÁRIA. Entretanto, o


RESULTADO É INVOLUNTÁRIO.

Solução completa
Segundo a teoria finalista da ação, toda conduta é dirigida a uma finalidade,
ainda que não seja uma finalidade criminosa. Portanto, no crime culposo, a ação é
voluntária, dirigida a uma finalidade não criminosa e tem um resultado criminoso
involuntário. Cumpre observar que a conduta é voluntária, o que é involuntário é o
resultado, que adveio por imprudência, negligência ou imperícia do agente.

59. São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.

Certo Errado

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Gabarito: Errado

RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão traz de maneira correta os elementos do fato típico culposo, porém


se equivoca ao trazer previsibilidade subjetiva, quando o correto seria
previsibilidade objetiva.

Gabarito: 53C 54E 55E 56E 57C 58E 59E 60E 61E 62E

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TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H

Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral

Formal
TIPICIDADE
Material

Agora iremos estudar o segundo elemento do fato típico: o resultado naturalístico.

RESULTADO NATURALÍSTICO

O resultado naturalístico é o segundo elemento do fato típico. Além do resultado


naturalístico, iremos estudar o resultado jurídico ou também chamado de normativo. Segue o
texto de lei:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. (...)

➢ RESULTADO NATURALÍSTICO

É a modificação que a conduta do agente causou no mundo exterior. Por exemplo, no


crime de homicídio, a pessoa que estava viva agora está morta; no crime de furto o patrimônio
sai da posse da vítima e passa a fazer parte do patrimônio do autor do crime.
A modificação no mundo exterior pode ser de natureza física, fisiológica, ou psicológica,
por exemplo, crime de dano, crime de lesão corporal e crime de ameaça, respectivamente.

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Só é exigível o resultado naturalístico nos crimes materiais. Mas o que seria crime
material?

Quanto ao resultado, os crimes podem ser classificados como materiais, formais e de


mera conduta.

• CRIMES MATERIAIS OU CAUSAIS: a lei prevê um resultado naturalístico e


exige que ele ocorra para o crime se consumar.

Por exemplo, no crime de homicídio, a lei prevê a morte e exige que a morte aconteça
para o crime se consumar.

• CRIME FORMAL OU DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA: a lei prevê um resultado


naturalístico, mas não exige que o resultado ocorra para o crime se consumar.
Nesses crimes, a consumação é antecipada.
Exemplo: na extorsão mediante sequestro, a lei prevê a obtenção de uma vantagem
(dinheiro), mas não exige que o agente receba o dinheiro para responder pelo crime
consumado. Basta a ligação pedindo o dinheiro do resgate, que o crime já se consumou. Por
isso, é chamado de crime de consumação antecipada.

• CRIME DE MERA CONDUTA OU SIMPLES ATIVIDADE: a lei não prevê


nenhum resultado naturalístico. Nesse tipo de crime não há modificação no
mundo exterior.
Exemplo: no crime de invasão domiciliar (Art. 150 do CP), a lei prevê apenas a entrada
na casa sem o consentimento do morador, sem nenhum tipo de modificação no mundo real.
Entrar em uma casa não vai alterar nada.

➢ RESULTADO NORMATIVO/JURÍDICO: é a lesão ao bem jurídico tutelado pela


norma penal, ou seja, é o resultado do crime previsto na lei. Não se trata de
modificação no mundo exterior, mas sim, na contrariedade à lei, no desrespeito à
lei. Todos os crimes possuem resultado jurídico/normativo.

Exemplo: invasão domiciliar; é a pessoa que entra na residência de outrem sem a


permissão do morador. Ao entrar na residência, não vai haver nenhuma modificação no
mundo real, nada muda. Porém, o resultado previsto na lei é apenas a entrada na casa, e
entrar na casa é o resultado jurídico/normativo (fere e norma).

Segue esquema para memorização:

CRIME MATERIAL CRIME FORMAL CRIME DE MERA CONDUTA

A lei prevê o resultado A lei prevê o resultado A lei não prevê nenhum
naturalístico e o exige para a naturalístico e não o exige resultado naturalístico.
para a consumação.
consumação.

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Você deve responder a algumas perguntas para ter certeza de que aprendeu o assunto:

Há crime sem resultado naturalístico? Sim.


Há crime sem resultado normativo? Não.
Todo crime prevê resultado naturalístico? Não; apenas os crimes materiais.

Por fim, atente-se à seguinte afirmação:


Todos os crimes possuem resultado jurídico, mas nem todos possuem
resultado naturalístico.

EXERCÍCIOS

60. Julgue o item seguinte, acerca do fato típico e de seus elementos.

Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela norma.

Certo Errado

Gabarito: Certo

RESOLUÇÃO RÁPIDA

Para uma norma ser definida como crime, deve atentar contra um bem
jurídico tutelado, e se é tutelado, tem proteção jurídica, e um enfrentamento a essa
norma resulta em um resultado jurídico.

RESOLUÇÃO COMPLETA

RESULTADO NORMATIVO/JURÍDICO: é a lesão ao bem jurídico tutelado


pela norma penal, ou seja, é o resultado do crime previsto na lei. Não se trata de
modificação no mundo exterior, mas sim na contrariedade à lei, no desrespeito à
lei. Todos os crimes possuem resultado jurídico/normativo.

Já o resultado naturalístico é a modificação no mundo exterior e só existe nos


crime materiais.

Gabarito: 63C

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Vamos relembrar nossa tabela para nos localizarmos dentro dela:

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral

Formal
TIPICIDADE
Material

NEXO CAUSAL
Nexo causal, terceiro elemento do fato típico, é o vínculo que une a conduta do agente
ao resultado naturalístico ocorrido no mundo exterior. Dessa forma, a causa é a conduta
indispensável ao resultado e que tenha sido querida ou no mínimo prevista por quem a
praticou. Portanto, só existe nexo causal nos crimes materiais! Vejamos o texto de lei:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Algumas teorias tentam explicar o nexo de causalidade. Iremos estudar duas delas, as
quais foram adotadas no Brasil: teoria da equivalência dos antecedentes causais e teoria da
causalidade adequada.

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TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES DA CAUSA


(OU DA CONDITIO SINE QUA NON)

Essa teoria, em latim, chamada de CONDITIO SINE QUA NON (condição sem a qual não),
foi adotada no Brasil como regra. Para esta teoria, é considerada causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Assim, para saber se uma conduta é ou não equivalente à causa do crime, devemos
retirá-la do caminho anterior ao crime e ver se ainda assim o crime ocorreria. É o chamado
“processo hipotético de eliminação” de Thyrén.

Exemplo: Eduardo acorda pela manhã, toma café, compra uma arma de Edmilson,
(dizendo que é para caçar) pega um táxi, fuma um cigarro, e encontra Júlio, seu desafeto.
Eduardo dispara 16 tiros contra ele, causando-lhe a morte.
No exemplo acima, se Edmilson não tivesse vendido a arma, o resultado ocorreria? Não.
Então, a venda da arma é nexo causal. Se o táxi não tivesse transportado Eduardo, o resultado
teria ocorrido? Não. Então, o transporte realizado pelo taxista também é nexo causal. Se a mãe
de Edmilson não tivesse o parido, o resultado teria acontecido? Não. Então, a mãe de Edmilson
deveria responder, pois o fato de ela dar à luz também é nexo causal.

PROBLEMA: convém perceber que se essa teoria fosse adotada puramente, ela levaria
ao infinito e todas as pessoas do mundo seriam responsabilizadas pelo crime.

SOLUÇÃO: essa teoria foi mitigada, ou seja, temperada, e o Brasil impôs um limite, que é
justamente o dolo (a vontade de participar) ou a culpa (poderia prever o crime) e a imputação
objetiva (a conduta deve criar um risco proibido). Portanto, só é considerado causa se houver
dolo ou culpa em relação ao crime.

No exemplo acima, Edmilson vendeu a arma a Eduardo sem dolo em relação ao


homicídio, logo, não responderá pelo crime, pois para o Direito Penal, essa venda da arma não
é nexo causal. Muito menos a mãe de Edmilson, pois ela não teve dolo nem culpa em relação
ao homicídio em tela.

Diante disso, percebemos que o Brasil adotou a teoria da equivalência dos antecedentes
causais mitigadas/temperadas, para a aferição do nexo causal, impondo, como requisitos para
a responsabilização da conduta que contribuiu para o resultado do crime, o dolo e a culpa
(responsabilidade subjetiva) bem como os critérios de imputação objetiva (a conduta deve
criar um risco proibido). Mas o que seria a teoria da imputação objetiva?

➢ TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

A imputação objetiva requer a criação ou o incremento de um risco juridicamente


intolerável e proibido, sendo caracterizado por três elementos:
• Criação ou incremento de um risco juridicamente intolerável, e não permitido
ao bem jurídico tutelado.
• Concretização desse perigo em resultado típico.
• Resultado dentro do alcance do tipo.

Exemplo: O marido tem colesterol alto. A sua esposa, com muita raiva do marido e
querendo assassiná-lo, leva-o a uma churrascaria e ele come muita carne, de modo acaba

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morrendo de AVC. Pela teoria da equivalência dos antecedentes causais, a conduta da esposa
seria nexo causal. Todavia, pela teoria da imputação objetiva, não, pois o fato de levar o
marido a uma churrascaria não significa criar um risco proibido.

Em alguns casos, faz-se necessária uma análise diferente e, portanto, excepcionalmente


o Brasil adotou a teoria da causalidade adequada.
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
Trata-se de teoria adotada pelo Código Penal, porém, somente em algumas situações,
nas quais se faz necessária uma análise de outros fatores (concausas) que contribuíram para o
resultado do crime. O Código Penal adotou essa teoria ao afirmar no Art. 13, § 1º, CP:
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui
a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
As concausas são circunstâncias que se agregam à conduta do agente, contribuindo para
a produção do resultado ou em alguns casos podem por si só causar o resultado. As concausas
podem ser absolutamente independentes ou relativamente independentes da conduta do
agente. Elas também podem vir antes, durante ou depois da conduta do agente, o que iremos
chamar de preexistente, concomitante e superveniente, respectivamente.

A teoria da causalidade adequada regula as concausas relativamente independentes


supervenientes que, por si sós, produziram o resultado. Mas, iremos estudar todas as
consausas até chegarmos à teoria da causalidade adequada. Isso cai em prova!

Quando analisamos as concausas, o objetivo é responder a três perguntas que serão


exigidas pelas questões: a concausa é absolutamente independente ou relativamente
independente? Ela é preexistente, concomitante ou superveniente? O agente responde por
crime tentado ou consumado?

➢ CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE:


São aquelas que, por si sós, produzem o resultado do crime, ou seja, não dependem da
conduta do agente. Essas concausas podem ser preexistentes, concomitantes ou
supervenientes.

• Absolutamente independente preexistente: é quando a concausa veio antes


da conduta do agente e causou o resultado.
Exemplo: Roberto descarrega o revólver em Flávio com intenção de matá-lo, porém,
Flávio vem a falecer em decorrência do efeito de veneno, que ele havia ingerido horas antes
do tiro.
Nessa situação, a concausa (envenenamento) veio antes da conduta de Roberto (atirar),
e o veneno, por si só, causou o resultado. Logo, estamos diante de uma concausa
absolutamente independente, preexistente. Roberto responderá pelo crime de homicídio
tentado, pois sua conduta não causou o resultado.

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No exemplo acima, as respostas seriam as seguintes:

A concausa é absolutamente independente ou relativamente independente?


Absolutamente independente, pois, por si só, causou o resultado.

A concausa é preexistente, concomitante ou superveniente?


Preexistente, pois veio antes da conduta do agente.

O agente responde por crime tentado ou consumado?


Crime tentado, uma vez que sua conduta não contribuiu para resultado.

• Absolutamente independente concomitante: é quando a concausa ocorreu


paralelamente à conduta do agente, ou seja, ao mesmo tempo.
Exemplo: Letícia, com vontade de matar Rodrigo, desfere vários tiros contra ele. No
momento dos disparos, o teto cai na cabeça de Rodrigo e causa-lhe a morte. Nessa situação, a
concausa (teto na cabeça), por si só, causou o resultado e nada teve a ver com os tiros
desferidos por Letícia.
No exemplo acima as respostas seriam as seguintes:

A concausa é absolutamente independente ou relativamente independente?


Absolutamente independente, pois por si só causou o resultado.

A concausa é preexistente, concomitante ou superveniente?


Concomitante, pois ocorreu durante a conduta do agente.

O agente responde por crime tentado ou consumado?


Crime tentado, uma vez que sua conduta não contribuiu para resultado.

• Absolutamente independente superveniente: é quando a concausa ocorreu


posteriormente à conduta do agente. Ou seja, veio depois da conduta do agente.

Exemplo: Dessa vez, Roberto deseja matar Flávio envenenado e coloca veneno no seu
refrigerante. Ao ingerir o veneno, Flávio começa passar mal e, antes de ser socorrido, é
surpreendido por um desafeto seu, que o mata com um tiro de espingarda calibre 12.

Aqui a concausa do resultado foi o tiro de 12, que veio após a conduta de Roberto
(envenenamento) e por si só causou o resultado.

MUDE SUA VIDA!


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No exemplo acima, as respostas seriam as seguintes:

A concausa é absolutamente independente ou relativamente independente?


Absolutamente independente, pois por si só causou o resultado.

A concausa é preexistente, concomitante ou superveniente?


Superveniente, pois ocorreu após a conduta do agente.

O agente responde por crime tentado ou consumado?


Crime tentado, uma vez que sua conduta não contribuiu para resultado.

Atenção! Em todas as situações de concausas absolutamente independentes, o agente só


responde por tentativa, pois a causa do resultado não foi a conduta do agente, e sim a
concausa.

➢ CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTE:


A concausa relativamente independe é aquela que, combinada com a conduta do agente,
produz o resultado DO CRIME. Aqui há duas causas que, interligadas, produzem o resultado
do crime.
Assim como as absolutamente independentes, as relativamente independentes também
podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
• Relativamente independente Preexistente: É quando a concausa veio antes
da conduta do agente e causou o resultado.
Exemplo: “A” é pórtadór da dóença hemófilia (dificuldades no estancamento do
sangue). “B”, sabendó dessa situaçãó, desfere uma leve facada na mãó a “A”, que em
decorrência da hemorragia vem a óbito.
Cumpre observar que, nesse caso, a concausa é a doença, mas ela por si só não teria
condições de causar o resultado morte. Aqui, a concausa (doença) teve que se unir à conduta
do agente (facada) para juntos causarem o resultado. A doença já existia antes da conduta do
agente, portando, é preexistente a conduta.

No exemplo acima, as respostas seriam as seguintes:

A concausa é absolutamente independente ou relativamente independente?


Relativamente independente, pois teve que se unir à conduta do agente para
causar o resultado.

A concausa é preexistente, concomitante ou superveniente?


Preexistente, pois ocorreu antes a conduta do agente.

O agente responde por crime tentado ou consumado?


Crime consumado, uma vez que sua conduta deu causa ao resultado.

• Relativamente independente concomitante: é quando a concausa ocorreu


paralelamente à conduta do agente, ou seja, ao mesmo tempo.

MUDE SUA VIDA!


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Exemplo: Rodolfo, querendo matar Letícia, desfere vários tiros contra ela. No momento
dos disparos, Letícia sai desesperada pela rua tentando se esquivar dos tiros e é atropelada
por um caminhão, vindo a óbito em decorrência do acidente.

Cumpre observar que a concausa é o acidente que ocorreu paralelamente aos tiros.
Porém, Letícia só correu desesperada devido aos tiros.

No exemplo acima, as respostas seriam as seguintes:

A concausa é absolutamente independente ou relativamente independente?


Relativamente independente, pois teve que se unir à conduta do agente para
causar o resultado.

A concausa é preexistente, concomitante ou superveniente?


Concomitante, pois ocorreu durante a conduta do agente.

O agente responde por crime tentado ou consumado?


Crime consumado, uma vez que sua conduta deu causa ao resultado.

• Relativamente independente superveniente: é quando a concausa ocorreu


posteriormente à conduta do agente. Ou seja, veio depois da conduta do agente.
Aqui devemos aplicar a teoria da causalidade adequada, prevista no parágrafo
1º do Art. 13 do CP. Vejamos novamente o texto de lei:
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui
a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Devemos ter bastante cuidado, pois, apesar de ser relativamente independente e


superveniente, devemos analisar se a causa, por si só, causou o resultado ou se
necessariamente teve que se unir à conduta do agente para causá-lo.

Portanto, iremos dividir essa concausa em 2: a que produziu o resultado por si só, e a
que produziu o resultado unindo-se à conduta do agente.

1) Relativamente independente superveniente que por si só causou o resultado:


segue a exceção prevista no § 1º do Art. 13, do CP.

Exemplo: Letícia, com vontade de matar Rodolfo, descarrega a pistola nele. Rodolfo é
socorrido e passa por cirurgia. Porém, antes de ter alta, o hospital pega fogo, e Rodolfo morre
em decorrência do incêndio.

Aqui a concausa (incêndio) é relativamente independente, pois Rodolfo só estava no


hospital porque Letícia atirou contra ele; é superveniente, pois veio depois da conduta de
Letícia, e por si só causou o resultado, uma vez que o incêndio não precisou se unir aos tiros
para causar o resultado.

MUDE SUA VIDA!


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Logo, Letícia não merece responder por homicídio consumado, conforme Art.
13, § 1º do CP. O resultado não será imputado a ela.

2) Relativamente independente superveniente que não causou o resultado por si


só: segue a regra do caput do Art. 13.

Exemplo: Letícia, com vontade de matar Rodolfo, descarrega a pistola nele. Rodolfo é
socorrido e passa por cirurgia. Porém, Rodolfo adquiriu uma infecção por conta do ferimento
dos tiros e morreu em decorrência dessa infecção.

Nesse caso, a concausa (infecção) por si só não teria como causar o resultado morte. A
infecção teve que se unir necessariamente à conduta do agente (tiros).

Letícia responderá por homicídio consumado, pois, por meio da sua conduta,
adveio a infecção que causou o resultado morte.

Em resumo, no tocante às concausas relativamente independentes, quando


preexistentes ou concomitantes, o agente só responde pelo crime tentado, quando
superveniente, depende: se por si só causou o resultado, o agente responde por crime
tentado;se por si só não tinha força de causar o resultado, o agente responde por crime
consumado.

Segue um esquema para memorização:

Preexistente. Ex.:tiro/veneno
Preexistente. Ex.:tiro/veneno
ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE
Absolutamente Independente Concomitante.Ex.:
Concomitante. Ex.:teto.
teto.

Superveniente.
Superveniente. Ex.: veneno/tiro.
Ex.:veneno/tiro.

Preexistente.
Preexistente.Ex. hemofílico.
Ex.: hemofílico.

RelativamenteIndependente
Relativamente Independente Concomitante.
Concomitante.Ex. Caminhão
Ex.: Caminhão
Independente Por si só provocou
o resultado
Superveniente.

Necessariamente teve
que se unir à conduta
do agente.

MUDE SUA VIDA!


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OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE


O Art. 13, §2º, do CP, trata dos crimes omissivos impróprios (impuros ou espúrios) ou
os crimes comissivos por omissão ou participação por omissão. São situações em que o
agente responderá pelo resultado causado pelo sua omissão. Segue o texto de lei:

Art. 13, §2º, CP: A omissão é penalmente relevante quando o


omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado..

A teoria adotada pelo Código Penal foi a formal do dever jurídico, pois a posição de
garantidor deve estar formalizada na lei, como vimos no parágrafo supracitado.

As pessoas às quais incumbe o dever de agir foram enumeradas em um rol taxativo


previsto no Art. 13, §2º, CP. Doutrinariamente, são chamados de garantes (ou agentes
garantidores). Mas perceba que o artigo deixa claro que o agente garantidor é aquele que
DEVIA e PODIA agir para evitar o resultado.

O poder de agir é a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o
resultado, um exemplo seria: caso um único policial militar em serviço que veja 14 homens
fortemente armados entrando em uma agência bancária, neste caso ele tem o dever de agir,
mas não o poder de agir para evitar o resultado.

Mas quem é que tem o dever legal de agir? Essa resposta encontra-se nas alíneas “a”, “b”
e “c” do §2º e iremos analisar cada uma delas a seguir.

a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância


(dever legal)

Entende-se que ó Códigó Penal adótóu a palavra “lei” em sentido amplo, e não apenas
lei em sentido formal. Por essa alínea, o pai tem dever legal em relação ao filho, por exemplo.
É também o dever legal que o policial tem para prender quem seja encontrado em situação de
flagrante delito.

EXEMPLO: Policial que pode agir e não age. Imagine um policial em serviço que presencie
um assaltante roubando um pedestre, podendo agir e tendo o dever imposto por lei,
simplesmente se omite.

Essa omissão, para o Código Penal, é considerada como uma verdadeira ação
(participação por omissão). Nesse caso, o policial deverá responder pelo resultado, ou seja,
responderá juntamente com o criminoso pelo crime de roubo. Aqui a omissão é penalmente
relevante e o agente responde por crime comissivo por omissão (responde como se fosse ele
que tivesse roubado) cuidado!

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Isso acontece porque quem tem o dever de agir e não age responde pelo resultado
produzido. No caso concreto, a ação que gerou o resultado foi um crime doloso, sendo assim, o
policial responderá como partícipe deste crime. Por isso, o crime omissivo impróprio também
é chamadó de “participaçãó pór ómissãó”.

EXEMPLO: Mãe que deixa de amamentar o filho recém-nascido. Nessa situação hipotética,
ela possui a obrigação de alimentá-lo (art. 229, CF/88) e a sua ausência dolosa ou culposa será
punível como delito comissivo por omissão (omissão imprópria) de homicídio doloso ou
culposo consumado, conforme sua intenção.
Art. 229, CF/88: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade..

O dever de agir também pode decorrer de um contrato, o qual pode ser escrito ou verbal.
Observe a alínea a seguir:
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;

Trata-se do agente garantidor, que de outra forma, assumiu a responsabilidade de


impedir o resultado, ou seja, é aquele que assume a responsabilidade, seja por meio de um
contrato escrito ou até mesmo de forma verbal.

EXEMPLO: Babá que assume tomar conta de uma criança e durante a noite — distraída
com o celular — não percebe que a criança engatinha perigosamente em direção à escada, da
qual vem a despencar e acaba morrendo.

O resultado aqui foi uma morte gerada por negligência que, no caso concreto, irá gerar a
responsabilidade do agente garantidor ao crime de homicídio culposo (responde pelo
resultado, e não pela omissão).

Exemplo: uma pessoa que assume verbalmente a posição de salva-vidas em um clube


aquático. Distraído ao celular não percebe que uma criança está se afogando. Se a criança
morrer, o salva-vidas responderá por homicídio, e não pela omissão de socorro, pois nesse
caso ele devia e podia agir para evitar o resultado.

Uma terceira forma de adquirir a responsabilidade para evitar o resultado de um crime


é quando o agente cria a situação de perigo com seu comportamento anterior ao resultado.
Vejamós a alínea “c”:
b) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência
do resultado.

Nesse caso, aquele que criou a situação de perigo fica obrigado a evitar o resultado
lesivo ao bem protegido pela norma penal.

EXEMPLOS: uma pessoa que ateia fogo em uma mata tem o dever jurídico de apagar o
incêndio; a pessoa que atira um amigo na piscina e ele se afoga, então tem o dever de socorrê-
lo; o indivíduo que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco, tem o dever de ajudá-
lo e impedir que ele morra; uma pessoa que esquece um pote de veneno em cima da mesa tem
o dever legal de evitar com uma criança ingira o veneno.

MUDE SUA VIDA!


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Em todos esses casos o omitente responderá pelo resultado, a não ser que este não lhe
possa ser atribuído nem por dolo nem por culpa, caso em que não haverá crime, por ausência
de conduta.
Por fim, entende-se que o comportamento anterior que criou o perigo pode ser doloso
ou culposo, ou até mesmo um comportamento lícito.

Exemplos: Letícia acidentalmente empurra Rodolfo na piscina e ele morre afogado. Uma
pessoa tranca a porta de um estabelecimento e não percebe que havia um ladrão lá dentro,
após ser comunicada do fato, essa pessoa passa a ter o dever de libertá-lo. Cuidado! Não
responda questões de prova com a emoção. Fiz questão de colocar esse exemplo com um
ladrão para causar revolta em você mesmo. Mas isso foi com o objetivo de abrir seus olhos no
sentido de deixar a emoção de lado na hora da prova.

CUIDADO!
Quando estamos falando de relação de causalidade (Art. 13, CP), questão
recorrente é a diferença entre crime omissivo próprio e crime omissivo
impróprio (Art. 13, §2º, CP).

Lembre-se de que o estudo do nexo causal é pertinente apenas aos crimes


materiais. Portanto, os delitos omissivos impróprios são crimes materiais
(necessidade de resultado naturalístico para sua consumação); ademais, admitem a
tentativa e podem ser dolosos ou culposos.

Já os delitos omissivos próprios são crimes de mera conduta, somente


dolosos e não admitem a tentativa, isto é, não são pertinentes ao estudo da relação
de causalidade (Art. 13, CP). Nesses crimes, não há que se falar em nexo de
causalidade, pois o nexo é o vínculo que une a conduta do agente ao resultado
naturalístico, e nesses crimes não existe resultado naturalístico.

EXERCÍCIOS

61. Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no Direito brasileiro,
foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada, também conhecida como
teoria da equivalência dos antecedentes causais.

CERTO( ) ERRADO ( )

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO SIMPLES

REGRA: Teoria da Equivalência dos antecedentes causais ou Equivalência dos


Antecedentes ou SINE QUA NON ("sem a qual não").
EXCEÇÃO: Causalidade Adequada.

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SOLUÇÃO COMPLETA

A questão erra ao afirmar que a teoria adotada como regra foi a teoria da
causalidade adequada, quando na verdade a regra é a teoria da equivalência dos
antecedentes causais.
Erra novamente ao afirmar que a teoria da causalidade adequada também é
conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais. Uma não tem a
ver com a outra. Trata-se de duas teorias distintas.

62. A respeito do princípio da legalidade, da relação de causalidade, dos crimes


consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue o item seguinte.

Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de suicidar-se,
tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por Paulo, que desejava matá-
lo. Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em razão da ingestão do veneno. Nessa
situação, o resultado morte não pode ser imputado a Paulo.
CERTO( ) ERRADO ( )

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Paulo não produziu o resultado e deve responder pelo crime tentado, uma vez
que o resultado não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade.

SOLUÇÃO COMPLETA

Neste caso, temos uma causa absolutamente independente preexistente


(veneno), que não se agregou à conduta de Paulo, produzindo-a, sozinha, o
resultado. Paulo, neste caso, responde apenas por tentativa de homicídio, nos
termos do Art. 13 do CP. É o que afirma a teoria da causalidade adequada, adotada
como exceção pelo Código Penal brasileiro.

Aqui a dica é fazer uma análise tríplice: 1º: analise se a concausa é


absolutamente independente ou relativamente independente da conduta do agente;
2º: analise se ela é preexistente, concomitante ou superveniente; 3º analise se o
agente merece responder por crime tentado (se o resultado não adveio por meio de
sua conduta) ou consumado (caso sua conduta se uniu à concausa e produziu o
resultado).

63. Segundo a teoria da causalidade adequada, quando inúmeras e sucessivas causas


contribuem para a produção do evento danoso, todas as concausas são consideras
adequadas a produzir esse evento, uma vez que, sem elas, o resultado não teria ocorrido,
imputando-se o dever de reparar o dano a todas ou a qualquer das pessoas que o
provocaram.
CERTO( ) ERRADO ( )

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Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão está errada, pois afirma que a teoria da causalidade adequada
avalia a ação ou omissão que sem ela o resultado não teria acontecido e, na
verdade, esse conceito se refere à teoria da equivalência dos antecedentes causais.

Lembrando que:
Brasil adota teoria do conditio sine qua non em regra.
Excepcionalmente adota a teoria da causalidade adequada.

TIPICIDADE

Dentre os elementos do fato típico está a tipicidade penal, mas o que significa
tipicidade? Em uma explicação simples, é analisar se a conduta do agente preenche todos os
elementos típicos da definição legal de um delito, e se a conduta causou uma lesão ou ameaça
de lesão significante para o Direito Penal. Portanto, a tipicidade penal não deve ser analisada
unicamente em seu sentido formal; deve haver também uma análise sobre o prisma
material.

TIPICIDADE FORMAL
A tipicidade formal é a chamada subsunção dos fatos à norma penal. É simplesmente a
adequação da lei ao caso concreto (adequação típica).

Exemplo: Rodolfo subtrai para ele 20 reais que pertenciam a Letícia, coordenadora
pedagógica do AlfaCon e, portanto, rica. Nesse caso, Rodolfo cometeu a conduta típica de furto,
prevista no Art. 155 do CP. Vejamos:
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Cumpre observar que Rodolfo subtraiu para ele uma coisa alheia móvel. Estamos diante
de uma perfeita subsunção (adequação da lei ao caso concreto). Nesse caso, podemos afirmar
que existe tipicidade formal. Mas, como vimos, a tipicidade deve ser analisada ainda sob o
aspecto material.

A adequação típica pode ser imediata ou mediata. Vejamos:

➢ ADEQUAÇÃO TÍPICA IMEDIATA OU DIRETA:

É o fato que se adequa ao tipo penal incriminador e não necessita de nenhuma outra
norma. É, por exemplo, ó crime cónsumadó: imagine que “A” atira em “B” e “B” vem a óbitó. O
fato se adequa perfeitamente ao tipo penal de homicídio previsto no Art. 121 do CP.

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➢ ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA OU INDIRETA:


É o fato que não se adequa perfeitamente a uma única norma e deve-se utilizar outra
norma na aplicação da lei ao caso.
É o exemplo de homicídio tentado (ampliação temporal), no qual devemos usar o Art.
121 cumulado com o Art. 14, II, ambos do CP.
E também o caso do furto qualificado pelo concurso de pessoas. Imagine que Rodolfo e
Letícia se unam para furtar o professor Everton. Rodolfo executa o crime, e Letícia apenas fica
observando se vem chegando alguém. Nesse caso, teremos que aplicar o Art. 155, § 4º c/c o
Art. 29 do CP para estender a Letícia a punição pelo crime de furto (ampliação espacial e
pessoal).
TIPICIDADE MATERIAL

A tipicidade material é a significância da conduta, é a relevância da lesão causada


ou do perigo de lesão ao direito tutelado pela norma penal (valoração da conduta mais
valoração do resultado). Como vimos, o Direito Penal só age se o fato for altamente
relevante. O Direito Penal não se preocupa com coisas ínfimas, insignificantes, pequenas.
Portanto, a tipicidade material pode ser afastada pelo princípio da insignificância
(estudado no capítulo dos princípios).

No exemplo acima, em que Rodolfo subtrai 20,00 de Letícia, conseguimos enxergar a


tipicidade no seu aspecto formal, no entanto, não há tipicidade material, uma vez que Letícia é
muito rica e 20,00 é uma quantia insignificante para ela. Portanto, não existe tipicidade, logo,
o fato é atípico, não há crime, e Rodolfo não será responsabilizado pelo crime de furto.

Portanto, para que haja tipicidade, devemos analisar o aspecto formal e material do fato
típico.

Exemplo: Rodolfo subtrai 5 mil reais de Everton, humilde professor. Aqui estamos
diante de um furto (Art. 155) e dessa vez há tipicidade formal e material, uma vez que 5 mil
reais, para Everton, é uma quantia altamente relevante.

Tratando-se da tipicidade material, cabe relembrarmos o princípio da insignificância:

O STF e o STJ criaram 4 vetores/requisitos e, para a configuração do princípio da


insignificância, deve haver o concurso deles.

➢ Mínima ofensividade da conduta do agente.


➢ Ausência da periculosidade da ação.
➢ Reduzido ou reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
➢ Inexpressividade da lesão jurídica causada.

➢ É importante ressaltar que o STJ cita um quinto vetor do princípio da


insignificância, apontado como sendo o valor subjetivo do bem furtado para a
vítima

O princípio da insignificância, portanto, afasta a tipicidade MATERIAL. Justamente


porque a conduta praticada passa a ser insignificante para o Direito Penal.

MUDE SUA VIDA!


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Alguns autores falam ainda sobre a tipicidade conglobante. Apesar de não ter sido
adotada pelo nosso Código Penal, as questões podem cobrar o seu conceito. Portanto,
abordaremos esse conceito de forma bem breve e compreensiva.
TIPICIDADE CONGLOBANTE

A tipicidade conglobante é simplesmente a análise global do fato. Deve-se fazer uma


análise global do direito e verificar se existe alguma causa de justificação. Exemplo: se houve
excludentes de ilicitude do exercício regular de um direito, então não há tipicidade.

Lembrando que estamos estudando o conceito analítico do crime, o qual divide o crime
em três partes, segundo a teoria tripartida: fato típico, ilícito e culpável. Aqui finalizamos os 4
elementos que compõem o fato típico: conduta, resultado naturalístico, nexo causal e
tipicidade. Se excluirmos qualquer um desses elementos, o fato se torna atípico, logo, exclui-se
o crime.

Vamos relembrar nossa tabela do crime?

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral

Imediata
Formal
TIPICIDADE Mediata
Material

Memorize toda essa tabela, pois ela ajudará a responder a todas as questões
relacionadas à Teoria do Crime. Estudaremos os demais elementos logo após esta sequência
de exercícios. Responda a todos e leia os comentários atentamente.

MUDE SUA VIDA!


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EXERCÍCIOS

64. (CESPE -2017)


A respeito da aplicação da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue o item a
seguir.

Situação hipotética: Joana contratou Antônia para servir de curadora de sua mãe, uma
pessoa idosa. Certo dia, enquanto Antônia dormia, a mãe de Joana, ao caminhar pela sala, caiu
e fraturou o fêmur da perna esquerda.
Assertiva: Nessa situação, Antônia não será responsabilizada pela lesão sofrida pela mãe
de Joana: a conduta omissiva de Antônia é penalmente irrelevante.
Certo Errado

Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Joana deverá responder por lesão corporal culposa.

Solução completa

O Art. 13, § 2º do CP afirma que a omissão é penalmente relevante nos casos em que
o agente tenha o dever de agir e naquele momento seja possível agir para evitar o resultado.
Cumpre observar que a curadora assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (conforme
alínea “b”) e deverá responder pelo resultado da sua omissão (crime comissivo por omissão).
Vejamos o texto de lei:

Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;


b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

65. (CESPE - 2018) Um indivíduo agiu prevendo o resultado naturalístico adverso de sua
ação, mas esperava que este não viesse a ocorrer. Nesse caso, a conduta do indivíduo
corresponde ao conceito jurídico de
a) dolo eventual.
b) dolo de segundo grau.
c) culpa presumida.
d) dolo de perigo.
e) culpa consciente.

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Gabarito: E

SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão conceitua a culpa consciente.

Solução completa
Na culpa consciente o agente prevê o resultado, não quer o resultado e
acredita sinceramente que o resultado não vai acontecer.
Cuidado para não confundir com o dolo eventual!
No dolo eventual o agente prevê o resultado, não quer o resultado, mas
aceita o resultado. É o famoso der no que der continuarei fazendo. É aquela
conduta em que o agente sabe que pode produzir o resultado criminoso, ele não
quer o resultado, porém, não se importa se este acontecer.

66. (CESPE - 2017) A respeito da aplicação da lei penal, do crime e da imputabilidade


penal, julgue o item a seguir.
Um crime é classificado como crime culposo quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão trouxe o conceito de crime doloso e afirmou que seria crime


culposo. Vejamos:

Art. 18 – Diz-se o crime:


I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;
Já o crime culposo é quando o agente comete o crime mediante uma falta de
dever objetivo de cuidado que pode advir de uma conduta negligente, imperita ou
imprudente.

67. (CESPE - 2013) No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue o
item que se segue.

A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à previsão do


resultado: na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente
que pode evitá-lo; na culpa inconsciente, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo
agente.
Certo Errado

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão traz os conceitos de culpa consciente e culpa inconsciente de forma


clara e objetiva.

68. CESPE - 2013 Acerca do Direito Penal, julgue o item subsecutivo.

É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime


comissivo.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

É perfeitamente possível. Trata-se do crime comissivo por omissão, nos casos


em que o agente devia e podia agir para evitar o resultado.

SOLUÇÃO COMPLETA

Trata-se dos casos previstos no Art. 13, parágrafo segundo, do Código Penal.
Exemplo: um policial que tem o dever de prender em flagrante visualiza o crime
de estupro e não age para evitar o resultado, este responderá pelo estupro (crime
comissivo) justamente porque se omitiu em cumprir seu dever legal (omissão).

Imagine ainda uma mãe que presencia o padrasto estuprando sua filha e
nada faz para evitar. A mãe responde pelo resultado (estupro). São os chamados
crimes comissivos por omissão.

Segue texto de lei:

Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

MUDE SUA VIDA!


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69. (CESPE -2015) A respeito do conflito aparente de normas penais, dos crimes
tentados e consumados, da tipicidade penal, dos tipos de imprudência e do arrependimento
posterior, julgue o item seguinte.

A coação física irresistível configura hipótese jurídico-penal de ausência de conduta,


engendrando, assim, a atipicidade do fato.

Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A coação física exclui a própria ação voluntária que consequentemente exclui


a conduta que exclui a tipicidade, tornando a conduta atípica, ou seja, exclui o
crime.

70. (CESPE - 2014) Julgue o item seguinte, relativo a fundamentos do Direito Penal.
Considere a seguinte situação hipotética.

Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba por
ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e,
devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram.

Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do
delito contra Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais
passageiros do avião.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Foi exatamente o que estudamos em relação ao dolo direto.


Vimos que o dolo direto pode ser de primeiro grau, que é o dolo em relação à
pessoa a qual o agente deseja realmente atingir, e o dolo direito de segundo grau,
que é o dolo de consequências necessárias.
No caso acima, temos o dolo direto de primeiro grau no tocante ao homicídio
de Maurício e dolo direto de segundo grau em relação aos homicídios dos demais
passageiros d avião.

71. (CESPE - 2014) Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao Direito
Penal, julgue o próximo item.

A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é
correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena.
Certo Errado

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Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

No Brasil adota-se a teoria finalista, a qual coloca dolo e culpa dentro do fato
típico. O enunciado faz referência à teoria causalista que coloca dolo e culpa na
culpabilidade.

72. (CESPE - 2014)


Quanto às penas, à tipicidade, à ilicitude e aos elementos e espécies da infração penal,
julgue o item a seguir.
Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual
decorre um resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo resultado posterior,
é necessário que este seja previsível.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O crime preterdoloso é justamente quando há dolo no antecedente e culpa no


consequente, e a questão fala justamente isso.

SOLUÇÃO COMPLETA

Como exemplo, podemos citar o crime de lesão corporal qualificado pelo


resultado morte. É quando o agente tem o dolo de lesionar uma pessoa e
culposamente acaba lhe causando a morte.
Também chamado de preterintencional, é quando há dolo no antecedente e
culpa no consequente. O agente comete a conduta com intenção de um resultado
menos grave e acaba causando um resultado mais gravoso, culposamente.

Exemplo: Bruno, com intenção de lesionar Alisson, atinge-o com uma pedra.
Alisson vem a falecer em decorrência da lesão causada por Bruno. Lesão corporal
seguida de morte (Art. 129, parágrafo 3º). Dolo na lesão, culpa na morte.

73. (CESPE – 2018) Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a
bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que
estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o
traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e levaram o colega ferido
ao hospital da região.
Nessa situação hipotética, se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro
disparado pelo traficante, estar-se-á diante de homicídio tentado, que, no caso, terá como
elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o ingresso do traficante nos atos
preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por circunstâncias
alheias à vontade do traficante.
CERTO ( ) ERRADO( )

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão menciona os atos executórios como sendo elementos do crime


tentado.

SOLUÇÃO COMPLETA

A questão tenta vencer o candidato no cansaço. Ela vem toda certinha, mas
no final ela erra quando fala que um dos requisitos da tentativa é o ingresso do
agente nos atos PREPARATÓRIOS, quando na verdade deveria ter mencionado os
atos EXECUTÓRIOS.

Portanto, a parte que torna a questão errada é apenas “o ingresso do


traficante nos atos PREPARATÓRIOS”.

Os atos preparatórios, em regra, não são puníveis pelo Direito Penal, salvo
se a preparação for elementar do próprio tipo penal. Mas em regra, só haverá
punição a partir dos atos executórios (como vimos ao estudar o iter criminis)

74. ( CESPE – 2018 ) Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo,
a bicicleta de um adolescente, tendo-o ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi
preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa roubada. Nessa situação, a
restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena, pois o
crime foi cometido com grave ameaça à pessoa.

CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Para o agente se beneficiar da redução de pena do arrependimento posterior,


um dos requisitos é que o crime não tenha sido cometido com emprego de violência
ou grave ameaça contra a pessoa.

Solução completa

Segue o texto de lei para melhor compreensão:

Tal instituto não se refere à tentativa, pois não está dentro do caminho do
crime, mas de benefício aplicável após a consumação do crime, ou seja, depois do
iter criminis. Vejamos o texto do Art. 16 do CP:
Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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Trata-se de uma política criminal que visa à reparação do dano do crime


consumado, consoante o item nº 15 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral
do Código Penal (Lei nº 7.209, de 11/07/1984):

O Projeto mantém a obrigatoriedade de redução de pena, na tentativa


(Art. 14, parágrafo único), e cria a figura do arrependimento posterior à
consumação do crime como causa igualmente obrigatória de redução de pena. Essa
inovação constitui providência de Política Criminal e é instituída menos em favor
do agente do crime do que da vítima. Objetiva‑se, com ela, instituir um estímulo à
reparação do dano, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Primeiramente cabe observar que o arrependimento posterior é posterior à
consumação. O crime já aconteceu. O arrependimento posterior, por sua vez, não
exclui o crime, pois este já se consumou, mas é causa OBRIGATÓRIA de
diminuição de pena.

Antes de adentrarmos na ilicitude do crime, vamos estudar a adequação típica imediata


(crime consumado) e a adequação típica mediata (crime tentado). Além disso, estudaremos a
desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior. Para isso,
devemos aprender primeiro o iter criminis (caminho do crime).

ITER CRIMINIS
Iter criminis quer dizer caminho do crime, ou seja, as fases do crime, que, para a
doutrina majoritária, são 4 (quatro) etapas: [1ª] cogitação, [2ª] preparação, [3ª] execução e
[4ª] consumação.
De antemão, saiba que a única fase interna é a cogitação e as outras são fases
externas.
Cuidado!
De acordo com o princípio da alteridade ou transcendentalidade, o
Direito Penal só pode punir condutas que agridam bem jurídico alheio, isto é,
não haverá punições a condutas meramente internas ao agente (pensamentos,
desejos, autopunição, autolesão, suicídio, etc.). Dessa forma, a cogitação nunca
será punida pelo Direito Penal.

Exceção: Pretexto p/ fabricar moeda falsa.


Não punível não punível (em regra)

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

Já pode haver punição por tentativa

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1ª COGITAÇÃO: é a fase do pensamento. Aqui o agente está apenas planejando


mentalmente o crime. Essa fase não é punível.
2º PREPARAÇÃO: nessa fase o agente está se preparando para cometer o crime. Ex.:
amolando uma faca para matar alguém. Essa fase, em regra, também não é punível, salvo se
o próprio crime descrever a preparação como um dos elementos dele. Por exemplo, ter
material de fabricação de moeda falsa. O agente ainda nem fabricou moeda falsa, mas só em
adquirir o material (preparação) já responde pelo crime. Isso é exceção.
A regra geral é que o crime somente será punível se adentrar à fase de execução (Art.
31, c/c Art. 14, II, CP), a não ser que exista norma penal punindo os atos preparatórios
(crimes autônomos).
Casos de impunibilidade
Art. 31, CP: O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado..

Tentativa
Art. 14, II, CP: tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente..
Os crimes puníveis na fase de preparação são geralmente delitos
autônomos, que possuem uma norma penal criminalizando estes
atos antecedentes.
• CRIMES DE OBSTÁCULO: são delitos autônomos e retratam os atos preparatórios
para um delito-fim, por exemplo, a associação criminosa (Art. 288, CP) e os
petrechos para falsificação de moeda (Art. 291, CP).

• CRIMES DE PERIGO ABSTRATO: muitas vezes o delito de homicídio doloso é


cometido mediante arma de fogo, nesse sentido, os Arts. 12, 14 e 16 do Estatuto
do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) retratam delitos de perigo abstrato, os
quais tipificam a posse irregular e o porte ilegal de arma de fogo.

3ª EXECUÇÃO: a partir daqui o agente já pode ser punido, no mínimo, pela tentativa.
Aqui o agente entra nos atos executórios do tipo penal. Ex.: puxar a arma para matar alguém,
já adentrou nos atos executórios.
4ª CONSUMAÇÃO: nessa fase o resultado do crime já aconteceu. Ex.: a morte, no crime
de homicídio.
Existe ainda o EXAURIMENTO, que é quando o agente alcança o fim pretendido. Ex.:
extorsão: nesse crime a consumação se dá com o constrangimento, não necessita que o agente
receba a vantagem exigida, é crime de consumação antecipada. O recebimento da vantagem é
um mero exaurimento. Portanto, o exaurimento vem após a consumação do crime e não altera
a tipificação da conduta.
Agora que sabemos todo o caminho do crime, fica mais fácil entender o que vem pela
frente. Iremos utilizar o iter criminis por várias vezes ao longo dos próximos assuntos.

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CRIME CONSUMADO
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele percorra todas as fases do iter
criminis: cogitação, preparação, execução e consumação. O agente, com sua conduta,
“caminha” pór tódas as fases até atingir o resultado, salvo os crimes que possuem consumação
antecipada (crimes formais).

Art. 14, CP: Diz-se o crime:


I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal; […].

Cómó diz ó Art. 14 dó CP, ó crime e consumado, quandó nele se reunem todos os
elementos de sua definiçaó legal; e justamente quandó ó resultadó dó crime acóntece.

Exemplos: ó Art. 121 mencióna “matar alguem”. Lógó, só havera hómicídió cónsumadó
se alguem mórrer. E a adequaçaó típica imediata. Nó casó de furtó, Art. 155 dó CP, só havera
furtó cónsumadó se ó agente cónseguir subtrair a cóisa alheia.

E se ó crime naó chegar ate a fase da cónsumaçaó, ó que e que acóntece? Nesse casó,
póde haver um crime tentadó, uma desistencia vóluntaria óu um arrependimentó eficaz.
Estudaremós cada um deles.

CRIME TENTADO
O crime tentado é quando o agente adentra nos atos executórios e algo contra sua
vontade acontece e evita a consumação do delito. Vejamos o texto de lei:
Art. 14, CP: Diz-se o crime: […]
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

Pena da tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços..
Primeiramente, devemos ter em mente que o instituto da tentativa (ou conatus) significa
que o agente não conseguiu consumar (concluir) o crime por ele desejado, mas por
circunstâncias alheias à sua vontade.

Pórtantó, duas infórmaçóes impórtantes para entendermós a tentativa:

➢ A partir de que momento o agente pode ser punido por tentativa? Quando iniciada
a execução.

➢ Porque o crime não se consumou? Por circunstâncias alheias à vontade do


agente. Ou seja, contra a vontade do agente.

Exemplo: Letícia atira em Ródólfó cóm intençaó de mata-ló. Após ós disparós, Letícia
evadiu-se dó lócal pensandó ter matadó seu algóz, pórem, Ródólfó fói sócórridó e sóbreviveu.

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Percebe-se que ela entróu nós atós executóriós (disparóu) e ó resultadó/cónsumaçaó


(mórte) naó acónteceu pór circunstancias cóntra/alheias a vóntade de Letícia.

