A Noiva Restaurada - Neuza Itioka
A Noiva Restaurada - Neuza Itioka
A Noiva Restaurada - Neuza Itioka
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Contracapa
Antes do arrebatamento virá a restauração. A cura da Igreja está
acontecendo, não fique de fora!
Um definitivo mover espiritual está para acontecer a qualquer momento.
Trará consigo um forte e derradeiro apelo da graça de Deus. Mas para ser um
veículo eficaz de comunicação do Evangelho do Reino até aos confins da terra, a
Igreja precisa de cura. Jesus virá para buscar uma noiva que deverá apresentar-
se a ele sem manchas, sem máculas e sem defeito algum. Não podemos
apresentar para a festa de bodas apenas uma caricatura.
A restauração da Noiva será o último ato do Espírito Santo na época da
graça. O momento exige diagnósticos realistas e um tratamento eficaz. Este livro
denuncia e diagnostica alguns dos problemas pelos quais a comunidade
eclesiástica está passando. Enganos, pecados corporativos, raízes da
enfermidade, joio, ação de satanistas e a falsa igreja são alguns dos assuntos
tratados.
A Dra. Neuza Itioka sugere procedimentos terapêuticos para uma noiva
doente.
Sua Comunidade precisa deste bálsamo, desta brisa transformadora,
desta água fresca. Vamos juntos ao encontro do Noivo. É meia noite e já vem
vindo o Noivo!
Índice
INTRODUÇÃO 4
Primeira Parte O PLANO DE DEUS PARA A IGREJA
Capítulo 1 - A IGREJA COMO NOIVA 8
Capítulo 2 - O CORPO, UM ORGANISMO VIVO 15
Capítulo 3 - A CENTRALIDADE DE CRISTO 21
Capítulo 4 - OS PRINCIPADOS E A IGREJA 30
Capítulo 5 - A MUTUALIDADE NO CORPO 41
Capítulo 6 - A ALMA DE UMA IGREJA 48
Capítulo 7- A IGREJA IDEAL 57
Introdução
Mas a noiva de Cristo está suja, com a roupa rasgada, caída e bêbada...
Infelizmente esta é a realidade da Igreja de Cristo. Se o noivo viesse hoje buscá-
la, ela não poderia ser recebida. Como poderia o nosso Senhor receber a sua
amada nessas condições? Como tomá-la pelas mãos, abraçá-la, e olhar fundo
nos seus olhos, se eles estão completamente embriagados, longe, muito longe?
Como falar palavras doces e cheias de amor se essa Noiva já perdeu a
capacidade de compreender a voz daquele que a chama pelo nome? Se o seu
coração se contaminou, e se inclinou a este mundo e por ele se perdeu de
amores?
Que situação tão trágica, tão absolutamente triste e desoladora... que
realidade espiritual deprimente...
Apesar de nem todos poderem compreender a profundidade da realidade
desta clara visão de como se encontra a Noiva, Deus está levantando uma
inquietação no meio do seu povo, mostrando que algo está muito errado. E não
estou falando de uma igreja em particular, desta ou daquela igreja, mas do Corpo
de Cristo como um todo.
A Igreja precisa de cura, precisa de libertação! É a mais premente
necessidade destes últimos tempos, porque a vinda do Noivo aproxima-se cada
vez mais. Muitos contemplam apenas com superficialidade o problema, e tratam
com simplicidade e irreverência a questão da cura da Igreja, como se fosse um
ponto que não dissesse respeito a todos nós. Não é um problema isolado, nem é
responsabilidade daquele líder ou do pastor fulano de tal, ou de uma igreja local,
ou duma denominação. É responsabilidade de iodos nós, pois todos fazemos
parte da Noiva. Há um papel que cada um de nós tem de desempenhar, a esse
respeito.
Deus vai requerer de você, e de mim também, a nossa responsabilidade
no que diz respeito à restauração da Igreja. Não fechemos os olhos. Antes
estejamos com os olhos do discernimento bem abertos e com o coração
sintonizado com Deus; não com um espírito crítico, acusando-nos uns aos
outros, mas estejamos verdadeiramente dispostos a receber orientação e unção
do Pai para esta tarefa.
Sem estar curada, como é que a Igreja poderá cumprir o seu papel de
curar os enfermos, libertar os cativos, tirar as pessoas da prisão espiritual e
anunciar as boas novas, de acordo com Isaías 61:1 -2? Como pode um enfermo
curar outro enfermo, um cego guiar outro cego?
A Igreja de Cristo como um todo, a Igreja universal, está sofrendo as
conseqüências da desintegração das congregações locais. Muitas são as igrejas
que deveriam estar bem, atuando na sociedade como luz do mundo e sal da
terra. No entanto, estão com problemas e bastante enfermas, a ponto de não
poderem transmitir vida. É o que Jesus disse, na sua Palavra, que aconteceria
com o sal que perdesse o seu poder. (Shedd, Russell - Comentário na Bíblia
Shedd)
Algumas das igrejas acabam até mesmo fechando as portas.
Talvez você ainda esteja um tanto reticente, achando que esta visão é por
demais pessimista e que não traduz de fato a realidade espiritual.
É verdade que há igrejas locais que estão crescendo. Muitas apresentam
um número de conversões tão grande que já há a necessidade de se ter dois
cultos, ou mais, nos domingos; ou então estão com o problema de procurar um
templo maior.
De fato, este é um lado da questão. Há muitas igrejas que estão dando
sinais de vida e atingindo um grande número de pessoas que se acham em
busca de uma verdade permanente. Há transformação de vidas e grandes
mudanças nas famílias. O bêbado deixou de beber; aquele que se prostituía
abandonou o seu estilo de vida para buscar a santidade, e muitas outras vitórias.
Tudo isso é encorajador. Mas, olhando para a Igreja de Cristo espalhada pelo
Brasil e pelo mundo, somos obrigados a admitir que a Noiva está doente e
precisa ser restaurada!
É preciso olhar com olhos espirituais, perceber o que está por trás das
aparências, o que existe por baixo da casca, enxergar além do que normalmente
se vê. Se nos satisfazemos apenas com a igreja que cresce, crendo que por
crescer numericamente é uma igreja saudável, fazemos um diagnóstico errado e
tendencioso. E descansamos puramente num ativismo e no crescimento
numérico. Mas nos enganamos.
A saúde espiritual de uma igreja não pode ser confundida com o que
cremos serem sinais de prosperidade: muita gente, muito dinheiro, popularidade,
milagres e maravilhas.
Neste livro pretendo abordar as várias nuanças desta questão. Sempre
que possível ilustrarei com histórias reais, para que você possa compreender
bem tudo o que estará sendo dito. Na medida do possível estarei abordando a
cura da igreja local dentro de uma visão global de libertação pessoal e familiar,
sem esquecer o contexto da libertação da cidade e da nação, segundo os
parâmetros da guerra espiritual. A nossa visão é que, assim como um indivíduo
pode necessitar de libertação e cura, da mesma forma a saúde espiritual de uma
igreja local precisa ser, em certos casos, restaurada.
Portanto, não nos conformemos com a realidade atual, pois ela nos foi
revelada por Deus para que a restauração e a transformação sejam alcançadas.
Que a leitura deste livro o capacite a compreender melhor o que tem
levado a Noiva a este patamar de tanta degradação, e também quais os
caminhos a serem percorridos para que o processo da cura integral se efetive.
Oremos, e que o nosso Senhor Jesus Cristo nos traga arrependimento,
revelação, unção e, principalmente, muito amor. Pois esta obra não se fará sem
o verdadeiro amor que vem do coração do Pai.
Deus na sua sabedoria infinita achou por bem usar a figura da noiva para
representar o seu povo. Porque, de fato, ele entrou em aliança com o povo a
quem escolheu. E esta aliança é profunda, irreversível e eterna. Seria exagero
dizer que, quando Deus instituiu o casamento, ele já tinha a intenção de que a
união de um homem com sua mulher viria a representar a união que ele teria
com o seu povo?
No Novo Testamento, quem fala da noiva é João Batista. Quando lhe
perguntaram quem ele era, ele esclareceu que não era o Messias esperado e
disse:
"O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve
muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em
um mim. Convém que ele cresça e que eu diminua "(Jo 3:29)
Aqui o Senhor se refere a uma nova estrutura sendo exigida para uma
época nova que estava para ser inaugurada pelo Senhor. As velhas estruturas
teriam que desaparecer e ser substituídas pela nova, por causa da sua noiva. Até
o jejum deveria ser realizado dentro de um novo contexto e de um novo conceito.
Por hora, com o noivo presente, era mais celebração de alegria do que de
contrição. Mas, certamente, viria um tempo de aflição e de arrependimento.
Quando o noivo fosse retirado para ir preparar o lugar para a noiva, ela deveria
jejuar, buscando revelação, unção, sabedoria e transformação.
Vivemos o momento do intervalo entre a cidade de Jerusalém (o povo) —
com quem o Senhor se casou e entrou em aliança, a despeito da sua infidelidade
— e a nova Jerusalém — a cidade santa, perfeita, digna do Cordeiro, e que é a
noiva imaculada, sem mancha, sem rugas, sem defeito algum, mas majestosa e
esplendorosa em santidade e formosura.
O Senhor fez aliança no passado com um povo chamado Israel. E, agora,
existe um povo redimido pelo seu sangue; um povo comprado por ele, através do
seu sacrifício e do derramamento do seu sangue. Este é o povo por quem Jesus
se sacrificou, dando a sua vida. Ele sofreu por este povo, para santificá-lo.
A maneira como Jesus prometeu ao seu povo que iria para o Pai para
preparar um lugar e depois viria buscar a noiva para estar junto com ela para
sempre é exatamente o que um noivo fazia com sua noiva, nos dias de Jesus.
"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito.
Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também." (Jo
14:1-3)
Era deste modo que o noivo agia. Depois de fazer aliança com a noiva,
afastava-se dela e voltava para a sua terra, para construir a casa em que ele iria
morar com ela. Depois vinha buscá-la, casava-se com ela e, juntos, começavam
a nova vida, debaixo do mesmo teto, na casa que foi construída e preparada
para eles. Esta figura não é exclusiva do Novo Testamento. Já no Antigo
Testamento Deus tinha chamado o seu povo, o povo de Jerusalém, de sua noiva.
Quando com ele estabeleceu aliança, o Senhor o fez de uma maneira muito
profunda. Na realidade, ele casou-se com ela.
Jerusalém, A NOIVA
Em Ezequiel 16, Deus fala da cidade de Jerusalém como a sua noiva,
relembrando quem era ela e de onde veio. Isso é interessante porque, em
Apocalipse 21, a Bíblia também chama o povo de Deus de uma cidade: a Nova
Jerusalém. Vejamos o que Ezequiel 16 diz sobre esta cidade. Temos que levar
em conta as circunstâncias em que a cidade se encontrava. De acordo com o Dr.
Russell Shedd, tudo o que então restava de Israel era a cidade de Jerusalém, e
ela encontrava-se despovoada. Ora, aquela Jerusalém nada mais era do que
uma cidade pagã, dos cananeus, tal como a que o rei Davi conquistara e, se
ainda tinha alguma glória, era a graça divina que lhe concedia.
"Assim diz o Senhor Deus a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento
procedem da terra dos cananeus; teu pai era amorreu, e tua mãe, hetéia. Quanto
ao teu nascimento, no dia em que nasceste, não te foi cortado o umbigo, nem
foste lavada com água para te limpar, nem esfregada com sal, nem envolta em
faixas. Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma destas coisas,
compadecido de ti; antes, foste lançada em pleno campo, no dia em que
nasceste, porque tiveram nojo de ti.
Passando eu por junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue e te disse:
Ainda que estás no teu sangue, vive; sim, ainda que estás no teu sangue, vive.
Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo; cresceste, e te engrandeceste, e
chegaste a grande formosura; formaram-se os teus seios, e te cresceram
cabelos; no entanto, estavas nua e descoberta. Passando eu por junto de ti, vi-te,
e eis que o teu tempo era tempo de amores; estendi sobre ti as abas do meu
manto e cobri a tua nudez; dei-te juramento e entrei em aliança contigo, diz o
Senhor Deus; e passaste a ser minha.
Então, te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo.
Também te vesti de roupas bordadas, e te calcei com couro da melhor qualidade,
e te cingi de linho fino, e te cobri de seda. Também te adornei com enfeites e te
pus braceletes nas mãos e colar à roda do teu pescoço. Coloquei- te um
pendente no nariz, arrecadas nas orelhas e linda coroa na cabeça. Assim, foste
ornada de ouro e prata; o teu vestido era de linho fino, de seda e de bordados;
nutriste-te de flor de farinha, de mel e azeite; eras formosa em extremo e
chegaste a ser rainha. (Ez 16:3-13)
Mas o que restava daquela linda cidade não era nem sombra do que ela
tinha sido. O que aconteceu com a cidade que tinha sido tão formosa que sua
fama percorria toda terra? O Senhor disse:
"Correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era
perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor Deus. Mas
confiaste na tua formosura..."'(Ez 16:14-15a)
O CABEÇA E O CORPO
Jesus é o Cabeça da Igreja.
O Pr. James Robinson, dos Estados Unidos, compartilhou uma visão
acerca da Igreja. Certamente essa sua visão veio de Deus. Ele viu um homem
deitado, com o corpo paralisado, completamente imobilizado. A cabeça queria
que o corpo reagisse, se movimentasse, mas não podia. A cabeça comandava,
mas a comunicação não chegava até as extremidades dos membros. O corpo
estava doente e a comunicação entre o comando do cérebro e os membros
estava desligada. Aquele que estava paralisado dizia: "Eu não consigo mover-
me. Dou um comando, mas o corpo não reage." E James interpretou dizendo que
assim estava o corpo de Cristo: imobilizado. Embora a cabeça comandasse, o
corpo estava impossibilitado de reagir.
O Cabeça emite ordens, mas o corpo não está respondendo ao comando,
porque não consegue ou porque está se recusando a ouvir, e seus nervos
parecem estar desligados. Assim ele está paralisado. E um corpo que tem que
ser curado. Ele precisa ser curado.
Como pode um corpo tornar-se doente assim? Em se tratando do corpo de
Cristo, é através do pecado. Mas, de que pecado? E o pecado de suas células
não permanecerem juntas e agirem independentemente umas das outras, como
se as outras não existissem.
