O Tombo de Diu
O Tombo de Diu
O Tombo de Diu
Damião de Cóis
o Tombo de lU
1592
Direcção e Prefácio
Transcrição
Lívia Ferrão
Anotação
:;.
I o Oriel/te Portllgllez, Nova Goa , XI ( 1 9 1 4 ), n." 3-4, p. 54. O origi nal encontra-se no Ar-
.1 Ibid., 1 8 ( 1 9 37).
Bastará , 1 9 3 5 , e depois inserido no A rqllivo Portllgllês Orielltal (Nova Edição), t. IV, vol. II, par
te II, Bastorá, 1 9 3 8 , pp. 395 e ss, citaria a lguns trechos da transcrição introd uzindo-lhe correcções.
Panduronga S. S . Pissurlencal; e m Regimelltos das Fortalezas da ÍI/dia, Bastará, 1 95 1 , pp. 268 e ss,
a o anotar o « Regimento pera a fortaleza de D i a » de 1 565, util izaria o origi n a l do TOll1bo de D ili.
9
D a ndo cumprimento a u ma determi nação régia de 19 de M a rço de
1591, q ue mandava fazer «hu m l i ur o de todas as rendas, foros e proprie
dades que pertencerem a sua fazenda [ . . ] nas forta lezas de Cha u l , B a
.
de Salcete e Bardes e nesta ylha de Goa » , pu b l icado com notas históricas fi nais de Pand uronga
S . S . Pissur lencar, i n Bo/etil1l do II/stitl/to Vasco da Gal1la, Bastará, n . " 6 2 (1945), 66 (1950) e 68
(1952). Sobre a i mportância desta fonte, veja-se o nosso estudo « S istema Tribur á r i o e Rend imento
Fun d i á rio d e Goa no Século XVI», i n Las Relaciol/es el/tre Portl/ga/ y Cas/il/a el/ /a Época de los
DesC/lbril1liel//os )' /a ExpnIIsiol/ C% l/ia/, ed. de Ana Maria Cara bias To rres, Sa lamanca, Edicio
nes U n i versidad d e Salamanca, 1994.
I.l TOlllbo de Dia, f1s. 41v-53; tam bém «Tombo do Estado d a lnd ia», de S imão Botelho
(1554), pub l icado por Rodrigo José de Lima Felner, in SlIbsídios para a História da íl/dia Por/II
gllcza, Lisboa, Academia Rea l das Sciencias, 1868, pp. 217-232, II pa rte.
,., Reino h i ndu n a península de Kathiawa r, compreendido de 22° 44' a 21 ° 53' de latitude
norte e de 70° 00' a 72° 00' de longitude este. O reino foi incorporado, em 1467, no sultanado d o
Guzerate por M a hmC,d Bêgar â .
' .I C f . A . B . de Bragança Pereira, « A Fortaleza de D i u", i n A rquivo Por/llgllês Oriel/ta/ ( nova
e d ição), t. IV, vaI. II, parte II, Basrorá, 1938, p. 395; A l1Ilririo do Il1Ipério C% l/ia/ Portllgllês,
2.' cd., Lisboa, Empresa d o Anuário Comerc i a l , s/d, pp. 464-467. Veja-se também a sugestiva des
crição de Diu feita por Raquel Soeiro de Brito, em Goa e as Praças do Norte, Lisboa, Junta d e In
vestigações do U l tramar, 1966, pp. 155-172.
,r. TOl1lbo de Dio, fI. 63.
11
Segun d o i nformação de 1597, em D i u vJve r i a m p o uco m a i s d e
200 famíli a s portuguesas, e u m a população muç u l ma n a q u e a t i ngia o s
2000 habitantes I?, O s h in dus seriam também em número con s iderável j á
que, e m 1613, chegavam aos quatro ou c inco m i l I g, N o Inverno j untar
-se-i a m em D i u mai s de 1000 estrangei ros: persas, mogores e outros,
1 7 Carta régia d e 5.11.1597, p u b licada p o r J. H. d a Cunha Riva ra, A rciJivo Portllgllez Oriel/
ta!, fase. 3.", 2." pane, Nova Goa, 1861, pp. 680 e ss, cit. por A . B. de Bragança Pereira, a rt. e lug.
c i ts., p . 403.
1.< Arq u ivo Histórico de Goa , MOl/ções do Reillo, n." 12, cit. por A. B. de Bragança Perei ra ,
b licado por A. B . de Bragança Pereira, A rqllivo Portllgllez Oriel/ta!, t. I V, vaI. II, p . I, Bastará,
1937, p. 105.
211 O golfo de Cambaia é u m a reen trância do oceano índico na costa ocidental ind iana, cujo
limite setentrional é constituído por D i u , a 20° 43' N e 70° 48' E, e o meridional por Damão, a
20025' N e 720 57' E .
2 1 ° p a r d a u de l a r i m t i n h a o mesmo v a l o r que o xerafim d e G o a , $300 r5., a o qual s e j u nta
va uma taxa de câmbio de 20%, $060 rs., para efeitos conta b i l ísticos das a u to rida des goesas. Por
essa razão, o pardau de larim equ iva l i a a $360 rs. no cômputo final. Sobre essa ta xa d e conversào,
veja-se o « O rçamento de 1609», ela borado por Francisco Pais, iI/ B i b l io teca Nacional, Lisboa,
Fundo Gera l, Cód ice 11 410, fI. 109, 111. ° valor aqui i n d icado não tem a soma d a taxa de
20%, a qua l a umenta o valor final para 37 080$000 rs. Pedro Barreto de Resende ao escrever, em
1634, o seu Livro do Estado da ÍI/dia Oriel/ta! deu outra equ ivalência entre o pardau de larim e o
rea l . Nessa a l tura o pardau valia $450 rs., pelo que o va l o r subiria para 46 350$000 rs. Veja-se a
ta bela de equivalências no fim do prefácio.
22 Arquivo Histórico Ultramarino, códice SOO, «Orçamento do Estado da Í ndia ( 1588)>>, fI. 98.
12 TOMIIO DEDIU-15Y2
cobradas pela Fazenda Real de D i u serão, no essenc i a l , as mesmas que
o rei de C a m b a i a a u ferira, apoderan do-se ta mbém dos préd i os mbanos
e rurais, c u j a propriedade esse monarca det i n h a . A l iás, Fra ncisco Pais
assevera que tomara i nformações «de pessoas m uito a ntigas» e, pela
leitura dos «contratos» e «experienc i a que ha depois do Estado da Jndia
ser conqui stado» , conel u ía que Sua Majestade tinha a «j u ri sd içam e
senho r i o» d o ter r i tóri o de D i u, pelo q ue, do p o n to de v i s ta j ur í d i co, l he
pertenciam todos os seus rend imentos24 .
L95 1 , p p . 266-284.
27 TOlllbo de Dia, fI . 5 6 .
2N Chaul, ci dade e fortaleza portuguesa a 1 8° 33' N e 72° 55' E, ao s u l de Bom ba i m .
2" C a m b a i a , Cam bay, Khamhb.iit, Khumbâyat, cidade a 2 2 ° 22' N e 7 2 ° 3 8 ' E .
.lil
Meca, M a k k a , a cidade santa d o islão a 2 1 ° 3 0 ' N e 4 0° ] 7' E .
.II Ormuz, Hormuz, Armuz, ilha a 27" 09' N e 5 7" OS' E, à entracla cio gol fo Pé rsico, no es
treito homónil11o.
32 Melinde, Ma l i ndi, cicl ade portuária a 3° 1 2 ' S e 40° 08' E .
.U Ibid., fI. 5 8 .
13
Na Alfândega Grande despachavam-se as fazendas que entravam e
saíam do porto, bem como o ouro, p rata, moedas e a lj ôfar que chegavam
de Gidá34, Meca, Ormuz, Mel inde, cobrando-se 4% sobre o seu valor35 .
.14 Judá, J u d d a , porto a 21° 38' N e 39° 1 7 ' E, serve a cidade santa de Meca .
.15 3% p a ra a Fazenda Rca l , 0,5% para os oficiais da a lfândega, e o o u tro 0,5% p a ra as
obras e fortificação da cidade e forta leza. Cf. TOlllbo de Dia, fI. 541'.
36 lbid., fls. 58-581'.
37 Medida de capacidade para cereais, cio malaiala /}(Ira; cf. H. H. Wilson, A G/assar)' ofIlldi
cia / al/d Reval/I/e Tel'llls (Lond res, 'j 855, reimpressão de 1968), S.I'.; Dalgado, Glossário, S.I'. A me
dida varia consoante a região da Í ndia, o de Diu tinha 28,21'j litros; cf. António Nunes, Livro dos
pesos da ÍI/dia, fI. 19, iI/ Lima Felner, SI/bsídios para a História da Ílldia POlIlIglleza, já cit., p. 58.
3' TOlllbo de Dia, fls. 581'-59.
ca, cal d e ostras e substâncias aromá ticas. Cf. Da lgado, Glossário, s.v. O bétele deve ria ser vend i
d o em boticas no espaço compreendido entre o bazar de S . Domingos e a forta leza.
4.' TOII/bo de Dio, fI. 591'.
4(, Extraída de vários ti pos de palmeiras, obti nham -se três tipos: a sura ( s u btraída d i recta
mente); a urraca (obti ela pela destilação d a sura); e a urraca (orte ou xarau ( feita ela destilação ela
sllra o u U/Taca três ou mais vezes). Cio «Tombo elo Estado da Í ndia . . . , j,í cit., p. 50.
..
4" O b t id o da m istura de uma erva com o mesmo nome, à q u a l se a d ic ionava jagra ou tâma
ras. Cf. TOII/bo de Dio, fI. 60.
4 � Supomos ser bageri, um legume indian o, l'alliClfl1l sjJicaltlllll ( Roxb. ) , até porque este vi-
nho, segundo ind icação de F. Pais, era obtido de legumes. Cf. Da lgado, Glossário, s.v.
.<11 TOII/bo de Dio, fI. 6 0 .
II lbid., fi. 60.
51 Ibid., fi. 6 1 .
.U Loca l do rio Chassi onde existia um passo por anele se vinha p a ra a terra firme da penín
sula de K a t hiawar.
H Casta i n ferior de D i u, são os //aII do is. CL A. B. de Bragança Pereira, Etllogra(ia da Ílldia
15
j) Serração do marfim. O corte de marfim em D i u , para consumo
l oca l ou para exportação, só era permitid o ao respecti vo rende i r o .
Quem necessita sse fazê-l o teria de lhe pagar um imposto de acordo
com a espessura elo marfim cortad 057.
111 ) Ilha de Diu. Os foros das hortas e chãos existen tes nos arrebal
.17 Por cada baar d e marfim grosso cortado pagaria 3 larins, d o méd io 2 1tz la rins e d o estrei
to 2 b rins. O valor d o baar de Diu oscilava entre os 2 3 5,008 kg, segundo os dados de Lima Fel
ner, SlIbsídios !Jam a História da f"dia l'ortllglleza, p. 4 8 , c os 244 , 1 8 kg, pelas informações d o
a uror das « Lembranças das coisas da índ ia", fI. 26, i " Lima Felner, SlIbsídios !iflmll História da
[I/dill l'ortllgl/ezn, p. 2 9 . Cf. TOlllbo de Dio, ris. 6 1 1'-62 .
.IX TOlllbo de Dio, fls. 621'-63.
o) Bosta. Segu ndo Fra ncisco Pa i s, era costume a ntigo todo o gado
sair diaria m ente de Diu pelas portas da cidade ( po rta dos búfa los) a
pastar n o campo. Pela ta rde, ao recol her-se e a n tes de vol tar a entrar,
v i n h a «desca nssa r» defronte das portas e beber a água de u n s tanques
a l i existentes . Pelo tra ba l h o de encher ta i s reservatórios (<ficau a l he em
premio a bosta que o d i to gado l a nça n o d i to postO» que, depois de
seca, servi a de l e n h a66.
(,4 A viga do Guzerate tem 2 3 7,609 m', segundo os valores fornecidos por H. H. Wilson,
fi Glossar)' of.llldicial alld Revelllle Terllls, s.v.
(,5 TOlllbo de Dia, fls. 64-64v.
J7
r) Ioga do gaugau. A renda proveniente deste j ogo h a v i a j á desapa
recido e m 1592 por ser «in l içita e p rej l1diçiab) 7 1 . Segundo Simão Bote
l h o) o mesmo acontecera em Chaul por i n iciativa de D . João de Castro
e em Baçaim por ordem de Martim A fonso de Sousa em 154472.
::.
71 Desconhecemos o tipo de jogo de que se tratava. rbid., fI . 55v. Todavia, Francisco Pais no
T011lbo de C/Jafl/ i n forma que « hera huma casa onde todos iam j uguan" ignorando-se que jogo.
Cf. AHG, cód. 624, fI. 8.
71 «Tombo do Estado da India " , ob. e/fig. ci/s., pp. 1 24 e 1 40.
7.\ TOlJlbo de Dia, fI. 8 8 v.
74 Veja-se o Q u a d ro I e respectivo gráfico.
7.i O cômputo foi rea l izado a $300 rs. Caso fosse feito a $360 rs, os valores ficariam a l tera
d os para 4 5 980$258 rs . .Já de acordo com os valores fornecidos por Pedro Barreto de Resende
( 1 63 4 ) , os valores seriam 5 7 474$ 572 1'5.
da bosta atinge os 0,009 % . O rendimento da a l fândega de Gogolá atinge
os 2 343$000 rs anuais (6,1 % ) . Os foros de D i u representam 2,1 % das
receitas e as restantes, passos, piloto-mar e moca dão das tampanas, e o
mirabá, guarda de Gogolá e moca dão das manás de medidagem não al
cançam, seq uer, 1 % do tota l .
19
algumas de mantimentos, outras de panos, de arroz ou de tâma ras situa
das no bazar graJ1de da cidade ou nos menores e apenas com determi
n a do p ro d u to . Os nomes dos seus proprietários, como, a l i :á s , das casas,
são q uase sempre p ortugueses, embora se registem alguns donos mou
ros, e sobretudo baneanes. O número de boticas de cada dono é var i á
v e l j á que alguns possuem apenas uma, enqua nto o utros poderão ter
uma d ú z i a ou mais. Domi ngos Henriques detin h a 1 5 boticas no bazar
z i n h o dos ma ntimentosn, enquanto João Gonça lves atingira as 52, d i s
tri b u íd a s por este bazar e pelo da c i dade79 e j á vendera 3 6 , ao q ue pare
ce i n devidamente, aca bando Pedro Nunes por recebê-Ias em mer cêgo.
Mas a q uase total idade dos foros provinha da propriedade rural, dos
denom inados chãos e hortas, e até dos poços e tanques. Com um solo
muito poroso e com uma concentr ação, i rregular idade e escassez de chu
vas, como a n ota Raquel Soeiro de Brito, torna-se necessá ria a regag l •
Ali á s , os chãos eram d e dois tipos: os de regadio e os d e sequeiro o u de
chuva. Recorde-se que o foro de cada viga un idade de medida agrá
-
21
são n ã o é possível conhecer. O mesmo acontece a mu i tas hortas desta e
das demais l ocalidades. Em Gogolá os terrenos onde se erguera u m a
a n tiga forta leza s ã o dados a Agosti nho Mendes9 1 • Cada uma das a l
d e i a s de Fodão, ]asoatraque e M a l a i a - a primeira de 1 1 hortas e cada
uma das restan tes com 6 - era m , ao q ue supomos, propriedade de um
único d o n o92.
" 5 Vej a , sobre o assunto, de M . A . Coel h o da Rocha, Ellsaio sobre a Historia d o Gouemo e
Leg islação de Portllgal para Servir de Jlltrodllção ao Estlldo do Direito Pátrio, 7.-' c d . , Coim bra,
Imp. d a Universidade, 1 8 96, p. 82 e, sobretudo, Henr i q ue d a Gama Barros, História da Adlliillis
tração Pública elll Portllgal, 2.-' cd., d i rigida por Torquato d e Sousa Soares, t.
VIII, Lisboa, Sá da
23
da ilha97• Estes mesmos p rocuradores venderão aos agis9H u m chão na
« p orta d a s b u fa ras»99 para aí desc a n sa r e m n a s u a peregri na ç ã o a
Meca .
"' Romeiros em peregrinação a Meca. Do ,í rabe brrjj, passou ao persa l)(ljjl. Cf. Da lgado,
Glossário, s.v.
"" TOlllbo de Dia, fI. 78v.
"'1 Ibid., fls. 73v-74 e 78v.
"" TO/1lbo de Dia, fls. 69v-70. Maria Gonça lves, casada com Belch ior D ias, é outra das pro
prietárias ele D i u em Brancava rá. Ci. ibid., fI. 76v.
1 02 Por exem plo, o de piloto-mor e mocadão das tapamís do porto do D i u concedido a Dio
�:.
Pereira, "A Fortaleza ele D i li » , in Arquivo Português Orie/ltal, t. I V , vaI. II, p. II, pp. 580-582.
" , r. Os deres são uma elas castas mais ba ixas elo Guza rate, que existe em Diu. Cf. A . n . ele
25
possi b i l i ta n do-lhe tra balho. A m i n úscula propriedade traduzida nos mui
tos pedaços de chão ou nas pequenas hortas traduz bem ta l i m portâ ncia.
�:.
I"" Cf. Portaria Provincial de 1 8.xll.l869, in A. B. de Bragança Pereira, ob. c 11 Ig. cils., pp. 596-597.
I"" Carta régia de 15 de J a neiro de 1 608, in DOCIIlllcl/los Relllelidos da IlIdia 011 L ivros das
MOl/ções, I, p. 1 83 , c i to por A. B. de Bragança Pereira, "A Fortaleza de D i u » , p p . 603-604.
I I Il
P u b l icada i n Mare Libertl/1I, Lisboa, 9 ( 1 995), pp. 1 97-207.
I I I Na transcrição respeitou-se a grafia do original, introduzindo a penas as seguintes alterações:
26 TO,\\HO D E I l I U - I .ln
dedicada e competente dos Drs. Lívia Ferrão e Luís da C u n h a P i n h e i ro ,
q ue c o nnosco tra b a l h a m d e perto: a p r i meira, no Institu t o de I n vestiga
ção Científica Tropical e , o segundo, no Centro de Estudos D a m i ã o de
Góis. O nosso reconhecimento.
O desej o q ue o Tom bo de Diu possa ser frequentemente utilizado
por quem desej e estudar a presença portuguesa e m D i u , em finais de
Q u i n hentos, levou-nos a a notá-lo proficuamente. Mas, com o é sabido,
a ide n ti ficação de terras, nomes de pessoas, por vezes a té i ncorrecta
men te escritas, bem como a procura do sign i ficado de termos arcaicos
e , sobretudo, usados no Oriente , são um trabalho d i fíc i l , 1110roso e , m u i
t a s vezes, até mal apreciado. Va leu-nos a experiência, o saber e tam bém
a paciência d o Mestre João Manuel Teles e C u n h a , que nos deu p resti
mosa a j u d a e a q u e m agradecemos.
Ao nosso colega e a migo Luís Fil ipe Thomaz, ficamos tam bém gra
tos p e l o esc l a recimento de várias dúvidas e pelo emprést i m o de b i b lio
grafia q u e m ui to nos aj udou.
P or fim , à Comissão Naciona l para as Comemorações dos Desco
b r i me n tos Portugueses, na pessoa do seu Comissário-Geral , Prof. Dou
tor António M a n ue l Hesp a n h a , ficamos recon h ecidos n ã o só por ter
assumido a responsa b i l i da de desta edição como por nos ter dado a pos
s i b i l i d a de de revermos no Arquivo Histórico de Goa a transcrição pelo
origin a l , preenchendo lacunas e esclarecendo as várias d úvidas que se
nos h a v i a m colocado n a l e itura feita a partir do m icrofi l me .
Lisboa, 24 de O utubro de 1 9 9 8 .
27
QUADROS E GRÁFICOS
QUADRO I
Receitas de D i u - 1 592
M a n d ovim
Diu 1 9 1 -2-00 5 7$ 6 45 6 9 $ 1 74
D i u - a rredores 572-2-08 171$810 205 $ '1 72
Brancavará 35 0-0-00 1 05 $ 2 7 8 1 26 $ 3 3 3
31
GRÁFICOS I
Receitas de D i u - 1 5 9 2 (geral )
• A l fândega 80,6%
III Alfândega de Gogolá 6 , 1 %
ISJ Rendas 1 1 , 1 %
D Rendas dos passos 0,0%
1:1 Pi loto-mor 0,0%
Iilll Foros 2 , 1 %
III M i ra b á 0,0%
121 Manteiga 1 6, 1 %
LI Anfião 6,4 %
D Urracas 8,5 %
GJ A n i l 1 ,9 %
[l Pesca do "1 , 5 %
GJ Palerim 1 %
o Serrar marfim "1 ,0%
!til Boticas 0,6%
IS da I l ha 9,9%
[] Drupo 0%
O S a bão 0, 1 %
� Bosta 0,0%
Gogolá 85,2%
11 Palerim 6 , 8 %
GIl l3unchervará 2 , 8 %
Tet i 3,4 %
Receitas de D i u - Foros ( 1 5 9 2 )
D i u 7, 1 %
[I D i u - a rredores 2 1 , 1 %
Iilil I3rancavará 1 2, 9 %
O 13unchervará 4 3 ,7%
Dangravari 9 ,2 %
33
QUADRO II
A propriedade rústica em D i u
Ti po e extensão ( 1 59 2 )
GRÁFICOS II
• Diu 2,0%
o 13rancavará 1 7%
D 13unchervará 50,6%
l !.:l Oangarvarim 5 ,7 %
• Sequeiro 5 5 , 3 %
Nagoá 5,2%
D 13rancavará 27,6%
D Diu - a rredores 1 3 %
!] 13unchcrvará 52,5%
35
Pl'Opriedade rústica em D i u - Tipo: r ega d i o ( 1 5 9 2 )
• N agoá 2 , 7 %
II] Dal1gravari 1 2 , 8 %
li! Bral1cavará 1 1 %
LI D i li - a rredores 2 2 , 6 %
111 BUl1chervará 5 0 , 9 %
QUADRO III
A propriedade r ústica e u r b a n a e m D i u
Foros d e Nagoá - 1 59 2
Fernandes
Pedro 22 7 - - 7-0-00
Monteiro
Domingos 16 9 - - 39-0-00
Henri q u es
Baltasar - - - - 0-3-00
Fernandes (tangas)
Total 38 16 - - 64-0-0 J
23$040
Foros ele Dangravarj - 1 5 92
, Com 3 poços.
I Com I p oço.
37
Foros de Mal a la - 1 5 92
Foros de ]asoatraque - 1 5 9 2
38 TOMIIO D E D I U - 1 .'92
Foros de Brancavará - 1 592
João Barbosa 8 4 - - -
39
Foros de D i u - Arrabaldes - 1592
Nana Parsea 15 3 - -
1 8 -0-00
Jaoha e Quesó -
IS - -
52-2-00
Bengaçal)'
- -
Francisco 12 11 45-2-00
Cardoso
- - -
Diogo 4 1 5 -3-05
de Moura
- -
Baná 5 1 '2 5 1 '2 22-0-00
Laric,; 3 4 1 '2 - -
J 7 - 1 -05
-
B a bane 3 - -
1 0-2-00
e Cocane
- - -
Babane 3 1 0-2-00
e Cocane
G i vante l OJ - - -
5-0-00
e Bavane
- - -
Dramadar 1 3-2-00
B i magand)' 1 1 '2 7 - - 25- 1 -00
e Pacha
Domingos -
] 45 - -
49-0-00
Henriques
- - -
Domingos 4 2-0-00
Henriques
- -
Domingos 5 12 44-0-00
H e n ri q ues
- - -
Domingos 3 1 -2-00
Henriq ues
- - -
Domingos Salinas 23-2-00
H e n ri q ues
-
- -
Ta var Gopal 3 1'2 1 2-3-00
Deva Ca b)' - -
1 1 '2 4 1 4-3-00
Cass)' - - -
1 20-0-00
Nagaraqu)' 2 1 - - 4 -2-00
Champa
S e ba s tiii o 33/4 6 - - - 6-0-00
de Ataíde
N ico l a u - - - 5 b i gas de ch>io 1 - 0-00
Fernandes mallinho
Total 95 1/2 1 34 1/2 1 - 572-2-08
Co n ve rs ã o 2 2 69 1 ,659 m 2 3 1 9 5 8 ,4 1 0 m 2 - - 1 71 $ 8 1 0
2 0 5 $ 1 72
, Em 2 horras.
j Com 2 poços.
