Eletricidade
Eletricidade
Eletricidade
ELETRICIDADE E MAGNETISMO
Uma teoria ainda hoje aceita sobre a estrutura atômica da matéria é a teoria de Rutherford
– Bohr, a qual afirma ser o átomo constituído de um núcleo formado por prótons e nêutrons, em
torno do qual giram os elétrons. A física quântica está cada vez mais descobrindo outros elemen-
tos internos do átomo, porém vamos ficar apenas com a teoria de Rutherford – Bohr, pois ela se
adapta às nossas necessidades didáticas de embasamento e é suficiente para podermos adentrar na
eletricidade básica.
No núcleo está praticamente concentrada toda a massa do átomo, que é constituída de pró-
tons, carregados positivamente, e nêutrons, que não possuem cargas. Portanto, devido aos prótons,
o núcleo está carregado positivamente. Os elétrons possuem uma massa muito pequena, quase
desprezível quando comparada à massa do núcleo, e movimentam-se ao redor do núcleo a distân-
cias de até dez mil vezes o diâmetro do núcleo, descrevendo órbitas fechadas e distribuídas em no
máximo sete camadas. Os elétrons estão carregados negativamente.
Essas camadas de elétrons são denominadas de K, L, M, N, O, P e Q, sendo que a camada
K é a camada mais próxima do núcleo e a Q é a mais distante. As camadas intermediárias vão se
afastando do núcleo conforme a ordem alfabética acima. Cada camada pode suportar um determi-
nado número máximo de elétrons, conforme mostra a tabela a seguir.
Observe na figura a seguir que uma molécula de água é formada por dois átomos de hidro-
gênio, cada um com um elétron em sua última camada, e por um átomo de oxigênio, que possui seis
elétrons em sua última camada. Juntando-se os seis elétrons da última camada do átomo de oxigê-
nio com o elétron da última camada de um dos átomos de hidrogênio e mais o elétron da última
camada do outro átomo de hidrogênio, forma-se uma molécula com dois átomos de hidrogênio e
um átomo de oxigênio unidos pela última camada. Temos a molécula chamada água (H2O).
Vamos detalhar também a estrutura atômica do silício, fundamental para o estudo dos
semicondutores.
Cada átomo de silício possui quatro elétrons na camada de valência. Esses quatro elé-
trons unem-se a um dos elétrons des respectivas camadas de valência de outros quatro átomos de
silício,para formar o material denominado silício, conforme mostra a figura a seguir.
Ligações covalentes
Os semicondutores mais utilizados na eletrônica são o silício (em maior escala) e o germâ-
nio, os quais são usados na fabricação de diodos, transistores e outros componentes eletrônicos, que
serão estudados no capítulo II.
A tabela a seguir mostra a resistividade de alguns materiais bons condutores, semicondu-
tores e isolantes.
Material Resistividade
(ohm.cm)
Prata 1,6*10-6
Cobre 1,7*10-6
Ouro 2,3*10-6
Alumínio 2,8*10-6
Germânio 47
Silício 21,4*104
Vidro 5*104
Mica 9*1016
Quartzo 75*1018
Vimos anteriormente que as cargas elementares são os prótons e os elétrons, os quais estão
dentro de um átomo. Por convenção, adotou-se a carga do próton como positiva e a do elétron
como negativa, o que significa dizer que essas cargas possuem polaridades opostas.
Quando se aproximam duas cargas, as de mesma polaridade se repelem e as de polaridades
opostas se atraem.
A unidade adotada para se medir a quantidade de carga elétrica que um corpo possui
denomina-se “coulomb” (C).
A menor carga negativa que existe (carga elementar) é a carga de um elétron, que é igual a
1,6*10-19 C. Portanto, para se obter uma carga de 1 coulomb são necessários 1/(1,6*10-19) = 6*1018
elétrons. Lembre-se, que 1 cm3 de cobre possui 8*1022 elétrons livres, o que corresponde a uma
carga total de elétrons livres de 1,33333*104 C.
Uma carga elétrica no espaço (Q), seja ela puntiforme (um ponto) ou distribuída, modifica
as características do espaço que a envolve de tal modo que, ao colocarmos uma outra carga elétrica
(q) nesse espaço circunvizinho à outra carga, surgirá uma força de origem elétrica na carga q.
Essa força que surge em q se dá por causa das características modificadas do espaço cir-
cunvizinho à carga Q, que se denomina “campo elétrico”. Portanto, o campo elétrico é o espaço
com características modificadas devido à presença de cargas elétricas e responsável pelo suporte às
interações elétricas entre duas ou mais cargas elétricas.
É obvio que a carga elétrica q também provoca um campo elétrico ao seu redor, o qual age
sobre outras cargas situadas nesse campo.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 5
A força elétrica que surge em uma carga elétrica devido à eletricidade existente na região
onde se encontra essa carga é do tipo vetorial, ou seja, tem uma intensidade, uma direção e um
sentido.
Imagine que uma carga pontual q > 0 seja colocada em um ponto P1 de um determinado
campo elétrico e que uma outra de mesma intensidade, porém negativa (q < 0), seja colocada
em um outro ponto P2 desse mesmo campo elétrico, conforme mostra a figura anterior. A força
elétrica terá o mesmo sentido do campo elétrico quando q > 0 e terá sentido contrário ao campo
elétrico quando q < 0. Entretanto, ela possuirá sempre a mesma direção, tanto para q > 0, quanto
para q < 0.
Considerando-se apenas o módulo (intensidade) da grandeza vetorial , temos:
F = q*E; E = F/q.
No Sistema Internacional de Unidades (MKS – Metro, Quilo, Segundo), se a força é dada
em newton (N) e a caga em coulomb (C), a unidade do campo elétrico (E) é dada em newton/
coulomb (N/C).
6 Eletricidade & Eletrônica Básica
A expressão E = F/q nos permite calcular a intensidade do campo elétrico, quaisquer que
sejam as cargas que o criam. Vamos aplicá-la a um caso particular, no qual a carga que cria o campo
é uma carga puntual, conforme mostra a próxima figura.
Consideremos, então, uma carga puntual Q, no ar, e um ponto situado a uma distância r
dessa carga. Se colocarmos uma carga de prova q nesse ponto, ela ficará sujeita a uma força elétrica
, cujo módulo poderá ser calculado pela lei de Coulomb:
E = Ko Q/r2
Portanto, essa expressão nos permite calcular a intensidade do campo em um certo ponto,
quando conhecemos o valor da carga puntual Q que criou esse campo e a distância do ponto a essa
carga. Observe, entretanto, que essa expressão só pode ser usada para esse caso, ou seja, para campo
criado por uma carga puntual.
A parte esquerda da figura a seguir mostra as linhas de força de um campo elétrico entre
duas cargas positivas. A parte direita da figura mostra as linhas de força de um campo elétrico
uniforme (onde todos os pontos possuem a mesma intensidade, direção e sentido), linhas que são
retas e paralelas, espaçadas igualmente e de mesmo sentido.
Conforme já detalhado anteriormente, quando uma carga está em um campo elétrico, ela
fica sujeita a uma força elétrica devido à interação do campo elétrico com essa carga, que conse-
qüentemente adquire também uma energia denominada “energia potencial elétrica”. Para você
entender melhor o conceito de energia potencial elétrica, compare-a com a energia que um corpo
adquire quando está dentro do campo gravitacional da Terra (quanto maior a altura desse corpo
em relação à superfície da Terra, maior sua energia elétrica).
No caso da energia potencial elétrica que uma carga de prova (q) adquire quando colocada
em campo elétrico, existem as seguintes relações:
Epe = Ko (Q/d2), onde Q é uma carga puntiforme geradora do campo elétrico, d é a dis-
tância da carga Q à carga q, e Ko no vácuo é 9*109 N*m2/C2, conforme mostra a figura a seguir,
supondo-se que q > 0.
Carga de prova q > 0 inserida em um campo elétrico de uma outra carga Q puntiforme
8 Eletricidade & Eletrônica Básica
Epe = q*Vp, onde Vp é o valor do campo elétrico no ponto P onde está a carga q.
A diferença de potencial (ddp) é a diferença entre os valores da energia potencial de uma
carga de prova q entre dois pontos de um campo elétrico onde essa carga é colocada.
Em um campo elétrico uniforme, o valor do campo elétrico é constante, e a ddp entre dois
pontos desse campo elétrico é obtida através da seguinte fórmula:
U = VA - VB = E*d, onde VA é o valor da energia potencial elétrica no ponto A, VB é o valor
da energia potencial elétrica no ponto B, E é o valor do campo elétrico, e d é a distância entre os
dois pontos, conforme mostra a figura seguinte.
Resistência elétrica é a característica de um meio físico que reage à passagem de uma cor-
rente elétrica nesse ambiente. Os corpos bons condutores têm pequena resistência elétrica, en-
quanto que os corpos maus condutores possuem uma elevada resistência elétrica, em conseqüência
dos fatores já detalhados anteriormente.
Corrente elétrica é o deslocamento de cargas dentro de um meio físico condutor quando
existe uma ddp entre as extremidades desse condutor elétrico. Esse deslocamento ocorre para ten-
tar restabelecer o equilíbrio de energia elétrica.
Muitos autores preferem apresentar seus trabalhos considerando o sentido convencional
de corrente elétrica (do potencial elétrico positivo para o potencial elétrico negativo). Como, na
realidade, o que ocorre é o contrário, ou seja, os elétrons se movimentam de um ponto com energia
potencial elétrica negativa mais alta para um ponto com menor energia potencial elétrica negativa,
conforme detalhamos anteriormente, preferimos adotar o sentido real da corrente (do potencial
elétrico negativo para o positivo).
Podemos definir a corrente elétrica como o fluxo de cargas que é transportado através de
um condutor elétrico na unidade de tempo.
Quando esse fluxo de cargas elétricas é constante, podemos definir a unidade internacional
de corrente elétrica (ampère) através da seguinte relação:
I = Corrente elétrica = 1coulomb/1segundo = 1 ampère (A), ou seja, 1 A = 1 C/s.