O sentimento de egoísmo, de individualismo, de independência é algo
quase que inerente ao ser humano. Cada um de nós faz questão de ser EU.
Centralizamos todas as coisas em nós. Queremos ser o centro das atenções de
todos. Queremos ser o deus das situações. Nós nos tornamos, assim,
independentes do Cabeça e, em conseqüência, separamo-nos uns dos outros.
A verdadeira unidade entre os membros não é algo fabricado. Mas é algo
que vem mediante a ligação vital e fundamental entre os membros com a
cabeça. A unidade que existe entre os membros de um corpo é algo inerente à
própria natureza fundamental do seu ser. Sem unidade e sem interdependência
não é um corpo.
Quando Jesus ilustra a relação que tem com os membros, ele menciona a
figura da videira e os ramos.
"Eu sou a videira verdadeira; e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que,
estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que
produza mais fruto ainda." (Jo 15:1-2)
Estes versículos aparentemente não têm nada a ver com a figura do corpo.
Mas, para haver um corpo, tem de existir uma ligação íntima entre a cabeça e o
restante do corpo. E este versículo mostra a ligação vital entre a videira (Jesus) e
os ramos (nós, que pertencemos ao corpo). A seiva da videira terá de correr para
cada ramo, isto é, para cada membro. Se cada membro do corpo conectar-se
corretamente com a Videira, receberá a sua seiva natural, e a vida de Cristo se
transmitirá para todos.
UNIDADE ORGÂNICA
E, neste viver, teremos de conviver em paz, cedendo o que é nosso aos
irmãos. E nem sempre é fácil fazer isso. Mas se estivermos ligados corretamente
na cabeça, na videira, certamente a vitalidade e a vida que está no Cabeça
renovará e santificará a nossa natureza também.
Porque, se não fosse assim, estaríamos negando a natureza básica de ser
igreja, de ser um corpo, com células que se interligam com os tecidos, formando
os órgãos, os quais constituem um sistema que funciona como uma unidade
orgânica e integrada chamada corpo.
"Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há
diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas
realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. A manifestação
do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. Porque, assim
como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,
constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer
escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito." (1 Co
12:4-7:12-13)
DIVERSIDADE
Paulo explica a figura do corpo:
"Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o
pé: 'Porque não sou mão, não sou do corpo'; nem por isso deixa de ser do corpo.
Se o ouvido disser: 'Porque não sou olho, não sou do corpo'; nem por isso deixa
de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse
ouvido, onde, o olfato? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não
podem os olhos dizer à mão: 'Não precisamos de ti'; nem ainda a cabeça, aos
pés: 'Não preciso de vós'." (1 Co 12: 14-17, 20-21)
E ele conclui:
"Assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros,
sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só
"Espírito." (I Co 12:12-13)
Cabeça DA IGREJA
A razão de ser da Igreja é Jesus Cristo, de começo a fim. Por isso ele é o
Cabeça da Igreja:
"
Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-
o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e
autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não
apenas nesta era, mas também na que há de vir. Deus colocou todas as coisas
debaixo de seus pés e o designou cabeça de todas as coisas para a Igreja, que é
o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer
circunstância. "(Ef 1:20-23)
Assim, a Igreja tem que ser centrada em Cristo, centrada inteiramente na
sua pessoa. Ele é o Cabeça e nós somos o corpo. O corpo age sob comando da
cabeça. O corpo desconectado da cabeça é um corpo morto ou, se sobrevivesse,
seria um monstro. Assim, tudo que a cabeça dita o corpo faz como se fosse a
própria cabeça. Tanto na cabeça como no corpo corre o mesmo sangue e deve
existir uma harmonia entre o mover da cabeça e o do resto do corpo. O corpo é o
complemento da cabeça. Por isso o corpo deve ser a expressão da cabeça, é a
cabeça em ação.
Nós somos membros do corpo, disse o apóstolo Paulo. E, assim, nós
somos os olhos de Jesus, os ouvidos de Jesus aqui na terra para os
necessitados. Somos os braços de Jesus, os seus pés e as suas mãos. A Igreja
tem de ser o prolongamento e a continuidade da pessoa de Jesus, em sua
presença e no seu ministério.
Jesus estabeleceu um modelo de ministério quando disse aos seus
amados discípulos: "Sem mim, nada podeis fazer". (João 15:5)
Ele estava compartilhando com os discípulos a verdade de que ele, o
Filho, vivia com o Pai. Pois o Filho nada fazia por si. João diz e afirma
magistralmente a relação íntima do Filho com o Pai. Da forma como o Pai o
honra no ministério, o Filho faz apenas aquilo que o Pai faz. (João5:19)
Ele viveu para fazer a vontade do Pai e realizar a obra do Pai. Esta é a
receita que Jesus quer passar para a sua Igreja: depender inteiramente dele,
estar com ele, amá-lo e estar totalmente sincronizada para fazer a obra e o
ministério dele.
A PALAVRA ENCARNADA
A Igreja centrada em Cristo é a Igreja que nasceu pela Palavra pregada,
que é lavada por ela e que foi selada pelo Espírito Santo. Ela não apenas
fundamenta a sua vida no que está escrito nas Escrituras, mas também é uma
Igreja que crê no Deus vivo e presente, que se comunica com ela. Jesus é a
Palavra encarnada. E o Logos de Deus que se fez carne e que habitou entre nós.
Ele é a Palavra que se fez Escritura, e continua sendo a Palavra que se faz viva
hoje, pelo poder do Espírito Santo.
Da forma como o Jesus ressurreto e presente cooperava com os
apóstolos, demonstrando poderosamente os seus sinais e maravilhas no meio do
povo, conforme vemos no livro de Atos, ele continua cooperando com o
remanescente fiel da Igreja e demonstrando o seu poder e a sua presença:
" E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o
Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam." (Mc 16:20)
REVELACÃO DO PAI
Como disse o Rev. Ariovaldo Ramos, (Ramos, Ariovaldo, "Igreja, que
tenho eu com isto?" São Paulo; Editora Sepal — 2000) a Igreja de Jesus nasce
de uma revelação do Pai, apresentando a Jesus como Cristo, o ungido e o
enviado Salvador, o Messias. E o próprio Pai que nos apresenta Jesus através
do Espírito Santo. Não é a nossa carne que discerniu ou percebeu quem é
Jesus. Mas é o Pai, que o faz através do Espírito Santo. Pois ele age na terra
através da terceira pessoa da trindade.
Se o Pai não nos revelasse Jesus Cristo, nós nunca o conheceríamos.
Não foi a carne que nos revelou quem é Jesus Cristo de Nazaré, mas o Pai.
Embora seja o Filho que nos leva ao Pai, a Igreja nunca seria o que deve ser
sem a revelação do Pai. Por isso Jesus afirmou a Pedro, ao lhe responder quem
era ele:
"Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo.
Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi
carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus." (Mt 16:16-
17)
Foi também pela centralidade de Cristo que o apóstolo Paulo nos ensinou
a orar e pedindo pelo "espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele." (Efésios 1:17)
E Jesus completa:
"Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o filho senão o Pai;
e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
"(Mt 11:27)
Outros CRISTOS
O grande problema da Igreja hoje são os inúmeros cristos que apareceram
no cenário religioso: os falsos cristos e os anticristos.
Há vários deles que se arvoram em cristos verdadeiros. Há toda uma
gama de cristos que, além de salvador, acrescentam uma outra revelação: o
livro de Joseph Smith, o de Helen White e o de Rutheford Bekerel, por exemplo.
O Pr. John Wimber disse que existe um espírito chamado Jesus. Não é
Jesus Cristo de Nazaré, o filho do Deus Altíssimo. Mas é um espírito. Uma jovem
"abriu o seu coração para recebê-lo, e desde então ficou com um problema no
coração. A sua cura foi depois de expulsar esse espírito." A história soa bizarra.
Mas o apóstolo João disse que apareceriam muitos cristos:
"Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se
procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.
Nisto reconheceu o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não
procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual
tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo, filhinhos, vós sois
de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em
vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do mundo; por essa
razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve." (l Jo 4:1-5)
A SABEDORIA DE DEUS
Para a mente hebréia, conviver com os gentios era algo fora do comum,
pois feria uma série de princípios até então considerados sacrossantos;
contrariava convicções seculares.
Mas, com a vinda de Jesus Cristo, a Igreja passou a ser o local de
convivência harmoniosa entre dois grupos irreconciliáveis em termos de tradição
religiosa e usos e costumes: judeus e gentios.
Através de Cristo, ambos tornaram-se participantes de um só corpo, com
um só propósito, para demonstrar o poder, a misericórdia, a criatividade, o amor
e a sabedoria de Deus, não só aos homens, na dimensão natural, mas também
na dimensão espiritual - referida por Paulo como "regiões celestes" ou "lugares
celestiais" - aos Principados e potestades. Por isso Paulo diz:
"...para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne
conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais." (Ef 3:10)
Nada acontece no mundo dos poderes das trevas que Jesus Cristo não
esteja permitindo. Ele deu tempo e espaço para eles agirem e o seu final será o
lago de fogo. Todos eles têm de pedir permissão a Jesus Cristo de Nazaré para
agir e fazer as suas obras.
Por isso, a Igreja recebeu de Jesus autoridade não apenas para declarar a
sabedoria infinita e multifacetada de Deus através da sua vida simples do dia-a-
dia, como também recebeu autoridade para a exercer sobre todos os principados
e potestades. Por isso Jesus disse aos seus enviados:
"Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre
todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano." (Lc 10:19)
Sim, a Igreja é usada pelo Senhor para libertar os cativos de Satanás, abrir
as prisões aos aprisionados espirituais, curar os feridos de coração e ainda curar
as enfermidades. Tudo isso faz parte de uma luta espiritual. A Igreja exerce a
autoridade sobre os poderes das trevas, autoridade esta que lhe foi outorgada
por Jesus. De fato, Jesus disse que aqueles que cressem nele fariam as obras
que ele fez, e que fariam obras maiores do que as suas (João 14:12) .
Isso está acontecendo, literalmente. Pois a Igreja não apenas tem
expulsado demônios, mas também os tem amarrado, e tem exercido autoridade
sobre os ventos e tufões. A Igreja, na pessoa de alguns líderes de visão, tem
exercido autoridade sobre a terra e quebrado as suas maldições.
Já no século XVIII João Wesley disse: "O mundo é a minha paróquia." Pois
ele olhava para o mundo; o objetivo do seu ministério não era cuidar apenas de
uma pequena congregação.
Ele olhava para o mundo. O mundo era o alvo da sua pregação. Assim
muitos pastores hoje estão olhando para a cidade. O seu alvo é alcançar a
cidade; sonham em ver a sua cidade transformada pelo poder de Deus.
George Otis Jr. disse, numa de nossas conferências internacionais, que
Deus não nos irá cobrar pela nossa congregação, mas sim pela nossa cidade.
Assim, é assustador ver que de fato Deus honra, quando alguém, dirigido por
Deus, toma autoridade sobre uma cidade e comanda que ela mude e se
transforme. Claro que existe todo um procedimento para que isso aconteça. Mas
Jesus nos deu a autoridade de confrontar principados e potestades de alta
hierarquia que, muitas vezes, estão sobre uma região geográfica, sobre um
território, ou sobre uma cidade.
No mundo inteiro, de acordo com George Otis Jr., há mais de mil projetos
de transformação de cidades. No Brasil apenas, pelo que sabemos, são vinte,
aproximadamente. Isso é encorajador. Por isso, o que o profeta Isaías diz no
capitulo 61, no versículo 4, é algo muito pertinente. Os que se livraram do
cativeiro do diabo agora, por sua vez, vão fazer o seguinte:
"Edificarão os lugares antigamente assolados, restaurarão os de antes
destruídos e renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em
geração. "(Is 61:4)
A Igreja está declarando aos principados e potestades a multifacetada
sabedoria de Deus de maneira a deixá-los estupefatos. É como vimos em
Efésios 3:10, cuja versão amplificada vou transcrever de novo, encerrando este
capítulo:
"O propósito é que, através da igreja, a complicada, multifacetada
sabedoria de Deus, em todas as suas infinitas variedades e inúmeros aspectos,
possa agora ser conhecida pelos principados e potestades nos lugares
celestiais."
Paulo usa o termo "uns aos outros" inúmeras vezes nas suas epístolas,
demostrando com isso a mutualidade que há na vida da igreja. Ele nos diz mais
de uma vez que precisamos uns dos outros e que a vida saudável de uma igreja
depende dessa mutualidade, dessa reciprocidade entre seus membros.
Quer queiramos ou não, a nossa atitude correta, a nossa entrega sem
reservas à vontade do Pai, o nosso compromisso com as diretrizes do evangelho
é que vão determinar o bom funcionamento da nossa igreja local. Da mesma
forma, como temos explicado, quer queiramos ou não, a nossa atitude negativa,
os pecados e os problemas de relacionamento vão comprometer o corpo. É um
princípio bíblico, e nada irá mudá-lo. Temos de nos conformar a isso e
procurarmos ter a atitude de vida.
Vejamos um pouco dessa mutualidade expressa em alguns versículos
bíblicos, e neles meditemos:
"...para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé." (Rm
1:12-NVI)
"Deus ... vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo
Cristo Jesus." (Rm 15:5)
"Cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros." (I
Co 12:25)
"Sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor." (Gl 5:13)
"Levai as cargas uns dos outros. "(Gl 6:2)
"...perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos
perdoou." (Ef 4:32)
"Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo." (Ef 5:21)
"Suportai-vos uns aos outros..." (Cl 3:13)
"Aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria. "(Cl 3:16)
"Consolai-vos, pois, uns aos outros, e edificai-vos reciprocamente..." (l Ts
5:11)
"Vivei em paz uns com outros." (1 Ts 5:13)
"Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos
outros, para serdes curados." (Tg 5:16)
"Amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente. "(1 Pe 1:22)
Paulo justifica-se dizendo que, quando ele fez o papel de líder, lançando
os fundamentos do evangelho, fez como prudente construtor. E deixa claro que
todos os que viessem depois dele deveriam manter-se dentro do mesmo padrão
de prudência, pois, caso contrário, as ovelhas poderiam não desenvolver-se
bem, e começariam os problemas. Foi o que de fato aconteceu: os crentes da
igreja continuavam bebês espirituais, preocupados com ciúmes, contendas,
carnalidades e partidarismos.
