Dir Penal
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 10
DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL ........................................................................................................................ 10
CONCEITO DE DIREITO PENAL ..................................................................................................................... 10
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 11
FONTES DO DIREITO PENAL ............................................................................................................................. 11
FONTE MATERIAL ........................................................................................................................................ 11
FONTE FORMAL ........................................................................................................................................... 12
FORMAL IMEDIATA .................................................................................................................................. 12
FORMAL MEDIATA ................................................................................................................................... 12
PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DIREITO PENAL............................................................................................. 13
CONCEITO DE PRINCÍPIO ............................................................................................................................. 13
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.................................................................................................................... 13
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE...................................................................................................................... 13
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL ................................................................................................................ 14
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL ........................................................................................ 15
PRINCÍPIO DA FORMALIDADE DA NORMA .............................................................................................. 16
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DA NORMA .............................................................................................. 16
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................... 17
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 18
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA ........................................................................................... 22
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA ......................................................................................... 23
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 23
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE .................................................... 24
PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS .......................................................................................... 25
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA .................................................................................................... 25
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 26
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU NECESSIDADE ............................................................................... 26
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE....................................................................................................... 27
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 27
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE/ALTERIDADE/ TRANSCENDENTALIDADE ...................................................... 28
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 29
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL OU HISTÓRICA................................................................................ 29
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 30
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIME DE BAGATELA ..................................................................... 31
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 33
DO CRIME ........................................................................................................................................................ 83
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................... 83
CONCEITO DE CRIME ................................................................................................................................... 83
ASPECTO MATERIAL ................................................................................................................................ 84
ASPECTO FORMAL/LEGAL........................................................................................................................ 84
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME ............................................................................................................. 86
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 87
FATO TÍPICO ................................................................................................................................................. 89
CONDUTA ................................................................................................................................................ 90
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO ......................................................................................................... 91
CRIME DOLOSO........................................................................................................................................ 92
TEORIAS DO DOLO ................................................................................................................................... 92
ESPÉCIES DE DOLO ................................................................................................................................... 92
CRIME CULPOSO ...................................................................................................................................... 95
ESPÉCIES DE CULPA ................................................................................................................................. 95
DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE ................................................................................................. 96
COMPENSAÇÃO DE CULPAS .................................................................................................................... 97
CRIME PRETERDOLOSO ........................................................................................................................... 97
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA...................................................................................................... 97
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 98
RESULTADO NATURALÍSTICO................................................................................................................. 103
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 105
NEXO CAUSAL ............................................................................................................................................ 106
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES DA CAUSA ................................................................ 107
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA.................................................................................................. 108
OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE ........................................................................................................ 113
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 115
TIPICIDADE ................................................................................................................................................. 117
TIPICIDADE FORMAL .............................................................................................................................. 117
TIPICIDADE MATERIAL ........................................................................................................................... 118
TIPICIDADE CONGLOBANTE ................................................................................................................... 119
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 120
ITER CRIMINIS ............................................................................................................................................ 126
CRIME CONSUMADO ................................................................................................................................. 128
CRIME TENTADO ........................................................................................................................................ 128
NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA ..................................................................................................... 129
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL ............................................................................................... 129
INTRODUÇÃO
A parte geral, que vai dó Art. 1º aó 120, e basicamente a parte teórica. Trata da
aplicabilidade da lei, da Teória dó Crime, da teória da pena etc. Trata das características,
permissóes e próibiçóes cóntidas na lei penal.
Já a parte especial vai dó Art. 121 aó 361 e trata justamente dós crimes em especie.
Estuda ó crime em si, pór exempló, hómicídió, róubó, estupró, etc.
Cabe salientar que o Direito Penal é composto não apenas pelo Código Penal. Além do
Código, existem leis penais especiais, as quais tipificam condutas, cominam penas e
regulamentam a execução delas em alguns casos. Podemos citar como exemplo a Lei
11.343/06 que é a famosa Lei de Drogas.
CONCEITO DE
D. PENAL
EXERCÍCIOS
1. O Direito Penal é ramo do Direito Privado que seleciona os bens jurídicos mais
importantes para a sociedade, cria crimes e comina penas.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
2. O Direito Penal é o ramo do Direito Público que protege todos os bens sociais, cria
crimes e comina suas respectivas sanções.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
O Direito Penal não se importa com todos os bens, apenas com os mais
relevantes para a sociedade. Além disso, ele não se importa com qualquer conduta,
e sim com as condutas que tenham um relevante valor, um valor significante para
o Direito.
FONTE FORMAL
Já a fonte formal é justamente a forma de exteriorização do Direito Penal. É a forma
como o Direito Penal se apresenta no mundo exterior. Por isso, é chamada também de fonte
de conhecimento ou de fonte de cognição.
Para entender melhor, basta pensar o seguinte: a fonte material (União) cria a fonte
formal (a lei). Nesse caso, é por meio da lei que o Direito Penal se exterioriza no mundo real.
Pode-se afirmar ainda que a fonte formal se subdivide em duas: imediata e mediata.
FORMAL IMEDIATA
Apesar de a doutrina clássica apontar a lei como única fonte formal imediata, a doutrina
moderna inclui nessa modalidade não apenas a Lei, mas também a Constituição Federal, os
Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos, a jurisprudência, os princípios e os atos
administrativos.
FORMAL MEDIATA
Paralelamente, a doutrina clássica aponta como fonte formal mediata os costumes e os
princípios gerais do Direito. Mas para a doutrina moderna, a fonte formal mediata seria a
própria doutrina. Nesse caso, os costumes são considerados fontes informais.
A União e,
FONTE Doutrina Moderna
excepcionalmente, Doutrina Clássica
MATERIAL
os Estados.
Lei, CF, TIDH,
Jurisprudência,
IMEDIATA Lei princípios e atos
FONTE FORMAL administrativos.
Costumes e os princípios Doutrina.
MEDIATA
gerais do Direito.
“os princípios estão para o direito assim como os trilhos estão para a locomotiva”
Percebe-se que quem tem a força é o direito (representado pela locomotiva), porém,
essa força é limitada pelos princípios (aqui representados pelos trilhos). Em resumo, os
princípios orientam, sustentam e, ao mesmo tempo, impõe limites ao direito.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Os princípios constitucionais são aqueles previstos na Constituição Federal,
principalmente no Art. 5º da Carta Magna. Vejamos os mais relevantes no tocante ao Direito
Penal:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade do Direito Penal está previsto no Art. 5º da CF/88 e também no
Art. 1º do Código Penal. Vejamos:
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Tal princípio tem como objetivo garantir a segurança jurídica e limitar o poder punitivo
estatal, uma vez que proíbe que a lei penal seja aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada
em vigor e, ao mesmo tempo, impede que o Estado puna alguém, caso a conduta praticada por
ele não esteja prevista em lei como crime. Além disso, o princípio da legalidade reserva a
matéria crime para a lei em sentido estrito e impede que tipos penais incriminadores sejam
criados por outros meios diversos da lei.
Por esse princípio, o crime e sua respectiva sanção só podem ser criados por lei em
sentido estrito (criada pelo Poder Legislativo federal, em regra) e essa lei penal incriminadora
só poderá ser aplicada aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor.
Assim, podemos afirmar que o princípio da legalidade pode ser subdividido em dois:
reserva legal e anterioridade da lei. Para termos uma didática melhor, iremos estudá-los
separadamente.
I – relativa a: […]
Apesar de o artigo não especificar se a proibição é para qualquer tipo de lei penal ou
apenas para lei penal incriminadora, devemos seguir o que a doutrina majoritária afirma.
Portanto, se cair na prova objetiva, você deverá responder que o Presidente da República
somente poderá editar Medida Provisória no tocante à Lei Penal, se e somente se a lei penal
for NÃO incriminadora. Caso seja uma questão discursiva, você terá que abordar as duas
correntes:
➢ A primeira corrente afirma que a medida provisória não pode ser editada para
tratar de NENHUMA lei penal.
➢ A segunda afirma que é proibido editar medida provisória apenas no tocante à lei
penal INCRIMINADORA. Essa última prevalece no STF.
Cabe salientar que a reserva legal também impede utilização da analogia in malam
partem, ou seja, para prejudicar o réu. Nesse caso, não é possível comparar um fato novo com
um fato tipificado como crime para então punir alguém, nem mesmo comparar um fato
qualquer com uma qualificadora, por exemplo, para qualificar o crime e prejudicar o réu.
Por fim, é importante saber que, se por acaso o Presidente da República editar uma
Medida Provisória tipificando uma conduta, ela NÃO PODERÁ SER CONVALIDADA, pois tal
MP é considerada inconstitucional e, portanto, é inválida desde sua origem.
Convém perceber que, em regra, a lei penal é ex nunc, que significa dizer que ela não
retroage para alcançar fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor. Temos então o
princípio da irretroatividade da lei penal, que pode ser visto como corolário do princípio da
anterioridade da lei penal. Vejamos o que diz o Art. 5º, XL, da CF/88:
Portanto, em regra, a lei penal NÃO pode retroagir e alcançar fatos passados. Porém,
poderá retroagir excepcionalmente se for para beneficiar o réu.
Exemplo 2: Everton foi preso pelo crime de adultério tipificado pela lei X e foi
condenado a cumprir uma pena de 1 ano de prestação de serviço comunitário. Dois meses
após o início do cumprimento da pena, surge uma lei penal nova (lei Y) que aboliu o crime de
adultério. Essa lei Y pode ser aplicada ao crime de Everton? Sim! Isso porque nesse caso irá
beneficiar o réu. O juiz deve liberar Everton imediatamente e apagar o nome dele do livro do
rol dos culpados.
Cuidado!
Exemplo: um crime de sequestro e cárcere privado iniciou quando uma lei x estava em
vigor, porém, antes da liberação da vítima, uma lei y (que piora a situação do réu) entra em
vigor revogando a lei x. Será aplicada a lei y, ainda que seja prejudicial ao réu, pois o flagrante
ainda existia quando a lei y entrou em vigor.
Outro caso muito cobrado em provas é sobre normas penais em vacatio legis. Podem ou
não podem ser aplicadas? A resposta é não!
Vacatio legis é o tempo entre a publicação de uma lei até a sua entrada em vigor. Nesse
período, ela NÃO pode ser plicada. Isso é até lógico, pois a lei ainda não entrou em vigor.
Exemplo: a lei X foi publicada no dia 1ºde janeiro de 2020 e no final havia a seguinte
expressão: Essa lei entra em vigor 30 dias após sua publicação. São dois tempos diferentes,
o primeiro é a publicação da lei, o segundo é sua entrada em vigor, portanto, a lei só poderá
ser aplicada após o fim dos 30 dias, ou seja, do seu período de vacatio legis.
Alguns autores costumam citar outros princípios como sendo derivações do princípio da
legalidade. Iremos estudar dois deles: o da formalidade e o da taxatividade da norma penal.
O princípio da formalidade da norma indica que as normas penais incriminadoras
devem passar pelas formalidades legais. Isso nada mais é que o devido processo legislativo, ou
seja, é o rito por meio do qual a lei é criada. Leis penais, em regra, devem advir do Governo
Federal, da União, (Congresso Nacional). A criação de crimes e as suas penas são de
competência privativa da União, mas, como já vimos, excepcionalmente os Estados podem
receber autorização para tratar de condutas específicas de âmbito local.
Em matéria penal, o princípio da legalidade exige que a tipificação ocorra tanto por meio
de lei em sentido formal (devido processo legislativo) quanto em sentido material
(conteúdo de acordo com a CF/88).
Nesse exemplo, a lei respeitou o sentido FORMAL da legalidade, pois passou pero rito
legal de criação de uma lei municipal. Porém, não respeitou o sentido MATERIAL, visto que a
matéria crime foi reservada à União.
Esse princípio afirma que a lei penal deve ser clara e compreensível pelo homem
médio. Não pode deixar dúvidas; a população tem que entender claramente o sentido da
norma. A lei penal deve completa e precisa e deve delimitar expressamente a conduta
considerada criminosa.
PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE
RESERVA ANTERIORIDADE
LEGAL DA LEI DA
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
FORMALIDADE
EXERCÍCIOS
3. O Art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Considerando esse dispositivo legal, bem
como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue.
A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por que é proibida,
em caráter absoluto, a analogia no Direito Penal, seja para criar tipo penal incriminador,
seja para fundamentar ou alterar a pena.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão afirma que é proibida a analogia em caráter absoluto, o que não é
verdade, uma vez que existe exceção, que é justamente sua aplicação para o
benefício do réu.
SOLUÇÃO COMPLETA
Nesse caso, não é possível comparar um fato novo com um fato tipificado
como crime para então punir alguém, nem mesmo comparar um fato qualquer com
uma qualificadora, por exemplo, para qualificar o crime e prejudicar o réu.
Porém, se a comparação for para derrubar a qualificadora ou para
desclassificar o crime, aí sim, pode ser utilizada.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser
feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
5. (Cespe – 2016) O Art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A criação de crime e a cominação de pena só podem se dar por meio de lei
em sentido estrito. Medida provisória jamais poderá criar crime nem agravar uma
pena.
SOLUÇÃO COMPLETA
O Presidente da República pode editar Medida Provisória para criar lei penal
NÃO INCRIMINADORA, porém, para criar crime e cominar pena, ou até mesmo
aumentar a pena, devemos respeitar o princípio de reserva legal, ou seja, apenas
lei em sentido estrito é que pode tratar dessa matéria. Assim, criar tipos penais por
meio de medida provisória viola o princípio da reserva legal.
No caso de entrar em vigor lei penal que inove o ordenamento jurídico ao prever como
crime conduta até então considerada atípica, será aplicada a retroatividade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A regra é que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
SOLUÇÃO COMPLETA
O princípio da anterioridade da lei afirma que a lei penal deve vir antes do
fato, assim como a cominação da pena deve ser prévia. Desse princípio deriva o da
irretroatividade da lei penal, o qual determina que a lei penal não pode retroagir e
alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, salvo se a lei nova
beneficiar o réu.
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
7. (CESPE - 2017) Com relação ao acesso à justiça e aos princípios processuais, julgue o
item subsecutivo.
O princípio da legalidade não impede que o juiz apene o acusado criminal com base nos
costumes e que o legislador vote norma penal sancionadora de coação direta, impondo
desde logo a pena, sem julgamento.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Além disso, não pode haver norma penal sancionadora de coação direta, pois
para o Estado exercer o seu poder de punir, deve haver antes o devido processo
legal. Senão vejamos:
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO RÁPIDA
Uma das funções do princípio da legalidade é justamente proibir incriminações
vagas e indeterminadas. A lei deve ser clara e compreensiva, conforme estudado
no princípio da taxatividade. Em latim, nullum crimen nulla poena sine lege certa.
Ou seja, não há crime nem pena sem que haja uma lei certa, clara, compreensiva
por todos.
Por esse princípio, as penas que serão imputadas devem ser adequadas de acordo com a
PERSONALIDADE, os antecedentes criminais, a conduta social, a natureza do agente. O juiz,
antes de sentenciar o acusado, deve fazer a dosimetria da pena. Isso é feito individualmente,
pessoa por pessoa.
Portanto, se duas pessoas praticarem juntas o mesmo crime, não significa que as penas
serão idênticas. O juiz vai observar a pena mínima e máxima. Porém, ele deve analisar as
circunstâncias judiciais do Art. 59 do Código Penal de forma individual, ou seja, ele analisa
cada agente delitivo individualmente para depois fixar a pena de cada um separadamente.
A individualização da pena deve ser feita com base nas duas finalidades básicas do
Direito Penal, quais sejam; ressocialização, também chamada de reabilitação e a prevenção.
A própria Constituição Federal expressa que a pena é individual e a lei deverá regular tal
individualização. Vejamos:
Cuidado!
Não se deve confundir a individualização com a intranscendência da pena. As
questões costumam misturar esses dois conceitos. Já estudamos a definição de
individualização, que impõe que a pena deve ser individual e cada pessoa deve ter
sua pena analisada separadamente. Agora, passaremos a estudar o princípio da
intranscendência.
EXERCÍCIOS
9. (CESPE- 2018) PC-SE - Delegado de Polícia
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias
constitucionais.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Já o da intranscendência fala que a pena não pode passar da pessoa que foi
condenada. Convém perceber, no entanto, que o conceito está perfeito, mas a
banca trocou o princípio. Segue o texto da CF/88:
CUIDADO!
O entendimento do STF ERA no sentido de que se a sentença fosse
confirmada em segunda instância; o início do cumprimento da pena, antes mesmo
de transitar em julgado, não feriria o princípio da presunção de inocência.
ESSE ENTENDIMENTO MUDOU!
EXERCÍCIOS
10. Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de Direito Penal, julgue o item
seguinte.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Podemos citar como exemplo as hipóteses da aplicação desse princípio nos crimes de
ação penal privada:
Exemplo: No crime de DIFAMAÇÃO, que seguirá o rito dos crimes de menor potencial
ofensivo, regido pela Lei 9.099/96, antes do julgamento, é possível uma composição CIVIL do
dano (é, grosso modo, pagar um valor para a vítima).
Nesse caso, já que o Direito Civil conseguiu resolver, o Direito Penal não será aplicado. O
prócessó “mórre” antes de subir para a esfera do Direito Penal.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
O Direito Penal não tutela todos os bens jurídicos, mas apenas os mais relevantes e
indispensáveis ao harmonioso convívio social no Estado Democrático de Direito.
Percebe-se que o Direito Penal separa os fragmentos/pedaços mais importantes para
tutelar, e os demais fragmentos/pedaços, aqueles que não são tão relevantes, ele deixa a
cargo dos demais ramos do Direito.
Podemos dizer que a fragmentariedade inicia no Congresso Nacional, no momento da
criação de uma lei. Lá o Poder Legislativo separa os bens indispensáveis ao convívio social,
separa as condutas que lesam ou expõem a perigo esses bens e tipifica essas condutas como
crimes, cominando suas respectivas penas.
Cuidado!
EXERCÍCIOS
11. No que se refere aos princípios do Direito Penal e às causas de exclusão da ilicitude,
julgue o próximo item.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Exemplo 1: Everton, com dolo de cometer dano ao patrimônio, ateia fogo no seu próprio
veículo.
Exemplo 2: Everton, com dolo de cometer dano ao patrimônio, ateia fogo no veículo de
seu vizinho.
Exemplo 3: Everton tentou suicídio, porém, por circunstâncias alheias à sua vontade, o
fato não chegou a se consumar.
No primeiro exemplo, o Direito Penal não pode agir, pois o princípio da
transcendentalidade não permite a tutela de condutas que não ultrapassem a esfera individual
do autor. Já no segundo exemplo, o Direito Penal deve ser aplicado, uma vez que a conduta do
autor feriu um bem patrimonial de outrem. E no terceiro exemplo, Everton será punido por
tentativa de suicídio? É claro que NÃO! Ele tentou contra a própria vida, não saiu da esfera
individual e, portanto, o Direito Penal não será aplicado.
Por fim, esse princípio impede a punição na fase da cogitação (pensamento), visto que
essa fase não lesa nenhum bem jurídico de terceiro, muito menos da coletividade. Dessa
forma, você pode pensar o que quiser, que o Direito Penal não vai punir você. Quem nunca
pensou em matar alguém que infernizou a sua vida?!
EXERCÍCIOS
12. (Cespe - Adaptada) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, em regra,
não é punível.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Segundo o princípio da lesividade, o bem jurídico protegido deve ser de
TERCEIRO, de modo que a autolesão não é punível. Assim, aquele que se auto
lesiona não pode ser punido com a legislação penal, pois o Direito Penal não tutela
o homem diante dele próprio.
Por fim, esse princípio impede a punição na fase da cogitação (pensamento),
visto que essa fase não lesa nenhum bem jurídico de terceiro, muito menos da
coletividade.
Exemplo 1:, mulher honesta no crime de estupro: tempos atrás só quem poderia ser
vítima de estupro era a mulher honesta. Ou seja, uma prostituta póderia ser “estuprada” e ó
autor de estupro não responderia por nada, apenas por ela ser considerada desonesta. Isso
não existe mais no Brasil, pois a sociedade se adequou a uma nova realidade e hoje qualquer
mulher (inclusive o homem) tem sua dignidade sexual protegida pelo Direito Penal.
Exemplo 2: crime de adultério: tempos atrás existia o crime de adultério, porém, esse
crime foi abolido pelo princípio da adequação social. O adultério hoje em dia não é mais
relevante para o Direito Penal, e tal conduta hoje é considerada atípica.
Nesse caso, o Direito Penal deve se adequar à sociedade de duas maneiras: a primeira -
condutas insignificantes para o Direito Penal podem ser inseridas no contexto de alta
relevância para a sociedade e, dessa forma, passar a ser tuteladas pelo Direito Penal; a
segunda - condutas antes relevantes para a sociedade podem tornar-se insignificantes e
deixar de fazer parte da tutela penal.
Porém, para uma conduta ser considerada insignificante e deixar de fazer parte da
esfera da tutela penal, é imprescindível que haja uma lei nova revogando tal conduta outrora
tipificada como crime. Vejamos o que disse o STJ no tocante à conduta de expor CDs e DVDs
piratas à venda:
Súmula nº 502 do STJ - Presentes a materialidade e a autoria,
afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do
CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
Como consta na súmula supracitada, a conduta de expor CDs e DVDs piratas à venda
continua sendo crime. Isso porque, apesar de ter se adequado à sociedade, ainda não foi
revogada pela lei e, portanto, continua sendo punível.
EXERCÍCIOS
A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em
determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais,
que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
expor à venda CDs e DVDs pirateados. Trata-se de conduta típica, prevista no Art.
184, 1º e 2º do CP. Segue a sumula na íntegra:
Exemplo: um agente entra em uma grande loja e subtrai uma camisa, no valor de
30,00. No momento do furto, ele estava sendo vigiado por câmeras de segurança e, assim que
ele sai da loja, é surpreendido pelos seguranças que o prendem em flagrante delito pelo crime
tipificado no Art. 155 do CP (furto).
Cumpre observar que é até possível aplicar o Direito Penal a esse fato! Porém, é
razoável? Não! Já pensou ter que movimentar toda máquina pública - instaurar um inquérito
policial, ocupar o Ministério Público, ocupar o Poder Judiciário, etc. por conta de uma camisa
de 30,00?! Não seria razoável!
Ou seja, a conduta tem tipicidade formal (que seria a adequação da lei ao caso
concreto), mas não tem tipicidade material (que seria a significância/relevância da
conduta), tal conduta é insignificante e o Direito Penal não tutela coisa ínfima.
Mas, atenção!
Não é em qualquer caso que o princípio da bagatela pode ser aplicado! O STJ e o STF
estabeleceram 4 requisitos imprescindíveis à aplicação desse princípio. Deve haver o
concurso deles para a caracterização da insignificância. Vejamos:
Algumas observações serão imprescindíveis para a sua prova. Acompanhe cada uma
delas com bastante atenção.
Crime de falsificação de moeda não admite bagatela, ou seja, o agente que fabricar uma
moeda de 5 centavos será punido pelo Direito Penal, pois, nesse caso, não existe mínima
ofensividade na conduta, uma vez que fere a fé pública das cédulas. Vejamos o que disse a 6ª
turma do STJ ao julgar um agravo:
Cabe ressaltar ainda que, em regra, não se admite a insignificância nos crimes contra
a Administração Pública. Vejamos o entendimento sumulado pelo STJ:
É importante também estudar a Súmula 589 do STJ, que afirma ser inaplicável o
princípio da insignificância aos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher
no âmbito das relações domésticas e familiares.
EXERCÍCIOS
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a
seguir, acerca de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO RÁPIDA
O princípio da insignificância requer o concurso de 4 vetores, e não de 3.
Solução completa
SOLUÇÃO RÁPIDA
O reduzido ou reduzidíssimo grau de reprovabilidade é um dos vetores do
princípio da insignificância.
SOLUÇÃO COMPLETA
e) expressiva lesão jurídica provocada. A lesão jurídica pode até existir, mas
deve ser inexpressiva.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
O princípio da intervenção mínima afirma que o Direito Penal deve ser utilizado o
mínimo possível. Ele deve ser guardado para ocasiões de relevante interesse social
e não deve ser usado para tutelar condutas ínfimas. Portanto, a questão trouxe o
conceito da intervenção mínima e falou que seria o princípio da insignificância.
Ne bis in idem, que quer dizer “nãó repetir sóbre ó mesmó”, assevera que ninguém pode
ser responsabilizado duas vezes pelo mesmo FATO gerador. Portanto, uma pessoa só pede ser
processada uma única vez por cada fato que cometer.
Além disso, o ne bis in idem impede que o mesmo fato seja usado duas vezes para
agravar a pena do réu na fixação da pena. Por exemplo, o emprego de veneno, se for utilizado
como uma qualificadora do crime de homicídio, (Art. 121, § 2°, III) não pode mais ser usado
como agravante da pena prevista no Art. 62, II, “d”, do CPB. Isso porque, se assim fosse,
estaríamos diante do bis in idem, ou seja, repetindo e utilizando o mesmo fato para
responsabilizar o réu duas vezes. Vejamos os artigos na íntegra:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
(...)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum; (...)
No Art. 121 do CP, o emprego de veneno é utilizado para qualificar o crime de homicídio.
Já no Art. 62 do CP, o veneno é utilizado como agravante da pena. Se o juiz aplicar o veneno
para qualificar o crime, ele não poderá mais usá-lo para agravar a pena do agente.
Cuidado!
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo FATO, e não pelo mesmo
CRIME. As questões às vezes utilizam afirmações capciosas quanto a esse assunto.
Se a proibição fosse em relação ao mesmo crime, o agente que respondesse por crime de
homicídio estaria livre para matar quantas pessoas ele quisesse, uma vez que ninguém
poderia ser punido duas vezes pelo mesmo CRIME (homicídio + homicídio).
Cabe alegar que a sentença penal transitada em julgado, a qual forma coisa julgada
material, não poderá ser alterada para punir o réu, mesmo que surjam provas para isso.
Exemplo: Digamos que Everton tenha sido processado por crime de homicídio e no final
do processo foi absolvido porque o juiz entendeu não ser ele o autor do crime. Após essa
sentença transitar em julgado, Everton vai até o juiz e leva um vídeo do momento do crime, o
que prova que realmente foi ele o autor do delito. Everton vai ser punido? Não! Pois é
proibido o bis in idem.
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
Aplica-se o princípio da consunção sempre que o crime-meio (menos grave) atuar como
fase de preparação ou de execução para o crime-fim (mais grave), ou seja, é quando o
crime-fim absorve o crime-meio.
Por esse princípio, o concurso de crimes é afastado e o agente responde apenas pelo
crime-fim. Por exemplo, se uma pessoa invade uma residência e furta alguns objetos, ela, em
tese, cometeu duas condutas típicas, invasão domiciliar e furto. Porém, a invasão serviu de
preparação para o furto. Para furtar uma residência, necessariamente o agente tem que
invadi-la. Nesse caso, ele só responde pelo furto, ficando a invasão (crime-meio) absolvida
pelo furto (crime-fim).
Exemplo: no homicídio, o agente necessariamente tem que passar pela lesão corporal,
um mero crime de passagem para matar alguém.
ou
Atua quando os demais ramos do Direito fracassarem.
última ratio
Somente se Lesão
Lesividade usa esse
princípio em
caso de:
Perigo de lesão
Afasta a tipicidade
Adequação social
MATERIAL
Excesso
Proporcionalidade Proibição
Proteção insuficiente
ATENÇÃO ,CONCURSEIRO! A divisão apresentada nos mapas mentais é apenas para facilitar a divisão dos
princípios ,mas não quer dizer que todos decorram do princípio da intervenção mínima.
Requisito SUBJETIVO
QUADRO PROIBITIVO
Descaminho – Cabe a aplicação do
NÃO CABE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA princípio – Patamar R$20.000,00.
INSIGNIFICÂNCIA PARA :
➢ Tráfico de pessoas;
➢ Moeda falsa;
➢ Furto qualificado;
➢ Crimes contra a Administração
Pública (seguir o posicionamento do
STF);
➢ Roubo (ou crimes com violência ou
grave ameaça).
Quando estudamos a lei penal no tempo, o objetivo é saber quando é que a lei penal
pode ser aplicada, ou seja, a partir de que momento a lei pode ser aplicada e até quando.
Para entendermos a aplicação da lei penal no tempo, é imprescindível conhecer o
princípio da anterioridade da lei. Apesar de termos estudado no título anterior, faz-se
necessário um breve comentário a respeito desse princípio.
Como vimos no estudo dos princípios, a anterioridade da lei está explícita no Art. 1º do
Código Penal, assim como no Art. 5º da CF/88. Isso significa dizer que a criação de crime (ou
contravenção penal) deve se dar antes do fato, assim como a cominação de pena (ou medida
de segurança) também deve ser realizada anterior ao fato. Vejamos o que diz o Art. 1º, do
CPB:
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
Diante disso, surge o princípio da irretroatividade da lei penal, o qual declara que a lei
penal não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor, essa é a
regra. Mas ao mesmo tempo, o princípio da irretroatividade da lei traz uma exceção à regra e
permite que a lei penal retroaja para fins de beneficiar o réu. Vejamos o texto de lei:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Então, a regra geral é que a lei penal será aplicada desde o momento em que entra em
vigor até o momento em que é revogada. Chamamos isso de período de atividade da lei penal.
É o momento em que a lei penal está apta a reger os casos concretos. Portanto, a lei penal é ex
nunc (não retroage).
antes? Não! Isso porque o fato veio antes da lei e a regra é que a lei deve vir antes do fato. A
regra é que a lei penal não deve retroagir para alcançar fatos anteriores a norma.
Mas, atenção! A lei penal pode ser publicada em uma data e entrar em vigor em outra
data. E como se chama esse período entre a data em que ela foi publicada e a data em que
entra em vigor? Chamamos de vacatio legis. Geralmente esse período dura 45 dias.
Durante o período de vacatio legis, a lei penal NÃO PODE SER APLICADA. Isso cai em
prova!
Atividade da lei
vacatio legis
Tempo da lei penal/período de sua aplicação
Porém, existem situações em que a lei penal vai poder ser aplicada a casos ocorridos
antes de sua entrada em vigor ou até mesmo aplicada depois de ser revogada. Temos,
portanto, a EXTRA-ATIVIDADE da lei penal. É um períódó de “hóra extra” da lei, nó qual a lei
penal vai “trabalhar” mais dó que deveria.
A extra-atividade da lei penal se da pór meió da RETROATIVIDADE e da
ULTRATIVIDADE da lei. Em regra, issó acóntece sempre que fór para beneficiar ó reu.
➢ Já a ultratividade é quando a lei penal é aplicada para frente, ou seja, após ser
revogada, ela continua sendo aplicada aos fatos ocorridos durante o período em
que ela esteve em vigor.
Em ambas as situações, a regra é que só ocorrerá a extra-atividade (retroatividade ou
ultratividade) se for para beneficiar o réu.
Retroatividade
Benéfica
Extra-atividade
Ultratividade
Benéfica
São leis que necessitam de um complemento normativo para terem validade e serem
aplicadas.
Exemplo: a Lei de Drogas diz apenas que é crime vender, transportar, fornecer, etc., mas
não diz o que seria droga. Essa lei é complementada por uma portaria do Ministério da Saúde,
a qual traz um rol de substâncias que são consideradas drogas para fins do cometimento do
crime de tráfico de drogas.
