Trabalho Completo (Oficial)
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Trabalho Completo (Oficial)
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FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
Approved
SALVADOR
DEZEMBRO DE 2007
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em jornalismo.
SALVADOR
DEZEMBRO DE 2007
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2
Approved
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai Bepi, pela inspiração. Á minha mãe Valdira, por acreditar sempre, pelo apoio e
A Sissi Bembom, Sitânio Bumba e Adebayo Vunge por disponibilizar seus trabalhos.
À Clarissa Amaral pelo material disponibilizado, sugestões e pelo cuidado na leitura do texto.
Á Luciana Melo pela atenção e cuidado na leitura do texto e pelas sugestões enriquecedoras
propostas.
SIGLAS
AM – Amplitude Média
FM – Freqüência Modulada
RESUMO
Este trabalho analisa a importância que o rádio tem em Angola depois do fim da guerra civil,
em 2002, para a reestruturação do país. Como a Rádio Nacional de Angola, Rádio Ecclésia e
Luanda Antena Comercial contribuem para a reestruturação do país junto à sociedade com o
intuito de promover um maior debate político e o amplo exercício da cidadania e democracia.
Foram feitas entrevistas com jornalistas e profissionais angolanos e brasileiros que atuam
diretamente com a comunicação social naquele país, além de pessoas da comunidade. Com
base nestas entrevistas, na análise de conteúdo dos programas radiofônicos, na leitura sobre o
tema e em visita à capital, Luanda, é possível afirmar que o rádio é o mais importante,
desenvolvido e abrangente meio de comunicação em Angola. Estas características conferem
Approved
credibilidade e poder de influência às rádios, já que a população usa-as como principal meio
de informação. As rádios citadas tiveram destaque nos últimos cinco anos de paz e foram
analisadas como órgãos ativos nas transformações sociais ocorridas e na reestruturação do
país.
SUMMARY
This research work analyses the importance that the radio has in Angola in rebuilding the
country after the civil war that ended in the year 2002. The research work also shows how the
Rádio Nacional de Angola, Radio Ecclésia and Luanda Antena Comercial contribute towards
the rebuilding of the angolan society by promoting a major political debate and an ample
exercise of citizenship and democracy. The research involved an interview with some angolan
journalists and other professionals, some Brazilians that work directly with social
communication in the country and some lay people of the angolan community. From the
interviews carried out, the analysis of the content of the radio programmes, the study about
the title of this research work and a visit to the capital city, Luanda, its possible to affirm that
the radio is the most important, developed and broadest means of communication in Angola.
These characteristics confirm credibility and power of influence that these radios have now
that the population use them as the main means of information. The above mentioned radio
stations have been influential in the last five years of peace in the country and were analyzed
as active organs in the social transformation and the rebuilding of the country.
SUMÁRIO
2 METODOLOGIA 12
3.2 No Brasil 15
Approved
3.5.2 Perfil do país: Geografia política e física Novos rumos para a comunicação 26
3.8 Breve histórico da Rádio Nacional de Angola, Rádio Ecclésia e Rádio Luanda
Antena Comercial 36
5.4 Censura 57
5.11 Entrevistados 65
REFERÊNCIAS 106
ANEXOS 110
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com melhores profissionais, aquele que melhor serviço presta à sociedade e tem mais
econômicas tem pouco acesso às publicações impressas, à televisão e à internet. Por isso, o
Approved
rádio é o único meio de comunicação que abrange a maior parte da população, chegando a
A questão principal que se impõe neste estudo é a importância que o rádio, nomeadamente a
Rádio Nacional de Angola (RNA), a Luanda Antena Comercial (LAC) e a Rádio Ecclésia têm
nos primeiros cinco anos de paz. O que estas rádios vêm fazendo para ajudar o país a se
reestruturar depois de 27 anos de guerra civil. Como os programas que são aí transmitidos,
seus conteúdos e sua forma de chegar até o público geram desenvolvimento para os ouvintes.
mídias citadas de apoio à população, nos aspectos: social (promoção da cidadania, divulgação
importantes para o dia-a-dia do cidadão) e qual sua importância para a população. Além de
analisar o papel de formador de opinião e prestador de serviços de utilidade pública dos meios
de comunicação citados. Para melhor avaliar a importância destas três rádios para a população
10
são abordadas.
Neste estudo são abordadas de maneira breve a história do rádio no mundo, no Brasil e em
a história recente do país, além das análise do material recolhido durante uma curta estadia de
estudo (informações sobre as rádios pesquisadas: Rádio Nacional de Angola, Luanda Antena
análise e considerações finais a partir da pesquisa feita (qual a importância das rádios na
reconstrução de Angola depois da guerra civil e de que forma elas auxiliam a população).
angolana e da grande importância do rádio naquele país. A mídia tem um papel muito
esclarecimento e na difusão de idéias. Angola teve grande importância para o Brasil como
exportador de escravos, mas as trocas não foram somente estas e a relação entre os dois países
se firmou, tanto que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola
quando esta se separou de Portugal, em 1975. O Brasil, em especial a Bahia, tem semelhanças
por minuto, palco da guerra mais longa do século, Angola encabeça outra triste estatística: a
11
este motivo, para que Angola, sua gente e sua história não sejam esquecidas que esta humilde
pesquisa existe. Entendendo Angola hoje é possível ter maior consciência de sua história e do
(LAC), Rádio Ecclésia e Rádio Nacional de Angola (RNA) foram escolhidas para esta
pesquisa pela sua importância com o fim da guerra civil e por suas histórias. Elas podem ser
consideradas as mais importantes do país, são meios de comunicação que prestam serviços à
12
2 METODOLOGIA
Foi feito um estudo retrospectivo do papel do rádio no país com ênfase no período de 2002
até hoje. Os métodos adotados foram o histórico e o comparativo. O primeiro defende a idéia
fatos, instituições e processos passados é possível verificar sua influência no modo de vida da
sociedade atual. Logo é fundamental o estudo do passado de Angola para poder contextualizar
Approved
ser feita com fenômenos do passado e do presente, em sociedades diferentes que vivem em
momentos diversos, mas que através de um estudo comparativo podem ser melhor entendidas.
A comparação entre passado e presente, entre a realidade da zona rural e urbana, das várias
componentes étnicas da sociedade angolana dá uma visão mais ampla dela mesma. Através da
práticas.
principalmente na internet de material sobre o tema. Este material feito na sua maioria por
ida ao país e o estudo de campo foi possível realizar este trabalho. Ir a Angola, conversar com
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as pessoas, ouvir o que elas têm a dizer, observar o modo de vida da população, suas
principais queixas e expectativas para o futuro foi essencial para a análise das informações e
entrevistas foram feitas com jornalistas da Rádio Nacional de Angola, Rádio Ecclésia e
Luanda Antena Comercial, com profissionais que de forma direta têm ou tiveram contato com
14
A criação do rádio não é mérito de um único inventor, mas de vários cientistas que
contribuíram com suas descobertas, ao longo do tempo, para que as primeiras emissões
responsável pela primeira transmissão de rádio, em 1896, baseando-se nos estudos de James
Alguns autores defendem que o padre gaúcho Roberto Landell de Moura foi o pioneiro na
transmissão da voz humana sem a utilização de aparelhos ligados por fios. A experiência com
a nova invenção aconteceu em São Paulo, em 1893. “Foram apresentados três aparelhos
inéditos ao público. Um transmissor de ondas, um telégrafo sem fios e um telefone sem fios.
Essa transmissão do padre Roberto Landell de Moura deu-se mais de um ano antes da
primavera de 1895.” e “A questão da primazia do invento, é que não existe prova documental
beneficio da dúvida.
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3.2 No Brasil
1923 foi inaugurada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Edgard Roquette Pinto e
Henrique Morize. Considerado o “pai do rádio” no Brasil, Roquette Pinto previu que o rádio
seria um difusor da cultura popular. A programação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro era
Approved
voltada para a elite, com transmissões de ópera, recitais de poesia, concertos e palestras. O
rádio ainda não era um meio de comunicação popular devido o custo de importação dos
receptores. A Rádio Sociedade funcionava como rádio clube, os anúncios eram proibidos e ela
A partir da segunda metade da década de 30 o rádio passa a se tornar mais popular e a ser
elitista para se tornar mais popular e as rádios abrem as portas de seus auditórios ao público.
Esta época tem início nos anos 40 e vai até os anos 50 e é marcada pelo glamour e pelas suas
nacional graças ao rádio. Emilinha Borba, Ary Barroso, Paulo Gracindo, Orlando Silva,
Francisco Alves, Marlene, Vicente Celestino foram alguns deles entre muitos outros. Os
auditórios ficavam lotados de fãs ávidos por assistirem aos programas humorísticos, musicais,
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cultura brasileira.
“Repórter Esso” que deixou sua marca na história do rádio brasileiro pela sua credibilidade e
programas de rádio, não proporcionava condições para se estabelecer uma interação mais
Neste período, o Brasil era governado por Getúlio Vargas que ficou no poder desde a
poder da comunicação de massa utilizou toda a potência do rádio de acordo com seus
Esta decisão foi responsável por possibilitar ao rádio seu desenvolvimento. Ainda segundo
Estas agências tiveram papel importante, pois passaram a destinar verbas, até então dirigidas
17
rádio perde cada vez mais sua audiência e renda publicitária. A crise financeira pela qual o
rádio passou nas décadas de 60 e 70, foi fundamental na criação de um novo modelo
profissional e de programação, já que manter o mesmo formato das décadas passadas exigia
altos investimentos. Assim, os programas de humor são trocados por programas musicais e
surgem no Brasil as rádios FM com uma grade musical mais ampla, já que os programas
DJ’s.
O rádio, como as demais mídias de massa, também sofreu, a partir de 1964, com a ditadura
militar e a censura. Em 1967, o programa “Repórter Esso” chega ao fim. O rádio de pilha
populariza ainda mais esta mídia possibilitando maior mobilidade e as rádios FM continuam
crescendo. O rádio passa a ser mais intimista em detrimento do rádio espetáculo e sua
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Nos anos 90, a s rádios FM ganham a audiência das rádios AM, muitas das quais são
compradas por igrejas evangélicas que começam a transmitir uma programação diferenciada.
linguagens radiofônicas diferentes para cada um deles. O rádio reconquistou seu espaço entre
a audiência devido a sua aproximação com os ouvintes. A participação direta do ouvinte ficou
mais fácil através da sua presença física nos estúdios, uso de cartas, do telefone e, mais
recentemente, dos meios digitais, como e- mails e chats, que permitem a participação em
Approved
tempo real e uma relação mais próxima entre comunicador e ouvinte e entre os próprios
ouvintes. Essa interatividade torna a relação entre audiência e comunicador mais próxima.
De acordo com Carlos Eduardo Esch, os avanços tecnológicos não significam somente uma
mudança na estrutura da mídia rádio, na sua transmissão, mas também do perfil da audiência,
entre o rádio e seus ouvintes. O rádio que chega mais próximo da sua audiência e que
conquista sua fidelidade é aquele que tem comunicadores que tem uma relação de intimidade,
A partir do ano 2000, com a popularização da internet, o rádio tem sofrido uma profunda
mudança. A possibilidade de ouvir notícias e músicas pela internet tem tirado o sono de
muitos proprietários de rádios, mas também tem aberto o debate sobre o modo de fazer rádio
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daqui para frente. O rádio na web vai muito além de escutar uma lista de músicas divididas
Quando surgiram os primeiros sites de jornais, eles transpunham literalmente o que havia nas
suas edições de papel para o formato web, depois evoluíram e foram criando um formato de
jornal específico para internet com conteúdo e diagramação diferenciados. É o que deve
acontecer com o rádio digital. Daqui a alguns anos esta tecnologia começará a se popularizar
Approved
e a descobrir suas características próprias e as novas necessidades dos ouvintes, ou seja, uma
realidade. Cada vez mais emissoras têm páginas na internet onde disponibilizam sua
Segundo Prado,
Esse contexto provoca a reformulação do modo de fazer rádio hoje em dia. Não
basta ter apresentadores, noticiaristas e programação musical. O surgimento das
rádios na Web incita radialistas a pensarem de modo abrangente, que inclua a versão
na Internet, evitando que sejam passados para trás pelas demais. (PRADO, 2006, P.
158)
uma melhoria na qualidade das transmissões. A qualidade sonora será como a das emissoras
FM, que por sua vez, terão qualidade ainda melhor nas transmissões. Equipar uma rádio para
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produzir rádio, já que este veículo se tornaria multimídia, possibilitando o acesso a outros
formatos em um único aparelho, que pode ser o celular. A interatividade entre ouvinte e rádio
seria maior e mais ampla e os conteúdos necessariamente teriam que ser repensados para esta
O rádio é importante durante tempos de paz, mas em tempos de guerra ele é fundamental para
manter a comunicação dos grupos políticos com seus aliados e a população. Quando se
declara um conflito uma das primeiras e mais importantes ações a serem tomadas é de
das fronteiras geográficas de um estado. Este controle visa a dificultar a ação inimiga. Foi
assim durante a primeira e segunda guerra mundial, onde os envolvidos nos conflitos
utilizaram o rádio para se comunicar com suas tropas, dando ordens e informações sobre as
posições inimigas.
Além deste tipo de ação o rádio foi e é muito usado na guerra psicológica, onde o que está em
jogo não é conquistar terreno, mas as mentes e corações da população. Assim, “Para
quanto Hitler lançaram mão da propaganda política. Para isso, utilizaram fortemente a
21
processo de massificação da opinião pública.” (JAMBEIRO, 2004, p. 31). Este tipo de ação
foi e é usada em todas as guerras do século XX e início do XXI, como em Angola e Iraque. A
guerra psicológica costuma ser eficiente e crucial para a vitória ou derrota, pois conquistando
produção de falsas notícias e disseminação de rumores sobre o potencial das forças armadas
montados, mais uma vantagem para este tipo de mídia em relação às outras. A importância
são armas durante os conflitos, tanto nas “trincheiras” quanto na guerra psicológica, pois tem
convencer multidões. Todos os governos sabem do poder desta mídia, daí o controle oficial
deveu-se à necessidade das potências coloniais de obtenção de matérias primas (ouro, marfim,
22
A descolonização dos países africanos teve seu auge nas décadas de 60 e 70. Com a conquista
entraram em guerra civil. Na briga pelo poder econômico e político existia o agravante de que
em um mesmo país existiam diferentes grupos étnicos, com divisões religiosas e lingüísticas
Approved
que tornaram ainda mais complexa e difícil a convivência pacífica entre eles. Em Angola não
foi diferente.
Angola (FNLA), que com a independência passariam a lutar entre si. Em 11 de novembro de
1975 Angola se torna independente de Portugal. Mesmo tendo uma política externa de apoio
aos EUA, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola e o governo
militar de Ernesto Geisel (1974-1979). Esta decisão foi estratégica, política e econômica e
possibilitou uma relação privilegiada entre os dois países. A partir deste mesmo ano, começou
guerrilha da UNITA.