A lei de Ohm (em homenagem ao cientista alemão Georg Simon Ohm) estabelece o rela-
cionamento entre a ddp em volts e a corrente elétrica de acordo com a seguinte fórmula:
U (ddp) = R x I, onde R é a resistência do meio físico onde passa uma corrente elétrica (em
ohms – W) e I é a intensidade da corrente elétrica em ampères (A).
Circuito hipotético
Resistividade e Condutância
Resistividade é a resistência específica de cada material, ou seja, trata-se da resistência ofe-
recida por um material com 1 metro de comprimento, 1 mm² de secção transversal e a 20° C de
temperatura.
10 Eletricidade & Eletrônica Básica
Cada material possui uma resistência característica, a qual pode ser calculada da seguinte
maneira:
R = r*(L/S), onde r é a resistividade do material em ohms.mm2/metro, L é o comprimento
em metros e A é a área da seção transversal do condutor em mm2.
Material Resistividade
Prata 0,016 Ω
Cobre 0,017 Ω
Alumínio 0,030 Ω
Tungstênio 0,050 Ω
Constantan 0,500 Ω
Níquel - Cromo 1,000 Ω
Marrom = 1
Preto = 0
Vermelho = 2
NOTA: Essa regra também se aplica a capacitores. Por exemplo, 302 significa 30 mais
dois zeros ao lado, ou seja, 3.000 μF = 3 nF = 3.000 pF.
Para saber se os valores de resistores de valores elevados devem ser usados, faça um multi-
teste com a escala apropriada, de até 10 Mohms até 20 Mohms e assim por diante.
O “Choque Elétrico”
Quando alguém descalço, por exemplo, pega em um condutor elétrico com uma certa vol-
tagem (V) em relação ao terra, haverá uma corrente elétrica atravessando o corpo dessa pessoa,
a fim de que os elétrons (cargas) passem do potencial V para o potencial zero (A Terra não tem
energia potencial elétrica, ou seja, Vt = 0).
O pior caso é quando a corrente elétrica atravessa o corpo entre os braços, pois nesse caso
passa pelo tórax e afeta o coração e o pulmão.
Quando a corrente elétrica que atravessa o corpo é de 1 mA (1 miliampère = 10-3 ampères),
a pessoa sente apenas uma sensação de cócegas ou um leve “formigamento”.
Quando essa corrente elétrica é de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, o que
já torna difícil conseguir abrir a mão e livrar-se do contacto. A corrente elétrica de 10 mA a 3 A é
mortal quando ela atravessa o coração, pois modifica o seu ritmo e, como conseqüência, ele pára de
bater. Se a intensidade da corrente elétrica que atravessa o corpo for superior a 3 A, ela pode parar
completamente o coração.
Quando cessa a corrente elétrica, o coração pode voltar a bater novamente, porém o tempo
que o corpo ficou sem circulação sangüínea pode causar danos cerebrais irreversíveis.
Pilhas e Baterias
As pilhas e as baterias são dispositivos empregados para transformar energia química em
energia elétrica a partir de reações que ocorrem entre seus componentes internos.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 13
A pilha foi inventada pelo italiano Alexandre Volta, durante uma série de experimentos
com vários tipos de placas metálicas e soluções ácidas. Uma das experiências consistia em aproxi-
mar uma placa de zinco de uma outra, no caso, de cobre, separadas por uma tela impregnada de
ácido sulfúrico.
Volta observou que, nessas condições, circulava uma corrente elétrica muito fraca entre os
elementos da composição. Para intensificar a corrente, ele dispôs os elementos em camadas, cuja
parte superior era constituída por uma chapinha de cobre (o pólo ou eletrodo positivo) e a parte
inferior, por uma de zinco (o pólo ou eletrodo negativo). O conjunto tornou a corrente mais forte
e passou a ser chamado de pilha de Volta.
Para se construir uma pilha semelhante à de Volta, pegue uma pequena vasilha de vidro,
duas barras ou varetas (uma de cobre e outra de zinco) e um pouco de ácido sulfúrico diluído em
água (para obter o eletrólito). Ao se colocar o eletrólito na vasilha de vidro e mergulhar nela as
duas varetas de metal separadas, haverá uma diferença de potencial entre o pólo positivo (ponta da
vareta de cobre) e o pólo negativo (ponta da vareta de zinco).
Todos os geradores eletroquímicos desenvolvidos com base na pilha de Volta são consti-
tuídos essencialmente de dois eletrodos e um eletrólito, mesmo que sejam diferentes entre si por
muitas outras características. Dependendo do trabalho que desenvolvem e de suas propriedades
específicas, os geradores eletroquímicos podem ser classificados em dois grupos:
Os geradores eletrolíticos primários são aqueles que produzem um único processo de des-
carga, pois suas reações químicas internas são irreversíveis. Dessa maneira, no final de um deter-
minado período de uso, o gerador se esgota, pois seus componentes internos se degradam com-
pletamente.
Os geradores primários simples são chamados de pilhas. Por outro lado, ao conjunto de
duas ou mais pilhas (ou células) e aos geradores do segundo grupo dá-se o nome de bateria. As
baterias incluem todos os modelos de equipamentos que permitem cargas e descargas repetidas.
Essas cargas e descargas são possíveis porque as transformações químicas que se verificam
no interior dos geradores podem ser revertidas quando se aplicam determinadas tensões e corren-
tes elétricas sobre seus terminais.
¾ Pilha de zinco-carbono;
¾¾ Pilha alcalina;
¾¾ Pilha de mercúrio;
¾¾ Pilha de prata;
¾¾ Pilha de lítio.
14 Eletricidade & Eletrônica Básica
No grupo de geradores secundários, existem dois tipos que possuem muitas aplicações:
¾¾ Bateria de chumbo;
¾¾ Bateria de níquel-cádmio.
Tipos de Pilhas
As pilhas mais usadas atualmente são as de zinco-carbono, as quais possuem a forma de um
cilindro, cujo volume determina a quantidade de energia que elas podem fornecer. Seu pólo negati-
vo é formado pelo invólucro externo. O cilindro central de carbono, coberto por um capuz metálico
e isolado do invólucro, constitui o pólo positivo. Essas pilhas fornecem uma tensão de 1,5 V.
As pilhas alcalinas são formadas por um anodo de zinco com superfície ampla e por um
catodo de óxido de manganês de densidade elevada. Elas se diferenciam das de zinco-carbono,
principalmente, pela composição do eletrólito, que é de hidróxido de potássio, e por apresentarem
quase o dobro da capacidade de energia, com uma duração sete vezes maior e uma impedância
interna muito mais baixa. Por isso são altamente eficientes nas aplicações que requerem longos
períodos de alimentação com correntes elevadas.
A tensão nominal das pilhas alcalinas é de 1,5 V, e sua voltagem permanece constante
durante um período mais longo, o que garante uma operação mais estável do equipamento que
alimenta. São particularmente usadas para alimentação de jogos eletrônicos, filmadoras, gravadores
e toca-fitas, além de equipamentos de iluminação de emergência. Em relação às pilhas zinco-
carbono, seu custo é mais elevado.
Existem outros tipos de pilhas, os quais não serão comentados neste livro.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 15
Baterias de Níquel-Cádmio
Essas baterias também apresentam o mesmo processo de carga e descarga que observamos
nas de chumbo, mas com diferenças significativas quanto ao funcionamento.
Uma bateria elementar de níquel-cádmio é formada por dois eletrodos separados por um
isolante, enrolados um sobre o outro e imersos num eletrólito. O eletrodo positivo ou anodo é
constituído de níquel e tem sobre a superfície externa um composto mais ativo, à base de hidróxido
de níquel. O eletrólito é constituído por uma solução de hidróxido de potássio.
Quando entre os dois eletrodos se interpõe uma resistência de descarga, uma diferença de
potencial é produzida e surge uma corrente, que dá início ao processo de descarga da bateria.
No decorrer do processo de carga, a bateria é submetida a uma tensão externa inversa, e os
hidróxidos dos eletrodos se decompõem, liberando cádmio, níquel e água. Depois de um determi-
nado tempo, a bateria fica exatamente como nas condições iniciais.
As baterias de níquel-cádmio custam quase o triplo das de chumbo, mas oferecem vanta-
gens. Podem ser conservadas em estoque tanto carregadas quanto recarregadas, sem que sua dura-
16 Eletricidade & Eletrônica Básica
bilidade seja afetada. Alguns modelos podem realizar 30 mil ciclos de cargas e descargas.
Em geral, essas baterias são indicadas quando há necessidade de um modelo leve e portátil,
de longa duração e que dispense manutenções periódicas.
A figura acima mostra um circuito com suas resistências ligadas em paralelo. Note que,
nesse caso, Vae = Vbe = Vce = Vde.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 17
I = I1 + I2 + I3
A resultante equivalente de resistências em paralelo é a soma dos inversos de todas as resis-
tências, que nesse caso específico é:
Vae = Vbe = Vce = Vde
Vae/Re = Vbe/R1 + Vce/R2 + Vde/R3 = Vae/R1 + Vae/R2 + Vae/R3
Leis de Kirchhoff
Gustav Kirchhoff estabeleceu duas leis que auxiliam na resolução de circuitos complexos,
que muitas vezes não pode ser conseguida através da resistência equivalente.
1ª Lei: A soma das correntes que chegam a um nó do circuito é igual à soma das correntes
que se afastam.
2ª Lei: A soma dos produtos das correntes pelas resistências em cada malha do circuito é
igual à soma algébrica das forças eletromotrizes dessas malha.
Observe que entre os pontos H, C e F não existem resistências, de forma que esses três
pontos possuem o mesmo potencial elétrico, que é o potencial elétrico do terminal positivo da
bateria GC.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 19
Note ainda que o potencial elétrico do ponto A é zero, pois ele está aterrado. Portanto,
estando A aterrado, o potencial elétrico do ponto B é de +10 V, devido à bateria AB.
Por esse circuito simplificado, temos:
5i + 5i - 5 + 5i - 10 = 0
15i = 15
i=1A
Lembre-se de que uma corrente elétrica que flui sobre uma resistência provoca uma ddp
entre os terminais da resistência, sendo que o sentido dessa ddp (do potencial mais baixo para o
potencial mais alto) é o mesmo sentido da corrente elétrica.
