Embargos de Terceiro

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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DOUTOR(A) DA VARA DOS FEITOS

DE RELAÇÕE DE CONSUMO, CIVEIS E COMERCIAS DA COMARCA DE PRADO(A)

Processo 8000866-29.2020.805.0203

AUTO POSTO PRIMICIA LTDA Pessoa Jurídica de Direito Privado, Inscrita no CNPJ/MF
sob o nº 28.803.297/0001-42, com sede empresarial na Avenida Sete de Setembro, 2513 (de esquina com a rua
06, bairro Palmeiras, na cidade de Alcobaça, Estado da Bahia., neste ato por seu representante legal
RAPHAELA ANTONIA CARVALHO EVANGELISTA, através de seu advogado legalmente constituído que
a esta subscreve (procuração em anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro
com fulcro nos arts. artigos 1.046 e 1.047 do CPC, opor

AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO COM PEDIDO LIMINAR,

pelo procedimento especial, em face de JOELMA FONTES SILVEIRA, brasileira, solteira, empresária,
portadora do CPF: 548.510.415-00, RG: 05662914-10 SSP/BA, residente e domiciliada na Rua Pedro Alvarez
Cabral, nº 131, Cajarana, Alcobaça-Bahia CEP 45910-000, pelas razões de fato e direito adiante expostas:

1. DOS FATOS

A EMBARGANTE celebrou em 31 de Maio de 2020, Contrato de sublocação comercial


com o Sr. ANDRÉ MAURICIO ALVES RAAD de um 01 (um) estabelecimento comercial situado na
Avenida Sete de Setembro, 2513 (de esquina com a rua 06, bairro Palmeiras, na cidade de Alcobaça, Estado da
Bahia.

O SUBLOCADOR, Sr André Maurício, por contrato de locação firmado em 25 de Agosto


de 2017, recebeu em locação, pelo prazo de 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses, o imóvel supracitado,
sendo-lhe atribuído o direito de sublocá-lo, no todo ou em parte, conforme previsto na cláusula sexta do
referido instrumento, já juntado aos autos sob o id 68291429 .

Nos termos da referida avença, a título de aluguel, o valor ajustado para pagamento é de R$
3.500,00 (três mil e quinhentos reais mensais) mensais, sendo que o Embargante assumiu a obrigação de
promover a realização de obras para conserto, reparo e conservação do imóvel, como do forro de cobertura,
limpeza de área, pintura e reparos hidráulicos, bem como fazer toda a manutenção do estabelecimento,
cabendo-lhe a comprovação por meio da apresentação de Notas Fiscais ou recibos autenticados e, para tanto,
deve apresentar ao sublocador, ora réu nos autos desta ação, de orçamentos e projetos, para que sejam
autorizados os descontos mensais das expensas realizadas para as benfeitorias sob o valor do aluguel, até o
limite de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) (quinhentos reais), sendo que até a quitação dos investimentos
realizados pelo Sublocador com a instalação das bombas, em outubro de 2020, caberá ao Embargante pagar ao
sublocatário ou a quem este indicar valor de R$ 2.000,00 (três mil e quinhentos reais), referente a prestação
mensal consignada no instrumento de sublocação comercial. A partir do mês de novembro de 2020,o valor
integral de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), referente ao aluguel da sublocação e coincidente com o
valor do aluguel do contrato de locação original firmado entre a embargada e o Sr André, deve ser pago pela
Embargante.
Após a assinatura, foi realizado o primeiro pagamento e o Embargante passou a tratar dos
orçamentos de todos os reparos necessários, e mesmo num cenário de lentidão econômica causada pela
pandemia do Coronavírus, passou a dirigir seus recursos para a preparação do inicío da atividade econômica.

Para tanto, as obras de reparo foram iniciadas, com reparos no teto, inicio da limpeza, pintura,
verificação das bombas adquiridas pelo sublocador, ora réu.

Recentemente, o embargante tomou ciência da existência de um mandado de desocupação


concecido liminarmente nos autos de uma ação de despejo movida contra o Sr. André, seu sublocador, em que
a embargada alega receber valor diverso daquele ajustado, sem contudo, juntar aos autos as notas fiscais das
benfeitorias realizadas pelo locador, que completariam os valores nos termos do contrato de locação firmado
entre as partes e sem juntar fotos atuais, nos quais mostram o estabelecimento comercial limpo, ocupado, com
andaimes utilizados nos reparos ajustados no contrato de sublocação, cuja autorização foi expressamente
concedida pela Embargada, levando o juízo a uma interpretação não condizente à realidade dos fatos na
concessão de medida de constrição judicial tão violenta.

A determinação de desocupação do imóvel, portanto, ocorreu em razão de expresso intento


injusto contido requerimento formulado na inicial pela embargada, que mesmo tendo concedido autorização
para receber em dinheiro parte do valor em dinheiro e outras em benfeitoria, permitiu também a sublocação,
que está sendo exercida, e tem conhecimento de que o contrato está sendo cumprido, ainda que por efeito
reflexo da sublocação comercial por ela autorizada, informações estas que a embargada deliberadamente
deixou de juntar aos autos.

