Hérnia Perineal

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21-08 Hérnia Perineal/Incional/Traumática

Hérnia Perineal

Tem muitas particularidades, predisposição maior em machos não castrados, cirurgia


desafiadora, tem quem tomar cuidado com o pudendo interno. Períneo é o espaço entre o
aparelho genital e o ânus, portanto, região contaminada.

• Ocorre devido a falha dos músculos perineais (diafragma pélvico) em sustentar a


parede retal

Aqui não existe nenhum orifício fisiológico, essa região que é lateral ao ânus, do lado direito,
e esquerdo é chamada de diafragma pélvico, tem que ser fechado (estruturas musculares
justapostas = 4).
1) Esfíncter anal: músculo em formato cilíndrico, controle de entrada e saída de órgão tubular,
é bilateral -» se conecta, então se puxar muito, pode prejudicar a função de contratilidade -»
dificuldade em conter fezes
2)Elevador anal ou elevador da cauda: tem função no movimento da cauda.
3)Obturador interno: repousa sobre região de ísquio, almofadinha sobre o ísquio, muitas
vezes terá que ser mobilizado, retirado do lugar pra conseguir reparar o defeito
4)Coccígeo: hérnia pode ser entre o elevador e coccígeo (entre o elevador e o esfíncter
anal, além da inferior)
Além disso, tem a artéria, veia e nervo pudendo (externo: inerva e vasculariza região da
genitália, aqui é diferente, pudendo interno: associado com a função do esfíncter anal e
algum grau de função da parte urinária)
Então, em um animal normal, esses músculos estão todos justapostos, existem fáscias entre
eles, que previnem que haja deslocamento do que está no abdome através do diafragma
pélvico.. Na hérnia perineal, os músculos perdem a capacidade de sustentar a parede da
porção exterior, aí os órgãos de projetam através dessas falhas adquiridas.

HÉRNIA PERINEAL CAUDAL

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O mais comum, será entre o esfíncter anal externo + o elevador do ânus (=elevador da
cauda) + obturador interno.

HÉRNIA PERINEAL DORSAL

Ocorre entre o elevador do ânus + Coccígeo + Obturador interno

• O enfraquecimento/ afastamento dos músculos do diafragma pélvico permite que o


reto e outros conteúdos abdominais se desloquem caudalmente
• Hérnia verdadeira (contém saco herniário)
• Pode conter gordura retroperineal, fluído seroso, reto (desviado ou dilatado),
divertículo retal, próstata, bexiga, intestino delgado
• Pode evoluir para obstrução e estrangulamento

Uma vez que esses músculos enfraquecem, atrofiam, se degeneram, eles perdem a
capacidade de fazerem a função de diafragma pélvico -» projeção de conteúdo na parte
posterior. São hérnias verdadeiras. Os mais comuns de se projetar são próstata e bexiga,
(pela proximidade), grandes quantidades de gordura é comum, fluído (resposta inflamatória).
Pode ocorrer obstrução, tanto da bexiga quanto intestino, pode ter compressão da uretra,
ureteres, prejudicando a excreção da urina. Não é comum ter estrangulamento, por ser um
defeito que vai aumentando progressivamente, quando tem a herniação dos órgãos
volumosos, o defeito é bem grande.
ETIOLOGIA
• Hormonal
Deficiência de andrógenos provoca o enfraquecimento da musculatura do
diafragma pélvico
Hiperplasia prostática/ neoplasia testicular
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Hiperplasia prostática/ neoplasia testicular
• Esforço excessivo e/ou fraqueza muscular
Cistite/ obstrução do trato urinário
Obstrução colorretal/ desvios ou dilatação retal/ distúrbios da defecação
(diarreia/constipação)
Inflamação perianal/ saculite anal
Aumento prostático
• Atrofia muscular
Neurogênica
Senil

