O Ensino Da Tecnica Vocal para Criancas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

LOISILENE DA SILVA SOUZA

O ENSINO DA TÉCNICA VOCAL PARA CRIANÇAS


ATRAVÉS DE UM CORO INFANTIL EM CONTEXTO RELIGIOSO

Campo Grande, MS
2017
LOISILENE DA SILVA SOUZA

O ENSINO DA TÉCNICA VOCAL PARA CRIANÇAS


ATRAVÉS DE UM CORO INFANTIL EM CONTEXTO RELIGIOSO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Música –
Licenciatura - Habilitação em
Educação Musical, da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul como
obtenção do título de Licenciada em
Música.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia
Iara Gaborim Moreira

Campo Grande, MS
2017
LOISILENE DA SILVA SOUZA

O ENSINO DA TÉCNICA VOCAL PARA CRIANÇAS


ATRAVÉS DE UM CORO INFANTIL EM CONTEXTO RELIGIOSO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Música –
Licenciatura - Habilitação em Educação
Musical, da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul como obtenção do
título de Licenciada em Música.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Iara
Gaborim Moreira

Campo Grande, MS, ____de _____________de 2017

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________________________________
Prof.ª Drª. Ana Lúcia Iara Gaborim Moreira (Orientadora)
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

________________________________________________________________
Prof.ª M.ª Mariana de Araújo Stocchero
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

________________________________________________________________
Prof.º Me. Pieter Rahmeier
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
AGRADECIMENTOS

Ao grande autor da vida, soberano Deus, por me sustentar e capacitar na execução deste
trabalho.

À minha orientadora Prof.ª Drª. Ana Lúcia Iara Gaborim Moreira, por aceitar fazer parte
dessa pesquisa, compartilhando seus conhecimentos e experiências que enriqueceram a minha
aprendizagem acadêmica.

À banca examinadora, composta pela Prof.ª M.ª Mariana Stocchero Prof.º Me. Pieter
Rahmeier, pela disponibilidade de fazerem parte desta banca, e contribuições à pesquisa.

Ao pastor Josiel Peixoto, por apoiar e incentivar o projeto do coro infantil na Igreja
Adventista da Promessa.

Às monitoras e amigas Vera Lúcia e Alzana Almerinda, que foram peças fundamentais para
o desenvolvimento desta pesquisa e do coro. Palavras não podem expressar o quanto sou grata pela
ajuda de vocês.

Aos pais e responsáveis das crianças que participam do coro, pela aceitação e apoio.

A todas as crianças que participaram do coro Joias de Cristo, pois sem elas todo esse
trabalho não teria sentido.

Aos professores do curso de Música que fizeram parte da minha trajetória musical, através
de quem pude obter conhecimentos que fizeram e fazem total diferença na minha vida.

Aos entrevistados dessa pesquisa, muito obrigada pela disponibilidade.

Ao meu esposo, Marcos, por me incentivar, pela infinita paciência e apoio.

À minha mãe, pelo grande apoio, paciência e ajuda nas minhas correrias diárias. Com o seu
companheirismo, pude desenvolver essa pesquisa com mais tranquilidade.

Aos meus colegas e amigos do curso, que me incentivaram e auxiliaram em minha jornada
acadêmica. Com a ajuda de vocês, tudo ficou mais leve.
Dedico este trabalho a minha mãe, Alzana,
minha melhor amiga e companheira, e ao meu
esposo, Marcos. Obrigada pelo apoio
incondicional e em todos os momentos.
RESUMO

Esta pesquisa visa investigar o desenvolvimento do canto infantil por meio da prática coral.
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas áreas da Regência Coral Infantil e do
Canto, buscando fundamentar os princípios da técnica e saúde vocal aplicados à voz infantil. É
importante ressaltar que a pesquisa teve enfoque na aplicação desses princípios utilizando o
repertório já desenvolvido no contexto da educação religiosa, ou seja, buscando construir maneiras
de se cantar músicas já conhecidas de forma mais coerente e saudável. O trabalho se caracteriza
como uma pesquisa-ação, na medida em que a pesquisadora atua também como regente,
conduzindo e ao mesmo tempo analisando o processo prático que é objeto de estudo da pesquisa.

Palavras-chave: técnica vocal, voz infantil, coro infantil.


ABSTRACT

This research aims to investigate the development of children's singing through choral
practice. Initially, a bibliographical research was conducted in the areas of Choral Conducting and
Singing, to base the principles of vocal health and technique applied to children's voices. It is
important to emphasize that the research had a focus on practice, following this principles and using
a repertoire already developed in the context of religious education, that is, aiming to construct
ways of singing already known songs in a more coherent and healthy way. The work will be
characterized as an action research, to the extent that a researcher also acts as conductor, analyzing
the practical process that is object of study of this research.

Keywords: Vocal technique, children's voice, children's choir.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Partituras dos trechos musicais utilizados...........................................................................22


Figura 2: Partitura de Epo i Tai Tai ê.................................................................................................33
Figura 3: Partituras dos Vocalizes......................................................................................................37
Figura 4: Partitura “Sou um soldadinho de Jesus”.............................................................................38
Figura 5: Partitura “O sabão”.............................................................................................................38
Figura 6: Partitura “Esconde-esconde”..............................................................................................39
Figura 7: Partitura “Minha confiança”...............................................................................................40
Imagem 1: Orientação da regente aos alunos.....................................................................................44
Imagem 2: Brincadeira “Escravos de Jó”– momento da interação....................................................46
Imagem 3: Preparação corporal..........................................................................................................47
Imagem 4: Explicação dos vocalizes..................................................................................................49
Imagem 5: Piquenique realizado na “Hora do lanche”.......................................................................50
Imagem 6: Momento do repertório dinâmico.....................................................................................52
Imagem 7: Apresentação do coro no culto.........................................................................................53
Imagem 8: Crianças cantando e fazendo gestos.................................................................................54
Imagem 9: Vocalização inicial - imitando o som do telefone............................................................55
Imagem 10: Brincadeira da criança solista – momento do repertório................................................56
Imagem 11: Apresentação da música “Sou um soldadinho de Jesus”...............................................57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Perfil das crianças............................................................................................................. .18


Tabela 2: Características da voz infantil............................................................................................27
Tabela 3: Extensão e tessitura vocais infantis...................................................................................29

ABREVIATURAS

IAPCG – Igreja Adventista da Promessa de Campo Grande


UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

1. CANTO CORAL - CONTEXTO RELIGIOSO DA IGREJA ADVENTISTA DA


PROMESSA (IAP) ....................................................................................................................... 14

1.1. O coro infantil da Igreja Adventista da Promessa do Jardim Nhánhá –


condições iniciais ................................................................................................................................. 16

1.2. Perfil das Crianças ....................................................................................................... 16

2. DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA VOCAL ...................................................... 24

2.1. Importância da técnica vocal ..................................................................................... 24

2.2. A voz infantil ................................................................................................................. 24

2.3. Tessitura e extensão vocal infantil ........................................................................... 26

2.4. Processo de aprendizagem do canto pela criança................................................. 30

2.5. Brincadeiras no coro ................................................................................................... 31

2.6 Respiração ...................................................................................................................... 33

2.7. Vocalizes – Estratégias ................................................................................................ 35

2.8 Repertório ...................................................................................................................... 37

3. PESQUISA-AÇÃO - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS ENSAIOS .......................... 41

3.1. Relatórios ...................................................................................................................... 42

3.2. Análise dos Relatórios ................................................................................................ 58

3.2.1. Dificuldades .................................................................................................................. 59

3.2.2. Avaliação dos demais envolvidos no projeto: monitoras e pais........................ 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 63

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 65

APÊNDICE ........................................................................................................................... 67
ANEXO ................................................................................................................................. 70
11

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa aborda a realização de um trabalho prático na área da técnica vocal infantil,
com o aporte de um referencial teórico consolidado. A partir desta proposta, um coro infantil foi
iniciado e investigado em um contexto religioso, tendo o objetivo de desenvolver noções de música
e de saúde vocal para crianças de modo didático e ao mesmo tempo, com resultados eficazes.
A música se faz presente nas igrejas como parte da liturgia dos cultos, sendo utilizada em
vários momentos, como em hinos congregacionais (toda a igreja canta), solos (músicas cantadas
individualmente), ou louvores em grupo. É também utilizada como ferramenta no aprendizado de
princípios bíblicos e da doutrina cristã. Isto nos leva a compreender a igreja não apenas como um
lugar de se prestar culto, mas também um ambiente de educação musical.
Assim como outros colegas do curso de Licenciatura em Música, a minha experiência
musical inicial vem deste contexto. No meu caso, com apenas três anos de idade, já era incentivada
por minha mãe a me apresentar à frente da igreja, cantando pequenos louvores previamente
ensaiados, ensinados por ela. Com o passar dos anos, comecei a desenvolver o canto com ainda
mais seriedade e compromisso, estabelecendo horários para ensaiar o repertório de louvores. Com
base nisso, posso afirmar que esse estímulo inicial foi peça fundamental para a escolha da música
como profissão.
A reflexão sobre o modo como a música tem sido transmitida na formação inicial das
crianças, principalmente por leigos no âmbito religioso, me levou a detectar um problema que
precisa ser discutido. Sabendo que o mau uso da voz pode causar sérios danos fisiológicos, o canto
é uma prática que precisa ser refletida, discutida e ensinada. Além disso, uma aprendizagem
deficiente também é prejudicial ao processo de formação musical. Nesse sentido, Carnassale (1995)
afirma que:
quando se trata de ensinar canto a crianças isto significa, no mínimo, manter sua
saúde intacta, e no máximo, desenvolver suas potencialidades de forma a conseguir
o maior resultado com o menor esforço físico. Para deixar bem claro: a eficiência
está relacionada com desempenhar uma tarefa da melhor maneira possível, ou seja,
atingir o melhor resultado com o mínimo de esforço (...) de forma a ser ao mesmo
tempo eficaz e eficiente (CARNASSALE, 1995, p.19).

Como justificativa para a realização desta pesquisa, parte-se do fato de que por alguns anos
tenho trabalhado no âmbito religioso como professora, no estudo e ensino da bíblia para crianças -
isso acontece nas chamadas Escolas Bíblicas, que envolvem também a prática de cantar. Contudo,
12

esse canto que em geral é musicalmente descompromissado, acaba resultando em situações nas
quais o cantar acaba se afastando dos ideais de saúde e técnica vocal e de uma realização musical
convincente.
Através da observação do modo de como as crianças cantavam, detectei algumas fatores que
prejudicavam a entonação, como: timidez excessiva; falta de controle na respiração; afinação1
imprecisa; falta de noção rítmica e postura corporal inapropriada para o canto. Contudo, considerei
que esses problemas poderiam ser solucionados, com o ensino da técnica vocal. Então, foi criado o
objeto de estudo dessa pesquisa, o Coral Infantil da Igreja Jardim Nhánhá; onde inicialmente
dezenove crianças se inscreveram.
Com a realização desta pesquisa buscamos contribuir, de forma prática, para que os coros
infantis nas igrejas possam ser aperfeiçoados, usando o repertório de músicas que as crianças já
ouviram e/ou cantaram na Escola Bíblica. Desta forma, o foco não está no aprendizado de uma
canção, ou seja, de seus elementos textuais, rítmicos e melódicos, mas no modo como se canta. A
nosso ver, a prática vocal orientada dessa maneira pode produzir satisfação e principalmente o
conhecimento da saúde e da técnica vocal pelas crianças. Buscamos, através de jogos musicais,
construir a interação das crianças coralistas e desenvolver exercícios técnicos para que elas tenham
consciência do processo respiratório envolvido no canto e consequentemente, entoem melhor o
repertório estabelecido. A ludicidade também é utilizada nesse processo como forma de motivar as
crianças a participarem ativamente do coro e se envolverem com o trabalho musical.
O trabalho é caracterizado como uma pesquisa-ação, na medida em que a pesquisadora atua
também como regente, conduzindo e ao mesmo tempo analisando o processo prático que é objeto
de estudo da pesquisa. Como procedimento metodológico, os ensaios do coro infantil foram
realizados entre junho e outubro de 2016 e foram filmados, para uma melhor análise das ações
desenvolvidas. Os pais das crianças foram informados de que haveria filmagem para fins de
pesquisa e autorizaram a divulgação de imagens para a publicação deste trabalho. Durante a
realização da pesquisa foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com as crianças-coralistas,
que participam do grupo em questão neste trabalho.
Como principais referenciais teóricos para o trabalho, foram selecionados alguns autores:
Leda Osório Mársico (1979) e Gabriela Carnassale (1995) contribuem como referências sobre a voz
infantil e a técnica vocal específica para esse público. Gaborim-Moreira (2015) será referência em

1
Neste trabalho, quando mencionamos a “afinação”, estamos nos referindo a entoar as notas musicais com precisão
absoluta (La3= 440 Hertz)
13

temas ligados à regência de um coro infantil, englobando a metodologia de pesquisa nessa área.
Maria José Chevitarese (2007) e Vivian Carvalho (2007) também contribuem para análise do perfil
dos participantes do coro que foi feita neste trabalho; Gois (2015), em sua dissertação, discorre
sobre a ludicidade no coro infantil.
O trabalho foi dividido em três capítulos: no primeiro, buscamos contextualizar o ambiente
onde se realizou o trabalho com o coro infantil; traçamos um perfil vocal e uma análise das
experiências e conhecimentos musicais das crianças participantes ao iniciar esse trabalho, com o
aporte do referencial teórico.
O segundo capítulo aborda essencialmente a voz infantil e o desenvolvimento da técnica
vocal, introduzindo e explicando como se realizam brincadeiras, vocalizes, respiração para o canto e
repertório para coro infantil.
Para finalizar, no terceiro capitulo são apresentados os relatórios descritivos dos ensaios
realizados com o coro infantil da Igreja Adventista da Promessa, objeto de estudo dessa pesquisa,
fazendo uma análise geral das atividades desenvolvidas, do envolvimento e comprometimento dos
participantes e expondo os resultados obtidos, assim como as dificuldades enfrentadas.
14

1. Canto Coral - contexto religioso da Igreja Adventista da Promessa (IAP)

O campo de pesquisa incide sobre o contexto religioso da Igreja Adventista da Promessa.