Tenho me deparado, vez após vez, com problemas desse tipo,
infelizmente. Se o líder de uma igreja começa com desonestidades, roubos,
dívidas gananciosas, ou publica livros de outros como se fossem dele, a
tendência é que seus subordinados façam o mesmo. Há uma repetição, no
rebanho, do pecado cometido pela sua liderança.
E também:
"Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De
modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós, os que para ele
morremos?... Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira
que obedeçais às suas paixões ... (Porque o salário do pecado é a morte". (Rm
6: 1-2,12, 23).
Também nessa mesma epístola João faz terríveis afirmações, dizendo que
as falsas doutrinas e os anticristos podem sair do nosso próprio meio, isto é, da
Igreja:
"Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se
tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram
para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos." (1Jo 2:19)
Toda cidade possui uma "alma", diz o Dr. Robert Linthicum. No seu livro
"Cidade de Deus, Cidade de Satanás", o autor fala da espiritualidade interna de
uma cidade. (Linthicum, Robert - Cidade de Deus, Cidade de Satanás) De
acordo com a visão bíblica, cada cidade e cada agrupamento da sociedade tem o
seu anjo "que cobre" aquele território. Esta perspectiva de "cobrir" é
particularmente importante, e foi expressa na história da criação:
"A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do
abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas." (Gn 1:2)
Assim, o anjo da Pérsia ousou resistir ao anjo enviado pelo Senhor dos
senhores, o Deus Altíssimo, até que o anjo Miguel entrou em ação para socorrer
o anjo que trazia o recado para Daniel.
Este texto mostra claramente que havia um anjo da Pérsia, no caso um
anjo maligno, evidenciando assim a existência de um principado territorial.
Um outro texto em que os estudiosos se baseiam para concluir que de fato
há anjos, ou espíritos que dominam sobre nações e territórios, é Deuteronômio
32:8:
"Quando o Altíssimo repartia as nações, quando espalhava os filhos de
Adão ele fixou fronteiras para os povos, conforme o número dos filhos de Deus;
mas a parte de IAHWEH foi o seu povo, o lote da sua herança foi Jacó. "(Dt 32:8
— BJ)
O que se pode entender deste texto é que as nações foram dividas entre
os anjos. Mas, o povo de Deus, Jacó, é a parte da sua herança e, portanto, Deus
diretamente iria lidar com essa nação.
Assim, podemos entender que cada nação tem o seu anjo. E cada unidade
social é representada por um anjo e, em especial, cada igreja possui o seu anjo.
Alguns chamam-no de espiritualidade interna ou até de "alma".
O ANJO DA IGREJA
O que já aprendemos é que a igreja é moldada de alguma forma pela
atitude e conduta dos seus membros, para o bem ou para o mal. Mas como há
uma outra fonte de inspiração, que não é de Deus, a igreja pode também sofrer
influências dos principados e potestades da cidade.
Cada unidade da sociedade é guardada e dirigida pelo seu anjo protetor.
Robert Linthicum chamaria isso de "a essência da espiritualidade interna" do
grupo ou da cidade. Peter Boss chamaria de "expressão corporativa da
espiritualidade" daquele território.(Boss, Peter — conferencista holandês que
falou num de nossos congressos) Quando o pecado corporativo toma uma forma
mais incisiva, ele começa a fazer parte da espiritualidade interna da corporação,
da instituição ou de um grupo; no caso, de uma igreja local.
Alguns chamariam essa espiritualidade interna de "alma da igreja", e
outros de "o anjo da igreja". Walter Wink diz que o anjo da Igreja torna-se
demoníaco quando a congregação dá as costas a uma tarefa específica
separada por Deus e coloca outros alvos como ídolos. E é isso o que tenho visto:
o anjo de uma igreja transformar-se numa força demoníaca para matar a alma da
igreja.
Como deveria ser uma igreja ideal? Será que existe uma igreja perfeita? A
Igreja que Jesus está preparando é aquela que está sendo lavada para tornar-se
sem manchas, sem rugas, sem coisas semelhantes. Ela será esplendorosa e
gloriosa. Mas, aqui na terra, nenhuma igreja será perfeita, a não ser na sua
motivação e na intenção dos seus líderes em desejar agradar ao Senhor da
Igreja. Somos um ajuntamento de pecadores perdoados. E somos um corpo de
pessoas, uma assembléia dos redimidos por Jesus e separados para Deus.
Sim, volto a perguntar: quais são as características de uma igreja ideal?
A igreja ideal procura ter o caráter de Cristo
É uma igreja que procura refletir a pessoa de Jesus Cristo, pois Dele
nasceu. Foi tendo um encontro com Jesus, e com a ação do Espírito Santo, que
ela se convenceu do pecado, da justiça e do juízo. Ela nasceu desse encontro,
da revelação de quem é o Filho. Se ela nasceu, ela tem que ser o prolongamento
dele. Deve pensar como ele, falar como ele, agir como ele.
Ela deve estar em íntima comunhão com ele. Ela deve ser a presença de
Jesus encarnada no pastor, nos seus líderes, nos seus membros. Sabemos que
isso só acontece de modo sobrenatural. Se a igreja deixar de ter a presença
sobrenatural de Deus e de Jesus através do Espírito Santo, ela deixa de ser
igreja. (Ver Efésios 1:22; 2:10; 5:26-27)
Ora, se ele disse isto, é porque podemos dar lugar ao diabo. Portanto, o
apóstolo quis dizer, com estas palavras, que não devemos dar oportunidade ao
diabo através da mentira, da ira, do furto, da palavra torpe, e assim por diante.
Porque qualquer crente pode cair nessas tentações e dar uma brecha ao inimigo.
Uma missionária procurou-me para compartilhar algo muito sério. Disse
ela que seu tio era alguém muito conhecido nos círculos da sua denominação.
Era famoso por ter uma capacidade especial para lidar com os demônios. Um dia
ele ouviu um desses espíritos desafiando-o, dizendo-lhe: "Você ainda vai me
servir!"
Ele não deu muita importância a isso. Mas não demorou muito, e ele
envolveu-se num escândalo, e a igreja não o perdoou. E ele foi refugiar-se com
amigos espíritas, que o levaram para a prática do espiritismo.
Foi triste constatar que agora aquele homem estava servindo uma das
entidades do baixo espiritismo, e tinha se tornando o seu cavalo (Cavalo significa
aquele espírito ou entidade espiritual que vai começar a cavalgá-lo [que toma o
seu corpo] A pessoa pode ser pai-de-santo ou médium). Em momentos de
desespero ele então chorava, porque queria voltar a servir ao Deus vivo. Mas
estava amarrado e precisava de ajuda. As muitas tentativas de irmãos e
familiares para ajudá-lo não deram resultado, pois ele sempre fugia de qualquer
contato com o pessoal da igreja.
Felizmente esta história teve um final feliz. Depois de um ano, fiquei
sabendo que aquele homem, que havia caído até o ponto de ter se tornado um
cavalo de Tranca Rua (Tranca Rua é uma das entidades do baixo espiritismo [um
exu]), estava sendo encaminhado para a libertação, e fiquei sabendo que ele foi
ministrado.
Ouça agora esta outra história.
Um crente um dia pegou uma certa doença e, por muitos anos, fez todo
tipo de tratamento. A sua igreja orava por ele. A família estava cansada de gastar
tanto dinheiro nas consultas médicas e nos remédios. Então alguém o chamou
para uma reunião, para orar por ele. E ali, com aquela oração, os sintomas da
sua enfermidade desapareceram. E toda a família aceitou a cura como vinda de
Deus, e ele passou a freqüentar aquele grupo, levando a sua Bíblia, para
compartilhar o que sabia sobre Jesus e Deus. Com o conhecimento que tinha,
ele conseguiu subir na liderança do grupo.
Quando tive contato com ele, ele tinha se tornado pai-de-santo e liderava
20 filhos-de-santo. Aquele grupo que "orou" por ele nada mais era do que um
grupo de umbandistas (Era de fato um grupo umbandista; eu mesma conversei
com ele).
Felizmente ele voltou a Jesus, pois foi liberto dos demônios que o
enganaram, e que o fizeram cair tão fundo, chegando a ser até um sacerdote do
inimigo. O que aconteceu de fato com este homem, membro de uma igreja
evangélica? Creio que a igreja estava orando com toda sinceridade pela cura
dele. Então, o que aconteceu na reunião dos umbandistas?
O inimigo, aproveitando a sua ignorância e a sua falta de conhecimento,
tirou os sintomas da sua doença, que tinha sido causada por ação demoníaca. E,
pela ausência dos sintomas, ele pensou ter sido curado e começou freqüentar o
grupo.
A falta do conhecimento de Deus e do inimigo tem causado muitos danos
ao povo de Deus. Com muita tristeza, tenho tomado conhecimento de histórias
desse tipo com certa freqüência; histórias de membros de igrejas evangélicas
que têm sido enganados, tornando-se servidores das trevas.
É muito fácil dizer que a explicação disso é que eles não eram de fato
convertidos, e que por isso foram enganados. Mas se eles não fossem realmente
crentes, eles não teriam voltado. Temos que repensar sobre como estamos
ministrando ao povo da igreja que, em vez de resistir (Tiago 4:7b), como ensina a
Bíblia, vem fugindo dos poderes das trevas.
O engano também está por trás de afirmações e recomendações que se
tem feito por aí: "os crentes que vieram do espiritismo não devem estar no
ministério de batalha espiritual, porque a tendência deles é voltar para o
espiritismo". Esta é uma outra afirmação de alguém que não examinou a situação
dos ex-espíritas com profundidade, quando passam pela libertação de Cristo.
A Igreja de Jesus Cristo no Brasil, porém, não pode ignorar a seriedade e
o compromisso espiritual daqueles que estabelecem vínculos com as entidades
espirituais ou com os demônios através da feitiçaria e da idolatria.
Alegro-me quando fico sabendo que tais e tais igrejas estão crescendo.
Mas isso também significa que essas igrejas estão recebendo um contingente
muito grande de pessoas que vieram das práticas da feitiçaria, da idolatria, do
poder da mente, e de muitos outros envolvimentos com as trevas.
Quando ministramos em igrejas assim, o número de pessoas necessitadas
de serem libertas — para que desse modo possam crescer saudavelmente em
sua nova vida em Cristo — é enorme. A nossa equipe tem que se desdobrar para
atender o maior número possível de pessoas na ministração pessoal (cada
ministração leva em torno de uma hora e meia, pelo menos, e num seminário de
libertação normalmente estamos com uma equipe de 10 a 12 ministrantes). Em
alguns casos somos obrigados a trabalhar duro para socorrer mais de 70 a 100
pessoas individualmente, devido ao desespero das situações.
Nossa equipe, ao entrevistar as pessoas no aconselhamento de libertação
e cura interior, tem se assustado com o nível de envolvimento dos que têm
procurado a igreja de Cristo. Tais pessoas envolvem-se com todo tipo de práticas
demoníacas, espíritas, esotéricas e vêm desembocar na igreja de Cristo, mas
trazem consigo todo tipo de entulho, de sujeira e de comprometimento espiritual.
Esse pessoal é aquele que, no passado, literalmente vendeu a sua alma ao
diabo em troca de um momento de felicidade ilusória: amor, trabalho, saúde e
dinheiro fácil.
A NECESSIDADE DE LIBERTAÇÃO
Se estas entidades com quem eles foram envolvidos não forem
renunciadas, se os vínculos estabelecidos com tais espíritos não forem cortados
e quebrados, e se os pecados envolvidos não forem confessados, esses
demônios tornarão a voltar e a confundir essas pessoas, dificultando o seu
crescimento na fé e amarrando a sua vida espiritual, para que tenham, na melhor
das hipóteses, uma vida cristã medíocre.
Quando o direito legal que essas entidades tinham, por causa dos pecados
praticados, não forem desse modo anulados, elas continuam com direito de
atingir o crente, oprimindo-o e procurando trazê-lo de volta (Mateus 12:43-45).
Temos ouvido sobre vários casos de pessoas que tiveram uma conversão
espetacular, mas pela falta de uma ministração mais apropriada, ou voltaram às
práticas antigas, ou caíram no pecado de adultério e perversão sexual. Temos
encontrado casos de pessoas que tinham sido sacerdotes ou pais-de-santo, mas
que agora são crentes, que vêm desesperados, pedindo ajuda, por estarem
enfrentando lutas insuportáveis.
É o caso de uma ex-mãe-de-santo que, apesar de estar na igreja de Cristo
havia mais do que uma década, vinha enfrentando lutas e tentações terríveis
para voltar às suas práticas antigas. Mas, quando foram quebrados os vínculos,
renunciadas as entidades, e confessados todos os seus envolvimentos, ela
experimentou uma grande transformação na sua vida.
O engano está na interpretação da Palavra de Deus que diz que aquele
que está em Cristo Jesus é uma nova Criatura e que tudo se fez novo, como já
foi mencionado.
Quando uma pessoa confessa com a sua boca que Jesus Cristo é o
Senhor e crê no coração que ele ressuscitou, ela realmente se torna uma nova
criatura e está salva (Ver Romanos 10:9-10 e João 3:6-7).
Na dimensão espiritual, ela adquire a posição do filho que se assenta no
lugar celestial juntamente com Cristo (Efésios 2:6). E ele se torna filho de Deus,
de direito (Cf. João 1:12: "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em
seu nome, deu-lhes o DIREITO de se tornarem filhos de Deus, os quais não
nasceram por descendência natural,... mas nasceram de Deus." (NVI) ).
Mas agora, ele terá de ser orientado, discipulado, ensinado a viver de fato
a condição de ser filho de Deus no seu dia-a-dia, experimentando o poder
transformador do Espírito Santo, a caminho da santificação. E terá que se
despojar do "velho homem" (Efésios 4:22-24), isto é, libertar-se de todas as
coisas antigas e de todas as contaminações que o atingiram em sua vida.
Mas nisto a igreja tem falhado. Não tem ajudado e esclarecido o novo
convertido sobre o que fazer com os pecados do passado, com os envolvimentos
com a feitiçaria e com a idolatria, e com tudo mais que o contaminou no passado.
