Aula 02 - Einstein e A Intuição
Aula 02 - Einstein e A Intuição
Aula 02 - Einstein e A Intuição
É preciso tomar uma atitude, uma perspectiva certa. É mais questão de qualidade do
que de quantidade. Vamos ver se conseguimos esta perspectiva em face do nosso tema:
“Análise e Intuição”. Temos que jogar muito com estas duas palavras: Análise intelectual e
Intuição Cósmica. Porque, não sei se todos sabem, no princípio do século XX, a humanidade
entrou numa nova fase de ciência, completamente inédita - no princípio deste século - aliás,
melhor, em meados deste século. Nós entramos numa fase de ciência “não analítica”, mas
“intuitiva”. Com Einstein e a era atômica, a nossa ciência ultrapassou a análise do século
XIX, porque no século XIX tudo era analítico. Um cientista que não insistisse 100% na
análise dos fatos, não era cientista sério. Isto foi até meados deste século.
Estranhamente esta mudança da ciência: da análise para a intuição, coincide quase
inteiramente com a era do Aquário. Eu não sei qual é a relação entre a era do Aquário e esta
nova fase da ciência. Dizem que há um paralelismo entre a astronomia e o homem, pode ser...,
eu não sou competente para avaliar isto. Perguntem aos astrônomos e astrólogos o que eles
pensam da coincidência entre a nova fase da ciência intuitiva em que estamos e o início da era
de Aquário.
Vocês sabem? Não sei se sabem, nós entramos na era de Aquário no ano 62, entre
duas e três horas da noite. Entre duas ou três horas da noite acabou a era do Peixe e começou
a era do Aquário no ano 62. Coincide quase inteiramente com esta nova fase na ciência,
porque com início da era atômica, que coincide quase com a era de Aquário, os grandes
cientistas de todo mundo disseram: “A análise é necessária, mas não é suficiente, é preciso
fazer uma superestrutura intuitiva sobre a subestrutura analítica. Subestrutura é horizontal, um
alicerce, isso é uma subestrutura analítica. Agora vamos levantar sob a base horizontal, uma
torre vertical:
A torre vertical é a intuição e a base horizontal é análise. Então nós entramos na fase
da verticalidade intuitiva, quando até a pouco estávamos na fase da horizontalidade analítica.
Ainda vou falar muito sobre isto. A análise sempre se refere à nossa inteligência. A nossa
inteligência só sabe analisar, analisar, analisar... Análise é puramente intelectual, quer dizer
que a análise é do ego. Quando alguém tem consciência do seu ego, aí ele é analítico
horizontal, não sai daí. Agora, quando alguém ultrapassa o seu ego intelectual e descobre o
seu Eu cósmico, o seu Eu central, aí ele entra numa nova fase de conhecimento; porque
quando nós conhecemos analiticamente, horizontalmente, intelectualmente, nós funcionamos
como “talentos”. O talento é analítico, o talento é intelectual.
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Quando entramos na zona da intuição cósmica, então entramos na zona da genialidade,
do gênio. É bom saber estes dois termos: o talento sempre trabalha com análise, ele não sai da
horizontal, o talento é intelectualista. Quando temos inspirações ou revelações ou intuições
geniais, então não estamos mais no plano horizontal do intelecto, então somos invadidos pela
ALMA DO UNIVERSO. Fiz um desenho sobre isto para mostrar como eu entendo esta
análise e esta invasão.
Aqui temos um círculo, um círculo vazio, aqui vocês veem uma circunferência, isto é
análise, a inteligência faz isto: analisa, analisa, analisa, não sai da periferia, ou da horizontal,
escrevi em cima: “análise”; escrevi em baixo: “intelecto”, porque análise é feita pelo intelecto
e isso se chama “talento”. Quem é talentoso é intelectual porque sabe analisar, isso é o
comum da ciência, o grosso da ciência está aqui. Agora, aqui vem outra coisa: “INTUIÇÃO”
e ainda o mesmo círculo, mas tem um centro aqui e do centro parte uma flecha rumo à
periferia, assim eu geometrizo mais ou menos a ideia da intuição. A intuição começa aqui no
centro e vai rumo à periferia, começa no Eu e se projeta até o ego. Começa na intuição
cósmica e se projeta para a análise intelectual.
