Entre Frases
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Entre Frases
vestibular medicina
4ª edição • São Paulo
2019
L C LINGUAGENS, CÓDIGOS
2
e suas tecnologias
Estudo da escrita - Redação
ENTRE FRASES Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.
Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Claudio Guilherme da Silva
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)
Impressão e acabamento
Meta Solutions
ISBN: 978-85-9542-148-6
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2019
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CARO ALUNO
O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais
vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enri-
quecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.
Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos
principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química,
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE FRASES
ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO
Aula 6: Especificidades da Fuvest e da Vunesp 7
Aula 7: Parágrafo padrão e tópico frasal 29
Aula 8: Estratégias Argumentativas I 47
Aula 9: Estratégias Argumentativas II 65
Redações extras 83
Prontuário 97
0 6 Especificidades da Fuvest
e da Vunesp
L C
ENTRE
FRASES
ESPECIFICIDADES DA FUVEST E DA VUNESP
ESPECIFICIDADES FUVEST
De acordo com último manual do candidato da FUVEST, a prova de redação exigia “uma dissertação de
caráter argumentativo, na qual se espera que o candidato, visando sustentar um ponto de vista sobre o tema,
demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; de
articular eficientemente as partes do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado.”
Como essas exigências são comuns a qualquer vestibular cuja proposta seja a composição de um texto
dissertativo-argumentativo, nenhuma dessas características é novidade. De modo geral, a ideia de refletir sobre
dados e conceitos, tecer um ponto de vista e defendê-lo a partir de argumentos convincentes segue a mesma base
dos elementos vistos nas aulas anteriores.
A grande diferença entre outras provas e a FUVEST está no modo como parte dessas competências são co-
bradas. No esquema abaixo, você encontrará algumas das especificidades e suas formas de avaliação na proposta
da FUVEST.
O CONCEITO DE AUTORIA
A FUVEST, assim como o ENEM, valoriza a elaboração de textos em que a noção de autoria possa ser
reconhecida. Isto é, o aluno deve fugir de estruturas pré-fabricadas e deve mostrar que possui competência para
elaborar um texto argumentativo a partir de suas próprias reflexões e dos textos abordados na coletânea. Nesse
sentido, é importante descartar fórmulas prontas para construir as partes do texto, como: “Desde a antiguidade, o
homem...”, “Atualmente, todos sabem que...,”, “Podemos concluir que...” Tais artimanhas são contraproducentes,
porque podem ser utilizadas em quaisquer contextos, e também porque são repetidas todos os anos no vestibular,
fatores que influenciam negativamente na correção.
Além disso, o conceito de autoria também se estende à noção de “repertório”. A FUVEST determina que
o candidato não se prenda apenas aos textos da coletânea, mas que consiga articular o texto com um repertório
pessoal de exemplos e de reflexões. Nesse ponto, não é exigida uma total erudição dos conceitos abordados –
nenhum vestibular obriga o candidato a citar exclusivamente Aristóteles, Platão, Rousseau ou Foucault: as teorias,
sem dúvida são sempre bem-vindas, mas o mais importante é a capacidade de relacionar o tema abordado com
elementos mais abstratos, sejam eles um filme hollywoodiano ou mesmo uma letra de rap. A única recomendação
é que eles sejam pertinentes ao assunto e que a reflexão seja bem construída.
Em alguns dos últimos vestibulares, a redação da FUVEST pediu que os alunos relacionassem conceitos filo-
sóficos com abordagens do cotidiano e da vida social como um todo. Diante disso, muitos alunos se equivocaram
ao tratar o tema da prova como “absolutamente filosófico”, como se ele não estabelecesse muita correspondência
com o plano material, e, portanto, fosse ainda mais complexo de ser abordado.
No entanto, é importante ressaltar que a introdução da filosofia nas propostas de redação não represen-
ta uma limitação, ou uma abordagem ampla desconectada de exemplos concretos. Ao contrário disso, o desafio
proposto pela FUVEST é de que o candidato encontre exemplos e conceitos reais que permitam compreender
determinado princípio filosófico.
POSICIONAMENTO
Assim como o ENEM, a FUVEST exige que o candidato elabore um posicionamento a respeito do tema
abordado e discuta tais reflexões a partir de argumentos. Para tanto, convém ressaltar que esses argumentos não
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devem ser meramente expositivos: eles só fazem sentido se estiverem alinhados ao ponto de vista adotado. Como a
presença de informações aleatórias e desconectadas da elaboração de um raciocínio lógico implica na penalização
da nota, é interessante caprichar no projeto de texto e segui-lo rigidamente, evitando a inclusão de informações
desnecessárias.
PERGUNTA-TEMA
Nas últimas provas, a FUVEST apresentou o tema da redação por meio das seguintes perguntas-tema: “As
utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas (2016)”, “O homem já saiu de sua menoridade?” (2017), “Deve haver
limites para a arte?” (2018) e “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente” (2019).
Como se trata de um questionamento, é fundamental que o texto do aluno procure elaborar reflexões respondendo
à indagação, ainda que para isso seja necessário tecer hipóteses e fazer ressalvas – isto é, expor a legitimidade de
posicionamentos contrários. Só não vale “ficar em cima do muro”, nem levar a discussão para longe, abandonando
a pergunta inicial.
VALORIZAÇÃO DA REFLEXÃO
De modo geral, o vestibular da FUVEST valoriza muito a capacidade de reflexão do aluno, já que pou-
cas de suas propostas contemplaram temas polêmicos ou aguardados nos grandes vestibulares. Além disso, não se
costuma adotar um modelo padrão de apresentação da coletânea: ela pode ser composta de excertos de gêneros
diferentes – texto jornalístico, texto filosófico, texto literário, verbetes, entre outros; pode ser feita com apenas um
texto filosófico – como na proposta de 2017, cujo único fragmento era um texto de Immanuel Kant; ou pode ser
projetada a partir de textos não-verbais – como na prova de 2013, na qual constava somente a imagem de um
Shopping center e de uma publicidade de cartão de crédito. Felizmente, nos últimos dois exames (2018 e 2019),
a proposta de redação não se distanciava muito de outros modelos, oferecendo pergunta-tema, acompanhada de
diferentes textos na coletânea. No entanto, é importante que o candidato à FUVEST esteja preparado para lidar
com qualquer modelo de proposta de redação.
Tendo em vista esse cenário, a solução mais adequada é treinar bastante a reflexão a partir dos textos e
também caprichar na construção de um repertório pessoal, já que o candidato pode encontrar um tema sobre o
qual nunca se debruçou, e, portanto, não possui um posicionamento definido.
Não é recomendável, na FUVEST, que o candidato perca tempo apresentando ideias gerais sobre o assunto
e, portanto, demore para iniciar a discussão da problemática apresentada e mostrar seu ponto de vista. Muito pelo
contrário, as redações que já trazem na introdução a posição do autor costumam ser bem avaliadas. Quanto mais
cedo as contradições são expostas e o senso crítico aparece, mais linhas o candidato tem para argumentar a favor
de seu ponto de vista.
A FUVEST não exige uma proposta de intervenção para as discussões apresentadas na prova de redação,
até mesmo porque seus temas não se vinculam necessariamente a um problema cuja resolução esteja ao alcance
de diferentes setores, como esperado no ENEM. Caso seja pertinente e esteja em consonância com a argumentação
construída, em alguns temas específicos, o candidato pode sugerir intervenções em diferentes níveis.
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CRITÉRIOS
Desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo
Verifica-se inicialmente se o texto configura-se como uma dissertação argumentativa e se atende ao tema
proposto. Pressupõe-se, então, que o candidato demonstre habilidade de compreender a proposta de redação e,
quando esta contiver uma coletânea, que se revele capaz de ler e de relacionar adequadamente as ideias e infor-
mações dos textos que a integram. No que diz respeito ao desenvolvimento do tema, verifica-se, além da perti-
nência das informações e da efetiva progressão temática, a capacidade crítico-argumentativa que a redação venha
a revelar. A paráfrase de elementos que compõem a proposta de redação não é um recurso recomendável para o
desenvolvimento adequado do tema. Não se recomenda, também, que o texto produzido se configure como uma
dissertação meramente expositiva, isto é, que se limite a expor dados ou informações relativos ao tema, sem que
se explicite um ponto de vista devidamente sustentado por uma argumentação consistente.
Avaliam-se, conjuntamente, a coerência dos argumentos e das opiniões e a coesão textual, ou seja, a
correta articulação das palavras, frases e parágrafos. A coerência reflete a capacidade do candidato de relacionar
os argumentos e organizá-los de forma a deles extrair conclusões apropriadas e, também, sua habilidade para o
planejamento e a construção significativa do texto. Devem-se evitar contradições entre frases ou parágrafos, falta
de encadeamento das ideias, circularidade ou quebra da progressão argumentativa, uso de argumentação baseada
apenas no senso comum e falta de conclusão ou conclusões que não decorram do que foi previamente exposto.
Quanto à coesão, serão verificados, entre outros, o estabelecimento de relações semânticas entre partes do texto
e o uso adequado de conectivos.
Avaliam-se o domínio da norma-padrão escrita da língua portuguesa e a clareza na expressão das ideias.
Serão examinados aspectos gramaticais como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, e o emprego adequado
e expressivo do vocabulário. Espera-se que o candidato revele competência para expor com precisão e concisão
os argumentos selecionados para a defesa do ponto de vista adotado, evitando o uso de clichês ou frases feitas.
Avalia-se, também, a seleção adequada do vocabulário, tendo em vista as peculiaridades do tipo de texto exigido.
ESPECIFICIDADES VUNESP
A fundação VUNESP é a responsável por elaborar a prova de diferentes vestibulares de medicina. Entre as
universidades públicas estão: UNESP, UNIFESP, FAMERP FAMEMA, SANTA CASA, UEA e UFTM. Na rede privada,
a fundação cuida dos ingressos nas instituições ANHEMBI MORUMBI, BARRETOS, UNICID, FAM, FAMECA, SÃO
CAETANO, JUNDIAÍ, SÃO CAMILO, UNINOVE, UNIFAE, FACEF. Desse modo, é importante conhecer de perto como
funciona a prova de redação, já que sua forma de aplicação e avaliação é – em geral – a mesma em todas essas
universidades. As diferenças ficam por conta da pontuação atribuída à redação na nota final.
A redação da VUNESP, de acordo com o Manual do candidato UNESP 2019, exige “dissertação em prosa
na norma-padrão da língua portuguesa, a partir da leitura de textos auxiliares, que servem como um referencial
para ampliar os argumentos produzidos pelo próprio candidato. Ele deverá demonstrar domínio dos mecanismos
de coesão e coerência textual, considerando a importância de apresentar um texto bem articulado.” Novamente,
vemos a solicitação de um texto dissertativo-argumentativo que exige reflexão, repertório e boa articulação na
escrita. Nesse sentido, é interessante conhecer, a partir de agora, quais são as particularidades que esse tipo de
proposta requer.
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PADRÃO DE COLETÂNEA
- http://exame.abril.com.br,
- www.cartacapital.com.br,
- www.cartaeducacao.com.br,
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- Folha de São Paulo (impresso),
- https://noticias.uol.com.br,
- www2.camara.leg.br,
- www.em.com.br (Jornal do Estado de Minas)
- http://oglobo.globo.com.
CRITÉRIOS
a. Tema: considera-se se o texto do candidato atende ao tema proposto. A fuga completa ao tema proposto
é motivo suficiente para que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus aspectos, receben-
ao gênero/tipo de texto proposto e à coerência das ideias. A fuga completa ao gênero/ tipo de texto é
motivo suficiente para que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus aspectos, receben-
do nota 0 (zero) total. Avalia-se aqui como o candidato sustenta sua tese em termos argumentativos
cução construída: por se tratar de uma dissertação, deve-se prezar pela objetividade, sendo assim, o uso
de primeira pessoa do singular e de segunda pessoa (singular e plural) poderá ser penalizado. Será con-
siderada aspecto negativo a referência direta à situação imediata de produção textual (ex.: como afirma
o autor do primeiro texto/da coletânea/do texto I; como solicitado nesta prova/proposta de redação). Na
coerência, será observada, além da pertinência dos argumentos mobilizados para a defesa do ponto de
vista, a capacidade do candidato de encadear as ideias de forma lógica e coerente (progressão textual).
Serão consideradas aspectos negativos a presença de contradições entre as ideias, a falta de partes da
c. Expressão (coesão e modalidade): consideram-se nesse item os aspectos referentes à coesão textual e ao
domínio da norma-padrão da língua portuguesa. Na coesão, avalia-se a utilização dos recursos coesivos
da língua (anáforas, catáforas, substituições, conjunções etc.) de modo a tornar a relação entre frases
e períodos e entre os parágrafos do texto mais clara e precisa. Serão considerados aspectos negativos
serão examinados os aspectos gramaticais como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, bem como
expressões.
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EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: LEIA OS TEXTOS E FAÇA O QUE SE PEDE:
TEXTO 1
TEXTO 2
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
“Elegia 1938”. Carlos Drummond de Andrade
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B
TEXTO 1
Cao Guimarães entende a gambiarra
de modo mais amplo, como algo que
extravasa a ideia de objeto ou simples
engenhoca, manifestando-se em "ges-
tos, ações, costumes, pensamentos, cul-
minando na própria ideia de existência"
“O acaso na obra de Cao Guimarães: Gambiarras expan-
didas”.Cássia Takahashi Hosni.
TEXTO 2
O jeitinho é a regra não escrita, sem existência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e
macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconhe-
ça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância.
Jeitinho e jeitão” – Francisco de Oliveira, sociólogo brasileiro. Revista Piauí, 2016.
Redija um parágrafo no qual você descreva semelhanças entre a obra de arte e o excerto.
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EXERCÍCIO 2: LEIA E COMPARE OS TEXTOS ABAIXO, IDENTIFICANDO OS POSICIONAMENTOS APRESEN-
TADOS. EM SEGUIDA, REDIJA UMA PARÁGRAFO EM QUE VOCÊ DEFENDA APENAS UMA DAS PERS-
PECTIVAS, INVALIDANDO O POSICIONAMENTO APRESENTADO NO OUTRO EXCERTO.
A
TEXTO 1
O suicídio assistido por médicos é antitético a uma cultura da vida por uma série de razões.
Em primeiro lugar, o suicídio assistido por médicos estabelece diretrizes arbitrárias sobre quem
recebe a prevenção do suicídio e quem recebe a assistência ao suicídio.
Os pacientes de uma certa idade ou com uma determinada condição de qualificação são instru-
ídos a encerrar suas vidas com ajuda profissional, enquanto outros recebem apoio para continuarem
vivendo. Essas circunstâncias são completamente arbitrárias e sujeitas a mudanças por capricho.
Em última análise, as diretrizes de suicídio assistidas por médicos passam a mensagem de que
algumas vidas são simplesmente mais valiosas do que outras. Uma mentalidade que privilegia algumas
vidas em detrimento de outras infecta a cultura em múltiplos níveis.
Ao contrário do mito prevalente de que o suicídio assistido por médicos é principalmente uma
opção para aqueles que sofrem de dores excruciantes, estudos sugerem que a principal causa de suicídio
assistido por médico não é a dor, mas o sofrimento existencial.
www.gazetadopovo.com.br/ideias/legalizar-o-suicidio-assistido-criaria-uma-triste-cultura-3nf3m0vrgztet6ajt48ym5tt1/ (05.10.2018)
TEXTO 2
A tecnologia e os recursos terapêuticos à disposição da medicina moderna criaram os meios
para que os limites da vida sejam alargados muito além do razoável. Quantas vezes me deparei com a
dúvida: o que acabo de prescrever vai prolongar a vida ou o calvário dessa pessoa?
Na realidade, nem a sociedade nem nós, profissionais, estamos preparados para nos rendermos
ao fato de que o corpo pode se tornar um fardo irreversivelmente insuportável, incapaz de oferecer o
prazer mais insignificante, eventualidade em que a morte deveria ser entendida como desenlace natural.
Nessas circunstâncias, seria preciso colocar os doentes a par da gravidade e da irreversibilidade
da doença, de modo que pudessem tomar a decisão informada de abreviar ou não a duração dos dias
finais. Faltam as leis, mas não os meios necessários para lhes proporcionar o final digno que todos de-
sejamos para nós mesmos
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2018/11/suicidio-assistido.shtml (25.11.2018).