➢ HETEROGÊNEA: também chamada de lei penal em branco própria, é a lei que tem
como complemento outra espécie normativa. Ou seja, trata-se de uma lei sendo
complementada por uma portaria, por exemplo.
Segue esquema:
Imprópria: Lei
complementando lei.
Homogênea
LEI PENAL EM
BRANCO
Heterogênea
Própria: portaria
complementando lei.
A antinomia jurídica é o conflito entre uma lei nova e a lei anterior que foi revogada por
essa nova lei. São situações em que podemos enxergar a aplicação extra-atividade da lei penal.
Diante desse conflito de leis no tempo, devemos saber quando a lei penal pode retroagir
ou ultragir e quando ela só deverá ser aplicada no seu período de atividade.
Vamos analisar caso a caso e utilizaremos ex nunc quando a lei nova for irretroativa e ex
tunc quando a lei penal puder retroagir. Lembrando que só será retroativa se beneficiar o réu.
Para memorizar, segue o seguinte esquema:
Lei nova
Vejamos a seguir os quatro tipos de antinomia jurídica (conflitos de lei penal no tempo).
ABOLITIO CRIMINIS
A abolitio criminis acontece quando uma lei nova revoga por completo determinado tipo
penal incriminador (lei que descriminaliza uma conduta). Tem previsão expressa no caput do
Art. 2º do Código Penal, vejamos:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
A abolitio criminis é retroativa (ex tunc), pois beneficia o réu, uma vez que acabou/aboliu
o crime. Percebe-se que a lei nova revogou o crime de adultério e, nesse caso, todos que
estavam respondendo pelo crime de adultério foram liberados imediatamente e tiveram seus
nomes excluídos do livro de rol de culpados.
A abolitio criminis acontece quando uma lei nova descriminaliza um fato anteriormente
definido como crime. Já o princípio da continuidade normativo-típica, é quando uma lei
nova transfere uma conduta prevista como crime dentro de um determinado artigo da lei
penal para dentro de outro tipo penal incriminador criado pela lei nova, porém, essa conduta
continua tipificada em outro diploma legal. Vejamos o exemplo para você entender melhor:
Exemplo: O Art. 214 do CP punia o crime de atentado violento ao pudor, e uma lei nova
revogou esse artigo. Todavia, seu conteúdo foi transferido para o Art. 213 do CP e, agora, as
condutas antes previstas como atentado violento ao pudor passaram a ser consideradas como
crime de estupro. Não houve, portanto, abolitio criminis, pois a conduta continua sendo crime,
apenas mudou de nome. Cuidado com isso!
Atenção!
A abolitio criminis exclui a responsabilidade penal do agente, mas não exclui
as responsabilidades extrapenais (civil e administrativa).
A novatio legis in mellius é uma nova lei melhor para o réu. Aqui, diferentemente da
abolitio criminis, a lei nova não revoga o crime, apenas melhora um pouco a situação do réu.
Tem previsão expressa no parágrafo único do Art. 2º do CP. Vejamos:
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.
Cuidado!
As questões costumam misturar esses dois conceitos. Na abolitio criminis o
crime é revogado e a conduta deixa de ser crime. Já na novatio legis in mellius a
conduta continua sendo crime, a lei apenas melhorou um pouco a situação do réu,
como, por exemplo, diminuindo a pena, diminuindo o tempo de progressão de
regime, etc.
ATENÇÃO!
Leis híbridas são leis que trazem em seu conteúdo parte melhor e parte pior. A
pergunta é: admite-se a combinação de leis para beneficiar o réu? Ou seja, as leis
mistas/híbridas podem ser divididas e aplicadas apenas à parte boa da lei anterior e à parte
boa da lei nova?
Exemplo: Digamós que a lei “X” prevê uma pena privativa de liberdade de 5 a 10 anos e
multa para aquele que cometer determinada conduta. Surge uma lei nóva, “Y”, que agora
prevê uma pena privativa de liberdade de 10 a 15 anos e retirou a pena de multa. Ou seja,
piorou a pena privativa de liberdade e melhorou no tocante à multa.
Nesse casó, é póssível aplicar a lei “X” apenas à parte boa que trata da pena privativa de
liberdade (05 a 10 anos) e apenas à parte boa da lei “Y” que trata da nãó aplicaçãó da pena de
multa?
• A primeira corrente diz que não é possível esse tipo de combinação, pois se
assim fosse (segundo Nelson Hungria), o Judiciário estaria criando uma
terceira lei, e não cabe ao Judiciário a criação de leis, uma vez que se isso
ocorrer estaria ele exercendo uma função típica do Poder Legislativo, ferindo,
portanto, o princípio da separação de poderes.
Nesse caso, ambas as leis terão que ser avaliadas no todo e será aplicada completamente
a lei mais benéfica ao réu.
Além desse grande doutrinador, temos o entendimento sumulado pelo Superior
Tribunal de Justiça. Vejamos o enunciado da súmula 501 do STJ:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais
favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Convém observar que a súmula indica que a lei deve ser aplicada na íntegra. Mesmo que
traga parte ruim para o réu, deve ser analisada inteiramente e assim aplicada.
Já o STF também decidiu adotar o mesmo entendimento o STJ no sentido da não
possibilidade de combinação de leis. Essa é a chamada teoria da ponderação unitária, a qual
admite a aplicação de uma única lei.
Segue súmula 611 do Supremo Tribunal Federal para uma melhor compreensão do
assunto competência:
A novatio legis incriminadora é uma nova lei que tipifica condutas como sendo crimes
(lei penal incriminadora). É a lei penal que toma uma conduta não criminosa e a transforma
em crime.
Exemplo: OS CRIMES CIBERNÉTICOS, que há pouco tempo não existiam, passaram a ser
criminalizados por lei. Essa lei, por piorar a situação do réu, segue a regra da lei penal e só
pode ser aplicada aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor, ou seja, não retroage, ela é
Ex nunc. Lembra do mnemônico? - Tapa na nuca (anda apenas para frente).
Já a novatio legis in pejus, ou a chamada lex gravior, NÃO CRIA CRIME, apenas piora o
crime que já existe. É diferente da lei incriminadora. Mais uma vez, é preciso ter muito
cuidado! As bancas costumam misturar esses dois conceitos.
Exemplo: A LEI DE TRÁFICO DE DROGAS (Lei 6.368/76) até 2006 previa uma pena
máxima de 10 anos para quem cometesse tal conduta. De 2006 em diante, entrou em vigor
uma nova lei (11.343/06) que piorou a situação do réu, pois aumentou a pena máxima para
15 anos. Como estamos diante de uma lei que piora a situação do réu, ela não pode retroagir
e alcançar fatos anteriores à sua entrada em vigor, sendo, portanto, ex nunc.
Nesse caso, a lei antiga, mesmo estando revogada pela lei nova, que piorou a situação do
réu, continuará a ser aplicada aos fatos ocorridos durante sua vigência. É justamente a
ultratividade da lei penal.
Segue um esquema para melhor entendimento:
No esquema acima, a lei pior foi revogada pela lei melhor, porém, mesmo revogada, ela
foi aplicada posteriormente, ao fato ocorrido no período de sua vigência, utilizando-se da
ultratividade.
Atenção!
Nos crimes permanentes o nos crimes continuados, a lei penal nova, ainda
que seja prejudicial ao réu, será aplicada se, durante sua entrada em vigor, o crime
ainda estiver em andamento.
Abolitio criminis:
Ex tunc
Ex nunc
➢ LEI EXCEPCIONAL: tem data de início de vigência, mas não tem data do final da
sua vigência. Dura até terminar a anormalidade jurídico-social.
Exemplo: lei de guerra que proíbe a população litorânea de acender luzes à noite. A
guerra tem data de início, mas não temos como prever seu final.
Exemplo: Lei das Olimpíadas no Brasil (Lei 13.284/61) - essa lei foi criada para
proteger o patrimônio material e imaterial das entidades que organizaram os jogos olímpicos
no Brasil. As olimpíadas tiveram data de início e data de fim, portanto, essa lei é uma lei
temporária.
Tanto a lei excepcional como a temporária são sempre ultrativas, ou seja, serão
aplicadas aos fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de serem revogadas.
Exemplo: a Lei das Olimpíadas proibia a venda de materiais de marcas diferentes das
que patrocinavam o evento. Digamos que Antônio passou as Olimpíadas vendendo outras
marcas. Assim que o evento acabou, a lei temporária deixou de ter validade, porém, meses
depois, descobriram que Antônio vendeu marcas proibidas no período em que a lei esteve em
vigor.
Antônio vai ser punido de acordo com a lei temporária, mesmo ela estando revogada,
pois a lei temporária e a excepcional são sempre ultrativas. Se assim não fosse, essas leis não
teriam força intimidativa.
TEMPO DO CRIME
Para definir o tempo/momento do crime, o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da
atividade. Essa teoria afirma que o tempo do crime é o tempo em que se deu a atividade, ou
seja, a ação ou omissão, não importando, para tanto, o momento em que ocorreu o resultado.
Também chamada de teoria da ação ou, em latim, Tempus regit actum, tem previsão
legal no Art. 4º do CP. Vejamos o texto do artigo:
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Exemplo: Cibely, que tem 17 anos de idade, com intenção de matar, atira em Cleisson
aqui no Brasil no dia 01 de janeiro de 2020. Cleisson é socorrido e fica internado por 30 dias
no hospital, vindo a falecer no dia 30 de janeiro do corrente ano. Na data do resultado morte
(30 de janeiro) Cibely já havia completado 18 anos.
Não, pois no momento da ação ela ainda era inimputável (menor de 18 anos) e, portanto,
não comete crime. Nesse caso, ela responderá por ato infracional análogo ao crime citado, de
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A título de informação, cabe ressaltar que existem mais duas teorias que regem o tempo
do crime:
➢ Teoria do resultado: que indica como momento do crime o momento em que se
deu o resultado. No exemplo do homicídio, teríamos como momento do crime
exatamente o momento da morte da vítima.
➢ Teoria mista: que estabelece como tempo do crime tanto o momento da ação ou
omissão, como também o momento do resultado.
Nenhuma dessas duas últimas foi adotada no Brasil.
O tempo do crime também é utilizado para estabelecer a lei que será aplicada ao caso
concreto. Em regra, aplica-se a lei vigente na data da ação do crime, salvo nos casos de extra-
atividade da lei penal benéfica.
Cabe relembrar que nos casos de crime continuado e permanente, o tempo do crime é
até enquanto durar o flagrante. Sendo assim, ainda que sobrevenha uma lei mais gravosa, essa
será aplicada aos crimes que ainda não tiverem cessado sua continuidade ou permanência,
conforme afirma a súmula 711 do STF abaixo colacionada:
Súmula 711- STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência.
Acabamos de estudar a aplicação da lei penal no tempo, ou seja, quando a lei pode ser
aplicada. Passaremos agora a estudar a aplicação da lei penal no espaço.
EXERCÍCIOS
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
19. Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.
A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se
aplique aos crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida
lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
A lei penal que será aplicada aos crimes permanentes e continuados será a lei
vigente à época em que cessou a continuidade ou permanência do crime, ainda que
sobrevenha uma lei mais gravosa, conforme o próprio STF externa sua
manifestação de pensamento, por meio de sua súmula vinculante número 711. A lei
penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
20. Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá
ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser
aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
21. Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em fevereiro de
2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alteração
legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido. Assertiva: Nessa situação, deve
ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio da irretroatividade
da lei penal mais gravosa.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO COMPLETA
Certo( ) Errado( )
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Errado
23. (CESPE-2018) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de
crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com
determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em
operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido
à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação
hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que
diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o
Direito Penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.
Certo( ) Errado( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão está errada, pois quando se tratar de norma penal mais benéfica
para o réu, ela deverá ser aplicada em razão do princípio da retroatividade de lei
penal mais benéfica.
SOLUÇÃO COMPLETA
A lei penal é criada para ser aplicada durante o seu período de atividade, ou
seja, desde o momento em que entrar em vigor até o momento em que for
revogada. Porém, se a lei de qualquer forma beneficiar o réu, ela será aplicada no
período de extra-atividade: retroatividade e/ou ultratividade é quando a lei é
aplicada aos fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e também após sua
revogação, respectivamente.
Gabarito: CERTO
SOLUÇÃO RÁPIDA
O tipo penal não foi abolido, e sim transferido para dentro de outro tipo penal.
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo
A questão atende à súmula vinculante 711 do STF: A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
à cessação da continuidade ou da permanência. Essa súmula é aplicada a crimes
permanentes ou continuados.
27. Na cidade de Rio Branco – AC, Caio, brasileiro, atirou em João, que, ferido, fugiu em seu
veículo para um país vizinho, onde morreu em decorrência dos ferimentos produzidos pelo
projétil. O pai de João, Mário, brasileiro, revoltado com a morte do filho, decidiu matar a
família de Caio, que morava em outro país. Mário, então, sabendo que a esposa de Caio e
seu filho recém-nascido estavam internados em uma maternidade, sufocou-os com um
travesseiro. Ao encontrar seus familiares mortos, Caio atirou em Mário, matando-o, e
resolveu suicidar-se, tendo, para isso, contado com a ajuda de uma enfermeira, que lhe
administrou veneno.
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item seguinte, a respeito da
aplicação da lei penal no tempo e no espaço e dos crimes contra a vida.
Ainda que João tenha morrido posteriormente e em outro país, considera-se praticado o
crime no momento em que Caio atirou contra ele.
Certo( ) Errado( )
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.
SOLUÇÃO COMPLETA
Convém frisar que ao indagar sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, o artigo admite a aplicação de leis estrangeiras aos crimes cometidos dentro do
território brasileiro. Chamamos isso de INTRATERRITORIALIDADE. Podemos citar como
exemplo os casos de imunidades diplomáticas. Por isso, o princípio da territorialidade foi
adotado de forma temperada ou mitigada.
Como visto, a regra é que a lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos
dentro do território nacional, mas o que se entende por território? Veremos a seguir:
DIVISÃO DO TERRITÓRIO
O território nacional é o local em que o país exerce sua soberania. A doutrina divide o
território nacional em dois grupos: físico, que é o território propriamente dito e ficto ou
também chamado de abstração jurídica, que nada mais é que uma extensão do território
nacional. Estudaremos ambos separadamente para uma melhor compreensão.
Cuidado!
Esse espaço de 12 milhas náuticas é o mar territorial onde a lei penal
brasileira pode ser aplicada, mas é diferente da zona contígua (das 12 até as 24
milhas náuticas), da zona de exploração econômica exclusiva (das 12 às 200 milhas
náuticas) e da plataforma continental.
➢ Espaço aéreo brasileiro: tudo que estiver acima do território brasileiro, inclusive
acima do mar territorial. Cabe ressaltar que o Brasil adotou o princípio da
➢ CONCEITOS IMPORTANTES
Para resolver as questões sobre aplicação da lei penal no território ficto, alguns conceitos
são imprescindíveis:
Portanto, temos que saber se ela é brasileira ou estrangeira, depois saber se é pública ou
privada. Além disso, no tocante às privadas, temos que saber onde elas se encontravam no
momento do crime. A partir de então, fica fácil aplicar as regras que estudaremos a seguir e
assim saber qual é a lei penal que será aplicada aos crimes ocorridos dentro desses ambientes.
EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS
➢ EMBARCAÇÃO BRASILEIRA PÚBLICA
Para a embarcação brasileira pública, devemos aplicar a seguinte regra: onde quer
que esteja, será considerada extensão do território brasileiro.
Não importa se está navegando (andando) ou aportada (parada). Portanto, ao crime
ocorrido dentro dessa embarcação será aplicada a lei penal brasileira, independentemente
da nacionalidade de quem cometeu o crime ou da vítima. É o que dispõe o § 1º do Art. 5º do
CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, (...)bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Exemplo: Evandro pega o iate dele, enche de mulher e sai mar adentro. Antes de o iate
atravessar a linha das 12 milhas náuticas, uma das mulheres mata a outra com ciúme dele.
A lei que será aplicada será a brasileira.
EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS
Para as embarcações estrangeiras públicas, a regra será a mesma das brasileiras, sendo
aplicadas ao contrário.
As embarcações estrangeiras PÚBLICAS, onde quer que estejam, serão consideradas
território estrangeiro. Portanto, mesmo estando dentro das 12 milhas náuticas brasileiras, a
lei que será aplicada aos crimes cometidos dentro dessa embarcação será a lei do estrangeiro
(do país a que pertencer a embarcação).
Exemplo: um navio da Marinha dos EUA visitando a Marinha do Brasil, e dentro das 12
milhas náuticas do Brasil, no interior desse navio, um Argentino mata um americano.
A lei penal aplicada será a dos Estados Unidos, pois a embarcação estrangeira pública é
considerada território estrangeiro onde quer que esteja.
Exemplo: o navio privado japonês, que tinha como destino final um dos portos
brasileiros, quando estava a 5 milhas náuticas do porto, percebeu que havia 5 passageiros
clandestinos e lançou-os ao mar, causando-lhes a morte. A lei aplicada será a lei penal
brasileira, uma vez que a embarcação é privada e estava em águas brasileiras (dentro das 12
milhas náuticas).
Diante de tudo que foi exposto, segue um esquema com as regras estudadas:
EMBARCAÇÕES
PRIVADAS
É extensão do território do seu
respectivo país se dentro das
suas 12 milhas ou em alto-mar.
AERONAVES BRASILEIRAS
Para as aeronaves, devemos aplicar as mesmas regras das embarcações. A previsão
está também no § 1º do Art. 5º do CP:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Onde quer que esteja, será considerada território nacional, e será aplicada a lei penal
brasileira aos crimes cometidos dentro dessa aeronave.
Exemplo: O Hercules C130 da FABE decola para o Haiti e, ao adentrar no espaço aéreo
haitiano, um crime é cometido dentro dele.
A lei penal aplicada será a brasileira, pois a aeronave brasileira pública será considerada
território nacional fictício onde quer que esteja.
AERONAVES ESTRANGEIRAS
Para as aeronaves estrangeiras públicas, a regra é a mesma: onde quer que estiverem,
serão consideradas território nacional do seu respectivo país.
Para as aeronaves estrangeiras privadas, segue a regra das embarcações: sobrevoando
espaço aéreo estrangeiro ou internacional, a lei aplicada será a deles (do estrangeiro). Porém,
se adentrar no espaço aéreo brasileiro, será aplicada a lei penal brasileira. Vejamos o texto da
lei:
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
Depreende-se, portanto:
AERONAVES
EMBARCAÇÕES
PRIVADAS
É extensão do território do seu
respectivo país, se dentro das
suas 12 milhas ou em alto-mar
ou espaço aéreo correspondente.
PASSAGEM INOCENTE
A passagem inocente é quando uma embarcação está apenas de passagem em águas
brasileiras. Ou seja, o destino dela não é o Brasil; ela apenas está passando pelas nossas águas
porque é o caminho traçado para se chegar a outro país. Nesse caso, a lei penal brasileira não
será aplicada, mesmo que a embarcação seja privada e esteja dentro das águas brasileiras.
➢ Deve ser contínua e rápida: em regra, a embarcação não pode parar nas águas
brasileiras, salvo nos casos de incidentes comuns de navegação ou sejam impostos
por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a
pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. Exemplo, pode
parar se o navio quebrar ou para prestar socorro.
➢ Deve ser pacífica: para tanto, é imprescindível que não seja prejudicial à paz, à
boa ordem ou à segurança do Brasil. Se a embarcação estiver passando pelo Brasil
para bombardear um país vizinho, por exemplo, ela deixa de ser pacífica
(inocente).
Exemplo: um navio japonês privado que segue COM DESTINO A OUTRO PAÍS e a rota
passa dentro do território brasileiro, assim que adentra às 12 milhas náuticas brasileiras, um
americano mata um japonês dentro dela.
A lei que será aplicada será a lei do Japão, pois no caso de passagem inocente, não se
aplica a lei penal brasileira, mesmo a embarcação sendo privada.
Cuidado! Se o navio tem como destino o Brasil, aí sim, aplica-se a lei penal
brasileira, conforme estudamos. Porém, se ele está de passagem inocente, a lei aplicada será
a do seu país de origem. Foge à regra estudada.
Atenção!
Apesar de não haver previsão legal acerca da aplicação da passagem inocente
no tocante às aeronaves, alguns autores entendem que é plenamente possível tal
aplicação.
LUGAR DO CRIME
Para definir o lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, a qual
afirma que se considera lugar do crime tanto o local onde ocorreu a atividade (ação ou
omissão), como o local onde se deu o resultado (consumação do crime). Essa previsão está no
próprio Código Penal. Vejamos:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
Exemplo: Everton atira em Eduarda aqui no Brasil. Eduarda é socorrida e levada a um
hospital americano e lá vem a óbito. Qual é o lugar do crime?
Considera-se lugar do crime o Brasil e os Estados Unidos, ou seja, local da atividade e do
resultado, respectivamente.
➢ Teoria da atividade: que indica como lugar do crime o local em que se deu
atividade (ação ou omissão). No exemplo do homicídio teríamos como lugar do
crime exatamente Brasil, pois foi aqui que ocorreu a ação (tiros). Essa teoria
também não foi adotada no Brasil.
➢ Teoria mista ou da ubiquidade: que estabelece como local do crime tanto o lugar
da ação ou omissão, como também o lugar do resultado. Essa foi adotada no Brasil,
como mencionado acima.
Para memorizar melhor, vamos juntar o lugar do crime e o termo do crime em um único
mnemônico. A palavra LUTA resume tudo:
L.U.T.A.
Cuidado!
Já houve questões cobrando a ordem em que essas teorias estão expressas
no Código Penal. Basta lembrar que primeiramente vem o tempo do crime (Art. 4º)
e depois o lugar do crime (Art. 6º).
EXTRATERRITORIALIDADE
➢ EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
no Brasil;
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
Convém frisar que não é aplicada a qualquer crime! Na alínea “a”, são apenas crimes
contra a vida ou liberdade do presidente. Portanto, se o presidente for assaltado no exterior,
não se aplica a extraterritorialidade incondicionada, uma vez que roubo é crime contra o
patrimônio.
Já, na alínea “c”, trata-se dos crimes contra a Administração Pública. Porém, não são
cometidos por qualquer pessoa em qualquer situação; eles têm que ser praticados por quem
está a serviço da Administração. Suponhamos que um policial federal vai ao exterior para
cumprir um mandado de prisão e, ao localizar o alvo, exige-lhe dinheiro para não o prender
(crime de concussão). Nesse caso, o agente será punido com a lei penal brasileira pelo
princípio supracitado.
Por fim, tem-se a alínea “d”, que trata do crime de genocídio, também praticado fora do
território nacional brasileiro. Mais uma vez deve-se ter atenção, pois esse crime só será
punido pela lei penal brasileira se cometido por brasileiro ou por estrangeiro domiciliado no
Brasil.
O agente que comete esses crimes acima citados será punido com a lei penal brasileira,
ainda que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro; é o que afirma o § 1º. Por isso,
fala-se em extraterritorialidade incondicionada.
➢ EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
Nas alíneas do inciso II, estão os crimes punidos pela extraterritorialidade condicionada.
Leia com atenção e não os confunda com os crimes do inciso I. Cuidado!
Já no § 2º a lei aponta as condições/requisitos a serem preenchidos para que haja
aplicação da lei penal brasileira. Todas as condições devem ser preenchidas; se faltar qualquer
uma delas, a lei penal brasileira não será aplicada.
Por esse princípio, a lei penal aplicada será a lei do país de origem do autor do crime,
independentemente do local onde o crime ocorreu. É o caso do Art. 7º, II, “b” dó CP. Vejamós:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro.
Por esse princípio a lei penal que deve ser aplicada é a lei de onde o agente for
encontrado, independentemente da nacionalidade do agente, do bem jurídico lesado, da
nacionalidade da vítima. Basta cometer um dos crimes previstos no rol que o Brasil se obrigou
a reprimir. Vejamos a lei:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir.
Esse princípio assevera que a lei pátria será aplicada aos crimes cometidos em
embarcações ou aeronaves brasileiras privadas ou mercantes quando estas estavam em
território estrangeiro e lá não foram punidos. Trata-se da extraterritorialidade condicionada
prevista no Art. 7, II, “b” dó CP. Nesse casó, a regra seria aplicar a lei do estrangeiro, pois
a aeronave ou embarcação privada ou mercante, quando em território estrangeiro,
passa a ser considerada território de lá. Segue abaixo a alínea “c”:
NÃO É ABSOLUTO
TERRITORIALIDADE
TRATADOS OU CONVENÇÕES
AERONAVES OU EMBARCAÇÕES
BRASILEIRAS
EXTRATERRITORIALIDADE
CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PATRIMÔNIO OU FÉ PÚBLICA
INCONDICIONADA
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, POR
QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO
EXERCÍCIOS
28. (CESPE-2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço do
governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro.
Certo ( ) Errado ( )
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO COMPLETA
Tanto o navio público, como o privado a serviço do país, é considerado como
extensão do território nacional, onde quer que esteja, parado ou navegando.
Exemplo: imagine um navio privado alugado à Marinha do Brasil, em
território argentino; um alemão mata um argentino dentro do navio, esse também
responderá pela lei penal brasileira, pois o navio brasileiro privado a SERVIÇO DO
PAÍS também é considerado público por equiparação.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Apenas a extraterritorialidade condicionada é que tem como elemento o
ingresso do agente no território nacional.
Solução completa
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições: )
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
31. (CESPE-2015) Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de Direito Penal e do
arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da
República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele país.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
32. (CESPE-2015) Julgue o item a seguir, referente à lei penal no tempo e no espaço e aos
princípios aplicáveis ao Direito Penal.
Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal, cometeu crime de corrupção
e de lavagem de dinheiro no território português, condutas essas tipificadas tanto no
Brasil quanto em Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao território
brasileiro. Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime praticado por
João em Portugal.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
34. (CESPE-2013) Julgue o item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no
espaço.
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no estrangeiro
são puníveis segundo a lei brasileira se praticados contra a Administração Pública quando o
agente delituoso estiver a serviço do governo brasileiro, salvo se já absolvido pela justiça no
exterior com relação àqueles mesmos atos delituosos.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.
35. (CESPE-2013) Julgue o item seguinte, relativo à teoria da norma penal, sua aplicação
temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro.
Considere a seguinte situação hipotética. A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira,
em sobrevoo pelo território argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros
contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contudo, em virtude da
inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão venezuelano
que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência do princípio da territorialidade,
aplicar-se-á a lei penal brasileira.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
36. (CESPE-2013) A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território
nacional ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada
em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
37. (CESPE-2008) Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada que estejam em território
nacional.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: 23-E 24-C 25-C 26-C 27-C 28-E 29-C 30-C 31-C 32-C 33-C 34-E 35-C 36-C 37-C
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
O princípio da ubiquidade afirma que o lugar do crime é tanto o local onde
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, como o local onde ocorreu o
resultado (crime consumado) ou onde deveria ter ocorrido o resultado (crime
tentado).
39. - (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal
no tempo, julgue o item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a
qual o delito deverá ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local
do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão acerta no início quando fala do tempo do crime, mas erra no final
quando afirma que o local do crime deverá ser aquele onde ocorreu o resultado.
40. - (CESPE–2018) Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio
que esteja a serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: C
SOLUÇÃO RÁPIDA
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Na extraterritorialidade incondicionada não é necessário o ingresso do agente
no território nacional para que seja cumprida a sua devida responsabilização no
âmbito penal.
Apenas na extraterritorialidade condicionada é que se exige a entrada do
agente no território nacional.
Gabarito: 38-C 39-E 40-C 41-C 42-C 43-C 44-C 45-C 46-E
Porém, se a pena aplicada no estrangeiro for igual (idêntica) à pena imposta no Brasil,
ela será COMPUTADA na pena aplicada aqui no país.
Nesse exemplo, Antônio terá um desconto de 10 anos na pena imposta pelo Brasil. Ou
seja, os 10 anos cumpridos no estrangeiro serão computados na pena imposta aqui no Brasil
e ele só cumpre 5 anos no aqui.
Resumindo:
Requisitos para aplicação da pena imposta no estrangeiro: mesmo crime – pena no
estrangeiro – pena no Brasil.
➢ PENAS DIVERSAS – ATENUA (diminui) a pena imposta no Brasil.
➢ PENAS IDÊNTICAS – COMPUTA (subtrai) na pena imposta no Brasil.
O inciso II trata de OUTROS EFEITOS diversos dos efeitos civis. Nesses casos, para a
sentença estrangeira ser homologada no Brasil é necessária a existência de tratados de
extradição entre os países envolvidos. Caso esse tratado não exista, deve haver requisição
do Ministro da Justiça.
Depende da existência de
tratados de extradição.
Sujeição a medida de
segurança. OU
Requisição do Ministro da
Justiça.
CONTAGEM DE PRAZO
No tocante à contagem de prazo, no Direito Penal é diferente do processo penal. Aqui no
Direito Penal, conta-se incluindo o primeiro dia. Portanto, se o prazo é de 15 dias e começou
a contar no dia 01, deve-se contar incluindo o dia 01, o que faria com que esse prazo acabasse
no dia 15.
Já no processo penal, o primeiro dia é excluído. No exemplo acima, o dia 01 não
seria computado e, portanto, o prazo acabaria no dia 16, e não no dia 15, como no Direito
Penal. Segue texto de lei:
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Já o Art. 12 afirma que se existir uma lei especial que trate das regras gerais do Código
Penal de forma diferente da prevista aqui, o que deve ser aplicado é o que está previsto na lei
especial. Porém, se essa lei especial deixar de tratar sobre algo previsto no Código Penal, ele
deve ser aplicado aos casos que envolvam a lei especial, como forma de preenchimento da lei
especial.
Exemplo: no homicídio, o agente necessariamente tem que passar pela lesão corporal,
um mero crime de passagem para matar alguém.
Nesse caso, aplica-se a norma do crime mais grave, ou seja, a norma do crime-fim
pretendido pelo autor.
➢ PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
Previsto no Art. 12 do Código Penal, esse princípio afirma que diante de um aparente
conflito entre uma norma geral (CP) e uma norma especial (lei especial) deve prevalecer a
norma especial.
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Exemplo: Everton mata o Presidente do Senado Federal por razões políticas. Everton
não responderá pelo Art. 121 do CP (norma geral), mas pelo Art. 29 da Lei de Segurança
Nacional (norma especial).
➢ PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
É quando a conduta do agente pode constituir um crime mais grave de que o crime
aparentemente cometido. Podemos citar o Art. 132 do CP.
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
crime mais grave.
Só será aplicado o Art. 132 subsidiariamente, caso a conduta de expor a perigo a saúde
ou vida de outrem nãó cónstituir um crime mais grave. Imagine que “A” expôs a vida de “B” a
perigo quando tentou matá-lo com um tiro de espingarda cal. 12. Nesse caso, ele não
responderá pelo crime do Art. 132, e sim pelo 121 c/c Art. 14, II do CP, qual seja, homicídio
tentado.
➢ PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE
EXERCÍCIOS
46. (CESPE-2012) Considere que Maria seja condenada ao pagamento de multa por crime
praticado no estrangeiro, e, pelo mesmo delito, seja igualmente condenada no Brasil a pena
privativa de liberdade. Nessa situação, a pena de multa executada no estrangeiro tem o
condão de atenuar a pena imposta pela justiça brasileira.
