N3 Teoria de Números 210325
N3 Teoria de Números 210325
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Material Didático
Teoria de Números
Nível 3
Última Atualização: 25 de março de 2021
2
Sumário
5 Equações Diofantinas 39
6 Congruências 49
Referências Bibliográficas 73
3
4 POTI/TOPMAT
Aula 1
Divisibilidade e
Algoritmo de Divisão
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
5
6 POTI/TOPMAT
123| 5
−10 24
23
−20
3
a = bq + r, 0 ≤ r < |b|
Solução:
Seja b, q ∈ Z. Analisemos o quadrado de b com base no resto de b
na divisão por 3:
• se b = 3q : b2 = (3q)2 = 3(3q 2 ) + 0
Problemas Propostos
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
13. Seja n > 1 e k um inteiro positivo. Prove que (n−1)2 |(nk −1)
se, e somente se, (n − 1)|k.
15. Defina uma função dos inteiros neles mesmos por f (x) =
xn + c, com ∈ {−1, 1} e c um inteiro qualquer. Mostre que
f (x) − f (y)|xm − y m sempre que n|m.
13
14 POTI/TOPMAT
mdc(a, b) = maxD(a, b)
a = bq + r
1001 = 109 · 9 + 20
109 = 20 · 5 + 9
20 = 9 · 2 + 2
9=2·4+1
2=1·2
Teorema de Bachet-Bézout
16 POTI/TOPMAT
c = ax + by
O Teorema de Bachet-Bézout, que enunciamos a seguir, garante
que sempre é possível escrever o mdc de dois números inteiros como
uma combinação inteira desses, isto é:
Teorema 2.1. Sejam a e b inteiros. Então existem x e y inteiros
tais que:
ax + by = mdc(a, b)
Duas consequências importantes desse teorema são:
Corolário 2.1. Dados a, b ∈ Z, a equação:
ax + by = c
admite solução inteira se, e somente se, mdc(a, b)|c
Corolário 2.2. Sejam a, b, c ∈ Z tais que a|bc. Se mdc(a, b) = 1,
então a|c.
Como vimos, equação ax+by = mdc(a, b) sempre admite solução
inteira. Contudo, essa solução não é única. No exemplo a seguir,
apresentamos um algoritmo para encontrar o conjunto de todas as
soluções inteiras desse tipo de problema.
Exemplo 2.2. Encontre todos os x, y ∈ Z tais que 1001x + 109y =
mdc(1001, 109).
Solução:
Fazemos as divisões sucessivas para o cálculo de mdc(1001, 109) = 1
utilizando o Algoritmo de Euclides. Em seguida, isolamos os restos:
1001 = 109 · 9 + 20
109 = 20 · 5 + 9
20 = 9 · 2 + 2
9=2·4+1
2=1·2
Aula 2 - Máxim Divisor Comum, Mínimo Múltiplo Comum 17
1 = 9 − (20 − 9 · 2) · 4 = 9 · 9 − 4 · 20
Substituindo o 9:
1 = 9 · (109 − 20 · 5) − 4 · 20 = 9 · 109 − 49 · 20
Substituindo o 20:
mdc(a, b).mmc(a, b) = ab
Problemas Propostos
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
• mmc(n, n + 1);
• mmc(2n − 1, 2n + 1)
• mmc(nc, (n + 1)c), c ∈ Z∗
17. (OBM 2012) Esmeralda desenhou uma tabela com 100 linhas
e 100 colunas, e escreveu, na linha i e coluna j da tabela,
mdc(i, j) se i < j e mmc(i, j) se i ≥ j. Por exemplo, na linha
4, coluna 6 ela escreveu mdc(4,6) = 2, e na linha 15, coluna
10 ela escreveu mmc(15,10) = 30. Qual é o produto de todos
os 1002 números da tabela?
• f (a, a) = a;
• f (a, b) = f (b, a);
• Se a > b, então f (a, b) = a−b f (a
a
− b, b).
