Dissertacao
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Dissertacao
Introdução
Introdução 2
1. INTRODUÇÃO
sativa para a maconha (como é popularmente conhecida no Brasil). É uma das plantas mais
antigas de que o homem tem conhecimento, com relatos de uso de mais de 4000 anos, quando
norte da África, chegando à Europa cerca de 500 anos depois de Cristo e por fim à América
do Norte. As principais utilizações, na América eram como fonte de fibras, empregadas para
confeccionar cordas. Seu óleo era utilizado na fabricação de tintas, enquanto que as sementes
eram usadas como ração para o gado (HANSON; VENTURELLI, 1995; McGUIGAN, 2006).
Documentos históricos mostram que a maconha foi introduzida no Brasil na época das
capitanias, também com a utilização de suas fibras, porém estimava-se que a planta já fosse
conhecida há mais tempo, pelos primeiros escravos, que a utilizavam como hipnótico,
A maconha começou a ser encarada como problema social nos primeiros anos do
século XIX, sendo seu uso proibido na década de 30. Naquela época, era considerada uma
comportamentos violentos (“loucura”) e promíscuos entre os seus usuários. Por conta disso, o
seu uso clínico declinou lentamente, já que os pesquisadores não conseguiram isolar os seus
princípios ativos. Além disso, a deterioração das preparações brutas (extratos) com o tempo e
sob a luz tornava os efeitos clínicos imprevisíveis. Alguns países começaram a relacionar o
décadas de 60 e 70, o seu consumo voltou a crescer significativamente, época na qual foi
Introdução 3
De acordo com o relatório mundial sobre drogas, promovido em 2008 pela United
Nations Office on Drugs and Crime (UNODC, 2008), a maconha ainda é a droga ilícita mais
consumida em todo o mundo, com quase 165,6 milhões de usuários entre 2006-2007. Um
significativo aumento foi verificado no Brasil entre os anos de 2005 á 2007 provavelmente
globo com maior número de apreensões (61,0 %), seguida pela África (19,0 %), América do
Sul (12,0 %), Ásia (5,0 %), Europa (3,0 %) e Oceania (0,1 %). Analisando as apreensões por
país, o México é o que apresentou maior percentual (36,0 %), seguido dos Estados Unidos
(23,0 %), África do Sul (7,0 %), Brasil (3,0 %) e demais países. Outro dado importante
apresentado no relatório foi que os países da América do Sul apresentaram grande aumento do
consumo da droga, enquanto que países da América do Norte tiveram uma diminuição
realizado pela UNIFESP em 2005, 8,8 % da população (2,1 % a mais que no ano 2001) fez
uso da maconha, confirmando que, em nosso país, ela é a droga ilícita mais consumida,
resultado semelhante ao de alguns países da Europa, como a Grécia (8,9 %) e Polônia (7,7 %).
Em contrapartida, esse resultado é bem inferior ao de outros países como Estados Unidos
e tal assunto ainda é objeto de estudos. Em pesquisa feita por Markez et al., (2002), onde
foram entrevistados alguns usuários de Cannabis a respeito dos perigos em consumir a droga,
visto que, com o aumento da produção da droga, o que acarreta em colheitas com tempo
incorporadas durante esse processo de obtenção da “droga de rua”. Problema enfatizado pelo
Diretor Executivo da UNODC, Antonio Maria Costa: “As características mais perigosas da
Cannabis não são mais tão diferentes das outras drogas que vêm de plantas”. Ou seja, deve se
presentes na droga, que podem contribuir para o aumento da toxicidade, fato já caracterizado
2002).
em sua grande maioria produzem micotoxinas, que são de grande importância toxicológica.
dispersão, inalação, e/ou ingestão dos esporos ou hifas na hora da manipulação e do uso
(DARINI; SOARES; CAZENAVE, 2003). Até o presente momento, um óbito foi confirmado
em conseqüência do uso crônico de maconha contaminada por Aspergillus, e que foi devido à
demonstraram que grande parte da droga, está sendo comercializada com a presença de
Outra contaminação da Cannabis, já relatada, foi pelo herbicida Paraquat (PQ), que
começou a ser aplicado por aviões que sobrevoavam as plantações de maconha do México no
final da década de 70 pelo DEA (Drug Enforcement Administration) em uma ação conhecida
financiamento dos Estados Unidos, posto que era o México o grande distribuidor de maconha
no país. Tal ação gerou grande polêmica em todos os países envolvidos, devido à toxicidade
que o paraquat apresentava para os usuários de maconha e para a população que habitava
próximo das regiões de cultivo e aplicação do herbicida. Essa medida foi alterada na década
de 90, quando o Paraquat (extremamente tóxico) foi substituído pelo Glifosato (GLI) (baixa
toxicidade aguda) que é aplicado até hoje em plantações de maconha, coca e papoula, visando
Além dessas aplicações com propósito de erradicação, tais herbicidas que também
da “droga de rua”. Contaminações acidentais podem ocorrer, uma vez que plantações de
Cannabis são cultivadas em ambientes com outras culturas alimentícias (BÓIAS FRIAS DA
MACONHA, 2008). Tal hipótese mostra-se sustentável, através de pesquisas feitas entre 1999
e 2003 nos EUA, onde foram encontradas amostras de maconha contaminadas pelo paraquat,
mesmo após o herbicida ter sido banido do país e ter sido substituído pelo glifosato no
programa de erradicação (ELSOHLY, 2003). Estes herbicidas podem ser aplicados também
com a finalidade de evitar prejuízos causados por possíveis ervas daninhas em Cannabis,
legislações (Decreto nº. 4074 de 04 de Janeiro de 2002, que regulamenta a lei nº 7802 de 11
de julho de 1989) e que refletem benefícios para toda uma população (ANVISA, 2002). Em
plantações de substâncias ilícitas, como a Cannabis sativa, por motivos óbvios, este
procedimento não existe, constituindo um sério problema de saúde pública, inserindo um fator
principalmente o paraquat, estão sendo apreendidos pela polícia, por serem importados da
China e não possuírem registro na Vigilância Sanitária. São produtos com formulações
clandestinas que entram no país com um preço menor em comparação aos nacionais, atraindo
assim seu uso por alguns produtores. Outro fator importante é que não se sabe quais são os
componentes da formulação e nem o risco que esses produtos podem trazer ao homem e ao
difícil estabelecer se a causa é devido ao uso crônico de uma droga de abuso contaminada ou
mostram que existe essa possibilidade de ocorrer esse tipo de intoxicação, principalmente na
O CIT de Santa Catarina fez um estudo de 219 casos de intoxicações por paraquat
entre 1984 a 2002 e os resultados mostram que: 170 (77,6 %) foram do sexo masculino. A
faixa etária mais comprometida foi de 20 a 39 anos (52,9 %). Quanto à causa, 43,8% foram
agudas 84,5 % e crônicas 15,5 % sendo 47,4 % por via oral e 42,9 % por via respiratória. As
glifosato, sendo o estudo realizado com fichas de notificação de 1993 a 2002. Foram
atendidos 361 pacientes intoxicados pelo glifosato, sendo 307 do sexo masculino, 48 do
Introdução 8
glifosato e em 4 a exposição foi desconhecida. Quanto às circunstâncias: 148 casos foram por
Cannabis sativa apreendidas pela polícia para exame pericial. Ferramenta esta imprescindível
para futuros delineamentos e avaliações sobre os possíveis riscos que a Cannabis pode
2. GENERALIDADES
perpetua através de sementes extremamente resistentes, crescendo tanto em solos férteis como
em zonas estéreis e áridas, em regiões tropicais e temperadas, sendo conhecidas mais de 100
espécies. A planta atinge alturas variáveis desde 60 cm até 7 m, dependendo das condições de
cultivo. Nas melhores condições aplicadas, atinge uma altura de 3 m; no Brasil chega cerca de
1,5 a 2 m de altura (STAMBOULI et al., 2005; MARKEZ et al., 2002; FILHO, 1988). A
planta feminina, via de regra, é maior que a masculina e possui maior massa foliar. Trata-se
(estame) e o feminino (pistilo) em plantas diferentes. O caule é de cor verde escura, ereto,
industrialmente importantes. É coberto de pêlos pequenos e curvos formado por uma célula
nos caules têm disposições opostas, ao passo que as folhas da ponta dos ramos são alternas.
comprimento. Cada folha apresenta de 5 a 7 folíolos verde escuros, que emergem da parte
formato semelhante a uma lança e com bordas serrilhadas. Quando em uma mesma folha são
sendo recobertos por pêlos que são mais profusos e mais compridos na superfície inferior
com clima temperado desenvolvem a planta com concentrações de resina muito baixa e,
produzir espécies com altas concentrações de THC. Como a Cannabis tem capacidade de se
morfológicas das folhas (STAMBOULI et al., 2005; MARKEZ et al., 2002; REINHARDT,
1993).
são formadas de um ovário envolvido por um perigônio cupuliforme e encimado por dois
polinização da flor feminina é realizada através do vento. As flores masculinas são pequenas,
1998).
fruto do tipo aquênio, pequeno, elíptico, liso, brilhante de cor verde acastanhada. A semente
contém o embrião que é formado por dois cotilédones, possuindo grande quantidade de óleo
A planta masculina tem vida mais curta, morrendo após o pólem ter sido espalhado e o
ciclo reprodutivo ter se iniciado. A planta feminina sobrevive até ser morta pelas condições
A Cannabis é uma planta muito resistente que tolera bem as mudanças climáticas,
Figura 1. Cannabis sativa- A. planta masculina, B. planta feminina – 1. flor masculina aberta
com tépalas e estames, 2 e 3. antera, 4. pólen, 5. flor feminina (ovário e bráctea), 6. ovário
com estigma, 7. ovário sem estigma, 8. fruto envolto em bráctea, 9 e 10. fruto, 11.embrião
químicas diferentes distribuídas em dezoito classes químicas (VOTH & SCHWARTZ, 1997;
que é composta por mais de sessenta canabinóides, e que não são encontrados em outras
encontrados nas folhas e nas flores, não são encontrados em raízes, sementes e traços estão
8 9
Ácido ∆ -THC e ácido ∆ -THC - apresentam atividade psicoativa, sendo que
8 9
o ∆ -THC apresenta somente após ser queimado, é convertido em ∆ -THC;
CH 3 CH3 CH 3
OH OH OH
C3H C CH 3 CH 3
HO C 5H 11 CH 3 O C 5H 11 CH3 O
H2 C
CH3 CH 3 CH 3
OH OH OH
COOH COOH
C 3H CH 3 C3 H
C C
HO C 5H 11 CH3 O C5 H11 HO
H 2C H2 C
CH 3 CH3 CH 3
OH OH OH
CH 3 CH 3 CH3
CH 3 O C 5H 11 CH 3 O C 5H 11 CH 3 O
9
∆ -Tetrahidrocanabivarin Canabidivarin Canabivarin
OH
OH
Canabigerol
2005.
Generalidades 15
verifica-se que a Cannabis é hoje uma droga diferente daquela utilizada há 20 anos atrás
final dos anos 70, como resultado da produção “doméstica”, para burlar a repressão policial
(ADAMS & MARTIN, 1996; CLARKE, 1981). Outras técnicas laboratoriais tais como
McPartland, Clarke e Watson, a Cannabis sativa pode ser ainda classificada como: Cannabis
sativa (Cannabis sativa variedade sativa), Cannabis indica (Cannabis sativa variedade
(Cannabis sativa variedade afghanica). Cada uma das variedades apresenta características
Uma das variedades que vem ganhando destaque internacional, é a indica, que é
escuro, e em algumas variedades apresenta folhas com bordas com coloração que vai do
Seu potente efeito está relacionado com as elevadas concentrações de ∆9-THC e CBD
e um dos efeitos descritos por alguns dos usuários é de “uma pedrada na cabeça”. Algumas
levaram alguns autores a propor uma distinção entre três espécies: a tipo-fibra, a tipo-droga e
a intermediária. Essa variedade depende da biossíntese dos canabinóides, que está ilustrada na
CBG, que é um precursor do CBD e do ∆9-THC. Cada etapa da síntese é controlada por uma
ação enzimática específica ligada a fatores biogenéticos, o qual tem influência na biossíntese
9
papel e fitas têxteis. Na planta tipo-droga, usualmente a concentração de ∆ -THC é maior que
são cultivadas em zonas climáticas quentes e que são capazes de produzir uma quantidade
elevada de resina. Existem vários produtos a partir destas plantas, cujos nomes diferem de
país para país, conforme pode ser observado na Tabela 1. (SOUBHIA, 1999). E por fim a
Recentemente foi descoberto um novo subtipo, denomidado “Segunda geração do tipo fibra”
cujos valores de (CBD) encontram-se entre, cerca de 0,1 % e 0,0 % de ∆9-THC, diferença em
relação aos demais tipos explicada pelo fato de que durante a síntese dos canabinóides desse
OH
OH OH R
O P O P OH +
O O HO [CH 2]4Me
OH
R OH
R
HO [CH 2]4 Me H
O [CH 2]4 Me
H
OH CH 3
R
OH
O [CH 2] 4 Me
C3 H C
HO C 5H 11
H2 C
OH CH 3
R
OH
R
O [CH 2]4 Me
H3 C
O C 5H 11
H 3C
9
Canabicromeno (IV) ∆ -Tetrahidrocanabinol (VI)
Haxixe / Oriente Médio, África Exsudato resinoso seco, coletado das 1,4 a 18,8
Charas / Índia inflorescências das plantas.
A maconha vem sendo utilizada, cada vez mais de formas variadas daquelas
busca de novos prazeres e sensações. Tais formas são produzidas através de inúmeras técnicas
descritas pela mídia eletrônica, onde os principais produtos obtidos a partir da Cannabis, já
descritos são: bolos, brigadeiros, macarronadas, pizzas, balas, farinha, bebidas (cerveja,
OLIVEIRA, 2005). Tais preparações são muitas vezes utilizadas concomitantemente com a
maconha na forma de cigarros e com outros tipos de drogas, como: álcool, tabaco, êxtase
(MARKEZ et al., 2002). Alguns países, como a Suíça, já relataram os possíveis riscos desses
9-THC. No Brasil, em uma pesquisa feita por Marcon et al., (2005), 20 voluntários foram
varia bastante (0,5 a 5,0 %), sua confecção poderá apresentar variadas proporções de caule,
No Brasil, nota-se que a maioria dos usuários de maconha em todas as faixas etárias é
do sexo masculino (em média, 3 vezes mais que o sexo feminino). O uso ocorre já a partir dos
12-17 anos, em pequena porcentagem, porém a grande maioria está na faixa etária dos 18-24
anos e a partir dos 35 anos em diante uma proporção intermediária (UNIFESP, 2005).