Essa denominação nasceu na cidade de Paulista, Estado do Pernambuco, em 24 de Janeiro de 1932,
através do pastor João Augusto da Silveira, e chegou até Campo Grande (MS) no ano de 1969, no
Jardim Nhánhá. Essa igreja passou a ser denominada Primeira Igreja Adventista da Promessa de
Campo Grande (IAPCG) e com o passar dos anos, a igreja se expandiu em alguns bairros da
cidade, sendo eles Vila Almeida, Vila Antunes, Vila Kelly, Jardim Aero Rancho, Vila Nova
Capital, Central – 26 de Agosto - e Bairro Dom Antônio. Atualmente, a IAPCG conta com cerca de
200 membros.
A música na igreja, além de enriquecer o culto, tem a função de proporcionar aos fiéis a
adoração e a comunhão com Deus. Tradicionalmente, são utilizados livros de cânticos nas
celebrações, como material de apoio para os músicos. Segundo Silveira et. al., (2002, p. 237), “a
igreja elaborou uma coletânea de hinos tradicionais da Igreja Cristã, acrescidas de alguns hinos de
autoria promessistas, formando-se o hinário Brados de Júbilo” - que contém 539 hinos. Além desse
hinário é também utilizado o livreto “Alegres Cânticos”, com 50 hinos.
O Ministério de Louvor da IAPCG é o grupo responsável pela preparação dos cânticos que
fazem parte do culto. Além do hinário e livreto já citados, outras músicas são selecionadas
criteriosamente em CDs de grupos gospel como “Geração Metanóia”, “Diante do Trono,”
“Renascer Praise”, entre outros. O tempo total destinado à música em cada culto varia entre trinta e
quarenta minutos. A igreja dispõe de instrumentos musicais como: bateria, violão, guitarra e baixo
elétrico, que são utilizados principalmente pelos jovens e adolescentes do Ministério de Louvor e
acompanham a igreja no canto litúrgico.
Buscando investigar a história da atividade coral na igreja em que esta pesquisa se insere,
colhemos depoimentos de alguns membros da igreja, segundo os quais, existiu um grande coral
adulto no ano de 1987 – porém, não se tem registros que documentem a sua existência. Os membros
da igreja relataram que o regente precisou mudar de cidade e o coro ficou inativo um longo período.
Na tentativa de manter a tradição coral na igreja, foram contratados regentes de outras comunidades
que trabalharam por alguns anos, no entanto, por problemas pessoais desses regentes, não foi dada
continuidade ao coro.
No ano de 2007, nasceu o Coro Arca da Aliança, constituído por aproximadamente vinte
jovens. Este coro teve duração ativa por dois anos, entretanto o regente que residia em Nova
15

Alvorada do Sul – MS, precisou mudar para uma cidade ainda mais distante, assim finalizando a
existência do último coro presente na IAPCG.No que se refere a Coros Infantis na IAPCG, até o
ano de 2016 não existia nenhum grupo formado. Porém, as crianças lideradas pelas professoras da
escola bíblica se reuniam periodicamente para ensaiar e cantar em datas comemorativas.
Conforme já citado, existem oito igrejas Adventistas da Promessa na cidade de Campo
Grande, inclusive a da Vila Nhanhá, e para coleta de dados relativos à atividade coral nessas igrejas,
foi feita uma breve entrevista com seus respectivos líderes de ministério de louvor. A pergunta
elaborada foi a seguinte: “Na igreja em que você atua existe um coral infantil, juvenil ou adulto? Se
não têm, qual seria o possível motivo? ”
Dentre as sete igrejas consultadas2, cinco responderam que não tem coral infantil, juvenil ou
adulto. Quatro justificaram que o maior empecilho para não terem coral é a falta de alguém
capacitado e especializado para liderar a atividade; semelhantemente, uma afirmou que até o
momento ninguém se manifestou para tomar a iniciativa. Constatou-se que apenas em duas igrejas
existem coros, liderados por regentes com formação musical superior. Na Igreja 1 existe um coro de
homens, criado recentemente, liderado por uma pianista que é graduanda em
Licenciatura/Habilitação em Educação Musical na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
UFMS; também existe um coral infantil liderado por uma pessoa não especializada na área, sendo
que os ensaios acontecem no horário da Escola Bíblica. Segundo a entrevistada, esses ensaios
ocorrem com mais frequência quando há uma programação especial próxima. No coro masculino,
os ensaios são realizados aos sábados, com duas horas de duração. A regente, na entrevista
concedida para esta pesquisa, explica sobre sua rotina de trabalho com o coro e relata que a
preparação vocal faz parte dos ensaios: "fazemos aquecimentos respiratório e vocal sempre que
iniciamos. Toma um bom tempo, mas traz bons resultados" (Apêndice, p. 64).
Na Igreja 2 também existem dois coros, liderados por uma regente que é bacharel em
Música Sacra pelo Seminário Teológico Batista do Oeste do Brasil (STBOB), sendo um
infantojuvenil de 07 a 11 anos – “Coro Nova Geração” - e um coro de mulheres - “Adorai”. A
regente relatou que a falta de tempo é uma realidade complicada para o ensaio do coro
infantojuvenil, pois o ensaio acontece após a Escola Bíblica, durante o culto, tendo como duração
de ensaio somente 30 minutos. em média. Diante disso, a regente lamenta: “ultimamente, fazemos
só o básico... Por exemplo, não faço vocalizes e brincadeiras rítmicas. Por não ter tempo
suficiente”. (Apêndice, p. 65)

2
As entrevistas realizadas com membros das igrejas se encontram em apêndice a este trabalho.
16

1.1. O coro infantil da Igreja Adventista da Promessa do Jardim Nhánhá – condições iniciais

A IAPCG possui alguns departamentos que colaboram em sua organização e um desses


departamentos é o infantil, que abrange as crianças entre 0 e 12 anos. Segundo Silveira et al. (2002,
p. 144), no livro “Marcos que Pontilham o Caminho”, “em 22 de março de 1997 foi então
oficializado o DIJAP – Departamento Infanto-Juvenil Adventista da Promessa”. Esse ministério tem
a função de direcionar as crianças no estudo da Bíblia, e segundo este mesmo autor, suas principais
responsabilidades são: “determinar diretrizes de orientação para as lideranças infanto-juvenis da
IAP, desenvolver métodos adequados de ensino e aprendizagem, elaborar materiais didáticos, com
conteúdo apropriado, a serem utilizados no ensino infanto-juvenil” (id, p. 145). Há
aproximadamente quarenta e cinco crianças pertencente ao DIJAP na IAPCG; entre as atividades
rotineiras deste grupo, estão a participação na Escola Bíblica e em eventos nas datas comemorativas
- como dia dos pais, dia das mães, dia do pastor, entre outras.
Foi nesse contexto que se propôs um trabalho com coro infantil. Com o apoio do pastor
responsável pela IAPCG, foram instituídos dia e local para os ensaios do coro e se iniciou o
processo de divulgação do trabalho, nos cultos dos adultos e na Escola Bíblica, junto às crianças.
Estabeleceu-se uma faixa etária inicial para participação das crianças - entre quatro e dez anos - que
constituía também a faixa etária atendida pela Escola Bíblica. Formou-se uma equipe de trabalho
para os ensaios, contando com a participação de uma professora da Escola Bíblica e outras duas
voluntárias, membros da igreja.
Foi realizada uma reunião com os pais das crianças interessadas, em dia e local determinado,
antes que se começassem os ensaios. Explicou-se que o trabalho realizado seria parte de um
trabalho de pesquisa acadêmica. As inscrições para o grupo foram feitas diretamente com a regente
e nessa ocasião os pais receberam um termo de compromisso (em anexo, p. 68) para ser preenchido
e assinado, e assim, efetivar a participação das crianças no coro.

1.2. Perfil das Crianças

Conhecer o perfil das crianças e observar o meio em que vivem é fundamental para que se
tenha uma visão mais aprofundada de suas ações e pensamentos. Segundo Hargreaves e Marshall,
“compreender como as pessoas se veem possibilita entender o comportamento musical de uma
perspectiva ‘interna’, por meio de suas próprias experiências, e não de uma perspectiva tradicional,
17

a visão ‘externa’ de suas habilidades” (HARGREAVES e MARSHALL, 2003, p. 273 apud


CARVALHO, 2007, p. 5).
Para isso, no nosso primeiro encontro com as crianças com as quais iríamos trabalhar, houve
a realização de entrevistas semiestruturadas, com base na pesquisa de doutorado realizada por
Gaborim-Moreira (2015, p. 361). Buscamos traçar um perfil inicial do coro, para podermos planejar
melhor as atividades a serem desenvolvidas - com base nas capacidades e necessidades das crianças
participantes - e para haver a compreensão do processo de aprendizagem musical das crianças ao
longo do trabalho.
As entrevistas foram realizadas individualmente, com 16 crianças que vieram a se tornar
participantes do coro, e seus depoimentos foram registrados em arquivos de áudio. Como
procedimento metodológico, utilizamos o mesmo questionário elaborado por Gaborim-Moreira
(2015, p. 355), que se apresentou compatível com os objetivos desta pesquisa. Pode-se observar que
as questões elaboradas são bem simples e de fácil compreensão, sendo elas:
1. Como você se chama? Quantos anos você tem?
2. Por que você quis vir participar do coro infantil?
3. O que você acha que nós vamos fazer no coro?
4. Você pode cantar um “pedaço” da música que mais gosta?
5. Onde você aprendeu essa música?
6. Onde você canta essa música?
7. Você se lembra de alguma música que você canta desde que era pequeno(a)?
8. Você pode cantar “parabéns à você”?
9. Vou cantar algumas notas e queria que você cantasse igualzinho a mim, quero dizer, que
você me imitasse. Tudo bem?
Em relação a essa última questão, , consideramos: afinação precisa, quando a repetição
melódica cantada apresenta 100% de acertos; quase precisa, quando a quantidade de acertos é
maior que a de erros; não precisa ou imprecisa quando há imitação do contorno melódico, porém
sem precisão das alturas ou definição tonal; precisão no registro médio-grave (quando não se
consegue entoar com precisão somente os sons agudos), ou sem melodia (texto rítmico falado).
Esse esquema de avaliação, denominado diagnose vocal, está embasado no trabalho do pesquisador
e regente Paulo Rubens Moraes Costa (2005, apud Gaborim-Moreira, 2015, p.354).
A seguir, apresentamos as respostas da entrevista, em forma de tabela para uma análise mais precisa
e completa dos dados:
18
Nome e Porque quis O que acha Que Onde aprendeu Onde Que música Cante “Parabéns a Imitação de notas
idade participar do que vamos música essa música? canta canta desde você” ...
coro? fazer no mais essa pequeno (a)?
coro? gosta? música?

A., 5 “Porque eu “Cantar A criança “Não lembro”. Na igreja “Não lembro” Início em Si bemol2. Afinação não precisa e com
gosto de Deus uma disse que e em casa. Alguns saltos acréscimo de mais vogais.
e gosto de música” não se imprecisos. Mas
cantar” lembrava finalizou na altura que
do nome iniciou.
A.J., 8 “Ah, porque “Cantar” “A minha “Na escolinha Na igreja “Fecho meus Início em Si bemol2. A criança apresentou muita
eu achei legal confiança” bíblica” e em casa. olhinhos” Afinação precisa. timidez nessa parte. A
participar”. Encerrou a música em afinação foi imprecisa, não
Si bemol 2. conseguia concluir os
vocalizes.
B.V.,5 “Porque eu “Cantar e “Aleluia, “Aprendeu em Em casa, “Boi da cara Início em Si. Afinação Afinação muito precisa, mas
queria cantar, ensaiar, tipo aleluia” casa” e na casa preta” precisa com respiração com som nasal.
ser famosa, ser isso”” do tio. no meio das palavras.
igual todo Término em Si.
mundo que
canta, ser
bonita! ”
H., 7 “Porque eu “Cantar” “Aos olhos “Na escola Escola, “Não lembro” Início em Si, finalizou Afinação quase precisa, com
acho legal” do Pai” quando foi fazer em casa. em Dó. Afinação quase dificuldades nas notas agudas.
a apresentação precisa.
do dia das
mães”
Lu., 4 “Porque você “Cantar, “Tú és “Na minha Na igreja, “Homenzinho Iniciou e terminou em Afinação precisa no exercício
me chamou brincar” santo” igreja velha, lá em casa. torto” Dó. Afinação quase de salto de 8ª. Em um dos
para no Rio de precisa, mas encerrou exercícios ele priorizou muito
participar” Janeiro” falando no ritmo. a consoante “L” e ficou muito
falado; em outro, fez
portamentos.
L.R., 5 “Porque sim, “Cantar, “Raridade” “Minha mãe e a Canta em “Não lembro” Início em Si e término Afinação quase precisa, em
gosto de brincar” minha vó que qualquer em Ré. Afinação quase apenas um exercício fez notas
cantar” me ensinou” lugar precisa, troca a vogal a mais e fugiu da altura.
“R” por “L”.
R., 4 “Porque “Ensaiar” “Prepara” “No meu carro” “No meu “Não lembro” Início em Dó e Afinação precisa, a voz estava
minha mãe carro” terminou em Dó. bem colocada.
mandou e eu Afinação muito precisa.
gosto”
19

Nome e Porque quis O que acha Que Onde aprendeu Onde Que música Cante “Parabéns a Imitação de notas
idade participar do que vamos música essa música? canta canta desde você” ...
coro? fazer no mais essa pequeno (a)?
coro? gosta? música?
“Porque eu “Cantar” “Pai nosso “Aqui, na Na igreja “Mamãe” Início em Dó e término Tentou imitar o contorno
L.S., 6 gosto de que estás escolinha e em casa. em Dó. Alguns saltos melódico, mas foi imprecisa
cantar e minha no céu” bíblica” imprecisos. Tem um nas notas mais graves do
mãe deixa” pouco de dificuldade exercício descendente de
em pronunciar as terças. Realizou com precisão
palavras também. o exercício de 8ª.
S., 9 “Eu acho “Cantar” “Meu Minha tia “Em casa” “Raridade” Estava bem tímida. Mas A primeira reação foi dizer
muito legal barquinho” baixou no meu conseguiu iniciar “eu não sei fazer isso”.
vim aqui, na HD” sozinha, na nota Si Tentou, mas a afinação não
casa de Deus” bemol2 e finalizou na foi precisa.
mesma nota. Com
dificuldades de entoar
as notas agudas.
I., 6 “Porque Deus “Cantar” “Raridade” “Em casa com “Em casa” “Deus não me Inicio em Si2 e término Cantou em uma afinação mais
é bom, meu vô” deixou”. em Dó3. grave e não precisa, alterando
Afinação imprecisa. o ritmo da melodia.
L., 6 “ Porque eu “Cantar” “Dai “ Na igreja em Cantava “Não sei” Inicio em Dó3 e Afinação imprecisa,
queria cantar Louvor” São Paulo” em São término em Dó3. principalmente no finalzinho
na presença de Paulo Afinação quase precisa, das melodias.
Deus” com os agudos
totalmente imprecisos.
G., 9 “Eu? Eu não “Cantar” A criança “não sei” Canta em “Não lembro” Disse que estava Afinação quase precisa.
quis não... disse que casa esquecendo de tudo. Estava bem tímido, mas
Minha mãe se Ajudei a lembra-lo. conseguiu ter clareza na
que me esqueceu Cantou com afinação entonação.
colocou!” precisa. Iniciou e
terminou em Si2.
J. V., 9 “Porque eu “Cantar” “Tú és “ Na igreja” “Na igreja “ Aí eu já não Inicio em Lá bemol2. Cantou as notas em uma
gosto de santo” e em sei, hein...” Afinação imprecisa, não região mais grave do que a
cantar” casa” conseguia cantar na proposta, e não conseguiu
região aguda. realizar os saltos propostos na
melodia. Afinação imprecisa.
20

Nome e Porque quis O que acha Que Onde aprendeu Onde Que música Cante “Parabéns a Imitação de notas
idade participar do que vamos música essa música? canta canta desde você” ...
coro? fazer no mais essa pequeno (a)?
coro? gosta? música?
R., 8 “Porque eu “Cantar” “Primeira “ Em casa “ “Em casa” “ Não lembro” Muito tímida, com a Afinação quase precisa, no
gosto de pedra” mão na boca, e a voz final da melodia mais longa
cantar” bem baixa. Iniciou em aumentou algumas notas na
Lá2 e terminou em Lá frase melódica.
bemol2. Cantou em um
andamento muito
rápido.
Em algumas partes, sem
melodia - só falando no
ritmo.
L. R., 8 “ Eu gosto de “Ensaiar” “Se você “Na escolinha “Igreja e “ Esqueci” Afinação quase precisa, Afinação precisa; no exercício
cantar” fizer com bíblica” em casa” dificuldades nos saltos, mais longo, faltou cantar a
o coração” mas com uma boa última nota.
dicção. Iniciou e
terminou em Si2.

L.R.,9 “Porque é “Cantar” “ Pai nosso “Escolinha “ Igreja e “Três Inicio em Lá bemol2 e Iniciou em uma região mais
legal cantar” que estás Bíblica” em casa” palavrinhas término em Si bemol 2. grave que a proposta em todas
no céu” só”. Afinação quase precisa. as melodias. Tentava fazer o
contorno melódico, mas a
afinação não foi precisa.

TABELA 1: Perfil das crianças. Fonte: GABORIM-MOREIRA 2015, adaptado pela autora.
21

Analisando as respostas das crianças, pudemos chegar aos seguintes resultados:


Na questão 2, dentre as 16 entrevistadas, apenas uma respondeu que estava lá
“porque a mãe mandou” e outra, porque a regente a tinha convidado. O restante das
respostas se dividiu entre “gosto de cantar” e “acho legal participar”. Uma das crianças
disse que estava participando pois queria ser famosa, “bonita como todo mundo que
canta”.
Na questão 3, apenas duas crianças esperavam brincar no coro, as demais não
tiveram essa expectativa, afirmando que esperavam cantar e ensaiar.
As questões 4 a 7 traziam em si o objetivo de traçar um perfil da voz das
crianças, analisando não só suas vozes, mas também o contexto em que houve a
aprendizagem da música que elas têm como referencial, incluindo o lugar onde
costumam cantar. Nesse sentido, levamos em conta que o meio em que a criança vive
influencia em seus comportamentos e ações, e também em seu aprendizado musical. A regente
Maria José Chevitarese, em sua tese de doutorado, corrobora que:

o comportamento do ser humano se molda pelos padrões culturais e


históricos dos grupos sociais a que pertence. Vinculado aos padrões
coletivos dos meios por onde circula (família, escola, igreja, amigos,
grupos de lazer, entre outros), ele desenvolve sua maneira pessoal de
pensar, imaginar, agir e reagir às situações, enfim, seu modo de ver e
viver a vida, sua individualidade (CHEVITARESE, 2007, p.21).