22 POTI/TOPMAT
Aula 3
Teorema Fundamental da
Aritmética
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
Primos
23
24 POTI/TOPMAT
Exercício Resolvido
1. Mostre que se p é primo e p divide um produto a1 a2 · · · an ,
então p|aj para algum j, 1 ≤ j ≤ n. Conlcua, em particular,
que se p|ak , k ≥ 2, então p|a.
Solução:
Demonstração.
( =⇒ ) Essencialmente, a ida já foi provada no exercício pro-
posto.
Demonstração. Problema 5.
Demonstração.
Observe que a = E|a|, onde E = 1 ou E = −1.
|a| = p1 · p2 · · · pt (3.1)
Dependendo do sinal de a, têm-se que:
a = E · p1 · p2 · · · pt
Problemas Propostos
Aula 3 - Teorema Fundamental da Aritmética 27
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
4. Demonstre o Lema 1.
√
5. N Mostre que 2 · 3 · 5 é irracional.
√
11. N Mostre que se p é um primo positivo então p é um número
irracional.
(a) 693
(b) 11 · 025
(c) 2 · 475
(a) p1 = 2
Aula 3 - Teorema Fundamental da Aritmética 29
p1 · p2 · p3 · · · pn−1 + 1
Resultados de Números
Primos
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
Números de Fermat
31
32 POTI/TOPMAT
1. Fn = (Fn−1 − 1)2 + 1
3. Fn = Fn−1
2 − 2(Fn−2 − 1)2
k
4. Fn+k − 1 = (Fn − 1)2
Números de Mersenne
Mn = 2n − 1
Infinidade de Primos
P = p1 p2 . . . pn + 1
Sabemos que P admite um divisor primo pi . No entanto, temos
que pi |p1 p2 . . . pn , logo segue que pi |P − p1 p2 . . . pn = 1, mas pi > 1,
e com isso obtemos uma contradição.
Problemas Propostos
Os problemas estão classificados por nível de dificuldade:
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
pα1 1 +1 − 1 pαr +1 − 1
σ(n) = ··· r
p1 − 1 pr − 1
36 POTI/TOPMAT
Equações Diofantinas
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
39
40 POTI/TOPMAT
equações do tipo:
ax + by = c
em que x, y são as incógnitas e a, b ∈ Z não são simultaneamente
nulos. Consideramos uma solução particular da equação um par da
forma (x0 , y0 ) ∈ Z × Z tal que torne verdadeira a igualdade:
ax0 + by0 = c
Primeiro, precisamos considerar as condições de existência de
alguma solução. Pelo Teorema de Bachet-Bézout que estudamos
anteriormente, sabemos que, se d = mdc(a, b), então existe solução
inteira para a equação:
ax + by = d
De fato, podemos depreender disso as condições necessárias e
suficientes para a existência de soluções de uma equação diofantina.
Proposição 5.1. Uma equação diofantina linear da forma ax+by =
c admite solução se, e somente se, d = mdc(a, b) divide c.
a0 b0 u = −b0 a0 t (5.3)
Cancelando a0 b0 em ambos os lados, concluímos que u = −t, e,
consequentemente x0 = x0 + b0 t, y 0 = y0 − a0 t. Como b0 = b/d, a0 =
a/d, a solução é exatamente da forma enunciada.
42 POTI/TOPMAT
15x + 7y = 125
x0 = 1 · 125 = 125
y0 = (−2) · 125 = −250
x = 125 + 7t
y = −250 − 15t, t ∈ Z
g(a, b) = ab − a − b
Para o caso n = 3 também se conhece uma solução explícita,
porém inviável para o cálculo manual. Para n ≥ 4, ainda não se co-
nhecem soluções explícitas do problema de Frobenius, embora sejam
conhecidas algumas estimativas de limite superior.
