O Brasil e A Cerâmica Antiga. BRANCANTE, E.F. 1981
O Brasil e A Cerâmica Antiga. BRANCANTE, E.F. 1981
O Brasil e A Cerâmica Antiga. BRANCANTE, E.F. 1981
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o Autor.
SUM ÁRIO
B IB L IO G R A F IA S - E ST A M P A S
I X - B IS C U IT - BIBLIO G R A FIA
X III - PORCELANA B R A S IL E IR A -
A natureza das cousas é mais fácil de .Muitos milagres há. mas o mais porten
sc conccbcr quando as vemos aparecer toso é o homem.
pouco a pouco do que quando as vemos SÓFÜCLES — " A n t í g O r u i ' *
já prontas,
D lscartes
uDiscurso sobre o Método”
I.° Capítulo
I - BARRO CRU
1
pode então tomar todas as formas que se queira dar; matéria-prima inorgânica, a mais pobre cm todos os
ela é a matéria-prima dos escultores que se expressam povos e tempos: o barro”.
primeiro modelando, antes de traduzir sua obra em Em abono da primazia da cerâmica como expres
pedra, em hronze, ctc. Mas quando a evaporação tira são cultural do homem primitivo sobre outras mani
a água da argila, esta perde suas qualidades, fragmen festações artesanais, diz-nos ainda Louis Figuier:
ta-se e pulveriza-se a obra que a mão do artista ou do "Requeria mais cuidados, reflexões e observações que
artesão criou diretamente seria de breve duração, se conduziam a uma série dc operações, às vezes longas
não se encontrasse o tncio de conservar a invenção e delicadas, para modejar e decorar um vaso do que
perecível. A argila é maleável quando fria e úmida, para lascar um sílex, chanfrar uma madeira, afilar
mas adquire uma dureza notável sob a ação do fogo; ossos, dobar a lã, trançar fibras e fabricar vestimentas
tornamo-la uma obra quase inalterável, graças ao cozi e armas".
mento; a forma efémera torna-se apta a atravessar os E a argila por ser entre todos aqueles materiais
séculos. Na realidade, toda a história da cerâmica de que o homem dispunha e manipulava, o mais dúctil,
enquadra as variações sobre estes quatro pontos: a o mais maleável, o mais plástico c cm decorrência o
matéria-prima, seu endurecimento, sua impermeabili mais dócil, além do mais acessível na natureza, passou
dade e sua decoração. K. Drake(i) nos elucida ainda: logo a ser o principal veículo de seus impulsos c intér
“Raramente a argila se mantém ém condição estática. prete de seus pensamentos. Marcou cia desde logo os
Sua natureza muda com o conteúdo de umidade. Suas primeiros lampejos da mente e da civilização. Diz-nos
propriedades físicas e suas possibilidades variam pro übirajara Dolácio MendesM): ‘Tio desejo dc transmitir
gressivamente à medida que d a seca. Por esta razão, suas idéias, o homem utilizou-se a princípio dc materiais
a argila recebe nomes distintos de acordo com seu que pôde encontrar mais a mão. Já vimos mesmo que
estado e estes nomes indicam etapas definidas, cada o barro deve ter sido o primeiro material de que se
uma com características e possibilidades diferentes". valeu. .. No barro são deixadas as primeiras manifes
Vejamos, a seguir, diversos aspectos concernentes tações do Homo Sapiens, voluntárias, feitas para seus
à manipulação da argila ou do barro seco ao sol, que semelhantes.”
veio a originar 6 fabrico da louça utilitária e a de Não é sem razão nem fundamentos que Platão
adorno chamada entre nós de “louça de barro” e os sentenciou: “A Cerâmica deve ter constituído a primeira
primeiros materiais de construção. das artes conhecidas”.
Aos poucos o homem foi pois, inspirado de uma
■ Segundo Louis Figuier®: “Quando o homem maneira ou de outra, encontrando meios dc manipular
chegou a improvisar armas para combater animais e dar forma ao barro, o que obteve através dc alguns
ferozes ou defender-se de seus ataques, quando pro processos clássicos que continuam a ser usados por
curou abrigo para proteger-se das intempéries, deve ter tribos ou comunidades ainda em estágio primitivo, como
pensado em um meio de armazenar os líquidos ou aproveitados na atualidade pelo artesanato popular e
mesmo substâncias sólidas para garantir a refeição do folclórico. Os mais conhecidos são os chamados de
dia seguinte. Ao mesmo tempo que a água para os “aspirai” ou de “colombin" ou dc rolo, pelo qual com
usos comuns da vida, o peixe para sua comida, os cilindros ou roiinhos de barro mole justapostos ou
rios e os lagos, forneciam o barro e o limo. Bastava colocados em caracol, vão sendo levantadas as paredes
pois, uma primeira observação, arguta c feliz da impres da peça. Outro, chamado de “levantamento” ou de
são de uma pegada ou das mãos sobre a argila úmida, modelagem, consiste em cavar num bloco dc barro a
para conduzir esse nosso remoto parente ao fabrico cavidade desejada, batendo do lado de fora c mode
dos primeiros recipientes. Segundo o arqueólogo e lando a peça. Há ainda outro sistema, o moldado, feito
ceramógrafo Martin Almagro Basch, o homem vateu-se com fornias negativas para vasos, figuras ou adornos
de outros materiais como vasilhames antes de fabricar complicados(7). No Brasil, essas designações técnicas
os de barro. Diz-nos cie: “Toda a indústria cerâmica são também usadas, porém variam conforme a região.
nasceu e segue obedecendo a necessidade sentida pelo Existem outras pitorescas como a de “corda" ou de
homem'de criar artificialmente recipientes que conser "capitão”, encontradas por Haydeé Nascimento, na
vem os líquidos e as matérias orgânicas dc que necessita região de Apiaí no Estado de São Paulo.
para assegurar sua subsistência. A esta necessidade E outras mais, segundo Herta Locl Scheurer <*>,
essencial, serviram primeiramente recipientes naturais como "tripa”, corno “rodia”, e ainda a de "nhambú”
como crânios de animais, cascas de árvores, de ovos c para o rolo de um metro dc comprimento (Iguapc —
de frutas. Das simples formas côncavas de tão rudimen S. Paulo).
tares recipientes e das criadas por outra indústria para- Depois dc se haver dado forma ao barro, o espírito
Ie!a à cerâmica, porém de menos possibilidades artísti do homem em busca do belo, melhor diríamos da
cas, a da Cestearia ou a arte do trançado, nasceram mulher já que nesta fase primária e na divisão primitiva
as primeiras formas cerâmicas. Das cascas e dos do trabalho familiar era ela a ceramista do grupo, pro
cestos nasceram os primeiros pobres e humildes potes curou logo dar-lhe um complemento estético. Nasce,
(“cacharros” ) dc barro saídos da mão industriosa do pois, nesses primórdios da evolução da espeoie, a deco
homem. À pré-HLstória, analisando .os achados arqueo ração, que iria deixar testemunhos em superfícies
lógicos dos povos primitivos atrasados em sua mentali rupestres, em tecidos, em ídolos, cm atavios e na
dade c em suas formas de vida, permite-nos hoje cerâmica, marcando aos poucos, estilos definidos. Nesta,
conhecer as origens desta prodigiosa, humilde e encan ela procurou adornar as peças com desenhos gravados
tadora arte” . . . “Nenhuma outra criação industrial e no barro mole, com instrumentos rudimentares, eont
artística reflete a capacidade criadora da mão dos as próprias mãos ou com as unhas, dando nascimento
homens e a variedade dc sua alma manifestada em mil â primeira série de ornatos incisos ou cm relevo, este
formas utilitárias c expressivas, nascida da mesma calcado ou com a superposição de partículas de barro
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no corpo da peça. E como os desenhos lineares eram ao conforto e à proteção da espécie e que ate hoje
simples e mais fáceis de executar, e a pessoa humana, continuam sendo utilizados, inclusive em rincões brasi
a fauna e a flora montavam o cenário do palco silvestre, leiros, e que se classificam dc “primitivos”.
nos riscos há predominância dos traços geométricos, Desses processos, o mais importante e o geralmente
passando depois para os antropozoomorfos e fitofor- mais utilizado na Antiguidade para a construção de
mes. Essas classificações são definidas em duas cate casas, muros, torres, etc., foi o adobe.
gorias. Diz-nos Alexandre Speltz<9): “Una planta o un Consistia cie em tijoiões. às vezes somente de
ser viviente puede utilizar-se como adornos de dos barro cru, às vezes misturados com palha e esterco,
maneras distintas: tal como la vemos en la naturaleza que eram secados à sombra e cm seguida expostos ao
— ornamentación realista — o reproducidos con sol, antes dé ampilhndos no levantamento de muros
modificaciones que son consecuencia de sua época, de ou de paredes. Note-se que o adobe era o venerando
la situación política y religiosa de los pueblos, o tam- ancestral dc tijalc, que só aparece mais tarde, quando
bien de ciertas influencias extranas — ornamentación o homem, evoluindo sempre, passa a utilizar-se do fogo,
estilisada. Cada estilo representa la misma planta ei para cozinhar alimentos, prover calor e luz ambiental.
mismo animal dc manera peculiaríssima y, a menudo, Seguem-se outros processos primários, como o de
con formas especialcs y muy diferentes unas de las taipa de pilão, que consistia cm comprimir c socar o
otras”. barro entra duas pranchas de madeira, chamadas de
Mas não ficaram as primeiras ou os primeiros taipas; a técnica do pau a pique, conhecida também
ceramistas adstritos ao aprimoramento da forma ou por “sopapo", em que era levantada uma estrutura
das incisões no barro como representação estética. trançada de bambus ou de varetas sobre as quais era
Deram-lhe um poderoso acessório: o complemento aoosto o barre. O barro cru também serviu (e ainda
ciomátieo, realizado a princípio com cinzas, carvão, serve) para revestir o piso de forma uniforme, o que
tintas vegetais e argilas de outras cores aplicadas a 6 chamado de chão de “terra batida”, de “barro socado”
frio. Assim, na cerâmica, a decoração vai se revelando ou ainda de “chão pisado”, às vezes com mistura de
através de dois atributos que iriam caractcrizá-la no seixos.
tempo e no espaço: o do estilo peculiar a um indivíduo, Porém mais caminha o homem no tempo, mais
a um povo ou a uma época e no qual se integra o sente ímpetos c orgulho de traduzir o seu potencial
emprego c a distribuição das cores. criador de forma ostensiva, e o barro foi um dos instru
Mas o homem que já revelava seus inatos pendo mentos de que lançou mão para extemá-lo.
res artísticos, armado com a inteligência, lançava-se Além áa habitação, passou a murar seus domínios,
eoncomitatitemente a outras magnas realizações de a cercar de muralhas as suas aldeias c cidades e a
ordem prática. Não se conforma nem sc ateve a morar levantar palácios e monumentos, em parte devotados
nas locais e abrigos pré-determinados pela natureza e a ao culto dos mortos.
ele cedidos em primeira locação. Nos primórdios pré- Assim, assina!a-sc o Palácio dos Sumérios, em
-históricos, já se evidencia a aspiração do indivíduo, Kish, na Mesopotâmia, construído 3500 a.C., com
que sc perpetua através de milénios, de possuir sua adobes pequenos já lembrando o tijolo, porém não
própria casa no local que preferir e na feição que lhe queimados, com a peculiaridade de apresentar uma
aprouver. supeifüe almofadada. No Egito, foi localizada uma
pirâmide feita de adobe há 3400 a C. e nos restos
Com lascas de sílex improvisou o machado e, feiram encontradas sementes de trigo junto com palha
cortando árvores, pôde montar uma habitação de '.'Lotas Fiffiàer) " n. O Antigo Testamento faz menção
madeira junto à água que lhe era vital, criando assim a CTCsznsçôes monumentais feitas de adobe no Império
a primeira estrutura palafitaíl0), ou ainda, como é Assírio-Babilõnio, como a Torre de Babel, isso por
chamada no Brasil, casas sobre esteios ou esteiarias, o vefea de 2600 a.C. Rcfcrindo-se a elas esclarece
conjunto das casas lacustres construídas sobre “pilotis”. Aicxaaõrs Spdtz: “essas construções gigantescas eram
Empilhando pedras, levantou paredes para outro tipo feitas em. gerai com acic.be revestido com. pedras planas,
de morada e com o emprego do barro deu início à dagadas - largas, ás vezes com capa de gesso ou de
construção regular da casa, cobrindo-a com ramagens,
asfalto ornada dc mosaicos cm terracota esmaltada.
palha ou madeira, nos primeiros tempos. Esses adeiss tinham até 35 cm de largura. Outros
Estas realizações são qualificadas de “pré-históri autores informam que naquelas construções já havia
cas”, quando detectadas arqueologicamente e atribuídas também tijolos queimados”.
àquele período, enquanto as produzidas hoje por comu Assim foi o manuseio do barro o principal instru
nidades que não evoluíram no tempo, espalhadas ainda mento. senão o primeiro de que se valeu a mulher e o
pelo globo, são chamadas dé" “primitivas”. homem para externarem seu pendor artístico e seu senso
Assim, através da maneira de tratar o barro, foram prático e voíupmário, criando a arte cerâmica e dando
nascendo processos, desde a pré-História, para atender as primeiras contribuições à arquitetura.
3
B I B L I O G R A F I A
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II - TERRACOTA
ste tópico abrange o barro co flácidos tomavam-se rijos e as cores do barro e de
zido artificialmente ou terracota, outros materiais sob sua ação se alteravam.
com ou sem pintura a frio, ou Assim, dos fogões, fogueiras e fomos primitivos
louça de barro cozido. Subimos foram surgindo descobertas surpreendentes. Os supor
mais um degrau em direção ao tes de trempe, conforme a composição das pedras que
topo da escada ou dedilhamos a armavam, derretiam-se ao calor, transformando-se em
mais uma nota sonora da escala outras matérias que iriam converter-se em metais como
cerâmica. A diferença entre esta categoria e a última o ouro, cobre, bronze, prata, ferro, etc., iriam também
abordada consiste em que, naquela, o barro é seco de fomecer uma nova paleta de cores com os óxidos
maneira natural, isto é, ao sol, enquanto nesta ele c minerais, como iriam preparar, com a descoberta do
cozido artificialmente, em forno de lenha ou de outros vidro, uma nova categoria para a cerâmica: a louça
materiais combustíveis. vidrada.
Já não era mais preciso manipular a argila úmida Essas importantes descobertas que levavam milê
e vê-la enrijecer-se lentamente ao calor brando do sol nios para surgir, passaram também subsidiariamente
e sím observá-la e vê-la sofrer a ação violenta de outro a assinalar no tempo os estágios da civilização de povos,
elemento que já vinha sendo usado para outros misteres, como as Idades do Cobre (6000 a.C.) do Bronze
como o de obter claridade, afastar feras, proporcionar (que é uma liga de cobre e estanho) (3000 a 2000
aquecimento e cozer alimentos. Aproveitado de vulcões, a .G ) e a do Ferro (esta última de 2000 a 1000 a.C .).
de combustões espontâneas ou de faíscas de raio sobre Mas a ação do fogo aquecendo a terra, sobre a
a vegetação seca, o fogo adorado a princípio como qual se assentavam aqueles fogões primitivos, levou logo
divindade, passou logo a ser produzido pela mão do à constatação dc que a argila enrijecia-se ao calor arti
homem, através do atrito de pedras duras ou através ficial, apresentando um grau de resistência dc colora
de fricção da madeira, tomando-se um de seus mais ção e sonoridade diferente c superior ao do barro seco
poderosos e eficientes instrumentos. Assim, o carvão ao sol — nesse momento nascia a terracota. Surgem
produto de semi-combustão, a gordura e o óleo, foram a seguir os primeiros fomos para produzi-la, encavados
então sendo empregados nas cavernas onde eram pre em barrancos, encovados no solo, levantados sobre o
parados os alimentos ao abrigo das intempéries. Com chão de diferentes formatos e tamanhos, que mais tarde
esses métodos de produzi-lo e de outros para conser evoluem para os de tijolos com respiradouros e contro
vá-lo, nasceu o domínio sobre tal elementos e as formas les de calor e de ar, e outros ainda, conforme o tipo
de iluminação com as lamparinas, as candeias e as de cerâmica a ser fabricado.
tochas, assim como os primeiros fogões e fomos. Tão grande a importância do fogo, que, nos tempos
Esses fogões, se assim podemos chamá-los, eram históricos, Homero (mais ou menos 1000 a.C.) já
de dois tipos, o cavado no chão, em cujo buraco abriga cego, é solicitado pelos oleiros de Samos para compor
do o fogo mantinha-se com a lenha e as brasas — , um hino dedicado ao forno no qual invocava Minerva
processo esse que lembra a estrutura das tradicionais para que emprestasse sua mão hábil a fim de que
churrasqueiras' e o fogo de trempe, que consiste em os vasos se cozessem ao grau conveniente (Louis
colocar três pedras e entre elas introduzir gravetos e Figuier) ri).
lenha — sistema esse até hoje utilizado pelos caçadores. Mas outra invenção de implicações profundas,
Essa domesticação do fogo e a observação de seu ainda na pré-História» foi a da roda, que iria abrir um
comportamento estão na base de descobertas transcen novo capítulo na locomoção e transmissão de força e
dentais que iriam alterar e marcar novas etapas na proporcionar um sem número de adaptações nas indús
civilização dos povos em variados campos e sobretudo trias primitivas e modernas. Da roda nasce o moinho,
na Cerâmica. movido a água e pelo vento, e entre outras variadas e
Pode-se imaginar o quanto de espanto, perplexi estupendas derivações, a roda ou tom o do oleiro.
dade, confusão e alegria estampados na face rude do Ela, surge tanto na África, como na Europa
hòmem diante da sucessão de fenômenos desdobrando- Nórdica e no Oriente no período neolítico, porém tanto
-se díante de si. A observação ia aumentando o seu a rt)da ou o tomo iriam levar séculos para que seu
restrito acervo de conhecimentos e contribuindo para uso se disseminasse no mundo conhecido.
novas realizações. E a ação do fogo devia mesmo Assim, na Península Ibérica, o tom o só aparece
intrigar aqueles primitivos observadores pois ela e ra 1tão quando os gregos estabeleceram feitorias em seu litoral
imprevisível como desconcertante; destruía’ materiais por volta do século VIII ao século VI a.C., e no interior
como a madeira, a água desaparecia na evaporação, da Península os romanos o difundiram depois do século
elementos sólidos transformavam-se cm líquidos, outros III,d C,
5
Tornos ou Rodas de Oleiro Manuais
EGITO
PinItire t/xisteMe nus Catacumbas cie Thebu:. que mostra o O uso do torno manual é assinalado pelos arqueólogos na
interior de uma oficina oleira dedicada ao fabrico de peças Terra, no período neolítico, tanto na Europa Nórdica como
utilitárias e de adorno e indica as diferentes fases de (!.a seção) no Oriente, porém, i de presumir que, dentro daquele período,
preparação das pasta; pelos artesãos e a confecção' e modela tenha cabido a primazia ao Egito, dado o avanço da sua
gem dos vasos pelos torneiros. Observam-se na parede dois evolução.
vasos de modelo e no chão um pole já modelado, e a seguir (Joaquim de Vasconeellos, in " A indústria Cerâmica”, Porto,
(na l . a seção) a preparação para a queima nos fornos. 1907 — pdg. 42 — estampa reproduzida).
Na Gália, ele só veio a ser empregado no primeiro Porém, os gregos inventaram um tomo ainda mais
século de nossa era. completo, na realidade um torno duplo. Consistia ele
E na América, somente com a chegada dos de duas rodas, uma superior, onde era colocada a
europeus, já no século XVI, é que seu uso sc divulga. massa, e outra inferior, inpulsionada pelos pés, deixam
Consistia o torno ou roda de oleiro de uma roda com do, pois, livre as duas mãos do oleiro para modelar a
pacta colocada horizontal mente sobre um eixo vertical, peça. Foi o escultor ateniense Thalos, sobrinho de
sobre a qual era pousada a massa a ser modelada, roda Dédalo, cerca de 1200 a.C., que criou esse melhora
essa que cra impulsionada com uma das mãos enquan mento assim como outras invenções, como a da tesoura
to a outra procedia à modelagem. e a do serrote, esta inspirada na espinha dorsal dos
O nome de seu genial inventor e mesmo do povo peixes. O torno ainda viria a ser acionado com maior
que primeiro o usou perdeu-se no tempo, nessa vala desenvoltura com o emprego da polia, pelos chineses.
comum, onde jazem boa parte dos fastos, fatos e per Essa invenção constitui um enorme passo sobre
sonagens de nosso passado remoto. Segundo Martin os morosos e imperfeitos métodos anteriores de tratar
Al magro Basch a \ esse tosco, mas eficiente instrumento q barro. Ela conferia ao oleiro mais precisamente ao
teria nascido no vale do Tigre e do Eufnates na Mcso- torneiro, ou ao Iouceiro ou ao ceramista, a capacidade
potâmia, e seu emprego já estava desenvolvido no de produzir simetricamente uma grande variedade de
terceiro milénio antes de Cristo, paralelamente a outros formas e de proceder a múltiplas combinações circula
progressos, que tardaram como o tomo para propagar- res, ovais, esféricas e cilíndricas. Dava-lhe um controle
-se a outros povos. No Egito, foi localizada uma esteia mais efetivo e regular sobre o barro, a par de maior
nas catacumbas de Thebas, há 2000 a.C. com a perfeição e velocidade no fabrico. Essas vantagens
representação do processo então vigente da fatura de iriam desenvolver consideravelmente a arte cerâmica,
um vaso em terracota, em que se distingue o tomo, não só quanto ao caráter quantitativo da produção,
chamado de manual, com as diversas fases de seu como pelo aspecto artístico em que o ceramista passava
fabrico <3). a dispor de um instrumento, com a ajuda do qual podia
ó
traduzir com desembaraço e apuro as suas manifesta artes plásticas à classificação que se tornou norma
ções artesanais. convencional da indicação da paternidade da obra com
O forno conferindo rigidez e fixando cores, e o o “pinxit”, o “fccit” c o “delineavit”.
torno produzindo formas e imprimindo rapidez, além Tamanho apreço era conferido pelos gregos aos
de abrir novos horizontes para a cerâmica, acarretam seus artefatos, que nos famosos Jogos Olímpicos além
modificações que se refletem na própria estrutura social. de coroas de louro c taças de ouro conferidas aos
Através do barro, assiste-se a sucessão de fases distin vencedores, havia prêmios para os atletas, constituídos
tas de atividade — a artesanal e a mecânica e uma de artísticos vasos ou figuras em terracota.
entrosando-se com a outra, ao surgimento da industrial, Ela foi para os gregos um dos mais eficientes
que caracteriza o homem moderno. E cada fase acarre instrumentos para complementar a sua escrita e divulgar
tando transformações de porte. No regime tribal, a a sua cultura. Foi através dela que plástica ou pictori
primazia no manuseio da argila era atributo predomi camente puderam cies exaltar sua epopéia, reproduzir
nantemente feminino. Mas, já no neolítico, com o fogo sua mitologia e demonstrar seu virtuosismo artístico.
e o tomo, a mulher vai perdendo essas suas atribuições. Num desdobramento visual de formas e de cores, num
Aquele artesanato caseiro e individual, destinado a uma desenrolar de cenas e de episódios, acompanha-se como
família ou a um clã, não estava mais em condições por num painel móvel, a história grega, assim como os
insuficiente e precário, de prover quantidade e quali primórdios, a fase dc assimilação e a de eclosão da
dade, para preencher no utilitário a crescente demanda arte genuína no berço de nossa civilização.
de vasilhame e na de adorno, o reclamo artístico já Disünguem-se assim, o período de influência de
manifestado pelas sociedades que se ílhavam em núcleos Micenas (1200 a.C.) que transuda ao Minuano dc
urbanos e semi-urbanos. É quando começam a se Greta; o chamado “geométrico” que faz lembrar as
definir novas funções específicas nos ateliês, fábricas e angulares estilizações egípcias e o convencionalismo
olarias, e o homem assume de regra as tarefas cerâmi assirio (IX ao V III séculos a.C .), o “arcaico” (do VII
cas. Exemplo típico, é o revelado pela esteia de Thebas ao V séculos a.C.) em que sobressaem as figuras jovens
(2000 a .C ), ou seja cerca de 4000 anos atrás, que nuas (Kuros e Korai) com seu sorriso estereotipado,
mostra no Egito, um grupo de nove pessoas, com sua o período “clássico” (do V ao III séculos a.C .), consi
distribuição de trabalho, no qual já não figura a mulher derado a Idade do Ouro, o apogeu estético grego e o
na preparação de um vaso de terracota. helénico, (do IV ao I séculos a .C ), em que se destacam
Na Antiguidade, tanto ocidental, como oriental, a as estatuetas, entre elas, as famosas tânagras, nas quais
figura do oleiro — o responsável pela produção cerâ desabrocham em toda a sua plenitude, com caráter
mica — já integrado num ofício, vai adquirindo um próprio, o talento e o virtuosismo daquela gente que
verdadeiro “status” -— na sociedade em que vive, pelas iria legar a nós, latinos, um inigualável acervo de
funções sócio-económica e artística que desenvolve. beleza e um inesgotável manancial de cultura.
No paganismo, passa a merecer a invocação dos deuses, Porem na Antiguidade, não foram somente os
quando não era elevado à condição de divindade, e gregos que souberam manipular a terracota com des
no Cristianismo, veremos mais adiante, veio a desfru treza e criatividade. Antes deles os povos de Creta,
tar do patronato dos príncipes e soberanos. da Mesopotâmia, da China, Egito, brindaram-nos
Assim, no Egito antigo, já havia um protetor de cora esplêndidos espécimes.
oleiros: Ophteh W). Na Grécia, o protetor daquela classe Mas, nesse mostruário universal da terracota o
era Ceramus (donde proveio o termo cerâmica), filho nosso continente não deixa também de participar,
do deus Baco e de Ariana, havendo em Atenas um embora a presença do homem na América, tenha sido
bairro denominado Cerâmica, onde se encontravam constatada com maior atraso no tempo do que na
aqueles artífices{5). Na China, um artesão mártir, Ásia, África e Europa.
chamado Poussah, passou a ser venerado como deus Diz-nos Cecília Meire!les(6): “Autorizados ameri-
dos “Oleiros”, do "Contentamento” e da “ Felicidade”, canistas, como Paul Rivet, chegaram a conclusão
quando para atender a uma encomenda imperial, baseando-se em conhecimentos atuais de arqueologia,
jogou-se na fornalha, e, segundo a crônica, a peça de que a Antiguidade do homem no continente ameri
saiu perfeita. cano, não pode ser recuada além do pelistoceno, ou
Os gregos e os chineses, na sublimação do belo, talvez na aurora dos tempos neolíticos. Isso situaria
através da forma e do colorido, deram grande destaque o povoamento inicial da América do Sul entre 20000
à sua cerâmica entre as outras manifestações artísticas: e 7000 ou 8000 anos antes de Cristo, e o Brasil não
orgulhavam-se tanto de sua fatura, que parte dela era deve estar distanciado dessas datas” .
marcada, indicando ora o artesão, ora o artista ou a Alberto Rex Gonzales também nos informa:
dinastia que a produziu. Há poucos anos, foi descoberto “Dispomos de algumas evidências que permitem esti
o ateliê de Fídias o gigante da estatuária grega, e nele mar que o homem deve ter chegado a .América do
uma peça com seu nome, e os ceramógrafos puderam Sul e ocupar os Andes, há uns 25000 anos” . . . E
detectar, através de crônicas e de peças que sobrevi quanto à presença da cerâmica, assinala: “Na Colôm
veram, os nomes de noventa e cinco oleiros e ceramistas bia a cultura cerâmica mais antiga se representa pelos
gregos, entre eles Andócides (oleiro), Eufrânio, Oitos, achados de Puerto Hormiga (3000 a.C.) em c u ja '
Eutimide, Epicteto, Esmiero, Cetes, estes artistas e cerâmica há algumas figuras modeladas com indubitável
ainda uma outra geração, em princípios do século V, graça”.
os pintores de Pintesiléia ou de Brigos, Macro, Duris Apesar desse atraso no tempo e do desconheci
e outros m ais(S3). mento do uso da roda pelo homem americano, antes
Entre essas peças marcadas, há as assinadas com das conquistas ibéricas, nem por isso deixa ele de
a informação do artesão que as fez e outras com o figurar com brilho, originalidade e diversificação
daquele que a pintou. Esse costume deu origem nas ímpares nesse cotejo universal.
7
Sécs. IV a I a.C. TERRACOTA
S
Séc. IV a III a.C. TERRACO TA
Grécia
(Tânagras)
9
TERRACO TA
Brasil
(Pré-ca braliDas)
5-
10
Di vera as culturas esparsas pelo nosso continente museus, tanto da América como da Europa, exibem
e civilizações marcantes como a Azteca, a Maia e a cerâmica marajoara e santarena, corno também a elas
ínca, nos deixaram um mostruário tão rico quanto se referem quase todos os tratados de arte. O ceratnó-
variado. Nele predominam formatos globulares e grafo Warren E . Cox<S), ao descrever uma garrafa de
tubiformes, o uso do trípode como base de apoio, a Santarém, não deixa de assinalar-lhe os predicados:
confecção de umas funerárias, potes representando “boca bem modelada e decorada com desenhos incisos
figuras e cabeças humanas, os "waeo”, e de animais e exuberantes detalhes”.
e como criações tipicamente continentais o fabrico de As duas cerâmicas que mais se destacaram’ na
vasos comunicantes, a que chamaríamos de xipófagos Bacia Amazônica nos são assim descritas por Cecília
quando geminados, ou de peças duplas ligadas por Meirelles: “A marajoara clássica na arqueologia brasi
pontes, etc. leira é caracterizada acima de tudo pela riqueza dos
Quanto à participação brasileira nessa mostra ornatos geométricos gravados ou pintados com admirá
ameríndia da terracota, não deixa ela de concorrer vel firmeza e perícia em suas um as funerárias e em
condignamente, Há mesmo antropólogos que julgam vasos, ídolos e outros variados objetos. Quanto à
que a perfeição da cerâmica, amazônica colocaria os louça de Santarém (Tapajó) é um verdadeiro museu
nossos índios em grau superior ao cultural Neolítico de zo o lo g ia... Tudo para ele (o índio amazônico)
ehi que são classificados. Essa cerâmica da região era zoomorío e antropom orfo. . . Nesse jardim zooló
amazônica (Marajó, Miracanguera, Rebordeío, Mara- gico que é a cerâmica tapajó (verdadeiro catálogo da
cá, Santarém, etc.) corresponde a um tempo não fauna regional, como tão bem definiu Linné), todos
muito afastado do Descobrimento e em geral foi deste os bichos são representados” . Carlos Estevão W assim
contemporânea. se refere: “Seu estilo é inteiramente diverso dos
demais existentes no Brasil. De notar ainda alguns
Nossos selvícolas pré-cabralinos desconheciam o traços inconfundíveis de seu estilo, como o tratamento
torno e mesmo o uso de moldes ou de formas (estas dos gargalos sobrecarregados de ornatos e relevos, as
já eram usadas pelos andinos), mas mesmo assim representações do gênero “figurines”, e uma riqueza
manipulavam a argila com notável virtuosismo técnico, exuberante a lembrar um barroco nativo. Os tapajós
e sua produção não deixa de apresentar um encanto também fabricavam cachimbos em terracota altamente
particular, pois não se repete. Essa cerâmica indígena elaborados”.
despertou a atenção de vários cronistas de nosso Quanto à parte decorativa nos informa Eduardo
passado que a ela não deixam de referir-se, como G a l v ã o “Como técnicas da decoração predomi
Staden. Léry, Thevet, d’Abbeville, Carvajal, Heriarte, nam as pinturas em duas ou três cores e o desenho
Cardim, Gabriel Soares e outros. gravado (inciso) cu em relevo (exciso) usando-sc
Cecília Meirelles, em observação detalhada sobre algumas vezes, simultaneamente, esses vários pro
essas manifestações artesanais, qualifica-as de sober cessos. A ornamentação da cerâmica da fase Marajoara
bas, admiráveis, surpreendentes, etc. O que poderia se limita quase exclusivamente ao tratamento da super
parecer uma explosão de ufanismo regional-é, na fície dos vasos”. As tânagras dc barro decoradas são
realidade, a constatação de um fato, pois múltiplos as peças definidoras por excelência da fase Marajoara.
11
B I B L I O G R A F I A
( 1 ) L o u is F ig u ib r — ob, cit,, p á g . 1 1 7 .
(2 ) M artin Almagro Basch — '‘Iniroducion Cerâmica
Aragon M uel“ — Barcelona, 1954.
(3 ) Joaquim de V asconcellos — i n “A Indústria Cerâmica"
— Porto, 1907.
(4) A rtes nos Séculos — Abril Cultural — S. Paulo, 1969.
(5 ) Joaquim de Vasconcellos — . ob. cit.
(5-A) H enry V an E ffentekre — “Athenas m Idade do
Ouro", in D i á r i o d e N o tíc ia s d e L is b o a d e 1 3 . 1 1 . 1 9 7 9 .
(6) C ecília M eirellês — “Cerâmica in Aries Piósücas no
Brasil" — pág. 20 — Rio, 1952.
(7) A lberto ' R ex G onzales — "A rte Precolombiano
A ndino” — prefácio Cat. Museo Nac. Bellas Artes,
ed. Amigos del Museo Nacional — Buenos Aires, 1971,
(8 j Warren E. Cox —. " The book o f Pottery and Porce
lain" — vol, II —- estampa 225 — N, Y ork , 1945.
(9) C arlos E stevão — "A Cerâmica de Santarém”, in
rev. DEPHAN — Rio, 1939,
(10) E duardo G alvão — "Exposições de Antropologia" ■—
M u s e u G o d d i — g u ia a .0 I, 1973 -— p á g s . 2 2 / 2 3 ,
12
111 - TIJO LO S - TELH A S - LA D R ILH O S
COZIDOS AO FOGO
13
moiora passa a ser produzida pelo vapor, pelo gás, tijolos. Pesquisas arqueológicas recentes precisaram
pela eletricidade, pela energia hidráulica e até nuclear. que havia moldes dc madeira para o fabrico de
Esses agentes, na preparação do tijolo, passam a dois tijolos por vez, e ficamos conhecendo as dimen
acionar, através de complicados mecanismos de tubula sões usadas que eram de 15 x 30 cm com 3 cm de
ções e correias, tambores rotativos, misturadores de espessura<J).
barro — sucessores das humildes marombas — e a
Os Celtas também foram grandes oleiros c depois
promover vendavais aquecidos dentro de túneis para
dos romanos continuaram a tradição do emprego do
a secagem da massa, a preencher formas ou cortar
tijolo, a que chamavam de “bric”, que veio a dar na
com delgados fios de aço as extensas fiadas retangu
França o étimo “brique” <4), na Inglaterra o termo
lares de barro, c a pôr em movimento carrinhos, estei
“ brick", para designar o tijolo.
ras rotantes, plataformas móveis, etc.
O emprego do tijolo queimado, é localizado em Os árabes, na Espanha Mourisca, deixaram,
primeiro lugar tanto no Egito como na Mesopotâmia depois do sécuio VII, em numerosos monumentos,
e é de assinalar que desde logo é aproveitado também variados e atraentes exemplos de decoração mural
como ornamento e veículo de comunicação escrita, com o hábil manejamento de fiadas de tijolos salientes
através de representações antropomorfas c zoomorfas nas fachadas, assim como de lajotas aplicadas às pare
e de inscrições epigrãficas em sua pasta, sobretudo des, processos esses que iriam difundir-sc pela Euro
em tabletas. Em Ur, onde nasceu Abrahão, já apare pa, c na América em Puebla nos séculos X V I/X V II.
cem dizeres revelando fastos de 6000 anos atrás, e Por volta do século XII, a Liga Hanscática, que
em monumentos sumérios entre 3200 e 2100 a.C., apresentou no Ocidente o primeiro e gigantesco orga
como também nas portas da Babilônia em 2600 a.C. nismo de comércio internacional e intercontinental,
A Torre de Babel, referida no Antigo Testamento, reunindo em uma enorme rede comercial uma confe
e as Muralhas da Babilônia, como dissemos, foram deração de cidades espalhadas no continente, sobre
levantadas parte com adobe e parte com tijolos e estes, tudo na Alemanha, nas Ilhas Britânicas, no Báltico, etc.,
após a destruição da cidade pelos persas, foram ainda é tida como uma das maiores fornecedoras de tijolos
reaproveitados para outras construções em vários locais. para construções medievais. E a função do pedreiro,
ou seja, daquele que arma uma parede dc tijolos, e a
As Torres da Porta de Ischtar (40 pés) na do canteiro que monta as de pedra e mármore, dentro
Babilônia, que foram levantadas por Nabuchadrezzar da sociedade medieval era de tal ordem, que tais
(605-562 a.C.) continham nada menos do que qui artesãos faziam parte das guildas de Artes e Ofícios,
nhentos e setenta c cinco representações de animais em podendo ostentar seus próprios escudos designativos,
relevo sobre tijolos, como o touro Ramã deus do como em Gand, em 1524<5h E no Vale de Piratininga,
tempo, e o dragão da Babilônia, chamado Sirish. ainda dentro do Quinhcntismo brasileiro (1593), os
No Egito, uma de suas primeiras e monumentais pedreiros tinham seu ofício qualificado w .
pirâmides, a de Sakara, de curioso formato, composta
Para citar apenas um exemplo, entre os notáveis
de vários patamares, era construída de tijolos com e numerosos monumentos arquitetônicos espalhados
revestimento de pedra, o formato dessas pirâmides pela Europa, Henrique VIII, da Inglaterra erigiu o
com largos patamares circundantes, ou gigantescos Palácio de Hampton Court todo em .alvenaria, porém
degraus em volta, é chamado de Zigurate, conforma com combinações decorativas na sua colocação e
ção essa mais usada e característica da Mesopotâmia, magníficos arranjos de peças salientes nas numerosas
onde a Torre de Babel constituía um exemplo com chaminés que se erguem sobre suas dependências.
seis patamares.
Esses arranjos com fiadas dc tijolos cm saliências
Na América pré-colombiana esse gênpro de arqui
e em reentrâncias, em dentilhado nas arcarias, em
tetura mesopoiâmico era muito usado com o sistema
alto e baixo-relevo, assim como o aproveitamento da
de patamares ou com variantes de uma larga e íngreme
superfície parietal para composições geométricas,
escada levando ao topo.
aplicação de inscrições e representações figuradas,
Na índia, o templo de Paharpur, em Bengala colocação de símbolos e escudos cm terracota, já
(séculos V llf e IX d.C.) foi erigido com tijolos e vinham sendo usados na Antigüidade e no Oriente
fileiras de terracota decorada. Médio, como já nos referimos linhas atrás. Os assírios
Os chineses, já na nossa era, com tijolo e pedra e os babilônios, deram ainda ao tijolo mais uma
montaram a sua famosa Grande Muralha, ao longo atraente apresentação revestindo-o com esmaltes vidra
de sua extensa fronteira e tão larga que nela podiam dos de elevado efeito crômico e que em parte ainda
cruzar carros de guerra, obra essa considerada como podem ser apreciados em museus britânicos c franceses.
uma das maravilhas do universo. Porém, no Ocidente, são os hispano-mouriscos e
Os fenícios e os gregos introduziram o uso dos mais tardiamente os ingleses e os holandeses que dele
tijolos (e do torno) na Península Ibérica por volta tiraram um grande partido decorativo, tanto na cons
dos séculos VIII ao VI a.C , porém restrito à costa e trução civil, como na oficial.
às suas feitoriasf2). O tijolo teve e continua tendo os mais amplos
Os romanos dele fizeram largo emprego e 0 empregos de ordem prática e decorativa. Serviu para
introduziram na Europa conquistada no começo de construir pirâmides, muralhas, pontes, torres, minare-
nossa era onde difundira sua técnica de fabrico. Na tas, arcarias, colunas, ogivas, abóbadas, aquedutos,
Península Ibérica, que nos diz mais respeito por sua mesquita c templos, tanto pagãos como cristãos, caste
conexão com nossa história, foi a partir do século III, los, conventos, armazéns, palácios, casas, fornos,
que se processou a difusão da fabricação manual dos chaminés, pisos de interior e calçadas.
14
TELHA
uiro produto saído do ventre que através de milênios mantêm até hoje as caracterís
fértil da olaria é a telha. O éti ticas básicas de origem: a telha curva (ondulada,
mo provém do latim “icgula", canelada, semicircular) e a plana. E por mais que nos
que foi sofrendo corruptelas por tempos moderno e contemporâneo apareçam variantes
onde, no Ocidente, os romanos de formatos, de dimensões, de acoplamento e de
deixavam os princípios de sua materiais diferentes dos clássicos, enquadram-se todas
fulgurante civilização. Na Ingla elas apenas nas duas classificações da sua origem — a
terra, “tile" serve tanto para designar telha propriamente curva e a plana.
( “ roof-tile"), como o ladrilho ( “floor-tile” ), e ainda Roma valeu-se mais da telha curva para o uso
c azulejo ( “wall-tíle” ); na França, “ tuile" e “tuilerie” geral, porém na suntuária aplicada aos templos, foros
servem para designar a telha e a olaria, respectiva e palácios, aplicou de preferência a telha plana de
mente. Na Holanda, o termo empregado c “tigel”, c mármore ou de bronze. Aos romanos deve a Europa
na Espanha, o castelhano conserva o étimo latino a difusão de seu emprego que se processou onde quer
“tégula" ao lado de "tepa". Em Portugal essa raiz deu que suas sandálias deixassem o rastro de sua soberba
telha, telhado, telheiro. civilização. Esse tipo curvo foi preferencialmente
O homem, na busca incessante de evolução, de usado no Mediterrâneo, e em particular na Espanha,
proteção e sobrevivência, não haveria de se ater aos Portugal, Grécia e Turquia. Consistia ele num perfil
ambientes sombrios e carcerários das cavernas; na sua deitado da letra S, de forma convexa e côncava, e as
ânsia de desfrutar dos espaços livres e banhar-se da telhas se acoplavam sem solução de continuidade sobre
iuz natural, não iria contentar-se com a coberta pre a superfície a ser coberta, presas por ganchos de
cária das ramagens contra a chuva, o vento e as tem cobre. Esse gênero passou a ser conhecido no Oci
pestades. A argila, que já lhe havia fornecido a matéria dente por telha espanhola. Operou-sc posteriormente
para construir um abrigo fora daqueles recintos primi uma simplificação da telha romana, que facilitava o
tivos, haveria também de ser aproveitada paca con manuseio por apresentar menos peso e volume, com
ferir-lhe uma cobertura adequada e permanente. A o desdobramento do S em duas seções: dois U arre
telha é, poís, inventada, cm complemento a uma sér;e dondados, o que originou a peça avulsa semicilíndrica
de melhoramentos, quando o homem sai da técnica que caracteriza a telha lusitana. Portugal, fiel à filiação
do barro cru seco ao sol que caracteriza a taipa c o latina, designa até hoje de romana ou de canudo
adobe, e ingressa na do barro cozido ao fogo. aquela telha simplificada, e nós, no Brasil, a chama
Assim, a argila, completando o ciclo de seu mos dc colonial, de capa e calha, e de paulistinha aos
aproveitamento, primeiro fornece ao homem o material modelos menores modemamente criados. A telha plana
de seu vasilhame doméstico e a seguir o de sua habi romana, de harro cozido, tinha forma retangular c
tação regular, com o tijolo, os ladrilhos, os azulejos em média 55 cm de longo.
c a telha <c ainda tubulações e condutos). O Brasil só tomou conhecimento das telhas planas
A telha constitui a unidade da cobertura c o no século XIX — as chamadas telhas francesas ou
telhado o todo coberto de uma construção. Porém o de Marselha — produto importado da França, de
homem não se ateve somente ao emprego da telha menores dimensões, até que a indústria local, no último
cerâmica — um telhado pode ser montado com outros quartel do século XIX, começasse a prover o mercado
materiais, como a madeira, o cobre, o bronze, a brasileiro,
ardósia, o mármore, o estanho, o ferro, o zinco, o Na China, as telhas aproximavam-se mais do
vidro, o concreto, o plástico, etc. modelo português do que do romano, porém com uma
A telha de barro não tem a mesma idade de seu diferença: a parte côncava correspondente à calha era
irmão de forno, o tijolo. Este é o irmão primogênito, mais larga do que a convexa que lhe era oposta,
e aquele com o ladrilho, os caçulas da família oleira. também com numerosas variantes. Aliás, no Brasil
Enquanto o tijolo já era empregado há mais de 3000 colonial havia também essa variante tipo chinês.
a.C , na cronologia das civilizações que se superpõem Isso, quanto aos aspectos estruturais da telha
no tempo, a telha só aparece na Grécia por volta ce cerâmica através dos tempos, porém tanto os ociden
430 a.C., no Templo de Bassae. Acredita-se, porém, tais como os orientais procuraram ambos, à sua manei
que no Ocidente ela provenha de períodos mais ra, dar ao telhado complementos decorativos, fossem
recuados, pois no Oriente, na China e no Japão, a eles com ornatos ou através da cromia.
sua presença é mais remota. Os Gregos c os Romanos, imprimiram-lhe um
Pelo conhecimento adquirido por meio de pesqui remate artístico, para isso, colocavam ornamentos de
sas arqueológicas, a telha apresenta-se sob duas for cerâmica, bronze ou mármore, às vezes nos cantos, às
mas, tanto no Ocidente como no Oriente, feitios esses vezes a intervalos regulares e também formando um
15
Séc. X I X TELHAS ESMALTADAS PORTUGUESAS
5
Mostruário de diversos tipos e tamanhos de telhas esmaltada;
em branco e- azul, com diversos tamanhos, às vezes funde
branco, às vezes funde* azul, dando realce às flores e à:
ramagens, dc fino acabamento, com as pontas relevadas (eir
azul ou em branco). Com o fo i dito, em geral revestiam i
parte inferior dos largos beirais coloniais. Fabrico de Deveio,
ou de Santo Antônio do Porto.
Cortesia de Nícia Camargo — São Paulo.
friso contínuo em volta de todo o telhado. Essas afastar os maus espíritos. Porém inovaram com a
peças ornamentais eram chamadas de “acroterium" ou aplicação de telhas esmaltadas que se destacavam no
“ante-fixo” e ainda hoje são reproduzidas em cons conjunto pelo brilho c pela cor. O telhado esmaltado
truções modernas em Athenas e alhures. Eram elas de de amarelo claro era mais usado na suntuária dos
cerâmica ou de outros materiais representando folhas templos, palácios e mansões dc mandarins, enquanto
finamente elaboradas em forma de palmeia apoiadas os de preto marcavam a habitação de outras classes.
na parte inferior sobre base retangular com duas Outra decoração típica era a dos terminais dos pagodes
volutas laterais, ou grifos e outros ornatos. Adatações constituídos por peças cerâmicas espalmadas para o
de “acroterium” greco-romano nos foram transmitidas alto.
pelos portugueses, sobretudo nas construções dos séculos O Japão também valcu-sc das telhas esmaltadas
X V III/X IX cm Minas, em barro cru, e no Norte, já como elemento decorativo, havendo telhados pintados
no correr do século XIX e no XX, muitos telhados ce cinza e de prateado. Necessário torna-se realçar a
são decorados com “ponteiras” de louça vidrada. importância dada pelos orientais ao telhado — não
Os chineses colocavam nos cantos e na cumieira constitui como de regra no Ocidente apenas uma
da cobertura telhas encimadas por dragões, animais cobertura. Na concepção antiga, chinesa c japonesa,
fantásticos e outras representações para proteger e fazia ele parte integrante e principal da decoração de
16
ura conjunto arquitetônico — as fachadas e os embasa de arremates cerâmicos do tipo dos , pagodes, o que
mentos serviam apenas de apoio às composições esté também veio a ter aceitação no Brasil, no século XVIII,
ticas e monumentais dos telhados. sobretudo em Minas.
Na Europa, na Áustria e em outras capitais, Já tivemos oportunidade de ressaltar o papel de
alguns telhados de ardósia, como a Catedral de Santo uma olaria dentro de um contexto socio-econômico e
Estevão em Viena, embora não usando esmaltes, histórico, como também o do oleiro numa comunidade.
apresentavam superfícies policromadas formando dese Porém, o desdobramento dos ramos de atividade pro
nhos geométricos. Os portugueses souberam criar uma fissional em especializações, tão em voga no inundo
forma “sui-generis” e de grande efeito decorativo, moderno, é apenas um princípio que no setor cerâ
inspirado na China Antiga. Eram as telhas esmaltadas mico já era posto em prática na Antigüídade e n a Idade
de branco e azul, com desenhos de folhas e de pássa Média. O pedreiro tinha seu ofício e o colocador de
ros para guarnecerem em geral a parte inferior de telhas (“couvreur de tuiles” ) também era um especia
beirais solarengos, uso que nos legaram em fins dos lista, um artesão qualificado em sua profissão, dispondo
séculos XVIII e XIX. Outra adaptação portuguesa do de emblemas e distintivos fornecidos pelas corporações
estilo chinês foi o emprego nos cantos dos telhados medievais.
17
LAD RILH O
s romanos, após os fenícios c cra necessária uma espessura igual a do tijolo que
os gregos terem introduzido os respondia por cargas consideráveis, e, como consequên
rudimentos de arte cerâmica na cia, que não era preciso despender tanta massa para
Península Ibérica, difundiram aquela finalidade, nasce então uma peça cerâmica com
sua técnica, inclusive a do característica diferente que é o ladrilho (e a lajota).
fabrico do ladrilho, a que cha Apresenta ele uma série variada de formatos, porém
mavam de “latericum”. é mais leve e de seção mais delgada do que o tijolo.
A corruptela deste étimo latino foi idêntica tanto Mesmo fenômeno ocorre com o azulejo, que deriva
em Portugal como na Espanha, que na época da ocupa do ladrilho e cuja espessura é ainda mais restrita, pois
ção romana formavam uma só província daquele Im sua função, que é de isolante e de decoração, não
pério, isso por volta do século UI a.C. Porém, com suporta cargas.
uma importante diferença ríc significado — enquanto "A lajota de forma retangular, de maior dimensão
ladrilho em português refere sc a artefato cerâmico de do que o ladrilho, além de servir de piso conheceu
pavimentação, em castelhano “ladrillo” significa tijolo outras aplicações, como evenlualmente a de revesti
de construção. mento parietal, no que desempenha, em parte, o papel
No fluir do tempo numerosos materiais foram do azulejo. Porém os hispano-mouriscos deram-lhe
sendo empregados pelo homem para o revestimento do uma inesperada atribuição: a da decoração dos forros
piso de uma habitação ou de outros locais. O reino dc mansões e palácios. Nisso não fizeram mais do
vegetal foi-lhe fornecendo através de várias qualidades que inspirar-se ainda nos gregos que não descuravam
de madeira a matéria-prima, como também o reino também do tratamento do forro que armavam com
mineral, a pedra, o mármore e o barro, para atender “caixões" de mármore, no centro dos quais colocavam
aquela finalidade. Formaram-se assim os soalhos com rosetas douradas, quando não, aproveitando-se da
tábuas, tacos e artísticos “parquets” e aparecem os pisos madeira, pintando-a ou revestindo-a com lâminas
pedrcgufhacios, lajeados, polidos ou não, como tam metálicas"(8).
bém e sobretudo faz a sua aparição na Antiguidade a Porém, aos hispano-mouriscos coube a iniciativa
harmoniosa composição do mosaico de que os gregos, de adotar a cerâmica de piso no arremate ornamental
os romanos e os bizantinos fizeram largo emprego do forro. Esse gênero dc lajota, que os espanhóis desig
através de artísticos desenhos e variada cromia. nam de “socarrat” ou “tablero" apresentava diversas
Voltaremos a faiar neles quando abordarmos as técni dimensões (32 x 24 cm — 35. x 43 cm -— 37 x 45 cm
cas de azulejo. De notar que os gregos, sempre sensí — Í6 x 29 cm) e dois tipos: o liso, empregado na
veis a criações estéticas, souberam também dar um cor natural da argila ou pintado com tintas à base
grande realce ao manejamento do mármore e do con de óxido de ferro sobre fundo branco, que sofria um
traste de cores com o uso de quadrados brancos e cozimento para fixação das cores, porém sem esmalte
pretos, o que originou o chamado desenho “enxadreza ou vidrado, o que conferia aos “ socarrats" um aspecto
do’', como ocorreu no templo de Asclépio, 380 a .C .17). opaco. Os desenhos variavam com representações
Mais recentemente tanto a borracha como sub antropomorfas c antropozoomorfas, fitoformes, com
produtos do petróleo aumentam o arsenal utilitário e arabescos, figuras heráldicas, símbolos de grêmios,
decorativo do revestimento do piso. como também havia os epigráficos, tanto em caracte
Porem o piso de barro, sob suas diferentes moda res árabes, como latinos e castelhanos, estes em letras
lidades, assume, desde os primórdios da civilização góticas da Uaixa Idade Média, com dizeres alusivos ao
corno até hoje, um desempenho preponderante na proprietário, a data da fundação, sentenças religiosas
habitação. e, às vezes, a assinatura do pintor. O outro tipo de
A primeira utilização do barro como revestimento “socarrat" cra o moldado com representações diversas
de piso, é o mais primitivo e rudimentar possível, em baixo relevo, porém estes não eram políeromados.
porém jã apresentando uma superfície mais uniforme, Essas lajotas eram intercaladas e se apoiavam entre
mais compacta e de melhor resistência ao uso que o as vigas paralelas que sustentavam o assoalho superior
chão natural, é o chamado barro “batido”, “socado" ou o forro, formando faixas contínuas paralelas ao
ou “ pisado" que tem por fim, pela compressão, elimi vigamento. Essas faixas dc cerâmica colocadas uma ao
nar parte da umidade da terra para torná-la mais lado da outra naqueles intervalos formavam uma
consistente. superfície plana uniforme e apta a receber a decoração.
Quando descoberto o fabrico do tijolo, passou Essa técnica mourisca também teve seu emprego
ele, como ainda hoje, a ser usado na pavimentação — ainda no século XVII, no Brasil. No convento de'
não só servia como isolante ccnira a umidade do solo, Santa Teresa, em Salvador ainda existem forros com
como prestava-sc a arranjos decorativos. Da observa-_ lajotas intercaladas entre as vigas onde funciona atual
ção de que para o uso doméstico ou de interior, não mente o Museu de Arte Sacra.
19
B I B L I O G R A F I A
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P L A C A S O U L A JO T A S
(Socarrats)
Brasil — Espanha
10
23
REMATES E VARIANTES DE TELHADOS
(Oriente)
12
T em p lo de K u n Y am em M acau,
T e w p í o E s m e r a ld a d e B e .u : ! i:B.m e t B u d h a T e m p le l
B a n g k o k — T a il â n d ia ,
25
REMATES DE TELHADOS COM LOUÇA VIDRADA
Brasil “ (Pará)
26
IV - LOUÇA VIDRADA
s ta m o s d ia n te d c o u tr o g ra n d e M a s q u e n o v o a s s o c ia d o e ra esse q u e p a s s a v a a
p a s s o d a d o n a té c n ic a d a c e fa z e r p a rte d a c o n g re g a ç ã o c e râ m ic a m ile n a r, fa z e n d o
râ m ic a . E s s a lo u ç a n a d a m a is é re fu lg ir a s p e ç a s , fo rn e c e n d o e m a n te n d o in d e lé v e l
d o q u e a te r r a c o t a à q u a l veio se u fre s c o r c c o lo rid o , c o m o c o m p le ta a su a im p e r
a g rc g a r-s e u m n o v o e le m e n to , m e a b iliz a ç ã o ? E r a o v id ro q u e s o b o c o n tro le d o fogo
ta m b é m p ro d u to d o fo g o . e d e b a ix o d e c o m b in a ç õ e s q u ím ic a s a d e q u a d a s p a ss a v a
A té e n tã o , c o m o n a c e râ m ic a s o b a s v a ria n te s d e n o m in a d a s d e e s m a lte s , v e rn iz e s,
g reg a e o u tr a s q u e s e lh e a n te c e d e m , a d e c o ra ç ã o v id ra d o , g la s u ra o u c o b e rta , a re v e s tir d e te rm in a d o s
d e fu n d o e o s d e s e n h o s c o lo r id o s e ra m d e re g ra m a te ria is c o m u m a c a p a v itrific á v c l — u m in d u to
e x e c u ta d o s a frio , c o m c in z a s, c a r v ã o e m in é rio s v id ro so — tr a n s p a re n te o u o p a c o , b ra n c o , in c o lo r ou
c o m u n s m is tu ra d o s c o m á g u a o u g o rd u r a <’), o u co m c o lo rid o ,
tin ta s v eg eta is c a rg ila s d e c o re s d iv e rs a s , té c n ic a e sta O te rm o g re g o p a r a d e s ig n á -lo é “ h ia ln s " , q u e
c o n h e c id a p o r e n g o b e , m u ito u s a d a ta m b é m p o r n o sso s d e u o rig e m à p a la v r a h ia lu rg ia , q u e sig n ific a a p rá tic a
in d íg e n a s. d o v id ro . £ uru d o s m ais a n tig o s o fíc io s q u e se c o n h e
c e , c 3 0 0 0 a n o s a .C ., o s e g íp c io s, o s c a u d e u s , o s su-
S e g u n d o M a rtin A lm a g ro B a s c h , o s é rio p ro b le m a
m é rio s e d e p o is o s p e rs a s p ro d u z ia m v id ro e e s m a lte s 0 ) .
d o re v e s tim e n to d o s u te n s ílio s, v is a n d o se u m e lh o r
S e g u n d o W o lfg a n g P fe iffe r <3) o seu a p a re c im e n to te ria
a sp e c to e v e d a ç ã o , se g u iu d u a s e ta p a s . A p rim e ira ,
o c o rrid o n o d e lta d o N ilo , o n d e fo r a m e n c o n tr a d o s
co n sistiu n a m e lh o r se le ç ã o d o b a r r o e su a su je iç ã o
re c ip ie n te s d e b a r r o e c o n ta s d e v id ro , e m p e río d o a in d a
a te m p e ra tu ra s , m a is d e v a d a s , e d e p o is c o m p le ta d a
m ais re c u a d o , o u se ja , p e lo q u a r to m ilê n io a n te s d c
co m o u so d e e n g o b e s, q u e , a lis a d o s , c o n trib u ía m p a ra
C risto .
e m b e le z á -lo s c v e d á -lo s c o m m a i o r e fic iê n c ia . E s te
C o n s ta q u e o s g re g o s em se u a p o g e u d e c iv ili
p e río d o é c a ra c te riz a d o , n o O c id e n te , p e la c e râ m ic a
z a ç ã o n ã o u tiliz a v a m o v id ra d o e m su a c e râ m ic a
g re c o -la tin a , e o in d u to e n tã o a p lic a d o , é c h a m a d o
e m b o ra u tiliz a sse m o v id ro e m o u tro s d o m ín io s ,
p o r B asch , d c “ f tm is ” , c o m p o s to d e a rg ila s p u ra s e
e n q u a n to q u e o s ro m a n o s o e m p re g a v a m p a rc im o n io -
im p e rm e á v e is, p ro c e s so e ste q u e já v in h a d a tra d iç ã o
sa m e n te n o s v a silh a m e s. Q u a n to a s u a d e s c o b e r ta —
o le ira d e C re ta h á 3 0 0 0 a .C . O s g re g o s leg a r a m - n o
q u e foi p o r a c a s o — te r ia m sid o b e d u ín o s q u e , ao
a R o m a e c o m p e q u e n a s v a ria n te s p a s s o u a s e r c o n h e
:a z e r a c a m p a r u m a c a ra v a n a , a c e n d e ra m fo g o s d e
cid o p o r “ te rra sig illa ta ” , d e a s p e c to v e rm e lh o e
íre m p e p a r a p r e p a r a r c o m id a e a f a s ta r fe ra s. E q u a l a
b rilh a n te , c o n fe rid o p e la q u a lid a d e d a b a rb o tin a o u d o
s u rp re s a q u a n d o , a o a m a n h e c e r, a b a se d o b ra s e iro
e n g o b e a p lic a d o .
fo rm a v a u m c o rp o s ó lid o a re fle tir o s ra io s d o sol!
E sta p rim e ira e ta p a , a in d a p re c á r ia , d e m o n s tra v a R e a lm e n lc a d e s c o b e r ta v e io a fo r n e c e r u m d o s
to d a v ia o e s fo rç o c o n s ta n te d o h o m e m , e m v á ria s c o m p o s to s q u ím ic o s d o n o v o m a te ria l, c seu a p ro v e i
p a rte s d o g lo b o , p a ra d o m i n a r a q u ilo q u e lh e d e s p e r ta m e n to a b ria n o v a s e v a sta s p e rs p e c tiv a s p a r a a
ta v a c o b iç a , c a u s a v a -lh e fa s c ín io o u p o d ia s e r-lh e ú til. C e râ m ic a , n ã o só c o n fe r in d o -lh e im p e rm e a b ilid a d e
O rol d e s u a s d e s c o b e rta s , p a r tin d o d o n e o lític o , c o m o u m a s p e c to a té e n tã o d e s c o n h e c id o , a o m e sm o
a tra v e s s a n d o o p ré -h is tó ric o c in g re s s a n d o n o h is tó te m p o q u e p o s s ib ilita v a p e lo c a lo r a fix a ç ã o d e ó x id o s
rico , é im p re s s io n a n te . E n tre o u tr a s c o n q u is ta s s o b re c o u tro s c o ra n te s m in e ra is n o v id ra d o . D e ssa fo rm a ,
a m a té ria , já d o m in a ra o b a r r o m o ld a n d o -o a seu os c o lo rid o s e s p a rs o s q u e a n a tu re z a p ro d ig a liz a a o s
ta le n to , c o m s u a s p r ó p r ia s m ã o s o u c o m o u s o d o to m o o lh o s p a ss a m a se r re lid o s e c o lo c a d o s a o r e d o r d o
o u d e m o ld e s; j á a p ris io n a r a o fo g o e n c la u s u ra n d o -o hom em .
em fo g õ e s e fo m o s ; já p u s e r a a v e s e a n im a is , a á g u a C o m a p a rtic ip a ç ã o d a q u ím ic a , a fa b ric a ç ã o
e o v e n to , a s e u se rv iç o . N a re a lid a d e , o s q u a tr o c e râ m ic a to rn a -s e u m a v e rd a d e ira c iê n c ia a e x ig ir,
e le m e n to s re fe rid o s p e lo s A n tig o s — a te rra , a á g u a , dos q u e a e la se d e d ic a m , c o n h e c im e n to s e sp e c ífic o s
o fogo e o a r — já e s ta v a m in te g ra n d o o u p a rtic i p e la c o m p le x id a d e q u e a p re s e n ta . H a v ia q u e p r e p a r a r
p a n d o d ir e ta o u in d ire ta m e n te d a in d ú s tria c e râ m ic a . a s p a s ta s c o n h e c e n d o se u c o m p o r ta m e n to a o fo g o c o m
M a s o b rilh o d e u m a g o ta d e o rv a lh o o u d e u m a re fe rê n c ia a o s g ra u s d e d ila ta ç ã o , c o n tr a ç ã o , fu sib ili-
la sc a d e sílex o u d e q u a r tz o , e o s c o lo r id o s p a ss a g e i d a d e c v itr if k a ç ã o . D e o u tr o la d o h a v ia q u e c o o r d e n a r
ro s d e u m a rc o -íris d e s d o b r a d o s n o c é u , o u o s d a s a q u e la s c a ra c te rís tic a s c a d a p tá -la s a o s c o e fic ie n te s
flo re s c d a s b o rb o le ta s d e c u rta d u r a ç ã o , n ã o c o n s e in trín se c o s d o s ó x id o s e o u tro s c o ra n te s m in e ra is p a r a
gu ia c a p tá -lo s a n ã o s e r p re c a r ia m e n te . E sse d e s a fio q u e o s m e sm o s p u d e s s e m in te g ra r-se às p e ç a s. E p a r a
ele o v e n c e , q u a n d o , d e p o is d e is o la r v á rio s m etais, ta n to , h a v ia q u e c o n tr o la r rig o ro sa m e n te o fo g o e o
c o m e ç a a d e s v e n d a r o u tr o s se g re d o s d a n a tu r e z a e fo rn o p a ra c h e g a r a u m a c o z e d u ra p e rfe ita e às c o re s
p assa a in te g ra r a q u ím ic a n a c e râ m ic a . d e se ja d a s, já q u e o m a io r o u o m e n o r c a lo r e a
27
p re s e n ç a d e m a io r 'ou m e n o r q u a n tid a d e d e o x ig ê n io d ifu n d id o — P o m p é ía o s e x ib ia e m to n a lid a d e v e rd e
p o d ia a lt e r a r o c o lo rid o o u d e s tru ir a fo r n a d a . Q u a n d o a z u l a d a (ú).
o o x ig ê n io é ra re fe ito d iz -se q u e a c o z e d u ra e s tá e m A I d a d e M é d ia e u ro p é ia so u b e tir a r u m g ra n d e
re d u ç ã o , s e a o c o n tr á rio a a tm o s fe ra é o x id a n te W, p a r tid o n a d e c o ra ç ã o , p in ta n d o o u c o lo rin d o a fo g o
D a c o n s ta n te e ín tim a re la ç ã o d o c e ra m is ta c o m o s v itra is d a s c a te d ra is q u e ta m is a m a lu z e filtra m as
a m a té ria , d e in fin ita s e x p e riê n c ia s e d e in c o n tá v e is c o re s . G s e sm a lte s, a lé m d e v id r a r p e ç a s , a p lic a m -se
m a lo g ro s , fo ra m s u rg in d o e a m p iia n d o -s e a o s p o u c o s ta m b é m n a jo a lh e r ía e e m v a so s ( “ os c lo is o n n é s ” )
o s c o n h e c im e n to s s o b r e a a rg ila , s o b re o c o m p o r ta c n a c e râ m ic a d e c o n s tru ç ã o , n a s tu b u la ç õ e s , n o s
m e n to d o fo g o e as c o m b in a ç õ e s q u ím ic a s q u e se lh e la d rilh o s , te lh a s e tijo lo s . E s te s , n a E c b a ta n a em
a d a p ta v a m . H a m a d ã , c h e c a ra m a fo r m a r m u r a lh a s c o m sete c o re s ,
E c o m o u m p in to r d ia n te d e u m a te la , o c e r a se g u n d o H e ró d o to . N in iv e e B a b ilô n ia ( f u n d a d a p o r
m is ta d ia n te d e u m a p e ç a p a s s a ta m b é m a d is p o r d e B e lu s 2 6 0 0 a .C , e a r r a s a d a p o r D a n o e m 5 2 2 a .C .)
u m a p a le ta d e c o re s v a ria d a s p a ra , a tra v é s d o p in c e l, ta m b é m o s e x ib ia e m b ra n c o , azu l e v e rm e lh o Pí.
fix a r os im p u ls o s d e s u a im a g in a ç ã o , E q u a is os A h is tó ria d o v id ro , c o m o a d a c e râ m ic a , a p re
m in e ra is e se u s d e riv a d o s q u e s o b a a ç ã o d o fo g o s e n ta ta m b é m u m a b r ilh a n te tra je tó ria . D e a p e n a s
iria m p ro d u z ir as c o re s p a ra c o m p o r a p a le ta d o tra n s lú c id o a p rin c íp io , tra n s fo r m a -s e c m tr a n s p a re n te
c e ra m is ta ? e foi d u r a n t e o Im p é rio R o m a n o q u e s e u u so to m o u
D iz -n o s Jo a q u im d e V a s c o n c e llo s “ O s v e rn i u m g ra n d e in c re m e n to . S id o n foi o seu p rim e iro g ra n d e
zes, e sm a lte s, v id ra d o s o u g la s u ra s, re p ie s e n ta m p r o c e n tro d e p ro d u ç ã o (c a , I a .C .) n o q u a l j á e ra
d u to s q u ím ic o s v itrific á v e is, o b tid o s a tra v é s d e c o m b i a p lic a d a a d e c o ra ç ã o e m relev o , e m p re g a d a s as fo rm a s
n a ç õ e s d e m in e ra is d e b a se , c o m o a p o ta s s a , a so d a , n a s u a f a t u r a e c o m p o s to s os c o lo rid o s a zu l, v io le ta ,
a c a l, o fe rro , o a lu m ín io , o c h u m b o , etc. N a lo u ç a v e rd e e c a s ta n h o . A le x a n d ria , a se g u ir, to rn a -s e ,
c o m u m o rd in á ria é o a lc a n fo r e o sa l m a r in h o q u e d u r a n te o p rim e iro m ilê n io , o c e n tro a rtís tic o d e seu
se a p lic a m a o v a silh a m e e s e fu n d em , d u r a n te a fa b ric o , e m q u e s ã o in tro d u z id a s as té c n ic a s d o c o rte
c o z e d u ra ” . O c o b re , a o q u e p a re c e , foi o m e ta l q u e e a d o s o p r a d o r , té c n ic a s essa s q u e a té h o je v ig o ra m .
p rim e iro fo rn e c e u to n a lid a d e s d iv e rs a s , a tra v é s d o O s m u ç u lm a n o s ta m b é m c o n tr ib u íra m n o seu
ó x id o e u p ro s o (a v e r m e lh a d o ) e o c ú p ric o (e s v e r d e a a p rim o ra m e n to c in tro d u z ira m o u s o d o s re fle x o s
d o ) . O fe rro , co m os ó x id o s f é m e o e fe rro s o , p ro d u z m e tá lic o s e cio o u ro n a d e c o ra ç ã o .
d e s d e o a m a re lo , a la r a n ja d o s , o c re s , te r ra d e S ie n n a N o E x tre m o O rie n te , n a C h in a s u a p re s e n ç a é
e to n s d e v e rd e . O m a n g a n ê s p ro d u z o v io le ta e o m e n c io n a d a 1 0 0 0 a .C . e m d o c u m e n to s , e m b o r a o s
m a r r o m , o a n tim ô n io o a m a re lo . O m in é rio d e c o b a lto e x e m p la re s d e s c o b e rto s d a te m a p e n a s d a d in a s tia H a n
d e s c o b e rto n o B a lu c h istã o , n o O rie n te M é d io , fo i ( 2 0 6 a .C . — 2 2 0 d .C .) .
ta lv e z d o s m a is e m p re g a d o s n a c e râ m ic a ta n to p e lo s Ê V e n e z a , p o ré m c o m s u a s m ú ltip la s v id ra ria s
m u ç u lm a n o s co m o p e lo s c h in e s e s e e u ro p e u s , q u e o s e m M u r a n o n o sé c u lo X V I , e se u a p o g e u n o X V I I , q u e ,
m a n ip u la v a m a fu n d o , c r ia n d o v a ria n te s c o m o e m p r e no O c id e n te , d á o g ra n d e im p u ls o n a s u a d iv u lg a ç ã o
go d o sílica to d e c o b a lto q u e p r o d u z o azu l u ltra m a rin o , no re s to d a E u r o p a , o n d e os p ro d u to s n o sé c u lo X V I
o " a z u l d c S è v re s” , d e “ P rú s s ia ” , o " M a z z a rin o ” , o e r a m c o n h e c id o s p o r " v id ro s à m a n e ira d e V e n e z a ” .
" M a o m e ta n o ” , etc. A p r o d u ç ã o v e n e z ia n a n o s é c u lo X V I I a tin g e ta l
D a c o m b in a ç ã o d e sse s c o m p o n e n te s q u ím ic o s in c re m e n to , q u a n d o e la sc d e s tin a a o u s o c o tid ia n o ,
e n tr e si, su rg e m o u rra s c o re s , c o m o o n eg ro (m is tu ra q u e n e s s a in d u s tria liz a ç ã o in te n s a s e la -s e o s e u v a lo r
d e c a r b o n a to d e c o b a lto , ó x id o f é m e o c m a n g a n ê s ). c o m o a r te s a n a to d e a lto m é r i t o m .
O s m o u ro s e os p e rs a s c ria ra m u m a d e c o ra ç ã o P o ré m , a in d a n a A n tig iiid a d e ( e m e s m o m a is
iris d ic e n te , c o m re fle x o s m e tá lic o s, c o n h e c id a p o r r e c e n t e m e n t e ) , o v id ro e a c e râ m ic a , e m c o rr e la ta e
lu s tre , o b tid a c o m a in tro d u ç ã o d e p ig m e n to s m e tá e s tre ita c o n c o rr ê n c ia d e u tiliz a ç ã o e fu n ç ã o , v ie ra m a
licos d u ra n te o c o z im e n to . O v e rm e lh o e r a c o n h e c id o c o n h e c e r o u tr o d e s tin o in e s p e ra d o : o d e se rv ire m
d e sd e & A n tig iiid a d e , p o ré m os to n s e s u b to n s d o e v e n tu a l m e n te d e u m a e sp é c ie d e m o e d a , e m itid a p o r
v e rm e lh o e d o ro s a le v a ra m m u ito te m p o p a r a s e r p a r tic u la r e s , b a n c o s , o u g o v e rn o s , e a ss im te r e m ta m
o b tid o s n a c e râ m ic a c h in e s a . E ste s to n s d e v e rm e lh o b é m se u lu g a r n a n u m is m á tic a , c a b e n d o -lh e s , p o is , a
só fo r a m c o n se g u id o s c o m a fa m o s a “ P u r p u r a d e d u p la a tr ib u iç ã o d o p a p e l e d o m e ta l c o m o m e io
C a s s iu s ” (c o m p o s to e m q u e p a rtic ip a m o o u ro , o c ir c u la n te .
e s ta n h o e o o x ig ê n io ) q u e foi so m e n te d e s c o b e r ta n a E s ta p o d ia s e r a p e n a s de v id ro , c o m o d e te r ra c o ta
H o la n d a , n o sécu lo X V I I . C o m e la ta m b é m se d e s d o o u d e g ré s , o u a in d a d a c o m b in a ç ã o d o s d o is , o u se ja ,
b r a m to n a lid a d e s , v a ria n d o d c v e rm e lh o à c o r-d e -ro s a , d e lo u ç a v id ra d a , e m a is ta r d e d e p o rc e la n a .
q u e iria m to m a r d iv e rsa s d e sig n a ç õ e s e m d ife re n te s D iz -n o s Y o la n d a M a rc o n d e s P o rtu g a ): “ O e m p r e
p a ís e s . O s je s u íta s le v a ra m a fó rm u la p a r a a C h in a , o g o d a m o e d a d e c e râ m ic a é tã o a n tig o q u a n to a c iv ili
q u e veio a c a r a c te riz a r os e stu p e n d o s p ro d u to s c o n h e z a ç ã o a s s íria em q u e a p a re c e c o m o p rim e ira m o e d a
c id o s p o r “ F a m ília R o s a ” , fid u c iá ria d a H is tó ria n o b a r r o c o z id o d e seus
M a s , v o lte m o s ao v id ro e a o s se u s d e riv a d o s . ti jo l o s '« ” .
C o n h e c e ra m eles u m a a m p litu d e e n o rm e d e a p ro v e i J á u o E g ito , d e sd e se u a lto Im p é rio a té a d o m i
ta m e n to , d e s e m p e n h a n d o n a v id a d o h o m e m u m n a ç ã o d o s á ra b e s , c o m o ta m b é m n a F e n íc ia e n a
p a p e l, em p a r le s e m e lh a n te a o d a c e râ m ic a , n o s S ic ília M u ç u lm a n a , as p e ç a s d e v id ro c h e g a ra m a ser
te r re n o s u tilitá rio , a rtístic o e in d u s tria l. O e sp e lh o u s a d a s ta m b é m c o m o m e io c ir c u la n te d e p re f e rê n c ia
q tie p rim itiv a m e n te e ra d e m e ta l p o lid o , p a ss a a ser à c e râ m ic a .
fa b r ic a d o co m o v id ro p la n o . O v id ro , n a f o r m a d e V im o s , e m re s u m o q u e a te r r a c o ta , a o c a m in h a r
v id ra ç a , p a s s a a s u b s titu ir a m a la c a c h e ta d e tr a n s p a n o te m p o , e n c o n tr a -s e c o m o v id ro e se c o b re e n tã o
rê n c ia re d u z id a , e d e sd e os ro m a n o s q u e seu u so era c o m u m a n o v a v e stim e n ta , im p e rm e á v e l e c o lo r id a e
28
assim o rn a d a , so b e dc c a te g o ria c a d q u ire u m n o v o sig n ifie to u te s o r te d ’o u v ra g e s d e p o te rie " . F ic o u
“ 5131115*’ n a so c ie d a d e c e râ m ic a , c o m o n o m e d c louça c o n h e c id o n e sta é p o c a c o m o B e rn a rd d es T u ile rie s .
ou b a rro v id ra d o , H á b il a rte s ã o , a c u m u la v a o s e n tid o a rtís tic o e o c o n h e
O a rtis ta q u e su b lim o u o e m p re g o d a lo u ç a v id ra c im e n to d a c iê n c ia . P in to r , e s c u lto r, físic q (q u ím ic o )
d a, la u t o n a fo rm a c o m o n a a p lic a ç ã o d o s e sm a lte s, sa b ia m a n ip u la r tã o b e m a f e r ra m e n ta c o m o as p a s ta s e
foi sem d ú v id a B e rn a rd d e P a lissy e m b o ra L u c c a d e lia os e s m a lte s e p o ss u ía a q u e la p ro fu n d id a d e de p e n sa m e n
R o b b ia n o c o m e ç o d e s u a c a rr e ira ta m b é m a h o u v esse to q u e n ã o é d a d a s e n ã o a o h o m e m g e n ia l. O é d ito
m a n ip u la d o c o m m a e s tria , c c le b ríz o u -s e n o e n ta n to , c o n tra os p ro te s ta n te s , d e 1 5 5 9 , n ã o p o u p o u P a lissy .
no fa b ric o d a fa ia n ç a . F o i a rra s ta d o , à B a s tilh a , o n d e m o rre u e m 1 5 8 9 .
S eg u n d o E d o u a rd F o u c a u l t <10): B e m a r d d e P alissy C o m re fe rê n c ia à c la s s ific a ç ã o , h á q u e o b s e rv a r
já c ra c o n h e c id o p o r su a s p in tu r a s s o b re v id ro , q u a n q u e a lo u ç a v id ra d a n ã o é a ssim c o n s id e ra d a te c n ic a
d o se e sta b e le c e u em S a io te s, n o s a n o s d e 1 5 3 9 , com m e n te , q u a n d o re c e b e u m en g o b e e s b ra n q u iç a d o o u
sua fam ília. F o i n e ssa c id a d e q u e v iu u m a “ c c u p e " a m a r e la d o e s m a e c id o , f o r m a d o c o m a rg ila b ra n c a o u
( t a ç a ) , d c r a r a b e le z a e se n tiu u m im e n s o d e se jo de c la ra e m is tu ra d o o u c o b e rto c o m e sm a lte d e c h u m b o
e x e c u ta r u m a p e ç a se m e lh a n te , o q u e te n to u d u ra n te L ran sp aren te e , à s v ezes, c o m u m p o u c o de e sm a lte
vinte an o s, se m su cesso , E s ta v a n a m is é ria , chegou e sta rtífe ro , ra lo o u p o b re ■ — nesse ú ltim o c a s o a p e ç a é
a té a q u e im a r p o rta s e ja n e la s p a ra a lim e n ta r o fo rn o , c h a m a d a d e “ m e z z a -m a ió lic a " o u “ b ia n c h e tto ”
q u a n d o veto a p ro d u z ir u m a p e ç a d e c o r b rilh a n te , A s sim , n o B ra sil, g ra n d e p a rte d a s lo u ç a s m in e ira s e
in é d ita n o g ê n e ro . O s ru m o re s d e s u a d e s c o b e rta d e o u tr o s E s ta d o s , s ã o lo u ç a s v id ra d a s e a q u e la s q u e
c h e g a ra m a P a ris, e P a lissy é c o n v id a d o p o r H e n riq u e re c e b e ra m e n g o b e s s a o c o n s id e ra d a s " m e ia s -fa ia n ç a s "
IIí a m o ra r n a s T u ü e rie s , F o i e n tã o q u e e le o b te v e ( “ m e z z a -m a ió lic a ” ) d e n tr o d o rig o r té c n ic o te rm in o
o “ b re v e t” d e in v e n to r " d e s ru s tiq u e s fig u lin c s q u e ló g ico .
B I B L I O G R A F I A
29
V ID R O
( M u r a n o —■ I tá lia )
A linda à esquerda provem da Pérsia, (Kttslwn), época século XIV, ' e dà uma impressão poderosa do senso decorativo persa c da
qualidade de seus desenhos. O prato Itindo, da direita, é proveniente da Turquia, tznik, época século XVII, dimensão 30 cm ‘ A repro
dução de baixa ê de um prata jmulo turco Iznik do século XVI, diâmetro 35 cm. Esta peça seiscentista já exprime a inrlc leu-
dcnciu ao tratamento das flores e da folhagem no Oriente Médio, o que irá influenciar proluiidamcntc os ceramistas europeus,
sobretudo, a partir da metade do século XIX, quando surge o Art-Nouvcau, — Cortesia da Fundação Caloustc Gidbenkian.
31
Sêc. X V LOUÇA VIDRADA
32
C E R Â M IC A V ID R A D A
Oriente Médio — Períodos Diversos
33
Séc. X X L O U Ç A V ID R A D A
(Moderna — Picasso)
34
V-AZULEJOS PINTADOS E ESMALTADOS
35
n h o s o s p ro c e s so s, U m d e le s e ra o c n c a v a d o (e m b u tid o m o d e lo s d e fig u ra s c o lo r id a s c o m e s m a lte s . O s p e rs a s
o u e m b r e c h a d o ) c h a m a d o p e lo s in g le se s d c “ in la id ” c o p ia r a m e sse s p ro c e s s o s d e 221 a .C , a 6 4 0 d ,C .
o u d e " e n c a u s tie ” , q u e c o n s is tia cm in s e rir n o b a r r o O s á ra b e s , e m 6 3 2 d e n o s s a e ra , a d o ta v a m ta m b é m
v e rm e lh o d a p e ç a p o r m e io d e u m m o ld e d e m a d e ira , ta is m é to d o s, a m p lia n d o - o s a in d a c o m u m a n o v a té c n ic a
p a rte s d e a rg ila b ra n c a q u e v in h a a d e s ta c a r o d e s e n h o . q u e é a a p lic a ç ã o d o lu s tre , d c a s p e c to m e tá lic o e d c
H a v ia ta m b é m o e m p re g o d o m o ld a d o , q u e c o n d ife re n te s c o re s ( o “ g o ld c n ” o " s ilv e r” o “ ro s e ” e o
s istia e m s u b m e te r o b a r r o m o le ã p re s s ã o d e fo rm a s “ c o p p e r” , c o m o s ã o c o n h e c id o s na te rm in o lo g ia in g le s a ) ,
o u d c m o ld e s, q u e , im p re n s a d o s , tra n s m itia m o s c o n
N o s é c u lo X I V d .C ., p o rc e la n a s c h in e s a s , m o n o -
to rn o s d o d e s e n h o , p o d e n d o e ste s s e r c h a m a d o s ta n to
c ro m a s , c h a m a d a s “c é la d o n s ” e as azu l e b ra n c o ,
d e b a ix o c o m o d e a lto re le v o , c o n fo r m e a d e p re s s ã o
c h e g a m e m g ra n d e q u a n tid a d e à P é rs ia e a o O rie n te
o u a sa liê n c ia a p re s e n ta d a n o c o rp o d o a z u le jo .
D ís tin g u e m -s e a in d a n o M e d ie v o os a z u le jo s re le v a d o s P ró x im o . Is to fe z c o m q u e s e to r n a s s e m o d a c o p ia r os
b e lo s m o d e lo s c h in e s e s n a s s u a s c ro m ia s , fa z e n d o c o m
n a A le m a n h a e d a E u r o p a N ó rd ic a e o s d a A lsá c ia
q u e o le iro s is lâ m ic o s a d o ta s s e m , ta m b é m , a té c n ic a
q u e o s d ifu n d iu p e lo R e n o c o m re p r e s e n ta ç õ e s g ó tic a s
d e a p lic a r o a z u l s o b o v id r a d o , s o b r e tu d o p o rq u e o
(m a is o u m e n o s 1 3 0 0 a .C .) c o m p á s s a ro s e e s c u d o s
a z u l d e c o b a lto e r a e n c o n tr a d o n o O rie n te M é d io , d c
h e rá ld ic o s , a d a p ta n d o -o s n a R e n a s c e n ç a c o m m o tiv o s
o n d e c r a e x p o r ta d o p a r a a C h in a a tr a v é s d o s m e r c a
p re d o m in a n te s d e c a ríá tid c s e a rc a n jo s .
d o r e s is lâ m ic o s, E g ito ( F o s f a t ) c S íria ( D a m a s c o )
E n tr o u ta m b é m c m v o g a o p ro c e s s o d e d e c o r a r
s e g u ira m , ta m b é m , a m o d a d o a z u l e b ra n c o n o a z u le jo
as p e ç a s n a té c n ic a d o “ s g r a ffia to " o u e s g ra fita d o ,
q u e a p re s e n ta v a fo rm a s v a ria d a s , in c lu siv e a h e x a g o -
m é to d o e sse p o r a ssim d iz e r u n iv e rs a l c m ile n a r , já
n a i. Iz n ik e K u ta y a , a m b a s n a T u r q u ia , a s s u m e m n o tá
q u e o s ín d io s a m e ric a n o s a n te s m e s m o d a s D e s c o b e r
vel lid e ra n ç a n o fa b r ic o e n a d e c o ra ç ã o , ta n to d o
ta s a p lic a v a m -n o e m s u a s c e râ m ic a s . C o n s is tia e te e m
a z u l c b ra n c o c o m o d a s p e ç a s p o lic ro m a d a s . Iz n ik ,
p ro c e d e r-s e a in c isõ e s o u risc o s s o b r e u m a su p e rfíc ie
n a T u r q u ia , re p r e s e n to u o g ra n d e c e n tr o d o O rie n te
e n g o b a d a (c a ld o d e a rg ila s d e d ife re n te s c o re s a p li
. M é d io c o m a lto s e b a ix o s n o se u fa stíg io . N o c o m e ç o
c a d o s o b re a s p e ç a s ) q u e d e ix a v a m à v is ta o fu n d o
d o sé c u lo X V I , r e la ta o v ia ja n te E v lig a C h c le b i q u e
d a p a s ta d e b a r r o d e o u tr a c o r <’>,
d e 1 6 0 3 a 1 6 1 7 , n o te m p o d e A h m e d I, h a v ia n a d a
P o ré m e ssa s té c n ic a s o c id e n ta is , a u tó c to n e s o u
m e n o s d o q u e tr e z e n ta s fá b r ic a s ( w o r k s h o p s ) de
a d a p ta d a s , iria m s e r s u p e r a d a s p e lo s á ra b e s . E s te s
c e râ m ic a e q u e j á c m 1 6 4 8 a s u a p ro d u ç ã o h a v ia
s o u b e r a m tir a r u m e n o rm e p a r tid o d a q u ím ic a a p li
c a íd o a s s u s ta d o r a m e n te c o m a p e n a s n o v e a te liê s cm
c a d a à C e râ m ic a , o q u e o s g re g o s e o s ro m a n o s ,
u so . P o ré m , n o s é c u lo X V I I I , o se u a rte s a n a to re v iv e
e m b o r a c o n h e c e n d o c u tiliz a n d o o s e s m a lte s e os
c o m fu lg o r n a fá b ric a d e T e k fu s S a ra y , e m Is ta m b u l,
v id ra d o s , d e p o u c o se v a le ra m .
c o m a re p r o d u ç ã o d o s a n tig o s m o tiv o s o r ie n ta is c
C o m u m a p a le ta d a s m ais ric a s e m a is c o m p le
is lâ m ic o s. K u la y a r e p r e s e n ta v a o s e g u n d o c e n tr o
ta s , c o m o e m p re g o d c e s m a lte s vivos c v id ra d o s
c e râ m ic o tu rc o , p o ré m s o m e n te n o sé c u lo X V I I I , c o m
d e n so s , o s á ra b e s , c o m a té c n ic a a s s im ila d a n o O rie n te
a d ir e ç ã o d e c r is tã o s a rm ê n io s q u e im p rim e m n a d e c o
M é d io e d e se n v o lv id a na E s p a n h a , c o n fe re m à A z u lc -
r a ç ã o , a lé m d a c ó p ia d o s m o tiv o s d e Iz n ik , a s sim b o -
ja r ia u m a n o v a d im e n s ã o c o m o a r t e a p lic a d a e c o n tr i
lo g ias e re p re s e n ta ç õ e s c ris tã s , c o m o m o tiv o s b íb lic o s ,
b u e m d e c is iv a m e n te n a d is s e m in a ç ã o d e s e u u s o n o
q u e ru b in s , e tc . E s ta fá b ric a e x is te a té h o je . D e a s s in a
m u n d o m o d e r n o c c o n te m p o râ n e o .
la r , a in d a , a lin d a c e râ m ic a d e K o u b a c h a d o sé c u lo
A q u e le s e la b o r a d o s m o s a ic o s g re c o - ro m a n o s d a
X V I , fa b r ic a d a e m V e ra m in e , n o N o rte d a P é rs ia , e
A n tig u id a d e fe ito s c o m m a te ria l n o b re e d c a lto te o r
q u e e m p a rte se in s p ira n o s m o tiv o s d c Iz n ik <2).
a rtís tic o e os m o s a ic o s c e râ m ic o s d a I d a d e M é d ia , v ã o
a o s p o u c o s c e d e n d o lu g a r a o s ta p e te s , a liz a re s e E m 7 1 1 a .C ., d a ta dc su m a im p o rtâ n c ia n a h is tó
stlh a re s a z a le ja d o s . ria p o lític a e n a d a a rte , o e x é rc ito d o C al ifa to d e
E o m a n u s e io hábil d a a rg ila , o c o n tr o le se g u ro D a m a s c o , c o m a n d a d o p o r M u z a b e n N o sa ir, a t r a
d a q u ím ic a e o s o u tro s p ro c e s s o s té c n ic o s d ifu n d id o s vessa o C a n a l de G ib r a lta r e p e n e tra na P e n ín s u la .
p e lo s á ra b e s n o O c id e n te d e ix a v a m p a r a tr á s , c o m o A p rim e ira c o lu n a te n d o â le s ta T a rik c o m d o z e m il
o b s o le to e se m e x p re s s ã o , o m o d e s to m o s tru á rio h o m e n s e a o u tr a , M u z a , c o m d ez m il h o m e n s , tra v a m
c e râ m ic o d o M e d ie v o . a b a ta l h a d c G u a d a lc te e d o m in a m o s V isig o d o s ju n to
A ssim , n a E u r o p a p ro c e s s a -s e u m a re v o lu ç ã o n a c o m b o a p a rte d o s c ris tã o s . T o le d o , a s u a fo rm o s a
C e râ m ic a , p o is o s a lfo rg e s le v a n tin o s vêm a b a r r o ta d o s c a p ita l, a c a b a c a in d o cm p o d e r d o s m u ç u lm a n o s ,
c o m a c o n tr ib u iç ã o fértil d c o u tr a s c iv iliz a ç õ e s. A a ss im c o m o , trê s q u a rto s d o te r ritó rio p e n in s u la r. A
fa b ric a ç ã o d o v id ro , o u s o d e tijo lo s, la d rilh o s e d o m in a ç ã o á r a b e s e e x e rc e a tr a v é s d e se te c e n to s a n o s.
a z u le jo s v id ra d o s , o e m p re g o d o s e s m a lte s , e m p a r ti P rim e ira m e n te s o b a s o b e r a n ia d ir e ta d o O rie n te ,
c u la r o d e c o b a lto — o azu l m a o m e ta n o — fa z ia m a tr a v é s d o C a lifa d e D a m a s c o ( 7 1 1 - 9 1 2 ) , a se g u ir
p n rte d a q u e la b a g a g e m tra z id a d o N o rte d a Á f ric a e s o b o C a lifa to lo c a l d c C ó r d o b a , já in d e p e n d e n te
d o O rie n te P ró x im o . d a q u e le ( 9 1 2 - 1 0 3 1 ) e a in d a s o b a s d o m in a ç õ e s m o g re -
O s e g íp c io s, 4 0 0 0 a n o s a .C ., já u sa v a m a z u le b in a s ( 1 0 1 0 - 1 2 5 6 ) , e p o r fim c o m os re in o s g r a n a d in o s
jo s m u ra is e , s e g u n d o e le s , p o rq u e “ g a ra n te m u m a ( o u N a z a ri) ( 1 2 3 8 - 1 4 9 2 ) .
a g ra d á v e l fre sc u ra d e n tr o d a c a s a ” . E sse s a z u le jo s, A c iv iliz a ç ã o c r is tã , d u r a n te e sse lo n g o in te rre g n o ,
com a m a n ip u la ç ã o d o c o b re p e lo s a lq u im is ta s so b re v iv e u a p e n a s n a s m o n ta n h a s d o n o rte . E s p a n h a
e g íp c io s, já a p re s e n ta v a m d u a s to n a lid a d e s , o a z u l e P o rtu g a l, c o m tã o p ro lo n g a d a o c u p a ç ã o m u ç u lm a n a ,
tu r q u e s a e o v e rd e N ilo , o s p rim e iro s e s m a lte s a s e re m n ã o p o d e ria m fic a r im u n e s a o seu c o n tá g io , e p a ss a m
re v e la d o s n a b u s c a d o s c o lo rid o s d o a rc o - íris . O s a r e u n ir e m si d u a s p o d e ro s a s c o rr e n te s d e c u ltu ra ,
a s s írio s e o s b a b ilô n io s d o s é c u lo X I I I a .C . a o sé c u lo a O c id e n ta l, q u e h e r d a r a m , c a O rie n ta l, q u e h a v ia m
V I d .C ., fa b ric a v a m a z u le jo s e tijo lo s p in ta d o s c o m a s s im ila d o .
36
A in flu ê n c ia d o s á ra b e s n a C e râ m ic a p e n in s u la r n o s. A r th u r L a n e , o c o m e d id o c e ra m ó g ra fo in g lê s, refe-
c d e p o is n a e u ro p e ia , foi g ra n d e , p o is tr o u x e ra m eles, rin d o -s c a Iz n ik , d iz : " T a lv e z n e n h u m a c e râ m ic a ja m a is
c o m o já d isse m o s, a p re c iá v e l b a g a g e m , n ã o só q u a n to fe ita te n h a c o re s d e tã o in te n s o b r ilh o ” . Is so n o q u e se
a n o v a s té c n ic a s c o m o um n o v o re p e r tó rio d e d e c o ra re fe re ao L e v a n te . M a s a tr ib u i-s c a F ra n c is c o N ic o lo s o
ç ã o , p a rte d e le fo rm a d o já e m s o lo e u ro p e u n o q u a l ( 1 5 4 7 ) ta m b é m o m é r ito e o ta le n to d e te r s id o o p ri
se in clu em o s fa m o so s a ra b e s c o s, o u s o in te n s o d a s m e iro n o O c id e n te a p r o d u z i r o s p a in é is h is to ria d o s e
fo rm a s g e o m é tric a s q u e o s is lâ m ic o s d e se n v o lv e ra m a fig u ra d o s, c ria n d o u m a n o v a e e s p lê n d id a a p lic a ç ã o de
fu n d o , j á q u e o A lc o rã o lh e s v e d a v a a r e p r o d u ç ã o dc m o ld e m o n u m e n ta l p a r a a a z u le ja ria , e d a n d o à a rq u ite
seres, o q u e foi re s p e ita d o d u r a n te a lg u m te m p o , e n tre tu r a O c id e n ta l, u m n o v o e p o d e ro s o c o m p le m e n to , c o m o
o u tra s c o n trib u iç õ e s . à d e c o ra ç ã o ú m n o v o re c u r s o m u ra l n o p re e n c h im e n
A q u e la in flu ê n c ia foi tã o fo r te q u e so b re v iv e u to d a s v a s ta s p a re d e s c a s te lã s , riv a liz a n d o c o m a ta p e
m u ito te m p o d e p o is d a r e c o n q u is ta p e lo s reis c ristã o s ç a ria , q u a n d o n ã o a d e s lo c a n d o .
d o te rritó rio ib é ric o a o s m o u ro s , s o b re tu d o n a A zu le- O s a z u le jo s e s p a n h ó is , o s h is p a n o -m o u ris c o s , os
ja r ia . A o c u p a ç ã o da P e n ín s u la p e lo s m o u ro s p r o P is a n o s , d e s f ru ta v a m d e m e r e c id o re n o m e e e ra m b a s
c e ss o u -se a o s p o u c o s , c o m o d e p o is d o s s e te c e n to s an o s ta n te a p re c ia d o s,
dc d o m ín io , a s u a d e s o c u p a ç ã o foi p r o c e d id a à m e d id a P o rtu g a l, Itá lia ( G ê n o v a , M ilã o , R o m a ) e In g la
q u e os reis c a tó lic o s iam c o n q u is ta n d o d e v o lta p a rte te rra im p o rta v a m a q u e le s p ro d u to s . O tip o P is a n o , e n tre
d o te rritó rio . N e sse a v a n ç o e re c u o á ra b e s , e n tre m e ia m o s e c ra m ó g ra fo s , ta m b é m é c o n h e c id o p o r “ a z u le jo
sécu lo s, e p a rte d a p o p u la ç ã o c r is tã , e n tre e la o leiro s p la n o " , p a r a d if e re n c ia r d o s o u tr o s tip o s fa b ric a d o s n a
e a rte s ã o s , ficou e se a d a p to u a o s á ra b e s , c v ice-v ersa m e sm a é p o c a , o u a in d a d e " a z u le jo p in ta d o ” .
q u a n d o d a R e c o n q u is ta , p a r te d o s m o u ro s p e rm a n e c e u V e ja m o s e ss a s té c n ic a s q u e p a rtira m d o O rie n te
so b o d o m ín io c ristã o . P ró x im o e a tr a v é s d o s á ra b e s is lâ m ic o s fo ra m te r
D isso re s u lto u o c h a m a d o e stilo h is p a n o -m o u risc o , d ir e ta m e n te na P e n ín s u la Ib é ric a c , in d i re la m e n te ,
q u e , c o m o o n o m e in d ic a , é a m e sc la o u a a d a p ta ç ã o de fo ra m a lc a n ç a r a S ic ília e a p ró p r ia Itá lia (s ic u lo -
d u a s c o rr e n te s fo rm a is d e in flu ê n c ia o rn a m e n ta l. - m u ç u lm a n a s ).
C o n v e n c io n o u -s e c h a m a r d e m o z á r a b e o s tip o s h íb rid o s N o q u e c o n c e rn e à E s p a n h a , h a v ia d u a s d e u m
d e d e c o ra ç ã o p ro d u z id a s p e lo s c e ra m is ta s c ris tã o s cm la d o , a h i s p a n o - m o u r is c a q u e se r e p r e s e n ta v a p o r trê s
te rritó rio s o c u p a d o s p e lo s m o u ro s , a ssim c o m o o te rm o m a n e ira s , e a p is a n a , e m b o ra e s ta ta m b é m fo sse d e
m u d é ja r a p lic a -s e à p ro d u ç ã o o le ira p ro c e d id a p o r o rig e m á ra b e , m a s b e m d if e re n te d a s o u tr a s . E s s a té c
a rte s ã o s m o u ro s n o s te rritó rio s c ris tã o s re c o n q u is ta d o s . nica d a m a ió lic a , s e g u n d o A r th u r L a n e , c o m e ç o u a
S e v ilh a . T ria n a , V a lê n c ia , M ã la g a , M a n iz e s, T a la v e ra ser e m p re g a d a n o O rie n te M é d io , p o r v o lta d o sé c u lo
d c la R c y n a , c o m o P a te rn a T c ru e l, e n tr e o u tro s m ais, IX , p e lo s is lâ m ic o s, te n d o lo g o p a s s a d o p a ra M á la g a
c o n s titu íra m -s e em g ra n d e s c e n tr o s c e râ m ic o s . C o n fo r s V a lê n c ia .
m e o p e río d o , esses c e n tro s p ro d u z ira m c e râ m ic a d e P o ré m a p is a n a , n o s sé c u lo s X V I, X V I I , X V I I I é
e stilo g ó tic o -m u ç u lm a n o , h is p a n o -m o u ris c o , re n a s c e n q u e c o n q u is to u o a g r a d o e u ro p e u e v e io a te r u m d e s e n
tista, e n tr e la ç a n d o in flu ê n c ia s. E m T r ia n a , a té h o je v o lv im e n to e n o rm e , p a s s a n d o ta m b é m a s e r p ro fu s a -
são u sa d a s essas d e c o ra ç õ e s a n tig a s , a ssim c o m o m e n te fa b ric a d a n a E u r o p a , o q u e c o n tr ib u iu p a r a os
T a la v e ra re to m o u n e ste sé c u lo o fa b ric o d e p e ç a s o u tro s g ê n e ro s c a ír e m a o s p o u c o s e m d e su s o . O s tip o s
d e n tro d a té c n ic a e d a d e c o ra ç ã o c lá s sic a . c h a m a d o s h is p a n o -m o u ris c o s s ã o tr ê s : p rim e iro o
Ê c e rto q u e d a m e ta d e d o sé c u lo X V I e m d ia n te , “ a lic a ta d o " , ta m b é m c h a m a d o d e “ m o s a ic o ” — e ra m
as fá b ric a s (a lf a r c r ia s ) d c S e v ilh a e d e T a la v e r a d e c o z id a s g r a n d e s p la c a s c e râ m ic a s e a p lic a d o c s m a llc
la R e y n a , p ro d u z ira m b e lo s a z u le jo s n a té c n ic a de c o lo rid o , e ra m e la s c h a m a d a s d c " t a e d e s " , e d e p o is
" C u e n c a ” , p o ré m a d o ta r a m ta m b é m o u tr a s d e c o ra ç õ e s se rra d a s c m p e q u e n o s p e d a ç o s q u e se c h a m a v a m " a lic e -
in c lu siv e a p in tu ra d e q u a d ro s e m p a in é is, d e n tr o d e re s” e c o m o s q u a is , ju n to c o m a s c o re s e p e d a ç o s de
o u tr a té c n ic a , c o n h e c id a p o r “ P is a n o ” , o u d e V e n e z a o u tra s p la c a s , e r a c o m p o s to o “ m o s a ic o ” , o u se ja , o
( e de F a e n z a ) , q u e d e p o is p a ss o u a se r c h a m a d a a z u le jo p r o n to p a r a s e r a p lic a d o ; esse tip o im ita v a o
m aió lic a o u fa ia n ç a . ta p e te , te c id o s e b ro c a d o s o rie n ta is , c e ra d e d ifícil e
E sse a p e lid o p rim itiv o p ro v in h a d o n o m e d o P o rto d e lic a d a fa tu ra . E m se g u n d o lu g a r h a v ia o s a z u le jo s
d e P isa , n a Itá lia , q u e e x p o rta v a p a r a a E s p a n h a ta n to rip o “ c o rd a s e c a ” , q u e im ita v a m ta m b é m o tip o “ m o s a i
lo u ç a c o m o a z u le jo , n a té c n ic a d a m a ió lic a , c ta m b é m c o ” , a o s q u a is se a p lic a v a ó x id o d e m a n g a n ê s d is so lv id o
p o rq u e e m S ev ilh a h a v ia u m e x ím io c e ra m is ta ita lia n o , em lin h a ç a , c o n to r n a n d o o s d e s e n h o s , d e fo rm a a is o la r
F ra n c is c o N ic o lo s o , q u e d e se n v o lv e u e p ro d u z iu b a s c a d a e s m a lte n a q u e im a e e v ita r b o rrõ e s o u m is tu ra s d as
ta n te a q u e le g ê n e ro , e, p o r s e r n a tu r a l d e P is a , p asso u c o re s n a p e ç a . E m te rc e iro , h a v ia o tip o d e n o m in a d o
a s e r c o n h e c id o p o r “ P is a n o ” , o q u e d e u o rig e m ao “c u e n c a ” ( c a v a d o o u d e a r e s ta s ) q u e c o n s is tia na
a p e lid o p a r a a q u e le lip o d e a z u le jo e d e lo u ç a . im p re ss ã o d e m o ld e s n o b a r r o m o le, c a v a n d o e s p a ç o s
P o ré m h á q u e se a c re s c e n ta r n o q u e to c a à d e c o lim ita d o s p o r p a re d e s d e lg a d a s ( a r e s ta s ) p a r a is o la r as
ra ç ã o , o su rg im e n to , n o O c id e n te , d o s p a in é is fig u ra d o s c o re s n a q u e im a , N a é p o c a , esses a z u le jo s e ra m c h a m a
e h is to ria d o s . N a re a lid a d e , n a P é rs ia , e m A fa d a n a , o s d o s “ la b o re s ” , E s te p ro c e s s o re to m o u d o M e d ie v o a
tijo lo s e s m a lta d o s c o m re p re s e n ta ç õ e s fig u ra tiv a s, n o té c n ic a d o m o ld a d o , c o m a d ife re n ç a q u e a p ro v e ita v a
q u e d iz re s p e ito à C e râ m ic a , e s ta ria m n a b a se d a u ltr a as p a re d e s d o s m o ld e s p a ra , rios c o m p a rtim e n to s r e b a i
p a ss a g e m d a su p e rfíc ie lim ita d a d a u n id a d e , la jo ta , x a d o s, c o lo c a r as tin ta s e e sm a lte s sem o risc o d c se
tijo lo s, o u a z u le jo , co m o c a m p o d e c o ra tiv o . Iz n ik , n a m e s c la re m e n tr e si.
T u r q u ia , n o a p o g e u de seus fastígio c e râ m ic o (s é c . X V I A té c n ic a d a m a ió lic a ( o u p is a n a ) c o n s is tia em
e c o m e ç o d o X V I I ) d e se n v o lv e u , c o m m a e s tria , n a c o b rir to d a a su p e rfíc ie d a te rra c o ta c o m e sm a lte esla-
A z u le ja ria , a q u e le d e b o rd a m e n to , m o n ta n d o p a in é is com n ffcro , q u e a g ia c o m o u m e n g o b e , e s c o n d e n d o a c o r
a rr a n jo s flo ra is c in te rc a la ç ã o d e p e rs o n a g e n s m u ç u lm a da p a s ta c p ro d u z in d o u m b ra n c o o p a c o c o m o u m a
37
fo lh a d e p a p e !, s o b re o q u a l e ra m p in ta d o s o s d e s e n h o s " G o o d h a n d lin g o f p o tt e r ’s m a te ria l” , o u se ja , n o b o m
q u e , a s e g u ir re c e b ia m u m a c o b e rta p lu m b ífe ra , tr a n s m a n u s e io d o m a te ria l d o o le iro , p e lo q u a l a tra v é s d a
p a r e n te , p a r a is o la r e fix a r as c o re s . O s fra n c e s e s d e n o q u a lid a d e d a p a s ta e d a fe iç ã o d a fo rm a , d á e le v a z ã o
m in a v a m os a z u le jo s a ssim o b tid o s d e “ c a r r e a u x e s ta n - a o s se u s c o n h e c im e n to s im p rim in d o à p e ç a se u c u n h o
n ifè re s ” , o u se ja , a z u le jo s e s ta n ífe ro s . in d iv id u a l. E s tilo s e d e fin e : “c o m o m o d o , m a n e ira ,
T r ê s tip o s d e d e c o ra ç ã o s e e m p r e g a ra m n o s a z u le fo r m a e c a r á te r e s p e c ia l q u e u m a rtis ta o u to d a u m a
jo s p la n o s ( m a íó iic a ) d o m e a d o d o s é c u lo X V I : o d e é p o c a im p rim e à s s u a s o b r a s ” . E n te n d e m o s , n o e n ta n to ,
la ç a ria , d e tra d iç ã o m u d e ja r; o re n a s c e n tis ta , in s p ira d o q u e a s a rte s m a io re s c o m o a s m e n o r e s , n a q u a l in c lu i-
e m a rte s a n a to e n as c o m p o s iç õ e s d e tr a ta d is ta s d e a r q u i -se a c e râ m ic a , c o n d e n s a m e m si d o is e stilo s, o in d iv i
te tu ra , e o d e g ro te sc o s p la te re s c o s . A p rim e ira d e la s d u a l e o c o le tiv o d a é p o c a , n o q u a l o p rim e iro sc
é a m ais típ ic a s e v ilh a n a ( r e t a n g u l a r ) , c írc u lo s , c o m in te g ra . A q u e le é c a u s a e e ste é e fe ito , p o is se m o
e n fe ite s s u b s id iá rio s d c fio re s. A s e g u n d a a p re s e n ta g ê n io c r ia d o r , m u ita s v e z e s a n ô n im o , q u e e n c o n tr a
v a ria ç õ e s d e m o tiv o s d e a rq u ite tu ra , c ó p ia s d e d e s e n h o s ê m u lo s e se g u id o re s, n ã o n a s c e n e m se firm a o e stilo
d e te to s d e c o ra d o s , é o m o d e lo c h a m a d o d e “ c la v o ” d e u m a e s c o la e n e m o d e u m a é p o c a . E s ta s ,
o u c r a v o ( p r e g o ) , d e fo rm a p ris m á tic a , ta m b é m c o n h e n a r e p r e s e n ta ç ã o o rn a m e n ta l, p a s s a m a a s s in a la r n o
c id o p o r " c la v o s d e S a n ta A n a ” , o rig in á rio s d e T r ia n a te m p o o s se u s p e río d o s p e la s c a ra c te rís tic a s m a r
e d e T a la v e r a ( 1 5 6 0 ) , q u e ia m b u s c a r a s u a o rig e m c a n te s . E o e s tilo d a s e sc o la s, n a s a rte s a p lic a d a s
n o e s tilo ro m â n ic o . A te rc e ira é re p r e s e n ta d a p o r g ro se tr a d u z a tr a v é s d a o r n a m e n ta ç ã o . O é tim o p ro v é m d o
te s c o s a p lic a d o s e m g e ra l e m b a r r a s , e e m c e rc a d u ra s g re g o “ o ra io m o s ” , q u e s ig n ific a o r n a to , a d o rn o , e m b e le
d e p a in é is, ta m b é m a p re s e n ta flo re s e m o tiv o s v e g e ta is z a m e n to . O r n a to e o rn a m e n ta ç ã o n a iin g u a g e m c o m u m
c o m c a r á te r n a tu r a lis ta . E ste tip o é o m e n o s e m p re g a d o se c o n fu n d e m c te m a m e s m a sig n ific a ç ã o . M a s n ã o é
d o s trê s <3). a ss im n a lin g u a g e m e sp e c ífic a d o a r tis ta (F .S . M a y e r ) .
Q u a n to à e x e c u ç ã o d a d e c o ra ç ã o n a E u r o p a , c o m P o r o rn a m e n ta ç ã o se e n te n d e um c o n ju n to d e
o c o r r e r d o te m p o , fo r a m a d o ta d o s v á rio s p ro c e s so s d e s e n h o s re u n id o s e s te tic a m e n te e a p lic a d o s s o b re u m
p a r a fa c ilita r e a p re s s a r a e x e c u ç ã o d o s d e s e n h o s . o b je to . T o m a d o s s e p a r a d a m e n te , o s m o tiv o s q u e
O s h o la n d e s e s re v iv e ra m e m la rg a e sc a la u m sis c o m p õ e m o c o n ju n to s ã o o o r n a to <5). A a r te c e râ m ic a ,
te m a já u sa d o n o O rie n te M é d io , e m p a r tic u la r em n a re a lid a d e , c o n d e n s a e m si d u a s fo rm a s d e e x p re s s ã o ,
íznílc, n a T u rq u ia , s o b r e tu d o n a d e c o ra ç ã o d e se u s a m a te ria l d a fa tu ra e a s u b je tiv a d a d e c o ra ç ã o , a tra v é s
a z u le jo s d c m a ió lic a , c o n h e c id o p o r “ a v u ls o s ” . d a in te rp re ta ç ã o , e s tiliz a ç ã o e tra n s fo r m a ç õ e s g rá fic a s
C o n s is tia ele n a a p lic a ç ã o d e c a rtõ e s p e rf u ra d o s so d o s m o d e lo s in c o n tá v e is q u e o fe re c e m a n a tu r e z a , a
b re a su p e rfíc ie b ra n c a d a p e ç a , p a s s a n d o -s e s o b re eles c ria ç ã o e a im a g in a ç ã o .
p ó d e c a rv ã o p a r a d e ix a r m a r c a d o o d e lin e a m e n to d o d e E sse s in u m e rá v e is m o tiv o s c o n s titu íd o s p e lo o r n a to
s e n h o a s e r se g u id o e c o m p le ta d o a m ã o p e lo c e ra m is ta . e n q u a d ra m -s e , n o to c a n te à d e c o ra ç ã o , e m três d iv isõ e s
H a v ia ta m b é m o u tr o , m a is rá p id o n a p a r te p rá tic a m e s tra s : a g e o m é tric a , a d a s fo rm a s n a tu r a is e a d a s
e m e n o s a rtís tic o n a e x e c u ç ã o , q u e se re s u m ia n a a p li fo rm a s a rtific ia is. E to d a o rn a m e n ta ç ã o se d e se n v o lv e
c a ç ã o , s o b r e u m p a p e lã o re c o r ta d o e v a s a d o c o n te n d o g rá fic a e p ic to ric a m e n te a tr a v é s d e ss a s d iv isõ e s, is o la d a s
o d e s e n h o , d e u m a b ro c h a c o m tin ta — p ro c e s s o e ste o u c o m b in a d a s .
c h a m a d o d e “ tr e p a ” w . O h o m e m n o s se u s p rim ó rd io s , n o a m b ie n te q u e
A b a se d e ss e d e s d o b r a m e n to n o q u a l o h o m e m D e u s lh e d e u , j á m a n ife s ta v a s u a in c lin a ç ã o p r á tic a , su a
p a s s a a u tiliz a r a c e ss ó rio s e a rtifíc io s p a r a p ro d u z ir ín d o le d e c o m u n ic a b ilid a d e e se u p e n d o r e sté tic o . P a r a
m a is, e stá c e rta m e n te n o a te s ta d o q u e a n o b re z a , a e x p re s s á -lo s v a le u -se d a s s u p e rfíc ie s ru p e s tre s e d a
p re la z ia c a b u rg u e s ia o u to rg a m ao a z u le jo , c o m o n o v o a rg ila . C o m o m a n u s e io d o b a r r o c rio u o v a s ilh a m e
e im p o rta n te fa to r, n ã o só d e p ro te ç ã o p a rie ta l c o m o d e u tilitá rio e o d e a d o rn o , e a p ô s-líie o o r n a to . E s te , n a
" f r e s c u r a c o n fe rid a a o a m b ie n te ” , c o n fo rm e p re g a v a m s u a su c e s sã o d e re p re s e n ta ç õ e s id e o g rá fic a s p a s s o u a
o s e g íp c io s, m a s s o b r e tu d o p e lo seu v a lo r d e c o ra tiv o . a c u m u la r s ím b o lo s e sig n o s q u e iria m s e r a p ro v e ita d o s
A c e râ m ic a c o m e ç a a p e c a r n a su a s u b s tâ n c ia p a r a fix a r m a te ria lm e n te a lé m d o a s p e c to e s té tic o , a
a rte s a n à l, p a r a p o d e r e x p a n d ir a su a a p lic a ç ã o a m ais lin g u a g e m fa ia d a o u a u d itiv a , o q u e d e u n a s c im e n to a
te m p lo s , p a lá c io s , m a n s õ e s e la re s, e re p r o d u z ir a sé rie u m a n o v a fo rm a d e c o m u n ic a ç ã o g rá fic a e v isu a l n o
d e p a d rõ e s q u e n o v a s fo n te s fa z e m s u rg ir p a r a ta n to , u n iv e rs o , e sta c ria d a p e lo h o m e m .
v ai v a le r-s e d o s re c u rs o s s e m i-a rte s a n a is e m e c â n ic o s, A te r ra c o ta c o o r n a to e s tã o , p o is , n a b a s e d a
e p o r fim d o s in d u s tria is q u e lh e v ã o s e n d o p o s to s à e sc rita e d o a lfa b e to , c o s p rim e iro s a d e le s s e u tiliz a
d is p o s iç ã o . re m , n e ss a c o n ju g a ç ã o d c m a té ria e e s p írito , fo ra m o s
V a m o s o b s e r v a r n a E u r o p a u m c o n s ta n te e a p r e a s s írio s e o s b a b ilô n io s .
c iá v e l c re s c e n d o d e p a d ro n a g e n s ( e d e té c n ic a s e n v o l V e ja m o s , a se g u ir, a lg u m a s d a s c iv iliz a ç õ e s e
v e n d o a p a s ta c a p r o d u ç ã o ) , s o b re o p o b re c re s trito m o v im e n to s q u e d e ix a ra m m a r c a d o s s u a p a s s a g e m n a
m o s tr u á r io d o M e d ie v o E u ro p e u , te n d o s e u p o n to d e h is tó ria d a a rte , le g a n d o se u s e stilo s e o rn a to s p r e f e
la r g a d a c o m o s á ra b e s . rid o s e e n riq u e c e n d o , c a d a vez m ais, o a c e rv o o rn a m e n
T o rn a -s e n e c e s s á rio p ro c e d e rm o s a u m re tro c e s s o ta l e u ro p e u .
p a r a v e rific a r-se , p o r a lto , c o m o veio a s e r a m p lia d o O e s tilo eg íp c io d e s d o b ra -s e a tr a v é s d e n u m e ro s a s
a q u e le m in g u a d o r e p e r tó rio d e c o ra tiv o c o m a s c o n tr i d in a s tia s , d a M e n fila , d a T e b a n a e d a S a íla . A d e c a
b u iç õ e s de o rig e n s d iv e rs a s q u e a tra v é s d o te m p o fo ra m d ê n c ia e g íp c ia c o in c id e c o m a in v a s ã o p e rs a e m 5 3 2
in c o r p o r a n d o se à c e râ m ic a , a tra v é s d a o r n a m e n ta ç ã o a .C . N o c o m e ç o p re d o m in a m o s d e s e n h o s lin e a re s e
o u d o o r n a t o q u e g e ra o e stilo . g e o m é tric o s , p a s s a n d o d e p o is a o s m o tiv o s flo ra is e d a
M u ito s a rtis ta s , s e n ã o to d o s , te m se u e stilo p ró p rio , f a u n a e m q u e s o b re s s a e m os o r n a to s d c p a lm ito s , d o
e ssa m a n ife s ta ç ã o e x te r n a d e im p u ls o s in te rio re s . N a p a p iro , d o e sc a ra v e lh o , d o g a v iã o , e tc . O s h ie ró g lifo s
c e râ m ic a e le se e v id e n c ia , s e g u n d o A r th u r L a n e , n o re p r e s e n ta m u m g ra n d e re p e r tó rio d e o rn a to s id e o g rá -
3S
ficos. O a z u le jo e o v id ra d o fo r a m in v e n ta d o s p e lo s c o n s titu e m s u a fo r m a ç ã o é tn ic a , c o m o o b u d is m o , o
eg ípcios. b ra m a n is m o e o is la m is m o c o m p õ e m a s u a filo so fia e
O estilo a ss írio -b a b iló n ic o re v e la -se n o b a rr o m ístic a e s p iritu a is . N ã o p o d e m d e ix a r d c s e r n u m e ro s o s
c o z id o , nos la d rilh o s ( e a z u le jo s ) , tijo lo s e e ste ia s o s o rn a to s q u e se p r e n d e m à q u e la s o rig e n s, n e m o s
e sm a lta d a s , n o s q u a is a p a re c e m o r n a to s de ro s e ta s, q u e re p re s e n ta m a s u a s im b o lo g ia . R e s s a lta m n a fa rta
p a lm ito s, g rifo s, etc. O s a ss írio s e b a b ilô n io s in v e n ta c e le g a n te o r n a m e n ta ç ã o a flo ra , e n e s ta o c ra v o , a
ram a e sc rita c o m sig n o s im p re sso s n o b a rr o , e m p r e ro s a , a fo lh a d e p a lm e ir a e a “ p a lm e ta " , e stiliz a ç ã o d a
g a ra m o b a ix o relev o e u s a ra m s a rc ó fa g o s dc b a rr o p a lm a , e n a fa u n a s o b re le v a m a s a v e s.
c o z id o d e c o ra d o s . B a b ilô n ia , c e n tro d e c u ltu ra , foi u m a O e stilo j c h in ê s a b a rc a , a e x e m p lo d o e g íp c io ,
d a s c id a d e s m a is a n tig a s, fu n d a d a c m 2 6 0 0 a.C . e aí n u m e ro s a s d in a s tia s q u e se s u c e d e m a p a r t ir d e 2 6 3 7
se p a sso u o e p is ó d io b íb lic o d a T o r r e d e B a b e l, seu a.C . S ão a s c re n ç a s re lig io sa s, a a d o r a ç ã o d a s fo rç a s
n o m e p rim itiv o , c o n s tru íd a e m tijo lo s. n a tu ra is , o c u lto d o s a n te p a s s a d o s in s p ira d o s p o r
O estilo p e rs a a c o m p a n h a e d e se n v o lv e a té cn ica C o n fú c io (s c c . X V a . C ) o m u n d o a n im a l, o s s e re s
d o s e sm a lta d o s assírio s, m a s já se u tiliz a d o s o rn a to s s o b re n a tu ra is , c lc ., q u e in s p ira m a d e c o ra ç ã o . C o m o
g e o m é tric o s in s p ira d o s p e lo s e g íp c io s, p o ré m re v e la n d o b ra m a n is m o (s é c . I d .C .) a p a re c e m a fig u ra h u m a n a
o a p ro v e ita m e n to d o s m o tiv o s e a r r a n jo s flo ra is, em e a g a le ria d c p e rs o n a g e n s d iv in o s e h e ró ic o s. C o m a
q u e p re d o m in a a re p re s e n ta ç ã o d o c ra v o . O u tr o o rn a to in v a s ã o d o s m o n g ó is (s é c . X I I I d .C .) e n tr a a C h in a e m
c a ra c te rís tic o é o d a p in h a , c o n h e c id o p o r “ p in h a c o n ta to c o m a s a rte s p e rs a s e á ra b e s . O la o ís m o ta m b é m
p e rs a " , c u ja c stiliz a ç â o é m u ito a p lic a d a cm ta p e te s e fig u ra n a c e râ m ic a c o m s e u s s ím b o lo s. C o m a c h e g a d a
n a c e râ m ic a c se c o n fu n d e c o m a s p a lm e ia s h in d u s d o s lu s ita n o s n o s é c u lo X V I, e n tr a e m c o n ta to d ir e to
m u ito u s a d a s n o s te c id o s. O e s tilo s e d iv id e cm trê s c o m a E u ro p a e p a r t e d e s u a p r o d u ç ã o é d e s tin a d a à
p e río d o s : o A q u e m c n id a , a té a c o n q u is ta d e A le x a n d re e x p o rta ç ã o , n o p e río d o d a s fa m o s a s C o m p a n h i a d a s
3 3 0 a .C ., d e p o is o P a rto e fin a lm e n te o S a ssá n id a s. Ín d ia s e s o fre a in flu ê n c ia o c id e n ta l. Q u a n to a a z u le jo s,
O e stilo g re g o , in s p ira d o n o s p rim ó rd io s d o a ssírio , e x iste m e x e m p la re s d o sé c u lo X V I I I d o p e r ío d o d e
fo rm a scti c a r á t e r p ró p r io e d e s d o b ra -s e n u m a im p o K a n g -H s i. O s o r n a to s s ã o n u m e ro s ís s im o s e sim b ó lic o s.
n e n te flo ra ç ã o e m to d o s o s c a m p o s d a s m a n ife sta ç õ e s O s e m b le m a s d o s “ O ito I m o rta is " s ã o : o le q u e ( d u a s
c u ltu ra is , m a rc a n d o , s o b r e tu d o n a s a rte s m a io re s , u m a f o r m a s ) , a e s p a d a ( d u a s f o r m a s ) , o p o te , c a s ta n h o la s ,
e ta p a n a h is tó ria d a a r te u n iv e rs a l. A d o ta c o m o o rn a to s o v a so d e flo res, o b a m b u , a fla u ta , o ló tu s. O s “ O ito
alg u n s já c o n h e c id o s , c o m o a s ro s e ta s , a s flo re s d c S ím b o lo s B u d is ta s " s ã o : o g u a rd a - s o l, o ló tu s , a c o n
ló tu s e d e p o is a s fo lh a s d e a c a n to e d a p a lm e ira c o m c h a ( f e c h a d a ) , o s d o is p e ix e s , a c o rn u c ó p ia , o n ó , a
v á rio s a rra n jo s , u n id a s e m c a ra c o l, cm e s p ira l, em c a m p a in h a . O s “ O ito S ím b o lo s O r d in á r io s ” s ã o : a p é
v o lu tas. A c e râ m ic a g re g a p in ta d a a frio , a p re s e n ta ro la , o lo s a n g o , a p e d r a s o n o r a , o c h ifre d e rin o c e ro n te ,
e n o rm e v a rie d a d e d e o rn a m e n ta ç ã o c o m o e le g â n c ia dc a m o e d a , o s liv ro s, a fo lh a . O s “ O ito D ia g ra m a s ” s ã o :
fo rm a to s , d e s d o b ra n d o -s e n a s re p r e s e n ta ç õ e s g e o m é tri o c é u , o v a p o r, o fo g o , o ra io , o v e n to , a á g u a , a m o n
c a s — a fa m o sa g re g a — e n a s fo r m a s n a tu r a is e m q u e ta n h a , a te r ra . E a in d a o u tr o s q u e r e p r e s e n ta m e n c a n to s :
p re d o m in a m c e n a s. N e la h á a p re fe rê n c ia p e lo s fu n d o s z c e g o n h a , a ta r ta r u g a , o s p a g o d e s , o c a d e a d o , o e s p e
p re to s e d e se n h o s v e rm e lh o s e o c re s , e v ic e -v e rsa . A lh o , a p e d ra , a re d e . E a in d a e x is te m o u tr o s o r n a to s
a rte c e râ m ic a d e s fru ta v a d e e le v a d o c o n c e ito e ta n to c o m o a “ sw á s tic a ” , o s m o rc e g o s, o p ê ss e g o , o c e tr o , o
o s o le iro s c o m o os a rtis ta s d e c o ra d o re s o rg u lh a v a m -s e d e selb im p e ria l, a fê n ix , o s d ra g õ e s , o in c e n s o , o ta b u le iro
se u o fíc io e m u ita s vezes m a rc a v a m a p e ç a s e p a r a d a d e x a d re z , a v a s s o u ra , o e s p a n a d o r , o s in s tru m e n to s
m e n te - o o le iro a fix a v a seu n o m e e o te r m o “ fez” m u sic a is, o “ J o o -i" ( a c a b e ç a d o c e tr o d a lo n g e v id a d e ),
— e o p in to r “ p in to u ” . N o s Jo g o s O lím p ic o s os v e n a p e ô n ia , etc.
c e d o re s e ra m a q u in h o a d o s ta m b é m c o m v a so s c o m o O e stilo ja p o n ê s e a ic a -s e n o c o re a n o q u e , p o r s u a
p rê m io d a s fa ç a n h a s e sp o rtiv a s . vez, d e riv a d o c h in ê s . Ire m o s a b o r d â lo n o s e g u n d o
O estilo ro m a n o b a se ia -se e m e le m e n to s o rn a m e n c a p ítu lo .
tais e tru s c o s c g reg o s, e c o m o o s h e le n o s , le g a ra m ao O e stilo á r a b e d e s e n v o lv e u -s e n o te r ritó rio e u ro p e u
m u n d o u m p a trim ô n io c u ltu ra l e e sté tic o in ig u a lá v e l. a p a r t ir d o sé c u lo V II a o X c d e p o is a té o sé c u lo X V .
N o q u e d iz re sp e ito a o o rn a to , s o b re s s a i o u so d o a c a n to S u a b a g a g e m d c a r t e in c lu i a té p a rte d o e stilo b iz a n tin o .
e a p a re c e o d a o liv e ira . O estilo b iz a n tin o ( o Im p é rio N a E s p a n h a fo rm a m -s e d iv e rs a s e sc o la s a rtís tic a s , c o m o
B iz a n tin o d u ro u d e 3 3 0 a 1 4 5 3 d .C ., o u se ja , d e z a d e C ó rd o b a , em 7 5 6 d .C ., se d e d o C a lifa to , o n d e é
sé c u lo s a te s e r d o m in a d o p e lo s tu r c o s ) a p re s e n ta d u a s in s ta la d a a p rim e ira m a n u f a tu r a á r a b e ( u s a n d o n a
fa se s: a p rim e ira b a s e a d a n a e s c o la c lá s s ic a h e lé n ic a d e c o ra ç ã o o “ a z u l c e le s te " , e o “ azu l p rú s s ia ” ) a de
e a se g u n d a p u ra m e n te b iz a n tin a . A ssim ilo u ta m b é m S e v ilh a , a d e G r a n a d a , e tc . D e c o m e ç o , a d e c o ra ç ã o
p a rle d o s e stilo s d o O rie n te P ró x im o , c o m o o s g re g o s lim ita v a -sc a á rv o re s , flo re s , o b je to s e v e rs e to s , c o n te n
e o s ro m a n o s , d e q u e m e ra m o s d e sc e n d e n te s p o lític o s d o p e n s a m e n to s e s e n te n ç a s d o A lc o r ã o , q u e r e p r e
e c u ltu ra is . S a n ta S o fia , c o n s tru íd a p e lo im p e ra d o r s e n ta m a d e c o ra ç ã o c h a m a d a d e e p lg rá fic a , já q u e a
J u s tin ia n o , n o s é c u lo V I, a in d a o s te n ta s e u s e stu p e n d o s re lig iã o m a o m e ta n a v e d a v a a re p r e s e n ta ç ã o d e se re s.
m o s a ic o s e o s la d rilh o s c p a in é is d e a z u le jo s. Isso lev o u a e x p lo r a ç ã o a fu n d o d a s c o m b in a ç õ e s
’ O e stilo c é ltic o c a ra c tc riz a -s e p e lo h a rm o n io s o g e o m é tric a s, re ta s , c u rv a s , â n g u lo s , e s tre la s , lo s a n g o s,
e n tr e la ç a m e n to de. fra n ja s e d e fo lh a g e n s. O s o rn a to s la ç a ria s e o s a r r a n jo s o r n a m e n ta is c o n h e c id o s p o r
c ria d o s fo ra m re p ro d u z id o s d u ra n te s é c u lo s e m c o n s e n " a r a b e s c o s ” . D e p o is d a c o n q u is ta p o r Iz a b c l e F e r n a n d o
to . A ra ç a c e lta e s ta b e le c e u -se n o lito r a l A tlâ n tic o e d o re in o d e G r a n a d a ( 1 4 9 2 ) , ú ltim o b a lu a r te á r a b e n a
n a h liin d a . P e n ín s u la , m u ito s a rtífic e s á ra b e s n ã o q u is e ra m re p a -
O estilo h in d u é p ro d u to d e u m c o m p le x o d e lria r-s e e s e g u ira m c u ltiv a n d o s u a s e s p e c ia lid a d e s s o b
c o n trib u iç ã o , ta n to d e ra ç a s c o m o d e re lig iõ e s. S ã o o s u m a d ire ç ã o e s p a n h o la ; a o c o m b in a re m -s e o s e le m e n
á rio s , d ra v jd io s , á ra b e s , m o n g ó is, a fe g a n e s e p e rs a s q u e to s d e a rte c ris tã , ro m â n ic a e g ó tic a c o m o s á ra b e s
39
p r o d u z - s e a n o v a fo rm a c h a m a d a m u d é j a r {6>. P roduz* m a is re s trito n a d iv u lg a ç ã o d o n o v o g ê n e ro d e c o ra tiv o ,
-se , p o is , u m e n tr e la ç a m e n to d e m o tiv o s , e o s e le m e n to s já q u e o se u v ig o ro so m o v im e n to re n a s c e n tis ta im p u n h a
n a tu r a is d a flo ra e d a f a u n a s u rg e m n a C e râ m ic a ao à c e râ m ic a a e x p re s s ã o d e s u a s p ró p r ia s m a n ife s ta ç õ e s
la d o d o s g e o m é tric o s. a rtístic a s .
O e stilo ro m â n ic o , d e fe iç ã o m o n á s tic a , c a ra c te ri M a s c a b e ria o m é rito e o g a la rd ã o , e m p rim e iro
z a -s e p re fe re n c ia l m e n te p o r s u a d e c o r a ç ã o g e o m é tric a : Sugar a E s p a n h a , P o rtu g a l e H o la n d a d e s a b e r tira r
lo s a n g o s, d e n te a d o s , p o n ta s d e d ia m a n te s , b e s a n te s , u m g ra n d e p a r tid o d o a z u le jo , c o m o v e íc u lo d e e x p re s
c ra v o s ( p r e g o s ) , b a stõ e s e o u tr o s d e in s p ira ç ã o o rie n ta l: s ã o o rn a m e n ta l n a E u ro p a , d e fo r m a a fa z é -lo c o n c o r
le õ e s e q u im e ra s . D o re in o v e g e ta l d á p re fe rê n c ia à re r, c o m ^sucesso, n a d is p u ta d o e s p a ç o m u ra l c o m o
e s tiliz a ç ã o d a fo lh a d e a c a n to . m o s a ic o , jo a fre sc o , a p in tu ra s o b r e te la e a ta p e ç a ria ,
O e s tilo g ó tic o , m e d ie v a l, a tin g e o se u a p o g e u n o o q u e fo i a lc a n ç a d o d e m a n e ira b rilh a n te p o r a q u e le s
s é c u lo X I , n a Ilh a d e F r a n ç a , n a re g iã o d e P a ris . £ o trê s p a ís e s a tra v é s d a c o m p o s iç ã o d e p a in é is fig u ra ti
tr iu n fo d a o g iv a s o b re o a rc o . U tiliz a a fu n d o a s fo rm a s v o s e h is to ria d o s q u e e x ib ia m c e n a s m ito ló g ic a s , b íb li
n a tu r a is a p ro v e ita n d o c o m o o r n a t o a s flo re s , a v in h a , c a s, g a la n te s , ic o n o g rá fic a s , g u e rr e ira s , c o m o a tra v é s
a h e ra , o s c a rd o s , e tc ., e a in d a e le m e n to s a n tro p o - ta m b é m d o a z u le jo is o la d o o u em a g ru p a m e n to s d e
m o rfo s e z o o m o rto s. A p ro v e ita ta m b é m o s g ro te sc o s, q u a tr o , d e z e ss e is e m a is p e ç a s, c h a m a d a s ta p e te s,
as á g u ia s, d e m ô n io s, ro s e ta s, e tc . N e sse p e río d o , a A H o la n d a , s o b r e tu d o , d eu n o v a a m p lid ã o à
h e rá ld ic a to m a e n o rm e d e s e n v o lv im e n to e v e m a c re s c e r p a d ro n a g e m d e fe iç ã o e u ro p é ia , c o m u m sem n ú m e ro d e
o re p e r tó rio d e c o ra tiv o c o m in c o n tá v e is o m a ío s q u e a d a p ta ç õ e s e c ria ç õ e s q u e d e s p e r ta v a m in te re ss e p o r su a
c o m p õ e m o s e sc u d o s e b ra s õ e s d e a rm a s . n o v id a d e e d iv e rs ific a ç ã o , c o m p a r a d a s c o m os re p e tid o s
O R e n a s c im e n to ita lia n o a p re s e n ta v a ria n te s d e e s u rra d o s p a d rõ e s e m u s o . F a to esse q u e ia d e e n c o n tro
e s tilo a p a r t ir d o sé c u lo X V . E m se u p rim e iro p e río d o , a u m a s o c ie d a d e b u rg u e s a c a d a v ez m a is á v id a d e
d e 1 4 0 0 a 15 0 0 , s ã o re n o v a d a s a s tr a d iç õ e s só b ria s a d o r n o c o m o fo rm a d e s a tis fa z e r o a n s e io e s té tic o q u e
d a G ré c ia , N o s e g u n d o , d e 1 5 0 0 a 1 6 0 0 , p a ssa à s u a fo r m a ç ã o e c u ltu r a e x ig iam .
in s p ira ç ã o g re c o -ro m a n a c o m a in tro d u ç ã o d e n o v o s
E ta n to a H o la n d a c o m o P o rtu g a l re c e b e ra m a in d a ,
e le m e n to s : fig u ra s h u m a n a s , a n im a is , m á s c a ra s , arm a s,
d ire ta m e n te , n o s sé c u lo s X V I e X V II , o in flu x o d e m ais
c a n ó p lia s , e m b le m a s , v a so s, c a n d e la b r o s , c o ro a s , g ro te s
o u tr a s c iv iliz a ç õ e s c o m tr a d iç ã o a rtís tic a m u ltim ilc n a r.
c o s a r r a n jo s c o m fo lh a s d e p a lm e ir a , d e a c a n to , d a
O trá fe g o in te n s o e a p rin c íp io e x c lu s iv o c o m o E x tre m o
v in h a , d o lo u ro . A p re s e n ta o a p o g e u . O te rc e iro p e río
O rie n te , p o r in te rm é d io d a s c a r r a c a s lu s a s c d a s n a u s
d o é re p r e s e n ta d o p e lo B a rro c o , q u e d e 1 6 0 0 s e e ste n
b a ta v a s , c a rr e o u to d o u m n o v o m a n a n c ia l in é d ito q u e
d e a té I SOO, c o m a in te rc a la ç ã o d o R o c o c ó a p a rtir
a b ra n g ia n o v o s e stilo s e s im b o lo g ia s d c o u tr a s relig iõ es
d e 1 7 0 0 ir>, A p ro v e ita m estes e s tilo s o s e le m e n to s d a
a lé m d a m a o m e ta n a o u d a C ris tã .
s e g u n d a fa s e re n a s c e n tis ta d a n d o -lh e s m a is vigor,
E a H o la n d a a ssim ilo u a in d a , c o m m a io r p r o f u n
e x p re s s ã o , h a rm o n ia e m o v im e n to . O B a rro c o m a n té m
s im e tria d e v o lu m e s c d e lin e a m e n to s , e o R o c o c ó , n o s d id a d e d o q u e P o rtu g a l, os re fle x o s d a R e n a s c e n ç a
se u s d e s d o b r a m e n to s lin e a re s , u m a e le g a n te a ssim e tria . ita lia n a tra z id o s p e lo s n a v e g a n te s e m e r c a d o re s v e n e
O R e n a s c im e n to ita lia n o tev e se u d e s d o b ra m e n to z ia n a s q u e na s u a ro ta re g u la r d e c o m é rc io a tin g ia m
cru P o rtu g a l c o m o M a n u e lin o , q u e p õ e e m evidência A n tu é rp ia , p a s s a n d o p o r G ib ra lta r . E s te p o rto , c e n tro
tra d ic io n a l d e in te n s o c o m é rc io e de c u ltu ra , to rn o u -s e
c e rto s o rn a to s q u e sim b o liz a m a e p o p é ia d o s d e s c o b ri
m e n to s , c o m o c o n c h a s , c o rd a m e s , e tc. n o L e ste c o n tin e n ta l o m a io r c e n tro c e râ m ic o in te r-
-e u ro p e u , a p a rtir d c 1 5 I0 , q u a n d o G u íd o A n d rie s ou
E n a E s p a n h a esse d e s d o b r a m e n to se p ro c e ssa
G u id o di S a v in o , d e C a s te l D u r a n te , u m d o s c e n tro s
a tra v é s d o e stilo p la te re s c o d o q u a l J o s é C h u r r ig jc r a
c e râ m ic o s ita lia n o s , c d e p o is seu filh o J o ris ( 1 5 6 4 )
é o m a g istra l in té rp re te , in s p ira n d o -s e n a d e lic a d a
d e ra m in íc io c in c re m e n to à f a b r ic a ç ã o d a m a ió lic a .
d e c o ra ç ã o d e o u riv e s a ria p a r a a p lic á -la n a a rq u ite tu ra .