Deste modo, não vê outra alternativa a Embargante senão buscar socorro no Poder Judiciário.

2. DO DIREITO

2.1 DO CABIMENTO DE EMBARGOS

A Representante do Embargante, por meio de seu gerente, recebeu mensagens encaminhadas


pela embargada através do aplicativo WhatsApp em 27 de Outubro de 2020, na qual informava que forças
policiais expulsariam do posto os operários que realizavam os reparos e na ocasião teve informação do número
do processo e de imagem de um mandado de desocupação que parecia ter sido fotografado de uma tela de um
computador, em ação de despejo ajuizada pela embargada.

Segundo o CPC:, em seu art 674 in verbis:

Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição


sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro.

§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou


possuidor.

Considerando a existência de Contrato de Sublocação Comercial celebrado entre o Embargante


e o Sr ANDRÉ MAURICIO ALVES RAAD, o qual estava autorizado a sublocar o imóvel da embargante por
cláusula expressa no contrato de locação firmado com a Embargada e que, desde então, exerce a posse,
promovendo os reparos e prepara-se para a atividade econômica, e vê-se diante da constrição judicial,
verificam-se todos os elementos necessários para que o embargante se valha dessa ação de rito especial para
cancelar o ato de desocupação que recai sobre o imóvel legalmente sublocado, com o reconhecimento de seu
domínio sobre o bem, por força contratual.

2.2 DA LEGITIMIDADE DA EMBARGADA

A demanda é proposta apenas com relação a embargada JOELMA FONTES SILVEIRA,


autora da na ação originária de despejo movida em desfavor de André Mauricio Alves Raad.
À luz do art. 677,§ 4º,CPC, é legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita,
assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para suspensão da
constrição judicial e do cumprimento do contrato de sublocação e da restituição das benfeitorias realizadas,
caso seja destituída a posse exercida legalmente pelo Embargante.

2.3 DO MOMENTO DA OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS

Admitem-se embargos de terceiro com fins preventivos, atuando como interdito proibitório,
quando a posse do bem de terceiro estiver ameaçada por ato de constrição judicial buscando, portanto, a
obtenção de tutela jurisdicional inibitória.

O Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 689, dispõe:

“ Quem, não sendo parte no processo, sofrer ameaça de constrição ou constrição


sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer sua inibição ou seu desfazimento por meio de
embargos de terceiro”.

Visto que dos autos do processo nota-se que o Mandado de Desocupação fora enviado para a
Central de Cumprimento de Mandados em 27 de Outubro de 2020, a oposição dos embargos se dá, portanto, de
forma completamente tempestiva.

2.4 DA PROVA DE POSSE E DA QUALIDADE DE TERCEIRO - DA SUBLOCAÇÃO LEGITIMA

Cumpre, antes de tudo, tornar cristalina a legalidade da sublocação firmada pelo Embargante e o
Sr André Mauricio Alves Raad. Para tanto, é necessário remeter ao contrato de locação firmado entre este
último e a Embargante.

De acordo com trecho extraído do Contrato de Locação firmado em 25 de Agosto de 2017,


juntado pela Embargada aos autos sob o id 68291429:

Portanto, poderia o Sr André, SEM OBRIGAÇÃO DE TER A ANUENIA DA LOCADORA,


CEDER, SUBLOCAR...

Há, neste caso, expressa autorização para que a sublocação fosse celebrada, como o foi. Por
cautela, o Embargado tratou de verificar o contrato original, analisou as notas e os recibos das despesas feitas
pelo inquilino original em favor do prédio comercial e com as quais a Embargada anuiu.

Desde a assinatura do contrato de sublocação comercial, em 31 de Junho de 2020, o Embargado


iniciou um processo de levantamento de orçamentos, licenças junto aos órgãos regulatórios, providenciou os
reparos iniciais, limpeza do imóvel, limpeza das bombas que foram instaladas pelo Sr André, conforme Notas
Fiscais ora juntadas, apresentou requerimento ao corpo de bombeiro, contratou projetistas, e regularmente, vem
cumprindo o ajustado no contrato celebrado.

Ainda que seja uma defesa que cabe ao réu, cumpre informar ao Juízo que a Embargada omitiu a
instalação das bombas e as referidas notas fiscais que lhes foram apresentadas, o que justificaria perfeitamente
os valores percebidos a menor. Mas, por má fé, omitiu tal informação do Juízo e fez juntar fotos antigas,
indicando como se o posto jamais teria sido operado pelo réu desde o contrato de locação.

Há, ainda, outra grave conduta da autora que fere a boa fé e lealdade processual.
A Embargada tem conhecimento da sublocação, tanto que mantém contato telefônico e por
meio de mensagens eletrônicas através do aplicativo do WhatsApp, inclusive enviou ela mesma fotos em que
mostram os reparos em andamento, mas omitiu tais fatos do Juízo por motivo que o Embargante desconhece.
Requer a juntada da captura das telas das mensagens e o o arquivo de texto extraído das mensagens trocadas
entre o Sr Jailson Ato Lima e a Sra, Jugleide, irmã da Sra Joelma, e que atua como espécie de sua
representante, recebendo inclusive o pagamento do aluguel.

