Hérnia Perineal
Hérnia Perineal
Hérnia Perineal
Hérnia Perineal
Aqui não existe nenhum orifício fisiológico, essa região que é lateral ao ânus, do lado direito,
e esquerdo é chamada de diafragma pélvico, tem que ser fechado (estruturas musculares
justapostas = 4).
1) Esfíncter anal: músculo em formato cilíndrico, controle de entrada e saída de órgão tubular,
é bilateral -» se conecta, então se puxar muito, pode prejudicar a função de contratilidade -»
dificuldade em conter fezes
2)Elevador anal ou elevador da cauda: tem função no movimento da cauda.
3)Obturador interno: repousa sobre região de ísquio, almofadinha sobre o ísquio, muitas
vezes terá que ser mobilizado, retirado do lugar pra conseguir reparar o defeito
4)Coccígeo: hérnia pode ser entre o elevador e coccígeo (entre o elevador e o esfíncter
anal, além da inferior)
Além disso, tem a artéria, veia e nervo pudendo (externo: inerva e vasculariza região da
genitália, aqui é diferente, pudendo interno: associado com a função do esfíncter anal e
algum grau de função da parte urinária)
Então, em um animal normal, esses músculos estão todos justapostos, existem fáscias entre
eles, que previnem que haja deslocamento do que está no abdome através do diafragma
pélvico.. Na hérnia perineal, os músculos perdem a capacidade de sustentar a parede da
porção exterior, aí os órgãos de projetam através dessas falhas adquiridas.
Uma vez que esses músculos enfraquecem, atrofiam, se degeneram, eles perdem a
capacidade de fazerem a função de diafragma pélvico -» projeção de conteúdo na parte
posterior. São hérnias verdadeiras. Os mais comuns de se projetar são próstata e bexiga,
(pela proximidade), grandes quantidades de gordura é comum, fluído (resposta inflamatória).
Pode ocorrer obstrução, tanto da bexiga quanto intestino, pode ter compressão da uretra,
ureteres, prejudicando a excreção da urina. Não é comum ter estrangulamento, por ser um
defeito que vai aumentando progressivamente, quando tem a herniação dos órgãos
volumosos, o defeito é bem grande.
ETIOLOGIA
• Hormonal
Deficiência de andrógenos provoca o enfraquecimento da musculatura do
diafragma pélvico
Hiperplasia prostática/ neoplasia testicular
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Hiperplasia prostática/ neoplasia testicular
• Esforço excessivo e/ou fraqueza muscular
Cistite/ obstrução do trato urinário
Obstrução colorretal/ desvios ou dilatação retal/ distúrbios da defecação
(diarreia/constipação)
Inflamação perianal/ saculite anal
Aumento prostático
• Atrofia muscular
Neurogênica
Senil
Mais comum em cães, raríssimo em gatos. Cadelas tem diafragma pélvico mais desenvolvido
(difícil de ter hérnia perineal)..
OBS: existe uma teoria que cachorros de rabo curto (nascimento ou caudectomia), são mais
predispostos. Associação com causa mecânica, pois um dos músculos envolvidos é o
elevador anal (=elevador da cauda), cauda menor se movimenta menos -» m. menos
desenvolvido, tende a se atrofiar com a idade.
SINAIS CLÍNICOS
• Aumento de volume perineal
– Redutível ou não
DIAGNÓSTICO
• Histórico
• Exame físico
– Palpação da separação dos músculos/ tecidos herniados
• Exame radiográfico
– Simples
– Contrastado: uretrocistografia (posição da bexiga e próstata)
• Ultrassonografia
– Identifica o conteúdo herniário
Muitas vezes é fácil, clínico, pelo histórico (macho, não castrado, diminui quando urina ou
defeca). Palpação (principalmente quando ocorre redução.). RX simples consegue ver
aumento de volume. Quando há retroflexão da bexiga, pode ser feito a uretrocistografia
(sonda uretral, chega na bexiga, injeta contraste)
OBS: Quando há retroflexão da bexiga é difícil a redução da hérnia, por conta do volume do
tecido (mesmo quando esvazia é um tecido volumoso), não é fácil a manobra para colocar a
bexiga para dentro (tem que voltar a posição de origem).
Exame contrastado não é muito utilizado. US ajuda bastante (vê o defeito da musculatura e
consegue identificar as estruturas). É desafiador em hérnias pequenas, pacientes gordinhos,
se não tiver retroflexão da bexiga, não adianta fazer a uretrocistografia, porque vai encher a
bexiga no abdome, não quer dizer que não haja hérnia perineal, durante o RX pressiona o
abdome do cão para facilitar a visualização.. Quando ocorre saculação, divertículo retal, o
enema baritado ajuda muito, na posição ventro-dorsal dá pra ver certinho.
