O Pavilhao Dos Padres - Dachau 1 - Guillaume Zeller
O Pavilhao Dos Padres - Dachau 1 - Guillaume Zeller
O Pavilhao Dos Padres - Dachau 1 - Guillaume Zeller
A Editora não é responsável pelo conteúdo deste livro. O Autor conhece os fatos
narrados, pelos quais é responsável, assim como se responsabiliza pelos juízos
emitidos.
Preparação de textos
Lilian Aquino
Revisão
Bia Mendes
Bibliografia
ISBN 978-85-520-0045-7
Título original: La baraque des prêtres:
Dachau, 1938-1945
Í
Índice para catálogo sistemático:
1. Guerra Mundial, 1939-1945 – Prisioneiros e prisões
2018
EDITORA CONTEXTO
Diretor editorial: Jaime Pinsky
contexto@editoracontexto.com.br
www.editoracontexto.com.br
À Fanny
Cronologia
Planta de Dachau
Introdução
PRIMEIRA PARTE
UM CAMPO PARA OS SACERDOTES
Os precursores
A centralização
A maior diocese da Europa
Organização do campo
Chegada a Dachau
Blocks e Kommandos
Ocupações
SEGUNDA PARTE
TERRA DE DESAMPARO
A fome
A morte em Dachau
O tifo
O ódio anticristão
As experiências médicas
“Transporte de inválidos”
TERCEIRA PARTE
UM LAR ESPIRITUAL
Uma capela em Dachau
A eucaristia
A vida sacramental
A libertação
Os frutos de Dachau
Testemunhas e bem-aventurados
Conclusão
Notas
Fontes
Agradecimentos
O autor
CRONOLOGIA
É
cidade. É a nordeste do centro histórico, na outra margem do Amper, que uma
fábrica de munições é construída em 1916 para abastecer os soldados de
Guilherme II durante o primeiro conflito mundial. A fábrica não é edificada na
cidade de Dachau, mas em Prittlbach, situada mais ao norte, em um afluente
do rio Amper, cujo nome ela tomou para si. No entanto, ao longo dos anos, o
local se vincula administrativamente à cidade de Dachau.3 É aqui, no vasto
terreno dessa fábrica – desativada após a derrota do Kaiser – que os nazistas
inauguram o protótipo de seus campos de concentração em 22 de março de
1933.
No dia 27 de março, uma carta coletiva dos bispos austríacos é lida nas
igrejas:
A REVOLTA DO ROSÁRIO
* N.T.: Hino do Partido Nazista e hino oficial da Alemanha durante o Terceiro Reich.
A CENTRALIZAÇÃO
Fizeram-no entrar nos lugares fortes, para
que não se ouvisse mais a sua voz nos montes
de Israel.
(Ezequiel 19,9)
A INTERVENÇÃO DA SANTA SÉ
A “BATALHA DA IGREJA”
A CONCORDATA ESCARNECIDA
Aquele que toma a raça, ou o povo, ou o Estado [...] – tudo isso que ocupa na
ordem terrestre um lugar necessário e honroso –, quem toma essas noções
retirando-as dessa escala de valores, mesmo religiosas, e divinizando-as por um
culto idolátrico, inverte e falseia a ordem das coisas criada e ordenada por Deus.
ÚLTIMAS CHEGADAS
* N.T.: Período da tomada progressiva da França pelos Aliados com a expulsão dos alemães.
ORGANIZAÇÃO DO CAMPO
Ali haverá muito pranto e ranger de dentes.
(Mateus, 25,30)
TRINTA BLOCKS
OS GUARDAS SS
OS CAMPOS SATÉLITES
ZUGÄNGE
AS MODALIDADES DE ADMISSÃO
A DESUMANIZAÇÃO
NO PAVILHÃO DE QUARENTENA
PANELAS E NEVE
Era uma tortura horrível para corpos extenuados. Tínhamos que carregar o
carvão, que pesava 75 quilos, por quatrocentos metros, em passo acelerado, com
tamancos de madeira. Forçavam-nos a correr com qualquer tempo, com neve,
gelo ou lama, no frio cortante ou no sol escaldante. Muitas vezes perdíamos os
tamancos no caminho. Corríamos com um tamanco só ou descalços. Os Kapos e
os SS ficavam gritando conosco. Cerrávamos os dentes em silêncio. Orávamos a
4
Deus em silêncio.
“PRIVILÉGIOS” TEMPORÁRIOS
Em fevereiro de 1941, no entanto, a situação dos religiosos melhora de
modo inesperado graças às negociações do Vaticano com as autoridades
nazistas. Eles continuam tendo de transportar a comida, mas agora se
beneficiam de repousos obrigatórios – uma hora antes do almoço e uma hora à
tarde7 – que lhes permitem recobrar as forças e reduzem o tempo de
exposição às violências dos Kapos. Contudo, invejosos desse tratamento
privilegiado, os Kapos multiplicam as zombarias e humilhações, que são
acompanhadas de comentários ferinos proferidos por seus companheiros civis
de detenção. Para não passar por isso, alguns acabam preferindo juntar-se aos
Kommandos de trabalho. Em 7 de março de 1941, vários religiosos participam
de um Kommando na plantação, chamado de Freiland – o que os poupa do
desprezo dos companheiros e lhes dá uma ração suplementar.8 O regime
“privilegiado” concedido aos religiosos dura pouco. A partir de setembro de
1941, essas medidas são abolidas, e todos devem se submeter ao regime
comum, exceto os padres alemães do pavilhão 26, que continuam se
beneficiando de dispensas particulares.
A PLANTAÇÃO
OS KOMMANDOS “ADMINISTRATIVOS”
A DESORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
A CORRESPONDÊNCIA
A MÚSICA E O TEATRO
AS LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
AS INICIATIVAS DO COMANDO SS
TERRA DE DESAMPARO
A FOME
Nossa pele está quente como um forno, febril
de tanta fome.
(Lamentações 5,10)
RAÇÕES ALEATÓRIAS
“PRIVILÉGIOS” ENVENENADOS
A FOME EXTREMA
O DESAMPARO
MELHORIAS
ALGUMAS EXCEÇÕES
25
Outro consolo que tínhamos era o Gérard. Que tipo simples, íntegro, que se
virava no pavilhão 26 enquanto estávamos trabalhando para conseguir para nós
algumas sobras e notícias seguras. [...] Esse Gérard, sempre silencioso, que voltava
pela janela com dois litros de sopa ou sanduíches de toucinho, presente dos
26
padres tchecos.
DEFINHAMENTO
Ele parecia extenuado. Queixava de uma dor na perna que só lhe permitia
caminhar apoiado no ombro de um companheiro. Alguns dias mais tarde, no
chuveiro da enfermaria, onde eu estava trabalhando com Ryckère, este apontou
com o dedo um companheiro nu, desmaiado, estirado no chão. Era o padre
4
Dillard.
MORTES SÚBITAS
A MORTE BANALIZADA
Edmond Michelet descreve uma cena que mostra essa “anestesia mental”.
Uma tarde, na época do Natal de 1944, ele consegue voltar para o superlotado
pavilhão 26, onde está reunida a maioria dos religiosos franceses, para
cantarem juntos canções de Natal. “Em um canto, entre duas fileiras de
beliches, para que ocupasse menos espaço, puseram de pé o cadáver do abade
Simon,18 pároco de Hendaye, que acabara de morrer”.19
Quando a morte acontecia durante a madrugada, ou em períodos de
quarentena, era comum deixar ou empilhar os corpos nos sanitários, enquanto
se esperava que fossem recolhidos. Não era raro, portanto, que os prisioneiros
fizessem suas rápidas abluções matinais diante dos corpos inertes dos
companheiros. Às vezes, eram obrigados a levar para a chamada os camaradas
mortos. À chamada de cada inscrição, somente três respostas podiam ser dadas
aos guardas: “Hier”, “Krank” ou “Tot” – “presente”, “doente” ou “morto”20 –,
conta Bernard Py, jovem leigo detido em setembro de 1944, em Moussey, na
região dos Vosges, por pertencer à Resistência, e deportado a Dachau.