Também não entende porque a Embargada, sabendo da sublocação, não fez incluir no polo
passivo da demanda o Embargante, visto que conhece sua condição de sublocador – preferiu agir
ardilosamente, buscando um proveito que não é direito, e omitindo fatos relevantes e que inviabilizaria o
acolhimento do seu pedido de reconsideração do indeferimento de liminar.

CUMPRE AINDA INFORMAR AO JUIZO QUE AS FOTOS NOS QUAIS EXISTEM


ANDAIMES INSTALADOS BEM COMO CARROS PARADOS NO PATIO FORAM REGISTROS DE
MOMENTOS EM QUE OS REPAROS ESTAVAM EM ANDAMENTO, E TECNICOS FAZIAM
OUTROS LEVANTAMENTOS PARA A REATIVAÇÂO DO POSTO SUBLOCADO AO
EMBARGANTE.

Ainda, cumpre informar ao juízo que, embora seja matéria de defesa que compete ao réu no
processo originário, os valores reduzidos pagos a titulo de aluguel deveriam subsistir

3. DO REQUERIMENTO EM CARÁTER LIMINAR – SUSPENSÃO DA ORDEM DE


DESOCUPAÇÂO – DA MANUTENÇÃO DA POSSE

O domínio, a posse pela condição de sublocatário, legitimo, em ato jurídico perfeito, e de


terceiro prejudicado com os deslindes do presente feito foram suficientemente provados.

Foram apresentados o Contrato de Sublocação, legalmente firmado a partir de autorização


expressa concedida pela Embargada em Contrato de Locação. Comprova o Embargante que exerce a posse vez
que já procede com as reformas necessárias no teto, deu entrada com a obtenção de licenças, faz uso de própria
Pessoa Jurídica na qual pretende exercer a atividade de revenda de combustíveis. Já procedeu com a alteração
dos dados perante a Receita Federal do Brasil. Realizou pagamentos de aluguel. E a embargada tinha
conhecimento da sublocação bem como da reforma que está em curso.

Em consonância ao art.678 CPC, a decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio


ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos,

Deste modo, requer o Embargante que em caráter liminar, seja suspensa a ordem para
desocupação, até o julgamento dos presentes embargos, bem como a regular citação do réu para que este
apresente contestação.

Em atenção à dicção do art. 674, CPC, o terceiro, ou seja, aquele que não faz parte do processo,
que sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possui, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.

O art. 1.210 CC , ainda assevera o direito do possuidor em ser mantido na posse em caso de
turbação e restituído no de esbulho.

Os embargos de terceiro são espécie de remédio processual que a lei põe à disposição de quem,
não sendo parte no processo, sofre turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em
casos como os previstos no artigo. Importante salientar ainda que conforme recibos de pagamento, notas fiscais
de serviços e orçamentos bem como os comprovantes de transferência para a conta da embargada mostram que
ocorre sim o adimplemento seja do contrato de locação bem como do regular exercício dos direitos advindos do
contrato de sublocação, sendo este revestido de todos os elementos que o tornam um ato jurídico perfeito.

Requer-se, portanto, a expedição liminar do mandado de manutenção da posse. Entendendo-se,


entretanto, que a posse não se encontra suficientemente provada, que se designe audiência preliminar para sua
demonstração, por força do art. 677 § 1º CPC.

4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Ante o exposto, pede e requer o embargante a Vossa Excelência:

a) A distribuição dos presentes embargos, por dependência ao processo nº 8000866-29.2020.805.0203

b) A expedição do mandado liminar de manutenção da posse e a suspensão das medidas constritivas que
recaem sobre o bem em posse do embargante, conforme já demonstrado e por força do art. 678 CPC;

c) A citação do embargado, pessoalmente ou na pessoa de seu procurador para que, querendo, apresente
contestação no prazo de 15 dias, sob pena de caracterização da revelia e verificação de seus efeitos (art. 679,
CPC);

d) A suspensão da liminar concedida na decisão de id 74659845, para sustar seus efeitos, no sentido de manter
o embargante na posse do bem, durante a vigência do contrato de sublocação, visto sua regularidade, legalidade
e adimplemento, cancelando-se a ordem de desocupação.

e) Julgar totalmente procedente a ação, condenando a ré no pagamento dos honorários sucumbenciais, custas e
demais despesas do processo (art. 82 § 2º, art. 85 CPC ).

f) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a produção de prova documental
(documentos em anexo) e testemunhal (rol anexo), em conformidade com art. 677, CPC;

g) A juntada do comprovante do recolhimento das custas

Dá-se à causa o valor de R$15.000,00 (quinze mil reais)

Nesses termos, pede deferimento.

Prado (BA), 05 de Novembro de 2020

BRUNO FREIRE
Advogado – OAB/BA 50.546
(assinado eletronicamente)

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