Foros de B u nc h ervará - 1 59 2
Fe rna n des
Inês Cardosa I 10 17 - - 64-2-00
Bartolomeu - 10 - - 35-0-00
lI'loreira
Bartolomeu 17 - - - 8-2-00
J\'I ore i ra
Bartolomeu 4 - - - 2-0-00
Moreira
Jaoh,í 4 1 1 /4 - - 6 - 1 -05
Bangaça l )'
Deug)' 15 7 1 /4 - - 32-3-05
e Vassam
Vasan, Lalg)' 3 10 - - 3 6-2-00
e Surgy
Seb as t i ã o 2 12 - - 43-0-00
de Ataíde
Aleixo Gomes 72 1 3 1 /2 - - 50-3-05
Francisco - 4 - - 1 4-0-00
de Noronha
Luís de 13 - - - 6-2-00
lVlendonça
41
- -
Domi ngos 10 8 33-0-00
Henriq ues
- - 65-0-00
Sebastião 4 18
de Ataíde
- -
Sebastião 4 13 47-2-00
de Ataíde
- - -
Luís de 6 7
IVlendonça
- - - -
Luís de 10
lvlendo nça
- -
Luís de 18 7 96-0-003
ivl endonça
Herdeiros - -
1 - 34-0-00
de Fernão
de Afonso
- -
Gopid"s Cl11ar 1 03'4 1 1'4 8-2-06 1"
- - - 3-3-06
Nará Lacara 63/4
- - -
Sa ncarmall)' 9 1 '2 6 - 1 -04 1 /2
- - - 0-2- 10 1/2
Raza Cara 1 1/4
- - - 1 -2-03
Cllmb,í lvl11nd,í 23/4
- - -
Lllmbaxas Doi 3 1 /2 1 -3-07
- - - 2-3-071/2
Osal Raja 5 1 /4
- - -
Area Raj,í 1 1'2 0-3-04
- - - 1 -3 -06
Nan,í Camí Fulas que colhe
- - -
Band,í Jal1" 3 1 -2-00
- - - 0-2-00
Limbo 1
- - - 1 - 1 -00
Naga Somá 2 1 /4
- -
Nata Daná 3 Fulas q ue colhe 1 -3 -07 1/2
- - 4-0-00
Q lleta m)' 1 1
- - -
Vaga Buda 4 1/4 2-2-00
- - -
Argem Vast,í J 3-2-00
- - -
Deres Por 1 -3 -05
aca mparem
- - 8-3-07 1'2
Lanca Lambá 3 1/2 2
- -
Raspai Drú 5 1'2 Com poço 6-0-0 1 1/2
e Ivlaras Dru
Caná RanGÍ 2 1 /4 1 3/4 - - 7-2-0 3
- - - 0-3-05
Camass)' 1 '4
Pita V i ca 1 1/2 3/4 - - 3-3-00
- - - 1 -2-00
Francisco 3
de Távora
- - -
Coles de Jorge 20 10-0-00
G a rcês
42 TO,�1JI0 J l E Jl I U - I .ln
Aleixo Gomes 2 1 /2 - - -
1 - 1 -00
- - -
Ambrósio 20 52-2-00
Cardoso
- -
Ambrósio 1 15 67 285-0-00
Cardoso
- - -
Berna relo 14 49-0-00
d e Melo
Bernardo 2 1 5 1 /2 - -
55- 1 -00
de r'delo
Total 3 8 5 1 /2 303 1 -
1 1 8 8 -0-00
Conversão 91 598,269 m2 71 995,527 m2 - -
3564400
427$680
Foros de D i u - 1 59 2
Foro Valor do foro
Foreiro Boticas Casa Ch" o O u t ro (pardaus
de brins)
Baltasar - -
48x48 I, -
3-0-00
Fernandes
Tava, Napia, - -
] -
1 -0-00
Tricamo
e Sangagy
l'v[ a nuel - -
30,, 1 5 2 -
1-0-00
Tisnado
- - -
Miguel Pereira 1 2-0-00
Francisco - -
50,,20 2 -
5-0-00
Lo p es
João Ri beiro - -
2 1 6-0-00
;-:. - -
Gaspar Velho 5-0-00
Rodrigo - -
1 1 0x l l 0 I -
1 -0-00
Correia
- - -
Rodrigo 1 1 -0-00
Correia
- ,. - -
João 0-2-00
Gonç a lves
Jerónimo - -
1 0x 8 2 -
1 -2-00
Rodrigues
Camelo
::. - - -
Bartolomeu 2-0-00
Moreira
43
S u m uç'l , - - I -
5-0-00
Vi rgem)'
c QUCSÓ
Ba ngaça l )'
- -
N icol a u 90,,20 2 3 -
5-0-00
Fernandes
Pedro Nunes 34 3 1 -
3 -0-00
- - -
JO"O da COSt'l 9 1 8-0-00
- ;:- - -
Xasdo 2-2-00
- - -
1\'l isericórd i a 13 30-0-00
de Diu
- - -
Peregrinos 1 5-0-00
d e Meca
Vespa I 2 - - -
2-0-00
Luís de - -
+ -
4-0-00
Mendo nça
- ,. - -
Gonçalo 4-0-00
de Carva l h o
António Jorge - -
+ -
4-0-00
- - -
Jassiva m 1 1 -2-00
- - -
Baltasar Duarte 1 0-2-00
- - -
Domingos 15 1 -0-00
I-!enriq ues
36 - - -
Pedro Nunes 4-0-00
João 13 - - -
1 3 -0-00
Gonça lves
- * - -
Side B a l lala 6-0-00
- ,. - -
lvlacá Ball,í 3 -0-00
- ,. - -
Coge Teza d i m 1 -0-00
lVladabá 1 - - -
1 -0-00
- - -
Na rg)'11l 1 1 -0-00
,. - - -
IVlamede Said 3-0-00
- - - -
lVl a teus 1 -0-00
Fernandes
lv lea 11l)'m - - - -
1-0-00
- ;:- - -
M a nu e l 2-0-00
Fernan des
- - -
Fra ncisco 2 6-0-00
Cerq u e i ra
- ;:- - -
João 2-0-00
Gonça lves
lvl a n u e l - - 1 -
2-0-00
Fernandes
- ,. - -
João Rodrigues 1 -0-00
Aleixo Gomes - -
1 3 ,, 1 0 I -
2-0-00
- - -
Aleixo Gomes 1 2-0-00
- - - -
Total 1 9 1 -2-00
Conversão - - - -
57$645
69$ 1 74
I Côvados.
! Braças .
.1 Com casas.
45
MOEDAS DE DIU
,. Para a elo boração desta tabela, servimo-nos dos dados fornecidos por Francisco Pa i s no seu .. Orçamento de
1 609.. , na versão que se encontra na Biblioteca Naciona l, Lisboa, Fundo Geral, Códice 1 14 1 0, fls. 1 09, 1 1 1 .
- -
Avaliação da alfâ ndega 1 40 $007 1/2
l la r i m 4 fédeas 9 0 réis
,. Para a elaboraç;io desta tabela, servimo-nos dos elemen10s fornecidos por Pedro Barreto de Resende, L iII 1'0 de
todn n receitn e des/Jezn de todns ns (ortnlezns 'l"C 511t1 Mi/gde telll lIeste estndo dtl JI/{Iin . . . , fls. 2-3 ( 1 63 5 ) , ms.
existente na Sociedade de Geografia de Lisboa, Res. 2, maço 3 , 4; de S. R. Oalgado, Glossário . . . A lgumas
equivalências ind icadas no TOlllbo de Dia, sobretudo a fI. 84v, foram-nos também da maior utilidade e sobretudo
permitiram-nos confirmar a tabela elaborada.
46 TO�1110 D E I l I U - Isn
TOMBO DE DIU
( 1 592r:'
49
[fI. 40] Tombo da fortaleza de Dio
Fra ncisco Paaéz p r o uedor mar dos contos que ora v i n a es
tas fortal ezas do Norte com poderes de uedor da fazenda por
m a n dado do I l l ustr is s im o Sen hor Mathias d [e] A l b o querq u e '
v isorrey da J n d i a . Faço saber q u e n o regimento q u e m e f o i
d a do por S u a Senhoria está h u m capi ta l o d e q u e o tresl ado h e
o seguinte.
5l
[fI. 40"1 rendamento II e outras en fa tios i m , com foros m ui to peq uenos,
contra forma de meus regi mentos e em perda e danno de mi
n h a fazenda de que tam bem resulta averem nas as peçoas q u e
as trazem por tan to suas, que nem os foros del l as querem pa
ga r, de que se pode seg u i r san negaremsse e perpetuaremsse na
posse dellas, de maneira que a j a depois d i ficul ldade em se re
querer contra elles j ustiça. E q uerendo n isso prouer como cum
pre a meu seruiço, ey por bem e vos mando que tanto que este
virdes façais l ogo fazer com effeito e sem d il taçam a lguma b u m
tom bo p e r h um desembargador das d itas partes a que o come
tereis, em que se l a n sem todas as d i tas a l ldeas, terras e proprie
dades que pertencerem a m i n h a fazenda e forem forei ras a e l l a ,
c o m declaração das peçoas q u e as trazem e foros q u e dellas pa
gão e quando e como l he farão dadas e p o r quem e com todas
as m a is confrontaçõis neçessarias pera se n ã o poderem desem
ca mi n h a r em tempo a lgu m . E fareis viri ffica r se andão a lgumas
sonnegadas e as fareis por em arreca dação no d i to tombo, com
as d i tas comfrontaçõis. E outrossi m a n do que todas as a lldeas
terras e propriedades que estiuerem vagas p or a forar e as que
a o d i a n te vagarem ou se adquirirem por guerra ou por q u a l
q u e r outro tito l o , e m caso que se a forem, não val h ã o os t a i s
a fora m e n tos nem sej ão metidas de posse d e l t a s as peçoas a
quem se fizerem sem primeiro terem confirmação m i n h a ; e o
tresll ado do d i to tombo a u tentico me enviareis por vias depo is
de feito. Noteficouo l o assi e mando que na maneira que se
[fI. 4 1 ] nesta II minha prou isão contem a cumprais e guardeis e façai s
comprir e guardar i n teiramente sem d u ui d a alguma, p o r que
assi o ey por meu seruiço. A q ua l se registará no l i uro dos re
g istos dos contos das d i tas partes, pera se sa ber que o ten h o
assi m a n da do e va lerá c o m o carta comessada em m e u nome e
passada por m i n h a chançeIlaria, posto que por e l l a não passe,
sem embargo da ordenação do 2° l iuro, tito l o 20, que o con
trari o dispoem. João d [e] Ara ujo a fez en Lixboa, a xix de
Março de m i l e q u i n hentos nouenta e h u m . E n o secretario D i o
go Vel h o a fiz escrever. O cardeal .
Pro uisão per que Vossa Magestade h á por bem que se faça
na Jndia h u m tombo de todas as a l deas terras e propriedades
que pertençem a fazenda de Vossa Magestade, e são foreiras a
52 TO,\'II\() D I ' D I U - I .l n
e l l a e pell a maneira asima declarada. E que v a l h a como ca rta ,
pera Vossa Magestade ver. Registada . Pel'o de Paiu a . Regi sta da
no l i uro x b i i j dos registos da Casa da ] ndia fl . 276. En xxbj de
Março de n oventa e h u m . Lopo d [e] Abre u .
mento original; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da Índ i a » , fI. 1 80, iII Lima Felner, SlIbsídios
para a História da Ílldia Portllgllcza, Lisboa, 1 868, p. 2 1 7. Trata-se na realidade da ilha de Bete, a ho
dierna Salbet a 20° 54' N e 7 1 ° 3 1 ' E, junto à costa sueste da península de Kathiawar. A ilha mudou
de nome, na cartografia e na historiografia portuguesa, para i l ha dos Mortos, após o combate que, em
1 53 1 , opôs a armada portuguesa, comandada pelo governador Nuno da Cunha, à guarnição local.
53
m u itos rumes 8 , a bexin s9 e fartaquyns l O, e m a n d a n d o o dito go
vernador m uitos receados aos ditos m ouros q ue se entregas
sem, o não q uizerão fazer, pel l o q ue combateo a d i ta i l h a es
ta ndo per m ui tas partes ja çerqada de m mos e ba l l u a rtes q ue
nouamente se fizerão, a q u a l entrarão e escal larão e far ã o to
dos mortos sen se dar vida a n [en] h u m . E por esta causa se
ç h a m [ o u ] d a l ly por d i a n te a ilha dos Martos onde n e l l a foi fe-
[fi. 42,,] rido Eytor II da S i l l ueira de q u e morreo sobre a barra de D i o .
E assy morrerão na entrada d a dita i l ha a lguns fid a l gos e ou
tros homens. E d a h y se foi o dito governador a D i o onde l he
pos cerqo da ban el a elo mar e l h e comessou a d a r ba teri a n a
q u a l foi morto D o m Vasco d e Lima e a lguns fida lgos e o utros
homens. E por a dita çidael e estar m uito fortaleçida ele m u ros e
arte lh a r i a e de mu ita gente a não pode tomar e se tornou o
d i to governador a dita i l ha dos Mortos. E dahy m a n d o u a An
ton i o ele S a l d a n h a , com gal lés e galeotas e fustal h a meuda pera
toda a emçeada de Cambaia, o nele l he féz m uito n o j o , q uei
mando m u i tas n a os e distruindo m uitos l ugares. E elle se veio a
Goa . E depois sempre o dito governador féz m uitas armadas
pera a d i ta costa de Cambaia onele l he foi feito m uito d a n n o .
Pel l o que n o a n o de l be xxxiij mandou o soltão B a d u r l l , q ue
ao tal tem p o era rey do dito Cambaia, recado a o dito N u n o
da C u n h a q ue folgaria d e s e ver c o n e lle. Pell o q u e o dito go
ver nador se féz prestes com h uma armada e foi ter so bre a bar
ra de Dia, e dahy mandou recado ao dito rey da m a neira que
avia de ter pera se verem a m bos, a q u a l v ista n ã o o u ue efeito,
por se não conçertarem n a maneira que avião de ter pera se ve
rem, pel l o q ue se torn o u o dito governador a Goa dei xando l a
Romano do Oriente. O seu uso foi substituído pelo de (irnllg ou (irallglli, i.e., «franco » , com o de
clínio do Império Romano d o Oriente e o início da presença europeia n a Terra S a n ta , com as Cru
zadas. A partir d o século X I I , o termo mil/i passou a designar os turcos, primeiro os SeljCtcidas e
depois os Otoma nos, q ue ocuparam os territórios de Bizâncio na Ásia Menor. Vide Luís F i l ipe F.
R. Thomaz, « Frangues " , iII Luís de A l b u q uerque e Francisco Contente Dom ingues, D iciollário
dos Descobrill/elltos Portllglleses, Lisboa, 1 9 94 , vaI. I, p. 4 3 5 .
� N o m e p o r q ue e r a m conhecidos o s ha bitantes da A b issínia aLi Etióp i a . Sobre o s « a bexins " ,
vej a -se Luís Filipe F. R . Thomaz, « Abexi n s » , iII Luís d e A l buquerque e Francisco Contente Do
m i ngues, Diciollário dos Descobrill/clltos Portllglleses, vaI. I, pp. 7 - 8 .
II I Do árabe (artaqi, denomina os naturais da zona compreendida entre o cabo de Fartaque, Ra's
al-Fartaq, a 1 5 ° 40' N e 52° 1 0 ' E, e o cabo Madraca, Ra's al-Madraka, a 19° 00' N e 5r 50' E .
II
Bahâdur Shâh, s u l tã o do Guzerate (r. 1 52 6 - 1 5 37).
" O rei elos 1110gores é ]-] UI11�)'l1l1 (r. 1 530- 1 5 5 6 ) , o segundo Gr:lo-J\i10go l .
1 1 Chi ror, Chirrorgil rh, cidade iml iana " 24° 55' N e 74° 4 8 ' E, que foi a capiral do reino h i n
55
por e m baxador e assy h U lll Xacoes 1 7 em baxador do d i to rey
que aquelle ano emvernava na ç i dade de Goa e o d i to governa
dor se ficou fazen do prestes pera hir a D i o como de feito foy.
E ao tempo que S i m ã o Ferreira chegou a D i o , ja la esta ua Mar
tin Afonso de Sousa que tinha posto bandeiras das armas reaes
deI rey n osso sen hor n o l ugar onde ora está a forta leza de D i o
per consenti mento d o d ito rey d e Cambai a . E logo escreueo
o u tra carta ao d ito governador Nuno da Cunha e lha m a n d o u
p e l l o d i t o Xacoes, a q u a l l h e foi d a da em Bacaym o n d e j a e r a
chegado, da q u a l carta o tresl a d o he o seguinte . II
56 TO"""O D E D I U - 1.\92
o q u a l tan to q ue l he a d ita carta fo i dada se fez p restes e
partio pera D i o con tri nta vel l as de remo, onde me eu20 acerte)'
q ue fuy con elle. E tanto que la chegou , depois que fuy ver e l rey
dentro a çidade onde esta ua a posentado, dahy a h U I11 d i a ou
dous l he deu a forta l eza e se fez o contrato seg u i n te.
57
em p resença de m)'m Gaspar Pi rez que ora s i r uo de secreta r i o ,
e ela s testem u n h a s a o d i a n te escri tas, logo p e l l o d i to governa
dor foi d i to que era verdade q ue e l le por mandado dei rey de
Portuga l seu sen hor e em seu nome depois q ue nestas pa rtes
foy por j ustos respei tos que o a isso m ouerão fizera e manda ra
fazer a guerra a o d ito re)' do Gusara te en todos seus regnos e
senh orios, a q u a l guerra era j a comessada a n tes que e l l e gover
nador da J n d i a v iesse e q u e ora e l l e d i to re)' Badur por o d i to
Xacoes seu embaxador l he mandara ped i r que l h e consedesse
[ fi. 44v] pazes perpetuas com as condiçõis contheudas em sertos II apon
tam ento s que adian te vão n omeados, e que vendo elle q u a n tos
m a l l es e danos se seguem da g[u]erra, e por desej a r ver ao d i to
rej do Gusa rate amigo , e con toda a paz e amor con el rey seu
sen h o r e COIl todos seu s vassa l los lhe a prazia e m n ome do d i to
sen hor de l he dar as d itas pazes e as fazer con e l l e boas e ver
dadei ra s , pera q ue da fei tura desta en d i a n te en tre os d i tos reis
e seus vassal los sej a paz e concor d i a , firme pera sempre, sen
d i fferença nem debate a l g u m que n isto aja, com estas condiçõis
e declaraçõis segui ntes .
1 '< Meca , a cidade santa d o islam ismo, Makka, a 2 1 ° 30' N e 40° 1 7' E . O s navios partiam
de remo e vela] e vazilhas [pequenos barcos ] " ; d. Biker, Collecçiio de Iralados, 1'0 1 . I , pp. 63-65.
2 X Malik Ayâz, um a n tigo escravo que foi capitão de D i u e serviu dois sul tões guzerates até ii
sua morte em 1 52 2 .
2 " Champunel, Champa ner, Çampânêr, cidade indiana a 2 2 ° 29' N e 7 3 ° 3 2 ' E, que foi a ca
pira i a d m i n istrativa do Guzerate de 1 4 8 1 a 1 5 3 7 .
59
Lopo Fernandez Pi nto, M anoel Men dez e João da L a m a , as
q u a i s sete condiçõ i s atras escritas e l le Xacoes em nome do d i to
rey B a d ur d isse que se obriga ua pel l o poder que do d i to rey
traz a bastante, que ao diante vai ja acostado o p ro p r i o de as
ter e manter, comprir e guardar en todo e por todo assi e tão
i ntei ra mente como se nel l a s e en cada h u ma del l a s contem sen
enga no nem cautella con toda a verdade e segurança deI rey, e
[fI. 451'1 o d i to governador em nome dei rey II de Portuga l seu senhor
pel l o p o der a bastante que de Sua A l teza tem d i sse q u e açei
ta u a e rece b i a a s d itas terras com as condiçõi s a s i m a e atraz es
Cl·itas. E l ogo pel l o d i to governador foi d ito que e l l e e e m nome
dei rey de Portugal seu senhor, e por vertude dos poderes seus
que tem avia por bem de fazer as d itas pazes, com o d ito rey
do G usarate com as sobredi tas condiçõis, e assi de lhe conseder
m a i s as segui n tes, que o d i to rey m a nd a ra pedi r pera m a i s
comfirmação e a m i sade.
.1 1
Va riação ao original: « fortaleza de Baça im » ; d. Biker, Collecção de tratados, 1'0 1 . I, pp. 63-65 .
.12 M a l abar, a região meridional da costa ocidental indiana compreendida entre os Gates Oci-
dent a i s e o mar Arábico, q ue v a i d o monte de Eli, a 1 2" 02' N e 75" 12' E, ao cabo Camar i m , a
8° 04' N e 77° 1 2 ' E .
.13 Achém, Atjeh, Aceh, s u l tanado na ilha de Samatra, cuja capital ficava na cidade homón i
m a , a 5 ° 5 6 ' N e 9 5 ° 2 6' E .
" B isnaga, Vijayanagal; a «cidade da Vitória » , capital do império ind i a no homónimo a
1 5° 20' N e 76° 2 8 ' E. A cidade fo i saqueada, em 1 5 65, pelos exércitos dos s u l tanados m uç u l m a
n o s d o Decão a pós a v i tória na batalha de Ta l ikota .
l 5 Variaç�o a o origina l : « Q ue, vindo a lguma nao d e l11 a r c m fora desga rra d a d e q u a l q uer
parte que fosse tirando do estreito de Meca, e com tel11po fortuito fosse tomar l3açaim, vindo pera
o rei no d o Guzerate, depois que fosse dentro n'aquelle porto, ninguem entenderia com clb, que se
poderia tornar ca d a vez que q u issesse,,; d. l3iker, Collecçtio de Imlados, vaI. I , pp. 63-65 .
.1(, Muxara, «salário, orden a d o " , do á ra be 1I111.dl}'{/; d. Da lgado, G lossário, s . v.
.17 lascarilll, « soldado ou marinheiro" indígena util izado nas guarn ições e armacbs do Esta
d o d a Í n d i a . D o persa lam/wr, «exército, acampal11en to", passou ao árabe 'as /�ar e dcu Ltlm/wr;,
«solcbdo, o q uc pertence a um exército,, ; d. Da lgado, Glossário, s.v. e Henry Y"le A. C. l3urne l l ,
Hobsol/ ]obsol/, S . V.
3.� Ou resbutos, do sânscrito rãjãpl/lm, « fi l ho de rei " , denom ina a casta m i l i ta r chatria d o
oeste d a Í n d i a , concentrada no act u a l estado ind iano do Rajasrnn; d. D a lg,ldo, GlosstÍrio, s.v.
3. Asseri m , fortaleza situada num maciço monranhoso por a lturas de 20° 03' N e 72° 50' E.
'o Coeja, fortaleza situada entre l3açaim e o território dos reisbutos q ue não se conseg u i "
iden t i ficar.
6J
sarate guardasse e compri sse o q u e a e l l e toca e he obrigado
comprir. E l ogo por el l e Xacoes, e tam bem por e l le governa d o r
foi d i to que e l les a v i ã o a d i ta p a z p o r feita e val i osa e firme e m
nome dos d i tos rei s seus senhores d [e] o j e para sempre e se
obrigarão os d i tos reis compri rem e guardarem i nteiramente
como se neste contrato e condiçõis nelle decla radas per ambas
as p a rtes contem. E e n teste m u n h o de verdade mandarão fazer
esta escreptura da qual se fizerão duas deste theor que a m bos
a s i narão, a saber, huma que a mym secretario fica na mão, e
outra q u e elle Xacoes leuou testemun h a s que forão p resentes .
Marti m Afonso de Sousa c a p i tão mor do mar, e Fernão d [e] 1a
nes de Soutomayor, e Tri stão Homem, e Fernão Rodriguez de
Castel l o Bra nco o u ujdor geral da J n d i a e S i mão Ferreira e a ss)'
Coj e Perco l ly4 1 , mouro p a rçio e Marcos Ferna n dez que ser u i ão
de l i ngoas e declararão todo o contheudo nelle e e l l e Xacoes , e
Coje M amede42 e outros. E eu sobredito Gaspar P i res que a fez
[iI. 46vJ e a todo II fui presente e a s iney de meu s i n a l acustumado com
os sobredi tos n o d i to d i a , mes e a n o atráz escrito. O qual con
trato foi treslladado do propr i o original que está e m mão de
m y m secretario para se dar a Xacões, embaxador dei rey de
Cam b a i a por dizer que o outro que lhe foi dado se perdera no
arr a i a l .
E l ogo pell o dito Xacoes foi d ito que o d i to rey do G u sara
te s e u senhor pera mais acresentar na [a] m i sade dei rey de Por
tuga l era contente d [e] oje pera todo sempre dar e conseder a o
d i to governador pera o d i to rey de Portugal s e u sen h or h u m a
fortall eza n a çi dade de D i o com as c l a u s u l l a s e condiçõis con
teu das en h u n s a pon ta mentos que S i mão Ferr e i ra, per ma nda
do do d i to governador e con seu poder, veio ao d i to rel' do Gu
sarate, e féz con o d i to rel' as q u a i s são as seg u i n tes .
