Si Ndromes Geria Tricas
Si Ndromes Geria Tricas
Si Ndromes Geria Tricas
Dona Ofélia tem 85 anos, IMC 21, mede cerca de 1,54m, e mora com
sua irmã Conceição, 91 anos, na rua Sergipe n. 15. Ambas são viúvas
e moram juntas há 10 anos. Dona Ofélia tem história de cirurgia car-
díaca há cerca de oito anos e estava evoluindo bem até dois anos atrás,
quando iniciou com “lapsos de memória” e tornou-se mais dependente
da irmã para resolver os problemas da casa, como fazer compras, con-
trolar as finanças e sair sozinha. Sempre foi excelente cozinheira, mas
nos últimos dois anos está tendo dificuldades para “acertar o ponto”
dos principais pratos que tinha o costume de fazer. Ora exagera no sal,
ora na pimenta. Até então, este esquecimento estava sendo atribuído à
desatenção e à “velhice”. Todavia, no último ano, Dona Conceição ficou
mais preocupada, pois a irmã começou a acusar a empregada de roubo e
desconfiar da vizinha, que, segundo ela, passou a espioná-la quase todo
dia. A vizinha deixou inclusive de freqüentar a casa das duas irmãs, pois
percebeu a mudança de comportamento da antiga amiga. Dona Ofélia
já havia ido à consulta médica, expondo estas queixas e o médico falou
que tudo poderia ser explicado pelas alterações próprias da idade. Dona
Conceição ficava intrigada com tudo isso, pois mesmo mais velha que
a irmã era absolutamente independente para tudo: saía sozinha para
fazer compras, cozinhava sempre que necessário, lembrava-se das datas
mais importantes, freqüentava a igreja, enfim, fazia tudo o que se dispu-
nha a fazer. O único problema de saúde de Dona Conceição tinha sido
um câncer de intestino, diagnosticado oito anos antes, por um exame
rotineiro de pesquisa de sangue oculto nas fezes. Foi confirmado o cân-
cer e a cirurgia (hemicolectomia) foi um sucesso. Além disso, tem uma
“artrose” no joelho, facilmente controlada com uso de paracetamol.
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 1
Como você abordaria as queixas cognitivas de Dona Ofélia? Será que tudo pode
ser atribuído ao envelhecimento normal?
Incapacidade cognitiva
A cognição é o conjunto de funções cerebrais formadas pela memória
(capacidade de armazenamento de informações), função executiva
(capacidade de planejamento, antecipação, seqüenciamento e monito-
ramento de tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão
e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar
um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visu-
ais, auditivos e táteis) e função visuo-espacial (capacidade de localização
no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). O funcionamento
integrado destas funções nos permite interagir com as pessoas e com o
mundo, com o objetivo de resolvermos as dificuldades do cotidiano, é
responsável pela nossa capacidade de decidir, que, juntamente com o
humor (motivação), é fundamental para a manutenção da autonomia.
A individualidade é resultante do acúmulo de conhecimentos da nossa
história e da cultura que herdamos. A perda da cognição ou incapaci-
dade cognitiva é, portanto, o “desmoronamento” ou o “apagamento” da
identidade que nos define como ser pensante.
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ATIVIDADE 2
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Para refletir
Se o esquecimento de Dona Ofélia não é normal da idade,
estamos diante de uma paciente com déficit cognitivo a
esclarecer. Como podemos confirmar esta hipótese?
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Dona Conceição relata que Dona Ofélia sempre foi uma pessoa mais
animada e alegre. Não percebeu nenhum dos sintomas a seguir:
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Grandes síndromes geriátricas
ATIVIDADE 3
Você acha que podemos aplicar a escala geriátrica de depressão (Escala de Ye-
savage) em idosos com diagnóstico de demência?
Pense, reflita e discuta com seu tutor e seus colegas quais as dificuldades que o
paciente com demência poderia apresentar na utilização da escala.
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ATIVIDADE 4
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ATIVIDADE 5
Com base nos dados apresentados até agora, qual a possível causa da demên-
cia de Dona Ofélia?
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Grandes síndromes geriátricas
Nos últimos anos, uma mudança notável tem ocorrido na vida de famí-
lias que cuidam do seu ente querido com demência – eles descobriram
um ao outro e se uniram em busca de apoio mútuo e encorajamento.
A vergonha e o isolamento, que antigamente faziam com que evitassem
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 6
Diante do diagnóstico de Dona Ofélia:
1. Qual é, no seu entender, o papel da Equipe de Saúde da Família no acompa-
nhamento da paciente e suporte à família?