A pessoa não pode exercer apenas aquela fé que chamaríamos de fé crédula.
Nós, brasileiros, cremos em tudo, e cremos até demais. A Palavra de Deus diz
que os demônios também crêem e até tremem. Eles conhecem quem é Jesus.
No entanto, o seu destino é a perdição e o lago de fogo.
Por isso, no exercer a fé salvadora, temos que entregar a nossa vida nas
mãos do Senhor e quebrar os vínculos com os demônios, a quem servimos e
com quem nos envolvemos no passado.
Faço parte de uma nação chamada Brasil. Um dia tive que pedir perdão a
uma colombiana. Ela me enfrentou e me acusou, dizendo que o Brasil era
exportador de sexo desavergonhado e explícito através de músicas e novelas.
Eu me calei diante da acusação e não pude fazer outra coisa a não ser pedir
perdão por aquilo que a nossa nação tem feito.
É muito sério e profundo tudo isso.
Temos que admitir que, como Nação, pecamos através da nossa
sexolatria, idolatria, feitiçaria, corrupção; prostituição infanto-juvenil, baixa
qualidade na educação e a endêmica situação da saúde; e ainda através da
pobreza e da condição de miséria que há em certas regiões do Brasil. Além
disso, quantas coisas mais?! Seria uma lista infindável!
Podemos afirmar, sem medo de errar, que esses são "pecados
corporativos" da Nação brasileira. Ainda que você e eu individualmente não
cheguemos a cometer esses pecados, como Nação fazemos parte desses atos e
condutas. E somos culpados por eles.
Um só homem tinha pecado e o seu pecado foi considerado por Deus não
um pecado pessoal, mas sim de toda a nação, corporativamente. E então veio a
derrota.
Foi Acã quem pecou, mas o Senhor declarou de maneira clara, para não
deixar nenhuma dúvida: "Israel pecou". E esse pecado teve conseqüência em
todo o povo.
O exemplo de Neemias
Dentro das promessas de bênção e maldição, Deus havia dito a Moisés
que, se o povo não levasse a sério os seus mandamentos, além de todas as
maldições prenunciadas em diversos textos da Bíblia, o povo e o rei que, no
futuro, seria constituído, seriam levados para uma terra longínqua. E ali seriam
obrigados a adorar deuses de pedra e pau (Deuteronômio 28:36).
Isso acabou acontecendo. Os antepassados de Neemias, desobedecendo
os mandamentos de Deus, provocaram uma situação de tanta rebeldia a ponto
de obrigar Deus a levantar nações inimigas para subjugar Israel e Judá.
E o povo de Deus foi levado cativo, ao exílio. Judá foi levado à Babilônia; e
Israel foi para a Assíria.
Estando Neemias no exílio, apesar de estar servindo ao Rei Artaxerxes
como copeiro, o seu coração anelava em ver a cidade amada, Jerusalém. Foi
quando ele ouviu o relato de que o povo que escapou do cativeiro vivia num
estado miserável de abandono e pobreza, e que a cidade estava com os seus
muros caídos e as portas queimadas, sem nenhuma sombra da sua glória
passada, que tinha sido o orgulho de muitos israelitas.
Neemias, que além de copeiro do rei era profeta de Deus, passou dias de
angústia, lamentando e sofrendo pela realidade do seu povo e da cidade amada.
Levado a jejuar e orar, em sua angústia ele confessou diante de Deus,
assumindo os pecados corporativos dos seus antepassados:
"Ah Senhor Deus dos céus, Deus grande e temível, que guardas a aliança
e a misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus
mandamentos! Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos,
para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite,
pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de
Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos
pecado. "(Ne 1:5-6)
Esta confissão de Neemias acerca da iniqüidade do seu povo e dos seus
antepassados abriu-lhe a porta para uma viagem a Jerusalém. Uma vez
removida a culpa por meio da confissão, o próprio Deus passou a empenhar-se
em fazer mudar a sorte de seu povo. Neemias foi vitorioso em reconstruir os
muros e as portas de Jerusalém, completando o trabalho que já tinha sido
iniciado na época de Esdras, o qual tinha reconstruído o templo.
O exemplo de Daniel
Uma outra pessoa que fez a confissão do pecado corporativo diante de
Deus pedindo, na terra do exílio, perdão pelas iniqüidades dos seus
antepassados, foi Daniel. Ele tinha sido levado cativo à Babilônia para servir ao
rei Nabucodonosor, Dario e outros.
Esse grande estadista de Deus levava uma vida irrepreensível nas terras
do cativeiro e orava todos os dias, com as janelas voltadas para Jerusalém. Mas
quando percebeu, pelos livros de Jeremias, que o tempo do cativeiro deveria
findar depois de 70 anos, começou a interceder perante Deus.
Daniel foi então levado a pedir perdão pelos pecados dos seus
antepassados, cuja conseqüência foi eles terem sido banidos para a terra do
exílio. A confissão do pecado corporativo feita por Daniel é longa, mas podemos
ver apenas alguns versículos no capítulo 9 do livro do profeta:
"Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a
misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; temos
pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes,
apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;... Ó Senhor, a nós
pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos
nossos pais, porque temos pecado contra ti. Ao Senhor, nosso Deus, pertence a
misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra ele ... Ó Senhor,
segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de
Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por
causa das iniqüidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo
opróbrio para todos os que estão em redor de nós. (Dn 9:4-5,8-9,16)
Assim como Neemias, Daniel não havia pecado, nem cometido contra
Deus nenhuma ofensa. Mas colocou-se na brecha para interceder como se ele
próprio houvesse praticado aquelas iniqüidades.
Os pecados corporativos podem ser pecados da atualidade ou terem sido
herdados dos antepassados, como neste caso.
Assim, aprendemos que Deus não fala a nível individual quando trata de
alguns assuntos. Por exemplo, mandamentos, promessas, bênçãos,
julgamentos, profecias também são dados para o povo como um todo. Ou seja,
Deus se referem todos, levando em conta uma "responsabilidade corporativa" ou
"comunitária".
Quanto a isso, observe o seguinte texto, e veja que sua linguagem é quase
sempre no plural:
"Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os
cumprirdes, então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a
sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto ... Estabelecerei paz na terra;
deitar-vos-eis, e não haverá quem vos espante; farei cessar os animais nocivos
da terra, e pela vossa terra não passará espada. Perseguireis os vossos
inimigos, e cairão à espada diante de vós. Cinco de vós perseguirão a cem, e
cem dentre vós perseguirão a dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada
diante de vós. Para vós outros olharei, e vos farei fecundos, e vos multiplicarei, e
confirmarei a minha aliança convosco. (Lv 26:3-4,6-9)
O ponto de que, como corpo, somos então todos ligados, uns aos outros,
fica muito claro quando Paulo escreve à igreja de Cristo em Corinto:
"Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a
Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de
um só Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos." (1
Co 12:12-14)
Diz ele ainda, enfatizando como todos sofrem pelo problema de um dos
membros desse corpo:
"... para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os
membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um
membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam. Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse
corpo. "(1 Co 12:25-27)
Cristo, o Noivo, tinha o seu amigo, o apóstolo Paulo, que cuidava da sua
Noiva. Paulo era alguém que tinha uma paixão por vê-la bem, e cooperava com o
Senhor, preparando-a para apresentá-la como Noiva digna do seu Noivo, o Rei
dos reis e Senhor dos senhores. O seu maior peso sempre foi o de que as igrejas
estivessem puras, isto é, sem contaminações; não estando enfermas, portanto.
Analisemos o que pode fazer com que uma igreja adoeça. Muitas são as
raízes que lhe podem causar problemas com seríssimas conseqüências, a ponto
de ficar até mesmo com uma enfermidade mortal.
Quando Paulo perguntou "quem vos fascinou?", ele quis dizer quem vos
enfeitiçou? Debaixo de que tipo de encantamento vocês estão? É uma frase
forte! Os gálatas estavam caindo na sedução dos judaizantes que estavam ali,
levando os cristãos da Galácia a voltarem à antiga prática de cumprir a lei para
serem justificados. Ele lhes disse ainda:
"Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por
natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?” (Gl 4:8-9)
Para Jesus poder entrar pela porta, essa igreja teria que passar pelo
arrependimento. Apesar de ser insuportável o estado da igreja, ele a ama, e por
isso vai discipliná-la. Ele apela: "Sê pois zeloso, e arrepende-te"
Somente por meio do verdadeiro arrependimento estaria preenchida a
condição para Jesus poder entrar e cear.
E, por fim, a única frase de consolo diante de uma repreensão tão dura.
Foi quando Jesus disse: "Estou fazendo isso, igreja de Laodicéia, porque eu
repreendo e disciplino a quantos amo".
O apelo de Jesus é "arrepende-te"! Não há outro caminho. Jesus não está
dizendo ao mundo para arrepender-se, mas à sua Igreja.
Aquele que arrepender-se e permitir a nova entrada de Jesus vale a
seguinte palavra de incentivo:
"Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como
também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono." (Ap 3:21)
Esposa de Belzebu
Ministrei uma certa mulher que tinha sido mãe-de-santo no Candomblé.
Durante o tempo da sua vida em que era enganada pelas trevas, ela acabou
sendo "esposa" de um espírito de nome Belzebu. Quando ela me procurou, ela
veio em busca de libertação. Disse-me que já havia algum tempo se convertera e
freqüentava a igreja de Cristo. Tinha também se casado com um obreiro.
Apesar de todas essas bênçãos, ela continuava em desespero, estava
debaixo de uma opressão muito grande. O problema haveria de estar na sua vida
pregressa, algo terrível de se compartilhar. Ela tinha sido "esposa de Belzebu", e
esse espírito sempre dizia estar muito satisfeito com ela. Ela aparentava estar
satisfeita com o seu horroroso mestre e guia, "fazendo as adivinhações e
demonstrando o poder de Belzebu, que até mesmo fazia curas". Mas chegou um
dia em que o seu guia mostrou a sua verdadeira natureza: pediu-lhe a vida do
filho dela em sacrifício.
Isso ela não poderia aceitar, de forma nenhuma. Revoltada, abandonou as
práticas de Candomblé. E, sabendo que somente o Cristianismo poderia fazer
alguma coisa, começou a freqüentar uma igreja evangélica. Na realidade ela
estava fugindo de Belzebu. Ali ela se converteu e conheceu o obreiro com quem
se casou.
A felicidade dos dois parece que não durou muito porque logo começaram
a notar algo estranho. Ela ouvia rumores de que o seu marido, agora pastor, a
estava traindo e dormindo com várias mulheres da igreja. Não demorou muito
para que ficasse constatado o fato. Então ela se revoltou e resolveu que deveria
vingar-se dele, retribuindo tanta humilhação e desprezo. E achou que nada seria
melhor do que pagar com a mesma moeda, isto é, também cometendo adultério.
Ela começou então assediar e concretizar suas intenções com os homens
da igreja. O que mais revoltava e condoía-lhe o coração era que nem dentro do
Candomblé ela havia visto esse tipo horrível de comportamento. O argumento
para ela era muito forte: como algo assim podia acontecer dentro da igreja de
Cristo? Se acontecia, era porque a igreja não era tão diferente do mundo e, se de
fato não era, ela não estava tão errada em querer defender-se à sua maneira. E
aquela terrível seqüência de eventos fez com que a igreja fosse destruída.
Para que eu a ministrasse pessoalmente foi uma odisséia, pois ela
enfrentou todo tipo de impedimento pelos espíritos. Cada vez que ia marcar a
sua ministração de libertação pessoal, ou participar de um seminário de
libertação, onde ela poderia ser ministrada, ela era sistematicamente barrada.
Aconteceu até mesmo de um dia ela quebrar um dos braços por ter caído com o
movimento do ônibus em que estava.
Finalmente chegou o dia da sua libertação. Ela veio com a sua mãe, seu
filho e uma irmã. Toda a família foi ministrada. Sua libertação foi precedida por
um tempo de confissão e profundo arrependimento, com a quebra de todos os
vínculos e alianças. Vi então muitos demônios identificando-se e saindo, para
nunca mais voltarem (mais de sessenta entidades foram renunciadas e
expelidas). A partir daquele dia, ela foi liberta do jugo que a tinha levado cativa
por tanto tempo.
Por esta história você pode ver como estava a esposa daquele pastor.
Como ela nunca tinha sido orientada para passar por uma libertação, não
pensava em tomar qualquer providência, e não sabia o que fazer. Daí o inimigo
aproveitou-se da situação para criar todos os problemas que criou.
Não será este tipo de situação que muitas igrejas estão enfrentando, por
falta de conhecimento?
Aquela igreja teve que fechar. Os pastores se separaram e isto fez com
que o nome de Jesus fosse blasfemado pelos seus inimigos (2 Samuel 12:14).
Aquela igreja, aquela comunidade, não apenas estava desesperadamente
doente, na verdade não tinha nem mesmo condições de subsistir. Principalmente
os próprios líderes necessitavam de libertação (Quanto à esposa do pastor, a
quem ministrei, soube depois que ela estava restabelecendo o seu casamento,
voltando com ele, pois tinham se separado).
Um casal de cambono roubando a igreja
Em outra ocasião eu estava ministrando numa conferência de pastores,
quando uma pastora me passou o seguinte:
Nós tínhamos um auditório de cinco mil lugares e uma freqüência de
oitocentas pessoas. Havia um casal de tesoureiros que nos ajudava. Num dia de
semana, indo à igreja, eu os encontrei ali e, quando os vi, era como se tivesse
visto Satanás neles. Muito abalada, comentei com o meu marido:
— Meu bem, eu vejo demônios na vida daqueles dois.
Mas meu marido reagiu, dizendo:
— Ora, lá vem você com essa mania de ver demônios em tudo.
E não me deu atenção. Posteriormente descobrimos, com respeito àquele
casal de tesoureiros, que eles tinham sido cambonos (cambono é aquele que
ajuda um pai-de-santo em seus rituais), e que vinham nos enganando e
roubando. O que se coletava na igreja era usado por eles em boates. Um ataque
veio depois, tão grande, que meu marido me deixou, e eu fiquei só, e tivemos
que fechar a igreja.
Aparentemente essa igreja estava sendo minada por pessoas que tinham
sido enviadas para destruí-la. A falta de discernimento dos líderes e a recusa em
examinar o que de errado havia nas pessoas suspeitas permitiu que houvesse a
separação dos pastores e o fechamento da igreja.