( O te rm o p la te re s c o d e riv a d e “ p la t a ” ) . A H o la n d a , q u e re c e b ia to d a s e ss a s c o n trib u iç õ e s ,
C o m re fe rê n c ia a in d a a o u tr o s e stilo s q u e se à e x e m p lo d a Itá lia , d e s f ru ta v a d c u m e le v a d o nível
se g u e m n o te m p o , ire m o s a b o rd á - lo s “ p a ri-p a s s u ” com a rtís tic o . R e p re s e n ta v a n o L e ste e u ro p e u u m p ó lo
o s c o m e n tá rio s s o b re a e v o lu ç ã o d a c e râ m ic a n o ir ra d ia n te de c u ltu ra d e q u e a E s c o la F la m e n g a é u m
O c id e n te , n o s e g u n d o C a p ítu lo . e x p re s s iv o te s te m u n h o n a s A rte s P lá s tic a s , c o m o n a s
R e to m e m o s a d e s c r iç ã o g e ra l d e ss a le n ta , g ra d a tiv a a rte s m e n o re s a im a g in á ria d e M a lin e s u m a m a r c a n te
c d is tin ta e v o lu ç ã o d a a z u le ja ria , a b s o rv e n d o té c n ic a s e m a n ife s ta ç ã o . A s s u a s fa m o sa s “ g u ild a s " , q u e a g r u p a
o rn a to s q u e ir ã o in c o rp o ra r-s e a o se u p a tr im ô n io co m o v a m a rte s ã o s c a rtis ta s d c d ife re n te s o fíc io s, e s ta v a m a
c o r r e r d o s séculos. p o s to s p a ra z e la r p e la q u a lid a d e d a p ro d u ç ã o .
V im o s a p u ja n te c o n tr ib u iç ã o a d v in d a d a p re s e n ç a C o m to d o s esses e le m e n to s e s ta v a a H o la n d a a p ta
d o s á ra b e s islâ m ic o s na P e n ín s u la e p e la a d a p ta ç ã o que a o fe re c e r n a c e râ m ic a a lg o de n o v o e d e b o m . S o u b e ,
se o p e ro u e tra d u z -s e p e la sim b io s e d e d u a s c o rre n te s d o s é c u lo X V I a o X V I I I , r e u n ir a q u e le m a n a n c ia l
m e s tra s de e stilo s q u e , a o se fu n d ire m , fo rm a m u m d is p e rs o e h e te r o g ê n e o e ju n to c o m o se u a u tó c to n e ,
n o v o , c o n h e c id o p o r h is p a n o -m o u ris c o . E ste , e m b o ra c a n a liz á -lo c o m m a e s tria e b o m g o s to p a r a a s u a a z u le
h íb rid o , p a s s a a a p re s e n ta r- s e c o m p e rs o n a lid a d e p ró p ria ja r ia e m a n te r d u r a n te m a is d e d u z e n to s a n o s o seu
e m a r c a n te n o q u a d r o d a a z u le ja ria . e s p lê n d id o p a d r ã o a rte s a n a l. E s te lh e v a le u a p re f e rê n
C o u b e à E s p a n h a re c e b e r e m se u s o lo aq u e le c ia e m e re c id o re n o m e a té m e a d o s d o sé c u lo X IX .
le g a d o le v a m in o v á ria s vezes m ile n a r, q u e o estilo D e p o is v e m a s u c u m b ir d ia n te d a c o n c o rr ê n c ia p e rtin a z
m u ç u lm a n o c o n d e n s a v a , a d o tá - lo a tr a v é s d o h is p a n o - q u e lh e m o v e m n a d e c o ra ç ã o o p a p e l p in ta d o e o s
- m o u ris c o , tra n s m iti-lo e d iv u lg á -lo n o O c id e n te . a z u le jo s, s o b r e tu d o in g le se s p ro d u z id o s in d u s íria lm e n te ,
A Itá lia ta m b é m d e se m p e n h o u p a p e l id ê n tic o , n a i s a m b o s p ro p o r c io n a n d o n o s a m b ie n te s d o m é s tic o s , o
im p o rta n te n a d is s e m in a ç ã o d a té c n ic a d a m a i ó lk a c m e sm o e fe ito v isu al e b a ix o c u sto .
40
O s e u lo n g o e fo r m o s o r e i n a d o d is tr i b u iu b e n e s s e s D iz -n o s J o a q u i m d e V a s c o n c c llo s * 85: “ q u e a lé m
p a r a m u ita s p a r t e s d o m u n d o . P o rtu g a l i m p o r t o u s e u s d o s a z u le jo s p o li c r o m a d o s e m a r a b e s c o s , d a I g r e ja d e
a z u le jo s c o m o v a le u - s e d e m e s tr e s fla m e n g o s p a r a S ã o R o q u e e m L is b o a , d a t a d o s d e 1 5 8 4 , F r a n c i s c o d e
v á rio s d e s e u s p a in é is — V e r s a lh e s a in d a n o s é c u lo M a to s d e c o r o u e m g r a n d e p a r t e , n a Q u i n t a d a B a c a -
X V I I fo i c o m e le s d e c o r a d o . N o “ G r a n d T r i a n o n ” (s c c . IbÕ a, o s p a v ilh õ e s c o n h e c id o s p o r C a s a d a s Á g u a s ,
X V I I I ) n o C a s te l o d e “ R a m b o u i ll e t” , c o m o c m v á rio s q u in ta e s s a q u e p e r t e n c e u a o g r a n d e A f o n s o d e A lb u
c a s te lo s g e r m â n ic o s , e n ó s a q u i n o B ra s il n ã o d e ix a m o s q u e r q u e . E n t r e o s m e l h o r e s q u a d r o s d e a z u le jo s d a
d e tê -lo s . C asa d a s Á g u as c o n s ta u m c h a m a d o "S u z a n a su rp re
V e ja m o s p a r t e d a s é r ie d e o r n a t o s q u e se e n d id a n o b a n h o ” , d a t a d o d e 1 5 6 5 .
e n c o n tr a m e m s u a c e r â m ic a só ig u a lá v e l e m n ú m e r o e
N o e n t a n t o , n o s é c u lo X V I , h a v ia a i n d a g r a n d e
v a r ie d a d e s a o s c h in e s e s .
i m p o r t a ç ã o d e a z u le jo s s e v i lh a n o s e ta l a v e r a n o s , is so
N o s é c u lo X V I s ã o o s a r a b e s c o s e d e s e n h o s
p o r v o lt a d e 1 5 8 2 , j á q u e o f a b r ic o lo c a l e r a r e d u z i d o
g e o m é tr ic o s e m p r e s ta d o s d o s á r a b e s e o s a r r a n j o s
c n e m t ã o p r i m o r o s o q u a n t o a q u e le s . A p r o d u ç ã o e m
f l o r a is n o g ê n e r o “ ío g lie e f r u t t i ” d o s it a li a n o s q u e
P o r tu g a l é a s s in a la d a e m L is b o a p o r v o lta d e 1 5 6 0 e
p re v a le c e m - E a s c o r e s e m p r e g a d a s s ã o o a z u l e s c u r o ,
e x e r c id a p o r c e r a m is ta s f la m e n g o s q u e q u e im a v a m a s
o la r a n ja e o a m a r e lo q u e s o b r e s s a e m . N o s é c u lo X V I I
p e ç a s e m “ f o r n o s d e V e n e z a " , o u s e ja , n a t é c n i c a d a
a la r g a - s e a s é r ie d e m o tiv o s c o m la r a n ja s , r o m ã s a b e r t a s ,
m a ió líc a . L o c a li z a v a m - s e e le s n o a n ti g o b a i r r o d a s
tu lip a s , c a c h o s d e u v a s , e s tr e la s , c r u z e s e o a r r a n j o
J a n e l a s V e r d e s e e r a m d e s i g n a d o s p o r “ m a l e g u e ir o s ”
n o tá v e l d e v a s o s d e flo re s n o g ê n e r o d e I m a r i e d e
p o rq u e p ro d u z ia m a c h a m a d a M á le g a d e F ia n d r e s . Is so
p r a t o s c o m f r u ta s . N e s s e s é c u lo o s a r t e s ã o s a r t is t a s
e q u iv a le a d iz e r q u e o s fla m e n g o s j á h a v i a m c o p ia d o
a p e r c e b e m - s e d o v a lo r d o s c h n to s d o s a z u le jo s c o m o o s p r o c e s s o s d e f a b r ic o d a m a i ó li c a p r o v e n i e n te d e
e s p a ç o d e e n q u a d r a m e n t o d e c o r a t iv o . A p a r e c e m e n t ã o
M á ia g a , u m d o s g r a n d e s c e n tr o s c e r â m ic o s e s p a n h ó i s ,
n a s la te ra is o u n o s q u a t r o c a n to s , c o m p l e m e n t a n d o o
c o m o ta m b é m d e V e n e z a , q u e u s a v a p r o c e s s o s id ê n tic o s ,
m o tiv o c e n tr a l, o s d e s e n h o s d e f lo r d e lis, d e v o lu ta s ,
e o s t e n d o a s s im ila d o , in t r o d u z i r a m - n o s e ra P o r t u g a l.
d e r o s e ta s e m a is ta r d e d e a r a n h a s , d e p o n ta s d e la n ç a ,
N o fin a l d o s é c u l o a p a r e c e m a í o s a z u le jo s h i s t o
d e c ra v o S j d e f o lh a s d e p a r r e ir a s , d e " c a b e ç a s d e b o i ”
ria d o s e o s d e r e p e t iç ã o , e m aist t a r d e , n o s é c u lo X V I I I ,
( J o o - i ) d o s “ c a n d e l a b r o s ” o u a in d a d e c e r c a d u r a s o u
a m p lia - s e o e m p r e g o c o m O g ê n e r o d a f ig u r a a v u ls a
d e f u n d o s e m p re s ta d o s : a o e s tilo d e W a n - L i . N e s s e
o u o m o tiv o s o l to o u is o la d o , e m p r e g a d o p e lo s h o l a n
p e r í o d o j á p r e d o m in a m o a z u l e b r a n c o o r ig in á r io s d o
d e s e s ,, S e m i n t e r r o m p e r o f a b r ic o d o s p a in é i s , e s te s ,
O r ie n te .
e m g e r a l, d e e n c o m e n d a . O s é c u lo X V I I c a r a c t e r i z a - s e
Q u a n t o m a is c a m i n h a m o s n o te m p o m a is p r o l if e
s o b r e tu d o p e la p o li c r o m ia q u e c e d e lu g a r a o a z u l e
r a m o s o r n a t o s . A p a r e c e m o s m e d a l h õ e s c o m fig u ra s
b r a n c o q u e i r ia p r e d o m i n a r n a s g r a n d e s c o m p o s iç õ e s
a n tr o p o m o r í a s e z o o m o r f a s e b u s to s , a d a p t a ç ã o d e
s e te c e n tis ta s .
a r te s ã o s d e A n tu é r p i a d o s p a d r õ e s d a m a ió lic a ita lia n a ,
c o m p l e ta d a c o m o s " a i h o r i n i ” . . .N e s s e p e r ío d o ,, e m P o r t u g a l, d is tin g u e m - s e g r a n d e s
E n u m a m u lti p li c a ç ã o d a s m a is d iv e r s if ic a d a s m e s tre s a p a r t i r d e 1 6 9 1 , c o m o o e s p a n h o l D e l B a r c o
p a s s a m a s e r c o p ia d a s g r a v u r a s e q u a d r o s d e a r t is t a s c a s a d o c o m p o r t u g u e s a , q u e c o n f e r iu a m p l it u d e e
fa m o s o s , r e t r a t o s d e p e r s o n a g e n s , r e p r e s e n ta ç ã o d e ti p o s m o n u m e n ta b i li d a d e a o s p a in é is h is to r i a d o s , A n tô n io d e
p ito r e s c o s , c o m o c a v a le ir o s , p e s c a d o r e s , c a ç a d o r e s , s o l O liv e ira B e m a r d e s , f a l e c id o e m 1 7 3 2 e q u e m u i to p r o
d a d o s , g u e r r e ir o s e d iv e r s o s ti p o s c h in e s e s e d a s o c ie d u z iu n o p e r í o d o d e 16 9 9 a 1 7 2 5 , c o n s i d e r a d o o m a i o r
d a d e q u e s e e n q u a d r a m n u m a s é r ie c o n h e c i d a p o r a z u le jis ta d e s e u te m p o , m a n e j a n d o c o m m a e s tr i a o s
“ m a n i k in s ” . to n s e s u b t o n s d e a z u l e e n q u a d r a n d o s e u s p a in é is c o m
E o h o la n d ê s p r e s o a o m a r , à s u a . n e s g a d e t e r r a la r g a s e b e la s c e r c a d u r a s à m a n e i r a d a ta p e ç a r ia .
e a o s s e u s c o s tu m e s r e p r o d u z s é rie d e v e le ir o s , p o r t o s , D e ix o u u m filh o — P o H c a rp o — q u e c o n ti n u o u s e u s
m o n s tro s m a r in h o s , n e tu n o s , m a r in h a s , c e n a s d e p e s c a , tr a b a lh o s , a s s im c o m o n u m e r o s o s d is c íp u lo s d e p o r te
b a le ia s , p a is a g e n s , m o in h o s , p a s to r a is , q u e r m e s s e s , filia d o s a s u a e s c o la . E n t r e e s te s , A n d r é G o n ç a lv e s ,
v is ta s , c a ç a d a s , e tc , E a in d a s é rie s d e r e p r e s e n ta ç õ e s T c o tô n i o d o s S a n to s , N ic o la u d e F r e i t a s , B a r to l o m e u
m ito ló g ic a s , d e a n im a is d o m é s tic o s e d e c a ç a , a v e s A n tu n e s ( 1 6 8 8 - 1 7 5 3 ) m e s tr e d e o fíc io d e l a d r i l h a d o r
c a s e i r a s e d e j a r d im , e tc . e d e m u i t o in t e r e s s e p a r a o B ra s il, p o is e x e c u t o u e m
N o p e r í o d o d o s L u ís e s d e F r a n ç a , n o s é c u l o X V I I I . 1 7 3 7 o s m a g n íf ic o s p a in é i s d a C a p e l a - m o r d e S ã o F r a n
s e g u e a s v a r i a n te s e s tilís tic a s fr a n c e s a s , te n d o a té u m c is c o , n a B a h ia . N ã o s e p o d e o m i ti r o n o m e d e A n t ô n i o
d o s s e u s m o d e l o s d e a z u le jo s id o c o n h e c id o p o r d e F r e i t a s e s o b r e tu d o o d e A n tô n io P e r e i r a , d is c íp u lo
“ P o m p a d o u r” . d ile to d o v e lh o m e s t r e A n t ô n i o d e O liv e i r a B e r u a r d e s .
G r a ç a s à s p e s q u i s a s d o e r u d i to h i s t o r i a d o r M á r i o
I s s o q u a n to à o r n a m e n ta ç ã o , m a s q u a n t o à r e p r e
B a r a t a , f o r a m id e n t if ic a d o s o s p a in é is d a C a p e la D o u -
s e n t a ç ã o d o m o t iv o n a s u p e r fíc ie d o a z u le jo c o lo c a m -
T ad a d o R e c if e ( d e 1 7 0 3 ) e o s d o S o la r d o S a ld a n h a
- n o o s h o la n d e s e s d e v a r i a d a s m a n e ir a s c o m o n o s
n a B a h i a , a m b o s d a q u e l e e m é r ito c e r a m is ta .
c o n h e c id o s p o r “ q u a d r a d o ” , p o r “ o v a l” , p o r “ d ia g o n a l” ,
p o r " v e r t i c a l ” , p a r t e d e s s a s d is p o s iç õ e s a d a p t a d a s d a N o f i n a l d o s é c u l o X V I I I e c o m e ç o d o X I X v o lt a
E s p a n h a m o u r is c a , c o m o ta m b é m u s a v a m c o lo c a r o a p r e d o m in a r a p o li c r o m ia . A F á b r i c a d o R a t o , c m
m o tiv o d e n t r o d e u m o u d u p lo c ír c u lo o u m e d a l h ã o . L is b o a , e a d e J u n c a i , e m A lc o b a ç a , f u n d a d a s e m 1 7 7 0 ,
N o tó p i c o “ F a i a n ç a ” c it a r e m o s o s n u m e r o s o s e n tr e o u t r a s , p r o d u z i r a m e s p l ê n d id o s a z u le jo s e p a in é is ,
c e n tr o s re s p o n s á v e is p e la p r o d u ç ã o c e r â m ic a a z u le ja r. s e n d o q u e e s t a e s p e c ia liz a v a - s e e m m o tiv o s re lig io s o s .
Q u a n t o a P o r t u g a l, c o m e ç a e le a f a b r ic a r a z u le jo s N o s é c u l o X I X a f á b r i c a d e lo u ç a d e S a n to A n t ô n i o d a
n a s e g u n d a m e t a d e d o s é c u lo X V I , e o fa z b r i l h a n t e P ie d a d e e r a d a s m a is im p o r t a n t e s , s e n d o d e c o n s i d e r a r
m e n te , d i s p o n d o d e u m a r t i s t a n o tá v e l, F r a n c i s c o d e ta m b é m a d e S a c a v é m , a d e D e v e z a s e a d o C a r v a l h i n h o
M a t o s , q u e d e ix o u p a in é is a s s in a d o s e d a ta d o s . q u e c o s t u m a v a m a r c a r a s p e ç a s c o m F .C . e o s a z u le jo s
41
d c B o r d a ilo P in h e iro , j á n o fim d o s é c u lo X I X c c o m e ç o p a r a a p o r c e l a n a ( p ó d e p e d r a , e t c . ) , s o b r e c u ja s p a s ta s
d o X X , p r i m a n d o n o e s tilo d o " A r t - N o u v e a u " , c o m já e r a m im p r e s s a s d ir e t a m e n t e a s p a d r o n a g e n s . G a n h a
e x ím ia e x e c u ç ã o , b e lo s e s m a lte s e , s o b r e tu d o , in s p ir a ç ã o v a m te m p o n e s ta s im p lif ic a ç ã o c o m o n a f i x a ç ã o d a
p r ó p r i a , e a d o S a n to A n t ô n i o d o P o r t o d e J . V a le n te , im a g e m .
N o d iz e r d e W a n d a d c R a n i c r i : “ O s p o r tu g u e s e s M a s o a z u le jo a i n d a e r a c o r t a d o e m o d e l a d o à m ã o
f a b r ic a v a m a z u le jo s lis o s d e c o r ú n ic a , a z u l e b r a n c o , o u e m f o r m a s a v u ls a s , e x p e d ie n te la b o r io s o q u e r e q u e
v e r d e o u m e l a d o , c u jo s a r r a n j o s d e c o r a t iv o s fo ra m ria o a r n a s s a m e n to d a p a s t a , o c o r t e n a m e d i d a c e r t a
d e n o m i n a d o s e n x a d r e z a d o s o u d c “ c a ix i lh o " , t a m e a in d a a s u a le n ta s e c a g e m . R e q u e r ia , p o is , u m m ú lti
b é m o s " i a p e t e s ” c o m a z u le jo s ir ic r ô m io s , a z u l, a m a p lo m a n u s e io a n te s d c s e r le v a d o a o fo g o . N e s s e p a r t i
r e lo e b r a n c o . A p a r t i r d a m e t a d e d o s é c u lo X I X o c u l a r a a r t e o le ir a c o n t i n u a v a a m e s m a d o s e g íp c io s ,
a z u le jo p o r tu g u ê s to m a o u t r a s c a r a c t e r í s ti c a s — o p r o 4 0 0 0 a .C .
c e s s o a r t ís t ic o d e e x e c u ç ã o é s u b s tit u íd o p e lo d e e s t a m F o i q u a n d o H e r b e r t M in ío n d e u m la d o e S a m u e l
p a g e m , r e s u lta n d o o c h a m a d o a z u le jo e s t a m p i lh a d o ” . W r ig h t d e o u t r o , a i n d a n a p r im e ir a m e t a d e d o s é c u lo
P o r t u g a l n ã o s o b r e s s a iu n a E u r o p a , e n d e h a v ia X I X , la n ç a m o s f u n d a m e n t o s d a f a b r ic a ç ã o m e c â n ic a
n a ç õ e s q u e c o n c o r r ia m e m q u a li d a d e c o m o e m q u a n t i e a u to m á ti c a d o a z u le jo , c o s d c s u a s e c a g e m d e f o r m a
d a d e d e f a b r ic o , m a s s u a p r o d u ç ã o , n o e n t a n t o , n ã o in d u s tr ia l, c o m f o r m a s d c a ç o , e s te ir a s r o l a n t e s , e n tr e
d e ix o u d e s e r a p r e c iá v e l, p o is , a lé m d a c o lo c a ç ã o d e o u tr o s e x p e d ie n te s .
s e u s p r o d u t o s n o t e r r i t ó r i o m e t r o p o l it a n o , d is p u n h a d e O c ic lo e s t a v a c o m p l e to : p a s t a s i m p lif ic a d a , f a b r i
m e r c a d o g a r a n t id o e e x c lu s iv o r e p r e s e n t a d o p e lo le q u e c o a u to m a ti z a d o , d e c o r a ç ã o m u l ti - r e p e t id a . H a v ia m e le s
d e s u a s c o lô n i a s u l t r a m a r i n a s e s p a l h a d a s p e lo m u n d o . re d u z id o a m ã o - d e - o b r a o p e r a c i o n a l e e li m i n a d o a p a r
N o s s o a c e r v o a z u le jís tic o , s o h r c i u d o d o s é c u lo X V I I I , ti c ip a ç ã o a r t e s a n a l n a c o n c lu s ã o d a p e ç a , o q u e le v a r ia
é g r a n d e e d e q u a li d a d e , e c o n t i n u a d is tr i b u íd o c m a in f e r ir - s e q u e o p r o d u t o , c o m o a p r e s e n ta ç ã o e s té tic a ,
p a lá c io s e m o r m e n t e c m ig r e ja s e c o n v e n to s , a a t e s t a r d e ix a v a a d e s e ja r . N o e n t a n t o , o q u e o s in g le s e s p a s s a
o e le v a d o p a d r ã o d o s m e s tre s a z u le ja d o r e s lu s ita n o s e r a m a o f e r e c e r c r a a lg o n o tá v e l c o m o r e a l iz a ç ã o
a s e r v ir d c e lo q ü e n t c te s te m u n h o , s o b r e t u d o c o n s id e p ic tó r ic a , t a n t o n a p r e c i s ã o d o d e t a l h e c o m o n a s u til
r a n d o - s e q u e o te r r e m o t o d c L is b o a , c m 1 7 5 5 , d e s tr u iu r e p r e s e n ta ç ã o d o s d e s e n h o s e c o lo r id o s . E s s a s in v e n ç õ e s
p a r t e d o a c e r v o m e t r o p o l it a n o , é o q u e n o s d iz e m q u e im p r im ia m r a p i d e z a o f a b r ic o c o n f e r ia m v a n ta g e n s
o u t r a s p a la v r a s o P r o l . í l o r s l U d o K n o f f : “ P o r t u g a l é p e c u n iá r ia s s u f ic ie n te s p a r a c o n t r a t a r b o n s a r t is t a s ,
o p a ís d a E u r o p a q u e m a is a z u le jo s o s t e n ta , n ã o m e s m o f o r a d o r a m o , t a n t o p in t o r e s c o m o g r a v a d o r e s ,
s o m e n te na P e n ín s u la com o nos A ç o re s c na p a r a a e s c o lh a d o s m o tiv o s , a e l a b o r a ç ã o d o s d e s e n h o s
M a d e i r a . . . P o r t u g a l ti n h a e x p o r t a d o , d u r a n t e to d o o e a c o n f e c ç ã o d a s m a triz e s . N e s s e p a r t i c u l a r h a v ia
s é c u lo X V I I , c e n te n a s d c m ilh a r e s d e a z u le jo s , a lé m - f i r m a s c o m o M i n to n , H o lii n s , M a w , C o p e ia n d , e n tr e
- m a r , p a r t ic u l a r m e n t e p a r a o B r a s i l" o u tr a s , q u e m a n t in h a m u m a e q u ip e d e a r t is t a s e s c o lh i
S ã o o s in g le s e s q u e e s ta b e le c e m a lin h a d iv is ó ria d o s n ã o só p a r a p r e p a r a ç ã o d a s m a triz e s c o m o ta m b é m
e n tr e a e r a d o s p r o c e s s o s a r t e s a n a i s ( e s e m i- a r te s a n a is ) p a r a e x e c u t a r a m ã o p a r t i d a d e a z u le jo s e p a in é is
e o s in d u s tr ia is . e n c o m e n d a d o s . E m 1 8 7 0 a f i r m a M i n to n C h in a W o rk s ,
O s p r o c e s s o s s e m i- a r te s a n a is e m q u e e n tr a m e m d is p u n h a d e u m c o r p o d e 1 4 0 d e s e n h is ta s , e n t r e c ie s
u s o a c e s s ó r io s c o m o o " f a n t a s m a " , a “t r e p a ” , e tc ., se te p in t o r e s fr a n c e s e s , e h a v ia ta m b é m a r t is t a s j a p o n e
d im in u i n d o , m a s n ã o e x c lu in d o a p a r t ic i p a ç ã o d o a r tis ta se s c o n t r a t a d o s , e s p e c ia lis ta s e m e s tiliz a ç õ e s o r ie n ta is .
n o a c a b a m e n to , s ã o a in d a c o n s i d e r a d o s c o m o a r te s a n a is . O q u e a g r a v u r a re v e la s o b r e o c o b r e , a lito g r a f ia c
R e v o lu c i o n a m o s in g le s e s a e x e c u ç ã o d a d e c o r a ç ã o a f o to g r a f ia p o d ia m r e v e l a r s o b r e o p a p e l, o s in g le s e s o
c o m o p r i n c íp i o , a té h o je e m p le n a u ti li z a ç ã o , d o “ tr a n s fa z ia m s o b r e a s u p e r f íc ie d a c e r â m ic a e a in d a c o m o
f e r - p r i n ti n g " e o d o d e c a l q u e , in v e n t a d o p o r J o h n S a d le r v id r a d o p r o t e t o r q u e c o n f e r ia d u r a b i li d a d e ilim ita d a
e m 1 7 5 8 . E s s a d e s c o b e r ta c o lo c o u a p r o d u ç ã o c e r â m ic a , ao p ro d u to .
d a n o it e p a r a o d i a , e m r i tm o in d u s tr i a l. G a b a v a - s e o E e ss e s in v e n to s s u r g ir a m e m b o a h o r a , p o r q u a n t o
in v e n t o r e s e u a s s is t e n te G u y G r e e n , e m s e u p e d id o a p r o d u ç ã o a r t e s a n a l d e c a í a e m q u a li d a d e e e s m e r o , e
o fic ia l d e p a te n t e , d e d e c o r a r n a d a m e n o s d o q u e 1 . 2 0 0 já n ã o s a tis f a z ia a d e m a n d a c r e s c e n te r e q u e r id a p o r
p e ç a s e m se is h o r a s “ m a is e m n ú m e r o , e m e l h o r e m a is u m a s o c i e d a d e e n r i q u e c id a p e lo c o m é r c io , p e l a in d ú s
p r e c is o , d o q u e c e m e x ím io s p in t o r e s o f a r ia m n o m e s m o tr ia c p e lo tr á f ic o c o m o s n o v o s m e r c a d o s c o lo n ia is ,
e s p a ç o d e te m p o ” . a m e r ic a n o s e o r ie n ta is .
L o g o d e p o is o s in v e n tiv o s in g le s e s d e s c o b r e m o u tr o E n t r e a s g r a n d e s f i r m a s p io n e i r a s , s u r g e M a w &
p r o c e s s o d e e s t a m p a g e m u ti li z a n d o c h a p a s d e c o b re . C o ., f u n d a d a e m 1 8 5 0 p o r J o h n H o r n b y M a w , v iz in h o
E rn s e g u id a , j á n o s é c u lo X I X , e m 1 8 3 0 a p li c a v a m c o m e a m ig o d o g r a n d e p i n t o r W illia m T u r n e r . P o r v o lta d e
s u c e s s o o p r o c e s s o lito g r á f ic o n a e x e c u ç ã o d a d e c o r a 1 8 9 0 to m o u - s e e le o m a i o r f a b r ic a n t e d e a z u le jo s d o
ç ã o , c a in d a c m 1 8 7 0 p a ss a m a u tiliz a r o p ro c e sso s é c u lo X I X . A f ir m a c o n q u is to u u m a s é r ie d e p r ê m io s
fo to g rá fic o p a r a e s t a m p a r a im a g e m n a c e r â m ic a , p r o in te r n a c io n a is a p a r t i r d e 1 8 5 1 , e m L o n d r e s , n o P o r t o
c e s s o e s s e u ti li z a d o p o r W e d g w o o d e q u e a i n d a s e ria dc D u b lim , P a r i s e n o s E s t a d o s U n id o s , e m F il a d é lf ia
a p r i m o r a d o p o r S h e rw in e C o t t o n p o r v o lt a d e 1 8 9 0 . ( 1 8 7 6 ) . N e s te ú ltim o p a ís a m o s tr a e s tim u lo u a f u n d a
O s a z u le jo s d e c o r a d o s p o r e s s e s n o v o s p r o c e s s o s s ã o ç ã o d a f i r m a a m e r i c a n a J .G . L o w , q u e d o is a n o s m a is
c o n h e c id o s p o r e s t a m p a d o s o u e s t a m p i lh a d o s . ta r d e , e m 1 8 7 8 , e m C r e w ( C e s h i r e , I n g l a t e r r a ) j á a r r e
D e n o t a r a i n d a q u e n ã o e r a s o m e n te n o s e t o r d a b a ta v a a m e d a l h a d e o u r o d o s in g le s e s . C o n t r a a in d u s
d e c o r a ç ã o q u e o s in g le s e s d a v a m p a s s o s d e g ig a n te , tr ia liz a ç ã o , o u tili ta r is m o e o s d e s v i r tu a m e n to s a r t ís t ic o s
m a s ta m b é m n a c o m p o s iç ã o d e n o v a s p a s t a s . A n ã o s u rg e m n a I n g l a t e r r a v o z e s i m p o r t a n t e s c o m o R u s k i n ,
s c r r a r a m e n t e , j á n ã o u tiliz a v a m a m a ió lic a p a r a , s o b r e c r ític o d c a r t e , M o r r is e D e M o r g a n , e s te s d o is lig a d o s
a s u p e r f íc ie a lv a d o e s m a lt e e s t a n íf e r o , a p o r o s d e s e à C e r â m i c a . F o r a m e s te s , c m g r a n d e p a r t e , o s r e s p o n
n h o s . J á h a v ia m i n v e n t a d o ta m b é m v á r i o s s u c e d â n e o s s á v e is p e la r e f o r m a d a a r t e a p li c a d a e d o d e s e n h o n o
42
p e río d o final d a c r a V ito r ia n a , e o re to rn o , e m p a rle , e x e m p lo d e se u c o m p a n h e ir o M o r ris , p o ré m c o m o ele
a o a rte s a n a to . c h e g o u à c o n c lu s ã o d e q u e a m á q u in a p o d e ria s e r
E in ic ia d a e lid e ra d a p o r W illia m M o rris u m a a c e ss ó rio d o a rtis ta c c o m isso p ro d u z iu ta m b é m
c a m p a n h a c h a m a d a d e “ A ris a n d C ra fts M o u v e m c n t” , a z u le jo s c o m p ro c e s s o h íb r id o d a d e c o r a ç ã o : a c e rc a
p a r a re p o r a C e râ m ic a n a é tic a e in te g rid a d e a rte s a n a is , d u ra d a p e ç a e s ta m p a d a m e c a n ic a m e n te e o c e n tr o
em q u e ele d iz : " o e le m e n to d e c o ra tiv o n o d e s e n h o é p in ta d o à m ã o .
u m a e x p re s s ã o p e ss o a l d a v e rd a d e e d e v e h a v e r id o n e i N ã o p o d e m o s e n c e r r a r a s c o n s id e ra ç õ e s s o b re
d a d e n o tr a b a lh o ” . D e le d iz Y v o n n e B r u n h a n im e r !,0): a z u le ja ria se m n o s re f e rir m o s d c m o d o g e ra l, à F r a n ç a .
“ e le p re g o u a n o b re z a d o tr a b a lh o m a n u a l e d o a rte s a C o m o v e re m o s n o s e g u n d o C a p ítu lo , e la se a lin h a c m
n a to e a n e c e ss id a d e d e c r i a r o b je to s d e u so c o rre n te p rim e iro p la n o n o ro l d e n o s s o s fo rn e c e d o re s n o
c o m s u a s p ró p ria s m ã o s ” . C o m e ç o u e le su a c a rr e ira n a s s é c u lo X IX .
a rte s a p lic a d a s m o n ta n d o e d e c o ra n d o v itra is d e n tr o d a A F r a n ç a n o M e d ie v o , p re s a a in d a a té c n ic a
rig o ro sa té c n ic a d o M e d ie v o . E s te n d e u s u a s a tiv id a d e s p rim á ria c m c u rs o n a E u r o p a c o e v a , c a r e n te p o is , d e
ta m b é m p a ra a a z u le ja ria e fu n d o u a firm a M o rris & m e lh o r a p r e s e n ta ç ã o n o s re v e s tim e n to s m u ra is e d e
C o ., d e n tro d a s n o v a s id é ia s e c o n c e p ç õ e s . E r a p o e ta , p is o , r e c o r ria n a s u n tu á r ia a o m o s a ic o c lá s s ic o . C a rlo s
d e se n h ista d e ta le n to e so c ia lis ta a tiv o n a lu ta c o n tra M a g n o , c o m o d is s e m o s , p a r a a d o r n a r a c a te d ra l d e
a m e c a n iz a ç ã o in te n siv a , te n d o n o e n ta n to , n a se g u n d a A ix L a C h a p c lle , c a p ita l d o Im p é rio C a ro lín g io , a in d a
fa se d e su a c a r r e ir a , a d m itid o q u e “ a m á q u in a p o d ia se v a le d o e m p re g o d o m o s a ic o , c u ja a p lic a ç ã o é
s e r e sc ra v a d o h o m e m , u m a f e r ra m e n ta q u e p o d e ria c o n fia d a à e sp e c ia lis ta s v in d o s d e R a v e n a .
co m su cesso , s e r e m p re g a d a p e lo a r tis ta ” . A n o v id a d e
J á n o s s é c u lo s X I V e X V a F r a n ç a c o m e ç a a
e o fre sc o r d e se u s d e s e n h o s e c o lo rid o s a p lic a d o s n a
a d o ta r a n o v a s o lu ç ã o o rn a m e n ta l q u e o s a z u le jo s ib e ro -
C e râ m ic a , n a ta p e ç a ria e n o s p a p é is p in ta d o s ( c h i n ts ) ,
-m o u rís c o s lh e a p re s e n ta v a m , e c m v á rio s p o n to s d e
em q u e s o b re s s a ía m flo re s e p á s s a ro s , ia m n a p a rte
s e u te r ritó rio f o r a m e le s lo c a liz a d o s , c o m o e m A v ig n o n ,
e stilístic a d e fin in d o o “ A rts a n d C ra fts M o u v e m e n t”
n o C h a te a u N c u f d u P a p e , c m T o lo s a , em N a r b e n a
o u se ja , o M o v im e n to d a s A rte s e O fíc io s, in ic ia d o p o r
e n o s P ire n e u s , im p o rta d o s d a E s p a n h a ,
ele, o qu al iria d e s e m b o c a r n o “ M o d e m S ty lc ” , no
“ A rt- N o u v c a u ” , no " S tile F lo r e a íe ” , n a A r te N o v a e N o sé c u lo X V I, o s ita lia n o s p a s s a m a p a rtic ip a r
o u tro s sim ila re s q u e iria m m a r c a r, n o ú ltim o q u a rte l a tiv a m e n te n a d ifu s ã o d a m a ió lic a , ta n to d e a z u le jo s
d o sé c u lo X IX e c o m e ç o d o X X , um n o v o c a p ítu lo na c o m o de lo u ç a , p o is , te n d o re c e b id o a q u e la té c n ic a d e
h is tó ria d a a rte m o d e rn a o c id e n ta l. v á rio s p ó lo s — d o O r ie n te M é d io e d a Ib é ria m o u ra
e d a S icília o c u p a d a p e lo s m u ç u lm a n o s , lo g o a a d o ta
W illiam F re n d D e M o rg a n ( 1 8 3 9 - 1 9 1 7 ) c o m e ç o u
ra m e p a s s a ra m a p ro p a g á - la . E c o m u m a v a n ta g e m
su a c a rre ira a rtís tic a c o m o M o rris n o a p re n d iz a d o
a d v in d a d a im p re g n a ç ã o d c u m c u n h o p ró p r io , a lta -
co m v itrais c m óveis, D e p e sq u isa e m p e sq u isa , redes-
m e n te a p re c ia d o , p o is se c o a d u n a v a m e lh o r c o m a fo r
c o b rira m a m b o s, p o r in ic ia tiv a p ró p r ia , as fó rm u la s d o
m a ç ã o e u ro p é ia a fim , d o q u e a h is p a n o -m o u ris c a a
lu s tre co m o p ô d e re v iv e r o s e s m a lte s le v a n tin o s. E stes,
e!a m ais e s tra n h a . A s sim , a Itá lia , d ifu n d in d o a
o “ c o p p c r" c o “ g o ld " lu s tre s , a o q u e p a re c e , já h a v ia m
té c n ic a á r a b e , p a s s a a in f lu e n c ia r o g o sto p e la d e c o ra
sido re a p lic a d o s p o r W e d g w o o d , em 1 7 7 6 , p o r rec e ita
ç ã o re n a s c e n tis ta p o r m e io d a e x p o r ta ç ã o d c se u s
fo rn e c id a p e lo D o u to r F o g h e rg ill, s e g u n d o in fo rm a ç ã o
e s p lê n d id o s p ro d u to s c a tr a v é s d e m e s tre s c e ra m is ta s
de H , H u d so n M o o r e m ) : c o n s ta ta n d o a in d a q u e em
q u e s c in s ta la m e ra d iv e r s o s p a ís e s , c o m o a F r a n ç a , a
1 8 1 0 já h a v ia n a In g la te rra p a te n te s s o b re s u a fó r
H o la n d a e a p r ó p r ia E s p a n h a , o n d e p a s s a a in te rfe rir
m u la . A q u e la já e ra d e u so n a P é rs ia n o sé c u lo IX
n a s c o m p o s iç õ e s a rtís tic a s lo c a is.
d e n o ss a e ra , p a s s a n d o d e p o is p a r a a S íria e o E g ito e
v in d o b a te r n a Itá lia , e n a E s p a n h a c m M a n ise s, A E s c o la d e F o n ta in e b le a u q u e re p re s e n to u u m
A ra g ã o c M á la g a , n o s é c u lo X V . O s e s m a lte s , o s c e n tr o m a r c a n te d e c u ltu r a n a F r a n ç a s o b F ra n c is c o I,
c o p io u em Iz n ik . F o r m o u v á ria s so c ie d a d e s c o m seu ir ra d ia n d o s u a in flu e n c ia a té a F la n d r e s , a b ra n g e n d o
n o m e , e e m 1 9 0 7 rc tiro u - s e d e la s , d e ix a n d o seus a s a rte s c h a m a d a s m a io re s , c o m o a p in tu r a , a a rq u ite
a ssiste n te s n a d ir e ç ã o , p a r a d e d ic a r-s e à n o v e la . F o i tu r a , e e s c u ltu ra , n ã o d e s c u r o u d a s m e n o re s , c o m o a
u m ta le n to , ta n to n a re d e s c o b e rta d e té c n ic a s c m o tiv o s a z u le ja ria . P a ra ta n t o n ã o p re s c in d iu d a c o la b o r a ç ã o
a n tig o s c o m o n a a d a p ta ç ã o q u e d e le s fez, filtra d a p o r d e m e s tre s ita lia n o s q u e c o m e la c o la b o ra s s e m e
seu g o s to a rtís tic o , p a r a u m a n o v a e s e n s a c io n a l a p a r i a ss e sso ra s se m o s a r tis ta s lo c a is.
ç ã o . In s p iro u -s e n a d e c o ra ç ã o p e rs a e n is so n o C o n ti A ssim , a p a re c e m n e s s e sé c u lo X V I d o is v u lto s
n e n te e n c o n tro u u m ê m u lo n a p e ss o a d o fra n c ê s d e c e ra m is ta s f r a n c e s e s : M a s s e o t A b a q u e s n e , em R u ã o ,
T h e o d o rc D e c k ( 1 8 2 1 - 1 8 9 1 ) q u e e m 1 8 6 2 ex p ô s e m p re g a n d o j á a té c n ic a d a m a ió lic a im p rim e , n o e n ta n
u m a c o m p o s iç ã o c e râ m ic a c o m o n o m e d e F lo re s to , u m c u n h o n a tiv is ta à d e c o ra ç ã o . J o a q u im V a ttie r,
P e rsa s. C o p io u a m a n e ira d o s p in to re s islâ m ic o s, e m L isie u x , in tro d u z ia u m a c o n s ta n te n o s s e u s d e s e
v o h o u -s e ta m b é m p a r a a m a ió lic a ita lia n a re p ro d u z in n h o s c o m o e m p re g o d e ro s e ta s , e n a e x e c u ç ã o d a
d o p la c a s e a z u le jo s re le v a d o s n o g ê n e ro d e D e lia d e c o ra ç ã o , in o v a v a c o m u m p ro c e s s o q u e v is u a lm e n te
R o b b ia c d o s e s c u lto re s flo re n tin o s . T in h a c o n h e c i p ro d u z ia o m e s m o e fe ito d o s a z u le jo s h is p a n o -
m e n to d e se u v a lo r a p o n to d e s e d e c la r a r : “ o m e lh o r -m o u ris c o s d e c o rd a s e c a e a re s ta , c o m a fo rm a ç ã o d e
q u ím ic o e n tr e o s c e ra m is ta s e o m a is a rtis ta e n tre s u lc o s e m v o lta d o s m o tiv o s , o n d e o s e s m a lte s e ra m
o s q u ím ic o s” . c o n tid o s p a r a n ã o e s c o rre re m . P ro d u z iu a z u le jo s e
C o m o c o n tr o le q u e e x e rc e u d a q u ím ic a d e u vigor la d rilh o s p a r a m u ito s lo c a is in c lu siv e p a r a o P a lá c io
e fre s c u ra a o s e sm a lte s, u tiliz o u c o m su c e s so o re c u rso d c V e rs a lh e s .
d e c o ra tiv o d o “ c ra q u e lé ” e re v iv e u c o m to d a a fo rç a N esse s é c u lo X V I, a in d a c m 1 5 7 8 , é a s s in a la d o
d e se u fu lg o r m e tá lic o o b r ilh o p e rd id o d o s lu stre s. e m N e v c rs u m c e n tr o d c p ro d u ç ã o d irig id o p e la
E q u a n to à té c n ic a , lu to u p e la e x e c u ç ã o a rle s a n a t, a fa m ília c e ra m is ta d o s C o n ra d o s .
43
N o sé c u lo X V I I I a a z u le ja ria fr a n c e s a p a s s a a M o r a (12), n ã o d e ix a d e a s s in a la r e sse a s p e c to d a
s o f re r a in flu ê n c ia d a H o la n d a , d e o n d e ta m b é m im p o r a z u le ja ria fra n c e s a n o P r a ta , q u e e le q u a lific a d c
to u a z u le jo s e c o m e le s fo r a m d e c o ra d o s v á rio s “ p o n tilís tic o ” .
p a lá c io s . O s c e n tro s lo c a is d e p ro d u ç ã o c o n c e n tra m - s e N o c a m p o d o s o r n a t o s d e fo rm a s n a tu r a is , s ã o
e m trê s p o n to s : V ro n , SL O m e r e D e sv re s, e s te ú ltim o re p ro d u z id o s m o in h o s , s o ld a d o s , d a m a s c o m g u a rd a -
d c m u ita re le v â n c ia , p o is a te h o je se d e d ic a à c e ra m ic a . -so i, c a s te lo s , c a s a s , ro s e ta s , c ru z e s , flo re s d e lis, e tc .,
N o sé c u lo X D £ , o s a z u le jo s fra n c e s e s s u rg e m n a à m a n e ira h o la n d e s a .
A m é ric a L a tin a e a p re s e n ta m c a ra c te rís tic a s “ su i Q u a n to à c ro m ia , a p a le ta é re s trita . J o g a m o s
g e n e ris ” q u e Ibes c o n fe re m u m a p e rs o n a lid a d e d is tin ta fra n c e se s n e sse p e río d o , e m g e ra l, c o m o a z u l, o v io le ta ,
c o n f r o n ta d a c o m s e u s c o n g ê n e re s p o rtu g u e s e s , h o la n o v e r m e lh o ,1o a m a r e lo . P o ré m , h á q u e a s s in a la r o s
d e se s, in g leses e b e lg a s . azuis, v e rm e lh o s e v io le ta s “ b o r r a d o s ” , a e x e m p lo d o s
N o q u e d iz re s p e ito a o s fo rn e c e d o re s d e s ta e a m - s e : “ b o rr õ e s ” a z u is n a fa ia n ç a fin a , o q u e a p e s a r d e
a fa m ília F o u rm a in tra u x d e D e s v re s , n o P a s d c C a la is , c o n s titu ir fa lh a té c n ic a , n ã o d e ix a d e a g r a d a r n u m a
o g r u p o fr a n c o -a le m ã o V ílle ro y -B o c h c o m fá b ric a s n a v isã o d e c o n ju n to . Q u a n to a o s ta m a n h o s d o s a z u le jo s
F r a n ç a , L u x e m b u rg o , A le m a n h a e a lh u r e s , e S a rre g u e - s ã o eles d e re g ra d e 1 1 x 11 c m e n ã o s ã o u tiliz a d o s
tn in e s ju n to a S tra s b u rg o , n a A ls á c ía . A lin h a m -s e a in d a o a lto e b a ix o re le v o s . A in d a n o fim d e s ta fa s e a p a r e
o u tr a s fá b ric a s q u e ta m b é m e x p o rta v a m p a r a o B ra sil c e m o s a z u le jo s e p la c a s c o m n u m e r a ç ã o d o m ic ilia r
c o m o L e v e i M i n e t, B lin F rè r e s , T a u p tïl P o n c tio n , ( r e ta n g u la r e q u a d r a d a c o m fu n d o azul c a lg a ris m o
C h o isy le R o y , B o u la n g e r, L o n g w y , e tc. b ra n c o o u o v a l c o m fu n d o b r a n c o e a lg a ris m o p r e t o ) ,
N o se g u n d o C a p ítu lo d e s te e s tu d o ire m o s n o s e d e r u a s c o m le tr a s d e fo rm a .
e s te n d e r s o b r e a q u e le s p rin c ip a is fo rn e c e d o re s , n o s O se g u n d o p e río d o d a a z u le ja ria fra n c e s a é
in te re s s a n d o n o m o m e n to a p e n a s p e la s c a ra c te rís tic a s c a ra c te riz a d o p e lo s “ A r t- N o u v e a u ” c a v a ria n te d o
d a p ro d u ç ã o fra n c e sa . “ A rt- D e c o ” . E s ta b e le c e -s e u m a ru tu ra n o c a m p o
P re lim in a rm e n te h á q u e s e d is tin g u ir n a q u e la té c n ic o e o rn a m e n ta l. P a ra le la m e n te a o s siste m a s
p ro d u ç ã o d o is p e río d o s d is tin to s : o p rim e iro d o a r te s a n a is e s e m i-a rte s a n a is s u rg e o p ro c e s so in d u s tria l
c o m e ç o d o sé c u lo X V I I a té p o r v o lta d e 1 8 7 0 , q u e se im p õ e , e m p re g a n d o , in c lu siv e , n o v a s p a s ta s ,
s e g u in d o -s e o o u tr o a té o c o m e ç o d o s é c u lo X X , c o m o a fa ia n ç a fin a ( t e r r ç d e p ip e ) ,
e n c a m p a d o p e lo “ A r t- N o u v e a u ” e “ D e c o " . C o m re fe rê n c ia à s fo rm a s g e o m é tric a s , d e ix a m -s e
N a p rim e ira fa s e d e v e -s e r e s s a ita r q u e , e n q u a n to d e la d o a s c o m b in a ç õ e s d a s lin h a s re ta s e a n g u lo s a s
n a In g la te r ra d a v a -s e p re fe rê n c ia à s n o v a s p a s ta s , a h is p a n o -m o u r is c a s p a ra a s su a v e s c u rv ilín e a s in s p ira d a s
F r a n ç a se a p e g a a in d a ao s “ c a rr e a u x s ta n n ifè r e s ” , ou d o s p e rs a s, e m q u e o e le m e n to lin e a r s e d e s e n v o lv e
se ja , a o s a z u le jo s e s ta n ífe ro s d a fa m ília d a fa ia n ç a , cm p re d o m in a n te m e n te e m c u r v a , h a rm o n io s a e ritm ic a
q u e a p a s ta e ra d e b a r r o c o z id o re c o b e r ta d e um m e n te . E q u a n to a o c a m p o d e c o ra tiv o , a o c o n tr á rio
e s m a lte o p a c ific a n te à b a s e d e e s ta n h o , e q u e c o n fe ria d a p rim e ira fase, é d a d o ê n fa s e a o p la n o lim ita d o
u m a e s p e s s u ra m a is p ro n u n c ia d a a o c o r p o d o a z u le jo . c o m p a in é is o rn a m e n ta is c u jo s m o tiv o s se p ro je ta m
N e ste p a r tic u la r s ã o b a s ta n te e x p re ssiv o s o s a z u le jo s d e a lé m d a s u p e rfíc ie d e u m só a z u le jo , m as vem a se
S t. H e n r y d e M a rs e ille , c u ja p a s ta é tã o v e rm e lh a q u a n to c o m p le ta r n o p a in e l.
a s te lh a s d a m e s m a fá b r ic a e x p o rta d a s p a r a o B ra sil. Q u a n to a o s o rn a to s , p r e d o m in a m a s fo rm a s
O u tro a s p e c to c a ra c te rís tic o d e ss e p e río d o é a n a tu ra is c o m o d e s ta q u e p a r a a s flo re s (lír io s , n a rc i
fa tu ra q u e c o n v e n c io n a m o s c h a m a r s e m i-a rte s a n a l, em so s, a m a p o la s , e t c .) , já q u e o " A r t - N o u v e a u ” ta m b é m
q u e s ã o e m p re g a d o s s is te m a s a. q u e j á n o s re fe rim o s é c o n h e c id o p o r e stilo " f lo re a i” , e p a r a a s a v e s, c o m o
d e “ fa n ta s m a ” c d e “ tr e p a ” n o a c a b a m e n to d e c o ra tiv o . cisn e s, p a v õ e s, fa isõ e s, p á s s a ro s e fig u ra s, c o m o
Is so p e lo m e n o s a té m e a d o s d o sé c u lo . Q u a n to a o s n in fa s, s e re ia s , e tc.
m o tiv o s h á u m a p re d o m in â n c ia m a rc a n te p e lo s d e se N o to c a n te ã c ro m ia h á p re fe rê n c ia p e lo a z u l,
n h o s g e o m é tric o s e m q u e a p a re c e m c írc u lo s , p a r a le lo v e rd e e o c re c o m e s m a lte s tra n s lú c id o s , q u e c o n fe re m
g ra m o s, o c to g o n e s , lin h a s p a ra le la s , c ru z a d a s — à s a im p re ss ã o d e p ro fu n d id a d e . Q u a n to à s d im e n sõ e s,
v e z e s c o m in te rc a la ç ã o d e flo re s o u fo lh a s n o s c ru z a p a ss a m e la s d o s 11 x I I c m d o p e r ío d o a n te r io r ,
m e n to s , e tc ., e tc . C o n q u a n to n e ssa s c o m b in a ç õ e s p a r a o p a d r ã o in te rn a c io n a l m a is u s a d o d o s 1 4 x 14
g e o m é tric a s se ja u s a d a a té c n ic a d o “ p ia n o lim ita d o ” , c m e v o lta m a s e r u tiliz a d o s o s b a ix o -re le v o s s o b o
e m q u e c a d a a z u le jo a c o p la d o a o u tro s p ro m o v e u m a p ro c e d im e n to h is p a n o -m o u ris c o d a a re s ta .
im p re s s ã o d e c o n tin u id a d e ria su p e rfíc ie re v e s tid a . O u tr o a s p e c to d esse se g u n d o p e río d o d a a z u te -
M a s o q u e re a lm e n te é p o sto e m e v id e n c ia n a d e c o ra ja r ia fr a n c e s a q u e m a is se d e s ta c a e q u e to m o u um
ç ã o é o e m p re g o a fu n d o d a d e c o ra ç ã o p o n tilh a d a . im p u lso in v u lg a r c o m o “ A rt- N o u v e a u ” — foi o d o
C o n q u a n to d a e x istisse a n te rio n m e n te c o m o s h is p a n o - e m p re g o d e c a rte ia s e p la c a s c e râ m ic a s q u e iria m
-m o u ris c o s, m a s a p e n a s c o m o e le m e n to s e c u n d á r io e c o n ju g a r e m si d o is o b je tiv o s .
c o m p le m e n ta r, n a d e c o ra ç ã o fra n c e s a lh e c d a d o O p rim e iro , d e n tr o d a fu n ç ã o tr a d ic io n a l m e ra -
d e s ta q u e p rin c ip a l. A c re d ita m o s q u e esse m o tiv o m en te d e c o ra tiv o , o o u tr o n e la s in s e rto a p r e s e n ta n d o
d e c o ra tiv o te n h a -s e in s p ira d o n a té c n ic a a n tig a d e u m a fó rm u la p rá tic a de c o m u n ic a ç ã o : a d a in d ic a ç ã o
Izrtik, re v iv id a p e lo s h o la n d e s e s e c h a m a d a d c " f a n ta s e a d o a n ú n c io . F .stam o s n a é p o c a c m q u e T o u lo u s e
m a ” . C o m o já d is se m o s , c o n siste n u m c a r t ã o o u tela L a u tre c p in ta v a c o m e fe ito e x tr a o rd in á rio c o s s e u s
p e rf u ra d a c o m “ p o n to s ” p a r a q u e o p ó d c c a rv ã o d e ix e c a rta z e s a b rin d o u m n o v o c a m p o p a r a a p ro p a g a n d a ,
“ p o n tilh a d o ” n a p e ç a o d e lin e a m e n to a s e r p in ta d o p e lo e o s c e ra m is ta s n o s b rin d a m co m g ra c io so s e a tr a e n te s
a r tis ta — os fra n c e se s te ria m fic a d o n a p rim e ira fase a z u le jo s e p la c a s c o n te n d o a r r a n jo s flo ra is p o lic ro m o s
d e ss e p ro c e s s o , c o lo r in d o a p e n a s o s “ p o n to s ” e c o m e a in d ic a r c m a rtís tic o s le tre iro s ra m o s d e n e g ó c io ,
isso n o s b rin d a ra m c o m u m in é d ito e s u rp re e n d e n te p ro fis s õ e s , n o m e s d e h o té is , re s ta u ra n te s , a rm a z é n s ,
e fe ito d e c o ra tiv o n a s a rte s a p lic a d a s . V ic e n te N a d a i p ré d io s c v iv e n d a s.
44
o n i e s ta f o r m a d e c o m u n ic a ç ã o m o u ra s e ib e r o -m o u r is c a s , e a s in v e n ç õ e s in g le sa s,
a tra v é s d a c e râ m ic a , p o s ta e m te m o s d ife re n te s tip o s , e n tr e e le s :
u s o tim id a m e n te n a p rim e ira
o m o s a ic o ( c o m p e d a ç o s d e a rg ila c o lo r id a )
fase d o s é c u lo X I X , lim ita d a ã
o e m b u tid o o u e m b r e c h a d o ( “ in la id ” o u
n u m e ra ç ã o d o m ic ilia r e in d ic a
“ e n c a u s tic ” )
ç ã o d e lo g ra d o u ro p ú b lic o , sem
o e s g ra fita d o
a trib u to s o r n a m e n ta is , atin g e -se
o e s c u ltu ra d o
n e sta s e g u n d a fase o m á x im o d e re q u in te d e c o ra tiv o e
d e e m p re g o p rá tic o c o m a a m p lia ç ã o d a s d e sig n a ç õ e s. o m o ld a d o ( a l t o e b a ix o - re le v o s )
A c re d ita m o s q u e ta l m o d a lid a d e te n h a se o rig in a d o n o o “ a lic a fa d o ”
u so h is p a n o -m o u ris c o d e in te rc a la r, a in te rv a lo s re g u o “ c o rd a seca”
la re s, ta n to c m p iso s c o m o e m p a re d e s e x te r n a s , e n tre o “ c u e n c a ” o u d e a r e s ta s
“ lo s e ta s ” ( n ã o e s m a lta d a s ) , c o m o e n tr e tijo lo s, p e ç a s o p la n o p in ta d o e e s m a lta d o e m te r ra c o ta , em
p o lic ro m a s v id ra d a s , c o n te n d o e m g e ra l e s c u d o s e m a ió lic a , e s ta n ífe ro
signos d e o fíc io s, c o m o fo rm a d e d a r- lh e s d e s ta q u e e o p la n o p in ta d o e e s m a lta d o , e m lo u ç a v id ra d a ,
v a lo riz á -la s c o n tr a u m a su p e rfíc ie n io n o c r o m a e fo rn e p o rc e la n a , fa ia n ç a fin a , p h im b íf e ro
c e r u m a in d ic a ç ã o . O u a in d a a c re d ita m o s q u e o s o lito g rá fic o
fra n c e se s U n h am -se in s p ira d o n o s d e L a R o b b ia , o s o d e c a lc a d o
q u a is, c o m o e m p re g o d o s " b a c c in i” , s o u b e ra m d a r urn o e s ta m p ilh a d o
e x tr a o rd in á rio re a lc e à s p la c a s c e râ m ic a s is o la d a s,
o u tro s .
a d s trita s p o ré m , a p e n a s à fu n ç ã o o rn a m e n ta l.
D e v e m o s a in d a o b s e r v a r q u e n o E x tre m o O rie n te
O fa to é q u e ta n to n a E u ro p a , o s e sp a n h ó is,
ta m b é m s e fa b r ic a v a m a z u le jo s . N a C h in a , e m d iv e rso s
c o m o na A m e ric a , os m e x ic a n o s (N o v a E s p a n h a ) , já
re in a d a s , a p a re c e m e le s c o m d e c o r a ç ã o F a m ília R o s a
u tiliz a v a m a q u e la s in d ic a ç õ e s em lo g ra d o u ro s p ú b lic o s
e o u tr a s d e d iv e r s o s ta m a n h o s . A o q u e p a re c e , seu
e re sid e n c ia is, e n ó s b ra s ile iro s, n o N o rte , a in d a a s
u s o e r a re s trito e e r a m o s a z u le jo s m a io re s m a is e m p r e
e x ib im o s d e fa tu ra p o rtu g u e sa .
g ad o s c o m o d e s c a n s o d e b u le s e re c ip ie n te s q u e n te s .
N u m re s u m o g lo b a l, a s té c n ic a s u s a d a s c o m re fe N o S íã o , s ã o o s a z u le jo s b a s t a n te u tiliz a d o s n a d e c o
rên cia a o fa b ric o d o la d rilh o , m ais p a rtíc u la rm e n te d o ra ç ã o e x te rn a d e te m p lo s e m o n u m e n to s , ta n to d e
azu le jo , e n g lo b a n d o as m e d ie v a is, a s e u ro p é ia s , as
p a re d e s c o m o d e friso s , o b e lis c o s , p in á c u lo s , e tc .
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B I B L I O G R A F I A
(1) E lizabeth S. E anes — " M e d ie v a l T ile s B ritish M u s é u m " (7) F. S. Mayer -— o b . c il.
— London, 1968.
(8) JoAQUtM B£ Vasooncellos — o b . c it . pág, XX.
(2) Yvonne Brunhammer — “ C é ra m íg iíM d ite s d e K o u b a -
cha" in C a h ie rs de la C é ra m iq u e , n.° 5 c Charles ( 9 ) P ro f. Horst U do K noff — " A z u le jo s a n tig o s d a B a h ia "
Kilfiír, " L e s C é ra m iq u e s M u s s u lm a n e s d 'A n a to lie ” , — m re v . A P C D , v o l. 27, n ,° 7 — S a lv a d o r, 1973.
idem n.° 4.
(1 0 ) Y vonne Brunhammer — "T he N in e te e n T w e n tie s
(3) ANTÔNIO 5ancho Corua i MO — “La Cerâmica Andaluza" S ty le " — L o n d o n , 1969.
— U n iv e rs id a d e de Sevüha — pâg. 9 1— 1948.
(11) H udson Moore — " T h e O ld C h in a B o o k ".
( 4 ) C a r lo s C m — “Azulejo".
(1 2 ) V icente N adal Mora — "Azulejos En El Rio de La
( 5 ) F . S. Mayer — "Manual de Ornamentación" — E d, Plata", U n iv . B u e n o s A ire s , 1949.
GiÜ — B a rc e lo n a , 5 ,a ed . — 1971.
( 6 ) B r u n — ■ "Estilos de ia Decoracion”, 6.a c d ., B a rc e lo n a , Arthur Lane — "A Guide to the Collection oj Tiles"
1970. Londres, 1960.
45
AZULEJOS — LADRILHOS
Ocidentais (InElateirít) (Medievais)
23
Esta estampa rs u ■’ uma série de amostras de modelas dos azulejos Í ladrilhos fabricados em tetra-
cota de diferentes cores, descobertos na Abadia de Rievtuiix cm North Yorkshire,
Cortesia dos "Tntste.es of thc Brítish Mitseum",
47
a z u l e jo s
Ib e ro -M o u risc o s
4È
Séc. X V “O BRASIL E A CERÂMICA ANTIGA”
A z u le jo s ita lia n o s
( In f lu ê n c ia m o u ris c a c g ó tic a )
26
49
Séc. X V I a z u l e jo s it a l ia n o s
(Renascença)
27
50
Sécs. X V I/X V il A Z U L E J O S O R IE N T E M É D IO
( P é rs ia e T u rq u ia )
Os azulejos de cima fazem parle de um painel iproveniente da Pérsia (Escola de íspaão) — principias do sé
culo XVI, O seu desenho, cm que sobressai o movimento linear urahescado, lembra fortemente os padrões
de tapetes da mesma região. O painel de haixo é turco, originário- de Iznik (séculos XVI ou XVII) e de novo
revela a exímia arte de valorizar o elemento floral na decoração, com rara elegância. Ambos os painéis são
coloridos, —. Cortesia da Fundação Calouste Gulbenkian.
51
Séc. XV III AZULEJO S CHINESES
(P o r c e la n a )
29
52
Sécs. XVI/XVII AZULEJOS DO ORIENTE MÉDIO
53
StV. X V I AZULEJARIA NA NOVA ESPANHA
31
54
séc_ x V I l PUEBLA — MÉXICO
ARRANJOS DE AZULEJOS
(Convento Santa Rosa)
(cozinha)
32
Fogão.
Abóbada da cozinha.
55
Séc. XVII PUEBLA — MÉXICO
Arranjos de azulejos e lajotas
(Convento de Santa Rosa)
56
Séc. X V II PUEBLA — MÉXICO
(Convento de Santa Rosa)
DETALHES DO INTERIOR
Museu José Luiz Betlo Gonzulcs. Nole~.se o apoio (cubo) de
azulejos das vigeis do salão.
3S=A 36
58
stó. X V U / X V l i I PUEBLA — MEXICO
( Azulejaria Estamfera) 37
59
Séc. X V ll AZULEJOS PORTUGUESES
38
■ Kf-
( P a lá c io d o s M a rq u e s e s d a F r o n t e ir a )
60
Sécs. X V II/ X V tl í AZULEJOS OCIDENTAIS
(Portugueses)
39
40’
Este belo silhar cujo padrão é com posto de quatro pedras, representa uma das múltiplas variam
fes do tipo dê tapeie conhecido por mussuroca cu pinhu c obedece ainda à influência mourisca.
Udo Horst K n o fl em: “A zulejos na Bahia**, 1978, no preto , fig. 2 reproduz peças quase semelhan
tes encontradas no Brasil. Porém o que este silhar apresenta de mais notável é o harmonioso
Qrrunjo duplo do remate: composto de um friso simples e de uma cercadura rara e notável com
os desenhas típicos do m otivo conhecido por “Rendas de Coimbra”, que é corrente na cerâmi
ca antiga lusitana. Luiz À. de Oliveira, em Exposição Retrospectiva de Cerâmica Nacional (Viana
do Castelo, 1915) diz à pâg , 104, que aquele motivo também aparecia cm cercaduras de azule-
jos. Outro ecramógrafo Dr. Virgílio Correiat em “Azulejos datados’' (1916) acredita que esse
m otivo seria inspirado e copiado dé Veneza, onde era também usado. Acreditamos que essa versão
tenha sua procedência, pois sabe-se que antes dos Descobrimentos as embarcações venezianas
cruzavam Gibraltar, tocavam regularmente tio porto dc Lisboa e iam até Roterdã, integrantes
que foram os venezianos da vasta rede de abastecimento e de troca dc mercadorias na Europa,
fazendo parte da fam osa Liga Hanseática, que por terra e por mar promovia o circuito das
merendo rias do Ocidente e parte do Oriente, O silhar ê da Quinta de Santo Antônio, M afta —
Portugal. —- Cortesia de José Maria Jorge.
41
62
Sécs. X V lll/X lX A Z U L E J O S P O R T U G U E S E S E E S P A N H Ó IS
De Diversos Períodos
42 43
63
Séc. X X A Z U L E J A R I A E P L A C A S C E R Â M IC A S F R A N C E S A S
46
64
Sic. X IX AZULEJOS INGLESES
(eslibs diverses)
(13 a IS cm)
4?
O azulejo de baixo tem a marca B -3 W (7), fundo murrain O azulejo poticronmdo compartimentado da esquerda tern no
escuro, cercadura marrom avermelhado, desenhos em argila verso n ° 5 e é atribuído ao finai do século. O da direita com
branca. E uma imitação no período Victoriano dos azulejos flores e folhagens, tem o R d n.° 109593, o que índica tam
embutidos da Idade Média C'encaustic tiles"), em que eram bém que é do século passado. O azulejo da segunda fila d
calcados desenhos com anulas de cores diferentes sobre o esquerda é monocrom o verde claro com lírios e está marcado
fundo de barro (Vide Julian Barnard — I'ictori.'it: Ceramic T. Hughes &. Son Long port — England n.° S2 e foi de dem o
Tiles — London, 1972 — pop, 6). O azulejo da esquerda em lição cm lie i ror. O azulejo da direita cm azul e branco t em
sépia tem a marca M inion's e o da direita em azul esrd mar a marca completa de Minton.
cado Davenport e i proveniente de Manaus. A rquivo do A utor,
65
Sëc. X IX A Z U L E J O S E F R IS O S D IV E R S O S
( A rt- N o u v e a u )
43
66
Séc. XIX AZULEJOS INGLESES
Arl-Nouvcau e Art-Dcco
(13 a 15 cm)
49
67
VI - FAIANÇA - MAIÔLICA “MEZZA - MAIÓLICA"
odemos vislumbrar pelo que vi do ano de 1350, escreve em seus relatórios dc viagem
mos sobre a louça vidrada e os que se fabrica em Málaga bela cerâmica dourada que
azulejos pintados e esmaltados, o é exportada para os países mais distantes. A retomada
que seja faiança ou a maiótica. de Málaga em 1487 pelos cristãos não interrompeu a
Na realidade, parte dc sua histó fabricação. Os donos c artesãos mouros lá ficaram e
ria já vem relatada quando abor transmitiram aos cristãos os seus processos. O segundo
damos os azulejos cstanífcros centro de fabricação era Maiorca, de onde eram expor
hispano-mouriscos. tadas faianças tão belas que os italianos as preferiam
No dizer dc Aristidcs Pileggi, “faiança é feita com às mais lindas baixelas de estanho, e cias eram chama
argila de grande plasticidade, à temperatura reduzida. das de maiólica. As fábricas dc Inca, pequena cidade
É porosa e pouco resistente e recoberta de esmalte do interior dc Maiorca (o museu de Cluny, possui um
opaco à base dc compostos de chumbo e estanho, o prato do século XV) e as de Iviça, gozaram também
que a torna mais dura e sonora. Origem Facnza 1460, de uma grande reputação (seu estilo era o oriental
onde aparece sem essas faianças esmaltadas, daí se tradicional, com caracteres ilegíveis copiando mal as
espalhar por toda a Europa, inclusive Portugal e letras árabes e o lustre tinha cor vermelha cobreada
Espanha”. E ainda nos elucida: “Maiorca fez as pri das faianças persas mal cozidas). Em Valcncia tam
meiras peças do gênero, levam em geral dois cozi bém se fabricava louça idêntica, porém com desenhos
mentos”. de águia de São João e versículos do Evangelho, para
Vejamos corno sc pronuncia outro autor, também as distinguir das de Málaga. Fora Manises e outros
sul-americano, J. Saavedra Mcndez: “é uma espécie centros, não se pode deixar de lado Sevilha, cujas
de terracota, ou louça de barro cozido, mas recoberta fábricas, no século XV e ate o XVI, crarn ainda diri
de esmalte opacificante e às vezes com reflexos metá gidas pelos muçulmanos ou descendentes destes, como:
licos. Diz-se também de certas louças italianas fabri Aii, Hamete, Mahomad, Mcdina, etc.”.
cadas segundo o gosto dos ateliês introduzidos na A exportação dos produtos cerâmicos íbero-
Itália pelos árabes ou pelos espanhóis das Ilhas -mouriscos, tanto objetos de adorno, cerâmica utilitária
Baleares”. ; azulejos, csparramava-se por diversas nações euro
Vejamos reputado autor francês do século passa péias. Existiam azulejos cstanífcros em Avignon no
do, E. S. Auschcr, que diz: "quando a terra porosa se Chateau Neuf du Pape, em Tolosa, em Narbona, nos
cobre de um verniz branco opaco à base de estanho, Pireneus e até em Utrecht (1375-1400) na Alemanha,
nós passamos a designá-la faiança”. produtos esses oriundos de Paterna, próximo dc Valen-
O mestre Theodore Deck, que foi diretor da Manu ça com a decoração conhecida por “Família verde e
fatura de Sèvrcs e exímio ceramista diz: “Antes de violeta”, que caracterizou durante largo período a
mais nada, a palavra faiança é um anacronismo, todo produção daquele centro famoso. No Vaticano (1494)
o mundo sabe, pois os persas fizeram faiança muito e em Nápoles (1446) foram usados também azulejos
antes dos fabricantes de Faenza ( . . . ) Os árabes, hábeis de faiança hispano-mouriscos R).
em se aproveitar das artes e da indústria dos outros, Mas voltemos às considerações em si sobre
aprenderam dos persas a profissão dc oleiro, fabrican faiança e maiólica. Jeannc Giacomotti, conservadora
te de faiança, e a importaram nos países que eles con do Museu de Louvre tJ), nos informa: “Quanto à palavra
quistaram na Europa. Do começo do século oitavo maiólica, sabe-se que estava em uso desde o século
ao fim do quinze a Espanha foi em parte ocupada XVI, mas no começo aplicava-se somente às ricas
pelos muçulmanos ( . . . ) Málaga, Valência, Manises, 'aianças lustradas (com reflexos metálicos) importa
exportavam faianças com reflexos metálicos ( . . . ) . As das da Espanha peios barcos da Ilha Maiorca, em
Ilhas Baleares possuíam diversas fábricas importantes, italiano maiólica, antes dc tomar por extensão seu
mas não se conhecem peças anteriores a 1230. O caráter genérico, não será tratada senão de maiólica,
comércio destas ilhas com a Itália era muito intenso. a faiança propriamente dita, quer dizer, a cerâmica
No século XV, é provável que a palavra italiana com a cobertura de esmalte estanífero e decoração
maiólica fosse derivada de Maiorca ( . . . ) eu me inclino pintada”.
entáo a pensar que os antigos ceramistas italianos Georges Fontaine, inspetor geral do ensino de
haviam adquirido os seus processos dos Orientais”. Belas Artes cm França <4> é taxativo em sua classifi
Diz-nos Marcei D i e n l a f o y “A Espanha não cação. Repitamos aqui, uma vez mais, a definição de
emprestou dos persas somente a fabricação e o uso dos faiança: “E uma terracota recoberta de um esmalte
revestimentos dc faiança. Ela recebeu também a parte opaco a base de estanho”.
de dar ao esmalte o lustre metálico. Iben Batoutah, que Dizia ainda Arthur Lane, o saudoso diretor do
tinha vindo de Tânger e chegado a Málaga por volta departamento de Cerâmica do “Victoria and Albert
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Museum” : “Faiança maiólica, louça de Delft {Delft cerâmica desde a ocupação cartaginesa e cujos barcos
ware) — todos três sâo nomes nacionais para uma antes mesmo do século XV, mantinham ativo comér
modalidade de louça feita antigamente para o uso em cio com a Itália e outros países da Europa.
toda a Europa. É uma louça fabricada a temperatura 4. °) Que a palavra faiança deriva da cidade de
branda, geralmentc amarelada ou cor-de-rosa (a pasta) Faenza que depois dc 1460, tornou-sc o mais afamado
e sua característica principal é a glasura branca opaca e maior centro da produção das maiólicas e passou a
que cobre a superfície do barro, como uma pele” ®. fornecer, junto com outros centros italianos, a faiança
Rematando essa série de pronunciamento de cera no resto da Europa.
mistas e ceramógrafos, acrescentamos ainda informa 5. °) Que a palavra maiólica, no começo, apli
ções de Georges Fontaine (ob. ciL), sobre os pro cava-se apenas aos ricos artefatos com reflexos metá
cessos de decoração: “Quanto à técnica da decoração licos importados da Espanha e distribuidos pelos barcos
há que observar dois procedimentos: o chamado de de Maiorca, c que somente mais tarde passou a designar
"grand feu" no qual a decoração é aplicada direta- o produto estanífero em geral.
mente sobre o esmalte enr, seco e pulverizado, a tem 6. °) Que tanto faiança como maiólica ou majó
peratura entre 900° e 1.000°, técnica esta já empre lica, são louças técnica e intrinsecamente idênticas:
gada pelos árabes no Oriente muçulmano, na Sicília terracota coberta de um esmalte estanífero branco
(de 827 a 1090 d.C.) e na Espanha (desde o século opaco pintada ou esmaltada com vidrado transparente
X e X I), e a do "petit feu” ou fogo de mufla, de plumbífero ou alcalino, com ou sem reflexos metálicos.
temperatura mais baixa, no qual a decoração é aplicada 7. °) Que existem dois tipos de decoração apli
sobre o esmalte já queimado c a temperatura oscila cada na faiança: a chamada de "grand feu”, de gama
entre 750° e 800°. A diferença prática desses dois pro mais reduzida de cores, usada pelos árabes, e a do
cessos é que o primeiro exige maior perícia no dese “petit feu” introduzida pelos europeus no século XVIII
nho, apresenta maior aderência do esmalte à peça, com maior paleta c o uso do vermelho-rosa.
embora a gama de cores seja mais reduzida: violeta, 8. °) Que existem também faianças que tem fundo
marrom, preto (de manganês), azul de cobalto, verde colorido quando são misturados óxidos corantes ao
(cobre), amarelo (antimônio), vermelho (ferro). Em esmalte estanífero como é o caso dc algumas faianças
contrapartida, as peças cozidas ao fogo de mufla apre italianas (bianco sopra azzurro), das francesas dc
sentam uma paleta mais variada e mais extensa, pois Nevers "fond bleu lápis", Marselha e Montpcllicr
a temperatura mais branda, não inutiliza os óxidos, e (fundo amarelo) holandesas (fundo negro, azul), etc.
sobretudo no século XVIII puderam empregar a O conhecimento do novo processo abriu novas
“púrpura de Cassius", cuja tonalidade vermelho-rosa perspectivas para a decoração na Europa, adstrita até
passou a constituir novo e importante elemento crô- então às limitações da terracota, da mezza-maiólica, da
mico, tanto na faiança como na porcelana chinesa em louça vidrada e do grés.
segunda queima”, Era mais um instrumento, um novo veículo que o
Ainda sobre a evolução histórica da decoração, engenho do homem criava para expressar concreta
Arnold Gandonct nos informa<6): “O emprego do mente as suas manifestações. Era uma nova superfície,
forno de mufla foi introduzido na faiança, abrindo um um campo novo, depois do “fernis” grego, da “terra
campo mais vasto para a policromia, pelos europeus. sigilata” romana e dos engobes diversos, que se oferecia
É um ceramista de Strasburgo que desenvolve, na ao artista. Correspondia, na técnica pictórica, a passar
França, métodos que aprendeu na Alemanha, isso pelos do afresco ou da pintura mural, rugosa áspera e
meados do século XVIII, introduzindo dois elementos intransponável, para a superfície lisa, alva e móvel dc
novos na pasta: um fundente e um cozimento suple uma tela.
mentar, à temperatura mais branda (750° a 800°)”, E a faiança se desenvolveu rápida e intensamente
Com esse extenso arrolamento de conceitos de porque encontrou urn terreno pronto a receber semen
renomados autores, tanto antigos como contemporâ tes, pois que a Europa já tomava consciência de sua
neos, tanto brasileiros, argentinos, como franceses, força e de sua personalidade. Soube adaptar processos
ingleses e espanhóis, abrangendo um período de cem c absorver influxos alienígenas, mas numa demonstra
anos, acreditamos haver fornecido elementos precisos ção pujante passa a firmar, conforme o país, os estilos
e suficientes para um juízo dos mais completos e atua que iam caracterizar as suas produções e marcar a
lizados sobre o que seja a faiança ou maiólica, sua evolução da arte no Ocidente, através dc criações pró
história, sua técnica c decoração, parte das quais jã prias, adaptações híbridas e influências regionais.
foram abordadas quando tratamos dos azulejos estaní- E a faiança, tanto a artística, como a doméstica
feros. e a folclórica, passa a demonstrar cm suas represen
Passamos a alinhar as conclusões sobre o que foi tações as facetas peculiares, os pendores inerentes a
possível observar nos textos apresentados e em outros: cada povo ou sociedade. Os temas que exibem aquelas
peças, representam na realidade as páginas soltas de
1. °) Que a base técnica da faiança ou da maiólica,um compendio ilustrado pela mão do homem, um
proveio da Pérsia, assim como o emprego do lustre. documentário idôneo c um manancial inesgotável, um
2. °) Que os árabes a introduziram na Europa,dicionário colorido, que tanto o historiador, o antro
através da produção hispano-mourisca e da sículo- pólogo, o sociólogo, o crítico de arte, podem manusear
-muçulmana, c que também os navegantes venezianos, como matéria-prima básica c direta para estudos sobre
genoveses, pisanos e outros, trouxeram, através do uma determinada época. Bastante significativo é o con
Mediterrâneo, aqueles artigos diretamente do Oriente ceito externado por Champíteury O ),. . "Dans cet arl,
Próximo, juntaincnle cora as especiarias, sedas, etc. je lis çomme dans un livre, plus elairement encore”
3. °) Que n palavra maiólica uu majólica derivae chama a faiança patriótica como "faiança falante”
de Maiorca, nas Ilhas Baleares, centro de produção (fayence parlante).
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Seu valor como testemunho hsstórico-artístico- serem considerados, o artístico e o dos usos e costumes
-cultural, acresce ainda mais, se atentarmos que a da época.
faiança, praticamente, foi a única a acompanhar, pri O conjunto heráldico, que tem o nome de armas,
mitiva e eruditamente, a registrar o despertar e o desa oferece um vasto campo para variações artísticas na
brochar da consciência artística ocidental e suas representação do virol, do paquife, ou do manteletc,
expressões estilísticas. do elmo, do timbre, do coronel, dos suportes laterais,
Transmitiu as influências atávicas da formação •ou do pavilhão com o seu chapéu e cortinas, das legen
romana, como expressou as manifestações regionais, das e do próprio escudo, ou de dois escudos quando
interpretou o bizantino e o gótico, assimilou e entre se trata de annas de aliança. Mas havia ainda varia
laçou os temas árabes e orientais, e veio a traduzir ções que não /se enquadravam, nem seguiam as rígidas
soberbamente o magno movimento da Renascença e o regras heráldicas, e embora fantasistas e arbitrárias,
seu desdobramento barroco e rococó, como ainda se não deixavam essas criações, no entanto, de apresen
faz presente no Neo-clássico, no Arte-Nouveau, no tar harmoniosos efeitos no manejamento de bandeiras,
Deco, etc. escudos, ramagens, legendas, etc. Neste rol incluem-se
Esse fato não ocorreu com a faiança fina e a as “faianças patrióticas ou parlantes”.
porcelana européia que não foram contemporâneas de Mas sob o aspecto dos usos e costumes, o empre
todos aqueles eventos, pois que só foram criadas na go da heráldica era assaz disseminado cm qualquer
Europa no decorrer dò século XVIIL E ainda como nação européia: havia a heráldica familiar que repre
fator relevante, é que estas surgem quando a cerâmica sentava as linhagens da nobreza, a eclesiástica abar
começa a ingressar na sua fase industrial e no flagelo cando o clero, seus dignatários e as irmandades nume
da esteriotipação, enquanto a faiança por mais dc rosas, a de domínio com as armas de cidades, vilas e
duzentos anos, acompanha a fase histórica da arte freguesias e ainda a heráldica de corporação com os
manual pura, livre e espontânea. símbolos de múltiplos ofícios.
A sua representação, que a faiança se encarregava
Esse fator contribuiu para que ela deixasse, como de reproduzir artisticamente ou não, distinguia, pois,
dissemos, um vasto mostruário, feito pela mão do
o nobre, o prelado, o fidalgo e o artesão dentro da
artista ou do artesão, variando do “virtuose” ao pri
sociedade. Ela servia como um distintivo de classe,
mitivo, do elaborado ao singelo, do academismo à arte uma ficha dc identidade, ou um sinal de "status”, con
popular.
forme os símbolos que representavam feudos, prelazias,
Os museus as conservam e os colecionadores as ofícios ou domínios públicos.
disputam. Aqueles como fonte de ensinamentos e estes As baixelas com suas bandejas e salvas de prata,
por seu valor decorativo, histórico ou iconográfico, e vermeil e ouro, ostentando armas, conquanto alardeas
como complementação de um ambiente a refletir bom sem riquezas, não podiam concorrer com a faiança, de
gosto, coerência e cultura. Porque se é dado valor a um lado porque nem todos podiam se oferecer àqueles
uma tapeçaria, uma tela, um móvel, a faiança como custosos objetos e por outro porque ela oferecia uma
a porcelana, ao lado das pratas, é forçosamente um decoração mais atraente com a exibição de cores.
complemento de composição ambiental. W. B. Honey, Mas no setor cerâmico, a faiança encontrou um
autor r e n o m a d o n ã o deixa de exaltar a faiança poderoso concorrente na porcelana chinesa, e era par
quando diz: “A maiólica proveu uma decoração mais ticular na louça Cia. das índias, a partir do século XVI
esplendida e delicada cm cores c mais audaciosa e até meados do XIX. Isto porque, desde a abertura do
sensível nos desenhos do que tudo o que foi feito na caminho das índias, passou a ser moda na Europa a
cerâmica antes c ate então ( . . . ) pela beleza dc sua de posse de objetos de adorno e de aparelhos em porcc-
coração, sempre foi louvada c por isso admirada e cole !ma oriental, armoriados, com siglas individuais ou não.
cionada até hoje". As maiólicas da Renascença, por Esse fato não impediu, no entanto, que a realeza,
exemplo, no dizer de John Scott Taggart, “fazem tanto a nobreza, os altos dignatários eclesiásticos não possuís
parte dela como as esculturas de Donatelo e Miguel sem peças de faiança ao lado das orientais.
Ângelo e as pinturas de Leonardo, Ticiano e Raphael, E apesar da moda e do afluxo enorme das enco
e os colecionadores de obras-primas devem logica mendas orientais ao gosto europeu, esses fatos não
mente colecioná-las (muitas vezes cias são assinadas e foram suficientes para afastar a faiança dos ambientes
datadas) pois na época, em seu na is de origem, nos e das mesas palacianas, monásticas e solarengas.
palácios e mansões, das estavam reunidas". Jeanne
Do confronto, durante séculos, com os metais
Giacomotti nos informa também que: “A faiança
nobres e do duelo com a porcelana Cia. das índias, eia
alcançou tão elevado grau de expressão artística que sobreviveu galhardamente. Vem, porém, a sucumbir
chegou a rivalizar com a ourivesaria, sendo da predile como expressão de produção artística e comercial no
ção dos príncipes e grão-senhores. Haja vista a série decorrer do século XIX, não resistindo ao embate com
dos serviços armoriados". a faiança fina (e seus derivados como o pó de pedra)
Realmente, a representação heráldica presta-se a e as porcelanas fabricadas na própria Europa.
um amplo aproveitamento artístico, tal ponto, que nos Ainda nesse setor da cerâmica há que se fazer
informa Taggart: "Muitos medalhões c pratos, ainda menção da “mezza-maiólica”<9) que, como o nome indi
no Renascimento, eram pintados com armas espúrias ca, situa-se também dentro da família da faiança, pois
por serem atraentes e impressionar o comprador”. é composta do mesmo fundo de terracota, diferindo dela
Mas a sua importância não se adstringia apenas apenas no que diz respeito ao revestimento. Ambas, a
àquele desempenho artístico e de filiação qualificada. faiança como a “mezza-maíólica", têm seu revestimen
A faiança artística das armas surgia como a necessi to, porém tecnicamente, é considerada faiança a que
dade, imposta pelo meio, de aparentar “status” e é recoberta de esmalte estanífero e “mezza-maiólica"
demonstrar bom gosto. Há, pois, outros aspectos a a que é revestida por um caldo de argila ou argilas,
71
A T E L IÊ S E FO RM ATO S D E C E R Â M IC A
(França — Século X V III)
50
Interior âe uma seção de fábrica de faiança e alguns modelos de peças de fabrico regular. Segundo o
"Dictionnaire des Sciences" — '‘Recut'.i sur les Arts Libéraux et les A rts Mécaniques" — 1715 — Paris.
12
FO RM A TO S D E C E R Â M IC A
(França — Séciro X V ÍII)
Parle dos formatos de peças utilitárias, constante do mostruário dtt Grande Enciclopédia de Didcrot c D ’Alam beri c que servia
para mestrado do oleiro (potier) nas Corporações de A rtes e Ofícios'(Século X V ÍII).
73
escolhidas, chamado de engobe, cm geral de tons de esmalte estanífero pobre, formando um fundo claro
esbranquiçados ou claros, às quais é adicionado óxido mas imperfeito c irregular, porém suficiente para poder
de chumbo (transparente) e às vezes também um ser decorado — o colecionador afeito ao trato dessas
pouco de óxido estanífero para clarear o conjunto. Em cerâmicas distingue logo uma da outra. Devemos ao
resumo, a "mezza-maiólica” é por assim dizer uma Prof. Gian Cario Bojani do Museu Jnternationalle delle
imitação grosseira de faiança. Ceramiche de Faenza, ao correr, junto com a Profa.
Essa “mezza-maiólica“ é também conhecida por Trinidad Sanchez Pacheco — Diretora do Museu de
’‘Bianchetto", e representa, na realidade, uma ante Barcelona, mostras de cerâmicas variadas de museus
cessora e um sucedâneo da verdadeira faiança estaní- na Europa,/em 1979, por ocasião dc um congresso, a
fera. Tem atrás de si uma velha tradição, pois precedeu especial deferência de nos apontar as subtilezas desse
a Faiança tanto na Europa como no Oriente Próximo, setor e como distingui-las umas das outras d®).
e era de fabrico mais difundido e popular. São tam A seguir iremos apontar panoramicamente os
bém consideradas como “mezza-maiólicas'’ as peças países, centros e artistas que se notabilizaram na pro
antigas e modernas, cuja base de terracota é revestida dução da faiança
B 1 B L I O G
Rá f i a
(1) Marcel Dieulafoy — ’'Histoire Générale de TArt —
Espatine et Portugal" — Hachcle, 1907. (7 ) C hampfleurv — "Histoire des Faiences Patriotiques,
soas la Revolution” — 2.* edição — Paris, 1867.
(2) Arthur Lake — "A Guide to the Collection ot Tiles" —
2,J cd. — Londun, 1960. (8 ) Citação de J ohn Scott — Taggart — Italian Maiólica
(3) Jeanne Giacomotti — "La Majolique de la Renaissan -— Londres, 1972.
ce” — Paris, 1961.
(9) G eorge Savage and H arold N ewman — “A n Illustrated
(а) Georges Fontaine — "La Céramique Française" — Dictionary o f Ceramics" — England, 1974 — p ig . 192.
Paris, 1961.
(10) William Boyer H oney — European Ceramic A r t __
(i) Frenche Faïence — pàg. 1 — Londres, 1946. pág. 324.
(б) Arnold Gandonet —* "La Céramique en France au X IX
s iè c le ” — Paris, 1969. U l ) G aetano B allaumni — "Dalle Origin alia Fine del
Cinquecento" — pig. 129 — Fuenza, 1975.
74
HOLANDA
árias causas iriam levá-la a cons légio exclusivo de comércio c se estabelecem na Ilha
tituir-se no grande centro manu Décima que havia sido ocupada pelos portugueses.
fature iro de faiança c marcá-la Esses dados referem-se a rede comercial estabelecida.
com suas contribuições, como Outro fator foram as ligações de diversas casas
das maiores colaboradoras na dinásticas de Holanda e a ação de seus “stathoulders”
. evolução da decoração na cerâ com outras importantes da Europa. Se elas visavam de
mica. Jã tivemos a oportunidade de verificar qual foi a imediato o engrandecimento patrimonial e a formação
sua participação na azulejaria, com o seu enorme re de alianças políticas, aqueles entrelaçamentos aristo
pertório de padronagens. cráticos carreavam também múltiplas implicações, e
Apontaremos apenas duas causas que a nosso ver entre elas, uma bagagem nova, de usos e costumes, de
são as principais. corte para cone e entre seus acessórios materiais: a
Nos séculos XI e XII, o comércio europeu já era cerâmica.
marcado pelo eixo dominante Flandres-Itália, que se A Holanda foi muito cobiçada e palco de guerras
processava tanto por mar, como por terra. No século c de disputas de domínio. Em sete séculos, do IX ao
XIII a Liga Hanseátiea iria integrar naqueles dois XVI (863 a 1558), cinco dinastias revezaram-se no
pólos uma série de outros centros produtores represen poder e desde cedo promovem enlaces como elegem
tados por numerosas cidades espalhadas pela Europa, poderosos “stathoulders” para' seu governo. Várias delas
inclusive no Báltico e na Inglaterra. Gênova e Veneza se notabilizaram: a da Alsãcía, Borgonha, Áustria, de
distribuíam mercancias de luxo (especiarias, sedas, Orange e Nassau. Em 1208, Felipe de Alsãcia, Conde
estofos raros, etc.), Bruges e outros centros na Flan- de Flandres, casa-se com a infanta D. Teresa (Matilde),
dres, produtos de consumo e tecidos mais comuns. filha de D. Afonso Henriques (os flamengos chegaram
No século XIV, dada a importância do tráfico, a contribuir com sua frota integrada nas Cruzadas, ao
Gênova e Veneza mantinham feitorias nas Flandres assédio e tomada de Lisboa aos mouros). Em 1238,
com seus “cônsules de mar”, Joanna dc Constantinopla, Condessa de Flandres, casa-
Em meados do século XV, com os Duques de -se com o infante D. Fernando, filho dc D. Sandio,
Borgonha e de Flandres, torna-se Bruges, o maior rei de Portugal. Em 1247 Guilherme, Conde de Holan
empório financeiro da Europa, contando com 150.000 da, foi proclamado Imperador da Alemanha pelo Papa
habitantes e um centro radiante de cultura; importa lã Inocêncio IV; em 1472, o poderoso Duque de Borgo
da Inglaterra e da Escócia, e exporta os famosos panos nha e Conde dc Flandres. Felipe o Bom, que iria unifi
de "olanda", “olandilhas”, “escarlatas flamengas”, e as car os Países Baixos, casa-se com Isabel, filha do rei
“bifas de Bruges" entre outras séries de produtos, parte de Portuga! Dom João I. Em 1477, os Países-Baixos
dos quais constam de vários inventários Vice nti nos do passam para a Casa da Áustria, e o Imperador Carlos
século XVII. V, em 1519, os une ao seu vasto império e aos Felipes,
No século XVI, outros centros se assinalam, como seus herdeiros.
Antuérpia, que em 1503 já contava com feitorias de Quanto aos “stathoulders” há que assinalar
Portugal, da Escandinávia importava madeira para seus Guilherme, nascido cm Haia cm 1650, Príncipe de
barcos, Segundo H. P. Fourest, nos séculos XIV e XV Orange e Nassau, eleito em 1672, que comandou
a Flandres recebia as cerâmicas hispano-mouriscas de tropas contra Luiz XIV c assumiu o trono da Ingla
Paterna, na sua decoração primitiva de verde e de man terra (1690), com o nome de William the Third.
ganês, e no XVI começa a receber peças dos centros Sobre este acontecimento assim se pronuncia H, P.
italianos notadamente de Faenza, já no estilo renas Fourest d) “son couronnement comme roi d’Angleterre
centista. (1690) a une portée considérable dans les possibilités
No decorrer do século XVI, a Flandres já começa dc commerce des Pays-Bas. Le règne d’un même prince
a receber peças chinesas com as especiarias, através da dans ces deux pays très commerçants devait avoir
distribuição de Lisboa, porém com o fechamento deste inévitablement une grande portée sur leur prospérité,
porto aos holandeses em 1594, resolvem fundar sua son premier effet étant de lier les intérêts des deux
própria companhia (V,0 ,C.) e buscar as especiarias e nations". Outro autor nos informa que quando
a porcelana diretamente, Guilherme III de Orange foi para a Inglaterra, levou
Não conseguem estabelecer-se na China, a não uma coleção japonesa de porcelanas decoradas por
ser tardiamenle em Cantão, c montam um porto, Kakiemon e que ficaram no Palácio de Hampton
defronte, em Formosa (1624), para receber mer CourtQ).
cadorias chinesas de onde seguem para Balávia, seu Com referência ainda a esta notabilíssima família,
grande centro oriental. No Japão, porém, desde 1601 há que lembrar que um de seus membros, príncipe
instalam-se em Hirado e em 1641 conseguem o prívi- Jean Maurice de Nassau-Sícgen, nascido cm 1604,
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assumiu o governo das possessões holandesas no Brasil terra (Lambeth), a Alemanha (Hamburgo, Nuremberg,
cm 1638, o que iria traïer para nós, entre valiosíssimas Frankfurt), a Espanha (Catalunha) e a Itália (Savona).
contribuições de ordem científica e artística, grés e Porém, os artistas flamengos dão-lhe maior amplidão,
faiança holandesa. passando a explorar toda a iconografia do reino de
Aquela portentosa rede comercial garantiu à Wan-Li: paisagens à borda de lagos, flores estilizadas,
Holanda a troca e a distribuição de produtos rotineiros pássaros, cenas chinesas, etc. Por volta de 1650, já no
de uso doméstico e utilitário, mas as ligações dinásticas período do Imperador Kang-Hsi, adotam outros símbo
abriam as portas dos castelos e palácios para a sua los chins como os oito imortais, os oito objetos precio
estupenda produção artística, fosse pintura, tapeçaria, sos, a elegante representação “das damas esguias”, etc.
imaginária ou a sua faiança. Assim sc explica, em parte, (H. P. Fourest).
a presença desta suntuária nas cortes portuguesas, Dos japoneses exploram a fundo o grande reper
inglesas, francesas, espanholas, etc. tório exibido por Arila, na província de Hizen, cuja
Mas todo o poderio mercantil e financeiro que produção se desenvolve a partir de 1658, porcelana
desfrutou e toda pujança artística que exibiu não seriam esta que tomou o nome de Imari, o porto de onde era
possíveis, se a Holanda, a antiga Batávia dos romanos, exportada para a Batávia e alhures 0>.
não contasse, pela base, precocemente, com uma elite e Sua decoração é sobrecarregada e baseada em
um povo extraordinariamente dotados, reunindo ao desenhos de tecidos e brocados japoneses, c na sua
mesmo tempo dinamismo, cultura e tino comercial, policromia predomina um azul enegrecido e. uni verm e
aliadas a um poder invulgar de assimilação e criação. lho vivo sob a glasura. O fundador da fábrica foi o
A exemplo do que se verificou na azulcjara grande ceramista Sakaida Kakiemon (cujos descenden
ocidental, o decorador holandês, na cerâmica utilitária tes a mantiveram), o qual empregava um estilo assimé
e dc adorno, foi quem mais ornatos exibiu e mais trico com variedade de modelos, entre eles esquilos e
motivos aproveitou, A decoração da faiança holandesa flores w>. Um dc seus modelos mais famosos, copiado
vai receber as ondas que partindo de diversos focos pelos holandeses c pelos próprios chineses (‘‘Chinese
do globo irão ser captadas por seus artistas c adaptadas Imari” ), são os arranjos florais cm vasos e cestas inspi
a suas características. Assim, em primeiro lugar rcccfcc rados na simbologia chinesa taoísta.
o influxo do hts pano-mourisco em que predominam o Quanto às formas na faiança holandesa, os seus
gênero de Paterna c Manises, seguido do sopro italiano modeladores diversificam profundamente a produção e
renascentista de Orvieto, Faenza, Urbíno e do Extremo- criaram um novo repertório. Entre 1650 e 1670, foram
Oriental, c por fim o bafo francês do rococó. adotados seis feitios de pratos. Sopeiras e terrinas,
Mas a contribuição capital que traz para a foram copiadas de modelos de ourivesaria com formas
cerâmica é a exploração dos motivos extremo-orientais ovais e também circulares(S).
captados a princípio de Portugal, que transplanta para Para flores, além dos vasos e floreiras clássicas,
o Ocidente onde irão vicejar por seu exotismo e introduziram o formato chamado de “jarra de luva”
pitoresco, e dominar o final do Barroco, sobressaindo ou tulipeira, ou ainda “vaso de leque” (vase en
ainda mais nos arranjos ornamentais no período'de éventail) e reviveram os “obeliscos” facntinos do fim
Luís XV, do século XVI e começo do XVII, peças altas e deco
O repertório decorativo, também exótico para os rativas cheias de bicos, que eram colocadas com flores
europeus, do árabe, do persa e do hindu, a Itália, já sobre as credencias nos palácios. Quanto às estatuetas
havia se encarregado de incluí-lo na bagagem renas e figurinhas, reproduziram divindades chinesas, cavalos,
centista inspirando-se nas faianças persas, nos brocados, vacas, cachorros, camundongos, papagaios, galos, gali
chitas, cashemírs, etc. nhas c ainda pajens negros com turbantes, figuras holan
Com a descoberta do novo caminho para as desas, etc. Além disso, uma variedade enorme de peças
Índias, por Portugal, este introduz motivos chineses de serviços de jantar, de chá, bacia e gomis, fontes
em sua faiança, e a Holanda, que lhe sucede no tráfico, poticromadas, urinóis, porta-cabeleiras, placas e painéis,
irá aproveitá-ios junto com os do Japão para dissemina gaiolas e até violinos decorativos.
dos pela Europa. Na parte técnica da decoração, há duas observa
Estes novos motivos desempenharam um papel ções a serem feitas. A que corresponde a uma
relevante na decoração européia, passando da cerâmica característica de parte da produção de Delft, chamada
de onde se originou, para os tecidos, tapeçarias, mobi de “Trck" que consiste em um traço escuro, em geral
liário, gravuras, quadros, prataria, papel de parede e azul, usado pelo decorador para marcar o contorno de
a própria arquitetura. E passaram a ser conhecidos por um desenho (o que corresponde ao “chatironné”, sendo
"chinoiseries” que, segundo W, B. Honey, refere-se às que neste processo francês, o traço é executado em
"composições fantasiosas, representando um mundo dc preto). Outro característico é o “kwart” ou coberta,
contos de fada de pseudofiguras e cenas chinesas comparável ao “marzocotto italiano", que corresponde
( . . . ) , no final do século XVII e no começo do XVI11", a um verniz especial sobre os desenhos já pintados
Apresentam elas três fases distintas: a do Barroco tardio, sobre o esmalte estanfíero<w.
inspirado pelas gravuras holandesas, a segunda pela Duas variantes usadas pelos decoradores eram os
Escola Francesa {Boucher, etc.), e a terceira depois do fundos azuis e pretos das faianças, sobre os quais eram
Neo-clássico, quando ressuscita no século XIX. apostos os desenhos, o que era obtido misturando
As "chinoiseries’', começavam com as interpreta corantes ao óxido branco dc estanho.
ções da porcelana do reino do Imperador Wan-Li Esta vasta e diversificada produção sofria pela
(1573/1619), pelos portugueses, cujos primeiros exem base, na parte técnica c artística, um controle efetivo
plares de faiança, em azul e branco, exibem na aba e rigoroso. Se o artesanato holandês pôde sobressair e
signos dela inspirados. Gênero esse que iria ser copiado conquistar mercados, o fez pelo seu alto padrão de
depois de 1609 pelos holandeses e influenciar a Ingla qualidade. Para ísso contribuiu decisivamente a criação
76
da Guilda de São Lucas, com sua regras estritas, suas remos vários: A mais antiga chamava-se “Os Quatro
provas dc mestrado, suas multas c penalidades que Heróis de Roma”, fundada em 1600 e manteve-se até
incluíam a expulsão de seus membros. Ceramistas 1764. Seguem “O Gomil” em 1609, o "Barco Dourado"
célebres e artesãos qualificados dela faziam parte, junto em 1613, o “Pote de Flores” cm 1616, o "Pole de
com artistas de outros setores, tanto das artes maiores Metal" em 1639, “Os Três Tonéis de Cinzas” em 1655,
como das menores. Essa poderosa corporação contava "La Fortune” em 1691, "O Leme" cm 1640, "O Roma
com mais de setecentos associados e atuou até 1833, no” em 1648, “Os Dois Barcos" cm 1666, "A Velha
favorecendo bastante o desenvolvimento da Cerâmica Cabeça de Mouro” em 1648, "O Paváo” em 1651, "O
<H. P. Fourest). Veado" em 1661, “A Grego” em 1658 e manteve-se
Sobre a designação de faiança de Delfl, há um até 1820, 'MÍ Garra” em 1662, "A Estrela” em 1663,
reparo a ser feito. Tal a importância desse centro, que "A Rosa” Cm 1667, “Aos Dois Punhais”, que passou
na Europa se costumava tomar a parte pelo todo, a chamar-se “Os Três Sinos”, em 1671, “O Machado
quando se fazia alusão à produção holandesa. Havia de Porcelana” em 1679, “Três Garrafas de Porcelana”
também na Holanda outros e importantes centros em 1714, “O Bule Coroado” em 1708, etc.
produtores de faiança com características similares e Fora Delft e suas numerosas fábricas, apontaremos
também próprios. Nisso, nossos escrivães coloniais outros centros como Haarlem Middelburg, Amsterdã,
eram bem avisados, pois, nos inventários viccntinos Rotterdã, Gould, Arnhem, Makurn, Maestricht, entre
aquelas faianças eram arroladas sob um termo genérico: os mais importantes. Entre estes, vários se dedicavam
"Louças de Olanda” (sic) o que não induzia a erro de ao azulejo estanífero (tegel), como Gould que se espe
procedência. cializou em temas religiosos. Rotterdã também fabri
Vejamos como se repartia a produção entre os cava azulejos, sobretudo na fábrica dc Coinclis
diversos centros de fabrico. Boumcester, que produzia painéis de boa qualidade,
Entre os séculos XVI c XX, houve vários centros representando marinhas (usava as iniciais C.B.M.).
de produção de faiança com fábricas c ceramistas dc Em Haarlem, a tradição do fabrico remonta ao
talento. Citaremos alguns. O primeiro, evidentemente, século XVII, corn a fábrica de Adricn Bogaert. Conhc-
era Delft, cidade situada entre Haia e Rotterdã. Desta ce-se a existência dc uma fábrica em Arnhem do século
ca-se no século XVI e começo do XVII, pela exube XVII, que devia trabalhar à maneira de Delft, mas
rante e diversificada decoração. Inspirou-sc nos motivos também reproduzindo figuras e retratos, cenas marinhas,
e símbolos chineses, sobretudo de Wan-Li, a nosso ver e ainda pratos com peixes pintados e peças com cestas
copiados de Portugal, e do Japão nos modelos dc de flores coloridas.
Kakiemon e Kutani, ao lado de temas europeus, como Porém, no século XVIII, em 1755 — Johan Van
cenas de batalhas, de caças, assuntos religiosos, motivos Kcrchofí funda outra fábrica de faiança, cuja marca
heráldicos, etc., quase sempre no emprego do azul e era um galo azul.
do branco. Na segunda metade do século XVII, atinge
o seu apogeu, suas faianças conquistam o mercado euro Makurn produzia no gênero de Delft, porém,
peu e muitos ceramistas estrangeiros fabricavam faiança aplicando uma tonalidade de azul mais tema.
à maneira de Delft. A sua influência é dc tal ordem, Amsterdã, perto de Owertoon, produzia serviços
que na Inglaterra a faiança era denominada de "Delft de mesa, estatuetas, vasos, etc., utilizando a faiança
Ware” nos séculos XVII e XVIII; só mais recentcinente Ena, ao invés da faiança estanífera, porém em 1764 a
os ingleses passaram a adotar o termo: “tin glazed fábrica foi transferida para Weesp pelo Conde dc
earihen ware", ou seja, louça de vidrado de estanho Gronsfeldt, onde também foi fabricada faiança ao lado
(faiança). Entre os destacados artistas dc Delft, distin da porcelana dura, com o nome de Amstel. Decoração
guem-sc Abraham de Cooge, Vart Frylon, Albrecht de em geral de paisagens ou cenas e figuras de camponeses,
Kaisc, Adricn Pynker. Neste segundo período, o do seu apresentando às vezes borda dourada.
apogeu, é dado ênfase às peças policromadas. A produ Era Rotterdã, o grande ceramista I. Halmis, que
ção de azuiejos também era de vulto e de qualidade. havia trabalhado em Delft, funda a sua fábrica em
As suas fábricas exibiam nomes pitorescos. Cita 1731.
B I B L I O G R A F I A
( l i H P Fourest — "Les Faïences d e D e l f l " — Paris, 1957. M ary and G eoffrey Payton — "Pottery and Porce
la in " — London, 1973.
(2) G eorge Savage and H arold N ewman — ob. cit.
(3) R. PrcARD — J. P. K erneis — Y. Pruneau — "Les M. A uguste D am me en — "G uide del'Am ateur de Faïences
Compagnies des hides’’ — Paris, 1966. et Porcelaines, Potteries et Terres-Cuites" — pfijj, 205
(4) G eorge Savage and H arold N ewman — " A n M u s t ruled — Paris, 1863.
. D ic tio n a ry of Ceramics" — London, 1974.
R ené Louis D elenne — "Dictionnaire de VAncienne Fai
(5) M. P. F ourest — ob. cit. ence de D elft" — Paris, 1947.
(6) Jeanne G ucomotti — ob. cit. pâg. 54.
W. P itcairm K nowles — "Dutch Pottery and Porcelain"
—: Londres, 1913,
Eveune Schlumberger — "Eloge de la Tulipière, Connaissan
ce des A rts n.° 106 — pâgs. 153/159 — 1960. John Bedford — "D elft Ware” — Hone-Kong. 1968.
77
Séc. X V 111 FAIANÇA — IIOLANDA
52
78
PUEBLA MÉXICO
sta cidade foi fundada em 1531 Artesanais, e no México da Corporacion de los Alía-
já cora planta urbanística elabo reros, para ditar normas e zelar pela categoria dos pro
rada por arquitetos espanhóis, dutos, a exemplo das guildas holandesas.
tal a importância e a esperança Assim, em 1653 há uma “Ordenanza” cm que é
que nela depositava o governo recomendado: “Que o vidrado da louça fina (faiança)
reinol no plano geral de desen seja bem disposto com uma arroba de chumbo e seis
volvimento e colonização da libras de estanho e que seja bem coberta e cozida”.
nova Espanha, Havia a essa altura três categorias de louceiros: o
Pucbla prosperou rapidamente e logo aí se aprendiz, o oficial, o maestro, cada qual com sua tarefa
instalaram várias ordens religiosas, cujos monumen específica para a “louça fina”, a “louça comum” c a
tais conventos são bem um testemunho de seu esplen “louça amarela",
dor — a exemplo dos jesuítas no Brasil, no desempenho Diz ainda Cervantcs<4) que os espanhóis se encar
da catequese c do aprendizado e artesanato das artes regavam em geral da faiança e eram chamados de
menores, na técnica européia, entre os aborígenes. Estes “loceros de lo blanco” e de “loza fina” enquanto da
aculturados passaram a empregar na cerâmica o vidra “loza colorada, es dccir la de barniz plumbles” (a
do e muito concorreram na fabricação da louça vidrada louça vidrada) se encarregavam os “naturales” ou sejam
utilitária. os aborígenes.
Porém, quando teve início o fabrico das primeiras
Em 16S2, as “Ordenanzas" regulamentam o
louças vidradas, das primeiras faianças ou maióüeas
emprego das cores e em 1710 determina: . . . “no den à
c dos azufejos que vieram a desfrutar de tanta fama?
la loza comum y ordinaria ei azul fino contrahecho sino
Tão famosos foram os seus produtos, que segundo
el verde que es el que atualmente usan y solamente
alguns autores podiam rivalizar com os Talavera do
acustumbram a usar con dicho color aborronado o
la Reyna e que na América surrupiou-lhe o nome;
plumeado en la loza fina, para que por este medio se
Talavera Poblana, Talavera de Puebla, e às vezes
distinga una de Ia o tr a " ,..
apenas Talavera, dando-se ao luxo desde o século XVI
de dispor de pintores que marcavam c assinavam parte Diz Cervantcs que o "azul realzado”, ou seja,
dos seus artigos. Carlos Espcjel (■>, diz referindo-se à aquele azul espesso que costuma ser aplicado nos
cerâmica no México: “A mais importante é chamada azufejos poblanos c cujo esmalte fica em relevo nas
Talavera Poblana, a cerâmica mais fina que se faz no pedras, teve seu emprego iniciado cm Puebla era 1682
país — louça de Talavera como é chamada ate hoje’’. (ob. cif. pág. 22 ).
Segundo Gonzalo Lopes Cervantcs tt>: “ Entre (560 Verifica-se assim que desde o século XVil, na
e 1580 se estabeleceram na cidade de Puebla as pri Nova Espanha, o Governo Reinol estabelecia uma
meiras “loccrias” sob a designação de Fábrica de “Loza “economia dirigida” no sentido da qualidade do pro
i31anca y Azulejo”. Convém ressaltar, diz o mesmo duto. No caso da cerâmica de Pucbla, ela se aplica à
autor, que os termos “lacero" e “loceria” são america- composição da pasta e das proporções dos ingredientes
nismos, pois qs documentos novo-hispanos os utilizavam fundamentais, assim como na discriminação de aplica
regularmente ao invés de "alfarcro” e “alfareria”. ção das cores — deixa livre porém ao louceiro a dar
Quanto aos azulejos, começaram a ser fabricados largas à sua fantasia, pois omite qualquer imposição no
regularmente em 1602 para adornar a Catedral Metro iocante à decoração das peças!
politana, encomendados ao mestre azulejador Gaspar Quanto às pastas ou categorias, vimos que havia
Encimas, que no final do século XVI era louceiro e a produção da louça vidrada e de faiança, c infere-se
assinava suas obras. pela Ordenanza de 1710 que nas louças finas era mats
Quanto à origem dos artesãos de Puebla, diz corrente o emprego do azul cobalto, c na “comum y
W. B. Honey<3): “Ê sabido que foram louceiros de ordinaria", o verde e o amarelo. Ao que parece, esta
Talavera que fundaram cm Puebla a manufatura até determinação fni alterada posteriormente, pois Saavcdra
hoje existente no México, cujos azulejos eram louvados Mcndezl5) informa que a “Corporacion de Alfareros,
por vários autores (1651), assim como as imitações recomendava que os artigos finos podiam ser decorados
de produtos chineses”. Refere-sc Honey, ainda que do com cinco cores e os comuns com três”, o que não
México eram exportados o que se chama “bucaro” — impedia, segundo o mesmo autor, que houvesse como
“um misterioso tipo de cerâmica vermelha — que Tala exceção peças finas apenas monocromãs ou mesmo
vera imitava desde o século XVI". bicolores.
Os produtos de Puebla estavam sujeitos ao mesmo Quanto as formas e aos estilos adotados por
rigor imposto na Espanha às suas congêneres castelha Puebla, há vários autores que podem ser consultados.
nas que lá dispunham dos Ofícios, Confrarias e Grêmios Como vimos, W, B, Honey já se referia à qualidade de
79
seus azulejos, assim como às imilaçõcs da cerâmica — fabricou-as e exportou-as para outros países sul-
chinesa. americanos, e consta segundo Honey, que exportava
Carlos Espcjcl<é), em síntese, informa-nos que as para a Espanha o tipo conhecido por “ bocearo”.
influencias asiáticas e espanholas atuaram fortemente Com referência à azulejaria, obscrva-se a extrema
sobre o sentimento artístico aborígene e ao mesmo . diversidade dos azulejos íalaveranos de Puebla, em que
tempo a louça de Talavera Poblana filtra a tradição sobressaem o vigor da execução, o emprego denso do
espanhola e o atavismo árabe. esmalte de cobalto, praticamente em relevo, os azulejos
Jorge Saavedra Mendez, em meticuloso estudo nos relevados e agiográficos, os lises (empregados em Por
aponta com precisão quatro períodos ou estilos diferen tugal no Palácio de Cintra) as figuras de arcanjos em
tes na louça poblana<7): desenhos geométricos c estilizações florais.
Porém, a séria concorrência de outros países no
1 ) o tipo hispano-mourisco México, sobretudo dos produtos já em fase dc indus
2 ) o tipo talavera trialização, fizeram com que aquele maravilhoso arte
3) o tipo chinês sanato se ressentisse.
4) o tipo hispano-mexicano Em 1693, o censo espanhol acusou em Puebla
quarenta e seis estabelecimentos, já em 1802 caía para
Cada tipo desses é facilmente identificável, pois dezesseis fábricas, e em 1852, para dez.
são as adaptações que os artistas locais faziam dos Quando ai estivemos em 1978, encontramos duas
artigos que abundavam em períodos diversos na Nova fábricas pequenas ainda funcionando mais como curio
Espanha, chegados através de Acapulco (artigos orien sidade turística! Sic transit gloria Mundi!
tais), vindos por intermédio de Manilha, de Vera Cruz, Ressaltamos o pape! notável que desempenhou
e de diversos partos espanhóis e europeus, e ainda da Puebla na decoração parietal, com os arranjos dc
arte local aborígene, que se encontrava ein plena pro emprego alternado de azulejos e lajotas. Insptrou-se no
dução, acrescida das mais antigas, pertencentes ao mourisco, porém a nosso ver, desenvolveu com maior
monumental acervo das civilizações americanas. desenvoltura os esquemas decorativos do que os
A influência, a fama c a produção dc Puebla mouros.
merecem os louvores expendidos. Além do mais, foi a Na verdade, não tivemos a oportunidade de verifi
primeira nação do Continente a fabricar louça vidrada car, nem na Espanha nem alhures, arranjos tão belos
e a famosa faiança que fazia então “rage” na Europa e originais e em tamanha quantidade num mesmo local.
B I B L I O G R A F I A
80
Sees. XV 11/X V 111 TALAVERA — POBLANA
(M ostruário)
54
81
Sécs. X V I I / X V i n TALA VERA — POBLANA
(Mostruário)
Jí
82
ESPANHA
56
A o ttílo três pratos de Manises e Paterna (séculos X IV e X V ), Abaixo dois pratos de Paterna
fséculos X III c X IV ). E embaixo, dois pratos de Paterna (séculos X III X IV )t
Deve-se observar que esta última série é chamada ác rtvÍclo verde y morado**t que abrange
uma das primeiras fases decorativas espanholas.
Cortesia Museu Nacional de Cerâmica G onzáltz M arti — Valência,
CERÂMICA ESPANHOLA
(Diversos períodos e centros)
57
Cortesia Fundação
Cslousfe Gulbenkian Praio Catalão
e Museu hracionai da — século XVIII.
Cerâmica Gonzàlez Aíarfí.
85
azul de cobalto, como se intensifica o uso do dourado específica de funções — “jarreros", “azulejeros”,
(lustre), sobre a peça esmaltada t7) “não cabe dúvida “oleiros” c “escudilleros”, “A convivência cristã mou
que a vasilha vidrada primitiva espanhola é um broto risca, foi um eco que não se pode negar e que teve na
da árvore que floresceu em Bagdá no século IX” <*>. produção cerâmica uma eloquente manifestação(KI)-
Àquelas quatro séries do período de ocupação Vcjamos alguns dos centros, entre os muitos que
segue-se a da dominação cristã que iria a partir do se notabilizaram na produção cerâmica, em particular
final do século XV, liberar definitivamenle o território na da faiança, que refletem nela as diferentes influências
e produzir cerâmica ainda presa a vários resquícios sofridas, e que na terminologia mudéjar classificam-se
românicos, góticos c mudéjares e acompanhar com de forma geral de cerâmica mudéjar mourisca, hispano-
desenvoltura o movimento ocidental renascentista, dá -mourisca tj espanhola, conforme suas características e
no século XIII havia grémios de oleiros, com distinção o período a que se prendem.
86
MÁLAGA
centro de Máiaga foi um impor “Máiaga tinha uma louça sem igual”, em 1327 Amchd
tantíssimo manipulador de toda Ibn Yahya diz que a mesma é sem rival no mundo, e
ciasse de cerâmica decorada, em 1350/56 o famoso viajante Iben Batoutah pondera
desde a invasão muçulmana até sobre a beleza da cerâmica malagueuha c informa que
o final do reino Nazari, o mais “exportava para os lugares mais longínquos”. Tem-se
citado por viajantes e autores conhecimento que também no Egito sua louça estava
da época, o mais antigo que presente e que posteriormente, no século XV, foi
documentalmente exportava obras para outros países. suplantada pela de Manises ri3).
O nome de Máiaga, servia para designar em Valência a Hoje consideram os ceramógrafos como Llubiá
cerâmica dourada (lustre), ou azul e dourada e aparece que os oleiros de Máiaga foram os verdadeiros intro
em documentos notariais, contratos, etc., com o nome dutores das técnicas que iriam revolucionar a cerâmica
de malyk, maliche, malequa, meücha, maleque, málica, no Ocidente no século XIII, como o do emprego do
malega, etc. Paradoxal mente resulta ser o centro oleiro esmalte estanífero, do azul do cobalto e dos reflexos
peninsular que menos peças lhe são atribuídas, pois metálicos. Presumc-sc que especialistas persas tenham
quase todas as peças douradas (lustre) e azuis da Idade vindo instalar-se naquele centro e ensinado aqueles
Média, têm sido atribuídas a Granada e Manises <u). processos, que eram segredos familiares no Médio
Quanto às denominações derivadas de Máiaga Oriente. Marcei Dieulafoy corrobora em parte aquela
ternos a dizer que etn português, além de “malegueiro", asserção quando informa que, por volta de 1350,
ou seja, o oleiro que produz cerâmica à “feição de Máiaga era o primeiro centro de fabrico de louça
Máiaga", descobrímos no Brasil, em documento ainda dourada.
do século XVI a expressão “malagua" para designar Valência foi uma das seis capitais na época de
tigela í)J\ Assim, pode-se presumir que a exportação Abderrahman I, no período dos impérios mogrebinos
malaguenlta de tigelas foi de tal ordem, que o feitio (1010-1238). Foi defendida pelo famoso cavaleiro
dessas peças cerâmicas se impôs em Portugal e no Brasil gaulês El Cid, no ano de 1090 contra o ataque almorá-
quinhentista. Acreditamos que realmente Máiaga foi o vide. A população do reino de Valência no século XI
centro que primeiro, em proporções enormes para a era de mais de 400.000 habitantes. Constituiu, como
época, tinha divulgado as novas técnicas cerâmicas, e Máiaga, um dos primeiros e maiores núcleos difusores
durante séculos continuou a manter seu comércio e de cerâmica ibero-mourisca, com seus ateliês, na própria
prestígio. Devemos lembrar que foi dos centros que cidade<M) c das fábricas estabelecidas em Paterna e
durante mais tempo na Península esteve sob o domínio Manises, nos seus arredores. “A louça valenciana agiu
árabe, pois só foi libertada em 1487, pelos reis católicos como um traço de união entre Córdoba e todo o mundo
Isabel e Fernando. Pode assim, ininterruptamente, cerâmico mudéjar ri5)".
durante séculos, absorver, assimilar e transmitir, sem Em 1341 são consignadas as primeiras louças com
solução de continuidade, a técnica muçulmana e sua reflexos metálicos de seus ateliês (que iriam continuar
decoração híbrida, tanto no mudéjar-românico, como produzindo até o século XVI), e ainda no mesmo século
no mudéjar-gótieo, ou em outras interpretações medie XIV, tanto Paterna como Manises passam a produzir
vais. Suas principais características são o lustre forte, intensamente a louça decorada com o azul de cobalto.
a disposição de motivos por faixas, bandas ou zonas A louça de Paterna cntronca-sc com a cerâmica
horizontais, inscrição de caracteres e temas vegetais. califal, hispano-muçulmana do século X, ainda engo-
“Os ateliês malaguenhos tomam impulso no século XIII bada, c a partir daí evolui c se expande. Ela traduz a
e continuam até o fim do XV, e depois da reconquista tradição reinicola c os temas ibéricos, romanos c
sua produção não se interrompe, pois os artesãos mesmo visigodos afloram sem cessar na decoração.
mouros dela participam até o século XVT’. Esta consiste em linhas geométricas, representações
Pelos idos do século XIII, já é assinalada nos fitoformes ou florais, caltgráficas (versículos do evan
documentos a sua presença em Poitsmouth (Inglaterra), gelho), heráldicas e antropozoomorfas, cabeças de
em Perpignan na França, e na Itália como na Espanha. guerreiro, bustos femininos, dançarinas, figuras eques
No Alhambra ainda sobrevivem azulejos azuis e doura tres, desenhos de águia de São João, etc. Porém, o que
dos com personagens desse período. Em 1240 Ibn Said lhe deu características mais definidas foi o emprego
refere-se “al vidrío peregrino admirable” e a uma louça do “chatironné”, que consistia em cercar os contornos
dourada (reflexos metálicos) que se fabrica em Murcia, dos verdes com traços escuros, c o emprego da combi
Almcria e Máiaga. nação crômica do verde (produzido pela conversão de
No começo do século XIV', em 1303, no porto de utensílios usuais em óxido de cobre e das variantes do
Sandwich (Inglaterra) é consignada a importação de manganês), de que a Espanha era bem provida. É o
“pichororum de malyk”. Em 1320 Fedei Alíah diz que famoso “verde y morado” que iria durante séculos
87
CERÂMICA ESPANHOLA
CoVftha Valenciana (século XVIII) -— com azulejos, peças de diferentes períodos e formatos.
88
caracterizar a produção hispano-mourisca c dominar a italianos, cipriotas e turcos e de elementos catalães e
bacia mediterrânea, inclusive França e Itália. Segundo marroquinos para distribuí-los. No século XVI são
J. M. ürtiz — J. Scals Aracil <!6): “Com essa técnica exportadas peças para o Vaticano, Nápoles, Florença,
a cerâmica de Paterna se converte na mais valiosa das Sicília, Veneza, Turquia, Chipre, Fiandres, Países Bálsi-
cerâmicas espanholas, cujas misturas eram produzidas cos e todas as cortes européias as possuíam c vários
por artesãos cm pequenos ateliês que se chamavam de quadros célebres como de Van Eyck, também celebri
“obradors" ou “pintaors". Em 13 i 7 os “alfarexos” de zaram Manises. Dc acordo com Saavedra Mcndcz,
Paterna eram denominados nos documentos oficiais de chegou a exportar também para a América. Seu apogeu
“Canta rerius" c “magíster operis terre”. O período em foi no século XVI, começando a decair no século XVII.
que Paterna produziu esta decoração, é chamado de mas sua produção se estende até o fim do século
ciclo “verde y morado”, que na França c conhecida por XVIII.
“Família verde e violeta" (üieulaíoy, Giacomotti e Sevilha, na Andaluzia, sucede a Córdoba, a
outros). deslumbrante sede do Califado do Ocidente Europeu,
Para se ter uma idéia do que foi essa decoração : passa a ser o centro do mais poderoso entre os
peculiar, é bom que se diga que a tonalidade chamada vinte e seis reinos surgidos com o desmembramento
pelos espanhóis de "morado”, admite uma extensão que se segue ã queda do Califado cordobcs. Impõe
ampla de gamas derivadas do manganês, que vão do Sevilha sua supremacia sobre os vinte e cinco reinos
marrom, do “negrusco”, ao violeta e ao cor de vinho. restantes que compõem a ocupação muçulmana, sob
No século XIV, passa Paterna ao uso intensivo do os Abastes, Abel Casin e seu filho Almotahid (1031).
azul de cobalto com reflexos metálicos, já usado cm Mais tarde passa a fazer parte do império almoravid
Málaga, que passa a substituir a bicolor 3nterior(,TI. (1086-1122) depois dá famosa batalha de Zalaca,
em que o sultão Yusufben Taxfin, cujo domínio se
No meado do século XV, num só ano vinham
estendia do Senegal à Argélia, derrota o rei cristão
galeras venezianas, genovesas, florentinas, sicilianas,
Afonso VI, vitória essa que foi atribuída á con
cipriotas e argelinas a competir com as naus catalãs e
marroquinas em carregar as “obras de terra" em Grao, fusão provocada pelo uso desconhecido de inumeráveis
tambores.
porto de Valência<1S).
Segue-se depois o domínio do império almohade
Maniscs surge, como expressão cerâmica do século (1146-1214 ) e Sevilha é reconquistada para os cristãos
XIV, quando inicia-se o emprego do azul de cobalto ;m 1238, porém no que diz respeito à cerâmica, sua
em Paterna c o ciclo do "verde e manganês" entra em fabricação cstcndcu-sc até 1500, com a participação
declínio. As duas produções valcncíanas passam a con
de artistas árabes (Saavedra Mcndez). Dedicava-se a
correr, tanto na decoração somente cm azul, como na vários tipos de cerâmica, como a louça vidrada, os
do azul com dourado, sobressaindo no entanto Manises
azulejos c a faiança, cujo fabrico era centralizado cm
na aplicação combinada do azul e dos reflexos metáli
Triana, nos subúrbios de Sevilha. Decoração inspirada
cos, o que iria dar-lhe fama, a partir do século XIV até
no mudéjar, no gótico e na renascença: entrelaçamentos
o XVII.
e desenhos geométricos, folhagens diversas, animais e
Esta decoração era chamada no medievo de “obra pássaros heráldicos, escudos e mais raro figuras.
de moro” ou "obra damasquina” <!9), o que indica clara O lustre também era empregado junto com as cores
mente sua origem do Oriente Médio. O oleiro, ou correntes dc verde manganês, branco e azul. Iniroduziu
melhor, o ceramista, ainda no começo do século XIV. na construção de célebre catedral La Giralda, peças
em 1325, tomava a designação de “cantaririus sine cerâmicas esmaltadas de preto, em forma dc discos
magistre operis terre albe” ou “ magistre operis terre côncavos, contribuindo assim no entrelaçamento da
picla”. E o trabalho desses artistas era notável. Já em cerâmica com a arquitetura.
1383, Francisco Eximenis, escrevia: “A obra de Mani São famosos seus azulejos que no século XIV
ses c dourada e pintada com tanta maestria que dela nbedeciam à técnica do alicatado, passando depois para
sc enamorou o mundo inteiro” (20). a da corda seca e a da aresta no século XV e para a
A sua decoração transuda o mudéjar e se desen do esmalte estnnífcro no século XVI.
volve nos desenhos geométricos e vegetais combinados, Sevilha, porem, passou a notoriedade e a um
nos heráldicos com águias, touros, cabras, falcões, caste enorme florescimento no setor da faiança, quando no
los, nos desenhos caligráficos e Rtomorfos, sendo raras começo do século XVI, com Francisco Nicoloso,
as representações antropomorfas. Fabrica toda a sorte denominado o Pisano, verdadeiro artista, aluno de
de objetos e de múltiplas formas até o século XVII, Lucca dc la Robbia, que desenvolve a técnica oriental
serviços de mesa, cântaros, “albarellos” , vasos e azule da faiança e rompe com a decoração hispano-mourisca,
jos. Tão grande era a exportação desses artigos que passando a produzir painéis historiados de inspiração
sc haviam organizado companhias de exportação, de européia, flamenga, sienense e íaentina (W. B. Honey).
* * *
89
TALA VERA DE LA REINA
91
CERÂMICA ESPANHOLA
Prälos Tatavera, séculos X V ll/X V lll (Nota-se a influência oriental do azai e branco). Pelo período, são
exemplares dos que provavelmente c: rculti :mi: pelo Brasil,
Cortesia Museu Nacional Gonzalez Marli — Valência.
62
92
B I B L I O G R A F I A
Itália se nos apresenta no final dignatários eclesiásticos, alta nobreza, tanto da Itália
do século XV com um papel de como de outros países. Famosas madonas, damas
prol no lançamento daquele célebres, personagens ilustres que o pincel dos mestres
produto cerâmico, responsável imortalizou, também vem reproduzidas com novo vigor
tanto pela difusão da técnica nos esmaltes. Estas representações de personagens, de
.nova como pelo aprimoramento cenas e eventos diversos, profanos ou sacros, deu origem
artístico. à chamada decoração historiada (istoriati) que irá
Desse ninho de talentos e de gênios, ressurgiram encontrar na Espanha, na Holanda e em Portugal,
gigantes que iriam de novo valorizar o homem na grandes intérpretes, sobretudo na azulejaria estanífera.
reformulação das artes maiores da Renascença. Desse Como a cópia de quadros célebres foi dada a qualifi
berço pródigo, também nasceram vultos que iriam cação de “decoração rafaclesca”.
conferir à faiança um realce equivalente nas artes Entre os responsáveis pelo movimento da Renas
menores, e fora daquele torrão, iniciar outros artistas cença aplicada à Cerâmica, destacamos alguns mestres
europeus. e algum centros. O maior deles foi Luea delia Robbia,
Sendo renascentistas e encontrando-se no tempo, nascido em Florença em 1388 (em 1399, segundo
resolveram reclamar e chamar a si o legado histórico, outros) e ali faleceu em 1481. Sua presença marca o
humanístico, artístico e cultural que a tradição lhes momento em que é dada preferência na Itália ao
outorgara, De posse dele iriam adaptã-lo às novas emprego da faiança, sobre o da louça vidrada de que
interpretações técnicas, plástica e estética. Rompem Bernard de Palíssy, na França, foi o maior expoente
aqueles mestres com o estilo híbrido, o bizantino-mou em sua manipulação técnica e artística. Tanto assim,
risco, que vinha ditando as formas e a decoração na que várias de suas primeiras obras são consideradas por
Península. E como um vulcão que por pressão interior alguns autores como sendo executadas ainda em louça
rompe a crosta do solo e faz jorrar uma torrente de vidrada. Iniciou-se primeiramente na ourivesaria, pas
lavas, fazem eles ressurgir a Antiguidade clássica. E sando depois a dedicar-se à escultura, tanto em már
aproveitando o manancial e lhes adicionando outras more, como em bronze, tendo sido discípulo de
contribuições reformulam a decoração às normas da Ghiberti. Como escultor, produziu obras de mérito.
Renascença. Dão um novo sentido plástico à cerâmica: Pesquisador, estudou a cerâmica etrusca e a química.
voltam-se para a estatuária e as figurinas, retornam aos Dominando a modelagem c o comportamento dos
baixos relevos e dão nova versão à modelagem de vasos esmaltes, produziu obras notáveis, as primeiras em
ornamentais, de jarros e “albarellos”, como inventam terracota e em branco esmaltado — estátuas, madonas,
novos moldes sobretudo para os pratos. Quanto aos anjos, molduras, medalhões c série de "albarellos”,
ornatos, revalorizam as rosáceas, as folhas de acanto, inclusive para hospitais, de alturas até 75 cm. A
o perolado, as olivas, o louro, as folhas c as ramagens exemplo dos árabes, integrou a faiança à arquitetura,
estilizadas, a flora e a fauna, sobretudo os quadrúpedes fornecendo placas e medalhões para várias obras do
quiméricos, as variações geométricas e o grotesco, valo famoso arquiteto Brunellesco. Foi protegido do príncipe
rizam a figura humana c reproduzem camafeus. Voltam Piero di Cosimo Mediei, para quem executou encomen
os aüantes e as caríatides, surgem os querubins e os das. Montou um ateliê que iria constituir uma escola
anjos (amorini). de renome e ter seqüência com a presença de parentes
Quanto às cores alargam a paleta conhecida e como Andréa, Ottaviano, Agostini e Antônio. Desses
criam o fundo “berettino", O campo clássico da faiança notabilizou-se também, Andréa delia Robbia (1437-
— branco e opaco — pela nova técnica passa a azul, 1528), que destacou-se na execução de medalhões,
o que iria proporcionar um novo aproveitamento do tabernáculos, peças em baixo relevo, querubins, flores,
branco, não como superfície de fundo, mas como frutas, etc. Deixou três filhos, sendo que dois continua
desenho sobreposto (bianco sopra azzuro). Quanto aos ram sua obra, e Girolano que foi para a França. Foi
temas, tratam-nos em profusão, do profano ao Sacro. mestre de Francisco Nicoloso, “Pisano” que iria para
O Velho e o Novo Testamento, a mitologia histórica, a Espanha.
a literatura greco-romana saem do letargo tranquilo dos A proliferação de artistas notáveis iria notabilizar
arquivos monásticos e refulgem, vivos, à luz do dia na outros centros, além de Florença.
cerâmica. A heráldica dos românticos cavaleiros das . O mais importante deles foi Faenza — que se
Cruzadas e do Medievo ressurge fresca na faiança chamava Faventia no tempo dos romanos, e teve um
armoriada, tanto cm objetos de adorno, potes de farmá papel glorioso na história do Renascimento õ),
cia, como e sobretudo nos serviços brasonados iriam ■ Segundo 1. GiacomotÇi, “precisa-se certamente
gozar de grande voga, dada a atraente apresentação; e reconhecei- a predominância de Faenza, verdadeiro
seriam objeto dc encomendas de papas, soberanos, núcleo onde se vai elaborar o novo estilo”. Desde 1466,
95
começaram a aparecer peças marcadas, cm azul violá produziu também serviços brasonados famosos, Urbino
ceo, preto e amarelo, o que constitui c seu primeiro contou com uma plêiade de artistas que lhe deram uma
período, passando depois para o uso de outras cores. grande notoriedade, Nicola Pellipario começa em 1528
Ressurge, sob outra dimensão ornamental, o estilo com seu filho, que desde 1520 lá se instalara. Guido
historiado, vagamente expressado pelos persas, que iria Durantino, que mais tarde passou a assinar Guido Fon
conhecer um monumental desdobramento nos países que tana, produziu também serviços armoriados célebres,
fabricavam azulejos estaníferos, e Faenza recebeu a encomendados do estrangeiro pelo Connétable de Monl-
influência dos Deila Robbia na parte plástica, c no seu morency, Cardeal Duprat, etc,, e iria deixar uma des
primeiro periodo a decoração orienta! exsuda na estili- cendência dedicada à faiança. Francesco Xanto Avelli
zação da flora. (falecido cyi 1545), de grande habilidade no emprego
Manfredi foi o seu primeiro dirigente até 1501, dos esmaltes. Na segunda metade do século XVI, os
seguindo-se Benedito e Pietro Bergantini (1503-155S) Fontanas, descendentes de Guido, Oragio (1510-1571),
e depois Paterno Pietro, dito “Pirotto” , que deu fama Nícola e Flamínio, produzem séries de vasos decorati
à "Casa Pirotto” e “Virgílio Calamelli" (1540). No vos, estatuetas, diversificam formas e criam a
fim do século XV e no correr do século XVI alastrava- “decoração rafadesca” com reprodução de quadros do
se o número de fabricantes, contando-se mais de 30 Vaticano. Seguem-se os ceramistas da família Patanazi,
estabelecimentos do gênero. Entre eles alinhavam-se os até o século XVII que executam serviços famosos para
de Forli, Rimtni, Ravena, Siena. Deruta, Caffagiolo, os duques de Urbino, para Afonso II d’Este e Margarida
Gubbio, Castel Durante, Urbino, Pesaro, Veneza, de Gonzaga e também cópias de gravuras. Nesse perío
Montelupo, etc. do já passa a faiança a interpretar o Barroco.
Em Deruta, que também aplicou-se à faiança com Em Veneza destaca va m-sc os mestres Guido
lustre, destacaram-se Lázaro de Battista (1511), Fran- Merlini, Jãcomo, Ludovico, Domenico de Venezia (2,a
cesco de Urbino (1537) c Giácomo Mancini; em metade do século XVI). Em Veneza criou-se um gênero
Gubbio (1498), os mestres Giorgi Andreolí de Pavia e no fim do século XVII e XVIII, que foi copiado no
seus irmãos Salimbene (mestre Cencio), Giovanni e resto da Europa, os “amatorii”. Consistia em reproduzir
seus filhos, Sricenzo e Ubatdo (1536). Este centro em xícaras, tigelas e pratos, retratos e figuras com
especializou-se em serviços armoriados e moldados com legendas c dedicatórias, como “a bela Silvia” “a divina
aplicação de lustre. Laura", etc.<2).
Gostei Durante, no ducado de Urbino, contou com Em Caffagiolo, destacam-se os mestres irmãos
Giovanni Maria (1508) e outros, como Nícola Pelii- Faltorini, que se estabeleceram no Castelo de Piero
pario, que depois de 1528 passou para Urbino, onde Francesco de Médiri (1506).
B I B L I O G R A F I A
(1) Angelo G rnolini — "Maiólichs Italiana" — Milano, G uino M arangONI — "Cerâmica — Vetri Veil tate" —- 1927.
