TCC - Cervejas de Guarda Final
TCC - Cervejas de Guarda Final
TCC - Cervejas de Guarda Final
MESTRE EM ESTILOS
Alexandre Madeira
Carolina Barioni
Everton Moraes
Michelle Rosas
Eliane Adesse
Emmanuel Boldrin
Gleison Palma
Gustavo Abreu
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ÍNDICE
1. Introdução …................................................................................................03
1.1. O que é uma cerveja de guarda ….......................................................................................04
6. Dica do Profissional.................................................…......................................... 33
7. Bibliografia............…................................................................................................. 35
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1. Introdução
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1.1. O que é uma cerveja de guarda
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d) Cervejas âmbar desenvolvem dulçor, notas de xerez, enquanto cervejas
com alto percentual de maltes torrados, por exemplo stouts, apresentam
chocolate e vinho do porto.
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i) Fenóis de especiarias - pimentas, cravo e fumaça - subprodutos da
fermentação, evoluem para baunilha, couro e tabaco. Aromas terrosos
associados a levedura em muitas cervejas belgas e algumas cervejas de
trigo alemãs, evoluem como únicas, tornando-se mais complexas com o
envelhecimento. A fumaça das Rauchbiers, evolui similarmente.
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m) As Cervejas não pasteurizadas são bons exemplos para cervejas de
guarda, pois as leveduras ajudam no envelhecimento.
Sem pasteurização as chances de oxidação das cervejas diminuem
consideravelmente. Quando pasteurizadas, tendem a um potencial de
guarda mais limitado. Muito dos sabores desenvolvidos aqui, dependem
de vários fatores, mas cervejas ácidas (via maltes torrados), alcoólicas,
temperatura de adega ou pressão, influenciam na autólise da levedura.
2. A química do envelhecimento
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com o tempo.
2.1. Malte
Neste ponto, devemos analisar rótulo a rótulo e uma coisa interessante a fazer é
provar e/ou perguntar aos cervejeiros e cervejarias os tipo de malte utilizado e o
tipo de fervura empregada, lembrando que fervuras longas favorecem a
formação das tais melanoidinas.
Assim, estilos com alto dulçor residual, tosta e caramelização começam com um
ponto a favor nas cervejas de guarda. Ao longo do tempo estas substâncias
evoluem em outras, como vinho do Porto, Xerez, amêndoas e chocolate.
Interessante perceber que notas delicadas como uma leve tosta e café tendem a
se desaparecer com o tempo, transformando-se em chocolate amargo. O tempo
médio dessa reação é em torno de 3 a 4 anos.
Outro fator importante é a quantidade de açúcar residual. Além de agir como
antioxidante natural, a alta quantidade de açúcar residual ajuda a compensar a
perda natural de corpo da cerveja, contribuindo para um bom equilíbrio por mais
tempo.
Isso ocorre devido à oxidação destes açúcares, formando subprodutos, que se
unem as proteínas, que se precipitam, causando uma diminuição no corpo da
cerveja. Assim, a maior quantidade de açúcar pode ajudar a retardar esse
processo de perda de corpo.
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Claro que há exceções como no caso das belgas escuras e secas, apesar de
terem pouco açúcar residual, compensam por terem muito fenólico e
melanoidinas. Outra exceção são as cervejas Lambic e suas variantes, que
possuem leveduras selvagens que consumem o oxigênio, que não prejudicará o
seu perfil de malte ou corpo.
É importante lembrar que a qualidade do insumo utilizado na produção da
cerveja - o grão, o malte, a malteação.- talvez não sejam tão evidentes numa
cerveja fresca, mas se tornam mais evidentes com o passar dos anos. Um bom
malte, pode até custar mais caro, porém, em cervejas de guarda, isso se torna
um ponto de atenção bem forte.