Certo errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
CERTO ERRADO
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
Dica: basta você ligar o inciso I à alínea “a” do parágrafo único, e o inciso II à
alínea “b”.
DO CRIME
INTRODUÇÃO
A Teoria do Crime trata do conceito do crime e seus aspectos. Neste capítulo, iremos
estudar o crime não na mesma ordem em que Código Penal traz, mas em uma ordem
didaticamente mais compreensível.
CONCEITO DE CRIME
O conceito de crime pode ser visto sobre 3 aspectos: o aspecto formal/legal, o material e
o analítico. Iremos estudar cada um deles e no último (aspecto analítico) estudaremos
praticamente toda Teoria do Crime.
ASPECTO MATERIAL
É toda ação ou omissão humana que lesa ou ao menos expõe a perigo um bem jurídico
de terceiro ou da coletividade tutelado pela norma penal. O objetivo do aspecto material do
crime é analisar se a conduta tem capacidade de lesionar ou de pelo menos expor a perigo
relevante um bem jurídico de terceiro ou da coletividade.
➢ Exemplo 1: porte ilegal de arma é crime em sentido material? Sim, pois expõe a
perigo bens de terceiros.
ASPECTO FORMAL/LEGAL
É toda conduta que a lei prevê como crime e, em regra, comina pena de detenção ou
reclusão. Esse conceito está previsto no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (LICP).
Nesse mesmo artigo, enxergamos o sistema dicotômico da infração penal. Vejamos:
Vejamos:
Art. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas: I -
advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de
serviços à comunidade; III - medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo.
➢ SISTEMA DICOTÔMICO
Como vimos no Art. 1º da LICP supracitado, o sistema dicotômico adotado no Brasil afirma
que INFRAÇÃO PENAL é gênero que tem como espécie CRIME e CONTRAVENÇÃO. No Brasil,
o delito é sinônimo de crime. Segue esquema para memorização:
INEXISTE DIFERENÇA
CONCEITUAL
CRIME/DELITO
CONTRAVENÇÃO
Existem algumas diferenças entre crime e contravenção que vêm sendo cobradas em
provas. Segue as principais logo abaixo:
CRIME CONTRAVENÇÃO
Já o conceito analítico divide o crime em partes. Essas partes serão estudadas uma a uma
seguindo uma ordem didaticamente melhor em comparação à ordem prevista no Código
Penal.
Três são as teorias que dividem o crime em partes: a teoria bipartida, a tripartida e a
quadripartida.
➢ TEORIA QUADRIPARTIDA
Essa teoria divide o crime em 4 partes. São elas: fato típico, ilícito/antijurídico, culpável
e punível. Essa teoria não foi adotada pelo ordenamento jurídico pátrio brasileiro.
➢ TRIPARTIDA TRIPARTIDA
A teoria tripartida divide o crime em três partes: fato típico, ilícito e culpável. Essa teoria
predomina no Brasil. A maioria dos doutrinadores e da jurisprudência adotam a teoria
tripartida e é justamente nessa teoria que vamos nos guiar para as provas objetivas.
➢ TRIPARTIDA BIPARTIDA
Por fim, tem-se a teoria bipartida, a qual divide o crime em 2 partes; fato típico,
ilícito/antijurídico. Para essa teoria a culpabilidade não faz parte do crime e é considerada
apenas mero pressuposto de aplicação da pena, ou seja, a culpabilidade existe, mas serve
apenas para aferir se o agente pode receber uma pena ou não.
CONCEITO DE
CRIME
ASPECTOS
TEORIAS
Cabe ressaltar que os três aspectos do conceito de crime (material, formal e analítico)
são utilizados no Brasil. Nosso estudo daqui para frente será baseado no conceito analítico,
tomando como base a teoria tripartida que é adotada pela maioria da doutrina e
jurisprudência brasileira. Nele, vamos estudar toda Teoria do Crime e da culpabilidade.
EXERCÍCIOS
O Código Penal adotou o sistema dicotômico: infração penal é gênero que tem
duas espécies – crime e contravenção; sendo o delito sinônimo de crime.
SOLUÇÃO COMPLETA
A questão erra ao dizer que existe diferença conceitual entre crimes e delitos,
quando na verdade não há, no Brasil adotou-se o sistema dicotômico ou dualista no
que tange à conceituação de infração penal; essa se divide em contravenções
penais e crimes/delitos não existindo diferença conceitual entre esses dois últimos.
Certo Errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Certo Errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
culpável (esta é adotada no Brasil pela maioria). E, por fim, existe a teoria
quadripartida, a qual acrescenta como elemento do crime a punibilidade (não foi
adotada no Brasil).
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação Moral
Causalidade ad…
Formal
TIPICIDADE
Material
Esse quadro deve ser memorizado ao ponto de você conseguir montá-lo sem precisar
consulta-lo.
Cumpre observar que cada elemento do crime está separado em um quadro diferente.
Portanto, não podemos misturar esses elementos. O que está dentro do fato típico é do fato
típico; o que está dentro da ilicitude exclui apenas a ilicitude, e os elementos da culpabilidade
fazem parte apenas da culpabilidade. Estudaremos cada um dos elementos do crime
separadamente.
FATO TÍPICO
O fato típico é composto por 4 elementos, quais sejam, conduta, resultado naturalístico,
nexo causal e tipicidade. O primeiro que iremos estudar é a conduta.
CONDUTA
Conduta é a ação ou omissão humana, voluntária, consciente, dolosa ou culposa, dirigida a
uma finalidade. Por isso, a doutrina afirma que o Brasil adotou a teoria finalista da conduta,
pois toda conduta é dirigida a uma finalidade.
Existem três teorias que tentam explicar a conduta: a teoria social, a causal e a finalista.
Segue um resumo de cada uma delas:
Para a teoria finalista da ação, criada por Hans Welzel, deve haver uma combinação do
elemento objetivo (ação ou omissão) com o elemento subjetivo, vontade, ainda que essa
vontade não seja de cometer um crime. Percebe-se que o dolo e a culpa estão presentes
dentro da conduta, logo, se não houver dolo nem culpa, não há conduta, logo o fato é atípico.
Essa é a teoria adotada pelo nosso Código Penal. Pode-se observar isso no Art. 20 do CP:
➢ TEORIA SOCIAL
A conduta pode ser positiva (fazer) ou negativa (deixar de fazer). Quando a conduta
criminosa é positiva, chamamos de crime comissivo; já a conduta negativa é chamada de
crime omissivo. Existe ainda a possibilidade de o agente cometer o crime por meio de uma
omissão e responder pelo crime comissivo (crime comissivo por omissão). Vamos em frente
para entender isso.
O Art. 13, § 2º, trata da relevância da omissão e é estudando esse artigo que vamos
entender o que seria crime comissivo por omissão. Acompanhe o texto do artigo:
Exemplo: o policial presencia um estupro e, podendo agir para evitar o resultado, não
age. Esse policial tinha o DEVER de agir, obrigação de prender em flagrante, e não agiu.
Nesse caso, essa omissão é relevante e ele responderá pelo crime de estupro
consumado, e não pela simples omissão.
Para entendermos melhor, é imprescindível distinguir omissão própria de omissão
imprópria. Vejamos:
Como visto, o dolo e a culpa estão dentro da conduta que, por sinal, é um elemento do
fato típico. Portanto, passaremos a estudar o dolo e a culpa.
O dolo e a culpa são os elementos subjetivos do tipo penal incriminador e aqui iremos
estudá-los como elementos da conduta. Se não há dolo nem culpa, não há conduta, logo o fato
torna-se atípico. Ambos estão previstos no Art. 18 do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia
CRIME DOLOSO
A primeira parte do inciso II trata do dolo direto, que é a vontade que o agente tem de
cometer determinada conduta e alcançar determinado resultado. Contudo, a segunda parte
trata do dolo eventual, o qual não tem o elemento vontade, mas sim o consentimento (o
agente assume o risco de produzir o resultado). Essas são as principais espécies de dolo (dolo
direto e dolo eventual). Existem varias especies de dóló, pórem, vamós tratar apenas de
algumas delas.
TEORIAS DO DOLO
Existem algumas teorias que representam o dolo, vejamos:
➢ TEORIA DA VONTADE: esta teoria afirma que há dolo quando existe consciência
mais vontade em cometer a conduta criminosa. Foi adotada no Brasil para definir
o dolo direto, previsto na primeira parte do inciso II do Art. 18.
ESPÉCIES DE DOLO
A doutrina costuma classificar o dolo em algumas espécies. Segue abaixo um resumo das
principais espécies de dolo:
Exemplo de dolo direto de 2º grau: Quero matar um desafeto meu e sei que ele vai
pegar um voo para são Paulo. Então, eu instalo uma bomba em uma das asas do avião com a
intenção de matá-lo. Percebe-se que meu dolo (1º grau) é de matar meu desafeto, mas eu sei
que o avião vai cair e vai matar todos que estão nele (dolo direto de 2º grau em relação aos
demais passageiros).
Para o dolo eventual, o Código Penal adotou a teoria do consentimento. Como vimos, no
dolo eventual, não existe ó elementó “vontade”, há apenas a consciência, e o agente assume o
risco de produzir o resultado.
O agente sabe que pode causar lesão a bem jurídico de terceiro, mas não se importa,
tanto faz, “DER NO QUE DER”. É a segunda parte do Art. 18, I.
Exemplo: Bruna está na sua fazenda realizando um treinamento de tiro com sua Glock
380 quando sua colega, Tamyres, alerta-se: “Bruna, cuidado, pois vai passar um pessoal perto
dó alvó”. Bruna diz: “estou vendo, mas não estou nem aí, vou atirar no alvo, der no que der”.
Bruna atira, erra o alvo e mata alguém. Bruna responderá por homicídio doloso na
modalidade dolo eventual.
Outro exemplo é o Art. 319 do CP, que trata da prevaricação. O agente tem o dolo genérico de
retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
e o dolo específico que é de praticar o ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: o interesse
pessoal é justamente o fim específico (dolo específico).
São várias espécies de dolo indicadas pela doutrina, mas vamos nos ater a essas, pois a
nosso ver, são os principais.
Por fim, observemos o parágrafo único do Art. 18:
(...)
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.
O parágrafo único afirma que, em regra, o agente só responde por crime se cometê-lo
dolosamente, seja dolo eventual ou dolo direto.
Excepcionalmente é que o agente poderá responder a título de culpa: apenas se houver
previsão legal daquela modalidade de crime culposo.
Exemplo: O crime de furto do Art. 155, CP, não admite a modalidade culposa, portanto,
segue a regra – o agente só responde por furto doloso. Porém, o crime de homicídio admite a
modalidade culposa – Art. 121, § 3º: Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.
1º grau
Teoria da
DIRETO
vontade
Consequências
2º grau
DOLO necessárias
Teoria do
EVENTUAL
consentimento
CRIME CULPOSO
No crime culposo não existe o elemento vontade, muito menos o consentimento. Aqui o agente,
mediante violação a um dever de cuidado, acaba por lesar um bem jurídico de terceiro. Para
existir culpa, deve existir uma previsibilidade objetiva do resultado, e o agente não previu por
imprudência, imperícia ou negligência. Tem previsão legal no mesmo Art. 18, porém, no inciso II.
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
A culpa propriamente dita pode ser cometida por três modalidades: negligência,
imprudência ou imperícia.
Para existir culpa deve haver a Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve
ser previsível mediante um esforço intelectual razoável. É a chamada previsibilidade
do homem médio.
ESPÉCIES DE CULPA
A doutrina relaciona algumas espécies de culpa e iremos estudá-las aqui. Iniciaremos
com os conceitos de culpa inconsciente e culpa consciente.
➢ CULPA IMPRÓPRIA: já a culpa imprópria é uma culpa que não deveria ser
chamada de culpa porque contém o elemento vontade. Aqui o agente QUER o
resultado, mas acredita está amparado por uma das excludentes de ilicitude.
São as chamadas descriminantes putativas. Por exemplo, erro que constitui uma
legítima defesa putativa.
Exemplo: Imaginem o pai que mata o próprio filho de madrugada acreditando que seria
um ladrão invadindo sua casa. Esse pai cometeu a conduta com consciência e vontade, logo
poderia responder por crime doloso (a conduta é dolosa), porém, ele acreditava estar amparado
pela legítima defesa (legítima defesa putativa). Dessa forma, o legislador preferiu punir com a
pena do crime culposo e ele responderá a título de culpa, na modalidade culpa imprópria.
Prevê o resultado, não o quer, mas ASSUME Prevê o resultado, não o quer, e ACREDITA
SINCERAMENTE que NÃO VAI OCORRER.
O RISCO de produzi-lo.
A diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente é que no dolo eventual, o agente
assume o risco de produzir o resultado, já na culpa consciente o agente acredita que o
resultado não ocorrerá.
Isso faz uma diferença enorme para a punição do agente. Por exemplo, no crime de
homicídio se o agente responder por crime doloso a pena é de 6 a 20 anos, se for culposo a
pena é de 1 a 3 anos.
COMPENSAÇÃO DE CULPAS
O nosso ordenamento jurídico brasileiro não admite a compensação de culpas.
Exemplo: Rivaldo avança o sinal vermelho e colide com Tiago, que vem na contramão.
Ambos causaram lesão corporal de natureza culposa.
Os dois respondem pelo crime? Ou nenhum responde? Ambos devem responder. Cada
um pelos seus atos.
CRIME PRETERDOLOSO
Exemplo: Bruno, com intenção de lesionar Alisson, atinge-o com uma pedra. Alisson
vem a falecer em decorrência da lesão causada por Bruno. Lesão corporal seguida de morte
(Art. 129, parágrafo 3º). Dolo na lesão, culpa na morte.
➢ COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL: acontece quando há uma coação física que faz o
agente agir sem voluntariedade. A coação física pode advir de:
• Força humana: exempló: “A” empurra “B” fórtemente, de fórma que “B” cai pór
cima de “C” causandó-lhe lesão corporal.
Nós dóis casós acima nãó há cónduta, póis ó elementó “vóluntariedade” fói excluídó pela
coação física irresistível, portanto, se não há conduta o fato torna-se atípico e não há que se
falar em crime.
➢ ATOS REFLEXOS: podemos citar como exemplos de atos reflexos uma descarga
elétrica, uma picada de insetos, um espirro etc. são situações nas quais não há
voluntariedade. Nesses casos, não haverá conduta, pelos mesmos motivos citados
anteriormente.
Antes de iniciarmos o próximo elemento do fato típico, vamos relembrar nossa tabela da
Teoria do Crime?
EXERCÍCIOS
52. (CESPE-2017) Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual,
em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as
precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou
ocasionando dano à integridade física de uma pessoa.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Embora não tenha desejado o resultado danoso, Antônio poderá ser punido devido à
imperícia na execução do procedimento laboratorial.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar uma infração penal
cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
A coação física irresistível exclui o fato típico. Logo, a infração penal não é
nem típica, muito menos ilícita.
RESOLUÇÃO COMPLETA
Lembre-se de que a análise dos elementos do crime deve ser feita nessa
ordem: primeiro analisa-se o fato típico, depois a ilicitude e por fim a culpabilidade.
Só se analisa o segundo elemento se o primeiro for confirmado, só se analisa o
terceiro se o segundo for confirmado.
A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o
agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
55. A imprudência caracteriza-se pela omissão daquilo que razoavelmente se faz, ajustadas
as condições emergentes às considerações que regem a conduta normal dos negócios
humanos.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
56. (CESPE-2015) No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.
A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de um
veículo responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por
sufocamento dentro do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente
garantidora, possui a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilância da criança.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Nesse caso, a mãe responderá pelo crime de homicídio culposo, não doloso.
SOLUÇÃO COMPLETA
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
Segundo a teoria finalista da ação, toda conduta é dirigida a uma finalidade,
ainda que não seja uma finalidade criminosa. Portanto, no crime culposo, a ação é
voluntária, dirigida a uma finalidade não criminosa e tem um resultado criminoso
involuntário. Cumpre observar que a conduta é voluntária, o que é involuntário é o
resultado, que adveio por imprudência, negligência ou imperícia do agente.
59. São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: 53C 54E 55E 56E 57C 58E 59E 60E 61E 62E
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral
Formal
TIPICIDADE
Material
RESULTADO NATURALÍSTICO
➢ RESULTADO NATURALÍSTICO
Só é exigível o resultado naturalístico nos crimes materiais. Mas o que seria crime
material?
Por exemplo, no crime de homicídio, a lei prevê a morte e exige que a morte aconteça
para o crime se consumar.
A lei prevê o resultado A lei prevê o resultado A lei não prevê nenhum
naturalístico e o exige para a naturalístico e não o exige resultado naturalístico.
para a consumação.
consumação.
Você deve responder a algumas perguntas para ter certeza de que aprendeu o assunto:
EXERCÍCIOS
Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela norma.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Para uma norma ser definida como crime, deve atentar contra um bem
jurídico tutelado, e se é tutelado, tem proteção jurídica, e um enfrentamento a essa
norma resulta em um resultado jurídico.
RESOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: 63C
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral
Formal
TIPICIDADE
Material
NEXO CAUSAL
Nexo causal, terceiro elemento do fato típico, é o vínculo que une a conduta do agente
ao resultado naturalístico ocorrido no mundo exterior. Dessa forma, a causa é a conduta
indispensável ao resultado e que tenha sido querida ou no mínimo prevista por quem a
praticou. Portanto, só existe nexo causal nos crimes materiais! Vejamos o texto de lei:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Algumas teorias tentam explicar o nexo de causalidade. Iremos estudar duas delas, as
quais foram adotadas no Brasil: teoria da equivalência dos antecedentes causais e teoria da
causalidade adequada.
Essa teoria, em latim, chamada de CONDITIO SINE QUA NON (condição sem a qual não),
foi adotada no Brasil como regra. Para esta teoria, é considerada causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Assim, para saber se uma conduta é ou não equivalente à causa do crime, devemos
retirá-la do caminho anterior ao crime e ver se ainda assim o crime ocorreria. É o chamado
“processo hipotético de eliminação” de Thyrén.
Exemplo: Eduardo acorda pela manhã, toma café, compra uma arma de Edmilson,
(dizendo que é para caçar) pega um táxi, fuma um cigarro, e encontra Júlio, seu desafeto.
Eduardo dispara 16 tiros contra ele, causando-lhe a morte.
No exemplo acima, se Edmilson não tivesse vendido a arma, o resultado ocorreria? Não.
Então, a venda da arma é nexo causal. Se o táxi não tivesse transportado Eduardo, o resultado
teria ocorrido? Não. Então, o transporte realizado pelo taxista também é nexo causal. Se a mãe
de Edmilson não tivesse o parido, o resultado teria acontecido? Não. Então, a mãe de Edmilson
deveria responder, pois o fato de ela dar à luz também é nexo causal.
PROBLEMA: convém perceber que se essa teoria fosse adotada puramente, ela levaria
ao infinito e todas as pessoas do mundo seriam responsabilizadas pelo crime.
SOLUÇÃO: essa teoria foi mitigada, ou seja, temperada, e o Brasil impôs um limite, que é
justamente o dolo (a vontade de participar) ou a culpa (poderia prever o crime) e a imputação
objetiva (a conduta deve criar um risco proibido). Portanto, só é considerado causa se houver
dolo ou culpa em relação ao crime.
Diante disso, percebemos que o Brasil adotou a teoria da equivalência dos antecedentes
causais mitigadas/temperadas, para a aferição do nexo causal, impondo, como requisitos para
a responsabilização da conduta que contribuiu para o resultado do crime, o dolo e a culpa
(responsabilidade subjetiva) bem como os critérios de imputação objetiva (a conduta deve
criar um risco proibido). Mas o que seria a teoria da imputação objetiva?
Exemplo: O marido tem colesterol alto. A sua esposa, com muita raiva do marido e
querendo assassiná-lo, leva-o a uma churrascaria e ele come muita carne, de modo acaba
morrendo de AVC. Pela teoria da equivalência dos antecedentes causais, a conduta da esposa
seria nexo causal. Todavia, pela teoria da imputação objetiva, não, pois o fato de levar o
marido a uma churrascaria não significa criar um risco proibido.
Exemplo: Dessa vez, Roberto deseja matar Flávio envenenado e coloca veneno no seu
refrigerante. Ao ingerir o veneno, Flávio começa passar mal e, antes de ser socorrido, é
surpreendido por um desafeto seu, que o mata com um tiro de espingarda calibre 12.
Aqui a concausa do resultado foi o tiro de 12, que veio após a conduta de Roberto
(envenenamento) e por si só causou o resultado.
Exemplo: Rodolfo, querendo matar Letícia, desfere vários tiros contra ela. No momento
dos disparos, Letícia sai desesperada pela rua tentando se esquivar dos tiros e é atropelada
por um caminhão, vindo a óbito em decorrência do acidente.
Cumpre observar que a concausa é o acidente que ocorreu paralelamente aos tiros.
Porém, Letícia só correu desesperada devido aos tiros.
Portanto, iremos dividir essa concausa em 2: a que produziu o resultado por si só, e a
que produziu o resultado unindo-se à conduta do agente.
Exemplo: Letícia, com vontade de matar Rodolfo, descarrega a pistola nele. Rodolfo é
socorrido e passa por cirurgia. Porém, antes de ter alta, o hospital pega fogo, e Rodolfo morre
em decorrência do incêndio.
Logo, Letícia não merece responder por homicídio consumado, conforme Art.
13, § 1º do CP. O resultado não será imputado a ela.
Exemplo: Letícia, com vontade de matar Rodolfo, descarrega a pistola nele. Rodolfo é
socorrido e passa por cirurgia. Porém, Rodolfo adquiriu uma infecção por conta do ferimento
dos tiros e morreu em decorrência dessa infecção.
Nesse caso, a concausa (infecção) por si só não teria como causar o resultado morte. A
infecção teve que se unir necessariamente à conduta do agente (tiros).
Letícia responderá por homicídio consumado, pois, por meio da sua conduta,
adveio a infecção que causou o resultado morte.
Preexistente. Ex.:tiro/veneno
Preexistente. Ex.:tiro/veneno
ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE
Absolutamente Independente Concomitante.Ex.:
Concomitante. Ex.:teto.
teto.
Superveniente.
Superveniente. Ex.: veneno/tiro.
Ex.:veneno/tiro.
Preexistente.
Preexistente.Ex. hemofílico.
Ex.: hemofílico.
RelativamenteIndependente
Relativamente Independente Concomitante.
Concomitante.Ex. Caminhão
Ex.: Caminhão
Independente Por si só provocou
o resultado
Superveniente.
Necessariamente teve
que se unir à conduta
do agente.
A teoria adotada pelo Código Penal foi a formal do dever jurídico, pois a posição de
garantidor deve estar formalizada na lei, como vimos no parágrafo supracitado.
O poder de agir é a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o
resultado, um exemplo seria: caso um único policial militar em serviço que veja 14 homens
fortemente armados entrando em uma agência bancária, neste caso ele tem o dever de agir,
mas não o poder de agir para evitar o resultado.
Mas quem é que tem o dever legal de agir? Essa resposta encontra-se nas alíneas “a”, “b”
e “c” do §2º e iremos analisar cada uma delas a seguir.
Entende-se que ó Códigó Penal adótóu a palavra “lei” em sentido amplo, e não apenas
lei em sentido formal. Por essa alínea, o pai tem dever legal em relação ao filho, por exemplo.
É também o dever legal que o policial tem para prender quem seja encontrado em situação de
flagrante delito.
EXEMPLO: Policial que pode agir e não age. Imagine um policial em serviço que presencie
um assaltante roubando um pedestre, podendo agir e tendo o dever imposto por lei,
simplesmente se omite.
Essa omissão, para o Código Penal, é considerada como uma verdadeira ação
(participação por omissão). Nesse caso, o policial deverá responder pelo resultado, ou seja,
responderá juntamente com o criminoso pelo crime de roubo. Aqui a omissão é penalmente
relevante e o agente responde por crime comissivo por omissão (responde como se fosse ele
que tivesse roubado) cuidado!
Isso acontece porque quem tem o dever de agir e não age responde pelo resultado
produzido. No caso concreto, a ação que gerou o resultado foi um crime doloso, sendo assim, o
policial responderá como partícipe deste crime. Por isso, o crime omissivo impróprio também
é chamadó de “participaçãó pór ómissãó”.
EXEMPLO: Mãe que deixa de amamentar o filho recém-nascido. Nessa situação hipotética,
ela possui a obrigação de alimentá-lo (art. 229, CF/88) e a sua ausência dolosa ou culposa será
punível como delito comissivo por omissão (omissão imprópria) de homicídio doloso ou
culposo consumado, conforme sua intenção.
Art. 229, CF/88: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade..
O dever de agir também pode decorrer de um contrato, o qual pode ser escrito ou verbal.
Observe a alínea a seguir:
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
EXEMPLO: Babá que assume tomar conta de uma criança e durante a noite — distraída
com o celular — não percebe que a criança engatinha perigosamente em direção à escada, da
qual vem a despencar e acaba morrendo.
O resultado aqui foi uma morte gerada por negligência que, no caso concreto, irá gerar a
responsabilidade do agente garantidor ao crime de homicídio culposo (responde pelo
resultado, e não pela omissão).
Nesse caso, aquele que criou a situação de perigo fica obrigado a evitar o resultado
lesivo ao bem protegido pela norma penal.
EXEMPLOS: uma pessoa que ateia fogo em uma mata tem o dever jurídico de apagar o
incêndio; a pessoa que atira um amigo na piscina e ele se afoga, então tem o dever de socorrê-
lo; o indivíduo que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco, tem o dever de ajudá-
lo e impedir que ele morra; uma pessoa que esquece um pote de veneno em cima da mesa tem
o dever legal de evitar com uma criança ingira o veneno.
Em todos esses casos o omitente responderá pelo resultado, a não ser que este não lhe
possa ser atribuído nem por dolo nem por culpa, caso em que não haverá crime, por ausência
de conduta.
Por fim, entende-se que o comportamento anterior que criou o perigo pode ser doloso
ou culposo, ou até mesmo um comportamento lícito.
Exemplos: Letícia acidentalmente empurra Rodolfo na piscina e ele morre afogado. Uma
pessoa tranca a porta de um estabelecimento e não percebe que havia um ladrão lá dentro,
após ser comunicada do fato, essa pessoa passa a ter o dever de libertá-lo. Cuidado! Não
responda questões de prova com a emoção. Fiz questão de colocar esse exemplo com um
ladrão para causar revolta em você mesmo. Mas isso foi com o objetivo de abrir seus olhos no
sentido de deixar a emoção de lado na hora da prova.
CUIDADO!
Quando estamos falando de relação de causalidade (Art. 13, CP), questão
recorrente é a diferença entre crime omissivo próprio e crime omissivo
impróprio (Art. 13, §2º, CP).
EXERCÍCIOS
61. Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no Direito brasileiro,
foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada, também conhecida como
teoria da equivalência dos antecedentes causais.
CERTO( ) ERRADO ( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO SIMPLES
SOLUÇÃO COMPLETA
A questão erra ao afirmar que a teoria adotada como regra foi a teoria da
causalidade adequada, quando na verdade a regra é a teoria da equivalência dos
antecedentes causais.
Erra novamente ao afirmar que a teoria da causalidade adequada também é
conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais. Uma não tem a
ver com a outra. Trata-se de duas teorias distintas.
Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de suicidar-se,
tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por Paulo, que desejava matá-
lo. Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em razão da ingestão do veneno. Nessa
situação, o resultado morte não pode ser imputado a Paulo.
CERTO( ) ERRADO ( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Paulo não produziu o resultado e deve responder pelo crime tentado, uma vez
que o resultado não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade.
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão está errada, pois afirma que a teoria da causalidade adequada
avalia a ação ou omissão que sem ela o resultado não teria acontecido e, na
verdade, esse conceito se refere à teoria da equivalência dos antecedentes causais.
Lembrando que:
Brasil adota teoria do conditio sine qua non em regra.
Excepcionalmente adota a teoria da causalidade adequada.
TIPICIDADE
Dentre os elementos do fato típico está a tipicidade penal, mas o que significa
tipicidade? Em uma explicação simples, é analisar se a conduta do agente preenche todos os
elementos típicos da definição legal de um delito, e se a conduta causou uma lesão ou ameaça
de lesão significante para o Direito Penal. Portanto, a tipicidade penal não deve ser analisada
unicamente em seu sentido formal; deve haver também uma análise sobre o prisma
material.
TIPICIDADE FORMAL
A tipicidade formal é a chamada subsunção dos fatos à norma penal. É simplesmente a
adequação da lei ao caso concreto (adequação típica).
Exemplo: Rodolfo subtrai para ele 20 reais que pertenciam a Letícia, coordenadora
pedagógica do AlfaCon e, portanto, rica. Nesse caso, Rodolfo cometeu a conduta típica de furto,
prevista no Art. 155 do CP. Vejamos:
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Cumpre observar que Rodolfo subtraiu para ele uma coisa alheia móvel. Estamos diante
de uma perfeita subsunção (adequação da lei ao caso concreto). Nesse caso, podemos afirmar
que existe tipicidade formal. Mas, como vimos, a tipicidade deve ser analisada ainda sob o
aspecto material.
É o fato que se adequa ao tipo penal incriminador e não necessita de nenhuma outra
norma. É, por exemplo, ó crime cónsumadó: imagine que “A” atira em “B” e “B” vem a óbitó. O
fato se adequa perfeitamente ao tipo penal de homicídio previsto no Art. 121 do CP.
Portanto, para que haja tipicidade, devemos analisar o aspecto formal e material do fato
típico.
Exemplo: Rodolfo subtrai 5 mil reais de Everton, humilde professor. Aqui estamos
diante de um furto (Art. 155) e dessa vez há tipicidade formal e material, uma vez que 5 mil
reais, para Everton, é uma quantia altamente relevante.
Alguns autores falam ainda sobre a tipicidade conglobante. Apesar de não ter sido
adotada pelo nosso Código Penal, as questões podem cobrar o seu conceito. Portanto,
abordaremos esse conceito de forma bem breve e compreensiva.
TIPICIDADE CONGLOBANTE
Lembrando que estamos estudando o conceito analítico do crime, o qual divide o crime
em três partes, segundo a teoria tripartida: fato típico, ilícito e culpável. Aqui finalizamos os 4
elementos que compõem o fato típico: conduta, resultado naturalístico, nexo causal e
tipicidade. Se excluirmos qualquer um desses elementos, o fato se torna atípico, logo, exclui-se
o crime.
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral
Imediata
Formal
TIPICIDADE Mediata
Material
Memorize toda essa tabela, pois ela ajudará a responder a todas as questões
relacionadas à Teoria do Crime. Estudaremos os demais elementos logo após esta sequência
de exercícios. Responda a todos e leia os comentários atentamente.
EXERCÍCIOS
Situação hipotética: Joana contratou Antônia para servir de curadora de sua mãe, uma
pessoa idosa. Certo dia, enquanto Antônia dormia, a mãe de Joana, ao caminhar pela sala, caiu
e fraturou o fêmur da perna esquerda.
Assertiva: Nessa situação, Antônia não será responsabilizada pela lesão sofrida pela mãe
de Joana: a conduta omissiva de Antônia é penalmente irrelevante.
Certo Errado
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
O Art. 13, § 2º do CP afirma que a omissão é penalmente relevante nos casos em que
o agente tenha o dever de agir e naquele momento seja possível agir para evitar o resultado.