1881, L. Dl M a um — " L 'A m a to r e de Maióliche et Porcelhmu" —
Milano, 1914.
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G ai liL,io Lorenzetti — "Maióliche Venere del Setiecenio" — J eanne G iaCOMOTTí — "L a M a jv U iju e de la Renaissance" —
Veneza, 1939. Paris, 196!.
L uigi C orton — "Le Antíche Ceramiche Vcneziane Scopertc CoLLEZlONE D uchot — " Ai a id i i c h r " — H<1. Esperia —
Neila Laguna" — Veneza, 1940. Milano, 1934.
96
Sécs. X IV e X V F A IA N Ç A IT A L IA N A
(Comemores de formas arcaicas)
Mífm ú iX f ím a l^ S ^ ftí
W -ÍM -kiiH
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97
Séc. XV FAIANÇAS ITALIANAS
65
98
Séc. XVI FAIANÇA ITALIANA
65
- __ ^
99
Séc. XVI F A IA N Ç A IT A L IA N A
("albarelios")
É7
Pequena amostragem, porém soberba, de uma parle de O ",albarello" du esquerda revela a escolha do tema floral,
“albareilos" fpoles dc farmácia) que jazem parle do acervo do em que flores e folhagens em movimentos ondulantes e suaves
Museu dc Arte de São Paulo, e qtie fizeram parle dc ama destacam-se sobre o fundo azul. Dir-se-ia uma antecipação
famosa coleção, do começo do século, de A . ímbert, que foi bastante precoce do Art-Nouvcau! Numa visão rápida sobre
exposta cm 1911 no Musce des A ris Bccoretijs de Paris, c as três peças, há que observar que somente a d o ; meio è
depois vendida em 1951 por Matrhiesen no Museu. Devemos à integralmente européia de inspiração, enquanto as duas outras
gentileza e aos conhecimentos de D. Izabet di Canossa a clas apegam-se ainda è influência do Médio, Oriente — (Pavão e
sificação da grande maioria do acervo de duzentos e cinqãema flores que constituem os temas principais das produções da
rxrmplarcs! Os dois " albarelios“ da direita sãò de Faenta — o Oriente Médio Muçulmano, como Iznik, Kutaya, etc.).
grande cerni, de onde .desabrochou toda essà floração exube
Solaz Sobre c origem do “albarello" da esquerda (floral)
rante renascentista na cerâmica, que iria dominar e influenciar devemos consignar a gentil informação de I. V, G. Mallei
de tal forma o mundo Ocidental, que afinei foi adotado o nome (Victoria and Albert Museum) de que a seu ver, a peça “não
de faiança (e também maiótica) aos produtos de suas (ábricos. ê de Faenza, porém de um tipo conhecido c comum feito em
O " albarello” da direita tem corro tema principal um harrno- Veneza na segunda metade do século X VI, usual mente atri
Htoso arranjo dc três plumas dc pavõn superpostas, policromadas, buída à oficina dc .Maestro Domenico da Venezia” (Carta de
sobre fundo azul. O "albarello" cenrrai apresenta um guerreiro 20/3/19SÔ). Com referência ao “albarello da direita refere-se
i(ituc funo'o ocre dentro de uma grande reserva na parte supe ainda que “acredito que não i de Faenza c possivelmente chega a
rior da peça, et, cima de uma faixa branca com dizeres. 1600 se, segundo me parece possível, for Siciliana de Trapani,
100
séc, xvi FAIANÇA ITALIANA
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sêc. xvi FAIANÇA ITALIANA
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Séc. X V I F A IA N Ç À IT A L IA N A
Facnza ■ Vencia
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Sécs. XVI e XVU F A IA N Ç A IT A L IA N A
( Deruta — Faenza)
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séc. x v iu FAIANÇA ITALIANA
72
Estes dois lindos pratos policromados ainda do século XV, transudam a influência oriental e representam já o curso para a plena
decoração do Renascimento, com o belo busto da “Giovcnetta", no centro do primeiro prato; a aba larga deste apresenta intercalado,
a um desenho azul circular, a decoração que os italianos chamam de "palmeia persiana” embora na Inglaterra este ornato seja conhe
cido como pertencente ã esiiiização do "cone de pinha" (John Scott Taggari - Italian Maiúlica, Londres, pág. dl).
O segundo prato policrotnado, também de aba larga, prende-se, ainda, em parte, ao Oriente, com o famoso ornato de "occhi
di penna de pavanc" — muito em voga no correr do século X V na maiúlica italiana — dominando a decoração da aba; ao
centro, dentro de um circulo perlado azul, distingue-se um cálice entre outros ornatos.
O terceiro prato já é do século X V I (1535/1540), policrotnado, e representa a figura de um santo ao centro e com, a decoração na
aba chamada peias italianos de "à quarticri”. Essa decoração nada mais é do que o reflexo da influência chinesa “Ming", que passa a
predominar no século X V II na decoração "azul e branco" da faiança portuguesa e do resto da Europa, ou seja a decoração de aba
compartimentada. Cortesia de Cian Cario Bojani — Musco IntcrnazionaUe delle Ceramiche — Faenza.
PORTUGAL
107
Não é pois de admirar que no século XV, Portugal Rainha e os púcaros de Extremóz, por sua elegância
já estivesse maduro para executar a tarefa gigante que c apuro chegaram a fazer parte do vasilhame palacia
sc propôs e que iria converter-se no correr daquele no c realengo, e vieram a merecer referência do poeta
século e no XVI nas surpreendentes realizações das castelhano Lope da Vega. Os árabes trouxeram ele
Descobertas e do novo caminho para as índias. mentos complementares com o uso do vidrado, parci
Mas esse adiantamento no comércio e na ciência monioso no período romano, e o emprego dc esmaltes
não era um fator isolado que não tivesse o complemento coloridos.
correspondente de um amadurecimento cultural c artís Alént desses fatores, o contato marítimo com as
tico generalizado. Nas artes maiores, na pintura, ainda Repúblicas Italianas e a Flandres, com outros portos
nos alvores da Renascença era um Nuno Gonçalves — peninsulares e, sobretudo, a contiguidade territorial
pintor régio — que iria abrir a galeria dos mestres com a Espanha, familiarizou os oleiros portugueses
lusitanos e sobre o qual Reinaldo dos Santos se pro corn novas técnicas, formas, desenhos e coloridos,
nuncia: ‘‘Esta é a gjória da pintura portuguesa do No século XVI a faiança portuguesa faz sua
século XV: o ter criado uma obra que se pode por a aparição. Desde cedo Portugal lançara mão dos produ
par dos grandes mestres da época” ÍS). A seguir surgem tos hispano-mouriscos para decorar palácios, entre eles
ainda o mestre Jorge Alonso e sua escola de- “corrente o dc Sintra, com azulejos, como identificou-se com o
nacional” a se desvencilhar da flamenga então predo processo faentino, a princípio com o uso dos “fomos
minante, e o grande Vasco Fernandes, o Grão Vasco, de Veneza", próprios para o cozimento da faiança,
entre outros vultos. fomos estes instalados em Lisboa por oleiros flamen
Na arquitetura D. Manuel com seus arquitetos gos que ministravam também o aprendizado artcsanal
lusos, dava-se ao luxo de fugir em parte às normas da da faiança.
Renascença e dar a sua própria versão aos monumen Mas logo os oleiros portugueses dominam aquela
tos, buscando nas raízes góticas e mouriscas e nos sím técnica e ainda no século XVI os seus ceramistas pro
bolos da navegação e da epopéia marítima a inspiração duzem notáveis painéis, no gênero historiado, como
para criar um novo estilo, antecipando-se ao barroco, vimos a propósito dos azulejos, acompanhando as
o Manuelino de que a Torre de Belém é um encan inovações decorativas renascentistas. Ainda nesse
tador e sugestivo exemplo. século já iniciam a interpretação dos temas chineses
Nas artes decorativas, na ourivesaria, surgia Gil em sua cerâmica, segundo se depreende dos versos
Vicente, o ourives real que iria executar, entre outras laudatórios a Felipe II, quando de sua chegada à Lisboa
obras, a Custódia de Belém, obra-prima feita com o em 1580, em quo há menção de louça chinesa
ouro que Vasco da Gama em 1503, em sua segunda “contra-feita”.
viagem, trouxera da índia. Na tapeçaria, onde havia Assim, já nos fins do século XVI e princípios do
uma tradição moura, a assimilação dos motivos persas XVII, os artistas lusos evidenciam sua personalidade
e indopersas se manifesta na confecção dos tapetes de e a decoração da faiança toma rumo definido, divul
Amtiolos a exibir ornatos com palmetas, romãs, gando na Europa as primeiras interpretações do
arabescos, etc. Oriente. Portugal foi o primeiro país ocidental a rece
Na imaginária, depois das magníficas execuções ber o impacto direto dos novos, abundantes, exóticos
góticas c das clássicas renascentistas, os santeiros lusi e atraentes padrões persas, hindus, chineses e japone
tanos inovam com as imagens de marfim e madeira ses e a imbuir-se de seu espírito e de seu valor decora
executadas na índia, notadamente em Goa, tivo. Ê o que diz em outras palavras Reynaldo dos
Na ebanística, Portugal enriquece o repertório Santos: “Fomos os precursores dessa sugestão oriental
europeu com a divulgação dos móveis chineses de na arte européia, interpretando-a primeiro por cópia
pernas arqueadas e retas com os biombos e peças direta dos modelos importados, renovando-a depois,
charouadas que no século XVIII iriam conhecer grande associando aos símbolos chineses temas nacionais”.
voga, sobretudo a França com a imitação da laca Apresentam então os portugueses reproduções
oriental pelo “verniz Martin". Porém, Portugal introduz inéditas, é o começo das “chinoiseries” — inspiradas
na Europa um novo estilo híbrido conhecido por sobretudo no período de Wan-Li e das porcelanas
hindu-europeu, com farta marqueteria ao sabor conhecidas por “Kraak Porcelain” (corruptela de
árabe-hindu, também numa demonstração dc naciona carraca, embarcação de carga lusa de 1.000 tonéis)
lismo artístico, no período filipino (1580-1640), um e as reproduz na sua faiança. São os desenhos conhe
gênero de móvel conhecido por nós no Brasil como cidos por “aranhões” e “miúdos” e outros que iriam
“manuelino”, por exibir postumamente alguns dos mais tarde ser copiados pelos holandeses, os quais, a
ornatos ligados à navegação e à epopéia dos Descobri seu turno, iriam influenciar a decoração na Inglaterra
mentos (tt) de que os bufetes são um eloquente exemplo, e na Alemanha.
com suas pernas dc bolachas c traves torneadas. No seiscentismo, não só Portugal produz para o
E a cerâm ica, d en tro deste co n tex to , n ã o poderio mercado metropolitano, sei viços de mesa simples como
deixar de acompanhar aquele transbordamento de fartamente decorados, sobretudo armoriados, como já
seiva artística que extrapola tanto entre as artes maiores exporta para o seu mercado ultramarino, mormente
como nas menores. para o Brasil.
No século XVI, Portugal já dispunha de uma Pode-se afirmar que a produção em Portugal foi
infra-estrutura implantada pelos romanos c mais tarde de monta, embora não se disponha de dados precisos
complementada pelos mouros durante a ocupação do a respeito, é o que se depreende da presença farta da
território peninsular. Aqueles, na sua bagagem de faiança nos inventários seiscentistas brasileiros, da
cultura e de estética, transmitiram nas tradições da abundância de cacos disseminados em núcleos habita
Acrópole e do Palatino, a elegância das formas e a cionais antigos e do material recuperado cm naus
técnica apurada da terracota. As bilhas de Caldas da afundadas em nosso litoral. Aliás, o Centro dc Pes-
74
Peça elaborada corn aranhôes e outros símbolos característicos da primeira metade do século XVII. upresen-
tando ao centro um caçador. Reynaldo dos Santos classifica esse gênero como de decoração híbrida sino-
-lusitana e aponta vários exemplos parecidos (íigs. 34, 35 c 36, pág. 60 de " F a ia n ç a s Portuguesas”).
Cortesia de Enrique Dom íngua Gonzálcz (Museu Nacional Gonzáiez.Marti — Valência).
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Séc. X V U FAIANÇA PORTUGUESA
75
X classificação desta peça {assim como a fotografia), obtida por cortesia do Victoiia and Alberl M useuai
é: " Prato em faiança pintado cm azul, alemão (Hamburgo) ou porrugues. Datado 1648, diâmetro 31,5 cm’’.
Traz na aba a decoração conhecida por aranhões (boninas, etc.) c no centro um escudo, dentro do qual se
vi um frade, como timbre tris flores estilizadas, e como suportes dois animais alados. Embaixo do escudo
a data de 164H, Acreditamos que a peça c portuguesa c não alemã, porque parte daqueles símbolos tem
significado próprio, O frade porta o hábito clássico franciscano (vide Juan Ferrando Roio F .B .R .O . —
iconografia de los Santos, pág. 22 — Barcelona 1950), com a túnica enlaçada na cintura por uma corda oa
cordão que dela pende com borlas e uni rosário na mão. Os suportes do escudo nada mais são do que
uma versão singela do grifo que desde 1640, com a Restauração, tornou-se uni dos símbolos reais da Casa
dc Bragança, reinante em Portugal. Várias Casas de Misericórdia (a de Lisboa, por exemplo), como vários
conventos c irmandades, usavam a Coroa Real, já que portavam os símbolos da Casa Real ou o próprio
escudo i-eaf ou outros símbolos reais, como emblema, iá que vários deles estavam sob o patrocínio dos sobe
ranos. Assim, acreditamos que o prato datado de IM S pertenceu a um dos vários conventos franciscanos
que naquela data eslava sob a proteção real bragantina.
11 0
Sees. X V l i / X V U I FAIANÇA PORTUGUESA
75
111-
Séc. X V I I FAIANÇA PORTUGUESA
77
S1';.;!<?'■•/o a classificação do Museu Nacional de Afie Antiga, trata-se de trabalho português do século XVII.
O prato é em auil c branco de decoração sobrecarregada com írfo faixas decorativas que parte da borda
tio circulei central; duas farsas, são as chamadas "faixas barrocas" de criação portuguesa <: a faixa do meio
representa signos chineses e pássaros. X o centro duas figuras sentadas debaixo de urna palmeira e uma ter
ceira Ctrl pé, junto a um templo {vide O rabicho ou o chimi na cabeça de cada uma) complementava a parte
central. Ramagens e flores, iV o segundo capítulo <parte brasileira}, teremos a oportunidade de mostrar nume
rosos variantes desses desenhos com figuras chinesas em diferentes posições e abas diversas, que foram
fabricados tanto cm Portugal como na Holanda, na Alemanha (Hamburgo, lo tmk(uri on Mein) c Inglaterra,
Cortesia de> Museu Nacional de Arte Antiga,
117.
séc. X V I I ! FAIANÇA PORTUGUESA
Quatro estatuetas da Fábrica do Rato, em que se observa o completo domínio da matéria por pane do escultor
nos diversos movimentos da criança e também a fina execução com um vidrado forte*
Cortesia Museu Nacional de Arte Antiga — Lisboa,
113
Séc. X V I I I FAIANÇA PORTUGUESA
79
114
Séc, X V W
FAIANÇA PORTUGUESA
so
8!
115
quis as Subaquáticas de Lisboa, já descobriu, nas libas em 1824, foi fundada a fábrica de Vista Alegre.
de Cabo Verde, um acervo importante de faiança Passamos a fornecer alguns dados generalizados sobre
seiscentista, o que corrobora a assertiva da exportação essas fábricas.
da faiança para além-mar. MASSARELLOS — (1738 a 1920) foi fundada
Esse fato de Portugal ter sido um grande produ por Manuel Duarte da Silva em 1738, portanto ante
tor de faiança é pouco conhecido ou ignorado, como rior ao Rato. Obteve o privilégio de Real. Produziu
aliás, até pouco tempo os ceramógrafos europeus des louça comum para mesa e quarto, No século XIX,
conheciam o grande acervo de louças da índia no esteve arrendada a Francisco da Rocha Soares, pro
Brasil. Foi preciso, em 1950, publicar uma despreten prietário de,Miragaia. Produziu também faiança fina
siosa obra (“O Brasil e a Louça da índia”) para que (pó dc pedra).
baseados nela passassem a incluir o Brasil entre os M IRAGAIA — fundada por João Pedro Miragaiá
grandes importadores da porcelana chinesa, o que foi em 1775, tendo como primeiro mestre Sebastião Lopes
divulgado pelos Cahiers de la Céramique de Sèvres Gavicho. Em 1822, era mestre Manuel José Siqueira;
n.° 7, pelos livros “Les poteries et porceiames chinoi- chamado o Torneiro, que fizera estágio na França, dé
ses”, Paris, 1957 e "Porcciaines de Giine — Com- onde trouxera novos e importantes conhecimentos
pagnie des Indes et Brésil” — 1957, ambos de Daisy técnicos. O proprietário, nessa época, era um sobrinho
Lion Goldsmith, do Muséc Guimet, e pelo livro do fundador que merece nossa atenção, Francisco da
“Porcelainc dc la Compagnic des Indes” — (Fribourg, Rocha Soares. Ele estabeleceu planos para montar
1962) de Michel Beurdeley, perito oficial francês. uma filial no Brasil, mas com a morte do “Torneiro”,
Depois dessas publicações pioneiras e reveladoras ocorrida em 1829, não pôde realizá-los. Era tal o
agora já afirmam: “£ por Macau que no século XVTII, desenvolvimento da indústria que em 1824 arrendou
chegam a Portugal c ao Brasil os mais suntuosos ser duas fábricas: a de Massarellos e a do Santo Antônio
viços de mesa da Companhia das Índias” (9). do Vale da Piedade de Gaia. Costumava produzir
Mas há uma razão para aquele desconhecimento. também peças vazadas (ajourées) e em relevo, e a
é que Portuga! não disseminou, a exemplo da Holan policromia variava com o emprego azul, verde, roxo,
da, a sua faiança pela Europa. A Holanda produzia amarelo e alaranjado sob coberta, e na ornamentação
para o seu mercado externo e Portugal para si e para usava, nos primeiros tempos, festões e guirlandas.
as suas colônias. O seu grande produto de venda na Mais tarde predominou o desenho de flores como o
Europa como distribuidor, eram as porcelanas chine alecrim, rosas, cravos, etc. Sabemos que fabricou louça
sas que junto com as especiarias lhe rendiam polpudos pó de pedra, pois àinda no fim do século XVIII,
lucros. Portugal produzia faiança para o seu mercado solicitou isenção de impostos nos portos brasileiros, o
local e para os estabelecimentos lusos espalhados em que foi concedido,
outros continentes e seus dependentes no setor cerâ AFURADA (Gaia) — fundada em 1789, espe
mico. Nesse final do século XVI e no correr do XVII, cializou-se em fabricar peças em biscuit e faiança
havia dois centros principais de produção — o de pintada.
Lisboa, cuja louça tomou o nome de “Louça de CAVACO OU CAVAQUINHO (Gaia) 1778 —
Lisboa”, e o outro de Coimbra, centros esses respon Dispunha a fábrica de alvará régio de 10.02.1794, que
sáveis pelo abastecimento da Metrópole t dé suas concedia a “graça de meios dos direitos de entrada
colônias, junto com outros de menor porte. nos portos do Brasil às manufaturas de louça de pedra
Vejamos com maiores detalhes os centros respon da cidade do Porto”. A Real Fábrica de Louça de Pó
sáveis pelo fabrico de cerâmica que se escalonam no de Pedra do Cavaquinho fabricou muito obra de
tempo e se dispersam no território português. forma, estatuetas de ornamentação, peças utilitárias de
De destacar Porto e Gaia, Lisboa, Coimbra, fantasia com figuras, animais ou plantas belamente
Caldas da Rainha, Viana do Castelo, Aveiro, Alco- coloridas.
baça, Extremóz, entre outros. Naquela primeira região BANDEIRA (Gaia) — fundada em 1835, espe
alinham-se diversas fábricas como a de M assarei los cializou-se em fabricar peças estampadas (estampi
(173&), a de Miragaia (1775), a de Afurada (1789) lhadas).
e de Devezas (1865) e a fábrica de Santo Antônio do DEVEZAS (Gaia) — fundada em 1865 por
decorrer do século XIX, temos a da Bandeira (1835) Antônio de Almeida da Costa e ainda hoje funciona.
e de Devesas (1865) e a fábrica de Santo Antônio do Pela qualidade e quantidade de produção, é uma das
Porto de José P. Valente, e outras. Em Lisboa hã a mais importantes do país. Produzia e produz toda
Real Fábrica do Rato (1767-1834) e a da Bica do qualidade de material para construção, desde tijolos até
Sapato (1796) e numerosas outras pequenas, ainda peças de adorno (pinhas, estátuas, etc.). Fabrica tam
no século XVIII; do XIX temos a fábrica Constância bém azulejos artísticos e cópias do século XVIII. Seus
(1836), a de Sacavém (1850), Ratinho (1872) catálogos demonstram a gama de seus produtos.
e tc ... Sobre Coimbra hã que assinalar que cons Muito exportou para o Brasil;
tituía centro importante e antiquíssimo de produ SANTO ANTÔNIO DO PORTO (Gaia) — de
ção, com um ceramista de talento chamado José Pereira Valente, talvez a mais conhecida entre
Brioso; Caldas da Rainha revela entre outras fábricas nós, pois como Devezas, produzia uma infinidade de
anteriores a de Raphael Bordallo Pinheiro em 1884; produtos no século XIX, que eram apreciados na
Viana do Castelo tem sua grande representação na ornamentação de casas e jardins, como pinhas, está
fábrica de Darque, também chamada de Viana; Alco- tuas diversas, representando os continentes, as quatro
baça apresenta a fábrica de Juncai (>1770-1876) e no estações e outros motivos, assim como vasos, telhas
século XIX o fabricante José dos Reis; Extremóz foi esmaltadas, etc. . . Existe outra fábrica importante
centro de produção desde os romanos e cm 1893, é chamada Santo Antônio do Vale, que segundo Arthur
fundada a fábrica de Louça de Extremóz, e em Aveiro de Sandão, produziu também artigos ornamentais.
116
RATO — chamada Real Fábrica do Rato, Repre daguerreótipos como fabricou faiança, as quais, pelo
senta o centro de produção superior a todos os outros sabor dc sua decoração, são muito procuradas.
do país. Foi fundada por Pombal c por Tomás Brunct- SACA VEM (1850) — Real Fábrica de Louça
to, este e José Veroli, ambos italianos, foram os pri Sacavém. Fica a uma légua de Lisboa. Fundada jx>r
meiros mestres e contra-mestres. No reinado de D. José, Manuel Joaquim Afonso. Em 1889, empregava duzen
Brunetto c ainda vários outros estiveram na direção, tos c cinquenta operários e em 1938 mais de setecentos,
inclusive Sebastião fnácio de Almeida, em 1771, um entre oleiros, torneiros, amassadores, pintores, decora
dos principais pintores, já no tempo de Brunetto, Há dores, estampadores, etc. Em 1938 fabricava cinco
dois períodos de maior brilhantismo a serem assinala milhões de pratos e seis milhões de azulejos. De notar
dos: o de Brunetto (quatro auos), quando a cerâmica entre esses últimos os belos azulejos esmaltados no
sofreu influência italiana, sobretudo nas formas, e o dc estilo Art-Noúveau, Fabrica louça pó de pedra, granito
Sebastião Inácio de Almeida (seis anos), que superou meia porcelana e azulejos.
o mestre italiano no emprego do azul c na policromia COIMBRA — e seu distrito reuniram desde 1145
como na perfeição dos esmaltes, na sobriedade e referências ao fabrico de louça. Em 1203 o Mosteiro
delicadeza da pintura, e quanto às formas, lançou-se de Santa Cruz compra dois fornos para louça e cm
com sucesso nas peças de porte. Além da fabricação 1213 outro, A produção de faiança aparece peia pri
de serviços, produziu o Rato grande quantidade de meira vez em documentos de 1623. A partir do século
esculturas artísticas e, também como nota de grande XVII até o primeiro terço do XIX a cerâmica coim-
destaque — os azulejos. A pintura decorativa, quer brense mantém uma exuberante elaboração. No final
nos azulejos avulsos, quer na composição de esplên do XVII, produzia faianças com ornamentação cm
didos painéis, foi exuberante c bela. No começo de azul — o clássico azul c branco — às vezes com reto
sua produção fabricou também camafeus à moda de ques dc cor arrouxeada sobre esmalte branco cslant-
Wedgwood. Encerrou suas atividades cm 1836. Não fero, Era típica durante certo período a sua decoração
se devem confundir os produtos da Real Fábrica do de formato flabeliforme nas caldeiras e abas do prato
Raio com os da Fábrica do Ratinho fundada em 1872, (às vezes até no fundo), que passou a ser conhecida
pela Duquesa de Palmeia e pela Condessa dc Ficalho como “rendas”. Seu maior artista foi Brioso. Existem
que se inspiraram em Bernard de Palissy. Ao que cacos representando essa decoração seiscentista encon
consta, fabricava também louça vidrada, dc policromia trados no litoral de São Paulo (Sítio Guaecá — São
alegre e motivos de flores e outros de tipo popular e Sebastião).
grosseiro. As nossas louças vidradas mineiras do CALDAS DA RAINHA — aí foi fundada em
século XIX, muito se aproximam daquele tipo, A IS84 a fábrica de Rnphacl Bordallo Pinheiro que a
disseminação da louça do Ratinho, que é originária dirigiu até 1905, continuando depois sob a direção de
da zona de Coimbra, deve-se ao falo dc terem os tra seu irmão Francisco Raphael, que fez seu aprendizado
balhadores da aldeia da Ratoeira levado aqueles arte cerâmico na fábrica de Francisco Gomes de Avellar.
fatos para outros locais de trabaiho, sobretudo para Montou as oficinas, fomos e deu grande impulso à
o Alentejo. fábrica de Caldas da Rainha. Criou novas formas e
BICA DO SAPATO (1796) — Consta que a novos estilos, introduzindo a caricatura na louça com
fábrica teve sua origem na primeira metade do século tipos populares e políticos, dando-lhes vida e movi
XVII, ou talvez mesmo no final do XVI. De positivo mento. Em terracota aplica a mais exuberante poli
quanto à sua origem existe uma consulta feita à Junta cromia com cores vivas e esmaltes fortes. Produziu
do Comércio cm 1796, em que Luís Soares Henrique louça vidrada, faiança e faiança fina (pó de pedra) e
"pretende que sua majestade lhe concedesse licença manipulou o vermelho e o azul dc Sèvres com maestria.
para a elaboração de uma fábrica de louça fina, cha Seus azulejos do gênero Art-Nouveau e as imitações
mada faiança que estava edificando na Horta das dos azulejos mouriscos são verdadeiras obras-primas.
Flores, junto à Btca dos Sapatos. Havia contratado Diz Raphael Salinas Calado ít0): "Raphael Bordaliu
como mestre Joaquim Simpliciano Franco, hábil na Pinheiro, sugestionado por seu irmão Feliciano e
dita manufatura e cm toda qualidade de “possaria" coadjuvado por Fclisberto José da Costa, fundou a
para uso dc química, assim vidrada, como a vidrar”. fábrica de faianças de Caldas da Rainha”.
Pedia todas as isenções concedidas à fábrica dessa Diz-nos ainda Matilde Figueiredo <n> que: Manuel
natureza. O Príncipe Regente em 1797, concedeu a Maria Bordallo Pinheiro, artista multimodo, teve nove
licença solicitada. Produziu todo tipo de louça sob filhos, três deles artistas: Maria Augusta (1841-1915),
glastira íevemente azulada usando as cinco cores vul Columbano (1875-1929), e Raphael que era maçon
garmente empregadas no século XVIII, ou seja, o azul, c com o nome de. Goya, de 1875 a 1879, viveu no
o verde, o amarelo, o vinho (ou vinhoso) e o laranja. Brasil. Seu filho Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro,
Em 1813, continuava em produção e pertencia a José também foi artista ceramista. A fábrica conheceu
Rodrigues de Magalhães, porém já em decadência. A dificuldades grandes embora arraste-se numa pobreza
fábrica da Bica do Sapato (no século XVIII, era cha dourada com várias medalhas cm 1892 na Exposição
mada de Capato) também era conhecida como Fábrica Colombiana de Madri, em 1894 na Exposição Univer
do Capitão Mor. sal de Anvcrs, em 1895 na Exposição Industrial Por
CONSTÂNCIA — esta fábrica foi fundada em tuguesa, cm 1904 na Exposição Universal dos Estados
1836 (Lisboa). Produzia louça pó dc pedra, servindo- Unidos. “Arrasta-se numa agonia financeira que gera
-se do barro branco dc Leiria, também fabricava louça obras extraordinárias que ultrapassam o campo da
de pasta rija preta. Em 1938 fabricava faiança c cerâmica ( . . . ) produz intensamente vários gêneros
azulejos. Ela é também conhecida por Fábrica dos diversos e até fantasias além do Art-Nouveau, que
Marianos c Fábrica das Janelas Verdes, Foi lá que fazem prenunciar o Surrealismo”. Granjeou fama tanto
Ciíka ínstaiou em Portugal a primeira casa de retratos em seu pais como admiração no estrangeiro, pois em
117
Paris recebeu a Medalha de Ouro na Exposição Univer de mesa, canecas, malgas, castiçais, jarras, floreiras,
sal e foi-lhe conferida a Legião de Honra pelo Gover paliteiros, gòrnis, tinteiros e potes de farmácia (do tipo
no francês. Na decoração da sua nova louça repre boião). Por volta de 1859 fabricou também louça
sentava a fauna, a flora terrestre e marinha, a carica decorada em azul no gênero de Miragaia.
tura, coisas inanimadas, redes de pesca, peixes, etc. ALCOBAÇA .— funda-se aí a fábrica de Junca!
De cunho nacionalista, produziu também cerâmica (1770 a 1876) por José Rodrigues da Silva e Souza,
figureira na representação dos usos e costumes portu pintor natural de Leiria. Obteve em 1784 o título de
gueses, com figuras populares e com parte móvel. Real e foi protegida pelo Marquês do Pombal, a quem
Fabricou todo gênero de cerâmica, inclusive pratos de muito deve a cerâmica do século XVIIL Nas cores
uai azulado diáfano, ânforas, jarras, vasos, etc. im , predominavam o vinoso e o azul. Produziu também
imitou azulejos ibero-mouriscos, como criou magníficos azulejos com modvos religiosos.
e exuberantes azulejos de Arte Nova. AVEIRO — Aí foi fundada em 1824 a fábrica
DARQUE OU VIANA — (1774-1855) foi fun de Vista Alegre, por José Ferreira Pinto Bastos. Teve
dada por João Araújo Lima, Carlos de Araújo Lemos, vários técnicos portugueses e saxônicos. Augusto
João Gaspar Rego e Antônio Alves Pereira Lemos, a Ferreira Pinto, filho do proprietário, estudou em
sua produção é de feição regional com bela policro Sèvres o aperfeiçoamento do fabrico da cerâmica. Em
mia, embora o uso da modelagem não exceda em 1834 produz porcelana de primeira. Também fabricava
perfeição. As cores são suaves e compõem-se do usual vidros, sobretudo copos de várias cores e belos forma
setecentista, ou seja, do azul, verde, amarelo canário, tos, assim como pires com brasões, bustos de perso
laranja e violeta. Usou muito a decoração toda em nagens e de soberanos (D. Pedro II, Duque de Bra
vínoso com desenhos bastante delicados. Além de gança, D.a Maria II, etc.). Suas porcelanas que incluem
motivos florais e outros como filetes simples e duplos, estatuetas, vasos( bustos, serviços de mesa e de chá,
aplicou desenhos de bordados c um dos característi eram de superior categoria, não só quanto à pasta
cos de sua faiança é o emprego de uma linha chamada como no capricho dos desenhos de seus excelentes
"corda” que circunda as abas ou as caldeiras dos pintores e pode-se mesmo dizer que seus produtos
pratos. Produziu grande variedade de peças: serviços podiam revalizar com os melhores da Europa.
118
B I B L I O G R A F I A
119
FRANÇA
121
que iria reproduzir caricaturas, eventos, cenas e cos duziu estatuetas, medalhões c formosos baixo-relevos,
tumes populares. Deve-se a Neve rs um itpo de fundo inspirando-se em Ruão c Moustiers. Segyc-se outra
azul da faiança conhecido por “bleu lapis”. Confirma fábrica, a de Antoine Bonneíoy que adotou a decora
André Pottier <4>: “On fabriquait à Nevers des fayences ção no estilo Luís XVI. Outro ceramista foi Joseph
dites de Perse à fond bleu avec omaments blancs Gaspard Robert (1754-1793), que produziu peças
et fins”. finas técnica e artisticamente, distinguindo-se pelo bom
No decorrer do século XVIII começa o declínio, gosto, senso decorativo e sobriedade: paisagens, flores
período em que copia motivos de outras manufaturas no estilo de Watteau e Boucher com uma caracterís
como Ruão c Moustiers. tica, a do emprego do dourado. A mais importante
RUÃO — notabiliza-se com a atividade de fábrica fqí a da viúva Perrin, cujo marido Claude
Masseot Abaqucsne e de seu filho Lourenço, no século Perrin havia fundado a manufatura em 1740.
XVI. No século XVII, em 1645, Nícolau Poircl, Em 1748 sua viúva associa-se a Honoré Savy,
senhor de Grandval, obtém o privilégio do fabrico que outro fabricante, até 1770, quando se separa. Savy
arrenda a Edme Paierai que iria mantc-lo cm sua iria distinguir no tom verde cru, com o qual executa
família no decorrer do século XVIII. Outra manufa “chinoiseries", paisagens com cenas galantes, flores,
tura importante é a de Jean-Marie Levavasseur cuja etc. A viúva Perrin, associa-se a seu filho, François
viúva casa-se com o grande artista Jean Baptiste Abclard, c a fábrica conhece um grande sucesso com
Gtiíllibaud. No fim do século XVII e começo do o emprego do fogo de mufla e passa a sc distinguir
XVIII tomou um grande incremento com os “éditos pelas cores, pelos formatos e motivos que adota.
suntuários”, que lhe valeram fama no fornecimento de Fabrica serviços de mesa com paisagens, marinhas,
serviços armoriados. Desdobrou a sua decoração de motivos chineses, pássaros, insetos, folhagens, fitas,
múltiplas formas com a criação do “estilo radiante" plantas, flores, pastores, etc. Destaca-se o tratamento
(rayonnant), a versão do rocalha enquadrando cenas dado aos ramalhetes (rosas, margaridas, crisântemos),
de Watteau, Boucher, Fillement, e outros (cenas como os motivos de marinha (troféus, condias c peixes),
galantes, campestres, etc.), do período de Luís XV, que adapta ao estilo rocalha. Peças ornamentais e de
o uso de desenhos de brocados, de cornucópias, moti serviços de mesa, como as sopeiras, travessas, são
vos chineses (1725) etc. Influenciou outros centros, inspiradas na ourivesaria. Quanto às cores, em geral
tanto na França como no estrangeiro, que decoravam alegres, inova um género que se tornaria famoso: o
“à maneira dc Ruão”. O estilo mais famoso criado fundo amarelo vivo.
por Gtiillibaud no começo do século XVIII é o radian
NIDERVILLER — Fundada por Jean Louis
te, essencial mente regular e simétrico, que consiste em
Bcyerlé, em 1742. Em 1770 o Conde de Custine
pequenos motivos lineares, “lambrequins” , "cartou
torna-se seu proprietário. Empregou primeiro o fogo
ches", brocados e outros elementos, partindo do centro
para as bordas, tendo em geral tio centro cestas de alto passando para o de mufla. Inspirou-se marcada-
mente cm Strasburgo e adotou vários temas como
flores, armas, etc.
paisagens, cenas mitológicas, alegorias, sobressaindo
MOUSTIERS — teria sido um padre de Faenía
os seus coloridos refinados onde dominam as variantes
quem transmitiu a Antoine Clerissy o segredo do pro
cesso da faiança, cujos descendentes iriam dirigir a da cor rosa c da púrpura dc Cassius. A grande origi
manufatura (1615 a 1728). Em 1682, conta ela com nalidade são as figurinhas inspiradas nas de Saxe,
o pintor François Viry, que iria introduzir decorações modeladas pelos escultores Charles Savage, conhecido
com máscaras e brocados. Em 1710 os Clerissy criam por Lc Mire e Cyfflé (Paul Louis ou Jean?). Adotou
um género novo imitando gravuras de Bcrain, Sebas também fundos imitando madeira (trompe 1'oeil).
tien, Leclerc, Daniel Marot, Bernard Toro, etc., no STRASBURGO — Charles François Hannong,
qual se incluem ornatos de quimeras, esfinges, sátiros, holandês que desde 1709 dirigia uma fábrica dc
bustos, entre outros, e que ficou conhecido por “décor cachimbos, associou-se com um pintor de Anspaçh,
Berain", vindo a ser copiado por outros centros. Em Jean Henry Wackenfdd, e fundam em 1721 uma
1735 Joseph Ollérys (vindo de Alcora) desenvolve o manufatura em Strasburgo e outra em 1724 cm
estilo rocalha com cenas campestres e galantes, guir- Haguenau, passando ambas para o controle dos
tanda, medalhões, a flor da batata e cópias dc gravu Hannong. Charles, François, Paul, Pierre Antoine c
ras de Callot (pequenos personagens grotescos com Joseph Adam. No primeiro período a influência foi
elementos florais disseminados). Outros decoradores de Delft e de Ruão e depois alemã e predominante
ainda se distinguem em Moustiers, então famosa, mente francesa, tanto nas formas como na decoração
como Joseph Fouque, com a decoração “à bandeira” dentro do estilo Luís XV (1750-1780). Dada a
e *‘à fanfarra". Moustiers prolonga sua produção até vizinhança da Alemanha, a manufatura foi grande-
meados do século XJX. mente influenciada com a colaboração de técnicos,
MARSELHA — e seu subúrbio de Saint-Jean du pintores e escultores germânicos de Frankental, Meisscn
Dcsert reuniram numerosos estabelecimentos. Em e Hoechsl. Os rnais importantes colaboradores foram
1677 Joseph Clérissy funda um que iria produzir até Adam Frederic de Loweníink, ceramista e pintor que
1733, inspirado em Moustiers (Joseph era irmão dc introduziu a técnica do fogo brando na França em
Pierre Clérissy, estabelecido em 1679 em Moustiers), 1740, Guillaurne Lanz. (1750), escultor que produziu
ambos filhos de Antoine, que fundou Moustiers belos modelos de sopeiras, de cabeças de javali, dc
copiando o estilo radiante, o Beráin e o rocalha. Outra patos, de couve-flor, como também estatuetas no
fábrica é a de Joseph Fauchíer, que havia sido fun gênero dc Meisscn, figuras chinesas e animais e Jean
dada por J. Delaresse em 1696, o qual vendeu a Anne Jacqucs Louis que se especializou em figurinhas O
de Clérissy, que, a seu turno, cedeu a Fauchicr; pro que mais caracteriza Strasburgo é o tratamento dispen
122
sado às flores com as criações chamadas de “ flores com outras flores soltas esparramadas no corpo da
da índia", de 1745 a 1760, as “flores naturais” ou peça ou na aba dos pratos. As “flores finas” apresen
“flores finas”, depois de 1760. tam uma característica sobre as “naturais” que con
As da “índia”, no gênero oriental, com galhos siste cm traços finos compondo toda a flor. As flores
carregados de pequenas flores, requeriam uma técnica “chalirouneés” tem uma peculiaridade que consiste
mista apurada de fogo alto para os verdes e amarelos, em proceder a um contorno feito com tinta preta em
e fogo brando para a policromia restante. A decoração volta das pétalas ou das folhas, realçando graficamen
das flores “naturais” ou das “finas”, inspirada na te as formas, processo esse antigo já adotado pelos
porcelana alemã, consistia em arranjos florais, como mouros, na cerâmica ibero-mourisca e na italiana dos
ramalhetes, situados no centro da peça ou fora dela, Quinhentos.
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f. C' Kj :
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V 'typiQV"1^9 ■
B I B L I O G R A F I A
í i ) Dk. Chompret — “Les Faïences de Dijon" — Dijon, 1954. H ans H auc — "La Faïencerie de Strasbourg" — Paris, 1950,
(2) Y vonne Brunhammer — "La Faïence Française" —
Paris, s/d, H enry CurîIL — "Marques et Signatures de la Faience
(3) Yvonne BruNhammer — ob. cir. / Française" — Paris, 1969.
(4) A ndré PotTier — "Histoire de ta Faience de Rouen" — T heodore D ecjk — "La Faïence" — Paris, s/d,
Paris, 1870 — pis- 298.
J eanne G ïacomotti — "La Majolique de ta Renaissance" —
Paris, 196t.
H enry J. R eyNaud — "Faiences Anciennes de Moustiers" —
Berne, 1961. W. B. Honey — "European Ceramic Art" — Londres, s /d .
123
Sécs. X V I/X V U FAIANÇA FRANCESA
82
Montpellier, 1597: com efígie île Henrique IV. Masséot À bai] liesne (século XVI).
Ncvers, 1650
Açucareiro com corpo apoiado por ires figuras chinesas. Criação
Cortesia do Museu Nacional de Sèvres. de Paul Hanong (século XVIII). Coleção de E. F. Brcmcanie.
124
Séc. XIII FAIANÇA FRANCESA
Ruao (inciüde do século X Vil!) (estilo t adiante). Mousliers (começo do século X V 111).
séc. xvm FAIANÇA FRANCESA
90
Note-se a magntfca amostragem de faiança-'; de Marselha (fornias, desenhos e cores) do conjunto de faianças
de fundo amarelo (lotes 35; 36; 39 e 40), de abas recortadas t Iobtidas com delicados desenhos de floras. De
fundo branco, há que assinalar, como fora de série as duas sopeiras (lote 41), de forma oblonga com várias
reservas separando artisticamente o corpo da peça, contendo ci/tas campestres. Especial atenção deve ser dada
às alças laterais e aos pegadores das magnificas terrinas em forma de animais. Fabrico da Veltve Perrin
(Marselha). Catálogo do leilão realizado em 25.11.76 em Paris,
Cortesia de Mrnes. Ader-Picard-Tafan — Comissaires Priscurs-Paris.
126
sécs. x m /x iv FAIANÇA
(OricKc Médio)
91
Iznik — século X V I
127
Sécs. X l W X l V / X V l FA IA N Ç A
(Pérsia — Turquia)
94
M■
12S
VII - FAIANÇA FINA
129
este prqcesso pudesse ser utilizado sobre uma pasta resumem com acuidade a matéria, dizendo: “Existe
esbranquiçada, o resultado seria muito mais interes um número muito importante de receitas de faiança
sante, , . Mas como clarear a argila? Em 1725 um fina, cada manufatura tem a sua e esta composição é
ceramista cavalga para Londres. Feliz o acaso das mantida secreta. Sem entrar nas inúmeras variantes,
invenções! O cavalo está com uma doença nos olhos; nós sabemos que a composição da pasta 6 na base de
o ceramista desola-se e o estalajadeiro lhe aconselha argilas e de caulins, de sílica e de feldspatos, enquanto
um remédio infalível — a aplicação sobre os olhos que a glasura se compõe, além do caulim, da sílica e
do animal de sílex calcinado. Hesitante, o viajante
obedece e observa logo que o sílex escuro fica branco do feldspato, de uma quantidade de bórax e óxidos
na calcinação, O animal é curado, o ceramista volta metálicos”, j
para Londres mas pensa no seu negócio: por que não A seguir, para. que o leitor possa acompanhar as
alvejar a pasta por esse meio? O resultado é um etapas e aquilatar o que representou a criação e a
sucesso chamado de “cailloutage”, por que os seixos expansão da faiança fina na Europa, levantamos uma
são em geral pedras (caillou) de rio, O sucesso lista cronológica que, a grosso modo, reflete sua
aumenta ainda substituindo o sal marinho por um evolução.
vemiz plumbífero, Acrescentando cal à pasta, esta fica
Em outro resumo anotamos as expressões referen
ainda mais branca; assemelha-se tanto à argila empre
tes à faiança fina e seus derivados para facilitar ao
gada para fazer cachimbos (pipes), que lhe é dado o
leitor a sua identificação ern textos nacionais ou estran
nome, pelos franceses, de “terre pipe". Não é mais o geiros, e sobretudo quando exibida nas peças cerâmi
sucesso e sim o frenesi: desde 1760, cento e quarenta
cas encontradas em antiquários, coleções e museus.
fabricantes do Staffordshire mobilizam setenta mil
operários para realizá-la e logo esta nova criação vai
invadir a Europa,"
São incontáveis as fórmulas como inúmeras as A FAIANÇA FINA NA INGLATERRA
HISTÓRICO
denominações dadas pelos ceramistas e ceramógrafos
de diversos países à faiança fina c a seus derivados.
Não iremos nos perder nesse cipoal de siglas das recei 1671 — John Dwight, em Fulham (Londres), produ
tas químicas nem no grau da atmosfera dos fornos e ziu louça vermelha e marrom {red and brown
na repetição de definições personalísticas que, no pottery), em 1684 requereu patente para fabricar
fundo, exprimem a mesma coisa. Há os que fornecem um bom grés (fine stoncware), que d e apelidou
uma, outros que se referem a duas, três e mesmo quatro de “porcelana”, c procedeu aos primeiros ensaios
fórmulas e interpretações daqueles processos. para obter um produto cerâmico resistente e
mais claro. Os seus artefatos ficaram conhecidos
Apontaremos apenas três versões. Diz-nos Joaquim
por “louça de Fulham”.
de Vasconceilos w :
", . A pasta da faiança fina é em geral feita prin 1680/1690 — John Elers, ceramista holandês, e seus
cipalmente de argila plástica bem lavada e moída c filhos produziam em Burslem, uma variedade de
sílex calcinado cm pó muito fino, e muitas fábricas grés: “liso, avermelhado, não vidrado”, mas com
lhe adicionam giz ( . . . ) Pela constituição da pasta, a mistura de argila branca e areia fina obtêm
a faiança fina apresenta três variedades: uma pasta de coloração ocre e dão-lhe uma
coberta transparente. Esse gênero de louça ficou
1. a) Faiança raamosa — a pasta contém cal. conhecido por “louça dos Elers”.
2. a ) Faiança fina-seixosa (inglesa), que c com
posta principalmente de argila plástica refra 1715 — Thomas Wieldon (1715/1795) é citado pela
tária e da mais branca, de sílex ou quartzo Dra. Thérèse Thomas, como também um dos
(sic). pioneiros. Thomas Mill, em Shelton, chegou aos
mesmos resultados. Foram descobertas as primei
3. a) Faiança fina feldspátíca, a que chamam grés, ras jazidas de caulim em Devon e na Conmalha,
formada pela argila contendo caulim c o que veio a propiciar o melhoramento das pastas
feldspato, em cujo vidrado ou esmalte entra da faiança fina e a produção da porcelana na
o ácido bórico.” Inglaterra.
Outra ccramógrafa, a Dra. Thérèse Thomas, no 1720/1750 — John Astbury (c. 1689-1743) de
livro em que defendeu tese de doutorado no Instituto Shelton e seu filho Thomas, junto com outro
Superior de História da Arte e de Arqueologia na ceramista Enoch Booth, inventam um novo pro
Universidade de Liège(®, divide a faiança fina em duto que estabelece um marco importante no
quatro categorias: faiança fina calcária, faiança fina aprimoramento da faiança fina. São atribuídas a
dura propriamente chamada de porcelana opaca ou esses ceramistas as seguintes inovações: cozimen
meia porcelana, “cailloutage”, que corresponde ao to à temperatura mais baixa (750°), a substitui
“eream coloured" inglês, e a faiança Fina no gênero ção do sal marinho pelo óxido de chumbo no
da chamada em alemão de “steingut”. vidrado, e a introdução na pasta, de sílex calci
Mas, em síntese, aponta a autora uma definição nado. Este novo produto que tomou o nome de
geral bastante lúcida c precisa: “A faiança fina tem “cream ware", por ter coloração mais dara e
como principais características uma pasta branca e oferecer uma confecção mais delgada às peças,
uma glasura plumbífera incolor". Ivonne Brossard e não só encontrou grande aceitação como passou
Alain Jacob em pronunciamento dos mais recentes, a ser exportado.
130
3750/1760 — William Litter produz porcelana em 1743 — Humbert Claude Gerin em Pont aux Choux
1724 no Staffordshire e um gênero de faiança fina (Paris) pede e obtém o privilégio da fabricação
ainda com o vidrado de sal marinho, porém com da faiança fina “à imitação da Inglaterra”. É
uma inovação de coberta azulada. quando aparece pela primeira vez, oficialmente,
o termo faiança Fina.
1767/1785 — Josiah Wedgwood, chamado o gigante
da cerâmica inglesa, aperfeiçoa os processos, 1748 — O ceramista francês Mazois e o inglês John
tanto da faiança fina como do grés, ao qual con Hill, em Montereau, fabricam “louça à imitação
fere colorações diversas (black basalt, jasper daquela da Inglaterra”.
ware, etc.), menor espessura e novos formatos, 1749 — Em Lunevilie, na Lorena, Jacques Chambrette
A faiança fina por ele produzida é conhecida, (falecido em 1758) e Paul Louis Cyfflé ( 1724r
segundo o gênero, por “cream coloured ware”, 1806), este nascido em Bruxelas e com estudo
"Queen’s ware”, cm homenagem à Rainha Carlota em Paris, produzem em estabelecimentos distintos
da Inglaterra, "pearl ware”, “cane or bamboo uma faiança fina com partes de cal, conhecida
ware” (imitando bambu). Produziu também peças pelo nome de “terre de Lorraine”.
com reflexos metálicos (lustre ware). Os produ
tos da faiança Wedgwood são muito reputados 1748 — O ceramista François Boch estabelece-se em
até hoje. Audun le Tiche e seus filhos Pierre Joseph,
Dominique e Jean François, em 1767 fundam em
1770 — A fábrica de Spode fabricou tanto grés como Sept Fontaines (Luxemburgo), uma importante
faiança fina, c mesmo um gênero de porcelana fábrica de faiança fina, e mais tarde, em 1809, a
mole (boncchina). Aplicou o processo de decalque família Boch abre outro centro de fabrico era
(transfer-printing), e em 3781 passou a aplicar a Mettalach, no Sarre. Em 1836, os Boch formam
decoração azul com grande sucesso. sociedade com Vílleroy, proprietário de outro
1793/1887 — A fábrica de Danveníort produz faiança estabelecimento de porte em Walierfangen (Sarre),
fina com decoração de reflexos metálicos (lustre). formando a firma Villeroy-Boch, firma esta que
se expandiu consideravelmente e conta hoje com
1805 — John Turner I (1756/1803) e seus irmãos, dezesseis fábricas no mundo.
de Lane End, produzem um novo tipo de faiança Produziram em faiança e em faiança fina artigos
fina e patenteiam-no sob o nome de “stone china”, de primeira qualidade, tanto louça utilitária como
uma variedade de louça dura, pesada, contendo de adorno, louças com reflexos metálicos, azule
feldspato (chinastone e cornisfa stone ou petuntze), jos, etc.
e caulim (china clay), dois dos componentes da
porcelana. 1772 — A Manufatura Real “des Terres de France"
à imitação da Inglaterra, dirigida por M. Mignon,
1813 — A fabrica de Spode adquire a patente dos produz artefatos de boa qualidade, inclusive esta
irmãos Turner e aperfeiçoa a fórmula passando a tuetas e bustos de formas elegantes. Essa louça
qualificá-la tanto de “stone china", como de era provavelmente imitação do “cream coloured
“new stone china”, Fabricou também o “feldspar ware” e era chamada de “terre anglaise” 0).
porcelain”, que nada tem a ver cora a porcelana, 1790 — Em Sarreguemines, na Alsácia, é instalado o
muito copiado no continente. primeiro estabelecimento cerâmico. François Paul
1814 — Coleride J. R. Clews fabrica uma faiança fina Utzscheneider, nascido na Baviera em 1771,
conhecida por “pale cream coloured ware” — a exerce a direção da fábrica no período de 1796
firma encerra-se em 1836. ■ a 1836 e se notabiliza a ponto de ser chamado
“o Wedgwood francês" no tratamento do grés e
1815/1833 — A fábrica 'de Mason patenteia uma da faiança fina, em especial o tipo chamado de
outra variedade de Louça inglesa conhecida por "faiança opaca”.
“Ironstone" ou “Granite China” (granito), que 1796 — O ceramista francês Saint Cricq Casaux e o
segundo uns continha partículas de ferro. A “louça inglês Bagnal fundam em Creil uma fábrica de
de granito” foi muito copiada por outros fabri faiança fina e de grés preto .
cantes com motivos orientais e azul e branco.
1815/1840 — A fábrica de Swansea produz também
uma faiança fina, branca, de boa qualidade, A FAIANÇA FINA EM PORTUGAL
conhecida por “opaque china", que 6 copiada na HISTÓRICO
Espanha (Sargadelos).
1787 — A fábrica do Cavaquinho obtém por alvará
de 20 de dezembro de 1793, a prorrogação de
A FAIANÇA FINA NA FRANÇA licença concedida em 1787 por mais dez anos,
HISTÓRICO para fabricar “louça de pó de pedra”, ficando
isenta de metade dos direitos de exportação para
o Brasil.
1740 — Há menção de uma fabrica A Manufatura
Real “de Terre d’Angleterre” dirigida pelo cera 1794 — Pelo alvará régio de 10 de fevereiro de 1794
mista Edme (Schaeffers, pág. 187) em Pont aux é estendida às manufaturas do Porto a mesmã
Choux. regalia de fabricar a “louça de pó de pedra” t8).
13i
J 807 — A Real Fábrica do Cavaquinho-Gaia continua A FAIANÇA FINA NA HOLANDA
fabricando luuça de pedra incluindo objetos de HISTÓRICO
adomo.
1764 — Há menção da fábrica ern Amsterdã que se
1824 — É fundada a importante fábrica de Vista transfere para Wecsp sob o patrocínio do Conde
Alegre, que inicia o fabrico de louça pó de pedra de Grosnfeldt.
e da porcelana f9). Seguem-se outras fábricas de faiança fina sob a
1867 — Sacavém expõe seus produtos na Exposição denominação de Pctrus Regout, Louis Regout e
“Societé Cerámiquc” cm Maesiricht. E ainda
Internacional de 1867 em Paris.
M. Boch em Wiek.
1907 — Joaquim de Vasconcellos refere-se ao fabrico
em Portugal da louça de pó de pedra e de granito,
esta usada nas fábricas de Sacavétn e Alcântara. A FAIANÇA FINA NA ITÁLIA
HISTÓRICO
132
Terre de fcr ivoirc (Gicn) portugueses e Um francês. Agostinho Rebello da Costa
Terre dc Loralne em 1789 informa: “As fábricas existentes no Porto
Terre de pipe eram bastante para proverem uma boa parte do Reino
c das suas conquistas”.
INGLATERRA Pedro Vttortno<IJ), nos aponta diversas fábricas
de faiança fina (pó de pedra, granito, etc.), como a
Cieam coloured earthen ware
Real Fábrcia do Cavaquinho, Santo Antônio do Vale
Cream coloured ware
da Piedade, Sacavém, Alcântara, Torrinha, Constância,
Cream ware
etc. E lembramos nós ainda outras, também importan
Feldspar china
tes, como a /de Vista Alegre, Devczas, Massareios
Feldspar porcelain
Miragaia, etc.
Granite china
Hard hearthen ware A moda das Exposições internacionais posta em
Ironstone prática peios ingleses no meado do século XIX, seguida
Lustre ware pelos franceses e por nós mesmos no segundo reinado,
Newstone china no âmbito nacional, para emulação dos concorrentes
Opaque china e estímulo de vendas, com as famosas medalhas dc
Opaque porcelain ouro, prata e bronze, muito contribuiu para a divulga
Pale cream coloured ware ção da faiança fina. Na realidade a Exposição Inter
Pearl ware nacional de Paris de 1867 consagrou-a.
Queen’s ware Louis Figuier fornece-nos quadro fiel da sua
Salt glased earthen ware posição internacional há mais de cem anos: “Um
(louça vidrada) século depois de sua invenção, graças à Exposição
Salt glased stoneware Universal de 1867 dc Cerâmica, pode aquilatar-sc do
(grés ou pó de pedra) que representava a faiança fina na Europa. Na Ingla
Stone china (grés ou pó de pedra) terra o seu fabrico concentrava-se no distrito dc
Stone ware Siaffordshire, onde havia nada menos do que 200
(grés — faiança fina) estabelecimentos entre grandes e pequenos e produziu
White earthen ware tanto para o mercado inglês como para a exportação.
Esse distrito cerâmico no fim do século XVIII contava
ITALIA com apenas 6.000 habitantes nas suas 4 ou 5 milhas
Terraglic inglese quadradas; em IS10 já passava para 31.000 e em 1867
Tcrraglie quadruplicava para 125.000 pessoas. Dessas 30.000,
Sloviglie incluíam-se 10.000 mulheres diretamente ligadas à
fabricação da faiança fina e da porcelana mole”.
SUÉCIA “Na França nesse ano, os centros eram Choisy,
Creil, Montercau, Chantilly, Tolosa, Luneville e
Flint porslin Sarreguemincs".
“Na Alemanha destacavam-sc Treves na Prússia
OBSERVAÇÃO: A palavra China no vocabulário Renana, e as fábricas de M. Boch Buschman em
Inglês tem dois significados, no cerâmico designa lo.iça Mettalach e em Sept-Fontaine, no Luxemburgo, aquela
c no geral, nação. Assim, “english china” é sinónimo com fomo de carvão de pedra e esta com madeira.
de “english ware” ou ainda de "english earthen waie”, “Na Holanda havia importante fábrica de faiança
ou seja, louça inglesa em geral, "opaque china" é louça fina, a de M. Rcgout, em Maestricht, com mais de
opaca, “stone china” é louça pó de pedra, "granite dois mil c seiscentos operários e que tentava disputar o
china” é louça tipo granito ou “ironstone”. Há ainda mercado americano com a Inglaterra, depois a “Societé
subtilezas a serem observadas em algumas palavras Céramique” , em Wick, com duzentos c vinte, e M.
compostas inglesas que empregam o étimo “china”, Boch, também em Wick, com sessenta pessoas”.
como por exemplo: “stone china” é um tipo de faiança “Na Itália, M. Richard, em Milão, dispunha de
fina e "China stone” traduz-se por pedra chinesa a é trezentos operários para a fabricação da faiança fina
sinônimo de feldspato. China clay traduz-se por argila e da porcelana” .
chinesa e significa caulim. “Na Espanha havia fábrica em Moncloa de pro
Para se ter uma idéia mais positiva do que foi a priedade da firma Pickman & Cia., como existiam
aceitação desse novo tipo cerâmico na Europa e da também em Sevilha e Alcora.
revolução que causou e dos novos rumos que imprimiu “ Portugal, cm 1867, também fabricava faiança
à produção, citamos o pronunciamento de dois autores fina em Sacavém, perto de Lisboa".
* * *
133
B I B L I O G R A F I A
134
Sees. X V IW X IX FAIANÇA FINA
(Inglaterra)
(azul e branco)
DESENHOS FITO FO R M ES
Sem marca
Marcado Copeland
Sem marca (Guaecâ) com diferença
I3 S
S íc. X I X
FAIANÇA FINA
(fngiaterra)
(Pombinhos — WiUow Pattern)
Quatro rores — fábricas diferentes
M anado WiUow Addercys Lui. (cor de rosa). Marcado Slafforshire (cinta) Srone China*
Coleção Armando Arruda Camargo. Coleção Armando Arruda Camargo.
136
Séc. XIX FAIANÇA FINA
(Inglesa)
Marcado Dou Iton & C °
Bursleni — England
''Watteau"
99
Inciso Copeland, estampado cm verde Copeland Marcadoi!Selected Scenery — Window .— Clews — Warranted
I-ttte Spade. Staffordshire
Coicfüo de Armando Arruda Camargo. Coleção de Arjnando Arruda Camargo.
137
Séc. X IX FAIANÇA FINA
(Inglesa)
(Peças polícromadas e lustradas)
100
Imitando Saisuma
(Japonesa)
Coleção de Armando Arruda Camargo.
101
138
Sêc. X IX FA IA N Ç A FIN A
(Vilieroy & Boch)
103
139
VIII - GRES
grés c a louça viírificada são que acima expusemos. Segundo Joaquim de Vasconcel-
produtos que o homem criou los<tJ, existem duas categorias de grés — o grés comum,
naquela sequência permanente para atender a indústria da construção, como manilhas,
de buscas e aperfeiçoamentos. tubulações, sifões, etc. e o grés fino, para uso domés
Na cronologia das descobertas, tico, empregado para fabricar botijas, jarros, canecas,
o grés foi real mente produzido louça de mesa, etc.
antes da faiança, que só faz a O grés apresentava uma vantagem considerável
sua aparição no Oriente Médio com o islamismo, e da sobre a terracota, já que a vitrificação dc sua pasta
faiança fina (pó de pedra, etc,), que é criação européia dispensava o vidrado para tomá-lo impermeável,
tardia. Porém dadas as características de pasta dura e enquanto esta necessitava de engobe e. de cobertas para
outras que o aproximam da porcelana, os ceramistas seu uso utilitário. O reinado do grés, tanto no Oriente
classificam o grés mais próximo desta. como no Ocidente, foi dos mais longos e até hoje
Veremos mais uma vez o quanto pode a argúcia subsiste. Na China se prolonga até o fim da dinastia
e a inventiva humana exercidas cm dois extremos do Ming, quando sua produção decai, e na Europa eia
mundo. O homem oriental e o homem ocidental, nos segue em crescente pronunciado, até que o vidro de
antípodos da Terra, descobrem o mesmo produto, Veneza, no século XVII, invade o mercado do vasi
embora em épocas diversas, dão-lhe novas formas e lhame, por ser mais leve e mais barato, e passa a
decorações distintas e amplificam seu uso. oferecer-lhe concorrência.
Esses homens separados no espaço, na fé, na raça Temos que assinalar que a fase do grés na Europa
e nos costumes — o extremo oriental chinês e o extre conheceu dois períodos distintos. Q primeiro é repre
mo ocidental europeu — além de dar contribuições de sentado pela produção germânica que $c estende pre
peso na manipulação do grés, brindam a cerâmica com ponderante até fins do século XVII e se caracteriza
mais dois importantíssimos produtos. Através do grés, pelos moldes góticos c clássicos medievais. O outro
o chinês chega à porcelana e o inglês descobre a que se segue é o inglês, que cria pastas afins ao grés
faiança fina; aquela representava a suprema conquista e revoluciona as formas, as cores e a decoração, pas
no setor, e esta um dos seus mais úteis sucedâneos. sando a adotar motivos coetâneos c dc inspiração
Estes vinham preencher, num momento oportuno, oma greco-romana — iria ser copiado no continente, sobre
lacuna dentro de uma sociedade industrial que emergia, tudo na França.
carente de arteFatos a preços módicos e cm volume, Quanto ao seu fabrico, dois centros sc destacam
para satisfazer uma clientela de consumo. no Oriente: a China que já o utilizava desde os Reinos
Vejamos o que é grés e louça viírificada, segundo Combatentes no século III a.C., e a Coréia do Sul,
o conceito de vários autores. Segundo Pileggi, “é ama onde ele começa a ser produzido, e em quantidade,
composição de contextura muito forte, impermeável, no período de Sila, que vai de 57 a.C. até 935 d.C. ®.
de grão fino, cozido a alta temperatura, entrando em No Ocidente o papel preponderante cabe à
semifusão ou vitrificação total"; Gustavo Barroso nos Renânia, na Alemanha, e ao Staffordshire na Inglaterra.
diz: “é pasta dura, muito densa, sonora e impermeável, Na Coréia são fabricadas urnas funerárias, tigelas,
de grão fino, opaca ou lustrada, feita com argila plás figurinhas, jarros ovais, caixas cilíndricas, garrafas de
tica silicosa e saibro". gargalo comprido com glasuras amarelo-castanho e
Quanto à louça viírificada (não confundir com azeitonada. Porém é a produção chinesa que sc sobre
vidrada), na composição da pasta são incluídas maté leva em quantidade, variedade e apuro, formas e cores.
rias-primas diversas que, depois de levadas ao fomo Diz-nos Daisy Lyon Goldsmith: "Entre as variedades,
em alta temperatura, atingem o coeficiente máximo havia uma escura em que participava da pasta uma
vilrificável, inabsorvente de grande resistência, pratica pequena quantidade dc caulim e que veio a scr chamada
mente como o grés. de proto-porcelana”. “Como os chineses já dispunham
Essas duas denominações fundem-se, na realidade, do processo da aplicação do vidrado desde o Imperador
etn uma só categoria, diferftido apenas na variedade Han, estavam eles, na realidade, a um passo da por
de seus componentes, guardando em comum as carac celana dura — diz Mário Prodanc — o que veio a
terísticas básicas de impermeabilidade, do cozimento a ocorrer no reinado de Tang”.
alta temperatura e de sua extrema dureza e sonoridade. No reinado de Han, que foi um período de
Diz-nos Auscher: “Les céramiques à pâtes três desenvolvimento cultural e artístico no qual foi inven
cuites, non absorbantes, constituem la grande famille tado o papel e o pincel, era costume fabricar réplicas
des grés". Essa asserção do mestre francês confirma o de objetos de uso corrente para colocá-los nos túmulos,
141
inclusive cerâmica de diversos tipos. Esta era feita em pratos e sobretudo os beiarminos. A cor variava do
moldes ou manipulada na roda de oleiro, e composta acinzentado branco ou pardo até o avermelhado, quando
de uma pasta avermelhada ou cinza-ardósia. A g!asara a pasta continha argila ferruginosa, depois vermelho
quando usada era de sílicato de chumbo, geralmente e azul com o emprego do manganês e do cobalto. E
dc tonalidade castanha ou esverdeada <3). ainda combinações diversas na decoração, como parte
Qs formatos, inicial mente eram inspirados nas branca e parte melado na mesma peça ou toda acinzen
peças em bronze, de rituais, como trípodes, vasos tada ou toda melado. De salientar as peças com deco
cilíndricos, e depois se diversificam com vasos ovóides ração azul cm fundo pardo, sobretudo em jarros,
de longo colo, tigelas de chã e outras, pratos, gomis, botijas, canecas e jarrões que gozam até hoje de mere
etc. A decoração podia ser tanto incisa como excisa, cida fama i e são conhecidos por “blauweric”. Muitos
em bandas horizontais. As cores passaram a ampliar-se desses espécimes são conservados de geração a geração,
com cobertas azei tonadas (à base de cinzas vegetais), oriundas da imigração germânica no sul do Brasil no
verde-marrom, marrom-avertnelhado, cinza, branco e século XIX.
pretas. Ou então eram as peças apresentadas apenas Quanto às características dos beiarminos diz-nos
com sua cor natural, proveniente da queima, a exemplo ainda Ulysses Pernambucano de Melo Neto, a quem
da terracota, em geral um produto de cor acinzentada, devemos a exumação dos primeiros e magníficos exem
rosada ou avermelhada, sem engobe ou coberta: no plares em Suape (Pernambuco) e na Fortaleza de Santa
estado de “biscuit”, que conforme W. B. Honey ^ é Catarina do Gabcdelo (Paraíba): “Os Beiarminos
o termo geral aplicado à louça ou à porcelana sem ( . . . ) tinham, dc um modo geral, forma quase esférica,
giasura. no início, passando depois à forma de pêra ( . . . ) .
A partir do século XVf, os grés de Yi-Shing, de Eram manufaturados no torno. O corpo tem decoração
tons marrons variados (preto e vermelho) alcançaram pigmentada, em branco sujo e castanho; quando esmal
grande voga, tanto na China como na Europa, onde tado aparece, às vezes, o azul cobalto recoberto por
eram conhecidos também pelo termo “boccaro” e para um verniz transparente. Existem ainda exemplares
onde seguiam bules junto com chá chinês (D. L. apenas esmaltados em cinza e azul, sem pigmentação.
Goidsmith). Na China, os bules em grés eram as peças Suas características ornamentais são uma face humana
mais preferidas e mais fabricadas. “Desde o século Vill barbada, colocada no gargalo do jarro, do lado oposto
os chineses eram grandes bebedores de chá ( . . . ) e à asa, e um ou mais medalhões no bojo. O número
certas peças também eram usadas para vinho. Os desses medalhões varia. Já vimos referências a dois,
chineses parece que preferiam os bules em grés marrom três e mesmo seis, em um só exemplar’.
ou vermelho, sem giasura, feitos em Yi-Shing A carranca entre o gargalo e a pança da peça que
Os chineses apresentam ainda uma inovação de caracteriza o belarmíno teria sido aplicada como repre
grande efeito decorativo, é a manutenção parcial do sália à pessoa do Cardeal italiano Roberto Francisco
grés queimado em sua tonalidade real, e o restante dele Rômulo que combateu a reforma luterana, ou ainda
com aplicação dc cobertas ou esmaltes em geral mono- representaria o semblante do Duque de Alba, o militar
cromos. O contraste obtido, não só de colorido da severo que combateu os insurgentes nos Países-Baixos.
pasta com o da coberta, como o provocado pelo con Porém, ambas as versões parecem não ter conexão
fronto do produto fosco com o brilhante, na mesma histórica, mesmo porque aquela figuração barbada varia
peça, obteve um grande sucesso que iria perpetuar-se de peça para peça. Porém, a designação de belarmíno
no tempo. Numerosas .. dinastias valeram-se desse perdurou.
atraente processo, sobretudo na confecção dc figurinhas Quanto à Inglaterra, o grés comum (stoneware)
ou estatuetas em que são mantidos o rosto, os braços, e o grés vermelho (red stoneware) eram muito usados
as mãos e pês “in natura” e o restante esmaltado. até quase o final do século XVII, quando John Dwight
Posteriormente a Europa iria adotá-lo. Pane desses of Fulham (1670) e outros procuraram imitar a por
produtos híbridos (biscuit 4- esmalte) são catalogados celana branca com o refino da pasta do grés, é o que
pelos “experts” como “bíscuit-emaillés” . nos.conta W. B. Honey. Porém, a moda dos artefatos
chineses levou o ceramista holandês John Philip Elers,
Quanto ao grés no Ocidente, diz-nos Augusto no Staffordshire, a produzir, em 1693, bules c outros
DemminK): “O grés foi fabricado igual mente na artigos similares aos importados de Yi-Shing — o
Alemanha já no século VIII e a antiga Germânia teve famoso “boccaro” — em grés vermelho sem giasura, sem
sua cerâmica comum e impermeável, como a Gália' leve prejuízo de acompanhar o movimento inovador inglês
a sua desde o começo da era cristã”. e de se ter tomado um dos seus destacados participantes.
Na Renânia, os oleiros, inspirados em potes com Porém Josiah Wedgwood, nascido em 1730 em
figuras do século II, produzem um género de vaso Burslem, cognominado o “pai da cerâmica inglesa”, é
peculiar, que iria tornar-se famoso e que passaria a ser
quem reunindo os conhecimentos e os avanços até então
conhecido como “belarmíno”.
feitos e inovando vigorosamente a técnica e a decoração,
Os beiarminos provêm primitivameme de Sicgburg revoluciona 0 mostruário cerâmico inglês, sobretudo 0
na Westfália, porém não eram esmaltados nem bem do grés. Já dera com o “Queen’s ware” (uma das
acabados. Foram os oleír&s de Colônia que melhoraram variedades da faiança fina) uma demonstração de seu
o produto e passaram a exportá-lo em grandes quan gosto e perícia quando fornece à rainha Cariota da
tidades para a Inglaterra, França e Países-Baixos, Inglaterra um serviço de novecentas c cinqüenta e duas
segundo Ulysses Pernambucano de Melo Neto írJ. peças para o banquete oferecido à Imperatriz Catarina
Os produtos cerâmicos alemães, em grés, foram da Rússia. Inspirado cm um tipo de grés fabricado rudi-
ampla meu te difundidos no Medievo e consistiam em mentarmente por oleiros de Staffordshire, chamado de
canecas de cerveja, botijas, potes, tigelas, xícaras, “Egyptian-black”, cria um outro tipo mais apurado de
142
nominado dc “Black basalt”, com o qual produz serviços Nascem assim várias tonalidades de jaspe: o azul, o
de mesa c peças de adorno já com decoração clássica a2ul-acmzentado, o verde, o lilás, o preto e o turquesa.
antiga — a grego-romana —, com aplicações de “bis- Estes artigos invadem o mercado e servem a numerosas
cuit”. Etn 1775 cria outro produto cerâmico chamado finalidades: camafeus, jóias, braceletes, broches, botões,
“Jasper" que alguns autores classificam como uma varie caixas de rapé, castiçais, figuras, bustos, animais, servi
dade do grés e outros como semi-porcelana. Neste novo ços de chá e dc mesa e depois de 1780, a uma série
produto Wedgwood dá vazão a toda sua potencialidade de vasos
criativa. No jaspe eram adicionados corantes nas pastas João Manso Pereira, no Brasil, ainda no século
que iriam dar ao fundo da peça um colorido uniforme c XVIfJ, produziu lindos camafeus no gênero Wedgwood,
fosco, que servia de campo para dar contraste aos baixo dos quais existem exemplares tanto em Portugal como
e alto-rei evos aplicados em branco — em “biscuit”. no Brasil.
B I B L I O G R A F I A
(1) JOAQUIM DE VASCONCELLOS — ob. C l t pigs. 170/3. (5) Victoria and Albert Museum — "Tea-Pots" — Norwich,
1948..
(2) D r. C hewon K in — G. ST. G. M. G omrertz — “:fb e
(6) A ugusto D emmin — “Guide de VAmateur de Faience et
Ceramic Art of Korea" — Londres, 1951. Porcelaine“, 4.“ cd. — Paris, 1873.
(3) Royal Scottish Museum — "Chinese Pottery amt Porce (7) U lysses P ernambucano pe M fxo N eto — “Bdarminos"
lain“ — Edimburg, 1955. — ed. Inst, Arqueológico Histórico e Geográfico Pernam
bucano — Recife, 1975,
(4) W, ii. Honey — “European Ceramic Art" — Londres. (8) R o bin Reilly — “Wedgwood Jasper" — London, 1972.
143
Sécs. XVUIXVUÎ € XIX GRÉS
105
J04
144
IX - BISCUIT
denominação apareceu na Itália, Pda altura do século XVII, tanto chineses como
com o termo “bistugio” que se mexicanos e ingleses, fabricaram um tipo de cerâmica
referia às peças que tinham pas chamada de “boccaro” ou “bucaro” — deixavam a
sado pelo primeiro cozimento e peça inteira ou parte dela sem glasura, empregando
ainda não haviam recebido a porém argilas de fone colorido (inclusive preto), daí
glasura, passando para o francês serem elas conhecidas cm inglês por “red” ou “brown
com o termo “biscuit"’ que veio síoncware”, ou seja, grés vermelho ou marrom, peças
a prevalecer, como designativo de uma categoria cerâ essas que eram usadas tanto para a mesa como para
mica a parte. As palavras “bistugio” ou “biscuit” sâo figurinhas. Esse gênero foi copiado dos afamados pro
ambas compostas do prefixo “bis”, que indica duas dutos chineses de que Yi-Sbing tornou-sc o protótipo
vezes; literalmente, biscuit provém do latim bis-(-coctus, — um grés vermelho — com o qual eram fabricados
o que significa cozido duas vezes, ou recozido. bandejas, tigelas e bules de esmerada fatura e delicada
De acordo com o especialista patrício António decoração relevada.
de Avelar Fernandes, na técnica dos biscuits com A seguir, no século XVIII, há um ressurgimento
relevo, fabricados por Wedgwood, havia na realidade do emprego do grés sem glasura sob novas fórmulas e
dois tempos ou dois cozimentos: o primeiro era repre decoração. São os grés conhecidos por "grés finos’"
sentado pela colocação da pasta branca de decoração (grés cérames) criados pelos ingleses com Josiah
em relevo, nas reentrâncias dos moldes e levada ao fogo Wedgwood ã frente, que lhe imprime artificialrnente
baixo {mais ou menos 300 graus) e depois moldado o diversos e atraentes coloridos na pasta fosca, com apli
resio da peça com a pasta que iria formar o corpo da cações em geral em branco.
mesma, e tudo então levado ao fogo alto de i .40*3 a A faiança fina, de fundo claro, sem glasura,
1.500 graus; processo esse conhceido por “degourdi” também produto de fórmula inglesa, é aproveitada na
e citado por E. S, Auscher d), França por François Paul Ulzchneider (1771-1844),
A terracota ou o barro cozido sem glasura, como cognominado o “Wedgwood francês", para a modelagem
já vimos, foi empregado desde a Antiguidade em de bustos, estatuetas, etc., em Sarreguemines. Em
túmulos, tábuas pictóricas e esteias com figurações ou Toumai e em Scpt-Fonlaincs (1860), as fábricas do
inscrições, ladrilhos, objetos de adorno e utilitários, e complexo Villcroy & Boch, também se dedicavam ao
no grés, género do biscuit, empregando o mesmo material.
Na parte artística, os escultores gregos a põem em A porcelana mole, sem glasura, também se presta
evidência com a série de estatuetas — as famosas à escultura de bustos e estatuetas. Vincennes e Sèvres,
tâtiagras — assim como os romanos em artísticos vasos na França, como Derby na Inglaterra (1790), entre
moldados. Na Índia e na China, desde eras remotas, outras fabricavam atraentes e esmerados espécimes.
as figuras humanas e as de divindades, como a repre Porém é a pasta da porcelana dura, melhor que
sentação de animais, moldadas ou modeladas, eram todas as outras, a que c a mais utilizada para competir
artisticamente produzidas. Na América as representa com o mármore — o matéria! predileto das artes
ções figuradas pré-colombianas, coloridas a frio, maiores na escultura,
mostram o aproveitamento artístico da terracota.
Foi Jean Jacques Bachelier (1724-1805), diretor
Em Portugal, para não citar outros centros da Manufatura de Sèvres, que percebeu o alcance do
europeus famosos, os elegantes púcaros de Exlrcmóz emprego da pasta alva da porcelana dura ou branda,
em terracota e as bilhas de Caldas da Rainha, desfru sem o vidrado, para modelar estátuas. Isso foi no ano
tavam de merecida fama. de 1753. A semelhança com o mármore conferia-lhe
Porém o grés, que fazem parte da família da uma enorme vantagem sobre as terracotas dc tons de
terracota, apenas com a diferença do material empre vermelho, rosado, cinzento ou marrom. Logo Sèvres
gado e da temperatura mais elevada que lhe conferem obteve grande sucesso com os seus artísticos biscuits
maior rigidez e impermeabilidade, passará também a executados tanto com a pasta mole como com a dura.
ser utilizado no seu aspecto natural, ou seja, no primeiro E depois outros centros acompanharam a inovação
cozimento, tanto no Oriente como no Ocidente, como de Sèvres, conto Lunéviile, com seu biscuit conhecido
produto de ordem utilitária ou escultórica. como “patê de marbre”, Saxe, Furstenberg (1760), e
Na Idade Média, o grés, mesmo sem glasura, os ingleses com Copeland (1846) e a sua pasta deno
conheceu grande voga e utilidade como recipiente, minada “Parian”, tentando imitar os mármores gregos
sobretudo botijas para vinhos. da Ilha de Paros, na Grécia, Capodimonte, Viena,
145
Afurara cm Gaia, Vista Alegre (ambas em Portugal), Para Ivonne Brossard e Alain Jacob, no entanto,
Buen Retiro (Espanha), Sept-Fontaines( Luxemburgo). os grés foscos são impropriamente chamados dc biscuit
Assim, num apanhado panorâmico, vemos que 0 “pois que esse termo refere-se cspccificamente à pri
homem, aliando sempre o espírito prático ao senso meira etapa do fabrico da porcelana"(3).
artístico, valeu-se, desde eras remotas, da argila sem Tanto Deck, como Honey Pileggi e Mountíieid,
cobertura e sob diferentes misturas, seja ela a simples para não citar outros autores, não restringem o emprego
terracota, o grés, a faiança fina, a porcelana mole e a do termo biscuit à pasta da porcelana cozida sem
dura, para servir aos seus fins, e no caso específico de glasura. De acordo com eles, o biscuit pode ser tanto
encontrar materiais, para, sobretudo, competir com as “terra posta no fogo" (Deck), como peças de barro
artes maiores no terreno da estatuária. cozido óu terracota (Honey c Mountíieid), ou massa
Todos esses produtos dc diferentes composições cerâmica cozida de matérias-primas selecionadas
podiam ser vidrados, porém intencionalmente, o cera (Pileggi). Estes autores não se referem nem especificam
mista soube tirar deles um grande partido com seu que o biscuit seja forçosamente branco. Não há uma
aspecto fosco c criar um gênero a parte. Porém, a especificação taxativa de que somente as pastas brancas
apresentação de todos esses materiais cerâmicos apenas e somente as da porcelana sejam consideradas biscuit.
no seu primeiro estágio de confecção deveria receber Donde podemos admitir, a grosso modo, que uma terra
uma designação genérica, para distingui-los dos produ cota de qualquer cor, que não chegou a receber engobes,
tos acabados, isto é, com coberta, o que deu origem a pinturas a frio, esmaltes ou cobertas, pode ser conside
uma designação específica na cerâmica. Vejamos quais rada biscuit.
as opiniões de diversos reputados ceramógráfos sobre o
"biscuit” e se o termo é mesmo a designação adequada Esta pelo menos é a opinião de E. S. Auscher,
para aqueles artefatos sem glasura. que diz; “Quando a pasta do biscuit acha-se parcial ou
totalmente colorida (como é o caso dos baixo-relevos
Theodorc Deck, grande ceramista e ex-diretor da imitados de Wedgwood, feitos em Sèvres), nós conser
Manufatura dc Sèvres, no século passado assim se vamos esta denominação” <4).
define: “a terra estando pronta e a peça modelada,
põe-se no fogo, depois desta primeira cocção a pasta Acreditamos que acompanharíamos a maioria dos
chama-se biscuit". William B, Honey, autor de vários ceramógrafos definindo o biscuit como pasta de mate
tratados especializados, ex-direto: do Victoria and riais diversos, cozida e sem coberta, de diferentes tona
Albert Mttseum, também nos informa que é um termo lidades, que se destina ao fabrico de objetos utilitários
aplicado às peças de barro cozido e à própria porcelana c de adorno, sobretudo à moldagem e modelagem de
sem glasura particularmenle a esta última. Anstidcs medalhões, bustos, estatuetas, etc.
Pileggi, ceramista e ceramógrafo, ex-presidente do A palavra biscuit, cm Portugal, não tem o mesmo
Sindicato Cerâmico de São Paulo, assim se expressa: significado que na França, corresponde a enchacote,
"Biscuit — massa cerâmica de matérias-primas selecio como enchacotar é dar a primeira cozedura à louça
nadas, cozidas à temperatura elevada e que se destina antes de vidrar e pintar<S).
especialmente à moldagem dc bustos, estatuetas e tlores. O étimo "bistugio” italiano, que o francês trans
Os “bíscuits” de porcelana apresentam lindo aspecto dc formou com o mesmo sentido para biscuit, 6 um
mármore branco, sendo os mais afamados os dc Capo- galicismo que, tendo curso internacional entre os cera
dimonte, os de Sèvres e os de Saxe”. mistas, também se introduziu no vocabulário luso-
Em definição mais recente, David Mountíieid assim -brasileiro, e na terminologia cerâmica tem o significado
se expressa: "biscuit é porcelana sem glasura, feita expresso a que nos referimos. Não se deve traduzir
primeiro na França no século XVIII e subsequente biscuit por biscoito, pois esta palavra em cerâmica pode
mente popular na Inglaterra e alhures; também qualquer ter outro significado como o da massa preparada antes
porcelana ou terracota não glasurada ®. de ser levada ao forno.
B I B L I O G R A F I A
( 1 ) E. S. AUSCHEH — "Comment reconnaître Us Porcelaines (3) Y vonne Bhomard e A lain Jacob — "Sarreguemines”
et Us Faïences" — 3.* ed. — Paris, 1928. Paris, 1975.
(2) David M ountpieu) — “The Antique Collectons Illustratcd (4) E. S. A uscher — ob, cit.; pi,g, 3 0 ,
Dictionary" — London, 1974. (5) Caldas A ulete — Rio, 1958.
146
X - PORCELANA MOLE
porcelana mole também é cha lidade estética, não deixaram de conhecer também a
mada tenra, branda ou artificial porcelana e de exibi-la no seu período de fastígio e de
— estes termos sinônimos foram luxúria. Sabe-se pelo menos, no que concerne à seda,
os que os eeramógrafos julga que Cleópatra em Roma fez sensação vestida “com um
ram mais apropriados para tecido sérico transparente e claro” num festim a Antô
designar uma nova categoria de nio, como também que as patrícias depois usavam a
pasta. seda ou a “mousseline” regularmente, a ponto de haver
A designação de porcelana a esse novo gênero numerosas lojas desses artigos em Roma(l>.
cerâmico foi feita porque os novos produtos apresenta No século X I o geógrafo Edrisi consigna que em
vam um denominador comum entre as duas variedades; Aden, à entrada do Mar Vermelho aportavam merca
a translucidez e a sonoridade, peculiaridades estas que dorias da China e a porcelana. Nessa mesma centúria
fazem parte do conceito clássico da verdadeira porce começam os Cruzados as suas andanças e as épicas
lana. Porém os adjetivos que lhe apuseram (e que na proezas de Cavaleiros da Fé pela Terra Santa e por
realidade representam pratica mente uma palavra com certo não deixaram de tomar conhecimento dela.
posta), indicam “moleza” e “artificialidade”, e adver No século XIII Marco Polo (1280) volta de sua
tem de imediato que não se trata mesme da porcelana pitoresca viagem, através tia milenar “Estrada da Seda”,
verdadeira porque esta é constitucionalmente dura. E trazendo entre as variadas e sensacionais novidades a
esta característica da porcelana dura lhe é conferida pólvora e o macarrão. No relato que faz das coisas
pela alta temperatura (1350° a 1400°) e sua compo chinesas impressiona o meio cultural medieval e entre
sição à base dc caulim e outros materiais específicos as maravilhas que aponta refere-se à porcelana e às
naturais, enquanto as fórmulas das novas pastas moles suas virtudes, assim como rcfere-se a intensidade desse
são compostas cie outros ingredientes químicos e cozidas comércio no próprio Oriente e à importância da produ
a temperaturas mais baixas (até 1200°) e não apre ção e exportação chinesas.
sentam, um dos requisitos fundamentais da porcelana,
Nos séculos XIII/XIV, as cidades de Amálfi,
que é o de não poder ser riscada à faca.
Saíerno, Nápoles, Bári, Pisa, estabelecem um inter
As receitas dessas pastas variam de acordo com câmbio direto com os entrepostos do litoral do Oriente
os países e os químicos das fábricas. Segundo Bouillet: Médio, do Egito e de Bisando, no que são suplantadas
“é a pasta mais rica em feldspato com óxido de chumbo; pelas repúblicas de Gênova e de Veneza, depois só por
a porcelana mole inglesa leva fosfato de cal e barita Veneza. Esta passa a exercer o tráfico e a distribuição
(sulfato dc bário); a francesa, no começo de Sèvres, das especiarias na Europa. Tal era esse comércio, que
com calcário e fundente, uma frita composta de areia as galeras venezianas ultrapassavam Gibraltar e alcan
silicosa, é reconhecida por seu tom levemente amare
çavam o Atlântico, abastecendo Lisboa e Bruges,
lado". Ainda com referência à Sèvres, W. B. Honey chegando às vezes até Londres e Southampton (2).
informa que na mistura da pasta mole, entre outros
ingredientes, entrava também o alabastro. Savage e Segundo o prof. Kerneisa >, em 1423 o doge
Newman nos esclarecem que a porcelana mole é cozida veneziano Tomaso Mocenigo informava que “a nossa
a 1200° e pode ser riscada por faca; na França é frota de guerra é forte de quarenta e cinco galeras e
conhecida em geral por “pâle tendre” mas em Vincen- 8,000 homens. Temos 20.000 operários uo nosso arse
nes e Sèvres é às ve2es chamada de “Porcelaine de nal”. Também pode-se presumir' que os venezianos
France”, na Inglaterra é chamada de “artificial porce- distribuíssem embora escassamente, peças de porcelana,
lain”, como também de “frit porcelain”. a que explicaria a sua presença embora rara em algu
Representam essas modalidades um dos últimos mas casas principescas européias.
esforços dos ceramistas europeus para atingir a cobiçada No século XV é consignado no tesouro do
porcelana. É mais uma demonstração do esforço ingente Landsgrave de Hessen uma raça “céladon” engastada
e contínuo de alcançar a perfeição cerâmica, o topo da em prata (atribuída a 1450), e em 1487 Lourenço de
sua evolução. Vem à propósito relatar parte de suas Médicís recebe vasos chineses do sultão do Egito.
andanças no tempo e no espaço. No século XVI, já aberta pelos portugueses a
Presume-se que desde a Antigüídade a porcelana nova rota do Cabo da Boa Esperança, começam estes
já era conhecida dos latinos. Os romanos dominaram a disseminar os produtos chineses nas praças européias,
o Mediterrâneo — o Mare Nostram — com o grande sendo os mercadores holandeses os seus maiores clientes
porto e entreposto de Alexandria, onde chegavam, das até 1.594, quando resolvem estes buscá-los no Oriente,
mais disparatadas procedências, as mercadorias do impedidos que foram de comprá-los em Lisboa pela
Oriente, como especiarias, marfim, pedras preciosas, guerra declarada entre a Espanha e os Países-Baixos
tecidos, essências, ctc. Eles por certo, com sua sensibi por Felipe II.
147
Assim, com a visão e o manuseio, direto do pro É em Ruão que Edme Poterat, em l.° de outubro
duto, satisfeita e justificada a curiosidade provocada de 1673, obtém o privilégio dè fazer porcelana. Sua
pela tradição e pelas lendas que envolviam a porcelana, fabricação durou 23 anos, perdendo-se após o segredo.
a elite européia manifesta seu apreço e adota-lhe o uso. Conseguiu chegar a uma pasta translúcida em tom
Rende assim um merecido tributo à> arte chinesa e à ligeiramente esverdeado. A decoração era no estilo
perícia inigualável dos seus oleiros e artistas que exce radiariie da faiança de Ruão. Em Reaumur, René
diam a tudo quanto a imaginação pudesse conceber e Antoine Ferchault (1683-1757) consegue um tipo
a tudo que a cerâmica ocidental, já melhorada pelos de porcelana mole conhecida por “Reaumur Porcelain”
árabes, havia produzido. O vidrado brilhante, os sober de tom amarelado e translúcida, cozida à baixa
bos tons de seus ja so s e estatuetas raonocromos, a temperatura<éí.
paleta variada de seus esmaltes que imitãvam o jade, No século XVIII, em Saint Cloud, a viúva
o jaspe, o alabastro, a ágata, a safira, a execução Chicaneau decidiu montar um estabelecimento - onde
magistral dos desenhos e o exotismo de suas represen existia uma antiga manufatura de faiança desde 1670,
tações, a pasta de uma dureZa, e translucidez desco e obtém em 1702 cartas patentes para si e seus filhos
nhecidas, eram realmente dê causar: adlniração. por 10 anos, produzindo, até 1766. Distinguem-se seus
Porém o seu valor no decorrer do século XVI era produtos por uma pasta untuosa, ligelramente creme,
enorme, se nos atermos às crônicas; dai época. Damiào com decoração variada, inclusive “chinoiseries’1 —
de Góes, humanista, amigo da Erasmo, em 1541, produziu também estatuetas, às vezes policromadas, com
informa que vêm da China “as louças a .que chamam' defeitos de cozimento aparentes.
porcelana, algumas das quais se vendem a 50, 60 c Em 1725 o Duque de Bourbon, 7.° Príncipe de
100 ducados”, enquanto. na mesma relação refere-se Condé, funda uma fábrica no Petit Chantilly que ficou
e!c a escravos que eram vendidos a 10, 20, 40 e 50 conhecida por Chantilly. Entrega à direção a Sicaire
ducados! Garcia Horta,- naturalista; e físico (médico) Cirou, que já teria trabalhado em Saint Cloud e obtém
em Goa, refere-se, em 15Ô3, aos produtos importados cartas patentes por 20 anos. Este forma uma equipe
do Oriente, e diz: “e o menos be porcelana que vai às com os dois irmãos Dubois (também de Saint Cloud)
vezes tanto que he mais que prata duas vezes”. Relata- e um holandês de Delft; Antoine Créniy, os quais mais
-nos o Prof. Kerneis(4) que, em 1504, quando Veneza tarde irão para Vincennes. A fábrica passando por
não havia sentido ainda o golpe mortal, desfechado várias mãos dura até 1801, quando vem a falir. Essa
pelos portugueses, ao seu comércio, as mercadorias famosa fábrica conheceu três períodos distintos. No
orientais eram lá vendidas por quarenta vezes o seu primeiro de Cirou (1725-1751), apresenta uma pasta
preço de custo, enquanto na Casa da índia, em Lisboa, avermelhada e esverdeada, inspirando-se na decoração
eram-no por dez vezes o custo, conferindo aos mercado de Kakiemon e outros motivos de flores, animais, como
res c aos cofres manuelinos qinda um enorme proveito! figuras chinesas policromadas. Produziu estatuetas e a
Assim, dois fatores surgem para que aquele pro representação de Poussah o deus chinês da porcelana.
duto fosse imitado. O primeiro era realmente a sua O segundo período é o da direção de Buquet de Mont-
excelência e o fascínio que causava pelo seu exotismo vallier (1745-1766), em que predomina a decoração do
e qualidade intrínsecas. O segundo era a ganância do Extremo Oriente — “blancs de Chine” flores em relevo,
lucro que leva à tentativa de produzir a porcelana in paisagens japonesas. O terceiro período é o de Peyard
loco, dada a sua aceitação e seu alto valor no mercado e seus sucessores (1760-1801), com decoração no
europeu. gênero francês influenciada por Sèvres — paisagens,
flores finas no estilo rocalha, estatuetas brancas ou
Desses influxos nasce a porcelana mole, branda, policromadas de crianças e animais, preferencial mente.
tenra ou artificiai. Vários países se lançam naquela Em 1738 é fundada a fábrica conhecida por
corrida e desafio, a partir do século XVI até o final do
Mennecy e Bourg la Reine, por François Barbin, numa
XVIII, cabendo à Alemanha, logo no início do XVIII, dependência do Castelo do Duque de Villeroy, um
a glória, no Ocidente, de produzir a porcelana no tipo verdadeiro mecenas. Aquele em 1762 entrega a direção
da chinesa.
a seu filho Jean Baptiste, e em 1773, Joseph Jullien e
Porém, somente três países, a Itália, a França a a Symphorien Jacques, seus sucessores, transferem a
Inglaterra, é que, não alcançando de imediato, criam fábrica para Bourg la Reine onde funciona até 1804.
no entanto gêneros novos, de qualidades apreciáveis, Os seus produtos caracterizam-se por uma pasta leve
que seriam conheeidos por um gênero cerâmico inter e translúcida com coberta de chumbo bastante transpa
mediário e mais próximo da porcelana: a porcelana rente. De aspecto vidroso, lembra a opalina. Produziu
mole. serviços de chá e de toilette, estatuetas, peças de adorno,
Ainda no século XVI são feitas tentativas em Ve “blanc de Chine", motivos chineses e japoneses, como
neza em 1519, em Ferrara em 1575 e mais frutuosa em flores, personagens e pássaros inspirados em Vlncennes.
Florença, ao tempo do Duque Francisco II de Médici Utilizava o alto-relevo.
(1574-1587) ®. Entre os diversos espécimes recolhi Em 1738 dois irmãos, Robert Dubois (modela
dos a Museus, figuram belos exemplares no Museu dor) e Gille (pintor) que haviam trabalhado em
Nacional de Arte Antiga de Lisboa: um imponente Chantilly, instalam-se numa dependência do Castelo de
conjunto doado pelo rei Fernando II. Essas peças de Vincennes, sob a proteção de Orry de Fulvy, inten
exímia fatura apresentam formas e desenhos variados, dente das Finanças. Em 1745 Charles Adam assume
em branco e azul, inspirados na faiança italiana, com com outra equipe até 1752, Em 1753 Eloy Brichard
motivos da Renascença, e também em modelos chineses dirige a fábrica e a Marquesa de Pompadour a protege
exportados para a Pérsia. e o rei acaba comprando um terço das ações do empre
No século XVn são somente os franceses que se endimento que passa a ser chamado de Manufatura
empenham na busca da porcelana. Real de Porcelana de Vincennes. De começo a pasta
148
cra medíocre e depois qualificada de magnífica, Até Giacomotti que se trata de “uma porcelana mole
1745 a decoração inspira-se em Meissen e na. China, inventada pelos ingleses intermediária entre a mole c
passando depois para o gosto francês. Contou com a dura, contendo ossos calcinados, além da parte de
soberbas encomendas da Marquesa de Pompadour. O caulim e feldspato na pasta”, pasta esta que é melho
ourives Duplessis deu-lhe notoriedade com os modelos rada por Spode em 1799 e passou a constituir uma
“rocaille” para as peças. Seus pintores influenciavam-se especialidade das mais usadas na Inglaterra”.
em Boucher. Distinguem-se dois períodos — o primeiro Chegam os ingleses também (1748) a um tipo de
até 1745, ao gosto chinês, com “blancs de Chine”, porcelana mole à base de mistura de esteatita, (ou seja,
decoração de flores das Índias e cenas chinesas. No pedra sabão, talco ou siiicato de magnésia) na pasta.
segundo, de 1745 a 1756, é o gosto francês que se Esta variedade foi usada em primeiro lúgar èm
reflete com decoração floral, guirlandas c arabescos. Lund’s Bristoí Factory e transferida em 1751 para
Na escultura sobressaem personagens e animais e temas Worcester, usada também em Caughley e Liverpool(,0).
de Boucher e Oudry (animais e caças). Produziu Porém o fabrico da porcelana mole não ficou
excelentes biscuits. restrito aos países citados. A Itália, ou mais especifica
Em 1756 a fábrica de Vincenncs &transferida para mente Veneza, retoma o fabrico da porcelana mole
Sèvres em propriedade adquirida da Marquesa dc que no correr do século XVI já havia sido produzida
Pompadour. Eloy Brichard continua na direção e e conhecida como “Porcelana dos Médici” .
aumenta o quadro dos colaboradores com notáveis Acredita-se que por volta de 1720 a porcelana mole
elementos, como o químico Maequer. Em 1759 o rei recomeçou a ser produzida, ignorando-se no entanto a
Luís XV adquire todas as ações c indica Boilcau dc composição da pasta italiana.
Picardie diretor-gerente. Sèvres conhece então um A primeira fábrica do gênero é conhecida por
período de grande produção e de notoriedade, dada a “Casa Eccellenttssima Vezzi”, fundada por Francisco
qualidade de seus artigos. Por volta de 3784 compra Vezzi (1651 1740) c seu irmão Giuseppe, ambos piós-
uma fábrica em Límoges. De 1779 cm diante passa peros ourives, que iniciaram uma sociedade cerâmica
para o fabrico da porcelana, produzindo no entanto a com Lucca Montovani e produziam também porcelana
mole até 1800. Fabricou serviços de mesa, toilette, café, dura. A produção era de primeira qualidade, variada
chá, vasos, jardineiras, e de figuras, A decoração e policrornada com máscaras, figuras chinesas, decora
obedece aos estilos de Luís XV e Luís XVI, com flores, ção às vezes moldada, flores, pássaros, arabescos,
pássaros, paisagens, cenas, jogos de crianças (Boucher), desenhos geométricos, ete. Nela destaca-se o vermelho
cenas galantes (Watteau, Lancret), marinhas c batalhas vçneziano (vivo), com aplicações prateadas nas alças
a moda holandesa, com motivos também de fitas dobra e abas, imitando guarnições de metal. Também doura
das e mais tarde pompeianos. Produziu peças monu vam e decoravam as abas dos pratos com desenhos em
mentais de até dois metros com relevos em biscuits e preto ou coloridos.
placas, na escultura Falconet apresentou uma série Outras fábricas dè porcelana mole se notabilizaram
notável de estatuetas em biscuits<7). mais tarde em Veneza, no século XVIII: a dos
Quanto aos ingleses, desdobram-se eles cm esforços Hewelcks, fundada em 1758, vindos da Saxônia, a de
para conseguir a porcelana verdadeira, sobretudo depois Geminiano Cozzi, fundada em 1765 e que funcionou
de 1709, quando a Alemanha já dominava o seu fabrico até 1812, e a de Antonibon, na localidade de Nove, que
mas zelosamente guardava o segredo, como a China, da produziu também faiança e perdurou até 1888(n>.
matéria-prima básica, o caulim. Nessa corrida para A porcelana mole dos Vezzi que até 1758 não
alcançá-la, descobrem primeiro a faiança fina com suas sofreu concorrência na Península, veio a ser exportada
variedades (pó de pedra, etc.) e mais tarde chegam para o Brasil. Acreditamos mesmo que essa exportação
também à porcelana mole por outras vias e processos. fosse regular, pois que desde o ano de 1739 constava da
Primeiro copiam os franceses, e a seguir, com pauta da Alfândega do Rio de Janeiro a designação
composições químicas inéditas produzem outras vari de “louça Fma de Veneza” (1I).
antes da porcelana mole. Essa porcelana mole dos Vezzi devia ser muito
A primeira fábrica foi a de Chelsca, por volta de reputada no Brasil, já que em 1739 era avaliada em
1743, no género da pasta francesa®. $300 réis a dúzia de peças, ou seja, quase o dobro do
Depois é criada a variedade conhecida por “ash preço da “louça fina de Lisboa ou do Porto” (estas
bone porcelatn” ou por “fosfáíica” ou “fosfatada”, por eram ainda de faiança), avaliadas no mesmo documento
Thomas Frye, em Bow©>. Informa-nos Jeanne em $160 réis a dúzia!
149
B I B L I O G R A F IA .
150
Sêc. XV / PORCELANA DE MÉDICI
Segundo J. Gian Cario Bojani. diretor âÕ Museu Internacional delle Cercmiche de Faenza, as peias
conhecidas por Porcelanas dos Mediei, classificadas como porcelana mede, são raríssimas, calcula-se um
máximo de sessenta conhecidas. Na fotografia acima vê-se um lindo e elaborado gomil, hem ao gosto de
Renascença italiana e uma bacia gomilada com motivo sacro ao centro (não são essas peças do mesmo
conjunto), ambas de exímia futura e desenho, olé/n de excelente vidrado. Conforme a autoridade já citada,
foi redcscoherta a fórmula dessa porcelana há pouco tempo petos alemães que descobriram quartzo
na frita de composição. A rilhas as peças foram doadas ao governo por D. Ferdinando Sare Coburgo
Cota, segundo esposo da rainha nona Maria II. Eriste no Museu de Sèvres magnifico frasco do ano df
1581 com as armas elaboradas de Felipe II, encimadas por coroa real, em azul e branco, também em
Porcelana de Mediei.
Cortesia do Museu Nacional de Arte Antiga.
151
Séc. X V 111 PORCELANA MOLE
152
Sêc. XVUI PORCELANA MOLE
2.A metade
I 14
A ,t ditas xícaras Ar Vincennes estão cem marcas de Sevres. A primeira lembrando Meissen,
com fundo branco e delicados desenhos poUcrornaâos. A segunda tem o formato de tona escude-
la (com duas alças douradas laterais), c faz parte de uma série famosa conhecida por "■Orni-
thológica". ,\o pires em unia reserva há a reprodução do pássaro " engoulemenl", c na outra do
“mouckerole"; na xícara, de um lado "te cor mor an”, c de outro “U harté”, Acreditamos que
o serviço de chá deva ter sido executado entre 17S0/I7S8, e tenha sido desenhado por Duíandu.
A título de informação, um aparelho de jantar e sobremesa da Coleção Barão Edmundo de
Rathchild Esq. foi vendido cm Londres em 30 .€5.75 por £. 33 .600 (USS 77,280)1 Vide
Christie's Review 1975 — London,
Cortesia de José Eduardo Loureiro.
115
153
Sees. X V IIIfX IX PORCELANAS FRANCESAS
Sèvres
(Pastii mole c dura)
líô
U 7
154
X I - PORCELANA DURA
(Porcelana chinesa antiga e moderna)
ste tópico sc refere somente à das Quinas — as armas do Reino de Portugal, são os
porcelana dura chinesa até os primeiros signos que abrem na cerâmica chinesa a série
Descobrimentos e à moderna. A dos ornatos europeus, marcando nela o início de uma
de permeio será comentada no fase decorativa à maneira Ocidental.
2.° Capítulo. Entre múltiplas A China, que já produzia para o mercado asiático,
definições qtie sc equivalem, vê, abruptamente, abertas as portas para fornecimentos
preferimos esta: Porcelana dura cm escala universal. Ela iria seguir e conservar depois
(em chinês Tzu) é composta de uma pasta de argila da chegada dos lusitanos, o mesmo princípio que carac
branca contendo caulim, quartzo e feldspato ou mine terizava a sua produção várias vezes secular no meio
rais de composição análoga, cozida à alta temperatura; e ambiente asiáticos: parte de sua produção continuaria
estrutura sólida branca, vitrificada e vidrada, translúcida destinada ao seu uso doméstico, parte para fornecimento
e sonora, descoberta na China no período de Tang, na dos palácios imperiais, ambas tipicamente chinesas, e
Europa (Alemanha), em 1709, por Johan Frcderich parte ao gosto da nova clientela.
Bõtgger,.c na América do Sul, (Brasil), em 1793, por
Assim, parece-nos licito visuatizar a vasta história
João Manso Pereira.
da cerâmica chinesa em duas fases distintas: a sino-
Como já foi dito, a China foi a nação que muito -asiátka ou sino-oriental, que representava o "status-
antes das outras produziu porcelana. quo” cerâmico até os Descobrimentos, e a sino-ociden-
Nessa caminhada milenar, cada reinado imperial tal, quando aquele equilíbrio é quebrado com novos
foi marcando com personalidade a sua passagem no ornatos c formas à européia, e que se inicia no final do
calendário e sua presença nos compêndios de arte, reino de Dom Manuel.
legando-nos um monumental, inigualável e incscedível Iremos, a seguir, comentar aquela primeira fase
patrimônio. mais antiga. Quanto à sino-ocidental que começa a se
A imensa e diversificada obra de seus oleiros processar com os signos manuelinos, será examinada
revela no tempo dois grandes períodos e são os Desco no segundo Capítulo, ao abordarmos a presença das
brimentos que nitidamente os distinguem. porcelanas chinesas e nipônicas no Brasil e também o
Quando os bravos navegantes lusos aportam à histórico da porcelana japonesa.
índia e à China, já encontraram uma cerâmica que Na arte cerâmica propriamente dita, os chineses,
reproduzia tanto as criações autóctones, quanto as assi apesar de exímios ceramistas, tiveram, no início concor
miladas de outras civilizações asiáticas. Como é sabido, rentes que os igualavam e mesmo os superavam. O
o Budismo, provindo da índia, penetra e radica-se no vidrado e certas substâncias colorantes, como o azul
Império Chinês ao tempo de Han (206-220 a.C.), jun de cobalto, são aperfeiçoamentos dos quais os chineses
tando a sua simbologia às já existentes do folclore tiraram grande partido. Todavia, não foram descobertos
chinês, de Coníúcio (c.551 a.C.) e do Taoísmo já cm nem introduzidos nessa arte por eles. Como vimos, os
curso desde o século VI a.C. egípcios, os sumérios e os caldeus, e mesmo os persas,
A China revelou-se sempre um grande e dos excediam-nos pela qualidade, e foram os que deram à
maiores centros exportadores de cerâmica — abastecia arte cerâmica o maior impulso inicial.
todo o sudoeste e a parte meridional da Âsia, como as Se atentarmos para o alcance desses processos,
ilhas adjacentes do índico e do Pacífico, em que se temos que reverenciar o homem dessas afastadas gera
incluem as Ilhas Filipinas e sua capital Manilha. Os ções pelo seu esforço em contínua evolução; o brilho
lusitanos nas suas rotas para o Leste, como os espa de uma gota de orvalho, a transparência cristalina da
nhóis na rota inversa, por onde passaram, foram cons água, a paleta policrõmica da natureza, ele já conseguia
tatando o uso e a presença da porcelana, O Oriente reproduzi-las e retê-las sobre a superfície da cerâmica
Médio e o mundo islâmico constituíam junto com a pela maga de uma química rudimentar. O lustre à base
índia, a maior clientela para a qual eram enviadas peças de pigmentos metálicos e de tão forte irisação, muito
em formas e decorações que as fábricas chinesas produ difundido na cerâmica da Antigüidade, sobretudo
ziam de acordo com os gostos locais, egípcia, persa e árabe, deve o seu emprego aos hábeis
A este repertório típico, o puramente chinês e o e inventivos egípcios.
adaptado ao gosto de outras regiões asiáticas, iria juntar- A conformação dos objetos também acompanhava
-sc um novo, inédito e vasto para os chineses, que os a evolução do sentimento artístico; o naturalismo,
navegantes lusos traziam sob o velame alvo das suas ditando a imitação, define primitivamente o feitio das
caravelas e carracas. peças, mas o nível cultural e artístico desses povos
Já no primeiro quartel do século XVI, a esfera evoluídos cria para os objetos cerâmicos e de vidro
armilar — símbolo pessoal de Dom Manuel, c o escudo novas formas e estilizaçõcs — verdadeiras obras de
155
aac, como o peixe policrômico, encontrado nas esca Se não veio ter ao Ocidente, ainda ao lempo do
vações de Tdl-Ei-Amarnah no Egito (1922), e cm Império Romano, por intermédio dos egípcios, ou,
exposição no Brilish Museu m. posteriormente, pelos venezianos, genoveses, ou pelos
Os chineses, há perlo de 5.000 anos, dedicavam- pis a nos, é dc presumir que, pelo menos ao tempo das
-se também a essa indústria, como mestres, pelo que Cruzadas (século X II), a sua existência já não fosse
se sabe da descoberta dc quarenta anos atrás, na pro to ta lmente ignorada.
víncia de Kansu, de belos exemplares de louça de O famoso geógrafo Edrisi consigna, no século XI,
barro (3.000 a.C. aproximadamente). Mas a porcelana que aportavam a Aden inúmeras mercadorias prove
c produto essencíalmente chinês, e ninguém lhes con nientes da China, entre elas sedas (étoffes riches et
testa a prioridade de invenção, nem a sua enorme con veloutées)' e a porcelana (vaisselles dc terre), o que
tribuição para ura nível mais elevado da produção faz presumir que chegadas até Aden, antigo ponto de
cerâmica, nem a sua influencia decisiva sobre o desen escala, fossem essas mercadorias destinadas aos gran
volvimento dessa arte no mundo ocidental. des entrepostos de distribuição como Alexandria, e daí
à Europa.
Havia dúvida até há pouco sobre a data dc seu Sabe-se positivamente que a porcelana chinesa já
aparecimento e fabrico, mas com a recente descoberta existia no Egito no século XII e que o famoso sultão
de vasos e outros objetos em túmulos do tempo dc Saladin, fcirenho inimigo, mas adversário cavalheiresco
Han, na província de Shensi, na China, alguns trata dos Cruzados e de Ricardo Coração de Leão, presen
distas inclinam-se a tomar essa época (206 a.C, a teou a Nur-ed-din, sultão de Damasco, com algumas
220 d.C.) como o período da transição entre cerâ peças.
mica c porcelana. Já nos séculos XIII e XIV, segundo referência dc
Evidentemente, trata-se ainda de artigo rudimen autor erudito, Jerônimo Bocardo, mercadores italianos
tar de pasta densa, um produto de transição, com iam buscá-las nos mercados árabes para sua distri
característicos porcclânicos, porém mais duro e de buição.
esmalte brilhante, já cozido cm temperatura muito Que tenham chegado à Europa somente no
mais elevada do que a cerâmica comum. século XIII ou não, o fato é que as peças causaram
Paralelamente a este fato, existe uma referência tal impacto, que chegaram a considerá-las como um
positiva nos escritos chineses, em um poema publicado produto sobrenatural e porfiaram em imitá-las.
quando reinava Wcn-ti, segundo filho de Liupang, da O vidrado brilhante, os soberbos tons de seus
dinastia dos Han ( 175-151a.C); conquanto esse vasos monocromos, a paleta variada de seus esmaltes
poema não faça menção à porcelana cm sua acepção que imitavam o jade, o jaspe, o alabastro, a ágata, a
de hoje, não deixa todavia de referir-se a uma "por safira, a execução magistral dos desenhos, a pasta de
celana verde”, que era de pasta densa, muito dura, uma dureza c translucidez desconhecidas eram real
opaca, com uma coberta ou esmalte que variava do mente fatores de causar admiração.
cinza avermelhado ao verde marinho, para encobrir a Passavam os europeus a adotar as lendas orientais
cor da pasta. a seu respeito, ampliando-as, atribuíam-lhes virtudes
Somente no período da dinastia Tang (618-906 mágicas de filtros misteriosos, o dom de se trincarem
d.C.) é que a porcelana aparece com suas caracterís ao contato de veneno ou de neutralizá-lo, ou ainda
ticas bem definidas, e com uma pasta esbranquiçada de augurar boa ou má sorte ou de trazer fecundidade
à água contida em determinados recipientes.
e transluzente. Era essa uma época de grande floresci
mento artístico c literário, e o comércio com a Ásia As peças que chegavam até a Europa constituíam
Ocidental dos produtos da China já cra bem animado. raridades apreciadas e disputadas pelos príncipes.
Muitos autores tendem a adotar esse período como o Lourenço de Médicis, o “Magnífico", o mecenas pro
do aparecimento da porcelana. Devia ter ela represen tetor de Pico de Mirândola e Miguel Ângelo, é home
tado uma revelação para outros povos, pois passou as nageado pelo Sultão do Egito, que o presenteia com
Grandes Muralhas, espraiando-se além dos limites do vasos chineses, em 1487.
Celeste Império: sua presença foi comprovada desde Do começo do século XVI existem na Inglaterra
a Antiguidade, na índia, na Pérsia, no Egilo, no espécimes interessantes como os “Warham” e “Tren-
Arquipélago Malásio, em Zanzibar, e há razões para chard Bowls”, que também constituíram presentes
crer que indiretamente tenha alcançado a Europa. régios ou eclesiásticos. Em uma relação coeva de
objetos pertencentes a Dom Manuel (1495-1521), são
As primeiras referências a seu respeito foram os citadas “quatro porcelanas da China, de prata”.
árabes que nos trouxeram; o maometano Sulaimart Não somente no Ocidente esses objetos eram
a descreve (século IX ), como dissemos atrás. Outros altamenlc apreciados e considerados preciosos. Relata-
viajantes islamitas, fazendo referências ã legendária -nos Pigaffeía (1491-1534), um dos destemidos par
Cathay, citam no ano de 921 de nossa era o chá, a ticipantes da maravilhosa expedição de Magalhães ao
aguardente u a porcelana. Pacífico (1519-1522), a existência da porcelana na
Mais tarde, Marco Polo (1280), minucioso c Malásia. Conta que na Ilha ide Mindanau, quando
arguto observador das coisas asiáticas, também faz ceia va com o rei, notou que só serviam arroz e pescado
menção de fábricas de porcelana informando sobre a muito salgado em “travessas dc porcelana". No
prosperidade desse comércio e a sua exportação. palácio da rainha “toda a casa estava adornada de vasos
Assim, é incontestável que desde cedo a porcelana dc porcelana pendentes na parede”. Na Ilha de Paloan,
constituiu objeto de comércio, o que demonstra o os embaixadores do rei traziam “vasos de porcelana
quanto cra reputada por outros povos. No entanto, cobertos de seda", para receber os presentes. Na ceia,
apesar dessas primeiras referências, não se pode posi a cada bocado bebia-se “numa taça de porcelana do
tivar a época certa em que ela teria atingido a Europa. tamanho de um ovo, o licor destilada de arroz” .
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Em 1574 soberanos nativos das regiões Filipinas Mesmo depois dos portugueses já haverem inicia
enviavam ao rei da Espanha, como testemunho de do em apreciável escala a importação da porcelana e
amizade e aliança ‘'jóias, ouro, sedas, porcelanas, ricos tê-la disseminado pela Europa, ainda em meados do
e grandes vasos e outras coisas excelentes”. século XVI, era d a tida em alta valia,
Voltamos a citar Damião de Góis, espírito de alta As peças primitivas na Europa costumavam ter
cultura, considerado na época uma grande figura partes protetoras de metal, ouro, pr 2ta, bronze e depois
europeia, tendo sido mesmo retratado por Dürer, que vermeil, para as resguardarem, de acordo com a lenda
nos informa em 1541: “Todos os anos vêm para sino-hindu, de se partirem ao contato do veneno.
Lisboa dos reinos da Nigéria dez a doze mil escravos, Preferiam os monoctomos e entre eles os brilhantes
além dos que chegam de Mauritânia, da índia e do céladons, por julgarem-nos antitóxicos c cambiarem de
Brasil, cada um dos quais se vende por dez, vinte, cor ou se trincarem ao contato da peçonha. Diz
quarenta e cinquenta ducados. , . vêm louças. . . a Antônio Pigaffeta cm seu “Diário da Viagem ao Pací
que chamam porcelana, algumas das quais se vendem fico” : “Asseguram que se num desses vasos de por
a cinquenta, sessenta e cem ducados". celana se deitar veneno, no mesmo instante sc toma
Assim, em Lisboa, em 1541, um objeto de por inofensivo”. Além dessa vantagem que sabia bem ao
celana contemporânea dos que eram importados espírito da época, havia preferência pelos monocro-
normalmentc pelas naus da índia (não se refere o mos, pelo vistoso de seu aspecto, lembrando os precio
cronista que eles fossem especiais), podia correspon sos vasos de jade, jaspe, alabastro, etc.
der ao valor de vários escravos! Se considerarmos a mentalidade fortemente
Imagínc-se o quanto não representaria, em mate supersticiosa que dominava os espíritos na Europa,
rial humano, uma peça considerada tara ou excepcio entregues à magia e à alquimia, às pesquisas em busca
nal, daquelas que o chinês produzia para seu uso, ou da pedra filosofal, ao uso do veneno como arma polí
para os palácios imperiais! tica, compreenderemos melhor quanto não devia ser
disputada e apreciada a porcelana pelos personagens
Ainda sobre o seu valor, Garcia Horta, conforme dc destaque.
nos referimos cm obra publicada na cidade de Goa Assim, no tesouro dos Landsgravc de Hessen
em 1563, isto é, bem depois da porcelana já estar existia uma taça “céladon" atribuída a 1450, engastada
difundida pelos mercados ocidentais, informa: “e em prata; na Inglaterra ainda existem os famosos
sabey que as mercadorias que delia vem (da China) “Trenchard —r and Warham bowls", com guarnições
são leitos (?) dc prata e baixela rícaoiente lavrada, do mesmo metal.
seda solta e tecida, ouro, almisque, aljôfar, cobre, Em Portuga! existiam as "quatro porcelanas da
azougue, vermclham, e o menos he porcelana que vai China de prata", conforme relação de objetos perten
às vezes tanto que he mais que prata duas vezes”. centes ao guarda-roupa d'El Rey Dom Manuel, no dote
Além disso, convém lembrar que constava ela nos da infanta D. Beatriz de Portugal, casada com Carlos de
inventários de reis e de príncipes entre as jóias e a Sabóia, duque de Sabóia (1522), constava: "seis ma
prata, e que o próprio Garcia Horta, na sua obra, nilhas (pulseiras) dc porcelana encastoadas em ouro”;
inclui a porcelana no capítulo das “Pedras Preciosas", no inventário (1558), de jóias e prata levantado pela
tal o conceito e reputação que desfrutava. camareira D. Mecía Dandrada (sic), vêm assinaladas:
157
“quatro porcelanas, a saber três de ágata e uma de eternidade, porque não tem começo nem fim, Quando,
jaspe, guarnecidas, bocal e pé, de ouro". dentro de um círculo, existem outros sinais ou iniciais,
Esse costume serviu a importante motivo da representa a felicidade; razão porque é tão comum nos
decoração, e inúmeras peças recebiam, na Europa, pratos de serviço “Cia. das índias” virem as iniciais
armações dc metais -executadas pelos mais famosos do possuidor dentro de um círculo. Um sentimento
ourives, cujo valor, às vezes, era superior ao da pró delicado e sutil de filosofia ou poesia emerge de todas
pria porcelana. essas representações.
Além da lenda sobre o veneno, de augúrios ou Mesmo no apogeu do fabrico tipo “Companhia”das
ainda a de propiciar a fecundidade, existiam outras Índias", em que na decoração da louça predominam
crenças na China. A porcelana era tida cm tamanho os motivos ocidentais, como paisagens, cenas e figuras
apreço, como uma das principais demonstrações de européias e signos heráldicos, é muito comum encon
arte è cultura, que tinha o seu deus próprio *— Poussáh trar símbolos orientais, sobretudo nas abas dos pratos.
Acreditavam os chineses que- havia um espírito que Sobre sua fabricação e composição, os europeus
presidia ao cozitneijto da cerâmica, desde que um dc novo davam largas à sua propensão pelo fantástico,
imperador mandou jogar no forno um oleiro menos c as atribuíam a fórmulas mágicas e manipulações da
feliz (o citado Poussáh) e que a porcelana dessa alquimia.
fornada saiu perfeita e com maravilhosos tons No século XVI, Gui Pancirolli (1522-1599)
avermelhados. escrevia num livro intitulado “Cousas perdidas e
O chinês não somente se esforçava cm produzir inventos”, que a composição da porcelana chinesa
peças num sentido altamente decorativo e estético, obedecia a uma mistura de conchas marinhas, dc
como tinha a preocupação de impregná-la de represen gesso c gema dc ovo, e que enterrada durante um
tações e símbolos próprios. Nesse particular a porce século, formava uma pasta própria para o fabrico das
lana da China é um documento iconográfico do mais peças.
alto vaior para a História e a Arte. As religiões, a O navegador Antônio Pigaffeta, companheiro de
literatura, os costumes, as lendas e o riquíssimo fol Magalhães e o primeiro a consignar a presença da
clore da China encontram-se amiúde representados porcelana na Malásia, informa, segundo lhe fora dito
nas suas produções cerâmicas. pelos naturais, que o material de que ela se compunha
era enterrado de uma geração para outra.
Um sentido espiritual ou simbólico emana, em
Segundo Dam ião de Góis, entre as mercadorias
geral, das suas representações pictóricas — a sua
que Portugal importava, figuravam “louças feitas com
pintura diferencia-se da Ocidental no sentido subjetivo arte admirável de cal das conchas, a que chamavam
dos significados que dela irradiam. A palavra pintura,
em chinês, é constituída por dois idi ogra mas: água e porcelana” m.
terra, e, em geral, o chinês procura figurá-las cm seus Persistiam pois, ainda, as noções imprecisas
desenhos para fazer lembrar o seu significado profundo: corroborando os erros e fantasias da época sobre 2
a água lembrando o elemento primordial da natureza, misteriosa porcelana.
o abismo, o demento fecundante; e a terra, a mon Para isso talvez contribuísse em boa proporção
tanha, o rochedo, o alto, a aspiração ao perfeito e, uma dose de malícia da parte do chinês, cioso de
também, a própria mulher. As montanhas quase seus segredos, criando lendas e fantasias para afastar
sempre representadas cm grupos de três a cinco, são o estrangeiro das fórmulas de seu fabrico.
veneradas porque de seus picos sobem aos céus as Pelo visto, teremos verificado qual era para os
almas das pessoas justas, segundo remota lenda sino- europeus o panorama, misto de fábula e realidade
-mongólica. desse mundo asiático, partícularmente da índia e da
A representação, por exemplo, de um sapo com China de antes dos Descobrimentos e ainda nos pri
três pernas apenas, e de cuja boca se desprende fumo, mórdios do século XVI, verificamos que o intercâmbio
representa a Ciência, que não é perfeita porque lhe com o Oriente era irregular, difícil e moroso e que
falta alguma coisa, falta simbolizada pela ausência de nos países orientais os fatos continuavam envolvidos
uma perna do batrãquio; o fumo representa a emana pela fteção, predominando esta e criando, sobre todos
ção da sabedoria. Numa singela decoração, um per os conhecimentos, um halo de fantasia e de mistério,
sonagem está ligado a uma determinada interpreta que escondia sua verdadeira identidade.
ção — um peregrino pode ser o homem em busca da Sobre a porcelana em particular, verificamos
verdade; um viajante carregado no meio da borrasca que a China já a íahricava remotamente, e que apesar
pode simbolizar a preocupação, as tempestades do de várias referências dc viajantes, somente vem a ser
espírito. Uma ponte pode significar uma transição, conhecida pelos europeus no último quartel do século
mudança de situação social, moral ou espiritual, ou XIII e talvez no início do XfV, por intermédio dos
um dos obstáculos transpostos para atingir a verdade, mercadores italianos cm contato com os intermediários
o supremo bem. árabes.
Sobretudo as flores, muito apreciadas na China, Verificamos os mistérios e lendas que circularam
cedo serviram dc motivo ornamental ou pictórico e, sobre a porcelana, o seu elevado simbolismo e 0 valor
em redor delas gira todo um mundo de significados; e apreço que lhe eram atribuídos.
às vezes, representam os meses, como também as Esse véu que envolvia a realidade asiática, os
estações, os estados d’a!ma, as virtudes, os gênios, os portugueses só o romperam no final do século XV,
deuses, os santos budistas ou entidades taoístas. podendo-se dizer que, com o novo impulso dado à
As figuras geométricas são também muito empre navegação e ao comércio, passamos da era das carava
gadas representando, por estilizações, uma imensidade nas à época das caravelas e, afinal, da fantasia ao
de símbolos: as nuvens, a imortalidade, o círculo, a conhecimento mais concreto dos fatos.
(segue «a página }6l>
1SR
MODELO DE BARCOS NO OCEANO ÍNDICO
N o .Meado do Século XVI
159
GOA NO SÉCULO XVI
121
Assim, temos que reverenciar a figura de Vasco duzidos os primeiros céladons de Yue (pasta de grés),
da Gama, que abriu a nova rota das índias pelo Cabo de Hong-Kong e de Tch’ang-Cha. As cores emprega
da Boa Esperança, descortinando, afinal, as maravilhas das variam: vermelho, amarelo, turquesa, azul e
desse Oriente, por tanto tempo misterioso e desconhe costumavam os loucciros misturar pigmentos de
cido. Por esse caminho aberto por suas destemerosas óxidos nos esmaltes que colocavam sobre a glasura,
naus, seguido logo depois por Pedro Alvares Cabral, conseguindo, com isso, outras tonalidades. Nesta
começaram então a afluir por nova via, mais profusa dinastia há predileção pelo fabrico de vasos e urnas
mente, os produtos asiáticos, com os benefícios de funerárias. Foi um período em que desabrocham na
outras civilizações. China as artes e iniciam-se as relações comerciais
Cabe a Vasco da Gama, a par de ser o herói extra-muros. Começa o intercâmbio com a Ásia
desse magno movimento, o título, no setor porcelâ- Ocidental e seguem expedições para o Turquestão,
nico, de ter sido o primeiro a trazer “algüas peças" Tergana, Bátria e Pãrtia. Foi nessa dinastia que o
chinesas pela nova rota, e assim ser o pioneiro de Budismo penetrou oficialmente na China. Esses fatos
sua mais ampla divulgação no mundo Ocidental. Lsso, influenciaram poderosamente a cerâmica e a arte chine
como se infere do complemento da "Carta enviada sas, pois aqueles contatos traziam novas contribuições
para Roma ao Cardeal Protector, acompanhando não só quanto as formas como no referente à decora
outra em que D. Manuel participou ao Papa a desco ção e à simbologia, que trazia consigo um número
berta do Caminho para a índia e dando-lhe minuciosas considerável de ornatos novos,
informações a. respeito daquela região”, escrita em Scgue-se, em importância, a dinastia de T'ang
Lisboa a 28 de agosto de 1 4 9 9 .,. “c (têm) em muyia (618-906) em que há grande prosperidade, floresci
sommã porcelanas q vem doutras províncias de fóra mento de todas as artes e vitais descobertas para a
da Yndia a ella vender-se e cm assaz cantydade de cerâmica. Os árabes estabelecem-se em Cantão e
que os nossos agora nos trouxera algüas peças”. carreiam com eles as influências da arte persa e
Faremos, agora um apanhado panorâmico sobre bizantina que passam a atuar. A dinastia T aog fabri
a cerâmica chinesa cm si, abordando as dinastias e cou porcelana funerária, artística e utilitária com reves
reinados que mais se destacaram até Vasco da Gama. timento feldspático. Eram usados o amarelo palha e o
Foram descobertos espécimes cerâmicos do perío azul cobalto da Pérsia, que fazia parte da contribuição
do neolítico (2500 a 1500 a.C,), eram elas pretas, dos árabes no aprimoramento da decoração. Peças
polidas e com desenhos incisos. Já na dinastia Han sóbrias, branco puro e brilhante também faziam parte
{206 a.C. a 220 a.C.) a pasta evoiui para o vermelho ca produção. Funcionavam várias fábricas: a de Yeu-
e o cinza, é empregado uma espécie de grés com han em Chekiang, e a de Hsing-yao na Província de
coberta feldspática e fabricada a cerâmica com ou sem Hopei, fabricando ambas tigelas de chá de grande uso
glasura, às vezes pintada a frio. E já existiam sete r.a China. A fábrica de Yueh ficou célebre pelas por
fábricas produzindo cerâmicas de tipos diferentes, ê celanas chamadas pisê, feitas especial mente para os
quando aparece a proto-porcelana (grés com um membros da Casa Imperial. Em Honan fabricou-se
pouco de caulim, cozido à alta temperatura), a pre uma porcelana “azul como o firmamento, delgada
cursora da verdadeira porcelana, e também são pro como o papel, brilhante como um espelho e com um
161
som semelhante a aparelho musical”, segundo os feiras de Cantão, Atraídos pelo azul e branco das
“Anais da dinastia Tang". peças dc porcelana chinesa, os portugueses abandona
È nessa dinastia que começa a história mirabo ram o céladon e passaram a importar essa louça em
lante da porcelana: emerge ela da terra como a concha grandes carregamentos para o Ocidente,
nacarada do mar, a emitir raios de luz e fachos de Na dinastia Ming a capital da China c passada
cores! para Pequim e a produção cerâmica é concentrada
E ainda de assinalar a dinastia Sung (960 a 1276), quase totalmencc em Chinlehchcn em 1369, e ainda
Esta dinastia ceiebrizou-se com os céladons de glasura há lá uma fábrica estatal de melhor qualidade do que
brilhante, rica e lustrosa. Período considerado por as outras para encomendas especiais do governo atual.
muitos ceramistas como o do fabrico da mais perfeita O local era ideal inclusive para a distribuição dos pro
porcelana de todos os tempos. Seus monocromos são dutos por via fluvial, alcançando Nanquim, e por mar,
inigualáveis, sem decoração, a não ser desenhos inci tanto Swatow, Macau como Cantão, na cosia chinesa,
sos ou moldados ievemente, sob glasura brilhante, c a Ilha de Formosa, onde os holandeses iriam mon
grossa e untuosa. A cor dominante é o verde em todas tar um porto.
os seus tons, desde o oliva até o verde pálido acizen Esse período também se caracteriza pela preferên
tado. Era usado também o marrom, o roxo, o azul, o cia do fabrico da porcelana sobre o do grés. Também
bege claro. As peças em geral possuem cercadura de passa a ser aplicado como norma o uso do "níen-hao”
metais preciosos como medida de proteção devido à nos artefatos cerâmicos. Nesse período é construído o
crença de que os venenos as partiam. Há variedade Pagode de Nanquim, todo coberto dc placas dc por
de monocromos brancos, marrons, pretos e do violáceo celana verde e amarela, e as telhas do Tempio do
ao azul. Dispunha de afamadas fábricas como: Ting- Céu, em Pequim, são esmaltadas de azul arroxeado.
-Yaa (Hopei), Tu-yao (Ho-nan), Tung-yao (Ho- Distinguem-se na produção os famosos branco de
nan), Kuan-yao (Ho-nan), Lung Chuan Yao (Cbe Fukien (blanc de Chine), os céladons que constituem
Kíang), Ching-yao (Honan) e Chien-Yao {Fukien). o principal produto de exportação, com motivos florais
Segundo Plácido G u t i e r r e z o uso do “céladon” sob a coberta, as peças pretas fabricadas na Província
foi mais intenso ate a chegada dos portugueses que de Honan, isso com referência aos monocromos. Com
passaram a preferir 0 azul e branco. Vejamos o que referência à policromia, as cores mais usadas na
nos conta: dinastia Ming são o azul turquesa, o azul profundo e
“Virtudes mágicas atribuídas à porcelana céladon o violeta (aubergine), e como característico que iria
pelos chineses garantiram a venda de enorme quanti conhecer grande voga e atravessar as dinastias Ming
dade daquele tipo de louça aos poderosos e supersti e Ch'ing: os “branco e azul".
ciosos senhores árabes e persas durante cerca de três No Quínhentismo defrontam-sc, cara a cara, em
séculos, O que hoje seria considerado um bem suce solo oriental, os mercadores europeus com os orientais,
dido plano dc marketing foi posto em prática pelos mais precisa mente o lusitano e o chinês. De lá para
chineses: eles espalharam discretamente pela colônia cá, cm quatro séculos, toda uma caudal de intercâm
dc mercadores árabes em Cantão que sua porcelana bio iria se estabelecer, e a porcelana iria refletir, no
céladon apresentaria manchas de um vermelho vivo, correr dessas centúrias, profundas modificações no
ou se partiria, se nela fosse servida qualquer iguaria que. respeita à decoração.
envenenada”. Já nos primórdios do Quínhentismo surgem na
Mais tarde, já no século XVI, o monopólio do Europa as primeiras peças com signos ocidentais,
comércio com o Extremo Oriente passava às mãos cic conhecidas por manuelinas, c no correr do século,
mercadores lusitanos, que se estabeleciam em Macau — outras, conhecidas pelos ceramógrafos como sino-
território chinês — criando a Casa das Índias, portuguesas. No segundo capítulo iremos desenvolver
e obtinham permissão para visitar e comerciar nas o assunto.
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PORCELANA CHINESA MODERNA
Uma viagem à China — a velha Cathay, é algo Fengchi, LiÜng, Hunan, Fukicn, Kwangtung, Shiwan,
que recomendamos com empenho ao apreciador da Shantung, Hopei, Taugsban e ainda produtos da região
cerâmica. dc Swatow.
Pode-se pensar que as maravilhas exaltadas em E essas informações puderam ser confirmadas em
vários idiomas c diapasões por nm Ibcn Batoutah, um mais de quatro gêneros de amostragem. Uma delas
Femao Mendes Pinto, um Gui de Panciroli, um Anto- são as chamadas "Lojas da Amizade” onde, em qual
nio Pigafetta, um Garcia Horta, um Damião de Góis, quer cidade chinesa, são vendidos artigos tanto popu
um Frei Gaspar da Cruz, um Marco Polo, um Pare lares como dc luxos, tais como tapeies, sedas finíssi
d’En treco) les, entre muitos outros cronistas, tenham mas, brocados, marfins e jades eximiamente talhados,
deixado de existir. leques, arcas de sândalos, cerâmica, etc, etc. Em
Que as altas chaminés, os fornos de Chintehcben, suma, toda aquela parafernália que nossas avós chega
o maior centro cerâmico do mundo que mantinha a ram a conhecer C a desfrutar e que lá as reencontra
cidade em penumbra constante, tenham deixado de mos ao lado de novas criações.
vomitar fumaça e que o ventre generoso dos fomos Há também as "Lojas do Povo" de artigos mais
chins tenha deixado de expelir produtos como os secundários, onde também aparece a porcelana, e em
famosos “céladons”, as “cascas de ovos”, os “flambés”, particular o serviço “Azul Pombinhos", imitando o
os "blanc de Chine", as "Famílias Negras”, etc. antigo "Wiilow Pattern", porém dc sopeira redonda e
Pode-se também pensar que a extinção da Compa um azul cobalto mais escuro.
nhia das índias Orientais Inglesas em 1834 c o advento Todos esses produtos a China contínua produzin
da República Chinesa cm 1912, que afastou as veneran do para si e para ouiras partes do mundo, e muitos
das dinastias chins do puder, tenham criado um colapso deles são encontrados cm lojas no Brasil.
no piano cerâmico; ou que a volumosa produção indus Quanto à porcelana, as “Lojas cia Amizade”
tria! Ocidental tenha invadido o mercado chinês e dc vendem desde artigos populares até os mais finos, tanto
lá banido os produtos do Celeste Império! modernos, como antigos, sendo de notar que peças
Mero engano. Temos que pensar que o escambo com mais de 120 anos não são vendidas e há proibição
chinês antes dos Descobrimentos, cobria todo o Extre dc exportá-las.
mo Oriente, o Oriente e ainda o Oriente Médio, das Em todas as porcelanas aí vendidas é aposto um
Ilhas do Pacífico às Costas da África e às margens do lacre oficial provando a sua autenticidade. Um apare
Mediterrâneo! Com os descobrimentos passou cie a lho para doze pessoas em azul e branco ou do tipo
abastecer o Ocidente europeu e o americano e aumen famoso ainda hoje recopiado, o “grain de riz”, custava
tou deveras sua produção para atender n esses novos (cm outubro de 1978) 240 "yuang”, ou seja, mais ou
mercados e aos caprichos destes novos e exigentes menos 120 dólares, com sopeiras, travessas e tudo
clientes que o comércio c a indústria enriqueceram. mais! Vasos de exímia fatura e excelente esmalte,
Passado esse volumoso fluxo de abastecimento que cópias bem acabadas das famosas "Famílias Negras”
durou cerca de quatro séculos, voltou a China a se do reinado de Kang-Hsi, variavam conforme o tamanho
dedicar ao seu antigo e milenar mercado que já era c a idade (menos de 120 anos), de Cr$ 10.000,00 a
enorme se considerarmos o volume de consumo de Cr$ 80.000,00!
populações imensas corno a sua própria c dc alguns Uma peça do século passado, do período de
de seus vizinhos e consumidores. Tung-Chi (1862-1875), representando uma floreira
Assim, passada aquela euforia que agitou por azul e branco — 25 cm, de comprimento, custava.
alguns séculos as lides milenarmente calmas da pro 150 dólares, pratos Companhia das índias, polícroma-
dução chinesa, retoma a velha Calhai ao seu ritmo dos (com frutas e borboletas do final do século XIX),
tranqíiilo de rotina. A mudança dc regime político em cjslavam de 100 a 330 dólares.
nada alterou o atavismo cultural c artístico do oleiro Outra fonte de informação é a própria Feira de
chinês de produzir e criar, e agora em condições Cantão, tradicional evento nos fastos do comércio
bastante melhoradas pode ele desenvolver suas ativida chinês, que tivemos oportunidade de visitar, em que é
des com maior desembaraço, já que dispõe hoje de exibido tudo que é fabricado no imenso território
técnicas mais avançadas para a mistura da pasta e o chinês e o' que de mais importante o país produz, desde
controle do fogo c dos óxidos. a parte industrial até as mais finas e sofisticadas peças
De acordo com informações colhidas sobre a sua de artesania.
produção utilitária e de adorno, continua ela, ativa e Outra amostragem importante foi a visita à
diversificada. Os seus mais importantes centros cerâ exposição na Cidade Redonda, cm Pequim, só de
micos continuam em atividade como Chintehchen, produtos da fábrica de Chintehchen, em que nos
163
foram apontados pelos seus dirigentes, com precisão -Kong” — in “The Chinese Export Commodities Faír
e vagar, os numerosos e magníficos produtos daquele Special Editíou” — 1978 -— Autumn — (Setembro) —
centro famoso — .inclusive uma vasta vitrina de vasos Hong-Kong.
pintados por aprendizes, cujos produtos eram difíceis Na parte de ilustração acreditamos que o leitor
de distinguir das peças acabadas pelos seus mestres. poderá verificar que o que foi dito sobre a produção
Outra exposição foi feita em Hong-Kong, tam moderna na China não d exagero e apresenta na
bém em 1978, um grande centro internacional, encru verdade urna tão agradável surpresa como lisonjeira
zilhada de raças e de comércio, na qua! foram exibidos realidade.
mais de 10.000 exemplares das porcelanas provindas Outros centros do Extremo Oriente, fora da
de diversas províncias e centros de produção. (Vide China, J^pão e Coréia, produzem boa porcelana e grcs,
“Reemergence of Traditional Products — an Impres- como a Tailândia (excelente porcelana azul e branco
sion from the Chinese Ceramics Exibition in Hong- — martabanis e grés) e Formosa (Taipê).
