Aluno - Reflexoes Biblicas Volume V

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EXPEDIENTE

“Reflexões Bíblicas V” | 2019


Publicação da Convenção Batista Mineira

Diretor executivo da Autores:


Convenção Batista Mineira Educadora Isabel da Cunha Franco
Pr. Marcio Alexandre de Moraes Santos Pr. Jackson Martins de Andrade
Gerente do Crescimento Cristão Revisão Teológica:
Tania Oliveira de Araujo Pr. Francisco Mancebo Reis
Diretoria da Convenção Batista Mineira Pr. Sandro Ferreira
Pr. Ozirmar Machado Leite
Diretor executivo:
Pr. Wagno Alves Bragança
Pr. Marcio Alexandre de Moraes Santos
Presidente: Pr. Samuel Amaro Revisão ortográfica:
1º vice-presidente: Luciene Alexandre de Melo Nunes
Pr. Gessé de Souza Pr. Francisco Mancebo Reis
2º vice-presidente:
Pr. Fábio Luiz de Araújo Cruz
Educadores responsáveis pelo
3º vice-presidente:
Andragógico:
Pr. Joseister Costa de Castro
Celma Oliveira Araujo Ferreira Silva
1ª secretária:
Rosilene Deltiza Turci Oliveira
Irmã Elizabete Guimarães Macharet
Euzany Assis Mendes
2º secretário:
Pr. Douglas Alves de Oliveira
3º secretário: Responsáveis pelo Suporte para
Pr. Geraldo Oliveira da Silva Pequenos Grupos:
Doricéia Alves Pedroso Souza
Presidente de Honra:
Maria das Dores Silva
Pr. Jonair Monteiro da Silva
Presidente Emérito:
Editoração:
Pr. Muryllo Casséte (in memorian)
Tania Oliveira de Araujo
Senhorinha Gervásio Lourenço Bragança
Equipe de Planejamento:
Ana Lúcia dos Santos Ribeiro Coordenação de Comunicação:
Pr. André Luiz Ferreira Silva Ilimani Rodrigues
Elvira M. Gonçalves Rangel
Diagramação:
Pr. Francisco Mancebo Reis
Adriana Angélica Costa Carvalho
Isabel da Cunha Franco
Pr. Joselito Ferreira de Sena Tiragem: 40.000 exemplares
Miriam de Oliveira Lemos Santos Mendonça Impressão: EGL Editores Gráficos
Pr. Reinaldo Arruda Pereira
Senhorinha Gervásio Lourenço Bragança
Pr. Tarcísio Caixeta de Araújo
Pr. Wagno Alves Bragança

Convenção Batista Mineira:


Rua Plombagina, 250 - Floresta - 31110-090 - Belo Horizonte/MG 
Fone: (31) 3429-2000
E-mail: secretaria@batistasmineiros.org.br | Site: batistasmineiros.org.br
PaLaVra Do PrEsIDENTE Da cBM
Pérolas Bíblicas

o
que nos faz um povo diferente não são megas
catedrais e nem horários nobres nas redes de
televisão, e sim a dedicação pela busca do co-
nhecimento bíblico.
Desde sempre, fomos conhecidos como “os bíblias”.
Título que nos enobrece. Em nossa Declaração de Fé,
documento que norteia nossas condutas doutrinárias,
concordamos que temos a Bíblia como nossa única regra
de fé e prática. Dentro desta premissa, todo o esforço
necessário deve ser empreendido para que nosso povo
tenha amplo acesso ao conhecimento bíblico. A Conven-
ção Batista Mineira vem, nos últimos anos, tratando este
assunto com o máximo de comprometimento possível.
Sabemos que durante muito tempo, com a extinção da antiga JUERP, ficamos reféns
de outras editoras, muitas vezes consumindo materiais que traziam em seu glossário
convicções divergentes daquilo que cremos e, se pontuarmos com precisão, certa-
mente constataremos alguns prejuízos. Me vem à memória uma expressão que nosso
Diretor Executivo usou em um de seus editoriais onde disse o seguinte: “...os batis-
tas tinham um kit para ir à igreja” e, continua: “uma bíblia, um cantor cristão e o
ponto saliente”. Saudades desse tempo! A bíblia continua, o cantor cristão nem tanto
e, graças a Deus o ponto saliente voltou. E voltou com cara nova e com conteúdo
novo e rico. Quero salientar aqui o trabalho feito por nossas equipes de planejamento
desde a primeira edição. Vejo muita dedicação e desprendimento em prol da causa
do evangelho. Nossos escritores desta edição, por exemplo, trabalharam durante este
ano de forma incansável, abrindo mão muitas vezes de seu descanso para dedicarem
horas a fio na concepção das lições.
Deus tem sido tremendo conosco, pois nosso material já saiu das Minas Gerais e
está abençoando outros batistas pelo Brasil a fora, além de já estar sendo sondado
por outras denominações aqui na capital mineira. Estou convicto de que estamos
na direção certa. Claro que ainda não temos unanimidade em utilização de nossa
revista pelas nossas igrejas, mas acredito que atingiremos este alvo para a glória de
Deus. Assim estaremos fortalecendo nossa identidade denominacional com o padrão
batista no estudo da Palavra de Deus através da Escola Bíblica Dominical.
Enfim, chegou às nossas mãos mais este exemplar de nossa revista. Desejo que seja
de grande utilidade na promoção do crescimento espiritual de nosso povo. Aos pais
e orientadores ficam mais atuais do que nunca as recomendações do próprio Deus
sobre suas leis: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as
ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho,
ao deitar-te e ao levantar-te”. Deuteronômio 6,7.
Samuel Amaro, Pastor
Presidente da CBM
PaLaVra Do DIrETor EXEcuTIVo Da cBM
Uma arma para mudar o mundo

“S
e vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sereis meus discípu-
los”. Disse Jesus! Esse é o grande de-
safio dos discípulos de Jesus, conhecer (João 8.32)
a verdade e permanecer (João 8.31) na verdade.
O próprio Jesus afirmou em João 17.17 que a palavra
de Deus é a verdade. À luz desses textos, fica muito
clara a necessidade de fazermos discípulos conforme
nos orienta Mateus 28.19, e isso vai além de pregar
o evangelho, pois devemos ensinar as pessoas a vive-
rem o evangelho. Chegamos a 101 anos firmes, coesos e com bases sólidas,
porque sempre reconhecemos a importância do ensino e aprendizado da
palavra de Deus. A escola bíblica dominical tem lugar de destaque em nos-
sas construções, nossa agenda e em nossas práticas.
O advogado e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, Nelson Mandela,
acreditava que: “A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”.
Ao completar o primeiro quinquênio da série Reflexões Bíblicas, podemos
parafrasear Nelson Mandela, dizendo que as revistas Reflexões Bíblicas têm
contribuído para que os Batistas Mineiros transformem o mundo através
do ensino da palavra de Deus. Hoje, mais de 90% das igrejas batistas do
nosso estado fazem uso das nossas revistas. A qualidade e profundidade do
material tem despertado até mesmo o interesse de muitas igrejas em outros
estados e países, o que nos levou a distribuir mais de 200 mil exemplares
gratuitamente nesse quinquênio.
Estamos certos que a proposta de escola bíblica dominical da Convenção
Batista Mineira tem transformado a realidade espiritual do nosso estado, e
ano após ano temos colaborado para o fortalecimento espiritual dos crentes
de tal forma que estamos resgatando a maturidade, profundidade e unida-
de bíblica e denominacional em nossa grande Minas Gerais. Essa unidade
contribui para termos igrejas mais fortes e comprometidas com os valores
do Reino de Deus.
Quero agradecer o comprometimento de todos os funcionários da CBM,
dos autores, revisores, coordenadores, editores, equipe técnica, doadores,
e todas as igrejas fiéis ao Plano Cooperativo que viabilizam esse grandioso
projeto. Podemos dizer com alegria que até aqui nos ajudou o Senhor nosso
Deus!
Com muita alegria, apresento a última revista da série Reflexões Bíblicas
no desejo de que esse material contribua para seu crescimento espiritual e
boa prática cristã.
Em Cristo Jesus,
Pr. Marcio Alexandre de Moraes Santos
Diretor Executivo da Convenção Batista Mineira.
PaLaVra Da gErENTE Do
crEscIMENTo crIsTÃo
O cristão entre as culturas

R
eflexões Bíblicas. Trata-se de uma revista para
estudos bíblicos que busca estabelecer unidade
de ensino entre o povo batista. Sua quinta edi-
ção tem em seus primeiros 26 estudos reflexões sobre
os três estágios da salvação: justificação, santificação
e glorificação. É necessário que o ser humano busque
a cada dia essa santificação para alcançar uma vida
transformada e transformadora através do relaciona-
mento genuíno com Deus, pois sendo criado de forma
especial escolheu distanciar-se Dele.
A proposta é que possamos refletir no valor do autoconhecimento através
do relacionamento com Deus e assim nos distanciar dos valores deste mun-
do, buscando um conhecimento pleno de quem somos e qual o propósito
de estarmos neste mundo. Este conhecimento deverá nos conduzir a uma
harmonia com Deus, com o próximo e com toda a criação.
Como pessoas salvas e santificadas, devemos buscar caminhos que nos
levem a assumir com maestria a administração da criação sob o senhorio
de Deus.
Os vinte e seis estudos seguintes nos trazem uma analogia entre a cultura
hebraica, a história de Minas, do Brasil e a modernidade. Estes estudos
procuram situar o cristão na sociedade em que está inserido, de forma a
intervir e promover transformação.
Na chamada pós-modernidade o processo de transitar no mundo sem fazer
parte dele torna-se um desafio constante. Em um mundo de constantes
mudanças e transformações tecnológicas e ideológicas, o cristão é subme-
tido a todo momento a avaliar seu comportamento, seu modo de pensar,
seus princípios e valores, a fim de promover mudanças.
É de suma importância que o cristão conheça seu contexto, conheça o con-
texto bíblico, faça um paralelo e, assim, tendo o povo hebreu como exemplo,
se infiltre na sociedade para transformar o mundo sob o senhorio de Cristo.
Aceitaremos o desafio, enfrentaremos os opositores, e venceremos os gigan-
tes que se levantarem para destruir os valores eternos!
Sabemos que o transitar no mundo está cada dia mais desafiador, porém o
salvo em Jesus Cristo, santificado e justificado, capaz de se autoconhecer e
conhecer o meio em que está inserido, é capaz de participar de uma geração
que faz o que é bom aos olhos do Senhor.
Que a santificação produza em nós a segurança necessária para ver ao lon-
ge, infiltrar na sociedade com valores sólidos, e promover em nossa geração
o legado de cristãos diferenciados.
Tania Oliveira de Araujo
auTorEs
Educadora Isabel da Cunha Franco
é casada com Pr. Jonair Monteiro
da Silva, membro na Igreja Batista
do Barro Preto. Graduada em Geo-
grafia e Psicologia pela UFMG; pós-
graduada em Educação Religiosa no
IBER-RJ; pós-graduada em Teologia
Sistemática na FBMG. Foi professora
no Sistema Público Municipal e Es-
tadual, no seminário Teológico Ba-
tista Mineiro; diretora do Instituto de
Liderança da Igreja Batista do Barro
Preto. Escritora dos livros: “O poder
do Abraço” “Panorama do Antigo Tes-
tamento” “Livros Poéticos e Proféticos” Vários artigos publicados na
revista “Mulher Cristã Hoje”, jornal “Transformação” da visão mun-
dial e o Batista Mineiro.

Pastor jackson Martins de Andrade


é casado com Eni Maria Pires Andra-
de e pai de Dâmarys, Stevan Jackson e
João Victor. Membro da Primeira Igreja
Batista de Nova Serrana, liderada pelo
Pr. Alberto Wagner. Mestre em Ci-
ências da Religião pela PUC Minas;
Pós-graduado em: Especialização em
Gestão do Conhecimento e Neuroedu-
cação, em curso, FBMG; Licenciatu-
ra em Pedagogia, em curso, UNINTER;
Gestão de Pessoas e Competências
pela Faculdade Batista de Minas Ge-
rais; Aconselhamento Bíblico (livre)
pela Faculdade Batista de Minas Ge-
rais; Especialização em Psicanálise pela SPOB - Sociedade Psica-
nalítica Ortodoxa do Brasil; Sexualidade Humana pela FUMEC;
Proveito em Teologia pela Faculdade Batista de Minas Gerais;
Graduado em Filosofia pela PUC Minas; Graduado em Teologia pelo
Seminário Teológico Batista de Minas Gerais, (Curso livre); Psica-
nalista e Psicopedagogo. Professor do SEBOM - Seminário Batista
do Oeste de Minas; Autor das lições de Homilética para o curso de
Teologia em EAD da Faculdade Batista de Minas Gerais.
educadores e pedagogos
Celma Oliveira de Araujo Ferreira Silva
Bacharel em Educação Cristã.
Bacharel em Pedagogia pela Universidade Norte do Pará.
Pós-graduanda em Educação Inclusiva.
Membro da Igreja Batista Filadélfia, Coronel Fabriciano.

Doriceia Alves Pedroso


Curso Livre de Educação Religiosa - Seminário Teológico Batista Mineiro.
Educadora Religiosa na Igreja Batista Humaitá – BH.

Euzany Assis Mendes


Bacharel em Pedagogia pela UNIBH
Pós-graduação em Gestão Pedagógica pela Faculdade Batista
Membro da Igreja Batista do Barro Preto

Maria das Dores Silva


Bacharel em Teologia pelo STBM.
Pós em Teologia Sistemática (FAT), Aconselhamento Pastoral (FBMG) e
Metodologia de Ensino Superior (UEMG).
Atualmente líder e supervisora de PG na Igreja Batista Itatiaia.

Rosilene Deltiza Turci Oliveira


Professora pelo Colégio Joaquim Nabuco.
Bacharel em Teologia e Educação Religiosa pela Faculdade Batista de
Minas Gerais.
Membro da Igreja Batista do Barro Preto.

SENHORINHA GERVÁSIO LOURENÇO BRAGANÇA


Graduada em Educação Artística pela Escola Guignard - UEMG.
Curso Livre de Educação Religiosa pelo Seminário Teológico Batista Mineiro.
Cursou na Casa dos Quadrinhos - Técnico em Artes Visuais.
Atualmente é membro da Igreja Batista Vila Marília, BH.

TANIA OLIVEIRA DE ARAÚJO


Bacharel em Pedagogia - Faculdade Newton de Paiva.
Pós-graduação em Psicopedagogia pela UEMG.
Curso Livre de Educação Religiosa pelo Seminário Teológico Batista Mineiro.
Membro da Igreja Batista do Progresso.

AGRADECIMENTO
U m agradecimento especial à Escola Educação Criativa
pelo apoio aos projetos da Convenção Batista Mineira.
sumário

ESTUDO 1 - SERES HUMANOS: QUEM SOMOS E DE ONDE VIEMOS?...............15

ESTUDO 2 - PROPÓSITO DA VIDA DO SER HUMANO.........................................19

ESTUDO 3 - A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO ...................................................23

ESTUDO 4 - O DEUS DA REDENÇÃO .................................................................28

ESTUDO 5 - A HEDIONDEZ DO NOSSO PECADO................................................33

ESTUDO 6 - O PAPEL DA CRUZ DE CRISTO NA NOSSA SALVAÇÃO....................37

ESTUDO 7 - A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A NOSSA SALVAÇÃO...................42

ESTUDO 8 - A ABRANGÊNCIA DA SALVAÇÃO.....................................................47

ESTUDO 9 - JESUS CRISTO: SALVADOR, SENHOR E MESTRE..........................51

ESTUDO 10 - CONDIÇÕES PARA USUFRUIR DA SALVAÇÃO...............................55

ESTUDO 11 - O SALVO E A ORAÇÂO .................................................................59

ESTUDO 12 - AS FORÇAS DE OPOSIÇÃO À SALVAÇÃO .....................................63

ESTUDO 13 - VENCENDO AS FORÇAS DE OPOSIÇÃO À SALVAÇÃO..................67

ESTUDO 14 - MEIOS PARA O RELACIONAMENTO COM DEUS...........................71

ESTUDO 15 - SANTIFICAÇÃO E CONTEMPLAÇÃO ............................................75

ESTUDO 16 - SANTIFICAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO.....................................79

ESTUDO 17 - O RELACIONAMENTO DO SALVO COM O PRÓXIMO.....................83

ESTUDO 18 - A SALVAÇÃO E O RELACIONAMENTO FAMILIAR..........................87

ESTUDO 19 - O SALVO E SEU RELACIONAMENTO COM A NATUREZA..............93

ESTUDO 20 - O SALVO E SEU RELACIONAMENTO COM A IGREJA....................98

ESTUDO 21 - O SALVO E SUA VOCAÇÃO.........................................................103

ESTUDO 22 - O SALVO E SEUS BENS..............................................................109

ESTUDO 23 - O SALVO E O MUNDO.................................................................113

ESTUDO 24 - A BÍBLIA ANUNCIA A SALVAÇÃO (I).............................................118

ESTUDO 25 - A BÍBLIA ANUNCIA A SALVAÇÃO (II)............................................123

ESTUDO 26 - REFLETINDO SOBRE A SALVAÇÃO.............................................128


ESTUDO 27 - QUE MUNDO É ESSE EM QUE VIVEMOS?..................................135

ESTUDO 28 - O DESAFIO DE SER IGREJA NESTE NOVO TEMPO....................142

ESTUDO 29 - O DESAFIO DE SER UMA IGREJA PARA TODOS.........................147

ESTUDO 30 - A IGREJA COMO AGENTE DE ESPERANÇA NO MUNDO.............153

ESTUDO 31 - O DESAFIO DE VIVER SOB O SENHORIO DE CRISTO NUM MUNDO


PLURALISTA......................................................................................................159

ESTUDO 32 - A IGREJA QUE SONHAMOS .......................................................168

ESTUDO 33 - OS GIGANTES DE NOSSO TEMPO...............................................173

ESTUDO 34 - CHAMANDO OUTROS PARA A ESTRADA REAL...........................180

ESTUDO 35 - A IGREJA QUE SONHAMOS UMA ORGANIZAÇÃO APRENDENTE....... 185

ESTUDO 36 - JK - O DESAFIO DE VIVER ACIMA DA MÉDIA - Mateus 25:14-28...... 191

ESTUDO 37 - “LIBERTAS QUAE SERÁ TAMEM” ARRISCANDO O PESCOÇO.....195

ESTUDO 38 - NO CAMINHO DA MISSÃO, ENFRENTAREMOS OPOSIÇÕES.......200

ESTUDO 39 - A POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O DESAFIO DE QUEBRAR


TRADIÇÕES......................................................................................................205

ESTUDO 40 - DOS MONTES OLHO PARA O MAR..............................................211

ESTUDO 41 - VENCENDO AS SÍNDROMES DE NATANAEL E PEDRO...............215

ESTUDO 42 - UM POVO QUE FAZ MUITAS PERGUNTAS...................................219

ESTUDO 43 - DOMINAR SINOS E PRAÇAS E TER A CAPACIDADE DE DIALOGAR


COM NOSSO TEMPO.........................................................................................225

ESTUDO 44 - A IMPORTÂNCIA DA TRANSIÇÃO, NUMA TERRA DE


RESISTÊNCIAS: ORE E SONDE SE A VISÃO É CLARA.......................................229

ESTUDO 45 - A IMPORTÂNCIA DA TRANSIÇÃO NUMA TERRA DE


RESISTÊNCIAS – COLABORADORES ................................................................234

ESTUDO 46 - A IMPORTÂNCIA DA TRANSIÇÃO NUMA TERRA DE RESISTÊNCIAS:


ORGANIZAÇÃO PARA MUDAR A REALIDADE....................................................238

ESTUDO 47 - A IMPORTÂNCIA DA TRANSIÇÃO, NUMA TERRA DE RESISTÊNCIAS


- GESTOS QUE CONSOLIDAM O PROCESSO....................................................244

ESTUDO 48 - VALORIZANDO A CONVERSA À BEIRA DO FOGÃO.....................249

ESTUDO 49 - “AO COMPASSO DO TEMPO, MAS SEMPRE FIRMADOS NA ROCHA”...... 253

ESTUDO 50 - TRADIÇÃO SIM, TRADICIONALISMO NÃO...................................260

ESTUDO 51 - LIÇÕES DE INOVAÇÃO DE UM POVO MARCADO POR TRADIÇÕES... 265

ESTUDO 52 - “VIVER É MUITO PERIGOSO”, MAS É DESAFIADOR...................272


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

APRESEnTAção DoS ESTuDoS SoBRE SAlvAção

S
e vamos refletir nesta série de estudos sobre a necessidade
humana de salvação e sobre o que ela significa, temos de
saber primeiro porque precisamos de salvação. Afinal, quem
somos nós, os seres humanos, e o que nos aconteceu para que pre-
cisemos ser salvos?
Se não sabemos verdadeiramente quem somos, de onde viemos,
para que estamos aqui e para onde vamos, estamos realmente per-
didos e precisamos de alguém que nos ajude, tirando-nos desta si-
tuação de alienação. Estar alienado é estar fora da realidade, não
percebendo o seu mundo e nem a si mesmo; é não saber verdadei-
ramente quem é, qual o propósito de sua vida e para onde está se
dirigindo. Qualquer pessoa nesta situação precisa de salvação, do
resgate que a coloque no caminho, rumo ao futuro desejado. E há
alguém entre nós que não precise de tal salvação? Você perceberá
através destes estudos que realmente não há.
A Bíblia, na qual todos estes estudos estarão baseados, é revela-
ção especial de Deus, sendo um livro de Salvação. Através dela,
podemos conhecer melhor a nós mesmos e ao Deus que nos criou,
reconhecendo que, tanto como indivíduos quanto como humani-
dade, em algum lugar no tempo e no espaço, perdemos o rumo da
nossa trajetória. Ficamos perdidos, isto é, alienados do propósito
da nossa vida, precisando, por isso, de salvação, para que tudo faça
sentido. A Bíblia nos mostra ainda que só alguém que esteja fora da
situação em que caímos poderá nos salvar. E quem está fora desta
situação, senão o próprio Deus, o nosso Criador e que é também o
nosso Redentor, revelando-se no Novo Testamento através do Deus
encarnado, Jesus Cristo, nosso Senhor?
Que Deus abençoe você, para que faça estes estudos numa estreita
relação com Ele, vindo com isso a usufruir, o mais plenamente pos-
sível, de tão grande salvação.

Isabel

14 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 1

sErEs HuMaNos: QuEM soMos E


DE oNDE VIEMos?

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Um dos objetivos da Palavra de Segunda Gn 1.26-31
Deus é nos propiciar respostas Terça Gn 2.4-9
às perguntas a respeito de quem
Quarta Dt.30.15 - 20
somos nós e de qual é o propó-
sito de nossa vida. Se vivemos Quinta Sl.42.1-5
uma vida de alegria ou triste e Sexta Sl.51.1-6
sem sentido, precisamos des- Sábado Js. 24.1-15
cobrir o propósito sublime que
Domingo Lc.12.13-21
Deus tem para nós.
Ao vermos, neste estudo, um
pouco a respeito de quem so- grande valor?! Lendo a Bíblia
mos, espero que você venha a com atenção, encantamo-nos
ser tomado por um sentimento com a maneira como Deus nos
de encanto e deslumbramen- criou.
to, à medida que tomar maior
Os textos bíblicos indicados
consciência de quem você é e de
neste tópico nos mostram como,
como foi criado para um glorio-
sob a maravilhosa graça divina,
so destino.
o ser humano foi criado. São
textos que nos deslumbram,
Aplicação a sua vida: O senti- tornando-nos gratos e felizes.
do da vida é algo que nos ins- Deus age muito diferentemente
tiga a cada momento. Porém na criação do ser humano, em
a Bíblia nos traz de forma es- relação ao modo como Ele criou
clarecedora e inebriante sobre a natureza. Enquanto, para a
esse fato. Como você tem vivi- criação da natureza Deus usa
do o propósito sublime para o o poder de Sua palavra Gn.1.3,
qual fomos criados? Comente. 6, 9, 11, 14, 20, 24, na criação
do ser humano Ele se envolve
1. CRIADoS DE FoRMA Gn.1.26-28 e 2.7. “Façamos”,
ESPECIAl - Gn 1.26-31 E 2.7. diz Deus. O plural do verbo já
parece mostrar o relacionamen-
Quantas pessoas, mesmo cris- to que existe em seu próprio
tãs, não têm a convicção do seu ser. O nosso Deus que, sendo

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 15


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

trino, é capaz de amar e se rela- tista. Mais do que isto: que Ele
cionar em si mesmo, agora de- imprimiu em nosso interior algo
seja alguém na Sua criação com de Si mesmo.
quem possa se relacionar. Será
Porque temos semelhança com
alguém à sua imagem e seme-
Deus, possuindo algo dEle em
lhança.
nós, podemos nos relacionar
Os textos mostram o grande com Ele. Aliás, não apenas po-
valor do ser humano. Nunca é demos, precisamos, pois a ma-
demais repetir que muitos tex- neira como fomos feitos requer
tos de Gênesis, de beleza e sa- isto. A nossa parte espiritual,
bedoria inexprimíveis, foram isto é, aquela que nos foi sopra-
escritos, não simplesmente para da por Ele, como vemos em Gn.
narrar fatos, como querem, às 2.7, precisa desse relaciona-
vezes, aqueles que procuram mento como o corpo precisa do
contradições ou semelhanças alimento. Sem o relacionamento
entre o que aí está e as desco- com Ele, perecemos.
bertas da ciência. Não visam
Ao final da criação do ser huma-
tais textos simplesmente a nar-
no, a Bíblia diz: “E viu Deus tudo
rar fatos a respeito do que acon-
quanto fizera, e era muito bom”
teceu na criação. Falam-nos
(Gn.1.31a). Deus sente prazer
antes de profundas verdades
em Sua obra! Em nós... Em
que nos levam a perceber quem
você. Feitos seres físicos (da ter-
somos nós e por que razão esta-
ra), com toda a fragilidade, ma-
mos aqui. O primeiro texto en-
terialidade e carências próprias
sina que fomos feitos à imagem
desta condição, somos também
e semelhança de Deus! seres espirituais, com riquezas e
necessidades de outra ordem, o
Aplicação a sua vida: Releia a que nos torna superiores a toda
primeira parte de Gn.1.27 com a natureza.
reverência e encantamento, fa-
lando seu nome no lugar de
“homem”. Maravilha! Você tem
semelhança com o Deus Eter-
Aplicação a sua vida: Somos
no, para com Ele se relacionar!
seres humanos e, como tais,
Derrame sua alma diante dEle
diferimos de toda a criação por
e diga-lhe o que sente diante de
sermos imagem e semelhança
tão maravilhosa afirmação.
de Deus. Ao terminar a Sua
obra, Deus expressou sua ale-
gria e prazer pela modelagem
O segundo texto (2.7) mostra perfeita e semelhança com Ele,
que Deus modelou o homem em vendo que tudo o que fizera era
argila (pó da terra). Saímos de muito bom. Como você se sente
suas próprias mãos, como uma ao pensar no modo como foi fei-
obra de arte sai das mãos do ar- to (a) pelo Criador? Comente.

16 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

2. CRIADoS À IMAGEM E SE- Sl. 19.14; Sl. 139.13-14; Rm.


MElHAnçA DE DEuS - Gn. 11.33).
1.26 -27 E Sl. 42.1-5
Foi chamado de louco o homem
Somos imagem e semelhança da parábola contada por Jesus
do Deus Eterno! Esta afirma- que apenas cuidou em sua vida
ção é tão repetida, que parece de prover bens materiais para si
perder a sua importância, não (Lc.12.16-21). É lamentável que
merecendo mais a nossa con- muitos estejam desprezando
sideração. Impossível é, no en- justamente o que os distingue
tanto, penetrar o significado de todo o restante da criação:
maravilhoso de tal fato, em toda a “imago Dei”. Cuidam de ali-
a sua profundidade. Deixando mentar o corpo e as necessida-
exposições mais complexas para des vãs, estimuladas por uma
teólogos, vejamos o que pode sociedade que se tem afastado
significar o fato de termos sido cada vez mais do Criador, mas
criados à imagem e semelhança descuidam-se de alimentar a
de Deus: sua parte espiritual, a imagem
de Deus em si, que viverá para
a) Temos a espiritualidade que
sempre.
nos veio do Criador e que só
se satisfará na relação com
Ele. Em Sl. 42.1-2, o salmis- Aplicação a sua vida: O traba-
ta reconhece isto. Que, como lho dignifica, traz prazer e ale-
o salmista, reconheçamos nos- gria. O ser humano busca, atra-
vés do trabalho, satisfazer suas
sas carências mais profundas e
necessidades básicas. Porém,
busquemos satisfazê-las, pois essa busca tem consumido todo
se alimentarmos apenas a par- o nosso tempo e energia. En-
te física, a espiritual perecerá. A quanto estamos totalmente en-
Bíblia diz “Nem só de pão vive- volvidos, esquecemos que somos
rá o homem, mas de toda a pa- seres espirituais também. Assim
lavra que sai da boca de Deus” nosso espírito, sem alimentação,
tem ficado fraco, nos tornan-
(Dt.8.3b). Não é simplesmente
do emocionalmente instáveis.
um ritual de leitura da Bíblia e Como você tem alimentado seu
oração, mas é a relação com Ele espírito? Comente.
que nos alimentará.
A leitura da Bíblia, a oração, o
b) Temos criatividade e liberda-
relacionamento com os seme-
de de escolha. (Dt.30.15 e 19;
lhantes, as atividades do dia a
Josué 24.15)
dia, o caminhar, o observar a
natureza em sua beleza: seus Estas são duas facetas da ima-
sons, sua vida, bem como sua gem de Deus em nós: a criati-
força indomável, tudo deve fa- vidade e a liberdade de escolha.
vorecer e alimentar o nosso re- Uma observação, mesmo su-
lacionamento com Ele (S. 8.3-5; perficial e sem fundamentação

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 17


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

científica, nos permite perceber Como imagem de Deus, possu-


os animais, mesmo os mais in- ímos uma fome e sede de algo
teligentes e organizados, como que ultrapassa o que é material,
guiados por instintos gravados físico ou puramente emocional.
em sua natureza biológica ou Queremos mais, muito mais.
por condicionamentos que os fa- Isto é o que chamamos de trans-
zem ter novos tipos de compor- cendência. É como disse Santo
tamento. Não os vemos inventar Agostinho, dirigindo-se a Deus:
novas formas de organização so- “Tu nos fizeste para Ti e inquieto
cial e governo para si ou modos está o nosso coração enquanto
diferentes de construir suas ca- não descansar em Ti”
sas. Também não decidem seu
comportamento pela moralidade ConCluSão
ou não dos seus atos.
Como imagem de Deus somos
O ser humano não é assim. Te- pessoas de relacionamentos,
mos capacidade de pensar, re- capazes de fazer escolhas e de
fletir, decidir, criar. Cremos construir história; temos um
que, embora os fatores ambien- caráter ético, com condições
tais tenham grande força na de optar entre o bem e o mal;
determinação do nosso com- podemos nos relacionar com o
portamento, temos, no âmago Criador. Tudo isto deve mere-
do nosso ser, um potencial de cer muita consideração de nos-
liberdade para decidir. sa parte, enchendo-nos de reco-
c) Temos discernimento moral nhecimento e respeito por nós
- Sl.51.3-4 mesmos e por cada ser humano,
com a consciência de que, só na
Quando não fazemos o que é
relação com Deus, acharemos o
correto moralmente, sabemos
nosso verdadeiro alimento e o
que falhamos. O mais imoral,
propósito para a nossa vida.
desonesto ou celerado dentre os
seres humanos, a não ser que
seja vítima de grave patologia,
costuma reconhecer erros. Um Suporte para
criminoso cobra do seu compar- pequenos grupos:
sa que seja honesto com ele. De
onde vêm ao ser humano valo- 1. O que nos mostra no texto Bíbli-
co, que o ser humano foi criado
res como verdade, honestidade, de um modo especial?
lealdade, coragem, que parecem
comuns a qualquer cultura ou 2. Explique: o que é ser criado à
civilização? imagem e semelhança de Deus?
3. Você sabe quem é você e de onde
d) Temos uma insatisfação in- veio?
terior que vai além do que este
mundo material pode satisfazer 4. Como você pode aplicar o que
aprendeu hoje em seu cotidiano?
- Sl.42.1-2

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 2

ProPÓsITo Da VIDa
Do sEr HuMaNo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Segunda Gn.1.27-28
O ser humano foi criado para
glorificar ao seu Criador, que Terça Gn. 2.15-18
é infinitamente grande e ma- Quarta Sm.8. 1-2
jestoso, além de perfeito em Quinta Sl. 43.1-5
Seu caráter. Deus é glorificado Sexta Sl. 81.8-11
na própria criatura feita à sua
Sábado Sl.84.1-3
imagem e semelhança. E como
os seres humanos glorificam ao Domingo Rm.11.33-36
seu Criador? Crescendo em se-
melhança com Ele e cumprin- to que é a própria relação com
do bem o propósito para o qual Deus. Todo ser vivo precisa do
existem neste mundo. alimento, de acordo com sua na-
tureza. O ser humano, em sua
1. CRESCIMEnTo PlEno
espiritualidade, foi feito para se
ATRAvÉS Do RElACIonA-
alimentar do próprio Deus. Por
MEnTo CoM DEuS - SAlMo
isso, sem tal relacionamento, ele
42.1-2; SAlMo 84.1-3
perecerá. Esta é, portanto, a pri-
Esta é uma das faces da gló- meira face do propósito central
ria que podemos dar a Deus: de nossas vidas: relacionarmos
crescer em direção a ser como com o nosso Criador, para que a
Ele é. Não é maravilhoso isto? cada dia cresçamos em direção
Mas, como crescer em direção a ser como Ele é.
a ser como Ele é, senão através
O salmista, no primeiro texto
de uma relação o mais íntima e
(Sl. 42-1-2), se apresenta como
perfeita possível com Ele, e com
uma pessoa espiritualmente
o que de mais sublime existe em
sensível, que anseia por Deus.
nós?
Busca-o, como um animal se-
Ao nos criar, Deus soprou em dento busca no deserto uma
nós algo de Si mesmo, como fonte de água. No segundo texto
você viu no Estudo anterior (Gn. (Sl. 84.1-3), o salmista declara-
2.7). Esta parte reclama por sua -se consciente de que o “lugar”
completude através do alimen- onde está o seu alimento, a sua

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 19


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

vida, a sua alegria, o seu pra- capazes de entrar num relacio-


zer é na presença de Deus. Ele namento com Aquele que nos
não está falando simplesmente criou. E este relacionamento é
de templo, em seu sentido ma- aquilo pelo qual a nossa nature-
terial, mas daquele “lugar” espe- za espiritual mais anseia, quer
cial de encontro da alma com o reconheçamos ou não. Como
seu Criador, do faminto espiri- todo ser vivo precisa daquilo
tualmente com Aquele que pode que lhe serve de alimento, como
alimentá-lo, do sedento com a seres espirituais precisamos da
fonte de água viva. relação com o Criador. Ele é o
alimento da nossa alma.
Por mais que o ser humano es-
teja se tornando, em nossa civi- Embora não consigamos ser fe-
lização materialista e tecnocra- lizes sem que sejam atendidas
ta, uma máquina para produzir nossas carências físicas, eco-
e consumir, distanciando-se nômicas, e emocionais básicas,
muitas vezes da sua dimensão devendo-nos portanto lutar por
espiritual, que o faz ansiar por elas, temos necessidades que
Deus, existe nele uma fome não ultrapassam tudo isto e que só
satisfeita, uma ânsia por Aquele se satisfarão quando nosso co-
ração estiver unido ao do nosso
que o completa. Muitos buscam
Criador. Há algo que grita den-
saciar sua fome e sede espi-
tro de nós até que a nossa vida
rituais fora de “Jesus, que é o
esteja ancorada nAquele que
pão e a água da vida” (Jo. 6:35,
vai muito, muito além do nos-
Jo. 4.14). Não será por isso que
so tempo neste mundo. E por
vemos tantos descalabros em
que essa fome e sede? Não será
nossa sociedade? Não será, em
em razão do que o apóstolo Pau-
parte, por isso que muitos dão
lo declara em Romanos 11.36:
cabo de sua vida e outros se ar-
“Porque dele, por meio dele e
rastam numa subvida, em que para ele são todas as coisas”?
a falta de sentido para viver é a Ele é o nosso princípio, o nosso
sua marca? meio e o nosso fim. Nada po-
Vimos no estudo anterior que demos fazer para modificar isso.
não somos apenas mente, cor- Isto é a nossa glória e grandeza!
po e emoções. Deus soprou em Se entrarmos num relaciona-
nós uma parte de Si mesmo, mento com Deus, isto nos ale-
fazendo-nos à Sua imagem e grará tremendamente, não ape-
semelhança. Não somos ape- nas pelo que somos, mas por
nas seres mais evoluídos ou de aquilo em que vamos nos tor-
inteligência mais sofisticada. nando através do nosso relacio-
Somos imagem e semelhança namento com Ele. A falta desse
de Deus. Recebemos o Seu so- relacionamento será a nossa
pro em nós (Gn.2.7). Somos perdição, a nossa alienação
seres de outro nível: os únicos total.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Aplicação a sua vida: O rela- (Gn.1.27-28). Homem e mu-


cionamento com Deus nos traz lher, como seres de igual valor,
a alegria de vivenciar uma sa- em harmonia um com o outro,
tisfação pessoal que chega à tendo o seu espírito, por um ato
completude. Você mantém um de sua própria vontade submis-
relacionamento com Deus que
independe do tempo, circuns-
so ao Espírito do Criador, go-
tâncias e do lugar em que você vernariam de modo perfeito este
está? Como isto acontece? planeta. Esta era a vontade de
Deus.

2.ADMInISTRAção Do Mun- A comunhão perfeita com Deus


Do CRIADo - GÊnESIS 1.26-31 supriria a saúde física e emocio-
E 2.15 nal, além da orientação para a
vida e o trabalho dos seres hu-
Esta é a segunda face do gran- manos. Desenvolver-nos-íamos
de propósito da vida humana no intelectual, emocional e espiri-
mundo em que vivemos. O ser tualmente através de nossa re-
adulto pleno quer sempre cum- lação com Deus, com os outros
prir uma missão que o alegre seres humanos, com a natureza
e o realize interiormente. Isto e com nosso trabalho prazeroso
também vem do nosso ser espi- e desafiador. Tudo funciona-
ritual. E Deus nos deu, como ria maravilhosamente bem; nós
seres superiores de Sua criação, cresceríamos e seríamos felizes.
a incumbência de administrar É isto que a Bíblia nos faz crer.
toda a obra criada neste nosso Olhando, no entanto, para o
mundo. nosso mundo hoje, chegamos à
conclusão de que algo de terrível
Como seres superiores, cria- nos aconteceu. Os seres huma-
dos à imagem e semelhança de nos, em sua grande parte, não
Deus, inteligentes, com discer- parecem ter uma relação com o
nimento moral e com livre arbí- Deus bom e de caráter amoroso
trio, recebemos dEle a incum- e perfeito, que lhes dá orienta-
bência de administrar a terra, ção de como viver e trabalhar. O
de fazê-la produzir e isto resul- orgulho, o egoísmo, a injustiça,
tará em nosso próprio benefício a competição, a desonestidade,
e alegria. Que privilégio! Tudo
a mentira, o desamor e mesmo
isto deveria ser feito com leveza,
o ódio, se espalham. O sofri-
graça e a capacidade que nos foi
mento, especialmente dos mais
dada, em nossa plena e saudá-
fracos e desassistidos, como re-
vel relação com nosso Criador.
sultado de tudo isto, tem sido
O Criador entregou ao homem terrível. A natureza não é cui-
e à mulher, a administração dada, mas explorada de forma
da obra criada, sem fazer qual- egoísta e inconsequente. O que
quer discriminação entre eles nos aconteceu afinal?

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 21


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

Fomos criados com discerni- turas em comunhão plena com


mento moral e liberdade de es- Ele, este ainda continua sendo
colha e isto que era e é a nossa o propósito estabelecido para a
glória e privilégio, fazendo-nos vida humana: crescer em dire-
superiores ao restante da cria- ção a Ele e cuidar do mundo que
ção, tornou-se a causa de nossa recebemos.
tragédia. Deus escolheu o “ris-
Para que cumpramos tal pro-
co”1, mesmo sabendo o que iria
pósito, precisamos, como indi-
acontecer. Ele não foi apanhado
víduos e como povo de Deus,
de surpresa, pois é onisciente e
crescer na comunhão com Ele
já estava disposto a nos perdoar
e atuar desde os nossos peque-
e redimir, continuando em nós
nos ambientes, até às áreas de
a obra de restauração e cresci-
maior poder político e econômi-
mento, que tem por alvo o infi-
co, para que o mundo seja bem
nito e eterno... cuidado, em benefício de toda a
criação.
Aplicação a sua vida: O mun-
do criado por Deus tem em si Se como seres humanos nos
todo um círculo que independe perdemos em seguir o cami-
da nossa intervenção. Somos nho para o qual fomos criados,
apenas administradores dessa é necessário acharmos o ponto
maravilha. Porém, a ganância e em que estamos e aceitarmos o
o desperdício, consequência do braço que nos é estendido, para
pecado, tem transformado toda
a natureza. Por esse motivo, te-
reorientar a nossa vida. Isto é
mos sofrido consequências gra- salvação.
ves. Você procura, à medida que
está ao seu alcance, cuidar do
mundo criado por Deus e levar Suporte para
outras pessoas a perceberem pequenos grupos:
essa responsabilidade? De que
maneira? 1. Qual o propósito de Deus ao
criar o ser humano?
2. Como podemos crescer em “di-
ConCluSão reção” a ser como o nosso Deus
deseja? Como seria este cresci-
Vimos neste estudo, que fomos mento?
criados para um propósito su-
3. Que descoberta fez através des-
blime e grandioso: crescermos te estudo?
como seres humanos feitos à 4. O Criador entregou ao homem
imagem e semelhança de Deus e à mulher, sem fazer qualquer
e cuidarmos do mundo criado, discriminação ou estabelecer
sob Sua orientação. Embora diferenças de valor entre eles, a
tenhamos ofendido a Deus e administração da obra criada.
Como você tem cooperado com
caído da nossa condição de cria- esta missão tão sublime?
1
Risco. Quando olhamos da nossa perspec-
5. Como você pode aplicar o que
tiva, pois Deus sabia o que aconteceria e já aprendeu hoje?
tinha a salvação planejada desde a criação
do mundo.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 3

a NEcEssIDaDE DE saLVaÇÃo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS

Por que o mundo se tornou Segunda Gn.2.15-16


um lugar tão diferente daquilo Terça Gn. 3.1-13
que pensamos ser a vontade do Quarta Gn. 3.14-24
Deus amoroso e santo? O que Quinta 2 ₢r.11.1-5
nos aconteceu para que nos tor- Sexta Hb.6.4-8
nássemos o que somos? Afinal, Sábado Ap. 20.1-4
reconhecemos em nós uma ten- Domingo Ap.12.7-12
dência para o mal, embora Ele
não nos satisfaça plenamente.
ções fundamentais a respeito
Queremos o bem e fazemos o
do começo da vida humana no
mal, como declara o apósto-
planeta. A partir dele, podemos
lo Paulo em Rm 7.15. Afinal,
tirar duas conclusões muito im-
quem somos nós? Fomos feitos
portantes:
assim?
1ª) Deus colocara o ser huma-
O início de Gênesis nos leva a
no num lugar aprazível para o
saber que, em nossa história
cultivar e o guardar (2.15). Sua
como humanidade, algo de trá-
missão seria, portanto, fazer
gico nos aconteceu. A harmo-
produzir e tratar com considera-
nia existente foi rompida, mo-
ção e respeito o espaço que lhe
dificando a nossa relação com
fora dado. Além disso, haveria
o Criador e, em consequência,
para o ser humano crescimen-
com nós mesmos, com os nos-
to em sua relação perfeita com
sos semelhantes e com toda a
Deus e com a natureza.
criação.
2ª) Os seres humanos se torna-
1. lEIS Do unIvERSo
ram conscientes de que o uni-
FoRAM DESRESPEITADAS
verso vive sob leis, cuja trans-
Gn. 2.15-17; 3.1-6
gressão traria consequências
O primeiro texto (Gn.2.15-17), funestas. Sabiam que algo lhes
tão pequeno, nos dá informa- era interditado. Podiam quase

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

tudo, mas não tudo. Dentro de O perigo de crer naquilo que vai
tais condições, poderiam eles contra a orientação de Deus.
crescer através do contato com
Deus, consigo mesmos, com
Aplicação a sua vida: Que re-
seus semelhantes, com toda a cursos estão à sua disposição,
natureza. A transgressão traria para que você não caia nas ar-
a morte, mais do que a física, timanhas de Satanás, que de-
a espiritual, o afastamento de seja que você siga caminhos
contrários à vontade de Deus?
Deus. Comente.
O segundo texto (Gn.3.1-6)
mostra que desrespeitamos os No processo de crescimento, ho-
limites colocados por Deus. Este mem e mulher teriam um cami-
texto nos transmite algumas li- nho longo de desenvolvimento.
ções muito preciosas. No diálogo Em contato pleno com Deus,
entre a serpente e o ser huma- conheceriam a Ele, a si mes-
no há, de um lado, artimanha mos, aos semelhantes e a todo o
e maldade, e, do outro, uma mundo criado. Mas o desejo de-
curiosidade ingênua que leva a
les era por crescimento mágico e
querer algo contrário à própria
rápido. Ambicionaram ser como
natureza. A palavra sedutora
Deus, como lhes prometera a
foi ouvida sem reflexão e sem
serpente e por isso rebelaram-
uma comparação entre ela e a
-se, rompendo o estado de har-
palavra de Deus, que houvera
monia existente até ali.
prevenido anteriormente a res-
peito do perigo. A serpente de- O desejo de Deus era que suas
clara que Deus lhes havia men- criaturas superiores fizessem
tido pela vileza de não querer as escolhas corretas. Mas a es-
que eles fossem tais como Ele. colha deveria ser sempre delas.
Crendo na mentira, o homem Podemos imaginar que o homem
e a mulher comeram do fruto e a mulher teriam o fortaleci-
proibido. Seguiram o caminho mento de sua bondade e perfei-
do desejo sem reflexão, sem dar ção à medida que fizessem as
tempo para o diálogo com Quem escolhas certas. Que cresceriam
os criara. Atendendo mais às em conhecimento de Deus, de
sensações (a árvore era “boa”, Sua perfeição e santidade, à me-
“agradável”, “desejável...” v.6) dida que se relacionassem com
do que à reflexão a respeito do Ele e rejeitassem o mal. Mas
que Deus lhes avisara. Fizeram não foi isso que aconteceu. Os
a trágica escolha. Quão terrível seres humanos romperam leis
é o desejo de ser algo que não universais, não ouvindo o aviso
se é. O perigo de não refletir. de Deus.

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Aplicação a sua vida: O pri- e desorganizadas. A “imago Dei”


meiro casal busca um caminho fora danificada. Afastaram-
mais rápido, mágico, para o co- -se do projeto original de Deus.
nhecimento e isso faz com que Reinava neles, então, a divisão,
se distanciem do propósito de
Deus. Você já tentou conseguir a confusão, a desordem. Tudo
algo de forma instantânea e isto produziria, naquele momen-
percebeu que errou? Comente. to e no futuro, doença e morte.
Deus, no entanto, em Sua in-
2. ConSEQuÊnCIAS DA finita graça, procura contato
TRAnSGRESSão DAS lEIS com Suas criaturas. Faz-lhes
Gn. 3-7-13 perguntas para que reflitam,
que reconheçam a sua nova
As consequências logo se fize- condição, que confessem, que
ram sentir. Gn. 3.7-13 nos reve- assumam, que fiquem livres do
la o resultado inicial da trágica medo, vergonha e culpa. Ainda
escolha humana. Junto a uma há esperança!
maior consciência, “os olhos de
ambos foram abertos”. Houve
também para ambos a desorga- Aplicação a sua vida: A conse-
nização da percepção, que pas- quência da transgressão da lei
leva o ser humano a experimen-
sou a afetar comportamentos
tar sentimentos como medo, cul-
e relações. Não se veem mais pa, vergonha e dor, que não fa-
como antes. Medo, vergonha e ziam parte dele. Como podemos
dor os atingem. Escondem-se. amenizar essas consequências
que nos atingem diretamente?
Não assumem seus atos. Lan-
Comente.
çam sobre outros a responsabi-
lidade de sua escolha.
Desejando tornarem-se o que 3. AS ConSEQuÊnCIAS Do
não eram, o homem e a mulher PECADo São AnunCIADAS
romperam uma lei, alienando- Gn. 3.14-24
-se de Deus, de si mesmos e dos
Este texto informa que as con-
outros. Medo, culpa, vergonha
sequências da escolha humana
e dor atinge-os agora. Já não
afetaram não apenas suas pró-
são os mesmos. A harmonia en-
prias vidas, mas toda a criação
tre eles e o Criador está quebra-
sob sua administração. Deus di-
da e, como consequência, entre
rige-se à serpente, à mulher, ao
todos os seres criados.
homem e fala sobre o que acon-
As sublimes marcas de seres tecerá à natureza. O mundo
criados à imagem e semelhan- criado por Deus é organizado,
ça de Deus foram corrompidas vivendo sob leis. Não há como

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 25


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

fugir disso. Não há quebra de rando o v.16, que a palavra de


leis universais sem consequên- Deus aí não é uma prescrição,
cias, sejam elas físicas, morais mas uma descrição do que iria
ou espirituais. acontecer...1 Creio que podemos
2

considerar a palavra de Renê


Neste texto (vs.14-24), Deus
Padilha extensiva a todo o tex-
anuncia as consequências do
to. O texto não fala de um cas-
ato livre do ser humano. Além
tigo impingido por Deus, mas
da morte que habitaria o interior
das consequências resultantes
dos seres humanos, Ele agora
do erro. Como já disse alguém:
anuncia outras consequências:
“Podemos escolher nossos atos,
• À serpente, que viria um mas não as consequências que
Redentor que a derrotaria nos advirão deles”. As consequ-
(v.15); ências do pecado e o castigo de
• À mulher, que sofreria do- Deus se confundem.
res e um relacionamento
A quebra do relacionamento
conjugal diferente do pla-
perfeito com o Criador afetaria
nejado por Ele (v. 16);
todos os demais relacionamen-
• Ao homem, que seu tra- tos, inclusive com a natureza.
balho seria sacrificial e O paraíso estaria guardado por
penoso, já natureza tam- um anjo com espada inflamada,
bém sofreria as consequ- significando ser impossível vol-
ências do pecado, produ- tar à situação paradisíaca origi-
zindo cardos e abrolhos nal (vs. 23-24).
(Vs. 17-19).

O sofrimento dos seres huma-


Aplicação a sua vida: A quebra
nos não viria simplesmente em do relacionamento perfeito com
decorrência do que Deus diz, o Criador nos remeteu a con-
pois Ele está apenas declaran- sequências desastrosas. Ainda
do o que seria inevitável. Renê assim, continuamos infringin-
do leis estabelecidas por Ele. O
Padilha, teólogo latino-america- que você pensa disso e como de-
no, diz num artigo sobre a re- seja viver, para ter um melhor
lação homem/mulher, conside- relacionamento com Deus?

2
PADILHA, Renê. A Relação homem-mu-
lher na Bíblia in Boletim Teológico nº 16
da Fraternidade Latino-Americana. Seção
Brasil. 1991. Disponível em www.ftl.org.br.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ConCluSão
Na relação plena com Deus, o
ser humano encontraria sua re- Suporte para
alização, desempenhando bem pequenos grupos
suas funções como administra- 1. Faça um breve resumo do
dor da obra criada. Transgredin- estudo.
do, no entanto, o ser humano
2. Por que o ser humano ne-
experimentou a morte e a per- cessita de salvação? Salva-
dição. Com o passar do tempo ção de quê?
(vemos isto a partir de Gênesis
3. Que consequências sofre o
4), o pecado atinge toda a espé- ser humano que não se re-
cie humana, o que resulta em laciona com o criador?
muita violência. Em Gn.3.15, ao
4. Como você pode estabelecer
anunciar as consequências do um relacionamento saudá-
pecado, Deus já anuncia um Re- vel com o criador?
dentor que nascerá num futuro
5. Que mudanças precisa fazer
bem distante. em sua vida, para adequar-
A humanidade, no entanto, não se à vontade de Deus?
precisará esperar todo este tem-
po para travar uma nova rela-
ção com o Criador, pois Ele já
se revela desde o princípio como
Redentor.

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ESTuDo 4

o DEus Da rEDENÇÃo

InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
Pela escolha do primeiro casal Segunda Gn.4.1-16
(na qual todos nós estamos in- Terça Gn.9.8-16
cluídos, como humanidade) fo-
Quarta Gn.9.12-15
mos atingidos pelo mal. Mas
Quinta Gn.12.1-3,
o nosso Deus, que é Redentor,
continuou nos oferecendo, des- Sexta Ex.19.5-6
de o início, um glorioso destino, Sábado Sl.103.3-4
dependendo, é claro, da nossa Domingo Hb.1.1-2
escolha.
Pensamos, às vezes, que Deus 1. o DEuS QuE DESEjA
se manifestou como Redentor RESGATAR o PRIMEIRo
apenas na pessoa de Jesus, que CASAl - GÊnESIS 3.6 -14
há 2000 anos viveu neste mun-
do de forma perfeita e entregou Quando o primeiro casal deso-
Sua vida pela humanidade. Já bedeceu à ordem dada, lá no
no Antigo Testamento, no en- início de tudo, o que primeiro se
tanto, Deus é reconhecido como manifestou neles foi uma desor-
Redentor (Sl. 19.14, 103.3-4). ganização do seu comportamen-
Muito antes ainda, Ele já se to e de suas emoções. Medo,
manifestava como Redentor, vergonha, culpa, passaram a fa-
procurando o primeiro casal, zer parte de sua vida. Depois da
fazendo perguntas a Caim, para escolha feita, eles, que privavam
que examinasse a si mesmo e se de uma intimidade especial com
afastasse do mal. E depois ma- Deus, agora sentiam medo dEle.
nifestou-se a Noé, a Abraão e a A Bíblia diz que ouviram a Sua
muitos outros (Hb.1.1-2). voz no jardim, e se esconderam
(Vs. 8-10). Já não queriam a in-
Aplicação a sua vida: Durante timidade e proximidade com o
toda a história, Deus tem busca- Criador.
do o ser humano, para resgatá
-lo de seu pecado. Você já fez a A Bíblia nos revela Deus como
escolha de tê-lo como seu reden- Redentor já no cap. 3 de Gêne-
tor? Comente. sis. Logo após o pecado do pri-

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

meiro casal, Ele age com amor própria ação da lei infalível da
e graça. Vejamos alguns fatos semeadura, as suas consequ-
que nos mostram isso: ências (Gn.3.14-24). Mas mes-
mo neste texto, Deus anuncia,
• Deus não espera ser pro-
através de Gn.3.15, o plano de
curado por Adão e Eva,
uma redenção futura para a hu-
mas é Ele que vai à pro-
manidade. Como alguém pode
cura deles (Gn.3.8-10);
pensar que o Deus do Antigo
• Embora soubesse o que Testamento não é o Deus cheio
acontecera, Deus não lhes de graça e misericórdia? É as-
faz acusações. Faz-lhes sim que Ele se revela desde o
perguntas dando-lhes a começo.
oportunidade de contar
o que havia acontecido
Aplicação a sua vida: Você
(Gn.3.11). Mas às per-
deseja reconhecer as manifes-
guntas, cada um respon- tações da graça de Deus sobre
de, colocando no outro a sua vida e agradecer cada uma
responsabilidade pelo seu delas? Comente.
ato. Não há manifestação
do reconhecimento de que
2. o DEuS QuE BuSCA o
transgrediram uma lei co-
DIÁloGo CoM CAIM
nhecida. Na confissão, no
Gn 4.3-13
reconhecimento do erro,
estaria o perdão para o Através deste diálogo, vemos
ser humano, mas o ca- Deus atuando como Reden-
sal humano foge de uma tor desde o começo da criação.
relação sincera e aberta Está sendo alguém atingido pelo
com Deus. Mesmo assim, pecado? Lá está Ele tentando
confira o que Deus faz no resgatar sua criatura amada. No
versículo 21. tópico anterior, vimos o seu diá-
logo com Adão e Eva e agora ve-
• Vendo os apertos pelos
mos um não menos tocante com
quais eles passam para se
Caim. Os dois irmãos, Caim
esconder e se cobrir (v.7),
e Abel, haviam oferecido uma
procura aliviar-lhes essa
oferta ao Senhor do fruto do seu
consequência do seu erro.
trabalho, mas Deus sentiu pra-
Basta haver alguém atingi- zer na oferta de Abel e não na
do pelo mal, para que Deus se de Caim. Não sabemos muito
manifeste como Redentor. Mas bem qual foi a diferença entre os
Deus é também justiça e todo dois, quanto à sua sinceridade
pecado praticado receberá, pela ao trazerem tal oferta. O que sa-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 29


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bemos é que Caim não parecia porta. Cabe a ti dominá-lo” (Gn.


ter um coração humilde e con- 4.7b). Por não haver dialogado
trito, não apenas pela reação com Deus, Caim vai para o cam-
que teve ao ser rejeitado, mas po e mata Abel. Por não haver
também pelo que Deus lhe diz acalmado o seu coração, aberto
em Gn. 4.7. Em Gn. 4.4, lemos a sua alma, cheio de raiva, Caim
que Abel trouxe, como oferta, o se torna assassino. E agora o
melhor do seu rebanho. O fato que vai acontecer? Desistirá
é que Caim não procurou saber Deus de resgatar sua criatura
de Deus porque rejeitara a sua amada? Nunca!
oferta. Em vez disso revoltou-se
contra o irmão.
Aplicação a sua vida: Como
Ao ver Caim afundado em triste- você entende a expressão “o pe-
za, em inveja, cobiçando a apre- cado jaz à porta, cabe a ti domi-
ciação dirigida ao seu irmão, ná-lo”? Comente.
Deus que, onde há o mal, se
manifesta como Redentor, sabe Novamente Deus aborda Caim.
que ele precisa de ajuda. Vai Quer confrontá-lo com o que ele
então em seu socorro e lhe fala à fez. Deus não desiste dele. Per-
consciência: “Por que andas ira- gunta-lhe: Onde está teu irmão?
do e por que descaiu o teu sem- Não quer acusá-lo. Quer que
blante?” (Gn.4.6). Caim deve ter ele abra o seu coração e chore
engolido seco. Não quer pensar pelo que fez. Caim dá uma res-
sobre isto, enxergar seu senti- posta malcriada. Não quer uma
mento pecaminoso e, por isso, relação com Deus. A Bíblia diz:
malcriadamente não responde à “Caim retirou-se da presença do
pergunta divina. Deus não para Senhor” (v.16). Fugiu por não
em seu obstinado amor, em Sua querer enxergar a si mesmo. Ele
superabundante graça. Indaga diz: “É tamanho o meu castigo,
ainda: “se fizeres o bem não é não posso suportá-lo.” (v.13). O
certo que serás aceito? (v.7a)”. castigo e a consequência do pe-
Deus lhe mostra o caminho, cado se misturam. Caim mesmo
mas Caim não quer trilhá-lo. se condena... “Retirou-se Caim
Por isso não dá qualquer res- da presença do Senhor” (16a).
posta. Silencia. Foge da relação
com Deus. Como é possível a
redenção de alguém que foge Aplicação a sua vida: Median-
do relacionamento com o único te seus erros de trajetória, qual
deve ser sua postura diante de
que pode redimi-lo? Deus ain- Deus, para que Ele traga você
da lhe avisa do perigo que cor- para dentro da Sua vontade?
re ao dizer-lhe: “o pecado jaz à Comente.

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3. EXPRESSão DA GRAçA • Várias menções de fatos e


DE DEuS PARA A REDEn- pessoas que nos mostram
ção DA HuMAnIDADE - que Deus não abandonou
Gn.3.15 a humanidade Gn.5.22,
7.1, 9.12-15, 12.1-3, etc.;
A narração da queda e suas • Em Gn.12.1-3, Deus cha-
consequências está junto com ma Abraão para uma ca-
a primeira promessa de reden- minhada de fé, pois de-
ção para a humanidade. Deus seja fazê-lo bênção para
todas as famílias da ter-
promete aquele que será o Re-
ra Gn.12.3. Este texto
dentor. Deus não se torna Re- nos mostra o início de
dentor a partir deste fato ou uma história que culmi-
promessa. Ele faz a promessa na em Cristo Jesus, que
por ser Redentor. “Ele é o mes- é do povo descendente de
mo ontem, hoje e eternamente”. Abraão – o povo judeu.
Deus estende a mão a qualquer • Deus faz uma aliança com
pessoa, oferecendo-lhe perdão e Abrão e seus descenden-
ajuda para sair do erro em que tes, para que sejam nação
se encontra. Em qualquer tem- santa e sacerdotal para
po e lugar. A redenção só não outras nações (Ex.19.5-
6). Isto significa que, atra-
está disponível para o pecador
vés de sua obediência às
impenitente. Em Gn. 3.15, no leis da aliança, deveria ele
entanto, vemos que Ele tem um servir de exemplo para as
plano futuro especial para a hu- outras nações, levando-as
manidade. Um projeto grandio- a Deus, o Senhor. Mesmo
so que mostra a infinitude do com as falhas deste povo,
Seu amor, da Sua graça pela Deus o usou para trans-
mitir a revelação do seu
humanidade pecadora!
amor em Jesus Cristo e
Quem conhece um pouco do An- nos legou o Antigo Testa-
tigo e do Novo Testamento per- mento, que é por demais
precioso para que enten-
cebe que o projeto de Deus se
damos o Novo Testamen-
desenvolve até atingir o ápice da
to.
revelação de Sua graça, com a
vinda de Cristo Jesus ao mun- • Em Jesus Cristo temos
a maior manifestação-
do. Ele é Aquele que esmagaria
da graça de Deus como
a cabeça da serpente, do mal. Redentor. Ele é o cum-
Veja alguns passos para o cum- primento da promessa
primento desta promessa que encontrada em Gênesis
está em Gn 3.15. 3.15.

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

Aplicação a sua vida: Você já


experimentou a graça redento- Suporte para
ra de Deus? O que você tem fei-
to para que outros percebam e pequenos grupos:
também escolham se entregar a
Ele? Comente. 1. O que é redenção?

2. Por que Deus, apesar do pe-


cado do homem, procura se
ConCluSão manifestar como Redentor às
suas criaturas?
Deus, que desde o início se
manifestou como Redentor às 3. O que mais chamou a sua
atenção neste estudo?
Suas criaturas, “na plenitude
dos tempos”, como diz Paulo, 4. Como você pode experimentar
em Gálatas 4.4, manifestou-se a graça redentora do Criador, a
partir do que aprendeu?
da maneira mais plena, pela
qual Ele poderia falar à huma- 5. Que mudanças precisa fazer
nidade, através do “Verbo” que em sua vida, para adequar-se
à vontade de Deus?
se fez carne, na pessoa de Jesus
Cristo.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 5

a HEDIoNDEZ Do Nosso PEcaDo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Um crime hediondo sempre cau- Segunda Salmo 51.1-11
sa repulsa e indignação, mesmo Terça Salmo 51.12-19
a alguém cheio de imperfeições. Quarta Is.6.1-5
Imagine o que pode causar o pe- Quinta Lc.5.1- 11
cado humano a Deus, que tem Sexta Rm.7.7-25
um caráter absolutamente san-
Sábado Rm.11.33-36
to e puro. Por que o nosso pe-
Domingo Ap. 1.17-20
cado é hediondo? Não estamos
falando apenas de ações come-
Aplicação a sua vida: Desejar
tidas por nós, mas da natureza
ser o centro do universo, espe-
impura, rebelde, e autocentrada cial e único nos deixa em de-
que nos constitui, desde que, sarmonia com o criador. Após o
em Adão, fizemos como huma- resgate por nosso redentor, nós
reconhecemos que somos dEle,
nidade a nossa opção por uma
vivemos por Ele e para Ele. O
vida independente e contrária à que você tem feito para que se
vontade de Deus. evidencie essa dependência em
sua vida? Comente.
É este o nosso pecado básico e
hediondo: desejar ser o centro
do universo, em vez de viver em 1. o noSSo PECADo É HE-
harmonia com ele, sob a orien- DIonDo, lEvAnDo-SE EM
tação e os propósitos dAquele ConTA SuAS ConSEQuÊn-
que nos criou. É não conside- CIAS - Gn. 3.6-24
rarmos que todo o universo, in- Teólogos têm afirmado que pe-
clusive nós, somos dEle, por Ele cado na Bíblia tem o sentido de
e para Ele”(Rm.11.36). De refle- cometer iniquidade, de trans-
tir um pouco sobre o nosso pe- gredir, de errar o alvo, etc. Vi-
cado e a reação de Deus a ele mos num estudo anterior que
dependerá o valor que daremos o universo foi criado dentro de
à nossa salvação e ao amor tão leis físicas, morais e espiritu-
gracioso do nosso Pai. ais. A sua transgressão, seja por

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 33


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ação ou por omissão, traz con- O nosso pecado feriu o coração


sequências desastrosas. Gos- de Deus e trouxe um mal ino-
to de pensar no sentido de pe- minável a toda a criação. No
car como errar o alvo, pois este ambiente à nossa volta, vemos
sentido é bem abrangente e nos os seus efeitos: a injustiça, a
remete ao santo propósito de violência, o desrespeito, o so-
Deus para a Sua criação. Cada frimento. Somos a humanidade
vez que erramos o alvo de Deus pecadora. E mais do que isso:
para a nossa vida pessoal, para individualmente, ou como gru-
com os nossos semelhantes, ou po, temos pecado quando, com
para com o mundo que nos cer- nossas ações ou com nossas
ca, cometemos pecado. Quan- atitudes de alienação, pregui-
do os seres humanos pecaram, ça e egoísmo, contrariamos a
erraram o alvo, vindo terríveis vontade de Deus, não agindo de
consequências: acordo com Suas leis no mundo
em que vivemos. Temos a natu-
• O relacionamento perfeito reza de Adão. Podemos escolher
com Deus foi quebrado e o bem, mas como ele, escolhe-
eles fugiram para longe
mos o mal, muitas vezes. Ou
dEle (v.8);
você nunca praticou o mal, mes-
• O relacionamento consi- mo sendo-lhe possível deixar de
go mesmos ficou confuso. praticá-lo e mesmo sabendo que
Eles se viram divididos o seu ato contrariava a vontade
entre o desejo de estarem de Deus?
à vontade e a vergonha
que sentiam; entre o de- Está vendo como não podemos
sejo por Deus e o medo colocar a culpa em Adão pelo
dEle (vs.8-11); que somos? Somos todos nós o
Adão que pecou, fazendo a op-
• O relacionamento com ção contrária à vontade de Deus.
seu próximo ficou preju-
Em contrição, cada um de nós
dicado, notando-se, desde
precisa reconhecer isso diante
o começo, as acusações
de Deus. Fazemos parte da hu-
ao outro, no desejo de
manidade e somos pecadores
acobertar erros (vs.11-
13). E em decorrência junto a todos os humanos. Só a
disso muitos outros peca- nossa proximidade de Deus po-
dos vieram. derá nos ajudar a enxergar-nos
como realmente somos.
• O relacionamento entre
o casal e com a natureza
Aplicação a sua vida: O que
também passou a ser difí-
você pode fazer agora, por esse
cil (vs. 16-19). mundo sofredor, por causa do
pecado? Comente.

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2. o noSSo PECADo É • Pedro, após o milagre


HEDIonDo, lEvAnDo-SE da pesca maravilhosa,
EM ConTA AQuElE QuE FoI mesmo na presença de
oFEnDIDo PoR ElE Jesus, o Deus encarnado
SAlMo 51 e, portanto, despido de
Sua glória, sentiu-se pe-
O ofendido pelo nosso pecado queno e distante, excla-
não foi alguém falho e finito, mando: “Senhor, retira-te
mas o Todo-Poderoso, o Infinito de mim, porque sou peca-
e absolutamente Santo. A dis- dor...” (Lc.5.8).
tância entre nós e Ele é infini-
ta em grandeza, glória, poder e É a esse Deus poderoso e santo,
santidade. Seu caráter abso- cheio de glória, que temos ofen-
lutamente santo não aceita em dido com o nosso pecado. Se
Sua comunhão alguém pecador, muitas vezes nos consideramos
a não ser que seja purificado. E bons, é porque não conhecemos
quem pode purificar o ser huma- a Deus em Sua santidade e per-
no pecador? Alguém igualmente feição. O nosso distanciamento
pecador? Nunca! Somos inca- dEle nos afasta também de nós
pazes até mesmo de perceber a mesmos. Perdemos a visão de
distância entre o Deus Santo e
quem somos. Senão, vejamos
nós, miseráveis pecadores. A Bí-
apenas alguns exemplos:
blia, através de vários episódios,
nos leva a ver tal distância. Ve- • Ao fazemos o que é mal,
jamos alguns exemplos apenas: a nossa tendência é nos
• Moisés, ao se aproximar compararmos a quem nós
de uma grande experiên- imaginamos pior do que
cia com Deus, ouve dEle: nós, em vez de olharmos
“Não te chegues para cá; para o exemplo dAque-
tira as sandálias dos pés, le que é absolutamente
porque o lugar em que santo, a quem dizemos
estás é terra santa” (Ex. seguir.
3.5). • Quando praticamos atos
• Isaías, ao ter uma visão bons, misturamos a eles
da glória e da santidade nossa presunção, vaida-
de Deus, sente-se perecer de. Esquecemos que toda
e vê o quanto é pecador a nossa capacidade e for-
junto a todos os seres hu- ça vêm do Senhor e que só
manos que com ele viviam Ele merece a glória.
(Is.6.3-5).
• João, ao ver o Cristo glo- De uma maneira ou outra, mui-
rificado, caiu a seus pés tas vezes, temos feito de nós
como morto (Ap. 1.17). mesmos os ídolos de nossas

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vidas. Queremos, como Adão, nós, mais O amaremos e sere-


ser o centro do universo – como mos bênçãos em Suas mãos. A
o próprio Deus. Não enxerga- Palavra de Deus nos diz e a ex-
mos o nosso pecado e pequenez periência nos confirma (inclusi-
diante da santidade e grandeza ve olhando para nós) a verdade
de Deus. Por isso, Paulo não de que “todos pecaram”.
apenas afirma que “todos pe-
Com o nosso pecado, temos
caram”, mas também exclama:
ofendido, não a um semelhan-
“Desventurado homem que eu
te nosso, mas ao Deus Infinito
sou! Quem me livrará do corpo
e perfeitamente Santo. Nunca
desta morte?” (Rm.7.24).
poderíamos pagar nossa dívida,
pois somos finitos e pecadores.
Aplicação a sua vida: Como Só Ele poderia resolver o nosso
pecador é impossível manter angustiante problema. E Ele o
um relacionamento com Deus fez. O nosso pecado não con-
pois Ele é santo. O que nos dá seguiu fazê-Lo desistir de nós.
essa condição é o próprio Deus
Pelo contrário! Fê-Lo oferecer-se
através de seu Filho Jesus. So-
mos indignos de qualquer atitu- a Si mesmo em sacrifício pela
de. Essa é a primeira condição nossa redenção! Somos amados
de reconhecimento, para ver a por Ele.
glória dEle. Você já se sentiu
ou se sente assim? Como se
aplica à sua vida o salmos 51?
Comente.
Suporte para
pequenos grupos:
A Bíblia nos mostra que não de-
vemos ficar prostrados por nos 1. Você concorda que o pecado é
considerarmos pecadores. Pau- algo hediondo? Por quê?
lo, após o reconhecimento do 2. Qual é o pecado principal do
seu pecado, exclama: Graças a homem, que tem se repetido
Deus por Jesus Cristo, nosso Se- por séculos e séculos, e que o
tem levado à perdição?
nhor! (Rm.7.25a) e o escritor aos
Hebreus indaga: “como escapa- 3. O que fazer quando reconhe-
cemos que somos pecadores e
remos nós, se negligenciarmos que Deus não criou o homem
tão grande salvação?” (Hb.2.3a). para ser um pecador?
4. Como você pode aplicar o que
ConCluSão aprendeu hoje em sua vida
cotidiana?
Quanto maior for a nossa per-
5. Como pode servir a Deus e a
cepção da santidade e grandeza sua igreja com as descobertas
de Deus, e da hediondez do nos- que fez hoje?
so pecado, maior será a nossa
percepção da graça divina sobre

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 6

o PaPEL Da cruZ DE crIsTo


Na Nossa saLVaÇÃo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


O ser humano caiu numa situ- Segunda II Rs 3.21-27
ação que nada, nem ninguém Terça Sl 106.34-42
da sua espécie pode fazer algu- Quarta Mt. 27.33-44
ma coisa. O nosso pecado foi Quinta Mt. 11.7 -15
hediondo, ofendendo ao san- Sexta At.1.15-26
tíssimo Deus e à ordem moral
Sábado Gl. 6.11-16
e espiritual do universo criado.
Domingo Fl. 2.5 -11
Isto trouxe, como consequência,
o abismo, a morte. Só alguém
fora dessa condição poderia so- própria Bíblia atesta a existên-
correr-nos. E quem está fora e cia do sacrifício de seres huma-
acima de tal situação, senão o nos às divindades pagãs (II Rs
Deus eterno? Por isso é o Deus 3.27; Sl 106.37-38) e estudiosos
santo e eterno quem toma a ini- têm documentado a prática do
ciativa de tirar a Sua criatura, sacrifício de animais em diver-
feita à Sua imagem e semelhan- sas religiões. Parece existir algo
ça, do abismo em que caiu, redi- intrínseco à consciência huma-
mindo-a para uma nova vida de na que reconhece a necessida-
relação com Ele, através de um de de um ato expiatório voltado
ato expiatório de valor infinito, para um acerto de contas entre
pelo qual ela é salva da escuri- o ser humano e a divindade(3).
dão e da morte. Mas, para satisfazer a justiça de
Deus, só um sacrifício de valor
Franklin (2007) diz o seguinte infinito poderia expiar o pecado
em sua Teologia Sistemática: humano.
“Um elemento quase univer-
sal na história das religiões é a
oferta de sacrifícios, com o pro- (3)
FERREIRA, Franklin / MYATT, Alan -
Teologia Sistemática: uma análise histó-
pósito de expiar ou purificar os rica, bíblica e apologética para o contexto
adeptos diante do sagrado. A atual. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.579

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Aplicação a sua vida: A huma- deveria ser aplicada a um cida-


nidade, durante toda a história, dão romano, a não ser em casos
busca, em diferentes religiões, extremos de traição. Os judeus
ofertas de sacrifícios, com o repugnavam este tipo de mor-
propósito de se purificar e en- te, diz Stott, aplicando ao cru-
trar em harmonia com o sagra-
do. Como você entende essa fala cificado a declaração de que ‘o
de Franklin? Você concorda que que for pendurado no madeiro é
tem algum sacrifício que nos maldito de Deus’ (Dt.21.23). É
ajudaria a resgatar essa condi- ainda Stott que, ao afirmar que
ção para com o Deus criador? os cristãos eram ridicularizados
Comente.
pelo fato de seu Ungido e Salva-
dor ter acabado numa cruz, diz
1. A CRuz CoMo SÍMBolo que, se eles se recusaram a abrir
CRISTão – AToS 1.18-25 E mão desse símbolo, isto “signi-
Gl. 6.14 fica que a centralidade da cruz
John Stott, em seu livro “A Cruz teve origem na mente do próprio
de Cristo”, apresenta a centrali- Jesus” (4). Creio nisso com todo
dade da cruz na fé cristã. Realça coração. Foi sob a orientação
ele, no entanto, como foi estra- de Deus que a cruz vergonho-
nho que os cristãos dos primei- sa, humilhante e extremamente
ros séculos tenham escolhido dolorosa se tornou o símbolo do
esse símbolo para representar Cristianismo. Isto para nos lem-
o Cristianismo, pois a cruz era brar sempre de quão monstruo-
instrumento de dor, vergonha so é o nosso pecado e de como o
e humilhação para os mais ter- Seu amor infinito se dispôs a so-
ríveis criminosos. Haveria, diz frer tamanha dor e humilhação
Stott, muitas outras opções que para nos resgatar da profundi-
dariam uma aparência mais dade de nossa queda. Além dis-
“respeitável” ao Cristianismo: so, esse símbolo nos lembra que
a manjedoura onde o Infan- ser seu discípulo é estar dispos-
te Jesus foi colocado, o barco to a levar a cruz. A cruz onde
onde ele tantas vezes ensinou, Jesus morreu lembra sofrimen-
a toalha que representou o seu to e humilhação, mas a cruz va-
humilde serviço, o trono que re- zia lembra também a vitória.
presenta a soberania divina e
muitos outros.
Aplicação a sua vida: A cruz
No Império Romano, onde o vazia para o cristão é símbolo de
Cristianismo se espalhou ra- vitória? Como você se relaciona
pidamente e tornou-se religião com este símbolo? Comente.
oficial, a crucificação era con-
siderada pena tão humilhante, (4) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
cruel e repugnante, que não Paulo: Ed. Vida, p.24

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2. o noSSo EnvolvIMEnTo Nós também sacrificamos


nA CRuCIFICAção DE CRIS- Jesus à nossa ganância
To – MATEuS 27.33-44 como Judas, à nossa in-
veja como os sacerdotes,
Neste tópico estarei usando pa- à nossa ambição como
lavras de John Stott, no seu li- Pilatos” (6).
vro “A Cruz de Cristo”, que me
A seguir, diz ainda Stott:
tocaram muito. Após dizer que é
impossível fingir desprendimen- “Como Pilatos, podemos
to, ao se contemplar a cruz, pois tentar tirar de nossas
estamos envolvidos neste acon- mãos a responsabilidade
tecimento, já que foram nossos por meio da água. Mas
nossa tentativa será tão
pecados que colocaram Jesus
fútil quanto foi a dele.
ali, ele declara: “De sorte que,
Pois há sangue em nos-
longe de nos elogiar, a cruz mina sas mãos. Antes que pos-
nossa justiça própria. Só pode- samos ver a cruz como
mos nos aproximar dela com a algo feito para nós (que
cabeça curvada e em espírito de nos leva à fé e à adora-
contrição” (5). ção), temos de vê-la como
algo feito por nós (que nos
No segundo capítulo do livro, ao
leva ao arrependimento).
apresentar as pessoas da épo- Deveras, “somente o ho-
ca, responsáveis pela morte de mem que está preparado
Jesus (os soldados romanos e para aceitar sua parcela
Pilatos; o povo judaico e seus de culpa da cruz”, escreve
sacerdotes; e Judas Iscariotes), Canon Peter Green, “pode
Stott diz que todos nós estamos reivindicar parte na sua
envolvidos com eles, como res- graça.”(7)
ponsáveis, como culpados. Diz Quando Stott fala de quem ma-
ele: tou Jesus, do ponto de vista
“Se estivéssemos no lugar humano, ele ainda diz, usando
deles, teríamos feito exa- palavras de Octavius Winslow:
tamente o que fizeram. “Quem entregou Jesus para mor-
Deveras, nós o fizemos. rer? Não foi Judas, por dinheiro;
Pois sempre que nos des- não foi Pilatos, por temor; não fo-
viamos de Cristo, estamos ram os judeus por inveja - mas o
‘crucificando’ o Filho de
Pai por amor!” (8)
Deus e o expondo à ig-
nomínia (Hebreus 6.4-6).
(6) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.61
(7) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.61
(5) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São (8) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São
Paulo: Ed. Vida, p.10 Paulo: Ed. Vida, p.61

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Stott, após dizer que os evange- “Eu nunca saberei o preço dos
listas indicam as pessoas envol- meus pecados lá na cruz”, diz
vidas na crucificação de Jesus, um cântico. Nunca entendere-
(Judas, autoridades judaicas, mos o que Jesus passou, porém
Pilatos, os soldados, etc.) como o preço pago por Ele foi o seu
responsáveis pela sua morte, sangue, sua vida. Olhemos para
mostrando que todos nós tam- o santo e humilde cordeiro de
bém o somos, completa: “Contu- Deus, sofrendo em nosso lugar
do esse não é o relato final dos e, alcançados pela sua graça,
evangelistas. Omiti uma evidên- saiamos dispostos a, humilde-
cia vital que eles apresentam. É mente, servir ao mundo que Ele
esta: embora ele tivesse sido le- ama.
vado à morte pelos pecados hu-
manos, ele não morreu como um
Aplicação a sua vida: Você en-
mártir. Pelo contrário, ele foi à
tendeu que também é responsá-
cruz espontaneamente, até mes- vel pela crucificação de Jesus,
mo deliberadamente. Desde o co- quer por dinheiro, por medo,
meço do seu ministério público, por inveja, por omissão? Como
você se sente, ao refletir sobre
ele se consagrou a este destino(9).
isto? O que você pode fazer para
No dia em que tivermos uma mudar essa situação? Comente.
visão mais verdadeira a res-
peito de Jesus Cristo e da cruz
3. o SAlvo PoR CRISTo,
enfrentada por Ele, o que você
DIAnTE DA CRuz – MATEuS
acha que acontecerá conosco?
11.8 -11, Fl. 2.5 -11 E Gl.6.14
Que tipo de cristãos seremos?
Caberá orgulho, vaidade, fal- Como já vimos no estudo ante-
ta de perdão, espírito de justi- rior, o nosso pecado foi hedion-
ça própria e de julgamento do do diante da grandeza, do amor
nosso próximo? Será possível e da santidade de Deus. Ferimos
atitude de cobrança ou vaidade a criação de Deus que deveria
pelo que fazemos em Seu nome? ser cuidada por nós. Devería-
Ou desejaremos servir às pesso- mos estar sempre crescendo em
as, sacrificando-nos em nome direção a ser como Ele, mas, em
dAquele que nos conquistou vez disso, nos rebelamos contra
para sempre, sacrificando-se Ele (GN. 3.5-6). Com isso caí-
por nós? mos num grande abismo. Perdi-
dos estaríamos para sempre. Só
o Deus Eterno poderia nos tirar
da situação em que nos envolve-
(9) STOTT, John. A Cruz de Cristo. São mos, vindo em nosso socorro. E
Paulo: Ed. Vida, p.61-62 foi isto que Ele fez.