Este pastor, que me enviou esta carta, além de uma pensão do governo,
vende pizzas, e por isso não depende de ofertas; pelo contrário, ele está
investindo mensalmente uma importância sua nessas igrejas, que ele assumiu
ajudar.
Seria interessante analisar o que de fato aconteceu com essas igrejas que
outrora tiveram uma história mais feliz e foram prósperas...
Diante do que você acabou de ver, é muito claro que há muitas igrejas que
estão doentes. Muitas delas não apresentam sinais de saúde espiritual. Há vários
sintomas que evidenciam a sua enfermidade. Estão muitas vezes divididas,
atadas, cegas, enfraquecidas, sem poder, sem capacidade de lutar e sem
crescer, deixando de cumprir o propósito para o qual foi chamada. Elas precisam
passar por cura e libertação. Entenda:
Somos uma comunidade de santos de um lado, mas também somos uma
comunidade de seres humanos com todas as suas fraquezas e limitações. E
nisto é que a glória de Deus quer se fazer presente, para demonstrar que ele é
Deus.
Vimos neste capítulo, no próprio exemplo da igreja de Laodicéia, como
certas questões da cidade estavam determinando a atitude da igreja. São as
condições externas influenciando uma comunidade cristã. Uma cidade pode
estar sob o domínio de Principados e potestades, e isto pode influenciar a vida
do povo de Deus.
Certa ocasião, numa determinada cidade, discernimos que o problema
daquela igreja, a quem ministrávamos, estava relacionado com o orgulho e a
morte. Foi como se fora uma constatação dos espíritos reinantes na própria
cidade.
Vimos também, no capítulo anterior, como pessoas isoladas podem
também determinar a saúde ou a enfermidade de uma comunidade.
Outra questão que faz adoecer a igreja é a carnalidade, (obras de palha), a
falta de santidade (vestes não brancas) e a falta de visão espiritual da própria
igreja (ela precisa de um colírio). Com os muros derribados, pela sua falta de
visão, ela não só propicia a invasão de influências externas, como também por si
mesma é um terreno fértil para o crescimento de todo tipo de "ervas daninhas."
Portanto, muitas são as raízes de enfermidade de uma igreja.
E a igreja enferma precisa ser curada pelo Senhor!
O Joio E O TRIGO
Quando Jesus falou da semente legítima, boa e perfeita com que seria
semeado campo, também não deixou de se referir à má semente, o joio. E Jesus
deixa claro que é o inimigo quem semeia o joio. Esta é uma planta extremamente
parecida com o trigo e dificilmente é reconhecido antes de produzir o grão. Mas
ele nunca produzirá. Claro, ele não foi criado para dar fruto, mas apenas para ter
a aparência de trigo, enquanto crescem juntos.
O joio é como aqueles que têm apenas a aparência de alguma coisa, mas
que nunca mostram qual é a sua verdadeira natureza, o seu verdadeiro caráter e
a sua realidade. Há muitas coisas no mundo que são assim: sendo falsas, imitam
muito bem o que é verdadeiro.
Onde existe o verdadeiro existe o falso. Se existe uma genuína operação
do Espírito Santo, haverá também uma falsa operação, que tenta ser semelhante
à verdadeira e genuína operação da parte de Deus.
Onde existem verdadeiros mestres e profetas de Deus, haverá também os
falsos. Até com respeito a pedras preciosas encontramos essa situação. Há
diamantes e brilhantes verdadeiros, mas há os falsos, que se fazem passar por
verdadeiros. Em tudo — perfumes, grifes de roupas, dinheiro, quadros, e em
tantos outros artigos — há o verdadeiro e há também o falso, a sua contrafacção.
De onde vem o joio, aquilo que é falso, que é uma imitação, uma
contrafacção? Quem foi que teve essa idéia de inventar o falso? Claro que ela
vem do inferno, e o seu autor é o diabo.
Jesus nos preveniu de que iríamos ter problemas no meio do seu povo.
Haveria o falso e o verdadeiro em diferentes níveis, em crentes, em mestres, em
profetas e em "cristos" (pessoas com unção). E, em nossa caminhada pelo
caminho estreito, em direção ao Reino dos Céus, ele nos previne, que nem tudo
que brilha é ouro. A palavra de Jesus sempre foi: "acautelai-vos." (Mt 7:15; Mt
16:6; Lc 21:34.) E os apóstolos também nos exortaram nesse sentido (Paulo: Fp
3:2; Pedro: 2 Pe 2:1-2 e 3:17; João: 2 Jo 7-8).
Jesus sempre tentou mostrar a realidade dos fatos e ele nunca nos
enganou no sentido de que, para entrar no reino de Deus, o caminho seria fácil e
largo e sem nenhum problema. Pelo contrário, ele sempre nos deu a visão de
uma realidade cheia de problemas e dificuldades, porque estamos vivendo numa
situação de guerra contra aqueles que querem matar, roubar e destruir a criação
de Deus. Jesus nos disse:
"O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente
no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou
o joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto,
apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, the disseram:
— Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o
joio?
Ele, porém, lhes respondeu:
— Um inimigo fez isso. Mas os servos the perguntaram:
— Queres que vamos e arranquemos o joio?
— Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também
com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita,
direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado;
mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro." (Mt 13:24-30)
Por isso, junto com o povo de Deus, há a presença do joio. O joio é a má
semente, plantada pelo inimigo, que crescerá junto com o trigo e que não deve
ser arrancado antes do tempo. O joio somente será extirpado no tempo da
colheita, para ser lançado ao fogo.
O joio pode estar no meio do povo de Deus como falsos cristãos, que não
estão para buscar Deus e caminhar para a vida eterna, mas que estão apenas
para perturbar a vida da igreja. A sua existência é permitida por Deus para a
própria santificação do seu povo, para que ele possa exercer discernimento,
longanimidade e para que possa crescer no amor. As fraquezas e os defeitos das
pessoas nos fazem mais maduros por que nos levam a crescer na fé, diante dos
problemas criados.
E, assim, os verdadeiros seguidores de Cristo são obrigados a exercer
discernimento, para poderem separar o que é de Deus do que não é. Os cristãos
verdadeiros são desafiados a provocar uma mudança nessas vidas pela atuação
sobrenatural de Deus, através da intercessão.
Como disse, Jesus constantemente nos exortou com as palavras
"acautelai-vos", porque sabia que no mundo e no meio do povo de Deus haveria
o joio, semeado pelo inimigo, destinado a conviver junto com o trigo até nos
últimos dias ser recolhido pelos anjos e levado para ser queimado.
Certamente, Deus, na sua infinita misericórdia e sabedoria, tem feito uso
do joio desafiar e fazer crescer o seu povo, tornando-o sagaz como a serpente e
não apenas simples e puro como a pomba. O que se tem verificado é que os
cristãos têm se tornado simplórios e ignorantes, cegos e ingênuos como bebês.
Por isso Oséias diz que o povo de Deus está sendo destruído pela falta de
conhecimento (Oséias 4:6).
O FERMENTO DE FARISEUS
Uma das palavras de Jesus no sentido de que nos acautelássemos foi:
"Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus." (Mt 16:6)
Muitos têm se levantado como profetas. Mas quantos deles têm estado no
conselho de Deus? Há falsos profetas profetizando por Baal, isto é, pessoas que
se dizem profetas de Deus mas que, na realidade, estão profetizando através de
um espírito de adivinhação, porque têm pacto com demônios.
Nenhum problema teríamos se isso acontecesse fora da igreja de Cristo.
Mas os falsos profetas estão dentro das assim chamadas igrejas cristãs, para
seduzir e anestesiar as multidões que procuram sinais e maravilhas, de forma
que elas se percam e busquem apenas sinais e demonstrações de poderes
estranhos, mas não o Senhor.
Temos que tomar muito cuidado para nos livrarmos das contaminações
que recebemos em nossa vida antes da nossa conversão. Os verdadeiros
discípulos precisam ter a percepção espiritual aguçada para ver com os olhos
espirituais o que está de fato acontecendo. Precisam ter a capacidade de
diferenciar o que é aparência do que é realidade.
Quanto mais o crente estiver em comunhão com o Pai, em oração, vivendo
a intimidade com o seu Deus, tendo uma vida devocional produtiva, certamente
ele terá capacidade de discernir o certo e o errado.
Ainda, demonstrando como este ponto é muito importante, além de Paulo
e de Pedro, também o apóstolo João escreveu:
"Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes provai os espíritos se
procedem de Deus, por que muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora."
(1 Jo 4:1)
Porque muitos ENGANADORES têm saído pelo mundo fora, os quais não
confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.
Acautelai-vos... "(2 Jo 7-8)
A luta do apóstolo Paulo era também com falsos irmãos, no meio da igreja:
"Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos
circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos? (Atos
15:1)
Estes eram judaizantes que queriam que os crentes voltassem à prática da
lei, desprezando a graça. "E isto por causa dos falsos irmãos que se
entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo
Jesus e reduzir-nos à escravidão” (Gálatas 2:47).
De qualquer forma, diante dos falsos irmãos, mestres e profetas, aquele
que verdadeiramente está em Cristo é obrigado a desenvolver um dom que está
entre os mais importantes e necessários nestes dias, no meio do povo de Deus:
o discernimento. Todo aquele que tem o Espírito Santo e procura crescer na
comunhão com o seu Deus, enchendo-se da sua presença, terá condições de
verificar quem tem comunhão no Espírito, quem realmente é de Deus, ou não.
Portanto, segundo as palavras de Jesus, e dos apóstolos Paulo, Pedro e
João, nestes últimos tempos os falsos profetas, mestres, cristos e enganadores
abundariam e estariam em todas as partes... tendo realmente o objetivo de
destruir os próprios escolhidos de Deus, se possível fosse.
Capítulo 12 - Satanistas
Há pouco comentei que boa parte dos tropeços da igreja vêm de dentro
dela mesma, mas também podem ser potencializados pela influência externa do
diabo e seus demônios. Não devemos nos esquecer de que a igreja está
constantemente sendo bombardeada pelo inimigo, com o intuito de destruí-la
completamente.
Os SATANISTAS E A IGREJA
Embora muitos não saibam, e outros sequer aceitem, a verdade é que
existem pessoas de carne e osso que cultuam ao diabo e têm na Igreja de Cristo
um dos seus alvos. Todo e qualquer ajuntamento de cristãos, grande ou
pequeno, que esteja em processo de avivamento e crescimento espiritual poderá
ser de fato alvo direto de satanistas.
Eles têm estratégias organizadas e de bastante impacto para enfraquecer
a igreja, minar as suas forças e desviá-la do caminho traçado por Deus. Dentro
da sua possibilidade, farão todo o possível para minar o avivamento e tornar a
igreja inoperante.
Claro que com brechas abertas todo esse processo fica muito mais fácil
para eles. É imperativo que tomemos consciência desta realidade, porque o
exército de Deus precisa fortalecer-se e ter a visão correta do que acontece na
batalha espiritual em níveis elevados.
Como diz o apóstolo Paulo, "a nossa luta é contra principados e
potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso". Porque nos dias
que vivemos agora — o final dos tempos, com a volta de Jesus às portas —
Satanás levanta-se com um furor incomparável, pronto para destruir, se possível,
aos próprios eleitos de Deus (Apocalipse 12:12).
O fato é que a Irmandade Satânica (alta cúpula do Satanismo), em
especial, trabalha com estratégias específicas para derrubar pastores, líderes e
dirigentes de trabalhos evangélicos. Eles são treinados a penetrar na dimensão
espiritual, para lidar com o mundo sobrenatural, através de rituais específicos.
Os satanistas invocam os demônios de alta hierarquia e recebem
treinamento por eles mesmos, e são destacados para infiltrar igrejas com a
intenção de enganar o pastor, iludir os dirigentes, impressionar e seduzir a
liderança com dinheiro gordo. Em suma, seu objetivo é influenciar a o andamento
e a direção da igreja no sentido que for mais conveniente para eles. Isso quer
dizer, em poucas palavras, afastá-la dos propósitos e dos planos de Deus, para
no final destruir a igreja.
Por mais que achemos que "conosco isso não acontece", ou "a minha
igreja tem visão de batalha" não devemos nos arvorar numa atitude assim tão
simplista. Não nos esqueçamos da advertência: "Acautelai-vos!"
Mas Deus é mais poderoso do que eles e tem a vitória sempre! Mas em
momento nenhum o Senhor disse que estaríamos imunes nas guerras. Alguns
dos membros do corpo de Cristo podem se perder e serem seduzidos, como tem
acontecido, pela incredulidade, pela negligência, pela ingenuidade e ainda pela
falta de conhecimento.
Para vencer uma guerra é preciso lutar e saber lutar, fazendo uso das
estratégias específicas de Deus, e lutar ferozmente, tanto mais quanto mais alto
for nível dos Principados envolvidos. Ninguém vence sem lutar. A batalha é do
Senhor, realmente. Mas ele não fará por nós a nossa parte. Disso tenhamos
certeza. Se não houvesse confronto, se Deus sempre pelejasse por nós e nunca
sentíssemos nem o cheiro do inimigo perto de nós, por que tantas advertências e
orientações na Bíblia quanto à realidade da guerra? Por que Deus levaria Paulo
a gastar tanto tempo falando da armadura de Deus? Para que serviria a
armadura se não tivéssemos que lutar? Para que conhecer os intentos e a
natureza do diabo se não tivéssemos que enfrentá-lo nunca?
Precisamos ser mais prudentes nesta área.
O TESTEMUNHO DE UM EX-SATANISTA
Um dia um rapaz aproximou-se de mim e disse:
— Dra. Neuza, preciso falar com a senhora.
Quando fui abordada por aquele jovem simpático e de boa
aparência que me procurou, pensei que ele viesse falar da sua luta na
área do sexo. Porque eu acabara de dar a minha palestra sobre
"restauração sexual" num dos Seminários de Batalha Espiritual, que
temos quase todos os fins de semana.
— Eu fui satanista—veio ele declarando, sem maiores rodeios.
Observei-o um pouco melhor e refleti com os meus botões:
"Será que eíe está falando a verdade?"