Um reto saudável fica na lateral,


quando há desvio do reto, ou qdo
tem uma saculação ou um
divertículo, ele está muito próximo do
diafragma pélvico, fragilizando os
músculos, quando abre a hérnia
perineal, é visível parte da parede do
reto se projetando na hérnia. Esses
problemas podem ocorrer em
associação..
Vamos pensar mais em machos não castrados e mais velhos (estímulo hormonal por
muito tempo), há uma correlação hormonal verdadeira, deficiência ou influência
hormonal, hiperplasia prostática (desequilíbrio hormonal sexual), neoplasias testiculares
(tumores que secretam hormônio), não se sabe qual a via hormonal e se é igual para os
animais.
Grau de esforço excessivo, gera aumento da pressão abdominal em uma musculatura
que está previamente enfraquecida, pode predispor a hérnia, pode ocorrer pela via
urinária (estrangúria) ou outras vias. Distúrbios da própria defecação. Aumento prostático
(comprime uretra -» estrangúria, comprime o reto).
A parte neurogênica (não é comum) e senil está relacionada a uma estimulação
diferente do músculo, quando velho (perda do tônus).

• Mais frequente em cães do que em qualquer outra espécie


– Cães machos inteiros e idosos (entre 7 a 9 anos) - 93%
– Boston terrier, Boxer, Collie, Pequinês e Sheepdog
– Cães com cauda curta podem ser mais predispostos
– Raramente em fêmeas (diafragma pélvico mais forte) e em gatos
• 60% unilaterais e 40% bilaterais
• Lado direito mais frequente (68% x 32%)

Mais comum em cães, raríssimo em gatos. Cadelas tem diafragma pélvico mais desenvolvido
(difícil de ter hérnia perineal)..
OBS: existe uma teoria que cachorros de rabo curto (nascimento ou caudectomia), são mais
predispostos. Associação com causa mecânica, pois um dos músculos envolvidos é o
elevador anal (=elevador da cauda), cauda menor se movimenta menos -» m. menos
desenvolvido, tende a se atrofiar com a idade.

SINAIS CLÍNICOS
• Aumento de volume perineal
– Redutível ou não

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– Redutível ou não
– Uni ou bilateral
– Macio/ firme (bexiga distendida)
• Tenesmo/ disquesia/ flatulência
• Constipação/ incontinência fecal
• Prolapso retal
• Estrangúria (associada a afecção prostática ou retroflexão da bexiga)
• Ulceração de pele

Aumento de volume perineal, redutível ou não (depende do tamanho da hérnia), consistência


variável (associado aos órgãos que está lá dentro).. Palpação é importante.. Prolapso retal (não
é tão comum).
Retroflexão da bexiga (quando a bexia ao invés de estar no abdome, vai para a hérnia
perineal)
Ulceração da pele, progressivamente - meses ou anos (ou lambedura excessiva, raspar a
pele)

DIAGNÓSTICO
• Histórico
• Exame físico
– Palpação da separação dos músculos/ tecidos herniados
• Exame radiográfico
– Simples
– Contrastado: uretrocistografia (posição da bexiga e próstata)
• Ultrassonografia
– Identifica o conteúdo herniário

Muitas vezes é fácil, clínico, pelo histórico (macho, não castrado, diminui quando urina ou
defeca). Palpação (principalmente quando ocorre redução.). RX simples consegue ver
aumento de volume. Quando há retroflexão da bexiga, pode ser feito a uretrocistografia
(sonda uretral, chega na bexiga, injeta contraste)
OBS: Quando há retroflexão da bexiga é difícil a redução da hérnia, por conta do volume do
tecido (mesmo quando esvazia é um tecido volumoso), não é fácil a manobra para colocar a
bexiga para dentro (tem que voltar a posição de origem).
Exame contrastado não é muito utilizado. US ajuda bastante (vê o defeito da musculatura e
consegue identificar as estruturas). É desafiador em hérnias pequenas, pacientes gordinhos,
se não tiver retroflexão da bexiga, não adianta fazer a uretrocistografia, porque vai encher a
bexiga no abdome, não quer dizer que não haja hérnia perineal, durante o RX pressiona o
abdome do cão para facilitar a visualização.. Quando ocorre saculação, divertículo retal, o
enema baritado ajuda muito, na posição ventro-dorsal dá pra ver certinho.