164
D ife r e n te s P erío d o s C E R Â M I C A C H IN E S A
Museu Imperial — Pequim
123
165
PORCELANA CHINESA
Túmulo dos Mine (Wan-Li)
124
Várias peças de diversos formatos, cores e períodos que ornam a tumba dos imperadores Ming,
cm l ’eq:óm em particular a de (iioi-ti-diua, conhecido por Wan-Li e descoberto recente mero?
(1957). As tumbas dos Mings ainda não foram todas elas recuperadas e classificadas. S5o sub
lerrâneas e a câmara mortuária situa se nutn luxuoso palácio que reflete pelos objetos que o
adornam, o requinte c o fausto dos imperadores da dinastia Ming.
Diferentes Períodos PORCELANA CHINESA
Museu Imperial — Pequim
125
167
Diferentes Períodos P O R C E L A N A C H IN E S A
Museu Im perial — Pequim
116
168
Secs, x t n / x i v / x v n PORCELANA CHINESA
127
Gomil elegante e delicado em az_uI c branco eoht a decoração 0 prato em azul e branco sem marca, de aba compartimen
do bojo compartimentada em várias seções, desenhos fitofot- tada em que se inserem motivos e símbolos chineses, tendo
mes e lineares. Esta peça faz lembrar a série de modelos de no centro um desenho fítoforme, è do primeiro reinado de
íina fatura destinada ao mercada persa-muçulmano (século Wan-Li. Esse gênero de decoração passou a ser classificado
XIII), — Arquivo do Autor. pelos holandeses e os ceramógrafos europeus como "K R A A K
FORSELEYS" {ou seja, por corruptela, “Porcelana de Corra-
ca"), pois parte da produção do reinado de Wan-Li ainda no
começo do século X V II era transportada pelas pesadas
carracas portuguesas para o Ocidente, tráfico esse que passou
a ser dominado no correr daquele século pelos holandeses.
Os motivos e a disposição dos elementos decorativos dentro da
peça, criados naquele reinado, passaram a influenciar profun-
damente a faiança portuguesa que primeiro deles tiveram
conhecimento e escambaram-na profusamente até que os holan
deses mais tarde, adotando-as também de Amsterdã, espalha
ram sua ■faiança peta Europa inspirados naqueles motivos
orientais (Vide Sir Harry Carner "Oriental Btue and Whiie"
England — 1972 — 3.“ edição). — Coleção do Autor,
169
Sécs. X V l/ X V ll P O R C E L A N A C H IN E S A
( D ife re n te s P e río d o s )
120
129
170
Sees, x v n / x v m CERÂMICA CHINESA
Ftagmemos salvados da nau afundada nas proximidades
de Mont Serrai — Bahia
130
171
Sécs. X V IIIX V 111 CERÂMICA CHINESA
iíi
172
s«f. XVUI PORCELANA CHINESA
132
173
Séc, X V III C O M PA N H IA DAS ÍN D IA S
Personalizada
133
As peças com os armas dos Sampaio e Mello, no sentido rigoroso tio termo, seriam mais apropriadamente chamadas de “guar
nição de rata" dado o grande número existente, atém da baixela, de jarrões armoriados, boíões, potes, carias de chá 11 de faqueiro,
polvilhadorcs, e<C, Peças importantes desta família acharn-se espalhadas entre museus e colecionadores renomados, dada a sua impor
tância i beleza, O Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, guarda dois vasos poUcromados com 0,80 cm de altura; a Fundação
Ricardo Espirito Santo exibe dois potes de aproximadamente 1,20 m de altura, e um par de potvilhadores; o Paço Ducal de Guima
rães ostenta dois enormes jarroes decorativos em seus salões, etc. Acreditamos que essa ilustre família, além de suas baixelas,
seja a que mais peças de- adorno c as mais imponentes apresentou em todo o período das Companhias das índias (Vide “Catálogo
de Antiguidades — Dinastia" 3/12/75 — grav. 10; "Connaissance dcsArls" n.° 76, de junho de 1958, jarra ou floreira grande
com alças e as armas, "Cerâmica Brasonada" dc Castro e Sola (dois pratos), vol. 11, "Loiça Brasonada’’ de Campos e Sousa (um
prato) c entre colecionadores D, Fausto Figueiredo (duas jarrinhas) e ainda outras peças que foram do colecionador Ernesto Vi-
Hiena), Quanto ao titular dessas Orças informamos:
"José Campos r Sousa é o principal apóstolo da teoria .. que o destinatário foi Manuel Corte Real de Sampaio, que no reinado
dc Dom Afonso VI, fez parte do 5.° Conselho Governativo da Índia" (1668-1671) (Loiça Brasonada, pág, 336),
Mesma teoria c esposada por David IIcorará e John Aycrs. os últimos a se pronunciarem sobre o assunto em "China for lhe West"
(pág, 3S0), que dizem "que Manuel Corte Real de Sampaio também foi oficia! da Santa Inquisição (1664) c tornou-se Capitão Gerai
de Damão e Goa em 1690, c é a ele que estes serviços sempre foram atribuídos".
Devemos â nitnia gentileza de Gonçalo Sampaio Mello um longo estudo sobre os Sampaio c Mello, constante de um opúsculo "O
Serviço de Porcelana da China da Companhia das Índias" com o Brasão Português Sampaio e Mello — Curitiba — maio de 1979,
e as fotografias das três peças que sua família conserva. Diz-nos ele:
"Neste quadro de considerações desponta com naturalidade a última, teoria já anunciada, e a única que até hoje não sofreu séria
contestação. Diz respeito a uma família do Norte de Portugal que teve o seu solar na aldeia do Rabaçal (Conselho de Meda) e
mais remotamente na vila de Mello, o qual se julga ter sido a primeira destinatária do sei viço de porcelana onde se acham talhadas
as suas armas. ;
A resenha genealógica desta família dc nome HOMEM DE SAMPAIO E. MELLO — ou longamente, Menezes da Silveira Homem
de Sampaio e Mello — fará parte do 111 Anuário da Nobreza de Portugal, « jair brevemente em leira de, forma, sob a responsa
bilidade do Instituto Português de Heráldica — onde, entre outros elementos, ficará estabelecida a sua proveniência de Mcm Soares
de Mello e Martim de Sütnpayo, os primeiros conhecidos com esses acmes há cerca de vinte gerações",
À esquerda, ao alto, vemos um prato com larga cercadura dourada com toques de "rouge de fer", lendo ao centro o brasão entre
arabescos poUcromados. O brasão de baixo é o fundo de uma grande travessa com moldura de madeira c à direita um frasco de
chá, com tampa de prata, armoriado.
Coleção Dr. Rui Sampaio e Mello, informações de Gonçalo Sampaio e Mclto.
séc, xvn i PORCELANA DAS ÍNDIAS
Família Sampaio e Mello (Portuga!)
Jcirrào armoriado, com o brasão português de Sampaio e Mello, “monture” em bronze dourado francês. f. assim que tio Catálogo
da Dinastia Antiquários, Lisboa, c anunciada a venda de um jarráo similar.
Peio que nos foi dada apreciar com informações contidas nas obras de José Campos c Sousa, do Conde Castro e Sola, David Ho
ward e John Ayers, e a correspondência do Sr, Gonçalo Sem-aio c Mello, existem na realidade várias baixelas e objetos diversos,
com as armas de uma mesma família “Sampaio e Mello”, mas de diferentes períodos e decorações. Castro e Sola nos exibe
dois pratos de serviços diferentes, um idêntico àquele por nós estampado (pertencente ao Dr. Rui Sampaio e Mello), com aba
dourada com caldeira e brasão no centro, e outro prato com uma cercadura singela composta de traços oblíquos (estampas
C L X X X V I e C LXX X V ll, ob, cit,) também com brasão rto centro,
O primeiro, pela decoração e formato nos dá a impressão de que seja do século XVIJI, e o segundo, inclusive pela forma atigelada
do prato (sem caldeira), ao gosto chinês, é nitidamente do século X V li.
O mesmo se dá corn oilir lo’, de adorno que, a nosso ver, foram encomendadas também em várias épocas <t separadamente, pois
não seguem a mesma decoração das baixelas. O frasco exibido parece-nos um Ming autêntico e os jarrões fâ se perdem na riquíssima
e enrolada decoração que costuma caracterizar as encomendas requintadas do século X V Ui.
Cortesia de José María Jorge.
176
P i versos Períodoj A CERÂMICA NA NUMISMÁTICA
156
177
Séc. X X PORCELANA CHINESA
Moderna
137
136
178
139
179
Séc. XX FEIRA DE CANTÃO
I 40
A s figuras finamente execuladus da vitrina à direita são eni “biscuil émaiilé", ott seja, to ruías cie uma sõ vez, com partes sem esmalte
(cabeça c mãos em biscuil). As outras representam vasos e bules de diferentes formatos e cores, sendo de notar o belo "cachepot"
com uma eximia decoração de folhas e dc flores, executadas a mão. A esquerda uma cópia dos famosos cavalos T'ang (cuja altura
varia de 13 a 35 cm) e são vendidos na China, tanto nas Lojas Populares (Shangai), conta nas Lojas da Amizade (Pequim).
Arquivo do Autor.
180
Séc. X X EXPOSIÇÃO DE CHINTEHCHEN
Cidade Redonda-Pequim
! 41
Exposição orpuni tudo peia Companhia Industrial da Província ele Clria Sili, para divulgação dos produtos ele Chintehchcn e outros
(Ii>7S). Na vitrina da esquerda divisam-se vários objetos de adorno e algumas peças de ihâ em braitco e azul. A s três outras fotos
apresentam peças monumentais com pessoas ao lado. para se ter idéia do seu tamanho. O vaso do alto à direita, de colo afilado,
representando urna cena chinesa, tem ao lado o Sr. Chati, diretor da Exposição. Note-se à esquerda, embaixo, o enorme vaso de
forma clássica em céladon, e à direita a enorme peça ern azul e branco.
Arquivo do Atilor.
1§1
Sec. X X EX PO SIÇÃ O DE C H IN TEH C H E N
{coni.)
142
A fotografia de cima representa um *tour de force " de técnica de forno — traia-se de uma placa d t um metro e meio de largura,
com cavalos cm debandada, da qual só se pôde fotografar mande* À esquerda, na linha do centro, um "roitge flambe" £ um vaso
atui com alças c faixa em material fosco marrom, 4 o centro, urttu lanterna em casca de ovo {abat-jour) com a base feita em
“grein de riz”. Â direita, ao lado de vasos menores policrornados, um beto espécime de cópia da Família Negra, Embaixo, va
riantes de forma e decoração em azul e. branca de um brrle e dois vasos.
Arquivo do Autor,
182
Séc. XX EXPOSIÇÃO DE CH1NTEHCHEN
(Serviços de mesa e tic chá)
183
Sêc. XX EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE CERÂMICA CHINESA
Hong-Konu — {Setembro — 1978)
144
O serviço exposto ao alto, de bela decoração, fundo pre'o com flores e ramagens espalhadas Igènero do "miite fleurs" francês, ou
da amiga decoração de tapetes do Médio OrienteJ, t pelot chineses conhecida por “decoração de Cantão”, o que equivale a dizer
que as peças são encomendadas em branco do fabricante {provavelmente Chintehchen) e lá decoradas, como ao tempo das
Companhias das índias (quando boa parte dos serviços eram completados em Cantão), O aparelho da direita é em branco e azul
com estilização de flores e ramagens. O serviço cor de rosa, à esquerda, è do gênero conhecido por "graviata" e trata-se de cópia
de outros aparelhos e vasos do século X IX — tão apreciados em várias p arí« do mundo c existem em diferentes cores: turquesa,
esverdeado, azulado, avermelhado e amarelado.
Arquivo do Autor.
184
Séc. X X EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE CERÂMICA CHINESA
Hong-Kong — (Setembro — 1978)
185
Sâc. X X TAILÂNDIA
(Produtos cerâmicos}
186
Séc. X X TAILÂNDIA
(M aríabanis-E rés)
Variantes modernas dos antigas “martabanis" referidos petos navegantes portugueses na costa do Sino, desde o sfeula XVI. como
contentores grandes com quatro alças para transporte de especiarias, cereais e azeite. Hoje as variantes desses vasilhames cerâmi
cos ancestrais são usadas como peças de adorno em “martabani" d: volume médio (40 cm), custa 300 dólares, como é o caso
da peça ao alto, à esquerda ou como pote para flores e iarbustos em residências e hotéis. São todos de fundo meiado com deco
ração ás vetes incisa, às vezes pintada com motivos orientais. Porém os ",martabanis" são profusamente usados também na parte
pobre de ílangckoc, para captação e guarda de água, sobretudo nos braços de rio próximos da cidade, onde funciona o "Mercado
Flutuante", o comércio é feito com barcos — nesses tocais eles são colocados fora de casa para capear as águas da chuva — água
que é considerada pela lertda siamesa como sagrada. Na foto à esquerda percebe-.se um cano de cutha dando diretamente sobre o
"martabani" maior. A respeito de "martabanis" vide as estampas n.°‘ S e 6 de "Chinese Export Porcelain" de O. F. Lunsingh/
Scheurieer, Londres — 1974. — Arquivo do Autor.
187
X l l - PORCELANA ALEMÃ
* *
189
XIII - PORCELANA BRASILEIRA
* * *
*
B I B L I O G R A F I A
(! ) Damião DE góis — Carla a Nânio 1541 — "Opúsculo* (5) E. F. Brancante — Ob. cif. ( . . . Louça Mineira) in
Históricos”. Revista Paulisíânia. n,° 79 S, Fanio.
191
PORCELANA BRASILEIRA — CAETÉ
— 1903 —
I 4K
Bule e Xícara cm porcelana branca de excelen te alvura e vidrado coru frisos dourados (não marcados). Coleção Dr. Israel Pinheiro
F íllw ,
192
CATEGORIAS CERÂMICAS
I Capítulo
ÍNDICE DO TEXTO
I - - BARRO CRU
IV — LOUÇA VIDRADA
193
VI — FAIÂNÇA-MAJÓUCA — MEZZA-MAIÓLICA
VIII — GRÉS
IX — BISCUIT
X — PORCELANA MOLE
194
XI — PORCELANA DURA
195
CATEGORIAS CERÂMICAS
I Capítulo
ÍNDICE DAS ESTAMPAS
LOUÇA VIDRADA:
n.°
15 — Dois pratos e uma tigela da Pérsia.
16 — Miniatura de múmia — azul-turquesa — Egito.
17 — Prato de Beauvasis, século X V — França.
18 — Tigela persa (Kashan) — século XIV.
19 — Caneca feita em Iznik (século XVI).
20 — Pablo Picasso, prato com duas cabeças de touro.
21 — Pablo Picasso, travessa com desenho de peixe.
AZULEJOS — LADRILHOS:
n ;0
22 — Mosaico de terracota — colorida — Inglaterra, século X ltl.
23 — Azulejos medievais, Bristol, século XV.
24 — Amostras de modelos de azulejos e ladrilhos, com partes de terracota
colorida (Inglaterra).
25 — Azulejos ibero-mouriscos, diversos gêneros.
26 — Azulejos italianos (influência mourisca e gótica).
27 — Azulejos italianos (Renascença).
28 —- Azulejos do Oriente Médio.
29 — Azulejos chineses (Kang-Hsi) policromado e em branco e preto.
30 — Dois painéis do Oriente Médio de Mesquitas em Teerã e em Istambul
(Mesquita azul).
31 — Azule faria na Nova Espanha.
32 — Azulejos (Cozinha do Convento Santa Rosa) — Puebla — México.
33 — Arranjos parietais com azulejos e lajotas — Puebla.
34 — Detalhes de interior — Convento de Santa Rosa — Puebla — México.
197
35 — Detalhes do Museu José Luiz Bello Gonzales — Puebla.
35-A — Idern, idem.
3<í — Praça Plazuelo de Los Sapos — arranjo parietal, século XVII,
37 — Diversos tipos de azulejaria estanífera — Puebla.
38 — Azulejos portugueses do palácio dós Marqueses da Fronteira.
39 — Painel policromado de frontal de altar e outro chamado "Abanada" do
Museu do Azulejo — Lisboa.
40 — Silhar azul e branco do gênero tapete com friso e barra, rendas de
Coimbra, Quinta de Santo Antônio, Mafra — Portugal.
41 — Cinco azulejos, azul e branco (final da século XIX) portugueses.
42 — Painel policromado (1640) Convento Ida Esperança — Portugal.
43 — Painel policromado com as armas dos Felipes, Valência — Espanha.
44 — Quatro azulejos policromados avulsos de Barcelona (Catalunha) século
XIX.
45 — Painel policromado Ari-Nouveau-Sarreguemines—- Museu do Azulejo —
Lisboa.
46 — A mostras de placas de propaganda de Sarreguemines — arquivo do Autor.
47 — Diferentes tipos de azulejos ingleses do século XIX.
48 — Mostruário de azulejos e frisos AruNouveau, ingleses (exceção de um
friso belga).
49 — Mostruário de azulejos Ari-Nouvcau e Ârt-Deco ingleses, parte deles
encontrados no Brasil.
n.°
50 — Estampa de interior de fãbrica em França em 1715.
51 — Estampa com formatos para mestrado de oleiros, França, século XVIII.
52 — Tris peças de faiança européia (holandesa e italiana).
MÉXICO — PUEBLA
n.°
56 -—- Diversos pratos de Manhes de Paterna (séculos X IV e X V e ciclo “verde
y morado'").
57 *— Continuação mostruário do século XIII ao XVIII.
58 — Cozinha Valenciana (reconstituição século X V II I ).
59 —- Mostruário de faianças e mezza-maiólicas de Puente dei Arzobispo.
60 —— Jarra de Talavera, policromada.
61 — Pratos de Talavera, séculos XVII /XVIII.
62 — Pratos de, mezza-maiólíca de Puente dei Arzobispo.
FAIANÇA ITALIANA
n.°
63 — Dois contentores, século X IV de Orvieto.
64 ■
— Vaso com alças de Florença (Família Folhas de Carvalho).
65 — Dois pratos e uma vasilha — séculos X V e X VI, Deruta e Faenza,
66 — Um açucareiro e conjunto de. quatro albarellos. Cafaggioio e Faenza.
67 — Três albarellos coloridos — Faenza — Renascença.
68 — Quatro medalhões com cenas mitológicas, século XVI, Urbino, Guhbio,
Faenza (Cort. Victoria and Albert Museum).
198
69 —- Três medalhões com cenas mitológicas, o 1 de Urbino (1530) os outros
dois de Faenza (1525).
70 — Três medalhões: (dois de Faenza e um de Veneza) século XVI.
71 — Dois vasos, Deruta (século XVI) e Faenza (?), século XVIII.
72 -—- Cafeteira e sopeira policromadas, século XVIII (Faenza).
73 — Três medalhões, os dois primeiros, século XV. O terceiro é do século XVI.
FAIANÇA PORTUGUESA
n.°
74 — Prato elaborado, primeira metade século X V I I - - influência chinesa.
(Cortesia Museu Gonzâlez Marti).
75 — Prato com aranhões, escudo central com frade, suportes: grifos e data de
1648. (Cortesia Victoria and Âlbert M useum)
76 — Medalhão azul e branco, século XVII, decoração faixa barroca e centro
"amatorü".
77 — Prato elaborado século XVII com mistura de temas, tendo ao centro figu
ras chinesas. (Cort. Museu TIacionai Arte Antiga).
78 — Quatro estatuetas da Fábrica do Rato, século XVIII.
79 — Três formatos de terrinas diferentes (século XVIII) da Fábrica do Rato.
80 — Prato octogonal que pertenceu ao 2 ° Conde de Bobadela (Cort. Museu
Nacional Soares dos Reis).
81 — Travessa vasada polícromada com figura de mulher ao centro — fabrico
de Miragaia.
FAIANÇA FRANCESA
FAIANÇA ORIENTE-MÉDÍO
n.°
91 — Prato de Iznik, século XVI.
92 —- Jarro de Kashan, século XIII (Lustre).
93 — Tigela, decoração Minai.
94 —- Prato Iznik com animais (século XIII).
95 — Fundo de tigela de Kashan, século XIV.
n,°
97 — Conjunto de decoração fitoforme variada, azul e branco e azul borrão.
98 — Conjunto de quatro pratos com mesma decoração de “Pombinhos", porém
de quatro cores: azul, cinza, cor de rosa e verde, marcas diferentes.
99 — Conjunto variado de peças em azul e branco de diferentes marcas.
100 — Travessa imitando Satsitma sem marca.
101 — Travessa imitando porcelana chinesa mandarim, marcado Mason.
102 — Bacia em "copper lustre", marcado Copeland.
199
FAIANÇA FINA — V1LLEROY & BOCH
n.u
103 — Conjunto de três peças — jarra, tigela c bule marcados.
GRÉS
n.°
104 — Bule e duas tigelas marrorj de Yi-Shing.j século XVI I1.
105 — Pote fabricado por Boétlger, l.° quartel século XVIII.
106 — Fundo de bule com idiogramas de Yi-Shing.
107 — Tigre em duas corei, século XVIII, China.
108 — Dragão monocromo em azul pálido, século XVII,
109 — Pole em grés alemão, "blauwerke", século XIX.
PORCELANA DE MÉDICI
n.0
110 — Gomil e bacia, azul e branco, raríssima. (Cortesia Museu Xacionai
Arte Antiga).
PORCELANA MOLE
n.°
111 — Xícara e pires, marcados Sevres (1793-1798).
112 — Bule da fábrica de Vezzi de Veneza (1723-1727).
113 — Pires, marcado Sèvres pintado por Niquet c Tandart — 1770,
114 — Duas xícaras do período de Vincennes, marcadas Sèvres.
115 — Xícara e. pires em azul, com marca de Sèvres, 1793.
PORCELANAS FRANCESAS
n.ü
116 — Peças com fundo "Rose Pompadour", marcadas Sèvres.
117 — Peças do Serviço de Madame Du Barry, marcadas Sèvres.
118 — Peças com o serviço do príncipe Paulo Petrowilz. — 1772 (Porcelana
Dura).
ESTAMPAS DIVERSAS
CERÂMICA CHINESA
n.°
123 Mostra de peças raras, incluindo o Neolítico do Museu imperial de
Pequim.
124 Peças chinesas do túmulo de Wan-Li.
125 Outras peças do Museu imperial de Pequim.
126 Outro mostruário do Museu Imperial de Pequim.
127 Gomil em azul e branco, sécido Xl ll, c prato Wan-Li (século XV!!).
128 Vaso Céladon, século XV.
129 Garrafa tipo "Narguilê" (séculos X V I J X V l l ) também chamada Kendi.
130 Série de estatuetas (no estado) salvados na nau de Mont Scriat, períodos
Tienctii, Kang-Hsi, Kien-Lung. (Arquivo do Autor).
131 Defumador em forma de estatueta de mulher.
132 Duas estampas de "Cervo d'Axis" (uma do Museu Fundação Calouste
Gulbenkian).
200
COMPANHIA DAS ÍNDIAS (Personalizada)
n.°
133 — Floreira com detalhe da Sta. Casa de Misericórdia de Lisboa.
134 — Quatro peças policromadas com as armas dos Sampaio e Mello dc
diferentes formatos e períodos.
135 — Par de vasos com detalhes com as armas dos Sampaio e Mello.
CERÂMICA NA NUMISMÁTICA
n.°
136 — Três quadros com peças de diferentes materiais cerâmicos, empregados
eventualmente como moedas.
CERÂMICA CHINESA
n.°
137 — Jarro, oferta governo chinês ao Barão do Rio Branco.
138 — Fundo de três tigelas modernas, cópias de antigas (céladon e graviata).
139 — Mostruário da Feira de Cantão
140 — Conl. Mostruário da Feira de Cantão
141 — Exp. Fábrica Chintehchen — Cidade Redonda Pequim.
142 — Cont. Exposição Fábrica Chintehchen.
143 — Idem, idem.
144 — Exposição Internacional — Hong-Kong — 1978.
145 - Idem, idem.
146 — Thailândia — produtos cerâmicos
147 — Thailãndia — "martabanis”.
148 — Porcelana Brasileira Caeté.
201
0 BRASIL E A CERAMICA ANTIGA ”
2.° Capítulo
Mapa holandês de 1630 da América ilo Sul no qual à direita, destaca-se o Brasil (BRASÍLIA)
QUINHENTISMO BRASILEIRO
SUMÁRIO:
I - BARRO CRU
I I - BARRO COZIDO (TERRACOTA) - IMAGINÁRIA
207
facilmente percebidas na cerâmica dc Marajó e de défaut chez ces peintresses américaines: elles font avec
Santarém”. ' leurs pinceaux ce qui leur sera venu en fantaisie. Si
Assim, entre aquelas duas divisões mestras do vous les priez ensuite d’en faire de la même sorte,
território, existe uma diferença marcante. comme elles n’ont d’outre projet, dessin et crayon que
Na Amazônia, além da produção costumeira de la quintessence dc leur cervelle qui trotte, elles ne
artefatos utilitários, de culto e de adorno sem maiores sauraient reproduire le premier ouvrage: a ce point que
atrativos ornamentais, destacam-sc em alguns centros, vous n’en verrez jamais deux dc la même façon”.
produtos de elevado padrão artístico e técnica apurada, Frei Gaspar de Carvajal, que fez parte da expedi
de que são expoentes as cerâmicas Marajoara e Santa- ção do Capitão Francisco dc Orellana em 1541, que
rena, entre outras, e de que já demos notícia no I.° primeiro desceu o Rio Grande ou o Rio de Orellana
Capítulo ao abordar a Terracota no concerto universal. (Rio Amazonas) nos dá uma pitoresca descrição do
Na Faixa Costeira, o fabrico local não apresentava que observou na hospitalidade do chefe Omagua, entre
aqueles atributos dc originalidade ornamental, de os índios Tapajós. Damos na íntegra o texto em caste
técnica e elaboração artísticas; as formas e a decoração lhano para maior fidelidade dc interpretação:
eram mais simples, mais primárias e rudimentares. “En este pueblo estaba una casa de placer, dentro
Na Bacia Amazônica, predominavam os índios de la qual habia mucha loza dc diversas hechuras, así
Tapajós c na Faixa Costeira, os Tupinambás e foram de tinajas como de cântaros muy grandes de más de
cies objeto das primeiras referências sobre o artesanato veinte e cinco arrobas, y otras vasijas pequenas como
oleiro no quinhentismo brasileiro. platos y escudiltas y candelabros desta loza dc la mejor
São cronistas estrangeiros — alemães, franceses e que se ha visto en el mundo, porque lá de Málaga no
castelhanos — que nos dão conta, em primeira mão, se iguala con cila, porque es toda vidriada y esmaltada
das impressões sobre a cerâmica ameríndia. de todas colores y tan vivas que espantan, y demás
Hans Staden, cuja figura é até hoje reverenciada disto los dibujos y pinturas que en ella hacen son tan
entre nós, assim nos informa em sua obra: ...A s compasados que natural rnenlc labran y dibujan lodo
mulheres fabricavam os vasos do seguinte modo: como !o romano: y alií nos dicicron los índios que lodo
“Formam com barro uma espécie de massa a que lo que en esta casa habia de barro lo habia en la
dão a forma desejada; sabem muito bem colorir. tierra adentro de oro y dc plata, y que ellos nos llevarian
Deixam estes vasos secar por algum tempo, os põem allá que era cerca".<é)
depois em cima de pedras, cobrem com lenha e assim Conquanto este relatório tenha sido elaborado por
deixam no fogo até ficarem rubros, então acham-se um frade culto, a afirmação de que existiam peças de
suficientemente cozidos" (4). louça vidrada não veio a ser confirmada por pesquisas
Jean de Léry, francês natural dc Lamargellc, na procedidas na região dos índios Ornágua, Se cia fosse
Borgonha, missionário calvinista, companheiro de comprovada, o fato teria enorme repercussão na histó
Villegagnon, em seu “Journal de Bord en la terre de ria da Cerâmica no Novo Mundo, porquanto o emprego
Brésil en 1557”, cuja primeira edição foi publicada em do vidrado não era conhecido na América inteira ao
La Rochelle em 1578 <!), é mais explícito. Damos na tempo dos Descobrimentos.
íntegra o texto original em francês porquanto algumas Aproveitamos o ensejo para esboçar os métodos
traduções podem levar a um equívoco no tocante ao empregados pelos índios brasileiros no preparo de sua
emprego do vidrado pelos Tupinambás. O texto divide- cerâmica, e por certo pelo que acabamos de dizer deles
-sc em duas partes, a primeira referente ao fabrico e não consta a manipulação química do vidrado.
as formas e a outra relativa à decoração. Ao chegarem os portugueses às nossas bandas,
“Or, pour faire un sommaire des autres meubles encontraram eles três tipos de tribos “as que não fabri
de nos Américains, les femmes (qui ont entre elles, cavam cerâmica, as que produziam louça de barro cru
toute la charge du ménage) font force cannes et grands seco ao sol e as que a coziam ao fogo e toda a cerâmica
vaisseaux de terre pour faire contenir le breuvage dit era fabricada a mão, com a ajuda dos mais rudimentares
caouin, semblablement, des pots à mettre à cuire, de e improvisados instrumentos, pois o tomo de olaria era
forme ronde ou ovale, des poêles moyennes et petites, completamentc ignorado pelo índio americano antes da
plats et autres vaisselles de terre”. Celle-ci n’est guère conquista ibérica; o sistema de moldes ou formas tão
unie au dehors, elle est néamoins bien polie et comme usados na região andina era desconhecido no Baixo
plombée au dedans par une certaine liqueur blanche qui Amazonas como cm Marajó”, f71
durcit, et il n’est pas possible aux potiers de par-deçà de Quanto à coleta do barro, sabiam os índios fazê-lo
mieux accoutrer leurs poteries de terre”. de forma apropriada, assim como preparar massas mis
As palavras “et comme plombée”, vêm sendo turadas com areia, cinzas, conchas e pedras moídas e
traduzidas por "tão bem vidradas” quando o certo é até com fragmentos dc quartzo e feldspato. Sabiam
"e como (se fossem) vidradas", o que se coaduna com modelar através dos processos clássicos de espiral e
a realidade técnica. do levantamento, assim como alisar as paredes dos
O trecho seguinte do mesmo parágrafo, concerna artefatos antes de levá-los ao fogo, como dar-lhes poli
a decoração e nele Léry é mais prolixo: “Ces femmes mento com seixos depois de Cozidos. Conheciam a téc
détrempent aussi certaines couleurs grisâtres, propres nica de recobrir as pastas com engobe ou barbotinas,
à cela et font avec des pinceaux mille petites gentilles usando o taguá (peróxido dc ferro) ou a tabatinga, E
ses, comme guillochcs lacs d’amour et outres drôleries quanto ao cozimento, seguiam as normas neolíticas,
au dedans de ces vaisselles de terre, principalement en cabendo ressaltar a singela referência de Hans Staden,
celles qui contiennent la farine et les autres viandes: e que lembra o uso do tripé pré-histórico, quando
de façon qu’on est servi assez élégamment voire dirais- informa: . . . “os vasos os põem em cima de pedras,
je, plus honnêtement, que le sont ceux qui usent, par- cobrem com lenha, c assim deixam no fogo até ficarem
deçà, de vaisselle de bois. Et il est vrai qu’il existe un rubros, então acham-se suficientementes cozidos.”
208
Quanto às formas, as crônicas de Staden, Léry e pinturas que nela se fazem são tão compassados que
Carvajal já nos revelam uma grande diversidade de natural mente executam e desenham tudo como o roma
modelos como de tamanhos (embora estejam elas no” (Carvajal 6 em parte suspeito de exagero, pois
ainda incompletas, pois sabemos que fabricavam urnas chegou a afirmar que as louças eram “vidradas e
funerárias, colheres, fusos, apitos, tangas, bancos, esmaltadas”).
carimbos planos e circulares, botoques, cachimbos, Léry informa que elas executavam a pincel mil
estatuetas, etc.). Assim nesses primeiros arrolamentos desenhos delicados como "guillochis” ou “guilloché"
já constam: grandes vasos, panelas, frigideiras médias e outros estranhos e observa talvez com dose de humor:
e pequenas, pratos e outros utensílios (Léry) como “existe um defeito nessas pintoras americanas: elas
muita louça de diferentes formas, tinalhas (?) cântaros fazem com seus pincéis o que lhes dita a fantasia,. . a
grandes (de. mais de 25 arrobas!) e outras vasilhas tal ponto que não se verão jamais duas peças com
pequenas como escudelas e candieiros (Carvajal). decoração igual”.
E quanto à decoração plástica souberam as oleiras Nesta observação está, a nosso ver, o maior elogio
indígenas dominar as formas e adu2ir ornatos relevados, que poderia caber às humildes ancestrais de nosso
praticar as técnicas milenares do inciso e do exciso, as folclore. Livres, no seu mundo livre, elas iriam trans
do esgrafttado e ainda outras variações. Faziam uso mitir a mensagem da liberdade à arte proputar, com
de carimbos e de roletes, estes também aplicados à seu cunho de ingenuidade, espontaneidade e improvi
pinturas sobre a pele. sação, com um sabor peculiar, puro e autentico.
Informa-nos Napoleão Figueiredo, Maria Helena Sobre a cerâmica Marajó ara, o Prof, Mário Simões
de A mo rim Folha (pág. 17, ob. cit.) referindo-se à leve oportunidade, no lançamento de uma série filaté
tradição tupi-guarani que ela era caracterizada (em lica lançada pelos nossos "Correios e Telégrafos”, em
grande parte) pela decoração acanelada, corrugada- que era reproduzida em selo uma urna marajoara, de
-escovada, incisa, modelada, pintada e roíetada. Sabiam emiiir precisa apreciação sobre a famosa cultura indí
ainda os índios imprimir um brilho notável às peças gena. Para maior clareza reproduzimos o texto na ínte
através do polimento com seixos, acabamento este que gra e o selo posto em circulação.
chegou a impressionar a Léry e a confundir Carvajal,
que tomou as peças vistas na Amazônia como sendo
rcalmente “vidradas e esmaltadas”.
Acompanhando o costume dos índios de pintarem-
-se a si próprios — cabeça, corpo e membros — trans
feriram as oleiras àquele pendor atávico para a decora
ção da cerâmica, colorindo-as a frio. Valiam-se para
tanto de cinzas, como de tintas vegetais e argiias de
diferentes cores que a Natureza pródiga lhes punha ao
alcance das mãos, dessas ancestrais pioneiras da deco
ração em nossa terra.
Assim diz-nos Angyone Costa: M — o tejuco, o
gesso, o carvão vegetal, o urucum, o caraju ou carajuru,
etc,, davam-lhes embora restrita, uma paleta coro
branco, vermelho, preto e cinzento.
Quanto à aplicação dessas tintas, há que observar CERÂMICA MARAJOARA — PARÁ
que Léry por duas vezes em seu relato informa que as
índias empregavam “pincéis”, sem especificar se de “A ilha de Marajó, com cerca de 48.000 km2,
penas, de pêlos ou de fibras. está situada no Estado do Pará, e é a maior e mais
Nos desenhos e pinturas há predominância das importante da foz do Amazonas. De topografia relati
representações antropozoomórficas e das variantes geo vamente plana, coberta por mata tropical a oeste e
métricas e lineares. Curioso que Léiy se refere entre os extensos campos a leste, e sulcada por inúmeros rios
desenhos indígenas ao guillochis ou “guilloché”, muito e igarapés, foi ocupada no passado por antigos grupos
empregado na ourivesaria européia através de roletes. indígenas pertencentes a cinco culturas ou fases arqueo
Apesar de não contarem com o torno e de só lógicas distintas, as quais habitaram sucessivamente a
disporem de um instrumental improvisado e de uma parte centro-oriental da ilha a partir de 1100 antes
paleta restrita, nem por isso deixaram essas vossas de Cristo. Destas fases ou culturas pré-cabralinas,
humildes artistas, de apresentarem peças bem acabadas, destaca-se, quer pelo nível cultural alcançado, quer
de pequenas e avantajadas proporções, como caldeirões, pela extensa área ocupada, a fase MARAJOARA,
igaçabas, camocins, como de aprazível colorido ou introduzida na ilha cerca do ano 400 de nossa era e
ainda peças de excepcional valor artístico como, entre ali se extinguindo em 1300.
outras, as de Santarém e Marajó. Seus aterros artificiais, construídos ao longo dos
Aqueles primeiros observadores quinhentistas de tios e lagos para fins de habitação, cerimônias e
nosso meio e que abrem a galeria de nossos primeiros cemitérios, como também a cerâmica altamente elabo
críticos de arte não deixam de se pronunciar, encomias- rada neles encontrada, atraíram desde cedo a atenção
ticamente à cerâmica gentílica. de viajantes e naturalistas que deles se ocuparam em
Diz Staden: “sabem muito bem colorir”. Carvajal suas narrativas e trabalhos publicados. Contudo,
eleva aos píncaros a sua admiração: . . . “desta louça somente em meados de nosso século, com as pesquisas
da melhor que se tem no mundo” . . . “a de Málaga de Clilford Evans e Betty Meggers, foi identificada a
não se iguala com ela" e “além disso os desenhos e fase MARAJOARA, bem como estabelecida uma
209
TERRACO TA
Instrum ental dc Decoração Indígena
210
sequência de desenvolvimento cultura] para Marajó e Nesses primórdios de instalação e de fixação no
áreas próximas. Território, com obras de porte para a época, releva
A cerâmica de fase MARAJÓ ARA, ao contrário assinalar as realizações levadas a efeito por Braz Cubas
daqueles que a precederam e sucederam na ilha, é como Provedor das Capitanias de São Vicente e de
produto de um artesanato consciente, expressado pela Santo Amaro, cuja figura é apontada como “ um gênio
rígida padronização de formas e sofisticadas técnicas construtivo” por J. P, Leite Cordeiro <'».
decorativas. Umas funerárias, vasos cerimoniais, ban Construiu ele diversas casas (de pedra e cal) em
cos, tangas femininas, estatuetas, etc., engobados de São Vicente e Santos a mando de Thomé de Souza,
branco e pintados com complexos desenhos pretos e como fortificações (a da Bertioga é lhe atribuída) e
vermelhos, ou ainda por excisões, incisões e modela em 16 de fevereiro de 1553, iniciou a construção da
gem, atestam o alto grau de desenvolvimento artístico Casa da Alfândega de Santos, que entre outras especi
do qual essa cultura era portadora”. ficações deveria ser coberta de telha c abrigar artilharia.
Entre as técnicas de construção importadas, pre
MÁRIO F. SIMÕES valecia no litoral, onde a pedra de regra, era mais
Museu Paraense Emílio Gocldi. abundante, os estabelecimentos levantados “de pedra
e cal" ou de “pedra entaipada” d®. O emprego do
tijolo era restrito pelo custo, falta de mão-de-obra e
Com a chegada dos europeus e dos primeiros produção insuficiente. Assim os sistemas aplicados e
oleiros, parte deles improvisados, nas Capitanias, a difundidos nas Capitanias eram os de taipa de pilão,
cerâmica no Brasil adentra em sua segunda fase que é do adobe e do pau a pique, prevalecendo no entanto
caracterizada por novas técnicas. nas de São Vicente e Santo Amaro, a taipa de pilão
Numa costa e território imensos, com feitorias e com “repartimentos” internos de taipa de mão, uso
estabelecimentos dispersos, os habitantes, por força esse que iria prolongar-se até o século XVÍIÍ. A
das circunstâncias, tinham que elevar ao máximo a Câmara da Vila de São Paulo em 1594, chegava a
sua capacidade de improvisação e promover o mais alugar ou aforar sete taipais, aos moradores, ou seja, as
possível a sua auto-suficiência. Para tanto valiam-se tábuas entre as quais o barro era socado(u). -
eles do vasilhame autóctone, ou fabricavam o seu E o barro de terra tratado à européia ainda con
próprio ou utilizavam o importado. tribuía para modificar o aspecto pacato da povoação
Essas três opções, que muitas vezes se entrosam, bandeirante, transformando-a, durante certo período
é que irão marcar o panorama cerâmico quinhentista em recinto murado: a Vila Forte de Piratininga.
e começar a definir o quadro do equipamento domés Em 1562, os chefes índios Jangoanhara e Arari,
tico coiooial. a 10 de julho, atacam e quase sobrepujam as forças
Assim nos sítios isolados, nas grandes proprieda locais. Segundo as Atas da Câmara de São Paulo, a
des rurais, como os engenhos, e nas irmandades, 5 de novembro, o procurador do Conselho, Luiz
sobretudo as jesuíticas, como nos povoados e vilas é Martins, requer que “se acabassem os muros e baluar
que têm início o artesanato cerâmico, às vezes impro tes”, Mais tarde, depois de concluída a cinta de defesa
visado, e a indústria oleira, para suprirem a demanda da vila, e acontecendo que vários moradores fizessem
do meio, tanto do utilitário, como do de adorno a do buracos na mesma, o atento e precavido procurador
da construção. intima vários moradores para que, no prazo cie um
Diz-nos Serafim Leite: "Os portugueses levaram mês: "tapassem as ditas taipas, de taipas de pilão cõ
as olarias para o Brasil no período das Donatárias e pena dc quinhentos réis para o Conselho” <14),
chegaram vários oleiros cm 1549 para a fundação' da
cidade de Salvador, mas a cerâmica já era praticada Assim, à maneira medieval, trancava-se a popula
pelos índios do Brasil antes dos Descobrimentos e ção no alto da colina, dominando os vales adjacentes
eles sempre foram bons colaboradores dos irmãos da e espreitando a aproximação do gentil hostil, e a segu
Companhia nesta arte” . rança de sua defesa externa, à qual não faltavam
‘‘A primeira notícia de que os irmãos fabricavam baluartes, dependia da muralha de barro, levantada em
objetos de barco é de 1560, na Capitania de São taipa dc pilão, E assim, segundo Anchieta: “Ficou
Vicente, e é provável que já a fabricassem antes, quer Piratininga segura de todo embate” ílsh
aí, quer na Bahia, sem se individualizarem os irmãos E o que dizer das coberturas das casas nesse Brasil
fabricantes, O que deixou maior nome foi Amaro de antanho, em processo de formação? O que domi
Lopes, mestre oleiro na Bahia, que exerceu a arte no nava a visão do casario das vilas nesses tempos
século XVI e ensinou bem ao pessoal do Colégio”. recuados? Era ccrtamente a mesma visão cinzenta do
São citados ainda pelo referido autor outros irmãos, cenário neolítico, que se tinha com as tabas do selví-
como Afonso Braz, (1524-1550-1610) arquiteto, Jorge coía. Era o sistema de se cobrirem as moradas com
Antônio (1555-1574-1608), oJeíro e enfermeiro, Bama- palha ou sapé, que perdurou ainda bastante tempo nos
bé Telo (1542-1583-1590), oleiro, alfaiate, carpintei centros urbanos após a Descoberta, como perdura até
ro. ( “Artes e Ofícios dos Jesuítas no Brasil” —- 1549- hoje em parte do meio rural.
-]760), Nesse rol de pioneiros quinhentistas, destaca-se As Atas da Câmara nos confirmam que elas eram
o padre Afonso Braz cie quem é dito: “não se conten cobertas de sapé ou de palha, e a própria Câmara
tou ele em fazer as casas dos Jesuítas. Pode ser consi da Vila só veio a ser coberta de telhas após contrato
derado o primeiro arquiteto do Brasil firmado com o oleiro Christovam Fernandes que se
Jorge de Lima, em Anchieta, conta que o irmão obrigara também a cobrir o resto da vila. Isso no ano
Diogo Jácotne "levantou um torno de pé sem nada ter de 1575,
jamais sabido do ofício que o que lhe deu a engenhosa Quem primeiro solicitou e obteve permissão para
caridade”001. montar em Piratininga uma olaria para fazer telhas
211
íoi Christovam Diniz, genro de Domingos Femandci nenhuma casa de telha, senão todas de colmo e todas
e, com este, fundador da atua] cidade de Itu. terreiras. De colmo se cobria, aliás, boa parte das
Obteve Christovam Diniz, licença da Câmara, casas, cm especial as da gente m iúda.. . O que todos
bem como o terreno necessário para montagem da tinham eram aposentamentos térreos com fartura,
olaria; não levou avante o seu intento, pois “se fora simples pardieiros de terra batida, às vezes com cober
para o mar”. tura de colmo ou de palha, onde se guardavam alfaias
Em ata da sessão da Câmara, de 6 de março de c se depositavam comestíveis” <l7).
1575, é dito que aquele oleiro se propunha a; “fazer Com tudo isso, quer nos parecer que os famosos
telhas para se cobrirem as moradas desta vila por ser bandeirantes, cujos inventários são por muitos lidos
cousa para enobrecimento dela” . .. “e a dita telha era com comiseração, não eram mais pobres que seus
necessária por razão desta vila estar coberta de palha parentes ou compatriotas metropolitanos,
e correr risco por razão do fogo”. Com razão e equilíbrio, o saudoso Sérgio Milliet,
São estipuladas então as condições da remunera no prefácio de “Vida e Morte do Bandeirante”, assim
ção do oleiro: “quatro cruzados em dinheiro pago no se expressa: “o que coloca a verdade, acerca da riqueza
dinheiro da terra que serão mantimentos e carnes, bandeirante, entre Oliveira Viana e Alcântara Macha
gado bois e vacas e porcos porquanto nesta vila não do, nem tão ricos, nem tão miseráveis éramos nós no
há outra fazenda. . . e ele a fará de bom tamanho e início do século XVII” <18- w.
boa forma que fique de dois palmos e meio depois de Ainda com referência a telhas e outros artefatos
cozida”. cerâmicos, Gabriel Soares em 1587, nos informa:
Sobre este particular do “dinheiro” em Piratinin- . . . “tem a Bahia muito barro de que se faz muito boa
ga, podemos lembrar que o sistema da barganha era telha c muito tijolo dc toda a sorte, de que há em cada
o corrente e admitido oficialmente, e até pratos consti engenho um forno de tijolos e telhas em os quais tam
tuíam moeda de troca com “açúcar branco e rijo” cm bém se coze muito boa louça e formas (de açúcar)
fins do século XVI e começo' do X V II(16J . que se fazem do mesmo barro”
A Câmara determinou o tamanho da telha a ser Referimo-nos até aqui, mais especificamente aos
fabricada na Vila, não fez referência ao tipo pois que variados empregos do barro nas construções, debaixo
nesse período até o século XIX é a telha denominada dos novos métodos trazidos de além-mar pelos coloni
em Portugal de "canudo ou romana” que irá dominar zadores e que já caracterizam a segunda fase cerâmica
nas coberturas, a qual chamamos nós de colonial ou no Brasil, ou seja, a alienígena.
de telha de canal.
Quanto à primazia do seu fabrico na Capitania, IMAGINÁRIA
acreditamos que caiba a São Vicente e a Santos, pois
Braz Cubas, como vimos, já em 1553, ficara obrigado Mas o barro cozido nessa segunda fase da Cerâ
a cobrir as casas da Alfândega com aquele material. mica no Brasil, na qual passa a participar o elemento
Há também outra indicação, está no planalto europeu, serviu também, e com destaque, a uma ala
referente à Fazenda de Piqucry, o que recuaria para importante da Arte, a estatuária, que iria se desdobrar
muito antes, pelos idos do 1536, o emprego de telhas. na imaginária sacra erudita, na popular e ainda servir
Diz J. P. Leite Cordeiro (ob. cit. págs. 31-53-56): ao folclore.
"Aí tinha Braz Cubas, muito antes mesmo da sesmaria, Nesse Brasil de antanho, descoberto sob o signo
uma fazenda de mantimentos e criação, casas fortes da Cruz, o culto católico era intenso e as imagens
e uma ermida coberta de telhas". A fazenda referida trazidas da Metrópole não eram suficientes para
veio fazer parte da conhecida sesmaria de Jurubatuba atendê-lo e Satisfazer a devoção dos fiéis. Nisso a
que lhe foi concedida em 1536. participação das Ordens Religiosas, Jesuíticas, Francis-
Mas não se tomem aqueles dados, o da barganha canas, Beneditinas, para complementar a escassez, foi
e o da escassez de casas cobertas de telhas, como decisiva e responsável pelo desabrochar dc uma arte
parâmetro aferidor da extrema pobreza da Capitania, que iria se desdobrar no espaço e se firmar no tempo,
e em particular do reduto bandeirante cm plena fase com uma série de santeiros notáveis, os “figulus
de fixação e desenvolvimento. Há que considerar a statuarius” no dizer de Serafim Leite e abrir um campo
época, a distância da costa, as condições locais, como ainda pouco estudado da arte popular leiga e sacra c
também estabelecendo um paralelo com o que se do artesanato que de forma geral nela se calca c age
passava entre a população da própria Metrópole, em como veículo dc sua divulgação.
pleno devaneio de seu poderio e prosperidade. Dom Clemente da Silva Nigra, a quem a cultura
Só então, podcr-se-á formar um juízo mais justo e a Arte devem no Brasil uma das mais brilhantes
da realidade vicemina c da do Sul do território brasi contribuições, faz referência a um nome pioneiro. E o
leiro. Afinal de contas, em 1593, a vila já dispunha de João Gonçalo Fernandes, vindo da Bahia, autor
de uma organização própria de oleiros e de um juiz das imagens de Nossa Senhora da Conceição, que
de ofício. (Afonso de E. Taunay — "São Paulo nos pertence à Matriz de Itanhaém, de Nossa Senhora do
Primeiros Anos” — S. Paulo, pág. 111). Rosário e de Santo Antônio, este quase de tamanho
No interior de Portugal, na mesma época, era natural, ambas da Matriz de São Vicente (1560)
ainda a técnica milenar da taipa de pilão que prepon (Exposição de Arte-Sacra-Rio-1955).
derava e a telha era escassa nas coberturas. Este santeiro abre a série esplêndida rtb que iria
Diz-nos renomado sociólogo: “Como a madeira consagrar nos oratórios, nas capelas, nas ermidas c nos
fosse rara, construiu-se dc preferência em taipa, pecra templos, o elevado padrão da imaginária sacra erudita,
e tijolo. . . os pavimentos faziam-se também de tijolos de barro cozido e pintado a frio, executadas no Brasil,
ou com ladrilhos cm forma dc m osaico... Na Serra e morcar juntas com as produzidas no século XVII,
de Montemuro, pelos meados do século XVI não há a prioridade continental nesse ramo da Arte, Dom
2J2
Clemente o cognomina “pai da imaginária brasileira’’ Até aqui procedemos a um esboço sobre a produ
c Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, dele nos conta: que ção indígena e a um apanhado sobre a alienígena que
João Gonçalo Fernandes, segundo consta, “esteve preso se lhe segue, produzida na terra. Falta, para termos
por motivos políticos na cadeia de Itanbaém quando uma visão panorâmica das categorias cerâmicas usadas
lhe foram encomendadas as imagens”, quanto ao seu nesse quinhentismo brasileiro, a localização dos pro
estilo nos diz ainda: “poderia ser João Gonçalo Fer dutos fabricados na Europa e na China.
nandes, filiado à Escola Salaico-Riscamha do Norte de Certamente esse mostruário foi grande, a começar
Portugal, de influência gótica importada por biscainhos pelos pertences trazidos pelos colonizadores lusos,
e galegos. . . teria sido aluno de João de Ruão de cujas complementado pelo abastecimento periódico feito
Virgens e Santas, tirou a expressão das imagens que pelas naus metropolitanas, que montavam a uma média
nos deixou de herança” . . . (22> anual de quarenta, no fim do século XVI O*),
Ainda nesse quinhentismo surge também o artista
ceramista, o arquiteto franciscano frei Francisco dos Além disso, não faltaram em nossas costas, expe
Santos, que modelou duas belas imagens de Nossa dições de diferentes nações cobiçando a presa gigante
Senhora, uma para Olinda, em 1575, e outra para de Portugal. Parte delas traficavam, outras saqueavam e
Salvador (esta executada em 1616) (231 e ao mesmo algumas ocupavam parte do território, como é o caso
santeiro são atribuídas por Pedro de Oliveira Ribeiro dos franceses e holandeses. Essas incursões e ocupa
Neto mais duas importantes Nossas Senhoras do Rosá ções e as lutas terrestres e os combates navais decor
rio de bases diferentes, e que fizeram parte da capela rentes, travados de Norte a Sul, deixaram vestígios
do creso paulista Guilherme Pompeu de Almeida. materiais. A pesquisa arqueológica terrestre e aquática
Dom Clemente atribui também a imagem de Nossa poderá aos poucos recompor aquele painel cerâmico
Senhora, da coleção do Dr. José Mirabeau Sampaio, estrangeiro, através dos testemunhos materiais recolhi
de Salvador, àquele mestre.
dos, referentes ao século XVI.
Nesse particular de fartura de imagens de barro
cozido, parte identificada, parte anônima, informa Dom Até o momento, faltam-nos esses elementos e na
Clemente: “Verificamos São Paulo ser o Estado onde ausência deles temos que nos reportar ao que existe
mais se produziu imagem de barro cozido, desde 1560 em coleções e museus estrangeiros e nos basear nas
até 1803, sem interrupção” . indicações das crônicas conhecidas.
213
III - CERÂMICA EUROPÉIA
primeira referência que se pren '.536; e quando assim não fosse, o que dizer, quando
de à importação de cerâmica a partir de 1580, passamos nós para o domínio Feli-
européia, refere-se à faiança pino, e havia no Brasil, pelo menos na Capitania de
espanhola, e data de 1536. Esta São Vicente, importante núcleo castelhano, e as naus
informação é das mais importan e carTacas lusas não eram mais as únicas a aportarem
tes; reproduzimos Garcia Fer livre mente em nossos ancoradouros?
nandes, que diz: .. ."en Tata-
Acresce ainda que inventários do começo do
vera hace-se vidriado blanco, verde, azul, jaspeado y
século XVII que podem ainda referir-se a acervos do
de otras colores, que es lo mejor que en Caslilla se
século XVI, apontam com certa profusão as louças de
labra y de ello se provêe Castilla, Andalucia, Portugal y Talavera em Piratininga (que eram mais baratas do
se passa à las índias” 05:1.
que as do Reino, de Lisboa e da índia, conforme pude
Ora, estas Índias nada mais são do que a América
mos apurar no cotejo dos inventários viceníinos
c as colônias ibéricas, e Talavera de la Reina constituía
seiscentistas, em obra já publicada).
um dos grandes centros cerâmicos de produção da
faiança nesse século, ê evidente que parte da popula Podemos conhecer as características dessa louça
ção colonial, haveria de comer em louças vindas do taíaverana e de outros centros espanhóis de exporta
Reino, a qual por sua vez também importava outras ção já que os museus na Espanha são bastos dc mate
de Talavera, como é dito por Garcia Fernandes. rial quinhentista e mesmo os da Argentina, porem aic
Pode-se, pois, concluir que Portugal, como nosso o momento não foram identificadas aqui peças do
único fornecedor regular, no-las enviavam desde período.
IV - PORCELANA DA CHINA
utras notícias sobre a cerâmica o termo passou depois para "malga” que designa
importada e sua presença em tigela em nosso vocabulário, assim como deu o nome
solo brasileiro, referem-se espe á louça malagueira, uma faiança com esmalte estaní-
cificamente à porcelana chinesa, íero bastante branco, e vidrado plumbífero forte.
a famosa louça da índia. Eram também chamados de malaguciros, os oleiros ou
A primeira delas é feita pelo louceiros em Portugal, tanto portugueses como flamen
padre Fernando Cardim, em gos que fabricavam louça feita em “fornos de Veneza”,
1583, relatando que, perto de Porto Seguro, chegou-lhe isto é, dentro da técnica e‘ decoração da faiança pro
“uma índia com uma porcelana da índia cheia de quei vinda de Málaga e de outros centros de produção
jadinhas de açúcar e um grande púcaro de água fria castelhana ou italiana.
dizendo que aquilo mandava seu senhor ao Padre Ainda nesse setor das porcelanas chinesas, iremos
Joseph” (Padre José dc Anchieta). Logo a seguir, em assinalar peças cujo fábrico se situa entre 1516 c 1521
1587, Gabriel Soares, constata também na Bahia: e que são dc interesse porcclamstico internacional, e
, . . "custosas baixelas, obras de arte, louça da índia, da em particular de relevância histórica luso-brastlcira.
China e tapeçarias do Oriente atestam o requintado Essas porcelanas não chegaram ao Brasil na
gosto desses magnatas’’. (Senhores de engenho) época, porém, são as primeiras fabricadas na China
Outra referência do século XVI é a do ano de para o Ocidente e trazidas pela nova rota, para o nosso
1599. Esta consta de inventário que arrola: “Três por primeiro soberano OU em sua homenagem, Dom
celanas da índia e duas Málaguas avaliadas em Manuel, o Venturoso, aquele monarca que concretizou
duzentos e cinqüenta réis”. A dona desse acervo era os sonhos da dinastia de Aviz e escreveu com a tinta
Maria Gonçalves, casada com Clemente Alvares, sócio azul dos mares o prefácio de nossa história e traçou
de Afonso Sardinha na primeira mineração no Brasil os ramos dc nosso destino.
(1595) nas lavras do laraguã, de Voturuna (Parnaí- A maioria dessas louças a ele atribuídas ostenta
ba) e Jaguamimbaba, na Mantiqueira <21>. a esfera armilar, quando não, concomitantemente as
De notar neste inventário a palavra málagua que Quinas .de Portugal. Aquele símbolo era a divisa
provém de Málaga, grande centro ceramista, junto pessoal do soberano e fora-lhe conferida por Dom
com Talavera e Seviíha no século XVI: por corruptela. João II "quando lhe ordenara casa”. Junto com as
216
TEXTO DE INVENTÁRIO DE MARIA GONÇALVES 1599
em que é assinalada a presença de
"Porcelana da Índia"
Arquivo do Estado de São Paulo,
152
217
bandeiras das Quinas e da Ordem de Cristo, eram os sanção do imperador chinês, para o estabelecimento
gloriosos pendões que arvoravam as caravelas, no do comércio em Cantão. As relações dos portugueses
reinado do Venturoso. com o Celeste Império, começam a sc desenvolver, o
Diz-nos Southey que a l.° de maio de 1500. na que lhes permite estabelecerem-se em Ning-po (1540),
primeira cruz erguida em Porto Seguro “pregaram nela em Chincheu (1549) e Macau (1557).
as armas de Portugal e a esfera, que era a divisa pessoal Em 1542, três viajantes aportam ao Japão, dando
del-rei Dom Manuel” Em 1645, quando Dom João aso a se entabolarem relações mercantis, conquanto de
IV eleva a colônia à condição de Principado, aquele pouco vulto e irregulares, tendo a missão dc Francisco
emblema heráldico volta a ser desfraldado c na navega Xavier se sobressaído apenas em importância prose-
ção, para o Brasil a partir de 1647, as naus passam lítica. j
a arvorar uma bandeira branca e a esfera armilar A porcelana então deixa de scr adquirida
dourada <W). A presença dela foi uma constante na unicamente na Índia ou no Reino de Pegu (em Marta
iconografia brasileira, tanto na numismática de todo o ban): suprimem os portugueses parte dos intermediá
período colonial e imperial, como na bandeira do rios canarins, mouros e peguanos, passando eles pró
Principado do Reino e do Reino Unido de Portugal, prios a também comprá-las das mãos dos mercadores
Brasil e Algarves, como a do Império em 1889. e mandarins chineses.
Por aquelas razões de interesse porcelanístico e Os pontos de maior importância no Extremo
histórico e ainda tradicional brasileiro, é que incluímos, Oriente, tratando-se do comércio da porcelana, eram
neste trabalho, o seu exame. E também porque ao evidentemente Cantão e Macau.
estudar as peças atribuídas ou pertencentes a Dom Cantão (1517), mais junto à região da produção
Manuel, estaremos exibindo parte dos produtos da cerâmica chinesa, constituía importante entreposto
dinastia Ming, que se prolonga até 1644, em cujo interno chinês, no Delta do.Sikiang e Pekiang, com
período, foram assinaladas várias peças no Brasil. seu porto avançado de Whampoa, a 15 km da foz,
Antes porém, teremos que apontar o que foi a e onde mais tarde seriam montados ateliês de decora
expansão comercial lusa no Oriente c o que represen ção para complementar parte da demanda ocidental,
tava a produção chinesa para entendermos o porquê Macau no estuário era a janela aberta para o
da presença e do uso das porcelanas entre a população mar. Macau cujo nome completo é Cidade do Santo
no Brasil ainda nos Quinhentos. Destacamos a figura Nome de Deus de Macau, já era ponto de escala por
de dois pioneiros que, além de realizarem os mais tuguesa cm 1536 e fora fundada depois em 1557 e
altos feitos náuticos, também no setor cerâmico são lembrava, pelo estilo colonial das casas, um recanto
os dois primeiros a trazer porcelana pela nova rota. meridional luso em terras asiáticas. Passou desde logo
Vasco da Gama, em 1499, traz para a Rainha Dona a constituir vital ponto de comercio, dispondo de porto
Leonor várias peças da índia, e nosso Pedro Álvares bem abrigado e durante três séculos manteve quase
Cabral de volta a Lisboa ainda em 1500 oferece ao ininterruptamente o monopólio do comércio chinês.
soberano outras tantas porcelanas (30). Camões ali esteve dezoito meses, e aí escreveu em pleno
Vejamos a rede de comércio velozmente estabele apogeu da epopéia lusitana, parte dos Lusíadas
cida pelos portugueses naquelas bandas, (1550-1560).
Damão (arroz), Chaul (seda), Baçaim (madeira Após o estudo das datas do estabelecimento dos
de construção), Diu, Ormuz, Cananor, Coulam, diversos entrepostos e das expedições de várias perso
Cochim, Calecut (pimenta), formam os numerosos nagens, chegamos à conclusão, por evidência, que as
entrepostos, sendo Goa o principal núcleo. Do Ceilão peças de Dom Manuel, que vamos apontar tinham
trazem a canela, pérolas, marfim, algodão, sedas, sido fabricadas em Chintehchen e exportadas de Cantão
tabaco, enxofre. Malaca era o centro avançado do ou Macau entre 1516 e 1521.
comércio da Indochina no extremo Oriente. Registra Tivemos o privilégio, em 1950, de focalizar uma
Pinheiro Chagas, que Martaban, antes de os portugue determinada peça atribuída a Dom Manuel e revelar
ses estabelecerem feitorias na China, era o ponto onde aos ceramógrafos como a mais antiga das louças feitas
se trocavam certas mercadorias e se fazia grande comér para o Ocidente com signos europeus. Isso veio a ser
cio de porcelana. Convém assinalar que este porto deu objeto de artigo na revista “Céramique”, da Sociedade
o nome de “martabans”, “martabanis” ou “martavans” Internacional de Cerâmica em Genebra, porquanto até
para a designação de enormes jarros para líquidos, então rit) só se conheciam algumas peças de outras
cereais ou frutas, em grés ou louça vidrada, com quatro personagens com datas posteriores (1541-1557)
alças para ser içado a bordo, ainda em uso na região enquanto a que exibimos pertencia ao saudoso amigo
e na Indonésia, também para captações da água de José Cortez (coleção Ulmar) era de Dom Manuel e
chuva. do período do Imperador Cheng-Tê (1506-1521), e
Na Oceania, nas Molucas, em Borneo, em Suma- fazia parte da antiga e conhecida coleção Domellas
tra e Java, chegam as naus lusitanas, estabelecem-se (Portugal).
os mercadores. Mas os portugueses vão mais adiante Anos depois, aquele magnífico exemplar veio a
ainda, alcançam a China em 1513 em Ta-Mao, distrito scr exposto em Londres, na “Royal Academy of
de Kuan-Tung. São três portugueses que lá aportam: Arts” ° 2). De 1950 para cá foram aparecendo outros
Jorge Alvares, Rafael Perestrello e Simão de Almeida. espécimes alterando o conhecimento que se firmava
Tais descrições fizeram de sua civilização, que durante muito tempo sobre as peças pioneiras. Assim
Dom Manuel, demonstrando o elevado interesse que vão surgindo outros exemplares com as quinas e a
dispensava à conquista desses mercados, envia em 1516 esfera armilar que era o símbolo de Dom Manuel, o
o embaixador Tomé Pires, com luzida comitiva a Venturoso, e ainda outros espécimes com armas dc
Pequim em uma frota composta de oito navios coman fidalgos dizeres, ou mesmo siglas religiosas ainda dentro
dada por Fernâo Feres de Andrade e consegue a do Quinhentismo.
218
CIDADE DE GOA
219
PORTO DE MACAU
China.
.156
220
O ilustre ceramógrafo José de Campos e Sousa, apresentam os “nien-hao" do imperador Hsuan-Tê
em 1970, aponta e põe em destaque mais dois esplên (1426-1435) que foram apostos nas peças de Dom
didos exemplares, uma bacia e uma tigela com a esfera Manuel, corno era hábito chinês, como forma de
armilar e as quinas lusitanas pertencentes ao conhe valorizá-las.
cido colecionador, Sr, Antônio de Medeiros e Almeida, Aproveitamos para explicar o que ocorre com
de Lisboa <3J). referência aos “nien-hao” de Hsuan-Tc aplicados nos
Aiém dessas, surgiu também uma jarra piriforme, exemplares fabricados posteriormente no reinado do
à qual falta a alça, de sóbria decoração, mas elegante Imperador Cheng-Tê. (Existe rio Brasil peça quinhen
formato, exibindo em realce o escudo de Portugal inver tista do antigo colecionador José Gonçalves, nas mes
tido de cada lado (lote 107, de 17 de outubro de mas condiçòcé; vide estampa.)
1961, de Sotheby’s) e ainda uma tigela baixa e larga O reinado daquele Imperador foi de 1426 a 1435:
com ligeira diferença da coleção Medeiros de Almeida, apesar de curto é considerado como um dos mais
exposta à venda no Sotheby's, em 3 de dezembro de expressivos da arte cerâmica oriental. São concordes
1974, lote 577 <»>. as observações dos porcelanistas sobre a aplicação do
Ainda há de se destacar a grande tigela quinhen “nien-hao” e a cópia do estilo de Hsuan*Tê nas peças
tista exibida no Museu de Topkapi em Istambul que dc períodos posteriores.
pertenceu a Pero de Faria, o capitão governador de
Malaca, de 1573 a 1543, e que faleceu em 1546. A é um caso freqiiente a aplicação dc um “nien-
peça exibe seu nome, a esfera armilar e a data de 1541. -hao” mais antigo nas peças executadas no período dc
Outras peças menores de outras decorações com Kia-Tsiug e mesmo nos períodos seguintes, porque os
o nome da mesma personagem existem nos museus de ceramistas chineses procuravam imitar c copiar os mais
Beja (1541) e de Nápoles (1547), as quais foram belos exemplares do período Hsuan-Tê, que foram
consideradas por longo tempo pelos ceramógrafos, sempre reconhecidos na China como os melhores e os
como sendo as primeiras fabricadas para o Ocidente, mais preciosos, onde a procura das tonalidades da
Outra peça de interesse é um gomil com a sigla monocromia, e o encanto da decoração e a delicadeza
jesuítica — 1HS -— ou o monograma Sagrado, cotno dos aspectos, raríssimas vezes puderam ser ultrapassa
tem sido chamada, cujo fabrico, peio estilo, presume-se dos. Eram, sobretudo, os mais procurados os tons
poder situar-se entre 1540-1550, o que corresponde azuis do “sou-ni-po”, cuja composição se perdera cm
também ao período em que a atividade cristã no 1465, quando se acabaram as reservas cobaluferas,
Oriente alcançou posição destacada. (Existem dois que provinham muito provavelmente, das montanhas
exemplares iguais.) do Beluchistão (no Oriente Médio). Nos períodos
De notar ainda que nesse quinhentismo é encon seguintes foram esses tons quase igualados com o em
trado uru frasco em azul e branco com as armas de prego de um certo azul de cobalto que um governador
Leão e Castela tJ6>. do Yoa-Nan tinha podido comprar, e a quedos chineses
Peça extraordinária provavelmente do começo do çhamavam “Hoei-Tsing”, azul dos muçulmanos.<w)
domínio tilipino no Brasit, isto é, entre I5SQ c 1600 — Vimos, pois, panoramicamentc, porém de manei
trazida pelos portugueses da China, via Cabo, ou pelos ra positiva c sobretudo expressiva, que a população do
espanhóis, via Manilha, atribuída a Felipe II, Brasil dos Quinhentos já apresentava, no setor cerâ
Essas peças com a esfera armilar ou o escudo de mico, algumas brilhantes demonstrações.
Portugal parte das quais fabricadas ainda cm vida de Na parte artística sobrelevavam os produtos
Dom Manuel e outras posterior mente ainda ostentando ameríndios de alguns centros da Bacia Amazônica a
a esfera armilar que depois de sua morte passou tam fatura de imagens de porte, de barro cozido da terra
bém a representar o emblema nacional, porém ainda pintada a frio, pelos santeiros luso-brasileiros. E na
do século dezesseis, passaram a serem conhecidas entre parte das ricas louças das índias, já era observada a
os ceramógrafos como porcelanas manuelinas ou do sua presença no litoral de Porto Seguro — como no
grupo manuelino <37>. planalto vicentino e nos engenhos baianos — para
A maioria dessas louças corresponde ao reinado gáudio da sociedade de então, que já estadeava suas
do Imperador Cheng-Tê (1506-1521) da dinastia baixelas importadas da China sobre mesas e bufetes
Ming e presume-se que tenham sido executadas, entre coloniais.
a expedição do Comandante Fcmão Pcres de Andrade Esse fato revela o requinte e o refinamento dessa
à China, em 1516 e a morte do soberano luso, ocorrida primeva sociedade luso-brasileira; é de ressaltar tam
em 1521. bém os da elite piratiningana, no planalto hostil, no seu
Quase todas (com exceção da tigela não marcada primeiio século de instalação, quando já se rabisca
da Coleção Medeiros e Almeida) e de outra exposta vam, com a ponta dos terçados, os contornos do imenso
à venda em dezembro de 1974 — lote 577 de Sotheby’s, legado bandeirante à Nação,
221
b i b l i o g r a f i a
Final da Dinastia Mine- Reinados Chineses no Sécnlo Geográlicò de S. Paulo — catálogo da I.1 exposição de
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222
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
(Série Manuelina)
Gomil de Dom Manuel
Esta peça, cujo form ato lembra bule ou cafeteira, era de uso na Europa nos
séculos X IV e X V , em metal e vinha acompanhada de bacia de lavar as mãos,
nas casas nobres, modelo inspirado de similares usados na Pérsia e nos países
muçulmanos.
Apresenta, como decoração principal, dos dois lados d esfera armitar e o “nien-hao"
no frete de H suan-Ti, embora fosse o gomil fabriccdo no período do Imperador
Cheng-Tê, da dinastia Ming. Fez parte da Coleção U L M A R (abreviação de
Ultramar) e pertenceu a losé Cortei, que morava no Brasil, casado com uma
dama brasileira.
PORCELANA DA CHINA
Azul e Branco
Período Chctig-Té
(Primeiro Quartel do século X V I)
223
PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
1SB
Peça constante do Catálogo de Sotheby's de I7JÔ.196Î, ï&te sob n.° J071 Tratasse de uma
jarra pîriforme com dois escudos âè Portugal, um de cada lado, alça (faltando) em feitio
de rabo de peixet boca hexagonal, com borda de grega azul e pé cônico. Marcado Hsuan-Tê
Nien Tsaô, porém do período de Chen-T ê (1506/1521 ) a exemplo do go mil de Dont Manuel,
jâ exibido. Segundo Sotheby’s, pode-se presumir que o gomil referido e esta garrafa tenham
sido fabricados na mesma época, pois eles têm em comum I / 0 o nien-hao, 2? a grega da
boca, 3? o detalhe da alça (nesta peça falia a alça inteira, porém a base que resta é parte
do rabo de gaio cornutn às duas peças).
Cortesia de Marcas Linnel *— Sotheby's FarJi Bernet — Londres.
224
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS-MANUEUNO
Bacia de Dom Manuel — Porcelana
225
sêc. x v i PERÍODO SINO-PORTUGUÊS-MANUELINO
T ig e la de Dotr Manuel
A tigela encerra quatro reservar, entre desenhos de nuvens, a esfera úrmilar, as armas de Portugal
invertidas e o monograma sagrado e n tre ' uma coroe de espinhos. A inversão do brasão português
se repete em outras peças do período, pois os chineses desconheciam os escudos nobiliárquicos
e seus acessórios decorativos, assim como a posição heráldica de usá-los. N a borda, há um duplo
listei < a peça não apresenta " níen-hao " , sendo porâm genuína c do período de C heng-Ti —
primeiro quartel do século X V I. Coleção Medeiros e Alm eida — Lisboa. (Peça reproduzida de
José de Campos e Sousa — ob. cit. pág. 17).
226
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
(Castela)
Três fotos de um frasco de peregrino (gourde) cm a n d e branco, sern marca; em cima a peça inteira; à esquerda detalhe da
brasão e à direita da decoração do verto da peça composto de ramagens à maneira chinesa. Esses “fro-teos de peregrino", como
eram chamados, têm uma tradição longínqua, pois eram levados pelos romeiros ern suas peregrinações, inclusive durante as Cru
zadas. Corresponderia hoje ao cantil do caçador ou do soldado em excursão. Peça das mais raras e das mais curiosas. E!u
tem na boca um remate antigo em latão, em formato de copo, srguto por uma corrente. A peça pertenceu oí> conhecido
colecionador Ricardo Espírito Santo e Silva c outros ezemplures tem sido reproduzidos cm outros trabalhos. Segundo John
Ayers e David K on a -d ' r*;. o seu feitio foi buscar inspiração em similares de bronze, na Pérsia. Este fato i coerente pois ê
sabido que os chineses, antes das Descobertas, supriam largame nte o Oriente M édio e <t índia, a ponto de influenciar a cerâmica
muçulmana com o seu famoso azul e branco Assim, o gomil de Dom Manuel, conform e explicamos (ob. cif. adendo) e cs vários
tipos de “narguilés" quinhentistas, obedeciam às exigências do mercado persa ou hindu, adaptando-se às suas formas usuais.
0 frasco apresenta o escudo de Leão e Castela (duas torres, aois leões e uma cruz separando-os). Esse era o pendão glorioso de
Fernando e Izabel, os felizes soberanos que conseguiram unificar todos os reinos na Espanha, desalojar os mouros em janeiro
de 1492, de Granada, e no mesmo ano em Outubro, descobrir a América.
Este brasão, no qual se inclui a Cruz de Cristo, a exemplo da esfera armilar de D om Manuel, continuou pelo tem po a ser
reproduzido também em moedas, cm geral apenas de um lado, pelos reis que foram se sucedendo, como a lembrança ou o
sim bolo de um período glorioso da nação espanhola ou de Castela Apenas no intuito de prestai um esclarecimento, podemos
afirmar que o brasão pintado no frasco, são as armas de Fernando V e tzabel e não as de Felipe II {1536/1598). O brasão
completo e pessoal deste soberano vem estampando cm outra peça preciosa, no Museu de Sèvres: outro frasco de form a diferente
em porcelana dc Mediei, com o brasão de Felipe lí, datado de 1581: que é um escudo que representa um verdadeiro mosaico
genealógica com a multidão de dinastias que nele vêm representadas.
Outro ponto a ser esclarecido è a época do frasco, que segundo vários autores, vern a ser ainda do período de Wüti-Li. Porém
essa asserção estaria na dependência em parte dc se ler! conhecimento por qual via o frasco chegou na Europa (de podia ter
sido destinado tanto a Felipe 11, como a outro soberano espanhol). Devemos nos hor.hrar que “desde meados dei siglo X V I
hasta principio de! X IX que puede bien decir-se que las h la s Filipinas jueron una colonia de México, mais que la misma Espana"
(Marco A . A lm azan — "El Galeon de Manilha in Artes de M éxico n.° 143 — pág. 2). Este tráfico fo i intensificado pelo meado
do século X V I, vindo a scr reduzido aos poucos e interrompido em 1593 (A ntônio Francisco Caraban — El Comércio dcl Ori
ente. . , in Artes de M éxico n,° 143 — 1971). A peça em questão poderia ter rindo por aquela via ocidental, ou sefa. Manilha,
Acapulco, Vera Cruz (no golfo do México), Castela, ou então pela via clássica do Cabo da Boa Esperança, fã que a do Cabo
Horn, contornado por Fernando Magalhães não tinha finalidade comercial.
Assim, a peça podia tanto ter vindo no meado do século X V I para outro soberano, como no fim do século (de 1588 a 1600)
para Felipe II, quando da reunião das duas coroas lusas e apanho!as e trazidas para homenagear o soberano comum.
Coleção João Gonçalo do Amaral Cabral.
Séc. XV! PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
228
Séc, X V I PERÍODO SINO PORTUGUÊS
G a rra fa de Jorge Antiques
229
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
Bule Armoriado-marcado
(Sá ou Peixoto)
165
Peça marcada com -íeis tdiogramas chineses correspondendo ao período de Chia-Ching {1522-1566), com brasão enxaquetado enci
mado por elmo c virol. Armas dos St1 ou dos Peixotos. Coleção Medeiros e Alm eida — reproduzida de José de Campos e
Sousa, ob. cit.
230
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
Pia lo Armoriado
(Mello ou Almeida)
231
Séc. X V I PERÍODO SINO-PORTUGUÊS
Malga 'Anônim a)
16?
232
Séc. X V I PE R ÍO D O SINO-PORTUGUÊS
Porcelana. Chinesa
233
1 e II - BARRO CRU e TERRACOTA
om r e f e r ê n c ia à p r o d u ç ã o lo c a i N ão podem os d e ix a r de a s s in a la r a im p o r tâ n c ia
d o s p r o d u to s d a o la r ia , in c lu s iv e d e u m a o la r ia n o c e n á r io c o lo n ia l. E la e r a u m in str u
lo u ç a de barro c o z id o , a lin h a m e n to de p ro g resso e su a p resen ça p ressu p u n h a
m o s a lg u n s d a d o s d e v á r i a s p a r n ú c l e o s já e m p le n a e v o lu ç ã o e p o r c e r t o u m a te s ta d o
t e s d o B r a s il. N a V i l a d e P ir a - de c iv iliz a ç ã o n esse B r a s il em fo rm a ç ã o . D e su a s
t in in g a e a r r e d o r e s , c o n s t a t a - s e en tra n h a s a rd en tes s a ía m os tijo lo s , te lh a s , la jo ta s ,
a d is s e m in a ç ã o da a t i v id a d e ta b u la ç õ e s e m u ita s vezes, com o a s s in a lo u F em ão
o le ir a c o m a p r e s e n ç a , e n tr e a p o p u la ç ã o , d e c e r to s C a r d im , o v a s ilh a m e d o m é s tic o , o que é f a c ilm e n te
a p e tr e c h o s d e v á r io s f o m o s e o la r ia s q u e s ã o r e v e la d o s c o m p r e e n s ív e l p e lo b a ix o c u s t o d e s s a lo u ç a q u e a p r o
a t r a v é s d e i n v e n t á r io s q u e a b a r c a m a p r im e ir a m e t a d e v e it a v a as m esm a s in s ta la ç õ e s , os m esm os fo m o s,
d o s é c u lo X V I I , m a is p r e d s a m e n te d e 1609 a 1656. m ã o - d e - o b r a , m a t é r ia - p r im a , tr a n sp o rte, etc.
C o m o seg u e: Podem os a té d iz e r que a s o la r ia s e os te m p lo s
— “ G r a d e d e f a z e r t e l h a ” ( i n v e n t á r i o d e B e lc h i o r rep resen ta v a m bem d o is s ím b o io s n a p a is a g e m verde
C a r n e ir o , 1 6 0 9 , v o l u m e I I ) ; ja n te d o jo v e m B r a s il: o d o e sfo r ç o em p r e e n d e d o r d o
— “F o r n o d e f a z e r t e lh a e c a n o a d e a c a r r e ta r a h om em e a p resen ça de D eus a abençoar a ta refa
t e lh a ” (in v e n tá r io de F r a n c is c a C ard oso, á rd u a d o s p io n e ir o s .
1 6 1 1 , v o l. I I I ) ; M a s o tijo lo n o B r a s il, n e s s e s e ís c e n t is m o c h e g o u
— “ F ô r m a d e f a z e r lo u ç a s " ( i n v e n t á r i o d e M a n o e l t a m b é m a s e r i m p o r t a d o . I s s o p o r q u e , e m p a r t e s e r v ia
R c q u e ix o , 1 6 1 6 , v o l. X X X I ) ; d e la str o p a r a a s n a u s e c m p a r t e , s u p r ia a d e f i c i ê n c i a
— “ S ítio com um fo rn o de t e lh a s " (in v e n tá r io d o f a b r ic o l o c a l e a p r e s s a v a a c o n c l u s ã o d e o b r a s c m
de Isa b el A n tu n e s, 1 6 1 7 — v o l. V ) ; c e r to s c e n tr o s lito r â n e o s .
— “ F o r n o d e c o z e r te lh a ” (in v e n tá r io d e Joana Podem os r e v e la r que os h o la n d e s e s na p a r te
N u n es, 1 6 2 5 , v o l. X X X I I ) ; ocupada d o N o r d e ste , d a v a m -se a o lu x o d e tr a z é -lo s
— “ O la r ia c o m s e u f o r n o d e c o z e r t e lh a " ( i n v e n d a F r ís ia para co n stru çã o de p o sto s de d efesa e de
t á r io de A n tô n io de O liv e ir a , 1632, v o l. c a s a s . N ã o s e t r a ta a p e n a s d e c i t a ç ã o d e c r ô n i c a , m a s
X III); de f a to c o n c r e to , p o is fo r a m d e s c o b e r to s t a is tijo lo s .
— “ O la r ia com casa e fo rn o " (in v e n tá r io de A liá s , L A , G o n s a lv e s d e M e llo , p e s q u is a d o r e a r q u e ó
D i o g o C o u t in h o d e M e l l o , 1 6 5 4 , v o l. X V ) ; lo g o , no p r e fá c io da obra “ A z u le jo s H o la n d e s e s no
— “ O la r ia ” (in v e n tá r io de L u z ia L em e, 1656, C o n v en to de S a n to A n tô n io do R e c i f e ” <41, d á -n o s
v o l. X V ) in f o r m a ç õ e s p r e c is a s q u a n to à im p o r ta ç ã o de tijo lo s ,
A s i n d i c a ç õ e s d e “g r a d e d e f a z e r t e l h a ” e “ f ô r m a L eíhas e l a d r i l h o s , e t c ., t r a z id o s p e l a C o m p a n h ia das
d e fa z e r lo u ç a ” , im p lic a m em s e a d m it ir o a r t e s a n a t o ín d ia s O c id e n ta is p a ra o N o r d e s te . “ M a te r ia l d e c o n s tr u
c a s e ir o c o m o a t u a n t e , t a n t o n a p r o d u ç ã o d e p a r t e d e ção v e io em q u a n t id a d e c o n s id e r á v e l para P ernam
a r tig o s d e c o n s t r u ç ã o c o m o n a p r o d u ç ã o d o v a s i l h a m e b u c o . . , n ã o s ó p o r in ic ia tiv a d a C o m p a n h ia d a s ín d ia s
u t ilit á r io . M a s o q u e é d e s e n o ta r n a q u e le s sin g e lo s O c id e n ta is ... com o por d ilig ê n c ia de p a r t i c u la r e s ” .
a r r o la m e n t o s é q u e n ã o h á m e n ç ã o e s p e c í f i c a a o M u it o s d e s t e s t r a z ia m c o n s i g o t i j o l o s , p r a n c h a s d e m a
fa b r ic o d e t i j o l o s , q u a n d o e x p r e s s a m e n t e s ã o in d ic a d a s d e ir a , c a l e “ o u t r o s m a t e r ia is d e c o n s t r u ç ã o ” , e o u t r o s
o la r ia s e f o m o s d e f a z e r t e lh a s , O q u e v ê m c o r r o b o r a r r e q u e r ia m l i c e n ç a p a r a i m p o r t a ç ã o d e t e l h a s , e t c .
o f a t o , já o b s e r v a d o p o r v á r i o s h is t o r ia d o r e s , d e q u e P ara se te r u m a id é ia do enorm e v o lu m e d e s s e
o em p rego da ta ip a de p ilã o fo i e c o n tin u o u sen d o c o m é r c io , n o s i n f o r m a o e r u d it o m e s t r e q u e n o p e r ío d n
d u r a n te o p e r ío d o c o l o n i a l e im p e r ia l o q u e d o m in a v a d e j a n e ir o d e 1 6 4 1 a j u l h o d e 1 6 4 3 , is to é, n u m p e r ío
a t é c n ic a de co n stru çã o , so b r e tu d o nos m e io s r u r a is do de 30 m eses chegaram ao B r a s il n a d a m e n o s do
n a C a p i t a n i a e n a P r o v í n c ia d e S ã o P a u l o , c o m o m a is que 1 .1 5 4 .5 5 0 tijo lo s e la d r ilh o s . Segundo o m esm n
ta r d e n a C a p i t a n i a d e M i n a s G e r a is f o i a t é c n ic a do a u to r , a s i m p o r t a ç õ e s n ã o e r a m s u fic ie n te s , ta n to q u e
a d o b e a p r e d o m in a n t e . o A l t o C o n s e lh o d a q u e l a C o m p a n h i a , p a r a p a v im e n t a r
M a s is s o n ã o q u e r d iz e r q u e n o c o m e ç o d o s é c u l o as r u a s d e R e c i f e e a c o n s t r u ç ã o d e v á r i a s c a s a s , c o m o
X V I I , o tijo lo n ã o f o s s e u tiliz a d o e m S ã o P a u lo . T e m o d o p r ó p r io C o n s e l h o ( 2 2 5 . 0 0 0 t i j o l o s ) c a d o P a lá
é t e lo g o u m e m p r e g o t ã o i n e s p e r a d o q u a n t o m a c a b r o : c io de y r ib u r g de N a ssa u • e a in d a la d r ilh a m e n to ,
a o s v in t e e t r ê s d e m a i o d e 1 6 1 0 , c o n se r ta a c â m a r a r e s o lv e u a fo ra r te r r a s à m argem do R io C a p ib a r ib e
da V ila com " F ernão D a lv e s ” a c o n str u ç ã o cóm para a lo c a liz a ç ã o de dez o la r ia s . V em os p o is que
t ij o lo c o z i d o do p e lo u r in h o q u e s e r ia pago a “ te r sa ” N a s s a u q u e r ia d a r a o R e c i f e , s e d e d a f a m o s a C o m p a
p a r te e m d i n h e ir o o u o u r o e a s o u t r a s d u a s p a r t e s e m n h ia das Í n d ia s O c id e n ta 'is , um “sta tu s” de c id a d e ,
pano de a lg o d ã o a “rezam de q u a tr o r e a le s a t r a ta d a n o s m o l d e s e u r o p e u s e p r e o c u p a n d o -se em
v a ia " & c u r b a n iz á - la . N ã o s ó im p o r ta v a tijo lo s , c o m o in c e n ti
239
v a v a c o m a d o a ç ã o d e t e r r e n o s , a i n s t a l a ç ã o d e o la r ia s . será um p o d ero so in s t r u m e n t o de m a n ife s ta ç õ e s de
P r e f e r ia o b a r r o c o z i d o à c a n t a r i a . N i s s o s e g u i a a t r a ordem c u l t u r a l. E n esse p a r t i c u la r o B r a s il n esse
d iç ã o dos P a ís e s B a ix o s , onde a té h o je p r e d o m in a m sé c u lo XVH, d esp o n ta r a d ia n te nas d em o n stra çõ es
as ca sa s e e d ifíc io s em tijo lo s , e m g r a n d e p a r te p e la e x u b e r a n t e s e d i v e r s if i c a d a s d e o r d e m a r t ís t ic a .
e s c a s s e z d a p e d r a n a q u e l a r e g iã o .
N a q u e la in fo r m a ç ã o , h á a m e n ç ã o d a p a v im e n ta IM A G IN Á R IA
ç ã o d e r u a s c o m tijo lo s e a r e fe r ê n c ia a la d r ilh a m e n to ,
o q u e n o s le v a a o la d r ilh o e à la jo ta , o u se ja a o r e v e s H á u m a ta v is m o q u e a c o m p a n h a o h o m e m , c o m o
t i m e n t o d e p is o , um fe n ô m e n o g e n é tic o , a tr a v é s d o s te m p o s e sem p re
O ch ão ou o p is o d e u m a m o r a d a p o d ia s e r d e s e m a n i f e s t a / n u m b in á r io c l á s s i c o : U t i l i d a d e e E s t é t i c a .
b arro socad o, ou “ b a tid o ” com o p referem os p o rtu D om C le m e n te d a S ilv a N ig r a , o in fa tig á v e l p e s
g u e s e s , e i s s o a in d a s e v e r i f i c a h o d i e r n a m e n t e n o n o s s o q u is a d o r e fu n d a d o r d o M u s e u d e A r te S a c r a d a B a h ia ,
in t e r io r , o u d e l a d r ilh o o u d e la j o t a s e m e s m o d e t i j o lo , c m s u a s a p r o fu n d a d a s p e s q u is a s e e s tu d o s , r e v e lo u a o
m u i t a s v e z e s d e m a d e ir a o u a in d a d e l a j e a d o e m e s m o m e i o c u l t u r a l e a r t ís t ic o o q u e d e s c o b r i u n o s b o l o r e n
de m árm ore im p o r ta d o . O em prego de m a t e r ia is to s e p ic o ta d o s a l f a r r á b io s do o p u le n to a r q u iv o da
n obres e s t a r ia n a d e p e n d ê n c ia d ir e t a d a p o s iç ã o do O rdem d e S ã o B e n to e q u e d e u e n s e jo à id e n tific a ç ã o
p r o p r i e t á r i o , s e p a r t ic u la r a b a s t a d o , s e o E s t a d o , s e a de a u t o r ia e l o c a l i z a ç ã o de p eças em lo c a is d iv e r s o s .
Ig r e ja o u Ir m a n d a d e s e ta m b é m c o n f o r m e a a b u n d â n N a d a m a is n a d a m e n o s d o q u e a e x i s t ê n c i a d e v á r ia s
c ia na r e g iã o de d e t e r m in a d o s a r t ig o s e a f a c i l id a d e dezenas . de im a g e n s fe ita s cm terra co ta p e lo s d o is
d e i m p o r t a ç ã o n a r e g i ã o li t o r â n e a , d a c a n t a r ia l a v r a d a m a io r e s s a n te ir o s s e is c e n tis ta s n o B r a s il: F rei A g o s ti
ou de m árm ore para e d if íc io s . E ra se m d ú v id a um n h o d a P ie d a d e e F r e i A g o s t i n h o d e J e su s, a té e n tã o
p a r â m e tr o p ara a f e r ir o grau de r e q u in t e do m e io d e s c o n h e c id o s , s e p u lta d o s cju e e sta v a m na p o e ir a do
s o c i a l . N e s s e p a r t ic u la r v e r e m o s q u e n o f im d o s é c u l o tem p o ou no s u d á r io do e s q u e c i m e n t o . . P r o d u z ir a m
X IX e com eço do XX, as c id a d e s de São L u ís do e s s e s d o i s n o t á v e i s a r t is t a s o b r a s s o b e r b a s q u e s e e s p a
M aranhão e B e lé m do P ará d e r a m -se ao lu x o de lh a m p o r o r a t ó r i o s c a lt a r e s d e S ã o P a u l o , d a B a h i a ,
r e v e s t ir c a l ç a d a s e c o l o c a r g u ia s e m m á r m o r e d e L io z R i o , P e r n a m b u c o e a lh u r e s ,
ou d e E x t r e m ó z t r a z id o p e lo s v e le ir o s p o rtu g u eses e F rei A g o s tin h o da P ie d a d e n a sceu cm P o r t u g a l,
q u e a in d a s e a c h a m e m u so! p r e s u m iv e lm e n te em 1580 e fa le c e u na B a h ia em
M a s v o lta n d o a o s p is o s d a s m o r a d a s: 0 2 ,0 4 .1 6 6 1 . E s s e e s c u lto r c e r a m is ta d o m in o u a m o d e
O q u e a lg u n s i g n o r a m é q u e a l a j o t a t in h a , t a m la g e m do barro com o ta m b é m a dos m e ta is c o m o a
bém um a o u tr a d e s tin a ç ã o . Por m a is c u r io s o que p r a ta c o c h u m b o . N e s t e s e to r d a o u r iv e s a r ia a p lic a d a
p a r e ç a s e r v ia t a m b é m p a r a a d o r n o o u r e m a t e d o f o r r o à e s ta tu á r ia , r e v e la -s e ta m b é m um d os p recu rsores da
em c a s a d e m a io r p o r te e m e lh o r a c a b a m e n to . P o d ia f u n d i ç ã o a r t ís t ic a n o B r a s i l . A s n u m e r o s a s i n v o c a ç õ e s
d a r -se o c a s o d o p is o se r d e la jo ta e n c a r a n d o o fo r r o que in t e r p r e t a , d em o n stra m a v e r s a tilid a d e do a r t is t a
d e m e s m o m a t e r ia l. E r a m e l a s c o l o c a d a s l a d o a l a d o , n a c r ia ç ã o . A s é r ie d e r e l i c á r i o s t a n t o e m b arro co m o
e n c a ix a n d o -s e na p a rte i n f e r io r das v ig a s , fo r m a n d o em p ra ta e um a p a rte d a s im a g e n s a p r e s e n ta m um a
f ile ir a s l a r g a s p a r a le la s a o m a d e i r a m e . E x i s t e n o B r a s i l , e la b o r a d a fa tu r a s e ja n o s o r n a to s d a s v e s tim e n ta s c o m o
u m e x e m p l o t í p i c o d e s s e p r o c e s s o e m v á r ia s s a í a s e n o tr a ta m e n to d a s c a b e ç a s , c a b e le ir a s , c o r o a s , c o ifa s ,
s a lõ e s d o C o n v e n to d e S a n ta T e r e s a d o s é c u lo X V I I , m it r a s e r e s p le n d o r e s . Seu e s tilo é id e n tific a d o por
onde fu n c io n a o M u seu d e A rte S acra em S a lv a d o r . D om C le m e n te com o c o n tin u id a d e dos “ fu lg o r e s da
A c o n s t r u ç ã o d e s s e h a r m o n i o s o c o n j u n t o a r q u it e R e n a s c e n ç a , m a n ife s ta d o e m P o r tu g a l, n o m o s te ir o d e
tô n ic o é a t r ib u íd a ao a r q u it e t o e s p a n h o l, o m o n je A lc o b a ç a e que certa m e n te in flu e n c ia r a m o a r t is t a ” .
b e n e d i t i n o F r e i M a c á r i o d e S ã o J o ã o , s e g u n d o a a b a li- P o r é m , h á u m a o u t r a s é r i e d e i m a g e n s q u e já s e
sa d a o p in iã o de D om C le m e n te . D iz e le que com o in te g r a m nos a lv o r e s d o b a r r o c o b r a s ile ir o e c o n tr a s
e s p a n h o l, F rei M a c á r io deve te r c o n h e c i d o as c o n s t a m c o m o c o n v e n c i o n a l i s m o s a c r o , a c a d ê m i c o e h ir t o .
tru ç õ e s c a r m e lita s da E sp an ha, e s p e c ia lm e n te a de N e la o m a g is t r a l m onge b e n e d itin o lib e r ta -s e das
S a n ta T e r e sa , em Á v i l a , “ t r a n s p o n d o e l e m e n t o s ib é r i am arras e s c o lá s tic a s , d i v e r s if i c a p o stu ra s, in o v a fo r
c o s , t ã o d o a g r a d o d o s C a r m e lit a s d a R e f o r m a esp a m a s, d o m in a a a n a to m ia , para t r a n s m it ir , e x p r e s s iv a
n h o l a ” . E s t a r ia a s s im e x p l i c a d a a r a z ã o d e s e r a p l i c a d o e v ig o ro sa m e n te , a s m e n s a g e n s d e. su a s r e p r e s e n ta ç õ e s .
ao fo r r o um p r o c e d im e n to tip ic a m e n te e s p a n h o l, já D e sta s é r ie , é ex p o en te m á x im o o São P edro
q u e o se u c o n s tr u to r c o n h e c ia a s té c n ic a s a p lic a d a s n a A r r e p e n d id o . E la tr a n s m ite “um a fo rça ex u b e r a n te e
r b é r ia W . u m a in t e n s a c o n c e n t r a ç ã o í n t i m a ” e r e v e l a “ o e x t r e m o
A t é c n ic a ta lv e z de o r ig e m m u d éja r era m u ito a b a tim e n to do a p ó s to lo ”, no d iz e r de seu b ió g r a f o .
em p r e g a d a n a E s p a n h a , c o m u m tip o d e la jo ta g ra n d e Segundo C l a r iv a l d o P rado V a la d a r e s , a obra rep re
o u p l a c a d e c e r â m ic a , d e c o r a d a c o m b r a s õ e s o u d e s e s e n t a r ia o a u t o - r e t r a t o d o m o n g e b e n e d i t i n o e s o b r e
n h o s, e q u e era ch a m a d a d e “so c ca rra t" , p o rém e l a a s s i m s e p r o n u n c i a . . . " E a ú n i c a f ig u r a q u e f o r
a p o i a d a s e l a s n a p a r t e s u p e r io r d a s v i g a s e n ã o e n c a i m u la n a a n a to m ia h u m a n a o p r o fu n d o e s ta d o d e
x a d a s n a p a r t e in f e r io r , c o m o o c o r r e n o B r a s i l . E s s a s d e v o ç ã o , d e h u m ild a d e e d e h u m ilh a ç ã o . . , S ã o P e d r o
la j o t a s nos fo rro s c o n s titu ía m um tru n fo a m a is d e n ã o é u m a im a g e m c o n s a g r a tó r ia , m a s u m d e p o im e n to
q u e d i s p u n h a o a r q u it e t o c o l o n i a l n o c o m p l e m e n t o d a d e c a r á te r h u m a n o c. te r r e n o " .
d e c o r a ç ã o d e u m a m b ie n te n o b re. F òram c a ta lo g a d a s d a q u e le e s c u lto r c e r a m is t a
M a s n o B r a s il s e is c e n tis ta o e m p r e g o d a s t é c n ic a s e n tre as peças por e le a s s in a d a s e as que lh e são
u lt r a m a r in a s de c o n str u ç ã o , a tra v és dos v á r io s pro a t r ib u íd a s , p e r t o d e t r in ta e x e m p l a r e s , s e n d o q u a t o r z e
c e s s o s d e c o n d ic io n a r o b a r r o cru e a s d e p r o d u z i-lo b u sto s r e lic á r io s (in c lu íd o s os de p ra ta ) e q u a to r z e
q u e im a d o n a s o la r ia s d e m o n s tr a v a p o s itiv a m e n te u m a im a g e n s de corpo i n t e ir o de ta m a n h o s d iv e r s o s . Em
e v o lu ç ã o s ó c io -e c o n ô m íc a . M a s o b a rro fo i e sem p re São P a u lo , so b r e ssa e m as d e N . S. d o M ont S e r r a i,
240
S a n to A m aro e São B en to . D e n o ta r que o b arro d a im a g in á r ia l o c a l , h á n u m e r o s o s o u t r o s d e s a n t e i r o s
em p regad o é a v e r m e lh a d o e b em c o z id o e que su a s a n ô n im o s , a p o n t a d o s p o r D o m C le m e n te , e n tr e e le s o
p e ç a s e r a m q u e im a d a s e m f o m o s c o m u n s d e p ã o . M e s tr e d e A n g r a e a in d a o u t r o c o m a s in ic ia is H .R .,
P e d r o O l iv e ir a d e R i b e i r o N e t o , p r i m e i r o d ir e t o r a s s i n a l a d o p o r P e d r o O l iv e ir a R i b e i r o N e t o , q u e m o d e
d o M u s e u d e A r te S a c r a d e S ã o P a u lo , n o s in fo r m a : lo u a Im a g em de N o ssa Senhora da L uz, d a ta d a d e
“F rei A g o s tin h o de Jesu s, fo i o d is c íp u lo d ile to de 1 6 6 2 , d o s ítio G u a e c á (S . P a u lo ) .
F r e i A g o s t i n h o d a P ie d a d e , c o m o q u a l t r a b a lh o u n o A f a lta ta lv e z dos bons sa n te ir o s p ia tin o s ou
m o s t e ir o de São B en to , d a B a h ia . C a r io c a d e n a s c i- t a l v e z p e lo p r e s t íg io d e s s a p r o d u ç ã o a r t ís t ic a b r a s ile ir a
m e n to , ten d o e sta d o em P o r tu g a l para o rd en a r-se na época, o .f a t o é qúe v á r ia s peças fa b r ic a d a s no
b e n e d itin o e m 1 6 2 8 , a li s e a p e r f e i ç o o u c o m o c e r a m is t a B r a s il c h e g a rpm a ser e x p o r ta d a s para o e s tr a n g e ir o ,
e p in t o r , t r a z e n d o d e v o l t a a o B r a s i l o s e n s i n a m e n t o s c o m o é o c a s o d a im a g e m d e N o s s a S e n h o r a d e L u ja n ,
a p r e n d id o s nâ E uropa, onde por to d a a p a rte se q u e é a S a n ta p a d r o e ir a d a A r g e n tin a , e d e u m C r is to
s e g u ia m a s e s c o l a s e s p a n h o l a s e f l a m e n g a s , j á b a r r o c a s , p a ra a C a te d r a l d e B u e n o s A ir e s .
e x u b e r a n t e s e ; m o v im e n t a d a s . N o s m o s t e i r o s B e n e d i t i J o ã o H e r m e s d e A r a ú jo , a e s s e r e s p e ito in fo r m a .
n o s d a B a h ia ,; d o R i o d e J a n e ir o e d e S ã o P a u l o , t r a “N o q u e d iz r e s p e i t o à i m a g in á r i a , d o i s e x e m p l o s s e
b a lh o u 0 g r a n d e c e r a m is t a e p in t o r , m a s e m S ã o P a u l o r e v e ste m d e c a r á te r , in c lu s iv e s im b ó lic o : a im p o r tâ n
é q u e s e e n c o n t r a a in c o m p a r a v e l m e n t e m a i o r e m a is c ia d o S u l d o B r a s i l d e d u a s i m a g e n s d a V i r g e m e da
im p o r t a n t e p a r t e d e s u a o b r a ” í6). f a tu r a d o S a n t o C r i s t o d a C a te d r a l d e B u e n o s A ir e s .
C o m r e f e r ê n c ia à s s u a s c a r a c t e r í s t i c a s n o s a p o n t a P o r v o lt a d e 1 6 3 0 u m r i c o f a z e n d e i r o p o r t u g u ê s , r a d i
e l e " a d e s e n v o lt u r a n o p la n e j a m e n t o , a e x p r e s s ã o s o r r i c a d o e m S u m a n p a , n a P r o v ín c ia d e S ã o J e r ô n ím o d e
d e n te de b e a t it u d e , o p o r te fla m e n g o , carnudo e C ó r d o b a , f e z t r a z e r d o S u l d o B r a s i l , d e S a n t a C a t a r i
e x u b e r a n te n a s M a d o n a s, as b a se s b o r d a d a s d e a n jo s na, se g u n d o d iz e m a lg u n s , m as p r o v a v e lm e n te do
e v o l u t a s . . . e a in d a “ F r e i A g o s t i n h o d e J e s u s é j u u it o lito ia l p a u lis t a , duas im a g e n s da V ir g e m de bano
t í p i c o e m u i t o m e n o s r e n a s c e n t is t a q u e o o u t r o a r t is t a c o z id o : um a da V ir g e m da C o n s o la ç ã o e o u tr a da
m o n g e" (F r e i A g o s tin h o d a P ie d a d e ) , o q u e D o m C le I m a c u la d a C o n c e i ç ã o . A p r im e ir a é v e n e r a d a a t é h o j e
m e n t e c o r r o b o r a q u a n d o d iz q u e e l e “ n ã o h e s i t o u e m no s a n t u á r io de Sum anpa; a seg u n d a c a p r in c ip a l
acom p anh ar as fo rm a s tã o m o v im e n ta d a s do s é c u lo p a d r o e ir a da A r g e n tin a , venerada em L u ja n . E ssa s
X V I I ” . D e ix o u n u m e r o s a s e s c u lt u r a s e m b a r r o , v á r ia s d u a s im a g e n s , d e g r a n d e s e n t i d o r e l i g i o s o , a p r e s e n t a m
d e z e n a s , a m a io r ia e m S ã o P a u lo . F a le c e u no ano de e n o r m e in te r e ss e a r tís tic o , já q u e s ã o e x e m p lo s d a a r te
1 6 6 1 , n o m e sm o a n o d e se u m estre. O b a rro d e su a s d a im a g in á r ia q u e n a q u e l a é p o c a , f l o r e s c e u n o E s t a d o
im a g e n s a p r e s e n t a u m a c o n s t a n t e d e a c i n z e n t a d o a o c o n d e S ã o P a u l o ” F>.
tr á r io d a s d e F r e i A g o s t i n h o d a P ie d a d e q u e é a v e r m e A e s s e r e s p e it o F r a n c i s c o R o b e r t o d á - n o s p i t o r e s
lh a d o e m e lh o r c o z id o , o q u e le v a a o fa to d e a s b a se s c o s e m in u c i o s o s d e t a l h e s s o b r e a e n c o m e n d a , o t r a n s
d a s i m a g e n s d a q u e l e s e r e m m a is a t a c a r r a c la s e p e s a d a s , p o rte s o s in c id e n te s q u e o c o r r e r a m n a lo n g a v ia g e m
a s s im c o m o a s p a r t e s i n f e r i o r e s d o q u e a s d e s t e e s c u l - p a r a o P r a t a , d o q u e r e s u lt o u u m a i m a g e m d e fa tu r a
't ó r c e r a m is t a . P r o d u z iu m e n o s r e li c á r i o s , u m d o s q u a is b r a s ile ir a p a s s a r à m a is e l e v a d a c o n d i ç ã o d e c u l t o n o
se e n c o n tr a e m S ã o S e b a s tiã o . A lé m d e s te s e x p o e n t e p a ís v iz in h o : a de p a d r o e ir a da nação A r g e n tin a ^ .
B I B L I O G R A F I A
(1 ) H ernani da Silva Bruno -— "Equipamentos de trabalho (6 ) P edro O liveira R ibeiro N e t o — "Im agem Paulistas do
nos Inventários e Testamentos Colonials" — Conf. Cosa sé c. X V II" — rçv. Insí, Histórico e Geográfico Guarujã —
Brasileira — 07.06.74. Bert ioga, ano I, 1969.
(2 ) Atas da Câmara — vol, II — págs. 268/9. (7 ) "Pi A rte Luso Brasileno" —■ cn cl Rio de Ia Plata *—
Museo Nacional de Arte Decorativo — Buenos Aires —
(3) Correspondência do Prof, J. A , G onsalves Mello da 1966,
Univ, de Recife — 1974.
(8 ) "Ê paulista a imagem de Nossa Senhora de Lujan — pa
(4) J. M. S antos Simões — 1959. droeira da Argentina?" — in rev. do Inst. Hist, e Geogr.
,de Gúartijá — Bertioga — n.° 11 — SP — 1978.
da S ilva N igra — "O s dois Escultores
(5 ) D o m C l e m e n t e
Fret Agostinho da Piedade ê Frei Agostinho de Jesus e o
Arquiteto Frei Mtictírio de São João” ■— págs. 102/3 — Stanislaw H erstal — "im agens Religiosas no Brasil" —
Cons, Estadual de Cultura — SP — 1971. 1954 e 1956.
241
FREI AGOSTINHO DA PIEDADE
M 'wBk
W - :m ? à
i,A
i F
169
242
Séc. X V I I IMAGEM PAULISTA
[ ?0
243
FREI AGOSTINHO DE JESUS
171
244
Séc. X V I I TERRACOTA
172
245
Sêc. X V II TERRACOTA
246
III - AZULEJOS
n e ss e s é c u lo X V I I q u e o s a z u le m o v im e n t o s o c ia l, e c le s iá s tic o , e c o n ô m ic o e p o lític o
jo s fa zem su a a p a r iç ã o nas d a e o lo n ia lu s a .
p a red es c o lo n ia is , p o is se d e s c o E n tre o s m ú ltip lo s le g a d o s , g e n é tic o s e té c n ic o s
n h e c e m , a té o m o m e n to , p e ç a s da c iv iliz a ç ã o o c i d e n t a l, so b re ssa em por ce r to n esse
d e f a s e a n t e r io r . o p u le n to a c e r v o , o e g o j o v ia l d o lu s ita n o e e n g a s ta d a s
C o r r e s p o n d e a q u e le p e r ío d o a o na p a r e d e a s p e d r a s lu m in o s a s d o s t a p e te s e d o s p a in é is
u so g e n e r a liz a d o n a E u r o p a da a z u le j a r e s d e s e u s a r t is t a s .
t é c n ic a da m a ió lic a e do a z u le jo cham ado p la n o ou
P r e d o m in a m no m o s t r u á r io a in d a e x is te n te os
l i s o , r a z ã o p o r q u e n ã o s e e n c o n t r a r a m n o B r a s il e x e m
ta p e te s p o r tu g u e s e s , com a in t e r m i t ê n c i a de a z u le jo s
p la r e s d o a lic a ia d o , d a c o r d a s e c a o u d o a r e s t a , q u e n o
a v u ls o s , e ob serv a S a n to s S im õ e s : “ e s c a s s e ia m os
Q u m h e n t i s m o a in d a p a r t ilh a v a m c o m o s d e fa ia n ç a o
p a in é is com fig u r a ç ã o hum ana ou a g io g r á fic a ” . A
r e v e s t im e n t o p a v im e n t a r c p a r ie t a l n a P e n ín s u l a I b é r ic a ,
ob serv a çã o do r e p e r t ó r io d is p e r s o p e la s a n t ig a s c a p i
A s s im os a z u le j o s que aqui a p o r ta r a m eram de t a n ia s e o exam e a te n to de p eças s o lta s e n c o n tr a d a s
f a ia n ç a , o u s e j a d e t e r r a c o t a c o m r e v e s t im e n t o e s t a n í- podem in d ic a r ou fa z e r p r e s u m ir a p r o c e d ê n c ia c a
f e r o , e o R e i n o fo i o s e u in t r o d u t o r e q u a s e e x c l u s iv o é p o c a d o m a t e r ia l c e r â m i c o , u ã o s ó a t r a v é s d c a n á l i s e s
f o r n e c e d o r . H á q u e m d ig a q u e “ P o r t u g a l t e n h a e x p o r c i e n t if ic a s com o por c erto s c a r a c te r ís tic o s a e la s
t a d o d u r a n te t o d o o s é c u l o X V I I , c e n t e n a s d c m ilh a r e s in e r e n t e s . E n t r e e s t e s a c o n t e x t u r a e a c o r d a m a t é r ia ,
d c a z u le j o s d c a l é m - m a r , p a r ü c u l a r m c n t e p a r a o B r a s il, o ta m a n h o e a esp essu ra da p edra, o núm ero de
e , e s p e c i a l m e n t e à B a h i a " tw. e le m e n to s da c o m p o s iç ã o o r n a m e n ta ! e a decoração,
P o r é m , d e s c o b e r t a s r c la t ív a m e n t e r e c e n t e s d e m o n s já q u e e s t e s f a t o r e s v a r i a v a m n o t e m p o e d if e r ia m nos
tr a r a m ta m b é m a p resen ça de a z u le jo s h o la n d e s e s , p r ó p r io s p a í s e s d e o r ig e m .
c o m u m m o s t r u á r io d e n o v e c e n t a s p e d r a s , o r d e n a d a s c m A m a t é r ia - p r im a da f a ia n ç a — b arro, te r r a ou
s é r ie s o u ''f a m ília s ” , n o c l a u s t r o d o C o n v e n t o d e S a n t o a r g ila — tem u m a c o n te x tu r a e u m a c o r v a r iá v e is d e
A n t ô n i o d o R e c i f e , d o s q u a is n o s d ã o n o tíc ia s - v á r io s u m a r e g iã o p a r a o u t r a , f in a e g r o s s a , d e s i g u a l e n i g o s a ,
a u to r e s e n tr e e le s : M á r io B a r a ta , A n tô n io G o n s a lv c s u n t u o s a c li s a , c i n z e n t a , o c r e , r o s a , s a l m o n a d a , b r a n c a ,
d e M e l l o c J, M , d o s S a n t o s S im õ e s , e t c . <l0). E a q u e l a m a t é r ia - p r im a , c o n f o r m e a q u a lid a d e
H á ta m b é m s u s p e it a s d a e x i s t ê n c i a n o B r a s il, d e d a b a r r e ir a de onde e ra e x tr a íd a , s o fr ia m u ta çõ es d c
a z u le j o s e s p a n h ó is , a té agora não lo c a liz a d o s em c o lo r id o d e p o is d e q u e im a d a .
g r u p o s . J o s é V a lla d a r e s , o e c lé tic o e s a u d o s o p e s q u i C o m o já d i s s e m o s , o s a z u l e j o s q u e n o s c h e g a r a m
sa d o r a v e n ta a p o s s i b il i d a d e com m u it a p r o c e d ê n c ia , n o s S e i s c e n t o s , s ã o t o d a s t e r r a c o t a s s u b m e t id a s a u m a
r e v e la rid o o q u e c o n s t a d a t r a d iç ã o b a i a n a a r e s p e it o , te m p e r a tu r a d e f o g o a lio , d e 9 0 0 a 1 ,0 0 0 g ra u s. S e g u n
in v o c a n d o o fa io de a d o m in a ç ã o e s p a n h o la a b a rca r d o a lg u n s a u t o r e s , o s m e s m o s f o r n o s q u e s e r v ia m para
o p e r ío d o de 15S0 a 1640, e so b r e tu d o o b serv a n d o f a b r ic a r a m a i ó li c a , p r i m it i v a m e n t e c h a m a d o s d e f o r n o s
a se m e lh a n ç a dos ta p e te s p o lic r o m a d o s p o r tu g u eses d e V e n e z a , s e r v ia m tam b ém p a r a a q u e i m a d o a z u le j o
com o s c a s te lh a n o s . E a in d a , a c r e s c e n t a m o s n ó s , c o m que lh e é a f i m .
o s a z u le j o s a v u ls o s d o t i p o p o n t a d c d i a m a n t e o q u e O b arro d o s a z u le jo s d a r e g iã o dc L is b o a , p e lo
P o r tu g a l c o p io u d e T a la v e r a e S e v ilh a , e r e p r e se n ta m q u e p o d e m o s a p r e c ia r e m p e ç a s d e ta p e te s , a p r e se n ta
a t r a n s iç ã o lu s a d o s é c u l o X V I p a r a o X V T L d e p o is de q u e im a d o , um a t o n a lid a d e p a lh a . Já os
E s t e s ú lt im o s n ã o f o r a m v i s t o s p o r S a n t o s S im õ e s a z u le jo s d e S e v ilh a ( T r ia n a ) d o m e s m o p e r ío d o lê m
no seu m in u c io s o le v a n ta m e n to p r o c e d id o em n o ssa u m c o r p o a c e n íu a d a m c n le a v e r m e lh a d o .
te r r a , porém fo i d e sc o b e r to ura e x e m p la r p e lo pro O b a rro c o z id o d e D e lft “ é d e u m a sp e c to b ege
fe ss o r H o r s t U d o R n o f f , d a E s c o la d e B e la s A r t e s d a c la r o q u e p o d e r ia d iz e r -s e d e c a m e lo , d c g r ã o b a s ta n te
B a h ia n o a n t ig o m o s t e i r o d e S a n t o A n t ô n i o d o P a r a - u n id o " t* » . S e g u n d o o u t r o a u t o r , c o n f o r m e a r e g i ã o d a
g u a ç tt. H o la n d a , a te rra co ta p o d e r ia a p r e se n ta r to n a lid a d e s
A te se d e V a lla d a r e s e n c o n tr a a p o io ta m b é m no r o s a d a s , a m a r e l a d a s o u a c a s t a n h a d a s <**.
f a t o d e h a v e r e x i s t i d o im p o r t a ç ã o r e g u la r d e p r o d u t o s Q u a n to a o ta m a n h o e à e sp e ssu r a d a s p e ç a s, há
e s p a n h ó i s n o S e i s c e n t i s m o e n a q u a l a f a ia n ç a t a l a v e r a - v á r ia s o b s e r v a ç õ e s a s e r e m f e it a s . C a d a p a í s e m e s m o
na s e in c lu i e x p r e s sa m e n te , d e a c o r d o c o m o s a r r o la d e n tr o d e le , a lg u n s cen tro s f a b r ic a n t e s , m a n têm no
m e n t o s d e i n v e n t á r io s v i c e n t i n o s . se is c e n tis m o , d e fo r m a g e r a l, u m a c o n s t a n t e c m su a s
É n a B a h ia , n o R e c i f e e n o R i o d e J a n e ir o q u e m e d id a s . S ã o e s t a s q u e s e r v e m com o f a t o r s u b s id iá r io
s e l o c a l i z a m o s e s p é c i m e s m a is a n t i g o s e a m a i o r q u a n na d is tin ç ã o en tr e si dos p r o d u to s de p r o c e d ê n c ia
t id a d e d e a z u le j o s , f a t o que se e x p lic a p e la con cen e s t r a n g e ir a , e m b o r a , à s v o z e s , a s d i f e r e n ç a s p o s s a m ser
tra çã o n a q u e le s c e n tro s, so b r e tu d o no b a ia n o , do m ín im a s e n tr e e le s .
247
À esp essu ra de um a p ed ra e stá na razão d ir e t a os cen tr o s p r o d u to r e s v ã o a p e r fe iç o a n d o su a s p a sta s,
do ta m a n h o e da q u a lid a d e do m a t e r ia l c e r â m ic o no p r ó p r io d e c o r r e r d o s é c u l o , o s s e u s a z u l e j o s s e r ã o
e s c o l h i d o . M a i o r a d i m e n s ã o d o c o r p o c m a is in f e r io r m a is d e lg a d o s , e a r e la ç ã o do p eso em fu n çã o do
a c o n t e x t u r a , m a is e s p e s s o o a z u l e j o , E a m e d id a q u e v o lu m e se r á m e n o r .
D i m e n s õ e s u s u a is d o a z u l e j o s e i s c e n t i s t a :
Largura Espessura
P o r tu g a l 135 a 144m m 17 a 19 m m
1
f l . a m e ta d e sé c , X V I I 130 a Í37m m 12 a 18m m
H o la n d a j[ 2.® m e t a d e s é c . X V I I 128 a 137m m 8 a 16m m
( D a d o s o b t i d o s d o s s e g u in t e s a u t o r e s : P r o f . H o r s t U d o d a r u m o u t r o r it m o o r n a m e n t a l , m a i s d e s t a c a d o , c o n t r a
K n o ff, D in g e r m a n K o r í, A n tó n io Sancho C orbacho, a s u p e r f í c i e p a r ie t a l. V á r i o s s a i õ e s d o P a l á c i o d e S in tr a
F e líc io G u im a r ã e s , J o sé d e Q u e i r o z t ,3>. A r t h u r L a n e o sten ta m a q u e l e s a d o r n o s <!5h
(T ile s V ie to r ia A lb e r t M u seu m — 1 9 6 0 ), in f o r m a é um a r e m in is c ê n c ia a d a p ta d a à a z u le j a r ia do
a in d a que no s é c u lo X V III, b a ix o u a esp essu ra dos " a c r o i e r i u m 5’ r o m a n o o u d o a n t e f i x o l u s it a n o o u a in d a
a z u l e j o s h o l a n d e s e s p a r a 6 m m , a p r o x i m a d a m e n t e <w >. da “ p o n te ir a ” n o r d e s tin a com e s tiliz a ç õ e s d e f lo r õ e s ,
Q u a n to ao nú m ero de e le m e n to s na c o m p o s iç ã o g r if o s , fo lh a g e n s e o u tr o s o rn a to s, e n f i le ir a d o s , às
d esp reza v a m e le s no en ta n to , r it m o s m a is a m p lo s O t a m a n h o d a q u e l a s p e ç a s v a r ia v a , o f r is o c o r r e s
c o m o 4 x 4 , o u se ja d e z e s s e is a z u le jo s , o u a in d a 6 x 6 p o n d ia d e 1 /2 a 3 /4 d a p ed ra, a cercadura era co m
248
O s a z u l e j o s a v u ls o s p o r t u g u e s e s , d o c o m e ç o , s ã o in s p ir a r a m - s e na t ip o lo g ia h o la n d e s a que com eçou
d o t ip o e n x a d r e z a d o e d e la ç a r ia s d e c r i a ç ã o m u d é j a r , com os a r r a n jo s flo r a is ( “ f o g lie e fn itti" ) com os
e do t ip o p o n ta de d ia m a n t e (c a b e ç a de p rego) de d e se n h o s g e o m é tr ic o s e a ra b esco s, p assa n d o a rep re
concepção andai u za, com o ta m b ém do gênero dos s e n t a ç ã o d e la r a n j a s , r o m ã s , t u l i p a s , c a c h o s d c u v a s ,
“ a m o r in i" e d e s u a s v a r ia n t e s f ig u r a t iv a s d e in s p ir a ç ã o e s t r e la s , e t c . , p a r a e m s e g u i d a í í x a r e m - s e n o s d e s e n h o s
r e n a s c e n t is t a , e d e p á s s a r o s à m a n e ir a t a l a v e r a n a , N a □ v u ls o s d e s é r i e s o u “ f a m í l i a s ” d e v a s t a i n s p i r a ç ã o .
s u a s e g u n d a f a s e d e f a b r ic o d e a z u le j o s a v u l s o s a m p lia A n tô n io G o n sa lv e s d e M e llo d e te c to u u m a p a rte
o e m p r e g o d a s f o r m a s n a t u r a is s o b a n o v a i n s p i r a ç ã o d essa o r ig in a l c d i v e r s if i c a d a tip o lo g ia fla m e n g a , em
h o la n d e s a c o p ia n d o p a r te d e su a d e c o r a ç ã o fíto ío r m c P e r n a m b u c o n o c la u s tr o d o C o n v e n t o d e S a n to A n t ô
e a n t r o p o 20 o m ó r f i c a . E s s e s a z u l e j o s p o r t u g u e s e s d o f in a l n io , onde pôde a n o ta r v á r ia s c o le ç õ e s d e n o m in a d a s
do s é c u lo X V I I , s ã o f a c ilm e n t e i d e n t i f i c a d o s n o c o n por e le de: P r o fis s õ e s — B arcos — F ig u r i n h a s —
fr o n to c o m o s h o la n d e s e s e e s p a n h ó is p e lo ta m a n h o e Jogos I n fa n tis — A n im a is — V asos F lo r id o s —
p e la e s p e s s u r a , p e la fo rm a m e n o s ap urada d os d ese M o n stro s M a r in h o s — C a v a le ir o s — M a r in h a s —
n h o s e p e l o c o l o r i d o F orte d o a z u l c o b a l t o — gênero C ena C o rtezã , com ca n to s v a r ia d o s em f lo r de li s ,
e ste que ir ia a té 1710 e s e r ia r e t o m a d o no f in a l d o a r a n h iç o , c a b e ç a d e b o i , M i n g , t o d o s e m a z u l e b r a n c o .
s é c u lo X V I I I c c o m e ç o d o X I X , p o r é m com u m azul
C om r e fe r ê n c ia s aos ca n to s dos a z u le jo s , há
e s m a e c id o .
ta m b ém o b serv a çõ es que serv em para d is tin g u i-lo s
O a z u le j o enxad rezad o ou e n x a q u e ta d o jo g a v a
e n t r e s i. O s h o l a n d e s e s c r ia r a m u m a g r a n d e v a r ie d a d e
ap enas com o co n tra ste c r ô m ic o na a lt e r n â n c ia das
d e c a n to s p ara a d o r n a r su a s p ed ra s, o s p o r tu g u e se s sc
p ed ras, cada qual m onocroraa: bran ca — azul —-
a t iv e r a m a p o u co s, c o m o o d c “ p é ta la s ” c as “ estr e
verd e — ocre (m e la d o a m a r e lo ), esq u em a esse
lin h a s " , o u n e n h u m . O s e s p a n h ó i s d o c o m e ç o d o s é c u l o
b a s e a d o , n ã o n o m o s a ic o c lá s s ic o , h e te r o g ê n e o e m iú d o ,
X V I I n ã o o s u tiliz a v a m , p o r é m e n q u a d r a v a m c a d a a z u -
m a s s im n a e s tr u t u r a p a v im e n t a r , q u a d r a d a , d e m ár
ie j o c o m u m f in o f i le t e a m a r e l a d o d c p o u c o s m i lí m e t r o s .
m o r e , j á a p lic a d a n a G r é c ia . O e n x a d r e z a d o c o n h e c e u
H á d e s e o b s e r v a r a in d a q u e g r a n d e p a r te d o s m o tiv o s
u m s e m n ú m e r o d e r i s c o s e v a r ia n t e s in t r o d u z i d a s p e l o s d o s a z u le jo s h o la n d e s e s era c o lo c a d a d e n tr o d e r e se r
á r a b e s c o m s u a s la ç a r ia s — o s in i g u a lá v e is m e s t r e s d a s
v a s r e c o r ta d a s dc in s p ir a ç ã o g ó tic a o v a is e “quadra
c o m p o s i ç õ e s g e o m é t r ic a s .
d o s” (u m q u a d ra d o c o lo c a d o o b liq u a m e n te ) e so b re
A p o n ta d e d ia m a n te (ta m b é m c h a m a d a d e c r a v o ,
tu d o d e n tr o dc um d u p lo c ír c u lo e n v o lv e n d o to d o s
o u d e c a b e ç a d e p r e g o ) , te v e se u in íc io d e fa b r ic o e m
e s s e s e n q u a d r a m e n t o s o m o t i v o c e n t r a l.
T a la v e r a em 1 5 6 0 ç a s e g u ir c m S e v ilh a (T r ía n a ) s
Q u a n t o à s c o r e s d a a z u le j a r ia s e i s c e n t i s t a , s e g u ia m
a p r e s e n t a v a e m c a d a a z u le j o u m d e s e n h o p r i s m á t i c o e
e la s a p a le ta das em pregadas na fa ia n ç a u t ilit á r ia e
p o lic r o m a d o , p orém , co m um jo g o de c o r e s co n tra s
de adorno, cham ada de fo g o a lto (9 0 0 a 1 .0 0 0 ° )
t a d o , d e f o r m a a t r a n s m itir u m e f e i t o v is u a l d e r e l e v o ,
f o r n e c id a p e lo s s e g u in te s m in e r a is : o c o b a lto para o
ou um ca r á te r t r id im e n s io n a l. R e p r e se n ta v a um
a z u l, o m a n g a n ê s p a r a o r o x o , m a r r o m e p r e t o e a n t i -
“ tr o m p e 1’o e i r , i n s p ir a d o na cabeça dos grandes
m ô n io p a ra o a m a r e lo , o c o b r e p a ra o v e r d e e o fe r r o
c r a v o s d e fe r r o e d e b r o n z e e u a s a l m o f a d a s d e p o r t a s
p a r a o v e r m e l h o ,,7 ) . E s s e s m e s m o s ó x i d o s c o n f o r m e o
e d e a r m á r io s , c o r r e n t e n a e b a n í s t i c a d o s Q u i n h e n t o s
t r a t a m e n t o ir ia m f o r n e c e r a s g r a d a ç õ e s d c t o n a lid a d e s .
e d o s S e is c e n to s .
P orém c a d a p a ís , o u m esm o cad a cen tro p rodu
Q u a n to a o s “ a m o r i n i ” já r e p r e s e n t a v a m a lib e r
to r , t in h a a s u a p r e f e r ê n c i a n o e m p r e g o d a s t i n t a s , o u
ta çã o e u r o p é ia d a s in f l u ê n c i a s h i s p a n o - m o u r i s c a s e o
p o r d e f i c i ê n c i a d a m a t é r ia - p r im a e d a d i f i c u l d a d e d e
in g r e sso e e x p lo r a ç ã o e s tilís tic a d o b a r r o c o , e o s p o r
s u a m a n i p u l a ç ã o q u í m i c a o u p e la i n c l i n a ç ã o n a tu r a l
tu g u e se s a d o ta r a m a s f ig u r a s e c a b e ç a s d e a n jo s n o s
d o s s e u s a r t is t a s p i n t o r e s p o r c e r t a s c o r e s c t o n s .
s e u s a z u l e j o s e m f r is o s , c e r c a d u r a s e b a r r a s ,
lá a d e c o r a ç ã o d o s ta p e te s, p o lic r o m a (so m e n te Em P o r tu g a l, seg u n d o F e líc io G u im a r ã e s , as
n o f in a l d o s é c u l o é q u e c o e x i s t e c o m o a z u l e b r a n c o ) c o r e s em p r e g a d a s n o s ta p e te s era m o a zu l c o b a lto , o
ia b u s c a r o s seu s m o tiv o s n o s d e s e n h o s d a s la ç a r ia s a m a r e lo , branco e r o x o -v in o s o , e o u tr o s to n s de
d o s p a n o s , d o s r ic o s b r o c a d o s e b o r d a d o s e a in d a n o s a m a r e lo t o r r a d o , a l a r a n j a d o q u a s e v e r m e l h o ,
t a p e t e s o r ie n t a is . A p r e s e n t a m e le s v á r ia s d e n o m i n a ç õ e s N o B r a s i l , o p r o f e s s o r U d o K n o f f o b s e r v a q u e a té
dc acordo com os m o d e lo s ; as m a is a n tig a s são a 1 6 6 0 /1 6 8 0 , a p o lic r o m ia d o m in a n te era dos a z u is ,
“ c a m é lia " e “ m a s s a r o c a ” , p e l o m e a d o d o s é c u l o a p a r e c e r o x o s e o c r e s , e s te s à s v e z e s s o b r e p in ta d o s d e a m a r e lo
a “ r a a r v ila " e p e lo f in a l d o X V T I a “ la ç a r ia " , e n t r e n u m a s e g u n d a q u e i m a ( ,s ) .
o u t r a s v a r ie d a d e s m e n o s u s a d a s . H ã ta m b é m t a p e te s b ic o lo r e s e m a zu l e a m a r e lo
Q u a n to à d ecoração dos p a in é is fig u r a d o s ou (o c r e ) com o ta m b é m ap en as em a zu l e b r a n c o , p e lo
h i s t o r ia d o s , a in d a sob a in f l u ê n c i a r e n a s c e n t is t a de f in a l d o s é c u lo (1 6 8 0 /1 6 9 0 ), o m esm o a c o n te c e n d o
N ic o lo s o , a p r e s e n ta m c e n a s d a H is tó r ia Sagrada, da com o s fr is o s , c e r c a d u r a s e b a r r a s.
M i t o l o g ia , d a H i s t ó r ia e d a A g j o g r a f i a , Q u a n to aos a z u le jo s a v u ls o s dos t ip o s d e p o n ta
O s f r is o s , c e r c a d u r a s c b a r r a s , s e g u ia m o s m o t i d e d ia m a n te , a n jo s e a v e s d a fa se c lá s s ic a , e ra m e le s
v o s g e o m é t r ic o s e a s f o r m a s n a t u r a is , c o m o f o l h a g e n s p o lic r o m a d o s a té o f in a l d a c e n t ú r ia , s e m p r e j u íz o d o
e a n j o s e m e n o s a s a r t if ic ia is , O d esen h o q u e co n h e m o n o c r o m á tic o a z u l e b r a n c o , q u e su r g e n e ss e p e r ío
ceu grande voga é o d e n o m in a d o d e “ fa ix a b a r r o c a " do. (H á a u to r e s q u e d e s ig n a m o azu l e b ra n co c o m o
f o r m a d o d e f o l h a g e n s , d is p o s t a s e m v o lu ta s c o n tin u a s b ic o lo r ). A e s s e r e s p e i t o p o n t i f i c a S a lin a s : “ E d u r a n t e
en tr e d o is tra ço s p a r a le lo s , que com eça na se g u n d a o ú ltim o q u a r te l d a é p o c a S e is c e n tis ta , p o r in flu ê n c ia
m e ta d e do sé c u lo X V II e c o n to rn a o a z u le j o ta p e te d a p o r c e la n a o r ie n ta l, q u e su rg e a m oda do azu l e
e s é r ie s d e a z u le j o s a v u ls o s (F e líc io G u im a r ã e s ). branco*; o » .
Os a z u le j o s a v u ls o s p o rtu g u eses, em branco e Os h o la n d e s e s em pregavam , g ro sso m odo, as
a z u l, do ú ltim o q u a r te l do sé c u lo , com o d is s e m o s , m esm a s to n a lid a d e s , p orém aos a z u le jo s a v u ls o s do
174-
Painel poiicrom ado da S.“ da Vida, da amiga igreja de S t.° A n d ré, Fabrica dc Lisboa,
r. Í5S0, atribuída a Francisco de M atos, M useu do A zulejo. Cortesia do M u seu
N acional de A rte A m iga, Lisboa.
250
sécs,. xvn/xvin AZULEJOS HOLANDESES
251
m e a d o d o s é c u l o , já p r e d o m i n a o u s o d o a z u l e b r a n c o , 1640) se in s t a la r a m a z u le jo s p o r tu g u e se s, m a g n ífic o s
do branco e roxo (v in o s o ) e ta m b ém a c o m b in a ç ã o p o r s in a l, c o m o n a I g r e ja d e N o s s a S e n h o r a d o A m p a
c r o m á t ic a d o a z u l e r o x o . ro, em O lin d a ,
D iz -n o s S a n to s S im õ e s nas su a s o b serv a çõ es, 4. °) D u r a n te a se g u n d a m e ta d e d o s é c u lo X V I I
sob re o m o s t r u á r io a z u le jís tic o e x is te n te no B r a s il: in lc n s if íc a -s e a c o n s tr u ç ã o d e te m p lo s e d e " S o b r a d o s ”
“ n o ú ltim o q u a r te l d o s é c u lo X V I Í c o e x is te m a z u le jo s de engenhos e de v e r d a d e ir o s p a lá c io s . Só ex eep eto -
p o lic r o m o s e m o n o c r o m o s , m a s é m a n ife s to q u e e s te s n a lm e n t e e s s a s e d i f i c a ç õ e s e r a m d e s p r o v id a s d e a z u le
ganham p o p u la r id a d e o b r ig a n d o a novos d esen h o s e j o s , c , e s t e s c o n t i n u a r a m a v ir d a M e t r ó p o l e ( . . . ) s e m p r e
c o m b in a ç õ e s d e c o r a t iv a s " . E a in d a o b serv a : “O d e q u a l i d a d e e x c e p c i o n a l ( a t é f r o n t a l d e a lt a r d c N o s s a
r e la t iv o pequeno acervo da a z u le j a r ia se is c e n tis ta de S e n h o r a d a íP ie d a d e , j u n t o a o R e c i f e ) .
p in tu r a p o lic r o m a será a m p la m e n t e co m p en sa d o c o m . 5. °) O s i n c r o n i s m o é p a r t íc u la r m e n t e p e r f e i t o a o
a a z u le j a r ia d o s f in s d o s é c u l o X V I I c p r i m e i r o s a n o s f in d a r o s é c u l o X V I I , q u a n d o a p a d r o n a g e m p o l i c r o m a
do X V III, quando os v e lh o s p ad rões m u ltic o r e s s ã o c e d e p a s s o a o s d e s e n h o s a d o i s t o n s d e a z u l, f e n ô m e n o
g ra d u a l m e n te r e p r o d u z id o s a p e n a s e m to n a lid a d e s d e q u e s e o b s e r v a o n d e q u e r q u e o a z u l e j o f o í im p o r t a d o
a z u l" . p a r a d e c o r a ç ã o , e n t r e 1 6 8 0 e o f in a i d a c e n t ú r ia ( . . . )
O em prego do azu l e branco con heceu eoorm e e t a m b é m n o s e d i f í c i o s c iv is .
voga na E uropa, i n s p ir a d a na c e r â m ic a c h in e s a . E 6. °) M as é p r e c is a m e n te o p e r ío d o d c t r a n s iç ã o
essa d ecoração a p r e se n ta v a um a e c o n o m ia de tem p o en tr e os s é c u lo s X V II e X V IU , a q u e le que m e lh o r
n ó f a b r ic o , c o m o t a m b é m n o e m p r e g o d o s m i n e r a i s — a te sta o fa v o r q u e o a z u le jo m e r e c e u , e q u e fa z e m q u e
r e s t r in g ia - s e ao u so do e sta n h o p ara a o b te n ç ã o da n o B r a s il p e r s is t a m e x e m p la r e s n o tá v e is p o r e x tr e m a -
cap a b ranca de fu n d o e ao m a n u s e io q u ím ic o do m e n te raros ( . . . ) ( S o la r d o S a ld a n h a , e m S a lv a d o r ,
c o b a lto , que ir ia fo r n e c e r as v á r ia s gradações p ara C a p e la d a O r d e m T e r c e i r a d e S ã o F r a n c i s c o , n o R e d - ,
r e a lç a r a p lá s t ic a d o s d e s e n h o s . fe , a “ C a p e la D o u r a d a " — A C e i a d e C r is t o , n o r e f e i
D am os a p a la v r a ao m estre S a n to s S im õ e s na t ó r io d o C o n v e n t o d e S ã o F r a n c i s c o , e m S a l v a d o r , e t c , ) ,
a p r e c ia ç ã o que fa z s o b r e o co n ju n to d o s a z u le jo s n o 7. °) T odas as épocas a r t ís t ic a s do p o r te n to so
B r a s il. s é c u l o X V I I I t ê m c o n d i g n a r e p r e s e n t a ç ã o n a " A m é r ic a
P o r tu g u e s a " . O que tem m u it a im p o r t â n c i a , p o is q u e
1 ,° ) Q ue a im p o r t a ç ã o e in s ta la ç ã o de a z u le j o s
com o te r r e m o to d e L is b o a em 1 7 5 5 , p a r te d a q u e le s
no B r a s il acom panha o d e s e n v o lv im e n to das d e m a is
p e r ío d o s d e s a p a r e c e r a m n a a z u le j a r ia p o r t u g u e s a .
m a n ife s ta ç õ e s a r t ís t ic a s , e aqui com o no R e in o , o
R e sta -n o s in d ic a r qual t e r ia s id o a p r im e ir a
a z n le j o é a j u s t a d o à a r q u it e t u r a ( . . . ) L o g o a s p r im e ir a s
a p l i c a ç ã o d c a z u l e j o s n o N o r d e s t e e n o S u l d o p a ís ,
e d if ic a ç õ e s r e l ig io s a s a d q u ir ir a m p e r s o n a lid a d e a r t ís
S e r a f im L e it e n o s in f o r m a q u e , e m 1 6 1 5 , a C a p e la
t ic a ( . . . ) l o g o , o a z u le j o f o i c h a m a d o a e m b e l e z a r e
d e S ã o J e r ô n im o , e m O l i n d a , fo i d e c o r a d a c o m a z u le
e n r i q u e c e r o s i n t e r io r e s d a s n a v e s , d o s c l a u s t r o s e d a s
jo s p r o v in d o s d a M e t r ó p o le e q u e a C a p e la in fe liz m e n
c a p e la s . S e r ã o d e 1620 os e x e m p l a r e s m a is r e c u a d o s
te in c e n d io u -s e p ouco d e p o is , o que não in v a lid a a
n o tem p o ,
p resen ça dos a z u le jo s n o B r a s il, b em no com eço do
2 . 11) O s esq u em as d e c o r a tiv o s seg u em a lin h a s é c u lo .
t r a d ic io n a l p o r t u g u e s a s e m i n o v a ç õ e s , a g ru p a m e n to s Q u a n to a o S u d e s te , é n a C a p ita n ia d e S ã o V ic e n
d e p a d r o n a g e m , l i m it a ç ã o p o r b a r r a s e fr is o s c o m te , no f in a l da c e n t ú r ia ou nos p r im e ir o s anos dos
ca n to s p r ó p r io s , co n to r n a m e n to dos a c id e n te s de S e te c e n to s (a té 1710) que o a z u le jo s e fa z p r e se n te
a r q u it e t u r a , r ig o r o s a o b s e r v a ç ã o d a e s c a l a e p r o p o r ç õ e s n o C o n v e n to d e S ã o F r a n c is c o , e m Ita n h a ém . F o ra m
e s p e c ia is . r e le v a d o s p o r S a n to s S im õ e s , ta p e te s e m a z u l e b r a n c o ,
3 ,° ) A p resen ça no R e c ife — h o je c la u s tr o de de 4 x 4 /8 , com g r a n d e s f o l h a s r e c u r v a d a s ir r a d ia n d o -
S a n t o A n t ô n i o , d e a z u le j o s h o l a n d e s e s , e x p l i c a - s e c o m -sc dc um flo r ã o c e n tr a l d e r iv a d o d o t ip o “ c a m é lia ” ,
a d o m i n a ç ã o b a t á v i c a . . . e p r o v a q u a n t o o a z u l e j o já e ta m b é m u m p a in e l d e N o s s a S e n h o r a , e s te e n v o lv id o
e s la v a a c r e d ita d o n a d e c o r a ç ã o p e r n a m b u c a n a . A liá s , p o r b a r r a d e d o is a z u le jo s d o t ip o f o lh a s e n c u r v a d a s .
e s sa p r e s e n ç a n ã o te v e c o n s e q u ê n c ia s e m e s m o d u r a n te Q u a n t o à h is t ó r ia g e r a l d a A z u l e j a r i a , r e p o r t a m o -
o p e r ío d o h o la n d ê s ( m a is p r e c is a m e n te , cerca de nos ao I . ° C a p í t u l o a o it e m “ A z u l e j o s ” .