xpq + ypq = xy
Note que a equação diofantina acima é não-linear, uma vez que
temos o produto entre as duas incógnitas na equação. Porém, neste
caso, podemos reescrever a equação das seguintes maneiras:
0 = xy − xpq − ypq
p2 q 2 = xy − xpq − ypq + (p2 q 2 )
p2 q 2 = (x − pq)(y − pq)
(pq + 1, pq(pq + 1)) (p(q + 1), pq(q + 1)) (q(p + 1), pq(p + 1))
(p(p + q), q(p + q)) (2pq, 2pq) (q(p + q), p(p + q))
(pq(p + 1), q(p + 1)) (pq(q + 1), p(q + 1)) (pq(pq + 1), pq + 1)
Problemas Propostos
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
• 2x + 3y = 9
• 8x + 7y = 3
• -26x + 39y = 65
• 12x + 27y = 33
• 123x + 360y = 99
• 30x + 17y = 300
Congruências
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
Congruências
x = {y ∈ X|x ≡ y}
49
50 POTI/TOPMAT
equivalentes:
(i) x ≡ y
(ii) x = y
(iii) x ∈ y
Hipótese: x ≡ y
(ii) =⇒ (iii)
Hipótese: x = y
(iii) =⇒ (i)
Hipótese: x ∈ y
(i) x + z ≡ y + w (mod m)
(ii) x − z ≡ y − w (mod m)
(iv) xz ≡ yw (mod m)
52 POTI/TOPMAT
Demonstração. Dados
Então, x−y = m(q1 −q2 )+(r1 −r2 ). Assim, m|x−y ⇔ m|r1 −r2 .
n ≡ d(n)(mod 9)
Problemas Propostos
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
2. Mostre que:
12. N Prove que 11n+2 + 122n+1 é divísivel por 133 para qualquer
n natural.
x ≡ a1 (mod n1 )
x ≡ a2 (mod n2 )
x ≡ a3 (mod n3 )
..
.
x ≡ ak (mod nk )
57
58 POTI/TOPMAT
ri Ni + si ni = 1 (7.1)
com 1 ≤ i ≤ k.
x0 = a1 r1 N1 + a2 r2 N2 + · · · + ak rk Nk
aj rj Nj ≡ 0 (mod ni )
=⇒ x0 ≡ ai ri Ni (mod ni ) (7.2)
Voltando na equação (1), note que
si ni = 1 − ri Ni =⇒ ni |1 − ri Ni =⇒ ni |(−1)(1 − ri Ni ) ⇔
ni |ri Ni − 1.
Aula 7 - Teorema Chinês do Resto 59
ri Ni ≡ 1 (mod ni ) (7.3)
Substituindo a congruência (3) em (2), decorre que
x0 ≡ ai (mod ni )
x ≡ 2 (mod 3)
x ≡ 3 (mod 5)
x ≡ 2 (mod 7)
Solução:
n = 3 · 5 · 7 = 105
a1 = 2, a2 = 3 e a3 = 2
n1 = 3, n2 = 5 e n3 = 7
=⇒ N1 = n
n1 = 3·5·7
3 = 5 · 7 = 35
=⇒ N2 = n
n2 = 3·5·7
5 = 3 · 7 = 21
=⇒ N3 = n
n3 = 3·5·7
7 = 3 · 5 = 15
35 = 3 · 11 + 2
3=2·1+1
2 = 35 − 3 · 11 (7.4)
1=3−2 (7.5)
Aula 7 - Teorema Chinês do Resto 61
1 = 3−2
= 3 − (35 − 3 · 11)
= 3 + (−1) · 35 + 3 · 11
= (−1) · 35 + 12 · 3
=⇒ (−1) · 35 + 12 · 3 = 1
E, portanto, r1 = −1 e s1 = 12.
r2 · 21 + s2 · 5 = 1
Assim, r2 = 1 e s2 = 4.
Logo, r3 = 1 e s3 = −2.
Como vimos na demonstração do teorema, x0 é solução do sis-
tema dado, onde
=⇒ x0 = 23.
x0 = 23 = 21 + 2 ≡ 0 + 2 ≡ 2 (mod 3)
62 POTI/TOPMAT
x0 = 23 = 20 + 3 ≡ 0 + 3 ≡ 3 (mod 5)
x0 = 23 = 21 + 2 ≡ 0 + 2 ≡ 2 (mod 7)
Problemas Propostos
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
x ≡ 2 (mod 2)
x ≡ 3 (mod 5)
x ≡ 2 (mod 7)
x ≡ −1 (mod 4)
x ≡ 2 (mod 6).
x ≡ 8 (mod 12)
x ≡ 6 (mod 9)
x ≡ −1 (mod 4)
x ≡ 2 (mod 6)
x ≡ 1 (mod 3)
x ≡ 2 (mod 5)
x ≡ 3 (mod 7)
x ≡ 5 (mod 6)
x ≡ 4 (mod 11)
x ≡ 3 (mod 7)
• 4x + 51y = 9
6x ≡ 2 (mod 4)
2x ≡ 1 (mod 3)
4x ≡ 2 (mod 7)
11. Encontre o menor a > 100 tal que 2|a, 3|(a + 1), 4|(a + 2),
5|(a + 3) e 6|(a + 4).