PROIMOS, 2005).
Em um estudo feito por Zvolensky et al., (2007) mostrou os principais motivos que
levam um indivíduo a usar a Cannabis. Foram entrevistados 227 usuários (uso pelo menos
nos últimos 30 dias), e as opções mais condizentes escolhidas pelos entrevistados foram:
• 87 % porque é “legal”;
Markez et al., (2002) buscaram mostrar em uma pesquisa, o que alguns profissionais,
direta ou indiretamente ligados a usuários de Cannabis, acham ou pensam sobre o por quê do
questionamento sobre qual o motivo das pessoas utilizarem a droga, 65,3 % acham que é para
as pessoas se animarem e terem prazer, 60,5 % para facilitar o contato social, 53,1 % passar o
tempo, 41,9 % fugir dos problemas e outros (Figura 4). Sobre os perigos que o consumo da
Figura 4. Representação gráfica sobre os motivos pelos quais as pessoas usam a Cannabis.
Perigo da Cannabis
Contaminação 16,1
Dependência 42
Efeitos adversos 42
Motivo
0 10 20 30 40 50
% entrevistado
Figura 5. Representação gráfica sobre os perigos que a Cannabis pode trazer ao usuário.
feito atualmente em pelo menos 172 países; seus fatores de produção podem ser
proveniente do Paraguai, como pode ser visto na Figura 6, que também fornece para outros
países sul-americanos como Argentina, Chile e Uruguai. A maconha entra no Brasil por via
terrestre ou aérea pelas fronteiras dos estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná.
Especificamente, a droga entra no país pelas cidades de Ciudad del Este/Foz do Iguaçu, Sal
Figura 6. Quantidade apreendida e tendências do tráfico mundial de maconha, biênio 2004-2005. Fonte: UNODC, 2007.
Generalidades 25
Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul, Goiás e Distrito Federal. As vezes, ela chega à região Nordeste (UNODC, 2005).
As outras regiões do país são abastecidas pelo cultivo feito no próprio país, nas regiões
conhecido “Polígono da Maconha”, que engloba cerca de dez cidades do Estado) (UNODC,
2005; ADPF, 2006b). A maconha é a droga ilícita mais facilmente encontrada pelos usuários,
chama a atenção do governo. Estima-se que um produtor possa ganhar até US$ 150 por mês
(em média) plantando maconha. O preço de 1 kg de maconha para o produtor é inferior a US$
30. Esse mesmo quilo pode ser vendido por aproximadamente US$ 220 nas ruas. No que se
refere à pureza da droga, não há informações disponíveis sobre esse aspecto e não há dados
sendo que em 2005 foram apreendidas mais de 160 toneladas, sendo a região centro-oeste o
local de maior apreensão, seguido da região sul, depois nordeste, sudeste e norte do país
(DPF, 2005) .
Generalidades 26
9
As vias de administração do ∆ -THC são diversas, apresesentando diferentes níveis de
As vias pulmonar e oral são as mais empregadas pelos usuários de maconha, sendo a
pulmonar a mais comumente utilizada para a auto-adminitração para fins recreacionais. A via
pulmonar é a de escolha, pois a via oral pode apresentar efeitos imprevisíveis, como a demora
fumada, pelo fato de que o ácido ∆9-THC é convertido em ∆9-THC quando é feita a ignição
GROTENHERMEN, 2003).
Generalidades 27
Existem outras vias que também são utilizadas como a parenteral, intravenosa,
disponíveis para o ato de fumar resulta em efeitos psicoativos em alguns minutos. Cerca de 10
pico (plasmático) ocorre em média em 8 minutos (intervalo: 3–10 min). Os níveis plasmáticos
dependem da dose utilizada; um cigarro de maconha com 1,75 % de ∆9-THC leva a uma
2008). A velocidade de absorção por essa via é muito rápida devido às condições anatômicas
do pulmão (extensa área de superfície alveolar, extensa rede capilar e alto fluxo sanguíneo). O
seu declínio, por exemplo, para um cigarro de maconha com 1,75 % de ∆9-THC, após 1 min
de inalação, já se torna possível detectar níveis plasmáticos em média de 7,0 ng/mL e após
seu pico plasmático chega-se a 2,0 ng/mL em 2 horas e permanecem detectáveis até 12 horas
humanos varia de 2 a 22 mg, sendo que a fração de ∆9-THC disponível para ser absorvida
raramente excede 10 a 35 %, o que corresponde à 0,2 a 4,4 mg (ADAMS & MARTIN, 1996).
Generalidades 28
50 %), variações individuais de inalação relacionadas à dinâmica do ato de fumar (como, por
exemplo, número e tempo de duração das tragadas, intervalo de tempo entre as tragadas e
corrente primária (fumaça inalada) (O’BRIEN, 1996). Portanto, mesmo quando inalada de
varia entre 30 - 90 min, ou seja, sua absorção ocorre de maneira lenta e irregular. Mesmo o
∆9-THC, sendo bem absorvido na porção superior do intestino delgado (90 a 95 %), a
primeira passagem hepática. A concentração plasmática de pico ocorre entre 2 - 4 horas após
a ingesta, porém existem relatos de retardo de até 6 horas, a duração dos efeitos pode variar
uma dose 3 vezes maior pela via oral, visto que se um cigarro de maconha confeccionado com
estará disponível pela via oral, enquanto que 1,8 mg estará disponível por via inalatória
(MOREAU, 2008).
Generalidades 29
(principalmente LDL) e albumina. Esta é a razão porque somente uma pequena fração alcança
córtex cerebral. Cerca de 3 a 5 % do ∆9-THC absorvido está livre para exercer atividade
em tecidos menos vascularizados e tecido adiposo. Após ser absorvido, seja pela via inalatória
ou intravenosa, o ∆9-THC apresenta meia vida plasmática menor que 10 min (1 fase) e, ao
a
a
sofrer redistribuição da fração seqüestrada para tecidos menos vascularizados (2 fase), em
meia vida tecidual de 7 dias, necessitando de 30 dias em média para eliminação completa de
carboxilados, sendo que até o presente momento mais de 80 produtos já foram identificados
9
excretados na forma conjugada com ácido glicurônico, sendo o ácido 11-nor-∆ -THC
usuários crônicos até várias semanas (20 - 60 dias), devido à velocidade de excreção lenta e
alguns fatores como: idade, peso e uso de mais de uma vez ao dia. Em usuários ocasionais,
esse tempo é reduzido, sendo possível a detecção até cerca de 7 dias (McGUIGAN, 2006;
objetivas a respeito dos seus efeitos na saúde de usuários somente foram iniciadas no início da
década de 70. Diversas metodologias já foram aplicadas para estimar os efeitos e muito do
humanos de extratos puros de ∆9-THC na forma de cigarros ou por via intravenosa com
equipamentos para reproduzir o ato de fumar, controlando a inalação da fumaça com auxílio
os estudos não levam em conta que podem ocorrer interações farmacológicas que modificam
embora similares, nem sempre são iguais àqueles obtidos com a Cannabis fumada com a
planta também podem acarretar efeitos nocivos à saúde, como por exemplo, esteróides,
como o benzoantraceno e benzopireno, cujas concentrações chegam a ser duas vezes maior do
que aquela verificada em um cigarro de tabaco com o mesmo peso. Cada cigarro de maconha
(MOREAU, 2008; INABA & COHEN, 1991). Sabe-se que na fumaça produzida pelo cigarro
Generalidades 33
cerebral, no coração, nos pulmões e olhos. Em um estudo, onde foi utilizado ∆9-THC
regiões do cérebro como o córtex frontal e subcortical. Esse aumento ocorreu entre 30 -
60 min após a administração e permaneceu elevado até 120 min. Efeitos semelhantes foram
cardíaca (de 66 para 89 batimentos por min) e diminuir a resistência vascular, após 15 min do
seu uso por via inalatória. Após a concentração plasmática ser atingida, a freqüência cardíaca
pode chegar até 92 batimentos por minuto, permanecendo tais alterações por um período de 2-
eritema, inchaço, aumento de secreção, perda de células ciliares dentre outras e aumento do
(LANGE, 2007).
Generalidades 34
LAINE, 2002; MIKAWA et al., 1997). Quando aplicados topicamente em olhos de coelho,
resultou-se em hiperemia da conjuntiva após duas horas da aplicação (MIKAWA et al., 1997).
força muscular, instabilidade nas mãos. Também podem ocorrer letargia, sedação, hipotensão
A intoxicação por uso de maconha, pode se manifestar por reações adversas como um
estado de ansiedade aguda. Podem ocorrer também episódios de desconfiança, disforia, medo,
são de baixa freqüência e não existem entidades suficientes que justifiquem tal diagnóstico de
psicose como um achado clínico, que não se relacionam com possíveis adulterantes, com
Taquicardia ventricular (200 batimentos por min) foi reportada em 6 indivíduos com
∆9-THC que variaram de 2-22 µg/L. Embora a associação temporal seja clara, a relação
Generalidades 35
(BACHS & MORLAND, 2001). O risco de infarto agudo do miocárdio aumenta 5 vezes o
valor basal após 60 min do uso da maconha, porém decai rapidamente aos valores basais de
baixo risco (MITTLEMAN et al., 2001). Fibrilação atrial com palpitações, náusea e tontura
Muito se sabe sobre os efeitos agudos da maconha, porém os efeitos crônicos, além de
a) Efeitos na imunidade
imunológica mais grave não foi descrita até o momento (KLEIN; FRIEDMAN; SPECTER,
Fumar maconha fornece mais partículas para as vias aéreas inferiores do que fumar um
cigarro de tabaco, o que está associado a bronquite e asma que gera um comprometimento da
mais potentes dos encontrados no cigarro comum. A associação da maconha com o câncer de
Generalidades 36
pulmão se torna uma tarefa difícil, uma vez que a maioria dos usuários também usa tabaco e
fotofobia e reação lenta das pupilas, diplopia, nistágmo e blefaroespasmo (GREEN, 1998).
2002).
menstruação anormal e ovulação diminuída. A maconha é considerada como classe “C” para
classificação de acordo com a FDA (food and drug administration), engloba aquelas
substâncias em que não foram realizados estudos em animais ou mulheres grávidas; ou então
Generalidades 37
os estudos em animais demonstram risco fetal, mas não existem estudos disponíveis
A relação de efeito nesse caso também é difícil de ser estabelecida, visto que a
relatados e documentação destes casos. Além disso, o diagnóstico laboratorial nem sempre é
crescimento;
Praguicidas 40
Mais especificamente para a área da Saúde, o mesmo decreto tem como objeto o termo
mesma finalidade dos agrotóxicos, bem como outros produtos químicos, físicos
mesma definição usada na legislação brasileira para o termo “agrotóxico”, que substitui o
termo “ defensivo agrícola” e passou a ser utilizado no Brasil, após grande mobilização da
sociedade civil. Mais do que uma simples mudança da terminologia, esse termo coloca em
denominados praguicidas ou pesticidas (ALONZO & CORRÊA, 2008; GARCIA, 2005). Essa
A denominação “pesticida” (do inglês pesticide), muito difundida entre nós, parece
inadequada à nossa língua. Literalmente, significa “o que mata peste”, e peste, segundo os
e mortalidade” . Portanto, tem o sentido de uma doença e não de uma praga, o que torna o
anglicismo errôneo para o significado que se deseja expressar (ALONZO & CORRÊA, 2008).
Calcula-se que atualmente existam cerca de 1500 substâncias diferentes com ação
praguicida (ingredientes ativos) em todo o mundo, a partir das quais são produzidas inúmeras
formulações. No Brasil, mais de 300 princípios ativos incluídos em mais de 2000 produtos
comerciais diferentes são registrados para o uso agrícola. São classificados quanto à sua
composição química, toxicidade, padrões de uso e quanto ao tipo de praga a ser destruída ou
controlada, sendo os principais descritos abaixo (GARCIA, 2005, ALONZO & CORRÊA,
2008).
piretróides;
• Herbicidas: ação contra ervas daninhas (nos últimos 20 anos teve uma ampla
com 3,2 kg por hectare de área cultivada o que corresponde a 4,7 % do consumo mundial. O
estado de São Paulo é o maior consumidor brasileiro de praguicidas, responsável por 20,6 %
do valor comercializado em 2006, seguido por Mato Grosso 17,9 % e Paraná 13,4 %. A maior
utilização dessas substâncias está na agricultura, no combate às mais variadas pragas e como
deste grande espectro de utilização, está entre os primeiros agentes tóxicos responsáveis por
20 17,5
18
16
14
12 10,7
kg/há
10 7,6
8 6
6 4,4 4,4 3,6
3,2 3,1 2,6
4 2,2 2,2 1,9
2
0
do
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H
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Al
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R
país
3.1. Herbicidas
romanos, que utilizavam lixo orgânico para manter as estradas. A partir do século XVII em
1800, o uso de herbicidas inorgânicos como o sulfato de cobre, sulfato de amônio, arsenito de
sódio e clorato de sódio, foi intensificado na agricultura, pois o cultivo mais especializado de
lavouras, com monoculturas, deu início ao desenvolvimento de pragas. Somente em 1935, foi
seguinte, seguiu-se uma crescente diversificação e produção de herbicidas conforme pode ser
ANO HERBICIDA
São usados na agricultura com o objetivo de eliminar plantas daninhas presentes, nas
quais os efeitos sobre as culturas muitas vezes não são perceptíveis ou não são amplamente
principal problema dessas plantas daninhas quando relevantes, é o fato que elas podem
competir em nutrientes, água, luz e espaço com as culturas principais (MOLDES, 2006;
LARINI, 1999). Ao se aplicar herbicida, uma porção deste atinge a cultura presente na área ou
em áreas próximas, interagindo com essas plantas e causando efeitos secundários (HEIFFIG,
2006).