Nós sempre temos a impressão que a intuição vem de fora. Quando alguém diz que
tem intuição, tem a impressão de que veio alguma coisa para dentro dele, de fora, da ALMA
DO UNIVERSO. Quando ele diz que é inspirado, ele pensa que foi inspirado por uma
entidade cósmica. Até os pintores pintam assim, quando um compositor musical, como tem lá
na praça. Parece que é estatua de Verdi, e lá atrás tem um anjinho tocando uma harpa. Então
esta ideia de que quando alguém é inspirado, ou intuitivo, que é a mesma coisa, então ele
recebe a mensagem duma entidade cósmica misteriosa, de um gênio. Os gregos chamavam
esta entidade cósmica “o gênio”. Gênio era uma entidade do espaço. Então este gênio dizia ao
músico, “escreva esta música”, “escreva assim...” ou a um artista, um escultor: “faça uma
escultura assim...” ou a um pintor: “pinta assim com estas cores...” ou a um poeta: “diz
assim...”.
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centro, vem deste ponto central que nós chamamos o “Eu Cósmico” - porque dentro de nós
também existe o Cosmos. O Cosmos não existe só lá fora nos astros, nós somos uns
“microcosmos”. Cada um de nós é um pequeno cosmo. Lá fora está o “macrocosmos”, mas a
inspiração não vem do macrocosmos, ela é uma erupção do nosso centro, não é uma invasão
de fora, mas é uma erupção de dentro.
É bom não confundir essas duas palavras: uma invasão de fora e uma erupção de
dentro para fora, aquilo que já estava lá dentro, mas estava dormindo, depois acordou, isto é
uma erupção, um despertamento, uma eclosão.
Quando temos intuição, revelação, inspiração, que é tudo a mesma coisa, então,
desperta dentro de nós uma coisa que já existia, mas que era completamente inconsciente,
estava dormindo, é como uma sementinha que não tinha brotado. Mas quando a sementinha
começa a brotar, então nós nos tornamos CONSCIENTES daquilo que estava em nós
inconscientemente. Isto eu chamo uma erupção, uma eclosão, um rompimento de dentro e não
uma invasão de fora. A impressão é que vem de fora. Todos os inspirados pensam que um
Deus externo os inspirou para escrever isto, mas nós sabemos que o Deus externo,
transcendental, também é o Deus imanente.
Do Deus transcendental nós não sabemos nada, para nós é “X”, ninguém sabe nada do
Deus transcendente. O que nós sabemos é alguma coisa do nosso Deus imanente. O nosso
Deus imanente é o nosso próprio Eu. “Vos sois Deuses, o Pai está em vós”, como diz o
evangelho. De maneira que quando temos uma intuição repentina e de repente sabemos uma
coisa que antes não sabíamos, e não analisamos nada, veio de repente, um lampejo em plena
noite. Então temos a impressão que fomos invadidos de fora para dentro, que a invasão veio
do além e foi para dentro de nós.
De fato, a intuição não veio do “além de fora” ela veio do “aquém de dentro”, se
viesse do “além de fora” seria uma invasão cósmica, mas se vem de um despertamento de
dentro de nós mesmos. Então é o nosso centro que eclodiu e nós chegamos a saber
conscientemente o que antes era inconsciente. O nosso inconsciente passa a ser ego
consciente, porque a maior parte da nossa natureza é inconsciente. Fiz aqui um círculo
chanfrado. Aquele chanfrado deste círculo é o inconsciente. Imaginem esse chanfrado todo é
o inconsciente em nós, que é extraconsciente - nós nada sabemos do inconsciente. Ele existe,
mas nós não temos consciência dele, e aquele gomo branco que fiz ali é o nosso ego-
consciente. Nós temos um pouquinho de ego-consciência, 10 %, nem 10, talvez 1%. E temos
uma zona imensa de inconsciência em nós. Eu não gosto da palavra “inconsciência” que Jung
usa muito, eu prefiro dizer “extraconsciente”, o chanfrado seria “extraconsciente”, quer dizer:
fora da minha consciência. O grosso da nossa natureza é extraconsciente. Na maior parte da
nossa natureza nós não somos conscientes, nós somos um pouquinho conscientes; numa faixa
estreita como este gomo aqui, que não sabemos se é 10%. Em alguns é mais, em outros,
menos, mas é uma pequena parcela da nossa totalidade da natureza humana.