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16
B
TEXTO 1
O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, su-
gere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa.
Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. Graças às câmeras dos
celulares localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem
que nos mostra exatamente como queremos - uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar
como mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa "auto representação seletiva"
pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança.
https://www.shutterstock.com/pt/blog/o-que-o-seu-selfie-diz-sobre-voce-a-ciencia-por-tras-da-nossa-obsessao(Adaptado )
TEXTO 2
O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da
sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na
proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de
fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os
reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá me-
lhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo está
realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa,já que está tão voltado
para sua selfie.
http://lounge.obviousmag.org/psicologia_na_contemporaneidade/2014/09/o-narcisismo-
-na-contemporaneidade-o-mal-estar-da-era-das-selfies.html
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A SOLIDÃO CONTEMPORÂNEA
ACERVO
TEXTO 1
A advogada Renata Cruz, 44, não nega ombro às amigas e aos amigos. Fica a postos 24 horas por dia, seja pessoalmente,
por WhatsApp ou Skype (para aqueles que moram longe). Quando eles mais precisam, está pronta para ouvir e acolher suas lamú-
rias. Além disso, faz questão de acompanhar cada caso e saber o desfecho. “Eu não dou conselhos genéricos. Estudo a problemática
e faço o possível para ajudar a resolver”, afirma Renata, com a segurança de quem é perita no assunto.
Renata atua como amiga profissional – ou “personal friend”, como é chamado o serviço que oferece há duas décadas.
“Era muito comum que as pessoas me abordassem em lugares públicos, como o ponto de ônibus ou o trem, para desabafar”, conta
ela, que morava em Portugal quando começou a oferecer o serviço. “Percebi que tem muita gente com necessidade de conversar e
sem ninguém para ouvir e que eu poderia ajudar de maneira profissional. Hoje eu tenho formação de coach, o que aperfeiçoou meu
atendimento”. Os valores das sessões variam entre R$ 120 e R$ 170 reais por hora.
O “personal friend” é só um dos produtos e serviços disponíveis para quem vive sozinho. Segundo a Síntese de Indicadores
Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2015, esse grupo já soma quase 70 milhões de pes-
soas. Trata-se de um número 30% maior do que na década anterior, mostrando que o Brasil segue uma tendência mundial, vivida
sobretudo pelos países mais desenvolvidos.
Em 2016, o Canadá atingiu pela primeira vez em sua história um número maior de casas com uma só pessoa do que
qualquer outro tipo de habitação. Segundo dados daquele ano, 28,2% dos domicílios tinham apenas um morador no país. Ainda
assim, a porcentagem é significativamente menor que a de vários países europeus: Dinamarca, Finlândia, Alemanha e Noruega, por
exemplo, têm mais de 40% de suas casas com um só morador. A estimativa é que esse já seja o modelo adotado em 15% dos dois
bilhões de residências que existem no mundo todo.
PRODUTO SOLIDÃO
Além do amigo de aluguel, há uma variedade enorme de opções para atender a essa turma. Segundo o Sindicato da Habi-
tação de São Paulo, a capital paulista teve em 2018 um crescimento de 91% nos lançamentos de unidades residenciais com até 45
metros quadrados. Em 2017, 42,6% dos imóveis lançados tinham esse tamanho. Nesses ninhos de um pássaro só, dá para fazer de
tudo sem colocar o pé para fora da porta ou estabelecer vínculo com ninguém. Graças, principalmente, à tecnologia. Os aplicativos,
por exemplo, incrementaram os serviços de entrega em domicílio. Hoje é possível ir ao supermercado, à farmácia, à papelaria e até
sacar dinheiro sem colocar o pé para fora da porta de casa. O silêncio incomoda? Na internet, há áudios de horas ininterruptas com
o som de pessoas conversando, como se estivesse acontecendo uma festa em sua casa. Isso sem falar no mundo do sexo virtual,
que garante até a experiência de estar dentro de uma casa de swing ou coisa do tipo.
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O Japão, onde imóveis minúsculos e códigos rígidos de convívio fazem parte da cultura, o atendimento a esse público
chegou ao extremo. Lá, estão se popularizando os “cuddle cafes”, locais onde é possível pagar para dormir de conchinha. Em
2012, foi inaugurado o primeiro, no distrito de Akihabara, em Tóquio, chamado Soineya, que literalmente significa “dormir juntos”.
Os clientes, todos homens, precisam pagar uma taxa para entrar no estabelecimento. Os preços variam de acordo com o
tempo gasto com o serviço: entre US$ 40 para vinte minutos, e US$ 645 para uma noite completa de 10 horas. Para quem deseja
ainda mais calor humano, há pacotes opcionais que incluem itens como troca de olhares. Inspirados na experiência oriental, em-
presários de Nova York e Portland, nos Estados Unidos, e Vancouver, no Canadá, estão abrindo negócios semelhantes, porém para
atender também as mulheres.
O surgimento de tantos produtos para este, digamos, mercado da solidão, levanta algumas questões: estar só é uma
escolha, uma busca do sujeito pós-moderno, ou uma condição imposta pela vida contemporânea, marcada pela fragilidade dos
laços afetivos? Existe uma dose segura e aconselhável de solidão? O historiador Leandro Karnal publicou em 2018 um livro com
discussões semelhantes: “O dilema do porco espinho – como encarar a solidão” (Ed. Planeta).
Já na introdução, ele nos expõe o paradoxo por meio da metáfora do porco-espinho, usada pela primeira vez pelo filósofo
Arthur Schopenhauer: assim como aquele animal, precisamos nos unir para nos proteger do frio. A proximidade, no entanto, espeta,
machuca. E, então, nos afastamos. A vida moderna, onde quase tudo é possível, impõe o dilema: “Quero estar sozinho, quero com-
panhia e gostaria de controlar esses dois momentos de acordo com minha vontade. Não é possível. A busca do equilíbrio tem sido
um desafio constante para estimular casamentos e divórcios”, escreveu.
19
A SOLIDÃO COMO DOENÇA
A busca pelo equilíbrio entre a liberdade de estar só e o convívio saudável com outras pessoas parece estar desbalanceada.
A solidão extrema é, sim, considerada um mal moderno e tem sido tratada como epidemia em alguns países. No início do ano
passado, o Reino Unido, por exemplo, anunciou a criação do Ministério da Solidão. Naquele país, a preocupação é principalmente
com os idosos, mas acomete cerca de nove milhões de indivíduos de idades variadas.
“Para muitas pessoas, a solidão é a triste realidade da vida moderna”, disse a primeira-ministra Theresa May, ao anunciar
a medida. “Quero enfrentar esse desafio pela nossa sociedade e para que todos nós possamos agir para combater a solidão en-
frentada pelos mais velhos, pelos cuidadores, por aqueles que perderam seus entes amados – pessoas que não têm ninguém para
conversar ou compartilhar seus pensamentos e experiências”, completou a premiê.
A apreensão inglesa tem justificativa. A solidão está na origem de uma série de patologias. “Causa irritação, isolamento,
depressão e está associada a um aumento de 26% do risco de morte prematura”, alerta o especialista no assunto John Cacioppo
em artigo publicado recentemente na revista científica “The Lancet”. “Solidão é uma condição particular na qual um indivíduo se
percebe socialmente isolado mesmo quando está entre outras pessoas”, escreveu Cacioppo.
Sem ninguém por perto com quem contar, adoecemos porque andamos na contramão de nossa essência. Ficar muito só
está para a alma assim como a falta de água está para a pele. “Bebês não comem se não forem alimentados, não se locomovem
se não forem transportados”, disse ao TAB o psicanalista Armando Colognese Júnior, professor e supervisor do Departamento de
Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.
Nossa fisiologia é feita para buscar o convívio. O simples toque, como carícia, libera ocitocina (o chamado “hormônio do
amor”, do acolhimento, que promove calma e bem-estar). O olho no olho também deflagra uma cascata de reações químicas, em
geral benéficas. Em sua obra “O Ser e o Nada”, o filósofo francês Jean Paul-Sartre, marido de Simone de Beauvoir, discorre sobre o
processo de identidade em que o sujeito se descobre como indivíduo. Segundo ele, isso só acontece na presença (ou na experiência)
do outro. Sobre isso, escreveu: “O Outro é mediador indispensável entre mim e mim mesmo (…) Reconheço que sou como o Outro
me vê”.
O pintor americano Edward Hopper (1882 – 1967) dedicou parte importante de sua obra para retratar cenas da solidão
da vida moderna. Inspirado em algumas das mais emblemáticas, em 2013 o diretor de cinema Gustav Deutsch criou a história de
Shirley, uma mulher que vive nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1960. No filme, as imagens de Hopper compõem uma
narrativa única, ganhando movimento e som. Além da trilha sonora, ouvimos os pensamentos da personagem, que divaga sobre
grandes fatos históricos: a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial, o Macartismo.
É de Sartre também a célebre frase: “O inferno são os outros”. Ora, como o mesmo pensador discorre sobre a importância
do outro para o indivíduo e diz que ele é seu inferno? Na verdade, as afirmações são complementares e fazem parte da teoria
existencialista do francês. O que ele quer dizer é que, ao convivermos, enxergamos no interlocutor aquilo que somos e também o
20
que não somos. O outro nos tira da ignorância sobre nós e nos impõe um problema. Ele nos tolhe a liberdade, cria limites sociais.
A vergonha, por exemplo, só existe quando não estamos sozinhos. Escreveu ele: ” (…) a vergonha, em sua estrutura primeira,
é vergonha diante de alguém. Acabo de cometer um gesto desastrado ou vulgar: esse gesto gruda em mim, não o julgo, nem o
censuro, apenas vivencio (…) Mas, de repente, levanto a cabeça: alguém estava ali e me viu. Constato subitamente a vulgaridade
de meu gesto e sinto vergonha”.
Ou seja, se por um lado a solidão nos é fatal, a vida em comum nem sempre é pacífica. Viver junto requer concessões. É
preciso abrir mão de vontades, de desejos pessoais em nome do outro sem deixar de reivindicar seu próprio espaço, proteger-se
dos espinhos. Cansa, dá trabalho, desmotiva muitas vezes. Ao mesmo tempo, foi-se a época em que casar e formar família eram
sinônimos de felicidade ou sucesso pessoal.
Hoje em dia, já é aceitável a escolha pela vida de solteiro em que as ambições sejam variadas e nada tenham a ver com
família – uma carreira de sucesso, viagens, busca por transcendência espiritual, entre outras possibilidades. Viver só é uma facilida-
de. “Em nosso mundo de furiosa ‘individualização’, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo,
e não há como determinar quando um se transforma no outro”, escreveu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) em
“Amor Líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos”.
https://tab.uol.com.br/edicao/solidao#o-mercado-da-solidao (28.01.2019)
21
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE
a. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2015, o
grupo de pessoas que vivem sozinhas já soma quase 70 milhões de pessoas. Trata-se de um número 30% maior do que na
década anterior, mostrando que o Brasil segue uma tendência mundial, vivida sobretudo pelos países mais desenvolvidos.
b. A solidão está na origem de uma série de patologias. “Causa irritação, isolamento, depressão e está associada a um aumen-
to de 26% do risco de morte prematura”, alerta o especialista no assunto John Cacioppo em artigo publicado recentemente
na revista científica “The Lancet”. “Solidão é uma condição particular na qual um indivíduo se percebe socialmente isolado
mesmo quando está entre outras pessoas”, escreveu Cacioppo.
https://tab.uol.com.br/edicao/solidao#o-mercado-da-solidao (28.01.2019)
a. Sem ninguém por perto com quem contar, adoecemos porque andamos na contramão de nossa essência. Ficar muito só está
para a alma assim como a falta de água está para a pele. “Bebês não comem se não forem alimentados, não se locomovem
se não forem transportados”, disse ao TAB (UOL) o psicanalista Armando Colognese Júnior, professor e supervisor do Departa-
mento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.
b. Por reconhecer o lado positivo da vida sozinho, Leandro Karnal faz uma ponderação em seu livro: “Precisamos fazer uma
distinção possível, ainda que não aceita por todos, entre solidão e solitude. A primeira pode ser considerada negativa, inde-
pendendo, inclusive, de estar isolado, apartado da sociedade, pois podemos nos sentir solitários na multidão. A solitude, por
outro lado, tem caráter positivo, enseja ao ser a possibilidade de escuta de seu ‘eu’ e é condição imprescindível para qualquer
forma de expressão estética.”
https://tab.uol.com.br/edicao/solidao#o-mercado-da-solidao (28.01.2019)
O Japão, onde imóveis minúsculos e códigos rígidos de convívio fazem parte da cultura, o atendimento a esse público
chegou ao extremo. Lá, estão se popularizando os “cuddle cafes”, locais onde é possível pagar para dormir de conchinha. Em
2012, foi inaugurado o primeiro, no distrito de Akihabara, em Tóquio, chamado Soineya, que literalmente significa “dormir
juntos”.
Os clientes, todos homens, precisam pagar uma taxa para entrar no estabelecimento. Os preços variam de acordo com
o tempo gasto com o serviço: entre US$ 40 para vinte minutos, e US$ 645 para uma noite completa de 10 horas. Para quem
deseja ainda mais calor humano, há pacotes opcionais que incluem itens como troca de olhares. Inspirados na experiência
oriental, empresários de Nova York e Portland, nos Estados Unidos, e Vancouver, no Canadá, estão abrindo negócios semelhan-
tes, porém para atender também as mulheres.
https://tab.uol.com.br/edicao/solidao#o-mercado-da-solidao (28.01.2019)
22
IV. ANALOGIA LITERÁRIA
V. CITAÇÃO
Geralmente se supõe que a solidão pode originar-se da convicção de que não há pessoa ou grupo a que se pertença. Pode-se consi-
derar esse não pertencer como apresentando um significado bem mais profundo.
23
INTERATIVI
A DADE
ASSISTIR
Filme ELA
24
LER
Livros
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PROPOSTA 6
TEXTO 1
Diga adeus à solidão: conte com uma personal friend divertida, alegre, simpática e que ainda pode te dar
dicas de vários lugares legais de São Paulo de acordo com sua preferência e te fazer companhia. Sou coach pessoal
formada e posso também te orientar sobre diversos assuntos, conselhos de marketing pessoal e moda. Sou ótima
ouvinte para você conversar e desabafar, com total ética, confiabilidade e profissionalismo. Ressalto que o serviço
oferecido é somente para amizade e companhia em locais e eventos públicos, sem qualquer outro tipo de envol-
vimento. Para pessoas maiores de 18 anos que procuram uma amiga e uma boa companhia para sair e conversar.
Valores por hora a combinar.
TEXTO 2
Qualquer um pode sofrer com solidão crônica: uma criança de 12 anos que muda de escola; um jovem
que depois de crescer em uma pequena comunidade sente-se perdido em uma grande cidade; uma executiva que
está ocupada demais com sua carreira para manter boas relações com seus familiares e amigos; um idoso que
sobreviveu a sua parceira e cuja saúde fraca dificulta fazer visitas. A generalização do sentimento de solidão é
surpreendente. Vários estudos internacionais indicam que mais de uma em cada três pessoas nos países ocidentais
sente-se sozinha habitualmente ou com frequência.
Como as pessoas solitárias tendem a ter mais relações negativas com os outros, o sentimento pode ser
contagioso. Os testes biológicos realizados mostram que a solidão tem várias consequências físicas: elevam-se os
níveis de cortisol – o hormônio do estresse –, a resistência à circulação de sangue aumenta e certos aspectos da
imunidade diminuem. E os efeitos prejudiciais da solidão não terminam quando se apaga a luz: a solidão é uma
doença que não descansa, que aumenta a frequência dos pequenos despertares durante o sono, e faz com que a
pessoa acorde esgotada.
Solidão, uma nova epidemia. https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/06/ciencia/1459949778_182740.html (06.04.2016)
TEXTO 3
Fiquei sozinha um domingo inteiro. Não telefonei para ninguém e ninguém me telefonou. Estava totalmente
só. Fiquei sentada num sofá com o pensamento livre. Mas no decorrer desse dia até a hora de dormir tive umas três
vezes um súbito reconhecimento de mim mesma e do mundo que me assombrou e me fez mergulhar em profun-
dezas obscuras de onde saí para uma luz de ouro. Era o encontro do eu com o eu. A solidão é um luxo.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.