Os herbicidas podem ser classificados de acordo com dois critérios: ação e efeitos.
Residuais: atuam nos sistemas das raízes das plantas ou na germinação das
(SOUZA, 2003).
Praguicidas 45
3.2. Paraquat
síntese se deve a Widel e Russo, que em 1882, publicaram seus trabalhos de síntese, porém
não se sabia de suas propriedades herbicidas (SCHMITT et al., 2006). Em 1933, Michaelis no
conhecido como metil-viologeno, pois em sua forma reduzida forma um composto de cor azul
Bracknell no Reino Unido e sua introdução no mercado, deu-se início em agosto de 1962 pela
Plant Protection Division Ltd of Imperial Chemical Industries (antiga ICI, atual Syngenta).
partir desse fato, seu uso foi generalizado (ISENRING, 2006; SCHMITT et al., 2006; DINIS-
mostra a Tabela 3. Atua nas ervas daninhas que podem diminuir o rendimento das culturas,
cultivo, como aeroportos, em geradores de eletricidade, ao redor de prédios, vias públicas, etc.
Sua grande utilização se deve ao seu efeito rápido, em baixas concentrações, baixo efeito
acumulativo no solo e pelo seu preço barato em comparação aos demais herbicidas (DINIS-
É utilizado como semeadura direta em culturas de banana, café, cacau, coco, citros,
soja, pêra, maçã, uva, pêssego óleo de palmeira, milho, batata. Na silvicultura é utilizado
como desfolhante e dessecante nas culturas de algodão, abacaxi, feijão e cana de açúcar. É
no Brasil sua aplicação sofre algumas restrições podendo ser utilizado apenas como
segurança para diversas culturas são preconizadas e fiscalizadas pela ANVISA conforme pode
ser observado na Tabela 4 (LARINI, 1999; ISENRING, 2006; BROMILOW, 2003; BRASIL,
2007).
também para o cultivo de outras drogas como a Erytroxilum coca, sendo o herbicida mais
Outro dado que mostra a sua utilização em cultivos de Cannabis sativa L sem propósito de
erradicação, é que em uma pesquisa anual desde 1999 até 2003 encomendada pelo NIDA
(Nacional Institute of Drug Abuse) foram encontradas amostras de maconha nos EUA
(provenientes do México) contaminadas pelo PQ, mesmo após o programa de erradicação ter
substituído o PQ pelo glifosato e não ser mais realizado no México e em outros países, devido
a sua alta toxicidade (LIDDLE et al., 1980; GRANJA, 2001; DINIS-OLIVEIRA et al., 2008;
produzida pela Syngenta (Zeneca), porém existem outros fabricantes como, Sinon, Iharabras,
Priglone®, Preeglone®, Weedol® associados com Diquat (outro herbicida da classe dos
bipiridílos) (MOFFAT et al., 2004, ALONZO & CORRÊA, 2008, SINDAG, 2006). Esses
odoríferas e eméticas são utilizadas para formar o produto comercial (ISENRING, 2006;
praguicidas devido ao alto índice de intoxicações e fatalidades que lhe são atribuídas, é
antídoto eficaz que reverta seus efeitos tóxicos. Sua toxicidade se manifesta em vários órgãos,
incluindo pulmões, fígado, cérebro, rins, coração, adrenais e músculos, mas o principal dano
ocorre nos pulmões, culminando em falência respiratória e morte (SCHMITT et al., 2006;
odoríferas, corantes e eméticas nas preparações comerciais (PAN, 2007). Porém, em muitos
toxicidade, realizados pela ANVISA até o final do ano de 2008, devido à sua elevada
toxicidade aguda (SILVA, 2007). De acordo com as bases de reavaliação, inclusas no decreto
restringir a comercialização;
Modalidade de
Intervalo de
Culturas Emprego LMR (mg/kg)
Segurança
(Aplicação)
Abacaxi
Pós-emergência 0,05 1 dia
Algodão
Dessecante 0,2 7 dias
Algodão
Pós-emergência 0,2 7 dias
Arroz
Dessecante 0,5 7 dias
Arroz
Pós-emergência 0,5 7 dias
Aspargo
Pós-emergência 0,05 1 dia
Banana
Pós-emergência 0,05 1 dia
Batata
Dessecante 0,2 7 dias
Beterraba
Pós-emergência 0,05 7 dias
Cacau
Pós-emergência 0,05 7 dias
Café
Pós-emergência 0,05 7 dias
Cana-de-açúcar
Dessecante 0,05 7 dias
Cana-de-açúcar
Pós-emergência 0,05 7 dias
Chá
Pós-emergência 0,05 7 dias
Citros
Pós-emergência 0,05 1 dia
com peso molecular de 257,2. Não é volátil, explosivo ou inflamável em solução aquosa. É
corrosivo para metais e estável em solução ácida ou neutra, mas se hidrolisa facilmente em
meio alcalino (pH >12). Os seus sais são eletrólitos fortes que, em solução, dissociam-se em
uma grande quantidade de íons positivos e negativos (SCHMITT et al., 2006; LANES-
ALMEIDA, 2007).
Estado Físico Sólido branco (sal puro), amarelo (produto grau técnico)
cristalino, sem odor, higroscópico
pH formulação 6.5–7.5
E′0 −0.446 V
Coeficiente de partição
−4.2
octanol/água
3.2.2. Toxicocinética
intestino delgado (baixa absorção no estômago), é influenciada por alimentos que podem
devido à absorção por difusão passiva (TOMINACK, 2006; DINIS-OLIVEIRA et al., 2008).
A concentração plasmática de pico ocorre geralmente após 2 horas da ingestão e seu volume
Outras vias como: dérmica, ocular e respiratória levam à mínima absorção sistêmica,
porém apreciável, apesar do risco de dano tecidual local. Repetidos ou contínuos contatos na
derme, especialmente com uma solução concentrada, pode levar à absorção pela corrente
paraquat disponível em amostras de maconha apreendidas passam para a fumaça que será
ainda não está bem estabelecida. Dey et al., (1990) estudaram a toxicocinética do PQ em ratos
expostos a uma única injeção subcutânea e que foi rapidamente absorvido com um T-máx
Praguicidas 54
apresentando concentrações elevadas nos rins, fígado, cérebro, baço, músculos e pulmões
(principais reservatórios). As concentrações máximas nos rins e nos tecidos pulmonares foram
obtidas em cerca de 40 min. No entanto, a maioria dos autores concorda que a cinética de PQ
primeiras 12 - 24 horas após a ingesta. A redistribuição dos pulmões e músculos, para corrente
detecção de baixas concentrações de paraquat na urina por vários dias após sua administração
(TOMINACK, 2006).
3.2.3. Toxicodinâmica
toxicodinâmica do PQ, porém o real mecanismo de ação ainda está incerto. O que a maioria
dos autores concorda, é que após a sua entrada na célula, o PQ sofre processos de redução e
oxidação contínuas que são conhecidos como ciclo redox, desencadeando a formação de
radicais livres e espécies reativas de oxigênio, entre eles o radical superóxido (O2-), o peróxido
Praguicidas 55
de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH), os quais são instáveis e reagem rapidamente
com ácidos graxos, provocando lesão nas membranas, proteínas e DNA. (DINIS-OLIVEIRA
P450 redutase, o que resulta na geração de um radical paraquat. O radical formado é altamente
superóxido, que é uma espécie altamente reativa. Desta forma se inicia o ciclo redox
O O2- que se forma pode ser detoxificado pela ação da enzima superóxido dismutase
enzima catalase. Entretanto, a SOD pode ser suprimida pela grande quantidade de superóxido
que vai sendo produzida quando há altas doses de paraquat. Dessa forma, os ânions
que ataca os lipídios insaturados das membranas celulares, dando origem a radicais livres
lipídicos que, espontaneamente, geram radicais peroxil lipídicos. Esses podem reagir com
livres lipídicos, propagando o processo continuamente como uma reação em cadeia chamada
peroxidação lipídica (LARINI, 1999; ALONZO & CORRÊA, 2008; SCHMITT et al., 2006).
A morte celular ocorre quando as funções são alteradas pela reação das espécies
geração de radicais de oxigênio e sua dissipação pelos sistemas celulares antioxidantes (SOD,
Praguicidas 56
tempo para sua adaptação e equilíbrio) é alterado, possibilitando que espécies reativas
ataquem as biomoléculas tendo como conseqüência o dano tecidual. Tal mecanismo descrito
pode explicar as lesões nos principais órgãos-alvo (ALONZO & CORRÊA, 2008; SCHMITT
Cardiovascular Genitourinário
necrose tubular aguda, disfunção tubular
hipovolemia, choque, disritmia
proximal, oligúria
Sistema Nervoso Central Hematopoético
Dermatológico Respiratório
Endócrino Gastrointestinal
ulceração e corrosão orofaríngea, náusea,
insuficiência adrenal, causada pela necrose vômito, diarréia, disfagia, perfuração do
adrenal (falência múltipla dos órgãos) esôfago, pancreatite, necrose hepática,
colestase
contínuas ao PQ, são raros (ISENRING, 2006). Isso é explicado, muitas vezes, pela falta de
relativamente baixas em um longo período de tempo pode afetar os pulmões, sistema nervoso
central, pele, além de causar efeitos na reprodução (GUO et al., 1996). São reportados os
a) Sistema respiratório
Estudos com animais, utilizando doses baixas e repetidas de PQ por via oral e dérmica,
mostraram que o mesmo pode causar fibrose pulmonar. No caso de exposição direta no
1995). Efeitos irritantes nas vias aéreas superiores são comumente encontrados (HALL &
BECKER, 1995).
Existem estudos sobre efeitos causados pela exposição a longo prazo, porém alguns
desses estudos apresentam resultados contraditórios entre si e não se mostram conclusivos até
o presente momento. Em dois estudos com seres humanos, observou-se que não houve relação
entre a exposição de PQ e efeitos pulmonares, porém em outros três, foi observada uma
relação causal entre a exposição do herbicida com pequenas alterações nas trocas gasosas
No estudo feito por Schenker et al., (2004), além das alterações já descritas, observou-
se que exposições continuas ao PQ aumentaram o risco relativo de tosse crônica, falta de ar, e
resultados sugerem que a exposição a longo prazo ao PQ esteja associada com anormalidades
importantes são:
indivíduos asmáticos;
não fumantes, ambos expostos ao paraquat (HOPPIN et al., 2002; LEVIN et al.,
1979).
b) Sistema nervoso
Cada vez mais, o uso crônico de PQ vem sendo associado com efeitos em nível de
que outros fazendeiros que trabalham com outros herbicidas, mas não com o PQ (LIOU et al.,
1997). Hertzmann et al., (1990) também descreveram essa relação entre exposição ao PQ e
Mal de Parkinson. Estudos realizados por Firestone et al., (2005) mostram que a relação PQ X
Mal de Parkinson é baixa, porém o mesmo relata a dificuldade de se obter esse dado devido à
Foi descoberto em estudos com animais que o PQ apresenta toxicidade para as células
produtoras de dopamina causando porém tremores, insônia, ansiedade, dentre outros efeitos
c) Efeitos na reprodução
d) Mutagenicidade e Carcinogenicidade
pulmonares e linfócitos humanos. Evidências indicam que o oxigênio reativo produzido pelo
PQ é responsável pela genotoxicidade, a qual não oferece risco ao homem uma vez que, em
Praguicidas 60
doses baixas, o sistema antioxidante de defesa evita que efeitos genotóxicos apareçam (FAO,
2003).
1993 como categoria “C” (possível carcinogênico), porém a partir de 1997 ele foi classificado
pelo mesmo órgão como categoria “E” (improvável de ser carcinogênico) (ISENRING, 2006).
inpureza no PQ, muitas vezes na concentração de 0,2 % (AMBRUS et al., 2003). Tem sido
(forma de carcinoma epidermóide na região perianal) e câncer de pele (HALL & BECKER,
1995).
Praguicidas 61
3.3. Glifosato
em 1971 por J.E.Franz e em 1974 foi introduzido no mercado Europeu como herbicida. É o
herbicida mais vendido e consumido em todo o mundo (PRATA, 2002; COX 2004).