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revelação” e temos a impressão que tudo veio de fora. É claro que veio de fora! De fora do
nosso consciente! Mas, não de fora de nós. Veio de fora da nossa zona luminosa, que é
consciente e veio da zona penumbral, escura ou quase escura, que nós chamamos de
inconsciente, o subconsciente, o extraconsciente, mas já estava dentro de nós, não veio de fora
de nós.
Einstein joga muito com a palavra INTUIÇÃO, ele diz, por exemplo: “As leis
fundamentais do Universo, não podem ser descobertas pela análise lógica, mas só podem
ser descobertas pela intuição” - está nos livros dele, textualmente. A lógica, a análise serve
de base, nós não vamos abolir a análise, isto não é possível. A análise faz parte do nosso
conhecimento. Mas a análise é apenas o “ABC”, é apenas uma subestrutura, uma base
horizontal para outra coisa.
Outrora os cientistas se contentavam com a análise, a base horizontal e agora nós
estamos com a base horizontal mais a torre vertical. A torre vertical nós chamamos de
INTUIÇÃO, que está sempre baseada na análise. Einstein disse: “Eu penso 99 vezes” – isto é
análise -“e não descubro a verdade. Eu deixo de pensar, mergulho num grande silêncio e eis
que a verdade me é revelada”, assim fala Einstein. Um cientista fala em revelação, outrora
não se podia falar em revelação: “mas isto é misticismo!”, diziam, “isto é religião!”, “isto não
é ciência!”, falar em revelação. Os cientistas usam agora abertamente a palavra revelação ou
intuição, que é a mesma coisa. “Eu deixo de pensar, depois ter pensado 99 vezes”, ele disse,
“agora vou desistir, não vou mais pensar, eu vou ficar sem pensamentos, eu vou me esvaziar
de todo o pensamento. Eu deixo de ser ego-pensante, mergulho num grande silêncio”..., isto é
importante, porque se alguém não entra num grande silêncio de pensamento, abolindo todo
pensamento por algum tempo, não vai acontecer nada. “Eu deixo de pensar, entro num grande
silêncio e eis que a verdade me é revelada”. A verdade na ciência, descobrindo uma lei
cósmica.
Quando Einstein tinha 26 anos na faculdade politécnica da Suíça, ele escreveu aquela
célebre formula: E=mc², que é o mistério da relatividade. “E”, quer dizer Energia, é igual à
massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz. Isto ele escreveu no papel e não sabia
bem o que escrevia. Escreveu isto intuitivamente, sem saber bem o que significava isto. Muito
mais tarde, foi perguntado o que é que significa esta fórmula? E=mc² e Einstein nunca soube
explicar, nunca explicou até o fim da vida, ele disse: “isto é assim e não se pode explicar”.
Intuição nunca se explica. Se vocês têm uma intuição, nunca saberão explicar. Vocês sabem
que, mas não sabem por que, também não sabem como. “O que” é certo, o porquê é obscuro,
toda a intuição é certa no seu “QUE”, é completamente obscuro no seu “PORQUÊ”. Por que é
que eu disse isto? Por que é que eu escrevi isto?...Não sei! Mas tenho absoluta certeza que é
certo!