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A cruz de Jesus Cristo deve des- ConCluSão


pertar em nós a contrição que
Como discípulos de Jesus Cris-
nos faz enxergar os nossos pe-
to, devemos olhar para a cruz
cados, diante da santidade ab-
com reverência, contrição e hu-
soluta de Deus. Seu sacrifício
mildade, sabendo que Ele a en-
pelos nossos pecados deve nos
frentou pelos nossos pecados.
encher de humildade, gratidão
“Deus estava em Cristo, recon-
e desejo de seguir seus passos.
ciliando consigo o mundo”, diz
Deus estava em Cristo, diz Pau-
Paulo em sua carta aos Corín-
lo, reconciliando consigo o mun-
tios (II Co.5.19a).
do (II Co.5.18-19).
Em Fl. 2.5 -11, Paulo apela a
que tenhamos Jesus como nos-
so exemplo de humildade e de
submissão à vontade do Pai. Em Suporte para
Gl.6.14, ele faz uma declaração pequenos grupos:
do seu desejo de não se gloriar
1. O que representa a cruz de
em qualquer outra coisa que Jesus Cristo para a sua vida?
não seja a cruz de Cristo, pois
nela ele se vê crucificado para o 2. O que quer dizer: cada um pre-
cisa levar a sua cruz?
mundo e o mundo para ele.
3. Você já se deu conta de que é
o responsável pela crucificação
do Cristo? Comente.
Aplicação a sua vida: O sím-
bolo da cruz nos remete ao so- 4. Como você pode aplicar o que
frimento e humilhação passa- aprendeu hoje em sua vida
da por Jesus. Talvez seja por cotidiana?
este motivo que muitos querem
mantê-la distante. Porém, para
nós salvos em Cristo Jesus,
deve provocar sentimento dife-
rente. Qual a sua reação, ao ver
o sofrimento de Jesus na cruz,
como um sacrifício feito por
você? Comente.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 41


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ESTuDo 7

a rEssurrEIÇÃo DE crIsTo
E a Nossa saLVaÇÃo

lEITuRAS DIÁRIAS
InTRoDução Segunda I Cor. 15.20-30
Os evangelhos relatam o abati- Terça I Cor. 15.50 - 58
mento, o medo, a frustração e a Quarta Sl.139.13-18
desesperança dos discípulos de Quinta Mt.26.47 - 56
Jesus, após a Sua prisão e mor- Sexta Lucas 24.1-26
te. Por mais que Jesus tivesse Sábado Lucas 24.27-53
procurado fazê-los compreender
Domingo At.8.1-8
que tais coisas aconteceriam,
não tinham eles condições para
aceitar ou acreditar. Ainda mais A frustração atingia a todos.
a morte de cruz, a mais ignóbil, Tudo estava perdido, pensavam.
humilhante e dolorosa de todas Não contavam com o que iria
elas. Não! Isto não aconteceria acontecer.
com Jesus, pensavam eles.
Com a morte de Jesus, os dis- Aplicação a sua vida: Muitas
vezes, assim como os discípu-
cípulos ficaram cheios do senti-
los de Jesus, nos frustramos.
mento de que não valera a pena Nossa visão é limitada; e crises
todo o tempo passado com Ele. e frustrações sempre teremos.
Tudo estava perdido! Ao ser Je- Como você tem enfrentado as
situações adversas? Comente.
sus preso no jardim do Getsê-
mani, os onze mais próximos
fugiram (Mt.26.56). Dos dois
1. APARIçÕES DE jESuS
aos quais apareceu no caminho
APÓS A SuA RESSuRREIção
de Emaús, sem ser reconhecido,
– luCAS 24.1-53
Jesus ouviu as palavras tristes
e cheias de frustração: “Ora, A primeira missão de Jesus,
nós esperávamos que fosse ele depois de ressurreto, foi fazer
quem havia de redimir Israel...” com que Seus discípulos acre-
(Lc. 24.21a). ditassem que Ele estava vivo.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Vamos, aqui, relatar apenas emoção para os que a ou-


algumas das Suas aparições. viram e a narraram. Não
Nada explicaria o entusiasmo, se preocupam os escrito-
a alegria e o destemor dos dis- res em combinar detalhes
cípulos narrados nos primeiros para evitar as discrepân-
capítulos do livro de Atos, senão cias, já que sabem estar
a ressurreição de Cristo como narrando a verdade. Ali-
um fato histórico inegável, além ás, para quem desejasse
do fato também histórico ocor- inventar uma história da
rido no dia de Pentecostes, que ressurreição, não deve-
riam ser as mulheres as
deu a eles a clareza e a coragem
primeiras a vê-lo e a es-
para anunciar a Boa Nova. O
palharem a notícia. Elas
fato acontecido no dia de Pente-
eram mal vistas e indig-
costes não teria efeito sem a res-
nas de confiança na so-
surreição, pois este era o prin-
ciedade da época.
cipal tema de suas mensagens:
“Jesus está vivo!” Durante qua-
renta dias após a ressurreição,
Aplicação a sua vida: Jesus,
diz a Bíblia, Jesus apareceu aos durante toda a sua estada no
discípulos, sendo depois assun- mundo, jamais discriminou al-
to aos céus e não se falou mais guém por sexo, nacionalidade
de nenhuma outra aparição. ou posição social. Qual o seu
sentimento ao perceber que
• A aparição às mulheres Jesus praticou a inclusão? Co-
– Lc. 24.1-12 – Segundo mente.
relato dos quatro evange-
lhos, a primeira aparição • A aparição aos dois no
de Jesus foi às mulheres. caminho de Emaús – Lc.
Estas foram as primeiras 24.13-32 – Este é um re-
porta-vozes da notícia al- lato emocionante. Os
vissareira aos discípulos dois discípulos vão de Je-
de Jesus que, a princípio, rusalém para Emaús, a
não acreditaram. Outra mais ou menos 11 quilô-
coisa a notar, se exami- metros de distância. Es-
narmos com cuidado os tão tristes e desanimados,
quatro evangelhos, é que quando um forasteiro se
os relatos têm algumas colocou ao lado deles, no
discrepâncias, o que é na- percurso até sua casa.
tural em narrações feitas Ouvindo a conversa cheia
por pessoas diferentes, de de tristeza deles, pergun-
uma história totalmen- tou-lhes o motivo que os
te inesperada e cheia de preocupava. Estranhan-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 43


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

do a ignorância do fo- savam sobre isto, Jesus


rasteiro quanto aos fatos lhes apareceu e falou com
acontecidos em Jerusa- eles. Seus discípulos se
lém, falaram-lhe da sua alegraram, mas não acre-
tristeza e frustração, pelo ditavam. Lucas narra en-
que acontecera Àquele em tão que Jesus, após lhes
quem eles haviam depo- explicar as partes das
sitado toda a esperança Escrituras que falavam
(vs. 19-21). O forasteiro a respeito dEle, deu-lhes
então lhes expôs as Es- instrução de que perma-
crituras, que falavam das necessem na cidade de
profecias sobre tudo que Jerusalém até quando
acontecera. Chegando em fossem revestidos de po-
casa, eles o convidaram a der e isto aconteceu no
ficar, porque o dia já de- dia de Pentecostes.
clinava. Ele entrou e, ao
se sentarem à mesa, eles
O reconheceram quando Aplicação a sua vida: Jesus
partiu o pão (vs.30-31). apareceu aos discípulos vá-
No mesmo instante, Ele rias vezes após a ressurreição
e eles não o reconheceram por
desapareceu e eles, cheios estarem focados nas circuns-
de emoção, lembram-se tâncias. Muitas vezes deixamos
de como, no caminho, o de aproveitar a presença mara-
coração deles se aquecia vilhosa de Jesus em nossa vida
enquanto Ele lhes expu- por murmurações e/ou estar-
mos focados nas dificuldades
nha as Escrituras (v.32). enfrentadas. Você concorda?
Esquecendo o cansaço, Comente.
fazem o caminho de volta
a Jerusalém, para con-
tar aos outros o que lhes 2. o CRESCIMEnTo DA IGRE-
acontecera (v.33). Estão jA CoMo RESulTADo DA
maravilhados! RESSuRREIção
• A aparição ao grupo de Todo o livro de Atos mostra o
discípulos – Lc. 24.33- crescimento vertiginoso da igre-
43 – Ao chegarem a Je-
ja, ultrapassando não apenas
rusalém, encontraram
fronteiras geográficas, mas tam-
os discípulos reunidos e
bém as fronteiras étnicas e cul-
contaram o que lhes ha-
turais. Vejamos alguns fatos:
via acontecido. Os discí-
pulos, então, falaram que • O recebimento do Espí-
também Pedro já O vira. rito Santo – A igreja se
E, enquanto eles conver- espalha, com a presença

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

dos muitos peregrinos • De perseguidor a pro-


em Jerusalém, no dia pagador do evangelho
de Pentecostes (At. 2). - Barnabé, maravilhado
A mensagem era: Jesus ao perceber a graça do
Cristo está vivo! Ele é Senhor, com tantas con-
Senhor! versões, foi a Damasco
buscar Paulo para ajudá-lo
• A igreja é perseguida – (Atos 11.21-25).
Com a perseguição da
igreja, os cristãos se dis- • O evangelho de Cristo
persam e a mensagem ultrapassa as barreiras
cristã se espalha rapida- geográficas – A partir
mente. (At.8.1,4-8). do capítulo 13 de Atos,
a obra missionária se
• O grande perseguidor se expande, alcançando
converte - A conversão grandes porções da Ásia
do grande perseguidor, e da Europa.
Saulo de Tarso (At. 9),
foi um fator que acele- A história confirma que a men-
rou o crescimento da sagem cristã rompia barreiras
igreja. geográficas, étnicas e culturais,
espalhando-se por toda a par-
• Caem as barreiras do
te e atingindo todo o Império
preconceito racial –
Romano, em poucas décadas.
Caem, em Pedro, as
Sem a ressurreição de Cristo,
barreiras contra o rece-
bimento dos gentios na como poderia isto acontecer?
igreja e ele prega a um
grupo deles na casa de
Cornélio, havendo mui- Aplicação a sua vida: Logo a
tas conversões (At. 10). seguir aos acontecimentos pós
ressurreição de Cristo e à des-
cida do Espirito Santo no dia
• As boas novas ultrapas-
de pentecostes, a igreja sofreu
sam barreiras culturais grande perseguição, o que cul-
– Barnabé é enviado à minou com a propagação do
Antioquia da Síria para evangelho. O que, em um pri-
conhecer a situação, meiro momento, parecia ser
uma tragédia transformou-se
pois os apóstolos em Je-
em bênção. Como você deseja
rusalém souberam que expressar gratidão pelo mara-
estavam se convertendo vilhoso fato da ressurreição de
(11.19-26). Cristo? Comente.

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3. A RESSuRREIção DE ConCluSão
CRISTo GARAnTE A
Cremos na ressurreição de Cris-
noSSA RESSuRREIção
to como um fato histórico ine-
I CoR. 15.20-26, 53-58
gável, inclusive pelos grandes
No maravilhoso capítulo 15 de efeitos dela. Ela é a derrota da
I aos Coríntios, Paulo discorre morte para aqueles que cre-
sobre a ressurreição de Cristo, em e que já confiaram a Cristo
dizendo ser esta as primícias suas vidas. Pois como nos diz o
da ressureição que acontecerá próprio Paulo, “... nem a morte,
no final, para todos os remidos. nem a vida, nem os anjos, nem
O texto é profundo, mas é fácil os principados, nem as coisas
perceber que, na ressurreição do presente, nem do porvir, nem
de Cristo, Paulo vê a garantia da os poderes, nem a altura, nem
nossa ressurreição e diz vitorio- a profundidade, nem qualquer
samente: “E quando este corpo outra criatura poderá separar-
que é corruptível, se revestir da -nos do amor de Deus, que está
incorruptibilidade, e o que é mor- em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
tal se revestir da imortalidade, (Rm.8.38)
então se cumprirá a palavra que
A vitória de Jesus Cristo sobre
está escrita: tragada foi a morte
a morte é a nossa vitória.
pela vitória. Onde está, ó morte,
a tua vitória? Onde está ó morte
o teu aguilhão?” (Vs.54-55).
Suporte para
pequenos grupos:
Aplicação a sua vida: A ressur-
1. A ressurreição de Cristo ga-
reição de Cristo garante a nossa rante a nossa ressurreição?
ressureição. A vitória de Cristo Você acha que isto é uma
sobre a morte traz a alegria e a verdade?
certeza de vida eterna. Você tem
essa certeza? Comente. 2. O que Deus falou ao seu co-
ração através deste estudo?
3. Como você pode aplicar o
que aprendeu hoje em sua
vida cotidiana?
4. Você sente que precisa mu-
dar algo em sua vida, ao pen-
sar na grandeza da ressurrei-
ção e de seus resultados?

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 8

a aBraNgÊNcIa Da saLVaÇÃo

lEITuRAS DIÁRIAS
InTRoDução Segunda Rm. 5.1-5
Terça Rm.8.31-39
A Salvação é um ato ou um pro-
Quarta I Pe. 1. 3-9
cesso? Tal pergunta pode reve-
lar um mal entendido sobre a Quinta I Pe. 1. 13-21
salvação, pois ela é muito mais Sexta Rm. 13.11- 14
abrangente do que em geral se Sábado Fp.2.12- 18
pensa. Ela abrange tudo o que Domingo Is. 43.1- 7
Deus passa a operar em nossa
vida, a partir do momento em Esta é a salvação, a respeito da
que nos entregamos a Ele, numa qual o escritor aos Hebreus per-
relação de filho (a) e Pai. Esta re- gunta: “como escaparemos nós,
lação é salvadora e abrange toda se negligenciarmos tão grande
a nossa vida. Fomos salvos, ao salvação?” (Hb.2.3a).
estabelecermos esta relação;
estamos sendo salvos durante A seguir, iremos, para efeitos di-
toda a nossa vida, pois estamos dáticos, focalizar cada um des-
sob orientação, ensino e cuidado tes aspectos separadamente,
do Pai, já que lhe pertencemos; embora seja difícil separá-los.
e podemos dizer que seremos Mesmo nos textos bíblicos indi-
salvos, pois um dia, livres do cados, muitas vezes, os vemos
pecado, estaremos com Ele para juntos. Esperamos que, ao fin-
sempre. Estes três aspectos da dar estes estudos, você valorize
salvação são denominados “tem- ainda mais essa tão grande sal-
pos da Salvação”, pelo Pr. Darci vação.
Dusilek, em sua revista de EBD,
“A nova vida em Cristo”. Ele fala
Aplicação a sua vida: Salvação
dos três tempos da salvação, di- em três tempos. Como aconte-
vidindo-a em “salvação no pas- ceu o primeiro tempo em sua
sado, no presente e no futuro”. vida?

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1. A SAlvAção ABRAnGE por Ele e andando no Seu ca-


noSSo PASSADo – RoMAnoS minho transformador. Por isso,
5.1-2 E 8.31-39 lemos em Romanos 8.33: “Quem
intentará acusação contra os
A salvação diz respeito ao nosso
eleitos de Deus? É Deus quem
passado, pois, pela entrega de
os justifica!” Somos declarados
nossa vida a Deus, fomos per-
justos, por já termos sido res-
doados de todos os nossos peca-
gatados da maldição do pecado
dos, e podemos dizer: “eu já fui
para uma vida em Sua presença
salvo”. Como o apóstolo Paulo
e sob a Sua direção.
diz em Romanos 8.1, “Agora
pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Je-
Aplicação a sua vida: A vida e
sus”. E em Romanos 5.1, ele diz: morte de Jesus nos deu a salva-
“Justificados, pois, mediante a ção do pecado. O que você dese-
fé, temos paz com Deus por meio ja dizer ao Senhor, diante dessa
de nosso Senhor Jesus Cristo”. tão grande salvação que o liber-
tou de qualquer condenação pe-
Paulo fala nos dois versículos los seus pecados? Comente.
citados sobre a salvação no pas-
sado. Esta lhe dá a convicção
de que nenhuma condenação 2. A SAlvAção ABRAnGE
há para aqueles que estão em noSSo PRESEnTE – I PEDRo
Cristo Jesus, pois estes já têm 1. 13-21
seus pecados perdoados, estan-
do justificados diante de Deus, Não há como separar a salvação
tendo por isso paz com Ele. no passado da salvação no pre-
sente, pois quando fomos salvos
A respeito dessa salvação, po-
da pena do pecado (passado),
de-se dizer: “fui salvo da pena
entregamos nossa vida a Ele,
do pecado”, sabendo que, pela
para sermos transformados, a
entrega da nossa vida ao Se-
cada dia, em nosso caminhar
nhor, Ele já nos cobriu com a
com Ele. A partir daí, Ele efetua
Sua justiça e ninguém pode
as transformações necessárias
nos condenar. Por isso a salva-
em nós. Esta é a salvação no
ção no passado é chamada, por
presente.
vários teólogos, de justificação,
como Paulo expressa em Rm. A respeito da salvação no pre-
5.1. Ao escolhermos andar no sente, que é chamada de san-
caminho de Deus, Ele nos co- tificação, podemos dizer “estou
bre com a Sua justiça e temos sendo salvo”, pois estamos num
paz com Ele. O nosso adversário novo caminho, sendo salvos a
(Satanás), não nos pode acusar todo momento do domínio do
de pecado algum, pois estamos pecado em nossas vidas, à me-
com as nossas mãos nas mãos dida que Deus vai nos forta-
de Deus, aceitos e perdoados lecendo, nos ensinando e nos

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

conformando à imagem do Seu Sua igreja, em adoração a Ele


Filho perfeito, pela atuação do e em aprendizagem a respeito
Seu Espírito, que está em nós. dEle. Isto é o que nos ajudará
a usufruir da vida dEle em nós.
Santificação! Que palavra pre-
ciosa! Ela significa crescimento Podemos fraquejar e falhar, mas
em direção a ser como Deus é, seremos amparados por Ele, em
no sentido de pensar os Seus sua graça. Se cairmos, Ele nos
pensamentos, amar o que Ele levantará. Ele verá a nossa fra-
ama, valorizar o que Ele valori- queza, mas também o nosso de-
za, desejar o que Ele deseja e vi- sejo sincero e profundo de acer-
ver em conformidade com a Sua tar e dirá “Não temas, porque eu
vontade. te remi; chamei-te pelo teu nome,
tu és meu.” (Is. 43.1).
O texto de I Pedro, que encabeça
este tópico, fala que precisamos O autor do livro “Fundamentos
ter uma vida diferente da que da nossa Fé”, produzido pela
tínhamos anteriormente (v.14); JUERP em 1980, chama a sal-
depois ele apresenta o modelo vação no presente de “salvação
para a nossa santificação, que contínua(1)”. Esta é a salvação
é o próprio Deus (vs. 15-16); e que atua em nós no presente,
a seguir fala do valor infinito do produzindo maior relação com
nosso resgate vs. 18-19). Deus e crescimento espiritual,
melhorando nossas relações,
A respeito dessa salvação no
dando-nos alegria num cami-
presente, Paulo diz, no final de
nhar cada dia mais perto do ide-
Fp.2.12, “desenvolvei a vossa
al que Deus tem para nós.
salvação”. Sim, ela tem a nos-
sa participação. Não pode haver
salvação no presente ou santifi- Aplicação a sua vida: Quais os
cação, se não houver profundo recursos dos quais você pode
desejo, humildade e entrega de lançar mão para crescer em sua
vida. É imprescindível o relacio- santificação? Enumere pelo me-
namento com Deus, através do nos três e comente.
conhecimento da Bíblia, da ora-
ção, da contemplação das Suas
3. A SAlvAção ABRAnGE
obras, do refletir sobre Ele, em
noSSo FuTuRo – I PEDRo
Seu amor e graça para conosco
1.3-9
e para com toda a humanida-
de. É importante que sintamos A salvação no futuro é aquela
fome e sede de Sua presença, a respeito da qual podemos di-
que mantenhamos um relacio- zer “eu serei salvo”. Enquanto
namento com Ele para que cres- a respeito da salvação no pas-
çamos em direção a ser o que sado, posso dizer “eu fui salvo
Ele é; que estejamos juntos com da pena do pecado” e a respeito
outros irmãos, como parte de da salvação no presente, posso

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 49


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

dizer “estou sendo salvo do do- ConCluSão


mínio do pecado”, a respeito da
A salvação atinge toda a nos-
salvação no futuro, eu posso
dizer: “serei salvo da presença sa vida. Ninguém pode desejar
do pecado para todo o sempre.” ser salvo, em apenas um dos
Enquanto a primeira é chamada três aspectos da salvação, pois
de justificação e a segunda de é impossível separá-los. Alguém
santificação, a salvação no fu- pode ser salvo ao morrer, não
turo é chamada de glorificação, havendo tempo para a sua cami-
pelos teólogos. Paulo, a respei- nhada com Deus neste mundo,
to dessa salvação no futuro, diz mas ninguém que tenha conhe-
em Romanos 13.11 “... porque a cido a graça de Deus, consegui-
nossa salvação está agora mais
ria nem mesmo pensar: “Eu só
perto de nós”. Esta é a salvação
quero entregar-me a Deus para
da qual desfrutaremos um dia,
estando livres dessa dimensão ser salvo no futuro, pois agora
física que nos aprisiona, e do não tenho interesse em ser salvo
mundo corrompido no qual vive- do domínio do pecado”.
mos. Estaremos com o Senhor, Só não sente o desejo pela sal-
salvos da presença do pecado.
vação no presente, quem ainda
Será glorioso!
não foi salvo. Ao conhecermos
Sem ter qualquer pretensão de o amor e a graça do Senhor,
escrever sobre a nossa salvação fomos conquistados para sem-
no futuro, pois não me sinto pre. Podemos passar por crises
competente para isso, podemos e lutas, mas sempre voltaremos
dizer que a Bíblia nos oferece al-
contritos à Sua presença.
guns indícios de como será esta
vida, deixando-nos entrever
uma condição de paz, de justi-
ça, de glória, de louvor, de ati- Suporte para
vidades, de adoração, de enlevo, pequenos grupos:
de comunhão, de alegria. Sem
dor, lágrimas ou pecado, estare- 1. “Como escaparemos nós, se
negligenciarmos tão grande
mos para sempre com o Senhor. salvação?” Pode explicar este
versículo?
2. Quais são os três tempos da
Aplicação a sua vida: Como
salvação? Você pode explicar
você se sente, ao reconhecer a cada um?
beleza e abrangência da salva-
ção que abraçou? Extasiado(a) 3. Você acha que alguém pode ser
e grato(a) a Deus? O que você salvo com apenas um dos três
pode fazer para expressar ao aspectos da salvação?
seu Redentor como você se 4. Como você pode aplicar o que
sente? aprendeu hoje?

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 9

JEsus crIsTo: saLVaDor,


sENHor E MEsTrE
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
No texto de Mateus 11.28-30 Segunda Mt. 5.1-12
encontram-se as três atribui- Terça Mt. 5.13-16
ções de Jesus mais citadas nos Quarta Mt. 11.28 -30
evangelhos: Salvador, Senhor e Quinta Mc.10.35-45
Mestre. Lendo este texto, en- Sexta At. 20.19-24
contrei realmente tais atribui-
Sábado Cl. 1.13-23
ções e achei oportuno refletir so-
Domingo II Tm.4.1-8
bre tal afirmativa neste estudo
acerca da Salvação.
Estes três títulos dados a Jesus Aplicação a sua vida: Quando
não podem ser separados em recebemos a Jesus como nosso
salvador, ele passa automati-
nosso caminhar com Ele. Nin- camente a ser nosso senhor e
guém pode tê-Lo como Salvador mestre. Qual destas condições
e não como seu Senhor e Mes- você tem mais dificuldade em
tre. Pode sim, haver dificulda- submeter-se?
des na submissão a Ele ou na
aprendizagem dos Seus ensinos
e Ele mesmo nos ajudará em 1. JESUS, O NOSSO SALVA-
nossas fraquezas, mas não exis- DOR – MT. 11.28
te a opção de rejeitar qualquer Neste texto, Jesus chama as
parte do que Jesus é. Não pode pessoas sobrecarregadas e can-
uma pessoa aceitá-lo pela meta- sadas, para receberem dEle o
de. alívio de que precisam. Quando
A pessoa é salva quando entrega estamos cansados e sobrecar-
a sua vida a Jesus, o que sig- regados com o peso dos nossos
nifica aceitá-Lo como Salvador, pecados, das dificuldades que
Senhor e Mestre. Vejamos cada enfrentamos como consequ-
uma destas atribuições de Je- ência de tudo isto, Jesus nos
sus, mencionadas neste texto convida a ir a Ele para termos
bíblico. o alívio de que precisamos. Ir

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a Jesus, entregando-nos a Ele. tura, cuja alegria e glória


Isto é Salvação. Vejamos algu- ultrapassam toda a nossa
mas bênçãos da salvação, vistas capacidade de compreen-
em outros textos bíblicos: são e à qual chegaremos,
guiados por Ele mesmo.
• Cl. 1.13-14 – Sejamos nós Então poderemos dizer
quem formos, ela nos livra como Paulo: “combati o
da vida presa a um círcu- bom combate”.
lo estreito que gira em tor-
no de nós mesmos, de coi-
sas ou pessoas, para uma Aplicação a sua vida: Como
você se sente diante da visão
vida de libertação e gran-
de todas estas bênçãos que a
deza, tendo como centro o salvação transmite à sua vida?
Senhor do universo, que Comente.
nos dá um sentido novo
para viver, mesmo que
seja com as mesmas pes- 2. JESUS. O NOSSO SENHOR
soas com quem sempre
– MT 11.29A E V.30
convivemos e nas mes-
mas funções que sempre Após chamar as pessoas para
exercemos. o descanso e alívio nEle, como
• At. 20.24 – Ela nos dá vimos no primeiro tópico, Jesus
uma missão especial de as convoca agora a que tomem
vida no mundo em que sobre elas o Seu jugo, dizendo-
vivemos. O que Paulo diz -lhes que seu jugo e seu fardo
pode referir-se a qualquer não são pesados. O Dicionário
pessoa salva por Jesus Houaiss explica: “Jugo é a peça
Cristo. Onde estivermos, de madeira para atrelar bois à
se estamos perto do Se- carroça ou arado; canga.” Os
nhor, podemos ser luz e dois bois carregavam juntos o
bênção para outros, cum-
peso. Jesus nos convida a ficar-
prindo nossa missão.
mos sob o mesmo jugo com Ele.
• II Tm.4.7a – Não precisa- Ele nos ajuda a carregar o peso.
mos ser alguém impor- Nós somos fracos, mas Ele é for-
tante para declarar isso te. Qual é o jugo de Jesus, sob o
ao final da nossa vida.
qual precisamos estar, senão o
Em qualquer posição que
de abrir mão de uma vida egoís-
ocupemos, estamos com-
batendo o bom combate ta de quem só pensa em si mes-
de viver o mais possível de mo? De uma vida de impurezas,
acordo com a vontade de de vaidades, de indiferença pelo
Deus. Jesus em nós pro- que acontece aos nossos seme-
duz confiança na vida fu- lhantes? De pecados, enfim?

52 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Jesus, neste mundo, foi o Deus 3. JESUS, O NOSSO MESTRE


encarnado. Ele é o Senhor do – MT.11.29B
universo e Aquele a quem nós Mestre! Este foi o título mais
temos nos submetido, como usado para Jesus e não há na
servos. Mas, subvertendo os Bíblia termo mais usado para
valores do mundo pecador, sen- aqueles que foram salvos por
do Jesus Senhor e Rei, nasceu Ele do que “discípulos”. O vocá-
numa manjedoura; trabalhou bulo “discípulo” significa apren-
numa carpintaria; foi chamado diz. No mundo antigo, os filó-
de “amigo de publicanos e peca- sofos gregos ou rabinos judeus
dores”, que eram os párias da reuniam em torno de si grupos
sociedade (Mt.11.19); na véspe- de aprendizes e discípulos. Os
ra da sua morte, lavou os pés discípulos acompanhavam o
dos discípulos para lhes mos- mestre, ouvindo o que este dizia
trar que Ele os chamava para e observando o seu modo de ser
servir; nada tinha de bens ma- e viver. O verdadeiro discípulo
teriais e ao final morreu numa tinha como sua maior ambição
dolorosa e humilhante cruz. Ele ser como seu mestre. O ponto
nos disse que “não veio para ser forte do ministério de Jesus foi
servido, mas para servir e dar a o ensino a Seus discípulos.
sua vida em resgate de muitos” Em Mt. 5.1-12 temos as bem-a-
(Mc.10.45). venturanças nas quais o Mestre
Jesus relaciona características
Este é o nosso Senhor, que nos
que devem ser buscadas pelas
mostrou com Sua vida como vi-
pessoas que desejam segui-lo.
ver, servir e amar. O servo não é
Estas foram as grandes marcas
maior que o seu Senhor. Se Ele
de Sua vida neste mundo. Ele
serviu com humildade às pesso- deseja que sejamos humildes,
as, precisamos fazer o mesmo. sensíveis, mansos, famintos por
Nossa missão, como servos, é justiça, misericordiosos, limpos
saber o que Ele deseja de nós e de coração e pacificadores; e se
nos submetermos à Sua vonta- formos perseguidos, seremos
de. Ele é o Senhor! bem-aventurados. Em Mt. 5.13-
16, Jesus fala do papel que
exercerão no mundo as pessoas
Aplicação a sua vida: Que ati-
tudes suas mostram que você que tiverem as características
já submeteu sua forma de viver mencionadas nas bem-aven-
ao Senhor Jesus? Há setores turanças. Elas serão o sal que
de sua vida que ainda não es- conserva e dá sabor a este mun-
tão sob a liderança de Jesus? do e a luz que ajuda a encontrar
Quais?
direções e a iluminar vidas.

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

A vida cristã, isto é, a vida da- Aplicação a sua vida: Você de-
quele que foi salvo por Jesus seja aprender de Jesus, como
Cristo passa a ser de discipu- deve conduzir sua vida, em
lado constante. E o que apren- seu modo de ser e agir? O que
demos com Ele? Em primeiro você precisa fazer para isso?
Comente.
lugar a ser as pessoas que Ele
deseja e assim servirmos em
Seu nome ao mundo pelo qual
ConCluSão
Ele deu a Sua vida.
À sociedade, em geral, falta co-
Vivemos numa sociedade que,
nhecimento de Deus e desejo de
em geral, valoriza a aprendiza-
fazer a Sua vontade. Será que,
gem, quando esta se mostra útil
como cristãos, não estamos fa-
ao bem-estar pessoal, seja no
lhando em nossa missão? Te-
sentido de ascensão social, de
mos apresentado à sociedade
lucros financeiros, etc. Somos
em que vivemos o Jesus que a
contaminados pela cultura à
Bíblia realmente nos apresenta?
nossa volta. Precisamos pedir a
Estará a religiosidade tomando
Deus que nos liberte das ideias
em nós o lugar de uma vida de
culturais que nos escravizam,
adoração ao Senhor, de estudo
seguindo o conselho de Paulo
da Palavra e de serviço ao pró-
em Rm.12.2, “não nos conforme-
ximo?
mos com este mundo, mas trans-
formemo-nos pela renovação do Neste estudo vimos que o Jesus
nosso entendimento, para que que salva não está desvinculado
experimentemos a boa, agradá- do Jesus que tem o Senhorio de
vel e perfeita vontade de Deus.” nossas vidas e do Jesus que nos
ensina como viver e sermos pes-
Podemos ascender socialmente
soas mais semelhantes a Ele.
e até ficarmos ricos economica-
mente, mas se somos discípulos
de Jesus Cristo, este não deve
ser o nosso interesse primor- Suporte para
dial nesta vida. E, se Deus nos pequenos grupos:
abençoar com vitórias intelec-
1. O que mais chamou a sua
tuais, sociais ou econômicas, o
atenção no texto?
nosso desejo deve ser usar tudo
2. O que o estudo nos revela?
para glorificar o nome do nosso
Senhor, sendo bênçãos a este 3. Cite as lições que podemos ti-
rar, depois de tudo que ouvi-
mundo cansado e sofredor. mos hoje.
4. Você tem uma experiência que
possa compartilhar?

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 10

coNDIÇÕEs Para usuFruIr


Da saLVaÇÃo

InTRoDução
Já vimos no começo de Gênesis,
lEITuRAS DIÁRIAS
que homem e mulher se afas-
Segunda Rm.3.21- 27.
taram de Deus, não cumprindo
o propósito para o qual foram Terça Rm.3.28- 31
criados: o crescimento como se- Quarta Mc. 1.4- 8
res humanos feitos à imagem e Quinta Mc .1.9 - 15
semelhança de Deus e o bom Sexta Fp.3.12-16
desempenho da função de admi- Sábado Rm 12.1-8
nistrar a criação, tomando um
Domingo I Cr. 12.1-31
rumo diferente daquele que os
levaria a uma vida feliz, perce-
beram em si a mudança: inse-
gurança, medo, vergonha, culpa
Aplicação a sua vida: Ao usar
e vontade de escapar da presen- o livre arbítrio que lhe foi dado,
ça graciosa de Deus. você tem por vezes atendido à
voz do tentador, mesmo poden-
Hoje nascemos num mundo de do resisti-lo, e ido pelo caminho
pecado e que nos estimula a contrário à vontade de Deus? O
uma vida longe de Deus. Não que você conclui disso quanto
devemos, no entanto, pensar à sua semelhança com Adão e
Eva? Você pode acusá-los, di-
que recebemos apenas esta he- zendo que você não faria o que
rança de Adão e Eva. Não! O que eles fizeram? Diante dessa con-
a Bíblia diz é “todos pecaram”. clusão, o que você gostaria de
(Rm.3.23.a). falar com Deus agora?

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 55


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

Não adianta nos enganarmos. nos aceita em sua comunhão,


Somos todos iguais. Somos to- não é apenas pelo que fazemos,
dos o Adão que pecou e, sem a mas pelo que somos. Somos pe-
reconciliação que Deus nos ofe- cadores e por isso estamos sem-
rece, estamos todos perdidos. pre a cometer pecados. Temos
Falando aos Seus contempo- de nos reconhecer como peca-
râneos, disse Jesus: “Arrepen- dores em rebelião contra Deus,
dei-vos e crede no Evangelho” juntamente com toda a espécie
(Mc.1.15). Ele coloca duas con- humana, desde Adão, como já
dições para se usufruir da sal- vimos em estudos anteriores.
vação. Vamos comentar cada Não temos, fora da comunhão
uma delas separadamente. com Deus, a facilidade para fa-
zer o que Ele quer, como amar,
1. PRIMEIRA ConDIção: AR- perdoar, ajudar, fazer apenas o
REPEnDER-SE – MC. 1.4-15 bem, sem necessidades de apre-
ciação, de glórias ou reconheci-
João Batista prega o batismo mentos. Nem para deixarmos de
do arrependimento e anuncia fazer aquilo que contraria a von-
quem viria após ele, cuja supe- tade de Deus. Reconhecer tal
rioridade era imensurável (vs.7- condição em contrição diante de
8). Após ser batizado por João, Deus e pedir Sua ajuda, mostra
Jesus começa o seu ministério o nosso arrependimento.
pregando o Evangelho do Rei-
no e falando da necessidade do
Aplicação a sua vida: Viver
arrependimento e da fé neste
segundo a vontade de Deus é o
Evangelho. Vejamos a primeira nosso maior desafio, pois a car-
dessas necessidades – o arre- ne milita conta o Espirito, con-
pendimento. forme ensinou o apóstolo Paulo.
Reconhecer esse fato e contar
Afinal, o que é arrependimento com a atuação do Espírito Santo
e arrepender-se do quê? Do que é indispensável. O que você tem
fiz ontem, há dias, ou num pas- feito para entender a vontade de
sado mais remoto? Arrependi- Deus? Comente.
mento de tudo que fiz de errado?
Palavras, pensamentos, ações?
Na harmonia da nossa vida com
Para entendermos melhor, pre-
a vontade de Deus está a nos-
cisamos examinar o conteúdo
sa felicidade. Por isto, lemos
da Bíblia que nos mostra a con-
em Rm 12.2b que a vontade de
dição humana diante de Deus,
Deus é boa, agradável e perfeita,
como já temos feito um pouco
pois fomos criados para ela. Só
nos estudos anteriores.
o cumprimento dela nos fará fe-
Arrependimento no sentido bí- lizes. É o ser em rebelião contra
blico é muito mais do que arre- Deus, que nós devemos reco-
pender-se de uma palavra, um nhecer em nós mesmos, isto é,
pensamento ou uma ação. Deus alguém que tem dificuldade em

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

fazer o que Deus quer, e deixar Deus nos ama, desejando que
de fazer o que Deus não quer. voltemos a Ele pela mediação
Ao reconhecermos isso de cora- de Jesus Cristo, Seu Filho. Crer
ção e em contrição e nos voltar- no Evangelho é crer em Cristo,
mos para Ele, receberemos Seu como nosso Salvador, Senhor
socorro, na pessoa do Espírito e Mestre, que mediante o nos-
Santo, que nos ajudará a viver so arrependimento, nos recebe
de acordo com a Sua vontade. e nos ajuda a caminhar nesse
Fora dEle, não há como fazer a novo caminho que é Ele mesmo,
Sua vontade. Temos, sim, que amparando-nos e levantando-
reconhecer, em contrição, as fal- nos quando tropeçarmos e cair-
tas que temos praticado contra mos.
nós mesmos, contra os da nossa
família e demais semelhantes, O Evangelho é a boa nova de
para que, com a ajuda dEle, nos que, embora a vida perfeita e
corrijamos; temos de confessar plena de Jesus seja o que Deus
nosso orgulho, vaidade, egoís- deseja para cada um de nós, Ele
mo, rebeldia, desamor, etc. para nos aceita como somos, perdoa
que Ele nos vá curando. Junto os nossos pecados e nos ajuda
com o reconhecimento de que a caminhar, querendo de nós
somos pecadores rebeldes, pre- desejo sincero de nos tornarmos
cisamos confessar com since- a pessoa que Ele deseja que se-
ridade, o nosso desejo ardente jamos. Crer em Cristo, portan-
de viver o estilo de vida que Ele to, não é uma fé sem conteúdo,
deseja de nós. Confessar-Lhe e como alguém que, pegando uma
pedir-Lhe perdão e ajuda para cruz, uma fita ou uma joia com
vivermos a vida com Ele, isso é o nome de Jesus, ou mesmo
arrependimento. E a Bíblia diz tendo o pensamento nele, diga
que um coração contrito, Deus com toda a força da sua mente
não rejeita (Sl.51.17). “Eu creio em Jesus”. A fé é algo
com o qual nos compromete-
Aplicação a sua vida: Viver mos. Crer no Evangelho tem um
segundo a vontade de Deus é o
conteúdo muito rico, proclama-
nosso maior desafio, pois a car-
ne milita contra o espírito con- do em toda a Bíblia. Veja tex-
forme ensinou o apóstolo Paulo. tos do NT (Novo testamento) que
Reconhecer esse fato e contar nos mostram isso:
com a atuação do Espírito San-
to é indispensável. O que você • Significa que não confia-
tem feito para entender a vonta- mos em nossos méritos,
de de Deus? Comente. para irmos a Deus, pois
nunca teremos a perfei-
2. SEGunDA ConDIção: CRER ção que Ele exige de nós.
no EvAnGElHo - MC. 1.15 Cristo é o nosso Media-
dor, Salvador, Senhor e
A palavra Evangelho significa Mestre. Podemos dizer
boa nova. É a boa nova de que que “somos justificados

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

gratuitamente pela sua pecado com todas as suas con-


graça, mediante a reden- sequências: dor, morte, desola-
ção que há em Cristo Je- ção e tudo que Deus nunca quis
sus (Rm.3.24); para as Suas criaturas.
• Significa que desejamos
seguir Seus passos neste Aplicação a sua vida: Confor-
mundo, aprendendo dEle me vimos, crer no evangelho é
como ser e como viver, mais do que uma manifestação
mesmo que em nossa fra- emocional e social. É uma en-
queza, por vezes, falhe- trega de vida. Como você tem
mos, podemos dizer como experimentado essa tomada de
Paulo: “... prossigo para decisão? Comente.
conquistar aquilo para o
que também fui conquis- ConCluSão
tado por Cristo Jesus”.
(Fp.3.12b); Arrependimento e fé são condi-
ções para a salvação, em todos
• Significa que, embora va-
os tempos. Sem arrependimen-
lores falsos deste mundo
to não nos aproximaremos de
por vezes nos atraiam, o
Deus; se nos faltar fé, não con-
nosso desejo maior é ter
fiaremos na suficiência de Jesus
Jesus como nosso Se-
para a nossa justificação, não
nhor, a quem desejamos
dependeremos dEle para nossa
obedecer;
santificação e não nos alegrare-
• Significa que confiamos mos na nossa vida futura de glo-
nEle para nos ajudar a rificação. Devemos, no entanto,
caminhar de acordo com lembrar que fé e arrependimen-
a Sua vontade e que con- to não são apenas sentimentos,
fiamos no Seu perdão embora muitas vezes se expres-
quando falharmos e em sem assim. Eles são, acima de
Sua ajuda para prosse- tudo, uma escolha e um com-
guirmos. Eis, em linhas promisso.
muito gerais, o que signi-
fica trilhar pelo caminho
que é Jesus. Suporte para
pequenos grupos:
Esta nova vida nos permite di-
1. “Arrependei-vos e crede no
zer: “fui salvo”, pois não estou Evangelho” (Mc.1.15). Explique
mais perdido, mas sei para onde as duas condições para a salva-
e com quem estou indo; “estou ção.
sendo salvo” por Ele, que me 2. O que a lição nos revela?
livra a cada dia da ignorância, 3. Cite as lições que podemos ti-
da fraqueza, dos medos, da vai- rar, depois de tudo que ouvimos
hoje.
dade, enfim, do pecado que tão
4. Que ajustes você precisa fazer
de perto me rodeia; “serei salvo” em sua vida para colocar em
ao terminar minha jornada e pe- prática o que apreendeu?
netrar numa vida plena, sem o

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 11

o saLVo E a oraÇÂo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Vimos que o salvo por Jesus Segunda Jo. 14.9-11
Cristo vive uma vida em outro Terça Mt.14.22-23
nível e dimensão. Descobrimos Quarta Lc. 6.12-13
que, para ser bênção a todos os
Quinta Lc. 9.29, 11.1
que com Ele convivem e aos que
podem direta ou indiretamente Sexta Mt. 6.9-13
receber a sua influência, preci- Sábado Jo. 17. 1-26
samos de um relacionamento Domingo Lc.18.9-14
muito especial com Aquele que
nos criou. Ninguém melhor para a oração, ideias estereotipadas
nos ensinar sobre isto, do que o quanto ao lugar, quanto à posi-
grande Mestre Jesus Cristo. Ele ção e mesmo quanto às palavras
foi o homem perfeito que, para que devem ser usadas. Oração
viver a Sua perfeição absoluta, é, acima de qualquer coisa, re-
precisava desse relacionamento lacionamento com Deus. É
profundo e constante com o Pai. aproximação do Pai, numa ex-
pressão de afeto, admiração,
Aplicação a sua vida: Jesus louvor, agradecimento, pedidos
Cristo nos ensinou que a for- para o suprimento de necessi-
ma perfeita de influenciarmos dades, etc. É um abrir do co-
a sociedade é ter um relaciona- ração a Ele. A vida de Jesus foi
mento com Deus. Como você de intensa comunhão com o
tem aplicado este ensino? Co- Pai. Embora fosse um com Ele
mente. (Jo. 14.9-11), o ser humano Je-
sus precisava da força e do ali-
mento que essa comunhão lhe
1. o ESTIlo DE vIDA DE jE- dava. Veja alguns registros dos
SuS noS EnSInA o vAloR DA Evangelhos que nos mostram
oRAção isso: Mt. 14.22-23; Lc. 6.12-13,
Precisamos ter cuidado ao fa- 9.29, 11.1 e 22.44. Estes textos
lar sobre o valor da oração no nos mostram Jesus se retirando
relacionamento com Deus, já para orar, o que deve ter aconte-
que muitos de nós têm, sobre cido muitíssimas mais vezes do

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

que são registradas nos evan- Para orar de uma forma produ-
gelhos. Nós O vemos orando tiva ao nosso crescimento, no
quando estava nas lides do seu entanto, é preciso que tenhamos
ministério, antes de escolher uma visão o mais real possível
os discípulos, quando houve a de quem seja Deus e de quem
transfiguração, quando sofria somos nós. Ajudar um pouco
no Getsêmani, etc. neste conhecimento tem sido o
As orações de Jesus não eram objetivo destes estudos, desde o
desvinculadas da Sua relação seu início.
profunda e íntima com o Pai. Na parábola do fariseu e do pu-
Elas O sustentavam para os de- blicano (Lc.18.9-14), foi o pu-
safios que enfrentava no mun- blicano o que foi justificado.
do em que estava vivendo. Ele Enquanto o fariseu age como al-
passava longo tempo em ora- guém que não conhece a Deus e
ção como nos é mostrado em nem a si mesmo, o publicano se
Mt. 14.22-23, quando manda vê como pecador necessitado da
os discípulos irem embora, pois
misericórdia divina e vê a Deus
desejava ficar só, em oração.
como misericordioso e capaz de
Também em Lc. 6.12, quando o
justificar o pecador contrito. A
evangelista diz que ele passou a
oração é, pois, o nosso relacio-
noite em oração. Outra oração
namento com Deus, ao expres-
de Jesus que me comove é a de
sarmos o que nos vai na alma.
Lc.10.21. Ao receber os discípu-
los cheios de alegria pelas vitó-
rias alcançadas em sua missão,
Ele eleva o Seu coração ao Pai, Aplicação a sua vida: Oração
cheio de exultação no Espírito é atitude de submissão e de-
Santo e agradece, não por algo pendência. Porém temos visto
que tenha recebido, mas pelo muitos inverterem esta posição,
passando a exigir e dar ordens
que Deus é e o modo como
a Deus. Como você percebe esse
age. modismo? Comente.

Aplicação a sua vida: Um


marco na vida de Jesus é seu 2. oS PRInCÍPIoS DA oRA-
relacionamento com o Pai. Te- ção MoDElo, no EnSIno DE
mos experimentado momentos
de relacionamento com Deus, jESuS
porém muitas vezes o temos Diante da vida de oração de
transformado em eternos mo-
nólogos de pedidos. Você tem Jesus, Seus discípulos perce-
experimentado as respostas de beram que não sabiam orar e
Deus através da Sua Palavra e lhe pediram: “Ensina-nos a orar”
circunstâncias? Que tal parar (Lc.11.1). Foi quando Jesus lhes
para simplesmente enumerar o ensinou a Oração Modelo que é
que Deus tem dito a você nessa
última semana? chamada “Oração do Pai Nos-

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

so”. Esta oração não nos foi plena (vs. 9-10). Quanto
dada por Jesus para que a faça- mais verdadeiro e intenso
mos de uma maneira mecânica, for nosso desejo, de que
desvinculada da nossa fé e co- a vontade de Deus seja
munhão com o Pai. Ela é mo- feita em nós e no mundo
em que vivemos, mais nos
delo dos princípios que devem
empenharemos nisso.
nortear nossa conversa com
Deus. Antes de dar-lhes este • Admitir Deus como pro-
modelo de oração, Jesus fala vedor - vs. 11-13 – Ele é
aos discípulos, nos vs. 5-8, que o provedor de todas as
nunca devem orar para serem nossas necessidades ma-
teriais e espirituais. O re-
apreciados pelas pessoas (vs.5-
conhecimento de que toda
6), para manipularem Deus (v.7) a nossa capacidade, seja
ou porque pensem que Ele não ela força, inteligência e
conheça todas as suas necessi- habilidades vem das Suas
dades (v.8). Oração é, acima de mãos, produzirá em nós
tudo, relação com Deus. A ora- a humildade, a gratidão
ção nos ajuda na desobstrução e o desejo de ser bênção.
dos canais que nos impedem de E a oração termina pro-
receber as Suas bênçãos. Jesus clamando a majestade de
nos ensina que oração é relacio- Deus. “O reino, o poder e
namento e não uma lista de pe- a glória são dEle”.
didos e desejos, como se Ele não
nos conhecesse profundamente. Aplicação a sua vida: A autora
nos convoca a ter um relacio-
Vejamos alguns princípios que namento verdadeiro e íntimo
nos são dados por esta oração com Deus. Este é crescente e
modelo: nos leva a amadurecer espiritu-
almente. Como você avalia seu
• Honrar a Deus - v.9 – Ao relacionamento com Deus?
orarmos, o nosso primei-
ro desejo deve ser de que
Deus seja honrado; 3. uMA oRAção DE InTER-
Desejar que o nome de CESSão - joão 17. 1-26
Deus seja santificado é Este é um texto que registra a
desejar que a nossa vida
longa e importante oração de
de santidade O honre e
que o mundo venha a Jesus pelos seus discípulos. É a
conhecê-Lo e a amá-Lo, chamada “oração sacerdotal”, já
honrando-O também. ao final de Sua vida neste mun-
do. Nela, Ele nos mostra a co-
• Desejar que seja feita a
vontade plena de Deus - munhão perfeita de Jesus com o
vs. 9-10 – Que Sua von- Pai e pede as seguintes bênçãos
tade seja feita de maneira para os Seus discípulos:

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 61


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

• Que os guarde e os torne ConCluSão


um (v.11);
Que cultivemos o relacionamen-
• Que os livre do mal (v.15); to com Deus como algo de gran-
de importância, sabendo que ele
• Que os santifique na ver-
não depende de lugar ou tempo
dade. A palavra de Deus é determinado. A qualquer mo-
a verdade. (v.17); mento podemos ir a Ele em ora-
• Que eles sejam um em ção e reconhecer Sua grandeza,
Deus (21). Seu caráter santo, Sua bonda-
de, paciência, misericórdia e
O fato é que o pedido que maior tudo que você conhece sobre
espaço ocupa nesta oração é o Ele; contemplar a grandeza, a
pedido pela unidade dos discí- beleza e a diversidade das Suas
pulos (vs. 21-23). E Jesus dei- obras; agradecer pela provisão
xa claro no vers. 21 que esta das suas necessidades, pelo seu
unidade deveria ter como cen- cuidado protetor, pelos seus en-
tro o próprio Deus. Chegamos sinos através das dificuldades;
à conclusão que, quanto maior conversar com Ele sobre seus
for o nosso relacionamento com sonhos, suas dificuldades, seus
Deus e a nossa unidade com conflitos...
Ele, maior unidade haverá entre
nós e os demais discípulos do
Senhor. A unidade dos discípu-
los de Jesus deve estar, não em Suporte para
torno de pessoas, programações pequenos grupos:
ou estruturas, mas em torno do
1. O que é ser um discípulo?
próprio Deus, em Sua unidade
trinitária. 2. Que atitudes devemos de-
senvolver diariamente, que
demonstram nosso desejo de
imitar Jesus, como seus dis-
Aplicação a sua vida: A unida- cípulos?
de com Deus, que Jesus mencio- 3. Qual a verdadeira motivação
na, é refletida no relacionamen- para a busca de um relacio-
to com o próximo. Com base nessa namento com Deus, por meio
afirmação, sua experiência de ora- da oração e da Bíblia?
ção tem proporcionado a unida- 4. Você tem uma experiência
de com seus irmãos? Comente. que possa compartilhar sobre
o que estudamos hoje?
5. Sente que tem ajustes a fazer
em sua vida diária, para uma
melhor comunhão com o Pai?

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 12

as ForÇas DE oPosIÇÃo
À saLVaÇÃo
lEITuRAS DIÁRIAS
InTRoDução Segunda Gn. 2.15-17

Um tema da teologia que trata Terça Gn. 3.1-13

das tentações costuma se rela- Quarta Jr. 14.7-9


cionar em três fontes principais. Quinta Rm. 7.15-25
A primeira vem do próprio Sa- Sexta Sl. 14.1-3
tanás, que é também chamado Sábado Mt.4.1-11
na Bíblia de adversário ou opo- Domingo I Jo. 2.15-17
nente, colocando-se contra tudo
que é verdadeiramente bom. A 1. SATAnÁS – MT. 4.1-11
segunda é a nossa própria na-
tureza carnal que nos incita Na Bíblia, Satanás é também
a comportamentos contrários chamado de Diabo. Neste texto,
nós o vemos tentando a Jesus,
à vontade de Deus. A terceira
ao usar as fragilidades próprias
são os antivalores do mundo
do ser humano: necessidades
que apresenta, a todo instante,
físicas, necessidade de aprecia-
opções de vida e de comporta-
ção e o desejo de poder, para
mento que são diametralmente
que Ele deixasse de cumprir a
opostas à vontade de Deus. vontade de Deus. Ele usa tais
fragilidades, para levar-nos ao
mal. Jesus o venceu, porque
Aplicação a sua vida: A ten- tinha íntima comunhão com o
tação é algo externo ao ser hu- Pai, conhecimento da Sua von-
mano que, aliada às nossas
fraquezas, encontra oportuni- tade e desejo de executá-la.
dade para nos induzir ao erro. Outros termos têm sido apli-
Há três forças que se opõem à
vontade de Deus para a nossa cados na Bíblia a Satanás, in-
vida. Identificá-las é a primeira dicando sua personalidade e
opção. Você é capaz de identifi- atividade: tentador (I Ts. 3.5),
car essas três forças de oposi- maligno (Mt.13.19), inimigo
ção? Comente. (Mt.13.39), adversário (I Pe.5.8),

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pai da mentira e assassino Aplicação a sua vida: Satanás


(Jo.8.44), enganador (Ap. 12.9) e é a personificação do mal e está
muitos outros. Jesus o chamou sempre em oposição à criatura,
de “Pai da Mentira” e “Príncipe para levá-la a erros. É indispen-
deste Mundo” (Jo.8.44, 14.30 e sável estarmos atentos à sua
investida, para cumprir nosso
16.11). Paulo o chama de “Deus propósito. O que você pode fa-
deste Século” (II Co. 4.4). zer para identificar as insinua-
ções do inimigo e não praticar o
Satanás personifica em si o mal. mal? Como vencer a tais insinu-
Seu desejo é levar todos ao mal ações? Comente.
e destruir toda a bondade do
mundo. Ele é inimigo de Deus
2. nATuREzA CoRRoMPIDA
e do bem, o que inclui o ódio à
RM. 7.15-25; 8.1 E 31-39
imagem e semelhança de Deus
de que o ser humano é dotado. Esta é a segunda fonte de ten-
Ele fará tudo para destruir em tações. Você viu nos primeiros
nós o desejo por Deus e aumen- estudos desta série, que o ser
tar nosso desejo e o prazer por humano, havendo sido cria-
tudo que contraria a vontade do à imagem e semelhança de
divina. Deus, só estará plenamente fe-
liz a partir da satisfação da sua
O fato é que Satanás é um ser dimensão espiritual. Você viu
espiritual que exerce influência também que, a partir do nosso
sobre nós, na medida em que o pecado em Adão, essa dimensão
permitirmos. Vários textos bí- (a “imago Dei”) foi ferida e man-
blicos nos previnem contra ele. chada e ficamos divididos. De-
Veja o que dizem dois desses sejamos Deus e queremos fazer
textos: ele é o que semeia o mal a Sua vontade, mas a dimensão
no meio do bem – parábola do carnal (a pecaminosa), deseja a
trigo e do joio (Mt. 13.39), ele sua própria vontade, que está
anda em derredor de nós, bus- contra a vontade de Deus.
cando a quem possa tragar (I Pe. Em Romanos 7.15-25, Paulo de-
5.8). clara que a sua natureza carnal
No final de I João 3.8, temos é incapaz de executar a vontade
uma declaração que nos traz de Deus, que é espiritual. Ele
alegria e sentimento de vitória: reconhece que a lei, como a ex-
“Para isso se manifestou o Filho pressão da vontade de Deus, é
boa, mas que ele, embora no
de Deus: para destruir as obras
seu ser espiritual a deseje, no
do Diabo.”
seu ser natural não é capaz de
cumpri-la. Há uma luta dentro
dele: o desejo de fazer o bem, se
digladiando com um outro dese-
jo: o de fazer o mal.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Aplicação a sua vida: O apósto- habita? Não é fantástico saber


lo Paulo expressa, de forma bri- que, ao falharmos e em arrepen-
lhante, a luta que acontece no dimento nos voltarmos a Ele, se-
íntimo de cada pessoa. Percebe remos perdoados? (v.8.33-37).
esta luta em você? O que você Paulo termina o cap. 8 dizendo
pode fazer para vencê-la?
que força nenhuma no mundo
é capaz de separar do amor de
Deus aquele que vive na certeza
Depois de falar dessa luta con-
de que a sua vida está totalmen-
tra sua natureza pecaminosa,
te entregue ao Senhor.
Paulo exclama: “Desventurado
homem que sou! Quem me li-
vrará do corpo desta morte”? Aplicação a sua vida: O após-
Ele fica desanimado em olhar tolo Paulo, em Rm.8.31-39, ex-
para si mesmo, pois se apre- pressa a sua alegria da vitória
sobre a força de sua natureza
senta dividido, incapaz de fazer pecaminosa. Você é capaz de,
a vontade de Deus por inteiro. como ele, se lembrar de um mo-
Depois de lamentar tal divisão mento em que quase sucumbiu
em sua natureza, o apóstolo, a este desejo, porém conseguiu
em Rm.7.25a, exclama: “Graças vencê-lo? Se possível comente.
a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor.” Sim! Jesus Cristo, o 3. AnTIvAloRES Do MunDo
Senhor, entregou-se a Si mes- – I jo.2.15-17
mo para nos tornar vencedores.
Quando João diz, em sua carta:
Depois desta exclamação que
“não ameis o mundo, nem as coi-
expressa a sua gratidão por Je-
sas que há no mundo”, é claro
sus, Paulo continua no capítulo
que ele não está falando da cria-
8 proclamando a vitória dos que
ção ou da população que habita
estão em Cristo. Eles não vivem
o mundo, pois é o próprio João
em submissão à sua natureza
que diz que Deus ama o mun-
carnal; vivem no Espírito, dese-
do. Neste texto, o termo ‘mun-
jando de todo coração cumprir
do’ tem o sentido do sistema do
a Sua vontade (vs. 9-11). Es-
mundo, do “modus operandi”
ses têm uma esperança glorio-
em que ele vive.
sa (v.25), e têm no centro de
sua vida o Espírito Santo, que Pensemos um pouquinho na so-
por eles intercede com gemidos ciedade em que vivemos. Quais
inexprimíveis (v.26). Não é ma- são os valores sobre os quais ela
ravilhoso, viver a vida cristã em está edificada? Por acaso não
humildade, sabendo que qual- estão entre eles a insensatez, o
quer vitória sobre a nossa natu- egoísmo, a vaidade, a ambição,
reza carnal vem da nossa uni- a competição, a injustiça e tan-
dade com o Espírito que em nós tos outros? E a mentira? Esta

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 65


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

nos faz trocar valores como a Aplicação a sua vida: Relacio-


aparência no lugar da essência, ne dificuldades que você per-
as coisas no lugar das pessoas, cebe em sua vida para fazer a
a cultura e os títulos no lugar vontade de Deus. A que textos
da verdadeira sabedoria. Tudo bíblicos, vistos neste estudo,
você precisa dar maior atenção,
isto fere o coração de Deus e de para conquistar a vitória?
todos que O amam.
Precisamos estar atentos a to- ConCluSão
das estas fontes de tentação e
seguir recomendações bíblicas Temos de viver sob a graça,
como: “buscai as coisas lá do desfrutando alegremente dos
alto” (Cl.3.1b), “andai no Espírito cuidados divinos, mas sem-
e jamais satisfareis a concupis- pre atentos às oposições que
cência da carne” (Gl.5.16). Po- enfrentaremos, se quisermos
demos, no entanto, afirmar que viver neste mundo uma vida
não terão chances de viver uma agradável ao Senhor. Que es-
vida cristã autêntica e vitoriosa: tejamos cientes que, tanto no
nosso mundo interior como na
• aqueles que vivem como sociedade em que vivemos, te-
se Satanás não existisse; mos forças, e muitas, usadas
• aqueles que confiam em si pelo nosso arqui-inimigo, que se
mesmos, sem ver que em opõem a que vivamos de acor-
sua natureza humana ha- do com a vontade de Deus. Mas,
bita o desamor, a vaida- embora esta seja uma verdade,
de, o egoísmo, a falta de não é toda a verdade. O fato é
domínio próprio e muitos que Deus nos tem dado provi-
outros pecados; sões para que vençamos todas
estas oposições, com a Sua bên-
• aqueles que não buscam ção e a Sua força. A vitória será
a Deus, por não consi- nossa se estivermos com Ele.
derarem que só nEle as
nossas vidas podem, ser
de verdade, redimidas e Suporte para
transformadas; pequenos grupos:
1. Quais são as três fontes de opo-
• aqueles que, embora fa- sição à salvação enfrentada pelo
lem em Deus, têm uma ser humano?
vida centrada nos valores 2. Vivemos em constante luta espi-
mentirosos do mundo, es- ritual. Você tem uma experiên-
tando mais interessados cia pessoal que possa comparti-
lhar?
em defender seus pró-
3. Que lições aprendeu com o es-
prios interesses egoístas e
tudo de hoje?
transitórios.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 13

VENcENDo as ForÇas DE
oPosIÇÃo À saLVaÇÃo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Veremos neste estudo as provi- Segunda I Pe. 5.6-8
sões especiais de Deus para as Terça Ef. 2.11-22
pessoas que, como resultado de Quarta Rm. 6.1-11
sua identificação com o Senhor, Quinta Sl. 32.1-7
desejam ser salvas do domínio Sexta Rm. 6.1-11
do pecado em suas vidas.
Sábado Cl. 1.13-23
Presumimos que os que estão Domingo Ef.4.1-6
fazendo estes estudos já têm Je-
sus como seu Salvador. Se, no
entanto, alguns ainda não Lhe
Aplicação a sua vida: A tomada
entregaram sua vida, que estes de decisão está presente no nos-
estudos ajudem tais pessoas a so dia a dia, seja ela simples ou
tomarem tal decisão e a cami- complexa. Esta poderá mudar
nharem com Cristo, desfrutan- nosso rumo. Você já tomou uma
decisão que mudou o direciona-
do da maravilhosa salvação no mento de sua vida? Relembre e
presente, que pode torná-las comente.
muito melhores, como seres hu-
manos criados à imagem e se-
melhança de Deus. 1. A vITÓRIA PElo ConHE-
CIMEnTo DAS FoRçAS AD-
Se já fomos salvos, então é esta
vERSÁRIAS
salvação no presente que está
sendo ameaçada pelas oposi- Se já fomos salvos, tendo os
ções vistas no estudo anterior. nossos pecados perdoados, de-
Para vencermos esta batalha, vemos conhecer as forças ad-
devemos conhecer nossos ad- versárias ao nosso crescimento
versários, conhecer a Deus que cristão no presente, para que
nos comanda e saber que ar- possamos lutar contra elas. Ve-
mas usar para conquistarmos a jamos um pouco mais a respeito
vitória. dos nossos adversários:

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 67


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

• Satanás - I Pe. 5.6-8 e 17 – Um mundo edificado


Tg.4.7 – É o maligno, bus- sobre valores invertidos,
cando o mal para as cria- será naturalmente uma
turas amadas por Deus; fonte de tentações a que
é a oposição ao bem e ele andemos fora da vontade
espalha o mal, a mentira, de Deus. É preciso não
a morte, as trevas, etc. amar este mundo cor-
Em I Pe. 5.6-8, são reco- rompido, para vencermos
mendadas a humildade, a as suas tentações, como
sobriedade, a vigilância e nos recomenda João
a resistência com firmeza (I Jo.2.15).
na fé, para sermos vitorio-
sos, pois ele “ruge como
leão buscando a quem Aplicação a sua vida: Relacio-
possa tragar”. Diante da namento com Deus é a cha-
nossa sujeição a Deus e ve para mantermos as portas
resistência ao diabo, não abertas para o conhecimento, a
há outra alternativa para felicidade, e a realização. Como
você tem feito uso dessa ferra-
ele, senão a fuga (Tg.4.7).
menta? Comente.
O poder não será dele se
estivermos com a vida en-
tregue ao nosso Redentor.
2. A vITÓRIA PElo RElACIo-
• A nossa natureza peca- nAMEnTo CoM DEuS – Cl.
minosa - Gl.5.16 – Esta 1.13-20
é outra fonte de oposi-
ção. A nossa natureza Neste maravilhoso texto de Co-
corrompida nos separa lossenses, vemos que precisa-
da vontade de Deus, que mos estar cientes da excelência
é boa, agradável e perfei- da pessoa e da obra de Cristo,
ta. Com isso, é mais fácil para que nos fortaleçamos como
sermos atraídos pelo mal. pessoas que mantêm um contí-
Precisamos então conhe-
nuo e forte relacionamento com
cer a nós mesmos e estar
sempre em relacionamen- Ele. A apresentação de Jesus
to com o Senhor. Para Cristo neste texto é magistral.
vencermos esta força ini- Ele começa dizendo que Deus
miga, precisamos seguir “nos libertou do império das
a orientação do apóstolo trevas e nos transportou para o
Paulo: “Andai no Espíri- reino do Filho do seu amor, no
to, e jamais satisfareis à qual temos a redenção, a remis-
concupiscência da carne” são dos pecados”. Nada temos a
(Gl.5.16).
temer. Vivemos no reino do Se-
• Os valores do mundo em nhor do universo. A seguir (Vs.
que vivemos - I Jo.2.15- 15 a 19), o texto fala da excelên-

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cia da pessoa e da obra de Jesus de Deus. Por isso, esta batalha


Cristo. só pode ser vencida com armas
espirituais. A partir dos versí-
A nossa fé é o que nos faz esten-
culos 13 a 20, o apóstolo Paulo
der as mãos para, em contrição
fala metaforicamente sobre as
e gratidão, receber tão imensu-
peças dessa armadura e o que
rável graça e manter um estreito
devemos fazer para usufruirmos
e contínuo relacionamento com
dos seus benefícios:
Ele.
• Cingir-nos com a verdade
(v.14) – Estar envolvido
Aplicação a sua vida: A tomada pela verdade não é apenas
de decisão está presente no nos- não mentir. É viver den-
so dia a dia, seja ela simples ou
tro da verdade. Se você
complexa. Esta poderá mudar o
nosso rumo. Você já tomou uma valoriza alguém só pela
decisão que mudou o direciona- sua situação socioeconô-
mento de sua vida? Comente. mica, você está vivendo
dentro de uma mentira.
A verdade nos salvará de
1. A vITÓRIA PElo BoM uSo muitos enganos;
DA ARMADuRA DE DEuS - • Vestir a couraça da jus-
EFÉSIoS 6.10-20 tiça (v. 14) – Já foi dito
no Estudo 8 que aqueles
Podemos dividir este texto em
que creem em Jesus fo-
duas partes, com recomenda-
ram justificados, tendo
ções muito importantes. A pri- os seus pecados perdoa-
meira parte fala do fortaleci- dos. São justos diante de
mento que devemos buscar no Deus. Por isso não preci-
Senhor e na força do seu poder. samos ter medo das acu-
O fortalecimento no Senhor nos sações do diabo;
vem através do conhecimento
• Calçar os pés com a pre-
e relacionamento com Ele, que
paração do evangelho da
se dá pela leitura cuidadosa e paz (v15) – O evangelho
inteligente da Bíblia Sagrada e traz paz e nós devemos
da oração verdadeira e sincera. ser da paz e contribuir
Esta relação nos tornará mais para a paz em nosso ca-
fortes para vencer o que é mau. minhar;
A segunda, fala sobre o reves-
• Embraçar o escudo da
timento da armadura de Deus fé (16) – Este escudo nos
para a resistência às ciladas do defende dos ataques men-
diabo (Vs. 11-12). Ele é o arti- tirosos de satanás. Sem
culador de realidades espiritu- fé, é impossível agradar
ais que operam contra a vontade a Deus (Hb.11.6a), pois

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

sem ela não permanecere- ConCluSão


mos no Seu caminho.
Conhecendo as forças que se
• Tomar o capacete da sal- opõem ao nosso caminhar vi-
vação (v. 17) – Este capa- torioso, como discípulos de
cete mostra que somos de Cristo, mantendo uma relação
Deus e por isso, ele conti-
constante com o nosso Salva-
nua transformando e pro-
dor, Senhor e Mestre e usando,
tegendo nossas vidas.
sob Sua orientação, a armadu-
• Tomar a espada do Espíri- ra que Ele coloca à nossa dis-
to, que é a palavra de Deus posição, conquistemos um ca-
(v. 17) – Ela é penetrante, minhar com Ele, de vitória em
como lemos em Hb.4.12, e
vitória.
nos ajuda a separar o que
é mau do que é bom.
• Orar, não apenas por nós,
mas também por outros. Suporte para
Isto nos torna mais fortes pequenos grupos:
e menos egoístas. 1. Todos os dias tomamos deci-
sões, ou fazemos algumas es-
colhas. Voçê lembra de alguma
decisão que mudou completa-
Aplicação a sua vida: Em tem- mente a história da sua vida?
pos de relacionamentos virtu- Relembre e comente.
ais, em que a aparência esconde
a essência, como você tem cons- 2. Quais são as três fontes de
truído seu relacionamento com oposição à salvação enfren-
Deus? Comente. tadas pelo ser humano que
aprendemos na lição anterior?
3. Quais são as peças da arma-
dura que Deus disponibiliza
para vencermos as oposições,
devido à grande luta espiritu-
al?
4. Você tem dificuldade em usar
algumas dessas peças? O que
acha que deve fazer?
5. Que lições aprendeu com o es-
tudo de hoje?

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ESTuDo 14

MEIos Para o
rELacIoNaMENTo coM DEus
InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
A nossa santificação depende
Segunda Sl.19.1-7
de maneira especial do desen-
volvimento do nosso relaciona- Terça Sl. 19.8-10
mento com Deus, que nos leva a Quarta Sl. 139.13-15
conhecê-Lo melhor. E, à medida Quinta II Tm. 3.14-17
que O conhecemos, vamos tam- Sexta Hb. 1.1-4
bém nos conhecendo a nós mes- Sábado João 1.1-14
mos. Para o desenvolvimento da
Domingo I Pe. 2.1-10
nossa vida como cristãos, não
há duas necessidades maiores
do que conhecermos a Deus e a
ciais. Os meios gerais são aque-
nós mesmos. Mas como conhe-
les pelos quais Deus se revela a
cer a Deus? Algo com que todo
todas as pessoas, em qualquer
cristão pode contar para conhe-
época e lugar, dando a conhecer
cer a Deus é com o desejo divino
a Sua grandeza, poder, glória
de manifestar-se a nós.
e majestade, como por exem-
Deus não é uma pessoa como plo, a natureza, o ser humano.
nós e por isso não se comunica Os meios especiais abrangem
conosco pelos meios comuns a os planos mais específicos de
nós, isto é, através dos nossos Deus. São os que revelam seus
sentidos naturais, como os nos- atributos e sua obra de reden-
sos semelhantes o fazem. Nós ção, como as Sagradas Escri-
só podemos percebê-Lo através turas e, de modo mais especial
daquela parte espiritual que Ele ainda, Jesus Cristo, que foi a
mesmo soprou em nós (Gn.2.7), encarnação do próprio Deus
tornando-nos à Sua imagem e neste mundo.
semelhança. Para isso, Ele pro-
Apresentaremos a seguir, de
videnciou meios para que O co-
maneira simples, apenas alguns
nheçamos.
dos meios de revelação de Deus,
Os teólogos costumam separar para que O conheçamos melhor.
os meios de revelação de Deus A pretensão da autora é a de es-
em meios gerais e meios espe- timular um pouco os que têm o

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

desejo de um maior relaciona- de ti, que lhes dês de co-


mento com o Senhor. mer, a seu tempo” (v.27).
Ele louva ao Senhor ao
observá-Lo como o prove-
Aplicação a sua vida: A reve- dor para as suas criatu-
lação de Deus é que nos dá a ras. “Cantarei ao Senhor
oportunidade de conhecê-lo em enquanto eu viver; canta-
sua grandeza e magnitude. A
rei louvores ao meu Deus
Bíblia e Jesus Cristo coroam os
meios especiais de Ele se reve- durante a minha vida.”
lar a nós. Você já tem usufruído (v.33). A contemplação do
desses dois meios? Como? cuidado provedor de Deus
parece levar o salmis-
ta, nos versículos finais,
1. MEIoS GERAIS DA REvE- a orar por si mesmo e a
lAção DE DEuS – SAlMo 8.1- declarar a sua indignação
9; 104.24-31; 139.14-18 contra o pecado e a per-
versidade.
Nestes textos, vemos o ser hu-
mano se relacionando com Deus • No Sl 139.13-16, vemos o
salmista louvando a Deus
através da natureza e da sua
por ser uma obra maravi-
própria constituição. lhosa de Suas mãos e pela
• No Sl 8.1-9, o salmista onisciência do Criador
observa a natureza, que que já o tinha sob o Seu
o leva a uma visão de si maravilhoso conhecimen-
mesmo como muito pe- to, antes mesmo da sua
queno e ao mesmo tempo formação no ventre de sua
muito importante. Veja mãe (v.16). Como no sal-
como ele se aproxima de mo visto anteriormente,
si mesmo e de Deus, atra- a contemplação dos atri-
vés da observação da na- butos de Deus e de suas
tureza. Hoje, conhecemos obras também leva o seu
mais a natureza do que autor a se indignar contra
os autores destes salmos. o mal e a ver-se também
Por que não refletirmos como pecador.
mais sobre ela, observar-
Se você deseja valer-se desses
mos mais a sua beleza
e delicadeza, ao mesmo meios para se relacionar com
tempo que a sua gran- Deus, no seu dia-a-dia, olhe
deza e força indomável, mais para a natureza, para você
para conhecermos mais o mesmo, para os seus seme-
nosso Criador e também a lhantes. Nos lugares públicos,
nós mesmos? no seu trabalho, na sua casa,
• No Sl. 104.24-31, vemos observe, encante-se, agradeça
o salmista observar a pro- e louve ao Criador. Deixe que
visão de Deus para a Sua Deus lhe ensine através de suas
criação. “Todos esperam observações.