O TIFO ABDOMINAL
Mais do que qualquer outra doença, foi o tifo que causou, em duas grandes
epidemias, o maior número de vítimas em Dachau. A primeira delas ocorre em
dezembro de 1942, algumas semanas após a grande penúria daquele ano, que
já havia levado muitas vidas. O tifo abdominal, também chamado de febre
tifoide, é transmitido por uma salmonela. A contaminação pode resultar de
ingestão de carne mal cozida ou do contato do alimento com as fezes de um
indivíduo infectado. Essa forma de tifo, mortal, havia quase desaparecido da
Europa desde a cloração da água, mas o ambiente insalubre de Dachau favorece
seu retorno. Violentas enxaquecas, febre alta, diarreias e constipação e
hemorragias do sistema digestivo são os principais sintomas.
A irrupção da epidemia causa grande inquietação entre os religiosos na
medida em que o acesso à enfermaria é muito difícil para eles, devido à
hostilidade dos Kapos que lá atuam. Por exemplo, o padre Adauctus Krebs,
superior geral dos irmãos do Santo Sacramento de Ceske-Budejovice, na
Tchecoslováquia, morre em 7 de maio de 1942, por causa de uma diarreia
aguda não tratada: o responsável da enfermaria recusara interná-lo quando
ainda havia tempo.2 O mesmo destino atinge o padre Miloslav Filip, padre
beneditino de Praga, morto sem ter recebido atendimento, em 13 de setembro
de 1942, mesmo apresentando um impressionante inchaço do rosto e das
pernas e dores abdominais insuportáveis.3
Medidas de quarentena são acionadas. Para os religiosos, o impacto da
epidemia de tifo de 1943 é limitado. Dos três pavilhões dos sacerdotes,
somente o 30, onde dois dormitórios são reservados para eles, é isolado devido
ao aparecimento da doença. Os prisioneiros encarregados de levar comida e
que circulam no campo passam por uma desinfecção drástica quando voltam
para os pavilhões. A mando do comandante Martin Weiss, alguns religiosos são
selecionados para ajudar na enfermaria.4 Essa decisão é vista como uma
sanção, pois o risco de contaminação na enfermaria é enorme. Entretanto, a
maioria deles considera essa epidemia um ganho relativo, já que os trabalhos
nos Kommandos externos e a extenuante chamada matinal ficam suspensos.
Quando a quarentena é interrompida, os prisioneiros observam menos rigidez
nos regulamentos: “O tifo que atingiu o campo em 1943 deu um golpe de
misericórdia na disciplina draconiana”, relembra o padre De Conink.5 A
epidemia, cujo término é declarado em 14 de março de 1943, teria feito entre
100 e 250 vítimas no campo.6 O balanço entre os religiosos é desconhecido.
O TIFO EXANTEMÁTICO
A segunda epidemia de tifo que atinge o campo a partir de dezembro de
1944, de natureza exantemática – ou seja, acompanhada de lesões cutâneas –, é
muito mais ampla. Apesar dos slogans preventivos afixados pelo campo – dentre
os quais, o célebre “Ein Laus, dein Tod” (“Um piolho, tua morte”) – e das
medidas profiláticas, como tosar os pelos e desinfetar o corpo, o parasita chega
a Dachau nos comboios de judeus húngaros, repatriados dos campos da morte
libertados ao leste pelos exércitos soviéticos. Infestados de piolhos, eles logo
contaminam os prisioneiros. São os excrementos dos piolhos que contêm os
bacilos, contraídos por simples inalação ou ingestão. Consequentemente, a
sujeira da roupa de cama – trocada somente a cada cinco meses –, a falta de
higiene corporal e a promiscuidade oferecem um terreno favorável para a
propagação rápida desses parasitas. O contato direto dos excrementos com o
sangue é outra via de contaminação, e os prisioneiros precisam lutar contra a
vontade irresistível de se coçar para evitar a contaminação. Por vezes, criam
estratagemas extremos para combater essa tentação: o padre Robert Beauvais
conta que rolava nu na neve para atenuar as coceiras.7 Após a incubação, os
doentes sofrem dores de cabeça violentas, tremores, febre alta, e manchas
características aparecem no corpo. A irrupção do tifo exantemático mexe com a
organização do campo. Os SS, mais raros à medida que aumentam as derrotas
militares e que os elementos mais vigorosos são enviados ao front, não entram
mais no campo, salvo os médicos em raras ocasiões. Somente as sentinelas
permanecem nos postos de vigia, prontas a abrir fogo.
Os prisioneiros entregues à autogestão aplicam, a distância, as instruções da
administração do campo. Vários pavilhões contaminados são isolados a partir
de dezembro com arames farpados. Ao final do inverno, toda a parte oriental
do campo – quinze pavilhões, dentre os quais cinco da enfermaria original –
fica isolada do restante do campo.8 O pavilhão 30, do outro lado da rua do
campo, também fica infestado de tifo. Nos acessos que levam a esses pavilhões,
placas assustadoras com uma caveira visam a desestimular os visitantes
intempestivos. Algumas medidas imediatas são aplicadas, tais como um
pequeno aumento da ração de gordura nas refeições diárias ou campanhas de
pulverização, cujos efeitos desaparecem assim que os piolhos reaparecem.9
CENAS DE TERROR
A penúltima estação do tifo é novamente uma grande sala com camas. Há apenas
leitos individuais, e os pacientes são deitados nus sob os lençóis para facilitar seu
É
transporte ao forno crematório. É uma espécie de sala de espera onde deve se
resolver a questão: a vida ou a morte. A segunda alternativa prevalece na maioria
13
das vezes.
UM “CRISTIANISMO POSITIVO”
Por trás desse conceito vago de “cristianismo positivo”, esboça-se uma visão
radical. Trata-se de retirar as raízes judaicas da religião cristã e promover uma
Igreja germânica para ocupar o lugar da “Igreja judaica” desvirtuada.
Percebe-se uma forte aproximação entre as últimas palavras do ponto 24 do
programa e alguns escritos de Nietzsche. “O cristianismo valoriza de tal
maneira o indivíduo, o toma de tal modo como absoluto, que não se pode
mais sacrificá-lo: no entanto, a espécie só sobrevive graças aos sacrifícios
humanos”, observa.1 A queixa de Nietzsche corresponde a uma das principais
acusações do nazismo con tra o cristianismo: a primazia concedida ao
indivíduo se opõe diretamente a uma visão que tem a raça como valor
supremo. Para René Girard, a herança nietzschiana na dimensão anticristã do
nazismo é incontestável.
Sua força de resistência não reside em uma adequação mais ou menos perfeita aos
dados científicos do período, dados, aliás, nunca definitivos, mas em seu apego
inabalável a dogmas estabelecidos permanentemente e que por si sós conferem ao
conjunto um caráter de fé.
”PADRECO”
ULTRAJAR
BLASFEMAR
A “SEMANA SANTA”
Se as perseguições antirreligiosas se limitassem a violências verbais e
simbólicas, a situação dos sacerdotes seria suportável, mas por vezes elas
vinham acompanhadas também de violências físicas, às vezes extremas, que
muitos deles interpretavam como possessão demoníaca. “Antes de Dachau, eu
jamais tinha vivenciado o ódio: olhos fervendo de maldade, bocas contraídas
de raiva ao avistar um ‘padreco’. Bater, ferir, matar um ‘pároco’ parecia uma
necessidade instintiva de alguns”, relata o padre De Coninck.34 O jesuíta
tcheco Aloïs Kolacek, que chega ao campo em 1940, adquire o hábito de
recitar mentalmente as orações de exorcismo quando um guarda da SS entra
nos pavilhões, o rosto crispado de más intenções.35 As bofetadas, chutes e
socos são desferidos pelos SS e sobretudo pelos Kapos, sob qualquer pretexto ou
sem qualquer motivo.