." Kh"aja Perco li, i ntérprete persa gue o embaixador guzerate usou nas suas negociações
com Nuno da Cunha.
·12 É possível gue este Coje Mamede, Kh"aja lVluhamlllad, seja NCrr Muhammad Khalil, a
guem B a h 5 d u r confiou uma embaixada a H u mii)' un uns tempos antes; cf. lvlirat-i Si/wllr/ari, N ova
Dclhi, 1 990, p p . 1 8 1 - 1 8 3 .
62 TO.\,I I'O I l E D I U - I sn
terra , da gra ndur a q ue l h e bem pa reçer, e assi o ball uarte d o
m a r. E a s s i ha p o r bem d e l he dar e con firmar Baça i m C O ITl to
das suas terras e tanadarias rendas, e d i re i tos, assi como l he
ten dado per contrato, o q u a l féz con e l le sobre as pazes e con
con d ição que todas as naos de Meca que por vertude do d i to
contrato das p azes erão obrigadas a h i r a Baça i m que o n ã o se
j ã o, e venhão a D i o assi como d a n tes vinhão, n e m lhe sej a fei t o
força a l lguma. E querendo alguma p o r s u a vontade l a h i r o p o
derá fazer se q u iser. E a s s i o faraão todas as n aos de todas a s
par tes q ue h i rão e v i ra ã o p e r onde q u i serem; e porelll todas n a
vegaraão com ca rtases, h u m a s e outras, e con condição q u e e l
rey de Portuga l n ã o terá e n D i o n [en]huns d i re i tos n e m rendas
[fI. 4 7 1 nem mais II q u e só a d i ta fortal eza e b a l luartes, e todos os d i
reitos e rendas e j urisdição da gen te da terra será d o d i to soltão
Badur. E com condição q u e todos os cauallos d [eJ O r muz4J e
d [a ] Ara bia que pel l o d i to contrato das pazes erão obrigados a
virem a Baçai m , venhão a D i o , e a hy pagarão os d i re i tos a e l
r e y de Portuga l segundo Cl1stl1me de Goa. E n ã o o s comprando
a e l rey os mercadores que os trouxerem os poderão l e L1 a r pera
onde quizere m . E com condição que todos os cal1al l os que vie
ren do Estreito pera dentro n ã o paguem n [e n J h u n s d i reitos e
sej ã o forros e con condição que el rey de Portugal n e m o go
v e r n a d o r d a J n d i a p o r seu m a n d a d o não m a n da r á f a z e r
guerra44 ao Estrei to nem n os l ugares d [a ] Ara b ia n e m se toma
ra nao de p resa n [e n ] h uma, e todas n a uegaraão segura m ente.
E porem avendo n o Estreito ou en o utra parte armada de rumes,
e turqos poderaã o hir peleijar com ella e d istru i l l a . E com con
d ição que e l rey de Portuga l e o çoltão Badur serem amigos
d [eJ a migos e i n im igos de i m igos, e o governador em nome dei
rey de Portugal aj udará ao soltão Badur com todo o que poder
p o r maar e por terra e assi el rey a e l le quando comprir com
sua gente e armadas, e com cond ição que querendosse faze I: a l
guns mouros d a terra d e soltão Badur cristãos q u e o gove rn a
d o r n ã o c o n s e n t i r á , e a s s i e l le n ã o c o n s e n t i r a f a ze nd o s s e
n [e n J h ulll cristão mouro . E q u e passandosse a s u a terra a l gu m a
·13 Orm uz, Hormuz, Armuz, i l ha situada entre o golfo Pérsico c o d e OIl1'l , a 2r 0 5 ' N e
5 6° 2 8 ' E.
;; Va riaçiio ao origina l : « ffazer guerra, nem dano no estreito,,; d. Simão notelho, « Tombo d o
Estado da índia » , fI. 1 8 1 , iII Lima Felncr, SlIbsídios p ara a História da Ílldia Portllg llezlI, p. 22 1 .
63
pessoa ou pessoas que deu a m d i nheiro, ou tenham fazen das
dei rey de Portugal que e l l e os mandará e ntregar e outro ta n to
fara45 o gouerna dor se pera os portugueses se passar algum h o
mem q u e ten h a fazenda o u deua d i n h e i ro ao saltão Bad ur.
Com os quais capitollos e condiçõis o d ito Xacoes d isse q ue
o dito rey por sua l i ur e vontade e como d i to he daua a d ita forta
leza a el rey de Portugal46 e des [de] oje pera todo sempre disistia
de toda a posse dommenio que do l ugar onde se a dita fortaleza
[II. 4 7 1'1 fizesse tin h a . II E o auia por emtregue ao d ito gouernador pera
elle fazer como de cousa p ropria do d ito rey de Portugal seu se
n hor. O q ual l ugar logo polIa d ito gouernador com Rao Medi
na4 7 cap i tão da çidade de Dia foi demercado, e asi nado por man
dado do dito rey do Gusarate. E assi mesmo elle em nome do
dito rey do Gusarate seu senhor desisti a de toda a posse domin i o
que n o balluarte d o m a r tinha. E como dito he avia por emtregue
ao d i to gouernador pera delle fazer como de cousa propria do
dito rey de Portuga l . E assi mais d isse o d ito Xacoes q ue o d ito
rey do Gusarate daua mais ao dito gouernador pera el rey de
Portugal as duas fortal ezas conte udas en o contrato primeiro
a q u i escrito atráz q ue se çhamão Aseira, e Coeija q ue estão antre
as terras de Baçaym e as dos reisbutos, as qua is l h e ora daua
con todos seus dire itos e terras e pertenças pera sempre. E que
e l le gouernador e n nome do dito rey de Portugal seu senhor pos
sa m andar tomar posse dell a s e a emtregar aos capitãis que orde
nar e fazer dellas o que quiser como cousa do dito rey de Portu
gal porquanto elle rey do Gusarate d isistia de toda a posse e
dominio que nas d itas forta llezas tinha, e a u i a tudo por emtregue
ao d i to gouernador como dito he com os quais apomtamentos e
c1ausul las açima declaradas o d ito Xacoes em nome do d ito rey
do Gusarate seu senhor disse que avia por confirmado e retiffica
do o contrato pri meiro.
d a Í ndi a » , fI. 1 8 1 , iI/ L i m a Felner, Sflbsídios /}(lra a História da fI/dia Portl/g/lcza, p . 222.
4(, Va riação ao o r igi n a l : «daua a dita fforta leza a o d ito gOllc mador em nome d e i Rey de por
tllgll a l l , seu scnhor" ; d. Simão Eotelho, «Tombo d o Estado da Índia " , fi. 1 8 1 , iI/ Lima Felner,
Sflbsídios flara a História da fI/dia Portflgl/cza, p. 223.
47 Rao .Mccl inn pode trnta r-se ele Med âni Râ i , um capitão ao serviço de Eahâdur que, em
1 5 3 3 , p a rticipou no a taque guzerate a Chitor; d. lvIirat-i Sikal/dar, p . 1 79 . Todavia, a mesma cró
n ica i n elo-persa colocou K iwân a l- M u l k Sârang como o capitã o de Diu, após o s u l tã o Eahâel u r ter
retirado o governo dessa cidade aos dcscendentes ele M a l i k Ayâz; d. 0/1. cit.) pp. 1 5 7- 1 5 8 .
65
Dio por esta r m a l desposto depois de ter o utra véz a m es m a i n
formação do d i to Manoel de Sousa o foi ver o d i to soltã o Ba
dur a o gal l eão onde estaua, e despedindosse del i e mandou o
[II. 48,,] d i to M a noel de Sousa q ue tomasse II a lguns home ns consigo e
antes que o d ito rey desembarcasse o prendesse n a fusta e n q ue
h i a , e o trouxesse prezo ao gal leão, o que o dito Manoel de Sou
sa cometeo. E embarcandosse na fusta chega ndo a fusta onde
h ia , o d i to rey q uerendo o prender se poz en defenção elle e os
seus pel l o que foy morto caindo da fusta ao maar sen se n unca
mais poder açhar. Onde tambem morreo o dito Manoel de Sou
sa, e Anto n i o Cardoso fi l h o do doctor Francisco Cardoso e
Pedr [o] A l u a rez d [e ] A l meida ouuj dor geral que então era, e ou
tros m u i tos fidalgos; e l ogo a çidade foi despej ada dos m o mos.
E ficou em posse dell a e das alfandegas e rendas del l a o dito
gouernador Nuno da Cunha pera e l rey nosso sen hol'.
511 Subentend a-se M a l i k A)'âz. A «quinta do mclliquc» dcvcria corresponder a Una, nas pro
xim idades de Diu, pois era a í que se encontrava M uhamlllad Zalllâm Mlrzâ; d. Mi/'{/t-i Si/w"r/a/',
p. 203.
5 1 Trata-se d e M uhammad Zamân Mirzâ, filho de Badi' a l -Zamân lvl irzâ c genro d o Grão
-!'vIogol B â bur, pelo seu casamcnto com a filha dcstc, Ma'sâma S u l tân Bega m. Era um príncipe Ti
múrida q ue veio com os Illogóis q ua ndo estes invadi ram a Í ndia. À morte de Bâbll 1', em 'j 530, re
cebeu parte d a herança do sogro (d. A b C, I-Fazl, Ahba/' Nâl/lâ, Nova Delhi, 1 9 8 9 , vol. I , p . 24 8 ) .
N ã o ficou satisfeito com a repartição q ue o cunhado, Humâ)'lin, fez d o s territórios conqu istados
por Bâ b u r e consp i ro u contr'l ele. A descoberta da conspiração levou f-Iumâ)'lll1 a encarcení-Io em
Ba)'a n a , m as ele escapou-se, Cm 1 5 34, para o Guzcrate. Hum â)'lin pediu a sUa ent rega , v,í rias vc
zes, a Bahâdm sem q u a l q uer resu ltado. À morte de Bahâd u r, em l 5 3 7 , a p rovei t o u o caos pol ítico
e m que o G u zerate mergu l h a ra, com um in terregno sucessório, p a ra se proclamar s u l tii o. Para esse
fim procurou faze r-se adoptar pela m,j e de Bahiidur e negociou com Nuno da Cunh'l a o b tenç'l o
do a po i o português. A s u a derrota em U n a , c m 1 5 3 7 , forçou-o a fugir p a ra o Sin de, de o n d e con
segu iria o b te r o perdão do cunhado, com a ajuda da l11 u lher, e regressou ii corre mogo l . Tomou
parte na cam panha de H u mã)'un no Benga la, contra Sher Shâh SClr, no decl\l'so d a qual morrcu
a fogado, em 1 5 3 9 , quando atravessava o Ganges, em çausa.
5 2 M u hammad Zamân Mí'rzâ e os Grào-Mogóis cram descendentes d e Tim u l', o Coxo, o Ta
Botelho, «Tombo do Estado da Índ i a » , fI. 1 8 1 v, iII Lima Felner, S"bsír/ios /)(/m a História rIa tl/r/ia
PO l'fllgl/e:m, p. 2 2 4 .
54 Kh"'a j a Afizamo,
55 Su bentenda-se M uhammnd Zamân Mirzâ,
5(, Vide nota supra,
5 7 Coraçone, de "/Jllr{/S{/Ill, i,e" habitante cio K h u rasân, uma região n o Nordeste cio Irão, "
3 5 ° N e 5 9 ° E, cuja ,í rea foi mais ala rgacla em épocas recuadas e que incluía zonas que hoje se en
contram n o Afegan istão,
.I S Trata-se de Badi' a l-Za mân Mirzâ, fil h o m,lis velho do s u l tã o Husayn Mirzâ e pai de Nlu
h a m ll1acl Zam:)n Mirzâ, Em 1 4 93 rebelou-se contra o pai porque este lhe deu o governo de Ba lkh
c m troca do de Asrara bâd, que entregou ao i 1'111;1 o Muza ffa r-i Husayn lvlí'rzâ, A pós a m o rre do
p a i , em 1 50 6 , o s dois i rm ãos partilharam o governo, mas por pouco tempo, uma vez q u e os Uz
beques invadiram o K h urasân e expulsaram-nos de I,í, Segundo o A h /J{//' Nlilllrl, vaI. I , pp, 3 5 6-
-357, Badí' a l -Zamân acabou os seus dias como prisioneiro do s u l tão o tomano, Selim I, tendo
morrido de peste em 1 5 1 9 ,
5 " Va riant e d e siea, u m a palavra d e origem ,í '-'l be si"'w, «cunho de moeda, selo » , q u e pas
sou a o conca n i xi""ô. lnicialmente sign i ficava « re l h a » , depois designou a ma triz com que se
67
Gusarate, e assi em D i o como nos outros l ugares que forem dei
rey d e Portuga l n o dito regno, e que nos a lcorõis6o o çhamasse
rey dos gusarates assi como se çhama va soltão Badur e n seu
tem p o .
E mais que S u a S e n h o r i a avia de auer por b e m q u e a s s i
c o m o fazia n o tempo do s o l t ã o B a d u r qua ndo a q u i trazião os
mercadores cau a l os a vender q ue assi os tragão agora e que
l hos n ã o defendão e q u e a s armas q ue trouxessem pera vende
rem que vendendo l h as que lhe não vão a mão e l has deixe m
comprar, e que todos os l a scal'ins q u e forem d o soltã o B a d ur
que estão n o regno do Gusarate e bande i s6 1 delle q uerendosse
hir pera elle que o possão fazer de sua li ure vontade. As q u a i s
condiçõis a s i m a pedidas p e l l o d i to embaxador o d i to governa
dor disse q ue l h e a prazia e l h a s outorga ua pellos poderes q u e
tinha dei r e y nosso senhor c o m ta l condiçam que o d i to I n i z a
mamede Zamã0 62 d a n d o l h e D e o s Ca mba i a paçiffica a v i a p o r
b e m que el r e y de Portugal tiuesse pera s y e pera todos o s q u e
d e l l e desendesse d [e] o j e p e r a todo sempre, o porto da çidade
de Mangallor63 com todos os d i reitos, rendas e j ur i sdição e assi
todos os homens delle, com dous cosei s 64 e meio ao render 65
[fI. 49v l delle dah i the a i l h a do Bate II Ç h a ll angã066 con todos os por
tos d o maar e l ugares q ue na d i ta costa h a e assi dous coseis e
meio da borda do mar pera dentro da terra firme desde o d i to
M a n ga llor the a d i ta i l h a de Ç h a l a ngão com suas rendas j ur is-
nOme'Hell1 o soberano reinante, Oll quem tinha aspirações a tal, na oração da sexta-feira, h /J/ltúa,
n a parte da oração dos fiéis, « d uea' l i-I-mu'm i n i n » ; d. A . J. \Vensick, «Khu tba » , in Ellciclopédie
de l'Islalll, vol. v, pp. 76-77.
(, 1 Bandel, i.e., portos, do persa bmrdar; d. O a lgado, Glossário, s.v.
68 TO,\I I\O D E D I U - 1 .\ 9 2
diçaIT1, e gente assi e pel l a ma neira q u e as telle e pessll i o o sol
tão B a d u r e m a i s l h e avia de outorgar todas as terras de D a
mão, a saber, o m e s m o l ugar de Damão t h e as terra s de Ba
çai m , con todas a s terras e praganas G 7 assi como estão com
toda a j urisdição e gen te e rendas, assi e da m aneira que tem o s
as terras de Baçai m , e a ssi conta as pess u h i a o saltão Badur, e
seus tanadares G 8 e que toda a moeda ser çhapada de s u a s itaG 9
poes, j a l h e conçedia q u e todo o proue i to seria dei rey de P o r
tugal como saia a ser d e i rey do G llsarate, e i sto n a s terras q u e
nos t iuermos em Cambaia e a n o s q uisermos bater70, e m a i s
q u e e l les serião obrigados q u e todos o s nauios a s s i de guerra
como naos de mercadorias o n de quer que forem açhadas q u e
erão de soltão Badur os m andaria e ntregar aqui a D i a c o m as
fazendas que nel l a s v ierem do soltão B a d u r, assi que não faça
em n [e] h u m porto dos seus nem consintirá fazer n [en] h u m n a
v i o de g uerra e naos pera mercadorias poderão fazer q u a n ta s
q u iserem de cairo ; e q u e o s caual los q u e a q u i vierem ter por
mar pagarão os d ireitos a e l rey de Portugal assi como pagão
em Goa, e que os escrau os dos portugueses q u e la estão e fo
rem daqui e n d i a n te os tornarão o u pagaram sua v a l l i a delles.
E q u e q u a lquer p o rtugues que l a for sem l içenca de Sua Senho
ria ou do capitão da fortal l eza e çidade71 o não recolherão e o
mandarão prezo a q u i , e q u e os mercadores não serão i mpedi
d o s a b i rem e virem assi como sempre f o i em tem p o do saltão
Badur e isto ajnda que aj a guerra a n tre elle e os guzarates a m -
7n Varia nte a o texto cio tratado q ue se encontra na Torre do Tom bo, Corpo Cronológico,
1-58 -73 : "E q u a m to a moeda ser chapada de sua syca pois já lhe concedia que todo o proueito se
ria delRey de portuga l como soya ser cios Reis do guzarate e isto nas terras q ue nos tiuermos em
cambaia e nos q u isermos bater » ; d. Júd ice B i ker, Col/ecçiio de tratados, vaI. I , p . 73. Diogo d o
Couto a presenta o u t r a variante n a Década 5 ."-I-XII, « Q u e as moedas todas, corressem nas c i d a
des, que foram d o Reyno de c a m b a y a , q ue fosse d a j urdição d'EIRey d e Portugal, e n a Ilha d e D i a ,
fossem c u n h a d a s c o m cunhas, e m a rca d e l l e M i r l'vlahamede Zaman » .
7 1 O " ca p i tã o d a cidade» foi introduzido posteriormente, pois não consta n o texto d o trata
do n a Torre cio Tombo (d. Júd ice B i ker, Col/ecçiio de tratados, vaI. I , p . 73 ), nem no Tombo de Si
m ã o Botelho (d. Simão Botelho, " Tom bo do Estado d a Índia » , fI . 1 8 2, iII lima Fclner, SlIbsídios
jJara a História da Ílldia Portllglleza, p. 226).
69
tes l h e dará todo o fauor e ajuda neçessari a . E n a terra lhe não
leua raão mais d ireitos dos que l he sohião leuar, e as fazenda
que l a tiuerem os mercadores de Dio lhes faça emtregar pera que
[fi. 5 0 1 venhão pera esta çidade II donde quer que ellas estiuerem e que
a q u i n ta do Mel li q Ll e onde elle ora está ficará a el rey de Portu
gal pois emtra nos dous coseis e meio da costa . As quais condi
çõis declaradas pello dito senhor governador o d i to embaxador
conçedeo e aprouou em n ome do dito 0 l11i r Zamal11ede Za
mão72 seu senhor, segun d o l ogo mostrou p e l l o rol dos dito s
apol11tal11entos escritos p e r Antonio da S i lueira capitão desta çi
dade e com çhapa do d ito seu senhor que ficou em poder de
mym secretario. As quais condiçõis atraz escritas per ambas as
partes hum as e o utras foram o utorgadas, a saber, o dito senhor
governador disse que lhe otorgaua e aprazia conçeder a dita paz
com as ditas condiçõis a traz declaradas como d ito he pellos po
deres que tem deI rey seu senhor, e daqui en d iante lhe conçedi a
a d i ta p a z c o m as clausul las e condiçõis e l he aprazia l has conçe
der e pello dito embaxador foi dito que e l le aceitaua a d i ta paz
en nome do dito Omir Zamamede Zamão seu senhor por vertu
de dos ditos apontamentos atráz declarados e se obrigou que o
d i to senhor j urará a dita paz ta mto que lhe l a fosse a presemtado
este comtrato, e l ogo o d ito governador j urou aos San tos Evan
gel h os e n que pos a mão que elle guardaria e compri ri a as ditas
pazes emquanto o dito Omir Zal11amede Zamão comprisse e
guardasse o que elle era obr igado a guardar e comprir. E logo o
dito embaxador e o dito governador d isserão a m bos j unta mente
e cada hum por sy que avião a dita paz por firme feita e valiosa
d [e] oje pera sempre, e se obrigarão a comprir e guardar i n teira
mente assi e da maneira que neste contrato he condiçõ i s he de
clarado e aqui se corntem. E em testemunho de verdade manda
rão a mym secretario fazer esta escreptura das quais se fizera m
d uas de h u m theor en que ambos asinarão, a saber, huma que
fica em meu poder, e outra q ue leua o d i to embaxador. Testemu-
[fI. 50vl n has que a tudo forão presentes. Antonio da S i lueira II capitão
desta çidade e Vasco P irez de Sampaio, R u i Diaz Pereira, e Gas
par de Sousa, e Manoel Machado e Coje Perco l i mour073 e Mar-
-
70 Tll.\·I IIO DE DIU 15n
cos Ferna n des, l ingoas. E eu dito secretario por ma ndado do se
nhor governador fui a q u inta do MelJique onde o d i to O m i r Za
mamede Zamão esta ua e logo peran te mym j mau en sua ley so
bre s e u mossaf074 de e n todo ter e m a n te r e c o m p r i r este
con trato i n teiramente como nel le se contem. E asinou e o çha
pau de sua çhapa. E porque a tudo fui presente o escreuy e asi
nej de meu sinal acustumado, com as sobreditas no dito dia e
mez e era João da Costa, secretario o escreuy. O q u a l j mamento
foi dado ao dito Omir Zamamede Zamão por Cadi Çhat75 da
d ita cidade de Dia.
J tCI11 Este contrato não ouue e fe i to, porque neste mesmo tem po
foi aleua ntado por rey do dito Guzarate p e ll o s gra ndes do reg
no saltão M a mede Xá76 q ue ora he por ser sobri n ho do saltão
Badur fil h o de h u m seu j rmão77 sendo de i dade de catorze ou
q ui nze anos o q u a l veio de Amada ualH principal çidade do reg
no so bre o dito Omir Zamall1ede Zamão e o desbaratou, e dei
tou fora do regno e se foi cam i n h o do S i nde79 fogindo.
fados, v a I . I , p. 7 4 ) , nem em Simão Botelho (d. Simão Botelho, «Tombo elo Estado da Índia » ,
fi. 1 8 2v, iII Lima Felner, SlIbsídios !Jal'l7 a História da Ílldia Portllglleza, p . 228), os quais grafaram
o nome cio « l íngua » como " Perco lin1 » .
74 l'vlossafo, ou moçafo, a forma m a is corrente, do ,í rabe III/Is/;a(, " vo I Llllle, l i vro » , termo que
os portugueses usaram para designar o Corão ou o m inerete, m a is raro; cf. Oa lgado, Glossário,
s.v. Entre os muçulma nos, IilflS /}(/( é o nome dado ao Corão enquanto objecto físico, i . e . , l i vro.
75 Cad i , d o á rabe qâdi, é o juiz com j u risdição sobre assuntos do d i reito c i v i l , religioso e cri
m i n a l ; d. O a lgado, Glossário, s.v.
7(, l'vlahmlld Shâh III ( r. 1 5 37- 1 55 4 ) . Subiu ao trono COI11 a morte, inesperach, do outro can
d i dato, Mlrân Muhammad Shâh FârLl qi, outro sobrinho de l3ahâdur que foi ca rcereiro de Mah
müd. Como o texto a fi r m a , foram os nobres do Guzerate que col oca ram Ma hllllld no trono, COI11
destaque pa ra Ikhtiyâr Khân S iddiq i .
77 De facto o p a i de M a h lllüd S h â h 11l, Latif K h â n , e r a i r m ã o de Bahâdur e fi l ho de Muzaf
fa r Shâh I I ( r. 1 5 1 1 - 1 5 2 6 ) c de Râjbâi, uma princesa rajepute. La tlf Khân casou-se com uma prin
cesa d o Sind e M a hllllld nasceu em 1 525, pelo que tinha 1 1 anos aquando da sua subida ao trono
e não 14 o u 15 a nos como a firma o texto. Latif Khân tentou a podera r-se do trono em 1 5 26, a pós
a morte d o su ltão Sikandar ( r. 1 526), mas acabou por o perder a favor de Bahâdur numa batall1<l
nos a rredores de Sultâmpur. Latif Khân ficou ferido n a bata l ha e pereceu a caminho d o sítio onde
se encontrava B a hâelur, possivelmente às ordens deste último; d. lvIirat-i Si/wlldar, pp. 1 35 - 1 3 6 ,
155-1 57, 208.
7.' Amadaba d , A hmada bâd, capital do sultanado do Guzerate a 23° 02' N e 7 2 ° 3 8 ' E .
7 " Sinde, Sin d , região indiana n o eleita elo rio Indo, compreen dida de 2 3 ° 3 0 ' a 2 8 ° 4 0 ' de la
titude nane e de 66° 40' a 71° 20' de longitude este. Foi a prim eira região isl a m izada na Ínelia
e era um s u l ta n a d o independente governado pela dinastia A rg,hí'ln , sob o reino de Shâh Husayn
Arg,hün ( r. 1 52 3 - 1 5 5 4 ) .