2.2. Lúpulos
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preferência a um ratio mais alto de beta que alfa ácidos, ajudará a controlar
principalmente o tal “papelão”
O “amadurecimento dos fenóis por outro lado, trás algo não tão lógico como dos
ésteres. Por exemplo, fenóis de cravo e apimentado tendem a evoluir para um
adocicado de baunilha, enquanto que fenóis “defumados” (vindo de maltes
defumados) tendem a tabaco e couro.
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2.4. Álcool
Álcool etílico produzido pelas leveduras, tende a ser mais aceito em cervejas
mais fortes, responsáveis por trazer sensação de picância, aquecimento e algo
desagradável quando muito fresco ou em excesso, lembrando solventes.
Cervejas que tem um aroma fortemente alcoólico e maltes torrados, tem grande
potencial para envelhecimento. Muito semelhante a guarda de vinhos Borgonha,
que novos ainda estão verdes para consumo e com envelhecimentos viram
nobres jóias.
É comum vermos várias bebidas que são guardadas propositalmente para que
sejam degustadas após um certo período de tempo, vinhos, whiskies são bons
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exemplos. Em relação ao whisky a guarda feita antes mesmo do envase é bem
comum, trazendo para a bebida um caráter mais complexo do que já se tem
normalmente. Já os vinhos costumam serem guardados engarrafados e
consumidos após um período pré determinado. A guarda de uma bebida, se feita
da forma correta, pode trazer novas notas e mudar muito positivamente o caráter
sensorial da bebida, trazendo uma complexidade enorme assim como uma
evolução e um balanceamento maior entre as notas já encontradas e esperadas,
e com cervejas não é diferente, desde que a cerveja seja escolhida de forma
correta bem como o seu armazenamento durante o período de guarda.
Para quem deseja criar uma adega especial apenas com cervejas de guarda,
deve-se levar em consideração alguns aspectos, como por exemplo, cervejas
mais lúpuladas como a IPA ou APA, não são recomendadas para a guarda, pois
cervejas com altas concentrações de lúpulo são feitas para serem consumidas o
mais fresca possível, para que assim o consumidor tenha uma maior percepção
dos aromas e sabores que o lúpulo proporciona, e também pelo fato de que o
lúpulo por ser muito sensível contribui com o que o processo de oxidação da
cerveja ocorra mais rapidamente e também podendo dar aspectos sensoriais
não desejáveis.
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Com o envelhecimento na maioria dos casos, as notas sensoriais de cada estilo
tendem a ficarem mais suaves e mais equilibradas entre sí, a percepção do
álcool também pode suavizar, além é claro da possibilidade de novas nuances
aparecerem, oferecendo mais complexidade e personalidade a cerveja. Logo
abaixo listaremos alguns dos estilos que são recomendados no que se refere a
guarda de cervejas.
Dentro da escola belga podemos dar como exemplos de cervejas para guarda
as Flanders Red Ale/Brown Ale (Oud Bruin), Belgian Dark Strong
Ale/Quadruppel. Falando das Flanders a diferença entre a Red Ale e a Brown
Ale, é que a acidez e o frutado da Red são mais evidentes do que na Brown Ale,
sendo que na segunda é possível ser percebido notas suaves de chocolate ao
leite, o que não é aceitável na versão Red. Nas Flanders as notas acidas e
frutadas tendem a ficarem mais suaves e equilibradas conforme o
envelhecimento, tornando a cerveja mais suave em um contexto geral.
Descritivo de Estilos
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malte que muitas vezes dá uma impressão parecida ao vinho. O frutado
nos lembra a frutas vermelhas e roxas. Fenóis podem estar presentes em
quantidades baixas para dar complexidade. Um caráter acético
proeminente é inadequado. Sem aroma de lúpulo. Uma Ale frutada, como
vinho tinto, em equilíbrio com os sabores de malte. O final seco somado
as demais características anteriores nos fazem lembrar de um bom vinho.