A violência física culmina na Semana Santa, em 1942, quando o comando
do campo decide infligir uma punição coletiva aos religiosos, com exceção dos
Reichsdeutsche, após ter encontrado a soma de 720 dólares nos objetos pessoais
do padre Stanislaw Wierzbowski em 28 de março de 1942. Os religiosos dos
pavilhões 28 e 30 são então reunidos no lado de fora. Todos os seus pertences
são revirados nos pavilhões enquanto eles sofrem uma humilhante inspeção
anal. Apenas algumas batatas e beterrabas são encontradas. A repressão é severa:
camas e armários são desarrumados duas vezes por dia e devem ser arrumados a
cada vez, a cantina e os cigarros são proibidos por uma semana. Além de tudo,
os sacerdotes devem caminhar e fazer exercícios sem interrupção da chamada
da manhã até o retorno dos Kommandos ao entardecer, cerca de dez horas no
total, sob a supervisão do Kapo Fritz Becher. Quando eles passam, alguns
prisioneiros de outros pavilhões por vezes zombam deles: “Eles não vão morrer
por causa disso!”. Os inválidos, dispensados da caminhada, em contrapartida
não podem sentar e têm de mover os pés alternadamente o dia inteiro. Oito
religiosos exaustos sucumbem durante essa Semana Santa, que se prolonga até
a segunda-feira de Páscoa, dia 6 de abril.36 Alguns SS demonstram uma
espécie de compaixão ao desaprovar os Kapos “triângulos verdes” que se
aproveitam dos exercícios impostos aos sacerdotes para cometer furtos de seus
pertences. O padre Wierzbowski é chamado pouco tempo depois do final da
punição. Ninguém ouvirá mais falar dele.37 Dizem que teria sido condenado
a 25 chicotadas no cavalete do campo e a quarenta dias de confinamento.38
Seu falecimento teria ocorrido no dia 17 de abril.
ATROCIDADES INDIVIDUAIS
* N.T.: Sociedade secreta fundada na Alemanha, em 1918, baseada no ocultismo e ligada ao movimento
Völkisch e ao pangermanismo. Seu nome evoca um antigo mito greco-romano de uma civilização
nórdica de seres superiores, que os membros da sociedade acreditavam ser o berço da colonização
ariana.
AS EXPERIÊNCIAS MÉDICAS
E foi-lhes permitido, não que os matassem,
mas que por cinco meses os atormentassem; e
o seu tormento era semelhante ao tormento
do escorpião, quando fere o homem.
(Apocalipse 9,5)
O DOUTOR SCHILLING
OS MÉTODOS DE CONTAMINAÇÃO
OS “TRATAMENTOS”
* N.T.: Tática militar utilizada pela Alemanha nazista para invadir a Polônia e outros países da Europa,
que consistia na utilização coordenada da infantaria, dos veículos blindados e da aviação em rápidos e
brutais ataques de surpresa, com o intuito de desestabilizar as forças inimigas e evitar que tivessem
tempo de organizar a defesa.
“TRANSPORTE DE INVÁLIDOS”
Então irei ao altar de Deus.
(Salmos 43,4)
O CASTELO DE HARTHEIM
AMEAÇAS E CHANTAGENS
OS POUCOS SOBREVIVENTES
UM LAR ESPIRITUAL
UMA CAPELA EM DACHAU
Pois minha casa será chamada casa de
oração para todos os povos.
(Isaías 56,7)
AQUISIÇÃO DIPLOMÁTICA
A CAPELA AMEAÇADA
UM LUGAR DE PAZ
O padre dizia as mesmas palavras latinas que seus companheiros repetiam nas
missas matinais do mundo todo, na mesma hora. Eu conseguia me desligar do
universo do campo de concentração. Cada um, naquele instante precioso,
recobrava sua dignidade original, frágil e indestrutível [...]. Na saída, à luz pálida
do alvorecer, nos sentíamos um pouco mais capazes de enfrentar a fome e o
14
medo.
Nós íamos encontrar [...] Aquele que tinha nossas vidas em suas mãos;
encontrávamos o conceito de Amor em meio ao sofrimento, à fome, ao egoísmo,
ao ódio e à indiferença, e também coisas raras: a calma, a beleza do altar, dos
ornamentos, dos ritos, em meio a nossa sujeira, a nossa pobreza; a tranquilidade,
o recolhimento, a solidão, em meio à superlotação constante e a ruídos de todo
tipo [...]. Os SS não eram nada perto da realidade esplêndida e imortal de
15
Cristo.
* N.T.: Em tradução literal, “alemães do Reich”. Na época, referia-se aos indivíduos que nasceram no
Reich e lá residiam, em contraste com o termo Volksdeutsche, que designa indivíduos “etnicamente
alemães” que nasceram/viveram fora do Reich.
A EUCARISTIA
Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue permanece em mim e eu nele.
(João 6,56)
RESTRIÇÕES
“ARRANJAR CRISTO”
O padre Otto Pies, jesuíta da diocese de Trier e uma das figuras religiosas
mais marcantes de Dachau, faz parte dos “conspiradores” e repassa hóstias para
os pavilhões vizinhos, onde os sacerdotes tchecos as recebem e garantem sua
distribuição, tomando cuidado para não serem descobertos pelos Kapos. Os
desaparecimentos logo são constatados e o padre Ohnmacht reforça as medidas
de segurança das hóstias. Único detentor da chave do tabernáculo, ele se
assegura de que mais nenhuma hóstia, consagrada ou não, saia da capela.
Como assinala com humor o padre Hoffmann: “não se pode mais ‘arranjar’ o
corpo de Cristo”.8 A única exceção desse regime draconiano em que consente
o padre Ohnmacht se dava na ocasião da partida do transporte de inválidos. O
capelão autoriza então que os religiosos, com muita discrição, levem a
comunhão a seus companheiros selecionados para a câmara de gás de
Hartheim.9 Contudo, o fluxo de hóstias da capela para os outros pavilhões de
sacerdotes, coordenado pelos religiosos rebeldes, fica extinto dali em diante.
Soluções extremas são elaboradas para dar continuidade a levar a comunhão
para os companheiros excluídos. Assim, quando o padre Karl Schrammel
recebe a comunhão em sua língua – na época, a única maneira de comungar –
ele retira rapidamente a hóstia antes que ela fique úmida, toma um pedaço para
si e leva o restante para o padre Hoffmann, seu amigo tcheco. Encarrega-o em
seguida de repartir o restante com seus próprios companheiros.10
Diante do bloqueio do tabernáculo imposto pelo padre Ohnmacht, os
religiosos privados da comunhão decidem então realizar a missa
clandestinamente. A questão do fornecimento de hóstias não consagradas é
sempre levantada, já que, teoricamente, não é possível consagrar o pão
levedado. As regras da liturgia são muito precisas. “O Santo Sacrifício
eucarístico deve ser celebrado com pão ázimo, feito unicamente de trigo e
fabricado recentemente, de modo que não haja nenhum risco de deterioração,
e com vinho natural, de uva, puro e não deteriorado, sem mistura com outras
substâncias”.11 Além disso, a presença conjunta do pão e do vinho é
indispensável para a validação da Eucaristia. Tendo em conta essa dupla
condição, diferentes sistemas são desenvolvidos para “arranjar” as hóstias e o
vinho.
Um dos estratagemas mais audaciosos e mais tardios é executado na loja da
plantação: local do campo em que os deportados vendem aos SS e ao público
uma parte dos frutos de seu trabalho, por exemplo, maravilhosos gladíolos e
azaleias. O plano é colocado em prática na primavera de 1944, alguns meses
antes que o acesso discreto dos sacerdotes poloneses à capela seja novamente
possível. Em 16 de maio, uma jovem chamada Josefa Maria Imma Mack,
apelidada de “Mädi”, chega à loja de Dachau para comprar frutas e legumes
para levar a seu convento em Munique, onde se prepara para se tornar
religiosa. Na tenda, ela encontra o padre Ferdinand Schönwälder, um jovem
padre dos Sudetos, que pede a ela que da próxima vez traga algumas hóstias e
vinho para seus companheiros poloneses. Rapidamente, “Mädi” é incumbida
de trazer setecentas hóstias a cada semana, uma tarefa que ela cumpriu,
arriscando-se, até a libertação do campo.12 O padre Hoffmann também
“arranja” algumas hóstias com o auxílio de seu companheiro Aloïs Kolacek. Em
pleno verão, o primeiro consegue colher algumas espigas de trigo maduro
quando seu Kommando passa próximo a uma plantação. O segundo se
encarrega de secar os grãos, moê-los e fabricar hóstias com a farinha obtida.