Cumpre observar que a curadora assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (conforme
alínea “b”) e deverá responder pelo resultado da sua omissão (crime comissivo por omissão).
Vejamos o texto de lei:
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
65. (CESPE - 2018) Um indivíduo agiu prevendo o resultado naturalístico adverso de sua
ação, mas esperava que este não viesse a ocorrer. Nesse caso, a conduta do indivíduo
corresponde ao conceito jurídico de
a) dolo eventual.
b) dolo de segundo grau.
c) culpa presumida.
d) dolo de perigo.
e) culpa consciente.
Gabarito: E
SOLUÇÃO RÁPIDA
A questão conceitua a culpa consciente.
Solução completa
Na culpa consciente o agente prevê o resultado, não quer o resultado e
acredita sinceramente que o resultado não vai acontecer.
Cuidado para não confundir com o dolo eventual!
No dolo eventual o agente prevê o resultado, não quer o resultado, mas
aceita o resultado. É o famoso der no que der continuarei fazendo. É aquela
conduta em que o agente sabe que pode produzir o resultado criminoso, ele não
quer o resultado, porém, não se importa se este acontecer.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
67. (CESPE - 2013) No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue o
item que se segue.
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Trata-se dos casos previstos no Art. 13, parágrafo segundo, do Código Penal.
Exemplo: um policial que tem o dever de prender em flagrante visualiza o crime
de estupro e não age para evitar o resultado, este responderá pelo estupro (crime
comissivo) justamente porque se omitiu em cumprir seu dever legal (omissão).
Imagine ainda uma mãe que presencia o padrasto estuprando sua filha e
nada faz para evitar. A mãe responde pelo resultado (estupro). São os chamados
crimes comissivos por omissão.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
69. (CESPE -2015) A respeito do conflito aparente de normas penais, dos crimes
tentados e consumados, da tipicidade penal, dos tipos de imprudência e do arrependimento
posterior, julgue o item seguinte.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
70. (CESPE - 2014) Julgue o item seguinte, relativo a fundamentos do Direito Penal.
Considere a seguinte situação hipotética.
Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba por
ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e,
devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram.
Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do
delito contra Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais
passageiros do avião.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
71. (CESPE - 2014) Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao Direito
Penal, julgue o próximo item.
A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é
correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
No Brasil adota-se a teoria finalista, a qual coloca dolo e culpa dentro do fato
típico. O enunciado faz referência à teoria causalista que coloca dolo e culpa na
culpabilidade.
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Exemplo: Bruno, com intenção de lesionar Alisson, atinge-o com uma pedra.
Alisson vem a falecer em decorrência da lesão causada por Bruno. Lesão corporal
seguida de morte (Art. 129, parágrafo 3º). Dolo na lesão, culpa na morte.
73. (CESPE – 2018) Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a
bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que
estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o
traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e levaram o colega ferido
ao hospital da região.
Nessa situação hipotética, se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro
disparado pelo traficante, estar-se-á diante de homicídio tentado, que, no caso, terá como
elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o ingresso do traficante nos atos
preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por circunstâncias
alheias à vontade do traficante.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
A questão tenta vencer o candidato no cansaço. Ela vem toda certinha, mas
no final ela erra quando fala que um dos requisitos da tentativa é o ingresso do
agente nos atos PREPARATÓRIOS, quando na verdade deveria ter mencionado os
atos EXECUTÓRIOS.
Os atos preparatórios, em regra, não são puníveis pelo Direito Penal, salvo
se a preparação for elementar do próprio tipo penal. Mas em regra, só haverá
punição a partir dos atos executórios (como vimos ao estudar o iter criminis)
74. ( CESPE – 2018 ) Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo,
a bicicleta de um adolescente, tendo-o ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi
preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa roubada. Nessa situação, a
restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena, pois o
crime foi cometido com grave ameaça à pessoa.
CERTO ( ) ERRADO( )
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Solução completa
Tal instituto não se refere à tentativa, pois não está dentro do caminho do
crime, mas de benefício aplicável após a consumação do crime, ou seja, depois do
iter criminis. Vejamos o texto do Art. 16 do CP:
Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
ITER CRIMINIS
Iter criminis quer dizer caminho do crime, ou seja, as fases do crime, que, para a
doutrina majoritária, são 4 (quatro) etapas: [1ª] cogitação, [2ª] preparação, [3ª] execução e
[4ª] consumação.
De antemão, saiba que a única fase interna é a cogitação e as outras são fases
externas.
Cuidado!
De acordo com o princípio da alteridade ou transcendentalidade, o
Direito Penal só pode punir condutas que agridam bem jurídico alheio, isto é,
não haverá punições a condutas meramente internas ao agente (pensamentos,
desejos, autopunição, autolesão, suicídio, etc.). Dessa forma, a cogitação nunca
será punida pelo Direito Penal.
Tentativa
Art. 14, II, CP: tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente..
Os crimes puníveis na fase de preparação são geralmente delitos
autônomos, que possuem uma norma penal criminalizando estes
atos antecedentes.
• CRIMES DE OBSTÁCULO: são delitos autônomos e retratam os atos preparatórios
para um delito-fim, por exemplo, a associação criminosa (Art. 288, CP) e os
petrechos para falsificação de moeda (Art. 291, CP).
3ª EXECUÇÃO: a partir daqui o agente já pode ser punido, no mínimo, pela tentativa.
Aqui o agente entra nos atos executórios do tipo penal. Ex.: puxar a arma para matar alguém,
já adentrou nos atos executórios.
4ª CONSUMAÇÃO: nessa fase o resultado do crime já aconteceu. Ex.: a morte, no crime
de homicídio.
Existe ainda o EXAURIMENTO, que é quando o agente alcança o fim pretendido. Ex.:
extorsão: nesse crime a consumação se dá com o constrangimento, não necessita que o agente
receba a vantagem exigida, é crime de consumação antecipada. O recebimento da vantagem é
um mero exaurimento. Portanto, o exaurimento vem após a consumação do crime e não altera
a tipificação da conduta.
Agora que sabemos todo o caminho do crime, fica mais fácil entender o que vem pela
frente. Iremos utilizar o iter criminis por várias vezes ao longo dos próximos assuntos.
CRIME CONSUMADO
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele percorra todas as fases do iter
criminis: cogitação, preparação, execução e consumação. O agente, com sua conduta,
“caminha” pór tódas as fases até atingir o resultado, salvo os crimes que possuem consumação
antecipada (crimes formais).
Cómó diz ó Art. 14 dó CP, ó crime e consumado, quandó nele se reunem todos os
elementos de sua definiçaó legal; e justamente quandó ó resultadó dó crime acóntece.
Exemplos: ó Art. 121 mencióna “matar alguem”. Lógó, só havera hómicídió cónsumadó
se alguem mórrer. E a adequaçaó típica imediata. Nó casó de furtó, Art. 155 dó CP, só havera
furtó cónsumadó se ó agente cónseguir subtrair a cóisa alheia.
E se ó crime naó chegar ate a fase da cónsumaçaó, ó que e que acóntece? Nesse casó,
póde haver um crime tentadó, uma desistencia vóluntaria óu um arrependimentó eficaz.
Estudaremós cada um deles.
CRIME TENTADO
O crime tentado é quando o agente adentra nos atos executórios e algo contra sua
vontade acontece e evita a consumação do delito. Vejamos o texto de lei:
Art. 14, CP: Diz-se o crime: […]
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena da tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços..
Primeiramente, devemos ter em mente que o instituto da tentativa (ou conatus) significa
que o agente não conseguiu consumar (concluir) o crime por ele desejado, mas por
circunstâncias alheias à sua vontade.
➢ A partir de que momento o agente pode ser punido por tentativa? Quando iniciada
a execução.
Exemplo: Letícia atira em Ródólfó cóm intençaó de mata-ló. Após ós disparós, Letícia
evadiu-se dó lócal pensandó ter matadó seu algóz, pórem, Ródólfó fói sócórridó e sóbreviveu.
Atenção!
Se o agente não consumar o crime por circunstâncias internas à sua
própria vontade, não será tentativa, mas sim desistência voluntária ou
arrependimento eficaz (Art. 15, CP) a depender do caso concreto.
STJ, AgRg no AREsp 1.124.565/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/06/2018, 5ª Turma, DJe 29/06/2018.
A banca cepe já cobrou esse assunto e deu como errada a seguinte afirmativa: Em
relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime
de evasão mediante violência contra a pessoa. O erro está justamente em afirmar que a teoria
adotada é a subjetiva.
PENA DA TENTATIVA
Pune-se o crime tentado com a mesma pena do consumado, mas reduzida, ou seja, o juiz
irá analisar o crime em sua forma consumada e diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
terços), dependendo da proximidade que os atos executórios chegaram da consumação:
quanto mais próximo do resultado chegar, menor será a redução; quanto mais distante do
resultado, maior a redução. Vejamos o parágrafo único do Art. 14:
Pena da tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços..
Exemplo: Alisson, com animus necandi, atira 16 vezes contra Bruno, porém, erra todos
os tiros.
Exemplo: Bruno passou um mês na UTI, quase morreu. (diminui menos – 1/3)
Exemplo: Bruno errou todos os tiros, a vítima passou longe da morte. (diminui mais
2/3)
Mais uma vez percebemos que a teoria adotada pelo Código Penal para a aplicação da
tentativa é a teoria objetiva, pois é uma causa obrigatória de diminuição de pena da Parte
Geral (Art. 14, parágrafo único, CP), não importando a subjetividade do delito praticado pelo
agente.
CUIDADO!
No crime de homicídio (Art. 121, CP), se o agente não atingir a vítima, isto é,
tratando-se de tentativa branca de homicídio (ou incruenta), a redução da pena
será no patamar máximo: redução de 2/3 (dois terços), sendo o homicídio simples
ou qualificado, de acordo com o STJ.
STJ, HC 265.189/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 17/12/2013, 5ª Turma, DJe 03/02/2014. Precedentes: STJ – EDcl no
AgRg no REsp 1.167.481/RS, REsp 117.253/DF.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
A tentativa pode ser branca ou vermelha, quanto ao atingimento do objeto pretendido. E
pode ser perfeita ou imperfeita, quanto ao esgotamento dos atos executórios. Veremos cada
uma delas.
Exemplos: Eduardó, cóm dóló de matar, atira 6 vezes e erra tódós ós tirós que desferiu
cóntra Brunó. O resultadó naó ócórreu pór circunstancias alheias a sua vóntade e essas
circunstancias impediram que Eduardó atingisse ó óbjetó pretendidó (córpó de Brunó).
Exemplo: Eduardó, cóm dóló de matar, atira em Cibely e acerta peló menós um dós tirós
nela, mas Cibely naó mórre pórque fói sócórrida.
A palavra cruenta lembra carne crua, e carne crua tem sangue; se atingir a vítima,
havera sangue (tentativa vermelha-cruenta).
Ja a palavra incruenta, significa que naó esta crua, óu seja, não há sangue, pórque a
vítima naó fói sequer atingida (tentativa branca-incruenta).
Nesse exempló, Letícia esgótóu tódó ó seu pótencial ófensivó e mesmó assim ó crime naó
se cónsumóu, óu seja, apesar de ela ter feitó tudó que estava aó seu alcance, ó crime falhóu.
Aqui ela cónseguiu cómpletar a execuçaó dó crime.
Atenção!
Crime falho é sinônimo de tentativa perfeita (ou acabada) e as bancas de
concurso tentam confundir nas provas utilizando o termo “quase-crime” —
sinônimo de crime impossível ou tentativa inidônea (Art. 17, CP).
BRANCA/INCRUENTA: não
BRANCA/INCRUENTA: NÃO atingeOoBEM.
ATINGE bem.
TENTATIVA
VERMELHA/CRUENTA: atinge o bem.
VERMELHA/CRUENTA: ATINGE O BEM.
TENTATIVA
PERFEITA: exaureEXAURE
PERFEITA: o potencial lesivo. LESIVO
O POTENCIAL
Alguns crimes não admitem a punição pela tentativa. O macete aqui é apenas memorizar
todos eles, pois a prova vai perguntar quais são. Vejamos:
Atenção!
No crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio, Art. 122, CP, a
tentativa só é punida se resultar pelo menos lesão corporal de natureza grave. Isso
está previsto no próprio Art. 122.
Exemplo: “A” levóu foi traído por sua esposa mulher e no bar, revoltado, conta como foi.
“C”, seu amigó, olha para ele e diz “, se eu fosse você, eu me matava para não ter que viver essa
vergónha”. “A” vai para casa, pega o revólver e atira na própria cabeça, mas é socorrido, perde
um olho e sobrevive.
Nesse caso, houve lesão corporal grave e “C” respónderá peló crime dó Art. 122 do CP.
Mas digamós que aó invés de atirar cóntra si mesmó, “A” tentasse se enforcar, e a corda
arrebentasse antes de ele morrer, restando apenas lesão corporal de natureza leve. Nesse
casó, “C” que induziu, não responderá por nada.
STJ, AgRg no REsp 1.176.324/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, julgado em
16/02/2016, DJe 23/02/2016. No mesmo sentido: STJ – AgRg no REsp 1.322.788/SC, AgRg no AREsp
608.605/MS, AgRg no REsp 1.405.123/SP, AgRg no REsp 1.199.947/DF, HC 147.729/SP, RHC 6.797/RJ; STF – HC
114.223/SP.
EXERCÍCIOS
75. No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento
posterior e crime impossível, julgue o item a seguir.
Certo Errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
76. (CESPE-2015)
Admite a modalidade tentada o crime de:
SOLUÇÃO COMPLETA
A) culposo.
B) permanente.
C) preterdoloso.
D) unissubsistente.
E) habitual.
Gabarito: B
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
a) Está incorreta, pois crimes culposos não admitem tentativa, salvo culpa
imprópria.
b) Está correta, pois na forma os crimes permanentes admitem a forma
tentada, como, por exemplo, a tentativa de um sequestro, que não se consumou
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
c) Está incorreta, pois os crimes preterdolosos são aqueles em que a conduta
é praticada de forma dolosa, porém o resultado é obtido de forma culposa, logo não
há que se falar em tentativa.
d) Está incorreta, pois o crime unissubsistente se pratica mediante um único
ato, não admitindo o fracionamento da conduta, logo não admite tentativa.
e) Está incorreta, pois o crime habitual se consuma quando ocorre a prática
reiterada de atos que revelam um estilo de vida do agente, também não admite
tentativa.
Gabarito: D
SOLUÇÃO RÁPIDA
Dentre as alternativas, os únicos crimes que admitem tentativa são os crimes
complexos, que são aqueles que ofendem mais de um bem jurídico protegido pela
norma, por exemplo, o crime de roubo.
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
Está correta, pois a tentativa é uma norma de extensão prevista no Art. 14,
inciso II, do Código Penal.
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
Como regra, o Estado só inicia o seu direito de punir na terceira etapa do Iter
criminis, ou seja, na execução. Contudo, o Estado pode punir na fase preparatória
quando os atos preparatórios já constituam um crime autônomo, como, por
exemplo, o crime de associação criminosa previsto no Art. 288, do CP.
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
87. (CESPE/2013) É admissível a tentativa tanto nos crimes plurissubsistentes quanto nos
crimes unissubsistentes.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
88. (CESPE/2009) De acordo com o Art. 14, inciso II, do CP, diz-se tentado o crime
quando, iniciada a execução, este não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente. Em relação ao instituto da tentativa (conatus) no ordenamento jurídico brasileiro,
assinale a opção correta.
A) O crime de homicídio não admite tentativa branca.
B) Considera-se perfeita ou acabada a tentativa quando o agente atinge a vítima, vindo a
lesioná-la.
C) A tentativa determina a redução da pena, obrigatoriamente, em dois terços.
D) As contravenções penais não admitem punição por tentativa.
Gabarito: D.
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
90. (CESPE/2009) O Direito Penal não pune os atos meramente preparatórios do crime,
razão pela qual é atípica a conduta de quem simplesmente guarda aparelho especialmente
destinado à falsificação de moeda sem efetivamente praticar o delito.
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
A conduta de quem guarda aparelho para falsificação de moeda, por si só, já
caracteriza um crime autônomo.
RESOLUÇÃO COMPLETA
Como regra, o Direito Penal não pune os atos preparatórios, salvo quando
eles já constituírem um crime autônomo. É o caso do crime exposto na questão:
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito,
possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Logo, apesar de não ter entrada na etapa da execução, o Estado já inicia a
punição dessa conduta na fase preparatória, por constituir um crime autônomo.
Tais institutos foram criados por uma política criminal visando estimular o agente a
evitar a produção do resultado do crime por ele iniciado. Todavia, a desistência ou o
arrependimento deve ser eficaz, isto é, deve evitar o resultado, do contrário o agente não
receberá o benefício da ponte de ouro e responderá pelo delito inicialmente pretendido.
Para entendermos os conceitos acima, temos que colocar cada um deles no seu lugar
correto, dentro do caminho do crime. Vejamos:
Percebe-se que a desistência voluntária acontece depois que o agente inicia os atos
executórios e antes do fim da execução. Ou seja, o agente desiste no meio da execução (desiste
de prosseguir com a execução).
Exemplo: Antónió tem 6 muniçóes nó seu revólver e atira 3 vezes em Vanessa cóm dóló
de matar. Pórem, fica cóm pena e decide naó disparar ós óutrós 3 tirós. Vanessa naó mórre.
Aqui ó ató fói vóluntarió, e fói espóntaneó, póis a ideia partiu dó próprió agente.
➢ NÃO ESPONTÂNEA: a ideia partiu de outra pessoa, mas o agente desistiu por
vontade própria, não foi forçado.
Exemplo: Abigail, querendó matar Bia, atira 3 vezes cóntra ela. Nesse mómentó, Cibely
ólha para Abigail e diz “faz issó naó, amiga, ela e muitó jóvem para mórrer”. Abigail desiste de
disparar ó restó das muniçóes que póssui e Bia sóbrevive.
Aqui, apesar de a ideia não ter surgido na cabeça de Abigail, ela agiu voluntariamente,
pois não foi forçada a desistir. Também configura desistência voluntária. O importante é que
ela própria decida pela desistência, mesmo que a ideia não seja dela.
ATENÇÃO!
Na desistência voluntária o resultado não pode ocorrer. Se o resultado
ocorrer, o agente responde pelo crime consumado.
Exemplo: eu, com dolo de matar, dei um único tiro, depois resolvi desistir de prosseguir
com a execução, mas mesmo assim a pessoa morreu. Respondo por homicídio.
Atenção!
Há DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA quando o agente deixa de prosseguir na
execução para fazê-la mais tarde, por qualquer motivo, por exemplo, para não
levantar suspeitas.
Nesse caso, mesmo não sendo nobre o motivo da desistência, a Doutrina
entende que há desistência voluntária.
Exemplo: Diego atira em Cleber duas vezes e acerta seu braço, mas desiste
voluntariamente de utilizar as outras 3 munições que tinha no revólver e Cleber não morre.
Diego responde por lesão corporal (atos até então praticados).
Cumpre observar que a desistência voluntária e a tentativa são bem parecidas. Mas
uma não se confunde com a outra.
As questões de concursos costumam trocar esses dois conceitos. Pensando
nisso, segue abaixo a diferença entre um e outro, para você nunca mais errar uma
questão dessa.
Cónvem frisar que, aó afirmar que ele descarregóu ó revólver, significa dizer que ele
cómpletóu ós atós executóriós. Após executar tódós ós disparós, ele se arrependeu e salvóu a
vida de Andreza.
Cuidado!
Algumas questões irão utilizar a palavra DESISTIU para induzir o candidato a
responder que se trata de desistência voluntária, quando na verdade os requisitos
são de arrependimento eficaz.
Exemplo: “A” póssui 6 muniçóes nó seu revólver e atira em “B” 3 vezes. “A” se
ARREPENDEU de ter atiradó, guardóu ó revólver e sócórreu “B”, salvandó sua vida.
E SE O RESULTADO OCORRER?
ATENÇÃO!
Exemplo: Debóra e Franciscó se unem para furtar ó cólegió. Debóra fica na esquina
ólhandó se a pólícia esta pór pertó, enquantó Franciscó pula ó muró dó cólegió para subtrair
ós cómputadóres. Chegandó a sala de aula, Franciscó percebe que se subtrair ó cómputadór
ele vai ficar sem aula a nóite. Pórtantó, Franciscó desiste, pula ó muró de vólta e sai córrendó
chamandó Debóra.
Cumpre óbservar que fói Franciscó quem desistiu, certó! Pórem, tantó ele cómó Debóra
naó respóndem pór furtó, e sim pelós atós ate entaó praticadós, óu seja, invasaó dómiciliar. A
desistencia de Franciscó tórnóu ó fató (furtó) atípicó para ambós.
Atenção!
Ainda há divergências, mas a banca CESPE já aceitou em questões que a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas excludentes de
tipicidade formal mediata/indireta. Ou seja, exclui a tentativa.
(Cespe 2009 - TRE MA) Em relação aos institutos de Direito Penal, assinale a
opção correta. (...) b) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz provocam
a exclusão da adequação típica indireta, respondendo o autor pelos atos até então
praticados e, não, pela tentativa. (Alternativa correta)
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Tal instituto não se refere à tentativa, pois não está dentro do caminho do crime, mas de
benefício aplicável após a consumação do crime, ou seja, depois do iter criminis. Vejamos o
texto do Art. 16 do CP:
Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
Trata-se de uma política criminal que visa à “reparaçãó dó danó” dó crime cónsumadó,
consoante o item nº 15 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal (Lei nº
7.209, de 11/07/1984):
• Sem violência ou grave ameaça contra a pessoa: não cabe nos crimes que
envolvam violência ou grave ameaça contra a pessoa. Exemplo: roubo,
homicídio etc.
Essa violência inaceitável deve ser dolosa, pois a doutrina aceita a aplicação do
arrependimento posterior quando a violência culposa.
No exemplo acima, Althieres responderá pelo crime (pois o crime já se consumou), mas
será beneficiado pelo instituto do arrependimento posterior. Mas qual será esse benefício?
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
O prêmio que o Direito dá a quem se arrepende depois de ter cometido o crime é apenas
uma redução na pena dele. O agente responde pelo crime normalmente, mas o juiz será
obrigado a diminuir a pena em 1/3 ou 2/3.
O quantum da diminuição da pena (um terço a dois terços) irá variar conforme a
celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade desse ato. Quanto mais
rápido o agente se arrepender e restituir a coisa e/ou reparar o dano, maior será a redução;
quanto mais demorado for, menor será a redução.
FIQUE LIGADO!
De acordo com o STJ, o arrependimento posterior (Art. 16, CP) trata-se de
uma circunstância objetiva, a qual se estende aos coautores/partícipes do crime,
mesmo que só um deles tenha reparado integralmente o dano.
JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. (STJ, 6ª
Turma, REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min.
Rogerio Schie Cruz, julgado em 18/11/2014 - Informativo 554).
CRIME IMPOSSÍVEL
O crime impossível, ou chamado de tentativa inidônea, é quando o resultado do crime não
tem possibilidade alguma de ocorrer. É impossível se chegar à consumação do delito, pois o meio
empregado para tanto foi absolutamente ineficaz, ou o objeto que o agente queria atingir é
absolutamente impróprio para aquele crime. Vejamos o texto de lei:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia ABSOLUTA
do meio ou por ABSOLUTA impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.
Exemplo 2: matar cóm arma de brinquedó óu cóm arma sem muniçaó (ineficacia
absóluta dó meió); aqui ó meió que eu utilizei para cómeter ó crime e absólutamente ineficaz.
E impóssível matar alguem cóm uma arma sem muniçaó, óu cóm uma arma de brinquedó.
Atenção!
Para a ocorrência do crime impossível, a impropriedade do objeto ou a
ineficácia do meio deve ser ABSOLUTA. Trata-se da teoria objetiva temperada
adotada pelo Código Penal.
Exemplo 1: tentar matar alguem cóm um revólver sem muniçaó. Ineficacia absoluta
dó meió utilizadó (revólver), póis sem muniçaó ó revólver jamais poderia disparar.
Exemplo 2: tentar matar alguem cóm muniçaó velha que acabóu falhandó na hóra dó
disparó.
Aqui ó meió utilizadó naó fói ABSOLUTAMENTE ineficaz, póis havia póssibilidade de as
muniçóes velhas dispararem. Dessa fórma, ó agente respónde peló crime tentadó, póis naó se
cónsumóu pór circunstancias alheias a sua vóntade. Nesse segundó exempló, naó ha crime
impóssível.
Pór issó, nó segundó exempló naó e tentativa. O agente naó póde ser punidó sem que
haja um mínimó desvalór dó resultadó (cómó na tentativa).
NATUREZA JURÍDICA
O crime impossível é causa de exclusão da tipicidade, uma vez que afirma que a tentativa
não é punível nesses casos.
SÚMULAS IMPORTANTES
EXERCÍCIOS
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
O iter criminis é composto por essas quatro fases, sendo que a tentativa, a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz incidem na fase executória, que é
a terceira fase do caminho do crime.
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
O Código Penal adotou a teoria objetiva nesse caso, logo se não tivesse sido
pedido na questão o posicionamento da teoria subjetiva, o agente não iria
responder por nada, pois configurou uma hipótese de crime impossível, por
ineficácia absoluta do meio, sendo um fato atípico.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Lúcio não responderá por tentativa de furto, pois de forma voluntária desistiu
de prosseguir na execução do delito, configurando desistência voluntária.
RESOLUÇÃO COMPLETA
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
voluntária. Caso esse arrependimento seja eficaz, só irá responder pelos atos já
praticados.
Já o arrependimento posterior é uma causa de diminuição de pena de um a
dois terços, incidindo em crimes que não possuam violência ou grave ameaça, em
que o agente de forma voluntária, repara o dano ou restitui a coisa até o
recebimento da denúncia.
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
a) Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem, pelo menos, parte dos elementos de
sua definição legal.
d) Pune-se a tentativa ainda que, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, o resultado ilícito almejado nunca possa ser alcançado.
Gabarito: C
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
b) O arrependimento posterior pode ser aplicado aos crimes cometidos com violência ou
grave ameaça.
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
a) tentativa perfeita ou crime falho, pois a execução foi concluída, mas o crime não se
consumou.
b) arrependimento eficaz, uma vez que ele, após ter esgotado todos os meios de que
dispunha, evitou que o resultado acontecesse.
c) crime impossível por absoluta ineficácia do meio empregado para a realização do crime
visado.
d) tentativa imperfeita, pois ele não conseguiu praticar todos os atos executórios
necessários à consumação, por interferência externa.
RESOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
105. (CESPE/2015) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não
se estende aos demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores
do delito até o recebimento da denúncia.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
106. (CESPE/2014) Crime impossível e delito putativo são considerados pela doutrina
como expressões sinônimas.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
107. (CESPE/2014) Aquele que, por ato voluntário, porém não espontâneo, devolve a coisa
furtada antes do recebimento da denúncia não pode beneficiar-se do arrependimento
posterior.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
O erro da questão é afirmar que se o ato não for espontâneo, o agente não
pode se beneficiar do arrependimento posterior.
RESOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
a) Está incorreta, pois nem todo crime qualificado pelo resultado é um crime
preterdoloso, haja vista que neste tipo de crime o resultado advém de forma
culposa.
b) Está incorreta, pois a coação física irresistível não é excludente de
culpabilidade, mas sim excludente de tipicidade, incidindo especificamente no
elemento: conduta.
c) Está correta, entendimento doutrinário e jurisprudencial.
d) Está incorreta, pois o Direito Penal não admite a compensação de culpas.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Certó Erradó
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
112. (CESPE/2011) O delito putativo por erro de tipo é espécie de crime impossível, dada a
impropriedade absoluta do objeto, e ocorre quando o agente não sabe, devido a um erro de
apreciação da realidade, que está cometendo um delito.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
O conceito de delito putativo por erro de tipo não é esse trazido pela questão.
RESOLUÇÃO COMPLETA
No delito putativo por erro de tipo, o agente quer praticar um crime, mas por erro,
acaba por cometer um fato penalmente irrelevante, o delito só existe na mente dele (ex.:
acreditar vender cocaína, quando na verdade está vendendo talco). Logo, o agente
acreditava cometer um crime, mas por falsa percepção da realidade, sua conduta é
atípica.
Certó Erradó
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Já vimos que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado naturalístico,
nexo causal e resultado. Se faltar qualquer desses elementos, o fato é atípico, logo, não há
crime. Vimos também algumas excludentes da conduta, como, por exemplo, a coação física
irresistível, atos reflexos, estado de inconsciência etc. e vimos excludentes do nexo causal e da
tipicidade, como, por exemplo, o princípio da insignificância, o princípio da adequação social
etc. Basta você revisar as excludentes dos elementos que compõem o fato típico.
Além dessas excludentes, existe o erro de tipo que também pode excluir o fato típico.
Porém, decidimos estudá-lo separadamente em outro capítulo, uma vez que precisaremos das
informações que veremos a seguir.
Aqui acaba a análise do primeiro elemento do crime (fato típico), segundo a teoria
tripartida, o qual é composto por 4 elementos: conduta, resultado naturalístico, nexo causal e
tipicidade.
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral
Imediata
Formal
TIPICIDADE Mediata
Material
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE
Ainda dentro do conceito analítico de crime, temos a ilicitude ou comumente chamada
de antijuridicidade. É o segundo substrato do crime, conforme a teoria tripartite ou tripartida,
adotada pela majoritária no Brasil. A ilicitude ou antijuridicidade é a conduta contrária à lei,
portanto, todo fato típico presume-se ilícito.
Atenção!
As excludentes de ilicitude também são chamadas de causas de justificação
(justificantes), normas permissivas e/ou de descriminantes.
As excludentes genéricas são aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. São em
número de 4 e estão previstas na parte geral do Código Penal, em seu Art. 23:
Exclusão de ilicitude
Art. 23, CP: Não há crime quando o agente pratica o fato:
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular
de direito.
Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE
O estado de necessidade é uma causa justificante/descriminante que autoriza uma
pessoa agredir um bem jurídico de outra para salvar de perigo atual um bem jurídico próprio
ou alheio. Seu conceito legal está no Art. 24 do Código Penal. Vejamos:
• Perigo atual;
É o perigo que está acontecendo naquele exato momento. Esse perigo pode ser
proveniente de uma conduta humana, de um animal ou da própria natureza. Parte da doutrina
e da jurisprudência admite o perigo iminente utilizando-se da analogia in bonam partem (para
beneficiar o réu pode tudo).
Exemplo: um barco que colide em outro e ambos começam a naufragar. Rodolfo, que
não sabe nadar, percebe que só existe um colete salva-vidas dentro do barco e mata uma
pessoa para tomar-lhe o colete e salvar sua vida. Cumpre observar que o barco já estava
afundando (perigo atual).
Atenção!
A doutrina e a jurisprudência admitem o estado de necessidade não só para o
perigo atual, mas também para o perigo iminente, em face de analogia in bonam
partem. No entanto, deverá estar expresso (explícito) na questão de prova que o
perigo iminente é admitido pela “doutrina e/ou jurisprudência”.
Se a questão não citar nem a doutrina nem a jurisprudência, devemos afirmar que o
perigo deve ser ATUAL e não aceitar o perigo EMINENTE. Vejamos uma questão da banca
CESPE, que o gabarito deu como errada:
(CESPE/2009) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar direito próprio ou alheio de perigo atual ou iminente, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Gabarito: Errado
Cuidado! O agente que causa o perigo por sua própria vontade não pode alegar estado
de necessidade.