Vocês não devem confundir intuição com pressentimento, o povo chama isto intuição,
-“eu tive a intuição de que o fulano morreu, mas depois fiquei sabendo que não era
verdade...”, isto não é intuição. A intuição é absolutamente certa! Nunca é uma hipótese, o
pressentimento muitas vezes é uma hipótese, às vezes dá certo, muitas vezes não dá certo.
Portanto não me confundam pressentimento do ego com INTUIÇÃO do Eu. A intuição é
100% certa, nunca falha.
Então, Einstein diz, mais tarde: “A matemática é absolutamente certa, enquanto ela
ficar no abstrato, mas se a matemática descer ao concreto ela perde da sua certeza, na razão
direta da sua concretização”. Exatamente a mesma ideia. A matemática é 100% certa
enquanto ela fica no abstrato. O abstrato é a intuição, a intuição não é concreta, é abstrata,
cósmica. Abstrato é aquilo que nós chamamos a Alma do universo, coisa não concreta, coisa
que não se pode ver, ouvir, tanger. A realidade não é concreta. Os fatos são concretos, a
realidade é completamente abstrata; se não é abstrata, não é realidade.
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Então Einstein diz: “a matemática é absolutamente certa, mas somente enquanto ela é
abstrata, enquanto ela está na intuição cósmica. Quando então a matemática desce das alturas
da abstração e entra no mundo dos concretos, dos fatos, então ela não é mais absolutamente
certa, ela pode ser 90%, 80% certa, então se chama “aritmética”. Quando a matemática sai do
abstrato certo e entra no concreto duvidoso, então se chama aritmética. Aritmética não é
absolutamente certa; ela é parcialmente certa, parcialmente duvidosa. Nenhum fato concreto é
absolutamente certo, somente a realidade abstrata que é absolutamente certa.
E outra ocasião disse Einstein: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho
para o mundo dos valores porque os valores vêm de outra região”. Outra vez, a mesma ideia
da intuição. Fatos podem ser analisados, mas nenhuma análise dá certeza. Eu sei que vocês
não compreendem isto, vocês pensam que a certeza vem da análise; todo cientista pensa isto.
Se eu analiso água, então vou descobrir que é H²O - isto é, dois volumes de hidrogênio e um
volume de oxigênio - e isto se chama água na ciência; isso é análise. Se vocês analisarem no
laboratório, água, vocês vão ver que água é H²O; isto para a ciência é certo, para Einstein não.
Para o matemático, isto não é certo, isto é apenas um fato, mas não é uma realidade.
Os cientistas confundem os fatos com a realidade, eu sei. O matemático faz uma
rigorosa distinção entre facticidades físicas e realidade metafísica. É difícil vocês se
acostumarem a isto, eu sei. Eu me lembro quando estava lendo Keyserling, aquele filósofo
alemão que fez viagens ao redor do mundo, no Egito, no Tibete, na Índia, na China e em toda
parte estudando filosofia oriental, Hermann Keyserling. Então um dia, Keyserling, um grande
pensador, escreveu livros maravilhosos, esteve lá com um iogue na Índia e numa conversa lá
sobre a Bhagavad-Gita, sobre este poema maravilhoso.
A Bhagavad Gita, que todos deveriam conhecer, começa com a batalha de
Kurukshetra, entre os Devas e os Kurus e Arjuna se encontra com Krishna, para tomar parte
na batalha. Então o filósofo alemão, Keyserling, perguntou ao iogue da Índia: “Esta batalha de
Kurukshetra de que fala a Bhagavad Gita, é real ou é uma fantasia?” –“Não”, disse o iogue, “é
uma realidade essa batalha de Kurukshetra”. Então perguntou Keyserling: “Quando se deu
esta batalha e onde?”-“ah...”-disse o iogue: “ela não se deu quando e nem onde” – “como,
então não se deu!”-“Sim, não é um fato histórico disse o iogue, mas é uma realidade
cósmica”, e Keyserling ficou desapontado num momento, e disse: “Nós, ocidentais,
confundimos fatos com realidade”.
E este hindu que tem 7.000 anos de filosofia distingue nitidamente: fatos e realidade.