VBG = 10 V - 5 V = 5 V (VB = 10 V e VG = 5 V)
VF = 10 V, o que comprova que realmente esse ponto possui o mesmo potencial do ponto
C, conforme já havíamos deduzido anteriormente.
20 Eletricidade & Eletrônica Básica
Circuito delta
Existe um outro tipo de disposição de resistências, conforme mostra a próxima figura. Este
tipo de circuito é denominado “circuito estrela”.
Circuito estrela
Em se tratando de circuitos complexos, é possível a conversão de circuitos delta em circuito
estrela, conforme apresentado a seguir.
Conversão de circuito delta em circuito estrela
Capacitores
O capacitor tem como função armazenar cargas elétricas. Observe a figura a seguir.
Indução de cargas
Quando se conecta o terminal positivo da bateria na bateria de esfera metálica, os elétrons
livres irão fluir para esta e atingir o equilíbrio elétrico, que acontece quando o potencial de energia
elétrica no condutor é igual ao potencial elétrico do terminal positivo da bateria (+V).
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 21
Esquemático de um capacitor
Note que a esfera metálica interna está envolvida por uma outra esfera metálica ligada ao
terra. Nesse caso, a carga acumulada será maior do que C*V, pois, à medida que a esfera interna se
mantém carregando positivamente, essas cargas positivas vão induzindo cargas negativas na esfera
externa, de tal forma que a esfera interna só consegue atingir o potencial V de equilíbrio quando
recebe uma carga Q1 > Q.
As esferas interna e externa recebem o nome de armaduras do capacitor.
Para aumentar ainda mais a eficiência desse sistema de armazenamento de cargas (capaci-
tor), é inserido um material isolante (dielétrico) entre as duas armaduras do capacitor, por exemplo,
papel, mica, óleo, etc.
O que realmente acontece é que sairão elétrons da esfera interna para a bateria, até o ponto
de equilíbrio V. Nesse ponto de equilíbrio, o potencial elétrico da esfera interna é V, enquanto o
potencial elétrico da esfera externa possui o mesmo potencial do terra (teoricamente zero).
Na prática, os capacitores geralmente são planos e representados de acordo com o mostrado
na próxima figura.
Observe ainda que tanto faz você ligar a armadura B (negativa) ao terra, estando o borne
negativo ligado ao terra, como ligá-lo ao borne negativo da bateria. Em ambos os casos, a ddp entre
as armaduras do capacitor será V.
Então E = Q/(εo*A).
i e V em função do tempo
Observe que enquanto a tensão nos terminais do capacitor cresce exponencialmente até o
capacitor ficar completamente carregado, quando então a tensão alcança seu valor máximo V. se
estabilizar em V, a corrente no circuito decresce exponencialmente de i = V/R até zero.
Por outro lado, quando se abre o circuito (chave na posição inferior) o capacitor se descar-
rega (chave na posição inferior) e a tensão no capacitor decresce exponencialmente de V até zero,
enquanto a corrente no circuito, deceresce de i = V/R até zero.
Tendo em vista que R é dado em Ohm e C em Farads, o produto RC das equações de carga
e descarga do capacitor possui dimensão de segundo. Esse produto é denominado de constante de
tempo do circuito, o qual determina o desempenho do capacitor referente a sua carga e descarga.
Apesar de que de acordo com as equações acima detalhadas o tempo para carga (ou des-
carga) do capacitor é infinito, na prática se adota o valor de cinco constantes de tempo para deter-
minar o tempo de carga (ou descarga) do capacitor. Na realdidade nesse momento o capacitor está
com 99,2% de sua capacidade máxima de armazenamento de carga.
NOTA: A força elétrica entre duas cargas elétricas (Q1 e Q2) no vácuo distanciadas de
d é Fe = Ko*Q1*Q2/d2. Ko é a “Constante de proporcionalidade”, na qual o vácuo é de
9*109 (no sistema SI). Existe a seguinte relação entre Ko e εo:
Ko = 1/(4*π*εo)
W = C.V2/2 ( Joule)
Vamos fazer a analogia entre um circuito elétrico, e a figura abaixo, a qual representa o mo-
vimento de bolas em um plano inclinado. Observe, que para a colocação das bolas na parte mais
alta da rampa, é necessário se aplicar trabalho nas mesmas, a fim de transporta-las da parte mais
baixa da rampa, para a parte mais alta da mesma.
24 Eletricidade & Eletrônica Básica
Como na prática r é muito pequeno, é costume desprezá-lo. Daí a f.e.m = U, o que gera
confusão, pois nesse caso a f.e.m. do gerador é igual à ddp no circuito.
A representação simbólica de um gerador (sentido convencional de corrente) é feita a seguir.
ε - i*R - ε´ - i*r = 0
ε´ = ε - i*R - i*r
ε´ = ε - V - i*r
Quando se executa um movimento ou se produz calor, luz, radiação, etc., estamos con-
sumindo energia. A quantidade de energia consumida por segundo para a produção do acima
referido é denominada de potência.
No caso específico do consumo de energia elétrica por segundo, trata-se de potência elétrica.
Existe a seguinte relação entre potência (P), tensão (V) e corrente (I):
P = f.e.m.*I, que, em termos práticos, significa P = V*I (em watt – W)
Como V = I*R, então:
P = I2*R
Velocidade angular
A velocidade angular (w) pode ser definida como o ângulo que um corpo em movimento
circular atinge no período de tempo de um segundo. Suponha que o corpo com velocidade tangen-
cial v (no caso do movimento circular, a velocidade tangencial é perpendicular ao raio do círculo)
consiga realizar 60 voltas em um segundo. Se isso acontecer, lembrando que 360 graus corresponde
a 2π radianos, então a velocidade angular desse corpo será de 2π*60 radianos por segundo.
Generalizando, a velocidade angular de um corpo em movimento circular pode ser calcu-
lada com esta fórmula:
w = 2π*n, onde n é o número de voltas por segundos
Observe que, após o período de tempo de 1/60 segundos, o corpo iniciará uma nova volta.
Decorridos 2/60 segundos, ele iniciará uma terceira, e assim sucessivamente. Concluímos com isso
que, após o período de tempo de 1/60 segundo, esse corpo irá repetir a mesma trajetória já execu-
tada no período de tempo anterior, também de 1/60. Esse período de tempo mínimo necessário
para que um corpo em movimento circular percorra toda a sua órbita é denominado de período
(T). Com base no que foi dito acima, n = 1/T.
A freqüência (f ) de um corpo em movimento circular pode ser definida como o número de
voltas que esse corpo consegue realizar por segundo. No caso do nosso exemplo, sua freqüência é
de 60 voltas por segundo, ou seja, 60 hertz (Hz).
Note que, apesar de estarmos estudando o caso de um movimento circular, o conceito de
freqüência pode ser aplicado de modo generalizado. Por exemplo, se o movimento repetitivo de
sobe e desce de uma mola é de 150 vezes por segundo, então a freqüência desse movimento será
de 150 Hz.
Pelo acima exposto, concluímos que f = 1/T, e como w = 2π*n, então w = 2π*/T = 2π*f, e T
= 2π/w.
Observe a figura a seguir.
Suponha que na parte esquerda da figura acima o raio do círculo seja unitário e que esteja
se deslocando no sentido anti-horário, com uma determinada velocidade angular (w). A ponta
desse raio, representada pela seta, irá se colocar em todas as posições do círculo durante o seu
movimento, a partir do ângulo de zero grau. O posicionamento dessa seta pode ser calculado para
um determinado período de tempo (t), supondo-se que esse período começa a ser medido a partir
de sua posição no ângulo zero pelo ângulo que o raio faz a partir desse ângulo zero, através da
seguinte relação:
θ = w*t
É possível representar esse movimento circular através de um gráfico senoidal, conforme
mostra a parte direita da figura, que mostra no eixo X os ângulos (w*t) e no eixo Y, o valor do seno
de cada um desses ângulos.
Observe que o valor máximo da ordenada y é 1 e que, por exemplo, quando w*t = n*2π +
π/4 (π/4 = 45°), sendo n um número inteiro, o valor da ordenada y é 0,707, que é o valor do seno
de 45°.
Aplicando-se o acima exposto, a representação de qualquer fórmula com ciclos repetitivos,
com determinada freqüência, pode ser representada segundo esta fórmula:
Magnetismo
Campo magnético
Alguns materiais conseguem atrair pedaços de ferro, propriedade denominada de “magne-
tismo”.
A magnetita, cuja fórmula química é Fe3O4, é um desses materiais magnéticos encontrados
livres na natureza, também denominados de “ímãs naturais”.
Quando se aproxima um pedaço de ferro, principalmente, tanto a uma das extremidades
(pólos) de um ímã em forma de barra quanto a outra, o pedaço de ferro é atraído e adere ao ímã.
Apesar de o pedaço de ferro ser atraído por ambas as extremidades do ímã, essas extremi-
dades possuem propriedades magnéticas opostas, e por isso uma delas é denominada “pólo norte”,
e a outra, “pólo sul”.
Experimente aproximar duas barras de ímãs, ambas penduradas em um pedaço de fio. Você
poderá observar que as barras imantadas irão girar até que os pólos norte e sul das duas barras se
atraiam. Esta é regra fundamental da teoria do magnetismo: “Pólos de nomes contrários se atraem,
enquanto pólos de mesmo nome se repelem”.
A bússola, inventada há muito tempo pelos chineses, utiliza essa regra fundamental. Ela é
uma agulha imantada que pode girar livremente e sempre aponta para a direção norte-sul da Terra,
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 29
devido ao fato de que a Terra pode ser vista como um gigantesco ímã, com um pólo norte e um
pólo sul magnéticos
Por convenção, o pólo norte da agulha da bússola aponta para o pólo norte da Terra. Obser-
ve que na realidade é o contrário, ou seja, o pólo sul da agulha imantada da bússola é que é atraído
pelo norte terrestre.
Existem também ímãs em forma de ferradura, os quais concentram as linhas de força de
forma mais adequada.
A figura a seguir mostra o que acontece quando se colocam limalhas de ferro sobre a super-
fície de um papel e se aproxima um ímã no verso dele.