Exemplo: Letícia salta o muro da casa de Rodolfo para furtar frutas. No quintal da casa
de Rodolfo havia um cachorro, o qual partiu em direção a Letícia. Nesse momento, Letícia saca
de sua arma e atira contra o cão que morre em decorrência desse disparo.
Cumpre observar que Letícia agrediu um bem de outrem (cão) para salvar um bem
jurídico seu (integridade física). Porém, ela própria causou a situação de perigo e, portanto,
não estará amparada pela excludente de ilicitude.
• Não poderia evitar por outro meio;
Para a configuração do estado de necessidade, é imprescindível que seja o único meio
que o agente teria para evitar o resultado lesivo ao bem salvaguardado. Portanto, se o agente
poderia evitar o dano ao bem salvaguardado sem lesar um bem de outrem, ele não estará
amparado pelo estado de necessidade.
Nesse caso, Rodolfo não estará amparado pela justificante do estado de necessidade,
uma vez que ele poderia evitar o resultado de outra forma (nadando) sem lesar o bem de
outrem (vida de Letícia).
• Ameaça a direito próprio ou alheio;
O estado de necessidade pode ser utilizado para salvar um bem próprio ou de terceira
pessoa. Nesse caso, o direito abrange todos os bens juridicamente protegidos pelo
ordenamento jurídico pátrio.
Exemplo: Letícia caminhava em uma praça pública quando de repente o cão de raça pit
bull, pertencente a Rodolfo, soltou-se da coleira e partiu em direção a ela. Nesse momento,
Everton saca de sua arma e atira contra o cão, que morre no local.
Cumpre observar que Everton sacrificou um bem jurídico de Rodolfo para salvaguardar
de perigo atual um bem jurídico de outrem (Letícia).
Algumas pessoas têm obrigação legal de enfrentar o perigo e estas não poderão alegar
estado de necessidade, quando no exercício de suas funções. Por exemplo, o policial, o
bombeiro, o capitão do navio, dentre outros. Essa previsão encontra-se no § 1º do Art. 24 do
CP:
Exemplo 2: em caso de navio naufragando o capitão desse navio deve ser o último a sair
de dentro dele. Caso esse capitão decida sair antes do último passageiro para salvar sua
própria vida, ele não poderá alegar estado de necessidade.
No caso concreto deve ser analisado se seria razoável ou não exigir o sacrifício do bem
jurídico salvaguardado. A lei não revela expressamente que o valor do bem salvo deve ser
igual ou maior em relação ao bem sacrificado, o que deve ser avaliado é se é razoável exigir o
sacrifício do bem salvo ou não. Diante disso, parte da doutrina entende que não
necessariamente o bem sacrificado deva ser de valor igual ou inferior em relação ao bem
salvaguardado.
Para a teoria diferenciadora, na hipótese de o bem jurídico protegido for de valor igual
ou menor em relação ao bem sacrificado, o estado de necessidade excluirá a culpabilidade.
Somente excluirá a ilicitude quando o bem jurídico protegido for de valor maior que o bem
sacrificado. Essa teoria não foi adotada no Brasil.
Valor
Valor igualou
igual ou maioric.
maior Exclui a ilicitude
IA - Bem salvaguardado
UNITÁRIA - Bem salvaguardado
Vr menor uz a pena.
Valor menor Reduz a pena
Valor
Valor MAIOR
MAIOR ExcluiExclui
a ilicitude.
a ilicitude
Diferenciadora
Diferenciadora Bem salvo
Valor
Valorigual
igual oe
ou menor Exclui a culpabilidade
Exemplo 1: Diego e Bruno estão em um avião que está caindo. Diego percebe que só há
um paraquedas e agride Bruno até a morte para poder ficar com o paraquedas. Os bens são de
igual valor? Sim, vida x vida, portanto, não seria exigível o sacrifício da Diego e, nesse caso, ele
cometeu uma conduta típica, porém, não é ilícita (agiu amparado por uma causa justificante –
estado de necessidade).
Mas nesse caso, o que acontece com Sílvio? Aplica-se o parágrafo 2º do Art. 24 do CP:
Nesse caso, não haverá exclusão da ilicitude, e sim uma causa obrigatória de diminuição
de pena.
Cuidado!
De acordo com a teoria unitária, o estado de necessidade será uma causa
justificante (excludente de ilicitude), e não exculpante (excludente de
culpabilidade).
O agente deve ter consciência de que está agredindo um bem jurídico de outrem
para salvar outro bem jurídico, cujo sacrifício do bem salvo o Direito não poderia
exigir.
LEGÍTIMA DEFESA
A legítima defesa é quando o agente utiliza de maios moderados e necessários e repele
uma injusta agressão que está acontecendo ou prestes a acontecer. Esse conceito está
expressamente previsto no Art. 25 do CP:
Art. 25, CP: Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Exemplo: Everton se depara com dois assaltantes armados que anunciam um assalto.
De imediato, Everton saca sua arma e dispara contra os assaltantes causando-lhes a morte.
Além da exigência de uma agressão humana, esta deve ser também injusta. Para ser
injusta, basta ser contrária à lei, ainda que não configure crime. Nesse caso, se um menor de
idade ou um louco agride injustamente outra pessoa, temos uma injusta agressão, mesmo que
a conduta do menor e do louco não possa ser considerada crime.
Exemplo: um policial que da voz de prisão a alguém que se encontre em flagrante delito
e utiliza da força necessária para contê-lo. A pessoa que está sendo presa não poderá repelir a
agressão do policial, pois se trata de agressão justa, amparada pela lei.
• Atual ou iminente;
Na legítima defesa, a própria lei prevê expressamente que o perigo possa ser atual (está
acóntecendó) óu iminente (está preste a acóntecer). Pórtantó, se “A” vem em direçãó a “B”
com intenção de matá-ló e antes mesmó que “A” cónsiga sacar sua arma “B” atira nele, estar-
se-á diante da legítima defesa, pois o perigo era iminente.
Exemplo: o policial que realiza incursão em uma perigosa favela e se depara com dois
traficantes armados de fuzil. Antes mesmo de os traficantes realizarem uma posição de
pontaria, o policial já pode repelir a agressão, que nesse caso estaria prestes a acontecer.
O meio utilizado para repelir a agressão deve ser moderado, ou seja, o uso do meio deve
ser suficiente para repelir aquela agressão.
Exemplo: Everton agride levemente Rodolfo, que, para se defender dessa agressão
injusta, utiliza-se de um fuzil 762 na ópçãó “rajada” e desfere autómaticamente 20 tirós em
Everton. Rodolfo não estará amparado pela justificante da legítima defesa, pois o meio que ele
utilizou não foi moderado.
Porém, o meio deve ser o necessário, ou seja, o meio que está ao alcance do agente
naquele momento. Dessa forma, o meio necessário deverá ser analisado em cada caso
concreto.
Atenção!
Na legítima defesa, o agente pode escolher se quer enfrentar o perigo ou se
acovardar e correr, por exemplo. Diferentemente do estado de necessidade, aqui
não é exigível que seja o único meio de se evitar o resultado.
A legítima defesa pode ser utilizada para repelir uma agressão injusta contra um bem
jurídico próprio ou de outrem.
Exemplo: Everton passando pela rua x, depara-se com Letícia desferindo facadas no seu
ex-namorado. Everton dispara contra Letícia, vindo a causar-lhe ferimentos leves. Aqui
Everton agiu para repelir uma agressão a direito alheio (vida do namorado de Letícia).
Pórtantó, esse parágrafó veió mais cómó um “cale a bóca” para as pessóas que criticam
aqueles casos em que o sniper atinge o sequestrador que detém a vítima em seu poder.
TIPOS DE LEGÍTIMA DEFESA
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
1. Legítima defesa recíproca: Inadmissível, salvo se ocorrer uma legítima defesa
putativa.
2. Legítima defesa sucessiva: Somente contra a legítima defesa em excesso.
3. Legítima defesa real: Excludente da ilicitude (antijuridicidade) ➔ Exclusão do
crime.
4. Legítima defesa putativa: Imaginária, o agente é isento de pena, mas mantém os
efeitos civis (escusável). Contudo, se inescusável (culpa
imprópria), o agente responderá por crime culposo.
5. Legítima defesa própria: Defende direito próprio.
6. Legítima defesa de terceiro: Defende direito alheio.
7. Legítima defesa subjetiva: Excesso acidental (erro do tipo escusável).
8. Legítima defesa com aberratio ictus: Afasta a ilicitude, porém mantém os efeitos civis.
9. Legítima defesa contra multidão: Admissível.
10. Legítima defesa contra pessoa jurídica: Admissível.
11. Legítima defesa nas relações familiares: Admissível.
12. Legítima defesa contra estado de Impossibilidade.
necessidade:
13. Legítima defesa contra terceiro em uma Admissível (ex.: coação moral irresistível).
excludente de culpabilidade:
14. Legítima defesa presumida: Impossibilidade.
15. Legítima defesa da honra: Impossibilidade.
16. Desafio e legítima defesa: Inadmissibilidade (ex.: duelo).
Essa descriminante é quando o agente cumpre estritamente uma obrigação sua prevista
em lei. O Código Penal não conceituou expressa e separadamente o estrito cumprimento do
dever legal, como fez com o estado de necessidade e a legítima defesa, mas apontou tal
excludente no Art. 23, caput:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal (...).
Essa excludente de ilicitude pode ser alegada por funcionário público (em sentido
amplo) e em alguns casos por particulares, quando estejam cumprindo um dever imposto por
lei.
Exemplo de agente público: policial que algema um preso com fundada suspeita de fuga;
policial que arromba a casa para cumprir ordem judicial (Art. 245, §2º, CPP, Em caso de
desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada).
➢ Comunicabilidade:
Se um terceiro colaborar com o funcionário que agiu em estrito cumprimento do dever
legal, ele também estará amparado por tal excludente? Sim. Comunica-se.
Exemplo: o policial pede que um particular o ajude a arrobar a porta de uma casa para
dar cumprimento ao mandado de busca e apreensão. Nesse caso, quem tem o dever legal é o
policial, porém, essa circunstância se comunica ao particular e ambos estarão amparados pelo
estrito cumprimento do dever legal.
Age em legítima defesa, pois agiu para repelir uma injusta agressão atual. O
cumprimento do dever legal é uma norma obrigatória, contudo não há no Direito
mandamento de matar, nem mesmo pena de morte (salvo em caso guerra declarada,
conforme Art. 5º, XLVII, “a”, CF/88).
Atenção!
Em caso de guerra declarada, o carrasco que executa a pena, matando o
apenado, age em estrito cumprimento do dever legal. Atenção! A banca CESPE já
cobrou isso.
Atenção!
A jurisprudência não admite a figura do estrito cumprimento do dever legal no
caso em que o agente atira contra pessoa que empreendeu fuga nem nas situações
em que o agente fura um bloqueio.
Basta o agente praticar um direito seu previsto em lei e dentro das regras previstas que
estará diante da justificante/discriminante/excludente em tela.
Podemos citar alguns exemplos práticos e que caem em provas de concursos públicos.
Atenção!
Para o particular, a execução da prisão em flagrante é facultativa, ou seja, o
particular tem direito, mas não tem o dever legal (portanto, o particular age em
exercício regular de um direito). Já para as autoridades policiais e seus agentes, a
execução da prisão em flagrante é uma obrigação legal, amparada pelo estrito
cumprimento do dever legal.
Exemplo 2: violência desportiva. O agente que causa lesão corporal durante uma luta de
UFC. Estará amparado pelo exercício regular de um direito, desde que siga as regras da luta.
Exemplo 3: o médico que faz uma intervenção cirúrgica em um paciente que corre risco
de morte.
Nesses casos, as condutas seriam típicas, mas não seriam ilícitas, pois agiram amparados
por uma excludente de ilicitude.
OFENDÍCULOS
São aparatos para defesa do patrimônio de forma preordenada (ex.: cacos de vidro no
muro, pontas de lança, cerca elétrica, etc.). Devem ser sempre visíveis e inacessíveis a
terceiros inocentes e podem caracterizar exercício regular de um direito ou estrito
cumprimento do dever legal, a depender do momento da análise:
Exemplo 1: o aborto provocado para salvar a vida da gestante. É uma conduta típica,
porém, não é ilícita, pois o próprio Código Penal afasta a ilicitude desse fato. Vejamos:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
1. Aborto terapêutico ou necessário: Praticado por médico quando não havia outro meio para
salvar a vida da gestante (Art. 128, I, CP).
2. Intervenção médica ou cirúrgica: Ainda que sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de
vida, não configurará constrangimento ilegal (Art. 146, §3º, I,
CP).
3. Flagrante delito: A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está
sendo ali praticado ou na iminência de o ser, não configurará
violação de domicílio (Art. 150, §3º, II, CP).
4. Desastre ou para prestar socorro: Não incorrerá no crime de violação de domicílio (Art. 5º, XI,
CF/88).
Mas cuidado!
O consentimento da vítima pode se enquadrar como excludente de ilicitude ou
como excludente de tipicidade.
➢ Excludente de ilicitude/antijuridicidade:
Exemplo 1: na lesão corporal simples (Art. 129, caput, CP), não há referência ao
dissentimento (não consentimento) e, portanto, o consentimento do ofendido é uma causa
supralegal de exclusão da ilicitude. Ou seja, a falta de consentimento não faz parte dos
elementos de tipo penal. Vejamos:
Art. 129, caput, CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
➢ Excludente de tipicidade:
EXEMPLO 2: na violação de domicílio (Art. 150, caput, CP), o tipo penal faz referência ao
dissentimento e, por conseguinte, o consentimento será excludente da tipicidade. Nesse caso,
o não consentimento da vítima é um dos elementos do tipo penal incriminador e, portanto,
excluindo-se esse elemento (por meio do consentimento), o fato se torna atípico (excludente
de tipicidade). Vejamos o artigo:
EXCESSO PUNÍVEL
O excesso cometido durante a execução de qualquer uma das excludentes de ilicitudes
será punido. É o que afirma o caput do Art. 23 do CP:
Art. 23, Parágrafo único, CP: O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
EXCESSO INTENSIVO
É o excesso na proporcionalidade e ocorre durante a execução.
EXEMPLO: Rodolfo desfere um soco contra Letícia e ela revida com um tiro de canhão.
Soco x canhão (meio desproporcional). Letícia responde pelo homicídio de Rodolfo.
EXCESSO EXTENSIVO
Aqui, acabaram as circunstâncias que autorizavam a excludente e o agente continua
agindo.
EXEMPLO: ao ser assaltado, um determinado policial atira contra o assaltante, que cai no
chão e se rende. Mesmo com o assaltante rendido, o policial continua atirando contra ele até
matá-lo. Nesse caso, houve excesso extensivo, e o policial responderá por homicídio.
Atenção!
Estamos diante das excludentes de ilicitudes também comumente chamadas
de causas justificantes ou descriminantes. Se o fato estiver amparado em qualquer
delas, deixa de ser ilícito/antijurídico. Porém, continua sendo fato TÍPICO.
Lembram-se dos elementos do crime segundo a teoria tripartida? Fato típico, ilícito e
culpabilidade.
Esses três elementos devem ser analisados nessa ordem: 1º analisa-se o fato típico, se
ficar provado que o fato é típico é que se passa a analisar a ilicitude; 2º a ilicitude é presumida,
portanto, em segundo lugar tem-se a analise da existência ou na de excludente de ilicitude.
Apenas após a comprovação da ilicitude é que se tem a análise da culpabilidade; 3º analisa-se
a culpabilidade que é composta por três elementos: imputabilidade penal, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Só então podemos falar em crime.
Mas atenção!
Quando analisamos o fato típico e a ilicitude, analisamos o fato em si.
Portanto, excluindo-se qualquer desses dois elementos do crime, (exclui-se o
crime em si). Já quando analisamos a culpabilidade, estamos analisando a pessoa
que cometeu o crime e, caso a culpabilidade seja excluída, o agente é isento de
pena, (a excludente de culpabilidade não exclui o crime, e sim, isenta de
pena).
Mas o que seria culpabilidade? Quais os seus elementos? Quais as causas excludentes da
culpabilidade? Isso vamos estudar agora. Mas antes de adentramos nesse segundo elemento
do crime, quero que você relembre nossa tabela e faça o exercício subsequente.
G Legítima defesa
Direto
E Biopsicológico
Dolo
N Estado de necessidade
Eventual Imputabilidade
É
R Estrito cumprimento do dever Biológico
CONDUTA
I legal
Preterdolo
C
A Exercício regular de um direito
Própria
S
Culpa Imprópria Escusável
Consciente Potencial
consciência Erro proibição
Aborto da ilicitude
Naturalístico Inescusável
Específicas
RESULTADO
Furto de coisa
Jurídico
comum
Obediência H
Equivalência … Exigibilidade
Supralegais: consentimento da de conduta
NEXO CAUSAL diversa
vítima
Coação
Causalidade ad… Moral
Formal
TIPICIDADE
Material
EXERCÍCIOS
114. (TJ-RS/2012) Quem rechaça ataque de cão bravio, instigado o animal por desafeto,
está ao abrigo do estado de necessidade.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
115. Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à
sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à
corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos,
armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos
fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser
socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
Carlos agiu sob o pálio da excludente de legítima defesa justificante.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
O investigador policial estava repelindo uma injusta agressão atual, logo está
amparado pela legítima defesa.
RESOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Quando policiais, durante uma troca de tiros, repelem injusta agressão, atual
ou iminente, entre outros requisitos da legítima defesa, acabam por matar os
agressores, eles agem amparados por esta excludente, não agem amparados pelo
estrito cumprimento do dever legal, pois o dever legal da polícia não é ceifar a vida
de ninguém.
Contudo, neste caso do carrasco, está previsto na Constituição Federal, que
excepcionalmente poderá ocorrer a pena de morte, quando em caso de guerra
declarada. Logo, o responsável por essa execução está amparado pelo estrito
cumprimento do dever legal.
119. (CESPE/2012) Considere que Jonas, policial militar, no exercício de sua função, tenha
determinado que um indivíduo em fuga parasse e que este tenha sacado uma arma e
disparado tiros contra Jonas, que, revidando os disparos, tenha alvejado o indivíduo e o
tenha matado. Nessa situação, Jonas agiu no estrito cumprimento de dever legal.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
120. (TJ-RS/2012) Os ofendículos são causa de exclusão da ilicitude, tratados pela doutrina
como forma de exercício regular de direito ou de legítima defesa preordenada.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
122. (MPE-RS/2016) Em cómpróvadó surtó epiléticó, “A” desfere viólentó gólpe nó ventre
de mulher grávida, matando-a. Do evento, também resulta a interrupção da gravidez e a
mórte dó fetó. Haveria, neste casó, se “A” nãó sóubesse dó estadó gravídico da vítima,
apenas crime de homicídio.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
O agente não agiu com dolo ou culpa, logo não se pode atribuir o resultado a
ele.
RESOLUÇÃO COMPLETA
123. (MPE-RS/2016) Para róubar um bancó, “A” amarra “B” pelós pulsós e pernas, sendó
este o gerente do estabelecimento. Tortura-ó para que diga ó segredó dó cófre. “B”, vencidó
pela dor e pelo medo, acaba revelando o número da combinação, o cofre é aberto, e o roubo
é consumado. Houve, no caso, em relação ao gerente, coação física absoluta excludente da
tipicidade.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Não houve uma coação física irresistível, excludente de tipicidade. Na
realidade, houve uma coação moral irresistível, excludente de culpabilidade.
RESOLUÇÃO COMPLETA
124. (CESPE/2013) Alex agrediu fisicamente seu desafeto Lúcio, causando-lhe vários
ferimentos, e, durante a briga, decidiu matá-lo, efetuando um disparo com sua arma de
fogo, sem, contudo, acertá-lo. Nessa situação hipotética, Alex responderá pelos crimes de
lesão corporal em concurso material com tentativa de homicídio.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
Alex irá responder apenas por Tentativa de Homicídio, haja vista incidir neste
caso o princípio da consunção.
RESOLUÇÃO COMPLETA
125. (CESPE/2013) Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por
um desconhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do
agressor com um guarda-chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo estando o
desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em excesso intensivo.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
126. (CESPE/2013) Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real
contra legítima defesa putativa.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
127. (CESPE/2010) Considere que, para salvar sua plantação de batatas, um agricultor
desvie o curso de água de determinada barragem para a chácara vizinha, causando vários
danos em razão da ação da água. Considere, ainda, que tanto a plantação desse agricultor
quanto os danos na chácara vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situação, não
se configura o estado de necessidade, uma vez que, segundo a sistemática adotada no
Código Penal, a exclusão de ilicitude só deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de
menor valor que o bem salvo.
Certo Errado
Gabarito: Errado
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
128. Determinado policial, ao cumprir um mandado de prisão, teve de usar a força física
para conter o acusado. Após a concretização do ato, o policial continuou a ser fisicamente
agressivo, mesmo não havendo a necessidade. Nessa situação hipotética, o policial
A) excedeu o estrito cumprimento do dever legal.
B) abusou do exercício regular de direito.
C) prevaleceu-se de condição excludente de ilicitude.
D) agiu sob o estado de necessidade.
E) manifestou conduta típica de legítima defesa.
Gabarito: A
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
CULPABILIDADE
CONCEITO
Algumas teorias tentaram explicar a culpabilidade ao longo dos tempos. Iremos estudar
de forma breve a evolução de três teorias até chegarmos à atual, adotada pelo Código Penal.
➢ TEORIA PSICOLÓGICA
Para essa teoria, a culpabilidade é composta pela imputabilidade penal, sendo esta um
pressuposto da culpabilidade. O dolo e a culpa não fazem parte da culpabilidade, mas são
tidos como espécies dela.
Já deu para perceber que essa teoria não foi adotada no Brasil, não?!
Essa teoria foi fundada na teoria finalista da ação, idealizada por Hans Welzel. Segundo a
teoria finalista, toda ação humana é dirigida a uma finalidade. Dessa forma, o dolo natural e a
culpa passam a compor a conduta, e não da culpabilidade.
Por essa teoria, a culpabilidade tem o dever de analisar se o agente que cometeu uma
conduta típica e ilícita tinha consciência da ilicitude de sua conduta no momento que a
cometeu. A partir dela, a culpabilidade passa a ser composta por 3 elementos normativos:
imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude.
Essa teoria foi adotada no Brasil. Passaremos a analisar cada um desses 3 elementos que
compõem a culpabilidade.
Imputabilidade
IMPUTABILIDADE PENAL
A imputabilidade (primeiro elemento da culpabilidade) é a capacidade que o agente
deve possuir de entender o caráter ilícito do fato e de se comportar conforme a lei no
momento do cometimento do crime. É a aferição a capacidade de discernimento do agente.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
➢ SISTEMA BIOLÓGICO
Esse sistema considera o estado psíquico do agente, que seria analisar se o agente tem
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Cumpre observar que
por esse sistema, não importa se o agente possuía capacidade de entender o caráter ilícito do
fato e de comportar-se de acordo com esse entendimento. Aqui, basta ter doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou ser menor de 18 que já seria
inimputável, ainda que ele possua total capacidade de discernimento.
Essa teoria foi adotada excepcionalmente pelo Código Penal e apenas para o menor de
idade (menor de 18 anos). Nesse caso, basta provar que o agente tem menos de 18 anos que
ele será isento de pena, ou seja, inimputável. Lembrando que se não há imputabilidade, não há
culpabilidade e o agente é isento de pena (não exclui o crime). Vejamos o texto de lei:
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.
➢ SISTEMA PSICOLÓGICO
➢ SISTEMA BIOPSICOLÓGICO
Esse sistema é uma mistura dos dois sistemas anteriores. Por ele, não basta o agente
possuir uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (critério
biológico), mas o agente deve, ao tempo da ação ou omissão, ser inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato e de comporta-se de acordo com o direito.
Esse sistema foi adotado no Brasil como regra e está expressamente previsto no Art. 26
do CP:
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Assim, se Ianne (com 17 de idade) atira contra Bárbara, que fica em coma e só vem
a falecer em novembro, quando Ianne já tinha mais de 18 anos, Ianne será considerado
INIMPUTÁVEL, pois no momento do crime, era menor de 18 anos (critério puramente
biológico, adotado como EXCEÇÃO no CP). Aqui se deve utilizar o Art. 4º do CP (tempo do
crime).
O critério biológico também exclui a imputabilidade penal, porém, apenas e tão somente,
quando se trata de menores de 18 anos. Para os menores de 18 anos, o Brasil adotou o critério
puramente biológico para aferição da inimputabilidade. Portanto, o menor de idade não tem
culpabilidade.
A embriaguez completa, desde que proveniente de caso fortuito ou força maior, é causa
excludente da imputabilidade penal. Vejamos:
Art. 28 (...) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
• Embriaguez proveniente de caso fortuito:
Exemplo: Rodolfo é convidado para conhecer uma fábrica de cachaça famosa e resolve
passear dentro da dela. De repente, Rodolfo tropeça e cai dentro de um barril de cachaça e
passa alguns minutos dentro do tonel, vindo a ficar totalmente embriagado. Letícia o ajuda a
sair de dentro do tonel e Rodolfo acaba atingindo-a com um soco (sessão corporal). Rodolfo
não responde, pois nesse caso ele é inimputável, não tem culpabilidade, é isento de pena.
• Embriaguez proveniente de força maior:
Aqui o agente é coagido fisicamente a ingerir bebida ou substância que cause efeitos
análogos.
➢ Fases da embriaguez:
A embriaguez é composta por três fases:
• 3ª Sono: aqui o agente já está quase em estado de coma. Fica com sono,
cabisbaixo, etc. é comparado com um porco.
A partir da segunda fase, a embriaguez já é considerada completa, desde que não tenha
capacidade de discernimento, e o agente será inimputável.
E se a embriaguez for proveniente de caso fortuito ou força maior, porém, não for
completa? Aí é apenas causa de diminuição de pena. Vejamos:
Atenção!
Quando a banca tratar da palavra “silvícola” de forma isolada, não será
causa absoluta de exclusão da imputabilidade, na medida em que o termo silvícola
(gênero) possui três classificações (espécies): adaptados, em adaptação ou não
adaptados.
Portanto, em regra, silvícolas são imputáveis; a exceção, contudo, é somente
aos silvícolas não adaptados (inimputáveis).
➢ SEMI-IMPUTÁVEIS
Quando o artigo fala que o agente NÃO ERA INTEIRAMENTE CAPAZ, está dizendo que
ele era mais ou menos capaz de entender. Portanto, ele é considerado semi-imputável. Não
haverá a exclusão da culpabilidade, porém, haverá uma redução da pena de 1/3 a 2/3.
➢ A EMOÇÃO E A PAIXÃO
A emoção é uma perturbação de curta duração, como, por exemplo, a raiva, o medo, a
angústia. Já a paixão é uma perturbação crônica e duradoura, como o amor, o ódio, o ciúme
etc. Quem age sob a influência de qualquer delas responderá normalmente pelo crime, pois
nenhuma exclui a imputabilidade.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão.
Exemplo: “A” chega em casa e se depara cóm sua espósa na cama com óutró. “A”, sób o
domínio de violenta emoção, desfere 158 tiros de pistola na esposa e no amante. “A”
responderá pelo crime de homicídio privilegiado, pois a emoção NÃO exclui a imputabilidade
penal. Mas terá sua pena reduzida, conforme o Art. 121, § 1º, a seguir:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.
Aqui o objetivo não é saber se o agente conhecia ou não a lei, e sim, saber se ele teria
condições de conhecê-la. Vejamos o que diz o Art. 21 do CP:
Exemplo: José, analfabeto, morador da zona rural de uma cidade do interior localizada,
a 2 mil km da capital, não tem acesso à internet, nem tem celular, e não tem televisão.
Passeando no seu roçado, José acha uma foice e leva-a para si, póis “achadó nãó é róubadó”.
José passa mais de 15 dias de posse dessa foice.
Qual o crime cometido por José? Nenhum? Você não sabia que essa conduta é tipificada
na lei como crime?
Pois bem, José cometeu a conduta típica de apropriação de coisa achada, previsto no Art.
169, Parágrafo Único, II, do CP. Vejamos:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Pergunto a você: José pode alegar que não conhecia esse artigo? É claro que não!
Mas ainda pergunto: José, diante das características pessoais dele, e diante desse
crime (que não é tão comum) ele teria potencial consciência da ilicitude de sua conduta (achar
e não devolver)? É claro que José não tem potencial consciência da ilicitude do fato que
cometeu. Ele é analfabeto, não assiste à televisão, não tem internet, como ele iria saber que
isso é crime?
Atenção!
O erro de proibição pode ser chamado de erro sobre a ilicitude do fato.
Apesar de ser um erro sobre a ilicitude, NÃO exclui a ilicitude do fato, e sim a
potencial consciência, que, por consequente, excluirá a CULPABILIDADE.
O Art. 22 do Código Penal aponta duas causas que afastam a exigibilidade de conduta
diversa. Vejamos:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Nessa situação o gerente cometeu uma conduta típica e ilícita de furto qualificado pelo
abuso de confiança (Art. 155 do CP). Porém, ao analisarmos a culpabilidade, percebemos que
mesmo ele sendo imputável e possuindo potencial consciência da ilicitude, não há se falar em
exigibilidade de conduta diversa, uma vez que o Direito não poderia exigir dele uma conduta
diferente da que foi praticada. Logo, o gerente é isento de pena, pois não há culpabilidade.
Atenção!
Os coatores (bandidos) respondem pelo crime, mas o coagido (gerente) é
isento de pena.
➢ OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Exemplo: Everton, agente de polícia civil, recebe uma ordem do delegado, Bruno Vital,
para dar cumprimento a uma prisão preventiva, a qual o delegado afirma que fora expedida
pelo juiz e está em sua posse. Everton obedece à ordem e prende o suposto alvo. Ao chegar à
delegacia, percebe que não existia mandado de prisão contra o referido preso.
Aqui Everton cometeu uma conduta típica e ilícita de abuso de autoridade, porém, ele
não tem culpabilidade, pois agiu sob ordem de superior hierárquico, e essa ordem aparentava
ser legal, excluindo-se, portanto, a exigibilidade de conduta diversa, que exclui a culpabilidade
e, ao final, isenta de pena.
Atenção!
A obediência hierárquica só se aplica no âmbito das relações administrativas
na esfera pública.
Nesse caso, o delegado, caso tenha agido com dolo, responderá pelo crime.
129. (CESPE 2018) Julgue o item a seguir, com base no que dispõe o Código Penal.
Será excluída a imputabilidade penal do indivíduo que tenha praticado crime no momento
de emoção, por se considerar que ele não estava inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito da ação.
CERTO ERRADO
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
A emoção e a paixão, como regra, não excluem a imputabilidade, logo
também não excluem a culpabilidade, pois a imputabilidade é um elemento da
culpabilidade. Contudo, a depender do caso concreto, podem servir como causa de
diminuição de pena, seja como um privilégio ou como uma atenuante genérica.
A questão se torna errada ao afirmar “por si só”, pois deve também ser
analisado se no momento da conduta o portador de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado tinha total discernimento.
SOLUÇÃO COMPLETA
O Código Penal adotou neste caso a teoria biopsicológica, ou seja, não basta
que o indivíduo possua doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, também deve ser analisado no caso concreto, se no momento em que
ele praticou a ação ou omissão, ele era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato, dessa forma é que ele será considerado inimputável.