O país desbancou a África do Sul como maior parceiro regional do Brasil. Angola e Nigéria
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se tornaram os grandes parceiros brasileiros no Atlântico Sul, tendo o petróleo como produto
Desde a independência até a década de 1990, a guerra civil também teve caráter ideológico. O
MPLA, de orientação marxista, era apoiado pela URSS e Cuba, enquanto a UNITA, de
orientação capitalista, era apoiada pelos governos dos EUA e da África do Sul. A guerra civil
angolana contou com grande interferência de outros países que visando seus próprios
interesses apoiaram um dos lados do conflito. Países europeus (Bélgica, Portugal, França),
Approved
Estados Unidos, Marrocos, Burkina Faso, Togo, países da África central (Zâmbia, República
Democrática do Congo, ex-Zaire, Congo) da região dos grandes lagos (Uganda e Rwanda) e
com a UNITA, de forma direta ou indireta, negociando armas e diamantes, dando acesso a
seus portos, apoio logístico e permitindo o uso de seus territórios (Relatório Fowler, 2000).
Durante a guerra fria a dicotomia entre as superpotências alimentou a guerra civil angolana
mutilados, vítimas de minas terrestres. Como uma herança perversa do conflito, estima-se que
haja 6 milhões destas minas em Angola. Outro lado da moeda: num país com uma taxa de
Angola tem duas áreas geográficas principais, a planície litorânea, onde se concentra a maior
de habitantes) e o planalto no interior do país que cobre grande parte do território. As regiões
características resultam em uma oposição entre litoral X interior e cidade X campo que deve
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ser levada em conta para o melhor entendimento da guerra civil, de suas características e
também por se oporem umas as outras, sobretudo porque durante o domínio colonial
Depois do fim da guerra fria, no início dos anos de 1990, os oponentes, MPLA e UNITA,
diamantes, principais recursos do país, passam a financiar os últimos 12 anos de guerra civil.
Em 1991, foi assinado o Acordo de Bicesse, em Portugal, que previa a realização de eleições
livres e democráticas, que aconteceram em 1992, o então presidente José Eduardo dos Santos
estava na frente com 49,57% dos votos o que significava a ida para o segundo turno. No
entanto, receoso o líder da UNITA, Jonas Savimbi, alegou fraude nas eleições e se retirou da
disputa reiniciando a guerra. “... (a UNITA) refugiou-se no interior do país, onde deu curso a
a um nível nunca antes atingido.” (ABRANTES, 2005, p. 62). Em 1994, foi assinado o
sob sua tutela e desarmar a guerrilha, enquanto o governo daria a vice-presidência ao seu
líder. No entanto o acordo não foi cumprido reiniciando a guerra. Mais uma vez Jonas
Savimbi não cumpriu as resoluções previstas nos acordos de paz realizados. Com as violações
sucessivas dos acordos de paz pela UNITA e a clara intenção em promover o conflito armado
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o grupo foi perdendo apoio (inclusive de seus próprios membros que começaram a desertar) e
reintegração de ex- militares da guerrilha e acenou com esta possibilidade também ao seu
líder.
A guerra civil angolana durou 27 anos, terminando em 2002, com a morte em combate do
líder da UNITA. Líder carismático e controverso, Jonas Savimbi é conhecido pela sua
sanções à UNITA, muitas das quais não foram cumpridas. Savimbi foi um dos mais ferozes
senhores da guerra. Atualmente a UNITA está integrada plenamente à vida política do país e é
A República de Angola chega assim aos Acordos de Paz de Abril de 2002 com a sua
economia arruinada (excepto a indústria petrolífera), com mais de um terço da
população deslocada e carenciada de serviços básicos, com suas principais infra-
estruturas destruídas ou paralisadas, com inflação de preços e desvalorização
monetária, bem como com reduzidos índices de desenvolvimento humano.
(ABRANTES, 2005, p. 156)
Eleições legislativas e presidenciais estão previstas para 2008 e 2009, mas ainda não foram
marcadas pelo presidente da republica José Eduardo dos Santos. Segundo presidente de
26
As relações entre Brasil e Angola têm importância estratégica para os dois países. É possível
Angola foi colônia de Portugal até sua independência, em 11 de novembro de 1975. A luta
com a vitória do então presidente José Eduardo dos Santos. O poder é dividido em três:
executivo, legislativo e judiciário. Dos 17 partidos presentes nas eleições legislativas de 1992,
UNITA com 70, Partido Renovador Socialista (PRS) com 6, Frente Nacional para Libertação
Angola é um país rico em recursos minerais. Segundo o site do Consulado Geral de Angola
no Rio de Janeiro, “estima-se que o seu subsolo alberga 35 dos 45 minerais mais importantes
do comércio mundial entre os quais se destacam o petróleo, gás natural, diamante, fosfatos,
“Angola é o segundo produtor de petróleo da África e está entre os cinco maiores produtores
mundiais de diamantes. O petróleo responde por cerca de 90% das exportações oficiais do
país. Cerca de dois terços da produção são obtidos no enclave de Cabinda,(...)” (OLIC, 2004,
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petróleo, com sua receita que financia a reconstrução da infra-estrutura do país, deteriorada e
e é responsável por parcerias com empresas interessadas no setor. O país tem grande potencial
Approved
econômico, apesar do atraso provocado pela destruição das infra-estruturas. Entre estes
minerais.
A grande tradição agrícola do país foi interrompida pela guerra e dificultada pelo grande
número de minas terrestres presente no seu solo. Entre a população é comum ouvir que os
alimentos produzidos no interior encontram grandes dificuldades para chegar até a capital
devido à falta de infra-estrutura rodoviária, o que acarreta entre outras coisas, a necessidade
Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire). Angola está situada na África Austral, é banhada
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pelo Oceano Atlântico a oeste, a leste faz fronteira com Zâmbia e República Democrática do
No litoral existe uma faixa árida, que se estende desde a Namíbia, chegando próximo a
norte predomina a floresta tropical. Angola tem um grande potencial hidrelétrico e seus
principais rios são o Kwanza, o Zaire, o Cunene e o Cubango. O ponto mais alto do país é o
Monte Moco (2.620 m), na província do Huambo. A língua oficial é o português, mas
existem várias línguas nacionais, entre as quais o Umbundu, Kibundo, Kikongo, Lunda, Fiote,
Tchokwe, Kwanyama, Luvale. 75% dos angolanos são católicos, 15% de protestantes e cerca
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29
americano.
(PNUD):
30
* A expectativa de vida para os homens é de 40 anos e para as mulheres de 43 anos (Estes são
* A cada mil crianças de zero a cinco anos, 31 sofrem de desnutrição e peso abaixo do
normal.
* Em 2007 a taxa de mortalidade infantil era de 184 para cada mil nascidos vivos.
A imprensa angolana nasce, em 1845, com o surgimento do Boletim Oficial, “(...) meio
despachos legais, assuntos do clero religioso, teatro e outros.” (VUNGE, 2006, p. 23 e 24).
Ainda na segunda metade do século XIX, vários periódicos proliferaram, alguns não passaram
primeiro periódico a ser impresso no país foi o Aurora, em 1885. Estes periódicos eram feitos
por profissionais de várias áreas (advogados, padres, artistas, etc), mas com o passar do
Segundo Patrick Alumuku, a rádio na África surge para atender a uma elite bem educada
africanos instruídos. Os programas apesar de se dirigirem para toda a população não atingiam
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31
das metrópoles.
“Na África Austral, o serviço de radiodifusão teve inicio, na África do Sul a 18 de Dezembro
de 1923, data que aconteceu a primeira emissão de rádio sem fio em Joanesburgo.” (BUMBA,
2007, p. 16). A África do sul, é uma referência em relação a parte sul do continente, pois foi
onde se deu a primeira emissão radiofônica e onde a radiodifusão está melhor regulamentada
e desenvolvida.
Approved
(CONCEIÇÃO, 2007, p.36). O fenômeno das rádio clubes foi essencial no desenvolvimento
rádio clube de Angola e em 1943, entra em funcionamento as rádio clubes do Huambo e Huíla
(VUNGE, 2006). Segundo Sebastião Coelho, durante quase meio século o movimento Rádio-
Em 1949, a radiodifusão no país passa para uma nova etapa, a do profissionalismo, com a
1954, a emissora católica de Angola, a Rádio Ecclésia, vai ao ar. E m 1955, é criada a
Emissora Oficial de Angola, rádio estatal criada durante o período colonial, passou a se
32
Baseando-se nos textos de Adebayo Vunge, Ismael Mateus, Sitânio Bumba, Sebastião Coelho
emissora oficial do estado. O MPLA, movimento que lutava pela independência de Angola,
Approved
combatia o governo colonial, também, através das suas emissões a partir da vizinha Zâmbia e
maneira profissional.
Período Pós Independência: com o fim da época colonial ainda havia resíduos da estrutura
que vigorava, assim restaram várias emissoras particulares, as Rádio Clubes. Com a
social. “Esta é efectivamente uma perspectiva histórica que assistimos durante os primeiros
sufocada por um controlo bastante cuidado, sobretudo devido ao papel que os órgãos de
33
p.29). O rádio foi essencial na evolução e difusão da música popular angolana que atingiu seu
1999).
Período do Monopólio Estatal: nos primeiros anos após a independência todos os meios de
Approved
com os serviços da Rádio Nacional de Angola, presente nas 18 províncias do país, Jornal de
Angola (RPA) que em 1976 é nacionalizada e passa a se chamar Televisão Popular de Angola
(TPA). Até então o rádio é o único veículo de comunicação de massa. ATPA, única televisão
a transmitir no país, passa em 1997, a se chamar Televisão Pública de Angola. Além dos
VORGAN (Voz da Resistência do Galo Negro), emitia a partir dos países limítrofes e o jornal
A partir da escolha ideológica de editores e jornalistas era possível manter o controle das
redações, mesmo assim a censura e depois a auto-censura eram práticas recorrentes no dia-a-
dia dos profissionais da área. A ideologia era usada como fio condutor das políticas editoriais,
onde era permitido ocultar, modificar e manipular a informação de acordo com os interesses
do governo. Segundo Adebayo Vunge alguns jornalistas, apesar de trabalharem sob pressão
ideológica, censura e forte controle estatal do que era produzido e veiculado, tiveram que
34
(DOPS) que tinha, entre outras atribuições, a de censurar os meios de comunicação dos
Os mídia eram parte importante da estrutura de propaganda e educação política usados pelo
governo do MPLA para sensibilizar a população, sobretudo durante o longo período de guerra
civil. A atenção dispensada aos veículos de comunicação era grande tanto que havia cursos
Approved
rádio foi quebrado e o setor foi aberto para a iniciativa privada. Atualmente, nove jornais
circulam em Luanda, sendo que o estatal Jornal de Angola é o único diário. Em 1991, é
radiofônica até 1992, quando acontece a abertura para o capital privado. Neste ano, surge a
Se a Unita vencesse as eleições, seria governo e como tal passaria a comandar todos
os meios de comunicação social do país devido ao monopólio estatal. (...) A Unita
colocaria a sua gente nos lugares chave e pura e simplesmente o MPLA ficaria sem
voz. Foi este pânico que determinou a rotura do sistema monopólico da radiodifusão
vigente. (COELHO, 1999, p.129)
entre outros. A Rádio Ecclésia, pertencente à igreja católica, após seu fechamento, em 1977,
35
Luanda, ao interior do país continua chegando somente a RNA. Em 2006, foi apresentada
uma nova Lei de Imprensa entrou em vigor no mesmo ano, mais moderna e ampla, onde o
monopólio estatal da televisão é quebrado. A TPA transmite por dois canais que alcançam as
Approved
capitais das 18 províncias e é a única emissora com sinal aberto. A presença de canais pagos,
por assinatura, é grande, entre estes estão a Globo e Record Internacional, bastante apreciadas.
Apesar da abertura significativa, ainda é difícil abrir emissoras de rádio no país ou conseguir
autorização para transmissão em todo o território nacional, como foi pleiteado pela Rádio
cinco canais. As rádios privadas concentram-se na capital Luanda, onde transmitem a Luanda
transmite a Rádio Morena FM, de Cabinda, Cabinda Antena Comercial e do Lubango (Huíla),
Voz da América (VOA) que conta com uma programação em português para Angola também
podem ser ouvidas. Ao todo são seis emissoras privadas funcionando no país.
3.8 Breve histórico da Rádio Nacional de Angola, Rádio Ecclésia e Rádio Luanda
Antena Comercial.
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A Radio Nacional de Angola (RNA) é uma empresa pública de radiodifusão, única a cobrir
90% do território nacional (BUMBA, 2007, p. 19). Seu atual diretor geral é Eduardo de Sousa
ex-diretor geral da RNA, Manuel Rabelais. A RNA está presente em todas as províncias, com
dezoito emissoras provinciais, sete emissoras regionais, seis locais, um centro de formação de
Approved
A RNA é um grupo de radiodfifusão formada pelos canais: Canal A, N’gola Yetu, FM Stéreo,
Canal 5 e Rádio Luanda. As transmissões são feitas através de uma rede nacional de
emissores: sessenta e um em freqüência modulada (FM), vinte e três em ondas médias (OM) e
dez em ondas curtas (OC). Os cinco canais da Rádio nacional de Angola são:
* Canal A
públicos e emite 24h por dia. A programação está dividida entre programas de caráter
noticioso (jornais a cada hora mais dois principais as 13 e 20h, que são transmitidos em cadeia
nacional por todos os canais do grupo RNA e flashes informativos) e de caráter não noticioso,
permanentes os esforços de renovação para melhorar, para manter a confiança dos ouvintes.
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Sendo a mais generalista de todas as estações radiofónicas do grupo RNA, a antena "A"
Nação angolana.”
* Rádio Luanda
Também conhecida como rádio Kianda (sereia), transmite 24h por dia. Sua transmissão e
Approved
* FM Stéreo
Transmite 24h por dia, é direcionada somente para música. T r ansmite entrevistas com
músicos e cantores, notícias ligadas à música, especiais, etc. Sua programação inclui música
internacional (jazz, pop rock, clássica, entre outros gêneros) incluindo as obras dos melhores
artistas africanos, além de música angolana. A estação foi criada em 1981 atendendo a grande
* Rádio 5
campeonatos dos principais esportes. Transmite, também ao vivo, jogos de futebol, handebol
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e basquete. Emite 19h por dia. Foi criada em 1995, devido a grande potencialidade e
A Rádio Nacional de Angola é a rádio que mais contribui com a transmissão em línguas
somente na década de 90, a RNA já tinha um núcleo de línguas nacionais que produzia
material nas diversas línguas do país e que era divulgado pela própria rádio. Desde o
surgimento do rádio em Angola, ainda com as rádio clubes as línguas nacionais já eram
usadas como forma de chegar mais facilmente a grande parte dos ouvintes.