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Aplicação a sua vida Há quan- autor deste livro sagrado,


to tempo você não para diante a Bíblia deve ser lida com
de um dos elementos da nature- respeito, humildade e de-
za, ou diante da maravilha que pendência do Senhor. Não
é o ser humano, para contem- se tem a pretensão aqui
plá-los? Defina uma ação dife- de dar orientações mais
rente das que já realizou e que detalhadas sobre como
gostaria de fazer nessa contem- se estudar a Bíblia, pois
plação. Comente. isto ocuparia vários es-
tudos. Deus é o grande
Cuidado, no entanto, porque autor deste livro sagrado,
que foi escrito por deze-
nossas percepções de Deus e
nas de pessoas inspira-
de nós mesmos através desses das por Ele, em épocas e
meios, podem não ser corretas. culturas muito diferentes.
É preciso examinar tais percep- O iniciante deve lê-la com
ções à luz do que nos ensinam orientação, das partes
os meios especiais de revelação, mais fáceis para as mais
que você verá a seguir. difíceis. Precisaremos,
para o entendimento de
alguns textos, da ajuda de
pessoas que Deus tem co-
2. MEIoS ESPECIAIS DA RE- locado como Mestres em
vElAção DE DEuS – II TIMÓ- Sua igreja.
TEo 3.16-17 E HEBREuS 1.1-3
• Jesus Cristo - Hb 1.1-3
Através desses meios, Deus nos – Este texto mostra a su-
mostra de forma mais clara e perioridade de Jesus so-
específica os seus atributos e a bre qualquer outro meio
Sua graça redentora. pelo qual Deus possa se
revelar a nós. O autor de
• A Bíblia Sagrada - II Timó- Hebreus diz que Jesus é a
teo 3.16-17 – O apóstolo expressa imagem do pró-
Paulo diz que a Escritura prio Deus, por quem foi
ensina, repreende, corri- feito o universo, que veio
ge, educa na justiça. Este como Redentor e que, ten-
é, portanto, um excelente do feito a purificação dos
instrumento de Deus para pecados, assentou-se à
a nossa santificação. A Bí- direita da majestade nas
blia não deve, no entanto, alturas. Sendo Jesus o
ser lida por nós de forma próprio Deus, é maior que
mecânica, supersticiosa todos os demais meios de
ou descuidada, como se o revelação. Todos os outros
seu simples uso trouxesse foram criados por Ele. A
resultados mágicos para a Bíblia, que é também um
nossa vida. Consideran- meio especial de revela-
do-se que Deus é o grande ção, O revela do começo

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ao fim, sendo Ele a sua e honramos esse pro-


figura central. A Bíblia é a duto, mas somente por
Palavra de Deus, livro ins- levar-nos aos pés de
pirado por Ele, para nos Cristo e a uma aliança
falar do plano redentor de com Ele”.
Deus para a sua criação.
Transcrevo abaixo um
Aplicação a sua vida: A revela-
texto de Stanley Jones ção especial de Deus é a Bíblia
que expressa bem aquilo e Jesus Cristo. O que represen-
em que cremos a respei- ta Jesus Cristo para você, como
to de Jesus Cristo como revelação de Deus? Comente.
a mais perfeita forma de
Deus se revelar a nós:
ConCluSão
“Verdade é que pouco
conhecemos acerca de Como já foi dito no início, a nos-
Jesus fora das páginas sa santificação dependerá sem-
do Novo Testamento. pre do desenvolvimento do nos-
Mas também é verda- so relacionamento com Deus.
de que Jesus “estava Este nos ajudará a conhecê-Lo
acima dos seus repór- melhor e a olharmos para nós
teres”. Cremos que es-
mesmos com maior senso de re-
ses repórteres, através
da elevação de sua vi- alidade, vendo-nos como Deus
são – noutras palavras, nos vê. Usemos os meios que
através da inspiração – Deus, em Sua infinita graça,
apanharam a essência nos propicia para que O conhe-
do que Cristo significa. çamos e “corramos com perse-
Assim, para todos os verança a carreira que nos está
intentos, fica sempre proposta, olhando para Jesus,
em nós a impressão autor e consumador da nossa fé”
de que eles tentaram
Hb. 12. 11-12.
contar o inenarrável e
expressar o que não é
possível expressar...
Suporte para
Acresce que Cristo es-
tava aqui antes do pequenos grupos:
Novo Testamento. Foi 1. Compartilhe o que mais cha-
Ele quem o criou, e mou sua “atenção” no estudo
não o Novo Testamento desta lição.
quem criou a Cristo. Foi 2. Cite as lições práticas que po-
o impacto de Cristo so- demos tirar de tudo que ouvi-
bre a vida, que produ- mos.
ziu toda a literatura ne- 3. Que ajustes você precisa fazer
otestamentária. Essa em sua vida, para “colocar em
pessoa é maior que prática” o que aprendeu?
seu produto. Amamos

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 15

saNTIFIcaÇÃo E coNTEMPLaÇÃo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Este estudo, baseado no Salmo Segunda Sl. 139.1-6
139, mostra Davi relacionando- Terça Sl. 139.7-12
se de uma forma maravilhosa Quarta Sl. 139.13-16
com o Senhor. É um texto tão
Quinta Sl. 139.17-24
belo que vale a pena memorizá
Sexta Ef. 4.17-24
-lo. O salmista exalta a Deus por
vários dos seus atributos. Pare- Sábado Ef. 4.25-32
ce sentir uma alegria sem limi- Domingo Ef. 5.1-2
tes em sua adoração. Podemos
parafrasear, dizendo a Deus,
• Indignação do salmista
com todo o nosso coração, tudo
diante do mal e dos inimi-
que Lhe foi dito pelo salmista, gos de Deus (vs. 19-22)
mantendo também uma comu-
• Deus santificador (vs. 23-24)
nhão com Ele – a alma em con-
tato com seu Criador.
Podemos dividir o Salmo 139 Aplicação a sua vida: O salmis-
em cinco partes. Nas três pri- ta exalta Deus de forma magní-
fica. Você é capaz de parafrase-
meiras, o salmista contempla ar o salmista e também exaltar
Deus como onisciente, onipre- a Deus com suas palavras?
sente e sábio criador; a seguir Compartilhe.
ele explode em indignação dian-
te de tanto mal; finalmente ele
se vê também como pecador, 1. DEuS onISCIEnTE – SAl-
precisando da atuação de Deus Mo 139:1-4
em sua vida. A divisão fica então
O salmista destaca a onisciên-
assim:
cia de Deus. Nada escapa ao
• Deus onisciente (vs. 1- 4), seu conhecimento. Não há pen-
• Deus onipresente samentos e intenções que Lhe
(v. 5-12), sejam ocultas. Ele não depende
• Deus grande e sábio Cria- das nossas declarações e pala-
dor (vs. 13-18) vras para saber o que nos vai no

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 75


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

íntimo. Sabes tudo, diz o sal- 2. DEuS onIPRESEnTE - SAl-


mista. “A palavra ainda não me Mo 139: 5-12
chegou à língua e tu Senhor já a
Não podemos nos esconder de
conheces toda.” (v.4)
Deus. Ele está presente na luz
Se a um semelhante nosso, a e na sombra, nos bons e nos
quem consideramos amigo, tão maus momentos. Para ele não
imperfeito quanto nós, não te- há escuridão. O conhecimento
mos coragem às vezes de revelar da onipresença de Deus lhe dá
tudo que somos, sentimos ou medo ou alegria? O salmista pa-
pensamos, porque temos medo rece exultante. O nosso amor a
de sermos rejeitados, com o Deus sempre fará com que sua
nosso Deus isto não acontece. A presença seja muito importante
Bíblia inteira nos fala do amor para nós.
de Deus. Ele nos conhece pro-
Se você é um discípulo de
fundamente e nos ama incon-
Cristo, lembre-se que Ele nos
dicionalmente. Não precisamos
revelou um Deus do qual não
esconder nada dele, e nem po-
precisamos ter medo. A Sua
deríamos.
presença em nossas vidas sem-
Se Deus quer que nos relacio- pre nos consolará nas tristezas
nemos com Ele, falando das e nos corrigirá quando errar-
nossas alegrias, tristezas, das mos. Deus sabe do nosso dese-
nossas vitórias e derrotas, dos jo de sermos bons como nosso
nossos pecados e falhas, ou do Mestre, mas sabe também das
que precisamos, não é para que nossas dificuldades em alcançar
Ele fique sabendo (Sl. 139.4, tal ideal. Ele nos ama e quer que
Mt.6.8b), mas para que a nossa compartilhemos com Ele nossas
relação com Ele seja a cada dia dificuldades, para poder ajudar-
mais livre e íntima, mais verda- nos a prosseguir neste caminho.
deira e sem disfarces. Ele quer O que Ele quer de nós é o dese-
a nossa aproximação e em con- jo profundo e intenso de fazer a
sequência a nossa santificação. Sua vontade e de depender da
força do Seu Espírito. Ele não
desiste de nós e quer que não
Aplicação a sua vida: Conhecer desistamos dEle também. Que
a Deus nos induz a conhecer- bom é termos um Deus que não
mos a nós mesmos, em nossas nos abandona e que nos ama de
limitações, tristezas e alegrias.
forma infinita!
E isto é muito precioso para a
nossa santificação. As suas ora-
ções têm ajudado no seu cres- Aplicação a sua vida: Como
cimento com o Senhor e no seu você se sente ao saber que Deus
autoconhecimento? Como? é onipresente, estando sempre
perto de você?

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

3. DEuS CRIADoR – SAlMo Aplicação a sua vida: Deus em


139: 13-18 sua plenitude conhece nossos
pensamentos e emoções. Como
Nesta parte do salmo, Davi exal- você se sente diante dEle, cons-
ta a Deus como Criador, dizendo ciente que somos pecadores,
que Ele o formou desde o ventre portanto com pensamentos e
de sua mãe. Cheio de gratidão, emoções diferentes do que Ele
vê que as obras de Deus são ad- deseja que tenhamos?
miráveis. Ele fez tudo com sa-
bedoria tal, que não podemos 4. DEuS SAnTo E SAnTIFI-
perscrutar. (v.17-18). Ele nos CADoR – SAlMo 139: 19-24
conhecia, antes mesmo que fôs-
semos formados. O salmista se Há uma mudança brusca do
vê como uma obra maravilhosa versículo 18 para o 19. Até o
de Deus e é levado à adoração. versículo 18, ele exalta e adora
o Deus onisciente, onipresente
Há muitos salmos em que seus
e criador. Tão enlevado está que
autores se relacionam com Deus
parece levar um choque, ao en-
através da contemplação da na-
trar em contato com a maldade
tureza e do próprio ser humano.
na terra, com o desrespeito e re-
Que pena que, em nossa vida,
beldia dos homens, contra esse
não paramos mais para contem-
Deus eterno e sábio.
plar a natureza em sua beleza,
esplendor e delicadeza, ao mes- O salmista tem uma visão tão
mo tempo que em sua força in- maravilhosa de quem é Deus
domável. que, como diz o comentarista
Derek Kidner: “a própria clare-
Em nossa finitude e pequenez,
za da visão torna intolerável a
vivendo dentro do tempo, não
podemos conceber a eternida- anomalia do mal, do jactar-se
de de Deus. Para Ele, não há diretamente diante da face de
passado, presente ou futuro, Deus; desta forma, a reentrada
pois tudo, em todos os tempos, de Davi na atmosfera da terra
está absolutamente patente aos cria, por assim dizer, uma súbi-
Seus olhos. Podemos entregar- ta incandescência.” (10) Diz mais
-Lhe com confiança a nossa o mesmo comentarista: “Ape-
vida, pois Ele nos ama, conhece sar de toda a veemência, o ódio
nossos pensamentos e emoções, nesta passagem não é despeito,
e tendo todo o nosso futuro em mas zelo por Deus” (11). O sal-
Suas mãos e sob o Seu olhar.
______________________________
Que Deus grande, em quem po- (10)
KIDNER, Derek. Salmos 73-150 - Intro-
demos confiar inteiramente! Ele dução e Comentário. São Paulo: Eds.Vida
é o nosso Criador a quem quere- Nova / Mundo Cristão, 1984. p. 475.
mos honrar por todos os dias da (11)
KIDNER, Derek. Salmos 73-150 - Intro-
dução e Comentário. São Paulo: Eds. Vida
nossa vida. Nova / Mundo Cristão, 1984. pp. 474-5.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 77


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

mista olha e fica chocado com enche de júbilo e adoração, a


a perversidade e maldade dos nossa alma prorrompe em lou-
homens contra o Criador, tão vores e o desejo do nosso cora-
grande, sábio e santo, e com o ção passa a travar com Ele uma
qual ele se relaciona tão pro- maior intimidade, para que essa
fundamente. Mas ao olhar para relação nos torne melhores. É
si, vê que também há caminhos maravilhoso saber que em Sua
maus que precisam ser corri- graça, Ele está disposto a son-
gidos. Humildemente pede que dar o nosso coração e nos tornar
Deus o sonde, que penetre o seu mais semelhantes a Ele!
coração e pensamentos e que o
guie pelo seu caminho.

Suporte para
Aplicação a sua vida: Em hu- pequenos grupos:
mildade, o salmista reconhece
seus erros e pede a Deus que o 1. Compartilhe o que você enten-
sonde e mostre seus pecados. de por “Santificação”.
Você é capaz de, em seu relacio-
namento com Deus, fazer-lhe o 2. Quais são os atributos de
mesmo pedido? Comente. Deus, mencionados no estudo,
e o que cada um deles repre-
senta para o homem?

3. Como avalia seu relacionamen-


ConCluSão to com o Deus?

Este salmo nos mostra a sensi- 4. O que mais chamou sua “aten-
ção” neste estudo?
bilidade de alguém que, ao re-
lacionar-se com Deus, percebe 5. Que ajustes você precisa fazer
Sua grandeza e Seu caráter san- em sua vida, para “colocar em
prática” o que aprendeu?
to, que requer também a santi-
dade de Suas criaturas. Diante
desse Deus, todo o nosso ser se

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 16

saNTIFIcaÇÃo E
auTocoNHEcIMENTo
INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS
Estudiosos do comportamento Segunda Sl. 8.1-9
humano têm destacado a im- Terça Gn. 1.26-31
portância do autoconhecimento Quarta Sl. 42.1-5
para o nosso crescimento pes-
Quinta Sl.51.1-10
soal. A Bíblia nos mostra, desde
o seu início, que Deus quer que Sexta Rm, 7.15-25
nos conheçamos. Sábado Lc.22.33-34 e 54-62
Domingo Jo. 21.15-17
Ao lermos, no início de Gênesis,
sobre os primeiros contatos de
Deus com os seres humanos de- das as circunstâncias para nos
pois do pecado, vemos que Ele moldar, trabalhando o nosso
lhes faz perguntas que os leva- ser, para que cresçamos em di-
riam ao autoconhecimento – a reção à imagem do perfeito mo-
Adão e Eva, em Gn. 3.9,11,13, delo que é Jesus Cristo, nosso
e a Caim, em Gn.4.6,7,9. Se as Mestre e Senhor.
perguntas feitas a Caim tives-
sem sido refletidas por ele para Aplicação a sua vida: Nosso
se examinar melhor, teriam evi- autoconhecimento é adquirido
tado o homicídio cometido con- pela vivência com a Palavra de
tra o irmão. Vemos assim, atra- Deus, com as circunstâncias e
vés de muitos textos bíblicos, as pessoas. Você tem aproveita-
do esses elementos para se au-
como Deus faz perguntas, para toconhecer? Comente.
que o ser humano se examine e
se conheça.
1. RECONHECIMENTO DA
O nosso relacionamento com
NOSSA GRANDEZA E
Deus, com os semelhantes e
PEQUENEZ - SALMO 8.1-9
com as circunstâncias, são ex-
celentes recursos para que co- É possível perceber neste Salmo
nheçamos melhor nossas forças que nós somos seres contradi-
e fragilidades, nossas virtudes e tórios – grandes e pequenos ao
defeitos. Se formos humildes e mesmo tempo. Quando contem-
submissos a Deus, Ele usará to- pla Deus e a criação, o salmista

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 79


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

percebe o ser humano como algo -to, pelo perfeito. “A minha alma
ínfimo e sem importância (vs.3- anseia por Deus”, diz o salmista
4). Mas quando ele vê a glória (42.1-2), mas ao mesmo tem-
e honra com que Deus o dotou po, lemos em outro Salmo: “Eu
como líder da criação, ele vê a nasci em iniquidade” (Sl.51.5).
grandiosidade do ser humano Mas é do ser humano nessas
(vs.5-6). condições que Jesus quer ser
Salvador, Senhor e Mestre. Se
Somos pequenos demais diante
ele viver alienado de Deus, está
de uma criação grande e mara-
perdido. Nunca poderá vencer o
vilhosa! Mas somos muito gran-
mal que está nele, nem matar
des, pela graça desse mesmo
sua sede de Deus. Mas se ele
Deus, que nos criou à Sua ima-
aceitar a salvação que vem de
gem e semelhança e que tornou-
Jesus, “do seu interior correrão
-se humano como um de nós,
rios de água viva” (João 7:38).
para nos redimir. Oh, maravi-
lhosa graça! Você é um ser de contradições.
Eu também. Queremos amar
Quando pensamos na maneira
e somos egoístas. Queremos
como Deus nos fez, podemos
perdoar e guardamos mágoas.
dizer como o salmista: “Graças
Por isso precisamos estar uni-
te dou, visto que por modo as-
dos ao nosso Criador, que nos
sombrosamente maravilhoso me
dará condições de vencer o mal
formaste; as tuas obras são ad-
e aproximarmo-nos, cada dia
miráveis, e a minha alma o sabe
mais, da vontade dEle. Deus nos
muito bem” (S 139:14).
ama do jeito que somos e quer
transformar-nos a cada dia em
Aplicação a sua vida: Nossa direção ao modelo perfeito. Para
grandeza está firmada na Graça isso, Ele precisa que nos entre-
de Deus, nossa pequenez na na- guemos em suas mãos, como o
tureza pecaminosa. barro nas mãos do oleiro.
Se grandes ou pequenos somos,
depende de qual área estamos Entregue-se a Deus, sem amar-
investindo nossos esforços. Em gura, mas com alegria e gratidão
qual área você tem investido pelo Seu amor e paciência. Ele
mais tempo? Comente.
ajudará você a tornar-se uma
pessoa segundo o Seu coração.
2. CONSCIÊNCIA DAS
NOSSAS LIMITAÇÕES JUN- Aplicação a sua vida: Se somos
TO AO NOSSO DESEJO POR seres de contradições, o impor-
DEUS – GN. 1:27-28; SL. 42:1- tante para nossa santificação é
2 E SL. 51.5 reconhecer nossa fraqueza, sem
fazer-nos de vítimas e, em Deus,
Somos seres de contradições. caminharmos para a transfor-
Criados à imagem e semelhança mação. Você tem vivido esse
de Deus, ansiamos pelo infini- processo? Comente.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

3. PERSISTÊNCIA EM TRI- 4. EXEMPLOS DE DOIS SER-


LHAR O CAMINHO DO AUTO- VOS DE DEUS EM DIFEREN-
CONHECIMENTO RM.7.15-2 TES GRAUS DE AUTOCONHE-
CIMENTO
Às vezes não nos conhecemos
bem porque não refletimos, não 4.1 Pedro - Jo. 21.15-17 - No
damos atenção às críticas que texto de Lucas Lc. 22:33-34, en-
recebemos, não procuramos sa- contramos a promessa sincera,
ber os verdadeiros motivos dos mas impensada de Pedro. Ele
nossos sentimentos, atitudes e não conhece bem suas fraque-
reações e, pior que isso, nega- zas. Ao perceber que as pressões
mos o nosso próprio modo de em cima de Jesus se tornam
ser e sentir. É comum ouvirmos crescentes, ele é dominado pelo
alguém dizer apressadamente: seu sentimento do momento e
“Eu não sou assim! Eu não es- lhe diz, com toda confiança em
tou nervoso! Eu não estou com si mesmo: “Contigo irei à prisão
raiva!” quando outros apontam ou à morte ...” (v.33). Ele é sin-
nele tais atitudes. Como Deus cero, mas mostra que não se co-
pode trabalhar nossos senti- nhece. No texto Lucas 22.54-62,
mentos e emoções, se nem ao vemos que Pedro nega a Jesus,
menos admitimos que os te- ao ser abordado por uma cria-
mos? Somos, às vezes, como da na casa do sumo-sacerdote
Caim, não queremos admitir e depois por mais duas pesso-
nossos sentimentos e dificulda- as. Após isto, Pedro chora pela
des pessoais. sua fraqueza. O texto de João
No texto de Romanos, vemos o narra que, após à ressurreição,
apóstolo Paulo reconhecendo o numa de suas aparições, Jesus
quanto é fraco. Temos dificul- pergunta a Pedro se ele O ama
dades em reconhecer isto até e o apóstolo parece cauteloso
diante de nós mesmos. Se não em responder. Segundo os estu-
quisermos enxergar nossas fra- diosos da língua grega, existem
quezas, o Espírito de Deus não vários vocábulos para expressar
poderá agir em nossa santificação. o verbo amar. Ao perguntar a
Pedro se ele O ama, Jesus usou
Aplicação a sua vida: Reconhe- a expressão em grego que signi-
cer nossas fraquezas nos deixa fica um amor profundo, capaz
fragilizados e inseguros. Esse de ir ao sacrifício pela pessoa
é o motivo de, em muitas situ- amada e Pedro responde, usan-
ações, fugirmos e até mesmo do a expressão grega que signi-
negarmos, porém é esse reco-
fica uma amizade ou sentimento
nhecimento que nos faz refletir
e pedir ajuda ao Espírito Santo. menos comprometido. Quando
Como você tem procedido para Jesus lhe pergunta a terceira
identificar e mudar atitudes que vez, Pedro fica triste. Jesus sabe
o maltratam e o distanciam dos que ele se reconhece fraco ago-
outros? Comente. ra, mas também sabe como ele

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 81


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

deseja ser forte. Pedro parece já conheciam e mais se transfor-


se conhecer melhor e por isso mavam. Percebemos na Bíblia
não tem tanta confiança em si homens que, ao se aproximarem
mesmo. Isto é bom, pois depen- de Deus, viram-se a si mesmos
derá mais do Espírito Santo, em com maior nitidez, como Isaías
vez de confiar em si mesmo. Je- (Is. 6.1-8).
sus agora pode trabalhar com
ele, mostrando-se o Mestre pa- Aplicação a sua vida: O auto-
ciente que sempre foi. Por isso conhecimento nos leva ao ama-
o encarrega de pastorear Suas durecimento. Você tem cons-
ovelhas. ciência de suas limitações e
possibilidades? O que você fará
As experiências em que falha- para usá-las para o seu cresci-
mos, podem ser usadas por mento? Comente.
Deus para promover o nosso
autoconhecimento e, na depen-
dência dele, a nossa santifica- CONCLUSÃO
ção. Pedro se tornou o apóstolo
Que bom é termos consciência
que foi capaz de dar a sua vida
de que somos uma obra maravi-
por Jesus Cristo como nos in-
lhosa das mãos de Deus, embo-
forma a tradição.
ra com limitações e fragilidades
4.2 Paulo - Rom, 7:21-25 - Nes- decorrentes do pecado. Quão
te texto, vemos o apóstolo Pau- belo é perceber que Ele nos ama
lo, não apenas mostrando que e quer transformar-nos a cada
se conhece, mas também se ex- dia, nos tornando mais felizes,
pondo diante das pessoas. Por- mais capazes, mais cheios de
que se reconhece como é, tem amor por nós mesmos e pelos
coragem de falar sobre suas outros. Entreguemo-nos a Ele.
fragilidades. Deus trabalha com
tais pessoas tornando-as mais
fortes em suas fraquezas e mais Suporte para
humildes em suas forças. A Bí- pequenos grupos:
blia diz: “Deus rejeita os sober-
1. A vivência com a Palavra de
bos, mas aos humildes dá ele a Deus ajuda a nos conhecer-
sua graça...” (Tg.4:6). Deus quer mos melhor. Como você tem
em nós a humildade para reco- aproveitado esses elementos
nhecer nossas fraquezas e tam- para se autoconhecer? Com-
bém o nosso desejo de crescer, partilhe.
de nos entregarmos a Ele, que 2. O que você destaca neste estu-
operará a nossa santificação. do que mais o impactou?
3. Depois de tudo que ouviu e
Percebemos na vida de muitos apreendeu hoje, que ajustes
servos de Deus que, quanto você precisa fazer para melhor
mais profundo era o seu rela- se autoconhecer?
cionamento com Ele, mais se

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 17

o rELacIoNaMENTo Do saLVo
coM o PrÓXIMo
InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
Neste tempo em que as coisas,
Segunda Rm.12.9-15
muitas vezes, são mais valoriza-
das do que as pessoas e em que Terça Rm. 12.16-20
a sociedade parece tender cada Quarta Mt.7.1-5
vez mais para o egoísmo e indi- Quinta Sl.12.1-5
vidualismo, é bom que se reflita Sexta Mt.25.34-40
um pouco sobre como o discípu-
Sábado Tg. 5.1-6
lo de Cristo deve se relacionar
Domingo Mt. 5.1-12
com o próximo.
O modelo ideal para o salvo é
Jesus, seu Mestre e Senhor. Ele ta do Mestre em relação ao ser
tratou o ser humano não com humano, logo percebe que o
um sentimento piegas de pro- que lhe dá real valor não são as
tecionismo, mas com respeito, coisas que possui, sua aparên-
compreensão, amor e espírito de cia, o seu grau de instrução ou
serviço. Ajudou a muitos, minis- qualquer aspecto de sua vida
trando-lhes cura, ensino, liber- exterior, mas o fato de ser se-
tação, e uma nova visão da vida melhança de Deus, alvo do seu
e de si mesmos. grande amor. Para o discípulo
que se relaciona com seu Mes-
Aplicação a sua vida: O rela- tre isso é mais do que uma dou-
cionamento com o próximo de- trina que ele conhece intelec-
pende do nosso relacionamento tualmente, é algo que se torna
com o criador. Como você tem sua carne e seu sangue, pois vai
se relacionado com os que estão se tornando a sua experiência
ao seu redor? Comente.
existencial, à medida que ca-
minha com o Senhor. Ele sabe
1. RELACIONAMENTO DE que, em essência, não é supe-
IGUALDADE - GN. 1.27, rior ou inferior a qualquer ser
TG. 2.1-5 humano (Gn.27). Ao perceber
O discípulo que se desenvolve em si qualquer sentimento de
em perceber os pontos de vis- superioridade ou inferioridade

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 83


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

em relação ao seu próximo, con- maneira igual e é isso o que de-


fessa diante de Deus o quanto vemos fazer. O relacionamento
lhe falta sabedoria e proximida- de respeito e amor entre os se-
de com Aquele que é seu Mestre res humanos só poderá se con-
e Senhor. cretizar se estiver baseado na
convicção de que somos todos
Em Tiago, lemos que o cristão
iguais. Embora seja fato que
não pode fazer acepção de pesso-
temos níveis socioeconômicos e
as, justamente porque Deus as
culturais muito diferentes, es-
considera iguais. O que separa
tas diferenças foram em gran-
as pessoas na sociedade em que
de parte criadas pelas injusti-
vivemos é o seu grau de rique-
ças sociais presentes em nosso
za ou poder, a sua classe social
mundo de pecado. Os cristãos
ou capacidade intelectual. Mas
devem ter consciência de que
o verdadeiro cristão que está
não podem basear seu pensar e
crescendo em Cristo começa a
agir sobre valores sociais men-
enxergar além das aparências,
tirosos. Jesus diz, nesse texto,
a ver com maior perspicácia e
que devemos tratar a todos com
profundidade, desenvolvendo-
consideração e respeito, pois
-se em ver o ser humano como
Deus trata a todos igualmente.
Deus o vê: a essência que é su-
blime e digna e não a aparência Ao tratar com alguém de nível
que engana. mais elevado, segundo os pa-
drões da sociedade, o cristão
A verdadeira sabedoria é ver as
amadurecido, embora possa
coisas do ponto de vista de Deus
honrar a posição que tal pessoa
e não de acordo com o mundo
ocupa, não deve fazer de modo
injusto e pecador. Com este
bajulador ou se sentindo infe-
mundo, o apóstolo Paulo man-
rior. Quando trata com alguém
da que não nos conformemos
que lhe é inferior segundo estes
(Rom. 12:2).
mesmos padrões, deve saber
que está tratando com um se-
Aplicação a sua vida: Vivemos melhante que merece respeito e
em uma sociedade hierárquica. consideração.
E isso é necessário. Como se re-
lacionar com o semelhante de Embora considere dignas de
forma igual, ocupando posição respeito posições e hierarquias,
diferente? Comente. o discípulo de Cristo sabe que a
maior honra que alguém pode
ter é o fato de ter sido criado à
2. RElACIonAMEnTo DE RES-
imagem e semelhança de Deus
PEITo E AMoR – MT.544-48
e ser objeto do Seu amor, e esta
Neste trecho do Sermão do Mon- honra que lhe pertence é igual-
te, Jesus realça que Deus trata mente pertencente a todo ser
a todos os seres humanos de humano.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

O amor responsável nos leva a sabe que é pecador e muito lhe


agir movidos pelo desejo de aju- foi perdoado por Deus.
dar, de respeitar, de exortar, de
O texto de João 8.1-11 é mui-
repreender. O amor do cristão
to rico em ensino. Jesus tem aí
pelo seu semelhante deve ser
dois tipos de atitude que reve-
o amor que é capaz de doar em
lam amor e respeito pelo ser hu-
um momento e negar em outro,
mano. À mulher oprimida pela
que às vezes consola e outras
culpa e condenação, ele com-
vezes repreende.
preende, perdoa e adverte a que
não peque mais. À consciência
dos homens opressores e con-
Aplicação a sua vida: O amor denadores, Jesus mostra que os
responsável é aquele que exor-
respeita, considerando-os capa-
ta e repreende. Como você tem
aplicado esse amor em sua fa- zes de sentir o seu pecado e a
mília e com os outros, que é ca- sua culpa. A palavra de Jesus
paz de doar e negar? Comente. pode causar-lhes sofrimento,
mas é o jeito de fazê-los crescer.
Este é o amor verdadeiro – o que
3. RELACIONAMENTO DE perdoa, mas também procura
COMPREENSÃO E PERDÃO – despertar responsabilidade. O
JO. 8:1-11 discípulo vai aprendendo a per-
Com o Mestre, o discípulo vai doar, como Deus o perdoou, a
aprendendo que não deve jul- considerar o outro como um ser
gar pelas aparências e nem ter responsável e digno, como Deus
sentimentos discriminatórios. o considerou.
Ele sabe que no mundo injusto
e pecador em que vivemos, nem Aplicação a sua vida: Você
todos tiveram os mesmos pri- tem agido com compreensão
vilégios e oportunidades. Além para com o seu próximo que
erra, embora não possa ser in-
disso, vai aprendendo, cada dia diferente aos seus erros? Como
mais, que temos as nossas dife- você vê esta posição que parece
renças individuais e todos esta- contraditória?
mos em processo de crescimen-
to. Por isso sua atitude, embora
4. RELACIONAMENTO DE
não possa ser de indiferença
JUSTIÇA E DE SERVIÇO – SL.
diante de atitudes erradas, é
12.1-5; MT. 5:6 E 25.34-40;
muitas vezes de compreensão e
TG.5.1-6
perdão pelas falhas humanas. O
cristão considera que, se o seu O discípulo de Cristo não deve
Mestre, que viveu uma vida per- agir com falsidade, oprimindo
feita, foi misericordioso e perdo- os que não têm poder, como
ador, ele deverá imitá-lo, pois diz o Salmo 12. Precisamos nos

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 85


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

relacionar com os nossos se- ConCluSão


melhantes na base da justiça,
Tendo um Mestre que nos ensi-
pois todos somos iguais, tendo
na, nos compreende e perdoa,
as mesmas carências. No Sl.12,
não podemos ter senão estas
vemos Deus se colocando ao
atitudes para com o nosso se-
lado dos necessitados (v.5). Na
melhante. Por isso, devemos
Bíblia, encontramos veementes
desejar que nossos contatos se-
condenações àqueles que, ten-
jam justos e que nossa vida seja
do poder, o usam para oprimir
de serviço ao próximo, como foi
(Tg. 5.1-6). A atitude de justiça
a de Jesus.
do discípulo de Cristo abrange
patrões e empregados, chefes e
chefiados, líderes e liderados,
cada um tratando o outro com
a devida consideração, justiça e Suporte para
respeito. O discípulo de Cristo pequenos grupos:
não deve achar que é humilhan-
te servir, pois seu Mestre veio, 1. Você pode conceituar “auto-
“não para ser servido, mas para conhecimento” e “autoesti-
servir” (Mc.10.45). No texto de ma”?
Mateus 25, Jesus diz que quan- 2. Depois de todo compartilha-
do alguém serve a quem neces- mento, o que a lição trouxe
de novidade para você?
sita de sua ajuda, é como se es-
tivesse servindo a Ele. 3. Que ajustes você precisa fa-
zer para aplicar o estudo no
seu cotidiano?

Aplicação a sua vida: De que


maneiras você, como discípulo
de Cristo, pode prestar serviço
aos seus semelhantes ou à so-
ciedade?

86 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 18

a saLVaÇÃo E o
rELacIoNaMENTo FaMILIar

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


A família é uma instituição cria- Segunda Gn. 2.18-24
da por Deus. É nela que, primei- Terça Sl. 127.1-5
ramente, desenvolvemos nosso Quarta Rm. 12.1-2
caráter e personalidade. Portan- Quinta I Co. 13.1-13
to, nosso objetivo nesta lição é Sexta Fp. 3.12-16
realçar a importância da família
Sábado Cl. 3.12-14
em nosso caminhar cristão, não
Domingo Sl. 1.1-6
apenas por ser o ambiente, por
excelência, onde expressamos
e desenvolvemos a vida cristã, • Deus criou a família para
como por ser ela também um ser feliz, numa relação
veículo de suma importância perfeita com Ele (Gn.
para o nosso desenvolvimento 2.21-24);
em santificação. • O pecado produziu o afas-
tamento dos seres huma-
Aplicação a sua vida: Família nos de Deus, advindo daí
é uma instituição criada por todas as consequências
Deus. O que você tem aprendido desastrosas para a huma-
com a sua família nos últimos nidade (Gn. 3.8);
dias? Comente.
• O pecado gerou desar-
monia e violência desde
1. A FAMÍLIA ATINGIDA PELO o início, atingindo toda a
PECADO – GN. 2.21-24; 3.1-8; humanidade (Gn.6.11).
4.1-8; 6.11
O crescimento populacional tem
Estes textos nos mostram al- sido rápido. As atividades eco-
gumas verdades fundamentais nômicas se desenvolveram, vi-
sobre as quais devemos estar sando sobretudo ao lucro e não
atentos: ao serviço ao próximo. A base

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 87


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

desse desenvolvimento foi por- verdade, a solidariedade, a jus-


tanto o pecado: egoísmo, men- tiça e a paz, as famílias serão
tira, valores falsos, corrupção e tratadas com dignidade em to-
muitos males que foram atuan- dos os sentidos e terão as condi-
do sobre as relações familiares. ções básicas para a educação de
seus filhos. Se, pelo contrário,
predominam, no alto da pirâmi-
Aplicação a sua vida: A famí- de social, a mentira, o egoísmo,
lia, no decorrer da história, tem
sofrido grandemente as conse-
a injustiça, a corrupção e a vio-
quências do pecado, que se pro- lência, as famílias sofrerão, ge-
paga, levando ao distanciamen- rando consequências funestas
to de Deus. O que você tem feito para a sociedade. Não é isto que
para reverter essa situação em temos visto acontecer?
sua família? Comente.
Nos textos bíblicos indicados
neste tópico, vemos que a Pala-
2. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍ- vra de Deus tem, tanto no An-
LIA – DT. 6. 1-2; EF. 5.21; 6.4 tigo como no Novo Testamento,
muitas orientações preciosas
Embora a família tenha sido para o bom relacionamento fa-
atingida pelo pecado, ela conti- miliar. Todas estas orientações,
nua e continuará sempre muito no entanto, foram transmitidas
importante. “A família é a célula à família já num contexto de pe-
máter da sociedade”. Essa frase cado e distanciamento de Deus.
de Rui Barbosa é emblemática, Também num contexto muito
pois a sociedade é formada por diferente do nosso. Vejamos al-
famílias e é delas, principalmen- gumas dessas orientações bíbli-
te, que recebe influências posi- cas.
tivas ou negativas. Se obser-
varmos os graves problemas da • O texto de Deuteronômio
nos mostra que a famí-
sociedade brasileira, veremos
lia deve servir de veículo
que grande parte deles tem ori- para o ensino, com os ver-
gem em famílias desestrutura- dadeiros valores atingin-
das e com carências de valores do as gerações seguintes
econômicos, afetivos, morais, (Dt.6.4-7);
espirituais, etc. • O texto de Efésios mostra
Por outro lado, a sociedade tam- que Deus se importa com
bém traz o bem ou o mal para o modo como acontecem
as relações familiares.
as famílias, dependendo dos va-
Cada pessoa da família
lores cultivados, especialmen- deve estar disposta a con-
te pelos que exercem posições tribuir para a boa harmo-
de poder. Se os valores forem a nia familiar.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

A Bíblia foi escrita dentro de cisam de diferentes cuidados e


um contexto social que não po- orientações, de disciplina e de
demos ignorar. O nosso papel é limites, por parte de seus pais
estudar seus textos com respei- ou cuidadores, para que se de-
to, submissão e discernimento, senvolvam física, emocional,
procurando sempre perceber, moral e espiritualmente, do
não as regras, mas os princípios modo mais pleno possível.
por trás delas, para que sejamos
Embora os papéis exercidos pe-
sal e luz neste mundo.
los membros de uma mesma
família sejam diferentes, devem
Aplicação a sua vida: Como eles ser exercidos da melhor for-
célula máter da sociedade, a fa- ma possível, visando ao bem de
mília é referência para o ser hu- todos.
mano, quer para suas atitudes
negativas ou positivas. A harmo-
nia familiar é base para pessoas
saudáveis. Você está disposto a Aplicação a sua vida: No lar
contribuir para a harmonia em talvez seja o lugar mais difícil de
sua família? Como? se aplicar o caráter, dado a in-
timidade entre os seus. Assim,
se cada um desempenhar o seu
3. OS FAMILIARES COMO SE- papel com respeito e amor, ha-
verá harmonia. O desempenho
MELHANTES – MT. 22.34-40 do seu papel tem contribuído
para a harmonia entre os seus
Se todos os membros da nossa
familiares? Comente.
família são nossos semelhan-
tes, precisamos aplicar a eles
os mesmos princípios vistos no 4. A FAMÍlIA E SuAS DIFI-
estudo anterior: respeito, amor, CulDADES – FP. 2.5-8; 12-15
compreensão, perdão, justiça, Reconhecemos como é difícil
serviço, etc. Desde o bebê que viver a nossa submissão ao Se-
chega à família até o de maior nhor no ambiente familiar. Ser
idade, todos são nossos seme- humildes e cordiais, às vezes até
lhantes, merecendo a nossa
abrindo mão de direitos em fa-
consideração pelo que são em
vor da paz dentro da família, é
essência: imagem e semelhança
mais difícil do que na sociedade
de Deus.
em geral. As famílias enfrentam
Apesar de todos serem iguais situações delicadas e conflitan-
em essência, sabemos que, tes, nestes dias. Embora possa
aqueles que estão em fase de de- ser lugar de repouso, de afeto,
senvolvimento físico, emocional de cura, de busca de orientações
e intelectual, com dependência é nela também que se vivem, às
econômica de sua família, pre- vezes com maior intensidade, as

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 89


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

situações de estresses, de con- cia e autocontrole. São nessas


flitos, e, por vezes, de ódio e vio- circunstâncias que mais somos
lência. Entre as muitas causas tentados a agir com indelicade-
que geram situações tensas e za, sem qualquer espírito de ser-
conflituosas na família, estão: viço, de consideração ou de re-
• Maior intimidade – É na núncia em favor do outro. Mas
família que podemos ex- o apóstolo Paulo nos recomenda
pressar mais abertamente viver o que está escrito em Fp.
sentimentos negativos e 2.5-8: “Seja a atitude de vocês
nossa inclinação má; a mesma de Cristo Jesus, que,
embora sendo Deus, não consi-
• Diferenças individuais derou que o ser igual a Deus era
– A família é formada de
algo a que devia apegar-se; mas
pessoas diferentes, a co-
esvaziou-se a si mesmo, vindo
meçar do casal com seus
a ser servo, tornando-se seme-
temperamentos, forma-
lhante aos homens. E, sendo
ções, costumes e valores
encontrado em forma humana,
diferentes;
humilhou-se a si mesmo e foi
• Conflitos de gerações – As obediente até à morte, e morte de
pessoas possuem idades cruz!” e Fp. 2.14-15: “Fazei to-
muito diferentes, geran- das as coisas sem murmurações
do o conflito de gerações; nem contendas; Para que sejais
Stress – Situações exter- irrepreensíveis e sinceros, filhos
nas, por vezes estressan- de Deus inculpáveis, no meio de
tes, como dificuldades uma geração corrompida e per-
financeiras, desentendi- versa, entre a qual resplandeceis
mentos; como astros no mundo”.
• Inseguranças vividas no
Seguir estas recomendações de
emprego, na vizinhança,
Paulo é fácil? Claro que não!
no cotidiano e tantas ou-
Mas, se dependermos do nos-
tras circunstâncias de-
so Senhor, teremos a ajuda do
sembocam todos estes
Espírito Santo e o Seu perdão
problemas.
quando falharmos. Não somos
Na realidade, são muitas as si- perfeitos. O de que mais preci-
tuações de estresses entre ca- samos é de humildade para re-
sais, entre pais e filhos, entre conhecer, diante dos familiares,
irmãos e entre outras pessoas as nossas falhas e talvez até pe-
da família. Estes conflitos na fa- dir a ajuda deles para que acer-
mília desafiam a nossa paciên- temos.

90 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Aplicação a sua vida: Como • Perdoar e pedir perdão;


tem sido o seu relacionamen- • Ser solidário, ajudando
to em família? Que mudan- outros em suas tarefas, e
ças precisam ocorrer em você,
para melhorar o seu ambiente prestando pequenos favo-
familiar? res e delicadezas;
• Ter autocontrole, não dei-
xando extravasar senti-
5. FAMÍLIA, LABORATÓRIO
mentos e palavras que
PARA A SANTIFICAÇÃO - RM.
vão ferir os outros;
12.1-2
• Negar-se a si mesmo,
Por ser o ambiente familiar o lu- abrindo mão de um dese-
gar onde desembocam os estres- jo para satisfazer os dese-
ses que nos atingem durante o jos de outros.
tempo em que estamos fora dela
e porque ali temos a maior liber-
dade para expressar quem re- Aplicação a sua vida: É na fa-
almente somos, ela se constitui mília que enfrentamos as pro-
vas mais difíceis da vida cristã.
no mais importante laboratório Como você pode agir, para que
para a nossa santificação. É aí seu relacionamento familiar e
que devemos apresentar o nosso com Deus seja harmonioso e
corpo em sacrifício vivo, santo e verdadeiro, sem rusgas, nem
atropelo, sendo o mais próxi-
agradável a Deus, que é o nosso mo possível daquilo que Ele es-
culto racional. Sim! Ao obede- pera daquele que é Seu servo?
cermos ao Senhor nos ambien- Comente.
tes mais difíceis, estamos cultu-
ando a Ele, verdadeiramente.
Não desperdicemos as experiên-
cias e as provas que Deus per-
mite que vivamos em família,
para nos desenvolver em direção
ao nosso alvo: Jesus Cristo. É
claro que estas atitudes devem
ser vividas em outros ambientes
também, mas na família somos
mais tentados a não vivê-las. É
na família que enfrentamos as
provas mais difíceis para viver a
vida cristã. Veja apenas alguns
desses desafios e provas.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 91


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

CONCLUSÃO Deus criou a família, mas o pe-


cado a está destruindo. Como
Os textos bíblicos que falam da
salvos por Jesus Cristo, viva-
trajetória da humanidade, des-
mos o Evangelho na nossa fa-
de a criação, enfatizam que o
mília, procurando ajudar outras
afastamento do ser humano de
que sofrem.
Deus e dos princípios expostos
em Sua Palavra é o que tem tra-
zido dissabores para a família e
para a sociedade.
Suporte para
Em cada época, mesmo em cir- pequenos grupos:
cunstâncias muito diferentes,
os motivos principais da desar- 1. Na sua opinião, o que tem cau-
monia familiar costumam ser os sado tamanho distanciamento
mesmos: orgulho, prepotência e entre o plano de Deus para a
rebeldia, com falta de submis- família e o relacionamento fa-
são à vontade de Deus. Se na miliar nos dias atuais?
família forem buscados os prin- 2. Que valores você acha que as
cípios da humildade, da corte- famílias perderam ao longo da
sia, da consideração, do respei- história?
to, do abrir mão de desejos para
3. Como as famílias podem recu-
satisfazer o outro, naturalmente
perar os valores perdidos?
a harmonia na família crescerá.
4. Depois de todo compartilha-
Sabemos que há famílias com mento, o que a lição trouxe de
dificuldades muito sérias e pre- novidade para você?
cisando de ajuda. Em alguns 5. Que ajustes você precisa fazer
casos, pode-se buscar ajuda de para viver os valores familia-
profissionais competentes em res, determinados por Deus?
orientação familiar, preferen-
cialmente cristãos.

92 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 19

o saLVo E sEu rELacIoNaMENTo


coM a NaTurEZa
lEITuRAS DIÁRIAS
Segunda Jó 38.4-11
Terça Sl 66.1-5
INTRODUÇÃO
Quarta Sl. 90.1-2
Existem, em nossa sociedade, Quinta Sl. 108.1-4
atitudes bem diferentes ao se Sexta Sl. 147.1-6
considerar a natureza. Tais ati- Sábado Sl. 148.1-5
tudes vão desde a total falta de
Domingo Sl.104. 27-35
respeito e consideração à obra
criada por Deus, quando por
cobiça, egoísmo e maldade se 1. RELACIONAMENTO DE
promove sua dilapidação e mal RESPEITO E CONSIDERAÇÃO
aproveitamento, até uma atitu- GN. 1.1-25
de de reverência idólatra à natu- Dois principais motivos devem
reza, ao confundir o Deus trans- nos levar a considerar com res-
cendente com a sua própria peito à criação de Deus:
criação. O salvo por Jesus Cris-
• Somos obra do mesmo
to, que já tem a vida entregue ao Criador - Gênesis 1:1-25
Deus Criador e já conhece um – Este texto diz com sim-
pouco a Sua Palavra, sabe que plicidade que “no prin-
o Criador está fora e acima de cípio, Deus criou” e por
Sua criação, não se confundin- várias vezes o Criador de-
do com ela. clara que era bom o que
criara. A Bíblia não é um
livro de ciência que tenta
Aplicação a sua vida: Nos- demonstrar ou provar te-
so Deus, que criou a natureza, orias. Ela é livro que nos
nos colocou em harmonia com revela verdades profun-
ela para que pudéssemos con- das e relevantes para as
viver em harmonia. Qual deve nossas vidas. Ela declara
ser, pois, o seu relacionamento que nosso Deus é o Cria-
com a natureza de acordo com a dor e sua obra é boa, uma
vontade de Deus? Comente. verdade que alegra o co-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 93


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ração. Plantas, animais e çoado o homem através


todo o universo são a obra de sua criação. Este é um
maravilhosa dAquele que texto de alguém cheio de
nos criou à sua imagem sensibilidade, de poesia,
e semelhança. Como, de devoção, que exalta ao
então, declarar o nosso Senhor no versículo 24,
amor e adoração a Deus e pela variedade de suas
desrespeitar a obra? obras. O salmista vê um
Deus que se alegra nelas
Agradecemos a Deus a ação de (v.31). Se o próprio Deus
tantos ecologistas e ambienta- se alegra na obra criada,
listas que corajosamente tem como tratar com descaso
denunciado ações criminosas e desconsideração a cria-
contra a natureza, zelando pela ção com a qual Deus se
alegra?
boa utilização dos nossos recur-
sos naturais. Louvamos ao Se-
Respeitando e considerando a
nhor pelas vidas de tais pessoas
criação, usamos as palavras do
que alertam a humanidade para
salmista para louvar e adorar
o perigo de desrespeitar a natu-
o Deus que a criou: “Que varie-
reza.
dade, Senhor, nas tuas obras!
Todas com sabedoria as fizeste;
cheia está a terra das tuas rique-
Aplicação a sua vida: Ao vio-
lar as leis da natureza o ser
zas” (Sl. 104.24).
humano provoca a desarmo-
nia, gerando assim o desequi-
líbrio que experimentamos nos Aplicação a sua vida: Desde os
dias atuais. Como podemos nos tempos bíblicos, o ser humano
unir a inúmeras pessoas que tem buscado louvar e adorar a
defendem, denunciam e pre- Deus através da beleza da na-
vinem essa degradação, mes- tureza. Você tem tido respeito e
mo morando em área urbana? consideração pela criação, lou-
Comente. vando a Deus por ela?

• Somos alvos da mesma


2. RELACIONAMENTO DE
proteção - Sl. 104: 10-24 e
33-34 – Numa linguagem APRENDIZAGEM – SL. 19: 1-14
poética, o salmista exal- Vimos que a criação é um meio
ta o Deus que alimenta os pelo qual Deus se revela. Ve-
animais, que lhes mata
mos, em muitos textos bíblicos,
a sede, que cuida deles e
que faz crescer a vegeta- a criação de Deus sendo obser-
ção. Ele diz, no versículo vada e trazendo ao observador
14, que Deus tem aben- aprendizagem:

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

• A respeito do Deus Cria- A natureza pode ser um veículo


dor e de suas leis - Sl. para conhecermos o Senhor, as
19.1-12 – Neste texto, o suas leis e até a nós mesmos.
salmista usa a criação Devemos contemplar a criação
como um instrumento de Deus e exaltar o Criador,
para aprendizagem. Ele vendo a nossa pequenez e ao
declara que, através da mesmo tempo a nossa gran-
criação percebe-se a gló- deza, como viu o Salmista que
ria de Deus, o Seu poder compôs o Salmo 8.
criador, as Suas leis, que
determinam o movimento • A respeito dos verdadei-
dos astros. Quando ob- ros valores - Mt. 6.26-29
servada com atenção e – Neste texto é o próprio
humildade, a criação nos Jesus que recomenda às
faz aprender algo acerca pessoas, que vivem an-
das leis de Deus. É depois siosas pelo seu futuro e
de observá-la, que o sal- por isso perdem o seu
mista diz no vs.7: “A lei do presente, que observem
Senhor é perfeita. O tes- os pássaros e os lírios do
temunho do Senhor é fiel campo. Jesus não está
e dá sabedoria aos sím- condenando o trabalho, a
plices.” É o simples que produção, o cuidado com
pode tornar-se sábio, ob- o futuro. Claro que não!
servando a lei do Senhor, A Bíblia deve ser vista no
a sua sabedoria e glória. seu todo e não através de
O bruto não vê nada dis- textos isolados. O que Je-
so e destrói desnecessária sus recomenda é não dei-
e egoisticamente o que xarmos que a ansiedade
Deus criou, sem perceber e a inquietação tomem o
sua ignorância e peque- nosso tempo e roubem as
nez. nossas energias, a pon-
to de prejudicar a nossa
vida espiritual, os nossos
• A respeito de nós mesmos
relacionamentos, a nossa
- Sl. 19.11-14 – É a partir
saúde, o nosso trabalho.
da natureza que o salmis-
Cuidado! – diz Jesus. O
ta passa a observar as leis
corpo vale mais que as
do Senhor nos vs.7 a 10,
vestes e a vida mais que o
e é a partir destas leis que
alimento.
ele ora nos vs. 10 a14,
vendo a si mesmo como Aproveitemos este meio de reve-
pecador que precisa de lação de Si mesmo que Deus nos
perdão e ajuda, mas que
oferece. Deleitando-nos nela e
está cheio de desejo de ser
agradável ao Senhor. louvando o Criador, temos mais
saúde física, emocional e espiri-
tual.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 95


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

Aplicação a sua vida: A natu- da, mas explorada. Ela produziu


reza nos oferece inúmeras for- não para atender às necessida-
mas de aprendizagem, que em des humanas, mas para satisfa-
parceria com ela teremos saúde zer a cobiça dos que a dominam.
física, emocional e espiritual.
Você concorda? O que você tem Os salvos, numa relação com o
aprendido com ela?
Cristo, de servos e discípulos,
logo desejam saber do Criador e
Senhor de todas as coisas, qual
3. RElACIonAMEnTo DE
é a Sua vontade para nós, nesta
CuIDADo – Gn. 1.27-28 e
questão. Há muitas formas pe-
2.15
quenas de zelar pelo que Deus
O primeiro texto mostra que nos entregou, desde a economia
Deus deu ao homem e à mulher da água e cuidado com o lixo,
o privilégio e a responsabilidade até formas maiores.
de administrarem o mundo re-
Não é objetivo deste estudo
cebido do Criador. O segundo
fornecer informações de como
texto mostra que a orientação de
ajudar, pois, a respeito de mui-
Deus ao ser humano foi lavrar e
tas delas, podemos saber pelos
cuidar do espaço recebido. Isto
meios de comunicação e órgãos
significa fazer o ambiente pro-
que cuidam do meio ambiente.
duzir como era a sua vocação,
Quem sabe, sua igreja poderia
sob os cuidados especiais de
convidar um entendido no as-
quem o administrava.
sunto para falar sobre isto, dis-
Se no desempenho dessa mis- pondo-se ela mesma, como ins-
são os seres humanos estives- tituição, a ter atitudes de maior
sem em harmonia com Deus, sustentabilidade para o planeta,
tudo seria feito também em har- bem como estimular seus mem-
monia entre eles e em harmonia bros a isso?
com as necessidades da criação.
Todavia, com a disseminação do
pecado, as relações são quebra- Aplicação a sua vida: Você
das e impera o egoísmo, a cobi- tem visto a natureza como um
ça e o domínio de uns sobre os veículo de Deus para despertar
outros. em você a gratidão, o louvor, o
desejo de aprender e de cuidar
Com o decorrer dos séculos e melhor do que Deus colocou em
suas mãos?
milênios, a terra não foi cuida-

96 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ConCluSão de suas mãos, podendo dizer


como o salmista: “Ó Senhor,
Não se pretendeu neste estu-
Senhor nosso, quão admirável
do transmitir orientações para
é o teu nome em toda a terra.”
a sustentabilidade do planeta.
(Salmo 8:1)
Cada um pode encontrar tais
orientações em várias fontes,
se desejar. O que realçamos, no
entanto, é que discípulos de Je- Suporte para
sus Cristo não podem ter uma pequenos grupos:
vida egoísta e alienada das ne- 1. O que a natureza representa
cessidades do mundo em que vi- para você e nossa sociedade?
vem. Cuidar da terra, fazendo-a 2. Que possamos manter com
produzir em benefício de todos a criação um relacionamento
de respeito e consideração, de
os seus habitantes, deveria ser aprendizagem e cuidado. E
nossa ação, seja no nível indivi- que adoremos ao Senhor pelas
dual, de grupos, ou em âmbitos obras de suas mãos, poden-
do dizer como o salmista: “Ó
mais globais, se temos influên- Senhor, Senhor nosso, quão
cia e poder para isso. Não pode- admirável é o teu nome em
mos agir, e nem defender quem toda a terra.” (Salmo 8:1).
Comente.
age, de forma predatória, egoís-
ta e irresponsável. 3. Depois de todo compartilha-
mento, que lições você retira
Que possamos manter com para sua vida e sua descen-
dência?
a criação um relacionamento
de respeito e consideração, de 4. O que pode fazer para mudar
a realidade atual?
aprendizagem e cuidado. E que
adoremos ao Senhor pelas obras

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 97


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

ESTuDo 20

o saLVo E sEu
rELacIoNaMENTo coM a IgrEJa
INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS
Para se compreender um pouco Segunda Mt. 16.13-18
o relacionamento do salvo com a Terça ICo.12.12-27
igreja, consideremos ligeiramen- Quarta Jo.15.1-5
te o conceito de Igreja de acordo Quinta Ef. 2.19-22
com o Novo Testamento. Dentre
Sexta I Pe. 2.9-10
os evangelistas, só Mateus usa
Sábado Mt.21.33-46
o vocábulo Igreja. Jesus declara
que edificaria a Sua igreja e que Domingo Ef. 4.1-6
as portas do inferno não preva-
leceriam contra ela (Mt. 16.18). guns deles completamente dis-
A partir de Atos 2, vemos a igre- sociados do significado que lhe é
ja, já edificada por Jesus, cheia dado no NT. Ela pode significar
da Sua graça e poder, espalhan- o templo onde a igreja se reúne,
do-se por toda parte, para em ou a instituição que tem direto-
poucas décadas atingir quase ria, estatuto, CNPJ, etc. A ins-
todo o Império Romano. tituição é a forma legal como a
igreja se organiza, para cumprir
sua missão. Como instituição,
Aplicação a sua vida: A igreja ela pode ter suas propriedades e
é uma instituição edificada por empregar pessoas que recebem
Jesus Cristo e administrada salários, tudo de forma legal, de
pelos seus seguidores. Duran-
te a história do cristianismo, acordo com as leis do local onde
ela passou por várias transfor- ela se situa.
mações, até chegar aos nossos
dias. Como você tem contribu- A igreja edificada por Jesus não
ído para o crescimento da sua é, no entanto, nem o templo,
igreja? Comente. nem a instituição, embora pos-
sa ela se servir de meios como
estes para se reunir e desen-
1. O QUE É IGREJA
volver a sua missão. Vemos no
MT. 16.13-18
Novo Testamento que a igreja
O vocábulo “igreja” em nosso edificada por Jesus, é um corpo
meio tem vários significados, al- de discípulos – pessoas redimi-

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

das que já se submeteram ao Todos os que foram redi-


Seu senhorio, tendo por missão midos por Jesus Cristo,
reproduzir, o melhor possível, sendo agora Seus discí-
a sua forma de ser e viver no pulos, pertencem à igreja
mundo, além de conquistar ou- universal, isto é, aquela
que está em toda parte,
tros discípulos que, como eles,
independentemente de
sirvam de bênção no pequeno
se reunirem num templo
ou grande ambiente em que po- ou de pertencerem a uma
dem influenciar. instituição oficial.
Grudem, em sua Teologia Sis-
temática, fala em igreja visível e Aplicação a sua vida: Grudem
invisível, local e universal: classifica a igreja em quatro ca-
tegorias: visível, invisível, local e
• Igreja visível é a que é
universal.
percebida por nós como
Em sua opinião, a pessoa que
igreja, estando presente
participa de uma categoria ne-
em templos, instituições,
cessariamente participa de ou-
ou em qualquer lugar em
tra? Comente.
que pessoas se apresen-
tem como discípulos de
Cristo. No meio dos dis-
cípulos, no entanto, há 2. A NATUREZA DA IGREJA
aqueles que não o são.
(Mt. 13.24-46); Como instituição edificada por
• Igreja invisível é a que é Cristo, a igreja está ligada a Ele,
invisível aos nossos olhos superando muito, em termos de
e identificada pelo pró- unidade e de missão, a qualquer
prio Deus, que conhece os outra instituição humana. Há
autênticos discípulos de
Jesus Cristo (GRUDEM, metáforas na Bíblia que expres-
2010)(12); sam a natureza da igreja:
• Igreja local é a que se • Família - II Co. 6.18. I Co.
constitui dos discípulos 15.58, Mt.12.49-50 e Mt.
de Jesus, que se reúnem 28.10 – Esta alegoria fala
numa casa, ou que estão da necessidade da unida-
numa cidade ou região de que deve caracterizar a
(Rm. 16,5, I Co. 16.19; I
família. Deus é nosso pai
Co.1.2, I Co. 1.1, I Ts.1.1,
At. 9.31); e nós somos irmãos uns
dos outros.
• Igreja universal é que se
• Noiva - II Co. 11.2, Ap.
refere à igreja de uma for-
ma geral, desvinculada 21.9 e 22.17 – Mostra o
de espaço (Ef.5.25, I Co. espírito de preparo, fideli-
12.28). (GRUDEM, 2010). dade e alegre expectativa,
_______________________ ao desejar a união com-
(12)
GRUDEM, W. Teologia Sistemática. Ed.
pleta com o noivo, que é
Vida, São Paulo: 2010. Jesus.

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

• Corpo - I Co. 12.12-27 – 3. A IGREJA E ISRAEL


Que alegoria linda! Ela EX.19.1-8; MT.16.16-18;
nos lembra a unidade que MT.21.33-46; I PE. 2.9-10
deve existir entre os mem-
bros do corpo de Cristo Estes textos mostram-nos a re-
(v.25), em submissão a velação progressiva de Deus.
Ele (Ef. 4.15-16), que é Lendo-os com atenção e em se-
chamado de cabeça da quência, você entenderá como
igreja.
os atos de Deus acontecem na
• Ramos ligados à videira - história, em benefício do mun-
João 15.1-2 e seguintes do.
– Os ramos serão frutífe-
• Ex. 19.1-8 – Mais de 1000
ros se estiverem ligados à
anos a.C. Deus entra em
videira. Ser igreja é estar
aliança com o povo des-
ligado a Jesus, e por isso
cendente de Abraão, com
dar frutos.
o objetivo de abençoar as
• Lavoura e edifício de Deus famílias da terra, confor-
- (I Co. 3.9) – É Deus quem me prometido a ele em
nos faz produzir. Ele nos Gn.12.1-3. Como um rei-
edifica e constrói. no de sacerdotes, o povo
serviria de ponte entre
outras nações e Deus.
Além destas, há várias outras Esta era a função dos sa-
alegorias na Bíblia: templo, re- cerdotes. Para isso, Israel
banho de Jesus Cristo, etc. Para deveria obedecer às leis
que sejamos a igreja segundo do Senhor. E o povo deci-
a vontade de Deus, devemos diu entrar nesta aliança.
observar não apenas uma ou
poucas alegorias, pois são todas Apesar de suas falhas, o povo is-
juntas que nos ensinam o que raelita foi bênção às famílias da
é ser igreja do nosso Salvador, terra. Entre outras, duas gran-
Senhor e Mestre. des bênçãos vindas dele foram:
a) Jesus Cristo, o Salvador, que
Aplicação a sua vida: A forma era descendente de israelitas;
como a Bíblia descreve a igreja
b) O legado do Antigo Testa-
é muito romântica e profunda,
tais como: noiva, família, la- mento, que ajuda a iluminar e
voura e ramos de videira. Quais entender a mensagem do Novo
destas alegorias falam mais ao Testamento.
seu coração? Comente.
• Mt. 16.16-18 – Temos
neste texto a promessa
de Jesus de edificar Sua
igreja.

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• Mt.21.33-46 – Esta pa- 4. A IGREJA EM SEU RELA-


rábola de Jesus, conta- CIONAMENTO INTERPESSO-
da aos líderes judaicos, AL – EF. 3.14 a 4.6
mostra-lhes que, havendo
eles falhado em sua mis- Os que são da igreja têm, uns
são de cuidar da vinha, com os outros, um relaciona-
representando o mundo
mento que os irmana em pri-
de Deus, tal missão seria
transferida a outro povo. vilégios e responsabilidades.
A partir do capítulo 2 de Vejamos alguns aspectos deste
Atos, vemos Jesus edi- relacionamento:
ficando Sua igreja e, no
• Pertencimento – Temos
poder do Espírito Santo,
ela cresceu tanto, que em uma aliança com Deus,
poucas décadas atingiu que nos torna Seu povo;
quase todo o Império ro- povo este que busca a
mano. santidade e desempenha
a missão sacerdotal de
• I Pedro 2.9-10 – Neste
representá-Lo e de unir
texto, o apóstolo Pedro,
escrevendo aos cristãos outros a Ele. Pertencemos
dispersos, identifica-os, então a um corpo (igreja),
usando as mesmas ex- recebendo a vida dEle, vi-
pressões usadas para os vendo por Ele e para Ele.
israelitas, por ocasião de
sua aliança com Deus, • Comunhão – Se a vida
em Ex. 19.5-6. A Igreja que nos domina e alegra
de Jesus não se restringe vem da mesma fonte e
a uma nação, mas a pes- temos a mesma missão
soas de todas as nações, que é transcendente, não
povos e línguas. É o povo
existe comunhão mais
escolhido por Deus para
abençoar o mundo. Dela sublime que a nossa. Por
podem participar judeus isso devemos, de longe
e gentios, servos de Je- ou de perto, estar sempre
sus desejosos de fazer a em comunhão uns com
Sua vontade, e que têm os outros, seja através da
uma missão sacerdotal oração ou da ajuda mú-
no mundo: unir outros a tua.
Deus.
• Responsabilidade - O par-
ticipante é responsável
pela saúde de sua igreja,
Aplicação à sua vida: Como
você se sente, ao pensar que e deve contribuir de todas
pertence à igreja de Jesus Cris- as formas, fazendo o pos-
to neste mundo? sível para que ela cumpra

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 101


| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

sua missão no mundo. ela é um organismo que se mo-


Deve também trabalhar vimenta no mundo, cumprindo
e orar para que ela seja a missão de servir às pessoas e
mais um organismo do de mostrar-lhes que a vida ver-
que uma organização. A dadeira está no relacionamento
organização é morta, mas com Deus, através de Jesus.
o organismo é vivo, mani-
festando a vida do Senhor.
Deve ainda observar como
ela administra os bens
que lhe chegam às mãos Suporte para
e sustentar a obra que ela Pequenos Grupos
faz, através das orações,
1. Quais foram as verdades
dos dízimos, ofertas e do que você aprendeu neste es-
trabalho missionário. tudo? Relacione pelo menos
três.

2. Em que estas verdades mu-


Aplicação a sua vida: Você tem darão sua maneira de agir
sido fiel ao seu compromisso de como servo de Deus?
contribuir das várias maneiras
possíveis, para que sua igreja 3. Em que estas verdades vão
cumpra a missão que recebeu mudar sua maneira de se
do Senhor? Comente. relacionar com igreja?

4. Em que estas verdades vão


torná-lo (a) melhor como
CONCLUSÃO servo/serva de Deus?
É um privilégio inaudito perten-
cer à igreja de Jesus Cristo, pois

102 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 21

o saLVo E sua VocaÇÃo

lEITuRAS DIÁRIAS
INTRODUÇÃO Segunda Mt. 28. 18-20
Terça Lc. 4.16-20
Sobre vocação, abordaremos
Quarta At. 9.36-39
apenas alguns pontos que po-
Quinta I Co. 12.4-11
dem ser úteis, com a consciên-
cia, no entanto, da amplitude e Sexta At. 13.1-3
complexidade do tema. Os que Sábado Fp.3. 12-16
se encontram no dilema da vo- Domingo At. 20.22-24
cação podem encontrar a ajuda
em profissionais especializados vezes, o desejo de atender ao
em orientação vocacional e em chamado de Deus se choca com
cursos ou literatura especiali- outros desejos arraigados em
zada na área, especialmente os nós.
que consideram os valores hu-
manos. Há vocações que são para todos
(vocação geral) e outras que são
Enfatizaremos a vocação em seu específicas para determinadas
sentido bíblico-teológico. Esta é pessoas. O discípulo de Cris-
o chamado de Deus para uma to deve atender aos chamados
tarefa, sendo Ele também que para todos, procurando a vonta-
dá os talentos e a aptidão para de de Deus para o exercício de
executá-la. A vocação de Deus sua vocação específica no mun-
sempre leva a Sua bênção às do.
pessoas, através do vocaciona-
do.
Embora no atendimento à cha- Aplicação a sua vida: Em se
mada de Deus esteja a verda- tratando da escolha feita para
a nossa atuação no mundo,
deira realização do propósito de como você tem trabalhado a
vida do vocacionado, nem sem- sua vocação, para ser um agen-
pre é fácil a compreensão deste te de propagação do evangelho?
chamado. Isto porque, muitas Comente.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 103


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

1. VOCAÇÃO GERAL 1.2. Relacionar com Deus – Sl.


1.1. Administrar a terra – Gn. 42:1-2 e Mt. 11:28-30
1:28-30 e 2:15 Todos os seres humanos são
Esta vocação é para todos, sen- chamados a se relacionar com
do tarefa dada à humanidade Deus, embora muitos não aten-
desde o início, como você vê dam a tal chamado. A relação
nestes textos. Após a queda, com Deus é o desejo mais pro-
Deus não retira do homem tal fundo do ser humano, embora
responsabilidade. Podemos ad- muitos não o admitam e ten-
ministrar a terra bem ou mal, tem preenchê-lo com tudo que o
de maneira egoísta, ou em favor mundo oferece.
de todos, em grandes áreas de
poder que ocupamos na socie- O discípulo de Cristo já sentiu
dade, ou em nossas próprias ca- essa necessidade profunda e
sas. Mas não há como deixar de atendeu ao chamado do Mestre
administrar; e as consequências e à necessidade de sua própria
da má administração podem ser alma.
desastrosas a curto ou a longo
prazo.
Embora este chamado seja para 1.3. Fazer discípulos – II Co.
todos, quem reconhece a Deus 5:18-20 e Mt. 28:18-20
como o Criador deve sentir
maior compromisso em cum- O salvo por Jesus Cristo rece-
prir a vontade divina, zelando beu a incumbência de anun-
pelo mundo em que vive. Não ciar, com sua vida e palavras,
podemos, como servos de Deus, a vontade divina para a vida de
usufruir de tudo que a criação cada indivíduo e para a vida da
nos fornece, sem ter com ela o sociedade como um todo, cha-
cuidado necessário, nem visar mando-os a uma reconciliação
apenas a interesses pessoais, com os propósitos de Deus. Não
mas cumprir a nossa vocação há como estar reconciliado com
com responsabilidade, conside-
Deus sem ter o desejo de cha-
rando-a privilégio que nos foi
mar outros a esta reconciliação.
dado pelo Criador.
É claro que esta vocação, embo-
ra seja para todos os discípulos
Aplicação a sua vida: A nossa de Cristo, pode ser exercida de
vocação para administrar a ter- formas diferentes, de acordo
ra foi nos dada desde o início e com os dons que Deus deu a
ela não se perdeu com o pecado.
Como você tem exercido essa cada um.
vocação dada a todo ser huma-
no e principalmente ao salvo?
Comente.

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to de profissionais competen-
Aplicação a sua vida: O rela-
cionar com Deus está direta- tes, que possam orientá-los. O
mente ligado a fazer discípu- importante para todo cristão é
los. Como discípulo de Jesus, estar no lugar onde Deus o colo-
você testemunha? Comente. cou, em obediência e fidelidade.

2. VOCAÇÃO ESPECÍFICA Aplicação a sua vida: Você


tem se colocado à disposição de
Cada um tem um chamado es- Deus e alerta para ouvir dEle
pecífico de Deus e deve atendê a orientação de onde ele quer
-Lo. Na oração do “Pai Nosso”, usá-lo em seu reino? De que
maneira?
em Mateus 6:9-13, vemos que o
verdadeiro discípulo deseja que
a vontade de Deus seja feita na
2.1. Função no mundo – lc. 4:
terra. Se Deus quer o bem de
16-20
todas as Suas criaturas e se Je-
sus atendeu ao ser humano em Na nossa cultura evangélica,
suas várias dimensões, o exercí- chamamos de secular a função
cio de qualquer profissão, que, que não é religiosa, em seu sen-
direta ou indiretamente, benefi- tido estrito, e damos maior va-
cie o ser humano, é sagrado. O lor à função religiosa, porém no
discípulo de Cristo deve desejar cumprimento do trabalho “se-
o discernimento para escolher cular” podemos estar também
a profissão que Deus quer que seguindo a vocação de Deus.
ele exerça no mundo, em bene-
Aplicando a Si mesmo este tex-
fício do próximo. Em qualquer
to de Isaias, lido na sinagoga,
função, ele precisará da capaci-
Jesus nos faz ver que Ele veio
tação divina, para demonstrar
ao mundo para beneficiar o ser
a graça do Senhor em sua vida,
humano em todas as suas di-
estendendo-a a outros.
mensões. Em Seu ministério,
Sobre tema tão extenso, deline- Jesus confirma isso, nunca fa-
aremos apenas algumas ideias, zendo qualquer distinção entre
esperando que os interessados os Seus vários tipos de traba-
em encontrar o lugar que Deus lho, pois todos resultam do Seu
tem para eles no mundo bus- amor. Sua ação de ensinar, pre-
quem de Deus a orientação e, gar, curar, alimentar, denunciar
sob a bênção dEle, possam en- o pecado, desafiar preconceitos
contrar os recursos existentes e leis que prejudicavam o ser
na sociedade e na igreja, tanto humano, não é acompanhada
em termos de literatura quan- de qualquer palavra que nos

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 105


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

induza a pensar que sua atua- 2.2. Função no Corpo de Cris-


ção, em alguma atividade, era to - I Co. 12: 4-11
mais espiritual que em outra.
Paulo fala que os dons são di-
Seu modo de ser e de agir em
ferentes, mas o Espírito é o
favor do ser humano como um
mesmo. Não há quem não pos-
todo era, principalmente, o que
sa servir de alguma maneira à
dava autoridade ao que ele fala-
igreja da qual participa. Uns
va, fazendo com que as pessoas
dispõem de maior tempo, ou-
se admirassem, percebendo a
tros de maior instrução, outros
diferença entre ele e os outros
com diferentes habilidades,
líderes religiosos (Mc. 1.22).
mas todos têm pelo menos um
Vivemos hoje numa sociedade dom que Deus quer usar, para
muito mais complexa, com mui- a edificação do Seu corpo. Uns
tíssimas opções de ocupação. A pregam, outros ensinam, outros
preocupação do discípulo deve exortam, outros administram,
ser ocupar o lugar que Deus tem ainda outros oram, consolam,
para ele na sociedade e desem- ajudam, exercem misericórdia.
penhar tal função em nome de Uns, simplesmente pelo trato
Jesus, visando a beneficiar o seu amoroso e cordial às pessoas,
semelhante e trabalhar por um podem levá-las a desejar ser dis-
mundo onde ele seja valorizado cípulas de Jesus Cristo.
como imagem e semelhança de
A igreja do Senhor Jesus precisa
Deus. No exercício de sua voca-
ser um corpo que, em seu con-
ção, o discípulo poderá testemu-
junto, sirva às pessoas e à so-
nhar desse compromisso, tendo
ciedade. Cada um de seus mem-
assim a autoridade de falar às
bros deve estar engajado em
pessoas, de um Deus amoroso
uma de suas tarefas. Ninguém
e justo que enviou Seu Filho
deve se omitir. Cada membro
Jesus para o nosso resgate.
deve, em humildade, se colocar
à disposição para alguma ati-
vidade em que possa ser útil à
Aplicação a sua vida: Como
igreja, em sua missão.
discípulo de Jesus você tem tes-
temunhado do amor de Deus a
outras pessoas, através do seu
caráter ilibado, no trabalho, Aplicação a sua vida: Com os
escola, vizinhança e família? afazeres do dia a dia, temos
Comente. negligenciado as atividades em
nossa igreja. Que virtudes do
caráter devem ser cultivadas,
que o ajudarão no exercício de
qualquer vocação? Comente.