Em casos extremos, pode ter acontecido de o pão levedado – às vezes apenas
algumas migalhas dele – ter sido consagrado, como pode ter sido feito nos
campos sem capela em que havia religiosos presos. Foi o caso de Buchenwald.
NOVAS CATACUMBAS
OS “TARCÍSIOS” DE DACHAU
[Ele] me trouxe uma “raspa” de sopa para repartir e algumas hóstias consagradas
dentro de uma embalagem de comprimidos para tosse. Então eu marquei um
encontro no final do dia com sacerdotes do comboio e alguns companheiros
identificados como católicos praticantes para comungarmos juntos em um
18
corredor do dormitório imerso na penumbra.
Jacques Sommet também se beneficia dessa solidariedade imediata no
pavilhão da quarentena. “No bolso da minha veste, encontro um pacotinho.
Alguém o colocou ali. Quem? Ainda não sei. No pacote minúsculo, uma
caixinha, na caixinha, um pedaço de pão comum e... um pedacinho de hóstia”,
relata.19 Uma vez designado para o pavilhão 26, ele tenta, por sua vez, levar a
comunhão ao pavilhão de quarentena, mas é pego fazendo isso e expulso da
área aos murros.20
Além do pavilhão de quarentena, os religiosos se esforçam para atender ao
conjunto dos outros pavilhões do campo. Os religiosos que saem de seus
pavilhões para reunir-se com crentes que desejam comungar, caminham nos
corredores do campo com medo de uma revista inesperada, o que é sempre
possível. A distribuição ocorre sempre o mais discretamente possível, como
testemunha Marcel Dejean:
Sinto uma dilatação, uma alegria, uma ternura que se apresentam lentamente e
crescem a cada minuto, transbordantes, invadindo minha pessoa por inteiro,
experiência ao mesmo tempo física, ardente e espiritual que me provoca um amor
27
e uma felicidade inesperados.
Pouco depois, o rapaz percebe que a hóstia ainda está em seu bolso, local
de onde vem aquela sensação repentina. Ele a retira de seu papel e comunga. O
conforto gerado pela eucaristia aos católicos do campo, religiosos e leigos,
permanece um fato confirmado e misterioso.
A VIDA SACRAMENTAL
A minha graça te basta porque o meu poder
se aperfeiçoa na fraqueza.
(2 Coríntios 12,9)
CONFISSÃO E EXTREMA-UNÇÃO
ORDENAÇÃO SACERDOTAL
Não hesitarei nem um momento em fazer essa ordenação. Há, contudo, algumas
condições a serem respeitadas, que o senhor conhece tão bem quanto eu: a
autorização do bispo a quem o seminarista é subordinado e a autorização do
10
arcebispo de Munique, na diocese em que se fará a ordenação.
É feito de tudo para respeitar essas condições. Josefa Maria Imma Mack
cumpre um papel central no projeto. Ao longo da primeira semana do
Advento, o padre Schönwälder lhe entrega uma carta do padre Otto Pies – um
grande amigo de Karl Leisner e seu diretor espiritual – destinada ao cardeal
Von Faulhaber. Na semana seguinte, a moça é convocada ao palácio do
arcebispado de Munique, onde é recebida pelo arcebispo de Munique e seu
secretário. Durante uma hora e meia, o prelado escuta com atenção e faz uma
série de perguntas sobre seu contato com Dachau. Ao final dessa reunião, os
dois homens desaparecem durante uma meia hora e retornam com a carta
solicitada, juntamente com o óleo dos catecúmenos, necessário ao sacramento,
uma estola e os livros rituais. O cardeal Von Faulhaber pede evidências que
atestem a ordenação lhe sejam enviadas e os objetos emprestados lhe sejam
devolvidos após o sacramento. Munida do precioso documento e dos recursos
providenciados pelo cardeal, “Mädi” volta a Dachau, onde o padre Pies vai
pessoalmente ao gabinete do padre Schönwälder para ouvir o relato da reunião
e receber a carta.11
A outra autorização, que deve ser assinada pelo Monsenhor Von Galen,
uma vez que Karl Leisner é de sua diocese, chega ao campo graças a uma
segunda manobra, descrita pelo Monsenhor Piguet:
LIBERTAÇÕES ANTECIPADAS
AS MARCHAS DA MORTE
Primeiro campo nazista a ser inaugurado, Dachau é quase o último a ser
libertado. Os americanos só conseguem fazê-lo em 29 de abril.8 É para lá
então que se dirigem muitos comboios de prisioneiros famintos vindos de
outros campos, evacuados a partir de 1944, à medida que o Exército alemão
recua. Quando o prisioneiro tem sorte de sobreviver a esses terríveis
transportes, chega a Dachau em estado de carência extrema e tem de se apinhar
nos pavilhões já superlotados. O comboio mais mortífero chega em 28 de abril.
Vindo de Buchenwald algumas semanas antes, ele traz muitos religiosos.9
Chega a vez do campo de Dachau precisar ser evacuado. Os primeiros alertas
surgem já no início do mês de abril, mas é só a partir do dia 20 que os
primeiros grupos de prisioneiros considerados aptos a serem transportados se
põem a caminho do sul, onde Himmler espera construir uma fantasmagórica
“fortaleza dos Alpes” ou se proteger em um “reduto bávaro”.
Um dos grupos mais importantes é formado em 26 de abril. Ele
compreende 1.524 judeus exauridos, vindos em sua maioria dos campos
anexos de Kaufering e Mühldorf, 4.150 russos e 1.213 Reichsdeutsche, dentre os
quais estão mais de 80 religiosos. Supervisionados por oficiais SS fortemente
armados, prontos para atirar os mais fracos em fossas, os prisioneiros pegam a
estrada ao entardecer e enfrentam uma terrível marcha à noite. Informado
dessa partida, o padre Otto Pies precipita-se para ajudá-los.
AS ÚLTIMAS HORAS
DESOLAÇÃO
Eu, sem pensar, comecei simplesmente a rezar o Pai Nosso por aqueles que ali
repousavam. Com outros, diante daqueles cadáveres, foram as únicas palavras a
serem ditas, se é que há palavras a serem ditas. Nada mais a ser feito, nem outro
19
ato humano a ser realizado. Um ato de orar no ato de esperançar.
REGRESSOS
JULGAMENTOS
No primeiro julgamento de Dachau, que começa em novembro de 1945
dentro do campo, vários religiosos são chamados para testemunhar os
sofrimentos vividos ao longo dos anos de prisão. A volta ao campo, onde
milhares de SS estão sendo feito prisioneiros naquele momento, é uma dura
provação para os ex-deportados, dentre os quais figuram vários religiosos
dispensados do juramento.35 Quarenta acusados comparecem perante seus
olhos: na primeira fila, Martin Weiss, ex-comandante do campo. Ao lado dele
estão muitos chefes de campo, dentre eles Michael Redwitz, Friedrich Ruppert
e Josef Jarolin, diferentes agentes da SS e médicos, bem como três Kapos, dentre
eles Fritz Becher, que tanto sofrimento causou aos religiosos. Ao final do
julgamento, serão pronunciadas 36 penas de morte por enforcamento, dessas,
28 serão executadas.
OS FRUTOS DE DACHAU
Se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas se morrer produz
muito fruto.
(João 12,24)
“Três anos de experiência que nada no mundo me faria desejar não ter
vivenciado.”1 A forma com a qual o padre De Coninck sintetiza sua estada
em Dachau pode surpreender ou até mesmo chocar. Apesar da intensidade dos
sofrimentos suportados, esse discurso é recorrente nos testemunhos de vários
sacerdotes que passaram pelo campo. A experiência dos campos de
concentração trouxe muitos frutos, dentre os quais quatro se destacam: a
importância da unidade eclesiástica, a preocupação com o ecumenismo, a
urgência do apostolado e a luta pela dignidade do ser humano.