SOLUÇÃO COMPLETA
Com a Reforma da Parte Geral do Código Penal, que ocorreu por meio da Lei
7.209/1984, foi adotado o sistema vicariante ou unitário, pelo qual o réu somente
cumpre uma das sanções penais, ou pena, ou medida de segurança, não podendo
haver a cumulação delas.
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
137. (CESPE/2015) De acordo com a teoria adotada pelo CP, em regra, a consciência da
ilicitude é requisito essencial do dolo.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Com base na teoria adotada pelo Código Penal, qual seja, a teoria finalista, a
consciência da ilicitude não é elemento essencial do dolo.
SOLUÇÃO COMPLETA
SOLUÇÃO COMPLETA
139. (CESPE/2013) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado pode isentar a
pena, considerando-se, nesse caso, as qualidades da vítima real, e não as da pessoa contra a
qual o agente queria praticar o crime.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
140. (CESPE/2013) Erro de pessoa e aberratio ictus são espécies de erro na execução do
crime, não tendo nenhuma relação com a representação que o agente faz da realidade.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
No erro sobre a pessoa, o agente tem uma falsa percepção da realidade, pois
ele achava que a pessoa que ele atingiu, era outra pessoa, sendo que nessa
situação, ele responde como se tivesse atingido a vítima virtual.
Já no aberratio ictus, que é o erro na execução, o agente não erra a pessoa,
ele erra a pontaria, e caso nesse erro de pontaria, ele acabe atingido um terceiro,
responderá como se tivesse atingido a vítima pretendida.
141. (CESPE/2013) Configura erro de tipo essencial a conduta de um indivíduo que, após
estrangular outro, crendo que ele esteja morto, enforque-o para simular suicídio, com
comprovação posterior de que a vítima tenha morrido em decorrência do enforcamento.
Gabarito: Errado
SOLUÇÃO RÁPIDA
Nesse caso, não há erro de tipo essencial, mas sim o chamado dolo por erro sucessivo.
SOLUÇÃO COMPLETA
O dolo geral ou dolo por erro sucessivo ocorre quando o indivíduo prática uma
conduta, e acreditando que atingiu o resultado pretendido, pratica uma nova conduta, mas
somente nessa segunda conduta é que ele atinge o resultado. Ex.: A dispara tiros de arma
de fogo contra B, que cai ao chão. Acreditando tê-lo matado, joga o corpo no rio, porém B
estava vivo e morreu em decorrência do afogamento.
ERRO DE TIPO
O erro de tipo pode ser essencial ou acidental. O essencial divide-se em escusável, o qual
afasta o dolo e a culpa, e inescusável, que afasta o dolo, mas permite a punição a título de
culpa. Já o acidental divide-se em erro na execução, erro sobre a pessoa, erro sobre o nexo
causal, erro sobre o crime e erro sobre o objeto. Além desses, iremos estudar o erro
determinado por terceiros e as descriminantes putativas por erro de tipo.
Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha nova zerada na frente do curso. Ao
sair da aula, Diego monta em uma XRE vermelha nova idêntica à dele e vai embora.
A princípio, Diego subtraiu para si coisa alheia móvel e incorreu no crime de furto.
Porém, Diego incorreu em erro de tipo (erro sobre um elemento essencial do tipo - coisa
alheia -). Ele não sabia da condição de coisa alheia, pois se soubesse, não a teria subtraído.
Percebe-se, portanto, que no erro de tipo essencial não há a vontade de realizar o crime
(o dolo não existe), mas o agente pode responder a título de culpa, caso o tipo penal permita
essa modalidade.
Exemplo: Rodolfo querendo caçar veado, atira em uma moita de mato acreditando
tratar-se de um esconderijo do animal. No entanto, havia uma pessoa na moita fazendo suas
necessidades fisiológicas e acabou morta pelo tiro que Rodolfo desferiu. Nesse caso, Rodolfo
incorreu em erro de tipo, pois errou sobre um elementar do tipo penal de homicídio (alguém).
O erro de tipo essencial pode ser evitável ou inevitável. Vamos estudar cada um deles
separadamente.
Esse erro exclui o dolo e a culpa, logo não haverá conduta e consequentemente o fato
será atípico. Ou seja, o erro de tipo essencial desculpável exclui o próprio crime.
Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha nova zerada (ainda sem placa) na
frente do curso. Ao sair da aula, Diego monta em uma XRE vermelha nova idêntica à dele
(também sem placa) e vai embora. Diego cometeu aparentemente o crime de furto do Art.
155, CP.
Nesse caso, as motocicletas eram idênticas e sem placa, e a chave da moto de Diego ligou
normalmente a outra moto, que não era a dele. Cumpre observar que esse erro é inevitável.
Nesse caso, o erro excluirá o dolo e a culpa.
Exemplo: Diego estaciona sua moto XRE vermelha de placa KKK-0000 na frente do
curso. Ao sair da aula, Diego monta em uma moto XRE vermelha idêntica à dele, de placa YYY-
1111 e vai embora. Diego cometeu aparentemente o crime de furto do Art. 155, CP.
Cumpre observar que nesse segundo caso as motos estavam emplacadas. Portanto, se
Diego tivesse prestado mais um pouco de atenção, ele teria evitado esse erro. Logo, o dolo
será excluído, mas ele poderia se responsabilizar pelo crime culposo (se houvesse previsão
legal). Como o crime de furto não permite a modalidade culposa, Diego não responde, por
atipicidade da conduta.
Em ambos os casos, Diego agiu sem nenhum dolo em relação ao furto. O que houve foi
que ele errou sobre um dos elementos constitutivos de tipo penal incriminador, qual seja,
COISA ALHEIA.
Erro de tipo
essencial
Como vimos, descriminantes putativas recaem sobre uma das excludentes de ilicitudes
previstas no Art. 23 do CP: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. E podem ser por erro de tipo ou
por erro de proibição. Aqui, iremos estudar as descriminantes putativas por erro de tipo,
deixaremos o erro de proibição para o próximo capítulo.
Rodolfo imaginou uma situação de fato (agressão injusta e iminente) que, se realmente
existisse, tornaria sua conduta legítima (legítima defesa). Aqui ele errou sobre um dos
pressupostos fáticos da legítima defesa. Ele sabia muito bem de todos os requisitos da
legítima defesa, o problema foi que um deles, naquele momento, não existia, não era real,
estava apenas na sua imaginação.
Cumpre observar que nessa situação não existe legítima defesa real, a legítima é
putativa. Portanto, não é excludente de ilicitude. Trata-se de erro de tipo permissivo.
Mas como responder por crime culposo se existiu a vontade do agente? Aqui se trata da
culpa imprópria, que é uma política criminal que autoriza o agente cometer uma conduta
dolosa e responder pela conduta culposa, como visto nos capítulos anteriores.
ERRO PROVOCADO POR TERCEIROS
O erro de tipo ainda pode ser cometido por uma pessoa, porém, provocado por outra.
Vejamos o que diz a lei:
Art. 20, (...) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
erro.
Nesse caso, temos que analisar a conduta da pessoa que provocou o erro e a conduta da
pessoa que cometeu o erro.
➢ PROVOCADOR: a pessoa que provocou o erro responde pelo crime doloso, caso
tenha agido com dolo, ou culposo, caso tenha incorrido em culpa.
➢ PROVOCADO: se o erro foi inevitável, a pessoa que cometeu o erro não responde
pelo crime, pois o erro invencível/inevitável exclui o dolo e a culpa. Porém, se o
erro foi evitável/vencível a pessoa que cometeu o erro responde a título de crime
culposo.
Exemplo: Everton, médico renomado, com vontade de matar, prescreve uma medicação
para um determinado paciente com substâncias capazes de levá-lo a óbito. Andrezza,
enfermeira, é acionada pelo médico para aplicar a medicação no paciente. Após Andrezza
injetar a substância, o paciente vem a óbito.
Nesse caso, Everton responderá por homicídio doloso e Andrezza não responde por
nenhum crime, pois nessas circunstâncias qualquer enfermeira teria aplicado a substância
sem questionar o renomado médico.
O erro de tipo acidental não exclui nem o dolo nem a culpa. São situações secundárias ou
assessórias que ocorrem paralelamente ao crime. Estudaremos cada caso.
Exemplo: Andrezza, com vontade de matar sua desafeta, Jane, a aguarda sair do salão
de beleza. Em determinado momento, sai uma pessoa que vestia uma roupa parecida com a de
Jane e Andrezza efetua 55 disparos de arma de fogo contra essa pessoa, acreditando se tratar
de Jane.
Nesse exemplo, Andrezza vai responder pelo crime de homicídio em relação à vítima
virtual (Jane) e não em relação a vítima efetiva (a outra pessoa que morreu), pois o erro sobre
a pessoa não exclui dolo nem culpa.
Exemplo: Thainá, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, mata o filho
de uma outra mulher, acreditando ser o seu próprio filho.
Nesse exemplo, Thainá responde pelo crime de infanticídio, como se tivesse cometido o
crime contra seu próprio filho (vítima virtual) e não contra o filho alheio (vítima efetiva).
Atenção!
No erro sobre a pessoa, a vítima virtual não corre nenhum risco.
Exemplo: Rodolfo atira contra Letícia querendo matá-la, mas erra o tiro e acerta
Evandro que vai passando.
Aqui Rodolfo não errou sobre a pessoa, pois ele atirou na pessoa certa. O que aconteceu
foi um erro na execução: por falta de pontaria, ele acabou errando e acertando pessoa diversa
da pretendida.
Atenção!
No erro na execução, a vítima corre risco de ser atingida, diferentemente do
erro sobre a pessoa.
É quando o agente pretendia praticar um crime e por erro na execução acaba praticando
crime diverso/diferente. Vejamos o que diz o Art. 74 do CP:
E se por acaso Letícia tivesse acertado a janela do carro e ao mesmo tempo acertado a
cabeça de Rodolfo? Nesse caso, responderia por crime de dano doloso em relação à janela
(Art. 163) e crime de lesão corporal culposa em relação à cabeça de Rodolfo (Art. 129).
➢ ERRO SOBRE O OBJETO (ERROR IN OBJECTO)
É quando a agente atinge um objeto matéria diferente do pretendido.
Nesse caso, Letícia responde pelo crime de furto, pois o erro acidental, qualquer que
seja, não exclui dolo nem culpa.
Exemplo: Thainá, com vontade de matar Lucas, atira contra ele e, acreditando que Lucas
já estava morto, joga-o no rio. Lucas vem a falecer por meio de afogamento.
Nesse exemplo, Thainá acreditou que alcançou o resultado por meio dos disparos de
arma de fogo, quando na verdade o que causou o resultado foi o afogamento. Responderá,
portanto, pelo crime de homicídio.
DOLO
SEMPRE exclui o crime
Desculpável
CULPA
Erro de tipo
DOLO
Indesculpável
Culpa imprópria
ERRO DE PROIBIÇÃO
O erro de proibição recai sobre a ilicitude do fato. Por isso, é também chamado de erro
sobre a ilicitude. Aqui o agente não tem potencial de conhecer que sua conduta é ilícita e age
acreditando ser uma conduta normal - permitida. Vejamos o texto de lei:
Exemplo: José, analfabeto, morador da zona rural de uma cidade do interior, localizada
a 2 mil km da capital, não tem acesso à internet, nem tem celular, e não tem televisão.
Passeando no seu roçado, José acha uma foice e leva-a para si, póis “achadó nãó é róubadó”.
José passa mais de 15 dias de posse dessa foice.
Qual o crime cometido por José? Nenhum? Você não sabia que essa conduta é tipificada
na lei como crime?
Pois bem, José cometeu o crime de apropriação de coisa achada, previsto no Art. 169,
Parágrafo Único, II, do CP. Vejamos:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Pergunto a você, José pode alegar que não conhecia esse artigo? É claro que não! Mas
pergunto, José, diante das características pessoais dele, e diante desse crime (que não é tão
comum), teria potencial consciência da ilicitude de sua conduta (achar e não devolver)? É
claro que José não tem potencial. Ele é analfabeto, não assiste à televisão, não tem internet,
como ele iria saber que isso é crime?
Portanto, José incorreu em erro de proibição, que exclui a potencial consciência da
ilicitude, que exclui a culpabilidade e, por fim, isenta de pena.
Cuidado!
Apesar do nome “erro sobre a ilicitude do fato”, o erro de proibição não exclui
a ilicitude, e sim a culpabilidade, por excluir um dos seus elementos, qual seja, a
potencial consciência da ilicitude do fato.
Para compreender melhor, imagine que no lugar daquele agricultou que achou uma
foice, fosse você que está lendo este material. Pergunto: você tem potencial consciência da
ilicitude desse fato? É claro que tem. Você pode até alegar que desconhecia esse artigo do
crime de apropriação de coisa achada, mas isso é inescusável. O importante não é saber se
você conhecia a lei, e sim, se você tem potencial para conhecer. Portanto, no seu caso, haverá a
responsabilização pelo crime e sua pena poderá ser apenas reduzida de 1/6 a 1/3.
Se o erro for escusável, NÃO isenta de pena, é causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3.
O erro de proibição grosseiro nem exclui a culpabilidade, nem diminui a pena do agente.
São erros sobre a ilicitude de fatos conhecidos pelo senso comum e que todos deveriam saber.
Exemplo: uma pessoa alegar que não conhecia o crime de furto e que diante de suas
características não teria potencial consciência para atingir tal conhecimento.
Nesse caso, o agente responde pelo crime de furto (crime amplamente divulgado na
sociedade) e não teria a redução da pena de 1/6 a 1/3. Poderia até ser beneficiado por uma
atenuante do Art. 65, II, do CP, a depender do caso.
O erro de proibição direto é quando o agente tem convicção de que sua conduta não é
proibitiva pela norma. Ele age sem saber da existência da lei que proíbe (crime comissivo) ou
se omite sem saber que a lei manda-o agir (crime omissivo), e age acreditando que sua
conduta está correta. Como vimos, esse erro pode ser escusável ou inescusável (conforme
acabamos de estudar).
➢ Erro sobre os limites de uma excludente de ilicitude que existe, mas naquela
ocasião não se aplica.
EXERCÍCIO
142. (Cespe) O erro de proibição é aquele que recai sobre a ilicitude do fato, excluindo a
culpabilidade do agente, porque esse supõe que inexiste regra proibitiva da prática da
conduta. O erro de proibição não exclui o dolo, mas afasta, por completo, a culpabilidade do
agente quando escusável e reduz a pena de um sexto a um terço quando inescusável,
atenuando a culpabilidade.
Certo Errado
Gabarito: Certo
RESOLUÇÃO RÁPIDA
RESOLUÇÃO COMPLETA
Coautor- É a reunião de dois ou mais autores no mesmo crime, quando o crime tem mais
de um autor, fala-se em coautoria. Ex.: “A e B” desferem tirós em “C”.
Coautoria sucessiva/Coautor sucessivo- Se todos os autores iniciam a execução do crime
juntos, haverá coautoria simultânea, se um autor ingressa no crime depois de já iniciada a
execução, fala-se em coautoria sucessiva. Ex.:
• Caso 1- “A e B” agridem aó mesmó tempó C. (Cóautória simultânea).
• Caso 2- “A e B” agridem aó mesmó tempó C, D aó verificar a situaçãó decide
também agredir C. (Coautoria sucessiva).
Participação- É a pessoa que não executa o verbo do tipo penal incriminador, mas de
alguma fórma presta uma cólabóraçãó de relevância. Ex.: “A” empresta a arma para “B” matar
“C”.
Formas de participação- Há três maneiras:
• a)Induzimento- Criar a ideia do crime no pensamento do autor, ou seja, o autor
não imaginaria cometer o delito;
• b)Instigação- É reforçar a ideia do crime já existente no pensamento do autor,
convencendo-o decisivamente a cometer a infração, deve ser a causa do crime,
sem esta o autor não teria levado adiante a ideia do cometimento do crime.
Essas duas hipóteses são chamadas de participação moral e auxílio material, como, por
exemplo, no último caso, fornecer materiais para execução do crime, este auxílio também é
chamado de participação material.
A conduta desempenhada pelo partícipe é atípica, pois precisa sempre da conduta do
autor para que ele seja responsabilizado penalmente.
ACESSORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO
Como o partícipe não realiza a conduta do tipo penal, não executa a conduta típica, a
participação é um comportamento acessório que depende de existência de autor ou coautores
que realizem a conduta penal. Conclusão:
É impossível crime apenas com partícipe, pois, a participação é apenas uma conduta
acessória, depende sempre da conduta principal, que é desempenhada por autores e
coautores.
PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO
Existem 4 teorias:
➢ 1-Teoria da acessoriedade mínima - O partícipe é punido se a conduta do autor for
típica, ainda que não ilícita, ou seja, basta que apenas a conduta seja típica. Ex.: “A”
empresta a arma para que “B” haja em legítima defesa. Nesta teoria, B não é punido
mas A, sim.
➢ 2-Teoria da Acessoriedade média- Também chamada de limitada, o partícipe é
punido se a conduta do autor for típica, ilícita, ainda que não seja culpável.
(Corrente majorante). Ex.: “A” induz “B” (que é dóente mental) a matar “C”.
Nó casó acima “B” aó praticar ó fató, será típicó, ilícitó, mas ele nãó dispõe de
imputabilidade penal.
➢ 3-Teoria da Acessoriedade máxima- O partícipe é punido se a conduta do autor é
típica, ilícita e culpável. Ex.: nó Casó citadó anteriórmente, “A” nãó seria punidó,
póis “B” é inimputável.
➢ 4-Teoria da hiperacessoriedade- O partícipe só será punido se a conduta do autor
for típica, ilícita, culpável e também punível. Ex.: “A” fói autór de um crime que tem
“B” cómó partícipe, se “A” mórrer, “B” nãó póde ser punidó, pois estará extinta a
punibilidade do autor.
AUTORIA MEDIATA OU INDIRETA
É aquele que realiza o crime sem executar a conduta típica, ou seja, ele realiza o crime
utilizando-se de uma pessoa que age sem dolo, sem culpa, sem culpabilidade, utiliza 3º
inocente como instrumento do crime. Há 4 possibilidades:
➢ 1-Erro determinado pelo 3º (Art. 20, §3º, CP) - Médico quer matar paciente inimigo
dele, então entrega para a enfermeira frasco com veneno e manda ministrar ao
paciente, dizendo que é remédio; esta, por sua vez, aplica o veneno pensando ser
remédio, vindo o paciente a óbito.
Autor do crime==Médico (mediato ou indireto)
➢ 2-Coação moral irresistível (Art. 22, CP)- O coator é o autor mediato ou indireto do
crime, pois, ele utilizou o coagido como instrumento para a prática do delito.
➢ 3-Obediência hierárquica- O superior hierárquico que deu a ordem ilegal é o autor
mediato ou indireto, pois, ele utiliza o subordinado como instrumento para
execução do crime. (Art. 22, CP)
➢ 4-Instrumento impunível- (Art. 62, II, CP)- “A” induz “B” (que é dóente mental) a
matar “C”. “A” será ó autór mediató dó crime.
Obs.: “A” neste caso só responde pelo roubo e estupro apenas se assumiu o risco
de participar dos delitos mais graves, havendo dolo eventual. Ex.:
“A” sabia que tinha moradora nos fundos da casa, e que “B” estava de porte da
faca, “A” supõe que “B” poderá estuprar a moradora e subtrair com emprego de
violência, havendo dolo eventual e não previsibilidade culposa.
Obs.: 5 pessoas combinam cometer roubo com arma de fogo, durante o assalto
uma delas desnecessariamente resolve atirar e matar a vítima, neste caso todos
responderão por latrocínio, afinal quem participa de roubo armado está assumindo
o risco de cometer latrocínio; o que atirou latrocínio com dolo direto, os demais
latrocínio com dolo eventual.
Obs.: Não confundir autoria incerta com autoria ignorada ou desconhecida, pois
nesta última hipótese o infrator não foi identificado.
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada
até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
CONCURSO DE CRIMES
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Passaremos a analisar os principais pontos de diferença entre o concurso material,
formal e delito continuado, porém, a convergência entre os institutos é que, aqui, haverá a
prática de mais de um crime e, por razões de política criminal, adota-se critério específico
para a estipulação da pena. Nos ensinamentos do professor Cézar Roberto Bitencourt,
cóncursó de crimes ócórrerá: “Quandó um sujeitó, mediante unidade óu pluralidade de
comportamentos, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes - Concursus
delictorum. Vejamos a seguir os sistemas de aplicação da pena na hipótese de concurso e qual
deles é adotado no nosso ordenamento jurídico:
• A) Cúmulo Material- simples e mais fácil de entender, neste sistema, somam-se
as penas de acordo com a quantidade de infrações penais cometidas pelo
agente.
• B) Cúmulo Jurídico- por haver mais de um delito, a pena a ser aplicada deverá
ser maior, mas, nunca chegar ao patamar de somatório das penas, ou seja,
haverá uma pena maior do que a do crime mais grave, mas que não atinja a
somatória conforme prevê o cúmulo material.
• C) Absorção- quando existirem mais de um crime, a pena do mais grave,
absorverá o do delito menos grave.
CRIME CONTINUADO
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Haverá o instituto quando o agente, mediante mais de uma conduta, pratica dois ou mais
delitos, que, por condições de tempo, lugar, maneira de execução, faz com que os últimos
sejam considerados continuação dos primeiros. O professor Cézar Roberto Bitencourt deixa
claro: São diversas ações, cada uma em si mesma criminosa, que a lei considera, por motivos de
política criminal, como um crime único.
As teorias que explicam o delito continuado são as seguintes:
• A) Unidade real- aqui reside o chamado dolo unitário, quando o agente pratica
várias condutas delitivas, estas nada mais são do que uma forma de
manifestação da conduta delitiva inicial, ou seja, quando uma pessoa furta um
carro hoje de uma concessionária, e amanhã, retorna e pratica o mesmo delito,
este último, nada mais é do que a manifestação da primeira situação delitiva.
• B) Ficção jurídica- o próprio nome já deixa claro de que se trata, a continuidade
delitiva nada mais é do que uma unidade delitiva por imposição legal, ou seja,
por ficção jurídica, afinal, pois na prática, existe mais de um crime. Esta é a
teoria adotada no nosso ordenamento jurídico para fins de aplicação de pena.
• C) Teoria da unidade jurídica ou mista- nem se trata de uma unidade real, nem
tampouco uma mera ficção jurídica.
Requisitos legais do crime continuado:
Aqui, haverá uma exceção em que o juiz poderá elevar a pena até o triplo,
pois se trata de condutas praticadas contra vítimas diferentes e que existe a
violência ou grave ameaça à pessoa.
EXERCÍCIOS
143. Em regra, consideram-se autores de um delito aqueles que praticam diretamente os
atos de execução, e partícipes aqueles que atuam induzindo, instigando ou auxiliando a
ação dos autores principais. No entanto, é possível que um agente, ainda que não
participe diretamente da execução da ação criminosa, possa ter o controle de toda a
situação, determinando a conduta de seus subordinados. Nessa hipótese, ainda que não
seja executor do crime, o agente mandante poderá ser responsabilizado criminalmente.
Essa possibilidade de responsabilizar o mandante pelo crime decorre da teoria:
Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar
Judiciário
a) da acessoriedade limitada.
b) do favorecimento.
c) do domínio do fato.
d) pluralística da ação.
e) da causação.
Gabarito: C
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Como regra, o Código Penal adotou a teoria restritiva do autor, sendo autor
do crime aquele que pratica o núcleo do tipo, ou seja, aquele que pratica
diretamente os atos de execução. Porém, para esta teoria o mandante do crime
seria partícipe, algo totalmente desarrazoado. Logo, surgiu a teoria do domínio do
fato para afirmar que aquele que tem controle sobre a situação da prática delitiva,
ao ponto de mesmo sem praticar nem um núcleo do tipo penal incriminador, mas,
decide se e quando o crime será praticado, será considerado autor do crime.
Gabarito: A
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
145. Julgue o próximo item, relativo à pena, sua aplicação e a medidas de segurança.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista Judiciário
- Direito
No concurso formal, caso o agente tenha praticado dois crimes mediante uma ação dolosa,
devem-se aplicar cumulativamente as penas se os crimes concorrentes resultarem de
desígnios autônomos.
( ) certo ( ) errado
Gabarito: Certo
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: B
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
Gabarito: A
SOLUÇÃO RÁPIDA
SOLUÇÃO COMPLETA
a) Está correta, pois com base na teoria monista, todos respondem pelo
mesmo crime.
b) Está incorreta, pois não é necessário o prévio ajuste, pode ser um ajuste
concomitante.
c) Está incorreta, pois não incide no concurso necessário, apenas no concurso
eventual.
d) Está incorreta, pois não figura como requisito para o concurso de pessoas.
e) Está incorreta, não é necessário que todos os agentes pratiquem o mesmo
ato, pode haver uma distribuição de condutas.
Gabarito: E
SOLUÇÃO RÁPIDA
O delito de rixa, conforme previsão do Art. 137, CP, é delito plurissubjetivo,
que exige a participação de três ou mais pessoas.
SOLUÇÃO COMPLETA
Aqui encerramos a parte geral do Direito Penal cobrada nos concursos para os
quais você estuda. Agora passaremos a estudar a parte especial do Direito Penal,
ou seja, os crimes em espécie.
Não é preciso que haja vida viável para a caracterização do crime, bastando apenas que
haja vida.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de causar
a morte de outrem, nas palavras de Rogério Sanches Cunha, aqui, verifica-se
tanto a possibilidade de haver o crime na forma do DOLO direto (agente quis
produzir o resultado), como o DOLO eventual (agente assumiu o risco de
produzir o resultado).
Obs.: Há jurisprudência apontando que homicídio ocorrido na direção de veículo
automotor será a modalidade de CULPA, nos termos do Art. 302, CTB), e homicídio
praticado em “racha” será DOLOSO, na modalidade do DOLO eventual.
O professor Rogério Sanches Cunha chama atenção para o seguinte
questionamento, se um portador de HIV oculta a doença da parceira e com ela
mantém conjunção carnal, qual será o crime?
Ora, o entendimento do doutrinador é que, se ele realiza o ato sexual com a VONTADE
explícita de transmitir a doença à parceira, estaremos diante de tentativa de homicídio
DOLOSO caso a morte não ocorra; é homicídio DOLOSO consumado, caso a contaminação leve
a pessoa à morte.
Caso o portador do HIV realize ato sexual sem querer transmitir, ou sem assumir o risco
do resultado (usando preservativo, por exemplo), e mesmo assim transmite o vírus,
responderá por lesão corporal CULPOSA (desde que não haja morte) e homicídio CULPOSO,
caso o óbito ocorra em decorrência da transmissão.
B) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO- CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Aqui haverá 3 situações que “privilegiam” ó hómicídió:
➢ 1)Motivo de relevante valor social- Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt e de
maneira sucinta, será aquele motivo que diz respeito a toda coletividade, por
exemplo, matar o traidor da pátria.
➢ 2)Relevante valor moral- Diz respeito aos interesses individuais, ou seja, aqui
saímos do contexto de interesse coletivo e avaliamos no caso concreto se aquele
interesse é relevante para o indivíduo; o exemplo seria o pai que mata o
estuprador da filha.
➢ 3)Domínio de violenta emoção- Esta não se confunde com emoção (estado súbito e
passageiro) ou paixão (sentimento crônico e duradouro), nesta hipótese o agente,
logo em seguida de ser injustamente provocado pela vítima, reage de maneira
imediata e sob INTENSO choque emocional capaz de anular o seu autocontrole.
Obs.: Aqui não haverá comunicabilidade das circunstâncias caso ocorra o
privilégio; verificada a hipótese em contendo, haverá DIREITO SUBJETIVO DO RÉU
da redução da pena.
C) HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2° Se o homicídio é cometido:
D) HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
É o crime que ocorre por meio de um comportamento humano, voluntário, consciente,
mas que provoca um resultado INDESEJADO, INVOLUNTÁRIO, e que teve como causa a sua
conduta.
Delito que se pratica de 3 modalidades:
➢ a)imperícia- falta de aptidão técnica para a prática do ato;
➢ b)imprudência- é o agir precipitado, de maneira afoita, ou seja, o agente atua de
forma excessiva e descumprindo preceitos básicos de cuidado com o ato.
➢ c)negligência- é ausência de precaução, ou seja, não há o devido cuidado, e o agente
deixa de fazer o que deveria praticar. Se na imprudência existe uma ação excessiva,
na negligência existe uma omissão, ou seja, uma negativa por parte do agente.
E) HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO- AUMENTO DE PENA
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
lembrar que essas condutas devem estar atreladas à finalidade específica de que a vítima
cometa o suicídio ou automutilação.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de induzir,
instigar ou prestar auxílio ao suicida ou automutilador.
• Consumação e tentativa- Aqui a discussão doutrinária recai na possibilidade de
haver ou não a tentativa, afinal o crime restará consumado quando, após o
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, a vítima concretiza esta conduta,
porém, com a nova redação da Lei 13.968/2019, não restarão mais dúvidas
sobre a possibilidade de punição e existência da tentativa, afinal, o resultado
naturalístico (lesão corporal grave) passou a ser forma qualificada do crime,
logo, aquele que praticar qualquer uma das condutas descritas no tipo penal
incriminador (induzir, instigar, ou prestar auxílio material) aliado à finalidade de
que a vítima cometa suicídio ou se automutile, JÁ CARACTERIZA O DELITO EM
QUESTÃO.
• Por se tratar de novatio legis in pejius NÃO RETROAGIRÁ, ou seja, só poderá
ter aplicabilidade do dia 26 de dezembro de 2019 em diante, como consta no rol
de crimes contra a vida, a competência para o processo e julgamento SERÁ do
Tribunal do Júri, por força de mandamento Constitucional, mas o legislador não
deixou claro se a conduta for referente à automutilação, portanto, aguardar o
posicionamento da jurisprudência sobre a questão.
A ação penal será PÚBLICA INCONDICIONADA.
Questões finais sobre o delito de induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio:
Em caso de roleta russa, duelo americano e pacto de morte (ambicídio), qual
será o delito?
Na roleta russa e no duelo americano, o delito será estudado, desde que o
sobrevivente não tenha puxado o gatilho da arma; já no ambicídio dependerá se
quem praticou a conduta que gerou a morte de ambos sobreviver, responderá pelo
crime de homicídio; se não, responderá pelo delito de induzimento, instigação e
auxílio ao suicídio; se ambos sobreviverem, quem praticou a conduta para tirar a
morte responderá por tentativa de homicídio, e outro pelo induzimento, instigação
ou auxílio ao suicídio.
possível que a morte ocorra fora do ventre, mesmo assim haverá o delito
estudado, desde que essa ocorrência decorra de manobras abortivas.
• O objeto jurídico tutelado será a VIDA INTRAUTERINA, afinal se for
EXTRAUTERINA, como vimos anteriormente, o delito será o do Art. 121, CP.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
É preciso observar de antemão a punição desse delito, pois se trata da modalidade mais
grave a título de pena do crime de aborto, afinal, existirá o crime por uma prática de um
terceiro que não dispõe de autorização da gestante para tanto.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa (comum) poderá praticar o crime, desde que não
seja a própria gestante, afinal, o crime neste caso será o antecessor.
• Sujeito Passivo- Será o feto, ou seja, o produto da concepção e também a
gestante, pois, aqui ela não consente a manobra abortiva, ou seja, CRIME DE
DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA.