É registrado para uso em mais de 130 países, sendo seu primeiro e principal produtor a
Monsanto, porém outros fabricantes como Syngenta, Cheminova, Agripec, Helm, Atanor,
Bronco®, Weedoff®, Pasor®, Radar®, Polaris®, Scout®, Trop®, Zapp QI®, Sting®. Sua
polioxietileneamina (15,4 %) e água (COX, 2004; ALONZO & CORRÊA, 2008, SINDAG,
2006). Essas formulações acima descritas podem variar a concentração, tipo de surfactante e o
toxicológica, é a relação entre o uso de GLI com a soja transgênica. A cultura da soja (Glycine
max) ocupa atualmente, no Brasil, uma área de 18,4 milhões de hectares, sendo a espécie com
presente nesses cultivos transgênicos) (FUNGUETTO, 2004). Tal situação levou a questões
judiciais levantadas pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) para ANVISA
soja transgênica; o número de testes realizados; os locais de produção das amostras analisadas
LMR (Limite Máximo de Resíduos) para soja convencional de 0,2 mg/kg e para a soja
Segundo opinião pessoal de Sezifredo Paz, coordenador executivo do Idec (já que o
parecer da ANVISA ainda não foi liberado) “Essa postura da Agência prejudica a participação
da sociedade em uma decisão de grande relevância para a proteção dos consumidores. Afinal,
por causa da soja transgênica teremos 50 vezes mais resíduos de um agrotóxico e não sabemos
emergência, muito utilizado na agricultura e em outras áreas não cultivadas para o controle de
ervas daninhas anuais e perenes (ARAÚJO, 2002). No Brasil, tem sido amplamente utilizado
cultivos sob plantio direto, nas entrelinhas de culturas e na eliminação de plantas daninhas em
Modalidade de
Intervalo de
Culturas Emprego LMR (mg/kg)
Segurança
(Aplicação)
Algodão
Pós-emergência 3,0 ND
Ameixa
Pós-emergência 0,2 17 dias
Arroz
Pós-emergência 0,2 ND
Aveia preta
Dessecante 20,0 4 dias
Azevém
Dessecante 10,0 4 dias
0,02
Banana Pós-emergência 30 dias
30 dias
Cacau Pós-emergência 0,1
15 dias
Café Pós-emergência 1,0
30 dias
Cana-de-açúcar Maturador 1,0
Cana-de-açúcar
Pós-emergência 1,0 ND
30 dias
Citros Pós-emergência 0,2
UNA UNA
Fumo Pós-emergência
0,2
Maçã Pós-emergência 15 dias
Soja
Dessecante 10,0 7 dias
Soja
Pós-emergência 10,0 ND
Fonte: ANVISA, 2007. (ND: não disponível; UNA: uso não alimentar)
Praguicidas 64
rede de transmissão elétrica, pátios industriais, oleodutos e aceiros, para fins de se erradicar
(ANVISA, 2007).
quando era aplicado com propósito de erradicação nas culturas de substâncias ilícitas, como a
Cannabis sativa, houve a substituição do mesmo pelo GLI, que é até hoje utilizado com
GLI é o segundo herbicida, após o PQ, mais utilizado para cultivos ilícitos da Erytoxilum coca
formulado com diversos ingredientes, denominados de “inertes” que são responsáveis por
ervas daninhas, com a vantagem adicional de ser de baixa toxicidade aos que o manipulam, à
comunidade e ao ambiente. Apesar do herbicida ser citado como pouco tóxico, há evidências
indiretos e também levando à resistência de algumas espécies de ervas que se adaptam após o
No Brasil, o herbicida GLI, irá passar pelo processo de reavaliação realizado pela
ANVISA até o final de 2008. Tal processo será realizado, devido a seu uso intenso, impurezas
presentes e ingestão diária aceitável. Antes de esse processo ser iniciado, a consulta pública
n.77 de 24 agosto de 2007, publicada no Diário Oficial da União no dia 27 de agosto de 2007
foi realizada para críticas e sugestões presentes na monografia disponível pela ANVISA
carboxílico apresenta caráter mais fortemente ácido que o grupo amônio (COUTINHO &
MAZO, 2005).
No caso do GLI, os grupos fosfato e carboxílico têm maior caráter ácido que o amônio.
Em pH abaixo de 0,8 a maior parte do glifosato se apresenta com uma protonação no sítio da
possuindo esta protonação e as demais moléculas com uma dissociação no grupo fosfato. A
partir deste valor até pH 2,2, tem-se predominância da forma molecular, com uma dissociação
(PO2H) e uma protonação (NH2+), sendo que, em pH 2,2, 50 % do composto já possuirá duas
herbicida se mostra com predominância da forma com duas dissociações, tendo, do mesmo
modo, 50% das moléculas com três dissociações em pH 5,5. A partir de pH 5,5 até 10,2, têm-
se três dissociações. Neste pH ocorrem as formas com três e quatro dissociações e, então, o
dissociação (pKa) encontrados na literatura para o glifosato são: pKa1 = 0,8; pKa2 = 2,16;
pKa3 = 5,46; pKa4 = 10,14. (AMARANTE JR, et al., 2002; COUTINHO & MAZO, 2005).
g/mol)3. Em condições ambientais, tanto GLI quanto seus sais são sólidos cristalinos, muito
solúveis em água (12 g/L a 25° C, para glifosato) e quase insolúveis em solventes orgânicos
comuns, tais como acetona e etanol, entre outros. Se funde a 230° C, possui densidade
O
H
HOOC N P OH
OH
Glifosato
OH H O OH H O
N+ P OH N+ P O- + H+
O pKa < 2 O
H OH H OH
OH H O O- H O
N+ P O- N+ P O- + H+
O pKa = 2,6 O
H OH H OH
O- H O O- H O
N+ P O- N+ P O- + H+
O pKa = 5,6 O
H OH H O-
O- H O O- O
N+ P O- N P O- + H+
O pKa = 10,6 O
H O- H O-
período de tempo maior em amostras de solo, água e outras matrizes. Níveis de AMPA
matriz aplicada). Alguns países não consideram o AMPA de importância toxicológica, por
isso não se tem estabelecido LMR em culturas onde o glifosato é aplicado. Porém, em outros
países, como Canadá, já se tem estabelecido tais limites para o AMPA, pois atua como um
Praguicidas 68
ao GLI, e sua toxicidade aguda comparada ao composto original é menor para os mamíferos,
porém maior para seres aquáticos (DL50 oral e dérmica em ratos, maior que 5000 mg/kg para o
GLI e 8300 mg/kg para AMPA) (ARAÚJO, 2002; TOMINACK, 2006; WILLIAMS;
KROES; MUNRO, 2000; ECH, 2002). Sua estrutura molecular, equilibrios e constantes de
O
H2N P OH
OH
AMPA
H O H O
H N+ P OH H N+ P O- + H+
pKa = 1,8/2,4
H OH H OH
H O H O
H N+ P O- H N+ P O- + H+
pKa = 5,4/5,9
H OH H O-
H O H O
H N+ P O- N P O- + H+
H O- pKa = 10,0/10,8 H O-
230° C
Ponto de fusão
diclorometano:0.233 g/L
3.3.2. Toxicocinética
Os estudos de cinética para o GLI e seu principal metabólito (AMPA) tem sido
extensos. Ambos os compostos apresentam em sua estrutura, ácido fosfônico cujos valores de
pKa são baixos, portanto são absorvidos no pH encontrado no lúmen intestinal. Somente 15 -
intestino delgado, demonstrando assim que o GLI e AMPA são mal absorvidos mesmo apesar
intestinos, nos ossos, no cólon e nos rins. A concentração plasmática de pico é observada 2
horas após a administração oral em humanos e 6,3 horas em outras espécies animais. A
metabolismo bacteriano para o AMPA, que não é metabolizado pelo organismo (WILLIAMS;
Como esperado para as substâncias que não são bem absorvidas pelo trato
absorvidas de GLI e AMPA são rapidamente excretadas pela urina, quase que exclusivamente
apresentando função renal normal, caso essa esteja comprometida, a meia vida será maior,
2006).
Praguicidas 71
Resultados de múltiplos estudos sobre eliminação, após doses orais repetidas de GLI e
AMPA, mostraram não ter efeitos significantes na eliminação (comparados com aquela
observada após uma única dose) e que não apresenta acumulação. A demora na eliminação
dos ossos é explicável devido à interação reversível entre o ácido fosfônico presente no GLI e
AMPA com os íons cálcio (mesmo mecanismo de acumulação no ambiente, variando apenas
absorção por via cutânea apresentou valores menores que 2 %. Portanto conclui-se que o
potencial para se ter efeitos sistêmicos é limitado pela combinação da baixa absorção e rápida
excreção do GLI ou AMPA após exposição oral ou cutânea (WILLIAMS; KROES; MUNRO,
3.3.3. Toxicodinâmica
questionado e seu estudo torna se complicado, devido a duas situações distintas. A primeira é
plantas, o herbicida inibe a enzima enolpiruvil shikimato-3-fosfato sintase (EPSP) e como não
espaço intersináptico (ALONZO & CORRÊA, 2008). O GLI aumenta o consumo de oxigênio,
de estrógenos), alteração dos níveis de RNAm e reduz os níveis hepáticos do citocromo P450.
alguns fármacos, podendo originar uma predisposição para porfirias (GRANJA, 2001).
As manifestações clínicas comumente presentes nas intoxicações agudas por GLI estão
Cardiovascular
Genitourinário
choque, disritmia, taquicardia, palpitações,
arritmia ventricular, hipotensão, bradicardia e necrose tubular aguda, insuficiência renal
parada cardíaca hematúria, oligúria, anúria
Respiratório
Dermatológico
hipóxia, lesão pulmonar aguda, irritação,
erosão das mucosas do trato respiratório,
irritação, piloereção, eritema, dermatite de
sensibilidade na via respiratória superior,
contato
broncoespamo (raro)
Endócrino
Gastrointestinal
acidose metabólica, hipertermia; elevação da
náuseas, vômitos, hiperemia da mucosa,
amilase sérica, bilirrubina e desidrogenase
odinofagia, disfonia, aumento da salivação,
láctica; hiperpotassemia
erosão, ulceração, esofagite, gastrite
Ocular
Embora a toxicidade aguda do GLI e AMPA sejam consideradas baixas (DL50 oral e
dérmica em ratos, maior que 5000 mg/kg para o GLI e 8300 mg/kg para AMPA), alguns
autores têm sugerido que o herbicida pode apresentar diversos efeitos em animais quando
expostos ao herbicida por um período longo de tempo. A dose diária aceitável por massa
Praguicidas 74
corpórea do glifosato é relativamente baixa (DDA = 0,05 mg/kg) (COX, 2000; WILLIAMS;
com concentrações que variaram de 0 a 30,000 mg/kg por 24 meses. Os resultados de três
estudos (dois realizados com ratos e um com camundongos) mostraram que 8,000 mg/kg ou
409 mg/kg/dia foi estabelecido como nível de NOAEL (níveis onde não são observados
NOAEL em etudos de toxicidade crônica para o AMPA foram menores em comparação com
o GLI, tendo sido estabelecido NOEL de 2,8 mg/kg/dia (WILLIAMS; KROES; MUNRO,
2000). Com esses estudos, a classificação para o glifosato segundo o EPA está como categoria
Porém quatro estudos recentes e distintos mostram não concordância com os dados
apresentados acima. A relação observada em três estudos, foi entre a exposição do GLI com o
aumento da incidência do linfoma não Hodgkin´s, um tipo de câncer. Já o outro estudo não
observou essa relação com o linfoma não Hodgkin´s, porém descreveu uma relação com outro
tipo de câncer, o mieloma (COX, 2004). Vários mecanismos pelos quais a exposição do
Universidade de Minnesota constataram que tanto o GLI como o produto formulado Roundup
câncer de mama. Além disso, pesquisadores franceses mostraram que cinco tipos de
a) Mutagenicidade
Embora uma série de estudos mostra que tal herbicida não provoca danos genéticos,
outros estudos têm demonstrado que tanto o GLI como os produtos que o têm como
ingrediente ativo, são mais potencialmente mutagênico do que o herbicida isolado (COX,
2000).
GLI e seus produtos em causar danos genéticos. Dois estudos foram realizados na Itália, sendo
ratos mostrou que tanto GLI, como seus produtos causaram lesões no DNA das células do
fígado e rins. Outro tipo de dano genético foi observado em células da medula óseea. (COX,
2004). No segundo estudo, realizado em células sanguíneas humanas, também foi observado
cromossomos. Um recente estudo feito em 2004 na Alemanha mostrou que danos no DNA
b) Efeitos na reprodução
acordo com a WHO (World Health Organization), o valor de NOAEL (glifosato) para efeitos
clínicos de toxicidade nas doses previamente analisadas. Já a EPA, considera esse valor de
175 mg/kg/dia sendo o NOEL (níveis onde não são observados efeitos). Para o AMPA,
MUNRO, 2000).
estudo realizado no Canadá detectou que o uso de herbicida pelos pais acarretou em aumento
no número de abortos e nascimentos prematuros nas famílias rurais. Além disso, um relatório
da Universidade da Califórnia discutiu o caso de uma atleta que apresentava redução dos
intervalos menstruais sempre que competia com raias tratadas com GLI (COX, 2000).
4. ASPECTOS ANALÍTICOS
Para a análise dos herbicidas PQ, GLI e AMPA existem inúmeras técnicas analíticas e
métodos desenvolvidos descritos e que utilizam diferentes matrizes, conforme pode ser
observado nas Tabelas 10.1 e 10.2, mormente enfocando análises residuais para fins
emprega a maconha como matriz, por seu caráter ilícito o número de referências a respeito, é
final da década de 70, época onde se deu início às controversas pulverizações de PQ nas
culturas de maconha no México. Análises encomendadas pelo NIDA no período de 1999 até
2003, mostraram a contaminação pelo PQ, porém a metodologia aplicada, não está disponível
foram encontradas, não existindo, portanto dados na literatura sobre os possíveis métodos
e/ou achados.
disponível para a execução dos trabalhos. Em análises forenses, deve-se buscar sempre a
de resultados inquestionáveis e irrefutáveis, uma vez que tais resultados com freqüência são
utilizados como parte de processos judiciais, que poderão culminar com a condenação ou
Solo Paraquat, glifosato LLE TLC 82,5 X Metanol-água Ravanel et al., 1999
Frutas, tomate Glifosato, AMPA SPE HPLC/FD 80 (GLI) 0,01 mg/kg C-18 Hérnandez et al., 2000
97 (AMPA)
Khrolenko, Wieckzoreck,
Frutas Glifosato, AMPA SPE HPLC/UV 93,6 (GLI) 0,025 mg/L C-18
2005
81,7 (AMPA)
C-18,
Glifosato, AMPA,
Água, solo SPE LC/MS 89 (GLI) 5 ng/L derivatização Ibânez et al., 2005
glufosinato
97 (AMPA) com FMOC
Glifosato, AMPA,
Soja SPE CE/FD 93,1 0,025 µg/L Indocianina Orejuela, Silva, 2005
glufosinato
com ACN
Glifosato, AMPA, SPE (troca 81 0,02 mg/L DB-608
Árroz, soja CG/PFPD megabore Tseng et al., 2004
glufosinato, MPPA iônica)
X X 1 mmol L-1
Herbicidas, Glifosato, AMPA,
ELL CE/FD fluoresceína Chang, Liao, 2002
água glufosinato, MPPA
pH 9,0
LLE= extração líquido-líquido; SPE= extração em fase sólida; HPLC/FD= cromatografia líquida de alta performance com detector de
fluorescência; LC/MS = cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas; CE/MS= eletroforese capilar acoplada a espectrometria de
massas; HPLC/UV= cromatografia líquida de alta performance com detector ultra violeta; CE/FD= eletroforese capilar com detector de
fluorescência; CG/PFPD= cromatografia gasosa com detector fotométrico de ionização por pulso; MPPA= ácido metilfosfinicopropiônico,
TLC= cromatografia em camada delgada; CG/MS= cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas. (*valores apenas para o GLI e
AMPA).