O CALENDÁRIO DA IGREJA
O BERÇO DO ECUMENISMO
UM NOVO APOSTOLADO
O ESPÍRITO MISSIONÁRIO
A aplicação das instituições e experiências começa pouco após a libertação
do campo. O percurso dos sacerdotes-operários é uma das formas mais
conhecidas. Outros eclesiásticos permanecem atraídos pela pregação do
Evangelho além das fronteiras da Europa, como o padre Morelli, que atua por
muitos anos no México, onde sua afinidade com a teologia da libertação e seu
interesse pela “leitura materialista da Bíblia” lhe trarão sérios problemas com a
hierarquia. Alain Van Gaver, seminarista das Missões Estrangeiras de Paris,
retoma seus estudos após sua libertação. Ordenado em 1947, ele viaja à China
no ano seguinte. Lá, é preso pelos comunistas e só é solto em maio de 1952.
Em seguida ele exercerá o sacerdócio na Tailândia.27 Nomeado bispo em
1957, o sacerdote marista Pierre Martin volta à diocese de Numeá, na Nova
Caledônia.28
A experiência do campo de concentração conduz também a formas de
apostolado mais espirituais. A Comunidade dos Irmãos de Maria, a Obra das
Famílias de Schoenstatt e o Movimento Apostólico Internacional de
Schoenstatt, fundados sob os muros de Dachau pelo padre Kentenich, terão
expansão internacional considerável apesar das reticências iniciais que ele teve
de enfrentar na hierarquia eclesiástica. O papa Paulo VI recuperará
definitivamente as obras do padre Kentenich em 1965, três anos antes da
morte deste último. Por fim, é preciso mencionar uma última forma de
apostolado: a maneira silenciosa com a qual vários sacerdotes aprisionados em
Dachau voltaram à sua posição atrás da cortina de ferro para testemunhar sua
fé e seu sacerdócio cotidiano. Os poloneses constituem o maior contingente,
mas o exemplo mais impressionante é o do tcheco Josef Beran. Nomeado
arcebispo de Praga em 1946, após três anos de prisão em Dachau, ele é preso
pelas autoridades comunistas em 1949 e fica detido até 1963, ano em que é
exilado em Roma, onde morre em 1969 após ter recebido o título de cardeal
pelo papa Paulo VI.
DIANTE DA DESUMANIZAÇÃO
O padre Jean Bernard relata que seu compatriota belga, o jornalista Frantz
Clement – com origens no catolicismo social, transitando em seguida pelo
liberalismo e pela francomaçonaria – tinha louvado o comportamento dos
religiosos de Dachau: “vamos esquecer o que foi dito. Os que têm a melhor
conduta são vocês, os padrecos”, ele teria afirmado algumas semanas antes de
morrer.10 A fé e o sacerdócio explicam essa especificidade, encontrada
também no culto judaico? Primo Levi tinha sido surpreendido por um rabino
da Galícia preso com ele em Auschwitz: “Como explicar essa impressionante
vitalidade que irrompe de seu olhar e de sua voz e que lhe permite passar noites
inteiras discutindo nebulosas questões talmúdicas em iídiche e em hebraico
com Mendi, o rabino modernista?”11 Essa questão se coloca da mesma
maneira para os religiosos de Dachau, cuja propensão intelectual à discussão
teológica ou à exegese não poderia servir inteiramente como justificativa. De
acordo com Bruno Bettelheim, é a combinação de muitos fatores que deve ser
levada em conta. “Uma personalidade íntegra e de fortes convicções internas,
alimentadas por relações humanas satisfatórias, é a melhor proteção contra a
opressão, mas [...] o indivíduo pode também se defender pela compreensão
intelectual dos acontecimentos”, observa.12 Os sacerdotes podem
corresponder a essas condições e disposições mais do que outros graças a seu
nível de educação, seu agrupamento em pavilhões homogêneos e sua fé.
O SOCORRO DA VIDA ESPIRITUAL
SOCORRO SOBRENATURAL?
O abade Porcaro, uma das pessoas mais capazes; o mais alegre, o mais sereno
dentre nós. Ele se une ao padre Dillard, o primeiro a ser libertado de Dachau.
Ambos praticantes do sacrifício, testemunhas de Cristo em meio aos exilados,
amados por todos. Eles nos deixam na tristeza humana, mas na esperança do
27
céu.
VULNERABILIDADE E SANTIDADE
O SS [...] deu uma bofetada no tagarela, que reagiu com um rio de lágrimas
nervosas, enxugadas rapidamente por ele com o verso de sua manga. Ao entrar no
pavilhão, após as filas se dispersarem, ele veio até mim, segurou meu braço e
sussurrou no meu ouvido: “perdi a dignidade agora há pouco, quando me deixei
28
chorar daquele modo, como uma criança”.
Libertados Transferidos
Libertados em
Nacionalidades Total antes de Mortos ou
1945
1945 exterminados
Holandeses 63 10 17 0 36
Belgas 46 1 9 3 33
Italianos 28 0 1 1 26
Luxemburgueses 16 2 6 0 8
Iugoslavos 50 2 4 6 38
Outros 25 7 1 4 13
Total 2.720 314 1.034 132 1.240
Fonte: Johann Neuhaüsler, Comment était-ce Dachau? Humbles approches de la vérité, Administração do
Monumento Expiatório do Campo de Concentração de Dachau, Dachau, 1980 (5ª ed.).
NOTAS
INTRODUÇÃO
1
O campo de concentração de Oranienburg foi fundado em março de 1933, no centro dessa cidade
situada a norte de Berlim, e fechado em julho de 1934. No mês de julho de 1936, um campo muito
maior é aberto em Sachsenhausen, na periferia da cidade.
2
Henryk Maria Malak, Shavelings in the Death Camps, A Polish Priest’s Memoir of Imprisonment by the
Nazis, 1939-1945, Jefferson: McFarland, 2012, p. 281.
3
Maximilien Kolbe, em 10 de outubro de 1982, e Edith Stein, em 11 de outubro de 1998. Ela é
copadroeira da Europa.
PRIMEIRA PARTE
UM CAMPO PARA OS SACERDOTES
CAPÍTULO “A CENTRALIZAÇÃO”
1
Os diferentes documentos diplomáticos citados aqui foram reunidos pelo padre Jean Kammerer, que
trabalhou nos Actes et documents du Saint-Siège relatifs à la Seconde Guerre Mondiale, e nos arquivos
reunidos pela Kommission für Zeitgeschichte. Eles estão reunidos no anexo de suas memórias pessoais.
Jean Kammerer, La baraque des prêtes à Dachau, Paris, Brépols, 1995.
2
Carta do cardeal Maglione ao núncio em Berlim, Orsenigo (216), Actes et documents du Saint-Siège
relatifs à la Seconde Guerre Mondiale, t. 3. Libreria Editrice Vaticana, 1967, p. 316.
3 e
David Schoenbaum, La Révolution brune. La société allemande sous le III Reich, Paris, Gallimard, Coll.
“Tell”, réed. 2000, p. 19.
4
Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães).
5
Jörg L. Spenkuch, Philipp Tillman, “Elite Influence? Religion, Economics, and the Rise of the Nazis”,
Kellog School of Management, Northwestern University – Department of Economics, University of
Chicago, 2014.
6
ierry Knecht, op. cit., p. 15.
7
Decidido pelo chanceler Otto von Bismarck, o Kulturkampf, um movimento anticlerical alemão,
buscava reduzir a influência dos católicos na sociedade alemã. Várias leis foram votadas a partir de
1871. Centenas de religiosos foram presos ou forçados ao exílio. Em 1878, Bismarck pôs fim ao
Kulturkampf. Apesar dessa provação, o Zentrum saiu reforçado.
8
Eugenio Pacelli é eleito papa no dia 2 de março de 1939.
9
ierry Knecht, op. cit., p. 17.
10
Ibid., p. 19.
11
Ian Kershaw, op. cit., p. 121.
12
Ibid., p. 193.