Em geral, as crianças afirmaram que cantam na igreja, na escola bíblica, em


casa, na escola, no carro e “em qualquer lugar” (R., 8 anos). Do mesmo modo, a forma
de aprendizado da música que elas citaram também se insere nesse contexto.
As músicas citadas pelas crianças como as que mais gostam de cantar, estão
quase todas vinculadas ao meio religioso, sendo: “Eu ponho em Deus a minha
confiança”, “Aleluia”, “Aos olhos do Pai”, “Tú és Santo”, “Meu barquinho”,
“Raridade”, “Meu barquinho”, “Pai nosso que estás no céu”, “Dai Louvor”, “Primeira
pedra”, “Se você fizer com o coração”, “A minha confiança”. Apenas uma das crianças
citou uma música secular, muito conhecida no mundo midiático: “Prepara” (na verdade,
a criança se referia à música “Show das Poderosas”, da cantora Anitta).
Nove crianças não se lembravam de músicas que haviam aprendido quando
pequenas (questão 7). As demais crianças citaram músicas religiosas: “Fecho os meus
olhinhos”, “Homenzinho Torto”, “Mamãe”, “Raridade”, “Deus não me deixou”, “Três
palavrinhas só” – todas, de influência religiosa. Somente uma das crianças respondeu
“Boi da cara preta”, uma música folclórica.
22

Na questão 8, no que se refere à elaboração da questão, Gaborim-Moreira afirma


ter pensado “em uma canção que fosse muito conhecida pelas crianças, que estivesse
presente em seu cotidiano” (2015, p. 351). Assim a música “Parabéns á você” foi
escolhida para o questionário, pois espera-se que todas as crianças nessa faixa etária, em
algum momento de suas vidas, tenham ouvido ou cantado essa canção. Isso foi
comprovado nesta pesquisa, pois todas as crianças cantaram a música. Algumas se
mostraram mais tímidas, mas todas já conheciam a canção.
A nota inicial que as crianças intuitivamente escolheram para cantar “parabéns á
você” se localizava em torno de Si2 e Si bemol2; três crianças iniciaram entre Lá2 e Lá
bemol2 e quatro crianças, em Dó3. A maior dificuldade das crianças se encontrou nos
saltos da melodia: apenas duas das crianças cantaram os intervalos com a afinação
precisa. Uma das crianças iniciou cantando a melodia, mas finalizou falando o texto no
ritmo. As maiores dificuldades apontadas foram nas notas agudas, nos saltos e na dicção
das crianças.
Por fim, na questão 9, para avaliar a percepção e memória musical das crianças,
foram expostas três melodias para que elas reproduzissem por imitação, as quais são
embasadas por Welch (apud Gaborim-Moreira, p.353):
1) 2)

3)

FIGURA 1: Partituras dos trechos musicais utilizados.

Algumas crianças cantaram em uma região mais grave que a proposta e também
não conseguiam executar os saltos. Assim, as vozes de oito crianças foram avaliadas
como “não precisa”, quatro como “quase precisa” e as demais, “precisas”.
23

Após a realização das entrevistas com os 16 participantes inscritos e entrega de


termo de compromisso, quatro crianças ainda solicitaram participar do coral, de forma
que não participaram da análise de dados realizada por meio das entrevistas. Mas houve
a certificação de espontaneidade das crianças para a participação no coro.
É interessante registrar que houve a procura de uma criança com idade acima da
faixa etária estabelecida. Foi explicado aos pais e à menina o critério de delimitação da
faixa etária, inclusive por conta do repertório. Houve insistência da família e a criança
foi matriculada, porém ela demonstrou que não se situava no trabalho desenvolvido no
coro e desistiu no penúltimo ensaio, que antecedeu a apresentação final.
Através dos dados da pesquisa, pôde-se principalmente direcionar o trabalho da
técnica vocal, concluindo que a principal dificuldade estava em afinar os intervalos de
saltos e entoar notas agudas. A análise da tabela também contribuiu na estruturação do
ensaio para assim buscar atender às expectativas das crianças.
24

2. DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA VOCAL

2.1. Importância da técnica vocal

Pode-se afirmar que o cantar é um hábito muito comum em nosso país, inclusive
entre as crianças: canta-se em casa, na escola, em reuniões sociais, entre amigos, enfim,
em diversos lugares ou momentos se pode cantar, inclusive nas igrejas.
Consequentemente, o canto é aprendido pelas crianças desde muito cedo, estando
relacionado à sua rotina diária.
Desta maneira, o cantar parece ser fácil e simples demais para que precise ser
estudado. Porém, há um equívoco neste pensamento comum, pois a voz faz parte do
nosso corpo, e embora seja um instrumento acessível e sua utilização seja intuitiva na
maioria dos casos, é preciso orientação profissional para que seja utilizada de modo
saudável. Para isso é que se desenvolve o trabalho de técnica vocal, e através dela se
tem um desenvolvimento consciente da voz, podendo assim adquirir-se melhor
conhecimento do trato vocal e evitar abusos vocais que poderão danificar o aparelho
fonador. Carnassale reitera essa concepção, afirmando que

a técnica vocal, quando bem utilizada, possui caráter profilático contra


o mau uso da voz porque desenvolve hábitos saudáveis, que
proporcionarão um cantar com qualidade e expressividade
(CARNASSALE, 1995, p.23)

No caso do trabalho com vozes infantis, é exigido um cuidado ainda maior, por
se tratar de vozes em desenvolvimento.

2.2. A voz infantil

Para que se possa entender a voz infantil de maneira mais aprofundada, serão
expostas algumas fases do desenvolvimento vocal das crianças. É comum percebermos
que as crianças têm o hábito de gritar bastante. Contudo, poderíamos indagar: qual seria
o real motivo do seu grito?
Mársico (1979) discute essa questão, afirmando que as crianças quando recém-
nascidas, por não terem desenvolvido a fala, inicialmente expressam suas necessidades
fisiológicas através do grito. Com o tempo, percebem que com grito suas satisfações
(alimentação, troca de roupa, atenção, etc.) também são correspondidas. E essa atitude
25

passa a ser caracterizada mais pela falta de paciência e decepção do que por outro
motivo.
Chevais (apud Mársico, 1979, p.13) também contribui com essa questão, em seu
estudo sobre as etapas da fonação infantil, mostrando que entre o 3º e 4º mês de vida a
criança demonstra prazer em ouvir sons e ruídos, e também começa a diferenciar o som
das vozes. Também é comum observarmos que os bebês se divertem em jogar os
brinquedos no chão, para ouvirem o ruído que fazem.
Por volta dos dois anos e meio, segundo Egg (2016, p.34), a criança passa não só
a ouvir os sons, mas a querer imitá-los. Esse período de imitação vocal é uma das fases
mais importantes, porque é onde acontece a primeira tentativa de reprodução de sons e
linhas melódicas das crianças. É importante que a criança tenha boas referências vocais,
pois ela costuma reproduzir seu modelo preferido. Atualmente, as crianças são expostas
por uma grande quantidade de tempo frente à TV e a computadores que dispõem de
uma infinidade de canções, porém, a maioria das gravações infelizmente não traz uma
boa referência vocal. No que se refere a isso, Gaborim-Moreira contribui:

as vozes infantis são naturalmente desenvolvidas desde cedo,


juntamente com as capacidades cognitiva, emocional e
comportamental, e são influenciadas culturalmente por outros
“professores de canto”: pais, família, escola, amigos, igrejas, mídia,
que, de maneira geral, estão ligados ao (s) ambiente (s) em que a
criança vive. (GABORIM-MOREIRA, 2015, p. 241-242).

Mársico complementa esse ponto, afirmando que:


a precocidade dos resultados nesse período parece estar condicionada
à colaboração do meio familiar, e a qualidade dos resultados
dependerá dos modelos. Por outro lado, a voz encontra-se na
dependência do ouvido; daí a necessidade de bons exemplos vocais
(MÁRSICO, 1979, p. 13).

Fisiologicamente, bem antes dos quatro anos (faixa etária do coro estudado nesta
pesquisa) as crianças já estão sendo desenvolvidas e preparadas para cantar. Referente
ao tema, Mársico contribui da seguinte forma:

os pedagogos em geral concordam em que a criança de 4,5 e 6 anos já


é um ouvinte capaz de manter atenção e de reproduzir ritmos e
melodias, encontrar prazer na audição de peças musicais e participar
de conjuntos instrumentais. Encontram-se, porém, crianças nessa faixa
etária que não conseguem ainda o suficiente comando auditivo para
cantar em conjunto. (MÁRSICO, 1979, p.13)
26

Sem dúvida, as vozes infantis necessitam de um cuidado especial, e precisam ser


trabalhadas por profissionais capacitados, tendo o máximo de cuidado para que essas
vozes delicadas não sejam forçadas a imitar uma voz adulta que é mais forte e tem mais
peso. Carnassale (1995, p.69) orienta o professor a ter essa sensibilidade, cuidando para
que a musculatura não seja danificada em movimento e que a voz infantil não perca
suas características próprias. Quando as crianças são bem orientadas pelo professor, é
possível conseguir bons resultados vocais, dentro das possibilidades e particularidades
da voz infantil.

2.3. Tessitura e extensão vocal infantil

Carnassale (1995) e Mársico (1979) são consonantes na ideia de que as vozes de


meninos e meninas, até a puberdade - que está entre os 11 e os 13 anos - devam ser
tratadas como vozes iguais, pois há pouca diferença nas vozes de ambos, sendo atingida
praticamente a mesma extensão. Cabe aqui esclarecer que entendemos a extensão como
“o conjunto de alturas que podem ser emitidas por uma pessoa,desde a mínima até a
máxima frequência; em outras palavras, é o conjunto total de notas que uma pessoa
consegue cantar, da mais grave à mais aguda) (GABORIM-MOREIRA, 2015, p.246).
“Já o conceito de tessitura pode ser explicado como uma porção menor da extensão, que
abrange as notas emitidas confortavelmente pelo cantor – isto é, onde sua voz soa com
maior qualidade e naturalidade, com características timbrísticas similares” (id., p.254).
Jenevora Williams (2010, p. 95) apresenta uma tabela com características da voz
infantil onde temos uma visão da extensão aproximada de cada idade, a qual adaptamos
e apresentaremos a seguir:
27

Idade Genêro Características Propriedades Registro Descrição


Fisiológicas Acústicas Aproximado comumente
utilizada

3-5 anos MeF Pregas vocais Não há diferenças C3 – C4 Voz


relativamente pequenas, perceptíveis entre voz falada/voz de
de fina espessura. de cabeça (aguda) e voz peito/registro
de peito (grave) grave

A afinação é G3 – E4 Voz de
A coordenação muscular é aproximada, assim cabeça/voz
relativamente desajeitada. como o controle de aguda
mudança de registro

6-8 anos MeF Pregas vocais em Controle de transição A2 – C4 Voz


crescimento de registro e afinação falada/voz de
são mais precisos na peito/registro
região aguda (que é grave
Coordenação muscular entoada com mais
intrínseca (laringe) em intensidade)
desenvolvimento G3 – G4 Voz de
cabeça/voz
aguda

9-11 anos MeF Pregas vocais em Espera-se transição de G2 – C4 Voz


crescimento registro e afinação falada/voz de
ainda mais precisas peito/registro
grave

Extensão e intensidade
Coordenação muscular aumentam, sobretudo Voz de
intrínseca (laringe) em E3 – A4
em vozes treinadas cabeça/voz
desenvolvimento aguda

Algumas
crianças são
C5 – G5
capazes de
cantar em
“voz de
apito”
(whistle
voice)

Tabela 2: características da voz infantil. Fonte: WILLIAMS 2010, adaptado pela autora.

Observando a tabela acima podemos concluir que, conforme a criança vai


crescendo, a coordenação muscular melhora e consequentemente, a afinação vai se
tornando mais precisa. Certamente, ter um conhecimento prévio da extensão e tessitura
de cada idade ajuda o professor/regente na escolha de um repertório que as crianças
consigam cantar, sem que haja prejuízos vocais. Contudo, devemos deixar claro que a
28

tabela apresentada é formada por dados gerais, podendo assim existir algumas exceções
que se diferem desses dados. Além disso, é preciso considerar o contexto em que a
pesquisa de Williams foi realizada (Inglaterra), isto é, um país com características
culturais distintas do nosso e onde é comum que crianças tenham aulas de música nas
escolas.

Com a formação do coro infantil na IAPCG, pôde-se perceber que não são
apenas as características fisiológicas que implicam nas propriedades acústicas da voz;
na prática, podemos nos deparar com outros fatores que interferem na afinação e na
coordenação vocal da criança. E esses fatores vêm da herança musical que as crianças
trazem para o coro, influenciadas pelo ambiente que vivem e pelos estímulos que
recebem através de hábitos e práticas desenvolvidas em seu meio familiar, escolar,
religioso. Esses elementos, combinados, implicam incisivamente nas características da
voz infantil, sendo que podemos constatar similaridades em crianças da mesma idade.

No coro infantil da IAPCG, tivemos crianças de 4 anos que cantavam com


afinação mais precisa do que algumas entre 10 e 11 anos. De modo geral, verificamos
que as crianças de 9 a 11 anos se mostraram mais afinadas que as crianças de 3 a 5 anos,
por exemplo; mas mesmo dentro desses grupos, pudemos encontrar exceções: crianças
de 3 a 5 anos muito afinadas e crianças de 9 a 11 que puderam ser consideradas
desafinadas. Diante disso, fica muito difícil estabelecer a faixa etária como um critério
de afinação no coro infantil.
Abaixo, apresentamos uma tabela que procura delimitar a extensão e tessitura
infantil, de modo geral, e que pode servir como referência para o regente, ao planejar
seu trabalho coral:
29

Tabela 3: Extensão e tessitura vocais infantis. Fonte: GABORIM-MOREIRA (2015, p.255),


adaptado de Wurgler, 1990.

Para que as músicas sejam entoadas dentro de uma tessitura “confortável” para o
coro infantil (entre Sibemol2 e Ré4, aproximadamente), o acompanhamento
instrumental é mais aconselhável, pois apresenta a opção de transposição. Contudo, nas
igrejas é muito usual o uso de playbacks, visto que é muito difícil ter um instrumentista
disponível para trabalhar com coro infantil, sobretudo em condição de voluntário. E
nesse contexto, é raro encontrar playbacks que estejam em uma tonalidade adequada
para as crianças cantarem, pois na maioria das vezes os cantores das gravações são
adultos. No caso do nosso coro infantil “Joias de Cristo”, foi preciso usar o playback
como recurso, justamente por falta de pessoas que pudessem ajudar no
acompanhamento instrumental. Mas também cantamos duas canções à cappella.
As crianças do coro não estavam acostumadas com o uso da voz cantada no
registro agudo (voz de cabeça). Exercícios com glissandos e vocalizes, principalmente
descendentes, ajudaram as crianças a “encontrarem” uma nova voz que antes não
sabiam como executar. Outros recursos lúdicos, como imitar um gatinho miando, puxar
o fiozinho de cabelo para cima (para ajudar a voz subir para a cabeça), imitar o som do
telefone tocando ou dando linha, ajudaram as crianças a desenvolverem suas vozes no
registro agudo. No começo, foi visível o medo que tinham de cantar desse jeito “tão
diferente” e novo para elas. Depois de algum tempo e com a ludicidade envolvendo os
30

exercícios, isso se tornou uma diversão. Pode-se afirmar que elas descobriram uma nova
voz, e ainda que inicialmente com receio de executá-la, conseguiram compreender o
desenvolvimento vocal nesse registro.