71
J te m E contudo ficou e l rey nosso sen hor e os capitã i s da forta -
l eza de D i a de posse da çidade e renda del la ate o m êz de Ju
n h o de j bc xxxbiij q ue o d i to Mamede X á , rey do Gllzarate
m a n d o u Coj e Sa ffa rHO e o u tros capitã i s tom a r a çidade, a qual
se l h e a l a rgou por mando de Antonio da S i l ueira, q u e a o ta l
tempo era capitão della por ser m u ito grande e ter pouca gente
c o m que a n ã o podia soster, e pareçeo m i l hor con selho reco
I hersse a fortaleza por não perderem h u m a cousa e o utra . E os
capitãis dei rey d o G usarate estiuerão fazendo guerra a d ita çi-
[fI. 51] dade sem II h un s a pess ui rem n e m outros ate q uatro de Setem
bro d o d ito ano que Solemão BaxáH I capitão mor de h u m a ar
m a d a d o t ur co v e i o d e S uesH2 com m u i ta s ga l l e s H 3 a d i ta
forta l eza e l h e pos çer[co] com a j u da dos ditos capitã i s d e i rey
d o G u za rate e combaterão a d i ta forta l eza e lhe baterã o h u m
b a l u a rte e l h e todo derruba rão o q u a l foi defendido per A n to
nio d a S i l ueira, que ao tal tempo era capitão da d i ta forta leza,
onde morrerão m uitos fidalgos e outra gente. E d ur ando o d i to
çerco os r um esH4 comessarão a usar de suas m a n h as con q u ere
rem tomar as mol heres per força dos guza rates que esta u ã o n a
d i ta çidade pella q u a l rezão os ditos capitã i s s e tirarão fora da
çi dade, e se recol herão a terra firme e os não quisera m aj u da r.
E vendo os ru mes como não podião entrar a d i ta forta leza d e
D io , e de cada véz l h e h i a m a i s socorro da J n d i a e o v i s o rey
chegou ii Índia em 1 52 8 com os sobreviventes d a a rmada otomana de Salman Reis. Ficou a o servi
ço d e llahâd ur, assim como o seu filho Kh"aja Mahan Safa r. Serviu o sucessor de llahâd ur, Mah
me, d , e acabou por perecer, assim como o filho, no decurso do segundo cerco de Diu, e m 1 54 6 .
SI Had i m Sü le)'mân Pasha, um eunuco ao serviço d o Império Otomano ( ? - 1 54 7 ) . Serviu s o b
Vermelho.
X.l A
armada era composta por 72 em barcações armadas com canhões de cerco e c. 6500 ho
mens, dos q u a is 1 5 00 janízaros; cf. C. Orhunlu, art. cit., i n Ellciclopédie de /'ls/all/, vaI. IV, p . 934 .
"' l.e., os turcos.
Ora a este de D i u não existe nenhuma cidade com esse nome, nem com a s coordenadas q u e ele
forneceu. Deve tratar-se d a cidade de Navibandar, que a parece nas cartas inglesas como Nawiban
d a r, a 2 1 ° 25' N e 6 8 ° 58' E .
" " Rume C ã o , i .e., R u m l Khân, «cão Turco » , designa um oficial de origem turca. Nessa a l tu
ra, e m 1 5 3 9, havia pelo menos dois Ruml Khân no Guzerate, uma vez que t i nham morr i d o ou tros
elois. Os sobreviventes eram pai e filho, Kh"'a ja Safar e Kh"'a ja Mahan Safar. Neste caso eleve tra
tar-se elo p a i , que foi mencionado a n teriormente como um dos negociadores cio tratado de ] 5 3 9 .
"1 Torna-se d i fíci l ver q u a l é a pessoa p o r detrás eleste nome. C o m a s u b i d a a o trono d e
Ma h m ud Shâh III, em 1 5 37, o s e u vizir foi Ikhtiyâr Khân, o q u a l se m a n teve n o c a rgo até 1 5 3 9 ,
ano cm que f o i executado em resu l tado d a conspi ração urdida p o r Daryâ K hân e 'Idmãd a l -M u l k ;
cf. Mimt-i Sikalldar, p p . 208-2 1 0 e Feri!ilita Târikb-i Feri>llta (eelição d e J o h n Briggs), 1'0 1 . I V ,
p. 87. Em 1 5 3 9 o vizirato e r a ocupado por D a r y â K h â n , o q u a l t i n h a secundarizado M a l i k JllVân
b. Tawak k u l , o ',[elmãd a l-Mulk, com o título ele Amlr a l -Amrâ, « p ríncipe dos príncipes » . O trata
elo foi, provavelmente, negociaelo em nome ele Oaryâ Khân.
73
de Dom Garçia de Noronha viso rey e cap i ta m mar e governa
dor da J n d i a e os d i tos e m baxado res aqui nomeados asentarão
com os d itos Asajação e R umecão as condiçõis aqui dec l a ra
das, as q u a i s serão guardadas, e se compriraão d [ e ] oje e n di
ante pera todo sempre com toda a paz e a m i sade e verdade
como cumpre pera q u e e n n [e n ] h u m tempo se que brem a m i s a
de e a verda de, a ntre dous r e i s tão grandes, e todos q uatro
acentarão as pazes por esta m a n e i r a . O cady90 se porá da parte
dei rey do Gusarate por mando e j ustiça dos mercadores e do
p011 0 , e assi poraão hum tanadar e catl1 a l 9 1 por parte d o d ito
rey, e estes a mbos l e l1araão, a presentar ao senhor viso rey pera
que os emcomende ao c a p i tã o e o d i to ca p i tão quando quer
que mandar req uerer ao d ito taoadar, e ao catual todas a s cou
sas n eçessarias que el les lhes darão por seu di nheiro. E assi as
daraão aos portugueses q u a n do l h a s pedi rem e o mando da çi
dade ficará em mão dei rey do Gusarate.
9 n Va ria nte a o o r igi n a l : « I tem - o caide » ; d. Simão Botelho, "Tombo d o Estndo d a Índ in ,' ,
fI. 1 8 3 , iII L i m a Felner, SI/bsídios para a História da Ílldia P01'tl/gl/cza, p. 230.
9 1 Catual, pessoa que, na Índia muçulmana, desempenhava todas o u a lgumas das segui n tes
funções: «chefe d e polícia, inspector elos mercados, juiz ele d i reito criminal, governador ela cida
de». A p a l avra é d e origem persa, IlOtl/al, «comandante ela fortaleza » ; d. Dalgado, GlosstÍrio, s . v.
n Va ria nte ao origina l : «Item - quoando quer que a ntre » ; d. Simiio Bote lho, «Tombo d o
Estado d a Índia » , fI. 1 8 3 , iII Lima Fel ner, SlIbsídios para a História da ÍI/dia Portl/gl/eza, p . 2 3 0 .
"3 Va riante ao original: " porem estes guoardas dos portugueses nom » ; d. Simão Botelho,
«Tombo d o Est'ldo da Índia » , fI. J 83 , iII lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Porfll
glleza, p . 230.
"' Va riante a o original: «e os oficiaes dos mandouis » ; d. Simão Botelho, «Tombo d o Esta d o
(ln Índ i a » , f I . 1 8 3 , iII lima Felner, SlIbsídios /mra a História da Ílldia Portllglleza, p . 2 3 0 . Mando
vim, a l fândega no Concão e no Guzerate. A pal avra é corrente em guzerate, lIIalldul, e conca n i ,
lIIâlltau, c o m origem no sânscrito lIIallda/la, « ba rracão , ramada » ; cf. Da lgado, Glossário, s . v.
".I Gogolá, localidade em terra firme da península de Karhiawar, face a D i u , conhecida, tam
lho, « Tombo do Estado da Índ i a » , fI. J 83 , iII lima Felner, SlIbsídios IJam a História da Ílldia Por
tllglleza, p . 230.
"7 Variante ao original: {{e o m i raba porá h u m » ; cf. Simão Botelho, ({Tombo do Estado d a
Índia » , fI. 1 8 3 , iII lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglle:w, p. 2 3 1 .
" " 1vI ira bá, « a lca ide d o mar, chefe d o porto " , palavra d e origem persa, IIIlr-âb, « c he fe d a s
águas » . A outra va riante, m i ra b a l; é uma palavra composta p e l o persa 1 1 1ir, {(chefe» d o ára be
ali/Ir, com o ,i rabe ba!Jr, {{ m a r " ; cf. D a lgado, Glossário, S . I'.
75
d e i rey do G u sa rate e outro por parte dei rey ele Portuga l .
E q u a n d o fore m ver a s naos h i ra m a m bos j un ta mente.
. , Ca bo d e Roçalga re, Ra's al-[-Iadd, promontório n a costa oman ita, a 2 2 ° 3 0 ' N e 5 9 ° 4 6 ' E ,
q ue m a rca a extremidade meridional d o go l fo de Omã.
1l1O Caxem, cidade n o l i toral sul d a península A r á b ica, Q ishn, a 1 5 ° 30' N e 5 ] ° 40' E, na
«Tombo d o Estado d a Índia » , fI. 1 83v, ill Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia 1'01'111-
gueza, p. 23 1 .
1 1 12 Va r i a nte a o origina l : « que pa rtirem dos portos dos guzerates » ; cf. Simão Botelho, «Tom
bo do Estado da Índ i a » , f I . 1 83v, ill Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia 1'0rtllglleza,
p. 231.
lO.! I . e . , M a l i k A)'âz.
1U4 Baca res, pala vra de origem marata e guzerate, vakhâr, « a rmazém, celeiro » , que original
m e n te s ignificaria « a rmazé m d e víveres » , a n tes de passar a sign i fica r « a r m a zém de panos » ;
cf. D a lgado, Glossário, s.v.
111,< Catualaria, renda q u e se cobrava à barreira para a m a n u tenção do ca rgo de catual, d o
-
76 TO.\o l l lll DE DIU I .l n
parte s se fugi rem para os mouros, e l l es os e mtrega raão aos
po rtuguezes.
jtem Todos os escrauos ou escra uas que fogi rem dos portugue-
zes pera os mou ros, ou dos m ouros pera os portugueses, os ta i s
escra uos se venderaão e o d i nheiro delles se dará a s e u s donos.
j tem Estes capi tolos da páz aqui escriptos l e uarão [a] apresentar
a e l rey do Guzara te soltão Mamede ' O G , e porá a comfirmação
com sua çhapa. E o e mtregaraão ao em baxador dei rey de Por
tugal , e assy aos homens dei rey do Guzarate, os qua i s i tens e
açento l 0 7 de p azes o d ito v iso rey D o m Garçia o u ue por bem e
os asinou. E deste theor se l euarão h un s a el rey de Cam b a i a ,
fei tos por J o ã o d a Costa secretario da J n d i a , e a s i nados p e l l o
d i to v iso rey, e se derão outros e m p a rç i o , a s i nados pel l o d ito
s o l tão M amede fei tos no d i to d i a , mez e era.
Item Per faleç imento do viso rey Don Garçia soçedeo na gouer-
n a nça Dom Esteuão da Gama l OS , o q u a l ma ndou h u m e mbaxa
dor ao d ito rey Mamede Xá por que l h e pedia que ouuesse por
bem que a metade do rendimento da d i ta a l fa n dega fosse deI
rey n osso senhor, o qual lhe conçedeo. II
1 1 '(' Variante a o origin a l : «saltão mamudc » ; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da índ ia ) ,
'
fI . 1 8 3 1', iII L i m a Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglleza, p . 232.
1 1 >7
Va riante ao origi n a l : « e concerto de pazes » ; d. Simão Botelho, «Tombo do Estado da
Índia » , fI . 1 8 3 1', iII Lima Felner, SlIbsídios para a História da Ílldia Portllglleza, p . 232.
",.< Governador do Estado d a Índia de 1 5 4 0 <1 1 5 4 2 .
77
nhor desta fortal leza de Dio e seus termos, e de toda a d i ta a l fan
dega e rend imento della, e das mais rendas que ha n a d i ta forta l
leza me i n formey na verdade de peçoas m uito a ntigas e del las e
o utras i n formaçõis çertas que tomey me constou o segu i nte.
Depois do d i to rey de Cambaia Mamede Xá conçeder ao
governador Don Esteuão da Gama a metade do ren dimento
desta a l fa ndega (como a escreptura atráz declara) soçedeo o se
gundo çerqo desta fortaleza de Dio que soltão Mamede rey de
Cambaia pos con todo seu poder no ano de [ ] 1 09 sendo c a p i tão
da fortal l eza D o m João de Mascarenhas e governador Dom
João de Cras to l l O q ue con todo poder da Jndia a veio socorrer,
e deu bata l h a aos cap i tã i s do d i to rey q ue estauão sobre a d i ta
fortal leza e os vençeo, e a deçercou e defendeo com a a j u d a de
Deos n osso senhor cobran do huma insigne victoria de que a
memori a della ficará pera sempre. Pello q u e a l e m d o direito
q u e e l rey nosso senhor tinha nesta forta leza e na a meta de do
rendimento desta a l fa ndega polIa data q u e os reis de Cambaia
senh o res dell a fizerão a e l rey nosso senhor p e l l o s contratos
atráz, ficou o d i to senhor adqui rindo nouo direito, e j usto p o l
Ia gan h a r a o s reis que a q uizerão tomar nos d i tos dous çercos
e n que l hes foi defendida e ga n hada tanto a custa de sua fazen
da e do sa ngue de m ui tos fidalgos e ca ua lei ros portuguezes q u e
n e l l a forão mortos. II
[ fI. 54) E passado este çerco se fizerão pazes antre o d i to rey e el
rey n osso sen hor fica ndo a dita a l fandega no est[a ] do en q ue
esta u a a n tes do dito çerqo correndo o rendimento d e ll a a meta
de p e ra o d i to rey de Cambaia, e a outra a metade pera el rey
n osso senhor con forme o contrato feito com o dito gou e rn a dor
Dom Esteuão da Gama, e assy correo the o áno de [ ] I I I q ue ser
u i a de capitão D o n D iogo de Noro n h a .
No q u a l tempo socedeo que sendo rey do dito Ca m b a i a
Mamede Xá o m a tarão a treição seus vassal l o s pera l h e tomar
o regno l 1 2, e se leua ntarão m uitos capitãis q u e se q u i zerão fa-
procurou subir a o t ro n o e l i m i n a ndo o gra nde vizir, Asâ f K h â n , e 'A fza l Khân. O fi l h o deste últi
mo, Shiawân K h â n Bhâtti, matou Burhân nesse mesmo dia; d. JVlimt-i Si/all/d(/r, pp. 249-25 1 .
1 1 .1 A o morrer sem deixar herdei ros d i rectos, lVlahlllltd Shâh III dei xou a porta a berta a o
c a o s n o Guzerate, a t é que o s e u p r i m o , A hlllad S h â h III ( r. 1 554· J 56 J ), s u b i u ,,0 trono p e l a 1ll�0
d e I" t i lllãd Khân, o homelll forte d o sulta nado nas décadas seguintes.
1 14
J u d á , J udda, cidade a 21 ° 38' N e 39° 1 7' E, o porto que serve Meca no Illar Verlllel h o .
I I .I
M e l i n d e , M a l i ndl, cidade portuária a 3 ° 1 2' 5 e 40° 0 8 ' E, na costa oriental a frica n a .
79
tade e meio pera os offiçiais d [a ] a l fa ndega, e o outro meio pera
as o bras e fortificação da ç i dade e fortal l eza ( q ue os mercado
res conçederão) assi de todas as fazendas como de d i n h e i ro
OLHO e prata. II
1 1 (,
Sobre a s d iversas rendas, veja-se o q u e sobre o assunto s e escreveu no Prefácio.
1 1 7 Palerim, loca l idade no rio Chassi por onde se passava ela i lha de D i u para a terra firme cla
península cle Kathiawar.
I I ' O j u iz cio peso, tanto na ciclacle como na a l fânclega, d. «Tombo cle D i a » , fi. 64.
I I " A n fião, ópio, procl u to cla Papa v er sO/llllifel'llllJ (Linn . ) . A p a lavra é cle origem grega,
opôs, que cleu a palavra latina opioll e a ,ír a be afillll at i afYIIII; d. Da lgado, Glossário, s.v. e Hem)'
Yu le e A . C. Burnell, Hobsoll JObSOIl, S.V. (OfJill/ll ) .
1211 Orracas, urracas, araca, cio ,ír a be cnrnq, c u j o signi ficado, « transpiraçã o » , aca bou p o r de
signar a seiva cla tamareira e mais ta rcle a bebida destilacla a partir clessa seiva . Os portugueses
acabaram por util izar este vocá bulo para clesignar o vinho menos alcoólico cle palmeira. N a Índ ia
é m a is usua l a palavra urraca, cio concani IIrâh, uma corruptcla cio étimo á ra be . Cf. D a lgaclo,
Glossário, s.v.
jtem A ren da das boticas da ç i dade que são foros que se a rreca-
dão das propriedades que ha n a çidade e paços en Goga l l á .
1 2 1 Betre, bétele, bétel, berle, bétere, a folha da Pipe/' betle ( L i n n . ) , que é usada como invólu
cro de u m popular masticatório na Índia e na Ásia d o Sueste, a q u a l envolve a areca, o cato, a cal
de ostra e outras s u bstâncias a romáticas . D o malaiala vettila, composto de vera, « s imples » , e ila, a
« fol h a » , ou sej a , a folha por a n tonom,ísia. Cf. D a lgado, G lossário, s.v.
1 22 A n i l , nome da s u bstância que tinge d e azul as tecidos, extraída da flldigofem tillctoria
( L i n n . ) , do étimo árabe ai-II/I, pronunciado ali-II/I. Por sua vez, II/I é o termo comum na índia para
designar o i n d igo, do sânscrito IIl1a, « a zu l » . Cf. D a lgado, G lossário, s.v. e Henry Yule e A. C. B u r
nell, Hobsoll ]ObSOIl, s.v. ( i ndigo).
1 23 Larim, moeda d e prata que pesava cerca de 5 g e cujo valor oscilava entre os $060 e os
$ J OO. A moeda era originária d a cidade persa d e Lâr, de onde o seu nome lâr/, e correu no g o l fo
Pérsico, Ín d i a Ocidental e i l has Mald ivas. Cf. j. A l l a n , « La r i n " , in Ellcic/opédie de l'lslalll, 1'0 1 . II,
pp. 6 8 8 -68 9 ; D a lgado, Glossário, s.v.; Henry Yu le e A. C. Burnell, f-fobsoll ]ObSOIl, s.v.
1 2 4 Pa r d a u , moeda originária de Vijayanagara, cujo nome derivou da inscrição numa das fa
ces, /Imlâ/Ja, « m a jestade, esplendor» em sânscrito, que se corrompeu na forma fiartâ/I ou pardâ/ l,
a q u a l passou ao português. Houve pardaus de ou ro, que valiam $360, e de pl'<1ta , que v a l i a m
$ 3 0 0 . Cf. D a lgado, Glossário, s.v.
81
.lrcm Auia o utra rend8 d o j ogo d o ga uga o l 25 q ue fo i ti rada por
ser i n l içita e p rej udiçial .
1 15 D a lgado clescrel'cu-o C0l110 UI11 jogo de ta bulagem, i .e., um jogo feito sobre um tabuleiro,
C0l110 o gamão, o xadrez, etc., mas não forneceu a sua eti mologi a , nem o descreveu. Cf. D a lga do,
Glossário, S . I'.
1 2(, A enseada de Call1 b a i a é o golfo homónimo a 22° 00' N e 72° 00' E .
1 27 A ponta de D i u fi c a situada a 2 0 ° 42' N e 7 0 ° 4 9 ' E .
38' E. Foi o grande e m pório comerci a l n a cost'1 oc identa l indiana nos séculos x v e XVI, mas o
progressivo recuo do golfo homónimo obrigou as emba rcações de maior tonelagem a fazerem
transbord o nos portos s a té l i tes de D i u e Gogha. Cedeu o seu l ugar, de porto por excelência do G u
zerate, a Su rrate n o séc u l o X V I I .
1 .'" M a l i k Ayâ z .
1 .1 1 O sucessor imed i a to de M a l i k A).âz. em 1 522. foi o s e u fi lho M a l i k Ishaq, o J'vlcl ique
Saca das crónicas portuguesas, que manteve D i u até 1526. Nesse ano, Bahâdur forço Ll-o a fugir,
q u a n d o se i nreil'Ou de que ele pretenel ia ceder D i u aos portugueses, e entregou a cidade, por pouco
tempo, a o u tro filho de Ayâz, M a l i k Tugllâ n . A seguir o s u l t<1 o deu a cidade a Kiwân a l -M u l k Sã
rang; cf. Mirnt-i Si /wllanr, pp. 1 5 7- 1 5 8 .
83
d i to regno pedi rão pazes, que lhes foi conçedida, dando Baçaim
e suas terras a e l rey n osso senhor. E despois a dita forta l l eza de
Dio com p arte da dita a l l fandega como consta dos con tratos
atráz da q u a l ha mui tos anos q ue o dito senhor está de posse
tendo accq u i r ido j usto d i reito e senhorio da d ita forta l leza e a l l
fan dega como a tinhão e pessuhião o s ditos reis de Camba i a .
Pell o q u a l d i re i to a s s i accquirido ficarão o s trata n tes d o
dito comercio de C a m b a i a obrigados a dita fortal leza de D io, e
de leuarem a e l l a todas as fazendas q ue no d ito Ca m b a i a e n
trão e s a e m , não podendo na uegar pera os p o rtos do d i t o reg
no, nem sahirem pera o u tras partes, sem h i rem a d i ta forta l leza
e n a a l fa ndega del l a pagarem os direitos a fazenda dei rey n os
so senhor como se pagauão aos rei s do dito Ca m b a i a .
Deste d i to trato obrigado a fortalleza d e D i o s e d iuystio e m
parte depois q u e foi tomada a cidade d e Goa aonde o s m ercado
res acodi rão com suas fazendas leuando outras pera o d i to Cam
bai a . E j u n tamente com os mercadores portugueses comessarão
a fazer n a dita çidade hum nouo comerçio de que pagauão os d i -
[fI. 5 7 1 rei tos a o d ito senhor n [a ] a l l fa ndega del la II e n a u egan dosse d e
Goa pera o s portos d e Cambaia e de Cambaia pera Goa, c o m o
fauor de nossas éumadas deixarão os mercadores de h irem ao
porto de D i o comprirem com a d ita obrigaçam a n tiga . E assi fi
cou o trato da dita fortal leza d iuystido pell o que se ennouou n a
çidade de Goa e o u u e m u i ta q uebra n [a ] a l l fandega desta forta l
leza de Dio que os reis senhores della sentirão m u i to sem o po
derem remedear, de que se seguio, depois que a d i ta fortal leza e
a l l fa n dega foi dei rey 110SS0 senhor ficarem os ditos mercadores
com a d i ta l i berdade de n avegarem de Goa pera Cambaia e de
Cambaia pera Goa, sem tocarem o porto de D io, mas fica uão a
fazenda deI rey n osso senhor cobra ndo os d irei tos de todo o d i to
trato de Cambaia nas a l l fa n degas de Dio e de Goa .
E ficando assi o d i to trato de Cambaia na fortal leza de D i o
e n a çidade d e Goa, e as fazendas obrigadas a o s direitos d a s d i
tas a l l fan degas socedeo depois entred uzi rsse h u m n ono trato e
comerçio en Çha n l que se foi criando pola l i berdade que o Mel
J j qu e l 32 conçedeo aos portuguezes de não pagarem n [e n ] huns d i -
13 2 Ivleli C]ue, d o ára be l1Ialih, « rei » , título C]ue n a Índia muçulmana aca bou p o r designar go
vernador ele uma província ou de lima cidade; cf. Da lgado, Glossário, s.v. Os portugueses usa ram
este títu l o p a ra designarem ° soberano da d inastia C]ue reinou em Ahmadn âgâr, tam bém conheci-
d o por N izamal uco, de Nizâ/ll al-MIII/" o « regu lador d o Estad o » , que depois passou a s e r conhe
cido como N izamuxá, d e Nizâ/ll Shâh.
I .U Torna-se d i fíci l saber q u a l é o tratado a que Francisco Pais a l ude. J údice 13 iker na sua
Col/ecção de tratados (vaI. I) transcreveu dois tratados estabelecidos entre o sultanado d e Ah
madnâgâr e o Esta do da Índia. U m sob o governo de D . Garcia de Noronh a , celebrado a 2 2 de
Abril de 1 5 3 9 (pp. 8 3 - 8 5 ) , e outro assinado na admin istração d e D . Estêvão da Gama, a 3 0 de
M a rço d e 1542 (pp. 9 8 - 1 0 1 ) . Am bos os tratados foram firmados no reinado de Burhâm N izâm
Shâh I (r. 1 50 8 - 1 5 5 3 ) . Francisco Pais referiu-se, provavelmente, ao úl timo acordo.