TRATAMENTO
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TRATAMENTO
• Clínico
– Não apresenta bons resultados a longo prazo
– Temporariamente para aliviar/ evitar constipação/ disúria
– dieta rica em fibras e em umidade
– laxantes formadores de volume (ex. lactulose)
– enemas periódicos
– sondagem uretral permanente

Nunca é indicado o tratamento clínico. só agrava os sintomas (aumento de volume, aumento


da flacidez muscular). Tratamento é temporário, para aliviar os sintomas, para realização dos
exames ou condicionar para cirurgia. Deixar fezes mais amolecidas - menos força - Indicação
de dieta rica em fibras, aumento de umidade do alimento, laxantes (Lactulona - açúcar puxa a
água no cólon, aumentando volume, deixando mais líquidas), enemas (injeta laxativo,
importante no primeiro atendimento, deve ser temporário).
Sondagem uretral (quando retroflexão ou próstata aumentada), animal passar mais de
24-36h sem urinar, a bexiga ficará extremamente distendida, começa voltar urina através do
ureter, pode ocorrer pielonefrite, dilatação de ureter, reabsorve componentes tóxicos =
azotemia pós-renal (acúmulo de metabólitos que deveriam ser excretados).

• Cirúrgico
– Tratamento de escolha e definitivo
– Herniorrafia tradicional
– Herniorrafia com transposição do músculo obturador interno
– Herniorrafia com transposição do músculo semitendinoso
– Herniorrafia com prótese
– Associar orquiectomia

Tratamento definitivo = Herniorrafia. Tradicional (reaproximara musculatura, igual as outras),


quando musculatura atrofia, utiliza outras técnicas. Associar a orquiectomia, outros problemas
associados, hiperplasia prostática (pode causar tenesmo, disúria, estrangúria, pode causar a
recidiva da hérnia) = tem que castrar.

Defeito principal é entre os 3 músculos. Isolar o trígono pudendo

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Técnica da transposição do obturador
interno

Solta o músculo do ísquio, eleva, fica


preso com uma "linguinha" solta, essa
parte solta vai ser transposta por cima
dos demais músculos e terminará de
fechar o defeito.

A artéria e veia pudenda vai ficar


por dentro (antes estava por cima
do obturador, mas o m. foi rebatido
dorso-cranialmente)

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Esse é o aspecto, quando eleva o
obturador, vê o osso.

É possível utilizar o semitendinoso, sem prejudicar a função do mesmo. É uma cirurgia


complicada, faz contra-lateral (hérnia direita, pega o semitendinoso esquerdo), a incisão é
grande (até a fossa poplítea), disseca o semitendinoso, corta o tendão de inserção dele,
rebate ele, usa a ponta para corrigir o defeito do lado. É um caso extremo, usado quando a
hérnia é muito grande, recidivas onde lesionou musculatura. Só utiliza em casos que
complicaram. É muito invasiva, a função do membro não é prejudicada a longo prazo.

Herniorrafia tradicional - Técnica cirúrgica


• Evitar enemas/ laxativos antes da cirurgia
• 24h jejum
• Esvaziamento da ampola retal
• Sondagem uretral/ esvaziamento da bexiga
• Posicionamento em decúbito esternal/ Tredelemberg
• Tricotomia ampla
• Fixação da cauda elevada
• Colocação de bolsa de tabaco/ embolo da seringa
• Limpeza e antissepsia

Preparação do paciente, esvaziar ampola retal, quando enema (dificil de limpar, fezes líquidas), sondagem
uretral (palpar uretra e evitar lesão), esvazia bexiga, decúbito esternal/ Tredemleberg (cabeça mais baixa que
o bumbum), amarra a cauda, tricotomia ampla.. Deixa o embolo da seringa dentro do reto (palpação e evita
lesão, não ancorar o reto), faz bolsa de fumo (final da ciru é retirado.)