2.4. Processo de aprendizagem do canto pela criança

Segundo Welch (apud Gaborim-Moreira, 2015, p. 244) o processo de


aprendizagem vocal das crianças inicia-se com o canto falado, vai progredindo
ritmicamente com o canto e gradualmente a sua extensão também vai se expandindo,
assim tendo melhor domínio dos contornos melódicos. Welch apresenta como sequência
de aprendizagem do canto: primeiro a compreensão do texto, depois o ritmo, e por fim a
altura. Após assimilar esses itens, a criança começa a enriquecer sua aprendizagem,
envolvendo princípios musicais mais avançados, sendo eles: estabilidade das frases
individuais e estabilidade tonal em toda a peça.
Nos ensaios do coro infantil, grande parte das crianças conhecia os textos das
músicas, pois a proposta foi que trabalhássemos com cânticos conhecidos (ensinados na
escola bíblica) e assim, as crianças pudessem se concentrar na técnica vocal. Isso
porque, quando estão inseguras no texto, ritmo e/ou melodia das músicas, as crianças se
concentram no quê estão cantando, e deixam de prestar atenção em como estão
cantando. Então, têm mais dificuldade em aplicar os princípios da técnica vocal a um
repertório novo, desconhecido.
Porém, por conta da diversidade de faixa etárias, algumas das crianças não se
lembravam do texto completo, então o processo de aprendizagem musical das crianças
partiu do texto apenas para que o relembrassem. Antes de cantarem a música proposta,
elas tinham um momento de escuta, para que a peça fosse avivada em suas memórias
(texto, ritmo, altura). E após essa parte, a regente falava a canção por trechos e as
crianças repetiam, assim nivelando o coro. Após a assimilação textual, a regente cantava
a música por partes, tendo o teclado como acompanhamento melódico, onde apenas a
melodia era tocada (para um melhor apoio das vozes), juntamente com o coro. Quando
as crianças apresentavam dificuldade na afinação, essa frase cantada era repetida e a
nota que não estava afinando era sustentada para que fosse corrigida a altura. Durante
esse processo, uma das monitoras auxiliava as crianças a cantarem, pois a regente
também estava tocando. Depois deste primeiro momento em que as crianças cantavam a
31

melodia juntamente com o teclado, a canção era entoada a capella; a regente


apresentava o tom inicial, seguindo do gesto de preparação e marcação do tempo; por
último, elas cantavam junto com o playback com mais atenção à regência, para não
perder o andamento da música.

2.5. Brincadeiras no coro

Percebemos que hoje em dia grande parte das crianças não tem muitas
oportunidades para brincar em grupo, ao mesmo tempo em que, pela expansão da
tecnologia, estão precocemente consumindo muito tempo em frente a um celular, tablet,
computador, videogame ou televisão. Com isso, podemos dizer que as crianças têm
interagido pouco umas com as outras em sua rotina diária. A proposta das brincadeiras,
além de diversão para as crianças, teve como objetivo inicial que as crianças se
socializassem (interagissem entre si) e estivessem motivadas a participar do ensaio. Ao
mesmo tempo, cada brincadeira desenvolvia objetivos específicos de aprendizagem
musical (desenvolvimento rítmico, percepção sonora, altura, entre outros elementos) e
extra-musical (concentração, atenção, memorização, etc.).
O brincar é uma atividade que anima e incentiva as crianças, e por isso foi
escolhido como primeiro momento dos ensaios, isto é, para que as crianças chegassem
motivadas no coro. Analisando os estudos de Gaborim-Moreira (2015, p. 172) e Gois
(2015, p. 69) pode-se afirmar que a brincadeira tem um papel fundamental no
desenvolvimento infantil:

o brincar é considerado a principal atividade das crianças e


fundamental para seu desenvolvimento. É agradável e envolvente por
si mesmo, porque coloca a criança em um contexto de interação. O
jogar possibilita um desenvolvimento pleno que inclui e integra o
plano social, afetivo e cognitivo. (GOIS, 2015, p. 69)

Quando as crianças estão brincando – o que é natural da idade – o fazem por ser
divertido, estimulante, animador, enfim, se sentem convidadas a isso, e normalmente
permanecem concentradas do começo ao fim, o que possibilita ao professor/regente
utilizar-se dessa estratégia para que as atividades resultem numa aprendizagem. Vista a
amplitude dos benefícios que a brincadeira traz para o desenvolvimento infantil,
principalmente nos ensaios do coral, a seguir serão apresentadas algumas brincadeiras
32

que foram utilizadas nos ensaios, podendo ser feitas no início – como um momento
especial de brincadeiras – ou em alguma outra parte do ensaio (preparação vocal,
repertório):

1. VIVO OU MORTO MUSICAL – Expor às crianças dois sons diferentes,


por exemplo, o do pandeiro e da flauta; quando elas ouvirem o som da flauta ficam em
pé (vivo) e quando o do pandeiro, fazem o movimento inverso (morto). Aletoriamente,
pode-se escolher um dos participantes para guiar a brincadeira junto com o regente.
OBJETIVOS: Trabalhar concentração, reconhecimento de timbres, raciocínio rápido
(estímulo-resposta).
2. CANÇÃO “ESCRAVOS DE JÓ” – As crianças devem ser organizadas
em círculo. Cantar a canção, marcando a pulsação com a movimentação de todos em
sentido anti-horário, e explicar o que precisam fazer em alguns trechos da música,
como: em “tira, põe, deixa ficar” elas direcionariam um passo pra frente, outro pra trás.
E no outro trecho, “zigue-zigue-zá” somente marcar a pulsação com o pé direito, depois
esquerdo, sem movimentação lateral (permanecendo no mesmo lugar). Depois que as
crianças aprenderem a brincadeira, pode-se ir alternando o andamento entre lentíssimo,
lento, médio, rápido e muito rápido. OBJETIVOS: Trabalhar a coordenação, atenção,
pulsação e ritmo.
3. DANÇA DAS CADEIRAS – as cadeiras são dispostas em círculo, sendo
que o número de assentos precisa ser menor do que o de participantes em uma unidade.
Pode-se colocar uma música no aparelho de som, ou tocar e cantar (de preferência uma
música do repertório; se for música nova, melhor ainda, porque as crianças já irão
conhecendo a nova canção). Enquanto a música tocar, todos os jogadores dançam em
volta das cadeiras. Quando a música parar, cada um deve ocupar um lugar. A criança
que não conseguir um lugar sai do jogo, e é retirada mais uma cadeira. O vencedor será
aquele que sentar na última cadeira, porém, o jogo pode terminar com dois ou três
vencedores. OBJETIVOS: interação entre as crianças, memória musical (no caso de
canção do repertório), atenção e concentração.

4. ÊPO - É uma canção acompanhada de gestos e ritmo. Ensinar a canção,


acrescentando um gesto a cada palavra cantada. Depois que as crianças aprenderam a
canção e os gestos, começamos a fazer variações: lento, crescendo, rápido, forte,
fortíssimo, piano, pianíssimo, trabalhando assim mudanças de andamento e dinâmica.
33

OBJETIVOS - atenção, concentração, interação e coordenação de movimentos dos


participantes.

Êpo = mãos batem na coxa/ Taitai = palmas/ Ê = estalos com as duas mãos/
Tukituki = dedos das duas mãos tocam na cabeça.

FIGURA 2: Partitura de Epo i Tai Tai ê.

5. CRIANÇA SOLISTA (adaptada de Gaborim-Moreira, p. 404) - o regente


começa a cantar a música e depois indica uma determinada criança para cantar uma
parte da música, em sequência. Depois, é sugerido que essa criança seja a regente, no
centro do grupo. Em um determinado momento, a “regente” indica uma outra criança;
todos param de cantar e só a criança “solo” continua. A criança escolhida será a
próxima regente. Obs. recomenda-se não “forçar” a criança a ser solista ou regente. Se
ela for muito tímida, outra criança será escolhida.
6. BRINCANDO DE REGER (adaptada de Gaborim- Moreira, p. 404):
deixar que uma criança reja uma das músicas, ou reger “o caminho da voz” na
vocalização inicial. Pode-se instruir a criança a variar o andamento e a dinâmica,
portanto, é necessário que as outras saibam corresponder ao gesto.

2.6 Respiração

O canto e a respiração não se desvinculam um do outro; pelo contrário, estão


completamente relacionados. Valente (1999, p.128) afirma que “a voz é o resultado do
equilíbrio entre a força do ar que sai dos pulmões e a força muscular da laringe. Se
34

houver desequilíbrio entre esse jogo de forças, a voz estará sujeita a problemas
patológicos”. Por isso, é preciso estabelecer o controle na entrada (inspiração) e na saída
(expiração) do ar ao cantar.
O processo respiratório é iniciado a partir da inspiração: o ar percorre até os
pulmões, a cavidade abdominal é alargada, as costelas se expandem e o diafragma é
empurrado para abaixo, consequentemente aumentando a capacidade de ar dos pulmões.
Carnassale (1995, p.110) afirma que os pulmões de crianças até 7 anos não conseguem
desenvolver uma respiração profunda naturalmente, porém, quando bem orientadas,
podem alcança-la o mais breve possível. Egg (2016, p. 147) também concorda que as
crianças não têm as mesmas capacidades respiratórias que uma pessoa adulta, mas
quando são orientadas vocalmente a diferença é notável:

a execução e a capacidade respiratória de uma criança não são iguais


às de um adulto. Esta diferença fisiológica deve ser respeitada durante
a escolha do repertório, ao observar frases não muito longas ou que
necessitam ser sustentadas (...) as crianças que têm orientação vocal,
seja na sala de aula ou num coral por apenas um ano já demonstram
grandes diferenças. (EGG, 2016, p. 147)

Sabendo das diferenças fisiológicas existentes entre crianças e adultos, fica


evidente que não se pode exigir das crianças a mesma intensidade na execução dos
exercícios respiratórios e vocais. O professor/regente precisa ter essa consciência e
trabalhar a respiração de acordo com as possibilidades fisiológicas das crianças.
No coro infantil, inicialmente foi explicado às crianças como funciona a
respiração no canto, seguido de exemplos práticos. Segundo Gaborim-Moreira, apenas
falando não é possível trazer resultados, é preciso exemplificar os exercícios para que o
que está sendo trabalhado fique claro:
é muito difícil explicar o processo respiratório sem que se ofereçam
exemplos práticos. De maneira geral, o que precisa ser entendido pelas
crianças é que o processo de inspiração e expiração deve ser sempre
consciente no canto; o ar precisa ser constantemente convertido em
energia para produzir a voz, portanto precisa ser sempre aproveitado e
não desperdiçado. (GABORIM-MOREIRA, 2015, p. 234)

Nos ensaios do coro, os exercícios de respiração estavam presentes no terceiro


momento, após a preparação corporal - alongamentos voltados para a consciência do
corpo e da postura. Os exercícios executados no coro serão apresentados a seguir, a
nível de conhecimento e sugestões que podem ser trabalhadas em um coro iniciante. É
válido lembrar que sempre quando foi proposto um novo exercício às crianças, foi
35

explicado que primeiramente elas precisariam apenas observar - o que foi muito difícil
para elas, pois queriam fazer imediatamente junto com a regente sem ao menos saber
como seria o exercício. Porém, as crianças precisam aprender a esperar e controlar a
ansiedade para assim conseguir fazer a atividade conscientemente. Para que isso
aconteça, é preciso um certo “jogo de cintura” do regente para ajudar as crianças a
controlar sua ansiedade, não só nas atividades respiratórias, mas em todos as atividades
propostas no ensaio.
1. SOM DE “S”, “X” ou “F” curto – Deve-se inspirar lentamente (atentando para
a expansão das costelas) e expirar o “S” em quatro tempos curtos, sendo o quinto tempo
longo (soltando o ar com pressão), até todo o ar inspirado acabar (inicialmente pode-se
pedir para que as crianças coloquem a mão na “barriguinha” - região diafragmática –
para que sintam o “sapinho pular”). Objetivos: Conscientização da respiração,
sensibilidade à movimentação do diafragma, percepção e visibilidade do movimento
diafragmático.
2. SOM DE “S” longo – Inspirar o ar em quatro tempos e expirar em 10
segundos (a quantidade de tempo pode variar conforme a capacidade respiratória e
treino das crianças). Como sugestão, as crianças também podem desenhar um círculo no
ar e terminar a expiração quando o círculo chegar ao ponto inicial. Objetivos:
Resistência respiratória, controle na pressão do ar, concentração.
3. SOM DE “X” longo - Inspirar o ar em quatro tempos e expirar em 10
segundos. A vogal “X” é mais sonora que o “S”, o que faz que mais ar saia mais
rapidamente, então é preciso ter mais controle ainda na saída de ar. Objetivos:
Resistência respiratória, controle na pressão do ar, concentração.
4. SOM “TCHU – TS” – Inspirar e expirar o ar com o som curto “Tch-ts” uma
sequência de dez vezes, na última vez soltar o “Ts...” longo. Objetivos: Tonificar a
musculatura diafragmática, conscientização da movimentação do diafragma,
visibilidade do movimento diafragmático.

2.7. Vocalizes – Estratégias

Antecedendo os vocalizes – que são exercícios tradicionais nas aulas de canto -


estava presente na estrutura do ensaio a vocalização inicial, que continha a atividade de
glissando (cantar um som contínuo, "deslizando" de uma nota grave para mais aguda ou
36

vice-versa), em direção ascendente e descendente. Essa prática ajuda a voz a “subir”


para a região da cabeça. Os glissandos podem ser emitidos com vogais, bocca chiusa,
vibração de lábios ou língua (imitando moto acelerando, telefone tocando). Aliados a
movimentos corporais - como “desenhar o som” que se quer emitir - os glissandos são
melhor compreendidos e executados pelas crianças. Estratégias didáticas, como
convidar uma das crianças "reger o caminho da voz" através de desenhos imaginários
no ar, são agentes facilitadores para execução dos glissandos.
Os vocalizes são melodias que podem ser cantadas com vogais, sílabas, palavras
ou frases, e fazem parte da preparação vocal. Através deles, podem-se trabalhar
conceitos musicais como: ritmo, melodia, altura, intensidade, agilidade, entre outros.
Com os vocalizes, podemos desenvolver colocação da voz, apoio, melhor afinação,
dicção e expandir a extensão vocal.
No coro infantil, trabalhamos vocalizes primordialmente para um melhor
desempenho do repertório, afinação e colocação da voz de cabeça. Algumas estratégias
foram criadas para melhor desenvolvimento do grupo e uma delas foi de cantar em solo
os vocalizes propostos. Com isso, os coralistas passaram a se concentrar, ter mais
atenção no que estavam cantando e perdendo a timidez. Percebemos que algumas
crianças desafinam, simplesmente pela falta de concentração. Exceto algumas que
realmente tem muita dificuldade de afinação por outros motivos, esses também
cantaram em solo com a ajuda da regente, para conseguirem realizar o exercício e
tentarem identificar o porquê de estarem desafinando. É preciso muito cuidado para que
as crianças com mais dificuldades de afinação não sejam desestimuladas pelo regente,
mas para que sutilmente o regente - com o apoio do coro - as ajude a identificar os erros
e aos poucos consigam melhorar seu desempenho junto ao coro. Estratégias como essa
utilizam bastante tempo do ensaio e é preciso que já estejam programadas, pois
dependendo da duração do ensaio e quantidade de membros do coro, o tempo
disponível será suficiente para apenas esse vocalize no dia.
Outra estratégia também muito conhecida, que utilizamos nos ensaios, foi a
utilização gestual no momento dos vocalizes. Conforme as notas da melodia sobem para
o registro agudo, a regente acompanha com uma das mãos o desenho da melodia; assim,
as crianças se conscientizam melhor do desenho melódico que precisam fazer. Quando
as crianças não conseguiam "subir a voz" a regente também sugeria que puxassem um
fiozinho de cabelo para ajudar a voz subir para a região da cabeça, assim também como
imitar o miado de um gatinho. Existem várias estratégias e vocalizes que podem ser
37

trabalhados e desenvolvidos para melhor compreensão e desenvolvimento do coro,


contudo, neste trabalho apresentaremos apenas os que foram utilizadas nos ensaios.

a)

b) c)

d)

FIGURA 3: Partituras dos Vocalizes.