Atenção!
Se o agente não consumar o crime por circunstâncias internas à sua
própria vontade, não será tentativa, mas sim desistência voluntária ou
arrependimento eficaz (Art. 15, CP) a depender do caso concreto.

NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA


Trata-se de uma antecipação temporal da figura típica por meio da adequação típica
de subordinação mediata ou indireta.
Isto é, nos tipos penais incriminadores não há a definição do crime tentado e, portanto, o
Código Penal utiliza a tentativa como norma de extensão (Art. 14, parágrafo único, CP) ao
fato delituoso.

TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL


Por se tratar de uma causa obrigatória de diminuição da pena, o CP adotou a teoria
objetiva. Conforme expõe o STJ:
A legislação penal brasileira, no que se refere à tentativa, adotou a
teoria objetiva, o que significa que a pena a ser aplicada depende
do maior ou menor distanciamento da consumação..

STJ, AgRg no AREsp 1.124.565/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/06/2018, 5ª Turma, DJe 29/06/2018.

A banca cepe já cobrou esse assunto e deu como errada a seguinte afirmativa: Em
relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime
de evasão mediante violência contra a pessoa. O erro está justamente em afirmar que a teoria
adotada é a subjetiva.
PENA DA TENTATIVA
Pune-se o crime tentado com a mesma pena do consumado, mas reduzida, ou seja, o juiz
irá analisar o crime em sua forma consumada e diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
terços), dependendo da proximidade que os atos executórios chegaram da consumação:
quanto mais próximo do resultado chegar, menor será a redução; quanto mais distante do
resultado, maior a redução. Vejamos o parágrafo único do Art. 14:

Pena da tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços..

COMO AFERIR A DIMINUIÇÃO DA PENA?

Exemplo: Alisson, com animus necandi, atira 16 vezes contra Bruno, porém, erra todos
os tiros.

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Qual o dolo de Alisson? Matar.


Por que não se consumou? Errou os tiros.
Qual foi a circunstância alheia? Falta de pontaria.
Por que crime ele responde? Homicídio tentado.

➢ Quanto mais próximo do resultado, menor é a diminuição.

Exemplo: Bruno passou um mês na UTI, quase morreu. (diminui menos – 1/3)

➢ Quanto mais longe do resultado, maior é a redução.

Exemplo: Bruno errou todos os tiros, a vítima passou longe da morte. (diminui mais
2/3)

Mais uma vez percebemos que a teoria adotada pelo Código Penal para a aplicação da
tentativa é a teoria objetiva, pois é uma causa obrigatória de diminuição de pena da Parte
Geral (Art. 14, parágrafo único, CP), não importando a subjetividade do delito praticado pelo
agente.

CUIDADO!
No crime de homicídio (Art. 121, CP), se o agente não atingir a vítima, isto é,
tratando-se de tentativa branca de homicídio (ou incruenta), a redução da pena
será no patamar máximo: redução de 2/3 (dois terços), sendo o homicídio simples
ou qualificado, de acordo com o STJ.

HOMICÍDIO TENTADO. TENTATIVA BRANCA. PENA. REDUÇÃO NO


PERCENTUAL MÁXIMO: A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
tem orientação firmada no sentido de que no crime de homicídio,
em que a vítima não é atingida por circunstâncias alheias à vontade
do agente, escapando ilesa ou sem graves lesões, o ‘iter criminis’
percorre seu estágio inicial, o que impõe a fixação da redução pela
tentativa em sua fração máxima de 2/3 (dois terços). Precedentes..

STJ, HC 265.189/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 17/12/2013, 5ª Turma, DJe 03/02/2014. Precedentes: STJ – EDcl no
AgRg no REsp 1.167.481/RS, REsp 117.253/DF.

ESPÉCIES DE TENTATIVA
A tentativa pode ser branca ou vermelha, quanto ao atingimento do objeto pretendido. E
pode ser perfeita ou imperfeita, quanto ao esgotamento dos atos executórios. Veremos cada
uma delas.

TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA

A tentativa branca, tambem chamada de incruenta, e quandó ó agente naó cónsegue


sequer atingir ó óbjetó que pretendia lesar.

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Exemplos: Eduardó, cóm dóló de matar, atira 6 vezes e erra tódós ós tirós que desferiu
cóntra Brunó. O resultadó naó ócórreu pór circunstancias alheias a sua vóntade e essas
circunstancias impediram que Eduardó atingisse ó óbjetó pretendidó (córpó de Brunó).

Estamós, póis, diante de uma tentativa branca/incruenta.

TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA

A tentativa vermelha óu tambem chamada de cruenta e quandó ó agente delitivó atinge


ó óbjetó pretendidó, mas naó óbtem ó resultadó naturalísticó esperadó, em razaó de
circunstancias alheias a sua vóntade

Exemplo: Eduardó, cóm dóló de matar, atira em Cibely e acerta peló menós um dós tirós
nela, mas Cibely naó mórre pórque fói sócórrida.

Nesse exempló, estamós diante de uma tentativa vermelha/cruenta.

➢ Para melhor memorizar, segue a dica!

A palavra cruenta lembra carne crua, e carne crua tem sangue; se atingir a vítima,
havera sangue (tentativa vermelha-cruenta).

Ja a palavra incruenta, significa que naó esta crua, óu seja, não há sangue, pórque a
vítima naó fói sequer atingida (tentativa branca-incruenta).

TENTATIVA PERFEITA OU ACABADA OU CRIME FALHO

A tentativa perfeita, também chamada de acabada ou de crime falho, é quando o


agente esgota completamente os meios de que dispunha para lesar o objeto material que
pretendia. É quando o agente exaure todo o seu potencial lesivo.

Exemplo: Letícia descarrega ó revólver (dispara tódós ós tirós de que dispunha) na


tentativa de matar Ródólfó.

Nesse exempló, Letícia esgótóu tódó ó seu pótencial ófensivó e mesmó assim ó crime naó
se cónsumóu, óu seja, apesar de ela ter feitó tudó que estava aó seu alcance, ó crime falhóu.
Aqui ela cónseguiu cómpletar a execuçaó dó crime.

Atenção!
Crime falho é sinônimo de tentativa perfeita (ou acabada) e as bancas de
concurso tentam confundir nas provas utilizando o termo “quase-crime” —
sinônimo de crime impossível ou tentativa inidônea (Art. 17, CP).

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TENTATIVA IMPERFEITA OU INACABADA

Ja na tentativa imperfeita, que tambem póde ser chamada de inacabada, ó agente,


antes de esgótar tóda a sua pótencialidade lesiva, e impedidó pór circunstancias alheias.
Aqui ele e impedidó nó meió da execuçaó dó crime.

Exemplo: Antónió póssui um revólver cóm 06 muniçóes. Dispara ós 03 primeirós tirós


cóntra Hórrames, seu desafetó, mas, antes de disparar ó quartó tiró, e surpreendidó pela
chegada da Pólícia Militar, que ó prende em flagrante delitó.

Segue esquema para memorização

BRANCA/INCRUENTA: não
BRANCA/INCRUENTA: NÃO atingeOoBEM.
ATINGE bem.

TENTATIVA
VERMELHA/CRUENTA: atinge o bem.
VERMELHA/CRUENTA: ATINGE O BEM.
TENTATIVA

PERFEITA: exaureEXAURE
PERFEITA: o potencial lesivo. LESIVO
O POTENCIAL

IMPERFEITA: ñ exaure o potencial lesivo.


IMPERFEITA: NÃO EXAURE O POTENCIAL OFENSIVO

É possível a mescla de espécies de tentativa entre as duas primeiras com as duas


últimas (cruenta e imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), mas nunca entre elas mesmas
(cruenta e incruenta e perfeita e imperfeita), por questões lógicas.

Exemplo 1: Renato possui um revólver com 06 munições. Dispara os 03 primeiros


tiros contra Diego, atingindo-o na perna; mas antes de disparar o quarto, é surpreendido
pela chegada da Polícia Militar.

➢ Tentativa imperfeita: não exauriu todo seu potencial ofensivo.


➢ Tentativa vermelha/cruenta: atingiu o objeto (Diego).

Exemplo 2: Renato possui um revólver com 06 munições. Dispara os 03 primeiros


tiros contra Diego e erra todos. Antes de disparar os outros 3, é surpreendido pela chegada
da Polícia Militar.

➢ Tentativa imperfeita: não exauriu todo seu potencial ofensivo.


➢ Tentativa branca/incruenta: não atingiu o objeto (Diego).

E assim você segue brincando e misturando essas espécies de tentativas.

Mas, atenção! Nem todo crime admite a tentativa!

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CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

Alguns crimes não admitem a punição pela tentativa. O macete aqui é apenas memorizar
todos eles, pois a prova vai perguntar quais são. Vejamos:

A dica é lembrar da seguinte palavra mnemônica: CCHOUPPPA. Vejamos o significado:

Contravenções Penais: ex.: jogos de azar.


Culposos: Não há vontade dirigida a um fim.
Habituais: Exercício ilegal da Medicina.
Omissivos Próprios: omissão de socorro.
Unissubsistentes: ex.: injúria oral. Não há o iter criminis.
Preterdolosos: ex.: lesão corporal seguida de morte.
Permanentes (na forma omissiva).
Perigo abstrato: ex.: porte de arma.
Atentado: tentar evadir-se.

Atenção!
No crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio, Art. 122, CP, a
tentativa só é punida se resultar pelo menos lesão corporal de natureza grave. Isso
está previsto no próprio Art. 122.

Exemplo: “A” levóu foi traído por sua esposa mulher e no bar, revoltado, conta como foi.
“C”, seu amigó, olha para ele e diz “, se eu fosse você, eu me matava para não ter que viver essa
vergónha”. “A” vai para casa, pega o revólver e atira na própria cabeça, mas é socorrido, perde
um olho e sobrevive.
Nesse caso, houve lesão corporal grave e “C” respónderá peló crime dó Art. 122 do CP.
Mas digamós que aó invés de atirar cóntra si mesmó, “A” tentasse se enforcar, e a corda
arrebentasse antes de ele morrer, restando apenas lesão corporal de natureza leve. Nesse
casó, “C” que induziu, não responderá por nada.

➢ É possível tentativa no dolo eventual?


Apesar de haver divergência doutrinária, a jurisprudência dos Tribunais Superiores é no
sentido de que é possível a tentativa em dolo eventual.

DOLO EVENTUAL E CRIME TENTADO – COMPATIBILIDADE: […]


3. Esta Corte Superior de Justiça já se manifestou no sentido da
compatibilidade entre o dolo eventual e o crime tentado.

STJ, AgRg no REsp 1.176.324/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, julgado em
16/02/2016, DJe 23/02/2016. No mesmo sentido: STJ – AgRg no REsp 1.322.788/SC, AgRg no AREsp
608.605/MS, AgRg no REsp 1.405.123/SP, AgRg no REsp 1.199.947/DF, HC 147.729/SP, RHC 6.797/RJ; STF – HC
114.223/SP.

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EXERCÍCIOS
75. No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento
posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.

Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a pessoa ou


a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.

Certo Errado

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A tentativa incruenta é a modalidade de tentativa em que a vítima ou a coisa


não é atingida pela conduta do agente.

SOLUÇÃO COMPLETA

A tentativa incruenta também é chamada pela doutrina de tentativa branca,


pois, como já foi mencionado, não chega a atingir a vítima ou a coisa que suporta a
conduta. Por outro lado, tem-se a tentativa cruenta, também chamada de tentativa
vermelha, sendo aquela que atinge a vítima ou a coisa que suporta a conduta do
agente.

76. (CESPE-2015)
Admite a modalidade tentada o crime de:

A) instigação ao suicídio sem resultado lesivo.


B) aborto.
C) lesão corporal culposa.
D) omissão de socorro.
E) difamação cometida verbalmente.
Gabarito: B
SOLUÇÃO RÁPIDA

Dentre os crimes acima elencados, o aborto é o único que admite a forma


tentada.

SOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois a instigação ao suicídio, quando não ocorre nenhum


resultado lesivo, configura um fato atípico.
b) Está correta, pois o delito de aborto admite a forma tentada, caso não
ocorra a sua consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
c) Está incorreta, pois crimes culposos não admitem tentativa, salvo a
exceção da culpa imprópria.

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d) Está incorreta, pois a omissão de socorro é um crime omissivo próprio o


puro, também não admitindo tentativa.
e) Está incorreta, pois a difamação cometida verbalmente é um crime
unissubsistente, sendo sua consumação alcançada com a prática de apenas um ato,
não admitindo o fracionamento da conduta.

77. (CESPE -2018)

O único tipo de crime que admite tentativa é o:

A) culposo.
B) permanente.
C) preterdoloso.
D) unissubsistente.
E) habitual.
Gabarito: B
SOLUÇÃO RÁPIDA

O crime permanente, dentre esses acima elencados, é o único que admite a


forma tentada.

SOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois crimes culposos não admitem tentativa, salvo culpa
imprópria.
b) Está correta, pois na forma os crimes permanentes admitem a forma
tentada, como, por exemplo, a tentativa de um sequestro, que não se consumou
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
c) Está incorreta, pois os crimes preterdolosos são aqueles em que a conduta
é praticada de forma dolosa, porém o resultado é obtido de forma culposa, logo não
há que se falar em tentativa.
d) Está incorreta, pois o crime unissubsistente se pratica mediante um único
ato, não admitindo o fracionamento da conduta, logo não admite tentativa.
e) Está incorreta, pois o crime habitual se consuma quando ocorre a prática
reiterada de atos que revelam um estilo de vida do agente, também não admite
tentativa.

78. (CESPE/2016) Admite-se a tentativa nos crimes:


A) unissubsistentes.
B) culposos.
C) preterdolosos.
D) complexos.
E) omissivos próprios.

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Gabarito: D
SOLUÇÃO RÁPIDA
Dentre as alternativas, os únicos crimes que admitem tentativa são os crimes
complexos, que são aqueles que ofendem mais de um bem jurídico protegido pela
norma, por exemplo, o crime de roubo.

SOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois os crimes unissubsistentes se praticam mediante um


único ato, não admitindo o fracionamento da conduta, logo não admitem tentativa.
b) Está incorreta, pois os crimes culposos não admitem a forma tentada,
salvo culpa imprópria.
c) Está incorreta, pois os crimes preterdolosos são aqueles em que a conduta
é praticada de forma dolosa, porém o resultado é obtido de forma culposa, logo não
há que se falar em tentativa.
d) Está correta, pois os crimes complexos ofendem mais de um bem jurídico,
por exemplo, o roubo, que ofende o patrimônio e a integridade física ou psíquica da
vítima, não tendo nenhum impedimento para a caracterização da forma tentada.
e) Está incorreta, pois os crimes omissivos próprios se consumam com um
não fazer do indivíduo, quando devia agir, por exemplo, o crime de omissão de
socorro previsto no Art. 135 do Código Penal, não admitindo tentativa.

79. (CESPE/2012) A tentativa, uma norma de extensão temporal, não se enquadra


diretamente no tipo incriminador; faz-se necessária uma norma que amplie a figura típica
até alcançar o fato material.

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Está correta, pois a tentativa é uma norma de extensão prevista no Art. 14,
inciso II, do Código Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

A adequação típica é o instituto que faz a análise de adequação entre a


conduta praticada pelo agente e o tipo penal previsto no ordenamento jurídico. Ela
se divide em adequação típica imediata, quando a conduta praticada pelo agente
se enquadra perfeitamente ao tipo penal e adequação típica mediata, quando a
conduta praticada pelo agente não se enquadra diretamente no tipo penal,
necessitando de uma norma de extensão para que haja a adequação. São normas
de extensão:
A tentativa prevista no Art. 14, inciso II, do CP.
A omissão imprópria prevista no Art. 13, § 2º, do CP.
A participação prevista no Art. 29 do CP.

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80. (CESPE/2016) Dado o princípio da alteridade, a atitude meramente interna do agente


não pode ser incriminada, razão pela qual não se pune a cogitação.
Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

Dentro do “caminho do crime’’ a cogitação é a fase não punível pelo Direito


Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

O Iter criminis, caminho do crime, possui quatro etapas: cogitação,


preparação, execução e consumação. O Direito Penal nunca interfere na primeira
etapa, que é a cogitação, logo o agente pode cogitar a prática de vários delitos, e
enquanto estiver nessa fase interna, o Estado não irá intervir.
Já o princípio da Alteridade afirma que, para uma conduta ser considerada
criminosa no Direito Penal, ela deve ultrapassar a esfera individual do agente e
atingir bens jurídicos de terceiros, tutelados pelo ordenamento jurídico. Logo,
ambos os institutos se complementam, sendo uma afirmação correta.

81. (CESPE/2016) Configura-se tentativa imperfeita ou crime falho se o agente esgota


todos os atos executórios e, por circunstâncias alheias à sua vontade, o crime não se
consuma.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O examinador inverteu o conceito de tentativa perfeita por tentativa


imperfeita.

SOLUÇÃO COMPLETA

A tentativa imperfeita ocorre quando o agente não consegue completar todos


os atos executórios, ele é impedido por circunstâncias alheias à sua vontade de
prosseguir na prática do crime.
Já a tentativa perfeita é justamente o que foi disposto na questão, o agente
esgota todos os atos executórios para a consumação do crime, mas o crime não se
consuma por circunstâncias alheias à sua vontade.

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82. (CESPE/2016) No Direito brasileiro, os atos preparatórios não são puníveis em


nenhuma circunstância, nem mesmo como tipo penal autônomo.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O erro está na parte final do enunciado, ao afirmar que em nenhuma


circunstância os atos preparatórios serão punidos.

SOLUÇÃO COMPLETA
Como regra, o Estado só inicia o seu direito de punir na terceira etapa do Iter
criminis, ou seja, na execução. Contudo, o Estado pode punir na fase preparatória
quando os atos preparatórios já constituam um crime autônomo, como, por
exemplo, o crime de associação criminosa previsto no Art. 288, do CP.

83. (CESPE/2015) Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir


atingir a pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão trouxe o conceito doutrinário da tentativa incruenta.

SOLUÇÃO COMPLETA

A tentativa incruenta tem como sinônimo a tentativa branca, que ocorre


quando a vítima ou a coisa que deveria receber a conduta não é atingida. Quando é
atingida e não se consuma, ocorre a tentativa cruenta ou vermelha.

84. (CESPE/2015) No crime comissivo por omissão, admite-se a forma tentada.


Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

É perfeitamente possível a forma tentada no crime comissivo por omissão.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O crime comissivo por omissão, também chamado de crime omissivo


impróprio ou espúrio, admite a forma tentada, pois a norma prevê um agir, um
fazer e o agente que possui o dever jurídico de agir, não faz nada, acarretando
assim o resultado, que será atribuído a ele.
Os casos de omissão imprópria estão previstos no Art. 13, § 2º do CP:
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.

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85. (CESPE/2014) Admite-se a tentativa nos delitos de imprudência.


Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A imprudência é uma modalidade dentro da culpa, e o crime culposo não cabe


tentativa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O crime culposo pode ser praticado por imprudência, negligência ou imperícia.


Conforme dispõe o Art. 18, inciso II, do CP:
Art. 18, II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.

86. (CESPE/2013) Caracteriza-se crime preterdoloso ou preterintencional caso o agente


cause um resultado mais grave que o desejado, em virtude da inobservância do cuidado
objetivo necessário, inclusive na modalidade tentada.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O crime preterdoloso não admite a modalidade tentada.

SOLUÇÃO COMPLETA

O crime preterdoloso é aquele cuja conduta é dolosa, mas o resultado é


culposo, sendo dolo no antecedente e culpa no consequente. Por exemplo: lesão
corporal seguida de morte. Logo, não admite tentativa.

87. (CESPE/2013) É admissível a tentativa tanto nos crimes plurissubsistentes quanto nos
crimes unissubsistentes.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O erro da questão está em afirmar que se admite tentativa nos crimes


unissubsistentes, porém não é possível.

SOLUÇÃO COMPLETA

Os crimes plurissubsistentes são aqueles em que a conduta é praticada por


dois ou mais atos para que se alcance a consumação. Dessa forma, admitem
tentativa.
Já nos crimes unissubsistentes a conduta é praticada por apenas um único
ato, logo não admite a tentativa.

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88. (CESPE/2009) De acordo com o Art. 14, inciso II, do CP, diz-se tentado o crime
quando, iniciada a execução, este não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente. Em relação ao instituto da tentativa (conatus) no ordenamento jurídico brasileiro,
assinale a opção correta.
A) O crime de homicídio não admite tentativa branca.
B) Considera-se perfeita ou acabada a tentativa quando o agente atinge a vítima, vindo a
lesioná-la.
C) A tentativa determina a redução da pena, obrigatoriamente, em dois terços.
D) As contravenções penais não admitem punição por tentativa.
Gabarito: D.
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A letra D é a alternativa correta, pois não se pune tentativa nas


contravenções penais por expressa previsão legal.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois cabe tentativa branca no homicídio, como, por


exemplo, o agente dispara tiros de arma de fogo na vítima, com intenção de matar,
mas por erro de pontaria não acerta nenhum tiro, neste caso responderá por
tentativa de homicídio.
b) Está incorreta, pois o conceito disposto nesta alternativa é o conceito de
tentativa cruenta ou vermelha, quando a vítima é atingida.
c) Está incorreta, pois salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com
a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
d) Está correta, por expressa previsão legal da lei que dispõe sobre as
contravenções penais: Decreto-Lei nº 3.688/41, Art. 4º Não é punível a tentativa
de contravenção.

89. (CESPE/2011) A tentativa e o crime omissivo impróprio são exemplos de tipicidade


mediata.

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

São casos de tipicidade mediata, também chamada de adequação típica


mediata.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A tipicidade mediata, ou adequação típica mediata, ocorre quando a conduta


praticada pelo agente não se enquadra diretamente no tipo penal, necessitando de
uma norma de extensão para que haja a adequação. São normas de extensão:
A tentativa prevista no Art. 14, inciso II, do CP.
A omissão imprópria prevista no Art. 13, § 2º, do CP.
A participação prevista no Art. 29 do CP.

MUDE SUA VIDA!


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90. (CESPE/2009) O Direito Penal não pune os atos meramente preparatórios do crime,
razão pela qual é atípica a conduta de quem simplesmente guarda aparelho especialmente
destinado à falsificação de moeda sem efetivamente praticar o delito.

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
A conduta de quem guarda aparelho para falsificação de moeda, por si só, já
caracteriza um crime autônomo.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Como regra, o Direito Penal não pune os atos preparatórios, salvo quando
eles já constituírem um crime autônomo. É o caso do crime exposto na questão:
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito,
possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Logo, apesar de não ter entrada na etapa da execução, o Estado já inicia a
punição dessa conduta na fase preparatória, por constituir um crime autônomo.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ


Ambos os institutos se encontram no Art. 15, CP. A primeira parte do artigo expõe a
desistência voluntária, já a segunda parte trata do arrependimento eficaz. São chamados
de “pónte de óuró”. Vejamós ó texto do artigo:
Art. 15. - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados.

Tais institutos foram criados por uma política criminal visando estimular o agente a
evitar a produção do resultado do crime por ele iniciado. Todavia, a desistência ou o
arrependimento deve ser eficaz, isto é, deve evitar o resultado, do contrário o agente não
receberá o benefício da ponte de ouro e responderá pelo delito inicialmente pretendido.

Apesar de a doutrina chamá-la de tentativa qualificada ou abandonada, não haverá


punição a título de tentativa, mas sim por outro delito menor, pois o agente responderá pelos
atos até então praticados. Aqui o dolo inicial é desconsiderado pelo Direito e haverá uma
desclassificação da figura típica, por isso é chamada de ponte de ouro.

MUDE SUA VIDA!


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Para entendermos os conceitos acima, temos que colocar cada um deles no seu lugar
correto, dentro do caminho do crime. Vejamos:

Início da execução fim da execução

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

desistência voluntária arrependimento eficaz

Percebe-se que a desistência voluntária acontece depois que o agente inicia os atos
executórios e antes do fim da execução. Ou seja, o agente desiste no meio da execução (desiste
de prosseguir com a execução).

Já o arrependimento eficaz vem depois que a execução acaba e antes da consumação.


Isso é obvio, pois, após executar uma coisa, não haverá possibilidade de desistir dela, uma vez
que não cabe desistência do que já aconteceu. O que resta a fazer depois de executar algo é
apenas se arrepender do que fez... Aqui o agente termina de executar seus atos e depois ele
próprio se arrepende e impede que o resultado se produza.

REQUISITOS DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

➢ deve iniciar a execução e desistir antes do fim da execução;


➢ não pode ocorrer a consumação;
➢ ato voluntário.

Art. 15. - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na


execução (...)

A desistencia vóluntaria e quandó ó agente inicia a execuçaó dó crime e nó meió da


execuçaó ele decide parar vóluntariamente. Percebe-se que a palavra e VOLUNTARIAMENTE,
e naó ESPONTANEAMENTE.

➢ VOLUNTÁRIA: Por vontade própria do agente (não por circunstâncias


alheias/contra).

➢ ESPONTÂNEA: A ideia surgiu, partiu, do próprio agente.

Exemplo: Antónió tem 6 muniçóes nó seu revólver e atira 3 vezes em Vanessa cóm dóló
de matar. Pórem, fica cóm pena e decide naó disparar ós óutrós 3 tirós. Vanessa naó mórre.
Aqui ó ató fói vóluntarió, e fói espóntaneó, póis a ideia partiu dó próprió agente.

➢ NÃO ESPONTÂNEA: a ideia partiu de outra pessoa, mas o agente desistiu por
vontade própria, não foi forçado.

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Exemplo: Abigail, querendó matar Bia, atira 3 vezes cóntra ela. Nesse mómentó, Cibely
ólha para Abigail e diz “faz issó naó, amiga, ela e muitó jóvem para mórrer”. Abigail desiste de
disparar ó restó das muniçóes que póssui e Bia sóbrevive.
Aqui, apesar de a ideia não ter surgido na cabeça de Abigail, ela agiu voluntariamente,
pois não foi forçada a desistir. Também configura desistência voluntária. O importante é que
ela própria decida pela desistência, mesmo que a ideia não seja dela.

ATENÇÃO!
Na desistência voluntária o resultado não pode ocorrer. Se o resultado
ocorrer, o agente responde pelo crime consumado.

Exemplo: eu, com dolo de matar, dei um único tiro, depois resolvi desistir de prosseguir
com a execução, mas mesmo assim a pessoa morreu. Respondo por homicídio.

Atenção!
Há DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA quando o agente deixa de prosseguir na
execução para fazê-la mais tarde, por qualquer motivo, por exemplo, para não
levantar suspeitas.
Nesse caso, mesmo não sendo nobre o motivo da desistência, a Doutrina
entende que há desistência voluntária.

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Na desistência voluntária, o AGENTE RESPONDE PELOS ATOS ATÉ ENTÃO


PRATICADOS. O dolo inicial é deixado de lado, e o Direito pune o agente apenas pelos
resultados que ele causou, e não pela tentativa do crime que ele pretendia praticar
inicialmente.

Exemplo: Diego atira em Cleber duas vezes e acerta seu braço, mas desiste
voluntariamente de utilizar as outras 3 munições que tinha no revólver e Cleber não morre.
Diego responde por lesão corporal (atos até então praticados).

Cumpre observar que a desistência voluntária e a tentativa são bem parecidas. Mas
uma não se confunde com a outra.
As questões de concursos costumam trocar esses dois conceitos. Pensando
nisso, segue abaixo a diferença entre um e outro, para você nunca mais errar uma
questão dessa.

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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X TENTATIVA

A diferença entre desistência voluntária e tentativa é resolvida com a FÓRMULA DE


FRANK. Vejamos:

➢ NA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: O AGENTE PODE NÃO MAIS QUER.

Exemplo: o agente que tem 6 munições no revólver e atira apenas 3, desistindo de


disparar as demais, PODE prosseguir (continuar atirando), mas NÃO QUER (desistiu).

➢ NA TENTATIVA: O AGENTE QUER MAIS NÃO PODE.

Exemplo: o agente que tem 6 munições no revólver e atira 3, porém, é surpreendido


pela polícia que o prende em flagrante. O agente QUERIA prosseguir com a execução (queria
atirar as demais munições), porém, NÃO PODIA (pois a polícia o prendeu). Nesse caso, o
resultado não ocorreu por circunstâncias alheias à sua vontade, ou seja, contra a sua vontade.

REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO EFICAZ

➢ deve depois da execução e antes da consumação;


➢ não pode ocorrer a consumação;
➢ ato voluntário e eficaz.

Art. 15. – (...) ou impede que o resultado se produza, só responde


pelos atos já praticados.

Na DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, a execuçaó e incómpleta, ó agente para a execuçaó nó


meió dó caminhó.

Ja aqui, nó ARREPENDIMENTO EFICAZ, ó agente completa a execução e em seguida


evita ó resultadó, pór issó, chamamós de eficaz (evitóu ó resultadó).

Exemplo: Cleisson descarrega o revólver em Andreza e depois se arrepende e a leva ao


hospital, lá ela é socorrida e não vem a óbito, mas passa 31 dias sem exercer suas atividades
habituais. Cleisson responde por lesão corporal grave (Art. 129, § 1º, I, CP) e não por tentativa
de homicídio.

Cónvem frisar que, aó afirmar que ele descarregóu ó revólver, significa dizer que ele
cómpletóu ós atós executóriós. Após executar tódós ós disparós, ele se arrependeu e salvóu a
vida de Andreza.

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Cuidado!
Algumas questões irão utilizar a palavra DESISTIU para induzir o candidato a
responder que se trata de desistência voluntária, quando na verdade os requisitos
são de arrependimento eficaz.

Exemplo: “A” póssui 6 muniçóes nó seu revólver e atira em “B” 3 vezes. “A” se
ARREPENDEU de ter atiradó, guardóu ó revólver e sócórreu “B”, salvandó sua vida.

“A” se enquadra na figura da DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. A palavra “arrependeu” naó


significa nada. O impórtante e vóce saber que ele parou a execução no meio do caminho. Se
ele se arrependeu e acabóu desistindo de prosseguir na execução, entaó se trata de
desistencia vóluntaria.

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO ARREPENDIMENTO EFICAZ


As consequências jurídicas saó as mesmas da desistencia vóluntaria; ó agente
respónde pelos atos até então praticados. O dóló inicial e desprezadó, e ó Direitó pune ó
agente apenas pelós resultadós causadós.

E SE O RESULTADO OCORRER?

ATENÇÃO!

Tanto na DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA quanto no ARREPENDIMENTO


EFICAZ, se o resultado ocorrer, o agente responde pelo crime consumado.
Porém, a pena é atenuada na 3ª fase da dosimetria, Art. 65, CPB.

NATUREZA JURÍDICA DOS DOIS INSTITUTOS


Trata-se de uma desclassificação da figura típica (mudança do crime), mas há duas
correntes doutrinárias cobradas em provas:

CORRENTE ANTIGA CORRENTE ATUAL


Causa de exclusão da tipicidade Causa pessoal extintiva da punibilidade
(comunica-se aos coautores/partícipes) (não se comunica aos coautores/partícipes)

Para a primeira teória, se ó crime fór cómetidó em CONCURSO DE PESSOAS e sómente


um deles realiza a cónduta de desistencia vóluntaria óu arrependimentó eficaz, essa
circunstância se comunica aos demais, póis cómó se trata de hipótese de exclusaó da
tipicidade, ó crime naó fói cómetidó, respóndendó tódós apenas pelós atós praticadós ate
entaó.

Exemplo: Debóra e Franciscó se unem para furtar ó cólegió. Debóra fica na esquina
ólhandó se a pólícia esta pór pertó, enquantó Franciscó pula ó muró dó cólegió para subtrair
ós cómputadóres. Chegandó a sala de aula, Franciscó percebe que se subtrair ó cómputadór

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ele vai ficar sem aula a nóite. Pórtantó, Franciscó desiste, pula ó muró de vólta e sai córrendó
chamandó Debóra.

Cumpre óbservar que fói Franciscó quem desistiu, certó! Pórem, tantó ele cómó Debóra
naó respóndem pór furtó, e sim pelós atós ate entaó praticadós, óu seja, invasaó dómiciliar. A
desistencia de Franciscó tórnóu ó fató (furtó) atípicó para ambós.

Atenção!
Ainda há divergências, mas a banca CESPE já aceitou em questões que a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas excludentes de
tipicidade formal mediata/indireta. Ou seja, exclui a tentativa.

(Cespe 2009 - TRE MA) Em relação aos institutos de Direito Penal, assinale a
opção correta. (...) b) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz provocam
a exclusão da adequação típica indireta, respondendo o autor pelos atos até então
praticados e, não, pela tentativa. (Alternativa correta)

(Cespe 2010 – ABIN) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz,


espécies de tentativa abandonada ou qualificada, provocam a exclusão da
adequação típica indireta, respondendo o autor pelos atos até então praticados, e
não, pela tentativa do delito que inicialmente se propôs a cometer. (Alternativa
correta)

ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Tal instituto não se refere à tentativa, pois não está dentro do caminho do crime, mas de
benefício aplicável após a consumação do crime, ou seja, depois do iter criminis. Vejamos o
texto do Art. 16 do CP:
Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.

Trata-se de uma política criminal que visa à “reparaçãó dó danó” dó crime cónsumadó,
consoante o item nº 15 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal (Lei nº
7.209, de 11/07/1984):

O Projeto mantém a obrigatoriedade de redução de pena, na


tentativa (art. 14, parágrafo único), e cria a figura do
arrependimento posterior à consumação do crime como causa
igualmente obrigatória de redução de pena. Essa inovação constitui
providência de Política Criminal e é instituída menos em favor do
agente do crime do que da vítima. Objetiva‑se, com ela, instituir um
estímulo à reparação do dano, nos crimes cometidos “sem violência
ou grave ameaça à pessoa”..

MUDE SUA VIDA!


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Primeiramente, cabe observar que o arrependimento posterior é posterior à


consumação. O crime já aconteceu. O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o
crime, pois este já se consumou, mas é causa OBRIGATÓRIA de diminuição de pena.

REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR

➢ sem violência ou grave ameaça à pessoa;


➢ restituição da coisa ou reparação integral;
➢ até o recebimento da denúncia/queixa;
➢ ato voluntário (não precisa ser espontâneo).

• Sem violência ou grave ameaça contra a pessoa: não cabe nos crimes que
envolvam violência ou grave ameaça contra a pessoa. Exemplo: roubo,
homicídio etc.
Essa violência inaceitável deve ser dolosa, pois a doutrina aceita a aplicação do
arrependimento posterior quando a violência culposa.

• Reparar o dano ou restituir a coisa: o agente, além de se arrepender, deve


reparar o dano ou devolver a coisa, objeto do crime.

• Antes do recebimento da denúncia ou queixa: a restituição da coisa ou a


reparação do dano deve acontecer antes de o juiz receber a denúncia ou a
queixa. Cuidado! As questões costumam trocar a palavra recebimento por
oferecimento. São momentos diferentes.

• Ato voluntário: no arrependimento posterior, a restituição e a reparação


devem ser atos voluntários. O agente deve fazer por vontade própria.
Lembrando que não precisa ser espontâneo, basta ser voluntário.
Atenção!
A violência ou ameaça que impede a aplicação do arrependimento posterior é
contra a pessoa. Se a violência é contra uma coisa, por exemplo, no crime de dano,
é possível, sim, a aplicação.
A Doutrina entende, ainda, que se a vítima se recusar a receber a coisa ou
a reparação do dano, mesmo assim o agente deverá receber a causa de
diminuição de pena.

Exemplo de arrependimento posterior: Althieres, revoltado porque perdeu minha


aula e, por isso, errou uma questão na prova, joga uma pedra e quebra a vidraça da escola.
Trata-se de crime de dano consumado. Ele se arrepende e voluntariamente compra outra
janela e a coloca no lugar da que quebrou; antes do RECEBIMENTO da denúncia.

No exemplo acima, Althieres responderá pelo crime (pois o crime já se consumou), mas
será beneficiado pelo instituto do arrependimento posterior. Mas qual será esse benefício?

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS

O prêmio que o Direito dá a quem se arrepende depois de ter cometido o crime é apenas
uma redução na pena dele. O agente responde pelo crime normalmente, mas o juiz será
obrigado a diminuir a pena em 1/3 ou 2/3.

Art. 16 – (...) a pena será reduzida de um a dois terços. (1/3 a 2/3)

Mas como saber se a redução será de 1/3 ou de 2/3 ?

O quantum da diminuição da pena (um terço a dois terços) irá variar conforme a
celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade desse ato. Quanto mais
rápido o agente se arrepender e restituir a coisa e/ou reparar o dano, maior será a redução;
quanto mais demorado for, menor será a redução.

NATUREZA JURÍDICA DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR

É causa obrigatória de diminuição de pena. O juiz será obrigado a reduzir a pena,


conforme a aferição estudada anteriormente.

FIQUE LIGADO!
De acordo com o STJ, o arrependimento posterior (Art. 16, CP) trata-se de
uma circunstância objetiva, a qual se estende aos coautores/partícipes do crime,
mesmo que só um deles tenha reparado integralmente o dano.

JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. (STJ, 6ª
Turma, REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min.
Rogerio Schie Cruz, julgado em 18/11/2014 - Informativo 554).

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (Art. 16 do CP) para o homicídio


culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada
composição civil entre o autor do crime a família da vítima. (STJ, 6ª Turma, REsp 1561276-BA,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016 - Informativo 590).

CRIME IMPOSSÍVEL
O crime impossível, ou chamado de tentativa inidônea, é quando o resultado do crime não
tem possibilidade alguma de ocorrer. É impossível se chegar à consumação do delito, pois o meio
empregado para tanto foi absolutamente ineficaz, ou o objeto que o agente queria atingir é
absolutamente impróprio para aquele crime. Vejamos o texto de lei:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia ABSOLUTA
do meio ou por ABSOLUTA impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.

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REQUISITOS DO CRIME IMPOSSÍVEL

➢ Absoluta impropriedade do objeto; ou

➢ Ineficácia absoluta do meio empregado.

O crime impossível é dividido em dois: meios e objetos. Falamos em crime impossível


quando o meio utilizado for absolutamente ineficaz para cometer o crime ou quando o objeto
material do delito for absolutamente impróprio. Aqui o bem jurídico tutelado pela norma penal
não corre nenhum risco de ser atingido. Vejamos o que o STF falou acerca disso:
A caracterização do crime impossível pressupõe a absoluta
ineficácia do meio empregado ou a absoluta impropriedade do
objeto, de modo que o bem juridicamente tutelado não sofra
qualquer lesão ou ameaça de lesão.

Cómó pódemós perceber, ó crime impóssível guarda semelhanças cóm a tentativa,


entretantó, cóm ela naó se cónfunde.

Nó crime impóssível, diferentemente dó que ócórre na tentativa, embóra ó agente


inicie a execuçaó dó delitó, JAMAIS ó crime se cónsumaria, em hipótese alguma haveria
uma cónsumaçaó. Pór issó e chamadó tambem de tentativa inidônea: óu seja, tentativa
impóssível de se cónsumar óu que naó tem pótencialidade de cónsumaçaó. Vamós aós
exemplós:

Exemplo 1: tentar matar um defuntó (absóluta imprópriedade dó óbjetó); ó óbjetó que


eu queria atingir (defuntó) e absólutamente impróprió para ó crime que eu pretendia
(hómicídió).

Exemplo 2: matar cóm arma de brinquedó óu cóm arma sem muniçaó (ineficacia
absóluta dó meió); aqui ó meió que eu utilizei para cómeter ó crime e absólutamente ineficaz.
E impóssível matar alguem cóm uma arma sem muniçaó, óu cóm uma arma de brinquedó.

Atenção!
Para a ocorrência do crime impossível, a impropriedade do objeto ou a
ineficácia do meio deve ser ABSOLUTA. Trata-se da teoria objetiva temperada
adotada pelo Código Penal.

Exemplo 1: tentar matar alguem cóm um revólver sem muniçaó. Ineficacia absoluta
dó meió utilizadó (revólver), póis sem muniçaó ó revólver jamais poderia disparar.

Exemplo 2: tentar matar alguem cóm muniçaó velha que acabóu falhandó na hóra dó
disparó.

Aqui ó meió utilizadó naó fói ABSOLUTAMENTE ineficaz, póis havia póssibilidade de as
muniçóes velhas dispararem. Dessa fórma, ó agente respónde peló crime tentadó, póis naó se
cónsumóu pór circunstancias alheias a sua vóntade. Nesse segundó exempló, naó ha crime
impóssível.

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Pela TEORIA DUALISTA/OBJETIVA, adótada nó Brasil, naó ha punibilidade da tentativa,


nó crime impóssível, póis, naó ha lesaó óu sequer expósiçaó a lesaó dó bem jurídicó
tuteladó, naó bastandó para a puniçaó dó agente ó meró desvalór da cónduta, devendó
haver um mínimó de desvalór dó resultadó, que seria as cónsequencias da sua cónduta.

Pór issó, nó segundó exempló naó e tentativa. O agente naó póde ser punidó sem que
haja um mínimó desvalór dó resultadó (cómó na tentativa).
NATUREZA JURÍDICA
O crime impossível é causa de exclusão da tipicidade, uma vez que afirma que a tentativa
não é punível nesses casos.

SÚMULAS IMPORTANTES

O STJ ja decidiu que a presença de cameras e dispósitivós eletrónicós de segurança


em estabelecimentós cómerciais naó afasta a póssibilidade de cónsumaçaó dó crime de
furtó. Naó ha crime impóssível, póis havia uma póssibilidade, ainda que pequena, de ó
crime se cónsumar. Vejamós:

Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por


monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.
Outra súmula importante diz respeito ao instituto denominado de flagrante provocado
ou preparado – na matéria de processo penal, tal instituto será mais detalhado - o qual torna o
crime impossível. Vejamos:

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do


flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

EXERCÍCIOS

91. (CESPE - 2010)


Acerca do iter criminis e do crime, julgue o item seguinte.
Os atos de cogitação materialmente não concretizados são impuníveis em quaisquer
hipóteses.
Certo Errado

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A cogitação, 1ª etapa e fase interna do caminho do crime, não é punida em


qualquer hipótese.

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SOLUÇÃO COMPLETA

Alguns doutrinadores até defendem o chamado “Direito de Perversão”, que


seria justamente essa possibilidade de que todos possuem de ser perversos
internamente, cogitar a prática de crimes, sem que o Estado possa interferir.

92. (CESPE -2005)


Acerca dos Direitos Penal e Penal Militar brasileiros, julgue o item a seguir.
São fases do iter criminis a cogitação, a preparação, a execução e a consumação. A tentativa,
a desistência voluntária e o arrependimento eficaz ocorrem na fase de execução, já a
consumação se dá quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal.
Certo Errado

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

O iter criminis é composto por essas quatro fases, sendo que a tentativa, a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz incidem na fase executória, que é
a terceira fase do caminho do crime.

SOLUÇÃO COMPLETA

A consumação, quarta e última fase do iter criminis, é prevista no Código


Penal, e este diploma legal nos conceitua quando ocorrerá a consumação de um
crime:
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal.

93. (CESPE - 2015)


No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento
posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.
De acordo com a teoria subjetiva, aquele que se utilizar de uma arma de brinquedo para
ceifar a vida de outrem mediante disparos, não logrando êxito em seu desiderato,
responderá pelo delito de tentativa de homicídio.
Certo Errado

Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Com base na teoria subjetiva, como se menciona no enunciado, o agente


deve responder por tentativa de homicídio, pois apesar de o meio utilizado ser
absolutamente ineficaz de atingir o resultado pretendido, para essa teoria se
analisa apenas a intenção do agente.

MUDE SUA VIDA!


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SOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal adotou a teoria objetiva nesse caso, logo se não tivesse sido
pedido na questão o posicionamento da teoria subjetiva, o agente não iria
responder por nada, pois configurou uma hipótese de crime impossível, por
ineficácia absoluta do meio, sendo um fato atípico.

94. (CESPE -2015)


Com relação à Teoria do Crime e culpabilidade penal, julgue o seguinte item.
Se a preparação de flagrante pela polícia impedir a consumação do crime, estará
caracterizado crime impossível.

Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Neste caso ficará configurado o crime impossível, conforme o entendimento


do Supremo Tribunal Federal.

RESOLUÇÃO COMPLETA

De acordo com a Súmula 145, do Supremo Tribunal Federal:


Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível
a sua consumação.
Dessa forma, caso a polícia arquitete uma situação para induzir alguém a
praticar um crime, o fato será atípico, como regra.

95. (CESPE -2014)


Julgue o item subsecutivo, acerca de crime e aplicação de penas.
Configura crime impossível a tentativa de subtrair bens de estabelecimento comercial que
tem sistema de monitoramento eletrônico por câmeras que possibilitam completa
observação da movimentação do agente por agentes de segurança privada.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não configura crime impossível, de acordo com o entendimento sumulado do


Superior Tribunal de Justiça.

MUDE SUA VIDA!


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RESOLUÇÃO COMPLETA

Conforme posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, na súmula 567:


Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.
Desse modo, o fato é típico.

96. (CESPE -2013)


Em 18/2/2011, às 21 horas, na cidade X, João, que planejara detalhadamente toda a
empreitada criminosa, Pedro, Jerônimo e Paulo, de forma livre e consciente, em unidade de
desígnios com o adolescente José, que já havia sido processado por atos infracionais,
decidiram subtrair para o grupo uma geladeira, um fogão, um botijão de gás e um micro-
ondas, pertencentes a Lúcia, que não estava em casa naquele momento. Enquanto João e
Pedro permaneceram na rua, dando cobertura à ação criminosa, Paulo, Jerônimo e José
entraram na residência, tendo pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a
porta da casa. Antes da subtração dos bens, Jerônimo, arrependido, evadiu-se do local e
chamou a polícia. Ainda assim, Paulo e José se apossaram de todos os bens referidos e
fugiram antes da chegada da polícia. Dias depois, o grupo foi preso, mas os bens não foram
encontrados. Na delegacia, verificou-se que João, Pedro e Paulo já haviam sido condenados
anteriormente pelo crime de estelionato, mas a sentença não havia transitado em julgado e
que Jerônimo tinha sido condenado, em sentença transitada em julgado, por contravenção
penal.

Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item.


Jerônimo, por ter desistido voluntariamente da execução do crime, responderá pelo crime
de violação de domicílio, e não pelo delito de furto.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Como a conduta de Jerônimo configurou a desistência voluntária, este só


responderá pelos atos já praticados.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A desistência voluntária está prevista no Art. 15 do Código Penal:


Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.
Logo, como Jerônimo preencheu tais requisitos, só responde pelos atos já
praticados, que no caso em tela, seria apenas a violação de domicílio.

MUDE SUA VIDA!


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97. (CESPE – 2006)


Julgue o item subsequente, relativo à parte geral do Código Penal.
Considere a seguinte situação hipotética.
Lúcio, ladrão contumaz, adentrou em uma rica residência, mas, no momento em que se
preparava para a subtração de bens e valores, desistiu do furto e se retirou do local.
Nessa situação, apesar de ter desistido voluntariamente da conduta, Lúcio deverá
responder pela tentativa de furto, pois chegou a entrar na residência e ter acesso aos
objetos.
Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Lúcio não responderá por tentativa de furto, pois de forma voluntária desistiu
de prosseguir na execução do delito, configurando desistência voluntária.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Os requisitos para o indivíduo ser agraciado com o instituto da desistência


voluntária são: voluntariedade e eficácia, é isso que prevê o Art. 15, do Código
Penal:
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.
Nesse caso, Lúcio só irá responder pelos atos já praticados, ou seja, violação
de domicílio.

98. (CESPE - 2018)


Julgue o item a seguir, com base no que dispõe o Código Penal.
Situação hipotética: Uma pessoa cometeu crime contra alguém, sem violência nem grave
ameaça. Posteriormente, antes do recebimento da denúncia, essa pessoa se arrependeu e
reparou o dano. Assertiva: Nessa situação, ficou caracterizado o arrependimento eficaz do
autor do delito, que, assim, não poderá ser punido pelo ato praticado.

Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Trata-se do arrependimento posterior, e não do arrependimento eficaz, que


apesar de parecidos nas palavras, são institutos totalmente diferentes.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O arrependimento eficaz é uma causa excludente da tipicidade, em que o


indivíduo que se arrepende da conduta pratica e decide salvar a vítima, de forma

MUDE SUA VIDA!


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voluntária. Caso esse arrependimento seja eficaz, só irá responder pelos atos já
praticados.
Já o arrependimento posterior é uma causa de diminuição de pena de um a
dois terços, incidindo em crimes que não possuam violência ou grave ameaça, em
que o agente de forma voluntária, repara o dano ou restitui a coisa até o
recebimento da denúncia.

99. (CESPE - 2017)


Acerca dos institutos penais da desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do
arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
É admissível a incidência do arrependimento eficaz nos crimes perpetrados com violência
ou grave ameaça.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

É plenamente possível a incidência do arrependimento eficaz nos crimes


praticados com violência ou grave ameaça. Cuidado para não confundir com o
arrependimento posterior.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Os requisitos para a aplicação do arrependimento eficaz são: voluntariedade e


eficácia, não há nenhuma restrição para aplicação desse instituto nos crimes
praticados com violência.
Já quando estamos diante do arrependimento posterior, além de outros
requisitos, o crime não pode ser cometido com violência ou grave ameaça.

100. (CESPE -2014)


Com relação a aspectos diversos pertinentes ao crime, assinale a opção correta de acordo
com o CP.

a) Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem, pelo menos, parte dos elementos de
sua definição legal.

b) A tentativa, salvo disposição legal em contrário, é punida com a pena correspondente à


prevista para o crime na modalidade continuada, diminuída de um terço até a metade.

c) O agente que, embora tenha iniciado a execução do crime, voluntariamente impeça o


resultado danoso responderá somente pelos atos por ele já praticados.

d) Pune-se a tentativa ainda que, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, o resultado ilícito almejado nunca possa ser alcançado.

e) Quando se trata de omissão penalmente relevante, o dever de agir incumbe somente a


quem, com o seu comportamento anterior, tiver dado causa ao resultado delituoso.

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: C
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A alternativa C é a correta, sendo um caso de desistência voluntária ou


arrependimento eficaz.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois para o crime se consumar, devem se reunir todos os


elementos de sua definição legal.
b) Está incorreta, a tentativa é punida na mesma pena do crime consumado,
com redução de um a dois terços, salvo disposição expressa em contrário.
c) Está correta, sendo um caso de desistência voluntária ou arrependimento
eficaz.
d) Está incorreta, neste caso não se pune a tentativa, pois ficou caracterizado
um crime impossível, sendo o fato atípico.
e) Está incorreta, pois não se restringe apenas a quem com seu
comportamento anterior deu causa ao resultado, mas também aquele que por lei
tem obrigação de cuidado, proteção ou vigilância e de outra forma assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado.

101. CESPE - Técnico Legislativo (CAM DEP)2014


Com relação ao disposto na parte geral do Código Penal, ao inquérito policial, à prisão em
flagrante e à prisão preventiva, julgue o item a seguir.
Denomina-se arrependimento eficaz a reparação do dano ou a restituição voluntária da
coisa antes do recebimento da denúncia, o que possibilita a redução da pena, em se
tratando de crimes contra o patrimônio.
Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O conceito acima exposto diz respeito ao instituto do arrependimento


posterior.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Mais uma vez, o examinador troca os institutos do arrependimento eficaz pelo


arrependimento posterior. Tal prática é bastante comum nas provas, pois são
palavras parecidas, mas conceitualmente são diferentes.
O arrependimento posterior é uma causa de diminuição de pena, já o
arrependimento eficaz é uma causa excludente de tipicidade.

MUDE SUA VIDA!


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102. (CESPE - 2018)


Com relação à tentativa, à desistência voluntária e ao arrependimento, assinale a
opção correta.

a) No arrependimento eficaz, o agente interrompe a execução do crime; na desistência


voluntária, o resultado é impedido após o agente ter praticado todos os atos.

b) O arrependimento posterior pode ser aplicado aos crimes cometidos com violência ou
grave ameaça.

c) Em se tratando de tentativa branca ou incruenta, a vítima não é atingida e não sofre


ferimentos; se tratar-se de tentativa cruenta, a vítima é atingida e é lesionada.

d) A diferença entre a tentativa e a tentativa abandonada é que, no primeiro caso, o agente


diz “eu cónsigó, mas nãó queró” e, nó segundó, ó agente diz “eu queró, mas nãó cónsigó”.

e) A desistência voluntária e a tentativa abandonada são espécies de arrependimento


eficaz.

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A alternativa C está correta, conceituando as tentativas branca ou incruenta e


a tentativa cruenta ou vermelha.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois a assertiva inverteu os conceitos de desistência


voluntária e arrependimento eficaz.
b) Está incorreta, pois um dos requisitos do arrependimento posterior é não
ter sido empregada violência ou grave ameaça.
c) Está correta, diferenciando tentativa cruenta de incruenta.
d) Está incorreta, pois a tentativa abandonada é o nome doutrinário dado aos
institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, logo os conceitos
estão invertidos.
e) Está incorreta, mais uma vez a banca inverteu os conceitos, sendo a
tentativa abandonada o gênero e suas espécies a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz.

MUDE SUA VIDA!


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103. CESPE - Analista Judiciário (TRE RS)/Administrativa/2015


Um agente alvejou vítima com disparo e, embora tenha iniciado a execução do ilícito, não
exauriu toda a sua potencialidade lesiva ante a falha da arma de fogo empregada, fugindo
do local do crime em seguida.
Nessa situação hipotética, a atitude do agente configura

a) tentativa perfeita ou crime falho, pois a execução foi concluída, mas o crime não se
consumou.

b) arrependimento eficaz, uma vez que ele, após ter esgotado todos os meios de que
dispunha, evitou que o resultado acontecesse.

c) crime impossível por absoluta ineficácia do meio empregado para a realização do crime
visado.

d) tentativa imperfeita, pois ele não conseguiu praticar todos os atos executórios
necessários à consumação, por interferência externa.

e) a desistência voluntária, pois ele, voluntariamente, desistiu de prosseguir na execução.


Gabarito: D
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Nesse caso específico, o agente responderá por tentativa de homicídio, pois


não houve a consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente,
haja vista a arma ter falhado. Esta tentativa será imperfeita, pois não conseguiu
exaurir toda a sua potencialidade lesiva.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois não exauriu toda a potencialidade lesiva, foi


interrompido por falha na arma.
b) Está incorreta, pois no arrependimento eficaz o agente impede a
consumação de maneira voluntária.
c) Está incorreta, pois para caracterizar o crime impossível o meio deve ser
absolutamente ineficaz de atingir o resultado, que não é o caso em questão.
d) Está correta, pois irá responder por tentativa e foi uma tentativa
imperfeita, pois durante a execução foi impedido de continuar por circunstâncias
alheias à sua vontade.
e) Está incorreta, pois não foi algo voluntário, a falha na arma foi uma
circunstância alheia à vontade dele.

MUDE SUA VIDA!


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104. CESPE - Juiz Estadual (TJ AC)/2012


Com base no Direito Penal, assinale a opção correta.

a) Conforme o CP, a desistência voluntária é compatível com a tentativa acabada e


incompatível com a tentativa inacabada ou imperfeita.

b) Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa.

c) Caso a consumação do crime seja impedida por impropriedade relativa do objeto, a


tentativa será impunível.

d) De acordo com a teoria unitária, adotada no CP, admite-se, excepcionalmente, o


concurso de agentes após a consumação do delito, ainda que não haja vínculo subjetivo
entre os agentes.

e) Tanto o arrependimento eficaz quanto o arrependimento posterior constituem causa de


diminuição de pena.
Gabarito: B
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão admitem a


tentativa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois a desistência voluntária é compatível com a tentativa


imperfeita, ou seja, o indivíduo inicia a execução e desiste de prosseguir. Já na
tentativa perfeita ou acabada, não há que se falar em desistência voluntária, o
indivíduo só pode estar amparado pelo arrependimento eficaz, caso
voluntariamente ele impeça a produção do resultado.
b) Está correta, pois os crimes omissivos impróprios admitem tentativa, os
que não admitem tentativa são os crimes omissivos próprios.
c) Está incorreta, pois para configurar o crime impossível a consumação terá
que ser impedida por impropriedade ABSOLUTA (e não relativa) do objeto.
e) O arrependimento eficaz não é causa de diminuição, trata-se de uma
causa excludente de tipicidade.

MUDE SUA VIDA!


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105. (CESPE/2015) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não
se estende aos demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores
do delito até o recebimento da denúncia.

Certó Erradó

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O arrependimento posterior irá se estender para os demais envolvidos na


prática criminosa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Caso um crime, sem violência ou grave ameaça, tenha sido praticado em


concurso por dois agentes, e um deles, antes de recebida a denúncia, restitua a
coisa ou repare o dano causado à vítima, ambos os agentes terão direito à
diminuição da pena. É o entendimento majoritário da doutrina e também o que
prevalece na jurisprudência.

106. (CESPE/2014) Crime impossível e delito putativo são considerados pela doutrina
como expressões sinônimas.

Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não são expressões sinônimas, há diferenças entre estes institutos.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Crime impossível: Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia


absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se o crime.
Delito Putativo: o agente acredita estar praticando um crime, mas a sua
conduta é irrelevante para o direito. Ex.: pai que faz sexo consensual com sua filha,
maior e capaz; fato atípico.

107. (CESPE/2014) Aquele que, por ato voluntário, porém não espontâneo, devolve a coisa
furtada antes do recebimento da denúncia não pode beneficiar-se do arrependimento
posterior.
Certó Erradó

MUDE SUA VIDA!


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Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O erro da questão é afirmar que se o ato não for espontâneo, o agente não
pode se beneficiar do arrependimento posterior.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O Art. 16 do Código Penal dispõe o seguinte a respeito do arrependimento


posterior:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Logo, a espontaneidade da reparação do dano ou restituição da coisa, não é
requisito para a caracterização do arrependimento posterior, apenas se exige a
voluntariedade.

108. (CESPE/2014) Acerca do arrependimento posterior, da culpa, dos crimes qualificados


pelo resultado, das excludentes de ilicitude e das excludentes de culpabilidade, assinale a
opção correta.

A) Todo crime qualificado pelo resultado é um crime preterdoloso.


B) A coação física irresistível é capaz de excluir a culpabilidade pelo cometimento de um
crime.
C) O instituto do arrependimento posterior pode ser aplicado ao crime de lesão corporal
culposa.
D) O Direito Penal admite a compensação de culpas.
Gabarito: C.
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Apesar de um dos requisitos do arrependimento posterior ser crime não


praticado com violência ou grave ameaça, a doutrina e a jurisprudência entendem
que caso seja um crime culposo, poderá incidir este instituto.

RESOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois nem todo crime qualificado pelo resultado é um crime
preterdoloso, haja vista que neste tipo de crime o resultado advém de forma
culposa.
b) Está incorreta, pois a coação física irresistível não é excludente de
culpabilidade, mas sim excludente de tipicidade, incidindo especificamente no
elemento: conduta.
c) Está correta, entendimento doutrinário e jurisprudencial.
d) Está incorreta, pois o Direito Penal não admite a compensação de culpas.

MUDE SUA VIDA!


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109. (CESPE/2014) A desistência da tentativa inacabada deve ser entendida como


arrependimento eficaz.

Certó Erradó

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não é um caso de arrependimento eficaz, mas sim de desistência voluntária.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A tentativa inacabada, também chamada de tentativa imperfeita, ocorre


quando o indivíduo inicia a execução do crime, mas antes de exaurir todos os meios
possíveis para a consumação do crime, é impedido por circunstâncias alheias à sua
vontade. Logo, caso ele desista de continuar o crime durante uma tentativa
inacabada, ele poderá ser beneficiado com a desistência voluntária, e não com o
arrependimento eficaz como disse a questão.

110. (FCC/2014) Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz o agente só


responde pelos atos já praticados, se típicos.

Certó Erradó

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Conforme previsão legal, o agente só responde pelos atos já praticados.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Conforme dispõe o Art. 18 do Código Penal:


Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.
Dessa forma, caso os atos já praticados sejam típicos, responderá por estes,
porém caso não sejam típicos, o agente não responderá por crime algum.

MUDE SUA VIDA!


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111. (FCC/2014) Há desistência voluntária quando o agente, embora já realizado todo o


processo de execução, impede que o resultado ocorra.

Certó Erradó

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Trata-se de um caso de arrependimento eficaz, e não de desistência


voluntária, como afirmou a questão.

RESOLUÇÃO COMPLETA

No caso em tela, o agente já realizou todo o processo de execução, ou seja,


exauriu todos os meios que possuía para consumar o delito, porém ele impediu que
o resultado ocorresse, logo incide no arrependimento eficaz, só respondendo pelos
atos já praticados.

112. (CESPE/2011) O delito putativo por erro de tipo é espécie de crime impossível, dada a
impropriedade absoluta do objeto, e ocorre quando o agente não sabe, devido a um erro de
apreciação da realidade, que está cometendo um delito.

Certó Erradó

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O conceito de delito putativo por erro de tipo não é esse trazido pela questão.

RESOLUÇÃO COMPLETA

No delito putativo por erro de tipo, o agente quer praticar um crime, mas por erro,
acaba por cometer um fato penalmente irrelevante, o delito só existe na mente dele (ex.:
acreditar vender cocaína, quando na verdade está vendendo talco). Logo, o agente
acreditava cometer um crime, mas por falsa percepção da realidade, sua conduta é
atípica.

MUDE SUA VIDA!


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113. (CESPE/2010) No crime impossível, jamais ocorre consumação, enquanto no crime


putativo tanto pode ocorrer seu exaurimento quanto sua consumação.

Certó Erradó

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão errou ao afirmar que no crime putativo pode ocorrer consumação


ou exaurimento.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Tanto no crime impossível, quanto no crime putativo não pode ocorrer a


consumação do crime, pois no crime impossível a consumação esbarra na ineficácia
absoluta do meio e na absoluta impropriedade do objeto. Já no crime putativo, o
agente acredita praticar um crime, mas sua conduta é atípica, não há previsão
legal. Dessa forma, não há como ocorrer a consumação, muito menos o
exaurimento em ambos os casos.

CAUSAS EXCLUDENTES DO FATO TÍPICO

Lembre-se de que estamos estudando o conceito analítico de crime e estamos dentro do


primeiro elemento (fato típico) segundo a teoria tripartida do crime. Iremos estudar de forma
breve as causas que podem excluir o fato típico. E, excluindo-se o fato típico, exclui-se o crime.

Já vimos que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado naturalístico,
nexo causal e resultado. Se faltar qualquer desses elementos, o fato é atípico, logo, não há
crime. Vimos também algumas excludentes da conduta, como, por exemplo, a coação física
irresistível, atos reflexos, estado de inconsciência etc. e vimos excludentes do nexo causal e da
tipicidade, como, por exemplo, o princípio da insignificância, o princípio da adequação social
etc. Basta você revisar as excludentes dos elementos que compõem o fato típico.
Além dessas excludentes, existe o erro de tipo que também pode excluir o fato típico.
Porém, decidimos estudá-lo separadamente em outro capítulo, uma vez que precisaremos das
informações que veremos a seguir.
Aqui acaba a análise do primeiro elemento do crime (fato típico), segundo a teoria
tripartida, o qual é composto por 4 elementos: conduta, resultado naturalístico, nexo causal e
tipicidade.

A partir de agora passaremos a estudar a ilicitude ou antijuridicidade do crime (segundo


substrato do crime). Antes de adentrarmos no segundo elemento do crime, vamos relembrar
nossa tabela?

MUDE SUA VIDA!


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TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral

Imediata
Formal
TIPICIDADE Mediata
Material

ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
Ainda dentro do conceito analítico de crime, temos a ilicitude ou comumente chamada
de antijuridicidade. É o segundo substrato do crime, conforme a teoria tripartite ou tripartida,
adotada pela majoritária no Brasil. A ilicitude ou antijuridicidade é a conduta contrária à lei,
portanto, todo fato típico presume-se ilícito.

Mas essa presunção de antijuridicidade é absoluta ou relativa? Resposta: é relativa, pois


cabe prova em contrário, uma vez que a própria lei define os casos de excludentes de ilicitude
ou de antijuridicidade.

Atenção!
As excludentes de ilicitude também são chamadas de causas de justificação
(justificantes), normas permissivas e/ou de descriminantes.

Podemos dividir as excludentes de ilicitudes em 3 subgrupos: Excludentes de ilicitude


genéricas, excludentes de ilicitude específicas e causas supralegais de excludentes de
ilicitudes.

MUDE SUA VIDA!


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EXCLUDENTES DE ILICITUDE GENÉRICAS

As excludentes genéricas são aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. São em
número de 4 e estão previstas na parte geral do Código Penal, em seu Art. 23:
Exclusão de ilicitude
Art. 23, CP: Não há crime quando o agente pratica o fato:
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular
de direito.

Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.

ESTADO DE NECESSIDADE
O estado de necessidade é uma causa justificante/descriminante que autoriza uma
pessoa agredir um bem jurídico de outra para salvar de perigo atual um bem jurídico próprio
ou alheio. Seu conceito legal está no Art. 24 do Código Penal. Vejamos:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato


para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

➢ REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE

• Perigo atual;
É o perigo que está acontecendo naquele exato momento. Esse perigo pode ser
proveniente de uma conduta humana, de um animal ou da própria natureza. Parte da doutrina
e da jurisprudência admite o perigo iminente utilizando-se da analogia in bonam partem (para
beneficiar o réu pode tudo).

Exemplo: um barco que colide em outro e ambos começam a naufragar. Rodolfo, que
não sabe nadar, percebe que só existe um colete salva-vidas dentro do barco e mata uma
pessoa para tomar-lhe o colete e salvar sua vida. Cumpre observar que o barco já estava
afundando (perigo atual).

Atenção!
A doutrina e a jurisprudência admitem o estado de necessidade não só para o
perigo atual, mas também para o perigo iminente, em face de analogia in bonam
partem. No entanto, deverá estar expresso (explícito) na questão de prova que o
perigo iminente é admitido pela “doutrina e/ou jurisprudência”.

MUDE SUA VIDA!


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Se a questão não citar nem a doutrina nem a jurisprudência, devemos afirmar que o
perigo deve ser ATUAL e não aceitar o perigo EMINENTE. Vejamos uma questão da banca
CESPE, que o gabarito deu como errada:
(CESPE/2009) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar direito próprio ou alheio de perigo atual ou iminente, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Gabarito: Errado

• Não provocou por sua vontade;

Cuidado! O agente que causa o perigo por sua própria vontade não pode alegar estado
de necessidade.

Exemplo: Letícia salta o muro da casa de Rodolfo para furtar frutas. No quintal da casa
de Rodolfo havia um cachorro, o qual partiu em direção a Letícia. Nesse momento, Letícia saca
de sua arma e atira contra o cão que morre em decorrência desse disparo.

Cumpre observar que Letícia agrediu um bem de outrem (cão) para salvar um bem
jurídico seu (integridade física). Porém, ela própria causou a situação de perigo e, portanto,
não estará amparada pela excludente de ilicitude.
• Não poderia evitar por outro meio;
Para a configuração do estado de necessidade, é imprescindível que seja o único meio
que o agente teria para evitar o resultado lesivo ao bem salvaguardado. Portanto, se o agente
poderia evitar o dano ao bem salvaguardado sem lesar um bem de outrem, ele não estará
amparado pelo estado de necessidade.

Exemplo: Letícia e Rodolfo saíram para um passeio de barco e, a aproximadamente 50


metros da margem do lago, o barco começou a afundar. Só havia um colete salva-vidas.
Rodolfo, mesmo sabendo nadar, decidiu matar Letícia para ficar com o único colete salva-
vidas existente no barco.

Nesse caso, Rodolfo não estará amparado pela justificante do estado de necessidade,
uma vez que ele poderia evitar o resultado de outra forma (nadando) sem lesar o bem de
outrem (vida de Letícia).
• Ameaça a direito próprio ou alheio;
O estado de necessidade pode ser utilizado para salvar um bem próprio ou de terceira
pessoa. Nesse caso, o direito abrange todos os bens juridicamente protegidos pelo
ordenamento jurídico pátrio.

Exemplo: Letícia caminhava em uma praça pública quando de repente o cão de raça pit
bull, pertencente a Rodolfo, soltou-se da coleira e partiu em direção a ela. Nesse momento,
Everton saca de sua arma e atira contra o cão, que morre no local.

Cumpre observar que Everton sacrificou um bem jurídico de Rodolfo para salvaguardar
de perigo atual um bem jurídico de outrem (Letícia).

MUDE SUA VIDA!


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• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo;

Algumas pessoas têm obrigação legal de enfrentar o perigo e estas não poderão alegar
estado de necessidade, quando no exercício de suas funções. Por exemplo, o policial, o
bombeiro, o capitão do navio, dentre outros. Essa previsão encontra-se no § 1º do Art. 24 do
CP:

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever


legal de enfrentar o perigo.

Exemplo 1: imagine um incêndio acontecendo e um bombeiro que estava dentro do


prédio se depare com um desabamento e para salvar sua vida ele sacrifica a vida de alguém.
Ele não estará amparado pela causa de justificação da legítima defesa, pois nesse caso ele teria
o dever legal de enfrentar o perigo.

Exemplo 2: em caso de navio naufragando o capitão desse navio deve ser o último a sair
de dentro dele. Caso esse capitão decida sair antes do último passageiro para salvar sua
própria vida, ele não poderá alegar estado de necessidade.

• Sacrificar o direito próprio não era razoável exigir-se;

No caso concreto deve ser analisado se seria razoável ou não exigir o sacrifício do bem
jurídico salvaguardado. A lei não revela expressamente que o valor do bem salvo deve ser
igual ou maior em relação ao bem sacrificado, o que deve ser avaliado é se é razoável exigir o
sacrifício do bem salvo ou não. Diante disso, parte da doutrina entende que não
necessariamente o bem sacrificado deva ser de valor igual ou inferior em relação ao bem
salvaguardado.

Existem ainda algumas teorias que definem a natureza jurídica do estado de


necessidade. Iremos analisar duas delas e apontar a que é mais utilizada no Brasil.

TEORIA UNITÁRIA X DIFERENCIADORA

A teoria unitária entende que o estado de necessidade é hipótese de exclusão da


ilicitude quando o sacrifício do bem salvaguardado não seria exigível (entende-se que se o
bem jurídico protegido é de valor maior ou igual ao bem jurídico sacrificado, não há
exigibilidade do sacrifício). Na hipótese de o bem protegido ser de menor valor, possivelmente
será reduzida a pena. Teoria adotada no Brasil.

Para a teoria diferenciadora, na hipótese de o bem jurídico protegido for de valor igual
ou menor em relação ao bem sacrificado, o estado de necessidade excluirá a culpabilidade.
Somente excluirá a ilicitude quando o bem jurídico protegido for de valor maior que o bem
sacrificado. Essa teoria não foi adotada no Brasil.

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Segue um esquema para melhor entendimento:

Valor
Valor igualou
igual ou maioric.
maior Exclui a ilicitude

IA - Bem salvaguardado
UNITÁRIA - Bem salvaguardado

Vr menor uz a pena.
Valor menor Reduz a pena

Valor
Valor MAIOR
MAIOR ExcluiExclui
a ilicitude.
a ilicitude

Diferenciadora
Diferenciadora Bem salvo

Valor
Valorigual
igual oe
ou menor Exclui a culpabilidade

Seguem alguns exemplos para entendermos melhor a teoria unitária:

Exemplo 1: Diego e Bruno estão em um avião que está caindo. Diego percebe que só há
um paraquedas e agride Bruno até a morte para poder ficar com o paraquedas. Os bens são de
igual valor? Sim, vida x vida, portanto, não seria exigível o sacrifício da Diego e, nesse caso, ele
cometeu uma conduta típica, porém, não é ilícita (agiu amparado por uma causa justificante –
estado de necessidade).

Exemplo 2: Sílvio e Renato estão em um passeio de barco em alto-mar. O barco começa


afundar e não existe colete salva-vidas. Após o barco afundar, um pedaço de isopor, o qual
suportaria apenas o peso dos dois, fica boiando e ambos se agarram no isopor. Porém, Sílvio
decide sacrificar a vida de Renato para salvaguardar um baú de joias que havia no barco. O
bem salvaguardado é de valor igual ou superior? Não. Vida x patrimônio, portanto, seria
exigível o sacrifício do bem de Sílvio (baú de joias) e ele não poderá alegar estado de
necessidade.

Mas nesse caso, o que acontece com Sílvio? Aplica-se o parágrafo 2º do Art. 24 do CP:

Art. 24 (...)§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do


direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois
terços. (1/3 a 2/3)

Nesse caso, não haverá exclusão da ilicitude, e sim uma causa obrigatória de diminuição
de pena.

Cuidado!
De acordo com a teoria unitária, o estado de necessidade será uma causa
justificante (excludente de ilicitude), e não exculpante (excludente de
culpabilidade).

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• Elemento subjetivo no estado de necessidade;

O agente deve ter consciência de que está agredindo um bem jurídico de outrem
para salvar outro bem jurídico, cujo sacrifício do bem salvo o Direito não poderia
exigir.

TIPOS DE ESTADO DE NECESSIDADE


CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
1. Estado de necessidade defensivo:  Contra quem produziu o perigo. É causa de exclusão da
ilicitude, não havendo obrigação de reparar os danos civis.
2. Estado de necessidade agressivo:  Contra terceiro inocente, que não criou a situação de
perigo. É causa de exclusão da ilicitude, manter-se-á a
obrigação de reparar os danos civis, sendo cabível ação
regressiva contra o causador do perigo.
3. Estado de necessidade justificante:  O bem protegido possui valor maior ou igual (teoria
igualitária) ao valor do bem agredido (BP ≥ BA). O Código
Penal Brasileiro adota a teoria unitária do estado de
necessidade, tratando-se exclusivamente de uma causa
justificante (excludente de ilicitude).
4. Estado de necessidade exculpante:  O bem protegido possui valor menor do que o bem
agredido. A ilicitude é mantida. Poderá ter a sua pena
diminuída de 1/3 a 2/3 (Art. 24, §2º, CP) ou, dependendo da
situação, afastar a culpabilidade, em face da inexigibilidade
de conduta diversa (causa supralegal).
5. Estado de necessidade próprio:  Proteção a bem jurídico próprio.
6. Estado de necessidade de terceiro:  Proteção a bem jurídico alheio.
7. Estado de necessidade real:  Excludente da ilicitude (antijuridicidade) ➔ Exclusão do
crime.
8. Estado de necessidade putativo:  Perigo imaginário (irreal). Não exclui a ilicitude. O
resultado irá variar a depender da modalidade de
descriminante putativa: ou §1º do Art. 20, ou Art. 21, CP.
9. Estado de necessidade recíproco:  Admissível. EXEMPLO: durante o naufrágio de um navio, há
somente um bote salva-vidas e duas pessoas o disputam para
salvar as próprias vidas.
10. Estado de necessidade em crimes  Inadmissível. EXEMPLO: exercício ilegal da Medicina
habituais e permanentes: (habitual); e/ou mãe que submete o filho ao cárcere privado
para não ir a uma festa (permanente).
11. Furto famélico:  A pessoa que vive na penúria e furta alimentos para saciar
a sua fome ou de sua família. É hipótese de estado de
necessidade (excludente da ilicitude), que exclui o crime.
12. Estado de necessidade com aberratio  Afasta a ilicitude, porém se contra terceiro inocente,
ictus: mantêm os efeitos civis.
13. Estado de necessidade é comunicável?  Sim, pois o estado de necessidade exclui a ilicitude, de
acordo com a teoria adotada pelo CP para a participação, a
acessoriedade limitada, deve-se o autor do crime cometer
uma conduta típica e ilícita.

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LEGÍTIMA DEFESA
A legítima defesa é quando o agente utiliza de maios moderados e necessários e repele
uma injusta agressão que está acontecendo ou prestes a acontecer. Esse conceito está
expressamente previsto no Art. 25 do CP:
Art. 25, CP: Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Exemplo: Everton se depara com dois assaltantes armados que anunciam um assalto.
De imediato, Everton saca sua arma e dispara contra os assaltantes causando-lhes a morte.

➢ REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA

• Repelir injusta agressão;


Primeiramente, cabe ressaltar que a agressão deve ser humana, pois animal não tem
conduta. Portanto, se um animal parte para atacar alguém e esse alguém reage a esse ataque,
estar-se-á diante do estado de necessidade, e não da legítima defesa.
Porém, se o animal for instigado por alguém, aí caberá legítima defesa, pois nesse caso, o
agente reage contra uma agressão injusta de quem provocou o animal e o utilizou como uma
arma para atacar.

Além da exigência de uma agressão humana, esta deve ser também injusta. Para ser
injusta, basta ser contrária à lei, ainda que não configure crime. Nesse caso, se um menor de
idade ou um louco agride injustamente outra pessoa, temos uma injusta agressão, mesmo que
a conduta do menor e do louco não possa ser considerada crime.

Se a agressão for justa, não cabe legítima defesa.

Exemplo: um policial que da voz de prisão a alguém que se encontre em flagrante delito
e utiliza da força necessária para contê-lo. A pessoa que está sendo presa não poderá repelir a
agressão do policial, pois se trata de agressão justa, amparada pela lei.

• Atual ou iminente;
Na legítima defesa, a própria lei prevê expressamente que o perigo possa ser atual (está
acóntecendó) óu iminente (está preste a acóntecer). Pórtantó, se “A” vem em direçãó a “B”
com intenção de matá-ló e antes mesmó que “A” cónsiga sacar sua arma “B” atira nele, estar-
se-á diante da legítima defesa, pois o perigo era iminente.

Exemplo: o policial que realiza incursão em uma perigosa favela e se depara com dois
traficantes armados de fuzil. Antes mesmo de os traficantes realizarem uma posição de
pontaria, o policial já pode repelir a agressão, que nesse caso estaria prestes a acontecer.

• Uso moderado e necessário do meio utilizado;

O meio utilizado para repelir a agressão deve ser moderado, ou seja, o uso do meio deve
ser suficiente para repelir aquela agressão.

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Exemplo: Everton agride levemente Rodolfo, que, para se defender dessa agressão
injusta, utiliza-se de um fuzil 762 na ópçãó “rajada” e desfere autómaticamente 20 tirós em
Everton. Rodolfo não estará amparado pela justificante da legítima defesa, pois o meio que ele
utilizou não foi moderado.

Porém, o meio deve ser o necessário, ou seja, o meio que está ao alcance do agente
naquele momento. Dessa forma, o meio necessário deverá ser analisado em cada caso
concreto.

Exemplo: Everton, de posse apenas de um fuzil, estava de serviço cumprindo mandado


de prisão e, ao dar voz de prisão a Letícia (alvo da operação), ela reage e, de posse de uma
faca, parte em direção à equipe de Everton. Nesse momento, Everton desfere um tiro de fuzil
762 contra Letícia, que tomba em razão disso. No momento da ação, a única arma à disposição
de Everton era um fuzil e, portanto, seria o meio necessário para impedir que Letícia
desferisse facadas contra ele e sua equipe. Everton estaria devidamente amparado pela
justificante/descriminante da legítima defesa.

Atenção!
Na legítima defesa, o agente pode escolher se quer enfrentar o perigo ou se
acovardar e correr, por exemplo. Diferentemente do estado de necessidade, aqui
não é exigível que seja o único meio de se evitar o resultado.

• Direito próprio ou alheio;

A legítima defesa pode ser utilizada para repelir uma agressão injusta contra um bem
jurídico próprio ou de outrem.

Exemplo: Everton passando pela rua x, depara-se com Letícia desferindo facadas no seu
ex-namorado. Everton dispara contra Letícia, vindo a causar-lhe ferimentos leves. Aqui
Everton agiu para repelir uma agressão a direito alheio (vida do namorado de Letícia).

• Conhecimento da situação de fato justificante.

Assim como no estado de necessidade, na legítima defesa também é imprescindível que


o agente saiba da situação que legitima sua conduta.

LEGÍTIMA DEFESA E ERRO NA EXECUÇÃO


Diante de erro na execução, a doutrina mais recomendada para provas (principalmente
da banca CESPE e FCC) é no sentido de que o agente continua amparado pela legítima defesa,
utilizando-se, para tanto, os postulados do erro na execução, que será profundamente
abordado no capítulo sobre erro de tipo.

Exemplo: um policial em confronto direto com bandidos fortemente armados acaba


atingindo um transeunte que passava na outra rua causando-lhe a morte. Nesse caso, o
policial responde como se tivesse atingido a vítima virtual (o bandido que ele queria atingir) e
não reponde pelo atingimento a vítima efetiva (o transeunte). Sendo assim, o policial estará
devidamente amparado pela descriminante da legítima defesa.

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LEGÍTIMA DEFESA PARA AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA


O parágrafo único foi acrescido ao Art. 25 pela Lei nº 13.964, de 2019, e trouxe a
legítima defesa do agente de segurança pública que age para repelir agressão a alguém feito
de refém durante a prática de crime.
Apesar de ser uma inovação no ordenamento jurídico brasileiro, o parágrafo único do
Art. 25 não serve para nada. Vejamos o texto novo da lei:

Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste


artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
O parágrafo já inicia falando que devem ser observados os requisitos do caput do artigo
(requisitos da legítima defesa), portanto, se estiverem presentes os requisitos do caput do
artigo, a legítima defesa já existe, independentemente do parágrafo único.

Pórtantó, esse parágrafó veió mais cómó um “cale a bóca” para as pessóas que criticam
aqueles casos em que o sniper atinge o sequestrador que detém a vítima em seu poder.
TIPOS DE LEGÍTIMA DEFESA
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
1. Legítima defesa recíproca:  Inadmissível, salvo se ocorrer uma legítima defesa
putativa.
2. Legítima defesa sucessiva:  Somente contra a legítima defesa em excesso.
3. Legítima defesa real:  Excludente da ilicitude (antijuridicidade) ➔ Exclusão do
crime.
4. Legítima defesa putativa:  Imaginária, o agente é isento de pena, mas mantém os
efeitos civis (escusável). Contudo, se inescusável (culpa
imprópria), o agente responderá por crime culposo.
5. Legítima defesa própria:  Defende direito próprio.
6. Legítima defesa de terceiro:  Defende direito alheio.
7. Legítima defesa subjetiva:  Excesso acidental (erro do tipo escusável).
8. Legítima defesa com aberratio ictus:  Afasta a ilicitude, porém mantém os efeitos civis.
9. Legítima defesa contra multidão:  Admissível.
10. Legítima defesa contra pessoa jurídica:  Admissível.
11. Legítima defesa nas relações familiares:  Admissível.
12. Legítima defesa contra estado de  Impossibilidade.
necessidade:
13. Legítima defesa contra terceiro em uma  Admissível (ex.: coação moral irresistível).
excludente de culpabilidade:
14. Legítima defesa presumida:  Impossibilidade.
15. Legítima defesa da honra:  Impossibilidade.
16. Desafio e legítima defesa:  Inadmissibilidade (ex.: duelo).

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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Essa descriminante é quando o agente cumpre estritamente uma obrigação sua prevista
em lei. O Código Penal não conceituou expressa e separadamente o estrito cumprimento do
dever legal, como fez com o estado de necessidade e a legítima defesa, mas apontou tal
excludente no Art. 23, caput:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal (...).

Essa excludente de ilicitude pode ser alegada por funcionário público (em sentido
amplo) e em alguns casos por particulares, quando estejam cumprindo um dever imposto por
lei.

Exemplo de agente público: policial que algema um preso com fundada suspeita de fuga;
policial que arromba a casa para cumprir ordem judicial (Art. 245, §2º, CPP, Em caso de
desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada).

Exemplo de particular: advogado que se nega a prestar depoimento baseado no sigilo


imposto pelo estatuto da OAB.

Exemplo de particular exercendo função pública: o mesário eleitoral, o perito nomeado o


jurado no tribunal do júri, dentre outros.

Todos esses podem alegar a causa justificante/descriminante/excludente de ilicitude ou


antijuridicidade do estrito cumprimento do dever legal prevista no Art. 23, III, do CP.

➢ Comunicabilidade:
Se um terceiro colaborar com o funcionário que agiu em estrito cumprimento do dever
legal, ele também estará amparado por tal excludente? Sim. Comunica-se.

Exemplo: o policial pede que um particular o ajude a arrobar a porta de uma casa para
dar cumprimento ao mandado de busca e apreensão. Nesse caso, quem tem o dever legal é o
policial, porém, essa circunstância se comunica ao particular e ambos estarão amparados pelo
estrito cumprimento do dever legal.

E se o policial vier a matar alguém em uma troca de tiros? Age em estrito


cumprimento do dever legal ou em legítima defesa?

Age em legítima defesa, pois agiu para repelir uma injusta agressão atual. O
cumprimento do dever legal é uma norma obrigatória, contudo não há no Direito
mandamento de matar, nem mesmo pena de morte (salvo em caso guerra declarada,
conforme Art. 5º, XLVII, “a”, CF/88).

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Atenção!
Em caso de guerra declarada, o carrasco que executa a pena, matando o
apenado, age em estrito cumprimento do dever legal. Atenção! A banca CESPE já
cobrou isso.

Atenção!
A jurisprudência não admite a figura do estrito cumprimento do dever legal no
caso em que o agente atira contra pessoa que empreendeu fuga nem nas situações
em que o agente fura um bloqueio.

É importante ler o texto de alguns artigos da Lei 13.060/2014. Vejamos:


Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a
utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que
o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos
policiais, e deverão obedecer aos seguintes princípios:
I - legalidade;
II - necessidade;
III - razoabilidade e proporcionalidade.
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:
I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não
represente risco imediato de morte ou de lesão aos agentes de
segurança pública ou a terceiros; e
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública,
exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos agentes
de segurança pública ou a terceiros.

EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO

É quando uma norma autoriza a realização de determinada conduta, impondo apenas


algumas regras a serem cumpridas. Nesse caso, uma conduta permitida pela lei não pode ser
ao mesmo tempo proibida. Esse direito pode ser penal ou extrapenal. Vejamos o que diz o
texto de lei, que também não trouxe um conceito específico:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III – (...) no exercício regular de direito.

Basta o agente praticar um direito seu previsto em lei e dentro das regras previstas que
estará diante da justificante/discriminante/excludente em tela.
Podemos citar alguns exemplos práticos e que caem em provas de concursos públicos.

Exemplo 1: o particular que prende uma pessoa que se encontre em situação de


flagrante delito.

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Atenção!
Para o particular, a execução da prisão em flagrante é facultativa, ou seja, o
particular tem direito, mas não tem o dever legal (portanto, o particular age em
exercício regular de um direito). Já para as autoridades policiais e seus agentes, a
execução da prisão em flagrante é uma obrigação legal, amparada pelo estrito
cumprimento do dever legal.

Vejamos o Art. 301 do CPP:


Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito.

Exemplo 2: violência desportiva. O agente que causa lesão corporal durante uma luta de
UFC. Estará amparado pelo exercício regular de um direito, desde que siga as regras da luta.

Exemplo 3: o médico que faz uma intervenção cirúrgica em um paciente que corre risco
de morte.

Vejamos o que diz a lei:


Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
fazer o que ela não manda:

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:


I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida.

Nesses casos, as condutas seriam típicas, mas não seriam ilícitas, pois agiram amparados
por uma excludente de ilicitude.

OFENDÍCULOS
São aparatos para defesa do patrimônio de forma preordenada (ex.: cacos de vidro no
muro, pontas de lança, cerca elétrica, etc.). Devem ser sempre visíveis e inacessíveis a
terceiros inocentes e podem caracterizar exercício regular de um direito ou estrito
cumprimento do dever legal, a depender do momento da análise:

➢ NO MOMENTO DA COLOCAÇÃO: nesse primeiro momento caracteriza-se como exercício


regular de um direito.

➢ NO MOMENTO DO ACIONAMENTO: nesse segundo momento, ou seja, quando o


ofendículo é utilizado, estamos diante de uma legítima defesa preordenada.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE ESPECÍFICAS

As excludentes genéricas (Art. 23, CP) se aplicam a quaisquer crimes e estão


expressamente previstas na parte geral do Código Penal. Enquanto que as excludentes de
ilicitudes específicas estão distribuídas na parte especial do Código Penal e só se aplicam
àqueles crimes determinados (por isso, específicas).

Exemplo 1: o aborto provocado para salvar a vida da gestante. É uma conduta típica,
porém, não é ilícita, pois o próprio Código Penal afasta a ilicitude desse fato. Vejamos:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante.

Segue planilha com alguns outros casos de excludentes de antijuridicidade específicas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
1. Aborto terapêutico ou necessário: Praticado por médico quando não havia outro meio para
salvar a vida da gestante (Art. 128, I, CP).
2. Intervenção médica ou cirúrgica: Ainda que sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de
vida, não configurará constrangimento ilegal (Art. 146, §3º, I,
CP).
3. Flagrante delito: A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está
sendo ali praticado ou na iminência de o ser, não configurará
violação de domicílio (Art. 150, §3º, II, CP).
4. Desastre ou para prestar socorro: Não incorrerá no crime de violação de domicílio (Art. 5º, XI,
CF/88).

CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE

O consentimento da vítima é considerado causa supralegal de exclusão da ilicitude,


desde que o bem jurídico seja disponível. Sabemos que a analogia e os costumes não podem
ser utilizados, como regra, in malam partem no Direito Penal, porém, é possível a utilizá-los in
bonam partem (para beneficiar o réu). Por isso que o consentimento da vítima, mesmo não
tendo previsão legal, pode ser uma causa justificante.

➢ Requisitos para o consentimento de o ofendido ser excludente de ilicitude:

• O dissentimento não pode fazer parte do tipo penal;


• O consentimento deve ser expresso (oral ou escrito);
• O consentimento deve ser livre (sem coação, fraude, etc.);
• O consentimento deve ser prévio;
• O bem deve ser disponível (ex.: a vida é indisponível);
• O bem deve ser próprio;
• O ofendido deve ser plenamente capaz (mentalmente são e maior de 18 anos).

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Preenchidos esses requisitos, o consentimento da vítima afasta a


ilicitude/antijuridicidade do fato.

Mas cuidado!
O consentimento da vítima pode se enquadrar como excludente de ilicitude ou
como excludente de tipicidade.

Vejamos os exemplos abaixo:

➢ Excludente de ilicitude/antijuridicidade:

Exemplo 1: na lesão corporal simples (Art. 129, caput, CP), não há referência ao
dissentimento (não consentimento) e, portanto, o consentimento do ofendido é uma causa
supralegal de exclusão da ilicitude. Ou seja, a falta de consentimento não faz parte dos
elementos de tipo penal. Vejamos:
Art. 129, caput, CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
➢ Excludente de tipicidade:

EXEMPLO 2: na violação de domicílio (Art. 150, caput, CP), o tipo penal faz referência ao
dissentimento e, por conseguinte, o consentimento será excludente da tipicidade. Nesse caso,
o não consentimento da vítima é um dos elementos do tipo penal incriminador e, portanto,
excluindo-se esse elemento (por meio do consentimento), o fato se torna atípico (excludente
de tipicidade). Vejamos o artigo:

Art. 150, caput, CP: Entrar ou permanecer, clandestina ou


astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de
direito, em casa alheia ou em suas dependências:
[…].

EXCESSO PUNÍVEL
O excesso cometido durante a execução de qualquer uma das excludentes de ilicitudes
será punido. É o que afirma o caput do Art. 23 do CP:
Art. 23, Parágrafo único, CP: O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

O excesso pode ser intensivo ou extensivo.

EXCESSO INTENSIVO
É o excesso na proporcionalidade e ocorre durante a execução.

EXEMPLO: Rodolfo desfere um soco contra Letícia e ela revida com um tiro de canhão.
Soco x canhão (meio desproporcional). Letícia responde pelo homicídio de Rodolfo.

MUDE SUA VIDA!


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EXCESSO EXTENSIVO
Aqui, acabaram as circunstâncias que autorizavam a excludente e o agente continua
agindo.

EXEMPLO: ao ser assaltado, um determinado policial atira contra o assaltante, que cai no
chão e se rende. Mesmo com o assaltante rendido, o policial continua atirando contra ele até
matá-lo. Nesse caso, houve excesso extensivo, e o policial responderá por homicídio.

Atenção!
Estamos diante das excludentes de ilicitudes também comumente chamadas
de causas justificantes ou descriminantes. Se o fato estiver amparado em qualquer
delas, deixa de ser ilícito/antijurídico. Porém, continua sendo fato TÍPICO.

Lembram-se dos elementos do crime segundo a teoria tripartida? Fato típico, ilícito e
culpabilidade.

Esses três elementos devem ser analisados nessa ordem: 1º analisa-se o fato típico, se
ficar provado que o fato é típico é que se passa a analisar a ilicitude; 2º a ilicitude é presumida,
portanto, em segundo lugar tem-se a analise da existência ou na de excludente de ilicitude.
Apenas após a comprovação da ilicitude é que se tem a análise da culpabilidade; 3º analisa-se
a culpabilidade que é composta por três elementos: imputabilidade penal, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Só então podemos falar em crime.

Mas atenção!
Quando analisamos o fato típico e a ilicitude, analisamos o fato em si.
Portanto, excluindo-se qualquer desses dois elementos do crime, (exclui-se o
crime em si). Já quando analisamos a culpabilidade, estamos analisando a pessoa
que cometeu o crime e, caso a culpabilidade seja excluída, o agente é isento de
pena, (a excludente de culpabilidade não exclui o crime, e sim, isenta de
pena).

Mas o que seria culpabilidade? Quais os seus elementos? Quais as causas excludentes da
culpabilidade? Isso vamos estudar agora. Mas antes de adentramos nesse segundo elemento
do crime, quero que você relembre nossa tabela e faça o exercício subsequente.

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TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum

Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral

Formal
TIPICIDADE
Material

EXERCÍCIOS
114. (TJ-RS/2012) Quem rechaça ataque de cão bravio, instigado o animal por desafeto,
está ao abrigo do estado de necessidade.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Neste caso, a excludente de ilicitude que se adequa é a legítima defesa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Quando se tratar de ataque de animal, deve haver uma distinção:


Se o animal for utilizado como instrumento por alguém: legítima defesa (que
foi o caso em tela).
Se o animal atacar sem ninguém instigá-lo: estado de necessidade.

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115. Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à
sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à
corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos,
armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos
fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser
socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
Carlos agiu sob o pálio da excludente de legítima defesa justificante.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Carlos não preencheu os requisitos previstos no Art. 25 do Código Penal, logo


não está amparado pela legítima defesa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A legítima defesa está prevista no Art. 25 do Código Penal:


Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
Logo, Carlos não estava repelindo uma injusta agressão, atual ou iminente,
dessa forma, não está amparado por legítima defesa.

116. Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado indivíduo, este


atirou em um investigador policial, o qual, revidando, atingiu fatalmente o agressor.
Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura
A) legítima defesa própria.
B) exercício regular de direito.
C) estrito cumprimento do dever legal.
D) homicídio doloso.
E) homicídio culposo.
Gabarito: A
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O investigador policial estava repelindo uma injusta agressão atual, logo está
amparado pela legítima defesa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

A legítima defesa está prevista no Art. 25 do Código Penal:


Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.

MUDE SUA VIDA!


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Sendo assim, o investigador preencheu os requisitos da legítima defesa, não


cometendo crime algum. A morte do agressor não poderá ser imputada ao
investigador de polícia, pois ele estava protegendo sua própria vida.