Na escola alemã dominada em sua maioria por cervejas Lagers, podemos citar
dois estilos que podem ter bons resultados em um período de guarda. As
Doppelbocks e as Weizenbocks. No caso das Doppelbocks, o seu já
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considerado alto teor alcoólico e sua base totalmente maltada combinam
perfeitamente para um envelhecimento positivo. As Weizenbocks também de
caráter maltado e alto teor alcoólico também são boas pedidas para um
envelhecimento, no caso da segunda, a complexidade de aromas e sabores são
maiores por serem cervejas com notas fenólicas e frutadas.
Descritivo de Estilos
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3.3 - Escola Inglesa
Descritivo de Estilos
A literatura científica nos apresenta trabalhos com objetivos variados, que nos
ajudam a entender o que acontece química e biologicamente nos processos de
envelhecimento de cervejas, tanto em cervejas de guarda quanto em cervejas
convencionais.
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fermentação ocorre degradação e absorção por meio de reações enzimáticas na
rota metabólica da levedura.
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equipamentos e metodologias pré-determinados, e qualitativos, por meio de um
painel de colaboradores treinados para analisar sensorialmente as amostras.
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Figura 2. Comparação das condições de envelhecimento.
Ésteres de acetato:
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Figura 3: Evolução da concentração de ésteres de acetato durante o envelhecimento.
Ésteres etílicos:
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Figura 4. Evolução da concentração de ésteres etílicos durante o envelhecimento.
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Figura 5. Evolução da concentração de Acetaldeído e Diacetil durante o envelhecimento.
Compostos de Maillard:
Dioxano:
Éteres furanicos:
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4.3 Influência do processo de produção na formação de Furfuril-Etil-Eter durante
o envelhecimento da Cerveja
Esse estudo combinado com o estudo prévio apresentado no tópico 1.2, indicam
que o FEE e possivelmente outros compostos furanicos são tipicamente
componentes de cervejas especiais. Os parâmetros que estimulam a síntese de
FEE são, alto teor de etanol, cor escura, a baixo pH. A maioria das cervejas
consideradas “Specialty Beers” diferem de cervejas consideradas Pilsen por pelo
menos um desses parâmetros. No entanto a formação de FEE pode induzir a
mudança no sabor durante a armazenagem, a velocidade de deterioração dos
sabores durante o envelhecimento também depende de outras características do
perfil de sabor da cerveja fresca. Além disso, o desenvolvimento de FEE se
incrementou com a carga térmica total do mosto durante os estágios de
produção. Novas tecnologias e condições de processo que reduzem esses
parâmetros, vao produzir cervejas que são menos sucetíveis a produção de
furfuryl-etil-eter durante o envelhecimento.
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4.4 Decréscimo de 4-Vynilguaiacol durante o envelhecimento e formação de
Apocynol e Vanilin na cerveja
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que seja um possível produto da oxidação do 4VG, porque foi encontrado mais
baunilha na amostra contendo oxigênio.
A Schneider Weisse Aventinus 2017 mostrou-se uma cerveja de coloração ambar escuro,
com boa formação e persistência de espuma. Apresentou aromas frutado remetendo a
frutas passas, leve fenólico, caramelo e notas vínicas evidentes. Na boca, o que se sente
nos aromas se repete acompanhado de uma sensação de secura e aquecimento alcoólico.