26
TEXTO 4
A solidão benéfica nunca se estrutura em torno de Eu não preciso do outro. É justamente quando me dou
conta de que preciso do outro, mas não absolutamente, que a solidão se torna um espaço criativo. Ou seja, nesse
momento ela deixa de ser sentida como experiência deficitária. A solidão patológica é sentida como humilhação
social, o que costuma ser resolvido por meio de mais e maiores práticas de isolamento, distância e controle sobre
a presença do outro ou por meio de próteses na qual mimetizo estados de compartilhamento com o outro, que na
verdade são divisões de falsa solidão.
TEXTO 5
A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A ESPÉCIE HUMANA TEM CONSEGUIDO LIDAR COM A SOLIDÃO NOS TEMPOS ATUAIS?
27
0 7 Parágrafo padrão e tópico
frasal
L C
ENTRE
FRASES
PARÁGRAFO PADRÃO E TÓPICO FRASAL
PARÁGRAFO PADRÃO
Na dissertação argumentativa, parágrafo padrão é a unidade composta por vários períodos na qual
se desenvolve uma ideia central. Ele deve conter apenas um assunto, pois é justamente a centralidade da
ideia que garante sua unidade. A maior parte dos parágrafos confusos são aqueles que se propõem a discutir –
num mesmo espaço – dois ou três assuntos diferentes, prejudicando compreensão geral do texto, sobretudo por
apresentarem grandes saltos temáticos.
O parágrafo-padrão também possui uma estrutura fixa que deve ser respeitada, com uma espécie de intro-
dução, desenvolvimento e conclusão, conforme o parágrafo abaixo.
Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator prepon-
derante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo re-
cente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo
jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na
ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à co-
munidade, como é o caso dos surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas
de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso
à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho.
No exemplo, podemos perceber que que o primeiro período configura a abertura de uma ideia (vermelho);
os seguintes, o desenvolvimento (azul); e o último, a conclusão (verde), apresentada como uma consequência do
problema discutido. De modo geral, a organização escolhida deixou o trecho perfeitamente compreensível.
Assim, é importante que o parágrafo padrão preze sempre por uma lógica sequencial, isto é, as informações
precisam estar apresentadas de acordo com o raciocínio que o autor deseja mostrar. Muitas vezes, seja pelo nervo-
sismo ou pela falta de experiência com a escrita, muitos alunos acumulam informações no parágrafo, tornando-o
incoerente e até mesmo incompreensível. Nesses casos, uma boa dica é escrever períodos curtos e realizar uma
leitura atenta do parágrafo após terminar de redigi-lo.
A forma mais segura para a construção do parágrafo padrão chama-se tópico frasal. Ela é utilizada com
frequência por garantir organização e unidade na redação. No entanto, ela não é a única forma de estruturá-lo:
alguns temas mais filosóficos ou sociológicos, como os da FUVEST, podem ser estruturados de outro modo.
TÓPICO FRASAL
Chama-se tópico frasal o período-síntese que anuncia a ideia a ser desenvolvida no parágrafo. Ele deve
ser curto e conciso, e deve sempre pressupor explicações. Outro detalhe importante: em boa parte dos empregos
eles estão acompanhados de conjunções que fazem a conexão com o parágrafo anterior. Abaixo seguem alguns
exemplos extraídos das melhores redações do ENEM e da FUVEST.
O uso da afirmação/declaração é o principal modo de empregar tópico frasal. Trata-se de uma ideia
do autor que orientará o parágrafo. Por se tratar de uma declaração geral, deve ser redigida por períodos
argumentativos, isto é, períodos que contenham julgamentos, avaliações, ou definições do próprio autor que,
obrigatoriamente, exijam explicações.
Ex1: As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos animados e trilhas sono-
ras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. Dessa maneira, as indústrias acabam comparti-
31
lhando seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds.
A falta de discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a OMS, no Reino
Unido há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são
proibidos em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos
infantis. Já no Brasil há a auto-regulamentação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo,
sem legislação específica.
No exemplo abaixo, há dois parágrafos extraídos da mesma redação. Além de cada um deles desenvolver
uma ideia diferente – reforçando a opinião da autora – eles estão muito bem conectados por uma conjunção.
Ex2: Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais
para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvol-
veram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou
Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis
pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade
para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado.
Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma
crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da
realidade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda
em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos.
Ex 3: Além disso, a maioria das escolas brasileiras não incluem os surdos, assim como os demais portadores
de necessidades especiais, em seus programas, estimulando a diferença e o preconceito. Por mais que a legislação
brasileira garanta o ensino inclusivo, a maioria das escolas brasileiras não possuem estrutura para atender aos
deficientes auditivos, principalmente por conta da falta de profissionais qualificados. A pouca inclusão dos jovens
deficientes e não-deficientes valoriza a diferença entre eles, gerando discriminação e uma sociedade dividida. O
renomado geógrafo Milton Santos dizia que uma sociedade alienada é aquela que enxerga o que separa, mas não
o que une seus membros, algo que se evidencia na exclusão de surdos em todos os níveis de ensino.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2016)
32
Ex 5: Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como dis-
serta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava
compactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo
religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser
repudiado em um estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.
Em alguns casos, o tópico pode estar estruturado com uma oração concessiva. Ela serve para conduzir um
raciocínio por meio de ressalvas e é introduzida pelas conjunções embora, ainda que, mesmo que, por mais que.
Ex 6: Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a “Maria da Penha”
tenham contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias relacionadas à violência – física, moral,
psicológica, sexual – contra a mulher, ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é
uma causa que desencoraja inúmeras denúncias. Muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura feminina
agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos da perpetuação da violência o
medo de uma retaliação do agressor e a “vergonha social”, o que desestimula a busca por justiça e por direitos,
peças-chave na manutenção de qualquer democracia.
(Trecho extraído de redação modelo do exame ENEM 2015)
Ex 7: Contudo, ainda que o mundo esteja enfrentando essa situação caótica, há uma esperança (por sorte
pandora não a deixou escapar): basta o homem se conscientizar de que a felicidade não é comprável, de que não
devemos permutar nossa individualidade por um padrão social e de que satisfazer-se através de uma “tarde de
compras no shopping” é um indício de um intelecto infantil, já que o consumo não traz nenhum avanço a ninguém.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)
Ex 8: O shopping center funciona exatamente como a montanha russa. Bombardeados por anúncios, luzes e
lojas, os consumidores entram em um estado de frenesi, que os induz a comprar mais. A perda de referências se dá
pela ausência de marcadores de tempo (relógios ou entradas de luz natural) e pela rapidez com que os produtos se
renovam. Absolutamente tudo é novo e melhor. Com a inovação constante, o velho se torna obsoleto e a felicidade
se encontra em obter as novidades, dispensando até mesmo o seu aproveitamento.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2013)
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EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Redija um parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo a partir dos tópicos fra-
sais abaixo. Procure reunir informações, exemplos, dados ou citações de seu repertório pessoal, que
reafirmem a ideia proposta no período.
a. As residências, nos grandes centros urbanos, transformaram-se em fortalezas repletas de segurança. ...
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...........................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
b. Muitas empresas se valem do desconhecimento e ignorância dos consumidores para impor a necessidade de no-
vos produtos.........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
c. A falta de estrutura nas escolas e o baixo incentivo em formação continuada prejudica o desempenho
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...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
d. As questões ambientais,no Brasil,são frequentemente atravessadas por conflitos entre ambientalistas e empre-
sas privadas.........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
a. Embora a lei de imigração, de 2016, tenha facilitado a permanência legal dos estrangeiros no Brasil, a
xenofobia existente em relação a algumas nacionalidades continua a torturar parte da população imi-
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...........................................................................................................................................................
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b. Por mais que haja problemas graves na rede de atendimento do SUS, sua cobertura contempla diversos
...........................................................................................................................................................
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c. Apesar da possibilidade de desenvolver efeitos colaterais a longo prazo, é fundamental que a vacinação
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35
EDUCAÇÃO DOMICILIAR
ACERVO
3. As crianças que estudam em casa aprendem os mesmos conteúdos dados na escola regular?
Não necessariamente. Há quem até mesmo utilize de materiais e conteúdo programático usados por escolas para guiar os
estudos em casa. No entanto, como no Brasil não há lei que regulamente a prática do homeschooling, este modelo não é obrigató-
rio. Em outros casos, os tutores – sejam estes contratados ou familiares – são mais vistos como mediadores do ensino e não focam
em todos os conteúdos trabalhados pela escola, mas em ensinar as crianças a aprender. Projetos pedagógicos, cursos de idiomas e
livros podem apoiar esse trabalho domiciliar. No caso dos pais que tentam cumprir um conteúdo programático, mas não possuem
tanta habilidade ou proximidade com o conteúdo ou componente curricular, há ainda a possibilidade de contratar um professor
para orientar esse trabalho.
36
5. Por que algumas famílias querem uma alternativa à escola?
As motivações para o ensino domiciliar são variadas. Há famílias que buscam por questões religiosas, prevalência de con-
vicções e valores familiares na Educação dos filhos, preservar as crianças de assédio moral ou bullying, insatisfação com o ambiente
escolar e crença de que a Educação domiciliar permitirá melhor qualidade de ensino às crianças e adolescentes.
6. O que acontece hoje quando alguma família quer praticar Educação domiciliar?
Como a prática não é regulamentada – a lei não diz explicitamente se é proibido ou não –, as famílias precisam recorrer à
justiça para conseguirem autorização para ensinar as crianças e adolescentes em casa. Como a decisão fica à cargo da justiça, não
é certeza que a família consiga autorização para o ensino domiciliar. Caso não haja autorização da justiça e a família não matricule
seus filhos na escola, ela pode sofrer uma ação judicial já que a matrícula na escola é obrigatória a partir dos quatro anos de idade.
37
precisariam apresentar uma proposta de estudo para validação do Conselho Estadual ou Municipal, que também definiria estraté-
gias de acompanhamento do cumprimento das regras estabelecidas. Apesar da proposta do MEC em 2018, a regulamentação em
discussão será baseada na medida provisória que está sendo editada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
como política prioritária dos primeiros 100 dias do Governo Bolsonaro. Na maioria dos países adeptos do ensino domiciliar, é exigi-
do que as crianças e adolescentes que estudam em casa participem de uma avaliação anual.
https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)
38
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE
Cerca de 5 mil famílias brasileiras são praticantes do homeschooling (chamado também de Educação domiciliar ou
ensino doméstico). A estimativa é da Associação Nacional De Educação Domiciliar (Aned). A prática teve início no Brasil nos
anos 1990 e vem conquistando a cada ano mais adeptos. Na última pesquisa realizada pelo grupo, em 2016, o número de
famílias adeptas era de 3,2 mil.
https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)
a. A aprendizagem significativa não se faz pela assimilação de conteúdos dispostas nas redes de informação, mas antes pela
capacidade de relacionar ideias, articular conhecimentos, sentimentos e posturas na constituição de si e de modos de ser em
face da vida. Para tanto, importa que o indivíduo aprenda a interagir, argumentar e lidar com situações de conflito, assumindo
a responsabilidade por suas decisões. Por isso, não há conhecimento independente de posturas, compromissos, desejos, valores
e disponibilidades para a ação.
b. "A família tem valores privados. Se a família defende, por exemplo, o preconceito e o sexismo, é preciso que haja um lugar
onde isso seja pensado de outra maneira. Pode ser que a escola esteja despreparada (para esse papel), mas há cada vez mais
projetos de gestão democrática e combate ao bullying, por exemplo. É justamente na troca de experiências que as crianças
aprendem. Mais do que trancar as crianças, vamos juntos melhorar a escola e exigir mais dela", opina Telma Vinha, professora
da Faculdade de Educação da Unicamp.
"Meu filho, quando tinha sete anos, apanhava na escola por ser baiano", conta Ricardo Iêne Dias, presidente da Aned. "Essa sociali-
zação eu não quero. Está muito longe de haver o exercício de tolerância nas escolas. Eu ouvi do MEC que a escola é o espaço do aprendizado
e do exercício da diferença. Mas se fosse isso mesmo, talvez meu filho ainda estivesse na escola." Ele defende ainda que crianças educadas em
casa se destacam em trabalho em equipe e empreendedorismo porque "conseguem pensar fora da caixa por não terem passado pelo padrão
massificado de aprendizado. Elas aprendem a interpretar textos e participam mais da vida domiciliar, onde a educação acontece o tempo todo".
IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)
Para que o País realmente tenha uma educação de qualidade, é preciso implementar uma política pública que envolva todo o ecossistema
educacional, com a participação conjunta de líderes políticos, gestores escolares, professores, pais, alunos, empresas e a própria comunidade
do entorno das escolas.
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O primeiro passo, para avançarmos neste sentido, é contar com diretrizes educacionais claras, guiadas por um planejamento
estratégico com metas para curto, médio e longo prazos, além de promover a avaliação periódica de resultados. Paralelamente,
é preciso consolidar uma rede de relacionamentos que, por meio da colaboração, descubra novos caminhos para a educação. Isso significa
envolver nessa teia todos os interessados na educação.
Aos secretários de educação, por exemplo, cabe o papel de articuladores desse processo. Além de terem a capacidade de analisar resultados de
avaliações externas e das próprias escolas, eles precisam promover o diálogo democrático com a sociedade e viabilizar a execução financeira,
alinhada ao planejamento estratégico pré-definido.
https://exame.abril.com.br/blog/crescer-em-rede/como-alcancar-uma-educacao-publica-de-qualidade/ (09.03.2017)
V. LEGISLAÇÃO:
Não há legislação específica sobre a educação domiciliar. Embora a lei não proíba explicitamente a prática, ela também
não a respalda. De acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB), a Educação é “dever
do Estado e da família”. Ainda na LDB é colocado como dever dos pais ou responsáveis “efetuar a matrícula das crianças na
Educação Básica a partir dos quatro anos de idade”.
https://novaescola.org.br/conteudo/15636/homeschooling-14-perguntas-e-respostas. (11.02.2019)
As crianças e os adolescentes têm direito a uma educação. A disciplina nas escolas deve respeitar a dignidade das crianças e dos
adolescentes. A educação básica deve ser gratuita. As crianças e os adolescentes devem ser encorajados a ir para a escola até o nível educa-
cional mais alto possível.
https://www.unicef.org/brazil/pt/CDC_CEA.pdf
40
INTERATIVI
A DADE
ASSISTIR
Fonte: Youtube
41
ASSISTIR
ACESSAR
www.aned.org.br/
42
PROPOSTA 7 - VESTIBULAR
TEXTO 1
No que diz respeito à legislação brasileira, a orientação é clara: desde 1934 é firmada a obrigatoriedade escolar,
que envolve, a um só tempo, a obrigação de o Estado oferecer escolas e a obrigação de os pais enviarem seus filhos
à escola. Os adeptos do homeschooling – o ensino doméstico ou domiciliar – alegam que há brechas na legislação
brasileira, o que possibilita a defesa dessa modalidade de educação. Afirmam, para isso, basicamente os princípios
de liberdade de escolha do tipo de instrução que os pais desejam dar a seus filhos.
https://jornal.usp.br/artigos/homeschooling-a-pratica-de-educar-em-casa/ (16.03.2018)
TEXTO 2
O homeschooling vem sendo muito discutido no Brasil como pauta de um ensino abrangente. Algumas pessoas
acham que essa é a solução do problema da falta de escolas em lugares distantes e esquecidos, uma das causas da
grande evasão escolar do Brasil, que já é de 2,8 milhões; já outras acham que a falta do ambiente escolar e de um
professor presente diariamente causam grandes danos à formação do indivíduo. No meio dessa discussão, também
aparece a terceirização da educação dos filhos e exclusão social da criança.
https://exame.abril.com.br/negocios/dino/homeschooling-o-polemico-ensino-domiciliar-na-pratica/ (01.02.2019)
TEXTO 3
“Optamos pelo homeschooling porque achamos que a qualidade do desenvolvimento físico, social e moral é me-
lhor quando a criança está mais tempo em casa com a família”, defende a ilustradora Manoela Martins. “A escola
toma muito tempo do dia da criança e o homeschooling dá a possibilidade da criança aprender em espaços mais
naturais compatíveis com o que vai ser a vida adulta, ela aprende na vida, não no simulado”, diz Manoela. Para
especialistas no tema, como Maria Celi Vasconcelos, doutora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
que observou o ensino em diversas famílias e conduziu um estudo sobre a inserção de homeschooling na legislação
educacional no Brasil e em Portugal, a educação domiciliar não prejudica a formação de crianças e adolescentes
se for bem feita. “Eu não acho que o homeschooling possa atrapalhar o futuro dessas crianças. As crianças que eu
entrevistei em nada se diferenciavam das que estavam na escola”.