Patrick Alumuku afirma que as culturas na África são em sua maioria comunitaristas e a
comunidades locais que tem sido deixada de lado nas concepções de comunicação para o
Apesar das línguas oficiais de muitos países serem as dos colonizadores (principalmente
inglês, francês e português), é essencial para estabelecer uma boa comunicação entre as
diversas etnias a divulgação de informação nas línguas de cada região. Além disso as línguas
39
Em Angola essa necessidade se justifica pela falta de domínio do português por parcelas
línguas maternas e por alcançar parte da população que não seria atingida somente com
como público alvo principalmente as populações do interior do país e das regiões suburbanas,
inclusive de Luanda. Dominar uma língua é ter poder. Este domínio pode ser usado para
De acordo com Sitânio Bumba, durante o período colonial programas em línguas nacionais
veiculados nos meios de comunicação, principalmente nas rádios, eram usados como forma
de dividir a população, incentivar o ódio étnico, o racismo e o tribalismo, além de servir como
Angola teve grande importância ao longo da história, pois acirrou rivalidades e dividiu a
MPLA ou da UNITA, durante a guerra civil. Hoje, o tribalismo parece ter enfraquecido e as
Assim, dominar a transmissão de informações nas línguas nacionais é antes de tudo uma
questão estratégica para o país, devido ao seu poder de influenciar a opinião pública do
40
* N’gola Yetu
Este canal é responsável pela transmissão em línguas nacionais. São transmitidas a partir de
Luanda em doze línguas (Bângala, Tchokwe, Fiote, Luvale, Lunda, Kikongo, Kimbundu,
provinciais em mais cinqüenta e quatro. Transmite 21h por dia. Sua maior audiência está entre
as populações rurais, mas o canal também é ouvido pela população urbana e suburbana que
Approved
Sua programação é prioritariamente voltada para os temas que atingem a população rural do
país, como produção agrícola, saúde, direitos humanos, além de entretenimento. Para
Sebastião Coelho, o jornalista africano tem de estar bem consciente da africanidade de seu
povo. O jornalista que se ocupa das emissões destinadas à cidade, não pode ser o mesmo
comunicador que se dirige aos ouvintes das zonas rurais. Este, idealmente, tem de ser uma
simbiose de locutor e jogral (COELHO, 1999, p. 120). O site da Rádio Nacional de Angola
exibe o seguinte trecho: “a Rádio N’gola Yetu assenta as linhas mestras do seu labor na
nacional.”
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A emissora foi criada em 1954 e é administrada pela Igreja Católica através da Conferência
grande parte dos seus profissionais abandonou o país, deixando seu funcionamento a cargo de
a rádio, que foi fechada em 1977. Somente com a abertura política do país foi possível o
Approved
transmissão. Sua emissão é de 24h por dia, com programas de evangelização e de cunho
acontecimentos de cada região através do programa Manhã Ecclésia. Seus principais jornais
são emitidos às 7h, 12h e 18h30. A Rádio Ecclésia é bastante ouvida e dispõe de grande
editorial.
Criada em 1992, quatro dias antes das eleições (VUNGE, 2006, p. 62), é a primeira rádio
privada do país. Foi fundada por Luisa Fançony, Mateus Gonçalves e José Rodrigues, ex-
jornalistas da Rádio Nacional de Angola. Transmite somente para a capital, 24h por dia. Sua
42
programas sobre cultura, música, entretenimento e esportes. Quando a LAC surgiu detinha
grande parte da audiência, já que era a única rádio privada do país, o que diferenciava sua
programação e postura em relação à sua concorrente, a RNA. Com a abertura de outras rádios,
ela viu sua audiência ser dividida. Os jornais são transmitidos às 6h30, 12h30 (durante meia
hora) e das 19h às 20h, seu principal jornal. A meia noite é apresentado o último informativo
com um resumo do dia. Além da receita publicitária, a rádio vive do aluguel do seu espaço
para produtores independentes, como é o caso da Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja
Approved
Bom Deus, que veiculam programas direcionados aos seus fieis. Os programas de debates,
rádio.
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disseminado em todos os países, chega a lugares onde os outros veículos de comunicação não
do século XX foi onde o rádio atingiu seu apogeu, mas perdeu espaço e influência com a
O rádio pode ser usado como instrumento de controle social. Ele não é responsável somente
por vender produtos e criar modismos, mas mobilizar as pessoas e servir de referência social.
Tanto em estados democráticos quanto autoritários, ele tem importância estratégica, por isso é
controlado de perto. “Ao longo da metade do século XX, houve um aumento do número de
países que adotaram o regime de democracia formal. Este fato veio ratificar a importância do
pública e controle social” (MELO, 2006, p.01). Ainda segundo Filipe Reis Melo, o controle
social nos países democráticos é feito de maneira sutil, as pessoas devem ser induzidas a
A mídia em geral, e o rádio especificamente, podem ser usados como instrumento ideológico
hitlerista, na União Soviética e em seus países satélites e no Brasil; só para citar os casos mais
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conhecidos. O controle social e ideológico pode acontecer de forma desorganizada, não linear,
sem o respaldo de um projeto e discurso político explícitos. Ele pode ser usado por aqueles
que o controlam para mobilizar, induzir, libertar ou escravizar, manter ou romper com a
ordem vigente que está no poder. A utilização do rádio como instrumento de difusão da
ideologia que está no poder sempre foi usada pelos governos e por representantes do poder
econômico, que geralmente atuam em conjunto. Na maioria dos países o governo controla a
radiodifusão através das concessões a terceiros, que podem ser suspensas, e por meio do
Approved
poder econômico, pois ele se torna um cliente valioso das emissoras comerciais usadas para
O rádio é o veículo ideal para atender as necessidades regionais, principalmente no que diz
nacional já não encontra tanto espaço, pelo contrário, as emissoras regionais têm proliferado e
atendem aos interesses e necessidades dos grupos de cada região. Em Angola, no entanto, a
nacional. Desde a independência a emissora era a expressão de uma nova nação. No entanto,
de nacional só tinha o nome, pois era uma rádio direcionada para Luanda, que abordava seus
achar que Luanda é Angola é secular, mas se agravou com a independência do país
a classe social, a faixa econômica e cultural das suas audiências se adequando a suas
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características (instrução, poder aquisitivo, interesses, etc) e buscando uma linguagem própria
para cada uma delas. As emissoras estão divididas entre aquelas que são essencialmente
musicais e aquelas que têm uma programação mais falada, jornalística. Geralmente as
modulada (AM). Ambas têm uma programação ágil, noticiosa (em maior ou menor grau) e de
interesses dos grupos no poder. Segundo Gisela Swetlana Ortriwano (1985), a exploração da
radiodifusão é explorada por empresas privadas e estatais, em alguns países estas são mais
privada ou estatal, seu papel social e seus objetivos mudam. Na rádio comercial o interesse é
É a partir das rendas com publicidade que a empresa se sustenta, adquire equipamentos,
46
desejar. A empresa comercial objetiva o lucro, mas também tem interesse político, que lhe
título provisório podendo ser cancelado. Por isso, o interesse político das empresas privadas
Na rádio estatal é diferente, já que ela não precisa diretamente de anúncios para sobreviver,
Approved
pois é mantida pelo estado. Logo o sistema de exploração (estatal ou comercial) e suas
programação que é veiculada. O sistema de exploração adotado por cada rádio define seu
papel social. O modelo comercial está diretamente ligado aos interesses econômicos dos seus
anunciantes. Esse tipo de rádio é concebido para vender produtos, o que não significa
sociedade e ainda há aquelas que estão voltadas para a transmissão de valores sociais.
delas difunde valores sociais, culturais e vende produtos. As empresas estatais, por serem
mantidas pelo estado, geralmente tem mais claramente definido seu papel institucional de
difusão de valores culturais e sociais. O que diferencia as rádios é a proporção entre o que é
transmitido.
versátil e poderoso. O rádio denota proximidade, fala com sua audiência como se estivesse se
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dirigindo a cada pessoa em particular, pelo nome. Ele pode ser transportado, ouvido em casa
ou durante o trajeto até o trabalho, por uma única pessoa ou por uma centena. Alcança até a
região mais distante e transmite o fato na hora que ele acontece, desperta a imaginação e é
sociedade moderna
e a notícia
distante do coloquial
seus locutores
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telefone
voga
10. Trabalha permanentemente com 10. Promove uma sensação de status para
solidariedade
12. Proximidade da cultura popular e de 12. Tende para a cultura de classe média e
Outra característica do rádio atual é a criação de redes nacionais formadas por emissoras
regionais que transmitem programação unificada. Esta tendência é motivada pela necessidade
em rede tende a ter boa qualidade e apesar de ter uma parte unificada e homogênea, as
características regionais são levadas em conta. Abordar os aspectos de cada região é uma
certa.
Baseando-se nos textos de Emílio Prado e Gisela Swetlana Ortriwano entre as características
49
Linguagem oral: esta característica dá ao rádio uma grande vantagem em relação aos outros
veículos, pois o ouvinte não precisa de nenhuma prerrogativa, como ser alfabetizado ou
dominar a tecnologia de um computador para ter acesso á informação, basta ouvir. A televisão
também tem esta vantagem, mas usa a escrita para apresentar gráficos, destacar os nomes dos
Alcance: abrange grandes áreas podendo alcançar o território de um grande país como o
Approved
regiões muito vastas, a potência do rádio esta diretamente ligada a sua regionalidade, é em um
Mobilidade: a tecnologia do transistor possibilitou que o rádio saísse das salas das
residências onde a família se reunia para ouvir as notícias e música e fosse para qualquer
lugar independentemente de tomadas e fios. O ouvinte pode, com aparelhos cada vez
menores, desfrutar o radio sozinho, durante o tempo que gasta para se deslocar de um lugar a
outro ou dividir esta experiência com uma multidão. A facilidade não é somente de quem
ouve rádio, mas também para aquele que transmite, que faz rádio. Devido a sua tecnologia
simples em relação a outros meios, o rádio está presente desde as grandes metrópoles até as
pode transmitir diretamente do local onde acaba de acontecer um fato importante e de maneira
rápida.
Baixo custo: o aparelho receptor pode ser adquirido por grande parcela da população devido
ao seu baixo custo de compra e manutenção. A produção dos programas radiofônicos também
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é mais barata e levando em conta o número de pessoas atingidas pelo rádio, este custo ainda
se torna menor.
Imediatismo: no mesmo instante que ocorre um acontecimento ele pode ser transmitido.
Instantaneidade: para o ouvinte ter acesso à mensagem ele precisa ouvi- la no mesmo
momento em que ela esta sendo transmitida. A pessoa precisa estar ouvindo o rádio naquele
Approved
instante, do contrário ela perde a transmissão e apesar de ser possível gravar a programação
radiofônica isto não é comum. Neste sentido os meios impressos ganham vantagem, pois
Sensorialidade: o rádio tem o poder de envolver o ouvinte de tal maneira que ele se torna
quase um amigo. Através da sonoplastia, da voz do locutor, do tipo de abordagem que este
tem com o ouvinte é possível criar laços de afetividade. A pessoa que ouve rádio cria
mentalmente o que está sendo transmitido, imagina cenas únicas, pois o radialista esta falando
O homem do meio rural entende, pensa e sente de maneira diversa daquele da cidade, suas
aspirações e necessidades são outras e devem ser bem compreendidas para que haja uma
tradicionais como o rádio, panfletos e jornais. Isso não significa que meios de comunicação
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modernos como a TV e a internet não possam ser usados, mas devem trabalhar em conjunto
impressas são raras, a internet é de difícil acesso e a televisão ainda não é um meio barato e
Approved
acessível às pessoas mais pobres (é quase compulsório a necessidade de obter canais pagos
importância deste tipo de serviço é maior. Em Angola as rádios desenvolvem atividades que
estradas. Segundo Bordenave (1985), os programas voltados para o meio rural devem difundir
não só informações ligadas às áreas ligadas ao agronegócio, como também são responsáveis
comunitário, elevando seu nível de vida. A população rural deve ser chamada a participar das
decisões sociais, a debater problemas como a destruição do meio ambiente, o êxodo para as
para isto.
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52
Para atender melhor a população rural deve-se entender sua percepção do mundo, seus
principais problemas e ansiedades. A rádio deve ter como objetivo nas zonas rurais: promover
Approved
dos acontecimentos das outras regiões e do país como um todo, incentivar a auto-reflexão e
espatecularização da política. Na sociedade atual, estar na mídia é ter visibilidade social, é ser
conhecido e reconhecido como agente social. O lugar da política, hoje, vai além dos seus
enfim a vida política, se torna pública e visível para a população, que depende cada vez mais
dos veículos de comunicação para definir o campo político. Hoje para fazer política é
fundamental estar na mídia. A esfera pública mudou. É no campo midiático que acontece os
e dentro da sociedade.
A mídia inaugura um novo espaço público de sociabilidade, pois modifica o estar no mundo
53
imagens pessoais e coletivas está subordinado a disputa de forças entre a própria mídia e os
representantes do campo político. A política para conseguir ser publicizada se ajusta à forma
midiática de difundir a informação. Por outro lado, a política se torna refém da mídia, pois
precisa dela para chegar até a população. É possível dizer que existe uma simbiose, uma
modificou o modo de fazer política e tudo pode ser relativizado e (des) qualificado quando há
Approved
cumplicidade e interesses entre mídias e políticos (PIMENTA, 1999, p. 71 e 80). Por perceber
adequação das práticas políticas á retórica da mídia não significa que a espetacularização da
comunicação podem colocar em contato com rapidez pessoas que estão em lugares muito
distantes. Os limites de tempo e espaço ficam menores, pois as tecnologias como a internet,
possibilitam uma vivência real onde as pessoas compartilham o espaço, apesar de virtual e se
modernidade os meios de comunicação atuavam dentro do espaço público, que era bem
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54
definido e respeitado. Na contemporaneidade passa cada vez mais a invadir o espaço da vida
pessoal dos atores sociais e políticos para apresentar à sociedade a suas intimidades. Cada vez
mais o privado se torna público como uma espécie de fetiche voyer que perpassa as esferas
sociais, inclusive a política. “Até a política sofre a invasão desenfreada do privado, via mídia,
55
angolana
3. Criar espaços onde o ouvinte pode interagir expondo seus pontos de vista,
e comentários de especialistas
9. Difundir as manifestações culturais dos grupos étnicos, inclusive das línguas nacionais
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governo quer perdê- lo. O governo angolano ainda detém grande poder na comunicação social
Approved
do país, já que a Rádio Nacional de Angola é um dos seus principais meios de comunicação.