Corpo alto e baixo amargor. No aftertaste, fica a sensação alcoólica acompanhada da
secura. No geral, uma ótima cerveja, equilibrada entre suas notas adocicadas, frutadas e
vínicas. Destaque também para o álcool que ficou bem inserido
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(ii) Aventinus 2013
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5.2. Coopers Vintage Extra Strong Ale
A Coopers Vintage Ale é produzida com malte especial e passa por um longo
tempo de fermentação. Armazenada em barris de carvalho por bastante tempo,
elas também passam por uma segunda fermentação na garrafa, o que lhes
confere validade mais longa. Nessa degustação, foram analisadas duas
amostras dessa cerveja: do ano de 2012 e outra de 216
Tem coloração marrom claro / âmbar, turva, com rica espuma bege e de boa persistência,
sendo bem carbonatada. Em aroma, notas de castanhas, nozes com casca, amêndoas,
presença de álcool superior evidente, aroma de malte caramelizado em segundo plano. Os
sabores de nozes e castanhas abrem sendo tomados pelo álcool, que abre e então dá lugar
à uma finalização seca e trufada. Uma cerveja muito bem equilibrada, textura licorosa e
viva, baixo amargor, aquecimento alcoólico alto e de excelente carbonatação. Nota-se já
em aroma o potencial de guarda, que a esterificação irá se direcionar para frutas secas em
compotas. O álcool, ainda muito evidenciado, entrega que ainda está amadurecendo. A
cerveja jovem tem uma acidez em construção, ainda evidente a deixando adstringente,
mas que de forma nenhuma desequilibra ou diminui a complexidade da cerveja.
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(ii) Coopers Vintage Extra Strong Ale 2012
Como já esperado, a Coopers Vintage Extra Strong Ale 2012, que tem na sua coloração
um tom mais escuro, quase marrom, turva e pouca espuma, mostra sinais claros do
amadurecimento nos ésteres. Em aroma, desaparecem as notas de castanhas, que dão
lugar às frutas secas como tâmaras, damasco, uvas e ameixas, compotas de laranja. Não
há sinais de oxidação, a evolução da cerveja deixou o álcool mais equilibrado, que já não
é percebido em primeiro plano no aroma, com caráter de malte caramelizado mais
presente do que a amostra jovem. O terroso e trufado também não aparecem mais, dando
espaço às laranjas em calda e finalização com notas de mel e própolis. Nesta amostra não
são mais notados características de amargor do lúpulo, ainda presentes na amostra mais
jovem. Ainda, existe um equilíbrio perfeito no aquecimento alcoólico ainda mais notado,
mais maduro e menos pungente.
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(iii) Comparativo Coopers Vintage Extra Strong Ale 2016 x 2012
6. Dica do profissional
1) Printemps - Saison
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3) Dádiva Status Quo
4) Dádiva TripelBock 28
5) Dádiva Odonata
Já as 3 últimas são escuras e com potencia alcóolica. Por isso podemos esperar
notas de oxidação de envelhecimento, como jerez/vinho do porto, assim como
aumento da sensação de corpo ( adocicado ) e redução de amargor.
Diria que para todas o ápice pode se dar entre 6 a 18 meses, porém tudo
depende da qualidade do envelhecimento. Armazenagem em temperatura
controlada é fundamental. Se mantiver em torno de 13ºC a 15ºC, esse tempo
pode estender.
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Bibliografia
Livros:
DAWSON, Patrick. Vintage Beer: A Taster's Guide to Brews That Improve Over
Time . March 10, 2014
Artigos:
G1 - 30/03/2016 09h00 - Atualizado em 16/09/2016 12h43 Como são as cervejas
envelhecidas com madeira. Especial Publicitário – Somos todos Cervejeiros
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Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2008. Decrease of 4-Vinylguaiacol
during Beer Aging and Formation of Apocynol and Vanillin in Beer NELE
VANBENEDEN,* DAAN SAISON, FILIP DELVAUX, AND FREDDY R. DELVAUX
Centre for Malting and Brewing Science, Department of Microbial and Molecular
SystemssFood and Microbial Technology, K.U. Leuven, Kasteelpark Arenberg 22,
B-3001 Leuven, Belgium
Journal of Agricultural and Food Chemistry. 2004, Influence of the Brewing
Process on Furfuryl Ethyl Ether Formation during Beer Aging. BART
VANDERHAEGEN,* HEDWIG NEVEN, KEVIN J. VERSTREPEN, FREDDY R.
DELVAUX, HUBERT VERACHTERT, AND GUY DERDELINCKX Centre for
Malting and Brewing Science, Katholieke Universiteit Leuven, Kasteelpark
Arenberg 22, B-3001 Heverlee, Belgium
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