Sem dúvida aquela era uma declaração de peso. Fiz algumas
perguntas para testá-lo. Em caso de aquela afirmação de fato ser
verdadeira, eu sabia que algumas condições tinham que ser
preenchidas.
Satanismo não é uma prática qualquer. A grosso modo, ele teria
que ter participado de sacrifícios humanos, e a organização da qual fez
parte deveria ter desenvolvido estratégias claras de ataque contra as
igrejas de Cristo.
E ele me respondeu satisfatoriamente às duas perguntas.
Interroguei-o melhor no que dizia respeito ao ataque às igrejas, e ele me
disse:
— O meu alvo era estar sempre junto do pastor. Realmente eu
me tornei alguém muito próximo dele. Elogiava sempre, e apoiava todos
os seus sermões e projetos para que ele pudesse começar a confiar em
mim. Eu me dei bem em meus objetivos de tal forma que logo me tornei
líder dos jovens. Ali havia muito terreno para muita coisa. Não era difícil
influenciá-los, principalmente porque eu já tinha caído no gosto do pastor
e da liderança. E eu dizia para os jovens:
"Façam o que quiserem lá fora, não importa se vocês se
envolvam com drogas, com prostituição, se freqüentem danceterias e
boates, mas aqui dentro da igreja eu quero todo o mundo com cara de
santo."
O TESTEMUNHO DE UM PASTOR
Um outro pastor também me contou acerca de ataques de satanistas
infiltrados na igreja:
No sul do País eles vêm em bandos para destruir a igreja. São
quatro ou cinco jovens que chegam e tomam a iniciativa de ajudar o
pastor. Eles encarregam-se de tudo: crianças, limpeza, visitação, etc.
Quando tudo está encaminhado, quando já são bem vistos e
apreciados por todos, acima de qualquer suspeita, numa assembléia da
igreja um dos jovens diz:
- Eu vi o pastor adulterando. Pois o vi entrando num motel com
uma loura."
- Eu também vi"- corrobora outro.
Assim; diante do povo estupefato, o pastor acaba sendo
destituído e a igreja fechada.
(História passada por um pastor de uma cidade).
Como a igreja precisa de uma revelação diferente nesta área! Como se faz
necessário um revestimento novo, um preencher de vinho novo. Mas o vinho
novo não virá se os odres não forem novos também. Porque não o
suportaríamos, e, como diz a parábola, perder-se-ia tanto o vinho quanto os
odres.
Tenho ouvido vários relatos de pastores que têm encontrado situações que
parecem ser infiltração dos satanistas e que têm tentado ajudá-los.
Normalmente eles são pessoas muito bem vestidas, pessoas de nível
social mais ou menos bom, que começam agradar o pastor através de ofertas
gordas e presentes caros. Ficam cercando o pastor e a liderança de todo jeito
para ganharem confiança. Rapidamente querem galgar a uma posição de
liderança, e até tentam liderar a reunião de oração, liderar o louvor, penetrar na
escola dominical e influenciar as crianças.
UM CONTRA-ATAQUE
Numa igreja, localizada numa das capitais de estado no Brasil, três jovens
começaram a freqüentar a congregação. Os três disseram que vinham de outras
igrejas, nas quais haviam se convertido. Os três estavam sempre de olhos
abertos e observavam tudo que acontecia, mesmo na hora da adoração e louvor.
Todos os movimentos da liderança eram observados cuidadosamente.
Eles sabem fingir muito bem e se fazem passar por crentes. Mas nunca parecem
estar gozando da alegria da salvação, da presença de Deus. No grupo dos três
havia uma moça que começou a encher uma das esposas de pastor com
presentes, e eram presentes caros. Alguns diziam:
— Tem algo errado com eles. Não existe confirmação e testemunho no
Espírito.
Então uma das líderes da igreja começou ter sonhos de que seriam
sacrificadas cinco crianças. Naquela semana, no domingo, apareceu pintado
numa das paredes de uma das salas da igreja, na sala das crianças menores de
2 a 5 anos, desenhos de 5 crianças decapitadas e muitos pentagramas.
Encontraram um urso de pelúcia com uma costura no lado do coração,
como se tivesse sido retirado o coração e depois costurado, e um pentagrama
desenhado numa das patas.
Diante daquela revelação que veio em sonho, eles oraram e pediram a
misericórdia de Deus. Mas, de qualquer forma, o mal-estar estava instalado.
Revistaram então toda a igreja e ungiram com óleo as salas, pedindo perdão
pelos pecados, e repreendendo os espíritos enviados que eventualmente
estivessem presentes.
Algumas vezes, os líderes se aproximaram dos três jovens individualmente
para dizer que queriam orar por eles e abençoá-los mas, quando isso acontecia,
eles simplesmente fugiam da oração. Mas tinham o atrevimento de espionar, e
andar e em todas as partes, tocando em tudo para fazer esconjurações.
Uma pastora começou ter problemas no coração, com a palpitação muito
irregular e falta de ar, o que até então ela nunca tinha tido. Não conseguia
dormir, porque o diabo e os demônios vinham e apareciam no sonho, dizendo
que ela iria ficar louca. Começou a sentir medo dos que a cercavam.
A pastora foi então ministrada. Nesses dias, o pastor na pregação exaltou
a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e disse que o poder de Deus e de Jesus
era incomparavelmente superior a qualquer outro poder, inclusive o do diabo. E
ainda fez um apelo muito direto, dizendo que sabia da presença de adoradores
de Satanás. Que eles tivessem a coragem de deixar o inimigo para sujeitarem-se
a Jesus Cristo de Nazaré.
No meio do apelo, uma das mulheres sobre quem a desconfiança caia saiu
do templo e foi para o banheiro. Uma líder da igreja a seguiu e, depois de muito
tempo, a mulher saiu e deixou cair um papel. No papel estava escrito: "SERÁ QUE
ELE É MAIS PODEROSO MESMO? ESTOU COM MEDO" e ela foi embora.
Diversos pentagramas apareceram desenhados em vários lugares
estratégicos da igreja: atrás do púlpito, no meio da igreja, na sala das crianças,
nas entradas. O lugar pode estar bem escondido, mas nem por isso deixa de ser
estratégico.
Um outro dia, uma das mulheres apareceu e fazia gestos estranhos com a
mão. Estava fazendo os seus esconjuros e invocações. Um diácono sentou bem
atrás dela e começou a orar em línguas.
Então a mulher começou a passar mal e os demônios nela começaram a
se manifestar. Naquela noite, ficaram até de madrugada tentando ajudá-la. Mas a
verdade é que ela tinha mais medo do pessoal do Satanismo do que de qualquer
outra coisa. Ela admitiu que, se saísse daquele lugar sem Jesus, ela poderia
morrer. Infelizmente não abriu a boca, foi embora e nunca mais voltou. Se ela se
convertesse, os seus dias seriam contados para ser sacrificada (episódio de uma
igreja cuja luta eu acompanhei).
Esta situação inesperada levou a igreja buscar a solução em Deus. A
convicção de que não existe nenhum poder acima do poder de Jesus Cristo de
Nazaré cresceu cada vez mais no coração da liderança e todos firmaram-se em
que tinham de confiar em Deus. Pois essa guerra não era deles, mas de Deus. O
Senhor se encarregaria da vitória, mas contava com a cooperação de todos e
com a obediência à sua voz de comando.
Um pouco antes dessas coisas começarem a acontecer, um líder daquela
igreja tinha compartilhado comigo que eles haviam entrado num jejum de 40 dias
e lutado em oração e intercessão. Deus os levou a abrir outro trabalho numa
outra cidade e o povo começou responder entusiasticamente a toda orientação
do pastor. E a igreja cresceu rapidamente.
Mas, na avaliação desse líder, o contra-ataque veio, pois eles tinham
mexido muito na esfera espiritual.
UM ENVIADO DE SATANÁS
E aqui transcrevo o depoimento de alguém que hoje é um pastor,
depoimento este que tem que ser conhecido por todos. Jesus disse:
"Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto,
prudentes como as serpentes e símplices como as pombas," (Mt 10:16)
Esta carta foi escrita pelo autor desse testemunho, depois de ter sido
ministrado por um membro da equipe do Ministério Ágape-Reconciliação.
(Apenas omitimos e mudamos os nomes para não trazer constrangimento para
as pessoas envolvidas.) Isso tudo aconteceu por volta de quinze a vinte anos
atrás.
O diabo fez o que quis dentro de uma igreja evangélica, para destruir toda
uma geração de meninos que poderiam tornar-se homens de Deus. Eles foram
tragados pelo mal, porque um "líder inescrupuloso", quem sabe até enviado por
satanistas, usou e abusou dos meninos para deixar a marca de abuso sexual
ritualístico, tão comentado e falado nos livros sobre Satanismo de autores
americanos.
Muitos estudiosos dizem que a filha dos Caldeus é a própria Rainha dos
Céus. Ela assumiu a malignidade da Rainha dos Céus.
Jerusalém é a cidade que é a figura do povo de Deus, da igreja, da sua
Noiva. Mas a filha dos Caldeus é a figura da falsa noiva, a Rainha dos Céus. Se
a Noiva de Cristo é aquela que irá reinar com o Rei Eterno, o Rei dos reis,
aparece aqui uma rainha que quer tomar o lugar da verdadeira rainha e Noiva.
Uma das coisas mais tristes é que, como Igreja, consideramos a idolatria
algo de menos importância. Nós nos enganamos muito. Já disse que o poder, a
reputação e o controle podem tornar-se ídolos na vida do cristão. A
denominação, a igreja local, a administração de uma igreja podem tornar-se
ídolos.
Um ídolo muito comum, quase que inconsciente — porque o povo não
entende — é a idolatria do pastor, do conferencista, do pregador, dos heróis e
heroínas da fé. Bem disse Rick Joyner, que um dos perigos de quem começa a
parecer-se muito com Jesus, e que se mostra muito espiritual, é que, em vez de
chamar a atenção dos que o cercam para Jesus, passa a chamar a atenção para
si, porque atrai a atenção, sem o desejar e conscientemente (Joyner, Rick - "A
Batalha Final" - Danprewan Editora; Rio de Janeiro, 1999).
O ministério pode tornar-se um ídolo para muitas pessoas, especialmente
para os ministros que amam tanto o que fazem. Deus é um Pai de amor que
agrada seus filhos com os melhores presentes.
Um dos presentes que recebemos de Deus é o ministério. Quanta alegria
e quanta satisfação ele nos traz quando estamos no centro da vontade de
Senhor, desenvolvendo o ministéno. Mas o presente pode tomar o lugar de Deus
e da sua devoção. Isso acontece sutilmente.
Há outros ídolos dentro da igreja. Um dentre os mais comuns é o dinheiro.
O amor ao vil metal ainda é a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10).
Já no Antigo Testamento, o profeta Ezequiel dizia, sobre este tipo de
idolatria, que não se percebia facilmente, porque não há imagem, nem estatueta,
mas sim ídolos que o homem levanta dentro do seu coração. Ele faz uma
observação muito pertinente:
"Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu
coração, tropeço para a iniqüidade que sempre têm eles diante de si; acaso,
permitirei que eles me interroguem? Portanto, fala com eles e dize-lhes: 'Assim
diz o Senhor Deus: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus
ídolos dentro do seu coração, e tem tal tropeço para a sua iniqüidade, e vier ao
profeta, eu, o SENHOR vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus
ídolos'." (Ez 14:3-4)
A Bíblia diz claramente, quanto ao local onde o ídolo foi levantado, que foi
no coração do homem e não nos templos, nem nas capelas, nem nos altares
caseiros, mas no coração humano. E um idolatra não receberá a resposta de
Deus à sua consulta, pois os ídolos é que lhe responderão ("..lhe responderei
segundo a multidão dos seus ídolos").
A filha dos Caldeus é também feiticeira. E o espírito de feitiçaria bem pode
estar presente na igreja evangélica. Ele é o espírito do controle. A natureza
básica da feitiçaria é exercer controle sobre situações, sobre pessoas. Esse
espírito, que se coloca no lugar de Deus, atua para controlar, mandar e
comandar, obrigar, abafar e tirar a liberdade dos filhos de Deus.
Podemos ver esse tipo de espírito no meio dos líderes evangélicos
ditatoriais, que não dão nenhuma oportunidade a ninguém para se expressar,
para cooperar, para enriquecer ou para completar e, muito menos, para discordar
ou protestar diante de uma decisão sua. Esse espírito pode aparecer ainda em
forma de "politicagem espiritual", bem como através de se querer controlar ávida
das pessoas usando dons espirituais.
A politicagem acontece quando a pessoa, o líder ou o grupo de pessoas
na liderança dita a orientação da igreja, sem perguntar ao Senhor, mas tomando
a iniciativa de controlar como se deve conduzir a entrada e a saída de um pastor;
como conduzir e estruturar a igreja; e decretando as atividades e o programa de
missões.
A politicagem é controlada pelo espírito de Jezabel, e pode aparecer
quando um grupo de pessoas quer assumir o controle de uma igreja, em vez de
deixar o Espírito atuar. Assim, a diretoria da igreja pode trabalhar, programar e
direcionar os acontecimentos sem oração, sem receber a orientação de Deus,
sem ouvir Deus. Desse modo, não é Deus que está dirigindo, mas sim as idéias
de homens é que estão dirigindo a vida da igreja.
Por isso ocorrem até manipulações como, por exemplo, ao dizerem:
"Temos duas chapas, dois grupos que estão disputando a diretoria da igreja. Não
vote na chapa A, pois não são dos nossos."
Algumas denominações, para escolher dirigentes ou juntas, fazem
exatamente como um partido político. Levam os delegados de todo o Brasil, com
o voto já assinalado, para escolher os dirigentes, a diretoria nacional. E a coisa é
feita camufladamente, como se isso fosse algo espiritual e de Deus.
Na política, a coisa é muito mais limpa, é mais transparente, porque o
pessoal sabe exatamente o que pode esperar, ou seja, mentiras, hipocrisias,
maracutaias e enganos. Mas a igreja nunca poderia fazer uso da mentira e de
enganos.
Muitas igrejas começam com um tipo de controle, com as melhores
intenções, mas com a maior ingenuidade. Esquecem-se de que é o próprio
homem que assim está controlando e, inconscientemente, dando lugar aos
espíritos de controle, ou, para deixar bem claro, aos demônios.