2. Elabore um protocolo de atendimento, justificando cada uma das ações pro-
postas.
3. Agora, acesse a página eletrônica da ABRAz (www.abraz.gov.br) e leia o item
“Dicas para o Cuidador”.
4. Elabore algumas estratégias de intervenção não farmacológica para ser
entregue a Dona Conceição.
5. Reveja o protocolo elaborado por você no item 2, verifique a necessidade de
modificações e encaminhe ao tutor.
Quedas
Antes que você se pergunte qual a importância deste assunto, leia aten-
tamente os dados epidemiológicos a seguir. Este estudo é importante
porque a queda pode ser um evento sinalizador do início do declínio
da capacidade funcional ou sintoma de uma nova doença.
Definição
Segundo a Associação Médica Brasileira (2000), queda é o deslocamento
não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com
incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstân-
cias multifatoriais, comprometendo a estabilidade (diretriz de quedas).
Você já pode ter lido outras definições, porém, esta faz parte da diretriz
de quedas da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), na
página da Associação Médica Brasileira (AMB). Todas as definições buscam
mostrar a não intenção de cair e a incapacidade de corrigir a postura para
evitar a queda. Isso está nos sinalizando uma perda da capacidade funcio-
nal: quanto mais quedas uma pessoa sofrer, maior a sua incapacidade.
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Grandes síndromes geriátricas
Epidemiologia
A queda é um evento súbito e por isso, como indicador epidemiológico,
é estimada em taxa de incidência (número de casos novos por ano).
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 7
Responda:
1. As quedas constituem um problema de saúde pública no Brasil? Por quê?
2. Por que perguntamos a um idoso se ele já sofreu alguma queda? O que
queremos saber?
3. Descreva como deve ser a abordagem a uma idosa hipertensa que já teve
quatro episódios de quedas nos últimos 12 meses. Desenvolva uma estratégia
preventiva, destacando os fatores intrínsecos e extrínsecos.
4. Considerando a afirmativa “quanto mais quedas uma pessoa sofre, maior a
sua incapacidade funcional”, pergunta-se:
a) Esta afirmativa é correta?
b) Uma queda predispõe a novas quedas? Justifique sua resposta.
✔ pneumonia;
✔ infarto do miocárdio;
✔ tromboembolismo pulmonar (SUDARSKY; TIDEIKSAAR, 1997).
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 8
A maioria das quedas ocorre durante o dia e somente 20% à noite. É mais
comum dentro de casa nos cômodos mais utilizados (quarto e banheiro).
Assim, podemos inferir que não só há um perfil de idoso mais propenso
a quedas, como há um cenário mais comum no qual ocorre o evento.
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Grandes síndromes geriátricas
Fatores intrínsecos
✔ Alterações ligadas ao envelhecimento
Uma das mais importantes mudanças da idade é a diminuição da velo-
cidade de integração central dos mecanismos envolvidos no reflexo pos-
tural. Ou seja, a resposta neurológica e, conseqüentemente, motora aos
estímulos está lentificada.
t Base alargada
t Diminuição do balanço dos braços
t Postura encurvada
t Flexão de quadril e joelhos
t Dificuldade para retornar
t Passos curtos
t Lentidão
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Figura 6 – Instabilidade
Ilustração: Salo Buksman (2002).
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Grandes síndromes geriátricas
✔ Doenças específicas
Há uma forte relação entre distúrbio de equilíbrio e marcha e quedas.
Por isso, doenças neurológicas – como hematoma subdural, demência,
doença de Parkinson, acidente vascular encefálico (AVE), delirium, neu-
ropatia periférica, epilepsia, traumatismo craniencefálico (TCE), tumores
do sistema nervoso central (SNC) e labirintopatia – podem afetar o equi-
líbrio e a marcha e serem fatores de predisposição a quedas. Algumas
doenças clínicas também podem ocasionar quedas, dentre elas: doença
coronariana (DAC), insuficiência cardíaca (IC), síncope de origem car-
diogênica, hipertensão arterial (HAS), arritmia, insuficiência vértebro-
basilar, hipotensão ortostática, desidratação, insuficiência renal (por
deficiência de vitamina D), síndrome vaso-vagal, sangramento oculto,
hipo e hiperglicemia, hipo e hipertireodismo, distúrbios hidro-eletrolíti-
cos, infecções, depressão, anemia, hipotermia, alcoolismo, incontinência
urinária, doença pulmonar e embolia pulmonar. Não podemos esquecer
que maus-tratos, principalmente em pacientes demenciados, podem
estar arrolados neste processo. Qualquer doença aguda pode diminuir
transitoriamente a perfusão cerebral e aumentar a possibilidade de perda
de consciência e quedas. Você pode perceber que devemos investigar as
doenças clínicas na abordagem do paciente que apresente quedas.