Devido a atual conjuntura em que o país vive a quebra do monopólio da informação é cada
vez mais real, ou seja, empresas privadas têm participado cada vez mais da comunicação
angolana. Os investimentos da iniciativa privada neste setor são recentes (começou em 1992)
e devem ser ampliados. Pressões tanto internas quanto externas impelem Angola para um
Enquanto a maior parte do território nacional depende desta programação inapropriada que
não representa suas expectativas, modo de vida rural, problemas e debates. Somente a RNA
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57
através do canal N’gola Yetu transmite em línguas nacionais e com programação voltada para
a realidade rural, o que permite as populações do campo ter acesso à informação visto que o
As rádios provinciais, que pertencem ao grupo RNA, também transmitem de acordo com a
língua nacional mais falada na região. A informação transmitida pelo grupo Rádio Nacional
de Angola está de acordo com os interesses do governo, já que o grupo é estatal. Assim a
Approved
pluralidade dos pontos de vista fica afetada e a população rural acaba por não ter acesso a
rádios mais imparciais. A negação da permissão à Rádio Ecclésia de estender sua transmissão
RNA sua principal fonte de informação, mantendo o grande poder do estado. Esta
angolana. Informar da melhor maneira, através de programas que atinjam vários aspectos
5.4 Censura
comunicação, em 2007, foram menores e mais sutis do que na década de 1990, período em
58
Uma das piores heranças dos 27 anos de guerra é a censura que o próprio jornalista
internaliza. O profissional, mesmo não havendo censura explicita, por parte do governo ou da
empresa, está condicionado a adequar seu texto e temática a assuntos que “podem” ser
publicados.
Esta é uma prática que deteriora a qualidade do jornalismo, porque impede que fatos
relevantes para a população, críticas e denúncias não cheguem a ser publicados, não porque
foram censurados, mas porque nem foram escritos. A auto-censura é um desafio que muitos
internacional, pois o país começa a ter lugar de destaque mundial e já o tem em se tratando de
pois a guerra civil já não pode ser usada como fator limitador destas liberdades e direitos do
59
crescimento e oportunidades de lucro e devem prestar contas à suas sociedades, que cada vez
A importância de Angola advém, sobretudo, do seu poderio estratégico já que o país é dono
de grandes reservas de petróleo, diamante, minerais, água doce e tem se destacado como um
líder político regional junto com África do Sul e Nigéria. Em um mundo globalizado em que
estabilidade são importantes, por isso o país tem participado de fóruns e acordos
excessos ao mesmo tempo em que faz uma reflexão sobre a profissão, seus limites,
semanários, que muitas vezes optam por veicular notícias mais vendáveis, mesmo que as
informações não possam ser confirmadas. Algumas são baseadas em comentários de fontes
corrompidos.
Talvez pecado mesmo seja a falta de dinheiro do jornalista angolano, aquele que se
dedica só ao jornalismo geralmente é pobre, o que depois traz outras conseqüências
porque ele esta mais vulnerável a outras práticas. Existem aliciamentos sim, não vale
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60
a pena tapar o sol com a peneira. Acho que é esporádico, não quero dizer que seja
um aspecto já quase institucionalizado e normalmente o segredo fica a dois entre o
aliciador e o aliciado. (VIEIRA, 2007).
suprir e manter a rádio. Nós nos mantemos sempre sozinhos, mas com muita
dificuldade. Cumprimos todos os nossos compromissos, mas não temos dinheiro
para fazer investimentos. (FANÇONY, 2007).
e a sua não divulgação. O exercício do bom jornalismo não é fácil, pois muitas fontes,
principalmente as oficiais são de difícil acesso para os profissionais que trabalham nos
veículos de comunicação privados e até mesmo nos públicos. Não existe uma cultura de dar
Os jornalistas angolanos são desunidos. Não há um vínculo entre a classe, a união entre os
Acontece que a maior parte dos jornalistas trabalha para o estado que convive mal
com reivindicações e como não há muitos meios de comunicação o papel do
sindicato dos jornalistas fica diluído porque ninguém se arrisca a perder seu
emprego. Estamos em um regime multipartidário, mas o partido está no poder esta
desde 11 de novembro de 1975 até hoje é o mesmo e poucas mentalidades terão
mudado, alguma coisa mudou em relação a abertura política, mas as pressões
continuam a existir. (ARAUJO, 2007).
A lei de imprensa em vigência desde maio de 2006 acaba com o fim do monopólio estatal da
televisão. O caminho para a criação de novas emissoras de televisão está aberto, assim como o
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61
de novas rádios e produtos impressos. A lei tem suas limitações, mas em geral é considerada
positiva. A nova lei define como crimes algumas condutas dos jornalistas de maneira bastante
vaga e ampla, o que a torna vulnerável e passível de manipulação, pois pode ter múltiplas
organização Human Rights Watch d e 2006, “as regras básicas estabelecidas na Lei de
As rádios comunitárias também são tratadas segundo as novas leis. Infelizmente não há em
Angola rádios deste tipo, que podem tornar a comunicação mais participativa e desempenhar
um papel de extrema importância para a vida da população mais pobre, sobretudo durante o
período eleitoral.
62
A importância das rádios comunitárias é grande, pois atuam junto à comunidade. As pessoas
que fazem parte delas são geralmente da própria comunidade e sabem quais as suas principais
dificuldades, assim podem atuar de forma mais eficaz.
Seria um equívoco, penso eu, concluir que a rádio comunitária tem causado
mudanças sociais radicais e fazem uma significante diferença no processo de
desenvolvimento. A rádio c omunitária é parte de uma tendência geral para
compartilhar o poder do Estado com as pessoas e com a sociedade civil. Depois de
um dos episódios de discussão comunitária descritos acima, a comunidade pode
parecer ser a mesma, mas é evidente que passado um período de tempo as pessoas
“repensam” por si só e refazem as suas comunidades. O fator mais importante neste
processo é o fato de que a rádio comunitária “dá um empurrãozinho” e revitaliza a
comunicação comunitária: a mais forte e vital forma de comunicação na África.
Approved
servidas em relação à comunicação social. Com exceção de Cabinda, Benguela e Huíla, que
contam com os serviços das rádios privadas Cabinda Antena Comercial, Rádio Morena FM e
Nas províncias angolanas, onde grande parte da população vive no campo, o rádio tem sua
importância aumentada, já que o acesso a outros meios é ainda mais precário do que na
Radio Nacional de Angola, através dos seus cinco canais, que tem o monopólio sobre a
comunicação de catorze das dezoito províncias do país. As populações das províncias estão
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63
majoritariamente concentradas nas zonas rurais, o que exige uma estratégia de comunicação
É através da difusão em línguas nacionais que é possível chegar aos mais longínquos lugares
canal N’gola Yetu são produzidos na sua sede em Luanda e nas sedes provinciais. Todos os
Approved
cinco canais da Radio Nacional de Angola tem características próprias e atendem diferentes
parcelas da audiência, a programação do N’gola Yetu visa a atingir não só a capital e as zonas
sua grande importância para o país. Ele ainda é encarado como “um time da segunda divisão”
e seus profissionais não tem o reconhecimento que merecem. A programação merecia ser
A rádio em Angola tem importância e audiência tão grandes, entre outras razões, pela falta de
opção da população. O país tem um custo de vida dos mais altos do mundo e 70% (Relatório
extrema pobreza, o que impossibilita o acesso aos meios de comunicação mais caros e que
com a concorrência de jornais, revistas, TV e internet. Isso não significa que o rádio deixará
de ser importante, mas passará obrigatoriamente por uma reformulação, talvez com perda de
64
Sobre a linha da programação (da TPA), até podemos detectar alguns esforços para
voltamos o olhar para os programas jornalísticos, sua linha editorial é claramente ditada pelo
governo, ou melhor, pelo partido que está no governo – o MPLA. (BEMBOM, 2006, p.67).
Approved
elas contribuem para a promoção da cidadania, divulgação dos direitos civis e humanos. No
cidadão. Presta serviços de utilidade pública e tem forte presença na formação da opinião
pública.
Nós temos uma variedade de programas que ajudam a população, estou a falar dos
programas de educação cívica, de direitos humanos, eleitoral, direitos do cidadão,
assuntos de caráter social e religioso são debatidos. Falamos sobre divórcios,
alcoolismo e no fim há sempre uma mensagem de como a pessoa pode fugir a isto.
De 2002 a 2005 foi uma época extremamente sensível para os angolanos por causa
do fim da guerra, houve necessidade de muita gente ser repatriada ou reinserida na
sociedade, os ex-militares, os deslocados de guerra, os refugiados que estavam nos
paises vizinhos. Tínhamos um programa que se chamada Roteiro da Paz, que
ajudava as pessoas a pacificação, a mensagem da igreja e acho que de alguma
maneira contribuímos para que as pessoas vissem no ex-militar que esteve em um
dos lados não como um inimigo, mas como alguém que possa contribuir para o
desenvolvimento do ao país, ouvíamos os políticos, os próprios militares,
deslocados, alertávamos as ONG’s para onde havia necessidade de comida, era
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65
muito acompanhado por estas instituições. Foi um dos maiores contributos nesta
fase pós-guerra que a rádio Ecclésia tinha. (VIEIRA, 2007).
5.11 Entrevistados
As hipóteses levantadas no início deste estudo puderam ser confirmadas pelos entrevistados,
jornalistas dos veículos estudados e profissionais que atuam em outras áreas da comunicação
Approved
social. De acordo com a maioria das respostas é possível tirar algumas considerações finais
sobre o jornalismo angolano e o papel das rádios na sociedade, principalmente depois do fim
da guerra civil.
Os entrevistados foram: Pe. Maurício Kamuto (diretor geral da Rádio Ecclésia), Manuel
(jornalista da Rádio Ecclésia), Luisa Fançony (diretora geral e apresentadora da rádio Luanda
Antena Comercial), Paulo Araújo (jornalista e locutor da rádio Luanda Antena Comercial),
Sitânio Bumba (jornalista esportivo do canal Rádio 5, RNA), Ingrácia Pombo (editora da
língua nacional Kimbundo do canal N’gola Yetu, RNA), Heitor de Jesus Lourenço (locutor
do programa Rádio Piô, do Canal A, RNA), Luisa Rogério (secretária geral do Centro de
Formação de Jornalistas (Cefojor) e jornalista do Jornal de Angola), João Melo (diretor geral
Ismael Mateus (diretor geral da empresa de comunicação Lito Mídia, escritor e professor
Produções), Felisberto Filipe (jornalista da revista Figuras & Negócios) e Mário Vaz
66
que tipo de temática é abordada. Em todas as rádios é possível identificar programas de cunho
Approved
Canal A (RNA)
* Hora certa: produzido pelas forças armadas com o objetivo de consolidar a unidade nacional
social de ex-militares.
* Mel que mata: espaço de educação sobre AIDS, informações sobre a doença em Angola e
* Kiandando: programa sobre Luanda, aborda temas sociais, econômicos e culturais da capital
67
* População, desenvolvimento e vida familiar: tem a parceria do fundo das Nações Unidas
Rádio Ecclésia
Approved
* África sete dias: apresenta o resumo dos acontecimentos do continente africano durante a
semana.
A importância das entrevistas feitas em Angola foi essencial para a realização deste estudo.
Sem elas não seria possível, somente com a pesquisa bibliográfica, chegar às considerações
finais da pesquisa. Aqui são apresentados alguns trechos das entrevistas feitas em Luanda,
fundamentais para melhor entender a situação da comunicação e a o momento pelo qual país
vive.
* Luisa Fançony
68
Eu penso que, para a população angolana, a rádio tem uma grande utilidade por causa do
analfabetismo e dadas as distâncias. Portanto penso que a rádio ainda continue a ser o meio
por excelência para a informação, para transmissão de alguns conhecimentos. Embora seja
muito cética em relação a que a rádio ou a comunicação social, façam milagres e consigam
educar a população como as vezes os políticos pensam. A comunicação social parece resolver
2. Qual a contribuição maior que o rádio tem dado à população, além da informação?
No espaço educativo quando a mensagem é boa, cria uma mudança de mentalidade nas
conflito, fora de nossa casa, cheios de problemas e era um radiozinho que trazia muitas
informações, dicas de comportamento, dicas de como atuar, muitas vezes das lojas onde
comprar.
Eu penso que a Rádio Nacional continuará a prestar estes serviços as populações mais
carentes, mas afastadas dos centros urbanos. Não as rádios privadas como a LAC, que não
tem este objetivo. A LAC pretende dar opiniões e fazer jornalismo de investigação, procurar
que as pessoas pensem com sua própria cabeça. Nós fazemos nossos programas muito à base
4. Quais são as maiores dificuldades que vocês enfrentam como rádio privada?
São muitas. Temos 15 anos e a publicidade não chegava a suprir ou manter a rádio. Nós nos
mantemos sempre sozinhos, mas com muita dificuldade. Só agora estamos respirando um
bocadinho porque abrimos espaços para as igrejas. Pagávamos todos os salários no fim do
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mês, tudo direitinho, mas não tínhamos dinheiro para fazer investimentos e agora respiramos
Além da pressão econômica, de falta de investimentos a LAC tem este problema da falta de
infra-estruturas. Além disso, quando nós trabalhamos tantos anos com um partido único o
abordam certos assuntos. Além disso, há uma proximidade muito grande entre os dirigentes
Às vezes vemos as críticas que fazem ao Lula e vemos que realmente estamos muito longe
disto. É um aprendizado da democracia, da crítica que é lento. Uma coisa positiva antes era
que havia certo controle, não havia tanta delinqüência porque era muito mais controlado,
Penso que será as encomendas. Não tenho provas, mas o que circula entre os próprios
jornalista fica posta em causa. Para, além disto, o nosso principal problema é a falta de
comunicação?
da independência teve professores que não dominavam bem a língua portuguesa e esta é uma
das lacunas na educação. Além de certa vocação é preciso ter experiência para dominar as
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questões com mais calma, mais seriedade. Mas os novos jornalistas são bons, tem boas idéias,
* Ismael Mateus
Está muito má por varias razões: primeiro lugar porque durante muito tempo não houve uma
referência em termos de qualificações, o país nunca teve critérios mais específicos para ser
Approved
jornalista, nem temos uma carteira profissional. Os jornalistas eram encontrados de modo
administrativo, não todos eles. Em Luanda havia critérios, os jornalistas entravam depois de
freqüentar as escolas das rádios, mas em outros sítios do país se o individuo escrevia bem,
tinha jeito pra escrita então ele podia ser jornalista. Este foi um grande problema que vivemos
Em segundo lugar essa contingência fez com que nunca fosse possível ter espírito de classe
porque as pessoas que não tem rigorosamente nada a ver. Não tinham um código deontológico
se entender. São jornalistas tudo bem mais eles não conseguem falar a mesma linguagem não
Em terceiro lugar um outro problema que houve aqui é que o país só agora começou a ter
limitadas. Talvez possamos incluir um quarto que é o fato do jornalismo não ser uma
profissão acessível no ponto de vista financeiro mais em relação a isto tenho algumas dúvidas
71
2. Quais são as perspectivas para as gerações de jornalistas que estão acabando de se formar?
Eu tenho expectativa que é a velha geração, a minha geração saia. É uma geração muito
marcada pela falta de conhecimento, inclusive o técnico e que infelizmente tem poder. São os
donos dos jornais, chefes de redação e, portanto fazem escola. Se um diretor escreve uma
peça misturando opinião e fatos é evidente que o jovem, mesmo aquele que sai da faculdade,
vai ter tendência a fazer o mesmo. Minha esperança é que a geração de Ismael Mateus e
companhia saia da área e deixe espaço para os jornalistas jovens. Espero que esta mudança se
Approved
faça com novos títulos, novas propostas feitas por gente nova e arrojada que vão tomar conta
destes novos projetos. Quando a minha geração puder sair de cena então vamos dar espaço ao
jovens que vêem da faculdade e que vem já com outros tipos de valores, que já saibam regras,
4. Em Angola o radio é muito forte e tem muito prestigio. Ele pode ser tido como o grande
comunicador do país?