2.8 Repertório

Desde o início do coro, a ideia foi a aprendizagem de algumas músicas para uma
apresentação final, o que trouxe grande motivação para as crianças. O objetivo desse
evento foi a performance do coro infantil. Antes da apresentação de encerramento, elas
também tiveram algumas participações cantando nos cultos, além de um evento fora da
igreja.
Durante os ensaios, foram feitas simulações de apresentações e isso era muito
animador para as crianças. Sabemos que para uma boa execução do repertório é
necessário repetir, e para que a repetição não fosse cansativa, utilizamos de algumas
estratégias, como cantar em grupos só de meninas e depois só de meninos, brincadeira
da "criança solista", inserção de coreografias. No caso das coreografias, pôde-se em
alguns momentos fazer apenas a coreografia sem cantar, em outros somente cantar.
As músicas ensaiadas e apresentadas no coro foram: "Minha confiança (Alberto
de Mattos – Xuxu), "Esconde – Esconde” (Diante do trono), "Soldadinho de Jesus”
(Autor desconhecido) e "O sabão” (Autor desconhecido). Apenas a primeira música tem
partitura disponível; das outras, foram encontradas somente cifras.
38

Para a música "Esconde-esconde" foi elaborada uma coreografia simples, onde


as crianças, além de cantar, também precisaram fazer os gestos. Isso foi muito
produtivo, pois de maneira geral os gestos e movimentos ajudaram as crianças na
concentração, e elas consequentemente cantaram com mais segurança. Contudo,
tivemos exceções: algumas crianças se entusiasmaram com a coreografia e em alguns
momentos inclusive pularam, o que atrapalhou na performance. Mas de modo geral, a
coreografia teve grande contribuição na aprendizagem e desenvolvimento do coro. Na
canção "Soldadinho de Jesus", além dos gestos, foram confeccionadas máscaras de flor
(meninas) e chapéus de soldadinhos (meninos), pelas monitoras e regente. A seguir,
apresentamos as partituras das canções trabalhadas nos ensaios. Das canções que não
encontramos partitura (sendo aprendida “de ouvido”) apresentaremos apenas os trechos
principais.

SOU UM SOLDADINHO DE JESUS

1.MENINOS: Sou um sol-da - di-nho de Je - sus Sim de Je – sus.


2.MENINAS: Sou u –ma flor –zi –nha de Je - sus

FIGURA 4: Partitura “Sou um soldadinho de Jesus”.

O SABÃO

FIGURA 5: Partitura “O sabão”.


39

ESCONDE-ESCONDE (refrão)

FIGURA 6: Partitura “Esconde-esconde”.


40

FIGURA 7: Partitura “Minha confiança”.


41

3. PESQUISA-AÇÃO - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS ENSAIOS

Nesse último capítulo, serão apresentados os relatórios dos ensaios e


apresentações realizadas com o coro infantil. Tivemos problemas técnicos com os
registros de filmagens e fotos do 6º e 8º ensaio, dos quais será apresentada uma análise
superficial do que foi realizado. Através das filmagens, pôde-se obter uma análise mais
detalhada do desenvolvimento das crianças, da regente e das atividades desenvolvidas
no coral, assim podendo compreender melhor os resultados das atividades - os aspectos
que funcionaram bem e os que não funcionaram. Algumas atividades, brincadeiras,
exercícios respiratórios e vocalizes presentes nos relatórios, já foram apresentados de
maneira detalhada no capítulo 2.
É válido relembrar que antes do primeiro ensaio foi realizado um encontro com
as crianças participantes para fazer a avaliação vocal, que está apresentada em tabela e
foi justificada no primeiro capítulo deste trabalho. Em alguns momentos nos relatórios,
será preciso usar a primeira pessoa, visto que a pesquisadora também foi a regente da
ação.
Os ensaios foram estruturados da seguinte maneira: brincadeiras (5 minutos);
preparação corporal (5 minutos); exercícios de respiração (5 min); vocalização inicial (5
minutos); vocalizes (15 minutos); repertório (40 minutos) e hora do lanche (15
minutos). Cada análise está organizada de acordo com a estrutura dos ensaios:
- Preparação da sala: período que antecede o ensaio, onde a regente organizava
com as monitoras o espaço físico em que seria realizado o ensaio;
- Preparação corporal: realização de alongamentos, para que o corpo das
crianças estivesse preparado para cantar com a postura adequada para o canto e sem
tensões.
- Interação: momento de brincadeiras musicais, que colaborava para uma boa
socialização do coro, onde as crianças interagiam umas com as outras. Também para
que elas se conectassem, através da brincadeira, com a educação musical.
- Intervalo: para irem ao banheiro e tomar água (nem sempre foi realizado,
somente em momentos de necessidade).
- Exercícios de respiração: importantes para que a criança perceba que o canto
parte justamente do processo respiratório consciente.
- Vocalização inicial: exercícios que antecedem o vocalize, para que as crianças
atinjam as notas agudas com facilidade, colocação vocal e elevação do palato mole.
42

- Vocalizes: afinação, uniformização dos sons de vogais e consoantes, trabalho


com trechos melódicos que precisam de ajustes.
- Repertório: formado por músicas já conhecidas das crianças, foi um agente
facilitador para que elas pudessem desenvolver as peças utilizando a técnica vocal.
- Hora do lanche: sempre realizada nos finais dos ensaios, para que as crianças
se socializassem.
- Apresentação: a partir da 9ª semana é descrita a primeira apresentação musical
das crianças no templo. O relatório 12º é exclusivo para descrever a apresentação de
encerramento da pesquisa-ação com o coro.

3.1. Relatórios

1º ensaio - 25/06/2016

Crianças presentes: 17

Preparação: a sala foi organizada com as cadeiras em semicírculo e à medida


que as crianças estavam chegando, se acomodaram. Tivemos um pequeno imprevisto
com o ar condicionado que não estava ligando, e com isso as crianças se agitaram e
atrapalhou um pouco o início do ensaio, o problema foi resolvido uns vinte minutos
após o ensaio ter iniciado, com a ajuda de um dos pais das crianças. No primeiro
momento, foi exposto às crianças algumas regras de respeito para com os colegas e
equipe, e a necessidade de silêncio para que possamos ouvir e aprender melhor.
Interação (5 min): em seguida foi iniciado um momento de interação entre as
crianças com a brincadeira “vivo ou morto musical” (detalhado à p. 32 deste trabalho).
Foram expostos a elas dois sons: o do pandeiro e da flauta; quando elas ouvissem o som
da flauta deveriam ficar em pé (vivo) e quando ouvissem o do pandeiro fazer o
movimento inverso (morto). Aleatoriamente, foi escolhido um dos participantes para
guiar a brincadeira junto com a regente. Nesse momento, as crianças estavam todas
contentes, comunicativas, se inteiraram bastante na brincadeira. Por ser uma brincadeira
competitiva, os monitores coordenavam a brincadeira, para indicar os alunos que seriam
eliminados ao se distraírem e errarem o movimento combinado.
Intervalo (3 min): Logo após o jogo, uma das crianças pediu para ir ao
banheiro, então disse a elas que teríamos horário para tudo e aquele horário após a
brincadeira seria para todos irem ao banheiro; deixei claro que durante o ensaio
ninguém mais sairia para ir ao banheiro, só em casos de emergência.
Preparação corporal (10 min): Ao voltarem, se acomodaram novamente e foi
explicado a elas a necessidade de alongar o corpo para cantar, assim o nosso corpo se
prepara para a prática do canto. Pedi a elas para esticarem bem os braços para o alto
tentando alcançar o céu, e depois tentarem encostar lá em baixo, sem dobrar os joelhos.
Algumas crianças se jogaram no chão, ajoelharam, se agitaram bastante e foi preciso
chamar a atenção delas. O alongamento seguinte foi girando os ombros suavemente
para frente, e depois para trás. Fizemos a respiração de relaxamento três vezes,
erguendo os ombros o máximo possível e soltando o ar em seguida, de uma só vez.
Depois foi explicado que era necessário sentar-se com a postura alinhada na cadeira.
43

Ainda assim, foi observado durante o ensaio que algumas se sentaram com o pé na
cadeira, outros com as pernas cruzadas.
Exercícios de respiração (10 min): Foi exposto às crianças que precisariam ver
e escutar o que a regente iria fazer e só depois seria a vez delas. Mas como estavam
muito ansiosas, começavam a fazer junto comigo desesperadamente. Foi necessário
parar um pouquinho para esclarecer que quando eu fizesse o sinal de “pare” era preciso
esperar, e só quando eu sinalizasse o “siga”, elas iniciariam os exercícios. O primeiro
exercício foi com a consoante “S”, quatro tempos curtos e o ultimo longo até acabar o
ar. Esse processo foi realizado com a mão no abdômen, para que as crianças sentissem o
movimento. Perguntei se elas tinham conseguido sentir esse movimento respiratório e
elas disseram que sim. Para a realização do segundo exercício de respiração, houve o
mesmo problema de euforia e ansiedade no momento da explicação, mas logo se
contiveram. Fizemos o “S” longo. Contei quatro segundos para elas inspirarem e
soltarem em dez segundos. A primeira vez realizaram sem brincadeira, na segunda
repetição começaram a rir no meio porque não estavam conseguindo terminar os dez
segundos. Falei para elas em tom de brincadeira “acho que estou falando francês,
italiano ou inglês, porque vocês não entenderam...” então, eles caíram na gargalhada.
Esperei um pouco e pedi para elas se acalmarem e dessa vez executaram o exercício
mais concentrados.
Vocalizes (20 min): Novamente expliquei a necessidade de ouvir primeiro e
depois cantar, para a execução dos vocalizes. Pedi a elas que se colocassem em pé para
cantar a nota Lá3, mas elas não conseguiram sustentar a nota e cada um cantava em uma
altura diferente. A primeira vez ficou bem desafinada; a segunda vez já ficou um pouco
melhor, então iniciamos o exercício com a vogal “A” e ensinei a elas a embocadura
dessa vogal. Cantaram todas juntas duas vezes, depois chamei uma por uma para cantar
em solo o exercício proposto. Depois que todas cantaram individualmente, novamente
cantaram juntas subindo por semitons e o coro ficou mais afinado. As crianças subiram
até a nota Dó4. Apenas esse vocalize teve a duração de aproximadamente 20 minutos;
ao observar as filmagens, percebi que as crianças, por conta do dinamismo citado acima,
interagiram bastante.
Repertório (30 min): A música trabalhada foi: “Minha confiança”.
Inicialmente tivemos o momento de escuta, para relembrar a canção. Depois cantamos
uma vez todos juntos, as crianças apresentaram dificuldades em sustentar algumas notas
longas e em afinar, então a regente mostrava a elas o que precisava melhorar, com o
auxílio do teclado. Ficaram animadas por já conhecerem a música através da escola
bíblica. Simulamos uma entrada, como se estivessem subindo no palco, entraram em
fila e as monitoras os organizaram. Antes de começarem a cantar, pedi para que
olhassem para mim e respirassem bem antes de cantar, falei para cantarem com mais
energia, mas não gritando. Então colocamos o playback, e elas cantaram com bastante
energia e entusiasmo. Algumas notas não ficaram bem definidas, mas pude observar que
a postura delas ao cantarem já estava diferenciada, encarando o momento com mais
responsabilidade e tentando aplicar as técnicas que eu tinha ensinado.
Hora do lanche (15 min): A parte final do ensaio é a hora do lanche, onde cada
criança traz o seu lanche individual. É um momento em que as crianças se divertem e se
comunicam bastante.
44

IMAGEM 1: orientação da regente aos alunos.

2º ensaio - 03/07/2016

Crianças presentes: 16

Preparação: A organização da sala também foi feita em semicírculo, porém


desta vez a mesa que eu fico sentada junto com o teclado ficou mais próxima, com a
intenção de que as crianças se distraíssem menos.
Interação (5 min): Inicialmente, as crianças foram organizadas em um grande
círculo; expliquei a elas a atividade (p. 32 deste trabalho): a canção “Escravos de Jó”.
Após a explicação realizamos a brincadeira, as crianças ficaram um pouco confusas no
começo mas iam seguindo os passos dos coleguinhas. Na primeira vez fizemos como
um teste e depois realizamos a brincadeira uma segunda vez em níveis variados. Por
exemplo, andamento lentíssimo, lento, médio, rápido e muito rápido. No momento da
brincadeira as crianças interagiram bastante, tentaram se concentrar e a atividade foi
bem divertida.
Preparação corporal (5 min): Após a brincadeira de interação, elas voltaram
aos seus assentos para iniciarmos o alongamento, mas estavam bem agitadas por causa
da atividade anterior. Todos se colocaram em pé e nos alongamos, esticando as mãos
para cima, depois para baixo; alongamento do pescoço lentamente para cada lado;
rotação de ombros para frente e para trás; respiração profunda com elevação de ombros.
Intervalo (3 min): acompanhados pelas monitoras, foram ao banheiro e
tomaram água.
Exercícios de respiração (10 min): Nos exercícios de respiração, elas nem
esperavam eu explicar direito o exercício e já começavam a fazer. Perguntei se
lembravam dos exercícios da aula passada, e elas disseram que sim. Expliquei para elas
respirarem primeiro, e quando dizia isso elas já soltavam o “S”. Então eu disse “vocês
sabem o que é respirar”? E elas disseram “Siiiim”.... Expliquei que não podemos erguer
o ombro na respiração para o canto. Disse a elas: “então vamos respirar novamente,
45

juntos, depois soltamos o ‘S’ quatro vezes curto e o quinto, longo”. E elas fizeram o
exercício duas vezes. O próximo exercício elas ainda não conheciam, que era a
execução do “Tchu-Ts” (detalhado p. 33). Enquanto estava demonstrando, elas
começaram a fazer junto comigo, então interrompi e disse “ué, mas como vocês estão
fazendo se não sabem ainda? ” E elas caíram na risada. Depois fiz um sinal de silêncio e
elas se acalmaram. Pedi que elas colocassem a mão na barriga para sentirem o
movimento da musculatura e assim elas fizeram; essa sequência foi feita dez vezes e na
última vez soltamos o “Ts.” longo. Todas conseguiram realizar o exercício, e para
finalizar a parte de respiração soltamos o “S” longo, fazendo um círculo no ar, esse
exercício foi realizado duas vezes. Algumas crianças respiraram no meio, outras
aguentaram até o final.
Vocalizes (15 min): seguimos adiante com a execução dos vocalizes. O ensaio
foi interrompido por um momento, quando uma mãe veio falar diretamente comigo
explicando que o filho não poderia participar, pois ela iria sair e ele queria ir junto.
Houve dispersão das crianças. Mas logo depois ela se retirou e enfim, iniciamos o
vocalize. Entretanto, antes de começar o vocalize, relembramos como precisa ser a
embocadura para cantar as vogais. Pedi para que elas me escutassem cantando a
primeira vez e depois repetissem juntos. Sem perceber, elas o fizeram gritando, então
exemplifiquei de um jeito exagerado o que elas estavam fazendo. Elas riram bastante,
mas logo se acalmaram e seguimos adiante nas escalas subindo por semitons. Em
alguns períodos, não tinham paciência de esperar que eu cantasse primeiro para somente
cantar depois. Então foi necessário recomeçar. Selecionei algumas crianças para cantar
em solo o exercício, a primeira começou na tonalidade mas se perdeu no desenho
melódico, e a segunda iniciou em uma tonalidade mais grave que a proposta. Então
propus a elas que puxassem o fiozinho de cabelo para cima, para ajudar a subir a voz, e
todas puxaram e ajudaram a colega a cantar mais afinado. Perguntei a elas se tinham
sentido a diferença, de como tinha ficado melhor e elas disseram que sim.
Os quatro meninos presentes no ensaio apresentaram dificuldade na afinação, e o
exercício seguiu com as meninas e depois todos juntos. Fui sinalizando com uma das
mãos conforme a melodia subia e descia. A todo tempo, ressaltava a importância de
cantar mais suave, pelo costume que elas tinham em cantar gritando. No final do
exercício, todos batemos palmas de satisfação pelo resultado conseguido.
Repertório (35 min): apressadamente passei para a parte do repertório, pois
pensei que estava atrasada, quando na verdade tinha me perdido no horário. Toquei nota
por nota da melodia inicialmente, e depois cantamos junto com o playback. Solicitei à
monitora que ajudasse as crianças a cantar enquanto eu tocava. A dificuldade maior
estava em sustentar os finais de frase. Então separei só os meninos para cantarem o
refrão, abrindo bem a boca e sustentando a nota. Depois fiz o gesto de preparação para
todos cantarem juntos à cappella, para arrumarmos os erros e para elas sentirem o
tempo, pensarem nele, pois estavam com dificuldade em esperar o tempo ideal para
cantar. No momento das notas longas e agudas, eu sinalizava para cima.
Hora do lanche (15 min): Fizemos a oração para finalizar o ensaio e lanchar.
Como ainda tínhamos tempo, cantamos mais uma vez após o lanche, só que
acompanhados do playback.
46

IMAGEM 2: Brincadeira escravos de Jó – momento da interação.