✔ Medicamentos
As medicações possuem importante papel na origem das quedas, não só
por seus efeitos intrínsecos, mas por alteração da farmacocinética e far-
macodinâmica causada pela idade. Esta se dá por alteração da gordura
corporal (aumento de 35%), diminuição do metabolismo renal e hepá-
tico. Vários estudos associam uso de medicamentos a quedas (LANDI,
2005; CHAIMOWICZ; FERREIRA; MIGUEL; 2000; COUTINHO, 2002).
As classes incluem drogas:
t psicoativas,
t cardiovasculares e vasodilatadores,
t uso de mais de quatro medicações (polifarmácia).
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Fatores extrínsecos
✔ Riscos ambientais
✔ Tipos de movimentação executada pelo indivíduo
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✔ Iluminação inadequada
✔ Tapetes soltos ou com dobras
✔ Degraus altos ou estreitos
✔ Ausência de corrimão
✔ Obstáculo no caminho
✔ Piso irregular
✔ Fios soltos no chão
✔ Acúmulo de mobília
Riscos no banheiro
✔ Piso escorregadio
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Por fim, vimos que os riscos ambientais existem, mas há uma baixa cor-
relação com a queda. O importante é preparar o idoso para os riscos do
meio ambiente. Então, o que se apregoa sobre a casa segura não é tão
importante como se divulga.
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Grandes síndromes geriátricas
ATIVIDADE 9
✔ Faça uma lista de todos os obstáculos que você percebe em sua casa, na USF
e no seu território.
✔ Faça uma proposta de intervenção para tornar a realidade diagnosticada por
você mais segura para um idoso.
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
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Grandes síndromes geriátricas
levantado a 45° e deve esticá-lo para a frente o máximo possível; um Você encontrará, também,
um DVD que traz a filmagem
alcance de 15 centímetros ou mais é considerado normal. da aplicação dos diversos
instrumentos de avaliação.
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Esses testes, além de mais completos, contam com uma pontuação. Esta
forma de quantificar o resultado tem interesse não só de cunho cientí-
fico, mas prático, porque pode-se comparar avaliações seriadas de um
mesmo paciente e avaliar se está havendo um declínio funcional. Na
escala de equilíbrio e marcha, se o paciente obtiver uma pontuação igual
ou inferior a 19, ele apresenta um risco cinco vezes maior de queda.
Existem outros testes, todos com a finalidade de identificar e quantificar
o déficit de equilíbrio e/ou da marcha. Você encontrará alguns destes
testes no livro Avaliação multidimensional do idoso: instrumentos de rastreio.
Exames complementares
A propedêutica complementar do paciente que sofre uma queda deve
ser completa, incluindo todos os exames complementares necessários
para confirmar ou excluir os diagnósticos suspeitados.
Prevenção de quedas
Entraremos na área mais interessante de atuação. A promoção da saúde,
inclusa no programa de prevenção de quedas, é de uma grandeza ímpar.
Apesar de a prevenção primária não ter se mostrado efetiva em indi-
víduos da comunidade, as medidas especificadas a seguir têm impacto
positivo na saúde e na qualidade de vida dos idosos. A prevenção secun-
dária é mais eficiente e, por isso, há a necessidade de um rastreamento
dos idosos que necessitem desta intervenção.
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t exercícios físicos;
t melhora da acuidade visual;
t controle do risco ambiental.
Isso comprova que, na maioria das vezes, a causa das quedas é
multifatorial.
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Grandes síndromes geriátricas
Síndrome da imobilidade
Vamos agora dar início ao estudo da Síndrome da Imobilidade (SI), que
implica a incapacidade de deslocamento sem o auxílio de terceiros para
os cuidados necessários à vida diária, podendo o paciente estar restrito
a uma cadeira ou ao leito. Caracteriza-se por um conjunto de altera-
ções que podem ocorrer após período de imobilização prolongada, os
quais comprometem a qualidade de vida e a independência. No estágio
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
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Grandes síndromes geriátricas
Sistema tegumentar
✔ Úlceras por pressão (UP) – como o fator desencadeante de
úlceras por pressão é a compressão por mais de duas horas sobre
uma determinada área, a melhor prevenção é o posicionamento
do paciente no leito, colocando-se proteção sobre as proeminências
ósseas. Observar os pontos de apoio para identificar áreas vermelhas,
corrigir a desnutrição, manter a higiene, hidratar e prover colchões
adequados que contribuem para a prevenção da formação de UP. Na
Figura 12, pode-se ver os locais mais comuns de formação de UP.
