Calcário Agrícola

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Calcário Agrícola: análise, uso e mitos

Um dos principais insumos utilizados em solos tropicais e ácidos como o nosso é o Calcário. Ele
também se destaca por ser um insumo de baixo custo (normalmente o que custa caro na
operação é o transporte!).

O QUE CAUSA A ACIDEZ DO SOLO?

No solo, acidez é um indicador de carência de nutrientes. As causas mais comuns da acidez,


portanto, são a exportação de nutrientes pelas raízes das plantas, a lixiviação de nutrientes
pelas chuvas ou irrigação, a erosão do solo e ainda a utilização de fertilizantes acidificantes.

CONSEQUÊNCIAS DA ACIDEZ NO SOLO

A acidez do solo, além da carência de nutrientes, principalmente Ca, Mg e K, provoca o


aparecimento de espécies tóxicas de alumínio, além de reduzir a eficiência da absorção de
água e das adubações nitrogenada e fosfatada, aumentando custos com insumos e limitando a
produtividade.

COMO CORRIGIR A ACIDEZ DO SOLO?

A correção da acidez se dá pela aplicação de Corretivos de Acidez como, por exemplo, o


Calcário Mineral ou Calcário Agrícola, que é composto por carbonatos de cálcio e magnésio.
Existem, ainda, as Cais Virgem e Hidratada, compostas por óxidos de cálcio e magnésio, mais
solúveis que os carbonatos. Pode-se, também, lançar mão de fontes alternativas, como a lama
de cal (resíduo da fabricação de celulose) ou as escórias de siderurgia, que contêm silicatos de
cálcio e magnésio. Ressalta-se que o Gesso Agrícola não é corretivo de acidez, pois sua
utilização não altera o pH do solo.

COMO ESCOLHER O CALCÁRIO?

Existem vários tipos diferentes de calcário. Como ele é um mineral extraído de rochas, é
importante analisar a sua composição, que varia conforme a região ou a característica da mina
de onde é extraído. Na hora de escolher e adquirir o calcário é preciso avaliar as garantias
mínimas oferecidas pela empresa fornecedora, que se resumem em porcentagem de cálcio e
magnésio (expressos em CaO e MgO), Poder de Neutralização (PN), granulometria e Poder
Relativo de Neutralização Total (PRNT). No entanto, é importante destacar que essas garantias
são mínimas e não se referem exatamente à carga que foi entregue em sua propriedade, mas
sim uma média geral da área que está sendo minerada.

POR QUE TENHO QUE FAZER ANÁLISE DO CALCÁRIO?

Justamente pelo fato de não ser um produto industrializado, a composição do calcário agrícola
pode variar de carga para carga, já que na natureza sua composição também não é
homogênea. Para obter um melhor aproveitamento e fazer a aplicação de cálcio e magnésio
conforme a recomendação, sem riscos de aplicar subdoses ou superdoses, o método mais
eficiente e barato é encaminhar amostras do produto a um laboratório e realizar a Análise de
Corretivo de Acidez.

OS 5 MITOS SOBRE O CALCÁRIO AGRÍCOLA

Há uma série de mitos sobre a aplicação de Calcário que precisam ser esclarecidos:

1. A única função do Calcário é corrigir a acidez do solo. Mito!

Corrigir a acidez do solo é uma das principais funções do calcário, mas não a única! Tão
importante quanto aumentar o pH é o fato de fornecer cálcio e magnésio, dois
macronutrientes fundamentais para a estruturação física do solo, para a promoção da
atividade microbiana, para o desenvolvimento das plantas e para a eficiência das adubações.
Sem contar que essa é a forma mais barata de fornecer esses nutrientes às plantas.

2. PRNT maior é melhor e reage mais rápido. Mito!

O PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) é um indicador que define o quanto do calcário
reage em três meses quando incorporado ao solo e sob disponibilidade hídrica adequada.
Assim, se o PRNT for de 80%, pode-se inferir que, de maneira geral, 80% do calcário reagirão
no solo em até três meses e os outros 20% reagirão posteriormente. Portanto, quanto maior o
PRNT, maior o efeito no curto prazo e menor o efeito residual. Para culturas anuais isso pode
parecer interessante, mas para culturas perenes nem tanto. Então, optar por PRNT maior ou
menor é uma questão de estratégia. Como os cálculos de recomendação de calagem levam em
consideração esse índice, todos os calcários são capazes de corrigir o solo em até três meses, o
que muda é a quantidade necessária. Portanto, PRNT não é indicador de qualidade e sim de
reatividade!

3. O Gesso substitui o Calcário. Mito!

O gesso não é corretivo de acidez do solo, pois é composto por sulfato de cálcio, que não tem
Poder de Neutralização (PN). O principal papel do gesso é complexar o alumínio tóxico,
principalmente aquele localizado em profundidades que o calcário tem dificuldade de atingir,
por ser de baixa solubilidade. O gesso pode, ainda, servir como fonte de cálcio e enxofre.

4. Calcário é tudo igual, compre o mais barato. Mito!

Existem diversos tipos de calcário. Dependendo da localização da jazida, eles podem conter
diferentes teores e proporções de cálcio e magnésio, podem ser de origem sedimentar ou
metamórfica, ou ainda de origem marinha, como é o caso do calcário de concha. Além da
origem e composição química, os calcários podem, após a moagem e beneficiamento da rocha,
apresentar-se com diversas composições granulométricas. Todos esses fatores têm grande
influência sobre a reação do calcário no solo. Assim, a escolha do calcário jamais deve ser feita
apenas pelo preço ou valor do frete, mas sim pela necessidade dos solos e das culturas em
relação a cálcio, magnésio, pH, reatividade e efeito residual.

5. Como faço Plantio Direto, posso aplicar o Calcário superficialmente mesmo, baseado na
análise do 00-20 cm ou do 00-10 cm, que ele desce. Mito!

O calcário é um corretivo de baixa solubilidade. Portanto, a velocidade de reação depende de


seu contato com as partículas do solo. Aplicá-lo em superfície, sem incorporá-lo, reduz ainda
mais sua reatividade e dificulta a correção do perfil. Não que seu efeito não atinja camadas
abaixo de 10 cm, mas isso acontece de forma demorada e em pequena escala, ou seja, até
neutraliza um pouco da acidez e aporta um pouco de cálcio e magnésio, mas, na grande
maioria das vezes, não chega a corrigir de fato o perfil. Com isso, em áreas de Plantio Direto, é
comum que a fertilidade da camada de 10-20 cm seja bastante inferior a de 00-10 cm e esteja
bastante aquém da ideal. Portanto, é fundamental que se monitore a fertilidade do perfil de
forma estratificada e anualmente. Só assim é que se consegue planejar e executar a calagem
mais corretamente, para que, com um manejo adequado, ela surta os efeitos desejados e as
plantas respondam com desempenho.

Não deixe de fazer a análise de solo antes de cada plantio, avaliar o balanço nutricional da área
através da análise foliar e avaliar a qualidade dos corretivos e fertilizantes utilizados em sua
propriedade.

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