Observe na figura que as limalhas de ferro se espalham pela superfície do papel, mostrando
as linhas de força do campo magnético do ímã.
O campo magnético é definido como o espaço ao redor de um ímã cujas características ficam
alteradas, e ocorrem os fenômenos de atração e repulsão. Quando se coloca uma agulha imantada em
um campo magnético, ela irá se posicionar na tangente a uma das linhas de força do campo magnético,
que passa pelo ponto onde a agulha imantada está situada, conforme mostra a próxima figura.
Da mesma forma que uma carga elétrica origina um campo elétrico, no qual para cada pon-
to se associa um vetor denominado vetor campo elétrico ( ), também se associa para cada ponto
de um campo magnético, um vetor denominado vetor indução magnética, também conhecido
simplesmente por vetor campo magnético ( ).
Vale salientar, conforme veremos a seguir, que existem várias maneiras de se produzir um
campo magnético (e não apenas através de um imã), como, por exemplo, através de um condutor
onde circula uma corrente elétrica.
30 Eletricidade & Eletrônica Básica
Fluxo Magnético
Imagine a existência de um pólo magnético com valor unitário inserido em um ponto de
um campo magnético. A força que o campo irá exercer sobre esse pólo é definida como a intensi-
dade do campo magnético nesse ponto.
O fluxo magnético (φ) devido a um campo magnético é definido de acordo com a seguinte
expressão:
φ = H*A*Cos(θ), onde H é o campo magnético, A é a superfície da área atravessada pelo
campo magnético e θ é o ângulo entre a normal ao plano da superfície de área A e o vetor H.
A unidade de fluxo magnético no SI é o weber (Wb), em homenagem ao físico alemão W.
Weber. Medindo-se B em tesla (T) e A em m2, teremos:
1 Wb = 1 T. m2
Observe que, à medida que o ângulo θ se aproxima de 90°, o fluxo magnético aumenta. De
modo inverso, quando θ se aproxima de zero, o fluxo magnético diminui. Isso ocorre porque no
primeiro caso haverá mais linhas de indução atravessando a superfície.
Você pode interpretar o fluxo magnético como o número de linhas de indução do campo
magnético que atravessam essa superfície. Quanto maior for esse número, maior será o valor de ø.
Observe na próxima figura que, apesar de possuírem a mesma área, o fluxo magnético 1
é maior do que fluxo magnético 2, pois o primeiro apresenta uma maior quantidade de linhas de
indução sobre a mesma área considerada.
Lei de Biot-Savart
Imagine um condutor no vácuo, percorrido por uma corrente i, conforme mostra a figura
a seguir.
Considere um pedaço minúsculo desse condutor (∆l). Sendo que a distância entre ∆l e um
ponto (p) é igual a d, e α é o ângulo entre ∆l e d, a lei de Biot-Savat determina o vetor de indução
magnética elementar ∆H, devido ao fato de a corrente i. O vetor campo magnético apresenta as
seguintes características no ponto p:
¾¾ Sentido: determinado pela regra da mão direita nº 1: “Coloque a mão direita com
os quatro dedos, excluindo o polegar, no plano P, com os quatro dedos apontando de
∆l para o ponto p. Coloque o dedo polegar apontando para o sentido da corrente. O
sentido do campo magnético no ponto p será conhecido, se você empurrar a sua mão
de trás para frente”.
O vetor campo magnético (H) no ponto O possui direção perpendicular ao plano da espira,
determinado por R e α = 90º), sentido de acordo com a regra da mão direita número 1 (entrando
no papel), e intensidade calculada da seguinte forma:
As linhas de indução do campo magnético saem do pólo norte e chegam no pólo sul. Pode-se
utilizar o artifício de que para o caso das linhas de indução em uma espira, se a corrente estiver fluindo
no sentido horário (olhando-se de frente para espira), o pólo será sul. No caso contrário (sentido da
corente no sentido anti-horário, o pólo será norte. A próxima figura ilustra o acima descrito.
Linhas de indução do campo magnético criado a partir da passagem de uma corrente através de
um condutor reto
Conforme você pode observar, as linhas de indução são circunferências concêntricas lo-
calizadas em planos perperdiculares ao contutor reto. Para você conhecer o sentido do campo
magnético imagine sua direita sobre o condutor com dedo polegar apontando para o sentido da
corrente. Os outros quatro, os quais estão enrolados em trono do condutor determinam a o sentido
do campo magnético.
O campo magnético em um ponto (p) localizado a uma distância (d) do condutor reto é
determianado da seguinte forma:
A figura a seguir mostra o campo magnético criado pela passagem de uma corrente em
condutor reto.
34 Eletricidade & Eletrônica Básica
Na figura acima o ponto significa dizer que a linha de indução está nio sentido saindo do
papel, enquanto o (x) significa dizer que a linha de indução está no sentido entrando no papel.
Circulação (ou circuitação) (c) de um vetor é um conceito que auxilia os cálculos matemá-
ticos para encontrar a intensidade do campo magnético. Esse conceito diz que em um percurso
plano fechado, existindo um vetor (V) no plano do percurso fecahdo, o elemento de circulação do
vetor em relação ao deslocamento Δl é dado por:
Circulação de um vetor
O valor total da circulação do vetor é a somatória de todos os elementos de circulação de
(V), ou seja:
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 35
Lei de Ampère
A figura a seguir mostra um percurso fechado atravessado por três condutores retos com
corentes i1, i2, e i3, as quais proprocionam os vetores campo magnético , em todos os pontos desse
percurso fechado.
Força Magnética
Força Magnética sobre Carga Móvel em Campo Magnético Uniforme
Uma carga em movimento cria, no espaço em torno dela, um campo magnético. Imagine,
agora, uma carga elétrica se movimentando dentro de um campo magnético. Nesse caso existe
uma interação entre o campo originado pela carga em movimento e o campo magnético existente.
Como conseqüência, a carga em movimento fica sujeita a uma força magnética (.
Observe a figura a seguir, que mostra uma carga q se deslocando dentro de um campo
eletromagnético uniforme.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 37
Quando uma carga em movimento penetra em um campo magnético, ela sofre uma modi-
ficação na sua trajetória em função da direção de sua velocidade e da força magnética que atua na
mesma. A próxima figura mostra que se o vetor velocidade uniforme v é paralelo ao vetor indução
magnética, a carga não sofre modificação na sua trajetória e continua em movimento retilíneo
uniforme.
38 Eletricidade & Eletrônica Básica
Vetor v paralelo ao vetor campo magnético. Nesse caso a carga continua em movimento retilí-
neo uniforme
Vetor v perpendicular ao vetor campo magnético. Nesse caso a carga fica em movimento circu-
lar uniforme
Vetor v oblícuo ao vetor campo magnético. Nesse caso a carga fica em movimento helocoidal
cilíndrico uniforme
Observe na figura abaixo que se a corrente i2 possui o mesmo sentido da corrente i1, haverá
atração entre os dois condutores. Caso contrário, haverá repulsão.
Raciocínio idêntico pode ser aplicado para encontrar a força magnética que age sobre o
outro condutor.
Substâncias Magnéticas
Imagine a existência de três solenóides com núcleos de ferro, aço temperado e cobre, res-
pectivamente. Inserindo-se a mesma corrente nos três solenóides, nota-se que a intensidade do
campo magnético originado no interior do solenóide com núcleo de aço temperado é muito maior
do que a do campo magnético no solenóide sem núcleo (H0), e que a intensidade do campo mag-
nético solenóide com núcleo de ferro apesar de também ser maior do que a intensidade de campo
magnético H0, é menor do que a intensidade de campo magnético do solenóide com núcleo de
aço temperado. Por outro lado o solenóide com núcleo de cobre apresenta intensidade de campo
magnético ligeiramente menor que H0. Existem três grupos de substâncias com relação ao mag-
netismo:
Diamagnéticas: Levando-se em consideração o acima exposto, o cobre pode ser conside-
rado uma substância diamagnética, uma vez que apresentou uma contribuição para o enfraqueci-
mento da intensidade do campo magnético originado no interior do solenóide, em relação a H0.
Outro exemplo de substância diamagnética é o bismuto.
Paramagnéticos: Substâncias que apresentam apenas uma pequena contribuição para o
aumento do campo magnético originado no interior do solenóide, em relação a H0. Exemplos de
substâncias paramagnéticas são: manganês, cromo, estanho, alumínio, platina, etc.
Ferromagnéticas: Substâncias que apresentam grande contribuição para o aumento do
campo magnético originado no interior do solenóide, em relação a H0. Exemplos de substâncias
ferromagnéticas são: ferro, cobalto, níquel, gadolíneo, disprósio e ligas especiais, especialmente o
aço temperado. Essas substâncias tornam a intensidade do campo magnético no interior do sole-
nóide centenas de milhares de vezes maiores do que H0.
Histerese Magnética
Quando se imanta uma substância ferromagnética (por exemplo, o núcleo de um sole-
nóide) ela permanece imantada, mesmo após a corrente cessar, originando uma intensidade de
campo magnético residual (imantação). O motivo dessa imantação, é que devido á passagem da
corrente elétrica, os elétrons ficaram orientados de forma a produzir um campo magnético. Para
desimantar essa substância, precisamos inserir uma corrente no solenóide com sentido contrário
ao da corrente aplicada anteriormente. Portanto, essas substâncias são utilizadas para a fabricação
de imãs permanentes.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 41
Eletro-Imã
Um eletro-imã pode ser obtido através de ferro doce (ferro inicialmente aquecido e, em
seguida, esfriado lentamente), no qual é enrolado um condutor, conforme mostra a figura abaixo.
Esquemático de um eletro-imã
Quando a corrente passa pelo enrolameto o ferro torna-se imantado, porém ao cessar a
corrente o ferro torna-se novamente desimantado. Por outro lado se a corrente possuir sentido
contrário ao da corrente anteriomente inserida nesse sistema a polaridade do ferro imantado é in-
vertida em relação à situação da corrente anterior. A armadura é a parte do eletro-imã que é atraída
quando o ferro doce está imantado, e que se desprende quando cessa a corrente.
Um exemplo da aplicação de eletro-imã é em campainhas, conforme ilustra a Próxima
figura.