TRATAMENTO
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TRATAMENTO
• Clínico
– Não apresenta bons resultados a longo prazo
– Temporariamente para aliviar/ evitar constipação/ disúria
– dieta rica em fibras e em umidade
– laxantes formadores de volume (ex. lactulose)
– enemas periódicos
– sondagem uretral permanente
• Cirúrgico
– Tratamento de escolha e definitivo
– Herniorrafia tradicional
– Herniorrafia com transposição do músculo obturador interno
– Herniorrafia com transposição do músculo semitendinoso
– Herniorrafia com prótese
– Associar orquiectomia
Preparação do paciente, esvaziar ampola retal, quando enema (dificil de limpar, fezes líquidas), sondagem
uretral (palpar uretra e evitar lesão), esvazia bexiga, decúbito esternal/ Tredemleberg (cabeça mais baixa que
o bumbum), amarra a cauda, tricotomia ampla.. Deixa o embolo da seringa dentro do reto (palpação e evita
lesão, não ancorar o reto), faz bolsa de fumo (final da ciru é retirado.)
Abre no aumento de volume, incisão curvilínea, dissecar o tec. Subcutâneo, identificar o saco,
abrir, localizar o que está lá dentro. Redução através da palpação de boneca de gaze (pinça
com gaze empurra o conteúdo enquanto sutura= segurança para não machucar os órgãos).
Identificação dos músculos e trígono (passa fio entre o esfíncter e o elevador anal, dps junta
esfíncter anal e obturador interno, elevador anal e obturador interno, tira a boneca de gaze e
traciona os fios), muitos pontos simples separado - Nylon ou Prolene (15-20 pontos em cão
médio)., Não recomenda fazer bilateral no mesmo dia (esperar 15-20 dias), Troca o decúbito
e castra. Lembrar ao final .de tirar a bolsa de fumo.
Técnica cirúrgica
• Mesmas etapas, até a identificação dos grupos musculares e trígono pudendo
• Elevar m.obturador interno
• Transposição dorsomedialmente do mesmo durante a sutura
Tem muito cirurgião que usa, Bianca tem ressalvas, pois pega complicação de colegas
direto. Tecido estranho dentro do animal, forma biofilme colonização bacteriana envolta, e
então o corpo tende a expulsar ( o animal vem com uma fístula, um buraco, que fica
drenando secreção).
Pode acontecer no pós imediato ou até meses depois
Fazer algo com próteses que são materiais não endógenos tomar MUOTO cuidado com
contaminação
Membrana biológica não é sintética vem de outro animal mais comum de bovino. Visto mais
em universidade pode ser o pericárdio, centro frênico ( uma membrana que não seja
elástica e tenha boa resistência). Remove do animal morto e põe glicerina (vai puxando agua
da peça e por estar tão desidratada não tem mais colonização bacteriana), tem uma
durabilidade muito longa meses ou anos. Quando precisa usar reidrata, tira da glicerina coloca
na cuba com SF e quando voltar a maleabilidade recortar e usar do mesmo jeito (posiciona e
sutura essa tecido).
Tem perfil biomecânico que é indicado, só que apesar de ser biológica é de outra espécie e
tem as mesmas ressalvas sobre rejeição.
A grande questão não é resistência e sim a boa execução da técnica e certeza que não
houve contaminação. Operando do lado do anus contaminação potencial muito grande
CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS
Primeira coisa lembra de tirar a bolsa de fumo, o embolo, e pra casa tem que ter alguns
cuidados que alguns são os gerais das cirurgias e alguns específicos
não tem como fazer curativo nessa região, tem que ter colaboração do tutor pra fazer
higiene. Fazer lavagens e Bianca gosta bastante da rifamicina tópica spray.
Uso de colar elisabetano: auto trauma é importante, e nos casos dos pacientes que
ficam arrastando o bumbum na parede/chão apesar de não ser bom vai ter que deixá-
los de fralda (Bianca não gosta por conta da contaminação de fezes urina, mas ficar
raspando é pior ainda)
COMPLICAÇÕES
Aqui tem uma lista bem maior
Prolapso retal: pode acontecer exatamente pelo alargamento do esfíncter quando faz
bilateral, mas costuma ser temporária
Disfunção urinária:
○ Lesão do nervo pudendo
Lesão do nervo isquiático (lesão que ninguém quer viver):
Faz ligaduras entre o m esfíncter anal externo e o m elevador do anus as vezes tem que
pegar o coccídeo também. Próximo tem o ligamento sacro tuberoso (que liga o sacro a
tuberosidade isquiática)
O nervo isquiático passa por cima do acetábulo, fazendo com que haja um ponto de
proximidade da área onde estamos trabalhando com o nervo isquiático (principalmente na
parte ventral).