13 4 Ivla laca, Ivlelaka, cidade portuária a 2° 15' N e 1 02 ° 15' E, no estreito homónimo no l i
tora l d a península M a l a i a .
13 .\ A i l h a de Moçam bique, a 1 5 ° 1 0' S e 4 1 ° 0 0 ' E.
1.\(, Bom baim ou Ivlombaim, i l h a e cidade portuária na costa ociden ta l indiana a '] 9° 00' N e
72° 5 5 ' E .
85
as fazendas de Ca m b a i a , e d [ e J O r m ú z trazem o utras que se
metem em Cambaia sem pagarem os d i tos d i reitos. E dos ditos
portos e outros q ue h a n a costa vam tambem mu itos navios de
remo pera a outra de D i a , aos portos de Por 1 37, Mangal lor,
P atta ne m, e Caçhe 1 39, S i n de I 40, e Nagan á 1 4 1 que ta m bem n ã o
v ã o a fortal l eza de D i a a p a g a r os d itos d ireitos como s ã o o b r i
gados, p a ssando a v ista dell a .
E como S u a Magestade tem d ireito de as fazendas q u e ( po r
rezão do trato de Cam b a i a ) vão a Ç h a u l l he serem obrigad a s
a o s d i re itos d a s a l l fa ndegas de D i a e Goa, como h e declarado,
pareçe q ue pode obrigar aos mercadores que fazem o tra to n o
d i to Ç h a u l que o fação e n D i a e e n Goa, como dantes fazião,
pera cobrar nas ditas a l lfa ndegas os di rei tos que das fazen d a s
do d i to trato l h e s a m deuidos ou mandar q u e n o d i to Çha ul o s
paguem como d i re i tos pertencentes às ditas a l l fa ndegas, fazen
dosse al l fandega no dito porto o nde se arrecadem, pera a ssi fi
car cobr a n do todos os d i reitos q ue l h e pertençem e sam deui
dos do trato e comerçio de Cambaia, e ou ordenar o n de se
arrecadem como m i l h a r p areçer.
Pel l o que declaro q u e o d i to p orto de Cbaul e tra to del l e
III. 58] he m uito e m II p erj uizo das a l fa ndegas desta fortal leza de D i a ,
e d a çidade de Goa por ser cousa de se desemca m i n h a re nl del
l a s o s d ireitos das fazendas q ue vão ao dito porto no que a fa
zenda de Sua Magestade h e m uito enganada perdendo pello
d i to respeito todos os a nos huma tão gran de conti a .
Q ua nto mais q ue o dito porto de Ç h a u l pertençe a S u a
M agestade depoi s q ue o defe ndeo e gan hou ao Mel l i que l 42 n o
çerqo p a ssado l 43, onde p o r ser sen h o r del le e ele toelo o m a a r
13 7 Por, Porbandar, i . e . , o " porra d e Po r » , cidade a 20° 4 1 ' N c 69° 40' E , n a pen ínsula de
Karhiawar.
'." Patan, SOlllnarh, cidade a 20° 5 5 ' N e 70° 3 5 ' E, no l i tora l da península de Kathiawar.
1 3; Cache, Kachchh, regiiio i nd i a na q ue vai dos 2 2 ° 3 5 ' aos 24° 00' de lati tude norte e dos
6 8 ° 58' aos 71° 2 0 ' d e longitude este. O porto que o doculllento Illenciona eleve ficar no golfo
elo Illesmo nOllle; cf. N . N. I3hattacharyya. The Geogr(/fJhical Dictiol/(/r)' of AI/ciel/I (/I/d E(/rl)'
lvledieual fI/dia. Nova Delhi, 1 99 1 , p. 1 62 .
' 4 1 ' Francisco Pais quis, talvez, referi r-se a Lâhari I3andar, UIll porto n o curso d o indo q ue ser
87
p o r çento d [e] entrada ( se seus donos q ue pagarão d [e] entrada
o tornão a tirar) pagão a hum e meio por çento, e a s mais pe
çoas que o tirão pagão a q u a tro e tres q ua rtos por çento.
Arrecadasse esta renda em hum a caza a partada que está ao
l ongo de rio a q ue chamão a casa d o ma ndouym dos manti
mentos, onde o despaçho delles faz hum escr i u ã o con h u m
contador e l i ngoa , e o rendeiro p resente e a l e m dos ditos direi
tos s e arrecada mais meio por çento pera os ditos o ffiçi a i s . II
[fI. 59] E todas a s embarcaçõis q u e trazem m a n ti m e n to s pagão
cada huma h uma para 1 47 delle ao convento de São Dom i ngos
q u e foi ordenado pera mantimento dos catecumenos e cristãos
que o s p adres fazem, a q u a l pará a r recadauão os o ffiçi a i s pera
sy e pell o não poderem leuar foi a p p l icado pera esta obra p i a
pel l o regi mento d o v i so rey D o n Antão.
Está esta rendada ( sic) a rr endada neste ano de nouenta e
dous em sete m i l e q u inhentos pardaos de l a r i n s e he a nexa a
a l l fa n dega gra n de e como ta l se deue arrendar por tempo de
tres a nnos pellas resõ i s declaradas n o tito l l o de Goga l l á . E assy
se a rrendará daqui en d i a n te, e dec l a ra n dosse n o a rren damento
espec i fficamente as condiçõis delle.
147 Pará, medida de capacidade para cercais, do malaiala para; d. H. H. Wilson, A Glossar)'
ofIlldicial alld Revelllle Terllls, Londres, 1 855, reimpressão de 1 96 8 , s.v. ; D a lgado, Glossário, s. v.
A med ida é variável, m a s o pará de D i u tinha 76 medidas, ou seja, 28,21 1 l i tros; cf. A n tónio N u
nes, « L ivro dos pesos d a Í n d i a " , fI . 1 9, iII L i m a Felner, 511bsídios para a História da Ílldia Portll
glleza, p p . 29, 5 8 .
1 4' Fiada, a lgodão e m fi o . P o r estranho q ue pa reça ter U 111 produto não-oleaginoso nesta ren
da ta l n ã o era desconhecido, C01110 se pode comprovar na renda d a especiaria de GO'1, onde apare
ceu «ffyo de coser" misturado com a pimenta e demais drogas; d. Simão Botelho, «Tombo do Es
tado d a Índia " , fI . 48v, iII Lima Felner, 511bsídios IJam a História da Ílldia Portllglleza, p . 4 9 .
149 Planta e semente do 5esa/1I1I1I illdiclIlII ( D . C ) o u 5esalll/lI/ orielltalis (Roxb. ), d a qua l s e ex
tra i um óleo para consumo e ilum inação. A palavra é de origem ára be, al-jllljlllâll, de onde passou às
línguas europeias; d. Henry Yule e A. C Bumell, Hobsoll JObSOIl, S . V. c Dalgado, Glossário, s.v.
1 511 Candil, medida de peso e de capacidade que varia consoante a região da Índia . Candi
vem d o marata h !Jalldi e d o tam u l e malaiala kal/di; d. H . H. Wilson, A Glossar)' ofJlldicial aI/c/
Revelllle Tem/s, s . v. ; D a lgado, Glossário, s.v. Em D i u o candil, enqua nto medida de peso, tinha
A renda do anfião
.I rc lI' Esta renda he a nt iga e propriamente h e de se vender o am-
fião pello meudo n esta fortal leza e ç idade e seus termos, o q u a l
n i mguem pode vender senão o rende i ro d e l l a o u q uem t i u e r
sua l icença . Pertençe m a i s a esta renda a v e n d a d o bangue l 5 1 e
maj u n 1 52 a q u e chamão gol l y l 53 . E assi m a i s pagão certo d i re i to
os q u e vendem m a n i l has de tarta ruga e d i u i dros. E os q u e ven
dem a l hos e sebo l l a s e os q u e vendem betre d o bazar de Sam
Dom i ngos a te a fortal l eza em boticas e algumas outras me ude
zas que está e n costume e ass)' de t i n g i rem m a n i l h a s de marfi n .
Está a rren dada n este a n o d e n o ue n ta e dous por noueçentos
pardaos de l a r i n s .
Anda u nida à renda d [a ] alfandega . Não sendo pertença del
la he seruiço de Sua Magestade e ben desta renda a rrendarsse
per s)' sem entrar no arrenda mento d[a] a l fa ndega grande como
24 4 , 1 8 kg c como medida dc capacidade t i n h a 225,69 l i tros; d. António N l I nes, " L ivro dos pesos
d a Índia » , ris. 1 81'- 1 9, il/ Lima Felncr, SlIbsídios pam a História da iI/dia POrll/gllcza, pp. 28-29,
48, 58.
1 5 1 As folhas secas e hastes tenras do cânhamo, Cal//labis saliva ( Li n n . ) , ta m bém conhecidas
por haxixe e marij u a na . As folhas têm um poder a lucinógeneo e podem-se fllmar, mascar o u bebcr
a decocção. A palavra vem d o sânscrito bl}(/lIg!i; d. Dalgado, Glossário, s.v.
152 ivI a j u m , do árabe lI/a'/tI/l, designa um elcctu,í r io ( i . e . , a mistura de pós e extractos vege
tais com mel e açúcar) composto de bangue, a reca verde, noz-moscada, macis, cânfora, â m b a r, a l
míscar; d . Dalgado, Glossário, s . v . e Henr)' Y u l e e A . C. BUrIlell, Hobsol/ }obsol/, S . V.
153 D a lgado identificou-o com a FiCIIs tvfysore/lsis (He)'ne), cuja decocção da casca tem pro
pried'1des medicinais para doenças da boca, a ftas e dentes. Os frutos desta árvore são comestíveis;
d. D. G . Dalgado, Flo m de Goa e Saval/lvadi, Lisboa, 1 89 8 , p. 1 76 . Pelo sentido d o texto desig
naria a n tes o m a j u m no Guzera te, tanto m a is que em hind i goli significa " bola, pequena esfera » ,
como a l i á s e m conca n i , glllli significa « ba l a , pílula, pelota, bola, coisa esférica d e peqllena d i men
são» e a ex pressão glllli-Iagll/lh tra d u z a embriaguês.
89
se fez the [a]gora o que se arrendará daqui en diante e por tem
po de tres a nos não en tra ndo no a rrendamento da d i ta a J l fan de
ga e decl a randosse espeçifficadamente as condiçõis del le.
1 .1< Nome d e u m vinho feito e m D i u a partir d � destilação d e uma planta, desconhecida, com
O mesmo nome, à q u a l se a d icionava jagra o u tâmaras.
1 55 Açúcar mascavado obtido tanto da cana-de-açúcar, SrlCChrl1'll1l1 officirl/'llll l (Linn . ) , ou d e v;Í
rias p a l meiras, como a Cocos Ilociuel'rl (Linn.), a l'hocllix s)'lueslris ( Roxb.) ou a Bol'rIsCl/s f/aberifel'
(Linn.). A pa lavra passou à língua portuguesa por via do malaiala châh/wl'rl, com a r a i z no sânscrito
çrlr /wrâ, que em português também deu açúcar por via árabe. Cf. Dalgado, G/osstÍrio, s.v.
I SG F r u to d a l'hoellix drlcty/ifel'rl ( W i l l d . ) .
1 .< 7 Sura, d o sânscrito sllrâ, concani 5111' , designa o suco d a espata d e várias palme i ras i n d i a
n a s , espec i a l mente d o coqueiro, Cocos 1I0civera (Linn . ) . Pode s e r consumida fresca e crua, ou le
vedad a , transformada cm aguardente, vinagre o u jagra ; cf. Da lgado, Glossário, s.v.
1.<.< Bege r i , do guzerate bagrô, bagrâ, bagre, bagery, corresponde ao PalliclI/II sfJicatl/l/1
magnitud e » , do á ra be i(/I(/I; d. D a lga do, Glossário, s.v. Oa lgado deu-lhe a equivalência d e $003,
de acordo com a cotação estabelecida pela « Lembrança das coisas da Índia » , d a tada d e 1 5 25,
fI . 251', iii Lima Felner, SI/bsídios f}(/r(/ (/ Históri(/ d(/ ílldia l'ortl/glleza, p. 3 8 .
I r.o C a l ã o , a b i l ha d e ba l'l'o ou cobre c o m capacidade para, mais ou menos, u m a l m ude. E n
91
A renda da tinta do anil
Jrel11 Esta renda da tinta do a n i l he a n tiga e propria men te h e
q u e n imguem poele fazer timta d o a n i l n esta çielaele el e D i o nem
traz ella ele fora senão o rendeiro. E ele sua mão dá a d ita t i m ta
aos q u e a h ã o m ister pera se tingir o feado pera as l'Oupas q u e
se f a z n a terra e assy aos q ue q uerem t i m g i r as roupas fei tas d e
q u e pagão a esta renda segundo a cantidade do feado e da r o u
pa e fineza da timta pel lo que está em custum e . II
[fI. 6 J I Está arrendada neste ano de n o uenta e dous por dozemtos
sesenta e sinco pa rdaos de l a r i n s . Anda u n ida ao arrendamento
d [ a ] a l fa ndega gra n de . Não sendo pertença delta he seruiço de
S u a M agestade e bem desta renda a rrendarsse per sy sem e n
trar n o arrendamento da d i ta a l fa ndega o q u e s e fa rá d a q u i e n
d i a n te e p o r tem po de tres a n os declarandosse espeçificada
m e n te as condiçõis d e l l e .
A renda do pescado
Jrcl11 Esta renda he a ntiga e propriame nte he ele todo o pexe fres-
co e salgado, e seqo que vem de fora ou se pesca no maar q u a l
a j a d [e] entrar polia barra dentro ou polia barra de Brancavar á .
E de tudo o q u e emtra do dito pescado p o l i a dita maneira s e a r
recada a seis p o r semto pera esta renda p e r custu l11e antigo.
Está arrendada neste a n o de n o uenta e dous, por dozentos
e q u inze p a rdaos de l ar i n s .
F o i r a m o d [a] a l l fa n dega gra n de e a n d a fora del l a p o r s e
a rrecadar p e l l o rendei ro nas embarcaçõ is q ue trazem o d i to
pescado.
Anda a n exa a o a rrendamento da dita a l fa ndega por entrar
nas condiçõis d e l l a . I-I e seruiço de Sua Magestade arremdarsse
per sy sem emtrar no d i to arrend a me n to d [a] a l fandega o q u e
se fará d a q u i em d i ante a rrendandosse p o r tempo de tres a n n o s
declarandosse espeç i fficadamente as condiçõis delle. II
161
I.e., os búfalos domésticos, Bllbnllls bllbnllls; d. D a lgado, Glossário, s . v. e Henry Yule e
A. C. l3urnell, Hobsoll JObSOIl, S . v.
A renda d as boticas
.Item Esta renda das boticas he prop r i a m en te das propriedades e
boticas q u e pertençião a e l rey n osso senhor nesta çidade de
1 (,2 fiar, Bahar, Baar, medida de peso indiana q u e varia consoante a s regiões. Do sânscrito
bhârn, «ca rregamen to, carga » , passou ao á ra be bahâr e ao m a l a i a la bhâralll; d. D a lgado, Glossá
rio, s.v. e Henry Yule e A. C. fiurnell, I-/obsoll ]ObSOIl, s.v. O baar foi introduzido em D i u a pós a
construçào da fortaleza e equivaleria a 235,008 kg; d. Lima Felner, SlIbsídios pllrn a História da
Ílldia Portllglleza. p . 4 8 . Todavia, as «Lembranças d a s coisas da Índ i a » afirmou que o banr tinha
20 mãos, a qual eq u iva le a 12,209 kg, pelo que o baar teria em D i u 244 , 1 8 kg; « Lembrança das
coisas d a índia » , fI. 26, iII Lima Felner, SlIbsídios parn a História da Ílldill Portllglleza, p . 2 9 .
93
D i o , e d a banda de Goga l l á que forão dos reis de Cambai<l de
que se arrecadauão os a lugueres, e se arrend a u ã o .
Todas estas propriedades e boticas são dadas d e merçe e
a fora mento aos portugueses, e outras peço a s pel los viso reys
passados, os q ua i s arrecadão del l as pera sy os d i tos a lu gueres,
e p a gão a fazenda de Sua M agestade o q u e l h e s h e l e m i tado
per suas ca rta s .
E c o m o esta ua e n custume a n d a r esta renda arrendada se
ficou ta mbem arrendando the [a]gora, não a vendo del l a m a i s
que os d itos foros p o r lemi tação e a s s i o foro d [e] a lguns p a
ç o s . E n este ano de nouenta e d o u s está arrendada e n o i tenta e
cinco pardaos de larins. II
[11 62.v] Não h e seruiço de Sua Magestade arrendarsse por se mon-
tar m u i to m a i s nos d i tos foros, e ficar a fazenda d e Sua Mages
tade m u i to enganada e ser parte de se não saber o q ue cada
h u m paga e se vsmpar o senhorio que a fazen d a de Sua NIages
tade tem nestas propriedades por andar a rrecadação del las p e r
rendeiros sen os offiçiais d e sua fazenda terem n [e n ] h u m a j u
risdiçã o n e m se sa ber o que monta nos d i tos foros.
Pel lo q u e daqui en dia nte se não arrendará esta renda e a
não averá p er n [en] h u111 caso, e o fei tor de Sua M agestade a r
recadará dos forei ros o que cada h u m deue pagar conforme a
seus aforam e ntos que l he será ca rregado em receit a . E os d i tos
foreiros serão obr igados a p agarem n a fei toria os foros que
deuerem e n cada hum ano. E não o pagando emcorrerão em
cOJ11 m i sso conforme a ordenação. E per n [e n ]h u m caso entra
raão estes foros no arrendamento d[a] a l fandega grande como
ate [a ] gora se féz, por serem foros que en toda a p a r te se arre
cadão per sy pera a fazenda de Sua Magesta de , o que se COlll
prirá sem d u uida alguma.
A renda da ilha
]tCIll Esta renda he antiga e propri amente h e do betre e dos fo-
ros q u e se p agão das ortas e c hãos que há nos alTa bal des e i l h a
de D i a , a saber, o s ara baldes da çerqa da çidade pera fora
onde ha ortas e chãos que pagão foro.
E sete a ldeas que há na i l ha onde h a m u itas ortas e chãos
foreiros que ant iga mente se pagaua delles o foro a el rey de II
[fI. 63] de (sic) Cambaia e o ficarão pagando a e l rey nosso sen hor as
95
d a e assi çertas cay da s l 69 do gado mendo, e da e r u a b a b o
s a 1 70 .
Pertençe m a i s a esta renda todos os foLOs q u e se pagão dos
çhãos e ortas q ue h a nos arraballdes, e nas d i tas sete a l deas e
tudo se arr e n d a j un ta me n te e n cada h u m ano. E neste de n o
u e n t a e d o u s está arre n dado e m m i l e quatroçen tos pardaos de
lari n s . Anda esta renda u ni da ao arrendamento d [a ] a l fa ndega
gran d e sem ser pertença d e l l a . E outrossy anda u ni d o a e l l a os
d i tos foros que l h e não pertençem, p e l l o que d a q u i en d i a nte se
arrendará a d i ta renda d o betre con suas pertenças por s y sem
os d i tos foros e sem e n trar n o arrendamento d[a] a l fa ndega .
E se arrendará por tem p o de tres a n os declarandosse espec i ffi
cada mente a s con d içõi s do arrendamento.
E q u a n to aos foros da i l h a e arraba l des se a rrecadará pel lo
feitor de S u a Magestade a q u e m pertençe a rrecadação d e l l es
por serem foros çertos e l i mi tados, e se arrecadarão e n dous
q u arte i s n o a n o por a s d i tas propriedades darem d u a s n ov i d a
des, a q u a l arrecadaça m se fará n a feitoria onde os foreiros s ã o
obrigados a fazerem pagamen to do d ito foro. E n ã o p a ga n d o
c o m o s ã o obrigados, ficarão c a indo em com m i sso e encorre n
d o nas penas da orde n ação.
E porq ue as propriedades dos arrabal ldes e da i l ha q ue es
tão l ançados no tombo velho com declaração do q ue p a ga uã o
e de quem os pess u h i a , estão trespassados en d i u erssas peçoas
assi portugueses como gentios que h uns as o u uerão de ITlerçeS
com menos foros e o utros as o uuerão per vendas e trespassa-
[fI. 6 41 çõis de que se não féz n [e n ] h u m a declaração II no d i to tombo e
sem se saber o q ue cada h u m pessue e deue de foro, arrecadauão
os rendeiros de fora per cadernos, e m uitos deixauão de pagar o
q u e deuião e outros reçebião quitas. E tudo estaua confuso sem
se saber n a verdade o que se monta nos ditos fOLOS.
Mandei l ançar pregão que toda a peçoa que pess u i sse a l g u
m a orta o u propriedade a presentasse o tito l l o d e l l a p e r a se l a n -
1(,' Ca idas, d o árabe qaaa', que tem vários significados, m a s que n o legal representa tanto o
ofício como a sentença do cad i , como e n trou, a i nda, na terminologia oficial COI11 o significado
« pagamento de uma dívid a » , d. J. van Lent e P. J. Bcarman, Ellcyclopeaia of lslalll. Glossary or
TeclJllical Terllls, Lei d a , 1 997, s.v. D a í que Da lgado o tenha defi nido como Ulll «emolume n to , d i
reito » , d. Glossário, 5 . 1'.
1 7<1 A p l a n ta da qua l se extrai o a loés, A loe vem (Linn.); d. Da lgado, Glossário, s . v.
A renda d o drupo
Itcm Esta renda de drupo he propriamente fiel e j u i z do pezo da
ç idade onde os mercadores vam pezar suas fazen d a s q ua ndo
com pram e vendem, e pagam de cada bar de fazenda que se
p eza q u a tro j a l la l a s . Está l ancado n o regi mento de D o n A ntão
e no tombo a n tigo por renda de Sua M agestade. E por cota d o
d i to regimento n o ti to l o da d i ta r e n d a está h uma decl a ração
que diz tel la t i rado o d i to viso rey e dada a hum D o m i ngos
Tavares, mas não está asinado nimguem na d i ta dec l a ração,
[ f I . 641'] não se arrenda II nem corre polia fazenda de Sua Magestade.
Fazem del l a merçe os viso reys a peçoas de seruiços q ue seruem
de fie l do d i to pezo, sem terem outro p remmio mais que o d ito
p reca l l ço que poderá monta r por a n o trezemtos pardaos de la
rin s e ora tem i sto.
A passagen de Gogallá
J tem Esta p a ssagem de Goga l lá he hum paço ! 7 ! por onde passa
m uita gente da cidade ele Dio para outra banda ela terra firme
de Goga l l á em embarcaçõ i s .
H e a forada e fei to merçe elelle a Bartholameu d a R u a M a
griço e m tres vidas pello gove rnador Fernão Tel lez de Mene
ses ! 72 por respei to de seus seru iços com obrigaça m de pagar a
fazenda ele Sua Magestaele e n cada h u m a n o çi ncoenta p a rdaos
de l a r i n s de for o . E elle será a primeira vida e a ora ele sua
97
morte nomeará a segunda e a segunda a terçei ra sen outra obri
gaça m por carta fei ta en vinte e hum de Junho de oitenta e h u m .
Aforamento de d o u s esteiros
jtel11 O v i so rey Don D u a rte de Meneses l 73 féz Ille rçé ao d i to
Barthola llleu da R u a de l h e aforar em tres vidas dous este i ros
h u m per nome O l ua n e l 7\ e o u tro Va nçote pe ra segma nça d o
d i to paço de Goga l l á com obrigação de paga r d e foro en cada
I fl . 6 5 1 h u m II ano si nco l a r i n s sem o utra o b rigação, por ca r ta feita a
dezasete de J a n e i ro de o i te n ta e sete .
Por bem elas d i tas cartas foi metido de posse do el i to paço
de G ogal l á e este i ro s o d ito Bartholameu ela Rua Magriço, e o
possue oje en elia pagando n a fei toria o d i to foro . E por os ca
p i tã i s da for ta l eza de Dio prouerem o d i to paço en outras pe
çoa s qua ndo socede ser a uzen te desta fortaleza o di to Bartho
l a m e u da Rua, dizendo ser cargo vagante que pode p r o u e r
conforme as prouisõis q u e t e m pera prouerem seme l h a n tes car
gos e o obrigam a este respei to a resi el i r sempre n a forta l eza de
D i o sem ter essa obrigaça m p e l l o seu afo ramento com o q u a l
sati s faz pagando o foro a S u a Magestade n a fei toria p o r s y o u
seu procur ador a o s tem pos ordenados. E s e n d o n isso agrauado
o s e nhor viso rey Matias d [e] A l b u q uerque passou h uma pro
uisam da q u a l o tresl J a elo he o seg u i n te .