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2.3. Função “religiosa” bora não se possa doutrinar


com este texto, é bom sinalizar
Entendemos aqui como voca-
a importância da igreja para
ção “religiosa” aquela em que
ajudar àquele que é vocacio-
alguém se sente vocacionado
nado. Antes de fazer a opção
para trabalhar em tempo parcial
final pela função “religiosa”, o
ou integral na evangelização ou
na edificação dos discípulos de vocacionado deve procurar per-
Cristo, devendo, no exercício de ceber na igreja, sem pressa ou
sua missão, ser sustentado pela ansiedade, o reconhecimento de
igreja do Senhor (através de jun- sua vocação, já que é nela que
tas missionárias ou não), a não ele tem participado, dado o seu
ser que o(a) vocacionado(a) se testemunho e exercido os seus
autossustente. dons com a responsabilidade e
dedicação, que podem, ou não,
Esta é uma vocação especial, recomendá-lo a uma função “re-
não no sentido de ser mais im- ligiosa” no futuro.
portante que qualquer outra,
mas no sentido de que há, no Não querer ouvir a igreja, ou
seu exercício, uma grande res- irmãos particularmente, pode
ponsabilidade para com o cor- revelar falta de humildade ou
po de Cristo. Se exercida por de bom senso. A pressa pode
alguém não vocacionado, pode revelar imaturidade e falta de
trazer muitos danos para a obra convicção. Pessoas como Moi-
do Senhor. Especial também, sés, Paulo e outras, foram pre-
porque o vocacionado deve sa- paradas por muito tempo, o que
tisfações à igreja que, em geral o lhes deu grandes vantagens no
recomenda e o sustenta em seu ministério.
preparo e depois em sua função. Vivemos hoje num mundo com-
Pode haver equívocos no atendi- plexo. O exercício da atividade
mento a esta vocação. Quando “religiosa” exige profundo conhe-
há dúvidas, é melhor esperar cimento bíblico-teológico, vin-
mais tempo, trabalhando em
culado a um conhecimento do
outras atividades, enquanto se
mundo com suas filosofias, valo-
espera a convicção da vocação.
res e contradições. A um chama-
Em Atos 13.1-3, vemos o Espí- do verdadeiro, a resposta deve
rito Santo falar à igreja sobre o ser a obediência, mas é preciso
envio de Barnabé e Paulo. Em- humildade e discernimento.

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| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

Aplicação a sua vida: Sabe- Este tempo de espera, pode ser


mos que algumas pessoas são de preparo emocional, intelec-
chamadas para o ministério de tual e espiritual para um tempo
dedicação integral, tais como muito mais produtivo.
ministro de música, educador
religioso, evangelista, missioná- Se não temos tal conflito, ore-
rio, pastor e outros, que devem
mos mais pelos jovens que o en-
ser remunerados pelo seu tra-
balho. Como você pode contri- frentam. E que, no exercício de
buir para que os vocacionados qualquer vocação, seja ela “re-
exerçam seu chamado digna- ligiosa” ou “secular”, possamos
mente? Comente.
contribuir para que este mundo
se aproxime, em tudo, da vonta-
de de Deus. Pois, se a função for
CONCLUSÃO
aquela para a qual Deus chama,
Estamos realmente desejosos seja qual for, ela é sagrada.
de ocupar o lugar que Deus tem
para nós? Desejamos ser bên-
çãos nas mãos de Deus, seja Suporte para
qual for a função que tenhamos? Pequenos Grupos
Com discernimento e paciência,
1. Quais foram as verdades
procuremos encontrar, sob a que você aprendeu neste es-
orientação de Deus, o lugar que tudo? Relacione pelo menos
Ele tem para nós no mundo. três.

Pode haver dúvidas e dificulda- 2. Em que estas verdades mu-


darão sua maneira de agir,
des na fase de escolha de uma como servo de Deus?
vocação e pode ser necessário
pedir ajuda a profissionais pre- 3. Em que estas verdades vão
mudar sua maneira de se
parados para isso. Se você está relacionar com os vocacio-
nesta situação, não tenha muita nados que atuam nos mi-
pressa. Você pode pedir a orien- nistérios da igreja?
tação de Deus, enquanto traba- 4. Em que estas verdades vão
lha e se mantém como compete torná-lo(a) melhor como
a um adulto; ou se forma em ou- servo/serva de Deus?
tra área, se você é ainda jovem.

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ESTuDo 22

o saLVo E sEus BENs

INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS


Segunda Mt. 6.19-21
Quais são os bens daquele que
Terça Lc.12.15-21
foi resgatado por Jesus e entre-
gou sua vida a Ele? São todas Quarta Lc. 18.18-23
as bênçãos que Deus tem colo- Quinta Lc. 19.1-10
cado em suas mãos, a partir da Sexta IICo. 5.14-17
própria vida: o corpo, a saúde, Sábado Mt. 7.24-27
a energia, a inteligência, as ha- Domingo Mt. 6.24
bilidades, os dons, as oportuni-
dades, a capacidade de influen-
ciar, os recursos financeiros, cebeu, de forma a honrar Aquele
a família, os amigos, a igreja e que é o Senhor de sua vida e de
muito mais. tudo o que possui. Também por-
que, ao nos referirmos a bens,
Tudo nos é concedido pela graça
não estamos falando apenas em
de Deus, desde o ar que respira-
bens monetários, mas a tudo
mos ao alimento que ingerimos,
que temos recebido de Deus.
cuja produção depende do sol
que brilha e da chuva que cai.
Se conquistamos algo por nos- Aplicação a sua vida: A vida é
so esforço e trabalho (e natural- um bem dado por Deus, desde a
mente conquistamos), de onde concepção até o ar que respira-
nos vem a força e a capacida- mos. O que você tem feito para
demonstrar sua gratidão Àquele
de? Porque sabemos que tudo
que lhe confere diariamente to-
nos vem de Deus, podemos orar dos os seus bens? Comente.
como Davi ao oferecer as ofertas
no templo ao Senhor: “Porque
tudo vem de Ti e da tua mão To 1. OS BENS COMO PRESEN-
damos” (I Cr.29.14). TES DE DEUS – I CR. 29:10-14
E RM. 16:3-5
Neste estudo, evitamos oferecer
orientações financeiras, mas No primeiro texto, vemos Davi
apenas princípios gerais, para se dirigindo a Deus nesta ora-
que o salvo use os bens que re- ção, considerando o Senhor

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 109


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

como dono de todas as coisas. casa para hospedar a igreja do


Ele diz no v. 14 que tudo que ele Senhor. Paulo diz que a casa é
pode oferecer a Deus, vem dEle deles. Hoje vemos alguns evan-
mesmo. gélicos declarando a todo mo-
mento: “Este carro é do Senhor.
O verdadeiro e fiel discípulo de
Esta casa é do Senhor.” Não é
Cristo considera tudo que tem
errado declarar isto, mas o que
em suas mãos como bênçãos
importa não é o que dizemos em
que o Senhor lhe deu para ad-
nosso linguajar, às vezes meio
ministrar. Por isso, deseja em-
estranho aos de fora, mas o que
pregar tudo que Deus lhe tem
fazemos com aquilo que cha-
dado, dos recursos financeiros
mamos nosso. Quando empre-
aos seus talentos e capacida-
gamos nossos bens, segundo a
des, para propiciar o crescimen-
vontade de Deus, ajudamos às
to do reino de Deus. Sustentan-
pessoas amadas por Ele. E é
do condignamente sua família,
isto que, ao final, fará toda a di-
contribuindo com os seus dízi-
ferença. Um Deus vivo, que tor-
mos e ofertas e com seu servi-
na liberal cada servo Seu, aben-
ço na sua comunidade cristã,
çoando a vida de muitos.
e quem sabe, através dela, na
cidade, no seu estado, na sua Deus nos deu o livre arbítrio.
nação e até no mundo. O salvo Ele não nos obriga a empregar o
pode contribuir grandemente que nos tem dado naquilo que é
para o crescimento do Reino de a Sua vontade. Mas é claro que
Deus no mundo. uma das primeiras lições que o
discípulo de Cristo aprende com
Sabemos que muitas igrejas,
os ensinos e a vida do Mestre
além do seu sustento local, con-
é que Ele foi em tudo um ser-
tribuem fielmente com a obra
vo segundo a vontade de Deus.
missionária no estado, no país e
Se somos seus discípulos, so-
no mundo, sendo também dever
mos também servos de Deus e
e direito de cada um que se inte-
como tais empregaremos o que
ressa pelo reino de Deus contri-
é nosso conforme a vontade do
buir e acompanhar a gestão dos
Senhor.
recursos financeiros e patrimo-
niais da igreja.
Podemos chamar de nosso aqui- Aplicação a sua vida: Cons-
ciente que tudo o que somos e
lo que Deus nos entregou para
temos é bênção de Deus, apren-
administrar, já que está em nos- demos com Jesus Cristo que o
so poder. No texto de Romanos, melhor para nossa vida é ser-
Paulo refere-se a Priscila e Áqui- mos servos obedientes à vonta-
la como companheiros queridos de dEle. Como você tem admi-
que, pelo evangelho, têm expos- nistrado o bem da vida recebido
de Deus? Comente.
to as suas vidas e usado sua

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2. OS BENS ADMINISTRA- Será que estamos mais preocu-


DOS COM SABEDORIA – II CO. pados em usar o que Deus nos
5.14-17 E GL.2.20 tem dado, para satisfazer dese-
jos egoístas, sem nos preocu-
É claro que é da responsabili-
parmos com a vontade de Deus?
dade do discípulo administrar
Há muitas pessoas que dizem
todos os bens que Deus lhe co-
não ter tempo para nada, mas
locou nas mãos. Sua vida, seu
se forem fazer um acerto dos
corpo, sua mente, seu tempo,
1440 minutos que Deus nos dá
sua capacidade, seu dinheiro,
por dia, e dos 7 dias da sema-
tudo é administrado por ele, o
na, talvez percebam que grande
discípulo. E não poderia ser di-
parte deles está sendo desperdi-
ferente. Deus não retirou de nós
çada em coisas inúteis e às ve-
o livre arbítrio. Ele não faz em
zes até nocivas. Outros já estão
nosso lugar. O que sabemos é
devendo todo o seu dinheiro ao
que a vontade dEle é boa, agra-
recebê-lo, mas em muitos casos
dável e perfeita e que, se nós
há gastos desnecessários em
somos discípulos e servos, o
futilidades, uma escravidão ao
nosso papel é aprender com Ele,
consumismo ou simplesmente
imitá-Lo, obedecer-lhe, pedin-
uma má administração do que
do o discernimento para agir de
lhes foi entregue. Isto é desleal-
acordo com o Seu querer.
dade e falta de responsabilida-
No primeiro texto, Paulo diz que, de com os bens que Deus lhes
se Cristo morreu por nós, logo, colocou nas mãos. Paulo diz,
devemos considerar-nos mortos no segundo texto: “Já não sou
e vivendo para ele. Quer dizer eu quem vivo...” Se Cristo vive
que tudo que temos deve ser em- em nós, tendo-nos “resgatado
pregado como Ele o faria. Quem da nossa vã maneira de viver”,
não é discípulo de Cristo pensa Ele mesmo nos dará sabedoria e
que este tipo de vida é triste e poder para vivermos segundo a
sem prazer. O que não sabe é Sua vontade.
que na realização da vontade de
Deus está a alegria do discípulo
e o sentido da sua vida. E que Aplicação a sua vida: temos
“a vontade de Deus é boa, agra- uma grande responsabilidade
dável, e perfeita” (Rm. 12:2b). O em administrar os bens conce-
discípulo de Cristo sabe que se dido por Deus. O que precisa
ele for um bom administrador ser corrigido em sua vida, com
relação ao emprego de tudo que
do seu corpo e da sua mente, Deus lhe tem dado para admi-
de seus dons, de seus recur- nistrar? Comente.
sos financeiros, de seu tempo,
ele terá mais saúde, será mais
sábio, além de mais feliz e
realizado.

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3. AS BÊNÇÃOS DE UMA FIEL Aplicação a sua vida: Deus nos


ADMINISTRAÇÃO – MT. 6:19-21 confere a graça do livre arbítrio,
para exercemos com fidelidade
A principal bênção de uma ad- a administração da vida. Você
ministração fiel é saber que se tem se preocupado em usar, se-
está aplicando os bens naquilo gundo a vontade de Deus, seu
em que realmente vale a pena, poder econômico, intelectual,
pois beneficia pessoas e honra social ou político? Como você os
ao Senhor. Estamos neste mun- tem empregado?
do como peregrinos, pois não é
aqui o nosso lugar. Um peregri- CONCLUSÃO
no não faz grandes edificações, Como igreja, devemos investir
nem investe pesado no lugar recursos materiais e humanos
pelo qual passa. Ele prefere co- em benefício das pessoas: do
locar seus bens e valores no que seu corpo, da sua mente, das
é permanente. O texto bíblico suas emoções, do seu espírito.
diz: “Não ajunteis tesouros na
terra, onde a traça e a ferrugem Que cada um de nós possa em-
tudo consomem, mas ajuntai te- pregar seu tempo, suas habili-
souros no céu...” (Mt.6:19-20). dades, seus dons, seus recursos
Ajuntar no céu é acumular o financeiros, enfim, sua vida,
que é permanente. Nesta terra para fazer crescer o número
os investimentos estarão sujei- de discípulos de Jesus Cristo,
tos à perda e, mesmo não tendo ajudando na edificação de uma
um fim logo, não se passa muito Igreja viva que agirá no mun-
tempo até que os deixemos. do em que ela foi colocada para
transformar.
O discípulo que tem aprendido
com seu Mestre prefere inves-
tir em valores que ultrapassam
o tempo desta vida presente. E Suporte para
o que poderá ultrapassar esta Pequenos Grupos
vida terrena, senão o nosso pró- 1. Quais foram as verdades que
prio crescimento espiritual e a você aprendeu neste estudo?
salvação de todas as pessoas a 2. Em que estas verdades muda-
quem Deus ama? rão sua maneira de agir como
servo de Deus?
O discípulo que administra os
3. Em que estas verdades vão mu-
seus bens de acordo com a von- dar sua maneira de se relacio-
tade de Deus, sente a alegria de nar com os bens que Deus lhe
ser fiel e de saber que através deu para administrar?
dele outras vidas estão sendo 4. Em que estas verdades vão tor-
resgatadas, abençoadas, ali- ná-lo (a) melhor como servo ad-
mentadas, transferidas das tre- ministrador dos seus bens?
vas para a luz.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 23

o saLVo E o MuNDo

INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS


Uma característica do salvo é o Segunda Jo. 17.6-21
desejo de transmitir as bênçãos Terça Mt. 22.34-40
de Deus à sociedade em que Quarta I Jo.2.15-17
vive. Ser bênção a outros sem- Quinta Mc.10. 35-43
pre depende do amor e da dispo- Sexta Jo.13.1-11
sição para servi-los. Jesus nos Sábado Jo. 13.12-17
mostrou isto com a Sua própria
Domingo Sl. 121.1-8
vida.
Para amar e servir ao mundo 1. PROXIMIDADE E DISTAN-
em que vivemos, precisamos co- CIAMENTO – JO. 17.6-21
nhecê-lo, conhecendo também a
nós mesmos, para que não ve- Este texto é parte da oração sa-
nhamos a projetar no mundo as cerdotal de Jesus em João 17.
características resultantes da Ele pede ao Pai pelos Seus discí-
nossa formação e dos nossos pulos, destacando o fato de que
preconceitos, em lugar de tudo eles não pertencem ao mundo,
aquilo que a Palavra de Deus ao mesmo tempo que fala do
nos ensina. Reflitamos um pou- Seu desejo de que eles não se-
co sobre o conhecer, o amar e jam tirados do mundo, mas li-
o servir ao mundo em que vive- vrados do mal (v.14-15) .Para
mos. amar e servir ao mundo, será
necessário conhecê-lo. Para
isso, é preciso ter com ele um
Aplicação a sua vida: O conhe- relacionamento que envolva,
cimento pessoal é indispensável ao mesmo tempo, proximidade
para que possamos, sob o domí- e distanciamento. Não ser do
nio de Deus, atuar na sociedade
de forma a impactá-la. Você tem mundo (v.16) sugere distancia-
procurado conhecer a Deus e a mento. Estar no mundo(v.11)
você mesmo para fazer a dife- sugere proximidade. Tais rela-
rença no mundo? Como? ções que parecem contrastantes

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 113


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

nos permitirão conhecer o nosso nunca poderemos ir ao mundo


mundo, para nele cumprirmos com ares de superioridade, pois
nossa missão. somos todos igualmente indig-
Para conhecermos alguém ou nos diante de Deus.
até mesmo um objeto, precisa- Mas há fatores também que nos
mos manter em harmonia estas distanciam do mundo: temos
duas características que nos um Senhor que nos redimiu e a
parecem às vezes opostas: a Ele nos submetemos. Tal con-
proximidade e o distanciamen- vicção, que nos é preciosíssima,
to. Até mesmo algo físico como não é entendida pelos que ainda
uma casa ou um prédio em que não vivem tais convicções. Além
desejamos morar, precisamos disso, já abrimos mão de certas
conhecer de perto, e às vezes condutas que para os que per-
nos distanciarmos para conhe- tencem ao mundo são impor-
cer melhor. Se olharmos de uma tantes.
perspectiva apenas, veremos
uns aspectos e ignoraremos ou- Para quem já foi resgatado pelo
tros. Senhor, estar no mundo e não
ser do mundo, portanto, são
Para conhecermos o mundo é
duas relações importantes para
preciso que o vejamos de per-
que muitos venham a conhecer
to, estando presentes nele; mas
o Senhor. Erramos, quando por
também que o vejamos a dis-
medo ou comodismo, afastamo-
tância, não lhe pertencendo. Se
-nos dos amigos que não pen-
pertencermos a Ele, seremos
sam e creem como nós; e mais
suspeitos para vê-lo exatamente
ainda, quando, ao vivermos no
como é. O que significa não per-
mundo, não nos distanciamos
tencer ao mundo? Significa que
de suas práticas pecaminosas e
ele não pode ditar as normas
para a nossa vida. Nosso Senhor negamos a nossa fé.
é outro! Só dEle vem a direção Tais formas de viver nos im-
para o nosso viver. pedem de mostrar às pesso-
Há fatores que nos aproximam as quem é o nosso Salvador,
do mundo, como a consciência Senhor e Mestre e qual o estilo
de que somos todos imagem e de vida que abraçamos. Preci-
semelhança de Deus, portanto samos estar perto das pessoas,
com o mesmo valor; também a amá-las e ajudá-las, testemu-
convicção de que todos temos nhando da nossa fé. Mas pre-
pecado contra Deus e só pode- cisamos manter-nos a distân-
mos ser salvos através da Sua cia de práticas que ofendem ao
graça redentora. Nesse caso, nosso Senhor.

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Aplicação a sua vida: Jesus • A corrupção em geral, as


Cristo, em sua oração sacerdo- propagandas mentirosas,
tal, intercede por nós, para que muitas delas estimulando
nossa caminhada no mundo a competição, a inveja ou
seja de sucesso. Como tem sido induzindo a pensar que
a sua relação com aqueles que a felicidade está em ter e
não compartilham de sua fé, não em ser;
com os quais você tem convivi-
do? Como você lhes mostra sim- • O trabalho exaustivo de
patia, ao perceber suas dores e uns para comprarem
sofrimentos ou suas necessida- aquilo de que não preci-
des? Comente. sam e o de outros para
produzirem tais produtos;

2. AMOR – JO. 3.16, MT. • A inveja que leva muitos a


22.36-39, I JO. 2.15-17 serem infelizes por não te-
rem o mesmo que outros
João 3.16 diz que Deus ama têm;
o mundo. Se Ele ama o mun- • O uso, às vezes até cruel,
do, nós também precisamos do ser humano para se
amá-lo. Foi Jesus quem dis- conquistar coisas;
se, usando palavras do Antigo
• A conformação com uma
Testamento, o que está Mateus sociedade, onde há mui-
22.36-39: “Ama o teu próximo tos que têm muitíssimo
como a ti mesmo”. I João. 2.15- mais do que precisam,
17, parece contradizer o texto enquanto outros não têm
de João 3.16, pois o apóstolo o necessário para viver.
ordena aos cristãos a que não
amem o mundo. Então podemos Enfim, é a este sistema sobre
nos perguntar: “afinal, se Deus o qual o mundo está edificado,
ama o mundo, por que não pos- tendo por fundamento o pe-
so amá-lo?” Acontece que o vo- cado, que não podemos amar.
cábulo “mundo” tem vários sen- Precisamos ter uma relação de
tidos. Pode significar mundo no amor pelos seres humanos. E é
sentido físico e pode significar a justamente por amar os seres
humanidade, ambos criados por humanos, que Jesus combatia
Deus. Pode significar também os pecados sociais e religiosos
o sistema pecaminoso sobre o da sua época. Como Jesus, pre-
qual está edificada a sociedade. cisamos beneficiar os que so-
Este tem por base o egoísmo, a frem, valorizar os desprezados,
vaidade, a competição, a menti- apontar a hipocrisia, a explo-
ra, a cobiça, enfim, o pecado. O ração, a injustiça, enfim, os er-
sistema do mundo está fundado ros deste sistema pecaminoso,
sobre o pecado: com os quais não podemos com-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 115


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

pactuar. Amar... amar... e amar, de Deus os valores são diferen-


eis a missão dos seguidores de tes, pois o maior é aquele que
Jesus, para a qual nos sentimos serve e, que ele mesmo, Jesus,
pequenos e necessitados da Sua não veio para ser servido, mas
graça. para servir. Se somos discípulos
Sempre que leio o texto de I dEle, a nossa grande missão é
João 2.15-17, penso na tenta- servir ao próximo por amor, seja
ção de Jesus, pois estas fontes através de atos simples ou em
de tentação vão gradativamente, grandes áreas de poder político
de ação contrárias à vontade de ou econômico que porventura
Deus, para satisfazer as nossas ocupemos.
necessidades físicas, passan- João 13.1-11 nos mostra o gran-
do pela necessidade vaidosa de de Mestre numa cerimônia após
ser aplaudido e admirado, até a ceia, quando tirou a sua túni-
o desejo pelo poder, pelo domí- ca e, para espanto de todos, pe-
nio, isto é, por estar no lugar do gou uma toalha e passou a lavar
próprio Deus. Em vez de servos, e secar os pés dos discípulos, o
queremos ser senhores. que era um trabalho de servos
do mais baixo escalão. Após la-
var e secar os pés dos discípulos,
Aplicação a sua vida: Aparen- Jesus falou do que significava o
temente vivemos uma contra- seu ato – mostrar que nenhum
dição “Amar o mundo” e “não
amar o mundo”. Como você serviço é humilhante, quando é
tem vivido essa contradição? dele que o nosso semelhante, a
Tem conseguido vivenciá-la na quem amamos, precisa.
íntegra? Comente.
Em Marcos 10.45, vemos que
Jesus veio para servir e res-
gatar o ser humano, porque o
3. SERVIÇO – MC. 10.35-45,
amou. No Reino de Deus é o
JO. 13.1-11
amor a marca que leva o dis-
Outro tipo de relação entre os cípulo a servir às pessoas. As
discípulos de Jesus e a socie- ações de serviço não são feitas
dade em que vivem é o serviço para conseguir algum pagamen-
que prestam. Em todo o Seu to de Deus, pois os verdadeiros
ministério, Jesus mostrou que discípulos de Cristo sabem que
a marca do Seu reino é o servi- tudo que são e têm é resultan-
ço. Em Marcos 10.35-45, vemos te da ação de Deus sobre suas
dois discípulos de Jesus bus- vidas, pois “Toda a boa dádiva
cando lugar de proeminência e todo dom perfeito vem do alto,
no Seu reino e Ele lhes explican- descendo do Pai das luzes.”
do pacientemente que no Reino (Tg. 1.17a).

116 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Aplicação a sua vida: Como


discípulos de Jesus, devemos
sempre estar dispostos a servir
Suporte para
o outro. Como você tem exerci- Pequenos Grupos
do essa dádiva para com a famí-
lia, igreja, vizinhos e desconhe- 1. Quais foram as verdades que
cidos? Comente. você aprendeu neste estudo?
Relacione-as.

2. Em que estas verdades muda-


rão sua maneira de agir como
CONCLUSÃO servo de Deus?
Estando no mundo, mas não 3. Em que estas verdades vão
tendo de forma nenhuma a mudar sua maneira de se
vida dominada por ele, amando relacionar no mundo e com o
mundo?
e servindo às pessoas com as
quais convivemos, que são ama- 4. Em que estas verdades vão tor-
das por Deus, teremos uma vida ná-lo(a) um cristão melhor?
que glorifica o nosso Senhor e
Mestre.

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| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

ESTuDo 24

a BÍBLIa aNuNcIa a saLVaÇÃo (I)

INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS


A Bíblia, embora seja um livro Segunda Sl. 119.1-8
escrito por mais de quarenta Terça Sl. 119. 41-45
homens no decorrer de aproxi- Quarta I Co. 15.21-22
madamente 1.500 anos, guarda Quinta Sl. 119. 97-104
uma coerência e harmonia que Sexta Hb. 11.8-10
só pode ser explicada por sua Sábado Ex. 12.1-14
inspiração divina.
Domingo Is. 53.1-12
Neste e no próximo estudo, es-
taremos considerando a Bíblia messa e o segundo como cum-
como um livro que anuncia a primento da promessa. O Anti-
salvação, pelo fato de que, desde go Testamento ilumina o Novo,
o começo dos seus escritos, ela pois traz fatos, figuras, alegorias
mostra o seu duplo propósito: e profecias que anunciam uma
• O de mostrar ao ser hu- realidade que viria. O Novo Tes-
mano que a sua vida se tamento, por seu lado, ilumina
afastara da vontade de o Antigo, pois nos mostra a im-
Deus, perdendo o seu portância dele, para nos fazer
belo propósito e tornan- compreender melhor o Novo
do-o perdido e infeliz;
Testamento.
• O de ajudar o ser hu-
mano a ver que Deus, Nos estudos 24 e 25 portanto,
o seu Criador pode ser estaremos apresentando textos
também o seu Redentor, do Antigo e do Novo Testamen-
ajudando-o a trilhar o to que contêm fatos, alegorias,
caminho de volta a Ele figuras e profecias que anun-
e, em consequência dis- ciam um tempo que viria e que
so, a uma vida com pro-
se cumpriria no Novo Testa-
pósito.
mento. A harmonia entre tais
A Bíblia está dividida em Antigo textos, nos tornam ainda mais
e Novo Testamento. O primeiro conscientes de que a Bíblia é re-
pode ser considerado como pro- almente um livro que anuncia

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saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

a salvação, pois ela nos revela Em I Co 15.21-22, 55-58,


Deus e o seu projeto redentor. vemos o apóstolo Paulo
falando de Cristo como
aquele prometido em Gê-
Aplicação a sua vida: A Bíblia nesis 3.15. Ele é o que
anuncia a salvação, desde o iní- derrota Satanás, pois “se
cio de sua escrita. Você já expe- por um homem veio a mor-
rimentou a graça do reconheci- te, também por um homem
mento do pecado e da salvação? veio a ressurreição” (v.21).
Como tem propagado essa Por isso Paulo diz aí nes-
bênção? tes textos: “Onde está ó
morte, a tua vitória? (...)
Graças a Deus que nos dá
1. PRIMEIRA PROMESSA E a vitória por nosso Senhor
INÍCIO DA HISTÓRIA DA RE- Jesus Cristo” (vs.55, 57).
DENÇÃO • O início da história da re-
denção - Gênesis 12.1-3
Os primeiros capítulos de Gê-
– A chamada de Abraão é
nesis são por demais preciosos. um passo decisivo como
Eles nos mostram os seres hu- o começo da história da
manos como aqueles que caí- redenção. Deus vê em
ram, desviando-se da vontade Abraão a fé verdadeira e
do Senhor. Nos três primeiros talvez a insatisfação com
capítulos vemos a criação e o a religiosidade politeísta
do povo no meio do qual
ser humano indo para um cami-
ele vive em Ur (Js.24.2-3).
nho longe de Deus; e como Ele Deus então o vocaciona a
já se revelou Redentor desde o dar passos de fé e obedi-
início. ência, saindo desta terra
onde havia adoração a
Do capítulo 4 ao 11, podem-se
outros deuses. Deus quer
perceber os efeitos desastrosos abençoá-lo para que nele
do pecado para toda a humani- fossem abençoadas todas
dade. Você já viu sobre tudo isto as famílias da terra. Ele é
nos estudos de 1 a 4. Esta parte o Deus Redentor, não de
da Bíblia é básica para nos tor- uma pessoa, família ou
nar conscientes da necessidade povo, mas de todas as fa-
mílias da terra. Deus for-
humana de salvação.
mará, a partir de Abraão,
• A primeira promessa - Gn. uma nação (o povo de Is-
3.15 – Este texto traz a rael) que contribuirá para
primeira promessa de re- o cumprimento de planos
denção, quando Deus diz divinos para este mundo
a Satanás que ele seria fe- inteiro. Com a chama-
rido de morte por alguém, da de Abraão, Deus quer
descendente da mulher. iniciar a formação de um

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| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

povo que deverá servir Aplicação a sua vida: A reden-


de bênção para o mundo ção do ser humano tem o início
inteiro. No livro de Gê- da sua história em Abraão. Ten-
nesis, a partir do capítu- do sua vida entregue ao Senhor,
lo 12, temos o relato da você já pode se considerar um
vida de Abraão, Isaque filho(a) de Abraão? O que sig-
e Jacó, que são os três nifica isso para você?
mais antigos ancestrais
do povo israelita. Deus é
mencionado várias vezes 1. PÁSCOA, RITUAL DE UNIÃO
como o “Deus de Abraão, ENTRE O ANTIGO E O NOVO
de Isaque e de Jacó” (Ex. TESTAMENTO – EX. 12.1-14
3.6). Abraão obedeceu a
Deus, sendo considerado A páscoa foi um ritual celebra-
um homem de fé. Os ju- do pela primeira vez no Egito,
deus, na época do Novo precedendo a saída do povo. No
Testamento, sentiam-se decorrer da história continuou
vaidosos de serem des- a ser celebrada anualmente
cendentes de Abraão, mas pelos israelitas, comemorando
o apóstolo Paulo diz aos este dia memorável em que eles
gálatas: “Sabei, pois, que
deixaram de ser escravos, para
os da fé é que são filhos
caminhar para uma vida de li-
de Abraão” (Gl.3.7).
berdade. As orientações dadas
por Deus através de Moisés e
No final do livro de Gênesis ve-
Arão consistiria na morte de um
mos Jacó (Israel), que era neto
cordeiro para servir de alimen-
de Abraão, indo para o Egito
tação a uma ou mais famílias.
com toda a sua família. No co- Sua carne deveria ser comida
meço do livro de Êxodo, depois dentro de casa. O seu sangue
de quatrocentos anos, esta fa- deveria ser espargido do lado de
mília já se tornara um povo, fora, nas suas portas, para que
sendo capaz de causar temor naquela última noite, quando a
aos faraós, que passaram a es- praga da morte atingisse o Egi-
cravizá-lo. Deus então vocacio- to, ao ver o sangue nas portas
na Moisés, um israelita criado das casas dos israelitas, o men-
no palácio, para tirar o seu povo sageiro da morte não atingisse
do Egito. Antes da saída do Egi- seus primogênitos. A festa da
to, os israelitas comemoraram a páscoa tornou-se a comemora-
primeira páscoa, que irá se tor- ção anual mais importante para
nar um memorial cristão muito o povo judeu. Ela lembrava ao
importante. Este é um ritual, povo, o seu livramento da morte
entre muitos, que une o Antigo e sua saída da escravidão, para
e o Novo Testamento. uma vida de liberdade.

120 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

É incrível o paralelo com Jesus: primeiro dia da semana, em um


• Foi chamado por João Ba- domingo. Considerado a pri-
tista de “Cordeiro de Deus meira páscoa cristã. O dia em
que tira o pecado do mun- que podemos celebrar a nossa
do” (Jo. 1.29b); vitória sobre a morte. O mensa-
• Morreu na páscoa, cum- geiro da morte não nos assusta
prindo-se o texto do pro- mais! “Onde está, ó morte, a tua
feta Isaias que diz: “como vitória? Onde está, ó morte, o teu
cordeiro foi levado para o aguilhão?” (I Co. 15.55), procla-
matadouro; e, como ovelha ma vitorioso o apóstolo Paulo.
muda perante os seus tos-
quiadores, ele não abriu a
boca” (Is. 53.7b); Aplicação a sua vida: A pascoa
é símbolo de libertação do do-
• O apóstolo Paulo o chama
mínio egípcio, no Antigo Testa-
de “nosso cordeiro pascal” mento. Hoje, ela é o símbolo do
(I Co.5.7). domínio do pecado. Como você
tem vivido e propagado essa li-
Como na páscoa os judeus cele- bertação? Comente.
bravam sua libertação da escra-
vidão e seu livramento da morte,
3. PROFECIAS DO ANTIGO
nós podemos hoje nos alegrar,
CUMPRIDAS NO NOVO TES-
celebrando a nossa libertação
TAMENTO
do medo, diante daquele que
nos oprimia pelo nosso peca- Há dezenas de profecias do An-
do, pois o sangue de Cristo é a tigo Testamento, que são cita-
marca em nossa vida que ame- das no Novo, mas aqui vamos
dronta o mensageiro da morte. relacionar apenas três, como
E, enquanto o sangue do cordei- exemplo:
ro amedronta o inimigo livran-
• Em Isaias 53.1-12, o pro-
do-nos da morte, em comunhão
feta fala do Messias de
uns com os outros, podemos, Deus como servo sofre-
simbolicamente, nos alimentar dor. Os cristãos, com fa-
de sua carne, que nos torna for- cilidade, veem nEle o seu
tes para a caminhada até a terra Mestre e Senhor, sobre o
prometida. Não é lindo este fato, qual Paulo diz aos filipen-
esta alegoria do Antigo Testa- ses que “ele se humilhou
até à morte e morte de
mento, que sinalizava a realida-
cruz” (Fl. 2.6-8).
de maravilhosa que chegaria no
Novo Testamento? • O profeta Miqueias anun-
cia que o Messias nas-
Cristo, nosso libertador do do- ceria em Belém de Judá
mínio do pecado, ressuscitou no (Mq.5.2), e Jesus nasceu

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 121


| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

em Belém, embora seus CONCLUSÃO


pais residissem na cida-
de de Nazaré, como nos Assim vemos que o Antigo e o
diz Lucas ao contar o seu Novo Testamento se harmoni-
nascimento. zam e confirmam um ao outro,
mostrando-nos o nosso Deus
• O profeta Zacarias, mais
ou menos 400 anos antes como Redentor da Sua criação e
do nascimento de Jesus, Soberano sobre a história.
fala da entrada do Mes-
sias em Jerusalém (Zc.
9.9), o que é relatado por
Mateus (Mt.21.1-11). Suporte para
Pequenos Grupos
E assim muitas outras profecias 1. Quais foram as verdades que
do Antigo Testamento se cum- você aprendeu neste estudo?
Relacione-as
prem na vida de Jesus, segundo
2. Em que estas verdades mu-
relatos do Novo Testamento.
darão sua maneira de agir
como servo de Deus?
3. Em que estas verdades vão
Aplicação a sua vida: Com a mudar sua maneira de se
vida de Jesus se cumprem mui- relacionar com o Antigo Tes-
tas profecias do Antigo Testa- tamento?
mento. Você acredita que preci- 4. Em que estas verdades vão
samos continuar propagando a torná-lo (a) um cristão me-
salvação em Jesus Cristo, para lhor?
ver realizadas outras? Comente.

122 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

ESTuDo 25

a BÍBLIa aNuNcIa a saLVaÇÃo (II)

INTRODUÇÃO lEITuRAS DIÁRIAS


Este estudo é uma continuação Segunda Ex. 19.4-8
do estudo anterior, vendo-se a Terça I Pe. 2.8-10
Bíblia como um livro que anun- Quarta Hb. 7.23-28
cia a salvação do início ao fim Quinta Hb. 9.11-14
e que mostra uma coerência e
Sexta Hb. 10.19-23
harmonia entre as suas várias
Sábado Sl. 19.7-14
partes. Observaremos neste es-
tudo, em primeiro lugar, um fato Domingo Sl. 119. 105-108
acontecido com o povo de Israel
no Antigo Testamento, que vai
• Aliança com Israel - Êxo-
se refletir no Novo Testamento
do 19.4-8 – Mostra o seu
como algo muitíssimo maior e
amor e interesse por to-
mais sublime, cujos efeitos cres- das as nações. Deus de-
centes, a cada dia, somos inca- seja que Israel aceite en-
pazes de medir. Em segundo trar numa aliança com
lugar, veremos uma figura im- Ele, para que, seguindo
portante do Antigo Testamento as Suas leis, seja uma na-
que mediava o relacionamento ção de propriedade dEle,
das pessoas com Deus, como o sacerdotal e santa, isto é,
anúncio de alguém que viria e, separada para o uso de
com grandeza e perfeição, faria Deus, que seguisse as leis
da aliança, servindo de
isso em toda a sua plenitude.
modelo para outras na-
1. ALIANÇA DE DEUS COM IS- ções. Uma nação sacerdo-
RAEL tal que fizesse a mediação
entre as demais nações
O povo de Israel estava viajando e Deus, sendo separada
em demanda à terra prometida. para cumprir os propósi-
No deserto do Sinai aconteceu tos de Deus.
um fato que se ligou a um outro,
muito maior, que aconteceu no Veja abaixo dois textos do Novo
Novo Testamento: Testamento, relacionados com

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 123


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

esta aliança de Deus com Israel, com sua Igreja é também


e como Deus vai expandindo a baseado na graça que nos
maneira de se revelar e atingir o salva de um viver aliena-
mundo com a Sua Redenção: do dEle e centrado em nós
mesmos, através do rece-
• Mateus 21.33-43 – Nesta bimento da alegria de Sua
parábola, Jesus fala do vida em nós, que “jorra-
dono de uma vinha que rá” pela eternidade afora,
a entregou a lavradores, como Ele disse à mulher
que não lhe prestaram samaritana (Jo. 4.14).
contas do seu trabalho.
O dono mandou empre- Dentro do novo pacto, devemos
gados lhes pedir contas, adorar somente a Ele e viver
mas eles os perseguiram uma vida ética de amor e ser-
ou mataram. Ele então viço ao próximo, cumprindo o
mandou o seu próprio fi- propósito dEle para nós: sermos
lho para lhes pedir o fruto veículos de Sua bênção ao mun-
da vinha e a eles o mata-
do que Ele tanto ama e trazendo
ram. Jesus lhes pergunta
o que deveria fazer o dono Suas criaturas a um relaciona-
da vinha aos lavradores. mento com Ele.
Eles responderam: casti-
• No Novo Testamento te-
gá-los e passar a vinha a
mos o maior e mais novo
outros. Jesus concluiu: o
pacto feito por Deus, des-
Reino de Deus será tira-
ta vez com a igreja, que
do de vocês e entregue a
abrange gente de todas
um povo que produza o
raças, línguas ou nações,
seu fruto. Os principais
que, por escolha pesso-
dos sacerdotes e fariseus
al, se decida a participar
entenderam que Jesus
dela. Estes devem es-
falava com eles (45). Eles
tar com sua vida a servi-
eram os líderes religiosos
ço exclusivo de Deus em
e não cuidavam do povo
qualquer tempo, lugar e
amado por Deus.
ocupação: trabalhando
• I Pe. 2.8-10 - Igreja, povo ou descansando; sendo
de Deus – Esta é uma pa- um missionário em ou-
lavra do apóstolo Pedro tras terras ou um executi-
dirigida aos cristãos dis- vo numa grande empresa;
persos por várias partes. sendo uma dona de casa,
Como você vê, o apóstolo um trabalhador braçal ou
usa para a igreja os mes- um acadêmico brilhante;
mos termos que o Anti- atuando como professor
go Testamento usa para ou estudante; tenso por
o povo israelita. Deus já atividades a executar ou
escolhera outro povo. O rindo descontraidamente
novo pacto que Deus tem em horas de lazer.

124 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

Se você pertence ao Senhor, mediários, os judeus possuíam


em qualquer posição, você é em seu calendário religioso, um
alguém que tem uma vida com dia por ano que era o “Dia da Ex-
sentido transcendental, dese- piação”. Este era o único dia do
jando transformar para melhor ano em que o sumo sacerdote,
o mundo em que vive, levando entrava no lugar mais sagrado
as pessoas a conhecerem Aque- do tabernáculo ou do templo – o
le que dá sentido e propósito à “Santo dos Santos” – para ofere-
vida. Que privilégio, não é? cer o sangue de um animal sa-
crificado pelos pecados do povo.
Só ele podia fazer isto e só nesse
Aplicação a sua vida: Somos dia. Ele se purificava, oferecia o
parte de uma história iniciada sacrifício por si mesmo e depois
há muitos anos e temos uma podia oferecer o sacrifício por
aliança de fidelidade com Deus.
Temos um propósito transcen- todo o povo. Enquanto isto, os
dental. Você se sente compro- judeus deviam estar em contri-
metido em dar continuidade a ção e jejum, conscientes do seu
esta história? Comente. pecado, enquanto o sumo sacer-
dote os representava diante de
Deus, oferecendo por eles o san-
2. SUMO SACERDOTE NA VE- gue de animais que representa-
LHA E NA NOVA ALIANÇA vam a vida.
O escritor aos Hebreus fala de
Muitas figuras do Antigo Tes- Jesus como nosso Sumo Sa-
tamento são mencionadas no cerdote e O compara aos sumo
Novo Testamento, como haven- sacerdotes do culto da Velha
do se cumprido em Jesus, mas Aliança. Veja alguns textos e al-
vamos comentar apenas sobre gumas comparações que ele faz.
uma: a figura dos sacerdotes le-
víticos e do Sumo sacerdote que • Os sacerdotes eram mor-
tais e precisavam ser
representavam o povo diante de substituídos – Jesus é
Deus nos rituais do Antigo Tes- eterno (Hb.7.23-25);
tamento. Com todos os ritos e • Os sacerdotes tinham
cerimônias praticadas por eles, necessidade de oferecer
serviam como mediadores para sacrifícios pelos seus pró-
que as pessoas usufruíssem do prios pecados – Jesus é
perfeito (Hb.7.26-28);
perdão dos pecados e em conse-
quência estivessem em paz com • Os sacerdotes entravam
em santuário feito por
Deus. Além dos sacrifícios ofe- mãos humanas - Jesus está
recidos continuamente, que ti- diante de Deus (Hb.9.11 e
nham os sacerdotes como inter- 24);

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 125


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

• Os sacerdotes ofereciam está disponível a qualquer ser


sangue de animais – Je- humano.
sus ofereceu Seu próprio
sangue (Hb.9.12-14); Em Hebreus 10.19-23, o escritor
sagrado nos convida a ter a co-
• O sumo sacerdote ofere-
ragem de entrar na presença de
cia sacrifício uma vez por
ano - Jesus uma vez para Deus, sem precisar de mediação
sempre (Hb. 9.25-26). humana, mas pela mediação de
Jesus, que nos assegura a nos-
sa aceitação por Deus, mediante
Através da história, portanto, o Seu sacrifício.
Deus vai conduzindo a sua re-
velação, até chegar à expressão
máxima da Sua Salvação na Aplicação a sua vida: A con-
pessoa de Jesus Cristo, o Deus dição de expiação dos pecados
no Antigo Testamento se dava
encarnado. por intermédio do sumo sacer-
Antes de terminar este estu- dote. Hoje vivemos sob a atua-
ção do Sumo sacerdote Jesus.
do veja mais um acontecimen- Como você tem intensificado o
to significativo que tem relação seu relacionamento com Jesus?
com o Dia da Expiação. Só nesse Comente.
dia, o sumo sacerdote podia en-
trar no lugar sagrado, chamado
“Santo dos Santos” ou “Lugar CONCLUSÃO
Santíssimo”, para representar o
povo diante de Deus. Uma es- Assim, podemos considerar que
pessa cortina entre este lugar a Bíblia é livro que anuncia a
e o restante do tabernáculo si- salvação, pois ela aponta do
nalizava que a entrada era ve- início ao fim a pessoa de Jesus
dada a qualquer pessoa a não Cristo, que é o “Cordeiro de Deus
ser ao Sumo Sacerdote. Mateus que tira o pecado do mundo”,
27.50-51 relata que, no mo- que é o Sumo Sacerdote perfeito
mento em que Jesus expirou, o e absolutamente capaz de fazer
véu do templo se rasgou de alto a mediação entre pobres peca-
a baixo. Isto tem um precioso dores como nós e o Deus eterno.
significado: pela mediação de E terminamos este estudo com a
Jesus, o Sumo-sacerdote perfei- palavra do escritor aos hebreus:
to, cada um tem livre acesso a “Tendo pois, irmãos, intrepidez
Deus, não necessitando mais de para entrar no Santo dos San-
mediação humana para isso. O tos, pelo sangue de Jesus, pelo
significado era: o trono de Deus novo e vivo caminho, que ele nos

126 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

consagrou pelo véu, isto é, pela


sua carne, e tendo grande sa-
cerdote sobre a casa de Deus, Suporte para
aproximemo-nos, com sincero co- pequenos grupos:
ração, em plena certeza de fé...”
(Hb.10.19-22a). “Tendo, pois,
1. Fale sobre a função do sumo
a Jesus, o Filho de Deus, como
sacerdote na velha aliança.
grande sumo sacerdote que pe-
netrou os céus, conservemos fir- 2. Fale sobre o seu relaciona-
mes a nossa confissão. Porque mento com o sumo sacerdote
não temos um sumo sacerdote da nova aliança.
que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi 3. Depois de todo compartilha-
ele tentado em todas as coisas, à mento, o que o estudo trouxe
de novidade para você?
nossa semelhança, mas sem pe-
cado. Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos mise-
ricórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna”
(Hb. 4.14-16).

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 127


| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

ESTuDo 26

rEFLETINDo soBrE a saLVaÇÃo


INTRODUÇÃO

O objetivo dos estudos feitos até lEITuRAS DIÁRIAS


agora não foi simplesmente ex- Segunda Gn. 3.8-13
por doutrinas sobre a salvação,
aumentando seu saber, mas Terça Rm. 5.1-8
conquistar mais do seu coração Quarta Mt. 5.1-6
para a grande salvação que nos Quinta Hb. 2.1-4
foi trazida pelo nosso Senhor Sexta I Pe. 1.17-21
Jesus Cristo.
Sábado Fl. 2.12-15
Neste estudo você revisará um Domingo Ap. 7.9-17
pouco do que foi estudado ante-
riormente e refletirá mais sobre
a nossa salvação. Esta nos per- prisão para a liberdade, mencio-
mite experienciar de forma dife- na as prisões de que Cristo nos
rente o nosso passado, presente liberta: “da culpa em relação ao
e futuro. passado, da solidão em relação
ao presente e do medo em rela-
Posso dizer: já fui salvo da pena ção ao futuro.”(13) Que maravi-
do pecado, pois “nenhuma con- lha!
denação há para aqueles que
estão em Cristo Jesus”. E pos- Neste estudo trazemos o que foi
so também dizer: estou sendo central nos estudos anteriores,
salvo do domínio do pecado pois para que você reflita um pouco
a Palavra diz: “andai no Espírito
mais sobre a nossa “tão grande
e não cumprireis a concupiscên-
salvação”.
cia da carne” (Gl.5.16). E posso
ainda dizer: “serei salvo da pre-
sença do pecado” pois lemos na Aplicação a sua vida: A salva-
ção alcançada em Jesus Cris-
Palavra: “os sofrimentos do tem- to nos liberta em três tempos.
po presente não podem ser com- Como você pode avaliar a liber-
parados com a glória que há de tação da solidão, em relação ao
ser revelada em nós” (Rm. 8.18). presente? Comente.
_________________
Israel Belo de Azevedo, consi- (13)
AZEVEDO, Israel Belo de. Igreja. Aca-
derando que somos salvos da bou? São Paulo: Hagnos, 2011, p.31

128 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

1. POR QUE OS SERES HU- sobre eles. Mas, mesmo


MANOS PRECISAM DE SALVA- no meio desses anúncios,
ÇÃO? – GN. 1.26-28; 2.7; SL. Deus demonstra, no v.
15 e depois no 21, o seu
42.1-2
imensurável amor pelos
seres feitos à Sua imagem
Criados à imagem e semelhança e semelhança.
de Deus e recebendo do próprio
Deus a espiritualidade que ha- • Os capítulos 4 a 11 de Gê-
bita o seu interior (Gn. 1.26-28 nesis mostram a humani-
e 2.7), os seres humanos pre- dade se afastando cada
cisam do alimento para a sua vez mais do governo de
Deus sobre suas vidas.
dimensão espiritual como o seu
corpo precisa do alimento ma-
• Gênesis 12.1-3 apresenta
terial. E o alimento para a sua o começo da história da
dimensão espiritual é o próprio redenção do ser humano
Deus. que vai culminar no Novo
Testamento, com Jesus, o
• Gn. 3.1-13 nos mos- Deus-Homem, o que veio
tra que o ser humano se esmagar a cabeça da ser-
afastou de Deus, que o pente.
procurou para que ele re-
conhecesse o seu erro e Os seres humanos, de um modo
voltasse para a verdadeira geral, estão afastados de Deus,
fonte de sua vida. Em vez caídos num abismo, perdidos,
de responder com abertu- sem saber o que lhes aconte-
ra de coração às pergun- ceu. Daí eles só sairão se uma
tas de Deus, o homem e a
pessoa de fora os tirar; e esta
mulher começaram a dar
desculpas, nunca reco- pessoa só pode ser o próprio
nhecendo o seu erro, mas Deus que, desde o princípio, os
atribuindo a responsabili- amou e quis resgatá-los.
dade dos seus atos a ou-
tros. Nós, que vivemos hoje, conhe-
cemos a maior prova do amor
• Gênesis.3.14-24 anun- de Deus por nós, humanidade
cia as consequências que perdida. Por isso podemos ir a
viriam sobre a humani-
Ele com o coração aberto, con-
dade e sobre a natureza,
em razão da rejeição por fessando o nosso estado de re-
parte dos seres humanos, belião, para que sejamos perdo-
do governo de Suas leis ados e curados.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 129


| I SAB E L DA C U N HA F R A NCO

Aplicação a sua vida: Durante e Ele nos perdoará. Romanos


estes estudos pudemos ver a re- 5.1-8 diz que podemos ter paz
beldia do ser humano ao afas- com Deus, pois pela fé, fomos
tar-se de Deus e da Sua graça,
considerados justos. Qualquer
em propiciar a ele a possibili-
dade do seu resgate, através da mancha em nosso passado
salvação em Cristo. Como você não nos condena mais diante
tem expressado essa Graça? dEle. Já fomos salvos da pena
Comente.
do pecado. Estamos livres da
culpa.
2. QUAL A NOSSA FORMA
No presente, estamos sendo sal-
DE ENCARAR A SALVAÇÃO?
vos do domínio do pecado pela
I JO. 1.9, RM. 5.1-8
sua presença constante conos-
co e em nós. Estamos livres da
Depois que vamos a Deus, pela
solidão, como nos diz Pr. Israel
fé, confessando a nossa rebel-
dia e incapacidade de voltarmos Belo de Azevedo. Desejamos ca-
ao caminho para o qual fomos minhar seguindo as Suas orien-
criados sem a ajuda dEle, so- tações e tendo uma vida que O
mos aceitos em Sua comunhão, honre. Ele nos ajudará a cami-
nossos pecados são perdoados e nhar, perdoando-nos quando fa-
somos declarados cobertos pela lhamos, levantando-nos quando
Sua justiça, expressa pela vida caímos e amparando-nos quan-
de Jesus neste mundo. Ao vol- do nos sentimos fracos. Em nos-
tarmos para Deus, a nossa vida so presente queremos honrá-Lo
vai mudando a cada dia. Não em todas as nossas relações,
vemos mais o nosso passado, sejam elas com nós mesmos,
presente e futuro como víamos com a família, com a igreja que
antes. é dEle, com a sociedade, com a
nossa função na sociedade, com
O passado de pecado contra os nossos bens, enfim em todas
Deus foi perdoado e nós vivemos as áreas com as quais nos rela-
em Seus poderosos braços. De cionamos neste mundo em que
que precisamos ter medo? Nos- vivemos.
sa conta com Ele já foi acertada
pelo sacrifício de Jesus Cristo E o nosso futuro? Sabemos que
por nós. dele não precisamos ter medo,
pois, sejam quais forem as cir-
I João 1.9 diz que precisamos cunstâncias pelas quais tenha-
confessar a Ele os nossos peca- mos de passar, Deus estará co-
dos, isto é, concordar que somos nosco para nos orientar, ajudar,
pecadores e que temos errado consolar e abraçar-nos com ca-

130 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
saLVaÇÃo - uMa caMINHaDa EM TrIuNFo |

rinho, em nossas dores. E um • Mt. 5.1-12 – as bem


dia sairemos desse casulo que -aventuranças nos in-
nos prende e voaremos em dire- dicam as virtudes que
ção a Ele, o nosso maior Bem, devem fazer parte do
caráter cristão, devendo
com quem teremos comunhão
ser produzidas em nós
plena por toda a eternidade.
pelo Espírito Santo. A
nossa natureza pecami-
Aplicação a sua vida: Fomos nosa, no entanto, difi-
salvos do passado de pecado. culta a ação do Espírito
Estamos sendo salvos da pre- Santo em nós. É preci-
sença do pecado e temos cer- so que a reconheçamos
teza da vida eterna com Cris- e que, com humildade,
to. Porém, para desfrutarmos identifiquemos nossas
da salvação presente, que é a
principais dificulda-
santificação, precisamos estar
dispostos a uma entrega diá- des. Que não sejamos
ria. O que você tem feito para ingênuos, ao pensar que
ter maior comunhão com Jesus as virtudes do nosso ca-
nosso salvador? Comente. ráter serão produzidas
em nós pelo Espírito
Santo, como num passe
3. QUAL A INFLUÊNCIA DA de mágica. Pelo que co-
SALVAÇÃO SOBRE O NOSSO nhecemos da Palavra de
COTIDIANO? – MT. 5.1-16 Deus e da nossa experi-
ência cristã, não é assim
A salvação em nosso viver co- que Deus trabalha. Ele
quer que sejamos Seus
tidiano é Deus em nós, ensi-
cooperadores nas mu-
nando-nos, orientando-nos e
danças que deseja ope-
ajudando-nos a viver segundo rar em nós (I Co. 3.9),
a Sua vontade. Isto influenciará sendo sempre paciente
os nossos relacionamentos, se- com as nossas dificul-
jam estes com pessoas, com coi- dades.
sas, com instituições, etc. Pro-
curaremos viver de acordo com • Mt. 5.13-16 – fala do
a vontade de Deus. O texto in- testemunho que pre-
cisamos dar diante do
dicado neste tópico faz parte do
mundo, sendo luz e sal.
grande sermão do Monte, pro-
Como luz, nossa função
ferido por Jesus. Ele fala, nesta é iluminar e como sal
passagem, de como devemos ser é dar um melhor sabor
(vs. 1-12); e depois, que deve- ou evitar a putrefação
mos servir como luz e sal neste do mundo em que vive-
mundo tão necessitado de Deus mos. Que responsabili-
(vs.13-16). dade!

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 131


| I SAB E L DA C UN HA F R A NCO

A salvação em nós produz uma Aplicação a sua vida: Ter


vida de crescimento constante. uma vida de comunhão com
Deus não nos faz saber a Sua Cristo nos fará experimentar o
vontade de forma mecânica e in- crescimento espiritual. Como
dependente do relacionamento você tem avaliado suas trans-
com Ele. Nosso crescimento no formações frente ao senhorio
relacionamento com Ele é que de Jesus Cristo em sua vida?
nos fará conhecê-Lo e perceber Comente.
a Sua vontade. O estudo inteli-
gente da Sua Palavra, a oração,
a comunhão com os nossos ir-
CONCLUSÃO
mãos, o desenvolvimento do co-
nhecimento de nós mesmos e Que esta salvação, que é o pró-
do mundo em que vivemos, são prio Jesus em nossa vida, na
fatores já vistos em estudos an- pessoa do Espírito Santo, vá
teriores, que poderão nos ajudar operando as transformações e
a perceber a vontade divina. os ajustes necessários para que
sejamos pessoas que honrem o
O que há de mais precioso é sa-
Seu nome. Que nos alegremos
bermos que, se formos sinceros
e nos desenvolvamos nesta tão
em nosso desejo de ter a vida
grande salvação e que a leve-
entregue a Ele, para que nela a
mos a outras pessoas através do
Sua vontade seja feita, Ele esta-
nosso testemunho de vida e da
rá conosco todos os dias e nos
mensagem salvadora da Palavra
perdoará quando errarmos, nos
de Deus.
levantará quando cairmos e nos
ajudará a ser as pessoas que Ele
deseja.

132 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
APRESEnTAção

nARRATIvAS BÍBlICAS,
ConTEMPoRAnEIDADE E MInEIRIDADE

o
s estudos que você terá oportunidade de participar neste se-
mestre falam a respeito das narrativas Bíblicas relacionadas
à liderança, à mineiridade e à contemporaneidade. O desafio
que nos foi proposto pela Gerência de Crescimento Cristão da Con-
venção Batista Mineira era pensar sobre o jeito de ser do mineiro, e
o momento histórico que estamos vivendo, a chamada pós-moder-
nidade, que tem abrangência global.

Desta forma, procuramos fazer links entre a história de Minas


Gerais e algumas narrativas bíblicas, considerando a Inconfidên-
cia Mineira, o Presidente Juscelino Kubsticheck, ou JK, o escritor
João Guimarães Rosa, em seu livro Grande Sertão Veredas, dentre
outros elementos históricos. Também pensamos sobre os produtos
produzidos no Estado, como por exemplo, o queijo, o café, leite, a
batata inglesa, dentre outros.

No que se refere à contemporaneidade, traçamos um paralelo en-


tre as narrativas bíblicas e o jeito de ser do mineiro, considerando
aspectos próprios da pós-modernidade, destacado o relativismo,
o hedonismo, o consumismo, o individualismo e outras questões
relevantes.

Sinceramente, esperamos que o trabalho realizado, possa, pela gra-


ça de Deus, produzir grande impacto sobre sua vida e a vida da
igreja como um todo, trazendo benefício de caráter permanente, e,
assim, resultando na glorificação do nome do nosso Senhor Jesus
Cristo, na edificação de Sua Igreja e na expansão do Reino de Deus
sobre a face da terra.

Aos Batistas Mineiros minha gratidão e de um modo muito especial


ao Pr. Márcio Alexandre, Diretor executivo da CBM e a irmã Tânia,
Gerente do Crescimento Cristão, pela confiança e oportunidade de
participar de um projeto tão desafiador. Posso dizer que foi uma
grande bênção e uma grande aventura, pois como um de nossos

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 133


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

conterrâneos, Santos Dumont, o pai da aviação, pude alçar voo tão


alto, mesmo sendo tão perigoso, como diz Riobaldo, personagem de
Grande Sertão Veredas.

Com a mesma coragem que o Senhor deu ao apóstolo Paulo, apesar


de minhas limitações e pequenez, no poder do Espírito Santo, digo:
viver é perigoso mesmo, “Todavia, não me importo, nem conside-
ro a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente
puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor
Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”
(Atos 20:24).

A Deus toda glória.

Pr. Jackson Martins de Andrade

134 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo – 27

Ô Sô, que mundo


QuE MuNDo É EssE loco é esse que nois
tamo vivendo!
EM QuE VIVEMos? É cada coisa que
acontece.

InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
Os mais experientes, certamen-
Segunda Hb. 13.1- 17
te, estão vivendo uma grande
Terça Tg. 1:12-17
crise, pois este mundo em nada
se parece com o mundo em que Quarta Lm 3:22-39

nasceram. Nestes últimos cem Quinta Jz. 21. 23-25


anos, as coisas mudaram as- Sexta Jo 18.33-38
sustadoramente, em especial, Sábado Gn. 19:1-38
nas últimas décadas. O mundo Domingo I Co. 15:29 - 34
já não é mais o mesmo, as pes-
soas, as igrejas e nem mesmo os
pastores são mais os mesmos. Heráclito (VI a.C), filósofo pré-
-socrático, de Éfeso, na Ásia
Desta forma, se queremos fazer Menor, cria no devir, na mudan-
a diferença neste tempo, preci- ça. “Tudo é vir-a-ser, tudo muda,
samos conhecer a realidade vi- tudo se transforma. O mundo, o
gente. homem, as coisas estão em in-
cessante transformação”. “Ne-
1. uM MunDo EM
nhum homem entra no mesmo rio
ConSTAnTE MuDAnçA
duas vezes, pois nem o homem é
“O mundo à nossa volta está em o mesmo e nem o rio”.
constante mudança. Quem fi-
Parmênedes (V a.C.) nasceu
car parado, vai ser atropelado.
em Eléia, cria que o ser é a
Quem correr, não vai sair do lu-
única realidade e não existe
gar” (Autor desconhecido)
vir-a-ser, ou se é ou não se é.
O mundo em que vivemos é he- Nada muda. Porém, já naque-
raclitiano por natureza e não les dias e ao longo da história,
parmenídeo. se buscou uma síntese entre

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 135


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Heráclito e Parmênedes, e se por mudar ou, de fincar o pé em


chegou à conclusão de que há coisas que exigem mudanças,
coisas que mudam e há outras só porque tem sido feito desta
que permanecem. Isto inclusi- ou daquela forma há décadas
ve na experiência de fé. A Bíblia ou séculos.
diz que “Jesus Cristo é o mes-
Assim, para que você possa es-
mo ontem, hoje e para sempre”.
tar preparado para este tempo, é
(Hb. 13;8 e Tg 1:17). Igualmente
preciso que cultive uma vida de
diz: “Graças ao grande amor do
oração, de estudo da Palavra e
Senhor é que não somos consu-
use a máxima de um grande te-
midos, pois as suas misericór-
ólogo que disse: “O teólogo é al-
dias são inesgotáveis. Renovam-
guém que tem a Bíblia em uma
-se cada manhã; grande é a sua
mão e o jornal na outra” (Karl
fidelidade!” (Lm 3:22,23)
Barth). Parafraseando-o, po-
Assim, deve ficar claro que a deríamos dizer: O cristão com-
síntese entre a mudança e o prometido em glorificar a Deus,
permanecer é uma necessidade. edificar a igreja e expandir o
Heráclito e Parmênides foram Reino, é alguém que tem a
radicais, mas outros filósofos Bíblia em uma mão e o jornal
buscaram estabelecer a síntese em outra, de modo que, funda-
entre mudança e permanência. mentado na Palavra e ajustado
Porém, a pós-modernidade tem ao seu tempo, possa estar con-
sido radical no que diz respei- victo quanto ao que precisa per-
to à mudança e, se nós, à se- manecer e ter uma mente aber-
melhança de Parmênides, fin- ta para aceitar o que precisa ser
carmos os pés declarando que mudado, sem correr o risco de
nada muda, corremos o risco de cair em modismo.
ficarmos para trás. Cremos sin-
ceramente que nós temos a ca-
pacidade de oferecer ao mundo
Aplicação a sua vida: E então,
o ponto de equilíbrio. Basta que como você se avalia neste as-
tenhamos sensibilidade e dispo- pecto: Você é Heráclito: “Tudo é
sição para depender do Senhor, mudança”? Você é Parmênedes:
que nos guia a toda verdade, “Tudo permanece como está?”
Ou você é capaz de fazer a sín-
nos ajudando a ter sabedoria e tese como o slogan de Mocidade
discernimento naquilo que exige para Cristo: “Ao compasso do
que se faça mudança, para que tempo, mas sempre firmados
não se corra o risco de mudar na Rocha”?

136 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

2 – uM MunDo DE Incrível que a Bíblia reconhece


RElATIvISMo ÉTICo que por vezes o relativismo toma
conta da sociedade, como, por
Outra característica do período
exemplo, aconteceu com o povo
pré-socrático, período em que
de Israel na época dos Juízes.
viveram Heráclito e Parmêne-
Embora vivendo em um período
des, e, que de certa forma está
distante daquele, em Israel se
presente hoje, é o pensamento
praticava a filosofia sofista, pois
dos Sofistas de que “O homem
o escritor diz: “Naquela época
é a medida de todas as coisas”.
não havia rei em Israel; cada
O que ensinavam os Sofistas? um fazia o que lhe parecia cer-
“Os sofistas ensinavam aos to”. Juízes 21:25
seus discípulos que não No Novo Testamento, no inter-
pode haver conhecimento rogatório que Pilatos faz no jul-
verdadeiro, mas só um co- gamento de Jesus, encontramos
nhecimento provável, por uma pergunta relativista. “Pila-
causa de sua origem sen- tos lhe perguntou: “O que é a
sível, e que não existe uma verdade?” (João 18.38).
lei moral absoluta, mas so-
mente leis convencionais. Roma, de quem Pilatos era re-
O fim supremo da vida é o presentante, proclamava a tole-
prazer: esta é a única meta rância religiosa como uma vir-
apropriada à dimensão ri- tude e odiava a afirmação cristã
gorosamente empírica1 do de que Jesus é o único caminho
conhecimento humano” para Deus, o que acabou por
(Curso de filosofia, Batista gerar perseguição, com prisões
Mondin, pág.40, Vol I). e mortes para os primeiros cris-
tãos. Porém, esta pergunta está
Protágoras, um dos represen- presente na sociedade relativis-
tantes mais significativos dos ta de nossos dias: “O que é a
sofistas, afirmava não existir verdade?” Nossa sociedade que,
verdade absoluta, pois o homem à semelhança de Roma, prega
interpreta os dados dos senti- a tolerância e o respeito, como
dos a seu modo e de acordo com você certamente já viu em uma
seus interesses. propaganda veiculada por uma
emissora de TV, que se apre-
senta como representante desta
sociedade, também odeia que
1
Empírico: Que se baseia na experiência ou dela
resulta. Que resulta da prática, da observação e não da respondamos que Jesus Cristo
teoria. Que está relacionado com o empirismo. Dis- é Senhor, Salvador e o único ca-
ponível em: https://www.dicio.com.br/empirico/.
Acessado em 23.02.2018. minho para Deus, pois como a

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 137


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

cultura greco-romana, essa cul- novembro como o Dia Interna-


tura prega a tolerância em todos cional da Tolerância para incen-
os sentidos. tivar todos os países a serem
mais tolerantes.
Veja o que diz John Burke sobre
ensino do relativismo ético nas Esse é o mundo em que vivemos
escolas dos EUA: “O ensino da e com o qual precisamos dialo-
tolerância tornou-se o alicerce gar. Um mundo em que cada um
de sustentação de muitos pro- tem a sua verdade e para o qual
gramas de escolas e universi- a verdade bíblica muitas vezes
dades”. (Proibida a entrada de é vista como preconceituosa,
pessoas perfeitas, John Burke, excludente e impositiva. Aqui,
pág. 50). para permanecer é preciso crer,
pois, do contrário, você muda
A tolerância pregada pela TV e
tudo, como alguns grupos estão
Internet.
fazendo, retirando das Escritu-
“A televisão tornou-se um ras partes que os confronta com
padrão fixo da civilização atitudes e comportamento que
ocidental que começou em estão em rota de colisão com o
1960, possibilitando acul- ensino da Palavra de Deus.
turar2 e ensinar valores
compartilhados por toda
Aplicação a sua vida: Como
uma geração global en- você tem se posicionado dian-
quanto a entretém. Logo te das mudanças ocorridas na
depois, a nova onda de in- atualidade? Comente.
formação, a Internet, che-
gou criando um mercado
3 – uM MunDo CujoS vAlo-
global de ideias, mudando
RES AFRonTAM A DEuS E
a forma de interagir com
SEu Povo E não SE PREo-
outras culturas e diferindo
CuPA CoM A PRESTAção DE
em pontos de vista religio-
ConTAS – Gn. 19:1-38
sos e em nossas próprias
convicções” (John Burke,
pág. 40). Pense no mundo nos dias de
Noé, nas cidades de Sodoma e
A questão da tolerância é tão
Gomorra e em tantas outras
relevante para nossa sociedade,
civilizações, que afrontavam a
que a ONU instituiu o dia 16 de
Deus e ao seu povo, com seu es-
tilo de vida permissivo e liberal.
2
Aculturar: Alterar ou modificar-se através de Comportamentos permissivos e
aculturação (adaptação a outra cultura); ser alvo de
aculturação. Disponível em: https://www.dicio.com.
liberais como os da civilização
br/aculturar/. Acessado no dia 23.02.2018. atual.

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O pluralismo religioso, como d) A religião é determinada


afirma Campos(3), pode ser tan- pelo lugar de nascimento
to uma conceituação filosófica – A religião de uma pes-
quanto ética e que, do ponto de soa deverá ser a religião
vista ético, tem a ver com uma dominante do lugar onde
teoria de valor. Sendo assim, tal ela nasceu;
teoria de valor não aceita que
e) Pluralismo intelectual –
possa haver uma única fonte ou
prega que as palavras não
princípio do bem, mas sim múl-
têm valor absoluto e que
tiplas, o que se opõe claramente
elas não dizem o que real-
à nossa convicção de que há um
mente devem dizer e que,
só Deus, princípio e fim de todas
quando nos deixamos do-
as coisas.
minar pelo sentido das
Pluralismo: entendendo um mesmas, nos tornamos
pouco mais a partir de Campos: prisioneiros da cultura;
“Abandono da arrogância cultu-
f) Pluralismo Ético-Moral –
ral e teológica – Significa dizer
Os pós-modernistas rejei-
que todas as religiões são boas e
tam não somente as leis
levam a Deus.
objetivas de moral, como
a) A ausência de verdade ab- as leis morais interiores,
soluta – Não existe verda- gravadas por Deus em
de absoluta, existem ver- nossos corações. Segundo
dades; os pluralistas, tudo que o
b) A autoridade da experiên- indivíduo faz em termos
cia religiosa – A experiên- morais tem nascedouro
cia religiosa de todas as no meio em que ele vive e
tradições deve ser fonte nas decisões morais que
de autoridade; faz. Essas decisões não
c) A presença de uma nova têm nada a ver com o que
teoria missiológica – Se- ele é, e, sim, com o que
gundo a qual esta se da- ele deseja e resolve ser.
ria numa espécie de cola- Isto tem reflexo na ética
boração internacional na sexual, levando a uma fle-
esfera social, econômica e xibilização cada vez maior
educacional, mas sem in- quanto aos valores nesta
terferir nas crenças, cos-
área, homossexualidade,
tumes, hábitos e moral
dos povos; sexo fora do casamen-
to (antes do casamento,
adultério, prostituição e
mesmo comportamento
(3)
Campos, Héber Carlos. “O Pluralismo
pós-moderno”. Disponível em: http://www. visto como desvio de com-
monergismo.com/texto. portamento)”.

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Essa teoria também tem um im- Aplicação a sua vida: De acordo


pacto sobre a doutrina da salva- com o comentário acima sobre o
ção e a cristologia4, pois, como pluralismo religioso, você acha
ainda afirma Campos: “O Deus que este encontra base bíbli-
ca? Como você pode identificar
do cristianismo, na soterologia5 esse fato em nossa sociedade?
pluralista, é um Deus de amor, Comente.
e não poderia excluir da salva-
ção os não-cristãos, pelo sim-
ples fato de eles não serem cris- Numa sociedade influenciada
tãos [...] A salvação vem através pela filosofia evolucionista, que
de outras formas reveladoras de não crê na existência de Deus
Deus, além daquela que veio em Criador e sim que tudo quan-
Cristo”. No que se chama plura- to existe é obra do acaso, tais
lismo aberto, há uma ideia de crenças se tornam comuns.
que existem elementos “crísti- Ora, de acordo com a filosofia
cos” (de Cristo) em todas as re- evolucionista não há, como diz
ligiões. Elementos pelos quais Langston6, um Deus que seja:
todos buscam e pelos quais al- “espírito pessoal, perfeitamente
cançam a salvação, ainda que bom, que em santo amor, cria,
não conheçam a Cristo, biblica- sustenta e governa todas as coi-
mente. Na nota de rodapé você sas”. Sendo assim, não há a
poderá compreender um pouco quem prestar contas, pois não
mais os fundamentos do plura- fomos criados em amor, portan-
lismo e assim estar preparado to, não há quem nos sustente,
para permanecer no que deve senão as nossas próprias forças
permanecer, pois seja conceitu- e inteligência. Também não há
ação filosófica ou ética, tal ideia governo, logo, cada pessoa é a
está em rota de colisão com o medida de todas as coisas e não
ensino geral das Escrituras. há um propósito, um fim para o
qual se tenha sido criado e para
o qual se esteja caminhando.

Assim, vale a máxima citada por


(4)
Cristologia: “A cristologia é uma parte
Paulo, na relativista sociedade
da teologia cristã que estuda Jesus. Ela se
ocupa de diversos aspectos, dentre os quais
poderíamos sublinhar sobretudo: a sua na- (6)
Langston: “A. B. LANGSTON (Alva Bee
tureza, se divina, humana ou as duas; o seu Langston), dos Estados Unidos, 1878, es-
papel na redenção humana; a relação entre creveu, entre outros, NOÇÕES DE ÉTICA
Ele, o Pai e o Espírito Santo”. Disponível em: PRÁTICA, TEOLOGIA BÍBLICA E SISTEMÁ-
http://www.abiblia.org/ver.php?id=424. TICA, O PRINCÍPIO DO INDIVIDUALISMO,
Acessado em 17.07.2018. A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO, Dis-
(5)
Soterologia: Parte da teologia que trata da ponível em: http://guarataia.no.comuni-
doutrina da salvação, sobretudo, por meio dades.net/quem-foi-ab-langston. Acessado
de Jesus Cristo, como Salvador e Senhor em 17.07.2018.

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greco-romana: “Comamos e be- Ora, em seu início, a Igreja do


bamos, que amanhã, morrere- Senhor prosperou em um con-
mos”. (I Co. 15:32b) texto que manifestava profun-
da flexibilidade quanto ao sexo,
a religião e as relações sociais,
Aplicação a sua vida: Diante porque se abriu para pregar o
da realidade da nossa socieda- evangelho àquele mundo, sem,
de pluralista, como se preparar porém, abrir mão de suas con-
para proclamar a mensagem
salvadora de Cristo? vicções. Nosso contexto, em
certo sentido, é bem parecido e
requer que a Igreja esteja pre-
ConCluSão parada para anunciar a mensa-
gem com a mesma desenvoltura
Nesta lição falamos sobre mu-
da Igreja nos dias de Paulo. Lá
dança e permanência. Que pre-
a Igreja não teve medo de dizer
cisamos, sim, ter firmeza e con-
que Jesus Cristo era o Senhor.
vicção e não abrir mão do que
cremos. No entanto, que em ou-
tros momentos precisamos ter
discernimento e bom senso para Suporte para
perceber que mudanças são Pequenos Grupos
saudáveis e necessárias. Vimos
1. Pensando em sua vida, o
também que vivemos em um que você acredita que preci-
mundo de relativismo ético, em sa mudar e o que não pode
que se torna o relativismo um mudar?
absoluto, o que é uma contradi-
ção, pois se é relativo, não pode 2. Como você vê as mudanças
ser absoluto. Mas é nesse mun- pelas quais o mundo está
passando?
do de contradições que vivemos
e precisamos ter sabedoria para
transitar e dialogar. Por ser re- 3. O que você aprendeu neste
estudo que ajudará você a
lativista, esse mundo não tem falar do amor de Deus?
medo nem receio de afrontar a
Deus e confrontar o Seu povo.