Batalha de Kurukshetra é uma realidade, ele diz, mas não é um fato. Um fato acontece onde e
quando. Um fato histórico acontece em algum local e em algum tempo. Se não aconteceu em
um lugar e em um tempo, então nós dizemos: “então não é real!”. Mas isto é falta de lógica.
Quem pensa exatamente, diz: “Não, uma coisa não precisa ter acontecido em um lugar nem
num certo tempo”. A realidade é completamente independente de tempo e espaço. As
facticidades estão sujeitas a tempo e espaço. A análise não vai acontecer fora do tempo e do
espaço, tudo que se pode analisar são fatos, mas não são “a realidade”. O que se pode intuir,
isto é realidade.
É difícil a gente se acostumar a esta precisão de pensamento que é necessária para
compreender a verdadeira filosofia. Isto então se refere à realidade, mas a realidade não
precisa ter acontecido no tempo nem no espaço. A realidade está para além de tempo e para
além do espaço. Nada tem a ver nem com o onde nem com o quando. O matemático joga mais
com realidade do que com facticidades. O físico trata de fatos, ele tem que analisar os fatos. O
matemático não analisa, ele intui. Ele intui a realidade, quando ele está em condições. Nem
todos são capazes da intuição matemática. A matemática é essencialmente intuitiva; a física é
que é analítica. Pode servir de base, de alicerce, mas não é a “super estrutura”, é apenas uma
subestrutura.
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Então, do mundo dos fatos, do mundo da análise, portanto, não conduz nenhum
caminho para o mundo da intuição. Quer dizer: vocês podem: analisar, analisar, analisar, o
quanto quiserem, vocês nunca vão chegar à intuição. Porque a soma total das análise não dá a
intuição, assim como a soma total dos ZEROS não dá UM. Podemos dizer que isto (1) é um
(realidade) e isto (0000) são uma coleção de zeros (os fatos). Se você faz uma coleção de
zeros, adicionando e multiplicando, vocês nunca vão ter UM, porque a soma total de zeros
não dá UM. E a soma total dos fatos não dá a realidade.
E como é que nós podemos saber da realidade? Não pela análise, a análise não nos dá
a realidade. É fazer o que Einstein fazia: “Eu penso 99 vezes (análise dos fatos) e não
descubro nada, eu deixo de pensar, mergulho num grande silêncio e eis que a verdade me é
revelada!” Quer dizer que a INTUIÇÃO é sempre a revelação da realidade. E por isto é
absolutamente certo. É bom que pensem muitas vezes sobre isto, porque eu digo isto, mas
ouvir não basta, é preciso “ruminar”. O homem comum pensa que analisando bem uma coisa
a gente tem certeza. Einstein diz que é absolutamente errado! As análises todas juntas não dão
certeza.
Uma vez houve um eclipse solar e Einstein estava em Londres. O eclipse foi total, o
sol ficou completamente eclipsado em pleno meio dia. Ficou tão escuro em pleno meio dia
com o eclipse solar, que até as galinhas foram para o poleiro para dormir, porque pensavam
que era noite! Isto aconteceu em 1929, parece. E a sociedade real de Londres mandou
astrônomos para dois lugares para fotografar o sol eclipsado. Um grupo foi para a ilha do
Príncipe no Golfo de Guiné, lá na África, outro grupo foi para Sobral, no Ceará. Eram dois
lugares melhores para se fotografar o sol eclipsado.
Os dois grupos fotografaram o sol eclipsado, voltaram para Londres, revelaram as suas
fotografias e verificaram que a luz das estrelas, era visível ao lado do sol eclipsado, que ficou
tão escuro que a gente via as estrelas em pleno meio dia; e viram que a luz das estrelas não se
propagava em linha reta, mas em linha curva. Einstein sempre tinha dito que a luz não se
propaga em linha reta, mas em curva. Nós pensamos que é reto porque uma curva tão grande
que a gente não pode verificar. Então verificaram que a luz das estrelas, visíveis ao lado do
sol eclipsado, não tomava caminho reto, mas era desviado pela luz solar e ia em curvo. Então
um fotógrafo lá de Londres, foi ter com Einstein e disse: “Einstein você está de parabéns!”-
“Porque de parabéns?” ”Está confirmada a sua teoria de que a luz não se propaga em linha
reta, mas em linha curva” – E o que há nisso?”“, disse Einstein. –“Agora é certo!”– “E, antes
não era certo?”, perguntou Einstein. –“Sim, não era certo.” –“Mas, é claro que era certo!”