Propriedades foreiras
]tCIl1 Possue Baltezar Fernandez n [aJ aldea de Nagoá h uma horta
que foi de Vana Pagá, da qual paga de foro sesemta e noue fedeas l75
' 7.< Segu ndo D n lgndo em uma moeda de cobre que corria l1a índin, cujo \'nlor ia elos $0 l 2 aos
$0 1 5 , cujo modelo era uma moeda egípcia, a lndda; cf. Glossário, s.v. Todavia, tanto António Nunes,
«Livro dos pesos d n Tndi'l » , fI. 1Sv, iII Limn Felner, SI/bsídios para 11 His/óri(/ d(/ Ílldia Por/l/gl/uZ'r/,
p. 28, como o autor das «Lem brançns das coisas da índ ia » , f1s. 23\', 25-25v, iII Lima Felne.; SI/bsídios
p(/ra a Históri(/ da Ílldia POrll/gl/eza, pp. 36, 3 8 , afirmaram que a fédea cra uma moeda de conta,
pelo menos em Diu, e o seu valor oscilava entre $00 1 e $ 0 1 2. Em Cambaia havia cinco tipos de fé
den; cf. « Lembranças d'ls coisas da Índia » , fI. 30v, Lima Felner, SI/bsídios !}(m/ a Históri(/ da ÍI/dia
Porll/gl/eza, p. 47. No tempo em que Francisco Pais fez o Tombo de Diu, em 1 5 92, havia duas cot'l
ções d i ferentes para a fédea, uma ava liada pela a l fândega, cujo valor era $007 'il (cnso o pardnll de
larim fosse cotado a $300) ou $009 (caso aplicassem os 20% da taxa de câmbio goesa ao pardau de
larim); e a outra avaliada pelos foros, a qual cotava a fédea a $075 ( o pardau de brim a $300) ou a
$090 (aplicando a taxa ca mbial goesa de 20%, que fazia cotar o pardau ele brim a $360). Cf. Fr<1n
cisco Pais, "Tombo ele Diu», fI. 83v, e Francisco Pais, « O rçamento de 1 60 9 » , iII Biblioteca Nacional,
Lisboa, Fundo Gernl, códice J 1 4 1 0, f1s. 1 09 , l 1 J .
99
e h u m 3 duca ra l 76 q u e h e o foro que está l a nçado no foral q ue
fazem dozasete l a ri n s e h u m a fedea e h u ma d uca r a .
O q u a l çhão fo i d e mouros, e estau a devolu to e o o u ue de
[fI. 66[ merçe II pello capitã o Aires Te l les de Meneses confirmado pel l o
governador Anto n i o Moniz Barreto 1 77 . E os ouue o d i to Balte
sal' Fer n a n des por fal leçi mento do d i to seu pay per compra que
d e l l e s féz n o l e i lão, por se venderem por a utoridade de j ustiça
por d i u i das de que a presemtou carta da d ita c o mpra , en q ue
rel lata o sobredito. E o d i to foro se arrecadará d e l l e , e de seu s
erdeiros pel l os pessui r em fati ota .
1 7{' Ducara , e m documentos mais antigos « d ucra, docra, droque » . Para Dalgado era u m a pe
q uena moeda de Damão que equivalia ii centésima pa rte da rupia . Em guzerate dllldilli valia $002;
d. Glossário, s.v. Na « Lem brança das coisas da !nd ia » , fI. 25, iII Lima Felner, SlIbsídios /iam a
História da Ílldia Portllglleza, p. 3 8 , a ducara apareceu como um submCdti plo eb fédea e o seu va
Iar era de $00 1 '1l. Já n o tempo em que Francisco Pais elaborou o Tombo de D i u , e m '1 5 9 2 , a d u
cara valia $007 '12 (caso o p a r d a u de b r i m fosse troca do a $ 3 0 0 ) , ou $ 0 0 9 (caso o p a rdau de \ a r i m
fosse cambiado com a taxa de 20% d e Goa) na cotação que os forais estabeleceram p a ra este s u b
m ú l ti p lo d a fédea ; d . Francisco P a i s , «Tombo de D i a » , f 1 s . 74, 831'.
1 77 Foi governador do Estado da índia de '1 5 73 a 1 576.
1 7N Viga ou biga, uma medida agrária na Índia, cuja extensão varia consoante a regiào; d.
D a lgado, Glossário, 5.1'. A d o GlIzerate tem 237,609 m2; d. H . H. Wilson, A Glossary of]lIdicial
alld R eveJ/llc Terl11s, s . v. (Blghâ ) .
Ey por bem e me práz em nome deI rey meu sen hor que
B a l tesar Fern a n des conteudo na carta a sima tinha e pess u h i a o
paço de Palarym nas quatro vidas que tem; e sej a e l l e e sua
mol her Sezi l l i a da Veiga, a m bos a primeira como n a d i ta carta
se contem con decla ração que o q ue delles derr a de i ro fal lecer
possa n o m ear em fi l h o ou fil ha avido dantre a m bos, porquan-
[ fI . G 7 J to por lhe fazer merçe por seus serviços, II e e l l e e a d i ta s u a
m o l h e r serem conte n tes, o ey a s s i p o r bem . E fa l ta n do fil h o s
ou fi l has deste p r i meiro m a tr i mo n i o poderá q u a l q u e r d e ll es
nomear os q u e o uuerem do segundo; e por esta m a n e i ra corre-
101
rão a s ta i s nomeaçõi s te se aca barem a s q uatro vidas. E esta
posti l l a valerá como ca rta , sem embargo da ordenaçam do se
gundo l i mo en contra r i o . Anto n i o Barbosa a féz en D i o, a v i n
t e e h u m d e Feuerei ro de q u i n hentos e nouemta ou en q u a l q uer
o utra peçoa . D u arte D e l gado o féz escreuer.
A q u a l posti l l a h e so bescrita pello secretario, donde d i z o u
e n q u a l q uer o u tra peçoa e n di ante, e asinada p e l l o d i to gover
nador e registada em seu t i to l o e passada p o l i a chançel l a r i a .
E p o r b e m d a s d i t a s cartas pessue o j e e n d i a B a l tesar Fer
n an d ez o d i to paço na p r i m e i ra vida e he fa l leçida sua m o l he I"
Sezi l li a da Veiga .
IS;
Ed i fíc io estreito c comprido ocupado por lojas ali oficinas, qua rte i rão ocupado p o r certos
artífices, d o m a ra ra-concani lçâl; cf. Oa lgado, Glossário, s.v.
Tresllado da patente
Dom Fel i pe per graça de Deos rey de Portuga l , dos A l gar
ues daquem e dalem m a a r em A frica, senhor ela G u i n é e ela
c o n q uista n avegaçam , comerçio d [a] Eth iopia, Ara b i a , Perçi a ,
da J ndia etc. A q u a n tos esta m i n h a carta virem faço saber q u e
avendo e u respei to a o q u e d i z João Ferna ndez, casado e m ora
dor en D i a, n a petição atraz escrita e ao q ue nella a l ega, ey p o r
bem e m e praz q u e e l l e e sua m o lher sej a m a m bos h u ma v i da
no a foramento da barca da passagem do paço do cabo da i l ha
do d i to D i o q u e está em B ra nca vará, de que n a d i ta petiçam
fa z menção, e o terá e pess u i rá assi e da manei ra que lhe foi
a forado; e o q ue derr adeiro fal l eçer nomea rá a segu nda, q u e
seja macho ou femea . Notefico o assy ao uedor da fazenda e
1 03
a o d i to feitor e a todos os mais offiçiais e peçoas a q u e peLten
çer e l hes mando que assi o cumpram e gua rdem sem eluu ida
nem embargo algum. E esta se registare1 n o l i u ro da d ita feito
ria, p era se sa ber como lhe féz a d ita merçe. Dada na minha ci
dade de Goa sob o cel l o das a rmas reais da coroa de Portuga l ,
a vi n ta c inco d [e] O utubro. El rey o m a n dou p o r Dom Fran
cisco Masqarenhas, conde de Vi l l a d [e ] Orta, capitão mor dos
[fI. 68,,] genetes, da guarda, do seu conse l h o e viso rey II d a J n d i a .
M a n oe l Coel ho a féz . Ano d o nacimento de nosso senhor Jesu
Ch risto de m i l e q u i nhentos o i te n ta e h u m . E u JOdo de Fa ria o
fiz escreuer. O conde D om Fra ncisco Masqarenhas. Carta per
q u e há por bem que João Fern a n dez, casado e morador en D i o
e s u a molher sej ão ambos h u ma vida no a foramento d a barca
de p assa j em do paço do cabo da i l h a do d i to Dio q ue está em
Bra ncavará, de que na petiçam atráz faz menção, que o terá e
pessu h i rá assi e da maneira q u e l he foi a forado; e o que derra
deiro fal eçer nomeará a segunda em m acho o u femea, como
tudo asima declara, a qual ca rta he passada pella cha nçel l aria e
registada em seu titolo. E porque h e passada sobre portaria de
ser este João Fern a ndez e sua molher a mbos h u ma vida e não
ter mais n omeação, faz d u u i da dizer que nomeará em femea ou
em maçho os quais são fal leçidos.
1 04 TOMIIO D F. D I U - I .ln
d iz perte nçer a Jl u m fi l h o do d i to João Ferna ndez per nome
Pedro .
105
.llcm Geron i m o Gonçal uez possu h i a n a çidade h u m çhão a l e m
ele S a m D o m i ngos que tem ci ncoenta couodos l H7 ele comprido e
vinte de l a rgo, de que l he féz merçe o c a p i tão Manoel de M i
randa c o m h u m a tanga de foro p o r ano e l he c o n firmou e a fo
r o u o c o n d e D o m Francisco Masqarenhas e m fati ota pera sem
pre, com s inco l a r i s ele foro por ano, per carta fei ta em oito de
Setembro ele o i temta e q uatro. E este Jero n i m o Gonça luez he
fa leçido e pessue esta propriedade sua mol h e I' Francisc a Lopez
e seus erdeiros delle .
.I tem O conde viso rey Dom Fra ncisco Masqarenhas féz merçe a
Antonio Cardoso, morador em Dio, em fati ota de dozasete vigas
de çhão de regadio e dezoito de chuua que estauão nesta aldea de
Bucheruará, con hum poço per nome Varyva ue que pess u h i a sem
titolo Samea Ramy e Baga Ramy e Mega Ramy e P u nó Ra my e
Nacão R a my e Geraze Ra m)' e Jaca Ram)' e Bana Ra my, e J a nge
te bramene ' 88; a q u a l merçe he feita com obrigaçam de pagar o
foro q ue se deue pel lo foral, fazendo a demanda a sua custa . Per
carta feita en dezoito d [e] Agosto de oite nta e tres. II
[fI. 701 A q u a l merçe ou ue efeito, somente en dozasete vigas de re-
gadio e d éz de ç h u u a de q u e paga de foro sesemta e q uatro l a
r i ns e m e i o a respeito de tres l a r i ns e m e i o por v iga de regad i o ,
e d e meo l a r i m por v i ga ele ç h u u a .
E p o r fa l eçi mento de Anton io Cardoso pessue oj e e n d i a
esta p ropriedade sua mol her Ines Cardosa, que he casada com
M a n oel Rebe l l o .
1 07
Pessue mais o d i to Bertol ameu More i ra quatro a Li ci nco v i
ga s de chão de ç h u u a q ue estão j u n to elas de sima, q ue l h e a fo
I fl . 7 1 J rou o feitor II Gaspar Mourão com dous l a r i ns de foro pOl
ano, em v i m te e h u m de J u l ho, digo em onze de J u l h o d e 9 1 .
'"3 Baneane, baniane, termo util izado pelos portugueses para designar o s J a inas do Guzerate
., 0 8 TO.\ I IIO DE D I U - I sn
ç hu ua e h u m çhão que está nos arraballdes; paga de fo ro q u i n
z e l a r i ns menos h u m q uarto. II
Item Pessue mais o d ito Deugy nesta a l dea j untamente com Vas-
sa n , sete vigas e h u m q u a rto de çhão de regadio, e q u i nze vigas
de çhuua, que o uueram de compra de Si mão Ferna ndez, e fo
rão de Gouinde D r u . Paga de foro tri nta e tres laris menos tres
d ucaras.
ri ns e melO.
1 09
Item Gasp a r Vel h o pessue na cidade h u n s chãos com h u mas ca-
sas e boticas q u e forão dei rey de Cambaia e do d i uão l 97, e de
hum catual que l he fo i a forado pello vedor da fazen da Vicente
D i az de V i l h a lobos, com c inco l a r i s de foro por a no , sobre que
tem semtença .
jrem H er o n i m o R o d r i g u e z C a m e l l o p e s s u e h u m p e d a s s o de
chão n a c i dade q ue está a n tre Gonça l lo G i l e L u is P i rez q u e
t e m d é z braças de comprido e oito de l a rgo, que l he foi dado
pello capitão Manoel de Miranda e confi rmado pello V 1 S 0 re)'
D on D ua rte com foro de h u m l a r i m e meio por a n o .
' "7 D i vão, neste sentido sign i fica « m i n istro d e Estado " , c u j a etimo logia é d iscutida entre °
persa dev, « l ouco, d i a b o " , epíteto a p l icado aos secret<irios, e ° ,í rabe d(//VlVnlln, «recolher, regis
t a r " , de onde surgiria «co lecção de fo l has,, ; d. Da lgado, Glossário, s.v.
I ;; lvl ocadiio, o arrais, patrão, chefe de uma tri pulação, do á ra be II/llqaddall/, « a n teri or, pre
cede n te » , cm conca n i ""tI,dall/; d. D a lgado, Glossário, s . v.
21111 Ti po de e m b a l"caçiio não ide nti fica d a .
I I I
vida per merçe q ue l h e féz o conde v i so re)' Dom Francisco
Masqare nh a s e o viso re)' Don D u arte de Meneses l h e passou
carta de con firmaçam e l h e a forou os d itos ca rgos e n sua v i d a
c o m dous pardaos de l a r i ns de foro, p e r carta fei ta en dous d e
J a n e i ro de o i te n ta e seis.
21 1 1 C h u n a lll bo, a c a l obtida pela calcinaç,i o da concha de mol uscos, cio m a l a i a b Chlllllltllll
b/l, com origem no sânscrito clJ/lrt/tI; cf. Dalgado, Glossário, 5.1'.
.Irem Nico l l a o Fernan dez pessue h U l1s pedaços de çhãos que es-
tão n a çidade que forão de h um mouro per nome Medi ni r ã o .
E n e l a esta u ã o h u t11as casas e assi h u m çhão de h u m Osta l l y
O l v a i q u e t u d o t e m n o uemta braças de c o m p r i d o , e v i n t e
h u m a de l a rgo, e pa rte c o m a rua p u b lica q ue v a i da çidade
pera o campo da choca202, dos quais chãos l h e féz m erçe o go
vernador Manoel de Sousa Couti n h o em fati ota com s i nco l a
r i ns de foro por a n o , per carta fei ta en 2 2 de Feuereiro d e 9 0 .
Aldea Mallala
Esta a ldea M a l l a l a está l a nçada n o for a l fI . 5 , com seis or
tas q ue todas pagão de foro seisçemtas e noventa e sete fedeas,
entrando noue fedeas e meia de foro das casas das peçoas que
v i u e m nella que não pessuem ortas nem p a l m e i ras, as q ua i s fe
deas v a l l e m quatro per h u m larim de dez d ucaras a fedea e de
q u arenta d ucaras o l a r i m que fazem tri nta e q uatro pardaos de
l a r i n s e quatro l a r i ns e h u m q uarto, pessu i n do as ortas desta
a ldea çertos col les, e pagando o d ito foro con forme o for a l
h u m J o ã o Gonçal uez casado e morador e m D i o . Fez petiçam
a o vedor da Fazenda Antonio Rodriguez de Gamboa, porque
lhe fazia çerto que os d i tos col les pess u h i ã o a d ita a l dea sem ti
tol lo, e a trazião sonegada pertençendo toda a a l dea a faze n da
de S u a M agestade por ser de h u m mouro q u e se ç h a m a u a Me
a rragem que foi J ascarym deI rey de Cam baia que m orreo sem
[ II. 74 1'1 erdeiros, e ficaua II erdeiro de d ireito e l rey n osso senhor; e
p o l l o assi descobri r l he foi dada a terça parte da d ita a l de a .
E as d uas p artes a ndarão em l e i lão pera se a forar a quem m a i s
desse e f o i arrematada e a forada ao d i to J o ã o Gonça l uez as d i
t a s d u as partes p o r c imco pardaos de l a r i n s , de q ue l h e foi pas
sado carta pel l o d i to uedor da fazemda em fa tiota , en catorze
de Março de setenta e comfirmada pel lo vi so rey D o m Luis de
[A]taide per carta fei ta en 3 de Setembro de sete m t a . E o dito
202 l . e . , o c a m po onde s e jogava pólo. Choca, d o persa c/;{/lIgâll, designa o sticl� pec u l i a r que
o joga d o r de pólo u ri l iza. A raiz persa deu a i n d a origem it p a lavra chica n a , também re lacionada
com o pólo; d. Da lgado, Glossário, s . v. e Henry Yule e A . C. BU J'Ile l l , Hobsoll ./ObSOIl, s . v.
1 13
Joã o Gonça l uez ouue sen tença contra os d i tos col les q u e peSSll
h i ã o a d i ta a l ldea sem ti to l l o , con declaraçam que paga ria o
foro comteudo no fo ral como tudo u)' dos d i tos papeis que me
forão aprezemtados, de modo q u e ficaua obrigado o d i to João
Gonçaluez a paga r a fazenda de S u a Magestade en cada h u m
a n o de foro desta a l l dea tri m ta e n o ue pardaos d e l a r i n s e q u a
t r o l a ri n s e h u m q u a rto, a saber, tril1lta e quatro pardaos de l a
r i n s quatro l a r i n s e h u m q u a rto q ue s e montão nas sei ssel1ltas
nouenta e sete fedeas que esta a l dea pagaua de foro pel l o foral ,
e o p aga uão os d i tos c o l l e s . E os c imco pardaos d e foro das
duas partes della pel l o a fo ra mento fei to ao di to João Gonça l
uez pol i a pertença q ue a fazenda d e Sua Magestade ti n h a nesta
propriedade por lhe pertençer toda com o di to he.
E sendo assi e deuendo pagar o d ito João Gonça l uez e seu s
socessores o s d i tos t r i m ta e n o u e p a rdaos de laris e q u a tro l a r i s
e h u m q u arto não pagaraão n u nca m a i s que o s cinco pardaos
d o a foramento das d i tas duas partes, ficando sonegado todo o
foro comteudo no foral q u e h á de pagar daqui en d i a n te .
Esta a ldea pessue o r a B a l tezar de Torres, casado COI11 Ma
r i a Gonçal uez, fi l h a e erde i r a do d i to João Gonçaluez. II
[fI. 751 Esta p a rte féz çerto per estromen to de teste m u n h a s q u e
esta a ldea n ã o tin ha l a s)2°3 orta s declaradas n o fora l . E que es
taua m u i ta pa rte del l a a reada q uando se féz merçe a João Gon
çaluez. E per sentença do uedor da fazel1lda Fra ncisco Paaéz
foi man dado que se fizesse mediçam das vigas que n e l l a a u i a ,
a s s i de regadio c o m o d e çh u ua que s e podesse a prou e i ta r; e p a
gasse d e foro a tres l a r i s e m e i o p o l i a viga de rega d i o , e a m e i o
l a r i m p o r viga de ç b u u a c o m o h e custume; e assi m a is o s c i n c o
parda os de l a r i n s do a fo ra me n to q u e se féz do sen h orio d e ll a e
se arrecadarà o que se n isso montar.
Jrelll João Gonça l uez pessu e na a l dea ele D a ngraua r)' h u ma orta
per nome Ca my, que ou ue ele compra se u an teçessor Mate u s
C a l l deira, d o s erelei ros de h u m P a u l l o Coel ho, a qual o rta está
l a nsaela no foral fI . 6, con dec l a raçã o que paga ele foro q u a tro
çem tas e c i ncoenta e noue fedeas e meia, que fazem v i nte elOllS
pardaos de lari ns, qu atro 1 a ri n s e tres feeleas e meia. E os ren-
10 1 F ó l i o d a n i fica d o .
I J5
de d e D ia, e n dias de sua vida por seus seruiços e por casar
com Catarina Rodriguez a quem o v i so rey Don D uarte t i n h a
fei to merçe dos d i tos cargos p e r a s e u casamento, c o m obr iga
çam de pagar hum p a rdao de ! a r i n s do foro por ano, per carta
a s i n a da p e l l o viso rey Matias d [e] A l b u q uerqe a o i to de Janei LO
de n o uenta e clous .
117
.ftem G i u a n te [e] Bauane pessuem nos arra bal dez déz v igas de
çhão de ç h u u a com dous poços que d i sse que erão çeqos que
os o u ue por compra) e paga ci nco lari ns de foro por ano, a
meio l a ri m por v i g a .
211(, D algaclo fez deriva r o nome desta casta, o r i u n d a d e a n tigos escravos, d o m a ra ta sil/da ou
xiI/da. Contudo, a referida casta n ã o se dedicava a tirar a sura, pelo que teriam sido os portugue
ses que, a p a r t i r d o m a nHa sil/di, sil/dhi ou xiI/di, " pa lmeira brava» e a sua SUl'a, caracterizara t11 a
casta q u e v i v i a da elaboração da s u m . CL Da lgado, G lossário, s.v.
2117 A Citms rllIm/ltii(olia ( C!Jristlll. ).
20.< Tem duas acepções, o u designa u m terreno i m produtivo ou U I11 que só t e m m a to e plan
tas s i l vestres, e que pertence ii comun idade. No caso presente, parece gue se trat" de u m terreno
pouco férti I .
119
tri nta pardaos de l a r i ns de foro p or ano, com declaração q ue
a u e r i a co m fi rmação d o v i sorrey, por ca rta fei ta e n sete de
M a i o de setem ta e seis o qual a foramento foi confirmado pel lo
viso rey Dom A n tão pera o d i to D i ogo Gonçal uez, em fa tiota,
pera sem p re, pera elle e seus erdeiros asendentes e dessendentes
com o d i to foro, per carta feita em 22 de Nouembro de sesem
ta e seis. Este D i ogo Gonçaluez fal l eçeo e por verba de testa
mento deixou por erdeira a Santa M i sericordia desta forta l eza ,
e a d ita Sancta Casa dotou estas propriedades p era as despezas
do ospita l dos pobres.
12J
poços, q u e ouue de compra de h u m B i bigy q u e él pess u h i a pe l "
semtença, de que a presentou os pélpc i s . Paga quarenta e nouc
larins por ano.
E assi pessue mais o di to D o m i ngos Emri qes qu atro vigas
[fI. 8 0 J II de çhão de ç h u ua nos arraba l l des, q ue OLlue ele compra por
morte de D i ogo Vaáz. Paga dous laris.
J rrm Pessl1e mais n os arra bal ldes a porta d a s bufaras tres vigas
de c hão de çhuua de q ue l he foi feito m erçe pello governador
Manoel de Sousa Couti n h o en tres vielas, paga ndo o foro ele
foral por ca rta fei ta en clozasete de Feuerei ro ele 9 0 . Paga h u m
l él ri m e meio p o r a n o .
1 13
Jtcm LUls de Men doça possue nesta a ldea sete vigas de çhão de
rega d io e seis vigas de ç h u u a , com dous pocos, h u m per nome
Seze e outro Salcauana, que ouue de compra de Aidás, colle, fi
lho de Magá .
Luís de Mendoça
jtem O conde viso rey Dom Françisco Masqarenhas féz merçe a
Luis de Mendoça por m u i tos seru iços i mporta n tes q ue féz a
este Estado e pel los gastos que féz de sua fazenda de l he a forar
e m fatiota pera sempre as oito v igas de betre, das catorze q ue
tem n a i l h a de D i o de sua lauora , com paga r de foro cad[a ]
1 10
Em D i u h ,í a casra K a l i Pare i , que sc d i ferencia da ourra casra K a l i p o r colocar ao nomc
o sufixo « Pare i » , «chefe d e a ldeia » em guzerarc, que se rama assim no seu ala/� , i . c . , sobrenome.
Cf. N. K. S i n h a , « Ka l i Pare i » , iI/ K . S . S i ng [Ed . ] , People 0/ fI/dia, vaI. XIX, DallwlI al/d Dili,
pp. 1 08 - 1 1 5 .
m Sulaymân.
2 12 KhWaja.