Aspectos analíticos 81
literatura são: cromatografia gasosa, cromatografia líquida e eletroforese capilar. Todas são
desvantagens e soluções para suas limitações, conforme mostra a Tabela 11. O papel do
analista é saber utilizar da melhor maneira o instrumento que lhe é disponível e desenvolver
Tabela 11. Estudo comparativo de diferentes técnicas analíticas para determinação de resíduos
de praguicidas.
Pré-concentração da
Alta resolução dos picos e poder de
amostra (SPE, “stacking”)
separação;
Inadequados limites de Desenvolvimento de
CE Baixo consumo de solventes tóxicos e
detecção métodos com combinação
de elevado custo;
de detectores de alta
Capacidade de automação e
seletividade.
miniaturização (tecnologia microchip)
CG= cromatografia gasosa; LC= cromatografia líquida; CE= eletroforese capilar
(NEEDHAM et al., 1979; TURNER et al., 1978), os valores encontrados variaram de 2,0 até
2264 mg/kg. Valores de GLI e AMPA, não foram reportados devido à ausência de estudos
nessa matriz.
utilizando várias misturas de solventes de alta polaridade e inúmeras etapas eram necessárias
tempo (TURNER et al., 1978). Hoje em dia tem-se no mercado diversos tipos de composição
de cartuchos de extração para SPE, que podem ser empregados nessas análises, acarretando
para análise de paraquat, sendo monitorados em comprimentos de onda que variam de 195 a
290 nm, permitindo também com o DAD, um espectro de absorção, aumentando a eficiência
pelo detector ultravioleta, desde que seja adicionado um cromóforo ou por fluorescência
A eletroforese capilar em solução livre com detecção por arranjo de diodos e UV/vis, é
um dos modos de separação eletroforética, dentre vários existentes, mais utilizados na prática,
experiementais (TAVARES, 1997). De acordo com as diversas referências citadas nas tabelas
10.1 e 10.2 as técnicas modernas atualmente mais empregadas para a análise de resíduos de
5. ELETROFORESE CAPILAR
A eletroforese foi introduzida pelo químico Arne Tiselius, no início da década de 30,
através do método da fronteira móvel. Por este trabalho pioneiro, no qual a separação parcial
prêmio Nobel de 1948. Contudo, a partir da década de 80, em função do avanço tecnológico
analítica de rotina (DE OLIVEIRA, 2003; SANTOS, 2000). A primeira análise realizada por
eletroforese capilar foi publicada em 1979 por Everaerts e logo em seguida por Jogenson e
Lukacs em 1981. Após esse marco, sua aplicação começou a se diversificar nas mais diversas
FILHO, 2007).
Eletroforese Capilar 86
capilares de sílica fundida oferece muitas vantagens sobre os outros meios utilizados para
eletroforese (placa de gel, papel). Devido a fatores geométricos, a relação entre a área
dissipação eficiente do calor, gerado pela passagem da corrente elétrica através do meio
campos elétricos elevados (100 a 500 V.cm-1), resultando em separações de alta eficiência
modos de separação que podem ser aplicados utilizando-se um único tipo de capilar. A
desde a análise de moléculas pequenas até moléculas de milhares de Daltons (MICKE, 2004).
Eletroforese Capilar 87
capilar e consiste de: uma fonte de alta tensão, capilares (sílica fundida é o material mais
dados
detecção
capilar
amostra
tampão
Fonte de tensão
Uma fonte regulada, de alta tensão, é usada para estabelecer um campo elétrico ao
longo do capilar. Tais fontes podem, em geral, ser operadas a tensão constante e/ou corrente
solução para completar o circuito elétrico. Para minimizar efeitos térmicos, o capilar deve ser
Eletroforese Capilar 88
são feitos mediante interface com computador (DE OLIVEIRA, 2003; TAVARES, 1997).
de uma ampla gama de detectores. Na eletroforese capilar estão disponíveis detectores que
em meio líquido para o formato capilar, e correspondente tempo rápido de resposta. Tais
detectores podem ser: de absorção no UV/vis, fluorescência, fluorescência induzida por laser,
dicroísmo circular e Raman. Cabe ao analista escolher o tipo de detector a ser utilizado de
(SANTOS, 2000).
absorção no UV/vis, nesse caso normalmente são utilizados como eletrólito de corrida
compostos que não apresentam absorção nessa região. Assim sendo, o tamanho do sinal
A detecção indireta é aplicada com sucesso em eletroforese capilar para analitos que
(componente do eletrólito que apresenta mesma carga que os analitos). Desta forma, a
ao deslocamento do cromóforo (co-íon) pelo ânion ou cátion do analito, durante sua passagem
pelo detector. Os compostos que são normalmente analisados utilizando esse tipo de detecção
são: cátions e ânions inorgânicos, ácidos carboxílicos, aminoácidos e aminas de cadeia curta
(MICKE, 2004).
são possíveis em eletroforese capilar, dentre eles se destacam: eletroforese capilar em zona ou
isoelétrica (capillary isoeletric focusing, CIEF). No presente trabalho optou-se por discutir
apenas a eletroforese de zona, uma vez que este foi o modo utilizado (ZANOLLI-FILHO,
ser aquosos ou orgânicos. Estes podem ser aditivos ou adicionados como ciclodextrinas,
migração (ti) em CZE, as quais incorporam o fenômeno de difusão como única causa de
coeficientes de difusão dos dois solutos, Ltot é o comprimento do capilar e Ldet é a distância do
As equações [A] e [C] indicam que o uso de tensões elevadas é vantajoso, pois implica
eluindo muito próximos pode ser melhorada pelo ajuste da magnitude do fluxo eletrosmótico.
este tipo de estratégia, no entanto, são: perda de eficiência (equação [B]) e aumento
considerável do tempo da análise (equação [C]) (DE OLIVEIRA, 2003; TAVARES, 1997;
ZANOLLI-FILHO, 2007).
6. Objetivo e Plano de Trabalho
.
Objetivo e Plano de Trabalho 93
(AMPA) em amostras de Cannabis sativa apreendidas pela polícia para exame pericial. Para
AMPA, por eletroforese capilar com detecção por UV/vis em amostras de Cannabis
7. MATERIAL E MÉTODOS
7.1. Material
EUA, modelo P/ACE 5510, composto por sistema de refrigeração do capilar por
EUA);
volumétricas;
vials de vidro, com tampa de borracha, com capacidade para 2,5 ml;
lacrador metálico;
funis analíticos;
7.1.2. Reagentes
7.1.3. Soluções-Padrão
interno para análise de paraquat) foram preparados na concentração de 1000 µg mL-1 em água
preparadas na concentração de 4000 µg mL-1 e o ácido glutâmico (padrão interno para análise
glutâmico da Merck.
25; 50; 100; 300; 400; 500; 600; 800 e 1000 µg mL-1 (para realização das análises em
(padrão interno), foram preparadas soluções de trabalho de 500 µg mL-1 em água ultra pura .
possíveis interferentes na análise de glifosato e AMPA foi utilizado uma solução estoque na
concentração de 1000 µg mL-1 do produto comercial Trop® (que contém o princípio ativo
tratadas com ácido acético glacial 5 mmol L-1, água deionizada (purificada através de sistema
Milli-Q) abundante, escorrendo em peneira e deixadas em estufa à 100º C por 1 hora para que
ficassem completamente secas. Feito isso, foi analisada por eletroforese capilar para
comprovar a ausência de interferentes, inclusive a possível presença do PQ, GLI e AMPA que
pudessem estar contaminado a droga. Desta forma puderam ser empregadas para realização
Foram selecionadas para análise amostras, sob a forma de fragmentos vegetais e frutos
selecionadas após terem sido analisadas e constatadas a positividade para maconha através de
testes preliminares como o teste de Duquenóis, Fast Blue e após direcionamento para a
7.2. Métodos
carregados positivamente em uma ampla faixa de pH, como mostra a Figura 8, além de
CE foi a CZE (Eletroforese Capilar em Solução Livre) com detecção direta, que permite a
um pó homogêneo, onde não era possível distinguir pedaços de caule, raiz, semente ou folha)
adicionados 10 mL de ácido acético glacial 5 mmol L-1, fechando-se o frasco com tampa
plástica. O sistema foi submetido à agitação intermitente em dispositivo mecânico por 5 min.
Feito isso a amostra permanecia em repouso por 1 hora. Após esse período, era novamente
agitado por 5 min e filtrado sob papel de filtro, quando então era acondicionada em frasco do
tipo penicilina. Do filtrado, eram recolhidos 500 µL em vial de polipropileno que foram
baixa toxicidade, com recuperações satisfatórias e que não sofresse interferência na corrida
Foram analisados: ácido acético glacial nas concentrações de 5, 10 e 20 mmol L-1; ácido
negativas enriquecidas com o analito e padrão interno de forma a se obter concentração final
de 50 µg mL-1. A verificação se deu em relação a haver ou não diferença entre a média das
Material e Métodos 101
áreas relativas dos picos obtidos. O modo de agitação empregado foi o mesmo descrito no
item 7.2.1.1.1.
c) agitação inicial por 5 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por 5 min,
filtração e injeção;
d) agitação inicial por 10 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por 10 min,
filtração e injeção;
e) agitação inicial por 5 min, repouso de 24 horas, agitação pós repouso por 5 min,
filtração e injeção.
glacial 5 mmol L-1 em amostras referência negativa enriquecidas com o analito e padrão
a haver ou não diferença entre a média das áreas relativas dos picos obtidos.
sódio em diferentes concentrações (10 – 50 mmol L-1), com pH = 2,5 (ajustado com ácido
Material e Métodos 102
HP3DCE, Agilent Technologies, Palo Alto, CA, EUA), equipado com detector de arranjo de
diodos e software (HP ChemStation, ver A.08.03) para tratamento e aquisição de dados e
AZ, EUA), revestidos externamente com poliimida, com 75 µm de diâmetro interno, 48,5 cm
940 mbar, com passagem de hidróxido de sódio 1 mol L-1 por 5 minutos, seguidos de 5
40 mmol L-1, pH = 2,5. No intervalo entre as corridas o capilar foi recondicionado com
(alto). Esse procedimento foi realizado por outro profissional do LTF/IC a partir de outra
calibração dos analítos preparadas tanto em água, como em amostras de maconha referência
negativa, de forma a se obter concentrações finais de 0,5; 2,5; 10; 30; 60 e 100 µg mL-1. O
foram realizados através do programa Microsoft Excel 2003 para sistema operacional
Windows XP-Professional.
Material e Métodos 104
7.2.1.5.1. Especificidade/Seletividade
Este parâmetro foi avaliado através das análises de amostras de maconha referência
negativa foi enriquecida com o PQ, diquat e padrão interno de forma a se obter concentração
final de 50 µg mL-1. Esta amostra enriquecida foi então submetida aos procedimentos
A curva analítica para o método proposto foi feita através da análise de amostras de
maconha referência negativa às quais foram adicionadas soluções de trabalho dos analitos de
interesse a fim de se obter calibradores nas concentrações de 0,5; 2,5; 10; 30; 60 e
100 µg mL-1 (n=5 para cada um dos calibradores). Os calibradores foram submetidos aos
procedimentos descritos no item 7.2.1.1.1. A curva analítica foi obtida pela projeção das
concentrações do analito (µg mL-1) no eixo das abscissas e das relações entre a área do analito
e do padrão interno (etilparaquat) no eixo das ordenadas, utilizando-se a regressão linear pelo
método dos mínimos quadrados para a obtenção da equação da reta, após a constatação de que
o método apresentava homocedasticidade, avaliada pelo teste F. Para verificar que o método
possui condição de uniformidade no valor da média das variâncias, utiliza-se o Teste F, para
em estudo, foi avaliada através do coeficiente de determinação (r2) da curva (RIBANI, et al.,
Para determinação do LOD e LOQ, foi empregado o método empírico que consistiu
detecção foi considerado como sendo a menor concentração que apresentou um coeficiente de
variação (n= 5) que não excedeu 20 % e o limite de quantificação a menor concentração que
HUBBS, 1994).
relativas (razão entre área absoluta do analito e a área absoluta do padrão interno). Este
parâmetro avalia a proximidade entre várias medidas efetuadas em uma mesma amostra
controles QC1, QC2 e QC3 citados no item 7.2.1.3. Para determinação da precisão interensaio
enriquecidas e adicionadas de padrão interno nas concentrações dos controles QC1, QC2 e
7.2.1.5.5. Exatidão
determinado ensaio e um valor de referência aceito como verdadeiro (RIBANI et al., 2004).
Neste estudo, a exatidão foi determinada através do cálculo das concentrações médias
dos QCs (1,2 e 3) em triplicata. Os valores de área relativa foram convertidos em valores de
concentração de analito, através das respectivas equações de regressão linear obtidas das
curvas analíticas.
tendenciosidade (diferença entre o valor real e o valor obtido) (CHASIN et al., 1998).
7.2.1.5.6. Recuperação
replicatas para cada concentração. No segundo grupo, também constituído de cinco replicatas
para cada concentração (QC1, QC2 e QC3) de paraquat, foram adicionados somente após a
extração; somente o padrão interno foi adicionado antes da extração em todos os controles. A
recuperação absoluta foi avaliada pela área relativa média obtida no primeiro grupo (resposta
do analito adicionado à matriz) em relação à área relativa média obtida no segundo (resposta
referência negativa obtendo-se concentração final igual a 100 µg mL-1 de PQ. A estabilidade
através dos procedimentos descritos no item 7.2.1.1.1. (estes resultados foram considerados
analisadas 7, 21 e 91 dias após seu preparo, sendo os resultados comparados com os obtidos
através dos procedimentos descritos no item 7.2.1.1.1. (estes resultados foram considerados
analisadas 1, 7 e 14 dias após seu preparo, sendo os resultados comparados com os obtidos
bancada)
dois grupos. O primeiro grupo (n=5) foi armazenado em frasco de vidro com tampa e o
segundo grupo (n=5) foi armazenado em frasco de vidro sem tampa. Ambos os grupos foram
deixados sobre a bancada durante 91 dias, em contato direto com o sol por pelo menos 6 horas
por dia, após o que foram analisadas através dos procedimentos descritos no item 7.2.1.1.1.