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Sistema osteoarticular
✔ Anquilose – em virtude da falta de mobilidade, reduz-se a circu-
lação de líquido sinovial e nutrientes na cartilagem, que, associada
à tendência de flexão das articulações, leva a contraturas e redução
da amplitude de movimentos. Conseqüentemente há a proliferação
de fibroblastos e matriz extracelular, dando origem ao pannus, cau-
sador de aderência entre as superfícies intra-articulares. Esse qua-
dro pode ser prevenido com fisioterapia passiva e posicionamento
do paciente no leito.
✔ Osteoporose – decorre, principalmente, da ausência de susten-
tação do peso e da falta de atividade muscular, mas a redução da
ingestão de vitamina D e da exposição ao sol também contribuem
para o problema. A massa óssea sofre um declínio de aproxima-
damente 1% a cada semana até o sexto mês. A administração de
cálcio e vitamina D pode reduzir o impacto da imobilidade sobre a
massa óssea.
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Grandes síndromes geriátricas
Sistema muscular
✔ Perda de unidades motoras excitáveis (neurônio motor + fibras
musculares por ele inervadas) – é intensa no músculo estriado,
ocorrendo principalmente ao nível da coxa, acarretando grande
perda de força muscular.
✔ Fusão das fibras colágenas – ao se fundirem, tais fibras perdem
sua propriedade elástica, favorecendo as contraturas. A velocidade
com que o músculo encurtado sofre atrofia é o dobro daquela que
ocorre no músculo estendido. A fisioterapia é o tratamento reco-
mendado para a profilaxia de contraturas e encurtamento.
Sistema cardiovascular
✔ Trombose venosa profunda (TVP) – como na velhice há um
estado de maior coagulabilidade e maior incidência de lesões de
parede venosa, a SI contribui com a estase venosa, que é o terceiro
fator para se constituir a tríade de Virchow, determinante da TVP.
Aproximadamente, 60% dos casos passam despercebidos. A movi-
mentação freqüente de membros inferiores é a principal medida
usada para a prevenção de TVP. Na Figura 13 pode-se observar os
locais mais comuns de formação de trombos.
Sistema urinário
Ainda nesta Unidade de ✔ Incontinência Urinária (IU) – quase 100% dos pacientes apre-
Aprendizagem III, abordaremos a sentam IU, não havendo medidas profiláticas para tal. Assim,
incontinência urinária com maior
detalhamento.
recomenda-se o uso de coletores para os homens e fralda para as
mulheres.
✔ Retenção urinária – a ocorrência de retenção urinária é comum
e deve-se principalmente ao uso de anticolinérgicos, fecaloma e
hipertrofia prostática.
✔ Infecção urinária – 40% dos pacientes acamados apresentam
infecção urinária, tendo como fatores predisponentes a incontinên-
cia, pouca ingestão de líquidos, hipoestrogenismo e o uso de fraldas
geriátricas. Devemos ter em mente que a bacteriúria assintomática
não requer antibioticoterapia.
Sistema digestório
✔ Desnutrição – na SI mais de 90% dos pacientes apresentam
desnutrição, que se deve, principalmente, a: anorexia, problemas
odontológicos; uso de sonda, perda do olfato e paladar, má-absor-
ção intestinal, aumento do catabolismo, infecções, entre outros. Ao
exame, verifica-se redução da gordura subcutânea, da massa muscu-
lar, havendo, comumente, desidratação e infiltrado cutâneo decor-
rente de hipoalbuminemia. O tratamento e a prevenção dependem
do trabalho da equipe interdisciplinar, envolvendo a avaliação do
médico, do enfermeiro, da nutricionista e do fonoaudiólogo.
✔ Constipação – é freqüente, assim como a ocorrência de fecaloma
(fezes endurecidas e impactadas no retossigmóide), podendo haver
também uma falsa diarréia, em virtude da eliminação de fezes líqui-
das, apesar da obstrução, decorrente do excesso de estimulação do
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Grandes síndromes geriátricas
Sistema nervoso
✔ Delirium – inúmeras podem ser as causas de delirium no
paciente com SI, incluindo infecções, privação sensorial, constipa-
ção e medicamentos. Pode ser prevenido mantendo-se a interação
do paciente com a família e a equipe; orientações para a realidade
com a colocação de relógios e calendários no local, além do uso de
órteses (óculos, aparelho auditivo).