3º ensaio - 16/07/2016

Crianças presentes: 14

Preparação corporal (5 min): Em semicírculo, foram feitos os exercícios de


alongamento. Após esse momento, as crianças assentaram-se, dividindo o grupo: um
lado para meninas e outro para meninos, para que iniciássemos os exercícios de
respiração. Estávamos apenas com uma monitora, e enquanto organizávamos as
crianças chegou uma mãe que se disponibilizou a nos ajudar na monitoria nesse dia.
Algumas crianças chegaram durante o andamento do ensaio, e isso tirou um pouco a
atenção das outras crianças, então a regente pediu a elas que não se preocupasse com
quem estava chegando, pois a monitora já os estava acomodando.
Interação: Por conta do tempo limitado, não tivemos o momento de interação.
As crianças deveriam ser liberadas mais cedo para outra atividade, um ensaio teatral.
Exercícios de respiração (10 min): As crianças se colocaram em pé para a
realização dos exercícios de respiração, o que na verdade foi uma revisão do que foi
feito nas aulas anteriores. Foi relembrado a elas também o sinal de preparação para o
início da atividade, que foi soltar quatro vezes o “S” curto e na quinta vez soltar o “S”
longo. As crianças concentraram-se para a realização do exercício junto com a regente,
porém após a primeira etapa do exercício, dispararam a fazer o exercício novamente
sem o tempo de espera para todos realizarem a atividade juntos. Seguimos adiante com
a próxima atividade de respiração: “Tchu – Ts.” (p. 35 deste trabalho). E o último
exercício da parte de respiração foi soltar o “S” longo e continuo durante dez segundos.
Novamente foi reajustada a postura de todas as crianças que estavam muito relaxadas, e
antes de começar a regente enfatizou que não se pode fazer força no pescoço: toda a
nossa força precisa estar localizada na região da barriga aonde está o “sapinho”, que é o
diafragma.
47

Vocalizes (15 min): Foi exposto um novo exercício. Primeiro conheceram a


letra do vocalize (“Au au au” - p.37), depois a melodia acompanhada da letra. As
crianças ficaram animadas com o novo vocalize, e como de costume eu canto a primeira
vez e depois elas repetem, e assim vamos subindo por semitons.
Repertório (30 min): Acompanhadas do teclado, iniciamos o aprendizado de
uma nova música que elas cantavam na escola bíblica, mas nem todas se lembravam do
texto, então passamos nota por nota junto com a letra. E assim, eu cantava uma frase,
elas escutavam e depois repetiam. Depois, quando fomos cantar acompanhadas do
playback, percebemos que estava em uma tonalidade muito abaixo do que aquela que
estava na partitura, então cantamos a capella no tom que estávamos treinando junto ao
teclado. O fato é que treinamos essa música apenas naquele sábado, pois o
acompanhamento do playback não estava adaptável às vozes das crianças. Depois
relembramos a música “Minha Confiança”: inicialmente a cappella para definirmos
algumas notas, e depois usamos o playback. Elas estavam cantando, mas não
sustentavam a nota Fá#3, então eu comecei a reforçar o gesto das minhas mãos para
cima, o que ajudou-as a sustentarem melhor a nota. Repetimos mais uma vez e
encerramos o ensaio.
Hora do lanche (15 min).

IMAGEM 3: Preparação corporal.

4º ensaio - 30/07/2016

Crianças presentes: 16

Interação: (5 min) Jogo musical “dança das cadeiras” (detalhado à p. 30) - as


cadeiras foram dispostas em círculo. A música escolhida para a brincadeira, foi
justamente a próxima música a ser inserida no repertório das crianças. As crianças
interagiram e divertiram-se bastante enquanto dançavam e cantavam em volta das
48

cadeiras, a brincadeira foi orientada por uma monitora enquanto a regente filmou e
controlou o som.
Preparação corporal (5 min): Nos dispomos em círculo para a realização do
alongamento, e o trabalho corporal foi mais divertido com a ludicidade: convidei as
crianças a imitar um boneco de pano que fica bem molinho, e orientava com os
comandos a elas dizendo: “ o boneco balança os braços... agora o boneco chuta os
pés...” e assim foi realizada a preparação corporal, fizemos também o “desmaio em pé”
que é quando apoiamos bem o nosso corpo nos pés e todo o tronco (cabeça e braços) é
jogado para baixo; é preciso esperar os braços pararem de se movimentar, e depois
levantar-se lentamente, “desenrolando a coluna”, encaixando cada parte do corpo em
seu devido lugar (a cabeça, por último) .
Exercícios de respiração (5 min): Continuamos em círculo e iniciamos os
exercícios respiratórios com o “Tchu – ts” (detalhado p. 33), com uma das mãos na
barriga na região onde se localiza o diafragma. Após a realização da atividade,
perguntei às crianças se tinham sentido o “sapinho” pulando na barriga e elas disseram
que sim. A próxima atividade foi soltar o “S” curto dez vezes, sendo o último, longo.
Intervalo: Acompanhada das monitoras, foram ao banheiro e tomaram água.
Vocalização Inicial (5 min): Ao voltarem, fizemos exercícios em glissando - a
regente explicou às crianças como seria a atividade, dizendo que iria desenhar o som e
elas iriam executar com a voz. Fizemos duas vezes e depois chamei um coleguinha para
reger o glissando, fazendo o desenho no ar e o coro deveria reproduzir o som desenhado
pelo "regente". A partir do glissando, as crianças chegaram até o Mibemol4.
Vocalizes (10 min): Foi relembrada a letra do vocalize do ensaio passado: "Au
au au" (detalhado p. 35). Depois, foi cantada a melodia acompanhada da letra, seguindo
o mesmo esquema já determinado: primeiro a professora, e depois as crianças. Elas
estavam impacientes querendo fazer junto comigo, então parei e disse que elas
precisavam esperar; acharam graça em sua própria ansiedade. Disse que quando o outro
erra, elas não poderiam dar risada, porque alguns estavam fazendo isso
propositadamente para ridicularizar o colega. Então comecei novamente e elas
esperaram chegar a sua vez para cantar, só que algumas cantaram gritando; orientei a
elas que cantassem mais suave e seguimos adiante.
Repertório (40 min): iniciou-se com uma música pequena e simples muito
conhecida das crianças: “Sou um soldadinho de Jesus”. Como essa música não tem
playback, a regente "tirou" a melodia “de ouvido” previamente, e no ensaio com o
teclado tocou a melodia, para que a afinação ficasse bem precisa. A monitora ajudou as
crianças a cantarem num primeiro momento enquanto a regente tocava, incentivando-os
mais de perto. Essa canção tem uma parte em que cantam apenas as meninas e depois os
meninos - uma proposta que exige atenção das crianças para entrarem no tempo certo.
Depois disso, levantei-me da cadeira em que estava e toquei em pé, para que as crianças
me visualizassem melhor. As meninas, como são em número maior, cantaram com mais
energia, mas os meninos estavam mais tímidos por serem minoria. Passamos a parte
delas enfatizando para ter mais energia, e cantar na altura da nota. A canção foi repetida,
mais duas vezes, sendo a última cantada em pé. Estavam mais animados e atentos. A
próxima música acrescentada no repertório das crianças foi “Esconde Esconde”, uma
música com uma nova proposta de cantar e fazer o movimento corporal junto. Como o
coro abrange diversas idades, algumas crianças conheciam a música e outras não, então
primeiro passamos a letra e depois a melodia. A segunda vez cantamos a cappella para
melhorar a afinação e corrigir os erros da primeira parte da música.
49

IMAGEM 4: Explicação dos vocalizes

Hora do lanche (15 min): para o próximo ensaio foi combinado de fazermos
um piquenique, as monitoras conversaram com os pais que concordaram em colaborar
para o próximo ensaio.
.

5º ensaio - 06/08/2016

Crianças presentes: 14

Preparação (5 min): Antes de iniciarmos o ensaio conversamos sobre as


apresentações marcadas para setembro e outubro. Para isso, elas precisavam se
concentrar e assim, não perdermos tempo no ensaio.
Interação: O momento de interação aconteceu no final, juntamente com o
piquenique.
Preparação corporal (5 min): As crianças esticaram os braços para cima,
alongaram o pescoço para ambos os lados, foi feito rotação dos ombros para frente e
para trás e pra finalizar fizemos o “desmaio em pé” (detalhado p. 48) como na aula
anterior simulando um “boneco de pano”.
Exercícios de respiração (5 min): A regente relembrou os gestos de preparação
para os exercícios, para que todos respirassem juntos e iniciassem os exercícios juntos.
Exercício inicial “Tchu – ts” (p. 33 deste trabalho); no decorrer da atividade as crianças
relaxaram a postura e fizemos novamente o exercício com a proposta de que elas
colocassem a mão na barriga para sentir a movimentação do diafragma (o “sapinho”
pulando). A todo tempo é relembrado sobre a postura do canto e aonde deve ser a nossa
energia, pois quando se desconcentravam utilizavam a respiração alta.
Vocalizes: (15 min): Iniciando com vibração de lábios “Brr” (detalhado à p. 37).
Depois foi realizado um vocalize com graus conjuntos descendentes na sílaba "vi". As
crianças estavam eufóricas e iniciaram gritando, então paramos e disse para elas
50

prestarem atenção no que estavam fazendo, relembrando que o ato de cantar precisa ser
refletido. A maior dificuldade das crianças estava sendo o golpe de glote, fomos
buscando leveza. Quando estávamos em Dó Sustenido 4, as crianças não estavam
conseguindo afinar e deixar a voz passar, então sugeri que imitássemos o miado de gato,
seguindo de cada um cantando o exercício do vocalize individualmente para que elas
não se cansassem da repetição e assim pudesse ser identificada a dificuldade de forma
individual. As crianças se soltaram bastante, e foram perdendo a timidez.
Repertório: (40 min): “Sou um soldadinho de Jesus” – as meninas iniciaram
dispersas, mas iniciamos novamente e ficaram atentas. Enquanto a regente tocava a
melodia no teclado, as monitoras ajudavam fazendo os gestos e cantando junto com as
crianças. Repetimos a canção mais uma vez e depois escutamos a música “Esconde
Esconde”, e ensaiamos apenas a primeira parte da canção inserindo os gestos.
Hora do Lanche (30 min): Foram reservados aproximadamente 30 minutos
para a realização do piquenique (com lanche coletivo). Essa nova proposta foi bem
sucedida, pois proporcionou um momento de muita interação e diversão entre os
participantes do coro. Comeram, brincaram e socializaram-se.

IMAGEM 5: Piquenique realizado na “Hora do lanche”.

6º ensaio - 13/08/2016

Crianças presentes: 19

Preparação: Ao chegarmos, estava sendo realizada uma reunião da liderança da


IAPCG na sala onde geralmente fazemos o ensaio, então foi preciso realizar o ensaio
em outra sala bem menor.
Interação: Não foi possível realizar, por falta de espaço e horário avançado por
conta das alterações de organização de sala.
Preparação corporal (5 min): Foram realizados os mesmos alongamentos dos
ensaios anteriores.
Exercícios de respiração (5 min): Exercícios “Tchu – ts”, "S" longo, "Z" longo
(p. 33 deste trabalho).
Vocalização Inicial (5 min): Imitar o telefone tocando, com vibração de língua,
e glissandos desenhando o som no ar.
51

Vocalizes (15 min): Vocalizes: “vou na minha vó” e “marmelada” (p. 37 deste
trabalho).
Repertório (40 min):“Sou um soldadinho de Jesus”, “Esconde Esconde” e
"Minha confiança".
Hora do Lanche (15 min).

7º ensaio - dia 27/08/2016

Crianças presentes: 15

Interação (5 min): A brincadeira musical se chama “Êpo”(detalhada à p. 33). É


uma canção acompanhada de gestos e ritmo, no qual exige atenção, concentração,
interação e coordenação dos participantes. Inicialmente foi ensinada a canção para as
crianças, acrescentando um gesto a cada palavra cantada. Depois que as crianças
aprenderam a canção e gestos começamos a fazer variações: lento, crescendo, rápido,
forte, fortíssimo, piano, pianíssimo, grave, médio e agudo, trabalhando assim variações
rítmicas, melódicas, intensidade e altura.
Preparação corporal (5 min): Como nos ensaios anteriores fizemos os
alongamentos com a proposta de simular um “boneco de pano”, esticamos os braços pra
cima, alongamos o pescoço para ambos os lados, fizemos rotação dos ombros para
frente e pra trás e pra finalizar fizemos o “desmaio em pé” (detalhado p. 48).
Exercícios de respiração (5 min): “Tchu - Ts...” fazendo uma sequência de
quinze vezes. O próximo exercício foi o “S” longo, fazendo um círculo no ar.
Vocalização inicial (5 min): Vibração - Foi proposto que as crianças imitassem
uma moto acelerando: “Brr” repetindo dez vezes, inicialmente com sons curtos e menos
intensos, aumentando gradativamente. A regente fez uma primeira vez exemplificando,
depois as crianças fizeram.
Glissando - Imitamos o som da ambulância “IU...” desenhando o som no ar,
utilizando ressonância craniana.
Vocalizes (15 min): Cantamos a silaba “Vi” iniciando em Lá 3. Como nos
ensaios anteriores, a regente fez a primeira vez e depois elas repetiram. Porém, cada
uma estava cantando de um jeito e o coro ficou desafinado, então fizemos a proposta de
cantar em solo o vocalize. Algumas crianças não afinaram completamente, mas com o
exercício melhoraram um pouco. Depois que todos cantaram o exercício
individualmente, todos cantaram juntos e fomos subindo por semitons até Ré 4 - o que
nos surpreendeu bastante, afinal foi a primeira vez que conseguimos chegar nessa nota
com êxito nos vocalizes.
Intervalo (2 min): Foi realizado um intervalo rápido, para tomarem agua.
Repertório (40 min): Iniciamos com a canção “Esconde Esconde” que seria
apresentada no próximo sábado. As crianças estavam bem desanimadas no começo.
Uma das monitoras conversou com elas, as incentivando, então concentraram-se e
cantaram mais animadas. Para que elas não perdessem o ânimo e nós repetíssemos a
música mais vezes, dividimos em grupos de três e dois, de meninas e meninos. Depois
juntamos todos e cantamos mais uma vez. Por fim ensaiamos uma vez dentro da igreja
para que elas se habituassem com o espaço do palco da igreja e com o volume que
precisavam cantar.
Hora do Lanche (15 min).
52

IMAGEM 6: momento do repertório dinâmico.

8º ensaio - 03/09/2016

Crianças presentes: 19

Interação (5 min): Brincadeira música “Epô” (p. 33 deste trabalho).


Preparação corporal (5 min): Foram realizados os mesmos alongamentos dos
ensaios anteriores.
Exercícios de respiração (5 min): Exercicio “Tchu – ts”, "S" longo, "S" curto
(detalhado p. 33).
Vocalização inicial (5 min): Imitaram o som da sirene, em glissando. Telefone
tocando, vibração de língua. Imitaram o barulho da moto acelerando "BR", vibração de
lábios.
Vocalizes: (15 min): Boca Chiusa, marmelada e “au au au” (detalhados à p. 35).
Repertório (40 min):“Sou um soldadinho de Jesus”, “Esconde Esconde” e
"Minha confiança".
Hora do Lanche (15 min).

Apresentação no culto e relatório 9º ensaio - dia 10/09/2016

Crianças presentes na apresentação: 16

Apresentação: No culto dirigido pelo departamento infantil, às 10:30 horas as


crianças apresentaram a canção “Esconde Esconde” – Diante do Trono. Como
proposto, os coralistas cantaram e fizeram gestos. Ficaram atentos à regente e cantaram
com energia do começo ao fim. Foi uma apresentação em que a própria igreja ficou
admirada, percebendo como as crianças estavam cantando desinibidas e mais afinadas -
o que sem dúvidas deixou o coral e toda a equipe do projeto muito feliz. No final da
canção a igreja aplaudiu as crianças com entusiasmo, o que as deixou ainda mais
animadas.
53

IMAGEM 7: Apresentação do coro no culto.