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/educacao-domiciliar-ganha-forca-no-brasil-e-busca-
43
TEXTO 4
Ao considerar internamente a proposta de ensino domiciliar, condenamos com veemência o pressuposto de que o
projeto educativo de formação humana possa ser levado a cabo pela mera coleção de saberes adquiridos no con-
texto do isolamento e da superproteção familiar. A aprendizagem significativa não se faz pela assimilação de con-
teúdos dispostas nas redes de informação, mas antes pela capacidade de relacionar ideias, articular conhecimentos,
sentimentos e posturas na constituição de si e de modos de ser em face da vida. Para tanto, importa que o indivíduo
aprenda a interagir, argumentar e lidar com situações de conflito, assumindo a responsabilidade por suas decisões.
Por isso, não há conhecimento independente de posturas, compromissos, desejos, valores e disponibilidades para a
ação. Além disso, a resolução de problemas que se colocam nas inúmeras relações com os outros e com os objetos
de conhecimento funcionam como um verdadeiro mote para o despertar de interesses, a ampliação de horizontes
e a promoção do “aprender a aprender”.
Do ponto de vista da aprendizagem, é pouco provável que o contato com os pais-professores, por mais eruditos
que sejam, possa superar as situações promovidas em classe por aproximadamente 85 professores especialistas
que integram a trajetória da Educação Básica. É pouco provável também que, nos limites da própria casa, os jovens
tenham a oportunidade de desenvolver competências e de colocar seus saberes a serviço da inserção social.
Silvia Colello. Professora titular da Faculdade de Educação da USP. https://educacaoemvalores.word-
press.com/2012/12/21/o-ensino-domiciliar-e-a-suposta-educacao-moral/ (21.12.2012)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
No ranking de 71 países participantes, o Brasil ficou em 62.º, abaixo de outros latinos como Chile, Uruguai e
Argentina. Uma das razões é o fato de alunos de baixa renda, em geral, frequentarem as piores escolas. “O Brasil
ainda tem um longo caminho para garantir que estudantes tenham acesso igualitário às oportunidades educacio-
nais, independentemente da origem dos seus pais ou do lugar em que vivem”, disse ao Estado um dos autores do
estudo na OCDE Francesco Avvisati.
https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,apenas-2-1-dos-alunos-pobres-do-pais-tem-bom-desempenho-escolar,70002213621. (04.03.2018)
TEXTO 2
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, fixa que é dever do Estado garantir padrões mínimos de qua-
lidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. “É claro que bibliotecas, o acesso à internet laboratórias
de ciências são imprescindíveis à educação hoje, isso para não falar no básico do básico que é a garantia de água
e esgoto”, disse o coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Apesar dessa importância, ele avalia que o Estado brasileiro, por meio de diversos governos, não tem dado priori-
dade ao financiamento do setor. Como exemplo, cita que, desde 2010, o Conselho Nacional de Educação aprovou,
por unanimidade, e normatizou o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi), a fim de padronizar esses investimentos,
mas até hoje a decisão não foi homologada.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-01/censo-aponta-que-escolas-publicas-ainda-tem-deficiencias-de-infraestrutura (31.01.2018)
TEXTO 3
"O Brasil não precisa esperar ter mais recursos. Aliás, se o Brasil não investir em educação, não se tornará um país
rico. A Coreia do Sul era muito mais pobre que o Brasil nos anos 60 e usou todos os últimos recursos que tinha em
educação. E foi isso que fez com que se tornasse um país rico", afirma o diretor do departamento de educação da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher. Segundo ele, qualidade
da educação num país não tem a ver com o nível de riqueza, mas sim com o investimento inteligente dos recursos
de que dispõe.
"As pessoas dizem: 'O Brasil é um país pobre e precisa ficar rico antes de alcançar uma boa educação.' E isso não é
verdade. Você pode ver países como o Vietnã, onde os mais pobres vão tão bem quanto os ricos no Brasil." O dire-
tor da OCDE critica o que chama de "investimentos desproporcionais" do governo brasileiro no ensino superior, em
comparação com os gastos com ensino fundamental. Uma estratégia que, segundo ele, "cimenta desigualdades".
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45657049 (03.08.2018
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TEXTO 4
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/08/30/7-de-cada-10-alunos-do-ensino-medio-tem-
-nivel-insuficiente-em-portugues-e-matematica-diz-mec.ghtml (30.08.2018)
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A
DEFICIÊNCIA NA QUALIDADE DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.
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0 8 Estratégias argumentativas I
L C
ENTRE
FRASES
Estratégias argumentativas I:
CAUSA E EFEITO / EXEMPLIFICAÇÃO/ DADOS ESTATÍSTICOS / NARRAÇÃO /
OPOSIÇÃO/CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
O objetivo principal deste e do próximo capítulo é oferecer um conjunto organizado de estratégias e téc-
nicas que facilitem a composição de um parágrafo de argumentação, levando em conta a existência de um tópico
frasal. É importante lembrarmos que, como foi dito na aula anterior, o tópico frasal não é a único modelo de intro-
dução de parágrafos, mas ainda assim é um modelo cujos recursos precisam ser praticados para que, em momento
posterior, o estudante possa fazer uso de técnicas mais elaboradas.
1. Causa e efeito
A estratégia argumentativa de causa e efeito consiste em duas etapas sequenciais. A primeira vale-se do tó-
pico frasal para fazer uma declaração (em geral, trata-se de uma consequência de uma ação realizada no mundo).
Em seguida, durante o desenvolvimento, é necessário complementar a informação, explicando o motivo dos fatos
anteriormente apresentados.
Exemplo:
A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Disseminada em todos os meios de comunicação,
a ampla visibilidade publicitária atinge seu principal objetivo: expor um produto e explicar sua respectiva função.
No entanto, essa mesma função é distorcida por anúncios apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a
compra, atingindo principalmente as crianças.
(Trecho de redação nota 1000 do ENEM 2014)
O tópico frasal (em destaque) apresentado pelo candidato afirma que a propaganda é a principal arma das
grandes empresas. A sequência do período em destaque (desenvolvimento) delineia os porquês.
2. Exemplificação
Exemplo:
Podemos perceber que o trecho destacado apresenta um tópico frasal bastante claro (é notória a dificuldade
que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião). Na
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sequência, o candidato se vale do recurso de exemplificação (o trecho em destaque) para elencar alguns casos que
ratifiquem a informação contida no tópico.
O desenvolvimento do tópico frasal também pode ser realizado por meio de dados estatísticos / científicos.
Essa estratégia requer um pouco de cautela, pois não se recomenda que o estudante forneça dados estatísticos
de sua memória, principalmente se não há certeza sobre as fontes de obtenção. A principal recomendação é que o
texto replique dados fornecidos pela própria coletânea de textos que acompanha a proposta de redação.
Exemplo
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a perma-
nência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam
não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011
teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam
violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em
diversos locais, como em casa e no trabalho.
O trecho destacado evidencia que a candidata recorre a dados numéricos presentes na coletânea oferecida
pelo ENEM para ratificar o tópico frasal de seu parágrafo. E também a partir desses dados, são encadeados argu-
mentos conclusivos que estabelecem relação com o tema.
4. Narração
Os processos argumentativos também podem ser encadeados por meio da construção de uma narrativa.
Em termos mais claros, ocorre quando recuperamos uma história / um caso, com seus personagens, localidades e
vínculos temporais. Para que não haja confusões entre o entendimento do que é uma narração e, por exemplo, uma
descrição ou exemplificação, é necessário lembrar desses três pontos:
II. Não podemos nos esquecer de que a história dessa(s) personagem(ns) precisa(m) estar vinculada(s) a
uma temporalidade precisa, e a também a um espaço bem configurado. A narrativa é um texto figurativo
que irá compor um argumento concreto de seu texto.
III. Toda história possui uma progressão temporal (temos eventos anteriores, concomitantes e posteriores).
Aqui, é essencial saber manipular os elementos verbais, inclusive para que possamos organizar a disposição
desses eventos em ordens variadas, de acordo com a necessidade imposta pelo tema.
Exemplo
O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou
catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos,
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décadas depois, houve repressão cultural e, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de
hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com
pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a
física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos.
Para ratificar a ideia central de seu argumento, a candidata complementa o parágrafo com a narrativa de
um fato concreto que está vinculado ao tema. As personagens dessa narrativa foram uma menina carioca, seus
acompanhantes e os agressores. Os fatos foram devidamente encadeados a partir de um dado de temporali-
dade (em junho de 2015) que exigia colocações verbais em pretérito perfeito.
5. Oposição
a. A argumentação por oposição envolve, naturalmente, a apresentação de dois objetos, dois fatos, ou duas
pessoas que possam ser contrapostos durante a exposição das ideias. É um recuso simples de ser usado,
mas que deve estar vinculado a temas em que realmente existam contraposições a serem discutidas.
Exemplo
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a
administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por
outro, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressores intolerantes.
No trecho apresentado, a candidata articula uma contradição em relação à intolerância religiosa, exibindo
dois pontos de vista sobre o tema, os quais serão articulados em parágrafo posterior.
6. Contra-argumentação
Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo Freire, um seu livro "Pedagogia do Oprimido", é
necessário buscar uma "cultura de paz". De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam
em denunciar casos de intolerância, sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário
do que se pensa, significa colaborar com a insistência da discriminação, o que funciona como um forte empecilho
para resolução dessa problemática.
No excerto, o candidato apresenta uma postura e a respectiva justificativa e, em seguida, condena com
argumentos o posicionamento anteriormente apresentado.
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EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.
b. A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser
comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matri-
culados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos.
c. O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os
casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus compa-
nheiros ou dependem financeiramente deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais
criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas.
d. Além disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam
que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma
função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se preocuparem
com uma possível licença maternidade.
A) EXEMPLIFICAÇÃO
No Brasil existem 6.103 bibliotecas públicas - quantidade considerada baixa em relação ao número
da população brasileira. E pensando nessa necessidade, em 2016, foi criado o projeto Cantos de Leitura.
Muito mais do que bibliotecas, os Cantos de Leitura são espaços de convivência onde o livro é o ponto cha-
ve. Desde então, já são 30 unidades inauguradas em todo país e mais de 36 mil livros doados, de diferentes
editores e gêneros literários.
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/21/internas_educacao,1032598/
projeto-leva-espaco-de-cultura-e-convivencia-para-locais-de-vulnerabil.shtml
a. Embora o nível de leitura da população brasileira ainda seja baixo, existem alternativas positivas
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B) DADOS ESTATÍSTICOS
http://www.abtlp.org.br/index.php/desemprego-um-grave-problema/
Na situação atual, é fundamental criar medidas para a geração de novos empregos formais no país,
já que............................................................................................................................................
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C) CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
A geração de 16 a 25 anos poderá assumir na vida pública um bonde que representantes da faixa
dos 40 anos acreditam ter perdido.
Pesquisa Datafolha feita em agosto mostra que os jovens são o grupo com maior interesse em par-
ticipar da política, seja disputando eleição ou assumindo cargo de governo.
Entre os entrevistados, 29% dos que têm entre 16 e 25 anos responderam ter muito interesse ou um
pouco de interesse em encarar as urnas.
Conforme a idade sobe, diminui a disposição. De 26 a 40 anos, 19% das pessoas respondem dessa
forma. Na faixa acima de 41 anos, a taxa é de 15%.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/jovens-tem-mais-interesse-em-atuar-na-politica-mostra-pesquisa.shtml
Parte da população brasileira afirma que os jovens não têm nenhum interesse na política. No entan-
to,.................................................................................................................................................
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PROPOSTA 8: A BUSCA PELA PERFEIÇÃO
ACERVO
TEXTO 1
Sociedade do consumo estético: a busca pela perfeição
Consumir não é propriamente um problema, mas com o desenvolver da sociedade, após a Revolução Industrial, a forma
como o consumo se dava sofreu modificações.
A indústria de cosméticos e dermatológica, de culto ao corpo, ganhou força nas últimas décadas. (Divulgação)
O consumismo seria o consumo que se dá de forma compulsória, que ultrapassa os limites daquilo que é indispensável
para satisfazer as necessidades básicas de um ser humano. Consumir não é propriamente um problema, mas com o desenvolver
da sociedade, após a Revolução Industrial, a forma como o consumo se dava sofreu modificações. Nesse momento, as pessoas não
produzem aquilo que elas consomem com a finalidade de subsistência, mas sim consomem aquilo que o mercado proporciona, ins-
tigando através das mídias e novas tecnologias a busca por produtos que não tenham só uma finalidade utilitária, mas que também
carreguem em si valores, a procura do alcance de um status social ou da satisfação de desejos perfeccionistas. Assim, a indústria
de cosméticos e dermatológica, de culto ao corpo, ganhou força nas últimas décadas, prometendo o alcance de um ideal de corpo
perfeito, de vida perfeita, que só existe na propaganda.
O ato de consumir foi ressignificado, não só para o consumo do produto em si, mas também daquele ideal que é vendido
junto a ele, um modelo hedonista moderno, de gozo Maximo com satisfação plena e uso com tudo aquilo que lhe traga felicidade.
Esse novo modo de consumir se tornou compulsório na medida em que há um ideal a ser perseguido e, sendo ele atendido momen-
taneamente, surgirão outros, de novas formas e modalidades.
É perceptível que há uma insatisfação constante daquele que consome um vazio existencial necessitando ser preenchido,
pois sempre sobrevirão novos produtos, com novas fórmulas e novas promessas. Todas as culturas possuem padrões de beleza pró-
prios do patrimônio genético que carregam. E, aproveitando-se disso, o sistema capitalista faz com que esse padrão seja, de certo
modo, “aperfeiçoado” com seus produtos. As mídias têm grande força na manutenção desse sistema de consumo, uma vez que ela
é a responsável pela reiteração dos valores não só econômicos atribuídos aos produtos, influenciando no modo como a sociedade
se constrói e, ainda, em suas relações interpessoais.
Não só a mídia é responsável pela propagação de um padrão de beleza estético, como ela também manipula aquilo
54
que mostra através do uso de tecnologias, tais como photoshop. Com esse programa se faz possível a alteração de uma imagem,
transformando-a naquilo que se quer ofertar através do produto aos seus consumidores. O uso desse mecanismo é muito questio-
nado, tendo em vista que sua função seria a retirada das consideradas “imperfeiçoes” das imagens, principalmente sobre os corpos
humanos, fazendo com que o público alvo do produto a ser vendido acredite naquela imagem como sendo possível de alcança-la
para si. Nas redes sociais é muito fácil de se encontrar críticas ao uso dessa tecnologia, pois ela além de incentivar o consumismo
de produtos estéticos e dermatológicos com uma promessa que não necessariamente será cumprida, influencia no aumento do
número de cirurgias estéticas em busca do corpo perfeito. Não se faz aqui um julgamento de valor sobre essas cirurgias, mas vale
a pena questionar o que faz com que elas sejam tão bem aceitas na sociedade.
Recentemente, a França resolveu tratar dessas questões como um problema de saúde pública, uma vez que sua população,
ao ser influenciada por essas manipulações imagéticas, desenvolve distúrbios alimentares em busca de uma magreza idealizada,
com base no fomento da baixa autoestima da autodepreciação de seus cidadãos, já que aquele ideal demonstrado pelas mídias é
impossível de ser alcançado. Assim, a partir dessa lei, deverá constar o aviso "photographie retouchée", que significa “fotografia
retocada” em português, em todos os anúncios que utilizarem tecnologia de retoque, alterando a realidade das fotos para uma
idealização de perfeição. A padronização de um corpo perfeito, além de poder desencadear em distúrbios alimentares, fomenta
estigmas e preconceitos contra aqueles que não se encaixam nos padrões preestabelecidos. Aqui no Brasil, pode-se dizer que a
padronização estética fomenta a “gordofobia”, que é a aversão às pessoas gordas, atribuindo a elas uma condição de subjugação
e de inferioridade.