1 25
e Meqa q u e o fazem por m u i tos i n teresses que l hes d à ; e pol i a
grande credito q ue c o n elles te m como m e faz çerto per h u m a
certidam de R u i Viçente, pro u i ncial q u e foi d o col leg i o d e S ã o
P a u l o da m i n h a ç idade de Goa, en que certi ficaua o a s i m a d i to
que me a presenta . Ey por bem e me praáz pellos d i tos respeitos
[ II . 821'[ de lhe fazer II mercé para a aj uda dos ditos gastos e despezas
que tem fei tos e faz de l h e a forar em fatiota pera sempre as
o i to vigas de betre, das catorze que tem a ilha de Dio de s u a
la uora, as q uais das q ue ha q u a tro anos q u e d a m fru to , con
ta nto que m e de e pague de foro cad[a] ano, assy e l le como
seus soçessores por cada v i ga h u m pa rdao de laris; q u e a essa
comta são o i to parda os de l a r i n s que se arrecadará pera m i n h a
fazen da e s e carregará e m recei ta so bre o meu feito r d a d ita
forta leza de D i o . E isto con ta l dec laraçam que elle n ã o vende
ra o dito betre nem mandará vender senão a rendei ro ela i l h a .
A s q ua i s l h e assi a fo ro como d i to he pera elle e seus s ocessores
n e l l a s fazerem toelas as bem feitori a s que q ui zerem e por bem
ti uerem como em cousa sua propria que he. E na mesma posse
en q ue está del las as pess u h i rá e gra ngearcí com me pagar o
d i to foro a s i m a . E as não poderá vender, troca r nem e m l he a r,
sem m i n h a l i cença o u d o m e u v i so rey ou gove rn a d O !" d a
J n d i a . Nem menos as poderá par t i r ; m a s a nt e s a n el a rá sempre
en h uma so peçoa . E notifico o assy ao capitã o da d i ta forta l e
za, vedor de m i n h a fazenda, fei tor e mais offi ç i a is e peçoas a
que pertencer, e 1 l1es mando que a ssi o cumprão e guardem e
i n tei ramente fação com p r i r e gua rda r da maneira q u e se neste
contem, sem d u u i da nem embargo algum. O q u a l se regista rá
no l i uro do tom bo e fora l das d itas terras pera se sa ber c o m o
l h e féz este a foramento. E ha de paga r o d i to foro. D a d a n a
m i n ha c i d a d e de G o a , sob meu çello, a oito de Noue m b ro . E I
rey o mandou p o r Dom Francisco M ascaren has conde ele V i l l a
eI [a ] Orta , ca p i tã o m o r elos genettes e d a gua rda ele S u a Mages
taele elo seu conse l h o e v isorrey da J n el i a . Bertol ameu Ve l h o a
[II. 83[ féz. Ano elo nacimento de nosso senhor II Jesu Cristo ele m i l e
q u i n hentos e oitenta e q uatro. João ele Faria o féz escreuer.
O conele viso rey.
.Item Dom Fel i pe per graça ele Deos rey ele Portugal e elos Algar-
ues, ela q uem e elalem maar em Africa, senh o r ela G u i n é e da
1 27
q u i n h entos o i te n ta e o i to . Duarte Delgado de Va rej ã o o féz es
creuer. M a n oel de Sousa Coutinho .
.Item João G o nça l uez pessue no bazar dos mantime n tos treze
buticas de q u e l h e féz merce o conde do Redondo viso rey, e
está l ançado e m titolo no tom bo vel h o , con treze ! a r i n s de for o
p o r ano. E he n ecessa rio versse a carta deste J oã o Gonçaluez
que está e m Damão e se arrecadará o dito foro .
jtem Side Ballala peSSl1e h l1mas casas na çidade no Mal Cozi nhado,
que ficarão de seus antepassados, de que paga de foro seis larins .
.Irem Deua Caby, l e i tei ro, pessue nos a rrabaldes q uatro vigas de
çhão de regadio, e h u ma viga e meia de ç h u ua, de q u e p aga de
foro catorze l a r i n s e tres quartos .
1 28 T[);\'II\tl IlE I l I U - \ 5 n
[11 84v[ Aldea Fodão 2 1 4
j tem Esta aldea Fodão h e h llma das sete a ldeas desta i l ha de
Dio. E está l a nçada no tombo com onze ortas e com setesemtas
e h llma fedeas de foro por ano, q ue fazem trin ta ç inco pardaos
de l a r i ns e hum quarto de ! a r i m .
B unchiruará
jtCill Huma orta de Mussapratá que está nesta a ldea fo i dada a
Fernã o d [e ] Afonço com duas m i l fedeas de foro p e l l o uedor da
fazenda Fern ão Goméz, confirmada pel lo governador Antoni o
M o n i z Ba rreto e está no foral l a nçado e m seiscemtos e q u a re n
ta e o i to fedeas de foro, que fazem tri nta e doL1S p a r d a os de l a
r i n s e dOLls l aryns. E cudando o d i to uedor d a fazenda que
acresentaua o foro com aforar e n duas m i l fedeas fez o d i to
a foramento. E a este respeito foi confi rmado e per conta erra
da paga esta parte sem larins de foro pollas d itas duas m i l fe
deas, fazendosse conta a quarenta fedeas o l a r i m como corri a
a s a v a l l i açõis n [a ] a l l fa n dega , va l l endo a s fedeas d o foral qua
tro por h u m larim; pello que conforme ao d i to a foramento deu
esta p arte sem parda os de larins de foro por ano nas d i tas duas
[fi. 84 bis[ mil fedea s . E porque este a foramento II foi feito sem se sa ber a
rea l l i dade da vall i a destas moedas; e esta parte paga te gora
sem ! a r i n s somente a respei to de quarenta fedeas o l ar i m . E a
dita orta n ão tem rendi mento pera pagar çem pardaos de foro
ficará obrigado a pagar a seisçemtas e quarenta e o i to fedeas
do foral que fazem trimta e dous pardaos de l a rins e d o us l a
r i n s . E assy s e arrecadará .
E porq ue o d ito governador per h uma postil l a consedeo a o
d ito Fernão d [e] Afonço que podesse vender o betre desta orta
pera onde quizesse e seus erdeiros pretendem esta l i berdade,
214 Na m argem superior do fólio e com n mesma letra está escrito: " Possue vinte noue viguas
d e regadio e setenta de çhuua em fatiota pera se t[er ]. Carta do conde viso rey D o n Francisco
Nbscarenhas, com vinte par daos de l a ris de foro per ano. A carta he feita em 2 6 d e Setembro de
5 8 4 . Dyogo Vie i ra . »
1 29
decla ro q u e a d ita posti l l a n ã o he val lida pera o poderem fazer
por ser conçedida a di ta l i berdade ao d ito Fernão d [e] Afollço
somente q u e espirou por seu faleçimento. E he muito em per
j u izo da renda do betre n ã o podera gozar da d i ta l i berdade
como não goza rão ate [ a ]gora. E como he dado despaçho pell o
uedor da fazenda Fra n c i sco Paaéz a req ueri mento da parte
pera ficar pagando o d i to foro e não gozar da d i ta l i berdad e .
Aldea d e J asoha
.Irem Esta a ldea esta l a nçada no foral com seis ortas e com o i to-
çemtas vinte e duas fedeas e hum quarto, q u e fazem q u arenta e
h u m pardaos de l a ri ns e duas fedeas e h u m quarto. F I . 6 .
Dangrauary
.Ircm Nesta a l dea pessue Ardol Tal á e assy Lacácaná e Argemza l ,
[iI. 841' bis[ e Ran ácaiá, e Vinasamal todos dez v igas II d e ç h ã o ele çh u u a n a
aldea ele Dangra uary. Pagão sei s larins .
.Item Nará Lacara, col Ie, pessue n a a l elea ele Bunçherua1'<1 sei s v i -
g a s e tres quartos ele ç h u u a . Paga tres laris e tres q u a rtos e c i n
co el ucaràs .
1 1 5 Ful ei ro Oll fu l a , «cultivador dc flo res " , de (1I1t1, « fl o r " , do sâ nscrito plJ//II, «desabro c h a r ,, ;
d . D a lgado, Glossário, s . v.
2 1(, Pessoa da casra baixa, empregue C0l110 guarda ou mensageiro nos estabelecimen tos, d o
guze r:lte rlhcr, rlhch ali dherla; cf. Da lgado, G lossário, s . v. e H . H . Wi lson, A Glossar)' ofJlldicial
alld nevel/lle Terllls, s.v.
I3J
.lrcm Lança Lampá, colle, pessue em Buçheruara d uas v igas de
I rl. 85\'] rega d i o e tres v igas e meio de ç h u u a . Paga n o u e lar i ns menos
dous ducaras e mei o .
jtem P i ta Vica , col le, pessue em B u n ç h i mará tres qua rtos de vi-
gas d e regad i o e h u ma viga e meia de ç h u u a . Paga tres larins e
tres q u a rtos .
jtem M anoel Fernan dez, escriuão dos mei r i nhos, p aga dons l a -
r i n s de foro de h u mas casas.
133
.Item Simão Fernandez, o pequeni no, paga na çidade dous l ar i ns.
[ II. 861']
1 35
erdeiros acendentes e desende n tes, com o foro que paga u ã o
h un s col l es q u e os pessu h i ã o p e l l o fora l ou c u st u me, com l icen
ça pera as vender. Per carta fei ta a i x de Março de 78. Paga por
ano quarenta e noue l a r i n s .
Pessue mais n a dita a l dea q u inze vigas e mei a de regad i o
de regadio (sic) e duas de ç h u u a , p e r escrepturas de compras.
Paga cincoenta e sinco l a r i n s e h um q ua rto . II
A renda da bosta
jtcm Este a foramento da bosta se a foro u pol i a mane i ra segui n -
t e . H e custume a ntigo s a h i r o gado todo d a ç i dade d e D i o pol
I a s portas dos muros del la a p açer ao campo. E quando se re
c o l h e a ta r d e ven desca n s s a r a n tes q u e entrem n a ç i d a de
defronte das portas del l a , e a h y bebem em h u n s tanques que se
emç h em d [e] agoa de h u ns poços que ahi estão pera i sso, a
q u a l tinh a cudado de a tirar h u ma peçoa em a bastança, e fica
va l he em premio deste tra b a l h o a bosta que o dito gado l a nça
no d i to posto q u e tem v a l l i a depoi s de ceqa, por seruir de le
nha. E per este custume correo the que o governador Manoel
de Sous a Cout i n h o féz merce a Afonço Vaz de Sande q u e fosse
elle a dita peçoa que tiuesse o d i to premio, ficando obrigado a
d a r a d i ta agoa em a bastança, e l h a a forou em fatiota pera
sempre, por constar per del igencia s não perj u d icar a ninguem.
E esto das portas d a s b u faras e dos a bexins, sendo contentes os
donos do d i to gado, contre b u i ndo com as obrigaçõis com q u e
corrião o s q u e pessu h i ã o esta renda. E com obrigaçam de p a
gar de foro a fazenda de S u a M agestade dous pardaos de l a r i n s
p o r a n o , p e r carta feita em 2 1 d e Feuereiro d e 5 9 0 . II
1 37
pay, do qual chão que assi l h e féz merçé o d i to capitão se p ro
ueita rá do que prestar pera regadio, como pera ç h u ua e o s pes
suh i rá en fatiota pera sempre para e l l e e seus erdeiros dessen
d e n tes, fazendo s u a l a v o u r a e a br i n d o possas pera s e r e m
aproueitados, paga ndo d e foro tres tangas por ano p e r pro u i
são feita em primeiro de Janeiro de o i tenta e tres. E p o r bem
del l a foi metido de posse e os pessue oje en d i a .
1 38 TmII\O nE I l I U - I .\92
viso rey Math ias d[e ] Albuquerq ue confirmou a d i ta nomea
ção, e lhe fez merçe de mais h u m a v i d a , pera serem tres. E q ue
pague de foro dOlls pardaos e meio de l a r i n s por ano, a saber,
dous pardaos que paga ua o pri mei ro forei ro, e meio pardao da
sosçessão da 2a v i d a . E que a peçoa q u e socçeder na v ida der
radei ra de que l he o d i to viso rey fez merçe pague mais a quar
ta p a r te d o foro. Per carta fei ta e m treze de Mayo de m i l
q u i n h e ntos nOllenta e sete, onde pa ssey çertidão desta declara
ção, em i i ij de Novembro de 597.
D yogo Vieira
139
ÍND I CE ANALÍTICO :;.
1 43
ARAÚJO, João de, 5 2 . Baneanes, casta d o s , J 0 8 ; corre tores,
AROOL TO L A : proprietário de terra, 1 3 0 . 1 1 6; o urives, 1 08 ; proprietários de
AREA RAZA: cole, proprietário de terra, boticas, 2 0 , 1 2 1 , 1 3 3 ; propriet,írios
131. de casas foreiras, 20, 1 1 9 ; proprie
A R G E M VASTA: cole, proprietário d e ter tários de terra , 23, 1 0 8 - 1 0 9 , J 1 6 ,
ra, 1 3 1 . 1 1 8 , 1 2 8 , 1 3 0 , 1 3 2, 1 34 - 1 3 5 .
ARGAI: banea n e , mãe de Savog)', pro- Bangue, 1 4 , 8 9 .
prietária d e terra, 1 3 5 . BARBOSA, António, 1 02 .
ARGEMZAL: proprietário de terra, 1 3 0 . BARBOSA, João: proprietário de terra,
A r m a s : venda de, 6 8 . 1 1 8- 1 1 9.
AsAF K H A N : v i z i r do Guzerate, 7 8 . Bardez, 1 0 .
A SCA: cole, proprietário de terra , 1 2 8 . B A R R ETO,António J\lon i z : governador
Asserim, fortaleza d e , 6 1 , 64-65. do Estado da Índia, 1 00 , 1 1 7, 1 2 1 ,
ATAíOE, D . Luís de: vice-rei do Estado 129.
da Í ndia, 1 0 7, 1 1 3 , 1 3 4 . Henrique d a Gama, 2 3 .
BARROS,
ATAÍOE, S e b a s t i ã o de: p roprietário d e BAUANE:propriet,í r i o de terra , 1 1 8 .
terra, 2 3 , 1 09 , 1 23 , 1 2 8 . BEARMAN, P. ] . , 9 6 .
AVELAR, lvlaria d e : m u l her de Jorge Gar B ete, 5 3 - 5 4 .
cês, propri etária de terra, 1 1 7. B é te l e , 1 4 - 1 7, 2 2 , 2 5 , 8 1 , 8 9 , 9 4 - 9 5 ,
Azeites, 1 4 , 8 8 . 1 1 7, 1 24 - 1 2 7 , 1 29 .
AZEVEOO, Baltasar Rodrigues de: proprie Betre: uer bétele.
tário de terra, rendeiro do sabão e B H An-ACHARY YA , N . N . , 8 6 .
da bosta, 1 7 , 1 02 , 1 1 2 - 1 1 3 , 1 3 6. Bhoi, casta dos, 1 5 , 9 3 .
BmIGY: proprietário de terra, 1 22 .
B BIKER, J ú l i o Firmino J úd ice, 57, 5 9 -6 1 ,
69-70, 8 5 .
BABANA: membro da casta do sinde, ou BIMAGANOY: tio de Pacha, propriet<Írio
rives, proprietário de terra , 1 1 8 . de terra, 1 1 8 .
BABANE: irmão d e Coqa ne, propriet,írio B I M O : proprietário de terra , 1 22 .
de terra, 1 1 7. B I M UTUTA: propriet,írio de terra , 1 0 0 .
BABUR, Grão-IVlogo l , 6 6 . B isnaga: u e r Vija)'a l1aga r.
Baçaim, 1 0 , 1 8 , 1 2 , 5 1 , 5 5 - 6 1 , 6 3 - 6 5 , BOCARRO, A ntónio, 1 2 .
69, 84-85; capitão de, 5 8 - 5 9 ; fei Boiás: uer bhoi .
tor de, 5 1 ; feitoria de, 5 1 ; fortaleza BORGES, António: proprietário de boti
de, 60; m o radores em, 1 1 9 ; tana cas, 1 2 3 .
dares de, 5 8 ; ta nadarias de, 5 9 , 6 3 . Bosta, 1 7 , 1 3 6; renda d a , 1 7, 1 9 , 1 3 6-
BAOEMURA ZAi'vIÀO: uer BADI' AL-ZMvlí\N - 1 3 7 ; rendeiro da, 1 3 6 .
Ivl mzA. BOTELHO, S i mão: vedar da fazenda , 1 1 ,
BAOl' AL-ZAMAN Mmzí\, 66-67. 1 8 , 5 3 , 5 7 , 6 3 - 6 6 , 6 8 -6 9 , 7 1 , 73-
B A O U R : uer BAHAoUR SHÂH. -77, 8 8 .
BAGA n.MvlY: proprietário de terra, 1 06 . Boticas, 1 5 -1 6 , 1 9 , 24 , 7 6 , 8 9 , 9 3 - 9 4 ,
B A I-l A O UR S Hí\ H : s u l tã o d o G uzera te, 1 05 , 1 1 0 , 1 20- 1 2 1 , 1 2 8 , 1 3 3 ; a fo
5 4 - 5 5 , 5 7 - 5 9 , 6 2 - 6 9 , 7 1 , 83. radas em fatiota, 1 1 1 , 1 1 5 , 1 1 9 ,
BALTASAR DUARTE: proprietário de ter- 1 23 - 1 24; renda das, 8 1 , 9 3 -94;
ra , 1 2 1 . rendeiros da renda das, 9 4 .
BANA: baneane, propriet,írio de terra, 1 1 6. Brâ manes, casta dos, 1 0 6 ; propriet,í ri os
BANA RAMY: proprietário de terra, 1 0 6 . de terra, 1 0 6.
B A N O A J AN A : f u l e i r o , propriet,í r i o de B rallcauará: a ldeia ele, 1 1 , 1 6 , 2 1 -2 3 ,
terra, 1 3 1 . 9 5 , 1 0 3 - 1 04 , 1 1 6 , 1 1 8 - 1 1 9 , 1 2 1 -
145
Coles, casta dos, 1 0 8 ; pasnigaras, 1 28 ; D ARYt\ K H Â N : vizir do Guzeratc, 7 3 .
proprietários de terra, 2 3 , 26, 1 DO, DELGADO, D u arte, 1 02 .
1 0 8 , 1 13 -1 1 4 , 1 1 6 - 1 1 8 , 1 2 0, 1 24 , DELOCI-IE, Jean, 83.
1 28 , 1 30-1 3 3 , 1 35-136. Deres, casta dos, 2 5 , 1 3 1 .
Compan h ia d e Jesus: padres eh1 , 1 25 . D ETIA: m u l her d e Ratam'l, proprietária
C O Q AN E : i r m ã o d e B a bane, proprietário de terra, 1 3 5 .
d e terra, 1 1 7 . D EUA CABY : !<andoi, propriet,írio de ter
CORREIA, Rodrigo: proprietário de ter- ra, 1 28 .
ra, 1 1 0. D EU G Y : baneane, fi l h o d e Cresendaas,
Corretores, 1 1 0; baneanes, 1 1 6 . proprietário de terra, 1 09 .
COSTA, A leixo M an u e l da, 9 . D EY, Nando Lal , 8 3 .
COSTA, Henrique da: feitor d e D i u , 1 34 . DIAS, António: condestáve l , proprietário
COSTA , João d a : morador e m Baça im, de terra e de casas f orei ras, 1 3 4 .
proprietário d e bo ticas e m D i u , D IAS, Belchior: marido de Nlaria Gon
1 1 9 ; secret,í rio da Í ndia, 6 5 , 6 7 , çalves, 2 4 , 1 1 7.
70-7 1 , 77. D il i : a l fâ n dega de, 1 2- 1 4 , 1 9 , 2 5 , 6 6 ,
COUTINHO, D . Francisco: vice-rei do Es 74 - 8 9 , 9 1 - 9 4 , 9 6 , 9 9 , 1 05 , 1 2 1 ,
tado da Í n d i a , 1 1 1 , 1 1 5 , 1 24 , 1 2 8 . 1 2 9 , 1 3 2 , 1 3 7; arra baldes da cida
COUT1NI-IO, J'vla nuel de Sousa: governa de de, 1 6 , 2 1 - 2 3 , 9 4 , 9 6 , 1 0 6 , 1 0 8 -
d o r do Estado da Í ndia, 1 01 - 1 02 , - 1 0 9 , 1 1 6- 1 1 8 , 1 21 - 1 2 3 , 1 2 8 , 1 3 5 ;
1 05 , 1 07 , 1 1 1 -1 1 3 , 1 1 5 , 1 2� 1 24 - barra d e , 1 5 , 5 4 , 6 5 , 9 2 ; bazar da
- 1 25 , 1 27-1 2 8 , 1 3 6 . c i dade de, 20, 105, 1 1 1 , 1 20 ; ba
COUTO, Diogo do, 5 7 , 6 9 . zar do arroz da cidade ele, 1 1 5 ; ba
CRESENDAAS: baneane, proprietário de zar dos mantimentos da cidade de,
terra, 1 0 9 . 2 0 , 1 1 9 , 1 2 3 ; bazar dos [X1 nOS de,
CUlvlllA MUN D A : col e , proprietário d e 1 1 9 ; cadi de, 7 1 , 74; capitão de,
terra, 1 3 0 . 1 2 , 6 5 , 6 9 - 7 0 , 72, 74, 76, 7 8 - 7 9 ,
CUNHA, António da, 9 9 , 1 27 . 9 8 - 1 0 2 , 1 04 - 1 0 6 , 1 1 0 - 1 1 1 , 1 1 5 -
CUNHA , Cristóvão da: proprietário de -1 1 7, 1 1 9- 1 2 1 , 1 23 , 1 26-127,
terra, 1 34 . capitão muçul
1 3 4 - 1 3 5 , 1 3 7- 1 3 8 ;
CUN H A , Nuno d a : governador d o Esta mano de, 5 9 , 6 4 , 70, 8 3 ; catual de,
do d a Índia, 5 3 - 6 8 , 70-71 . 74 , 76, 1 1 0 ; catua laria ele, 7 6 ; ci
elade de, 1 1 , 1 4 , 1 6 , 1 9 , 2 1 -2 3 , 54-
D - 5 5 , 5 7 , 6 2 , 6 6 , 70, 72 , 74 -75, 8 0-
- 8 1 , 94, 97, 1 00, 1 02-1 0 3 , 1 05 -
DABOYA : propri e tário de terra, 1 22. -1 06, 1 1 0, 1 1 3, 1 1 9 , 1 2 1 , 1 23-
D A L G A D O , Sebas tião R o d o l fo , 1 4 - 1 6 , - 1 24 , 1 2 8 , 1 3 3 - 1 3 4 , 1 3 6 ; fei tor de,
2 4 , 56, 5 8 -5 9 , 6 1 , 6 8 -6 9 , 71 , 74- 1 6 , 5 1 , 9 6- 9 7 , 9 9 , 1 04 , 1 0 8 , n o,
- 7 6 , 80-82, 84, 8 7 - 9 3 , 95-97, 99- 1 2 1 , 1 2 6 - 1 2 7 , 1 3 4 , 1 3 7; feitoria
- 1 0 2, 1 06 , 1 0 8 , 1 1 0- 1 1 3 , 1 1 8 , ele, 1 6 , 1 8 , 5 1 , 5 3 , 77, 94, 9 6 , 9 8 -
1 20 , 130-1 3 1 . - 9 9 , 1 04 , 1 2 7, 1 3 7 ; fortaleza ele ,
Da/'l liío, 1 0 , 1 2 , 5 1 , 6 9 , 8 5 , 1 00, 1 2 8 ; 1 1 - 1 2 , 1 4- 1 5 , 5 6 - 5 7 , 6 2- 6 5 , 7 2 ,
a l fâ ndega d e , 1 8 , 8 1 ; feitor de, 5 1 ; 7 8 , 8 0 , 8 2 - 8 4 , 8 9 , 9 3 , 1 2 1 ; hospi
fe i toria de, 5 1 ; p raga nas de, 6 9 ; ta tal elos pobres ele, 1 20 ; i l ha ele, 1 1 ,
n a d ares de, 6 9 . 1 6 , 1 9 , 2 4 , 5 5 , 6 9 , 77, 79-80, 9 4 ,
DANEA : proprietário de terra, 1 00. 9 6 , 1 0 3 - 1 04 , 1 0 7, 1 24 , 1 2 6-1 2 7 ,
Dal/gl'avari, a ld e ia ele, 1 1 , 1 6 , 2 1 - 2 2 , 1 29 ; m irabar de, 75; V j l isericórel ia
9 5 , 1 1 1 , 1 1 4 , 1 1 7, 1 20, 1 2 7, 1 3 0 . el e , 1 2 0 ; m ocaelão das manás d e
DARLEY-DORAN, R . E., 6 8 . meel ielagem d e , 1 9 , 1 1 5 ; oficiais d a
muz, 8 2 , 8 5- 8 6 ; vi nelas elo Sinde, 82. FILIPE II, D., 1 03, 1 25-126.
Feitor i a : Podã o , a l ele i a d e , 1 1 , 1 6 , 2 2 - 2 3 , 9 5 ,
- ele Baça i m , 5 1 ; fei tor da, 5 1 ; 1 29 .