252
B I B L I O G R A F I A
253
IV - FAIANÇA
s e g u ir ir e m o s a p r e c ia r o que C om r e fe r ê n c ia a o s é c u lo X V I ( d e z e s s e is ) , c o m o
co n sta so b re as fa ia n ç a s no d iz R e y n a ld o dos S a n to s, o e stu d o da fa ia n ç a e stá
B r a s il. N o l.° C a p ítu lo , já n o s lo n g e d e e s ta r e s c la r e c id o , a p e sa r d e v á r io s e n s a io s e
a lo n g a m o s so b re a h is t ó r ia da d is c u s s õ e s . “ O s q u a d r o s m a n u e lin o s e j o a n in o s d e ix a m
f a ia n ç a e m P o r tu g a l e e m o u tr o s en tr e v e r as fo rm a s de v á r ia s p eças; a lg u m a s d essa s
c e n tr o s im p o r ta n te s d a E u r o p a , r e p r e s e n ta ç õ e s id e n tific a m -s e c o m o c h in e s a s , v a le n c ia -
a o s q u a is n o s r e p o r t a m o s , n a s ( m a n i s e s ) o u i t a li a n a s , m a s o u t r a s d e c a r á t e r m a i s
in v e n t á r io s e x is te n te s a f a ia n ç a s in g e lo , su g e r e m o r ig e m n a c io n a l. Isso , no to c a n te à
i m p o r t a d a t in h a d i v e r s a s d e s i g n a ç õ e s : l o u ç a d e L i s b o a , p r im e ir a m e ta d e do s é c u lo ; no referen te à segu n d a
lo u ç a d o R e in o e d e T a la v e r a . A fa ia n ç a h o la n d e s a , m e t a d e , a p in t u r a p o r t u g u e s a d e i x a d c s e r n a t u r a lis t a
n essa c e n t ú r ia não fo i c o n s ig n a d a em i n v e n t á r io s , e d e c u n h o n a c io n a l p a r a in flu c n c ia r - s e n o m a n e ir is m o
porém su a p resen ça v e r ific a d a e m achados a r q u e o ló i t a l i a n o , e n t ã o e m v o g a . L i s b o a já c o n s t i t u i i m p o r t a n t e
g ic o s . N e m ta m p o u c o a fr a n c e s a , c u ja e x is tê n c ia m a te cen tro c e r â m ic o e no m ead o do s é c u lo p o s s u ía du
r ia l e m lo c a is o c u p a d o s p e lo s g a u le s e s a in d a não fo i z e n to s e s e is o le ir o s , d e z e s s e te t e l h e i r o s , v in t e e d o is
r e v e la d a c o r r e sp o n d e n te ao s é c u lo X V II, em b ora h o m e n s q u e f a z ia m t i j o l o s c t r in ta e t r ê s l a d r ilh a d o r e s .
c a c h i m b o s d e b a r r o t e n h a m s i d o r e t ir a d o s d e n a u c o r A s in flu ê n c ia s in v o c a d a s p e lo s c e r a m õ g r a fo s , tê m s id o
s á r ia fra n cesa a fu n d a d a n o com eço d o s é c u lo X V III três: T a la v e r a , I t á lia , C h in a ” . “ A i n f l u ê n c i a t a la v e r in a
n a B a ía d e P a r a n a g u á . (a in d a segu n d o R e y n a ld o dos S a n to s), a p lic a r -s e -ia
m a is à lo u ç a d o m é s tic a e n ã o à d e c o r a tiv a ” . Q u a n to à
I r e m o s e s b o ç a r o s c a r a c t e r í s t i c o s g e r a is d a q u e l a s
i n f l u ê n c i a i t a li a n a , a im p o r ta ç ã o dos p r im o r o s o s m e
lo u ç a s , a s r e f e r ê n c ia s à e l a s n o B r a s i l e o acervo que
d a lh õ e s d e d e lia R o b b ia fo r n e c ia m m o tiv o s e c o lo r id o s
pôde ser le v a n ta d o , ta n to a n ô n im o com o p e r s o n a li
zad o. v a r ia d o s d e d e c o r a ç ã o . A o m e s m o te m p o , a s lo u ç a s d e
V eneza e de P is a (fa ia n ç a ), que co n sta m de v á r io s
No to c a n te a P o r tu g a l, h á u m b r e v e r e tr o sp e c to
d o c u m e n t o s , já e r a m c o p i a d a s n a p r ó p r ia L i s b o a , q u e
a ser le m b r a d o . C e r a m ic a m e n te fa la n d o , é com o
p o s s u ía , a c e r to m o m e n t o , “ v in te e o it o fo r n o s d e V e
a p r e n d iz a d o rom ano q u e se u s o le ir o s e n ceta m a su a
n e z a ” , isto é, para p ro d u çã o d a lo u ç a na té c n ic a da
f a s e e v o l u t iv a no to c a n te ao m a n u s e io do barro e o
m a ió lic a .
a p u r o d a s f o r m a s . D e s s a h e r a n ç a m i le n a r e d o a t a v is
mo d e co rre n te, sã o c c r ta m e n te te ste m u n h o s e lo q u e n A s fa ia n ç a s p o r tu g u e s a s d e ss e p e r ío d o s ã o e x tr e
te s as b ilh a s d c C a ld a s d a R a in h a e os púcaros de m a m e n te raras.
E x trem ó z. Há ta m b ém r e fe r ê n c ia s a o u tr o s cen tro s.
Q u a n to às fa ia n ç a s do s é c u lo X V II sã o de
D i z - n o s L u iz A . d e O l iv e ir a : “N o u t r a s p o v o a ç õ e s m u it o
coradas em geral em azul e branco, e ta m b é m
i m p o r t a n t e s c o m o C o im b r a , S a n t a r é m , A v e i r o , P r a d o ,
c o r d e v in h o (v in o s a s ) e a p r e s e n ta m v á r ia s m o d a l i d a
e t c ., n o l a m - s c a lg u m a s i n d i c a ç õ e s q u e p r o v a m o e x e r c í
d e s d e d e c o r a ç ã o . N e s s a s p e ç a s p r e d o m i n a m , e m g e r a l,
c i o d a o la r ia d e s d e t e m p o s i m e f n o r ia is ” (1).
a i n s p i r a ç ã o c h i n e s a d u r a n t e la r g a f a s e d o s s e i s c e n t o s e
C o m o a d v e n to d a o c u p a ç ã o e d o m ín io d o s
d i s t i n g u e m - s e tr ê s t i p o s d i v e r s o s d e d e s e n h o s : 1 , ° ) o t ip o
Á r a b e s , a q u e le a p r e n d iz a d o Se a m p l i a , c o m o u tr a s
c h a m a d o d e “ a r a n h õ e s ” o u d e " s í m b o lo s ” , o u “ s in té
t é c n ic a s , novas decorações é o u so p r e v a le n te do
t i c o ” ; 2 . ° ) o d e s e n h o m i ú d o ; 3 . ° ) o d e r e n d a s . É a in d a
v id r a d o .
com um a m u it a s , q u e r n o s p a r e c e r , e l e m e n t o s c o m p l e
A c r e d ita m o s q u e o e m p r e g o d a s lo u ç a s v id r a d a s
m e n ta r e s com o as “ e s p i r a is ” , com o “as b o n in a s ” os
c o m e s m a l t e p lu m b íf e r o q u e c a r a c t e r iz a a p r im e ir a f a s e
“ f ile te s ” e d iv e r s o s tip o s d e cercadu ra na a b a. E n tre
d a g ra n d e e v o lu ç ã o d a c e r â m ic a le v a n t in a p r e v a le c e u
e s t e s , o m a i s c o n h e c i d o é c h a m a d o d e “ tr ê s c a n t o s ” o u
d u r a n te la r g o p e r í o d o em P o r t u g a l e l á d e i x o u r a íz e s
“ tr ê s p o n to s ” , o u , a in d a , d e “ p in h õ e s " , e tn a z u l e v in h o ,
que a té h o je v ic e j a m . P en sam os p o is que os p ra to s
v id r a d o s com e s m a lte p lu m b ífe r o de c a r á t e r p o p u la r e a c h a m a d a f a ix a b a r r o c a , e m u ito s o u tr o s q u e J o s é
d o P r a d o , já a s s i n a l a d o s n o s é c u l o X V I I e r e f e r id o s p o r de Q u e ir o z , em d e ta lh e , d esen h o u no seu m a g n ífic o
L u i z A . d e O l i v e i r a s e j a m a in d a r e m i n i s c ê n c i a s d a q u e l e tr a ta d o . P orém R e y n a ld o dos S a n to s r e f o r m u lo u os
a n t ig o e p r o v e i t o s o a r t e s a n a t o m o u r i s c o . e s t u d o s a n t e r i o r e s e a p r e s e n t a c m 1 9 6 0 u m a n o v a in t e r
P orém os árabes tr o u x e r a m ta m b ém a m a i ó li c a , p r e t a ç ã o : d e m u it a a c u i d a d e e p r o c e d ê n c i a . A c r e d i t a m o s
c o m s u a v e s t i m e n t a a lv a e b r i l h a n t e , d e t é c n i c a e a p r e q u e c o m e l a s e t o m o u m a i s f á c il e p r e c is a a i d e n t i f i c a
se n ta çã o m a is s o fis tic a d a s , c o n s ig n a n d o um a nova ção d a q u e la s p e ç a s n o te m p o . Q u a n to à c la s s if ic a ç ã o
e ta p a d e e v o lu ç ã o se m n o e n ta n to d e sc a r ta r d o m er d iv id e e le p e la decoração essa s fa ia n ç a s em q u a tr o
cado p o p u la r a f a b r ic a ç ã o p a r a le la da terra co ta , da g ru p o s' c o r r e sp o n d e n d o a q u a tr o c ic lo s de m a is ou
lo u ç a v id r a d a e “ m e z z a - m a i ó l i c a ” . m e n o s u m q u a r to d e s é c u lo , c o m o se g u e :
SÃO SALVADOR
176
RIO DE JANEIRO
177
256
No primeiro grupo (d e m a is ou m enos 1600 a d a s c h in e s a s , ju n to c o m o s p a n o s d e a lg o d ã o , d e se d a ,
m a is o u m e n o s 1 6 2 5 ) : d e c o r a ç ã o e m g e r a l a z u l, s o b r e de li, de lin h o , de d is p a r a t a d a s p r o c e d ê n c ia s : de
e s m a l t e b r a n c o , i n s p ir a - s e n o s m o d e l o s c h i n e s e s c o p i a n Saragoça, de L on d res, de C a m b r a ia , de R uão, de
do os tem a s s im b ó lic o s , as p a is a g e n s , a ía u n a e os F la n d r e s , d o R e i n o , d e C a s t e l a , d a Í n d i a e d a C h i n a , e t c .
c o s t u m e s d a é p o c a W a n - li. A s s im , fic a m o s s a b e n d o q u e , n o p e r ío d o q u e v a i
No segundo grupo ( d e m a i s o u m e n o s 1 6 2 5 a m a is d e 1 6 0 0 a 1 6 3 5 , o v a lo r m é d io d e u m p r a to d e p o r c e
ou m enos 1 6 5 0 ): à q u e le s s í m b o l o s e te m a s q u e , e m l a n a d a í n d i a e r a d e 2 2 0 r é is , e n q u a n t o q u e , n o m e s
geral d eco ra m a a h a d o s p r a to s, a s s o c ia m -s e m o tiv o s m o p e r ío d o , a m é d ia d o s p r a to s d e p r o c e d ê n c ia e u r o
p o r tu g u e s e s . T ê m , p o is , u m c a r á te r h íb r id o . P e r s o n a g e n s p é i a e r a d e m a is o u m e n o s 5 0 r é is , c o n s i d e r a n d o o s d e
c o m in d u m e n t á r ia n a c i o n a l , c a v a l e i r o s , b r a s õ e s , n u s T a la v e r a , d e L is b o a c d o R e in o .
m i t o l ó g i c o s , n o m e s , a n im a is , à s v e z e s e s t i l i z a d o s . I s t o
A lo u ç a d o R e in o , c o m o é c h a m a d a n o s in v e n
é a s s o c i a d o à a n t ig a c l a s s i f i c a ç ã o d e J o s é d e Q u e ir o z ,
t á r io s , é t id a , se m c o n fir m a ç ã o , com o fa b r ic a d a na
dos “ a ra n h õ es” e “d esen h o m iú d o ” . R e p r e se n ta o
r e g iã o do P o r to , in fe liz m e n te se m b ases a in d a p ara
ap ogeu .
u m a id e n tific a ç ã o se g u r a q u a n to a o s m o tiv o s e c o lo r i
No terceiro grupo ( d e m a is o u m e n o s 1 6 5 0 a m a is dos que o s t e n t a v a í 3b F r a n c is c o M arq u es dos S a n to s
ou m enos 1 6 7 5 ): O s s ím b o lo s c h in e s e s sim p lific a m -s e in fo r m a : “D en tro , porém , do c a p ítu lo da c e r â m ic a
e , d e n t r o d e u m a i n t e r p r e t a ç ã o m a is p o p u la r e a n e d ó p o r t u g u e s a i m p o r t a d a p e la C o l ô n i a , d e s e j a m o s a ssev e
t i c a , n ã o a p r e s e n t a m m a is o e s p í r it o o r i e n t a l . A s f o r m a s rar q u e e la n o s v e io d a s in ú m e r a s p e q u e n a s f á b r ic a s
d e c o r a t iv a s s ã o m a i s p i t o r e s c a s d o q u e r e q u in t a d a s . do P o r to — a lo u ç a do R e in o dos I n v e n tá r io s ” . ,
No quarto grupo ( d e m a i s o u m e n o s 1 6 7 5 a m a is C o n q u a n to o a u to r a fir m e is s o , o q u e r e a lm e n te p o d e .
o u m e n o s 1 7 0 0 ) : d e s a p a r e c e a e v o l u ç ã o c h in e s a d o c o r r e s p o n d e r à r e a l i d a d e , n ã o a p o n t a e l e , i n f e li z m e n t e ,
c o m e ç o e s ã o agora te m a s n o v o s , e s s e n c ia lm e n te eu ro a s fo n te s e m q u e b a s e ia a s u a a fir m a ç ã o .
p e u s q u e e s t a b e l e c e m a t r a n s iç ã o p a r a o c a r á t e r d e c o r a N ão h á d ú v id a d e q u e a s lo u ç a s d o R e in o e r a m
t iv o das f a ia n ç a s do s é c u lo X V 111. N e ste s tem a s d ife r e n te s d a s lo u ç a s d e L is b o a , j á q u e o s e s c r iv ã e s as
d o m in a m as ren d a s, as cabeças de m u lh e r e s , f a ix a s d is t in g u ia m u m a s d a s o u tr a s n o s a r r o la m e n to s s e is c e n
b a r r o c a s , c e r c a d u r a d e tr ê s p o n t o s , as fo r m a s g e o m é tista s, d a n d o ta m b é m a c a d a q u a l o s s e u s v a lo r e s .
t r ic a s , e t c .
A s s im , n o p e r ío d o d e 1 6 1 6 a 1 6 2 3 , fo ra m c o n s ig
E s s e s p o i s s ã o o s c a r a c t e r í s t i c o s g e r a is d a d e c o r a n a d o s e m d o i s i n v e n t á r io s v i n t e e t r ê s p r a t o s d e L i s b o a ,
ç ã o d a s f a i a n ç a s p o r t u g u e s a s , q u e t iv e r a m se u gran d e o s c ila n d o o p r e ç o e n tre 4 0 e 8 0 r é is . N o p e r ío d o d e
cen tro de produção em L is b o a , sem d e sc a r ta r -s e a 1 6 1 9 a 1 6 3 5 , s ã o a r r o l a d o s e m t r ê s i n v e n t á r io s t r in ta e
c o n tr ib u iç ã o de C o im b r a com su a s rendas t íp ic a s , o ito p e ç a s d e lo u ç a d o R e in o , v a r ia n d o o v a lo r e n tr e
A v e ir o 'e P o r to , e o u tr o s cen tr o s m e n o r e s. 4 0 e 6 0 r é i s (J). Q u a n t o a o f a t o d e n o m e s m o i n v e n t á r io ,
P orém o m a to r ia i c e r â m ic o de que há n o t íc ia c o n s t a r u m a l o u ç a d e $ 4 0 , 0 0 é o u t r a d e $ 8 0 , 0 0 r é is
q u e f o i e x p o r t a d o p a r a o B r a s i l f o i t o d o e l e a r r o la d o de L is b o a , e o u tr a d e $ 40, e $ 60 r é is d o R e in o ,
a q u i, q u a n t o à p r o c e d ê n c ia e u r o p é ia ap en as em duas e x p lic a - s e p e la r a z ã o d e q u e h a v ia p r a to s d e u s o c o r
d e s ig n a ç õ e s : L o u ç a d e L is b o a e L o u ç a d o R e in o . C o m ren te c o m apenas um f i le t e a z u l o u v í n o s o n a b o r d a ,
r e f e r ê n c ia à E sp an h a, os i n v e n t á r io s só c o n s ig n a m e v id e n t e m e n t e m a is b a r a to s e o u tr o s d e fa r ta d e c o r a ç ã o ,
T a l a v e r a q u a n d o s a b e m o s q u e S e v i l h a já n o s Q u in h e n e v id e n te m e n te m a is c a r o s (a r a n h õ e s , e t c .) .
to s e x p o r ta v a su a f a ia n ç a p a r a a s ín d ia s O c id e n t a is , E s s e s d a d o s n o s le v a m a crer , e m b o r a p o r p e q u e n a
c o m o v im o s lin h a s a tr á s, e n ã o s e v ê r a z ã o p a r a q u e m a r g e m , q u e a s lo u ç a s d e L is b o a n o c o m e ç o d o s é c u lo
n ã o c o n tin u a s s e a f o m e c ê -I a . O fa to é q u e h a v ia ab u n X V I I , e r a m m a is r e p u ta d a s q u e a s c h a m a d a s d o R e in o ,
d â n c ia de to d a s a q u e la s l o u ç a s e u r o p é ia s no B r a s il. p r o v a v e lm e n te p o r s u a m e lh o r q u a lid a d e e a p r e s e n ta
N e s s e s s e is c e n to s , o N o r d e s te , o n d e s e c o n c e n tr a v a ç ã o , já q u e a lc a n ç a v a m p r e ç o s u p e r io r .
a produção a ç u c a r e ir a , era m e lh o r a q u in h o a d o na
E sta lo u ç a do R e in o não é m e n c io n a d a por
d is t r ib u iç ã o d o s a r t ig o s e s t r a n g e ir o s , m a s n e m p o r i s s o
nenhum c e r a m ó g r a ío p o rtu g u ês com o um a c a te g o r ia
o S u d e s t e d e i x a v a d e im p o r t á - l o s . O l i v e i r a V ia n a ,
c o n h e c id a e d is tin ta . N em ta m p o u c o P o r tu g a l (a o
P e d r o C a lm o n , G ilb e r to F r e ir e , e n tr e o u tr o s ilu s t r e s
c o n tr á r io da C h in a ) f a b r ic a v a s é r ie s de fa ia n ç a s de
h is t o r ia d o r e s , nos dão c o n ta da o p u lê n c ia d a q u e la
q u a lid a d e d ife r e n te para se u u so in t e r n o e para a
r e g iã o e d o r o l d o s a r t ig o s u t i l i t á r i o s e d e l u x o q u e a
su a s o c ie d a d e c o n s u m ia ® . I n fe liz m e n te p a r a o s h is e x p o r ta ç ã o . A p r e s e n ta v a a p e n a s , is s o sim , u m a d e c o r a
t o r ia d o r e s e s o c i ó l o g o s , s ã o r a r o s o s i n v e n t á r io s b a ia n o s ç ã o d i f e r e n t e , p e ç a s s i m p l e s p o p u la r e s e o u t r a s e l a b o
e pern am bu can os d esse p e r ío d o , o que d ific u lta u m r a d a s , c o m o já o b s e r v a m o s . P o r é m d a m e s m a q u a lid a d e
e s tu d o m a is a p u r a d o so b re a s l o u ç a s im p o r t a d a s p o r q u a n to à p a sta e ao e s m a lte , A s c la s s if ic a ç õ e s d esse
a q u e la s r e g i õ e s . p e r ío d o se is c e n tis ta sã o q u a s e t o t a l m e n t e a t r ib u íd a s a
E m c o n t r a p a r t id a s ã o b a s t o s o s i n v e n t á r io s v ic e n - L i s b o a ; a s f a i a n ç a s a t r ib u íd a s a C o im b r a , e n t r e o u t r o s
t i n o s e m q u e s ã o m e n c i o n a d a s a s f a i a n ç a s e u r o p é ia s e c a r a c te r ís tic o s c o m u n s c o m o s d e L is b o a , a p r e s e n ta v a m
m e s m o a p o r c e la n a d a ín d ia , o q u e n u m a r e c o m p o s i a decoração das ren d a s, porém , e sta decoração só
ç ã o h is tó r ic a v e m d a r c o lo r id o s c o s m o p o lit a s à s m e sa s ap arece d os m ea d o s p ara o f im d o s é c u lo X V I I .
e b u fe te s b a n d e ir a n te s . f S o m o s le v a d o s a c r e r q u e a s lo u ç a s d c L is b o a e
N o e s tu d o q u e fiz e m o s e m 1 9 5 0 , tiv e m o s o p o r tu do R e in o , para te r e m s id o fa c ilm e n te d is t in g u id a s e
n id a d e d e dar o d e v id o d e s ta q u e à q u e le fa to d ig ú ifi- id e n tific a d a s p e lo s e s c r iv ã e s , d e v ia m a p r e se n ta r en tr e
ca n te, a s s im com o e s ta b e le c e r a té p a r a le lo en tr e os e l a s d i f e r e n ç a s s e n s í v e i s , p a r a n ã o d iz e r v i s í v e i s . I s s o a
p r e ç o s c o e v o s d a s d ife r e n te s lo u ç a s u s a d a s e m P ir a t i- n o s s o v e r , s ó o c o r r e r ia n o c o n f r o n to d e u r a a d e c o r a ç ã o
n i n g a , s o b r e s s a in d o com g r a n d e d if e r e n ç a , o s v a lo r e s b a s t a n t e d i f e r e n t e o u t í p ic a , e t a m b é m na com paração
257
da qualidade e acabamento entre uma louça de Lisboa Santa Marinha d5Gieiros. Fabricava-se e ainda se fabri
e a outra do Reino, Isso podia ser verificado no con ca louça popular de três categorias: a negra, a fosca
fronto entre uma peça de faiança, (e sabe-se que as e a vidrada. . . a vidrada é a mais comum e que mais
de Lisboa eram de faiança) e uma outra mais inferior, se usa. , . A pasta é grossa de barro vermelho, coberta
como a louça vidrada, bastante comum ou ainda, c esta de um vidrado plumbífero de cor am arelada., . orna
hipótese nos parece mais plausível, no confronto eom mentadas com pinceladas, arabescos, desenhos geomé
as peças populares de meia-faiança (mezza-maiólica) tricos, pingos, lineamentos, traços”, E na estampa n.°
de uso corrente na Europa e que mais se aproximava 32, apresenta quatro pratos de Prado, do século XVI,
da faiança, embora de aspecto mais rugoso e inferior. com estes característicos, que obedecem ainda à inspira
Enquanto aquela tinha como característico uma ção local e múdéjar.
coberta de esmalte estanífero que tomava o fundo Assim, temos a impressão de que as louças do
branco e opaco e era mais apurada de acabamento, Reino, consignadas em nossos inventários do começo
a outra era uma terracota recoberta de um vidrado do século XVI [, poderiam ser as louças populares,
transparente que deixava transparecer a cor da pasta produzidas cm “olarias de Coimbra” de “Cervães”,
de barro, em geral menos tratada, e a meia-faiança “Cabanellas” e também do “Prado”.
(mezza-maiólica) era a mesma terracota, porém reco Curioso notar as variantes ortográficas, usadas
berta de um engobe feito com mistura de argilas claras pelos escrivães e notários, na capitania de São Vicente,
e óxido de chumbo pára esconder a cor do barro, e para designar o mesmo termo cerâmico.
sobre o qual era procedida a decoração.
. Estas louças eram profusamente usadas em Portu (“Inventários e Testamentos” —- Arquivo do Esta
gal, tradicionalmente populares, e de menor preço e do de S. Paulo),
com decoração livre, vistosa, polícromada, e que fugia Volume 44 — pág. 150 : Lousa
aos requintes e academismo das de Lisboa, Talavcra e ” 165 : Lloça
Dclft. Já no século XVI, a louça vidrada e a meia
” 146 : Lossa
-faiança, pelo que se pode deduzir, eram encontradas em
diversas localidades, ainda sob influência tradicional Volume 42 — ” 67 : Loussa
mudéjar, em Portugal. " 20 : Louça
No século XIX, era ela também fabricada em Quanto à famosa Louça de Talavera de La Reyna,
‘'Olarias de Coimbra” W com figuras lípícas portugue merece ela especial destaque, pois desfrutou de renome
sas, entre outros motivos. Remanescentes dessa tradi internacional, havendo menção seiscentista como vimos
ção do fabrico de louça vidrada e meia-faiança, são as de que era exportada para Portugal e para as índias
chamadas hoje de "Ratinho” e no século XIX, houve Ocidentais, fato esse corroborado pelos inventários
um considerável incremento dessa produção popular, vieentinos. E ainda nos é dito:. .. “As classes ricas
e o mais curioso, dc diversas decorações, incluídas nelas serviam-sc então (século XVII) de louça da China, e
as mais “modernas” para a época, como as represen as menos abastadas consumiam os produtos ordinários
tações florais de gênero orientalista, provavelmente do país ou os que vinham da Espanha, um pouco mais
inspirado pelos ceramistas franceses de Limoges. perfeitos, principalmente das olarias de Talavera” <»,
Aquelas louças vidradas rcinóis e meias-faianças, Essa produção prima ainda hoje, por sua poli
na qual incluímos nós, as meias faianças já referidas, cromia viva e pelos seus belos tons de cobalto e seu
às quais atribuímos a designação de louça do Reino, vidrado forte. Sua presença em São Paulo é facilmente
a nosso ver, teriam continuado a scr importadas depois explicada pela posição de distribuidora, assumida por
do século XVII, paralclamente com as faianças de Lisboa, dos artigos estrangeiros, pelo domínio filipíno
Lisboa, e de outros centros. A presença do vasilhame e o considerável núcleo de castelhanos então residentes
vidrado no Brasil, era fato corrente e nos é assinalada na Vila de Piratininga, a ponto dele tentar aclamar
Amador Bucno (filho de espanhol), o rei de
entre 1578 e 1750 por Hernani Silva Bruno (6>1 diz ele:
São Paulo__
- “Em trinta e nove documentos aparecem oitenta e nove
botijas ordinárias de> barro, vidradas ou de arame”. Era uma faiança vistosa e de boa qualidade,
embora seu preço que oscilava entre $ 42 e $ 50 réis
Aquelas louças vidradas rcinóis e meias-faianças, equivalesse ao valor da louça do Reino. Nesse primeiro
teriam inspirado aos oleiros lusos e brasileiros no fim terço do século XVII, ela é assinalada em Piratininga,
do século XVIII e no correr do XIX, a fabricá-las em nos seguintes inventários: no dc Izabel da Cunha, onde
Minas, em diversos pontos, como em Saramenba, Caeté, constam sete pratos de Talavera com o valor de $ 350
etc. Nessa produção mineira mista, toma-se fácil réis e no dc Antônio de Oliveira onde são arrolados
distinguir uma louça vidrada de uma “mezza-maiólica" doze pratos no valor de $ 500 réis.
ou da verdadeira faiança que Minas, segundo nossas Sua decoração, por scr típica, não devia confundir
observações, não chegou a fabricar no século XIX. os escrivães locais em sua identificação, pois enquanto
Em abono da possibilidade de que a louça do a louça de Lisboa nesse período, sofria a influência
Reino seria louça vidrada ou meia-faiança, valemo-nos oriental, a de Talavera impregnava-se ainda da mudéjar,
ainda de Luiz A. de Oliveira, que descreve peças da medieval c da renascentista.
daquele gênero em Portugal, ainda do século XVII <»; No quinhentismo, os motivos centrais representa
diz ele: “Pela denominação da louça popular do Prádo, vam em geral, animais, aves, figuras humanas e mito
entende-se a que se fabrica nessa povoação e também lógicas e as cercaduras eram compostas de borboletas
noutras freguesias limítrofes, como Ccrvães,- Caba- ou folhagens, seguindo-se no correr do século XVII,
nellas, etc., sendo uma dessas freguesias denominada composições mais ricas, como representações de
258
Sêc. XVII FAIANÇA ESPANHOLA
I7S
Í79
259
caçadas, cenas de batalha, personagens, etc. Pelos que uma peça pode refletir duas influências, ou apenas
valores constantes daqueles arrolamentos, acreditamos uma.
que os pratos talaveranos vindos para o Brasil, Nos temas novos sino-nipônicos, enquanto Portu
a exemplo dos que ainda são encontrados na Bacia do gal adota restritamente os chineses, a Holanda não só
Prata, fossem de tipo comum com apenas um filete ou os amplia com a rica iconografia do período do Impe
cordão azul na borda, com ou sem sigla, brasão ou rador Wan-Li, como integra na decoração os modelos
desenho no centro. típicos japoneses dc Kakicmon, Kutani, etc., com vasos
Quanto à faiança conhecida genericamente por floridos, leques, etc,, chamando a si, a parte do reper
Delft, desconhecemos referências específicas a das nos tório folclórico-religioso do Japão. ■
antigos cronistas, como em inventários seiscentistas, Quanto as cores, faz uso da paleta clássica do
Ela só vem a ser consignada, salvo outras revelações, fogo alto, já referida. Porém há urn descompasso no
em 1789 no arrolamento dos bens de frei Manuel da tempo com referência ao emprego da policromia de sua
Ressurreição, em Piratininga, como "louça de Ol and a”. faiança em confronto com a portuguesa. O azul e
Porém o fato de sua existência no Sdscentismo branco é a tónica e o policroraado se desenvolve na
brasileiro é notório. Os holandeses não iriam tanto em segunda metade do século XVII, liderado pelos deco
Pernambuco como na Bahia, usar louças portuguesas radores de Delft, em cuja área se localizam mais de
quando eles as possuíam de tão boa qualidade em sua vinte fábricas. De notar que os holandeses também
terra natal. O príncipe Maurício de Nassau, por certo empregaram faianças de campo azul e preto, incorpo
não iria exibir aparelhos lusitanos — louça de seus rando corantes fortes ao esmalte branco estanífero,
ferrenhos adversários. Sobre a história da faiança holandesa, seus centros
Sobre a louça holandesa devemos observar que de fabrico e seus decoradores, reportamo-nos ao í.°
tais foram a influência e reputação de Delft na Europa, ■capítulo — FAIANÇA.
que sc costumava tomar a parte pelo todo. A faiança Qual o mostruário dessa cerâmica estrangeira que
tipo Delft era copiada e produzida por outros centros aportou no Brasil e daquela, que embora fora do país,
oleiros importantes, como Harlem, Amsterdam, Hoorn, nos diz respeito? Quais as peças ou fragmentos exis
Rotterdam, Lcwarden, Haarlingen, etc. Ela era tentes que podem reconstituir parte do acervo sócio
também copiada no estrangeiro, sobretudo na -histórico brasileiro? - é o que tentaremos esboçar.
Alemanha (Nuremberg, Hamburgo, Munique) c na Para maior facilidade de exposição, desejamos
Inglaterra (Lambeth) e foi tal suá influência nesse esclarecer qual a terminologia por nós empregada no
país, que a faiança feita na Inglaterra durante os enfoque daquele acervo. _
séculos XVII e XVIII, era chamada de louça de Delft Em primeiro lugar há dois tipos de faiança, no di
(Delft ware). zer de Reynaldo dos Santos, rcferindo-sc a pratos: “a
Certos modelos fabricados na Alemanha c em doméstica e a decorativa”, o que explica os arrolamen
Portugal prestam-sc a confusões com similares holan tos num mesmo inventário dc um preço inferior c outro
deses, tal a semelhança entre eles, sobretudo na repre superior, para pratos da mesma procedência. O que
sentação de alguns temas orientais com cercaduras corresponde nos aparelhos de mesa a peças dc serviços
compartimentadas com Signos chineses c na dc figuras de diário, com decoração singela ou sem da, e nos
orientais com posturas prototipadas. aparelhos de gala com apresentação de peças da mais
esmerada decoração. Critério esse extensivo a outros
Somente há uns 80 anos atrás, é que pesquisadores
tipos dc artefatos, como jarras, canudos, malgas, etc,,
holandeses compulsando arquivos antigos, demonstra
com pouca ou nenhuma decoração e peças requintadas
ram que seu país contava com urn grande número de
e de aparato.
fábricas ou oficinas oleiras, além de Delft (10>. Como
contava também com numerosos artistas avulsos nos Em segundo lugar, num plano social-histórico,
séculos XVI c XVII, e muitos ceramistas célebres classificamos toda a cerâmica antiga em duas seções:
inscritos na Guilda de São Lucas, sendo que estes de a histórica ou personalizada e a anônima. Há mais dc
vinte anos adotamos esse critério em exposição oficial,
norma marcavam suas cerâmicas. Fato esse que even por nós supervisionado, para distingui-las (l,).
tualmente poderá facilitar a identificação de peças que
venham ainda a serem encontradas no Brasil, Consideramos cerâmica histórica ou personalizada,
toda aquela que apresenta uma filiação social, com
A faiança holandesa do século XVII constitui um nomes grafados, armas, siglas, signos, legendas, timbres,
grande repertório, diversificado e exuberante a igual coronéis, em suma a que possa ser filiada a persona
de sua azulejaria prenhe de inovações, gem, instituição ou nação. Incluídas também peças sem
A temática de sua decoração se desenvolve nenhum atributo indicativo mas que tenha comprova-
através do aproveitamento de duas fontes básicas de damente pertencido a personagens da vida social e
inspiração: a ocidental e a extremo-oriental. A primeira política ou a entidades da época. E a cerâmica anônima
encampa seus costumes locais, sua heráldica, seus per é toda aquela, singela ou elaborada, que não ofereça
sonagens, suas paisagens e a esplêndida iconografia de aqueles elementos de identificação quanto ao seu antigo
suas tapeçarias, telas e gravuras como incorpora res possuidor.
quícios hispano-mouriscos, já assimilados na Europa e No século XVIII e XIX, as peças ou aparelhos
reedita o Compendiário renascentista em que sobressai da Família Real Portuguesa c da Imperial Brasileira,
a História Sagrada e a mitologia. A segunda adventícia foram chamadas por Francisco Marques dos Santos dc
trás dos antípodas um gênero novo e exótico. Tanto "Porcelanas ou Louças Bragantinas”, classificação que
emprega os temas separadamente como também numa adotamos para distingui-las nos Capítulos referentes ao
simbiose feliz, agrupa-os harmoni os amente de forma Sètecentismo e Oitocèntismo Brasileiros.
260
PEÇAS HISTÓRICAS DATADAS
R E F E R Ê N C IA S
1641 Armas reais portuguesas duas garrafas elaboradas C onde C astro e Sola , ob. cit. (12)
I64t Armas reajs portuguesas um par de galhetas singelas C o n d e C astro e Sola , ob. cit.
1651 Brasão dos Silvas prato (estampa 8) Luiz A. de O u v E t r u , ob. cit. (1 3 )
1652 Companhia-de Jesus canudo com iniciais I M S . C ondb C astro e Sola , ob. cit.
1655 Companhia de Jesus canudo elaborado com iniciais Museu d c Arte Amiga
1677 Brasão dos Silvas ptaío elaborado, borda aranhòcs Co n d e C astro e Sola , ob. cif.
1681 Armas de D, Pedro 11 (1648/1706) pote elaborado C onde C astro e So l a , ob. cit.
(Pertenceu ao Conde de Atnea!)
1699 Brasão dos Silvas prato gomilado, borda recortada, C onde C astro e Sola , ob, cit.
filetes azuis. (Col. Conde do Ameal)
Armas de aliança de Portugal e Arngão, Jarra armoriada. C onde C astro e Sola , ob. cit.
com coroa rea.i, azul e cor de vinho,
alt. 0,25 cm, cm homenagem « D . ' Izabel
de Aragno, rainha de Portugal, canoni
zada com o Sta. Izabel e fundadora de
diversos conventos, entre eles o de St,*
Clara, que lhe adotou as armas e o
cordãn cm volta do escudo. {Existe na
Bahia um Convento daquela ordem).
Companhia dc Jesus. Boiáo elaborado com iniciais dentro de O onde C astro e S ola , ob. cit.
um círculo flamejante.
D. Afonso VI — 22,° Rei de Portugal Floreira armoriada, C onde C astro e S o ía , ob. cit.
1643-1683, fabrico de Savorta, Itália,
Frei GaU-ão {século X V III), Convento Caneca. Museu de Arte Sacra de S, Paulo.
da Lú2.
Companhia de Jesus, século XVJI Um covilhete ou base de galheta com Inst. Arqueológico de Recife.
(Segundo Proí. Gonsalves do M ello), iniciais I.H.S.
Armas do Convento de Sta. Clara (fabri Medalhão (fragmento). Salvados do Galeão Sacramento Bahia,
cada cm Lisboa). Existe uma jarra com
as mesmas armas, porém com decoração
dc rendas de Coimbra do Museu Macha
do dc Castro cm Portugal.
Família dos Silvas (general Francisco Parle de serviço armoriado (de mesa Salvados d o Galeão Sacramento (14).
Corrêa da Silva). c de c h i).
Armas dos Silvas. Prato avulso com elmo e belo paquife Salvados do Galeão Sacramento (1 5 ).
ocupando o centro d o prato que não
ostenta nenhuma outra decoração na
aba.
Armas dos Carneiros, pertenceu a Luiz Tigela (fuiança de Lisbca). Museu Nacional de Arte Antiga —
Carneiro dc Souza, conde da Ilha do Lisboa (1 6 ),
Príncipe, donatário da Capitania de
São Vicente.
General Francisco Barreto de Menezes, Boiáo azul e cor de vir.ha (faiança de Museu Nacional de Arte Antiga —
vencedor da batalha dos Guararapes, Lisboa), Lisboa.
capitão general de Pernambuco c gover
nador da Bahia, falecido em 1688.
D. Rodrigo da Costa, governador geral Prato dc faiança. Museu Nadonnl dc Arte Antiga.
do Brasil; este governador possuía
também um serviço em Companhia das
índias.
261
PECAS E FRAGMENTOS
fPffflt í- fragmentos — diversa períodos e classificações)
B I B L I O G R A F I A
(1) Exposição Retrospectiva da Cerâmica Nacional cm Vianna (12) Conde de C astro e Sola — "Cerâmica Brasonada" —
do Castelo, 1916 — pág, 70 — Porto, 1920, 2 vols. Portugal, Lisboa.
(2) E. F. Drancante — citação em " O B ra sil e a L o u ç a da ; 13) Luiz A. de O uveira — o b . cit. -— estampa 8.
tn d ia " .
(3) F. Marques dos Santos —- in " A r ie s P lá stica s n o B ra sil" (14) U lisses P ernambucano de M ello N eto — "O Galeão
— Rio. Sacramento" in Navigator n.° 13 — Junho de 1976 a
dezembto de 1977.
(4) E. F, fi RANÇAMTE — o b . cir,
(15) Revista "V eja” de 23 dc março de 1977 — "Tesouro no
(5) Luiz A. de O liveira — o b . cit. estampa 31. Mar" — pég. 61 — "O Cruzeiro” de 25 dc abril de 1973
Reportagem de Leopold Oberst — fotos dc Luiz Alfredo
( 6 ) H ernani Stl-VA Bruno — “ O E q u ip a m e n to da C a sa B an-
— mergulhadores José Maria Rabello Filho — Francisco
d e irista . se g u n d o o s A n tig o s In v e n tá r io s e T e s ta m e n to s " de Paula Guimarães Gordílbo.
.— Depl.° Patrimônio Histórico, 1977.
(7) E. F. BRaNcakte — " A c h e g a s s o b re C e r â m ic a d o sé c u lo (16) Catálogo do Museu Nacional de Arte Antiga -— Lisboa.
X IX n o B rasil. A L o u ç a M in e ir a " — S. Paulo, 197Í —
in rev. Paulistânia n.° 79.
(S) Luiz A. de Oliveira — ob. cit.. pág 71 — estampa 32. Frof . R eynaldo dos Santos — "Faiança Portuguesa" — sé
culos XVI e XVII — Lisboa, 1960.
(9) G r a n d e E n c ic lo p é d ia P o rtu g u e sa e B ra sileira — Editorial
Enciclopédia — Lisboa — Rio — vol, VI — pág. 474, A rthur de Sandão — “Faiança Portuguesa" — séculos XVI11
(10) H. P. Fourest — " L e i F a ie n ces d e D e l f l " — Paris. e. XIX — Lisboa.
(1 1 ) E x p o s iç ã o 4 ? C en te n á rio d a cid a d e d e S ã o P a u to — Insl. C eoffr EY A. G ooOEN — "Oriental Esport M arket Porcetain "
Histórico e Geográfico — S. Paulo, 1954. -— pág. 340 — Londres, 1977-
262
Séc. X V II FAIANÇA PORTUGUESA
ISO
18 I
263
FAIANÇA PORTUGUESA
Séc. X V II
182
264
Séc. X V II FAIANÇAS DIVERSAS
265
Séc. X V I I FAIANÇA PORTUGUESA
1Í0
2 66
Séc. X V II F A IA N Ç A S H IS T Ó R IC A S PO R TU G U ESA S
(Brasonadas)
i9i
J 92
267
See. XVII FAIANÇAS PORTUGUESAS
{Br usou adas)
19.1
194
Tigela de jaiança que pertenceu a Luiz Carneiro de Souza, l.° Coride da Ilha do Príncipe, 3.° neto de Martim A fonso
de Souza, o donatário da Capitania de São Vicente. Fundou a cidade' paulista de Sorocaba. ( Vide Francisco C onstando,
História do Brasil — 2 ° vo/., pág. 179 — Aurcliano Leite — História da Civilização Paulista, ptig. 41).
Cortesia do Museu Nacional de A rte A ntiga (Foto-Câmera).
268
Séc. X V II F A IA N Ç A P O R T U G U E SA
195
196
269
Séc. XVÍÍ OS SILVAS NA CERÂMICA PORTUGUESA
(aparelhos e azulejos)
Obsç Ê a nobre fam ília dos Silvas ou Sytvas, da Casa de Avciras, s tm dúvida a que
ocupa o maior e mais variado mostruário de peças de faiança armoriada no correr
do século X V 1L Com punha-sc essa família de um a série notável de personalidades,
entre fidalgos, viscondes, condes, marqueses e altos dignitários, tanto militares, civis,
como eclesiásticos, que se notabilizaram também no século X V ÍJ I, alguns dos quais
prestavam serviços ao Brasil. Sobre a ascendência, descendem os Sylvas dos antigos
reis de Leão, na pessoa de Gonçalo G om es da Silva, Senhor de Vagos, D e sua
casa são ramos todas as demais casas de apelido Silva (Condes de Unhão, Marqueses
de Alegrete, Condes de Vilta M ayor, Condes de Taro uca, Viscondes de Villa Nova
da Cerveira, M arquês dc Niza, Condes de Santiago, de S. Lourenço, 4 ? Conde de
Sarzcdas e o 6P Visconde de Alegrete — D om M anrique — I P M arquês de Vagos
(D. Francisco Tellô de M enezes j, etc. Entre altos dignitários eclesiásticos, cita-se Dom
Alberto da Silva, arcebispo de Goa ( Í635/J6&S) e entre os militaresr o malogrado
general Francisco Corrêa da Silva, que devia assumir no Brasil, o alio cargo âe
Capitão-general. D os aparelhos desses nobres, chegaram até nós numerosas peças
que pertenceram ã ilustre clan, a grande maioria em faiança (mais de dez serviços
diferentes), com o também alguns aparelhos em Companhia das Índias, abrangendo já o
século X V HL Infeíizm ente o tem po faz perder a individuação de quase todos os
serviços. Darem os a seguir o que fo i possível reunir graças â colaboração de amigos
brasileiros e portugueses, aos quais aproveitamos o ensejo para agradecer. N ã o po
demos deixar de assinalar que Reynaldo dos Scnios aponta outras duas peças diferentes
‘ que podem ser ainda do século X V I: uma escudela e um a travessa ovalada e que
são da coleção d o M useu M achado de Castro (ob. cif- pãg, 26, figs, 8 e 9).
A o alto parte do siihar que circunda a vasta sala de jantar do Palácio dos Marqueses
da Fronteira, em que vêm assinaladas batalhas e os nom es dos lusitanos que nelas
se notabilizaram. Lê-se claramente no painel acima, o nom e de D om João da Silva.
270
Séc. XVII OS S IL V A S N A F A IA N Ç A P O R T U G U E S A
uno 1668
201
271
Séc. XV11 O S S IL V A S N A F A I A N Ç A P O R T U G U E S A
203
202
272
See. XV11 OS S IL V A S N A F A IA N Ç A P O R T U G U E S A
204
205
206
273
sêc. xvii F A IA N Ç A P O R T U G U E SA
(Salvados do Galeão Sacramento — Bahia - 1658)
274
Stk, X V I I F A IA N Ç A P O R T U G U E SA
(Salvados do Galeão Sacramento — Bahia •— 1668}
Arquivo do A utor.
2-75
Sic. X V II F A IA N Ç A P O R T U G U E SA
(Salvados do Galcáo Sacramento — Bahia — 166S)
Arquivo do A utor.
214
213
a ^
Ti ■í - U r i'
fm m d íd 'È
S& i ,
v. -i
■■- «
21S 216
Pr alo cm azul c branco com variações de desenhos Prato em azul e branco com variações de desenhos
geométricos, raro. geométricos, raros.
276
. X V 11 FAIANÇA PORTUGUESA
(Salvados do Galeão Sacramento — Bahia — 1668)
Arquivo do Autor,
217 218
222 223
O prato ao alto à esquerda representa um busto de mulher e o da direita ao centro, uma Cruz. A peça à esquerda è uma
tigela com as armas dos Silvas, jií reproduzida (do serviço d o general Francisco Corrêa da Silva, m orto no naufrágio, como
já fo i dito), e o prato da direita, roseta formada de linhas concêntricas ao centro e aba de uranhões.
278
See. X V fl faiança portuguesa e outras
226
227
22S 229
279
F A IA N Ç A PORTUGUESA E OUTRAS
Séc. X V I I
230
O prato à esquerda fo i adquirido em São Paulo; tem caracterís
ticas do começo do século X V II. Acreditamos que seja de
procedência portuguesa Aba recortada, m otivo central dentro
de um duplo círculo. Coleção do Autor,
232
233
280
Séc. XVII FAIANÇAS
FRAGMENTOS ENCONTRADOS N A PRAIA E SÍTIO
GUAECÁ QUE PERTENCEU AOS CARMELITAS NO
MUNICÍPIO DE S. SEBASTIÃO (1608)
234
23 4- A 235
Mostruário com diferentes decorações em que se percebem "Albarcllo” em meia-faiança, azul e branco com o brasão da.
rendas de Coimbra, desenhos geométricos, etc. Ordem do Carmo — (Lisboa — Coimbra).
Arquivo do Autor. Coleção do Autor,
281
V - PORCELANA DA CHINA
s t e s é c u l o X V I I é r ic o e m r e f e gal — c h a m a d o s m e r c a d o r e s d e id a p o r v i n d a ; o s q u e
r ê n c ia s e e m e n s in a m e n to s , q u e er a m a s s is te n te s n a s v ila s o u c id a d e s , is t o é , o s e s ta b e
a p r e s e n ç a d a p o r c e la n a c h in e s a le c id o s com lo ja s e a in d a h a v ia os que com pravam
no B r a s il, r e la tiv a m e n te abun m e r c a d o r ia s d a q u e l e s e a s ia m v e n d e r p e lo s e n g e n h o s
d a n te , n o s p r o p o r c io n a . e fa zen d a s; o tip o de m ercador que p o s te r io r m e n te
. P o r é m , p a r a s it u ã -I a n o a m b i e n r e c e b e u o a p e l i d o d e m a sc a te .*
te c o lo n ia l e c o lo c á -la no se u D e s s a m a n e ir a , e x p lic a - s e a p r e s e n ç a e d is s e m in a
d e v i d o lu g a r e n t r e o s d i v e r s o s v a s i l h a m e s o u a r t e f a t o s ç ã o d o s a r tig o s f in o s n ã o s ó n o s c e n t r o s , m a s ta m b é m
u t ilit á r io s u t i l i z a d o s n o s e i s c e n t i s m o b r a s ile ir o , é n e c e s em lo c a is a fa s ta d o s , a té m e s m o n a v ila d e S ã o P a u lo ,
s á r io , p r e iím in a r m e n t e , t e c e r a lg u m a s c o n s i d e r a ç õ e s g e c o m o t i v e m o s o p o r t u n i d a d e d e a p r e c ia r .
r a is , c o m o p roceder a a lg u n s p a r a l e l o s e c o n fr o n to s. S e g u n d o a m e sm a fo n te , " a s lo ja s e s ta v a m c o lm a
P a r a t a n t o n o s v a l e m o s e m g r a n d e p a r t e , d e p e s q u i s a s já
das de m e r c a d o r ia s de m u ito p reço, co m o são to d a
r e a liz a d a s e q u e c o n s t a m n o liv r o “ O B r a s i l e a L o u ç a so r te d e lo u ç a r i a , s e d a s r iq u ís s im a s , p a n o s fin ís s im o s ,
d a í n d i a ” , p u b li c a d o e m 1950.
b r o c a d o s m a r a v ilh o s o s , q u e tu d o s e g a sta e m grande
Em um s é c u lo , P o r tu g a ! h a v ia a p a r e lh a d o a c ó p ia n a terra , c o m o d e ix a r g r a n d e p r o v e n to a o s m e r
c o l ô n i a c o m o n e c e s s á r io p a r a s e u d e s e n v o l v i m e n t o ; o s cadores que o s vendem ”.
n ú c l e o s d e c o l o n i z a ç ã o já e s t a v a m la n ç a d o s c o m pro
J á tiv e m o s o p o r tu n id a d e d e m o str a r c o m o a p o r
f u n d a s r a íz e s n a s c o s t a s e m e s m o n o i n t e r i o r ; o c o m é r
c e la n a c h in e s a s e im p ô s t ã o r a p id a m e n te e m P o r tu g a l
c i o a s s u m ia proporções de im p o r t â n c ia e a ex p a n sã o
c na E u rop a e v e r ific a m o s que su a p e n e tr a ç ã o no
g e o g r á f ic a h a v ia s e d ila t a d o c o n s i d e r a v e l m e n t e , c h e g a n
B r a s il, t a m b é m s e p r o c e s s o u b e m c e d o . S e c o n s i d e r a r
d o a t é a o A m a z o n a s ( 9 0 0 l é g u a s d e c o s t a ) . A p o p u la
m o s q u e a p o r c e l a n a d a í n d i a n o B r a s i l , c u s t a v a m u it o
ção se a la s t r a v a p e lo t e r r it ó r io , a m a lg a m a v a -s e em
m a is c a r o d o q u e a lo u ç a d e p r o c e d ê n c ia e u r o p é ia , e ,
n ú c le o s é tn ic o s , fo r m a n d o u m m o s a ic o p o ltc r ó m ic o e m
n ã o a p r e s e n t a v a a d u r a b i l id a d e d o e s t a n h o o u d a p r a t a ,
q u e s e e n c a sto a v a p o n d e r á v e l e lit e s o c i a l d e s e n h o r e s
t e m o s q u e a d m it ir q u e e r a a d q u ir i d a , c o n s c i e n t e m e n t e ,
de engenho, s e r t a n is t a s , fu n c io n á r io s , f id a lg o s , rep re
c o m o o b je to d e lu x o , v o iu p lu á r io , c o m o u m a e x p r e s s ã o
s e n t a n t e s d o c l e r o e c o m e r c ia n t e s .
d e r e q u in t e , u m a te sta d o d e bom g o sto e tr a ta m e n to
S e g u n d o s e in fe r e d e “ O s D iá lo g o s d a s G r a n d e z a s
q u e h o n ra n o s s a p o p u la ç ã o d e s s e s te m p o s r e c u a d o s .
do B r a s il” (1 6 1 8 ), h a v ia n a C o lô n ia três s o r te s de
m e r c a d o r e s ; o s q u e tr a z ia m m e r c a d o r i a d o R e i n o e a s P a r a c it a r a l g u n s d o s i n v e n t á r io s d e S ã o P a u l o e m
v e n d ia m c o m p r a n d o n a p r a ç a p r o d u t o s d o B r a s il, c o m o que c o n sta m p ra to s da ín d ia , com a r e s p e c t iv a
a ç ú c a r , a l g o d ã o , â m b a r , e t c ., p a r a l e v á - l o s p a r a P o r t u a v a lia ç ã o , d o c o m e ç o d o s é c u lo a té 1 6 3 5 , tem o s:
( V a l o r m é d i o d o p r a t o d a ín d i a $ 2 2 0 ) . (1)
V eja m o s ta m b ém c i n c o in v e n t á r io s a b r a n g e n d o o ç ã o d a p r o c e d ê n c ia d o s p r a to s: de L is b o a , d o R e in o
m e s m o p e r ío d o s o b r e l o u ç a e u r o p é ia e m q u e h á in d ie a - ou d e T a la v e r a (d e la R e y n a ) .
( V a l o r m é d i o d o p r a t o d e p r o c e d ê n c ia e u r o p é i a S 5 0 ) , V >
283
V e r ifiq u e m o s ta m b é m o v a lo r d a s p e ç a s e u r o p é ia s
c o lo r id a s ou " la v r a d a s ” de que há m enção n esse
p e r ío d o :
5 p r a t o s a z u is d e b a r r o $250 (u n íd . $50)
cm 16L 9 —
cm 1619 — 11 p . d e p o r c e l . (sic) p in t a d a s d o R e i n o 5660 ( ” $60)
8 p r a to s b r a n c o s la v r a d o s $400 ( ” $50)
cm 1620 —
em 1630 — 20 p r a to s e t i g e l a s p in t a d a s d o R e in o $800 ( " $40)
( V a l o r m é d i o d e p e ç a s p in t a d a s o u “ l a v r a d a s ” S 5 0 ) . tn
P o r e s s e s a lg a r is m o s , e x tr a íd o s d e i n v e n t á r io s n o D a d a a e s c a s s e z d e n u m e r á r io e m c e r t o s p e r ío d o s
m esm o p e r í o d o , is t o é , de 1600 a té 1 6 3 5 , poderá o e em d e t e r m in a d a s zonas do p a ís , o s is te m a de
l e i t o r v e r if ic a r q u e e n q u a n t o u m p r a t o d a í n d i a p o d i a barganhar ou de p a g a m e n to cm e s p é c ie era co rre n te
v a le r d e 5 1 6 0 a $ 4 8 0 r é is , u m d e T a la v e r a , d e L is b o a e a d m itid o o fic ia l m e n te ; n o s a u to s d e a r r o la m e n to d o s
o u d o R e i n o , f o s s e p i n t a d o o u a i n d a “ l a v r a d o ” , v a lia b e n s d o c a p itã o B e lc h io r C a r n e ir o , f a le c id o e m 1609,
de $40 ao m á x im o de $80! C o n tra ste fla g r a n te e la v r a d o p e lo e s c r iv ã o no p r ó p r io a r r a ia l do se r tã o ,
e x p r e s s iv o en tr e o v a lo r do p r o d u to o r ie n ta l e o c o n s to u : “ L o g o m a n d o u o c a p itã o a r r e m a ta r o s p r a to s
e u r o p e u , p o d e n d o v a le r a q u e le d e q u a tr o a d o z e v e z e s cm o c u ra d o r P a sc h o a ! D e lg a d o em q u a tr o p e so s p a g o s
m a is d o q u e o o u t r o . . , e m d in h e ir o o u a s s u c a r ( s i c ) b r a n c o e r ij o " . N o s p r i
A s s im , q u em a d q u ir ia um p ra to d a ín d ia , c o m o m e ir o s te m p o s a e s c a s s e z d a m o e d a e m S ã o P a u lo , era
já d i s s e m o s , o a d q u ir ia p o r l u x o , p o r q u a n t o o s i m i l a r t o t a l, A q u e h a v ia le v a v a m -n a os n a v io s a tr o c o de
e m lo u ç a e u r o p é ia e r a o f e r e c id o n o m e r c a d o p o r q u a n m e r c a d o r ia s .. , “ T u d o in d ic a q u e n ã o s ó o a lg o d ã o e o
tia s e n s i v e l m e n t e m a is b a i x a , a ssu ca r (s ic ) fo ra m o p r im e ir o d in h e ir o p a u lis t a :
Q u e o u so d o s p r a to s d e e sta n h o fo ss e c o rre n te n a t a m b é m a m a r m e la d a ' ’ <5l
C o l ó n i a , n ã o n o s a d m ir a , n e m s u r p r e e n d e — a p resen De to d a s e s sa s a p r e c ia ç õ e s , v á r io s f a to s a f lo r a m
ta v a m e l e s u m c u n h o p r á t ic o e d e i n d i s c u t í v e l r e l e v â n c o m o im p o r t a n t e s . P r i m e i r o a a b u n d â n c i a ( r e l a t i v a ) d a s
c ia s o b r e q u a lq u e r o u t r a b a i x e l a , s e n d o s e u u s o p r a t i lo u ç a s c h in e s a s en tr e n ó s, a cu sa d a s n o s i n v e n t á r io s e
c a m e n t e i n d e f i n i d o , p r e s t a n d o - s e m e s m o a s e r r e f u n d id o c r ô n ic a s s e is c e n tis ta s .
a b a ix a te m p e r a tu r a , e se u p reço , c o n q u a n to e le v a d o , S e g u n d o , se u p r e ç o e le v a d o em com p aração com
ig u a l o u s u p e r io r a o p r e ç o m é d i o d a lo u ç a d a ín d ia , o u tr a s lo u ç a s e o u t r o s m a t e r ia i s c o m o o e sta n h o c a
e r a i n f e r i o r a o d a p r a t a (4). p ra ta , c u ja p r e s e n ç a é ta m b é m a s s in a la d a , e a b u n d a n te
Q ue o u so da p ra ta , ta m b ém fo sse d ifu n d id o a n a C a p i t a n i a d e S ã o P a u l o e a lh u r e s .
p o n to d e o a u to r d o “ V a lo r o s o L u c id e n o ” , o b se r v a r : C om esses c o n fr o n to s e s ta b e le c e -s e n a tu r a lm e n te
“ por m is e r á v e l é t id a en tre e la (a s o c ie d a d e ) quem u m a h ie r a r q u ia e n t r e o s d i v e r s o s a r t e f a t o s u t i l i t á r i o s d e
n ã o te m u m s e r v iç o d e p r a ta " , ta m b é m n ã o n o s im p r e s d i f e r e n t e s m a t e r ia is , u s a d o s n a é p o c a , n a q u a l a p o r c e
s i o n a ; é q u e a p r e s e n ç a d a p r a t a e s u a a b u n d â n c ia n o la n a d a C h in a , n o c o m e ç o d o s é c u lo X V II, s a i a lta
B r a s il p r i m e v o , n ã o o b e d e c i a m s o m e n t e a u m r e q u in t e m e n t e p r e s t ig ia d a . E s s a h ie r a r q u ia n ã o p a s s o u d e s a p e r
de o sten ta çã o ; p r e n d ia m -s e ta m b ém a o u tr a s ca u sa s. c e b id a a o a r q u e ó lo g o U ly s s e s P e r n a m b u c a n o d e M e llo
O nde o m e io c ir c u la n te era esca sso , o s is t e m a de e N eto , ao c o m e n ta r a lo c a liz a ç ã o e os o b je to s a
c o m é r c io era q u a se se m p r e o d a b a rg a n h a ; o n d e n ã o b o r d o d o G a le ã o S a c r a m e n to , a fu n d a d o e m 1668 nas
h a v ia e s ta b e le c im e n to s d e g u a r d a d o s v a lo r e s n e m c o s t a s d a B a h ia .
c r é d i t o o r g a n i z a d o , e a s e g u r a n ç a e r a p r e c á r ia , r e p r e T e r c e ir o , o papel r e le v a n te que por fo rça das
s e n ta v a a p ra ta u m p a d r ã o m o n e tá r io , u m a r e s e r v a d e c ir c u n s tâ n c ia s vem a p o r c e la n a c h in e s a d esem p en h a r
f á c il l o c o m o ç ã o . n a v id a c i v i l , s o c i a l e c o m e r c i a l d a c o l ô n i a . V e j a m o s
A s j ó i a s , o o u r o , a p r a t a , m e lh o r d o q u e q u a is q u e r a lg u n s d e s s e s p a p é i s :
o u t r o s b e n s , c o n s t i t u í a m u m a a p l i c a ç ã o d e c a p i t a l, u m a A s s in a la P edro C a lm o n : “ nenhum a f a m ília
e s p é c ie d e a ç ã o a o p o r ta d o r o u r eserv a n e g o c iá v e l; era a p o se n ta d a da rua D ir e ita , nenhum a lo ja da rua d o
m oeda d e q u e la n ç a r m ã o . O p reço de um p ra to d e C o lé g io , n e n h u m tr a fic a n te c o m tr a p ic h e n a b a ix a p ô d e
p ra ta — e os h a v ia e n tre a p o p u la ç ã o s e is c e n tis ta o r g u lh a r -s e de s a lv a r o seu púcaro dc p ra ta , a su a
b a n d e ir a n te — p o d i a o s c i la r , d e acordo c o in o p e so , t r a v e s s a c h i n e s a , a s u a a r c a cie p r e g a r ia ." <6> R e f e r i n d o -
e n t r e c i n c o c o i t o m il r é is ; o e q u i v a l e n t e a u m a s b r a ç a s - s e à o c u p a ç ã o d a B a h ia em 1 6 2 4 / 2 5 p e lo s h o la n d e s e s .
d e c h ã o s n o c o r a ç ã o d a v ila , p e la ru a D ir e ita , d e S a n to E a s s im , a p o r c e la n a p a ssa a té a f ig u r a r com o
A n tó n io o u d e S ã o B e n t o , o u a in d a a um s í t i o p e la s p r e s a o u d e s p o j o d e g u e r r a . . , M a is in t e r e s s a n t e a i n d a ,
b a n d a s d o I p ir a n g a c o m ' c a s a s d e t a ip a d e m ã o , á r v o r e s é e la f ig u r a r t a m b é m c o m o p e n h o r d c d ív id a , s e g u n d o
d e e s p i n h o ( l a r a n j e ir a , l i m e ir a , e t c . ) , p a r r e ir a e f i g u e i s e i n f e r e d o t e s t a m e n t o r e d ig id o e m 1 6 0 3 , p o r D io g o
ra, a v a lia d a s e m s e i s m il r é is . M a r t in s M a c h u c a , b a n d e ir a n t e f a l e c i d o n o s e r t ã o (em
P a r a e m p r e g a r e x p r e s s ã o c o r r e n t e , a p r a t a r e u n ia 1 6 1 3 ) , d o q u a l c o n s t a q u e , e n tr e o u tr o s o b je to s , s e is
o ú t il a o a g r a d á v e l, r e p r e s e n t a n d o v a l o r e a l a r d e a n d o p o r c e la n a s d a ín d ia , h a v ia m s i d o e m p e n h a d a s . <7)
o p u lê n c ia . E x p lic a - s e a s s im su a p r e s e n ç a n o s in v e n tá A o q u e p a r e c e er a m e la s d o a g r a d o d a s d o n a s d e
r io s c o e v o s e m p r o p o r ç ã o t ã o e l e v a d a q u e m u it a s v e z e s c a s a s e is c e n tis ta s , e n ã o r a r o , p a r a m e lh o r a d o r n a r u m a
a t i n g i a a u m t e r ç o d o a c e r v o a r r o la d o — c o r r e s p o n d ia , m e sa , e r a m o b je to d e e m p r é s tim o . S a b e -s e q u e o g r a n d e
p o i s a d i n h e i r o e m c a i x a . C u r i o s o n o t a r q u e h a v ia p o e ta G r e g ó r io d e M a to s ( 1 6 3 3 - 1 6 9 6 ) p o s s u ía p a la n
t a m b é m o u t r o s a r t ig o s q u e f u n c i o n a v a m c o m o “ m o e d a g a n a s d e p o r c e la n a , o q u e m o tiv o u d e s u a p a r te a
co rre n te” . s e g u i n t e s á t ir a :
284
Dizem que tis almas que vão, para su as p ito r e s c a s c o m p o s iç õ e s . Os bancos dos
A esle mundo não vêm; j a r d in s eram r e v e s t id o s com as con ch as dos n o sso s
E as minhas palanganas m o lu s c o s . N a s c o m p o s iç õ e s d e m a io r v a lo r o r n a m e n ta l,
Fizeram-se almas também? c o m p o s t a s e m f o r m a d e c r ip t a , a s p a r e d e s e r a m r e v e s
t id a s c o m a lo u ç a azul c h in e s a , c h a m a d a de M acau.
V e r ific a m o s ta m b é m n o m a n u s e io d o s d o c u m e n to s E m p r e g a v a m -se p ra to s p eq u en o s, tra v essa s e p ir e s ,
v i c e n t i n o s q u e e la s f a z ia m a s v e z e s d e n u m e r á r io , s e n d o s o b r e m o r d e n te d e c a l d e m a r is c o . A lg u m a s v e z e s , e s s e s
e n t r e g u e s e m p a g a m e n t o d e p a r te d a s c u s t a s a o e s c r i v ã o e le m e n to s d e c o m p o s iç ã o o r n a m e n ta l e r a m is o la d o s u n s
q u e a r r o la v a u m in v e n t á r io . C o m o n o t a r o m â n t i c a , v e m d o s o u tr o s, p o r m e io d e u m a c e r c a d u r a d e c o n c h a s e
ta m b é m a p o r c e la n a f ig u r a r n o d o t e d e c a s a m e n t o d e c a r a m u jo s” . ■
A n a d e P r o e n ç a , n e ta d e A n t ô n io d e P r o e n ç a , c a p itã o - V e r ifíc a -s c p o rta n to , que a p o r c e la n a c h in e s a
-m o r da C a p it a n ia d e S ã o V ic e n t e , e tn 1580, q u e se c o n s titu ía ta m b é m e l e m e n t o d e c o r a t i v o , p r in c ip a l m e n t e
c a s a r a c o m S a lv a d o r P ir e s ; e n t r e j ó i a s , m ó v e i s , p r a t a s , a lo u ç a q u e s e c o n v e n c io n o u c h a m a r L o u ç a d e M a c a u ,
e s c r a v o s, b o is , reze s, o v e lh a s e c h ã o s, c o n sta m : um a isto é , a b ra n ca e a z u l, a m a is c o r r e n t e e a p r e c ia d a
d ú z ia d e p r a t o s d e p o r c e la n a <8>, da época.
T al o agrado e ap reço em que eram tid o s os E x p lic a -s e e s s e u so p e io q u e e s s a lo u ç a ap resen
p r a t o s d a Í n d ia q u e p e ç a s q u e b r a d a s e r a m r e m e n d a d a s ta v a de n o tá v e l: um v id r a d o b r ilh a n te e to n s fo r te s
v in d o a f ig u r a r c m e s p ó l i o c o m o t a is a l c a n ç a n d o a in d a d e a z u l, s o b a c o b e r t a , o q u e c o n t r i b u í a p a r a c o n s e r v a r
a v a lia ç ã o e le v a d a . in d e f i n i d a m e n t e a f r e s c u r a d a s c o r e s .
E sse o b je to de u so ou de a p a r a to p r e se n te nas Já o je s u íta P ère d ’E n t r e c o l l e s h a v ia a s s in a la d o
v ila s e c i d a d e s lit o r â n e a s , c o m o n o s s í t i o s , e n g e n h o s e em su a e s ta d a na C h in a , em C h in te h c h e n , que o
f a z e n d a s d o in t e r io r s o f r e a s s ím v ic i s s i t u d e s v á r i a s e o s refu g o das p eças de p o r c e la n a era a t ir a d o ao r io e
m a is in e s p e r a d o s d e s t in o s . b r ilh a v a s o b a co rre n te. À n o ite c o n s t it u ía um esp e
S e u e m p r e g o a m p lia - s e a in d a m a is , na d ecoração tá c u lo o r e fle x o d esses cacos il u m i n a n d o as á g u a s.
d e p ared es, de ig r e ja s o u casas n o b res, em j a r d in s e O s fr a d e s d e s d e é p o c a r e m o ta , u tiliz a v a m a z u le jo s o u
n o e m b e le z a m e n to d e p a s s e io s . O p r a to d e p o r c e la n a , c a c o s d e p o r c e la n a p a r a e m b e le z a r e c h a m a r a a t e n ç ã o
p a ssa ta m b ém a ser a p r o v e it a d o e a fa zer, as vezes, n a s c ú p u la s d a s I g r e j a s ,
p a r te d o p r ó p r io a z u le j o . Aqui no B r a s il, há m u it o s e x e m p lo s de em bre-
P a ssa m o s a tr a n sc r e v e r in t e r e s s a n t e trech o de c h a m e n to com o fo i d it o por J o sé M a r ia n o F .° em
a u to r ia d o s a u d o s o e d is t in t o p e s q u i s a d o r q u e f o i J o s é que são a p r o v e ita d a s , c o n c h a s , p edras e cacos de
M a r ia n o F i l h o , E l u c i d a - n o s m a g i s t r a l m c n í e e c o m p o r lo u ç a ou de p o r c e la n a , a s s im , com o fr a g m e n to s de
m e n o r e s so b r e a a rte o r n a m e n ta i d e e m b r e c h a r c o n c h a s , a z u le j o s o u p r a t o s c p ir e s i n t e ir o s .
m a r is c o s , c a r a c ó is s e ix o s e peças de p o r c e la n a : “A Um d o s e x e m p l o s m a is c i t a d o s é o d a T o n e d a
a rte de em b rechar, t ip ic a m e n t e m o u r is c a , já se fa z I g r e ja d o S e m i n á r io d e B e lé m d a C a c h o e i r a , n o M u n i
s e n t ir n a B a h ia , c o m e ç o d o s é c u l o X V I I I . A liá s , em c íp io d e C a c h o e ir a n a B a h ia , e m q u e é fo r m a d a u m a
p le n o sé c u lo X V Í I T , já s e u sa v a m o s s e ix o s r o la d o s cru z d e L oren a com p r a to s n a T o r r e , e n tr e c a c o s d e
c o lh id o s nos r io s , para o r e v e s t im e n t o dos sa gu ões, d iv e r s a s p r o c e d ê n c ia s . O u tr o e x e m p lo é o a lta r de
v e s t íb u lo s e d e m a is p e ç a s d e s e r v i ç o s a r e z d o c h ã o . S a n to A n tô n io , lo g o n a e n tr a d a , à d ir e ita , da I g r e ja
N a B a h ia e em P e r n a m b u c o , a s a l é a s d o s j a r d in s d a s de B oa V ia g e m em S a lv a d o r . E a in d a en tre m u it o s
casas n ob res, eram q u a se sem p re c u id a d o s a m e n te o u t r o s o J a r d im d a P r in c e s a , e m q u e e x is te m bancos
e m b r e c h a d a s . O s c m b r e c h a d o r e s , m u it o n u m e r o s o s , n o e p a in é is e m b r e c h a d o s c o m lo u ç a d a f a m u la g e m e da
f im d o s é c u l o X V I I I , u t iliz a v a m - s e d e m a t e r ia is d iv e r s o s c a s a I m p e r ia l.
28 5
Sécs. X V U / X V l î ï EXEMPLOS DE EMBRECHÀMENTOS
Extremo Oriente
237
238
286
Sécí. X V H / X V I I I / X I X EXEM PLOS DE EM BRECHAM ENTOS
(Brasil)
239
No Brasil é comum revestir dc azulejos os coruchéus das Igrejas. Porém estas quatro fotografias nos mostram as quatro faces de unta
torre t as composições diferentes em que entram cacos dc azulejos de diferentes períodos, conchas, pires e pratos. Jrata-se da Torre
da Igreja de Belém da Cachoeira na Bahia, l á tivemos oportunidade de retificar afirmação anterior (em "O Brasil c a Louça da
índia") de que os pratos azuis c brancos não eram de porcelana chinesa dc Macau — constatou-se que se. trata de peças da cha
mada louça de pó de pedra inglesa, também em azul e branco, imitando Macau, c uma série de pratos só em branco.
A rquivo do Autor.
287
Séc. X I X EMBRECHAMENTOS — RIO
240
A o alto gruta no “Jardim da Princesa*9* situada no parque do Palácio da Quinta da Boa Vista ou Faço de Sao Cristovam* Rio
de Janeiro, decorada com conchos e variadas louças que serviram no Paço. Pm baixo detalhe da parte superior do espaldar dc
um banco (tipo marquise) do mesmo jardim decorado da mesma form a e onde se podem distinguir varias peças; a travesa maior
de aba compartimentada ê dc um serviço cm porcelana de Wedgwooà, abaixo um prato chinês do tipo Macau e do lado direito
um prato “Pombinhos*1 (pó de pedra) e do esquerdo outra louça inglesa com -paisagem.
À s estampas foram reproduzidas do artigo de A lcindo Sodré — uLouças Imperiais” — in A nuário do Museu Imperial n.° 4, Petró -
polis. 1943.
288
Sécs. X V I l / X V Í Í l / X l X EXEMPLOS DE EMBRECHAMENTOS
(Bahia)
241
289
Sees. XVI ll /XI X EXEMPLOS DE EMBRECHAMENTOS
(Bahia cont.)
2«
Igreja de Nossa Senhora de Boa Viagem (continuação) detalhes d o altar de Santo A ntônio — embrechamentos de seixos e cacos
cerâmicos, form ando barras c desenhos em relevo. Os cacos nesta pene silo de origem inglesa, louça azul, branca e azul borrão e
porcelana chinesa do gênero conhecido por Macau (azul e branco).
290
Séc. X X EXEMPLOS DE EMBREC HAMENTOS MODERNOS
São Paulo
/**.«? de patamar c degraus de escada do pátio posterior da Casa da Rua Dona Antônio dc Queiroz ti.ú ISO — SÃO PAU LO
{Nicia Camargo <£ D eco rações)t execução de em brechm tem o feita corri uma grande variedade de cacos de azulejos, frisos e
cercaduras de diferentes procedências, em que são visíveis fragmentas ingleses, franceses c portugueses de variada padro-
nagern antiga.
Cortesia de D P Nícíà Camargo — S. Paulo.
291
S éc. X V I I PORCELANA DA CHINA
(Marcada)
1 ■^
244
192
Séc. X V I!
PORCELANA DA CHINA
(Marcada)
246
247
293
Séc. X V I I PORCELANA CHINESA
249
294
S ic s . X V I I I X V U I LOUÇA CHINESA
(Swatow)
295
261
296
Sic. X V ll PO R C E LA N A CHINESA
{Estatuetas Femininas)
262
297
Séc. XV ü PORCELANA CHINESA
(Estatuetas Masculinas)
299
Séc. XV U PO R C E LA N A BRASONADA
(Albuquerque — Costa)
300
sêc. xvii PO R C E L A N A CHINESA
(Ataíde.)
267
Á T T A ID IV S A T T O G Y L C C 0 -
M È^;O LlM V L T R A ,A IO N X A N /L PROVTNCLÇ
N V SfevT 0 T L V S B R A S ÍU /E M O D E R A T O R .
ANNO. NÇTXH -S' SV/£._ X X X V IIÃ ' . ....
“] ERÔ NIM O DE A TA ÍD E , Conde de Atouguia, outrora moderador
(governador) da Província dc Trás-os-M otites (Transmontana) agora
moderador (governador) de Todo o Brasil. A no de sua idade 37 anos".
Note-se que o coronel da Estampa não é positivamente de Conde,
porém assemelha-se ao de Marquês com a presença de diversos florões,
(Estampa atualmente existente no Museu Nacional de A rte Antiga,
proveniente cia Biblioteca Nacional — Lisboa).
301,
Séc. XV II PO R C ELA N A C H IN ESA A R M O R IA D A
(M ello ou Almeida)
Segundo classificação do M usei Guimei (especializado em porcelana tia China), traia-ie de praia fundo com oito lobas na
aba, decorados de flores e com as armas das Mellos ou dos Almeidas, do período de reinado de Kang-Itsí (iü 22-1722),
Peça em azul e branco {ficha G-266-1 — Paris), Deve admirar-se a bela composição do desenho e o arranjo ornamental
do paquife cm volta do escudo.
Clichê fornecido por Cortesia do hiitseé Guimei, Paris.
O f i S . : (Va rica Coleção tio Museu do Carãtnulo {Portugal) — Fundação A bel d c Lacerda —- existe um prato çom (J1 armas
e paquifes idênticos, porém de aba diferente, atribuído ainda ao período IVan-LI (ÍÍ73-I62Q).
302
V - FAIANÇA
ste é também o século em que pousar sobre toalhas rendadas ou adamascadas dos nos
as faianças portuguesas, acom sos bufetes. Vêm essas louças animai de cores e corpo-
panhando o suno vigoroso de riflear de formas os ambientes coloniais e dar um toque
sua azulejaria, aprimoram-se e cosmopolita à mesa e aos ambientes luso-brasileiros.
se diversificam. £ ainda esse século, o do confronto nas casas re
Aparecem das nos lares de quintadas entre a porcelana chinesa em plena exube
nossos antepassados ataviadas rância, a porcelana européia que já circula entre as
de novas roupagens, numa floração alegre c prolixa de cortes e a faiança veterana, ainda em plena forma e
cores e motivos, exibindo formas novas e elegantes que fastígio.
o rococó lhes imprime. A coexistência da faiança lusa com outros artigos
Ainda peio primeiro terço do século, as louças cerâmicos dos mais reputados então aplica-se pelo
fabricadas na Metrópole (faianças ou louça vidrada), grau de qualidade e de atração conferido pelos oleiros
que aportavam ao Brasil, ou pelo menos aquelas que e artistas lusitanos aos seus produtos, e também* pelo
chegavam ao porto do Rio de Janeiro, vinham apenas sèu preço mais acessível, já que o governo real protegia
com a designação lacônica de Lisboa ou do Porto. A a exportação com redução de taxas, como veremos mais
designação usada no século XVII de ‘‘louça do Reino” adiante.
desaparece dos inventários assim como a “louça de A faiança portuguesa, no correr do século, vai rom
Talavera”. pendo aos poucos com a sinomama do azul e branco,
A pauta da dízima da Alfândega do Rio, do ano para voltar de preferência à variada paleta da Natureza
de 1739, éum documento de alto teor sócio-económico, que os esmaltes reproduzem. Assim eia passa a oferecer
pois indica a procedência e os valores de todas as mer um novo repertório bem como acrescenta uma nova
cadorias importadas pela Colônia naquela época, e no linguagem franca e colorida à cerâmica metropolitana,
tocante aos artefatos cerâmicos, nós fornece preciosos exibindo tanto pinturas e formas eruditas, que seus artis
informes: d) tas executam seguindo a moda, como o traço espontâ
neo e o colorido fresco de seu rico artesanato popular.
Louça fina da China, a dúzia — 96Ö réis Quanto ao estilo, vimos que ao findar o século
Louça fina de Veneza, ” ” — 600 réis XVII, os oleiros portugueses já se libertavam da preva
Louça fina de Lisboa, ” ” — 160 réis lência chinesa e da mourisca na decoração.
Louça fina do Porto, " ” — 160 réis
O século XVIII terá a sua linha mestra estilística
Louça grossa de Lisboa, ” ” — 80 réis calcada preva lente mente nos motivos ç formatos euro
Louça grossa do Porto, ’’ ” — 80 réis
peus, predominando a influência francesa. A esse res
Mas na segunda metade do século XVIII, a pro peito, Joaquim de Vaseoncelíos é positivo: “Se algum
dução dos centros cerâmicos portugueses não se limita país influiu sensivelmente sobre a indústria oleira portu
mais a essa designação vaga e geral de “louça grossa ou guesa, foi a França com sua faiança de Ruão, cujas
fina de Lisboa ou do Porto’’. peças serviram de modelos no segando e último terço
A produção se avoluma, os centros oleiros saem do do século XVIII.”
anonimato regional, índividualizam-se e ganham perso O governo real associa-se ao esforço generalizado
nalidade própria, e as fábricas que se espalham pelo de produzir, e Pombal em 7 de novembro de 1770,
território luso, passam a orgulhar-se de seu nome, como expede alvará proibindo a entrada no Brasil de toda a
seus artistas, passam a ser conhecidos por suas criações. louça fabricada fora do Reino, à exceção da que viesse
Assim surgem Massarellos em 1738, a Real Fábrica da índia ou da China, em embarcações portuguesas,
do Rato (Lisboa) sob patronato real em 1767, a de assim como isentava de direitos por saída toda a
Juncai em 1770, a de Viana (Darque) em 1774, a de louça fabricada em Portugal.
Miragaia (Porto) em 1775, a de Santo Antônio do E o volume dessa exportação de faiança para o
Vale da Piedade (Jerônimo Rossí), em Gaia, cm 1785, Brasil passou a ser realmente de vulto. Relata-nos
a de Afurada em 1789, a do Cavaquinho em 1794, e Arthur de Sandão ®, que só a Companhia Geral do
ainda outras. (Sobre o histórico desses estabelecimentos Grão Pará e Maranhão e â de Pernambuco e Paraíba
reportamo-nos ao primeiro capítulo — Faiança-Por- (entre outros armadores que traficavam com a colônia)
tugal.) encomendavam à fábrica do Rato, a primeira delas,
São os produtos desses centros que ao lado da . faianças ■no valor da avultada soma de 741,225 réis e
custosa “louça fina da China”, ou seja, de porcelana a segunda milhares de pratos no valor de 725,185 réis!
chinesa, e das reputadas “louças de Veneza”, ou seja, Diz-nos ainda o erudito autor: “O Brasil era então
da fina porcelana mole italiana, ou ainda da clássica o principal mercado ultramarino da chamada louça fina
“louça de Olanda”, ou seja, da faiança de Delft vêm cie que em 1789 o Padre Agostinho Rebelo da Costa,
■323
dizia haver produção locai bastante par3 prover uma Souza — 4.° Conde de Vimieiro, nascido em 1735, e
grande parte do Reino e das suas contjuistas ■ falecido em 1790, filho de D. Diogo de Faro e Souza,
Aquele alvará de 1770 d= proteção e incentivo de o 3.° Conde que foi capitão de infantaria no Brasil e
Pombal aos fabricantes metropolitanos volta a ser revi- neto do 2.° Conde de Vimieiro, governador e capitão
gorado por D.a Msri* f» erri ^ de fevereiro de 1794, general de Mazagão c do Estado do Brasil (que herdou
*'a pedido de João da Rocha e outros proprietários de a Capitania de São Vicente por casamento com a filha
d iferen tes fábricas d e louça fina”, <31 que pedem seja de Pero Lopes de Sousa) e faleceu na Bahia em 1719.
reduzida também a taxa de entrada no Brasil. De consignar ainda, na parte histórica que nos diz
Com essas medidas, o uso das “louças finas” de respeito, um prato de faiança azul e cor de vinho, do
Portugal, como era então designada a faiança, pôde Rato, com ás armas dos Freires íl0>. Tem a legenda
ftnnar-se e expandir-se, pois que seu preço, se tornava "Ave-Maria Gratia Plena”, e troféus de guerra, em volta
mais acessível que os produtos finos de outras proce do escudo. E o brasão usado pelos condes de Bobadcla.
dências, livre que ficava do duplo' gravame de "saída O prato, segundo Castro e Sola, pertenceu ao 2.° Conde
do Reino e de “entrada” no Brasil, de Bobadela, José Antônio Freire de Andrada, gover
Mas a faiança metropolitana, apesar das medidas nador interino do Rio de Janeiro e de Minas Gerais,
protecionistas fiscais, não era a única faiança usada no nascido em 1708 e falecido em 1784. Este José Antônio,
Brasil. A holandesa apesar dos entraves, se faz também era irmão do l.° Conde de Bobadela, Gomes Freire de
presente. Andrada, do Conselho de D. João V, e de D. José I,
Em 1789. o inventário de Frei Manuel da Ressur 1A Capitão general do Rio de Janeiro e Minas, comissá
reiçãow , entre numerosas pratas e alfaias, reúne, rio e l.° plenipotenciário nas conferências sobre
também o seguinte: os limites do Estado do Brasil, com as colônias espa
“quatro temos de pratos compridos de dúzia ,, nholas, etc. Segundo Wasth Rodrigues bO, foi ele quem
cada terno de louça de Olanda azul e dois pires, mandou executar em 1743, o Paço da Cidade, para
TrÉs pratos compridos pequenos da mesma louça residência dos Governadores no Rio, no qual, em 1808,
se instalou a Família Real.
Cinco terrinas azuis com seus pratos e tampas de
louça fina de Olanda De referir-se ainda a um serviço, provavelmente de
fabrico do Porto, de decoração azul com as armas dos
Uma sopeira sem tampa azul de louça de Olanda
Almeidas e cena galante, que pertenceu a outro perso
Um prato comprido azul e fundo de louça de nagem ilustre de nossa história D. Antônio de Almeida
Olanda”. Soares e Portugal, 4.° Conde de Avintes, l.° Conde e
Quanto ao acervo encontrado no Brasil e as peças l.° Marquês do Lavradio. Nasceu em 1701 e faleceu
de interesse luso-brasileiro, há que se tecerem várias em 1760. Primeiramente foi governador capitão general
considerações. de Angola c depois 8.° Vice-rei do Brasil <l2>.
Diversas peças foram fabricadas para D. José I, De consignar-sc também a travessa recortada com
2ô.° rei de Portugal (1734-1777). Campos e Sousa nos relevo na orla c ramagens na aba, e brasão de armas no
aponta duas executadas peia Real Fábrica do Ratq: uma centro que fez parte do serviço em faiança de Darquc,
terrina ricamente modelada, toda esmaltada a branco, de João Pereira Ramos de Azeredo Couljnho, nascido
tendo no bojo o brasão de armas reais í53 e um pote no engenho de Marapicu (Rio de Janeiro) em 1722 e
inédito, também do Rato, fabricado entre 1767 e 1777, falecido em 1799. Entre os diversos e importantes cargos
bastante decorativo porém com as armas reais heraldí- que desempenhou, alinha-se o de desembargador da
camente imperfeitas w. Relação da Bahia em 1763, A travessa no centro apre
Jenny Dreyfus371, ao comentar a produção da faian senta o escudo esquartilhado com as armas dos Moreiras
ça lusa, destaca a Real Fábrica do Rato e nos informa — Azeredos — Coutinhos e Pereiras,(l3)
sobre outros serviços históricos por ela fabricados: “Dos Do que chegou até nós, do grande acervo cerâmico
melhores exemplares, citamos as peças destinadas aos brasileiro, o mais abundante é, fora de dúvida, o da
palácios e jardins reais, especialmentc as que foram porcelana chinesa, mas a faiança, apesar de sua friabi-
fabricadas para o Marquês de Pombal. Há dessa época lidade, não deixa de fazer boa figura no século XVIII.
um famoso tanque para peixes que pertenceu aos Vis
Além das numerosas peças de interesse artístico c
condes de Asseca. Na parte bojuda da peça se vê o histórico, relacionadas linhas atrás, o Museu das Artes
brasão dos Condes de Vimieiro”. da Bahia, Casa Goes Calmon, antigo Museu do Estado,
Ainda da Fábrica do Rato, Arthur de Sandão nos apresenta o melhor mostruário. Carlos Eduardo da
aponta lindo covilhete, em forma triangular, recortado, Rocha aumentou o acervo do Museu com a aquisição
policromado, com as armas de Pombal ao centro, ladea que fez de uma coleção baiana em que se incluem boiôes
das por dois anjos, w e “aib arelios” do século XVIII, entre outros modelos
Outros estabelecimentos executaram também servi cerâmicos de diversas procedências de fabrico. O Museu
ços de mesa para o Marquês de Pombal, Sebastião José Costa Pinto também apresenta algumas peças de faiança.
de Carvalho (1699-1782), personagem que dominou a O Museu de Arte Sacra de São Paulo guarda uma
administração e a política lusas do século XVIfl e pro caneca, relíquia que pertenceu a Frei Galváo, No Museu
moveu entre numerosas medidas, a intensificação do do Instituto Arqueológico do Recife, existem várias
comércio com o Brasil, com a criação da Companhia peças em faiança de Delft, marcadas, do século XVIII
Grão Pará e Maranhão: são as fábricas Nacional do (1741) e uma pequena salva (de galhetas?) provavel
Porto, referida por Castro e Sola c a de Massarellos, mente do fabrico de Lisboa (presumível do século
também referida por Jenny Dreyfus. XVII), da Companhia de Jesus.
Com referência ao tanque de peixes de decoração Entre colecionadores, figura D.* Beatriz Alves
policromam, pertenceu ele a D. Sancho de Faro e Lima, com artístico tinteiro de faiança francesa de
324
Marseilie com a marca da Viúva Perrin, assim como o Quanto à faiança fina portuguesa (louça pó de pedra
príncipe D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, pos e variantes) consideramos muito restrita a sua presença
suidor de linda terrina do mesmo fabrico. no Brasil, apesar das fábricas de Miragaia e de Cava
Em São Paulo, o erudito colecionador, o saudoso quinho, ainda dentro do século XVIII, obterem isenção
José Gonsalves, reunia diversos exemplares de faiança de impostos por alvará régio de D.a Maria I. Porém so
portuguesa, francesa e espanhola, adquiridas no mercado bre a entrada daquela louça no Brasil há de consignar-se,
local, há mais de cinquenta anos. A ilustre viúva, a pin no entanto, um serviço para nós importante em pó de
tora D,a Anita, brilhante aluna de Pedro Alexandrino, pedra, (de mesa e de chá) branco, moldado, com as
ainda conserva parte dessa coleção, da qual adquirimos armas estampadas na aba em preto-cinza e coronel, de
um prato da Catalunha (século XVIII) e uma travessa D. Marcos dè Noronha e Brito — 8.° Conde dos
recortada com marca de Viana (século XVIII), Arcos e 15 .° 'Vice-rei do Brasil (o último). O escudo
esquartejado é encimado por coroa de marquês pelo
No Rio de Janeiro o colecionador (e leiloeiro) fato de D. Marcos pertencer também à Casa dos Mar
Antônio Leon Filho, guarda uma terrina policromada queses de Angeja (Vide à respeito o brasão colorido
da fábrica da Bica dos Sapatos (1775) assim como uma do Conde dos Arcos in Anais do Museu Histórico
esbelta ânfora em faiança francesa de Sceaux ( “têtes Nacional, vol. m , 1942).
de bélier” com alças) cerca de 1800. Quanto ao grés, não topamos com menções de sua
Permitimo-nos, nesse final do sub-capítulo da presença no século XVIII, mas d e já era de uso entre a
Faiança, de dizer algo sobre outras duas categorias cerâ população holandesa da ocupação no Nordeste no
micas que não foram destacadas no Sumário pelos pou século XVII. Com maior razão, acreditamos que o grés
cos elementos colhidos a seu respeito referentes ao já estivesse disseminado, tanto cm Minas, como nas
século XVni: o pó de pedra e o grés. Capitanias do Sul, no final do século XVIII.
272 a
B I B L I O G R A F I A
( t ) Arquivo do Estado de São Paulo — “Documentos Inte (8 ) A rthur de S andão, oÈ>. cit., pãg, 99, fig. 82.
ressantes" — vol. 45 — págs. 133 a 174.
(9 ) O .NP11 de C astro e Sola — uC e r â m ic a B r a s o n a d a ",
(2) A rthur de Sandão — ob: cit., pSg. 19. vol. II, pãg. 157, estampa CXCI,
(3 ) Arquivo Nacional — códice 441 — pág. 50, Rio. (1 0 ) C onde de C astro e Sola — o b . cit. — estam pa LXL
(11) W asth R odrigues — ob. cit., pág, 192.
(4 ) Arquivo do Estado de São Paulo.
(12) C onde d a C astro e S ola — ob. cit, e Max F luss —
(5 ) José de C am pos e Sousa — " A Louça Brasonada ino “História Administrativa do Brasil" — Rio — estampa
Arranjo dos Interiores Portugueses dos séculos X V I a cvrii,
X I X " — pãg. 30 — Lisboa, 1970.
(13) C onde ne C astro e Sola - vol. II, estampa CCXXV11,
( 6 ) Joséde C ampos e Sousa — "A propósito de cerâmica coleção Dr, João Luiz da Fonseca,
armoriada’’ — fls. 21, cst. fis. 17 — Braga, 1976.
(7 ) J enny D eeyeus ■— "A nais do Museu Histérico Nacionai'‘ Jeanne G iacomotti — '‘Céramique’’ — 3 vols. Flammarion
— vol, III, pãg, 293. — Paris.
325
See. X V III FAIANÇAS HOLANDESAS NO BRASIL
273
274
326
Scc. X V U l FAIANÇAS NO BRASIL
276
Eira sopeira portuguesa poliçromada c atribuída à fábrica da
Bica dos Sapatos e de cerca de~]775. N ão traz marca.
Cortesia de A ntônio Leon Filho (Rio).
277
278
327
FA IA N Ç A S D IV ERSA S
279
280
2S1
328
s íc s . x v in/xix F A IA N Ç A PO RTU G U ESA E ESPA N H O LA
N O BRASIL
O medalhão à direita, com uma nau em que se divisam, num dos mastros. as armas reais portuguesas. í catalogado como do
século X IX e faz parte das coleções do A ntigo Museu do Estado da Bahia , j em marca. A travessa de baixo é recortada e de
decoração vinosa, marca Viana,
O prato de arroz em cima. ã esquerda, çora um pássaro no centro e sanefas na aba c de meia-faiança e. originário da Cata
lunha (Barcelona), do século X V III. peça adquirida da arsliga coleção José Gonsaives __ $. Paulo,
329
séc. xvm FAIANÇA PORTUGUESA
285
286
330
VI - PORCELANA CHINESA
abe, a esta altura, um esclare comércio oriental castelhano, onde aportavam os jun
cimento geral sobre o que é cos chineses, vindos de diferentes pontos da costa
chamado louça ou porcelana da chinesa A ligação marítima era Manilha-Acapulco,
índia ou da China e louça ou Em 1733, é fundada a Companhia Real das Ilhas
porcelana Companhia das ín Filipinas, criada por Felipe V, que não se revelou prós
dias, e a razão de ser de outras pera. Em 1785, é fundada uma outra Companhia das
designações que iremos apontar. Filipinas por Francisco Cabamrs, banqueiro.
Vamos assistir, do começo do século XVII em E a Europa com tantas nações envolvidas nesse
diante, ao desmantelamento da vasta organização tráfico, passa a ser abarrotada dc artigos asiáticos,
montada pelos portugueses no Oriente, e ao assalto do Para se ter uma idéia do volume desse escambo,
mercado oriental por vários países europeus que dispu só a Companhia das índias Orientais Holandesa
tam cupidamente os despojos dos lusitanos. (V.O.C.), importou entre 1602 c 1682, num período de
As águas asiáticas passam a refletir os pavilhões oitenta anos, nada menos do que 12.000,000 de peças
dc outras nações, quando não se colorem com o sangue de porcelana, sendo 1,900.000 de origem japonesa e
de acesas lutas. Levam aqueles símbolos ao Oriente, 1.450.000 de Tonklm, estas entre 1663 e 1682(2).
menos os benefícios de uma civilização esclarecida e os Isso, no século XVII, porém entre o século XV1I1
elevados princípios da moral cristã, do que o espírito e o XIX, num período de cem anos, abrangendo o pleno
materialista do mercantilismo e do colonialismo inter apogeu da exportação chinesa, a Inglaterra importou,
nacionais que já tomam expressão c vulto, segundo estimativas, entre 25.000,000 e 30.000.000 de
São os ingleses (1599-1600), os holandeses (1602), peças.
os dinamarqueses (3616), os franceses (1673), os Quanto a Portugal, é estimado que fez aproximada
austríacos (1751) e os suecos (1766) e ainda outros mente 1.200 viagens de tda c volta ao Oriente até
que fundam suas Companhias das Índias, ou empresas 1800, assim como a importação lusa é calculada em
equivalentes organizam expedições, cujas naus vão se 12.000.000 de peças até aquela data. Para se ter uma
misturar pelos mares das índias c do Extremo Oriente, ideia do que representava uma expedição de ida e de
procurando abrir e fixar feitorias. “torna viagem”, têm-se as seguintes indicações: no
Nesse rol, incluem-se os americanos que em 1787, século XVI, a duração média era dc três anos; no
conseguem estabelecer um entreposto em Cantão, pas século XVII, de dois anos e meio; c no século XVIII,
sando a desenvolver utn intenso comércio que irá pro de treze a vinte e quatro meses tJ>.
longar-se pelo século XIX a dentro, com os seus velozes E a Europa familiarizando-se com os produtos impor
"Clippers”. tados, sofre a influência daquelas remotas e antigas
Mas nesse tráfico, cabe também um papei impor civilizações, como passa a seu turno a influenciar a
tante à sócia de Portugal na partilha de novos mundos produção cerâmica oriental.
Castela. Os castelhanos por intermédio do português Ê quando se inicia o fabrico regular, em larga
Fernando Magalhães e de seus oficiais, estabelecem escala, no gosto c nos moldes e orientação européias,
contato com o Extremo-Orieníe, chegando às Filipinas. o que deu origem, no tocante à porcelana, à classifica
A frota dc Magalhães saí em agosto de 1519, da Espa ção de louça ou porcelana “Companhias das índias".
nha, com seis embarcações e pelos idos de Setembro Informa Daisy Lion Gpldsmich; “Costuma-se designar
de 1522, ao final de mil peripécias, e após a morte do sob o nome de Companhia das índias, toda esta porce
Capitão Sebastião Elcano, um dos poucos sobreviventes, lana destinada ao Ocidente".
retorna à Sevii ha, com uma única Caravela — a Vitória, Essa classificação aplica-se a um período da pro
Vinha esta nau carregada de artigos orientais. Desde dução cerâmica chinesa — o da maior intensidade de
então, o contato dos espanhóis com o Oriente é mantido fabrico, de cunho alienígena ou com característicos
sobretudo através da Nova Espanha (México), que constitucionais diferentes, para os mercados externos —
recebia as mercadorias, como sedas, algodões, especia aproximadamente cento e sessenta anos, começando
rias e porcelana, na costa do Pacífico cm Acapulco, e as ainda no último quartel do século XVII, vindo a ter
transportavam por terra ao golfo do México (Vera minar nominalmente em 1834, quando cessam as
Cruz), onde as frotas castelhanas as levavam, com o atividades comerciais da Companhia Inglesa, embora
ouro c a prata, para os portos peninsulares ibéricos. tenha continuado o fabrico de louça para o Ocidente,
Era o de Sevilha que concentrava esse tráfico, existindo já em menor escala, e embarcações, veleiros e navios
lá a famosa “Casa das Índias”, onde eram negociados os de outros armadores, empresas e nações continuassem
artigos ultramarinos, e cuja construção monumental trazendo para seus mercados, como é o caso do Brasil,
abriga ainda hoje os “Arquivos das índias”. México e Estados Unidos.
Manilha, fundada em 1571, era o centro do (segue na pâg. 334)
331
Séc. X V III EMBARCAÇÕES HOLANDESAS
332
SEDES DAS CO M PAN HIAS DAS ÍN D IA S
Hoiamicsas e Inglesas
Sede da Companhia das índias Orientais Holandesa que Sede da Companhia das Índias Ocidentais de onde foi
dirigia as operações comerciais com o Oriente. comandada a ocupação holandesa no Brasil.
333
Os portugueses haviam desde o começo do século entre a produção clássica sino-oriental, ainda classifica
XVI, promovido a importação dos artigos orientais e da quanto aos característicos como "Porcelana da
os espalhado no Ocidente e, depois de estabelecidos na China”, e o novel estágio sino-ocidental, no qual passam
China, desfrutaram durante quase tim século junto à a enquadrar-se as porcelanas conhecidas por Companhia
fonte da produção cerâmica, do monopólio da aquisição das índias. Isso quanto à designação moderna inter
da porcelana; depois, no começo do século XVII, outros nacional.
povos entraram a disputar essas fontes, fundando as Na terminologia portuguesa antiga constante das
suas companhias de comércio c desde logo passaram crônicas, dos inventários, de manifestos dc bordo e re
também a transportar porcelana. gistros de alfândegas, referentes ao Oriente, a expressão
No entanto, naquele primeiro período, em que os louça oa porcelana da índia, ou da China, ou simples
portugueses dominaram até o último quartel do século mente porcelana (porsolanas) ou loiça, refere-se indis
XVII, época em que já outras nações lhes haviam tintamente a uma peça de superior qualidade como a
arrebatado o monopólio, embora a louça fosse trans outros tipos chineses inferiores.
portada, tanto em embarcações portuguesas como mais Porém a partir dc 1725, cm inventário de Taubatc,
tarde em naus das Companhias das índias Holandesas, São Paulo, surge no Brasil, mais outra designação; a
francesas e inglesas, não eram essas peças consideradas de louça de Macau; estava presa à denominação do
técnicamente tipo ‘‘Companhia das índias”, isso porque porto de origem na China, e iria, sobretudo no século
ainda não haviam sofrido as alterações que vieram a XIX, designar mais precisamenle a louça chinesa azul
caracterizar aquela classificação. e branca, trazida pelas carracas, naus e veleiros lusos,
Aqueles períodos dos séculos XVI c XVII, no qual da mesma maneira que na França é denominada de por
a produção chinesa seguia sua linha de formas e de celana de “Nankim", tipo de porcelana azul e branca
decoração tradicionais, com raras inclusões de um ou para diferenciar dos outros gcncros cerâmicos chineses
outro atributo ocidental, têm designações próprias. importados do mesmo porto para o mercado francês(6).
A primeira que abrange a grosso modo, o século O termo e a classificação dc Companhia das índias
XVI, é conhecida por sino-portuguesa, e é dada a por é moderno; surge quando ceramógraíos europeus tentam
celana azul e branco importada por Portuga! e distri no século passado estabelecer uma terminologia apro
buída na Europa e no Brasil, que apresenta brasões reais priada para um gênero dc produção chinesa. E a desig
e da nobreza, monogramas sagrados (I.H.S.) e outros nação originou-se do fato de aquele tipo de porcelana
símbolos como a cruz de espinhos, e legendas com ca ser transportado mormente pelas empresas de comércio
racteres ocidentais. Dentro desse período, as peças que e navegação holandesas, inglesas, francesas e outras
ostentam a esfera armitar com os signos do Zodíaco, rotuladas de Companhia das índias Orientais.
símbolo pessoal do rei Dom Manuel — essas peças são Com a moda na Europa dos artigos orientais e a
conhecidas por ‘‘porcelanas manuelinas” <4K produção chinesa em larga escala para satisfazê-la, foi-se
No segundo período, ou seja, já no século XVII, criando um tipo à parte de porcelana de inspiração
dominado env grande parte pelos mercadores holandeses, acentuadamente ocidental no que se refere à forma c à
as peças de exportação chinesa do azul e branco são decoração, por ser fabricada em série e para outros
conhecidas na Europa por “Kraak Parcelam” e exibem mercados; quase sempre de encomenda, faltavam-lhe os
principal mente os modelos tardios do reinado do Impe requisitos de qualidade e originalidade da clássica por
rador Wan-Lí (1573-1617). O termo “Kraak" é corrup celana da China, Pelo fato de as fábricas produtoras
tela de carraca, embarcação de carga lusitana, e o dc artigos de exportação se terem concentrado mais na
nome dado a esse, tipo de porcelana deve-se ao apresa província de Kiangsi, a pasta da louça ‘‘Companhia
mento em 1602 pelos holandeses da carraca Catharina, das índias” tomou em geral, a tonalidade cinza-azul ada
rio Estreito de Malaca. Essa embarcação carregava umas em virtude do caulim dessa região ser mais escuro do
cem mil porcelanas que foram postas em leilão em que o de outras, como o de Fou-Kien, por exemplo, que
1604 em Amsterdam, e atraiu compradores de toda a primava por sua alvura.
Europa, Entre os adquirentes figuram Jaime I, da Além desse característico da matéria-prima, era
Inglaterra e Henrique IV, da França. Esse carregamento, comum a pasta apresentar também imperfeições pelo
causou sensação e veio servir dc modelos a cópias em fato importante de caulim não ser devidamente tratado.
faiança í5). Segue-se a esse apresamento o de outra car Tomava em geral um aspecto granulado “encaroçado”
raca de porte, a Santiago, ao largo da Ilha de Santa no dizer de José VaUadares, o que lhe valeu o nome
Helena, com um carregamento de decoração idêntica de “pasta de arroz”, que em francês é chamada “peau
chinesa. d’orange”. Parte dos desenhos e dos esmaltes dos pro
Nessa designação incluem-se as peças em branco dutos cerâmicos eram aplicados de preferência sobre a
c azul, âs vezes de um azul pálido, às vezes de azul coberta, em fogo de mufla, o que lhes conferia menor
acinzentado, já às vezes também, com formas européias, resistência ao uso. A cor era aplicada em três maneiras
trazidas pelos portugueses no período de 1602 a 1636. diferentes —• sob o vidrado (ou coberta) como no azul
De 1637 a 1657, quando os holandeses já dominavam e branco; misturada com o vidrado, como no céladon;
francamente o tráfico, continua ainda o azul e branco a sobre o vidrado, como na maioria das secções policrô-
scr a decoração preferida pelos europeus, porém a micas, quando pode ser aplicada simples ou misturada
maioria dos motivos evolui para protótipos ocidentais e com o. vidrado; neste último caso fica em relevo e é
aparecem também tulipas, e a pasta nesse período é de conhecida como esmalte. Apesar de soberbamente
primeira qualidade e aparecem também na Europa, mais executados, na fabricação estandardizada, esses produ
escassamente, peças dc cinco cores e muitos céladons, tos deixavam, no entanto, de apresentar os requisitos da
Esses dois períodos, o si no-português no qual é costumeira perfeição. Além disso, ao contrário do geral
incluído o manuelino e o do “Kraak Porcelain” que lhe da fabricação chinesa, com raríssimas exceções, essa
segue, representam na realidade o estágio de transição louça não era marcada, o que revela o escrúpulo artísti-
334
293
335
co do chinês em marcar uma produção a que não fosse terca (Lowestofl), na Holanda, na Alemanha, e na
dado um caráter melhor da arte nacional. Era 1677, foi França.
proibido o uso do “nien-hao”, ou seja a marca da Sabe-se que em 1815, a Inglaterra importou vários
dinastia e do reinado para os produtos destinados à serviços decorados na China, porém com reservas em
exportação. Continuou, no entanto a vingar a aplicação branco para a aposição do brasão polícromado ou a
do “double ring” e de outros signos, embora cscas- colocação de iniciais ou de outros símbolos
samenlc. Acreditamos que apenas uma parte dos serviços
O Padre d’EnirecolIcs, que visitou fábricas cm dc personalidades brasileiras, encomendada a Macau já
Chintehchen, fornece-nos preciosos informes, em sua lenha vindo,com as iniciais aplicadas a fogo na China.
carta ao Padre Orry, escrita em 1712, isto é, em pleno Porém comj referência aos serviços adquiridos no mer
período do reflorescimento da técnica chinesa e da cado local, pensamos que as siglas teoham sido apostas
fabricação da louça “Compauhía das índias”. Apre a frio, de acordo com o cüente, apenas com um mor
ciando a história da produção cerâmica chinesa, assinala dente. Isso porque há iniciais, cujo colorido dourado
a diferença entre aquela época e as anteriores, no que se difere do da borda, e que tem resistido mais ao uso do
refere a qualidade: — “anciennement disent les annales, que outras que logo se apagaram, enquanto o resto do
la porcelaine était d’un blanc exquis, et n’avait nui dourado da decoração original da peça permanece nas
defaut; les ouvrages qu’on en faisait et qui se transpor bordas c desenhos.
taient dans les autres royaumes ne s’y appelaient pas A produção chinesa, depois da abertura da Rota
que les bijoux précieux de Joat-cheou”. das índias, e iniciada a exportação para o Ocidente,
O centro dessa produção era Chintehchen, embo obedeceu, a grosso modo, a duas divisões mestras: a
ra houvesse fábricas em outras províncias como a de destinada ao seu mercado interno (Kun-Io e Man-lo),
Honan, Che-Kiang, Fou-Kien, etc. Praticamente sozá- ao sabor chinês, e a destinada ao mercado externo, de
nha, abastecia o Mundo com os maravilhosos artigos caráter alienígena (Yang-Lt).
que o engenho do oleiro chinês plasmava na argila e Na primeira divisão, incluem-se as peças finas
que a maestria dos pintores coloria nos mais estupendos (Kun-Io), fabricadas para os palácios, os mandarins e
esmaltes. Sua arte e perícia eram tais que se jactavam a elite chinesa, peças estas não destinadas à exportação
de que não havia tonalidades que não pudessem imitar. e via de regra marcadas com o respectivo “nien-hao”, e
Eram verdadeiros mágicos da técnica do colorido; o que que são classificadas por vários autores, (entre os quais
a Natureza pudesse oferecer de mais sutil, fossem os nos incluímos) de "Porcelana da China” e não “Porce
tons mais fortes e delicados ou os matizes mais comple lana Companhia das Índias". Ainda nesta divisão,
xos fixavam os artistas chineses sobre a superfície lisa incluem-se também as peças Man-lo, dc fabrico gros
da porcelana na frescura indelével do esmalte. Na paleta seiro e destinada ao uso da população c que têm outra
das cores empregadas, havia locuções pitorescas, poéti classificação, como veremos mais adiante.
cas, exóticas a determinar certas tonalidades: “a cor do A segunda divisão abarca o fabrico para fora
céu depois da chuva, a cor do peito do pavão, a cor do (Yang-Lt), fossem as peças destinadas aos diferentes
capim novo batido de sol, o azul do ovo do piníaroxo, países ocidentais, fossem elas encomendadas para o
o matiz do penacho do alcion, a cor do luar, da cinza Mundo Muçulmano, que já era abastecido pelos oleiros
das rosas, do verde das montanhas distantes, da poeira chineses, muito antes das expedições de Vasco da Gama
das folhas de chá. . . ” e Fernando de Magalhães abrirem as novas rotas para o
Parte dos motivos das peças de exportação ao gos:o Oriente, de rumos opostos! Estas louças, como dissemos,
europeu era copiada de desenhos e de estampas, e parte têm caráter alienígena em sua decoração e mesmo com
das formas obedecia aos modelers de madeira (desde caracteres epigráficos.
1635) ou de meta! e de faiança enviados à China, Acontece que as peças fabricadas ao gosto chinês,
sobretudo pela Holanda, para cópia. para seu mercado interno, tanto as de boa qualidade
(Kun-lo) como as grosseiras (Man-lo), também passa
Cantão era o grande porto e o empório comercial ram a ser requisitadas para o mercado ocidental, pois
por onde se processava a quase totalidade do tráfico caíram também no agrado dos europeus por sua origi
cerâmico, através dos entrepostos do comércio, e mais nalidade, sobretudo o azul e branco.
tarde diversas feitorias estrangeiras. Lã os intermediá
Assim, na realidade, o Ocidente importava tudo o
rios chineses mantinham numerosos ateliês ou oficinas
que a China produzisse, a seu gosto oriental e mais o
que se encarregavam precipuamente dc complementar a
que o europeu encomendava com decoração ocidentali
decoração das peças encomendadas a Chintehchen, e
zada.
lá funcionava anualmerite uma grande feira cerâmica m Aquela louça popular e grosseira já era objeto de
que até hoje se realiza. exportação para o Oriente Médio c outros centros asiáti
■Assim, de regra, os serviços de mesa eram lá rema cos, às vezes com legendas árabes desde 1450, conforme
tados com os escudos de armas, siglas, dizeres ou peças datadas existentes no Museu Topkapt, em
legendas a fogo brando e a aplicação do dourado que Istambul.
exigia um tratamento a fogo ainda mais baixo. Ao que Quanto ao estilo dessas porcelanas populares, inspi
consta, segundo estatística levantada na Inglaterra, as ravam-se elas mais predominantemente nos Mings da
peças personalizadas (com brasões, siglas, coronéis, segunda metade do século XVI e primeira metade do
etc.) representavam apenas 1% do volume enviado século XVII com características marcantes de execução
para a Inglaterra, e esses serviços em média levavam mais livre, espontânea e vigorosa do que as peças
dois anos para serem executados! fabricadas para os palácios e mandarins.
Pequena parte das encomendas a Chintehchen Essas louças mais grosseiras (Man-To) eram fabri
era terminada na Euiopa com aqueles motivos, C fts cadas em diversos pontos da China, Segundo alguns
vezes sobrcdccorada com outros, o que ocorria na tngla- autores nos arredores de Chintehchen, segundo outros
336
s ic . x v i v x v m LOUÇA “GROSSA” CHINESA
(Swatow)
Arqueologia terrestre e subaquática
337
sm Fukien e no sol da China, em Tonkin e Annam, e desde o Quinhentismo, faziam parte dos carregamentos
eram exportadas em grande parte pelo porto de Swatow e destinavam-se, tanto a Portugal, como ao Brasil.
(que fica perto de Cantão e Macau) que veio a dar o Na classificação geral de Companhia das Índias,
nome a esse gênero de porcelana oriental. entram numerosas sub-classificações, distintas entre si,
Essa louça de Swatow era levada para Formosa, dependendo do período, da pasta, da forma e da deco
Batávia, Japão, Filipinas, Índia e nações muçulmanas, ração sendo de observar que as peças marcadas com
como também para Cantão e Macau, de onde eram “nien-hao" não são consideradas por nós como Com
esparramadas pelo mundo dito civilizado, panhia das Índias, e sim “Porcelana da China".
Harry Garner acredita que os portugueses já impor O próprio termo Companhia das índias tem várias
tavam aquela louça, desde os primórdios de seu tráfico designações equivalentes, cujo emprego varia segundo
oriental, pois nos informa: “Os registros portugueses o país ou o ceramógrafo que as emprega. Temos assim:
do meado do século XVI fazem uma distinção entre a "Chinese Export Porcelain — Oriental Lowestoft —
porcelana fina e a grosseira; e as louças de Swatow Gombron ware — Cantão — Macau — Nankim
podem muito bem estar incluídas nesta última classe(9). — East Índia Company China — Indian China —
Frei Gaspar da Cruz a esse respeito nos presta em Porcelaine des Indes —- Porcelaine de Commaude —
1570, valioso esclarecimento. Diz e le ... “todavia há Chíne de Commande — Louça da Índia — Porcelana
muita porcelana grossa e outra muito Fma e há alguma de Encomenda — Porcelana Chinesa, etc.
que não é lícito vender-sc comumente porque só usam Quanto às sub-classificações, aninham-se elas cm
dela os regedores e por ser vermelha e verde e dourada três vastos grupos: o monocromo — o azul e branco
e amarela: vende-se alguma desta e muito pouco e — o policromado.
muito escondido. , <lí).
Essa prática de importar tanto a louça fina como Entre os monocromos contam-se os "blancs de
a grosseira (tipo Swatow) tomou-se praxe entre os Chine”, os “cèladoos”, os “corais”, os "mustardas”, a
portugueses, pois quase todos os carregamentos releva gama dos azuis (powder blue, etc.), os “poeira de chá”,
dos do século XVIII no-lo confirmam. Entre estes, os “flambés”, etc.
citamos os seguintes: No grupo azul e branco, incluem-se os tipos de
Em 1716, na Alfândega de Goa, é consignada a exportação conhecidos por Macau, Nankim, Cantão,
presença de “louça groça” (sic) e “louça fina”, vindas Swatow, etc. Não são incluídas nessa categoria de Com
de Macau. panhia das Índias as peças Míngs (embora parte delas
Em 1785, a nau Santa Cruz, traz de Macau para não marcadas) do período manuelino c sino-português,
Lisboa “cento e quarenta e três caixas de louça fina e consideradas como “Porcelana da China”, assim como
dois míl e trezentos e oitenta e quatro caixas de os “Kraak Porcelain" do século XVII.
louça grossa” (n). Quanto aos policromados, alinham-sc diversos gê
Em 1757, na Bahia, é recolhida, na alfândega real, neros, como a Família Crisântcmos-Pcônía, a Rosa, a
a dízima sobre mercadorias diversas, trazidas pela nau Negra, a Amarela, a Verde, os Mandarins, os “Indian
Santo Antônio e Justiça, e entre elas “porcelanas di China”, os Jesuíticos, as Figuras Européias, os “Gra-
versas" e “louça grossa de Macau” <n>. viata”, os Ba távias, os ímari Chineses, os Armoriados,
E ainda, nós achados da nau afundada nas proxi etc.
midades do Forte Mont Serrat, foi encontrado abun Esses gêneros de decoração foram usados parte
dante material cerâmico em que se distinguem nitida ainda no século XVII e sobretudo no século XVIII,
mente a louça fina e a louça grossa, o que em detalhe abrangendo a dinastia Ming nos seus últimos reinados
veremos mais adiante. e a dinastia T’Sing ou CHtiig (mandehú) sob os rei
Torna-se claro, pois que essas louças tipo Swatow, nados dos imperadores seguintes:
T S IN C (CIV1NG)
M IN G
(Porcelana dá China e produtos Companhia das índias)
(não considerados Companhia das Índias)
Ch’ ung Tehe
Chcns-Tê — 1506-1522 (não considerados ainda Companhia das
Ch'ia Ch'ing — 1522-1567 índias) — 1644-1662
Kang-Hsi --„ 1662-1722
Lung-Chin g — 1567-1572 Yung-Cheng — 1723-1735
W an-Ii — 1573-1617 Ch'íen-Lüng ---
OU
T'ai-Chang — 1620 (Kkn-Lim g) — 1736-1795
T'ien-Ki — 1621-1627 Ch'ia Ching
ou
ou (Kiat-Sing) — 1796-1820
T'ien-Chi Tao-K.ouang — 1821-1834-185!
Híen-Fong ou Hsion-Féng — 1851-1861
Chon g-Cheng _ 1628-1644 Tong-Tche ou Tting-Ghíh — 1862-1874
ou Kotíang-Siu ou Kuartfi-Hsü — 1875-1907
Cli'ung-Cheng Hsü.m-Tung — 1909-1912
República Chinesa — 1912
A Companhia das índias Inglesa extinguia-se comercialmente trr, 1834, isto no meado da dinastia de Tao-Kouang (1821 a 1851 ).
338
Apreseniamos a seguir algumas das características vermelho ferrugem (rouge de fer) e o dourado. Em
que marcam essas últimas dinastias a partir de Kang-Hsi, Portugal, os antiquários costumam designar de figura
e que se integram diretamente no período conhecido européia toda a porcelana que as exibe, seja em “encre
por Companhia das Índias e de exportação para o de Chine” (ou jesuítica) ou não: ainda de assinalar
Ocidente. Antes porém, desejamos assinalar que a estar nesse reinado a decoração chamada de “mille fleurs”
certa a informação de Frei Gaspar da Crua, de 1570, (corolas pintadas lado a lado, cobrindo toda a peça) e
já no reinado do Lung-Ching (1567-1572) aparecia o ainda o gênero mandarim representando cenas, grupos
dourado na decoração chinesa dJ). de mandarins ou de pessoas, tendo por fundo paisagens
No reinado de Kang-Hsi, afora a criação de belís ou interiores de moradias.
simas formas, delicados desenhos e cores apuradas, há AssinaSa/nos ainda o reinado de Kiat-Sing ou
que assinalar dois novos tipos de decoração que passa Chia-Ching (1796-1820) que marca o incremento da
rão na Europa a ser conhecidos por Família Preta c exportação dos azuis e brancos, já conhecidos na Euro
Família Verde, e de acordo com Daisy L. Goldsmith, õ pa por Macau, Cantão azul e Nankim e cujo protótipo
ouro foi diseretamente empregado em Kang-Hsi e é o Willow Pattem”, ou seja, “Os Pombinhos” também
Yung-Cheng, tendo no reinado de Kten-Lung, conhe conhecido por Salgueiro,
cido um amplo uso passando alem da decoração dos Constatamos que tanto no Quinhentismo como no
desenhos a ser aplicado cm alças, pegas e pegadeiras Seisccntismo, as louças fabricadas na China vieram a ter
de sopeiras, pratos cobertos, xícaras, etc. Dc notar em Portugal e no Brasil em profusão, de acordo com
ainda como observação de interesse que o uso do espécimes da época, ainda existentes, e revelações de
"nien-hao” só começou a ser empregado em Chinteh- inventários ou testemunho de cronistas coevos e regis
clien por volta de 1349, quando Pequim passa a capital tros portuários que apontamos linhas atrás.
dos Mings. Depois de 1677, sob o reinado dc Kang-Hsi, Acerca do século XVIII, podemos também indicar
6 proibido o uso do “nien-hao” para as peças de expor referências significativas sobre a louça da índia em
tação. Estas últimas, de forma geral, não trazem indi diversas Capitanias e ainda um documentário “in na-
cação no verso, porém, algumas às vezes apresentam o tura”, fornecido peio abundante material recolhido de
“double-ring”, os símbolos sagrados, os signos de uma nau de carreira, afundada.
louvores, ou ainda o selo do distribuidor e mais rara Sobre a Capitania dc São Paulo, há uma indicação
mente o nome do artista, como já foi assinalado e de valia, apontada no testamento do Coronel Fernandes
rararnente, também a exemplo do Japão, o nome do Furtado, feito na cidade de Taubaté em 24 de janeiro
forno ou ateliê do artista. dc 1725. Nele consta, entre relação de objetos dc ouro
O reinado seguinte de Yung-Cheng, embora curto, e prata, o seguinte: “Declaro que possuo três pratos
marca a sua presença pela qualidade dos seus produtos grandes da índia, seis sopeiras com suas cobertas dc
e por mais uma inovação decorativa conhecida por Macau e dezenas dc pratos pequenos dos mesmos" C1S).
Família Rosa. Foram os padres jesuítas, estabelecidos De notar neste testamento a menção a Macau. É a
na Corte Imperial Chinesa, que levaram da Europa o primeira vez que se nos depara a nova designação, que
processo de Cassitis de Leyde (1650), conhecido por começa a ser empregada, a nosso ver, para distinguir
púrpura de Cassius, que permitia pela primeira vez, a louça da índia policromada da porcelana específica-
utilízarem-sc na decoração as cambiantes do rosa ao mente azul e branco: “A louça de Macau”.
rubi, A Família Rosa tornou-se conhecida por aquelas De agora em diante, iremos encontrar com fre-
tonalidades novas e belas e foi tão apreciada que varou qüência essa denominação (às vezes a de louça da Índia
diversas dinastias até Tao-Kouang (1821-1851). Porém azul), que atravessa o período colonial e adentra pelo
as peças mais reputadas da Família Rosa são de Yung- Império, pois em 1855, nos livros da Mordomia Impe
-Cheiig, que a criou e se distinguem das demais com rial, continua ela presente para designar a porcelana
uma decoração leve, a superfície branca da peça menos azul e branca ao lado da louça da índia ou da China,
ocupada pelos desenhos, que com isso ganham maior consignando-se, e ainda a designação da louça de
destaque, porcelana lustrosa e sem defeito. Já na dinastia Nankim azul e de Cantão azul, conforme pauta da
seguinte de Kicn-Lung, a decoração é sobrecarregada Alfândega de 1837.
e as pastas menos tratadas, O vermelho chamado antigo, Conquanto Minas Gerais ofuscasse as demais Ca
já era empregado desde Sung, obtido usando-se o cobre pitanias no devaneio cie sua riqueza e na exuberância
misturado com o vidrado, num sistema de redução do de sua arte barroca, a Bahia não deixava, no entanto,
forno (introdução controlada na fornalha de oxigênio), de se representar condignamente uo concerto econômico.
ptíréin de tonalidade pouco atraente. Também Tmari, Apesar das perturbações na sua produção açucareira e
no Japão, osou bastante o esmalte vermelho inventado da concorrência antilhaiia que crescia no mercado
por Kakiemon no período de seu apogeu (1661 a 1773) externo, encontrava ela outras fontes de proventos com
e que caracteriza aquela produção por seu tom vivo dd a produção e exportação do tabaco cm grande escala
No reinado de Kien-Lung (1736-1795), a expor para Portugal, África e Oriente, com as Companhias
tação pelas Companhias das índias atinge o seu apogeu. de armadores e o ativo comércio de escravos para as
Nesse reinado aparecem também novos tipos de deco regiões diamantíferas; assim também, pelo menos até
ração. O artista T’ang Wing inventa a famosa “encre meados do século, desempenhava a função da principal
de Chine” por nós chamada dc tinta de Nankim, para distribuidora dos artigos orientais para as outras Capi
desenhos sobre o papel de arroz c cerâmica, o que veio tanias e: mesmo para o Vice-reiriado da Prata, sem
a notabilizar o gênero de porcelana Companhia das contar ainda com a construção e o reparo de naus
índias, conhecido por “Jesuítico” que representava deli- feitos em vários estaleiros baianos.
cadamente pintados a tinta preta chinesa, motivos reli Segundo estatística levantada, a Bahia, mais espe-
giosos, mitológicos, cenas galantes e cópias de quadros cificamente o porto de Salvador, gozou de intenso e
e gravuras européias, decoração essa completada pelo invejável movimento; só no decorrer do século XVIII,
339
nada menos do que cento e trinta naus da Carreira da jarros, pratos, bacia, etc., mais de duzentos e cin
índia, lá arribaram vindas do Oriente, por motivos quenta peças!
vários, sem contar as naus de tráfego regular de Por De outro nababo, esse de Minas, tivemos oportu
tuga] com a Colônia (lí)- nidade, por informações de famílias, de obter indicações
Assim não admira que parte dos inventários sobre louça da índia. Trata-se de João Fernandes Oli
refletisse aquela próspera situação' consignando veira, doutor em leís por Coimbra (1750) e desem
louça da índia, com tintas azuis ou louça da índia com bargador, que obteve do Conde de Oeiras o privilégio
tintas encarnadas e douradas ou louça da índia toda de ser nomeado contratador de diamantes, junto com
dourada, conforme vem arrolado no inventário dos bens seu pai. Sua fortuna foi talvez a maior do Continente
do cirurgião-mor Manoel Martins dos Santos Rego em todos os íetnpos coloniais. Assevera Xavier da
(1808-1810) que pode ainda referir-se a espólio do V e i g a o B) qUe cm seu tempo foi o “súbdito mais rico
século x v m (Arquivo Particular do descendente Dr. do Rei de Portugal”. Apesar de seus gastos desmedidos
Luiz Rodrigues de Moraes) llT>. e seus caprichos de milionário, malgrado a perseguição
No inventário dos bens de João Lopes Fiuzza, de Pombal, temeroso de seu prestígio e poderio, im
senhor de engenhos, falecido em 1714, além de nume pondo-lhe a multa fabulosa de onze milhões de cru
rosa biblioteca e outros pertences, constava um serviço zados — quantia fantástica para a época — o nababo
de mesa em louça da índia, tão numeroso que foi repar deixou em Portugal, numerosas quintas c casas nobres,
tido entre todos os herdeiros e ainda mais “duas jarras um morgado (o de Grijó), quarteirões em Lisboa, no
grandes da índia, 30SOOO, duas jarras de azul e ouro Brasil possuía casas em Vila Rica, Rio de Janeiro, etc.
205000, hua jarra da Índia azul e branca 35000, hua Suas propriedades rústicas compunham-se de dezesseis
jarra da índia de ouro e preto 8$000, dons leões da fazendas de 24 a 45 léguas cada uma. .. sem contar
Índia 25500, dous leões brancos e vermelhos 35000, as inúmeras lavras!
dous ditos verdes, dous galos, dous caxorros, dous ma Na sede de uma de suas fazendas, a de Itaipaba
cacos pardos, dous elefantes, quatro bugios em sua (onde existiam lavras de diamantes), foi encontrada
avaliação e mais dous galos e duas sereias 55000”. pelos descendentes, uma barrica intacta no sótão, con
Na Capitania de São Paulo, peio final do século, tendo um serviço completo de porcelana chinesa, da
também é localizado outro opulento e sugestivo acervo denominada louça de Macau, e por ocasião de uma
de louças da índia. visita do Eh. Rauí Soares (presidente do Estado), a
Em 1789, voltando ao inventário de Frei Manuel Diamantina, foi-lhe oferecido o referido serviço pelo
da Ressurreição, já citado, sobre as peças de faiança Dr, João Batista Fernandes de Oliveira Catta Preta,
holandesa, constam: quinto neto do opulento contratador.
2 jarras de louça da Índia Quanto à presença da louça chinesa nesse século
99 pires de louça da índia XVIII no Rio de Janeiro, ou seja na Sede do Governo
2 bules de louça da índia e um cafeteiro (síc) do Estado do Brasil, ela é óbvia e já referida em grande
9 dúzias e 7 pratos de guardanapo de louça da parte porém Gilberto Freire nos aponta mais um ele
Índia, azul mento de valia, citando o Almanaque do Rio de 1792,
15 pratos ditos "que havia no Rio, doze lojas de louça da Índia”, o
1 fruteira pequena da mesma louça com ramos que nos parece bastante expressivo!
vermelhos Vejamos neste século XX, o que nos foi possível
1 bacia redonda de louça da Índia, com o beiço
localizar de peças chinesas ainda existentes do século
quebrado
XVIII, de interesse cerâmico histórico, sócio-económi
4 saleiros pequenos e pimenteiros e 1 pires de
co ou artístico.
pé da mesma louça
6 pratos de mesa fundos, grandes e redondos O acervo luso-brasileiro a esse respeito é ainda
de louça da Índia grande e imponente apesar dos agravos do tempo.
t Sopeira redonda de louça da índia, branca e Dividiremos esse ensaio de arrolamento cm três
dourada com sua tampa partes:
2 sopeiras pequenas redondas com sua tampa I — Porcelanas Companhia das índias Bragan-
com ramos vermelhos de louça da índia tinas. (vide pág. 343)
1 sopeirinha pequena de asa com ramos verme II — Porcelanas Companhia das índias persona
lhos e tampa de ramos. lizadas ou históricas, (vide pág, 351)
Este inventário, onde abundam pratas, móveis e III — Porcelanas da época — anônimas e grés.
alfaias, reúne só em louça da índia, entre sopeiras, (vide pág. 369)
340
B I B L I O G R A F I A
341
Séc. X V II PORCELANA CHINESA ARMORIADA
(Pinto)
270
Peça : classificada pelo Museu Nacional de À ile Antiga, ión,r- d o 1período de Kang-Hsi e ç o m as o r n u is tUi fatmUti
portuguesa Pinto, em branco c azul. Nota-se d. aba de finíssimos desenhos, que obedece ã influência Hindu-Persa, rui
reqiiência de oito reservas preenchidas de flores enquadradas tui$ contornos das clássicas ‘ pr.Unctcs".
Cortesia do Museu Nacional de A rlt Amiga.
303
B I B L I O G R A F I A
304
SEISCENTISMO:
ÍNDICE DO TEXTO
I _ II — B A R R O C R U E T E R R A C O T A
P R O D U T O S D E O L A R IA
Referências históricas.
Importação no Nordeste de material de construção durante a Ocupação Holandesa. 239 a 240
IM A G I N A R IA
III — A ZU L EJO S
IV — F A IA N Ç A
V — P O R C E L A N A D A C H IN A
305
SEISCENTISMO
ÍNDICE DE ESTAMPAS
IM A G IN Á R IA :
n°
169 São Pedro Arrependido, frei Agostinho da Piedade.
—
,170 Nossa Senhora dos Prazeres, Irei Agostinho de Jesus.
—
17 1 Nossa Senhora da Purificação, frei Agostinho de Jesus.
—
17 2 Nossa Senhora do Rosário, frei Agostinho de Jesus.
—
17 3 Nossa Senhora da Luz, marcada H. R. — Guaecá.
—
17 4 Painel policromado, Igreja St.° André, ç, 1580. Atr. à Francisco de
—
Matos-Usboa.
17 5 — Museu do Azidejo — Lisboa — Dois Painéis Holandeses.
17 6 — São Salvador (século XVII).
17 7 — Rio de Janeiro (século XVII).
F A IA N Ç A ;
n,°
775 — Pichei de Talavera, policromado.
17 9— Prato de Talavera, azul e branco.
ISO — Prato faiança portuguesa, Museu Nac. Arte Antiga.
18 1— Prato faiança portuguesa, Museu Nac, A no Antiga.
18 2— Prato faiança portuguesa, Museu Nac. Arte Antiga.
18 3— Prato faiança portuguesa, Museu Nac. Arte Antiga.
184 — Peça coberta com desenhos aranhões —* Museu Nac. Arte Antiga.
18 5— Aibareilo com figura — Museu Nac. de Arte Antiga,
186 — Prato com faixa barroca.
18 7
— Garrafa com armas reais. Museu Nac, Soares dos Reis.
188 ■
— Prato em faiança policromada, Museu Nac. de Arte Antiga.
189 — Pequena travessa com sigla Companhia de Jesus — Museu Arqueológico
de Recife.
190 — Prato policromado co/n dizeres.
19 1 — Prato brasonado (Costa) Museu Nac. de Arte Antiga.
192 — Boião brasonado (Francisco Barreto de Menezes) Museu Nac. de Arte
Antiga.
19 3 __ Medalhão brasonado do Convento de Santa Clara — "Cerâmica Braso
nada".
1 9 4 — Tigela brasonada (Luiz Carneiro de Souza) Museu Nac. de Arte Antiga.
19 5 — Boião com coroa real e um M — Museu Nac. Soares dos Reis.
196 — Medalhão com rendas.
19 7 — Parte do painel — Palácio dos Marqueses da Fronteira.
198 — Prato com brasão dos Silvas, datado 1649, Museu Nac. de Arte Antiga.
199 — Fragmento do prato de naufrágio com armas dos Silvas (general Francisco
Corrêa da Silva).
200 — Prato com brasão dos Silvas, datado 1677.
20] — Tigela de naufrágio com armas dos Silvas (general Francisco Corria da
Silva).
202 — A Ibareilo com leão dos Silvas — Exposição IV Centenário S. Paulo —
1954.
203 — Três pratos diferentes com brasão dos Silvas, Museu Nac. Soares dos Reis.
204 —- A Ibareilo com brasão dos Silvas, coroado, Museu Nac. Soares dos Reis.
205 — Prato de arroz, 6.° Conde de Portalegre.
206 —* Aibaretlo com armas dos Silvas, chapéu episcopal.
207 —■ Nossa Senhora (em terracota), naufrágio Galeão Sacramento.
307
208 — Baião em faiança, azuí-vinoso, naufrágio Galeão Sacramento.
209 — Albarello com. esfera armilar, naufrágio Galeão Sacramento.
2 10 -— Prato aiigelado com armas não identificadas, naufrágio Galeão
Sacramento.
2 1 1 — Garrafa, com armas não identificadas, naufrágio Galeão Sacramento.