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• Posicionamento dos panos de campo
• Incisão sobre o aumento de volume - curvilínea
• Identificação do saco herniário
• Abertura do saco herniário
• Redução do conteúdo (bonecas de gaze)
• Identificação dos grupos musculares e trígono pudendo
• Sutura dos grupos musculares
• Fios não absorvíveis monofilamentar 0 ou 2.0
• Pontos simples separados em toda musculatura
• Conectar os músculos envolvidos
• Fechamento do subcutãneo e pele de maneira padrão

Abre no aumento de volume, incisão curvilínea, dissecar o tec. Subcutâneo, identificar o saco,
abrir, localizar o que está lá dentro. Redução através da palpação de boneca de gaze (pinça
com gaze empurra o conteúdo enquanto sutura= segurança para não machucar os órgãos).
Identificação dos músculos e trígono (passa fio entre o esfíncter e o elevador anal, dps junta
esfíncter anal e obturador interno, elevador anal e obturador interno, tira a boneca de gaze e
traciona os fios), muitos pontos simples separado - Nylon ou Prolene (15-20 pontos em cão
médio)., Não recomenda fazer bilateral no mesmo dia (esperar 15-20 dias), Troca o decúbito
e castra. Lembrar ao final .de tirar a bolsa de fumo.

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HERNIORRAFIA COM TRANSPOSIÇÃO DO MÚSCULO OBTURADOR INTERNO
• Durante o reparo da hérnia deve ser elevado o músculo obturador interno
• Transposição e sutura dorsomedial
• Objetivos
– Reduzir a tensão na sutura
– Diminuir deformação do ânus (incontinência)
– Permite cobertura ventral do defeito

Técnica mais utilizada. Disseca, incisiona, eleva, transpõe. Resultados melhores..


Fecha melhor

Técnica cirúrgica
• Mesmas etapas, até a identificação dos grupos musculares e trígono pudendo
• Elevar m.obturador interno
• Transposição dorsomedialmente do mesmo durante a sutura

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Na imagem tem saculação e divertículo retal.. Reto fibras transversais, no esfíncter as fibras
tem aspecto circular. Tem que ponderar se é uma distensão (não faz nada se for, repara o
períneo) ou uma saculação (parede do reto se deformou, remoção da saculação = entra
com a pinça remove esse excesso, sutura a parede do reto em 2 ou 3 camadas,
contaminação, cuidado para estenosar e com os pontos, para não vazar fezes)
Se a Bianca acredita que tem um divertículo, uma saculação ela faz uma boa palpação (isso
só descobre durante a cirurgia, pode ate suspeitar antes pelo tamanho do desvio do reo)
muitas vezes ela opta por não fazer a correção. O que dá pra fazer também é não abrir
esse divertículo, e preguear essa parede sem abrir (pega só a parede sem penetrar no
lúmen só a serosa e muscular, e faz uns pontos de evaginação pra diminuir essa saculação)
Antes de corrigir isso eu preciso fazer o reparo da hérnia (pois depois que ela estiver
corrigida vai estar fechadinho e o reto vai estar lá pra dentro não teremos mais acesso)..
HERNIORRAFIA COM PRÓTESE

Tem muito cirurgião que usa, Bianca tem ressalvas, pois pega complicação de colegas
direto. Tecido estranho dentro do animal, forma biofilme colonização bacteriana envolta, e
então o corpo tende a expulsar ( o animal vem com uma fístula, um buraco, que fica
drenando secreção).
Pode acontecer no pós imediato ou até meses depois
Fazer algo com próteses que são materiais não endógenos tomar MUOTO cuidado com
contaminação

Tela de polipropileno (como se fosse um plástico)


A gente recorta do tamanho ideal e ao invés de aproximar os músculos, sutura tela na
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A gente recorta do tamanho ideal e ao invés de aproximar os músculos, sutura tela na
musculatura que está espaçada (ou aproximar os músculos e reforçar com a tela).