117. (CESPE/2006) O particular, no exercício de função de mesário da justiça eleitoral, não


é alcançado pela excludente do estrito cumprimento do dever legal, pois esta se dirige
somente aos funcionários ou agentes públicos em sentido estrito, que agem por ordem da
lei.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Apesar de ser particular, por neste momento estar no exercício da função


pública, mesmo sem remuneração, ainda assim é considerado funcionário público,
logo poderá agir amparado por essa excludente de ilicitude.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal conceitua funcionário público para fins de aplicação das


disposições do código:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
Dessa forma, o particular nesta situação se enquadra no conceito de
funcionário público, podendo agir amparado pelo estrito cumprimento do dever
legal.

118. (CESPE/2012) A execução de pena de morte feita pelo carrasco, em um sistema


jurídico que admita essa modalidade de pena, é exemplo clássico de estrito cumprimento
de dever legal.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O carrasco está cumprindo o dever que advém da lei.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Quando policiais, durante uma troca de tiros, repelem injusta agressão, atual
ou iminente, entre outros requisitos da legítima defesa, acabam por matar os
agressores, eles agem amparados por esta excludente, não agem amparados pelo
estrito cumprimento do dever legal, pois o dever legal da polícia não é ceifar a vida
de ninguém.
Contudo, neste caso do carrasco, está previsto na Constituição Federal, que
excepcionalmente poderá ocorrer a pena de morte, quando em caso de guerra
declarada. Logo, o responsável por essa execução está amparado pelo estrito
cumprimento do dever legal.

MUDE SUA VIDA!


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119. (CESPE/2012) Considere que Jonas, policial militar, no exercício de sua função, tenha
determinado que um indivíduo em fuga parasse e que este tenha sacado uma arma e
disparado tiros contra Jonas, que, revidando os disparos, tenha alvejado o indivíduo e o
tenha matado. Nessa situação, Jonas agiu no estrito cumprimento de dever legal.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Nesse caso, o policial militar agiu em legítima defesa.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O dever da Polícia Militar é a preservação da ordem pública e o policiamento


ostensivo, não é ceifar a vida de ninguém. Desse modo, João estava repelindo uma
injusta agressão, atual, e acabou por matar o agressor, sendo assim, estava
amparado pela legítima defesa.

120. (TJ-RS/2012) Os ofendículos são causa de exclusão da ilicitude, tratados pela doutrina
como forma de exercício regular de direito ou de legítima defesa preordenada.

Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Os ofendículos são meios de defesa da propriedade e são reconhecidos tanto


com exercício regular de um direito, como também legítima defesa preordenada.

RESOLUÇÃO COMPLETA

São exemplos de ofendículos: cerca elétrica, grampos no muro, vidro do


muro, entre outros.
A doutrina majoritária entende que, quando os ofendículos são colocados, o
indivíduo está agindo em exercício regular de um direito. Já quando eles são
ativados, atua em legítima defesa.

121. (CESPE/2018) Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de antijuridicidade,


também denominada de causa de justificação, exclui o próprio crime.

Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não há crime quando o agente atua amparado por uma excludente de


ilicitude.

MUDE SUA VIDA!


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RESOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal prevê em seu Art. 23:


Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Convém frisar que o legislador deixou claro que não há crime se o agente
estiver amparado por quaisquer dessas excludentes de ilicitude.

122. (MPE-RS/2016) Em cómpróvadó surtó epiléticó, “A” desfere viólentó gólpe nó ventre
de mulher grávida, matando-a. Do evento, também resulta a interrupção da gravidez e a
mórte dó fetó. Haveria, neste casó, se “A” nãó sóubesse dó estadó gravídico da vítima,
apenas crime de homicídio.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O agente não agiu com dolo ou culpa, logo não se pode atribuir o resultado a
ele.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O caso em tela alega que o indivíduo desferiu violento golpe no ventre de


uma mulher grávida em decorrência de um surto epilético. Dessa forma, não houve
conduta, pois movimentos involuntários são causas excludentes da conduta, sendo
assim, não existindo conduta, não há fato típico, não havendo fato típico, não
temos crime.

123. (MPE-RS/2016) Para róubar um bancó, “A” amarra “B” pelós pulsós e pernas, sendó
este o gerente do estabelecimento. Tortura-ó para que diga ó segredó dó cófre. “B”, vencidó
pela dor e pelo medo, acaba revelando o número da combinação, o cofre é aberto, e o roubo
é consumado. Houve, no caso, em relação ao gerente, coação física absoluta excludente da
tipicidade.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Não houve uma coação física irresistível, excludente de tipicidade. Na
realidade, houve uma coação moral irresistível, excludente de culpabilidade.

MUDE SUA VIDA!


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RESOLUÇÃO COMPLETA

Apesar de nomes bastante parecidos, na coação física irresistível, o agente


coagido não pratica nenhuma conduta, dessa forma a coação física irresistível é
uma causa excludente de tipicidade, pois a conduta é um elemento do fato típico.
Já na coação moral irresistível, o agente possui conduta, mas não era exigível
um comportamento diferente deste, logo configura uma causa excludente de
culpabilidade, que foi o que aconteceu no caso em tela.

124. (CESPE/2013) Alex agrediu fisicamente seu desafeto Lúcio, causando-lhe vários
ferimentos, e, durante a briga, decidiu matá-lo, efetuando um disparo com sua arma de
fogo, sem, contudo, acertá-lo. Nessa situação hipotética, Alex responderá pelos crimes de
lesão corporal em concurso material com tentativa de homicídio.

Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Alex irá responder apenas por Tentativa de Homicídio, haja vista incidir neste
caso o princípio da consunção.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Nesta situação hipotética, estamos diante de uma progressão criminosa, em


que o indivíduo de início queria apenas lesionar, mas durante a prática do crime,
muda sua intenção desejando praticar crime mais grave. Dessa forma, o crime-
meio será absorvido pelo crime-fim, aplicando-se o princípio da consunção.

125. (CESPE/2013) Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por
um desconhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do
agressor com um guarda-chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo estando o
desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em excesso intensivo.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Nesta situação, não se trata de um excesso intensivo, mas sim de um excesso


extensivo.

RESOLUÇÃO COMPLETA

No excesso extensivo ocorre um uso imoderado de meios proporcionais, ou


seja, o agente não estava mais amparado pela legítima defesa, pois a agressão já
havia cessado, e continuou a agressão. É o caso em questão.
Já no excesso intensivo, o agente emprega meios desproporcionais à
agressão sofrida ou em vias de ocorrer.

MUDE SUA VIDA!


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126. (CESPE/2013) Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real
contra legítima defesa putativa.
Certo Errado

Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Não é nesse caso que ocorre a legítima defesa sucessiva.

RESOLUÇÃO COMPLETA

Conforme o entendimento doutrinário, ocorre legítima defesa sucessiva


quando da reação ao excesso no exercício da legítima defesa, ou seja, o agressor
inicial é imobilizado pela vítima que estava agindo em legítima defesa, porém a
vítima começa a se exceder no uso da legítima defesa, logo, o agressor inicial agora
poderá se defender do excesso.

127. (CESPE/2010) Considere que, para salvar sua plantação de batatas, um agricultor
desvie o curso de água de determinada barragem para a chácara vizinha, causando vários
danos em razão da ação da água. Considere, ainda, que tanto a plantação desse agricultor
quanto os danos na chácara vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situação, não
se configura o estado de necessidade, uma vez que, segundo a sistemática adotada no
Código Penal, a exclusão de ilicitude só deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de
menor valor que o bem salvo.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA

A questão erra ao afirmar que só se aplica o estado de necessidade quando o


bem sacrificado for de menor valor que o bem salvo, porém não só é nesse caso
que se aplica o estado de necessidade.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal adotou a teoria unitária para regulamentar a aplicação do


estado de necessidade. Com base nessa teoria, agirá amparado pelo estado de
necessidade, dentre outros requisitos, o indivíduo que sacrificar um bem de menor
ou igual importância ao bem jurídico que ele está salvando.

128. Determinado policial, ao cumprir um mandado de prisão, teve de usar a força física
para conter o acusado. Após a concretização do ato, o policial continuou a ser fisicamente
agressivo, mesmo não havendo a necessidade. Nessa situação hipotética, o policial
A) excedeu o estrito cumprimento do dever legal.
B) abusou do exercício regular de direito.
C) prevaleceu-se de condição excludente de ilicitude.
D) agiu sob o estado de necessidade.
E) manifestou conduta típica de legítima defesa.

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Gabarito: A
RESOLUÇÃO RÁPIDA

O policial ao iniciar o cumprimento do mandado de prisão estava amparado


pelo estrito cumprimento do dever legal, porém ao ser agressivo sem necessidade,
excedeu este direito.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O próprio nome desta excludente de ilicitude já nos ajuda a entendê-la:


estrito cumprimento do dever legal, ou seja, quem estiver executando o dever
legal, tem que cumprir de forma estrita ao que prever a lei, não pode ir além das
determinações legais, pois caso o faça, irá responder por seu excesso.

CULPABILIDADE

CONCEITO

A culpabilidade é uma análise da conduta do agente delitivo, considerando-se suas


características pessoais. Aqui não analisamos o fato em si, mas a pessoa que cometeu o fato.
Portanto, lembre-se: nos dois primeiros elementos (fato típico e ilicitude), a análise é sobre o fato.
Na culpabilidade, o objeto de estudo é o AGENTE.

Segundo a teoria normativa pura, adotada no Brasil, a culpabilidade é composta por 3


elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta
diversa, conforme você percebeu na nossa tabela do crime.

Algumas teorias tentaram explicar a culpabilidade ao longo dos tempos. Iremos estudar
de forma breve a evolução de três teorias até chegarmos à atual, adotada pelo Código Penal.

EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DA CULPABILIDADE

➢ TEORIA PSICOLÓGICA

Para essa teoria, a culpabilidade é composta pela imputabilidade penal, sendo esta um
pressuposto da culpabilidade. O dolo e a culpa não fazem parte da culpabilidade, mas são
tidos como espécies dela.
Já deu para perceber que essa teoria não foi adotada no Brasil, não?!

➢ TEORIA NORMATIVA OU PSICOLÓGICO-NORMATIVA


Essa teoria, idealizada por Frank, colocou na culpabilidade a exigibilidade de conduta
diversa. Dessa forma, a culpabilidade passou a ser composta pela imputabilidade penal, o dolo
e a culpa e a exigibilidade de conduta diversa. A culpabilidade seria, portanto, a conjugação do
elemento subjetivo (dolo ou culpa) e do juízo de reprovação sobre o agente. Também não é
utilizada no Brasil atualmente.

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➢ TEORIA NORMATIVA PURA

Essa teoria foi fundada na teoria finalista da ação, idealizada por Hans Welzel. Segundo a
teoria finalista, toda ação humana é dirigida a uma finalidade. Dessa forma, o dolo natural e a
culpa passam a compor a conduta, e não da culpabilidade.
Por essa teoria, a culpabilidade tem o dever de analisar se o agente que cometeu uma
conduta típica e ilícita tinha consciência da ilicitude de sua conduta no momento que a
cometeu. A partir dela, a culpabilidade passa a ser composta por 3 elementos normativos:
imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude.

Essa teoria foi adotada no Brasil. Passaremos a analisar cada um desses 3 elementos que
compõem a culpabilidade.

Imputabilidade

Culpabilidade Potencial consciência da ilicitude

Exigibilidade de conduta diversa

IMPUTABILIDADE PENAL
A imputabilidade (primeiro elemento da culpabilidade) é a capacidade que o agente
deve possuir de entender o caráter ilícito do fato e de se comportar conforme a lei no
momento do cometimento do crime. É a aferição a capacidade de discernimento do agente.

O Código Penal não traz o conceito de imputabilidade, mas traz os casos de


inimputabilidade (falta de imputabilidade-isenta de pena) e os casos de semi-imputabilidade
(redução de pena). Vejamos:

Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento

Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores de dezoito anos


Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.

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Imputável é a pessoa que não tem doença mental ou desenvolvimento mental


incompleto ou retardado e possui capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Inimputável é a pessoa que possui uma
doença mental ou tem o desenvolvimento mental incompleto ou retardado e no momento do
crime não tinha capacidade de entender que sua conduta era ilícita, ou a pessoa menor de
idade. Já o semi-imputável, ou semi-inimputável, é a pessoa que não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato e de determinasse de acordo com esse entendimento.
Para a aferição da inimputabilidade existem 3 critérios/sistemas: o biológico, o
psicológico e o biopsicológico.

➢ SISTEMA BIOLÓGICO

Esse sistema considera o estado psíquico do agente, que seria analisar se o agente tem
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Cumpre observar que
por esse sistema, não importa se o agente possuía capacidade de entender o caráter ilícito do
fato e de comportar-se de acordo com esse entendimento. Aqui, basta ter doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou ser menor de 18 que já seria
inimputável, ainda que ele possua total capacidade de discernimento.

Essa teoria foi adotada excepcionalmente pelo Código Penal e apenas para o menor de
idade (menor de 18 anos). Nesse caso, basta provar que o agente tem menos de 18 anos que
ele será isento de pena, ou seja, inimputável. Lembrando que se não há imputabilidade, não há
culpabilidade e o agente é isento de pena (não exclui o crime). Vejamos o texto de lei:
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.

Nos casos de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, esse


sistema não é aplicado no Brasil.

➢ SISTEMA PSICOLÓGICO

O sistema psicológico analisa a capacidade de discernimento do agente no momento da


ação ou omissão. Busca saber se ao tempo da atividade o agente era capaz de entender o
caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Esse critério não
foi adotado (de forma isolada) no Brasil.

➢ SISTEMA BIOPSICOLÓGICO

Esse sistema é uma mistura dos dois sistemas anteriores. Por ele, não basta o agente
possuir uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (critério
biológico), mas o agente deve, ao tempo da ação ou omissão, ser inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato e de comporta-se de acordo com o direito.

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Esse sistema foi adotado no Brasil como regra e está expressamente previsto no Art. 26
do CP:
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Na primeira parte do artigo enxergamos o critério biológico. Já na segunda, tem-se o


critério psicológico. Para o agente ser considerado inimputável e ter sua culpabilidade
excluída, ele deve ter os dois (biopsicológico).

RETROATIVIDADE DA AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE


A imputabilidade penal deve ser aferida no momento em que ocorreu o fato criminoso.

Assim, se Ianne (com 17 de idade) atira contra Bárbara, que fica em coma e só vem
a falecer em novembro, quando Ianne já tinha mais de 18 anos, Ianne será considerado
INIMPUTÁVEL, pois no momento do crime, era menor de 18 anos (critério puramente
biológico, adotado como EXCEÇÃO no CP). Aqui se deve utilizar o Art. 4º do CP (tempo do
crime).

E se Ianne cometer um crime de sequestro e cárcere privado e ela só libertar a vítima


após atingir a maioridade? Ela responde pelo crime, ou ela é inimputável?

Crime continuado o flagrante se protrai no tempo, e só acaba quando a conduta findar.


Nesse caso, Ianne responde, sim, pelo crime, conforme súmula 711 do STF.

CAUSAS EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE

➢ Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado:

O critério biopsicológico é uma das excludentes da imputabilidade penal. Presentes os


pressupostos desse critério (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado + falta de discernimento), o agente não tem culpabilidade e será isento de pena.

➢ Menor de 18 anos de idade:

O critério biológico também exclui a imputabilidade penal, porém, apenas e tão somente,
quando se trata de menores de 18 anos. Para os menores de 18 anos, o Brasil adotou o critério
puramente biológico para aferição da inimputabilidade. Portanto, o menor de idade não tem
culpabilidade.

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➢ Embriaguez completa acidental:

A embriaguez completa, desde que proveniente de caso fortuito ou força maior, é causa
excludente da imputabilidade penal. Vejamos:
Art. 28 (...) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
• Embriaguez proveniente de caso fortuito:

Exemplo: Rodolfo é convidado para conhecer uma fábrica de cachaça famosa e resolve
passear dentro da dela. De repente, Rodolfo tropeça e cai dentro de um barril de cachaça e
passa alguns minutos dentro do tonel, vindo a ficar totalmente embriagado. Letícia o ajuda a
sair de dentro do tonel e Rodolfo acaba atingindo-a com um soco (sessão corporal). Rodolfo
não responde, pois nesse caso ele é inimputável, não tem culpabilidade, é isento de pena.
• Embriaguez proveniente de força maior:
Aqui o agente é coagido fisicamente a ingerir bebida ou substância que cause efeitos
análogos.

Exemplo: Letícia passa no vestibular e, no primeiro dia de aula, os veteranos se reúnem,


amarram Letícia e a forçam a ingerir um litro de cachaça. Letícia fica totalmente embriagada e
mata um dos veteranos. Nesse caso, ela é isenta de pena, pois será considerada inimputável,
não tem culpabilidade, é isenta de pena.

➢ Fases da embriaguez:
A embriaguez é composta por três fases:

• 1ª Excitação: é comparada a um macaco. A pessoa fica excitada e alegre.

• 2ª Confusão/depressão: nessa fase ó agente já cómeça a “cónfundir as bólas”,


ora chora, ora sorri, fica bravo e rico. Essa fase é comparada a um leão.

• 3ª Sono: aqui o agente já está quase em estado de coma. Fica com sono,
cabisbaixo, etc. é comparado com um porco.

A partir da segunda fase, a embriaguez já é considerada completa, desde que não tenha
capacidade de discernimento, e o agente será inimputável.

E se a embriaguez for proveniente de caso fortuito ou força maior, porém, não for
completa? Aí é apenas causa de diminuição de pena. Vejamos:

Art. 28, § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o


agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

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➢ Outras causas que podem excluir a imputabilidade

Ébrio habitual: é aquele que consome habitualmente e em excesso bebida alcoólica e


torna-se viciado e dependente dessa substância. Essa pessoa poderá ter sua imputabilidade
excluída.

Silvícolas: apenas os silvícolas não adaptados são considerados inimputáveis.


Embora haja divergência doutrinária, os silvícolas (aborígines) não adaptados são
considerados portadores de desenvolvimento mental incompleto.

Atenção!
Quando a banca tratar da palavra “silvícola” de forma isolada, não será
causa absoluta de exclusão da imputabilidade, na medida em que o termo silvícola
(gênero) possui três classificações (espécies): adaptados, em adaptação ou não
adaptados.
Portanto, em regra, silvícolas são imputáveis; a exceção, contudo, é somente
aos silvícolas não adaptados (inimputáveis).

Surdo-mudez: somente a surdo-mudez completa será considerada hipótese de


inimputabilidade. Portanto, apesar de possuírem problemas psicológicos, alguns possuem
capacidade reduzida ou até mesmo plena, ainda há aqueles que, ao estarem medicados, são
imputáveis.

Vejamos o que a banca CESPE cobrou em 2013:


(CESPE/2013) São considerados portadores de desenvolvimento mental
incompleto, segundo o CP, os silvícolas não adaptados, os surdos-mudos com total
ou quase total impossibilidade de comunicação e as pessoas com acentuado grau
de primitivismo cultural.
Gabarito: Certo

CAUSAS QUE NÃO EXCLUEM A IMPUTABILIDADE

➢ SEMI-IMPUTÁVEIS

O semi-imputável é o agente que, no momento da ação ou omissão, não era inteiramente


capaz de entender o caráter ilícito do fato e de comportar-se de acordo com esse
entendimento. Vejamos o parágrafo único do Art. 26:
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

MUDE SUA VIDA!


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Quando o artigo fala que o agente NÃO ERA INTEIRAMENTE CAPAZ, está dizendo que
ele era mais ou menos capaz de entender. Portanto, ele é considerado semi-imputável. Não
haverá a exclusão da culpabilidade, porém, haverá uma redução da pena de 1/3 a 2/3.

Exemplo: Zé do Brejo, que possui doença mental, esquece-se de tomar o seu


medicamento diário e começa a ficar muito nervoso. Zé acaba agredindo a esposa. Nesse caso
ele responde pelo crime de lesão corporal, cumulado com a Lei Maria da Penha, mas terá sua
pena reduzida de 1/3 a 2/3.

➢ A EMOÇÃO E A PAIXÃO

A emoção é uma perturbação de curta duração, como, por exemplo, a raiva, o medo, a
angústia. Já a paixão é uma perturbação crônica e duradoura, como o amor, o ódio, o ciúme
etc. Quem age sob a influência de qualquer delas responderá normalmente pelo crime, pois
nenhuma exclui a imputabilidade.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão.

Mas atenção! A emoção e a paixão podem ser consideradas causas de diminuição de


pena óu atenuantes, previstas respectivamente nós artigós 121, parágrafó 1º e 65, III, “c”, do
Código Penal.

Exemplo: “A” chega em casa e se depara cóm sua espósa na cama com óutró. “A”, sób o
domínio de violenta emoção, desfere 158 tiros de pistola na esposa e no amante. “A”
responderá pelo crime de homicídio privilegiado, pois a emoção NÃO exclui a imputabilidade
penal. Mas terá sua pena reduzida, conforme o Art. 121, § 1º, a seguir:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

➢ EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA OU CULPOSA

A embriaguez voluntária ou culposa também não exclui a imputabilidade penal. A


embriaguez voluntária é aquela que o agente quis. Já a involuntária é aquela que, apesar de
não querer se embriagar, o agente acaba se embriagando por imprudência.

Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.

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• Teoria da actio libera in causa


Pela teoria da actio libera in causa ou ação livre na causa, o agente responde por seus
atos, mesmo que no momento da ação ou omissão ele esteja inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato e de comportar-se de acordo com esse entendimento, uma vez que sua
conduta anterior foi voluntária ou no mínimo culposa. Terá, pois, culpabilidade, e continua
sendo imputável.
➢ EMBRIAGUEZ PREORDENADA
A embriaguez preordenada é circunstância agravante (Art. 61, II, “l”, CP). Trata-se da
situação em que o agente se embriaga dolosamente, por álcool ou por drogas, para criar
coragem e cometer o delito desejado.

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

A potencial consciência da ilicitude é o segundo elemento da culpabilidade. É uma


análise para saber se o agente tinha consciência que o fato praticado era ilícito, ou no mínimo
havia a possibilidade de conhecer a ilicitude do fato praticado.

Aqui o objetivo não é saber se o agente conhecia ou não a lei, e sim, saber se ele teria
condições de conhecê-la. Vejamos o que diz o Art. 21 do CP:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a


ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua
ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Cumpre observar que o artigo trata de erro de proibição (que será aprofundado em um
capítulo subsequente).

CAUSAS EXCLUDENTES DA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

➢ ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL:

O erro de proibição pode ser escusável/inevitável ou inescusável/evitável. O que exclui a


potencial consciência da ilicitude é o erro de proibição escusável/inevitável.

Exemplo: José, analfabeto, morador da zona rural de uma cidade do interior localizada,
a 2 mil km da capital, não tem acesso à internet, nem tem celular, e não tem televisão.
Passeando no seu roçado, José acha uma foice e leva-a para si, póis “achadó nãó é róubadó”.
José passa mais de 15 dias de posse dessa foice.

Qual o crime cometido por José? Nenhum? Você não sabia que essa conduta é tipificada
na lei como crime?

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Pois bem, José cometeu a conduta típica de apropriação de coisa achada, previsto no Art.
169, Parágrafo Único, II, do CP. Vejamos:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Pergunto a você: José pode alegar que não conhecia esse artigo? É claro que não!

Mas ainda pergunto: José, diante das características pessoais dele, e diante desse
crime (que não é tão comum) ele teria potencial consciência da ilicitude de sua conduta (achar
e não devolver)? É claro que José não tem potencial consciência da ilicitude do fato que
cometeu. Ele é analfabeto, não assiste à televisão, não tem internet, como ele iria saber que
isso é crime?

Portanto, José incorreu em erro de proibição, que exclui a potencial consciência da


ilicitude, que exclui a culpabilidade e, por fim, isenta de pena.

Atenção!
O erro de proibição pode ser chamado de erro sobre a ilicitude do fato.
Apesar de ser um erro sobre a ilicitude, NÃO exclui a ilicitude do fato, e sim a
potencial consciência, que, por consequente, excluirá a CULPABILIDADE.

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA


A exigibilidade de conduta diversa é o terceiro e último elemento da culpabilidade. Seu
objetivo é analisar se no caso concreto poderia ser exigida do agente uma conduta diferente
da que ela praticou.

Exemplo: Everton, com vontade de viajar, assalta um posto de gasolina. Pergunto: o


Direito poderia exigir de Everton uma conduta diferente da que ele realizou? É claro que sim!
Everton poderia deixar de ser vagabundo e estudar para concurso, passar na prova, ganhar
dinheiro e viajar.

Mas existem situações em que essa exigibilidade de conduta diversa é afastada, e o


agente fica isento de pena, por não ter culpabilidade. Vejamos então as duas principais causas:

CAUSAS EXCLUDENTES DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

O Art. 22 do Código Penal aponta duas causas que afastam a exigibilidade de conduta
diversa. Vejamos:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

MUDE SUA VIDA!


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➢ COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL


A primeira parte do artigo, apesar de não citar o tipo de coação, fala sobre a coação
MORAL irresistível. Essa por sua vez exclui a culpabilidade, pois é causa excludente da
exigibilidade de conduta diversa.
Atenção!
Não podemos confundir a coação MORAL do Art. 22, com a coação FÍSICA
(estudada dentro do fato típico). A coação física afasta a voluntariedade da conduta
e torna o fato atípico.

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL


SUBSTRATO DO CRIME: » Na culpabilidade. » No fato típico.
ELEMENTO: » Na exigibilidade de conduta diversa. » Na conduta.
NATUREZA JURÍDICA: » Causa de exclusão da culpabilidade. » Causa de exclusão da tipicidade.
EFEITO PENAL: » Isenta a pena. » Exclui o crime.
COATOR: » Autor MEDIATO pelo crime. » Autor IMEDIATO pelo crime.

Exemplo: quatro bandidos fortemente armados invadem a casa de um gerente de um


determinado banco, apontam as armas em direção à cabeça do filho do gerente e ordenam
que o gerente vá até o banco e subtraia todo o dinheiro que lá existe, sob pena de matarem
seu filho. O gerente se desloca até o seu trabalho e subtrai todo o dinheiro do cofre.

Nessa situação o gerente cometeu uma conduta típica e ilícita de furto qualificado pelo
abuso de confiança (Art. 155 do CP). Porém, ao analisarmos a culpabilidade, percebemos que
mesmo ele sendo imputável e possuindo potencial consciência da ilicitude, não há se falar em
exigibilidade de conduta diversa, uma vez que o Direito não poderia exigir dele uma conduta
diferente da que foi praticada. Logo, o gerente é isento de pena, pois não há culpabilidade.

Lembrando que a coação moral deve ser IRRESISTÍVEL.

Atenção!
Os coatores (bandidos) respondem pelo crime, mas o coagido (gerente) é
isento de pena.

➢ OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

A obediência hierárquica também pode excluir a exigibilidade de conduta diversa, desde


que preenchidos os requisitos: a ordem tem que ser advinda de um superior hierárquico e
deve ser manifestamente/aparentemente legal. Vejamos a segunda parte do Art. 22:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Exemplo: Everton, agente de polícia civil, recebe uma ordem do delegado, Bruno Vital,
para dar cumprimento a uma prisão preventiva, a qual o delegado afirma que fora expedida

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pelo juiz e está em sua posse. Everton obedece à ordem e prende o suposto alvo. Ao chegar à
delegacia, percebe que não existia mandado de prisão contra o referido preso.

Aqui Everton cometeu uma conduta típica e ilícita de abuso de autoridade, porém, ele
não tem culpabilidade, pois agiu sob ordem de superior hierárquico, e essa ordem aparentava
ser legal, excluindo-se, portanto, a exigibilidade de conduta diversa, que exclui a culpabilidade
e, ao final, isenta de pena.

Atenção!
A obediência hierárquica só se aplica no âmbito das relações administrativas
na esfera pública.

Não se aplica, portanto, na esfera privada, como, por exemplo, ordem do


gerente de uma loja para um funcionário subordinado, ordem do pai para o filho,
ordem do professor para o aluno.

Nesse caso, o delegado, caso tenha agido com dolo, responderá pelo crime.

129. (CESPE 2018) Julgue o item a seguir, com base no que dispõe o Código Penal.
Será excluída a imputabilidade penal do indivíduo que tenha praticado crime no momento
de emoção, por se considerar que ele não estava inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito da ação.
CERTO ERRADO
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Como regra, a emoção não exclui a imputabilidade penal do indivíduo.

SOLUÇÃO COMPLETA

A emoção e a paixão, como regra, não excluem a imputabilidade, mas podem


servir como causa de diminuição de pena, seja como um privilégio ou como uma
atenuante genérica, a depender do caso concreto.

130. (CESPE/2015) A embriaguez completa, culposa por imprudência ou negligência —


aquela que resulta na perda da capacidade do agente de entender o caráter ilícito de sua
conduta —, no momento da prática delituosa, não afasta a culpabilidade.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Este tipo de embriaguez, completa e culposa, não afasta culpabilidade.

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SOLUÇÃO COMPLETA

A embriaguez que afasta a culpabilidade é a embriaguez acidental, desde que


completa, ou seja, quando o indivíduo, por caso fortuito ou força maior, fica
completamente embriagado e no momento da ação ou omissão, era inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato.

131. (CESPE/2016) Emoção e paixão são causas excludentes de culpabilidade.


Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Como regra, a emoção e a paixão não excluem a culpabilidade.

SOLUÇÃO COMPLETA
A emoção e a paixão, como regra, não excluem a imputabilidade, logo
também não excluem a culpabilidade, pois a imputabilidade é um elemento da
culpabilidade. Contudo, a depender do caso concreto, podem servir como causa de
diminuição de pena, seja como um privilégio ou como uma atenuante genérica.

132. (CESPE/2015) A doença mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado,


por si só, afastam por completo a responsabilidade penal do agente.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

A questão se torna errada ao afirmar “por si só”, pois deve também ser
analisado se no momento da conduta o portador de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado tinha total discernimento.

SOLUÇÃO COMPLETA

O Código Penal adotou neste caso a teoria biopsicológica, ou seja, não basta
que o indivíduo possua doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, também deve ser analisado no caso concreto, se no momento em que
ele praticou a ação ou omissão, ele era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato, dessa forma é que ele será considerado inimputável.

MUDE SUA VIDA!


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133. (CESPE/2015) O CP adota o sistema vicariante, que impede a aplicação cumulada de


pena e medida de segurança a agente semi-imputável e exige do juiz a decisão, no momento
de prolatar sua sentença, entre a aplicação de uma pena com redução de um a dois terços
ou a aplicação de medida de segurança, de acordo com o que for mais adequado ao caso
concreto.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

Não pode haver a cumulação de pena com medidas de segurança.

SOLUÇÃO COMPLETA

Com a Reforma da Parte Geral do Código Penal, que ocorreu por meio da Lei
7.209/1984, foi adotado o sistema vicariante ou unitário, pelo qual o réu somente
cumpre uma das sanções penais, ou pena, ou medida de segurança, não podendo
haver a cumulação delas.

134. (CESPE/2015) A embriaguez fortuita completa não exclui a culpabilidade do agente.


Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Este tipo de embriaguez exclui, sim, a culpabilidade do agente.

SOLUÇÃO COMPLETA

É a chamada embriaguez acidental, pois advém de um caso fortuito ou força


maior, ela terá duas consequências:
Se for completa: exclui a culpabilidade, sendo o agente isento de pena.
Se for incompleta: não exclui a culpabilidade, porém o agente terá direito a
uma causa de diminuição.

135. (CESPE/2010) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a


culpabilidade e não integra a tipicidade.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA

A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, não integrando a


tipicidade.

SOLUÇÃO COMPLETA

São elementos da culpabilidade:


imputabilidade;
exigibilidade de conduta diversa;
potencial consciência da ilicitude.

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136. (CESPE/2015) Segundo o entendimento pacificado do STJ, a execução de medida de


segurança perdurará enquanto não cessar a periculosidade do inimputável, sujeitando-se,
independentemente do delito, ao tempo máximo de duração de trinta anos.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Essa afirmação está em desacordo com o entendimento do Superior Tribunal


de Justiça.

SOLUÇÃO COMPLETA

Conforme posicionamento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, a medida


de segurança não pode ultrapassar o limite máximo previsto em abstrato para o
delito. Súmula 527, STJ:
O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

137. (CESPE/2015) De acordo com a teoria adotada pelo CP, em regra, a consciência da
ilicitude é requisito essencial do dolo.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Com base na teoria adotada pelo Código Penal, qual seja, a teoria finalista, a
consciência da ilicitude não é elemento essencial do dolo.

SOLUÇÃO COMPLETA

A teoria finalista desvinculou a consciência da ilicitude do dolo, inserindo este


no fato típico, e deixando a consciência da ilicitude na culpabilidade.

138. (CESPE/2010) A depender das circunstâncias pessoais do autor do crime, o


desconhecimento da lei pode ser escusado.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Tal afirmação vai de encontro ao que prevê o Art. 21 do Código Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

O Art. 21 do Código Penal dispõe:


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Dessa forma, ninguém se escusa do desconhecimento da lei, porém pode
haver isenção de pena caso seja um erro sobre a ilicitude inevitável.

MUDE SUA VIDA!


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139. (CESPE/2013) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado pode isentar a
pena, considerando-se, nesse caso, as qualidades da vítima real, e não as da pessoa contra a
qual o agente queria praticar o crime.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

No erro sobre a pessoa, o agente responde como se tivesse atingido a vítima


virtual, ou seja, aquela que pretendia atingir.

SOLUÇÃO COMPLETA

No erro sobre a pessoa, também chamado de Erro In Persona, o agente não


erra pontaria, ele acerta o alvo, porém imaginava tratar-se de outra pessoa. Nessa
situação, ele responderá como se tivesse atingido a vítima virtual, ou seja, quem
ele queria atingir.

140. (CESPE/2013) Erro de pessoa e aberratio ictus são espécies de erro na execução do
crime, não tendo nenhuma relação com a representação que o agente faz da realidade.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

O erro sobre a pessoa e o aberratio ictus são institutos diferentes, e mantêm


sim uma relação com a representação que o agente faz da realidade.

SOLUÇÃO COMPLETA

No erro sobre a pessoa, o agente tem uma falsa percepção da realidade, pois
ele achava que a pessoa que ele atingiu, era outra pessoa, sendo que nessa
situação, ele responde como se tivesse atingido a vítima virtual.
Já no aberratio ictus, que é o erro na execução, o agente não erra a pessoa,
ele erra a pontaria, e caso nesse erro de pontaria, ele acabe atingido um terceiro,
responderá como se tivesse atingido a vítima pretendida.

141. (CESPE/2013) Configura erro de tipo essencial a conduta de um indivíduo que, após
estrangular outro, crendo que ele esteja morto, enforque-o para simular suicídio, com
comprovação posterior de que a vítima tenha morrido em decorrência do enforcamento.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA

Nesse caso, não há erro de tipo essencial, mas sim o chamado dolo por erro sucessivo.

SOLUÇÃO COMPLETA

O dolo geral ou dolo por erro sucessivo ocorre quando o indivíduo prática uma
conduta, e acreditando que atingiu o resultado pretendido, pratica uma nova conduta, mas
somente nessa segunda conduta é que ele atinge o resultado. Ex.: A dispara tiros de arma
de fogo contra B, que cai ao chão. Acreditando tê-lo matado, joga o corpo no rio, porém B
estava vivo e morreu em decorrência do afogamento.

MUDE SUA VIDA!


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ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO

ERRO DE TIPO
O erro de tipo pode ser essencial ou acidental. O essencial divide-se em escusável, o qual
afasta o dolo e a culpa, e inescusável, que afasta o dolo, mas permite a punição a título de
culpa. Já o acidental divide-se em erro na execução, erro sobre a pessoa, erro sobre o nexo
causal, erro sobre o crime e erro sobre o objeto. Além desses, iremos estudar o erro
determinado por terceiros e as descriminantes putativas por erro de tipo.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL


O erro de tipo essencial é a representação errônea da realidade, na qual o agente não
percebe a existência/presença de um dos elementos constitutivos do crime. Aqui o agente
sabe que aquela conduta seria criminosa, mas, por erro, não percebe que a está cometendo.
Vejamos o caput do Art. 20 do CP:

Art. 20. - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime


exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.

Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha nova zerada na frente do curso. Ao
sair da aula, Diego monta em uma XRE vermelha nova idêntica à dele e vai embora.

A princípio, Diego subtraiu para si coisa alheia móvel e incorreu no crime de furto.
Porém, Diego incorreu em erro de tipo (erro sobre um elemento essencial do tipo - coisa
alheia -). Ele não sabia da condição de coisa alheia, pois se soubesse, não a teria subtraído.

Percebe-se, portanto, que no erro de tipo essencial não há a vontade de realizar o crime
(o dolo não existe), mas o agente pode responder a título de culpa, caso o tipo penal permita
essa modalidade.

Exemplo: Rodolfo querendo caçar veado, atira em uma moita de mato acreditando
tratar-se de um esconderijo do animal. No entanto, havia uma pessoa na moita fazendo suas
necessidades fisiológicas e acabou morta pelo tiro que Rodolfo desferiu. Nesse caso, Rodolfo
incorreu em erro de tipo, pois errou sobre um elementar do tipo penal de homicídio (alguém).

O erro de tipo essencial pode ser evitável ou inevitável. Vamos estudar cada um deles
separadamente.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL ESCUSÁVEL/DESCULPÁVEL, INEVITÁVEL

O erro de tipo escusável pode ser chamado também de desculpável ou de inevitável


(cuidado com essas palavras). É o erro que, mesmo observando o dever de cuidado, não teria
como evitá-lo, qualquer pessoa naquelas circunstâncias teria cometido esse erro,
inevitavelmente.

MUDE SUA VIDA!


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Esse erro exclui o dolo e a culpa, logo não haverá conduta e consequentemente o fato
será atípico. Ou seja, o erro de tipo essencial desculpável exclui o próprio crime.

Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha nova zerada (ainda sem placa) na
frente do curso. Ao sair da aula, Diego monta em uma XRE vermelha nova idêntica à dele
(também sem placa) e vai embora. Diego cometeu aparentemente o crime de furto do Art.
155, CP.

Nesse caso, as motocicletas eram idênticas e sem placa, e a chave da moto de Diego ligou
normalmente a outra moto, que não era a dele. Cumpre observar que esse erro é inevitável.
Nesse caso, o erro excluirá o dolo e a culpa.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL INESCUSÁVEL/INDESCULPÁVEL, EVITÁVEL


Dessa vez, o erro aqui ser evitado se o agente tivesse observado o dever de cuidado.
Aqui fói um “vaciló” dó agente, uma falta de atençãó. Mais uma vez, tome cuidado com essas
palavras que são sinônimas uma da outra.

Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha de placa KKK-0000 na frente do
curso. Ao sair da aula, Diego monta em uma moto XRE vermelha idêntica à dele, de placa YYY-
1111 e vai embora. Diego cometeu aparentemente o crime de furto do Art. 155, CP.

Cumpre observar que nesse segundo caso as motos estavam emplacadas. Portanto, se
Diego tivesse prestado mais um pouco de atenção, ele teria evitado esse erro. Logo, o dolo
será excluído, mas ele poderia se responsabilizar pelo crime culposo (se houvesse previsão
legal). Como o crime de furto não permite a modalidade culposa, Diego não responde, por
atipicidade da conduta.

Em ambos os casos, Diego agiu sem nenhum dolo em relação ao furto. O que houve foi
que ele errou sobre um dos elementos constitutivos de tipo penal incriminador, qual seja,
COISA ALHEIA.

Escusável, desculpável, Exclui o dolo e a culpa


inevitável

Erro de tipo
essencial

Inescusável, Exclui apenas o dolo


indesculpável, evitável

DESCRIMINANTES PUTATIVAS POR ERRO DE TIPO


Previstas no Art. 20, § 1º do CP, trata-se de uma situação imaginária que se de fato
existisse, tornaria a conduta permissiva pelo direito. Observe que NÃO exclui o fato típico, e
sim a culpabilidade. Toda vez que o Código Penal falar em “isençãó de pena” estará falandó de
excludente de culpabilidade. Vejamos o texto de lei:

MUDE SUA VIDA!


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§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas


circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.

Como vimos, descriminantes putativas recaem sobre uma das excludentes de ilicitudes
previstas no Art. 23 do CP: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. E podem ser por erro de tipo ou
por erro de proibição. Aqui, iremos estudar as descriminantes putativas por erro de tipo,
deixaremos o erro de proibição para o próximo capítulo.

Exemplo: Rodolfo, policial federal, está em diligência em uma favela em busca de um


perigoso traficante. Ao se deparar com uma pessoa que andava pela rua segurando uma
furadeira, desfere 1 tiro de pistola contra essa pessoa, imaginando que aquele instrumento de
trabalho se tratava de uma metralhadora.

Rodolfo imaginou uma situação de fato (agressão injusta e iminente) que, se realmente
existisse, tornaria sua conduta legítima (legítima defesa). Aqui ele errou sobre um dos
pressupostos fáticos da legítima defesa. Ele sabia muito bem de todos os requisitos da
legítima defesa, o problema foi que um deles, naquele momento, não existia, não era real,
estava apenas na sua imaginação.
Cumpre observar que nessa situação não existe legítima defesa real, a legítima é
putativa. Portanto, não é excludente de ilicitude. Trata-se de erro de tipo permissivo.

O erro de tipo permissivo, ou descriminantes putativas, pode der inevitável ou evitável.


Vejamos:

➢ INEVITÁVEL, INVENCÍVEL, DESCULPÁVEL: é aquele que não teria como evitar. O


homem médio, tomando todas as precauções possíveis, ainda assim erraria. É o
exemplo mencionado acima, em que o agente estava em uma favela perigosa em
busca de um traficante perigoso. Qualquer outro agente teria atirado de imediato
imaginando que levaria um tiro.
• Nesse caso, o agente é isento de pena.

➢ EVITÁVEL, VENCÍVEL, INDESCULPÁVEL; é o erro que poderia ser evitado, caso o


agente tivesse tomado um pouco mais de cuidado.
• Nesse caso, o erro deriva de culpa e, portanto, exclui o dolo e o agente
responde pelo crime culposo, se houver previsão legal.

Mas como responder por crime culposo se existiu a vontade do agente? Aqui se trata da
culpa imprópria, que é uma política criminal que autoriza o agente cometer uma conduta
dolosa e responder pela conduta culposa, como visto nos capítulos anteriores.
ERRO PROVOCADO POR TERCEIROS
O erro de tipo ainda pode ser cometido por uma pessoa, porém, provocado por outra.
Vejamos o que diz a lei:
Art. 20, (...) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
erro.

MUDE SUA VIDA!


204
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Nesse caso, temos que analisar a conduta da pessoa que provocou o erro e a conduta da
pessoa que cometeu o erro.
➢ PROVOCADOR: a pessoa que provocou o erro responde pelo crime doloso, caso
tenha agido com dolo, ou culposo, caso tenha incorrido em culpa.
➢ PROVOCADO: se o erro foi inevitável, a pessoa que cometeu o erro não responde
pelo crime, pois o erro invencível/inevitável exclui o dolo e a culpa. Porém, se o
erro foi evitável/vencível a pessoa que cometeu o erro responde a título de crime
culposo.

Exemplo: Everton, médico renomado, com vontade de matar, prescreve uma medicação
para um determinado paciente com substâncias capazes de levá-lo a óbito. Andrezza,
enfermeira, é acionada pelo médico para aplicar a medicação no paciente. Após Andrezza
injetar a substância, o paciente vem a óbito.

Nesse caso, Everton responderá por homicídio doloso e Andrezza não responde por
nenhum crime, pois nessas circunstâncias qualquer enfermeira teria aplicado a substância
sem questionar o renomado médico.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL

O erro de tipo acidental não exclui nem o dolo nem a culpa. São situações secundárias ou
assessórias que ocorrem paralelamente ao crime. Estudaremos cada caso.

➢ ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA):

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não


isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.

Exemplo: Andrezza, com vontade de matar sua desafeta, Jane, a aguarda sair do salão
de beleza. Em determinado momento, sai uma pessoa que vestia uma roupa parecida com a de
Jane e Andrezza efetua 55 disparos de arma de fogo contra essa pessoa, acreditando se tratar
de Jane.
Nesse exemplo, Andrezza vai responder pelo crime de homicídio em relação à vítima
virtual (Jane) e não em relação a vítima efetiva (a outra pessoa que morreu), pois o erro sobre
a pessoa não exclui dolo nem culpa.

Um exemplo clássico é em relação ao crime de infanticídio: Art. 123 - Matar, sob a


influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção,
de dois a seis anos. Cumpre observar que a mãe só responde por infanticídio se matar o
próprio filho. Atenção ao exemplo a seguir:

Exemplo: Thainá, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, mata o filho
de uma outra mulher, acreditando ser o seu próprio filho.

Nesse exemplo, Thainá responde pelo crime de infanticídio, como se tivesse cometido o
crime contra seu próprio filho (vítima virtual) e não contra o filho alheio (vítima efetiva).

MUDE SUA VIDA!


205
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Atenção!
No erro sobre a pessoa, a vítima virtual não corre nenhum risco.

➢ ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS)


No erro na execução o agente erra ao executar o crime. É ó famósó “ruim de mira”.
Cuidado, pois as questões costumam confundir com o erro sobre a pessoa. Vejamos o texto de
lei:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o
crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

Exemplo: Rodolfo atira contra Letícia querendo matá-la, mas erra o tiro e acerta
Evandro que vai passando.

Aqui Rodolfo não errou sobre a pessoa, pois ele atirou na pessoa certa. O que aconteceu
foi um erro na execução: por falta de pontaria, ele acabou errando e acertando pessoa diversa
da pretendida.
Atenção!
No erro na execução, a vítima corre risco de ser atingida, diferentemente do
erro sobre a pessoa.

➢ RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS OU DELICTI)

É quando o agente pretendia praticar um crime e por erro na execução acaba praticando
crime diverso/diferente. Vejamos o que diz o Art. 74 do CP:

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por


acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Exemplo: Letícia, querendo quebrar a janela do carro de Rodolfo, atira uma pedra.
Porém, erra a janela e acerta a cabeça de Rodolfo.

Aqui Letícia responde pelo crime de lesão corporal culposa.

E se por acaso Letícia tivesse acertado a janela do carro e ao mesmo tempo acertado a
cabeça de Rodolfo? Nesse caso, responderia por crime de dano doloso em relação à janela
(Art. 163) e crime de lesão corporal culposa em relação à cabeça de Rodolfo (Art. 129).
➢ ERRO SOBRE O OBJETO (ERROR IN OBJECTO)
É quando a agente atinge um objeto matéria diferente do pretendido.

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Exemplo: Letícia, querendo subtrair um relógio modelo feminino da moda,


apressadamente, acaba subtraindo um relógio modelo masculino.

Nesse caso, Letícia responde pelo crime de furto, pois o erro acidental, qualquer que
seja, não exclui dolo nem culpa.

➢ ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL (ABERRATIO CAUSAE)


Aqui estamos diante de um erro sobre o nexo causal. O agente acredita ter provocado o
resultado por meio de meio de execução quando na verdade provocou por meio de outro
meio.

Exemplo: Thainá, com vontade de matar Lucas, atira contra ele e, acreditando que Lucas
já estava morto, joga-o no rio. Lucas vem a falecer por meio de afogamento.

Nesse exemplo, Thainá acreditou que alcançou o resultado por meio dos disparos de
arma de fogo, quando na verdade o que causou o resultado foi o afogamento. Responderá,
portanto, pelo crime de homicídio.