2 12 — Tigeja, com armas não identificadas, naufrágio Galeão Sacramento.
2 13 — Medalhão (fragmento com figura de mulher) naufrágio Galeão Sacrainenio.
2 14 — ■ Medalhão com aranhões e coelho, naufrágio Galeão Sacramento.
2 15 — Prato com desenhos geométricos, naufrágio Galeão Sacramento.
2 16 — Prato com desenhos geométricos, naufrágio Galeão Sacramento.
2 17 — Dois fragmentos de medalhões, naufrágio Galeão Sacramento,
2 18 — - Fragmento medalhão — Rendas, naufrágio Galeão Sacramento.
2 19 — Peroleira (terracota) naufrágio Galeão Sacramento.
220 — Prato não identificado (queimado), naufrágio Galeão Sacramento.
2 2 1 — Prato com orelhas, m o identificável.
22 2 — - Prato com busto de mulher, naufrágio Galeão Sacramento.
223 — Prato com Cruz, naufrágio Galeão Sacramento.
224 — Tigela dos Silvas (General Francisco Corrêa da Silva) naufrágio Galeão
Sacramento.
225 — Prato com roseta central.
226 — Medalhão recortado com figuras.
227 — Praia recortado com figuras, compartimentado.
228 — Prato redondo com figuras.
229 — Prato recortado com figuras (centro octogonal).
230 — Prato aba recortada com figuras (centro circular).
2 3 1 — Prato aba recortada com figuras (centro circular).
232 — Idem, idem (centro octogonal).
2 33 — Prato redondo, com figuras, aba compartimentada.
234 — Mostruário de fragmentos de faiança (Sítio Guaecâ).
234-A — Mostruário de fragmentos de faiança (Sítio Guaecâ),
2 35 — “ Albarello " (meia-faiança) armas do Carmo.
EMBRECHAMENTOS CERÂMICOS:
n.
a
236 Templo em Bangckoc revestido de cerâmica.
—
237 Detalhe do mesmo.
—
238 Detalhe do mesmo.
—
239 Igreja de Belém da Cachoeira (quatro faces do Coruchéu).
—
240 Quinta da Boa Vista — Jardim da Princesa — Duas vistas.
—
241 Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem — altar de Santo Antônio
—
(cinco detalhes),
242 — Continuação: detalhes da Igreja Nossa Sra. da Boa Viagem.
243 — Piso (três vistas de detalhes) Casa Nícia Camargo — S. Paulo (moderno).
308
259 — Dois paies, idem, idem, variante de decoração.
260 — Dois potes, idem, idem, variante de decoração,
261 — Dois potes de fundo chocolate {Batavia) "notera",
262 ■
— Série de estatuetas “Long Elisas’ (biscuit émaillé) período Tien-Chi.
263 — Quatro estatuetas masculinas {biscuit émaillé) período Tien-Chi.
264 — Par de "bonecos’ esmaltados do Museu Nac. de Arte Antiga — Final
da dinastia Ming.
SUMÁRIO
IV AZULEJOS - BIBLIOGRAFIA
-
BIBLIOGRAFIA ESTAMPAS
-
I e II - BARRO CRU e TERRACOTA
313
região sudeste brasileira, nada fícou a d ev er em requinte Tapetes ou alcatifas, os havia de diferentes regiões,
àquelas nordestinas. Teimava cia em manter na costa e da Itália, da índia e Arrayolos, grandes e pequenos.
no Rio, antes mesmo de ser elevado a sede do Estado E quanto ao vasilhame utilitário, farto era o equi
do Brasil (1763) e nas vil.« c cidades dos sertões minei pamento de copa, cozinha e sala de jantar: bacias com
ros, os refinamentos das urbes européias. Impressionante seus gomis de estanho, chocolateiras de cobre, canecas
6 O rol dos artigos que aportam aquele centro distri de Olanda (sic) e de Veneza, e toda uma série de louça
buidor que em grande parle abastecia as Gerais. A pauta de barro, vinda da Bahia, em que se alinham alguidares
tia Alfândega do Rio de Janeiro, do ano de 1739 das de diferentes tamanhos, bosões, frigideiras, garrafas
mercadorias importadas, dá-nos um retrato fiel do grau infusas, púcaros, “tigelas de cabo", pratos de comer,
de requinte mantido. bacias, “panelas de cozinha grandes e pequenas dc
As mulheres podiam se fartar de escolher os artigos palmo de'boca para cima pouco mais ou menos",
que sua imaginação pudesse sonhar e a sua vaidade E como remate de toque cosmopolita: "louça fina
exigir, como os homens tinham a seu dispor todo um da China e de Veneza”, “louça fina de Lisboa e Porto”,
arsenal com que valorizar o garbo masculino. Eram “louça grossa de Lisboa e Porto”, W
adereços, gargantilhas de coral, anéis variados, plumas Feito este apanhado de caráter sócio-económico,
de toucado, espelhos diversos, pentes de marfim, de passamos a apontar e apreciar outras referências de
tartaruga, de osso, sapatos, e chinelos de seda, veludo interesse sobre a presença e utilização dos produtos
e marroquim bordados de ouro e prata fina, come de cerâmicos, tanto da terra como estrangeiros, obedecendo
“prata falsa". Quanto às essências com que se perfu à ordem das diversas categorias que se nos vão depa
marem, dispunham da “agoa de Córdova”, “agoa de rando no setecentismo brasileiro.
Rainha da Hungria" “agoa de flor”, “agoa rosada”,
“agoa" chamada do “Francês”, “óleo de jasmim" e BARRO COZIDO
“óleo rosado". Com referencia aos tecidos, era tão A categoria cerâmica produzida na terra, que
grande a variedade, quando disparatada a procedência, caracteriza a centúria é ainda a do barro cozido, com
são cetins, sedas, damascos, tafetás, baetas, chitas, velu a incidência da produção da louça vidrada c a desco
dos, fustões, bomba2 Ínas, estamenhas, boca chi nas, bar- berta da porcelana no final do século.
reganas, gorgorões, etc., provindos de Nápoles, da índia, Os indígenas aculturados continuam a participar
de Castela, de Ruão, de Londres, de Granada, de Porta preponderantemente do fabrico do vasilhame doméstico,
legre, Coimbra c Cabo Verde, de Amburgo (sic) de assim como os senhores dc engenhos através de seus
Cambraya e da Turquia etc. Quanto à moda, havia fomos, mantem a auto-suficiência dos conglomerados
modelos prontos a venda e também vestidos usados, rurais nos longínquos latifúndios, enquanto os Jesuítas,
ambos importados, assim como rendas de ouro e prata no seu labor paciente e contínuo, se dedicam à tarefa
fina, saias, jalccos e vestes de brim e de camurça borda benfazeja de ministrar instrução e aprendizado do arte
das de ouro e prata, veludo “lavrado” de ouro e prata, sanato oleiro entre outros, à população. A atividade de
camisas de Olanda (sic), Cambraya, Bertanha (sic), mestres oleiros em seus colégios no Maranhão e Pará, é
lenços de seda da Índia, lenços de Lamego, do Levanle, assinalada destacando-se entre cies os irmãos João dc
da Olanda, como meias de seda, de lã de camelo, de Almeida (1718-1748). «>
“linha inglesa e ponto de Paris”, de Galiza, de Itália, c Certa men te uma proporção ponderável dc portu
ainda metas para homens com "quadrados bordados de gueses reinóis e descendentes americanos como escravos
ouro e prata" c “colarinhos pura o pescoço”. e agregados, complementavam aquela produção para
Havia ainda as perucas de cabelo humano, como dar vasão à demanda cada vez. mais premente de
cabeleiras de pelo de bode e de carneiro, carapuças de vasilhames.
seda bordadas de ouro e prata, chapéus finos do Norte, A esse respeito, no tocante à Capitania de Minas
do Porto ou de Lisboa, cachimbos de barro e dc “pau Gerais, e que pode servir cie regra para as demais,
axaroado”, bengalas de cana com castão, abotoaduras Augusto de Lima Júnior, nos informa: “A indústria do
de fio de ouro e prata fina, borzeguíns e bolas de oleiro tão popular em Portugal, desde séculos, adquiriu
marroquim amarelo ou bordadas de ouro e prata. regular desenvolvimento entre os colonos e muitas fábri
Quanto à música, eram importados órgãos dc dife cas, de louça grosseira forneceram sua mercadoria ao
rentes tamanhos, cravos e “espinhetes", rabecas, violas, consumo local”.
rabecões, cítaras, trombetas, pandeiros e “berimbaus”. A produção bahiana nessa primeira metade do
Com referência à parte alimentar, também era a século XVIII, revela-se de porte, pois como vimos linhas
sociedade centro-sulina exigente de paladar; além das atrás, era a única a constar da pauta dos artigos recebi
clássicas especiarias e cereais eram importadas azeitonas, dos no porto do Rio de Janeiro. A discriminação ad-va-
castanhas, passas, aveias, arenques, sardinha, bacalhau, lorem de 1739, da louça bahiana c da estrangeira
manteiga e sortidas qualidades de queijos de Alentejo, de naquele porto permite estabelecer um confronto entre
Montemor, das Ilhas e outros flamengos, e como nota elas.
de destaque “marmelada de Santos, a S 0,80 a caixa”. F. através dos valores e pela procedência atribuí
No que diz respeito ao mobiliário, vêm embarcados dos a cada qual, pode-se presumir qual o tipo ou a
do Reino ou da Bahia, bufetes, leitos, catres, "cadei categoria da cerâmica da terra como diferenciar a da
rinha da moda", cadeiras de palha, preguiceiros, assim Europa e da China, e assim distinguir dentro do termo
como papeleiras de “meio corpo”, de “dois corpos” e genérico de “louça” que vem sendo empregado indistin
outras de “xarão comum, com vidros", e ainda fecha ta mente naquele documento, as diversas variedades
duras mouriscas e inglesas para armários e gavetas, específicas cela contidas como porcelana, porcelana
dobradiças, engonços, maçanetas douradas, caixas de mole, faiança, louça vidrada ou apenas louça de barro
madrepérola, de tartaruga de xarão de vinbáticoe canas cozido import adas no porto do Rio de Janeiro naquele
tras “cncouiadas". período.
314
LOUÇA ESTRANGEIRA:
(1739)
“Louça fina da China", média por peça $ SO réis (corresponde à porcelana)
“Sopeiras da índia" as maiores $600 réis ( ” ” ” )
"Louça fina de Veneza" média por peça $ 50 réis ( ” ’’ ” mole)
(trata-se de porcelana mole cuja única fábrica em Veneza, no período de Í739, era a Casa Vezzi)
“Louça fina de Lisboa e Porto”, média por peça $ 13,30 réis (faiança)
"Louça grossa de Lísboa e Porto”, ” * ” S 0,65 réis (louça vidrada ou meia faiança)
I
LOUÇA RAHÍANA
(1739)
As mais caras são os alguidares (de três palmos c meio de boca) panelas e boiões grandes —
$ 0,40 réis — louça de barro cozido e louça vidrada (?)
As mais baratas são os pratos, bacia e alguidares pequenos — $ 0,10 réis
Essa louça bahiana que ia ter ao Rio, deve ser a zem louça à vender não larguem as folhas que nos ba
mesma que era exportada para o Reino nas torna-vi a* laios trazem" rí*.
gens das carracas e naus lusas. A nosso ver é a ela que Também é consignado o fabrico de louça no bairro
se deve referir o alvará real de 11.12.1756, que per de Nossa Senhora do Ó — o levantamento feito em
mitia aos “Oficiais, mestres marinheiros e mais Homens 1768, da população daquele bairro assinala um louceiro
do Mar ‘carregar do Brasil para a Metrópole, livre de e diz: “Quirino, mulato, vive de fazer louças." £*>
direitos de entrada, louça fabricada no Brasil’.” <s> Quanto ao fabrico de tijolos e seu uso em São
No tocante ao fabrico de louça de barro cm São Paulo, há duas referências significativas.
Paulo, há logo em 1704, menção de um oleiro impor Em 1733, nas Atas da Câmara de São Paulo, é
tante que fabricava peroleíras para armazenamento de consignada a necessidade de montar uma lareira de
vinho, azeite ou melado, e outros artigos, c foi contra tijolo cm seu recinto. As referências a lareiras não são
tado pelo Capitão-mor Guilherme Pompeu de Almeida comuns no Brasil Colonial; sabe-se que na Bahia e em
(Pai do célebre padre). Reza o documento: “Contas Minas as havia, e nesta, de preferência, nas Câmaras;
com Antônio Cubas o oleiro. Aos 24 de setembro de entre elas existe uma notável no Edifício do Museu
1704, entrou em minha fazenda (em Parnahyba) Antô da Inconfidência, antiga Câmara Municipal de Vila
nio Fds Cubas que mandei vir de Otu (Itu) para tra Rica, que serve de fogão e de lareira com distribuição
balhar e me fazer peroleíras e lhe mandei a dita vila de calor para os pavimentos de pedra do andar supe
de Otu 60.000 réis em dinheiro que me mandou pedir rior. Outra indicação é de 1742 c se refere a calçadas
e me deve o dito dinheiro para me ir satisfazendo rio de tijolos na vila de São Paulo. E interessante pen
que avençar nas obras que me fizer de barro concer- sar que, em meados do século XVIII, as calçadas das
tou-se comigo em um cruzado de feitio de cada uma ruas de São Paulo (ou parte delas) fossem pavimenta
das peroleiras que forem do meu contento e o mais das, dando assim uma demonstração de trato e tentativa
que fizer como é telhas, tijolos e mais obras que lhe de apresentação e ordenação urbanística. Afinal de
darei o terço de tudo. Eu lhe disse que o milho, o feijão contas, os bandeirantes uão descuravam de tratar de
e o sal não havia de custar cousa alguma -— o mais seu ninho de águias, plantado no topo dò Triângulo
como é aguardente, carne, etc., que lhe assistirá pelo urbano, donde partiam em bandos, em memoráveis
preço que corresse à sua custa”, (G) arrancadas em busca de ouro, nos longínquos horizon
Quanto à participação indígena, continua ela atuan tes, semeando cidades onde pousavam. Isto, apesar do
te em São Paulo. Conta-nos Eduardo Etzel: No século Morgado de Matheus informar que a seu tempo as mas
XVIII, nas famosas feiras de Pilatos, instituídas pelo da vila não eram calçadas.
Capitão General Antônio Manoel de Mello e Castro e Quanto ao uso do barro cozido ou da terracota
Mendonça, apelidado Pilatos, hoje no Bairro da Luz, para a fatura de imagens, Serafim Leite (Arte e Ofícios
os indígenas vendiam seus produtos de cerâmica com dos Jesuítas no B rasil)(1® nos aponta o irmão Jesuíta
grande aceitação, como ainda em nossos dias as pane- Francisco Rebelo (1713-1737-1791) natural de Braga,
leiras de Goiás velho, encantam os forasteiros com suas estatuário de barro — “figtilus stafuaríus" — que exe
moringas exóticas de comovente primitivismo e beleza”. cutou presépios no Brasil. Há também que fazer menção
Em 1745, é expedido um edital na Vila dc São a Antônio Boarque de Azevedo, que foi um exímio
Paulo, pelo zeloso almotacel Ignácio de Barros Rego santeiro, a julgar pela execução artística de uma peça
que bem demonstra a participação indígena na produ assinada e datada de 1762, da coleção do Dr. Leão
ção: "farão advertir os índios das aldeias quando tra Gondim, do Rio,
* * *
315
III - LOUCA VIDRADA
utro ponto de interesse é saber a louça vidrada fosse realmentc fabricada no Brasil, nos
quando foi consignada a entrada primórdios mesmo da Colonização, a exemplo do que
da louça vidrada entre nós, ocorreu na América Central, dirigida pelos padres. Na
quando se iniciou o seu fabrico Bahia, desde a instalação do Governo Geral, nos idos
local. do Guinhcmismo, havia uma poderosa concentração de
A sua presença no Brasil, vinda elementos remóis — o leigo, o clerical e o artesanal —
do Reino, era evidente teria que como também lá se concentrava a capacidade eco
acompanhar o equipamento doméstico utilitário indis nômica, financeira e industrial da Colônia, pelo menos
pensável aos primeiros colonizadores. ate 1763, quando a sede do governo é transferida para
O bojo das naus e dos galeões ou a pança larga o Rio de Janeiro.
das carracas eram verdadeiros armazéns flutuantes atu Como consequência dessa concentração p] uri forme,
lhados de mercadorias. temos, entre outras manifestações no terreno das artes
O material recolhido do galeão Sacramento afun menores, a exportação para outras Capitanias, de catres
dado em 1668 na paragem do R j o Vermelho na Bahia, e leitos c de artefatos cerâmicos, conforme consigna a
é em parte um testemunho vjvo disso. pauta da Alfândega do Rio de Janeiro, de 1739. No
Assim, um rol extenso de recipientes se fazia pre confronto entre os diversos tipos de louça, então expor
sente no Brasil, fora os gigos, barris, cestos, jacás, cai tados pela Bahia, para outras praças e de seus preços,
xetas e cabaças; havia também os contentores de acreditamos que os alguidares bahianos, cotados ao
alimentos e líquidos, estes em estanho, prata ou cerâ preço alto de $ 40 réis a unidade, fossem de louça
mica: escudelas, pratos, panelas, frascos, copos, púca vidrada,
ros, garrafas, albarellos, botões, malgas, jarras em for É de se presumir, com bastante verossimilhança,
mato de ânforas, alguidares, etc, De ressaltar ainda as que parte dos oleiros remóis afeitos aos processos ce
famosas peroleiras de que Ernani Silva Bruno (">, faz râmicos na Metrópole, entre os três materiais mais usa
menção, informando que em um documento de .1680, dos na esmaltação — o chumbo, o estanho e o sal —
são assinaladas “vinte peroleiras sevilhanas" — serviam não conhecessem pelos menos o emprego deste último.
elas, segundo o mesmo autor, para vinho, vinagre, mel, Enquanto aqueles exigiam técnica de aplicação mais
melado, sal. Quanto às botijas, informa Ulysses Per apurada, o processo salino era o mais rudimentar e o
nambucano Mello Neto í,2>que foi encontrada no galeão mais simples na escala da manipulação química — ca
Sacramento, grande número delas, que continham azeite, seiro por assim dizer — pois consistia apenas na intro
ágna, vinho, aguardente e ainda, secundariamente, ser dução do sai de cozinha no forno, abaixo de 1 .000°,
viam de contentores, também para sólidos como azei para recobrir as peças de uma glasura brilhante dan
tonas, ameixas, alcaparras e até balas de mosquete de do-lhes atraente coloração, nas cambiantes de mel claro
chumbo a bordo. a escuro.
Porém a informação de maior interesse cerâmico Presumimos também que cm Minas o fabrico da
surge com a indicação de que no período de 1578 a louça vidrada já fosse corrente no transcurso do século
1750, nos documentos compulsados em São Paulo, são XVIII, com a presença de oleiros portugueses de que
referidas “oitenta e nove botijas, ordinárias de barro, ou Augusto de Lima, faz menção.
vidradas, ou de arame’’, segundo Emani Silva Bruno. O fato é que os mineiros pelo final da centúria
Assim a louça vidrada importada correspondente a procuram melhorar a cerâmica até então existente. O
vasilhame, é consignada naquele período. Porém o fato que implica necessariamente na escolha de melhor ma
é que não existe uma referência expressa, coeva dessa terial para a composição da pasta e uma técnica mais
categoria de louça, fabricada na terra, no correr do apurada na manipulação dos diferentes esmaltes. É o
século XVIII, salvo alguma nova revelação. que se pode deduzir do que as crônicas nos relatam so
Quanto à louça vidrada, fabricada no Brasil pelos bre os ensaios bem sucedidos, procedidos pelo D e. José
índios, constante do relatório da expedição de Oreílana, Bittencourt com o barro de Caeté, entre 1777 e 1786 (14>.
ainda, no século XVI, a sua existência na Amazônia, Porém, segundo foi possível apurar, a louça vi
não pôde ser comprovada, como vimos, O que não drada, fabricada na terra, sá vem referida especifica
acontece em Pucbla no México, onde há referências que mente em documento no ano de 1800.
Ordens Religiosas, ainda no correr do século XVI, já É no inventário de uma dama paulista de Itape-
haviam passado a ensinar aos índios mexicanos o iiso tíninga, D.a Incs Vieira Prestes, que são assinalados:
do torno e aplicação do vidrado no vasilhame. ' “Dois púcaros de louça vidrada da terra”, referindo-se
Mas é de se presumir, embora não consignada, que àquele inventário e pertences ainda ao século X V III.(,í)
317
IV - AZULEJOS
o século anterior, o artesanato munhos de alguns dos mais belos exemplares desta
azulejar em Portugal, era ainda época.” {t7>
restrito. A esse respeito nos é Esse setecentismo lusitano é pois o século do pleno
dito: “Nesta época (século florescimento de arte azulejar e de uma produção volu
X V n) os fabricantes portu mosa e diversificada.
gueses se queixavam da invasão Este é ainda o século em que se constata o começo
do mercado pelos azulejos do do alastramento do uso do azulejo no Brasil e em que
Norte (holandeses). Em 1687, como medida de pro a azulejaria portuguesa domina soberana o mercado
teção à entrada do produto foi proibida, restrição que ultramarino brasileiro. E a sua aceitação no Brasil tem
durou até 1698. Durante estes onze anos, os portugueses sua razão dc ser, pois os produtos portugueses, faziam
trataram de melhorar sua técnica para fazer face à jus àquela preferência, já que as suas fábricas porfiavam
concorrência estrangeira. O ano de 1755, marcado pelo em apresentar produtos superiores, de vistoso efeito e
terremoto que destruiu Lisboa parcialmente, assinalou artística apresentação. No tocante aos painéis e aos tape
também o fim de importação dos “azulejos do tes, produziram verdadeiras jóias que ainda hoje, passa
Norte”. «» dos séculos, subsistem engastados em numerosas paredes
No século XVIII, em seu transcurso a Azulejaria das construções coloniais, de forma a continuarem a ser
portuguesa com um corpo artesanal mais habilitado e o admirados pelas gerações que vão passando.
controle da concorrência flamenga, estabelecido, irá Entre o rol de obras notáveis dc artistas, azulejistas
expandir-se tanto em volume como em qualidade. É o ou "mestres de ofício tadrilhador” qtfe nos é lícito
século no qual alcança ela seu apogeu artístico, da admirar, de várias delas foram identificados os autores.
mesma maneira que o século XIX irá apresentar seu Assim, foi Bartolomeu Antunes (1688-1753) quem
declínio, com a queda da produção e da qualidade, dado executou os magníficos painéis da Capela Mor de São
Os problemas poiíticos do começo da centúria e adoção Francisco, na Bahia, E de acordo com as pesquisas de
dos métodos industriais e a concorrência da faiança fina. Mário Barata, os lindos alizares da Capela Dourada do
. .. A esse propósito pontifica Raphael Salinas Cala Recife de 1703, assim como os do Solar do Saldanha,
foram executados pelo mestre Antônio Pereira,
do: “O século XVIII é por excelência o período da
Caracteriza-se. ainda esse século pelo predomínio
grande expansão, era que, a quantidade corresponde à do azul e branco, que só passa a ceder lugar aos
qualidade e todo o país, recebe com agrado o novo esquemas coloridos pelo final da centúria com o neo-
revestimento. O Brasil, Açores e Madeira, são teste -clãssico.
Pormenor da "Vista Panorâmica de Lisboa" Painel de Azulejos do fabrico de Lisboa, 1730, existente no
Museu do Azulejo. Cortesia do Museu Nacional de Arte Amiga„
319
Dc notar ainda que há uma d i f e r e n ç a marcante lejar as fachadas cra inicialmentc defesa contra a pene
entre a execução dos painéis, sempre mais esmerada e tração das chuvas; depois tornou-se moda embelezar e
a dos azulejos avulsos, dc fabricação cm série, esterioti- imitar o vizinho”, c acrescenta: “Na história da Cultura,
pada, produzidos aqueüei em ateiies de renome c estes, deve ser entendido transcendendo suas propriedades pu
em sua maioria, por numerosos e pequenos fabricantes ramente práticas, como símbolo de status e forma de
regionais, quando não de produção familiar, sobretudo arte. Somente através deste prisma poderemos explicar
n a im itação de motivos holandeses, por volta de 1720 satisfatoriamente sua intensiva importação para o Brasil
C 30, quando por vezes "participava toda a família do colonial e não certamcntc invocando causas climáticas
oleiro, cada membro se especializando na pintura de ou técnicas".
determinada figura”. 0« I
Realmente essas argutas observações de ordem psi-
Devc-se ressaltar que os painéis que eram executa so-social — a da ostentação e a da busca do belo
dos uas oficinas de artistas independentes de renome, através da arte — pela sociedade colonial, constituíram
e os desenhados por pintores de fábricas de nomeada, o fator determinante que explica a rápida e ampla apli
estavam uns e outros presos, nesse género figurativo, as cação do azulejo no Brasil, nos centros urbanos e rurais,
escolas e aos temas em voga do Barroco, do Rococó ou onde medrava a prosperidade.
do Neo-Clássico.
Porém a decoração do azulejo avulso, tanto mo- Estas razões não eliminam outros atributos secun
nocor como policromado, refletia, quando não inspira dários que por certo influíram também na expansão do
dos por similar estrangeiro, uma criatividade pura na azulejo avulso, sobretudo no final da centúria: o da
escolha dos motivos, quase sempre liberta dos ditames frescura conferida ao ambiente já assinalada pelos
acadêmicos. Udo Knoff corrobora esse pensamento, egipeiais milênios antes de nossa era, o da higiene e
quando assinala: “Os artistas portugueses, todavia, não limpeza na conservação de determinadas dependências
copiaram as, figuras avulsas dos outros, mas criaram os de uma habitação.
seus próprios motivos de espírito diferente e sem dúvida O emprego, pois, do azulejo que classicamente esta
mais decorativo (oh, cit. pág, 57). va adstrito às partes nobres da casa, onde exercia apenas
Esse confronto entre o convencionalismo e a livre uma função decorativa, como no vestíbulo, nas galerias,
concepção repete-se na decoração da faiança dc mesa nas escadarias, nos páteos, nas salas de jantar, nos sa
e de adorno e da louça vidrada. Há fábricas, como 6 o lões, etc,, passa também a outras dependências secundá
caso da do Rato, Juncai, Viana, entre outras, que rias e à parte externa da morada, passando a exercer a
sego em em suas composições os estilos e convenções dupla função de adorno e proteção.
pictóricas e esculturais dentro do modismo dominante, O uso do azulejo fora do recinto de uma edificação,
e outras oficinas que produzem a seu talante. Estas, mormente templo, já era de emprego milenar e aplicado
auto-criadoras cm sua expressão decorativa, interpretan como forma dc proteção c realce ornamental, tanto na
do singela mas expressivamente o pendor e o agrado Europa Ocidental como na Oriental. Em Constantino
populares nos motivos e na cor, como é o caso, entre pla, hoje Istambul, são vários os exemplos de torres e
outras, das produções típicas do Prado, dos cangirões cúpulas de templos e mesquitas artisticamente ornamen
do Porto, dos “Ratinhos” da região de Coimbra, ou tadas com aquele material resplandecente. E mesmo no
ainda pelo fim do século XIX, as personagens de Bor Brasil, os coruchéos da Igreja de Belém da Cachoeira
dado Pinheiro, revelando lodos aspectos folclóricos ou entre muitos outros, cuja construção remonta ao século
costumes regionais. XVII e que, são revestidos de conchas, de azulejos e
Porém, a nosso ver, o que mais caracteriza a fase de pratos, constituem belo e pitoresco exemplo do
setecentista do azulejo no Brasil, são dois fatos; o início emprego do azulejo fora dos recintos cobertos.
entre nós da democratização de seu uso e a início de
sua expansão dentro e fora do recinto habitacional. A Mas a grande revelação foi realmente o emprego
esse propósito o Professor Udo observa: “Os murais externo do azulejo em fachadas inteiras. Acreditamos
eram adquiridos pela classe rica e pelas igrejas, já o que empunhamos mesmo o galardão dessa primazia ino
azulejo avulso cra adquirido pela classe média”. vadora nas artes aplicadas pelo menos na América do
Realmente os painéis eram de custo bem mais ele Sul. A Argentina, que também usou o revestimento
vado e via dc regra eram objeto de encomenda com externo azulejado, só o aplicou depois do Brasil, utili
indicação dos temas e das dimensões, já que em geral, zando-se, sobretudo, da azuiejaria francesa e de raros
eram destinados a locais predeterminados nas igrejas, exemplares espanhóis, todos eles do século XIX.
palácios e mansões. Enquanto que o azulejo avulso, José Wasth Rodrigues aponta aquela adaptação
fabricado em série, era oferecido na praça a quem c externa, como tendo sido posta em prática no Brasil,
quisesse e a preço bem mais acessível. Referindo-se a a partir de meados do século XIX; acreditamos que o
Salvador, informa o citado autor: “Chegaram cargas emérito pesquisador tenha se baseado em que numerosas
inteiras dc um mesmo desenho que depois foram ven fachadas do Nordeste apresentavam revestimento azu-
didas para as diversas casas ent construção — não raras lejar português, idêntico; e ele os considerou todos como
vezes na mesma rua” , sendo da mesma época de fabrico do meado do século
O outro fato a que aludimos é o início da aplica XIX. Acontece porém que já havia fachadas revestidas
ção do azulejo além do recinto social do prédio — a com azulejos portugueses no século XVIII e outras com
dupla invasão das superfícies parietais: uma que invade azulejos da mesma padronagem, porém fabricados no
as dependências secundárias da moradia, como dispen século XIX, copiando os primeiros. Entre vários padrões
sas, depósitos, copas, cozinhas, banheiros, etc., c a outra que passaram do século XVIII para o século XIX,
parte que se alastra para fora da casa e vai compor o podemos lembrar de momento dois citados pelo Pro
revestimento externo da vivenda. fessor Udo, um conhecido por "Estrela e Bicho”, que
Ainda segundo Udo, na Bahia "O costume da azu- chegou a Bahia no fim do século XVIIÍ. “ Durante uns
320
cinquenta anos, foi usado este pad rão .. . " e outro tipo, mestre, a nosso ver restringe-se apenas à América do
com flores, azul c branco do qual é dito: “Desenho Sul. Raphael Salinas Calado rth nos mostra um correr
muito querido durante duzentos anos”, riu de casas da Vila de Ovar em Portugal com variados
Santos Simões é de opinião de que os azulejos de azulejos de fachadas atribuídos ao final do século
fachada foram aplicados ainda no século XVIII no XVin. No porto, existe igreja com revestimento exter
Brasil, quando diz: “Constatei que é precisamente no no, to talmente de azulejos.
Brasil e ainda no século XVIII que o azulejo sai dos Em Puebla, no México, há ruas inteiras azutcjadas
interiores e vai revestir fachadas! Solução engenhosa e (em combinações de lajotas e azulejos) datando do
utilitária, ela não havia ocorrido na Metrópole, onde século XVII e na própria cidade do México, existe uma
apenas o azulejo é aplicado em vergas de porta ou jane casa senhorial/no Centro da Cidade, toda azulejada de
las externas". Porém essa primazia alegada pelo saudoso branco e azul, atribuídos os azulejos ao século XVI!
B I B L I O G R A F I A
(1) Mafalda P. Z emella — " 0 A b a s le c im e tv o d a C a p ita n ia (11) E rnani Silva Bruno — op. cit.
d a s M in a s G e ra is n a Século K V 111“ -— USP — S. Paulo,
(12) U lvssiis P ernambucano M ello N eto — op. eít.
1951,
(13) Arquivo das índias — Scvilha.
(2) A ugusto de L ima J únior — " A C a p ita n ia d e M in a s
G e ra is“, 2,a edição — Ric\ (14) E. F. Bramcante — "A chegas.. . Louça Mineira", in Rev.
Paulistânia n,° 79 — S, Paulo, 1975.
(3) Arquivo do Estado de São Paulo — Documentos Interes
santes — vol. 45 -— págs, 133 a 174 — Luís LisantL — (15) O racY N ogueira — "Família e. Comunidade" — M.
"Negócios Coloniais", cd. Ministério da Fazenda — 5 Educação — 1962 — pág. 137.
vols. — Rio, 1973. (16) "Azulejos, sua origem sua história” in rev, "Casa e
(4) S erafim Le it e — " A r te s e O fíc io s n o B ra sil ", Jardim” — vol. 125 — pág. 6 — 1965,
(5) Lycurgo dos Santos F slho — " U m a C o m u n id a d e R u ra l (17) "Evolução do Azulejo em Portugal do século X V ao
tio B ra sil A n r ig a " — págs. 413/414. século X IX ” — Brasil — Maio, 1978 — (Exposição),
(6) José P edro L eite Cordeiro — “Capitão-mor Guilherme (18) Professor Uno Knoff , ob. cit,, pág. 57.
Pompeu de Almeida", in Rev. n.° 58, do Inst. Hísl. e (19) Professor U&o K noff, oh. cit., pág, 57.
Geográfico de São Paulo — pág, 549. (20) Azulejos Beneditinos — Bahia, 1978,
(7) Regísiro Geral da Câmara Municipal — vol. Ill — (21) Ob. cit., pág. 462 — fig, 16 — pág. 458 — fjg. 5.
1745/1747.
(22) R aruaEL Saunas C alado (in “Evolução do azulejo em
(8) Arquivo do Estado — Maço da População de São Paulo Portugal do século X V ao século X X " -— São Paulo _
— 1768. maio, 1978 —. Exposição no Brasil).
(9) A ffonso d'EscRAGNOLLE T aunay — " V ila d e São
P a n to " ,
UO) Serafim Leite — "Artes e Ofícios dos lesai tas no Moda em São Paulo — in rev. do Museu Paulista — nova
B r a s il”, série — vol. V — 1951,
321
A Z U LEJO S
Revestimento externo em Portugal
272
"Rua na Vila de Ovar, mostrando a utilização de azulejos de fachada do final do século X V !li. Fabrico de Aveiro Porto".
{Raphael Salinas Calado, op. cii.j.
bxpaição realizada no Fundação Armando Alvares Penteado, maio de 1978, São Paulo, (Foto cedida por cortesia da Fundação).
322
PORCELANAS BRAGANTINAS
343
3. °) Sopeira ù “présentoir” do serviço de inauguPortugal, período Kiat-Sing. Palácio de Queluz (Michel
ração da estátua equestre de Dom José I, usado na Beurdeley, ob. cit. pág. 190, cat. 160).
inauguração do monumento em 1775, serviço policro- 8. °) Tamborete que pertenceu a Dona Maria I,
mado. Dom José foi príncipe do Brasil e rei de Portugal princesa do Brasil c rainha de Portugal, policramado,
e casou-se com Dona Maria Ana Victória de Bourbon, oitavado (faz parte de um jogo dc cinco). Estes tam
filha do rei da Espanha Felipe V — período Kien-Lung, boretes foram herdados por Dom João VI, Dora Pe
catálogo de junho de 1976 dos leiloeiros franceses — dro I, Princesa Izabei, Príncipe do Grão Pará c Dom
ADER — PICARD — TA J AN (Paris). Pedro Gastão de Orleans e Bragança, seu atual possui
4. °) Molheira e travessa do serviço de Dom Pedrodor. Período Kiat-Sing (E, F. Brancante, ob. cit. est.
III, rei de Portugal (nascido em 1717 e falecido 'em LVIH, alt. 59 cm).
1786). Casou-se em 1760 com sua sobrinha Dona Ma 9. °) Tigela de serviço de chá com o busto de Dom
ria Francisca, princesa do Brasil, a futura Dona Maria João, Príncipe Regente dc um lado, e o de Dona Carlota
1. Serviço poli cromado sobressaindo os tons rosados, Joaquina, princesa do Brasil de outro, peça policromada
tendo ao centro as armas de Portugal, sobre a Cruz ainda no estilo Luiz XVI. Período Kiat-Sing (E, F.
de Malta. Período de Kien-Lung, coleção Jacques Brancante, ob. cit., est. VI, págs. 221/2, coleção de
KLigel (Paris). S. Vieira de Carvalho).
10. °) Peças de sete serviços não armoriados,
5. °) Xícara e pires de serviço de chá das bodas
porém considerados reais e que são conhecidos por:
de Dona Maria I, com seu tio Pedra III em 1760. Peças
Pastores, Galos, Pavões, Corças, Correios, estes prova
policromadas com a alegoria da Glória empunhando
medalhão com a efígie dos reais consortes e a legenda velmente vindos com a Corte e com características de
Kien-Lung, e ainda Paisagem Pequena e Paisagem
“Maria I c Petrus IIP’. Período Kien-Lung, Ricardo
Espírito Santo Silva, J. A. Lloyd Hyde c Eduardo Grande, já do período de transição e, provavelmente
Malta: I!A Porcelana da China”, ao gosto Europeu, de estoques já existentes em lojas do país e adquiridas
Lisboa, 1956, est. XIX, coleção SC de Portugal. para a Família Reai.
11. °) Xícara Companhia das índias com bojo
6. °) Pires policramado de serviço de chá, varianteduplo ostentando na reserva o brasão de Portugal
do anterior, também do casamento de Dona Maria J sustentado por tenentes (dois anjos que pisam sobre o
com Dom Pedro III, no centro também um medalhão pavilhão francês) — esse serviço foi feito para come
com a efígie dos soberanos entre palmas ladeado por morar a derrota e a desocupação do solo português
dois anjos e a mesma legenda, idem, idem coleção E.M. pelas tropas francesas, peça rara. Coleção dc Jacques
Portugal. Kiigel (Paris).
7. °) Floreira hexagonal que pertenceu à Dona 12. °) Serviço conhecido como os Meninos dc
Maria I, de fundo bege decorada alternadamente com Palhavã — coleção de José Maria Jorge.
reservas dc pássaros e folhagens floridas c as armas de Etc., __
344
Sécs. X V III/X IX PORCELANAS BRAGANTINAS
297
298
345
Séc. X V II! PORCELANAS BRAGANTINAS
299
Sopeira c prisentoir do serviço conhecido da "inauguração da estátua equestre de Dom José I, rei de
Portugal". Estas peças foram leiloadas n o F a la i s GalUéra", em Paris, em junho de 1976, pelos rena-
mados leiloeiros franceses: Ader, Ficard e Tajan. Cortesia de Mr, Patricc Sonnenberg — Paris,
346
Séc. XVIII PORCELANAS BRAGANTINAS
Prato raro que pertenceu a Dom José 1, de Portugal {1714-1777), de elaborada decoração azul e ouro:
a borda couta quatorze lobos e c aba é compartimentada também em quatorze divisões com flores e na
de cima o b rasco real; a base da aba junto â caldeira é constituída por um colar de “Jo-i". A caldeira c
de fundo azul, com desenhos quadriculados, arcos e cantas. O centro é com posto de um arranjo floral
tipicamente chinês. Damos a seguir a indicação de José de Campos e Sousa, contida em "Loiça Braso
nada", Lisboa, 196j — pág. 247, de onde reproduzimos a estampa e colhemos os dados; o verbete do
autor ê;
"Estampa X X X I. Dom José I, Porcelana da China, de encomenda, Coleção Corte Real, Lisboa.
Foto Abreu N unes — Lijsboa",
Séc. XV II! PORCELANAS B RAGANTIN AS
301
(detalhe)
348
Séc. XVIII PORCELANAS BRAGANTINAS
30^'
349
Sees. XVHJ/X IX PORCELANAS BRAGANTINAS
304
305
306
350
PORCELANAS HISTÓRICAS OU PERSONALIZADAS
(Século XVIII)
351
13T) Três serviços diferentes tío 5.° conde cie Sar- 21. °) Doisjarrões do Palácio da Aclamação, Salva
zedas, Dom Bernardo José Maria de Lorena e Silveira, dor. Segundo a tradição, esses jarros monumentais que
governador 9 anos da Capitania de S. Paulo e depois adornam o salão de festas do Palácio do Governo da
(lid e Minas. Foi também vice-rei da índia, mas voltou Bahia, serviam na época para armazenar cereais. Pe
ao Brás®, integrando a Corte de Dom João VI, Nasceu ríodo Kang-Hsi. Informações Dr. Luiz Torres — BA.
cm 1756 ern Portugal e faleceu no Rio em 1819. A 22 . °) Pratos embrcehados etn dependência do
cidade paulista de Lorena adotoo-ihe.o nome, em home Convento de Santa Teresa, parte dos fundos, atirai Mm-
nagem ao operoso governador. Os três serviços são seu de Ane Sacra da Bahia, pratos em azul e branco
po lie cornados, ostentando os brasões dos, Silveira c dos com ramos de flores e ccrea. Período Kten-Lung (cerca
Tãvoras, com a legenda "Quaseumque fitjdit” (atraves de 1740). /
sarei quaisquer águas). Período Krat-Shjg — E. F.
Brancante, ob, cit. — etc. XXXII — XXXIII — 23. °) Pratos embrcehados nos dois coruchéus da
XXXIV. Igreja de Belém da Cachoeira — BA — formando uma
14. °) Serviço de Dom José Luís de Castro, 2,°cruz de Lorena — Jouça azul c branco (louça pó de
Conde de Rezende, 13.° Vice-rei do Brasil, de: 1790 a pedra inglesa, conhecida por borrão, séculos X V III/
180R A cidade cie Rezende adotou seu apelido em XIX). Retificamos informações anteriores de que se
homenagem à sua pessoa. Sob seu governo c que foi tratava de porcelana chinesa.
supliciado o Tiradentes, Decoração políeroma com o Havíamos informado (ob, cit. págs. 141/143/144)
brasão dos Castros ao centro (ouro e arruelas azuis). que se tratava de porcelana chjnesa azul c branca, do
Período Kien-Lung. Conde Castro e Sola, ob. cit, pág, século XVII, baseando-nos em assertiva de 1937 de Go-
92, (E. F. Brancante, est. XX — coleção Campos e dofredo Filho, de que a cúpula era coberta “da mais ruti
Sousa — PorL), lante dc louça de Macau" (in rcv. do* Scrv. Patrimônio
15. °) Serviço, atribuído ao Comandante JoaquimHist. e Arts. Nacional 1937, págs. 101/111), Porém
José de Siqueira — proprietário, em Mala Porcos Santos Simões refere-se “a vestígios de louça oriental de
(Botafogo), de uma das mais belas residências do Rio mistura com azulejos de padrão azul, obra que se me afi
de Janeiro. Decoração Luiz XVI, à maneira do “bleu gura ter sido feita já nos princípios do século XIX” (ob.
du roi”, com ramagens douradas e a sigla J.J.S. dentro cit. pág. 56). Diante das discrepâncias, fizemos verifica
de uma elipse ao centro. Cerca cie 1770/80 — Período ção in-loco. Os pratos são dé louça inglesa (pó dc pe
Kten-Lung (Newton T. da Silva Carneiro — “A Louça dra) em azul borrado (louça borrão) com motivos
da Companhia das índias no Brasil”, 1943 — SP — imitando os orientais e alguns 'brancos. Quanto aos
pág. 22). azulejos portugueses, confirmam o período de princí
16. °) Serviço de Dom Frei Cipriano dc São José,pios do século XIX pela espessura (13 mm), pela
5.° bispo de Mariana (1799), decoração policromada decoração de um azul esmaecido c pela pasta cor de
com barra azul denteada, centro flores. Período Kien- palha. Há porém cacos de louça chinesa.
-Lung — ( Edgard Cerquei ra Falcão — “Relíquias da
24. °) Cacos embrcehados no altar de Santo Antô
Terra do Ouro").
nio, na entrada da Igreja de Nossa Senhora de Boa
17. °) Serviço com a sigla do Capitão João NogueiViagem, onde existem três grandes e magníficos painéis
ra dos Santos —- J.N.S, — casado com Dona Joana da em azulejos estaníferos, no altar-mor, com ex-votos em
Conceição, pais <le Domingos José Nogueira Jaguaribe azul e branco, fabrico de Lisboa (?) e embrechados
(Visconde de Jaguaribe). nascido em Aracaty — Ceará, cacos de cerâmica djversa — louça inglesa (pó dc pedra,
em 14 de setembro de 1820 e falecido no Rio de Janeiro etc), tipo borrão ej outros fragmentos de azulejos do
em 5 de junho de ÍS90. Desembargador da Relação dó Pas de Calais, mas contendo também cacos de pofcela-
Recife e do Rio, senador pelo Ceará e ministro da na chineza azul e branca, cacos de azulejos portugueses
Guerra em 1871. As peças são policromadas em ‘Tougc azuis com cabeças de anjo, etc. (séculos XVIII e X IX ),
de fer” e ouro e dentro de um ovai as iniciais J.N.S.; a
decoração da aba de eximia execução é conhecida por 25. °) Cacos e pratos de louça inglesa e porcelana
Fiizhugh, muito apreciada na América do Norte. No chinesa, embrechados no Jardim das Princesas, na Quin
Brasil existe outro serviço, o do Visconde de Cabo Frio, ta da Boa Vista, Rio de Janeiro (séculos XVIII c XIX).
(sem iniciais) com aba idêntica mas em marrom. Perío 26. °) Serviço que pertenceu, segundo consta, à
do Kiat-Sing. A travessa da estampa pertenceu à coleção família Freire, radicada cm Paqueíá, nos séculos XVIII,
de Gastão Penal va, jornalista carioca e colecionador. XÍX e XX. Peças desse aparelho foram exibidas em
38.° ) Dois serviços que pertenceram a Francísca da Buenos Aires, em Exposição patrocinada pelo Ministé
Silva de Oliveira (a famosa Xica da Silva), casada com rio de Educação do Brasil, e constam do Catálogo sob
João Fernandes de Oliveira o opulento contratador de n.° 38 (18-10-1966) sob àquela denominação.
diamantes, um cm porcelana chinesa (louça de Macau) 27. °) Tigela brasonada atribuída à Família Albu
e outro de fabrico japonês, porcelana de Imari com querque —- Período Kjen-I.ung,
peças vasadas policromadas com realce de azul e ver
melho. Segundo metade do século XVIII — coi Ante 28. °) Serviço com as armas dos Lindcnbergs —
nor Edmundo Horta — M.G. Serviço de mesa e de chá. Segundo informações, perten
19.°) Par de vasos da Igreja de Mariana, policro- ceu a Adolpbo Frederico Lindenberg, cônsul alemão em
mados, alt. 85 cm, fundo em “powder blue”, com Portugal — irmão de Luiz Lindenberg, filhos do
reservas em Família Rosa, Período Yung-Chcng. burgomestre de Lubeck João Gaspar Lindenberg —
2Q.°) Par de vasos da Igreja de São Francisco de (1740-1840) . Acreditamos que parte do aparelho tenha
Paula — Rio de Janeiro, do período de Kang Hsi, dc chegado ao Brasil, através dc Lujz Lindenberg que aqui
acordo com Francisco Marques dos Santos, se radicou.
352
Séc. XVIII PORCELANA COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Histéricas ou Personalizadas)
307
A lt-avessa moldada com !rançado de cesleariã na aba e
guirlcindas de flores, com friso azul e faixa na caldeira com
o brasão, coronel e a legenda Ave-Maria, faz parle do serviço
do 1,a Visconde de A{irandella — Francisco A ntônio Veiga
Cabral da Câmara, governador interino da Capitânia de Santa
Catarina (1778/79) e governador das Armas do Rio de Janeiro
(1780) e governador da índia. Coleção A Chiou Carneiro.
308
309
353
Sees. XVIU /XIX PORCELANAS CHINESAS
(Históricas ou Personaliiadas)
310
354
Sécs. X V II!/X IX P O R C E L A N A S C O M P A N H IA D A S ÍN D IA S
Família Lmdenberg
Segundo o Conde de Castro c Sola fob, cit. pãg. 157 — est. L X X X IX ) este .serviço
pertenceu a Ailolpho Frederico Liadcnbcrg, cônsul alemão em Portugal, irmão
de Luiz Lindenberg {que veio para o Brasil 'em ISIS) ambos filhos de João Gaspar
Lindenberg (1710*1824! senador blrgomestre de Lubcck. Acreditam os que os dois
serviços sejam do burgo mestre e que o Adoipho, como o Lidz, se w irmão, tenham
herdado parte dele, pois são encontradas peças desse serviço (tanto a de mesa,
como o de chá) no Br as d. Lrtiz foi o tronco brasileiro dessa ilustre família, nascido
cm Lubeck ein 0 7.11,1700 e falecido no R io em 10.0$ .1850; era engenheiro
agrônomo, administrou ã Fazenda)Mandioca, do Barão Von Langsdorff, em Porto
Estreia, tendo depois fundado as Sulinas de Cabo Frio, a serviço de Dom Pedro
1, O prato de cima tem friso marrom c ouro e no centro as armas policroiuadai
dos Lindenberg e pertencente ao Arquiteto Adoipho U ndcnbetg. A xícara de
baixo, de fundo negro i listei dourado na reserva, ostenta o m esm o brasão da
família. Coleção Newton Carneiro (Vide Carlos Fouquet — A Família Lindenberg
no Brasil, in rev. Genealógica Brasileira — ano í — 194 — nP 1, pág. 21 —
S, Paulo. — Alberto Lamcgo — "O Homem e. a Restinga" — Rio).
355
Séc. XV SII PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
{Históricas cm Personalizadas)
314
356
Séc. x v i u P O R C E L A N A S C O M P A N H IA D A S ÍN D IA S
(Históricas ou Personalizadas)
(BRASONADAS)
357
Sees. X VI U/ X I X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Históricas ou Personalizadas)
358
Sêc. XV 111 PO RCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
A Família Ataíde — Condes de Atouguía
n JV i ■J ‘. i , ■ C 3 /■ .
O brasão da fa m ília dos Aíatdcs remonta ao 1? Conde de Atougnia, A h a io Gonçalves de Ataídr. isso pelos idos da metade tio século X IV . ao
tempo do rei Dom A fonso V, de Portugal, cognominado o Africano, de quem Álvaro fo i lio. Consistia esse brasão dc "três bondas de prata,
sobre campo azul, tendo cotno timbre uma Onça agachada".
Essa família notabilizou-se na História (e também na do Brasil), incluindo-se um dos seus mem bros naquela plêiade de super-homens que no
século XVI , não só criaram o imenso império ultramarino, como souberam manter (um pttgilo de bravos, com pulso e ânimo fortes) o domínio
lusitano sobre a imensidão do mundo oriental■
Pode-se dizer que ê com a morte de Dom Lais de Ataíde, o 3? Conde de A tottgtlia, que sc encerra aquele cicio luminoso da história lusitano
e o desfilar daqueles gigantes legendários. Fm d e duas vezes Vice-rei da índia e na última gestão, com o 23.° Vice-rei de 1579 a 15S3 (segundo
Lafitau), governou o império oriental português no curro reinado de Dom Sebastião, que se encerra cm ISSO, Consta que nesse ano, o rei Felipe
II da Espanha que havia assumido o trono também de Portugal, tem endo que peta sua fama, valor c capacidade Dom Luís fundasse um império
ultramarino independente da Espanha com sede tia índia, apressou-se a conceder-lhe o título de. Marquês de Santarém. Esse título não veio a
ser usado pelos seus descendentes que eram conhecidos sociaimen te por Condes de Atougtãa, porém a maioria de seus descendentes já no século
XVII, passa a usar a coroa de marquês em lembrança daquela honrosa outorga real. Isso ê comprovado tanto em estampas (Dom Jerânimo, 6,°
Conde) como na louça do século X V l í (Jarra do Museu Nacional de Arfe A ntiga) e sobretudo nos serviços da primeira metade do século X V i l l ,
como veremos mais adiante,
A segunda personalidade dessa família, em ordem de projeção social e administrativa, foi o 6 ? Conde, Dom Jerônimo, q primogênito do
SP Conde, que foi um dos conspiradores e se insurgiu contra o domínio filipino em 1640, tendo falecido em 1655. Desempenhou importantes car
gos na administração metropolitana, como foi também um prestimoso governador g eficiente Capitão general do Brasil, de 1654 a 1657, A ele,
atribuímos a farra referida, do Museu Nacional de Arte Antiga e reproduzida em página inteira por Beurdeley (ob. cit. pàg. 57) e classificada
apenas como sendo do século X V l i c da família Ataíde, sem indicação da personagem. Assim pensamos, porque Dom Jerônimo, o 65 Conde
de A rouguia, em estampa que existiu na Biblioteca Nacional de Lisboa é visto ao lado do Brasão dos Ataídes, encimado por Corou de marquês.
(Vide Zuquete, ob. cit, pág.s, 334/5). (Esta estampa encontra-se agora no arquivo do Museu Nacional de Arte Antiga).
0 outro grande vulto da história familiar dos Ataídes foi o 10P Conde de Aloitguia,. Dom Luís de Ataíde, mas cujo nome por extenso ê
Luís Peregrino de Ataíde, nascido em 16 dc Outubro de 1700 e falecido em 1756. Fez parle do Conselho d'El R ei D om João V, foi capitão
general do Reino dc Algarve e a seguir, 65 Vice-rei do Brasil, de 1748 a 1755, N o século X V Itl, fo i a personalidade de nmior destaque da
família (razão também dé poder ostentar variados e ricos serviços que sua condição social reclamava cm parle), isso porque o Se lí filho Dom
Jerônimo, o I I P Conde de Alottguia, casado com uma Távore, teve trágico destino, morrendo m oço no cadafalso em 1759, na chamada cons
piração dos Tthora. Teve Dom Jerônimo "seus bens confiscados" — a "casa demo!ida" — o "chão salgado" e "picado ou raspado o seu
brasão de armas".
Dom Jerônimo. c infeliz H P Conde . deixou três filhos menores e sem fortuna, um deles de nome Luís, sem condições de manter a alta tradi
ção de nobreza. Somente em 1800, Dom João, Príncipe Regente, revogou em parte as penalidades que recaíam sobre a ilustre família.
Assim dos Ataídes do século X V líl, .‘■■•'rente o nosso Vice-rei desfrutou dc stotus que permitisse a posse de tão magníficos e numerosos apa
relhos em Companhia das índias, A seguir enumeraremos e comentaremos ai peças dos serviços que tivemos a oportunidade de ver, inclusive
Com brasão e alguns também trazendo iniciais, dc cinco aparelhos diferentes, dos quais dois deles são representados aqui no Brasil, um em coleção
tradicional particular e outro em um dos nossos museus importantes.
Tentos conhecimento de que a atribuição desses serviços ans Ataídes, após décadas de tranquila aceitação por museus c colecionadores, vem
sendo contestada ultimamente por ilustres ceramógrafos, porém com o devido respeito, adiamos necessário também expor nosso ponto de' vista
a respeito, no que acreditemos estarmos concorrendo para que outros possam fazer um juízo mais completo do assunto.
359
Séc, XVIII COMPANHIA DAS ÍNDIAS
( I a m el ade) Ataídc (n,° J)
360
Séc, X V U I C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
(1 ° ntft ade } A ta id e ( N ,° 2 )
3 2 5
326
362
Sêc. X V II! C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
Ataídc (Serviço n,° 5)
327
363
Séc, X V III PO R C E LA N A CH IN ESA E JA PO N ESA
(Serviços Personalizados)
32S
Prato, ern Companhia das índias que pertenceu ao 5P Bispa
de Mariatia (Minas) Dom Cspriano de São José (1799), Btitra
e borda alaranjadas com triângulos alternados azuis e brancas,
apresentando um aspecto denteada, gênero "Serrilha". Note-se
na aba um frijo azul c abaixo outro mais grosso circundando
fundo do pmip.
A o centro flores. O serviço acha-se recolhido no M useu Arqtti-
episcopal de Maritma, ê lido conto proveniente de "G oa", vide
lideur de Ccrqueira Falcão — Relíquias da Terra do Ouro - ■
1957 — Si:o Pauto, pág. 83 — cot. de Roberto Pararihos do
Rio Branco.
330
J29
364
Séc. XVII! LO U ÇA C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
(Personalizada)
33!
365
Séc. X V líl PO R C E LA N A C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
(Históricas ou Personalizadas)
(America Espanhola)
332
Travessa com brasão no centro e legenda acima de um membro Sopeira do século X V UJ de origem espanhola.
da Família G aí vez. Vide Beurdeley, pdgs. 89/90. Cortesia do Museu Nacional de A rte Antiga.
Coleção de A ntenor Edmundo Horta (Brasil).
Obs.; O prato de arroz poticrornado a esquerda, tem dois filetes X V líl: M athias de Galvez (>■ Gallardo) que fo i Vice-rei no
cor de rosa (um denteado) na aba e no centro um vistoso brasão México e D om Bernardo de Gâlvez (y Gallardo), nascido em
com largo paquife com troféus encimado por elm o e coronel 1746, que fo i tenente-general dos Exércitos Reais, Governador
e tem ainda sobre esse conjunto ornamental uma cinta em azul ■ e Capitão General da Luisiana e da Flórida e que por seus
contendo uma legenda. Esta legenda fo i relevada e decifrada méritos recebeu a comenda da Ordem de São Carlos e o título
de outra peça (uma terrina da coleção de M adame Espírito de Conde, cm 1783, do rei Carlos IIJ. Este titular deixou um
Santo, Lisboa) por M ichet Beurdeley (ob. cit. pãg. 90) e deve-se filho, M iguel de G a h e z, que fo i o 2F Conde de G a h ez, nascido
ter: “A rm as dei Exmo. Senor Galvez em Gueriço na Venezuela, Acreditamos que os dois serviços
A terrina policromada à direita com idêntico brasão . elmo apresentados, que ostentam os mesmos atributos heráldicos
coronel, paquife e troféus, sem a cinta porém, pertence ao (em um falta a cinta), pertenceram a Dom Bernardo de Galvez,
Museu Nacional de Árte A ntiga (Lisboa) e lã está classificada o primeiro conde, porquanto as suas armas estão encimadas
com o armas de **família espanhola”. Dam os o pormenor do por um coronel de nobreza; e o paquife que circunda o escudo
brasão da terrina para melhor confronto. N ão temos dúvida ê todo ele de caráter bélico com os troféus (bandeiras, lanças,
de que eram dois serviços diferentes, um com guirlandas e outro canhões) o que condiz com sua carreira de verdadeiro militar
mais simples que pertenceram ao mesmo nobre da América e brilhante guerreiro que foi.
Espanhola: David H covard e John A yers (oh. cit. pãg , 390, ví crescer que embaixo dos dois serviços hâ a cruz da Ordem dc
estampa 356} exibem uma bela jardineira do serviço idêntico São Carlos, que não consta ter sido concedida ao Vice-rei, nem
ao do Museu português (com guiríandas), sem a cinta com a ao 2 ? Conde de G alvez e sim a D om Bernardo (vide A lberto
legenda. A família Galvez fo i m uito importante com diversos y A ríuro Garcia Carrafa — “Dicionário heráldico y Genealó
ramos espalhados santo na Espanha, com o na América. Dois gico de Apelidos Espanoles y A m cncanof* — 1930 — Madrid
membros dela se destacaram em solo americano no século — vo/. X X X I V — págs. 28/32).
366
Séc. X V III PO R C ELA N A C O M PA N H IA DAS ÍN D IA S
(Históricas ou Personalizadas)
(México)
332
367
Séc. X V U 1 porcelana c o m p a n h ia das ín d ia s
(Históricas ou Personalizadas)
{América Espanhola)
368
PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
3 ,a C a te g o ria :
b ra s õ e s e o u tr a s c o m in ic ia is q u e n ã o p u d e ra m s e r
N e s ta c a te g o ria , n ã o fa z e m o s re la ç ã o ; a p e n a s e x ib i id e n tific a d a s n a e s p e r a n ç a q u e p o s s a m a in d a v ir a ser
m o s e s ta m p a s d e p e ç a s c u ja p ro p r ie d a d e se p e rd e u n o re c o n h e c id a s p o r a lg u m d e s c e n d e n te o u id e n tific a d a s p o r
te m p o e c o n tin u a ig n o ra d a n ã o d is p o n d o p o is d e u m a h is to ria d o re s e h e ra ld is ta s .
filia ç ã o o u d e u m a id e n tific a ç ã o q u e as v in c u le à n o ssa E s ta m p a m o s ta m b é m d iv e rs a s p e ç a s c h in e s a s n o
h is tó ria d ire ta m e n te o u a se rv iç o s q u e te n h a m p e rte n fin a l d o S e te c e n tis m o , sa lv a d a s d e u m n a u frá g io c o
c id o a p e rs o n a lid a d e s d o m e io so c ia l, n h e c id o p o r N a u d e M o n t S e r r a t, h á p o u c o d e s c o b e rta
E la s fo r a m e sc o lh id a s de d iv e rsa s c o le ç õ e s e pelo ( 1 9 7 5 ) e m S a lv a d o r, q u e v e io a u m e n ta r, c o n s id e ra v e l
m é rito q u e a p re s e n ta m , se ja d e fo r m a to o u d e d e c o m e n te o c o n h e c im e n to d o s tip o s d e lo u ç a s c h in e s a s
ra ç ã o . N e s ta c a te g o ria e sta m p a m o s ta m b é m , p e ç a s com u sa d a s n o B ra s il, n o p e río d o c o lo n ia l e im p e ria l.
369
Sees. X V I I I I X I X PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
370
Sêc. X V W PO RCELA N A S C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
ANÔNIM AS
(Decoração Jestmíca)
334
371
Séc. X V Hl PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
ANÔNIMAS
{Decoração Jesuítica)
335
372
Sêcs. X V 111 / X I X PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
373
Sécs. XVIU/XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS ANÔNIMAS
337
374
Séc. X V I I I PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
Os Ires pratos de cima fazem pane da amiga coleção dc Luís Nazareno de Assumpção (cor
tesia da Família); o 1 ° à esquerda apresenta duas codornas, í do período de Yung-Cheng,
peça rara; o 2P bastante elaborado, tem como motivo centra! um rolo de seda ou papel
desdobrado, "pólo da sabedoria". A m bos os pratos são considerados da Família Rosa. O
prato do centro em altd e ouro tem no verso o " double ring" e o símbolo chamado de " flor
de artemísia.” •’ è conhecido internacionalmcnte por " powdcr blue”. Os dois pratos de baixo
são dois exemplos de variantes do gênero chamado de Chincse-Imari, pois que são cópias
inspiradas na decoração usada pela famosa fábrica japonesa dc Im ari (foram identificados no
Oriente),
375
Sécs. X V Jli/ X lX PO RCELA N A S CHINESAS A N ÔN IM A S
(Diversos Períodos)
339
Prato rttso e vistoso do período de Yung-Cheng, com duas codornas em baixo e bela folhagem de peônias, Família Rosa
Sobre a gtasura está marcado em chinês o nome do forno de produção , ocorrência rara no.v peças chinesas, À direita
b u h com grande medalhão copiando cena de gravura francesa, a alça escura è em prata francesa do século X V Ílf, marcada.
Os antiquários portugueses costumam classificar essas peças com cenas policromadas como "Figuras Enron fias" O prato à
esquerda, com signos Taoistas na aba e cena chinesa r.o centro é da coleção de Do,n Pedro Castão de Orleans e Bragança.
A travessa de basxo {par} e uma das betas vananres da conhecida serie “Tobacco L eaf” do sâcuio X V IU e faz pane da cole
ção do jDr. Fioriauo Campõtina de Rezende Camargo.
376
Séc. X V III PO RCELA N A S CHINESAS ANÔNIM AS
(Peça híbrida)
340
PORCELANA D A C H IN A — C H IA -C H ÍN G (1796-1820)
B U D A
Oferta 4a Srtt. D a Maria Cristina M oniz Galvâo.
Cortesia Fundação A bel de Lacerda — Museu do Caramuio,
A s três peças dç cima: poie, buís e leiteira, são cpnhectdàs por Jesuíticas'f pintadas a ltencre de Chincu , ouro e cor
de rosa, estas eram também do agrado do mercado brasileiro (o naufrágio do M ont Serrai em Salvador, exibe quanti
dade de peças idênticas, infelizmente desbotadas ). Estas peças foram leiloados na França {Áder, Picar d, Tajan, em
1976 em Paris). Cortesia de Mr. Patrice Sonnenberg. O cão de baixo, com seu guiso r policromado, existe em várias
coleções. Beurdcíey exibe um cão parecido dc coleção portuguesa. A s 'duas lebres no centro, poíícromadas, form am
uma representação rara.
Coleção .Particular.
378
Séc. X V 111 PO R C E L A N A C O M PA N H IA DAS ÍN D IA S
(Represent ações aoomorfas)
379
Séc. X V III C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS
(Representação zoom orfa)
34:
£ íf í gênero de representação em sopeiras como também de gaios, galinhas, gansos, javalis, fo i do cgr ado do
marcado europeu, no último quartel do século X V III, Existiam peças avulsas e outras que acompanha
vam certos serviços Jc luso em Companhia1'dus ín d ia s — assim encontram-se ainda hoje, tanto cabeças
de vaca como de javalis, gansos, etc., com os brasões correspondentes aos apostos rios serviços de mesa.
O espécime exibido é dos mais raros, pois a sua policromia foge à regra dos outros; fundo a própria
porcelana salpicada de flores e folhagens, no género alemão de Meíssen (blumen style), c dentro da-
çromia da Família Rosa. Período Kien-Lung. Coleção de Gilberto Daccaclte — 5, Puulo,
380
Séc. X V 111 III — PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS ANÔNIMAS
Dos lados, gomil de face e de perfii, Família Rosa. século XV!II, Cortesia de A ntônio Carlos Noronha. Beça característicamer.te
barroca, pintada em esmaltes da Família Rosa com flores esparramadas r bouquets do gênero "deittsche blumen style", inspirada
na produção da fábrica de Meissen. (Vide David Harvard and John Ayers — China fa r the West — fig. 53C-A, pág. JS/J.
A o alto outro gomil, em forma clássica européia, gomiiado com larga alfa é decoração cm “chinoiscries". Cortesia Sr. João Pen
teado. Embaixo, um gomil de decoração Família Rosa, porém "sub gene ris" Com uma carranca à maneira dos belarminos do
século X V ii Coleção Gilberto Daccache.
381
Séc, X VIII PO RCELAN AS C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS ANÔNIM AS
(Pecas Sanitárias)
344
peça de cima representa um bidê, ainda de decoração da Família Rosa (primeira metade do
século X V I//). Foram os franceses que no começo daquela centúria introduziram o uso desse
aparelho no equipamento domiciliar, tanto em faiança corno em porcelana européia. Nü
estampa trata-se ja de porcelana chinesa. Há outros exemplares sobretudo em azul e brancot
no gênero da louça de Macau c sua exportação prolongou-se do século X V 111 até o correr
do X IX , A peça é das mais raras, A peça a tateo de form ato ovalado e larga alça é conhecida
por {‘Bourdaloun (urinol portátil para senhoras) apareceu na França, fabricado tanto em
porcelana corno em faiança européias - Em porcelana Companhia das índias aparece por
volta de 1722 prclongando-sc o se ar fabrico até 1 7 9 5 segundo George Savagc and ffarold
Newman — {An lUustrated Oiciionary o f Ceramics, pág, 53}. Quanto ao nome e emprego
há uma versão que foi inventado ao tempo de um pregador jesuíta Louis Rourdaloue
(1632-1704) que pregava na C one de Luís X IV , porém " cujos longos discursos detinham as
damas da Corte de tal maneira que necessitavam desse receptáculo prático**. (Vide Ehnor
Gordon Cúllectmg Cfnncse Export Forceiai n New York, 1977 — pág, 111). A peça estampada
é atribuída à segunda metade do século X V Ilí.
Coleção Gilberto Daccache,
382
séc. x v m PO RCELA N A S CHINESAS
(Chinese Imari)
345
383
PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS ANÔNIMAS
346
Linda sopeira t “présentoir" do século XVIU (Kien-Lung) com cotoa de Visconde c um l e um L com um D entrelaçado.
Coleção de Florindo dos Santos fPortugal).
Fruto de serviço rico com as armas na aba e cena chinesa ao Prato de serviço do século XIX , com timbre e coronel dc
centro. Fmmha Host,. Coleção de José Maria Jorge {Portugal). Visconde, nos dois quartéis superiores as armas de Portugal,
Coleção de José Maria Jorge (Portugal),
384
Séc, XVIII PO RCELA N A S C O M PA N H IA DAS ÍNDIAS ANÔNIM AS
(in s p ir a d a s na B íb lia e L ite ra tu ra O c id e n ta l)
347
385
Séc. X V U i PORCELANAS CHINESAS
(C o nvento de Sla. Teresa — Salvados da Nau de Mont Serrât)
(azul e branco)
34S
3 86
Séc. X V UI PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
(azul e branco)
349
387
séc. x v i u PO RCELA N A S CHINESAS A N ÔN IM A S
(Marcadas)
J50
388
Séc. X V i l l PORCELANAS CHINESAS
(azul e branco)
351
339
s ic . xvm PO RCELA N A S CHINESAS ANÔN IM A S E GRÉS
(R epresentações Z oom ú rficas)
352
O cavaleiro à esquerda (faz pane de. um por) é de tonalidade verde-escuro brilhante e de pequena estatura, período de Kang-ltsi, par
idêntico, foi vendido cm Sothehys em 17.0i.J966 (vide Ivory Hammcr-Soíhetry's Fark Bernet — 1965/66 — Londres). A figura do
centro é chamada de Cão tle Fé e representa, na tradição sino-hindu, um animal mitológico aparentando um dragão que serve dc
guardião aos templos e por extensão à proteção familiar: também são conhecidos por leão ou dragão de Fã; aliás i costume tam
bém colocar em cimeira de mansões r seus extremos é beirais, telhas ornadas com essas figuras mitológicas e outras pala afastar
os rr.pl>de.s malignot da casa, São apresentados em par: Macho e Fêmea, o da figura c macho. A peça é decorada cm três cores:
verde, amarelo e marrom, em jogo alto, Na parte superior porta um canudo canelada e com pontas verdes, onde são colocadas
as haguetes de incenso, pois se trata de um defumador, Essas peças.foram m uito reproduzidas em diversas dimensões em várias
épocas, sendo as mais reputadas as de Kang-Hsi, à cuja dinastia atribuímos, o leôo exibido.
A direita vemos em g ris a representação de um tigre indiano. Essas pequenas figuras eram também executadas em "cioisonné" nas
mesmas cores.
Arquivo do Autor, >
390
séc. x vin GRÉS CHINÊS
352?
391
VII - PORCELANA BRASILEIRA E BISCUIT
(A N O — 1793)
393
de que a baixela deve ter sido fabricada com o caulim Diremos nós, que nada há de mais plausível diante
recolhido por Bartolomeu da Costa, ou pelo Dr, Van- dessa abalizada opinião que João Manso Pereira quises
dei li, não sendo natural que dele houvesse então outros se homenagear um ilustre “brasileiro” com uma folha
pesquisadores, a não ser que o Dr, Manso Pereira. . . de serviços das mais brilhantes a favor do Brasil e de
já tivesse iniciado no Brasil os seus trabalhos nesse Portugal, oferecendo-lhe um serviço de chá.
sentido”. O que há de curioso e lamentável 6 que só se co
Página 24: “Serviço de chá que figurou na Expo nhecem no Brasil, até o momento apenas três exem
sição de Cerâmica, realizada no Porto em 1882. Joaquim plares marcados desse ceramista que usava cinco marcas
de Vasconcellos descreveu assim: Compõe-se de seis diferentes. Um anel em coleção particular (tipo cama
chávenas com seus pires, bules, leiteira, açucareiro (sem feu) no Paraná, e outras duas peças ovais de três c meio
tam pa), mantegueira c tigela de lavar as chávenas (figu por três centímetros, em bíscuit, constando do leilão de
ra da Glória coroada, com um carro triunfai puxado por novembro de 1977, sob lote n.° 8, do leiloeiro Ernani,
dois pavões verdes com um medalhão com dois retratos que foram posteriormente adquiridas pelo Banco do
e escrito na moldura Maria I c Petrus IIÍ), Supomos se Brasil, peças representando o Princípe do Brasil Dom
rem estas peças um resultado dos ensaios do Tenente João e a Princesa Dona Carlota Joaqnina,
General Bartolomeu da Costa, 1774. A maior parte das Gastão Penal va atribui a João Manso Pereira, um
peças tem o monograma na borda J.P.X., em vermelho) prato, porém sem marca, e. cujo desuno 6 ignorado. No
ou J.P.X.C, Teria o serviço pertencido a Joaquim Pi entanto em Portugal, além dos serviços que lhe são
nheiro Xavier Cintado (sic ), (o certo é Curado) atribuídos, existem numerosas peças marcadas entre
1743-1830, general nascido no Brasil (G oyaz), Barão entidades e coleções particulares.
e Conde de São João das Duas Barras, Comendador da De qualquer forma, esse insigne patrício, para gáu
Torre e Espada, Governador das Armas de 1822 a dio de nossa cultura, fez inscrever marcas brasileiras,
1828, conforme Enciclopéia Ilustrada, vol. X I, pág. 406. ainda no século XVJII, nos tratados internacionais de
Num artigo intitulado “Cerâmica Portuguesa *— Subsí cerâmica; e outros compêndios confirmam a lhe con
dios Históricos", Joaquim cie Vasconcellos é de opinião sagrar o nome, de forma a demonstrar a nossa priori
que o serviço pode mui lo bem, ser obra do Dr, João dade, na América Latina, na produção da tão cobiçada
Manso Pereira. porcelana.
1 _. ]Lisbonne, Lissabon!
Brésil
L IS B O A
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Marcas de João Manso Pereira, consignadas no livro de Graesse “Guide de 1'Âmaleur de Porcelaínes er de F ayencef’.
13 èriíe edition
por
E. Z IM M E R M A N
Berlim, 1910.
394
Séc. X V I 11 PORCELANA BRASILEIRA E BISCUIT
395
VIII - COMENTÁRIOS SOBRE A S
PORCELANAS CHINESAS ANÓNIMAS
DA NAU AFUNDADA EM MONT SE R R A T
imprensa (“A Tribuna”, “A Tar vasos, jarros e potes, têm formatos diversos: “balaústre”,
de", "O Jornal da Bahia" e o corneta, piriforme, globular, gomílado, com base lisa ou
“O Estado de Sáo Paulo” ) no canelada, com ou sem aplicações vasadas na parto
correr do ano de 1975, noticiou inferior.
a descoberta dc uma nau afun Quanto aos pratos, só os há rasos, uns de perfil
dada perto do Forte de Mont ocidental (com caldeira e aba) e outros de perfil orien
Serrat, defronte a praia de Boa tal (sem aba, de borda atigelada).
Viagem, em Salvador. O achado foi feito peio jovem Há representações zoomorfas, com Cão de Fô, dra
mergulhador Walter Dias de Andrade, que além dessa gão, tigre, veado, cavalo, e, antropomorfas, com uma
descoberta fez a de uma ti3U holandesa, entregando a série em “biscuit émaíllc" de figuras chinesas e hindus,
recuperação desta, ao Comando Naval, que dela já cm que se sobressaem as “Damas”, cm esmalte azul e
retirou uma esplêndida série de canhões de bronze do céladon, e ainda, estatuetas em grés com esmalte azul.
século XVII e mesmo de períodos anteriores. Quanto à decoração, o material da nau afundada
Os achados da primeira nau foram examinados enquadra-se nas duas técnicas usuais de aplicação de
pelo Professor Valentim Caldcron, arqueólogo, atual cores. As peças queimadas a fogo alto são as repre
diretor do Museu de Arte Sacra da Bahia, que os clas sentadas pelos pratos, tigelas, xícaras, potjches, frascos,
sificou como sendo do século XVIII, trazidos da etc., pintados de azul de cobalto sob a coberta, e os
índia por nau mercante portuguesa. ( “A Tribuna”, potiches de cor chocolate (chamados de “ nozera” na
17-02-1975). Bahia), assim com o as representações zoomorfas de
Convidado também para, como ceramógrafo, opi variantes de verde, marrom e amarelo, e as aníropo-
nar sobre o material recolhjdo, passamos a extern ar morfas de esmalte branco brilhante, azul c "céladon".
nossas observações: Estas peças queimadas a alta temperatura, protegi
I — Os achados, bilros em jacarandá de mobi das pelo esmalte denso ou pela pintura sob a glasura,
liário, fragmentos dc imagens de marfim à feição de sofreram muito pouco com o incêndio.
Goa, espelho de fechadura de bronze adamascada e O restante das peças *— bules, leiteiras, xícaras,
jóias filigranadas dc tipo indo-português, resíduos de vasos, etc., foi decorado a fogo brando sobre o vidrado,
especiarias diversas, a cerâmica (parte em azul e bran na técnica e no gênero jesuítico, à base de desenhos
co, parte policromada), deixam supor tratar-se de elaborados com tinta preta (a base de manganesío)
carregamento vindo do Oriente, mais especificamente de vermelho rosa ou carmesim, e decoração a ouro, esta
Macau e Goa, em nau ou mais provavelmente em car- fixada ainda em temperatura mais baixa.
raca lusa da Carreira da índia, incendiada. Nesse rol, incluem-se elegantes xícaras de azul
Com referência ao acervo cerâmico contido na nau, soprado (powder blue) com aplicações em ouro, e as
abrange ele as seguintes categorias: de fundo negro fosco com reservas policromadas.
a) barro cozido (lajotas de piso) Quanto à qualidade, o material recolhido reúne
b) grés djversos: cinzento (estatuetas, defumado- três níveis distintos. Começa com as finíssimas porcela
res em parte esmaltados) marron e escuro nas casca dc ovo, e as brancas policromadas no gênero
(serviço de chã), estes últimos de Yí-Shlng. jesuítico, com vestígios ainda de folhagens, flores, inse
c) biscuit (figuras e estatuetas em parte esmal tos, aves, etc., e as em azul soprado (powder blue) com
tadas ). vestígios de decoração dourada, as de fundo negro fosco
d) porcelanas diversas; casca de ovo, pasta fina ou chocolate (estas de tipo Batávia), ambas com reser
branca, pasta grosseira acinzentada. vas policromadas. E ainda dentro dessa primeira linha as
Quanto aos artefatos, há variedade de bules, lei peças de adorno, em “biscuit émaillé”, tanto cm pasta
teiras, tigejas, xícaras, covilhetes, poüches, vasos, jarros de porcelana com o de grés (recobertas com esmaltes
e poles, pratos rasos, estatuetas, defumadores, frascos . cm parte).
para chá, floreiras pequenas com folhagens e flores em Algumas daquelas peças cm porcelana, apresentam
porcelana, etc. o duplo círculo (double ring) com ou sem signos
D e notar que os bules são de forma abolachada no frete.
com bicos retos ou recurvados, com bases lisas ou cane D e média qualidade, aünham-se os serviços de chá
ladas, as leiteiras são piriformes com bases idênticas, em grés marrom de Yi-shing, com primorosa decoração
algumas com relevos e decoração aplicada vas ada. Os fitoforme, burilada cm relevo, muito apreciados na
397
PO R C E LA N A S CHINESAS ANÔNIM AS
Da nau afundada de Mont Serrât
Parle dos achados du nau ctfu/idada nas proximidades do S ie n ’ Serrât, nu Bahia de Todos os Sait/os, Bal: ia en: fevereiro de J 975,
quundo foi descoberta peio mergulhador Walter Dias de Andrade, que geniitmente nos cedeu estas e outras fotografias das salvados.
398
Inglaterra c na Alemanha. Como peça “sui-generis”, Porém, confessamos que, levando fotografias ao
vimos um frasco alto em grés avermelhado, com painéis O rientée à Europa para a classificação, tivemos, graças
rebaixados pintados a ouro sobre fundo de charão a gentileza de peritos, como o Sr. King Kong Lee, de
negro. Hong-Kong, e da cortesia de Li Wu Fin, diretor do
E também as porcelanas em azul e branco, que Museu Imperial de Pequim, e da fidalguia de Marcus
eram importadas em muito maior quantidade do que as Linnel do Departamento de Cerâmica de Sotheby’s,
policroiiiadas, tanto na Europa como na América, dada informações coincidentes e positivas: Que existiam na
a sua popularidade e preço mais acessível, o que não quele carregamento, fragmentos e peças desde o período
as excluía, todavia, dos recintos solarengos ou palacia de Tien’Chi ou Tíen-Ki (o boneco quebrado), portanto
nos. Tem-se conhecimento de que a corte e nobreza 1 6 2 1 /1 6 2 7 , 4 de todos os outros períodos, sobretudo
francesas (Mme, de Pompadour) as apreciavam e as dos meados do século XVIII, atravessando pois vários
usavam no diário e na nossa Corte Imperial também famosos reinados, até Kiat-Sing (1 7 9 6 /1 8 2 0 ), repre
eram elas de uso, c vários espécimes podem ainda ser sentado pelos vasos de base com arbustos em “Blanc
admirados no Jardjm das Princesas, na Quinta da Boa de Chine” ou polie ramados.
Vista, como a "Xica da Silva" cm sua opulenta osten Dessa forma o carregamento da nau afundada
tação em Diamantina. trazia peças de diferentes períodos o que nos pareceu
O sortimento decorativo dos pratos é variado: há estranho, ou seja o fato de uma embarcação provinda
com desenhos de flores, grandes c miúdas, folhagens, do Oriente não trazer peças de um só período, que seria
símbolos chineses, jardins com coluna e cerca, vasos o seu contemporâneo. Porém, segundo King Kong Lee
tipo Imari, flores de pessegueiro (peach-bloom ) e e Marcus Linnel, essa ocorrência não é um fato isolado
“pombinhos” (Willow Pattern), ou seja, com chorão nem raro no comércio oriental, pois os armadores ato
ou salgueiro, ponte, casa c pombos, porém em versão chavam as naus com as encomendas ocidentais definidas
ajuda não esteriotipada do século XIX . e arrecadavam ainda dos mercadores locais, peças de
Como qualidade mais interior, contam-se bules em outros períodos, quando as encontravam pois havia
grés escuro ou acinzentado, sem nenhuma decoração, mercado garantido para elas, O próprio King Kong Lee,
alguns com idiogramas de louvor no frete. deu-nos como exemplo a descoberta em janeiro de 1976,
E ai tida, as louças em azul e branco conhecidas de uma embarcação coreana afundada há muitos
internacionalmente como louça de Swatow, que se dis séculos na costa de Sinan na Coréa, que trazia variada
tinguem da “louça de Macau", por sua qualidade de carga artística. Entre bronzes, pedras duras, lacas,
pasta inferior e sua decoração “sui-generis". moedas de cobre, nada menos do que 5.000 porcelanas
A louça de Swatow do naufrágio é representada céladons! As moedas eram datadas de 1311 a.D. e a
por pratos atigela dos (sem aba) e por malgas com idade dos céladons variava bastante: os mais antigos
decoração de azul cobalto, sob o vidrado. Essas louças eram atribuídos a Sung e os mais novos ao reinado de
são muito reputadas, sobretudo no mercado japonês, Yuan (1 266-1368) ou seja do século XIII e XIV.
para onde também eram exportadas nos séculos XVII Sobre esse famoso achado houve uma importante expo
e XVIÍÍ, e são louvadas p d o que apresentam de-vigor, sição era Hong-Kong W.
espontaneidade e pureza da arte chinesa na sua inter A seguir, reproduziremos o levantamento do que
pretação popular. nos foi possível fazer, em geral de peças imperfeitas,
Essas louças nos são sobremodo simpáticas, pois como poderão verificar (decoração desbotada ou peças
acreditamos eram as que vinham do Oriente, arroladas lascadas ou quebradas, que foram mostradas quando
nos manifestos como “louça grossa”. Um fato podemos das entrevistas publicadas em Salvador pela "A Tarde”
afirmar com segurança: elas eram de uso corrente no e “A Tribuna”, em 1975, e a visita do prof. Valeníim
Brasil, no século XVIIT, pois tivemos oportunidade de Calderon).
recuperar cacos idênticos aos das tigelas da nau Mont Porém o que continuamos ignorando por falta de
Serrat, em Porto Seguro e no litoral de São Pauto, no elementos positivos é a data do afundamento e o nome
Sítio Guaecá (estampa 2 9 4 ). Parte dessas tigelas da nau, apesar de haver quem diga se tratar da nau
apresenta o duplo círculo ("double ring”) no frete o Nossa Senhora do Rosário e Santo André, que sosso-
que indicaria que seu fabrico é da região de Chin- brou em 1737, porém essa hipótese está descartada
tehchen. pois há numerosas peças que correspondem a períodos
Ignora-se até o momento a data do afundamento muito mais posteriores.
da embarcação; e elementos como o sino, placas indi Aproveitamos a oportunidade para agradecer ao
cativas ou mesmo canhões, moedas etc., para indicar Senhor Walter Dias de Andrade o gesto amigo e dc
o período (não foram encontrados). Acreditamos que alto significado para os estudiosos da cerâmica chinesa
o carregamento de porcelana pudesse nos indicar a data da oportunidade de proceder a esse levantamento
com maior ou menor precisão, por suas características; técnico permitindo que parte desses salvados fossem
pensávamos no entanto que todas as peças fossem do fotografados, corpo também nos fornecendo fotos suple
mesmo período e que esse fosse o século XVIII. mentares submarinas e outras.
399
B I B L I O G R A F I A
400
Séc. XVIII PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
(Salvados da Nau cic Mont Serrai)
(Pratos azuis e brancos — fragmentos)
Fragmenta de prato, (lembrando de relance o clássico “Wiltow Tree", sem o ser) de traços grossos lineares, uma caldeira form ada
eom delicado "irdlils" c no centro uma paisagem chinesa em que se divisam ramagens, tronco de charão e pagodes, Como esta peça
ainda é do período de Kang-Hsl (1662-1722), deve ser das primeiras que. serva a,ui de inspiração pura outras variantes dos próprios
chineses (como o lenda dos Bombinhos e do Salgueiro) e sobretudo para os ingleses. Estes desde o fim do século X V III (1780)
que começaram a popularizar a motivo na Inglaterra, primeiro em CaugMey e depois em outras fábricas de porte, como Spode,
porém lá romanceando u cena com os dois amantes representados, a final petos dois pombinhos. Aparece com as variantes d m se
motivo um sem número de abas tio decorrer do século X V III , fnrifo por parte das numerosas fábricas inglesas conto também pot
parte dos chineses que no finai de Kien-Lung, muito exportaram para a Ocidente, aqueles padrões que até hoie fabricam e entre
nós, no Brasil, fixou-se corno um dos protótipos entre muitos da chamada louça de Macau, O mosivo chegou a scr tão popular que
em Londres fo i montada uma opereta cômica ‘‘The Wiilow pattern“, no Sasoy Theatre cm 1901. Vide “The Story of Wiilow
Pattern Plme" — 5 f ed. A e B — Black Ld l.ondon —- 1975 e Gulland. voL II — púg. 875. O fragm ento de prato t) direita é dc
fundo azul pintado com toques compartimentados de azul claro com ramagens de pessegueiros, tanta na nhti como rto centro ; es Sc
gênero muito mais comum em potichcs é conhecido por "prttnus" ou '‘hawfhorn”, na terminologia dos centmógr tifos. O prato de
baixo, à esquerda. é de form a aitgelada (sem ctüdeira) lembrando os pratos antigos chineses, é do ripo conhecido internacionalmente
como Swatow (pasta mais grossa e mais grosseira, desenhos livres c espontâneos, pinceladas leves c fortes) de uso iro Brasil.
O prata da direita é feito dentro da técnica conhecida pot ‘‘Jesuítica" a que já nos referimos c que começou a ser executada na
China, primeiro com motivos bíblicos e religiosos na carneça da século X V III. tenda depois até meado do século XVI I I represen
lado outros motivos coma mitológicos, religiosos, galantes e até eróticos. O prato em apreço era de rica e delicada fatura em
"encre de Cíiiíie", com toques rosados e dourados; dislinguem-se ainda dois pássaros pousados cm um galho entre diversas flore',.
Como estes desenhos eram aplicados sobre O vidrado, como fti dissemos, não puderem manter a sua integridade crfimica primitiva,
no contato com a água do mar,
401
Séc, xvm PO R C E LA N A S CHINESAS ANÔNIM AS
(Azul £ branco)
357
Ext es quatro p raros não deixam dc demonstrar ã versatilidade chinesa de decoração c dc significados- N o primeiro, apresenta em
primeiro plano uma grade e no fu fido uma coluna, entre outros desenhos inclusive ramagens; as grades muito usadas em jardins
hos pratos, sofrem um se rã número de variações na decoração^ N o convento de Santa Teresa (Museu de Arte Sacra) ^na Bahia,
corno fá dissemos, há irás pratos embutidos na parede, similares apertas com ligeiras variantes. O prato da direita é da muita
elaboração — o fundo à todo de “adamascado”, isto è, moldado cm deser.ho que lembra brocado: no centro .. entre uma larga
grinalda de flores, quatro peixes dentro dc um duplo círculo representando o peixe felicidade conjugai 0 prato dc baixo ã esquerda,
bastante desenhado mostra â esquerda a cesta dc flores (basket o f jlowcrs) que é original mente um sim bolo taoista e depois ser
viu de modelo para adorno, sobretudo na porcelana, de fm ari e na faiança e azule faria holandesas. 0 prato dc baixo da direita:
(existe similar reproduzido em W, G. Gidland-Chinese Parcelain, vol. 1/1928 — fig. 251) exibe ao alto e em baixo um símbolo
musical (oh. cif.t pâg, 74) e ao centro um papel ou seda desenhado representando urti rolo desdobrado que representa ' o poço da
Sabedoria’*. Pratos que abrangem os reinados de Kang-Hsi, Yung-Cheng c começo dc Kicn-Ltmg. (Os dois pratos dc d m a já foram
também comentados em outro local). A rquivo do Autor.
402
séc. xvni PORCELANAS ANÔNIMAS
(Salvados da Nau de Mont Serrat)
358
T>i-s vasos, os dois primeiros à esquerda peio jormato são conhecidos por balaústre (bàlmter) e o da direita ê conhecido por corne
ta A decoração é do gênero "J c o n d e o ', isto é, sobre a glosara os desenhos a ilencre de Chine” toques de rosa c dourado. Á s três
peças, dada a exposição ao fogo ou d b.gua salgada* perderam grande parte de sett atrativo, Período Ytmg-Cheng (1723-1735).
403
Séc. X V lit PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
{Salvados da Nau de M ont Serrai)
359
404
Séc. XV UI PORCELANAS CHINESAS ANÓNIMAS
(Salvados da Nau de Mont Serrât)
A s cinco xícaras em azul e branco sob a coberta aqui exibidas («r isiem também sem alças não constando desta fotografia), asse-
mctham-sc às outras também salvadas de um galeão espanhol afundaria cm Í67S, na Zona do Caribe, estas peças salvados do
naufrágio espanhol saíram de Macau c daí para Manilha, o grande centro e entreposto Idipino no Parífiro, e Je là chegaram aie
Acapulco. Dai atravessaram a N ova Espanha a lombo de mula para Serem carregadas cm outro galeão, no golfo do Á ftifco, v<r.
Europa (Sevilka), quando afundaram ( vide “The Treasurc o f lhe Spanislt Mum m A ri 11! Ancrion Sotheby's Park Ber net” London,
1966/67) classificadas as peças como sendo do période de Kang-Hsi. A s on!’í; s xícaras, a du esquerda alta é cm a : u ! do gênera
“powdcr l'ini'". estando desbotada, A xícara em preto cotn reservas ao tdto ã direita assim como o pi’es, também sofreram a ação
do mar, pots a decoração é tt fogo brando, A xícara de baixo c do tipo "Jesuítico'' pintada sobre a glas.ura. Arquivo do Autor,
405
Sécs. X V III/X IX PORCELANAS CHINESAS
(Salvados da Nau de Mont Serrai)
406
Séc. XVI!f PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
(Salvadas da Nau de M onl Seira l)
(Bules c Lcileitas)
362
407
Séc. X V m PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
(Salvados òa nau ílc Mont Serrat)
Pires e Covilhetes
3Ê3
408
Sécs. x v i u / x r x PORCELANAS CHINESAS ANÔNIMAS
364
409
Séc. X V U PORCELANAS CHINESAS
(Eslaluetas)
365
410
SETECENTISMO
ÍNDICE DO TEXTO
m — LOUÇA VIDRADA
IV — AZULEJOS
V — FAIANÇA
v r — PORCELANA CHINESA
411
fabrico na China — Chintehchen — Cantão o mais importante centro distri
buidor e núcleo de ateliês de acabamento. Encomendas a Macau. Hipótese sobre
a aplicação do ouro das siglas. A produção chinesa — Kun-Io M ando —
Yang-Li. A louça conhecida por Swatcw (azul e branco e colorida). Outras
designações para a porcelana Companhia das índias — Sub-classificações. Reina
dos chineses. Características de alguns deies. A presença da porcelana chinesa no
Brasil, referências históricas em diversas capitanias — Ensaio de arrolamento em
três categorias sócio-históricas:
1P — Companhia das índias Braganiinas. I
2. a — Companhia das índias personalizadas oü históricas.
3. “ — Companhia das Índias da época — anônimas.
Explicação sobre o conceito e relação de peças conhecidas e consideradas como
"Bragantinas", personalizadas e anônimas........................................................................ 331 a 391
Dados sobre João Manso Pereira, que desempenhou diversas atividades científicas,
como exploração de minerais, descobrimento de rátreiras e do caulim. Passou
também para a produção cerâmica, tanto da utilitária, segundo a crônica, como
da artística em que produziu camafeus de excelente qualidade. Presume-se que
tenha iniciado suas atividades de ceramista, antes mesmo de 1793. Faleceu em
1820. Citações e comentários de diversos historiadores, nacionais e estrangeiros,
sobre esse vulto patrício e .tewr produtos. Sitas m a rca s. ................................................ 393 a 395
412
SETECENTISMO
AZULEJARIA:
n.°
271 — Painel azul e branco com vista panorâmica de Lisboa (1730),
272 — Rua da Vila de Ovar com casas revestidas de azulejo palie ramados,
final do século X V lll.
ASSUNTOS DIVERSOS:
413
PORCELANAS BRAGANTINAS:
295 —- Prato do serviço conhecido como "Os meninos de Palhavã", século XVI11.
296 — Molheira de Dom Pedro 111 e Dona Maria 1 (Palácio de Queluz).
297 — "Présentoir” da molheira, idem, idem.
298 — Conjunto com xícaras e pires do casamento de Dom lodo V e xícara
(tipo cabaça) com armas de Portugal e anjos pisando bandeira francesa.
299 — Sopeira e présentoir do serviço "Inauguração da Estátua Equestre de
Dom losé I". j
300 — Prato que pertenceu a Dom José ( 1 7 1 4 - 1 7 7 7 ) reproduzido de Loiça
Brasonada de Campos e Sousa.
301 — Tamborete e detalhe com armas, pertenceu a Dona Maria II (Porém o
brasão levava a crer que seja do século X V lll).
302 — Tigela com as efígies do príncipe Dom João e da princesa Dona Carlota
Joaquina.
303 — Travessa do serviço real conhecido por Gãllos.
■304 — Sopeira conhecida como do serviço dos "Correios’'.
305 — Floreira de Serviço que pertenceu á Princesa Izabel.
3Ô6 — Conjunto de três pratos dos serviços conhecidos por "Pavões-Pastores
e Gallos”.
414
COMPANHIA DAS ÍNDIAS (poücromadas e era azul e branco - anónimas)
GRÉS
415
OITO CENTISMO
(e algumas referências do século XX)
SUMÁRIO
II - IMAGINÁRIA
III - CACHIMBOS - ESTAMPAS BIBLIOGRAFIA
-
BIBLIOGRAFIA ESTAMPAS
-
VI FAIANCA-MAIÓLICA - MEIA-FAIANÇA
- -
BIBLIOGRAFIA - ESTAMPAS
VII - FAIANÇA FINA - LOUÇA TIPO GRANITO - PARANÁ 1902 -
LOUÇA TIPO PÓ DE PEDRA - SÃO PAULO 1913 - BIBLIOGRAFIA
-
419
T E R R A C O T A PIN TA D A A FR IO
Brasil
366
367
368
T EL H A , L A JO T A E T IJO L O BR A SILEIRO S
422
Ainda, sobre os produtos de olaria em São Paulo, Quanto ã importação dessas telhas modernas, provinham
nos informa Pileggt que os Irmãos Sacoman, de origem sobretudo da França. Conseguimos localizar ainda vá
francesa, fundam em 1895, a grande indústria de cons rias marcas e inscrições de algumas olarias importantes
trução, a mais moderna e melhor equipada do Brasil. do estrangeiro e de São Paulo, do fim do século XIX ,
Fabricam eles tijolos prensados e furados, ladrilhos com ou começo do século X X . São elas:
argilas de lodos os tipos, telhas, manilhas, etc. . .
Entre outros méritos, lançaram no mercado um “Armand Etienne & Cie. Marseille
novo tipo para substituir a telha clássica colonial, cha St. Henry Martin Frères”
mada de diferentes designações como: de capa e calha, “Saumati Frères
de capa e bica, de meia cana, de canal, ou simplesmente M arseille/St. Henry”
curva e que em São Paulo, no século X X continuou a “A ntônio1Proust Rodovalho”
ser imitada c produzida em tamanho menor, apelidada Ca yeira s Província de São Paulo
de “paulistinha". “Grand écaille pour Tqtture Breveté S.G.D.G.
St, Henry Marseille Roux Frères”
Em Portugal, aquelas telhas são chamadas dc ro “Pierre Sacoman
mana on de canudo no). Essa telha de canal, por nós St, Henry Marseille”
chamada de “colonial” foi buscar seu formato nos idos "Tuileries de Marseille
da ocupação romana na península Ibérica, e a decoração Lopes & Sacoman
dessas mesmas telhas, em esmalte azul c branco, que St. Paul"
orna a face inferior de parte dos beirais solarengos do
século XIX, foi inspirar-se em outra civilização. Na Quanto a Sacoman e suas telhas, sabe-se que essa
lendária China havia palácios, templos e pagodes que fábrica teve longa duração e abasteceu o interior de
ostentavam tellins c remates de telhado esmaltados, n o - São Paulo. N o ano de 1974, visitamos, no município de
nocromos ou policromados e os lusitanos adotaram o Ca pi va ri, a sede da chamada Fazenda do Barão, cons
processo em parte, nô-lo transmitindo no século XIX, truída em 1802, pertencente à família do Barão de
através das fábricas de Devesas e de Santo Antônio. Almeida Lima, cuja construção nos presta ensinamentos
Porém aos poucos no Brasil, cobrem-se as casas curiosos, pois a sua base é de pedra entgipada, os salões
coin o novo e moderno tipo de telha que jó vinha sendo e dependências dc taipa de pilão, a cozinha de pau a
importado mas que logo passa a ser fabricado aqui e pique ou barrotes, e os adendos posteriores foram levan
conhecido por telha de Marselha ou Marselhesa. Esse tados com lijçlos (marca P, J.) e a cobertura destas
tipo novo de cobertura resguardava melhor da chuva e partes mais recentes era feita com telhas tipo francês,
do vento e até hoje continua a ser empregado e chama com os seguintes dizeres: "Tuileries de Marseille Lopes
do, no mercado de construção, por “telha francesa”. & Sacoman — St. Paul”.
423
II - IMAGINÁRIA
369
Versão popular da
Coroação de Nossa Senhora,
pela Santíssima Trindade,
era terracota, clara e compacta,
A Sagrada Família S ã o Luís do Farahytinga, Coleção
(“Paulistinha”). Alírio de Moraes Machado.
425
III - CACHIMBOS
u so do c a c h im b o no U n iv e r s o “ le m b r a o b a r r o c o p o r t u g u ê s e x i b i n d o l i n d o s o r n a t o s d e
p reced e a o u so d o ta b a c o . Já c s tiliz a ç ã o v e g e ta l” . T e n d o s id o o b s e r v a d o q u e n a té c n i
a o tem p o d o s C e lta s e d o s c a d e c o n f e c ç ã o s ã o o s c a c h im b o s fe ito s e m d u a s p a r te s
R om anos que c a c h im b o s eram d is t in t a s e d e p o is c o la d o s , com o ta m b ém p a rte d e le s
r e f e r id o s p o r a u t o r e s la t in o s . a p r e s e n t a u m o r i f í c i o n a p a r t e in f e r io r ( o q u e s e r e p e t e
P lín io in f o r m a em su a N a tu - ta m b é m c m M in a s ) d e s tin a d o à s u s p e n s ã o p r o te to r a em
r a lis H is t ó r ia que “a fu m a ça c o r d é is , q u a n d o n ã o e m u s o , B a r a ta , a c o m p a n h a n d o a
a s p ir a d a a t r a v é s d c c a n u d o é a g r a d á v e l” . í16' id é ia d e q u e o e s t i l o d e s s a s p e ç a s o b e d e c e a o s c â n o n e s
N o m u n d o a n t ig o , e r a m d iv e r s a s s u b s t â n c i a s v e g e a r t í s t i c o s i m p o r t a d o s , le m b r a n o e n t a n t o q u e a in s p ir a
t a is , g r ã o s , e r v a s , g r a v e t o s , q u e in t r o d u z id a s n a s c a l d e i ção b arroca pode p r o v ir dos d esen h o s dos p ú lp it o s
ras d o s c a c h im b o s , a o s e r e m q u e im a d a s , p r o d u z ia m a s a c r o s d a s ig r e j a s e c a p e l a s , e s p a l h a d a s p e la r e g iã o .
f u m a ç a in a la d a o u a s p ir a d a p e l o s f u m a n t e s c n a C h in a , Há c a c h im b o s com r e p resen ta çõ es z .o o - a n t r o p o -
o ó p io já era q u e im a d o em c a c h im b o s , a n te s dc os m o r f a s , f í t o f o r m e s e g e o m é t r i c a s e c o m d e c o r a ç ã o e s t r ia
e u r o p e u s lá a p o r t a r e m . d a , c a n e la d a , e s g r a f i t a d a , e m r e l e v o e i n c is a , c o m bc-
A a r q u e o l o g i a , r e v o l v e n d o o s o l o p i s a d o p o r ta n t a s s a n te s , r o s á c e a s e r a m a g e n s. O s c a c h im b o s d isp u n h a m
g e r a ç õ e s d e s a p a r e c id a s , c o n f ir m a e c o r r o b o r a a s a m ig a s d e c a n u d o s c u r to s o u lo n g o s , e s te s d c a v a n ta ja d o s c o m
c r ô n ic a s so b r e a e x is tê n c ia d e c a c h im b o s d e d iv e r s o s p r im e n to s ; a o que parece eram do m a io r agrado da
m a t e r ia is , c o m o o g e s s o , o o s s o , a m a d e i r a , o m a r fim , p o p u la ç ã o c o l o n i a l . H a v i a p e ç a s c o m u m a p o n t e ir a n o
a p e d r a , o b a r r o , e t c ., u s a d o s a n te s d o s d e s c o b r im e n t o s c o t o v e lo d o c a c h im b o , p a r te e s s a q u e às v e z e s a p resen
n a E u r o p a , na Á s ia e n a Á fr ic a . ta v a um fu r o — s e g u n d o v á r i o s c o m e n t a r is t a s a h a s t e
P o r é m , ca b e a C o lo m b o , q u a n d o d e s c o b r e a A m é l o n g a e r a p a r a e s f r i a r a f u m a ç a e t o r n á - la m e n o s c a r
r ic a , em 1492 (n a I lh a G u a n a h a n i, nas B a h a m a s), r e g a d a d e n i c o t in a ; q u a n t o à p o n t e ir a e r a u m r e f o r ç o d e
t a m b é m o g a la r d ã o d e s e r o p r im e ir o o c i d e n t a l a o b s e r p ro teçã o p a ra q n e a p e ç a p u d esse a p o ia r -s e no chão
v a r o f a t o n a s í n d i a s O r ie n t a is , q u a n d o a p o n t a e m s e u o u e m m e sa s , e o fu r o e m c a n u d o lo n g o , p ara p en d u ra r
d iá r io d e b o r d o , o h á b i t o d e f u m a r o t a b a c o e n tr e o s o p ito .
a b o r í g e n e s a m e r i c a n o s . E o t a b a c o e r a p la n t a c o m p l e t a O fa to r e le v a n te é q u e o ta b a c o n o s é c u lo X IX
m e n te d e s c o n h e c id a d o s E u r o p e u s . v e i o a c o n s t i t u i r u m a d a s p r in c ip a is r e c e it a s d a b a l a n
E a s e g u ir , n u m c r e s c e n d o v e r t i g i n o s o , t a n t o o s ç a c o m e r c ia l e ju n to c o m o ca fé, fo r a m o s p r o d u to s
m o d e l o s d e c a c h i m b o s i n d íg e n a s c o m o a p la n ta d o t a b r a s i l e i r o s d e m a io r e x p o r t a ç ã o . A ta l p o n t o q u e o s r a
b a c o p a s s a m a in v a d ir a E u r o p a ; e a o f u m o p a s s a m a m o s d c ta b a c o e d e c a f é , a m a rra d o s n a b a s e c o m la ç o s
s e r a t r ib u íd a s v ir t u d e s e x c e p c i o n a i s . E m 1 5 7 4 , o b o tâ d e f it a , p a s s a r a m a s e r c o n s i d e r a d o s s í m b o l o s n a c i o n a i s ,
n ic o K a r l C lu s iu s e s c r e v i a : “O ta b a c o é um r e m é d io c r ia n d o -s e n a a rte d e c o r a tiv a u m n o v o c ó d ig o o r n a m e n
u n iv e r s a l p a r a a s d o e n ç a s d e t o d a a s o r t e ” . , . !l7) ta l g e n u i n a m e n t e b r a s i l e i r o p a r a s u b s t it u ir n o s a r r a n j o s
E m F r a n ç a , a m o d a d e f u m a r t a b a c o e m c a c h im b o f l o r a i s , o s já s u r r a d o s a c a n t o e lo u r o que nos fo ra m
é l e v a d a p e l o e m b a i x a d o r e m L is b o a — J e a n N i c o í ( d e l e g a d o s p e l o s g r e g o s e r o m a n o s , a t r a v é s d a I b é r ia .
o n d e d e r iv a o t e r m o N i c o t i n a ) . C a t a r in a d e M é d ic is é A q u e l e a r t ís t ic o m o t i v o p a s s o u a f a z e r p a r t e d a b a n d e ir a
q u e m o d i f u n d e n a c o r t e f r a n c e s a a la r d e a n d o s e u s d o n s im p e r ia l e a s e r r e p r o d u z id o e m c o n d e c o r a ç õ e s , m e d a
m e d ic in a is ! lh a s, m o e d a s , e m s e r v iç o s d e m e s a , e tc .
C o m r e f e r ê n c ia a o B r a s il, n ã o h á i n d i c a ç ã o d e q u e E a c o m p a n h a n d o a e n o r m e p r o d u ç ã o d o ta b a c o ,
o h á b ito d o s ín d io s d e fu m a r e m ta b a c o , d o C e n tr o e d o a l a s t r a - s e p e l o t e r r it ó r io o f a b r i c o s im p le s o u e la b o r a d o
N o r t e d a A m e r i c a , t e n h a d e s c i d o d o s a l t ip l a n o s a n d in o s d o c a c h im b o , s o b r e tu d o o d c b a r r o , d is s e m in a n d o -s e o
p a r a a s p l a n í c i e s b r a s ile ir a s . s e u u s o e n t r e a s c l a s s e s s o c i a i s , m a is a c e n t u a d a m e n t e
O T T , e m p e s q u i s a s d e 1 9 4 4 , i n f o r m a , r e f e r in d o - s e
e n tr e as m u lh e r e s c o s escra v o s.
à s b u s c a s a r q u e o ló g ic a s n a r e g iã o d e S a n ta r é m : “ N u n ca S ã o n u m e r o s o s o s r e l a t o s d e v ia j a n t e s c d e a r t is t a s
f o i e n c o n t r a d o c a c h i m b o a t r ib u íd o a p r é - C a b r a l" <"h e s tr a n g e ir o s q u e fo c a liz a m c m c r ô n ic a s e re tr a ta m em
d e s e n h o s e p in t u r a s o s d i v e r s o s e p i t o r e s c o s a s p e c t o s
P o r é m o c u l t iv o d o t a b a c o e o u s o d o c a c h im b o
d a q u e le h á b ito .
d if u n d e - s e r a p id a m e n t e n a A m a z ô n i a , l o g o a p ó s a d e s
c o b e r t a <*w. A s p e s q u is a s d e ste s é c u lo r e v e la m um a S a i n t - H i l a ir e , e m 1 8 1 9 , n u m a v e n d a d e Itu , o b se r
g r a n d e v a r ie d a d e d e e x e m p l a r e s , s e n d o n a r e g iã o A m a va: “ m e ia d ú z ia de m u lh e r e s a fu m a rem c o m p r id o s
z ô n i c a o s e u f a b r ic o a t r ib u íd o a o s í n d i o s a c u liu r a d o s o u c a c h i m b o s d e t r ê s p é s ” - 12*5
a o s m is s i o n á r i o s . F r e d e r i c o B a r a ta a p o n t a p e l o m e n o s G eorgc G ard n er em 1 8 3 6 , a p o n ta q u e e m G o iá s ,
c i n c o t ip o s d i s t i n t o s e o s d e n o m i n a d e í n d i o - j e s u í t i c o s o u M a t o G r o s s o e P ia u í : “ A s m u lh e r e s d e q u a s e t o d a s a s
t a p a j ó s - j e s u í t í c o s <20). S o b r e s e u e s t i l o in f o r m a O T T , q u e c la s se s sã o a fe ita s a o c a c h im b o , c o m o o s h o m en s” e
427
CACHIMBOS
Brasil
(Barro cozido)
428
CACHIMBOS
Minas
371
A produção de cachimbos (pitos) r.o período colonial fo i grande, com o atestam relatos de
viajantes e estampas da época, sendo seu m o muito difundido entre a população fem inina.
Verificam-se em Minas, diversas técnicas de fatura como o moldado e o modelado, assim
como o emprego de inciso e do relevado, a exemplo da louça mineira em geral. Quanto à
composição, variam cias do primitivo ao erudito. Este distingue-se pela ponteira de proteção e
apoio com furos; e sua decoração elaborada inspira-se, sobretudo no barroco mineiro. Há
exemplos com cabeças de anjos, máscaras, cornucépias, sanefas, perolados e ainda desenhos
geométricos. São Paulo também produziu cachimbas, sm do que em São Sebastião, no Bairro
de São Francisco, ainda hoje são fabricados.
Os cachimbos desta folha (o da esquerda c o de beiro) são da região dc Diamantina — o de
baixo, tem a data de 1733 com as iniciais BJ.P.M , O da direita é da região de Sabará. Os
outros cachimbos <5) à direita (barro palha) são do Vale do Paraopeba (Congonhas).
Coleção Roberto Pa ranhos do R io Branco.
Séculos X V H /X V tU .
429
CACHIM BOS
C hina
372
373
O cachimbo à esquerda, moldado, apresentando a. cabeça de um anjo é de inspiração f taticamente barroca, como
aliás boa parle da produção mineira da centúria. O da direita i um cachimbo antropomorfo de form a afunilada
e singela de artesanato indígena ou caboclo. Â peça central com mascaras e fu ro na base situa-se entre <t
influência africana e a barroca. Os dois cachimbos de baixo demonstram claramente outras inspirações ainda
dentro do barroco; uma elaboração diversa usando estrias, cordame, {dir-se-ia reminiscências manuelinas) e
o da direita unia tríplice série de óvulos ou besantes em relevo com os de centro de maior tamanho.
Coleção lósé Waher da Sove., pattlo de Vasconcelios e Roberto Paraniios do R io Branco.
431
CACHIMBOS
Santarém — Amazonas
(Barro Cozido)
432
r e fe r in d o -s e à lo c a lid a d e de N a tiv id a d e a crescen ta : p e r í o d o c o l o n i a l , h á q u e r e s s a lt a r a r e q u in t a d a p r o d u ç ã o
" a q u i o h á b i t o d e f u m a r é g e r a l e n t r e a s m u lh e r e s ; d e m in e ir a . E s t a d i s t i n g u e - s e n o p e r í o d o c o l o n i a l e im p e r ia l
m a n h ã à n o it e , r a r o l h e s s a í d a b o c a o p it o , c o m s e u em lin h a s g e r a is , da A m a z ô n ia , p e la s fo r m a s m a is
l o n g o c a n u d o d e p a u , d e c e r c a d e tr ê s p é s d e c o m p r i e s g u i a s e m e n o s a t a r r a c a d a s e p o r u m a v a r i e d a d e m a io r
m e n t o ” . <22) de in te r p r e ta ç õ e s e m que se in c l u i a versão barroca
m in e ir a .
F r a n c is C a s t e ln a u em 1844, r e fe r in d o -s e a um a
C o n sta ta ra m -se em M in a s , d iv e r s a s té c n ic a s de
f a z e n d a e in C u ia b á , n o s d iz : “ A v e lh a ( o c to g e n á r ia ) ,
fa tu r a c o m o o m o ld a d o e o m o d e la d o , a s s im com o o
f u m a n d o u m c o m p r i d o c a c h i m b o , c u j o c a b o e r a s u s t id o
e m p r e g o d o in c is o e d o r e le v a d o . Q u a n to ã c o m p o s iç ã o ,
p o r u r n a e s c r a v a d e c ó c o r a s ” , t131
há um a g a n /a m u ito gran d e en tre o p r im it iv o e o
O p r ín c ip e M a x i m t l i a n o in f o r m a q u e " o s c a c h im e r u d it o , E ste d is tin g u e -s e p e la p o n te ir a de p r o te ç ã o ,
b o s u s a d o s p e lo s p e sc a d o r e s, c o m o e m t o d o o B r a s il,
com f u r o s c s u a d e c o r a ç ã o e l a b o r a d a in s p i r a - s e , s o b r e
p a r t ic u la r m e n t e p e l o s n e g r o s e o u t r a s p e s s o a s d a s c la s s e s
tu d o , no a b u n d a n te barroco m i n e ir o . Há peças com
h u m ild e s , c o n s t a m d e u m p e q u e n o r e c ip ie n te d e b a rro
cabeças de a n jo s, m á sca ra s, c a reta s, c o r n u c ó p ia s ,
c o z id o e s c u r o e d e u m tu b o fin o c lis o fe ito d a h a ste d e
s a n e fa s , p e r o la d o s e a in d a h a r m o n io s o s d e s e n h o s g e o
u m a e s p é c ie de p la n t a que cresce a c o n s id e r á v e l
m é t r ic o s .
a lt u r a ” . (M)
São P a u lo ta m b é m p r o d u z iu c a c h im b o s que sã o
D e n t r o d a v a r ia d a 'e g r a n d e p r o d u ç ã o b r a s ile ir a q u e a s s i n a l a d o s n a é p o c a im p e r i a l, e m S ã o S e b a s t i ã o , o n d e
v a i d o m a is r u d im e n t a r p it o à s p e ç a s m a is e l a b o r a d a s a té h o j e , n o B a ir r o d e S ã ò F r a n c i s c o , s ã o fa b r ic a d o s
cm q u e s o b r e le v a m o s p r o d u to s d a r e g iã o a m a z ô n ic a n o p it o s s i n g e l o s .
B I B L I O G R A F I A
’ l ) “A evolução da indústria Cerâmica no Brasil", in carta (13) C. J, C osta P ereira — “A Cerâmica Popular da Bahia"
mensal n,° 272 — Rio, 1977. —- pãg. 116 — Bahia, 1957.
(2 ) J. B. D ebret — "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil" (14) P rofA J ulietã A ndrade — “Arte e Artesanato na
— 1 — pãg. 257. Cuiabania” — Museu C. Brasileira, coní. em 20.06.1975,
(3) M aria G raham — ob. cit., pãg. 217. (15) Edson C arneiro — ob, cit.
(4) M arques dos Santos — ob, cii„ pãg. 291. (16 ) J oachim A. F rank —- “Le livre da Fumeur de Pipe” -
pág. 13 — Paris, 1971,
(5) Maria Lu/sa Marcíuo — "A cidade de São pòuic" —
1750-1850 — Univ. de São Paulo — 1973 — págs. (17) J oachim A. F rank — ob. cit,, pág. 22.
25 e 130. (18) C, F. O tt — Museu Nacional n.° 5 - pág. 192 — 1944.
(6 ) E rnaNI Silva Bruno — “História e Tradições da Cidade (19) F rederico Barata - "A Arte Oleira dos Tapajós" in
dc São Paulo” — pãg. 437 — vol, III. Rev. do Museu Paulista, vol. 5 — págs. 183/187 — 1951.
(7) M arques dos S antos — o b , cir., pãg, 292. (20) F rederico Barata — “Os maravilhosos Cachimbos de
(8) C ari.OS L emos — Conferência "A rquitetura Residencial
Santarém", in Estudos Brasileiros, vol. XIII — 1944,
Brasileira" em 13 de fevereiro de 1974 — Museu Casa (21) Saint-hilaire — ob. cit., págs. 238/9.
Brasileira. (22) G eorge G ardner — “Viagens ao Brasil”, págs. 11 e 280.
{9) C elso M aria de M ello Puro — “Campinas, seu berço e (23) F rancis C aStelnau — "Expedição às regiões centrais da
juventude” — Campinas, 1969. América do Sul" — pág. 157.
(10) J. VaSCONCELLOS — "indústria Cerâmica" — 1907. (24) Pp.íncife M aximilian© — ob. cit., pág. 94.
(11) Edson Carneiro — "Artes Populares, seu Universo e
Diversidade”, ín Dicionário dc Artes Plásticas no Brasil U birajara D olãcio M endes — "Noções de Paleografia",
— ed. Civ. Brasileira — Rio, 1969, Dept.° d o Arquivo d o Estado de São Paulo. 1952.
(12 ) H aydée N ascim ento — “Cerâmica Utilitária de Apialiy" Eduardo Etzel — "im agem Sacra Brasileira", ed. Melhora
— S. Paulo. mentos — S. Paulo, 1979.
433
IV - LOUCA DE BARRO E LOUCA VIDRADA
a p r o d u ç ã o d e f e i ç ã o in d u s t r ia l m a to ; e n tr e o s M a la iis , e r a m d e u m a e s fe r a u m p o u c o
de a r te fa to s d o m é s tic o s u t ilit á d e p r im id a , t e n d o u m a la r g a a b e r t u r a . <3)
r io s e de adorno, o b se r v a -se ,
Em 1822, S a i n t - H i l a ír e a s s in a la que em S a n ta
n e s s e s é c u lo X I X , u m a d iv e r s i
C a t a r in a e e m P o r t o A l e g r e , o n d e s e r e f e r e a tr ê s o la r ia s
d a d e m u ito g r a n d e d e p r o d u to s
q u e f a b r ic a v a m lo u ç a : “A s lo u ç a s e r a m bem f e ita s e
e u m e s f o r ç o d e m e lh o r ia t é c n i
na m a io r ia c o lo r id a s d e v e r m e lh o , porém m a is g ro s
c a , e m q u e s o b r e s s a i, s o b r e t u d o ,
s e ir a s , já q u e e r a m f e i t a s c o m a r g ila n e g r a q u e a p ó s o
o f a b r ic o d a l o u ç a v id r a d a , p o r é m aparecendo o u tr o s
c o z i m e n t o s e t o r n a v a a m a r e l a ” . D i z - n o s a in d a , r e f e -
s r r ig n s n o B r a s il, i m it a n d o a f a ia n ç a c o m e n g o b e s c la
r in d o - s c a S a n t a C a t a r in a , q u e l á e x i s t e u m g ê n e r o d e
r o s e a m a r e l a d o s , m u it o c o m u n s , e m M in a s e ta m b ém
in d ú s t r ia q u e l h e é p e c u l i a r : “ o f a b r i c o d e v a s i l h a s d e
en co n tra d o s e m o u tr a s P r o v í n c ia s , c o m o n a s d o R i o e
barro ern que a água se co n serv a fr e sc a e que se
P a r a n á , p r o d u t o s e s s e s q u e s e c l a s s i f ic a m com o m e ia -
ex p o rta para o R io de J a n e ir o e o u tr a s c id a d e s do
-fa ia n ç a ou m e ia -m a ió lic a ( “ m e z z a -m a ió Ü c a ” ) e que
B r a s il...” e la s sã o de cor v e r m e lh a escu ra, lis a s ,
a p r e se n ta m d if e r e n ç a s o b r e a lo u ç a v id r a d a n a t é c n ic a
r e lu z e n t e s e d e a r g i l a f in ís s im a , s e n d o a s m a i s c o m u n s ,
d e f a b r ic o e n a a p r e s e n t a ç ã o . um a e s p é c ie d e b ilh a (m o r in g u e ) de fo rm a arredon
V ã o a p a r e c e n d o p o is , m o r in g a s , t a lh a s , p o t e s , m e dada, com a s a e d o i s g a r g a lo s , u m m a io r p a r a e n c h e
d a lh õ e s , o s te n ta n d o d e s e n h o s v a r ia d o s e f o r m a t o s d i r ia s de água e o u tr o m enor, p e la qual se bebe o
fe r e n te s, r e tr a to s m o ld a d o s , n o m e s g r a v a d o s o u s o b r e p r e c i o s o l í q u id o . A o u tr o s v a s o s d e s tin a d o s a o m e s m o
p o sto s c o m b r a s õ e s d e a r m a s d o I m p é r io , d e P o r t u g a l fim , c o s tu m a m dar fo r m a s m a is e le g a n te s , s e n d o por
o u d a R e p ú b lic a , c o m a r a z ã o s o c i a l d o f a b r ic a n t e , e is s o ta m b é m u tiliz a d o s c o m o o b je to s d e a d o r n o . T o d a s
a in d a a l g u id a r e s , b o tõ e s, p ra to s, s o p e ir a s , g a lin h a s essa s lo u ç a s são fe ita s ao to m o , com a r g ila de cor
o r n a m e n ta is q u e se r v e m d e g a rra fa e d e c o p o , flo r e i a z e ito n a . . . d e p o is de seca s à so m b ra , p a s s a m -lh e s
r a s , c a n e c a s , t in t e ir o s , e s c a r r a d e i r a s , u r in ó is , e t c ., p a r t e com um pano a so lu ç ã o de um barro v e r m e lh o ...
e m t e r r a c o t a n a c o r n a t u r a l, p a r t e e n g o b a d a e p in t a d a p u le m -n a s com um a p edra lis a e le v a m -n a s ao fo r
a f r io e p a r t e e m lo u ç a v id r a d a . D e n o t a r q u e o s i n g le no”. F r a n c is c o M arq u es dos S a n to s, a p o n ta o fa
ses d esd e 1734, f a b r ic a v a m g a lin h a s e o u tr a s aves e b r ic o , e m J o in v ille , d e p o te s d e m e la d o d e in f l u ê n c i a
a n im a is e m l o u ç a v id r a d a , in s p ir a d o s n a s o b e r b a fa tu r a a ç o r ia n a . ^
dos e s p é c im e s c h in e s e s .
N o R io d e J a n e ir o , e m N i t e r ó i , n a a n t ig a a ld e ia
O fa to í que a p rodução lo c a l f o i g r a n d e e b a s de São L ourenço, a s s in a la -s e ta m b ém o a rtesa n a to
ta n te d iv e r s if i c a d a , ta n to a de ca r á te r a r t e s a n a l, na in d íg e n a . I n f o r m a - n o s o P r i n c ip e M a x i m i l i a n o d e W ie d
q u a l a p a r t ic ip a ç ã o d o ín d io c o n t i n u a r e l e v a n t e , c o m o N e u w ie d , em 1315: .. . "A s cabanas dos ín d io s se
a d e f e i ç ã o in d u s t r ia l, q u e já t o m a v u lt o n a s p r o v ín c ia s . e s p a lh a m no m e io de l a r a n j e ir a s , b a n a n e ir a s . . . os
N u m e r o s o s s ã o o s v i a j a n t e s e s t r a n g e ir o s q u e n o s h a b ita n te s e s ta v a m ocupados em su a s ca b a n a s na fa
d e ix a r a m r e l a t o s e c o m e n t á r io s d e i n t e r e s s e e p it o r e s b r i c a ç ã o d c p o t e s d e a r g ila c i n z e n t a e s c u r a , q u e t o m a
cos sob re essa produção esp a rra m a d a p e lo s q u a tr o u m a c o r a v e r m e lh a d a quando p assa p e lo f o g o . . . fa
c a n t o s d o t e r r it ó r io . b r ic a r a g r a n d e s v a s o s u tiliz a n d o -s e apenas das m ã o s,
S a in t-H ü a ir e jã v in h a a s s in a la n d o a lo u ç a u tili se m em pregar a rod a, e a l i s a m - lh e s a s u p e r fíc ie por
t á r ia e m São P a u lo , d e s d e 1808, e m a is t a r d e , f a z ia m e io d e p e q u e n a s conchas que um edecem com a
u m t r is t e e j u s t o c o m e n t á r io : “E m 1 8 2 3 , a e s p o lia ç ã o b o c a ” . . . (-6>
a o s i n d í g e n a s d e P in h e i r o s e s t a v a c o m p l e t a m e n t c c o n F r a n c is c o M arques dos S a n to s F) a p o n ta um fa
su m a d a . . . In tru so s o c u p a v a m to d a s a s te r r a s q u e a b r ic a n t e n o R i o , J o s é G o r y , p o r v o lta de 1350 com
e s s e s i n f e l i z e s p e r t e n c ia m . G a n h a v a m o s m e s m o s a v id a a f á b r ic a N a c i o n a l d e L o u ç a B r a n c a V id r a d a , q u e s e
c o m o j o r n a le ir o s , a s m u lh e r e s f a b r i c a v a m a r te fa to s d e d e d i c a v a a p r o d u z i r o r n a t o s d e j a r d im , e a o q u e p a r e
b a r r o ” . t'> A c i d a d e d e S ã o P a u l o , p e i o s i d o s d e 1 8 3 6 , c e , tr a ta v a -se d e e s ta b e le c im e n to de p o r te , p e la pro
d e a c o r d o c o m o q u a d r o d e a t iv id a d e s , a r r o la q u a r e n ta p a g a n d a p r o m o v id a .
o le ir o s n d a e s t a b e l e c i d o s , <2) Sobre o A m a zo n a s, no ano de 1 8 5 9 , o v ia ja n te
S o b r e M in a s , a q u e le a u t o r f r a n c ê s i n f o r m a q u e as R o b e r t A v e - L a i 1e m e n t, n o s in f o r m a : “ U m a o la r ia e m
ín d ia s f a b r ic a v a m v a so s v e r m e lh o s , de ta m a n h o s d i S e r p a (a tu a l lía c o t ia r a ) e m a is a d e B r e v e s , a b a s te c e m
v erso s. . , com um a te r r a negra b a sta n te f in a ; nos M anaus de lo u ç a de b arro. V êem -se v a so s, e t c ,, no
a r r e d o r e s d e P e ç a n h a , n a v iz i n h a n ç a d e M i n a s N o v a s , g o s t o p e c u l i a r í n d i o , l i n d a s b a c i a s d e m ã o s e d e b i lh a s
a in d a a s s in a la q u e eram a s m u lh e r e s que f a b r ic a v a m para' água, cu jo v a r ia d o c o lo r id o é e n ca n ta d o r . As
o v a s ilh a m e e er a m m u ito b e m f e it o s , fa z ia m -n o s de c o r e s p r in c ip a is d a l o u ç a d e b a r r o s ã o o a m a r e lo e o
d iv e r s o s ta m a n h o s , m as to d o s t in h a m 0 m esm o fo r e n c a r n a d o . O a m a r e lo é p rep a ra d o c o m o c r e d e te r r a ,
435'
um v e r m e lh o a m a r e la d o e x t r a íd o do urucu ou b ix a t r ib u ir p o d e r o s a m e n t e p a r a o a u m e n t o d e m o g r á f i c o c a
o r c l l a n a , e u m e n c a r n a d o m u it o i n t e n s o c o m a s f o lh a s i n t e n s i f i c a ç ã o d o f a b r ic o d a l o u ç a l o c a l , o q u e é c o r r o
d c u m a b e g ó n i a í6). b o r a d o p e l a s r e f e r ê n c i a s d e v i a j a n t e s e s t r a n g e ir o s .
No P a r á , I lh a d e A r a p ir a n g a , o u t r o v ia j a n t e cm E ssa c o r r id a de p o r tu g u e se s p ara M in a s , fo i de
1 8 5 9 , a s s in a la : . . . " N e s s a f a z e n d a c e r c a d e c in q u e n t a ta l ordem que v á r ia s p r o ib iç õ e s fo ra m e s ta b e le c id a s
escravos trabalham e m c e r â m i c a ; m o s t r a r a m - n o s m a g n í p o r le i, em 1709, 1711 e 1 7 2 0 , s e m s u r t ir o e f e i t o d e
f i c o s v a s o s d e v á r io s f o r m a t o s ” . . . í9> e s ta n c a r a co r r e n te m ig r a t ó r ia . E m 1732, o C o n s e lh o
S obre a B a h ia , já p e lo s id o s do s é c u lo X V III U l t r a m a r in o r ep resen ta v a ao rei para o p o r-se à q u e la
em 1 7 7 9 , q u e a s u a l o u ç a s e f a z ia p r e s e n t e n o m e r c a d o e v a s ã o d e s ú d ito s m e tr o p o lita n o s . P o r tu g a l c o m cerca
c a ç io c a , p o is é c o n s ig n a d o que n a q u e le ano e x is t ia m d e d o i s m i lh õ e s d c h a b i t a n t e s , v ia t r a n s f e r ir - s e p a r a o
“ d e z e s s e i s l o j a s d e v a r e j o d e l o u ç a d a B a h i a ” . <!0> B r a s i l e m m e n o s d e c e m a n o s , c e r c a d e o i t o c e n t a s m il
C . J , C o s t a P e r e ir a c ll> c o r r o b o r a o f a t o , q u a n d o p e s s o a s . 6 « O C o n s e l h o p o n d e r a v a a o r e i q u e o B r a s il
in f o r m a que " ...e x p o r t a v a c e r â m ic a para o R ic , com errais b r a n c o s e m a is r iq u e z a “ não so frerá se r
ta n to a s s im que em 1840, o Jornal do C o m é r c io , d o m i n a d o p e la n a çã o m enor".
p u b li c a v a u m a n ú n c i o c o m u n i c a n d o q u e c h e g a r a g r a n d e E o q u e r e p r e s e n ta v a M in a s n e s s e c o n fr o n to de
p a r t id a d e l o u ç a d a B a h i a , p a r a u m a d a s c a s a s d e c o m o g r á fic o c o m o r e s to d a s o u tr a s u n id a d e s . C a p ita n ia s
m é r c io d a C o r te " . o u P r o v í n c ia s — n o Fim d o s é c u l o X V I I I e c o m e ç o d o
O s r e g is t r o s d a A l f â n d e g a d o R i o , n o p e r í o d o d e X ÍX ? O B r a s il n esse p e r ío d o c o n ta v a com um a po
1 2 -1 2 -1 8 2 1 a 1 4 - 0 3 - 1 8 2 3 (1->, c o n s i g n a m a e n tra d a de p u la ç ã o de 2 .8 5 0 .0 0 0 h a b ita n te s , p o rta n to m a is que
d u z e n ta s e q u a r e n ta e duas t a lh a s , p r o v e n ie n te s da P o r t u g a l. E M in a s rep resen ta v a a u n id a d e b r a s ile ir a
B a h ia ; d e São S e b a s iiã o d u z e n ta s ta lh a s , d u z e n ta s e m a is p o p u lo s a c o m 6 5 0 ,0 0 0 a lm a s ; a B a h i a d i s p u n h a
q u a r e n t a e q u a t r o p a n e l a s e p o t e s ; e d e S a n t a C a t a r in a de 5 3 0 .0 0 0 ; P ernam buco 4 8 0 .0 0 0 e o R io com
tr ê s m il e q u i n h e n t a s m o r in g a s . E s s e s d a d o s m o s t r a m 3 8 0 .0 0 0 , q u a s e a m e t a d e d a p o p u la ç ã o d e M in a s . N e s
q u e p o u c o a n te s e p o u c o d e p o is d e n o s s a in d e p e n d ê n s e c o n t e x to , a C a p ita n ia d e S ã o P a u lo a p r e s e n ta v a em
c i a , o s p r in c ip a is f o r n e c e d o r e s d c l o u ç a u t ilit á r ia p a r a 1 8 0 8 , um to ta l d e 2 0 0 .0 0 0 h a b ita n te s in c lu íd o n e ste
a C o rte, eram a q u e le s cen tro s lito r â n e o s . C a u sa -n o s m o n ta n te 3 5 .0 0 0 r eferen tes à C o m a r c a d e C u r it ib a e
su rp resa sa b er a tr a v é s d a q u e le s a p o n ta m e n to s que a 2 5 .0 0 0 d a c id a d e d e S ã o P a u l o . . .
C a p i t a n i a , d e p o i s P r o v í n c ia d c S ã o P a u l o , s e a lin h a v a H á d c se a cr e sc e n ta r q u e p a rte p o n d e r á v e l d a q u e
e n t r e o s m a i s im p o r t a n t e s c e n t r o s e x p o r t a d o r e s , a t r a v é s la p o p u la ç ã o , era c o n s titu íd a de p o rtu g u eses ou de
d a c i d a d e d e S ã o S e b a s t i ã o ; a l i á s , A z e v e d o M a r q u e s <l3\ d e s c e n d e n t e s s e u s ; já em 1720, os brancos rep resen
n ã o d e i x a d e a s s in a la r , n a s e g u n d a m e t a d e d o s é c u l o , a ta v a m m a is o u m enos 37% dos h a b it a n t e s d a C a p i
e x is tê n c ia d a p r o d u ç ã o d a lo u ç a d e b a r r o cm S ã o S e t a n ia , e c e r ia m c n te boa p a r te d e le s t in h a n oções de
b a s tiã o , q u a n d o se r e fe r e a o a rtesa n a to d a s m u lh e r e s c e r â m ic a e a p r o d u z ia m . D iz -n o s A u g u sto de L im a
l o u c e i r a s d o b a ir r o d e S a o F r a n c i s c o . A i n d a h o j e e x i s Júnior *‘A in d ú s t r ia do o le ir o , tã o p o p u la r em
tem r e m in is c ê n c ia s d e s s a tr a d iç ã o lo c a l, c o m a p r o d u ç ã o P o r t u g a l, d esd e s é c u lo s , a d q u ir iu r e g u la r d e s e n v o lv i
d e p a n e la s , p o te s e a té c a c h im b o s , e m b o r a c ia s e -r e p r e m e n to en tre os c o lo n o s e m u it a s f á b r ic a s de lo u ç a
se n te por p o u q u ís s im a s lo u c e ir a s c o m o D ona S ilv a n s g r o s s e ir a fo rn ecera m su a m e r c a d o r ia ao con su m o
e D ona A m é lia . A liá s , São S e b a s tiã o c o n s titu ía um lo c a i” .
a ç iv o p o n to de c o m é r c io , p o is já no f im do s é c u lo A s s i m , n ã o é d e a d m ir a r q u e a p r o d u ç ã o lo c a ! n a
X V III, a b a s te c ia a C o rte com “açúcar, p e ix e , f e ij ã o qual os p o r tu g u e se s c o la b o r a v a m , fo sse grande. De
p reto , c a fé , m a r m e la d a , gom a”, co n fo rm e co n sta do o u t r a m a n e ir a j u n t o c o m a im p o r t a ç ã o , n ã o s e r i a d a d a
q u a d ro d a s E n tr a d a s d o P o r to d o R io d e J a n e ir o , d o v a z ã o a o c o n s u m o c a d a v e z m a i o r d a p o p u la ç ã o c o m
ano de 1791 p o s t a d e b r a s i l e i r o s , d e e u r o p e u s , d c ín d i o s , d e e s c r a
A s é r ie de E x p o s iç õ e s , r e a liz a d a s n a C o r te , nos v o s a f r i c a n o s e d e m e s t i ç o s , c o m o m u la t o s , m a m e l u c o s
anos de 1861, 1873, 1875, 1S8I e de 1888, com a c c a fu z o s.
re p r e se n ta ç ã o d e q u a se to d a s a s p r o v ín c ia s d o Im p é A in d a h o je sã o n u m ero so s o s r e m a n e sc e n te s d a
r io , f a l a b e m a lto d o p r o g r e s so d a p r o d u ç ã o d o b arro q u e le s p r o d u to s lo c a is q u e d jv e r s o s c o le c io n a d o r e s em
c o z i d o , d o s p r o d u t o s d e o l a r i a e d a l o u ç a v id r a d a . boa hora procuram r e c o lh e r a n te s que d esa p a reça m
N a E x p o s iç ã o d e 1 8 8 1 , n o M in is té r io d a A g r ic u l por c o m p le to . E sses p e s q u is a d o r e s com p u seram um
tu r a e a s e g u j r e m 1 8 8 1 e m B u e n o s A i r e s , p a r t ic ip a v a m m o s tr u á r io v a r ia d o e s u í-g e n e r is , d e v o lv e n d o a n o ssa
c i n c o e x p o s i t o r e s b r a s i l e i r o s , e n t r e e le s F r a n c i s c o A n t ó v is ã o n u m a p a c ie n te e x u m a ç ã o d o p a s s a d o , o a m b ie n
n io E s b e r a r d , d o R i o d e J a n e i r o , c o m a r t ig o s d o m é s t i c o s te das copas e c o z in h a s m in e ir a s , N e le r e s u lta um a
com o l a l h a s , f ilt r o s , m o r in g a s , p a n d a s, p o te s, e tc ., e gam a ex ten sa de cores: o a v e r m e lh a d o , o pardo, o
a p r e s e n to u ta m b é m “ a m o str a s d e lo u ç a b ra n ca e s m a l a m a r e lo , o c a s ta n h o , o m e la d o , o b r a n c o , o a z e ito n a d o ,
t a d a , e n s a i o s i m p e r f e i t o s e r e c e n t e s " 0 5 ). o m a r r o m , o v e r d e , e a in d a to n a lid a d e s b r a n d a s le m
A c r e d ita m o s porem , que a C a p it a n ia , P r o v ín c ia b r a n d o m a t i z e s d e a q u a r e la .
c d e p o i s E s t a d o d e M i n a s G e r a i s a p r e s e n t a s s e o m a io r E o in t e r e s s a n t e ê v e r i f i c a r - s e q u e e s s e s t i p o s d e
ín d ic e de produção, p e lo m enos na p r im e ir a m e ta d e lo u ç a são a in d a e n co n tra d o s nos q u a tr o ca n to s do
d o s é c u lo , q u a n d o a in d a n ã o s e h a v ia m d is s ip a d o as t e r r it ó r io m i n e ir o , o que d em o n stra , por um la d o , o
fo r tu n a s p r o v in d a s d a s la v r a s e a e s p e r a n ç a d a d e s c o q u a n to eram a p r e c ia d o s e , p o r o u tr o , q u ã o in te n s o e
b e r ta de novos filõ e s a n im a v a os g a r im p e ir o s , o d ifu s o era a q u e le c o m é r c io .
c o m é r c io e o s g o v e r n a n te s , T e m o s a c o n s id e r a r , q u e a São lo u ç a s , m u ita s vezes de e la b o r a d a fa tu r a ,
le v a de im ig r a n t e s de t e r r it ó r io s e, so b r e tu d o a dc p r a to s, s o p e ir a s , b u le s , x íc a r a s , m e io s b o iõ e s e c a n e c a s
p o r t u g u e s e s e m m a s s a i m ig r a d o s d e P o r t u g a l , p r o v o c o m ta m p a , tig e la s , p o te s , c u s c u z e ir o s , c a n g ir õ e s (g ê
c a d a p e l a c o r r id a d o o u r o e d o s d i a m a n t e s , v e i o a c o n n ero T o b y -ju g ), e tc .
