Aula 1 - Avaliação Neuropsicológica de Adultos

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AVALIAÇÃO

NEUROPSICOLÓGICA

Prof. Dr. Eduardo J. Legal


Curso de Psicologia - UNIVALI
PRESSUPOSTOS

 ...o exame neuropsicológico parte necessariamente de um


pressuposto monista materialista segundo o qual todo
comportamento, processo cognitivo ou reação emocional tem
como base a atividade de sistemas neurais específicos (Malloy-
Diniz et al., 2014)

 Lambert (2005) indica que o principal objetivo de um


neuropsicólgo clínico é sempre o mesmo: compreender como
determinada condição patológica afeta o comportamento
observável do paciente (entendido aqui como cognição,
comportamento propriamente dito e emoção).
OS 4 PILARES DA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA
 Testes neuropsicológicos e psicológicos

 Entrevista

 Observação comportamental

 Escalas de avaliação de sintomas


DEFINIÇÃO

 Avaliação neuropsicológica é o processo de planejamento,


organização e aplicação de testes e outros instrumentos com
vistas a detectar o status de funcionamento do sistema nervoso
(Taub, 2007)

 Consiste na detecção, quantificação, e na interpretação de


disfunção cognitiva, comportamental e, em menor grau,
emocional causada por lesão ou disfunção cerebrais ou de
habilidades cognitivas mais fortes ou mais fracas na ausência de
diagnóstico (Fonseca, Zimmermann e Kochhann, 2015; Malloy-
Diniz et al., 201).
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA
 Diagnóstico

 Planejamento do cuidado do paciente

 Avaliação do tratamento e reabilitação

 Pesquisa
OBJETIVOS DA AN

 Diagnóstico

 Discriminar sintomas de transtornos mentais de sinais neurológicos,


identificar problemas neurológicos em pacientes sem transtornos
mentais, diferenciar as condições neurológicas presentes e sua
localização no encéfalo.
OBJETIVOS DA AN

 Planejamento do cuidado ao paciente

 Fornecer informações sobre o estado do paciente em termos


comportamentais e cognitivos com o objetivo de oferecer o melhor
apoio ao paciente e sua família.
OBJETIVOS DA AN

 Avaliação do tratamento e reabilitação

 Compreensão do impacto funcional da lesão na capacidade de


adaptação do paciente e de como o mesmo funciona indicando as
modalidades de tratamento mais indicadas para cada caso.
 Mensurar a efetividade das intervenções, seus reflexos funcionais e
permanência dos ganhos obtidos ao longo do tempo.
COMO SE DÁ?

 Estabelecimento de rapport e informação clara e precisa ao paciente


do objetivo da avaliação, funcionamento e duração, bem como da
facilidade/dificuldade das tarefas a serem executadas.

 Deve-se responder as seguintes questões durante a avaliação:


 Quais as habilidades e déficits cognitivos/comportamentais do paciente?
 O que determina as habilidades e os déficits?
 Quais são as consequências funcionais de suas habilidades ou déficits?
 Que implicações estes resultados trazem para a reabilitação do paciente?
 Qual é o seu prognóstico?
METODOLOGIAS

 Entrevista direta;

 Entrevista com informantes;

 Aplicação de testes padronizados, clínicos ou ecológicos;

 Observação do sujeito no ambiente clínico e do seu dia-a-dia.


INÍCIO DO PROCESSO:
ANAMNESE

 Levantamento da queixa atual do paciente, sua evolução e nível


de consciência sobre o problema.

 Identificação de variáveis sociais (nível de instrução, sócio-


econômico) e de saúde que podem impactar sobre a condição
do paciente.
O PROCESSO DE ANAMNESE
DEVE RESPONDER:

 Por que o paciente foi encaminhado/qual o objetivo do exame?


 Qual a caracterização sociodemográfica do paciente?
(Desempenho em testes variam de acordo com a cultura, a
escolaridade e o gênero.)
 Como os sintomas surgiram e evoluíram até o momento do
exame?
 Como era o funcionamento do paciente antes do surgimento
dos sintomas?
ANAMNESE

 Como o paciente desenvolveu a cognição e o comportamento


ao longo da vida? Como foi o desenvolvimento do paciente no
contexto acadêmico/profissional?
 Quais foram os principais cargos ou posições ocupados? O
paciente foi estável nos empregos que teve? Quais os motivos
pelos quais mudou de emprego?
 Há algum diagnóstico neurológico/psiquiátrico prévio?
 Atualmente, como é a saúde geral do paciente? Quais as
doenças que tem ou já teve?
ANAMNESE

 - O paciente apresenta alguma limitação sensorial ou motora?