Crianças presentes ensaio: 12

Preparação e interação (5 min): Houve um imprevisto novamente e ficamos


sem a nossa sala onde acontece o ensaio. Então nos direcionamos para outra sala bem
menor, apenas com um ventilador bem ruidoso, espaço reduzido não tendo o espaço
para fazer o momento de interação que tinha sido programado. Então não foi feito o
momento de interação no começo, transferindo para o momento do repertório onde seria
proposta a brincadeira da “criança solista”.
Preparação corporal (3 min): Alongamento como nos ensaios anteriores,
porém menos dinâmico, por conta da falta de espaço.
Exercícios de respiração (3 min): Como nos ensaios anteriores a regente fez o
gesto de preparação para as crianças respirarem e iniciamos com o “Tchu
Ts.”(detalhado p. 33) com a sequência de quinze vezes, repetimos mais uma vez.
Depois, as crianças soltaram o “S” longo desenhando um círculo no ar, finalizando
quando o dedo chegasse no ponto inicial.
Vocalização inicial (10 min): Glissando - A atividade foi iniciada com a
regente desenhando o som que gostaria que as crianças executassem, foi desenhando
aleatoriamente e as crianças cantando e fazendo o gesto junto. Depois cada uma criou
um gesto e fez para que todos cantassem,, aprimorando assim a criatividade de cada
uma delas; a regra era não imitar o coleguinha.
Vibração - Foi proposto que elas imitassem o som da moto acelerando, fazendo:
“Brr.. Br..” junto com o gesto de acelerar moto, elas se divertiram bastante e
consequentemente preparando o corpo para cantar. Repetimos algumas vezes e depois
fizemos a mesma coisa, mas com o som do telefone tocando, com vibração de língua.
Vocalizes (10 min): “Vou na minha vó” iniciando em lá. Em seguida realizamos
o vocalize em stacatto “au au au”. Percebeu-se que os vocalizes foram executados com
melhor colocação vocal do que nos ensaios anteriores.
Repertório (30 min): Iniciamos com a música "Minha confiança" acompanhada
do playback. Sentamos em roda e realizamos a brincadeira das “crianças solistas”,
seguindo a música "Sou um soldadinho de Jesus" a cappella. Em seguida, cantaram
todos juntos em pé. O resultado após esse momento foi que as crianças cantaram mais a
vontade, desenvoltas e seguras.
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Hora do lanche (15 min).

IMAGEM 8: Crianças cantando e fazendo gestos.

10º ensaio - 24/09/2016

Crianças presentes: 9

Interação (5 min): Cantar a canção “Escravos de Jó” e fazer os respectivos


movimentos de acordo com a canção, a brincadeira já era conhecida pelas crianças. O
objetivo da mesma, como já citado anteriormente, é para se trabalhar coordenação,
atenção e ritmo. Elas já estavam mais atentas e concentradas do que na primeira vez que
foi realizada essa atividade, pensando em cada palavra da canção para assim fazer o
respectivo movimento.
Preparação corporal (5 min): Alongamos os braços para cima, para frente e
para trás; rotação de ombros para frente e para trás; respiração profunda com elevação
de ombros e ao soltar o ar relaxamento completo, seguido do “desmaio em pé”.
Exercícios de respiração (5 min): A regente fez o gesto de preparação para as
crianças respirarem e iniciamos com o “Tchu Ts...” com a sequência de dez vezes,
repetimos mais uma vez. As crianças já estavam mais conscientes na movimentação
abdominal que acontece no exercício. Depois as crianças soltaram o “S” longo
desenhando um círculo no ar com o dedo; algumas crianças respiraram no meio, e elas
estavam avisadas das regras do exercício. Disse a elas que tinha visto que não
cumpriram com o objetivo do exercício, então elas fizeram mais uma vez, prestando
mais atenção e cumprindo a finalidade do exercício.
Vocalização Inicial (5 min): Glissando - Desenhamos um triângulo no ar e a
voz subia e descia, conforme o movimento. Em seguida foi realizado o “Tu...” do
telefone, mantendo a mesma nota, com a intensão de que elas fossem colocando a voz
na região da cabeça.
Vibração de língua e lábios - Agora a proposta foi que as crianças imitassem o
telefone quando toca, vibrando a língua com o “Trr...” (quatro vezes curto, e o ultimo
longo); o exercício foi repetido mais uma vez. Depois imitamos uma moto acelerando
com vibração de lábios, fazendo “Brr” também quatro vezes curto e o ultimo longo,
repetindo algumas vezes. Ambas as imitações foram feitas acompanhadas do gesto, o
que tornou ainda mais fácil a execução da atividade.
Vocalizes (15 min): “Vou na minha vó”; iniciando em lá. Com a realização dos
glissandos, ficou mais fácil para as crianças iniciarem com a voz bem colocada. Porém
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alguns dos meninos estavam com dificuldade na afinação, então fizemos


individualmente com eles (eram três meninos presentes). Depois juntaram todos com as
meninas, e o som ficou melhor. Em seguida, realizamos o vocalize em stacatto “au au
au”. Começaram praticamente falando o ritmo, paramos e pedi para elas escutarem
somente eu cantar, e iniciamos novamente o vocalize, assim elas ficaram mais atentas.
Repertório (40 min): Foi acrescentada uma nova música que as crianças
também já conheciam: “O sabão”. Iniciamos priorizando afinação e sustentação de cada
nota. A primeira vez acompanhada do teclado, a segunda a cappella para que a regente
pudesse dar mais atenção no cantar das crianças, na postura, dicção, respiração.
Cantamos a música mais uma vez, sem acompanhamento instrumental; a regente
emitiu o tom inicial para o coro, em seguida repetiram, mas não estavam atentas e cada
um cantou de um jeito, chamei a atenção do coro, repetimos e ficou melhor, foi feito um
gesto de preparação para iniciar a canção. Na primeira parte da música as crianças
estavam mantendo a afinação, porém, na repetição cantaram falando o ritmo, então foi
preciso interromper e mostrar o erro a elas, para que elas pudessem fazer diferente.
Então reiniciamos a canção, e elas tentaram ficar mais atentas. A seguir relembramos as
músicas anteriores, “Sou um soldadinho de Jesus”, “Minha confiança” e “ Esconde
Esconde”. Nesse ensaio teve um número grande de faltas, o que prejudicou um pouco o
rendimento do ensaio.
Hora do lanche (15 min).

IMAGEM 9: Vocalização inicial - imitando o som do telefone.

11º ensaio - 01/10/2016

Crianças presentes: 16

Interação (5 min): A brincadeira musical foi “vivo ou morto” musical, com os


instrumentos flauta e pandeiro - brincadeira que as crianças já conheciam desde o
primeiro ensaio.
Preparação corporal (5 min): Alongamento com os braços para cima, para
frente e para trás; rotação de ombros para frente e para trás; respiração profunda com
elevação de ombros e ao soltar o ar, relaxamento completo - “desmaio em pé”.
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Exercícios de respiração (5 min): Início com gesto de preparação, para as


crianças respirarem antes de realizar o exercício “Tchu-Ts”. Depois de inspirarem, as
crianças expiraram o “S” longo desenhando com o dedo um círculo no ar. Uma das
crianças não fez o exercício junto com todos, mas depois a regente sugeriu que ele
fizesse individualmente. O próximo exercício foi inspirar e soltar o “S” curto quatro
vezes, com o sons curtos e o ultimo, longo.
Vocalização inicial (8 min): Glissando - A regente desenhou vários círculos no
ar e as crianças cantaram conforme o movimento. Foi proposto que duas crianças
criassem um desenho no ar regendo para o coro, a primeira fez o mesmo que a regente
só que mais rápido, e a segundo desenhou o triangulo. Em seguida foi realizado o
“Tu...”, mantendo a mesma nota, com a intenção de que fossem colocando a voz na
região craniana.
Vocalizes (10 min): Vibração de lábios – “Tr”, e depois “Br”, quando chegamos
em Dósustenido4 as crianças fizeram individualmente. Depois foi o “Vou na minha vó”,
iniciando em Lá3. Em seguida, realizamos o vocalize em stacatto “au au au”.
Repertório (40 min): Organizamos as cadeiras e fizemos rapidamente um
círculo, iniciando com a canção “O sabão” e fazendo a brincadeira da “criança solista”.
A regente emitiu o tom inicial e cantou a primeira palavra, e as crianças continuaram,
uma por vez. Depois repetimos a canção, todos juntos. A seguir, relembramos a música
“Sou um soldadinho de Jesus”, inicialmente todos juntos e depois fazendo a brincadeira
da “criança solista”, as crianças estavam bem mais atentas que na primeira vez, então
cantamos “O sabão” com a mesma proposta. Depois a regente sugeriu que ensaiassem
fazendo uma simulação da apresentação que aconteceria no próximo sábado, então as
crianças cantaram todas as músicas anteriores acrescentando “Minha confiança” e
“Esconde Esconde”.
Hora do lanche (15 min).

IMAGEM 10: Brincadeira da criança solista – momento do repertório.

Relatório da apresentação de Encerramento - 08/10/2016

Crianças presentes: 15

A apresentação foi dentro do templo, com a presença dos pais, membros da


igreja e visitas, com o objetivo de proporcionar às crianças um momento único, em que
57

o foco fosse a performance do coro. Além disso, a apresentação representou o


fechamento do período de pesquisa-ação junto ao coro.
O programa teve início com uma das monitoras fazendo a abertura, com um
versículo bíblico e oração, depois passando a oportunidade para a regente, que
agradeceu a Deus, pais, crianças, igreja e monitoras pelo grande apoio, fazendo uma
singela homenagem a essa equipe de trabalho e enfatizando o quanto é importante a
colaboração de todos para que o projeto tenha um bom desenvolvimento.
Seguindo com o programa, convidamos o coro para a apresentação das quatro
músicas preparadas. Para essa apresentação final, as monitoras e regente elaboraram
máscaras de florzinha para as meninas e chapéus de soldados para os meninos. Para a
confecção da máscara foram utilizados pratos de papelão, papel crepom rosa e amarelo.
E para os chapéus de soldadinho, utilizamos papel laminado verde, tesoura e régua. O
uso do figurino foi importante para o coro Joias de Cristo, pois assim as crianças
ficaram animadas, ajudando também na interpretação das canções com gestos.

IMAGEM 11: Apresentação da música “Sou um soldadinho de Jesus”

Performance musical: O coro apresentou as músicas em sequência, com um


breve intervalo após a primeira música, para que o coro tirasse as máscaras. Conforme
ensaiado, a regente emitiu o tom inicial para o coro, esperou que elas repetissem, fez o
gesto de preparação e iniciou a primeira canção. Para que não houvesse espaço vago no
programa e para que os pais e restante do público soubessem um pouco do que as
crianças aprenderam nos ensaios, a regente fez uma breve exposição dos conteúdos dos
ensaios. A medida em que citava os exercícios, as crianças exemplificavam do primeiro
banco no qual estavam sentadas. Foi um momento dinâmico em que os pais
demonstraram satisfação ao ver o conhecimento musical e técnico que suas crianças
tiveram através do coro.
Para dar continuidade à apresentação, as crianças voltaram ao palco, e
apresentaram as outras canções. De maneira geral, pôde-se perceber a seriedade e
compromisso que as crianças tiveram com o coro. Ao observar através das filmagens, se
pôde notar a evolução musical e vocal que as crianças tiveram nesse tempo de trabalho.
Elas estavam mais afinadas, menos tímidas, inclusive interpretando a canção; cantando
na mesma intensidade, mostrando equilíbrio vocal, com melhora perceptível da
respiração e postura ao cantar.
58

3.2. Análise dos Relatórios

Conforme apresentado nessa pesquisa, os ensaios seguiam uma sequência de


atividades na seguinte ordem: interação, preparação corporal, exercícios de respiração,
vocalizes, repertório e por fim, o momento do lanche – que foi importante para
socializar as crianças e terminar os ensaios com alegria. Faremos uma análise geral
desses itens, expondo em tópicos os resultados obtidos e dificuldades encontradas, para
que haja uma melhor compreensão do leitor.
Interação – Com as brincadeiras executadas no início dos ensaios, as crianças
mostravam-se mais motivadas, também se concentrando para sua aprendizagem
musical.
Preparação corporal - as crianças mostravam-se mais dispostas e interessadas
para a preparação corporal quando os exercícios eram mais dinâmicos. Nos primeiros
ensaios, os alongamentos foram realizados com menos movimentos e isso não chamava
a atenção das crianças, tornando o momento “chato” para elas; mas usando ludicidade
no alongamento, elas demonstraram resultados mais positivos, interagindo
satisfatoriamente. Através dos alongamentos, também podemos perceber a melhora da
postura do coro ao cantar.
Respiração – Através das filmagens, pôde-se perceber que a partir do terceiro
ensaio as crianças se esforçavam mais para manterem a concentração, começando a
entender e reproduzir os exercícios de forma mais consciente. Quando a regente
percebia que os alunos estavam relaxando em relação à postura, eram realizadas
algumas perguntas, tais como: “Pode levantar os ombros? E a cabeça, pode mexer para
frente e para trás? Pode fazer força no pescoço? ” E as crianças respondiam que não, e
se estivessem fazendo de outra maneira, arrumavam-se imediatamente. Analisando o
processo respiratório, no décimo primeiro ensaio, notam-se melhorias tanto na
realização dos exercícios, quanto nas execuções das músicas.
Vocalização inicial – Com ajuda dos exercícios em glissando, as crianças
puderam explorar uma região vocal desconhecida para elas, que tinham como hábito
cantar apenas no registro grave. Em um dos ensaios com o glissando, chegaram até a
nota Mi bemol4. Exercícios de vibração e de imitação tiveram grande sucesso com as
crianças, pois além de estarem se preparando vocalmente, elas se divertiam. Com a
vocalização inicial, elas começaram a colocar melhor a voz e realizar a transferência do
registro grave para o agudo com mais facilidade.
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Vocalizes - Com os vocalizes, as crianças puderam desenvolver melhor as notas


agudas, agilidade, afinação, controle da ansiedade e timidez. Com ajuda de estratégias
do “vocalizes em solo” e da brincadeira “criança solista” (utilizada no momento do
repertório), as crianças tímidas precisaram enfrentar sua timidez nesse momento, o que
ajudou no desenvolvimento vocal dessas crianças. O estimulo da regente também é de
grande importância, não criticando a afinação e timidez da criança, mas orientando-as
para que melhorem a aprendizagem e seu desenvolvimento músico-vocal.
Repertório – O desenvolvimento vocal das crianças através do repertório foi
perceptível. Não apenas para a regente e monitoras, mas aos pais dessas crianças e
igreja, de modo geral. Através da análise das filmagens da apresentação final, pôde-se
avaliar a evolução de muitas crianças, que desafinavam ou até mesmo não cantavam por
conta da timidez excessiva. Essas crianças estavam cantando com segurança na
apresentação e também fazendo os gestos, interpretando a canção.
Como se trata de um coro iniciante, em todos os ensaios foi preciso relembrar as
crianças do gesto de preparação, o que é muito importante para que o coro entenda que
é preciso que todas respirem e cantem simultaneamente, em uma mesma afinação. É
preciso enfatizar ao coro que nesse momento são necessárias a concentração e a
atenção.

3.2.1. Dificuldades enfrentadas

Durante o período dos ensaios, algumas crianças tiveram um grande número de


faltas, por alguns motivos: falta de veículo próprio dos pais para conduzi-las, crianças
com pais separados que precisavam visita-los no dia do ensaio, outras cujos pais não
participavam da igreja (sendo levadas pela avó), e a prioridade dada a outros
compromissos pessoais. Uma das participantes de 5 anos saiu pois precisou mudar de
cidade. O restante das crianças continuou no coro até o final do período compreendido
pela pesquisa.
No coro tivemos algumas dificuldades relacionadas ao espaço físico e à falta de
instrumentista para acompanhamento do coro. Em dois ensaios, a sala previamente
reservada esteve ocupada, prejudicando o desenvolvimento do ensaio. Com a sala
ocupada, o ensaio precisou acontecer em uma sala bem menor, sem ventilação
adequada, e com um espaço reduzido, com ruídos (ventilador), interferindo na interação
preparada pela regente. No que se refere ao acompanhamento, o coro não teve um
60

instrumentista nos ensaios – o que foi um grande desafio, pois com um pianista para
acompanhar, a liberdade de escolha de repertório seria maior e a regente também ficaria
mais próxima do coro, preocupando-se apenas em ensinar as crianças vocalmente. Sem
um pianista, foi preciso que a regente tocasse em determinados momentos. Por falta de
acompanhamento, as crianças cantaram duas canções a cappella - o que também foi um
desafio, principalmente para manter a afinação nos saltos.
Podemos citar que inicialmente a regente teve dificuldades em prender a atenção
das crianças em todas as partes do ensaio, mas inserindo a ludicidade em todos os
momentos e não apenas na interação, foi possível resolver esse problema. Nos primeiros
ensaios, as crianças ficavam eufóricas e cantavam as músicas gritando, então a regente
precisava parar a música e pedir para elas prestarem atenção no que estavam fazendo,
sempre relembrando que o ato de cantar precisa ser refletido. As crianças inicialmente
demonstravam ansiedade, pois quando a regente pedia para que elas ouvissem primeiro
e esperassem sua vez de cantar, elas não esperavam; cantavam junto, mas com o passar
dos ensaios e com a ajuda da regente, as crianças aprenderam a controlar mais a
ansiedade, e a perceberem quando estavam gritando.