✔ Depressão – é freqüente em pacientes imobilizados, podendo
ocasionar alterações de comportamento. No paciente com SI, a
depressão deve ser tratada com fármacos, da mesma forma que em
outras situações.
Sistema respiratório
✔ Pneumonia – é a principal causa de morte na SI. Às alterações
decorrentes do envelhecimento (diminuição do reflexo de tosse, da
elasticidade da parede torácica, da superfície alveolar e do número
de macrófagos alveolares) associam-se os problemas relacionados
à imobilidade: redução da expansão pulmonar por diminuição da
mobilidade diafragmática, acúmulo de líquido nas bases, fecha-
mento de unidades respiratórias e atelectasia. Quando há refluxo
do conteúdo gastroesofágico para as vias respiratórias, ocorre a
pneumonia por broncoaspiração. A prevenção de pneumonia deve
incluir medidas como:
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 11
Releia o caso clínico de Dona Ana, moradora da rua Acre, n. 2, descrito na Ati-
vidade 10 deste módulo.
1. Enumere os riscos advindos da imobilidade prolongada após a fratura de
fêmur sofrida por ela.
2. Elabore estratégias preventivas para as seguintes complicações:
✔ Úlceras por pressão
✔ Trombose venosa profunda
✔ Hipotensão ortostática
✔ Anquilose
✔ Incontinência urinária
✔ Contraturas
✔ Constipação
✔ Pneumonia
3. Monte um caso clínico de um paciente acamado que esteja em risco de
progredir para a SI. Lembre-se de incluir os aspectos psicológicos e sociais. Que
medidas você propõe para evitar o desencadeamento da síndrome? Pesquise,
em seu território, a existência de algum idoso nestas condições e descreva.
4. Verifique em seu território se há um paciente que já apresente a SI. Descreva
os aspectos da síndrome presentes nesse paciente e as medidas que podem ser
adotadas por você e pela equipe de saúde em nível local. Caso não existam,
em seu território, pacientes nesta situação, utilize o caso clínico do item 3,
considerando que o paciente tenha evoluído para SI.
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Grandes síndromes geriátricas
Incontinência esfincteriana
Incontinência urinária
Iniciaremos este estudo com um caso clínico:
Dona Safira, 82 anos, pesando 54 kg, mãe de quatro filhos, mora na rua
Bahia, n. 20. Portadora de diabetes, hipertensão e depressão, estava em
uso de diurético, hipoglicemiante e antidepressivo inibidor de recapta-
ção de serotonina. Era ativa, independente, participava de um grupo
de ginástica para terceira idade e morava com a filha e os netos. Há
sete meses iniciou um quadro de vários despertares noturnos para ir
ao banheiro (cerca de quatro vezes durante seis horas de sono) e apre-
sentou um episódio de perda urinária espontânea durante a ginástica.
Apesar de constrangida, retornou à aula na semana seguinte, quando
ocorreu novo episódio. Resolveu não ir mais à ginástica e despediu-se
do grupo, dando a desculpa de que estava com “crise de artrose”. Em
casa conversou com a filha e disse que não iria mais às aulas, pois estava
se cansando muito. A filha levou-a a um cardiologista, pensando que o
coração “estava fraco”. Durante a consulta, Dona Safira não contou ao
médico o que estava acontecendo e ele também não perguntou sobre
este assunto. Logo viu-se que o coração estava bom, mas, mesmo assim,
ela não retornou mais ao grupo. As perdas urinárias passaram a ser mais
freqüentes e Dona Safira já não saía mais de casa, nem para fazer com-
pras, o que ela adorava. Afastou-se das amigas e nunca mais foi ao baile
da terceira idade aos sábados. Passou, então, a ver televisão no quarto
e pouco comparecia à mesa para as refeições com a família, antes um
ato sagrado. Apresentou três episódios de queda ao ir ao banheiro. Em
apenas sete meses, Dona Safira encontrava-se mais esquecida, falando
pouco, mais confusa que de costume e muito deprimida. Até que um
determinado dia sua casa foi visitada pela Equipe de Saúde da Família
que estava iniciando um programa naquela área.
Definição
Existem algumas definições, pouco diferentes entre si, porém é impor-
tante que sejam citadas para identificarmos corretamente o que o
paciente nos informa. São estas:
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Epidemiologia
A estimativa será dada em prevalência (número de casos da doença/
população). Cerca de 50% dos idosos que vivem em ILPI têm algum
grau de incontinência urinária. Já entre os idosos que vivem na comu-
nidade, um terço das mulheres e menos que um quarto dos homens são
acometidos por algum grau de incontinência. A prevalência aumenta
com a idade (JULIE; GAMACK, 2004).