Ainda é, durante os próximos três, cinco anos ainda vai ser, mas vai perder seu lugar para
televisão e depois para internet. Enquanto a TV cabo não avança, enquanto a televisão não é
uma alternativa, a rádio vai continuar com sua audiência. Isso em relação à rádio é em
português porque em relação a radio em línguas nacionais não vai mudar tão cedo.
5. Você acha que a comunicação em língua nacional tem o espaço que merece ou não ainda é
muito pouco?
Ainda é muito pouco, existe como um campeonato da segunda divisão. Isto é um absurdo e é
6. Qual a importância do rádio? O que ele tem feito pra melhorar a vida da população?
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72
O rádio angolano, no meu ponto de vista, assumiu uma característica que não é muito comum
nos outros rádios. Vamos chamar de dimensão sócio humanitária e cultural. A rádio angolana
formativa, assumiu que é um papel dinamizador. Há um papel interventivo que a rádio foi
ganhando e que extravasa sua dimensão informativa, temos aqui papeis de intervenção social
que a radio não deveria fazer, mas faz como parte da sua missão. É muito difícil aparecer hoje
uma rádio se não agregar estes valores, Isso é um mérito da Rádio Nacional e da LAC, acho
Approved
* Heitor Lourenço
Bem, é um programa educativo, procuramos trazer questões como civismo, valores sociais
que estamos a perder devido a situação que o nosso país viveu durante muito tempo. Falamos
da nossa realidade, da historia de Angola, de alguns aspectos que nos identificam como
angolanos tal como os hábitos e costumes de diferentes povos. Procuramos também trazer
aspectos ligados a outros países para que as crianças tenham a noção do que acontece fora da
sua realidade. Estes são os papeis do nosso programa, dar voz a criança, dar oportunidade
delas serem ouvidas e expressar aquilo que sentem. Principalmente porque é esta camada da
sociedade que mais sofre com as guerras e os conflitos e com tudo o que acontece em Angola.
Agora com as tecnologias, as parabólicas, aos poucos vão tirando um bocadinho o impacto
que os programas infantis têm. As crianças tem mais queda para as imagens, para as cores
algumas vezes tem preguiça de tentar recriar e a radio dá essa oportunidade. A criança
encontra tudo feito na televisão, no jogos e algumas vezes ela não cria o hábito de ouvir radio,
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73
mas as poucas vezes que nós fazemos inquéritos sobre o nosso programa a aceitação é boa.
Principalmente naquelas áreas que não tem essas novas tecnologias, as TV’s por satélite.
Nesse momento a importância da rádio se deve porque ela diz ao cidadão que cada um é
responsável pela construção do nosso país. Os governantes devem fazer a sua parte, mas nós
Approved
temos a nossa parte a cumprir, então a radio faz chegar essa mensagem principalmente nessa
fase de reconstrução nacional que nos encontramos, em que precisamos da ajuda de todos. A
radio serve de ajuda para as pessoas principalmente para solucionar os problemas na área da
Principalmente nesta fase a importância da rádio é mesmo aquilo que toca a educação, fazer
chegar as pessoas uma mensagem de resgate dos valores sociais, de valorização dos hábitos e
uma realidade muito difícil devido a questão da guerra, o mono partidarismo, em que havia
muita censura. Neste momento ainda existe alguma censura, principalmente nos órgãos
públicos. Há coisas que são de interesse das pessoas, mas é algo que não se divulga, as
pessoas ficam um bocadinho apreensivas contra essa situação. É algo que tende a mudar de
acordo com a evolução da nossa sociedade porque o nosso objetivo é a democracia e num país
democrático não deve haver esse tipo de coisas. Há pessoas que se apegam ao fato de haver
muita censura principalmente nos jornais e rádios estatais e de acharem que aquilo que passa é
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74
só a favor do estado nunca contra o estado. Algumas pessoas dizem que a radio não esta a
* Luisa Rogério
rápido, mas acessível ao público e mais fácil. Ondas médias e curtas chegam a qualquer ponto
de Angola com um custo baratíssimo. No cantinho mais distantes de Angola sem água ou a
principalmente nesta fase pós guerra e num país como o nosso que tem uma população
analfabeta que está na ordem de 70%. Não precisa ser alfabetizado para ter informação nem
dominar o português porque a informação é transmitida através de sua língua, que é um dos
Acho que não muda não, nesta primeira fase acredito que não, pode ser que depois isso mude.
Justamente pelo fator econômico e porque aqui em Angola tem a tradição do rádio. Não
acredito que o fim do monopólio da televisão vá por fim a importância da rádio, até porque é
um meio extremamente caro e aqui ainda temos o problema da energia elétrica que cai muito
75
A nova lei de imprensa é melhor do que a outra, acho que melhor equilibra os direitos e
São muitas. Tendo em conta o contexto da guerra, as liberdades são as principais vítimas,
bem esquematizada não existe, mas o fantasma da autocensura é muito pior porque é
Outro é a questão do acesso a informação que continua a ser dificultado sobretudo por
informações desejadas e ainda dificultam. A questão ética se também é falha, mas também
isto é decorrente da formação débil. Já não posso falar tanto em baixos salários, aqui na
redação do jornal de Angola o salário é de mais ou menos 2 mil dólares. Mas muitos
jornalistas não vivem exclusivamente do trabalho em uma única empresa, existem muitos que
trabalham aqui e em outros lugares e que fazem assessoria de imprensa, o que pode provocar
conflito de interesses.
população tende a confiar mais na imprensa privada. Os meios do estado geralmente mostram
somente uma visão parcial dos fatos. É necessário que haja mais meios de comunicação
76
* Sergio Guerra
A radio é o maior instrumento de comunicação do povo angolano. Ela tem uma função
essencial, a base da comunicação é feita pela radio. As rádios oficiais ainda tem uma
linguagem muito oficial, as vezes é muito repetitiva, mas prestam um serviço fundamental
desde o reencontro de familiares a questões de saúde, sobre AIDS. Às vezes é preciso pensar
de uma forma muito didática, a informação tem que ser objetiva, passo a passo acho que isso
Approved
Ajudam sim, no regime eleitoral a rádio teve papel fundamental, no dia a dia elas realmente
dão apoio à população. Mesmo as estatais, que tem uma orientação governista, discutem-se os
problemas da população. Na radio Luanda, por exemplo, são discutidos muitos problemas da
cidade, os achados e perdidos são muito populares, fazem denuncias. É uma coisa muito
O jornalismo hoje é menos estatal, é menos oficial mesmo as rádios estatais são menos
oficiais. Eu acho que tem avançado, antes era só a mensagem oficial a visão era muito mais
rígida muito diferente do que é hoje. Agora é possível discutir os problemas da comunidade
coisas que há dez anos atrás você não discutia. A LAC tem uma abertura um pouco maior e a
Ecclésia é totalmente independente. Ela teve um papel fundamental neste processo de abertura
porque começou, a alguns anos atrás, a fazer debates aos sábados e falava sobre tudo. As
outras rádios sentiram que tinham que abrir mesmo e passaram, inclusive a própria Radio
Nacional, a ter debates sobre assuntos mais variados possíveis. A RNA passou a ouvir os
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É a falta de formação, ela é muito visível. Ás vezes é feito um jornalismo primário e isso
acaba sendo um padrão, tem pessoas muito boas, mas em geral é muito ruim. Na rádio é
possível identificar melhores quadros, mas o jornalismo impresso e na televisão tem muita
Approved
dificuldade.
* Manuel Vieira
procuram outras áreas que dão mais dinheiro que se sintam realizadas materialmente, que tem
pouco trabalho e mais rendimentos. Isso vai acontecendo com muitos dos nossos colegas que
migram para os órgãos do estado que tem mais dinheiro. Outro aspecto é o material, algumas
redações trabalham de maneira arcaica sem recurso às novas tecnologias, ao computador, aos
jornalismo angolano que muitos profissionais têm resistência à mudança, para adaptar-se com
Os cursos de comunicação social e jornalismo são muito recentes em Angola, durante muitos
anos trabalhou-se apenas com profissionais que tinham apenas o ensino médio e que
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78
agüentaram as redações até 2002, quando abriram os primeiros cursos superiores privados.
Muitos profissionais nem passaram pelo instituto médio e foram aprendendo pela prática,
através da experiência dos jornalistas mais velhos, estagiavam nas próprias redações. Muitos
colegas se formam em outras áreas e se dedicam ao jornalismo como atividade principal, são
Aqui há uma rádio privada que pertence a um partido político e outra que tem acionistas do
partido majoritário. Nós somos uma empresa privada onde nosso sócio majoritário é bem
conhecido, aliás, único, que é a Igreja Católica, então nós estamos em outra barricada e temos
de fato dificuldade em ascender às fontes oficiais. Alguns dos assessores ao invés de ajudar
atrapalham, é muito difícil trabalhar assim, então vamos fundamentalmente trabalhando com a
sociedade civil, com as igrejas e com Ong’s nacionais e internacionais que nos prestam algum
serviço.
Para além da pressão econômica, trabalhamos com pouco dinheiro e também recebemos
pouco dinheiro. A pressão política é muito forte, eles nos julgam como uma rádio da
oposição, quando a Rádio Ecclésia não se assume como sendo da oposição. A sociedade
precisa de uma radio como esta porque ainda tem papel de escape social. As pessoas podem
falar e opinar, nós prestamos verdadeiramente um serviço público. As denuncias dos cidadãos
contra governantes, casos de corrupção, casos de falta de ética dos governantes, escândalos de
corrupção que vem do exterior só entram na rádio por nós. Não só no campo político, mas
também no campo social. Nós só temos um defeito, não fazemos jornalismo investigativo,
79
Não diria pecados, diria limitações. Como a falta de formação, a fuga constante de jornalistas
para outras áreas de atividade como assessoria de imprensa ou em um outro ramo qualquer
que dê mais dinheiro. Talvez pecado mesmo seja a falta de dinheiro do jornalista angolano,
aquele que se dedica só ao jornalismo geralmente é pobre, o que traz conseqüências porque
Prestando serviço público, nós temos uma variedade de programas que ajudam a população.
Estou a falar dos programas de educação cívica, de direitos humanos, eleitoral, direitos do
cidadão, assuntos de caráter social e religioso são debatidos. De 2002 a 2005 foi uma época
extremamente sensível para os angolanos por causa do fim da guerra, houve necessidade de
guerra, os refugiados que estavam nos paises vizinhos. Tínhamos um programa que se
chamava Roteiro da Paz, que ajudava as pessoas a pacificação, a mensagem da igreja e acho
que de alguma maneira contribuímos para que as pessoas vissem no ex-militar que esteve em
um dos lados não como um inimigo, mas como alguém que possa contribuir para o
alertávamos as ONG’s para onde havia necessidade de comida. Foi um dos maiores
80
* Paulo Araújo
1. De que maneira as rádios tem ajudado a população em Angola depois da guerra civil?
Na altura da sua independência 99% da população era analfabeta por isso a importância da
radio. A informação antes da independência era muito controlada e depois de 1975 quando se
das ondas médias e curtas chega a todo o país e as pessoas adquiriram em Angola o habito de
Approved
ouvir radio, a radio é uma coisa espontânea, dinâmica e aquilo que a radio transmite tem
credibilidade. As pessoas usam as rádios, desde a independência até aqui, para todos os tipos
essencialmente da radio para se comunicar. Com as rádios privadas as pessoas têm acesso a
pontos de vista diferentes daqueles da radio do estado, que só passa coisas do estado, só tem
uma visão dos fatos. Ela faz um bom serviço de utilidade pública, mas não cumpre seu papel
jornalístico como ele deve ser cumprido. A LAC é uma radio estilizada, seu público alvo é a
também.
Pelos comentários que nós produzimos, os nossos especialistas são de fato especialistas. Nós
na LAC temos um cuidado especial na forma de falar, com a música que tocamos.
81
A radio, mesmo a radio oficial, diz às pessoas para fazer as coisas certas, diz o que esta mal.
A radio é de grande ajuda, primeiro denunciando, segundo pela sua importância e grande
Os jornalistas são muito mal pagos, o que pode de alguma forma levar a não cumprir seu
Todas as rádios privadas. Com exceção das do estado, todas vivem com enormes dificuldades
para manutenção e melhoria dos seus equipamentos e para pagarem os salários. As rádios em
12. Não há assédio por parte de pessoas ou empresas para com os jornalistas de radio?
Alguns dos nossos colegas jornalistas prestam serviços de assessoria de imprensa para
algumas instituições e empresas. Se isso é comparar os jornalistas, então sim, eles são
* Antônio Meireles
Como eu disse ocorreram mudanças muito grandes. Houve uma evolução, principalmente
porque o país estava em guerra então tudo estava meio parado, inclusive a circulação das
pessoas e dos meios de comunicação. Era tudo meio limitado, todas as instituições estavam
82
influencia a própria liberdade de imprensa, apesar do alcance da mídia privada ainda ser
bastante curto. Quem cobre o país todo é a imprensa estatal e mesmo ela tem muitas
radio é de fato a mídia que alcança o país inteiro, que tem maior audiência, maior recepção,
maior popularidade, é o veiculo mais bem tratado, mais bem realizado em Angola. É o que
exerce o jornalismo tecnicamente superior, com mais qualidade talvez até pela própria
facilidade técnica que o radio oferece em relação a televisão. O radio é aquele que conseguiu
Approved
formar mais pessoas, tem melhor capacidade técnica e profissional. Tanto a televisão quanto o
jornal tem limitações muito mais graves desde o alcance até a própria capacidade de
realização.