Indução Eletromagnética
Toda vez que o fluxo magnético que atravessa um circuito varia com o tempo, surge nesse
circuito uma f.e.m. induzida. Esse fenômeno é chamado de indução eletromagnética, e o circuito
onde ele ocorre é chamado de circuito induzido. Nesse caso se colocarmos um amperímetro em
série nesse circuito, observamos, no amperímetro, uma corrente induzida, a qual cessa, quando
cessa a variação do fluxo magnético.
Corrente Induzida
Você pode gerar uma corrente elétrica utilizando um ímã. Para comprovar isso, aproxime as
extremidades de uma bobina a um amperímetro de grande sensibilidade. Uma vez que não existe
um gerador de tensão nesse circuito, o ponteiro do instrumento indicará intensidade zero.
Se, porém, você aproximar da bobina um dos pólos de um ímã, o ponteiro do amperímetro
sofrerá um desvio, revelando que uma corrente percorre o circuito. Se você parar o deslocamento
do ímã, o ponteiro retorna a zero e assim permanece enquanto você não voltar a mover o ímã.
Se você afastar o ímã da bobina, o ponteiro voltará a se deslocar, mas para o lado oposto,
ou seja, esse movimento do ímã também provoca uma corrente, porém que circula em sentido
contrário ao percorrido enquanto o ímã se aproximava. Portanto, sempre que um circuito é atra-
vessado por um campo magnético externo que, por qualquer razão, varia com o tempo, é gerada
uma corrente induzida nesse circuito.
A figura a seguir mostra um circuito fechado, porém com um dos seus lados podendo se
mover, o qual está sendo atravessado por um campo magnético uniforme. Estando o condutor
móvel em movimento, os elétrons desse condutor obviamente também estarão se deslocando em
relação ao campo magnético, o que origina uma forma magética nos elétrons desse condutor mó-
vel, cujo sentido pode ser determinado através da regra da mão direita número 2.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 43
A força magnética atuando sobre os elétrons os desloca para uma das extermidades do con-
dutor móvel. Entretanto como esse condutor torna-se um dipolo elétrico o movimento dos elé-
trons devido à fôrça magnética cessa, quando a ddp gerada pelo campo elétrico for suficiente para
produzir uma fôrça elétrica nos elétrons com a mesma intensidade da força magnética. Entretanto,
como o condutor está contacto com o rstante do circuito, os elétrons são atraídos pelo potencial
mais alto da outra extremidade do condutor móvel, ocasionado a geração de uma corrente induzi-
da, a qual pode ser medida através do amperímetro. Note que essa ddp corresponde à fem de um
gerador elétrico, que nesse caso é denominada de fem induzida (e).
Sabendo-se que o campo elétrico uniforme U = E.d, onde U = e (fem) induzida), E é a
intensidade do campo elétrico e d é distância entre o ponto considerado e a fonte, que nesse caso é
l (comprimento do condutor móvel), temos que no interior do condutor móvel o campo elétrico é
E = U/d. Como Fm = Fe temos Hqv = qE, portanto e = e/l = Hv, e conseqüente e = H.v.l.
Enquanto o condutor permanece com velocidade v, haverá uma corrente induzida no cir-
cuito. Por outro lado, a corrente i no condutor móvel dentro do campo magnético H, proporciona
uam força magnética nesse condutor (F’m), conforme mostra a figura a seguir.
Portanto, para se conseguir uma velocidade constante para o condutor móvel, precisamos
aplicar uma força externa (Fext) no condutor móvel, a qual deve possuir o mesmo valor da força
magnética.
44 Eletricidade & Eletrônica Básica
Concluímos, então, que para se obter uma corrente induzida é necessário a aplicação de
uma fôrça externa, a fim de que a energia elétrica possa ser gerada devido à aplicação do trabalho
realizado pela força externa.
Observe que se invertermos o sentido de deslocamento do condutor móvel, a corrente
induzida fluirá em sentido oposto ao da corrente anteriormente obtida.
Podemos afirmar que somente haverá corrente induzida se o fluxo magnético que atravessa
o circuito fechado varia em relação ao tempo, (aumentando-se ou diminuindo-se o fluxo magné-
tico), conforme veremos mais a frente.
Note que, do mesmo modo ocorrido no item anterior, foi preciso um trabalho externo para
gerar a corrente induzida. Nesse caso foi o trabalho gerado para afastar ou aproximar o imã do
solenóide.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 45
A próxima figura mostra outra maneira para obtenção de corrente induzida em cir-
cuito fechado.
Sendo Ø a variação de fluxo magnético ocorrida num intervalo de tempo t, temos a
seguinte expressão de acordo com a Lei de Faraday – Neumann:
e = -Ø /t
ou seja,
46 Eletricidade & Eletrônica Básica
Auto-Indução
Observe na figura abaixo, que a corrente elétrica origina o campo magnético H, o qual
produz o fluxo magnético Φ.
Φ = L.i
Note que o intervalo de tempo necessário para o surgimento de uma corrente constante no
circuito, ou para seu desaparecimento, depende da indutância L e da resistência elétrica do circuito.
É bom lembrar que a faísca que surge nos contactos da chave de um circuito que apresenta indu-
tância acontece devido ao exposto acima.
Correntes de Foucault
As correntes induzidas não surgem apenas em condutores na forma de fio. Um grande
volume condutor também está sujeito às correntes induzidas geradas através de um campo mag-
nético variável. Essas correntes induzidas podem surgir em grande número de percursos fechados
dentro do volume condutor. Em cada um desses percursos fechados surge uma f.e.m. responsável
pela corrente induzida, que nesse caso é denominada de corrente de Foucault, em homenagem a
Léon Foucault.
As correntes de Foucault produzem aquecimento no volume condutor devido às dissipa-
ções de energia.
Os fornos de indução estão baseados nessas correntes. Outra aplicação possível para elas
é na frenagem de trens rápidos. Por exemplo, os trens do metrô de São Paulo utilizam a corrente
de Foucault para frenagem. Para tal, ela é obtida através de um eletro-imã localizado próximo ao
trilho, quando o operador precisa frear o trem, ele aciona um circuito que passa pelas espiras do
eletro-imã. Dessa forma o campo magnético do eletro-imã gera correntes de Foucault nos trilhos
e o resultado é a dissipação da energia de rotação das rodas do trem.
Bobinas de Indução
Os automóveis mais antigos se baseavam na bobina de indução (bobina de Ruhmkorff )
para a obtenção da queima de combustível em momento oportuno.
A bobina de indução consegue gerar altas ddps uma vez que é basicamente constituída por
um solenóide com fios grossos com espiras (denominado enrolamento primário).
O núcleo cilíndrico do solenóide é constituído por arames de ferro justapostos, porém
isolados uns dos outros para evitar as correntes de Foucault.
Acima do solenóide está o que se denomina de enrolamento secundário, conforme detalha
a próxima figura, o qual é constituído por fios de cobre finos formando um circuito aberto.
Esquema do circuito da bobina de indução para queima do combustível nos automóveis com
motores à explosão.
Observe na figura acima que a chave do circuito é o platinado que abre e fecha o circuito
aproveitando o próprio movimento do automóvel. Note que o circuito é fechado através da terra (o
pólo negativo da bateria é aterrado utilizando-se a carcaça metálica do automóvel). A saída positi-
va do enrolamento secundário é conectada ao distribuidor, o qual fornece a alta ddp necessária, no
momento certo, ao cilindro onde será queimado o combustível. A queima do combustível é obtida
através da faísca que surge na vela devido a alta ddp gerada na bobina, em relação a terra, e que está
presente no pólo positivo da vela (parte inferior direita da figura acima).
NOTA: A palavra espira da unidade ampère-espira pode não ser mencionada, ficando
apenas ampère. É usado o mesmo símbolo da unidade de corrente (A).
Transformador
Tanto a bobina (ou indutor) quanto o transformador (ou trafo) são componentes formados
basicamente por fios enrolados em espiras. A bobina tem apenas um enrolamento, enquanto o
transformador possui dois ou mais enrolamentos.
A próxima figura mostra o esquema de um transformador no qual podemos observar o
enrolamento primário, chamado assim porque recebe a corrente de excitação que produz o fluxo
magnético. O enrolamento que se concatena com o fluxo magnético gerado a partir do enrolamen-
to primário é o enrolamento secundário. Observe que qualquer um dos dois enrolamentos pode ser
excitado, sendo isso uma questão puramente de conveniência, e, portanto, qualquer dos dois pode
ser primário ou secundário.
A próxima figura mostra o esquema de um transformador com carga, ou seja, utilizado para
alimentação elétrica de algum dispositivo.
Quando a corrente de carga circula no enrolamento secundário, a f.m.m. que ela gera é
cancelada por uma f.m.m. igual e oposta no enrolamento primário, produzida por um aumento
apropriado da corrente primária.
Desta forma, igualando-se, então, as f.m.m. devido às correntes de carga, temos:
i2*N2 = i1*N1
Ou seja:
(i2/i1) = (N1/N2)
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 51
Portanto:
Por essa equação concluímos que a potência aparente fornecida ao primário é igual à po-
tência aparente fornecida à carga (transformador ideal).
Corrente Alternada
A tensão de uma bateria carregada, por exemplo, é contínua, ou seja, é sempre a mesma em
qualquer período de tempo. Se a fonte de tensão é contínua, a corrente que surgirá em uma carga
inserida em um circuito sobre a ddp dessa fonte também será contínua.
A corrente alternada acontece quando a fonte de tensão varia seu valor em relação ao tem-
po. Por exemplo, a tensão da energia elétrica de nossas residências é alternada com freqüência de
60 Hz, ou seja, ela varia de forma senoidal, 60 vezes por segundos (ciclos de 1/60 segundo). Se,
numa hipótese, a tensão máxima da tensão alternada for de 380 V e sua freqüência for de 60 Hz, a
sua tensão instantânea (em um determinado período de tempo) poderia ser representada conforme
a seguir:
Vi = V*sen(2*π*f*t)
Vi = 380*sen(2*π*60*t)
A próxima figura mostra um campo magnético uniforme atravessando uma espira de área
A com movimento circular uniforme (com velocidade angular = w) em torno do eixo X-Y. É n
a normal ao plano da espira e θ é o ângulo entre essa normal, e o vetor indução magnética H.