Estas amostras foram alíquotadas e analisadas 7, 21, 91 dias após seu preparo, sendo os
através dos procedimentos descritos no item 7.2.1.1.1. (estes resultados foram considerados
foram então armazenadas em estufa (aproximadamente 100º C). Estas amostras foram
alíquotadas e analisadas 1, 3 e 6 horas após seu preparo, sendo os resultados comparados com
elétrico. A detecção nesse caso foi indireta, pois GLI e AMPA, não absorvem luz no UV,
Material e Métodos 109
então um dos componentes do eletrólito necessariamente deve ser um cromóforo, que nesse
caso foi o ácido gálico. O ácido glutâmico foi utilizado como padrão interno na concentração
de 50 µg mL-1.
um pó homogêneo, onde não era possível distinguir pedaços de caule, raiz, semente, folha) e
frasco com tampa de plástico, procedeu-se à agitação intermitente em agitador mecânico por
5 min. Feito isso a amostra permanecia em repouso por 1 hora. Após esse período, era
novamente agitado por 5 min e filtrado através de filtro do tipo Millex® 33 mm com
baixa toxicidade, com recuperações satisfatórias e que não sofresse interferência na corrida
Foram analisados: ácido acético glacial nas concentrações de 5, 10 e 20 mmol L-1, ácido
final de 50 µg mL-1. A verificação se deu em relação a haver ou não diferença entre a média
das áreas relativas dos picos. O modo de agitação empregado foi o mesmo descrito no item
7.2.2.1.1.
c) agitação inicial por 5 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por 5 min,
filtração e injeção;
d) agitação inicial por 10 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por 10 min,
filtração e injeção;
e) agitação inicial por 5 min, repouso de 24 horas, agitação pós repouso por 5 min,
filtração e injeção.
Material e Métodos 111
amostras referência negativa enriquecidas com o analito e padrão interno de forma a se obter
Testes inciais foram realizados utilizando-se alguns eletrólitos como o formado por 10
mmol L-1 ácido gálico, 6 mmol.L-1 TRIS e 0,1 mmol.L-1 de CTAB (pH = 4,7), também o
formado por 10 mmol L-1 de DNB (ácido 3,5 dinitrobenzóico), 0,1 mmol L-1 de CTAB (pH =
4,0) e o formado por 10 mmol L-1 biftalato de potássio e 0,5 mmol L-1 TTAB (pH = 7,5). Os
Coulter Instruments, Fullerton, CA, EUA, modelo P/ACE 5510, composto por sistema de
psi, com passagem de hidróxido de sódio 1 mol L-1 por 5 minutos, seguidos de 5 minutos de
água deionizada e 10 min de eletrólito de corrida 10 mmol L-1 ácido gálico, 6 mmol.L-1 TRIS
e 0,1 mmol L-1 de CTAB (pH=4,7). No intervalo entre as corridas o capilar foi
hidróxido de sódio 1 mol L-1 e 5 min de água deionizada, para a limpeza do capilar.
(médio) e QC3 (alto). Esse procedimento foi realizado por outro profissional do LTF/IC a
calibração dos analítos preparadas tanto em água, como em amostras de maconha referência
negativa, de forma a se obter concentrações finais de 1,0; 2,5; 10; 30; 60 e 100 µg mL-1. O
7.2.2.5.1. Especificidade/Seletividade
Este parâmetro foi avaliado através das análises de amostras de maconha referência
negativa foi enriquecida com o PQ, diquat, GLI, AMPA, e Trop® (formulação comercial
contendo glifosato e outros excipientes) Esta amostra enriquecida foi então submetida aos
Para esse estudo, foi adotado o mesmo procedimento realizado no item 7.2.1.5.2.,
1,0; 2,5; 10; 30; 60 e 100 µg mL-1 (n=5 para cada um dos calibradores).
Material e Métodos 114
Para determinação do LOD e LOQ deste método, foi empregado o método empírico,
Tais parâmetros foram realizados para esse método de acordo com o item 7.2.1.5.4.
7.2.2.5.5. Exatidão
Tais parâmetros foram realizados para esse método de acordo com o item 7.2.1.5.5.
7.2.2.5.6. Recuperação
A eficiência dos procedimentos de extração para esse método foi avaliada através da
referência negativa obtendo-se concentração final igual a 100 µg mL-1 de GLI para cada
amostra, bem como a mesma concentração para o AMPA. A estabilidade na matriz de estudo
item 7.2.2.1.1. (estes resultados foram considerados como as concentrações do tempo zero do
foram descongeladas e alíquotas foram analisadas 7, 21 e 91 dias após seu preparo, sendo os
item 7.2.2.1.1. (estes resultados foram considerados como as concentrações do tempo zero do
C). Estas amostras foram alíquotadas e analisadas 1, 7 e 14 dias após seu preparo, sendo os
bancada)
dois grupos. O primeiro grupo (n=10 (5 contendo apenas GLI e 5 somente o AMPA)) foi
armazenado em frasco de vidro com tampa e o segundo grupo (n=10 (5 contendo apenas GLI
e 5 somente o AMPA)) foi armazenado em frasco de vidro sem tampa. Ambos os grupos
foram deixados sobre a bancada durante 91 dias, em contato direto com o sol por pelo menos
6 horas por dia. As amostras foram então analisadas através dos procedimentos descritos no
Material e Métodos 116
item 7.2.2.1.1.(logo ao término do preparo das amostras, estes resultados foram considerados
analisadas até o 91º dia). Estas amostras foram alíquotadas e analisadas 7, 21, 91 dias após
seu preparo, sendo os resultados comparados com os obtidos nas análises relativas ao tempo
zero.
item 7.2.2.1.1. (estes resultados foram considerados como sendo as concentrações do tempo
100º C). Estas amostras foram alíquotadas e analisadas 1, 3 e 6 horas após seu preparo, sendo
após serem periciadas pelo LTF, foram disponibilizadas para determinação de PQ, GLI e
AMPA pelos métodos aqui descritos. Dados relativos à apreensão, tais como: quantidade total
intervalo dinâmico da curva analítica seria o de diluir com solução extratora (até se enquadrar
8. RESULTADOS
de análise de paraquat
5 mmol L-1, água deionizada, deixadas em estufa à 100º C por 1 hora, e adição de padrão
inclusive o PQ, que pode ser visto na Figura 13 após o enriquecimento em amostra de
descrito no item 7.2.1.1.1. Além do tempo de migração, o espectro DAD também foi utilizado
Figura 14. Espectro DAD do PQ de amostra de maconha referência negativa, enriquecida com
analito.
Resultados 120
extração melhorou, tanto para o HCl, como Hac. A água apresentou baixa eficiência no
100
Recuperação (%)
75
50
25
0
água HCl 5 mmol HCl 10 mmol HCl 20 mmol Hac 5 mmol Hac 10 mmol Hac 20 mmol
solução extratora
contato com a amostra, foi de pelo menos 1 hora, possibilitando assim uma melhor eficiência
na extração do PQ (98 %). Não houve diferença na recuperação quando deixados por um
Resultados 121
período de tempo maior (24 h) em descanso, ou quando agitados por tempo maior (10 min) e
deixados em descanso (1 hora). O modo escolhido foi o demonstrado no gráfico pela letra “C”
que se refere à situação de agitação inicial por 5 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso
100
Recuperação (%)
75
50
25
0
A B C D E
solução extratora
(A= agitação inicial por 5 min, filtração e injeção; B= agitação inicial por 10 min, filtração e
injeção; C= agitação inicial por 5 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por 5 min,
filtração e injeção; D= agitação inicial por 10 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso
por 10 min, filtração e injeção; E= agitação inicial por 5 min, repouso de 24 horas, agitação
Com base nos testes realizados e que constam no item 7.2.1.2.1., escolheu-se como
ajustado com ácido fosfórico, e que permitiu a análise do PQ em menos de 2,5 min.
Resultados 122
negativa nas concentrações de 0,5 a 100 µg mL-1, observou-se que elas se sobrepõem (Figura
17), não apresentando, portanto, interferência de matriz, sendo assim possível a utilização de
Figura 17. Representação das curvas analíticas feitas em água e em maconha para a
determinação de PQ nas concentrações de 0,5 a 100 µg mL-1.
referência negativa (pool), não houve interferente nas análises e o herbicida diquat, aqui
analisado como um possível interferente pode ser diferenciado dos demais compostos, PQ e
etilparaquat pelo tempo de migração absoluto (2.1895 min PQ e 2.2178 min diquat), tempo de
Resultados 123
migação relativo (0.9075 min PQ e 0.9190 min diquat) e espectro DAD, ilustrado nas Figuras
18 e 19.
Figura 19. Espectro DAD do diquat de amostra de maconha referência negativa, enriquecida
com analito.
Resultados 124
faixas de concentração. Essa é verificada quando a distribuição dos erros entre as médias está
dentro do fator F. Quando esse valor do teste F estiver acima do aceitável, é confirmada a
presente trabalho, foi verificado que a média das variâncias estava abaixo do fator F,
Tabela 12. Áreas relativas obtidas para a elaboração da curva analítica do PQ em maconha e
respectivos coeficientes de variação (% CV).
µg mL-1)
Concentração (µ Área relativa dos analitos
Paraquat
CV (%)
(n=5)
0,5 0,0142 9,8
2,5 0,0573 7,7
10 0,2187 1,1
30 0,6397 3,1
60 1,2531 0,5
100 2,0374 0,9
Resultados 125
área relativa 2
1,5
0,5
0
0 20 40 60 80 100 120
concentração de paraquat (ug/ml)
e o intervalo dinâmico foi de 0,5 a 100 µg mL-1, conforme representação na Figura 20.
em amostras de maconha para o método aqui descrito foram respectivamente de 0,08 µg mL-1
e 0,5 µg mL-1.
Os coeficientes de variação obtidos nas análises dos QCs (1, 2 e 3) estão relacionados
na Tabela 13.
Resultados 126
1 4,8 8,2
2 1,9 5,2
3 1,6 2,1
8.1.5.5. Exatidão
A exatidão obtidas nas análises dos QCs (1,2 e 3) estão relacionados na Tabela 14.
8.1.5.6. Recuperação
Tabela 14. Exatidão e recuperação do método proposto para análise dos QCs de PQ em
amostras de maconha.
1 9,8 92,1
2 2,2 96,5
3 1,5 97,7
8.1.5.7. Estabilidade
103
concentração de paraquat (ug/ml)
102
101
100
99
98
97
0 7 21 91
dias
Figura 21. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
103
concentração de paraquat (ug/ml)
102
101
100
99
98
97
0 1 7 14
dias
Figura 22. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
90
80
70
60
50
40
30
20
0 7 21 91
dias
Series1 Series2
Figura 23. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
103
concentração de paraquat (ug/ml)
102
101
100
99
98
97
0 1 3 6
horas
Figura 24. Representação gráfica dos resultados obtidos no estudo de estabilidade após
armazenamento, não foram observadas variações da média das concentrações maiores que
grupos, o primeiro não apresentou variação na média das concentrações maior do que 10 %,
sendo que o segundo apresentou variação maior do que 60 %, visto que a principal diferença
observada entre os grupos, durante o estudo, foi que o grupo dois, apresentou contaminação
fúngica (constatação visual) e o grupo 1 por estar devidamente vedado não apresentou essa
5 mmol L-1, água deionizada, deixadas em estufa à 100º C por 1 hora, e adição de padrão
interno (50 µg mL-1) foi submetido ao procedimento 7.2.2.1.1. que comprovou a ausência de
qualquer substância interferente, conforme mostra a Figura 25, inclusive o GLI e AMPA, que
podem ser vistos na Figura 26 após serem enriquecidos em amostras de maconha referência
Figura 26. Eletroferograma de amostra de maconha referência negativa enriquecida com GLI
(1) na concentração de 50 µg mL-1, padrão interno ácido glutâmico (2) 50 µg mL-1 e AMPA
(3) 50 µg m L-1.Condições eletroforéticas idem Figura 25.
Resultados 131
Os estudos realizados mostraram que a melhor solução extratora nesse estudo foi o
baixa recuperação tanto para água (30 % para GLI e 27 % para o AMPA) e Hac (42 % para
resolução eletroforética indicaram a solução extratora HCl 5 mmol L-1 como a de escolha.
O resultado obtido nesse estudo foi semelhante ao realizado para a extração de PQ,
descrito no item 8.1.2.2. sendo que a condição de agitação com melhor eficiência para
extração de GLI e AMPA (90 e 92 % respectivamente) foi a representada pela letra “C” que
se refere a situação de agitação inicial por 5 min, repouso de 1 hora, agitação pós repouso por
composto por ácido gálico 10 mmol L-1, TRIS 6 mmol L-1 e CTAB 0,1 mmol L-1 pH 4.6.
negativa nas concentrações de 1,0 a 100 µg mL-1, observou-se que elas não se sobrepõem
(Figuras 27 e 28), apresentando, portanto, interferência de matriz, sendo assim não foram
maconha
1,5
água
1 Linear (água)
Linear (maconha)
0,5
água
0
0 20 40 60 80 100 120 y = 0,0209x + 0,0959
R2 = 0,9983
concentração de glifosato (ug/mL)
Figura 27. Representação das curvas analíticas feitas em água e maconha para a determinação
maconha
3,5
3 y = 0,0277x + 0,0728
2
R = 0,9995
2,5
área relativa
2 maconha
água
1,5
Linear (água)
1 Linear (maconha)
0,5 água
0
y = 0,0291x + 0,1227
0 20 40 60 80 100 120 2
R = 0,9992
concentração de AMPA (ug/mL)
Figura 28. Representação das curvas analíticas feitas em água e maconha para a determinação
referência negativa (pool), não houve interferência nas análises contendo os herbicidas PQ,
Diquat, e a formulação comercial do GLI (Trop®). O GLI e o AMPA foram diferenciados dos
demais picos interferentes pelo tempo de migração absoluto (3.875 min GLI e 7.723 min
AMPA) e tempo de migração relativo (0.7779 min GLI e 1.550 min AMPA).
