Nesses Pouco Mais de 500 Anos de História Do Brasil

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

FACULDADE UNINA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

COLÔNIA E IMPÉRIO

SÃO PAULO e SP/2021

FACULDADE UNINA

ANDRÉ GARCIA FERREIRA


INTRODUÇÃO

Nesses pouco mais de 500 anos de história do Brasil, pode-se observar


que as mudanças na política educacional foi muita lenta e de caráter elitista.
Até 1988, o acesso à educação era restrito a classes sociais mais elevadas.
Esse abismo era ainda mais profundo quando analisamos a educação durante
o período colonial e império brasileiros.

Para compreender a educação em cada período histórico, faz-se


necessário analisar o contexto histórico, econômico e político. Apesar de que o
processo educativo se faz a partir dos atores escolares, a macro estrutura
define os rumos das instituições escolares. A partir desses pressupostos, será
analisado a educação, como política governamental, entre os períodos do
Brasil-Colônia e Império.

EDUCAÇÃO NO BRASIL-COLÔNIA

Ao longo de três séculos a América portuguesa, denominada de Brasil,


estava sob domínio da metrópole europeia que visava a máxima exploração
dos territórios além-mar. Do ponto de vista político, todo o topo administrativo
era de portugueses. A economia era baseada no plantation, isto é,
monocultura, escravista e latifúndios.

A Igreja Católica monopolizava a ação religiosa e cultural das colônias. A


Cia de Jesus tinha a missão de catequizar os povos autóctones, fundar escolas
para os filhos dos colonizadores e impor a moral cristã para em toda a colônia.
Seria ela que teria a missão inicial do processo de educação, vinculada à
política colonizadora de Portugal em usufruir ao máximo dos recursos da
colônia.

Os colégios jesuíticos foram formadores da elite colonial e proporcionava


educação europeia aos colonos e catequese aos indígenas. Nesse período,
fica clara a dicotomia entre trabalho manual e intelectual. O primeiro restrito
aos escravos e o segundo relacionado aos colonos. Esse aspecto, reforçava
ainda mais a dominação colonial como afirma Ribeiro: "O privilegiamento do
trabalho intelectual em detrimento do manual afastava os alunos dos assuntos
e problemas relativos à realidade imediata, distinguia-os da maioria da
população que era escrava e iletrada e alimentava a ideia de que o mundo
civilizado estava "lá fora" e servia de modelo. Os "letrados" aca bavam por
rejeitar não apenas esta maioria, a exercer sobre ela uma eficiente dominação,
como também a própria realidade colonial, contribuindo para a manutenção
deste traço de dominação externa e não para sua superação". (Ribeiro, p. 27).

Toda a orientação educacional básica eram voltadas para os regramentos


da moral judaica-cristã. A divisão sexista era bem definida, de forma que os
homens eram ensinados a ler, escrever e a contar. Às mulheres coser, lavar,
rendas e desenvolver todos os ofícios femininos.

No sistema educacional jesuítico se utilizava um forte aparato coercitivo


com usos de palmatórias como forma de repressão e inculcar neles a
obediência.

Com a expulsão dos Jesuítas, a educação tem direcionamento laico. O


controle da educação pelo governo era cada vez mais presente na colônia. A
escola deixa de servir a fé e passa a obedecer ao Estado. Segundo Valnir
Chagas, "Pior é que, para substituir a monolítica organização da Com panhia
de Jesus, algo tão fluido se concebeu que, em última análise nenhum sistema
passou a existir. No reino, seria instalada uma longínqua e ausente Diretoria de
Estudos que, em rigor, só começaria a operar após o afastamento de Pombal;
na colônia imensa, uma congérie de aulas regias superintendidas pelo Vice-
Rei. Cada aula regia constituía uma unidade de ensino, com professor único,
instalada para determinada disciplina. Era autônoma e isolada, pois não se
articulava com outras nem pertencia a qualquer escola. Não havia currículo, no
sentido de um conjunto de estudos ordenados e hierarquizados, nem a duração
prefixada se condicionava ao desenvolvimento de qualquer matéria. O aluno se
matriculava em tantas 'aulas' quantas fossem as disciplinas que desejasse.
Para agravar esse quadro, os professores eram geralmente de baixo nível,
porque improvisados e mal pagos, em contraste com o magistério dos jesuítas,
cujo preparo chegava ao requinte. Nomeados em regra por indicação ou sob
concordância de bispos, tornavam-se 'proprietários' das respectivas aulas re
gias que lhes eram atribuídas, vitaliciamente, como sesmarias ou títulos de
nobreza".
Quanto a organização do ensino, do nível elementar ao secundário,
passou a ser ministrado sob formato de aulas avulsas. O método era baseado
em repetição oral e escrita dos textos clássicos gregos e latinos valorizando a
retórica.