52 Eletricidade & Eletrônica Básica
Gráfico de θ versus t
Lembre-se de que quando uma corrente alternada atravessa um circuito, os elétrons livres
oscilam no condutor com amplitudes que variam de acordo com a freqüência da corrente alterna-
da. A corrente alternada das concessionárias de energia elétrica no Brasil é de 60 Hz.
Se a corrente alternada possuir freqüência muito alta a oscilação dos elétrons pode gerar o
chamamos de ondas eletromagnéticas (detalhes mais a frente).
Alternador e Dínamo
A geração de corrente alternada pode ser obtida através de um alternador. Quando o con-
junto de espiras (armadura) gira, seus terminais soldados a anéis metálicos giram também esses
anéis metálicos, os quais estão em contacto com as escovas (geralmente grafite). É chamado coletor
o conjunto constituído pelos anéis e escovas. As escovas estão ligadas ao circuito que recebe a cor-
rente alternada produzida nesse processo.
As usinas geradoras de eletricidade não são mais que gigantescos alternadores onde se
aproveita a energia da queda d’água (turbina), no caso de hidrelétricas, ou do vapor, no caso das
termoelétricas, para girar as gigantescas armaduras.
54 Eletricidade & Eletrônica Básica
Os alternadores mais sofisticados podem fornecer corrente induzida quase contínua. Nes-
ses alternadores os anéis são substituídos por comutadores que proporcionam a produção da cor-
rente em um único sentido.
Impedância
Diferentemente do que ocorre em circuitos com tensão contínua, nos quais só existem
resistências e apenas estas se opõem à passagem da corrente elétrica, em circuitos com tensão al-
ternada os capacitores e indutores também se opõem à passagem da corrente elétrica. Esse tipo de
oposição à passagem da corrente elétrica alternada é denominado “impedância” (ou reatância).
A impedância relativa aos capacitores é denominada de impedância capacitiva, enquanto a
relativa aos indutores é denominada impedância indutiva.
Ao se aplicar uma corrente alternada em um condutor elétrico ocorre outro tipo de oposi-
ção à passagem da corrente devido às variações dos valores instantâneos dessa corrente alternada.
Essa oposição é denominada “reatância”.
A reatância ocorre, por exemplo, quando a corrente alternada atravessa enrolamentos (mo-
tores, transformadores, reatores). Nesse caso, trata-se de uma reatância indutiva, que pode ser cal-
culada conforme apresentado a seguir:
XL = w*L = 2π*f*L, em que XL é a reatância indutiva (em ohms), w é a velocidade angular
e L é a indutância (em henrys)
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 55
Quando a corrente alternada atravessa capacitores, então a oposição à passagem dessa cor-
rente é definida como uma reatância capacitiva, que pode ser calculada de acordo com a seguinte
relação:
Quando a resistência está em série com a capacitância e/ou com a indutância, a impedância
é a resultante da soma vetorial das duas reatâncias e da resistência ôhmica, conforme detalha a
fórmula a seguir:
Impedância |Z| = [R2 + (XL - XC)2]1/2
Tg(θ) = X/R
Caso esteja a resistência (R) em paralelo com a indutância e/ou com a capacitância (X),
então a impedância resultante é:
56 Eletricidade & Eletrônica Básica
O fator de potência (cos(θ)) é Ir/I=0,334. Note que se trata de um fator de potência muito
baixo. A potência ativa é P = VxIxcos(θ) = 323,4W≈I2xR.
Escrita em forma de número complexo, a corrente alternada instantânea seria definida pela
seguinte expressão matemática:
Lembre-se de que se Z = a + jb, ou seja, |Z|∠ θ,
tgθ = b/a
A impedância é o número complexo Z = R + jX, ou na forma polar Z = |Z|(cosθ +jsenθ),
em que j² = -1, θ é o ângulo (argumento) de defasagem entre a tensão aplicada e a corrente no
circuito, |Z| é o módulo, R é a resistência elétrica e X é a resultante das reatâncias indutivas e capa-
citivas do circuito. Os engenheiros usam j no lugar do i para evitar confusão com o i de corrente.
58 Eletricidade & Eletrônica Básica
Note que, por exemplo, se Z1 = 5 + j5 = (50)1/2∠ 45, e Z2 = 6 + j6 = (72)1/2∠ 45, temos que se
Z = Z1 + Z2, Z = 11 + j11 = (242)1/2 ∠ 45 ≠ (242)1/2 ∠ 90. Isso vale para todas as outras operações
matemáticas.
A potência aparente é o número complexo P = Pr + jPx, ou seja, P = |P|(cosφ +jsenφ), onde
|P| é o módulo da potência, φ é o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente, Pr é a potência
real ou ativa (em Watts), Px é a potência reativa (em volt-ampére reativo).
O valor do cosφ (fator de potência) é importante na determinação do aproveitamento da
energia que está sendo gasta.
Veja na fórmula apresentada que quanto menor for a freqüência f, maior será a impedância
do capacitor. No caso limite, quando a tensão é contínua, a ddp entre os terminais das armaduras
do capacitor é a mesma ddp existente entre os terminais do gerador de tensão, e não haverá corren-
te através capacitor. Nesse caso, toda a corrente oriunda da fonte será aplicada sobre a resistência
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 59
de carga (Rc).
Por outro lado, quanto maior for a freqüência f, menor será a impedância do capacitor.
Nesse caso, quando a freqüência do gerador de tensão tende para o infinito, a impedância do capa-
citor tende para zero, o que significa dizer que toda a corrente irá fluir através do capacitor, e que a
corrente sobre o resistor Rc será nula.
Os princípios descritos sobre o capacitor são utilizados para a elaboração de circuitos ele-
trônicos de filtros de freqüência, sintonizadores de freqüência, retificadores de tensão, entre outras
inúmeras aplicações.
A tensão total aplicada aos terminais de R, L e C é a soma vetorial das tensões VC, VR e
VL, conforme mostra a próxima figura.
Circuito R, L, C Série
No diagrama fasorial, conforme ilustra próxima figura, a tensão na resistência está em fase
com a corrente, a tensão na indutância está adiantada em 90°, enquanto a tensão no capacitor está
atrasada em 90°. Consideremos que inicialmente a fase da corrente é nula.
Representação fasorial de R, L e C
60 Eletricidade & Eletrônica Básica
Imaginemos que o circuito é indutivo (VL > VC). A tensão total e impedância totais podem
ser obtidas através da soma vetorial das três tensões, conforme detalha a próxima figura.
Motores Elétricos
Vimos anteriormente que um campo magnético exerce força sobre cargas elétricas em mo-
vimento. Como uma corrente elétrica é um fluxo de cargas elétricas em movimento num condutor,
conclui-se que todo condutor percorrido por uma corrente elétrica, imerso num campo magnético,
pode sofrer a ação de uma força.
Em um motor há dois eletroímãs e um impulsiona o outro. O eletroímã tem algumas van-
tagens sobre um ímã permanente: 1) podemos torná-lo mais forte; 2) seu magnetismo pode ser
criado ou suprimido; e 3) seus pólos podem ser invertidos.
Um ímã permanente tem os pólos norte e sul definidos. Um eletroímã também os tem,
mas a característica de cada pólo (norte ou sul) depende do sentido da corrente elétrica. Quando
alteramos o sentido da corrente, a posição dos pólos também se altera (do norte para o sul e do sul
para o norte).
Motor CA síncrono
O motor síncrono CA usa eletroímãs como estatores para fazer girar o rotor (que é um ímã
permanente). O rotor gira com freqüência igual ou múltipla da freqüência CA da rede elétrica.
Esse motor é essencialmente idêntico a um gerador elétrico.
Um gerador elétrico utiliza o trabalho mecânico para produzir a energia elétrica, enquanto
um motor usa a energia elétrica para produzir trabalho mecânico. O rotor, na ilustração anterior, é
um ímã permanente que gira entre dois eletroímãs estacionários. Como os eletroímãs são alimen-
tados por corrente alternada, seus pólos invertem suas polaridades conforme o sentido da corrente
é invertido. O rotor gira, uma vez que o seu pólo norte é ”puxado” primeiramente para o eletroímã
esquerdo e ”empurrado” pelo eletroímã direito. Cada vez que o pólo norte do rotor está a ponto de
alcançar o pólo sul do eletroímã estacionário a corrente se inverte e esse pólo sul se transforma em
pólo norte. Dessa forma, o rotor gira continuamente, completando uma volta para cada ciclo da
corrente alternada.
Como sua rotação é perfeitamente sincronizada com as reversões da CA, esse motor é de-
nominado “motor elétrico síncrono da CA”. Os motores da bomba d’água e de máquinas de lavar
roupa, por exemplo, são desse tipo. Os motores CA síncronos são usados somente quando uma
velocidade angular constante é essencial para o projeto.
Motor CA de Indução
Alguns motores de corrente alternada possuem rotores que não são ímãs permanentes, nem
eletroímãs convencionais. Esses rotores são feitos de metais não-magnéticos, como o alumínio,
e não têm nenhuma conexão elétrica, porém seu isolamento elétrico não os impede de ficarem
magnetizados (ou imantados).
Quando um rotor feito de alumínio é exposto a campos magnéticos alternados, correntes
elétricas começam a fluir por ele, e essas correntes induzidas tornam o rotor magnético (indução
eletromagnética). Esses tipos de motores, que usam esse fenômeno para tornarem seus rotores
magnetizados, são chamados de “motores CA de indução”.
Os motores de indução são, provavelmente, o tipo o mais comum de motor CA. Eles estão
embutidos em muitos eletrodomésticos (como ventiladores, motores de toca-discos, etc.) e podem
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 63
ser observados em aplicações industriais, pois fornecem bom torque, começam a girar com facili-
dade, além de serem baratos.
Um motor de indução trabalha movendo um campo magnético em torno do rotor – o
denominado “campo magnético girante”.