Fisiologia da micção
O sistema urinário possui duas funções: armazenar e eliminar a urina.
Quando há um aumento de volume urinário, e conseqüentemente de
pressão dentro da bexiga, origina-se a urgência da micção (ato de uri-
nar). A micção é um ato voluntário (depende da vontade), porém há a
fase involuntária. Nesta fase, o músculo detrusor, que compõe o assoalho
da bexiga, contrai e o esfíncter uretral externo relaxa, deixando a urina
passar. Este mecanismo é controlado: pelo centro inibitório da micção,
no córtex cerebral; pelo centro pontino da micção, no tronco cerebral;
pelo centro sacral, que são fibras nervosas da medula. Os núcleos da
base, hipotálamo e o cerebelo também exercem influência na micção.
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Grandes síndromes geriátricas
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Classificação
✔ Incontinência de urgência ou bexiga hiperativa
✔ Incontinência de esforço
✔ Incontinência por transbordamento
✔ Incontinência funcional
✔ Incontinência mista
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
✔ Incontinência de esforço
É a perda involuntária de urina quando há aumento da pressão intra-
abdominal, como acontece durante a tosse, o espirro, o riso ou o exer-
cício. Surge por duas alterações: hipermobilidade uretral ou deficiência
esfincteriana intrínseca. Na hipermobilidade a função esfincteriana está
preservada, mas há um deslocamento da uretra e do colo vesical. Isso
é decorrente do enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico,
ocasionado pelo envelhecimento, multiparidade (vários partos) ou
trauma de uma cirurgia. Na deficiência esfincteriana o posicionamento
uretral está correto, mas a função está alterada por trauma cirúrgico ou
doença neurológica da medula.
✔ Incontinência funcional
Perda involuntária de urina, secundária a fatores que não são do trato
urinário, como problemas músculo-esqueléticos, problemas psicológicos e
fatores ambientais (acesso difícil ao banheiro). É um diagnóstico de exclu-
são, ou seja, as outras causas foram descartadas após a investigação.
✔ Incontinência mista
É a presença simultânea da incontinência por esforço e de urgência.
Diagnóstico feito por critérios clínicos e urodinâmica (exame realizado
com colocação de cateter intravesical com medição de várias pressões).
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Avaliação clínica
A avaliação consiste de anamnese, exame físico e análise da urina. Caso
haja necessidade, pode ser feita a medida do resíduo pós-miccional. Esta
aferição pode ser rápida e simples por meio de métodos pouco com-
plexos, como ultrassonografia pós-miccional e colocação de um cateter
através da uretra e verificação da saída de urina. Em casos mais comple-
xos será necessário o teste de urodinâmica.
✔ Anamnese
Deve-se investigar toda a história da incontinência e seu impacto social.
Quando começou, intermitente ou contínua, ocorre durante o dia ou
à noite, a caminho do banheiro e/ou durante o esforço. Verifica-se a
existência de polaciúria (aumento da freqüência miccional), estrangúria
(dor à micção), enurese (perda involuntária de urina dormindo), inter-
valo entre as micções, sensação de esvaziamento insuficiente e caracte-
rísticas do jato. Informações adicionais a respeito de constipação intesti-
nal e acesso ao banheiro são importantes. História de cirurgias prévias,
quais e qual a relação temporal com os sintomas pode ser útil. Inves-
tigar doenças neurológicas, especialmente: Acidente Vascular Cerebral
(AVC), Parkinson e demência. Finalmente, é imperativo saber sobre uso
de medicamentos, investigar a automedicação e a relação destes com a
incontinência. A investigação da incontinência à noite deve levar em
consideração condições como:
✔ Exame físico
O exame convencional deve ser acrescido de um cuidado maior em:
✔ Exames complementares
Todos os pacientes devem ser submetidos a urianálise (EAS: elementos
anormais e sedimento) e a urocultura, que nos informam sobre sangra-
mento, infecção e diabetes descompensado, por exemplo. A medida do
volume urinário residual (normal até 100ml), quando normal nos des-
carta incontinência por sobrefluxo ou hipocontratilidade do detrusor.