436
Q u a n to aos fo r m a to s, v a r ja m b a sta n te , havendo O p o te t ip o c a n jir ã o ( com re p r e se n ta ç ã o a n tr o -
n o e n ta n to u m a p r e d o m in â n c ia de fo r m a s le m b r a n d o p o m o r fa ) da c o le ç ã o P a u lo V a s c o n c e llo s , pode ter
a s e ç ã o m é d i a c i n f e r io r d e u m b o i ã o c l á s s i c o b o j u d o , s id o c o p ia d o d e e s p é c im e s da r e g iã o d o P o r to , o n d e
de ta m p a e pega com v a r ia ç õ e s d e b o jo e de boca, fo r a m fa b r ic a d o s e m p r im e ir o lu g a r e m P o r tu g a l, de
com o há ta m b ém peças m a is raras de c o m p l ic a d a L is b o a (F á b r ic a d o R a t in h o ) o u d e C a ld a s d a R a in h a ,
f a tu r a com r e c ip ie n te s de p e r f il c ir c u la r com b ic o s , d e D e v e r a e d a F á b r ic a d e C h o u p e l o , c o m o ta m b ém
o u t r a s i r i p o d e s d e c o m p o s i ç ã o g la b u l a d a , e t c . in s p ir a d o s c m e x e m p la r e s in g le s e s de v á r ia s f á b r ic a s ,
p o is fo i na I n g la t e r r a , e m S ta ffo r d s h ir e , que o s can-
Q u a n to à decoração, a p r e se n ta m das certa s c a
g ir õ e s (co m fig u r a s ) t iv e r a m o r ig e m , d c lá p a s s a n d o
r a c t e r ís t ic a s . C om r e f e r ê n c ia à c r o m ia , há peças so
p a ra o r e sto d a E u r o p a , o n d e a r e p r e se n ta ç ã o d e p er
m e n te m on ocrom as, o u tr a s de fu n d o m onocrcm o,
s o n a l i d a d e s e d e t i p o s p o p u la r e s , s e t o r n o u m oda na
s o b r e o q u a l s ã o p in t a d a s m a n c h a s d e c a r á t e r a b s t r a t o
C e r â m ic a .
o u e n t ã o d e s e n h o s o u c o m p o s i ç õ e s d e i n s p i r a ç ã o f lo r a l.
H á ta m b ém p e ç a s d e fu n d o p o lic r o m a d o a p r e s e n ta n d o A s p e q u e n a s f l o r e ir a s a t r i b u í d a s à z o n a de D ia
to n a lid a d e s d e s m a ia d a s , com o o u tr a s a p r e se n ta n d o o m a n t in a - S e r r o , d e b o c a g r a n d e e p e r f il d e a s a s la r g a s ,
género c o n h e c id o por e sp o n ja d o e o m a r m o r ia d o . le m b r a m e s p é c im e s m a io r e s dos que co stu m a v a m
P a r te d e s s a s l o u ç a s s ã o e n g o b a d a s e c o n s i d e r a d a s d e o r n a r a lt a r e s ; e n t r e a s b a n q u e ta s d e p ra ta , m e ta l ou
m e ia - f a ia n ç a ( “ m c z z a - m a i ó l i c a ” ) . m a d e ir a , eram com uns esses o r n a m e n to s no s é c u lo
X IX , fo ssem em p o r c e la n a “V ic u x P a r is " , o u de fa
C om r e la ç ã o à d e c o r a ç ã o i n c is a e a r e le v a d a , h á
b r ic o d e J a c o b P e t it . Q u a n t o a o u t r o t i p o d e f l o r e ir a s ,
que a s s in a la r a v a r ia n t e de m o tiv o s , uns im it a n d o
com m ú ltip lo s b r a ç o s , ta n to a s d c c o r p o b o ju d o (v id e
c o r d a m e s , o u t r o s a p r e s e n t a n d o s é r ie d e b e s a n t e s e c a
e s ta m p a ) c o m o a s d e fo r m a to e s p a lm a d o , f la h e lifo r m e ,
n e la r a s , com o há ta m b ém a s fa ix a s im p r e ss a s com
sã o cham adas de “ t u li p e i r a s ” e p r o v in h a m de D c lft
d ife r e n te s d esen h o s, in c lu s iv e a lg u n s le m b r a n d o o
o n d e fo i in ic ia d o o se u u s o n o s é c u lo X V I I ; e s s a s f lo
■‘g u i l l o c h é " , à m a n e ir a da o u r iv e s a r ia , com o e x is te m
r e ir a s e r a m e v e n tu a l m e n te , ta m b é m u sa d a s c o m o c a n
ta m b é m peças com d ecoração p o n t ilh a d a e p e n te a d a
d e la b r o s , E s s a s ja r r a s j á e r a m u sa d a s em P o r tu g a l e
n a t é c n ic a d o e s g r a f i t a d o e o u tr a s c o m flo r e s, fo lh a
f a b r ic a d a s em S a n to A n tô n io do V a le da P ie d a d e ,
gens e o r n a m e n to s d iv e r s o s , ju s ta p o s to s .
d e s d e o s é c u l o X V I I I <ts> e lá s ã o c h a m a d a s d e " ja r r a s
D e v e m o s , n o e n t a n t o , r e s s a lt a r q u e t a n t o n o s f o r d e lu v a ” .
m a to s c o m o na d ecoração i n c is a e r e le v a d a , h á u m a
N o q u e lo c a a o s c a n u d o s — e s s e s s ã o d c o r ig e m
m e r itó r ia d o s e d e c r i a t i v i d a d e e d e e s t é t ic a l o c a i s q u e
p ersa, onde eram c o n h e c id o s por “ e l-b a r a n i” c lá já
não p a sso u d e s a p e r c e b id a a S a in t - H iia ir e que d is s e r
s e r v ia m c o m o p o t e s p a r a g u a r d a r u n g ü e n t o e p r o d u t o s
“O s v a so s a p r e s e n ta m cm geral lin d a s fo rm a s” . A
m e d ic in a is . F oram os árabes que os tr o u x e r a m do
in s p ir a ç ã o p ara o s d e s e n h o s p in ta d o s c c e r to s fo r m a to s
O r ie n t e M é d i o e o s c e r a m i s t a s i b e r o - m o u r i s c o s p a s s a
d e c o m p l ic a d a f a tu r a , q u e r e m o s c r e r q u e p r o v e io s o
ram a r e p r o d u z i-lo s p a r a o m e s m o fim , c o m o p o te s d c
b r e tu d o de P o r t u g a l, a tra v és de M a s s a r e llo s , V ia n a ,
f a r m á c ia . E le s têm com o c a r a c te r ís tic a dc o r ig e m o
C a l d a s d a R a i n h a , F e r v e n ç a , e t c ., a s s i m c o m o d a E s p a
e s tr a n g u la m e n to n a s e ç ã o m é d ia d o tu b o c p a ss a r a m a
n h a , p e l o s “ a lf a r e r o s ” d a G a lf c ia , d e L eão, da A nda
s e r c o n h e c i d o s n a t e r m in o l o g i a c e r â m i c a c o m o “ a lb a -
l u z ia , e t c .
r e llo s ” , p o is a Itá lia q u e o s r e c e b e u d e M a jo r c a , d ifu n
Em P o r t u g a l, c o s t u m a m ch am ar d e ‘‘R a t i n h o ” a d iu o m o d e l o p a r a o r e sto d a E u r o p a , a tr a v é s d e su a
um tip o p o p u la r d e lo u ç a m u it o d e c o r a t i v a qu e deve v is t o s a fa ia n ç a .
te r in s p ir a d o a m i n e ir a , e m b o r a e s s e g ê n e r o n a d a t e n h a
Qs r e c ip ie n te s para con servar e s s ê n c ia s , drogas
a v e r c o m o s p r o d u t o s c e r â m i c o s d a f á b r ic a d a D u q u e
e m e d ic a m e n to s , a p r e s e n ta m v á r ia s d e n o m in a ç õ e s c
s a d e P a lm e i a , q u e t e v e p o u c a d u r a ç ã o e c h a m a v a - s e
fo rm a to s.
ta m b é m R a tin h o . G ra n d e p a r te d e s s a lo u ç a v is t o s a e
E le s p o d e m ta n to se r p o te s, c a n u d o s, b o iõ e s tu b u
p o p u la r lu s a , é c o n s i d e r a d a d e m e i a - f a i a n ç a o u e n g o -
la r e s , b o tõ e s b o ju d o s, com o b o iõ e s c ilín d r ic o s ; essa s
b a d a c o m a r g ila d a r a e e s m a l t e d e c h u m b o , à s v e z e s
c o m p o u c o e s m a lte e s ta n ífe r o . d e s ig n a ç õ e s m o r fo ló g ic a s e n g lo b a m -s e to d a s n o term o
g e n é r ic o q u e e s p e c ific a su a fu n ç ã o , o u se ja , “ p o te s d e
A s i n f l u e n c i a s a s s i m i l a d a s p e l o s o l e i r o s , c e r a m is
f a r m á c ia ” o u " b o iõ e s d e b o t i c a ” ( c o m o s ã o c o n h e c i d o s
ta s ou lo u c e ir o s m i n e ir o s , s ã o d e o r j g e m d iv e r s a .
e m P o r tu g a l) . E x is te m ta m b é m g a r r a fa s p a ra o m e sm o
Q u e r e m o s c r e r q u e as lo u ç a s d e b a rro , ta n to a s se c a s
u so . T o d o s e ste s r e c i p i e n t e s e s t r a n g e ir o s p o r t a m in d i
ao s o l, com o as c o z id a s ao fo rn o , so frer a m m a is a
c a ç ã o a t r a v é s d e i n s c r iç õ e s , b r a s õ e s o u s i g l a s . O b o i ã o ,
i n f l u ê n c i a i n d íg e n a ( à s v e z e s já a c u l t u r a d a ) , a a f r ic a
p o te o u c a n u d o , c o m e s tr a n g u la m e n to n a p a r te m é d ia ,
n a e a c a b o c la .
com o d is s e m o s é c o n h e c id o p o r “ a lb a r e llo ” ; o b o iã o
No en ta n to as que a tu a r a m sob re a fa tu r a das b o ju d o ( q u e m u ito s s ó c h a m a m d e b o iã o ) te m , c o m o
l o u ç a s v id r a d a s c “ m e z z a - m a i ó l i c a s ” q u e e x i g i a m t é c n i c a r a c t e r ís t ic a p e c u l i a r , s u a f o r m a g l o b u l a d a o u p i r i f o r
c a s m a is a p u r a d a s, in c lu s iv e a m a n ip u la ç ã o q u ím ic a d e m e e o b o iã o c ilín d r ic o é o c a n u d o o u p o te s e m e s tr a n
e s m a lte s , fo ra m m a is m a rca d a m e n te de in f lu ê n c ia g u la m e n to , E ste ú ltim o que vem acom panhado de
e u r o p é ia , so b r e tu d o ib é r ic a , m o u r is c a ou o r ie n ta l, o t a m p a c ô n i c a s ó f e z a p a r i ç ã o n a s p r a t e le ir a s d e n o s s o s
q u e m a is s e e v i d e n c i a n a e s c o l h a d o s f o r m a t o s . b o tic á r io s , cm fin s d o s é c u lo X V I 1 Í e no correr d o
A c a b a m o s d e d iz e r , s o b r e i n f l u ê n c i a s a s s im ila d a s s é c u lo X I X . » »
e m M i n a s , n ã o p r o v é m d a s a p e n a s d a c e r â m i c a ib é r ic a . A s p e ç a s d e c o m p lic a d a fa tu r a , ta n t o d a c o le ç ã o
C e r to s fo r m a to s s ã o típ ic o s d e la , c o m o o u tr o s s ã o d e P a u lo V a s c o n c e llo s c o m o d e W a lle r J o s é d a S ilv a , r e v e
p r o c e d ê n c i a d i v e r s a , t r a z id o s d e lo n g e a t r a v é s d e P o r la m f o r te in flu ê n c ia e s p a n h o la . São e la s os tr íp o d e s
t u g a l, o u p o r o u t r o s p a í s e s , já q u e a a b e r t u r a d o s p o r gl a b u la d o s , os c a n d e la b r o s (o u flo r e ir a s ) co m p o sto
to s em 1 8 0 8 , e n s e jo u o c o m é r c io d ir e to . de um tu b o em fo rm a d e c ír c u lo , c o m um ou v á r io s
437
b i c o s , e a in d a u m a ja r r a f o r m a d a d c m e a n d r o s Ui b u 1855 — E a n a lis a d o e m S ê v r c s b a r r o d c S ã o C a e
la r e s e u m b i c o s u p e r io r . A l g u ,,s d e s s e s m o d e l o s já ta n o , a tr ê s lé g u a s de M a r ia n a , c o n s id e r a d o com o
e r a m f a b r ic a d o s e m M a n is e s , d e s d e o s é c u l o X V . c a u lim e “ a p e ç a c o z id a d eu boa lo u ç a ” — a n a lis a d o
onde eram c o n h e c id o s P °r b ib e r o n s e ja r r a s de ta m b é m n o R i o , p e l o n a t u r a lis t a F r e i G u s t a v o S c r r ã o ,
t r a m p a ” . C o m r e f c r é n c ia a o s r e c i p i e n t e s c o m b a s e ir i- s e n d o m u it o f a v o r á v e l o e x a m e ” .
p o d e g lo b u ia d a , e s t e s já a p a r e c ia m n a C h in a , n a p r o A u g u s t o d e L im a J ú n io r j n f o r m a q u e h a v ia “ a l g u
v í n c i a d e S h a n t u n g , c m l o u ç a b r a n c a v id r a d a ( a l L m a s f á b r ic a s d e p r o d u ç ã o c e r â m i c a n a r e g iã o d c M a
31 c m ) n o t e r c e ir o o u p r i n c í p i o s d o s e g u n d o m ilê n io r ia n a " . S ã o C a e t a n o , p o r f o r ç a d e s e u bom m a t e r ia l,
b .C . d e a c o r d o c o m e s c a v a ç õ e s p r o c e d id a s e m 1 9 6 4 d® , n ã o p o d e d e i x a r d e e s t a r i n c lu íd a e n t r e e la s .
c n o M e d i t e r r â n e o 2 0 0 0 a . C . , n a i l h a d e C h ip r e OU e
1858; — £ aprovada p e lo governo m in e ir o um a
a q u e le fo rm a to , ê de se p r e s u m ir que os árabes o
su b v en çã o de c in c o co n to s de r é is , para o m e lh o r a
ten h a m t r a z id o p a r a a I b é r ia .
m e n t o d a “F á b r i c a d e C a e t é ” , o q u e n o s le v a a crer
E sse fo rm a to de r e c ip ie n te , que le v o u m ilê n io s q u e e s s e c e n tr o fo s s e o q u e a p r e s e n ta s se m e lh o r e s c o n
para ch egar do O r ie n t e ao a l t ip l a n o m in e ir o parece d iç õ e s e n tre to d o s os o u tr o s, p ara m erecer a q u e le
q u e , a le m d e a g r a d a r a o s c h i n e s e s , d p r i o t a s , ib e r o s e i n c e n t iv o .
m i n e ir o s , a g r a d o u t a m b é m a o s b a n d e ir a n te s , p o r q u a n 18.. -— A u g u sto de L im a J ú n io r in fo r m a ; “A
to e le se fa z p r e se n te em A p ia í, onde lo u c e ir a s do .in d ú s t r ia d o o l e i r o , t ã o p o p u la r c m P o r t u g a l, a d q u ir iu
b a ir r o d e S e r r in h o , a in d a o f a b r ic a m , o b e d e c e n d o a tra r e g u la r d e s e n v o l v i m e n t o e n t r e o s c o l o n o s c m u i t a s fá
d iç ã o a n tig a , s e n d o lá d e n o m in a d o s de “ g a rra fa s d e b r ic a s d e lo u ç a g r o s s e ir a fo r n e c e r a m su a m e r c a d o r ia
três p e r n a s ” a o c o n s u m o lo c a l. T e m o s c o n h e c im e n to d e a lg u m a s c m
E m P o r tu g a ! a s “ ja r r a s d e s e g r e d o ” , a s b i l h a s b o M a r ia n a (S ã o C a e ta n o , en tre o u tr a s ) , em P ra d o s, cm
j u d a s o u p ir i f o r m e s c o m b i c o e b o c a la t e r a is e a l ç a n a C ongonhas do C am po e no a r r a ia l d o O u r o B ranco,
p a rte s u p e r io r (c o le ç ã o P a u lo V n s c o n c d io s ), a s s im a f o r a u m a p r ó x i m a d e O u r o P r e t o , q u e r e s is t iu a t é o fim
c o m o p e ç a s e m f o r m a d e c í r c u l o , t u b i f o r m e s c o m v á r io s d o s é c u lo p a s s a d o ( S a r a m c n h a ) , P r a to s , tig e la s , p o te s
g a r g a l o s , e r a m f a b r ic a d a s s o b r e t u d o , e m E x lr e m ó z . d e á g u a , m o r i n g a s o u b ilh a s , a lg u id a r e s , e t c ., f o r a m f a
T a n to a s “j a r r a s d e s e g r e d o ” c o m o a s b ilh a s d e b r i c a d o s e t iv e r a m p r o c u r a . c28> M a n u e l B a n d e j r a ta m
a l ç a s u p e r io r , c o m v a r i a ç õ e s d e f o r m a t o , e r a m e , c o n b é m i n f o r m a , e m b o r a n ã o a s s i n a l e a d a t a , q u e a f á b r ic a
t in u a m s e n d o , f a b r ic a d a s n a B a h i a , s o b r e t u d o c m M a - d e V ila R ic a d e sa p a r e c e u .
r a g o g ip in h o , s e n d o que a q u e la s t a m b é m eram con h e 1 8 6 8 — L o u ç a s v id r a d a s f a b r i c a d a s c m T a q u a r u ç u
c id a s p o r " p ú c a r o s d e su r p r e sa " e “p ú ca ro s d e enga (d is tr ito d e C a e t é ) , p e lo s s ó c io s F e lip e N c r y T e ix e ir a ,
n o ” , t o d a s d e c o r a d a s a fr io . d o s u a f i lh a F l o r i n d a d e J e s u s e A n t ó n i o P e r e ir a d e A r a ú j o
Q u a n to às g a rra fa s em fo r m a d e g a lo o u d e g a T a v a r e s , e a d o t a n d o a t é c n ic a d a f á b r ic a d e C a e t é ; “ F e i
lin h a , em te r r a c o ta ou em lo u ç a v id r a d a , ta n to na ta a a p u r a ç ã o d o b a r r o p e l o t a m is e a m a s s a d o o b a r r o a
A n d a lu z ia c o m o n a E x t r e m a d u r a E s p a n h o l a , s ã o e la s b r a ç o , fa z e m a lo u ç a c o m u m a rod a to c a d a c o m o p é e
a t é h o j e r e p r o d u z id a s . q u e i m a d a e r a f o r n o o r d in á r io , v id r a d a e m p e d r a m o í d a
o u c o m ó x id o d e fe r r o e d c c o b r e e m p a r te s ig u a is . , . e
V e j a m o s o q u e n o s f o i p o s s í v e l r e u n ir c o m r e fe
o b a r r o e m p r e g a d o e m T a q u a r u ç u , é d e d iv e r s a s c o r e s
r ê n c ia a d o cu m e n to s so b re essa s lo u ç a s m in e ir a s e
e e x is te em grande a b u n d â n c ia nos arredores d e ste
su a produção, o que poderá s e r v ir s u b s id ia ria m e n te
a r r a ia ] , a s s im c o m o p e d r a s p a r a t o d o s o s v i d r o s . _ , os
p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o d o lo c a l d e s e u f a b r ic o .
f a b r i c a n t e s s ã o p o b r e s e c a r r e g a d o s d c f i l h o s , e t c , dó)
1 7 7 7 -1 7 8 6 — D r. J o sé B itte n c o u r t A c c io ly fez
1883 — N a c i d a d e d e P a s s o s , h á f á b r ic a d e l o u ç a
e n s a io s e e x p e r iê n c ia s f a v o r á v e is com o barro de
c o m a in fo r m a ç ã o de que “ n esta p a r ó q u ia , há exce
C a e té , p orém não há e v id ê n c ia de que te n h a dado
le n t e c a u lim " .
i n í c i o a u m a p r o d u ç ã o r e g u la r d e l o u ç a .
1893 — F undação o fic ia l em C a eté, em 13 dc
1 8 ..-..., — O i n g lê s J o h n M o r g a n in le r ç s s o u - j u l h o , d a C e r â m i c a N a c i o n a l , p e l o D r . J o ã o P in h e i r o d a
-se em o r g a n iz a r um a so c ie d a d e p ara a p r o v e ita r o S i l v a ( q u e fo i p r e s i d e n t e d a P r o v í n c ia e m 1890) e p e lo
m a t e r ia l d e C a e t é , p o r é m c a d u c o u s u a c o n c e s s ã o sem D r . C a r lo s T h o m a z d c M a g a lh ã e s , le n te d a E s c o la d e
q u e m o n t a s s e f á b r ic a . <M> M .in a s d e O u r o P r e t o , c o m o p r o p ó s ito d e fa z e r p r o s
1 8 0 9 -1 8 1 2 — John M aw c a s s in a la , cm C ongo p e r a r a c i d a d e d e C a e t é c m e lh o r a r a q u a l i d a d e e p r o
nhas do C am po, um a o la r ia q u e , e m p r e g a n d o “ barro d u z ir a r t i g o s f i n o s v i s a n d o a p o r c e l a n a , A a t a d i z e n t r e
em seu e sta d o n a t iv o " e “ a r o d a " , f a b r ic a v a " p r a to s , o u tr a s c o is a s : " S e n d o d a d a s a s c o n d iç õ e s fís ic a s c o m
p o te s, ja r r a s p esa d a s e m a c iç a s , m as p ouco s ó lid a s , q u e a t u a l m e n t e s e fa b r ic a u m a e s p é c i e d e lo u ç a b á r b a r a
que se to rn a v a m m enos fr á g e is com o em prego de n e s s a c id a d e d e C a e té , c o n s e g u ir m e lh o r a r . . . c o m u m a
v e r n i z e s p e s s o ” . S e g u n d o a in d a M a w e , e r a " u m a terra i n t e r v e n ç ã o q u ím ic a " . ( D o i s m e s e s d e p o i s é r e la t a d o q u e
p a r a p o r c e la n a , su p e r io r à q u e la e m p r e g a d a e m S êvrcs, c o n s e g u ir a m c o n d j ç õ e s a n im a d o r a s c c o m n ovas p rovas
P r o v in h a d a c o lin a dc S a n to A n tô n io p erto d e C o n e d e s c o b e r ta s d e r a m o p r o b le m a c o m o r e s o lv id o ) . D iz
g o n h a s d o C a m p o " ( c it a ç ã o d e M a n u e l B a n d e ir a ). ■a A t a a in d a ; V i r a m p o r e l e s ( e s t u d o s ) c o m o s e p o d e
1 8 1 6 -1 8 2 2 — S a i n t - H i l a ir e , a s s in a la u r n a fá b r ic a c o n s e g u i r o e s m a l t e b r a n c o n a lo u ç a b á r b a r a a q u i f a b r i
dc lo u ç a p e r to de V ila R ic a (O u r o P r e lo ), “que se c a d a n o s f o m o s r u d im e n t a r e s d e c u p im " .
e s t a b e le c e u h á p o u c o s a n o s " , .. “ O s v a s o s a p r e s e n ta m 1893 — £ a s s in a la d a a p r e s e n ç a cm M o n d c o s , “ a
em gera! lin d a s fo r m a s, m as sã o r e v e s t id o s de um a m e ia lé g u a d e C a e t é , d e um v e lh o l o u c e ir o cham ado
cam ad a m u it o esp essa de v e r n iz e q u eb ra m -se com M a n u e l V i c e n t e , q u e t in h a t a m b é m s e u f o r n o d e c u p i m
m u it a f a c ilid a d e . É e v i d e n t e , a liá s , q u e c o n s e g u i n d o - s e (A ta c il.) .
e v it a r e s s e s d e f e i t o s a m a n u f a t u r a d e V ila R i c a , fiq u e 1897 — In fo r m a X a v ie r d a V e ig a , q u e a té e n tã o
r iv a liz a n d o c o m a s d a E u r o p a " . . , !27) n ã o h a v ia p r o d u ç ã o c m M in a s d e p o r c e la n a .
438
1898 — P r e c i o s o á lb u m d e f o t o g r a f i a s d a “ C e r â s e r v iu p a r a a i n d u s t r i a l iz a ç ã o d a p o r c e l a n a . N o a n o d e
m ic a N a c i o n a l ” , e m q u e s ã o e x i b i d a s a s i n s t a l a ç õ e s d a 1 8 9 3 , já li n h a s i d o a s s i n a l a d a a d e s c o b e r t a p e í o s t é c n i
fá b r ic a e s e u s d e p ó s i t o s , c o m o s a r t ig o s p r o d u z id o s . c o s d o e s m a lte branco para decoração das lo u ç a s
1 9 0 3 -1 9 2 1 — F a b r ic o d e p e ç a s u t ilit á r ia s e m p o r v id r a d a s .
c e l a n a e m C a e t é , d c f o r m a i n d u s t r ia l, in f o r m a ç õ e s d o s Q u a n to a o s fo r m a to s e tip o s d e lo u ç a s d e C a e té ,
a tu a is d ir ig e n te s e do jo rn a l “O P a is " , sob o t ít u lo q u e c o n s t a m d o á lb u m d e 1 8 9 8 , p u d e m o s d i s t in g u ir n a
K a u lír n , d i a s 7 c 8 de ju n h o d c 1926. f o t o I , d o in t e r io r d o D e p ó s i t o d e L o u ç a s A r t í s t i c a s , o s
1 9 2 1 — T r a n s f o r m a ç ã o d a a n tig a r a z ã o s o c i a l p a r a s e g u in t e s m o d e l o s : u m m e d a l h ã o c o m o b u s t o d e T ír a -
“ C e r â m ic a João P in h e ir o " , que prod u z a t u a lm e n t e d e n te s , o u tr o d e F lo r ia n o P e ix o to , u m a s é r ie d e â n fo r a s
( 1 9 7 5 ) s o m e n t e p r o d u t o s r e f r a t á r io s . de t ip o c lá s s ic o , p o te s su p er d ecorados com f o lh a s ,
D e s s a e n u m e r a ç ã o d e d a t a s , d a d o s e c o m e n t á r io s , f lo r e s , g a l h o s em r e le v o (já esta m o s n esta a ltu r a no
c o n c l u i - s e f o r a d e d ú v id a q u e o s a r t ig o s p r o d u z id o s e m p e r ío d o d o f l o r e a i , d o A r t - N o u v e a u ) , b i l h a s , p o t e s p a r a
M in a s d e v ia m d j f e r e n c ia r - s e b a sta n te en tre s i, o que f l o r e s d e d e p e n d u r a r , g a r r a f a s , m o r in g a s c o m a l ç a f l o
fa z c o m q u e o s r e m a n e sc e n te s d e lo u ç a s e n c o n tr a d o s r a is , p e ç a s ( t i p o f l o r e i r a s ) d e b o c a la r g a c o m a s a b a s
h o j e s e j a m b a s t a n t e d i v e r s if i c a d o s , i s s o t a m b é m e m r a (a jo u r é e s, o u v a s a d a s , e t c .) . A f o to g r a fia n .° 7 f o c a liz a
z õ e s d e d i f e r e n ç a n a t é c n ic a d c o r ig e m a d o t a d a n a p r o o in te r io r d o d e p ó s i t o de lo u ç a d c s e r v iç o e n e la sc
dução das a r g ila s e m p r e g a d a s e seu tr a ta m e n to , dos d is t in g u e m s e r v iç o s d e chá, c r e m c ir a s , c o r n o ta m b é m
f o r n o s , d a s f o r m a s , d e v id r a d o s e e s m a l t e u t i l i z a d o s . la r g a s b a c ia s e j a r r o s , e s c a r r a d e ir a s e u r in ó is .
A s s i m , n ã o e s t a m o s i n c l i n a d o s a a d m it ir , s a l v o p r o Q u a n to a S a r a m e n h a , s a b e - s e q u e s c e s tin g u iu n o
vas a c e itá v e is o u d o c u m e n to s , in c lu s iv e fr a g m e n to s f im d o s é c u l o , c o n f o r m e i n f o r m a ç ã o d c A u g u s t o L i m a
e n c o n t r a d o s n o s a n t i g o s l o c a i s , q u e a lo u ç a m in e ir a v i j r. o n Q orroborada p o r M a n u e l B a n d e i r a <í ; ’. O c o le
d r a d a d o s é c u l o X I X r e s t r in j a - s e a p e n a s a tré-s o u q u a c io n a d o r P a u lo V a s c o n c e llo s e x ib iu -n o s u m a p e ç a por
tro o r ig e n s , com o C a e té , S aram enha, D ia m a n tin a e l e a t r ib u íd a a S a r a m e n h a q u e m o s t r a n o f r e t e a i n s c r i
( S e r r o ) e B a r b a c e n a , q u a n d o o s c e n t r o s a p r o d u z i- la s ç ã o “ 1 9 2 2 fe v e r e ir o " , d o n d e d e d u z im o s q u e e m b o r a a
eram n u m ero so s, em r e g iõ e s esp a rsa s com té c n ic a s . f á b r ic a h a ja s i d o e x t i n t a , a r t e s ã o s s e u s e d e s c e n d e n t e s
m a t e r ia is , a r t e s ã o s , m o d e l a d o r e s , d e c o r a d o r e s e a p a r e - d e l e s c o n t in u a r a m a p r o d u z ir in d i v id u a l m e n t e n a m e s m a
I h a m e u t o s d if e r e n t e s . O s c e n t r o s e n c o n t r a d o s a t é a g o r a , t é c n ic a e d e c o r a ç ã o .
sã o o n z e :
S a r a m e n h a , s u b ú r b io d e V ila R ic a (O u r o P r e to )
( O la r ia ) 1 — C ongonhas do C am po a p r e se n ta u m a p r o d u ç ã o p e lo q u e se p o d e a p u ra r, b a s
(F á b r jc a s) 7 — V i l a R ic a ( S a r a m e n h a ) t a n t e d iv e r s if i c a d a . O q u e s e e x p l i c a p e l o f a t o d e V i l a
P a sso s R i c a te r s i d o a C a p ita l d a C a p ita n ia e d a P r o v í n c ia .
C a eté A c r e d i t a m o s q u e a m a i o r i a d o s p r a t o s d e l o u ç a v id r a d a
M a r ia n a ( S S o C a e t a n o ) com d e s e n h o s p o lic r o m a d o s e s o b r e tu d o o s de fu n d o
P rados e s b r a n q u iç a d o (m e ia fa ia n ç a ), se ja m de fa tu r a sa ra
O uro B ranco m e n h a , p o i s a d e c o r a ç ã o d e s s a lo u ç a e x i g i u a r t is t a s m a i s
T aq uaruçu c s p e q ia liz a d o s e e s te s é líc ito a d m itir -s c q u e s e c o n c e n
(L o u c e ir o ) 1 — M ondéos t r a s s e m n a C a p it a l d a P r o v í n c ia , o n d e a d e m a n d a e r a
? D ia m a n t in a ( S e r r o ) m a i o r e m a is q u a l i f i c a d a . F .x ís t e u m e x e m p l a r p r a t o d e
7 B arbacen a b a r b e ir o d a c o l e ç ã o d o fa le c id o c o le c io n a d o r S im õ c n s
d a S ilv a ( h o j e n o M u s e u d a I n c o n f i d ê n c i a ) c o m a a n o
D esses cen tro s c e r â m ic o s , d esta ca -se C a e té , que
ta ç ã o d e S a r a m e n h a , o q u e c o r r o b o r a a q u e la o p in iã o ; é
p a s s o u p o r q u a t r o f a s e s . S e u p r im e ir o p e r í o d o p e r d e - s e
um e x e m p l a r t í p i c o d a m c ía - f n ia n ç a " m e z z a - m a i ó l i c a " .
n o ú l t i m o q u a r te l d o s é c u l o X V I I I a t é 1 8 5 S , q u a n d o a
A c r e d ita m o s ta m b é m que s e ja da m esm a p r o c e d ê n c ia
f á b r ic a d e C a e t é r e c e b e v u l t o s a s u b v e n ç ã o ( c i n c o c o n t o s
p a r t e d a s p e ç a s d a m a i s f in a e l a b o r a ç ã o c t é c n ic a o l e i r a
dc r e is ) do G o v e r n o P r o v i n c ia l , e já d e v e e n t ã o te r
m a is a p u r a d a , c o m o é o caso d os tr íp o d e s p a r te d a s
m e l h o r a d o a q u a lid a d e d a l o u ç a , q u e s e r v iu a t é d e d it o
g a lin h a s p o lic r o m a d a s , c a n g ir õ c s , p e ç a s tu b i fo r m e s, p o
m a ld o s o :
te s, can ecas, s o p e ir a s , cu m b u cas, e tc, com d esen h o s
“ L o u ç a d e C a eté f it o f o n r e s e a b str a to s so b r e fu n d o s e s m a lta d o s u n ifo r
J u s t iç a de Ita m b é m e s o u d e c o r e s e s c o r r id a s .
E o povo de S ão M ané
A s p e ç a s d e B a r b a c c n a d e q u e e x i s t e m v á r ia s m a r
L iv r e -n o s D e u s , D o m m é ” !
c a d a s , a p r e s e n t a m e m g e r a l, u m f u n d o e s m a l t a d o a m a
A seg u n d a fa se ir ia d e 1858 a 1893, quando é r e lo o u a m a r e la d o e c o m o c a r a c te r ís tic o a r e p r e s e n ta ç ã o
c o n s titu íd a a fir m a C e r â m ic a N a c io n a l, com n o tá v e l p o S ic r o n a d a d e f l o r e s e f o l h a s c m r e le v o . A c id a d e d e
a p a r e l h a m e n t o , e a t e r c e ir a d e 1 8 9 3 a t é 1 9 2 1 , q u a n d o B a r b a c e n a é t r a d i c i o n a l m e n t e o c e n t r o m in e ir o d e c u l t i
p a s s a a s c r C e r â m ic a J o ã o P in h e i r o , e a q u a r ta d e J 9 2 1 v o d e f lo r e s , d a í s u a c e r â m i c a n e l a s s e in s p ir a r a t é h o j e .
a té h o je . S a b e -s e q u e e m 1 8 6 8 , e m p r e g a v a c o m o v id r a A D ia m a n tin a -S e r r o , d a d a a c o le ta d e n u m e r o s a s
d o p e d r a m o íd a o u c o m ó x id o d e fe r r o e d e c o b r e em p e ç a s c o m c a r a c t e r ís tic o s id ê n tic o s d e fo r m a , d e c o r a ç ã o
p a r t e ig u a is : q u a n t o à a r g ila , s e g u n d o i n f o r m a ç õ e s d o s e c o r d o v id r a d o n a q u e la m e s m a r e g iã o , p a s s o u - s e a
a t u a is d ir ig e n t e s e a m o s t r a s , e r a e é u m a a r g ila p r e t a , a t r ib u ir o f a b r i c o d e d e t e r m in a d o s “ t i p o s ” . S ã o a s f l o
q u e d e p o is d e c o z id a s e to r n a b r a n c a , r e ir a s c o m a l ç a s , c o m d e s e n h o s r e l e v a d o s e f u n d o a z e i -
N a t e r c e ir a f a s e d e C a e t é ( d e 1 8 9 3 a 1 9 2 1 ) , c o n t o n a d o ou a m a r e la d o . H á ta m b é m g a r r a fa s, p o le s , b u le s ,
t in u a s e n d o e m p r e g a d o o m e s m o m a t e r ia l p a r a o s a r t e c a n e c a s , c a n u d o s e s m a lta d o s c v e r d e e s c u r o o u m a rro m ,
fa to s c e r â m ic o s , c o m o u t r a s m is t u r a s p a r a o g r é s e o s d e b r ilh o f o r t e , c o m o u s e m a p l i c a ç ã o d e c i n c o r o s e t a s
r e f r a t á r io s , f o r a o u s o d o c a u lim que d e 1903 a 1921, o u c in c o c o r a ç õ e s c m v o lt a d a s p e ç a s .
439
C om e s ta s c o n s id e r a ç õ e s so b r e a lo u ç a m in e ir a , im p o r ta d a s d e P o r tu g a l, n o c o r r e r d o s é c u lo X I X , já q u e
m a is a t u a liz a d a s , r e tific a m o s e stu d o n o sso fe ito em e l a s t iv e r a m i g u a l m e n t e a s u a p r e s e n ç a a s s i n a l a d a n o s
1 9 7 5 0 3> n o qual n os r e f e r im o s à p r o d u ç ã o c e r â m ic a l a r e s b r a s i l e i r o s , n o s p e r í o d o s I m p e r ia l e R e p u b l i c a n o .
d e M i n a s , l i m i t a m o - l a s a p e n a s a o f a b r ic o d a l o u ç a d e É d e p o i s d a r e v o l u ç ã o d e 2 1 d e a b r il d e 1 9 7 4 , q u e
barro (c m o u c o z id o ) e a o d a l o u ç a v id r a d a (p o te r ie v ie r a m e l a s e m m a i o r p r o f u s ã o p a r a o B r a s i l . T r a t a - s e
v e m is s é e ) sem in c lu ir a p r o d u ç ã o d a lo u ç a c o n h e c i d a s o b r e t u d o d a s l o u ç a s c o n h e c i d a s p o r “ R a t i n h o ” , d e a lt o
por m e ia -fa ia n ç a ou m e ia -m a ió lie a (m e z z a -m a ió lic a ), teo r d e c o r a tiv o e c r o m ia v ig o r o s a , a q u e já nos re
t é c n i c a e s s a a p lic a d a s o b r e t u d o n o s p r a t o s . fe r im o s ,
H á que s e d a r d e s ta q u e e s p e c ia l n esse c o n te x to N o e q u i p a m e n t o d o m é s t i c o b r a s i l e i r o , f o r a a s f a ia n
b r a s i l e i r o d e p r o d u t o r e s d e c e r â m ic a a r t ís t ic a e u t ilit á r ia , ç a s d e p r im e ir a q u a l i d a d e e p o r c e l a n a s í i n a s i m p o r t a d a s
à f á b r ic a d e lo u ç a i n s t a la d a e m C o l o m b o e m 1 8 8 0 , por d o O r ie n t e e d a E u r o p a , a l o u ç a v id r a d a t i n h a t a m b é m
F r a n c i s c o B u s a t o . E s t u d o s r e c e n t e s d e N c w t o n C a r n e ir o seu lu g a r a s s e g u r a d o . A l o u ç a b r a s ile ir a , n o e n ta n to ,
n o s r e v e l o u u m a p r o d u ç ã o d e a lt o n í v e l a r t í s t i c o q u e se e m b o r a e n c e r r a n d o e m s i p r e d ic a d o s d e c o r e d e fo r m a s
e q u ip a r a s e m f a v o r à e u r o p é i a e q u e s e d e v e a im ig r a n a s s i n a l a d a s p o r S a i n t - H i l a ir e , n ã o p o d i a c o m p e t i r c o m
te s i t a li a n o s . F r a n c is c o B u s a t o , o r ig in á r io d e D a l e n o v a , a s p o rtu g u esa s (a não ser a s p ro d u çõ es a r tís tic a s d e
P r o v ín c ia d e V ic e n z a , e s ta b e le c id o e m C o lo m b o , p r o d u F r a n c i s c o B u s a t o , e x e c u t a d a s p o r i t a li a n o s i n f e li z m e n t e
z ia t e l h a s e t ij o lo s . R e s o l v e d e p o i s d e c j ic a r - s c à c e r â m i c a de b reve d u ra çã o ).
a r t ís t ic a e d e q u a lid a d e . C o n t r a í a o a r t is t a J o ã o O r t o la - D iz - n o s F r a n c is c o M a r q u e s d o s S a n t o s : “ , , . F á b r i
n i e in ic ia p e q u e n a p r o d u ç ã o d e u m g ê n e r o d e f a ia n ç a , cas de lo u ç a fin a n unca m edraram n o B r a s il a n tig o ,
lo u ç a v id r a d a e “ m e z z a -m a ió lic a ” , ou v a r ia n t e , e t a l v e z a f a l t a d e r e c u r s o s d o s o l e i r o s o u m a is s e g u r a m e n
abran gen d o f lo r e ir a s , p l a c a s , e s t a t u e t a s , â n fo r a s e b i- t e p e la c o n c o r r ê n c ia e u r o p é ia .” E a in d a “ a f i r m a m o s
b c l o t s c p a r t e d e s e u s m o d e l o s i n s p ir a - s e n o A r t - N o u - c o m s e g u r a n ç a , q u e o s n o s s o s p r im e ir o s q u a t r o s é c u l o s
veau, C om e s s e s p r o d u to s a lc a n ç a em 1900 m e d a lh a d e c iv iliz a ç ã o fo r a m d e lo u ç a d e s a tiv a d a ” ( p á g . 2 9 0 ) e
d e O u r o n a E x p o s iç ã o d o I V C e n te n á r io d a D e s c o b e r ta rem a ta n d o d iz : "a lo u ç a v id r a d a f a b r ic a d a no p a ís
d o B r a s il. E s s a f á b r ic a d e C o l o m b o c o n h e c e u d iv e r s a s e n t r a v a c o m o h o j e n a c a s a a b a s t a d a , a t r a v é s d o s a lg u i
f a s e s a te 1 9 2 6 , p a ss a n d o p o r d iv e r s o s d o n o s . d a r e s , b o i õ e s , p a n e l a s e c m p e ç a s d c v a r ia d a u t i l i d a d e ’’
A fa se r c a lm c n t e b r ilh a n t e é a d e 1897 a 1901, ( p á g . 2 8 7 ) . A r e g r a r e a lm e n le e r a e s s a , p o r é m com a
com a a t u a ç ã o d e J o ã o O n o l a n i , o r ig in á r io d e L ig ú r ia e x c e ç ã o d o s p r o d u to s a r tís tic o s d o P a r a n á d o f in a l d o
c que fez seu a p r e n d iz a d o a r t ís t ic o na A c a d e m ia de sé c u lo , já c ita d o s , que fo r a m de cu rta d u r a ç ã o e de
P in t u r a e E s c u lt u r a d e V e r o n a . E s s a f a s e d e n o m i n a r í a p r o d u ç ã o li m i t a d a e c u j o u s o s e c i r c u n s c r e v e u a o E s t a d o
m o s d e “ I t a lia n a " , p q is a s e g u i r m u d a d e c a t e g o r i a c e o u a p e n a s à r e g iã o d a C a p it a l.
r â m ic a e de dono, que a d o ta o f a b r ic o in d u s t r ia l d e A s s i m , d e m a n e ir a g e r a l, a l o u ç a v id r a d a p o r t u g u e
lo u ç a g r a n it o , im p o r t a n d o um a im p o r t a n t e e q u ip e de s a e s u a m e i a - f a i a n ç a p o p u la r “m e z z a - m a i ó l i c a " d o g ê
té c n ic o s a le m ã e s — fa se essa que c h a m a r ía m o s de nero R a tin h o , no e q u ip a m e n to d o m é s tic o , s itu a v a -s e
“ g e r m â n ic a " e da qual tr a ta r e m o s m a is a d ia n t e no e n t r e a c o p a e a s a l a d e j a n t a r , a l o u ç a v id r a d a b r a s ile i
T ó p ic o F a i a n ç a F in a . 0«) ra m a n t i n h a - s e e n t r e a c o p a e a c o z i n h a , s a l v o as do
S o b r e a p r o d u ç ã o d e l o u ç a v id r a d a o u da m e ia - P a ra n á d o p e r ío d o d e F r a n c is c o B u s a to .
fa ia n ç a , em São P a u lo , se ja no p e r ío d o c o lo n ia l ou E s s a s l o u ç a s p o r t u g u e s a s p o p u la r e s , t a n t o d o R a
im p e r i a l, o u d o s p r im ó r d io s d a R e p ú b l i c a , h á q u e a s s i t i n h o c o m o o u t r a s , e m q u e s e in c lu i p a r t e d a p r o d u ç ã o
n a l a r a lg u n s o l e i r o s i s o l a d o s e a l g u m a s f á b r ic a s . a r t ís t ic a d e B o r d a llo P in h e i r o , v ie r a m a co n h ecer na
O M aço de P o p u la ç ã o da C a p it a l de 1S08 e s e g u n d a m e ta d e d o s é c u lo X I X , u m a v e r s a tilid a d e b e m
i 8 J 1 (3i), a p o n t a : “ J o s é M a n o e l C a r n e ir o , n a tu r a l d e m a io r d e m o tiv o s e d e c r ia t i v i d a d e d o q u e a fa ia n ç a
M i n a s q u e v i v e d e u m a fá b r ic a d e l o u ç a v id r a d a ” e e m v e r d a d e ir a fa b r ic a d a no m esm o p e r ío d o , a n o sso ver
1817 (la ta 3 5 ): “Jo sé A n tô n io B arb osa, n a tu r a l de m a is c a r e n t e d e o r i g i n a l i d a d e .
M in a s , 3 7 a n o s, c a s a d o , b r a n c o , g iv e de fa z e r lo is a s S u a r e p r e s e n ta ç ã o é e m g e r a l f ilo f o r m e , d e té c n ic a
v id r a d a s ” ( s í c ) . j m p e r f e i t a m a s d e s a b o r in g ê n u o e a tr a e n te , p a r te d e
C o m o c e n tr o s p r o d u to r e s, e n tr e o u tr o s h á q u e sc p r o d u ç ã o d e i n s p i r a ç ã o a u t ó c t o n e e p a r t e d e la in t e r p r e
d e sta c a r a c id a d e d e S o r o c a b a , c o m a s su a s fa m o sa s ta n d o co m v ig o r o m o d is m o a n g lo -fr a n c ê s o r ic n ta ü s ta .
“ lo u c e ir a s ” e São P a u to . N e s ta , o f a b r ic o de ío u ç a s P o r m a is e s t r a n h o q u e p a r e ç a , c o l e ç õ e s n o B r a s i l (D .
co n cen tra v a -se d e in íc io no B a ir r o de Á gua B ranca. A n i t a M a r q u e s d a C o s t a , M a r c o n d e s F e r r e ir a , G a s t o n
A p o n t a m - s c l á v á r io s f a b r i c a n t e s c o m o " F e r r e ir a & C ia . A d l e r , e n t r e o u t r a s d e S ã o P a u l o ) , r e v e la m u m a s u r p r e
—— A g u a B r a n c a ” , q u e f a b r i c a v a v a s i l h a m e s e " J o a q u im e n d e n te v a r ie d a d e d e m o tiv o s . N e s te s s ã o r e p r e s e n ta d o s
d e O liv e ir a — Á g u a B r a n c a * 1, q u e f a b r ic a v a m o r in g a s p a d r õ e s c l á s s i c o s r e p e t i d o s , d e c u n h o p o p u la r c f o l c l ó r i
o r n a m e n ta is e m fo r m a d e g a lin h a c o m v is t o s o s c o lo r id o s c o , c o m o d a s m a i s in e s p e r a d a s e s o b e r b a s i n t e r p r e t a ç õ e s
d e e s m a l t e e a in d a : “ A . F e r r e i r a I r m ã o s , Á g u a B r a n c a ” , d o o r i c n t a l is m o o u d o j a p o n i s m o e m voga n a segu n d a
que f a b r ic a v a p in h a s o r n a m e n t a is d e v i s t o s a a p r e s e n m e ta d e d o s é c u lo , m o r m e n te d e L im o g e s , cu ja p r o d u ç ã o
ta ç ã o (C o le ç ã o Isa a c A le x C a ta p ). já im p r e g n a d a do r o m a n tis m o e do im p r e s s io n is m o ,
A i n d a n e s s e b a ir r o d e Á g u a B r a n c a , ir ia s e r in je ta e str a v a sa ta m b ém na r e p resen ta çã o f lo r a l p ersa que
do o e n s a io d e p r o d u to s e m p o r c e la n a e em b is ç u it , p r e n u n c ia o A r t-N o u v e a u e deve te r i n f l u e n c i a d o os
c o m o o f a b r ic o r e g u la r d e lo u ç a d e p e d r a , p e l o p i o n e i r o c e r a m is ta s lu s o s .
R o m e u R a n z in i e u m g r u p o d e s e l e t o s c e r a m i s t a s , c o m A in d a c o m r e fe r ê n c ia a lo u ç a s im p o r ta d a s, h á q u e
a f u n d a ç ã o d a p r im e ir a f á b r ic a d o g é n e r o e m S ã o P a u l o , a s s i n a l a r u m a s é r ie g r a n d e d e s a n t o s o r i g i n á r i o s d e P o r
c h a m a d a S a n t a C a t a r in a . t u g a l e d e v a r i a d o s t a m a n h o s e c o r e s , a s s im c o m o , m a is
N e c e s s á r i o t o m a - s e r e f e r i r m o - n o s , a lé m da lo u ç a ra r a s a s im a g e n s fr a n c e s a s , p o r é m , e s ta s er a m e m p o r c e
n a c i o n a l t a m b é m à s l o u ç a s v id r a d a s e à s m e i a s - f a i a n ç a s la n a e m g er a l d e a c a b a m e n to d o u r a d o .
440
B I B L I O G R A F I A
441
LO U Ç A V ID R A D A
[São Paulo)
442
Sécs. X I X / X X LOUÇA ESMALTADA PORTUGUESA
(Ornamental)
376
377
443
Séc. X IX LOUÇA VIDRADA
37 S
444
LOUÇAS M IN EIRA S
380
em -
zona
445
LO U ÇA S B R A SIL E IR A S
{São Fautô e Minas)
381
446
Séc. XIX LOUÇA MINEIRA
(Louça-vidrada e meia-faiança)
3S2
Vemos ao aha duas peças de formato tubiform e; ã esquerda é uma jarra de segredo e â direita ê um candelabro ou floreira que orna
altares. Os víucm do centro com flores são peças tipicamente do fabrico d e Barbacenn. A s irês sâtí da Coleção do Sr. Paulo de
Vúsconcellos. O ttipode glohulado de baixo é da. regido dc Sete Lagoas (coleção Br, Wãlter Dias da Silva). O pichei em baixo â
esquerda é de fabrico goiano e a galinha ã direita é proveniente dc Minas. Coleção de Paulo Vusconcellos. O pole do centro com
folhas e frutos poiicromados é tipico de Barbacena. Coleção de Roberto Paranhos do Rio Branco.
447
Sèc. X I X LOUÇA MINEIRA
{Meia-faiança, e Louça-Vidrada)
384
449
Séc, X I X LO U Ç A M ÍN E IR A
(Meia-faiança e louça-vidrada)
385
386
A talha de cima {com detalhe ao lado) é palicromada (fundo engobado) com aplicações de folhagens, cruz e a coroa impe
rial com ramos de café e fumo.’ è originária de Car ré. Coleção M artas. Carneiro de M endonça. O bule ao lado é verde espon-
lado. e de ,a b rko paulista r está marcado Cerâmica Sia. Cruz. Piracicaba — A ntônio ff. Souza. A tigela acima é peça mol
dada marcada Ferrara <£ Cia. — Água Branca — S. Paulo.
CoIccao María Elisa Pereira Bueno c Paulo Vasconcellos (S. Paulo).
450
LOUÇA ESMALTADA PORTUGUESA
Fábrica de Devazas
(Pane de catálogo de 1910)
451
Fábrica de Devezas
(Catálogo d e 1910, continuação)
452
Sêc. X IX TELHAS ESMALTADAS PORTUGUESAS
390
FB
d o b o -rr^b v
'P d '7 - c r n cx
454
Séc, X I X LOUÇA POPULAR PORTUGUESA
(M e z z a -M a ió lic a )
392
456
V - A ZU LEJO S
o s e t o r d a f a b r i c a ç ã o d c a z u le a S ã o L u ís c e r c a d e c e n t o e s e t e m il, q u a tr o c e n ta s c
j o s p in t a d o s e v id r a d o s , o B r a s il duas peças e p o s te r io r m e n te v ie r a m ta m b é m a z u le j o s
n esse s é c u lo não se a p r e se n ta d a F r a n ç a , d a B é lg ic a e d a A l e m a n h a " ’.
a in d a c o m o c e n t r o p r o d u t o r . É A p e sa r d a a ç ã o d o tem p o e da d e p r e d a ç ã o c o n s
c o n s i g n a d o s e u f a b r ic o e m 1861 ta n te dos v â n d a lo s , há c id a d e s que a in d a podem
e 1 8 6 6 n a P r o v í n c ia d o R i o d e o f e r e c e r a v i s ã o r a r a n u m m e s m o q u a r t e ir ã o , d e v á r ia s
J a n e ir o . E m 1 8 6 1 , na I E x p o s i f a c h a d a s r e v e s t id a s d e a z u le j o s .
ç ã o N a c i o n a l , h á r e f e r ê n c ia s a a z u le j o s p r o d u z id o s e m M o rm cn te em S a lv a d o r , e m S ã o L u ís , e m A l c â n
N i t e r ó i , p o r P e d r o A n t ô n i o S ü r v í l l o & C i a ., d e b o a t a r a e e m B e l é m , s o b r e v i v e m in t a c t o s i m p o n e n t e s e
q u a lid a d e , e n a II E x p o s iç ã o d e 1 8 6 6 , e n c o n tr a m -se p r e c i o s o s c o n j u n t o s q u e a in d a a n im a m d c c o r e s e
c i t a ç õ e s d e o u t r o s f a b r ic a n t e s , J o s é B o t e l h o d e A r a ú j o a le g r a m d e e n c a n t o v i c i a s t r is t o n h a s e r u a s p a r d a c e n t a s .
e R o u g c o t-A in é , c o m m a te r ia l s e m e l h a n t e , t a m b é m d a Q u a is a s n a ç õ e s q u e c o l a b o r a r a m no a fo r m o s e a -
P r o v ín c ia d o R i o d e J a n e ir o . n te n to d o c a s a r io b r a s ile ir o tra n sfo rm a n d o cm a le g r e
P orém i g n o r a - s e a e x i s t ê n c i a d e u m o u d e a lg u n s c s o r r id e n t e a fis io n o m ia sjisu d a e m o n ó to n a de um
d e s s e s e x e m p l a r e s p i o n e ir o s d a in d ú s t r ia n a c i o n a l ; n e m q u a r t e ir ã o ? F o r a P o r t u g a l , p o d e m o s a r r o la r p o r o r d e m
e x is t e m o u t r a s r e f e r ê n c ia s d e q u e e le s t e n h a m a s s u m id o de v o lu m e , a F rança, a I n g la t e r r a , a A le m a n h a , a
u m p a p e l d e d e s t a q u e n o a b a s t e c i m e n t o d a C o r t e , e n tr e E sp an h a, o L uxem burgo e a B é lg i c a , is s o de fo rm a
o s c o n g e n e r e s e u r o p e u s ; a s s im , t e m o s d e a c r e d it a r q u e g e r a l, a t é a L a G u e r r a M u n d ia l.
a q u e la s d u a s f á b r ic a s p i o n e i r a s s e d e d ic a r a m ap enas a Q u a n to às f á b r ic a s do s é c u lo X IX , há que se
u m a p r o d u ç ã o d e e n s a i o , s e m c o n t in u id a d e c r e p e r c u s s ã o d e sta c a r a d o R a to (L isb o a ) que p r o d u z iu a t é 1836,
m a io r n o m e r c a d o lo c a l. quando en cerra a t r a j e t ó r ia lu m in o s a que tra ço u no
E m c o n t r a p a r t id a , n u m e r o s o s f a t o r e s v ã o c o n c o r c a m p o d a fa ia n ç a , ta n to n o a d o r n o , c o m o n o v a s ilh a m e ,
r e r p a r a a p le t o r a e a v a r i e d a d e d e a z u le j o s e s t r a n g e ir o s n a e s t a t u á r ia e n a a z u le j a r ia . S e g u e t n - s e a de Juncai
esp a rra m a d o s p e lo B r a s il, C om o v im o s , no s é c u lo que, d esd e 1775, v in h a se d e d ic a n d o m a is a te m a s
a n t e r io r h a v i a s i d o i n i c i a d o o s e u e m p r e g o e m f a c h a d a s sa cro s, a d e S a ca v ém , a d e M a ssa rcü o s (P o r to ), que
d e c a s a s e a m p lia d o o se u u so à s d e p e n d ê n c ia s m e n o s t a m b é m p r o d u z iu a z u l e j o s r e l e v a d o s , a d o C a r v a l i n h o ,
n o b r e s d a r e s id ê n c ia . N e s t e s é c u l o , a t in g e o a p o g e u o d e b e lo s e s m a lte s ( c o m F .C . n o v e r s o ) e a in d a p e lo s
m o d is m o d e su a a p lic a ç ã o e x te r n a e ta m b ém in te r n a . m eados do s é c u lo a f á b r ic a de A v e ir o , cu jo s b e lo s
O u t r o f a t o r q u e s e a p r e s e n t a é a s i t u a ç ã o c r ia d a p e la e x e m p la r e s p o lic r o m a d o s , o u e m m a r r o m , a m a r e lo , d e
a b e r tu r a d o s p o r to s p e lo V is c o n d e d e C a y n i, e m 2 5 d c b e lo v id r a d o , p u d e r a m s e r a p r e c ia d o s n a E x p o s iç ã o d a
j a n e ir o dc 1808, o que v e io p r o p ic ia r a e n tra d a de F u n d a ç ã o Á lv a r e s P e n te a d o , d e 1 5 d c ju n h o d e 1 9 7 3 ,
a r t ig o s c u j o m o n o p ó l i o d c f o r n e c i m e n t o c d is t r ib u iç ã o , p a t r o c in a d a p e l o M u seu d e A r te A n t ig a e M u seu de
e r a a p a n á g i o d a M e t r ó p o l e . A s e g u ir , a p r ó p r ia I n d e A z u le jo s d e L is b o a . A r r o la m -s e a in d a a s f á b r ic a s d e
p e n d ê n c i a N a c i o n a l , q u a t o r z e a n o s a p ó s ir ia m a n te r S a n to A n tô n io da P ie d a d e (P o rto ), a de D evezas
liv r e o r e s t o d o s é c u l o X I X , p a r a a im p o r t a ç ã o in te r ( 1 8 6 5 ) , e m G a i a , a d e B o r d a ü o P in h e ir o ( 1 8 8 4 ) , em
n a c io n a l e a c o n c o r r ê n c i a a b e r t a e n t r e o s f o r n e c e d o r e s . C a ld a s d a R a in h a , e a in d a a te liê s a v u ls o s , e n tr e e le s o s
O u t r o p o n t o f a v o r á v e l à e n x u r r a d a d c f o r n e c im e n t o da V ila V e lh a dc G a ia , c ita d o s por Udo K n o ff
p or o u tr o s p a ís e s é a p r ó p r ia r o b u stez da e c o n o m ia que se e s p e c ia liz a v a m em a lt o r e le v o , branco ou
n a c i o n a l . É q u e n o f im d o s é c u l o X V I I I c n o c o m e ç o p o lic r o m a d o .
do X IX , o a lg o d ã o , o ta b a c o e o u tr o s p r o d u to s d o O h i s t ó r i c o d a m a io r ia d e s s a s f á b r ic a s é r e l a t a d o
N o r t e c m a is p a r a o f im d o s é c u l o o d e s e n v o l v i m e n t o n o l . ° c a p í t u l o : A z u l e j o s P o r t u g a l.
p r o v o c a d o p e la b o r r a c h a , v ie r a m a c o n t r ib u ir p a r a q u e D e f o r m a g e r a l , o s a lis a r e s e p a in é is d a s p r im e ir a s
as c i d a d e s d o N o r t e , N o r d e s t e e C e n t r o p u d e s s e m a p r e d é c a d a s d o s é c u lo X I X , e x ib e m as v ersõ es p o ü cro m a -
s e n t a r n u m e r o s o s e b e l o s r e v e s t im e n t o s m u r a is ; e n a s das do n e o -c lá s s ic o p o rtu g u ês. E os a z u le j o s a v u ls o s
p r o v ín c ia s d o S u d este, so b r e i u d o na de São P a d o e d i v e r s if i c a m su a p a d r o n a g e r o , in d e p e n d e n te do e s tilo ,
R io de J a n e ir o , onde o ca fé já d in a m iz a v a r iq u e z a , p o r é m t o d o s e l e s m a n t e n d o u m e l e v a d o c u n h o a r t ís t ic o
o c o r r e o m e s m o fe n ô m e n o . A s s im d e N o rte a S d do e d e c r ia tiv id a d e , t o d o s e l e s a i n d a a d s t r it o s à t é c n i c a
p a ís , o a z u l e j o a v u l s o i n v a d e a s c i d a d e s l it o r â n e a s c o m o a r t e s a n a ! o u s e m i - a r t e s a n a l d a m a j ó lic a .
R io e S a n to s e cobre p a r te de casas s e n h o r ia is do Na seg u n d a m e ta d e do s é c u lo , q u a n d o P o r tu g a l
in t e r io r f l u m i n e n s e , p a u l i s t a , b a i a n o c n o r d e s t i n o . N e s s a reto m a em m a i o r e s c a l a à p r o d u ç ã o r e g u la r a z u le j a r ,
s é r i e d e s t a c a - s e a B a h i a , q u e r e p r e s e n t a o m a io r r e p o h á q u e o b s e r v a r a f r a n c a p r e d o m in â n c ia d a p r o d u ç ã o
s itó r io c o lo n ia l, s e g u id a d o M a r a n h ã o — seg u n d o D o d e a z u le jo s d e c a m p o ilim ita d o o u se ja a d o s a v u ls o s ,
m in g o s V i e i r a F ilh o l!): “A a z u le j a r ia do M aranhão, s o b r e o s d e c a m p o li m i t a d o o u s e ja a dos a lis a r e s e
c o m e ç o u n o s é c u lo X V I I I , q u a n d o em 1 7 9 8 , ch egaram d o s p a in é is .
395
396
459
A Z U L E JO S PO RTU G U ESES
(e h o la n d e s e s )
397
Este azulejo representa variações de um tema antigo sobre rosai divididas por desenho
•diagonal. Este motivo esteve “na moda por mais de duzentos anos", sendo encontradas pedras
primorosttmente executadas a mão e “até peças imprimidas com lotia incúria".
Segundo consta, esses azulejos chegaram de Portugal em 1710 e. depois da Abertura dos
Portos, ern ÍS08. vieram cti ter turribêni da Holanda. De se observar que pela ultima d é c a d a
do século, foram fabricadas ern Niterói imitapees com 'variações sobre aqueles originais
não tendo no entanto sequência o fabrico,
<Udo Knoff — Azulrjaria na Bahia — - Salvador — 1978 — pág. 32),
a z u l e jo s po rtu gu eses
(e holandeses)
398
Este tipo dc azulejo é reportado aos idos de 1680, como sendo fabricado tanto pelos holandeses
como pelos portugueses. Ê conhecido entre os c eram ágrafos como "bicho c estrela" ou "co-
brmhu". Foi encontrado num oratório público na área do Pelourinho, mandado construir em
1743 c foi depois reproduzido em pequenas variantes. (No Norte encontramos com a mesma
decoração ^c o desenho em amarelo!. Difícil de se focalizarem os períodos das peças encontradas
pots o Palácio do Conde dos Arcos (Salvador) construído em 1817 é também revestido com tais
pedras,
{Udo Knoff in ‘‘Azulejos do Pelourinho” — Fundação do Patrimônio Artístico-Cultural da Bahia).
Séc, X I X A Z U L E JA R IA D IVERSA
Portuguesa no Brasil
(Va pane de ciam, unia slrie de cercadura* de azulejos com motivos- jlorais, mais de caráter clássico. Cortesia do Dr. Carlos Eugênio
Marcondes de Moura (em empréstimo no At use u d a Casa Brasileira). Ao ceiilro e embaixo, vários modelos com diversos cores dos
famosos azulejos i elevados de muito agrado no lisosil, sobretudo no Norte. Esses azulejos eram de regra fabricados no Norte de
Portugal, Ita região do Porto, e em particular na Vila Velha de Gaya, As pedras do centro e de baixo, são da coleção do Autor,
462
AZULEJOS PORTUGUESES NO BRASIL
Divçrsas épocas
400
\U
r\% JJ w1
(pSSi,
gV». '4k
W0
*\\ -*N
éíE®*'*!,
(Os azulejos desta página são todos da mesma dimensão, ou seja de Í4 cm x 14 cnt, e não correspondem ao tamanho das fofos),
Ã. pedra ao alto em azul c branco é multo importante, pois provém aa Igreja de Itanhaém que foi quem recebeu os primeiros crem •
piares na Capitania de São Vicente (ramagens). A da direita c um azulejo de uma igreja de Mogi das Cruzes, demolida* século
XVUI, O azulejo com cora de anjo é do século XVIIIt provavelmente do Rafo. O quadro da direita com aves c animais com estre
linhas nos cantos, è composto dc pedras do século X IX (azul esmaecido). Q azulejo na Unha do centro, à esquerda, azul e branco
ê de muita importância, pois foi o motivo mais vulgarizado no período colonial e o que mais perdurou nas fachadas brasileiras, duzen
tos anos (como jd foi dito linhas atrás) e transuda sabor chinês na com posição, pois as flores mais lembram papoulas ou pc tinias de
sua porcelana, O azulejo da direita é du coleção de D,11 Ambrozina Maia Sampaio (Pará) e é conhecido por “Sargento'*. Segundo
(Jdo Knoff, figs. I, 2, 3, 4 e 5, as pedras com pétalas nos cantos, teriam começado a aparecer no Brasil çm I73S (in “Azulejos
na Bahia*'* no preto, 1978, pàg, 56), A rosa à esquerda com pétalas nos cantos, i um exemplo da época, 0 azulejo de campo azul
com csicrr.pdiiagem dourada fôrma conjuntos harmoniosos de fachadas. O azulejo policromado da direita com fortes esmaltes ê pro
veniente dc demolição em Belém c da fabrica àe “Carvalinho*1 (tem marcado no verso F, C J , Coleção do Autor,
463
A Z U L E JA R IA HO LA N D ESA E A L EM Ã
de diversos períodos
401
464
Séc. X IX AZULE J ARIA FRANCESA
d e d ir e ra a s f á b ric a s
402
Taupti! Pochon
Levei Minei
Boulanger (Marseille)
Sarreguemines
Blin br c e s
Blin Père c / Fils
Longwy
Choisy Le Roy (Hippolite Boulanger)
Fourmainiraux (Família)
Fábricas de Villeroy S: Bach
465
A Z U L E JA R IA NO BRASIL
Frisos, cercaduras, tarjas e azuiejos
Art-Nouveau c Art-Deco
403
w
-------------— I
» I —
466
Sees. XI X/ XX A Z U L E JA R IA DIVERSA
(Procedência o estilo)
404
Os St ô azulejos tom figuração da floras, foram de demolição da cidade de Santos ç estão marcados “Bcfgigue O azulejo da
direita ê proveniente de Belém e está marcado Socavem, de puro estilo fíotúL Idetn o azulejo da esquerda com decoração fito-
forme, sem marca. O azulejo branco, moldado, é de fabrico de ViUeroy-Boch. O friso duplo cm azul C amarelo c de fabrico portu
guês r representa utn cordame e estaria ligado a resquícios da influência manuelina. (Cortesia Cicia Camargo __ S. Paulo), 0
azulejo de bai.ro cm azut f branco à esquerda é proveniente do Rio de Janeiro, ele dimensões de 20 cm x 20 em, estilo Art-Nauveau.
sem marea, (Cortesia Ur. Rogério Nogueira da Silva Rego — S. Paulo). O azulejo cm baixo ao centro, potieromado, com flores é
th demolição em Santos, mede 20 cm x 20 cm, sem marca (Coleção Paulo Rogério — S. Paulo), O azulejo da direita com um
leão dentro do um círculo, é de fabrico de Vilhroy-Boch, encontrado cm São Paulo.
467
Sécs. XI X/ XX AZULEJARIA DIVERSA
(Art-Nouveaü)
405
468
Sees. X IX /X X AZULEJARIA DIVERSA
40ó
O s dois azulejos dc cima policromados em Art-Nouveau medem 21 cm x 21 cm e portam a marca HParis — /.Ç .
Givet”, e fazem parte da coleção de Ambrozina Maia Sampaio, Belém, Pará, Ás duas pedras do meio também são
Art-Noiiveau (20 cm x 20 cm), assim, como o azulejo de baixo do centro ern tons esverdeados, são eles de demoli
ções no Rio de Janeiro e o esverdeado foi dc urna casa de Carlos de Lacerda, ex-governador do Estado da Guana
bara, Os dois frisos de baixo foram do antigo Mercado Municipal do Rio, jà demolido c note-se que um deles
estampa a face de um porco e o outro a dc um carneiro.
Cortesia dc Paulo Afonso Carvalho Machado — ■ Rio dc Janeiro,
469
Sécs. XIX/XX PLACAS DE AZULEJOS E TERRACOTA
(de indicação)
407
408
409 410
470
AZULEJOS — LADRILHOS
Portugal
D e v e z a s — P o r to
411
N . B. P á r a u m m e l r o q u a d r a d o s ã o p r e c i s o s 51 a i u l o j o s o u la d r i lh o s
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Sêc. X IX A Z U L E I A R IA N O B R A SIL
( F a c h a d a s c o m p o s ta s co m a z u le jo s a v u ls o s )
414
415
474
A Z U L E IA R IA N O BRASIL
T e m a s flo ra is e g e o m é tric o s
475
Séc. X IX AZULEJOS
476
Séc. X X AZULEJOS
R evestim enlos — Manaus
477
Sees. X V II!/X IX AZULEJOS PORTUGUESES
T e m a s flo ra is
Os azulejos tla fachada de cima â esquerda, são de inspiração holandesa cm azul e branco com subtons de azul.
Os da direita apresentam marcodamenie o estilo corrente do século X VIII, no delineamento em volta do motivo
central, polictornado azul, branco e anrnrcb. Tarja azul.
A cercadura dos azulejos de baixo à esquerda upresenta um belo eleito decorativo lembrando urna espiral em azul
e hrsnco. O centro apresenta rosetas grandes como motivo principal. Todas essas fachadas são de casas da cidade
de São Luís. O painel da direita obedece ã influência mourisca do gênero conhecido por Tapete, com um motivo
clássico que compõe o centro da decoração conhecido por “massaroccF ou “pinha". De fundo azul e subtons de
azul e a decoração dourada, de beto efeito. Arquivo do Autor.
478
Séc. X I X AZULEJOS PORTUGUESES
Variações sobre lemas florais, com movimentos lineares -—- fachadas de Salvador — Bahia.
Fotos: Bento Pereira Bueno
479
a z u l e ja r ia no b r a s il
F a c h a d a s v a ria d a s — S a lv a d o r
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422
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Sécts, X IX /X X AZULEJO S
R e v e stim e n to s do ta c h a d a s e m A r t-N o u v e a u e D e c o
423
482
No tocante aos azulejos avulsos, continuam ainda um importante centro consumidor das manufaturas
as cópias de determinados protótipos de Deifl, porém, francesas, c no que diz respeito à azuiejaria tornou-sc
com interpretação própria na execução dos motivos, a França a mais séria rival dc Portugal na segunda
como os de ‘'círculos”, de "bichos", de “barcos", de metade da centúria.
“figuras” e de “flores”, produção essa que já vinha do Os centros franceses de produção, sejam de tijolos,
século XVIII, e que sc distingue, segundo Valcntim telhas, como serviços dc mesa e peças de adorno,
Caíderon, por um azul mais escuro, enquanto os azu agrupam-se no território gaulés, em zonas diferentes.
lejos do século XIX são de azul mais claro, Esses Com referência à porcelana é a região parisiense
azulejos em geral são adornados nos cantos com pétalas e a limosina (tom seu grande centro de Limoges que
ou estrelinhas, versão lusa dos cantos variados aplica predominam, j
dos pelos holandeses, como a “flor de Lys”, a “cabeça No tocante a telhas é Marselha que nos supre de
de boi”, “aranhiços”, etc. um modelo moderno de telha plaua — a famosa telha
Quanto à padronagem, continua ela a se desen francesa — que vem desbancar no Brasil, aos poucos,
volver mais acentuadamente nas variantes geométricas; a clássica telha colonial de capa e calha. Em São
porém, irão os azulejos avulsos, (mais caminha o Paulo foram localizadas diversas marcas marselhesas do
tempo) perder o encanto que os notabilizou com os século passado,(í)
novos processos mecânicos c industriais que avassa Sobre a produção dc azulejos, há que assinalar
lam a produção lusitana e mundial e que se resume, quatro regiões; a do Pas dc Calais, em Desvres, a de
entre outros, na prensagem dos moldes e na estampa Ãlsácia Lorcua em Sarreguemines e a da Boca do Rho-
gem das peças. Aqueles são conhecidos por azulejos dano, na Au bagne, c a de Choisy le Roy, na região
relevados c estes são conhecidos por estampilhados, e, Parisiense.
em geral, são mal executados petos oleiros lusos e de Alinham-sc como principais fornecedores do mer
regra inferiores aos similares ingleses. Isso não quer cado brasileiro as fábricas de diferentes membros da
dizer no entanto, que Porluga! não continuasse tam ilustre família dos Fourmaintraux e os produtos do
bém a produzir cm menor escala, belos azulejos esta- consórcio Villeroy-Boch, formado por descendentes
níferos à moda antiga, haja à vista a bela série de dc rcnômadas e tradicionais ceramistas franceses e
azulejos que adornavam a casa da Família Santos germânicos {hoje a sede desse importante consórcio
Dumont, em Petrópoüs, no fim do século XIX! é em Mcttalach na Alemanha, perto da fronteira
O processo da prensagem de moldes produziu no francesa).
entanto um gênero de azulejo em relevo, que conheceu Seguem-sc ainda, outros fabricantes como Tauptil
grande voga c até hoje continua copiado. Em particular Pochon, Leve! Minet (Desvres) Faïenceries de’Sarre
os fabricados em Massarellos e na Vila Velha de Gaia. guemines (Alsácia Lorena) “Blin Frères” e "Blin Père
Portugal não se sensibilizou pelo movimento do et Fils” (Aubagne) Longwy, J.C. Givet (azulejos de
“Art-Nouveau” em sua azuiejaria. O mostruário de 21 x 21 cm), Boulenger & Cia., Choisy le Roy; estas
uma de suas fábricas mais importantes — a de Dcve- duas últimas fábricas são da região de Paris.
zas — no seu catálogo do fim do século, ou começo Aqueles primeiros grupos citados merecem um
do século XX, entre os numerosos modelos não exibe destaque maior, pela preferência que lhes deram os
nenhum dc padronagem “floreai". brasileiros, uruguaios e argentinos, ou ainda, pela posi
Pelo que sabemos, somente Sacavém c Bordallo ção que desfrutam no contexto da produção azulejar do
Pinheiro captaram em Portugal aquela nova mensagem século XIX e na difusão de um estilo novo, original e
decorativa e produziram azulejos incomparáveis de decorativo, no período em que ainda imperava o Art-
concepção, dc colorido e de execução. Nos de Bordallo -Nouveau.
Pinheiro sobressaem os dc fundo verde com gafanhotos Em 1791, um ceramista de Lille, François Joseph
e os de fundo marrom com borboletas policromadas Fourmaintraux, instalou-se cm Desvres c seus descen
ao centro, c, ainda a imitação dos azulejos mouriscos dentes aí permaneceram. Vários deles no século XIX,
de arestas; seu sucessor Manuel Gustavo Bordallo fundaram por conta própria seus estabelecimentos,
Pinheiro, continuou a obra, e a improvização do mes girando com razão social independente como Four
tre excepcional, produzindo criações, já no estilo do maintraux — Hornoy e Alesandre Fourmaintraux.
Art-Deco.Í)J Porém o ramo que sobrevive é o de François Four
Os azulejos portugueses, de forma geral são de maintraux — Courquin, neto do fundador dessa dinas
14 cm x 14 cm. tia de grandes ceramistas, que em 1863 abre também
Portugal produziu, também ladrilhos industriais sua fábrica que posteriormente passa para Charles
do gênero conhecido por “hidráulicos”, A fábrica de Fourmaintraux — Houzel. Hoje a grande empresa gira
Devezas, no final do século XIX e começo do século sob o nome de "Etablissements Céramiques Charles
XX. abasteceu o Brasil í4> de ladrilhos desse gênero, Fourmaintraux et Delassus”, dirigida por Charles De-
e paralelamente produziu azulejos de boa qualidade lassus e Charles Fourmaintraux — Scrivc, Esta empresa
que ainda revestem casarões, sobretudo em Belém. de porte entre o seu magnífico mostruário do mais mo
derno e avançado cm técnica e decoração, em 1974
* lançou, o que da chama “Série 1863" — “Estanifère”,
* * que reproduz, na técnica da faiança artesanal, as padro-
nagens em voga no século XIX, incluídas nelas os
Os azulejos franceses adornam ainda múltiplos modelos daquelas que exportava para o Brasil, Argen
casarões espalhados pelo Brasil afora, e gozaram junto tina e Uruguai.
com os portugueses, da preferência dos moradores, A padronagem dos Fourmaintraux era variada,
sobretudo no Rio, em Santos c em Belém. conforme sc pode observar pelos exemplares e fachadas,
O Brasil nesse século XIX, vai constituir-se em ainda existentes no país e pelo mostruário da Four-
(s e g u e n a p á g . 4 9 0 ) 483
S a rrc g u c m in e s - D igoxn e t VÍLry L e F ra n ç o is
Sécs. XI Xf XX M o s tru á rio — ( C o n tin u a ç ã o )
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Sécs. X IX /X X S a rre g u c m in e s D igoirt e t V iti7 L t F ra n ço i:
A z u le ja ria ; A z u le jo } e A r re m ates
( P a rte A rl-N o v e a u e A r t-D e c o )
485
Sees. X IX /X X S a rre g u e m in e s —- D isjoin c t V ilry L e F ra n ç o is
A z u le ja ria : M o s tru á rio d o s p r o d u to s A n - N o u v e a u
426
4S6
V ILLER O Y & BOCH
Azulejarâ
427
487
S é cs, X I X / X X V ILLE R O Y & B O C H
M o s tru á rio A r l-N o u v e a u
488
Sees. X IX /X X VILLEROY & BOCH
(Mostruário de azulejos e ladrilhos!
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Ao alio, azulejos tie exímia execução com variantes de tamanho e de decoração, copiando
a genero de Wcdgteood. inclusive ã direita ao alto uma pedra “An-Nouveau’\ A o centro
tipos de ladrilhos (carreiage). e em baixo cantos de fiadas no estilo Arí-Nouvenu,
Foto: Manoel Brüncantc — Arquivo do Autor,
Cortesia da Direciona de Villeroy <£ Boch (Mcrlalach).
4S9
maintraux — Courquin, exibido no excelente catálogo D e 1 8 6 9 a té h o je : V ille ro y & B o c h e v a ria n te s .
da Exposição de Azulejos, realizada no Museu Nacio E s s e e x tr a o r d in á r io c o n s ó rc io m u ltin a c io n a l fo i
nal de Arte Decorativa, em julho de 1971 (pág. II), g ra n d e fo rn e c e d o r d o B ra sil, n o s é c u lo X I X e c o m e ç o
em Buenos Aires, d o X X , d e v a r ia d o s a rte fa to s c e râ m ic o s , c o m o se rv iç o s
Mas os tipos preferidos no Brasil e na Argentina d e m e s a sim p le s e e la b o ra d o s , o b je to s d e a d o rn o , a z u
eram os de v a ria n te s geométricas e dos desenhos ponti le jo s, c tc „ e d is p õ e h o je d e s e te fá b ric a s n a A le m a n h a ,
lhados __ muitas séries deles com as cores borradas, seis n a F r a n ç a , d u a s n a Itá lia , n o L u x e m b u rg o , n a
sobretudo o azul e o violeta, a exemplo da louça azul S u íç a , n o C a n a d á e n a A rg e n tin a ,
borrada inglesa, (azul borrão) de agradável efeito. De N a E x p o s iç ã o e m P a ris “ 7 e m e B ie n n a le d e s A n ti-
regra, esse gênero francês apresenta as dimensões de q u a ire s d e 1 9 7 4 ” , c o m e m o ra v a o se u 2 2 5 .° a n iv e rs á rio
11 cm x 11 cm. d e fu n d a ç ã o e p e ia m o s tra d a s p e ç a s a n tig a s lá e x p o sta s
Os Fourmajntraux especializa ram-se em fabricar p o d e -s e te r u m a v is ã o d o g ra u a rtís tic o e d a q u a lid a d e
azulejos, ladrilhos, placas, tabuletas c carteias com a d e p a r te d o s p ro d u to s e x p o rta d o s p a r a n ó s.
numeração domiciliar ou os nomes de ruas e praças E sse s fa b r ic a n te s n o s b r in d a r a m c o m se rv iç o s
em letras de forma, de forma clássica, sem atributos v a ria d o s , n o c o m e ç o d o s é c u lo c o m v is ta d e p a is a g e n s
artísticos. Nesse gênero difere da “Faïencerie de Sarre- b ra s ile ira s e a té c o m e n c o u ra ç a d o s d e n o s s a e s q u a d r a .
guemines” que executou esplêndidos espécimes de bela Q u a n to à p a d ro n a g c m d e seu s a z u le jo s, e r a e la
apresentação, na interpretação elegante e colorida do b a s ta n te v a ria d a . F a b ric o u n o m e a d o d o s é c u lo , sé rie s
“Art-Nouveau”, d e a z u le jo s a v u ls o s e s ta m p a d o s , r e t r a t a n d o c e n a s d e
As marcas dos Fourmaintraux são variadas e em v id a u r b a n a c so c ia l, p e rs o n a g e n s, m o n u m e n to s , e tc .,
geral incisas, na pasta dentro de um selo oval: d a v id a fra n c e sa . P o ré m a s u a p ro d u ç ã o a z u le ja r é m a is
c o n h e c id a p e la d e c o r a ç ã o p o n tilh a d a , n o g ê n e ro d o s
“Fourmaintraux”
a z u le jo s d o P a s d e C a ia is e, a in d a p e la in te r p r e ta ç ã o
“Fourmaintraux Hornoy”
d e c o ra tiv a d o “ A r t- N o u v e a u ” . E x p o rto u b a s ta n te a z u
“Jules Fourmaintraux Succ”
le jo s m o n o c r o m c s , s o b r e tu d o b ra n c o s . A F a c u ld a d e d c
“Fourmaintraux Courquin”
M e d ic in a n o R to , c o n s tru íd a n a U rc a n o c o m e ç o d o
"Alexandre Fourmaintraux” c atualmente
s é c u lo e d e m o lid a h á p o u c o , fo i em g ra n d e p a rte a z u
'‘Fourmaintraux-Delassus’’
le j a d a c o m p e d ra s d e V ille ro y & B o ch .
Quanto a Villeroy — Boch, existe uma tradição E x is te m n u m e r o s a s m a r c a s d e e s ta b e le c im e n to s
ainda mais antiga. Em 1748, na Lorena, em Audun Le s u b s id iá rio s d e V ille ro y & B o c h , s e n d o q u e v á rio s
Ticlie, François Boch e seus filhos fundaram um esta e x e m p la re s d e la s s ã o e n c o n tr a d o s n o B ra s il, ta n t o em
belecimento cerâmico ártesanal. Mais tarde, em 1767, s e rv iç o s d e m e s a c o m o n a a z u le ja ria :
estenderam suas atividades, fundando no Luxemburgo
a Manufatura Imperial e Real de Sept-Fontaines sob “ P .J. B o c h a L u x e m b o u rg H .B .”
a proteção da Imperatriz Maria Thereza. Em 1823, é " J .F . B o c h & C ie a L u x e m b o u rg L ” .
adotada a decoração impressa, ou seja, de estampagem, " P o r c e la in e O p a q u e P . J. B o c h -L u x e m b o u r g ”
de gravura sobre o cobre. Jean François Boch também “ V ille ro y & B o c h ” (c o m c a b e ç a d e m e r c ú r io )
já havia fundado cm 1809 um outro, grande estabele “ V ille ro y & B o c h — S e p t-fo n tn ín e s ”
cimento, este no Sarre, na Alemanha, em Mettalach, “ V ille ro y & B o c h — D re s d e n ”
especializado em faiança, " V ille ro y & Boch — Mettalach”
No ano de 1836, Jean François associa-se com “ B o c h F rè r e s — K ç ra m is "
Nicolas Villeroy, que era senhor de duas cerâmicas “ B o c h F rè r e s — “ L a L o u v iè re "
(faianceries), uma fundada em 1785, cm Fraucnberg, “ B o c h — B u s c h m a n a M e tta la c h "
na Mosela e a outra em Vaudrevanges, no Sarre em " V . & B. L u x e m b o u rg ”
1787. “B och & F rè re s — T o u rn a y "
Assim, forma-se esse poderoso consórcio franco- “ B .F ." ( c o m u m a to r re o u e s p a d a s c c ru z e s )
-alemão com fábricas importantes,1 tanto ua França “ V ille ro y & B o c h — W a lle rfa n g e n "
como na Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e alhures c
que passou erri 1836 a denominar-se Villeroy & Boch, E x is te m ta m b é m o u tr a s m a rc a s d e se rv iç o s d e
controlando outras fábricas cora denominações diversas. m e sa , q u e in d ic a m o n o m e d o m o d e lo d a d e c o ra ç ã o n o
Em 1869, em Mettalach (Alemanha), é iniciado v e rso , a e x e m p lo d o q u e é m u itq ' u s a d o n a lo u ç a d a
o fabrico em larga escala de excelentes azulejos e In g la te r ra , c o m o : C a n to n -— S y riart — F a tiv e tte , e tc .
ladrilhos ao lado da produção jã existente de serviços O s a z u le jo s o b e d e c ia m a o s ta m a n h o s d e 1 1 c m x
de mesa em faiança fina (steingut) de decoração 11 c m , e a o p a d r ã o in te rn a c io n a l d e 1 4 c m x 14 c m . w
primorosa em decalcomanias. Q u a n to à I n g la te r r a , re p o r ta m o -n o s a o 1 c a pí t ul o
Já cm 1862, Boch Frères expunha na Exposição — A z u le jo s — e m q u e é a b o rd a d a a p a rtic ip a ç ã o
de Londres, ladrilhos e azulejos; e em 1863, foi funda inglesa n a e v o lu ç ã o h is tó ric a d a C e râ m ic a .
do outro estabelecimento em “Louvroilles-Maubeugc” M a s c a b e a in d a r e s s a lta r a e s tu p e n d a c o n tr ib u iç ã o
(Norte da França) para ladrilhos com marca de Boch in g lesa n o s e to r a z u le jís tic o e s u a p a rtic ip a ç ã o a tiv a n a
Frères et Cie. d e c o ra ç ã o n o B ra sil. E p o r m a is u m a v e z e m d e s ta q u e
Depreendemos, segundo informações da Dra, a “ d e m o c r a tiz a ç ã o ” o u a p o p u la ri/.a ç ã o d o u so d o
Th ère se Thomas, a erudjta arquivista da firma (corres a z u le jo q u e foi p r o p ic ia d a p e lo b a r a te a m e n to d o c u s to ,
pondência de 18,12.1973) no que concerne aos a tra v é s d e n o v a s p a s ta s e o u tro s m é to d o s d e c o ra tiv o s
azulejos: in v e n ta d o s p e lo s b r itâ n ic o s .
De 1862 a 1869* a marca noa azulejos é apenas Ê q u e n e ss e p a r t ic u l a r o s in g leses a b a n d o n a r a m a
Boch-Frères. té c n ic a P is a n a o u d e V e n e z a d a c o n fe c ç ã o d o a z u le jo
Os dois iazulejos dr erma, policio mudos de vidrado fraco, f oram adquiridos na Bahia de demolições e medem 20 çm X 20 cm.
A fiteira de baixo com três azulejos palie tomados, representa azulejos conhecidos na Espanha, como da Catalunha, porém fa
bricados em Barcelona c medem 13 c m x 13 cm — os padrões apresentados são encontrados no Nordeste, o da esquerda e o do
centro sao provenientes de Recife < O azulejo da última fila â esquerda, colorido , com pinhas nos quatro cantos. mede 20 cm r 20
cm e foi encontrado em Santos (Coleção Plínio de Mendonça), q do centro em baixo com a efígie de Camões, mede 11 cm x
11 cm, tem a marca , Sevilfa . Jiijos" e é do M useu de São Luís -— Maranhão, O azulejo da direita é conhecido por ponta de
diamante e e proveniente de Seviíha do século X V 11 ao que consta fo i encontrado espécime idêntico no Convento dc Santo An-
tonio de Paraguassu — Bahia,
491
à m a n e ir a d a m a ió lic a , c o m u m e sm a lte e s ta n ífe ro e re c u p e r a n d o o s e g re d o p e rd id o d e v e lh o s e sm a lte s.
o p a c o s o b re a te rra c o ta e p a s s a ra m a d e s c o b r ir o u tra s E c o m a se n s ib ilid a d e d o s a rtis ta s e a f a n ta s ia d o s
p a s ta s c m s u b s titu iç ã o dacjuela m ile n a r. A s s im fo ra m p o e ta s , p a s s a m a e x a lt a r a s lin h a s e as fo r m a s a tra v é s
s u rg in d o , e n tr e o u tra s in ov a ções, os se u s “ a s h -b o n e d a re p r e s e n ta ç ã o d a s fig u ra s , d a s flo re s e d o s m o v i
p o r c e l a in ” ( p o r c e la n a m o le fo s fa ta d a ) a p o r c e l a n a à m e n to s o n d u la n te s d o s c a u le s , d a s h a s te s , d a s ra m a g e n s .
b a s e d c p e d ra sa b ão (c o n h e c id a p o r e s t e a ü ta ) c a s E c o m o re s p o n s á v e is p e lo s u r to v e rtig in o so d a
v a rie d a d e s d a fa ia n ç a fin a (c o m o o p ó d e p e d ra , in d ú s tria a z u le ja r in g le sa a p re s e n ta m -s e e m p rim e iro
g ra n ito , e tc .) , p la n o a s firm a s M in to n e M a w .
Com o emprego sobretudo dessa última pasta nos N ó s a q u i n o B ra s il, te m o s a in d a e s p a lh a d a em
azulejos, conseguiram eles, uma sensível redução no 4 iv e rsa s c id a d e s , ta n t o e m fa c h a d a s , c o m o e m in te rio
peso e no volume obtendo uma peça mais delgada e res, a r e p r e s e n ta ç ã o d e p a r t e d e ss a p a d ro n a g e m , in c lu
resistente ao mesmo letnpo que uma superfície de gra siv e a d e “A r t- N o u v e a u " e d o “ A r t- D e c o ” , q u e lh e
nulação mais compacta c de unidade de cor que podia su c e d e , já n o s p rim ó rd io s d o s é c u lo X X .
receber diretamente a decoração. O s a z u le jo s in g le se s, u n s a p re s e n ta m m a rc a s o u tro s
O u tro s a p o r te s d c c o n s id e rá v e l a lc a n c e p rá tic o n ã o . S o b re e s te p a r tic u la r o s in g le se s d e s d e c e d o , p re o -
fo r a m a s té c n ic a s n o v a s d e tr a n s p o s iç ã o d o s m o tiv o s c u p a v a m -s e e m d is c ip lin a r a p r o d u ç ã o , n ã o só p a r a
d is p e n s a n d o o s p ro c e s so s a rc a ic o s d o u so d a m á s c a ra , e v ita r o p lá g io e n tr e o s c o n c o rr e n te s , c o m o p a r a a
d o e stê n c il o u d a “ tr e p a ” . id e n tific a ç ã o d o p ro d u to . N a s c e ra m a ssim v á ria s c o n
R e v iv e ra m ta m b é m o s in g le se s, a in d a n o d e c o rr e r v e n ç õ e s im p o s ta s p e lo “ B ritis h P a tt e n t O ffic e " , d e
d o s é c u lo X I X , té c n ic a s a n tig a s re le g a d a s a o e sq u e c i L o n d re s , a p rim e ira d e la s e m 1 8 4 1 , o q u e fa c ilita à s
m e n to . v e z e s, a o p e s q u is a d o r, o e s c la re c im e n to d a o rig e m c d o
U m a d e la s foi o re n a s c im e n to p o r v o lta d e 1S 50, p e río d o , in d ic a ç ã o e s s a c h a m a d a p o r eles d e “ D ia m o n d
s o b n o v o s p ro c e s so s, d a v e lh a tr a d iç ã o m ile n a r d o M ark ".
fa b r ic o d c la d rilh o s e a z u le jo s c o m b lo c o s d e a rg ila s A s s im , d e 1 8 4 2 a 1 8 8 3 , a m a io ria d o s a z u le jo s e
d c d if e re n te s c o lo rid o s , e , c o n se g u ira m o m e s m o e fe ito d a lo u ç a é m a r c a d a c o m u m lo s a n g o e n c im a d o p o r
p e lo p ro c e s so c o n h e c id o p o r “ in la id ” q u e c o n siste u m s e m ic írc u lo , c o n h e c id o n a I n g la te r ra p o r “ D ia m o n d
c m ú ltim a a n a lis e n a p re n s a g e m d e a rg ila s c o lo rid a s M a r k " c o n te n d o a s in d ic a ç õ e s se g u in te s:
f o r m a n d o a d e c o ra ç ã o . C o m isso la n ç a r a m p e ç a s q u e
o b tiv e ra m su c e s so n o e stilo n e o -g ó tic o , ta m b é m a p tj-
c a d o à a rq u ite tu ra . O p rin c íp io d e ss e p ro c e s s o , já p e lo c la s se (e m n ú m e ro r o m a n o )
fim d o sé c u lo , le v o u à fa b ric a ç ã o in d u s tria l d e la d rilh o s
c o n h e c id o s p o r “ h id rá u lic o s ” , e m q u e c a m a d a s tê n u e s d ia (e m a lg a r is m o )
d e a rg ila s o u o u tr a s p a s ta s c o lo rid a s q u im ic a m e n te sã o
c o m p rim id a s s o b re o c o rp o d o la d rilh o e p a s s a m a a n o ( l e tr a m a iu s c u la )
fo r m a r a p a d ro n a g e m — e ssa s p e ç a s sã o fo sc a s, p o is
n ã o le v a m v id ra d o .
O u tr a re n a s c e n ç a fe liz foi a re a p líc a ç ã o d o “ lu s tr e ” m ês ( le tr a m a iu s c u la )
o u d o re fle x o m e tá lic o n a c e râ m ic a . T a m b é m fo ra m
b u s c a r n o s a z u le jo s m o u ris c o s d e a re s ta a in s p ira ç ã o
p a r a a fa tu ra d e p e ç a s d e a lto e fe ito d e c o ra tiv o n a
v e rs ã o in g le sa c o n h e c id a p o r “ tu b e U ne” .
E h á a in d a a o b s e r v a r q u e c e rto s fa b ric a n te s
in g leses e m p re g a v a m u m p ro c e s so m isto n a d e c o ra ç ã o
E m 1 8 8 4 , os a z u le jo s d e ix a m de a p re s e n ta r o lo
d e a z u le jo s v a le n d o -se d a e sta m p a g e m m e c â n ic a em
sa n g o e c o n té m a p e n a s u m “ R d " ou “ R d - n .° " se g u id o
v o lta d o c e n tro d o a z u le jo o q u a l e r a te r m in a d o a m ã o .
d e u m a n u m e r a ç ã o ( a b r e v ia ç ã o d e R e g is te re d N u m b e r ) ,
E te m o s q u e c o n fe s s a r q u e to d o s e sse s n o v o s
q u e re v e la a in s c riç ã o e o a n o d o fa b ric o n o c ó d ig o
re c u rs o s p o s to s em p r á tic a p e lo s in g le se s a tin g ira m ta l
“ B ritish P a tte n t O ffic e " .
g ra u d e p e rfe iç ã o , q u e , n a re a lid a d e , g ra n d e p a rte
C o n s u lta n d o -s c o n ú m e r o m a r c a d o n o a z u le jo e
d a q u e le s p ro d u to s a p re s e n ta m ta l n itid e z d e d e ta lh e e
c o n f r o n ta n d o - o c o m a se g u in te ta b e la , o b le m -s e ( à s
v ig o r d e c o lo rid o q u e , s o b o a s p e c to v is u a l d a a p re
vezes a p e n a s a p r o x im a d a m e n te ) o a n o d o re g is tro d o
s e n ta ç ã o , c o n c o rre fa v o ra v e lm e n te c o ra o a r te s a n a to
a z u le jo :
c lá ssic o . Ano Ano Ano Ano
O re s u lta d o d e to d a e ssa s c o n trib u iç õ e s é q u e a Rd. No. 1-1884 163767-1891 311658-1898 447000-1905
In g la te rra re v o lu c io n a ta m b é m a a rte c e râ m ic a , c n a 19754-t885 185713-1892 331707-1899 471000-1906
se g u n d a m e ta d e do sé c u lo X IX , p a ss a a d o m in a r o 40480-1886 205240-1893 351202-1900 494000-1907
m e r c a d o in te rn a c io n a l d a a z u le ja ria . 64520-1887 224720-1894 368154-1901 519000-1908
90483-1888 2-46975-1895 385500-1902 550000-1909
N e sse ú ltim o p e río d o , d e m o n s tra n d o ta m b é m n a 116648-1889 268392-1896 402500-1903
p a r te a rtís tic a u m a in v e já v e l v e rs a tilid a d e , c ria m o s 141273-1890 291241-1897 420000-1904
in g le se s u m e s tilo novo n a h is tó ria d a a rte : o “ M o d e m
S ty lc " o u o “ A r t- N o u v c a u ” , q u e rá p id a e d e c is iv a D e p o is d e 1 8 9 1 , o s a z u le jo s d e s tin a d o s à e x p o r
m e n te , ro m p e c o m o s o u tr o s e stilo s e u ro p e u s e se ta ç ã o p a s s a m a e x ib ir ta m b é m a p a la v ra E n g tn n d e
e s p a lh a p d o m u n d o civ iliz a d o . d e p o is d e 1 9 0 0 , é a d o ta d o o “ M A D E IN E N G L A N D ”
E os re s p o n sá v e is p o r e ss a in o v a ç ã o a rtís tic a q u e p a s s o u a s e rv ir d c n o rm a in te rn a c io n a l p a r a c a d a
fo r a m M o r ris c D e M o rg a n . E s s e s a rtis ta s ro m p e ra m p a ís id e n tif ic a r o s seu s p ro d u to s . (7>
c o m a d e c o ra ç ã o e m v o g a já re p e tid a e s u r ra d a , b u s S o b re e ssa s in d ic a ç õ e s n o s u b c a p ítu lo d e F a ia n ç a
c a n d o n a ie n d á ria P é rs ia a in s p ira ç ã o d e u m n o v o estilo F in a , v o lta re m o s a a b o rd á -la s .
492
O u tro s p a íse s ta m b é m n o s fo rn e c e ra m a z u le jo s A V e lh a E s p a n h a n ã o d e ix a ta m b é m d e c o n tr ib u ir
c o m o d is s e m o s lin h a s a trá s . A A le m a n h a se re p r e s e n ta p a r a o e m b e le z a m e n to d o s p is o s e f a c h a d a s n o B ra sil,
c o m v á ria s fá b ric a s em seu te rritó rio : o s a z u le jo s e la d riih o s e s p a n h ó is s ã o d e r e g r a d e 2 0 cm
x 2 0 c m e f o r a m m a is n s a d o s e m S a lv a d o r c e m S a n to s ,
V ille ro y & B o c h — D re s d e n o n d e fo ra m lo c a liz a d o s e n ã o a p re s e n ta m u m v id ra d o
V ü le r o y & B o c h — M e íta la c h fo r te . A c re d ita m o s q u e o c e n tr o d e p ro d u ç ã o d o final
B o c h — B u s c h m a n à M e tta la c h d o s é c u lo X I X c c o m e ç o d o s é c u lo X X se c o n c e n tra s s e
S te in g u t F a b ric W itte rb u rg F a rg e a / d e W e se r e m S e v ilh a e B a rc e lo n a . N o M u s e u d e S ã o L u ís , ex tstc
B o iz e n b u rg u m lin d o e x e m p la r, d e m e d id a m e n o r, c o m o b u s to
d e C a m õ e s e m fu n d o a m a r e lo e m a r c a d o “ S e v ilia , . .
E x is te m e m n o s s a c o le ç ã o d o is a z u le jo s: u m p ro H .ijos” a p re s e n ta n d o n o v e rs o d a p e ç a ra in u ra s p a r a
v e n ie n te d a B a h ia , m a rc a d o so m e n te B o iz e n b u rg , o u tro le la s o q u e in d ic a q u e o s e u fa b r ic o te ria m e n o s de
d e u m a c a s a a n tig a d o s C a m p o s E líse o s (S . P a u l o ) , c e m a n o s. A fá b r ic a d e Is id r o T o r r e s , e m B a rc e lo n a ,
m o n o c r o m á tic o a z u l de b e lo v id ra d o m a rc a d o — “ 5 5 9 fa b r ic a v a u m a e n o rm e v a rie d a d e d e m o d e lo s e m q u e se
B o iz e n b u rg 88 G e rm a n y ” . in c lu e m v á ria s se rie s d e b a r r a s e la d r ilh o s d e v a ria d a
A B é lg ic a s e re p re s e n ta c m n o s s o m e rc a d o , e n tr e e e le g a n te p a d ro n a g e m , e m “ A r t- N o u v e a u ” . <®
o u tr a s fá b r ic a s p o r B o c h & F rè rc s — L a L o u v iè re , e o A fá b ric a d e M o n c lô a in c lu i-se ta m b é m n o c o r
L u x e m b u rg o p e la g ra n d e fá b ric a d e V ille ro y & B o c h r e r d o s é c u lo , e n tr e as p r o d u to r a s d e b e lo s a z u le jo s,
— S e p t F o n ia in e s e a in d a p o r “ V . B . L u x e m b u rg o ” . c o m fo rte v id ra d o .
B I B L I O G R A F I A
(1 ) D omingos Vieira F ilho — “Azulejaría no Maranhão — (7 ) J ulian B ernard — "Victorian Ceramic Tiles" — Londres,
in "Estado do Maranhão" de 05.08.1975. 1972.
(2 ) Uno K noef — ob. eil., pág. II, estampa I.
(8 ) Catálogo A. Mosaicos — pedra Artificial — Pavimentos
(3 ) R aehael Salinas C alado .—- "A evolução do azulejo cm — Granito Manned — Cimento Armado — Isidro Torres
Portugal do século X V ao século X X ” — Brasil — Maio, — Barcelona, Calle Bianco 52 — Janeiro, 1912.
1978.
(9 ) Coleção Conceição da Costa Neves.
(4 ) .Catálogo da Fábrica t de Fundição de Devezas (cortesia
de José Gomes Ferreira).
Í5) E. F, BkANc Xntb — " A c h e g a s... Louça Mineira" — Hélio de Almeida Brum — " A E v o lu ç ã o da Indústria Cerâ
separata Revista Paulisiânia n.° 79 — S, Paulo, mica no Brasil” , in Carta Mensal n.° 272 — pág, 20 —
(6 ) T iiÉRÈse T homas — "R3Íe des Boch et des Villeroy datis
Rio, 1977.
la Cérnmiquç des 18 et 19 siècics" — Sarrebruck, 1974 SlLvtO F rOÉs A breu — “A Indústria Cerâmica no Brasil" in
— 2P ed. págs. 114/115/138/209/261. Carta Mensal, n.° 35 — Rio, 1958.
493
VI - FAIANÇA - MAIÔLICA
495
fases mais decorafivas e alegres do u rb a n is m o brasileiro. nham do século XVIII; a de Massarellos c a de Santo
Contribuíram elas para tra n sfo rm a r o aspecto daquelas Antônio do Vale da Piedade. O proprietário daquela
massas pesadonas, siz u d a s rios casarões em jovial c e arrendatários destas, Francisco da Rocha Soares,
colorida apresentação a 'ravés do emprego de telhas pensou também em abrir um estabelecimento no Brasil,
esmaltadas d e b ra n c o e azul, ou ainda de pináculos, quando em 1829, falece o técnico que havia sido esco
pinhas estatuetas, ponteiras, vasos, balaústres, colune- lhido para tal fim! Desta fábrica existem dois belos c
las a d o rn a n d o o telhado e dando-lhe um remate rítmico bem moldados leões marcados “Miragaia-Porto” na
e itérico muitas vezes de sabor oriental. entrada do Museu Histórico e Antropológico de For
E os parques solarengos que antes, só raramente, taleza.
em mansão de um ou outro potentado ostentavam Ainda destaea-se a fábrica de Fervença, com seus
estátuas de mármore, passaram a povoar-se de “seres" cangirões típicos e pitorescos, seus botões e mangas de
que o bom gosto e a inspiração dos ceramistas lusos colorido alegre e diverso, que fabricou também vistosas
fizeram surgir nos jardins, em meia-faiança ou louça peças com as armas do Nóvel Império (primeiro rei
esmaltada. nado) cm que prevalecem ainda resquícios de influen
Surgem assim múltiplos temas a provocar evoca cia hindu, em uma larga e bela faixa composta de
ções diversas. São ninfas, são personagens mitológicas palmeias.
ou históricas, figuras sacras e pagãs, a representação Com referência à faiança fabricada na terra, exis
dos Continentes, das Estações, das Virtudes, bustos dc tem apenas vagas referências. Diz-nos Francisco Mar
monarcas, guerreiros, poetas, músicos e, ainda do reino ques dos Santos; “O Império traz-nos a louça vidrada
animal, como leões, cães, lebres, batráqiçíos, répteis, ou a faiança”. Concordamos plenamente com o autor
cisnes e outros bípedes pernaltas, delfins, etc., que no que se refere à louça vidrada de que falamos, junto
passam a povoar nossos parques e jardins. com a meia-faíança, linhas atrás, e cuja produção foi
Outra fábrica que despertou grande interesse no de vulto, haja ã vista a quantidade dessas louças ainda
Brasil foi a de Caldas, como é conhecida, fundada cm existentes.
1884, por Raphael Bordallo Pinheiro, em Caldas da No entanto, no que diz respeito à faiança, o mes
Rainha. Esta personalidade esteve exilada longo pe mo autor aponta apenas duas indicações. A primeira
ríodo no Brasil, por questões políticas. é a estampa reproduzindo uma talha de refresco da
Confeitaria De Roche, que existiu na rua do Ouvidor
No Rio dc Janeiro, foj contratado e colaborou no Rio, classificada como “Faiança esmaltada de bran
no “Besouro" e também no "Mosquito”, com Agostíni,
co, com relevos azuis”, da coleção Cláudio Mariano,
revistas de critica que alcançaram grande sucesso, onde
a fls, 287, verso da obra Artes Plásticas no Brasil.
pôde dar largas asas ao seu gênio mordaz e tempera
mento arroubado, através de exímios desenhos e A segunda refere-se à Exposição Nacional de 187S,
“charges" aplicadas aos políticos locais, pela década de realizada na Corte, em que é dito: “Francisco Antônio
1870. Voltando a Portugal, transfere para a cerâmica Maria Esberard Filho, da Corte, apresentava belo e
toda a sua versatilidade intelectual e artística e escancara luzente conjunto: moringas, talhas, jarras, cadinhos,
as portas em Portugal para a reformulação dé formas ensaios de faiança e louça”, à pagina 292 da mesma
e decoração da Arte Nova. Realça o colorido forte dos obra.
esmaltes, foge das formas clássicas do torno e vai esta Além desses exemplares, num longo período de
belecer com o folclore e a atualidade política do país, buscas não topamos com essas faianças de fabrico
a observação dos animais, dos répteis, dos insetos, todo nacional, a não ser um estupendo exemplar da coleção
um repertório novo e audaz de soberba fatura e vigo Dr. Roberto Leme Monteiro (uma poncheira de 0,65
roso efeito. Dediea-se também ao artesanato azulejar, cm, policromada e bastante decorada, lembrando o
e chega a incursionar pelo mourisco. Seus artefatos mesmo artista da Confeitaria De Roche).
foram muito apreciados no Brasil, e segundo Newton A escassez de peças remanescentes desse período,
Carneiro, na década de 1890, havia no centro da cidade salvo algumas peças de Francisco Busato e a falta
de São Paulo, uma loja que fazia propaganda de seus quase absoluta de dados (ao contrário da louça vidra
produtos. Produziu faiança e também louça vidrada. da e da meia-faiança) que possam confirmar o fabrico
Há que assinalar também, entre os antigos forne regular da faiança no país, nos levam a crer que não
cedores, a fábrica dc Miragaia que em 1824 passa a atingiu expressão dc importância para incluí-las como
arrendar outras duas importantes fábricas, que já vi de comércio regular.
* * *
B I B L I O G R A F I A
496
Sêc. X IX FAIANÇA BRASIL
431 - A
Trata-se de poncheira fabricada na Rio (sem marca) no último terço do século, medindo
de aliara 62 cm, própria para festas, Com decoração carregada dc folhagem apresenta um
busto sustentado por duas figuras nuas c embaixo, os brasões do Império c do R eino de
Portugal. Note-se a semelhança de vários deralhes com a por,cheira publicada por Francisco
Marques dos Santos (in Áries Plásticas, Rio) da Confeitaria Dc Roche do R io de Janeiro,
cm a n d e branco e com a do Museu Soares dos Reis (Porto), embora esta seja apenas cm
atui e branco c sá com desenhos fitoform es c geométricos.
Coleção Dr. Roberto Iremos Monteiro,
497
Sêcs. X IX ,jX X FAIANÇA PORTUGUESA
432
498
Séc. X I X LOUÇA PORTUGUESA
Ornamental
433
499
Sécs. X IX /X X FAIANÇA PORTUGUESA NO BRASIL
43 «
500
séa. XIX/XX FAIANÇA PORTUGUESA NO BRASIL
SOI
LOUÇA PORTUGUESA
O rn a m e n ta l
443
503
E s ã o as rim p o rta n te s fá b ric a s d e E . B o u rg e o is d e T iv e m o s o p o rtu n id a d e lin h a s a tr á s , e m “ A z u le jo s ” ,
M a r s e lh a , a F a íe n c c rie d e S a rre g u e m in e s e as fá b ric a s d e r e l a t a r o h is tó ric o d e V ille ro y & B o c h e re s s a lta r o
d o g ru p o fra n c o -a le m ã o d e V ille ro y -B o c h , a s q u e m ais p a p e l p o r e ss a firm a d e s e m p e n h a d o n a d e c o ra ç ã o a z u -
e x p o rta m p a r a o B ra sil. E n tre esses e x p o rta d o re s , d e s ta le ja r n o B ra sil.
c a -s e S a rre g u e m in e s, m a n tid a p e lo s d e s c e n d e n te s d e N ã o foi m e n o r a s u a c o n tr ib u iç ã o n o s o u tr o s g ê n e
U tz s c h n e id e r e q u e c o n h e c e u n a s e g u n d a m e ta d e d o ro s c e râ m ic o s . E x p o r to u - n o s se rv iç o s d e d iá r io c o m
sé c u lo , g ra n d e v oga n o m e io fra n c ê s e u m e n o rm e d e s e n d e c o ra ç õ e s p o li c ro m a d a s , e m b r a n c o e v e rd e o u e m
v o lv im e n to e d e m o n s tro u u m a im p re s s io n a n te v e r s a ti b ra n c o e a z u l, c o m v is ta s p a n o râ m ic a s e d e m o n u
lid a d e e c ria tiv id a d e , ta n t o n a p ro d u ç ã o c o m o n a d e c o m e n to s e à s ; vezes to d o s e m b r a n c o o u c o m e sp ig a s d e
ra ç ã o d e se u s a rtig o s q u e a b ra n g ia m a lo u ç a v id ra d a , trig o m o ld a d a s n a p a s ta .
g rés fin o s n o g ê n e ro d e W e d g w o o d , p e ç a s d e c o r a d a s em T a m b é m n o s fo rn e c e u e s c a rra d e ira s e u rin ó is c o lo
lu s tre , à m a n e ira in g le sa , e, so b re tu d o , a fa ia n ç a f in a .
rid o s, e c o m o já d is s e m o s a z u le jo s e la d rilh o s .
P ro d u z iu ta m b é m u m a s é rie v a ria d a d e a z u le jo s A r t-
P e ç a s d a q u e la p ro c e d ê n c ia s ã o a in d a e n c o n tr a d a s
-N o u v e a u , a ss im c o m o a tr a e n te s e a rtís tic o s p a in é is
em v á rio s re c a n to s b ra s ile iro s . N o sítio d e S a n to A n tô
c o m o o e x is te n te n o M u s e u d e A z u le jo s d e L is b o a —
n io , e m S ã o R o q u e (S . P a u l o ) , q u e fo i p r o p r ie d a d e d o
n e ss e s e to r c rio u jo g o s d e a z u le jo s e la d rilh o s c o m b in a n
e s c r ito r M á r io d e A n d ra d e , o jo r n a lis ta P a u lo D u a r te
d o r u m p ia s e a p a re lh o s s a n itá rio s q u e ta m b é m f a b r ic a
e n c o n tr o u m e io p r a to re p r e s e n ta n d o u m a ig re ja e c o m
v a p a r a a m b ie n te s re q u in ta d o s a tra v é s d e s u a s u b s id iá ria
os d iz e re s : “ L e m b ra n ç a d e T re m e m b é " .
c o n h e c id a p o r “ V itr y -L e -F ra n ç o is " .
E m u m b a rc o d e g u e rr a a fu n d a d o n a E n s e a d a d o
G e o rg e s F o n ta in c in fo rm a q u e e m 1 8 7 1 , a fá b ric a
A b ra ã o , e m A n g ra d o s R e is , n o c o m e ç o d o s é c u lo ,
d e S a rre g u e m in e s fu n d o u o u tr a s d u a s s u c u rs a is : a d e fo ra m re c u p e r a d a s n u m e ro s a s p e ç a s d o se rv iç o d e b o rd o ,
D tg o irt e a d e V itry -L e -F ra n ç o is . (4> P ro d u z iu u m se m
c o m o m a lg a s, x íc a r a s , p r a to s , e tc ., ta n to e m b r a n c o
n ú m e r o d e p la c a s, ta b o lc ta s e c a rte ia s in d ic a tiv a s , c o m
c o m o c o m ra m a g e n s era a z u l, q u a s e to d o s m a r c a d o s :
n o m e s d e m o ra d ia s (V ila K y ria l, e t c .) , d e p ro fiss õ e s c
V ilie ro y & B o c h — W a llc rfa n g c n , d o a d o s p o r u m m e r
d e c o m é rc io , d e b e lo e fe ito d e c o ra tiv o .
g u lh a d o r p a r tic u la r a o M u s e u d a M a r in h a n o R io . E x is
E x p o r to u p a ra o B ra s il m ú ltip lo s se rv iç o s d e m e sa , te ta m b é m u m a s é r ie d e p r a to s c o m a re p r o d u ç ã o d e
a lg u n s d e le s e x ib in d o n o v erso o n o m e d o m o d e lo c o m o : n a v io s d e g u e rra b ra s ile iro s , c o m o o c n c o u ra ç a d o S ã o
F le u r y — B ry o n ta — J a rd in ie re — - B o u q u e ts — C h in a P a u lo , o M in a s G e r a is e o R io d e J a n e i r o ; (e s te fo i
— P e r a — Y e d d o — E s p a g n e — e tc ., o u e n tã o o e n c o m e n d a d o à I n g la te r ra , p o ré m c o m a g u e rr a d e
n ú m e ro d o m o tiv o , c o m o " D e c o r 1 8 ’’. ® 1 9 1 4 , n ã o c h e g o u a s e r e n tre g u e à n o ss a M a r in h a ) . T ê m
a m a r c a B o c h F r è s la L o u v iè re e m se lo v e rm e lh o e s ta m
S a rre g u e m in e s m u ito c o n trib u iu n a d iv u lg a ç ã o d e
p ilh a d o . V ista s h á d o C o rc o v a d o c o m o b o n d e “ B o ta
n o s s a ic o n o g ra fia n o fi nal d o s é c u lo X I X e c o m e ç o d o
fogo n .° 5 8 ” e d e c o ra ç õ e s ro c o c ó , e m v e rd e c la r o e
X X , c o m a re p ro d u ç ã o d e p e rs o n a g e n s d e n o s s a h is tó
m a rc a d o B o c h & F r è r e s K e ra m is .
ria , d e lo g ra d o u ro s p ú b lic o s cio R io d e J a n e i r o e d e
S ã o P a u lo , d e C o rp o ra ç õ e s M ilita re s , c o m o o C o rp o C o m re fe rê n c ia a o fo rn e c im e n to d e b e lo s a rtig o s
d e B o m b e iro s d o R io d e J a n e ir o e d e S ão P a u lo , d a em fa ia n ç a fin a d e F r a n ç a , te m o s a in d a q u e n o s re fe rir
F o r ç a P ú b lic a , etc . a L im é v ille , q u e n o sé c u lo p a s s a d o e c o m e ç o d e ste ,
ta m b é m n o s e x p o rto u fa ia n ç a fin a — foi e la fu n d a d a em
O u tr o im p o rta n te f o r n e c e d o r d o m e rc a d o b ra s i
17 4 9 , p o r J a c q u e s C h a m b rc tte , q u e h a v ia d e s c o b e rto
le iro fo i o c o n s ó rc io V ille ro y & B o c h , a tra v é s d o s u a s
u m a fó rm u la p r ó p r ia d e fa ia n ç a fin a c o m a a d ju n ç ã o de
m ú ltip la s e m p re s a s s u b s id iá ria s e s ta b e le c id a s ta n t o n a c a l. P ro d u z iu b a s ta n te no e stilo ro c a ille c o m u m a c a ra c
A le m a n h a , F r a n ç a , L u x e m b u rg o , B é lg ic a , c o m fá b ric a s
te rís tic a d c p a sta b a s ta n te b ra n c a . E x is te m e sp é c im e s de
e m M e tta la c h , c m A u d u n L e T ic h e , L a L o u v íè rc , W a l-
m u ito b o m g o sto n o B ra sil, d c g ê n e ro s d iv e rso s c o m o d e
íe rfa n g c n o u V a u d re v a n g e s, T o u m a y , D re s d e n , S a in t
ja p o n is m o ( F a z e n d a F lo r e s ta — M u n ic íp io d c S ã o
V a a s t, e tc .
C a rlo s ) é c ó p ia d o s é c u lo X V I I I , im ita n d o ta n t o n a
E sse v a sto le q u e d e e sta b e le c im e n to s p ro d u z iu to fo rm a c o m o n a d e c o ra ç ã o a a n tig a fa ia n ç a fra n c e s a
d o s os g ê n e ro s c e râ m ic o s ; ta n to a p o rc e la n a m o le c o m o c o m ra m a g e n s v e rd e s e flo re s ( I r in e u  n g u lo -— le ilã o
a d u ra , ta n to a lo u ç a v id ra d a , a fa ia n ç a , c o m o o g ré s e d e 1978 — S o p e ir a ) . L u n é v illc c o n to u d u ra n te algum
a in d a o b is c u it e m q u e sc e s m e ra n o g ê n e ro “ P a r i a n ” te m p o c o m a c o la b o r a ç ã o d e u m a rtis ta n o tá v e l, ta n to
fa b r ic a d o p e lo s ingleses e m fa ia n ç a fin a . É n o se to r c e ra m is ta c o m o e s c u lto r.
e sp e c ífic o d a fa ia n ç a fin a q u e riv a liz o u c o m S a rre g u e Q u a n to a H o la n d a , n o q u e se re fe re a fa ia n ç a fin a ,
m in e s, p r o d u z in d o u m g ra n d e s o rtim e n to d e m o d e lo s de d e s ta c a m -s e os p ro d u to s d o s d iv e rso s e sta b e le c im e n to s
se rv iç o s c o m d e c o ra ç ã o v a ria d a c o m o c e n a s d e b a ta lh a s , d a fa m ília R e g o u t ( P c t r u s — L o u is c M . R e g o u t) e d a
p a is a g e n s, fig u ra s e m o tiv o s c o n h e c id o s p o r C a n to n - “ S o c ie té C é r a m iq u e " , e m M a e s tric h t e a in d a d e M . B o c h
-S y ria n -F a u v e ttc -O p je n t, e tc ., e a in d a p ra to s c o m d e se e m W ic h . D e ssa s a s m a is c o n h e c id a s e n tr e n ó s c que
n h o s m o ld a d o s. T a m b é m u so u o lu s tre te n d o in v e n ta d o fa b ric a v a m p ra tin h o s e ra m a S o c ie té C é ra m iq u e c a
u m p ro c e s s o d e d e c o ra ç ã o à b a s e d e pi a tin a , d a n d o às de P e tru s R e g o u t & C ie . A p rim e ira a p re s e n ta n o v e rso
p e ç a s u m a s p e c to m e tá lic o p ra te a d o , le m b ra n d o o “ sil- d a s p e ç a s, u m le ã o d e n tr o d o se lo e s ta m p ilh a d o e a
v e r lu s tre ’’ in g lê s, p o ré m , m a is fo rte ! Q u a n to a o s estilo s, se g u n d a u m a e sfin g e n a p a r te s u p e rio r.
a c o m p a n h a n d o a m o d a e m vo g a, c o p io u d e s d e o ro c o ç ó , A p ro d u ç ã o d e s s a s fá b ric a s se re s u m e n o fa b ric o
c o m lin d a s fo n te s e b a c ia s , c o m o o N e o -c lá s s ic o e a b o r de p ra tin h o s c o m a b a ( r a n ç a d a m o ld a d a , d e d ife re n te s
d o u c o m d e s e n v o ltu ra o A rt-N o u v e a u , U m d o s se rv iç o s c o re s, te n d o a o c e n tr o u m a v ista p o lic ro m a d a ( p ro c e sso
d e N a p o le ã o foi feito em S e p t-F o n la in e s . V á ria s p e ç a s ío to c e râ m ic o ) d c lo g r a d o u ro p ú b lic o , m o n u m e n to o u
d e ss e c o n s ó rc io fig u ra m n o M u s e u d e S èv rcs e n o d a p a lá c io , A ú ltim a s é r ie d e s s e s p r a to s a p a re c e n a c o m e
S e d e d a e m p r e s a em M e tta la c h ( A le m a n h a ) . m o ra ç ã o d o I V C e n te n á r io d a D e s c o b e rta d o B ra s il, c
504
tr a z e m a p o s ta s e m d o u r a d o as d a ta s Í S 2 2 -1 9 2 2 . é v a s — P ã o - d e - A ç ú c a r — R io d e J a n e iro .
tíssim a a ic o n o g ra fia q u e e le s re p ro d u z ira m d e m o n u — U m tre c h o d a r u a l . ° d e M a r ç o — R io d e
m e n to s e d e c id a d e s b ra s ile ira s e q u e s e e s te n d e a té o J a n e iro .
p rim e iro q u a rte l d o sé c u lo X X , T a m b é m re p ro d u z ira m — P a lá c io d o G o v e rn o — S ã o P a u lo ,
u m a sé rie d e e m b a rc a ç õ e s m a rc a d a s n o v erso " N a v ir e s " — P a lá c io M o n r o e — R io d e J a n e iro .
( P e t r u s R e g o u t) . — E s tá tu a D . P e d ro I — R io d e J a n e iro .
— R u a 15 d e N o v e m b ro — S ã o P a u lo .
A s e g u ir e n u m e ra m o s a lg u n s d o s p ra to s c o m v ista s
— E s ta ç ã o d a L u z — ( D o is â n g u lo s ) .
b ra s ile ira s :
— R u a J o ã o A lfr e d o — S ã o P a u to .
— P r a ç a E u c ly d e s M a lta — M a c e ió . — Ig re ja /d o T re m e m b é — c o m os d iz e re s e m d o u
— M o n u m e n to a D e o d o ro — M a c e ió . r a d o “ F e s ta d e T re m e m b é ” .
— I a q u e ir a — B a h ia . E m b o r a d e m a te ria l in f e r io r e m a l e x e c u ta d o s , re
— Ig re ja e H o s p ita l d a M is e ric ó rd ia — C a c h o e ira p re s e n ta m esse s p r a to s u m d o c u m e n tá rio v a lio s o . C o n s
— B a h ia . ta q u e e ra m d e s fe ito s d e e n c o m e n d a n a H o la n d a p a r a
— M a g d a le n a P e rn a m b u c o . c o m e rc ia n te s im p o rta n te s d e d iv e rs a s c id a d e s , q u e as
— S a n to s — V ista G e ra l. d is trib u ía m c o m o b rin d e s , j u n t o c o m a s m e rc a d o ria s
— B a irro d e S a n to A n tô n io — P e rn a m b u c o . v e n d id a s.
— R u a M u n ic ip a l — M a n a u s . D e n tr o a in d a d e ss a ic o n o g r a fia e m f a i a n ç a fin a ,
— P ra ç a da R e p ú b lic a — E s tá tu a d e Braz C u b a s c o m m o tiv o s b ra s ile iro s , d e v e m o s le m b r a r q u e e x iste
— S a n to s . u m a sé rie d e b a n d e ja s p o lic ro m a d a s c o m v is ta s v a ria d a s
— T e a tr o M u n ic ip a l -— R io d e J a n e iro . d o R io d e J a n e iro , d e fa b r ic o tc h e c o . F a lta m - n o s a té o
— A v. B e ira M a r — B o ta fo g o — R io d e J a n e iro . m o m e n to e le m e n to s p a r a filiá -la s à s fá b r ic a s n a T c h e -
— I n te n d ê n c ia M u n ic ip a l — P o rto A le g re . c o s lo v á q u ia e a o seu p e río d o d e fa b r ic a ç ã o ; a c re d ita m o s
— S a n to s — M e rc a d o e M o n t S e rra i. q u e s e tr a ta d e sé rie s d o c o m e ç o d o sé c u lo .
444
P o ré m o q u e re a lm e u te c o n q u is to u o m e rc a d o b r a q u a n tia d e q u a tr o m il réis,
sile iro p e la p re fe rê n c ia q u e lh e d is p e n s a v a o g ra n d e a iiá s d e lo u ç a in g le sa c o m q u e
p ú b lic o , so b re tu d o , o d o in te rio r, foi a fa ia n ç a fin a a m a rg e m s e s a b e ..................... CS 4 .0 0 0
in g lesa, c o m as su a s v a rie d a d e s m a is c o rre n te s : o pó d e Q u a tr o p ra to s g ra n d e s d e
p e d ra e o d e g ra n ito . lo u ç a p ó d e p e d r a c o m b ic o s
A c re d ita m o s q u e o u so d essa lo u ç a n o B ra sil r e a z u is, a v a lia d o s c a d a u m a
m o n te a in d a a o sé c u lo X V I I I , p o is e x is te u m in v e n tá rio n o v e c e n to s e s e s s e n ta réis . C $ 960
e m 1 8 0 8 , c u jo a c e rv o d e v e s e p re n d e r m ais a p e rte n c e s C in c o d ito s d a m e s m a lo u ç a
d o sé c u lo a n te rjo r, m a is p e q u e n o s a v a lia d o s c a d a
E is o a rro la m e n to : u m a p e la q u a n tia d e s e te c e n
“ fo lh a s 2 8 — u m a p a re lh o de c h á d e lo u ç a to s e v in te r é i s .............................. C $ 720
d a ín d ia , tin ta s a z u is c o m fa l C in c o s a la d e ira s d a m e sm a
t a d e le ite ira e u m a x íc a r a e lo u ç a a v a lia d a s c a d a u m a e m
u m p ire s a v a lia d o tu d o n a tre z e n to s réis ........................... .. C $ 300
505
Q u a tro p ra to s g ra n d e s de lo u d e m -s e e n c o n tr a r p e ç a s q u e p o s s a m s c r a tr ib u íd a s c o m
ç a p ó d e p e d ra co m p ra d o s s e g u r a n ç a à m a n u f a tu r a p o rtu g u e s a , nesse p rim e iro
a v a lia d o c a d a u m a se isc e n to s q u a rte l d o s é c u lo X I X .
e q u a re n ta r é i s ........................... C S 640
E n t r e as fá b ric a s q u e m a is s e d e s ta c a ra m n o f o r
C in c o so u p e ira s d a m e sm a n e c im e n to a o m e rc a d o b ra s ile iro , h á q u e se d e s ta c a r
lo u ç a c o m seu s p ra to s a v a W e d g w o o d e S p o d e , as q u a is c o n tin u a m a té h o je p ro
lia d o s c a d a u m a a q u in h e n to s d u z in d o a rte fa to s c e râ m ic o s , in c lu siv e fq ia n ç a fin a.
réis ................... .. ......................... c$ 500
E s s e s d o is e s ta b e le c im e n to s m a r c a ra m é p o c a p e lo
T rê s tig elas d e lo u ç a b ra n c a
q u e r e p r e s e n ta r a m n o p a n o r a m a c e râ m ic o d o s sé c u lo s
p ó d e p e d r a a v a lia d a s c a d a
X V n i e X I X , ta n t o p e la s in o v a ç õ e s d e p a s ta s c o m o
u m a a c e n to e se s se n ta réis e$ 160
p e la s c ria ç õ e s d iv e rs ific a d a s d e té c n ic a s , fo rm a s, g é n e ro s
U m a le ite ira de lo u ç a p ó d e
e d e c o ra ç ã o .
p e d ra se m ta m p a , a v a lia d a a
q u a n tia d e d u z e n to s ré is . . . cs 200 A fá b ric a d e W e d g w o o d foi fu n d a d a p o r J o s ia h
O ito d ú z ia s d e p r a to s d e lo u W e d g w o o d e m 1 7 5 9 , n a s c id o e m B u rs lé m e m 1 7 3 0 e
ç a p ó d e p e d ra c o m b ic o s fa le c id o e m 1 7 9 5 e fqi c o n s id e ra d o p o r su a s re a liz a ç õ e s
azuis, a v a lia d o s c a d a u m a c o m o o p a i d a c e râ m ic a in g le sa . S u c e d e ra m -lh e se u s
c e n to e v in te réis . ................... C $ 120 filh o s e só c io s. E m 1 7 6 6 , a sso c io ti-se c o m T h o m a z
B e rtle y q u e fa le c e u e m 1 7 8 0 .
‘'fo lh a s 29 — U m a m a n te g u e ira d e lo u ç a p ó
d e p e d ra c o m b ic o d o u ra d o N o q u e d iz re s p e ito à d e c o ra ç ã o d a fa ia n ç a fina,
aliás b ic o azu l, a v a lia d o a W e d g w o o d a p lic a v a e m se u s p ro d u to s o s is te m a d e
q u a n tia d e d u z e n to s e q u a r e n “ tr a n s fe r -p rin tin g ” d e s d e 1 7 5 5 , o q u a l e r a e x e c u ta d o
t a r é i s .............................................. C $ 240 p o r o u tr a firm a , e m L iv e rp o o l, S a d le r & G re e n , u m a
d a s p io n e ira s n a q u e le m é to d o d e tr a n s p o s iç ã o e fo rn e c e
( I n v e n tá r io d o s b ens d o C iru r g iã o -M o r M a n o e l M a rtin s
dos S a n to s R e g o e  n g e la F e r r e ir a P re s te s ( 1 8 0 8 - 1 8 1 0 ) d o r a d o s d e s e n h o s e m c h a p a s d e c o b re . P o ré m e ra 1 7 7 4
— S ã o P a u lo , a rq u iv o d o D r. L u iz R o d rig u e s d e M o W e d g w o o d p a s s a a c o n fe c c io n a r su a p r ó p r ia e s ta m p a
ra e s , d e s c e n d e n te ), g e m e a c o m p le m e n ta r a d e c o ra ç ã o c o m seu s p ró p rio s
g ra v a d o r e s e p in to re s .
A se g u ir, d a m o s p a r te d o c o n te ú d o d e lo u ç a c o n
sig n a d a e m u m d o s m a is im p o rta n te s in v e n tá rio s d o A in d a n a q u e le a n o re c e b e u v in te e c in c o d e s e n h o s
c o m e ç o d o sé c u lo . T r a ta - s e d o a rro la m e n to d o s b e n s q u e h a v ia m sid o e n c o m e n d a d o s a G re e n , e m L iv e rp o o l
d o C o n s e lh e iro E lia s A n tô n io L o p e s , fa le c id o e m 7 d e p a t a a d e c o r a ç ã o s ó b r ia c e le g a n te d a s a b a s de se rv iç o s
o u tu b r o d e 1815 n o R io de J a n e ir o ( C ó d ig o 7 8 9 d o fin o s d e m e s a e q u e a té h o je s i o u s a d o s .
A rq u iv o N a c io n a l ) . E m 1 8 3 0 , in tro d u z W e d g w o o d n a C e râ m ic a o p r o
Q u a tro p ra to s c o m p rid o s tra v e sso s p ó d e ~ c e ss o c o n h e c id o p o r" lito g rá fic o ou d e d e c a lc o m a n ia e
p e d ra .......................... IS 6 0 0 q u e c o n tin u a se n d o u s a d o u n iv e rs a lm e n te . O ro! d e se u s
C in c o d o s m a is a b a ix o d e m a io r a m e n o r . $500 a rtis ta s , e r a e n o rm e , e os a lic ia v a e n tr e o s m a is a fa m a
S eis d o s r e d o n d o s ........................................... .. 1$440 d o s d a é p o c a , c o m o g ra n d e o n ú m e ro d e se u s m o d e lo s
S ete p ra to s g u a rd a n a p o s .................................... S230 c e n tr a is e d o s d e s e n h o s d a s c e rc a d u r a s d o s se rv iç o s.
U m b u le p e q u e n o d a Í n d i a .............................. 3160 F a b ric o u a p a re lh o s fa m o s o s c o m o o d a R a in h a C h a r
U m a c h íc a r a c a s a d a d a d .a .............................. 3130 lo tte , d a In g la te r r a , q u e v e io a d a r o n o m e a u m a d a s
v a rie d a d e s d a fa ia n ç a fin a , a “ Q u e e n ’s W a re ” , a ssim
D o ts p e n ic o s b ra n c o s d e p ó d e p e d ra . . . . S320
c o m o f o r m o s a b a ix e la p a r a o tz a r ru s so .
D u a s te r rin a s d e d .° . . . . . . . . . . . . . . . . . 13600
U m b u le d e b a r r o p r e t o ................................... $240 O s e s ta b e le c im e n to s S p o d e fo ra m fu n d a d o s em
U m a j a r r a d a ín d ia m a tiz a d a se m ta m p a . 2 3 0 0 0 1 7 7 0 p o r J o s ia h S p o d e ( 1 7 3 3 - 1 7 9 7 ) , q u e fo i u m d o s
U m p r a t o tra v e sso d a Í n d ia a z u l .............. .... 3500 p rim e iro s o le iro s d e S ta f fo rd s h ire a a p lic a r o a z u l s o b o
D o is p e n ic o s d e p ó d e p e d ra b ra n c o . . . . $320 v id ra d o p o r v o lta d e 1 7 8 2 , Seu filh o J o s ia h S p o d e I I ,
Q u a tr o c o v ilh e te s e o u tro p i r e s ........... .. $240 d e se n v o lv e u b a s ta n te a p ro d u ç ã o , a p ro v e ita n d o -s e d a
e sc a s se z d o s p r o d u to s c e râ m ic o s , s o b re tu d o c h in e s e s ,
E s s e fa m o s o C o n s e lh e iro g a n h o u s e u lu g a r n a h is d a d o o b lo q u e io d o s p o rto s in g leses d u ra n te as g u e rra s
tó r ia n ã o p o r s u a e n o rm e fo r tu n a , p o is c o m o c o m e r n a p o le ô n ic a s . J o s ia h S p o d e Í I I e m 18 2 9 , a s s o c ia -s e a
c ia n te p o ss u ía c in c o n a v io s q u e c o m e rc ia v a m , in clu siv e W illia m T a y lo r C o p e la n d q u e foi p re fe ito d e L o n d re s
c o m o P o rto d e G o a , d e o n d e tra z ia m s o b re tu d o te cid o s
c m 1 8 3 5 . E m 1 8 3 3 , T h o m a z G a r r e t a g ru p a -s e â S o c ie
e se d a s, m as p o r h a v e r c e d id o a D o m J o ã o V I e à F a
d a d e a té 1 8 4 7 , p a s s a n d o a p ó s a s u a m o rte o c o n tr o le d a
m ília R e a l, p a r a seu a lo ja m e n to , a Q u in ta d a B o a V ista , firm a a o s C o p e la n d .
o n d e h o je fu n c io n a o M u s e u .
A c re d ita m o s q u e to d a s e ssa s c ita ç õ e s d e p ó d e Q u a n to à d e c o ra ç ã o , S p o d e se g u e o p ro c e s s o c o r
p e d r a se p r e n d a m re a lm e n te , n e sse s d o is in v e n tá rio s, re n te d e “ T r a n s f e r - P r in tin g " , p o r v o lta d e 1 7 8 1 , e em
a lo u ç a in g lesa, m u ito e m b o r a te n h a m o s q u e c o n v ir q u e 1830 in te g ra -s e n o lito g r á fic o , e e m 1 8 7 0 n o f o to c e râ -
p o r a to s o fic ia is se p re s u m a q u e P o rtu g a l e x p o rta s s e m ico , c o m o a liá s a g ra n d e m a io ria d o s e s ta b e le c im e n to s
esse tip o d e lo u ç a (s o b d e n o m in a ç ã o d e lo u ç a fin a d o ta n to d a In g la te r ra , c o m o d o C o n tin e n te .
P o r t o ) . D e sd e o sé c u lo X V I I I , fin a l, n o s in v e n tá rio s D e v e m o s a in d a a s s in a la r o u tr o s p io n e iro s in g leses
c o m p u ls a d o s , n ã o é e la a s s in a la d a , e n e m n o m ateriaL n o f a b r ic o d a fa ia n ç a fin a , q u a s e to d o s a in d a p ro v in d o s
re m a n e sc e n te n o p a ís , n e m e m c o le ç õ e s e m u s e u s p o d o s é c u lo x v n r .
506
E n tr e e les, T h o m ai. T u rn e r, o in tr o d u to r n a d e c o H á a in d a a a s s in a la r q u e m u ita s vezes o s p ro d u to s
ra ç ã o d o m o tiv o c h in ê s c o n h e c id o p o r P o m b in h o s d e c o ra d o s p e lo siste m a d a d e c a lc o m a n ia e ra m c o m p le
(W illo w P a tte r n ) c q u e a té h o je c o n tin u a s e n d o re p ro m e n ta d o s ta n to e m W e d g w o o d c o m o e m S p o d e , e ta m
d u z id o e c u ja fá b ric a e ra c h a m a d a d e G a u g h le y P o tte ry b é m c m o u tr o s fa b ric a n te s , p o r to q u e s d e e s m a lte s o u
W o rk s e J o h n T u rn e r, de L a n e E n d n o S ta ffo rd s h ire , m e sm o p e la p in t u r a a m ã o , p a r a e n riq u e c e r a a p re s e n
e n tre 1 7 8 0 e 1 8 0 6 , m a r c a n d o a m b a s “ T u r n e r ” g ra v a d o ta ç ã o — e m u m a p a la v r a , os se rv iç o s e p e ç a s e ra m
n a p a s ta ; W illiam A d a m s , q u e dirig iu a fá b ric a d e s o b re d e c o ra d o s o u re to c a d o s .