13
Citado in Dominique Aubert-Marson, Histoire de l’eugénisme, Paris, Ellipses, 2010, p. 255.
14
ierry Knecht, op. cit., p. 23-24.
15
Uma seção completa de um departamento da Gestapo, a seção B1, é dedicada ao “catolicismo
político”.
16
O Index Librorum Prohibitorum estabelecia a lista das obras cuja leitura era proibida aos católicos
pelas autoridades da Santa Sé. Seu primeiro exemplar foi publicado em 1559; foi suprimido por Paulo
VI em 1966.
17
Cf. infra, p. 145.
18
Ralph Rotte, Die Aussen – une Friedenpolitik des Heiligen Stuhls: eine Einführung, VS Verlag für
Sozialwissenschaften, 2007, p. 184.
19
Anônimo, e Persecution of the Catholic Church in the ird Reich. Facts and Documents, Pelican
Publishing Company, 2003, p. 60.
20
ierry Knecht, op. cit., p. 26.
21
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 12.
22
Joseph Goebbels, Journal, 1933-1939, Paris, Taillandier, 2007, p. 409.
23
François Goldschmitt, Alsaciens et Lorrains à Dachau, t. 4: Le Bon Dieu au K.Z.., Metz, Ed. Le
Lorrain, 1947, p. 6.
24
Cf. infra, p. 207.
25
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 386.
26
Ibid., p. 423. O padre Görsmann morre no campo em 15 de setembro de 1942.
27
Ibid., p. 383.
28
Ibid., p. 383.
29
François Goldschmitt, op. cit., p. 11.
30
ierry Knecht, op. cit., p. 64.
31
Ibid., p. 66.
32
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 379. Pode-se ouvir o testemunho do padre Albinger, falecido em
1995, no seguinte endereço: itunes.apple.com/de/itunes-u/pfarrer-joseph-albinger-im/id560048865?
mt=10 (em alemão).
33
Ibid., p. 389.
34
ierry Knecht, op. cit., p. 63-64.
CAPÍTULO “OCUPAÇÕES”
1
Kazimierz, Majdanski, op. cit., p. 54.
2
Stanislas Zamenick, op. cit., p. 58.
3
Edmond Michelet, op. cit., p. 89.
4
Jean Kammerer, op. cit., p. 83.
5
Wilhelm Weiss (1892-1950). Sucede, em 1938, a Alfred Rosenberg no posto de redator-chefe do
jornal Völkischer Beobachter. É condenado, em 1949, a três anos de prisão, mas morre pouco após o
início do cumprimento de sua pena.
6
Maurus Münch, op. cit., p. 110.
7
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 210.
8
Organização católica caritativa.
9
Heins Wolff, “Hans Carls”, in Wuppertaler Biographien, vol. 7, 1967, p. 16-26. O padre Carls foi um
dos primeiros a testemunhar sobre sua experiência no campo de Dachau: Erinnerung eines katholischeb
Geistlichen aus der Zeit seiner Gefangenschaft 1941-1945, Dokumente zur Zeitgeschichte II, éditions
J.P. Bachem, Cologne, 1946.
10
Stanislas Zamenick, op. cit., p. 195.
11
Pasta SL 435, “Mobilisés, prisonniers, STO, deportés: 1939-1945”, Arquivos jesuítas da Província da
França, Vanves.
12
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 215.
13
Jean Kammerer, op. cit., p. 96.
14
Bulletin de l’Amicale des anciens de Dachau, março 1957, p. 3.
15
Cf. supra, p. 99.
16
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 261-262.
17
Edmond Michelet, op. cit., p. 95-96.
18
P. Marcel Albert, OSB, “Pater Gregor Schwake – Mönch, Musiker und Dichter”, in Heimatpflege in
Westfalen, 2/2005, p. 5. (N. T.: Os escravos aí referidos são os cativos cristãos aprisionados pelos
mouros na África e libertados no século XIII.)
19
Leo De Coninck, op. cit., p. 449.
20
Kazimierz, Majdanski, op. cit., p. 54.
21
Entre eles, os opúsculos dos padres François Goldschmitt, Gérard Pierré ou René Fraysse.
22
Ver Christian Dorrière, L’Abbé Jean Daligault. Un peintre dans les camps de la mort, Paris, Le Cerf,
Coll. “Épiphanie”, 2001.
23
Edmond Michelet, op. cit., p. 98.
24
Kazimierz, Majdanski, op. cit., p. 122.
25
Cf. infra, p. 192.
26
François Goldschmitt, op. cit., p. 65.
27
Entrevista com o autor, 10 de julho de 2014.
28
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 214.
SEGUNDA PARTE
TERRA DE DESAMPARO
CAPÍTULO “A FOME”
1
SS-Wirtschafts-Verwaltungs Hauptamt: Escritório Central de Economia e Administração.
2
Eugen Kogon, op. cit., p. 128.
3
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 108.
4
Leo De Coninck, op. cit., p. 444.
5
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 108.
6
Jean Bernard, op. cit., p. 27.
7
Cf. supra, p. 84.
8
Eugen Kogon, op. cit., p. 127.
9
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 125.
10
Maurus Münch, op. cit., p. 35.
11
Jean Bernard, op. cit., p. 90.
12
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 123.
13
Jean Bernard, op. cit., p. 72.
14
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 122.
15
Ibid., p. 124.
16
Ibid., p. 122.
17
Jacques Sommet, op. cit., p. 94.
18
Stefan Biskupski, op. cit., p. 61.
19
Cf. supra, p. 87.
20
Cf. supra, p. 87.
21
Stanislas Zamenick, op. cit., p. 278.
22
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 130.
23
Jean Kammerer, op. cit., p. 75.
24
Gérard Pierré, op. cit., p. 49.
25
Gérard Pierré (NDA).
26
Marcel Dejean, Avoir vingt ans dans les camps nazis, éditions Mémoires d’Hommes, p. 55.
27
Grégoire Joannatey, op. cit., p. 72.
CAPÍTULO “O TIFO”
1
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 26.
2
Ibid., p. 149.
3
Ibid., p. 150.
4
Ibid., p. 156.
5
Leo De Coninck, op. cit., p. 449.
6
Relatório do primeiro processo de Dachau, março de 1946, p. 32. Resumo da defesa de Martin Weiss.
www.online.unimarburg.de/icwc/dachau/000-050.0002.pdf
7
Relato feito pelo abade Gabriel Grimaud, que foi vigário da paróquia de Saint-Léon de Grenelle, em
Paris, com o padre Beauvais. Entrevista com o autor.
8
Joseph Rovan, Contes de Dachau, Paris, Julliard, 1987, p. 120.
9
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 182.
10
Entrevista com o autor, 10 de julho de 2014.
11
Bernard Py, op. cit., p. 121.
12
Ibid., p. 89.
13
Kazimierz, Majdanski, op. cit., p. 107.
14
Edmond Michelet, op. cit., p. 180.
15
Ibid., p. 204.
16
Ibid., p. 149.
17
Entrevista com o autor, 10 de julho de 2014.
18
Jacques Sommet, op. cit., p. 104.
19
Ibid., p. 106.
20
Stanislas Zamenick, op. cit., p. 406. O número exato de sacerdotes voluntários varia conforme os
depoimentos, mas 18 é o mais frequente.
21
Bedrich Hoffman, op. cit., p. 184-185.
CAPÍTULO “O ÓDIO ANTICRISTÃO”
1
Friedrich Nietzsche, OEuvres complètes, XIV, Fragments posthumes 88-89, Gallimard, 1977, p. 224.
2
René Girard, Quand ces choses commenceront, Paris, Arléa, 1994, p. 20.
3
Dietrich Eckart (1868-1923) é um dos fundadores do DAP. Ele morre em 1923, pouco após o Putsch
da Cervejaria, do qual é um dos participantes. Hitler prestou-lhe uma emocionada homenagem ao
final de Minha luta.
4 e
Alfred Rosenberg, Le Mythe du xx siècle, Paris, Avalon, réed. 1986, p. 29.
5
Ibid., p. 69.
6
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (atual Annaba, na Argélia), autor de Confissões, doutor
da Igreja.