- de C h a u l , 5 1 ; fei to r da, 5 1 ; Forta leza :
- d e D a m ão, 5 1 ; fei tor ela , 5 1 ; - ele Aserim, 6 1 , 64-65;
- ele D i u , 1 6 , 1 8 , 5 1 , 5 3 , 77, 9 4 , - de Baça i m , 6 0 ;
9 6 , 9 8 - 9 9 , 1 04 , 1 27, 1 3 7; fei tor - de Coej a, 6 1 , 64-65 ;
da, 1 6 , 5 1 , 96-97, 9 9 , 1 04 , 1 0 8 , - el e D i u , 1 1 , 1 2 , 1 4 - 1 5 , 56-57,
1 1 0, 1 2 1 , 1 2 6 - 1 27, 1 3 4 , 1 3 7 . 6 2- 6 5 , 7 2 , 78 , 8 0 , 8 2 - 8 4 , 8 9 , 9 3 ,
FELNER, Roelrigo José de Lima, 1 1 , 1 4, 1 21 .
1 6 , 5 3 , 5 7 , 6 3 - 6 6 , 6 8 - 6 9 , 7 1 , 73- FRIAS ,Francisco: vedar da fazenda, 1 1 0;
-77, 8 8 - 8 9 , 9 1 , 9 3 , 9 9 - 1 00. vedar d a fazenda do Norte, 1 ' 1 5 .
FERNANDES, A n tón i o : propriet,í r i o d e FRÓIS, B a l tasar: m a r i el o de Cata rina Ro
terra e de casas foreiras, 1 0 0 , 1 3 4 . elrigues, gua rela e mi ra bá de Gogo-
147
l á , mocaelão elas m a l1<)S de medida GONÇALVES, A n tó n i o : propri e d r i o de
gem de D i l i , 1 1 5 . terra, n 9.
FlIleiros, 25 , 1 30-1 3 1 . GONÇALVES, D i ogo: proprietário de bo
FURTA D O , J\tlanuel: ca pitã o de D i u , 1 2 1 . ticas, 1 1 9-1 20,
GONÇALVES, Jerón imo: ma rielo de Fran
G cisca Lopes, pai ele Paulo Gonçal
ves, sogro ele Bartolomeu Morei r,l
Gado: 1 7, 20, 1 3 6 ; m i úelo, 1 6, 96. e de B a l tasar N u nes, proprietário
GAMA, Duarte d a : cativo no G uzerate, ele terra, boticas e casas foreiras,
55. 1 06-1 07, 1 1 0- 1 1 1 , 1 1 5 , 1 2 3- 1 24 ,
GAMA, D. Estevão d a : governa elor do 1 34 .
Estado da Í ndia, 77-78, 85. GONÇALVES, João: casa elo, moraelor em
GAMA, Luís da, 9 9 . D i u , propriet,h-io de terra , botiC<ls
GMvIllOA, A mónio R odrigues de: veelor e casas foreiras, 20, 1 05 , 1 1 0-1 11 ,
da fazenda , 1 1 3 . 1 1 3 - 1 1 4 , 1 24 , 1 27-1 2 8 , 1 3 3 ,
GARCi�S, Jorge: marido ele Maria d e Ave GONÇALVES, M a r i a : fi l h a e l e Pedro A l va
l a r, proprietário ele terra, 1 1 7, 1 3 2 . res, m u l her de Belchior Dias, pro
GARCIA, Gaspar: proprietário de terra, prietária ele terra, 24, 1 "1 7; filha ele
1 1 9. João Gonça l ves, m u l her de 13alt,l
G a ugau, jogo do, 1 8 , 8 2 ; renda d o , 1 8 , sar de Torres, 1 1 4 .
82. G ONÇALVES, P a u l o : f i l ho d e J er ó n i m o
Gentios: ver h i n d us. Gonçalves, propriedrio e l e terr a ,
GERAZE RAMY: proprie t,hio de terra , 135,
1 06 . GOPIDAs CLUAR: bancane, proprietá rio
Gergc l i m , 1 4 , 8 8 . ele terra , 1 30 .
GIL, Gonçalo, 11 0 ; propriet,)rio d e ter G OUINDE DRU: proprie t,hio d e terra ,
ra, 1 1 8 . 109,
G IUANTE: propri etário ele terra, 1 1 8 . Grão-Mogol , 5 5 , 6 2 , 6 6 ,
Goa, 1 0, 1 2 , 21 , 25-26, 53-56, 60, 63, Grão-Turco, ver sultões turcos.
68-69, 84-86, 1 00, 1 04 , 1 26 - 1 27, Gllzerate: cati vos portugueses no, 5 5 ,
1 3 8 , a l fândega de, 1 3 , 8 5 - 8 6 ; bar 59-6 1 ; embaixadores portugueses
ra de, 73; contador dos contos de, aos sultões elo, 55-56, 62, 65, 73-
9 - 1 1 , 1 8 , 25, 5 3 , 1 29 , 1 3 8 - 1 3 9 ; -74 , 77; embaixadores elos sultões
procuradores ela Sé de, 23-24, "1 04, elo, 56-5 8 , 60-62, 64-65; enseaela
1 20; provedor-mor dos contos de, elo, 1 2, 54, 82; fazendas do, 8 2 ,
9 , 1 1 , 5 1 , 5 3 , 1 3 8 ; provincial do 8 6 ; l ascarins d o s u l tanado elo, 6 1 ,
colégio de São Pa u l o de, 24, :1 26. 6 8 , 1 1 3 ; s u l tanado do, 11 , 5 3 , 5 8 -
G ogolá: a ldeia de, 1 1 , 22-23 , 80, 8 8 , -6 1 , 67, 71 -72, 7 9 , 8 2 - 8 4 ; su ltões
9 4 , 97, 1 1 5 ; a l f�ndega d e , 1 4 , 75, do, 1 1 , 13, 1 6, 53-69, 7 1 -79, 82-
8 0 , 9 3 ; foreiro do passo de, 97-99; -84, 94, 1 1 0, 1 1 5 , 1 34 ; vizi res cio
gllarda e m i ra b,) ele, 1 9 , 1 1 5 ; pas Guzerate, 73, 7 8 .
sos de, 1 7, 8 1 , 9 7- 9 9 ; renela ela al
f� ndega ele, 1 4 , 1 9, 8 0 , 8 7. H
GOLu6: cole, proprietário de terra, 1 08 .
G OMES, A leixo: língua, propriet,írio ele I-IADJ1v[ SÜLEYiv lAN P A S I-IA , 72.
terra, 1 1 0, 1 35 , 1 3 8 . HARRISON, J. n" 83.
GOMES , Fernão: vedor ela fazenda, 1 29 . HENRIQUES, Dom ingos: fi l h o de Henri
G ONÇALVES, André: propricdrio d e ter que Fernandes, propriet,) rio de ter
ra, 1 3 8 . ra e boticas, 20, 2 3 , 1 2 1 - 1 23 .
149
M MARt\S DRU: baneane, proprietário d e
terra, 1 3 2 .
IvlACA BALLA: Illuçulmano, proprietário Ivl a r fi m , 1 6 , 9 3 ; renda da serração do,
de casas forei ras, 1 3 3 . 1 6 , 8 0 , 9 3 ; rendeiro d a serração
M A CI-l A D O , A n tó n i o : j ui z d o s ór fã o s , do, 16, 93.
1 36. M A SCARENHAS, D. Francisco: v i ce - r e i
MACI-IADO, Ivlanuel, 70. do Estado da Í ndia, 1 0 1 - 1 04 , 1 0 6-
MA'SÂMA SULTAN B EGMvl , 6 6 . - 1 0 7 , 1 1 2 , 1 1 5 , 1 2 0 , 1 2 3 - 1 24 ,
IvlADABA: baneane, proprietário de u m a 1 2 6 - 1 2 7, 1 2 9 .
botica, 1 3 3 . MASCARENHAS, D . João: capi tão de D i u ,
Madeiras, 1 4 , 8 7 . 78, 1 2 3 .
:MAD6: membro da casta do s inde, pro Ivl EALE: m uç u l ma n o , p r o p r i e t,í r i o d e
priet,írio de terra, 1 1 8 . terra, 1 0 8 .
Ivli\GRIÇO, Bartolomeu da Rua: rendeiro !V[EAMYM: muçulmano, 1 3 3 .
do passo de Gogolá e dos esteiros MEARRAGEM: m uçulmano, l ascarim d o
de O lvane e de Vançoso, 9 7- 9 9 . sultanado do Guzerate, proprietá
IvlAHMOD B Ê GA RÂ : s ul tão do G uzerate, rio de terra, 1 1 3 .
11. Meca, cidade de, 1 3 - 1 4 , 24, 5 9 , 6 3 , 8 5 ,
IvlA H I"IOD SHÂH UI: s u l tão do G uzerate, 1 20 , 1 26 ; aljô fa r vindo de, 1 4 , 7 9 ,
7 1 -79 . 8 5 ; estreito de, 5 8 - 6 0 , 6 3 , 7 6 , 1 0 3 ,
M a i n a tos, casta dos, 1 06 . 1 2 5 ; fazendas v i ndas d e , 8 2, 8 5 ;
M a j u m , 1 4, 8 9 . ouro vindo de, 1 4 , 79, 8 5 ; prata
Malabar, costa de, 6 0 . v inda de, 14, 79, 8 5 .
Malaca, c i d a d e d e, 8 5 . M EDÂNI R Â I , capi tão muçulmano, 6 4 .
Malaia, a ldeia de, 1 1 , 1 6 , 22-23, 95, MEDINlRÃO : m uç u l m a n o , propri etário
1 1 3 - 1 1 4 , 1 25, 1 27. de terra e de casas forei ras, 1 1 3 .
MAUK A YÂZ: capitão m uç u l m a n o de IvlEGA RAMY: proprietário de terra, 1 0 6 .
D i u , 59, 6 4 , 6 6 , 76, 8 3 . MElRA, António: proprietário ele terra,
IV[ A U K I S H A Q : capitão m uç u l ma no d e 121 .
Diu, 83. lvle/il/de, cidade de, 1 3 , 7 9 , 8 5 ; a l j ô f ar
IvlA U K JY\VÂN TAWA K K U L : ver < I D lvIÂD vindo ele, 1 4 , 79, 8 5 ; fazendas vin
AL-tvluLK. das de, 8 2 , 8 5 ; ouro vindo de, 1 4 ,
!VI A U K TUGHíiN: capi tão m uçulmano de 79, 8 5 ; prata vinda ele, 1 4 , 7 9 , 8 5 .
Diu, 83. MELLlQUE, ver M A L l K A Y Â z , quinta d o ,
tvlMvl E D E S A IO : v e r M Ul-IAMMAD S A I D . ver UI/a.
MMvlEDE X A : ver MAHMOD SHí\J-I III. MELLlQUE SACA: ver ivIALlK ISI-IAQ .
M ANGAGOH/\ : cole, proprietário de terra, M E LLl Q U EA S : ver JVlALlK A Y ÂZ.
1 32 . MELO, Bernardo ele: proprietário de ter
lvIm1ga lor, porto ele, 6 8 . ra, 1 3 5 .
M a ngas, 1 6 , 9 5 . lvlELO, :Martim Afonso: capi tão-mor d o
Ivlanteigas, 1 4 , 8 8 ; renda das, 14, 1 8 , 80, mar, 55-56, 6 2 .
8 8- 8 9 . M EN D E S , Agosti n h o : p ropr i e tá r i o d e
Ivla nt i m e ntos, bazar dos,
1 4 , 8 0 , 8 7; terra, 22, 1 1 5 .
1 1 9 , 1 23 , 1 2 8; casa do mandovim I\1ENDES, I\1anuel: cativo no G uzera te,
d os , 8 8 ; m an d o v i m dos, 1 4 , 8 0 , 60.
1 3 8 ; mocadão dos, 1 20; renda d o M ENDONÇA, João d e : governa dor el o
mandovim elos, 1 4 , 1 8 , 8 0 , 8 7- 8 8 ; Estaelo da Ínel i ,l , 1 0 5 .
rendeiro do mandov i m dos, 8 8 ; o fi M EN DONÇA, L u ís d e : f i d a lgo da c a s a
c i a i s da casa d o mandovim dos, 8 8 . rea l , proprietário de terra e de c a -
151
N ORONHA, Fernão de: p roprietário de PAIS, Fra ncisco: provedor-mar dos con
terra, 1 1 7, 1 34 . tos de Goa c vedar da fazenda, 9-
NORONH A , Fran c isco d e : proprietário -1 3 , 1 5 , 1 7-1 9 , 2 1 -22, 25, 5 1 , 5 3 ,
d e terra, 1 1 8 . 8 5 - 8 6 , 9 9- 1 0 0 , 1 05 , 1 1 4 , 1 2 1 ,
NORONHA, D. Garc i a de: vice-rei do Es 130, 1 38.
tado da Í ndia, 72-74, 77. PAIVA, Pêro de, 5 3 .
NORONHA, Pedro de: propr i e t á r i o de Palerim, 8 0 ; foreiro do passo de, 1 0 1 -
terra, 1 1 8 . - 1 02 ; passo de, I S , 1 7 , 8 0 , 1 0 1 -
N UNES, António, 1 4 , 8 8 - 8 9 , 9 9 ; proprie - 1 0 2 ; renda de, 1 5 , 80, 9 2 - 9 3 .
tário de casas foreiras, 1 1 O. P a l h a , 1 5 , 92.
NUNES, B a l ta s a r : genro d e J e r ón i m o P al meiras, 1 5 , 2 1 , 9 1 , 1 1 3 .
Gonça lves, proprietário d e terra e PANÇHA: fil ho d e Ratan ll , propri et,í r i o
de casas foreiras, 1 34 . de terra, 1 3 5 .
NUNES, Pedro: proprietário d e terra, bo PEDRO: fi l h o d e João Fernandes, 1 0 5 .
ticas e casas foreiras, 1 1 5 , 1 24 . PEREIRA, A . B . d e Bragança, 9 , 1 1 - 1 2 ,
N O R M UI-li\ivI MAD KI-IALil, 6 2 . 1 5 , 25-26.
PEREIRA, Ivligu e l : propriet,í r i o de u m a
o botica, 1 05 .
PEREIRA, R u i Dias, 70.
Olv{l/7e, esteiro de, 1 7, 9 8 ; forei ro do, Persas, 1 2 , 62, 70, 1 02 , 1 3 4 ; mercado
98. res, 65; proprietá rios de terra, 1 02 ,
O M I R M A MEDE ZAMAo: ver Ivl uHAlvl 1 34 .
MAO ZAMAN M I RZÂ. Pescado, 1 5 , 9 2 ; renda do, 1 5 , 8 0 , 9 2 .
ORHONlU, c . , 7 2 . PINTO, Lopo Fernandes: cativo n o G u
OrmllZ, cidade de, 1 2- 1 3 , 6 3 , 8 5 ; a ljô zerate, 60.
fa r v i ndo de, 1 4 , 79, 85; cava l os PIRES, A n a : m u l h e r d e João R i be i ro ,
v i nd o s d e , 6 3 , 7 6 ; escrivão d a proprietária de terra e de boticas,
a l fâ ndega d e , 1 2 9 ; fazendas v i n 109.
das de, 8 2 , 8 5 - 8 6 ; ouro vindo de, P I RES, A n tónio: proprietário de terra,
1 4 , 7 9 , 8 5 ; prata v i nda de, 1 4 , 79, 105.
85. PIRES, Gaspar: secretá rio, 5 8 , 6 2 .
O RTA, A ntóni o da: vedar d a fazenda d o PIRES, Luís, 1 1 0 .
Norte, 1 2 7 . PISSURlENCAR, Pand uronga S. S . , 9, 1 1 ,
OSAl RAjA: cole, proprietário de terra, 13.
1 31 . P ITA VICA: cole, proprietário d e terra ,
OSTAllY OlVAI: proprietário de terra, 1 1 3 . 1 32.
Otomanos, ver turcos. Poços, 20, 1 02 , 1 0 6-1 0 7 , 1 0 9 - 1 1 0 , 1 1 7-
Ourives: baneanes, 1 0 8 ; da casta do sin - 1 2 0 , 1 22 , 1 24 , 1 2 8 , 1 3 2 , 1 3 6 .
de, 1 1 8 , 1 2 8 . PORTO, André do: proprietário de terra,
O uro, 8 0 ; vindo d e Judá, 1 4 , 7 9 ; vindo 1 3 7.
de t,/leca, 1 4 , 79, 8 5 ; vindo de Me PÓVOAS, A ntónio das: capitão de D i u,
l i nde, 1 4 , 79, 8 5 ; vindo de Ormuz, 121.
1 4 , 79, 8 5 . Prata, 8 0 ; vinda d e Judá, 1 4 , 79; vinda
O uvi dor-geral , 66; da Í ndia, 62, 65. de M eca, 14 , 79, 8 5 ; vinda de 1vle
l inde, 1 4 , 79, 8 5 ; vinda de Ormuz,
p 1 4 , 79, 8 5 .
Proprietários:
PACHA: sobri nho de B i m a ngandy, pro - de terra, 2 2 , 9 9 - 1 0 0 , 1 02 , 1 0 6 ,
prietário de terl'<l , 1 1 8 . 1 0 8- 1 09 , 1 1 2-1 1 3 , 1 1 7-1 1 8 , 1 22,
153
Sa l : m a r i n h a s ele, 2 1 , 1 23 . S I LVEIRA, Hei tor el a , 5 4 .
SALDAN HA, António ele, 5 4 . S I LVEIRA, lVIarti n ho ela : c a p i tã o e l e D i u ,
SAUvlAN REIS, 7 2 . 1 02 , 1 04 , 1 1 6 - 1 1 7, 1 20 , 1 3 5 - 1 3 6 .
S AM E A R MvI Y : p r o p r i e t â r i o el e ter r a , STLVEIRA, Pau l a ela : m u l her ele Fernão el a
1 06. S i l ve i r a , proprietá r i a ele t e r r a , 1 0 9 .
SMvlPAIO, Vasco Pires ele , 70. Si nele, 7 ] ; casta elo, 1 1 8 ; fa zendas v i n
SAMSAMIÃO: irmãos ele, proprietá rios d e el a s elo, 8 2 ; ourives, 1 1 8 , 1 2 8 ; pro
terra, 1 1 8 . prietários de terr a , 1 1 8 , 1 2 8 .
SANDE, Afonso Vaz de: r e n el e i ro ela bos SING, K . S . , 1 5 , 1 0 8 , 1 24 .
ta, ] 36. SINGUIGY: persa, i r m ã o ele S ur g )', pro-
SANCA R M ALLY: fu l ei ro, proprietá rio el e prie t,írio ele terra, 1 3 4 .
terra , 1 3 0 . SINHA, N. K., 1 5 , 1 0 8 , 1 24 .
SANGAGY: proprietário d e terra, 1 02 . SOARES, D iogo, 6 5 .
SANGRÂMASIMHA SINGRAM SIN GI-I I , rei SOARES, Torq ll a to ele Sousa, 2 3 .
ele Ch i tor, 5 5 . SOEIRO, D i ogo, 1 1 5 .
SANTIAGO, J o ã o el e : e m ba ixaelor portu SOLET M Ã O : s u l tão turco, 72; muçulm,l
guês ao s u l tã o elo Guzerate, 5 5 . n o , proprietári o ele terra, 1 24 .
São D o m il1gos: bazar el e , 1 5 , 8 9 ; con S O LEMÃO Btlxt\, ver H A D I M SÜLEYI'vlÂN
v e n to ele, 1 4 , 8 8 . PASHA.
S A RTSA- D ENGUEL: rei el a Etiópi,\ , 1 2 5 . SORGY: sobri n h o ele Vassa n , proprietá-
SAUIA SONY: b a neane, o urives, proprie rio ele ter ra, 1 0 9 .
tário ele terra, 1 0 8 . SOTOi'vI A I O R , Fernão ele Ea nes, 6 2 .
SAVOGY: b a n ea ne, fi l h o ele Arga i , pro SOUSA, Gaspar ele, 70.
prietário ele terra , 1 34 . SOUSA, Nlanllel ele: capitão de D i u , 65-66.
Secretá r i o : ela c h a n ce l a r i a , 5 2 ; el a Ín el i a , SOUSA, NIarti m Afonso d e : governaelor
6 5 , 6 7 , 7 0 -7 1 , 7 7 ; G a s pa r P i r e s , d o Estaelo da Í nel i a , 1 8 .
5 8 , 6 2 ; João ela C o s t a , 6 5 ; Simão SUi'vIUÇA: proprietário ele terr a , 1 1 2.
Ferre i r a , 5 5-5 6 . SURGY: persa, irmão ele S i n g u i g)', pro
S E L I M I , s u l tão turco, 6 7 , 72. prietário ele terra , 1 3 4 .
Sr-IÂI-I HUSAYN, 7 1 .
SHAW, S t a n forel , 72. T
S H AYKH IWAS, e m ba i xaelor elo s u l ta n a el o
elo Guzerate, 5 6-5 8 , 6 0 - 6 2 , 6 4 - 6 5 . Tâ m a ras, 1 5 - 1 6 , 2 0 , 9 0 , 9 5 , 1 05 , 1 2 1 .
SI-lER SI-TÂH SÚR, 6 6 . Tam areiras, 1 5 , 8 0 , 9 1 .
S HIAWÂN K H Â N BI-IATTI, 78 . TA1vl ERLÃO: ver TI.\W R .
S IDE BALLALA : proprietário ele casas fo TANALlBA: m uçu l m a n a , proprietária ele
reiras, 1 2 8 . terra , 1 1 6 .
S I KANDAR, s u l t ã o el o G uzera tc, 71 . TAVA : persa, propri et,íria ele terra, 1 02 .
S I LVA, A fo n s o Fe r r e i r a ela: foreiro elo TAVA : persa, 1 02 .
p a sso el e B unchervará, 1 07 . TAVAR GOPAL: ela casta el o s i n de, ouri
S I LVA, Henr i q ue el a : v e el o r el a fazenel a , v e s , propriet,í r i o ele terra , 1 2 8 .
1 36. TAVARES, Aires: propr ietário ele boticas,
S I LVA , S i m ã o el a : propriet,í r i o el e boti 1 20 .
cas, 1 1 1 . TAVARES, António: esc r i vã o el a a l fânde
S I LVEIRA, A ntónio ela : c a p i tã o ele D i u , g a el e O r m uz, pro p r i e t á ri o ele terra
70, 72. em Diu, 1 29 .
S ILVEIRA, F e rn ã o ela : m a r i el o ele Pa u l a ela TAVA R E S , D o m i n go s , 9 7 ; e n t e a d o el e
S i l ve i r a , propriet á r i o d e terra , 1 09 , Jorge Ca l a el o , foreiro do passo ele
1 19. Tet)', 1 3 8 .
155
x
YULE, H e nry, 6 1 , 8 0 - 8 1 , 8 8 - 8 9 , 9 2 - 9 3 ,
1 13.
Zavarga n d i , 1 34 .
1 56 TO.�\IICl DE D I U - 1 5Yl
ÍNDICE
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Q u a dros e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tom b o de D i u . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Tabuada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Tom bo da fortaleza d e D i u . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Treslado d a provisão d e S u a Majestade . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Tom b o d a fortaleza d e D i u , feito por Fra ncisco Pais, prove-
d or-mar dos Contos, com o Contador Diogo Vieira, por bem
de uma provisão de Sua Maj estade atrás escrita . . . . . . . . . 53
Treslado d o s contratos, e razões deles fei tos com o s r e i s de
Cam baia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Títu l o da a l fândega desta fortal eza d e D i u . . . . . . . . . . . . . . . 79
D ec l a ração sobre a a l fâ ndega e pretensões dela . . . . . . . . . . . 82
A r e n d a da a l fâ ndega de Gogol á . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
A renda d o mandovim dos m a n timentos . . . . . . . . . . . . . . . . 87
A renda das m anteiga s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
A renda d o a n fi ão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
A renda das urracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
A renda d a tinta d o a n i l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda d o pescado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda de palerim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A renda d o serrar marfim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
1 57
A renda das boticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
A ren d a d a ilha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
A renda do drnpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
A passagem de Gogo l á . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Aforamento d e dois estre i tos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Propriedades foreiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
O p a sso d e Paleri m d e q ue é foreilO B a l tasar Fern a ndes . . . . 101
O passo de Brancavará de João Fer n a n des . . . . . . . . . . . . . . . 1 02
Treslado da portaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 03
Tresl a d o da p a te n te . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 03
Declaração sobre as v igas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 05
O pa sso de B u nchervará que possui Bartolomeu Moreira . , . 107
O passo d e Teti que possui Jorge Calado . . . . . . . . . . . . . . . . 111
O ca rgo de piloto-mo r e mocadão das ta mpa n a s . . . . . . . . . . 111
Aforamento do sabão que poss u i B a l tasar Rodrigues . . . . . . 112
Aldeia MalaIa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
L u ís de Mendonça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 24
A l d e i a Fodão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
B u nchervará . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 29
Aldeia de Jasoatraque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
D ra n gavari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
A renda d a bosta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
A ldeia Jasoatraque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137