Além das questões já levantadas, podemos falar de um paradoxo de representatividade midiática no Brasil, uma vez que
esse é um país que, pelo seu histórico de colonização, resultou em uma forte mistura étnica, o que não é demonstrado pelas grandes
mídias. Apesar de 54,9% da população brasileira se declarar como negra ou parda (IBGE, 2016), não é isso o que se vê nos pro-
gramas de grande circulação. Há uma incidência de um padrão de beleza europeu, o que talvez seja resultado de uma colonização
inclusive cultural que sofremos.
Apesar de o consumo de produtos de beleza ser exacerbado, pouco era direcionado à população negra. As recentes lutas
sociais por reconhecimento forçaram o mercado a produzir mais materiais destinados à essa população, como, por exemplo, mais
produtos para cabelos crespos e cacheados, reforçando uma ideia de que há vários tipos de beleza e não só a do cabelo liso. A pos-
tura de assumir o cabelo crespo se tornou um ato de resistência frente ao padrão de beleza europeu imposto e, inclusive, reforçando
uma ideia de identidade negra.
Mais uma vez, reitero que o ato de consumir não é de todo um mal, mas sim uma atividade necessária para a nossa sobre-
vivência como humanidade. No entanto, vale a pena questionar o modo como esse consumo se dá, para que possamos enxergar
melhor como nos determinamos como indivíduos e como coletividade. A postura da França em relação ao uso do photoshop talvez
seja apenas simbólica, mas o mero apontamento da manipulação da realidade já é algo a ser considerado pelo nosso inconsciente.
E, ainda, uma vez levantadas todas essas questões, que passemos de alguma forma elucidar sob influência de que estamos, se isso
é bom ou não para a nossa sociedade e, a partir daí possamos aprimorar o modo como nos colocamos no mundo.
O padrão de beleza e juventude imposto para a sociedade deve ser repensando. As características culturais, a fisiologia de
cada pessoa deve ser levada em conta, isso não quer dizer que devemos parar de utilizar os cosméticos e cuidar do corpo, apenas,
não deixarmos levar pelos exageros estéticos colocados pela mídia. Dessa forma, enfrentando o modelo estético atual, há uma pos-
sibilidade de se repensar seu consumo, levando a uma possível utilização sustentável desses produtos e dos recursos empregados
na sua elaboração.
http://domtotal.com/noticia/1260248/2018/06/sociedade-do-consumo-estetico-a-busca-pela-perfeicao/ (07.06.2018)
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TEXTO 2
A busca pela perfeição pode desencadear a síndrome do pânico, diz estudo
Você olha para a vida de outras pessoas e as compara com a sua? Isso faz você questionar se você é inteligente, acomo-
dado ou feliz?
A psicóloga clínica Linda Blair descreveu o perfeccionista como uma pessoa que se esforça para perfeição, para uma criação
perfeita, resultado ou desempenho perfeito. O perfeccionista é difícil de confiar em si próprio, mesmo que isso signifique comprome-
ter a sua saúde, os seus relacionamentos e o seu bem-estar em busca de um resultado que seja ‘perfeito’.
De acordo com alguns estudos isso é algo que afeta, principalmente, grande parte das mulheres. Uma pesquisa feita nos
EUA, em 2009, constatou que as mulheres são mais propensas que os homens a experimentar sentimentos de inadequação em casa
e no trabalho. E uma proporção maior sentiu que não cumpriu os seus próprios padrões elevados.
Essa insegurança está bem documentada no mundo do trabalho: em 2011, o Instituto de Liderança e Gestão encontrou
metade das gerentes, em comparação com menos de um terço dos gerentes, com muitas dúvidas sobre o seu desempenho de chefia.
Uma pesquisa interna entre mulheres que trabalham na Hewlett-Packard também descobriu que mulheres se esforçam para uma
promoção apenas quando têm 100% de certeza. Os homens se esforçam para serem promovidos quando se encontram apenas
50% motivados.
O desejo de ser perfeita parece que influi a pensar a partir de uma idade jovem: pesquisa de Girlguiding UK descobriu que
um quarto de meninas 7 a 10 anos de idade sentiu a necessidade de ser perfeita.
O perfeccionismo pode ter implicações sérias: é associada à ansiedade e à depressão. A saúde e a felicidade das mulheres é
uma preocupação crescente. Na verdade, um estudo NHS Choices deparou com 28,2% de jovens de 16 a 24 anos com saúde mental
adequada. O que mais impressiona neste estudo é que uma em quatro mulheres experimenta depressão, transtorno do pânico, fobia
ou transtorno obsessivo compulsivo quando busca ser perfeita.
O jornal The Guardian decidiu falar sobre este tema com os seus leitores a pedido de mulheres jovens com experiência e
história de perfeccionismo. Foram 134 respostas – com uma idade média de 25 anos. Para muitas mulheres jovens que nos consta-
taram, a imagem corporal foi uma enorme preocupação e muitas disseram que se sentem desvalorizadas, a menos que elas sejam
consideradas bonitas pela sociedade. A pressão para ser perfeita também se estendeu para o local de trabalho. Muitas entrevistadas
falaram sobre o sentimento inadequado em seus trabalhos e experimentaram a síndrome do impostor. Elas também se queixaram
que sentiam a pressão para fazer tudo perfeito: o malabarismo de ser mãe perfeita, a carreira profissional sem reparos e outras
pressões pessoais para serem perfeitas.
A mídia social desempenha um papel que influencia as perspectivas das mulheres sobre esta questão. Miranda, 18 anos, de
Cambridge, resumiu assim: “Eu certamente sinto a pressão para ser perfeita e a essa pressão da mídia está prejudicando a minha
saúde. A mídia social é a principal culpada. Eu tive que excluir minha conta no Instagram porque isso realmente me faz chorar. Eu
sou uma pessoa madura, com um foco consciente na realidade. Mas eu tenho tantos amigos cuja vida parece tão perfeita e sociável
que me faz sentir inútil e solitária”.
https://www.portalraizes.com/sindrome-do-panico-perfeccionismo/ Original: The guardian - https://www.theguar-
dian.com/commentisfree/2016/oct/14/perfect-girls-five-women-stories-mental-health (14.10.2016)
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É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE
A saúde e a felicidade das mulheres é uma preocupação crescente. Na verdade, um estudo NHS Choices ¹deparou com
28,2% de jovens de 16 a 24 anos com saúde mental adequada. O que mais impressiona neste estudo é que uma em quatro
mulheres experimenta depressão, transtorno do pânico, fobia ou transtorno obsessivo compulsivo quando busca ser perfeita.
¹ Estudo realizado pelo Centro de Pesquisa Social britânico em parceria com a Universidade de Leicester (Reino
Unido)
O professor Marcelo Tavares, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) explica que a vida se torna
muito mais interessante quando a pessoa se permite relaxar e até errar. “No erro, no meu limite, onde não sou perfeito, é que
tem espaço para alguma coisa nova acontecer. Essa noção da perfeição, que implica na repetição mecânica do acerto, não abre
porta para a novidade”. E o espaço para a criatividade, para o novo, é fundamental neste processo. “O novo verdadeiramente
novo acontece no espaço onde ainda não domino”.
O perfeccionismo também é perigoso. Um número recorde de jovens está sendo diagnosticado com transtornos men-
tais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Depressão, ansiedade e pensamentos suicidas são mais comuns
atualmente nos EUA, Canadá e Reino Unido do que há uma década.
Uma pesquisa mostrou que tendências perfeccionistas geram algumas dessas condições – como depressão, ansiedade
e estresse –, mesmo quando traços da personalidade, como neuroticismo (propensão a emoções negativas), são controlados
pelos cientistas.
Para piorar, a autocrítica pode desencadear sintomas depressivos, que conseguem, por sua vez, agravar o senso auto-
crítico, gerando um ciclo angustiante.
IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)
Em São Paulo, o ambulatório Pro-Amiti, do Hospital das Clínicas, oferece tratamento gratuito a maiores de 18 anos.
Para se inscrever, é preciso ligar na instituição (pelo telefone 11 2661 7805). O dependente tecnológico passa por uma ava-
liação e é encaminhado, ou não, a participar de 18 reuniões em grupo, realizadas semanalmente e com duração de 1h30.
Em paralelo, os familiares também são convidados a participar de grupos de orientação. Passado esse período, os encontros
passam a ser mais espaçados. Se o dependente continuar não apresentando melhora na sua relação com tecnologia, ele é
encaminhado para sessões de terapia individual e acompanhamento clínico.
https://www.nexojornal.com.br/servico/2018/01/26/V%C3%ADcio-em-celular-e-redes-sociais-
-Saiba-o-que-%C3%A9-e-como-fazer-um-detox-digital (26.01.2018)
57
V. ANALOGIA LITERÁRIA
VI. CITAÇÃO
58
INTERATIVI
A DADE
ASSISTIR
LER
Livros
O corpo como capital – Mirian Goldenberg
Este livro é uma viagem extensa e enriquecedora sobre esses temas. Por
meio de casos clínicos, sonhos, rituais, literatura e mitologia, a autora
realiza uma profunda investigação sobre os mistérios da mulher moderna,
suas atitudes e sua psicologia. Com uma análise incisiva e poderosa,
revela possíveis significados para a independência pessoal, celebrando a
integração do corpo e do espírito.
59
LER
Livros
A felicidade paradoxal - Gilles Lipovetsky
60
PROPOSTA 8 - VESTIBULAR
TEXTO 1
A ONG inglesa Girlguiding fez uma pesquisa com mais de mil meninas, entre 11 e 21 anos, e comprovou
que a relação delas com o mundo virtual pode não ser tão amistosa quanto aparenta. Uma em cada três jovens
relatou que sua maior preocupação online era comparar a sua vida com a de outras pessoas através das redes
sociais e alegaram que se preocupam com a forma como tal hábito está afetando seu bem-estar.
Se, por um lado, a pessoa precisa da aprovação dos outros, por outro ela começa a se questionar se gostam
dela de verdade ou se apenas da imagem que ela construiu. Apesar desse e de outros distúrbios estarem se tor-
nando mais frequentes, não representam a maioria dos casos. Já ansiedade e depressão - segundo Roberto Alves
Banaco, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia – acompanham a grande maioria de jovens que adotam a
busca pela perfeição no mundo digital.
Carol Tomasulo, estudante de 21 anos, faz terapia a dois anos e meio porque o uso das redes sociais estava
desestabilizando sua saúde emocional. O motivo: ela se comparava a outras pessoas que via na internet e acredita-
va que sua vida não era tão boa quanto a dos outros. A estudante Edna Fernandes, de 19 anos, também comparti-
lha do hábito de se comparar a outras pessoas nas redes sociais. Diferentemente de Carol, ela não compara tanto
sua vida, mas sim a sua aparência física. “Se eu, por exemplo, vejo a foto de uma amiga que está muito bonita, é
como se fosse um baque na autoestima. É como se eu pensasse: ‘Ela consegue tirar uma foto bonita e eu não’”,
conta. Ela ainda percebe que o mal-estar com relação a si mesma não dura apenas enquanto está nas redes, mas
permanece por um tempo na vida real, o que indica que não se trata apenas de um problema de se sentir bem ou
não com uma foto, mas pode atingir a vida real das jovens, influenciando suas atitudes e comportamentos.
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pressao-da-perfeicao-no-mundo-digital-pode-
-prejudicar-o-bem-estar-das-meninas,70001961932 (02.09.2017)
TEXTO 2
A tendência perf,eccionista está intimamente ligada a diversas patologias psicológicas, entre elas, os trans-
tornos alimentares. A promoção social de padrões de beleza e comportamento cada vez mais rígidos pode ser um
agravante dessa situação.
O corpo e os comportamentos são comparados a “exemplos de perfeição”, impossíveis de serem alcan-
çados, mas que são vistos como as únicas formas legítimas de ser. Essa situação social cria condições para que
o perfeccionismo seja agravado, causando muito sofrimento àqueles que investem grande energia na busca da
perfeição, através de comportamentos que configuram quadros de Anorexia, Bulimia ou ainda Vigorexia, que é a
obsessão pelo corpo forte. Os resultados são desastrosos: os prejuízos à saúde física e psicológica chegam a con-
figurar casos fatais, quando a exigência supera a própria vontade de viver.
FERRARI, Juliana Spinelli."A busca pela perfeição - Perfeccionismo"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasi-
lescola.uol.com.br/psicologia/a-busca-pela-perfeicao.htm>. Acesso em 11 de marco de 2019.
61
TEXTO 3
A busca de perfeição está, quase sempre, diretamente ligada à autoimagem. “Como a pessoa será vista
pelas outras pessoas e o mais importante: como ela se vê”. Dois sentimentos – de culpa e de humilhação – estão
intimamente ligados neste processo, pontua o professor Marcelo Tavares, do Instituto de Psicologia da Universida-
de de Brasília (UnB). E isso, com frequência, está diretamente relacionado com as experiências da infância e com
o nível de exigência dos pais. “Eu uso o perfeccionismo como forma de aliviar minha angústia do meu medo de
perder a relação com o outro ou com o meu medo de que em qualquer deslize minha autoestima será abalada. O
que o outro pensa, de fato, nos dois casos, é secundário, é irrelevante. O que é relevante é se eu penso que o outro
me ama”.
https://www.cvv.org.br/blog/a-angustia-do-perfeccionismo/ (Acessado em 11.03.2019)
TEXTO 4
A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A BUSCA PELA PERFEIÇÃO: NECESSIDADE, IMPOSIÇÃO OU VAIDADE?
62
PROPOSTA 8 - ENEM
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema O AUMENTO DE TRANSTORNOS E DOENÇAS LIGADOS À UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS,
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO 1
A ONG inglesa Girlguiding fez uma pesquisa com mais de mil meninas, entre 11 e 21 anos, e comprovou
que a relação delas com o mundo virtual pode não ser tão amistosa quanto aparenta. Uma em cada três jovens
relatou que sua maior preocupação online era comparar a sua vida com a de outras pessoas através das redes
sociais e alegaram que se preocupam com a forma como tal hábito está afetando seu bem-estar.
Se, por um lado, a pessoa precisa da aprovação dos outros, por outro ela começa a se questionar se gostam
dela de verdade ou se apenas da imagem que ela construiu. Apesar desse e de outros distúrbios estarem se tor-
nando mais frequentes, não representam a maioria dos casos. Já ansiedade e depressão - segundo Roberto Alves
Banaco, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia – acompanham a grande maioria de jovens que adotam a
busca pela perfeição no mundo digital.
Carol Tomasulo, estudante de 21 anos, faz terapia a dois anos e meio porque o uso das redes sociais estava
desestabilizando sua saúde emocional. O motivo: ela se comparava a outras pessoas que via na internet e acredita-
va que sua vida não era tão boa quanto a dos outros. A estudante Edna Fernandes, de 19 anos, também comparti-
lha do hábito de se comparar a outras pessoas nas redes sociais. Diferentemente de Carol, ela não compara tanto
sua vida, mas sim a sua aparência física. “Se eu, por exemplo, vejo a foto de uma amiga que está muito bonita, é
como se fosse um baque na autoestima. É como se eu pensasse: ‘Ela consegue tirar uma foto bonita e eu não’”,
conta. Ela ainda percebe que o mal-estar com relação a si mesma não dura apenas enquanto está nas redes, mas
permanece por um tempo na vida real, o que indica que não se trata apenas de um problema de se sentir bem ou
não com uma foto, mas pode atingir a vida real das jovens, influenciando suas atitudes e comportamentos.
https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pressao-da-perfeicao-no-mundo-digital-pode-
-prejudicar-o-bem-estar-das-meninas,70001961932 (02.09.2017)
63
TEXTO 2
Narcisismo?
A sensação de prazer despertada nos usuários é uma das possíveis explicações para a dependência. "Falar
de si gera um prazer equivalente a se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo. E em 90% do tempo as pessoas es-
tão falando de si nas redes sociais, com feedback instantâneo", complementa Guedes. "Em uma conversa normal,
em 30% do tempo normalmente se fala sobre si".
Os dados são de uma pesquisa da Universidade de Harvard segundo a qual esse comportamento gera um
mecanismo de recompensa no cérebro, graças à liberação de dopamina, além de endorfina, ocitocina e serotonina,
hormônios ligados ao prazer.
Mas esse prazer é temporário, observa Guedes. "E vira problema quando passa a ser a fonte exclusiva de
prazer, quando a pessoa passa a viver para postar a foto e deixa de aproveitar o momento".
Gianna Testa, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), explica que o "sistema de recompen-
sa" do usuário é muito afetado por estímulos - ou pela ausência deles - criados pelo reconhecimento virtual nas
redes sociais, como medida de aceitação e sucesso.