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ESTuDo – 28

o DEsaFIo DE sEr IgrEJa


NEsTE NoVo TEMPo.
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS

Jesus é o mesmo ontem, hoje e Segunda Fl. 2.1-18


eternamente, mas o mundo mu- Terça Jo. 1:1.27
dou. E, diante destas verdades, Quarta 1 Tm 2:1-7
a Igreja deve permanecer, pois, Quinta Hb. 4:14-16
embora as mudanças sejam ne- Sexta Rm. 10.5-14
cessárias, há coisas das quais Sábado Rm 12.1-8
não se pode e não se deve abrir Domingo Tt. 2:11-14
mão. Assim, a igreja deve tran-
sitar por um mundo em mudan- sagens, na Escola Bíblica, da
ça, mudando no que não abale o leitura atenta e cuidadosa da
fundamento de sua fé, reconhe- Palavra de Deus, diariamente,
cendo a Cristo como Salvador e e, mais que isto, de alguém que
Senhor, levando adiante a men- conhece a Jesus biblicamente
sagem do evangelho. e de forma pessoal. Podemos
aprender com o próprio Cristo
a ter convicção sobre quem Ele
1. TEnHA uMA PRoFunDA
é, pois ele tinha tal convicção e
ConvICção DE QuEM É
porque a tinha, transitava com
jESuS CRISTo PARA voCÊ.
segurança entre os que colo-
Quem é Jesus para você? Está cavam em cheque sua missão,
claro para você quem é Jesus? como muitos fazem hoje, com os
cristãos.
Estas perguntas não devem ser
respondidas como se estivesse Muitas vezes, demonstramos
fazendo uma prova de Teologia ingenuidade em pensar que ser
Sistemática ou sendo examina- fiel a Deus nos tempos do Antigo
do em um concílio para ordena- Testamento e do Novo era mais
ção ao ministério, mas por um fácil. Porém, a verdade é que em
membro de Igreja, consciente de todos os tempos nunca foi fácil
quem é Jesus para ele, a partir servir a Deus e todos os que per-
do que tem aprendido das men- maneceram tinham uma pro-

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funda convicção de quem Deus tempo, aquele cuja fé está fun-


é, do que tinha feito e faria pelos damentada no que Cristo é, fez e
que Nele confiavam. As decla- fará pelos que Nele confiam.
rações de fé estão firmadas em
tais convicções. O enfrentamen-
to de perseguições e oposições Aplicação a sua vida: Ser fiel a
Deus, desde os tempos do Anti-
encontra sua razão de ser em
go Testamento, é uma atitude de
tal convicção. O martírio certa- fé. Você já experimentou algum
mente era enfrentado pelos que tipo de perseguição, oposição ou
tinham tal convicção. Desta for- mesmo discriminação por causa
da sua fé? Comente.
ma, só poderá prevalecer neste

2. não TEnHA RECEIo DE ConFESSAR jESuS CoMo SEu SEnHoR


Em um mundo marcado pelo pluralismo e pelo sincretismo reli-
gioso, está se tornando cada vez mais difícil encontrar quem tenha
coragem de dizer: JESUS CRISTO É O SENHOR.
Qual é a grande questão do chamado Pluralismo Religioso?
São as suas formas de manifestação. Veja o quadro abaixo:

Exclusivismo Inclusivismo Pluralismo


Inclusivismo aberto/
ou ou ou
Pluralismo inclusivo
Eclesiocentrismo Cristocentrismo Teocentrismo
Há valores crísticos ou
Só Jesus Cristo Autonomia salvífica
valores salvíficos em
Valores salvífico/ - Todas as
Batismo todas as religiões,
valores evangélicos religiões salvam
mesmo nas não cristãs

Os dois primeiros quadros têm a gélica. Em tal ambiente, afirmar


ver com as convicções Batistas, que só Jesus Cristo salva e mes-
mais precisamente o segundo. mo, anunciá-lo como Salvador,
Os dois últimos, porém, carac- se constitui em um grande de-
terizam o pensamento de nossos safio.
dias, que rejeita o Cristocentris- Se os cristãos primitivos eram
mo e sua convicção de que Só confrontados com a questão de
Jesus Cristo Salva, pois crê que quem era o Senhor, se Jesus ou
todas as religiões salvam e que César. Hoje, somos confronta-
há elementos crísticos ou de dos com a questão de quem é o
Cristo em toda religião, mesmo Salvador, se Jesus ou se todos
não sendo cristã ou cristã evan- os deuses, crenças e profissões

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de fé. De novo, nos vemos à vol- fazer oposição à mesma, como


ta com a necessidade de dizer Jesus também não o fez. Mui-
em quem de fato cremos: SÓ tos perguntam o porquê desta
CRISTO SALVA. atitude, mas a ideia é que, ao
bater de frente, estaria apenas
Está pronto para dizer ou vai confirmando o conceito de poder
negar a Cristo, como muitos dos romanos, que demonstrava
“cristãos” fizeram no passado, uma visão terrena deste poder,
dizendo: “César é o senhor”? o que não se ajustava à visão do
Você se sente preparado para Senhor quando diz: “O meu rei-
afirmar, no presente momento, no não é deste mundo”.
que só Jesus Cristo salva? Ao solicitar aos filhos do reino
que cultivassem justiça e mise-
ricórdia, pobreza e mansidão,
Aplicação a sua vida: Temos pureza de coração e paz com
a convicção de que só Jesus as pessoas, oferecendo a outra
Cristo salva, porém, nossa for- face, andando a segunda milha e
ma de pensar e agir muitas ve- não revidar aos inimigos, fazen-
zes entra em contradição com o do-lhes o bem, estava mostrando
que cremos. Agindo assim, ne-
gamos a Cristo. O que você tem
a superioridade do Reino de
feito para ser coerente em suas Deus em relação ao reino deste
escolhas? Comente mundo.
Ao insistir que a vontade de
Deus era feita de modo comple-
3. SEjA CAPAz DE TRAnSI- to, na execução de atos de amor,
TAR PoR ESTE MunDo DE Jesus virou as regras aceitas de
FoRMA A IMPACTÁ-lo. pernas para o ar, conforme diz
Bruce (7), e colocou uma ameaça
O que se observa, quando se
mais mortal ao alicerce do poder
estabelece um paralelo entre o imperial do que se oferecesse
ensino de Jesus e o ensino de resistência armada.
Paulo, por mais óbvio que isto
Ao dar pouco valor aos bens
possa parecer, é que há uma
materiais, não se incomodan-
forte influência do discurso de
do em pagar imposto a César,
Jesus sobre o de Paulo. Pode- do mesmo modo como pagar
mos perceber, conforme obser- o meio-siclo anual ao templo,
vam vários estudiosos, que o Ele também estava mostrando
modo de ser de Jesus pode ser o quanto o Reino de Deus é
claramente percebido nos es- superior.
critos paulinos. Por exemplo:
Paulo não questionou a ocupa- (7)
Bruce. F. F. Paulo, O Apóstolo da Graça:
ção romana numa tentativa de sua vida, cartas e teologia.

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Paulo, por exemplo, exorta a Fi- Aplicação a sua vida: E en-


lemon que receba a Onésimo, tão, você está preparado para a
seu escravo, como irmão; e a kenosis cristã, ou seja, o esva-
Onésimo que receba Filemon, ziamento, para demonstrar ao
mundo que o que realmente im-
seu senhor, como irmão; e ain- porta, é ser imagem e semelhan-
da afirma que irá pagar de seu ça de Cristo?
próprio bolso, todo o prejuízo Lembre-se: Na sociedade da
que porventura Onésimo tivesse transparência, mais do que fa-
lar, é preciso ser.
causado. Paulo, à semelhança
de Cristo, estava dizendo que as
estruturas sociais impostas pe- 4. SEjA CAPAz DE SE
los homens, em sua ganância e InFIlTRAR
desejo de dominação, no Reino,
não valem nada. No Reino não Rick Warren diz que a Igreja tem
há senhor nem escravo, são to- três opções diante do mundo:
dos irmãos. Fazem todos parte Isolar, Infiltrar e Assimilar. Eu
da comunidade da fé. Os recur- acrescentaria uma quarta: Con-
sos materiais nada valem, pois o frontar.
mais importante é que se tenha Muitas igrejas optam pelo isola-
unidade na família de Deus. mento, tornando-se apenas sal
Que riqueza! Que preciosidade no saleiro e luz no candeeiro.
de ensino! Outras, como a igreja de Corin-
to e algumas Igrejas da Ásia Me-
Assim como Cristo, Paulo im- nor, em alguns aspectos, optam
pactou o mundo de seus dias, pela assimilação. Ainda têm as
praticando a kenosis (o esvazia- que partem para o ataque e não
mento) e pede aos seus leitores seguem as recomendações do
que sejam como o próprio Cristo Senhor e de Paulo, de que sem-
e, como ele, imitadores de Cris- pre que estiver em nós, devemos
to. Isto percebemos quando ele ter paz com todos. Felizmente,
diz no verso 5 do capítulo 2 de há aquelas que, à semelhança
Filipenses: “Seja a atitude de vo- da Igreja Primitiva, se infiltram,
cês a mesma de Cristo Jesus...” destruindo o poder das trevas e
É interessante observar como derrubando até impérios, como
os cristãos da chamada pós- fizeram os primeiros cristãos,
-modernidade estão na contra- que, em trezentos anos, fizeram
mão dos ensinos de Cristo, pois ruir as estruturas do Império
enquanto Cristo e Paulo pratica- Romano. Pena que a Igreja, ao
ram o esvaziamento, eles estão invés de continuar usando a
se ufanando do que têm. Que- mesma estratégia, assimilou a
rem se tornar celebridades. estrutura do Império. Assim, ao

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invés de continuar sendo agên- Deus conta com você! Que você
cia do Reino, acabou se tornan- seja instrumento nas mãos Dele,
do reino, governo, estado, etc. para fazer a diferença. Ouse se
Todas as vezes que a igreja as- infiltrar e verá a diferença que
simila os valores do reino deste isto fará em sua vida, família,
mundo, ela se corrompe e deixa igreja e no mundo. É verdade
de ser influência. que muitos não vão gostar, mas,
certamente, você já decidiu a
Aplicação a sua vida: “Feliz- quem deseja agradar; e nosso
mente, há aquelas que, à se- desejo sincero é de que seja a
melhança da Igreja Primitiva, Deus, sobre todas as coisas.
se infiltram, destruindo o poder
das trevas e derrubando até im-
périos...”. Liste algumas ações
que você pode realizar para im-
pactar o seu meio. Suporte para
Pequenos Grupos

ConCluSão 1. Você é capaz de expres-


E então, está convicto de quem sar em uma frase quem é
Jesus Cristo para você?
Jesus é, do Ele que fez, tem fei-
to e fará por você e pelos que 2. Quais atividades de seu
Nele creem? Consegue falar de dia-a- dia expressam seu
relacionamento com Deus?
Jesus com ousadia? Tem sido
capaz de impactar com sua fé e 3. De que forma você tem se
conduta? Tem demonstrado ca- relacionado com o próximo
pacidade de se infiltrar e fazer a e falado de Jesus?
diferença?

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ESTuDo – 29

o DEsaFIo DE sEr uMa


IgrEJa Para ToDos

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


“O evangelho não pode ser pre- Segunda I Co. 9.19-27
gado senão quando o missioná- Terça I Co. 10.1 -13
rio assume posição ao lado da- Quarta Rm. 1.1-7
queles que deseja conquistar” Quinta Rm. 3.19 - 31
(John Short) Sexta At. 17. 16-31
Eis o desafio: ser uma igreja Sábado Gl. 2.1-10
para todos! Pois para isto o Se- Domingo At. 28.23-31
nhor estabeleceu Sua Igreja e
fez um convite abrangente a que devem se sentir acolhidos. Não
viessem a Ele todos os que es- estamos falando de receber as
tivessem cansados, oprimidos e pessoas indiscriminadamente
sobrecarregados. Por esta igreja como membros da igreja, mas
Ele deu sua vida. Por esta igre- da participação destas nas ce-
ja, Paulo, como servo de Jesus lebrações. Estamos falando de
Cristo, deu o seu melhor, no po- pessoas que sentem alegria em
der do Espírito Santo, de modo estar na igreja, porque não veem
que os fracos, os legalistas, os dedos em riste, cochichos e ri-
sem lei e os demais pudessem sos disfarçados, mas o amor e
se sentir amados, acolhidos a graça de Deus fluindo em ma-
e compreender plenamente a nifestações de amor e graça,
mensagem das Boas Novas, pois por parte dos servos do Senhor,
o evangelho é o poder de Deus de modo que as pessoas sejam
para a salvação de todo aquele tocadas e despertadas para co-
que crê. nhecer a Jesus biblicamente.
A Igreja de Cristo deve ser o lu-
1. AMAR oS QuE ESTão SoB
gar onde as pessoas encontram
ESCRAvIDão.
amor como em nenhum outro
lugar. É uma igreja onde o fra- “Porque, embora seja livre de
co, o oprimido e o desamparado todos, fiz-me escravo de todos,

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para ganhar o maior número sabia que em Cristo estava livre.


possível de pessoas”. (I Corin- Assim, se dispôs a ser um escra-
tios 9.19) vo, adaptando-se aos desejos e
preferências de outros, sem, no
Quando estamos convictos de
entanto, comprometer os valo-
nossa liberdade em Cristo, não
res cristãos, visto ter a liberdade
temos medo de nos aproximar
de ser livre e de ser escravo de
daqueles que estão sob escra-
outros escravos para que, por
vidão, pois a escravidão destes
meio desta suposta escravidão,
não pode nos contagiar. Quan-
conduzi-los a Cristo.
do, porém, isto não é certeza, nos
precavemos, nos escondemos, É um paradoxo, mas, às vezes,
com medo de contaminação. somos escravos da liberdade,
Talvez por isso a Igreja tenha se pois tememos tanto perdê-la,
tornando templocentrista, presa que acabamos escravizados.
ao templo, pois, não tendo con- “Estar no poder é como ser uma
vicção de sua condição em Cris- dama. Se tiver que lembrar às
to, preferiu se isolar do mundo, pessoas que você é, você não é”.
temendo ser contaminada pelo Margaret Thatcher. Parafrase-
mesmo, ao invés de influenciá ando-a, poderíamos dizer: “Li-
-lo com sua fé e conduta. berdade é como uma dama, se
você precisa dizer que tem, você
Este tipo de medo o apóstolo
não a tem”.
Paulo demonstrava não ter, pois
tinha convicção de que em Cris- Se queremos ganhar este mun-
to fora liberto de toda forma de do escravizado por vícios e fra-
escravidão, a não ser da condi- quezas, não podemos temê-lo,
ção de ser escravo de Cristo. mas servi-lo de modo a condu-
zi-lo à liberdade. Foi o que Paulo
Ele era um escravo liberto, pois
fez. É o que Senhor espera que
todo homem é escravo e sobre
façamos.
isto diz Champlin: “Ele é escra-
vo do próprio “eu”, ou do orgu-
lho, ou da concupiscência, ou Aplicação a sua vida: O autor
de outro homem, ou do estado, nos adverte que temos que in-
ou de Satanás. Ou então pode fluenciar o mundo, temos que
preferir ser escravo de Cristo conviver com os outros e nos
mostrarmos diferentes, sem ar-
(Romanos 1.1)”. Paulo, escravo rogância e/ou medo. Avalie seu
de Jesus Cristo, não temia tor- relacionamento com vizinhos e
nar-se escravo dos outros, pois amigos. Comente.

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2. AMAR oS QuE São lEGA- Então o que Paulo fazia ao se re-


lISTAS. lacionar com os legalistas? Ele
se relacionava com compaixão,
Para os que estão debaixo da
sem afrontá-los, pois o que im-
Lei, tornei-me como se estivesse
portava era estabelecer conta-
sujeito à Lei (embora eu mesmo
to com os mesmos, de maneira
não esteja debaixo da Lei), a fim
que, olhando para sua vida, eles
de ganhar os que estão debaixo
pudessem perceber que a Lei em
da Lei (I coríntios 9.21).
si não poderia produzir a liber-
Ao encontrar-se com Cristo, tação que tanto desejavam. Não
Paulo se tornou liberto do do- poderia conduzir à salvação que
mínio da lei, mas demonstrava só Cristo, por sua graça, conce-
submissão, como forma de con- de.
quistar os legalistas para Cristo.
É triste ver que no contexto da
Ele não cria, como demonstra na
Igreja não temos a noção exata
carta aos Gálatas, que o cum-
do que somos em Cristo e mui-
primento desta poderia resultar
tas vezes, para provar a superio-
em salvação, pois reconhecia
ridade daquilo em que cremos,
que a Lei só poderia revelar a
fazemos questão de acentuar a
incapacidade humana de alcan-
diferença, criticando e zomban-
çar o elevado padrão de Deus e o
do dos que pensam diferente,
quanto ele e qualquer outro era
dos que demonstram fraquezas
e é pecador, não assegurando
e imperfeições na compreensão
a salvação, mas demonstrando
das Escrituras. Não é assim que
o quanto estamos distantes da
devemos proceder, pois devemos
graça de Deus. Afinal, a salva-
ser simpáticos, a fim de que as
ção só podemos alcançar em
pessoas possam perceber a dife-
Cristo, por Sua graça. De modo
rença que Cristo faz em nossas
que não há nada que possamos
vidas, para que sejam libertas.
fazer, a não ser receber com gra-
tidão a salvação que nos é ofe-
recida gratuitamente. Paulo ex-
Aplicação a sua vida: Quando
põe isto claramente na carta aos
você se depara com os legalis-
Gálatas, onde a igreja, que es- tas da igreja, não se iluda, eles
tava sob a influência dos judai- existem! Como você se relaciona
zantes, portanto, dos legalistas, com eles, com aspereza ou com
graça, como fazia o apóstolo
estava sofrendo pressão para
Paulo?
voltar à prática do judaísmo, o
que contrariava os princípios da
fé que haviam abraçado.

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3. AMAR oS AnARQuISTAS Paulo está falando sobre ma-


neiras de vestir, sobre ativida-
Para os que estão sem lei, tornei-
-me como sem lei (embora não des sociais, sobre experiências
esteja livre da lei de Deus, e sim como as de Atos 17, quando cita
sob a lei de Cristo), a fim de ga- a expressão ao “Deus desconhe-
nhar os que não têm a Lei (I co- cido”. Ele o faz para comunicar
ríntios 9.21). a mensagem de esperança que
há em Cristo e não simplesmen-
Paulo está se referindo aqui aos
te para justificar comportamen-
gentios, aos “pagãos”, àqueles
tos que lhe trariam bem-estar
que ainda não tinham conheci-
pessoal, sem que glorificassem
do a Cristo como Salvador e Se-
a Cristo, edificassem a Igreja
nhor de suas vidas, como tam-
e promovessem a expansão do
bém ao gentios que faziam parte
Reino.
da Igreja. Ele está dizendo que,
quando estava entre os não- O propósito de Paulo não é justi-
-cristãos, ele se conduzia como ficar a satisfação de desejos car-
um não-cristão, não no que diz nais, pois Ele mesmo diz: “Fui
respeito às questões morais, crucificado com Cristo. Assim, já
pois é fundamental lembrar que não sou eu quem vive, mas Cris-
ele mesmo diz, que é um escra- to vive em mim. A vida que agora
vo de Cristo e como tal, jamais vivo no corpo, vivo-a pela fé no
faria qualquer coisa que pudes-
Filho de Deus, que me amou e se
se desonrar seu Senhor ou que
entregou por mim” (Gálatas 2.20
significasse mera satisfação de
- NVI).
desejo carnal e não o desejo sin-
cero de que tais pessoas conhe- Ora, se já fomos crucificados
cessem a Cristo. com Cristo e o nosso velho ho-
mem está sendo mortificados
Infelizmente, algumas vezes,
dia após dia, não podemos, ao
esse texto tem sido usado por
alguns cristãos que querem jus- nos encontrarmos com os que
tificar seus atos pecaminosos, vivem sem lei ou na verdade,
sua identificação com o mundo, sem Cristo, e nos conduzir-
para satisfazer desejos egoístas, mos como se estivéssemos fora
quando o texto não oferece ne- do senhorio de Cristo, apenas
nhuma margem para isto. So- para satisfazer desejos carnais.
bretudo, quanto às práticas que Quando Paulo agiu assim, ele
envolvem questões de cunho não abriu mão dos princípios da
moral. fé.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Aplicação a sua vida: Que em na Igreja e as pessoas acham


seu relacionamento com não que podem fazer o que desejam
crentes, você possa de fato agir e querem de suas vidas, sem
como crente, tomando o cuida- considerar seus irmãos.
do de evitar palavras, expres-
sões, atitudes que infrinjam O esforço de Paulo era para que
princípios cristãos.
ninguém deixasse de conhecer a
Cristo e, uma vez conhecendo,
4. AMAR oS QuE luTAM CoM que jamais se afastassem dEle
FRAQuEzAS por algo que ele, Paulo, tivesse
feito. Da mesma forma, como
“Para com os fracos tornei-me membro do corpo de Cristo, de-
fraco, para ganhar os fracos.
vemos nos empenhar para que
Tornei-me tudo para com todos,
todos permaneçam, pois a igreja
para de alguma forma salvar al-
guns”. (I Coríntios 9.22) é uma comunidade de inclusão,
onde o cansado, o oprimido, o
Quem são os fracos a que Paulo doente e o fraco podem encon-
se refere? Segundo Champlin(8), trar apoio e acolhimento.
ele está se referindo aos cren-
tes “débeis” na fé, aos exces-
sivamente escrupulosos, para
os quais tudo é pecado, tudo é Aplicação a sua vida: Nem to-
dos, ao longo de sua vida cristã,
impuro e imundo. Paulo orienta
conseguem compreender ple-
os coríntios a serem tolerantes namente o que significa servir
com estes e não se valerem da a Cristo. O que você tem feito
liberdade que tinham em Cris- para ajudar os que demonstram
to, para agredir aqueles que fraquezas e limitações no que
não conseguiam avançar na se refere à compreensão do que
compreensão da verdade cristã. seja a vida cristã?
Ofender estes irmãos, poderia
significar o afastamento deles
de Cristo e uma volta ao mun- ConCluSão
do, à antiga conduta, perdendo
assim a santificação em Cristo. A grande questão, e que deve
ser a nossa também, é que
Essa é uma questão séria e que
Paulo fazia tudo por causa do
muita dor e sofrimento tem cau-
evangelho: “Faço tudo isso por
sado à Igreja, especialmente
nestes dias de tanto individua- causa do evangelho, para ser
lismo e egoísmo. Afinal, também coparticipante dele.” O que está
estas atitudes estão presentes por detrás das ações e intenções
do apóstolo?
(8)
Champlin, Russel Norman. O Novo Testa- Paulo diz que a motivação é o
mento Versículo por Versículo, I Coríntios,
1993. evangelho – Romanos 1.16,17.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 151


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Essa era a convicção de Paulo e, 28.30,31: “Por dois anos inteiros


para que isso se tornasse reali- Paulo permaneceu na casa que
dade, ele empenhou o seu me- havia alugado, e recebia a todos
lhor, a sua vida (Atos 20.24). os que iam vê-lo. Pregava o Reino
Para testemunhar deste evange- de Deus e ensinava a respeito do
lho da graça, ele se identificou Senhor Jesus Cristo, abertamen-
com os que estavam sob escra- te e sem impedimento algum”.
vidão, com os que estavam sob
Se tivermos sabedoria e bom
a lei, com os judeus e os gen-
senso pregaremos em qualquer
tios, com que estavam sem lei e
lugar em nossa cidade. Se nossa
com os fracos. Sua identificação
motivação for a Causa, o Reino,
não visava atender a interesses
nos infiltraremos e faremos a
pessoais, mas aos interesses do
diferença.
Reino e tal identificação jamais
foi de cunho moral, mas de usos
e costumes. Suporte para
O projeto de Paulo nunca foi o Pequenos Grupos
da assimilação, pois além de di-
1. Considerando o estudo, o que
luir os princípios da fé, conduzia
você aprendeu sobre a forma
a heresias. Esta estratégia não de amar o próximo?
é bíblica e fere os princípios da
2. Quando precisa abrir mão de
nossa fé. O isolamento também seus direitos, como você se
é uma estupidez, pois não reno- sente?
va a fé nem seus seguidores, le-
3. Quanto você tem tido de paci-
vando a Igreja à morte ao longo ência para com os que lutam
dos anos. A infiltração é a me- com fraquezas?
lhor estratégia e este foi o recur-
4. Numa escala de 1 a 10 como
so usado pelo apóstolo, pois se você descreve a sua paixão em
infiltrou na sociedade e assim, servir a Deus?
pregou até no centro do poder
romano, pois como se lê em Atos

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo – 30

a IgrEJa coMo agENTE


DE EsPEraNÇa No MuNDo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Como transformar a Igreja em Segunda At. 2.14 -36
esperança para o mundo? Eis Terça At. 2.37 - 46
uma pergunta tremendamente Quarta At. 3.1-26
relevante, pois este é o papel da Quinta At. 5. 33-42
Igreja: oferecer ao mundo, atra- Sexta At. 9.36 - 43
vés da mensagem, Jesus Cristo,
Sábado At. 17.1-15,
que é a única esperança; e viver
Domingo Rm. 16.3-16
como tal.
É tempo de despertar. E o me- 1. CoMPRoMISSo DE PRE-
lhor a fazer é voltar para a Pala- GAR A MEnSAGEM PuRA E
vra, em especial para o livro de SIMPlES Do EvAnGElHo
Atos e identificar ali as ações do
Em Atos 2, encontramos a men-
Espírito Santo através da Igreja,
sagem pura e simples do evan-
que fez com que a mesma se tor-
gelho de Jesus Cristo:
nasse esperança para um mun-
do sem esperança, aflito. Certa- a) Sua morte – Atos 2.23;
mente é o que o Espírito Santo b) Sua Ressurreição – Atos
deseja fazer com a Igreja hoje, 2.24-32;
pois também o mundo em que c) Sua exaltação – Atos
vivemos está aflito, oprimido e 2.33-36;
angustiado. As pessoas estão
d) A salvação que Cristo nos
carentes de uma mensagem de
dá – Atos 2.37-39;
esperança, que lhes dê sentido
de vida. e) A família que Cristo nos
oferece – a Igreja – Atos
2.40-41;
Aplicação a sua vida: A espe-
rança para o mundo é Jesus f) O poder que ele tem para
Cristo. Que ações a Igreja deve transformar nossas vidas
ter para comunicar a mensa- e nos fazer novas criatu-
gem de esperança?
ras – Atos 3.1-26.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 153


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Estes elementos da mensagem relacionamentos de acordo com


pura e simples, sob a unção do Atos 2.44, Atos 2.46 e Atos 5.42.
Espírito Santo, impactaram as
A Igreja se reunia nas casas e
pessoas e vidas foram transfor-
Paulo, em suas cartas, saúda as
madas. Não há segredos. Não há igrejas que se reuniam nas ca-
rodeios. sas e, em Romanos 16.5-16, no-
Em Atos 17.1-13, Paulo também meia os irmãos. Leia este texto e
apresenta uma mensagem mar- veja que a igreja é uma comuni-
cada pela simplicidade e pureza, dade onde as pessoas devem ser
porém, de uma profundidade conhecidas pelo nome, pois isto
que desafia as pessoas a pen- faz toda diferença.
sar sobre a necessidade de um Agindo assim, a igreja se torna
relacionamento com Deus. São um antídoto contra a solidão e,
mensagens que não ofendem, se você prestar atenção ao texto
não agridem, mas chamam à bíblico, vai perceber que as me-
reflexão sobre Cristo, sua obra táforas (figuras ou imagens) so-
redentora e seu profundo amor bre Igreja têm a ver com relacio-
para conosco. namentos e interdependência:
A Igreja não tem que inventar, • Família de Deus – família
ela tem que proclamar o evange- nuclear ou não;
lho da simplicidade, com poder • Rebanho de Deus – Nú-
e graça. É isso que se espera de mero significativo de ani-
uma igreja que deseja ser espe- mais;
rança para o mundo. • Edifício de Deus – É o
conjunto dos elementos
que o formam;
Aplicação a sua vida: A men-
• Lavoura de Deus – Uma
sagem salvadora é de claro en-
tendimento, porém, um pouco plantação de centenas ou
mais complicado é vivê-la com milhares de elementos;
simplicidade no dia a dia. O • Noiva – que se relaciona
grande desafio é torná-la sim-
ples no viver diário. Como você com um noivo e o aguarda
tem vivido a mensagem no dia para casamento.
a dia?
Vivemos num mundo de qua-
se sete bilhões de pessoas e a
maioria está se sentindo solitá-
2. CoMPRoMISSo DE InTE-
ria e abandonada. Há uma fome
GRAR CoM oS QuE A ElA SE
de relacionamento, de cuidado
ACHEGAM.
pessoal e afetuoso. As pessoas
A Igreja primitiva nos apresenta estão cansadas de se sentirem
a importância e relevância dos usadas, manipuladas e explora-

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das, seja pelo consumismo ma- ria haver nenhum necessitado,


terialista, seja pelo consumismo fosse espiritual, material e emo-
religioso. Elas querem algo que cional. A igreja estava preocu-
as façam se sentir gente, ama- pada em suprir as necessidades
das e queridas. A Igreja pode dos seus.
oferecer relacionamentos com
Deus e com o semelhante e vi- Vejamos alguns exemplos:
ver as metáforas bíblicas sobre • Os discípulos distribuíam
a Igreja de forma prática, sen- conforme a sua necessi-
do a família de Deus que ama e dade;
acolhe os que dela fazem parte
e a ela se achegam. Sendo um • Os que criam manti-
rebanho que se move em unida- nham-se unidos e tinham
de, na dependência de Deus, o tudo em comum. Venden-
Supremo Pastor. Sendo o edifí- do suas propriedades e
cio de Deus que abriga os desa- bens, distribuíam a cada
brigados deste mundo. Sendo a um conforme a sua neces-
lavoura de Deus, que provê sus- sidade. Atos 2.44,45;
tento para um mundo faminto • Os discípulos repartiam
da mensagem de esperança que os seus bens. Atos 5.32-
há em Cristo Jesus. Sendo a 37;
noiva que se enfeita com vidas
lavadas e remidas no sangue do • Os discípulos usavam
Cordeiro, pois aqueles que ga- suas habilidades para
nhamos para Jesus são as joias ajudar os outros. Atos
que nos enfeitam e nos tornam 9.36 e 39b;
graciosos aos olhos de nosso • Os apóstolos tiveram sen-
Senhor. sibilidade em relação às
necessidades dos menos
Aplicação a sua vida: A igreja favorecidos. Atos 6.1-5ss.
somos nós no relacionamento
diário. Muitas vezes, esperamos O que se percebe da experiência
a aproximação do outro, nos
esquecendo de que a ação do da Igreja Primitiva é que havia
outro depende da nossa. Como uma significativa preocupa-
tem sido seu relacionamento na ção em levar esperança ao que
igreja? estava necessitado espiritual,
emocional e fisicamente. Assim,
quando a Igreja, hoje, demons-
3. CoMPRoMISSo DE CuIDAR
tra a mesma preocupação, como
DoS nECESSITADoS
diz Bil Hybells, se torna a espe-
A grande preocupação da Igreja rança do mundo e, mais que
em Atos era que nela não deve- isto, se torna igreja de verdade.

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Igreja deve combater é a po- Primeiro: Eles tentam destruir o


breza. Não podemos fazer vista povo de Deus com perseguições
grossa àqueles na Igreja e na co- – Êxodo1, Atos 4.1-22; 5.17-40;
munidade que passam por pri- 8.1-3;
vações, pois somos chamados a
Segundo: Buscam corromper o
ministrar sobre a vida dos me-
povo de Deus, Nm. Caps. 22-25;
nos favorecidos.
Atos 5.1-11;
Terceiro: Sobrecarregam os líde-
Aplicação a sua vida: Em sua res, Êxodo 18.13-27; Atos 6.1-7.
igreja, qual ministério é dedica-
do ao atendimento aos neces- Porém, a questão fundamental
sitados? O que você acha que aqui demonstrar que a Igreja
esse ministério pode fazer, para deve resistir, na dependência do
envolver toda a igreja nesse
serviço? Comente. Espírito Santo, a toda forma de
corrupção que possa acometer
a Igreja, como aconteceu tanto
com o povo de Israel, como na
4. CoMPRoMISSo DE TER
Igreja Primitiva. Exemplo disto
CoERÊnCIA EnTRE PREGA-
é o caso dos Israelitas que pra-
ção E vIDA.
ticaram idolatria e imoralidade
4.1 – viver o que se prega sexual; e o caso de Ananias e
Safira que mentiram vergonho-
Segundo Makintosh9, três são
samente para o Senhor e a Igre-
as estratégias dos opositores do
ja. Estes casos chamam a aten-
povo de Deus para destruí-lo:
ção para o fato de que não pode
haver incoerência entre o que se
prega e o que se vive, por isso,
9
Charles Henry Mackintosh, cujas iniciais
“C.H.M.” são bem conhecidas por muitos tanto em Números, quanto em
cristãos no mundo inteiro, nasceu em ou- Atos, os transgressores foram
tubro de 1820, em Glenmalure Barracks,
no condado de Wichlow, Irlanda. O seu exemplarmente punidos, para
pai era capitão e servira no “Highlanders’ manter a pureza da Congrega-
Regiment”, na Irlanda. A sua mãe era filha
de Lady Weldon e procedia de uma antiga ção e da Igreja do Senhor.
família natural da Irlanda. A idade de 18
anos, o jovem experimentou um desperta- Aprendemos com estes casos
mento espiritual mediante cartas escritas
por sua irmã, após a conversão dela. Rece- que a probidade é fundamental
beu a paz por meio da leitura do escrito de para a Igreja, neste tempo de
John Nelson Darby “As operações do Espí-
rito Santo”. Se tornou especialmente impor- pluralismo religioso e relativis-
tante para ele o fato de que a base da paz
com Deus não ser a obra de Cristo em nós,
mo ético, pois, para ambos, toda
mas para nós. religião é a mesma coisa. O que
Leia mais em: https://www.palavrasdo- significa que se não vivermos o
evangelho.com/products/charles-henry
-mackintosh-1820-1896-1/ que pregamos, a verdade será

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só uma questão de ponto de vis- b) A salvação é pela graça e


ta e, neste caso, tudo depende não faz sentido a observân-
do ponto de vista de quem está cia da Lei segundo o pen-
olhando. Em nosso contexto, é samento judaico. João 1.17;
fundamental que o mensageiro
c) Ater-se ao que é essencial.
seja a mensagem e não apenas Atos. 15.28-29.
tenha a mensagem.
O que se observa é que a atitude
da igreja foi marcada pela coe-
Aplicação a sua vida: O autor rência e pelo bom senso e isto
cita a frase “é fundamental que faz toda diferença, levando es-
o mensageiro seja a mensagem perança aos que estavam à sua
e não apenas tenha a mensa- volta. Ora, da mesma forma a
gem.” Essa nos leva a refletir
sobre o nosso compromisso em Igreja, hoje, precisa ter a mes-
ser cristãos. Como você tem se ma atitude. Lembrando que tal
preparado para que os outros decisão não pode acontecer sem
vejam em você a mensagem de fundamentação na Palavra de
Cristo?
Deus e direção do Espírito San-
to. Isto protege a igreja de ser
intransigente e também de ser
4.2 – não prometer aos outros,
permissiva ou liberal.
aquilo que não consegue cum-
prir.
Aplicação a sua vida: O cresci-
Esse foi um caminho que a Igre-
mento levou a igreja primitiva a
ja teve de escolher, logo em seu se autoavaliar no que dizia res-
início. peito aos costumes. Você acre-
dita que a igreja de hoje deveria
O que fazer? Como receber na fazer o mesmo? Como você po-
Igreja pessoas que tinham um deria participar desse processo?
estilo de vida diferente daquele
que habitualmente era conheci-
do? 5. CoMPRoMISSo CoM A
ConTEXTuAlIzAção DA
O diálogo é sempre o melhor ca- MEnSAGEM
minho para a solução das crises
e a Igreja decidiu: A Igreja Primitiva foi confronta-
da com a realidade da universa-
a) Os gentios não deveriam lidade do evangelho logo de iní-
passar pela circuncisão, cio. Primeiramente, vemos em
pois esta é um cerimonial Atos 2.5 -12 os acontecimentos
próprio do judaísmo e nada do Dia de Pentecostes, em que
tem a ver com a fé cristã. o evangelho foi apresentado às
Atos. 15.1-11; pessoas que ali estavam, pois

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ouviram a mensagem em sua ConCluSão


própria língua. A conversão de
Queremos ser esperança para o
Cornélio registrada em Atos
mundo? Então, precisamos:
10.1-48 confirma o fato de que
as boas novas são para todas as • Pregar a mensagem pura
pessoas. As viagens missioná- e simples do evangelho,
rias de Paulo também revelam criando um ambiente de
este propósito. O livro de Atos acolhimento e integração
nos leva a refletir sobre a uni- na igreja. Cuidar dos neces-
versalidade do evangelho e nos sitados da Igreja e do mun-
desafia a compartilhar com to- do, demonstrando o amor
das as pessoas que Cristo é a de Deus de forma prática;
única esperança, independente • Ter coerência e bom senso,
de credo, raça, sexo, etc. reconhecendo a universali-
Outro desafio é a contextualiza- dade do evangelho e a ne-
ção da mensagem que, de forma cessidade de contextualizar
prática, encontramos em Atos a forma de apresentar a
17.16-31, estimulando o rela- mensagem.
cionamento com Deus. Agindo assim e, sobretudo, na
Caso queiramos conduzir pesso- unção do Espírito Santo, fare-
as a Cristo, devemos apresentar mos a diferença, em nossa co-
a mensagem de salvação. Uma munidade, em Minas, no Brasil
mensagem que leva à transfor- e no mundo.
mação de vidas se caracteriza
por ser uma aplicação contínua
do evangelho à vida da pessoa. É Suporte para
um desafio amoroso, pessoal, de Pequenos Grupos
coração para coração, de pessoa
para pessoa, ajudando o outro 1. Fale com suas próprias pa-
a compreender quem Deus é e lavras o que Pedro, em Atos
10.38-40, disse sobre o signi-
qual a sua vontade. ficado de tornar-se cristão.

2. Quando você assumiu o com-


promisso de tornar-se um dis-
Aplicação a sua vida: Na atu- cípulo de Cristo? Quem teve
alidade, temos que enfrentar influência nesse processo?
vários desafios para anunciar
a mensagem do evangelho. 3. Quando foi a última vez que
Como você vê o crescimento você aproveitou a oportuni-
da sua igreja, considerando o dade para dar testemunho de
seu relacionamento com Deus? Jesus?
Comente.

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ESTuDo – 31

o DEsaFIo DE VIVEr soB o sENHorIo


DE crIsTo NuM MuNDo PLuraLIsTa

lEITuRAS DIÁRIAS
InTRoDução Segunda Mt. 20:20-28
Como estar sob o senhorio de Terça Mt. 9:10-13; 26.14-16
Cristo numa sociedade plura- Quarta Mt. 23.1-36
lista e relativista? Esta questão Quinta At. 8:14-25
não é nova. É mais antiga do Sexta Ap.2.1-29
que imaginamos. Desde seu iní- Sábado Ap.3.1-13
cio, a Igreja precisou se posicio- Domingo Ap.3.14-20
nar quanto ao senhorio de Cris-
to sobre sua vida e existência.
Isto a levou a se deparar com a
decisão entre assimilar, se iso- 1. SuPERAR o InDIvIDuAlIS-
lar, infiltrar ou confrontar. Mo, REConHECEnDo o vA-
loR Do ouTRo
Algumas igrejas assimilaram
e permitiram que heresias do- De alguma forma, havia certo
minassem suas vidas, isto fica individualismo nos dias de Je-
bem evidente nas cartas às sete sus e da Igreja Primitiva, o que
igrejas da Ásia. Outras ou se podemos confirmar com os se-
isolaram ou perderam o primei- guintes exemplos:
ro amor e acabaram morrendo, • Tiago e João – Anseio por
como se percebe com a Igreja de posição de destaque no Rei-
Éfeso. As que decidiram por se no. Mateus 20:20-28;
infiltrar, alvoroçaram o mundo
• Judas – Lucro a qualquer
e, mesmo não sobrevivendo ao
custo. Mateus 26:14-16;
seu período, contribuíram para
que a mensagem do evangelho • Os publicanos eram mal-
chegasse até nós. E nós, como vistos pois eram contados
reagiremos, vivendo numa so- com os pecadores. Mateus
ciedade pluralista e relativista? 9:10-13;

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• Simão, o mágico – Desejo • Menos de 50% da nova ge-


de poder espiritual para ob- ração chegam aos 17 anos
ter ganhos e prestígio. Atos com os pais biológicos vi-
8:14-25; vendo na mesma casa;

• Os líderes religiosos – Reli- • Uma pesquisa nos EUA, em


gião de conveniência. Ma- 1987, mostrou que mais de
teus 23.1-36. 50% de todos os filhos de
divorciados tinham visto o
John Burke diz que vivemos na pai três vezes ou menos no
geração do “eu-em-primeiro ano anterior.
-lugar”. Uma geração que julga Embora os dados acima sejam
que o “considerar-se” em pri- em relação aos EUA, a realidade
meiro lugar é fundamental para é que podemos notar que tal si-
a boa criação de filhos. Ela tam- tuação em nosso país se repete
bém coloca suas necessidades em muitos aspectos e podemos
de amor acima da necessidade ver muitos dos efeitos desta rea-
dos filhos. O “eu em primeiro lu- lidade dentro de nossas igrejas.
gar”, somado à liberdade sexual,
diz o mesmo autor, abriu cami-
Aplicação a sua vida: Sabe-
nho para índices assustadores mos que o divórcio acompanha
de adultério, divórcio, abuso o povo de Deus desde o Antigo
sexual, Doenças Sexualmen- Testamento, porém, tem ga-
te Transmissíveis, AIDS, etc. E nhado uma proporção assus-
tadora nos dias atuais. Como
acrescenta: você entende esse crescimento?
Comente.
• De 1962 a 1981, o número
de divórcio triplicou;
Esse é o mundo em que vive-
• Em 1962, 50% dos adultos mos. O que a Igreja pode fazer
acreditavam que os pais diante desta dura realidade?
com casamentos problemá-
a) Aprender a cuidar das
ticos deveriam ficar juntos e
feridas emocionais e afe-
lidar com o problema, pelo tivas inflamadas, pois
bem-estar dos filhos. Em elas se tornaram cada vez
1980, menos de 20% pen- mais comuns em nossos
savam dessa forma; dias;
• Uma criança nascida em b) Aprender a comunicar
1968 enfrentava três vezes que Deus é tolerante e
o risco de separação dos amoroso, sem, contudo,
pais, comparada a uma comprometer Sua retidão
nascida em 1948; e santidade;

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

c) Estar preparada para li- 2. ESTIMulAR uMA SEXuAlI-


dar com os que estão feri- DADE SAuDÁvEl Do PonTo
dos emocionalmente, com DE vISTA BÍBlICo
inúmeros comportamen-
Não há nada de errado no im-
tos de dependência;
pulso sexual propriamente dito,
d) Compreender que o mun- pois este, conforme é dito no Co-
do arrasado em que vive- mentário Bíblico de Broadman,
mos precisa da esperança não é algo que a humanidade
de cura que Jesus oferece tenha adquirido na queda, visto
a todos; que lhe pertence deste a cria-
ção. Este leva à riqueza de um
e) Aprender a criar estra-
relacionamento de amor entre
tégias para viver em co-
marido e mulher. No entanto, a
munidade e depois criar
queda corrompeu o caráter hu-
estratégias para que nin-
mano e fez que este tivesse uma
guém fique sozinho;
visão deformada de sexo e se-
f) Criar a cultura do “venha xualidade, ora conservadora ao
como está” e fazer com que extremo, ora liberal do mesmo
as pessoas experimentem modo.
confiança, tolerância, ver-
A sociedade, em que os primei-
dade, quebrantamento e
ros cristãos viveram e para a
companheirismo.
qual tinham que proclamar o
Se a Igreja for tão egoísta e in- evangelho, tinha uma visão ex-
dividualista quanto as pessoas tremamente liberal de sexo e
de nossa sociedade, ela não fará sexualidade. O mundo greco
nenhuma diferença na mesma. -romano estava dominado pela
Ela terá copiado o que há de dissolução sexual, tanto natural
pior do mundo. Porém, a Igreja quanto pervertida, basta que se
deve ser a esperança do mun- leia as cartas aos Romanos e I
do, compartilhando a graça de e II aos Coríntios. Foi a duras
Deus, em palavras, ações e ati- penas que a Igreja conseguiu se
tudes. infiltrar nesta sociedade, para
tentar mudar seus hábitos e
costumes.
Aplicação a sua vida: Cuidar
das feridas emocionais e afeti- O que acontece com a socieda-
vas é um desafio que enfrenta- de?
mos todos os dias. Como você
tem feito esse trabalho, sem se Vivemos em uma sociedade que,
tornar indiferente ou juiz do à semelhança daquela, tam-
próximo? Comente. bém tem uma visão distorcida

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 161


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

e equivocada de sexo e sexuali- crentes. Sexo é assunto que ficou,


dade. Da década de 1960 para por muitos anos, sem ser tratado
cá, como ressalta John Burke e no âmbito evangélico. Há muito
outros autores, com a chamada dogmatismo e falta diálogo.”
“Revolução sexual”, as pessoas
Cremos que há alguns fatores
se tornaram extremamente libe-
que contribuíram para esta re-
rais quanto à prática sexual e
alidade:
ao exercício da sexualidade. De
acordo com a Revista Realidade a) A flexibilização dos valo-
em Pauta, online, em matéria res éticos e morais, com
a própria questão do re-
cujo tema é: “Pesquisa ‘O crente
lativismo ético, que nega
e o sexo’ revela como anda a se-
a existência de valores
xualidade do cristão”:
universais e absolutos,
• 25% dos homens crentes fazendo com que o indiví-
casados já traíram a mu- duo se torne juiz do que é
lher; certo e errado;
• 56% dos pesquisados do b) A revolução sexual ocorri-
sexo masculino praticaram da no final da década de
sexo com o futuro cônjuge 1950 e início da de 1960
antes do casamento; e adesão da Igreja a tais
• A pesquisa desce a minú- princípios;
cias, como práticas sexuais c) O fato de a Igreja ter ce-
dos casais crentes, envolvi- dido ao apelo da televisão
mento com homossexua- de se estabelecer como
lismo e uso de pornografia padrão fixo da civilização
– quesito no qual 44,5% ocidental, possibilitando
dos consultados responde- aculturar e ensinar valo-
ram “sim”. res compartilhados por
O autor cita o depoimento do Pr. toda uma geração global,
Gilson Bifano, diretor do Oikos, enquanto a entretém,
ministério cristão de apoio à fa- como ressalta Burke;
mília, sediado no Rio de Janeiro, d) Aprimoramento dos méto-
que promove aconselhamento, dos contraceptivos, dando
estudos e eventos voltados para à mulher domínio sobre
casais crentes: “Chamou-me a seu corpo e uma liberda-
atenção o índice de casais cren- de que até então ela não
tes que tiveram relações sexuais possuía, de vivenciar sua
antes do casamento. Creio que os sexualidade sem se preo-
tempos modernos têm influencia- cupar com o risco de uma
do o comportamento dos casais gravidez;

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

e) E o mais grave, abandono fossem vistos por outro prisma,


da leitura da Palavra de dentro e fora da Igreja.
Deus, vida de oração, vida
de comunhão com a Igre-
ja, onde o ensino da Pala- Aplicação a sua vida: A igreja
hoje vive valores sexuais mui-
vra, seja através da prega- to próximos da promiscuidade
ção ou da Escola Bíblica, vivenciada pela sociedade da
estimulam e fortalecem a igreja primitiva. Como retornar
vida cristã, tanto coletiva aos princípios morais bíblicos,
sem inibir a prática sexual sau-
quanto individual;
dável?
f) Abandono do culto do-
méstico. Abandono da
E então, como lidar com esta
oralidade quanto ao com-
realidade? Ir para o confronto
partilhamento da vivência
com os que estão se comportan-
cristã, em casa e na igre-
do contrariamente à Palavra de
ja. E claro, o secularis-
Deus, conforme cremos? Creio
mo, em que se deixa de
viver segundo a Palavra que é tudo o que os movimentos
de Deus e passa a viver em prol desta liberdade sexual
segundo os valores e pa- desejam, pois, como diz Gilles
drões do mundo; Lipovetsky10, estamos vivendo
uma ditatura das minorias. E
g) Falta de habilidade por essa minoria é barulhenta, es-
parte das lideranças ecle- pecialmente porque tem à sua
siásticas de promover disposição as mídias sociais e
mudanças necessárias, mesmo as grandes empresas de
incluindo à ordem do dia comunicação e qualquer coisa
dos temas debatidos e consegue fazer um estrago. Os
tratados na vida da igreja, cristãos precisam agir na de-
a questão de sexo e sexu- pendência do Espírito Santo.
alidade. Precisam ser inteligentes e es-
Ainda bem, mas tardiamente, tratégicos em suas ações. Não
muitas igrejas e líderes se des- podemos sair por aí dizendo que
pertaram para a importância de prostitutas, GLBTQIA (gays, lés-
ministérios voltados para estas bicas, bissexuais, transexuais e
áreas, como por exemplo o Mi- outras formas de manifestar a
nistério Oikos e Universidade da
Família. (10)
Gilles Lipovetsky (24 de setembro de1944,
Millau) é um filósofo francês, teórico da hipermo-
Essa visão liberal da sexualida- dernidade, autor dos livros. A Era do Vazio, O Luxo
eterno, A terceira mulher, O império do efêmero, A
de fez com que a prática sexu- felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hi-
al e o exercício da sexualidade perconsumo, entre outros.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 163


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

sexualidade), que não seja se- para fazer a diferença. Assimilar


gundo os padrões bíblicos, vão e dizer que isto é normal, é abrir
para o inferno. mão dos valores que cremos.
Radicalizar e ir para o confronto
Será que isto resolve? Será que
nunca foi a proposta do evange-
fazer passeatas contra tais mo-
lho, infiltrar sim.
vimentos resolve alguma coisa?
Alguns dizem que Paulo foi
Devemos ficar atentos a uma
omisso e conivente quanto à
verdade: “Não se pode esperar
escravidão existente em seus
de não cristão, comportamento
dias, mas quando lemos a car-
de cristão”. Os escritos pauli-
nos que tratam desta temática ta a Filemon, percebemos que
foram redigidos para os que es- ali ele enfraquece as estrutu-
tavam na igreja e não na socie- ras da escravidão, pois ignora
dade, pois aprendemos esta ver- completamente as categorias
dade em II Co.5:17-18. sociais, senhor e escravo e diz
que Filemon, o senhor, deveria
A Igreja deve ficar atenta às pro- receber a Onésimo como irmão
postas e decisões da chamada em Cristo. Diz a Onésimo, o es-
Banca Evangélica do Congres- cravo, que deveria voltar para
so Nacional, não apenas neste Filemon como sendo seu irmão
aspecto, mas em vários outros, em Cristo, visto que, no con-
pois a cristianização do Estado texto do Reino, não há escravo
não faz bem ao evangelho. A his- nem livre. E, para que Filemon
tória demonstra, especialmente não ofereça qualquer tipo de re-
através do Imperador Constan- sistência a esse novo princípio,
tino, que supostamente se con- Paulo assume o ônus de qual-
verteu à fé cristã e cristianizou o quer prejuízo que este possa
Império Romano com decretos, ter tido com o afastamento de
acabou por corromper o cristia- Onésimo. O que observamos é
nismo, visto que entraram para que, tanto na questão da escra-
a Igreja pessoas que de fato não vidão como da sexualidade e de
tinham se convertido a Cristo, outras questões importantes, a
mas em obediência a um decre- mensagem do evangelho minou
to do imperador. Ninguém se toda estrutura do Império Ro-
converte por decreto, mas por mano, fazendo-o ruir mais de
decisão pessoal, conhecendo a trezentos anos depois, conforme
Jesus biblicamente. se pode ler, tanto na História da
Já temos falado que isolamen- Igreja quanto na História Geral,
to não resolve. Dizer que não se sabendo que esta última dificil-
tem nada a ver com isso e que mente admitirá que a queda do
este mundo está perdido mes- Império tem a ver com infiltra-
mo, é tolice, pois estamos aqui ção da Igreja.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Ao olharmos para a história da Porém, tal conhecimento só é


Igreja, encontraremos muitos possível mediante uma experi-
momentos em que ela se infil- ência pessoal com Jesus como
trou na sociedade e mudou a Salvador e Senhor e um viver na
realidade circundante. O que dependência do Espírito Santo.
nos assusta é que muitos dos De outra forma, viver como um
nossos estão assimilando os va- adorador se torna impossível.
lores do mundo. Assim, vemos
Assim, a Igreja só pode se tor-
nossa juventude envolvida em
nar esperança para o mundo
sexo fora do casamento, os ca-
quando assume o compromisso
sais se separando por qualquer
de adorador em tempo integral,
motivo e os cristãos envolvidos
7x24, ou seja, sete dias por se-
com práticas sexuais contrá-
mana, vinte e quatro horas por
rias ao ensino das Escrituras. É
dia.
hora de refletir. Deus nos colo-
cou aqui e nos deu a missão de Isto nos leva a superar a visão
ser esperança para o mundo. de que só se é adorador quan-
do se está em uma celebração
coletiva, onde se está reunido
Aplicação a sua vida: Passamos com outros cristãos, no templo
por tempos difíceis, assim como ou em qualquer outro lugar. A
a igreja primitiva. Como a igreja verdade é que somos adorado-
hoje pode infiltrar e minar as ba- res quando estamos em casa,
ses dessa sociedade permissiva?
Comente. no trabalho, na escola, no lazer,
com a(o) namorada(o), com a
noiva(o), com a(o) esposa(o), en-
3. CoMPRoMISSo DE ADo- fim, não depende de com quem
RAR Ao SEnHoR EM TEMPo estamos ou onde estamos, pois
InTEGRAl se tem consciência de que se
está na presença do Senhor o
“Nada distingue mais o homem tempo todo.
do que a sua capacidade de ado-
rar. Da mesma forma como há Quando temos este compromis-
um anseio da parte de Deus de so, temos cuidado com o modo
revelar-se ao homem, também como agimos e mesmo compar-
há, neste implantada, uma pro- tilhamos a fé, o que nos protege
funda necessidade de conhecer de:
e adorar a Deus”. Broadman. a) Agir com arrogância, mas
No entanto, o anseio de adorar de demonstrar o amor de
sem o conhecimento de Deus Deus com graça e bonda-
e de seu caráter, gera distor- de;
ções que comprometem toda b) Negar a fé, mas manifestá-la
manifestação de religiosidade. com sabedoria e graça;

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 165


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

c) Negar que a autoridade pois a melhor forma de


da experiência com Cristo pregar a Palavra e pre-
seja a única verdadeira; servá-la, é vivendo-a no
d) Deixar de lado o ardor dia a dia, no trato com
missionário, mas ser um os outros. Não seja sim-
missionário que age bus- plesmente o mensageiro
cando os pontos de con- ou um porta-voz que não
tato, para que possa com- tem qualquer compromis-
partilhar a fé com respeito so com a mensagem, pois
ao outro e suas convic- este tempo requer coerên-
ções; cia entre o que se vive e o
que se prega;
e) Afirmar que a religião não
é determinada pelo lugar c) Analise as perguntas que
de nascimento, mas re- lhe fizerem sobre o que
sultado de uma experi- você acha desta ou da-
ência pessoal com Jesus quela religião, pois você
Cristo, como Salvador e está sendo testado sobre
Senhor, de modo que as o que consideram ser ar-
pessoas possam conhecer rogância e orgulho religio-
a Jesus biblicamente. so. Demonstre humildade
e profunda dependência
de Deus;
Aplicação a sua vida: En-
tre os cinco pontos abordados d) Atente para o que há de
pelo autor, qual você reconhece comum entre todas as re-
como o de maior prejuízo para a
transformação do indivíduo? ligiões, pois elas têm pon-
tos em comum, sobretu-
do, o fato de que revelam
Evita também que você entre em a busca de significado e
debates religiosos que não le- propósito. Ex.: Paulo em
vam a nada. Você impacta mui- Atenas, falando a partir do
to mais com um testemunho altar com a inscrição “AO
que demonstra o amor e a graça DEUS DESCONHECIDO”
de Deus, do que entrar em dis- (Atos 17:16-33 - NVI), Pois
cussões que não levam a nada. “os gregos tinham medo
Assim: de ofender algum deus
por não lhe dar atenção;
a) Nunca entre em debates
de modo que acreditavam
sobre questões religiosas,
poder encobrir quaisquer
isso não melhora em nada
omissões com a inscrição
seu testemunho;
“deus desconhecido” [...] –
b) Seja você mesmo a men- um notável ponto de con-
sagem vida do Evangelho, tato para Paulo” (nota de

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

rodapé da Bíblia de Estu- ConCluSão


do NVI); Deus quer que nos relacionemos
com as pessoas, independente
e) Apresente Deus, quem
da condição em que se encon-
Ele é e Seu desejo de se
tram, pois foi exatamente assim
relacionar conosco de ma- que ele se relacionou conosco,
neira pessoal e efetiva, a quando nos salvou. Muitos dos
ponto de se dar a conhe- que leem esta lição, agora, fo-
cer através de Jesus Cris- ram encontrados como usuários
to; de drogas, vivendo uma vida
promíscua, de alcoolismo, uma
f) Mostre que Jesus é a res- vida desregrada e vieram para o
posta, não tanto por pa- Senhor como estavam e foram
lavras, mas por atitudes. amados e acolhidos por Ele,
Deus valoriza pessoas, sendo transformados dia a dia.
não argumentos. Por que não estendermos as
Não temos que nos esconder, mãos, como nosso Senhor fez
mas temos que fazer a aborda- com Zaqueu, com a mulher
gem correta. Mais que ganhar adúltera, com a mulher sama-
ritana e tantos outros, assim
seguidores e adeptos, temos que
como fez comigo e com você,
conquistar a confiança das pes- quando estávamos carentes de
soas, pois elas precisam saber sua graça e misericórdia?
que são amadas e aceitas do jei-
to que são. Importa que são pes- Essa geração carece da graça de
Deus, pois a nós não compete
soas e amadas por Deus, e que
julgar, visto que só Deus tem
é nosso dever amá-las, como Ele poder para fazê-lo, mas é nosso
nos amou quando ainda éra- dever ministrar a graça do Se-
mos pecadores. Levando-as, na nhor a todas as pessoas e sem
dependência do Espírito Santo, qualquer tipo de preconceito ou
a conhecerem a Jesus biblica- discriminação. Temos o direito
mente, como Salvador e Senhor. de discordar, mas não de discri-
minar.

Aplicação a sua vida: Ser Suporte para


a mensagem do evangelho é
algo que nos exige maior co- Pequenos Grupos
nhecimento dessa mensagem. 1. Quais foram as verdades que
Quando nos apropriamos dessa você descobriu neste estudo?
mensagem passamos a fazer di- Relacione pelos menos três.
ferença sem nem ao menos ter 2. Em que estas verdades muda-
que falar. O amor transborda- rão sua maneira de agir como
rá de tal forma que acolherá a servo de Deus?
todos. Como você tem se apro- 3. Como essa verdade afeta sua
priado dessa mensagem? vida diária, na família, igreja e
sociedade?

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ESTuDo – 32

a IgrEJa QuE soNHaMos

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


“Eu tenho um sonho” disse o Segunda Hb 11
Pastor Martin Luther King, em Terça Rm1:18-32;
um dos seus mais Quarta Rm 2:1-16
marcantes discursos de 1963 . 11 Quinta Rm 3: 9-18
Naquela época, no Sul dos Es- Sexta Gl 5:16- 24
tados Unidos, por causa do ra- Sábado Lc 14:15-24
cismo, os negros eram discrimi- Domingo Rm 6. 1-14
nados e ofendidos, inclusive por
parte de muitas igrejas batistas.
rância tanto na perspectiva cris-
Este pastor foi responsável por
tã, quanto secular. A sociedade
causar uma revolução no pen-
do relativismo ético acredita e
samento da sociedade e da Igre-
prega uma tolerância irrestrita,
ja protestante norte-americana,
qual seja aceitar irrestritamen-
através da comunhão e da tole-
te as escolhas que o outro faz.
rância, dirigindo um movimen-
O cristianismo crê no livre ar-
to que tinha por meta integrar
bítrio de cada ser humano em
brancos e negros, pacificamen-
um Deus Pessoal, ao qual cada
te, na mesma categoria de im-
ser humano deverá prestar con-
portância para Deus e para a
tas. Para o cristão, tolerância é
sociedade. Os negros norte-a-
respeitar as pessoas e tratá-las
mericanos, desde a abolição
gentilmente, mesmo quando se
da escravatura, promovida por
acredita que estejam erradas.
Abraão Lincoln, não foram re-
Todo cristão precisa demonstrar
almente integrados à sociedade
amor e graça para com os que
norte-americana, sendo muitas
pensam diferente, o que não sig-
vezes perseguidos, humilhados
nifica concordar com práticas
e mesmo mortos.
que vão contra os preceitos bí-
Neste sentido, precisamos defi- blicos.
nir e conceituar a palavra tole-
Ao longo da história muitos têm
11
Disponível em <www.King/discursoking.htm eu
sido vítimas de intolerância e
tenho um sonho>, acesso em 20/07/07. muitas vezes, por má interpre-

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

tação do texto sagrado. Roma mos todos na mesma situação:


foi intolerante com os cristãos, somos todos sujeitos a cometer
quando estes diziam que Jesus erros. Na galeria dos “heróis” da
Cristo era o Senhor e não Cé- fé (Hebreus 11), pode-se notar
sar; o Comunismo foi intoleran- que não existem pessoas per-
te com os cristãos, perseguin- feitas. Luther King também não
do-os, prendendo-os e mesmo era perfeito, e muito menos o
matando, por não negarem a apóstolo Paulo que, a seu pró-
fé; as Cruzadas não foram ou- prio respeito, disse ser o pior
tra coisa, senão uma forma de dos pecadores (1 Tm 1:16). A
intolerância por parte da Igreja; carta aos Romanos mostra que
a inquisição foi uma forma de todos estão debaixo do pecado:
intolerância para com os que a sociedade gentílica (1:18-32),
pensavam diferente dela, sendo os críticos judeus (2:1-16), e até
vítimas cristãos e não cristãos. mesmo os instruídos e confian-
tes judeus (2:17 a 3:18).12
Assim, nesta lição, o objetivo
é desafiar a tolerância cristã, Poderíamos ser mais eficazes em
aquela que respeita o livre-arbí- nossa comunhão, reconhecen-
trio concedido por Deus a todo do quem somos. Não podemos
ser humano, que permite ao in- ocultar nossos erros através da
divíduo escolher o modo de vida intolerância. Não podemos ser
que quer viver, a religião que de- moralistas ao extremo, esque-
seja professar, mas o torna res- cendo-nos de que qualquer pes-
ponsável por suas escolhas. soa pode cair no erro e padecer
com a intolerância alheia. É o
que nos diz a palavra do Senhor:
Aplicação a sua vida: Vivemos
tempos em que muitos buscam “Que concluiremos então? Esta-
uma igreja só para pessoas sem mos em posição de vantagem?
problemas, salvos, sentados Não! Já demonstramos que tanto
e satisfeitos. Porém, reconhe- judeus quanto gentios estão de-
cemos que em uma igreja en- baixo do pecado. Como está es-
contramos aflitos, deprimidos,
frustrados e confusos em busca crito: “Não há nenhum justo, nem
de amor, ajuda, perdão e es- um sequer; não há ninguém que
perança em Cristo. O que você entenda, ninguém que busque a
tem feito para ser uma igreja Deus.” (Romanos 3: 9-12- NVI).
acolhedora? Comente. É por isso que um aspecto de
muita relevância na tolerância
1. PRATICA A TolERÂnCIA é saber conviver, respeitando os
BÍBlICA outros do jeito que são, pois, “a
tolerância consiste em enxergar
Um motivo pelo qual a igreja
deve exercer a tolerância bíblica
deve ser por perceber que esta- 12
STOTT, 2003, p. 36

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certas coisas com o coração ao parte de nossa história de vida,


invés dos olhos” (Orlando A. Ba- deve estar presente em nos-
tista). sos hábitos. Precisamos inserir
Deus dentro de nossa cultura.
Um espaço em que a tolerância
Há quem confunda as coisas,
e a comunhão podem ser desen-
acreditando que inserir Deus
volvidas e praticadas é dentro
na cultura é apenas promover
de um Pequeno Grupo, uma cé-
eventos evangelísticos, muitas
lula ou Grupo Familiar. Lá, eu
celebrações durante a semana,
e você vamos encontrar pesso-
estudos bíblicos profundos etc.
as para respeitá-las do jeito que
No entanto, todo esse esforço
são, e da mesma forma, encon-
se torna vão se Deus não esti-
traremos pessoas que nos res-
ver dentro de nossa história de
peitarão da forma que somos.
vida. Luther King inseriu Deus
Viver em comunhão faz parte da
em sua história de vida. Mesmo
igreja dos sonhos do Senhor, o
diante de seus erros e limita-
que significa buscar mudança e
ções, sua ação de justiça e te-
transformação.
mor a Deus foram forças mar-
Muitos são os que ainda não co- cantes, para que a cultura de
nhecem a Jesus biblicamente, preconceito racial fosse abolida.
de quem, portanto, não se pode Ele disse em um sermão:
esperar comportamento segun-
(...) Eu era fraco. Percebi en-
do a vontade de Deus.
tão que a religião precisava
tornar-se algo real para mim
Aplicação a sua vida: A intole- (...) Fiz uma oração (...) Se-
rância é uma epidemia que en-
frentamos na atualidade. O que nhor, estou aqui tentando
podemos fazer diante desta prá- fazer o que é certo. Penso
tica que é contrária aos princí- que estou certo. Penso que
pios bíblicos? Comente. a causa que representamos
é certa. Mas, Senhor, (...)
estou vacilando. Estou per-
2. ESTIMulA unS AoS ou- dendo a coragem. (...) Ouvi a
TRoS Ao CRESCIMEnTo voz de Jesus dizendo calma-
Precisamos sonhar e construir mente que eu deveria conti-
uma igreja que cultive pers- nuar lutando(...) ele prome-
pectivas, que plante um futuro teu nunca deixar-me, nunca
para o mundo, e não uma igreja deixar-me sozinho.13
estacionada, e de braços cruza-
Dar espaço para o outro crescer
dos esperando a vinda do Se-
é reconhecer que inserir Deus
nhor. Mas, para que isso acon-
em nossa história de vida não
teça, Deus deve ser mais do que
um conceito. Ele deve se tornar 13
YANCEY, 2001, p. 23

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

acontece da noite para o dia e dem. Não por Deus, mas exa-
muito menos só com exausti- tamente para a igreja”. Porém,
vos estudos da Bíblia. O disci- necessitamos compreender que
pulado é um processo que se não são necessários pré-requisi-
desenvolve durante toda a nos- tos para que Deus nos aceite. O
sa vida, que é evidenciado pelo mundo não pode oferecer graça,
fruto do Espírito (Gálatas 5:23), e a singularidade do cristianis-
e demonstrado pela comunhão mo se resume nesta palavra:
e serviço. Precisamos criar na Graça.
igreja a cultura de que ser dis-
cípulo de Jesus é deixá-lo agir A Graça diz que Deus aceita
em nossa vida, e que isso é uma você e o ama incondicionalmen-
questão que pode levar tempo. te como está. No entanto, se
você entrevistar pessoas na rua,
Hoje entendo a parábola nar- poucas, se algumas, associarão
rada em Lucas 14:15-24: cor- o cristianismo ou a igreja a algo
remos o risco de chegar ao céu que lembre a graça. O que elas
e encontrar pessoas “indesejá- sentem é a lei, “tolerância zero”,
veis” para alguns, como Luther
“julgamento e condenação”. Por
King, e não encontrar muitos
que a igreja não usa seu maior
dos que diziam, de si próprios,
recurso, a Graça?14
serem fiéis e justos.
Precisamos aprender a cultivar
Aplicação a sua vida: A apren- a graça de Deus, a cultivar o que
dizagem se conquista a cada está em Romanos 6.14: “Pois o
dia. Ela se processa de várias pecado não os dominará, porque
formas, porém sua aplicação vocês não estão debaixo da Lei,
prática se dá no relacionamen-
to. Uma das formas de expres- mas debaixo da graça.” A igreja
sar a aprendizagem bíblica é que precisamos construir deve
através do discipulado. Nele ser um lugar de Graça abun-
aprendemos e abrimos espaço dante e não de intolerância.
para o outro também aprender.
Você tem discipulado alguém
ultimamente? Comente Aplicação a sua vida: Sabe-
mos que a GRAÇA salvadora
3. CulTIvA A CulTuRA DA de Deus alcançou a todos, po-
GRAçA DE DEuS rém queremos que ela aconteça
de forma total nos indivíduos,
A grande mudança que a igreja enquanto estão no mundo. Vi-
pode promover, em nosso sécu- vemos em uma sociedade regi-
da por leis, as quais temos que
lo, é transformar a nossa cultu- cumprir. Como podemos prati-
ra, de uma cultura intolerante car a Graça, sem ser legalistas e
para uma cultura de respeito. intolerantes?
Muitas pessoas presumem que
“não serão aceitas até que mu- 14
BURKE, 2006, p. 111-113.

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A igreja da cultura da Graça, Aplicação a sua vida: Só temos


não é uma oficina, pois se nega salvação e vida eterna median-
a fazer o que só Deus pode fa- te a Graça recebida através de
zer. Afinal, como diz Ed Renê Jesus Cristo. Assim, todo o tra-
Kivits: “Ser crente não é difícil. balho de transformação em nós
é realizado pelo Espírito Santo.
É impossível, humanamente fa- Nossa parte é buscar intensifi-
lando, pois se trata de um mi- car o relacionamento com Deus,
lagre que só Deus pode fazer”. para que Sua Graça alcance ou-
Neste caso, devemos aceitar as tras pessoas. Você tem conse-
pessoas para que, pelo poder do guido refletir essa graça, sem se
tornar legalista? Comente
Espírito Santo, sejam religadas
a Deus15. Precisamos construir
uma igreja que ajude as pessoas ConCluSão
a aceitarem a Graça de Deus em Nosso Senhor nos convida a não
suas próprias vidas. Marx dizia apenas sonhar, mas a construir
que a religião é o “ópio do povo”. a igreja de nossos sonhos. Uma
Se a igreja insistir em querer igreja em que Sua Graça trans-
consertar as pessoas, oferecen- borde diante da intolerância de
do atalhos como a prosperidade, cristãos para com não cristãos,
os dons, os cargos e títulos, etc., de não cristãos para cristãos.
ela será de fato um ‘ópio’, um Você está disposto a construir
‘alucinógeno’ para as pessoas. essa igreja? Seja mais toleran-
te! Luther King não ficou apenas
O que atesta a relevância da na frase “Eu tenho um sonho”.
igreja para este mundo são vi- Ele participou da construção de
das transformadas pela Gra- uma igreja que vive a Graça na
ça de Deus. É perceber que na história. Que você também pos-
igreja não existem pessoas per- sa se juntar àqueles que, mes-
feitas, mas existem pessoas que mo mal compreendidos, traba-
estão sedentas de Deus. Pesso- lham pela igreja dos sonhos do
as em cuja vida Deus está tra- Senhor.
balhando ininterruptamente.
Não podemos estragar tudo isso
Suporte para
com um pessimismo e moralis- Pequenos Grupos
mo tolo. Somente quando a Gra-
1. Que obstáculos precisariam ser
ça de Deus fizer parte da nossa vencidos por você, para exercer
história de vida, quando puder- uma fé mais firme?
mos viver na liberdade que o Es- 2. O que significa para você o fato
de que nem todas as pessoas de
pírito nos concede, é que pode- fé, mencionadas em Hebreus
remos ser uma igreja relevante 11, conheceram o sucesso?
para este século. 3. Que mudanças a fé em Deus
provocou em sua vida? De que
maneira ela tem afetado seus
vizinhos?
15
Idem, BURKE, p. 120

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo – 33

os gIgaNTEs DE Nosso TEMPo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS

O mundo em que vivemos, por Segunda Mt. 9: 35-38


mais equipado que seja, tem se Terça Is. 58. 1-14
deparado com “gigantes” que Quarta Hb. 13:1-6
nem os governantes nem as Quinta Dt. 10:12-22
grandes empresas e instituições Sexta Eq.34:1-10;
conseguirão resolver. A Igre-
Sábado Mt 25:14-30
ja, consciente de sua missão,
Domingo Mt 9: 11-12
talvez seja a instituição mais
qualificada para cumprir esta
missão, pois diferentemente dos 1. o GIGAnTE Do vAzIo
governos e das empresas, ela é a ESPIRITuAl - Mateus 9:35-36
instituição que tem participação 1. Rick Warren diz que um dos
em todas as camadas sociais gigantes da pós-modernida-
e está presente em lugares em de é o vazio espiritual e esse
que nenhuma outra consegue gigante tem muito a ver com
estar. Para isto, no entanto, se o que descreve Enrique Ro-
faz necessária uma igreja que se jas em seu livro: “O homem
importe com os grandes proble- moderno: a luta contra o va-
mas mundiais – os grandes gi- zio”. O referido autor descre-
gantes de nosso tempo - e ajude ve este homem como sendo
a resolvê-los na dependência do realizado materialmente, po-
Espírito Santo. Assim, consi- rém vazio e sem substância,
derando a mineiridade, somos sem conteúdo e infeliz. Ele
levados a pensar que, para en- diz que este homem fez con-
carar tais gigantes, é preciso ter quistas tecnológicas e cien-
o espírito dos bandeirantes que tíficas extraordinárias, mas,
percorreram matas e rios do Es- por outro lado, se vê domi-
tado de Minas Gerais, nos tem- nado por fraquezas e paixões
pos do Brasil Colônia, para des- que o aniquilam e geram o
bravá-lo em busca das riquezas vazio que dele toma conta.
ocultas em seu solo. Para ele, este homem é mate-

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rialista, valendo pelo que tem b) Utilizam da estratégia do


e não pelo que é. É hedonis- marketing midiático para
ta, sendo movido pelo princí- a comercialização da fé;
pio do prazer não aceitando
c) Buscam satisfação plena
frustrações e decepções. É
através do “êxtase espiri-
permissivo e tolerante para
tual”.
com tudo e todos. Relativiza
o que é considerado certo/ Porém, estas formas não preen-
errado, dependendo do ponto chem o vazio e acabam gerando
de vista a ser olhado. E, por uma legião de decepcionados
fim, é levado a negar todo e com Deus e com a Igreja, o que
qualquer princípio, seja polí- explica o crescimento do ateís-
tico, religioso ou social, bem mo, conforme o senso do IBGE
como dirigido pelo princí- de 2010 e também o crescimen-
pio do prazer, vivendo sob o to dos chamados sem igreja, re-
lema: “você merece ser feliz”. velando um traço deste homem
pós-moderno, que é o desapego
Aplicação a sua vida: Henrique às instituições.
Borjas descreve o homem atual
como sendo uma pessoa reali- Como encarar este gigante?
zada materialmente, porém va- Para não cairmos na mercantili-
zia e sem substância, sem con- zação da fé, na busca desenfrea-
teúdo e infeliz. Você concorda?
Comente
da das estratégias de marketing,
e nem transformarmos nossas
celebrações em shows que pode-
Lamentavelmente, líderes re- riam acabar funcionando como
ligiosos inescrupulosos, bus- catarse que conduz ao êxtase
cando preencher esse vazio, espiritual, creio que o segredo
partiram para a prática de uma é voltarmos para a sabedoria e
religião de mercado, conforme simplicidade do Senhor da Igre-
ressaltou Pr. Estevão Fernan- ja, conforme se pode ler em Ma-
des em palestras ministradas teus 9:35-38.
na Faculdade Batista de Minas
Gerais, quando enumerou algu-
mas características dos que as- Aplicação a sua vida: Manter o
sim procedem: equilíbrio entre um culto racio-
nal e emocional é um desafio.
a) Lidam com a fé como se Como você tem administrado
fosse um produto que esse equilíbrio em sua adora-
pode ser comercializado ção? Comente.
para os hedonistas e con-
sumistas;

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2. o GIGAnTE DA CRISE DE mas para a sociedade como um


lIDERAnçA todo. As igrejas precisam capa-
citar pessoas que façam a dife-
“Quando os justos florescem, o
rença no mundo, que trabalhem
povo se alegra; quando os ímpios
como Jesus, cujo desejo princi-
governam, o povo geme [...] O rei
pal seja fazer a vontade do Pai,
que exerce a justiça dá estabili-
que vão aonde as ovelhas estão.
dade ao país, mas o que gosta
Quando olhamos para a realida-
de subornos o leva à ruína [...] Os
de de nossas igrejas e de nosso
justos levam em conta os direitos
país, percebemos que este é um
dos pobres, mas os ímpios nem
grande gigante que precisamos
se importam com isso. Os zom- enfrentar.
badores agitam a cidade, mas
os sábios a apaziguam [...] Os
violentos odeiam os honestos e Aplicação a sua vida: “Deus
não escolhe os capacitados,
procuram matar o homem ínte- mas capacita os escolhidos”.
gro [...] Para o governante que Como você entende essa frase?
dá ouvidos a mentiras, todos os Comente.
seus oficiais são ímpios [...] Se o
rei julga os pobres com justiça,
seu trono estará sempre seguro.” 3. o GIGAnTE DA PoBREzA
(Provérbios 29:2, 4,7-8, 10, 12 e “Quem dá aos pobres não passa-
14) rá necessidade, mas quem fecha
John Haggai, fundador e diretor os olhos para não vê-los sofrerá
do Instituto Haggai, diz que vi- muitas maldições”. Pv. 28.27,
vemos uma crise de liderança e “Acolhe os necessitados e esten-
que há carência de líderes que de as mãos aos pobres”. 31.20.
possam produzir benefícios de Enfrentar o gigante da pobreza
caráter permanente, sobretu- se constitui um dos grandes de-
do através dos princípios da fé safios da Igreja, pois, conquan-
cristã. Isto o levou a investir na to a missão primordial da igreja
formação de liderança ao redor seja a pregação do evangelho,
do mundo. ela não pode fechar os olhos às
necessidades fundamentais do
Quando há falta de líderes, ser humano. Afinal, esta tam-
ocorre um enfraquecimento das bém se constitui em uma forma
instituições de todos os tipos, de testemunho, visto que é uma
famílias, igrejas, empresas e maneira de demonstrar o amor
próprio governo se torna fraco. de Deus de forma prática e de
Diante deste gigante, as igrejas seguir as instruções dadas pela
precisam ser celeiros de líderes Palavra de Deus. Este gigante
não apenas para si mesmas, está presente em nosso país e

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também ao redor do mundo. O Segundo o site Grupo Escolar,


Brasil não é um país pobre, pois 2,2 bilhões de pessoas que vi-
está entre uma das maiores eco- vem na pobreza, se não vivem
nomias do mundo, porém nele completamente, estão quase
prevalece uma injusta distri- chegando ao índice, isso se-
buição de renda, em que as ri- gundo os relatórios de um pro-
quezas estão concentradas nas grama de desenvolvimento das
mãos de uma minoria, enquan- Nações Unidas. Cerca de 1,5
to a maioria fica com rendimen- bilhão de pessoas sofrem com
tos pífios e com milhões viven- a pobreza multidimensional,
do abaixo da linha de pobreza. ou seja, pessoas que passam
Essa pobreza está em todos os por privações de necessidades
lugares do país (principalmente básicas e comuns, como por
nas periferias dos grandes cen- exemplo: saúde, educação e as
tros metropolitanos). Há uma próprias necessidades básicas.
grande quantidade de pessoas Esta triste realidade represen-
que ainda vivem à margem da ta quase um terço da popula-
sociedade no Brasil, problema ção mundial e a igreja não pode
que dificilmente se resolverá fechar os olhos para a mesma,
somente com a promoção de pois enquanto representante do
programas assistencialistas. Senhor Jesus Cristo, dentro e
Os principais desafios estão em fora de nosso país, ela precisa
vencer os problemas nas áreas ter ações que demonstrem que
de saúde e educação, que vêm o evangelho todo é para o mun-
recebendo tímidos avanços, e do todo e para o homem todo,
ampliar a qualificação profis- o que inclui suas necessidades
sional e a oferta de emprego no básicas, dentre elas, a fome.
país.
Diante desta realidade e do que
se pode observar das ações go- Aplicação a sua vida: A pobre-
za se agiganta a cada ano no
vernamentais, esta situação não Brasil e no mundo, apesar de a
se resolverá facilmente. Este é terra produzir o suficiente para
um espaço de reflexão que deve todos. Como cristãos trans-
ser ocupado pela igreja, para formados, devemos contribuir
para a diminuição do desperdí-
demonstrar o amor de Deus de
cio. O que você tem feito para
forma prática, como agente de evitar o desperdício de alimen-
transformação da realidade. tos em sua casa? Comente.
“A terra provê o suficiente para
as necessidades de todos os
homens, mas não para a voraci-
dade de todos”.