Os semanários são muito mal realizados, eles se pautam por uma vertente muito
sensacionalista. Passam uma idéia de contestação, de oposição, de ser a única voz que se volta
contra o regime, contra a cumplicidade da imprensa oficial com o governo. Só que na verdade
eles são extremamente sensacionalistas e tem uma abordagem muito irresponsável, são
capazes de colocar uma grande denuncia ouvindo só uma fonte que nem é revelada. Eles
acabam sendo um instrumento político dos próprios elementos que estão no governo. O
governo tem grupos e disputas internas, estes jornais acabam emprestando seu espaço para
campanhas de difamação, denuncias que são orientadas e até pagas por determinados grupos.
Isso não significa que eles não façam matérias de interesse público, eventualmente eles
aprofundam matérias que a imprensa estatal não aborda. Quando eu falo dos semanários, eles
não são todos iguais, tem suas nuances, uns tem matérias serias, com boas colunas.
A estrutura da TV é muito cara e muito onerosa não é qualquer pessoa ou empresa que
83
investimento nesta área é aberta, mas quem pode investir são muito poucos.
Acho que o veículo que consegue atrair a população, despertar interesse efetivo é o rádio. A
população já tem a perspectiva que a Rádio Nacional de Angola está prestando um serviço à
sociedade. Principalmente através da Rádio Luanda, que tem um jornalismo mais popular,
Approved
prestação de serviços, tem um nível de intervenção mais crítica, já contesta, pergunta e é mais
imparcial. A rádio Ecclésia é ligada a igreja católica e tem uma posição mesmo de oposição
clara, mas tecnicamente também tem muitas limitações e só transmite para Luanda. Ela se
destaca na opinião publica porque trata de assuntos polêmicos ou que não são do interesse do
A LAC mantém uma postura intermediaria, ela tenta passar uma imagem de independência,
mas por vários motivos é ligada também a apropria estrutura do governo Ela tem uma postura
mais neutra do que a Ecclésia, mas ainda assim mais aberta do que a Rádio Nacional. Conta
com um repertorio mais variado de colaboradores e não é tão alinhada politicamente, mas não
Em se tratando de TV, as opções são muito poucas. Em relação ao jornal você tem a
dificuldade do público leitor que é muito pequeno. Os jornais privados vivem basicamente de
publicidade e matéria paga, não é da sua venda, a tiragem é muito pequena. As poucas
pesquisas de opinião a que tive acesso deixam evidente que o veiculo de maior credibilidade é
o rádio, mesmo a Radio Nacional de Angola tem muito mais credibilidade do que a televisão
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e o Jornal. O Jornal de Angola é aquele que tem menos apelo e menos aceitação, até pelo fato
de ser uma mídia impressa e despertar pouco interesse. Houve muita evolução, mas ainda há
muita limitação técnica. Os textos ainda são muito carregados, pesados, tem muito oficialismo
e formalismo. As matérias são muito pautadas pela opinião e pelo estilo de quem escreve, são
* Mário Vaz
Approved
Vou te responder muito seriamente, porque me pagavam mais. Eu não gosto da televisão mais
mentalidade do angolano. Dar a conhecer coisas positivas, educar e nós estamos a lutar por
esta perspectiva não meramente o aspecto político. Eu acredito que está chegando uma nova
era para a televisão, estamos percebendo que assistir televisão durante a manhã esta se
tornando um habito, coisa que não havia até pouco tempo. Estão sendo planejadas estratégias
expansão da televisão é uma coisa pra já, outras emissoras devem vir pra cá logo.
é muito mais rápida e menos dispendioso. Ela vai continuar a ter seu papel, a televisão vai
85
Para mim foi a nível da expansão da música angolana, porque o país nunca consumiu tanta
música angolana como hoje. O maior dos ganhos e a maior conquista que a RNA teve foi de
* Víctor Aleixo
A televisão rouba muita audiência, mas isso depende da estratégia que se vai adotar pela
própria televisão no sentido de melhorar os conteúdos. Se isso acontecer ela pode se agigantar
e pode também se tornar um órgão de referência. Enquanto o país não se normalizar de forma
Em um país que quer reconstruir as sua bases há muitas coisas que não podem ser ignoradas.
A rádio tem sido um verdadeiro órgão de divulgação de mensagens de educação cívica e faz
jus aquele ditado “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Suas mensagens são
É uma população com muita ânsia de informação. Por causa desta sede de informação a
população cobra dos veículos que eles melhorem sua qualidade. Do ponto de vista político são
pressões naturais, normais de um estado que se liberta das grilhetas de uma só voz e passa a
86
* José de Belém
As maiores dificuldades são quando nós vamos a procura de informação. É um bocado difícil,
nós não temos a cultura de divulgar as coisas. As pessoas fazem de tudo para que alguns
Creio que isto é fruto do comunismo selvagem que tivemos aqui em Angola. Esta é a
principal dificuldade que encontramos para fazer rádio, sobretudo por um órgão de
Approved
comunicação social como a Ecclésia, que aborda os fatos de forma ampla e isenta.
É essencialmente disto que nós falamos aqui. Questões sociais de forma mais alargada:
saneamento básico, dificuldades de transporte e nós procuramos levar isto à tona para que as
autoridades se informem e compreendam. Eu acho que estes problemas poderiam ser melhor
resolvidos se o nosso país tivesse uma política de rádio mais facilitada, hoje em dia, para abrir
uma rádio em Angola é muito difícil. Nós estamos muito atrasados nesta matéria, precisamos
conhecimento do meio em que vivem, das dificuldades que os rodeiam. Temos índices de
analfabetismo muito altos e tem pessoas adultas que tem vergonha de aderir a cursos de
alfabetização porque não tem informação adequada, não são persuadidas da maneira mais
dificuldades nas províncias são piores do que em Luanda, porque eles só ouvem a Rádio
Nacional e há províncias em que o rádio não chega. Então eles não têm informação nenhuma.
87
Eu julgo que sim. As rádio tem feito trabalhos, sobretudo junto às comunidades, para
informar com verdade, alertar a população e dotá- las do conhecimento que elas devem ter
sobre aquilo que constituem os seus direitos e obrigações. Acho que o papel das rádios tem
sido fundamental neste aspecto. A Rádio Nacional tende a proteger muito o governo e a
ocultar algumas informações, mas independentemente destas situações ela tem feito o seu
papel.
Approved
Quer queiram quer não as rádios vão continuar a progredir e há perspectivas boas. As pessoas
que estão a frente das organizações de jornalistas no país tem lutado, com as poucas forças
que tem, mas tem lutado. Eu acredito que as rádios vão continuar a expandisse, a criação de
rádios comunitárias vai ser um fato e aí, quem sabe, o povo estará melhor informado, menos
É um grande problema. Nós temos esta carência de quadros. Há muita vontade da parte dos
jornalistas, mas nós precisamos também que nos facilitem a vida, precisamos de muita
* Adilson Bacelar
Eu vejo, eu vivo em Luanda há nove anos, tenho filhos aqui então posso falar com certa
propriedade. Por causada da guerra o angolano se tornou muito independente, ele não esta
preocupado com o vizinho, com as outras pessoas. O angolano não tem senso de comunidade
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por causa do período de guerra. O angolano já sabe que precisa mudar, mas é um processo
lento.
Eu gosto mais da rádio Luanda, apesar de não falar todas as verdades na rádio. O país ainda
está em um período de mudança, acho que as coisas têm que ser colocadas aos poucos.
Querendo ou não a mudança vai chegar. Acho que a música que toca aqui nas rádios de
Approved
Luanda é que está despertando o povo, a música esta direta ou indiretamente falando das
coisas que não estão bem e se pode tirar muitas coisas boas das letras. Eu acredito na música,
A radio tem muitos programas que falam sobre higiene, se for dirigir não beber. Mas ainda
interdição de ruas e não comunicar isto é uma falta de respeito que utiliza estes serviços. Mas
Eu confio mais nas rádios privadas. Os meios de comunicação, tanto o jornal quanto as rádios,
eles não tocam em assuntos que é de interesse de todos, se é algo muito critico eles preferem
não mostrar. Eu gosto de escutar a rádio Ecclésia e a LAC, mas não confio cem por cento. As
Ajudam as pessoas a abrir as mentes, a refletir, a confrontar-se. Uma sociedade que não tem
89
Democratizando as rádios e expandindo os sinais das rádios para o país inteiro. As rádios não
chegam a todas as províncias. Isso limita a importância do rádio, pois o número de pessoas
que teriam acesso à informação no país todo é reduzido. As pessoas de Luanda são muito
forem resolvidos a sociedade não cresce. As rádios poderiam abordar mais os problemas da
várias universidades, acumulam turmas e às vezes não dão atenção a todas. O saneamento
5. Você é do interior do país, como foi para você viver durante o conflito?
Sou natural da província do Bié e vim para Luanda em 1994 durante um período de paz
(Acordo de Lusaka). Passei lá todo o conflito e foi trágico mesmo. Eu estava em Luanda
visitando irmãos que moravam aqui, mas voltei para o Bié achando que a situação estava boa.
O povo não desconfiava que o país fosse entrar novamente em guerra, mas os políticos
sabiam. A guerra recomeçou em Luanda e se alastrou para o interior. A minha província foi
Bié, houve massacres e muitas barbaridades. No Bié foi o contrário, as tropas do governo
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90
ganharam, mas a UNITA tinha facilidade em movimentar as suas tropas por que o Huambo
estava ocupado. A cidade onde eu estava foi muita torturada por isso e porque resistiu até o
fim. As tropas do governo estavam reduzidas, mas conseguiram manter o controle. Durante
dois anos, de 1992 a 1994, foi um sofrimento terrível. Enquanto eles estavam nas matas eles
começaram a se organizar. Para passar de uma cidade a outra é preciso passar pela mata e a
coisas saíram do controle. Todas as lavras, a produção dos campos tinham acabado e os
aviões já não aterrissavam para trazer alimentos, a comida não chegava. Era muito difícil, as
pessoas começaram a morrer de fome, a apanhar doenças por falta de sal e proteínas, a s
pessoas começaram a morrer aos poucos. A cada dia que passava os rebeldes se aproximavam
cada vez mais da cidade. Era uma situação difícil porque as pessoas não podiam sair, não
tinham livre circulação, muitas pessoas morreram quando saiam a procura de água ou de
comida. Eles consideravam que todos que estavam na cidade eram inimigos. Há quem perdeu
a família completa. O meu pai mesmo perdeu quase toda a família. Atualmente ele é o único
“mais velho” da família. A situação era muito difícil principalmente para as crianças, muitas
morreram de anemia, as pessoas começaram a comer cães, gatos, raízes de bananeira, folhas.
A guerra foi duríssima. Havia situações que as pessoas para conseguir alguma coisa para
comer tinham que andar quilômetros e tinham que sair da cidade, se arriscar de noite para ir
às zonas que ainda havia alguma reserva de cultivo. Faziam quase uma semana de caminhada,
mas as pessoas iam porque a família já se encontravam totalmente debilitada, sem ter como
estado grave. Inclusive já presenciei, não é uma coisa que ouvi dizer, eu mesmo vivi, já fui
testemunha de um tio meu que faleceu de fome. Nem imagina o quanto isso me doeu. Este tio
já estava umas semanas sem meter nada no estômago, porque sem comer todo mundo já
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forma a por algo no estômago para ver se o organismo resiste um bocado.Todo mundo estava
Havia o fornecimento de comida via pára-quedas, mas que não era suficiente, às vezes iam
parar nas áreas onde a UNITA já havia ocupado. E era mais pra manter as necessidades das
tropas, forneciam alimentação e material bélico, tudo feito por pára-quedas. Chegou uma fase
que as tropas estavam cada vez mais reduzidas, então todos os homens e mulheres tinham que
Approved
lutar para se defender, não importa se você tivesse quatorze ou quinze anos. Eu na altura tinha
12 anos e não precisei ir, mas na retaguarda a gente era tipo soldado, não tinha escolha. Tem
que andar a procura do que comer por que senão você morre, têm que ficar atento a várias
situações, tem que saber estratégia militar caso se deparasse com uma bomba, foi uma vida de
soldado praticamente.
A gente saía de uma zona onde a UNITA estava se aproximando e ia para outra. Eu morava
na periferia, mas a gente se refugiava na cidade porque lá também havia abrigos subterrâneos.
Tinha um cunhado que havia cavado um bunker na casa dele. Se uma bomba batesse as
pessoas não eram atingidas, inclusive já passei algum tempo dentro deste bunker. Quando a
guerra começou as pessoas tinham que cavar buracos de 4 por 3m e por cima punham grandes
troncos de árvore. Quando começava a hora dos bombardeios era um problema. Bombas
mesmo, você nem imagina. Tinha um período de manhã cedo que as pessoas chamavam de
mata-bicho (café da manha), começava lá pelas seis e ia até as nove, tinha o período das 12
até as 14h, dava uma pausazinha e começava das 18h até a madrugada. A cidade ficou quase
toda destruída.
No momento de guerra já ninguém tinha uma residência própria, todo mundo era nômade,
todo mundo era igual, não importa se foi chefe ou empregado. O objetivo era o mesmo,
92
pessoas. Eu já vivi uma situação desta por duas vezes. Só ouvimos um disparo de pistola, este
era um sinal que o inimigo ia entrar no bairro. Nós estávamos em casa e estava a chover. Para
se proteger da chuva uns soldados correram e outros se esconderam, e foi bem na nossa casa.
Ficaram na nossa varanda e conversando na língua local: V amos entrar na casa. E nós a
ouvir, dentro de casa, cheios de medo, a ouvir tudo. Um soldado insistia: Vamos entrar! E
outros diziam: Não, não é aqui. Eles ficaram no bairro até as nove da manhã naquele dia,
Então este receio nos fazia mudar de residência toda hora. Havia muitas casas abandonadas,
porque muitos fugiram das áreas ocupadas pelo inimigo a procura de melhores condições nas
áreas rurais que ainda havia alimentação. Num destes dias que nós estávamos no refugio perto
da cidade tínhamos ouvido que a UNITA ia atacar e fomos para casa do primo do meu pai.
Assim que a gente entrou tinha um tiroteio muito grande, os tiros a bater em todo o canto.
Entramos na casa. Encontramos ele mal mesmo, já a convulsionar. Não tínhamos nada,
naquele dia nem tínhamos comido e ele estava a dizer: Vou morrer de fome, não comi nada,
tenho família e nós vamos morrer, vou morre mesmo. Então nos perguntamos o que fazer. A
minha mãe na altura sugeriu uma coisa que talvez funcionasse. Dar-lhe água quente com sal,
se calhar reanimava ele. Mas não ouve iniciativa dos próprios filhos dele e o tiroteio estava
tão intenso que quem saísse não voltava. Lá pelas quatro da manha, meu pai disse que ele
tinha morrido. Foi mesmo fome, a gritar, a chorar, a falar que estava morrendo de fome, a
doer.