Membrana biológica não é sintética vem de outro animal mais comum de bovino. Visto mais
em universidade pode ser o pericárdio, centro frênico ( uma membrana que não seja
elástica e tenha boa resistência). Remove do animal morto e põe glicerina (vai puxando agua
da peça e por estar tão desidratada não tem mais colonização bacteriana), tem uma
durabilidade muito longa meses ou anos. Quando precisa usar reidrata, tira da glicerina coloca
na cuba com SF e quando voltar a maleabilidade recortar e usar do mesmo jeito (posiciona e
sutura essa tecido).
Tem perfil biomecânico que é indicado, só que apesar de ser biológica é de outra espécie e
tem as mesmas ressalvas sobre rejeição.

A grande questão não é resistência e sim a boa execução da técnica e certeza que não
houve contaminação. Operando do lado do anus contaminação potencial muito grande
CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS
Primeira coisa lembra de tirar a bolsa de fumo, o embolo, e pra casa tem que ter alguns
cuidados que alguns são os gerais das cirurgias e alguns específicos

 Analgesia (dói pra caramba região bem sensível)


 Compressa fria --> inicialmente pra conter edema e ao longo dos dias morna pra que
aumente circulação sanguínea e seja mais rápido a resolução da inflamação (incha
bastante)
 Anti-inflamatórios sempre
 Amolecedores fecais e dieta rica em fibras : Uma coisa muito importante nesse período
que está inflamado, manter com a lactulona (pelo menos uns 10 dias, até tirar os pontos
e ver que está tudo em ordem) ou uma dieta específica pra que paciente não volte a
ter fezes tão firmes no começo (força, gera dor)
 ATB: prevenir infecção, cirurgia contaminada. É imprescindível no trans operatório e pós
operário
 Cuidado com ferida cirúrgica: tomar bastante cuidado. Existem alguns truques como
passar cola (fechar bem ferida e passar bem pouco de super bonder ou base de unha)
impermeabilizar pra poder cicatrizar o mais rápido possível (pensar que vai ter bastante
diarreia, tudo muito contaminado ao lado da cirurgia). O ideal seria a vetbonde cola
específica.. Uma pele bem suturada em torno de 24h já há selamento, já não está
aberto mesmo não estando totalmente cicatrizado, mas aqui 24h as vezes já é o
suficiente pra entrar contaminação.

não tem como fazer curativo nessa região, tem que ter colaboração do tutor pra fazer
higiene. Fazer lavagens e Bianca gosta bastante da rifamicina tópica spray.

 Uso de colar elisabetano: auto trauma é importante, e nos casos dos pacientes que
ficam arrastando o bumbum na parede/chão apesar de não ser bom vai ter que deixá-
los de fralda (Bianca não gosta por conta da contaminação de fezes urina, mas ficar
raspando é pior ainda)
COMPLICAÇÕES
Aqui tem uma lista bem maior

 Infecção cirúrgica: (sítio super contaminado) Incontinência fecal:


○ Lesão do nervo pudendo: depende da lesão causada. Se só pinçou ele durante a
cirurgia causando uma neuropraxia (não chega ser uma ruptura, tem capacidade

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cirurgia causando uma neuropraxia (não chega ser uma ruptura, tem capacidade
de voltar). Agora se passou fio de sutura, seccionou, atou aí essa lesão muitas
vezes é irreversível e o paciente pode ficar com incontinência fecal e urinária pra
sempre
○ Estiramento do esfíncter anal (faz uma contenção excessiva, pode alargar por
conta dessa tração).
As duas podem ser reversíveis. Esfíncter é mais comum (músculo pode ir cedendo aos
pouquinhos)