Tratamento
Devemos considerar que o tratamento da incontinência não é padro-
nizado e, sim, personalizado para cada caso e cada paciente, principal-
mente nas orientações. A causa deve ser encontrada, pois só assim tere-
mos chance de sucesso terapêutico. Então, tratar as causas reversíveis de
incontinência – como infecção por meio de uso de antibióticos, atrofia
genital atenuada com estrogênio tópico e impactação fecal resolvida com
uso de enemas e laxativos – pode aliviar os sintomas do paciente rapida-
mente. Identificar e tratar o delirium, outra causa reversível, tentar dimi-
nuir a restrição no leito, também faz parte desta abordagem. O aumento
de diurese à noite, seja por aumento de consumo de líquidos ou por
doença, como insuficiência cardíaca, deve ser investigado. As condições
psíquicas devem ser elucidadas para que não interfiram na micção. Por
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Grandes síndromes geriátricas
✔ Tratamento farmacológico
t Urgeincontinência – anticolinérgico (diminui a condução
nervosa da contração muscular).
t Hipoatividade do detrusor – o uso de colinérgico não mostrou
eficácia; usa-se cateterismo intermitente, pelo menos, três vezes
Importante: o alfabloqueador
ao dia. deve ser usado com cautela,
pois provoca hipotensão
t Hipertonia esfincteriana – alfabloqueadores. postural no idoso,
t Incontinência de esforço – agonista alfa adrenérgico e estro- principalmente quando usado
em associação com outros
gênio tópico (local). anti-hipertensivos.
t Incontinência por sobrefluxo – após descartar as causas rever-
síveis, como impactação fecal
t Medicamentos – deve-se avaliar:
- obstrução de saída por estenose de uretra ou próstata – con-
siderar cirurgia;
- alteração do detrusor e esfíncter, usar alfabloqueador (facilita
saída pela uretra).
✔ Tratamento cirúrgico
Tipos de cirurgia para incontinência de esforço:
251
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Para refletir
Você foi apresentado a um grande problema geriátrico e
gerontológico, responsável por perda da qualidade de vida.
Os profissionais da saúde devem estar aptos a reconhecer o problema.
O paciente incontinente pode se beneficiar de várias intervenções,
farmacológicas ou não. Por isso é tão importante agirmos.
ATIVIDADE 12
1. Qual a causa da incontinência urinária mais comum no idoso? Justifique.
2. Quais as causas reversíveis de incontinência urinária?
3. Qual o papel da urodinâmica na avaliação da incontinência urinária?
4. Analisando o caso de Dona Safira, moradora da rua Bahia, 20, responda:
a) Quais os fatores que contribuem para sua incontinência urinária?
b) Qual a melhor abordagem diagnóstica e terapêutica para ela?
c) Quais os problemas sociais e psicológicos enfrentados por ela?
5. Analisando o caso de Dona Angela, 65 anos, moradora da rua Mato Grosso,
n. 6, que teve um quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC) há três anos,
apresenta dificuldade de locomoção e incontinência urinária, é cuidada pelo
marido, Seu Firmino, 70 anos, portador de diabetes, responda:
a) Das condições patológicas da Dona Angela, qual é a principal responsável
pelo quadro de incontinência urinária? Justifique.
b) Há alguma outra condição coadjuvante na incontinência?
c) Qual abordagem terapêutica deve ser feita?
Incontinência fecal
Agora conversaremos sobre problemas que afetam o funcionamento
intestinal. Preste atenção neste caso clínico bem curtinho.
252
Grandes síndromes geriátricas
ATIVIDADE 13
Dona Dora, 70 anos, moradora da rua Rio de Janeiro, n. 10, está acamada há
quatro anos, depois de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Há 10 dias está
com quadro de fezes muito líquidas, aumento do volume abdominal, com dor, e
retenção urinária há três dias. Dr. José Luiz foi chamado em casa e, ao examinar
a paciente, foi peremptório: “Ela está com prisão de ventre e a retenção urinária
e devido à impactação das fezes que impede a defecação”.
Responda:
a) Comente o diagnóstico proposto. Justifique.
b) Opine sobre uma possível solução para o problema encontrado.
c) Como prevenir esse problema?
Envie ao tutor.
O tratamento deve ser feito com uso de enemas, catárticos e, ainda, com
outros laxativos, como as fibras e a ingestão adequada de líquidos.
Para refletir
1. Por que tantos idosos apresentaram reações adversas a medicamentos?
2. O que poderia ser feito para que o número de internações
decorrentes de reações adversas a medicamentos fosse reduzido?
Farmacologia
Para que um fármaco provoque o efeito desejado, é necessário que atinja
concentrações adequadas nos locais de ação, o que depende da dose
administrada, da velocidade e magnitude de absorção, da distribuição
nos tecidos, da biotransformação e da excreção.