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2. o GIGAnTE DAS DoEnçAS nidade para limpeza nas casas,


ruas e bairros. Podem também
“Entre vocês há alguém que está
promover campanhas contra o
doente? Que ele mande chamar
sedentarismo, que gera tantas
os presbíteros da igreja, para que
doenças e tem ceifado a vida de
estes orem sobre ele e o unjam
tantas pessoas.
com óleo, em nome do Senhor. A
oração feita com fé curará o do-
ente; o Senhor o levantará. E se Aplicação a sua vida: O mundo
houver cometido pecados, eles passa por um momento, no mí-
serão perdoados. Tiago 5:14-15 nimo curioso, no campo da saú-
de. Apesar da ciência descobrir
Por incrível que pareça, apesar a cura para muitas doenças,
de toda a sofisticação tecnológi- outras já erradicadas, voltam a
ca e de todo o avanço científico, fazer parte da vida do brasilei-
o mundo parece mais doente ro. Como você e a igreja podem
contribuir para a erradicação
que em qualquer outra época. de doenças, que só depende de
Vivenciamos grandes epidemias ações simples? Comente.
nas últimas décadas, tais como
Gripe Aviária, Gripe Suína, Ebo-
la, Zica, AIDS. Muitas doenças 3. o GIGAnTE Do
são causadas por maus hábi- AnAlFABETISMo
tos, sedentarismo, também por
Instrua a criança segundo os ob-
desnutrição e extrema pobreza.
Algumas doenças poderiam ser jetivos que você tem para ela, e
evitadas, mas falta compromis- mesmo com o passar dos anos
so da população no combate não se desviará deles. Pr. 22.6
às mesmas. A Dengue, a Zica, Felizmente, a história tanto do
a Chikungunya e mesmo a fe- judaísmo quanto do cristianis-
bre amarela poderiam ser mais mo está repleta de bons exem-
intensamente combatidas com plos quanto ao combate ao
o auxílio da população, evitan- analfabetismo e a ignorância de
do água parada em piscinas, um modo geral. No judaísmo,
pneus, vasos ornamentais, cai- a Sinagoga era local de ensino,
xas d´água descobertas, etc. além de adoração e oração. Elas
Mas falta cuidado, boa adminis- acabaram servindo de inspira-
tração e gestão dos recursos. A ção para a Igreja Cristã, para a
igreja como organismo inserido
construção dos templos como
na sociedade, vive essa realida-
lugar de adoração, oração e en-
de de ser corresponsável. Assim
sino da Palavra de Deus.
deve contribuir com campanhas
de conscientização junto aos A História do cristianismo nos
membros, mobilizando a comu- mostra que as primeiras escolas

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estavam profundamente liga- Talvez mais que alfabetizar, a


das à Igreja e escolas de natu- Igreja hoje precise combater o
reza mais secular só vão surgir analfabetismo funcional; e o
após o Renascimento e na Idade Brasil, de acordo com o Nexo
Moderna, mas, mesmo assim, Jornal, tem 27% de sua po-
encontramos escolas confessio- pulação entre 15 e 64 anos de
nais até hoje. Martinho Lute- analfabetos funcionais, aqueles
ro não foi apenas um reforma- que só conseguem ler títulos ou
dor da igreja, mas também um frases, localizando uma infor-
grande defensor da educação, mação bem explícita, não com-
pois cria que todos deveriam preendem textos simples, não
ter acesso às Escrituras e não interpretam nem fazem infe-
apenas os líderes religiosos. Isto rência, ficando impossibilitados
também o fez traduzir a Bíblia de aplicar a informação em sua
para o alemão, que era sua lín- vida prática.
gua materna, para que as pes-
Segundo Farfus, o Brasil tem
soas tivessem acesso à Bíblia.
um montante de mais de 30 mi-
O Estado de Minas tem uma das lhões de pessoas na condição
maiores escolas confessionais de analfabetos funcionais e que
do mundo, que é a Rede Batis- precisam ser qualificadas para
ta, hoje, centenária, onde tive o a leitura plena. Muitas destas
privilégio de trabalhar por qua- pessoas estão dentro e ao redor
se trinta anos. O Colégio nasceu de nossas igrejas e não podemos
nas dependências da Primeira fechar os olhos para esta reali-
Igreja Batista de Belo Horizonte, dade. Seja com o propósito de
igreja da qual também tive o pri- ajudá-las a ler, estudar e com-
vilégio de ser pastor por quase preender as Escrituras, para
quinze anos. Em 1918, a missio- que alcance maturidade cristã e
nária Efigênia Maddox e esposo não sejam levadas por ventos de
Pr. Ottis Pendleton Maddox co- doutrina, como estamos vendo
meçaram o Colégio Batista Mi- em nossos dias, seja para que
neiro, com treze alunos, visando elevem a autoestima, consigam
principalmente aos filhos dos empregos melhores, melhorem
crentes, que, por causa de per- a renda pessoal e familiar e,
seguição religiosa, não podiam com isso, para que melhorem o
estudar em escolas públicas ou IDH (Índice de Desenvolvimento
de outras confissões religiosas, Humano) de nosso país, liber-
pois ser evangélico e Batista era tando-o da ignorância, rumo ao
algo inadmissível para aqueles futuro promissor. Isto faz que
dias. nossas igrejas se vejam, como

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no passado, como um espaço


educativo. Portanto, há muito Suporte para
que se fazer no campo da edu- Pequenos Grupos
cação, em nosso país, no mundo 1. Quais foram as verdades que
e na igreja local, pois, como diz você, sua classe ou pequeno
agrupo aprenderam nesta li-
Bill Hybells, ela é a esperança ção? Relacione pelo menos
do mundo, também nesta área. três.
2. Em que estas verdades muda-
rão sua maneira de agir como
servo de Deus? Relacione pelo
Aplicação a sua vida: A alfa- menos três aspectos que você
betização no Brasil tem uma re- pretende mudar em seu modo
lação direta com o crescimento de agir.
dos evangélicos. Porém, sabe-
mos que o “analfabetismo fun- 3. Em que estas verdades vão
cional” cresceu. Como a igreja mudar sua maneira de se rela-
pode ter ações que diminuam cionar, com sua família, igreja,
sociedade?
esse analfabetismo e contribua
para o crescimento pessoal e da 4. Em que estas verdades vão tor-
nação? Comente. ná-lo um cristão melhor, como
pessoa, como cônjuge, pai/
mãe, filho/filha, e servo/serva
de Deus?
ConCluSão
Vamos terminar esta lição,
apontando caminhos para se REFERÊnCIAS
enfrentar estes gigantes. En- ROJAS, Enrique. Tradução: Wladir Du-
frente os gigantes desenvolven- pont. o homem moderno: A luta contra o
do e aplicando a compaixão de vazio. São Paulo: Mandarim, 1996.
Deus para o mundo, permitindo SILVA, (Disponível em: https://www.we-
que Deus o use em sua geração, bartigos.com/artigos/a-crise-de-lideran-
pois é única que você pode al- ca/107817#ixzz5Lj2ytltc. Acessado em
19.07.2018).
cançar de forma pessoal. Mani-
feste a graça e a misericórdia de (Disponível em: http://revistamelhor.com.
br/o-brasil-esta-em-crise-e-a-lideranca-
Deus em palavras, ações e ati-
-tambem/. Acessado em 19.07.2018).
tudes.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
geografia/a-pobreza-no-brasil.htm
https://www.grupoescolar.com/pesqui-
sa/pobreza-no-mundo.html
https://www.nexojornal.com.
br/grafico/2016/11/21/A-
-evolu%C3%A7%C3%A3o-do-analfabe-
tismo-funcional-no-Brasil. Acessado em
02.08.2018.

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ESTuDo – 34

cHaMaNDo ouTros Para


a EsTraDa rEaL
Mateus 11.28-30

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


A Estrada Real é um caminho Segunda Mt. 7:24-27
elegante que tem origem na ci- Terça Mt. 10.34-39
dade do Rio de Janeiro, Parati Quarta Mt. 11.28-30
- RJ. Ela atravessa todo o esta- Quinta Mt. 13.44-46
do do Rio, entra pelas Minas Ge-
Sexta Mt. 16:24-28
rais, passando por cidades his-
Sábado Lc. 6.46-49
tóricas, como Ouro Preto, Ouro
Branco e indo até Diamantina, Domingo Lc. 9. 23-27
em busca das riquezas das Mi-
nas Gerais, na época do Brasil
as quatro alternativas, e tinha
Colônia, o que serve de ilustra-
paisagens de tirar o fôlego, po-
tivo, para a busca que se deve
rém ocultava perigos, fossem
empreender no que tange às ri-
pelas íngremes montanhas, pre-
quezas espirituais.
cipícios e mesmo o risco de sal-
Todos, indistintamente, são teadores, lutas que, certamente,
chamados a caminhar pela “Es- enfrentamos trilhando a Estra-
trada Real” e descobrir as rique- da Real do Reino de Deus.
zas do Reino de Deus, pois este
nos é apresentado como um 1. A ESTRADA REAl É PARA
tesouro. Todos são igualmente ToDoS - Mateus 11.28-30
chamados a percorrer a Estrada
Real, cuja entrada se caracteri- Pode parecer contraditório pen-
za por ter uma porta estreita e sar na Estrada Real como sendo
o caminho como sendo aperta- um caminho para os que estão
do, portanto não sendo algo fácil cansados e oprimidos, conside-
de perseguir e alcançar. Assim rando os obstáculos nela exis-
como não era fácil conquistar as tentes, mas esse é o caminho
riquezas das Minas Gerais, pois a ser percorrido pelos que an-
a estrada tinha um percurso de seiam encontrar acolhimento
aproximadamente 1630 quilô- em Alguém que seja manso e
metros de extensão, incluindo humilde de coração, que pro-

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porcione descanso para as suas novo e vivo caminho de acesso


almas. Trilhar por esta estrada ao Reino.
não é tão simples quanto possa
A história do Estado de Minas
parecer à primeira vista, pois
Gerais, com a Estrada Real, tem
requer renúncia, escolhas acer-
a ver com a busca das riquezas
tadas, fé no sacrifício de Jesus
ocultas em nosso solo, sobretu-
Cristo na cruz do Calvário e no
do ouro e diamante. Os bandei-
poder do Espírito Santo. São
rantes, que eram representan-
poucos os que estão dispostos
tes da Coroa Portuguesa para
a andar pelo caminho apertado.
descobrir as riquezas da terra
Muitos são os que preferem as e apresentá-las ao Rei, atraves-
facilidades do mundo a envere- saram a Mata Atlântica, às bor-
dar pela Estrada que nos leva das do oceano e entraram pela
aos tesouros do Reino. Tardia- região de cerrado, com suas
mente, muitos vão chorar o não árvores pequenas e de galhos
ter dado a esta estrada a prefe- retorcidos, até chegar ao Panta-
rência. nal. A saga dos bandeirantes em
busca do ouro e das riquezas
Aplicação a sua vida: Viver o do Brasil e, de modo especial,
reino de Deus requer uma ca- de Minas Gerais, nos remete às
minhada de muitos obstáculos, metáforas (figuras) usadas por
que devemos vencer a cada dia. Jesus para ilustrar a riqueza, a
Caminhar nessa Estrada impli- preciosidade e o valor do Reino,
ca em renúncia, escolhas e em-
preendimento em vidas. Como mostrando que, para obtê-lo,
você tem realizado essa cami- vale renúncias.
nhada?
Que você possa, à semelhança
dos bandeirantes, se aventurar
pelo caminho estreito e aperta-
2. A ESTRADA REAl É PARA
do, com o propósito de conhe-
oS QuE CREEM no vAloR
cer as insondáveis riquezas do
Do REIno – Mateus 13:44-46
Reino de Deus, como canta o
A metáfora do Reino como um apóstolo Paulo, no Hino de ado-
tesouro escondido, nos remete ração, registrado em Romanos
ao seu valor e relevância, de- 11:33-36: Ó profundidade das
monstrando que vale a pena riquezas, tanto da sabedoria.
qualquer sacrifício para que se Como da ciência de Deus! Quão
possa tê-lo, conquanto seja re- insondáveis são os seus juízos,
levante destacar que não são os e quão inexecutáveis os seus ca-
sacrifícios que fazemos para ob- minhos! Porque quem compreen-
ter o Reino, que garantem nos- deu o intento do Senhor? Ou que
sa entrada no mesmo, mas o de foi seu conselheiro? Ou quem lhe
Jesus Cristo, que nos abriu o deu primeiro a ele, para que lhe

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seja recompensado? Porque dele Aplicação a sua vida: Os ban-


e por ele, e para ele, são todas deirantes embrenhavam mata a
as coisas; glória pois a ele eter- dentro, sujeitando a todo tipo de
namente. Amém”. problemas físicos, emocionais,
sociais e espirituais, por acredi-
É profundamente interessante tarem na causa em que estavam
pensar nestas palavras, que nos inseridos. Nos dias atuais, você
convidam a conhecer a profun- tem visto esta mesma dedicação
em nosso povo? Como você tem
didade das riquezas de Deus, tratado a busca por este tesou-
porque elas são conclusivas ro de vida singular que Cristo
quanto a tudo que o apóstolo oferece?
desenvolveu sobre a doutrina
da justificação em Romanos.
3. A ESTRADA REAl É PARA
Afinal, do capítulo 1 ao 11, ele
oS QuE ESTão DISPoSToS A
desenvolve esta doutrina. Do
REnunCIAR - Mt. 16:24-28
capítulo 12 a 16, ele desafia os
que fizeram tal descoberta a vi- A Estrada Real exige que se te-
ver estas verdades, à altura das nha disposição para renunciar
riquezas do Reino. conforto e comodismo. Pense no
trajeto empreendido pelos que
Nisto reside uma grande dife-
trafegavam por ela. Aproxima-
rença entre a Estrada Real da
damente 1630 quilômetros de
Coroa Portuguesa e a Estrada
caminhos apertados, íngremes,
Real do Reino de Deus. A pri-
à beira de precipícios. Você já
meira veio para descobrir, ex-
pensou o que é fazer este per-
plorar e espoliar todas as rique-
curso a cavalo, em uma carroça
zas de nossa terra, oprimindo
ou carro de boi? Só com muita
os índios e trazendo os negros
disposição, pois, do contrário,
africanos, não para desfrutar de
uma viagem como essa faria
uma terra abençoada, mas para
qualquer um desanimar, dada
submetê-los à escravidão, a tra-
a sua extensão, perigo e risco.
balho forçado. Já a segunda nos
Somente com a compreensão
revela as riquezas de Deus e
das riquezas e dos valores exis-
nos faz participantes da mesma
tentes ao final da mesma, pode-
através do sacrifício do Filho de
ria uma pessoa sair do litoral e
Deus, na cruz do calvário. Nesta
se enveredar por caminhos tão
estrada de riquezas espirituais
perigosos.
andam o branco, o negro, o ín-
dio, o caucasiano, anglo-saxão e Coloque-se no lugar daquelas
todos os que por ela desejarem pessoas. Você teria coragem?
andar, desde que lavados e re- Teria disposição para encarar
midos no sangue que pagou o tamanho desafio? Para enca-
Pedágio para que nela se possa rar a Estrada Real do Reino
andar. de Deus, como faziam os ban-

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deirantes e os desbravadores prosperidade, cultive grãos. Se


do Brasil Colônia, você precisa você quer dez anos de prospe-
compreender o valor do Reino ridade, cultive árvores. Se você
de Deus. quer cem anos de prosperidade,
Quando você compreende do cultive pessoas. Parafraseando
valor do Reino de Deus em sua este provérbio, podemos dizer
vida, tudo muda. Quando você que se você quer a eternidade de
compreende o valor do Reino de prosperidade, cultive seu com-
Deus para sua vida, o que só promisso com Deus, através de
acontece pelo poder do Espírito Jesus Cristo, investindo no Rei-
Santo, você se torna capaz de no, aceitando o desafio de cami-
tomar a decisão de acompanhar nhar pela Estrada Real.
Jesus, negar-se a si mesmo, to-
Caminhar pela Estrada Real é
mar a cruz, desprezar o mundo,
como construir uma casa sobre
até mesmo perder a vida.
a rocha, pois, embora os perigos
Quando se compreende tais de andar por ela sejam muitos,
verdades sobre o Reino, entra- o Senhor nos toma pelas mãos
-se pela porta estreita e se anda e nos conduz em paz pelo ca-
pelo caminho apertado da Es- minho às preciosas riquezas de
trada Real com determinação e Seu Reino, que são muito mais
compromisso, pois se reconhece que ouro ou prata, ruas de ou-
o valor e a preciosidade do Rei- ros e mansões suntuosas, pois,
no, como demonstrou o apóstolo conquanto todas estas coisas
Paulo através do Hino de Adora- estejam descritas na Palavra,
ção citado anteriormente. como em Apocalipse 21.18, o
que deve nos atrair é a satisfação
Aplicação a sua vida: Cami- de desfrutar da comunhão eter-
nhar rumo ao tesouro maior que na com o Criador de todas estas
Deus nos oferece requer dedica- coisas, pois ao Senhor pertence
ção, confiança e disposição. O toda a riqueza do Universo, mas
que você tem renunciado para
buscar o tesouro, que é a trans- nossa visão do Reino não pode
formação de vida? Comente. ser na mesma perspectiva da
Coroa Portuguesa, que não viu
em nossa terra nada além de
4. A ESTRADA REAl É PARA
riquezas materiais que pudesse
oS QuE ESTão CoMPRoME-
explorar, por isso não nos dei-
TIDoS CoM oS vAloRES E
xou valores morais, princípios
oS PRInCÍPIoS SÓlIDoS Do
que pudessem fazer a diferença
REIno - Mt. 7:24-27
e nós estamos pagando a con-
De acordo com um proverbio ta até hoje, pois tal mentalida-
chinês, se você quer um ano de de formou em nosso povo uma

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cultura perversa de exploração, Aplicação a sua vida: Algu-


expropriação, em que poucos mas vezes pensamos em reino
valorizam nossa nação. como algo distante e futurista,
porém, quando assumimos o
Triste, quando comparamos valor real do relacionamento e
nossa colonização com a colo- companheirismo, o caminhar
nização norte-americana, o que com Cristo torna-se agradável e
não significa que não se tenha compensador. Como você tem
investido seu tempo e bens? O
cometido erros, mas as pessoas que realmente tem valor em sua
que foram para lá, foram para vida? Comente.
construir a Nova Inglaterra. Os
que vieram para o Brasil, vie-
ConCluSão
ram para expropriar. Parece
que essa mentalidade chegou à Bem-vindo à Estrada Real. Sua
Igreja, através do Evangelho da porta de acesso é apertada, pois
Prosperidade. Também os donos precisamos nos esvaziar de nós
de minas na Inglaterra usaram mesmos para atravessá-la. Seu
essa visão materialista do céu, caminho é estreito, pois nele só
para submeterem os mineiros a se anda com o poder e a unção
horas intermináveis de trabalho do Espírito Santo, que capacita,
e salários baixos, dizendo que como em um “game”, a passar
deste mundo não se deve espe- para a próxima fase ou etapa do
rar nada melhor, pois no “céu jogo. Cada fase parece ser mais
andaremos em ruas de ouros e difícil que a outra, mas não es-
moraremos em mansões”, então, tamos sozinhos. Não podemos
por que buscar os bens deste contar com nossos recursos,
mundo? pois, por ser apertado, não po-
demos levar nossos apetrechos,
Infelizmente pregadores foram
e assim somos desafiados a nos
convidados para pregar para os
entregar completamente nos
mineiros de lá com esta ênfase,
braços do Senhor.
para pôr fim às greves. Apoca-
lipse 21:18 é verdade, mas a
melhor experiência que vamos Suporte para
ter no céu é estar face a face Pequenos Grupos
com Aquele que nos salvou e 1. Como tem sido o jugo de Jesus
confirmar que fomos feitos à sua para você?
imagem e semelhança. A maior 2. Qual a tradição familiar que
alegria da eternidade será des- você seguia quando criança,
frutar da presença do Senhor. segue hoje e espera que seja
transmitida à próxima geração?
3. O que você está disposto a re-
nunciar por seu compromisso
com Cristo?

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ESTuDo – 35

a IgrEJa QuE soNHaMos


uMa orgaNIZaÇÃo aPrENDENTE

lEITuRAS DIÁRIAS
Segunda I Co. 13. 1-13
InTRoDução Terça Ap. 2:1-7

Uma igreja que deseja ser apren- Quarta Ap. 2.8-11

dente deve ser capaz de refletir a Quinta Ap. 2.12-17


partir de seus dogmas, de sua Sexta Ap. 2.18-29
confissão de fé e dos seus fun- Sábado Ap. 3:1- 13
damentos, pois, do contrário, Domingo Ap. 3:14-22
envelhece e morre.
A Igreja de Cristo não morre, 1. APREnDE QuE o AMoR
mas igrejas e denominações É o QuE HÁ DE MAIS
nascem e podem morrer, sobre- IMPoRTAnTE – AP. 2:1-7
tudo, se perderem a capacidade
A igreja que glorifica o Senhor
de refletir sobre em quem cre-
não é somente a que trabalha
em, se perderem a capacidade
para que o evangelho se expan-
de aprender sempre.
da sobre a face da terra, mas
Uma igreja deve ter dogmas aquela que o ama acima de to-
(princípios), mas não pode ser das as coisas. É aquela que per-
dogmática ou engessada por severa em guardar os dogmas,
seus dogmas, pois assim, se tor- as confissões de fé e os funda-
na legalista. Uma igreja deve ter mentos. É aquela que suporta o
confissão de fé, mas não deve mal, as heresias e que confronta
se tornar confessionalista ou os impostores. Suporta as afli-
ser engessada por sua confissão ções e os sofrimentos, perseve-
de fé. Uma igreja deve ter fun- rando e não desfalecendo, mas
damentos, mas não deve se tor- influenciando o mundo com seu
nar fundamentalista ou ser en- testemunho e compromisso. A
gessada por seus fundamentos. igreja que glorifica o Senhor é
Parece que foi o que aconteceu aquela que aprende que o amor
com as igrejas da Ásia Menor é o que deve permanecer.

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A igreja precisa aprender que, individualismo, em que as pes-


conquanto o Senhor aprecie e soas não querem abrir mão de
valorize todas as demais coisas, seus valores e convicções.
Ele não suporta a falta de amor,
Com essas igrejas, aprendemos
pois, como diz Paulo em I Co 13,
que:
essa é a virtude que realmente
conta e permanece. • Jesus é o Primeiro e o úl-
timo. Ele é o parâmetro
pelo qual tudo o mais será
Aplicação a sua vida: Temos julgado.
muitos sonhos. Qual o sonho
que você tem com referência à • Jesus venceu o pecado e
sua igreja? O que você tem fei- a morte. Nele está a vida.
to para transformar esse sonho
em realidade, através do amor? Disto também não se
Comente. pode abrir mão, apesar
das pressões do chama-
do pluralismo religioso,
2. APREnDE QuE FIDElIDA- que, mais que o respeito
DE É ElEMEnTo ESSEnCIAl à liberdade religiosa, rei-
nA CAMInHADA CRISTã – AP. vindica que se reconheça
2.8-11; 3:7-13 que há salvação em todas
as religiões e se negue que
Com Esmirna e Filadélfia, a igre- somente no nome de Je-
ja pode aprender a viver vitorio- sus haja salvação;
samente, pois, das sete igrejas,
estas são as únicas contra as • Jesus conhece nossas
quais não há críticas, pois ape- aflições, não apenas por-
sar de todas as pressões, elas se que está presente, mas
mantinham fiéis. Com elas, po- também porque as sen-
demos aprender a viver em um tiu e sente, prometendo
mundo, onde as pessoas estão não nos deixar, nem nos
comprometidas com os poderes desamparar. Tal convic-
e sistemas do mesmo. Isto nos ção ajuda a Igreja, hoje, a
leva a pensar no mundo pós- enfrentar as pressões que
-moderno, onde a igreja tem que possam vir;
conviver com as pressões do • Jesus reconhece que a
chamado pluralismo religioso, igreja rica não é a que
que apela a ver valores crísticos tem bens materiais, mas
(de Cristo) em todas as religiões, um compromisso de fide-
em especial, a salvação; também lidade e lealdade a Ele,
com o relativismo ético, com o mesmo que seja até a
consumismo, o hedonismo e o morte, por causa da fé e

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da obediência. Tal certeza Em uma das lições estudadas,


protege a igreja de mer- falou-se sobre uma das três es-
cantilizar a fé e buscar tratégias dos opositores contra
os poderes deste mundo, o povo de Deus, como desta-
como se tem visto; ca Mackintosh. E uma delas é
exatamente perseguir, prender
• Jesus abre portas que
e até matar membros do corpo
ninguém pode fechar e
de Cristo, como fez em Pérgamo,
fecha outras, que nin-
matando Antipas (Apoc. 2.13),
guém pode abrir. Nisto se
do qual pouco se sabe, mas que,
aprende que não é preciso
possivelmente, fosse líder ou
jeitinho, mas fé e confian-
pastor da igreja e foi morto para
ça no poder e nos desíg-
servir de exemplo para a igreja
nios do Senhor.
que se negava a adorar os deu-
Jesus exorta sua igreja a guar- ses do império. Lembrando que
dar Sua palavra e a perseverar. os opositores também sobrecar-
regam os líderes, como forma de
gerar “barnout” (Síndrome que
Aplicação a sua vida: Deus tem é causada por esgotamento no
nos convocado a sermos fieis. A trabalho, levando à depressão,
fidelidade não pode ser relativi-
zada. Como você tem sido fiel
ao estresse, suicídio, etc.). Por
aos princípios bíblicos e aos fim, ele procura corromper o
compromissos firmados? Você é povo de Deus, e aqui o Senhor
alguém fiel a ponto de ser refe- fala através de João, de Balaão
rência?
e Balaque que, não conseguin-
do amaldiçoar o povo de Deus,
para que não prosperasse em
3. APREnDE QuE não SE nE- sua caminhada para a terra
GoCIAM vAloRES E PRInCÍ- prometida, armou ciladas para
PIoS – AP. 2.12-29; 3:1-6 corromper os israelitas, para
Com Pérgamo, Tiatira e Sardes, comer alimentos sacrificados a
podemos tirar lições extraordi- ídolos e a praticar imoralidade
nárias para transitarmos neste sexual, assim, atrair a ira de
mundo de relativismo ético. Não Deus – Nm. 23 e 24
importa onde você vive, pois O espírito de Jezabel é também
você, como os membros da Igre- uma característica de nosso
ja de Pérgamo, pode viver onde tempo. Jezabel é a representa-
está o trono de Satanás, mas ção da rebeldia e da desobedi-
isto não deve alterar seu com- ência, seja contra o senhorio de
promisso com o Senhor. Deus, seja quanto à liderança

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de seu marido, o rei Acabe, que forma intensa, com seus minis-
era um homem sem força e sem térios em pleno funcionamen-
expressão que, à semelhança to, mas tal funcionamento, por
de Adão diante da tentação se si só, não é sinal de vida com
manteve calado, mesmo poden- Deus nem da vida de Deus. Não
do evitar tudo o que estava pres- que todas as igrejas que estejam
tes a acontecer. Adão se calou. funcionando assim devam ser
Acabe se calou. Nós temos nos vistas desta forma, mas muitas
calado e estamos vendo o mun- funcionam por grande habili-
do indo de mal a pior – I Rs. 21 dade no uso dos princípios de
e 22. gestão empresarial, gestão de
pessoas e uso de estratégias de
A igreja cristã sofreu oposição
marketing, como quem já teve
com o ensino dos nicolaítas,
morte cerebral, porque dispõem
que era nada mais que here-
de muitos recursos tecnológicos
sias, como muitas que estão se
e eles estão respirando por apa-
infiltrando em nossas igrejas,
relho.
especialmente através de mui-
tos pregadores televisivos, prin- Observamos que a estratégia de
cipalmente os do “evangelho da corromper o povo de Deus tam-
prosperidade” – Ap. 2.6-15 bém continua sendo utilizada
com o relativismo ético que leva
A Igreja de Sardes é o retrato de
ao hedonismo, ao egoísmo e ao
boa parte das igrejas do século
consumismo. Lamentavelmen-
XXI, elas parecem vivas, mas
te, como a Igreja de Pérgamo,
estão mortas. O coração bate e
muitos crentes não estão per-
elas respiram, mas já tiveram
cebendo a cilada em que estão
morte cerebral. Elas continu-
caindo.
am funcionando, mas por causa
dos avançados recursos tecno-
lógicos. A pessoa com morte ce-
rebral parece estar viva, mas na Aplicação a sua vida: A neces-
verdade já está morta. O que faz sidade de estarmos atentos às
que uma igreja esteja viva não ciladas do diabo nos faz cada
vez mais dependentes de Deus.
é o funcionamento dos ministé- Das três estratégias que o ini-
rios, mas a profundidade de seu migo usa para abater o povo de
relacionamento com Deus. Mui- Deus, qual a mais difícil de se
perceber?
tas igrejas estão funcionando de

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4. APREnDE QuE MAIS IM- estão escritos em um projeto ou


PoRTAnTE QuE TER, É SER banner. Pensam que, com tudo
– AP. 3:14-22 isto, tem visão de águia, mas à
semelhança da Igreja de Laodi-
A Igreja de Laodicéia, ao que
ceia, pesam sobre ela todos os
tudo indica, era uma igreja ma-
adjetivos dados pelo Senhor.
terialista e se orgulhava se suas
posses, de sua riqueza, porém, Para o Senhor, o que conta não
quanto ao ser o que o Senhor é o ter, mas o ser. Sobretudo,
deseja que de fato ela fosse, es- ser imagem e semelhança Dele,
tava longe disto. Ela valorizava pois para isto é que fomos sal-
mais o ter que o ser. vos, para que a imagem e seme-
lhança do Senhor seja restaura-
Lamentavelmente, vivendo nu-
da em nós, como no princípio,
ma sociedade materialista como
visto que o pecado a corrompeu.
a nossa, parece que o mesmo
mal que acometeu a Igreja de
Laodiceia acometeu a igreja da
Aplicação a sua vida: À seme-
pós-modernidade.
lhança da igreja de Laodiceia,
Como a Igreja de Laodiceia, a as igrejas nos dias atuais estão
vivendo um poder muito gran-
igreja, hoje, é rica, mas também de de representatividade e os-
é pobre, pois falta capacidade de tentação, com templos deslum-
reflexão, senso crítico e compro- brantes, membresia numerosa
e qualificada, porém percebe-se
misso com o estudo da Palavra que estão com pouca influência
de Deus. Ed 7.10. Como Laodi- ou mesmo transformação de vi-
ceia, esta igreja pensa que tem das, por negociarem princípios
essenciais à vida cristã. O que
uma visão extraordinária, pois,
você propõe para ser feito indi-
afinal, seus compromissos es- vidualmente, que fará diferença
tratégicos: visão, missão, valo- na atuação da igreja?
res e planejamento estratégico

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ConCluSão Que a Igreja demonstre estar re-


Pessoas e instituições não podem almente viva, para querer conti-
perder a capacidade de aprender nuar aprendendo; que a Igreja
e com a Igreja não pode ser dife- tenha humildade para reconhe-
rente. A Igreja precisa ser uma cer que ainda precisa continuar
instituição aprendente, se de- aprendendo. Que a Igreja tenha
seja, em cada geração, cumprir vontade de aprender para conti-
o propósito do Senhor para sua nuar viva, cumprindo o propósi-
existência. E o presente tempo to do Senhor em cada geração.
requer que ela aprenda, lendo
o que outras fizeram no passa-
do de certo e de errado. Do que
fizeram de certo, para extrair Suporte para
princípios que possam ser apli- Pequenos Grupos
cados hoje. Do que fizeram de
errado, para evitar cometer os 1. O que pode ajudar a manter
mesmos erros. Neste caso, pode- vivo o primeiro amor?
se aprender muita coisa com as 2. Por que era necessário que
sete igrejas da Ásia, que poderão a Igreja de Éfeso se arrepen-
desse?
ajudar a Igreja a caminhar por
3. Quais foram as verdades que
este mundo de tantas pressões e
você aprendeu com a Igreja
desafios. Só aprende quem está
de Éfeso e que podem ser
vivo. Só aprende quem tem hu- aplicadas à sua?
mildade. Só aprende quem dese-
ja continuar vivo.

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ESTuDo – 36

JK - o DEsaFIo DE VIVEr
acIMa Da MÉDIa
Mateus 25:14-28

InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
Os leitores mais experientes
desta lição certamente se lem- Segunda Mt. 25:14-21
bram com saudades de Jusce- Terça Mt. 25:22-30
lino Kubitscheck, que foi presi- Quarta Mc. 8.34-38
dente do Brasil de 1956 a 1961. Quinta Lc. 8: 16-18
Ele foi o idealizador e construtor Sexta Lc. 9:23-27
da capital brasileira, Brasília.
Sábado Lc. 17:20-28
Ele também foi prefeito de Belo
Domingo Lc. 17:29-37
Horizonte, de 1940 a 1945, go-
vernador de Minas Gerais, de
1951 a 1955. Seu slogan para a
campanha presidencial, era: “50 E aplicando esta experiência
anos em 5”. Era um visionário. de um brasileiro ilustre à ca-
Embora não tenha sido o idea- minhada cristã, podemos dizer
lizador da Lagoa da Pampulha, que viver acima da média é não
foi ele, enquanto prefeito de Belo esconder os talentos que Deus
Horizonte, que executou a obra, tem colocado ao nosso dispor,
com Projeto de Oscar Niemeyer. superando a tentação que to-
A partir deste breve relato deste dos enfrentam de esconder seus
personagem de nossa história dons e talentos. Mas o que pode
recente, queremos mostrar que levar uma pessoa a esconder
usar tempo, dons e habilidades seus dons e talentos?
faz toda diferença para vida pes-
Eis alguns motivos:
soal e coletiva. Para o presente e
para a posteridade. a) Má compreensão sobre
de onde veio, por que
Aplicação a sua vida: Inspirado está aqui e para onde
no pouco tempo e na realização
de tamanha envergadura do tra- vai;
balho de JK, podemos nos per- b) Falta de atenção quanto
guntar: O que temos feito com
nosso tempo, dons e talentos? à instrução bíblica;

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c) Uma visão equivocada 1. vIvER ACIMA DA MÉDIA É


de quem seja o Senhor, não SE DEIXAR lEvAR PoR
o que parece ter sido o MoTIvoS EGoÍSTAS
caso do servo que rece-
A alegação do servo que recebeu
beu um talento. Ele via
um talento para não se arriscar,
o senhor como “severo”.
investindo o mesmo com vistas
O comentarista da nota
a multiplicá-lo, sugere que ele
de rodapé da Bíblia de
era dominado por motivos egoís-
Estudo da Reforma diz
tas, pois tinha em mente preser-
que o termo tem uma
var sua vida em função da com-
variedade de conotações
preensão que tinha a respeito de
negativas, tais como:
quem era seu senhor. Só que, ao
cruel, exigente, forte ou
fazê-lo, perdeu o talento, perdeu
violento. Desta forma,
a recompensa e a vida de comu-
não sabendo a razão de
nhão com o senhor, que tanto
estar aqui, não tendo
desejava preservar, conforme
prestado a devida aten-
pode-se ler nas passagens a se-
ção ao ensino da Pala-
guir: Lc. 9:23-25;17.33. Outras
vra ou não conhecendo
passagens também tratam do
como deveria ser o seu
assunto. É importante observar
senhor, escondeu o ta-
o que afirma o autor da nota
lento.
de rodapé da Bíblia de Estu-
Talvez você esteja entre as pes- do da Reforma: “[...] embora as
soas que escondem dons e ta- pessoas de hoje, muitas vezes,
lentos. Não sabendo adminis- tenham muito mais meios ma-
trar o tempo, vive desta forma, teriais e tecnológicos do que
nem acima, nem na média, mas qualquer geração anterior, elas,
abaixo da média. Que você não não raras vezes, costumam usar
esconda seus dons, talentos, essas ferramentas de forma ego-
habilidades e nem seja negligen- ísta”. Será que não estamos pen-
te na administração do tempo sando apenas em nosso deleite e
que Deus tem lhe dado. bem-estar, deixando de colocar
à disposição do Senhor e de sua
igreja tempo, dons e talentos?
Aplicação a sua vida: O autor
nos coloca diante das três per- Viver acima da média é ser al-
guntas mais difíceis de serem truísta, generoso, solidário e
respondidas e que nos levam a
tomar decisões definitivas. Se trabalhar de tal forma que o Se-
você já sabe de onde veio, o que nhor seja glorificado, Sua igre-
faz aqui e para onde vai, como ja edificada e o Reino dos Céus
tem vivido para a glória de Deus? possa se expandir sobre a face

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da terra. Afinal, a maturidade ele, nem para os irmãos, dando


cristã nos leva a compreender tudo de mãos beijadas e ainda
que tudo o que somos e temos assim ele nos agradece. Sim, ele
é do Senhor e é para o Senhor. pegou as balas e as multiplicou
e, quando precisamos de asses-
soria em algum negócio, conver-
Aplicação a sua vida: Ser al- samos com ele. Glorificamos a
truísta é uma qualidade que Deus por isso.
todo cristão deve possuir. Po-
rém, encontramos um número Dois dos servos, um com cinco e
significativo de pessoas viven- o outro com menos da metade,
do para si mesmas. Como você não se preocuparam com quan-
entende e aplica essa qualidade
em sua vida? Comente to tinham em mãos ou mesmo
sobre quem tinha mais ou quem
tinha menos. Eles se preocupa-
2- vIvER ACIMA DA MÉDIA É ram em fazer o melhor com o
MulTIPlICAR AS PoSSIBIlI- que tinham em suas mãos e tra-
DADES QuE noS São DADAS balharam, usando os recursos
recebidos, a fim de multiplicá
A questão não é quanto você -los e por isso foram recompen-
tem em suas mãos, mas o que sados.
você faz com o que tem em suas
mãos. Permita-me contar uma As pessoas que vivem acima da
história familiar. Tenho três fi- média não são necessariamente
lhos. Os dois mais velhos são as que têm mais, mas as que,
gêmeos, um casal gemelar. O independente do que têm em
rapaz é um empreendedor e um mãos, trabalham na dependên-
negociante nato. Quando ado- cia do Senhor, com inteligência
lescente, mesmo a família tendo e criatividade, fazendo que dois
alguma condição, quis empre- virem quatro, cinco virem dez e
ender, vendendo balas para os fazendo que se caminhe em cin-
colegas da escola. Depois apren- co anos, o que levaria cinquenta
deu a consertar computadores anos, como pretendia JK.
e começou a ganhar o dinheiro O que fez que os dois primei-
dele, arrumando um computa- ros servos multiplicassem seus
dor aqui, outro ali. Logo, fez di- recursos não foi o fato de te-
nheiro para comprar o primeiro rem mais, mas o fato de serem
carro, velho e com os bancos mais. Mais comprometidos, en-
estragados. Hoje, pela graça de gajados, conhecedores de quem
Deus, é sócio de uma empresa o Senhor era e esperava deles.
na área de segurança veicular. Tendo isto, eles fizeram o me-
Nunca facilitamos as coisas para lhor com o que tinham em suas

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mãos. Está preocupado com o conhecer o Senhor e o propósito


que tem em suas mãos? Tolice! Dele para sua vida ou por viver
Preocupe-se em fazer o melhor de forma egoísta. Que você pos-
com o que tem em suas mãos. sa entender que tudo que é e
tem lhe foi dado para a glória de
Deus, para a edificação da igreja
Aplicação a sua vida: Muitas e para a expansão do Reino.
são as vezes que reclamamos,
perdemos tempo tentando en-
tender o que temos em nossas
mãos. Porém, para agradarmos
a Deus, basta apenas obedecê Suporte para
-lo e utilizar o que Ele nos tem
Pequenos Grupos
dado para o crescimento do Rei-
no. Como você tem usado seus
dons e talentos? 1. Quem foi ou é a pessoa mais
talentosa do seu convívio?
2. Considerando as atitudes dos
servos da parábola de Mateus
ConCluSão 25:14-30, você consegue identi-
ficar alguém que seja capaz de
Dois que se transformam em atitudes altruístas acima da
quatro, cinco em dez e cinquen- média?
ta anos em cinco foi o que con- 3. Você é capaz de nutrir senti-
seguiram pessoas que se dispu- mentos que o(a) levem a ações
seram a viver acima da média. acima da média?
Que você seja uma dessas pes- 4. Se você fosse fazer uma grande
soas. Para isto, você precisa co- viagem, quem você encarrega-
ria para cuidar dos seus bens?
locar seus bens à disposição e
não escondê-los, seja por des-

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ESTuDo 37

“LIBErTas QuaE sErá TaMEM”


arrIscaNDo o PEscoÇo
Atos 4:1-31

InTRoDução
lEITuRAS DIÁRIAS
Para o presente estudo, toma-
Segunda At. 4.1-15
remos de empréstimo o espíri-
Terça At. 4. 16-31
to libertário dos inconfidentes,
como reflexão para Igreja. Tal Quarta At. 6.8-15:

como os inconfidentes dese- Quinta At. 7.1-20


javam libertar o Brasil do jugo Sexta At. 7.21-40
português, a igreja deseja que Sábado At. 7.41-60
todos sejam libertos do jugo do Domingo I Tm.1.11-12
pecado e, para isso, anuncia
Cristo, “a verdade que liberta”.
coisa senão produzir e manter
Ora, todo aquele que tem con-
um sistema de opressão, fosse
vicção, sobretudo, relacionada
sobre os índios, os nativos, os
ao ideal libertário, de alguma
escravos, sacados de sua terra
forma, se encontra na contra-
natal, a África, que aqui eram
mão dos sistemas vigentes, se-
tratados como coisa, produ-
jam eles terrenos ou espirituais
to. Os portugueses e seus des-
(pecado) que são opressores e
cendentes, que aqui tentam a
escravizantes.
sorte, também eram oprimidos
A religião propagada pelos líde- pela extração indiscriminada e
res religiosos judeus escraviza- irresponsável das riquezas da
vam e oprimiam. Era legalista terra e por impostos abusivos,
ao extremo. O Império Romano, o que acabou fomentando a In-
por seu sistema de expansão e confidência Mineira, liderada
dominação, subjugava os povos por José Joaquim da Silva Xa-
e os oprimia, seja pela forma de vier, mais conhecido como Tira-
governo quanto por impostos dentes. Este foi executado por
abusivos, para satisfazer os ca- enforcamento, para servir de
prichos dos césares. Portugal, exemplo a quem quer que pen-
que colonizava o Brasil nos dias sasse em se rebelar contra a co-
de Tiradentes, não fazia outra roa portuguesa A Inconfidência

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foi debelada em função da “dela- seu Salvador e Senhor, se


ção premiada” feita por Joaquim deu no campo terreno, bem
Silvério dos Reis, para obter be- como no campo espiritual,
nefícios da mesma coroa. quando participaram do
seu ministério. Essa ex-
Você está disposto a se arriscar
periência, portanto, era o
por sua fé? O que levou e leva
elemento fundamental da
pessoas a se arriscarem pelos
pregação, o que causava
seus ideais e crenças?
profundo impacto nos que
ouviam o testemunho dos
Aplicação a sua vida: Algumas primeiros cristãos e, com
lideranças, em vez de trabalhar certeza, o é hoje, causan-
em favor do coletivo, o fazem do o mesmo impacto. Além
em proveito próprio e assim deste lado pessoal da ex-
oprimem a sociedade. A igreja
periência com Cristo, eles
está em posição de liderança.
Ela proclama a “verdade que também apresentavam que
liberta”. Essa “verdade” pode Jesus se relacionava de for-
suscitar perseguição. Você já ma pessoal com os que es-
experimentou alguma situação tavam sedentos da Palavra,
de perseguição? Como tem de-
fendido e divulgado a sua fé? ensinando não apenas con-
ceitos doutrinários ou teo-
lógicos. Apresentava Jesus
1. QuAnDo ConHECEMoS A como o filho de Deus, terno
jESuS DE FoRMA PESSoAl e amoroso, pronto a rece-
noS DISPoMoS A ARRISCAR ber os que estão cansados
e sobrecarregados, e todos
Quando olhamos para homens quantos estejam desejosos
como os apóstolos Pedro e João, de se relacionar com Ele de
conforme Atos 3 e 4, e também forma pessoal.
para a vida de Estevão, o pri-
meiro mártir da fé cristã, Atos • Eles estavam comprome-
7:1-60, sobre o modo como se tidos em glorificá-lo, na
arriscaram, enfrentando prisão vida e na morte - O que ob-
servamos a partir da experi-
e morte por causa do nome de
ência pessoal, que tanto os
Jesus, constatamos a opressão
apóstolos como os demais
do sistema religioso judaico,
seguidores tiveram com
pois tinham total comprometi-
Cristo, é que eles estavam
mento pessoal com Jesus.
comprometidos a glorificá
• Eles conheciam a jesus -lo em toda e qualquer situ-
de forma pessoal - A expe- ação, fosse na vida e mesmo
riência pessoal dos apósto- na morte. Assim, podemos
los com Jesus Cristo, como aprender com os apóstolos

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e seguidores de Jesus do as épocas se lançaram ao mun-


primeiro século que, quan- do, para levar a mensagem de
do conhecemos a Jesus de boas novas do evangelho.
forma pessoal, nos tornan-
“É tempo de [...] amarra-
do martyréo – testemunhas
dos à corda salva-vidas do
de quem Ele é, do que fez e
Espírito de Deus e a uma
fará pelos que Nele creem,
comunidade cristã, reuni-
nos dispomos a dizer, como
rem coragem e mergulha-
Pedro em Atos 4:19-20,
rem no redemoinho sujo
“Julguem os senhores mes-
dessa onda cultural. Assim
mos se é justo aos olhos de
como Paulo afirmou ter
Deus obedecer aos senhores
feito em Corinto, também
e não a Deus. Pois não pode-
devemos nos tornar “tudo
mos deixar de falar do que
para com todos, para de al-
vimos e ouvimos.
guma forma salvar alguns”.
Quando conhecemos a Jesus Devemos procurar imitar
biblicamente, de forma pesso- o Deus que mergulhou,
al, nos dispomos a arriscar, es- ele mesmo, no esgoto da
tando comprometidos em glori- vida humana na pessoa de
ficá-lo na vida e na morte. Jesus. Devemos reanimar
o sonho de Deus em reali-
zar essa missão de resga-
Aplicação a sua vida: O conhe- te por intermédio de um
cimento que você tem de Jesus novo Corpo – Corpo da sua
deve ser pessoal e bíblico. Algo
que o leve a se arriscar por Ele, Igreja – o corpo de Cristo
pois o conhecendo, está com- “re-apresentado”.
prometido em glorificá-lo na
vida e na morte. Como você tem Se como Paulo, crermos que
glorificado a Jesus? o evangelho é o poder de Deus
para salvação de todo aque-
le que crê, não temos opção,
2. QuAnDo DESEjAMoS QuE
temos que nos arriscar, para
vIDAS SEjAM SAlvAS, noS
anunciar a salvação ao maior
DISPoMoS A ARRISCAR -
número possível de pessoas em
Atos 20:24
nossa geração, pois só podemos
John Burke, em seu livro “Proibi- ganhar nossa geração. Não po-
da a entrada de pessoas perfei- demos adotar o padrão da pre-
tas”, diz algo de suma importân- sente sociedade de egoísmo,
cia para a igreja em nossos dias, pois isto vai contra um princípio
que sempre foi verdade para a cristão que é o altruísmo, que
igreja em todas as épocas, pois segundo Comte (1798-1857),
crendo nisto, cristãos de todas filósofo positivista, trata-se da

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 197


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

“tendência ou inclinação de na- dos princípios por ela apresen-


tureza instintiva que incita o ser tados em sua palestra:
humano à preocupação com o
outro e que, não obstante sua • Deus está fazendo uma
atuação espontânea, deve ser grande obra no sentido de
aprimorada pela educação posi- resgatar toda a criação e
tivista, evitando-se assim a ação nos convida, como igreja,
antagônica dos instintos natu- a fazer parte da mesma,
rais do egoísmo”. Na concepção conforme acentua Chris-
topher Wright;
cristã, esta tendência só pode
ser aprimorada mediante uma • A missio Dei ou autor-
experiência com Cristo e viven- revelação de Deus nada
do na dependência do Espírito mais é que sua demons-
Santo. tração de amor ao mundo
através de seu envolvi-
mento no e com o mundo,
Aplicação a sua vida: A mara- segundo David Bosch;
vilha de termos sido alcançados
pelas boas novas foi graças à • Outro princípio é que a
convicção de alguém em pro- Missão, como ressalta
clamá-las. A beleza de influen- John Stott, nada mais
ciar nossa geração com essas é que o serviço amoroso
mesmas boas novas é termos
convicção do seu valor. Quanto de Deus, manifesto no
você tem investido no propósito comissionamento de seu
de anunciar as boas novas? povo, para alcançar o
mundo;
• O Pacto de Lausanne re-
3. QuAnDo PARTIlHAMoS
conhece que a missio Dei
DA vISão DE DEuS, noS DIS- nada mais é que convergir
PoMoS A IR a Cristo todas as coisas,
no céu e na terra, recon-
Ana Alzira, (missionária da ciliando-as por meio da
Junta de Missões Mundiais da cruz. Nesta missão, o pro-
Convenção Batista Brasileira) pósito é transformar em
uma nova criação aquela
fez uma excelente palestra na
que foi destruída pelo pe-
Faculdade Batista de Minas Ge-
cado e pelo mal.
rais sobre a Missio Dei – autor-
revelação de Deus – e gostaria Ora, uma vez que se tenha a
de partilhar neste tópico alguns compreensão exata do que seja

198 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

a Missio Dei ou a autorrevela- de participar da missão divi-


ção de Deus, através do Filho, na quanto à obra da redenção.
do Espírito Santo e do Pai e que Quando partilhamos da visão de
envolve a igreja, pois esta mis- Deus para a obra da redenção
são, na compreensão de Jürgen que se realizou, está sendo rea-
Moltamann, é primordialmente lizada e se realizará no mundo,
da Trindade, sendo a igreja en- não queremos ficar de fora.
volvida pela graça e se disponha
Que você possa se abrir para
a participar, como demonstra-
esta experiência que mudará
ção de gratidão. Assim, quando
sua vida para sempre e fará de
compreendemos a visão de Deus
você um instrumento poderoso
quanto a missões, há disposição
nas mãos do Senhor, na pre-
para arriscar o pescoço, como
sente geração. Certamente, você
fizeram os cristãos ao longo da
não terá medo de correr riscos
história.
em nome do Senhor.

Aplicação a sua vida: Você tem


arriscado seu status, empre-
go, conforto, comodismo, etc.,
para proclamar o evangelho?
Comente. Suporte para
Pequenos Grupos

ConCluSão: 1. Considerando o que você


aprendeu nesta lição, por
Quando conhecemos o Senhor quais verdades você se arris-
de forma pessoal e bíblica, nos caria?
rendemos a Ele, recebendo a
2. Em que estas verdades mu-
salvação e participando de Seus darão sua maneira de agir
planos e propósitos para a hu- como servo de Deus?
manidade. Quando compreen- 3. Em que estas verdades vão
demos a extensão e grandeza torná-lo um cristão melhor?
da Missio Dei ou autorrevelação
de Deus, aceitamos o desafio

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 199


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

ESTuDo 38

No caMINHo Da MIssÃo,
ENFrENTarEMos oPosIÇÕEs
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
Da Inconfidência, podemos tirar Segunda Jo.18.1-11
a lição de que do ideal libertário Terça At. 5.1-7
nem todos participaram, como Quarta At. 5:8-11
também no Reino de Deus, nem Quinta II Tm. 4.9-13
todos os que dizem que estão
Sexta II Tm. 4:14-18
engajados, de fato estão e po-
Sábado Ne. 4:1-11
dem facilmente trair a Causa e
os companheiros de caminhada. Domingo Ne. 4:12-23

É muito interessante nesse mo-


mento da história de nosso país, sendo então um nome sinônimo
considerar a Inconfidência Mi- de traição. Com ele se praticou
neira ou a Conjuração Minei- a chamada “delação premiada”
ra (1788-1789), liderada por que hoje é muito conhecida em
Joaquim José da Silva Xavier nosso país devido à “Lava Jato”.
(1746-1792), Tiradentes, pois o Esta operação da Polícia Federal
movimento por ele liderado se e do Ministério Público investi-
caracteriza por ser um levan- ga e denuncia políticos, empre-
te contra o domínio da Coroa sários e executivos corruptos e
Portuguesa com seus pesados tem autorização para fazer os
tributos, pois, no dizer de Tira- chamados acordo de delação
dentes, “os portugueses eram premiada, para que possam de-
a esponja a sugar a terra”. No nunciar outros envolvidos e ter
entanto, o movimento teve um redução de pena.
delator, Joaquim Silvério dos A diferença, até onde temos
Reis Montenegro Leiria Grutes conhecimento, é que Silvério
(1756-1818)16, que se tornou co- do Reis não denunciou um cor-
nhecido como Silvério dos Reis, rupto, mas um movimento que
tinha um ideal libertário, com o
16
https://www.em.com.br/app/
objetivo de tornar o Brasil livre
noticia/gerais/2017/04/21/in- do domínio da Coroa Portugue-
terna_gerais,863893/joaquim-sil-
verio-dos-reis-o-primeiro-delator-a-mu-
sa. Infelizmente, muitas vezes,
dar-ahistoria.shtml acontecem oposições contra os

200 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

que estão comprometidos com 1 – EnFREnTAnDo oPoSI-


Deus e a Sua Causa, pelo que çÕES no CAMPo ESPIRITu-
temos que estar preparados. Al. nE.4.4-9
Lembrando que opositores da
Aprendemos com Neemias que
obra sempre existiram e sempre
existirão, seja num ambiente de situações como estas devem ser
liberdade religiosa e especial- enfrentadas com oração. O de-
mente em situações em que há safio de reconstruir os muros
perseguições. Muitas vezes, tra- de Jerusalém tinha também o
em a Causa para obter os bene- sentido de reconstrução moral e
fícios do reino deste mundo. espiritual dos seus habitantes.
Naquele contexto, muitos se le-
Neemias enfrentou a mesma di-
vantaram para fazer oposição à
ficuldade em seu propósito de
obra e, mesmo entre os que da-
reconstruir os muros de Jerusa-
lém, pois entre os seus coopera- vam a impressão de fazer parte
dores tinha um, cujo nome era do projeto de reconstrução do
Semaías, que aceitou suborno muro, eram, na verdade, agen-
de Sambalate, Tobias e Gerson, tes infiltrados tentando prejudi-
opositores declarados da obra car o empreendimento em que
em que Neemias estava envol- Neemias estava envolvido. Dian-
vido. Seu propósito era induzir te deste cenário, ele não hesi-
Neemias ao erro, fazendo-o en- tou em colocar diante de Deus
trar no templo, o que era proi- a questão.
bido para quem não era sacer-
dote. Neemias estava atento e A obra de Deus sempre enfren-
não caiu em tal armadilha, pois tará oposição, resistência, trai-
tinha os requisitos que vamos ção e perseguição, para o que
considerar nesta lição, os quais devemos estar preparados. Não
devem estar presentes na vida podemos ser ingênuos a ponto
de todos os que desejam viver de pensar que, pelo fato de es-
vitoriosamente diante do Se- tarmos fazendo a obra de Deus,
nhor, realizando sua obra. do jeito Dele e com os recursos
que Ele nos dá, todas as portas
Aplicação a sua vida: Na histó- irão se escancarar e que nenhu-
ria do Brasil, temos momentos ma dificuldade virá.
diferentes de traição: na época
de Tiradentes a delação foi di- “Sambalates”, “Tobias”, “Ger-
recionada à ideologia libertária, sons” e tantos outros, à seme-
que traria benefícios ao país. lhança de Silvério dos Reis, que
Hoje a delação é direcionada
à corrupção que o empobrece. não compreendendo o sentido
Você observa situações como e a extensão da obra, vão se
essas na história cristã da atu- levantar. Porém, como diz Ef.
alidade?
6.12, “não é contra a carne e o

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 201


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

sangue que estamos em luta...” 2 – EnFREnTAnDo oPoSI-


e, dentre as armas que devemos çÕES CoM MATuRIDADE –
usar, está a oração. nE.4.6, 14 -15
Afinal, como afirmava Hudson Neemias não nega a oposição.
Taylor: “Quando trabalhamos, Não age com imaturidade e in-
nós trabalhamos. Quando ora- genuidade, como vemos muitos
mos, Deus trabalha”. Jorge Mül- hoje agindo, usando palavras de
ler também dizia: “Quando ora- confissão positiva: “Está amar-
mos, Deus trabalha para nós”. rado!”; “Eu determino” e tantas
outras formas. Na verdade, tais
O cântico “Não Tenhas Sobre Ti”
expressões refletem o pluralis-
do grupo Milad (1986), de com-
mo religioso, que acaba condu-
posição de Josué rodrigues de
zindo ao sincretismo religioso,
Oliveira e Jefferson Ferreira e
em que se misturam doutrinas
França Júnior também declara:
e ensinamentos de várias religi-
Não tenhas sobre ti um só cui- ões, que acabam gerando defor-
dado, qualquer que seja midades doutrinárias e teológi-
cas. Esse é um dos problemas
Pois um, somente um, seria
da pós-modernidade. Diante
muito para ti
do relativismo ético, acabamos
CORO vendo verdade em tudo e acei-
É Meu, somente Meu todo o tra- tamos todas as mentiras como
balho verdade e as inserimos em nos-
sa adoração e culto. Isso explica
E o teu trabalho é descansar em muito da Babel Religiosa que es-
Mim (2x) tamos vivendo.
Não temas quando enfim, tive- Neemias age com maturidade e
res que tomar decisão conclama o povo a fazer o mes-
Entrega tudo a Mim, confia de mo, e temos demonstração dis-
todo o coração so em suas atitudes:

Sim, na obra do Senhor e em • A obra prossegue apesar


qualquer outra situação da da oposição – “Nesse meio
vida, o melhor que temos a fazer tempo fomos reconstruin-
é descansar no Senhor. do o muro, até que em toda
a sua extensão chegamos
à metade da sua altura,
Aplicação a sua vida: Todos pois o povo estava total-
nós enfrentamos oposições. A mente dedicado ao traba-
maneira de vencê-las é através lho”. V. 6
da oração. Quanto tempo você
tem investido para orar e assim • Ele faz inspeções verifi-
adquirir discernimento e força? cando a moral do povo e

202 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

o encoraja a prosseguir: rumo ao cumprimento do pro-


“Fiz uma rápida inspeção pósito de Deus. Que possamos
e imediatamente disse permanecer, apesar das lutas e
aos nobres, aos oficiais e dificuldades que possam vir.
ao restante do povo: Não
tenham medo deles. Lem-
brem-se de que o Senhor é Aplicação a sua vida: Ter ma-
grande e temível, e lutem turidade é essencial diante de
desafios e oposições. Uma ma-
por seus irmãos, por seus
turidade que vem, sobretudo,
filhos e por suas filhas, de seu relacionamento com
por suas mulheres e por Deus e da convicção que você
suas casas”. V.14 tem do propósito Dele. Você
está convicto do propósito de
• Não permite que a euforia Deus? Comente
e o sentimento de que “já
se ganhou todas as bata-
lhas”, tome conta. Com fé 3 – EnFREnTAnDo oPoSI-
e serenidade dá prosse- çÕES CoM oRGAnIzAção E
guimento à obra: “Quan- DISCIPlInA nE. 4.16-23
do os nossos inimigos des-
cobriram que sabíamos Neemias é um livro que tem sido
de tudo e que Deus tinha usado como referência para
frustrado a sua trama, to- gestores de pessoas e compe-
dos nós voltamos para o tências. John Maxwell, um dos
muro, cada um para o seu grandes mestres da liderança
trabalho”. V. 15 cristã, apresenta em sua Bíblia
de Estudo princípios extraordi-
O “Silvério dos Reis” dos dias
nários de liderança em Neemias,
de Neemias se chamava “Se-
especificamente no capítulo
maías” (Neemias 6:10-13), que
recebeu suborno de Sambalate e 4.16-23. Deste texto, ele extrai 4
Tobias para induzir Neemias ao lições que nos ajudam a vencer
erro, convidando-o para entrar resistências, oposições e perse-
no templo, o que era proibido a guições.
quem não era sacerdote. Como
Neemias era um líder maduro • Todos, de alguma forma,
e com conhecimento do que lhe lideram onde estão, de-
era permitido ou não fazer, se- vendo demonstrar res-
gundo a Lei, ele não aceitou a ponsabilidade em suas
proposta de Semaías. tarefas específicas;
Quantas lições preciosas! “Sil- • Quando as pessoas traba-
vérios dos Reis” sempre encon- lham a partir de suas ha-
traremos em nossa caminhada bilidades, elas produzem

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 203


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

muito mais e se sentem ConCluSão


felizes e realizadas, exer-
Oposições, quando temos uma
cendo influência e evitan-
missão, sempre enfrentaremos.
do consumo de energia
Elas virão quase que natural-
desnecessária;
mente. Porém, como servo e ser-
• Pessoas comprometidas va de Deus, você deve enfrentá-
em trabalhar dentro dos -las, primeiramente no campo
melhores padrões de espiritual, levando tudo a Deus
qualidade, pois a obra de em oração. Enfrente-as também
Deus não pode ser feita com maturidade, mas não se
relaxadamente. Je. 48.10; descuide da organização e da
disciplina, pois se há algo que
• “As pessoas mais capaci-
os opositores buscam, são bre-
tadas para tratar com os
chas através das quais tentam
problemas são as pessoas
desqualificar aqueles que têm
afetadas pelos mesmos”.
uma missão.
(John Maxwell)
Esta frase é fantástica! Pode ser
parafraseada com frases de meu
velho pai: “Cada um sabe onde
o cinto lhe aperta”. “Cada um Suporte para
sabe onde o calo dói”. Ou seja, Pequenos Grupos
quando estamos conscientes do
que nos afeta, também, de algu- 1. Como você se prepara para
ma forma, temos a solução para situações estressantes?
o problema ou, se não temos,
somos os mais interessados em 2. Em sua opinião, porque Sam-
resolvê-lo. balate fazia tanta oposição ao
projeto de Neemias?

Aplicação a sua vida: Neemias 3. O que é mais difícil para você


nos deixa algumas lições de li- enfrentar: crítica externa ou
derança. O autor relata quatro interna? Por quê?
destas lições sugeridas por John
Maxwell que, como líderes, po-
demos utilizar com nossos lide- 4. Como você enfrenta as oposi-
rados. Em sua liderança, seja ções?
no lar, na igreja ou outro espa-
ço, você tem experimentado al-
guma delas? Comente

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 39

a PoLÍTIca Do caFÉ coM LEITE E


o DEsaFIo DE QuEBrar TraDIÇÕEs

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


A ideia nesta lição é refletir so- Segunda At. 8:1-40
bre o tradicionalismo e a neces- Terça At. 1:6-11
sidade que existe de se estar Quarta At. 8:1-10
aberto a novas experiências, Quinta At. 8:11-21
sem comprometer, os valores Sexta At. 8:22-40
essenciais da fé cristã, para que
Sábado At. 10.1-28
outros possam ter acesso ao
Domingo At. 10.29-48
Reino de Deus, pois não pode-
mos ficar presos a lugares, pes-
soas e circunstâncias que nos
poder de decisão nas eleições.
impeçam de cumprir os propó-
Tal política, que era excluden-
sitos e desígnios de Deus para
te, pois não levava em conta os
nossas vidas
demais Estados da Federação,
Assim, vamos partir de um mo- determinava que na presidência
mento histórico de nosso país, do país deveria ocorrer um reve-
em que prevalecia a chamada zamento entre os dois Estados a
“política do café com leite”, que cada pleito. Mesmo quando os
ocorreu durante a chamada Re- candidatos não eram paulistas
pública Velha, compreendendo ou mineiros, os que se elegiam
os anos 1894 a 1930, mais de eram eleitos pela influência e
três décadas de duração. Esta força destes Estados. Isto se
política privilegiava dois Estados tornou uma tradição durante a
da federação, São Paulo e Mi- República Velha, que só foi que-
nas Gerais, que, à época, eram brada quando o movimento de
grandes produtores de café e de 1930, liderado por Getúlio Var-
leite e, assim, detinham grande gas, chegou ao poder, estabele-
parte do poder econômico e po- cendo a chamada Era Vargas,
lítico. Além disso, eram os mais que durou 15 anos. Neste senti-
populosos da Federação, o que do, é preciso entender que algu-
também permitia que tivessem mas tradições que se estabele-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 205


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

cem não se justificam, pois não 1 – o ESPÍRITo SAnTo noS


encontram amparo legal, filosó- AjuDA vEnCER o TRADICIo-
fico, sociológico, teológico, etc., nAlISMo – Atos 1:8
nem na política nem religião ou
O livro de Atos, como bem dizem
em qualquer outro segmento, o
alguns estudiosos, mais que
que requer disposição para mu-
Atos dos apóstolos, trata dos
dar o que for preciso.
atos do Espírito Santo, pois a de-
Ora, tudo o que se torna tradi- pender dos atos dos apóstolos,
ção sem permitir reflexão, aca- certamente prevaleceria a men-
ba por se tornar tradicionalismo talidade judaica ensimesmada,
(apego às tradições) e tradicio- exclusivista e excludente, pois
nalismo no plano espiritual, se- sendo de tradição judaica, eles
gundo Charles Swindoll “é a fé teriam imensa dificuldade em
morta dos que estão vivos, en- sair do eixo Jerusalém, Jordão
quanto a tradição, é a fé viva dos e Judeia, alcançando Samaria e
que já morreram”. Lembrando até os confins da terra. Somen-
que tradição também é “heran- te pelo poder do Espírito Santo,
ça cultural, legado de crenças, como veremos nos próximos tó-
técnicas, etc., de uma geração picos, eles venceriam o tradicio-
para outra, conjunto dos valores nalismo e levariam a mensagem
morais, espirituais etc., trans- até os confins da terra.
mitidos de geração em geração”.
Assim, refletir sobre nossas prá- Da mesma forma, mineiro ou
ticas e revisá-las à luz da Pala- não, quando nos deparamos
vra de Deus é fundamental para com a quinta referência à Gran-
que não estabeleçamos práticas de Comissão (Atos 1.8), obser-
que não nos engessem, não en- vamos que a pregação não pode
gessem a igreja e nem excluam ficar restrita a um grupo, a um
outros do processo, o que por povo, a uma nação, por causa de
vezes acaba por gerar mágoas, tradicionalismo. Naqueles dias,
revoltas, ressentimentos e, so- quanto hoje, a mensagem é para
bretudo, distanciamento da Pa- todas as pessoas, de um modo
lavra. especial para aqueles que estão
sedentos e ansiosos por receber
Aplicação a sua vida: Na his- a mensagem das boas novas.
tória remota do nosso povo, po- Se no eixo Jerusalém, Jordão e
demos observar a diferença en- Judeia, não poderia ficar apri-
tre tradição e tradicionalismo. sionada, hoje também não pode
Como você vê a tradição em sua
igreja? O que tem em sua vida ficar presa às quatro paredes do
que é mais tradicionalismo do templo ou a uma comunidade. A
que tradição? falta de disposição para vencer

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

as barreiras, sobretudo, do tra- 2 –o TRADICIonAlISMo IM-


dicionalismo, que muitas vezes PEDE A PREGAção Do EvAn-
aprisiona, impede que se alcan- GElHo – Atos 8:1-40
cem pessoas desejosas de ouvir
Em Atos 1.8 temos a Grande
acerca das boas novas.
Comissão e a grande dispersão,
Nosso Senhor não compactua pois a Igreja que recebera a mis-
com práticas exclusivistas e são de anunciar o evangelho se
excludentes. Ele foi à casa de fechara em si mesma e na co-
Zaqueu, o publicano, aonde ne- modidade de Jerusalém, Jor-
nhum judeu ousaria ir e o al- dão e Judeia. Era cômodo estar
cançou com sua graça (Lucas onde se conhece tudo e todos
19:9-10); Ele conversou com a eram conhecidos. Porém, Deus
mulher samaritana, que, sen- permite que sua igreja seja per-
do mulher e no sexto casamen- seguida, para que, sendo dis-
to, não encontraria no modelo persa, leve a mensagem até os
tradicionalista qualquer apoio. confins da terra, para o que fora
Demonstrou o quanto desejava comissionada.
que bebesse da água da vida
Quantas vezes, como igreja
(João 4.5-9); Ele, diante da mu-
nos fechamos em nós mesmos.
lher adúltera, não deu apoio aos
Em nosso gueto. Usando uma
que queriam apedrejá-la, em-
linguagem que só nós conhe-
bora também não apoiasse seu
cemos, impedindo que outros
modo de vida, (João 8:10-11).
conheçam o evangelho. Muitas
Assim, prestando atenção ao vezes, em ocasiões assim, Deus
que nosso Senhor fez e quer fa- permite que perseguições, pro-
zer através de sua Igreja hoje, vações e até mesmo dissenções
devemos estar disponíveis para sobrevenham à sua Igreja para
que o Espírito Santo possa nos que seja dispersa e desta forma
guiar e nos usar na obra que de- cumpra a Grande Comissão.
seja que realizemos. Quando a Igreja não age ou não
permite que o Espírito Santo
aja, Deus permite que sua igreja
Aplicação a sua vida: Apesar seja provada, para que se des-
dos exemplos de inclusão dei- perte e cumpra a vontade Dele.
xados por Jesus, o tradiciona-
lismo nos leva a práticas exclu- Reconhecemos a importância
dentes. Você seria capaz de se do templo nas celebrações cole-
identificar com tendências ex-
tivas, mas ele não pode se tor-
cludentes? Comente.
nar o único lugar de culto da
igreja, porque quem adora é a

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 207


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Igreja e esta se reúne para ce- mos para preservar as tradições


lebrar e se dispersa para teste- de fé e não sermos coniventes
munhar. Assim, devemos crer e com os valores de uma socieda-
praticar a adoração em tempo de que tem se afastado de Deus
integral, 7x24, sete dias por se- e onde, infelizmente, muitas de-
mana e vinte e quatro horas por nominações e igrejas vão flexi-
dia. Porém, o “templocentrismo” bilizando. A Igreja não precisa
praticado por muitos líderes e de templos e CNPJ para existir,
cristãos acaba se tornando uma pois sua existência dependente
forma de tradicionalismo, que do seu Senhor.
não contribui para que pessoas
sejam alcançadas com a graça
de Deus, quando a igreja se dis- Aplicação a sua vida: Temos
persa para testemunhar, pois o a facilidade de nos acostumar
e acomodar com o conhecido.
pensamento é que tudo deve es- Algumas vezes pode até estar
tar restrito ao espaço do templo, incômodo ou ruim, mas já nos
o que se constitui em uma ame- acostumamos. Na vida cris-
aça ao cumprimento da Grande tã esse fato também acontece.
Comissão. Acostumamos a ir ao templo,
sentar, ouvir e voltar para casa.
Desta forma, refletindo sobre Deus, muitas vezes, permite a
o momento histórico que vive- perseguição, para que nos po-
mos, na pós-modernidade, em sicionemos e voltemos ao pri-
que conforme Lipovetisk, filóso- meiro amor. O que você tem
feito para manter viva a chama
fo francês, teórico da hipermo-
da pregação do evangelho, sem
dernidade, um dos riscos deste que seja necessário passar por
tempo é a ditatura das mino- perseguições? Comente.
rias, onde regras e leis podem
ser estabelecidas em oposição à
vontade da maioria, nos leva a 3 – o TESTEMuno no CAM-
pensar que algumas destas re- BATE Ao TRADICIonAlISMo
gras podem ser frontalmente es- – Atos 10.1-48
tabelecidas contra os ensinos do
Neste ponto, a Igreja, na pessoa
evangelho, como já temos visto
do apóstolo Pedro, é levada a
com algumas leis que foram
uma situação extrema, em que
aprovadas em nosso país e que
podem, em curto espaço de tem- é confrontada com seu exclu-
po, pôr em risco nossas celebra- sivismo excludente, com seu
ções coletivas, como já acontece tradicionalismo que engessa
em alguns países, como a Chi- e mata. Para lhe mostrar isto,
na, a Coreia do Norte e outros Deus dá a Pedro a visão dos ani-
países, inclusive da América mais impuros, ordenando-lhe
Latina. Neste caso, conquanto que os mate e os coma. Pedro,
o templo seja importante, pode- relutante, diz que nunca havia
mos ter que abrir mão dos mes- comido coisa alguma impura e

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

que não o faria, sendo por três 4 – RECEBEnDo DE DEuS ou-


vezes confrontado e instado a SADIA E InTREPIDEz PARA
fazê-lo. Pedro se rende à voz de TESTEMunHAR
Deus, quebrando sua tradição Em Atos, vemos a realidade do
religiosa, e, através de seu tes- que Paulo diz a Timóteo: “Pois
temunho e pregação, Cornélio Deus não nos deu espírito de co-
recebe a mensagem de Jesus. vardia, mas de poder, de amor
Quantas vezes, em nossa “políti- e de equilíbrio”. (II Timóteo 1:7).
ca do café com leite”, nos fecha- Vemos uma Igreja corajosa, ou-
mos para os que estão à nossa sada e intrépida, da qual se diz:
volta. Considerando a tudo e a “Esses homens, que têm causa-
do alvoroço por todo o mundo,
todos como imundos, fechando
agora chegaram aqui [...]” (Atos
com os que são nossos iguais,
17:6). Sobre os tessalonicense,
nossos pares.
Paulo diz em sua primeira carta:
Se há vantagens na pós-moder- “Sabemos, irmãos, amados de
nidade, uma delas é que inevita- Deus, que ele os escolheu, por-
velmente temos que sair de nos- que o nosso evangelho não che-
so gueto e dialogar com os que gou a vocês somente em palavra,
estão à nossa volta. Temos que mas também em poder, no Espí-
sair de Jerusalém, da Judeia e rito Santo e em plena convicção.
Samaria. Temos que conversar Vocês sabem como procedemos
com povos de todas as tribos e entre vocês, em seu favor. De
raças, pois afinal vivemos num fato, vocês se tornaram nossos
mundo onde as barreiras geopo- imitadores e do Senhor, pois,
apesar de muito sofrimento, rece-
líticas praticamente desaparece-
beram a palavra com alegria que
ram. Ou nos tornamos cidadãos
vem do Espírito Santo. Assim,
do mundo ou nos perdemos no
tornaram-se modelo para todos
tempo e no espaço.
os crentes que estão na Macedô-
nia e na Acaia. Porque, partindo
de vocês, propagou-se a mensa-
Aplicação a sua vida: Estar
gem do Senhor na Macedônia
aberto a novas experiências é
estar aberto para as mudanças e na Acaia. Não somente isso,
que têm acontecido em nossa mas também por toda parte tor-
sociedade. Só seremos agentes nou-se conhecida a fé que vocês
de transformação se formos ca- têm em Deus. O resultado é que
pazes de nos envolver na socie- não temos necessidade de dizer
dade, respeitando e conhecendo mais nada sobre isso, pois eles
o outro, com seus anseios e li-
mitações. Você tem se envolvido mesmos relatam de que maneira
na comunidade ou elegeu um vocês nos receberam, e como se
grupo exclusivo de relaciona- voltaram para Deus, deixando
mento, no qual até o evangelho os ídolos, a fim de servir ao Deus
não precisa de ser propagado? vivo e verdadeiro, e esperar dos