 Prolapso retal: pode acontecer exatamente pelo alargamento do esfíncter quando faz
bilateral, mas costuma ser temporária
 Disfunção urinária:
○ Lesão do nervo pudendo
 Lesão do nervo isquiático (lesão que ninguém quer viver):
Faz ligaduras entre o m esfíncter anal externo e o m elevador do anus as vezes tem que
pegar o coccídeo também. Próximo tem o ligamento sacro tuberoso (que liga o sacro a
tuberosidade isquiática)
O nervo isquiático passa por cima do acetábulo, fazendo com que haja um ponto de
proximidade da área onde estamos trabalhando com o nervo isquiático (principalmente na
parte ventral).
Uma referência muito boa pra prevenir essa lesão é o ligamento sacro tuberoso (não é
visível mas é palpável, coloca o dedo lá dentro sente uma banda bem firme), sentindo esse
ligamento sei que ali é meu limite não posso passar a agulha por trás daquilo (porque atrás é
onde está passando o nervo)
○ dor, impotência funcional, claudicação: Cachorro vai voltar com muita dor naquela
região e impotência do membro
○ Temporário x permanente (depende da lesão pode ter passado a agulha no nervo
ou estrangulado ele, passado a sutura envolta lesionando permanentemente)
 Recidiva da hérnia:
○ Erro na técnica
○ Fraqueza muscular
complicação muito comum, muitas vezes está associada a erro na técnica (não ancorou a
musculatura como deveria ou não foi tão profundo como precisava), ou fez tudo direitinho
mas a musculatura estava fraca ele pode ou ter hérnias em outro ponto ou Lacerar mesmo.
 Hérnia contra lateral: se a hérnia for lateral virar uma hérnia do outro lado.
Principalmente no pós operários pois o animal pode fazer um pouco de força

PROGNÓSTICO
 Bom, caso não haja complicações.
 Complicações permanentes x temporárias:
Se for uma infeção consegue tratar, lesão definitiva do nervo pudendo aí o prognóstico não
é bom animal fica incontinente
 Reservado em caso de retroflexão da bexiga: cirurgia mais tensa, mais risco da hérnia ser
maior, mais risco de animal estar azotemico no momento da cirurgia, de ter mais
complicação.
 Recorrência 31-45%: tem um índice grande, não é tão incomum e tá muito associado.
 Experiência do cirurgião

HÉRNIAS INCISIONAIS E TRAUMÁTICAS

Vamos falar de hérnias falsas que vem de maneira súbita e não dá tempo de ter o
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Vamos falar de hérnias falsas que vem de maneira súbita e não dá tempo de ter o
prolongamento do peritônio que é o saco herniario
Dois grupos que se assimilam mas existem suas particularidades

Hérnia pós incisão ou traumática


 Hérnias falsas
 Ausência do saco herbário
 Defeito na parede abdominal aptos procedimento cirúrgico ou secundário à trauma
(rupturas abruptas da parede abdominal, abre-se peritônio também)
Nesse caso existe a possibilidade de ter um caso de eventração e evisceração

Vai se assemelhar bastante a uma A víscera sai de dentro da cavidade


hérnia verdadeira, pele íntegra e por corporal, nesses casos sem integridade da
baixo um aumento de volume (os pele
órgãos ainda dentro do corpo ali no
SC)

EVISCERAÇÃO

 Urgência/emergência cirúrgica
 Os animais tem o instinto de comer os próprios órgãos: não é incomum
 Dor visceral: pra eles não é doloroso mastigar o órgão está muito mais associada a
distensão doq dilaceração
 Manter órgãos isolados e umedecidos até o reparo cirúrgico (tecido resseca, necrosa com
uma facilidade muito grande)
Exposição ao meio externo favorece muito a contaminação e esses órgãos ressecam muito
rápido. Primeira coisa a se fazer é embrulhar e manter umedecido.