Resultados 134
As curvas analíticas (Figuras 29 e 30) foram obtidas através dos dados apresentados na
Tabela 15. A equação de regressão linear foi estabelecida pelo método dos mínimos
quadrados, uma vez que no presente trabalho, foi verificado que a média das variâncias estava
foi a utilizada na quantificação de GLI e AMPA nas amostras de maconha selecionadas para
análise.
Tabela 15. Áreas relativas obtidas para a elaboração da curva analítica do GLI e AMPA em
maconha e respectivos coeficientes de variação (% CV).
µg mL-1)
Concentração (µ Área relativa dos analitos
Glifosato AMPA
CV (%) CV (%)
(n=5) (n=5)
1,0 0,0597 4,6 0,0813 3,1
2
1,8
1,6
1,4
área relativa
1,2
1
y = 0,0181x + 0,0487
0,8
0,6 R2 = 0,9996
0,4
0,2
0
0 20 40 60 80 100 120
concentração de glifosato (ug/mL)
Figura 29. Representação da curva analítica para determinação de GLI em maconha nas
concentrações de 1,0 a 100 µg mL-1.
2,5
2
área relativa
y = 0,0277x + 0,0728
1,5 R2 = 0,9995
0,5
0
0 20 40 60 80 100 120
concentração de AMPA (ug/mL)
Figura 30. Representação da curva analítica para determinação de AMPA em maconha nas
foram respectivamente de 0,9996 e 0,9995 e o intervalo dinâmico foi de 1,0 a 100 µg mL-1, e
Os limites de detecção para o GLI e AMPA foram ambos de 0,8 µg mL-1 e os limites
Os coeficientes de variação obtidos nas análises dos QCs (1, 2 e 3) estão relacionados
na Tabela 16.
Tabela 16. Coeficientes de variação das concentrações dos QCs de GLI e AMPA em amostras
Controles
8.2.5.5. Exatidão
A exatidão obtida nas análises dos QCs (1,2 e 3) está expressa na Tabela 17.
8.2.5.6. Recuperação
Tabela 17. Exatidão e recuperação do método proposto para análise dos QCs de GLI e AMPA
em amostras de maconha.
Controles
Inexatidão (tendenciosidade %)
Recuperação (%)
8.2.5.7. Estabilidade
102
concentração (ug/mL)
100
98
96
94
92
90
0 7 21 91
dias
glifosato AMPA
Figura 31. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
102
concentração (ug/mL)
100
98
96
94
92
90
0 1 7 14
dias
glifosato AMPA
Figura 32. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
101
co n cen tração (u g /m L )
81
61
41
21
1
0 7 21 91
dias
glifosato com tampa AMPA com tampa
glifosato sem tampa AMPA sem tampa
Figura 33. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
100
co n cen tração (u g /m L )
95
90
85
80
0 1 3 6
horas
glifosato AMPA
Figura 34. Representação gráfica dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade após
armazenamento, não foram observadas variações da média das concentrações maiores que
5 % nos estudos em freezer e geladeira. Já no estudo de bancada onde foi separado em dois
grupos (com tampa e outro sem tampa), o primeiro apresentou grande variação na média das
concentrações, sendo maior para o GLI (30 %) e menor para o AMPA (12 %) nos primeiros 7
dias de estudo. No decorrer do estudo a variação apresentada pelos dois analitos permaneceu
elevada até o 91° dia, sendo não mais possível detectar o GLI nesse tempo. Já o segundo
grupo apresentou variações bem elevadas em comparação ao primeiro grupo, sendo também
maior para o GLI (52 %) e menor para o AMPA (30 %) nos primeiros 7 dias de estudo. Em
relação ao período restante do estudo, a variação permaneceu elevada para os dois analitos,
sendo que no 91° dia não era mais possível de se detectar o GLI. A principal diferença
observada entre os grupos durante o estudo foi que o segundo grupo, apresentou
contaminação fúngica (constatação visual) e o primeiro grupo por estar devidamente vedado
não apresentou essa contaminação (segundo a constatação visual) até o último dia de estudo.
estufa, mostrou-se estável durante a primeira hora de análise, com variações de 2 % para o
GLI e 1 % para o AMPA. No decorrer do estudo durante a terceira hora de análise, houve um
aumento dessa variação apenas para o GLI (4,5 %) e na sexta hora, ocorreu variação para
ambos os analítos, sendo mais intenso para o GLI (12,4 %) e AMPA (9,7 %).
diversas, que variou desde 0,010 a 25,1 mg de paraquat/g de maconha, com média de 2,8170
paraquat.
Figura 37. Espectro DAD do paraquat de amostra autêntica submetida ao método proposto.
Blocos
8 3 ton Campinas Tráfico 240,9 1,065 2,261
prensados
Mogi
10 4g Trouxinhas Uso 4,6 1,032 0,044
Mirim
Blocos
11 12 kg Sumaré Tráfico 1,1 1,078 0,010
prensados
* Valor aproximado
** Apreensão feita enquanto o indivíduo utilizava a droga ou constatada para uso do próprio
indiciado.
*** Também apresentava mistura de cocaína, constatada em perícia.
Ton = tonelada
Resultados 144
descrito no item 8.3.1. apreendidas pela policia de Campinas e região no ano de 2007. Todas
custódia de provas do LTF/IC. Em nenhuma das amostras analisadas foi possível detectar a
presença de GLI ou seu principal metabólito AMPA (LOD= 0,8 µg mL-1). O Laboratório de
método para determinação de GLI e AMPA. Das trinta amostras analisadas, três apresentaram
de maconha. Em relação às três amostras contaminadas por glifosato, apenas uma, apresentou
GLI (1) na concentração de 55,8 µg mL-1 e padrão interno (2) e AMPA na concentração de
GLI (1) na concentração de 15,8 µg mL-1 e padrão interno, ácido glutâmico (2). Condições
* Valor aproximado
* Valor aproximado
9. Discussão
Discussão 148
9. DISCUSSÃO
(165 milhões de usuários) e apreendida pela polícia em todo o mundo (UNODC, 2008). O
Brasil ocupa o quarto lugar em número de apreensões (3,0 % do total apreendido) e quanto ao
uso, cerca de 8,8 % da população já fez uso da droga. Outro dado importante, é que tanto o
elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), ainda não existe no Brasil qualquer
realizada por Markez et al., 2002, existe uma preocupação de diversas pessoas, incluindo
presentes na maconha. Ao contrário de outras drogas como a cocaína e o êxtase, nas quais
com vistas a, além de estabelecer relações de risco ao usuário, fazer a caracterização da droga,
podendo assim, por exemplo, estabelecer a relação com as diversas rotas de tráfico existentes.
ANVISA, pela polícia no estado de São Paulo e Federal, ainda não apresentam dados de
corelação, porém são de suma importância para verificação da possível relação entre as
Paraguai e a possível aplicação em culturas de maconha que aparece com várias hipóteses.
Discussão 149
Também pela aplicação a outras culturas de alimentos que possam estar sendo plantadas nas
resíduos desses praguicidas na droga apreendida e nos alimentos advindos de tais culturas.
Segundo levantamentos realizados pelo CIT (Santa Catarina) e CCI (Campinas), sobre
intoxicações por paraquat e glifosato, existem casos de intoxicações por esses herbicidas, que
ainda são uma incógnita para o corpo clínico desses Centros de Intoxicações, havendo assim
inúmeras hipóteses para tais intoxicações. O que se percebe é que dentre as causas
VIEIRA et al., 2003); tal fato pode ser comparado ao perfil do usuário de maconha, traçado
pela UNIFESP (2005), que também, na sua grande maioria é do sexo masculino e de mesma
faixa etárea àquela que apresentou as intoxicações pelos herbicidas acima citadas. Tal fato,
embora aqui descrito e comparado constitui apenas uma hipótese e a relação entre uso de
relacionada, quer por falta de estudos que comprovem tal contaminação, ou, por um outro
lado, sob diversas condições aplicadas e estudadas essa relação pode não provocar quadro de
intoxicação.
Conseqüentemente todos esses fatores podem levar a uma anamnese com menos
parâmetros avaliados onde também, muitas vezes o paciente avaliado clinicamente sente
medo ou desconforto em informar que faz ou fez uso de drogas. O próprio corpo clínico
muitas vezes trata os casos de intoxicação por maconha e herbicidas (paraquat, glifosato)
isoladamente e não uma relação entre as duas situações, devido à ausência de dados
A decisão de realizar este estudo perpassou essa reflexão e ainda constituiu forma de
ensejar que tais estudos sejam conduzidos em outras partes do Brasil e da América Latina
para que possamos, à semelhança de outros países/continentes poder ter um diagnóstico de tal
situação.
toxicologia forense do país, o qual são responsáveis por essas análises de uma forma geral,
devendo assim respeitar as normas vigentes desses órgãos responsáveis por esse aspecto,
forense e representa técnica de eleição para substâncias que, à semelhança do PQ, GLI e
AMPA, que dispõe de várias propriedades que os tornam apropriados para essa técnica, dentre
implementação e otimização.
amostras de Cannabis sativa L encaminhadas pela policia para exame pericial. Como o PQ
apresenta dois grupamentos amina carregados positivamente em uma ampla faixa de pH, o
mesmo se torna totalmente apropriado para ser analisado pela técnica acima citada.
Discussão 151
capilar e após esse procedimento foi utilizado uma ferramenta muito importante em
equipamento e ainda a não deformação no pico, fato presente no outro tampão analisado.
apresentava corrente superior a 100 µA, não permitindo uma dissipação efetiva do calor
gerado pela passagem de corrente elétrica (Efeito Joule), o que prejudicaria a análise. Por
ZANOLLI-FILHO, 2007).
polaridade como HCl, Hac nas concentrações de 5, 10 e 20 mmol L-1 e água deionizada
(purificada através de sistema Milli-Q) Como pode ser visto na Figura 15, a solução que
Discussão 152
apresentou melhor eficiência no processo de extração foi Hac, seguido do HCl. Isso pode ser
que deve ter ocorrido devido à instabilidade do PQ em soluções básicas. Percebeu-se também
que quanto mais diluídas as soluções de ácido, melhor era o rendimento na extração,
mostrando assim a alta relação de solubilidade com substâncias de maior polaridade conforme
pode ser visto na Figura 16, quanto maior era o tempo que a amostra era submetida à agitação
intermitente, maior era rendimento na extração. Estudo semelhante desenvolvido por Araújo
(2002) em diferentes tipos de solo demonstram que o tempo de agitação é um fator importante
para uma extração mais eficiente, pois tempos maiores de exposição da amostra com os
extratores promovem uma recuperação mais eficiente. No caso estudado, percebeu-se que não
existe diferença na recuperação entre tempo de repouso variando uma hora ou vinte e quatro
horas, pois todas apresentavam quase 100 % de rendimento. Por este motivo optou-se pelo
Como pode ser visto na Figura 17, não houve interferência de matriz quando comparadas,
podendo assim ser utilizados no cotidiano, calibradores feitos em água, facilitando assim todo
calibradores.
Como não existem amostras certificadas de PQ, o preparo de controles, para avaliação
de alguns parâmetros de validação, foi realizado por outro profissional idôneo do LTF-
Campinas, a partir de diferentes soluções padrão. Desta maneira introduz-se mais “erros” aos
“certificadas”.
degradação, bem como outros compostos de propriedades similares que possam estar,
precisão estarão seriamente comprometidas (RIBANI, et al., 2004; CHASIN et al., 1998). De
possíveis, são poucos, sendo o interferente mais provável, seria o herbicida bipiridilo diquat,
aplicação em toxicologia forense, uma vez que o possível interferente foi diferenciado dos
demais analitos (PQ e padrão interno) pelo tempo de migração e respectivo espectro DAD,
Para o estudo de linearidade, uma ampla faixa de concentração foi avaliada (0,5 a 100
µg mL-1). Esta faixa, que se mostrou dentro do intervalo dinâmico do método, foi estabelecida
70 (NEEDHAM et al., 1979; TURNER et al., 1978). Essas concentrações, entretanto, foram
herbicida é uma incógnita, podendo ser para melhorar as condições de cultivo da Cannabis,
ou para atuar no processo de secagem da droga, ou para retirar possíveis ervas daninhas que
anteriormente era utilizado com outras culturas. O método proposto apresentou excelente
concentração que se preze e o sistema de detecção empregados, sendo que os valores obtidos
foram ainda menores dos relatados por outros autores (TURNER et al., 1978; LIDDLE et al.,
1980).
Sempre que disponível, a exatidão de um método analítico deve ser avaliada utilizando
(amostras certificadas). Quando este tipo de material não é disponível, é aceitável que a
1998). Causon (1997) refere que a exatidão do método analítico deve estar entre ±85 %
(inexatidão de ±15 %) do valor dito como real para todas as concentrações avaliadas.
adequada, uma vez que nenhuma concentração avaliada apresentou inexatidão superior à ± 15
%.
Discussão 156
presente ou adicionada na porção analítica do material teste, que é extraída e passível de ser
analítica e da amostra, este valor pode ser de 50 a 120 %, com precisão de até ± 15 %
(RIBANI et al., 2004). Os valores de recuperação obtidos nesse trabalho mostraram estar
dentro dos valores aceitáveis, sempre maiores do que 90 % , como pode ser visto na Tabela
17.
usados devem ser estáveis por um período razoável (por ex. um dia, uma semana, um mês,
estejam contaminadas por PQ, quais condições impostas e sofridas com a maconha na pré e
pós, colheita, secagem e até mesmo armazenamento pelo usuário, degradam o PQ, que está
estudado não excedeu valores de 10 %. Com isso, prova-se que usuários que costumam
armazenar a droga (contaminada por PQ) em geladeira por um período de até quinze dias
intenso. No grupo 1 as amostras foram expostas a sol intenso e isentas de oxigênio (fechadas
com tampa), os resultados mostraram que uma vez contaminada com PQ a droga permaneceu
contaminada, sem sofrer degradação do herbicida por pelo menos noventa e um dias. Porém,
quando comparada com o grupo 2 , onde as amostras sofreram as mesmas condições impostas
pelo grupo 1, porém estavam em contato direto com oxigênio (sem tampa), os resultados
mostraram que: houve contaminação fúngica (constatação visual) e que devido a essa
diferença em relação o grupo 1 foi a presença de fungos). Tal fato é descrito por Smith; Lyon;
Sahid, (1976) que descreveram a degradação do PQ em solos por diferentes tipos de fungo.