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 209


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

céus seu Filho, a quem ressusci- ConCluSão


tou dos mortos: Jesus, que nos
O tradicional café com leite não
livra da ira que há de vir.” (I Tes-
salonicenses 1:4-10). pode faltar em nossas mesas,
sobretudo no café da manhã.
Veja abaixo o impacto que a Na política nacional, houve um
ousadia e a intrepidez tiveram período que não poderiam faltar
na vida da Igreja, fazendo-a
no poder representantes dos Es-
crescer. 12 discípulos (Mateus
tados produtores de café e leite,
10.1-4 / Lucas 9.1), 70 discípu-
mas um dia alguém ousou que-
los (Lucas 10.1), 120 discípu-
los (Atos 1.15), 3.000 batizados brar esta tradição e se criou um
(Atos 2.41), 5.000 convertidos novo momento político no país.
(Atos 4.4). O número continua Na igreja, muitas vezes, preferi-
crescendo ao ponto de perder mos algo que seja o tradicional
a conta (Atos 5.14). Mais cres- “café com leite”, porque de algu-
cimento, inclusive conversão de
ma forma isto nos dá segurança
sacerdotes (Atos 6.1 e 7). Cris-
e tranquilidade, mas será que a
tãos se espalham devido à per-
manutenção de determinadas
seguição (Atos 8.1 e 4). Muitas
Igrejas fundadas (Atos 9.31), situações glorificam a Deus, edi-
aldeias inteiras tornam-se cris- ficam a Igreja e contribuem para
tãs (Atos 9.35), gentios se con- que pessoas conheçam a Jesus,
vertem a Cristo (Atos 13.48,49). biblicamente?
Igrejas erguidas na Ásia menor
e Turquia (Atos 14.1-28). Igrejas
fundadas na Europa (Atos 16.5 Suporte para
e 11,12; 17.4). Milhares de ju- Pequenos Grupos
deus tornam-se cristãos (Atos 1. Você já sofreu algum tipo de dis-
21.20). criminação, fruto de preconceito,
ao longo de sua vida?
A Igreja que deseja fazer a dife-
rença neste tempo precisa res- 2. Você já se pegou acalentando al-
gum sentimento preconceituoso?
gatar sua intrepidez, para teste- Já chegou a discriminar alguém?
munhar do poder e a da graça
3. De que maneira você pode se pre-
de Deus a todas as pessoas e parar para as oportunidades de
nações. pregar a Palavra, livre de precon-
ceitos e discriminações?
Aplicação a sua vida: O mesmo
Espírito que movia os primeiros
cristãos nos move hoje. O que
tem acontecido é que não temos REFERÊnCIA
sido ousados o suficiente para www.recantodasletras.com.br/en-
proclamar o evangelho, de for- saios/2325599
ma a transformar esse mundo. https://educacao.uol.com.br/disciplinas/
historia-brasil/politica-do-cafe-com-leite
Comente. -acordo-marcou-a-republica-velha.htm

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 40

Dos MoNTEs oLHo Para o Mar

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Quando consideramos o relevo e Segunda Gn. 22:02; Je. 3.17
a história do Estado de Minas, Terça 2 Cr.3.1-9 Êx. 3.1-6
conseguimos entender a razão
Quarta Dt. 34.1-8
do mineiro ter um espírito críti-
co e reflexivo. O relevo que pos- Quinta Lv. 27.30-34
sibilita uma visão privilegiada Sexta Ob. 1.1-6
de quem ou do que possa estar Sábado I Re.18.17 - 20
chegando, torna-o também ex-
Domingo Mt. 4.1-10
tremamente desconfiado, quan-
do nos vales entre montanhas,
se sente estimulado a perguntar interessante no processo de
sobre o que está vindo ou quem reflexão, senso crítico e encon-
possa está chegando. Isto deve tros com Deus. No monte Moriá
nos levar a refletir sobre a segu- Abraão experimentou, talvez, a
rança que encontramos apenas mais profunda reflexão de sua
em Deus, independentemente vida. Foi desafiado pelo Senhor
de onde estejamos, se nos mon- a oferecer seu filho Isaque so-
tes ou nos vales. bre o altar (Gn 22:02). Sobre o
mesmo monte, mais tarde, Sa-
lomão construiu o templo de
Aplicação a sua vida: A situ- Jerusalém (2 Cr 3:1). O Monte
ação geográfica de um territó- Sinai, também conhecido como
rio interfere na forma de ser de
o Monte de Deus, foi onde o
seus habitantes. Os mineiros
têm um comportamento reflexi- Senhor apareceu a Moisés
vo, crítico, porém desconfiado. na Sarça Ardente (Êx. 3:2-5;
Você acredita que a caracterís- Lv 27:34). O Monte Nebo foi de
tica de um povo pode refletir onde Moisés avistou a Terra
na proclamação do evangelho? Prometida, morreu e foi enter-
Comente. rado pelo Senhor (Dt. 34:1-6). O
Monte Carmelo foi o local onde
1. DoS MonTES À REFlEXão Elias desafiou os profetas de
E o SEnSo CRÍTICo Ball e Deus fez milagres através
No contexto da história de Is- de Elizeu (I Rr. 18:19 e 20). O
rael os montes têm um papel Monte das Bem-Aventuranças

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 211


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

recebeu este nome por ser o local ros. Afinal, quando ouviram o
onde Jesus proferiu o Sermão evangelho através do apóstolo
da Montanha, que compreende Paulo, eles, conforme Lucas, o
os capítulos 5 a 7 de Mateus. No escritor do livro de Atos, descre-
Monte das Oliveiras fica o Jar- ve: “... eram mais nobres do que
dim do Getsemani e era o local os tessalonicenses, pois recebe-
onde Jesus geralmente orava e ram a mensagem com grande
onde passou os momentos mais interesse, examinando todos os
aflitivos e reflexivos de seu mi- dias as Escrituras, para ver se
nistério, antes da crucificação tudo era assim mesmo”. (Atos
(Lc 22:39-42). 17:11). Ou seja, como os minei-
ros, parece que não recebiam
É importante ressaltar que
nada novo sem primeiro dese-
acontecimentos tão significati-
jar saber o que é e para que é.
vos da história não fundamen-
Sendo mineiro ou não, seja
ta a prática da oração no mon-
como os bereanos, sobretudo
te, como muitos fazem hoje.
quando se relaciona à pregação
Os textos que descrevem sobre
e ao ensino da Palavra de Deus,
pessoas que oraram nos montes
para não ser enganado por
são narrativos e não normati-
pregadores e mestres hereges
vos. Não encontramos nenhum
ou que ensinem heresias, seja
mandamento quanto a orar
reflexivo, tenha senso crítico,
no monte. Temos imperativos
não receba nada sem antes
quanto a orar sem cessar e orar
conferir com o ensino geral das
com discrição, sem alarde ou
Escrituras.
exibicionismo, mas em secreto.
Afinal, Deus é onisciente, oni-
presente e onipotente. Ele nos Aplicação a sua vida: Apesar
de não termos qualquer respal-
vê e nos ouve de qualquer lugar
do bíblico para afirmar que é
que estivermos. Independente necessário subir no monte para
da questão religiosa, os montes orar, temos inúmeros exem-
se constituem em um chama- plos da atuação de Deus ao seu
do à reflexão e, talvez por isso, povo, quando estava no monte.
os mineiros sejam conhecidos Podemos afirmar que o dife-
como reflexivos e indagadores. rencial não era o monte e sim
a busca de relacionamento com
Porém, independentemente de Deus. Você tem um local espe-
viver entre as montanhas das cífico em que consegue ter mais
Minas Gerais ou outro lugar intimidade com Deus? Comente
cujo relevo seja, por exemplo,
uma planície, é preciso ter uma 2 – DoS MonTES À vISão Do
atitude reflexiva, desenvolver HoRIzonTE
senso crítico, como os bereanos
que, pela atitude que tiveram, Quando pastoreei a Primeira
eram parecidos com os minei- Igreja Batista de Ouro Branco,

212 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

eu e minha esposa Eni tivemos Aplicação a sua vida: Os mon-


o privilégio de subir algumas tes nos permitem ver ao longe,
vezes a montanha que, de certa ampliar a visão. O que você tem
forma, cerca a cidade e fica bem feito para ampliar seus sonhos
em frente à casa onde moráva- pessoais e ministeriais?
mos. É um paredão gigantesco,
que nos impedia de ver o outro
lado. Porém, quando subíamos 3 – DoS MonTES À SEGuRAn-
a montanha e olhávamos o hori- çA E InSEGuRAnçA Ob. 1.1-6
zonte, era belíssimo. De lá podí-
amos ver a dezenas de quilôme- As montanhas de Minas Gerais
tros à nossa frente. Ficamos lá fazem do Estado um dos mais
dois anos e aquele paredão teve belos, interessantes e fantásti-
influência significativa em nos- cos da federação brasileira. Belo
so emocional. Talvez por isso, os Horizonte, a capital é contorna-
montes na Bíblia tenham tanta da pelas Serras de Jatobá, José
importância e significado, pois Vieira, Mutuca, Taquaril e do
deles se podia ver ao longe, o Curral. Sendo o ponto mais alto
horizonte. do município a Serra do Cur-
ral, que atinge 1 538 metros.
Dos montes também se pode A sede da capital encontra-se
vigiar os inimigos e adversá- a 852,19 metros de altitude.
rios, o que traz segurança, mas Ou seja, quando se pensa em
também desconfiança e como relação ao nível do mar, a capi-
os mineiros, pode-se ser leva- tal mineira está em uma posi-
do a sempre perguntar: Quem é ção extremamente privilegiada,
você? De onde você vem? O que gerando uma profunda sensa-
você faz? O que você está ensi- ção de segurança. No entanto,
nando tem fundamentação bí- na pós-modernidade, tem se
blica? Assim como os bereanos, aprendido, a duras penas, que
temos que buscar a fundamen- não existe lugar seguro. O terro-
tação do que temos visto e ouvi- rismo, por exemplo, tem exposto
do. Precisamos de crentes, hoje, e evidenciado a fragilidade das
que tenham a visão do horizon- nações, pois o arsenal militar
te, de quem está numa monta- das grandes potências tem sido
nha, e o espírito indagador, para insuficiente para protegê-las
saber se quem se aproxima vem dos homens-bomba, dos que
em paz, traz boas novas ou é pegam caminhões e atropelam
uma ameaça. dezenas e centenas de pessoas,
sem que as autoridades suspei-
Há uma grande necessidade de tem de suas intensões.
bereanos em nossos dias. Caso
tivéssemos mais bereanos, as Voltando às narrativas Bíblicas,
heresias e os pregadores here- é interessante pensar sobre esta
ges teriam menor êxito. questão de relevo, pois os edo-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 213


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

mitas, descendentes de Edom17 ConCluSão


ou Esaú receberam severa ad-
vertência do Senhor por pensar Os montes, como vimos, suge-
que, morando nas alturas, esta- rem reflexão, senso crítico, visão
riam seguros de tudo (Obadias do horizonte e segurança, mas
1.1-6). Podemos aprender, a podem também gerar uma dúvi-
partir da experiência dos edo- da constante de quem possa es-
mitas, que não existiu e nem tar vindo e nos ameaçando em
existe lugar seguro, quer nos nosso senso de segurança, como
tempos bíblicos, quer na atua- também podem gerar uma falsa
lidade e que, portanto, devemos ideia de segurança garantida,
ter a humildade de reconhecer dando a impressão de se estar
que lugar seguro é descansar no em um lugar inexpugnável, ou
Senhor e confiar Nele. seja, que nunca será ocupado
Assim, more você entre as mon- por outros. Vimos a partir da ex-
tanhas ou nos vale, o impor- periência dos edomitas, que isto
tante é que você descanse no não é verdade, principalmente
Senhor e confie Nele em todo quando este falso senso de se-
tempo. Tenha você recursos que gurança permanente nos coloca
lhe possibilitem bem-estar e se- contra Deus e contra os outros,
gurança ou viva num casebre pois não existe lugar 100% se-
em uma comunidade marcada guro, até mesmo para os que de-
pela pobreza ou pela violência, o têm todo aparato de segurança.
importante é que você descanse Assim, percebemos que lugar
no Senhor e confie Nele em todo seguro mesmo é só na presença
tempo, pois não há lugar seguro do Altíssimo, independente de
senão nos braços do Senhor. se estar no monte ou no vale.
Aplicação a sua vida: Seguran-
ça é o clamor do povo em todos
os tempos. Reivindicamos segu-
rança para a família, no traba- Suporte para
lho, na saúde, no esporte, no la- Pequenos Grupos
zer, enfim em todos os lugares.
Porém, por melhor que sejam os 1. Quais foram as verdades a
sistemas de segurança, eles não respeito dos montes que você
são suficientes. A segurança aprendeu neste estudo?
perfeita está em Deus. Você tem
experimentado essa segurança 2. Em que estas verdades muda-
mesmo diante do caos em que rão sua maneira de agir como
vivemos? servo de Deus? Relacione pelo
menos três aspecto, pelos
17
Edom: Reino de Edom ca. 830 a.C., foi um quais você pretende mudar
reino ao sul da Jordânia no primeiro milênio em seu modo de agir.
a.C na Idade do Ferro. A região tem muito are-
nito avermelhado, que pode ter dado origem
ao nome Edom, tambem vindo do povo da li- 3. Em que você se parece com os
nhagem de Esaú que era um homem ruivo, por
isso a origem dos edomitas. Também, segundo bereanos?
a história bíblica, Esaú trocou seu direito de
primogenitura por um prato de sopa de lenti-
lhas vermelhas, daí seu nome Edom.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 41

VENcENDo as sÍNDroMEs
DE NaTaNaEL E PEDro
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
Como Natanael e Pedro, algumas Segunda Jo 1:43-51
vezes somos preconceituosos e Terça At. 10:1-15
fechados a novas experiências, Quarta At. 10:16-35
o que pode nos tornar rudes e Quinta At. 10:36-48
grosseiros em alguns momen-
Sexta At. 11:1-18
tos. Trata-se de uma chamada à
Sábado Jo. 1.46
reflexão sobre o nosso modo de
ser. Como vimos na lição ante- Domingo Lc. 4.29
rior, o fato de viver em um Es-
tado, cuja topografia e relevo se teza ou insegurança quanto à
caracteriza por ser montanhoso situação ou, sobretudo, pesso-
e considerando a história de Mi- as desconhecidas). Daí também
nas Gerais, pois o nome do Es- nosso famoso ditado: “Prudên-
tado se deve às inúmeras minas cia e caldo de galinha não fazem
existentes no território mineiro mal a ninguém”. Ora, da mesma
e no Brasil Colônia, as minas forma que existe o “mineirês”,
conhecidas eram as de ouro e existe também o “evangeliquês”,
diamante, daí termos cidades que na verdade reflete uma si-
com nomes como: Ouro Preto, tuação de gueto, de fechamen-
Ouro Branco, Ouro Fino e Dia- to e de exclusividade, o que no
mantina. Tudo isto fez com que contexto do Reino de Deus não
nos tornássemos extremamente é nada positivo e que nosso
desconfiados e às vezes precon- Senhor combateu tenazmente.
ceituosos, pois como também
foi dito na lição anterior, sempre
perguntamos: Quem é você? O Aplicação a sua vida: Reflita
que você faz? De onde você vem? sobre a linguagem que você ha-
bitualmente usa quando está
E como é próprio de nosso povo, conversando com cristãos. Será
numa linguagem bem coloquial: que os não cristãos conseguem
Ficávamos e ficamos com “a entender, quando você fala
pulga atrás da orelha” (Neste usando expressões próprias dos
caso a ideia é de dúvida, incer- evangélicos?

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1 – PRECISAMoS SuPERAR e a discriminação e requer que


PREConCEITo E DISCRIMI- seus discípulos façam o mesmo
nAção – Jo. 1.43-51 é o Evangelho de Lucas. Nele,
temos o encontro de Jesus com
Desde que a humanidade pecou,
Zaqueu e a parábola do bom sa-
preconceito e discriminação
maritano, textos que mostram
passaram a fazer parte da exis-
claramente como se deve tratar
tência humana, como consequ-
os que sofrem preconceitos e
ência do pecado. Jesus foi víti-
discriminação, tanto no campo
ma tanto do preconceito quanto
religioso como social. Vencer o
da discriminação e, como mais
preconceito e a discriminação,
ninguém na história da huma-
amando como Jesus amou, é a
nidade, combateu a ambos.
melhor forma de fazer diferença
Natanael demonstrou precon- no mundo.
ceito quanto à Galileia e aos
galileus. Quando Filipe lhe fa-
lou sobre Jesus, ele disse: “De Aplicação a sua vida: Reflita
Nazaré pode sair alguma coisa sobre preconceito e discrimina-
ção e procure verificar se em al-
boa?” (João 1.46). Preconceito, gum momento você já manifes-
segundo Carvalho, “implica um tou um dos dois ou os dois. O
julgamento prematuro e inade- que fez para mudar? Comente.
quado sobre determinada coisa
ou ainda uma opinião formada
sem reflexão”. Ele pode ser de 2. PRECISAMoS ESTAR
ordem sexual, racial, étnico, ABERToS A novAS
social e mesmo religioso. Em PoSSIBIlIDADES - At.10:1-48;
Nazaré, Jesus sofreu discrimi-
Quando os meus filhos mais ve-
nação, sendo expulso da cida-
lhos, que são gêmeos, tinham
de e até sendo ameaçado de ser
uns 12 anos, eu e minha esposa
lançado do cume de um monte,
Eni viajamos com eles para Sal-
conforme Lucas 4.29. Discrimi-
vador, Bahia. A culinária baia-
nação, segundo Carvalho, “é o
na é muito diferente da culiná-
ato de estabelecer diferenças,
ria mineira e alguns alimentos
distinções e separações. Em ou-
eles não queriam comer, por-
tras palavras, ela é a materiali-
que achavam muito diferentes
zação do preconceito”.
do que estávamos habituados.
Segundo o sociólogo norte Lembro-me, na época, de ter
-americano, Cohen (1980), os dito para eles que era muito im-
métodos de discriminação mais portante estarmos abertos a no-
evidentes ao longo da história vas experiências, pois que his-
foram o aniquilamento, a expul- tórias teriam para contar, indo
são e a segregação. O melhor li- à Bahia e não comendo acarajé,
vro da Bíblia para mostrar como por exemplo? Conversamos, en-
Jesus combateu o preconceito tão, sobre a possibilidade de se

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

estar disposto a conhecer e vi- de muitos modismos caracterís-


venciar experiências novas. Cla- ticos de nosso tempo. Por outro
ro, desde que não estejam con- lado, acaba sendo um entra-
tra o que Deus tem estabelecido ve, pois muito do que poderia
em sua Palavra. contribuir para o crescimento
e avanço da igreja é barrado, o
No texto em questão, é o próprio
que gera embates, desgastes e
Espírito Santo quem diz a Pedro
às vezes divisões.
para comer do que estava pos-
to diante dele, mesmo que a Lei Lembro-me de uma experiência
Cerimonial e a tradição determi- vivida por uma igreja em que o
nassem que tal não poderia ser pastor, sonhando com o melhor
feito. Afinal, aquele era um novo para o ministério, apresentou
momento na história da Reden- um projeto que poderia alavan-
ção e tal prática não se justifi- car o seu crescimento. Na sua
cava, inclusive o evitar, a todo e visão de liderança, ofereceu aos
qualquer custo, o contato com o liderados livros para que pudes-
gentio, no caso, Cornélio e sua sem ler, palestras para que pu-
família. E qual não foi a surpre- dessem refletir. E em uma das
sa de Pedro, pois tendo obedeci- reuniões recebeu como respos-
do a instrução do Senhor, indo à ta: “Nós queremos o tradicio-
casa de Cornélio, teve uma das nal”. “Nós queremos o habitual”.
experiências mais ricas de sua
Nosso tradicionalismo, muitas
vida. Ofereceu à Igreja nascente
vezes, nos impede de viver situa-
e futura uma das mais preciosas
ções que poderiam, à semelhan-
lições de que, quando algo vem
do Senhor, mesmo que contra- ça da situação vivida por Pedro,
rie aquilo que tradicionalmente trazer experiências pessoais
se convencionou fazer, visto que significativas e produzir grande
muitas tradições não encontram dinâmica na vida da Igreja, mas
respaldo bíblico, deve-se ter co- às vezes e muitas vezes, o medo
ragem de fazer e assim, glorifi- do novo nos apavora.
car ao Senhor, edificar a igreja
e contribuir para a expansão do
Aplicação a sua vida: Temos
Reino. dificuldade em aceitar o dife-
É interessante pensar nesta rente. Por essa razão, passamos
por momentos na história mun-
questão em relação à cultura dial de que nos envergonhamos.
mineira, pois é comum se dizer É mais fácil manter relaciona-
que não há um povo mais resis- mento com pessoas que pensam
tente às mudanças que o mi- e agem parecido a nós. Porém,
neiro e que se algo “pega aqui”, quando respeitamos e amamos
“pega em qualquer outro lugar”. o diferente, crescemos como
pessoas. Você já experimentou
Isso é bom, porque nos protege situação parecida? Comente.

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| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

3. PRECISAMoS REConHE- Aplicação a sua vida: Não veja


CER QuE HÁ AlGo DE BoM seu próximo como lobo, apesar
noS ouTRoS de não existir homem que não
peque, mas creia que, apesar de
É verdade que não há ninguém tais imperfeições, sempre pode
que não peque, como diz Salo- haver algo de bom nos outros.
mão na oração de dedicação Você tem procurado descobrir o
do templo: (I Rs.8:46). Thomas lado bom das pessoas? Como?
Hobbes, filósofo inglês da mo-
dernidade, afirmava que o “ho-
mem é o lobo do homem”, pois ConCluSão
viveu em momento de insta- Não permita que preconceito e
bilidade na sociedade inglesa discriminação façam parte de
e defendia o estabelecimento sua vida! Combata-os. Esteja
do chamado “contrato social”, aberto a novas possibilidades,
como forma de alcançar maior pois nossa história se constrói
sensação de segurança, uma com as experiências que acu-
vez que o homem é naturalmen- mulamos ao longo da vida. Creia
te desconfiado e egoísta e, sem que, apesar das limitações que
tal contrato, o homem pode se há em cada pessoa, pode-se es-
tornar lobo do próprio homem. perar que o outro seja capaz de
Assim, estamos sujeitos a sofrer fazer o bem e ser transformado
as consequências dos pecados pela graça de Deus.
de nossos semelhantes. Porém,
apesar disso, não podemos viver
achando que seremos devora-
dos por nossos semelhantes o Suporte para
tempo todo, o que nos levaria a Pequenos Grupos
uma situação de extrema inse- 1. Natanael, com suas ideias pre-
gurança e desespero. conceituosas a respeito dos
moradores de Nazaré, discri-
Não podemos andar por aí minou Jesus por ser nazareno.
achando que todos são lobos, Você seria capaz de responder
mas podemos crer que apesar tal como Jesus, diante de uma
atitude discriminatória?
das limitações que existem em
cada um de nós, sempre exis- 2. Pense em uma pessoa maldo-
sa. Você seria capaz de ver o
te algo de bom nos outros. Isto lado bom dela?
nos protege do desespero e da
3. Com que tipo de pessoa você
angústia, bem como, tornam teria mais dificuldade de se
os relacionamentos um pouco relacionar?
melhor.

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ESTuDo 42

uM PoVo QuE FaZ


MuITas PErguNTas

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Mineiro é inquiridor. Faz muitas Segunda At. 17:10-15
perguntas. “Come pelas beira- Terça Dn. 1.1-11
das”. Isso não é de todo ruim e Quarta Dn. 1.12-21
pode ser demonstração de ma- Quinta Jl 2:28 – 32
turidade e proteção contra mui- Sexta Js. 14:6-15
tas ciladas e armadilhas. Os be-
Sábado I Ts. 5.12-22.
reanos, como os mineiros, não
Domingo II Cr. 2:14-16
aceitavam tudo sem primeiro
investigar a origem das coisas
e a razão de ser das mesmas. se era “sincera” ou “sem cera” –
Quando o apóstolo Paulo che- este é o significado da palavra
gou pregando a mensagem do “sincera” no latim. Alguns es-
evangelho, eles conferiram nas cultores, ao esculpir suas obras
Escrituras tudo o que ele estava de arte, quando erravam com
falando, pois mesmo reconhe- o cinzel, colocavam um pouco
cendo a autoridade do pregador, de cera para ocultar o defeito e
no caso o apóstolo Paulo, eles quando o tempo esquentava, a
buscavam fundamentação para cera derretia e o defeito era reve-
entender tudo o que ele prega- lado. Assim, quando alguém ia
va. Fazendo uma analogia com comprar uma obra de arte escul-
o que temos em nossos dias, pida, pedia: “Quero sincera (sem
não aceitavam enlatados, não cera)”. Os bereanos exigiam pro-
compravam produtos sem con- dutos de elevado padrão. Coisa
ferir o prazo de validade. Não que infelizmente muitos cristãos
aceitavam levar gato por lebre. parecem não exigir hoje. Ouvem
Os bereanos, que porventu- pregadores sem compromisso e
ra gostassem de obras de arte, correm para ouvir as celebrida-
considerando a atitude que ti- des do mundo gospel, sem qual-
veram diante de Paulo, quando quer compromisso com a verda-
iam comprar alguma, conferiam de que liberta.

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Aplicação a sua vida: A tecno- feriam-nas, para saber se o que


logia tem facilitado o acesso a Paulo estava dizendo era mes-
variadas informações. Porém, a mo a verdade. Os cristãos da
exemplo dos bereanos, devemos Pós-modernidade não podem
conferi-las. Com referência às
Escrituras, devemos ser ainda ser ingênuos, precisam, como
mais zelosos, por causa do rela- os bereanos, conferir o que está
tivismo ético e teológico do nos- sendo dito. O povo de Deus
so tempo. Como tem confirma- precisa ser inteligente e mes-
do as informações que chegam
até você? Comente. mo criativo e mais uma vez cito
Jésus Gonçalves, que diz: “O
Espírito Santo é o Pai da Criati-
1. REConHECE QuE CRIA- vidade”. Logo, todo cristão deve-
TIvIDADE não É FRuTo DE ria ser uma pessoa criativa.
uMA MEnTE vAzIA Veja o que se diz de Daniel e
Os mineiros se orgulham serem seus amigos, nos quais estava
conterrâneos de um dos maio- o Espírito de Sabedoria. Eles
res gênios da história da huma- foram achados mais inteligen-
nidade, Santos do Dumont, o tes que todos os jovens que não
pai da aviação, inventor do 14 conheciam, nem adoravam a
Bis, autor de outros inventos, Deus, e Daniel foi achado dez
dentre eles, o relógio de pulso. vezes mais inteligente e capaz
Para eles, é um orgulho pensar que todos os demais jovens de
que nasceu em solo brasileiro sua época.
este gênio da modernidade. Ele Os jovens cristãos deveriam ser
não se tornou um inventor por os mais inteligentes, criativos e
acaso. Suas invenções e criati- ágeis de sua geração e de sua
vidade foram frutos de muita sala. Para isso, porém, é preci-
leitura, muita pesquisa e muito so ter o compromisso de Daniel
estudo. Afinal, como diz Jésus e seus amigos. Neste sentido, é
Gonçalves: “A criatividade não importante que todos os cren-
é fruto da vacuidade da mente”. tes, em especial os adolescentes
No dito popular, a mente va- e os jovens, leiam o capítulo 1
zia não cria, mas é “oficina do de Daniel e procurem aplicar os
diabo”. princípios ali apresentados em
Os bereanos foram reconheci- suas atitudes, pois são princí-
dos por Paulo como um povo pios que poderão protegê-los de
que não tinha mente vazia, muitas experiências dolorosas e
mas como sendo mais nobres aumentar a influência deles so-
que os de Tessalônica, tinham bre as pessoas com as quais se
nas mãos as Escrituras e con- relacionam.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Aplicação a sua vida: O conhe- Mais do que nunca, precisamos


cimento e criatividade são fru- ter em nossas igrejas adolescen-
tos de muita leitura e pesquisa. tes, jovens e pessoas que façam
Criatividade não é resultado perguntas, que tragam suas
de um momento mágico. Pre-
cisamos buscar com disciplina questões, para que não sejam
e diligência o conhecimento da enganadas pelos pregadores que
Palavra que transforma a socie- deturpam a Palavra de Deus e
dade, para que ela nos reconhe- manipulam seus ouvintes.
ça como servos de um Deus sá-
bio e criativo. Você tem buscado Não podemos perder o espírito
ampliar seus conhecimentos?
inquiridor das crianças, pois
De que maneira?
para estas “o mundo - e tudo
o que existe nele - é uma coisa
2. REConHECE QuE PoSSuI nova, uma coisa que provoca
uM ESPÍRITo InQuIRIDoR estupefação. Os adultos não o
Crescemos em uma cultura veem assim. A maior parte dos
cristã que nos impediu de per- adultos vê o mundo como qual-
guntar, pois o perguntar não era quer coisa completamente nor-
visto como busca da verdade ou mal” (O Mundo de Sofia, p. 16,
como forma de compreendê-la, de Jostein Gaarder). Não pode-
mas como incredulidade. No en- mos eliminar de nossas vidas
tanto, perguntar nunca foi sinal o espírito inquiridor da criança
de dúvida, mas de busca pela que há em cada um de nós. Não
verdade, pelo verdadeiro co- podemos ver tudo como normal,
nhecimento. Os bereanos, com mas, como as crianças e os ado-
a atitude que tiveram, estavam lescentes, perguntar “por quê”?
perguntando: O que você, Pau- Ainda no mesmo romance, na
lo, está nos apresentando é a conversa entre Sofia e o seu
verdade? O que você está pre- provável mestre, usa-se uma
gando encontra respaldo bíbli- metáfora para ilustrar o espíri-
co? Vamos conferir! to inquiridor dos filósofos, que
Só os ditadores temem as per- deve existir em todos nós, quan-
guntas, pois quem pergunta os do diz:
coloca em risco e sob ameaça. Por isso, podem surpreen-
Deus não é um ditador, por isso der-se com a inacreditável
arte da magia. Mas à me-
não teme perguntas. Paulo, em-
dida que envelhecem, des-
bora fosse um líder de convic-
lizam cada vez mais para o
ção e personalidade forte, não fundo da pelagem do coe-
era um ditador, por isso elogia lho. E permanecem ali. Lá
a atitude dos bereanos, conside- embaixo estão tão confortá-
rando-os nobres por tal atitude. veis que nunca mais ousam

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 221


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

subir novamente através 3. REConHECE QuE A CAPA-


dos pelos finos. Só os filó- CIDADE DE ConFERIR noS
sofos se atrevem a fazer a PRoTEGE E noS FAz AvAn-
perigosa viagem à procura
çAR
das fronteiras extremas da
linguagem e da existência.
Paulo, encerrando sua primeira
Alguns deles perdem-se
pelo caminho, mas outros carta aos Tessalonicenses, dá
agarram-se bem ao pelo conselhos importantes, dentre
do coelho e chamam os eles o de que se deve ter respeito
homens que, bem acomo- pela profecia ou pregação, não
dados embaixo, na pele do desprezando-a, mas ao mesmo
coelho, comem e bebem tempo recomenda que os mes-
tranquilamente. - Senhoras mos devem pôr à prova todas as
e senhores - gritam - esta- coisas e ficar com o que é bom (I
mos suspensos no espaço. Ts.5.20-22). Afinal, como ressal-
Mas nenhum dos homens
ta a nota de rodapé da Bíblia de
em baixo, na pele, se inte-
Estudo NVI, o fato de aprovar a
ressa pelo ruído que os fi-
lósofos fazem. - Meu Deus, profecia não significa que qual-
que barulhentos! - dizem. quer pessoa que alega falar em
nome do Senhor deve ser aceita
sem critérios. Afirma ainda que
Assim, a Igreja não pode per- Paulo não está defendendo que
der o espírito inquiridor. Ela se façam testes específicos, mas
precisa, como nosso conterrâ- que cada doutrina deve ser ava-
neo Santos Dumont, que foi o liada, para ver se está de acordo
inventor do avião, desejar ver com o evangelho por ele pregado.
o mundo do alto, e não como
Neste sentido, quando se trata
avestruzes, enfiando a cabeça
da pregação, Martin Loyd-Jones
no buraco e ignorando o mundo
tem uma posição bem rígida e
à nossa volta.
firme para o padrão de muitas
de nossas igrejas, pois estabe-
lece um debate que certamente
Aplicação a sua vida: Não anu- incomodaria muitos dos mem-
le o espírito inquiridor que exis- bros de nossas igrejas, mas
te em você. Faça tantas pergun- também as protegeria de muitos
tas quanto desejar e precisar. desvios, claro, se os pregadores
Não existem perguntas erradas.
Erra quem não faz as perguntas preparados tiverem o compro-
que deseja e precisa. Você tem misso de pregar a Palavra de
buscado respostas para suas Deus, tal como nos é revelada.
dúvidas? Como? Onde? Com Creio que vale a pena refletir.
quem? Ele indaga: Que pode pregar?

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

E, a partir da questão levanta- dar e sobre o que eles, enquanto


da pelo próprio apóstolo Paulo pregadores, deveriam continuar
ao coríntios sobre a capacidade fazendo. “Naqueles dias, cres-
de testemunhar de Cristo: “Mas cendo o número de discípulos, os
quem está capacitado para tan- judeus de fala grega entre eles
to?” (II Coríntios 2:16). Assim, queixaram-se dos judeus de fala
ele afirma que mesmo sendo hebraica, porque suas viúvas es-
cristão, nem todos os cristãos tavam sendo esquecidas na dis-
são claramente chamados para tribuição diária de alimento. Por
pregar, pois a tarefa de pregar isso, os Doze reuniram todos os
não deve ser confiada a “qual- discípulos e disseram: Não é cer-
quer um”, mas àqueles que são to negligenciarmos o ministério
chamados para este fim. E afir- da palavra de Deus, a fim de ser-
ma que Moody e Finney foram vir às mesas. Irmãos, escolham
os grandes defensores da prega- entre vocês sete homens de bom
ção leiga, especialmente quando testemunho, cheios do Espírito e
diziam: “Deem ao novo converti- de sabedoria. Passaremos a eles
do algo para fazer: enviem-no a essa tarefa e nos dedicaremos à
pregar e a dar seu testemunho”. oração e ao ministério da pala-
Como pregador há mais de trin- vra”. (Grifo nosso)
ta anos e professor de Homiléti- Paulo em Efésios 4:11-16, diz: “E
ca que fui da Faculdade Batista ele designou alguns para apósto-
de Minas Gerais por quase vin- los, outros para profetas, outros
te anos, posso dizer que pregar para evangelistas, e outros para
não é tarefa fácil e simples. A pastores e mestres, com o fim de
preparação de uma mensagem, preparar os santos para a obra
além das disciplinas espiritu- do ministério, para que o corpo
ais, como oração e estudo da de Cristo seja edificado, até que
Palavra, requer conhecimento todos alcancemos a unidade da
de muitas disciplinas, sem as fé e do conhecimento do Filho
quais não é possível pregar com de Deus, e cheguemos à matu-
fundamentação bíblica. ridade, atingindo a medida da
Deus usa os leigos, não tenho a plenitude de Cristo. O propósito
menor dúvida, mas há em nos- é que não sejamos mais como
sas igrejas muitos ministérios crianças, levados de um lado
aos quais os leigos podem se de- para outro pelas ondas, nem jo-
dicar e apoiar seus pastores, a gados para cá e para lá por todo
igreja em que servem e honrar vento de doutrina e pela astúcia
o Senhor. Em Atos 6:1-4, lemos e esperteza de homens que in-
sobre a decisão dos apóstolos duzem ao erro. Antes, seguindo
sobre cuidar de questões que os a verdade em amor, cresçamos
membros da igreja podem cui- em tudo naquele que é a cabeça,

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 223


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Cristo. Dele, todo o corpo, ajusta- ConCluSão


do e unido pelo auxílio de todas
Vimos nesta lição que a criativi-
as juntas, cresce e edifica-se a
dade não é fruto de uma men-
si mesmo em amor, na medida
te vazia, o que requer, à seme-
em que cada parte realiza a sua
lhança dos bereanos, ou seja,
função”.
interesse por estudar a Palavra
Eis uma questão para os mem- e compreendê-la. Do mesmo
bros de nossas igrejas conferi- modo, o questionamento não é
rem, a fim de que a igreja possa sinal de incredulidade, mas de-
prosperar. Ter cuidado com o sejo de aprender e compreender
púlpito, evitando ao máximo que mais adequadamente o ensino
pregadores que não tenham o da Palavra de Deus. Aprende-
devido conhecimento da Palavra mos que conferir o ensino mi-
e de disciplinas que lhes possi- nistrado com o ensino da Pala-
bilitem pregar com fundamenta- vra de Deus nos protege e nos
ção bíblica ocupem os púlpitos. faz crescer.
Nós oramos sobre o que ouvi-
Que você não tenha medo es-
mos nas mensagens. Nós can-
tudar a Palavra e de compreen-
tamos sobre o que aprendemos
der os propósitos e desígnios de
nas mensagens. Nós vivemos a
Deus para sua vida.
vida cristã de acordo com o que
ouvimos nas mensagens. Por-
tanto, muitas das heresias que
se dizem nas orações, que se en- Suporte para
toam nas canções, que se vivem Pequenos Grupos
no dia a dia são provenientes
dos púlpitos das igrejas. 1. Cite uma situação em que
sua fé em Cristo o levou a
Confira para se proteger. conflitos com alguma autori-
dade que exigia sua lealdade.
Relacione algumas verdades
Aplicação a sua vida: A centra- que a reflexão sobre a experi-
ência mudou sua maneira de
lidade da pregação é um prin-
se relacionar com Deus e com
cípio de igrejas autenticamente a pessoa envolvida.
cristãs. Você e sua igreja zelam
pela pregação do evangelho 2. Que semelhança ou diferença
como estilo de vida? Comente. suas atitudes diante dos en-
sinos recebidos tem com as
atitudes dos bereanos?
3. Em que a postura dos bere-
anos pode influenciar sua
maneira de refletir sobre os
novos valores da atualidade?

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 43

DoMINar sINos E PraÇas E TEr


a caPacIDaDE DE DIaLogar coM
Nosso TEMPo
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
Minas é terra dos sinos e de Segunda At. 6:1-7
igrejas históricas, que ocupam Terça At. 15:1-35
lugares privilegiados nas cida-
Quarta At. 17:16-34
des, mas isto, hoje, como diz
João Batista Libânio, não é sinal Quinta Lc. 6:1-5
de que a Igreja domine a agenda Sexta Lc. 6:6-11
e o discurso das pessoas, nem Sábado Mt. 7:28-29
mesmo de seus membros e fre-
Domingo Lc 24:32
quentadores. As igrejas históri-
cas, em muitos países, se torna-
ram pontos turísticos, museus
e ‘point’, menos lugares de ce- 1. DIAloGAnDo CoM A AGEn-
lebração e de adoração. Porém, DA Do noSSo TEMPo
não se pode pensar que este Tendo nascido em um lar evan-
fato só acontece com as igrejas gélico batista, crescido no am-
históricas, pois está acontecen- biente da igreja, uma experiên-
do com a maioria das igrejas, cia ministerial de mais de 33
visto que se tornam pontos de anos e tendo liderado uma igreja
encontro, menos de celebração
histórica por quase quinze anos,
e as perguntas que surgem são:
pude ver de perto as mudanças
Por que nossas igrejas não es-
que ocorreram nestes últimos
tão mais influenciando as pes-
soas, como no passado? O que cinquenta anos da vida da igre-
se pode fazer para reverter o ja. Quando eu era criança, eu
quadro? não escolhia ir à igreja. A famí-
lia ia à igreja. Ela se enquadra-
va à agenda da igreja, o que não
Aplicação a sua vida: As igre- acontece mais em nossos dias,
jas estão se tornando pontos tu- pois assim como a igreja não de-
rísticos. As históricas áreas de
termina a agenda da família, os
visitação pública a contempo-
râneos encontros sociais. Qual pais não determinam a agenda
tem sido o seu comportamento de seus filhos. Na minha infân-
para com o prédio e as progra- cia, adolescência e juventude,
mações de sua igreja? via a maioria dos membros indo

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 225


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à igreja no domingo pela manhã 6:6-11). Para que vidas fossem


e à noite. Hoje, as pessoas es- transformadas e abençoadas,
colhem em qual celebração que- Jesus fez uma revisão da agen-
rem participar, se pela manhã da religiosa e não tentou enqua-
ou à noite, mas poucas vão às drar as pessoas nesta agenda.
duas. A quase totalidade dos
Será que não é o momento de a
membros participava da vida
igreja usar o mesmo princípio
e da dinâmica da igreja. Hoje,
do Divino Mestre, para alcançar
poucos fazem isto. A Igreja não
esta geração?
faz mais a agenda das pessoas,
e isto, por vezes, gera uma gran-
de frustração nos líderes. As
igrejas devem buscar soluções Aplicação a sua vida: Adaptar-
-se a esse novo tempo, para al-
para atualizar sua agenda, con- cançar maior número de pesso-
siderando que as pessoas traba- as, faz-se necessário. Caso seja
lham em dias e turnos diferen- preciso mudar o horário de uma
tes, estudam, cuidam de casa, celebração ou da Escola Bíblica
família, participam de eventos, para que mais pessoas partici-
pem, refazendo desta forma a
lazer e enfrentam um trânsito agenda de sua igreja, você está
caótico, seja dirigindo ou em disposto a cooperar?
transportes coletivos superlo-
tados. As pessoas precisam de
tempo para descansar, para 2. CoMunICAnDo CoM A
cultivar os relacionamentos fa- PRESEnTE GERAção
miliares, para fortalecer os laços
de amizade. João Batista Libânio diz que o
Jesus usava uma agenda con- discurso da igreja não alcança
dizente com o seu tempo e de a presente geração, visto que
acordo com as necessidades das continua a ser rural, quando a
pessoas. Quando Ele permitiu população em sua maioria é ur-
que seus discípulos colhessem bana. Hoje, em nosso país, mais
espigas e as debulhassem para de 80% da população vive nos
comer, ele estava estabelecendo grandes centros e nós continua-
uma agenda condizente com as mos com um discurso rural.
suas necessidades e não com Devemos aprender com Je-
o rigor religioso (Lucas 6:1-5). sus sobre a necessidade de fa-
Quando Ele curou o homem zer uma revisão do discurso. O
que tinha as mãos mirradas no uso das parábolas por Jesus
sábado, também estava esta- se constituiu numa revisão do
belecendo uma agenda condi- discurso, pois como comunicar
zente com suas necessidades e verdades espirituais a pessoas
não com o rigor religioso (Lucas com pouco conhecimento, senão

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

partindo de onde elas estavam? ter a clara percepção da presen-


Assim, “o Reino dos céus é se- ça de Deus através de nossas
melhante a...”, foi uma forma de vidas.
se chegar ao coração das pesso-
as de modo que elas pudessem Aplicação a sua vida: Há al-
entender. guns anos, os batistas elabo-
raram o “Hinário Para o Cul-
Quando Jesus termina o ser-
to Cristão” a partir do Cantor
mão do monte, o autor ressal- Cristão. Fez ajustes, nas letras,
ta: “E aconteceu que, concluindo trocando palavras que haviam
Jesus este discurso, a multidão perdido o sentido, adequando
se admirou da sua doutrina; por- o tom para a voz do brasilei-
ro, revisando erros teológicos
quanto os ensinava como tendo
e inserindo hinos contemporâ-
autoridade; e não como os escri- neos para a boa comunicação
bas” Mateus 7:28-29 (grifo nos- da mensagem cantada. Muitos
so). Ele não ensinava como os reclamaram, murmuram e até
religiosos. Como estamos pre- boicotaram o novo hinário. No
entanto, a reedição foi neces-
gando e ensinando? Como Je-
sária, embora não tenha sido
sus ou como os religiosos? compreendida. Como você tem
adequado sua linguagem para
No Caminho de Emaús Jesus
comunicar as boas novas?
usa uma estratégia interessan-
te. Ele não se declara de pronto,
mas caminha com os discípulos 3. InDo AonDE AS PESSoAS
e compartilha as verdades das ESTão
Escrituras, até que chegam ao
destino e só aí, permite que eles Uma vez que a igreja não é mais
o reconheçam. “E disseram um o centro da vida das pessoas,
para o outro: Porventura não conforme diz Libânio, determi-
ardia em nós o nosso coração nando o discurso e a agenda
quando, pelo caminho, nos fala- das mesmas, como a igreja irá
va, e quando nos abria as Escri- alcançar estas pessoas, uma vez
turas? (Lucas 24:32). que, mesmo a igreja não exer-
cendo essa atração, continuam
Quanta pressa em dizer que so- tendo os mesmos problemas
mos cristãos, que somos evan- e dificuldades que antes e até
gélicos, que somos batistas! maiores?
Devíamos ter pressa em teste-
munhar com graça, com ternu- Vimos que Jesus fez uma revi-
ra e na dependência do Espírito são da agenda religiosa, para
Santo. O coração das pessoas atender às necessidades das
precisa arder pelo modo como pessoas. Vimos também que
testemunhamos da graça e do ele fez uma revisão do discur-
poder de Deus. Elas precisam so para falar o que as pessoas

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de fato poderiam entender. Ele Não adianta permanecer com o


também fez uma revisão quanto velho discurso e não comuni-
ao local de culto, pois vai dizer car absolutamente nada. Nosso
à mulher samaritana, que im- tempo exige que se faça uma re-
portava que os que o adoram visão da agenda religiosa, pois
o adorassem em espírito e em de nada adianta manter as ce-
verdade (João 4:23-24). Jesus lebrações nos mesmos dias e
exercia um ministério itineran- horários, se as pessoas não po-
te, ia aonde as pessoas estavam dem comparecer para celebrar.
(Mateus 9:35-38). O Apóstolo Nosso tempo exige que se faça
Paulo tinha a mesma visão. Em uma revisão quanto aos luga-
Romanos 16:3-5 e Colossense res de adoração, pois mais im-
4:15, ele saúda as igrejas que portante que as pessoas virem
estavam nos lares. A igreja que aonde estamos, é que a igreja vá
se reúne para celebrar e exercer ao encontro delas e celebre com
a mutualidade e o discipulado elas a graça de Deus. Estamos
de forma efetiva em pequenos preparados para fazer uma revi-
grupos, células ou grupos fami- são de nosso discurso, agenda e
liares, é a que vai aonde as pes- locais de adoração?
soas estão.

Aplicação a sua vida: A igre- Suporte para


ja que irá impactar o mundo Pequenos Grupos
pós-moderno certamente será
aquela que, além das celebra- 1. Em que o estudo o ajudou a
ções no templo, também se reu- avaliar e preparar sua agenda
nirá nos pequenos grupos, indo pessoal?
ao encontro das pessoas. Qual 2. Como você tem interagido com
o esforço que você e sua igreja sua agenda e a de sua igreja?
têm feito para ir ao encontro
das pessoas? 3. Explique porque é importante
dialogar com a presente gera-
ção.
4. Você consegue sugerir ações
ConCluSão para influenciar a nova gera-
ção a adquirir valores eternos?
Nosso tempo exige que se faça
5. Até que ponto você se aproxi-
uma revisão do discurso, pois ma das pessoas, para influen-
“comunicação não é o que você ciá-las a ter uma experiência
diz, mas o que outro entende”. com Cristo?

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ESTuDo 44

a IMPorTÂNcIa Da TraNsIÇÃo,
NuMa TErra DE rEsIsTÊNcIas:
orE E soNDE sE a VIsÃo É cLara
InTRoDução
Nas próximas lições, estudare- lEITuRAS DIÁRIAS
mos sobre princípios utilizados Segunda Ne. 1:1-11
por Neemias para desafiar o Terça Ne. 2:11-15
povo a reconstruir os muros de Quarta Lv. 26.27-33
Jerusalém, que podem nos aju-
Quinta Dt. 30.1-5
dar a alcançar o coração do povo
de Deus, para fazer a diferença Sexta 2Rs.25.8-22
neste tempo e para comunicar o Sábado 2 Cr.36.18-21
evangelho à presente geração. Domingo Jr. 52.12-16
Pastores dizem que pastorear
nas Minas Gerais é um grande
1. TEnHA vISão CoRRETA
desafio, pois o mineiro é resis-
DA REAlIDADE.
tente e inquiridor. Sei disso por
ser mineiro e por ser pastor nes- A mudança da realidade de um
ta terra em todo o meu tempo de povo requer que se tenha a vi-
ministério. No entanto, quando são correta da mesma, pois sem
se lê Neemias e se pensa tanto esta visão, tanto aquele se apre-
em Minas quanto em qualquer senta como líder, quanto os que
outro lugar, observamos que estão sob sua liderança ficam
a atenção aos princípios de li- realmente perdidos. Para obter
derança que se pode aprender tal visão, se fazem necessárias
neste livro, pode ajudar e muito atitudes que permitam chegar
a quebrar resistências e respon- à mesma, como se poderá ver a
der a muitos questionamentos. seguir:
• Visão por informações -
Aplicação a sua vida: Todos
Neemias obtém informa-
nós lideramos a partir de onde
estamos. Por isso, é muito im- ções quanto à realidade
portante que qualquer que seja de Jerusalém e do povo
a posição de liderança que você que lá vivia, através de
ocupe, esteja atento aos princí- Hanani e sua comitiva,
pios de liderança que encontra- em visita a Susã, onde
mos na Palavra de Deus. residia no palácio do rei

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Artaxerxes. Assim come- 2. TEnHA SEnTIMEnTo DE


çou a orar, elaborou um IMPoTÊnCIA
plano de ação e no mo-
Quando se lê o primeiro capítu-
mento certo intercedeu
lo de Neemias e se depara com
junto a terceiros (rei) em
sua reação diante das notícias
favor dos seus conterrâ-
neos. que recebe da situação de Jeru-
salém e das pessoas que viviam
• Visão por contato direto na cidade, se percebe que ele é
com a realidade – Nee- tomado por um profundo sen-
mias chega a Jerusalém timento de impotência diante
e antes de fazer qualquer
da realidade que lhe é descrita.
proposta, anda pela cida-
Esta consciência de impotência
de, observando pessoas,
evita que ele se veja como aque-
circunstâncias e constru-
le que pode resolver todos os
ções. As propostas não
problemas, mas o desafia a ser
são feitas sem conside-
instrumento nas mãos de Deus
rar a realidade e as pes-
soas envolvidas (Neemias para a solução dos problemas;
2:11b-15). desta forma, ele tem atitudes
que todos os que desejam ser
instrumentos nas mãos de Deus
Para conquistar um mineiro,
para mudar a realidade de sua
um judeu ou qualquer outro
família, comunidade, igreja, ci-
grupo social, dentro ou fora da
dade, estado e mesmo do país
Igreja, é preciso inteirar-se e ter
precisam ter. Ele, então, tem as
uma visão correta da realidade.
seguintes atitudes: se prostra
A realidade com a qual Neemias
se depara é de que o povo está diante do Senhor, chora a dura
em sofrimento e precisa de so- realidade em que seu povo se
luções imediatas. A cidade está encontra e jejua, reconhecendo
em ruinas e carece ser recons- a grandeza de Deus e o quanto
truída. dependia de sua graça e miseri-
córdia.

Aplicação a sua vida: Ter a vi- Ora, partindo do exemplo de Ne-


são correta da realidade faz toda emias, que é um líder servidor,
a diferença, pois aqueles que o podemos ter a mesma atitude,
cercam perceberão que você está
atento ao que acontece à sua para mudar a realidade à nossa
volta. Como estão as pessoas de volta. Neemias reconhecia que,
sua igreja e de sua comunida- por ele mesmo, aquela realidade
de? Como está o espaço físico
da Igreja e da comunidade? não mudaria, afinal, eram mui-

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tos os obstáculos que estavam pessoa consciente das limita-


diante dele e de seu povo: ções e que tivesse disposição
para depender do Senhor, como
• Ele era um escravo do Rei
veremos no próximo tópico, po-
Artaxerxes, portanto só
deria encarar tamanho desafio.
poderia fazer o que o rei
autorizasse e permitisse; Os mineiros e quaisquer outros
povos e pessoas, só serão trans-
• Seu povo estava subjuga-
formados se nos despirmos do
do ao domínio do Império
nosso espírito de “salvador da
Persa, portanto nada po-
pátria” e nos quebrantarmos
deria ser feito sem que ti-
diante de Deus. Se reconhe-
vesse autorização;
cermos quão limitados somos
• Estava longe de sua terra para os desafios propostos e nos
natal; colocarmos na dependência do
• Não tinha recursos pró- Senhor, como Neemias fez.
prios e ainda que tivesse,
os custos da obra eram Aplicação a sua vida: Para fa-
elevados demais para que zer a diferença e mudar a rea-
uma pessoa pudesse ar- lidade que nos inquieta, não é
car. Precisava de alguém necessário ter todos os recursos
disponíveis, mas, sobretudo, a
que patrocinasse e, neste humildade para reconhecer o
caso, só o Império Persa quanto dependemos da graça
poderia fazê-lo; de Deus e de sua provisão. Você
tem vivido na dependência de
• Os perigos do caminho Deus?
até chegar a Jerusalém
eram muitos e certamente
precisaria de autorização 3. ClAME Ao SEnHoR – 5-11
e proteção;
Clame e o Senhor agirá; e agin-
• Em Jerusalém havia es- do o Senhor, quem impedirá?
cassez de tudo e certa- Quando nos prostramos diante
mente gente interessada de Deus, chorando pela dura
em que tudo permaneces- realidade em que nos encontra-
se como estava, como se mos e declaramos que o Senhor
pode ver na leitura do li- tem o primeiro lugar, somos le-
vro, pois lá estavam Sam- vados a clamar ao Senhor, para
balate, Tobias e Gerson, que mude a realidade:
opositores da obra.
• Reconhecendo os atribu-
Não era uma empreitada fácil tos naturais e morais de
para uma pessoa. Somente uma Deus, sem o que não dá

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 231


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

para se promover mu- aos mandamentos, aos


dança que exaltem ao Se- decretos e às leis que des-
nhor, edifiquem a Igreja te ao teu servo Moisés”.
e promovam a expansão (vs. 6b-7)
do Reino de Deus sobre a
Essa é uma questão, para nós
face da terra. Versos 5 e
que vivemos na pós-moderni-
6 a;
dade, que traz um conflito tre-
• Intercedendo a Deus em mendo, pois vivemos em uma
favor do povo, pois todo sociedade marcantemente indi-
que deseja efetiva mudan- vidualista e essa questão de so-
ça precisa ser um inter- lidariedade geracional, da raça e
cessor e Neemias não ne- do povo achamos que não tem
gligenciou a intercessão. nada a ver conosco. Felizmente,
Nada muda sem interces- a duras penas, estamos desco-
são, v. 6b. brindo e percebendo que o que
fazemos hoje tem reflexo ama-
• Confessando ao Senhor e
nhã. O que fazemos aqui reflete
refletindo sobre a realida-
em outras partes do mundo. O
de. Neemias, pela posição
aquecimento global, por exem-
que ocupava e pela dispo-
plo, tem nos feito refletir sobre
sição que demonstra ter
esta questão da solidariedade de
para realizar as reformas
uma geração para com outra, de
que estava disposto a re-
um povo para com o outro.
alizar, nasceu durante o
exílio, portanto não par- • Confiando na promessa.
ticipou diretamente dos Neemias conhece a Pa-
pecados que culminaram lavra, suas promessas
com o juízo de Deus, fa- e suas advertências e,
zendo com que o povo fos- consciente disto, diante
se para o cativeiro babilô- da confissão feita, crê que
nico. No entanto, quando o Senhor faria a obra de
faz a oração de confis- transformação, de restau-
são, ele se inclui dizendo: ração e abriria as portas
“Confesso os pecados que de que ele precisava para
nós, os israelitas, temos que a dignidade do povo
cometido contra ti. Sim, eu fosse restaurada e os mu-
e o meu povo temos peca- ros reconstruídos. Nee-
do. Agimos de forma cor- mias cria, como diz Hud-
rupta e vergonhosa contra son Taylor, que “A obra
ti. Não temos obedecido de Deus, feita do jeito de

232 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Deus, contará com os re- limitações, vencendo a ideia de


cursos de Deus”. Não pre- ser um “salvador da pátria” ou
cisamos dar um jeitinho, de ser dominado por um “espíri-
basta que confiemos nas to messiânico”. Devemos, acima
promessas do Senhor. de tudo, clamar ao Senhor, bus-
cando Dele a direção, a provisão
e a vitória.
Aplicação a sua vida: Na obra
de Deus não é preciso “jeiti-
nho”, mas oração, pois, quan- Suporte para
do oramos, Deus transforma a
realidade e nos usa para a rea-
Pequenos Grupos
lização de Sua obra. Nunca dê 1. O autor fala sobre a necessi-
jeitinho, apenas ore e confie que dade de ter visão correta da
Deus agirá no tempo oportuno. realidade, ter sentimento de
Você tem orado por seu país? impotência e atitude de sú-
plica a Deus, com base no
projeto de Neemias, para a re-
construção dos muros de Je-
ConCluSão rusalém. Quais foram as ver-
dades que você aprendeu com
Vimos nesta lição que, para mu- as experiências de Neemias?
dar a realidade de um povo, de 2. Em que estas verdades muda-
uma comunidade, de uma ci- rão sua maneira de agir, como
dade, país e mesmo do mundo, servo de Deus?
não podemos agir por ímpeto, 3. Relacione pelo menos três as-
pectos que você pretende mu-
mas com sabedoria. Devemos dar em seu modo de agir.
conhecer a realidade tal como
4. Em que estas verdades vão
ela é, seja pela obtenção de in- mudar sua maneira de se re-
formações válidas ou por con- lacionar com o seu trabalho
tato direto com a realidade. De- ou estudos?
vemos estar cônscios de nossas

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 233


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

ESTuDo 45

a IMPorTÂNcIa Da TraNsIÇÃo
NuMa TErra DE rEsIsTÊNcIas –
coLaBoraDorEs

lEITuRAS DIÁRIAS
InTRoDução
Segunda Ne. 2.1-10
No processo de mudança da re-
Terça Ne. 2.11-20
alidade, se faz necessário que-
Quarta Ne. 3.1-5
brar as resistências, sobretudo,
Quinta Ec.7.19-22.
valendo-se dos colaboradores,
pois eles têm a capacidade de Sexta Es.4.1-3

se envolver e envolver outros, de Sábado Es. 4. 6-16


influenciar outras pessoas dos Domingo Et. 1.1-9
vários campos político, social,
moral, cultural, econômico, etc.
Nenhum líder lidera todo o povo Aplicação a sua vida: Quan-
de forma direta. Assim, ter ao do temos ao nosso lado os for-
madores de opinião, podemos
lado os formadores de opinião, dizer que a caminhada será
é fundamental. Neemias sabia bem mais fácil, pois eles se en-
disso muito bem, por isso, no carregam de influenciar as pes-
processo de reconstrução dos soas, quebrando as resistências.
Você reconhece um formador de
muros de Jerusalém e de res- opinião?
tauração da dignidade do povo,
sabiamente foi ao encontro dos
1. InvESTIDoS DE PoDER E
formadores de opinião, sendo
AuToRIDADE – vv.6 E 7
vitorioso em seu trabalho, ape-
sar de todas as dificuldades. O Rei como soberano e investido
Da mesma forma, se alguém de- de poder e autoridade precisa-
seja liderar com sucesso, preci- va de informações claras, para
sa ter o apoio dos formadores de que pudesse autorizar o proje-
opinião. to de Neemias. “Quanto tempo

234 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

levará a viagem? Quando você 2. SERvIDoRES PÚBlICoS


voltará?”. Isto chama a atenção vv. 8-9
para a necessidade de colocar
no papel nossos projetos de for- Asafe, que era o guarda da flo-
ma clara, estabelecendo o que, resta do rei e quem deveria ter o
quando, quem, como, quanto e controle sobre tudo que entrava
quais os resultados se quer ob- e saia, não iria deixar que Ne-
ter. Afinal, ninguém coloca seu emias cortasse uma árvore se-
nome e dinheiro em um proje- quer, sem que este lhe apresen-
to para o qual as finalidades ou tasse uma carta de autorização
propósitos não estão claros e e liberação de tal corte. Asafe
definidos. era o “chefe do IBAMA” do Rei.
Como servo de Deus, Neemias
Os governadores do Trans-Eu- não dá “um jeitinho”, mas segue
frates precisavam saber quem os trâmites legais, para que pu-
era aquele que estava indo com desse reconstruir os muros de
uma grande comitiva rumo a Je- Jerusalém. Nós, servos de Deus,
rusalém, portanto eles precisa- devemos fazer a mesma coisa e
vam das credenciais, ou seja, as nunca tentar “dar um jeito”.
cartas de apresentação do rei.
É verdade que mineiro gosta das
Não só o mineiro, mas qualquer
coisas certas, mas não se iluda,
outro povo que age com sabedo-
infelizmente a história do nos-
ria e segurança quer saber de
so povo está cheia de jeitinhos,
onde o líder do projeto vem, qual
como por exemplo:
é o projeto que ele tem em men-
te, o que todos vão ganhar com
• Carregadores que, quan-
o mesmo. Isto não é resistência
do viam os representan-
ou oposição, isto é sabedoria e
tes do governo português,
prudência.
fingiam que estavam vin-
do para as Minas Gerais,
Aplicação a sua vida: Reco- quando na verdade esta-
nheça as pessoas que estão em
posição de liderança sobre você, vam indo para o litoral;
honrando-as e dando-lhe ciên- • O famoso “santinho do
cia do que você tem em men-
te para fazer e realizar. Nunca pau oco”, que era uma es-
atropele a liderança, é bíblico cultura de madeira ocada
respeitá-la e também muito representativa de um san-
prudente. Você tem informa- to, em que se contraban-
ções claras a respeito da vida
ministerial, para que as pesso- deava ouro e mercadorias
as em posição de poder possam proibidas pela coroa.
ajudá-lo? Comente.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 235


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

A história de nosso povo, como maior parte das vezes, pessoas


a de todos os demais povos tem necessitadas contribuem mais
jeitinhos, pois “não há homem do que os que têm recursos.
que não peque” (Ec.7.20). No Neste sentido vale repetir uma
entanto, com Neemias apren- frase que li há muito tempo: “As
demos que se deve fazer a coi- catedrais são construídas com o
sa certa, do jeito certo e, assim, dinheiro dos pobres e o palpite
ele pede ao rei que lhe dê carta, dos ricos”.
autorizando o corte de árvores
Neemias sabia que para realizar
na floresta real, para fazer as
mudanças efetivas deveria con-
portas da cidade e construir sua
tar com a participação do povo
casa. Quer ter êxito? Faça a coi-
sa certa, do jeito certo. comum e de fato este participou.
Desta forma, caso queiramos
que mudanças efetivas aconte-
Aplicação a sua vida: O bra-
sileiro é conhecido pejorativa- çam na vida da Igreja, da comu-
mente pelo “jeitinho brasileiro”. nidade, da cidade, do estado, do
Sabemos que ele se distancia país e do mundo, não podemos
dos princípios cristãos. O que deixar de compartilhar a visão
você tem feito para não ser in-
fluenciado por essa cultura? com aqueles que, aos olhos de
Comente. muitos, não têm força e condi-
ções de fazer mudanças. São es-
3. PESSoAS nECESSITADAS - tas pessoas que realmente nos
vv. 11-16 ajudarão a alcançar o alvo que
Deus tem para nossas vidas.
Conforme disse acertadamente
Álvaro Granha Loregian, “ nin- “Os nobres”, muitas vezes, não
guém é tão pobre, que não pos- querem arregaçar as mangas,
sa contribuir. E, ninguém é tão sujar as mãos e transpirar in-
rico, que não necessite de aju- tensamente para que o trabalho
da”. Assim, Neemias procura a aconteça. Neemias vivenciou
ajuda dos poderosos, mas não esta experiência “...porém os
despreza o apoio do povo co- seus nobres não meteram o seu
mum, para que a obra aconteça. pescoço ao serviço de seu se-
E o mais interessante, é que na nhor” (Neemias 3:5).

236 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Aplicação a sua vida: Consi-


dere que todos temos dons, ta-
lentos e recursos com os quais Suporte para
contribuir, pois todos, de al- Pequenos Grupos
guma forma, desejam se sen-
tir úteis, inclusive as crianças.
Como você e sua igreja têm co- 1. Que descoberta fez através
deste estudo?
laborado para a transformação
da comunidade onde sua igreja 2. Como pode aplicar o que
está inserida? aprendeu?

3. Você mantém bons relacio-


ConCluSão namentos, para abençoar e
ser abençoado?
Aprendemos nesta lição, que,
numa terra de resistências, 4. Existe um ditado que diz:
“ninguém é tão rico que não
precisamos ter a humildade de necessite e nem tão pobre
contar com o apoio de muitos que não possa ajudar”. Na
colaboradores, ter autorização sua visão, como esse ditado
se encaixa com a experiência
ou permissão dos que estão em de Neemias na reconstrução
posição de poder, para chegar de Jerusalém?
aos subordinados que cumprem
ordens e contar com o trabalho
do povo comum, que, mais que
qualquer outro segmento social,
sente na pele os dramas do dia a
dia e deseja ardentemente mu-
danças que tragam benefícios
de caráter permanente e, mais
que isto, na maioria das vezes,
tem disposição para contribuir
em todos os sentidos, pois que-
rem se sentir úteis, ofertar e ver
sua comunidade melhorar.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 237


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

ESTuDo 46

a IMPorTÂNcIa Da TraNsIÇÃo
NuMa TErra DE rEsIsTÊNcIas:
orgaNIZaÇÃo Para MuDar a rEaLIDaDE
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
A sabedoria mineira diz que: Segunda Ne. 3:1- 10
“Quem não trabalha, dá traba- Terça Ne. 3:11-20
lho!” e que “mente desocupa- Quarta Ne. 3:21-32
da é oficina do diabo”. Sempre Quinta Nm.28.1-8
ouvi meu pai, que é mineiro lá Sexta Cl.3.12-17
do leste das Minas Gerais, re-
Sábado 1 Co.12.12-26
petir essas máximas, que tam-
Domingo Ne. 6. 15-19
bém deve ter ouvido de seu pai.
Neemias não era mineiro, po-
a partir de onde estão, podem
rém conhecia outras máximas
aprender com Neemias lições
que o faziam entender que não
para lidar com os que oferecem
dá para deixar ninguém parado.
resistência e, mais que isto, se
Afinal, Sambalate e Tobias não
opõem declaradamente ao que
davam trégua. Certamente, es-
se está pretendendo realizar.
tavam de casa em casa, falando
“ao pé do ouvido” de cada mo-
rador de Jerusalém que aquele Aplicação a sua vida: Todos nós
era um projeto fracassado e que estamos sujeitos a investidas de
não tinha a menor possibilidade opositores e por causa do nosso
comprometimento com os prin-
de dar certo. cípios cristãos, a oposição tem
Qual pastor ou líder cristão já aumentado consideravelmente.
Como você tem agido para iden-
não viu isto acontecer inúme- tificar, se prevenir e lidar com
ras vezes?! Qual servo já não os opositores? Comente.
experimentou a dor de ver seu
trabalho desmoronar, porque
1. TAREFAS oRGAnIzADAS E
os “Sambalates” e “Tobias” tra-
ESPECÍFICAS
balhavam com astúcia para pôr
tudo a perder?! Líder ou não de Neemias, entendia que a cida-
uma igreja, pois todos lideram de era de todos, portanto todos

238 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

eram responsáveis em ajudar de todos e, portanto, todos de-


na reconstrução dos muros e vem se sentir responsáveis pela
melhorar a qualidade de vida na mesma. Como também deve
cidade, desta forma deu às pes- acontecer na Igreja, na empresa
soas tarefas específicas. Você e mesmo na cidade.
perceberá ao longo do capítulo
É importante que aprendamos
3 que as famílias desenvolveram
que, quando sabemos o que
tarefas específicas e isto facili-
cada um deve fazer, fica mais
tou a reconstrução dos muros
fácil delegar tarefas e respon-
de Jerusalém.
sabilidades. Assim, seja na sua
Cada pessoa com quem traba- casa, na empresa, na Igreja,
lhamos deve, de alguma forma, etc., tenha clara a visão e a mis-
ter tarefas a realizar, seja na fa- são que Deus tem dado a você, à
mília, no trabalho e em especial sua família, à sua igreja e como
na Igreja, pois, como diz Içami cristão, à sua empresa, pois
Tiba, “para todo sufocado tem através dela você também deve
um folgado”. Muitas vezes en- servir ao Senhor.
contramos pastores sobrecarre-
gados e sufocados, mães e pais Aplicação a sua vida: Neemias
esgotados, patrões e líderes de nos ensina que ser organiza-
empresas estressados, porque dos e ter tarefas especificas nos
têm que fazer tudo. Alguns de- ajuda a ter foco, evitando des-
perdícios e procrastinação. O
les com a chamada Síndrome que você tem feito para man-
de Burnout, do esgotamento ter o foco em seu ministério?
profissional. Queimaram toda Comente.
a energia disponível e estão es-
gotados. E tudo isto porque não
2. PlAno DE Ação oRGAnI-
sabem delegar tarefas. São pas-
zADo E PARTICIPATIvo
tores controladores, que têm
medo de capacitar e delegar fun- Planejamento, segundo o di-
ções para os membros da Igreja; cionário, trata do “serviço de
São líderes ministeriais e de em- preparação de um trabalho, de
presas que padecem do mesmo uma tarefa, com o estabeleci-
mal; pais que não dão aos seus mento de métodos convenien-
filhos tarefas compatíveis com a tes; planificação”. Segundo Oli-
idade, para que também mante- veira (2004), o planejamento
nham a casa em ordem e a fa- consiste em identificação, análi-
mília tenha melhor qualidade de ses, estruturação, coordenação
vida. Em casa todos devem par- de missão, propósitos, objetivos,
ticipar, não para ajudar os pais, desafios, metas, estratégias, po-
mas porque moram lá. A casa é líticas internas e externas, pro-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 239


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

gramas, projetos e atividades, a da igreja parece ser uma ótima


fim de alcançar de modo mais alternativa, pois, de alguma for-
eficiente, eficaz e efetivo, o má- ma, facilita o envolvimento das
ximo do desenvolvimento possí- pessoas. Afinal, as pessoas de
vel, com a melhor concentração nossos dias são exigentes e pe-
de esforços e recursos. dem boas razões para que pos-
sam se envolver em um projeto.
Em Neemias encontramos a es-
Você, enquanto membro, quan-
trutura de um planejamento
do ouvir seu pastor ou líderes
o que: Reconstruir os muros de falar sobre a importância de se
Jerusalém elaborar o planejamento para o
Quem: Cada família ano seguinte, para os próximos
cinco ou dez anos, deve coope-
onde: Em frente à sua casa rar, perguntando em que pode
Quando: Início imediato e con- ajudar. Você deve glorificar a
clusão em 52 dias. Deus pelo líder que tem, pois
demonstra, como Neemias, ser
Como: com pedras, madeiras e sério, responsável e comprome-
ferramentas tido e, para que tenha êxito, pre-
Resultado: Segurança da cida- cisa contar com a participação
de com os muros reconstruídos de todos os membros.
em 52 dias e portas nos seus Infelizmente nossas famílias
devidos lugares e despertamen- não são educadas para fazer
to espiritual como consequência orçamentos e planejamentos or-
de se ver o mover de Deus em ganizados e participativos, que
todo o processo. envolvam todos os membros das
Assim, se observa que o plano famílias a curto, médio e longo
de Neemias é organizado e par- prazo, o que explica muito do
ticipativo, pois envolve todas fracasso das famílias em várias
as pessoas e facilita a vida das áreas.
mesmas, pois não precisam fa-
zer grandes deslocamentos para
Aplicação a sua vida: Vivemos
realizar a obra. em uma sociedade que requer
participação de todos. Assim,
Numa época em que a Igreja não é importante que cooperemos
dita mais a agenda e o discurso uns com os outros. O que você
das pessoas, adotar o plano de tem feito para cooperar com
Neemias para o fortalecimento sua família, trabalho e igreja?
Comente.