Evisceração x prolapso
Saída de órgãos tubulares (evertidos) por aberturas naturais é o prolapso

HÉRNIA PÓS INCISÃO


Algum momento alguém abriu e na cicatrização houve uma falha

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Algum momento alguém abriu e na cicatrização houve uma falha

 Hérnias pós incisão ocorrem nos primeiros dias após a cirurgia: 3 a 7 em torno de 5 dias,
pois ainda não está cicatrizado mas tem que dar tempo essa musculatura ir laceando
 Sutura funciona como suporte primário, antes do início da síntese de colágeno: então nos
primeiros dias não deixar fazer esforço pois o que está segurando ali é a sutura
 Deiscência de pontos da musculatura parcial ou total: um espaço maior de um ponto e
outro pode acontecer é mesmo com a pele fechadinho ainda eviscera
 Eventualmente associado a deiscência de sutura cutânea:

Quando vai acontecer


 Falha na técnica cirúrgica: esqueceu de fechar musculatura, não se atentou a sutura
 Falha mecânica do material de sutura: pessoa sutura com barbante, linha de pesca
 Presença de infecção: muitas vezes por material não esterilizado, técnica não asséptica
(aí corpo tenta colocar isso pra fora em fase de cicatrização, ocorre necrose secreção
e a musculatura ainda está friável havendo abertura)
 Desnutrição (hipoproteinemia): proteína diretamente associada, síntese do colágeno.
 Fibrose retardada (hiperadreno, altas doses de corticoide) atrapalham muito a cicatrização

Muito mais comum os três primeiros do que os dois últimos.

SINAIS CLÍNICOS

EVENTRAÇÃO

 Aumento do volume no local da cirurgia (pode ser em um ponto só ou em toda


extensão)
 Secreção serosanguinolenta pela ferida
 Palpação de órgãos no espaço subcutâneo
 Palpação de defeito na parede abdominal (uma coisa mais aguda, não tem fibrose não
tem saco herniario não tem aderências por não ser algo crônico como na verdadeira)

EVISCERAÇÃO

 Descontinuidade da Pele e musculatura com visualização de órgão e tecidos internos


 Sinais de infecção local e ou peritonite podem estar presentes (vai ter dor abdominal,
vômito, choque indícios de algo mais sistêmico)

DIAGNÓSTICO

 Histórico de cirugia prévia


 Baseado na inspeção e identificação de deiscência da sutura de pele e ou musculatura
 Ultrassonografia
 Radiografia

HÉRNIAS TRAUMÁTICAS

 Secundário a traumas (que causaram uma ruptura ou de pele e musculatura ou só de


pele)
 Atropelamentos
 Feridas por mordedura
 Ferimentos incisos (por ex uma lança perfurando)

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 Histórico de trauma prévio (as vezes é mais óbvio, as vezes a pessoa não viu foi pra rua
e voltou)
○ animais resgatados em situação de risco
 Mediante a ocorrência de feridas punço-incisivas qualquer parte da musculatura abdominal
pode ser rompida (em qualquer lugar do corpo, pode ter evisceração de tórax também)
 Em caso de trauma contuso (chute, atropelamento, queda) o aumento da pressão
abdominal pode culminar em ruptura de pontos fisiologicamente mais susceptíveis (não
haverá perfuração, rompe em pontos estratégicos mais propensos a romper menos
densas como a região pré púbica)

**Região pra púbica

Gato Cão

Quando falamos de trauma havendo um impacto no abdômen, e houve aumento da pressão,


está é a região mais comum de romper. Chamamos de região tendão pré púbico ou região
pré púbica.. Pode acontecer em cães ou em gatos, mas acontece mais em gatos.
Essas duas fotos mostram a diferença:..
No cão temos o tendão pré púbico real, o músculo reto, oblíquo externo veem e formam
essa aponeurose, tendão em forma de lâmina que se insere na região do púbis. Então é
efetivamente um tendão.
Nos gatos são várias pequenas aponeuroses, não tem um tendão especificamente. Com a
pressão a musculatura solta da aderência dela ali no púbis exatamente por ter essa
característica de ser uma aderência mais sensível.
Da pra facilmente colocar e tirar essas alças do espaço que está eventrado, reduz facilmente.
Quando incisa a imagem que se vê é que apesar de a pele íntegra, já dá pra ver todos os
órgãos.

