Art - Hegel - Mateus Salvadori
Art - Hegel - Mateus Salvadori
Art - Hegel - Mateus Salvadori
*
Mestre e Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Professor do curso de Bacharelado
em Direito da Universidade de Caxias do Sul (UCS). E-mail: mjrech7@gmail.com.
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
355
Moisés João Rech
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
356
Resenha: Do formalismo ético ao tribunal da história
são suprassensíveis, e acima de tudo, a desloca para o campo da Moral. A Metafísica é agora
“enquadrada em outra dimensão que não seja a da razão pura especulativa: a razão pura
prática. Ela será o fundamento da moral” (p. 46). O idealismo transcendental elimina qualquer
possibilidade de conhecer o Absoluto, pois estabelece a cisão intransponível entre sujeito e
objeto.
A partir dessa contextualização a respeito da dualidade kantiana, Salvadori se lança a
seu principal objeto de estudo: o idealismo absoluto. No segundo capítulo o foco é a
Fenomenologia do espírito, e sua progressão da certeza sensível ao saber absoluto; sob o
título “O idealismo absoluto e o fim das cisões entre ser e pensar”, o autor demonstra
novamente sua capacidade teórica com o manejo da dialética hegeliana.
Nesse capítulo, de grande densidade, Salvadori reconstrói as figuras da consciência,
demonstrando suas contradições e sua passagem a estágios mais elevados. A certeza sensível
tem como verdade a imediatez, isto é, o singular. “A certeza sensível, pensando que o objeto é
essencial, busca o singular, mas ao tentar exprimi-lo o transforma em um universal pobre” (p.
59-60). A certeza sensível vai ao objeto ou o “isso-aí” e constata sua incapacidade de dizê-lo;
assim, a certeza volta-se ao sujeito ou o “este-aqui”, mas também constata que permanece no
universal abstrato. Por fim, a certeza sensível constata: sua verdade está além de si.
A segunda figura da consciência, a percepção, parte do universal abstrato da certeza
sensível. Porém, “a universalidade do objeto tem duas faces: a multiplicidade das
propriedades e a universalidade distinta e independente das propriedades” (p. 65). Aqui, “a
percepção, ao considerar o objeto como verdadeiro vacila entre a sua unidade e as várias
propriedade que se manifestam nele” (p. 66), de tal forma que as propriedades da coisa
revelam que ela é para-si como também para Outro. A percepção então constata que o
inessencial é a coisa, e que o “essencial torna-se a relação” (p. 67).
Nesse momento o entendimento é a figura superveniente. Agora não se trata mais de
pensar o objeto singularmente, em-si, trata-se de pensar a “passagem do uno-múltiplo, ser-
para-si-ser-para-outro, interior-exterior” (p. 69), ou seja, a relação, ou o que Hegel chama de
“força”. Com a força, salva-se a unidade, mas abre-se uma nova fase, a consciência descobre
que para além do mundo sensível, fenomênico, há o mundo suprassensível, ou seja, um
interior das coisas. Mas esse interior é o pensamento que explica o fenômeno, pois “fora do
sensível não há qualquer realidade fantasmática que seria o dentro deste sensível. A lei que é
esse dentro é um pensamento” (p. 71). Nesse momento, a consciência se reconhece no objeto,
e torna-se consciência-de-si, ou seja, sabe que seu saber é saber de si. Salvadori segue
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
357
Moisés João Rech
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
358
Resenha: Do formalismo ético ao tribunal da história
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
359
Moisés João Rech
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
360
Resenha: Do formalismo ético ao tribunal da história
Sapere aude – Belo Horizonte, v. 9 – n. 17, p. 355-361, Jan./Jun. 2018 – ISSN: 2177-6342
361