Uma referência muito boa pra prevenir essa lesão é o ligamento sacro tuberoso (não é
visível mas é palpável, coloca o dedo lá dentro sente uma banda bem firme), sentindo esse
ligamento sei que ali é meu limite não posso passar a agulha por trás daquilo (porque atrás é
onde está passando o nervo)
○ dor, impotência funcional, claudicação: Cachorro vai voltar com muita dor naquela
região e impotência do membro
○ Temporário x permanente (depende da lesão pode ter passado a agulha no nervo
ou estrangulado ele, passado a sutura envolta lesionando permanentemente)
Recidiva da hérnia:
○ Erro na técnica
○ Fraqueza muscular
complicação muito comum, muitas vezes está associada a erro na técnica (não ancorou a
musculatura como deveria ou não foi tão profundo como precisava), ou fez tudo direitinho
mas a musculatura estava fraca ele pode ou ter hérnias em outro ponto ou Lacerar mesmo.
Hérnia contra lateral: se a hérnia for lateral virar uma hérnia do outro lado.
Principalmente no pós operários pois o animal pode fazer um pouco de força
PROGNÓSTICO
Bom, caso não haja complicações.
Complicações permanentes x temporárias:
Se for uma infeção consegue tratar, lesão definitiva do nervo pudendo aí o prognóstico não
é bom animal fica incontinente
Reservado em caso de retroflexão da bexiga: cirurgia mais tensa, mais risco da hérnia ser
maior, mais risco de animal estar azotemico no momento da cirurgia, de ter mais
complicação.
Recorrência 31-45%: tem um índice grande, não é tão incomum e tá muito associado.
Experiência do cirurgião
Vamos falar de hérnias falsas que vem de maneira súbita e não dá tempo de ter o
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Vamos falar de hérnias falsas que vem de maneira súbita e não dá tempo de ter o
prolongamento do peritônio que é o saco herniario
Dois grupos que se assimilam mas existem suas particularidades
EVISCERAÇÃO
Urgência/emergência cirúrgica
Os animais tem o instinto de comer os próprios órgãos: não é incomum
Dor visceral: pra eles não é doloroso mastigar o órgão está muito mais associada a
distensão doq dilaceração
Manter órgãos isolados e umedecidos até o reparo cirúrgico (tecido resseca, necrosa com
uma facilidade muito grande)
Exposição ao meio externo favorece muito a contaminação e esses órgãos ressecam muito
rápido. Primeira coisa a se fazer é embrulhar e manter umedecido.
Evisceração x prolapso
Saída de órgãos tubulares (evertidos) por aberturas naturais é o prolapso
Hérnias pós incisão ocorrem nos primeiros dias após a cirurgia: 3 a 7 em torno de 5 dias,
pois ainda não está cicatrizado mas tem que dar tempo essa musculatura ir laceando
Sutura funciona como suporte primário, antes do início da síntese de colágeno: então nos
primeiros dias não deixar fazer esforço pois o que está segurando ali é a sutura
Deiscência de pontos da musculatura parcial ou total: um espaço maior de um ponto e
outro pode acontecer é mesmo com a pele fechadinho ainda eviscera
Eventualmente associado a deiscência de sutura cutânea:
SINAIS CLÍNICOS
EVENTRAÇÃO
EVISCERAÇÃO
DIAGNÓSTICO
HÉRNIAS TRAUMÁTICAS
Gato Cão
O que mais hernia nesses casos é bexiga, muitas vezes ficam com ela encarcerada tornando-
se uma urgência.
Procedimento não é fácil, região bem desafiadora (tecidos estão sempre muito edemaciados,
TRATAMENTO CIRÚRGICO
Visa restabelecer a continuidade da musculatura e pele
Limpeza da cavidade abdominal
Limpeza e debridamento das feridas cirúrgicas
Uma vez que saiu pro meio externo está contaminando, não adianta só colocar de volta
EVENTRAÇÃO
Incisão cutânea : Incisão na linha média ventral é mais fácil. abre a pele é diferente das
hérnias verdadeiras já vejo direto os órgãos
Debridamento das feridas cirúrgicas e revitalização das bordas das incisões (casos crônicos)
Realização de nova sutura em musculatura e pele
○ Ideal trocar o tipo de fio utilizado (se for uma cirurgia onde o animal já foi operado
e eventrou). Ideal trocar pra um fio mais resistente, um prolene (polipropileno) no
lugar do nylon. Recomenda se usou absorvível na primeira, utilizar não absorvível
EVISCERAÇÃO
Lavagem profusa de órgãos eviscerados com solução salina aquecida : as vezes é só
epíploon ou só gordura (só ligar igual nas outras hérnias), mas muitas vezes é intestino
(aí precisa entrar preparado pra fazer enterectomia/enteroanastomose)
Abertura e inspeção da cavidade abdominal
Remoção de tecidos desvitalizados (sempre precisa remover tudo não adianta só voltar
pra dentro, alça intestinal tem testes pra ver viabilidade)
Realização de nova sutura em musculatura e pele