240 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

3. MElHoRES PADRÕES DE Aplicação a sua vida: Acostu-


QuAlIDADE mamos a ter uma vida agitada
e vivermos superficialmente,
Neemias era um homem dili- com o propósito de aproveitar
gente e por isso procurava fazer e experimentar de tudo que
tudo com excelência e pedia que pudermos. Assim passamos a
aqueles que estavam com ele fi- fazer tudo rápido e superficial,
zessem o mesmo. Seu trabalho e na maioria das vezes sem
qualidade. O que você tem feito
estava acima da média, aten- para diminuir a distância en-
dendo aos mais altos padrões tre a participação superficial e
de qualidade. a participação com qualidade?
Comente.
Os mesmos padrões vemos
quando visitamos as igrejas nas
cidades históricas de Minas Ge-
4. SERvE MElHoR, QuEM
rais. Observamos a quantidade
MElHoR SE PREPARA
de ouro que se utilizou para o
acabamento das mesmas. Uma “As pessoas mais capacitadas
pergunta que pode surgir é: O para tratar com os problemas
que levou os construtores e, de são as pessoas afetadas pelos
um modo especial, os artistas a mesmos” (John Maxwel). Esta
usarem esse metal precioso no frase casa perfeitamente com a
acabamento das mesmas? Além situação de Neemias. Ele estava
do ouro ser abundante na re- longe das ruínas de Jerusalém
gião, a ideia detrás de tudo era e de todo o sofrimento dos seus
que o Divino é digno do melhor. conterrâneos, vivendo como co-
Verdadeiramente Deus é digno peiro do rei, porém a realidade
do melhor! É preciso que haja do seu povo, o povo de Deus, o
compromisso da igreja em se afetou sobremaneira. A partir
fazer e oferecer o melhor para daí, em oração contínua, ele ela-
o Senhor. É preciso que haja borou um plano improvável aos
mãos diligentes no governo e olhos humanos, todavia perfeito
no trabalho. Da mesma forma é aos olhos de Deus.
preciso que haja compromisso
em se fazer o melhor na famí- Após tantos anos, ainda hoje,
lia, na empresa. Quando temos grandes problemas são resol-
pessoas comprometidas com os vidos por pessoas improváveis,
melhores padrões de qualidade, mas usadas por Deus. Tem al-
o que temos é uma instituição guma área em sua igreja que o
que faz a diferença no Reino de incomoda? Algum problema o
Deus, na vida daqueles que dela deixa angustiado? Esteja aten-
fazem parte e na comunidade to! possivelmente você seja a
em que está inserida. pessoa mais qualificada para

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 241


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

resolvê-lo, pois, como diz a frase Neemias a notícia da situação


citada acima, as pessoas mais em que se encontrava Jerusa-
capacitadas para tratar com os lém e seus habitantes? Se não
problemas são as pessoas afeta- todos, use pelo menos alguns
das por eles. dos passos de Neemias e aguar-
de no Senhor o direcionamen-
Pensemos em Neemias 1, sobre
to, seja você pastor, líder ou
o momento em que ele recebe as
membro da Igreja, pois quem
informações dos que chegaram
sabe este é o momento em que o
de Jerusalém. Ele poderia mui-
Senhor quer usá-lo para aben-
to bem ter dito, depois de ouvir
çoar sua igreja, de forma espe-
a notícia: “Muito obrigado, vou
cial. Demonstre o amor de Deus
orar sobre o assunto”. O que às
de forma prática, reconstruindo
vezes funciona mais como um
o que for necessário e chaman-
clichê, um jargão evangélico,
do outros para ajudá-lo. Todos
que propriamente um compro-
podem fazer alguma coisa e
misso. Porém, a notícia incomo-
Deus quer usar a todos para re-
da Neemias e há uma sequência
construir muros, que podem ser
de ações:
vidas.
• Sentou-se como que per-
plexo, assustado, impac-
tado; Aplicação a sua vida: Ao sen-
• Chorou diante de notícias tir-se incomodado com a situ-
ação de Jerusalém, Neemias
tão tristes e desoladoras; orou, buscando a capacitação
• Passou dias lamentando- de Deus para a sua reconstru-
ção e isso foi um dos motivos
-se, pensando no cenário pelos quais conseguiu o envolvi-
desolador, nos muros ca- mento do povo. Existe algo que
ídos, nas portas queima- está lhe incomodando, em rela-
das e nas pessoas pas- ção aos seus projetos pessoais
sando necessidade; e ministeriais? Ore e busque a
orientação de Deus.
• Jejuou e orou e só depois
tomou as providências
junto ao rei, pois ele tinha ConCluSão
certeza que era a pessoa
Em nossos dias as pessoas es-
que Deus usaria para
tão profundamente conscientes
aquela grande obra.
de seus direitos e pouco cons-
O que em sua igreja o tem in- cientes de seus deveres. Por es-
comodado? O que em sua igre- tarem conscientes de seus direi-
ja o tem afetado, como afetou a tos, elas se sentem no direito de

242 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

trazer muitas queixas, mas nem No filme “O resgate do soldado


sempre se sentem responsá- Ryan”, tem uma frase que é em-
veis pela solução dos mesmos. blemática, dita por seu superior
Como membros do corpo de depois de todo o sacrifício feito
Cristo, essas pessoas precisam para resgatá-lo: “Faça valer a
de orientação, para se inseri- pena”.
rem no contexto da construção
Que você possa fazer valer a
do reino de Deus. Para tanto,
pena o sacrifício de Jesus no
faz-se necessário um plano or-
Calvário para resgatá-lo, dan_
ganizado e participativo, não
do-lhe o seu melhor.
fazendo a obra de Deus no im-
proviso e de forma atabalhoada,
trabalhando sempre dentro dos
melhores padrões de qualidade,
reconhecendo que as pessoas Suporte para
mais qualificadas para desen- Pequenos Grupos
volver qualquer ministério no
Corpo de Cristo são aquelas que 1. O que você aprende com o
fato de Neemias conhecer
são afetadas diretamente pelos bem as pessoas que traba-
problemas. lhavam perto uma das ou-
tras?
Não importa onde você atue no
corpo de Cristo. Não importa em 2. O que isso revela sobre a
organização e cooperação,
que posição você esteja na sua
envolvidas nesse grande es-
família. Não importa a função forço nacional?
que você ocupe em sua empresa
3. Que atitudes e ações da
ou comunidade, existe algo que equipe de reconstrutores de
você pode fazer. Porém, para fa- Neemias devem ser imitadas
zer alguma coisa, você precisa – e quais devem ser evitadas
pelos cristãos que desejam
aprender a fazer e delegar res-
edificar a igreja?
ponsabilidades, organizar-se e
planejar, ser diligente, se capa-
citando sempre.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 243


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

ESTuDo 47

a IMPorTÂNcIa Da TraNsIÇÃo,
NuMa TErra DE rEsIsTÊNcIas
gEsTos QuE coNsoLIDaM o ProcEsso

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Tudo pode parecer bonito e belo, Segunda Ne. 9.1- 19
seja considerando as caracterís- Terça Ne. 9. 20-38
ticas da mineiridade, seja consi- Quarta Ne.11.1-18
derando os desafios da contem- Quinta Ne. 11. 19-36
poraneidade, porém nada disso Sexta Ne.12.1- 15
tem valor, quando se esquece da
Sábado Ne.12. 16 -31
Palavra de Deus. Ora, esta era
Domingo Ne. 12. 32 - 47
a preocupação de Neemias. Ele
não queria apenas reconstruir
os muros de Jerusalém e res- Aplicação a sua vida: O culto
taurar a dignidade do povo, pois em que Deus está no centro é,
a preocupação central, era fazer na atualidade, o nosso maior
desafio. Hoje, as músicas e os
daquele momento, um momen- programas estão considerando
to de despertamento espiritu- mais o que agrada ao ser huma-
al, de retorno à comunhão com no do que o que agrada a Deus.
Deus, à centralidade do culto. Como você pode contribuir para
oferecer a Deus um culto cole-
Certamente, nossa preocupação tivo, que seja Cristocêntrico?
deve ir na mesma direção, pois Comente.
há uma grande necessidade de
se reconduzir o povo a Deus,
de experimentar um desperta- 1 – A PAlAvRA DE DEuS oCu-
mento espiritual, um culto que PAnDo luGAR CEnTRAl –
seja Cristocêntrico e não antro- nEEMIAS 9
pocêntrico. Neste sentido, a ca- Em Neemias 9.3, lemos: “Fica-
pacidade reflexiva do povo pode ram onde estavam e leram o Livro
contribuir significativamente, da Lei do Senhor, do seu Deus,
mas a atitude de líderes que se- durante três horas.” Chega um
jam reflexivos é essencial para momento em que Neemias como
ajudar o povo de Deus a reen- que diz: “Ok! Estamos aqui re-
contrar seus rumos. construindo os muros e as por-

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

tas de nossa cidade, mas, mais 2 – CADA PESSoA ASSuMIn-


importante que tudo isto é re- Do uM CoMPRoMISSo
construirmos o nosso relacio-
namento com Deus e tudo isto O capítulo 10 nos mostra que
passa pelo retorno ao conheci- o estudo da Palavra, que levou
mento da Palavra de Deus”. à contrição, arrependimento,
confissão e mudança de menta-
Precisamos caminhar no senti- lidade, resulta em atitudes que
do de novamente nos tornarmos demonstram que esta experiên-
o “povo do livro”, independen- cia foi real, pois se manifestou
temente de ser físico ou digital, na prática da congregação, o
de estar no papel ou no celular, que se deu pela assinatura de
no tablete ou no computador. A um compromisso de lealdade e
Bíblia nem sempre esteve em fidelidade ao Senhor. “Esta é a
papel. Os dez mandamentos fo- relação dos que o assinaram: Ne-
ram dados a Moisés em tábuas emias, o governador, filho de Ha-
de pedras, que em inglês se pode calias, e Zedequias [...] O restan-
ler “tablets of stone” (tábuas de te do povo: sacerdotes, levitas,
pedra). No Antigo Testamento, e porteiros, cantores, servidores
mesmo no Novo Testamento, se do templo e todos os que se se-
pode encontrar em papiros, per- pararam dos povos vizinhos por
gaminhos, couro etc., portanto amor à Lei de Deus, juntamente
não é o material que define o com suas mulheres e com todos
valor escriturístico, mas sua os seus filhos e filhas que eram
mensagem. capazes de entender, agora se
Quando há estudo da Palavra unem aos seus irmãos, os no-
e o mover do Espírito Santo, bres, e se obrigam sob maldição
o que temos é despertamento e sob juramento a seguir a Lei de
que, mais que barulho, resulta Deus, dada por meio do servo de
em arrependimento, confissão e Deus, Moisés, e a obedecer fiel-
mudança de vida. O importante mente a todos os mandamentos,
é que haja um despertar para a ordenanças e decretos do Se-
leitura da Palavra de Deus, que, nhor, o nosso Senhor. (Neemias
acima de tudo, resulte num re- 10 28-29ss - NVI)
torno ao Senhor.
Um princípio que se pode per-
ceber claramente em Neemias
Aplicação a sua vida: Estamos é aquele que diz: Você se torna
preocupados e ocupados em aquilo com que está comprome-
fazer muitas coisas para Deus, tido. Levar as pessoas a estarem
mas pouco preocupados e ocu- comprometidas com o Senhor e
pados em ser como Deus quer
Sua Causa é fundamental para
que realmente sejamos, e isto
só saberemos pelo conhecimen- que se possa mudar a realidade
to de sua Palavra. Quanto tem- de uma igreja, uma comunida-
po você tem dedicado à leitura de, uma cidade, um estado, a
da Palavra de Deus? nação e o mundo.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 245


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

Um dos grandes problemas de Neemias sabia e conscientizara


nosso tempo é a falta de com- o povo disto, que a reconstru-
promisso, mas este não é um ção do muro era apenas uma
problema só do nosso tempo, parte do processo e que após
pois Neemias sabia que se não a reconstrução do mesmo, era
levasse o povo a assumir um
preciso que cada um assumisse
compromisso público de lealda-
sua parte. Até porque Neemias
de e fidelidade ao Senhor, aque-
le dia seria apenas mais uma tinha se comprometido com o rei
atividade no calendário litúrgico Artaxerxes sobre o tempo que
da congregação reunida em Je- permaneceria em Jerusalém e
rusalém. Ativismo mata, com- de que retornaria a Pérsia após
promisso transforma. a conclusão de seu trabalho.
Envolver as pessoas na realiza-
ção da Obra de Deus é o modo
Aplicação a sua vida: Assumir como esta pode se fortalecer e
compromisso nem sempre é fá-
cil, no entanto, em tempos de expandir. Assim, desafiar as
relativismo, exposição e excesso pessoas ao engajamento com
de informação, o ato de assumi algum ministério no Corpo de
-lo tornou-se apenas uma ação Cristo faz que a obra do Senhor
social, uma foto na internet. O
que você tem feito para que as possa prosperar. Eis um grande
atividades diárias não inibam desafio para o nosso tempo.
o compromisso assumido com
Deus? Comente.
Aplicação a sua vida: Recebe-
mos de Deus dons e talentos.
3 – CADA PESSoA PARTICI- Comprometidos com Ele deve-
mos usá-los em sua obra. Como
PAnDo CoM DonS E TAlEn-
você tem contribuído para o
ToS – nEEMIAS 11 e 12 crescimento do reino dentro e
fora da igreja? Comente.

Nestes capítulos, temos o desa-


4 – EnCoRAjAnDo A lIDE-
fio feito para que todos perma-
RAnçA SERvIDoRA
necem em Jerusalém, ocupando
e cuidando da cidade. Líderes John Maxwell, em seu comentá-
políticos, líderes militares e líde- rio sobre a liderança na Bíblia
res religiosos, responsáveis pelo de Liderança Cristã, declara que
governo da cidade, a segurança a “Bíblia confirma um princípio-
da mesma e, de um modo es- -chave da administração: pesso-
pecial, a manutenção do culto, as não fazem o que ouvem; elas
também se comprometeram em fazem o que veem. O exemplo
ficar e fazer o melhor. Afinal, do líder determina a experiên-

246 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

cia das pessoas [...] Na grande colhas que as pessoas fazem.


maioria, o povo de Deus supor-
Olhando para as Escrituras, en-
tou tempos difíceis durante os
contramos muitos exemplos de
dias que abrangem o Livro de
líderes servos. Davi foi um de-
2 Reis [...]. Lembre-se: a lide-
les, pois como diz John Maxwell,
rança do povo determina a di-
na Bíblia da Liderança Cristã:
reção de todo o país. Pessoas
“Davi sacrificou um possível
fazem o que veem”. (p. 408). O
lucro pessoal em favor daque-
autor apresenta uma lista de
les que procuravam destruí-lo,
16 reis em Judá, no período e
demonstrando ser um clássico
destes, apenas dois, Ezequias e
líder-servo”.
Josias, adoraram a Deus de co-
ração sincero. Enquanto que em Jesus é o nosso maior exemplo
Israel, vendo reis perversos, Ma- de liderança servidora e ensinou
nassés (2 Reis 21) e Jeroboaão que lideramos pelo servir e ser-
(2 Reis 14), por exemplo, o povo vimos pelo liderar, conforme se
se afastou da verdade. Vendo pode ler em Mateus 20:25-28:
reis piedosos, como Ezequias (2 Jesus os chamou e disse: Vocês
Reis 18) e Josias (2 Reis 22), se sabem que os governantes das
não todo o povo, boa parte do nações as dominam, e as pes-
mesmo, se voltou para o Senhor. soas importantes exercem poder
sobre elas. Não será assim entre
Creio que podemos ter uma
vocês. Ao contrário, quem quiser
ilustração disto, olhando para
tornar-se importante entre vocês
a triste realidade de nosso país,
deverá ser servo e quem quiser
quando vemos governantes,
ser o primeiro deverá ser escra-
políticos e empresários corrup-
vo; como o Filho do homem, que
tos, que todos os dias desfilam
não veio para ser servido, mas
nos noticiários, sendo um mal
para servir e dar a sua vida em
exemplo para o povo e o reflexo
resgate por muitos.
disto na sociedade, que de igual
modo, infelizmente, se deixa do- Caso se lembre da lição “Gigan-
minar pela corrupção, a violên- tes de nosso tempo”, deve se
cia e a barbárie. Claro que falta lembrar também que um dos
às pessoas de um modo geral, gigantes é a formação de lide-
maturidade para fazer escolhas rança, de um modo especial, de
acertadas, mesmo quando não uma liderança servidora. Foi o
têm bons exemplos, pois não se que Neemias procurou demons-
pode dizer que tal situação seja trar, sendo um líder servo, en-
só por causa dos líderes, visto corajando o exercício de uma
que também é resultado das es- liderança servidora por parte de

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 247


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

seus pares. Sendo líderes servi- a centralidade da Palavra de


dores e formando uma liderança Deus, com pessoas assumin-
servidora, certamente faremos a do um compromisso pessoal de
diferença neste tempo em que dedicação ao Senhor, com cada
os líderes querem ser celebrida- pessoa servindo onde está, com
des e ser servidos o tempo todo. os talentos que Deus concedeu
e com o exemplo de uma lide-
rança servidora e formadora de
Aplicação a sua vida: A edu- líderes servos.
cação de uma pessoa começa
antes mesmo de ela nascer. A
formação de um líder inicia com
os pais e perdura com todos os
envolvidos direta ou indireta-
Suporte para
mente em seu crescimento. O
processo de observação e ab- Pequenos Grupos
sorção é algo que contribui na
formação do seu caráter. O que 1. Quais foram as verdades
você tem feito para contribuir que você aprendeu nesta
para a formação de futuros líde- estudo? Relacione duas
res servos de nosso país? verdades.

2. Em que estas verdades


mudarão sua maneira de
ConCluSão: agir como servo de Deus?

Neste tempo em que se bus- 3. Em que estas verdades vão


mudar sua maneira de se
ca transparência e ética nas relacionar, com sua família,
relações, uma liderança que igreja, sociedade?
efetivamente faça a diferença
4. Em que estas verdades
e mudanças que tragam bene- vão torná-lo um cristão
fícios de caráter permanente, melhor?
precisamos reconhecer que tal
processo só poderá se dar com

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 48

VaLorIZaNDo a coNVErsa
À BEIra Do FogÃo

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Em uma bela crônica, Rubem Segunda At. 2. 1-13
Alves, que era mineiro de La- Terça At. 2. 14 - 36
vras, escreveu sobre o tema Quarta At. 2. 37- 47
conversa à beira do fogão. Ele Quinta Ap. 3.14-22
narra que os mineiros recebem Sexta Dt. 6. 1-9
as visitas na chamada sala de
Sábado Sl. 78:1-7
visitas, que é o lugar onde se re-
Domingo Sl. 145
cebe os que não fazem parte da
família e com ela não têm qual-
quer proximidade. Ali se recebe Igreja de Atos 2 como sendo a
e dali se despacha. À beira do igreja ideal, a igreja que deve-
fogão, na cozinha, se recebe os mos buscar, a igreja que tem
membros da família e aqueles essa coisa da mineiridade, da
que são agregados, como se fos- conversa à beira do fogão de le-
sem membros desta. nha, tão característica da famí-
lia mineira. Assim, a igreja deve
Até parece que em Apocalipse buscar se tornar semelhante ao
3:20 “Eis que estou à porta e que se fala em Apocalipse 3.20
bato. Se alguém ouvir a minha e também com a igreja descrita
voz e abrir a porta, entrarei e ce- em Atos 2.
arei com ele, e ele comigo”, Jesus
está falando desta mineiridade,
que em certo sentido, também Aplicação a sua vida: Todos os
era própria dos judeus daqueles grandes acontecimentos expe-
rimentados pela humanidade
dias e que deve ser cultivada na iniciam com uma boa conversa,
vida da Igreja, pois igreja sem seja ela entre os iguais ou com
proximidade, sem intimidade, Deus. Essa atitude gera conhe-
não é Igreja. cimento do outro e de si. Quan-
to tempo você tem investido em
Bill Haybels, em um estudo cujo seus relacionamentos, em suas
tema é “Isso é Igreja”, fala da conversas? Comente.

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| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

1 – À BEIRA Do FoGão para de fato transmitir valores e


TRAnSMITIMoS vAloRES princípios.
E PRInCÍPIoS
Pena que as famílias estejam Aplicação a sua vida: A trans-
perdendo a oralidade, como for- missão de valores e princípios
passa pelos encontros infor-
ma de transmissão de valores e
mais, regados à boa comida.
princípios! Quantas vezes ouvi O aprendizado flui quando esta-
meu querido pai, homem de mos informalmente expressan-
poucas letras, ler a Bíblia logo do nossas opiniões e valores.
pela manhã, em voz audível, Como você tem participado ou
nos despertando com as Sagra- mesmo promovido momentos
das Escrituras! Quantas vezes o como estes em sua família e
ouvi, afinado ou não, cantando igreja? Comente.
os belos hinos! Quantas vezes,
à mesa, ele e minha mãe ins- 2 – À BEIRA Do FoGão FoR-
truíam seus nove filhos do jeito TAlECEMoS oS RElACIonA-
dele, às vezes rude e autoritário, MEnToS
mas no fundo, cheio de amor e
graça, com o desejo sincero de Somos nove irmãos. Graças a
que andássemos pelo Caminho Deus todos vivos. Já adultos e
da Verdade. Hoje, todos estão caminhando, os mais velhos,
servindo ao Senhor. Até hoje, para a terceira idade, mas sem-
do alto dos seus 81 anos e cego, pre que podemos, nos reuni-
gosta de reunir a família, con- mos, comemos e rimos juntos
versar e dar alguma instrução, acerca das estripulias que fazí-
principalmente quando alguém amos quando éramos crianças.
Não somos uma família perfeita,
fala fora do que crê ser o certo,
mas satisfatória. Temos proble-
de acordo com as Escrituras.
mas como todas as demais, mas
Por que Jesus amava as festas? amamos uns aos outros. Apren-
Por que multiplicava os pães e demos com “nossos velhos” o va-
os peixes? Por que quando se lor dos relacionamentos. Afinal,
encontrou com os discípulos, nossos progenitores vão com-
depois da ressurreição, assou pletar 58 anos de vida conjugal.
um peixe? Caso fosse hoje faria Às vezes são ranhetas um com
um churrasco. Porque sabia, outro, mas amam um ao outro.
também que, quando comemos Quando meu pai foi acometido
e bebemos juntos, nos abrimos por uma infecção grave, em que
para o aprendizado de verdades teve que retirar os olhos, mi-
e princípios que de outra forma nha mãe entrou em depressão.
não o faríamos. Medo de perder seu velho! Hoje,
ele diz: “Preciso ir para a cháca-
As famílias da Igreja precisam ra, sua mãe tem que descansar,
resgatar a oralidade. As igrejas dormir um pouco, sei que não é
precisam passar mais tempo em fácil cuidar de um idoso e ainda
momentos de confraternização, por cima cego”.

250 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

À beira do fogão, junto à mesa 3 – À BEIRA Do FoGão RES-


aprendemos sobre a importân- GATAMoS A IMPoRTÂnCIA
cia dos relacionamentos. As DA oRAlIDADE
famílias das Igrejas precisam
resgatar o valor dos relaciona- Em Deuteronômio 6:7, a impor-
mentos, passeando juntas, co- tância da oralidade na trans-
mendo juntas, sem celular, sem missão de valores e princípios é
internet, sem as interferências fortemente ressaltada, quando
da modernidade, que ajudam Moisés, na repetição da Lei (e é
em muitos aspectos, mas estão exatamente isto que Deuteronô-
destruindo relacionamentos.
mio significa, repetição), a de-
As igrejas precisam resgatar o clara, pois, afinal, ninguém pega
valor dos relacionamentos atra- tudo da primeira vez e uma ge-
vés dos pequenos grupos, das ração que não estivera presente
células ou grupos familiares, à saída do povo da terra do Egito
pois uma igreja que não culti-
e agora estava prestes a entrar
va relacionamentos, em uma
celebração, está mais para um na Terra Prometida, precisava
“saco de batatas, que um prato conhecer os princípios, os valo-
de purê”. Afinal, o que é sua fa- res e os fundamentos da fé, bem
mília, um “prato de purê ou um como a gerações que viessem
saco de batatas”? O que é sua depois. Então Moisés diz: “Con-
igreja, “um prato de purê ou um verse sobre elas quando estiver
saco de batatas”? Pense na dife- sentado em casa, quando estiver
rença entre um e outro e aplique andando pelo caminho, quando
ao relacionamento de sua famí-
se deitar e quando se levantar”.
lia e igreja.
Nos Salmos 22:30-31, 78:4-
7; 89:1; 102:18 e 24; 135:13 e
Aplicação a sua vida: Em tem- 145:4ss. Declarações são feitas
pos de muito ativismo perde- no sentido de que uma geração
mos o encanto das longas horas
contará à próxima geração os
de conversa. Em nome do “Res-
peito ao individualismo”, perde- feitos do Senhor, como se pode
mos o relacionamento, princi- ver no exemplo a seguir: Não os
palmente o familiar. Por medo esconderemos dos nossos filhos;
de machucar e ser machucado,
contaremos à próxima geração
os encontros, pouco a pouco, se
tornam formais e rápidos. Per- os louváveis feitos do Senhor, o
demos a máxima de rir juntos seu poder e as maravilhas que
até dos erros cometidos. O que fez. Ele decretou estatutos para
você pode fazer para resgatar e
Jacó, e em Israel estabeleceu
criar momentos inesquecíveis
de relacionamento em família e a lei, e ordenou aos nossos an-
na igreja? Comente. tepassados que a ensinassem
aos seus filhos, de modo que a

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 251


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

geração seguinte a conhecesse, ConCluSão


e também os filhos que ainda
Vai um cafezinho com pão de
nasceriam, e eles, por sua vez,
queijo? Que delícia! Melhor ain-
contassem aos seus próprios
da se cercado de boa companhia
filhos. Então eles porão a con-
e disposição sincera para abrir o
fiança em Deus; não esquecerão
coração com vistas ao fortaleci-
os seus feitos e obedecerão aos
mento de relacionamentos, seja
seus mandamentos. (Salmos
na família humana ou espiritu-
78:4-7 – NVI).
al. Com vistas a transmitir valo-
Esta geração não pode perder res que efetivamente possam ge-
de vista o quão importante é a rar vidas transformadas e mais,
oralidade para a transmissão de com o propósito de deixar um
princípios e valores. A pressão legado para as futuras gerações,
para que esta se perca é grande, para que, depois que partirmos,
mas com fé, determinação e pa- a experiência de fé da presen-
ciência, se pode encontrar for- te geração possa ser comparti-
mas de que estes sejam trans- lhada com as futuras, até que
mitidos. Cristo volte.

Aplicação a sua vida: Os tem-


pos atuais têm promovido gran- Suporte para
des transformações através da Pequenos Grupos
tecnologia da comunicação.
Porém nada que se aproxime 1. Faça um breve resumo da li-
da comunicação pessoal. É im- ção.
portante destacar que esta nos
traz um crescimento inter e in- 2. Por que precisamos transmi-
trapessoal. Quando estamos tir valores e princípios?
juntos e nos comunicamos, 3. Que consequências sofre o
estamos com todos os órgãos, ser humano, que não fortale-
sentidos e emoções envolvidos. ce os relacionamentos que lhe
Assim a transmissão de valores são importantes?
e princípios passa a ser mui-
3. Como você pode fortalecer
to empolgante. Como você tem seu relacionamento com os
transmitido os valores e princí- familiares?
pios eternos?
4. Que mudanças precisa fazer
em sua vida, para adequar-se
à vontade de Deus?

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 49

“ao coMPasso Do TEMPo, Mas


sEMPrE FIrMaDos Na rocHa”
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
Mais uma reflexão sobre Tradi- Segunda Mt. 16.13-20
ção e Tradicionalismo. Os bons Terça I Tm. 1.1-17
mineiros são conservadores, tra- Quarta Sl. 62.1-12
dicionais, mas conservadorismo
Quinta Is. 17.7-11
e tradicionalismo sem reflexão
leva a atitudes preconceituosas, Sexta 1Co.1.18-25
discriminatórias e a resistências Sábado Atos 17.32-34
desnecessárias. Muito do que se Domingo Gl.5.16-26
considera tradição está funda-
mentado no senso comum e não
no senso crítico. Senso comum 1 – CRISTo, A RoCHA, não
é, por exemplo, aquilo em que MuDA, MAS AS FoRMAS DE
se crê porque os avós criam, os PREGAR SuA MEnSAGEM,
pais do mesmo jeito, mas nin- SIM
guém nunca parou para pensar
O slogan de Mocidade Para Cris-
se este é o modo certo. O senso
to pode nos ajudar a refletir esta
crítico, por sua vez, quer saber
porque tal coisa foi feita desta questão: “Ao compasso do tem-
ou daquela forma, se existe uma po, mas sempre firmados na Ro-
forma melhor para fazê-la no cha”. Uma coisa deve estar clara
presente e mesmo, se deve ser para todo crente: Cristo, a Ro-
feita. cha, não muda, pois Ele, como
diz o Apóstolo Paulo em I Timó-
Aplicação a sua vida: Estar fir- teo 1:17 – NVI, “Ao Rei eterno,
mado na Rocha que é Cristo e o Deus único, imortal e invisível,
ao mesmo tempo acompanhar sejam honra e glória para todo o
as mudanças que o tempo nos
transmite é uma necessidade. sempre. Amém”.
Para tanto é importante ter-
Ao longo de quase vinte anos
mos atitudes reflexivas sobre
as nossas ações. Você tem ava- fui professor de Homilética, dis-
liado suas atitudes e percebido ciplina que ensina a elaborar e
mudança em sua forma de agir? a apresentar sermões, recurso
Comente.
muito usado na pregação do

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 253


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

evangelho, no Curso de Teolo- • A segunda foi a conversão


gia da Faculdade Batista de Mi- de homens que já tinham
nas Gerais. Um fato que sempre sido capacitados para a
chamou minha atenção foi a retórica e que se torna-
percepção que os primeiros cris- ram pregadores. A isto
tãos tiveram, concedida pelo Es- deve ser acrescentado o
pírito Santo, quando a pregação declínio dos pregadores
do evangelho deixou o eixo Je- judeus cristãos e judeus,
rusalém, Jordão e Judeia, che- o que levou a homilia a
gando a outros lugares, além de ceder lugar para o sermão
Samaria que, apesar da rivalida- elaborado.
de, estava bem ali, e rever seus Observe que logo no primeiro
conceitos de pregação, a fim século da Era Cristã se teve que
de levar outros povos a Cristo. fazer uma revisão quanto à for-
Broadus diz que alguns fatores ma de pregar e agora, passados
contribuíram para isto: A prédi- mais de dois mil anos, nos ve-
ca cristã que começou na Pales- mos presos a modos e práticas
tina tinha como seus primeiros que não comunicam com esta
pregadores e auditórios pessoas geração.
de formação judaica, com esti-
los e características próprios,
mas agora precisava rever seus Aplicação a sua vida: Rever
conceitos. Duas coisas influen- nosso estilo de vida e a manei-
ciaram nesta mudança: ra de compreender a sociedade
nos dará a condição de comuni-
• A primeira foi a dissemi- car as verdades bíblicas a esta
nação do evangelho en- geração de forma eficiente e efi-
caz. Que estratégias você tem
tre as nações gentílicas,
usado para comunicar a men-
para as quais as tradi- sagem de salvação? Comente
ções e formas judaicas
eram pouco conhecidas.
Isto explica a preferência 1– CRISTo, A RoCHA, não
dos coríntios por Apolo ao MuDA, MAS AS FoRMAS DE
invés de Paulo. Segundo APRESEnTÁ-lo, SIM
David Smith, esta “foi a
primeira notificação aos No tópico anterior vimos que os
embaixadores de Cristo primeiros cristãos logo se viram
no sentido de que, se qui- com a necessidade de pensar em
sessem ganhar o mundo, como apresentar Cristo ao mun-
precisavam se dirigir a ele do, visto que a compreensão so-
de um modo afim, ou con- bre Ele não era a mesma entre
genial”. os vários povos (I Coríntios 1:18-25).

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Os judeus, como destaca a nota • Confirmando que a comuni-


de rodapé da Bíblia NVI de es- dade de fé estabelecida por
tudo, esperavam um Messias Jesus era um lugar de ora-
triunfante, político (At. 1.16), ção e contemplação, onde a
não um Messias crucificado. Os presença de Deus era cla-
gregos e romanos tinham certe- ramente percebida, carac-
za de que nenhuma pessoa de terizada por um encontro
boa reputação seria crucificada, pessoal com um Deus que é
de modo que era inconcebível Pessoal;
que um criminoso pudesse ser o • Reconhecendo que a igreja é
Salvador. Em Atos 17.32, temos um espaço marcado por um
uma demonstração clara da ati- encontro consigo mesmo, e
tude de zombaria destes quando com o outro, pois nesta co-
ouviram Paulo falar da ressur- munidade se é membro uns
reição dos mortos, dizendo que dos outros. Ora, esta visão
sobre este assunto o ouviriam de quem Cristo era e do Ele
em outra ocasião. fazia pelos que nele criam
impactou o mundo de então,
No entanto, para apresentar de modo que as dezenas e
Cristo a aquela comunidade centenas de milhares de pes-
era preciso ações estratégias. E soas aderiam à fé, alvoroçan-
Paulo foi um missionário extra- do o mundo daqueles dias e
ordinário, que as aplicou: fazendo que o evangelho che-
gasse até nós.
• Ressaltando que a comuni- A sociedade pós-moderna, à se-
dade da qual Jesus era a ca- melhança dos judeus e dos gen-
beça, era uma comunidade tios também tem uma forma de
de convivência, de amor, de ver a Cristo e a mensagem do
relacionamento ao ponto de evangelho e para a maioria ela
se conhecerem pelo nome,
continua sendo loucura, mas
como demonstra em Roma-
o homem pós-moderno conti-
nos 16;
nua tão carente da mensagem
• Demonstrando que a Igreja de salvação como o homem dos
de Jesus era um lugar para dias de Paulo. Diante disto, Jai-
todos, onde não havia escra- me Morales propõe 12 estraté-
vo nem livre, nem homem gias para apresentar o evange-
nem mulher, nem judeu nem lho ao homem pós-moderno:
gentio, mas todos eram bem-
-vindos por aquele que mor- • Falar do pessoal, do que
reu e ressuscitou dentre os é Jesus em nossas vidas,
mortos; pois não há testemunho

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 255


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

mais poderoso que vidas uma demanda da socie-


transformadas; dade pós-moderna;
• Falar do Pessoal, do que é • Apresentar a Bíblia como
Jesus na vida das pesso- a Palavra de Deus, como
as, ou seja, Jesus é uma um livro relacional que
presença real na vida dos através do qual Deus nos
que nele creem e não uma fala, um manual de acon-
influência ou energia, selhamento;
como muitos querem crer, • Evitar o vocabulário evan-
em nossos dias; gélico, doutrinário e teoló-
• Testemunhar em silêncio, gico;
ou seja, pregar mais pela • Apresentar o Fruto do
vida, que pelas palavras, Espírito Santo (Gl.5.22),
pois o homem pós-moder- como resultado da entre-
no está cansado de dis- ga a Cristo. É atraente
curso, de oratória, quer para o pós-moderno saber
ver prática; que o Fruto do Espírito é
• Focar em evangelismo por amor, alegria , paz, lon-
relacionamento e amiza- ganimidade, benignidade,
de; bondade, fidelidade, man-
sidão, domínio próprio;
• Focar em Pequenos Gru-
pos ou Células, pois são • Evitar criticar à religião
mais próximos, pois é dos outros. Na pós-mo-
mais fácil ir à casa de um dernidade esta atitude é
amigo do que em sua igre- vista como discriminação
ja ou culto ao ar livre; e, portanto, como contrá-
rio ao espírito religioso.
• Usar a oração para apro- Lembre-se, Paulo não cri-
ximar as pessoas de Je- ticou os atenienses pelos
sus Cristo, pois nenhum seus muitos altares, mas
pós-moderno rejeitará buscou um ponto em co-
uma oração. Afinal, na mum para dali apresentar
pós-modernidade há uma ên- a Cristo;
fase à espiritualidade, não
• Apresentar a igreja como
necessariamente à reli-
uma comunidade de cren-
gião;
tes, pois o pós-moderno
• Projetar a Igreja para en- valoriza relacionamentos
carar as necessidades so- sinceros e fortes, em que
ciais, pois o envolvimento se sinta uma pessoa com
com as causas sociais é nome e sobrenome;

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Igreja que deseja apresentar Je- exemplo, pode ser culto, inteli-
sus na pós-modernidade preci- gente, mas, se usa a criatividade
sará ser engajada, pois alcançar sem a unção do Espírito Santo,
o homem pós-moderno é um se torna presunçoso e pedante,
trabalho que se deve fazer na pois “criatividade sem unção, é
dependência do Espírito Santo, presunção”. Assim, o Espírito
mas também com o envolvimen- Santo nos conduz a toda verda-
to de toda a igreja, visto ser algo de, nos capacita com dons e nos
desafiador. dá discernimento quanto ao que
devemos fazer, para que Deus
seja glorificado, a Igreja seja
Aplicação a sua vida: Apresen- edificada e o Seu Reino possa se
tar Jesus ao mundo pós-moder- expandir sobre a face da terra.
no é um trabalho que requer Ele é quem de fato capacita sua
dependência do Espírito Santo,
envolvimento não apenas do Igreja para pregar o evangelho
pastor, mas de toda a igreja, o com criatividade, com inteligên-
que inclui você, pois a igreja são cia, com sabedoria. Sem, contu-
todos os que dela fazem parte. do, cair nos modismos que te-
Qual o seu envolvimento em
sua igreja? mos visto em nossos dias.
Quando se pensa em criativida-
de para ensinar a Palavra, não
há necessidade de se inventar
3 – o ESPÍRITo SAnTo: “PAI
algo novo, pois criatividade não
DA CRIATIvIDADE”
necessariamente é inventar algo
Criatividade está relacionada a novo, mas dar a algo que já foi
inventividade, inteligência e ta- criado, uma nova aplicação,
lento, natos ou adquiridos, para uma nova utilidade. Por exem-
criar, inventar, inovar, quer no plo, quando pensamos na roda
campo artístico, quer no cientí- ficamos impressionados sobre
fico, esportivo, etc. Jésus Gon- quantos usos ela tem desde que
çalves, no livro “O Púlpito Cria- foi inventada. É extraordinária
tivo”, diz que o Espírito Santo é o a criatividade que se teve para
Pai da Criatividade, portanto, no a utilização da mesma, de modo
que tange à pregação do evange- que se tornou comum dizer:
lho, é o Espírito Santo quem dá “Não é preciso inventar a roda”,
ao pregador criatividade que o basta lhe dar uma nova aplica-
capacita para apresentar a men- ção. Deuteronômio 6:4-8, escri-
sagem, de modo que possa fazer to há milhares de anos, nos ofe-
a diferença na vida das pesso- rece cinco princípios que podem
as. Ele diz que o pregador, por nos orientar a, na dependência

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 257


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

do Espírito Santo, usarmos a • Deus nos orienta a apro-


criatividade na vida pós- moder- veitar todas as oportu-
na. nidades – [...] “Converse
sobre elas quando estiver
• Deus nos orienta a dar sentado em casa, quando
atenção ao que realmente estiver andando pelo ca-
conta – “Ame o SENHOR, minho, quando se deitar e
o seu Deus, de todo o seu quando se levantar.” – Vi-
coração, de toda a sua são de oportunidade, ges-
alma e de todas as suas tão de recursos e pessoas.
forças. Que todas estas
• Deus nos orienta a usar a
palavras que hoje lhe or-
repetição criativa – “Amar-
deno estejam em seu co-
re-as como um sinal nos
ração” – Prioridade, algo
braços e prenda-as na
de que se fala muito em
testa. Escreva-as nos ba-
nossos dias;
tentes das portas de sua
• Deus nos orienta quanto casa e em seus portões”.
ao ensino consciente de – Estratégias de marke-
Sua Palavra – “Ensine-as ting: atualizar as formas
[...] a seus filhos.” – Uso de comunicar o ensino da
da pedagogia, o que inclui palavra.
metodologia e didática;
Procure aplicar estes cinco prin-
• Deus nos orienta a ser
cípios, na dependência do Se-
persistente – “Ensine-as
com persistência a seus fi- nhor, e verá o quanto o Senhor
lhos. Converse sobre elas irá usá-lo para mudar sua vida,
quando estiver sentado família, igreja e comunidade.
em casa, quando estiver
andando pelo caminho,
quando se deitar e quando Aplicação a sua vida: Nossa
se levantar.” – Responsa- maior meta é proclamar a men-
sagem salvadora ao mundo. O
bilidade e diligência, prio- Espirito Santo equipa o servo
ridades que não podem de criatividade para alcançar vi-
ser negligenciadas; das. Você já experimentou situ-
ações em que teve que usar de
estratégias inéditas para falar
do amor de Deus? Comente.

258 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ConCluSão
Neste estudo aprendemos que
Suporte para
Cristo, a Rocha, não muda ja-
pequenos grupos
mais. No entanto, isto não signi-
fica que não se deve buscar mu-
danças que possam contribuir 1. Você concorda com o tópico 2
para que Deus seja glorificado, a do estudo? Por quê?
igreja seja edificada e o Reino do
2. Estabeleça a diferença en-
Senhor possa se expandir sobre tre as expressões “pregar” e
a face da terra. “apresentar” a mensagem

Para isto, precisamos reconhe- 3. Como você pode aplicar o que


cer que, conquanto a mensagem aprendeu hoje em sua vida
cotidiana?
continue a mesma, as formas de
apresentá-la ao longo dos sécu- 4. Como pode servir a Deus e à
sua igreja com as descober-
los, mudam. Que cada geração
tas que fez no estudo?
tem suas características e pecu-
liaridades e que estar sensível
a isto, nos permite comunicar
a mensagem às novas gera-
ções. Cristo, a Rocha, O Espíri-
to Santo nos conduzem a toda
a verdade e nos capacitam com
Criatividade.
REFERÊnCIA:
Morales, Jaime. Disponível em: https://
slideplayer.com.br/slide/4015788/.
Acessado em 30.07.2018.

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 259


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

ESTuDo 50

TraDIÇÃo sIM,
TraDIcIoNaLIsMo NÃo
InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS
“A Tradição é a fé viva dos que Segunda Gn.18.1-33
já morreram; tradicionalismo é Terça Mt. 23.1-19
a fé morta dos que ainda estão Quarta Mt. 23.20-39
vivos”. (Charles Swindoll) Quinta Hb. 11.1-22
Sexta Hb.11.23-39
Sábado Fl. 3.3-11
A tradição da fé é necessária e
Domingo Mt. 24:1-2
fundamental, mas o tradiciona-
lismo engessa e mata pessoas,
instituições e por que não, igre-
Aplicação a sua vida: Observar
jas. A Igreja de Cristo (Univer- e acompanhar as mudanças que
sal Triunfante) não morre, mas ocorrem na comunidade em que
igrejas locais, sim. Basta que estamos inseridos é fundamen-
tal para a nossa atuação nela.
se leia sobre as sete igrejas da
Isto não quer dizer que deva-
Ásia, às quais se escreve car- mos adaptar às mesmas e sim,
tas em Apocalipse. Infelizmente, encontrar a maneira adequada
mesmo as fiéis morreram, por- de comunicar valores eternos.
Como você tem comunicado os
que em algum momento, ou se
valores divinos nesta sociedade
corromperam ou enrijeceram. tão informatizada? Comente.
Pois como afirma Carl McIntere,
autor de A Morte de Uma Igre-
ja, citado por Gimenez, “as tra- 1 – TRADIção DE FÉ É A FÉ
dições nascem exatamente da vIvA DoS QuE jÁ MoRRE-
perfeita adaptação de um grupo RAM
a determinadas ideias, costu- Quando estudamos o Antigo
mes ou doutrinas. O problema, Testamento, considerando a fé
é que a tradição não se preocu- dos patriarcas, dos profetas e
pa muito com as mudanças que dos reis que foram comprome-
vão acontecendo com o tempo e tidos com Deus e o Seu povo,
aí ela se transforma em tradicio- bem como de outros homens e
nalismo”, o que, segundo Char- mulheres, aprendemos com a
les Swindoll, é uma fé morta. caminhada dos mesmos sobre

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

o compromisso que se deve ter dos apóstolos e de cristãos com-


com Deus, e isto fortalece nos- prometidos com o Senhor e Sua
sa fé e confiança no Senhor. O Igreja, também aprendemos so-
Patriarca Abraão e sua esposa bre o compromisso deles com o
Sara, por exemplo, como nós, Senhor, o que também fortalece
eram sujeitos às mesmas pai- nossa a fé e confiança. De Pau-
xões e fraquezas, mas suas vi- lo, por exemplo, vem sua pre-
das foram de tal forma trabalha- ciosa declaração em Atos 20:24,
das pelo Senhor, que, à medida quando diz: “Todavia, não me
em que o tempo foi passando, importo, nem considero a minha
foram amadurecendo no rela- vida de valor algum para mim
cionamento com Deus. Gênesis mesmo, se tão somente puder
18 narra um encontro extra- terminar a corrida e completar
ordinário de Abraão com o Se- o ministério que o Senhor Jesus
nhor, em que se podem extrair me confiou, de testemunhar do
lições preciosas do que acontece evangelho da graça de Deus”.
quando, em nossa experiência Tal afirmação, porém, está fun-
de fé, valorizamos nossos en- damentada em sua convicção
contros com Deus. sobre em quem ele cria: “Deste
• O encontro com o Senhor evangelho fui constituído prega-
é transformador (vv. 1-2); dor, apóstolo e mestre. Por essa
causa também sofro, mas não
• O encontro com o Senhor me envergonho, porque sei em
aprofunda nosso rela- quem tenho crido e estou bem
cionamento com Ele (vv.
certo de que ele é poderoso para
3-8);
guardar o que lhe confiei até
• O encontro com o Senhor aquele dia. Retenha, com fé e
nos faz conhecer seus amor em Cristo Jesus, o modelo
propósitos para nossa da sã doutrina que você ouviu
vida (vv. 9-10 e 16-22);
de mim”. (II Timóteo 2:11-13).
• O encontro com o Senhor Observe que ele recomenda ao
trata das nossas fraque- jovem pastor Timóteo a que re-
zas e imperfeições (vv. 10- tenha tal tradição de fé. O que
15); se espera que hoje também fa-
• O encontro com o Senhor çamos, pois é o que realmente
nos faz permanecer em pé conta.
diante dEle (v. 22);
Em Hebreus, capítulo 11, tam-
• O encontro com o Senhor bém encontramos uma exten-
nos leva a interceder (vv. sa lista de homens e mulheres
23-31).
que viveram pela fé, dos quais,
Quando estudamos o Novo Tes- muitos até morreram martiriza-
tamento e consideramos a vida dos por causa de sua tradição

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 261


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

de fé, nos deixando um legado viver a fé, eles não glorificavam


de engajamento e compromisso a Deus e não serviam de exem-
com Deus. As experiências des- plo e estímulo para o povo.
ses homens e mulheres nos ins-
Reflita sobre a história abaixo
piram e nos encorajam. É com
e pense no impacto que uma fé
esse tipo de tradição que deve-
viva pode causar:
mos estar comprometidos e que
devemos defender a todo custo. “Um poder estranhamente
fascinante é exercido por
aqueles que são totalmente
Aplicação a sua vida: A fé dos sinceros. Tais crentes atra-
patriarcas, do povo hebreu, em descrentes, como com
dos apóstolos, dos primeiros o caso de David Hume, o
cristãos é o legado tradicional filósofo britânico, deísta do
que recebemos. Como você tem século dezoito, que rejeita-
fortalecido a sua fé para dar va o cristianismo histórico.
continuidade a esse legado? Um amigo uma vez o en-
Comente. controu correndo ao longo
de uma rua de Londres e
lhe perguntou onde ele es-
2 – TRADICIonAlISMo É A tava indo. Hume respon-
FÉ MoRTA DoS QuE ESTão deu que ele ia ouvir Geor-
vIvoS ge Whitefield pregar. ‘Mas
certamente,’ seu amigo
perguntou assustado, ‘vo-
As palavras mais duras de Je- cê não acredita no que
sus foram dirigidas não aos que Whitefield prega, acredi-
viviam em pecado e distantes ta?’ ‘Não, eu não,’ respon-
de Deus e seus propósitos, mas deu Hume, ‘mas ele sim.’”
contra os líderes tradicionalis- (STOTT, I believe in Prea-
tas de Israel, que davam a im- ching, Hodder & Stough-
pressão de que estavam vivos, ton, 1982).
mas na verdade estavam mortos
Belo exemplo de tradição de fé,
e Jesus os chama de sepulcros
que deve nos inspirar.
caiados (Mt 23.1-39). Aqueles
líderes estavam vivos, mas a fé Paulo, escrevendo ao Filipenses,
que manifestavam era morta, fala do tempo em que era tradi-
visto ser tradicionalistas e lega- cionalista e de como o Senhor o
listas, o que os engessavam e os libertou desta forma de escravi-
impediam de viver a fé de forma dão religiosa e de como ele va-
dinâmica e atuante, glorificando lorizava a suprema vocação, em
a Deus e edificando o seu povo. detrimento de todas essas coi-
Ora, Jesus deixa claro que, com sas que antes o aprisionavam
aquele modo de compreender e (Filipenses 3.3-11).

262 | REF L E XÕ E S B Í B L I C A S V
NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

Aplicação a sua vida: A fé é Neste sentido, vale pensar so-


algo que precisa ser renovada bre o que Libânio fala sobre a
a cada dia. Nossa experiência Igreja e a cidade, chamando a
de fé traz a renovação do puro atenção para o fato de que, tan-
evangelho. Quando padroniza- to a população brasileira quan-
mos nosso relacionamento com to a mundial, se tornou urbana,
Deus, através de ações repetiti- com mais de 80% vivendo nos
vas e óbvias, deixamos de viver grandes centros urbanos. Lem-
o verdadeiro evangelho e passa- brando sobretudo, as Católicas
mos ao tradicionalismo. Como
tem sido sua experiência de fé?
que sempre ocuparam as pra-
Comente. ças principais das cidades, com
seus sinos, anunciando o nascer
e o fim do dia – o nascimento e
a morte. No entanto, a igreja ar-
3 – PRESERvAR A
raigada em seu tradicionalismo
TRADIção, SIM.
mantém uma agenda e um dis-
o TRADICIonAlISMo, não
curso caracteristicamente rural,
Minas Gerais tem muitos mo- pensando que como no passado,
numentos históricos. As Igrejas pode determinar o discurso e a
históricas fazem parte da paisa- agenda dos membros e frequen-
gem do Estado, fazendo parte tadores. Porém, basta um olhar
do roteiro turístico e são visi- atento para os que frequentam
tadas anualmente por milhares as celebrações dominicais, onde
de pessoas. Alguns templos das a maior parte dos membros já
igrejas evangélicas, sobretudo decidiu, quando a igreja tem
as históricas fazem parte do pa- uma celebração matutina e ou-
trimônio histórico, o que é, em tra vespertina, frequentar ape-
certo sentido, bom, mas não nas uma das celebrações.
podem se tornar uma forma de
Jesus quebrou paradigmas
escravidão ou de idolatria. Po-
quanto à comunicação, de modo
rém, mais importante que pre-
que as multidões ficaram mara-
servar prédios e monumentos
vilhadas. “Quando Jesus acabou
históricos, usos e costumes que
de dizer essas coisas, as mul-
muitas vezes não comunicam
tidões estavam maravilhadas
absolutamente nada para esta
com o seu ensino, porque Ele as
geração, o que precisamos fazer
ensinava como quem tem autori-
é preservar a tradição de fé, pois
dade, e não como os mestres da
quanto a prédios devemos aten-
lei”. (Mateus 7:28-29)
tar para o que Jesus disse aos
discípulos, quando orgulhosos Quebre paradigmas quanto à
lhe apresentavam as estruturas agenda. A agenda dos líderes
do templo: “Vocês estão vendo religiosos de Israel era rígida e
tudo isto?”, perguntou ele. “Eu não se podia fazer o bem e de-
lhes garanto que não ficará aqui monstrar o amor de Deus de
pedra sobre pedra; serão todas forma prática aos sábados e
derrubadas”. (Mateus 24:1-2). Jesus quebrou este paradigma,

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 263


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

modificando a agenda para que Aplicação a sua vida: A pre-


o nome de Deus fosse glorifica- servação de prédios antigos que
do, seus discípulos edificados e compõem a história dos Esta-
o Reino de Deus se fizesse pre- do ou mesmo a construção de
sente, de forma efetiva, na vida novos templos têm enchido a
dos que precisavam ser alcança- agenda das igrejas. Porém é
dos pela graça de Deus (Mateus fato que a igreja de Jesus Cristo
12:9-14). Jesus mudou a agen- transcende as estruturas físi-
da de seu ministério e do tra- cas. O que você tem feito para
transpor essa tendência de cul-
dicionalismo religioso reinante, tos muito elaborados, templos
para que vidas fossem alcança- suntuosos e discurso vazio e
das. Você e sua igreja estão dis- distante do confronto com a
postos a fazer o mesmo? Exem- verdade? Comente.
plo:
• Evitar usar expressões
que nada comunicam ConCluSão
para o não crente e o novo Tradição de fé é legado que nos
na fé, e que não compro-
deixaram os que foram fiéis ao
metem a tradição de fé, se
não forem utilizadas; Senhor, mesmo diante do risco
de morte. Do tradicionalismo
• Rever dias e horários de devemos abrir mão, pois nos
atividades na Igreja, para
conduz ao legalismo, dando a
que mais pessoas pos-
sam participar e receber impressão de que se está vivo,
a mensagem de Boas No- quando na verdade se está mor-
vas; to. A tradição de fé devemos
• Levar a Igreja a refletir preservar, a fim de cumprir o
sobre agenda da Igreja, propósito de Deus em nossa
cultivar relacionamentos, geração.
estimulando as pessoas a
participar das atividades
sempre que possível;
Suporte para
• Simplificar as estruturas,
Pequenos Grupos
de modo que as pessoas
possam participar de um 1. Quais foram as verdades rela-
ou dois ministérios, sem cionadas à tradição que você
estarem sobrecarregadas aprendeu neste estudo? Rela-
com várias funções ou cione pelo menos três.
cargos, permitindo que 2. Cite três situações de tradicio-
um número maior de pes- nalismo que podem ser muda-
soas estejam envolvidas. das para melhor atender aos
que a igreja deseja alcançar.
A igreja precisa decidir se deseja 3. Como essas mudanças podem
ou não alcançar a atual geração, afetar o crescimento da igreja?
o que irá demandar uma revisão
da agenda e do discurso.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ESTuDo 51

LIÇÕEs DE INoVaÇÃo DE uM PoVo


MarcaDo Por TraDIÇÕEs
InTRoDuçAo lEITuRAS DIÁRIAS
Ebenézer Bittencourt ilustra Segunda At. 8.1-4
em vídeo palestra sobre o tema: Terça Jo. 6.41 - 51.
“Quebrando paradigmas na co- Quarta Mt. 13.1-10
municação”. Ele apresenta três
Quinta Mt. 13.11:20
exemplos bíblicos sobre o modo
das pessoas encararem o poder Sexta Mt. 13.11:30
de Deus revelado em Jesus. O Sábado 1 Co. 3:1- 9
centurião que revela ser mais Domingo Lc 8.4-15
crente que os demais declara que
bastava uma palavra de Jesus
e tudo estaria resolvido quanto 1 – CoRAGEM PARA MEXER
à cura de seu servo. A mulher no noSSo QuEIjo
com fluxo de sangue, temen- Quem conhece as Minas Gerais
do se colocar diante de Jesus, sabe da paixão dos mineiros
toca-o por entre a multidão. pelo queijo e pelo pão de queijo.
Jairo, um líder religioso tradi- Faz parte da tradição produzir
cionalista, crê que a forma de e comer queijo. Tão grande é a
sua única filha ser curada era paixão pelo queijo que os mora-
Jesus ir à sua casa para fazê-lo. dores de outros Estados fazem
Dos três, Jairo, o tradicionalista piadas e brincam com esse fato.
foi o que mais sofreu, pois teve Famoso em todo o Brasil, o tí-
que esperar por muito tempo pico queijo Canastra é feito nos
para que o milagre acontecesse. municípios de Bambuí, Ma-
deiros, Piumhi, São Roque de
Aplicação a sua vida: Muitas Minas, Tapiraí, por aproxima-
vezes sofremos por não termos damente 1.500 produtores, de
a fé do “centurião”, reconhecen- acordo com a Emater-MG (Em-
do o poder do Senhor sobre to- presa de Assistência Técnica e
das as coisas e experimentando Extensão Rural)618
o agir de Deus, fora do nosso
conceito de ação divina. Você 18
Disponível em: https://economia.
experimentou o poder soberano uol.com.br/agronegocio/noticias/reda-
de Deus em sua vida no último cao/2014/02/13/queijo-da-canastra-e-re-
ano? Comente. gulamentado-e-preco-triplica-conheca-pro-
ducao.htm Acessado em 23.07.2018

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 265


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

“O Queijo Canastra é um Talvez você esteja perguntando:


tipo de queijo brasileiro de O que isto tem a ver com uma li-
origem e produção de Mi- ção de Escola Bíblica? A resposta é
nas Gerais na região da
simples: é exatamente para mos-
Serra da Canastra. Produ-
zido há mais de duzentos
trar que em alguns momentos
anos, ele é primo distante devemos ter abertura para fazer
do queijo da Serra da Es- ajustes e mudanças estratégi-
trela, de Portugal, trazido cas como forma de compartilhar
pelos imigrantes da época a mensagem de salvação.
do Ciclo do Ouro. O clima,
a altitude, os pastos nati- Veja por exemplo os textos de
vos e as águas da Serra da Atos 1:8 e 8.1. No primeiro, o
Canastra dão a esse queijo Senhor deu à sua igreja a grande
um sabor único: forte, meio comissão. No segundo, o Senhor
picante, denso e encorpa- permitiu que Sua Igreja sofresse
do”. (https://www.acanas-
uma grande perseguição para
traonline.com.br/q. Aces-
que deixasse a comodidade do
sado em 23.07.2018).
eixo Jerusalém, Jordão, Judeia
Na Serra da Canastra também e fosse até os confins da terra.
nasce o rio da integração na- Era cômodo permanecer ali,
cional, que é o Rio São Fran- mas isso não estava nos planos
cisco, popularmente conhecido do Senhor. Assim, muitas ve-
por “Velho Chico”. Possui uma zes, para que a Igreja do Senhor
extensão de 2 863 quilômetros faça a revisão de suas estraté-
e atravessa os Estados de Mi- gias como forma de cumprir sua
nas Gerais, Bahia, Pernambuco, missão, ele permite que enfrente
Sergipe e Alagoas. oposição, perseguição, crises in-
ternas e outras dificuldades.
Bem amado pelos mineiros, o
tradicional queijo da canastra Lembrando o livro de Spencer
encontrava obstáculos para ser Johnson, cujo título é: “Quem
comercializado fora do Estado e mexeu no meu queijo?”, o qual
no mundo, para o que foi preci- mostra que algumas vezes so-
so obter certificação pelo Iphan mos empurrados para mudan-
(Instituto do Patrimônio Histó- ças, sem que percebamos e que
rico e Artístico Nacional) como as pessoas lidam com tais situ-
patrimônio imaterial do Brasil ações de formas diferentes. Uns
e possui selo de indicação geo- lidam bem e saem em busca de
gráfica, sendo considerado um novas possibilidades. Outros re-
artigo gourmet, cobiçado por sistem e ficam procurando o “ve-
consumidores e chefs de todo o lho queijo”, quando este já não
Brasil. existe mais. Tem muita gente na

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

igreja perguntando: “Quem me- os produtores vivem amargando


xeu no meu queijo?” Não pense prejuízos. Em contrapartida os
que foi um mineiro, pois muitas produtores do munícipio Serra
vezes é o próprio Deus quem do Salitre, no centro Oeste mi-
mexe nos “velhos queijos” que neiro, estão rindo à toa, pois o
às vezes guardamos com tan- município e região representam
to carinho, para que possamos o novo eldorado da produção de
buscar “novos queijos”. batata inglesa, por característi-
cas peculiares do Cerrado, que
é o segundo maior bioma bra-
Aplicação a sua vida: A neces-
sileiro em extensão, abrangen-
sidade de conquistar o mercado
brasileiro e internacional fez do doze estados da Federação,
com que produtores Mineiros portanto, quase metade do país,
do queijo canastra conheces- e também é a mais rica savana
sem e adequassem às normas e
em biodiversidade do mundo.
exigências, sem perder a quali-
dade do produto. Na atualidade, Assim, Serra do Salitre, como
vivemos momentos em que de- informa o site SGAGORA, que
vemos conhecer as mudanças publicou uma matéria sobre o
sociais para comunicarmos a
assunto, que tem um terreno
mensagem salvadora, sem per-
demos a essência do puro evan- pobre, porém drenado, extrema-
gelho. Você tem feito assim? mente plano e com uma textura
Como? que possibilita a mecanização,
se torna em uma das poucas re-
giões do Brasil, se não do mun-
2– PlAnTAnDo BATATAS
do, que dá ao produtor condi-
PARA GAnHAR o MunDo.
ções de produzir batatas de
Em Minas Gerais mandar “plan- janeiro a dezembro. Isto, devido
tar batatas” não é só xingamen- à altitude, que mesmo nos pe-
to. É elogio, é estímulo a um ríodos mais quentes do ano faz
negócio lucrativo. O Estado é que se tenha noites frias, que
o primeiro produtor de batata segundo os especialistas, é con-
inglesa do Brasil, porém, den- dição que facilita o desenvolvi-
tro do mesmo, se vive situações mento de batatas de boa quali-
distintas em relação ao êxito na dade. Além disto, os produtores
produção de batatas. O Sul de procuram trabalhar com alter-
Minas, que tradicionalmente é nância de variedade para poder
conhecido por plantar a bata- ter uma oferta linear de batatas,
ta inglesa, vive uma crise, pois sendo pelo menos oito varieda-
mantém o modelo tradicional e, des. Uma fazenda, por exemplo,
sem muitos recursos, não con- chega a colher 45 mil toneladas
segue alavancar a produção e por ano e com o uso de colheita-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 267


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deiras, o que agiliza o processo, ceridade, pois as pessoas por si


uma vez que machuca menos a mesmas não buscam a Deus,
batata e faz um trabalho de 100 visto que isto acontece quando
a 120 pessoas, colhendo 35 to- Deus inicia uma obra na vida
neladas por hora. A quebra de destas pessoas. Jesus nos diz:
paradigma ou da tradição, neste “Ninguém pode vir a mim, se o
caso, possibilitou produzir bata- pai, que me enviou, não o atrair;
tas onde ninguém pensava que e eu o ressuscitarei no último
se pudesse produzir, durante o dia”. João 6.44.
ano inteiro, de excelente quali-
Rick Warren afirma que são dois
dade, introduzir mecanização,
os tipos de pessoas que estão
estabelecer contratos com gran-
mais sensíveis ao evangelho, as
des indústrias e aumentar os
que estão sob tensão (proble-
ganhos dos produtores.
mas financeiros, de trabalho, de
O que aprendemos com relato relacionamentos, de saúde, etc.)
da experiência acima serve como e em transição (mudança de tra-
exemplo à realidade da igreja, a balho, de estado civil, de resi-
qual deve prestar atenção aos dência, etc.). As primeiras estão
tipos de solos, aos tipos de es- buscando apoio, as outras estão
tratégias para a semeadura, aos procurando relacionamentos,
tipos de sementes, aos tipos de criar novos laços de amizade e
colheita e armazenamento. Je- companheirismo. Este é um mo-
sus, na Parábola do Semeador, mento propício para o trabalho
relatada em Mateus 13, explica da igreja.
do porquê Ele usava parábolas
Pensando em estratégias, me
em seu ministério. Dá aos seus
lembro de quando era criança e
discípulos instruções quanto a
adolescente. A igreja da qual fa-
estratégias para semear a Pala-
zia parte tinha o chamado “ser-
vra.
viço de autofalante” e todos os
Pr. David Bladsoe, que foi mis- domingos um irmão colocava os
sionário em Minas Gerais e é vinis com hinos para tocar e fa-
o autor do livro “Evangelização zia convite aos vizinhos da igreja
via relacionamentos”, apresenta para as celebrações. Lembro-me
seis elementos essenciais para a também dos cultos ao ar livre e
evangelização, dentre eles o solo da distribuição de folhetos que
bom – ou terra boa, que são as fazíamos, como Embaixadores
pessoas não salvas que foram do Rei. Em algumas localidades
preparadas pelo Espírito Santo estas estratégias ainda podem
para ouvirem e considerarem o funcionar, mas nos centros ur-
evangelho com interesse e sin- banos elas causam mais proble-

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

mas que ajudam e podem gerar quer coragem, ousadia, deter-


conflitos. Assim, a evangeliza- minação e é importante que
ção por relacionamentos, seja você veja isto:
através de estudos bíblicos com
• Cada vez mais a meca-
pessoas conhecidas, células ou
nização vem se tornando
pequenos grupos, ressurgem
indispensável nas grandes
como uma forma de continuar
propriedades;
levando pessoas a Cristo sem
criar atritos com a comunidade • Com dois cilindros de vare-
em que a igreja está localizada. tas rígidas, a colheitadeira
À semelhança do que fizeram os parece pentear o pé de café.
agricultores do cerrado mineiro
para alcançar produtividade e Neste caso, a ideia é aumentar a
lucratividade com a plantação produtividade por hectare, pois
de batatas, plantando-as onde como afirma o agrônomo Matiello,
ninguém pensava que se pode- pelo setor de economia/agrone-
ria plantar, precisamos buscar gócio/notícia do G1, a renovação
novas formas e lugares de con- é ponto vital para a cafeicultura
tinuar levando a semente do moderna. Segundo ele, seus avós
evangelho, para que vidas sejam plantavam cafezais para durar
transformadas. cem anos, enquanto que hoje se
planta para durar no máximo vin-
te ou trinta anos, pois surgem no-
Aplicação a sua vida: Jesus vas variedades no mercado, com
Cristo já nos alerta, em Mateus,
as novas tecnologias, as quais
que devemos estar atentos ao
tipo de solo onde estamos seme- aumentam a produtividade. Isto
ando a Palavra. Os agricultores requer que se derrube completa-
do cerrado nos ensinam que a mente uma lavoura, para se plan-
produção será sempre abun-
tar outra que seja mais produtiva.
dante se tivermos estratégias
certas. Quanto você e sua igreja E ressalta a dificuldade que mui-
têm semeado para o Reino, nos tos agricultores têm de aceitar
diversos tipos de solo que têm esse manejo. Afinal a estratégia
encontrado? Comente.
com o manejo é elevar a produti-
vidade. Neste sentido também se
procura:
3 – o MElHoR CAFÉ Do MunDo
• Reestruturar a lavoura em
Minas Gerais também é respon- terrenos acidentados, de
sável por 50% do café produzido modo que máquinas e im-
no Brasil, mas em um Estado plementos possam entrar
marcado por tradições, melho- sem dificuldade. Observe
rar e aumentar a produção re- que os terrenos acidenta-

REFLE XÕE S B ÍB LIC A S V | 269


| JACK S O N MARTI N S DE A N D R A DE

dos não são desprezados, ta e se colhe café, mas mostrar


mas reestruturados; que a mudança de mentalidade
• Trabalhar os espaços en- quanto ao cultivo e a colheita
tre a plantação de modo a faz toda diferença em qualquer
facilitar o cuidado com a área da vida, inclusive na vida
mesma; da Igreja. É mostrar que um
povo tradicional ao extremo é
• Monitorar os terrenos ín- capaz de rever seus conceitos
gremes, trabalhando de tal para alcançar produtividade e
modo que a velocidade da
lucratividade. Afinal, mineiro
água diminua, possibili-
pode parecer bobo, mas de bobo
tando que a terra absorva
não tem nada, pois como dizem
mais água, não carregue
os que brincam e fazem pia-
o adubo colocado nos pés
da com o jeito mineiro matuto
das plantas e as nascen-
tes sejam preservadas, pois de ser: “Mineiro só tem cara de
além da água penetrar na bobo, fica calado, matutando,
terra alimentando o lençol mas come pelas beiradas”. Que
freático, as nascentes não o povo de Deus, mineiro ou não,
são assoreadas ou cobertas possa ter habilidade para rever
pela terra que a água leva; conceitos que possam estar im-
pedindo o avanço do evangelho
E o artigo termina ressaltando em nossa geração.
o que todos nós estamos cansa-
dos de saber, mas esquecemos
facilmente, que não existe suces- Aplicação a sua vida: Nos tem-
so sem trabalho, quando se diz: pos atuais, o evangelho está
sendo banalizado por muitos,
“Muito suor para chegar nesse
inclusive pela mídia. Se em
cafezinho aqui, pois de cada três tempos passados apenas falar
xícaras de café que se toma no de Jesus provocava transforma-
mundo inteiro, uma é de café bra- ção, hoje vemos evangélicos em
crescente conformação com os
sileiro”. Ou seja, para se desen-
valores do mundo. Precisamos
volver novas estratégias e implan- mudar a estratégia de apresen-
tá-las, tem-se muito trabalho. tação desse mesmo evangelho,
para que promova mudança.
Assim, o objetivo ao se falar do Você acha que podemos fazer
nosso café mineiro não é dar isso? Como?
uma aula sobre como se plan-

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

ConCluSão os cafeicultores do Sul de Mi-


nas, que tiveram coragem para
O desafio da Igreja é grandioso
rever os conceitos de seus avós
e, caso ela queira realizar a obra
quanto ao modo de plantar ca-
de Deus nesta geração e dei-
fezais, a igreja precisa também
xar um legado para a próxima,
considerar suas estratégias
precisa manter a tradição de fé,
para compartilhar o evangelho
mas ter a coragem de fazer as
hoje.
mudanças necessárias para que
a obra do Senhor possa prospe-
rar neste tempo. Precisa como
os produtores de queijo da re-
gião da Serra da Canastra que
fizeram uma revisão de seus Suporte para
conceitos, buscando o reconhe- Pequenos Grupos
cimento do quão bom é o queijo 1. Quais foram as verdades
produzido naquela região, rever que você aprendeu neste
seus conceitos para mostrar ao estudo?
mundo que o evangelho conti- 2. Como vencer o tradicionalis-
nua sendo Boas Novas para a mo sem fugir totalmente da
tradição?
presente geração. Precisa, como
3. Em que estas verdades mu-
os plantadores de batatas da
darão sua maneira de agir
Serra do Salitre que inovaram como servo de Deus? Rela-
plantando em terra pobre, mas cione pelo menos três aspec-
alcançando produção e a lucra- tos do tradicionalismo e da
tradição.
tividade, inovar em sua forma
4. Em que estas verdades vão
de alcançar uma sociedade que mudar sua maneira de se
é, em sua quase totalidade, ur- relacionar, com o próximo?
bana e vivendo em condomínios
cada vez mais fechados. Como

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ESTuDo 52

“VIVEr É MuITo PErIgoso”,


Mas É DEsaFIaDor

InTRoDução lEITuRAS DIÁRIAS


Segunda At. 20:17-26
João Guimarães Rosa, escritor
mineiro de Cordisburgo, (1908- Terça At. 20:27-38
1967), em seu livro “Grande ser- Quarta At. 21:1-20
tão veredas” apresenta a sabe- Quinta At. 21:21-40
doria popular do mineiro. Uma Sexta Mt. 6:26-30
das frases do seu personagem Sábado Mt. 25:14-31
Riobaldo é uma grande verdade: Domingo Lc. 18:1-8
“viver é muito perigoso”. Afinal,
viver de verdade, é muito perigo-
so. É uma grande aventura, pois a alegria de uma vida de comu-
a vida além de breve é extrema- nhão com Deus e seu povo por
mente imprevisível. Mas se nos medo de se lançar nos braços do
deixamos dominar pela visão Senhor e de se envolver com a
de que viver é muito perigoso vida e a dinâmica da Igreja! No
e isto nos paralisa, impedindo entanto, para viver é preciso ter
que nos lancemos, pela graça atitudes que ajudem a encarar
de Deus, nesta grande aventura os desafios próprios do viver.
que é viver, aí viver se torna de
fato muito perigoso, pois o ris-
co de morte se torna iminente. Aplicação a sua vida: Viver é
Quantos estão perdendo a ale- um fascínio. Transitar entre a
alegria e o medo são reações
gria de viver por serem domi- prazerosas, porém, na atuali-
nados pelos medos, sobretudo, dade, toda a violência e intole-
o chamado “Medo líquido” de rância tem feito com que o medo
Zigmunt Baumann, dentre eles, ultrapasse a alegria de viver.
Você tem vivido esse fenômeno
o pavor da morte, o horror do e assim deixado de participar de
inadministrável, do terror glo- atividades coletivas de adoração
bal e outros pavores de nosso a Deus, por medo da violência?
tempo! Quantos estão perdendo Comente.

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

1– DESAFIo É PARA QuEM acima, ele diz que estava deter-


TEM CoRAGEM minado a ir. De onde vinha esta
coragem? Ele mesmo responde:
Jesus, ao chamar seus discípu-
“Pois Deus não nos deu espíri-
los, nunca lhes prometeu vida
to de covardia, mas de poder,
fácil, mas os desafiou a viver
de amor e de equilíbrio. Portan-
pela fé, apropriando-se das ver-
to, não se envergonhe de teste-
dades “do caminho”. Quando os
munhar do Senhor, nem de mim,
desafiou a segui-lo, disse que
que sou prisioneiro dele, mas
teriam que ter coragem de negar
suporte comigo os meus sofri-
a si mesmos: (Mateus 6:26, 28-
mentos pelo evangelho, segundo
30) e compromisso em cumprir
o poder de Deus.” (2 Tm 1.7).
a missão confiada, que pode-
Em 2 Coríntios 11:23-28, fala
riam contar com sua presença
dos perigos que corajosamen-
todos os dias: “E eu estarei sem-
te enfrentou pelo Senhor e por
pre com vocês, até o fim dos tem-
sua Igreja. Situações de grande
pos” (Mateus 28;20b). Quando
risco, que venceu pela graça de
olhamos para a vida do apóstolo
Deus.
Paulo, vemos nele uma coragem
para encarar os desafios que lhe Desafio é para quem tem cora-
estavam propostos, que ele che- gem. Que você possa, à seme-
gou a dizer: lhança do apóstolo Paulo, se
dispor a correr o risco, por sabe
“Todavia, não me importo, nem
como ele por essa causa tam-
considero a minha vida de valor
bém sofre, mas não se envergo-
algum para mim mesmo, se tão
nha, porque sabe em quem tem
somente puder terminar a corri-
crido e está bem certo de que ele
da e completar o ministério que o
é poderoso para guardar o que
Senhor Jesus me confiou, de tes-
lhe confiou até aquele dia (II Ti-
temunhar do evangelho da graça
móteo 1:12).
de Deus”. Atos 20:24.
Antes de dizer estas palavras,
ele disse que estava impelido Aplicação a sua vida: O desa-
fio de viver em um mundo tão
pelo Espírito Santo a ir para Je- cheio de violência e oportuni-
rusalém, sem saber o que iria dades distantes da vontade de
lhe acontecer quando chegasse Deus é muito grande, porém Ele
lá, mas que também o Espíri- afirma que estará conosco todo
o tempo. Você tem experimenta-
to Santo lhe havia dito que em do enfrentar seus medos, negar
todas as cidades o esperavam a si mesmo para vencer como
prisões e sofrimentos. Porém, cristão transformado, preser-
ainda assim, no versículo citado vando valores divinos, neste
mundo de perigos? Comente.

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2– “QuEM não ARRISCA, não Cristo, o poder da sua ressurrei-


PETISCA” ção e a participação em seus so-
frimentos, tornando-me como ele
Como viver é perigoso, muitos
em sua morte para, de alguma
não se arriscam a viver, em es-
forma, alcançar a ressurreição
pecial de acordo com a vontade
dentre os mortos. Não que eu já
e o propósito de Deus. Paulo se
tenha obtido tudo isso ou tenha
torna para nós um exemplo de
sido aperfeiçoado, mas prossigo
ousadia em abrir mão de valores
para alcançá-lo, pois para isso
terrenos para se apegar ao que
também fui alcançado por Cris-
realmente conta, quando diz aos
to Jesus. Irmãos, não penso que
filipenses:
eu mesmo já o tenha alcançado,
Pois nós é que somos a circun- mas uma coisa faço: esquecen-
cisão, nós que adoramos pelo do-me das coisas que ficaram
Espírito de Deus, que nos gloria- para trás e avançando para as
mos em Cristo Jesus e não temos que estão adiante, prossigo para
confiança alguma na carne, em- o alvo, a fim de ganhar o prêmio
bora eu mesmo tivesse razões do chamado celestial de Deus
para ter tal confiança. Se alguém em Cristo Jesus. (Fl 3.3-14)
pensa que tem razões para con-
Com estas palavras ele nos mos-
fiar na carne, eu ainda mais: cir-
tra que vale a pena arriscar tudo
cuncidado no oitavo dia de vida,
pelo Reino de Deus. Vale a pena
pertencente ao povo de Israel,
abrir mão dos valores deste
à tribo de Benjamim, verdadei-
mundo para ter a Cristo. Paulo
ro hebreu; quanto à Lei, fari-
não colocava o valor de sua vida
seu; quanto ao zelo, perseguidor
acima do plano de Deus para si
da igreja; quanto à justiça que
e a humanidade, por isso não
há na Lei, irrepreensível. Mas o
temia se arriscar nem temia ar-
que para mim era lucro, passei a
riscar tudo pelo Reino.
considerar como perda, por cau-
sa de Cristo. Mais do que isso, Que você possa ter bem clara a
considero tudo como perda, com- visão do propósito de Deus para
parado com a suprema grande- sua vida e para a humanidade,
za do conhecimento de Cristo Je- a fim de que tenha disposição
sus, meu Senhor, por quem perdi para se arriscar no cumprimen-
todas as coisas. Eu as considero to da missão que o Senhor lhe
como esterco para poder ganhar deu. Ousando se arriscar, você
Cristo e ser encontrado nele, não certamente será abençoado pelo
tendo a minha própria justiça Senhor. Lembre-se da Parábola
que procede da Lei, mas a que dos talentos (Mateus 25:14-31).
vem mediante a fé em Cristo, a Um teve medo de se arriscar e
justiça que procede de Deus e perdeu tudo quanto tinha. Os
se baseia na fé. Quero conhecer outros dois, independentemente

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NarraTIVas BÍBLIcas, coNTEMPoraNEIDaDE E MINEIrIDaDE |

do valor que cada um recebeu, Esta visão equivocada dos en-


não tiveram medo de arriscar e sinamentos bíblicos, numa
foram grandemente recompen- perspectiva bem característica
sados. do evangelho da prosperidade,
nos faz pensar que o Senhor irá
atender imediatamente nossos
Aplicação a sua vida: Em um
mundo de tantos contrastes e pedidos, o que não é verdade.
intolerância, se arriscar a pro- Afinal, não encontramos, em
clamar o evangelho é um risco nenhum lugar das Escrituras,
que só se vence com relacio- que o Senhor se comprometa
namento com Deus. A sinto- em nos atender imediatamente,
nia com Deus nos leva a estar
onde ele atua, a ser usado por o que pode acontecer uma vez
Ele e para Ele. Como você tem ou outra, mas nunca será uma
buscado esse relacionamento? regra. E algumas vezes Deus pa-
Comente. rece demorar em nos responder,
para trabalhar nossas vidas e
de outras pessoas também. O
3 – “ÁGuA MolE EM PEDRA exemplo de Abraão neste senti-
DuRA, TAnTo BATE, ATÉ do é significativo, pois quando
QuE FuRA” saiu de Harã com a promessa de
Este dito popular, tão comum que o Senhor lhe daria descen-
entre os mineiros, remete à ou- dência e faria dele uma grande
sadia e determinação em ser nação, sem que àquela altura,
capaz de persistir apesar dos tivesse filhos, é algo que nos
obstáculos, das barreiras e das chama a refletir sobre a questão
resistências. Um exemplo disto da esperança e da persistência.
nos é dado por Jesus na Pará- Vinte e cinco anos se passaram
bola da viúva e o Juiz impeni- e quando o Senhor apareceu
tente, em Lucas 18:1-8, onde para ele no capítulo 18 de Gêne-
nos encoraja a persistir em ora- sis, ele está com 99 anos e Sara,
ção confiando na bondade e na sua esposa, com 89. O Senhor
graça do Pai. lhe diz que na próxima prima-
Muitas vezes desistimos facil- vera Sara teria em seus braços
mente diante das lutas e dos o filho tão desejado, o que a fez
problemas da vida, especial- rir, por incredulidade e impaci-
mente vivendo numa socieda- ência, pois se quando era mais
de que não aceita frustrações, jovem isto já não seria tão fácil,
“nãos” e adiamentos. Sendo muito mais agora, que ela e o
hedonistas, nos tornamos fa- esposo eram idosos. No entanto,
cilmente consumistas, sendo esse era o momento que Deus
consumistas, imediatistas, não escolhera para agir na vida de-
aceitamos frustração, adiar a les, e Mackintosh diz algo mui-
gratificação e o prazer. to interessante a esse respeito:

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“Deus age quando a natureza ConCluSão


está morta”. Deus muitas vezes
“Viver é muito perigoso”. Viver
age quando paramos de tentar
resolver as coisas do nosso jeito, sempre foi muito perigoso, mas
como tentaram Abraão e Sara, quem tem medo de viver, acaba
através da escrava Agar, para morrendo física, emocional ou
que pudessem ter um descen- espiritualmente. Porque uma
dente. vez no mundo, não há como não
viver. Alguns optam por viver de
Viver é perigoso, de um modo
forma vegetativa, aquela em que
especial, em nosso relaciona-
mento com Deus, porque a me- as funções orgânicas acontecem
todologia de Deus é diferente da independente da vontade das
nossa e do mundo. Enquanto pessoas, ou seja, a pessoa vive
nós e o mundo somos imedia- porque está viva, porque se de-
tistas, Deus age no tempo Dele. pendesse dela, nem isso acon-
Deus não age segundo o cronos teceria. Outros optam por viver
(no grego - tempo) do relógio e intensa e loucamente. Ainda ou-
do calendário, mas segundo o tros optam por viver os planos
Kairós (no grego - momento cer- de Deus, cumprindo os propó-
to, oportuno) que é o tempo da sitos dEle, glorificando ao Se-
oportunidade, a plenitude dos nhor, edificando a Igreja e con-
tempos, quando ou a natureza tribuindo para a expansão do
está morta ou o propósito de
Reino, construindo reputação
Deus se cumpriu. Neste caso,
e deixando um legado. Viver é
só vence quem é capaz de espe-
muito perigoso, mas vale a pena
rar e de persistir confiando no
Senhor. De confiar e de entre- encarar esta aventura no poder
gar sua vida e causa nas mãos e na direção do Senhor.
Daquele que tudo pode.

Suporte para
Pequenos Grupos
Aplicação a sua vida: Enfren- 1. O que mais chamou sua aten-
tar as dificuldades é desafio ção neste estudo?
para todo ser vivente. Porém,
para o servo do Senhor, Jesus é 2. Você concorda com a frase
ainda maior, pois tem que des- “viver é muito perigoso”?
cobrir qual é a vontade de Deus. 3. Faça um paralelo entre a frase
Esse desafio se torna insignifi- “quem não arrisca não petisca”
cante diante do relacionamen- e Filipenses 3.3-14.
to com Deus. Você tem procu- 4. Faça um paralelo entre o texto
rado aumentar sua resistência bíblico de Lucas 18:1-8 e a fra-
diante dos desafios, ampliando se “água mole em pedra dura,
seu relacionamento com Deus? tanto bate até que fura”.
Como?

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