254
Grandes síndromes geriátricas
Farmacocinética
✔ Absorção
A absorção de fármacos sofre poucas alterações com a idade e as modi-
ficações encontradas não se manifestam universalmente. Uma diminui-
ção da secreção de ácido clorídrico, com aumento do pH, pode acarretar
diminuição da absorção de certas substâncias, como ferro e cetoconazol.
A redução da motilidade gastrintestinal prolonga o tempo de esvazia-
mento gástrico.
✔ Distribuição
As modificações na composição corporal acarretam aumento do tecido
adiposo com a idade (15% para 30% do peso entre os 25 e 75 anos),
elevando o volume de distribuição das drogas lipossolúveis, como ben-
zodiazepínicos e propranolol. Conseqüentemente, tais substâncias são
liberadas mais lentamente, havendo aumento da sua meia-vida plasmá-
tica. Nesse mesmo período de tempo, a massa tissular total sofre uma
redução de 30%, devendo-se tal perda, principalmente, à atrofia da
musculatura esquelética.
255
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
✔ Metabolismo
O fígado é o órgão responsável pela biotransformação dos medicamen-
tos. Além da redução do volume (20% entre 20 e 80 anos de idade),
há um decréscimo de fluxo sangüíneo com a idade, levando à menor
depuração dos medicamentos dependentes de fluxo, como propranolol e
nifedipina. A primeira fase da biotransformação (fase I) envolve reações
químicas que têm a participação de enzimas de um conjunto denomi-
nado Citocromo P450. Nesta etapa, os medicamentos são transformados
em metabólitos ativos ou inativos para, em seguida (fase II), ligarem-se
a substratos endógenos e serem excretados pelas fezes ou pela urina. As
reações da fase I estão diminuídas no envelhecimento, possibilitando o
surgimento de interações medicamentosas e modificação da meia-vida
de diversos fármacos, como veremos adiante.
✔ Excreção
A reserva funcional do sistema gênito-urinário declina com a idade,
havendo uma redução da filtração glomerular em torno de 40% por volta
dos 70 anos. A capacidade de concentração urinária também decresce.
Assim, medicamentos de excreção renal, como digoxina, lítio, furose-
mida e outros, têm suas meias-vidas aumentadas no idoso. E como há
uma diminuição simultânea da massa muscular esquelética, a creatinina
sérica deixa de ser um bom indicador da função renal. Nestes casos,
lança-se mão de fórmulas, como a de Cockroft & Gault:
ATIVIDADE 14
Farmacodinâmica
A farmacodinâmica se relaciona aos efeitos do fármaco no seu receptor,
levando em consideração a intensidade e a duração do efeito de uma
determinada concentração do fármaco no local.
257
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Iatrogenia
Reações adversas a medicamentos (RAM)
Foto 5 – Iatrogenia
Interações medicamentosas
Quando dois ou mais medicamentos são administrados, pode ocorrer
uma indiferença farmacológica, ou seja, cada um acarreta os efeitos
desejados, sem qualquer interação entre ambos. Por outro lado, quando
eles interagem, a ação de um interfere com os efeitos do outro, podendo
haver sinergismo, caso em que há potencialização, ou antagonismo
quando um prejudica a ação do outro. Isto ocorre nas seguintes situações:
ATIVIDADE 15
Agora veja a seguinte situação: Dona Ana, moradora da rua Acre, n. 2, tem 79
anos, trata-se regularmente com anlodipina, na dose de 5mg, duas vezes ao dia.
Ela vem à consulta com um quadro de infecção do trato urinário e o médico,
acertadamente, prescreve-lhe norfloxacina – 400mg, duas vezes ao dia, basea-
do no antibiograma. No terceiro dia de tratamento com o antibiótico, ela sofre
uma queda e os familiares relatam a você que, naquele momento, a sua pressão
estava baixa. Que tipo de interação pode ter ocorrido? Justifique.
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Polifarmácia
Foto 6 – Idoso separando sua medicação
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Grandes síndromes geriátricas
Adesão
Foto 7 – Adesão
Foto: Manu Castilho (2008).
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 16
✔ Asma
✔ Hipertensão arterial
✔ Dislipidemia
✔ Prevenção de AVC
✔ Prevenção de osteoporose
✔ Depressão
✔ Controle da dor
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Grandes síndromes geriátricas
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ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
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Grandes síndromes geriátricas
265
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA
ATIVIDADE 17
Agora leia o caso clínico da Dona Cristina, 82 anos, moradora da rua Maranhão,
n. 3, e responda às perguntas, propondo alternativas, caso discorde das condu-
tas adotadas por aqueles profissionais.
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