Esse espírito de feitiçaria e controle pode atuar através dos dons
espirituais, principalmente através dos dons de revelação: através de visões e
profecias. As visões podem ser usadas para controlar vidas e ministérios.
Isso acontece com aqueles que não estão em comunhão íntima com Deus,
que não estiveram no conselho do Senhor, mas que dizem ter visto isso e aquilo,
confundindo as pessoas ou lhes dando uma direção falsa, não de Deus, para a
vida delas.
"Porque quem esteve no conselho do Senhor e viu, e ouviu a sua palavra?
Quem esteve atento à sua palavra e a ela atendeu? Mas, se tivessem estado no
meu conselho, então, teriam jeito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o
teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações. "(Jr
23:18,22)
São pessoas que dizem: "Deus me falou assim e assim, através de visões.
Você deve fazer expandir o seu ministério, chamando tais pastores e irmãos para
participar desse ministério."
Os que têm o dom de visão nem sempre têm a interpretação. Muitas vezes
Deus traz outras pessoas para interpretar a visão, e para completá-la, usando
assim outros membros do corpo. Um órgão ou um membro não opera sozinho,
mas no meio dos demais.
Freqüentemente pode ser o caso de que a pessoa, que teve a visão, além
de não ter estado no conselho do Senhor, está ainda contaminada por
experiências anteriores em sua vida, em razão do seu passado não ter sido
limpo, não tendo ela sido liberta de todos os espíritos com quem tinha convivido
na feitiçaria antes da sua conversão.
Um profeta pode profetizar por Baal ou pelo seu coração. Por Baal, se está
debaixo de uma forte influência desse deus, do espírito mundano. Disse
Jeremias que muitos dos profetas de Samaria profetizavam por Baal, enganando
o povo e sendo enganados (Jeremias 23:13.).
Há ainda os que profetizam pelo seu coração. Desejam tanto que
determinadas coisas aconteçam, que profetizam o que têm no coração.
Já presenciei casos assim.
O pastor de uma determinada igreja, homem já de uma certa idade, queria
aposentar-se e precisava de um sucessor. O seu filho, que supostamente seria o
seu sucessor, havia embrenhado por um caminho e com ele não podia contar.
Então ele teria que produzir um pastor para que herdasse o ministério.
Eis que um engenheiro bom, muito dócil, e de atitudes humildes, chamou
então a sua atenção. O pastor começou a profetizar sobre ele dizendo-lhe que
Deus o estava chamando para ser o pastor da igreja.
O engenheiro nunca tinha sentido esse chamado. Não se sentia capaz
para exercer essa função. E ainda a sua esposa nem o acompanhava na igreja.
Ele entrou então numa angústia terrível. Para os membros mais maduros, que
tinham percepção e discernimento, ficou claro que de fato aquilo era "uma
montagem".
Pela misericórdia de Deus, um parente veio e perguntou-lhe como se
sentia a sua esposa quanto a esse chamado. Diante da resposta de que sua
esposa opunha-se violentamente, ele o orientou a sair daquela situação
embaraçosa e falsa, que estava sob o controle do espírito de feitiçaria.
Era Jezabel trabalhando através do pastor, que se aproveitou da situação
desesperadora em que se achava.
Na realidade, por trás do espírito do controle está uma entidade espiritual
que se chama Jezabel:
"Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si
mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus
servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.
Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se
da sua prostituição". (Ap 2:20-21)
A FRAGMENTAÇÃO DA IGREJA
O que mais corta o coração de Deus é a diminuta capacidade dos
seguidores de Jesus Cristo andarem juntos e, por coisas mínimas, entrarem em
conflito, separando-se e dividindo a obra. Como somos tolos em achar que a
casa dividida poderá prevalecer! Nisso fica bastante evidente que não estamos
dando atenção às advertências do Pai, mas queremos fazer as coisas conforme
nos dá na cabeça.
Para muitos, ter razão e não dar o braço a torcer é mais importante do que
ceder, entrar em acordo e obedecer!
"A Igreja no Brasil cresce na base da fragmentação," é a observação de
muitos líderes. As igrejas estão divididas. Por experiência própria sei que em
algumas cidades é quase impossível unir o corpo de Cristo, porque os pastores
estão ressentidos uns com os outros, por causa de brigas, conflitos e divisões.
Como fica a oração de Cristo, em João 17?
"Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um,
como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na
unidade; para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim. "(Jo 17:22-23)
Quanta coisa incongruente temos vivido dentro das nossas igrejas. Como
poderemos expressar a glória de Deus sem sermos unidos?! Jesus transmitiu a
glória do Pai na intenção de que fôssemos capacitados a andar como Corpo. E o
fato de sermos um Corpo faria com que o mundo cresse que Deus de fato enviou
Jesus, isto é, que ele é o legítimo Filho, enviado da parte de Deus, que nos
amou e nos levará ao Pai, para participarmos da sua glória.
É mais do que óbvio que a falta de união do corpo gera exatamente o
contrário: não seremos capazes de testemunhar e expressar a glória de Deus,
nem teremos condições de dizer que Deus ama o mundo e que aquilo que
pregamos é a verdade.
O que temos visto repetidamente é uma história assim:
Alguém, dentro da congregação, tem algumas experiências renovadoras,
carismáticas ou pentecostais e começa liderar uma reunião de oração dentro da
sua casa. No início nem está com o propósito de arrebanhar um grupo para si.
Mas, de repente, aquele grupo torna-se mais interessante do que as
próprias reuniões da igreja, dirigidas pelo pastor. Todos estão muito satisfeitos e,
de vez em quando, são ouvidos comentários tais como:
"Pois é, o nosso pastor ainda não fala em línguas"; ou, "Ele não tem o
dom de profecia".
Por fim os participantes do grupo, insatisfeitos com a liderança do pastor,
resolvem separar-se.
A nova igreja que emerge promete ser totalmente diferente da sua mãe.
Mas depois de algum tempo, consternados, acabam descobrindo que a diferença
não é tanta assim, pelo contrário, as duas são até muito semelhantes.
Estão cheias dos "vírus" e das manias antigas da igreja mãe. E então, de
repente, assistem assombrados à separação de um grupo do seu meio.
Acontece de forma semelhante a como ela havia feito com a igreja de origem. E,
no espaço de alguns anos, repete-se a divisão diversas vezes. Mas todos os
grupos dissidentes acabam com a mesma aparência da igreja de origem.
Mesmo sem querer, terminam por copiar as atitudes e os
comportamentos que tanto repúdio lhes causaram, e que foram tão contestados.
E, quanto à igreja-mãe, ela sofre as conseqüências do cansaço e do desânimo
de seus líderes, e a falta de estabilidade.
Quando a igreja aparentemente está se recuperando da dor da divisão, e
começa a receber outras famílias, outras pessoas, outros batismos e outros
membros, não raro ela sofre o choque de uma nova divisão. E esse mal começa
destruir a alma da igreja. Pois os líderes vivem de decepção em decepção,
vendo muito pouco do fruto das suas pregações, das suas intercessões e do seu
árduo trabalho.
Naturalmente, as razões da divisão são diversas: desde rebelião
provocada por orgulho e soberba, até perseguição da própria liderança. Assim os
grupos provenientes repetem a mesma história, em termos de comportamento,
pecados, rebeliões, críticas e maldições.
Devemos fazer as seguintes perguntas: "Por que os grupos repetem
determinado tipo de comportamento? Por que a divisão acontece da mesma
forma?" É porque as sementes da rebeldia, do orgulho e da vaidade ainda não
foram extirpadas. As igrejas-filhas desejam desesperadamente ser diferentes,
mas acabam sendo muito parecidas com a igreja-mãe.
Você conhece a história da filha que se casou em rebelião, brigando com
a mãe e prometeu para si nunca ser igual a ela? Ela a criticava impiedosamente,
fazendo questão de julgá-la e desprezá-la, e repetia em alto bom tom: "Nunca
serei como ela!" Mas, conforme o tempo foi passando, a filha tornou-se muito
semelhante à mãe e está repetindo até os mesmos comportamentos da mãe.
É exatamente isso o que acontece com a igreja.
M AUS-TRATOS A UM PASTOR
O pastor Márcio havia sido transferido para uma nova cidade. Como
tivera grande êxito no seu pastorado anterior, pensou em usar os mesmos
métodos em seu ministério naquela igreja. Mas a igreja não reagia à sua
liderança. Todas as tentativas para pastorear aquele rebanho davam em nada.
As inovações e os desafios não funcionavam de nenhuma maneira. O
povo continuava apático, indiferente. Nada parecia animá-los, nada conseguia
desafiar a congregação. Pareciam mortos. Frieza, passividade e indiferença
imperavam naquela congregação.
Mas um dia o pastor Márcio viu uma luz que parecia apontar para a
direção que ele devia tomar. Ele descobriu que o pastor da gestão anterior ainda
vivia na cidade, mas passava por grandes dificuldades. Sua família chegou a não
ter o que comer, depois que deixaram de pastorear a igreja.
Condoído pela situação daquele servo de Deus, e obedecendo à
orientação do Espírito Santo, ele foi verificar o que de fato havia acontecido.
Logo veio à tona a causa dos problemas que vinha enfrentando.
A ação do inimigo era decorrente dos maus-tratos ao ex-pastor. O pastor
Márcio convocou então a igreja para pedir perdão pelos maus-tratos ao pastor
antigo e levou-a a sustentar o ex-pastor por um bom tempo, até que ele pudesse
tornar-se independente financeiramente.
Depois disso ele notou uma transformação na igreja. Ela parecia ter
recebido uma nova injeção de vida, e começou a dar sinais de que agora era
diferente. Isso me foi compartilhado pelo próprio pastor, depois que tudo tinha se
resolvido.
BURLANDO A LEÍ
Lembro-me de um dia em que um membro de uma certa igreja, que
havia se mudado para um novo templo, bem mais bonito e espaçoso, me
compartilhou o seguinte:
— Antes a nossa igreja era uma bênção, havia tanta unção! E sempre
sentíamos muito a presença de Deus, quando congregávamos na casinha.
Tenho saudades de quando a igreja funcionava naquele lugar. Havia tanta
manifestação do Senhor, o louvor era solto, a pregação da Palavra fluía. Mas, de
uns tempos para cá, desde que nos transferimos para o novo templo, as coisas
não andam bem.
Também me foi dito:
— Desde que nos mudamos sentimos um espírito de morte rondando.
Não sinto mais a presença de Deus. E o culto tornou-se frio, rotineiro, sem vida.
As ovelhas sentem-se como se a vida lhes estivesse sendo roubada.
Posteriormente pude constatar que essas observações tinham de fato
fundamento. E fiquei sabendo algo acerca da construção daquele novo templo.
Ele foi construído num local que era proibido pela prefeitura para o
funcionamento de igrejas e outras reuniões públicas. Mas como havia alguém da
igreja que trabalhava na prefeitura, a liderança da igreja resolveu "dar um jeito",
passando um dinheiro por baixo dos panos através daquele membro, e desse
modo obtiveram o alvará para a construção do templo.
Agora, veja: uma atitude dessas por si só já revela a enfermidade da
liderança e, conseqüentemente, da igreja. Apenas uma igreja doente poderia
supor que Deus "fecharia os olhos" e seria conivente com um ato de corrupção,
ou de insubmissão às autoridades.
É claro que Deus considera esse tipo de trapaça e de maracutaia! Deus
não pode contradizer-se. Ele é coerente com a sua natureza santa e justa.
Muitos crentes e líderes fazem as coisas erradas, usam de meios escusos e
valem-se de subterfúgios para conseguir o que querem. Satisfazem assim as
suas próprias almas, mas justificam-se com a desculpa de quererem "expandir o
reino"!
No entanto, Deus não pode negar a sua própria natureza. Ele vai
continuar dentro do mesmo padrão de retidão, de justiça e de verdade. E, diante
do pecado da igreja, Deus "é obrigado" a pesar a sua mão sobre ela. Nesses
casos o Espírito Santo ausenta-se e a igreja abre as suas portas para outros
espíritos, que não provêm do Pai.
A corrupção, a inverdade e a manipulação gananciosa do homem foi o
que causou o afastamento do Espírito de Deus na igreja cuja situação acabei de
descrever. Que pena! Aquilo que poderia ser de fato uma bênção, ficou do jeito
que ficou. Agora só resta o arrependimento, a confissão e clamar pela
misericórdia de Deus.
Isso não é um fato isolado. Muitas igrejas têm feito construções
clandestinas em seu terreno, além do que é permitido; outras não atendem à
legislação e têm funcionários sem registro, não recolhendo os encargos devidos,
e assim por diante. Essa é uma doença que pode trazer trágicas conseqüências.
Pois onde há pecado, a bênção do Senhor não virá. Antes, a igreja fica
sujeita a maldições ( Deuteronômio 28:1-2,15).
"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da
estatura da plenitude de Cristo."(Ef 4:11-13)
"Obedecei aos vossos guias (pastores) e sede submissos para com eles;
pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto
com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros." (Hb 13:17)
Jesus Cristo não apenas designou três ministérios, mas sim cinco,
conforme diz o apóstolo Paulo, na epístola aos Efésios, no texto já citado no
início deste capítulo: "Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens... e ele mesmo designou uns para apóstolos, outros
para projetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com
vistas ao aperfeiçoamento dos santos... ' (Efésios 4:8,11)
O MINISTÉRIO PROFÉTICO
O ministério profético tem sido restaurado paulatinamente desde a década
dos setenta. Isto não significa que não houve profetas antes desse tempo, mas
que foi a partir de então que ele começou a ser identificado com uma maior
evidência e de um modo mais claro.
Os profetas têm a facilidade de ouvir Deus e colocar o que ele fala em
termos de exortação (apelo e desafio), consolo, e edificação. De uma forma ou
outra, os discípulos de Jesus ouvem a sua voz, através da Palavra, as Escrituras,
e através de sonhos, visões e de uma voz no fundo da nossa alma. É a
mensagem de Deus para aquele momento, em que a sua orientação é
necessária.
Um pastor escreveu, num de seus livros, com respeito aos profetas:
Os profetas são aqueles que nasceram com um
excepcional nível de sensibilidade. Eles, em sua grande maioria,
eram desajustados, fora do círculo. Mesmo que eles se sintam
amados, raramente experimentam a sociedade como se dela
fizessem parte. Eles são freqüentemente mal entendidos pelos
pais e são considerados "ovelhas negras". Pelos seus dons
espirituais ficam intensamente conscientes da realidade invisível.