7
Alfred Rosenberg, op. cit., p. 67.
8
Ibid., p. 70.
9
Bernard Raymond, Une Église à croix gammée?, Lausanne, L’Âge d’Homme, 1990, p. 80.
10
Citado em Ian Kershaw, op. cit., p. 63.
11
“Eu lhes garanto que, se eu quiser, aniquilarei a Igreja em poucos anos”, ele teria declarado, segundo
Hermann Rauschning, em seu controverso livro Hitler m’a dit (éditions Coopération, p. 68).
12
Richard Steigmann-Gall, Holy Reich, Nazi Conceptions of Christianity: 1919-1945, Cambridge
University Press, 2004, p. 129.
13
Ibid., p. 129-130.
14
Ibid., p. 131.
15
Ibid.
16
Jean-Jacques Langendorf, op. cit., p. 84-85.
17
Laurent Olivier, Nos ancêtres les germains. Les archéologues au service du nazisme, Paris, Tallandier,
2012, p. 80.
18
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 56.
19
Leo de Coninck, op. cit., p. 445.
20
Geralmente Kapos incumbidos da aplicação do regulamento nesses dois espaços.
21
Jacques Sommet, op. cit., p. 95.
22
Relatório datilografado do julgamento de Dachau, p. 63,
www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/dachautrial/d3.pdf
23
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 119.
24
Jean Bernard, op. cit., p. 72.
25
François Goldschmitt, op. cit., p. 16
26
Ibid., p. 23.
27
Grégoire Joannatey, op. cit., p. 74.
28
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 238.
29
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 163.
30
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 117.
31
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 179.
32
François Goldschmitt, op. cit p. 6.
33
Esse episódio é narrado por Leo de Coninck, op. cit., p. 447.
34
Leo de Coninck, op. cit., p. 446.
35
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 264.
36
Relatório datilografado do julgamento de Dachau, op. cit., p. 63.
37
Ibid., p. 141-148.
38
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 193.
39
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 241.
40
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 121.
41
François Goldschmitt, op. cit., p. 13-14.
42
Leo de Coninck, op. cit., p. 446.
43
Os padres Kazimierz Grelewski e Josef Pawlowski foram beatificados por João Paulo II, juntamente
com Stefan, o irmão de Kazimierz Grelewski.
44
Cardeal Henri de Lubac, Résistance chrétienne au nazisme, Oeuvres complètes XXXIV, Paris, Le Cerf,
2006, p. 120.
TERCEIRA PARTE
UM LAR ESPIRITUAL
CAPÍTULO “A EUCARISTIA”
1
Constituição dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II (n° 11).
2
Catecismo da Igreja Católica, art. 1333.
3
Abbé Portier, L’Eucharistie, pain de vie, Bruxelas, Éditions Saint-Bernard, 1989, p. 56-57.
4
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 252.
5
Leo de Coninck, op. cit., p. 448.
6
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 191.
7
Stefan Biskupski, op. cit., p. 54.
8
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 254.
9
Ibid., p. 171.
10
Ibid., p. 254.
11
André Philip, M. Mutel, o.s.m., Peter Freeman, Cérémonial de la Sainte Messe à l’usage ordinaire des
paroisses, Perpignan, Artège, 2010, p. 108.
12
Josefa Maria Imma Mack, op. cit., p. 24 e 32.
13
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 113.
14
François Goldschmitt, op. cit., p. 47.
15
Ibid., p. 93.
16
René Fraysse, op. cit., p. 46.
17
François Goldschmitt, op. cit., p. 47.
18
Jean Kammerer, op. cit., p. 64.
19
Jacques Sommet, op. cit., p. 75.
20
Ibid., p. 108.
21
Gérard Pierré.
22
Marcel Dejean, op. cit., p. 54.
23
Alexandre Morelli, op. cit., p. 71-72.
24
Leo de Coninck, op. cit., p. 49.
25
A figura de Tarcísio é associada a várias personalidades de Dachau. O padre Jakob Ziegler, morto em
12 de maio de 1944, foi apelidado dessa forma por seu amigo, o padre Leopold Arthofer, a quem ele
trazia a comunhão embalada no jornal Völkischer Beobachter quando estava acamado na enfermaria por
causa de uma pneumonia. Josefa Maria Imma Mack foi, por sua vez, batizada de “Tarcísia” pelo
cardeal Von Faulhaber.
26
Joseph Rovan, op. cit., p. 137.
27
Bernard Py, op. cit., p. 117.
CAPÍTULO “A LIBERTAÇÃO”
1
Jacques Sommet, op. cit., p. 113.
2
Edmond Michelet, op. cit., p. 227.
3
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 416.
4
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 262.
5
Maurus Münch, op. cit., p. 78. O padre Neunzig falece em 1965 em um acidente de carro sofrido no
momento em que ele se dirigia a Dachau para reencontrar uma centena de religiosos que haviam sido
prisioneiros lá.
6
Ibid., p. 51.
7
Ibid., p. 54.
8
Ravensbrück é liberado no dia seguinte e Mauthausen, em 5 de maio.
9
Como o irmão Eloi Leclerc ou o padre Harignordoquy. Cf. supra, p. 55.
10
In Maurus Münch, op. cit., p. 70.
11
Gabriel Piguet, op. cit., p. 139.
12
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 279.
13
Esse relato é encontrado em Edmond Michelet (op. cit., p. 232-233). Joseph Rovan adiciona um
quarto protagonista: o motorista do jipe, um homem negro (op. cit., p. 230). O relato de Stanislaw
Zamecnick diverge dos outros: ele menciona dois jornalistas, dentre eles Margaret Higgins, um
tenente da 42ª divisão chamado Cowling e o motorista (op. cit., p. 434).
14
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 280.
15
Stanislaw Zamecnick, op. cit., p. 434.
16
Joseph Rovan, op. cit., p. 232.
17
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 145.
18
René Fraysse, op. cit., p. 70.
19
Jacques Sommet, op. cit., p. 111.
20
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 147.
21
Alexandre Morelli, op. cit., 1947, p. 29.
22
Joseph Rovan, op. cit., p. 210.
23
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 436.
24
Joseph Rovan, op. cit., p. 241.
25
Acervo pessoal do padre Michel Riquet, arquivos jesuítas da Província da França, Vanves.
26
Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 263.
27
Ibid., p. 280-281.
28
Jean Rodhain (1900-1977), fundador do Socorro Católico em 1946.
29
René Fraysse, op. cit., p. 71-72.
30
Edmond Michelet, op. cit., p. 242.
31
Joseph Rovan, op. cit., p. 235.
32
Entrevista com o autor, 3 maio de 2014.
33
Stanislas Zamecnick, op. cit., p. 436.
34
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 150-151. Kazimierz Majdanski voltará à Polônia em 1949. Nesse
meio-tempo, ele passa um longo período em uma casa de convalescência de Berck, na França, ocasião
na qual ele garante o acompanhamento espiritual dos prisioneiros de guerra alemães empregados na
retirada das minas da Muralha do Atlântico.
35
Como Bedrich Hoffmann, Francis Stverak, eodor Korcz, Zygmunt Wiecki ou Hubert Kaminski
(ver Bedrich Hoffmann, op. cit., p. 281-284).
CONCLUSÃO
1
Kazimierz Majdanski, op. cit., p. 174.
FONTES
BIBLIOGRAFIA
Actes et documents du Saint-Siège relatifs à la Seconde Guerre mondiale, t. 3, Libreria Editrice Vaticana,
1967.
ALZIN Josse, Ce petit moine dangereux. Le P. Titus Brandsma, recteur d’université et martyr à Dachau,
Paris, La Bonne Presse, 1954.
ANÔNIMO, e Persecution of the Catholic Church in the ird Reich. Facts and Documents, Pelican
Publishing Company, 2003.
AUBERT-MASSON Dominique, Histoire de l’eugénisme, Paris, Ellipses, 2010.
BERNARD Jean, Bloc des prêtres 25487, Luxembourg, éditions Saint-Paul, 2012 (réed.).