Nesta fase era mesmo terrível, você via uma criança toda debilitada, com anemia a andar
pelas ruas, se calhar encontrava algum bago de milho. Você contava os dias, se aquela criança
completasse uma semana era sorte. Era sorte. Aquilo era quase sempre, morreu tanta gente
que saia a procura de alguma coisa e era atingido. Nesta fase a morte das pessoas era uma
coisa normal, porque já sabiam que iam morre mesmo. Cada dia que passava morria gente tão
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próxima, as pessoas já não tinham aquele sentimento. Se morria alguém era só lamentar. Era
Na guerra perdi um irmão, um tio, muita gente próxima, primos, amigos. Nesta fase trágica,
nós estávamos quase desistindo de ficar na cidade e ir para as matas, mas a minha mãe temia
porque eu tinha dois irmãos que eram militares. Então se a gente fugisse é obvio que a
UNITA ia procurar investigar quem éramos nó s e sempre ia ter alguém a mostrar que
Havia sempre algumas fases de cessar fogo, mas que depois a guerra começava de novo.
Houve uma fase que nós tivemos que abandonar a cidade e fomos a uma comuna próxima,
mas lá já não havia mais alimentação. A gente tinha que passar no controle da UNITA. Você
nem imagina. No controle tinha uma montanha cheia de cadáveres a deteriorasse, todas as
pessoas que morreram naquela área estavam a procura de comida. Para chegar à comuna do
Kuito, estávamos a andar em fileira, em um caminho estreito e que nas bordas tinham minas.
Então você nem podia tropeçar, qualquer desequilíbrio você acionava uma mima. Tínhamos
que esperar no posto de controle o comando das tropas da UNITA para saber se a gente podia
passar ou não. Estávamos ao lado de um cadáver todo estragado, a deitar cheiro, a roupa toda
já caída. Uma senhora cuspiu e um tropa da UNITA veio e disse: A senhora cuspiu, mas quem
É uma historia muito longa, porque cada dia é uma historia. Ficamos alguns meses nesta
comuna, tinha comida mais ou menos. A minha mãe estava a adoecer muito lá então
decidimos voltar para a cidade. A UNITA tinha dominado o aeroporto e fez um acordo com o
governo que tudo que chegasse nos aviões tinha que ser dividido ao meio, exceto armamento,
que não podia passar. A cidade estava ocupada de tal forma que só tinha sobrado uma rua que
e o bairro onde eu vivia. Foi quando uma bomba caiu na nossa casa. Tinham começado a
94
bomba tinha caído na nossa casa, que ficava perto de um posto avançado do governo e
ficamos ao relento. Não sobrou nada. Ficamos morando no bunker e depois fomos morar em
outro sítio.
Quando as tropas do governo começaram a retomar alguns bairros da cidade foi quando nós
viemos para Luanda. A situação estava normal, mas não queria dizer que a guerra tinha
acabado na sua totalidade, a UNITA tinha se afastado ainda mais. Eu não sei o que é que
Approved
houve, mas me pareceu um milagre as tropas da UNITA terem recuado, depois de alguma
Uma das coisas que mais me marcou foi quando eu perdi o meu irmão. Nós o enterramos no
quintal porque não tinha possibilidade de ir ao cemitério. É difícil esquecer, é uma coisa que
fica contigo. Você está a fazer outras coisas, mas tem sempre este trauma na mente. Depois de
passar por esta tragédia toda seria bom ver um país direito, que toda a gente pensa no coletivo.
A experiência que eu tive fez eu me interessar mais por política e nos aspectos ligados ao
país. Comparando a UNITA com o MPLA, pela experiência que eu tive, eu digo que é a
Ouço rádio muito frequentemente. T ambém tenho acesso a televisão, jornais, revistas e
internet.
95
Para temas políticos escuto a Rádio Ecclésia. A Rádio Luanda e na parte esportiva escuto a
são vistas de ponto de vistas diferente, então se a gente escutar só a Rádio Nacional terá só um
ponto de vista, que é aquele que defende mais o interesse do Estado do que da sociedade. A
Muito. Inclusive a Rádio Ecclésia tem um problema porque eles só emitem para Luanda e
conseguem emitir. E o único canal que tem a freqüência nacional é a Rádio Nacional e só.
Acho que o rádio ajudaria mais se as pessoas tivessem acesso a todas as emissoras. Tivessem
o mesmo numero de informação que as pessoas de Luanda tem. Acho que a primeira
necessidade era expandir as emissoras privadas para todo o território e a segunda, melhorar os
programas no sentido de que não fossem tão politizadas. Não fossem tendenciosos nem para a
96
Luanda são os habitacionais, a cidade está super povoada e não há políticas para que as
pessoas retornem para o interior. Acho que este é o principal problema para a cidade. No
restante do país é a falta de oportunidade que se dá as pessoas que são naturais de lá. Porque
Infelizmente não.
Acho que o importante para a reconstrução do país é criar no próprio angolano uma
mentalidade diferente, porque nós infelizmente, temos uma mentalidade de termos as coisas
97
importância para a sociedade depois do fim da guerra civil. Nomeadamente a rádio Luanda
Antena Comercial (LAC), Rádio Ecclésia e Rádio Nacional de Angola (RNA), contribuíram
para a melhoria das condições de vida da população através dos seus programas, debates e
Approved
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo jornalismo em Angola e apontadas pelos
passado não havia cursos superiores de comunicação, apesar de haver desde a época da guerra
com jornalistas mais experientes dentro dos veículos onde trabalhavam. Assim a formação de
alguns profissionais deixa a desejar, inclusive pela má qualidade do ensino básico do país
98
A área da comunicação social ainda não esta devidamente regulamentada, deixando buracos
Os jornalistas angolanos sofrem com os baixos salários, que obrigam muitos profissionais a se
dedicar a empregos em outras áreas que sejam mais rentáveis, inclusive em assessorias de
Approved
deontológico, o que acaba por dificultar a união da classe e sua representatividade. A falta de
imprensa, contribui para a falta de sentimento de classe entre os profissionais. Existem no país
Os veículos de comunicação no país se concentram em Luanda e não são muitos. São seis
rádios privadas e cerca de dez semanários, além das empresas estatais: Rádio Nacional de
Angola e suas emissoras regionais, Televisão Pública de Angola, agência de notícias Angola
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99
Press (ANGOP) e Jornal de Angola, que são os grandes empregadores. Esta escassez de
meios significa que o jornalista, por falta de opção de trabalho, se sujeita a baixos salários,
O passado recente de Angola, os anos de luta anticolonial e seus 27 anos de guerra civil,
Approved
comunicacionais. Assim, uma das práticas mais destrutivas do jornalismo de Angola é a auto-
censura. Resquício de uma enorme concentração de informação nas mãos dos representantes
do governo que controlavam a informação em todo o país através das empresas estatais de
comunicação. Apesar dos jornalistas angolanos não sofrerem com a censura explicita do
governo, sofrem com pressões mais sutis e complexas de caráter político e econômico, que
inclusive os estatais. Há uma cultura de não informar o público, de não divulgar informação
dificultam o acesso destas aos jornalistas. Os meios privados sofrem ainda mais com a
100
A nova lei de imprensa aprovada e em vigor desde 2006, atende melhor aos desejos e
imprensa aprofunda as mudanças começadas com a abertura política em 1992 com o fim do
monopólio da transmissão de rádio e impressos. Esta lei acaba com o monopólio total do
jornalísticas ainda são punidas excessivamente. As normas são abordadas de maneira vaga e
O rádio angolano tomou para si um projeto nacional que deve também ser assumido pelo
Esta atitude independe da rádio ser do estado ou privada, todas elas entenderam a necessidade
Campanhas cívicas são transmitidas por todas as rádios. Estas campanhas abordam temas
como violência, AIDS, saúde, direitos do cidadão, comportamento, etc. O objetivo primeiro
das rádios é informar, comunicar, mas é também através das campanhas voltadas para a
informar e educar a população, através de debates, discussões, participação dos ouvintes, foi
101
Durante os anos de conflito o país viveu uma realidade muito difícil onde crianças eram
e maridos, avós e sobrinhos foram separados. Com o fim do conflito as famílias que tinham se
separado tentavam achar seus parentes e esta procura foi uma das ações que as rádios
com o estudo de Sitânio Bumba (2007) sobre a reinserção social (processo que consiste no
Approved
regresso de alguém para o seu local de origem) em Angola, é possível tirar algumas
conclusões.
A pesquisa feita com cem pessoas entre jornalistas e outros profissionais aponta:
* 77% dos entrevistados confirmou que o rádio desempenhou papel ativo na reinserção social.
* 43% dos entrevistados declarou serem muitos os programas que contribuíram para a
reinserção social, sendo a Rádio Nacional de Angola a empresa que mais tem transmitido este
* As zonas norte (23%), sul, (21%) e centro (21%) foram apontadas como as que sofreram
* 52% dos entrevistados declarou que o rádio foi o meio de comunicação que mais contribuiu
O rádio tem um papel de articulador social, educativo até didático em relação à educação
cívica, saúde, direitos dos cidadãos. As rádios tomaram para si um papel que cabe às
autoridades desenvolver. Este papel é revelado com o tipo de programação desenvolvido por
102
desenvolvimento do país e da sua população. Através das rádios as diferentes etnias estão
língua e as manifestações culturais de cada região para que haja realmente uma representação
do país em sua diversidade. Não só a Rádio Nacional de Angola através dos seus cinco canais,
de suas retransmissoras provinciais e de sua grande abrangência cumpre este papel de união
nacional. Também a Rádio Ecclésia e a Luanda Antena Comercial assim como as outras
assuntos da atualidade que afetam direta e indiretamente sua vida principalmente a nível local,
denuncias, reclamações, pedir músicas, interagir com os locutores dos programas, se distrair.
6.10 Credibilidade
O rádio tem grande audiência, abrangência e credibilidade junto à sociedade angolana, ele é o
a sua praticidade, alcance e baixo custo, ele pôde se desenvolver e hoje tem os profissionais
na seriedade da mídia rádio e recorre a ele quando precisa. No entanto as rádios privadas tem
mais credibilidade do que as estatais, que direcionam a informação, dão uma única versão dos
fatos e são mais tendenciosas devido ao componente editorial de defesa do estado. Existem
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103
grandes avanços nesta área, pois o governo começa a entender que é preciso haver um debate
mais aberto, que os problemas precisam ser apresentados e discutidos junto à população. A
rádio dá oportunidade a sua audiência de conhecer pontos de vistas diferentes através dos
expressar.
As rádios são os veículos de comunicação de maior audiência. Isso porque o seu baixo custo
de aquisição e manutenção possibilita sua compra pela população mais pobre, seu alcance faz
com que quase todo o território nacional seja coberto, alcançando as cidades e a zona rural,
onde pode ser o único instrumento de comunicação. A audiência radiofônica não é composta
somente pelas camadas mais populares, o rádio angolano é um fenômeno que atinge todas as
classes, inclusive as mais altas. Existe o hábito de ouvir rádio por variados fatores, um deles é
o alto índice de analfabetismo que torna o veículo o único acessível para quem não sabe ler, o
outro é a cultura oral do país. Por estas razões a audiência do rádio deve se manter inalterada
momento da internet, a tendência é que a audiência diminua. Para que isto aconteça é
fundamental que haja uma distribuição de renda mais igualitária e que a população tenha
poder de compra para adquirir estes equipamentos, o que ainda não é possível para a grande
maioria da população.
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104
6.12 Perspectivas
O aparecimento de novas rádios privadas, semanários e até um novo jornal diário se apresenta
em um futuro bastante próximo. Estas são as expectativas para a comunicação social em curto
de que novas emissoras surjam. Com o surgimento de novas emissoras de TV e rádio e novos
passado em Angola. Devido a este fator não foi possível maior aprofundamento do tema. Nem
quantidade e diversidade de ouvintes poderia ter sido maior. Em relação à pesquisa com
difícil. A falta de dados sobre o país também dificultou um conhecimento mais amplo sobre
6.14 Recomendações
Com base na pesquisa algumas ações são fundamentais para a melhor qualidade da
105
democratização da comunicação.
* Incentivo ao surgimento de rádios comunitárias. Este tipo de rádio tem grande valor para a
população angolana, pois ela pode ser mais bem representada politicamente e na sua
diversidade cultural.
portais na internet. Assim a possibilidade de que haja uma comunicação mais atuante,
Approved
direcionada para as expectativas da sociedade tanto na capital quanto no interior seja mais
real.
* Criação de mais cursos profissionalizantes de curta e longa duração e ações que incentivem
regionais
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106
REFERÊNCIAS
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1994.
MELO, Leonel Itaussu A.; COSTA, Luís César Amad. História Moderna e
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XXI. Coleção GT’s Intercom n° 12. Rio de Janeiro: UERJ, 2001.
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PANTOJA, Selma; SARAIVA, José Flávio Sombra (Org.). Angola e Brasil nas rotas do
Atlântico Sul. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
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PRADO, Magaly. Produção de Rádio: um manual prático. Elsevier. Rio de Janeiro: Campus,
2006.
Approved
RUBIM, Antonio Albino Canelas (Org). Idade Mídia. Salvador: Edufba, 1995.
SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. Edição ampliada e atualizada. São Paulo: Ática, 2002.
VUNGE, Adebayo. Dos Mass Mídia em Angola – Um contributo para a sua Compreensão
Histórica. Luanda: Edição do autor, 2006.
Sites:
Artigos:
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Radiodifusão Sonora Digital Observatório do direito a comunicação. Disponível em:
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108
http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view&
id=1808.
Contributos para uma discussão sobre a Comunicação Social Angolana. Ismael Mateus.
Estratégia retórica dos “donos” da mídia como escudo ao controle social. REBOUÇAS, E.
Estratégia retórica dos "donos" da mídia como escudo ao controle social. In: XXIX
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2006, Brasília. Anais do XXIX Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo : Intercom. Disponível em:
www.facasper.com.br/pos/libero/libero15/04_edgard.pdf.
Approved
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Reis. Mídia como instrumento de controle social. VIII Congresso Latino-Americano de
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www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_RMelo.PDF.