“Mas, a certeza não vem das provas?” “Não, a certeza”, disse Einstein, “não vem das provas”.
As fotografias eram provas, mas daí não vem a certeza dele. O matemático tem certeza
antes de qualquer prova, de que jeito? INTUIÇÃO. A certeza vem da intuição. A certeza não
vem das análises, das provas. Então, o astrônomo quis saber: “Então para que as provas, se já
existe certeza antes de qualquer prova? Para que as provas? Você não escreve livros, para
provar certas coisas?” – Einstein disse: “A certeza é anterior a qualquer prova”, e o outro
perguntou “Então para que as provas que os livros estão cheios?” “Bem,” disse Einstein, “As
provas são uma tentativa de justificar a certeza para aquele que não tem certeza!” Mas, para o
matemático não precisa de provas. Porque o matemático pode ter certeza antes de qualquer
prova. Porque a certeza não vem das provas, vem da intuição. Mas a intuição é muito anterior
a qualquer prova.
Quer dizer que quando se tem certeza pela intuição, é uma certeza absoluta, ninguém
mais pode destruir esta certeza. Esta é a vantagem dos intuitivos, terem certeza anterior a
qualquer prova. Também existem, sobretudo, os místicos, porque a matemática e a mística são
coisas muito parecidas. O verdadeiro místico, vamos dizer, um Paulo de Tarso, um Francisco
de Assis, um Mahatma Gandhi e outros que entraram na zona da intuição mística, eles têm
absoluta certeza de Deus e da sua alma e da vida eterna e não provaram nada! Não provaram
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nada, as vezes são analfabetos, como alguns deles, não provaram nada! Mas têm absoluta
certeza. Como é que eles têm certeza? Não por análises cientificas, porque ninguém pode
provar cientificamente a existência de Deus, mas pode ter absoluta certeza anterior a qualquer
prova.
Aqueles mártires nos primeiros séculos do cristianismo que saiam das catacumbas e
eram levados ao coliseu, para renegarem a sua fé, ou iam ser jogados às feras no coliseu, ou
vão renegar a fé cristã: não renegavam. -“Está bem, então vamos ser devorados pelas feras,
não faz mal”: eles tinham absoluta certeza do mundo espiritual, mas muitos deles eram
pessoas incultas, não tinham análise cientifica, mas tinham uma intuição absoluta da realidade
espiritual. Então eles achavam melhor morrer do que renegar a fé.
É sempre intuição, porque a intuição funciona em toda a parte: Funciona na ciência,
mas também funciona na consciência, funciona na física e funciona na metafísica, funciona na
matemática e funciona na mística. Porque a intuição é uma só, ela ultrapassa os estreitos
limites da inteligência e recebe uma mensagem do além, da Alma do Universo, que
aparentemente é lá fora, mas realmente está dentro de nós.
Então eles têm certeza absoluta. Agora, muitos pensam que a intuição é um misticismo
e que é um dom de Deus, que Deus dá a alguns e nega a outros, não é verdade! Cada um de
nós é intuitivo, vocês são todos intuitivos, somente não cultivaram a sua intuição. Vocês são
POTENCIALMENTE INTUITIVOS, faz parte da natureza humana que o homem seja
intuitivo. Dentro do nosso centro, todos nós somos intuitivos, mas o nosso centro não eclodiu,
o nosso centro está dormindo e por isto temos que nos contentar com pobres análises. Porque
a análise é do intelecto, o que é mais comum, mas a intuição é da RAZÃO ESPIRITUAL, que
não é muito comum entre os homens.