Em 1818, já com as reformas pombalinas concretizadas, somente 2,5%


da população masculina livre, em idade escolar era atingida nas aulas régias
em São Paulo, frequentavam as escolas. E grande parte estava no âmbito do
privado, em que pais eram responsabilizados em repassar pagamentos dos
mestres.

Ao mesmo tempo do processo de estatização da educação, a presença


religiosa era forte no processo de educação como os carmelitas e franciscanos.
Essa politica educacional ainda frágil terá novos contornos quando o Império
iniciar-se.

EDUCAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO

Com a ascensão de D. Pedro I e a independência do Brasil em 1822, tem-


se o inicio do Império no Brasil. A Constituição de 1824 incorporou aos
princípios civis e políticos dos súditos. Ao mesmo tempo, foi adicionado ao
texto legal a gratuidade do ensino primário. A gestão estava no âmbito da
Coroa e a inspeção ficava a cargo das Câmeras Municipais. A partir de 1834, a
declaração do Ato Adicional criou as Assembleias Legislativas Provinciais
cabendo a elas a atribuição de legislar sobre a instrução pública. Exclui-se na
competência das Assembleias Legislativas Provinciais as universidades,
abrindo brechas para uma sistema dual advinda da concomitância dos poderes
central e provincial. Ao mesmo tempo, a maioria das escolas secundárias era
privada representando a elitização da educação.

O método de ensino era o Lancasteriano. Nesse método, os professores


obrigatoriamente ensinariam a ler e escrever, as quatro operações de
aritmética e geometria prática, a gramática da língua nacional e os princípios
da moral cristã e da doutrina católica.

Com a abdicação de D. Pedro I e a instalação da regência, vários


Ministros de Estado, preocupados com a situação precária da instrução nas
províncias, reprovavam a descentralização do sistema e desejavam maior
atuação do Governo Central nesse domínio.

A presença feminina nas escolas era pequena. Parte da explicação esta


na questão cultural em que pais não gostavam que suas filhas aprendessem a
ler e escrever. Ao mesmo tempo, a quantidade de professoras era pequena. O
nível de instrução das mulheres era nulo ou quase nulo, sem contar que os
hábitos e costumes sociais quase não permitiam à mulher exercer uma função
pública.

Com o golpe da maioridade, inicia-se o Segundo Reinado com D. Pedro


II. Há um aprofundamento da estatização da educação. Em 1847, foi aprovado
um decreto que trazia modificações na estrutura educacional. Foi atribuído ao
ensino com duas opções de escolha entre internato ou externato.

O ensino tornou-se uniforme e os professores com dedicação exclusiva


às escolas. O sistema educacional estava subordinado a um Ministro do
Império, ao Inspetor Geral, ao Conselho Diretor e ao Delegado do Distrito.

De forma geral, durante o Segundo Reinado, o número de escolas era a


seguinte:

1869 no Rio de Janeiro: 46 escolas públicas com 4309 alunos e 92


particulares com 5002 alunos. As outras 20 províncias do império possuíam no
mesmo ano, 2602 escolas públicas que tinham 90116 alunos e 776 escolas
privadas que recebiam 16508 alunos.

No Rio de Janeiro, apenas o Colégio Pedro II oferecia instrução


secundária pública aos cidadãos contra 56 estabelecimentos particulares.

Na província de São Paulo, havia poucos estabelecimentos de instrução


secundária. Na instrução primária, eram 554 escolas públicas.

CONCLUSÃO:

A educação nos períodos colonial e imperial foi prioritariamente elitista.


Pouca preocupação com a oferta de um ensino público. Como consequência, a
escola passa a ter como meta formar e consolidar a nova elite brasileira,
estando a educação, pública por lei, submetida à influencia e aos interesses
dos poderosos e mandatários do país.

Todo o processo educacional era voltado para a formação de “Doutores”.


O restante da população era segregada pela própria escola. Num processo de
peneiração aristocrática, em que só permanecia nas escolas os ricos. E essa
construção da educação brasileira elitista impacta até os dias de hoje.

Referências

CARNEIRO, Moaci Alves, LDB Fácil: Leitura Crítico-Compreensiva artigo


por artigo. 23ª Edição. São Paulo: Editora Vozes.

CHAGAS. V. (1980) Educação brasileira: o ensino de Io e 2ograus. 2. ed.


São Paulo: Saraiva.

RIBEIRO, M. L. S. (1988) História da educação brasileira. 15. ed.


Campinas: Editores Associados.

TOBIAS, José Antônio. História da Educação Brasileira. A organização


escolar. Campinas. SP. Autores Associados. 1988.

Você também pode gostar