• Conduta- Será a de livre e consciente de ceifar a vida do feto sem que haja
consentimento da gestante.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do nascituro praticando a conduta que irá destruir o produto da concepção.
• Consumação e tentativa- O crime é material, ou seja, consuma-se com a morte
do nascituro ou do feto, admite-se a tentativa, pois, o delito é plurissubsistente.
É possível que a morte ocorra fora do ventre, mesmo assim haverá o delito
estudado, desde que esta ocorrência decorra de manobras abortivas.
O objeto jurídico tutelado será a VIDA INTRAUTERINA, afinal se for EXTRAUTERINA,
como vimos anteriormente, o delito será o do Art. 121, CP. Mas também se tutela a
incolumidade física e psíquica da gestante que não permitiu a prática abortiva.
Crime que se processa mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO, COM O CONSENTIMENTO DA
GESTANTE
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide
ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Aqui se pune a conduta daquele que, com autorização da gestante, realiza manobra
abortiva nesta. É delito que admite suspensão condicional do processo, nos termos do Artigo
89 da Lei 9.099/95, pois a pena mínima é igual a 1 (um) ano.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa (comum) poderá praticar o crime, desde que não
seja a própria gestante, afinal, o crime neste caso será o do Art. 124, CP.
• Sujeito Passivo- Será o feto, ou seja, o produto da concepção, a gestante não se
inclui por ter consentido a prática.
• Conduta- Será a de livre e consciente de ceifar a vida do feto ou produto da
concepção, desde que não haja consentimento da gestante.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de ceifar a
vida do nascituro praticando a conduta que irá destruir o produto da concepção
de maneira consentida pela gestante.
FORMA QUALIFICADA
Chamado pela doutrina de dissenso presumido, ocorrerá quando, mesmo havendo o
consentimento da gestante, este será desconsiderado, será nas hipóteses em que ela não for
maior de 14 anos, for alienada ou débil mental, ou se houver um consentimento mediante
fraude, ameaça ou violência, respondendo então o agente provocador do aborto pelo delito do
Art. 125, CP, RETIRANDO-SE QUALQUER RESPONSABILIDADE PENAL DA GESTANTE.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Majorantes de pena nas hipóteses de aborto praticado por terceiro com e sem o
consentimento da gestante. Ocorrerá quando:
➢ a) Havendo lesão corporal grave na gestante em decorrência das manobras
abortivas - o professor Frederico Marques entende que é uma exceção à regra de
que é impossível tentativa em crime preterdoloso, afinal é possível o agente
realizar a manobra abortiva e este não se consumar por circunstâncias alheias à
sua vontade, mas ocasionar lesão corporal grave na vítima. AUMENTAM-SE em 1/3
as penas.
➢ b) Havendo a morte da gestante em decorrência das manobras abortivas - mesmo
raciocínio do professor Frederico Marques. AUMENTAM-SE as penas em DOBRO.
Já para o professor Capez, se não ocasionar o aborto nas duas formas majoradas pelo
resultado, haverá a responsabilidade pelo CRIME CONSUMADO, mesmo que NÃO ocorra o
aborto, pois se trata de crimes agravados pelo resultado.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF
54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Hipótese do aborto necessário é uma forma de excludente de ilicitude, pois o fato do
aborto continua a ser crime, mas NÃO será ILÍCITO.
Aqui não é preciso que o aborto seja praticado por médico, ou seja, um enfermeiro, uma
parteira, pessoa que, vendo a possibilidade de morte da gestante, praticar a conduta, estará
excluída a ilicitude.
Deverá haver perigo de vida da gestante, e não apenas risco à saúde dela.
Só existe este meio de salvá-la.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
O professor Rogério Sanches Cunha leciona o seguinte: Trata-se de um crime cujo objeto
jurídico protegido é a incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-o em sua saúde corporal,
fisiológica e mental. Dividindo a lesão nos aspectos subjetivos e intensidade, que são:
➢ A)Aspecto Subjetivo:
1- Lesão Corporal DOLOSA SIMPLES (caput);
2- Lesão Corporal DOLOSA QUALIFICADA (§§1º,2º,3º);
3- Lesão Corporal PRIVILEGIADA (§§4º e 5º);
4- Lesão Corporal CULPOSA (§6º): classifica-se como infração de menor potencial
ofensivo, passível de transação penal.
➢ B)Aspecto de Intensidade:
1- Leve (caput): classifica-se como infração de menor potencial ofensivo, passível de
transação penal.
2- Grave (§1º): por ter pena mínima de 1 (um) ano, admite-se suspensão condicional do
processo;
3- Gravíssima (§2º);
4- Seguida de morte (§3º).
*Obs.: quando o crime for praticado em contexto de ambiente doméstico e
familiar, não são cabíveis os benefícios da Lei 9.099/95 (desde que o crime não
seja culposo).
• Sujeito Ativo- O delito é comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar o delito.
• Sujeito Passivo- Deverá ser humano vivo, com ressalvas ao §§1º, IV e 2º, V, a
vítima deve ser, necessariamente, mulher grávida.
• Conduta- O professor Rogério Sanches pontua que o delito de lesão corporal
consiste em punir a ação ou omissão de ofender, direta ou indiretamente, a
integridade corporal ou a saúde de outrem, quer causando uma enfermidade,
quer agravando uma já existente. Convém lembrar que a lesão NÃO precisa
resultar em dor para sua consumação.
• Elemento subjetivo- Pune-se tanto a modalidade DOLOSA (regra do delito)
quanto na modalidade CULPOSA (§6º), como também, haverá a possibilidade de
uma lesão corporal PRETERDOLOSA (§§1º, 2º e 3º).
• Consumação e tentativa- Consuma-se o crime no instante em que ocorre a
ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental da vítima (crime
material).
• Apesar de no contexto fático ser difícil a comprovação, admite-se a tentativa do
crime, pois se trata de delito plurissubsistente (conduta que pode ser
devidamente fracionada).
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE- Será definida por um critério de exclusão, ou
seja, sendo uma lesão que não se classifique como grave, gravíssima, que resulta em morte,
aplica-se a pena prevista no caput do delito.
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE:
Observa-se que o presente parágrafo, como bem lecionam os professores Rogério
Sanches e Cézar Roberto Bittencourt, traz hipóteses de um crime de lesão corporal qualificada
pelo resultado, seja este provocado a título de dolo direto ou eventual, ou até mesmo a título
de culpa. Na hipótese de perigo de vida, só é punível se este resultado ocorrer a título de
culpa, sendo o contrário, haverá a saída dessa qualificadora para o crime de homicídio.
§ 1º Se resulta:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias;
Segundo o professor Rogério Sanches Cunha, entende-se como ocupação habitual
qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não necessariamente ligada a trabalho ou
ocupação lucrativa, devendo ser lícita, não importando se é uma ocupação moral ou imoral,
sendo de natureza econômica, intelectual, esportiva, entre outros aspectos.
A comprovação, segundo os termos do Art. 168;§2º, CP, deverá ser auferida por laudo
complementar, realizado logo após o 30º dia, sendo prazo material, inclui-se o dia do início e
se exclui o último, a ausência deste laudo complementar PODERÁ ser substituída por provas
de outra natureza, a exemplo da prova testemunhal.
II - perigo de vida;
Consiste na real probabilidade de ocorrer letalidade para a vítima, devendo este efeito ser
devidamente comprovado por exame pericial. Deve-se observar que aqui se trata de uma
modalidade PRETERDOLOSA, pois, se com a agressão, o DOLO do agente for matar a vítima, e
não ocorrer este resultado por circunstâncias alheias à sua vontade, responderá POR HOMICÍDIO
TENTADO, e não por esta modalidade de lesão corporal.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
➢ O membro seria cada um dos quatro apêndices do tronco, ligado a este por meio de
articulações, sendo dois superiores e dois inferiores, um superior e um inferior em
cada lado, realizando movimentos diversos, entre os quais, locomoção.
➢ Já sentido é a faculdade de experimentar certas sensações, e ter percepção, por
meio dos seguintes sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato).
➢ Função é uma atividade própria ou natural de um órgão, ou sistema orgânico, a
exemplo do sistema respiratório, digestivo, circulatório, entre outros.
Ocorrendo o enfraquecimento, de membro, sentido ou função, haverá a qualificadora, o
enfraquecimento consistirá em funcionamento abaixo do normal, cuja recuperação não seja
certa, observar que aparelhos corretivos não descaracterizam a qualificadora. O STJ entende
que perda de dentes causa debilidade permanente, e não deformidade.
IV - aceleração de parto:
Ocorrerá quando, devido à lesão, o feto venha a ser expulso com VIDA, ou seja,
nascimento prematuro, em decorrência da lesão. É preciso observar que se o feto for expulso
sem VIDA, ou nascer, mas devido a ferimentos, morrer logo em seguida, haverá a qualificadora
do próximo parágrafo no inciso V.
§ 2° Se resulta: (Gravíssima)
A doutrina traz estas hipóteses como lesões corporais GRAVÍSSIMAS, que em sua
maioria são lesões de conteúdo PERMANENTE ou de maior permanência.
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Ao contrário do parágrafo anterior, a incapacidade deverá ser PERMANENTE,
ABSOLUTA, DURADOURA e SEM previsão de cessação.
A maior parte da doutrina leciona que essa incapacidade deverá ser para QUALQUER
ATIVIDADE DE TRABALHO, se for uma incapacidade para um trabalho específico, não haverá
o delito em questão (não parece a posição mais justa, porém é a que prevalece).
II - enfermidade incurável;
Entende a doutrina que esta qualificadora recairá quando o agente tem o DOLO de
transmitir uma doença para qual não apresenta cura pelo estágio da medicina atual, ou seja,
provocar uma alteração permanente na saúde em geral por meio de um processo patológico.
Se for uma enfermidade que pode ser curada por cirurgia de elevado risco para a vítima,
a doutrina também considera aplicabilidade desta qualificadora.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Ao contrário do parágrafo anterior, que fala em DEBILIDADE (alteração no
funcionamento para pior), aqui a qualificador consiste em PERDA.
Em se tratando de órgãos duplos, para que a lesão seja gravíssima, deverá atingir ambos.
IV - deformidade permanente;
É um dano ESTÉTICO, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza
e capaz de provocar impressão vexatória à vítima. Não confundir DEFORMAÇÃO com
DEFORMIDADE, pois, só haverá a qualificador quando incidir esta última hipótese.
V - aborto:
Qualificador que consiste em natureza PRETERDOLOSA, pois se pune a lesão corporal a
título de DOLO, e o resultado MAIS GRAVE e DIVERSO DO PRETENDIDO, que é o aborto a
título de CULPA. Caso fique evidenciado que a intenção do agente é lesionar a gestante para
provocar o aborto, NÃO HAVERÁ este crime, e sim o do Art. 125, CP.
É preciso que o agente tenha CONHECIMENTO da gravidez da vítima, caso contrário, não
incidirá a qualificadora.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena
de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Aqui há uma possibilidade de substituição da pena, não sendo graves as lesões e presente
qualquer das hipóteses relacionadas no § 4º (se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima), a pena de detenção poderá ser substituída por multa. O mesmo será
aplicável se houver lesões mútuas, esse é o ensinamento do professor Rogério Sanches Cunha.
CALÚNIA
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
É preciso observar que, por se tratar de delito cuja pena privativa de liberdade não é
superior a 2 (dois) anos, trata-se de IMPO, admite-se tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo, em caráter excepcional. Aprenderemos que quando
incidirá a causa de aumento do pena do Art. 141, CP, não haverá transação penal.
• Objeto jurídico tutelado- Honra Objetiva, ou seja, a reputação da vítima perante
terceiros;
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa pode cometer este crime, portanto, o crime será
COMUM. Porém, é preciso observar que algumas pessoas dispõem em
determinadas circunstâncias de imunidades, ou seja, não cometerão este crime,
exemplos: senadores, deputados, vereadores, estes no limite do município que
exerça o seu mandato, advogados em relação aos delitos de difamação e injúria,
desde que cometidos no exercício profissional.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, incluindo, pessoa menor de 18 anos, doentes
mentais, e a doutrina e jurisprudência também admitem pessoas jurídicas,
desde que a imputação falsa se subsuma a delitos ambientais (Lei 9.605/98).
*Obs.: a autocalúnia é punida como delito de autoacusação falsa, nos termos
do Art. 341, CP.
EXCEÇÃO DA VERDADE
O instituto consiste em termos gerais em se “próvar” a imputaçãó feita, óu seja, pór
interesse público, admite-se que aquele que atribui a outrem fato definido como crime possa
dentro dos meios legais, provar que o terceiro realmente praticou o crime, sendo neste caso
ATÍPICA a conduta por expressa previsão legal.
A exceção da verdade é a regra a ser aceita nos delitos de calúnia, porém, não se admite
nas seguintes situações:
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
Sendo crime de natureza privada (ou seja, só a vítima poderá provocar o Estado para
exercer o jus puniendi), NÃO se admite ao terceiro provar a veracidade do fato, pois o direito
de perseguir o delito e pleitear a punição é da VÍTIMA, porém, se houver processo já decidido
(trânsito em julgado), esta exceção não se aplica.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do
art. 141;
Por razões políticas, não se admite quando o fato for imputado ao Presidente da
República ou Chefe de Governo estrangeiro.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.
Se absolvido o réu em processo criminal, independentemente da motivação absolutória,
existe COISA JULGADA, portanto, esta deverá ser tutelada.
DIFAMAÇÃO
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
É preciso observar que, por se tratar de delito cuja pena privativa de liberdade não é
superior a 2 (dois) anos, trata-se de IMPO, admite-se tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo, mesmo quando incidia a causa de aumento do pena do
Art. 141, CP.
• Objeto jurídico tutelado- honra objetiva, ou seja, a reputação da vítima perante
terceiros.
• Sujeito Ativo- qualquer pessoa pode cometer este crime, portanto, o crime será
COMUM.
• Porém, é preciso observar que algumas pessoas dispõem em determinadas
circunstâncias de imunidades, ou seja, não cometerão este crime, exemplos:
senadores, deputados, vereadores, estes no limite do município que exerça o seu
mandato, advogados em relação aos delitos de difamação e injúria, desde que
cometidos no exercício profissional.
• Sujeito Passivo- qualquer pessoa, incluindo, pessoa menor de 18 anos, doentes
mentais, e a doutrina e jurisprudência também admitem pessoas jurídicas, pois
essas dispõem de reputação social.
• Conduta- consiste na conduta de imputar (atribuir) fato determinado que,
embora sem ser de conteúdo criminoso, ofenda a reputação da vítima, sendo o
meio executório também por meio de palavras, gestos, escritos, desde que
INJÚRIA
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Em regra, é cabível suspensão condicional do processo e transação penal, ainda que
incidentes as causas de aumento de pena do Art. 141, CP. Sendo o caso do §3º, que é a injúria
com conteúdo racial, é possível a suspensão condicional do processo, mas havendo a causa de
aumento de pena, não será possível.
• Objeto jurídico tutelado - tutela-se a honra subjetiva, ao contrário dos delitos
anteriores.
• Sujeito Ativo- qualquer pessoa, ou seja, crime comum.
• Sujeito Passivo- qualquer pessoa, porém aqui não é possível pessoa jurídica ser
vítima desde delito, pois esta não dispõe de honra subjetiva. O morto também
não pode ser vítima da injúria, pois não dispõe de honra subjetiva, mas é
perfeitamente possível o parente do morto se sentir injuriado. Como exemplo
temos a mãe que escuta pessoa chamar sua filha falecida de um nome chulo.
• Conduta- a conduta consiste em injuriar (insultar, atribuir palavras ofensivas,
ou até mesmo ignorar cumprimento, maneira omissiva) pessoa DETERMINADA,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro (honra subjetiva). Cumpre observar que
o delito NÃO se IMPUTA FATO, mas sim QUALIDADE NEGATIVA.
• Consumação e tentativa- só irá se consumar com o conhecimento da vítima, pois
o crime tutela a honra subjetiva, é crime formal, pois se dispensa o efetivo dano
a sua dignidade ou decoro. A tentativa para a maior parte da doutrina é
admitida na modalidade escrita, porém, há doutrinador que também admite na
forma verbal.
• Elemento subjetivo- DOLO, de praticar a conduta visando obter o chamado
animus injuriandi, não se admite o crime na forma culposa.
Trata-se da chamada imunidade judiciária, por uma estrita relação com a discussão da
causa, obviamente, faz-se necessário deixar ampla a liberdade de manifestação para os
procuradores e partes no processo para discutir a causa. Cumpre observar que a imunidade
alcança tanto as partes quanto seus procuradores no processo.
Cumpre lembrar que esta imunidade não é absoluta, ou seja, se forem atos que
manifestamente acabem ferindo a ótica profissional, como, por exemplo, insulto pessoal,
humilhação pública, será o profissional ou parte devidamente responsabilizada.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica,
salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.
Aqui reside a imunidade literária, artística, científica, ou seja, tutela-se o direito à
liberdade de expressão contida na CF/1988, porém, essa crítica como bem leciona o professor
Damásio deve ser exercida nos limites da normalidade, ou seja, revestindo-se de trabalhos
que tenham o condão de macular a honra da pessoa, será passível de responsabilização.
Portanto, esta interpretação ficará muito interligada à situação e ao caso em concreto a ser
analisado no contexto em que ocorrer. Vide ADI 4815 em que o STF julgou que NÃO é preciso
autorização da pessoa biografada ou familiares para publicações de obras, porém, não podem
estas obras se revestirem de ilicitude, ou seja, serem usadas com o propósito de difamar ou
injuriar o biografado.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do
ofício.
Por razões óbvias, a atuação dos funcionários públicos deve ser pautada pelo
revestimento dos princípios constitucionais como a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Logo, será inevitável o fato de que, por vezes, estes precisem emitir
opiniões técnicas e que sejam de interesse público que acabem de certa maneira se revestindo
de opiniões negativas acerca de pessoas, por razões vinculadas a sua função estritamente
desempenhada, não haverá os delitos de difamação e injúria.
Parágrafo único - Nos casos dos nos I e III, responde pela injúria ou
pela difamação quem lhe dá publicidade.
Cumpre observar que, nas hipóteses de ofensas irrogadas em juízo e opiniões emitidas
por funcionários públicos, quem fizer a sua publicidade em campos distintos de onde se deve
emitir a opinião responderá pelo crime.
RETRATAÇÃO
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente
da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Primeiro ponto: observa-se que só será cabível retratação em crimes de calúnia e
difamação, pois estes afetam honra objetiva. Caso ocorra a injúria, não será cabível o instituto.
Segundo ponto: aqui não consiste em apenas negar ou confessar o delito, mas sim, nas
palavras do professor Rogério Sanches Cunha, é escusar-se, ou seja, retirar do mundo a
opinião que emitiu, demonstrando o devido arrependimento.
Terceiro ponto: não se aplica a pena, mas as demais sanções extrapenais são cabíveis,
por exemplo, ação por indenizações por danos morais, por exemplo, permanece.
Não é preciso haver concordância do querelante (vítima), pois se trata de ato
unilateral.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a
calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a
retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos
Alertar para o lembrete da Súmula nº174 do STJ, em que arma de fogo de brinquedo
não incidirá a majorante em questão.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à
violência.
Não restam dúvidas que aqui haverá um concurso material de delitos (Art. 59, CP),
pois o agente pratica o constrangimento e ainda a violência, sendo esta situação passível do
somatório das penas.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Hipóteses em que não se exclui o delito, na primeira a intervenção médica, quando
passível de risco de vida, e a segunda para evitar a prática de suicídio. Há divergência
doutrinária quanto à natureza do instituto. A corrente seguida por Cézar Roberto Bittencourt
e Damásio aponta que é hipótese em que se exclui a tipicidade; já a segunda corrente, que é
encampada por Mirabete e Nélson Hungria, trata-se de excludente de ilicitude sui generis,
agindo em estado de necessidade de terceiro, esta é a prevalente.
Delito que se processa por Ação Penal Pública Incondicionada.
AMEAÇA
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Delito que se configurará quando o agente pratica a conduta contra a liberdade
individual, manifestando a vontade de praticar mal injusto e grave contra a vítima, não precisa
ser este mal um delito.
• Conduta- Ocorrerá quando se intimidar, anunciar mal injusto e grave. O crime
tem uma forma de execução livre, ou seja, poderá ser por palavras, escritos,
gestos, ou qualquer meio que deixe a vontade inequívoca de ameaçar a vítima. A
ameaça deverá ser plausível, ou seja, algo que possa, de fato, ocorrer.
Expressões vagas não abarcam o delito em questão.
• Consumação e tentativa- O crime é formal, ou seja, haverá a consumação quando
a vítima tomar conhecimento do mal prometido, mesmo que não haja a real
intimidação. A maioria da doutrina admite a forma tentada de maneira escrita,
Nélson Hungria, porém, discorda.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
do delito.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito
passivo.
• Objeto jurídico tutelado- Liberdade individual, mas poderá o crime ser
praticado também quando a ameaça recai sobre um terceiro que mantenha
relação de proximidade. Exemplo: vizinho diz na frente do pai que dará “um
cascudo” no filho deste.
• Elemento subjetivo- DOLO, caracterizado pela vontade livre e consciente de
causar temor a vítima, manifestando a intenção maléfica.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Por se tratar de vítima mais vulnerável e com probabilidades de sequelas mais graves, o
delito passa a ser tratado de maneira qualificada.
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela
Lei nº 11.106, de 2005)
Antigo delito de rapto (Art. 219, CP), que deixou de existir, mas migrou a conduta para
esta modalidade delitiva, o que de fato não contemplou a figura do abolitio criminis. Convém
lembrar que processos em curso que apuram fatos antes de vigência da lei supracitada,
deverão apresentar a pena do crime de rapto, pois é menor a pena do que atual redação.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza
da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Aqui haverá outra qualificadora mais rígida em relação à última, quando, por exemplo,
a vítima é mantida em uma sala escura e sem ventilação, quando fica privada de alimentos,
entre outras formas que se revistam em maus-tratos.
Será o crime processado mediante Ação Penal Pública Incondicionada.
É preciso observar que há coisa móvel que não dispõe de valor patrimonial, mas tão
somente um valor moral, sentimental; esta por sua vez, segundo a maioria da doutrina sendo
relevante, também vigora como objeto material do delito de furto, professor Nucci discorda.
Cumpre frisar que, em regra, ser humano não pode ser objeto do crime em questão, pois
este nãó póde ser equiparadó a “cóisa”, mas em caráter excepciónal, é póssível, quandó, por
exemplo, um cadáver esteja na propriedade de uma universidade para fins de estudo e
pesquisa. Havendo remoção de tecidos, órgãos do corpo humano, haverá delito em lei
especial, que é a de Transplante de Órgãos (Lei 9.434/97).
Se a coisa não pertencer a ninguém ou for abandonada, não haverá o crime. Se for
perdida a coisa, o delito NÃO será o de furto, mas, apropriação indébita de coisa achada
(Art. 169, parágrafo único, II, CP).
Por fim, o delito deverá ter como objeto material coisa MÓVEL, e aqui não há
incorporação do conceito do Direito Civil, mas sim, aquela que pode ser removida sem perder
a sua característica.
• Elemento subjetivo- DOLO, o agente quer apoderar-se da coisa móvel
pertencente a terceiro. É possível também o DOLO com intenção de subtrair a
coisa móvel alheia para que um terceiro se apodere.
Aqui duas pequenas observações:
➢ 1º Deverá o agente desde o início ter a intenção de não devolver a coisa subtraída a
vítima, ou seja, se for para uso momentâneo será o popular furto de uso, que nada
mais é do que um indiferente penal, preenchendo os seguintes requisitos:
• A) intenção manifestada desde o início de uso momentâneo da coisa;
• B) coisa que não pode ser consumida;
• C) Restituição imediata e integral à vítima.
➢ 2º Furto famélico é crime? A jurisprudência entende que se afasta a ilicitude da
conduta por reconhecimento do Estado de Necessidade (Art. 24, CP). Porém, é
preciso notar o preenchimento de alguns requisitos dentre os quais: A) o fato seja
praticado para mitigar a fome; B) que seja o único recurso do agente; C) que seja
subtraída coisa capaz de amenizar a fome; D) os recursos do agente sejam
insuficientes ou este não tenha possibilidade de trabalhar.
• Consumação e tentativa- Tema de grande divergência, pois há 4 correntes:
➢ a) Contrectatio- A consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa
alheia, dispensando deslocamento.
➢ b) Amotio- Também chamada de Apprehensio, ocorrerá a consumação quando a
coisa subtraída passar para o poder do agente, mesmo que em curto espaço de
tempo, mesmo que não seja posse mansa e pacífica. Adotada pelo STF E STJ.
➢ c) Ablatio- Ocorrerá a consumação quando o agente, depois de apoderar-se da
coisa, consegue deslocá-la de um lugar para outro.
➢ d) Ilatio- Ocorrerá quando o agente consegue levá-la a lugar em que o bem fique a
salvo.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
Em primeiro lugar, trata-se de causa de aumento de pena ou majorante que se refere
ao repouso noturno, e NÃO durante o período noturno (como ocorre no delito de violação de
domicílio).
Repouso noturno é um conceito variável, pois será aquele períódó em que a “vida” dó
local cessa, pois as pessoas têm a tendência de se recolher para o descanso devido. É preciso
observar que, por exemplo, um furto às 21 horas no centro de São Paulo não incidirá esta
majorante; já se praticado em uma propriedade rural, onde geralmente cedo da noite as
pessoas dormem, já incide o aumento da pena.
A maioria entende que o crime NÃO precisa ser praticado em local habitado e com seus
moradores descansando, mas há doutrina que leciona o contrário.
É uma causa de aumento de pena que se aplica também em conjunto com as
qualificadoras do delito, pois não se caracteriza o bis in idem.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Nesse caso, observa-se a hipótese de furto privilegiado, ou seja, nas palavras do
Prófessór Rógérió Sanches Cunha, um furtó mínimó, óu seja, que traz “benefíciós” aó seu
agente desde que este preencha alguns requisitos na prática delitiva:
A doutrina e jurisprudência, atualmente, compreendem os seguintes requisitos:
➢ a) primariedade do agente- maioria entende como aquele não é reincidente,
embora, tenha várias condenações;
➢ b) coisa de pequeno valor, não ultrapassa o valor do salário mínimo vigente na
época da subtração, desconsidera-se o prejuízo suportado pela vítima em eventual
recuperação. NÃO confunda este requisito com INSIGNIFICÂNCIA ou BAGATELA,
que é hipótese de ATIPICIDADE MATERIAL.
Hoje, mudando o entendimento, o STF e o STJ têm admitido a incidência deste
privilégio em conjunto com furto qualificado, desde que esta seja de ordem objetiva.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
outra que tenha valor econômico.
Cláusula de equiparação, ou seja, a intenção do legislador aqui foi trazer situação que
seja capaz de ter o mesmo significado de coisa alheia móvel, passível, obviamente, de ser
objeto material do delito. A doutrina entende como toda e qualquer outra forma de energia a
qual se atribua valor econômico, utilizável e passível de estar ao poder de disposição material
e exclusiva de indivíduo.
Tem-se destaque a discussão acerca da conduta de subtrair sinal de televisão a cabo,
pois, para Cezar Roberto Bittencourt NÃO haverá o delito de furto, posto que, ao contrário da
energia elétrica, água, entre outras, o sinal de TV a cabo não é algo que pode se extinguir
devido à utilização de muitas pessoas. Já para o professor Nucci, a conduta se encaixa no
parágrafo em questão.
O STF entendeu ser atípica a conduta de quem subtrai sinal de TV a cabo, pois NÃO
seria uma espécie de energia, sendo inadmissível analogia in malam partem em Direito Penal.
*Obs.: NÃO confundir o furto de energia elétrica, dispositivo supracitado com
fraude no consumo da energia. Note que quando o agente faz ligação
(ilegal/clandestina), ele está de fato subtraindo a energia pertencente a outra, pois
ele sequer tem autorização para ser usuário. Já na segunda conduta, o agente, é
USUÁRIO, mas FRAUDA o medidor, por exemplo, induzindo EM ERRO o
proprietário/explorador da energia, no intuito de pagar conta menor. Ou seja, na
primeira situação, haverá crime de furto, na segunda, de estelionato.
FURTO QUALIFICADO
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
Haverá algumas situações em que o furto será qualificado, pois a prática da conduta
será mais grave ou até mesmo porque o objeto visado da res furtiva é de maior relevância.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
Aqui se depreende como qualquer obstáculo ao bem pretendido que de certa maneira
denote maior trabalho e destreza por parte do ladrão para a consumação delitiva. Cumpre
observar que há situações um pouco inusitadas, mas que incidem nesta qualificadora, por
exemplo, romper vidro de veículo para subtrair o som automotivo abarca esta qualificadora,
mas se for o próprio veículo não comporta, pois o obstáculo não pode ser natural ao objeto
pretendido (STJ neste sentido, há também o HC 205.967/SP).
Há também decisões que apóntam que a famósa “ligaçãó direita” em veículós
automotores incidirá nesta qualificadora.
O STJ tem orientado no sentido de que esta qualificadora IMPEDE incidência em
conjunto com o princípio da insignificância ou bagatela.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
➢ Abusar da confiança, nada mais é do que o agente, prevalecendo-se de uma relação
de confiança com a vítima, usa-a como meio para a prática do furto. Já há decisões
em que a simples relação de emprego e hospitalidade não é suficiente para a
aplicação da qualificadora. É perceptível que a coisa objeto do delito deve de certa
maneira “ingressar” pela confiança na disponibilidade do agente, para que haja a
prática do delito.
➢ Fraude é um meio enganoso, artificioso, ludibrioso que possa enganar a vítima, por
exemplo, vestir-se de funcionário da empresa de telefonia para praticar o crime em
questão. Não confundir esta qualificadora com o delito de estelionato, pois aqui a
vítima em ERRO ENTREGA o bem visado ao agente.
➢ Escalada é ó usó de uma via “anórmal” para praticar ó crime, pór exempló, cavar
um túnel para ter acesso a um cofre e subtrair joias, escalar um prédio para no
último andar subtrair quantias do proprietário do apartamento.
➢ Destreza é qualquer prática de furtó quandó ó agente emprega uma “habilidade”
especial para conseguir o objeto material do furto, exemplo dos batedores de
carteira, que a subtraem sem a vítima sequer perceber.
III - com emprego de chave falsa;
Nas palavras do professor Damásio de Jesus, será todo instrumento capaz de abrir
fechaduras, cadeados, podendo ou não ter formato de chave.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A priori, entendia-se que a qualificadora em questão só era cabível quando o delito era
praticado pelos agentes e estes atuavam com liame subjetivo (que é requisito do concurso de
pessoas), mas, hoje, esta lição não mais prevalece. Na visão do professor Damásio de Jesus,
deve ser aplicada a qualificadora quando houver o previsto no Art. 29, CP), ou seja, havendo
concorrência de qualquer modo para a prática do delito, haverá o crime em questão. O
exemplo, um vigilante que deixa local desprotegido no trabalho para que o bem seja
subtraído. Se houver este tipo de delito em conjunto com o crime de associação criminosa
(Art. 288-A, CP), responderão por ambos os delitos sem caracterizar o bis in idem.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
ROUBO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Primeira informação a ser verificada no delito em questão é que se trata de um crime
complexo, ou seja, é fruto da junção de 2 (dois) tipos penais (furto 155, CP+
constrangimento ilegal 146, CP).