O efeito seria comparável ao da dependência de substâncias químicas no sistema nervoso central.
"Hoje é muito claro em adolescentes, por exemplo, o quanto a autoestima depende do número de curtidas,
do sucesso que eles têm nas redes sociais", observa a especialista, também sócia da ASEAT, uma assessoria de
segurança e educação em alta tecnologia, de Brasília.
Vício em celular chega a consultórios e já preocupa médicos no Brasil. http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41922087 (16.11.2017)
TEXTO 3
https://mundonativodigital.com/2016/02/22/pawel-kuczynski-e-a-critica-da-potencial-alienacao-provocada-pelas-redes-sociais/ (22.02.2016)
64
0 9 Estratégias argumentativas II
L C
ENTRE
FRASES
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS II:
Argumento De Autoridade / Referência / Alusão Histórica / Comparação /
Definição
Dando continuidade à aula anterior, conheceremos nesse capítulo mais alguns modos de se constituir es-
tratégias argumentativas para a composição dos parágrafos centrais de uma redação. Não custa lembrar que, aqui,
ainda estamos conduzindo a construção de parágrafos argumentativos a partir da estratégia de criação de um
tópico frasal. E como também foi dito na aula anterior, o tópico frasal não é o único modelo de introdução
de parágrafos existente, mas ainda assim é um modelo cujos recursos precisam ser praticados para
que, em momento posterior, o estudante possa fazer uso de técnicas mais elaboradas.
1. Argumento de autoridade
É possível notar que o candidato vincula a ideia de intolerância religiosa à dinâmica do individualismo,
muito presente na sociedade contemporânea. Para ratificar sua exposição, ele busca um filósofo de referência
(Zygmunt Bauman) que realizou amplos estudos sobre o assunto.
2. Referência
67
de um recurso que deve ser usado com parcimônia, vinculando adequadamente um dado que encontramos, por
exemplo, em um texto literário, a um fato de nossa realidade material. Quando bem usado, o recurso da referência
evidencia a capacidade que o candidato possui de relacionar um elemento artístico a sua experiência de mundo.
Vejamos o exemplo:
Marinetti quando redigiu o Manifesto Futurista exaltando as inovações da modernidade,
como o carro, não podia imaginar que o seu objeto de admiração aliado ao álcool poderia acarretar
sérios acidentes. Paralelamente às ideias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade de
absorver o que é vantajoso da cultura estrangeira e adaptar à cultura nacional, o Governo Federal
implementou a Lei Seca com o objetivo de reduzir a quantidade de acidentes envolvendo motoristas que ingeriram
álcool diminuiu consideravelmente e isso se deve ao rigor da fiscalização, principalmente em saídas de bares e
boates, aliado à punições , como multa e prisão.
O candidato aqui articulou muito bem os conhecimentos literários que possuía a respeito das vanguardas
europeias e o conceito de Antropofagia elaborado por Oswald de Andrade para problematizar questões relaciona-
das à proibição do consumo de álcool no trânsito.
3. Alusão histórica
O recurso da alusão histórica consiste, como o próprio nome indica, em fornecer algum dado/registro histó-
rico que auxilie na composição de um argumento. A informação incorporada ao texto deve contribuir para a criação
de uma linha lógica (e cronológica) entre o fato pregresso apresentado e o contemporâneo que se deseja discutir.
Trata-se de uma estratégia que pode valorizar o texto do candidato, desde que se observem alguns fatores:
Cuidado com “saltos” históricos muito amplos: ao fazer uma alusão histórica, deve-se tomar cui-
dado em não vincular o tema que se discute a um fato histórico muito distante, sem que se estabeleçam
adequadamente as informações que permitiriam ao leitor estabelecer uma linha coerente entre os eventos.
Não se trata aqui de dizer que é “impossível” estabelecer ligações entre um evento ocorrido, por exemplo,
na Idade Média e algo de nossa vivência mais atual; mas nesse caso faz-se necessário explicitar maior nú-
mero de fatos que deixem mais clara a conexão.
Cuidado com a apresentação de fatos históricos esvaziados de sentido: evite fazer referências
históricas evasivas, em que não são explicitados os dados que farão conexão com o momento presente.
Citações como “Desde a era paleolítica”, “Desde os tempos mais remotos” ou “Desde os primórdios”,
além de abarcarem períodos históricos muito extensos (ou não definidos), não permitem ao leitor encontrar
referências claras para as conexões com o momento presente.
68
4. Comparação
O recurso da comparação é bem simples, e consiste em estabelecer semelhanças e diferenças entre fatos /
elementos e, a partir disso, chegar a uma conclusão. A comparação é marcada por um processo de intencionalidade,
em que se deseja evidenciar pontos comuns ou distorções, a fim de embasar um argumento. Vejamos um exemplo:
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acon-
tece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas
abusivas e inadequadas.
5. Definição
A ideia de definição consiste em explicar um conceito a respeito de um assunto sem que essa explicação
envolva necessariamente uma ideia que foi desenvolvida por um especialista em alguma área (o que seria caracte-
rizado como argumento de autoridade). Está mais próximo de uma definição geral, mais ampla, a respeito de um
tema. Por exemplo, quando nos propomos a explicar o que é democracia ou política em algum parágrafo para que
consigamos justificar os argumentos que será apresentados. Vejamos um exemplo:
Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a
exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação
de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desne-
cessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a
comerciais televisivos que se dirigem a tal público.
(Trecho retirado da redação nota 1000 do ENEM 2014)
O candidato apresenta a definição mais tradicional de publicidade para poder mobilizar o seu argumento
a respeito da manipulação da propaganda infantil. É importante reparar que não se trata de um argumento de
autoridade, pois o conceito apresentado é mais próximo das definições que encontraríamos, por exemplo, em um
dicionário.
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo.
a. Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por
mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsá-
veis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual
diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o
preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.
b. Não é, no entanto, responsabilidade única do Estado a atual situação da publicidade infantil brasileira.
Como afirmou Sérgio Buarque, em sua obra “Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a
tratarem o Estado como um pai, deixando todas as questões político-sociais em suas mãos. Com a
finalidade de proteger suas crianças, cabe aos pais abandonar essa característica patrimonialista e exigir
mudanças, sem depender de governo ou de agências publicitárias.
c. Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator pre-
ponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito
não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram
sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto,
69
reverbera na sociedade atual, calcada na ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparente-
mente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é o caso dos surdos. Os deficientes
auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo
excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à
posterior entrada no mercado de trabalho.
d. Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para a capacitação
pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – de-
finia a tolerância como o maior presente de uma boa educação. O pensamento de Helen não tem se
aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum
ao cidadão a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda lín-
gua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos
indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem.
e. Em segundo lugar, é necessário compreender que o sufrágio é apenas o último estágio de um processo
social e político muito mais amplo, que envolve a formação do cidadão, o comprometimento das pessoas
com a comunidade e, em última instância, culmina na escolha de candidatos preparados para a adminis-
tração pública. Em países exemplos de gestão política, como a Noruega e o Canadá, nota-se o alto grau
de esclarecimento político da população e sua participação ativa na manutenção do bem-estar coletivo,
características pouco observadas no Brasil.
EXERCÍCIO 2: Com base nas informações disponibilizadas, complete os parágrafos iniciados abaixo.
A) COMPARAÇÃO
70
B) ALUSÃO HISTÓRICA
O Brasil começou a investir em rodovias ao longo do século XX. O auge dessa política veio com o
Governo JK, pois o processo de industrialização do Brasil, naquela época, demandava uma maior integração
territorial, o que incluía, sem dúvidas, uma rede de transporte articulada por todo o território nacional. Nes-
se sentido, Juscelino Kubitschek trouxe para o país a indústria automobilística, construiu a capital Brasília
no interior do espaço brasileiro e promoveu a construção de várias rodovias importantes, essas ocupando
praticamente todo o orçamento então destinado a transportes terrestres.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/rodoviarismo-no-brasil.htm (Acessado em 11.03.2019)
A predominância de um sistema rodoviário num país de dimensões continentais como o Brasil consiste num
erro histórico............................................................................................................................................
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C) REFERÊNCIA
Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e
canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vicio
que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a
sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração,
e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.
O cortiço. Aluísio Azevedo.
Boa parte do preconceito racial existente nos dias de hoje é reflexo da reprodução negativa de uma infe-
rioridade racial atribuída aos negros .......................................................................................................
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71
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL
ACERVO
TEXTO 1
Marco legal
A lei 13.243, conhecida como novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, foi apontada pelos debatedores como um estímulo
para a área. Ela foi sancionada em 2016 e regulamentada em decreto de fevereiro deste ano.
Entre outras mudanças, a norma simplifica acordos de cooperação entre instituições públicas e privadas e a importação de insumos para
a pesquisa, demandas antigas da comunidade científica.
A nova legislação cria um ambiente adequado para a inovação, segundo Nader. “Fazer inovação é diferente de construir uma estrada ou
um prédio. Não podemos usar os mesmos parâmetros. Ela tem risco e deve ser avaliada de forma diferente.”
Indústria
Na nova revolução industrial, a chamada indústria 4.0 melhora resultados e economiza recursos com uso de sensores e inteligência
artificial.
Mas nada disso será realidade no Brasil se as fábricas não se empenharem em minimizar as diferenças que as separam de países como
Alemanha e China, segundo participantes do seminário Inovação no Brasil: Centro-Oeste.
O conceito de indústria 4.0 teve origem em 2011 a partir de projeto do governo alemão de estratégias tecnológicas. A meta é conectar
máquinas e sistemas que controlem a produção de forma autônoma.
Para a diretora de inovação do IEL (Instituto Euvaldo Lodi) de Goiás, Gianna Cardoso Sagazio, é a trilha dos países desenvolvidos que deve
ser seguida, com políticas fortes de pesquisa e inovação.
Ela citou levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) que mostra que 42% das indústrias brasileiras desconhecem a im-
portância das tecnologias digitais para a competitividade. A sondagem foi realizada com 2.225 empresas em 2016.
Outra pesquisa da CNI, de 2017, realizada com 759 empresas, apontou que apenas 1,7% das entidades ouvidas usavam as tecnologias
mais avançadas e disponíveis na perspectiva da indústria 4.0.
Só investimento, porém, não é suficiente para alavancar a indústria, segundo o superintendente de Planejamento do BNDES, Mauricio
Neves.
Para que os recursos sejam alocados adequadamente, governos e gestores devem definir prioridades. “Precisamos debater qual é a agen-
da de desenvolvimento e de políticas públicas”, afirmou.
https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/03/investimento-para-pesquisa-e-insuficiente-diz-cientista.shtml (22.03.2018)
72
TEXTO 2
Uma das principais entidades de apoio à pesquisa nacional pode ficar sem dinheiro para manter suas atividades em 2019. A situação da
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) veio a público na quarta-feira (1), em ofício assinado por seu presidente,
Abilio Baeta Neves. O órgão reivindica junto ao governo federal a suspensão de um corte de R$ 580 milhões no orçamento, previsto para o ano
seguinte.
De acordo com a Capes, a medida traria impactos graves para seus programas de fomento à ciência. Estima-se que a diminuição no
repasse extinguiria 200 mil bolsas, afetando, sobretudo, três áreas:
1. Pesquisas de pós-graduação
Além de realizar a avaliação dos cursos de mestrado e doutorado, a Capes também financia 93 mil pesquisadores de ensino superior por
todo país. Entre as principais bolsas estão as oferecidas a estudantes de graduação (R$ 830 mensais), mestrado (R$ 1.500), doutorado (R$ 2.200)
e pós-doutorado (R$ 4.100).
3. Cooperação internacional
A Capes destaca que a eventual diminuição também comprometeria a continuidade de programas mantidos no exterior. “Um corte or-
çamentário de tamanha magnitude certamente será uma grande perda para as relações diplomáticas brasileiras no campo da educação superior e
poderá prejudicar a imagem do Brasil no exterior”, disse a entidade, no comunicado.
Cortes na ciência
A política de cortes atravessada pela Capes é reflexo da decisão do governo federal por limitar as despesas públicas, instaurada com a
Lei do Teto de Gastos. Chamada de “PEC do Teto”, ela foi aprovada em 2016 e estabelece um limite para os gastos públicos até 2036, a fim de
auxiliar na recuperação da economia.
Segundo a Lei Orçamentária Anual para o MEC (Ministério da Educação), que controla os repasses à Capes, o orçamento total do minis-
tério para 2018 é de R$ 23,6 bilhões. Para 2019, deverá reduzir para R$ 20,8 bilhões. O corte representa 12% do total, e foi repassado de maneira
proporcional à entidade.
O Ministério do Planejamento, que regula os repasses para cada pasta do governo, atribuiu a retração à “grave crise fiscal” atravessada
pelo país. Ainda assim, afirmou que os valores atuais, bem como a projeção para 2019, estão dentro do limite observado na Constituição.
Como destacou uma reportagem do G1, os cortes no orçamento da Capes envolvem apenas despesas não obrigatórias. Certas demandas,
como o pagamento de servidores, por exemplo, não podem, por lei, ser alteradas pelo governo federal.
73
A soma dos recursos destinados à Capes em 2018 é de R$ 3,88 bilhões, dos quais R$ 1,95 bilhão já foi gasto. De acordo com a LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias), o cálculo do total a ser repassado à entidade no ano seguinte deveria manter o mesmo patamar, considerando
também a inflação do período.
Para 2019, porém, a Capes recebeu a previsão do MEC de que esse valor cairia para R$ 3,3 bilhões. A entidade estima que, com uma dimi-
nuição dessa ordem, seus projetos só poderiam ser mantidos até agosto de 2019. Isso a levaria a extinguir bolsas ou seu oferecimento diferenciado.
A Capes espera que o Projeto de Lei Orçamentária seja alterado até 31 de agosto de 2018, prazo máximo para que a alteração seja votada
no Congresso.
www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/03/Como-cortes-no-or%C3%A7amento-afetam-
-%C3%B3rg%C3%A3os-de-fomento-%C3%A0-ci%C3%AAncia-no-Brasil (03.08.2018)
74
TEXTO 3
REUNIÃO ANDIFES
Andifes apoia as propostas de Anderson Correia
Anderson Correia, presidente da CAPES, participou nesta quarta-feira, 06 de fevereiro, da CLXXV Reunião Ordinária do Conselho Pleno da
Andifes, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Na primeira reunião do Conselho no ano, o presidente
ressaltou que o orçamento está mantido para 2019 e afirmou que “não há perspectiva de corte de bolsas”.
Apresentando o papel da CAPES, o presidente informou que para atender ao plano dos 100 dias do Governo Federal, será lançado o edital
Programa Ciência nas Escolas. Este é o resultado de uma parceria entre a CAPES, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ) e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na proposta, professores universitários com experiência na área
de educação desenvolverão projetos nas escolas públicas de nível básico, de modo a incrementar o nível de estudo e conhecimento de ciências nas
escolas.
Integrantes da Andifes, parabenizaram a Coordenação pelo trabalho que vem sendo feito. Madalena Guerra, pró-reitora de pesquisa da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse ser “uma satisfação ver o quanto a CAPES cresceu, em termos de expansão, e tem se moder-
nizado nesses 67 anos”. Já João Carlos Salles, 1º vice-presidente da Andifes, a classificou como uma das “guardiãs da natureza da universidade”.