O estator que cerca o rotor contém um eletroímã sofisticado. O estator não se movimenta,
mas sim o campo magnético que ele produz. Utilizando espiras de curto circuito e capacitores
(entre outros componentes) o estator pode criar pólos magnéticos que se deslocam em forma de
círculo, movimentado-se em torno do rotor. Na ilustração a seguir é possível observar como o pólo
norte do estator “gira” no sentido anti-horário em torno do rotor.
Motor CA de indução
Com isso conseguimos que o rotor fique constantemente girando, pois seus pólos, sul e
norte, estão sempre sendo repelidos pelos pólos norte e sul, respectivamente, os quais também
estão girando, conforme detalhado.
Motor de Passo
Existem motores computadorizados como, entre outros, drives e CD-ROMs, que usam
motores especiais nos quais seus rotores, em vez de girar continuamente, giram em passos discre-
tos. Esses motores são denominados “motores de passo”.
O rotor de um motor de passo é, simplesmente, um ímã permanente que é atraído, se-
qüencialmente, pelos pólos de diversos eletroímãs estacionários, de acordo com o que mostra a
próxima figura.
Motor CA de passo
Instrumentos de Medição
Galvanômetro
O galvanômetro é basicamente uma bobina com liberdade para se movimentar em torno
de seu eixo e com um ponteiro fixado em uma das extremidades desse eixo, na qual se observa
a ação de um campo magnético criado a partir de ímãs colocados sobre ela, conforme mostra a
próxima figura.
Galvanômetro
Quando não existe corrente circulando através da bobina, a posição do ponteiro coincide
com o ponto zero da escala de medição.
Quando existe corrente elétrica circulando pela bobina, o campo magnético é criado por
essa corrente ao redor da bobina de tal forma que o pólo norte desse campo fica posicionado onde
está o pólo norte do ímã, e o pólo sul onde está localizado o pólo sul do ímã. Esse fato ocasiona a
repulsão da bobina, pois pólos magnéticos do mesmo tipo se repelem.
Quanto maior for a corrente que circula na bobina, maior é o deslocamento da bobina ao
redor de seu eixo e, conseqüentemente, do ponteiro.
A bobina possui uma corrente máxima admissível, denominada “corrente de fundo da es-
cala”. Essa corrente corresponde ao máximo deslocamento do ponteiro sobre a escala de medição
(máximo valor de medição da corrente).
Quando ela é menor que a corrente de fundo da escala, o ponteiro irá se deslocar até de-
terminado ponto intermediário da escala indicando, assim, a corrente que está fluindo através da
bobina, que é a corrente que flui no circuito e cujo valor desejamos conhecer.
Atente para o seguinte fato: se a polaridade do campo magnético ao redor da bobina da
bobina for alterado, haverá uma inversão no sentido do movimento do ponteiro (o ponteiro irá
tentar se deslocar para um ponto localizado antes do início da escala de medição, chocando-se com
o terminal de proteção da escala de medição).
Amperímetro
O amperímetro é um instrumento de medição de corrente apoiado em um galvanômetro,
porém possui várias escalas, além da escala original do galvanômetro, que possibilitam a medição
de várias faixas de corrente.
Essas escalas são obtidas através de um divisor de corrente, conforme mostramos a seguir.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 65
Por exemplo, para obtenção de uma faixa de corrente dez vezes maior que a faixa de medi-
ção original do galvanômetro, R deve ser calculado de tal forma que o Ig máximo seja a corrente
máxima suportada pelo galvanômetro, e Ir seja igual 10.Igmáximo - Ig.
Na realidade, existem várias resistências de “shunt”, conforme mostra a próxima figura. As
escalas (resistências) são selecionadas através de uma chave seletora existente no amperímetro.
Resistências de “Shunt”
Note que nenhum instrumento de medição pode interferir nas características do circuito
sob medição. Por esse motivo, a utilização do amperímetro não pode alterar os valores de tensão
e corrente em nenhum ponto do circuito sob medição. Dessa forma, um amperímetro ideal teria
resistência interna zero.
Utilização de um Amperímetro
O amperímetro é instalado em série no ponto do circuito cuja corrente desejamos medir,
conforme mostra a próxima figura.
Utilização de um amperímetro
Voltímetro
O voltímetro é um instrumento de medição de tensão também apoiado em um galva-
nômetro. No entanto, ele possui várias escalas que possibilitam a medição de diversas faixas de
voltagem.
Considere um galvanômetro com resistência interna de 1 ohm e corrente de fundo de 10
mA. Pela lei de Ohm, temos a diferença de tensão entre os terminais do galvanômetro, quando a
corrente de fundo é alcançada, de 0,01 A*1 ohm = 0,01 V. Dessa forma, poderíamos inserir uma
escala de medição 0 a 0,01 V, transformando o galvanômetro em um voltímetro, porém essa faixa
de medição de voltagem seria muito baixa.
O voltímetro é construído da mesma forma que um amperímetro, mas nesse caso utiliza-se
um divisor de tensão em vez de um divisor de corrente, conforme mostra a próxima figura.
Voltímetro
Observe que o voltímetro é inserido em paralelo ao trecho do circuito cuja tensão deseja-
mos medir.
Por se tratar de um divisor de tensão, temos que:
Se desejarmos obter uma faixa de medição, por exemplo, de 0 a 10V, com a escala do gal-
vanômetro de 0 a 10, R1 teria o seguinte valor:
R1 = [(10*1)/0,01] - 1 ≈ 1.000 ohms = 1 kΩ
Atente para o fato que quando você seleciona uma escala muito grande, a leitura de pe-
quenos valores de tensão torna-se difícil. Por exemplo, em uma escala de 0 a 380 V, cada divisão
da escala representa 38 volts, pois existem apenas dez divisões. Assim, para uma voltagem de 2 V,
quase não existirá deslocamento do ponteiro.
A resistência interna de um voltímetro ideal é infinita para que o voltímetro não receba
corrente e, dessa forma, não interfira nas características do circuito sob medição.
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 67
Ponte de Wheatstone
A ponte de Wheatstone é um instrumento que possibilita a medição de resistências.
Ponte de Wheatstone
Quando R1*Rx = R2*R3, a corrente que passa pelo galvanômetro é nula. A ponte de Whe-
atstone aproveita esse detalhe para calcular o valor de uma resistência desconhecida Rx, levando
em consideração que as resistências R1, R2 e R3 possuem valores, pois:
Rx = (R2*R3)/R1
Para conhecer o valor de Rx, é necessário ajustar a resistência variável (reostato, potenciô-
metro), até se obter corrente zero no galvanômetro, e aplicar-lhe a fórmula referida.
Na realidade, o reostato se trata de uma década, que é um conjunto de diversas resistências
com valores conhecidos. Dessa forma, cada ponto selecionado através do botão giratório da resis-
tência variável indicará uma resistência conhecida.
Observe ainda que, como estamos interessados apenas em saber quando a corrente que
passa no galvanômetro é zero, podemos utilizar qualquer galvanômetro com qualquer escala de
fundo.
Ohmímetro
O ohmímetro aproveita um galvanômetro para medir resistências e inclui uma bateria
(duas pilhas em série de 1,5V cada uma, por exemplo) que fornece corrente ao sistema. Observe
que nem o amperímetro nem o voltímetro precisam de uma fonte de alimentação própria.
A próxima figura mostra um ohmímetro com quatro escalas. Cada escala utiliza uma resis-
tência diferente. Observe que utilizando, por exemplo, a resistência R1, temos:
68 Eletricidade & Eletrônica Básica
Ohmímetro
Lembre-se de que para medir o valor de uma resistência, é preciso retirá-la do circuito (ou
pelo menos retirar um dos lados), caso contrário você estará medindo o valor da resistência do
circuito e não o valor da resistência desejada.
Multímetro (Multiteste)
Um multímetro (multiteste) é um único instrumento que possui várias funções de teste,
pelo menos as funções de amperímetro, voltímetro e ohmímetro.
Existem dois tipos de multímetros: analógico e digital.
Os multímetros analógicos se baseiam na tecnologia descrita anteriormente, enquanto os
multímetros digitais possuem um display de cristal líquido para exibição dos valores das leituras
de teste.
A maneira de usar um multímetro digital é a mesma de um multímetro analógico. Ambos
possuem pelo menos as escalas para exibição de valores de resistência, tensão contínua, tensão
alternada e corrente contínua.
Existem multímetros com escala para medição de correntes alternadas utilizados pelos pro-
fissionais da área de eletricidade. Os profissionais da área de eletrônica raramente precisam lidar
com correntes alternadas.
Apesar do multímetro digital ser mais moderno e apresentar uma leitura mais precisa, os
multímetros analógicos ainda são muito usados, principalmente quando se deseja obter altos va-
lores de voltagens (em aparelhos de TV, por exemplo), pois os multímetros digitais possuem uma
resistência interna fixa, enquanto os analógicos possuem resistências internas variáveis, de acordo
com a escala utilizada.
Dessa forma, para altos valores de voltagem, a corrente que flui para o multímetro causa um
mascaramento da leitura obtida.
Atente ainda para o fato de que as medidas de tensão alternada levam em consideração
freqüências entre 50 e 60 Hz, do tipo senoidal, portanto não são indicadas para obtenção de valo-
res de voltagem em outras faixas de freqüência, nem em outros tipos de forma de onda, como, por
exemplo, ondas quadradas.
Os multímetros apresentam conector preto com um símbolo “-” para encaixe da ponteira
preta (ponta de prova preta). A ponteira vermelha deverá ser encaixada no conector apropriado.
Nos multímetros analógicos a ponteira vermelha é encaixada no mesmo conector, para medição de
resistência, corrente ou voltagem. Nos multímetros digitais, entretanto, existe outro conector para
medição de corrente.
Existe uma identificação ao lado de cada um dos conectores de um multímetro.
É recomendável, se você não souber o valor da grandeza do componente que irá medir,
posicionar o multímetro na escala mais alta e ir baixando a escala até que você encontre a melhor
leitura do valor do componente sob medição.
Outra recomendação, se você estiver utilizando um multímetro analógico para medir resis-
tências, é ajustar o zero do zero do ohmímetro, conforme já detalhamos anteriormente.