• Objeto jurídico tutelado- Patrimônio e a liberdade ou incolumidade física da
pessoa. Na hipótese de roubo qualificado pela morte (Art. 157, §3º, CP), o
crime será HEDIONDO conforme previsão da Lei 8.072/90.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum, ou seja, não se
exige qualidade especial do sujeito ativo, porém, lembre-se de que o
proprietário do objeto não poderá praticar o delito.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, desde que seja proprietário, possuidor, mero
detentor da coisa, e ainda poderá ser pessoa contra quem se dirige a violência
ou grave ameaça, ainda que não sofra a lesão patrimonial.
• Conduta- É preciso fazer uma pequena diferença, no caput há o roubo próprio,
aqui a conduta consistirá no emprego da violência ou grave ameaça, ou até
mesmo qualquer outro meio para praticar a subtração, ou seja, esta será
efetuada APÓS o emprego da violência ou grave ameaça. A violência, nas
palavras do professor Bitencourt, consiste em: emprego de força contra o corpo
da vítima, lesão corporal leve, vias de fato, por exemplo, já caracterizam a
conduta em questão. Já a grave ameaça consiste na intimidação, ou seja, coação
psicológica, promessa injusta de fazer mal à vítima, para que ela, temendo, não
resista à subtração. Há precedentes que simular arma de fogo é elementar da
conduta de roubo, pois caracteriza a grave ameaça. A outra maneira trazida no
caput é utilizar qualquer outro meio que retire da vítima a capacidade de
resistência ao ato, exemplo, empregar sonífero, droga, hipnose, entre outros. O
professor Bitencourt alerta que este outro meio deverá ser imposto às
escondidas, ou seja, de maneira sorrateira, pois, se for via força, emprega-se a
violência propriamente dita.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
Aqui é o chamado roubo impróprio, pois, como bem trata o dispositivo, a subtração já
ocorreu, a violência ou grave ameaça são empregadas para assegurar impunidade do crime ou
a detenção do objeto subtraído. Se houver um período prolongado, entende a doutrina que
haverá outro delito.
Anticrime, passou a ser. Logo, apresentará regras para progressão de regime MAIS RÍGIDA,
veda-se fiança, entre outros aspectos (comentários no material de Legislação Criminal
Especial).
Aqui o resultado deverá ser praticado ao menos CULPOSAMENTE, ou seja, é necessário
que o evento decorra da violência empregada durante o tempo, ou em razão do roubo. Não
sendo nesse contexto, o agente não responderá por roubo qualificado, mas sim, por lesão e
roubo em concurso material, dependerá do caso concreto.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Resultando em morte, o emprego da violência ou grave ameaça, o crime será
HEDIONDO, e sim, será o crime contra o PATRIMÔNIO, e não contra a vida.
Para consumação do latrocínio, o STF entende o seguinte: MORTE CONSUMADA (pouco
importa se houve ou não a subtração)= LATROCÍNIO CONSUMADO. Se a morte for TENTADA
(ocorrendo ou não a subtração)= LATROCÍNIO TENTADO.
*Obs.: violência empregada por um só dos agentes em concurso de pessoas, que
resulte em morte, aplica-se latrocínio para todos, pois, ao praticar roubo, é
previsível o resultado morte da vítima.
EXTORSÃO
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
• Objeto jurídico tutelado- Há, sem sombra de dúvidas, um crime cuja tutela
perpassa para 2 objetos jurídicos distintos, em primeiro lugar tutela o
patrimônio da vítima, e em segundo, protege a inviolabilidade pessoal da vítima,
ou seja, há uma dupla objetividade jurídica em questão.
É um crime que tem semelhanças com o delito de constrangimento ilegal, estupro, e
exercício arbitrário das próprias razões, devendo ser apontadas essas diferenças que estão
norteadas na finalidade; no primeiro caso, difere-se do constrangimento ilegal, a finalidade é
moral (liberdade); no delito de estupro a finalidade é praticar ato libidinoso, diverso da
conjunção carnal ou a conjunção carnal (sexual), já no exercício arbitrário, a finalidade
desejada pelo agente é legítima (lícita, devida), ou seja, legal. Observe que na extorsão a
finalidade será obtenção de VANTAGEM ECONÔMICA E INDEVIDA, por isso, o crime consta no
rol de crimes patrimoniais.
Convém lembrar que somente a extorsão qualificada pela morte é delito classificado
como hediondo.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, não se exige qualidade especial do sujeito ativo
para a prática do delito em questão. Só um pequeno lembrete, sendo o sujeito
ativo funcionário público e se houver relação com exercício profissional, haverá
o delito de concussão (Art. 316, CP).
• Sujeito Passivo- Pessoa que sofre a violência ou grave ameaça, porém, é possível
o delito atingir duas pessoas distintas, por exemplo, pratica-se a violência contra
uma, mas o prejuízo econômico será suportada por outra. Não obstante se aceita
pessoa jurídica ser sujeito passivo neste delito no aspecto patrimonial.
DO DANO
DANO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
• Objeto jurídico tutelado- Patrimônio alheio, aqui, diferente do furto, também
será abarcado o patrimônio imóvel. Não se exige vontade específica para
caracterizar o delito em questão, pois o tipo penal só descreveu as formas de
condutas. É IMPO, admite, portanto, tanto a suspensão condicional do processo
quanto a transação penal.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, o delito é comum, só NÃO haverá o crime se a
coisa for danificada pelo proprietário, se estiver em poder de terceiro, de
maneira legítima, haverá o delito do Art. 346, CP) exercício arbitrário das
próprias razões.
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, pois não se exige qualidade especial para
sofrer as consequências do delito em questão.
• Conduta- Delito de conduta múltipla, ou seja, há diversas maneiras de praticá-lo
que são:
➢ a) Destruir- significa demolir, arruinar, devastar;
➢ b)Inutilizar- tornar inválido, comprometer uso, fazer falhar;
➢ c)Deteriorar- deixar em mau estado, reduzir a coisa economicamente.
Admite-se tanto conduta comissiva, quanto o delito poderá ocorrer na forma omissiva.
• Consumação e tentativa- Consuma-se com a prática efetiva do dano, ou seja, o
delito será material, porém, se houver dano parcial, haverá o delito consumado
da mesma maneira. Se não há nenhum tipo de dano, ou seja, a coisa não sofre
nenhuma diminuição de valor, utilidade ou caracterização, não haverá o crime
em questão. É delito subsidiário, ou seja, caso o dano ocorra visando a crime
diverso e mais grave, este absorverá aquele, pois é princípio basilar do Direito
Penal o crime-fim absorver o delito-meio. Em tese se admite a tentativa, porém,
é preciso observar se o ato já não engloba outra conduta do delito de dano, caso
isso ocorra, haverá crime consumado.
• Elemento subjetivo- DOLO, consciente na vontade de praticar uma das condutas
descritas no tipo penal incriminador. Não se exige em regra finalidade específica
para consumação do delito em questão.
DANO QUALIFICADO
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Na modalidade qualificada do delito só é cabível suspensão condicional do processo,
NÃO sendo possível transação penal.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
Aqui terá a violência ou grave ameaça de ser o caminho para a prática do delito, se for
exercida depois, haverá concurso de crimes entre o dano simples e a violência respectiva ou
ameaça.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato
não constitui crime mais grave.
É uma forma subsidiária, ou seja, só haverá esta qualificadora se a conduta não constitui fato
mais grave. O clássico exemplo, o professor Rogério Sanches Cunha trata quando menciona o
homem que, querendo danificar uma casa, ateia fogo nesta, mas acaba causando um incêndio
de grandes proporções na vizinhança.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços
públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
A pena será diversa e mais grave porque o sujeito passivo em questão aqui será o
patrimônio público. O STF entende ser inaplicável o princípio da insignificância ou
bagatela se a lesão produzida pelo agente atinge bem de grande relevância para a população.
Como não se tem a expressão DF, o STJ entendeu que aplicar o dispositivo em caso de dano a
patrimônio do DF seria analogia in malam partem, que é vedado em Direito Penal.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima
O motivo egoístico vai além de simples motivo do crime, nas palavras do professor
Rogério Sanches Cunha. Para ele, incidirá a qualificadora quando o delito for praticado com
desejo ou expectativa de um proveito posterior indireto, podendo até ser proveito moral. Já o
prejuízo considerável para a vítima, para o mesmo doutrinador, dependerá da análise das
circunstâncias do caso concreto e da vítima do crime em questão.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do
art. 164, somente se procede mediante queixa.
O delito de dano será processado mediante Ação Penal Privada (Queixa-Crime).
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou
a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
• Objeto jurídico tutelado- Para a maioria da doutrina, continuará sendo o mesmo
dos delitos anteriores, que é o patrimônio/propriedade. Magalhães Noronha
aponta o contrário, pois é possível ocorrer o delito em situação que o direito à
propriedade não seja lesado, e sim o prejuízo patrimonial. Exemplo clássico é o
credor pignoratício que entrega o bem em garantia a terceiro e este entrega ao
proprietário sem o devido pagamento da dívida. Convém notar que o direito à
propriedade aí não foi lesado. É delito que na forma simples admite suspensão
condicional do processo, porém, na hipótese de qualquer aumento de pena, será
inaplicável.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, ou seja, trata-se de crime comum. Cumpre
observar que, para o delito em questão, deverá ser a pessoa que tenha a posse
ou detenção do bem, caso contrário, ao subtrair a coisa alheia móvel, haverá o
delito de furto já estudado no Art. 155, CP. Se o sujeito ativo for funcionário
público e a posse da coisa se der em função do exercício funcional, haverá o delito de
peculato (Art. 312, CP)
• Sujeito Passivo- Qualquer pessoa, incluindo aqui pessoa jurídica, pois esta tem
direito à propriedade.
• Conduta- O delito em questão é o que a doutrina intitula de ação única, pois,
basta apenas a prática da conduta de apropriar-se de coisa alheia móvel,
passando a agir como se dono fosse.
há aqui, uma subtração, ou mesmo tomada a força, mas sim, a própria vítima do
delito voluntariamente decide entregar ao agente objeto que cause para aquela
prejuízo.
A doutrina ainda estabelece a diferença básica entre induzir que o agente cria uma
percepção falsa da realidade à vítima, já em manutenção a vítima já está equivocada, e o
agente se aproveita desta análise equivocada e aplica-lhe o golpe, mantendo aquela nesta falsa
percepção.
• Consumação e tentativa- Antes de falar na consumação e tentativa, é perceptível
que para o delito se consumar, é preciso que 3 elementos sejam devidamente
contemplados, caso contrário, não haverá o delito em questão, são:
➢ a)Fraude- Será a lesão patrimonial realizada por meio de engano, ou até mesmo
artifício, exemplo, o chamado golpe do bilhete premiado, o famoso sorteio da linha
telefônica, mas que para receber tem que ceder dados bancários.
➢ b)Vantagem ilícita, havendo vantagem devida do agente, o crime será o de
Exercício Arbitrário das Próprias Razões.
➢ c) Prejuízo alheio, só haverá o crime se a vantagem ilícita obtida pelo agente se
convalidar em prejuízo para a vítima, ou seja, nas palavras do professor Rogério
Sanches Cunha e Cezar Roberto Bittencourt, um não existe sem a outra.
O delito só será consumado após a efetiva obtenção de vantagem indevida. Como é crime
plurissubsistente, é admissível a tentativa.
• Elemento subjetivo- DOLO, consistente na vontade de induzir ou manter alguém
em erro a fim de obter a vantagem indevida, podendo esta ser convertida a si ou
a outrem.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o
juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
Trata-se de hipótese já trabalhada no delito de furto, portanto vide comentários
anteriores.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
coisa alheia como própria;
Aqui a ideia é punir aquele que vende, permuta, dá em pagamento, locação ou garantia
propriedade que não lhe pertence, ou seja, se porta como dono sem ser. Portanto, nas
palavras do professor Rogério Sanches Cunha, o DOLO deve também abranger a consciência
de que está dispondo de coisa alheia, ou seja, que não lhe pertence, logo, não poderia dispor
sobre o objeto material. É delito plurissubsistente, logo é admissível a tentativa, e se consuma
quando ocorrer o locupletamento do agente, ou seja, causar o dano dispensa-se a tradição, ou
o registro, a depender de bens móveis ou imóveis.
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;
A única diferença deste dispositivo para o anterior é que neste objeto material do delito
pertence ao próprio agente, no outro dispositivo pertence a terceiro. Mas nesse caso a
conduta se convalida porque o agente, ao praticar quaisquer das condutas descritas no núcleo
verbal incriminador, NÃO informou sobre os ônus que recaem sobre o bem (ou seja, silencia).
Cumpre frisar que o DOLO consiste em não INFORMAR ao comprador quais são as restrições
do bem, para aí sim caracterizar a fraude.
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
objeto empenhado;
Nas palavras do professor Rogério Sanches Cunha, a defraudação de coisa, a ação
consiste em fraudar mediante alienação não consentida pelo penhor pignoratício, destruindo,
ocultando, abandonando a garantia pignoratícia. Deve o agente ter ciência de que a coisa tem
os efeitos do penhor, e que o credor não autorize esta conduta.
Aqui o delito é formal, já se consuma com alienação, independentemente de existir ou
não prejuízo para o credor.
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve
entregar a alguém;
Aqui a intenção do agente é clara, sabendo que deverá entregar algo a alguém, faz com
que este objeto esteja totalmente defraudado, ou seja, sem condições para o devido uso,
prejudicando o terceiro recebedor. Deverá ocorrer o prejuízo da vítima.
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE
SEGURO
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou
doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Primeiramente, deve-se observar que o sujeito ativo do delito é segurado, e o passivo a
seguradora, pois não se pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo de crime.
O delito é plurissubsistente, ou seja, admite a tentativa e é formal, ou de consumação
antecipada, o que significa que, empregando a fraude, o crime estará consumado, mesmo que
não haja o devido prejuízo a financeira.
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Maneira mais recorrente do crime que é a emissão de cheques sem fundos, ou frustrar o
pagamento deste. Já há a Súmula nº246 do STF que aponta ser imprescindível a comprovação
de fraude para a caracterização do delito.
Observa-se que o instituto do Arrependimento Posterior (Art. 16, CP) NÃO se aplica à
conduta, quando, houver reparação do dano antes do recebimento da inicial, pois, neste caso
segundo a Súmula nº 554 do STF, tal reparação OBSTARÁ A INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL.
Já a Súmula 521 do STF afirma que compete ao juízo da comarca em que houve a recusa do
cheque por insuficiência de fundos, processar e julgar o delito.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em
detrimento de entidade de Direito Público ou de instituto de
economia popular, assistência social ou beneficência.
Majorante da pena em 1/3 quando o sujeito passivo é entidade de Direito Público, ou
seja, que integra a Administração Pública direta e indireta.
Ação penal
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima
for:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)- Pacote Anticrime.
Com a aprovação do Pacote Anticrime, o delito de estelionato (Art. 171, CP), passa a ser
de Ação Penal Pública Condicionada à Representação (REGRA), ou seja, é aspecto BENÉFICO, e
aos fatos anteriores a sua vigência, deverão ser submetidos à condição específica de
procedibilidade, sob pena de incorrer em causa extintiva de punibilidade, prevista no Art.
107, IV, CP). A contagem de prazo de 6 meses deverá ser iniciada após a vigência desta lei, a
partir do dia 23 de janeiro de 2020 em diante. É preciso aguardar decisões jurisprudenciais
acerca da temática.
Porém, nas exceções deste parágrafo, o delito será processado mediante Ação Penal
Pública Incondicionada, que serão as seguintes situações:
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)- Pacote Anticrime.
Quando a vítima for Ente Público, o interesse é coletivo, logo a atuação do parquet será
ex officio.
II - criança ou adolescente;
Como se trata de pessoa que não dispõe de capacidade plena (regra), a atuação envolve
interesse público.
III - pessoa com deficiência mental; ou
Por razões de ser pessoa com fácil poder de ser lesada, enganada, o interesse será
público para atuação.
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Questões que geralmente estão atreladas com práticas de violência doméstica, logo, a
atuação será ex officio do parquet.
DA RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
• Objeto jurídico tutelado- O objeto jurídico tutelado é o patrimônio e,
obviamente, não podemos descartar a própria administração da justiça, pois a
ação do receptador embaraça a atuação desta.
• Sujeito Ativo- Qualquer pessoa, porém, não pode ser aquele que contribuiu para
a prática da infração penal anterior, ou seja, coautor e partícipe de crime
anterior.
• Sujeito Passivo- Será o mesmo do delito antecedente, ou seja, aquele que teve o
patrimônio lesado por um furto continuará sendo o sujeito passivo de delito.
• Conduta- O professor Rogério Sanches Cunha alerta para a observação
doutrinária acerca do delito, pois este está dividido em receptação própria e
imprópria. Na primeira situação, o agente que sabe ser a coisa proveito de crime
praticar uma das condutas de adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar. Já na imprópria quando o agente, sabendo que a coisa é produto de
crime influencia terceiro de boa-fé, adquira, receba ou oculte a coisa produto de
crime, ou seja, o agente atua no sentido de indicar o produto ilícito a terceiro
adquirente e este acaba por boa-fé fazendo a aquisição. O STF entende que só
coisa móvel poderá ser objeto material do delito em questão.
• Elemento subjetivo- DOLO, devendo o agente ter CERTEZA acerca da origem
criminosa da coisa, em caso e dúvida, a depender do preenchimento dos demais
elementos, haverá crime na forma culposa, que estudaremos mais a frente.
• Consumação e tentativa- Na modalidade de receptação própria, o delito é
material, ou seja, quando o agente fica com a pronta disponibilidade da coisa,
haverá o crime em questão. É preciso observar que há condutas permanentes
(transportar, ocultar, conduzir), ou seja, enquanto praticadas, haverá flagrante
delito. Na modalidade imprópria, o crime será sem sombra de dúvidas formal,
ou seja, a mera influência já caracteriza o delito, mesmo que o terceiro não
adquira o objeto.
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber
ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Trata-se aqui de uma qualificadora do delito, e que traz como sujeito ativo pessoa que
exerça atividade comercial ou industrial, ou seja, o delito é PRÓPRIO, lembrando que estas
atividades também poderão ser exercidas de maneira clandestina, inclusive em interior de
residência.
Para a maioria da doutrina, a expressão deve saber, engloba aquele que sabe da origem
ilícita ou que deveria saber, pois se trata aqui de uma maneira mais severa de punir o delito
por envolver aquisições para comercialização ou trabalhos industriais.
O STJ entende que o princípio da insignificância e os benefícios da suspensão
condicional do processo NÃO SÃO CABÍVEIS nesta qualificadora.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo
anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996)
Dispositivo que explica elementar da qualificadora tratada anteriormente.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O crime em caráter excepcional poderá ser praticado a título de CULPA, desde que
preenchidos os requisitos do dispositivo legal, que são: adquirir ou receber coisa que pela
natureza, valor do preço e condição de quem oferece, presume-se ser de origem proveniente
de crime. A maioria da doutrina afirma NÃO haver necessidade de esses requisitos estarem
cumulados para a concessão do benefício, porém, é preciso atentar para o caso em concreto
em questão.
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de
pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Como se trata de crime acessório, a receptação poderá ser punida mesmo que NÃO
HAJA apuração do delito anterior, e quando trata neste aspecto, entende-se no contexto
completo da persecução criminal, ou seja, tanto na fase de investigação quanto no processo.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
A primeira parte trata do perdão judicial, cabível apenas se o delito for praticado na
modalidade CULPOSA. Já a segunda parte trata-se do crime doloso e preenchidos os requisitos
legais, trata-se obviamente da forma PRIVILEGIADA do delito. Esses requisitos já foram
estudados no furto privilegiado.
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)
O professor Rogério Sanches Cunha chama a atenção que aqui haverá hipótese de
causa de aumento de pena ou majorante, embora, há doutrinadores que falem em
qualificadora. Essa majorante se aplica se a receptação atingir como objeto material de delito
patrimônio pertencente à Administração Pública, tanto direta quanto indireta, ainda, valendo
para empresa concessionária de serviços públicos.
RECEPTAÇÃO DE ANIMAL
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 13.330, de 2016)
É a modalidade semelhante ao delito estudado anteriormente, mas nesse caso, trata-se
da conhecida RECEPTAÇÃO DE ANIMAL, geralmente, proveniente do ABIGEATO, já estudado
no furto. Aqui a mudança é em relação à pena, pois, em regra, não admite suspensão
condicional do processo, e que o objeto material do delito se trata de semovente.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de
2003)
São as chamadas escusas absolutórias, hipóteses em que, por previsão legal nos delitos
em que tiver crimes patrimoniais, não haverá pena, porém, são escusas absolutas as contidas
neste artigo.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
Nesse caso, o delito deverá ocorrer enquanto existir a sociedade conjugal, mesmo que
haja separação de fato, se houver separação judicial não haverá a escusa. Aqui já se entende
que aquele que vive em União Estável também poderá valer-se do instituto.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
ilegítimo, seja civil ou natural.
Aqui é o dispositivo o mais abrangente possível, pois comporta os parentes em linha
reta, sem grau de limitação e independemente de natureza de parentesco.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime
previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº
10.741, de 2003)
Nesse caso, haverá uma espécie de escusa relativa, pois, para que haja ação penal
subsequente, deverá existir representação (condição de procedibilidade) da vítima.
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
O que existe no artigo anterior se aplica aqui, mas em vez de ser isenção de pena, trata-
se de uma condição para o início da persecução criminal.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Relativo a irmão, sendo a expressão criticada pela doutrina.
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Quando se trata de tio e sobrinho, haverá a exigência de coabitação, devendo esta ser
de forma duradoura, e não passageira.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
Muitos confundem esse crime com o peculato, mas a diferença estará na finalidade, ou
melhor, no elemento subjetivo acrescido da finalidade:
• Conduta- o professor Cézar Roberto Bitencourt deixa claro que neste tipo penal
haverá a conduta de emprego irregular de verbas, que já dispõe previsão
orçamentária, em desacordo com a lei orçamentária especial, ou seja,
basicamente é ordenar uma despesa com finalidade distinta, mas ainda no
próprio campo da Administração Pública. Já, no peculato, o proveito será o
desvio, furto, apropriação própria; nas duas primeiras condutas também para
terceiro. Por isso, a conduta aqui é passível de responsabilidade criminal, mas
com pena bem aquém, se comparada com o peculato já estudado.
CONCUSSÃO
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
para o funcionário público estar em poder deste valor, então, se recebe indevidamente, a
elementar do peculato não existe, migrando a conduta para o dispositivo em questão.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
A grande diferença deste artigo para o anterior reside na conduta:
• Conduta- aqui, o funcionário público, solicita, recebe, ou aceita promessa de
vantagem indevida. No crime anterior, existe a EXIGÊNCIA. A conduta deve estar
acrescida do vínculo funcional exercido ou em razão dele.
• Objeto material- idem ao do peculato.
• Consumação e tentativa- admite a tentativa, por exemplo, de forma escrita, mas
o crime é também aqui formal, ou seja, mesmo que a vantagem não se
concretize, haverá o delito em questão.
• Elemento Subjetivo- DOLO, consistente na vontade livre e consciente de
solicitar, receber ou aceitar a promessa de vantagem indevida para a prática do
ato funcional.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Causa de aumento de pena, de maneira racional, o legislador concedeu gravidade maior
à conduta daquele que deixa de praticar ato funcional por causa da vantagem.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Espécie de privilégio no delito, aqui, o funcionário cede à prática do ato, não por razões
de vantagem indevida, mas sim, por pedido ou influência de outrem, não se confunde com o
delito de prevaricação, exposto adiante:
PREVARICAÇÃO
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público,
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
• Conduta- será ausência de prática do ato legal, ou retardamento indevido, ou
praticá-lo contra previsão legal, por mero capricho ou interesse pessoal, ou seja,
a conduta, aqui, não será ceder a pedido de terceiros ou por motivação de
vantagem indevida, mas sim por motivações pessoais do próprio funcionário
público.
CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
• Conduta- tipo penal que consiste em oferecer, prometer, vantagem indevida, a
funcionário público, para que este pratique, retarde, omita ato funcional. Sendo
um delito que se completa com a corrupção passiva, pois a corrupção segundo a
criminologia é delito de mero consenso, pois deverá haver um corruptor e um
que se corrompe, com revestimento bilateral, em alguns casos. Afinal, já vimos
que a corrupção passiva é delito formal, e o recebimento é mero exaurimento do
delito.
• Consumação e tentativa- embora se trate de crime formal, o crime poderá ser
tentado, na forma escrita, por exemplo.
• Conduta- assemelha-se com a corrupção ativa, mas nesse caso ocorrerá o delito
em questão quando houver oferecimento de dinheiro ou outra forma de
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor, intérprete para que este
realize o falso. Observa-se que aqui haverá uma exceção à teoria monista ou
EXERCÍCIOS
1. No que se refere aos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor
Público
a) Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da
condição de sexo feminino, como quando o crime envolve a violência doméstica e
familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher.
b) A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se o
agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as
consequências do seu ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante.
c) Em se tratando de homicídio doloso simples, o juiz poderá deixar de aplicar a pena
caso as consequências da infração atinjam o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
d) A pena do feminicídio poderá ser aumentada se o crime for praticado durante a
gestação ou nos seis meses posteriores ao parto.
e) Se o agente cometer o crime de homicídio qualificado sob violenta emoção, logo após
injusta provocação da vítima, o juiz deve considerar essa circunstância como atenuante
genérica na aplicação da pena.
2. Mariana, menor de 13 anos, grávida de 2 meses, pretende realizar aborto por não
desejar a criança, uma vez que não sabe quem é o pai do bebê concebido. Maridete,
parteira conhecida da família de Mariana, realiza o aborto com autorização da menor. A
conduta de Maridete, ao provocar o aborto, é passível de pena de:
Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TST Prova: FCC - 2017 - TST - Técnico Judiciário – Segurança Judiciária
5. De acordo com o Art. 129 do Código Penal brasileiro, lesão corporal é a ofensa à
integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser classificada em leve, grave ou
gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas abaixo.
Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: POLITEC - AP Prova: FCC - 2017 - POLITEC - AP -
Perito Médico Legista - Especialização em Psiquiatria
I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias serão consideradas graves.
II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão
consideradas graves.
III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.
IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.
7. Com base no Código Penal, em relação aos crimes contra a liberdade pessoal e aos
crimes contra o patrimônio, considera-se:
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: TRT - 1ª REGIÃO (RJ) Prova: FCC - 2016 - TRT - 1ª
REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto
a) “furtó de cóisa cómum” a subtraçãó, para si ou para outrem, de bem móvel fungível que
esteja armazenado, juntamente com outros assemelhados, em local de guarda
compartilhada.
b) “furtó qualificadó” a subtraçãó, para si óu óutrem, de cóisa alheia móvel, desde que
praticada por quadrilha.
c) “róubó”, a subtração de coisa alheia móvel, para si ou outrem, quando praticada contra
pessoa incapaz ou menor de 14 anos, presumindo-se o emprego ao menos de grave
ameaça, salvo prova em contrário.
d) “cónstrangimentó ilegal” a prática de qualquer ató que, após haver reduzido a
capacidade de resistência de alguém, lhe constrange a não fazer o que a lei permite ou
a fazer que ela não manda.
e) “extórsãó indireta” ameaçar alguém, pór palavra, escritó óu gestó, óu qualquer óutró
meio simbólico, de causar mal injusto e grave, com o objetivo de atingir fim ilícito que
beneficie terceiro.
10. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Paulo em razão de ele, mediante grave
ameaça exercida com o emprego de arma de fogo por um comparsa não identificado, ter
subtraído de uma pessoa R$ 80 e um aparelho celular que custava R$ 700. Perseguido
por populares, Paulo foi preso com os produtos do crime. Não houve apreensão da arma
utilizada no crime. Após confissão espontânea do crime, Paulo foi condenado à pena
mínima pela prática do crime de roubo simples, pois, na sentença, alegou-se que a arma
de fogo não havia sido utilizada pelo réu nem apreendida à época dos fatos. Tanto o
Ministério Público quanto a defesa, no entanto, recorreram da sentença: o Ministério
Público requereu o reconhecimento das qualificadoras de concurso de pessoas e
emprego de arma de fogo; a defesa, por sua vez, requereu o reconhecimento da
tentativa e a aplicação de pena aquém do mínimo, alegando atenuante da confissão
11. Antônio estava em uma festa, acompanhado de amigos e de Maria, sua esposa. Depois
de consumir uma grande quantidade de bebida alcóolica, ele decidiu furtar o celular
que estava sobre a mesa. Antônio, que acreditava que o objeto era de propriedade de
algum desconhecido — na verdade, o aparelho era de Maria —, sorrateiramente o
colocou no bolso. Passados alguns minutos, tendo percebido que o aparelho estava
quebrado, arrependido, ele decidiu deixar o aparelho dentro do banheiro, com a
esperança de que o proprietário do celular o recuperasse. Após isso, retornou para sua
casa. Considerando que a conduta de Antônio tenha sido descoberta e denunciada à
polícia, assinale a opção correta.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito
Substituto.
a) Antônio responderá pelo crime de furto, mas sua pena será reduzida em razão da
absoluta impropriedade do objeto.
b) A pena de Antônio será reduzida por ter ele se arrependido da subtração e deixado o
aparelho no banheiro, com intuito de que o proprietário do bem o recuperasse.
c) A pena será agravada em razão de a vítima ser esposa do agente.
d) A pena será atenuada, por ter Antônio procurado por sua espontânea vontade e com
eficiência, logo após o crime, evitar as consequências de sua conduta.
e) Antônio responderá por crime de furto consumado.
12. Sobre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral é
correto afirmar que:
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: Câmara de Fortaleza - CE Prova: FCC - 2019 - Câmara de
Fortaleza - CE - Consultor Técnico Jurídico
a) configura crime desacatar instituição pública federal ou estadual.
b) comete o crime de prevaricação o funcionário público que se apropria de dinheiro, de
que tem a posse em razão do cargo.
c) se o agente solicita para si vantagem indevida em razão da função pública, mas não a
recebe, o fato resta atípico.
d) configura corrupção passiva exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
em razão da função pública, vantagem indevida.
e) é advocacia administrativa patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
13. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre os crimes contra o
patrimônio:
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: MPE-MT Prova: FCC - 2019 - MPE-MT - Promotor de
Justiça Substituto
a) o sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial torna impossível a configuração
do crime de furto, em razão da absoluta ineficácia do meio.
b) consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo imprescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.
c) no caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes
do recebimento da denúncia extingue a punibilidade.
d) não configura o delito de extorsão (Art. 158 do Código Penal) a conduta do agente que
submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e
compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida.
e) o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes.
14. Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Código Penal, julgue o item
subsecutivo.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor
Público
Segundo o STJ, a previsão legal do crime de desacato a funcionário público no exercício da
função não viola o direito à liberdade de expressão e de pensamento previstos no Pacto de São
José da Costa Rica.
( ) CERTO ( ) ERRADO.
A alternativa está CORRETA. Em dispositivo algum o Pacto de San José da
Costa Rica proíbe a criminalização da conduta de desacato, logo, o ato não se
reveste de legalidade, sendo passível de responsabilidade criminal.
GABARITO
1. A
2. C
3. E
4. E
5. B
6. A
7. D
8. D
9. C
10. D
11. E
12. E
13. E
14. C