Reinaldo Centoducatte, presidente da Andifes, enfatizou a importância da participação de Anderson Correia no evento: “Queremos agra-
decer pelo reconhecimento que foi expressado na importância do sistema de universidades federais para o ensino superior. Nós queremos essa
relação de proximidade, para que possamos defender juntos esse sistema”.
http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/9337-anderson-correia-anuncia-novos-programas-para-a-educacao (07.02.2019)
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE
a. Segundo a Lei Orçamentária Anual para o MEC (Ministério da Educação), que controla os repasses à Capes, o orçamento
total do ministério para 2018 é de R$ 23,6 bilhões. Para 2019, deverá reduzir para R$ 20,8 bilhões. O corte representa
12% do total, e foi repassado de maneira proporcional à entidade.
b. Outra pesquisa da CNI, de 2017, realizada com 759 empresas, apontou que apenas 1,7% das entidades ouvidas usavam
as tecnologias mais avançadas e disponíveis na perspectiva da indústria 4.0.
https://netnature.wordpress.com/2018/11/21/pec-do-teto-esta-sufocando-a-ciencia-brasileira/ (21.11.2018)
“Há certos tipos de atividades que são essenciais para a pós-graduação no Brasil. Acho que você pode avaliar que
alguns programas possam vir a ser postergados. Mas bolsas e auxílios a pesquisa provocam prejuízos muito sérios” disse Sérgio
Adorno, sociólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo), ao Nexo. “Que existam cortes, a gente entende, porque o
orçamento é limitado. O problema são os critérios que você utiliza para fazer os cortes, porque privilegiar certas áreas e não
outras. Em qualquer país do mundo, há duas ou três áreas que são vitais. Uma delas, seguramente, é a educação. Formação
de recursos humanos, profissionalização, alfabetização etc., são essenciais para qualquer tipo de desenvolvimento”, completa
Adorno.
www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/03/Como-cortes-no-or%C3%A7amento-afetam-
-%C3%B3rg%C3%A3os-de-fomento-%C3%A0-ci%C3%AAncia-no-Brasil (03.08.2018)
75
III. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA
Apresentando o papel da CAPES, o presidente informou que para atender ao plano dos 100 dias do Governo Federal,
será lançado o edital Programa Ciência nas Escolas. Este é o resultado de uma parceria entre a CAPES, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Na proposta, professores universitários com experiência na área de educação desenvolverão projetos nas escolas públicas de
nível básico, de modo a incrementar o nível de estudo e conhecimento de ciências nas escolas.
http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/9337-anderson-correia-anuncia-novos-programas-para-a-educacao (07.02.2019)
Para que ciência e tecnologia cumpram seu papel de levar avanços a outras áreas, como economia e saúde, o subsídio
deve ser regular e contínuo, de acordo com Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Goiás.
https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/03/investimento-para-pesquisa-e-insuficiente-diz-cientista.shtml (22.03.2018)
IV. CITAÇÃO
Conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à ideia universal.
Sócrates – Filósofo ateniense. (Sua obra é conhecida pelo relato de seus discípulos Aristóteles e Xenofonte)
V. LEGISLAÇÃO:
“Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com
vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e
regional do País.
Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deverão observar os seguintes princípios:
I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e social;
II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegurados os recursos
humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade;
www.planalto.gov.br
76
INTERATIVI
A DADE
ASSISTIR
LER
Ciência Hoje.
Graduação em História
Social da FFLCH-USP.
ACESSAR
Sites NOTÍCIAS
www.cnpq.br/noticias
www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias
revistapesquisa.fapesp.br/
77
PROPOSTA 9 - ENEM /
TEXTO 1
As últimas pesquisas de percepção social da ciência e da tecnologia realizadas no Brasil revelaram grande
interesse da população pelo tema. Seus resultados derrubam as teses correntes nos meios científicos, educacionais
e midiáticos de que os brasileiros não se interessam por essas áreas. No entanto, o elevado interesse não se reflete
em grande conhecimento e informação sobre a temática, já que 87% dos entrevistados não souberam informar o
nome de nenhuma instituição científica do país, enquanto 94% deles não conhecem o nome de nenhum cientista
brasileiro.
A enquete, realizada em 2015 pelo Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CCGE) e pelo Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), acaba de ser publicada em livro. No estudo, 61% dos entrevistados se
declaram interessados ou muito interessados pelo tema, índice superior ao demonstrado para esportes (56%), arte
e cultura (57%), e política (28%). Comparado ao resultado de enquete semelhante realizada em 2010 pelo Minis-
tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/FioCruz), o interesse
pelo ciência sofreu ligeira queda (de 65% em 2010 para 61% em 2015). Já a falta de informação permanece alta.
Em 2010, 71% dos muito interessados em ciência e tecnologia não souberam informar o nome de nenhuma insti-
tuição científica do Brasil e 82% não conheciam o nome de nenhum cientista brasileiro.
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/09/25/pesquisa-revela-que-brasileiro-gosta-de-ciencia-mas-sabe-pouco-sobre-ela (25.09.2017)
TEXTO 2
Doutoranda na UFMG, a bióloga Angélica Samer, de 26 anos, estuda a incidência de dengue e zika em
Minas Gerais, mas não consegue ir à universidade por falta de dinheiro - também desistiu das aulas de inglês e do
plano de saúde. Os constantes atrasos da bolsa desanimaram a estudante.
"Sempre tive o sonho de ser uma cientista: fiz graduação, mestrado e, agora, doutorado. Mas o que faço
agora? Estou perdida. Me sinto qualificada para trabalhar, mas não posso por causa da bolsa", diz.
Essas bolsas são do tipo "dedicação exclusiva". Para consegui-la, o estudante assina um contrato se com-
prometendo a não ter outra atividade remunerada que não seja a pesquisa - ele deve dedicar 40 horas por semanas
à academia.
Caso descumpra e consiga um trabalho, por exemplo, o bolsista perde automaticamente o benefício e pode
ter de devolver toda a verba que recebeu, por meio de processo. Ele também precisa publicar artigos acadêmicos
em revistas científicas e participar de congressos.
Ela cita o cientista britânico Stephen Hawking "As pessoas ficaram comovidas com a morte dele. Infelizmen-
te, elas não sabem das dificuldades que os pesquisadores brasileiros passam para produzir ciência.
‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessida-
de em MG. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43408852 (19.03.2018)
TEXTO 3
78
https://complemento.veja.abril.com.br/pagina-aberta/ciencia-em-retrocesso.html (18.05.2017)
TEXTO 4
“Art. 1o Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do
sistema produtivo nacional e regional do País.
Parágrafo único. As medidas às quais se refere o caput deverão observar os seguintes princípios:
I - promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e
social;
II - promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegu-
rados os recursos humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade;
III - redução das desigualdades regionais;
IV - descentralização das atividades de ciência, tecnologia e inovação em cada esfera de governo, com des-
concentração em cada ente federado;
V - promoção da cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre
empresas;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13243.htm. (11.01.2016)
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema A DESVALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL, apresentando proposta de inter-
venção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.
79
PROPOSTA 9 - VESTIBULAR:
TEXTO 1
O brasileiro é maravilhado com a ciência, tem vontade de conhecer melhor as pesquisas e é otimista com
as próximas descobertas. Acredita que a cura do câncer, por exemplo, pode chegar nas próximas décadas, e uma
parcela significativa garante que os carros voadores também não devem demorar tanto assim. Por outro lado, ainda
tem dificuldade em reconhecer, no dia a dia, aquilo que é produzido nos laboratórios: dois em cada três acreditam
que a ciência tem pouco ou nenhum impacto no cotidiano.
https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/brasileiro-gosta-de-ciencia-mas-nao-conhece-seu-impacto-22590429 (15.04.2018)
TEXTO 2
A cada real investido, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricul-
tura e Abastecimento do Estado de São Paulo, gerou R$ 12,20 para a sociedade. O resultado foi obtido a partir da
análise dos impactos econômicos, sociais e ambientais de 48 tecnologias desenvolvidas pelos seis institutos e 14
polos regionais de pesquisa ligados à entidade e adotadas pelo setor produtivo no biênio 2016/2017.
As análises constam na terceira edição do Balanço Social da Agência, lançada em 19 de março, durante o
evento “Ato pela Agricultura – Alimento, Renda, Futuro!”, no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
O levantamento mostra que o orçamento da Apta no biênio 2016/2017 foi de R$ 596 milhões e o impacto
das 48 tecnologias no período foi de R$ 10,9 bilhões, com retorno social superior a 18 vezes o investimento.
“Esses dados mostram a importância do investimento nos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo.
Pesquisa é investimento e traz retorno direto para a sociedade, com a geração de empregos, renda para o produtor
e empresas e alimentos de qualidade para a população”, destaca Orlando Melo de Castro, coordenador da Apta.
TEXTO 3
Doutoranda na UFMG, a bióloga Angélica Samer, de 26 anos, estuda a incidência de dengue e zika em
Minas Gerais, mas não consegue ir à universidade por falta de dinheiro - também desistiu das aulas de inglês e do
plano de saúde. Os constantes atrasos da bolsa desanimaram a estudante.
"Sempre tive o sonho de ser uma cientista: fiz graduação, mestrado e, agora, doutorado. Mas o que faço
agora? Estou perdida. Me sinto qualificada para trabalhar, mas não posso por causa da bolsa", diz.
Essas bolsas são do tipo "dedicação exclusiva". Para consegui-la, o estudante assina um contrato se com-
prometendo a não ter outra atividade remunerada que não seja a pesquisa - ele deve dedicar 40 horas por semanas
à academia.
Caso descumpra e consiga um trabalho, por exemplo, o bolsista perde automaticamente o benefício e pode
ter de devolver toda a verba que recebeu, por meio de processo. Ele também precisa publicar artigos acadêmicos
em revistas científicas e participar de congressos.
Ela cita o cientista britânico Stephen Hawking "As pessoas ficaram comovidas com a morte dele. Infelizmen-
te, elas não sabem das dificuldades que os pesquisadores brasileiros passam para produzir ciência.
‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessida-
de em MG. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43408852 (19.03.2018)
80
TEXTO 4
A falta de investimento em pesquisa, tanto sobre o inseto transmissor quanto os tratamentos e detecção em
sua fase inicial, pode agravar os casos da Doença de Chagas em Rondônia.
O alerta foi informado ao G1 pelo médico clínico Mauro Tada, mestre em medicina tropical do Centro de
Diagnóstico e Imagem de Porto Velho (Cepem) na última segunda-feira (28).
De acordo com o especialista, apesar de ser uma doença grave e de grande incidência na região Amazônica,
a Doença de Chagas ainda é negligenciada tanto pelo governo quanto pelas grandes indústrias farmacêuticas.
"Para se ter uma ideia, o mesmo medicamento é utilizado no tratamento da Doença de Chagas há décadas.
No que se refere à saúde pública, é preciso melhorar o diagnóstico para que a doença seja detectada com mais
eficiência", destacou o médico.
https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2019/01/29/falta-de-investimento-em-pesquisa-pode-
-aumentar-casos-de-doenca-de-chagas-em-ro.ghtml (29.01.2019)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
81
L C ENTRE
REDAÇÕES EXTRAS
FRASES
Pratique mais
L C
ENTRE
FRASES
PROPOSTAS EXTRAS - ENEM
PROPOSTA 1
TEXTO 1
O termo déficit habitacional é utilizado para se referir ao número de famílias que vivem em condições de
moradia precárias. Esse deficit está associado às moradias que estão em risco, e que se necessita de uma nova
construção, o que é diferente de moradias inadequadas, que estão associadas a qualidade de vida da pessoa no
local, como a falta de água potável, recolhimento de esgoto, acesso à energia elétrica, telefonia fixa, recolhimento
de lixo, entre outros fatores que interferem na qualidade de vida da população.
O deficit habitacional se refere a necessidade física de novas moradias para a solução de problemas sociais
e específicos de habitação, e é calculado a partir de quatro componentes, esses somados de forma em sequência
para que haja uma compreensão dos parâmetros que envolvem a necessidade das novas habitações.
https://www.infoescola.com/geografia/deficit-habitacional/ (Acessado em11.03.2019)
TEXTO 2
https://aosfatos.org/noticias/o-deficit-habitacional-no-brasil-em-4-graficos/ (03.05.2018)
85
TEXTO 3
Historicamente, a falta de alternativas habitacionais, gerada por fatores como o intenso processo de urba-
nização, baixa renda das famílias, apropriação especulativa de terra urbanizada e inadequação das políticas de
habitação, levou um contingente significativo da população a viver em assentamentos precários. O déficit habita-
cional, acumulado ao longo de décadas e a demanda habitacional futura representam um desafio de cerca de 31
milhões de novos atendimentos habitacionais até 2023. Diante da complexidade e da escala dos desafios postos
nesse setor, é preciso garantir a continuidade dos recursos e dos principais programas habitacionais. Programas de
urbanização de assentamentos precários e de produção habitacional demandam modelos mais efetivos e susten-
táveis de recursos e subsídios para as famílias de baixa renda que ainda não conseguem acessar financiamento
pelos meios tradicionais do mercado.
Plano nacional de habitação. Ministério das Cidades. 2010.
TEXTO 4
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico;
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre
o tema AS CONSEQUÊNCIAS DO DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumen-
tos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
86
PROPOSTA 2
TEXTO 1
Um mundo com risco cada vez maior de surtos de doenças, epidemias, acidentes industriais, desastres natu-
rais e outras emergências que podem rapidamente tornar-se uma ameaça à saúde pública global: é esse o cenário
traçado pelo relatório de 2007 da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a OMS, desde 1967, terão sido
identificadas mais trinta e nove novas doenças, além do HIV, do ebola, do marburgo e da pneumonia atípica. Outras,
como a malária e a tuberculose, terão sofrido mutações e resistirão cada vez mais aos medicamentos. “Estas ame-
aças tornaram-se um perigo muito grande para um mundo caracterizado por grande mobilidade, interdependência
econômica e interligação eletrônica. As defesas tradicionais nas fronteiras nacionais não protegem das invasões
de doenças ou de seus portadores”, disse Margaret Chan, diretora geral da OMS. “A saúde pública internacional é
uma aspiração coletiva, mas também uma responsabilidade mútua”, acrescentou. O relatório deixa recomendações
aos governos, entre as quais a implementação definitiva do regulamento sanitário internacional e a promoção de
campanhas de prevenção e simulação de surtos epidêmicos, para garantir respostas rápidas e eficazes.
(Adaptado de “OMS prevê novas ameças à saúde pública e pede prevenção glo-
TEXTO 2
'
http://www.jornalatribuna.com.br/?p=56471(15.02.2016)
87
TEXTO 3
Mais uma vez aconteceu. No Brasil, quando ocorre uma epidemia, o Estado se exime completamente de
suas responsabilidades de gestor, sem a devida prevenção e combate a esses problemas e passa a atacar apenas
seus sintomas, demonstrando à população um falso cuidado, o que não caracteriza a adoção de uma política pú-
blica de proteção ao cidadão.
A novidade agora é o surto de zika vírus que assola o País. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
– OMS –, este surto tem como agente etiológico o mosquito Aedes aegypti, frequentador assíduo de ambientes
úmidos e quentes e responsável pela dengue, pela febre chikungunya e pelo vírus zika. Esse mosquito se dispersou
principalmente na Uganda e Micronésia, não por coincidência, devido à sua quase total falta de saneamento bási-
co e ao baixo índice de escolaridade de sua população. Tais características são compartilhadas, tristemente, pelas
populações africana e brasileira na incapacidade ao ataque a um vetor que praticamente não se encontra mais em
países onde o Estado protege seus cidadãos.
https://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2016/03/06/zika-e-a-negligencia-dos-gestores-publicos/ (06.03.2016)
TEXTO 4
Um olhar à árvore filogenética com um mapa do mundo na mão convida a desenhar a rota que o zika vírus
seguiu ou, melhor dizendo, seus vetores, os mosquitos. A doença foi identificada primeiro na África, depois, no
sudeste asiático, em ilhas do Pacífico e aportou na América do Sul, provavelmente, pelo oceano Pacífico, em 2014.
Os resultados, publicados na revista The Lancet, indicam que o zika americano não pertence à linhagem
africana, mas ao asiático, de mais recente surgimento. De fato, a análise de seu genoma mostra uma homologia de
99,7% com a cepa responsável pelo surto na Polinésia francesa, em 2013.
Há registros de casos no Brasil na época da Copa do Mundo, porém foi só em 2015 que foi con8rmado
o primeiro caso de transmissão ocorrida dentro do País, na região Nordeste. Por conta dos aglomerados popula-
cionais em condições sanitárias frágeis e da presença maciça do vetor, que também transmite a dengue, o Brasil
constitui-se como um celeiro propício para a consolidação do zika como problema de saúde pública.
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema O DESCASO DAS POLÍTICAS SANITÁRIAS BRASILEIRAS NA PREVENÇÃO E COMBATE
ÀS EPIDEMIAS, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
88
PROPOSTA 3
TEXTO 1
https://educacao.estadao.com.br/blogs/colegio-playpen/a-aula-de-arte-muito-alem-do-desenho/ (17.09.2015)
TEXTO 2
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional. § 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de
vio¬lência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indiví-
duo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à
vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. § 2º O Programa instituído no caput
poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e das Secre¬tarias Estaduais e Municipais de Educação,
bem como de outros órgãos, aos quais a matéria diz respeito.