Sua sensibilidade espiritual faz desenvolver uma capacidade
para perceber o sentido aguçado da presença de Deus.
O profeta entende o desejo de Deus, quando o Senhor
quer comunicar-se com o seu povo. O profeta sente o humor de
Deus e o peso do seu coração. Quando está participando de um
culto muito litúrgico, ele se sente comprimido entre o que o
Espírito pretende fazer e o programa humano.
Muitas vezes o profeta é tentado a tornar-se impaciente,
pois vê e percebe o que os outros não percebem. Com
freqüência ele não entende por que os outros não discernem o
que está tão claro para ele. Os dons proféticos muitas vezes
expressam-se com encenações: com voz alta, com emoção, com
lágrimas e mediante qualquer outra atitude extravagante.
E esse procedimento tão especial muitas vezes é mal-
entendido. O profeta pode cometer erros, pela incapacidade de
sustentar o peso da sua unção. Assim ele é carregado de
críticas, ou é levado ao orgulho. Porque o Espírito Santo o usa
para trazer à tona os segredos escondidos do coração, para
revelar os mistérios da alma humana e os propósitos de Deus na
vida das pessoas, os profetas podem ser idolatrados pela igreja
ou podem provocar suspeitas.
A igreja muitas vezes o usa a ponto de explorá-lo, ou
então para rejeitá-lo e persegui-lo. A sua vida pode tornar-se
muito difícil, apresentando um aspecto de confusão, porque ele é
obrigado a viver o que ele proclama. Ele encarna a mensagem
que Deus está apresentando, e isso pode tornar-se uma
experiência arrasadora.
O profeta tem uma percepção aguçada, mas é cego
como um morcego.
Esta é a figura daquele que é profeticamente dotado. Ele
pode ser ousado, mas inseguro. Ele pode ter percepções muito
acuradas, mas estar perdido. Possui percepções precisas nos
dons espirituais, mas é cego como um morcego quando se trata
da realidade. Eles podem contar profeticamente a uma outra
pessoa todas as coisas que ela fez e vai fazer, mas não
conseguem ouvir Deus nas coisas mais simples da sua própria
vida.
(Mansfield, Stephen).
A Voz de Deus
Os profetas iniciam o modelo divino porque ouvem a Palavra e a
proclamam. Os apóstolos as executam.
Espírito de profecia
Os profetas liberam o espírito de profecia e ativam o dom e o ofício de
profeta aos homens. Os dons proféticos são passados ao Corpo de Cristo.
Autoridade espiritual
Os profetas têm autoridade para derrubar reinos demoníacos; desarraigar
líderes e sistemas religiosos e seus espíritos.
Revelação
Os profetas trazem revelação da Palavra e dos propósitos de Deus.
Liberação de dons
Os profetas liberam dons ministeriais; de milagres e de fé; dons de
prosperidade ao povo de Deus; espírito de conquista e vitória na igreja; e libera o
corpo de Cristo para a unção de guerra espiritual estratégica contra Satanás.
Destruição da oposição satânica
Destroem o poder dos falsos profetas e o espírito de mentira; opõem-se
aos montes dos reinos satânicos.
Restaurações
Os profetas restauram o trigo (a palavra), o vinho (o gozo do Espírito) e o
azeite (a unção do poder).
O MINISTÉRIO APOSTÓLICO
"Dentro do cronograma de Deus, o último dos ministérios que o Senhor
está restaurando é o ministério e o ofício do apóstolo. Isso começou acontecer,
mais propriamente, na década de noventa." (Wagner, Peter; op. cit., p. 10.)
A posição teológica de que os dons cessaram com o desaparecimento dos
doze apóstolos de Jesus, no primeiro século, não contribuirá absolutamente para
a restauração do ministério de apóstolos.
Mas se buscarmos na Bíblia a base de que os apóstolos foram apenas os
doze que conviveram com Jesus e ainda Matias, que substituiu Judas,
chegaremos à conclusão contrária de que houve na realidade muitos outros
apóstolos, além dos doze que foram testemunhas oculares da vida de Jesus e
que foram cognominados de apóstolos pelo Senhor. O primeiro, além dos doze,
que faz uma grande apologia do seu apostolado é o próprio apóstolo Paulo.
A palavra apóstolo como substantivo vem da palavra apostoloV, que
significa "enviado". O uso mais antigo do termo tem dois sentidos: "uma
comissão expressa", e "enviado para além mar".
O Dicionário do Novo Testamento Kittel indica que apostello (apostelo), a
forma verbal, significa "enviar" com ênfase a quem enviou, envolvendo a idéia de
que a pessoa recebe uma autorização, como no caso de mensageiros oficiais e
mestres divinamente enviados.(Combs, Barney - Christ's Love Gift to the Church:
Apostles Today; Kent; England, Sovereign World Ltd. 1996).
Analisando com cuidado o Novo Testamento, verificamos que temos, no
mínimo, 22 apóstolos, entre eles Matias, que substituiu Judas; Paulo e Barnabé,
que são chamados de apóstolos por Lucas (At 14:4,14); Epafrodito (Fp 2:25;
Silvano [Silas] e Timóteo (l Ts 1:1 e 2:7); Tiago, o irmão de Jesus (Gl 1:19) —no
capítulo 2:9 ele é considerado a coluna da igreja juntamente com Pedro e João;
Andrônico e Júnias (Rm 16: 7). (Em nossas versões, em algumas dessas
citações a palavra grega "apóstolos" está traduzida como "enviado" ou
"mensageiro")
Alguns autores consideram os setenta discípulos enviados em Lucas 10,
como também sendo apóstolos, pela semelhança das recomendações que o
Senhor Jesus apresenta:
"Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em
dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir."
(Lc 10:1)
"Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for
oferecido. Curai os enfermos que nela houver e anunciai- lhes: A vós outros está
próximo o reino de Deus'. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e
escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará
dano." (Lc 10:8-9 e 19)
Barney Combs, autor do livro Christ´s Love Gifts to the Churches Today:
Apostles", diz:
"Considerando as semelhanças entre as duas narrativas e o enviar os
dois, as características do verbo apostello (apostello) e do substantivo apostolos
(apostoloV), e o critério para apóstolos previamente apresentado, parece que
não é exagero chamar os setenta de apóstolos. Em referência a Jesus Cristo
ressurrecto e aos que o viram, Paulo diz: 'Depois, foi visto por mais de
quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora;
porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os
apóstolos' (em 1 Coríntios 15:6-7)."
Comentaristas famosos, tais como Jamielson, Fausset e Brow, em sua
obra The Commentary on the Whole Bible dizem:
"O termo aqui inclui muitos outros, além dos doze já enumerados no
versículo 5, talvez os 70 discípulos de Lucas 10."
Revelação e reforma
O apóstolo e a sua unção trazem revelação à igreja. Os apóstolos são
reformadores, trazem a reforma apostólica do novo milênio.
Reparador de brechas
Os apóstolos liberam sobre a igreja audácia, fé e visão. Eles são
reparadores de brechas. Sua unção tapará os buracos que existem no corpo de
Cristo, através dos quais Satanás, com direito legal, tem provocado grande dano.
Opositor da Babilônia
O apóstolo é opositor da Babilônia, que representa o falso sistema
religioso dos homens. Esse sistema odeia os apóstolos e os persegue até a
morte. Os apóstolos são inimigos da Babilônia e a sua mensagem perturba e
confronta a igreja.
Juízo e julgamento
Como verdadeiros juizes de Deus, são levantados para trazer e
estabelecer 'sentenças' e 'veredictos' do Todo-Poderoso sobre Satanás e suas
hostes. Eles trazem libertação espiritual ao povo de Deus.
Pioneiro
O apóstolo é um pioneiro espiritual. Ele dá visão à igreja; é um ministério
motivador, é um precursor espiritual. Com a sua unção é capaz de penetrar
novas áreas e regiões e abrir o caminho para que outros continuem. Ele é
literalmente 'um guia'.
Arquitetos espirituais
Os apóstolos são arquitetos espirituais. São peritos para construir e
supervisionar a construção de Deus. A eles lhes cabe arquitetar, estruturar e
formar a igreja e, se uma reforma do Espírito chegar, cabe-lhes, então,
reorganizar e reestruturar a igreja.
Fundamentos
Os apóstolos são aqueles que colocam fundamentos. Põem o fundamento
principal na Casa de Deus junto dos apóstolos do Altíssimo.
Igrejas Novas
Os apóstolos plantam novas Igrejas.
Fronteiras
Apóstolos estabelecem fronteiras. Definem com sua unção e visão até
onde penetrará a igreja em seu alcance e evangelização.
Perseguição
Eles são perseguidos e rejeitados. Eles conhecem a graça de Deus e são
compassivos. A Babilônia, que representa o falso sistema religioso dos homens,
odeia os apóstolos e os persegue até a morte.
Ordem
O diabo usa uma atmosfera de desordem e confusão na igreja (inveja,
ciúmes, brigas). Um dos propósitos do ministério apostólico é ordenar, corrigir,
disciplinar, e estabelecer o respeito e a autoridade espiritual.
Paternidade
Os apóstolos são pais na casa de Deus. Afirmam a auto-estima, a
identidade e a segurança pessoal dos filhos ministeriais. Trazem a paternidade
de Deus à igreja. O apóstolo Paulo disse que ele era pai e mãe.
Cobertura
Trazem cobertura a ministros e igrejas. A unção apostólica confirma,
estabelece e fortalece. Sua unção abençoa os ministros de Deus e as igrejas do
Senhor.
Doutrina
Estabelecem doutrinas (At 15:6-21).
Sinais e maravilhas
A unção do apóstolo traz sinais e maravilhas, necessários para trazer
impacto aos povos.
Guerra espiritual
Os apóstolos levam o povo de Deus à guerra; conhecem estratégias e
armas de guerra espiritual.
Obediência ao Senhor
Com paciência e resistência, levam a igreja à obediência ao Senhor.
Capítulo 17 - Diagnosticando uma Igreja
Vejamos então com um pouco mais de cuidado cada passo a ser seguido
no diagnóstico. Pois, se há uma enfermidade, é necessário fazer o seu
diagnóstico. Apenas quando temos um diagnóstico correto é que o tratamento
pode ser eficaz; não se pode tratar doença alguma se não sabemos exatamente
que doença é aquela. Assim funciona a medicina humana. Do mesmo modo
funciona a medicina de Deus.
Então é recomendável dar os seguintes passos:
Através de Jeremias, Deus fala diversas vezes sobre o que ele fará ao
povo. A intenção de Deus não é criar uma guerra de nervos; ele não se alegra
em castigar o seu povo. Mas o Senhor alerta, ansiando pelo arrependimento.
Porque ele promete o juízo, mas também a restauração:
"À Babilônia serão levados, onde ficarão até o dia em que eu atentar para
eles, diz o Senhor; então os farei trazer e os devolverei a este lugar''(Jr 27:22)
Diante dessa situação, veio o juízo do Senhor sobre ele: "Pelo que o
Senhor trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais
prenderam a Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias, e o levaram a
Babilônia." (2 Cr 33:11)
Jesus levou a nossa culpa, expiou-a com a sua morte (Cl 2:14-15; Hb
7:26-27). E o arrependimento e a confissão são condições para a cura (Tg
5:16; l Jo l:9).
O interesse de Deus é que o seu povo seja saudável em todos os
aspectos. Porque a cruz proporciona uma "salvação integral" (Is 53:4-5; Hb 9:14-
15; l Jo 5:11-12).
Consideremos então os seguintes pontos que são importantes serem
observados para se alcançar a verdadeira cura:
A purificação individual da vida de cada crente que faz parte de uma igreja
é vital para que a igreja se mantenha pura e não doente. Pois a igreja é o
conjunto de seus membros. Neste ponto fica patente, também, a necessidade de
muitos de seus membros terem que passar por libertação e cura interior.
"Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se
detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite."
(Sl 1:1-2)
- Continuar a ser cheio do Espírito Santo. Porque ele pode ser apagado
por nós.
"Não apagueis o Espírito."(1 Ts 5:19)
Creio que não existe uma igreja sem intercessão A intercessão é a vida da
igreja.
Devemos estar cientes de que Jesus está nos preparando como noiva
para si mesmo. Mas nem todos estarão prontos. Apenas estarão os que se
deixarem moldar pelo Espírito Santo. Como diz a parábola das dez virgens,
apenas as virgens prudentes, e que tinham óleo em suas lâmpadas, puderam
entrar com o noivo nas bodas. As demais, néscias, ficaram do lado de fora. E
receberam uma terrível resposta do Senhor:
"Em verdade, vos digo que não vos conheço". ( Mt 25:12)
Por isso eles foram consumidos. E foram chamados outros para estar nas
bodas, no lugar deles. E nesta parábola Jesus deixa bem claro um ponto: a
questão do "convite para a entrada", as vestes nupciais. Quem não estiver
adequadamente vestido será lançado fora, nas trevas, no lugar em que há choro
e ranger de dentes (Mt 22:11-13).
Tanto uma como a outra, as parábolas relatam que nem todos os
convidados de fato entram nas bodas. Muitos são chamados, mas poucos os
escolhidos. Nem todos os que querem entrar, de última hora, são encontrados
dignos disso. Tomemos, portanto, cuidado. A vontade de Deus é que todos
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento de Deus.
Infelizmente nem todos estarão à altura deste chamado, pela frivolidade
com que tratam o convite, pelo amor às coisas deste mundo, pela falta de
submissão ao agir de Deus.
Esforcemo-nos! Não sejamos displicentes! Em Apocalipse João também
fala das bodas. Assim ele descreve a sua visão:
"Então ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas
e como de fortes trovões, dizendo: 'Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o
Todo-poderoso. Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe a glória, porque são
chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe
foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. 'Porque o linho
finíssimo são os atos de justiça dos santos (Ap 19:6-8)
Não nos esqueçamos: "o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos".
Isso não nos faz recordar de algo muito semelhante naquela visão da irmã
peruana?
Ministério Ágape Reconciliação - Ministério de Libertação
ENFOQUES PRINCIPAIS DO MINISTÉRIO
Associação de Ministérios Ágape Reconciliação - A.M.A.R