 - O paciente usa drogas lícitas ou ilícitas? Quais as medicações
usadas durante o exame?
 - Quem observa os prejuízos do paciente e em quais contextos?
 - Quais são as principais consequências dos sintomas para o
paciente nas diferentes áreas de sua vida?
 - Há ganhos secundários relacionados ao quadro atual? Quais?
ANAMNESE

 Quem são os demais profissionais que atendem o paciente?


 Quais são as hipóteses diagnósticas de outros profissionais que
atendem o caso e quais são seus alvos terapêuticos?
 Que exames já foram realizados e quais são seus resultados?
 Há história de doenças psiquiátricas ou neurológicas (e outras)
na família?
 Atualmente, qual é a rotina do paciente? No que ela mudou em
relação à rotina anterior ao adoecimento?
 Qual a motivação do paciente para a realização do exame?
OBSERVAÇÃO

 A observação deve começar na sala de espera


(preferencialmente);
 Usar dados advindos de outros que convivem com o sujeito;
 Diferenciar simuladores de casos clínicos;
 Outros settings de funcionamento do sujeito
 Deve-se atentar para: o nível de alerta, aparência, habilidades
verbais, funcionamento sensorial e motor, habilidades sociais,
nível de ansiedade, padrão da fala, expressão emocional,
conteúdo do pensamento e memória (Malloy-Diniz et al., 2014,
p. 27).
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS/COMPORTAMENTAIS
 Seleção de instrumentos

 Deve considerar a queixa que gerou o encaminhamento e que será a


base para a formulação de hipóteses e possíveis déficits;
 Adequação do teste para o sujeito, sua idade, escolaridade, nível
cognitivo global e de leitura (deve se evitar efeitos de teto ou chão);
 Dados normativos dos instrumentos utilizados;
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS/COMPORTAMENTAIS

 Seleção de instrumentos

 Pode-se utilizar baterias fixas ou flexíveis, de acordo com os objetivos da


avaliação;
 Na reavaliação podem ser utilizados instrumentos que meçam
especificamente as funções sob análise;
 Também deve incluir a avaliação do humor, personalidade e
funcionalidade.
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS/COMPORTAMENTAIS
1. Atenção e processamento de informações: vigília, atenção
sustentada, atenção dividida e seletiva, velocidade de
processamento de informações.
2. Habilidades motoras: coordenação e planejamento motor
3. Habilidades visuoperceptivas: atenção visuoespacial,
discriminação de estímulos visuais e síntese visual
4. Habilidades visuoespaciais: percepção espacial,
visuoconstrução, esquema corporal, discriminação direita –
esquerda
5. Linguagem: compreensão, leitura, escrita, semântica,
sintaxe, pragmática
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS/COMPORTAMENTAIS
6. Aprendizagem e memória
7. Funções executivas: planejamento e monitoramento de
comportamentos dirigidos a metas, abstração/raciocínio,
auto-monitoramento, flexibilidade mental, controle da
impulsividade, regulação do afeto/iniciativa e julgamento de
ações
8. Habilidades de cálculo
9. Comportamento, emoção, personalidade
ENTREVISTA DEVOLUTIVA

 Explicar detalhadamente as funções/habilidades do paciente


que estão intactas, bem como as que foram afetadas e como
isto pode interferir no dia-a-dia do mesmo.

 É a oportunidade de transformar o conhecimento obtido do


paciente acerca do seu funcionamento
cognitivo/comportamental em ações efetivas para o seu
cuidado.
REFERÊNCIAS
 ALCHIERI, J.C. Avaliação neuropsicológica. In: SANTOS; F.H.; ANDRADE, V.M.;
BUENO, O.F.A. (Orgs.). Neuropsicologia hoje. 1ª. Ed.; Porto Alegre: Artmed,
2004.

 HASSE, V.G. et al. Correlações estrutura-função no diagnóstico


neuropsicológico. In: ORTIZ, K.Z. et al. Avaliação neuropsicológica: panorama
interdisciplinar dos estudos na normatização e validação de instrumentos no
Brasil. São Paulo: Vetor Editora, 2008, p. 23-37.

 FONSECA, R.P.; ZIMMERMANN, N.; KOCHHANN, R. Avaliação


neuropsicológica: bases para a interpretação quantitativa e qualitativa de
desempenho. In: SANTOS; F.H.; ANDRADE, V.M.; BUENO, O.F.A. (Orgs.).
Neuropsicologia hoje. 2ª. Ed.; Porto Alegre: Artmed, 2015.

 TAUB, A. Princípios da avaliação neuropsicológica. In: LANDEIRA-


FERNANDEZ, J.; SILVA, M.T.A. (Orgs.). Intersecções entre psicologia e
neurociências. Rio de Janeiro: Medbook, 2007, p. 277-281.

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