TEXTO 3
A escola é o segundo grupo mais relevante na jornada à vida adulta da criança, é o espaço onde ela
experimen¬tará as primeiras tensões, dificuldades, desafios que a convivência coletiva acarretará. Por esse motivo,
embora saibamos que o bullying não esteja circunscrito a um lugar, por estarmos trabalhando com crianças em
processo de formação, será na escola que as crianças, provavelmente, conhecerão o significado desta ação. Por isso,
quanto mais a escola estiver preparada para enfrentá-la, mais eficiente será no seu combate.
Bullying não é brincadeira de criança! - Estadão - 17/09/2015 http://educacao.estadao.com.
br/blogs/colegio-playpen/bullying-nao-e-brincadeira-de-crianca (17.09.2015)
89
TEXTO 4
A prevenção ao suicídio se assemelha de certa forma com o combate ao bullying: não é suficiente falar
nesses dois fenômenos sem que as motivações e causas por trás dos mesmos sejam analisadas com seriedade
e combatidas. Em muitos casos, o bullying é também uma manifestação de racismo, homofobia e machismo. E
quando o assunto é suicídio, o sofrimento agudo também é efervescido pelos preconceitos da sociedade. Suicídios
induzidos pelo preconceito - Jarid Arraes - 11/09/2015.
http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/09/11/suicidios-induzidos-pelo-preconceito/ (11.09.2015)
TEXTO 5
O bullying parece ser uma forma de violência mais indiferenciada do que a presente no preconceito mais
arraigado, que tem alvos definidos e justificativa para sua existência, e corresponder a uma maior fragilidade do
indivíduo que o pratica; nesse sentido, o preconceito menos delineado pode ser a atitude que pode levar à ação
do bullying; esse também parece expressar melhor uma cultura homogênea, que, pela (falsa) formação, constitui
indivíduos frios, insensíveis e com dificuldades de formular seus desejos e os reconhecer o que pode direcioná-los
a uma forma de violência difusa, ao contrário do preconceito, que se fixa em necessidades mais bem delimitadas.
Isso não significa que ambas as formas de violência não possam, por vezes, ocorrer conjuntamente – uma vítima do
bullying o ser devido ao preconceito –, mas que, se podem corresponder a diversas necessidades psíquicas, devem
ser combati¬das de modos distintos.
CROCHÍK, José Leon. “Formas de violência escolar: preconceito e bullying”. Revista Mo-
vimento N. 3. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2015.
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
CAMINHOS PARA COMBATER O BULLYING NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, apresentando proposta
de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
PROPOSTA 4
TEXTO 1
A cada hora, o Brasil registra oito desaparecimentos de pessoas. De 2007 a 2016, foram 693.076 boletins
de ocorrência por desaparecimentos. Os dados, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em estudo
feito a pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mostram uma realidade triste e ignorada pela população
e pelos órgãos públicos.
Em 2016, o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), dos ministérios públicos de
São Paulo e Rio de Janeiro, fez uma pesquisa inédita na qual constatou que, a cada dez pessoas desaparecidas no
Estado de São Paulo nos últimos três anos, quatro são crianças ou adolescentes. Ao todo, são 4.012 menores de 18
anos que não voltaram para casa neste período e que em sua maioria são moradores de regiões pobres da Grande
São Paulo. O Plid é o principal banco de dados do país sobre desparecidos. Segundo a ONG Mães da Sé, em todo
o Brasil, 40 mil crianças e adolescentes desaparecem anualmente.
90
O sofrimento das mães parece não atingir os órgãos da polícia: muitas mães que tentaram fazer boletim de
ocorrência sobre o desaparecimento de seus filhos já foram erroneamente orientadas a esperar por 24 ou até 48
horas para fazer o boletim. Para fazer uma comparação, nos Estados Unidos as primeiras 48 horas são consideradas
fundamentais para encontrar a criança; depois desse período, as chances de a criança nunca ser encontrada sobem
para 70%.
https://observatorio3setor.org.br/noticias/onde-elas-estao-40-mil-criancas-desaparecem-por-ano-no-brasil/(06.02.2018)
TEXTO 2
Há uma lei vigente desde 2005 que orienta essas situações. Trata-se da lei nº. 11.259/2005, que acrescenta
o § 2º ao art. 208 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O aludido parágrafo preconiza que, no caso de
crianças e adolescentes desaparecidos, não há necessidade do aguardo de um tempo mínimo para que seja pres-
tada notificação aos órgãos competentes.
Não há também um tempo mínimo a se aguardar para o início das investigações, sendo a procura iniciada
imediatamente após a notificação do desaparecimento.
Tal inovação na política de desaparecidos tornou mais célere a busca por essas pessoas. Anteriormente
o comum era esperar entre 24 e 48 horas após o desaparecimento para que se iniciassem as buscas. Todavia, o
lapso retro se mostrava impraticável, uma vez que quanto maior o tempo desaparecido, maior é a dificuldade de se
encontrar a criança ou o adolescente.
As orientações a serem seguidas após o desaparecimento são as de procurar a delegacia mais próxima,
informar sobre o desaparecimento e registrar o Boletim de Ocorrência.
Não se deve esperar por um prazo mínimo, e caso a polícia recuse-se a registrar o boletim de ocorrência, o
Ministério Público deve ser informado da situação. Essa violação também pode ser informada ao Disque Direitos
Humanos, através do número 100.
https://direitodiario.com.br/o-desaparecimento-de-criancas-e-adolescentes-e-lei-no-11-2592005-lei-da-busca-imediata/ (22.08.2016)
TEXTO 3
http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22540:acoes-sociais-conselhos-
-chamam-atencao-dos-medicos-para-criancas-desaparecidas&catid=3 (Acessado em 11.03.2019)
91
TEXTO 4
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com abso-
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema ALTERNATIVAS PARA DIMINUIR O NÚMERO DE CRIANÇAS DESAPARECIDAS NO
BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
92
PROPOSTAS EXTRAS - VESTIBULAR
Proposta 1
TEXTO 1
Quantos médicos levam candidamente no bolso uma caneta com propaganda de laboratório? Uma pes-
quisa rea- lizada entre maio e junho de 2000, com 181 residentes da Escola Médica de Virgínia (EUA), revelou
que 97% deles carregavam pelo menos um brinde com logo de empresa farmacêutica no jaleco no momento da
inspeção. Será que os resultados seriam diferentes no Brasil? Tenho razões para pensar que não. Os brindes – que
variam desde uma simples caneta, com o nome de um fármaco que está sendo promovido, até passagens, estadias
e inscrições em congressos, jornadas ou simpósios – evidenciam uma relação carregada de interesses.
A prescrição de fármacos é uma das mais antigas ações confiadas ao médico, não só pelo paciente, mas
por toda a sociedade. Até que ponto essa confiança é merecida é um questionamento que se abriu desde que a
saúde revelou-se um produto de mercado e um negócio altamente rentável, cotado nas bolsas de valores de todo
o mundo.
A pesquisa com os residentes da Escola Médica de Virgínia apontou ainda que a maioria dos médicos não
sente constrangimento por receber brindes ou participar de jantares oferecidos pela indústria farmacêutica. É in-
crível que mé- dicos façam tal afirmação! Seria como acreditar que a indústria farmacêutica, que reverte 30% do
seu faturamento em marketing junto aos médicos, distribui brindes e benesses por generosidade desinteressada.
É inegável a participação da indústria farmacêutica na pesquisa clínica e na busca de fármacos para novas
e antigas patologias. Também é inegável sua participação junto às universidades, no financiamento de pesquisas
e na atualiza- ção médica pelo patrocínio de eventos científicos e edição de livros distribuídos gratuitamente aos
profissionais. Mas é evidente que se trata de um negócio em um mercado muito competitivo.
A indústria farmacêutica, por meio de empresas terceirizadas, realiza uma “pesquisa” chamada close-up
para espio- nar o receituário dos médicos. O controle da fidelidade seria feito por farmácias e drogarias que, em
troca de favores, repassam aos laboratórios as cópias das receitas prescritas – afrontando a confidencialidade e o
sigilo profissional. Assim, a indústria sabe exatamente quais médicos receitam seus produtos e, indiretamente, os
influencia a prescrever os seus medicamentos. Como recompensa, os presenteia com brindes, viagens e inscrições
em congressos.
A obrigação do médico é prescrever o medicamento mais benéfico, seguro, eficaz, de menor custo, baseado
em julgamento clínico imparcial e científico. Os presentes podem ser considerados tentativas de suborno ou de
influência da indústria farmacêutica na prescrição – o que é, de fato, a sua intenção. A aceitação de um brinde
estabelece uma relação entre o médico e a indústria farmacêutica.
(Roberto Luiz D’Ávila. “lnfluentes ou influenciáveis?”. www.cremesp.org.br, outubro de 2007. Adaptado.)
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TEXTO 2
Importante, necessária e ética. Essas três palavras formam o tripé que melhor define a relação entre a classe
médica brasileira e a indústria farmacêutica. É bem verdade que existe uma linha tênue entre o que consideramos
o limite da ética e o que de fato é permitido, mas tanto médicos quanto empresários são unânimes em dizer que,
de uma forma geral, esse caminho tem sido preservado.
Não há como negar que um está presente na vida do outro de uma forma ativa. Os médicos e a indústria
estão juntos em seminários, simpósios e, principalmente, no consultório.
O professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Homero
Gusmão de Almeida, afirma: “É possível, sim, um relacionamento pacífico, harmonioso e produtivo. Esse intercâm-
bio é funda- mental, já que hoje a maioria das descobertas ocorre nas mãos das indústrias. Não tem como fugir.”
E completa: “Isso não é exatamente um pecado, desde que seja guiado por princípios éticos e não ultrapasse bar-
reiras. Ainda assim, é importante que o médico tenha cuidado para não ser seduzido por gentilezas.”
Não é apenas no próprio bom senso que os médicos se baseiam para construir essa relação com a indús-
tria. Há lei que delimita essa aproximação. O artigo 19 da Resolução RDC 102, de 30 de novembro de 2000, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deixa bem claro isso: “O patrocínio por um laboratório fabricante
ou distribuidor de medicamentos, de quaisquer eventos públicos ou privados, simpósios, congressos, reuniões,
conferências e asseme- lhados, seja ele parcial ou total, deve constar em todos os documentos de divulgação ou
resultantes e consequentes ao respectivo evento.” O parágrafo 1o ainda diz: “Qualquer apoio aos profissionais de
saúde para participar de encontros, nacionais ou internacionais, não deve estar condicionado à promoção de algum
tipo de medicamento ou instituição e deve constar claramente nos documentos referidos no caput desse artigo.”
(Sérgio Vieira. “Médicos e indústria farmacêutica: conflito de interesses?”. www.universovisual.com.br, fevereiro de 2008. Adaptado.)
Com base na leitura dos textos e em seus conhecimentos, redija uma dissertação, na norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema:
Proposta 2
TEXTO 1
Muito comum na agricultura brasileira para exterminar pragas e doenças que causam danos às plantações,
o uso de agrotóxicos nos alimentos ainda gera muita dúvida.
Mesmo com a higienização adequada, não é possível remover totalmente o agrotóxico presente nos alimen-
tos. Para reduzir a ingestão dessas substâncias, uma solução é optar por alimentos orgânicos, que são cultivados
sem o uso de agrotóxicos ou de adubos químicos.
94
TEXTO 2
O Brasil é líder na produção e na exportação de soja, milho, cana, algodão, laranja etc. Situado em região
tropical, o país desenvolveu tecnologias próprias para superar suas limitações. Um dos grandes desafios tem sido a
redução dos danos causados pelas pragas agrícolas (insetos, doenças e plantas daninhas).
As pragas são controladas utilizando-se várias medidas disponíveis. O manejo químico com produtos agro-
tóxicos é uma das medidas mais empregadas, por sua eficiência e sua segurança. Trata-se da aplicação de inse-
ticidas, fungicidas e herbicidas. Se esses produtos não fossem utilizados, a produção agrícola sofreria redução
da ordem de 50%. Sem de- fensivos, seria necessário dobrar a área cultivada, com a incorporação de terras hoje
cobertas de floresta, com elevação nos preços dos alimentos.
Os agrotóxicos usados no Brasil são extremamente seguros. São desenvolvidos por empresas que empre-
gam ciência e tecnologia de ponta. Para que um novo produto chegue aos produtores rurais, há necessidade de
muita pesquisa e de avaliações rigorosas de qualidade.
(José Otavio Menten, Ciro Rosolem e Luiz Carlos C. Carvalho. “Agrotóxicos são necessá-
TEXTO 3
Desde 2008, o Brasil ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), isso representa o consumo, por brasileiro, de cinco litros de veneno a cada ano. Tal con-
sumo não é somen- te uma estimativa, e sim uma realidade vivenciada por todos. Dados oficiais demonstram que
a intoxicação, seja aguda ou crônica, atinge os trabalhadores, a população do entorno das fábricas de agrotóxicos
e os consumidores de alimentos contaminados, ou seja, toda a população.
Como resultado, tem-se o aumento da incidência de doenças, tais como doenças endócrinas, câncer, infer-
tilidade, dis- túrbios neurológicos, déficits de atenção e hiperatividade em crianças.
(Andréa Bruginski. “Alimentação saudável e agrotóxicos nos alimentos”. www.crn8.org.br. Adaptado.)
Com base nas informações apresentadas pelos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dis-
sertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
95
Proposta 3
TEXTO 1
Machado de Assis virou assunto nas redes sociais. O autor de Dom Casmurro esteve no centro de intensos
debates depois que uma coluna da Folha de S.Paulo revelou que a escritora Patrícia Secco lançará uma versão sim-
plificada de O Alienista, obra de Machado lançada em 1882. Secco coordena um projeto que visa “descomplicar”
os clássicos para o leitor não acostumado a lê-los.
Autorizada pelo Ministério da Cultura, ela captou cerca de R$ 1 milhão, via leis de incentivo, para a emprei-
tada – além do conto de Machado, também adaptou A Pata da Gazela, de José de Alencar. Os dois terão, juntos,
tiragens de 600 mil exemplares e serão distribuídos de graça pelo Instituto Brasil Leitor.
A notícia alvoroçou as redes sociais. Uma petição on-line com mais de 6.500 assinaturas contesta o apoio
do Ministério da Cultura.
“O foco do projeto é a doação de livros para pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, constan-
temente excluídos do acesso à cultura”, diz Secco. “Trata-se de uma disputa entre o purismo e a democratização
da leitura.”
(“Machado de Assis vira alvo de debate após divulgação de obra simplificada”. www.folha.com.br, 10.05.2014. Adaptado.)
TEXTO 2
Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é uma prática comum em qualquer país do mundo.
No Brasil, um país em que metade da população não leu uma só página de um livro nos últimos três meses e a
média de tempo de- dicado à leitura por dia é de seis minutos, qualquer iniciativa para divulgar a literatura deveria
ser bem-vinda. Mesmo se a qualidade das adaptações de Patrícia Secco se revelar duvidosa, é impossível que a
distribuição de centenas de milhares de livros tenha algum impacto negativo.
(Danilo Venticinque. “Machado de Assis e a choradeira dos críticos”. www.epoca.com, 13.05.2014. Adaptado.)
TEXTO 3
Segundo o poeta e professor da Universidade de São Paulo Alcides Villaça, que é veementemente contra
o princípio de reescrever um clássico, há trechos das adaptações de Patrícia Secco que ficaram incompreensíveis.
“Você tem impressão de estar até reconhecendo Machado, porque são muitos trechos dele, mas de repente vem
aquilo que ele jamais faria. Um bom escritor você reconhece quando o texto flui ou quando ele te faz enfrentar
uma prosa quebradiça, mas o ritmo é dele. Quando você mexe na pontuação, na sintaxe, suprime palavras e corta
parágrafos, você perdeu o ritmo, um elemento da maior importância da literatura. É vender gato por lebre, uma
coisa grosseira”, ressalta.
(“Versão simplificada de livro de Machado de Assis gera polêmica”. www.g1.globo.com, 17.05.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
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L C ENTRE
PRONTUÁRIO
FRASES
L C
ENTRE
FRASES
PRONTUÁRIO
Meta 2019:
Minhas Notas
Semana 6 7 8 9
Check
Redações Extras
Extras 1 2 3 4 5 6 7
Original
Reescrita
LEMBRE-SE:
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