Segue esquema para memorização:

DOLO
SEMPRE exclui o crime
Desculpável

CULPA

Erro de tipo

DOLO
Indesculpável

CULPA Se previsto em lei

Culpa imprópria

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ERRO DE PROIBIÇÃO

O erro de proibição recai sobre a ilicitude do fato. Por isso, é também chamado de erro
sobre a ilicitude. Aqui o agente não tem potencial de conhecer que sua conduta é ilícita e age
acreditando ser uma conduta normal - permitida. Vejamos o texto de lei:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a


ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua
ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Cumpre observar que o agente não pode alegar o desconhecimento da lei para se eximir
da responsabilização pela conduta que praticou. Ninguém pode alegar o desconhecimento da
lei, uma vez que toda lei deve ser publicada para ser válida, e todos têm acesso a ela (basta
abrir o Diário Oficial).
Porém, o que deve ser analisado é se o agente tem potencial consciência da ilicitude do
fato, ou seja, é saber se, mediante as características pessoais e fáticas, aquela pessoa teria
condições de conhecer que sua conduta é reprovada pela lei.

Exemplo: José, analfabeto, morador da zona rural de uma cidade do interior, localizada
a 2 mil km da capital, não tem acesso à internet, nem tem celular, e não tem televisão.
Passeando no seu roçado, José acha uma foice e leva-a para si, póis “achadó nãó é róubadó”.
José passa mais de 15 dias de posse dessa foice.

Qual o crime cometido por José? Nenhum? Você não sabia que essa conduta é tipificada
na lei como crime?
Pois bem, José cometeu o crime de apropriação de coisa achada, previsto no Art. 169,
Parágrafo Único, II, do CP. Vejamos:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Pergunto a você, José pode alegar que não conhecia esse artigo? É claro que não! Mas
pergunto, José, diante das características pessoais dele, e diante desse crime (que não é tão
comum), teria potencial consciência da ilicitude de sua conduta (achar e não devolver)? É
claro que José não tem potencial. Ele é analfabeto, não assiste à televisão, não tem internet,
como ele iria saber que isso é crime?
Portanto, José incorreu em erro de proibição, que exclui a potencial consciência da
ilicitude, que exclui a culpabilidade e, por fim, isenta de pena.

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Cuidado!
Apesar do nome “erro sobre a ilicitude do fato”, o erro de proibição não exclui
a ilicitude, e sim a culpabilidade, por excluir um dos seus elementos, qual seja, a
potencial consciência da ilicitude do fato.

O erro de proibição também pode ser escusável ou inescusável.

ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL


O erro de proibição escusável/desculpável, invencível/inevitável é quando o agente atua
ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando, naquelas circunstâncias, não lhe
era possível ter ou atingir essa consciência.

Se o erro for inescusável, isenta de pena, é causa excludente de culpabilidade.


ERRO DE PROIBIÇÃO INESCUSÁVEL

Já o erro de proibição inescusável/indesculpável/vencível/evitável é quando o agente


atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando, naquelas circunstâncias, lhe
era possível ter ou atingir essa consciência. É quando o agente, com um mínimo de esforço
intelectual, teria potencial de saber que aquela conduta era criminosa, mas por descuido, não
evitou isso. Se o erro é inescusável, não haverá a exclusão da ilicitude e o agente irá responder
pelo crime que cometeu. Porém, sua pena será reduzida de 1/6 a 1/3. Vejamos o mais uma vez
o Art. 21:
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Para compreender melhor, imagine que no lugar daquele agricultou que achou uma
foice, fosse você que está lendo este material. Pergunto: você tem potencial consciência da
ilicitude desse fato? É claro que tem. Você pode até alegar que desconhecia esse artigo do
crime de apropriação de coisa achada, mas isso é inescusável. O importante não é saber se
você conhecia a lei, e sim, se você tem potencial para conhecer. Portanto, no seu caso, haverá a
responsabilização pelo crime e sua pena poderá ser apenas reduzida de 1/6 a 1/3.

Se o erro for escusável, NÃO isenta de pena, é causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3.

ERRO DE PROIBIÇÃO GROSSEIRO

O erro de proibição grosseiro nem exclui a culpabilidade, nem diminui a pena do agente.
São erros sobre a ilicitude de fatos conhecidos pelo senso comum e que todos deveriam saber.
Exemplo: uma pessoa alegar que não conhecia o crime de furto e que diante de suas
características não teria potencial consciência para atingir tal conhecimento.

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Nesse caso, o agente responde pelo crime de furto (crime amplamente divulgado na
sociedade) e não teria a redução da pena de 1/6 a 1/3. Poderia até ser beneficiado por uma
atenuante do Art. 65, II, do CP, a depender do caso.

ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO

O erro de proibição direto é quando o agente tem convicção de que sua conduta não é
proibitiva pela norma. Ele age sem saber da existência da lei que proíbe (crime comissivo) ou
se omite sem saber que a lei manda-o agir (crime omissivo), e age acreditando que sua
conduta está correta. Como vimos, esse erro pode ser escusável ou inescusável (conforme
acabamos de estudar).

ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO

Já o erro de proibição indireto, ou chamado de descriminantes putativas por erro de


proibição, é quando o agente comete a conduta sabendo que é proibida, mas acreditando estar
amparado por uma causa de justificação. Ele pensa que está amparado por uma excludente de
ilicitude, quando na verdade essa excludente não existe, ou naquela ocasião não se aplica.

Podemos dividir esse erro em duas situações:

➢ Erro sobre a existência de uma excludente de ilicitude que não existe.

Exemplo: Rodolfo pratica o crime de eutanásia acreditando que existe uma


excludente de ilicitude que lhe ampara. Nesse caso, não existe essa excludente,
logo, ele agiu sob erro de proibição indireto (descriminante putativa-imaginária).

➢ Erro sobre os limites de uma excludente de ilicitude que existe, mas naquela
ocasião não se aplica.

Exemplo: Rodolfo prende Letícia em flagrante e Letícia começa a agredir Rodolfo


acreditando que está em legítima defesa contra a agressão de Rodolfo. Nesse caso, a agressão
de Rodolfo não é injusta, logo, não há que se falar em legítima defesa. A legítima defesa é para
repelir agressão injusta. Letícia age sobre erro de proibição indireto (descriminante putativa-
legítima defesa imaginária-putativa).

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EXERCÍCIO

142. (Cespe) O erro de proibição é aquele que recai sobre a ilicitude do fato, excluindo a
culpabilidade do agente, porque esse supõe que inexiste regra proibitiva da prática da
conduta. O erro de proibição não exclui o dolo, mas afasta, por completo, a culpabilidade do
agente quando escusável e reduz a pena de um sexto a um terço quando inescusável,
atenuando a culpabilidade.
Certo Errado

Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA

Questão correta com relação ao erro de proibição, que incide no elemento


potencial consciência ilicitude.

RESOLUÇÃO COMPLETA

O erro de proibição pode isentar de pena ou diminuí-la, conforme previsão no


Art. 21 do Código Penal:
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.

CONCURSO DE PESSOAS (ART. 29 A 31, CP)


CONSIDERAÇÕES INICIAI
Também chamado de concurso de agentes ou codelinquência.
Ocorrerá quando uma infração penal é praticada por duas ou mais pessoas. Espécies de
crime quanto ao concurso de pessoas:
➢ 1-Crime monossubjetivo- Chamado de crime de concurso eventual, é o crime que
pode ser cometido por uma só pessoa, e eventualmente por duas ou mais pessoas.
Ex.: A maioria dos crimes.
➢ 2-Crime plurissubjetivo- Crime chamado de concurso necessário, é o crime que só
pode ser cometido por duas ou mais pessoas, ou seja, exige obrigatoriamente
concurso de pessoas. Ex.: (Art. 35, Lei de Drogas) Associação para o tráfico de
drogas.
Esta hipótese se divide em 3 grupos:
• a) De condutas paralelas - Os agentes se auxiliam na obtenção do resultado. Ex.:
Quadrilha ou bando. (Art. 288, CP)
• b) De condutas contrapostas - Os agentes praticam a conduta uns contra os
outros. Ex.: Rixa (Art. 137, CP)

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• c) De condutas convergentes- O tipo penal surge do encontro das duas condutas.


Ex.: Bigamia.
Obs.: as regras do concurso de pessoas só se aplicam aos crimes monossubjetivos,
pois nos plurissubjetivos o concurso de pessoas já é elementar do tipo penal.
(Tipicidade).

AUTORIA, COAUTORIA, PARTICIPAÇÃO


Autor - Há 3 teorias que definem autor. Serão as seguintes:
➢ 1-Teoria Restritiva ou Objetiva- É apenas quem executa o verbo no tipo penal
incriminador, é apenas quem realiza o núcleo do tipo penal. Ex.: Aquele que mata, o
que subtrai, o que falsifica.
➢ 2-Teoria extensiva/subjetiva/unitária – É todo aquele que de alguma forma
contribui para o resultado criminoso, não se tem diferença alguma entre autor e
partícipe. Ex.: Autor seria o que mata, como também aquele que empresta a arma.
➢ 3-Teoria do Domínio final do fato - É todo aquele que tem o poder de decidir se,
como, quando, bem como aspectos referentes à prática em si do crime, aqui o autor
nem sempre executa o crime, nem sempre realiza a conduta descrita no tipo penal
incriminador. Ex.: Líder de cartel de drogas decide pela morte de policiais que o
investigam.
Mesmo com essa teoria, ela só se aplica aos crimes dolosos, pois o resultado é
involuntário, o agente não decide se, como, quando o resultado ocorrerá.
OBS.: STF vem aplicando a teoria do domínio do fato final, mas a teoria restritiva
ou objetiva é prevalente.

Coautor- É a reunião de dois ou mais autores no mesmo crime, quando o crime tem mais
de um autor, fala-se em coautoria. Ex.: “A e B” desferem tirós em “C”.
Coautoria sucessiva/Coautor sucessivo- Se todos os autores iniciam a execução do crime
juntos, haverá coautoria simultânea, se um autor ingressa no crime depois de já iniciada a
execução, fala-se em coautoria sucessiva. Ex.:
• Caso 1- “A e B” agridem aó mesmó tempó C. (Cóautória simultânea).
• Caso 2- “A e B” agridem aó mesmó tempó C, D aó verificar a situaçãó decide
também agredir C. (Coautoria sucessiva).
Participação- É a pessoa que não executa o verbo do tipo penal incriminador, mas de
alguma fórma presta uma cólabóraçãó de relevância. Ex.: “A” empresta a arma para “B” matar
“C”.
Formas de participação- Há três maneiras:
• a)Induzimento- Criar a ideia do crime no pensamento do autor, ou seja, o autor
não imaginaria cometer o delito;
• b)Instigação- É reforçar a ideia do crime já existente no pensamento do autor,
convencendo-o decisivamente a cometer a infração, deve ser a causa do crime,
sem esta o autor não teria levado adiante a ideia do cometimento do crime.
Essas duas hipóteses são chamadas de participação moral e auxílio material, como, por
exemplo, no último caso, fornecer materiais para execução do crime, este auxílio também é
chamado de participação material.
A conduta desempenhada pelo partícipe é atípica, pois precisa sempre da conduta do
autor para que ele seja responsabilizado penalmente.

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ACESSORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO
Como o partícipe não realiza a conduta do tipo penal, não executa a conduta típica, a
participação é um comportamento acessório que depende de existência de autor ou coautores
que realizem a conduta penal. Conclusão:
É impossível crime apenas com partícipe, pois, a participação é apenas uma conduta
acessória, depende sempre da conduta principal, que é desempenhada por autores e
coautores.
PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO
Existem 4 teorias:
➢ 1-Teoria da acessoriedade mínima - O partícipe é punido se a conduta do autor for
típica, ainda que não ilícita, ou seja, basta que apenas a conduta seja típica. Ex.: “A”
empresta a arma para que “B” haja em legítima defesa. Nesta teoria, B não é punido
mas A, sim.
➢ 2-Teoria da Acessoriedade média- Também chamada de limitada, o partícipe é
punido se a conduta do autor for típica, ilícita, ainda que não seja culpável.
(Corrente majorante). Ex.: “A” induz “B” (que é dóente mental) a matar “C”.
Nó casó acima “B” aó praticar ó fató, será típicó, ilícitó, mas ele nãó dispõe de
imputabilidade penal.
➢ 3-Teoria da Acessoriedade máxima- O partícipe é punido se a conduta do autor é
típica, ilícita e culpável. Ex.: nó Casó citadó anteriórmente, “A” nãó seria punidó,
póis “B” é inimputável.
➢ 4-Teoria da hiperacessoriedade- O partícipe só será punido se a conduta do autor
for típica, ilícita, culpável e também punível. Ex.: “A” fói autór de um crime que tem
“B” cómó partícipe, se “A” mórrer, “B” nãó póde ser punidó, pois estará extinta a
punibilidade do autor.
AUTORIA MEDIATA OU INDIRETA
É aquele que realiza o crime sem executar a conduta típica, ou seja, ele realiza o crime
utilizando-se de uma pessoa que age sem dolo, sem culpa, sem culpabilidade, utiliza 3º
inocente como instrumento do crime. Há 4 possibilidades:
➢ 1-Erro determinado pelo 3º (Art. 20, §3º, CP) - Médico quer matar paciente inimigo
dele, então entrega para a enfermeira frasco com veneno e manda ministrar ao
paciente, dizendo que é remédio; esta, por sua vez, aplica o veneno pensando ser
remédio, vindo o paciente a óbito.
Autor do crime==Médico (mediato ou indireto)
➢ 2-Coação moral irresistível (Art. 22, CP)- O coator é o autor mediato ou indireto do
crime, pois, ele utilizou o coagido como instrumento para a prática do delito.
➢ 3-Obediência hierárquica- O superior hierárquico que deu a ordem ilegal é o autor
mediato ou indireto, pois, ele utiliza o subordinado como instrumento para
execução do crime. (Art. 22, CP)
➢ 4-Instrumento impunível- (Art. 62, II, CP)- “A” induz “B” (que é dóente mental) a
matar “C”. “A” será ó autór mediató dó crime.

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REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS


➢ 1-Pluralidade de condutas.
➢ 2-Relevância causal das várias condutas- É necessário que haja nexo de
causalidade entre todas as condutas e o resultado do crime. Caso não haja nexo de
causalidade, não poderá ser autor, nem partícipe do crime.
➢ 3-Liame Subjetivo- Também chamado de vínculo subjetivo, é a vontade de
colaborar na conduta criminosa de outra pessoa, ainda que outra pessoa
desconheça da colaboração. É diferente de prévio ajuste, pois é possível haver
concurso de pessoas sem prévio ajuste.
➢ 4-Homogeneidade Subjetiva- Só há concurso doloso em crime doloso, concurso
culposo em crime culposo, não há participação dolosa em crime culposo, ou vice
versa.
➢ 5-Identidade de Infração- Autores Coautores e partícipes respondem todos pelos
mesmos crimes. Alguns autores classificam este ponto como consequência jurídica
do instituto e não como um requisito.
TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS
➢ 1-Teoria Monista ou Unitária- Autores, coautores, partícipes respondem todos pelo
mesmo crime na medida de sua culpabilidade, há uma só infração para todos.
(Teoria que é regra do Direito Penal brasileiro).
➢ 2-Teoria pluralista ou pluralística- Por esta teoria os agentes respondem por
crimes distintos, aplica-se apenas em casos excepcionais. (Teoria que é exceção no
Direito Penal brasileiro). Ex.:
O particular oferece propina e o funcionário público recebe a propina;
PARTICULAR=CORRUPÇÃO ATIVA;
FUNCIONÁRIO PÚBLICO=CORRUPÇÃO PASSIVA.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (ART. 29, §1º, CP)
É uma causa geral de diminuição de pena, só é aplicável ao partícipe, não se aplica a
autores, coautores.
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (ART. 29, §2º, CP)
Se os agentes ajustam a prática de um crime menos grave e, no momento da execução,
um deles resolve por sua conta e risco cometer crime mais grave do combinado e/ou diverso,
a situação jurídica daquele que combinou o crime menos grave é resolvido pelo (Art.
29,§2º,CP) da seguinte forma:
O agente que combinou crime menos grave responde pelo crime menos grave, ou
responderá pelo crime menos grave com a pena acrescida da metade se o crime mais grave
era previsível, portanto, em nenhuma hipótese ele responderá só pelo crime mais grave. Ex.:
“A” e “B” cómbinam furtar uma casa ónde móradóres estãó ausentes, “A” fica dó ladó de fóra
como olheiró, “B” entra na casa para furtar e se depara com uma inesperada moradora, este se
apodera de uma faca peixeira e ameaça a moradora, subtrai joias e ainda decide estuprá-la.
Conclusão:
“B” respónderá pelós crimes dós (Art. 157 e 213, CP);
“A” respónde peló crime do Art. 155, CP) se o roubo e o estupro não eram previsíveis. Se
previsíveis responderá pelo (Art. 155, CP) com pena acrescida pela metade.

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Obs.: “A” neste caso só responde pelo roubo e estupro apenas se assumiu o risco
de participar dos delitos mais graves, havendo dolo eventual. Ex.:
“A” sabia que tinha moradora nos fundos da casa, e que “B” estava de porte da
faca, “A” supõe que “B” poderá estuprar a moradora e subtrair com emprego de
violência, havendo dolo eventual e não previsibilidade culposa.
Obs.: 5 pessoas combinam cometer roubo com arma de fogo, durante o assalto
uma delas desnecessariamente resolve atirar e matar a vítima, neste caso todos
responderão por latrocínio, afinal quem participa de roubo armado está assumindo
o risco de cometer latrocínio; o que atirou latrocínio com dolo direto, os demais
latrocínio com dolo eventual.

COMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO


PENAL (ART. 30, CP)
• Elementares- Dados essenciais do tipo penal, desaparecendo elementar,
desaparece o crime ou ocorrerá outro crime.
• Circunstâncias- São dados agregados ao tipo penal que influenciam na pena, se
desaparecer o crime permanece, havendo apenas modificação na pena prevista.
• Elementares Objetivas- Referem-se aos meios e modos de execução do crime.
• Elementares Subjetivas- Referem-se aos motivos do crime ou condições
pessoais do agente.
As elementares sempre se comunicam aos demais agentes;
• Circunstâncias Objetivas- Comunicam-se, desde que ingressem no dolo do outro
agente.
• Circunstâncias Subjetivas- Jamais se comunicam aos demais agentes. Ex.:
Funcionário público auxiliado por um particular se apropriam de dinheiro público que
está na posse do funcionário público em razão de uma função.
➢ Funcionário Público- Elementar do tipo penal do Art. 312,CP) CRIME DE
PECULATO.
Neste caso por ser elementar se comunica ao outro particular, ambos responderão pelo
crime de peculato.
“A” e “B” cómbinam envenenar a cómida de “C”, “A” fica encarregado de servir a comida
envenenada e executar o crime.
Emprego de veneno- Circunstância do homicídio, neste caso, objetiva, sendo
comunicável.
“A” serviu ó venenó, “B” sabia dó empregó dó venenó, sendó circunstância óbjetiva que
ingressóu nó dóló de “B”, ambós respónderãó peló crime de hómicídió qualificadó peló
emprego de veneno.
“A” empresta a arma para “B” matar a vítima, nó mómentó da execuçãó dó crime, “B”
resolve envenenar a vítima sem avisar ao comparsa, o emprego do veneno é circunstância
óbjetiva, que nãó ingressóu nó dóló de “A”, neste casó “A” respónde pór hómicídió simples; “B”
por homicídio qualificado por emprego do veneno.
“A” e “B” praticam furtó, “A” é reincidente e “B” primárió, “A” é semi-imputável, “B” é
imputável, a reincidência é agravante de pena, semi-imputabilidade causa de diminuição,
neste caso são circunstâncias subjetivas. Só “A” sófrerá a agravante da reincidência, só “A”
sofrerá a diminuição de pena da semi-imputabilidade, essas cóndições de “A” nãó se
cómunicam “B”.

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CASOS IMPUNÍVEIS (ART. 31, CP)


O ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio não são puníveis se o crime não chega a
pelo menos ser tentado, porque se não houve pelo menos tentativa, o Iter criminis não passou
da fase preparação. Ex.:
“A” e “B” cómpram venenó para matar uma vítima, à noite um telefona para o outro e
eles abandonam a ideia delituosa, sendo neste caso, o fato impunível, pois houve ajuste de um
crime que não chegou a ser tentado.
“A” empresta uma faca para “B” matar “C”, nó trajetó “B” desiste e jóga a faca, hóuve
auxílio ao crime que sequer foi tentado não sendo punível.
QUESTÕES FINAIS DOUTRINÁRIAS SOBRE CONCURSO DE PESSOAS
➢ 1-É admissível participação de participação;
➢ 2-A participação por omissão é admissível desde que o omitente tenha o dever
jurídico de evitar o resultado; bem como o omitente queira participar da conduta
do autor;
➢ 3-Possibilidade de concurso de agentes em crimes omissivos, há 3 correntes:
• a) Não é possível nos crimes omissivos, cada omitente responde por sua
ómissãó cómó crime autônómó. Ex.: “A” está ferido 3 pessoas param o carro e
não prestam socorro;
• b) Crime omissivo admite concurso de pessoas, tanto coautoria como
participação;
• c) Crime omissivo admite participação, mas não admite coautoria. (corrente
majoraste).
➢ 4- Concurso de pessoas em crime culposo, para a corrente majoritária é possível,
coautoria em crime culposo, mas não é possível participação. Ex.:
“A” e “B” jógam uma tábua dó 6º andar de um prédió, acabam errandó a fórça, acertam e
matam um pedestre.
O passageiro do automóvel instiga o condutor a exceder a velocidade do veículo, o
condutor excede a velocidade, perde o controle e atropela o pedestre, havendo coautoria de
ambos, e não participação.
Há uma corrente minoritária que admite tanto coautoria quanto participação. (Rogério
Grego).
➢ 5- Autoria Colateral/ autoria incerta/ Autoria ignorada (Autoria desconhecida)
• Autoria Colateral- Quando duas ou mais pessoas executam a infração
simultaneamente sem que uma saiba d conduta da outra. Ex.:
Vítima jurada de mórte, “A” escóndidó em um póntó, “B” escóndidó nó óutró póntó;
Ambos atiram sem saber da presença do outro, configurando autoria colateral.
• Autoria Incerta- Ocorre quando na autoria colateral não é possível saber qual
dos agentes consumou o crime. No exemplo anterior o disparo de “A” fói ó
responsável pela morte da vítima, ócórrendó nó casó que “A” respónde pór
homicídio consumado e “B” pór hómicídió tentadó. Pórém, ambós disparam,
apenas um tiro acerta a vítima e esta vem a falecer, a perícia não identifica de
quem foi o disparo, ambos respondem por homicídio tentado.
Tanto na autoria colateral e incerta não há concurso de pessoas, pois não existe o liame
subjetivo, requisito necessário para o concurso.

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Obs.: Não confundir autoria incerta com autoria ignorada ou desconhecida, pois
nesta última hipótese o infrator não foi identificado.

DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada
até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

CONCURSO DE CRIMES
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Passaremos a analisar os principais pontos de diferença entre o concurso material,
formal e delito continuado, porém, a convergência entre os institutos é que, aqui, haverá a
prática de mais de um crime e, por razões de política criminal, adota-se critério específico
para a estipulação da pena. Nos ensinamentos do professor Cézar Roberto Bitencourt,
cóncursó de crimes ócórrerá: “Quandó um sujeitó, mediante unidade óu pluralidade de
comportamentos, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes - Concursus
delictorum. Vejamos a seguir os sistemas de aplicação da pena na hipótese de concurso e qual
deles é adotado no nosso ordenamento jurídico:
• A) Cúmulo Material- simples e mais fácil de entender, neste sistema, somam-se
as penas de acordo com a quantidade de infrações penais cometidas pelo
agente.
• B) Cúmulo Jurídico- por haver mais de um delito, a pena a ser aplicada deverá
ser maior, mas, nunca chegar ao patamar de somatório das penas, ou seja,
haverá uma pena maior do que a do crime mais grave, mas que não atinja a
somatória conforme prevê o cúmulo material.
• C) Absorção- quando existirem mais de um crime, a pena do mais grave,
absorverá o do delito menos grave.

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• D) Exasperação- haverá aplicação da pena mais grave, com determinado


aumento de pena, devido à prática de outros crimes.
Nosso ordenamento jurídico deixa claro que se aplicam dois sistemas, o cúmulo
material, quando se tratar de crime material e formal impróprio, e exasperação na prática de
delitos continuados e concurso formal próprio.
CONCURSO MATERIAL
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e
de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
O conceito de concurso material nos ensinamentos do professor Cézar Roberto
Bitencourt é: ocorre o concurso de agentes quando o agente, mediante mais de uma conduta
pratica dois ou mais crimes, iguais ou não. Ou seja, de maneira autoexplicativa, o autor deixa
claro que a redação do dispositivo supracitado, demonstrando que a existência de concurso
material nada mais é do que, quando existe pluralidade de condutas e de crimes, quando os
delitos forem semelhantes, haverá o concurso material homogêneo, se distintos, concurso
material heterogêneo.
No tocante à extinção da punibilidade o Art. 119, CP) deixa claro que ocorrerá
isoladamente, conforme cada delito.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o
art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Se houver uma pena cujo cumprimento não poderá ser suspenso, as demais penas
aguardaram o cumprimento daquela para serem devidamente substituídas.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984).
Havendo compatibilidade de penas restritivas de direitos, cumpre-se de forma
simultânea, se não for compatível, de maneira sucessiva.
É preciso notar que, mesmo havendo o concurso, as penas precisam ser individualizadas
no momento da condenação, para aí sim serem somadas, facilitando o cumprimento de pena.
CONCURSO FORMAL
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Haverá o concurso formal quando o agente praticar apenas uma conduta, mas produzir
dois ou mais resultados. Se no concurso material ocorre pluralidade de condutas e de crimes,
aqui, só haverá pluralidade de crimes e unidade de conduta. Apresentando a seguinte divisão:

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• A) Concurso formal próprio- também chamado de perfeito, quando, o agente


pratica uma conduta e apenas quer produzir um crime, um resultado lesivo, se o
agente quiser mais de um resultado, haverá o desígnio autônomo, que é
requisito da próxima modalidade de concurso formal, o impróprio. Aplica-se o
sistema do da exasperação da pena, ou seja, a pena maior dos delitos com
aumento de pena de 1/6 a ½.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível
pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984).
Cumpre lembrar que se os delitos forem distintos e a exasperação levar a um patamar
maior do que a somatória, aplicar-se-á a soma das penas por se tratar de pena mais favorável
ao réu.
• B) Concurso formal impróprio- também chamado de imperfeito, neste caso, sim,
o agente realiza apenas uma conduta, porém, quer produzir dois resultados, ou
seja, a real vontade do agente é praticar a pluralidade de delitos, mas, com
apenas uma conduta. Aqui haverá adoção do sistema de cúmulo material, ou
seja, somam-se as penas como se faz no concurso material.
O que deve ficar claro é o desígnio autônomo para se ter ciência sobre qual espécie de
concurso estaremos diante, afinal, se há desígnio autônomo, o agente, tem uma prática
delitiva mediante uma conduta, mas, dispõe de vontade múltipla, ou seja, realiza uma conduta
para alcançar múltiplos resultados.

CRIME CONTINUADO
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Haverá o instituto quando o agente, mediante mais de uma conduta, pratica dois ou mais
delitos, que, por condições de tempo, lugar, maneira de execução, faz com que os últimos
sejam considerados continuação dos primeiros. O professor Cézar Roberto Bitencourt deixa
claro: São diversas ações, cada uma em si mesma criminosa, que a lei considera, por motivos de
política criminal, como um crime único.
As teorias que explicam o delito continuado são as seguintes:
• A) Unidade real- aqui reside o chamado dolo unitário, quando o agente pratica
várias condutas delitivas, estas nada mais são do que uma forma de
manifestação da conduta delitiva inicial, ou seja, quando uma pessoa furta um
carro hoje de uma concessionária, e amanhã, retorna e pratica o mesmo delito,
este último, nada mais é do que a manifestação da primeira situação delitiva.
• B) Ficção jurídica- o próprio nome já deixa claro de que se trata, a continuidade
delitiva nada mais é do que uma unidade delitiva por imposição legal, ou seja,
por ficção jurídica, afinal, pois na prática, existe mais de um crime. Esta é a
teoria adotada no nosso ordenamento jurídico para fins de aplicação de pena.
• C) Teoria da unidade jurídica ou mista- nem se trata de uma unidade real, nem
tampouco uma mera ficção jurídica.
Requisitos legais do crime continuado:

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➢ 1) Pluralidade de condutas- só haverá quando o agente praticar mais de uma


conduta;
➢ 2) Pluralidade de crimes de mesma espécie- são delitos que lesam o mesmo bem
jurídico, embora, possam até serem definidos em crimes distintos;
➢ 3) Nexo da Continuidade delitiva- as circunstâncias de tempo, modo, lugar e
execução devem ser semelhantes, caso contrário, haverá concurso material.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do
art. 70 e do art. 75 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984).

Aqui, haverá uma exceção em que o juiz poderá elevar a pena até o triplo,
pois se trata de condutas praticadas contra vítimas diferentes e que existe a
violência ou grave ameaça à pessoa.

EXERCÍCIOS
143. Em regra, consideram-se autores de um delito aqueles que praticam diretamente os
atos de execução, e partícipes aqueles que atuam induzindo, instigando ou auxiliando a
ação dos autores principais. No entanto, é possível que um agente, ainda que não
participe diretamente da execução da ação criminosa, possa ter o controle de toda a
situação, determinando a conduta de seus subordinados. Nessa hipótese, ainda que não
seja executor do crime, o agente mandante poderá ser responsabilizado criminalmente.
Essa possibilidade de responsabilizar o mandante pelo crime decorre da teoria:
Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar
Judiciário
a) da acessoriedade limitada.
b) do favorecimento.
c) do domínio do fato.
d) pluralística da ação.
e) da causação.

Gabarito: C
SOLUÇÃO RÁPIDA

A alternativa correta é a letra C, teoria do domínio do fato, que surge para


suprir uma lacuna presente na teoria restritiva do autor.

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SOLUÇÃO COMPLETA

Como regra, o Código Penal adotou a teoria restritiva do autor, sendo autor
do crime aquele que pratica o núcleo do tipo, ou seja, aquele que pratica
diretamente os atos de execução. Porém, para esta teoria o mandante do crime
seria partícipe, algo totalmente desarrazoado. Logo, surgiu a teoria do domínio do
fato para afirmar que aquele que tem controle sobre a situação da prática delitiva,
ao ponto de mesmo sem praticar nem um núcleo do tipo penal incriminador, mas,
decide se e quando o crime será praticado, será considerado autor do crime.

144. O concurso formal de crimes ocorre quando:


Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2019 - DPE-AM - Analista Jurídico
de Defensoria - Ciências Jurídicas
a) o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma só ação ou omissão.
b) as circunstâncias pessoais do crime se comunicam aos coautores.
c) a sentença aplica pena privativa de liberdade e pena de multa para o mesmo crime.
d) praticam-se dois ou mais crimes, mediante mais de uma ação ou omissão.
e) um crime é praticado por duas ou mais pessoas previamente ajustadas para tanto.

Gabarito: A

SOLUÇÃO RÁPIDA

A alternativa correta é a letra A, encaixando-se ao conceito previsto de


concurso formal de crimes no Art. 70, do Código Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

Conforme previsão legal no Código Penal:


Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
No concurso formal de crimes, como regra, aplica-se a exasperação da pena.

145. Julgue o próximo item, relativo à pena, sua aplicação e a medidas de segurança.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário
- Direito
No concurso formal, caso o agente tenha praticado dois crimes mediante uma ação dolosa,
devem-se aplicar cumulativamente as penas se os crimes concorrentes resultarem de
desígnios autônomos.
( ) certo ( ) errado

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Gabarito: Certo

SOLUÇÃO RÁPIDA

Se existe o desígnio autônomo, aplica-se o sistema do cúmulo material, ou


seja, somam-se as penas dos delitos, conforme previsão legal do Art. 70, do Código
Penal.

SOLUÇÃO COMPLETA

Extrai-se esse entendimento da parte final do artigo 70 do Código Penal:


Art. 70 – (...) As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
É o que a doutrina chama de concurso formal impróprio, sendo aplicada a
regra do cúmulo material das penas.

146. Em determinada noite, Pedro arrombou a porta de um centro comercial e subtraiu


vários itens de vestuário de oito lojas, de diferentes proprietários.
Nessa situação hipotética, se descoberta a conduta de Pedro, ele deverá responder pelos
furtos:
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Investigador
de Polícia
a) como crime habitual.
b) como crime continuado.
c) como crimes autônomos.
d) em concurso formal.
e) como crime permanente.

Gabarito: B

SOLUÇÃO RÁPIDA

Conforme previsão do Art. 71, CP, que estabelece o conceito de delito


continuado, que ocorre quando o agente se valendo das circunstâncias de tempo,
lugar, modo e execução pratica vários crimes de mesma natureza.

SOLUÇÃO COMPLETA

De acordo com o Código Penal, o crime continuado ocorre:


Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.
No crime continuado se aplica a exasperação, assim como no concurso formal
de crimes.

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147. A codelinquência será configurada quando houver:


Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPE-AC Prova: CESPE - 2017 - DPE-AC - Defensor
Público
a) reconhecimento da prática da mesma infração por todos os agentes.
b) ajuste prévio, na fase preparatória do crime, entre todos os agentes em concurso.
c) concurso necessário, nas infrações penais, de agentes capazes.
d) exteriorização da vontade de fazer parte da conduta e consciência da ação de outrem.
e) prática dos mesmos atos executivos por todos os agentes.

Gabarito: A

SOLUÇÃO RÁPIDA

Conforme leciona a doutrina, o conceito de codelinquência também se aplica


aos delitos que são imputados a todos que concorreram para o seu cometimento,
ou seja, que praticaram o crime em concurso de pessoas.

SOLUÇÃO COMPLETA

a) Está correta, pois com base na teoria monista, todos respondem pelo
mesmo crime.
b) Está incorreta, pois não é necessário o prévio ajuste, pode ser um ajuste
concomitante.
c) Está incorreta, pois não incide no concurso necessário, apenas no concurso
eventual.
d) Está incorreta, pois não figura como requisito para o concurso de pessoas.
e) Está incorreta, não é necessário que todos os agentes pratiquem o mesmo
ato, pode haver uma distribuição de condutas.

148. No que diz respeito a concurso de pessoas, assinale a opção correta de


acordo com a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: SERES-PE Prova: CESPE - 2017 - SERES-PE - Agente de
Segurança Penitenciária
A) A cooperação dolosamente distinta não permite a aplicação diferenciada de penas
para aqueles que participam do crime.
B) Só o servidor público pratica peculato, não podendo responder pelo crime o
partícipe que não tenha a mesma condição pessoal.
C) É absolutamente impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos.
D) Na sentença condenatória, o juiz deve sempre aplicar penas iguais para o autor, o
coautor e o partícipe.
E) O crime de rixa, por ser plurissubjetivo, só se realiza com a participação de três ou
mais pessoas.

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Gabarito: E

SOLUÇÃO RÁPIDA
O delito de rixa, conforme previsão do Art. 137, CP, é delito plurissubjetivo,
que exige a participação de três ou mais pessoas.

SOLUÇÃO COMPLETA

a) Está incorreta, pois na cooperação dolosamente distinta, algum dos


concorrentes quis participar de crime menos grave, logo poderá haver penas
diferenciadas.
b) Está incorreta, pois poderá, desde que tenha conhecimento da condição de
funcionário público do concorrente.
c) Está incorreta, é possível coautoria nos crimes culposos.
d) Está incorreta, pois assim iria ferir o princípio da individualização da pena.
e) Está correta, sendo um crime de concurso necessário.

Aqui encerramos a parte geral do Direito Penal cobrada nos concursos para os
quais você estuda. Agora passaremos a estudar a parte especial do Direito Penal,
ou seja, os crimes em espécie.

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PARTE ESPECIAL-CRIMES CONTRA A VIDA


DOS CRIMES CONTRA A VIDA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Ao realizar uma breve introdução sobre o tema, o professor Rogério Sanches Cunha faz
uma análise aos diversos conceitos sobre o delito de homicídio, trazendo dentre elas a visão
do professor Nélson Hungria, que afirma que o homicídio seria: o tipo central de crimes contra
a vida e é o ponto culminante na orografia dos delitos, ou também, uma morte injusta, que
destrói vida extrauterina, praticada por outrem. Mas, afinal quais são as formas, ou melhor, a
classificação das condutas que podem ensejar o delito de homicídio? Então, vamos analisar as
suas várias modalidades:
➢ a) Homicídio simples- previsto no caput do Art. 121, CP;
➢ b) Homicídio privilegiado- previsto no §1º do Art. 121, CP;
➢ c) Homicídio doloso qualificado- previsto no §2º do Art. 121, CP;
➢ d) Homicídio culposo- previsto no §3º do Art. 121, CP;
➢ e) Homicídio Culposo Majorado- previsto na 1ª parte do §4º do Art. 121, CP;
➢ f) Homicídio Doloso Majorado- previsto na 2ª parte do §4º do Art. 121, CP.
É possível ainda encontrarmos hipóteses de homicídio em legislação especial, como, por
exemplo, o praticado de forma culposa na condução de veículo automotor, previsto no Art.
302, CTB, e homicídio político previsto no Art. 29, Lei 7170/83.
Vejamos agora cada uma dessas modalidades previstas no Código Penal, para aí, sim,
sabermos a suas implicações para fins de responsabilidade penal.
A) HOMICÍDIO SIMPLES
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, ou seja, o crime é comum;
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa que possua vida extrauterina, cumpre lembrar
que haverá causa de aumento de pena se a vítima for menor de 14 anos, maior
de 60 anos.
• Conduta- Consiste claro em tirar a vida de outrem, ou seja, dar causa morte de
pessoa que tem vida Extrauterina.
Pode ser praticado de forma comissiva (ação), omissiva (omissão), até mesmo por meios
diretos, indiretos, por meios morais e psíquicos.
Obs.: Quando se inicia a vida Extrauterina? Com o início do parto, e este por sua
vez, ocorrerá com o completo: Rompimento do feto das entranhas, ou ventre
materno. Já há doutrinadores que apontam para o início das dores do parto,
mesmo que não haja o total desentranhamento.

É mais plausível compreender o momento de exercício da vida


Extrauterina nas lições de Rogério Sanches Cunha com o início das
atividades do parto, se for natural, por meio das contrações abdominais
expulsivas, se cesariana, por meio do início dos procedimentos
cirúrgicos, ou seja, pela incisão abdominal.

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Não é preciso que haja vida viável para a caracterização do crime, bastando apenas que
haja vida.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de causar
a morte de outrem, nas palavras de Rogério Sanches Cunha, aqui, verifica-se
tanto a possibilidade de haver o crime na forma do DOLO direto (agente quis
produzir o resultado), como o DOLO eventual (agente assumiu o risco de
produzir o resultado).
Obs.: Há jurisprudência apontando que homicídio ocorrido na direção de veículo
automotor será a modalidade de CULPA, nos termos do Art. 302, CTB), e homicídio
praticado em “racha” será DOLOSO, na modalidade do DOLO eventual.
O professor Rogério Sanches Cunha chama atenção para o seguinte
questionamento, se um portador de HIV oculta a doença da parceira e com ela
mantém conjunção carnal, qual será o crime?

Ora, o entendimento do doutrinador é que, se ele realiza o ato sexual com a VONTADE
explícita de transmitir a doença à parceira, estaremos diante de tentativa de homicídio
DOLOSO caso a morte não ocorra; é homicídio DOLOSO consumado, caso a contaminação leve
a pessoa à morte.
Caso o portador do HIV realize ato sexual sem querer transmitir, ou sem assumir o risco
do resultado (usando preservativo, por exemplo), e mesmo assim transmite o vírus,
responderá por lesão corporal CULPOSA (desde que não haja morte) e homicídio CULPOSO,
caso o óbito ocorra em decorrência da transmissão.
B) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO- CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Aqui haverá 3 situações que “privilegiam” ó hómicídió:
➢ 1)Motivo de relevante valor social- Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt e de
maneira sucinta, será aquele motivo que diz respeito a toda coletividade, por
exemplo, matar o traidor da pátria.
➢ 2)Relevante valor moral- Diz respeito aos interesses individuais, ou seja, aqui
saímos do contexto de interesse coletivo e avaliamos no caso concreto se aquele
interesse é relevante para o indivíduo; o exemplo seria o pai que mata o
estuprador da filha.
➢ 3)Domínio de violenta emoção- Esta não se confunde com emoção (estado súbito e
passageiro) ou paixão (sentimento crônico e duradouro), nesta hipótese o agente,
logo em seguida de ser injustamente provocado pela vítima, reage de maneira
imediata e sob INTENSO choque emocional capaz de anular o seu autocontrole.
Obs.: Aqui não haverá comunicabilidade das circunstâncias caso ocorra o
privilégio; verificada a hipótese em contendo, haverá DIREITO SUBJETIVO DO RÉU
da redução da pena.

C) HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2° Se o homicídio é cometido:

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Primeira informação, todas as qualificadoras são consideradas CRIMES HEDIONDOS,


portanto, sofrerão as consequências da Lei 8.072/90.
Há duas formas de qualificadoras:
➢ A) objetivas- aquelas referentes aos meios e modos de execução do delito, incisos
III, IV;
➢ B) subjetivas- aquelas relacionadas aos motivos determinantes do crime; incisos I,
II, V, VI, VII.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
Motivo torpe é aquele que causa repugnância geral, ou seja, aquele motivo ignóbil, vil,
abjeto. Cumpre observar que o legislador primeiro traz um exemplo de torpeza, que é o
homicídio mercenário, ou por encargo remunerado e depois por meio de uma interpretação
analógica, deu margem para ampliar quaisquer situações que sejam semelhantes ao motivo
de paga ou promessa de recompensa e causa repugnância geral.
A vingança por si só é motivo torpe?
A resposta é NÃO, é preciso analisar o caso concreto para verificar se haverá
ou não torpeza. Precedentes do próprio STJ.

II - por motivo fútil.


Segundo o doutrinador Aníbal Bruno, citado na obra do professor Rogério Sanches
Cunha, este motivo é aquele ínfimo, pequeno, que a sua insignificância possa parecer capaz de
“justificar” ó crime, óu seja, é um delitó que demonstra desconformidade revoltante entre a
sua provocação e a reação criminosa.
Não se pode confundir com motivo injusto, pois, além do crime ser injusto, deverá ainda
ser uma motivação com insignificância.
Cezar Roberto Bittencourt também adverte que o motivo fútil não se confunde com
ausência de motivo, pois este último, mesmo por questão ilógica, não é QUALIFICADORA, mas
para alguns doutrinadores, a ausência de motivo seria equiparado ao motivo fútil. Porém,
cumpre lembrar-se do princípio da reserva legal.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum.
Meio insidioso (meio que é dissimulado), cruel (aumenta o sofrimento da vítima),
resultar de perigo comum (capaz de atingir número elevado de pessoas).
Convém observar que o dispositivo também se utiliza da interpretação analógica.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Traição, emboscada, meio dissimulado, outra forma que dificulte ou torne impossível a
defesa da vítima, este final também se vale da interpretação analógica.. Especificar cada uma
delas:
➢ a) Traição- Ataque desleal, sem esperar, repentino. Exemplo: atirar na pessoa
enquanto ela dorme.
➢ b) Emboscada- Pressupõe uma ocultação do agente, este ataca a vítima de maneira
“cóvarde”.
➢ c) Dissimulação- Aqui ocorre o fingimento, ocultando o agente a sua verdadeira
intenção.

MUDE SUA VIDA!


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Obs.: As características da vítima, por exemplo, ser idosa, ou ainda com


pouca capacidade física, por si sós, não configuram esta qualificadora.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime: (...)

Verdadeira hipótese de crime conexo, aí teremos a seguinte divisão:


➢ a)Teleológica- pratica-se o homicídio para este delito assegurar um crime futuro.
Exemplo: o agente mata o segurança particular de um forte empresário, para
conseguir encontrar este sozinho.
➢ b)Consequencial- quando o homicídio visa assegurar ocultação, vantagem ou
impunidade de outro crime. Ex.: o agente mata a testemunha de um crime de roubo
cometido há 1 mês.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Aqui surgiu, com o advento da Lei 13.104/15, a hipótese do feminicídio, que é o
homicídio motivado em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, ou em
menosprezo à sua condição de hipossuficiência. As discussões abarcam se esta norma se
aplica aos seres humanos do gênero feminino, ou se aplica aos que se identificam com o
gênero feminino. Guardadas as devidas proporções de aplicabilidade da Lei 11.340/06, que
versa sobre os procedimentos e formas de prática de violência doméstica ou familiar contra a
mulher, o professor Rogério Sanches Cunha adverte que, nesta hipótese de qualificadora do
homicídio, não há de se estender a interpretação do dispositivo, como também não é possível
se valer da técnica de interpretação analógica realizada nos dispositivos anteriores, pois o
nosso legislador não deixou essa possibilidade neste inciso. Portanto, a resposta é que a
norma se aplica aos seres humanos do gênero feminino, e não aos que apenas se identificam
com este gênero. É uma qualificadora subjetiva, ou seja, relaciona-se com a motivação do
delito, sendo incompatível com o privilégio.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Aqui se criou a espécie de qualificadora do homicídio praticado contra integrantes dos
órgãos de segurança pública, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, obviamente como aponta o professor Rogério Sanches Cunha, a intenção
dó nóssó legisladór fói trazer uma maiór “rigidez” àqueles que se propõem a atentar contra a
vida dos integrantes dos órgãos responsáveis pelo combate do crime, em especial à atuação
do crime organizado. É perceptível também que a lei também traz a proteção ao cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo de até 3º grau do integrante do respectivo órgão, e
necessariamente, esta morte deverá ser praticada ou no exercício da função ou em
decorrência dela.
Convém lembrar que esta é uma norma penal em branco, afinal o seu complemento se
extrai do texto constitucional nos Arts. 142 e 144. . É uma qualificadora subjetiva, ou seja,
relaciona-se com a motivação do delito, sendo incompatível com o privilégio.

MUDE SUA VIDA!


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2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino


quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de
mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Norma que dispõe do condão de explicar o que é considerado feminicídio, que já foi
devidamente exposto ao explanar sobre o tema acima.
Caso ocorra pluralidade de qualificadoras, como deverá o juiz fixar a pena?
Fernando Capez demonstra as duas correntes existentes acerca de mais de uma
qualificadora no crime de homicídio, para o professor, poderá o juiz utilizar uma das
qualificadoras para fixação da pena-base, ou seja, migrará do Art. 121; caput, CP, para o Art.
121; §2º, CP, ou seja, sai da pena de 6 a 20 anos de reclusão, e vai para outra pena que será de
12 a 30 anos de reclusão. As demais qualificadoras deverão ser consideradas como agravantes
se houver previsão legal, caso não haja essa previsão, o juiz as considera na fixação da pena-
base (como circunstância desfavorável ao réu e que parta de uma pena-base maior, desde que
respeitados os critérios mínimo e máximo).
Já para a segunda corrente, uma servirá como qualificadora, e as demais vão ser
consideradas como circunstâncias judiciais, previstas no Art. 59, CP,, pois o Art. 61, CP, é
expresso ao vetar que circunstâncias não podem funcionar como agravantes quando forem, ao
mesmo tempo, qualificadoras. A primeira corrente é a que prevalece.
É possível homicídio qualificado privilegiado?
É possível, desde que as qualificadoras sejam objetivas, pois o privilégio tem
natureza subjetiva. Convém lembrar que, nesta hipótese, não se caracteriza o
delito como hediondo.

D) HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
É o crime que ocorre por meio de um comportamento humano, voluntário, consciente,
mas que provoca um resultado INDESEJADO, INVOLUNTÁRIO, e que teve como causa a sua
conduta.
Delito que se pratica de 3 modalidades:
➢ a)imperícia- falta de aptidão técnica para a prática do ato;
➢ b)imprudência- é o agir precipitado, de maneira afoita, ou seja, o agente atua de
forma excessiva e descumprindo preceitos básicos de cuidado com o ato.
➢ c)negligência- é ausência de precaução, ou seja, não há o devido cuidado, e o agente
deixa de fazer o que deveria praticar. Se na imprudência existe uma ação excessiva,
na negligência existe uma omissão, ou seja, uma negativa por parte do agente.
E) HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO- AUMENTO DE PENA
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa

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menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação


dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Hipóteses de majorante do homicídio, na primeira situação: trata-se de aumento de 1/3
nos casos de homicídios culposos quando o crime tem como decorrência uma quebra de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se não se presta socorro à vítima ou não tenta diminuir
as consequências do delito. Observa-se que isso só é aplicável se o crime for CULPOSO, afinal,
não seriam compatíveis essas formas de aumento de pena com o homicídio doloso.
A última parte traz uma hipótese de aumento de pena para o delito doloso em razão do
sujeito passivo, no caso, sendo ele menor de 14 anos ou maior de 60 anos. Como adverte a
doutrina, é indispensável que o agente saiba desta idade da vítima para que possa ser
responsabilizado objetivamente, e também, que esta idade deve ser auferida no momento do
crime, ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Perdão judicial.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime
for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de
serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela
Lei nº 12.720, de 2012)
Causa de aumento de pena para o homicídio praticado por milícia privada ou por grupo
de extermínio: a doutrina diverge quanto ao número de integrantes para configurar a milícia,
uma parte alega ser 3 (três), integrando o conceito de associação criminosa; outra parte alega
ser 4 (quatro), integrando o conceito de organização criminosa da Lei 12850/13. Observe que
se o crime tiver esta majorante e não for qualificado, não será hediondo.
F) HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº
13.771, de 2018)
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente
da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº
11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de
2018)
Hipóteses de aumento de pena quando hóuver ó “feminicídió”, óu seja, além de se aplicar
a qualificadora, aplicam-se esses aumentos de pena quando estivermos diante dessas
situações. Verifica-se que em 2018 se inseriu também a possibilidade de mais um aumento de
pena no inciso III, que é na presença física ou virtual, pois havia uma divergência, e no inciso
IV se for cometido no descumprimento de medida protetiva de urgência.

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À


AUTOMUTILAÇÃO
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Em primeira análise, é preciso observar, como bem adverte o professor Cézar Roberto
Bittencourt, que a conduta do suicida não é punida, nem tampouco daquele que praticar
automutilação, afinal, existe um princípio basilar (alteridade) no Direito Penal que impede a
punição pela chamada autolesão, porém, o que o dispositivo acima visa coibir é a participação
do evento do suicídio e, agora com aprovação da Lei 13.968/2019, da automutilação. Mas não
é qualquer participação, e sim aquela que será realizada como forma principal, seja
instigando, induzindo ou prestando qualquer auxílio para aquele que deseja se matar ou
automutilar.
Outro ponto que deve ser enfaticamente repetitivo é a ausência anterior de punição pela
modalidade tentada, pelo menos para doutrina majorante (exceção de Nélson Hungria e Cézar
Roberto Bitencourt), agora, não restam mais dúvidas que o resultado condicionado que exigia
a antiga redação para fins de punição (lesão corporal de natureza grave) não mais existe, pois
mais à frente verifica-se que essas hipóteses são qualificadoras do delito em questão. Logo,
qualquer uma das condutas, induzir, instigar, ou prestar auxílio material a alguém para que
este se mate, ou pratique automutilação já apresentará possibilidade de punição,
INDEPENDENTEMENTE de haver ou não resultado naturalístico na vítima, que antes era o
resultado de lesão corporal grave. Por isso, a redação tem uma pena menor, comparada com a
anterior, e agora, não restam dúvidas que se admite modalidade tentada, por exemplo, de
forma escrita.
A automutilação foi mais uma finalidade acrescida no preceito penal primário do delito,
tendo em vista o aumento destes casos, principalmente por meio de utilização de contatos via
internet.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, ou seja, o crime é comum;
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa que possua capacidade, pois o suicídio, como
pontua o professor Rogério Sanches Cunha, só pode existir se a pessoa retira a
sua vida de maneira voluntária, livre e consciente. Se por acaso ocorrer o
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio de uma pessoa incapaz, não
teremos o delito do Art. 122 do Código Penal, e sim o do Art. 121, ou seja, haverá
homicídio.
• Conduta- Ocorrerá de 3 maneiras:
➢ a)induzimento- aqui o agente faz surgir a ideia na cabeça da vítima, ou seja, a
pessoa que depois comete o suicídio sequer havia cogitado essa conduta, sendo,
pórtantó a prática uma ideia “cónvencida” pór óutra pessóa;
➢ b)instigação- neste casó ó autór dó delitó apenas “refórça” uma ideia já existente
na vítima, ou seja, a ideia não nasce de um estímulo por parte do instigador, mas
sim, este apenas dá um reforço para que o suicida venha a consumar essa prática;
➢ c)auxílio- aqui o agente irá prestar uma efetiva assistência material à vítima,
podendo para tanto fornecer materiais, objetos, mecanismos, ou seja, dispor dos
meios necessários para que a vítima concretize a sua conduta.
Como bem apontam os professores Cézar Roberto Bittencourt e Rogério Sanches Cunha,
no induzimento e instigação existe o auxílio moral, no último o auxílio material. Convém

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lembrar que essas condutas devem estar atreladas à finalidade específica de que a vítima
cometa o suicídio ou automutilação.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de induzir,
instigar ou prestar auxílio ao suicida ou automutilador.
• Consumação e tentativa- Aqui a discussão doutrinária recai na possibilidade de
haver ou não a tentativa, afinal o crime restará consumado quando, após o
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, a vítima concretiza esta conduta,
porém, com a nova redação da Lei 13.968/2019, não restarão mais dúvidas
sobre a possibilidade de punição e existência da tentativa, afinal, o resultado
naturalístico (lesão corporal grave) passou a ser forma qualificada do crime,
logo, aquele que praticar qualquer uma das condutas descritas no tipo penal
incriminador (induzir, instigar, ou prestar auxílio material) aliado à finalidade de
que a vítima cometa suicídio ou se automutile, JÁ CARACTERIZA O DELITO EM
QUESTÃO.
• Por se tratar de novatio legis in pejius NÃO RETROAGIRÁ, ou seja, só poderá
ter aplicabilidade do dia 26 de dezembro de 2019 em diante, como consta no rol
de crimes contra a vida, a competência para o processo e julgamento SERÁ do
Tribunal do Júri, por força de mandamento Constitucional, mas o legislador não
deixou claro se a conduta for referente à automutilação, portanto, aguardar o
posicionamento da jurisprudência sobre a questão.
A ação penal será PÚBLICA INCONDICIONADA.
Questões finais sobre o delito de induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio:
Em caso de roleta russa, duelo americano e pacto de morte (ambicídio), qual
será o delito?
Na roleta russa e no duelo americano, o delito será estudado, desde que o
sobrevivente não tenha puxado o gatilho da arma; já no ambicídio dependerá se
quem praticou a conduta que gerou a morte de ambos sobreviver, responderá pelo
crime de homicídio; se não, responderá pelo delito de induzimento, instigação e
auxílio ao suicídio; se ambos sobreviverem, quem praticou a conduta para tirar a
morte responderá por tentativa de homicídio, e outro pelo induzimento, instigação
ou auxílio ao suicídio.

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão


corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º
do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei
nº 13.968, de 2019)
Primeira modalidade QUALIFICADA do crime, que admite a suspensão condicional do
processo, nos termos do Art. 89, Lei 9.099/96. Observa-se que não existe diferença do
quantum de pena em relação a redação anterior, porém, na antiga redação este resultado era
condição para possibilidade de punição, e agora não mais será, pois se trata de uma hipótese
de pena maior da modalidade simples, e não tem redação que aponte para a sua existência
para fixação de punição. Atentar que a lesão corporal grave está descrita no artigo acima
menciónadó, e a “gravíssima” é um excessó de técnica legislativa, póis, ó CP nãó faz mençãó a
esta modalidade, bastava fazer referência ao dispositivo legal.
A forma qualificada em questão abrangerá ambos os fins do agente estabelecidos no
preceito penal primário, que são: automutilação ou suicídio.

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§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei
nº 13.968, de 2019)
A segunda modalidade QUALIFICADA do crime condiciona a conduta ao resultado
MORTE. Cumpre observar que a última parte do dispositivo se trata de PRETERDOLO, ou seja,
o DOLO do agente é que a vítima se automutile, mas, no emprego da automutilação, tenha
resultado a morte (resultado mais grave e diverso do pretendido)
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Agora se trata de majorante do delito, a primeira inseriu a MOTIVAÇÃO TORPE E FÚTIL,
que já foi explanada quando tratamos do delito de homicídio qualificado. Como se trata de
novatio legis in pejus, só poderá haver esta duplicação de pena a partir do dia 26 de dezembro
de 2019 em diante. É importante ressaltar que essas MAJORANTES se aplicam tanto para
forma SIMPLES do crime quanto para as QUALIFICADAS, pois não há ressalva no texto legal.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência.
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Agora de maneira positiva em texto legal, NÃO HAVERÁ MAIS DÚVIDAS sobre pessoas
que se classificam como menores, afinal o §6º mais à frente define menor como aquele que
DISPÕE DE MENOS DE 14 ANOS na data do fato (Teoria da Atividade). Logo, se a vítima tiver
entre 14 anos completos e 18 anos haverá duplicação da pena, sendo passível a aplicação
dessa MAJORANTE, tanto para forma SIMPLES quanto para as QUALIFICADAS.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por
meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Devido aos recentes casos de utilização de mecanismos de comunicação on-line
(Facebook, WhatsApp) que induziam ou instigavam pessoas a se matarem ou praticar
automutilação, o legislador optou por tratar a conduta como forma MAJORADA do crime, não
havia necessidade de outro parágrafo, bastava inseri-lo como inciso do dispositivo anterior,
pois a majorante é para dobrar a pena. Vale ressaltar que, mesmo sendo meio executório do
crime por intermédio de rede de computadores, é preciso que haja VÍTIMAS CERTAS E
DETERMINADAS. Como exemplo, temos uma chamada de vídeo, mensagens no WhatsApp ou
Facebook.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou
coordenador de grupo ou de rede virtual.
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
MAJORANTE de pena na ½ desde que o sujeito ativo do delito tenha liderança ou
coordene grupo ou de rede virtual de computadores, que em tese, pode exercer certa
influência sobre as pessoas. Como exemplos, podemos citar líder de certo grupo religioso,
criador e organizador de uma página no Facebook.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão
corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
Código.

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(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)


Agora, sem dúvida alguma, a lei trouxe ao menor de 14 anos o conceito de INCAPAZ para
discernir sobre o ato suicida ou automutilador, sendo um conceito ABSOLUTO, ou seja, se a
conduta for voltada à pessoa nessas características, haverá o delito de lesão grave, e não este
crime.
Já as outras situações (portador de enfermidade, deficiente mental, não tem
discernimento total para a prática do ato, ou não pode oferecer resistência), podemos
verificar nos seguintes exemplos: doente mental, pessoa em coma, pessoa que tem
deformidade física que o impede de resistir.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 13.968, de 2019).
Trata-se do mesmo raciocínio do parágrafo anterior, só que para este dispositivo haverá
a sua aplicação se a intenção for o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. Como se trata
de vítimas que NÃO dispõem do discernimento para o ato suicida, será punível como
HOMICÍDIO.
INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
O delito em tela, segundo os professores Cézar Roberto Bittencourt e Rogério Sanches
Cunha, ocorrerá quando a genitora, sobre o efeito do estado puerperal, durante ou logo após o
parto, tira a vida do próprio filho. Cumpre observar que o objeto jurídico do delito ainda é o
mesmo, que é a tutela da vida humana, porém, trata-se de uma norma ESPECIAL em relação
ao crime geral, que é o de homicídio, afinal, considera-se a prática desta conduta quando o
agente (mãe) está sób influência dó puerpérió, sendó uma fórma “privilegiada”.
• Sujeito Ativo- Mãe sob o efeito do estado puerperal, ou seja, o crime é PRÓPRIO;
sendo cabível concurso de agentes (admite-se tanto coautoria quanto a
participação); convém lembrar que, havendo conhecimento do estado puerperal
do coautor ou partícipe com a parturiente, é circunstância elementar do crime,
portanto, COMUNICA-SE, respondendo ambos pelo delito em estudo.
• Sujeito Passivo- Ser humano, nascente ou recém-nascido, durante o parto ou
LOGO APÓS, desde que haja vida biológica, independentemente de haver vida
autônoma, segundo o professor Bittencourt.
É importante lembrar, nessa situação, da hipótese do erro quanto à pessoa (Art. 20, §3º,
CP), ou seja, se a parturiente, sob influência do puerpério, mata, logo após o parto, bebê de
outrem acreditando ser o seu, responderá pelo Art. 123, CP, e não pelo Art. 121, CP.
• Conduta- Consiste na ação criminosa da mãe em causar a morte do próprio filho
recém-nascido durante o parto ou logo após este.
• Elemento normativo do tipo- Bem pontua o professor Heleno Fragoso, citado na
obra do professor Sanches Cunha, que a elementar em questão será logo após ou
durante o parto, AFINAL, se for antes do parto, haverá o crime de ABORTO, e se
não se verificar logo após o parto, será o crime de HOMICÍDIO.

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A maioria da doutrina entende o logo após enquanto prevalecer os efeitos do estado


puerperal.
Convém lembrar também do que está previsto no Art. 26, CP, que versa que se o estado
puerperal afetar a gestante de tal maneira que cause desequilíbrio mental, a gestante poderá
ser considerada PORTADORA DE DOENÇA MENTAL, o que é possível o reconhecimento da
INIMPUTABILIDADE.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do próprio filho.
• Consumação e tentativa- O crime é material, ou seja, consuma-se com a morte
do recém-nascido ou nascente, admite-se a tentativa, pois o delito é
plurissubsistente.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU
CONSENTIMENTO
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem
lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
O aborto será a interrupção da gravidez destruindo-se o produto da concepção, segundo
Mirabete em sua obra Manual de Direito Penal.
• Sujeito Ativo- Não resta dúvida que só quem pode praticar aborto em si mesma
ou autorizar terceiro a fazer é a própria gestante, portanto, exige-se qualidade
especial do sujeito ativo, Cézar Roberto Bittencourt compreende a conduta
como um delito de mão própria, pois, se um terceiro auxiliar a gestante, restará
o delito do Art. 126, CP. Já para o professor Rogério Sanches Cunha, o delito é
próprio, admitindo-se tanto coautoria quanto participação de terceiro, se
houver a participação de terceiro, este responderá pelo delito do Art. 126, CP,
por se tratar de uma verdadeira exceção à Teoria Monista, adota como regra
para o concurso de pessoas.
• Sujeito Passivo- Será o feto, ou seja, o produto da concepção, lembrando que se
houver mais de um feto, haverá concurso formal, desde que haja conhecimento
de tal evento (responsabilidade a título objetivo).
• Conduta- Há duas condutas neste tipo: na primeira, a própria mulher pratica as
manobras abortivas, ou seja, ela mesma dá causa à interrupção do produto da
concepção, por exemplo, a gestante adquire remédio abortivo no mercado ilegal
e ministra em si mesma, ocasionando o aborto. Já na segunda conduta, a
gestante permite que TERCEIRO provoque o aborto nela, ou seja, haverá a
necessidade de um indivíduo distinto da gestante para a convalidação dessa
conduta, observe que aqui o delito que o provocador responderá é o do Art. 126,
CP.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do nascituro, ou praticando a conduta que irá destruir o produto da
concepção ou até mesmo consentindo que terceiro o faça. Se ocorrer aborto de
maneira espontânea, ou até mesmo a título de uma negligência da gestante
durante o pré-natal, NÃO HAVERÁ O CRIME, pois não se pune na forma
CULPOSA.
• Consumação e tentativa- O crime é material, ou seja, consuma-se com a morte
do nascituro ou do feto, admite-se a tentativa, pois o delito é plurissubsistente. É

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possível que a morte ocorra fora do ventre, mesmo assim haverá o delito
estudado, desde que essa ocorrência decorra de manobras abortivas.
• O objeto jurídico tutelado será a VIDA INTRAUTERINA, afinal se for
EXTRAUTERINA, como vimos anteriormente, o delito será o do Art. 121, CP.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
É preciso observar de antemão a punição desse delito, pois se trata da modalidade mais
grave a título de pena do crime de aborto, afinal, existirá o crime por uma prática de um
terceiro que não dispõe de autorização da gestante para tanto.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa (comum) poderá praticar o crime, desde que não
seja a própria gestante, afinal, o crime neste caso será o antecessor.
• Sujeito Passivo- Será o feto, ou seja, o produto da concepção e também a
gestante, pois, aqui ela não consente a manobra abortiva, ou seja, CRIME DE
DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA.
• Conduta- Será a de livre e consciente de ceifar a vida do feto sem que haja
consentimento da gestante.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do nascituro praticando a conduta que irá destruir o produto da concepção.
• Consumação e tentativa- O crime é material, ou seja, consuma-se com a morte
do nascituro ou do feto, admite-se a tentativa, pois, o delito é plurissubsistente.
É possível que a morte ocorra fora do ventre, mesmo assim haverá o delito
estudado, desde que esta ocorrência decorra de manobras abortivas.
O objeto jurídico tutelado será a VIDA INTRAUTERINA, afinal se for EXTRAUTERINA,
como vimos anteriormente, o delito será o do Art. 121, CP. Mas também se tutela a
incolumidade física e psíquica da gestante que não permitiu a prática abortiva.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO, COM O CONSENTIMENTO DA
GESTANTE
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide
ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Aqui se pune a conduta daquele que, com autorização da gestante, realiza manobra
abortiva nesta. É delito que admite suspensão condicional do processo, nos termos do Artigo
89 da Lei 9.099/95, pois a pena mínima é igual a 1 (um) ano.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa (comum) poderá praticar o crime, desde que não
seja a própria gestante, afinal, o crime neste caso será o do Art. 124, CP.
• Sujeito Passivo- Será o feto, ou seja, o produto da concepção, a gestante não se
inclui por ter consentido a prática.
• Conduta- Será a de livre e consciente de ceifar a vida do feto ou produto da
concepção, desde que não haja consentimento da gestante.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do nascituro praticando a conduta que irá destruir o produto da concepção
de maneira consentida pela gestante.

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• Consumação e tentativa- O crime é material, ou seja, consuma-se com a morte


do nascituro ou do feto, admite-se a tentativa, pois o delito é plurissubsistente. É
possível que a morte ocorra fora do ventre, mesmo assim, haverá o delito
estudado, desde que esta ocorrência decorra de manobras abortivas.
O objeto jurídico tutelado será A VIDA INTRAUTERINA, afinal se for EXTRAUTERINA,
como vimos anteriormente, o delito será o do Art. 121, CP.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante
não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.

FORMA QUALIFICADA
Chamado pela doutrina de dissenso presumido, ocorrerá quando, mesmo havendo o
consentimento da gestante, este será desconsiderado, será nas hipóteses em que ela não for
maior de 14 anos, for alienada ou débil mental, ou se houver um consentimento mediante
fraude, ameaça ou violência, respondendo então o agente provocador do aborto pelo delito do
Art. 125, CP, RETIRANDO-SE QUALQUER RESPONSABILIDADE PENAL DA GESTANTE.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Majorantes de pena nas hipóteses de aborto praticado por terceiro com e sem o
consentimento da gestante. Ocorrerá quando:
➢ a) Havendo lesão corporal grave na gestante em decorrência das manobras
abortivas - o professor Frederico Marques entende que é uma exceção à regra de
que é impossível tentativa em crime preterdoloso, afinal é possível o agente
realizar a manobra abortiva e este não se consumar por circunstâncias alheias à
sua vontade, mas ocasionar lesão corporal grave na vítima. AUMENTAM-SE em 1/3
as penas.
➢ b) Havendo a morte da gestante em decorrência das manobras abortivas - mesmo
raciocínio do professor Frederico Marques. AUMENTAM-SE as penas em DOBRO.
Já para o professor Capez, se não ocasionar o aborto nas duas formas majoradas pelo
resultado, haverá a responsabilidade pelo CRIME CONSUMADO, mesmo que NÃO ocorra o
aborto, pois se trata de crimes agravados pelo resultado.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF
54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Hipótese do aborto necessário é uma forma de excludente de ilicitude, pois o fato do
aborto continua a ser crime, mas NÃO será ILÍCITO.
Aqui não é preciso que o aborto seja praticado por médico, ou seja, um enfermeiro, uma
parteira, pessoa que, vendo a possibilidade de morte da gestante, praticar a conduta, estará
excluída a ilicitude.
Deverá haver perigo de vida da gestante, e não apenas risco à saúde dela.
Só existe este meio de salvá-la.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

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II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de


consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal.
Aqui haverá o aborto sentimental/terapêutico, que é impedir que uma gestante aceite
uma maternidade odiosa. Há três condições:
- o aborto DEVE ser praticado por médico; se não for médico, haverá o crime.
- que a gravidez seja resultante de estupro, e também abarcada a hipótese de estupro de
vulnerável, sendo que o representante legal e a gestante devem consentir.
- haja consentimento da gestante, e nos casos específicos dela e de seu representante
legal, este consentimento seja prévio e formal.
ADPF Nº 54 O STF entendeu ser cabível o aborto de feto anencéfalo, pois,
por se tratar de feto sem cérebro, este não dispõe de vida, pois a interrupção das
atividades encefálicas é o marco para autorização para transplante de órgãos.

DAS LESÕES CORPORAIS


Antes de entrar na análise do tipo penal específico, observa-se que a própria Exposição
de Motivos do CP (item 42) estabelece o conceito da lesão corporal como: O crime de lesão
corporal é definido como ofensa à integridade corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer
dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico,
quer do ponto de vista fisiológico ou mental.
LESÃO CORPORAL
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
O professor Rogério Sanches Cunha leciona o seguinte: Trata-se de um crime cujo objeto
jurídico protegido é a incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-o em sua saúde corporal,
fisiológica e mental. Dividindo a lesão nos aspectos subjetivos e intensidade, que são:
➢ A)Aspecto Subjetivo:
1- Lesão Corporal DOLOSA SIMPLES (caput);
2- Lesão Corporal DOLOSA QUALIFICADA (§§1º,2º,3º);
3- Lesão Corporal PRIVILEGIADA (§§4º e 5º);
4- Lesão Corporal CULPOSA (§6º): classifica-se como infração de menor potencial
ofensivo, passível de transação penal.
➢ B)Aspecto de Intensidade:
1- Leve (caput): classifica-se como infração de menor potencial ofensivo, passível de
transação penal.
2- Grave (§1º): por ter pena mínima de 1 (um) ano, admite-se suspensão condicional do
processo;
3- Gravíssima (§2º);
4- Seguida de morte (§3º).
*Obs.: quando o crime for praticado em contexto de ambiente doméstico e
familiar, não são cabíveis os benefícios da Lei 9.099/95 (desde que o crime não
seja culposo).

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• Sujeito Ativo- O delito é comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar o delito.
• Sujeito Passivo- Deverá ser humano vivo, com ressalvas ao §§1º, IV e 2º, V, a
vítima deve ser, necessariamente, mulher grávida.
• Conduta- O professor Rogério Sanches pontua que o delito de lesão corporal
consiste em punir a ação ou omissão de ofender, direta ou indiretamente, a
integridade corporal ou a saúde de outrem, quer causando uma enfermidade,
quer agravando uma já existente. Convém lembrar que a lesão NÃO precisa
resultar em dor para sua consumação.
• Elemento subjetivo- Pune-se tanto a modalidade DOLOSA (regra do delito)
quanto na modalidade CULPOSA (§6º), como também, haverá a possibilidade de
uma lesão corporal PRETERDOLOSA (§§1º, 2º e 3º).
• Consumação e tentativa- Consuma-se o crime no instante em que ocorre a
ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental da vítima (crime
material).
• Apesar de no contexto fático ser difícil a comprovação, admite-se a tentativa do
crime, pois se trata de delito plurissubsistente (conduta que pode ser
devidamente fracionada).
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE- Será definida por um critério de exclusão, ou
seja, sendo uma lesão que não se classifique como grave, gravíssima, que resulta em morte,
aplica-se a pena prevista no caput do delito.
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE:
Observa-se que o presente parágrafo, como bem lecionam os professores Rogério
Sanches e Cézar Roberto Bittencourt, traz hipóteses de um crime de lesão corporal qualificada
pelo resultado, seja este provocado a título de dolo direto ou eventual, ou até mesmo a título
de culpa. Na hipótese de perigo de vida, só é punível se este resultado ocorrer a título de
culpa, sendo o contrário, haverá a saída dessa qualificadora para o crime de homicídio.
§ 1º Se resulta:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, entende-se como ocupação habitual
qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não necessariamente ligada a trabalho ou
ocupação lucrativa, devendo ser lícita, não importando se é uma ocupação moral ou imoral,
sendo de natureza econômica, intelectual, esportiva, entre outros aspectos.
A comprovação, segundo os termos do Art. 168;§2º, CP, deverá ser auferida por laudo
complementar, realizado logo após o 30º dia, sendo prazo material, inclui-se o dia do início e
se exclui o último, a ausência deste laudo complementar PODERÁ ser substituída por provas
de outra natureza, a exemplo da prova testemunhal.
II - perigo de vida;
Consiste na real probabilidade de ocorrer letalidade para a vítima, devendo este efeito ser
devidamente comprovado por exame pericial. Deve-se observar que aqui se trata de uma
modalidade PRETERDOLOSA, pois, se com a agressão, o DOLO do agente for matar a vítima, e
não ocorrer este resultado por circunstâncias alheias à sua vontade, responderá POR HOMICÍDIO
TENTADO, e não por esta modalidade de lesão corporal.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

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➢ O membro seria cada um dos quatro apêndices do tronco, ligado a este por meio de
articulações, sendo dois superiores e dois inferiores, um superior e um inferior em
cada lado, realizando movimentos diversos, entre os quais, locomoção.
➢ Já sentido é a faculdade de experimentar certas sensações, e ter percepção, por
meio dos seguintes sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato).
➢ Função é uma atividade própria ou natural de um órgão, ou sistema orgânico, a
exemplo do sistema respiratório, digestivo, circulatório, entre outros.
Ocorrendo o enfraquecimento, de membro, sentido ou função, haverá a qualificadora, o
enfraquecimento consistirá em funcionamento abaixo do normal, cuja recuperação não seja
certa, observar que aparelhos corretivos não descaracterizam a qualificadora. O STJ entende
que perda de dentes causa debilidade permanente, e não deformidade.
IV - aceleração de parto:
Ocorrerá quando, devido à lesão, o feto venha a ser expulso com VIDA, ou seja,
nascimento prematuro, em decorrência da lesão. É preciso observar que se o feto for expulso
sem VIDA, ou nascer, mas devido a ferimentos, morrer logo em seguida, haverá a qualificadora
do próximo parágrafo no inciso V.
§ 2° Se resulta: (Gravíssima)
A doutrina traz estas hipóteses como lesões corporais GRAVÍSSIMAS, que em sua
maioria são lesões de conteúdo PERMANENTE ou de maior permanência.
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Ao contrário do parágrafo anterior, a incapacidade deverá ser PERMANENTE,
ABSOLUTA, DURADOURA e SEM previsão de cessação.
A maior parte da doutrina leciona que essa incapacidade deverá ser para QUALQUER
ATIVIDADE DE TRABALHO, se for uma incapacidade para um trabalho específico, não haverá
o delito em questão (não parece a posição mais justa, porém é a que prevalece).
II - enfermidade incurável;
Entende a doutrina que esta qualificadora recairá quando o agente tem o DOLO de
transmitir uma doença para qual não apresenta cura pelo estágio da medicina atual, ou seja,
provocar uma alteração permanente na saúde em geral por meio de um processo patológico.
Se for uma enfermidade que pode ser curada por cirurgia de elevado risco para a vítima,
a doutrina também considera aplicabilidade desta qualificadora.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Ao contrário do parágrafo anterior, que fala em DEBILIDADE (alteração no
funcionamento para pior), aqui a qualificador consiste em PERDA.
Em se tratando de órgãos duplos, para que a lesão seja gravíssima, deverá atingir ambos.
IV - deformidade permanente;
É um dano ESTÉTICO, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza
e capaz de provocar impressão vexatória à vítima. Não confundir DEFORMAÇÃO com
DEFORMIDADE, pois, só haverá a qualificador quando incidir esta última hipótese.
V - aborto:
Qualificador que consiste em natureza PRETERDOLOSA, pois se pune a lesão corporal a
título de DOLO, e o resultado MAIS GRAVE e DIVERSO DO PRETENDIDO, que é o aborto a
título de CULPA. Caso fique evidenciado que a intenção do agente é lesionar a gestante para
provocar o aborto, NÃO HAVERÁ este crime, e sim o do Art. 125, CP.

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É preciso que o agente tenha CONHECIMENTO da gravidez da vítima, caso contrário, não
incidirá a qualificadora.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

*Obs.: É possível a COEXISTÊNCIA de qualificadoras, devendo, neste caso, o


juiz aplicar a pena da lesão mais grave e considerar a outra nas consequências
sofridas pelo ofendido na fixação da pena-base.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
A doutrina intitula esta hipótese como homicídio preterdoloso, pois, o agente querendo
ofender a integridade física da vítima, acaba dando causa a um resultado morte a título de
culpa. O agente quando realiza a sua conduta NÃO dispõe de ANIMUS NECANDI, em relação ao
resultado morte, ou seja, age apenas na intenção de ofender a integridade física da vítima, mas
por CULPA provoca a morte desta. Elementos desta figura:
1-DOLO na CONDUTA, em relação a ofender a integridade física da vítima;
2- CULPA no RESULTADO MAIS GRAVE e DIVERSO DO PRETENDIDO (morte da vítima);
3- NEXO CAUSAL entre CONDUTA e RESULTADO.
Diminuição de pena (Lesão Corporal Privilegiada)
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Aqui haverá 3 situações que “privilegiam” a lesãó, serãó:
➢ 1)Motivo de relevante valor social- Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt e de
maneira sucinta, será aquele motivo que diz respeito a toda coletividade, exemplo,
matar o traidor da pátria.
➢ 2)Relevante valor moral- Diz respeito aos interesses individuais, ou seja, aqui eu
saio o contexto de interesse coletivo e avalio no caso concreto se aquele interesse é
relevante para o indivíduo, o exemplo seria o pai que mata o estuprador da filha.
➢ 3)Domínio de violenta emoção- Esta não se confunde com emoção (estado súbito e
passageiro) ou paixão (sentimento crônico e duradouro), nesta hipótese o agente,
logo em seguida ser injustamente provocado pela vítima, reage de maneira
imediata e sobre INTENSO choque emocional capaz de anular o seu autocontrole.
Obs.: Aqui não haverá comunicabilidade das circunstâncias caso ocorra o
privilégio. Verificada a hipótese em contendo, haverá DIREITO SUBJETIVO DO RÉU
da redução da pena.

Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena
de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Aqui há uma possibilidade de substituição da pena, não sendo graves as lesões e presente
qualquer das hipóteses relacionadas no § 4º (se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta

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provocação da vítima), a pena de detenção poderá ser substituída por multa. O mesmo será
aplicável se houver lesões mútuas, esse é o ensinamento do professor Rogério Sanches Cunha.

LESÃO CORPORAL CULPOSA


§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
É uma lesão provocada mediante as modalidades de imperícia, imprudência ou
negligência. Nota-se que não haverá graus distintos de lesões corporais culposas, ou seja, não
há aqui aquela divisão entre lesão leve, grave ou gravíssima, se ficar demonstrado que
ocorreu a lesão mediante CULPA, aplica-se esta pena independentemente do resultado da
lesão.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das
hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 12.720, de 2012)
Aqui recai uma hipótese de MAJORAÇÃO ou CAUSA DE AUMENTO DE PENA na hipótese
de lesão corporal culposa, que também está prevista na hipótese de homicídio culposo,
consiste:
Aumento de pena em 1/3 nos casos de lesões corporais culposas quando o crime tem
como decorrência uma quebra de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se não se presta
socorro à vítima ou não tenta diminuir as consequências do delito, observa-se que aqui só é
aplicável se o crime for CULPOSO, afinal, não seriam compatíveis estas formas de aumento de
pena com lesão corporal dolosa.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
É instituto pelo qual o juiz não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por
um sujeito que foi devidamente culpado (provas ratificam este status), deixa de aplicar-lhe a
pena nas hipóteses TAXATIVAMENTE previstas em lei, pois, não se vislumbra aqui o interesse
de o Estado punir, pois a finalidade da pena não será alcançada. Tem como natureza jurídica
uma CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE, não precisando o réu aceitá-la para surtir efeito
jurídico.
É importante destacar o que leciona o professor Rogério Sanches Cunha: uma vez
presentes as circunstâncias previstas em lei, o réu passa a reunir Direito Público subjetivo de não
lhe ser imposta qualquer sanção penal.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 11.340, de 2006)
Inovação legal trazida pela Lei 11.340/06, que tenta trazer um tratamento MAIS
RÍGIDO a crimes cometidos em contexto de violência doméstica e familiar. O primeiro grande
efeito é que neste tipo de violência deixa a lesão corporal de ser classificada como IMPO,
embora tenha pena mínima inferior a 1 (um) ano, não será aceito o benefício da suspensão

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condicional do processo, por expressa vedação legal da 11.340/06 aos institutos


despenalizadores da Lei 9.099/95.
Será classificada como violência doméstica aquela praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge, companheiro, ou quem conviva ou tenha convivido, ou ainda,
prevalecendo-se o agente de relações domésticas de coabitação e hospitalidade.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
CAUSA DE AUMENTO DE PENA OU MAJORANTE aplicável nas hipóteses de violência
doméstica resultar em lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, ou a SEGUIDA DE
MORTE.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
Sendo também a vítima de violência doméstica portadora de deficiência (qualquer
natureza, ou seja, física, intelectual, sensorial, mental), AUMENTA-SE a pena em 1/3.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído
pela Lei nº 13.142, de 2015)
A Lei 13.142/2015 alterou o delito de lesão corporal para acrescer hipótese de
MAJORAÇÃO/CAUSA DE AUMENTO de pena em hipótese de lesões corporais dolosas (leve,
grave, gravíssima, seguida de morte) e 1/3 a 2/3 quando o crime for praticado contra
integrantes dos órgãos de Segurança Pública descritos nos Artigos 142, 144, CF/1988. Mesmo
não constando neste rol constitucional, a causa também será aplicável aos integrantes da
Força Nacional de Segurança Pública, sistema prisional. É uma causa de aumento de pena que
também será aplicável caso a vítima seja cônjuge, companheiro, parente consanguíneo até 3º
grau, em razão dessa condição. Cumpre lembrar que a lesão deverá apresentar vinculação
com exercício funcional, ou quando ocorrer em decorrência dela.
AÇÃO PENAL NOS CASOS DE CRIMES DE LESÃO CORPORAL
É preciso observar o seguinte:
➢ A) REGRA- será Ação Penal Pública Incondicionada;
➢ B) EXCEÇÕES-
➢ B.1- Se for Lesão Corporal Leve e Culposa- Ação Penal Pública Condicionada à
representação;
➢ B.2- No caso de violência doméstica familiar haverá uma nova divisão em razão da
vítima que será:
➢ B.2.1- Se a vítima for homem:
REGRA- Ação Penal Pública Condicionada à Representação;
EXCEÇÃO- Ação Penal Pública Incondicionada, se estivermos diante de Lesão corporal
GRAVE, GRAVÍSSIMA ou SEGUIDA DE MORTE.
➢ B.2.2- Se a vítima for mulher: Ação Penal Pública Incondicionada.

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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este capítulo no CP trabalha basicamente com 3 figuras delitivas que, embora
apresentem pontos em comum (pois ofendem objetos jurídicos semelhantes), são crimes
diferentes entre si, e que inevitavelmente levam ao estudioso certas dúvidas.
Primeiramente, faz-se necessário antes de tudo estabelecer os principais pontos de
divergências entre as condutas, que são as seguintes:
• Caluniar- Nos ensinamentos de Magalhães Noronha, trazidos na obra do
professor Rogério Sanches Cunha, caluniar nada mais é do que imputar
falsamente FATO definido como CRIME a uma pessoa;
• Já a Difamação consiste em também imputar FATO, porém, que não se define
como crime, mas sim ofensivo à reputação da vítima;
• Já o delito de Injúria se convalida quando o agente passa atribuir QUALIDADES
negativas ou defeitos à vítima, ou seja, não existem FATOS imputados, mas sim
QUALIDADES/DEFEITOS.
Obviamente, para concluirmos bem melhor esses delitos, o professor Rogério Sanches
Cunha traz a necessidade de dividirmos os conceitos entre as modalidades de honra tuteladas
neste crime, que serão:
➢ a)Honra Objetiva- Relaciona-se com a reputação e boa fama que o indivíduo
desfruta no meio social em que vive, logo, como os delitos de calúnia e difamação,
existe a imputação de FATO, este tutela a HONRA OBJETIVA da vítima. Nestes
crimes, exige-se o conhecimento de terceiros para a sua consumação.
➢ b)Honra Subjetiva- Está vinculada com a dignidade e o decoro pessoal da vítima, ou
seja, juízo próprio da vítima. Portanto, o delito de injúria, como se atribui
QUALIDADE/DEFEITO se protege a HONRA SUBJETIVA. Já nestes delitos, NÃO se
exige o conhecimento de terceiros para a sua consumação.
Estes delitos recebem a definição de crimes contra a honra, porque
independentemente de ser calúnia, injúria ou difamação, o DOLO do agente é prejudicar o
próximo em sua fama, nome, ou honra.
*Obs.: É possível haver concurso de crimes?
Aqui, infelizmente, não há uma corrente pacífica sobre o tema, porém, há o
entendimento do STJ em já admitir a possibilidade de concurso de crimes, mesmo
abarcando inclusive as três figuras delitivas, sendo concurso material ou formal, a
depender da situação em concreto.
Há uma corrente que defende que será cabível continuidade delitiva, pois
se ofende o mesmo bem jurídico. Há outra tese que sustenta que é passível de
aplicação de princípio da consunção ou absorção, ou seja, o delito mais grave
absorverá o menos grave, quando praticados no mesmo contexto fático. Já a
corrente defendida pelo professor Rogério Sanches Cunha, que é possível haver
concurso material ou formal, a depender do caso, entre calúnia ou difamação e
injúria, pois aquelas tutelam honra objetiva.

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CALÚNIA
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
É preciso observar que, por se tratar de delito cuja pena privativa de liberdade não é
superior a 2 (dois) anos, trata-se de IMPO, admite-se tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo, em caráter excepcional. Aprenderemos que quando
incidirá a causa de aumento do pena do Art. 141, CP, não haverá transação penal.
• Objeto jurídico tutelado- Honra Objetiva, ou seja, a reputação da vítima perante
terceiros;
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa pode cometer este crime, portanto, o crime será
COMUM. Porém, é preciso observar que algumas pessoas dispõem em
determinadas circunstâncias de imunidades, ou seja, não cometerão este crime,
exemplos: senadores, deputados, vereadores, estes no limite do município que
exerça o seu mandato, advogados em relação aos delitos de difamação e injúria,
desde que cometidos no exercício profissional.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, incluindo, pessoa menor de 18 anos, doentes
mentais, e a doutrina e jurisprudência também admitem pessoas jurídicas,
desde que a imputação falsa se subsuma a delitos ambientais (Lei 9.605/98).
*Obs.: a autocalúnia é punida como delito de autoacusação falsa, nos termos
do Art. 341, CP.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.


A calúnia contra os mortos também é passível de punição, e quem deverá propor a
queixa-crime serão os seus descendentes (cônjuge, ascendente, descendente, irmão) e, por ser
a honra um atributo de pessoa viva, este delito terá como sujeito passivo os parentes do
morro que zelam por sua reputação objetiva.
• Conduta- Nos ensinamentos do professor Rogério Sanches Cunha, consistirá em
imputar a alguém, implícita ou explicitamente, mesmo que seja de maneira
reflexa, fato criminoso, sabidamente FALSO. O agente poderá cometer o crime
por meio de palavras, gestos, escritos, desde que demonstre de maneira
inequívoca que está imputando à vítima um fato falso que se define como
CRIME. Caso a imputação do fato seja falsa e se convalide em contravenção
penal, haverá o delito de difamação e não calúnia. A imputação FALSA poderá
recair sobre o FATO ou sobre AUTORIA do fato.
• Elemento subjetivo- DOLO de dano, consistente na vontade de denegrir a
imagem da vítima perante terceiros, afetar sua honra objetiva.
• Consumação e tentativa- Consuma-se no momento em que um terceiro toma
conhecimento da imputação feita à vítima, em relação ao dano suportado pela
vítima, o crime será FORMAL, ou seja, de consumação antecipada, não se
exigindo para o delito se consumar que a reputação da vítima seja devidamente
lesada, bastando apenas a conduta para o crime ser consumado.
É possível a modalidade tentada na forma escrita.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a
propala ou divulga.
É preciso observar que a conduta aqui se equipara ao praticante do delito, ou seja,
propalar a imputação FALSA, sabendo de sua característica responderá pelo mesmo delito.

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EXCEÇÃO DA VERDADE
O instituto consiste em termos gerais em se “próvar” a imputaçãó feita, óu seja, pór
interesse público, admite-se que aquele que atribui a outrem fato definido como crime possa
dentro dos meios legais, provar que o terceiro realmente praticou o crime, sendo neste caso
ATÍPICA a conduta por expressa previsão legal.
A exceção da verdade é a regra a ser aceita nos delitos de calúnia, porém, não se admite
nas seguintes situações:
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
Sendo crime de natureza privada (ou seja, só a vítima poderá provocar o Estado para
exercer o jus puniendi), NÃO se admite ao terceiro provar a veracidade do fato, pois o direito
de perseguir o delito e pleitear a punição é da VÍTIMA, porém, se houver processo já decidido
(trânsito em julgado), esta exceção não se aplica.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do
art. 141;
Por razões políticas, não se admite quando o fato for imputado ao Presidente da
República ou Chefe de Governo estrangeiro.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.
Se absolvido o réu em processo criminal, independentemente da motivação absolutória,
existe COISA JULGADA, portanto, esta deverá ser tutelada.
DIFAMAÇÃO
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
É preciso observar que, por se tratar de delito cuja pena privativa de liberdade não é
superior a 2 (dois) anos, trata-se de IMPO, admite-se tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo, mesmo quando incidia a causa de aumento do pena do
Art. 141, CP.
• Objeto jurídico tutelado- honra objetiva, ou seja, a reputação da vítima perante
terceiros.
• Sujeito Ativo- qualquer pessoa pode cometer este crime, portanto, o crime será
COMUM.
• Porém, é preciso observar que algumas pessoas dispõem em determinadas
circunstâncias de imunidades, ou seja, não cometerão este crime, exemplos:
senadores, deputados, vereadores, estes no limite do município que exerça o seu
mandato, advogados em relação aos delitos de difamação e injúria, desde que
cometidos no exercício profissional.
• Sujeito Passivo- qualquer pessoa, incluindo, pessoa menor de 18 anos, doentes
mentais, e a doutrina e jurisprudência também admitem pessoas jurídicas, pois
essas dispõem de reputação social.
• Conduta- consiste na conduta de imputar (atribuir) fato determinado que,
embora sem ser de conteúdo criminoso, ofenda a reputação da vítima, sendo o
meio executório também por meio de palavras, gestos, escritos, desde que

MUDE SUA VIDA!


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transmita de maneira inequívoca a imputação de FATO ofensivo à reputação


social do ofendido.
• Embora aqui não exista parágrafo tratando de propalar ou divulgar a difamação,
entende a doutrina que quem propala ou divulga a difamação também comete
crime, pois sua conduta recairá na conduta de imputar.
• Consumação e tentativa- consuma-se o delito da mesma maneira que o crime de
calúnia, quando um terceiro toma conhecimento da difamação. Nesse aspecto, é
FORMAL, pois, mesmo que a reputação da vítima não seja lesada, o crime
restará CONSUMADO. É cabível tentativa na modalidade escrita.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade de denegrir a imagem da
pessoa perante terceiros.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de
suas funções.
Só é cabível se o ofendido for funcionário público, por razões de interesse público na
moralidade, probidade e legalidade administrativa. Ocorrendo esta comprovação, exclui-se a
ILICITUDE da conduta, pois o elemento falso aqui não está presente como na calúnia.
*Obs.: É possível admitir a EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE, ou seja, não se pune
a pessoa tanto na calúnia quanto na difamação por divulgar fato que todo mundo
sabe e diz, ou seja, de amplo domínio público.

INJÚRIA
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Em regra, é cabível suspensão condicional do processo e transação penal, ainda que
incidentes as causas de aumento de pena do Art. 141, CP. Sendo o caso do §3º, que é a injúria
com conteúdo racial, é possível a suspensão condicional do processo, mas havendo a causa de
aumento de pena, não será possível.
• Objeto jurídico tutelado - tutela-se a honra subjetiva, ao contrário dos delitos
anteriores.
• Sujeito Ativo- qualquer pessoa, ou seja, crime comum.
• Sujeito Passivo- qualquer pessoa, porém aqui não é possível pessoa jurídica ser
vítima desde delito, pois esta não dispõe de honra subjetiva. O morto também
não pode ser vítima da injúria, pois não dispõe de honra subjetiva, mas é
perfeitamente possível o parente do morto se sentir injuriado. Como exemplo
temos a mãe que escuta pessoa chamar sua filha falecida de um nome chulo.
• Conduta- a conduta consiste em injuriar (insultar, atribuir palavras ofensivas,
ou até mesmo ignorar cumprimento, maneira omissiva) pessoa DETERMINADA,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro (honra subjetiva). Cumpre observar que
o delito NÃO se IMPUTA FATO, mas sim QUALIDADE NEGATIVA.
• Consumação e tentativa- só irá se consumar com o conhecimento da vítima, pois
o crime tutela a honra subjetiva, é crime formal, pois se dispensa o efetivo dano
a sua dignidade ou decoro. A tentativa para a maior parte da doutrina é
admitida na modalidade escrita, porém, há doutrinador que também admite na
forma verbal.
• Elemento subjetivo- DOLO, de praticar a conduta visando obter o chamado
animus injuriandi, não se admite o crime na forma culposa.

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*Obs.: Não é cabível EXCEÇÃO DA VERDADE, pois aqui NÃO há imputação de


FATO, e sim de opinião que o agente emite sobre o ofendido. NÃO HÁ EXCEÇÃO,
portanto na injúria não existe esta possibilidade.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:


Em certas situações, o juiz PODE deixar de aplicar a pena, porém a doutrina alega que
onde se lê PODE, entende-se como DEVE, ou seja, uma vez preenchidos os requisitos, estaria o
juiz obrigado a conceder o chamado PERDÃO JUDICIAL. Vejamos as situações a seguir:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
injúria;
Aqui só há uma injúria, ou seja, a vítima provoca (sem praticar injúria) o agressor de tal
maneira que este acaba injuriando-a. Exemplo, A fica caçoando de B; este por sua vez chama
aquele de gordo imundo.
II - no caso de retorção imediata, que consista em outra injúria.
Já aqui a provocação já é uma injúria em si, e a vítima a revida. Exemplo, A chama B de
um nome chulo, este, por sua vez, chama A de outro nome chulo.
O perdão judicial no primeiro fato isentará de pena só o que comete a injúria, já na
segunda situação, tanto o provocador quanto a vítima.
INJÚRIA REAL
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Trata-se de modalidade qualificada, a lei exige uma conduta que, além de consistir em
injúria, tenha a intenção inequívoca, segundo palavras de Nélson Hungria, que seja aviltante,
que além de atingir o corpo, lesione a alma. Como exemplo, cita-se o ato de cuspir no rosto de
alguém, puxar cabelos, puxar orelhas.
Cumpre observar que a qualificadora ainda trata a possibilidade de aplicação da pena
pela respectiva violência. A maioria da doutrina alega ser um concurso material, por incidir
somatório de penas. O professor Rogério Sanches discorda e com razão, pois para ele se trata
de um concurso formal impróprio, em que haverá uma conduta, porém com desígnios
autônomos, ou seja, haverá o somatório das penas.
Neste caso, a contravenção penal de vias de fato será absorvida pelo princípio da
consunção ou absorção.
INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741,
de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº
9.459, de 1997)
Não se pode confundir injúria preconceituosa com racismo, este é uma lei especial (Lei
7.716/89), é crime imprescritível e inafiançável.
• A conduta consistirá em xingar alguém fazendo referência à sua cor, origem
étnica, raça, incluindo deficiência ou condição de pessoa idosa.