O que mais hernia nesses casos é bexiga, muitas vezes ficam com ela encarcerada tornando-
se uma urgência.
Procedimento não é fácil, região bem desafiadora (tecidos estão sempre muito edemaciados,

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Procedimento não é fácil, região bem desafiadora (tecidos estão sempre muito edemaciados,
a musculatura encurta muito rápido se não operar rapidamente tem muita tração na hora de
fechar, podem ter síndrome de compartimentalização onde os órgãos incham e não dá pra
fechar o abdômen)
Podem apresentar:

EVENTRAÇÃO (mais comum quando temos essa hérnia pré púbica)


 Aumento de volume no espaço subcutâneo
 Palpação de órgãos no espaço subcutâneo
 Palpação de defeito na parede abdominal

EVISCERAÇÃO (ferimentos punço-incisivos)


 Secreção/sacramento pelo ferimento de pele
 Descontinuidade da pele e musculatura com visualização de órgão e tecidos internos

DIAGNÓSTICO (das duas)


 Histórico
 Inspeção visual
 Ultrassonografia
 Radiografia
 Avaliar lesões concomitantes
- Uma coisa importante, ainda mais quando se fala das traumáticas, é inspecionar esse
paciente como um todo.

TRATAMENTO CLÍNICO (suporte) especialmente quando está se falando de um caso de


evisceração precisa fazer um tratamento de suporte quase que instando (não importa a
causa), animal precisa de fluido, precisa proteger as vísceras, precisa de ATB em grandes
quantidades (amplo espectro)
 ATB ex cefalexina + metronidazol (devido às anaeróbias)
 Fluidoterapia
 Proteção de vísceras e órgãos com compressas úmidas

ATENÇÃO EM CASOS DE TRAUMAS: não importa se está eviscerado ou eventrado, tem


histórico de mordedura/atropelamento etc precisa olhar pra esse paciente como um todo.
Ele pode ter hemorragia abdominal, contusão pulmonar/miocárdio, trauma crânio encefálico,
entrando em choque. Deixar de olhar pra lesão focal e olhar pro paciente no geral.

TRATAMENTO CIRÚRGICO
 Visa restabelecer a continuidade da musculatura e pele
 Limpeza da cavidade abdominal
 Limpeza e debridamento das feridas cirúrgicas
Uma vez que saiu pro meio externo está contaminando, não adianta só colocar de volta

EVENTRAÇÃO
 Incisão cutânea : Incisão na linha média ventral é mais fácil. abre a pele é diferente das
hérnias verdadeiras já vejo direto os órgãos
 Debridamento das feridas cirúrgicas e revitalização das bordas das incisões (casos crônicos)
 Realização de nova sutura em musculatura e pele
○ Ideal trocar o tipo de fio utilizado (se for uma cirurgia onde o animal já foi operado
e eventrou). Ideal trocar pra um fio mais resistente, um prolene (polipropileno) no
lugar do nylon. Recomenda se usou absorvível na primeira, utilizar não absorvível

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lugar do nylon. Recomenda se usou absorvível na primeira, utilizar não absorvível
na segunda.
○ Utilização de fios não absorvíveis
 Prognóstico bom se o tratamento for precoce e a depender das comorbidades (se tiver
fratura de pelve, muitas vezes tem luxação sacro ilíaca, fratura do próprio púbis, risco
de ter rompido a uretra por conta das fraturas na região)

EVISCERAÇÃO
 Lavagem profusa de órgãos eviscerados com solução salina aquecida : as vezes é só
epíploon ou só gordura (só ligar igual nas outras hérnias), mas muitas vezes é intestino
(aí precisa entrar preparado pra fazer enterectomia/enteroanastomose)
 Abertura e inspeção da cavidade abdominal
 Remoção de tecidos desvitalizados (sempre precisa remover tudo não adianta só voltar
pra dentro, alça intestinal tem testes pra ver viabilidade)
 Realização de nova sutura em musculatura e pele

 Prognóstico reservado a ruim (a depender do tempo)


○ Infeção/peritonite

CUIDADOS PÓS CIRÚRGICOS


 São todos que já conhecemos: ATB, analgésicos, cuidados com a ferida
 Prognóstico: vai depender do que aconteceu, como está o paciente.

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