40-106-2-RV Batista Novaes e Domingues
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Novaes, Clarissa Alves de; Mestra; IF Sudeste de Minas Gerais - Campus Muriaé,
clarissa.novaes@ifsudestemg.edu.br
Resumo: O presente trabalho busca trazer um resgate das histórias e memórias relativa
ao aprendizado das costureiras que residem na cidade de Viçosa – MG. Busca-se, por
meio desse trabalho, investigar os processos de afetividade e de como elas aprenderam
o ofício de costura.
Palavras chave: Costura; Trabalho; Memória.
1. INTRODUÇÃO
Este saber tem uma relação com a identidade, com sua história, com a
maneira na qual o indivíduo compreende a vida, com a imagem que tem de si
mesmo e com as relações que tem com os outros. Portanto, podemos dizer que
os saberes são adquiridos nos espaços familiar, social, profissional e cultural.
O aprender tem relação com o saber. Sendo assim, cada sujeito ocupa
um espaço e uma posição na sociedade. Pode-se dizer que esta relação de
saber também é uma relação de poder e somente quando algo tem interesse
apropria-se daquilo e o torna pessoal e valoroso (CHARLOT, 2000; SANTOS;
SILVA, 2012).
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As máquinas as quais Elis se refere são a reta, overloque e galoneira.
“Há, o que é a prática, né, minha filha mais nova eu lembro que tava
fazendo 9 anos e tava me pedindo roupa pra passear na casa das
amigas. Queria ir arrumada e já sabia o que queria! Lembro disso
direitinho. Aí depois um colega meu me levou para a confecção dele e
foi lá mesmo que aprendi porque eu treinei e era aquilo todo dia e lá
que eu perdi o medo... Eu tinha medo de cortar o pano e estragar a
roupa e lá na confecção eu perdi o medo sabe? Assim que a gente
aprende é no dia mesmo, nada como um dia após o outro para as
coisas melhorarem né? No trabalho e na vida” (Entrevista de Maria).
“Fiz um curso de corte e costura, mas a mulher fazia que nem eu fazia,
nas revistas manequim! Aí para mim não adiantou muito não, porque
aquilo eu já sabia! Fiquei uns 6 meses no corte e costura e pensei: não
tô aprendendo nada! Aí eu saí e fui praticando, sabe? A gente vai
fazendo, fazendo até que vai ficando bonitinho, ajeitadinho e a gente
vê que deu certo! É assim, todo dia fazendo um pouquinho que a gente
melhora nesse serviço e dá gosto de ver cada dia uma coisa mais
bonita que a outra e ver que eu que costurei bonito daquele jeito e a
cliente saiu satisfeita com aquilo” (Entrevista de Cristiana).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho, foi possível concluir que antes, o ofício de costureira
passava de geração em geração, porém, hoje, ainda é exercido seguindo uma lógica de
mercado, no qual se almeja, além do lucro, a satisfação pessoal e profissional.
Em relação aos saberes adquiridos que envolve o grupo, há uma transmissão
na forma de aprendizagem prática. A aprendizagem se dá no dia a dia por intermédio
da família ou do colega de trabalho que ensina por meio do fazer, da ajuda, do olhar na
vivência experimentada.
As costureiras, além do aprendizado passado por geração pela mãe, tia ou
avó, também fizeram curso de corte e costura na expectativa de realizarem um melhor
trabalho. Todavia, após o início do curso as participantes viram que tais cursos não
acrescentaram conhecimento por já saberem o que lhes era passado e afirmam que a
prática é a melhor forma de se aprender seu oficio. O trabalho dentro do ateliê possui
parâmetros que atende às expectativas delas como carga horária flexível e o fato de
realizarem consertos ao invés de confeccionarem peças novas, o que é visto como algo
positivo, pois possibilita um maior número de clientes com um trabalho mais rápido. A
localização de seus ateliês também é uma estratégia para adquirir mais clientes.
O ofício de costureira é apresentado como uma profissão, não uma forma de
possuir uma renda exercendo uma atividade que será realizada até que elas encontrem
outra forma de geração de renda. É um modo de sustento, de ser uma mulher
economicamente ativa e inserida no mercado de trabalho.
REFERÊNCIAS