Rádio Comunitária para o desenvolvimento na África. ALUMUKU, P.; White, R.. Rádio
Comunitária para o Desenvolvimento na África. Anuário Internacional de Comunicação
Lusófona, América do Sul, 3 9 02 2005. Disponível em:
http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/anuariolusofono/article/view/1182/998
Entrevistas:
109
110
ANEXOS
SISTEMAS DE FM E OM
PROVINCIA LOCALIDADE Tipo Freq Pot Alcance Canal
(Kw) (Km)
88.50 0.250 20 - 40 A
Mhz
Caxito FM
9150 4.000 40 - 60 local
Approved
Bengo
Mhz
Mulenvos OM 1 134 10.000 100 - 250 local
Khz
90.40 1.000 40 - 60 Rad 5
Mhz
FM 101.70 2.000 50 - 80 A
Mhz
Benguela 92.90 4.000 65 - 100 local
Mhz
774 50.000 250 - 400 A
Khz
Benguela OM
1 503 10.000 100 - 250 local
Khz
93.50 250 w 20 - 40 local
Mhz
Lobito FM 101.40 1.000 40 - 60 Rad 5
Mhz
104.90 2.000 60 - 80 A
Mhz
92.30 0.100 20 - 40 A
Mhz
FM
91.00 4.000 65 - 80 local
Mhz
Bié Kuito
1 404 10.000 120 - 200 local
Khz
OM
990 50.000 250 - 400 A
Khz
Cabinda 88.30 0.100 20 – 40 N
Mhz Yetu
95.00 0.150 20 - 40 Rad 5
Mhz
Cabinda FM
91.30 1.000 25 - 60 A
Mhz
91.30 4.000 52 -80 local
Mhz
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111
Mhz Yetu
98.70 0.250 20 - 40 A
Mhz
FM
Huambo Huambo 89.00 0.250 20 - 40 Rad 5
Mhz
92.10 4.000 65 - 80 local
Mhz
OM 1 170 10.000 150 - 250 local
Khz
93.50 0.100 20 - 40 A
Mhz
94.50 0.200 25 - 60l Rad 5
Mhz
FM
91.10 4.000 150 - 250 local
Mhz
Huila Lubango
103.00 0.100 20 - 40 N
Mhz Yetu
1 313 1.000 60 - 100 local
Khz
OM
1 233 10.000 100 - 200 local
Khz
90.10 0.100 40 - 60 Rad 5
Mhz
FM 96.70 0.200 50 - 80 A
Mhz
Kuando-Kubango Menongue
93.10 0.250 60 - 100 local
Mhz
OM 1 467 10.000 100 - 180 local
Khz
Kwanza-Norte 91.80 0.150 20 - 40 local
Mhz
FM
N’dalatando 97.20 0.100 15 - 20 A
Mhz
OM 1 260 10.000 100 - 200 local
Khz
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112
SISTEMAS DE FM E OM
PROVINCIA LOCALIDADE Tipo Freq Pot Alcanc Canal
(Kw) e
88.70 0.250 20 - 40 Rad 5
Approved
Mhz
FM 95.10 0.259 20 - 40 A
Mhz
Kwanza-Sul Sumbe
91.70 4.000 65 – 80 local
Mhz
OM 1 485 Khz 10.000 100 - local
250
93.50 4.000 65 – A
Mhz 150
93.50 4.000 50 – A
Mhz 100
Estúdios Centrais FM 94.50 4.000 60 - Rad 5
Mhz 150
99.90 4.000 60 - R Lda
Mhz 150
101.40 4.000 60 - N Yetu
Mhz 100
FM 96.50 5.00 50 – Rad
Mhz 100 FM
Luanda Rádio Escola
OM 1 010 Khz 1.000 60 - R Lda
100
702 Khz 10.000 100 - A
250
944 Khz 25.000 150 - N Yetu
300
1 088 Khz 100.000 200 - A
Mulenvos OM
400
1 088 Khz 25.000 150 - A
300
1 367 100.000 200 - A
400
Lunda-Norte Dundo FM 90.30 0.100 20 - 40 A
Mhz
94.50 0.100 20 - 40 Rad 5
Mhz
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113
Mhz
FM 96.90 0.250 20 - A
Mhz 40l
Malange Malange 93,70 4.000 60 - local
Mhz 100
1 187 Khz 10.000 100 - local
250
OM
1 197 Khz 10.000 100 - local
250
92.60 0.150 20 - 40 Rad 5
Mhz
FM 89.60 0.250 20 - 40 A
Mhz
Moxico Luena
96.00 2.000 40 - 60 local
Mhz
OM 1 485 Khz 10.000 100 - local
250
89.50 0.100 20 - 60 A
Mhz
FM 94.50 0.150 20 - 60 Rad 5
Namibe Mhz
Namibe 92.50 4.000 60 - local
Mhz 150
OM 1 314 Khz 10.000 100 - local
180
Tombwa FM 95.90 0.250 20 - 40 local
Mhz
Uige 94.50 0.250 20 - 40 Rad 5
Mhz
FM 92.50 2.000 40 - 60 A
Uige Mhz
91.00 4.000 60 - local
Mhz 100
OM 1 296 10.000 100 - local
Mhz 250
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114
6. De que maneira são abordados assuntos como corrupção, violência, saúde, desemprego?
11. Quais as principais diferenças entre o jornalismo feito 20 anos atrás e o atual?
12. Que críticas poderiam ser feitas aos meios de comunicação e aos jornalistas no país?
Programação do canal A:
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115
O programa Dia Novo inclui jornais da hora: 1h, 2h, 3h, 4h e termina às 5h.
Programa de ligação entre a noite e o dia. Inclui conversas ao telefone com ouvintes sobre os
mais variados temas, curiosidades, temas de caráter sócio cultural. Momentos de poesia e
5h - Jornal da Hora
Có- Rádio (micro-programa dirigido para as comunidades rurais e que aborda temas ligados
aos cuidados básicos de saúde e as iniciativas locais para melhorar a qualidade de vida nas
zonas rurais)
A voz do Campo (micro- programa dirigido para todos aqueles que trabalham a terra. Aborda
temas ligados à agricultura e pecuária, técnicas de cultivo, soluções para problemas ligados à
Programa produzido pelas Forças armadas Angolanas com o objetivo de consolidar a unidade
O Hora Certa tem três emissões diárias: 05h30, 12h05 e 19h10. Este programa não é emitido
aos sábados.
6h - Manhã Informativa
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116
ligados as mais diversas esferas da vida do país e não só. O Programa inclui espaços de
9h - Agenda Nacional
Mel que Mata - Espaço de educação sobre o Sida. Inclui informações sobre a pandemia do
envolvidos na luta contra o Sida inclusive doentes e pessoas portadoras do vírus. O espaço
adolescentes. O Rádio Piô tem igualmente uma emissão de 1h das 14h às 15h) de Domingo.
Agenda Nacional
Expresso 10/12
Programa que aborda majoritariamente temas sócio culturais com destaque para setores como
educação, saúde, promoção social e economia. Inclui espaços sobre radiografias dos mais
variados sectores da vida do país, desminagem e outras ações viradas para os mais variados
Continua o expresso
117
- Agenda Nacional
- Hora Certa
Jornal das regiões com o retrato de aspectos ligados à vida econômica, social e cultural de
13h30 – Esportivo
Às 2ªs, 4ªs e 5ªs feiras o Hora de Relaxe tem uma hora de emissão ( 14h00- 15h00)
(14h- 14h30).
Azimute Atualidade- magazine econômico com informações sobre a vida econômica do país
O Azimute é um programa Bi- semanal emitido às 3ªs e 6ªs feiras das 14h30 às 15h00.
- Agenda Nacional
118
Tarde Total - programa virado para abordagem de temas ligados à vida dos jovens:
Approved
Agenda Nacional
Espaço onde se destaca o assunto mais noticiado ao longo do dia pelos media.
Diário Econômico
119
- Inclui à 2ª Feira- Consultório médico com intervenção de ouvintes ao telefone e por carta
0h - Jornal da Meia-Noite
Domingo:
5h - 6h - Balumuka
6h - 9h - Espaço Musical
9h - 13h - kialumingo
Programa recreativo.
20h – Notícias
20h30 – Desportivo
Inclui entre 21h/ 22h o espaço “Ame a Vida, Viva com Amor”
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120
Sábado:
5h - 6h - Balumuka
Programa Infantil
13h – Notícias
Programa dirigido aos “kotas” com músicas e temas relacionados à década de 60.
20h – Notícias
20h30 – Esportivo
Segunda a Sexta-feira:
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121
0h - Notícias
5h - 6h – Balumuka
6h - 13h - kiandando
Approved
13h – Notícias
13h30 – Esportivo
debates e concursos.
20h – Notícias
11h35 – Esportivo
122
Programa Recreativo.
Segunda-feira
Approved
6h – Hora Seis
9h – Roteiro da Manhã
15h - Um Grupo
18h - FM Expresso
1h – Encerramento da Emissão
Terça-feira
6h – Hora Seis
9h – Roteiro da Manhã
123
18h - FM Expresso
1h – Encerramento
Quarta-feira
6h – Hora seis
9h – Roteiro da Manhã
17h - FM 17 horas
18h - FM Expresso
Quinta-feira
5h56 – Pré-sintonia
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124
6h – Hora seis
9h – Roteiro da Manhã
15h – Um grupo
18h - FM Expresso
Approved
1h – Encerramento da emissão
Sexta-feira
6h – Hora seis
9h – Roteiro da Manhã
18h - FM Expresso
125
1h – Encerramento da emissão
Sábado
5h56 – Pré-sintonia
9h – Palavras Cruzadas
15h - Tropicalíssimo
18h - Volume 10
21h - Giroscópio
Domingo
19h - Estúdio
126
1h – Encerramento da emissão
Hora seis
Roteiro da manhã
Approved
Um programa preenchido por música ligeira intercalada com alguma informação do show
business.
Música ao almoço
Um programa agendado como fundo para hora do almoço. Música ligeira e de ritmo lento.
Velhos sucessos
Magazine informativo – cultural com suporte. Música variada. Músicas doa anos 50, 70 e 80.
Roteiro da manhã
Um programa preenchido por música ligeira intercalada por alguma informação do show
business.
Clube jovem
Programa preparado e apresentado por jovens e dedicado aos adolescentes. Entrevistas com
FM expresso
Programa de 115 minutos com o máximo de música hip hop, soul music e R’NB com
127
Jazz
Triologia
Cor do som
Giroscópio
Jazz hoje
Jazzometria
Dimensão latina
Rap mania
RFM jazz
Hora radical
Programa essencialmente jovem, divertido e dinâmico, que aborda assuntos variados desde o
128
Programa essencialmente musical que aborda o mundo rock desde a sua origem. Oferece ao
Palavras cruzadas
FM magazine
Tropicalíssimo
Super mix
Volume 10
PROGRAMA que leva ao ouvinte a música africana, feita no continente ou fora dele.
Domingo estereofónico
Programa de música variada acompanhada de informação sobre discos, posições nos TOPS e
vendas.
Revista cultural
Estúdio
Parada de sucessos
129
Nacional de Angola.
Programação da Rádio 5:
Domingo
5h – Abertura
7h - Síntese Informativa
8h - Síntese Informativa.
8h 30 - Top de Noticias
9h - Síntese Informativa.
9h30 - Quintalão do Desportista, as figuras nos tempos ( já fora do ativo, atletas, dirigentes ou
técnicos)
130
0h - Encerramento.
Segunda a Sexta
5h – Abertura
Noticias
6h – Noticias
7h - Síntese Informativa.
8h - Síntese Informativa.
9h - Síntese Informativa.
131
História de Futebol (2ª Feira), Regras de Futebol e de basquetebol (4º Feira, quinzenalmente)
132
- Consultório ( Sexta-feira )
0h – Encerramento
Sábado
5h – Abertura
Approved
- Noticias
7h - Síntese Informativa.
8h - Síntese Informativa
9h - Síntese Informativa.
9h30 - Quintalão do Desportista, as figuras nos tempos ( já fora do activo, atletas, dirigentes
ou técnicos).
133
0h - Encerramento.
Segunda-feira
para a conjugação de sinergias que permitam acabar com a importação massiva e generalizada
Terça-feira
entre a RNA e FNUAP (Fundo das nações Unidas para a População). População, os seus
Quarta-feira
Saúde para todos: Abordagens, com participação de especialistas, em torno das grandes
pelo Ministério da Saúde e suas parceiras. António Marcos Sambathanga é o seu realizador
semanal.
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Quinta-feira
Citafrica: Uma viagem em torno dos acontecimentos do continente Africano. Situação sócio-
política, económica, histórica e outras. Os efeitos do domínio europeu têm nesse espaço um
destaque relevante. Uma página sob responsabilidade dos jornalistas Anastácia Bitota e
Domingos Massona.
Sexta-feira
governo Angolano sobre a paz e a reconciliação nacional, a reconstrução do país saído de uma
violenta guerra, que durou quase 27 anos, o que afectou pessoas e destruiu infra-estruturas (
Estradas, pontes escolas e hospitais). Uma edição sob responsabilidade de Maturino Zila.
Ainda neste dia os ouvintes podem acompanhar espaços dirigidos às crianças das cidades e do
meio rural. Kukula (crescer) é o nome destes espaços apresentados por crianças e jovens.
Conheça os seus direitos: uma rubrica que emite matérias relacionadas com os direitos
Domingo
telefonemas entre ouvintes dos diferentes pontos do país. Uma espécie de disco pedido, ou
relâmpagos. De realçar que sábado e Domingo o desporto ocupa lugar de destaque nas
emissões da Rádio Ngola Yetu. Com relatos de Futebol em Cokwe, Luvale, Kimbundu,
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João David Inácio e Domingos Massona nos espaços "Kamenemene" (Matinal) e o "Jornal da
Tarde", respectivamente.
Segunda a sexta-feira
Raio-X / Quarta
12h – Ângelus
136
15h - RE-Flash
16h - RE-Flash
17h - RE-Flash
18h5 – Terço
137
Sábado
8h - RE-Flash
12h – Ângelus
18h – Terço
138
Domingo
5h – 6h - Reze conosco
8h – Eucaristia
139
África 7 dias
Fundo do baú
Approved
Diariamente a Ecclésia tira do Fundo do Baú êxitos que fizeram época anos 60 e 70, em
Angola e no Mundo, para de novo fazer vibrar as emoções de antigos e novos fãs.
Frente despostiva
19H00, uma vasta equipa garante- lhe que o melhor do espetáculo desportivo chega até si, com
a máxima qualidade.
Kais FM
A apresentação é de Gabriel Niva, que ao longo desse espaço lhe dá cor, ritmo e movimento,
Sempre que necessário, o nosso estúdio móvel vai à rua, para em direto dar a conhecer as
Mátria
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Todos os sábados, a Ecclésia dedica às mulheres um espaço especial. Chama-se Mátria, vai
para o ar entre as 13H00 e as 14H00. Sugestões, conselhos, dicas, num programa feito com
carinho por mulheres e para mulheres, realizado e apresentado por Márcia Nigiolela.
Questões do momento
Realizado e apresentado por Amélia Aguiar, Questões do Momento é uma janela aberta para a
Sociedade Angolana, para que o futuro dos Jovens seja de esperança e seriedade.
Sinfonia
Num espaço relaxante e seleto, oferece música de qualidade para a sua noite.
Viajando pela música Clássica e outras sonoridades, Sinfonia propõe- lhe o prazer de ouvir