Pequeno Teorema de
Fermat
Leonardo Gonçalves Fischer
Priscilla Pereira de Souza
ap−1 ≡ 1(mod p)
65
66 POTI/TOPMAT
a ≡ x1 (mod p)
2a ≡ x2 (mod p)
..
.
(p − 1)a ≡ xp−1 (mod p).
ap ≡ a(mod p)
Aula 8 - Pequeno Teorema de Fermat 67
(a + b)p ≡ ap + bp (mod p)
De fato, aplicando o Pequeno Teorema de Fermat primeiro em
(a + b) e depois em a e b individualmente, obtemos:
(a + b)p ≡ a + b ≡ ap + bp (mod p)
A primeira prova publicada do Pequeno Teorema de Fermat se
deve a Euler, que posteriormente generalizou o resultado para qual-
quer número natural. Contudo, antes de apresentar tal generaliza-
ção, será necessário definir uma função sobre os números naturais,
chamada função totiente de Euler ou ainda função phi de Euler.
Definição 8.1 (Função Totiente de Euler). A função φ : N∗ → N∗
que associa cada inteiro positivo n à quantidade de números meno-
res ou iguais a n que são coprimos com ele é denominada Função
Totiente de Euler
Assim, por exemplo, φ(8) = 4, pois ao listarmos os números de
1 a 8, encontramos precisamente 4 números coprimos com relação a
8: 1, 3, 5 e 7.
Para qualquer número primo p, podemos constatar facilmente
que φ(p) = p − 1, pois de 1 a p, temos que apenas precisamente p
68 POTI/TOPMAT
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18 19 20
Retirando os números sublinhados, que não são coprimos com
20, obtemos exatamente 8 números: 1, 3, 7, 9, 11, 13, 17 e 19.
Definida a função totiente de Euler, estamos prontos para enun-
ciar o Teorema de Euler, que é a generalização do Pequeno Teorema
de Fermat para os números naturais:
Teorema 8.2 (Teorema de Euler). Sejam m > 1 e a ∈ Z tal que
mdc(a, m) = 1. Então:
aφ(m) ≡ 1(mod m)
.
a · si = m · qi + ri , 0 ≤ 1ri < m
Se existisse algum primo p divisor comum de m e ri , teríamos
que p|a · si . Então teríamos p|a ou p|si , o que contradiz a hipótese
mdc(a, m) = 1 bem como mdc(si , m) = 1. Logo, para cada i, 1 ≤
i ≤ φ(m) temos que mdc(ri , m) = 1.
Mostremos agora que, para cada i 6= j, ri 6= rj . Supondo i 6= j e
ri = rj , teríamos a·si −m·qi = a·sj −m·qj , o que implica a(si −sj ) =
m(qi − qj ). Como mdc(a, m) = 1 temos que m|(si − sj ), mas como
1 ≤ si , sj ≤ m, a única possibilidade seria si = sj , contradição.
Portanto, a menos reordenação, os conjuntos {s1 , . . . , sφ(m) } e
{r1 , . . . , rφ(m) } são iguais. Assim, se multiplicarmos todas as con-
gruências a · si ≡ ri (mod m), obtemos:
aφ(m) ≡ 1(mod m)
.
Problemas Propostos
70 POTI/TOPMAT
N F
Fácil Médio Difícil Desafio
• 31000 ≡ x(mod 7)
• 71000 ≡ x(mod 54)
1 1 1
! ! !
φ(m) = m 1 − 1− ... 1 −
p1 p2 pr
Teoria de Números
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