BETTELHEIM Bruno, Le Coeur conscient, Paris, Le Livre de Poche, coll. “Pluriel”, 1977.
BISKUPSKI Stefan, Un Évêque martyr. Mgr Michal Kozal, Vanves, Imprimerie Franciscaine
Missionnaire, 1946.
CAMBON DE LAVALETTE Véran, De la Petite Bastide à la Résistance et au camp de Dachau, Paris,
L’Harmattan, 2010.
CARLS Hans, Erinnerung eines katholischen Geistlichenaus der Zeit seiner Gefangenschaft 1941-1945,
Dokumente zur Zeitgeschichte II, éditions J.P. Bachem, Cologne, 1946.
CESARINI David, Adolf Eichmann, Paris, Tallandier, 2010.
CHROUST Peter, Friedrich Mennecke. Innenansichten eines medizinischen Täters im Nationalsozialismus.
Eine Edition seiner Briefe 1935-1947, Hambourg, Forschungsberichte des Hamburger Instituts für
Sozialforschung, 1988.
DEJEAN Marcel, Avoir vingt ans dans les camps nazis, Paris, éditions Mémoire d’Homme, 1998.
DENIS Jean, Camp de Dachau-Allach matricule 73350, À compte d’auteur, 2011.
DORRIÈRE Christian, L’abbé Jean Daligault. Un peintre dans les camps de la mort, Paris, Le Cerf, coll.
“Épiphanie”, 1999.
FRAYSSE René, De Francfort à Dachau, Souvenirs et croquis, Annonay, éditions du Vivarais, 1980 (réed.).
GIRARD René, Quand ces choses commenceront, Paris, Arléa, 1994.
GOLDSCHMITT François, Alsaciens et Lorrains à Dachau, t. 4: Le Bon Dieuau K.Z., Metz, éd. Le
Lorrain, 1947.
HANSEN Horace R., Witness to Barbarism, ousand Pintree Press, 2002.
HARIGNORDOQUY Pierre, Un Prêtre basque déporté, témoignage, Elkar, 2013.
HENOCQUE Georges, Dans l’antre de la bête. Fresnes, Buchenwald, Dachau, éd. G. Durassié & Cie,
1947.
HOFFMANN Bedrich, And who will kill you…, Pallotinium, 1994 (réed.).
JONAS Hans, Le concept de Dieu après Auschwitz, Paris, Rivages,1994.
KAMMERER Jean, La Baraque de sprêtres à Dachau, Paris, Brépols, 1995.
KERSHAW Ian, Hitler, Paris, Gallimard, coll. “Folio Histoire”, 1995.
KOGON Eugen, L’État SS. Le système des camps de concentration allemands, Paris, Le Seuil, coll. “Points”,
1993 (réed.).
KNECHT ierry, Mgr von Galen, l’évêque qui a défié Hitler, Paris, Parole et Silence, Cahiers de l’école
cathédrale, 2007.
KREISSLER Félix, La prise de conscience de la nation autrichienne. 1938-1945-1978, Paris, Presses
universitaires de France, 1988.
LA MARTINIÈRE Joseph de, Mon témoignage de déporté NN, Lignères de Touraine, B. Le Fournier, t. 5,
1992.
LANGENDORF Jean-Jacques, La SS. Un État dans l’État, Gollion, Infolio éditions, coll. “Illico”, 2008.
LE BAS Maurice, Pierre de Porcaro, prêtre-ouvrier (STO) mort à Dachau, Paris, Lethielleux, 1948.
LECLERC Eloi, Le soleil se lève sur Assise, Paris, Desclée de Brouwer, 1999.
LENZ Johannes Maria, Christus in Dachau. Priesterlebnisse in KZ, Vienne, 1956.
LEVI Primo, Si c’est un homme, Paris, Pocket, 1988 (réed.).
LOSSIN Eike, Katholische Geistliche in nazionalsozialistichen Konzentrationlagern, ed. Koenigshausen
Neumann, 2011.
LUBAC Cardinal Henri de s.j., Résistance chrétienne au nazisme, Œuvres complètes XXXIV, Paris, Le
Cerf, 2006.
MACK Josefa Maria Imma, Un Ange à Dachau. Pourquoi j’aime les azalées, Paris, Téqui, 2005.
MALAK Henryk Maria, Shavelings in the death Camps, A Polish Priest’s Memoir of Imprisonment by the
Nazis, 1939-1945, Jefferson, McFarland, 2012.
MAUROY Charles, Mes prisons et Dachau, Namur, éd. Jacques Godenne, 1946.
MALLEY François, Le père Morelli, de Dachau à Netza, Paris, Le Cerf, 1986.
MICHELET Edmond, Rue de la Liberté (Dachau 1943-1945), Paris, Le Seuil, coll. “Livre de vie”, 1998
(réed.).
MINELLA Alain-Gilles, Le Rebellediscipliné, Entretiens avec le père Michel Riquet, Paris, Mame, coll.
“Trajectoires”, 1993.
MORELLI Alexandre, Terre de détresse, Bloud & Gay, 1947.
MÜNCH Maurus, o.s.b., Prêtres allemands à Dachau, Amiens, Fraternité Saint-Benoît, 1973.
NEUHAÜSLER Johann, Comment était-ce Dachau? Humbles approches de la vérité, Administration du
monument expiatoire du Camp de concentration de Dachau, Dachau, 1980 (5. éd.).
NIEMÖLLER Martin, Cellule 34, une communauté dans les liens. Six exhortations aux détenus de Dachau,
Genève, Fidès, 1947.
OLIVIER Laurent, Nos ancêtreslesgermains. Les archéologues au service du nazisme, Paris, Tallandier, 2012.
PIGUET Gabriel, Prison et déportation. Témoignage d’unévêque français, Paris, éditions Spes, 1947.
PY Bernard, Dachau, mon baptême!, Saint-Paul, 2011.
PIERRÉ Gérard s.j., Témoignage. Huit mois à Dachau, Angers, éditions AFMD 49, 2013.
PORTIER Abbé, L’Eucharistie, pain de vie, Bruxelles, éditions Saint-Bernard, 1989.
RAYMOND Bernard, Une Église à croix gammée?, Lausanne, L’Âge d’Homme, 1990.
RIQUET Michel S.J., Chrétiens de France dansl’Europe enchaînée, Paris, éditions SOS, 1973.
ROSENBERG Alfred, Le Mythe du xxe siècle, Paris, Avalon, 1986 (réed.).
ROTTE Ralph, Die Aussen – une Friedenspolitik des Heiligen Stuhls: eine Einführung, VS Verlag für
Sozialwissenschaften, 2007.
ROVAN Joseph, Contes de Dachau, Paris, Julliard, 1987.
e
SCHOENBAUM David, La Révolution brune. La société allemande sous le III Reich, Paris, Gallimard,
coll. “Tell”, 2000 (réed.).
SOMMET Jacques S.J., L’Honneur de laliberté, entretiens avec Charles Ehlinger, Paris, Le Centurion,
1987.
STEIGMANN-GALL Richard, Holy Reich, Nazi Conceptions of Christianity: 1919-1945, Cambridge
University Press, 2004.
ZAMECNICK Stanislas, C’était ça, Dachau (1933-1945), Paris, Le Cherche Midi, 2003.
ZELLER Bernard, Le vrai visage d’Edmond Michelet, Versailles, Via Romana, 2012.
ESTUDOS E ARTIGOS
ALBERTS Marcel, o.s.b., “Pater GregorSchwake – Mönch, Musiker und Dichter”, in Heimatpflege in
Westfalen, 2/2005.
DE CONINCK Leo, “Dachau, bagne pour prêtres”, Nouvelle Revue éologique, n° 67, 1945. – “Les
conversations de Dachau”, Nouvelle Revue éologique, n° 67, 1945.
SPENKUCH Jörg L., TILLMAN Philipp, “Elite Influence? Religion, Economics, and the Rise of the Nazis”,
Kellog Schoolof Management, Northwestern University – Department of economics, University of
Chicago, 2014.
WOLLF Heins, “Hans Carls”, in Wuppertaler Biographien, vol.7, 1967.
FILME
ARQUIVOS