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MAJORANTES OU CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um
terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo
estrangeiro;
Aqui é uma causa de natureza representativa política, ou seja, macular a imagem do
Chefe do Poder Executivo é de certa forma denegrir a imagem dos cidadãos brasileiros, como
bem leciona o professor Rogério Sanches Cunha.
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
Cumpre observar que esta hipótese visa coibir a prática que lesione a atuação
profissional do funcionário público e também o bom funcionamento da própria Administração
Pública, que deve necessariamente zelar pela probidade, legalidade, moralidade e
impessoalidade.
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Quando a conduta ocorrer em determinadas localidades, haverá uma maior
“pótencialidade” de danó, óbviamente ó CP trata a cónduta de maneira mais grave, incidindo-
lhe um aumento na pena.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de
deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº
10.741, de 2003)
Aqui o dispositivo retirou a injúria racial como maneira óbvia de evitar o bis in idem,
pois, se já há uma qualificadora a esta modalidade de injúria, não faria sentido trazê-la como
causa de aumento de pena.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Aqui a doutrina intitula esta conduta de ofensa mercenária.
EXCLUSÃO DO CRIME
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível.
Aqui trataremos de hipóteses em que não haverá os crimes de difamação e injúria,
pois, sendo calúnia, em que ocorrerá a imputação de fato falso definido como crime, haverá o
interesse público em apurar a conduta.
O professor Rogério Sanches Cunha deixa bem claro que a natureza jurídica deste
instituto apresenta uma grande divergência, pois se seguem 3 correntes:
➢ a)Causa Excludente de ilicitude: corrente encampada pelo professor Damásio, alega
que se trata de uma excludente de ilicitude específica (majoritária na doutrina).
➢ b)Causa de Exclusão de punibilidade: ou seja, o Estado por razões de política
criminal não punirá estes fatos;
➢ c)Causa de exclusão do elemento subjetivo do tipo: ou seja, não se pratica a
conduta revestida com DOLO, logo por ausência de conduta destinada a propósito
de ofender a honra da pessoa, não haverá o crime, é a corrente encampada pelo
professor Rogério Sanches Cunha.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou
por seu procurador.

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Trata-se da chamada imunidade judiciária, por uma estrita relação com a discussão da
causa, obviamente, faz-se necessário deixar ampla a liberdade de manifestação para os
procuradores e partes no processo para discutir a causa. Cumpre observar que a imunidade
alcança tanto as partes quanto seus procuradores no processo.
Cumpre lembrar que esta imunidade não é absoluta, ou seja, se forem atos que
manifestamente acabem ferindo a ótica profissional, como, por exemplo, insulto pessoal,
humilhação pública, será o profissional ou parte devidamente responsabilizada.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica,
salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.
Aqui reside a imunidade literária, artística, científica, ou seja, tutela-se o direito à
liberdade de expressão contida na CF/1988, porém, essa crítica como bem leciona o professor
Damásio deve ser exercida nos limites da normalidade, ou seja, revestindo-se de trabalhos
que tenham o condão de macular a honra da pessoa, será passível de responsabilização.
Portanto, esta interpretação ficará muito interligada à situação e ao caso em concreto a ser
analisado no contexto em que ocorrer. Vide ADI 4815 em que o STF julgou que NÃO é preciso
autorização da pessoa biografada ou familiares para publicações de obras, porém, não podem
estas obras se revestirem de ilicitude, ou seja, serem usadas com o propósito de difamar ou
injuriar o biografado.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do
ofício.
Por razões óbvias, a atuação dos funcionários públicos deve ser pautada pelo
revestimento dos princípios constitucionais como a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Logo, será inevitável o fato de que, por vezes, estes precisem emitir
opiniões técnicas e que sejam de interesse público que acabem de certa maneira se revestindo
de opiniões negativas acerca de pessoas, por razões vinculadas a sua função estritamente
desempenhada, não haverá os delitos de difamação e injúria.
Parágrafo único - Nos casos dos nos I e III, responde pela injúria ou
pela difamação quem lhe dá publicidade.
Cumpre observar que, nas hipóteses de ofensas irrogadas em juízo e opiniões emitidas
por funcionários públicos, quem fizer a sua publicidade em campos distintos de onde se deve
emitir a opinião responderá pelo crime.
RETRATAÇÃO
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente
da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Primeiro ponto: observa-se que só será cabível retratação em crimes de calúnia e
difamação, pois estes afetam honra objetiva. Caso ocorra a injúria, não será cabível o instituto.
Segundo ponto: aqui não consiste em apenas negar ou confessar o delito, mas sim, nas
palavras do professor Rogério Sanches Cunha, é escusar-se, ou seja, retirar do mundo a
opinião que emitiu, demonstrando o devido arrependimento.
Terceiro ponto: não se aplica a pena, mas as demais sanções extrapenais são cabíveis,
por exemplo, ação por indenizações por danos morais, por exemplo, permanece.
Não é preciso haver concordância do querelante (vítima), pois se trata de ato
unilateral.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a
calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a
retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos

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meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188,


de 2015).
Aqui, se o ofendido desejar a retratação, ocorrerá da mesma forma em que se praticou
a conduta, ou seja, visa trazer o mesmo meio para que o querelado possa exercer a retratação.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações
em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as
dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Tem-se uma medida meramente preparatória à propositura da queixa-crime, como
bem leciona e explica o professor Rogério Sanches Cunha. Assim, quando estivermos diante de
frases, dizeres em que paire nó ar ó “dupló sentidó”, poderá o querelante pedir explicações.
A jurisprudência já decidiu que o querelado não será obrigado a prestar estes
esclarecimentos, e que este pedido não interrompe ou suspende o prazo decadencial de 6
(SEIS) meses (a contar do conhecimento da autoria delitiva) para a propositura da respectiva
queixa-crime.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede
mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da
violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo
artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Vamos à ação penal:
➢ a)REGRA- queixa-crime, ou seja, ação penal privada;
➢ b)EXCEÇÕES:
➢ B.1) Ação Penal Pública Incondicionada, se houver injúria real com lesão corporal,
há doutrinadores que falam que, com o advento da Lei 9.099/95, o delito será de
Ação Penal Pública Condicionada à Representação.
➢ B.2) Ação Penal Condicionada à Representação, nascendo a verdadeira
LEGITIMIDADE CONCORRENTE (Súmula nº 714, STF), nos delitos em que
envolver funcionário público e houver vinculação com seu exercício profissional,
poderá ser mediante esta modalidade de ação penal e também propor a queixa-
crime.
➢ B.3) Ação Penal Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça, quando o delito
envolver como vítima o Presidente da República ou chefe estrangeiro.

CRIMES CONTRA LIBERDADE INDIVIDUAL


Estes delitos versam sobre a tutela de um direito fundamental basilar insculpido em
nossa CF/1988, que versa sobre a liberdade. Nas palavras do professor Rogério Sanches
Cunha, liberdade nada mais é do que poder agir de maneira livre de qualquer mecanismo de
coação, ou seja, fazer aquilo que a lei não proíbe e não ser obrigado a fazer nada ou deixar de
fazer o que deseja, desde que, obviamente, esta imposição não decorra de lei. O aspecto geral é
a liberdade, porém em diversos sentidos, dentre os quais podemos citar: liberdade de
trabalho, religiosa, pensamento, convicção filosófica, entre outras.

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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
• Conduta- Por consequência lógica, consiste na conduta de constranger (obrigar)
com o emprego de violência ou grave ameaça ou reduzindo a capacidade de
resistência para que a vítima faça algo que não queira ou deixa de fazer aquilo
que pretende realizar, pois nossa CF/1988 assegura que ninguém será obrigado
a fazer ou deixar de fazer se não em virtude de lei. Deverá ser esta exigência
ilegítima, pois, sendo legítima, poderá haver o delito de abuso de autoridade,
Lei 13.864/2019.
Por se tratar de uma pena que não ultrapassa 2 (dois) anos, trata-se de IMPO e cabíveis
os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo, mesmo que presente
a hipótese de majoração ou aumento da pena do §1º.
O crime também poderá ser praticado na maneira omissiva.
• Sujeito Ativo- qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo,
portanto, o crime será comum, porém, é preciso notar que se esta conduta for
praticada por funcionário público estaremos diante de crime funcional do
abuso de autoridade (13.864/2019).
• Sujeito Passivo- qualquer pessoa, ou seja, não se exige qualidade específica da
vítima.
• Objeto jurídico tutelado- liberdade.
• Elemento subjetivo- é o DOLO, de constranger a vítima por meio dos meios
executórios e obrigá-la a fazer ou deixar de fazer algo contra a vontade desta.
• Consumação e tentativa- consuma-se no momento em que a vítima deixa de
fazer algo, ou o faz de maneira contrária a sua vontade, o delito em questão é
material, admite-se perfeitamente a tentativa, pois é crime plurissubsistente,
por exemplo, vítima que é ameaçada, mas mesmo assim não pratica o ato
desejado pelo agente.
AUMENTO DE PENA
Diversas majorantes ou causas de aumento de pena, inclusive com quantum distinto.
Vejamos a seguir cada uma delas:
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando,
para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há
emprego de armas.
A primeira parte contempla quando o crime é praticado por concurso de pessoas em
que esta execução reúna no mínimo 4 (quatro) pessoas. Cumpre observar que aqui haverá o
delito de certa maneira praticado de uma fórma mais “fácil” e óbviamente intimidadóra, que
justifica a reprimenda em questão.
Já no segundo ponto, aumenta-se quando o constrangimento for exercido com emprego
de arma, aqui cabe aquela velha discussão se a referida expressão abarca objetos que são
armas impróprias (ou seja, aquelas que não foram construídas com esta finalidade, mas que
podem se empregadas como tal, exemplo: uma faca de cozinha).

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Alertar para o lembrete da Súmula nº174 do STJ, em que arma de fogo de brinquedo
não incidirá a majorante em questão.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à
violência.
Não restam dúvidas que aqui haverá um concurso material de delitos (Art. 59, CP),
pois o agente pratica o constrangimento e ainda a violência, sendo esta situação passível do
somatório das penas.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Hipóteses em que não se exclui o delito, na primeira a intervenção médica, quando
passível de risco de vida, e a segunda para evitar a prática de suicídio. Há divergência
doutrinária quanto à natureza do instituto. A corrente seguida por Cézar Roberto Bittencourt
e Damásio aponta que é hipótese em que se exclui a tipicidade; já a segunda corrente, que é
encampada por Mirabete e Nélson Hungria, trata-se de excludente de ilicitude sui generis,
agindo em estado de necessidade de terceiro, esta é a prevalente.
Delito que se processa por Ação Penal Pública Incondicionada.
AMEAÇA
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Delito que se configurará quando o agente pratica a conduta contra a liberdade
individual, manifestando a vontade de praticar mal injusto e grave contra a vítima, não precisa
ser este mal um delito.
• Conduta- Ocorrerá quando se intimidar, anunciar mal injusto e grave. O crime
tem uma forma de execução livre, ou seja, poderá ser por palavras, escritos,
gestos, ou qualquer meio que deixe a vontade inequívoca de ameaçar a vítima. A
ameaça deverá ser plausível, ou seja, algo que possa, de fato, ocorrer.
Expressões vagas não abarcam o delito em questão.
• Consumação e tentativa- O crime é formal, ou seja, haverá a consumação quando
a vítima tomar conhecimento do mal prometido, mesmo que não haja a real
intimidação. A maioria da doutrina admite a forma tentada de maneira escrita,
Nélson Hungria, porém, discorda.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
do delito.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito
passivo.
• Objeto jurídico tutelado- Liberdade individual, mas poderá o crime ser
praticado também quando a ameaça recai sobre um terceiro que mantenha
relação de proximidade. Exemplo: vizinho diz na frente do pai que dará “um
cascudo” no filho deste.
• Elemento subjetivo- DOLO, caracterizado pela vontade livre e consciente de
causar temor a vítima, manifestando a intenção maléfica.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

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Delito que será de Ação Penal Pública Condicionada à Representação da Vítima ou de


seu representante legal (Condição Específica de Procedibilidade).
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou
cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de um a três anos.
• Objeto jurídico tutelado- Delito, na visão do professor Rogério Sanches Cunha,
que dispõe do fim de priva da liberdade de locomoção a vítima, ou seja, retira-
lhe o direito de ir, vir, permanecer onde achar melhor.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, ou seja, delito que não exige qualidade especial
do sujeito ativo. Se praticado por funcionário público, haverá o delito de Abuso
de Autoridade (Lei 13.864/2019).
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, doutrinadores excluem do tipo pessoas que
não dispõem de faculdade de ir e vir.
• Conduta- Ação consistente na privação total ou parcial da vítima de exercer sua
liberdade, por meio do sequestro ou cárcere privado. Para alguns doutrinadores
há diferenças, mas como bem leciona o professor Fernando Capez, ambas as
modalidades recebem o mesmo tratamento penal, sendo que no sequestro há o
gênero em que se priva a liberdade de locomoção sem confinamento; já no
cárcere privado ocorrerá em recinto fechado.
• Consumação e tentativa- O delito é PERMANENTE, ou seja, enquanto houver a
privação de liberdade da vítima, haverá o delito em questão e a respectiva
situação flagrancial. É crime plurissubsistente, portanto, passível de tentativa
quando praticado por ação. Há divergência doutrinária no sentido de que uma
parte alega que a privação não exige tempo mínimo para caracterizar o delito; já
outra alega que se a privação não ocorrer por tempo relevante, haverá apenas o
delito de Constrangimento Ilegal (Art. 146, CP).
• Elemento subjetivo- DOLO, não se exige aqui finalidade específica, desde que
haja na intenção de privar a liberdade de alguém o crime restará configurado.
FORMAS QUALIFICADAS DO DELITO
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro
do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela
Lei nº 11.106, de 2005)
Visa, sem sombra de dúvida, à tutela de delitos que sejam praticados em contexto de
convivência familiar, e obviamente, também, abarcou a tutela de maiores de 60 anos, por ter,
em tese, uma menor possibilidade de resistência.
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de
saúde ou hospital;
É uma espécie de “fraude” para privar a vítima da sua liberdade de lócomoção.
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
A partir do 16º dia, ocorrerá a qualificadora, pois aqui houve um maior sofrimento da
vítima, a contagem do prazo incidirá no dia do início da conduta (natureza material).
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

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Por se tratar de vítima mais vulnerável e com probabilidades de sequelas mais graves, o
delito passa a ser tratado de maneira qualificada.
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela
Lei nº 11.106, de 2005)
Antigo delito de rapto (Art. 219, CP), que deixou de existir, mas migrou a conduta para
esta modalidade delitiva, o que de fato não contemplou a figura do abolitio criminis. Convém
lembrar que processos em curso que apuram fatos antes de vigência da lei supracitada,
deverão apresentar a pena do crime de rapto, pois é menor a pena do que atual redação.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza
da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Aqui haverá outra qualificadora mais rígida em relação à última, quando, por exemplo,
a vítima é mantida em uma sala escura e sem ventilação, quando fica privada de alimentos,
entre outras formas que se revistam em maus-tratos.
Será o crime processado mediante Ação Penal Pública Incondicionada.

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


DO FURTO
FURTO
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
• Objeto jurídico tutelado- Há uma discussão doutrinária acerca do bem jurídico
protegido, para uns, propriedade, outros alegam propriedade e posse, já uma
terceira fala em propriedade, posse, detenção, desde que sejam legítimas, como
também, coisa móvel. Só será cabível suspensão condicional do processo na
prática de furto simples, sem incidir majorantes, pois a pena mínima é 1 (um)
ano.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, desde que não seja o proprietário do bem
subtraído, aqui reside uma discussão acerca da possibilidade ou não de o
proprietário ser sujeito ativo do delito, caso o bem móvel esteja na posse
legítima de terceiros, entende a maioria que seria o delito de exercício
arbitrário das próprias razões (Art. 345, 346, CP).
É preciso observar que se o delito for praticado por funcionário público e a coisa alheia
subtraída pertencer à Administração Pública, ou for de particular, mas aquele dispõe de
acesso por causa da função exercida, haverá o delito de peculato (Art. 312, § 1º, CP). No caso
de subtração de condômino, coerdeiro, sócio, o delito será furto de coisa comum (Art. 156,
CP).
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, física ou jurídica, que esteja na qualidade de
proprietária, possuidora, ou até mesmo detentora legítima.
• Conduta- Pune-se, nas palavras do professor Rogério Sanches Cunha, a conduta
de apoderar-se o agente, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel,
retirando-a de quem a detém, ou seja, ocasionando na diminuição do patrimônio
da vítima.

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É preciso observar que há coisa móvel que não dispõe de valor patrimonial, mas tão
somente um valor moral, sentimental; esta por sua vez, segundo a maioria da doutrina sendo
relevante, também vigora como objeto material do delito de furto, professor Nucci discorda.
Cumpre frisar que, em regra, ser humano não pode ser objeto do crime em questão, pois
este nãó póde ser equiparadó a “cóisa”, mas em caráter excepciónal, é póssível, quandó, por
exemplo, um cadáver esteja na propriedade de uma universidade para fins de estudo e
pesquisa. Havendo remoção de tecidos, órgãos do corpo humano, haverá delito em lei
especial, que é a de Transplante de Órgãos (Lei 9.434/97).
Se a coisa não pertencer a ninguém ou for abandonada, não haverá o crime. Se for
perdida a coisa, o delito NÃO será o de furto, mas, apropriação indébita de coisa achada
(Art. 169, parágrafo único, II, CP).
Por fim, o delito deverá ter como objeto material coisa MÓVEL, e aqui não há
incorporação do conceito do Direito Civil, mas sim, aquela que pode ser removida sem perder
a sua característica.
• Elemento subjetivo- DOLO, o agente quer apoderar-se da coisa móvel
pertencente a terceiro. É possível também o DOLO com intenção de subtrair a
coisa móvel alheia para que um terceiro se apodere.
Aqui duas pequenas observações:
➢ 1º Deverá o agente desde o início ter a intenção de não devolver a coisa subtraída a
vítima, ou seja, se for para uso momentâneo será o popular furto de uso, que nada
mais é do que um indiferente penal, preenchendo os seguintes requisitos:
• A) intenção manifestada desde o início de uso momentâneo da coisa;
• B) coisa que não pode ser consumida;
• C) Restituição imediata e integral à vítima.
➢ 2º Furto famélico é crime? A jurisprudência entende que se afasta a ilicitude da
conduta por reconhecimento do Estado de Necessidade (Art. 24, CP). Porém, é
preciso notar o preenchimento de alguns requisitos dentre os quais: A) o fato seja
praticado para mitigar a fome; B) que seja o único recurso do agente; C) que seja
subtraída coisa capaz de amenizar a fome; D) os recursos do agente sejam
insuficientes ou este não tenha possibilidade de trabalhar.
• Consumação e tentativa- Tema de grande divergência, pois há 4 correntes:
➢ a) Contrectatio- A consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa
alheia, dispensando deslocamento.
➢ b) Amotio- Também chamada de Apprehensio, ocorrerá a consumação quando a
coisa subtraída passar para o poder do agente, mesmo que em curto espaço de
tempo, mesmo que não seja posse mansa e pacífica. Adotada pelo STF E STJ.
➢ c) Ablatio- Ocorrerá a consumação quando o agente, depois de apoderar-se da
coisa, consegue deslocá-la de um lugar para outro.
➢ d) Ilatio- Ocorrerá quando o agente consegue levá-la a lugar em que o bem fique a
salvo.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
Em primeiro lugar, trata-se de causa de aumento de pena ou majorante que se refere
ao repouso noturno, e NÃO durante o período noturno (como ocorre no delito de violação de
domicílio).
Repouso noturno é um conceito variável, pois será aquele períódó em que a “vida” dó
local cessa, pois as pessoas têm a tendência de se recolher para o descanso devido. É preciso

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observar que, por exemplo, um furto às 21 horas no centro de São Paulo não incidirá esta
majorante; já se praticado em uma propriedade rural, onde geralmente cedo da noite as
pessoas dormem, já incide o aumento da pena.
A maioria entende que o crime NÃO precisa ser praticado em local habitado e com seus
moradores descansando, mas há doutrina que leciona o contrário.
É uma causa de aumento de pena que se aplica também em conjunto com as
qualificadoras do delito, pois não se caracteriza o bis in idem.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Nesse caso, observa-se a hipótese de furto privilegiado, ou seja, nas palavras do
Prófessór Rógérió Sanches Cunha, um furtó mínimó, óu seja, que traz “benefíciós” aó seu
agente desde que este preencha alguns requisitos na prática delitiva:
A doutrina e jurisprudência, atualmente, compreendem os seguintes requisitos:
➢ a) primariedade do agente- maioria entende como aquele não é reincidente,
embora, tenha várias condenações;
➢ b) coisa de pequeno valor, não ultrapassa o valor do salário mínimo vigente na
época da subtração, desconsidera-se o prejuízo suportado pela vítima em eventual
recuperação. NÃO confunda este requisito com INSIGNIFICÂNCIA ou BAGATELA,
que é hipótese de ATIPICIDADE MATERIAL.
Hoje, mudando o entendimento, o STF e o STJ têm admitido a incidência deste
privilégio em conjunto com furto qualificado, desde que esta seja de ordem objetiva.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
outra que tenha valor econômico.
Cláusula de equiparação, ou seja, a intenção do legislador aqui foi trazer situação que
seja capaz de ter o mesmo significado de coisa alheia móvel, passível, obviamente, de ser
objeto material do delito. A doutrina entende como toda e qualquer outra forma de energia a
qual se atribua valor econômico, utilizável e passível de estar ao poder de disposição material
e exclusiva de indivíduo.
Tem-se destaque a discussão acerca da conduta de subtrair sinal de televisão a cabo,
pois, para Cezar Roberto Bittencourt NÃO haverá o delito de furto, posto que, ao contrário da
energia elétrica, água, entre outras, o sinal de TV a cabo não é algo que pode se extinguir
devido à utilização de muitas pessoas. Já para o professor Nucci, a conduta se encaixa no
parágrafo em questão.
O STF entendeu ser atípica a conduta de quem subtrai sinal de TV a cabo, pois NÃO
seria uma espécie de energia, sendo inadmissível analogia in malam partem em Direito Penal.
*Obs.: NÃO confundir o furto de energia elétrica, dispositivo supracitado com
fraude no consumo da energia. Note que quando o agente faz ligação
(ilegal/clandestina), ele está de fato subtraindo a energia pertencente a outra, pois
ele sequer tem autorização para ser usuário. Já na segunda conduta, o agente, é
USUÁRIO, mas FRAUDA o medidor, por exemplo, induzindo EM ERRO o
proprietário/explorador da energia, no intuito de pagar conta menor. Ou seja, na
primeira situação, haverá crime de furto, na segunda, de estelionato.

O STJ aplicou analogia na regra estabelecida para os crimes tributários. Se houver o


pagamento do tributo até o oferecimento da denúncia, restará EXTINTA A PUNIBILIDADE,
sendo que este raciocínio também será válido para quem pratica furto de energia elétrica. (HC
252. 802/SE).

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FURTO QUALIFICADO
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
Haverá algumas situações em que o furto será qualificado, pois a prática da conduta
será mais grave ou até mesmo porque o objeto visado da res furtiva é de maior relevância.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
Aqui se depreende como qualquer obstáculo ao bem pretendido que de certa maneira
denote maior trabalho e destreza por parte do ladrão para a consumação delitiva. Cumpre
observar que há situações um pouco inusitadas, mas que incidem nesta qualificadora, por
exemplo, romper vidro de veículo para subtrair o som automotivo abarca esta qualificadora,
mas se for o próprio veículo não comporta, pois o obstáculo não pode ser natural ao objeto
pretendido (STJ neste sentido, há também o HC 205.967/SP).
Há também decisões que apóntam que a famósa “ligaçãó direita” em veículós
automotores incidirá nesta qualificadora.
O STJ tem orientado no sentido de que esta qualificadora IMPEDE incidência em
conjunto com o princípio da insignificância ou bagatela.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
➢ Abusar da confiança, nada mais é do que o agente, prevalecendo-se de uma relação
de confiança com a vítima, usa-a como meio para a prática do furto. Já há decisões
em que a simples relação de emprego e hospitalidade não é suficiente para a
aplicação da qualificadora. É perceptível que a coisa objeto do delito deve de certa
maneira “ingressar” pela confiança na disponibilidade do agente, para que haja a
prática do delito.
➢ Fraude é um meio enganoso, artificioso, ludibrioso que possa enganar a vítima, por
exemplo, vestir-se de funcionário da empresa de telefonia para praticar o crime em
questão. Não confundir esta qualificadora com o delito de estelionato, pois aqui a
vítima em ERRO ENTREGA o bem visado ao agente.
➢ Escalada é ó usó de uma via “anórmal” para praticar ó crime, pór exempló, cavar
um túnel para ter acesso a um cofre e subtrair joias, escalar um prédio para no
último andar subtrair quantias do proprietário do apartamento.
➢ Destreza é qualquer prática de furtó quandó ó agente emprega uma “habilidade”
especial para conseguir o objeto material do furto, exemplo dos batedores de
carteira, que a subtraem sem a vítima sequer perceber.
III - com emprego de chave falsa;
Nas palavras do professor Damásio de Jesus, será todo instrumento capaz de abrir
fechaduras, cadeados, podendo ou não ter formato de chave.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A priori, entendia-se que a qualificadora em questão só era cabível quando o delito era
praticado pelos agentes e estes atuavam com liame subjetivo (que é requisito do concurso de
pessoas), mas, hoje, esta lição não mais prevalece. Na visão do professor Damásio de Jesus,
deve ser aplicada a qualificadora quando houver o previsto no Art. 29, CP), ou seja, havendo
concorrência de qualquer modo para a prática do delito, haverá o crime em questão. O
exemplo, um vigilante que deixa local desprotegido no trabalho para que o bem seja
subtraído. Se houver este tipo de delito em conjunto com o crime de associação criminosa
(Art. 288-A, CP), responderão por ambos os delitos sem caracterizar o bis in idem.

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§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se


houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Qualificadora aplicável claramente para explosões a instituições financeiras, por incrível
que pareça, traz uma forma mais branda de pena aos praticantes do delito em questão, pois,
antes havia o entendimento que tal conduta ensejava um concurso formal impróprio de
delitos de furto com rompimento de obstáculo (Art. 155; §4º, CP) pena 2 a 8 anos, e (Art. 251,
CP); explosão pena 4 a 6 anos. Com o novo dispositivo, por ser este específico, aplica-se a
questão com uma pena menor (sendo lei que beneficia retroage, portanto, aplicar-se-á a fatos
anteriores a sua vigência). Tese sustentada pelo MPSP e explanada pelo professor Rogério
Sanches Cunha.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pune-se quando a intenção do agente quando o veículo automotor for subtraído para ser
transportado em outro Estado. Verifica-se que não se cita o DF, prevalecendo que se o
transporte for para lá não incidirá a qualificadora. Observa-se que o tipo penal fala em
TRANSPORTE, e NÃO FINALIDADE, portanto, deverá o veículo ser transportado para outro
Estado para haver a qualificadora (prevalece a teoria amotio).
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº
13.330, de 2016)
Famoso delito de ABIGEATO (subtrair animais); imputando esta pena não se admite
suspensão condicional do processo.
Cumpre observar que, na hipótese em que ocorrer o furto de animais em concurso de
pessoas, aplica-se a última qualificadora, pois se pune a conduta com maior rigor, sendo o
abigeato levado em conta pelo magistrado na fixação da pena-base.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a
subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Mudança também recente, que trata como qualificada a conduta de furto quando o
objeto material em questão for substância explosiva ou acessória que possa ser obviamente
empregada em furtos com rompimento de obstáculos, por meio da explosão.
FURTO DE COISA COMUM
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor
não excede a quota a que tem direito o agente.
É um furto menos grave que o anterior, e que tem poucas diferenças em relação ao que
abordamos, portanto, vejamos apenas as diferenças.
• Sujeito Ativo- O delito é próprio, pois, só pode ser praticado por condômino,
herdeiro ou sócio.
• Sujeito Passivo- Só aquele que detém legitimamente a coisa subtraída.

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• Conduta- A conduta é a mesma da anterior, porém, visando à subtração de coisa


comum, devendo esta estar na posse de outrem, pois, do contrário, não haverá
o delito em questão, e sim o de apropriação indébita.
• Ação penal- Ao contrário do furto, aqui será Pública Condicionada à
Representação.

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
ROUBO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Primeira informação a ser verificada no delito em questão é que se trata de um crime
complexo, ou seja, é fruto da junção de 2 (dois) tipos penais (furto 155, CP+
constrangimento ilegal 146, CP).
• Objeto jurídico tutelado- Patrimônio e a liberdade ou incolumidade física da
pessoa. Na hipótese de roubo qualificado pela morte (Art. 157, §3º, CP), o
crime será HEDIONDO conforme previsão da Lei 8.072/90.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum, ou seja, não se
exige qualidade especial do sujeito ativo, porém, lembre-se de que o
proprietário do objeto não poderá praticar o delito.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, desde que seja proprietário, possuidor, mero
detentor da coisa, e ainda poderá ser pessoa contra quem se dirige a violência
ou grave ameaça, ainda que não sofra a lesão patrimonial.
• Conduta- É preciso fazer uma pequena diferença, no caput há o roubo próprio,
aqui a conduta consistirá no emprego da violência ou grave ameaça, ou até
mesmo qualquer outro meio para praticar a subtração, ou seja, esta será
efetuada APÓS o emprego da violência ou grave ameaça. A violência, nas
palavras do professor Bitencourt, consiste em: emprego de força contra o corpo
da vítima, lesão corporal leve, vias de fato, por exemplo, já caracterizam a
conduta em questão. Já a grave ameaça consiste na intimidação, ou seja, coação
psicológica, promessa injusta de fazer mal à vítima, para que ela, temendo, não
resista à subtração. Há precedentes que simular arma de fogo é elementar da
conduta de roubo, pois caracteriza a grave ameaça. A outra maneira trazida no
caput é utilizar qualquer outro meio que retire da vítima a capacidade de
resistência ao ato, exemplo, empregar sonífero, droga, hipnose, entre outros. O
professor Bitencourt alerta que este outro meio deverá ser imposto às
escondidas, ou seja, de maneira sorrateira, pois, se for via força, emprega-se a
violência propriamente dita.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
Aqui é o chamado roubo impróprio, pois, como bem trata o dispositivo, a subtração já
ocorreu, a violência ou grave ameaça são empregadas para assegurar impunidade do crime ou
a detenção do objeto subtraído. Se houver um período prolongado, entende a doutrina que
haverá outro delito.

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Não é cabível princípio da insignificância ou bagatela nos delitos em questão, é possível


também ser objeto material do delito bem ilícito (pois, o que se leva em questão é o valor a res
furtiva).
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade consciente de subtrair coisa
alheia móvel, empregando violência ou grave ameaça.
• Consumação e tentativa- É preciso primeiro observar se estamos diante do
roubo próprio segundo a Súmula 582, STJ, quando ocorrer a inversão da posse
do bem, mediante a violência ou grave ameaça, ainda que por um curto espaço
de tempo, sendo dispensável posse mansa e pacífica da res furtiva. Impróprio
consuma-se quando houver o respectivo emprego da violência ou grave ameaça
com a intenção de assegurar o produto da subtração. A maioria da doutrina
entende que é possível a tentativa, no primeiro caso quando se emprega a
violência, mas não se subtrai a coisa alheia móvel; já na segunda hipótese,
quando após subtraída tenta se empregar a violência e não consegue, há no
entanto, doutrina que leciona que roubo impróprio NÃO admite tentativa.
O STJ entende ser passível concurso formal no delito de roubo, dependerá de que a
conduta do agente atinja diversos patrimônios, pois, se há violência contra mais de uma
pessoa, mas só se subtrai de uma, não haverá o delito.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de
2018)
Antigo dispositivo que previa aumento de 1/3 para emprego de arma, revogado só a
partir desta lei, pois há fato praticado anteriormente com arma de fogo, será aplicável este
aumento, pois é lei mais benéfica ao réu. Mas com a aprovação da Lei nº 13.964, de 2019) -
Pacote Anticrime, arma branca voltará a ser majorada, logo, do dia até o dia 23 de janeiro de
2020, o roubo com emprego de arma branca NÃO SERÁ MAJORADO.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Cumpre observar que neste delito incide aumento de pena, e não qualificadora como no
furto. Entende a doutrina que não há necessidade de todos os que cometeram o delito estarem
presentes no momento da ação delitiva, e que é possível responder por este delito em
concurso com o delito de associação criminosa (Art. 288, CP), sem caracterizar o bis in
idem.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
Bitencourt entende que aqui só será aplicável a majorante quando a vítima presta
“serviçó” de transpórtar valóres, óu seja, se ó próprió dónó transpórta ó valór, não incidirá a
causa de aumento de pena em questão.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Vide comentários no delito de furto (Art. 155, CP)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Ou seja, aqui a privação da liberdade da vítima é essencial para consumar o delito ou
para assegurar a fuga, se privar a liberdade da vítima de maneira desnecessária, haverá o
delito de roubo em concurso material com o crime de sequestro.

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VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios


que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
Vide comentários feitos no delito de furto com uma qualificadora em questão.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de arma branca. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)-
Pacote Anticrime.
Majorante retirada com a Lei 13.654/2018, retornará o emprego de arma branca a ser
majorante do roubo. Trata-se de novatio legis in pejus, portanto, SEM efeitos RETROATIVOS.

§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído


pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de
fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Retirou a divergência, pois, antes a doutrina alegava que arma, expressão antiga do CP,
abarcava qualquer instrumento incluindo as armas eventuais. Hoje só é cabível a majorante
de 2/3 se for arma de fogo, portanto, é nova lei prejudicial, NÃO poderá RETROAGIR.
Com a vigência da Lei nº 13.964, de 2019 - Pacote Anticrime, só será cabível esta
majorante se a arma de fogo for de USO PERMITIDO, pois, sendo de uso RESTRITO ou
PROIBIDO, haverá pena aplicada em DOBRO.
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Vide comentários feitos no delito de furto com a qualificadora em questão.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)- Pacote Anticrime.
Nova majorante, com pena aplicada em DOBRO, que recai em relação à arma de fogo
utilizada para o delito de roubo for de uso RESTRITO OU PROIBIDO, haverá uma majorante
mais GRAVE do que a do parágrafo anterior. Trata-se de novatio legis in pejus, logo, só
apresentará efeitos a partir de 23 de janeiro de 2020.
Obs.: O Pacote Anticrime não inseriu esta majorante no delito de extorsão (Art.
158, CP), que tem mesma pena do que o delito de roubo, e modus operandi bem
semelhante, portanto, lacuna que com certeza será explorada em teses jurídicas
futuras. Não vislumbro possibilidade de aplicação para o crime de extorsão, afinal,
seria analogia in malam partem, mas com certeza será objeto de debates, aguardar
a jurisprudência.

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº


13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
(dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
Roubo qualificado pela lesão corporal grave/gravíssima é uma hipótese que qualifica o
crime, mas NÃO ERA HEDIONDO, com a Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019 - Pacote

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Anticrime, passou a ser. Logo, apresentará regras para progressão de regime MAIS RÍGIDA,
veda-se fiança, entre outros aspectos (comentários no material de Legislação Criminal
Especial).
Aqui o resultado deverá ser praticado ao menos CULPOSAMENTE, ou seja, é necessário
que o evento decorra da violência empregada durante o tempo, ou em razão do roubo. Não
sendo nesse contexto, o agente não responderá por roubo qualificado, mas sim, por lesão e
roubo em concurso material, dependerá do caso concreto.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Resultando em morte, o emprego da violência ou grave ameaça, o crime será
HEDIONDO, e sim, será o crime contra o PATRIMÔNIO, e não contra a vida.
Para consumação do latrocínio, o STF entende o seguinte: MORTE CONSUMADA (pouco
importa se houve ou não a subtração)= LATROCÍNIO CONSUMADO. Se a morte for TENTADA
(ocorrendo ou não a subtração)= LATROCÍNIO TENTADO.
*Obs.: violência empregada por um só dos agentes em concurso de pessoas, que
resulte em morte, aplica-se latrocínio para todos, pois, ao praticar roubo, é
previsível o resultado morte da vítima.

EXTORSÃO
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
• Objeto jurídico tutelado- Há, sem sombra de dúvidas, um crime cuja tutela
perpassa para 2 objetos jurídicos distintos, em primeiro lugar tutela o
patrimônio da vítima, e em segundo, protege a inviolabilidade pessoal da vítima,
ou seja, há uma dupla objetividade jurídica em questão.
É um crime que tem semelhanças com o delito de constrangimento ilegal, estupro, e
exercício arbitrário das próprias razões, devendo ser apontadas essas diferenças que estão
norteadas na finalidade; no primeiro caso, difere-se do constrangimento ilegal, a finalidade é
moral (liberdade); no delito de estupro a finalidade é praticar ato libidinoso, diverso da
conjunção carnal ou a conjunção carnal (sexual), já no exercício arbitrário, a finalidade
desejada pelo agente é legítima (lícita, devida), ou seja, legal. Observe que na extorsão a
finalidade será obtenção de VANTAGEM ECONÔMICA E INDEVIDA, por isso, o crime consta no
rol de crimes patrimoniais.
Convém lembrar que somente a extorsão qualificada pela morte é delito classificado
como hediondo.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
para a prática do delito em questão. Só um pequeno lembrete, sendo o sujeito
ativo funcionário público e se houver relação com exercício profissional, haverá
o delito de concussão (Art. 316, CP).
• Sujeito Passivo- Pessoa que sofre a violência ou grave ameaça, porém, é possível
o delito atingir duas pessoas distintas, por exemplo, pratica-se a violência contra
uma, mas o prejuízo econômico será suportada por outra. Não obstante se aceita
pessoa jurídica ser sujeito passivo neste delito no aspecto patrimonial.

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• Conduta- O núcleo verbal do delito está restrito à conduta de constranger, isto é,


obrigar alguém a fazer algo ou deixar que se faça algo, ocorrendo a conduta
mediante violência ou até mesmo grave ameaça.
Aqui, deverá haver ênfase fundamental para a diferença deste delito com o crime de
roubo, pois, neste último delito, haverá a violência ou grave ameaça para praticar a subtração,
e a extorsão a violência e grave ameaça são meios, porém, para que alguém faça algo ou
permita que se faça, ou seja, no roubo haverá um NOVA CONDUTA DO AGENTE, que é
subtrair; na extorsão, a VÍTIMA APÓS A VIOLÊNCIA É QUEM PRATICA A CONDUTA que
caracteriza a vantagem econômica indevida.
• Consumação e tentativa- Há divergência doutrinárias, mas a maioria entende
ser CRIME FORMAL, ou seja, CONSUMAÇÃO ANTECIPADA, que significa que
será consumado o delito quando houver emprego de violência ou grave ameaça
visando à obtenção da vantagem econômica indevida, mesmo que esta NÃO
OCORRA, pois, consumando-se a vantagem, haverá MERO EXAURIMENTO DO
CRIME. Neste sentido, há a Súmula 96 do STJ.
A tentativa é perfeitamente possível, pois se trata de delito plurissubsistente.
• Elemento subjetivo- DOLO, que consiste na vontade de constranger alguém com
violência ou grave ameaça, com a finalidade de obter vantagem econômica
indevida, fazendo algo ou tolerando que se faça algo com esta.
MAJORANTES OU CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
Aqui há duas hipóteses que aumentam ou majoram a pena. Na primeira situação haverá
o concurso de agentes para a prática do crime, ao contrário do roubo. O professor Rogério
Sanches Cunha faz menção clara e estabelece que neste crime não é preciso todos praticarem
a conduta descrita no núcleo verbal, para empregar a causa de aumento de pena, já aqui na
extorsão É PRECISO.
Já na segunda modalidade, a dúvida ainda persiste se esta arma poderá ser só arma
própria, ou até mesmo aquele objeto que é empregado como arma devido ao contexto da
questão (arma imprópria), porém, como a causa de aumento de pena do roubo só fez
referência à arma de fogo, é possível uma mudança de interpretação nos Tribunais, então
teremos que aguardar.
QUALIFICADORAS
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto
no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
São duas qualificadoras, a primeira aquela em que o emprego da violência resulta em
lesão corporal grave, já a segunda, quando resultar em morte, nesta última o delito será
hediondo.
SEQUESTRO RELÂMPAGO
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

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Aqui, tem-se a modalidade do crime de extorsão, qualificado pela restrição da liberdade


da vítima, ou seja, é o delito, só que com uma modalidade específica para o seu cometimento.
Convém lembrar que já há decisões que apontam para a existência deste delito quando a
restrição da liberdade da vítima é indispensável para obter a vantagem desejada pelo agente.
Por exemplo, A ameaça B com arma de fogo e o conduz até uma agência bancária e exige que
este realize diversos saques no caixa eletrônico, entregando-lhe a quantia em seguida. Cumpre
observar que a restrição é essencial para o saque, aí sim, haverá o delito em questão, mas se,
por exemplo, ocorrer subtração de coisa alheia com emprego de violência ou grave ameaça
em conjunto de privação de liberdade da vítima, estaremos diante de um roubo em concurso
material com o crime de sequestro.
Havia uma grande divergência se este delito na qualificadora que resulta em morte o
delito é ou não hediondo. Nucci entende NÃO ser HEDIONDO, pois o critério adotado pela Lei
de Delitos Hediondos foi o Sistema Legal, que só cabe ao legislador definir crimes hediondos.
Já o professor Rogério Sanches Cunha entende que o delito na forma qualificada pela morte é
hediondo, pois, o parágrafo em questão não traz nenhum novo crime, mas tão somente
específica uma forma de praticar o crime de extorsão, ou seja, traz um modus operandi,
portanto, o delito continua sendo o de extorsão e esta quando resulta em morte, haverá o
revestimento da hediondez da conduta. Com a Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019 -
Pacote Anticrime, discussão a nosso ver superada, pois a qualificadora foi inserida no rol dos
delitos da Lei 8.072/1990.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei
nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
• Objeto jurídico tutelado- Delito complexo, que tutela ao mesmo tempo a
liberdade de locomoção ambulatorial (ir, vir e permanecer), e o patrimônio,
póis, apesar de ó tipó penal falar em “qualquer vantagem”, estamós falandó de
um crime que está inserido no rol de delitos contra o patrimônio. Em todas as
modalidades deste delito, será o crime hediondo.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa poderá cometer este crime, portanto, será
comum.
• Sujeito Passivo- Poderá ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, claro que
no aspecto patrimonial.
• Conduta- A conduta de sequestrar consiste em privar alguém de sua liberdade
de locomoção em conjunto com a finalidade de obter vantagem indevida como
condição de pagamento de resgate, ou seja, só permite conceder a liberdade de
ir e vir da vítima se o agente for contemplado em sua satisfação de vantagem
indevida. Mesmo o tipo penal não tratando a conduta do cárcere privado,
encontra-se esta também abarcada pelo tipo penal, afinal é maneira mais grave
de privação ou restrição de liberdade.
Trata-se de CRIME PERMANENTE, ou seja, enquanto houver privação da liberdade da
vítima, haverá FLAGRANTE, sendo cabível, inclusive, o entendimento da Súmula 711, STF,
acerca de novatio legis in pejus.
• Consumação e tentativa- É crime formal, ou seja, de consumação antecipada,
mesmo que NÃO haja a obtenção da VANTAGEM INDEVIDA, o crime restará
consumado, uma vez privada a vítima de sua liberdade e a condição do resgate

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seja devidamente exposta. Se houver o recebimento da vantagem, haverá MERO


EXAURIMENTO DO CRIME a ser considerado na fixação da pena pelo
magistrado. Admite-se a tentativa, quando, por exemplo, por circunstâncias
alheias à vontade do agente, este não consegue privar a liberdade da vítima para
solicitar o resgate.
• Elemento subjetivo- DOLO, que se materializa na vontade de privar a liberdade
da vítima com o fim de obter vantagem ilícita em troca de soltura desta.
QUALIFICADORAS
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o
sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide
Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº
10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela
Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Há 3 formas de qualificar o crime:
➢ a) primeira - será pelo critério temporal, ou seja, se o crime passar de 24 horas de
duração, a conduta sofrerá reprimenda maior. Nessa situação, observa-se que a
duração do crime por mais de 24 horas enseja danos mais drásticos para a vítima e
consequentemente é merecedora de maior reprimenda.
➢ b) segunda - será pelo critério idade da vítima, por em tese, pessoas com menos de
18 anos e maiores de 60 anos são mais vulneráveis à captura por terem menor
possibilidade de resistir à conduta. Notem os critérios estabelecidos no CP em
relação ao tempo do crime (Teoria da Atividade).
➢ c) terceira - se o delito for praticado por quadrilha ou bando, hoje o delito recebe o
nome de associação criminosa (Art. 288, CP). Trata-se, em tese, de o crime ser
praticado por pessoas que têm o maior grau de periculosidade.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Seguindo a mesma linha de raciocínio dos delitos de roubo e extorsão anteriormente
estudados, aqui há duas qualificadoras quando o resultado do delito resultar em lesão
corporal grave e morte. Convém lembrar que o delito poderá apresentar vítimas distintas
(privar a liberdade de um e exigir a vantagem econômica de outrem), e se houver lesão
corporal grave ou morte de qualquer uma delas, haverá a incidência da respectiva
qualificadora.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação
dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Trata-se aqui de causa de diminuição de pena ou minorante, na hipótese da famosa
delação premiada, trata-se de direito subjetivo do réu, ou seja, uma vez praticada a delação e
preenchidos os requisitos legais, É DIREITO do delator a REDUÇÃO DA PENA.

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DO DANO
DANO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
• Objeto jurídico tutelado- Patrimônio alheio, aqui, diferente do furto, também
será abarcado o patrimônio imóvel. Não se exige vontade específica para
caracterizar o delito em questão, pois o tipo penal só descreveu as formas de
condutas. É IMPO, admite, portanto, tanto a suspensão condicional do processo
quanto a transação penal.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, o delito é comum, só NÃO haverá o crime se a
coisa for danificada pelo proprietário, se estiver em poder de terceiro, de
maneira legítima, haverá o delito do Art. 346, CP) exercício arbitrário das
próprias razões.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, pois não se exige qualidade especial para
sofrer as consequências do delito em questão.
• Conduta- Delito de conduta múltipla, ou seja, há diversas maneiras de praticá-lo
que são:
➢ a) Destruir- significa demolir, arruinar, devastar;
➢ b)Inutilizar- tornar inválido, comprometer uso, fazer falhar;
➢ c)Deteriorar- deixar em mau estado, reduzir a coisa economicamente.
Admite-se tanto conduta comissiva, quanto o delito poderá ocorrer na forma omissiva.
• Consumação e tentativa- Consuma-se com a prática efetiva do dano, ou seja, o
delito será material, porém, se houver dano parcial, haverá o delito consumado
da mesma maneira. Se não há nenhum tipo de dano, ou seja, a coisa não sofre
nenhuma diminuição de valor, utilidade ou caracterização, não haverá o crime
em questão. É delito subsidiário, ou seja, caso o dano ocorra visando a crime
diverso e mais grave, este absorverá aquele, pois é princípio basilar do Direito
Penal o crime-fim absorver o delito-meio. Em tese se admite a tentativa, porém,
é preciso observar se o ato já não engloba outra conduta do delito de dano, caso
isso ocorra, haverá crime consumado.
• Elemento subjetivo- DOLO, consciente na vontade de praticar uma das condutas
descritas no tipo penal incriminador. Não se exige em regra finalidade específica
para consumação do delito em questão.
DANO QUALIFICADO
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Na modalidade qualificada do delito só é cabível suspensão condicional do processo,
NÃO sendo possível transação penal.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
Aqui terá a violência ou grave ameaça de ser o caminho para a prática do delito, se for
exercida depois, haverá concurso de crimes entre o dano simples e a violência respectiva ou
ameaça.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato
não constitui crime mais grave.

