SEMÂNTICA Autores
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SEMÂNTICA Autores
Disciplina da linguística que se ocupa do estudo do significado das expressões linguísticas (sejam elas fonemas,
morfemas, palavras, sintagmas, frases) bem como das relações de significado que essas expressões estabelecem entre si
e com o mundo.
A semântica tem sido dividida em dois planos, de acordo com a unidade em análise: a semântica da palavra e a
semântica da frase. A semântica da palavra estuda as relações de significado entre pares de palavras ou entre morfemas.
São objeto de estudo as relações de sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia, ambiguidade lexical, polissemia,
homonímia, metáfora e metonímia. A semântica da frase interessa-se por questões de ambiguidade estrutural, anomalias
na disposição das palavras na frase, por relações de paráfrase, contradição, implicação semântica e pressuposição. A
semântica interessa-se também pela noção de redundância linguística e por problemas de restrição na seleção semântica
das palavras (na frase *O cão cacarejou, há uma imposição na determinação do sujeito pelo falante, porque a ação do
verbo 'cacarejar' só pode ser realizada pela espécie dos galináceos).
No plano da semântica do verbo, abordam-se assuntos relacionados com a expressão linguística e significado das
categorias do Tempo, Aspeto, Modo e Modalidade. A semântica do nome dedica-se à análise do funcionamento das
classes semânticas dos nomes e dos processos de que estes dispõem para referir o mundo (operações de determinação).
Nesta linha, os conceitos de sentido e referência ou denotação são fundamentais, apresentando-se basicamente o
sentido como significado conceptual e a referência como correspondência desse sentido no mundo empírico, passível de
ser submetido a um valor de verdade ou falsidade.
A semântica linguística radica na filosofia da linguagem de Gottlob Frege (1892) e Ludwig Wittgenstein (1967),
entre outros.
Nos últimos cem anos destacam-se cinco paradigmas linguísticos para os estudos em semântica lexical: semântica
diacrónica pré-estruturalista, semântica estruturalista, semântica lexical generativa, semântica lógica e semântica
cognitiva.
Nos finais do século XIX, os estudos semânticos eram dominados pela tendência geral da linguística histórica de
inspiração darwinista, em que se tomava como objeto de estudo a mudança de significado da palavra, segundo uma
perspetiva diacrónica (semântica diacrónica pré-estruturalista). Este período, que se teria estendido de 1870 a 1930, teve
como principais representantes Michel Bréal e Hermann Paul.
A aplicação do estruturalismo à semântica foi levada a cabo por Leo Weisgerber (1927), que começou por
defender uma conceção autónoma e imanentista do significado da palavra, rejeitando igualmente a anterior conceção
diacrónica para passar a privilegiar uma metodologia de análise sincrónica do significado. A semântica estrutural (Louis
Hjelmslev, 1943; Algirdas-Julien Greimas, 1966; Bérnard Pottier, 1967) concebe a língua como uma articulação de
unidades mínimas de significado (semas inseridos em sememas).
Assim, o significado de uma palavra seria a combinação de semas que existiriam em número finito. A análise
sêmica ou componencial de uma palavra era a decomposição do seu sentido em traços mínimos de significação. Os
problemas surgiam quando se tentava reduzir todo o universo de significações das línguas a um conjunto finito de
unidades mínimas de significação.
Por volta dos fins dos anos 60 e princípios dos anos 70, o generativismo reformulou e reabilitou o estruturalismo,
através do desenvolvimento de uma linguagem formal baseada em modelos matemáticos. O sucesso da análise
componencial dos fonemas das línguas pelo generativismo, baseado num conjunto de traços binários e de condições
necessárias e suficientes, serviu de justificação teórica para a sua utilização como ferramenta metodológica para a análise
em semântica lexical. A semântica surge confundida com a sintaxe no modelo proposto por Noam Chomsky (1965) em
que as estruturas profundas seriam uma formulação semântica das estruturas de superfície, manifestadas pela sintaxe.
Este modelo de análise ficou conhecido como semântica generativa ou semântica componencial.
Paralelamente, as investigações psicologistas de Eleanor Rosch (1973, 1975, 1978) e de Brent Berlin (1974) sobre
a organização categorial das cores e das plantas, respetivamente, conduziram à aplicação de uma abordagem cognitivista
aos estudos semânticos. Além disso, já o paradigma generativista continha a conceção cognitivista de que a linguagem é
um sistema de conhecimento. Para o cognitivismo, a linguagem em interação com outros sistemas cognitivos (perceção,
atenção, memória, raciocínio...) tem como função primária a categorização do mundo, impondo-lhe uma estrutura, uma
organização. O cognitivismo, com a sua adaptação à semântica lexical, veio constituir uma alternativa ao paradigma
generativista mais adequada ao objeto de estudo da semântica.
A teoria do protótipo (Georges Kleiber, George Lakoff, John R. Taylor, Dirk Geeraerts) é um desenvolvimento do
modelo cognitivista, partindo do princípio fundamental de que não é possível encontrar um conjunto de traços sêmicos
comuns a todos os membros de uma categoria. A categorização não se faz por exclusão dos semas que separam os
membros de uma categoria, mas sim pelo reconhecimento dos semas que podem aproximá-los, isto é, aquilo que L.
Wittgenstein designou por "semelhanças de família" e que foi integrado no modelo cognitivista. As categorias
apresentam muitas vezes limites difusos. Desta forma, existem categorias com exemplares mais representativos, ou seja,
mais prototípicos, do que outros, os quais se dispõem pelas margens do protótipo. Assim, por exemplo, a "azeitona"
apresenta características mais prototípicas da categoria legume, do que da categoria fruto, embora seja um fruto da
oliveira.