De acordo com os pesquisadores os principais fungos responsáveis por essa degradação são os
do gênero Aspergillus e Penicillium, que de acordo com Darini; Soares; Cazenave, (2003) são
fornos, com temperaturas elevadas. Uma vez contaminada com PQ durante o cultivo, mesmo
após ter sido submetida a temperaturas em torno de 100° C, por um período de até seis horas,
tempo empregado para cada análise foi de 2,5 min. O método desenvolvido demonstrou ser
A outra etapa desse trabalho foi realizada objetivando a determinação de GLI e AMPA
capilar em solução livre com detecção indireta por UV/vis. Como o GLI e o AMPA
ionização, onde suas cargas e consequentemente suas mobilidades podem ser alteradas em
função do pH empregado. Em pH 4,6 o GLI apresenta uma carga positiva e duas negativas, já
o AMPA apresenta uma carga positiva e outra negativa o que os tornam totalmente
apropriados para serem analisados pela técnica acima citada, como mostra a Figura 26.
Para escolha do eletrólito de corrida, foi feita, primeiramente uma busca em literatura
dos principais eletrólitos utilizados em análises de GLI e AMPA por eletroforese capilar e
após esse procedimento foi utilizado o software PeakMaster®, para simular as corridas
DNB (ácido 3,5 dinitrobenzóico), biftalato de potássio e o ácido gálico, onde o eletrólito
composto de ácido gálico 10 mmol L-1, TRIS 6 mmol L-1 e CTAB (brometo de N-cetil N-N-N
trimetilamônio) 0,1 mmol L-1 foi o de escolha frente à ótima resposta no equipamento e a não
Após a escolha do tampão, foi feito um estudo das diferentes soluções extratoras, cuja
solução de HCl 5 mmol L-1, apresentou recuperações satisfatórias para os dois analitos,
também apresentou eletroferogramas com poucos interferentes e ótima resolução dos picos de
favorecendo o desprendimento dos analitos (uma vez que podem formar diversos complexos
com a matriz, inclusive quelatos com íons metálicos e sítios de sorção) da matriz estudada,
resultados foram semelhantes aos apresentados pelo método desenvolvido para análise do
herbicida PQ, mesmo sendo compostos estruturalmente diferentes, porém uma característica
em comum, a alta polaridade. O resultado mostrou que quanto maior era o tempo submetido à
desenvolvido por Araújo (2002) em diferentes tipos de solo, para extração de GLI e AMPA
demonstra que além dos diversos tipos de solo, o tempo de agitação é um fator importante
para uma extração mais eficiente, pois tempos maiores de exposição da amostra com os
feitos em água e calibradores feitos a partir da matriz de estudo (maconha). Como pode ser
visto nas Figuras 27 e 28, houve interferência de matriz quando comparadas, não podendo
assim ser utilizados no cotidiano calibradores feitos em água, dificultando um pouco todo o
À semelhança do que foi descrito para o PQ, como não existem amostras certificadas
foi realizado por outro profissional idôneo do LTF-Campinas, a partir de diferentes soluções
padrão (estoque).
diquat que podem estar sendo utilizados em associação. Assim, a metodologia proposta neste
trabalho apresentou seletividade adequada para aplicação em toxicologia forense, uma vez
Uma ampla faixa de trabalho foi avaliada (1,0 a 100 µg mL-1) no estudo de linearidade
para o GLI e AMPA. Esta faixa, que se mostrou dentro do intervalo dinâmico do método, foi
estabelecida com base nas condições de aplicação do GLI em diversas culturas e os achados
residuais em diversos tipos de solo (ARAÚJO, 2002). Essas concentrações, entretanto, para
aplicações em substâncias ilícitas que não possuem cuidados quanto ao seu uso, se tornam
uma incógnita, uma vez que a pesquisa de outros herbicidas como o glifosato ainda não
superiores a 0,99. Também foi avaliada a condição de uniformidade no valor da média das
homocedasticidade, podendo assim ser empregada a regressão linear ordinária, sem que
concentração que se preze , o sistema de detecção empregados e o fato dessa pesquisa ser
inédita.
dois estudos. A utilização de padrão interno adequado, ácido glutâmico, que é estruturalmente
muito semelhante ao GLI e o AMPA, o que possibilita a sua participação em todas as etapas
analíticas do método desenvolvido contribuiu, além de outros fatores para obtenção desses
valores.
Os valores de recuperação obtidos nesse trabalho mostraram estar dentro dos valores
aceitáveis, sempre maiores do que 85 % como podem ser visto na Tabela 17. Uma das
possibilidades do alto rendimento de extração deve-se aos estudos realizados visando escolher
a melhor solução extratora e modo de agitação para extração, uma vez que entre diferentes
avaliação do limite máximo de resíduos (LMR) por órgãos fiscalizadores em algumas culturas
alimentícias como, por exemplo, a soja, que é uma das principais culturas que utilizam o GLI,
tanto para ação dessecante como em pós emergência, com valores de LMR de 10 mg/kg, a
aveia preta e o azevém (ANVISA, 2007). Tal aplicação hipotética pode ser feita, com base
nos valores de LOD e LOQ de GLI que permitem respectivamente detectar até 8 mg/kg e
quantificar até 10 mg/kg. São suposições hipotéticas, pois diferentes culturas (matrizes),
possuem características próprias e deve se avaliar quais são elas e quais são suas influências
no método proposto.
maconha estejam contaminadas por GLI e AMPA, quais condições impostas e sofridas com a
maconha na pré e pós, colheita, secagem e até mesmo armazenamento pelo usuário, degradam
o GLI e AMPA, que podem estar contaminando a droga. Durante o estudo de ciclos de
concentração dos analitos do período estudado não excedeu valores de 10 %. Com isso
usuários que costumam armazenar a droga (contaminada por GLI e AMPA) em geladeira por
um período de até quinze dias, estão susceptíveis a utilizar a droga contaminada. Durante todo
Discussão 163
o período de estudo em freezer e em geladeira, na análise dos calibradores de GLI, não foi
em sol intenso. No grupo 1 as amostras foram expostas a sol intenso e isentas de oxigênio
(fechadas com tampa), os resultados mostraram que uma vez contaminada com GLI e AMPA,
ocorreu grande degradação, sendo maior para o GLI (30 %) e menor para o AMPA (12 %)
nos primeiros 7 dias de estudo. No decorrer do estudo a variação apresentada pelos dois
analitos permaneceu elevada até o 91° dia, sendo não mais possível detectar o GLI no final do
estudo. Durante todo o período de estudo em bancada para o grupo 1, na análise dos
calibradores de GLI, foi possível observar a formação do AMPA a partir do 7º dia de estudo à
uma concentração de 8,7 µg mL-1, sendo essa formação elevada até o 91º dia de estudo à uma
comparação ao grupo 1, sendo também maior para o GLI (52 %) e menor para o AMPA (30
permaneceu elevada para os dois analitos, sendo que no 91° dia não era mais possível de se
detectar o GLI. Em relação à formação do metabólito AMPA nos calibradores de GLI, foi
12,6 µg mL-1, sendo essa formação elevada até o 91º dia de estudo à uma concentração de
40,3 µg mL-1. A principal diferença entre os grupos, foi que no grupo 2, houve grande
fornos, com temperaturas elevadas. A estabilidade observada para o GLI e AMPA durante o
tempo de aquecimento em estufa, mostrou-se estável durante a primeira hora de análise, com
hora de análise, houve um aumento dessa variação apenas para o GLI (4,5 %) e na sexta hora,
ocorreu variação para ambos os analítos, sendo mais intenso para o GLI (12,4 %) e AMPA
(9,7 %). Em relação à formação do metabólito AMPA nos calibradores de GLI, foi possível
observar a formação do AMPA apenas a partir da sexta hora de estudo à uma concentração de
5,1 µg mL-1.
de 14 dias, sendo que o AMPA, cuja formação se dá a partir da ação microbiológica atuante
sob o GLI, é possível de detectar sua formação aproximadamente a partir do sétimo dia de
exposição da droga ao GLI, sendo assim útil como um indicador de contaminação por GLI
tempo empregado para cada análise foi de 9,0 min. O método desenvolvido demonstrou ser
seis ton de Cannabis sativa L apreendidas pela polícia na região de Campinas-SP em 2007.
doze ton de maconha. Dessas cem amostras analisadas, doze apresentaram contaminação pelo
herbicida PQ, o que corresponde a mais de cinco ton de Cannabis sativa L contaminadas por
PQ. Das doze amostras positivas para o PQ, quatro eram provenientes de Campinas,
totalizando mais de cinco ton de maconha, as demais amostras foram oriundas de apreensões
policial mostrou que essas drogas contaminadas são originárias da apreensão de traficantes
constatadas que era de uso próprio e fiscalização em presídio. Uma das amostras contaminada
com PQ foi confirmada em perícia que possuía cocaína juntamente com a maconha, e
observando que quando comparado a valores de LMR de culturas de alimentos, que sofrem
rigorosos controles, estão em níveis bem elevados. Por motivos óbvios, não existe uma
visam a segurança no consumo dos alimentos e nesse caso, como não se tem controle no uso
Especial atenção deve ser prestada nos teores encontrados na amostra de nº 5 (Tabela
18) que apresentou mais de mil vezes o valor de LMR de algumas culturas alimentícias que
apreensão de tráfico, mostrando que a prática de utilização do herbicida foi adotada na cultura
contraditórios. Não foi dada continuidade nesses trabalhos e existem poucos estudos que
relacionam os efeitos causados pelo PQ quando inalados a partir do uso de maconha. Estudos
realizados por Landrigan et al., (1983) mostraram que do valor total encontrado na maconha,
cerca de 0.2 % de paraquat passa inalterado para o pulmão quando fumado e que dependendo
da forma de exposição e do grau de contaminação da droga, no final de um ano, irá se ter uma
inalação de 500 microgramas ou mais de PQ, o que é uma dose considerada de risco para
saúde do homem. Tal situação pode não apresentar efeitos sistêmicos e agudos, porém pode
hemoptise com tosse e expectoração e irritação da boca (DASTA, 1978). Considerando que a
via oral de introdução, tem sido cada vez mais utilizada para o consumo de maconha, os
riscos que esses usuários irão ter, podem ser maiores quando comparados com a via inalatória,
uma vez que a quantidade de PQ absorvida vai ser bem maior em relação àquela que ocorre
contaminada, Zavala & Rhodes, (1978) realizaram experiementos com coelhos, onde através
resultados mostraram que os coelhos sofreram hemorragia local, dilatação e obstrução dos
Utilizaram duas amostras autênticas, sendo uma contendo 12,5 mg/kg e a outra 99,5 mg/kg.
temperatura encontrada na porção que está em brasa no cigarro, chega a 900° C para mais. O
4,4-bipiridil como já descrito tem sido relacionado com alguns tipos de carcinomas, como
doença de Bowen e câncer de pele (HALL & BECKER, 1995). Já o clorometano, também
que é um gás incolor extremamente inflamável com um odor levemente doce, caso seja
inalado pode levar a náuseas, vômitos, diarréia, dor de cabeça, dificuldade em respirar, parada
1979).
Em relação à análise de GLI e AMPA, das cem amostras apreendidas no ano de 2007,
também submetidas ao método para determinação de PQ, não foi possível de se detectar a
presença de GLI e AMPA, uma vez em que o período de análise das amostras ultrapassou
cerca de quatro meses desde a aplicação do método para determinação de PQ, uma vez que o
método se encontrava em fase de validação. O fato que pode ter ocorrido, e que ficou
evidenciado pelo estudo de estabilidade realizado nesse trabalho e pelo grande período de
apreendidas em 2008, após terem sido periciadas e constatadas da positividade para Cannabis
sativa L. Dessas trinta amostras analisadas, apenas três apresentaram contaminação pelo
herbicida GLI, sendo que em uma delas evidenciou-se, concomitante o AMPA o que
Todas essas amostras eram provenientes de Campinas. As formas em que as maconhas foram
apreendidas foram: blocos prensados e vaso com a planta “in natura”. A circunstância
policial mostrou que essas drogas contaminadas são originárias da apreensão de traficantes e
e 0,358 mg de AMPA/g de maconha.Com esses resultados, percebe-se que duas amostras com
a presença de glifosato, provavelmente tinham sido expostas ao herbicida a pouco tempo, uma
vez que a presença do AMPA não foi possível de se detectar, em contrapartida uma das
amostras tinha sido exposta ao GLI, por um período de tempo maior, visto que foi possível de
AMPA frente ao uso recreativo da droga contaminada em seus diversos padrões de uso, não
se tem informações nem estudos que mostrem seus reais efeitos, fazendo-se assim necessário
que se conduzam estudos experiementais para que se saiba realmente o risco a que os diversos
tipos de usuários de maconha estão expostos. O que pode ser levado em consideração é que o
ponto de fusão do GLI é de 230° C e que quando submetido à pirólise onde se tem
temperaturas de aproximadamente 900° C, todo o GLI pode sofrer degradação, porém os seus
possíveis produtos de degradação ainda são uma incógnita que deve ser melhor avaliada.
10. Conclusões
Conclusões 170
10. CONCLUSÕES
demonstrada nas amostras previamente eleitas para análise, uma vez que ambos os
variadas concentrações.
- Fazem-se necessários estudos experiementais para avaliar o real risco que essas
podem trazer aos diversos tipos de usuários sob as diversas formas possíveis de uso da
droga.
11. Referências Bibliográficas
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