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É uma forma subsidiária, ou seja, só haverá esta qualificadora se a conduta não constitui fato
mais grave. O clássico exemplo, o professor Rogério Sanches Cunha trata quando menciona o
homem que, querendo danificar uma casa, ateia fogo nesta, mas acaba causando um incêndio
de grandes proporções na vizinhança.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços
públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
A pena será diversa e mais grave porque o sujeito passivo em questão aqui será o
patrimônio público. O STF entende ser inaplicável o princípio da insignificância ou
bagatela se a lesão produzida pelo agente atinge bem de grande relevância para a população.
Como não se tem a expressão DF, o STJ entendeu que aplicar o dispositivo em caso de dano a
patrimônio do DF seria analogia in malam partem, que é vedado em Direito Penal.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima
O motivo egoístico vai além de simples motivo do crime, nas palavras do professor
Rogério Sanches Cunha. Para ele, incidirá a qualificadora quando o delito for praticado com
desejo ou expectativa de um proveito posterior indireto, podendo até ser proveito moral. Já o
prejuízo considerável para a vítima, para o mesmo doutrinador, dependerá da análise das
circunstâncias do caso concreto e da vítima do crime em questão.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do
art. 164, somente se procede mediante queixa.
O delito de dano será processado mediante Ação Penal Privada (Queixa-Crime).

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou
a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
• Objeto jurídico tutelado- Para a maioria da doutrina, continuará sendo o mesmo
dos delitos anteriores, que é o patrimônio/propriedade. Magalhães Noronha
aponta o contrário, pois é possível ocorrer o delito em situação que o direito à
propriedade não seja lesado, e sim o prejuízo patrimonial. Exemplo clássico é o
credor pignoratício que entrega o bem em garantia a terceiro e este entrega ao
proprietário sem o devido pagamento da dívida. Convém notar que o direito à
propriedade aí não foi lesado. É delito que na forma simples admite suspensão
condicional do processo, porém, na hipótese de qualquer aumento de pena, será
inaplicável.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, ou seja, trata-se de crime comum. Cumpre
observar que, para o delito em questão, deverá ser a pessoa que tenha a posse
ou detenção do bem, caso contrário, ao subtrair a coisa alheia móvel, haverá o
delito de furto já estudado no Art. 155, CP. Se o sujeito ativo for funcionário
público e a posse da coisa se der em função do exercício funcional, haverá o delito de
peculato (Art. 312, CP)
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, incluindo aqui pessoa jurídica, pois esta tem
direito à propriedade.
• Conduta- O delito em questão é o que a doutrina intitula de ação única, pois,
basta apenas a prática da conduta de apropriar-se de coisa alheia móvel,
passando a agir como se dono fosse.

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Haverá segundo a doutrina o preenchimento de alguns requisitos legais para a prática


do delito, que são os seguintes:
➢ a) a posse e a detenção devem ser LEGÍTIMAS, ou seja, a vítima deve entregar
voluntariamente o bem; se entregar com violência ou grave ameaça, haverá
extorsão; se for subtraída com emprego de violência ou grave ameaça, haverá
roubo, delitos já estudados.
➢ b) posse ou detenção sem vigilância, ou seja, deverá ser uma posse confiada, pois,
se não houver esta relaçãó de “cónfiança”, haverá outro crime, a exemplo o furto.
➢ c) o objeto em questão DEVERÁ SER COISA ALHEIA MÓVEL, ou seja, possível de ser
transportada, não haverá o delito se estivermos falando de bem imóvel.
• Consumação e tentativa- Trata-se de crime material, ou seja, consuma-se
quando o agente, na posse legítima da coisa móvel, passa a se portar como dono
fosse, ou seja, exterioriza esta conduta incompatível com a finalidade de
devolvê-la ao proprietário legítimo.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade de se apropriar de coisa
alheia móvel. Não se exige finalidade específica para ocorrência do crime.
AUMENTO DE PENA
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a
coisa:
I - em depósito necessário;
Entende-se como depósito necessário aquele que é desempenhado no exercício de
funções legais nos termos do Art. 647, CC.
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Por estrito grau de haver certa “cónfiança” maior de quem exerce a posse do bem,
aumenta-se a pena quando o sujeito ativo reveste-se dessa qualidade.
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Por se tratar de exercício profissional, ao violar tal atribuição, entendeu ser mais
“repróvável” a cónduta, incidindo majoração da pena.

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


ESTELIONATO
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis
a dez contos de réis.
• Objeto jurídico tutelado- Patrimônio, assim como nos outros delitos já
estudados.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
para a prática deste delito, portanto o crime é comum.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica e até mesmo ente
público, desde que suporte o prejuízo.
• Conduta- Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, consistirá naquele que
empregando meio astucioso, esperto, mentiroso, consegue que a vítima lhe
entregue algo, que se convalide em prejuízo de ordem patrimonial, ou seja, não

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há aqui, uma subtração, ou mesmo tomada a força, mas sim, a própria vítima do
delito voluntariamente decide entregar ao agente objeto que cause para aquela
prejuízo.
A doutrina ainda estabelece a diferença básica entre induzir que o agente cria uma
percepção falsa da realidade à vítima, já em manutenção a vítima já está equivocada, e o
agente se aproveita desta análise equivocada e aplica-lhe o golpe, mantendo aquela nesta falsa
percepção.
• Consumação e tentativa- Antes de falar na consumação e tentativa, é perceptível
que para o delito se consumar, é preciso que 3 elementos sejam devidamente
contemplados, caso contrário, não haverá o delito em questão, são:
➢ a)Fraude- Será a lesão patrimonial realizada por meio de engano, ou até mesmo
artifício, exemplo, o chamado golpe do bilhete premiado, o famoso sorteio da linha
telefônica, mas que para receber tem que ceder dados bancários.
➢ b)Vantagem ilícita, havendo vantagem devida do agente, o crime será o de
Exercício Arbitrário das Próprias Razões.
➢ c) Prejuízo alheio, só haverá o crime se a vantagem ilícita obtida pelo agente se
convalidar em prejuízo para a vítima, ou seja, nas palavras do professor Rogério
Sanches Cunha e Cezar Roberto Bittencourt, um não existe sem a outra.
O delito só será consumado após a efetiva obtenção de vantagem indevida. Como é crime
plurissubsistente, é admissível a tentativa.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade de induzir ou manter alguém
em erro a fim de obter a vantagem indevida, podendo esta ser convertida a si ou
a outrem.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o
juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
Trata-se de hipótese já trabalhada no delito de furto, portanto vide comentários
anteriores.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
coisa alheia como própria;
Aqui a ideia é punir aquele que vende, permuta, dá em pagamento, locação ou garantia
propriedade que não lhe pertence, ou seja, se porta como dono sem ser. Portanto, nas
palavras do professor Rogério Sanches Cunha, o DOLO deve também abranger a consciência
de que está dispondo de coisa alheia, ou seja, que não lhe pertence, logo, não poderia dispor
sobre o objeto material. É delito plurissubsistente, logo é admissível a tentativa, e se consuma
quando ocorrer o locupletamento do agente, ou seja, causar o dano dispensa-se a tradição, ou
o registro, a depender de bens móveis ou imóveis.
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;
A única diferença deste dispositivo para o anterior é que neste objeto material do delito
pertence ao próprio agente, no outro dispositivo pertence a terceiro. Mas nesse caso a
conduta se convalida porque o agente, ao praticar quaisquer das condutas descritas no núcleo
verbal incriminador, NÃO informou sobre os ônus que recaem sobre o bem (ou seja, silencia).

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Cumpre frisar que o DOLO consiste em não INFORMAR ao comprador quais são as restrições
do bem, para aí sim caracterizar a fraude.
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
objeto empenhado;
Nas palavras do professor Rogério Sanches Cunha, a defraudação de coisa, a ação
consiste em fraudar mediante alienação não consentida pelo penhor pignoratício, destruindo,
ocultando, abandonando a garantia pignoratícia. Deve o agente ter ciência de que a coisa tem
os efeitos do penhor, e que o credor não autorize esta conduta.
Aqui o delito é formal, já se consuma com alienação, independentemente de existir ou
não prejuízo para o credor.
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve
entregar a alguém;
Aqui a intenção do agente é clara, sabendo que deverá entregar algo a alguém, faz com
que este objeto esteja totalmente defraudado, ou seja, sem condições para o devido uso,
prejudicando o terceiro recebedor. Deverá ocorrer o prejuízo da vítima.
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE
SEGURO
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Primeiramente, deve-se observar que o sujeito ativo do delito é segurado, e o passivo a
seguradora, pois não se pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo de crime.
O delito é plurissubsistente, ou seja, admite a tentativa e é formal, ou de consumação
antecipada, o que significa que, empregando a fraude, o crime estará consumado, mesmo que
não haja o devido prejuízo a financeira.
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Maneira mais recorrente do crime que é a emissão de cheques sem fundos, ou frustrar o
pagamento deste. Já há a Súmula nº246 do STF que aponta ser imprescindível a comprovação
de fraude para a caracterização do delito.
Observa-se que o instituto do Arrependimento Posterior (Art. 16, CP) NÃO se aplica à
conduta, quando, houver reparação do dano antes do recebimento da inicial, pois, neste caso
segundo a Súmula nº 554 do STF, tal reparação OBSTARÁ A INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL.
Já a Súmula 521 do STF afirma que compete ao juízo da comarca em que houve a recusa do
cheque por insuficiência de fundos, processar e julgar o delito.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em
detrimento de entidade de Direito Público ou de instituto de
economia popular, assistência social ou beneficência.
Majorante da pena em 1/3 quando o sujeito passivo é entidade de Direito Público, ou
seja, que integra a Administração Pública direta e indireta.

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No estelionato previdenciário se discute se o crime é permanente ou instantâneo de


efeitos permanentes, dependerá da conduta, se for a de fraudar benefício, ou seja o agente
“burla” a lei para receber benefíció aó qual nãó disponha de direito, o delito é instantâneo de
efeitos permanentes; mas se for a conduta de receber benefício devido à pessoa que já faleceu,
a conduta será permanente, pois o agente recebe periodicamente o benefício de pessoa que
tem direito a este, mas de maneira indevida, pois, com a morte do beneficiário, não se pode
mais continuar a receber. Cumpre observar que neste último caso, recebendo diversas vezes,
haverá continuidade delitiva.
ESTELIONATO CONTRA IDOSO
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra
idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
Leia-se quando o sujeito passivo for pessoa com 60 anos ou mais na data da conduta.

Ação penal
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima
for:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)- Pacote Anticrime.
Com a aprovação do Pacote Anticrime, o delito de estelionato (Art. 171, CP), passa a ser
de Ação Penal Pública Condicionada à Representação (REGRA), ou seja, é aspecto BENÉFICO, e
aos fatos anteriores a sua vigência, deverão ser submetidos à condição específica de
procedibilidade, sob pena de incorrer em causa extintiva de punibilidade, prevista no Art.
107, IV, CP). A contagem de prazo de 6 meses deverá ser iniciada após a vigência desta lei, a
partir do dia 23 de janeiro de 2020 em diante. É preciso aguardar decisões jurisprudenciais
acerca da temática.
Porém, nas exceções deste parágrafo, o delito será processado mediante Ação Penal
Pública Incondicionada, que serão as seguintes situações:
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)- Pacote Anticrime.
Quando a vítima for Ente Público, o interesse é coletivo, logo a atuação do parquet será
ex officio.
II - criança ou adolescente;
Como se trata de pessoa que não dispõe de capacidade plena (regra), a atuação envolve
interesse público.
III - pessoa com deficiência mental; ou
Por razões de ser pessoa com fácil poder de ser lesada, enganada, o interesse será
público para atuação.
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Questões que geralmente estão atreladas com práticas de violência doméstica, logo, a
atuação será ex officio do parquet.

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DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
• Objeto jurídico tutelado- O objeto jurídico tutelado é o patrimônio e,
obviamente, não podemos descartar a própria administração da justiça, pois a
ação do receptador embaraça a atuação desta.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, porém, não pode ser aquele que contribuiu para
a prática da infração penal anterior, ou seja, coautor e partícipe de crime
anterior.
• Sujeito Passivo- Será o mesmo do delito antecedente, ou seja, aquele que teve o
patrimônio lesado por um furto continuará sendo o sujeito passivo de delito.
• Conduta- O professor Rogério Sanches Cunha alerta para a observação
doutrinária acerca do delito, pois este está dividido em receptação própria e
imprópria. Na primeira situação, o agente que sabe ser a coisa proveito de crime
praticar uma das condutas de adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar. Já na imprópria quando o agente, sabendo que a coisa é produto de
crime influencia terceiro de boa-fé, adquira, receba ou oculte a coisa produto de
crime, ou seja, o agente atua no sentido de indicar o produto ilícito a terceiro
adquirente e este acaba por boa-fé fazendo a aquisição. O STF entende que só
coisa móvel poderá ser objeto material do delito em questão.
• Elemento subjetivo- DOLO, devendo o agente ter CERTEZA acerca da origem
criminosa da coisa, em caso e dúvida, a depender do preenchimento dos demais
elementos, haverá crime na forma culposa, que estudaremos mais a frente.
• Consumação e tentativa- Na modalidade de receptação própria, o delito é
material, ou seja, quando o agente fica com a pronta disponibilidade da coisa,
haverá o crime em questão. É preciso observar que há condutas permanentes
(transportar, ocultar, conduzir), ou seja, enquanto praticadas, haverá flagrante
delito. Na modalidade imprópria, o crime será sem sombra de dúvidas formal,
ou seja, a mera influência já caracteriza o delito, mesmo que o terceiro não
adquira o objeto.
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber
ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Trata-se aqui de uma qualificadora do delito, e que traz como sujeito ativo pessoa que
exerça atividade comercial ou industrial, ou seja, o delito é PRÓPRIO, lembrando que estas
atividades também poderão ser exercidas de maneira clandestina, inclusive em interior de
residência.

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Para a maioria da doutrina, a expressão deve saber, engloba aquele que sabe da origem
ilícita ou que deveria saber, pois se trata aqui de uma maneira mais severa de punir o delito
por envolver aquisições para comercialização ou trabalhos industriais.
O STJ entende que o princípio da insignificância e os benefícios da suspensão
condicional do processo NÃO SÃO CABÍVEIS nesta qualificadora.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo
anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996)
Dispositivo que explica elementar da qualificadora tratada anteriormente.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O crime em caráter excepcional poderá ser praticado a título de CULPA, desde que
preenchidos os requisitos do dispositivo legal, que são: adquirir ou receber coisa que pela
natureza, valor do preço e condição de quem oferece, presume-se ser de origem proveniente
de crime. A maioria da doutrina afirma NÃO haver necessidade de esses requisitos estarem
cumulados para a concessão do benefício, porém, é preciso atentar para o caso em concreto
em questão.
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de
pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Como se trata de crime acessório, a receptação poderá ser punida mesmo que NÃO
HAJA apuração do delito anterior, e quando trata neste aspecto, entende-se no contexto
completo da persecução criminal, ou seja, tanto na fase de investigação quanto no processo.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
A primeira parte trata do perdão judicial, cabível apenas se o delito for praticado na
modalidade CULPOSA. Já a segunda parte trata-se do crime doloso e preenchidos os requisitos
legais, trata-se obviamente da forma PRIVILEGIADA do delito. Esses requisitos já foram
estudados no furto privilegiado.
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)
O professor Rogério Sanches Cunha chama a atenção que aqui haverá hipótese de
causa de aumento de pena ou majorante, embora, há doutrinadores que falem em
qualificadora. Essa majorante se aplica se a receptação atingir como objeto material de delito
patrimônio pertencente à Administração Pública, tanto direta quanto indireta, ainda, valendo
para empresa concessionária de serviços públicos.

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RECEPTAÇÃO DE ANIMAL
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 13.330, de 2016)
É a modalidade semelhante ao delito estudado anteriormente, mas nesse caso, trata-se
da conhecida RECEPTAÇÃO DE ANIMAL, geralmente, proveniente do ABIGEATO, já estudado
no furto. Aqui a mudança é em relação à pena, pois, em regra, não admite suspensão
condicional do processo, e que o objeto material do delito se trata de semovente.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de
2003)
São as chamadas escusas absolutórias, hipóteses em que, por previsão legal nos delitos
em que tiver crimes patrimoniais, não haverá pena, porém, são escusas absolutas as contidas
neste artigo.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
Nesse caso, o delito deverá ocorrer enquanto existir a sociedade conjugal, mesmo que
haja separação de fato, se houver separação judicial não haverá a escusa. Aqui já se entende
que aquele que vive em União Estável também poderá valer-se do instituto.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
ilegítimo, seja civil ou natural.
Aqui é o dispositivo o mais abrangente possível, pois comporta os parentes em linha
reta, sem grau de limitação e independemente de natureza de parentesco.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime
previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº
10.741, de 2003)
Nesse caso, haverá uma espécie de escusa relativa, pois, para que haja ação penal
subsequente, deverá existir representação (condição de procedibilidade) da vítima.
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
O que existe no artigo anterior se aplica aqui, mas em vez de ser isenção de pena, trata-
se de uma condição para o início da persecução criminal.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Relativo a irmão, sendo a expressão criticada pela doutrina.
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Quando se trata de tio e sobrinho, haverá a exigência de coabitação, devendo esta ser
de forma duradoura, e não passageira.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;

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É inaplicável qualquer das escusas anteriormente estudadas se houver delitos em que


haja emprego de violência ou grave ameaça à pessoa.
II - ao estranho que participa do crime.
Havendo concurso de pessoas ou de agentes, o que participar do delito e NÃO tiver
grau de parentesco com a vítima NÃO PODERÁ obter tais escusas, pois NÃO se comunicam as
circunstâncias de caráter especial, SALVO quando ELEMENTARES DO CRIME.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741,
de 2003)
Vedação expressa do Estatuto do Idoso. Cumpre frisar que aqui NÃO há vedação dos
crimes que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher, portanto, HAVERÁ
escusa nestes delitos.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os delitos contra a Administração Pública foram divididos em 4 grupos:
➢ A) Crimes praticados pelos próprios funcionários contra a Administração Pública,
chamados também de crimes funcionais. Vejamos a seguir o conceito de
funcionário público extraído do Art. 327, CP:
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
nº 6.799, de 1980)
➢ B) Crimes praticados por particulares contra a Administração Pública;
➢ C) Crimes praticados por particular contra a administração estrangeira;
➢ D) Crimes praticados contra a administração da justiça.
Antes de estudarmos os delitos em questão, versaremos sobre alguns pontos de
convergência entre esses delitos:
• Bem jurídico protegido- como se trata de crime contra Administração Pública, a
doutrina é uníssona em apontar que será a Administração Pública, no seu
interesse patrimonial e moral, o bem a ser tutelado. Porém, bem leciona o
professor Cézar Roberto Bitencourt que o regular funcionamento da
Administração Pública será o objeto jurídico genérico, e as lesões que
porventura o particular venha a sofrer, ou até mesmo o próprio funcionário
público ao exercer suas funções regularmente, será o objeto jurídico específico.

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• Sujeito Ativo- os delitos funcionais, ou seja, aqueles praticados por funcionário


público no exercício funcional, ou pelo menos em razão desta atividade, o delito
será próprio, pois se exige qualidade especial do sujeito ativo. Quando
estivermos diante dos crimes praticados por particulares, geralmente serão
comuns, pois qualquer pessoa poderá praticá-los.
• Sujeito passivo- como se trata de crime contra a Administração Pública, esta
será sempre lesada, sendo obviamente o sujeito passivo primário, até por ser
este responsável pelo exercício do poder punitivo, mas o particular, ou o
próprio funcionário público, poderão vigorar como sujeito passivo dos delitos
de maneira secundária.
Iremos analisar por bloco os principais delitos, iniciando pelos delitos funcionais.

DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA


A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PECULATO APROPRIAÇÃO/DESVIO
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
No caput, trata-se da hipótese do peculato apropriação (1ª parte), peculato desvio (2ª
parte), que pressupõe obviamente que o funcionário público esteja com a posse lícita do bem,
valor, em razão do cargo, sendo que:
• Conduta- consistirá em praticar comportamento como se fosse o dono do valor
ou do bem, ou seja, não tem o zelo em guardar a coisa pública, e sim, passa a tê-
la como se fosse um objeto próprio, tendo acesso, claro pelo cargo público que
exerce, sendo indispensável esta ligação entre o acesso ao bem, vinculado ao
cargo público exercido. Em termos gerais, o professor Cézar Roberto Bitencourt
deixa claro que é indispensável que o funcionário público tenha acesso a coisa
ou valor que será objeto material do delito por razões funcionais, ou seja, pelo
desempenho das funções exercidas. Já na modalidade de peculato desvio, o
funcionário público desvia a finalidade do bem para satisfazer interesse próprio
ou alheio. Exemplos: um funcionário público recebe notebook para trabalhar na
repartição pública e, cumprir suas tarefas, decide levar para sua casa e usá-lo
para atividades pessoais.
• Objeto material- será valor ou qualquer outro bem móvel, que pode ser da
própria Administração Pública ou de particular, como deixa clara a redação do
caput do artigo supramencionado.
• Consumação e tentativa- a depender da conduta, no peculato apropriação,
quando ocorrer a inversão da posse e passar a se portar como se fosse dono; já
no desvio, quando o funcionário da destinação diversa do bem público, valor, ou
coisa. É cabível a tentativa, afinal, mesmo sendo de difícil constatação, é possível
que não se consuma o fato por circunstâncias alheias à vontade do agente.
• É possível haver concurso de pessoas com particular, neste caso, as condições
especiais de funcionário público serão transmissíveis a coautores e partícipes,
desde que o particular conheça esta condição especial (Art. 30, CP).

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• Elemento subjetivo- DOLO, de se apropriar, desviar o valor ou bem de que tem


acesso em razão do cargo. Mo próximo parágrafo, será o de subtrair o valor ou
bem de quem tem acesso.
PECULATO FURTO
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Nesta hipótese, ocorrerá a seguinte diferença:
• Conduta- aqui o funcionário público não detém a posse do bem, mas decide
subtraí-lo. Essa conduta, por sua vez, será facilitada em razão do cargo funcional
exercido pelo funcionário, que também poderá concorrer para que outrem faça
a subtração.
PECULATO CULPOSO
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
Nesta modalidade será cabível reparação do dano até a sentença irrecorrível, sendo essa
medida extintiva de punibilidade, e em relação ao elemento subjetivo:
• Elemento Subjetivo- CULPA, neste caso, será incabível tentativa, o agente apenas
concorre por meio das modalidades de culpa para que outrem pratique um
delito contra a Administração Pública.
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Em termos gerais, tudo que se disse no artigo anterior se aplica aqui, com as seguintes
ressalvas:
• Conduta- se nas hipóteses anteriores existia a posse do bem pelo funcionário
público, ou a subtração de bem ao qual o cargo lhe proporciona o acesso, nesta
modalidade, o funcionário não tem a posse do bem, mas sim, recebeu por
equívoco de outrem e decidiu assim se apropriar. O exemplo clássico seria um
caixa de empresa pública que o cliente vai pagar um boleto e acaba dando valor
maior do que o devido no título, e o funcionário, percebendo isto, acaba ficando
com o valor excedente.
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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Muitos confundem esse crime com o peculato, mas a diferença estará na finalidade, ou
melhor, no elemento subjetivo acrescido da finalidade:
• Conduta- o professor Cézar Roberto Bitencourt deixa claro que neste tipo penal
haverá a conduta de emprego irregular de verbas, que já dispõe previsão
orçamentária, em desacordo com a lei orçamentária especial, ou seja,
basicamente é ordenar uma despesa com finalidade distinta, mas ainda no
próprio campo da Administração Pública. Já, no peculato, o proveito será o
desvio, furto, apropriação própria; nas duas primeiras condutas também para
terceiro. Por isso, a conduta aqui é passível de responsabilidade criminal, mas
com pena bem aquém, se comparada com o peculato já estudado.
CONCUSSÃO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

• Conduta- consistirá na exigência de vantagem indevida, que o funcionário


público realiza para deixar de praticar ato funcional, ou até mesmo praticá-lo, é
a verdadeira imposição de vantagem indevida como condição de ato funcional
(praticar ou omitir). A exigência poderá ser para si ou terceiro, essa vantagem é
tudo aquilo que não dispuser de previsão legal como consequência normal pela
prática do ato, trata-se de CRIME FORMAL, pois, mesmo que não se convalide a
vantagem, mas se já existiu a exigência, resta consumada a conduta delitiva. Não
se confunde com a corrupção passiva. Nesse delito, haverá uma solicitação,
recebimento ou aceitação de vantagem indevida.
• Objeto material- idem ao do peculato.
• Consumação e tentativa- haverá a consumação do delito mesmo que não ocorra
a vantagem indevida, pois o que se trata é que a simples prática da conduta de
exigir já caracteriza o delito em questão.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de exigir a
vantagem indevida como condição à prática do ato funcional ou seu
descumprimento.
EXCESSO DE EXAÇÃO
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe
ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Nessa modalidade, a diferença se resume à forma como o tributo ou a contribuição social
são exigidos. Aqui o funcionário público aplica meio vexatório e gravoso, ou seja, formas não
abrangidas em lei.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Muitos confundem este dispositivo com o peculato, mas a diferença reside no fato de que
a posse no peculato deverá ser LÍCITA. Aqui, já se inicia uma posse viciada, ou seja, não era

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para o funcionário público estar em poder deste valor, então, se recebe indevidamente, a
elementar do peculato não existe, migrando a conduta para o dispositivo em questão.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
A grande diferença deste artigo para o anterior reside na conduta:
• Conduta- aqui, o funcionário público, solicita, recebe, ou aceita promessa de
vantagem indevida. No crime anterior, existe a EXIGÊNCIA. A conduta deve estar
acrescida do vínculo funcional exercido ou em razão dele.
• Objeto material- idem ao do peculato.
• Consumação e tentativa- admite a tentativa, por exemplo, de forma escrita, mas
o crime é também aqui formal, ou seja, mesmo que a vantagem não se
concretize, haverá o delito em questão.
• Elemento Subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de
solicitar, receber ou aceitar a promessa de vantagem indevida para a prática do
ato funcional.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Causa de aumento de pena, de maneira racional, o legislador concedeu gravidade maior
à conduta daquele que deixa de praticar ato funcional por causa da vantagem.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Espécie de privilégio no delito, aqui, o funcionário cede à prática do ato, não por razões
de vantagem indevida, mas sim, por pedido ou influência de outrem, não se confunde com o
delito de prevaricação, exposto adiante:
PREVARICAÇÃO
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público,
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
• Conduta- será ausência de prática do ato legal, ou retardamento indevido, ou
praticá-lo contra previsão legal, por mero capricho ou interesse pessoal, ou seja,
a conduta, aqui, não será ceder a pedido de terceiros ou por motivação de
vantagem indevida, mas sim por motivações pessoais do próprio funcionário
público.

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FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO


Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

• Conduta- ocorrerá quando o funcionário público facilita a entrada de


contrabando ou descaminho, infringindo seu dever funcional, só incidindo nesta
modalidade aquele funcionário que detém competência legal para impedir e
combater o contrabando e o descaminho.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando
lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
• Conduta- neste caso, a Administração Pública está punindo aquele funcionário
que é leniente em punir o colega de trabalho, ou seja, não responsabilizar aquele
que acaba de infringir dever funcional de responsabilizar o dano ao serviço
público praticado por outro funcionário. Se o funcionário não tiver competência
legal, que faça por meio legal que o responsável tome conhecimento da infração
para o cabimento de punição do funcionário público em questão.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
• Conduta- neste delito o funcionário público age, de maneira clara, a defender
interesses privados ao invés do público e, para isso, utiliza-se do cargo, ou seja,
aproveitando das influências que dispõe no serviço público com colegas de
trabalho e demais funcionários, atua no sentido de que a satisfação do interesse
público seja deixada de lado para que o interesse privado prevaleça.

DOS CRIMES PRATICADOS POR


PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
• Conduta- agora se tem de fato pessoa que não é funcionário público para fins
legais e que começa a praticar atos como se o fosse, ou seja, na realidade o delito
consiste em fraudar, tomar violentamente, gozar de status de funcionário sem o
ser. Em termos genéricos, o sujeito ativo se intromete de forma ilegítima em
uma função para a qual não tem competência. É preciso observar que é

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indispensável que o agente invoque falsamente ser funcionário e pratique ato


relacionado à suposta função pública que dispunha, sob pena de o fato ser
ATÍPICO.
• Sujeito ativo- muda-se o objeto, os delitos agora passam a ser comuns, pois
qualquer pessoa poderá praticar.
• Sujeito passivo- Administração Pública.
• Elemento subjetivo- DOLO, na vontade livre e consciente de praticar ato
funcional sem ter atribuição legal, e não pertencer aos quadros funcionais.
• Qualificadora do crime- o §1º traz a espécie qualificada do crime, é quando o
sujeito ativo, além de usurpar a função, consegue auferir vantagem.
RESISTÊNCIA
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
• Conduta- consiste em se opor à ordem de funcionário público, essa ordem deve
ser legal, e a oposição mediante violência, ou ameaça, devendo ser uma oposição
ativa, se for passiva, não caracteriza o delito em questão.
• Sujeito passivo- Administração Pública e também o funcionário público que
sofre a violência ou grave ameaça para não cumprir o ato legal. É preciso que o
funcionário público disponha de qualidade para exarar o ato.
• Consumação e tentativa- é cabível a tentativa, e o crime será formal; havendo a
violência ou grave ameaça, o crime resta configurado, mesmo que haja a prática
do ato.
DESOBEDIÊNCIA
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
• Conduta- diferentemente da resistência, aqui o delito se consumará quando for
praticada a conduta que deixa clara a intenção de desobedecer à ordem legal de
funcionário público, ou seja, desatender à ordem. A ordem deve partir de
funcionário público, este sendo o competente para tal conduta, sob pena, de
nulidade do delito.
DESACATO
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou
em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
• Conduta- ação consistente em desrespeitar, ofender, menosprezar, denegrir o
funcionário público no exercício funcional, podendo ser praticado por palavra,
ato, gesto, grito agudo, ou seja, desde que haja intenção inequívoca de desprezar
atividade do funcionário público. A diferença para a resistência é que neste
delito exige-se a violência ou grave ameaça como forma de cometimento do
delito; no desacato existe o insulto, mas sem caracterizar a ameaça ou violência
física.

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CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
• Conduta- tipo penal que consiste em oferecer, prometer, vantagem indevida, a
funcionário público, para que este pratique, retarde, omita ato funcional. Sendo
um delito que se completa com a corrupção passiva, pois a corrupção segundo a
criminologia é delito de mero consenso, pois deverá haver um corruptor e um
que se corrompe, com revestimento bilateral, em alguns casos. Afinal, já vimos
que a corrupção passiva é delito formal, e o recebimento é mero exaurimento do
delito.
• Consumação e tentativa- embora se trate de crime formal, o crime poderá ser
tentado, na forma escrita, por exemplo.

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA


DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação
dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de
anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.
• Conduta- consiste em dar causa a instauração de investigação policial, processo
judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa, contra qualquer pessoa, realizando a imputação de CRIME,
sabendo que a pessoa é inocente. Jamais ocorrerá este delito se houver a
imputação mediante BOA-FÉ, que significa erro de avaliação ou equívoco, pois
se retira aí o elemento subjetivo da conduta delitiva.
• Elemento subjetivo- é indispensável que o agente tenha consciência de que a
pessoa que receba a imputação é de fato INOCENTE, sob pena de não se atentar
para a finalidade específica exigida pelo delito em questão. Só ocorrerá o crime a
título de DOLO.
• Elementar normativa do tipo- sabe ser inocente, como já foi exposto, se houver
dúvida ou imputação de boa-fé, não haverá o delito em questão.
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
verificado:

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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


• Conduta- será punível a conduta daquele que provoca a ação da autoridade
comunicando a existência de crime ou contravenção penal, sabendo que
nenhum fato existiu. A diferença para o delito anterior é que lá se imputa fato
delitivo à pessoa que sabe ser inocente, aqui o fato sequer ocorreu e não precisa
imputar a ninguém, mas tão somente provocar atuação das autoridades
responsáveis na seara criminal.
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
§ As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é
1o
praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
processo civil em que for parte entidade da Administração Pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
• Conduta- o delito ocorrerá de 3 maneiras diferentes: afirmar falsamente, negar
ou calar a verdade, a primeira mentindo sobre o que sabe; a segunda negando
fato ou situação que deve ficar claro em fase de depoimento testemunhal; a
última praticando conduta omissiva, ou seja, calando-se sem revelar o que sabe.
• Sujeito ativo- será crime de mão própria, pois só poderá cometer a conduta
aquele que está arrolado como testemunha, tradutor, perito, intérprete, e só
admite participação de terceiros, jamais coautoria de terceiros.
O §1º traz a hipótese de majorante de pena, quando ocorrer suborno com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou cível, em que a Administração
Pública direta ou indireta for parte.
O §2º traz a hipótese em que se exclui a punibilidade do agente, quando este realiza a
retratação no processo pelo qual realizou o falso, antes de proferimento de sentença.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela
Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se
o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir
efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte
entidade da Administração Pública direta ou indireta. (Redação
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

• Conduta- assemelha-se com a corrupção ativa, mas nesse caso ocorrerá o delito
em questão quando houver oferecimento de dinheiro ou outra forma de
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor, intérprete para que este
realize o falso. Observa-se que aqui haverá uma exceção à teoria monista ou

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unitária do concurso de pessoas. Havendo delitos distintos para aquele que


presta depoimento falso e o que oferece, dá ou promete vantagem indevida para
que seja realizado o falso testemunho.

EXERCÍCIOS
1. No que se refere aos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor
Público
a) Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino, como quando o crime envolve a violência doméstica e
familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher.
b) A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se o
agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as
consequências do seu ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante.
c) Em se tratando de homicídio doloso simples, o juiz poderá deixar de aplicar a pena
caso as consequências da infração atinjam o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
d) A pena do feminicídio poderá ser aumentada se o crime for praticado durante a
gestação ou nos seis meses posteriores ao parto.
e) Se o agente cometer o crime de homicídio qualificado sob violenta emoção, logo após
injusta provocação da vítima, o juiz deve considerar essa circunstância como atenuante
genérica na aplicação da pena.

A alternativa correta é a letra A. Conforme previsão legal do Art. 121, §2º, VI


C/C §2º-A, ambos do CP.

2. Mariana, menor de 13 anos, grávida de 2 meses, pretende realizar aborto por não
desejar a criança, uma vez que não sabe quem é o pai do bebê concebido. Maridete,
parteira conhecida da família de Mariana, realiza o aborto com autorização da menor. A
conduta de Maridete, ao provocar o aborto, é passível de pena de:
Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TST Prova: FCC - 2017 - TST - Técnico Judiciário – Segurança Judiciária

a) detenção de um a quatro anos.


b) detenção de três a dez anos.
c) reclusão de três a dez anos.
d) reclusão de um a três anos.
e) reclusão de quinze a vinte anos.

A alternativa correta é letra C. Afinal, a gestante que dispõe de 14 anos, não


dispõe de capacidade para consentir a prática do aborto, logo, Maridete responderá
pelo delito do Art. 125, CP, cuja pena será de reclusão de 3 a 10 anos.

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3. Julgue o item seguinte, relativa a puerpério e infanticídio.


Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PEFOCE Prova: CESPE - 2012 - PEFOCE - Médico -
Perito Legista
O crime de infanticídio é caracterizado pela exposição ou pelo abandono de recém-nascido
pela mãe, movida pelo estado puerperal, para ocultar a desonra própria.
( ) CERTO ( ) ERRADO.
Alternativa ERRADA. O infanticídio previsto no Art. 123, CP, é a conduta que
consiste em matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob efeito do
estado puerperal, e não para ocultar desonra própria, abandonar o filho recém-
nascido.

4. Micaela, de 19 anos de idade, após manter um relacionamento ocasional com Rodrigo,


de 40 anos de idade, acaba engravidando. Após esconder a gestação durante meses de
sua família e ser desprezada por Rodrigo, que disse que não assumiria qualquer
responsabilidade pela criança, Micaela entra em trabalho de parto durante a
40a semana de gestação em sua residência e sem pedir qualquer auxílio aos familiares
que ali estavam, acaba parindo no banheiro do imóvel. A criança do sexo masculino
nasce com vida e Micaela, agindo ainda sob efeito do estado puerperal, corta o cordão
umbilical e coloca o recém-nascido dentro de um saco plástico, jogando-o no lixo da rua.
O bebê entra em óbito cerca de duas horas depois. Neste caso, à luz do Código Penal,
Micaela cometeu crime de:
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: AL-MS Prova: FCC - 2016 - AL-MS - Agente de Polícia
Legislativo
a) homicídio culposo.
b) homicídio doloso.
c) aborto.
d) lesão corporal seguida de morte.
e) infanticídio.

A alternativa correta é letra E. Afinal, a conduta praticada por Micaela se


amolda perfeitamente ao que está previsto no Art. 123, CP.

5. De acordo com o Art. 129 do Código Penal brasileiro, lesão corporal é a ofensa à
integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser classificada em leve, grave ou
gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas abaixo.
Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: POLITEC - AP Prova: FCC - 2017 - POLITEC - AP -
Perito Médico Legista - Especialização em Psiquiatria
I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias serão consideradas graves.
II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão
consideradas graves.
III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.
IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.

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Está correto o que se afirma em:


a) I, II, III e IV.
b) I, apenas.
c) IV, apenas.
d) III, apenas.
e) I e III, apenas.

A alternativa correta é letra B, conforme estipula o Art. 129, 1º, I, CP.

6. Um indivíduo negro, síndico do edifício onde morava, ao flagrar um morador na piscina


do bloco com um recipiente de isopor cheio de bebidas alcoólicas — atitude que afronta
a norma regimental proibitiva do condomínio —, recriminou-o, dizendo simplesmente:
“– vócê nãó póde fazer issó!”. Enfurecidó, ó móradór retrucóu a admóestaçãó,
proferindo ofensas relativas à raça e à cór dó síndicó, cóm a seguinte frase: “– Negro
safadó e fedidó, vólte para a África, que é seu lugar!”. A ófensa fói próferida em vóz alta,
na presença de vários condôminos que usufruíam da área de lazer. Nessa situação, a
conduta do morador configura hipótese de:
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: SERES-PE Prova: CESPE - 2017 - SERES-PE - Agente
de Segurança Penitenciária
a) injúria qualificada por conotação racial.
b) crime contra a honra sujeito a ação penal pública incondicionada.
c) crime contra a honra sujeito à exceção da verdade.
d) difamação, razão por que ele estará isento de pena caso se retrate antes de proferida a
sentença.
e) retorsão imediata, razão por que ele não poderá ser punido.

A alternativa correta é letra A. O exemplo da questão se enquadra


perfeitamente na conduta descrita no Art. 140; §3º, CP.

7. Com base no Código Penal, em relação aos crimes contra a liberdade pessoal e aos
crimes contra o patrimônio, considera-se:
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: TRT - 1ª REGIÃO (RJ) Prova: FCC - 2016 - TRT - 1ª
REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto
a) “furtó de cóisa cómum” a subtraçãó, para si ou para outrem, de bem móvel fungível que
esteja armazenado, juntamente com outros assemelhados, em local de guarda
compartilhada.
b) “furtó qualificadó” a subtraçãó, para si óu óutrem, de cóisa alheia móvel, desde que
praticada por quadrilha.
c) “róubó”, a subtração de coisa alheia móvel, para si ou outrem, quando praticada contra
pessoa incapaz ou menor de 14 anos, presumindo-se o emprego ao menos de grave
ameaça, salvo prova em contrário.
d) “cónstrangimentó ilegal” a prática de qualquer ató que, após haver reduzido a
capacidade de resistência de alguém, lhe constrange a não fazer o que a lei permite ou
a fazer que ela não manda.

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e) “extórsãó indireta” ameaçar alguém, pór palavra, escritó óu gestó, óu qualquer óutró
meio simbólico, de causar mal injusto e grave, com o objetivo de atingir fim ilícito que
beneficie terceiro.

A alternativa correta é letra D. A conduta descrita como constrangimento


ilegal se encaixa perfeitamente no Art. 146, CP.

8. Antônio e Breno, bacharéis em direito, fazendo-se passar por oficiais de justiça,


compareceram em determinada joalheria alegando que teriam de cumprir mandado
judicial de busca e apreensão de parte da mercadoria, por suspeita de crime tributário.
Para não cumprir os mandados, solicitaram a quantia de R$ 10.000, que foi paga pelo
dono do estabelecimento. Nessa situação, Antônio e Breno responderão pelo crime de:
Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial de Justiça
- Avaliador
a) concussão.
b) corrupção ativa.
c) corrupção passiva.
d) usurpação de função pública.
e) tráfico de influência.

A alternativa correta é letra D. Afinal, conforme estipula o Art. 328, CP,


Antônio e Breno atuaram no sentido de se passarem por funcionários públicos para
adquirirem o valor desejado do dono da joalheria.

9. Segundo o Código Penal, a conduta praticada por funcionário de exigir contribuição


social ou tributo que sabe ou deveria saber indevido, constitui crime conhecido como:
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2019 - DPE-AM - Analista Jurídico
de Defensoria - Ciências Jurídicas
a) concussão direta.
b) concussão indireta.
c) excesso de exação.
d) concussão implícita.
e) excesso de tributação.

A alternativa correta é a letra C. A conduta descrita na questão se encaixa


perfeitamente no Art. 316, §1º, CP.

10. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Paulo em razão de ele, mediante grave
ameaça exercida com o emprego de arma de fogo por um comparsa não identificado, ter
subtraído de uma pessoa R$ 80 e um aparelho celular que custava R$ 700. Perseguido
por populares, Paulo foi preso com os produtos do crime. Não houve apreensão da arma
utilizada no crime. Após confissão espontânea do crime, Paulo foi condenado à pena
mínima pela prática do crime de roubo simples, pois, na sentença, alegou-se que a arma
de fogo não havia sido utilizada pelo réu nem apreendida à época dos fatos. Tanto o
Ministério Público quanto a defesa, no entanto, recorreram da sentença: o Ministério
Público requereu o reconhecimento das qualificadoras de concurso de pessoas e
emprego de arma de fogo; a defesa, por sua vez, requereu o reconhecimento da
tentativa e a aplicação de pena aquém do mínimo, alegando atenuante da confissão

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espontânea e aplicação do princípio da insignificância. Com referência a essa situação


hipotética, assinale a opção correta.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito
Substituto.
a) O recurso ministerial não merece provimento, porque é indispensável o exame de
eficiência da arma utilizada no crime para o reconhecimento da qualificadora do
emprego de arma de fogo.
b) Quanto ao recurso ministerial, deverá ser reconhecida apenas a qualificadora do
concurso de pessoas, pois o uso de arma de fogo não pode ser imputado a quem não a
portava.
c) Como a confissão espontânea foi reconhecida na sentença, a pena poderá ser minorada
para aquém do mínimo legal.
d) Quanto ao recurso da defesa, é inadmissível o reconhecimento da tentativa, pois, para
consumação do crime de roubo, é prescindível posse mansa e pacífica do bem
subtraído.
e) Aplica-se ao caso o princípio da insignificância, em razão de o valor total dos bens
subtraídos ser inferior a um salário mínimo.

A alternativa correta é a letra D. Segundo leciona a doutrina e também é


pacífico o entendimento no STJ, de que para a consumação do delito de roubo,
dispensa-se a posse mansa e pacífica da res furtiva, bastando apenas a inversão da
posse do objeto material, embora que de maneira transitória, para a consumação
do crime.

11. Antônio estava em uma festa, acompanhado de amigos e de Maria, sua esposa. Depois
de consumir uma grande quantidade de bebida alcóolica, ele decidiu furtar o celular
que estava sobre a mesa. Antônio, que acreditava que o objeto era de propriedade de
algum desconhecido — na verdade, o aparelho era de Maria —, sorrateiramente o
colocou no bolso. Passados alguns minutos, tendo percebido que o aparelho estava
quebrado, arrependido, ele decidiu deixar o aparelho dentro do banheiro, com a
esperança de que o proprietário do celular o recuperasse. Após isso, retornou para sua
casa. Considerando que a conduta de Antônio tenha sido descoberta e denunciada à
polícia, assinale a opção correta.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito
Substituto.
a) Antônio responderá pelo crime de furto, mas sua pena será reduzida em razão da
absoluta impropriedade do objeto.
b) A pena de Antônio será reduzida por ter ele se arrependido da subtração e deixado o
aparelho no banheiro, com intuito de que o proprietário do bem o recuperasse.
c) A pena será agravada em razão de a vítima ser esposa do agente.
d) A pena será atenuada, por ter Antônio procurado por sua espontânea vontade e com
eficiência, logo após o crime, evitar as consequências de sua conduta.
e) Antônio responderá por crime de furto consumado.

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A alternativa correta é a letra E. Sem dúvida alguma, o fato de Antônio ter


deixado o celular no banheiro para posterior recuperação do dono, não obsta a
consumação do delito, nem tampouco o fato de ter subtraído celular da própria
esposa pensando ser de outra pessoa o isentará de responsabilidade penal.

12. Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral é
correto afirmar que:
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: Câmara de Fortaleza - CE Prova: FCC - 2019 - Câmara de
Fortaleza - CE - Consultor Técnico Jurídico
a) configura crime desacatar instituição pública federal ou estadual.
b) comete o crime de prevaricação o funcionário público que se apropria de dinheiro, de
que tem a posse em razão do cargo.
c) se o agente solicita para si vantagem indevida em razão da função pública, mas não a
recebe, o fato resta atípico.
d) configura corrupção passiva exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
em razão da função pública, vantagem indevida.
e) é advocacia administrativa patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

A alternativa correta é letra E. A conduta descrita nesta alternativa se


enquadra perfeitamente no Art. 321, CP.

13. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre os crimes contra o
patrimônio:
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: MPE-MT Prova: FCC - 2019 - MPE-MT - Promotor de
Justiça Substituto
a) o sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial torna impossível a configuração
do crime de furto, em razão da absoluta ineficácia do meio.
b) consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo imprescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.
c) no caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes
do recebimento da denúncia extingue a punibilidade.
d) não configura o delito de extorsão (Art. 158 do Código Penal) a conduta do agente que
submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e
compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida.
e) o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes.

A alternativa correta é a letra E. Toda decisão judicial deverá ser


fundamentada por imposição constitucional, sob pena de nulidade.

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14. Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Código Penal, julgue o item
subsecutivo.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor
Público
Segundo o STJ, a previsão legal do crime de desacato a funcionário público no exercício da
função não viola o direito à liberdade de expressão e de pensamento previstos no Pacto de São
José da Costa Rica.
( ) CERTO ( ) ERRADO.
A alternativa está CORRETA. Em dispositivo algum o Pacto de San José da
Costa Rica proíbe a criminalização da conduta de desacato, logo, o ato não se
reveste de legalidade, sendo passível de responsabilidade criminal.

GABARITO
1. A
2. C
3. E
4. E
5. B
6. A
7. D
8. D
9. C
10. D
11. E
12. E
13. E
14. C

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