3.2.2. Avaliação dos demais envolvidos no projeto: monitoras e pais

Ao fim dessa pesquisa-ação, foi realizada uma breve entrevista com as


monitoras e alguns dos responsáveis pelas crianças, onde a regente pediu para que
comentassem sobre o projeto do coro “Joias de Cristo”. Sua participação foi voluntária
e registrada em vídeo.
As monitoras avaliaram o coro positivamente, apontando alguns itens como:
dedicação das crianças nos ensaios, a animação para participar dos ensaios, desinibição
das crianças para cantar (pois eram tímidas), compromisso dos responsáveis em levar os
filhos aos ensaios, incentivando o hábito das crianças em cantarem e se apresentarem.
As mães avaliaram o coro também de modo positivo. Apresentaremos a seguir,
algumas questões relevantes que as entrevistadas apontaram. A primeira mãe afirmou
que sempre sentiu falta de mais música na igreja para as crianças, e os ensaios todos os
sábados foram bons para o filho, ocupando seu tempo livre. A segunda mãe afirmou que
a filha sempre quis fazer aulas de música, mas nunca teve oportunidade, e conclui que
houve melhora no canto de sua filha.
61

A terceira mãe entrevistada gostou muito do projeto, afirmando que a filha


também cantava em casa as músicas aprendidas no coro, complementando que a filha
gosta muito de ir aos ensaios.
A quarta mãe achou benéfico o projeto do coro, dizendo que a questão da
disciplina fez com que o filho, toda vez que fosse aos ensaios, pudesse ter uma
organização de horário, colocando o processo de aprendizagem em evidência e
justificando sua importância. Comentou também, sobre a interação das crianças,
afirmando que elas ficaram muito mais sociáveis e comentou como pontos positivos -
além da musicalização - o compromisso, a socialização, a responsabilidade.
A última entrevistada afirmou que para as sobrinhas, o projeto também foi
benéfico, pois elas ficaram mais desinibidas para cantar, melhorando o comportamento,
a voz, e o jeito que elas cantavam.
Todas responderam que os filhos gostam muito de cantar, que houve melhora no
canto dos filhos, e que o trabalho do coro deveria continuar após o encerramento desta
pesquisa.
Por fim, foi realizada uma entrevista com as crianças, a respeito de sua
experiência no coro infantil, com 6 perguntas simples. Analisando as respostas das
crianças, foi possível concluir que elas permaneceram motivadas e satisfeitas com a
experiência, com a expectativa de continuar no coro. Abaixo, apresentamos a análise
das respostas, que nos levam aos seguintes dados:

1. O que mais gostou no coral?

7 7
6
5
5

4
3
3

2
1
1

0
BNCADEIRAS ALONGAMENTOS VOCALIZES TUDO
62

2. Teve alguma coisa que você não gostou?


R: 14 crianças responderam que não, ou seja, gostaram de tudo. Mas 2
responderam que não gostaram do alongamento.
3. Você acha que está cantando melhor agora?
R: Todas responderam que sim.
4. O que você aprendeu de música nos ensaios?

9 9
8

4 3
3 2 2
2

0
AQUECIMENTOS AFINAR NÃO TER MUITAS COISAS
VERGONHA

5. Você quer continuar no coral?


R: Todas disseram que sim.

6. Você acha importante ter um coral infantil na igreja?


R: Todas responderam sim.
63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa, abordamos o desenvolvimento da técnica vocal infantil de forma


prática, através da formação de um coro infantil, sendo que foram realizados e
analisados 11 ensaios e 2 apresentações.
Inicialmente, apresentamos o contexto em que o coro se inseria e as condições
iniciais desse coro, com o objetivo de traçar os perfis dos participantes e detectar suas
respectivas preferências musicais, expectativas e conhecimento prévio, assim como as
principais dificuldades em relação à prática do canto.
Durante a pesquisa, buscamos enfatizar a importância da técnica vocal,
principalmente para as crianças, embasando nossas afirmações nos respectivos
referenciais teóricos. Através de canções conhecidas pelas crianças, por meio da escola
bíblica, se pôde trabalhar primordialmente a técnica vocal, estabelecendo processos de
aprendizagem das canções.
Para conhecimento da voz infantil, foram apresentadas resumidamente as etapas
da fonação, que contribuíram para justificar o ensino da técnica vocal para as crianças.
Para o regente/professor que trabalha com vozes infantis, é importante o conhecimento
das características da voz infantil e a respectiva tessitura e extensão vocal, para que o
ensino da técnica seja de acordo com as possibilidades fisiológicas das crianças. Pôde-
se ter uma noção desses itens neste trabalho através da tabela de Jenevora Williams
adaptada pela autora, e do gráfico de Wurgler (apud Gaborim-Moreira), em sua
comparação aos resultados obtidos com o coro.
O ensaio estruturado com brincadeiras (interação), exercícios de respiração,
vocalizes e repertório pode conceder amplo conhecimento e desenvolvimento vocal às
crianças. Com a vocalização inicial e vocalizes, principalmente em glissandos,
descobriram uma nova voz, compreendendo como desenvolver o registro agudo.
Estratégias lúdicas presentes no ensaio, como “vocalização em solo” e “criança solista”,
ajudaram no desenvolvimento da afinação, concentração e segurança das crianças,
trabalhando suas dificuldades individualmente.
A análise da estrutura dos ensaios revelou resultados positivos no processo de
aprendizagem das crianças, contudo o estudo e a motivação precisam ser constantes
para que haja melhora na aprendizagem do canto, sempre dentro dos parâmetros da
saúde vocal. O desenvolvimento do coro Joias de Cristo, na Igreja Adventista da
Promessa, foi uma ação positiva não apenas no desenvolvimento da técnica vocal das
64

crianças, mas também em sua socialização. Os pais e a igreja, de modo geral,


responderam também de forma positiva, apoiando o coro em suas apresentações.
Com o trabalho desenvolvido no coro Joias de Cristo, pudemos ver de forma
concreta os benefícios da técnica vocal. Gradativamente, foram solucionadas grande
parte das dificuldades que as crianças apresentaram inicialmente. Sabemos que a
realidade dos coros infantis é complicada e muitas vezes não é realizado o trabalho de
técnica vocal, que antecede o repertório. Mas isso precisa ser refletido para que haja um
melhor desenvolvimento do coro, e acima de tudo, para que se preserve a saúde vocal
dos coralistas.
Assim, o coro Joias de Cristo não se encerrará junto com essa pesquisa, mas terá
continuidade, na expectativa de colaborar para que outras comunidades e igrejas sejam
incentivadas e beneficiadas com o estabelecimento de uma prática coral infantil
consciente e saudável, através dos princípios da técnica vocal.
65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRENOME, Prenome(s) do Autor. Título do Trabalho: subtítulo [se houver]. Cidade,
ano da defesa (se for o caso). Número de folhas ou páginas [ex.: 123 f.]. Dissertação (Mestrado
em...) [ou Tese (Doutorado em...)]. Instituto, Universidade, Cidade, ano da publicação.
Disponível em [se for o caso]: http://... Acesso em: dia mês abreviado ano.

BAGO D’UVA, José Carlos. Práticas de técnica vocal e respiratória aplicadas ao


canto coral nas escolas do 1º ciclo do E.B: um estudo sobre os efeitos da técnica vocal
e respiratória como (um dos) factor(es) de valorização “do canto em conjunto” em
contexto de sala de aula. Setúbal (Portugal), 2010 [102f.] Dissertação (Mestrado).
Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Setúbal, 2010.

BÜNDCHEN, Denise B. Sant’Anna. A relação ritmo-movimento no fazer musical


criativo: uma abordagem construtivista na prática de canto coral. Porto Alegre,
2005 [232f.] Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação da UFRGS, Porto Alegre,
2005.

CARNASSALE, J. G. O ensino de canto para crianças e adolescentes. Campinas, SP,


1995. [183]. Dissertação (Mestrado). Instituto de Artes da UNICAMP,1995.

CARVALHO, Vivian Assis. Coral Cariúnas: identidade, significado e performance.


Belo Horizonte (MG), 2007. [108 f.] Dissertação (Mestrado). Escola de Música da
Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.

CHEVITARESE, Maria José. O Canto Coral como agente de transformação


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Faculdade de Educação da UFRGS, 2008.

APÊNDICES

Apêndice A
ENTREVISTA COM AS IGREJAS ADVENTISTAS DA PROMESSA DE
CAMPO GRANDE:
Como já foi relatado o contexto coral da IAP vila Nhánhá, foi realizada a
entrevista apenas com as demais igrejas. A entrevista foi realizada com líderes do
louvor do respectivo bairro.
“Na igreja em que você atua existe um coral infantil ou adulto? Se não têm,
qual seria o possível motivo?”
Igrejas que não possuem coros:
Central (26 de agosto) - Não possui nenhum coro. O possível motivo seria pela
falta de alguém especializado na área para coordenar.
Nova Capital – Não possuí nenhum tipo de coral. Acho que porque ninguém se
manifestou para tomar a iniciativa.
Dom Antônio – Não possuí. A igreja tem poucos membros, e não têm alguém
que entenda para montar um coral.
Aero Rancho – Não possuí coros. As crianças cantam esporadicamente, mas
não temos alguém para coordenar um coral.
Vila Antunes – Não possuí nenhum tipo de coral. O maior empecilho para não
termos o coral é a falta de alguém capacitado para isso, pois há divisão de vozes e
técnica. E na nossa igreja não tem essa pessoa com esses conhecimentos para dirigir um
coral
Igrejas que possuem coros:
Vila Almeida – Sim, a igreja tem um coro de homens, que foi criado
recentemente, liderado por mim. Também têm um coral infantil liderado por uma
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pessoa não especializada na área. O “Coro Masculino” é formado até o momento, por 7
homens, dividimos as vozes conforme o repertório e temos a possibilidade de chegar a
quatro vozes.
Aproximadamente qual é o tempo de ensaio? No “Coro Masculino”
ensaiamos todos os sábados durante 2 horas. Fazemos aquecimentos respiratório e vocal
sempre que iniciamos. Toma um bom tempo, mas traz bons resultados. Já no infantil ela
os ensaia durante a aula da escola bíblica, no DIJAP. E fica mais assíduo quando tem
uma programação por perto. Mas os ensaios acontecem sempre.
Qual o nome dos coros? E faixa etária do coro infantil? Homens- “Coro
Masculino”; Crianças – “Cordeirinhos de Jesus”.
Vila Kelly – Sim. Temos um coral infantil com crianças de 07 a 11 anos e
também um coro de mulheres. Mas nossa realidade é tão complicada em nossas igrejas,
com o tempo e estrutura e outras coisas a gente sabe o que tem que fazer a como fazer,
mas não fazemos por completo. Ultimamente fazemos só o básico. não faço vocalizes,
brincadeiras rítmicas alongamento, relaxamento, dinâmicas.
Aproximadamente qual é o tempo de ensaio? Muito pouco tempo que nos
dão, ás vezes temos 20 a 25 minutos para o canto e ainda flauta. Porque eu ensaio com
eles de manhã, após a lição.
Qual o nome dos coros? E faixa etária do coro infantil? Crianças- Coro Nova
Geração (7 a 11 anos); Mulheres- Adorai

APÊNDICE B
ENTREVISTA COM MEMBROS DA IAP VILA NHÁNHÁ:
Entrevista realizada com alguns membros da igreja, para saber se há igreja já
teve coros.
1)Você já participou de algum coral na IAP VILA NHÁNHÁ?
2) Se lembra qual foi o ano?
3) Se lembra do nome do Regente, e qual o possível motivo do coral não ter
dado continuidade?
J. P., A A., L. A.,(respostas iguais)– Sim, aproximadamente em 1987 com o
Regente Cláudio Cézar com duração aproximada de um ano. Que não teve continuidade
devido a mudança. No ano aproximado de 1990 participamos de outro coro, com o
regente Daniel, que precisou se afastar por problemas de saúde.
69

G. R. – Sim, do Arca da Aliança, no ano de 2007. O regente se chamava


Ronderson Soares. O regente morava em Nova Alvorada do Sul – MS, mas precisou
mudar-se para uma cidade ainda mais longe, então não pôde dar continuidade.
70

ANEXO

TERMO DE COMPROMISSO

PROJETO CORAL INFANTIL DA IGREJA ADVENTISTA DA PROMESSA

Eu, ____________________________________________________________, responsável pelo (a) menor

______________________________________________________________________________________________,
1. Estou ciente de que é um projeto acadêmico para a elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso, de forma que a participação das
crianças é gratuita e voluntária.
2. Comprometo-me a conversar com a criança no sentido de reforçar as regras estabelecidas no coro (respeito aos colegas, à regente e à
equipe de trabalho; importância de sua participação em todas as atividades); entendo que o projeto do grupo não é apenas uma atividade
de lazer ou entretenimento, mas um aprendizado musical por meio do canto em grupo que demanda constância, persistência, esforço e
dedicação. Em caso de desistência do(a) menor ou quaisquer motivos que impeçam a continuidade de sua participação, estou ciente de que
a regente deve ser comunicada.
3. Comprometo-me a trazê-lo(a) aos sábados, na Igreja Adventista da Promessa, para participar dos ensaios, das 14:30h às 16:00h (podendo
ser alterado em caso de programações eventuais), buscando-o (a) logo após o término desses ensaios e isentando a equipe de qualquer
responsabilidade sobre o (a) menor antes e após o horário de ensaio. Dessa forma, estarei zelando pela assiduidade e a pontualidade do (a)
menor nos ensaios.
4. Comprometo-me a avisar a regente em caso de atraso ou ausência no ensaio, por um dos seguintes meios: Celular/WhatsApp: 99907-
7757. Em caso de emergência (se a criança estiver com algum mal-estar durante o ensaio), os pais/responsáveis serão avisados pelo
telefone para virem buscar a criança.
5. Comprometo-me a levar a criança do grupo às apresentações, nos locais determinados, para as quais confirmei sua participação; em caso
de doença ou qualquer outro imprevisto que impeça sua participação, a regente/coordenadora será avisada.
6. Comprometo-me a responder avaliações e questionários elaborados pela regente/coordenadora para a elaboração de relatórios sobre o
projeto e para sua pesquisa de conclusão de curso desenvolvida no Curso de Licenciatura e Habilitação em Música da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul.
7. Comprometo-me a providenciar o material de ensaio – uma garrafa de água –, bem como providenciar o lanche individual e estou
ciente de que esses itens devem ser levados em todos os ensaios.
8. Comprometo-me a zelar pela saúde vocal de meu (minha) filho(a), comunicando qualquer alteração vocal percebida (como rouquidão, dor
de garganta, tosse frequente) e procurando atendimento médico assim que possível.
9. Autorizo as filmagens do (a) menor pela equipe do projeto durante os ensaios e apresentações públicas para fins exclusivos de pesquisa
científica e demonstração de resultados dessa pesquisa no meio acadêmico.
10. Autorizo a publicação de fotos dos ensaios e apresentações do grupo infantil no trabalho escrito pela coordenadora/regente.
11. Compreendo que os pais não deverão permanecer no ambiente de ensaio, porque isso desconcentra as crianças, gerando expectativa e
ansiedade. Compreendo igualmente que não poderão participar dos ensaios crianças que não são participantes do projeto; eventuais
“visitas” deverão ter a permissão da regente/coordenadora.
12. Estou ciente de que os menores não devem trazer brinquedos ou usar telefones celulares e aparelhos eletrônicos (tablets, IPads, MP3 e
MP4, mini-games, etc) durante os ensaios, considerando que eles tiram a concentração das crianças. Caso a criança traga um desses
aparelhos, esse será guardado pelos monitores e devolvido ao final do ensaio; no entanto, a equipe selecionada pra ajudar no projeto e a
igreja não se responsabilizam por eventuais danos nos aparelhos.
Campo Grande, 11 de JUNHO de 2016.

________________________________________________________(assinatura)

Termo de Compromisso: Gaborim-Moreira (p. 574) – adaptado pela autora.

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