Cuidado, não me confundam RAZÃO com intelecto, todo mundo confunde! Intelecto
é análise, RAZÃO é INTUIÇÃO. A razão é o espírito em nós, a razão é a nossa alma, o nosso
Eu central, LOGOS em grego. Então cada um de nós é intuitivo, todos nós somos. Alguns
fizeram eclodir um pouco a sua intuição, e são ligeiramente intuitivos, de vez em quando. Em
outros a intuição está na incubação, está numa “eterna incubação”! Não eclodiu, não saiu
nada! Não quebrou a casca, o pintinho não nasceu! Está na incubação dentro do ovo. Então,
mas as duas faculdades: a análise e a intuição fazem parte da nossa natureza humana.
Somente que a análise vem quase sempre muito mais cedo, a periferia se revela primeiro e no
fim, o centro.
Quem anda muito pelas periferias é analítico; intelectual - todo mundo é. Mas, quem
ultrapassa a periferia, e se deixa invadir pelo centro é mais do que intelectual, não analisa
apenas, mas entra em uma zona de intuição. E quando ele entra na zona da intuição, então ele
tem certeza de certas coisas que ele nunca provou, mas que é absolutamente certo. Ele não
pode mais duvidar de certas coisas, porque a intuição é uma coisa repentina. É como um
lampejo em plena noite. E quando esse lampejo se manifesta, então aquela coisa de que fala a
intuição, é absolutamente certa.
Isto é um conceito geral que eu estou dando que temos que voltar muitas vezes a este
mesmo ponto: Que a intuição faz parte da nossa natureza humana, mas exige uma evolução,
muito mais avançada do que a análise. Há também pessoas completamente primitivas, os
povos primitivos e muitos deles são intuitivos. Existe, portanto, uma intuição “pré-analítica”.
Uma pessoa analfabeta, que nunca estudou nada, pode ser intuitiva, mas quando ela entra
dentro da análise intelectual, geralmente vai abafando, abafando cada vez mais a intuição.
Agora quando ele sai pelo outro lado da análise, por cima da análise, aí outra vez ela se torna
intuitivo, quer dizer que alguém pode ser intuitivo “pré-analítico” e também pode ser intuitivo
“pós-analítico”. Os grandes cientistas, como Einstein e outros da era atômica, eram “pós-
intuitivos”, “pós-analíticos”. Eles já tinham ultrapassado toda a análise e chegado até as
alturas da intuição.
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Um grande cientista do nosso século, Thomas Edison, aquele grande inventor
americano, a quem nós devemos tantas coisas boas na eletricidade, inclusive essa maravilhosa
luz elétrica!... Edison era um homem terrivelmente intuitivo. Analisava a eletricidade,
analisava, analisava, até onde podia. E depois ele dizia: “Não cheguei até o fim”. Uma vez ele
disse: “Eu preciso de 90% de análise, para ter 10% de inspiração”... A frase célebre de
Thomas Edison. Em inglês, ele joga com a palavra “transpiração”-“esforço” que nós
chamamos de análise. A transpiração de que fala Thomas Edison é análise. Eu preciso pensar
muito, muito, muito, para descobrir uma lei na eletricidade e depois eu tenho que suspender
todo o pensamento e deixar-me invadir pela intuição, então dá certo! Isso é de Thomas
Edison, que é a mesma ideia de Einstein.
Einstein joga com 99% de análise contra 1% de revelação e Thomas Edson joga com
90% de análise contra 10% de intuição, mas a ideia é a mesma. Pode ter uma porcentagem
maior de uma parte para outra, mas a ideia é sempre a mesma.
A coisa completa é ANÁLISE + INTUIÇÃO. A coisa incompleta é somente análise
sem intuição.Quer dizer que a nossa evolução humana, começa com a análise intelectual, mas
algum dia deve culminar na intuição. Se isto vai acontecer ou não vai acontecer, não sabemos.