Finalmente, para medição de componentes eletrônicos com multímetro analógico, você
deve usar a escala de resistência, e, com multímetro digital, você deve utilizar a escala de diodo
(voltaremos a esse assunto na parte de eletrônica).
70 Eletricidade & Eletrônica Básica
Osciloscópio
O osciloscópio é um instrumento de medição utilizado para obtenção da voltagem e fre-
qüência de ondas, inclusive ondas de forma triangular, quadrada, dente de serra, etc.
(Além disso, o osciloscópio pode ser usado para medição de ruídos sobre corrente contínua
- “ripple”).
Exibem a forma da onda através de seu monitor de vídeo e possuem impedância padrão
de 1 mohms, porém a utilização de uma ponta de prova multiplicadora eleva esse valor para 10
mohms e multiplica a leitura da voltagem por dez, de forma que a escala de 1 V passa a ser de 10 V.
Os mais modernos (digitais) além de exibirem a forma da onda na tela, ainda exibem informações
escritas dos valores de pico, RMS, freqüência, etc.
Os osciloscópios são diferenciados uns dos outros pela freqüência máxima que conseguem
exibir. Atente para o fato que um osciloscópio apropriado para receber até uma determinada fre-
qüência pode exibir uma freqüência maior, porém, nesse caso, a amplitude do sinal será exibida na
tela com um valor menor do que o seu valor real.
Você pode utilizar esse aparelho da mesma maneira que você utiliza um voltímetro (basi-
camente o osciloscópio mede tensões).
Os osciloscópios possuem geralmente dois canais (entradas). Utilizando apenas um ca-
nal, posicione a chave seletora em “Ch1” e insira a ponta de prova no conector identificado com
“Ch1”.
Após ligar o aparelho, é necessário calibrá-lo a fim de que o eixo zero desenhado pelo osci-
loscópio coincida com o eixo zero da escala desenhada na tela do osciloscópio.
Para calibrá-lo, coloque a chave seletora de entrada do canal 1 na posição GND e gire o
potenciômetro marcado com uma seta vertical até você conseguir coincidir o eixo desenhado pelo
osciloscópio com o eixo permanente da escala.
Uma onda alternada pode estar acima de um nível de tensão contínuo (DC), denominado
“offset”.
Na mesma chave de entrada do canal 1, existem também as posições AC e DC. Para iniciar
a exibição da onda na tela, selecione a posição DC se você desejar que o osciloscópio mostre o
“offset”. Na posição AC o osciloscópio não mostra o “offset”. Nesse caso, o eixo da forma da onda
coincide com o eixo X do osciloscópio.
Caso não tenha experiência no assunto, sugiro que selecione a posição DC.
Existem dois ajustes básicos:
Para saber a amplitude da onda, conte as divisões verticais. Por exemplo, se você tiver sele-
cionado a chave seletora volts/divisão para 5 V e a voltagem máxima da onda ocupar duas divisões,
o valor de pico de onda (Vp) é de 10 V. Para saber qual é freqüência da onda, conte as divisões
horizontais referente a um período e calcule suja freqüência (freqüência = 1/período).
Por exemplo, se a chave seletora estiver posicionada em 0,25 ms, o período da onda (quatro
divisões) é 1 ms, e sua freqüência será de 1.000 Hz.
Você pode utilizar os dois canais do osciloscópio de forma simultânea a fim de exibir ao
mesmo tempo na tela duas formas de onda diferentes. Para isso você precisa calibrar separadamen-
te cada um dos canais. Isso pode ser útil, por exemplo, quando você desejar comparar o sinal de
entrada com o sinal de saída em um circuito.
Ondas Eletromagnéticas
constituída por um grande número de ondas, sendo que em cada uma delas o campo elétrico oscila
segundo uma direção aleatória.
Se, por exemplo, a direção de propagação da onda no espaço é a direção do eixo x, os mó-
dulos dos campos elétrico e magnético são dados, respectivamente, por:
E = E0 cos [ k ( x - ct ) ]
e
B = B0 cos [ k ( x - ct ) ]
Nas equações acima k = 2π/λ é o que denominamos “número de onda”, sendo λ o com-
primento de onda. Note, quando a onda eletromagnética está se propagando no espaço livre, os
vetores que representam o campo elétrico (E) em todos os pontos do espaço por onde a onda passa
são paralelos e estão no mesmo plano. O mesmo fato ocorre com os vetores referentes ao campo
magnético (B), entretanto os vetores B ficam contidos em um plano perpendicular ao plano que
contém os vetores E.
De acordo com a explicação acima, os planos que contêm os campos elétrico e magnético
são sempre perpendiculares. Dessa forma, uma onda eletromagnética é caracterizada através da
determinação da direção do plano do campo elétrico e da direção de propagação da onda.
O plano de polarização de uma onda eletromagnética é definido como o plano ao longo
do qual oscila o campo elétrico. Existem três tipos de polarização: linear, circular e elíptica, de
acordo com o tipo de movimento do vetor campo elétrico (ou magnético). A luz proveniente de
uma lâmpada incandescente, por exemplo, é não polarizada, já que é constituída por um grande
número de ondas, sendo que cada uma possui seu campo elétrico (ou magnético) oscilando em
uma direção aleatória.
Em 1888, em Berlim, Heinrich Hertz gerou ondas elétricas utilizando uma haste metálica
com um pequeno espaçamento que a dividia em dois. Aplicou, então, alta tensão entre as duas
metades, e centelhas atravessaram o pequeno espaçamento gerando violentas oscilações de alta
freqüência na região em torno do centelhamento. Ao captar as ondas com um circuito semelhante
colocado a curta distância, Hertz provou que elas viajavam no ar. Conseguiu observar também o
que Maxwell já havia previsto: que estas ondas viajavam com a velocidade da luz e apresentavam
características de reflexão e difração, podendo ser focalizadas por refletores côncavos.
Unidade de 1 watt (W) é a potência que dá lugar a uma produção de energia igual a 1
potência, fluxo joule por segundo
radiante
Unidade de 1 coulomb (C) é a quantidade de carga transportada em 1 segundo por uma
quantidade de corrente elétrica de intensidade igual a 1 ampère
carga elétrica
Unidade de 1 volt (V) é a diferença de potencial elétrico que existe entre dois pontos de
potencial um condutor elétrico que transporta uma corrente de intensidade constante
elétrico, força de 1 ampère quando a potência dissipada entre esses pontos é igual a 1 watt
eletromotriz
Unidade de 1 ohm (Ω) é a resistência elétrica que existe entre dois pontos de um con-
resistência dutor quando uma diferença de potencial constante de 1 volt aplicada entre
elétrica esses dois pontos produz, nesse condutor, uma corrente de intensidade 1
ampère (não há força eletromotriz no condutor)
Unidade de 1 farad (F) é a capacitância de um capacitor elétrico entre cujas armaduras
capacitância aparece uma diferença de potencial elétrico de 1 volt quando armazena uma
elétrica quantidade de carga igual a 1 coulomb
Unidade de 1 weber (Wb) é o fluxo magnético que ao atravessar um circuito de uma só
fluxo magné- espira produz nela uma força eletromotriz de 1 volt quando se anula esse
tico fluxo em 1 segundo por decaimento uniforme
Unidade de 1 tesla (T) é a indução magnética uniforme que distribuída normalmente
indução mag- sobre uma superfície de área 1 metro quadrado produz, através dessa superfí-
nética cie, um fluxo magnético total de 1 weber
Unidade de 1 henry (H) é a indutância elétrica de um circuito fechado no qual se produz
indutância uma força eletromotriz de 1 volt quando a corrente elétrica que percorre o
circuito varia uniformemente à razão de 1 ampère por segundo
Exercícios do Capítulo I
2) Qual a resistência de um condutor de cobre com seção transversal de 1,5 mm2 com
500 m de extensão a 20° C?
R1 = 20 Ω
R2 = 30 Ω
R4 = 50 Ω
Re = 20 + 30 + 50 = 100 Ω
I = I1 = I2 = I3 = Vad/R = (1,5 + 4 + 4,5)/100 = 0,1 A
R1 = 20 Ω
R2 = 20 Ω
R3 = 20 Ω
1/Re = 1/20 +1/20 +1/20 = 3/20; Re = 20/3 = 6,66 Ω
I1 = 220/20 = 11 A = I2 + I3
I = I1 + I2 + I3 = 33 A
Verificação:
Circuito equivalente:
R3 + R4 = 20 + 20 = 40 Ω
R3 + R4 está em paralelo com a resistência R2. Então a resistência equivalente de R2,
R3 e R4 é:
1/Req1 = 1/40 +1/40 = 1/20, então Req1 = 20 Ω
R1 e Req estão em série. Daí Req = Req1 + R1 = 90 + 20 = 110 Ω
I1 = 110/110 = 1 A
A queda de tensão em R1 é 1*90 = 90 V
Vab = 110 - 90 = 20 V
I2 = 20/40 = 0,5
I1 = I2 + I3. Daí I3 = 1 - 0,5 = 0,5 V
A queda de tensão em R3 (Vac) é 0,5*20 = 10 V
Vab = Vac + Vcd; Vcd = 10 V
78 Eletricidade & Eletrônica Básica
R1 = 90
I1 =1
P = V*I = 90 W
(T)
A próxima figura mostra o esquema para o cálculo do vetor indução magnética no ponto O.
(T)
12) Conside o mesmo exercício anterior, porém com os sentidos da correntes conforme
mostra a figura abaixo. Qual o vetor campo magnético no ponto O?
14) Dois condutores retos, extensos paralelos, distanciados 1m um do outro estão locali-
zados no vácuo. Conforme indica a figura abaixo i1 = 2A, e i2 = 4A. Considerando-se
primeiramente que i1 e i2 possuem o mesmo sentido, qual é a direção, sentido e inten-
sidade da fôrça magnética agindo em cada metro dos condutores? Invertendo-se o
sentido i1 e triplicando-se a sua intensidade, qual é a direção, sentido e intensidade da
fôrça magnética agindo em cada metro dos condutores?
N
Capítulo I: Eletricidade e Magnetismo 81
Obs: T.m/A
15) Um resistor com resistência elétrica de 220 Ω está sob a ação de uma f.e.m. alternada