G re e n g a te , e m T u n s ta ll, de 1769 a 1 7 S 0 ; o s irm ã o s Isso já / a c o n te c ia a té c o m a p o rc e la n a c h in e s a q u e
G re e n , q u e f u n d a r a m a fá b ric a “ L e e d s O ld P o tte ry " , m u ita s vezes e ra re d e c o r a d a n a H o la n d a e n a In g la te rra .
co m g ra n d e s v a rie d a d e s d e m o d elo s ( í 7 6 0 - 1 8 7 3 ) G e o r
P e lo ú ltim o q u a rte l d o s é c u lo X V I I I c c o m e ç o d o
ges H a y n e s , c o m S w a n se a ( 1 7 6 5 - 1 8 7 0 ) q u e se e s p e c ia
X IX , re ssu rg e n a E u r o p a , u m p ro c e s s o a n tig o de d e c o
lizou no g é n e ro “ O p a q u e -C h in a ” e fa b ric a v a ta m b é m
ra ç ã o c a íd o e m d e s u s o e q u e iria , n o d e c o rr e r d o sé c u lo
p e ç a s v a s a d a s e u s a v a a m a rc a g ra v a d a S w a n s e a ; J o h n
X IX c o n h e c e r d e n o v o , g ra n d e s u c e s so : o s v e tu s to s e
D a v e n p o rt e se u s filh o s, c o m fá b ric a e m L o n g p o rt em
v isto so s re fle x o s m e tá lic o s d a tr a d iç ã o m o u ris c a n a
1795, co m a rtig o s d e b o a q u a lid a d e e b o m v id ra d o
E s p a n h a . A p rin c íp io , o lu s tre re a p a r e c e co m to q u e s c
e q u e e m 1887 a in d a fa b ric a v a m fa ia n ç a fin a e lo u ç a
d e s e n h o s d is c re to s , c o m d e c o r a ç ã o s e c u n d á ria . M a is ta r
v id ra d a , m a r c a n d o se u s p ro d u to s c o m u m a â n c o ra
d e, d e d e c o r a ç ã o s e c u n d á r ia o u a c e s s ó ria , p a ss a o lu stre
ou D a v e n p o rt, g ra v a d o ; c ria ra m n u m e ro so s m o tiv o s,
p a r a p rin c ip a l c o m a c o b e r tu r a to ta l ou q u a s e in te g ra l
a ssim c o m o p ro d u z ira m b e la s p e ç a s e m lu stre , co m o
d o a rte fa to c o m a q u e le s ó x id o s m e tá lic o s.
b a c ia s e g o m is (O p a q u e - C h in a ) .
S u rg e m e n tã o , p e ç a s m o n ô e ro m a s c p o lie ro m a d a s
J o s h u a H e a th (1 7 7 0 a 1 8 0 0 ) c se u s su c e sso re s, de v is to so e fe ito , ta n to cm se rv iç o s d e c h á , de c a fé c d e
em H a n le y n o S ta ffo rd s h ire c r ia ra m m u ito s m o tiv o s c ja n ta r, c o m o e m o b je to s d e a d o r n o e n o v a silh a m e .
d e se n v o lv e ra m g ra c io sa s v ersõ es d o s P o m b in h o s c o m
S eg u n d o N . H u d s o n M o o r e , “ s u p õ e -s e q u e foi
d e c o ra ç ã o m e n o s c a rre g a d a d o q u e o s d e m a is f a b r ic a n
W e d g w o o d q u e m p ç ím c ito a p lic o u os lu s tre s n a I n g la
tes (u s a v a a m a rc a L H .) e a in d a m u ito s o u tro s c o m o
te r ra , o “ c o p p e r ” e o “ g o ld " e m 1776 d e u m a re c e ita
W o o d , S a d le r a n d G re e n , M in to n , M a s o n , J o h n s o n
fo rn e c id a p e lo D o u to r F o ttu rg ill" . J o s é de A lm e id a
B ro th e rs, J. M e ie r & S o n , e tc.
S a n to s (S> a p o n ta o u tro s v á rio s n a In g la te rra , c h e g a n d o
C a b e m a q u i a lg u m a s p a la v ra s s o b re os p ro c e sso s e le p ró p rio à c o n c lu s ã o d e q u e “ s e r ia te m e rá rio re in v i-
a q u e n o s re fe rim o s, s o b re a d e c o ra ç ã o c o rr e n te n a d ic a r-s c p a r a e s te o u a q u e le a p rim a z ia d a d e s c o b e rta
fa ia n ç a fin a n o s sé c u lo s X V H I e X IX , d o p ro c e s s o ” . N a E u r o p a C o n tin e n ta l, ta m b é m são
O “ tr a n s fe r -p rin tin g ” o u “ tra n s fe r” o u p ro c e sso de a p o n ta d o s o u tro s p io n e iro s . D iz e m Iv o n n e B ro u s s a rd e
tra n s p o s iç ã o c o n siste e m d e c o ra r a p e ç a p a s s a n d o p ri À la in J a c o b , q u e “ o p ro c e s s o foi im p o rta d o d a B a v ie ra
m e iro e m u m a c h a p a d e c o b re , c o n te n d o os d e se n h o s e n tre 1 8 0 6 e 1 8 0 8 à m e sm a é p o c a e m q u e L a m b e r t
u m a tin ta p re p a r a d a c o m ó x id o s m in e ra is, e a se g u ir o b tin h a u m p rê m io e m P a ris p o r s u a d e s c o b e r ta ” .
tra n s fe rin d o o s m e sm o s a in d a ú m id o s, so b re pape! e O q u e te m o s d e p re v a le n te , a n o ss o v e r, s o b re a
c o m p rim in d o s o b re a p e ç a q u e a seg u ir e ra le v a d a ao c o n tr o v e rtid a p rim a z ia é a c ita ç ã o d e A lm e id a S a n to s
fo g o , c o m o p a p e l im p re g n a d o d e ó le o . de q u e e m 1 8 1 0 , P e te r W a b u rto n , d a “ N e w P o lte r y d e
L a n e E n d ” , tiro u p a te n te d e u m p ro c e s so p a r a d e c o ra r
A m a io ria d o s a u to r e s d á c o m o p io n e iro s d o p ro
p o rc e la n a s , fa ia n ç a s e c ris ta is c o m o u ro , p ra ta , p la tin a
c e sso , o s só c io s J o h n S a d le r e G u y G re e n , c m 1 7 5 2 , e,
e o u tro s m e ta is . C o n s is tia o p ro c e s s o e m a p lic a r s o b re
o u tro s J o h n B ro o k s , u m g ra v a d o r, e m 1753.
o m a te ria l j á c o z id o lâ m in a s d o m e ta l e sc o lh id o q u e r
E ste p ro c e s so tin h a a in d a a lg u m a s v a ria n te s no p u ro o u c o m o títu lo re d u z id o e m ligas c o m c h u m b o
q u e d iz re s p e ito à tra n s p o s iç ã o de d e s e n h o d a c h a p a d e ou o u tra s u b s tâ n c ia .
c o b re p a ra a p e ç a ; h a v ia o “ b a t- p rin tin g " e o “ c o ld - C o rro b o r a n d o a q u e la in fo rm a ç ã o , J u lia n B e r-
-p r in tin g " , c u jo v e íc u lo e ra u m a c a m a d a de p a sta g e la ti n a r d <7) (V ic to r ia n C e ra m ic T ile s , L o n d o n , 1 9 7 2 ) d iz
n o sa ou de c o la , a p lic a d a s o b re a c h a p a c m v ez d o q u e a " lo u ç a d e lu s tre foi p o p u la r n o S ta ffo rd s h ire n o
p a p e l e e sta p a s ta é q u e a b s o rv ia a tin ta e e ra a p lic a d a c o m e ç o cio s é c u lo X I X " .
s o b re a p e ç a , o u a in d a , o “ h o t- p rin tjn g ” e m q u e u m
p a n o d e se d a im p re g n a d o d o d e s e n h o so b c a lo r e ra O fa to é q u e o lu s tre , ta n to o ro s a d o (d e r iv a d o
d o o u r o ) o c o b r e a d o ( c o p p e r ) e o p r a te a d o (s i!v e r)
tra n sfe rid o à p e ç a . E s te ú ltim o m é to d o d eu lu g a r ao
g o z a ra m g ra n d e su c e s so e fo ra m in te n s a m e n te p r o d u z i
p ro c e sso m o d e rn o d o “ s iik -s c re e n " .
dos n a E u ro p a , s o b re tu d o , n a se g u n d a m e ta d e d o
Q u a n to a o c h a m a d o p ro c e sso lito g rá fic o p o sto em sécu lo , q u a n d o p a s s a a se r m o d a e n o v id a d e .
uso n a I n g la te r ra em 1 8 3 0 , c h a m a d o ta m b é m de d e c a l
A p o n ta -n o s A lm e id a S a n to s , v á rio s fa b ric a n te s
c o m a n ia , é b a s ta n te m a is sim p lific a d o , m a is rá p id o e
c o m o “ W e d g w o o d , S p o d e , W o o d , M in to n , W a b u rto n ,
m ais b a ra to . O s d e se n h o s já s ã o im p re sso s p e lo s m é to B a y le y a n d , H a rv e y , J. E . W ile m a n , R a lp h S alt, e tc .” .
d o s c o m u n s d e im p re s s ã o ern fo lh a s d e p a p e l q u im ic a
D e v e m o s a c re s c e n ta r a fá b ric a D a v e n p o rt, q u e e x p o rto u
m e n te p re p a r a d a s e q u e s ã o u m e d e c id a s a frio , à m ed id a m u ito lu s tre p a r a o B ra sil, e re s s a lta r os p ro d u to s c e râ
q u e sã o a p lic a d a s s o b re a su p e rfíc ie c e râ m ic a , d e ix a n d o m ico s f a b r ic a d o s p o r o u tr o s d o is g ra n d e s v u lto s d a
s o b re e la o d e se n h o e s o b r a n d o o p a p e l. c e râ m ic a in g le s a : D e M o rg a n e M o r ris n o p e río d o
N o p rim e iro m é to d o o u seja, n o d o “ tr a n s fe r-p rin V ic io ria n o . E s te s a rtis ta s q u e re v o lu c io n a ra m a d e c o
tin g ” o p a p e l o u as p a s ta s g e la tin o s a s ia m a o fo rn o c o m ra ç ã o e p a r tíc ip a r á m d a c ria ç ã o d o A rt-N o u v e a u
a p e ç a e se v o la tiliz a v a m n a q u e im a , e n c slc o d e se n h o (M o d c rn S ty le ) h a v ia m rc d e s c o b e rto p o r in ic ia tiv a p ró
já e n tr a a p lic a d o a n te s c sem v e íc u lo s in te rm e d iá rio s de p ria , as fó rm u la s m o u risc a s e as a p lic a ra m c o m b e lo s
fix a ç ã o . re s u lta d o s ta n to e m p e ç â s o rn a m e n ta is c o m o em a z u le -
507
jo s , e m b o ra o u tro s já dele fizessem u so a n te rio rm e n te , 1 8 3 0 — F lo r a l
ta n to n a In g la te rra co m o n o C on tin ente no tra n s c u rs o B in e R o s e
d o s é c u lo X IX . 1832 — F e rra ra
E n ã o p o d e m o s d e ix a r d e le m b r a r e m F r a n ç a , os G ra p e L eaf
e x c e le n te s produ tos d a F a ia n c e rie d e S a rre g y e m in e s a s /d — C h in e s e V a se
q u a l d e sd e 1 820 p ro d u z iu se rv iç o s d e c h á e c a fé em C h in e se G a rd e n
lu s tre (" fa ie n c e fin e lu s tré e " ) m u ito re n o m a d o s e que C h in o is e rie W illo w P a tte r n
j á n o p a s s a d o c o n s titu ía m p e ç a s d e a p a r a to , m u ita s d e S icilian P a tte r n
la s e x p o s ta s e m v itrin es, M a r in e
M a s cm 1 8 7 0 , os in v e n tiv o s ingleses a in d a c ria m L a u re l
u m n o v o e im p o rta n te p ro c e s s o d e d e c o ra ç ã o , c h a m a d o
DAV EN PORT
d e fo to -c e râ m ic o o u fo to g rá fic o , n o q u a l a fo to g ra fia ,
c o m u m a p r e p a r a ç ã o q u ím ic a a d e q u a d a e u m a e m u lsã o C h in e s e R iv e r S c e n e
p r ó p r ia a p lic a d a s o b r e o b is c u it, e ra tr a n s p o s ta d ire ta - C h in o is e rie R u in s
m e n te s o b r e a s u p e rfíc ie d a fa ia n ç a fin a ou d a p o rc e la n a . Tudor
P o d e -s e im a g in a r o a lc a n c e d esse m é to d o e o se u v a lo r
M a n s io n
c o m o d o c u m e n to ic o n o g rá fic o !
M osquée
V e ja m o s p a r te d a e n o rm e p a d ro n a g e m c o m q u e os
B am b o o an d P eony
in g le se s n o s b rin d a ra m a p a r t ir d o ú ltim o q u a r te l d o
s é c u lo X V T II, a tra v é s d o s m é to d o s in d u s tria is p o r eles SPO DE
in tro d u z id o s e a p e rfe iç o a d o s .
1 7 9 6 / 9 8 — C a s tle
A e sse re s p e ito d izem J o h n M e re d ith e C e c il H a n R om an
ley : “ o p e río d o e m q u e W e d g w o o d v iv e u c tra b a lh o u T ow er
foi n a v e rd a d e a I d a d e d o O u ro d o d e s e n h o in g lê s." L ucano
£ tã o e s p a n to s a a a tiv id a d e d o s o le iro s, q u ã o im 1803 — C a ra in a m a n
p r e s s io n a n te a im a g in a ç ã o d o s a rtis ta s p in to re s , g ra v a 1 8 0 5 /7 — In d ia S p o rtin g
d o r e s e m o d e la d o re s , c o m o in fin d á v e l o ro l d o s m o tiv o s 1 7 9 5 /1 8 0 5 — T h e H u n d re d A n tiq u e s
c ria d o s p a r a a p fic a ç ã o e m s u a c e râ m ic a .
1807 — H e rc u la n e u m
H á d e se n o ta r q u e n a d e c o ra ç ã o d a fa ia n ç a fina 1813 — T u rk
d o fina) d o sé c u lo X V I I I a té final d o X I X , p re v a le c e u 1 8 1 4 ■—- M ilk m a id
n a I n g la te r r a a d e c o ra ç ã o d o azu l e b ra n c o ( e q u e ate
D a g g e r B o rd e r
h o je p e rs is te n a re p ro d u ç ã o d e p a d rõ e s a n tig o s ) s o b re a
Peacok
a m a r e la ta m b é m b a s ta n te u s a d a , a v e rd e , a rp s a , a N e w T e m p le
p o lic ro m a d a .
1815 — N e w N a n k in
A p o n ta re m o s , a títu lo ilu s tra tiv o , d iv e rso s d o s N ew Jap an
m o d e lo s c o n h e c id o s d e a lg u n s c e ra m is ta s p io n e iro s In d ia
in g le se s, A se g u ir o u tro s d e W e d g w o o d , D a v e n p o rt e 1816 — Ita lia n
u m a re la ç ã o m a is e x te n s a d e S p o d e e seu s su c e sso re s W oodm an
q u e a to d o s u ltra p a s s o u na c ria ç ã o d e m o tiv o s.
1 8 1 7 — B lo s s o m
P a rte dos nom es de m o tiv o s de fa ia n ç a fina P a le B ro s e lc y
in g le sa : 1818 —- W a te rlo o
A rc a d e
D IV E R S O S
1819 — L ucano
17 SO — T h e C a u g h le y W illow P a tte rn ( v a r ia n t e )
I 7 S 0 / 9 0 — T h e B u ffalo S h ip
1 7 9 0 — T h e C a u g h le y W illo w P a tte rn 1820 — P an el Japan
(v a r ia n te m a r c a d a I .H .) G e r a n iu m
1 7 9 0 — R e n d e e r a n d S eal ( I . H . ) Oriental
1790 — P a lla d ia n P a g o d a ( I . H . ) 1821 — Font ,
1 7 9 0 — T h e S ta g ( T u r n e r ) .M a rb le
1822 — B u n d a n d F lo w e r
1795 — C o n v e rs a tio n ( I .H .)
B on P ot
1 8 0 0 — T w o M a n W illow P a tte rn
U n io n
(T u rn e r)
1823 — D o u b le B o n P o t
1 8 3 3 / 3 6 — T h e C a ttle a n d R iv e r (H e a th c o tc & C .° )
B lu e B o rd e n F ilig re e
O b s ,: a m a r c a I.H . c o rr e s p o n d e k fá b ric a d e J o s h u a 1824 — Im a g e
H e a th . P e rs ia n
1825 — E tr u s c a n o r G re e k
W EDGW OOD B am boo
1807 — Hibiscus 1826 — B lu e Im p e ria l
— T h e A b s a lo n ’s P illa r U n io n - W re a th
508
A lé m desses m o tiv o s, ex iste m a in d a m u ito s o u tro s L e a v in g th e V illag e J o h n s o n B ro s — Ir o n s to n e
n ã o e n c o n tra d o s , e o u tro s d e c u jo s p a d rõ e s n ã o ío i p o s F lo w e r a n d V a s e C o p e la n d L a te S p o d e
sível fo c a liz a r a d a ta . A ssim T h e N e t — T h e G o tic E n g lis h S c e n e ry W ood Sons
— T h e T w o B ird s — " T h e M a r b le o r M o s a ic ” im ita n d o
G o ld e n D a w n J o h n s o n B r o th e r E n g la n d
o tip o c h in e s c o n h e c id o p o r “ H a w th o rn " e q u e c o rre s
(a m a re lo )
p o n d e a o “ p ru n e s p a tte rn ” ( m o d d o d a a m e ix e ir a ) T h e
L a n g e L y se n (g é n e ro h o la n d ê s im ita n d o d a m a s c h i T ille n b e rg
n e sa s c h a m a d a s d e raey-ycn — m o ças b o n it a s ) , “ V ic to ria s B ra s ilq ira s ” A d a m s T u n s t a 11
c o n h e c id a n a In g la te rra c o m o “ L o n g E liz a " o u “ L o n g “ P a s s e io P ú b lic o "
L a d ie s ” , te r m o q u e o s c e ra m is ta s e a n tiq u á rio s a p lic a m
“ L a r g o d a L iip a ”
ta m b é m p a r a as e s ta tu e ta s c h in e s a s re p re s e n ta n d o
“ B o ta fo g o ”
m u lh e re s e sg u ia s e e le g a n te s.
“ Q u in ta d a B o a V is ta ”
N o B ra s il, e x is te m m u ita s p e ç a s a v u ls a s e m e sm o
“ M o r ro d a G ló r ia ” M - 5 (g ra v a d o )
a in d a se rv iç o s e m u so c o m m o tiv o s d e ssa s fá b ric a s
in g le sa s, s o b re tu d o o s d e P o m b in h o s e m azu l, e m v e rd e D e a s s in a la r-s e q u e e x is te m , e m b o r a m a is r a r a s ,
e c o r d e ro s a , p o ré m m u ito s m o d e lo s são e n c o n tra d o s in d ic a ç õ e s n o v e rs o , re fe re n te s a o s d is trib u id o r e s o u
a q u i q u e n ã o v ê m a ss in a la d o s n o s c o m p ê n d io s b r i re p r e s e n ta n te s d e lo u ç a e s tra n g e ira n o B ra s il ta n to p o r
tâ n ic o s. c e la n a co m o p ó d e p e d ra , g r a n ito e o u tr a s . U m a d e la s
é: " I ro n s to n e C h in a " L u ís J o s é d e F a r ia & C ia . O
E n tre o s n â o c o n h e c id o s n a ín g la te r ra e o u tro s
se rv iç o d o p a u lista J o a q u im P a u lin o B a r b o s a A ra n h a
lã c a ta lo g a d o s , p o d e m o s a lin h a r v á ria s p e ç a s c o n s ta n
( a n tig a col. O d ilo n d e S o u z a ) e o s e rv iç o d o B a rã o d e
te s d e c o le ç õ e s b ra s ile ira s q u e p o r ta m in d ic a ç õ e s n o
v e rso : A v e la r e A lm e id a , tr a z e m : " V is c a y I r m ã o H . C .° R io
d e J a n e ir o — P a ris . U m d o s se rv iç o s d o P a lá c io d a
G u a n a b a r a e m p o rc e la n a , tr a z n o v e rs o : “ C a s a C y p ria -
IN D IC A Ç Õ E S N O V E R S O
n o R .I .J .P .L . F r a n ç a ” ,
1 - 7 8 — D a v e n p o rt
D o p rim e iro re in a d o , s ã o c o n h e c id o s o s c a rim b o s
8 6 6 7 5 — M in to n
a v e rm e lh a d o s d e W a lle rs te in & C ia ., a p o s to s e m v á rio s
O rie n ta l Iv o ry —* B u rm a h se rv iç o s d o P a ç o , d e p o is W a lle rs te in , M o s e r t & C ia ., ã
A m o ra G a rd e n s r u a d o O u v id o r, 7 0 — ■<*>,
T o n q u im — iro n s to n e
U m p ra to c o m b o r d a e r o s á c e a v e rd e d o c a s a m e n to
E to n C o lle g e — P .R .P .B .
d e F ra n c is c o d e A r r u d a C a m a rg o c M a r ia .A m élia C a r
A lp in e — V .G .B .
v a lh o , p o rta u m se lo s o b g la s u ra n o v e rs o : “ E s te v ã o
CUBA B u s k T r a d e M a r k — R io .
A m o u r (c ita d o p o r Jo s é d e A lm e id a S a n to s ) E x is te ta m b é m o u tr o c a rim b o d a c a s a L . C ip ria n o
K y b e r — J, M e ie r S o n — Iro n s to n e & C ia ., ru a d a Q u ita n d a , 85 — R io d e J a n e i r o <9);
S liangai — A d a m ’s & S o n — Iro n s to n e ta m b é m de a s s in a la r as lo u ç a s c o m a in d ic a ç ã o d e
T o k io - J o h n s o n B ro s P o rc e la in e d e L im o g e s L . H a s s — I r m ã o s Im p o r ta d o
H o n g n .ú 1421 re s — R io d e J a n e ir o (o b . d t ) . E a in d a n o c o r r e r
A lto n a d e s te sé c u lo M a p p in & W e b b , G r u m b a c h , e tc.
H u m m in g B ird s — K & B A in d a c o m re s p e ito à s é rie d e m o d e lo s , e x is te
" W illo w " — T h o m a s H u g h e s & S o n u m a c o m d e s e n h o s fito fo rm e s , d e lin d a s e la rg a s fo lh a s
L o n g p o rt — E n g la n d o u ra m a g e n s e s tiliz a d a s , c m azu ! ( à s v e z e s b o r r ã o )
S c le c le d e t S c e n e ry — W in d s o r — C lew s W a rra n te d to m a n d o p a r te d o fu n d o , d a c a ld e ira e a a b a d o p ra to
S ta ffo rd s h ire — à s v e z e s c o m flo re s n o c e n tr o . C o n h e c e m o s p e ç a s
C o p e la n d — L a te S p o d e d e s s a sé rie u m a m a r c a d a no v e rs o c o m tr ê s p o n to s em
C o p e la n d a n d G a rre t a z u l, e , o u tr a s g ra v a d a s C o p c la n d , A p re s e n ta e s ta série
“ W illo w " — S ta ffo rd s h ire — S lo n e C h in a H & A u m d e s e n h o p e c u lia r q u e fo g e a o e la b o r a d o d o g o sto
(a z u f) e d a r o tin a in g le sa , m a s q u e p o r s u a e s p o n ta n e id a d e
“ W illo w " — W a rr a n te d S ta ffo rd s h ire I.M . & S. e sin g e le z a s ã o d e b e lo e fe ito . S ão p in ta d a s à m ã o
(a z u l) s o b o e s m a lte o b e d e c e n d o a u m p a d r ã o d e te rm in a d o
“ W illo w ” — Ir o n s to n e C h in a W illo w — V & B m a s e m c a d a p e ç a , p e rc e b e m -s e lig e ira s d ife re n ç a s n a
(v e r d e ) e x e c u ç ã o m a n u a l, o q u e n o s le v a a c r e r q u e o p ro c e s so
d e d e c o r a ç ã o fo s se e x e c u ta d o a tra v é s d o fa n ta s m a o u
"W illo w ” — A d d c rc y s L td . ( r o s a )
e stê n c il c te rm in a d o s a p in c e l.
Iro n s to n e — L o rra in e — W . A d a m s
“ C h in g ” — S e m i-p o rc e la in R o y a l (f le c h a e a r c o ) D e ssa sé rie , a lé m d e se rv iç o s d e m e s a , d e c h á , o u
F a ie n c e A n g la is c G ra n d D e p o t d e P o re c la m e s e t ja n ta r , e ra m f a b r ic a d o s ta m b é m a p a re lh o s d e to ile tte ,
F a ie n c e s c o m la rg a s b a c ia s e e le g a n te s g o m is, m u ita s vezes em
21 R u e D ro u o t — P a ris — S u c u rs a le r u e S a in t F e rre o l azu l b o rr ã o .
M a rs e ille — - T e rre d e F é r (lo s a n g o p a d r ã o — d a ta H á ta m b é m o u tr a sé rie d e se rv iç o s p in ta d o s a
1 8 5 8 ) in ic ia l m ã o , d e c o n c e p ç ã o g e o m é tric a , c o m fa ix a s la rg a s p in
A n o a n v e rs o col. O d ilo n d e S o u z a ta d a s e m a z u l a in te rv a lo s re g u la re s n a s p e ç a s c o m
M o n g u lu — J o h n s o n B ro th e rs E n g la n d to q u e s o u risc o s d o u r a d o s v e rm e lh o s o u e m lu s tre ,
W a tte a u — D o u lto n c .° B u rsle m E n g la n d c o n v e rg in d o a s fa ix a s da b o rd a p a r a o c e n tr o d a p e ç a .
509
é d e e s tr a n h a r q u e e ssa s d u a s sé rie s e m fa ia n ç a p la c a s d e fa ia n ç a fin a , c o n te n d o flo re s e s p a rs a s , b o u -
fm a n ã o v e n h a m c ila d a s n e m re p ro d u z id a s e m liv ro s q u e ts e v is ta s d o R io d e J a n e i r o d e c o ra d a s à s v e z e s a
in g le se s, s o b re a d e c o ra ç ã o de s u a c e râ m ic a n o sé c u lo m ã o . E s s a s b a n d e ja s , m u ita s d e la s a in d a e m u s o , sã o
X I X , m o rm e n te q u a n d o h á p e ç a s m a r c a d a s C o p e la n d . re m a ta d a s p o r a rtís tic a s g a le ria s e a lç a s c r o m a d a s ou
E x is tia m v á rio s se rv iç o s d e sse s n o B ra s il, se n d o e n c o n b a n h a d a s a p ra ta . E s s e g ê n e ro foi c o p ia d o n o c o m e ç o
tr a d o s e m Itu e e m S ão J o ã o d ’E I R e i, e n tr e o u tr o s d o s é c u lo X X , p o r fá b r ic a s tc h c c a s.
lo c a is.
C o m o d is s e m o s , o s in g le se s tiv e ra m la rg o m é rito
D e o b s e rv a r-s e q u e p a rte d esse g ra n d e m o s tru á rio n a c o m p o s iç ã o d e lin d a s e in c o n tá v e is c e rc a d u r a s p a ra
e m a z u l c o b a lto e r a c o n s titu íd o d o q u e se p a s s o u a os se u s se rv iç o s q u e n o ta b iliz a ra m o s a r tis ta s , p in to re s
c h a m a r “ azu l b o r r ã o ” o u “ azu l b o r r a d o " . P e n s a m o s e g ra v a d o re s d e s u a s fá b ric a s .
q u e n o in íc io d o fa b ric o h o u v e fa lh a s té c n ic a s na p r e
p a ra ç ã o e n a q u a lid a d e d o c o b a lto , e, ta m b é m q u e a P a r a o B ra sil s o u b e ra m eles ta m b é m c r i a r b e la s
fa ia n ç a fin a n ã o s o fre a v itrifíc a ç ã o d a p o rc e la n a ; ê, e su g e s tiv a s fa ix a s. A s s im u m a sé rie d e se rv iç o s
p o r ta n to , m e n o s c o m p a c ta e c o m c e rto g ra u d e p o ro “ B ra s ile iro s ” o s te n ta m u m a b e la b o r d a d u r a , c m v e r
s id a d e . E sse s d o is fa to re s , m o r m e n ts o ú ltim o q u e m e lh o o u e m a z u l, fo r m a d a p o r fo lh a s e flo re s d e fu m o .
p ro p ic ia q u e a p in tu ra se e s p a r ra m e , c o m o m im m a ta -
D e n o t a r q u e e m a lg u n s se rv iç o s, n o ta d a m e n te o s
b o r r ã o , é, q u e d e v e m e s ta r n a b a s e d o fe n ô m e n o
d e v istas d o P o r t o d o R io e d a L a p a , a c e rc a d u r a é
“ b o r r ã o ” . E sse p ro b le m a já h a v ia a to rm e n ta d o o s
m o u ro s n a lo u ç a v id ra d a e e m s u a fa ia n ç a , o s q u a is a p lic a d a p e lo p ro c e s s o d e d e c a lc o m a n ia e a v ista c e n tr a l
a c e rta a ltu ra in v e n ta ra m o siste m a d a s a re s ta s , s o b r e é e x e c u ta d a p e lo fo to -c e râ m ic o q u e c o n fe re a n itid e z
tu d o , p a r a o a z u le jo , a fim d e r e l e r o s e sm a lte s d u ra n te im p re s s io n a n te a o s d e ta lh e s . A liá s n e ss e p a rtic u la r
o c o z im e n to , a te q u e m a is ta r d e p u d e ra m , q u ím ic a e to m a - s e re la tiv a m e n te fá c il s itu a r n o te m p o e sse s a p a
te c n ic a m e n te , d o m in a r o tr a n s b o rd a m e n to . O fa to é re lh o s ( e ta m b é m o s h o la n d e s e s , fra n c e s e s c p o rtu g u e
q u e a fa lh a té c n ic a p ro d u z iu um e fe ito d e c o ra tiv o , e, ses, q u e c o p ia r a m o p r o c e s s o ) d a d a a p re c is ã o d a
a c re d ita m o s , q u e p o s te rio rm e n te , m e sm o d e p o is d o s re p r o d u ç ã o d o s lo c a is.
ingleses a p u ra r e m a q u a lid a d e d o c o b a lto d a s p a sta s
A p ro v e ita ra m o s in g leses p a r a p r o d u z ir ta m b é m
c c o n tr o la r e m o s “ b o r r õ e s ” , c o n tin u a ra m e le s a p r o
e le g a n te s e b e m a c a b a d o s a p a re lh o s p o p u la r e s , to ta l
d u z i-lo s in te n c io n a lm e n te ,
m e n te e m b ra n c o , c o m a d e c o ra ç ã o e m re le v o , c m g e ra l
A in d a co m re fe rê n c ia a m o tiv o s, h á q u e re s s a lta r c o m e sp ig a s d e m ilh o e o u tro s c o m m o tiv o s flo ra is ( a
q u e o s in g le se s, m e sm o a n te s d o s fra n c e se s (S a rre g u e - e x e m p lo d e B o c h F ré r e s — • L a L o u v iè re , d a o rg a n iz a
m in e s ) e d o s a le m ã e s (V illc ro y & B o c h ) se e s fo rç a ra m ç ã o — ,V il!e ro y -B o c b ), c o m o ta m b é m a p a re lh o s p o li-
e m p r o d u z ir a rtig o s d o a g ra d o o u d o g o sto d a c lie n te la , c ro m a d o s . F a b ric a v a m , ta m b é m , b e lo s a p a re lh o s d e
c o n c o rr e n d o p o r to d a s as fo rm a s e m e io s n a c o n q u is ta to ile tte , c o m su a s ja r r a s , b a c ia s , s a b o n e te ira s , assim
d o s m e rc a d o s , im ita n d o m e s m o e c o n c o rr e n d o c o m o s c o m o b a c ia s s a n itá ria s e m b ra n c o , o u e m azu l e h ra n c o
a rtig o s lo c a is. C o n ta -n o s S é rg io B u a rq u e de H o la n (S e v e r n c lo s e t) , p o ü c ro m a d a s , e , a in d a , p ia s d e ta m a
d a <10), q u e n o to c a n te ao s te c id o s, e n tr e v á rio s n h o s e fe itio s e d e c o re s d if e re n te s : b a n d e ja s c o m
e x p e d ie n te s e m p re g a d o s , c o n c o rria m o s in g leses c o m a p o s ta s d e p la c a s c o m v is ta s, p a is a g e n s ou d e s e n h o s
in d ú s tria lo c a l fa b ric a n d o p o n c h o s d e fe itio s g a ú c h o s, flo ra is , c o m g a le ria d e m e ta l b ra n c o , em g e ra l, de
c o m o re d e s d o g ê n e ro fa b ric a d o e m S o ro c a b a , e m S ã o fo rm a o b lo n g a , c o m o n o s re fe rim o s lin h a s a tr á s , L u ís
P a u lo . S a ia , a s s in a la <n >, a p re s e n ç a d e b a c ia s s a n itá ria s
N a C e râ m ic a , c ria ra m e les ta m b é m u m a s é rie im e s tra n g e ira s , c o m e s ta m p a de u m a d e c o r a d a , e d iz :
p o rta n te , d e a lto in te re sse ic o n o g rá fic o , c o m v is ta s d e ‘’D u r a n te a fase á u r e a d a e x p a n s ã o u r b a n a , S ã o P a u lo
c id a d e s , p a is a g e n s, m o n u m e n to s , b a ta lh a s , re tra to s d e fe z p ra ç a d e s u a c a p a c id a d e im p o r ta d o r a : d e sd e b a c ia s
p e rs o n a g e n s, e tc ,, a b ra n g e n d o a h is tó ria d e v á ria s n a san itá i;ta s a té e s ta ç õ e s d e a ç o p r é - fa b ric a d a s ” .
ç õ e s d o C o n tin e n te , se ja d a A m é ric a d o S ul, c o m o d o E ssa s lo u ç a s in g le s a s , a b a rc a n d o u m se m n ú m e ro
B ra sil, A rg e n tin a , C h ile , c o m o d a A m é ric a d o N o rte , d e m o tiv o s, a p re s e n ta n d o u m a e x te n s a g a m a u tilitá r ia ,
E s ta d o s U n id o s e C a n a d á . de p re ç o a c e ssív e l e b o a a p re s e n ta ç ã o , h a v ia m re a l-
P a r a te rm o s u m a id é ia d a im p o rtâ n c ia d e sse g ên ero m e n te d c c o n c o r r e r c o m b o a m a rg e m d e su c e s so c o m
ic o n o g rá fic o , só u m a firm a in g le sa , E n o c h W o o d & S on, as p o rc e la n a s e u ro p é ia s , c h in e s a s o u ja p o n e s a s .
a lin h a c e rc a d e c e n to e c in q u e n ta v istas p rim o ro s a s d e
A ssim , in v a d ira m e la s n ã o só o in te rio r d a s P ro
d iv e rso s p a íse s (E s ta d o s U n id o s , I n g la te r ra e F r a n ç a ) ,
v ín c ia s o u d o s E s ta d o s , c o m o a s su a s c a p ita is e a
s e g u ín d o -s e o u tr a s c o m o A n d re w S te v e n s o n , R J , C lew s
C o rte , o n d e os P a ç o s B ra g a n tín o s e x ib ia m n ã o só
e n a tu r a lm e n tc S p o d e, o u m e lh o r se u s s u c e s so re s, e n tre
serv iço s c o m u n s c o m o e n c o m e n d a d o s c o m a s a rm a s
m u ita s o u tra s .
im p e ria is. T a m b é m a s o c ie d a d e b ra s ile ira d e e n tã o fe z
D o B ra sil, fo c a liz a ra m d iv e rso s a sp e c to s d o R io la rg o e m p re g o d a q u e la s lo u ç a s , se ja n a u tiliz a ç ã o d o
d e J a n e iro , c o m o v ista s d o P o rto , d o P a s s e io P ú b lic o , d iá rio , c o m o e m se rv iç o s e la b o r a d o s , p o r ta n d o à s vezes
d o F la m e n g o , d a Ig reja d a G ló ria , d o L a r g o d a L a p a , siglas, c o ro n é is , b ra s õ e s , le g e n d a s o u n o m e s p o r e x te n s o .
d e B o ta fo g o , d a Q u in ta d a B o a V ista , e tc . E a in d a
N o s liv ro s d a M o r d o m ia e d a U c h a r ia d o s p a lá c io s
se rv iç o s c o m c e n a s d a B a ta lh a d e L a m a s V a le n tin a s ,
im p e ria is, c o m o e m in v e n tá rio s d iv e rso s (c o m o v im o s
em m a r ro m o u e m a zu l, c o m o r e tra to d o Im p e ra d o r
no de 1 8 0 8 e de 1 8 1 5 ) , n a s c rô n ic a s d e v ia ja n te s e n o s
e d e g e n e ra is d a C a m p a n h a d o P a ra g u a i, n a a b a ,
la m o so s le ilõ e s d o P a ç o , v ê m a q u e la s lo u ç a s a ss in a
A in d a d e n tro d esse c a m p o ic o n o g rá fic o la n ç a ra m la d a s, a m o r d a s v e z e s, c o m o lo u ç a in g le sa o u lo u ç a
o s in g le se s, u m a lin d a s é rie d e b a n d e ja s o v a la d a s c o m pó dc p e d ra , ra ra m e n te c o m a in d ic a ç ã o d a fá b r ic a , d -)
510
N o q u e d iz re s p e ito a o s a p a re lh o s d e u s o d a A in d a d e a s s in a la r p o r seu a lto in te re s s e ic o n o
F a m ília R e a l c Im p e ria l, fo ra os serv iço s j á c a ta lo g a d o s, g rá fic o , u m a c a n e c a e m p ó d e p e d ra c o m o b u s to d e
e x is te m m u ito s o u tro s n o J a rd im d a s P rin c e s a s , c u jo s D . P e d ro J e D .a L e o p o ld tn a , d a c o le ç ã o P e d r o S é rg io
c a c o s e à s vezes p e ç a s in te ira s, se a c h a m e m b re c h a d o s M o rg a n ti, e u m p r a to m a r c a d o S p o d e d e c o le ç ã o d o
c m a r r a n jo s o rn a m e n ta is e m b a n c o s e g ru ta s d a Q u in ta M u s e u H is tó ric o N a c io n a l, d e ric a d e c o r a ç ã o e m v e rd e
Im p e ria l, d o q u e O s c a r S e llo s n o s d á d e ta lh a d a in fo r e o u ro e b r a s ã o im p e ria l n o c e n tro , e , a in d a , u m p a r
m a ç ã o . (13) d e v a so s a fila d o s ( m a is o u m e n o s 8 5 c m d e a lr u ra )
c o m a efígie d o I m p e r a d o r e d e D .a T h e r e z a C h ris tin a ,
Q u a n to a o s a p a re lh o s h istó ric o s c la s sific a d o s , o s
e x p o sto s o o M u s e u Im p e ria l.
M u s e u s H is tó ric o s N a c io n a l e o Im p e ria l re té m um
im p o rta n te a c e rv o em q u e se d e te c ta m n u m e ro s a s e A in d a d e v e m o s a s s in a la r u m a s o p e ira c o m ta m p a ,
v is to s a s p e ç a s c m p ó d e p e d ra e sim ila re s, q u e p e rte n c e u a o In te n d e n te C â m a ra , d a c o le ç ã o A n a
A m é lia e M a r c o s C a rn e ir o d e M e n d o n ç a , d o fim d o
A l . a E x p o s iç ã o d e “ V estes e O b je to s Im p e ria is e
s é c u lo X V I I I o u c o m e ç o d o s é c u lo X I X . N o b o jo d a
d e L o u ç a H is tó ric a ” , re a liz a d a e m 1 9 5 4 , n o In s titu to
s o p e ira v ê e m -se d e n tr o d e u m a re s e rv a a s in ic ia is
H is tó ric o e G e o g rá fic o d e S ão P a u lo , d a q u a l fo m o s
M .F .C ., e m p re to , o u se ja d e M a n o e l F e r r e ir a d a C â
d ir e to r, re u n iu tre z e n to s c v in te lo u ç a s h is tó ric a s e e n tre
m a r a , c o m o e r a c o n h e c id o o In te n d e n te , e m b o r a seu
e la s n o re s p e c tiv o c a tá lo g o p o d e m -se d e s ta c a r a s se n o m e c o m p le to fo sse M a n o e l F e r r e ir a d a C â m a ra
g u in te s : ( e m fa ia n ç a f i n a ) . B itte n c o u rt e S á. S e g u n d o O h is to r ia d o r M a r c o s C a r
n e iro de M e n d o n ç a , o fa m o s o I n te n d e n te e r a ir m ã o d e
R E L A Ç Ã O D O C A T A L O G O D A l . a E X P O S IÇ Ã O J o s é d e S á B itte n c o u rt e A c c io ly , o in ic ia d o r d o s e n sa io s
D E L O U Ç A H IS T Ó R IC A e fa b ric o d e lo u ç a c o m a a rg ila c a o iín ic a d e C a e tc , c u jo
d e s e n v o lv im e n to e m fá b ric a d e p ro d u to s fin o s , ta lv e z ,
N ,° s
te n h a sid o o b s ta d o p e la c é le b re p ro ib iç ã o d e 1 7 8 5 , d e
31 — S e rv iç o d e F a m u la g e m — P e d ro I (b r a s ã o m a n u fa tu ra s n o B ra s il, c ita d a p o r S é rg io B u a rq u e d c
v e rd e ) H o la n d a <I41 “ q u e n ã o fo sse m a lé m d a s g ro s s e ria s d c
33 — S e rv iç o In d e p e n d ê n c ia ou M o r te ( p a s ta a lg o d ã o p a r a o s e s c ra v o s ” .
c re m e )
A in d a d e n tr o d e ss e ro l d e lo u ç a h is tó ric a , d e v e
34 — S e rv iç o d e In d e p e n d ê n c ia ( p a s ta a m a r e la ) m o s a s s in a la r u m p r a t o c o m a efíg ie d e D o m J o ã o V I ,
5 0 — S e rv iç o d o P a ç o d e S ã o C liris tó v ã o (c o r o a e m p re to sem m a r c a , q u e a c re d ita m o s te n h a sid o
ro x a ) fa b ric a d o p e la fá b ric a d e S a rg a d c lo s, p e ç a e ss a q u e h o je
fa z p a rte d o M u s e u d o B a n c o d o B ra sil.
60 — S e rv iç o d a F a m u la g e m ( p r e to — azu l — r o x o )
m arca B aker C ° E x is te c m N o r to n A m ig ü id a d e s , n o R io d e J a n e iro ,
u m b e lo se rv iç o p o lic ro m a d o c o m s e te n ta e seis p e ç a s
6 2 -- F a m u la g e m m a lg a c o m a s a rm a s im p e ria is
m a rc a d o C o p e la n d a n d G a r r e t, dc fa b ric o d o p e río d o
m a rc a B a k e r C .Q
d e 1833 a 1 8 4 7 , q u e s e g u n d o o re fe rid o a n tiq u á rio ,
63 — F a m u la g e m — a rm a s im p e ria is , fu m o c c a fé p e rte n c e u a o l . ° V is c o n d e c o m g ra n d e z a d e J e q u itin h o
(B a k e r C .° ) n h a , F ra n c is c o G é d e A c a b a v a M o n íe z u m a , c u jo b ra s ã o
64 — S erv iço d o “ C o rp o P o lic ia l d e P ro v ín c ia d o d e a rm a s , a p e n a s c o m e lm o , fo i e n c o m e n d a d o n a In g la
R io d e J a n e ir o — N ic tb e ro y — l . ° d e m a rç o te r ra , q u a n d o M in is tro P le n ip o te n c iá rio e m L o n d re s ,
de 1888” a n te s d e s e r e le v a d o a V is c o n d e . O s d o is b ra s õ e s , o d o
s e rv iç o é tr a ta d o à in g le sa c o m tim b re s , p a q u ife s, le g e n
7 6 — X íc a r a e p ire s c o m os d iz e re s “ P a s s o d a P á tr ia
d a s ( E x -T y ra rrsm id e L ib e r t a s ) q u e :v ê m e x p rim ir o
— R ia c h u e io — P a is s a n d u ”
e s p írito e a s lu ta s lib e ra is d o titu la r, e tc ., e o e x p o s to
7 7 — B o r d a b a r r a d o u r a d a , filetes a z u is e o u ro , p o r Ja y m e S m ith de V a sc o n c e ilo s, (p á g in a 2 4 2 , d o
b ra s ã o n o c e n tro d a C a s a d e B ra g a n ç a A rq u iv o N o b ili á r q u i c o ) , é m a is sim p le s, c o n fe rin d o
81 — S e rv iç o d o D u q u e d e S ax e, friso o u ro , azu! e p o ré m os d o is q u a n to a o e s c u d o .(!S5
c o ro a d o u ra d a E sse g ra n d e c o n ju n to d e lo u ç a in g le sa a in d a
2 6 4 — S e rv iç o B a rã o d o P e n e d o (a z u l e o u r o ) e x is te n te n o B ra s il, é m u ito d iv e rs ific a d o , n ã o só
— V isc o n d e d e P o r t o S e g u ro c o m c o ro a c P .S . q u a n to a o s m o tiv o s c o m o c o m re s p e ito à s in d ic a ç õ e s
e m azu l a p o sta s n o v e rs o d a s p e ç a s .
A m a io ria n ã o a p re s e n ta n e n h u m a in d ic a ç ã o , M a s
A c o le ç ã o O d ilo n d e S o u z a , d e lo u ç a h is tó ric a o u
h á p e ç a s c o m a p e n a s u m a q u e ta n t o p o d e s e r um
p e rs o n a liz a d a , re u n in d o s o b r e tu d o p e ç a s q u e p e rte n c e
a lg a rism o ( in d ic a tiv o d o m o d e lo o u d a e n c o m e n d a
ra m a p e rs o n a lid a d e s d a s o c ie d a d e p a u lis ta e p a u lis ta n a
e x e c u ta d a ) c o m o o n o m e d o p ro tó tip o , o u a m a r c a d a
d o sé c u lo X IX e c o m e ç o d o X X , e m b o a h o r a a d q u i
fá b r ic a o u a in d a o tip o d e lo u ç a (s e Ir o n s to n e , O p a q u e
rid a p e lo g o v e rn o d e P a u lo E g y d io M a r tin s , re ú n e
C h in a , C re a m W a re , e t c ,) , o u a in d a a lo c a lid a d e o u as
ta m b é m a lg u n s e x e m p la re s d e in te re s s e , c o m o d o
p a la v ra s “ E n g la n d ” o u “M a d e in E n g la n d ” o u a in d a
B rig a d e iro F ra n c is c o S o la n o L o p e s , d o P a ra g u a i (D a -
u m le s a n g o c o n h e c id o p o r " D ia m o n d M a r k ” , q u e
v e n p o r t ) , d a M a rq u e s a d e S a n to s ( 1 7 9 7 - 1 8 6 7 ) , em
c o n té m u m c ó d ig o .
a z u l e v e rd e , d o V isc o n d e d e S ã o J o s é d o N o rte ( b o r d a
d o u ra d a c o m as in ic ia is n o c e n tr o ) , d e E u frá s io L o p e s H á p e ç a s ta m b é m , q u e c o n te m d u a s o u tr ê s d e ssa s
d e A r a ú jo , d e M a n i n h o d a S ilv a P r a d o , d o C o n d e in d ic a ç õ e s. N a fa ia n ç a fin a in g le sa n ã o é c o s tu m e v ir
A lv a re s P e n te a d o (M a p le C .° ) ele . in d ic a d o o n o m e d o a rtis ta .
511
T e m o s q u e le m b ra r q u e n a lo u ç a u tilitá r ia v á ria s D e a c o rd o c o ra W .M . S c h a e ffe rs, s ã o e la s:
firm a s in g le sa s u s a v a m o c ó d ig o c o m e rc ia l a d o ta d o p e la
D e 1770 a 1829 — Spode
“ B ritis h P a te n t O ffic e " , d e q u e já fiz e m o s m e n ç ã o n o
S pode N ew F aycncc
e s tu d o d o s a z u le jo s, c h a m a d o d e " D ia m o n d M a r k ” ,
S p o d e S to n e C h in a ( f a ia n ç a
c u jo d e s e n h o le m b ra u m lo sa n g o e c o n té m a lg a rism o s
fin a o u g ré s )
e n u m e ra ç ã o rom ana e o u tro s d e ta lh e s p a ra id e n tific a r
a fá b r ic a , a p a rtid a o u o lo te, a d a ta d e fa b ric o a n te r io r S p o d e ’s Im p e ria l
a 1884. S p o d e — F e ls p a r P o rc e la in
O u tra s in d ic a ç õ e s h á q u e p o d e m s itu a r a p e ç a n o D e 1 8 3 0 /a 1 8 3 3 — S p o d e & C o p e la n d
te m p o , c o m o p o r e x e m p lo : L im ite d , L td ., s ã o r e f e rê n S p o d e , S o n — C o p e la n d
c ia s q u e só a p a re c e m d e p o is d e 1 8 6 0 — “ a m a r c a d o
d ia m a n te ” , im p lic a e m s a b e r q u e o p ro d u to foi fa b ric a d o D e 1 8 3 3 a 1 8 4 7 — C o p e la n d an d G a rre t
a n te s de 1 8 8 4 e o “ R d n .° " (R e g is te re d N u m b e r) C & G
q u a n d o vem se g u id o d e a lg a rism o s re p re s e n ta o có d ig o C o p e la n d & G a rre t L a te
d o a n o d e fa b ric o , e q u a n d o n ã o é se g u id o d e n e n h u m Spode
n ú m e ro , in d ic a q u e a p e ç a é p o s te rio r a 1 8 3 4 , C o p e la n d a n d G a rre t
A p a la v r a “ E n g la n d " e m q u a lq u e r lo u ç a in g le sa é N ew J a p a n S to n e
u m a c o n v e n ç ã o a d o ta d o p e lo g o v e rn o p a r a d e s ig n a r C o p e la n d and Garret
m a te ria l d e s tin a d o à e x p o rta ç ã o , c o n v e n ç ã o e ss a q u e N ew F a ie n c e
d u ro u d e 1891 a té 1 9 0 0 e se a p lic a ta m b é m a o s D e 1 8 4 7 a 1 9 4 6 — C o p e la n d L a te S p o d e
a z u le jo s ,
C o p e la n d
O “ M a d e in E n g la n d " , s u b s titu i a p a la v ra “ E n
C o p e la n d S to n e C h in a
g la n d ” d e p o is d e 1 9 0 0 c e ss a n o rm a in g le sa d e in d ic a r
(f a ia n ç a fin a o u g ré s )
a o rig e m d o p ro d u to p a ss o u a s e r a d o ta d a p e lo s o u tro s
M .T . C o p e la n d a n d so n s
p a íse s m a n u f a tu r e iro s e v ig o ra a té h o je .
S p o d e C o p e la n d
D a d o o fa to d e S p o d e (o se u s s u c e s s o re s ) re p re
s e n t a r a fá b ric a q u e m a is e x p o rto u lo u ç a d e p ó d e D e 1 9 4 6 a té 1 9 7 0 , a c re d ita m o s q u e te n h a c o n ti
p e d ra e s im ila re s , e n tr e e ste s o s a z u is b o rrõ e s , d a m o s n u a d o o u s o d e ssa s ú ltim a s d e sig n a ç õ e s, p a s s a n d o n o
a s e g u ir p a r a fa c ilita r o e n q u a d ra m e n to d o p e río d o d a e n ta n to d e p o is d e 1 9 7 0 a se r u s a d a a p e n a s a m a rc a
f a tu r a , as d ife re n te s m a rc a s a p lic a d a s. p rim itiv a : S P O D E .
512
FABRICO DA FAIANÇA FINA NO B R A SIL
LOUÇA DE GRANITO E LOUÇA PÓ DE PEDRA
513
F A IA N Ç A F IN A
(Louça dc Granito)
Fábrica de Zacharias de Paula Xavier Colom bo — Curitiba
445
514
E m 1 9 0 8 , n a E x p o s iç ã o C o m e m o ra tiv a d a A b e r ta n to a rte fa to s u tilitá rio s , c o m o o b je to s d e c o ra tiv o s e
tu r a d o s P o rto s , no R io d e J a n e iro , a q u e la fá b ric a a rtig o s s a n itá rio s e m p ó d e p e d ra o u g ra n ito .
fig u ro u n o 1 6 .° g ru p o — v id ro s, c rista is, p o rc e la n a e E m re s u m o , h á q u e s e d iz e r, s o b re a p ro d u ç ã o
lo u ças. Isso fa z s u p o r q u e além d a fa ia n ç a fin a , esti c e râ m ic a d o fim d o s é c u lo n o P a r a n á , q u e h o u v e n a
vesse se n d o ta m b é m fa b r ic a d o p o rc e la n a , e m b o ra n ã o q u e la P ro v ín c ia , d e p o is E s ta d o B ra s ile iro , d u a s fases
s e c o n h e ç a m e x e m p la re s . N a q u e le a n o , a p ro d u ç ã o e ra d is tin ta s e b rilh a n te s , a ita lia n a d e 1 8 9 7 a 1 9 0 1 , c o m
d e “ se te m il e q u in h e n ta s a d e z m il p e ç a s d e lo u ç a p o r F ra n c is c o B u sa to , J o ã o O rlo la n í e se u s o u tro s a rtista s
d ia " e tr a b a lh a v a a fá b ric a c o m tr in ta a c in q u e n ta ope v e n e to s e m q u e fo i fa b r ic a d o lo u ç a v id r a d a e m e ia -
rá rio s, s e g u n d o a ex ig ê n c ia d a p r o c u r a ” , e p o s s u ía dois - ía ta n ç a e u m g ê n e ro d e fa ia n ç a d e e x c e le n te te o r a r tís
m o to re s , u m a v a p o r e o u tr o h id rá u lic o . tico e a fa se g e rm â n ic a , d e 1 9 0 2 a 1 9 2 6 , c o m Z a c h a ria s
D e a c o rd o c o m o Á lb u m d o P a r a n á , d e 19 2 3 , ao e o té c n ic o P a u lo R n o íd e o u tr o s a rte s ã o s e sp e c ia lista s
q u e se p o d e d e d u z ir, o p rim itiv o e sta b e le c im e n to já a le m ã e s e q u e p ro d u z ira m e m c a r á t e r in d u s tria l u m
h a v ia p a s s a d o d e m ã o s, p o is “ a m a io r e m e lh o r fáb rica e x c e le n te p ó d e p e d ra “ a te rra g lie fin e ” , c ita d a p e lo
d o P a r a n á " , é a F á b ric a d e L o u ç a s S ã o Z a c h a ria s , d a jo r n a lis ta A r th u r D ia s e m 1 9 0 3 , s e g u n d o N e w io n C a r
firm a R o th & C ,° , c o m e sc ritó rio e m C u ritib a , e c u jo n e iro . N e s ta fa s e o s té c n ic o s a le m ã e s in tro d u z e m n o
e n d e re ç o te le g rá fic o e ra “ G ra n ito ” , o q u e e v id e n c ia que B ra s il, s e g u n d o c re m o s , o u s o d a d e c a lc o m a n ia n a c e râ
a p ro d u ç ã o d a fa ia n ç a fin a c o n tin u a v a a s e r o p ro d u to m ic a , im p o rta n d o d a A le m a n h a o m a te ria l e s ã o r e p r o
p rin c ip a l e n a v a rie d a d e q u e é c o n h e c id a p o r g ra n ito d u z id o s a lé m d e a r r a n jo s flo ra is , e fíg ie s d e F lo r ia n o e
( S tc in g u t) . E s s e R o th , su c e sso r d e Z a c h a ria s , é seu D e o d o ro . E m 1 9 2 1 , é c o n tr a ta d o o té c n ic o M a s S c h lo -
g e n ro A d ã o R o th q u e a rr e n d a a fá b ric a c o m o a tr o gel, q u e v ie ra d e M e isse n , o n d e p in ta v a e m o d e la v a
só c io . A liá s , e m 19 2 3 , j á h a v ia c m C o lo m b o , u m fo rte p o rc e la n a . C o m e ss a a q u is iç ã o , c o n q u is ta a fá b ric a
c o n c o rr e n te p o is a fá b ric a d c L o u ç a C o lo m b o , d c C o lo m b o a M e d a lh a d e O u r o d a E x p o s iç ã o d c 1 9 2 2 .
F o n to u r a & C ia . L td a ., d is p u n h a d e in s ta la ç õ e s m o P o ré m d a d a a c o n c o rr ê n c ia d o s p ro d u to s e s tra n g e iro s ,
d e rn a s , in c lu siv e “ m o in h o d c m o e r p e d ra s " e fab ricav a a fá b ric a é fe c h a d a em 1 9 2 6 .
515
LOUCA PÓ DE PEDRA (SÃO P^ULO)
ã o P a u lo ta m b é m se re v e lo u n o m a n u f a tu r a a u s tría c a . A s p e ç a s e m b is c u it tê m incisos
fa b ric o d e p ó d e p e d ra , c o m a n o fre te as in ic ia is “ F .S .C . S ã o P a u lo ” ( F á b r ic a S a n ta
fu n d a ç ã o d a F á b r ic a S a n ta C a C a ta r in a ) e o s e rv iç o e m p o d e r d o s d e s c e n d e n te s do
ta r in a , no b a ir r o da A gua ilu s tr e fu n d a d o r, u m se lo e s ta m p a d o c o m as in iciais
B r a n c a , n a c id a d e d e S ã o P a u lo , R & F ( R a n z in i e F a g u n d e s ) .
por E u d y d es F agundes e R o S eg u n d o a in d a P ü e g g i ( o b . c it, p á g . 1 4 6 ) : “ D u
m eu R a n z in i, f a to esse o c o rrid o ra n te a l . 1 G r a n d e G u e r r a , d e 1 9 1 4 a 1 9 1 8 , a F á b ric a
d e L o u ç a s S a n ta C a ta rin a , p rin c ip a lm e n te , a te n d e u ern
S e g u n d o o sa u d o s o e m p re s á rio e c e ra g ra n d e p a r te às n e c e ss id a d e s d e n o ss o m e rc a d o in te rn o ” .
m ista F . S. V ic e n te de A z e v e d o , c ita d o p o r P ü e g g i, D e p o is d e s s a p rim e ira g ra n d e g u e rra , a la s tro u -s c
ta m b é m p a r tic ip a ra m c o m o p io n e iro s d a q u e la in d ú s tria n ã o só p o r S ão P a u lo c o m o p e lo s o u tr o s E s ta d o s d a
G iu s e p p e Z a p p j e G io v a m ii M in e a ti, q u e a se u tu r n o U n iã o , a p ro d u ç ã o c e râ m ic a e m m o ld e s m o d e rn o s e
m ais ta r d e iria m a b rir seu s p ró p rio s e sta b e le c im e n to s a p e rfe iç o a d o s, fo sse e la a lo u ç a d e b a r r o v id r a d a o u
c o m o é o c a s o d e Z a p p i, q u e fu n d o u u m a d a s p rin c ip a is n ã o , a de p ó d e p e d ra o u d e g ra n ito , c o m o a p o rc e la n a ,
e m p re s a s d o g é n e ro e m S ão P a u lo c a té h o je figura P a s s o u o B ra s il a p ro d u z ir d e tu d o , p a s tilh a s , g rés,
e m p rim e iro p la n o n o m e rc a d o c e râ m ic o . A fá b ric a la d rilh o s e a z u le jo s, n o a n s e io d e s u p r ir o m e rc a d o
S a n ta C a ta r in a e x e c u to u , a lé m d a lo u ç a pó d e p e d ra , in te rn o e a te n u a r o im p a c to d o s p r e ç o s d a c e râ m ic a
e x c e le n te s p ro d u to s a rtístic o s , co m o é o c a so d e u m e s tra n g e ira im p o rta d a . D ã - n o s P ile g g i e m s u a m a g n ífic a
p a r d e ja r r a s e m b is c n it ( d e p o r c e la n a ) n o p u ro e stilo o b ra , u m fiel r e tra to d o q u e fo i e ss a fa s e d e e x p a n s ã o
A rt-N o u v e a u cie p rim o ro s a m o ld a g e m . T a m b é m p r o q u e te v e in íc io aírtd a n o p r im e iro q u a rte l d o s é c u lo e
d u z iu p e ç a s c m p o rc e la n a , c o m o é o c a s o d e u m se rv iç o i r i a d e s a b r o c h a r n u m v ig o ro s o im p u ls o e v o lu m e d e
d e c h á c o m trê s fo rm a to s d e x íc a ra s c o m as ijiiciais p ro d u ç ã o d e fo rm a a a tin g ir n ív e is s u rp re e n d e n te s ,
E . F . d o se u fu n d a d o r — E u d y d e s F a g u n d e s — c o c o m o 6 o c a s o d o fa b r ic o d e a z u le jo s c m q u e c h e g o u o
p ia n d o c o m p e rfe iç ã o id ê n tic o se rv iç o d e m e sa d c B ra s il n p o s iç ã o d e 4 .° p r o d u t o r n o c o n c e rto m u n d ia l.
517
Séc. X X toUÇA PÕ DE PEDRA PAULISTA
44S
518
B I B L I O G R A F I A
519
FAIANÇA FINA
Iconografia Personalizada
447
446
P - U 1 Q S histórico? da coleção do Museu Histórico Naciona); o de cima à esquerda tem a aha verde e a decoração dourada; a
travessa da direita é conhecida como "Serviço independência ou Morte", pasm creme (cream eoloured) c pintada ern tw /l sob a
coberta, porém tedccoruda posleriormente em policromia, sobre a g faturo; ignora-se se esta foi executada no Brasil, sem marca
IVide em. da Exposição do iV Centenário da Cidade de S, Paulo. 1954 — 'd o Inst. Histórico c Geográfico, estampa e verbete 33),
O prato abaixo o esquerda é conhecido como "Coroa Roxa" (aba com faixa'dourada), o da direita (Corpo Policiai da Província
do Pio de Joitriiol. tem a aba alaranjada. intercalada de três reservas com■a.t armas tio Império, O de baixo, cm branco, sá ostenta
o brasão imperial com ramos de fum o e café.
521
Séc. X IX FAIANÇA f i n a i n g l e s a
{Iconografia Im perial)
450
522
Sécs. X I X / X X FAIANÇA FINA INGLESA
Person alijada
451
452
Uma sopeírú à um prato do Serviço do Visconde de Jeqttetinhonha (sem coroa), Francisco G é de A ca ba y a M ontezum a (até a inde
pendência, chamava-se Francisco Gomes Brandão de M ontezum a), Desempenhou importantes carpos, era form ado em adv&cacta e
medicina, e fo i M inistro da Justiça e do Estrangeiro ( l 837). Em 1857, fo i ministro plenipotenciário cm Londres, quando se presu
m e tenha encomendado o vistoso serviço, sendo depois senador peia Bahia, Conselheiro de Estado (1850), etc . O serviço tem a
marca Copeland A Garret, pertence, segundo informações de Norton Antiguidades Ijd a . a um a neta do titular. Cortesia da Norton
Antiguidades Ltdti, (Vide Barão Smith de Vasconccilos, A rquivo N ob Uárquico Brasileiro, Lausanne, Í918 c Enciclopédia Delta
Larrouse — Rio), Existe em Portuga!, serviço idêntico de decoração e marca, porém com as armas do I.° Barão e IP Visconde
de Junqueira (José Dias Leite Sampaio). O prato de baixo com um P entre arabescos em azul, consta ter pertencido ao Conselheiro
A ntónio Prado e faz parte hoje da coleção do Palácio Bandeirantes (amiga coleção Odilon de Souza). O verso do prato exibe c
marca do distribuidor na França , de faiança inglesa. A no presum ível de ISÓS.
524
S ic . XI X FAIANÇA FINA INGLESA
Perion afeada
O rico prato de cirna com decoração compartimentada r policromaca é classificado com a da Família Real {Dam João V I) mar
cado ‘'M FC jOO". Cortesia de José Eduardo Loureiro. O prato à esquerda era do serviço da mina de ouro, denominada “Cata
Branca — Brazilian C o m p a n y poria no verso a marca Davenport. Coleção M arcos Carneiro de Mendonça, N a jarra tem escrito
Hotel D ’Oeste — S. Pauto, tradicional estabelecimento hoteleiro do fim do século X IX e do com eço do século X X , no Largo de
São Bento, S. Paulo; tem a marca "R id g va ys Vitrified England", cortesia de "Antigam ente Artes", S. Paulo, O prato de baixo
traz no anverso quatro iniciais entre dois ramos de café, o que faz supor que seja serviço de personalidade brasileira, mas não
identificada, encomendado à Inglaterra.
Cortesia de Norton Antiguidades — Rio.
525
FAIANÇA FINA
Iconografia Comemorativa — 1900
460
526
Secs. X I X ! X X FAIANÇA FINA
Iconografia Personalizada
M i#
527
FAIANÇA FINA
Iconografia Personalizada
Representações de p ra id c n tts da República e cidras personalidades: A fonso Pena, Prudente de Morais, Marques de
Hervüi, Pereira Passos, Washington Luís. O prato vaiado com as armas da República é holandês (Pernis flegout
Macstricht), a xícara do Marquês de Herval é de Sarreçucnú nes, assim como os restantes. Dessa série de personagens
existem fiiiidn outros retratos corno os deScreedelo Corrêa, Veiga Cabral, Paes de Liarros, etc.
Coleções Marcos Vieira da Cunha, Duílio Crispim Farina e M useu da República,
Cortesia Ecyía Castanheiro Brandão.
528
FAIANÇA FINA
iconografia Personalizada
O prato .representando o Almirante Saldanha da Gama é etn pá de pedra, imo marcado; o do Alm irante Tamandarê é em porcelana
sem marca, pintado a mão. sobre o vidrado, e jazem p aru des coleções do Museu Naval e Oceanográfico da Marinha (Cortesia
do Comandante Max Justo Guedes}. Os dois pratos de baixo representam os reis de Portugal, Dom Carlos e Rainha Dona Amélia
são cm pó de pedra e portam a marca Ribeiro Nunes á Alves — Rio e são da coleção Cintra Gordinho — Fazenda Campos
El iscos (Vassouras), peças fabricadas no começo do século.
529
Sécs. X IX /X X FAIANÇA FINA INGLESA
Iconografia Urbana
46-1
530
Sécs. X I X / X X P Ó D E P E D R A IN G L Ê S
Iconografia — Rio
467 470
468
531
Sécs. X lX /X X FAIANÇA FINA
Iconografia Urbana
(Fábrica Boch A Keraims)
474 476
532
Sêcs. X V III/XIX FAIANÇA FINA
Iconografia — Rio
477 478
479 480
533
Séc. XX FAIANÇA FINA
Iconografia Urbana
481
534
Séc. X X FAIANÇA FINA
^» - Iconografia Urbana
R io
4S6
535
Sêc. X X FAIANÇA FINA
Iconografia Urbana (R io)
490 491
536
(Primeiro quartel do século XX) F A IA N Ç A F IN A
Iconografia Urbana
São Paulo
453
537
FAIANÇA FINA
iconografia Miiitax
(primeiro quartel do sécufo X X )
494
A fabrica francesa de Sarregacrnmes não só focalizou diversos aspectos de paisagens e m otivos urbanos brasileiros como tam-
bem de ordem militar, tanto da Força Pública de São Paulo como do Exército Brasileiro e outras corporações. Nesta página
ao mio da ftta-legpruia, esta escrito: “Bombeiros Parada Militar de 15 de novembro". Coleção Irineu Ângulo. N o prato com
ires cavalaras esta escrito Estado M aior do l .° Batalhão" e no prato d direita “l .° Batalhão com a Bandeira”. Estas duas
peças são do Museu da República. O prato à esquerda tem escrito os dizeres “Descanso de Manobras**,
Cortesia de Ecyla Castanheiro Brandão.
538
FAIANÇA FINA
Iconografia Naval
( Boch Fr és La Louvière)
495
539
Séc. X X F A IA N Ç A F IN A
(Holanda)
496
540
Séc. X I X FAIANÇA FINA INGLESA
541
Séc. XIX F A IA N Ç A F IN A IN G L E S A
E PORTUGUESA
542
Séc. XIX FAIANÇA FINA INGLESA
499
543
Séc. XIX F A IA N Ç A F IN A
Inglesa e Francesa
500
.c A K tt» .
.AHLt/
£_Í*C1A**0
544
Séc. XIX FAIANÇA FINA INGLESA
545
Séc. XIX FAIANÇA FINA INGLESA
(Aparelhos de íoilleie)
546
Séc. XX FAIANÇA FINA
SiüvTidos de naufrágio — Rio
547
Séc. XIX FAIANÇA FINA
Fábrica, francesa de Sarrcguemines
548
Séc* X IX FAIANÇA FINA PORTUGUESA
(Modelo “Estátua” )
549
Séc. XX FAIANÇA FINA
( An-N oavcau t A rl-D sco)
550
VIII - BISCUIT
551
c â n ta ro s , c á lic e s, u m a s , “iti n a tu r a ” o u re p ro d u z id o s C a d a p r a te le ira d a q u e la s e le g a n te s v itrin a s p o d ia
e m a d m irá v e is a fre sc o s c o lo rid o s. e s ta r e v o c a n d o u m q u a d ro m ito ló g ic o , b u c ó lic o , g a la n
E c o m o essas civilizações se e v id e n c ia ra m n a te ou g u e rr e iro . T a m b é m re u n ia m e la s b u s to s d e p e r
s u b lim a ç ã o e s c u ltó ric a , é o b is c u it q u e v e m d e s e m p e s o n a g e n s c é le b re s, c o m o A le x a n d re , A u g u s to , V o lta ire ,
n h a r u m p a p e l im p o rta n te na d ifu s ã o d o n o v o e stiio N a p o le ã o , B is m a rc k , C h o p in , W a g n e r, M o z a ft, B a c h ,
im ita n d o o mármore, o c a lc á rio , o b a s a lto , e tc. P a s te u r, c d e s o b e ra n o s já d e fu n to s , a le m b ra re m na
P o r seu v isto so e fe ito , su a m o d e la g e m d ó c il e seu re c lu s ã o e s tá tic a d a v itrin a , u m v e n e rá v e l c a m p o
b a ix o c u s to e m c o n fr o n to c o m o m á r m o re e o b ro n z e , s a n to c m m in ia tu ra ,
c o n tin u a r á o b is c u it a s e r a p re c ia d o e a s e rv ir a o u tra s E c a d a p r a te le ir a n o fu n d o d e n o ss a m e n te C n a
v a ria n te s a rtís tic a s , q u e irã o se p ro c e s s a n d o a té c h e g a r flo r d e n o s s ^ s e n s ib ilid a d e , a n im a v a -s e c o m o u m p a lc o
a o A r t- N o u v e a u , e a o D e c o , q u e c o m re f o rm u la ç ã o de s u s p e n s o n d e s p a ç o , tr a n s p o r ta n d o - n o s a tr a v é s d a
fo r m a s e d e c o r a ç ã o ro m p e m c o m o s e stilo s h is tó ric o s , c e râ m ic a , a o p a s s a d o , a o b e lo c à s a u d a d e .
E q u a n to à s u a p re s e n ç a n o B ra s il, te m o s a d iz e r
E a in d a p o d e m o s v is lu m b ra r, p o u s a d o s s o b re a s
q u e a s o c ie d a d e b ra s ile ira e s te v e a te n ta a o q u e se
m e sa s, n a h o r a , d o c h á , b u le s e x íc a ra s a z u is d c
p a s s a v a n a E u ro p a , O s m o d ism o s lá re in a n te s , fosse
W e d g w o o d o u as d e lic a d a s tig e la s v e rm e lh a s d e
e m P a ris , L o n d re s , L is b o a ou V ie n a , e ra m a c o m p a
Y i-S h in g , m m a n c h a r d e a le g re s c o n tr a s te s a a lv a m o
n h a d o s e p ra tic a d o s a q u i c m to d o s o s s e to re s e m q u e
n o to n ia d a s to a lh a s a d a m a s c a d a s , e n g o m a d a s a ferro !
se m a n ife s ta s s e , fosse n a m ú s ic a , n o m o b iliá rio , n a
o u riv e s a ria o u n a c e râ m ic a , A e v o c a r u m a é p o c a , u m a p e rs o n a g e m o u u m a
A s sim , a q u e la sé rie v a ria d a d e b is c u its ta m b é m p r o d u ç ã o a rtís tic a d e m é rito , te m o s n o B ra sil, b a s ta n te
c á v e io te r. te s te m u n h o s , C ita re m o s a p e n a s a lg u n s.
" D e v is u ” , e n c o n tra m -s e e le s e s p a r ra m a d o s p e lo s N o M u s e u H is tó ric o N a c io n a l, e x is te u m b e lo
a n tiq u á rio s , p e la s c o le ç õ e s p a r tic u la re s e p e lo s b u s to d e D o m P e d ro l (S ê v re s o u V ista A le g re ) e cm
m u s e u s. c o le ç ã o p a rtic u la r o c a sa l D o m P e d ro e D o n a A m é lia ,
M a s d e m e m ó ria , p e rm a n e c e m eles in ta to s em d e e x c e p c io n a l fa tu ra . N o M u se u d e A r te A n tig a , d a
n o ss a s m e n te s e re tin a s, tr a n s p o rta n d o -n o s e m g ra ta B a h ia ( a n tig o M u s e u d o E s t a d o ) , e x is te u m a lin d a
e v o c a ç ã o , a o s a m b ie n te s v iv id o s p o r o u tr a s g e ra ç õ e s . ja r r a d e J a c o b P e tit, d a c o le ç ã o G o e s C a lm o n e n o
N a q u e la s c a s a s a v o e n g a s , n a s sa la s d e v isita s P a lá c io d o C a te te , n o M u s e u d a R e p ú b lic a , u m p o r
p o v o a d a s de c a d e ira s e so fá s e n c a p a d o s , d e ja n e la s te n to s o g ru p o d a m e s m a fa tu ra . O B a rã o d o R io
a lta s e p e s a d o s re p o s te iro s , d e b io m b o s la rg o s, la q u e a B ra n c o p o s s u ía v á ria s e s ta tu e ta s em A rt- N o u v e a u , que
d o s c n a c a ra d o s , d e p a re d e s d e d a m a s c o o u p a p e l p in se rv ia m d c c e n tro d c m esa, p e ç a s e ssa s c o n s e rv a d a s
ta d o , d e c o lo r id a s e s c a r ra d e ir a s s e m e a d a s s o b re ta p e p o r u m d e seu s ilu stre s d e sc e n d e n te s .
tes p e rs a s o u d e A rra y o lo s , é n e ss e h a b ita t q u e se
P o ré m d e s u r p re e n d e n te p a r a a h is tó ria d a a rte
in te g ra v a m o s b is c u its. À s v e z e s, p o u s a d o s s o b r e o
c d a c e râ m ic a n o B ra s il, h á q u e se a s s in a la r o fa b ric o
p ia n o d e c a u d a , à s vezes ftx o s a c a ix a s d e m ú s ic a s,
d o b is c u it e m fin s d o sé c u lo X V I I I e c o m e ç o d o X IX
o n d e lé p id a s d a n ç a rin a s d e c in tu r a s d e lg a d a s, d e
n o R io d e J a n e iro , e no c o m e ç o d o s é c u lo X X em
sa io te s d e filó e p e rn a s e sg u ia s e x e c u ta v a m e m g ra c io
S ão P a u lo , v e rd a d e ira s o b ra s p rim a s!
so s v o lte io s, v a ls a s d e L e h a r o u d e S trau ss.
M a s a .m o r d a s v ezes, e s ta v a m o s b is c u its re c lu E s ta m o s n o s re f e rin d o a J o ã o M a n s o P e re ira e
so s e m e le g a n te s v itrin a s fra n c e s a s d e c ris ta is b is e la - a se u s lin d o s c a m a fe u s , im ita n d o o ja s p e d e W e d g
d o s a o la d o d e a rtís tic o s d a g u e rrc ó tip o s , d e m e d a lh a s w o o d . E x iste m n o B ra s il, tr ê s p e ç a s , u m a n e l d a c o le
e c o n d e c o ra ç õ e s d e fa m ília , r e tr a to s e n c e rr a d o s em ç ã o S e n h o ra N c w to n C a rn e ir o e d o is c a m a fe u s ( d e 3,5
c a ix a s d e p r a ta e e m o ld u ra d o s em c risó lid a s. c m x 3 c m ) o v a la d o s em a z u l e c in z a c o m as efígies
E ra m s o b r e tu d o , e s ta tu e ta s d e C a p o d im o n te , cm b ra n c o ( d e D o m J o ã o e D o n a C a rlo ta J o a q u i-
d e S è v re s, d e J a c o b P e tit, d e V ie n a , d e W e d g w o o d , n a ) , e a u e fa z e m p a r te a tu a lm e n te d o a c e rv o d o
d e M e isse n , d e V ista A le g re o u d e o u tr a s p r o c e d ê n M u s e u d o B a n c o d o B ra s il ( l o te n .° 4 5 d o le ilã o d e
c ia s o u a in d a d e lic a d a s p e ç a s h íb rid a s p a rte e m p o r N o v e m b ro d e 1 9 7 8 , d o le ilo e iro E r n a n i — R io —
c e la n a c o lo r id a , p a r te e m re n d ilh a d o s fo sc o s em Ic o n o g ra fia d e D o m J o ã o V I ) ,
b is c u its, a re p r e s e n ta r d a m a s c o m b e lo s to u c a d o s e d e Q u a n to a o f a b r ic o d o b is c u it e m S ã o P a u to , h á
s a ía s r o d a d a s o u d e c rm o lin a s , o u c a v a lh e iro s em q u e s e d e s ta c a r u m p a r d e ja r r a s d c n o tá v e l e le g â n c ia
m e s u ra s e le g a n te s , de m in u e to . e u m a e r u d ita in te r p r e ta ç ã o e s tilístic a d o A rt- N o u v e a u .
E s ta v a m n a m o d a , a lé m d e fig u rin h a s c lá s sic a s, E sta s p e ç a s f o r a m e x e c u ta d a s p o r v o lta d e 1 9 1 3 , p e lo s
e s ta tu e ta s d e n in fa s , s e re ia s, v é n u s e c u p id o s , d e lfin s, a rtista s d a F á b r ic a d e S a n ta C a ta rin a , f u n d a d a p o r
c o m o g ru p o s v a ria d o s e m u m só b lo c o c e râ m ic o o u E u c ly d c s F a g u n d e s e R o m e u R a n z in i, e s ã o e m b isc u it
c o m p e ç a s s o lta s , c o m o d e a n im a is c o m p o n d o u m a d e p a s ta d c p o r c e la n a c e stã o m a r c a d a " F .S .C , — S ão
o rq u e s tra , c a s a is d e ro m â n tic o s n a m o ra d o s , d e R o m e u s P a u lo ” e p e rte n c e ra m à q u e le ilu s tre e e s c la re c id o
e J td te ta s , d e p ie r ro ts c c o lo m b ín a s . p io n e iro p a u lis ta .
552
Séc. X X BISCUIT
Fábrica de Sínta Catarina — Sao Paulo
Fagundes &. Rarudní (1913)
514
553
Séc. XIX BISCUIT
5 1 5
554
Séc. X IX BISCUIT
Bust o de Dom Pedro I t Imperatriz Dona Amélia
51É
555
IX - GRES
iv e m o s , já , o p o r tu n id a d e d e n os D a R e n â n i a e d a B a v á r ia , o s c o l o n o s d o P a r a n á ,
r e f e r ir a o g r é s n o p r im e ir o c a p í S a n t a C a t a r in a e R io G ran d e d o S u l tr o u x e r a m um a
t u l o , à s u a a n t ig u id a d e d e s d e a s é r ie v a r ia d a d e c a n e c a s , j a r r o s e j a r r õ e s c o m a t íp ic a
d in a s t ia H a n , à s u a g r a n d e r e s is d ecoração a z u l, q u e j á v in h a do M e d ie v o , c o n h e c id a
t ê n c ia , a o s e u e m p r e g o v a r ia d o , p o r “ b la u w e r k e ” .
in c lu s iv e c o m o m o e d a n o O r ie n O s in g le s e s n ã o d e ix a r a m ta m b ém d e n o s e n v ia r
te, ao seu f a b r ic o nos p a ís e s os seu s grés so b d ife r e n te s fo rm a s e cores: te m o s o
n ó r d i c o s e u r o p e u s , n o s é c u l o V I U e à s a t r a e n t e s v a r ia n a c i n z e n t a d o p a r a o v a s i l h a m e e m g e r a l, o v e r m e l h o ( r e d
t e s i n g le s a s d o s é c u l o X V I I I , sto n e w a re) i m it a n d o o c h in ê s p a r a a lo u ç a de chã,
V im o s ta m b ém q u e esse p r o d u t o c e r â m ic o s e r v iu o n e g r o (b la c k b a s a lt ) e a s é r ie d e l i n d a s t o n a l i d a d e s
de b ase para a d e sc o b e r ta de m a is duas c a t e g o r ia s d o s s e u s j a s p e s p a r a o s o b j e t o s d e a d o r n o e o s s e r v i
i m p o r t a n t e s : a d a p o r c e la n a d u r a d a C h in a c o m o p r o ç o s fin o s d e m e sa , e , a in d a p a r a a p lic a ç ã o n a o u r iv e
d u to in t e r m e d iá r io , c o n h e c id o por p r o t o - p o r c e la n a , e s a r ia e e m p l a c a s n a e b a n í s t i c a .
a f a ia n ç a fin a , c o m v á r io s s u b -p r o d u to s . N esse p a r t ic u la r , se rã o raros en tre n ó s, a q u e le s
O B r a s il f o i im p o r t a d o r d e g r é s s o b v á r ia s f o r m a s que não se le m b r a m de broch es, de b r a c e le te s e de
e q u a lid a d e . T e c n ic a m e n t e h á d u a s c a t e g o r i a s d e g r é s : a n é is e m b is c u i t ( d e p a sta de grés ou d c p o r c e la n a ),
o in d u s t r ia l u sa d o em co n stru çã o , com o m a n ilh a s , os fa m o so s ca m a fe u s de d ife r e n te s cores e fo r m a to s
t u b u l a ç õ e s , a p a r e l h o s s a n it á r io s , i s o l a n t e s , e t c ., e o g r é s e n c a s to a d o s e m o u r o , d e n o s s a s a v ó s . P a r te d e le s era m
fin o , d e s tin a d o à lo u ç a , v a s ilh a m e , o b je to s de r e a lm e n t e de p edras v u lc â n ic a s e p a rte i m it a ç ã o em
a d o rn o , etc. b is c u it . M u i t o s d e l e s a i n d a s o b r e v i v e m c o m o r e líq u ia s
d e f a m í l i a o u c u r i o s i d a d e a r t ís t ic a g u a r d a d o s e m g a v e
P r e s t a - s e a s s im , o g r é s a n u m e r o s a s a p l i c a ç õ e s e
ta s o u e x p o sto s e m v itr in a s , e v á r io s d e le s o r n a m os
é u t iliz a d o ta n to no terren o u tilitá r io com o no de
c o to s de ven eran d as dam as em seu s im p o n e n te s
adorno com um e n o a r t ís t ic o .
r etra to s, em te la s ou cm daguerreóüpos d o p e r ío d o
A p r e se n ta -se e le sob v á r io s a sp e c to s de r e v e s ti
V ic to r ia n o e d a B e lle E p o q u e !
m e n to , to d o v id r a d o , p a r te v id r a d o , ou sem v id r a d o
A i n d a n o t e r r e n o d a s e v o c a ç õ e s , n ã o v ã o lo n g e o s
a lg u m , o u s e j a n o e s t a d o d e b i s c u i t e s o b e s s e a s p e c t o
a p r e se n ta e m g e r a l, u m a p a s t a g r a n u la d a de s u p e r fí te m p o s d a s f a m o s a s " p e d r a s ” o u d o s c a n g ir õ e s , lin d a
m e n t e d e c o r a d o s , q u e , n a s c e r v e j a r ia s e s p a l h a d a s p e la s
c i e á s p e r a o u r u g o s a . Q u a n t o à s c o r e s , o m a is c o m u m
& o b r a n c o a c in z e n ta d o , m a s e x is te m v a r ia ç õ e s d e p e n c a p i t a is b r a s ile ir a s , s a c i a v a m a s e d e d a c lie n te la c o ti
d ia n a e regavam de a le g r i a as n o ita d a s da b o ê m ia
dendo da o r ig e m das a r g ila s e dos co r a n te s e m p r e
r o m â n t ic a !
g a d o s : d o c r e m e a o m a r r o m , d o v e r m e lh o a o p r e to ,
d o a zu l a o v io lá c e o , e t c . Q u a n to à s fo r m a s , v a r ia d o M a s é so b r e tu d o o v a s ilh a m e , q u e c o n h e c e u um
v a s ilh a m e c lá s s ic o d e c o p a e c o z in h a a o s s e r v iç o s de em prego in te n s o n o B r a s il, s o b a fo r m a d e g a r r a fa s,
m esa , c , n a p a rte d e a d o m o a c o m p a n h a o s fe itio s de m e ia s g a rr a fa s, b o tija s e g a rra fõ es de d ife r e n te s fo r
j a r r o s , p o t e s e v a s o s d a t e r r a c o t a e d a l o u ç a v id r a d a , m a to s e ta m a n h o s, de fu n d o c in z a e s b r a n q u iç a d o e
e, no se to r a r t ís t ic o e v o lu i de s im p le s m e d a lh a s , p a r te cor de m e la d o , v id r a d o s , para o a c o n d ic io n a
m o e d a s e d e l i c a d a s f ig u r in h a s p a r a e s t a t u e t a s , b u s t o s m e n to de líq u id o s , fo sse v in h o , c e r v e ja , lim o n a d a ,
d e p e r s o n a g e n s . S e n d o d e n o t a r a in d a , g r a n d e s ja r r o s t in t a , a z e ite , m a n te ig a , e tc ,
do t ip o c o n h e c id o por M a r ta b a n i, em p regad o para A I n g la t e r r a d o m in o u esse m ercado não só no
a c o n d ic io n a r l í q u id o s e c e r e a is , a té h o je em u so no B r a s il, c o m o n a A r g e n t i n a e n o U r u g u a i, e a p r e d o
S u l e n o S u d e s te a s iá tic o s . m in â n c ia d a im p o r ta ç ã o e r a m e s m o a d e g a r r a fa s p a r a
c e r v e ja .
D esd e o sé c u lo X V III que o B r a s il c o lo n ia l
p a s s o u a fa m ilia r iz a r -s e e a c o n v iv e r c o m o g r é s . C o m A c r e d ita m o s que a grande m a io r ia das f á b r ic a s
a ocu p ação h o la n d e s a , seg u n d o r e la ta m o s no l.° d e c e r v e ja in s ta la d a s no B r a s il, no correr d o s é c u lo
c a p í t u l o , h o u v e a b u n d â n c ia d e b e l a s g a r r a f a s d e v i n h o X IX , a c o n d ic io n a s s e o p r o d u to n a q u e le a tr a e n te
e a g u a r d e n te c o m a r t ís t ic a s m o l d a g e n s — o s fa m o so s in v ó lu c r o im p o r ta d o .
b e la r m in o s . P a r te d essa s fá b r ic a s im p o r ta v a as g a rra fa s da
C om a s n a u s d e c a r r e ir a d a Í n d ia , j u n t o c o m as E u ro p a , já c o m a r a z ã o s o c i a l p in t a d a o u esta m p a d a
e s p e c ia r ia s e a p o r c e la n a , c h e g a v a m do O r ie n t e d e l i s o b o v id r a d o , e , p a r te a s m a n d a v a m v ir s e m d iz e r e s
c a d o s s e r v iç o s d e c h ã , e m g r é s v e r m e lh o e e s c u r o — d e i x a n d o p a r a c o l o c a r a q u i, o s r ó t u lo s c o m d í s t i c o s d e
o s fa m o s o s Y i-s h in g — p a r a a c l i e n t e l a b r a s ile ir a (a in d ic a ç ã o e p r o p a g a n d a .
n a u a f u n d a d a d e M o n t S e r r a i, n a B a h i a , tr a z ia d e s s a s Já em 1 8 1 0 , é c o n s i g n a d a a i m p o r t a ç ã o d e b a r r is
lo u ç a s ) . e g a r r a fa s d e c e r v e ja , e n tr e o u tr o s a r tig o s in g le s e s
557
Em 1822, ano da in d e p e n d ê n c ia , a A lfâ n d e g a te n d o su p era d o a F rança, co m o fo r n e c e d o r d e m a n u
do R io c o n s ig n a a im p o r ta ç ã o d e v a s ilh a m e de d ife f a tu r a s e c o lo c a n d o -s e em seg u n d o lu g a r d e p o is da
r e n te s p r o c e d ê n c ia s : “ C a i x a s d e c e r v e ja * ’ e " b a r r is d e G rã -B reta n h a , n a s e x p o r ta ç õ e s para o B r a s il" .
g a r r a f a s " o r iu n d a s d e G o t h c m b u r g o ( S u é c i a ) , B r e - Em 3 8 9 3 , c o n c o r r i a o B r a s il n a E x p o s i ç ã o I n t e r
men, A n t u é r p ia , S to c k o lin o e J e r s e y ( I n g l a t e r r a ) (4>. n a c i o n a l d e C h i c a g o , c o m g a r r a f a s d e “ F a f e l B i e r ’’, d o
A s g a rra fa s ou m e ia s g a r r a f a s d e g r é s , p o r v o lt a f a b r ic a n t e p a r a n a e n s e E d u a r d o E n g c lh a r d t.
d e 1 8 5 0 , e m S ã o P a u lo , t a m b é m h ã q u e m á s c h a m a s s e A f á b r ic a d e c e r v e j a A n t á r c t i c a P a u lis t a , f u n d a d a
d e “ b o t ij a J o u ç a d a " ; a e s s e p r o p ó s i t o n o s e lu c id a A n t ô cm 1891, u sa v a o v a s ilh a m e in g lê s , m arcado "H ,
n io E g y d i o M a r t i n s íJ) q u e o v a s i l h a m e d a c e r v e j a K e n n e d y B a r /o w fie ld P o t t e r y -- G la s c o w ” c o m O se u
p r e ta i n g l e s a im p o r t a d a e r a r c a p r o v e it a d o p a r a a v e n d a e m b le m a c o m e r c ia l p in ta d o sob o v id r a d o , c o n fo r m e
de g e n g ib r in a , a 80 r é is a g a r r a f a , b e b id a essa com e x e m p la r d e n o s s a c o le ç ã o . I d ê n tic o v a s ilh a m e e c o m
p o sta d e m ilh o , g e n g ib r e , c a s c a d e lim ã o e á g u a , N o a m esm a m arca in g l e s a , c n c o n tr a v a -se na B a h ia , na
P araná, a té h o je , é f a b r ic a d a a g e n g ib ir r a in d u s t r ia l, F e ir a d e S a n t'A n a , p o r é m se m o d ís tic o c o m e r c ia l, o
e s e u g o s t o m u it o s e a s s e m e l h a a o d a s o d a l i m o n a d a <6>, q u e f a z s u p o r q u e e s s e t i p o d e g a r r a f a e r a im p o r t a d o
p o r é m , a c o n d ic io n a d a s h o je em g a r r a fa s d e v id r o , e d e p o is c o la d o s o s r ó t u lo s d a s m a r c a s l o c a i s .
N o S u l d a B a h ia , e m 1 8 6 2 , é c o n s ig n a d o o s e g u in E m S ã o P a u l o , a in d a n o f i n a l d o s é c u l o e m 1899,
te : ,7) s e is g a r r a f a s d e c e r v e j a c m m e ia s g a r r a f a s , j u n t o é f u n d a d a im p o r t a n t e f á b r ic a e m R i o C l a r o , c h a m a d a
c o m o u t r a s m e r c a d o r ia s in g l e s a s , c o m o m a n t e ig a , e t c . d c C o m p a n h i a I n d u s t r ia l d e R i o G a r o , c o m d e p ó s i t o s
e m v á r i a s c i d a d e s d o i n t e r i o r p a u l i s t a , f a z e n d o in t e n s a
A t é n o s c o n fin s d o T iju c o , no S e r r o , d is t r it o de
p rop agan d a das d iv e r s a s m arcas de c e r v e ja com o:
D ia m a n tin a em M in a s , eram en co n tra d a s g a r r a fa s,
P il s e n , M unchen, S p o r t, R io C la r o b ranca e p r e ta ,
ta m b ém d e m e n o r p o rte, c o m m a rca d e G la s c o w , p ara
E s p e c i a l e E s t r e la (9>,
a c o n d ic io n a m e n to de t in t a s ( S a r d in h a & C ia .) .
Q u a n to a p r o d u ç ã o d o g rés lo c a l, e x is te u m a r e fe
O s f a b r ic a n t e s d o P araná t iv e r a m a p r im a z ia d o r ê n c ia do v ia j a n t e D r, H e r m a n n B u r m e is t e r , que cm
f a b r ic o d a c e r v e j a n o B r a s il, e é p r o v á v e l q u e a s g a r r a 1 8 5 3 , e m s u a v ia g e m a o B r a s i l , in f o r m a q u e e m M in a s ,
f a s e x p o s t a s n a E x p o s i ç ã o I n t e r n a c io n a l d e B e r l im de e n co n tro u a r t ig o s em grés, ou m e lh o r “ im a g e n s que
1886, p o rta n d o a m arca do f a b r ic a n t e B ern ard o eram ex e c u ta d a s co m u m p ó v i n d o d a B a h i a ” . T r a la -
W e ig a n g , fo sse m de grés a le m ã o , a s s im com o não - s e d e u m v i a j a n t e ilu s t r e e c u l t o q u e f a z e s t a o b s e r v a
d e v e m o s ig n o r a r a im p o r t â n c ia d o c o m é r c i o g e r m â n i c o ção. P o r é m , e la f i c o u s o í t a e i s o l a d a n o e s p a ç o , sem
com o B r a s il já n o ú l t i m o q u a r t e l d o s é c u l o X IX . m a is n a d a q u e v i e s s e a c o n f i r m á - l a , e , s e m se c o n h e
D iz -n o s a r e s p e it o S t a n le y E. H i l t o n (81: “Um c e r n e n h u m a p e ç a q u e te n h a c h e g a d o a té n ó s , d a q u e le
fa to r im p o r t a n t e no su cesso c o m e r c ia i ' a le m ã o no m a te r ia l t i d o c o m o g rés. S o m o s le v a d o s a crer q u e a
B r a s il, fo i a e m ig r a ç ã o para e ste p a ís ; os c o lo n o s i n f o r m a ç ã o s e j a u m e q u í v o c o e q u e t e n h a h a v id o c o n
fu s ã o ta lv e z , c o m i m a g e n s a c i n z e n t a d a s o u a v e r m e lh a
a le m ã e s , e s tim a d o s em a p r o x im a d a m e n te 5 4 ,0 0 0 no
f im do Im p é r io , h a v ia m c r ia d o um a c o m u n id a d e de das de e s te a tita ou pedra sab ão de que, essas s im ,
lín g u a a le m ã , e n g lo b a n d o cerca de 2 0 0 .0 0 0 p esso a s, t a n t o n o s é c u l o X V I I I c o m o n o X I X , a r t is t a s m in e ir o s
* * *
, 6 I B L l O ü B A t- t A
U ) A usCher — "Commeni Reconnaitrt la Porcclalne et Iti 1 6 » Maria do R osário K nechtee — "A ip e u o i da realidudt
Feience" — 3.* c<t — Pafis, 1928. sócio-cultural no plano turístico". conferencia em I 8.04.1975
no Museu da Casa Brasileira.
(2 ) AesCHER — oh. di.. pâg. 172,
(7) Lycurgo Santos F ilho — *'Uma Comurtidade Rural no
(3 ) John M *w t — ob. cit„ págs, 30-1/5. ítrmif A atiço" — púg. 415.
I ff J Stanley E , H ilton — **Aletntinha um a presença antiga
■.11 "O F-tjiríhw" -— ob- til.
no Brasil1' — rr» "O Estado de Sno Paulo” , dc 18.06 1978
-— * p ág . 1 59
tí) An t ô n io E gydio M astins — "São Paulo A ntigo" —
páS 222. {9 } Álbum dc Afuruquara de 1975 — editor. João Silveira*
558
Sécs, X V U I/X 1 X GRÉS
559
Sic. X IX GRÈS
(Black Basait)
560
Séc. X IX GRÈS
(Inglês)
523
561
X - PORCELANA OCIDENTAL, ORIENTAL E NACIONAL
t u g a l. Uma g r a n d e r e v o lu ç ã o c o m e r c ia l e e c o n ô m ic a F rança — (H a v re — M a r s e lh a -
p r o d u z iu - s e no I m p é r io P o r tu g u ê s q u e r eto m o u se u B ordéos — N a n tes)
563
I n g la t e r r a — (L o n d res — L iv e r p o o l —- f ir m a r c c o n s o lid a r a lia n ç a s p o lític o -e c o n ô m ic a s e
H u ll — Jersey — N ew d in á s tic a s c o m a p o d ero sa A lb io n . In teresses c o m u n s
C a s ile ) as u n ia m co n tra in im ig o s com u n s: a E sp an h a dos
Itá lia — (G ê n o v a ) F e lip e s n o s é c u lo X V II c a F rança dc N a p o le ã o no
X IX .
P o r tu g a l — (L is b o a — M acau)
A s s im D om J o ã o IV , o 8 .° D u q u e d e B r a g a n ç a ,
S u é c ia — (G o th e m b u r g o )
em 29 d e j a n e ir o d e 1 6 4 2 , p ara c o n s o lid a r a R e s ta u
M a s a p r im e ir a a s e d e s t a c a r n e s s a d is p u t a e n t r e ração de P o r tu g a l o c o r r id a em 1640, a s s in a com
f o r n e c e d o r e s i n t e r n a c i o n a i s , f o i a I n g la t e r r a q u e d e h á C a r lo s I, um tr a ta d o de Paz e C o m é r c io , o qual ê
m u it o , d esd e os te m p o s c o lo n ia is , v in h a d e sfru ta n d o r e n o v a d o ai A d a p e l o m esm o D o m J o ã o IV e a R epú-
d e p r i v i l é g i o s o u t o r g a d o s p e la C oroa, o q u e lh e c o n p lic a d a I n g la t e r r a , r e p r e s e n t a d a p o r C r o m w c li, R e z a
f e r iu , d e c o m e ç o , v a n t a g e m a p r e c iá v e l s o b r e o s d e m a is . o a r tig o X I d o T r a ta d o d e Paz e A lia n ç a de 10 de
D iz -n o s S t a n le y E. H Ü to n w, co m e n ta n d o o co ju lh o d e 1 6 5 4 ,
m é r c io e s t r a n g e ir o com o B r a s il no s é c u lo p a ssa d o : “ Q u e o p o v o e n a t u r a is d a R e p ú b l i c a d a I n g la t e r r a
“ A tra v és da m a io r p a r te do s é c u lo X IX , a p o tê n c ia p o d e r ia m n e g o c i a r liv r e e s e g u r a m e n t e e c o m e r c i a r e m
e s t r a n g e ir a q u e e x e r c e u o m a io r im p a c t o s o b r e a v id a de P o r tu g a l para o B r a s il, e para o u tr a s c o n q u is ta s
e c o n ô m i c a b r a s ile ir a f o i a G r ã - B r e t a n h a . S e j a n o s e t o r n o ssa s n a Í n d ia O c i d e n t a l , e d e s t a s p a r a o r e in o , e m
de c o m é r c io d e e m p r é s tim o s o u n o d e in v e s tim e n to s , lo d o o g é n e r o e com q u a is m e r c a d o r i a s , e x c c p t u a n d o
os in g le s e s d esem p en h a ra m um papel p r e p o n d e r a n te f a r i n h a , b a c a l h a u , v i n h o , a z e i t e e p a u b r a s il ( o s q u a is
n o m e r c a d o b r a s ile ir o ” . eram p r o ib id o s p e lo c o n tr a to com a C o m p a n h ia do
N o q u e c o n c e r n e à c e r â m ic a , o s m e s m o s r e g is tr o s B r a s i l ) p a g a n d o s ó o s d ir e it o s e c o s t u m e s q u e p a g a s s e m
d a A l f â n d e g a d o R i o , r e f e r e n t e s à s im p o r t a ç õ e s e n t r e os o u tr o s n e g o c ia n te s n a q u e la s p a rtes, e n avegando
1821 a 1823, p e r m it e m e s ta b e le c e r um s ig n ific a tiv o as n a u s in g le s a s fr e ta d a s p e lo s p o r tu g u e s e s d e c o n s e r v a
c o n fr o n to en tre v á r ia s n ações fo rn eced o ra s. com a n ossa arm ad a” .
— Im p o r ta ç ã o d e c e r â m ic a d e 1 8 2 1 à 1 8 2 3 p e lo B em m a is ta rd e com a ocupação de P o r tu g a l
R io — p e l a s t r o p a s N a p o l e ô n i c a s , o P r í n c ip e R e g e n t e , o f u t u r o
I n g la t e r r a — H u ll — C e n t o e v in t e c u m a b a r r ic a s D om João V I, a s s in a c o m o rei J o r g e III, d a In g la
d e lo u ç a terra , u m a C on ven ção S ecreta , e m 2 2 d e o u tu b r o de
1807, versan d o a m esm a so b re a t r a n s f e r ê n c ia p ara
L iv e r p o o l — S essen ta b a r r ic a s d c l o u ç a
o B r a s il da sed e da m o n a r q u ia p o rtu g u esa , so b re a
C in q iie n ta e u m a c a ix a s d e
ocu p ação t e m p o r á r ia d a I lh a d a M a d e i r a p e l o s b r it â
lo u ç a
n ic o s , sob re o fo r n e c im e n to de s e is naus de gu erra,
T r in t a e s e t e g i g o s ( c e s t a s ) de
c i n c o m il s o l d a d o s e s o b r e a p o s s i b il i d a d e d e s e e s t a
lo u ç a
b e le c e r um e n tr e p o sto de m e r c a d o r ia s in g le s a s em
S e s s e n t a e u m g ig o s ( c e s t a s ) d e
p o r to d e S a n ta C a ta r in a .
lo u ç a
O it e n t a f ô r m a s d e b a r r o A lé m d esta C o n v e n ç ã o secreta q u e d eu co b ertu ra
a v i n d a d a C o r t e B r a g a m in a p a r a o B r a s i l , é a s s i n a d o
L on d res — C e n t o e c in q u e n t a e u m
em 1 9 d e fe v e r e ir o d e 1 8 1 0 u m tr a ta d o d e C o m é r c io
b a r r is d e l o u ç a
e N a v e g a ç ã o , e n tr e o P r ín c ip e R e g e n t e e S. M a je sta d e
T r in t a g i g o s d e l o u ç a
B r it â n i c a .
N ew C a s tle — C e r n o e c in q iie n t a g i g o s
O a r tig o 8 .° d esse tr a ta d o p o n tific a : “Q ue su a
d e lo u ç a
A l t e z a R e a l , o P r í n c ip e R e g e n t e s e o b r i g a v a . . . a que
F rança — H a v r e —- C e n to e o ite n ta v o lu m e s d e o c o m é r c io d o s v a s s a lo s b r itâ n ic o s n o s se u s d o m ín io s
p o r c e la n a c o m flo r e s n ã o s e r i a r e s t r in g i d o , i n t e r r o m p i d o o u d e o u t r o a lg u m
V in te e s e te c a ix a s d e lo u ç a m od o a fe ta d o . . . m as a n te s q u e o s v a s s a lo s d a G rã-
A m é r ic a do N o rte - B r e t a n h a t e r i a m l i v r e e ir r e s tr it a p e r m i s s ã o d e c o m p r a r
564
F r e d e n c M a u r o a in d a n o s in fo r m a q u e n o s é c u lo c la r o q u e n e m s e m p r e d e s f a v o r a v e l m e n t e , c o m o s h á
X V I I I , p e lo tr a ta d o d e M e íh u e n , c m 1 7 0 3 , já g o z a v a m b it o s d e u m a s o c i e d a d e o n d e p r e v a l e c i a o s i s t e m a d e
d c o u tr a s c o n c e s s õ e s . r e c lu s ã o q u a s e m o u r i s c a d o s e x o c h a m a d o f r á g il. M a s
N ã o s a t i s f e i t o s c o m t o d a s e s s a s p r e r r o g a t iv a s e a té n o s c a s o s c m q u e a c o n f e c ç ã o c a b i a à s m ã o s f r a n
p r o te ç ã o , e n v ia v a m o s m e r c a d o r e s in g le s e s n a s fr o ta s c e s a s e fe m in in a s , o s t e c i d o s v in h a m , n ã o r a r o d o
p a r a o B r a s il o s c h a m a d o s “ c o m i s s á r i o s v o l a n t e s " q u e c o m é r c io p o r a ta c a d o q u e , p o r m u ito te m p o , fo i q u a se
ao chegar aos p o rto s v e n d ia m a in d a a b ordo seu s um m o n o p ó lio b r itâ n ic o , e , d e o n d e p a g o s à v is ta , e r a m
p r o d u to s d ir e t a m e n t e ao p ú b li c o e aos c o m e r c ia n te s d e p o is d e t r a b a lh a d o s , v e n d i d o s a p r a z o n a s lo j a s d a
lo c a is . ru a d o O u v id o r ) u m q u a s e m o n o p ó l i o f r a n c ê s ” .
C o n sta ta -se p o is , que em d e c o r r ê n c ia de to d a s M a s v o lta n d o à c e r â m ic a in fo r m a J o h n L u c c o c k :
a q u e la s f a c ilid a d e s , a G r ã - B r e t a n h a i m p ô s - s e c o m s e u s “ N u n c a j a n t e i c m c a s a b r a s ile ir a q u e p a r t e d o s o b j e t o s
a r t e f a t o s e m e r c a d o r ia s e m n o s s o m e r c a d o . D o m i n a ç ã o d e m e sa n ã o f o s s e m in g le s e s , e s p e c ia lm e n t e a lo u ç a e a
e s s a q u e s e p r o c e s s o u d u r a n t e s é c u l o s d e n o s s a h is t ó r ia c r is t a le r ia ” , <14> E o b serv a o a u to r que c erta s p eças
c o m e r c ia l, abrangendo o p e r ío d o c o lo n ia l e d e p o is era m c o n s id e r a d a s p r e c io s id a d e s . D i z e le : “ d e n tr o e m
e n q u a n to a C o rte P o r tu g u e s a p e r m a n e c e u no R io de p o u c o v o l t o u o h o m e m q u e a b r iu o c o f r e e c o m g r a n d e
J a n e ir o , p r o s s e g u in d o a in d a d u r a n te o I m p é r io por a lív io v e r ific o u e s ta r in d e n e o te s o u r o . C o n s is tia e s te
fo r ç a d a q u e la s t r a d iç õ e s . No en ta n to , n e ste ú ltim o de um a t e r r in a e concha de lo u ç a g ro ssa a m a r e la ,
p e r í o d o p a s s o u a e n f r e n t a r u m a c o n c o r r ê n c ia s é r ia d e a lg u n s p r a t o s , t r a v e s s a s , x í c a r a s e p ir e s , e , s e b e m m e
o u tr o s p a ís e s n o ta d a m e n te d a F r a n ç a e d a A le m a n h a . le m b r o , u m b u l e d o m e s m o m a t e r ia l. J a m a is u m s e r v i ç o
V e ja m o s cm que c o n s is tia a q u e la e x p o rta çã o d e p o r c e la n a f in a m ereceu d e um a b e la d a m a ta n ta s
in g le s a , d e q u e a c e r â m ic a c p a r t e in t e g r a n t e . a te n ç õ e s q u a n to e s te s p r a to s in g le s e s " . . . “ I s s o c o m
r e f e r ê n c ia ao R i o G r a n d e d o S u l . Q u a n to a M i n a s , e m
E ram s a l, fe iia g e n s , p e ix e s a lg a d o , b a r r is de
v is it a r e a liz a d a n o s a r r e d o r e s d e S ã o J o ã o D E t - R e y " ,
q u e ij o , c h a p é u s , c e s t o s d e l o u ç a d e b a r r o e d e v id r o ,
co n ta -n o s o m esm o c r o n is ta ; a lé m dc m u it a
cord am e, b a r r is e g a rra fa s de c e r v e ja , t in t a s , a rm a s,
p r a ta e lo u ç a in g le s a , tín h a m o s rosca da c id a d e e
r e s in a , a l c a t r ã o , fe r r o e a ç o ; a t é e s p a r t i l h o s , q u e , s e
bom v in h o do P o r to , s e r v id o em c a n g ir õ e s d e c r is t a l
gundo o n arrad or eram p e la p r im e ir a v e z i m p o r t a d o s
la p id a d o ” .
n a te r r a ! B a e ta s, r o u p a s f in a s e r e s is t e n t e s p r in c ip a í-
m e n te azu l e p r e to , c a s e m ír a s , g r a n d e q u a n t id a d e d e A in d a so b r e o R i o G r a n d e d o S u l , S a i n t - H i l a ir e ,
ch a p éu s, p r in c ip a l m e n te c a r t o la s (O M u seu de D ia nos i n f o r m a : ' 15) q u e a casa do C onde da F ig u e i r a ,
m a n t in a , p o ssu i um a m a la a n tig a com um a p ro tu b e G overnador da C a p ita n ia : “A m esa de r e fe iç õ e s é
r â n c ia p a r a c a s a c a e c a r t o l a ) , b o t a s e s a p a t o s ; l o u ç a s e r v id a t a m b é m c o m l u x o , u m d e l i c i o s o v i n h o d o P o r t o ,
com um e m a is f in a , q u e ijo s de C h e s ir e , m a n te ig a , b r ilh a e m g a r r a f a s e f r a s c o s d e c r i s t a l , a s ig u a r ia s s ã o
m o b ília b a ra ta , p r a to s d e e s ta n h o , la tã o , c h u m b o em s e r v id a s e m p r a t o s d e p o r c e l a n a i n g l e s a , e x t r e r a a m e n t e
v á r ia s fo r m a s, b a la s , p ó lv o r a , d ro g a s, in str u m e n to s fin a ” .
c ie n tífic o s , p a p e l, r e ló g io s , t e le s c ó p io s c m e r c a d o r ia s Q u a n to a G o iá s , na a n tig a V ila B oa, o m esm o
d a s ín d ia s — m e ia s d e s e d a e a l g o d ã o , v e s tid o s e le a r g u to v ia j a n t e fra n cês, nos in f o r m a r e f e r in d o - s e ao
g a n t e s p a r a s e n h o r a s . . . (®> P a lá c io do G overnador, em 1819: “O ja n ta r fo ra
s e r v id o .. , b r ilh a v a m na m esa p o r c e la n a s e m u it o
E m V ila R i c a e n a r e g i ã o d o T i j u c o , d c m i n e r a ç ã o ,
b e la p r a t a r ia . E ra im p o s s ív e l não f ic a r m a r a v ilh a d o
u s a v a m o q u e h a v i a d e m e lh o r d e p r o c e d ê n c i a in g le s a .
p or e sse lu x o , p e n sa n d o que tu d o ch eg a à V ila B oa
D iz o m esm o a u to r : “O s te c id o s de lã in g l e s a não
e in l o m b o d e b u r r o , e q u e n ó s e s t á v a m o s a 3 0 0 l é g u a s
eram c a r o s .. . ca sa co s eram q u a se tã o b a r a to s q u a n to
d o lit o r a l” <l6>
n a I n g la t e r r a ; o s t e c i d o s d e a l g t x iã o c o m u m c o s e s t a m
Q u a n to a P ernam buco, r e la ta -n o s L . F . d e T o l-
p a d o s, ch a p éu s, le n ç o s , c a s c m ir a s e p eças de M an-
c h e s te r e r a m d e u s o c o r r e n te . E s te lu g a r ( V ila R ic a ) le n a r e : ' l7) “ A l g u n s s e n h o r e s d e e n g e n h o m e m o s t r a r a m
a r m a s i n g le s a s d c l u x o e d e e l e v a d o p r e ç o . E n c o n t r e i
p a r e c ia s e r d e p ó s i t o d e m e r c a d o r ia s e a r t ig o s i n g l e s e s
d e to d a s a s e s p é c ie s , c o m e x c e ç ã o d a lo u ç a , d o s fia m t a m b é m b e l í s s i m o a p a r e l h o d e p o r c e l a n a d a I n g la t e r r a ” .
bres e d a m a n t e ig a , m u it o c a r o s p o r c a u s a d o tra n s Tudo is s o fo i r e la ta d o , abran gen d o um c u rto
p o r t e " (9>. In fo r m a -n o s a in d a que “as n o ssa s m esas p e r ío d o de 1808 a 1819 e põe em e v id ê n c ia que a
e r a m d ia r ia m e n t e p r o v id a s d e u m a v a r ie d a d e e x c e l e n t e lo u ç a m a is f in a c a c o m u m , c o m o o s t r a je s f e m i n i n o s ,
d e c o m i d a s s e r v id a s e m b e la lo u ç a in g le s a de W edg- o s a r t ig o s p a r a h o m e n s f a z ia m p a r t e d e u m m o s t r u á r io
w o d d ” íl0 >. E q u a n to aos tr a je s fe m in in o s em M in a s a in d a b e m m a i s v a s t o , e x p o s t o a o s o l h o s d o s b r a s ile ir o s
■s ã o in t e ir a m e n t e de a r t ig o s in g l e s e s , a lg o d ã o e sta m p e lo s c o m e r c ia n te s b r itâ n ic o s e s ta b e le c id o s em te r r a
p a d o s , c h a p é u s d c p a lh a , f lo r e s a r t if ic ia is , j ó i a s , e t c , . . fir m e o u p o r s e u s “ c o m i s s á r i o s v o l a n t e s ” , i n s t a l a d o s a
E s e l a s i n g le s a s p a r a a s m u lh e r e s " h h . b o r d o d a s n a u s a n c o r a d a s n o s p o rto s!
R e fe r in d o -s e a São P a u lo , no que r e s p e it a às P o r é m a l o u ç a i n g l e s a c o n t i n u a a s e r a s s in a la d a
d a m a s , d iz -n o s o a r g u to c r o n is ta : “ Q u e n ã o te m m o p r o fu s a m e n te d e p o is d a I n d e p e n d ê n c ia .
d is t a s ; t o d a s a s p e ç a s d o v e s t u á r io f e m i n i n o s ã o f e it a s Em 1 8 2 3 , M a r i a G r a h a m ÍI8) in f o r m a : “T u d o fo i
p o r a lf a ia t e s " , d ® s e r v id o e m b a i x e l a in g l e s a a z u l e b r a n c o ” , r e f e r i n d o - s e
Q u a n t o à C o r t e , a in d a n e s s e p r im e ir o q u a r t e l d o à v is it a ao E ngenho dos A fo n so s“ na G uanabara. E
s é c u lo X IX , ao que co n sta , a p r e d o m in â n c ia é de a in d a n e s s a v i a g e m d c c r o n is ta o b se r v a e la n a B a h ia
m o d is ta s e não de a l f a ia t e s o u c o s tu r e ir o s . £ o que u m tr a je f r a n c ê s d e v e s t ir .
se depreende do que nos r e la t a S é r g io B u arque de O v ia j a n t e fra n c ê s L o u is de F r e y c i n e t <19> a lu d e
H o la n d a d ® : “ O c o m é r c io fr a n c ê s , s e g u n d o p a r e c e , fo i à a b u n d â n c ia d a c e r â m i c a in g l e s a , p r o v a v e l m e n t e o p ó
f a c i l it a d o p e lo a p a r e c im e n to das p r im e ir a s m u lh e r e s d e p e d r a q u e e l e c h a m a d e f a ia n ç a d e b a r r o , q u a n d o
b a l c o n i s t a s e m o d is t a s , c o i s a n o v a q u e c o n t r a s t a , e , é o b s e r v a n a s u a e s t a d a n a C o r t e : “ C o l o c a m - s e a s ig u a r ia s
565
sobre faiança de barro de que os ingleses trazem e a França. E ainda a verificação marcante da presença
grandes quantidades, os ricos servem-se também da germânica no último quartel do século. Esta se fez
p o rc e la n a da China’ . sentir sobretudo na exportação de produtos manufa
Os ingleses, hábeis estrategistas e lúcidos comer turados, passando a partilhar o mercado brasileiro cora
ciantes, tanto estabeleci3® bases militares pelo mando aquelas duas poderosas e tradicionais potências co
conhecido corno enl n0îÆO território também encra merciais, chegando na década de 1880 a ocupar o 2.°’
vavam “bases" Para apoio de suas operações co lugar na pauta das importações brasileiras.íB)
merciais. No século XIX. a Inglaterra e a França juntas é
Estabeleceram assim uma impressionante rede, a claro com(Portugal e, pelo último quartel, com a Ale
tnaior de que se tem conhecimento na época, para manha, são pois as nações que dominam nosso mercado.
promoção de suas vendas e compras de nossas matérias- Mas após a Independência, havia razões para tanto.
-primas e outros artigos. Aquelas primeiras, através de um intenso intercâmbio
Já em 1808, !á no alto do nosso território, em cultural e comercial, já haviam conquistado a admi
Belém que dispunha apenas de vinte e cinco mi! habi ração dos intelectuais patrícios e das sociedades im
tantes, havia negociantes ingleses e até agentes consu perial e republicana, e a alemã pela excelência de
lares para lhes dar cobertura com o pavilhão britânico. seus produtos e pelos fortes contingentes germânicos
E em 1820, no Rio, já se contavam sessenta estabele instalados em nosso território, perto de 200.000 colo
cimentos ingleses. Em São João d’El Rey, havia filial nos no final do século!
de firma inglesa, estabelecida no Rio e chamava-se
Hopkins Causer & Hopkins (placa antiga no Museu da E a Inglaterra também desfrutava daquela prefe
Cidade). Em Salvador nos conta Maria Graham: “Há rência por ser simpática a Portugal, como aliada pode
dezoito casas de comércio inglesas na Bahia, duas rosa tradicional e depois também à Corte Brasileira
francesas e duas alemãs”. C3) e a Dom Pedro I. Afinal de contas foi a velha Albion
quem primeiro reconheceu a nossa Independência e
Observe-se a descomunal proporção dos estabele prestou colaboração financeira, e, num momento critico
cimentos ingleses em confronto com os de seus compe para a consolidação do Estado Livre, concordou na
tidores mais chegados — franceses e alemães, ainda cessão de oficiais e marujos experimentados para in
antes de nossa Independência. tegrar os quadros de nossa Marinha de Guerra. A esse
Diz o autor Frederic Mauro as>; “C’est l’invasion respeito, é formalizado um convite de José Bonifácio
du Brésil par le commerce anglais . . . Le pays devenu por sugestão de Caldeira Brant, ao famoso Lord
ainsi une colonie commerciale de l'Angleterre échappe Thomaz Cochrane, Este valoroso marujo, que veio a
au commerce portugais”. ser o primeiro almirante da frota Imperial e chegou
A propósito diz Oliveira Martins: “Tanto o ouro a ser alcunhado de “Cruzado da liberdade americana",
do Brasil passou apenas por Portugal indo fundear trouxe consigo mais quatro oficiais ingleses, entre eles
em Inglaterra em pagamento da farinha e dos gêneros João Pascoe Greeníell, e ainda outros viriam a ser
fabris”. contratados pelo governo Imperial assim como quinhen
Mas nem todas as concessões oficiais obtidas no tos marinheiros,
Brasil nem todo esse aparelhamento comercial espar A França era igualmente bem vista, pelo muito
ramado pelo nosso território [oram suficientes para
que se devia à Missão Francesa de Lebreton e a uma
que essa primazia durasse para sempre,
plêiade de artistas e profissionais brilhantes c pela
Sérgio Buarquc de H o la n d a ^ comentando a en afinidade latina. E ainda pelo casamento do jovem
trada de mercadorias estrangeiras no começo do século, Pedro I com a bela e graciosa Amélia de Leuchlenberg,
informa: “Mas nessa fase expansiva da indústria e do sobrinha da Imperatriz Josefma, primeira esposa de
comércio britânico parece ter havido a preocupação Napoleão. E mais tarde, ainda, com o casamento de
de se fabricarem na própria Grã-Bretanha, até artigos duas princesas brasileiras com os príncipes reais da
que no Brasil, constituíam peculiaridades regionais. Casa de França: o Conde d’Eu e o Príncipe de Join
Confiados tradicional mente à mão de obra artesanal, ville!
já agora não se achavam em condições de competir
com os similares importados. Assim é que ao visitar E, então, essas duas nações nos ditavam, revç-
o Rio Grande do Sul, se admirou Saint-Hilaire de que zando-se cm parte, o bom tom, a etiqueta e a moda,
os ponchos gaúchos fossem “made in England”. Na e até mesmo o estilo de interiores e de mobiliário,
pauta das "Avaliações de todas as mercadorias que se sobretudo, a partir de Luiz Felipe, Napoleão III e da
importam ao Império do Brasil”, impressa em 1826 na Rainha Vitória. Chegava até ao exagero a mania domi
“ Imperial Tipografia de Plancher” aparecem ponchos nante de seguir aqueles ditames de além-mar. Diz
grossos de lã ou algodão, a dois mi! réis e ditos de pano Maria Beatriz Nizza da Silva ao comentar a socie
a oito mil réis, e páginas adiante: redes de São Paulo dade carioca de então: “Para os estrangeiros era
ou a semelhança avaliadas cada uma em quatro mil muitas vezes chocante, porque inadequada ao clima,
réis”. essa adoção da moda francesa ou inglesa."
Não levou muito tempo porém, para que a Ingla A Inglaterra, que atuava no começo do século,
terra viesse a sofrer uma concorrência séria dos artigos marcadamente sobre a indumentária feminina, passou
e da confecção francesa logo depois postos na moda a dominar depois sobre o vestuário masculino, impondo
e mais tarde das manufaturas e da indústria pesada aos poucos os variados padrões de suas famosas case
alemã, como dissemos linhas atrás. mi ras e o risco inglês para os “ D and ics” caboclos e
Iremos terminar o século XIX com uma curiosa os janotas da Corte; assim como predominou sobre os
inversão na posição do mercado no tocante â louça artigos de esportes e outros, sobre o paladar de be
fina e à moda íeminína importadas, entre a Inglaterra bidas fortes como o gin e o whisky, sem jâ nos refe-
566
rirmos à cerveja! E também no fornecimento de artigos Havia uma casa de ópera, que foi construída no
de sua admirável indústria pesada e leve, como teares, Largo do Palácio, pot ordem de Dom Bernardo de
máquinas de costura, embarcações, vagões, locomotivas, Lorena. que governou a Capitania de 1788 a 1797.<3W
pontes e estações de ferro pré-fabricadas, carruagens, Hernani Silva Bruno, nos diz que “a ligação de São
e tc ... e de nosso interesse imediato, exportava-nos Paulo com a Corte por estrada de ferro em 1877,
em quantidade artigos de louça das mais finas e facilitou a apresentação de companhias líricas do Rio
também das mais baratas como já vimos no tópico ou estrangeiras no São José”. Mas os modelos fran
Faiança Fina,, e ainda veremos mais adiante. ceses, tanto in “íextus” como “in naíura” faziam furor.
A França, depois da queda de Napoleáo e da As esguias bailarinas de óperas, operetas ou “vaude-
restauração dos Bourbons, passou a dominar nos ar viUe”, como -as rotundas “belas donas”, das óperas
tigos de seda e outros, nos cosméticos, nas “águas de clássicas eram disputadas como “avis-raras” na Corte
cheiro", como eram conhecidos os perfumes, nas jóias, e nas Capitais da Província. Muitas delas prendiam-se
enfeites, nos vinhos de mesa e em comestíveis finos. aos atrativos desta dadivosa terra c cã ficavam prodiga
Também já nos fornecia cabeleireiros para o acerto dos lizando encantos, belas maneiras e conhecimentos de
penteados e dos toucados “na última moda de Paris”, alta costura e do “be! canto" aos embasbacados varões
e, avulsos, “cabelos já em caracóis e tranças e cabe e embevecidas matronas.
leiras de homens e senhoras”, e ainda fornecia costu E numa sociedade que primava por desfrutar aqui
reiros que faziam “vestidos à moda do mais moderno o que de mais apurado existisse alhures, fosse na
gosto de Paris”, chapeleiros e chapeleiras que confec Europa ou no Oriente, haveria por certo de ter seu
cionavam chapéus redondos e armados de todas as lugar assegurado a porcelana fina, para dar a nota de
qualidades no último gosto”, <5S* refinamento a uma mesa e adornar cosmopolitamente
Não ficava aí o rol de elementos franceses que urn interior.
vinham para o Brasil, tratar da boa aparência e tentar
manter o garbo e a elegância local no arremedo de Marques dos Santos, nos Informa que desde o
Paris. No dizer de Sérgio Buarque de Holanda, baseado primeiro reinado “vemos no Rio, as casas importadoras
nos informes de Saint-Hilaire, a França ainda nos de gêneros variados e também de porcelana, em grande
“exportava" modistas e balconistas. quantidade”. Uma delas é a casa Wallerstein & Cia.,
depois Wallerstein, Mosert & Cia,, à rua do Ouvidor,
E dentro dessa embaixada aportavam ainda li 70 — importadores de belos aparelhos para a Corte.
vreiros para alimentar a cultura do intelectual brasileiro. Também pela década de 1850, a casa do inglês Es
Como também não faltou uma série brilhante de teva m Busk & Cia., à rua 7 de Setembro, n.° 78. E
desenhistas e pintores franceses que após a Missão ainda muitas outras como a loja do Cajarão Verde dc
Francesa, vieram enriquecer a nossa iconografia, seja Fernando José Alves de Souza, â ma do Ouvidor, 49
no documentário urbano e paisagístico, seja nos re a Loja da America de Antônio Marques de Oliveira,
tratos dos soberanos e dc personagens da Corte e da na mesma rua, etc. Pelo fim do século, só no Rio,
Sociedade Imperial, havia para mais de setenta casas de louça, entre as
E não haveria dc faltar, para satisfazer o ouvido quais, várias que recebiam encomendas de ricas bai
e encantar a visão, a presença de outra sorte de parti xelas monogramadas ou não, como A. Millet Filho, a
cipantes no cenário tropical brasileiro, como os atores casa de Bernardo Ribeiro da Cunha, Viscaya Irmãos,
e atrizes que periodicamente cã aportavam com espe Haas Irmãos, L. Cipriano & Cia.
táculos de revistas, bem como operetas e peças de
teatro cm toumécs “artísticas e culturais”. Havia ainda outros que forneciam a Corte na
primeira metade do século.
Qualquer dama da Cone ou das capitais das
Províncias acompanhava à risca o risco das costureiras Nos registros dos Livros da Mordomia, segundo
de Paris, como recebia regularmente do Havre, figu Alcindo Sodré, há a indicação dc vendas dc louças por
rinos franceses como o “Bon-Ton” — "Foullet” — várias firmas à Corte, no período de 1839 à 1843.
“Caprice” — “Courrier des Dames” — “Favori des
Damos a seguir seus nomes e as louças vendidas.
D ames”, etc, a T> São eles :
Aliás o conforto no Rio de Janeiro, segundo o
mesmo autor “não ficava naquela época aquém do 1839 — M. J. de Araújo Costa
de muitas capitais européias”. Um aparelho de louça
superfina ............ 206S100
Mas também na Província, o requinte era igual.
Assinala Maria Grabam E*1 na Bahia: "algumas casas 1846 — A. Wallerstein
porém são melhores arranjadas”. “Uma . . . era empa Cnsto dc pratos de
pelada, o soalho atapetado e as mesas ornamentadas po rcelan a.......................... 505000
com bela porcelana da China e da França. A senhora A. B. Wallerstein
também usava elega ntemente um vestido francês”. Setenta dúzias de pratos de
E, quanto a espetáculos, diz o príncipe Maxtrni- porcelana ..................... 5925099
liano di Wied Neuwied t2,): “O Rio possui um teatro A. Saturnino José
de ópera de uma certa importância, com bailarinas Gonçalves
francesas”. louça ordinária ............... 39$600
E, quanto a São Paulo, no referente à música e 1841 — A. Demarais
aos espetáculos, já no século XVIII que esses impor Cinquenta e uma xícaras
tantes setores da Ane eram atendidos. de porcelana ............ 153S000
567
A . S a t u r n in o J o s é
1842 A. Wallerstein
G o n ç a lv e s
louça de porcelana fina . 9275000
louça ordinária e de vidros A. Bernardo Wallerstein
que forneceu ................... 854S570 por quatro caixas com lou
A. Adolfo Simonsi ça de porcelana fina . . . . 4.8485000
direitos na Alfândega de 1843 Custo de xícaras e pires
louça e livros vindos de de porcelana .................... 3145664
Londres ........ ................... 1925500 A. Wallerstein
A. Bernardo Wallerstein Dez caixas com louça de
& Cia. porcelana ......................... 2.965S970
por quinhentos c dezesseis
pratos de porcelana fina 5,1325736 16,8295400
A. Bernardo Wallerstein Por esse "quantum" enorme para a época c consi
por nove dúzias e quatro derando-se apenas o período de quatro anos, há que
casais de xícaras de porce se deduzir que O uso de louça dos Paços da Cidade e
lana fina d o u ra d a ........ .. 3735330 de São Cristóvão era de vulto. Aliás os catálogos dos
A. Luís Antônio de Faria leitões de 1889 dos pertences imperiais dão-nos uma
por cinco dúzias de xíca impressionante mostra de serviços incompletos e da
ras e pires ....................... 1805000 variedade de louças.
(1) Frederic Mauho — o b . c it., pág. 184. (20) M ajua G raham — ob. cit., pág. 160.
(2) " H i s t ó r i a E c o n ô m ic a d o B r a s il" — pág. 397. (21) Frederic Mauro — ob, cit,, págs. 173/242.
(3) " O E s p e l h o " — Imprensa Nacional — Rio 1 8 2 1 -1823 — (22) Sérgio Jíuabqlie de Holanda — in prefácio de “Cultura
Arquivo do Insl,'Histórico e Geográfico de São Paulo. e Sociedade no R io de Janeiro" — 1808-1821 — brasi
(4) S tanley E. Hilton — i« " O E s ta d o d e S ã o P a u l o " d e liana 363 — 1977.
18.0(5.1978.
(23) Stanley E. H ilton — "Alemanha uma presença antiga
(5) Visconde de Santarém — " Q u a d r o d e m e n t a r d a s R e la no Brasil” in “O Estado de São Pauío" — 18 06.1978
ç õ e s P o lític a s e D i p l o m á t i c o s d e P o r tu g a l" — Paris. 1843
— S. PauSo.
— vol. 17 — páRS. 40/47 — vot. 18 — págs, 443/457.
(6) OUVES O vou — " H i s t ó r i c o d e D ir e it o s A l f a n d e g á r i o s (24) Cap. de Mar e Guerra Anniba! do Amara! Gama —
n o B r a s il" — 1808-1954 — Fíesp — S, Paulo. Lord Cochrane na Independência do Brasil — Sep. Bole
tim do Club Naval n,° 99 — 1944.
(7) OLIVEIRA Mastins — Citado por Mafalda P. Zsmella —
' O A b a s te c im e n to d a C a p ita n ia d e Minar G e r a is no (15) M aria Beatriz N izza da Silva — "Cultura e Sociedade
s é c u lo X V l t F ' — USP — S. Paulo — 1951, no Rio de Janeiro” — 1803-1821 — Brasiliana 363 —
pág. 33 — 1977.
(81 John Mawe — o b . c it., págs. 304/5 e 312.
(9) John Mawe — o b . c it.. pág. 168. (26) Maria Beatriz N izza da Silva — ob. cit., págs. 34/35.
(10) John Mawe — o b . c it., pág. 218. (27) F rancisco Marques dos S antos — “A Sociedade Flu
minense ” em 1852 in "Estudos Brasileiros” ano III —
(11) John Mawe — o b . c it., pág, 248 Rio. 1941.
(12) J ohn M awe — o b . c it.. pág. 91
(28) M aria G raham — ob cit., pág. 149.
(13) SÉRGIO BU.MIQUE DE HOLANDA — in prefácio dt “CullUfa
e Sociedade no Rio de Janeiro" — 1808-1821 — Brasi (29 ) Viaggio al Brasiie negü nnn: — 1815-1816-1817, Mitano.
liana n.° 863 — 1977. 1821 — pág. 48.
(14) Notas Sobre o Rio de Janeiro e Partes Meridionais do (30) P rof. C iro Monteiro Brizzola — "Música do Brasil
Brasil — 1808-1818 — págs, 83. 126 e 296. Coloniar' — in R tv do Inst. Hisiórico Guarujã —
(15) SãINT-Hilaíre — " V i a g e m a o R i o G r a n d e d o S u l " — Beriioga n,° 8, pág. 41.
pág. 148.
(16) " V i a g e m à s N a s c e n te s d o R i o S ã o F r a n c is c o e p e ta P r o
v ín c ia d e G o iá s " — tomo (I — págs. 90/91.
Paula das Avaliações de todas as mercadorias que se
importaram no Império d o Brasil — nova edição —
(17) L. F. de Tollenare — " N o t a s D o m i n i c a i s " — Pernambuco, 1837 (Biblioteca. Nacional).
pág. 87 — 1816-1817.
P. L. L acretelle Ain e — Paris, 1823 — "Consultation
(18) M aria G raham —■ " D i á r i o d e u m a V i a g e m a o B r a s il" pour les négociants faisant le commerce des marchandises
— pág. 315 — Rio. 1938. de Indes” .
(19) LouiS DE Freyctnet — " V o y a g e a u l o u r d u M o n d e e n tr e - Pauta, das Avaliações de todas as mercadorias que se
p is p a r o r d r e d u R o í ' — Paris, 1825 — citado pela proí.* importaram no Império do Brasil, impressa cm 1826 na
Maria Beatriz Nizza da Silva, o b . c it.. pág. 18, Imperial Tipografia de Plancher (Biblioteca Nacional),
568
XI - SÈVRES
o m a d e s c o b e r t a d o c a u lim n a v á r io s e im p o r t a n t e s tr a b a lh o s e o r g a n iz a d o r de d i
F ra n ça , a R e a l M a n u fa tu r a d e v ersas e x p o s iç õ e s d o g én ero , q u e se g u n d o A u sc h e r , o
S è v r e s c o n s titu i-s e em um a das t e r m o V i e u x P a r is é r e s t r it o e i n d i c a a p e n a s u m e s t i l o
m a is a f a m a d a s f á b r ic a s d a E u r o que p r e d o m in o u em F rança na p r im e ir a m e ta d e do
pa e a q u e le ev en to p r o p ic ia a s é c u lo X IX , c a r a c te r iz a d o p e lo u so de flo r e s esp a r
m u ltip lic a ç ã o r á p id a dc o u lr o s ram ad as a esm o (je té e s ) e do dourado; em co n tr a
im p o r t a n t e s n ú c le o s c e r â m ic o s p a r t id a , a p o n t a - n o s e l e p r ó p r io p u b li c a ç ã o rece n te dc
em te r r it ó r io g a u lê s . R e g in a d e P lin v a t d e G u ü l c b o n " P o r c e l a in e d e P a r i s ”
S èvres, que de in íc io tev e que i n s p ir a r - s e em ( 1 7 7 0 - 1 8 5 0 ) <2), q u e i n c lu i n a c l a s s i f i c a ç ã o d e V ie u x
M c is s e n , que p r im e ir o na E u rop a h a v ia m a n ip u la d o P a r is , t o d a a v a r ia d a p r o d u ç ã o d a s f á b r ic a s d a r e g iã o
a p o r c e la n a dura, g an h a aos p o u c o s p e r s o n a lid a d e e p a r is ie n s e d o f in a l d o s é c u l o X V f l l a o m e a d o d o X .I X .
c r ia t iv id a d e . O c e ra m ó g ra fo G e o r g e s F o n ta in e , na su a e d iç ã o
A s s i m , p a s s a a s e u t u r n o a in f lu e n c ia r a p r o d u ç ã o de 1965, de "La C é r a m iq u e F r a n ç a i s e " <s> n o s d iz :
n ã o s ó l o c a l c o m o a e x t e r n a . "V ários p a í s e s n a E u r o p a , ■ 'A s vendas p ú b li c a s e o c o m é r c io de a n t ig u id a d e s
a o l a d o d e c r i a ç õ e s p r ó p r ia s , i n s p ir a m - s e m a r c a d a - em pregam o term o " V ie u x P a r is ” p a r a d e s ig n a r to d a
m e n lc ern S è v r e s : n a A l e m a n h a c o n t a - s e F u r s íe n b c r g a so r te d e p o r c e la n a s (d u r a s) d a ta n d o g e r a lm e n te d o
e N y n ip h c m b u r g o e n t r e a s p r in c ip a is , n a S u é c ia : M a r i- c o m e ç o d o s é c u lo X I X . A fó r m u la é b a s ta n te a c e itá v e l
e n b e r g c R o r s tr a n d , n a S u íç a : N y o n e em P o r tu g a l a m a s n ã o s u f i c l c n t e m e n t e r e s t r it iv a , p o i s q u e u m a p o r c e
f á b r ic a d e V is t a A le g r e . la n a V ie u x P a r is p o d e p roceder de um a d a s m a io r e s
V á r ia s c a u s a s c o n t r ib u ír a m p a r a q u e S è v r e s v ie s s e o u m e n o r e s m a n u fa tu r a s q u e p r o sp e r a v a m , n u m er o sa s,
a d e s f r u t a r d e s s a s it u a ç ã o ím p a r n o c e n á r io p o r c e l a - en tre 1780 a 1 8 3 0 . E ste s a te liê s s a o d e s i g n a d o s s e ja
n ís t í c o i n t e r n a c io n a l. p e lo n o m e d e s e u p r o te to r , s e ja p e lo n o m e da ru a d a
A c o m e ç a r p e lo p a tr o n a to real q u e lh e c o n f e r i a f á b r ic a , s e ja e n f im p e lo n o m e d o n e g ó c io — d ir ía m o s
p r iv ilé g io s o s t e n s i v o s n o f a b r ic o d a p o r c e la n a d c lu x o , d a r a z ã o s o c i a l" .
a ta l p o n to que d esd e 1745 h a v ia um d ecreto real A c r e d ita m o s que o c r it é r io a m p lo u sa d o em
avocando p ara a q u e la m a n u fa tu r a a e x c l u s iv i d a d e da F ra n ça a p o n ta d o p e l o c o n c e i t u a d o c r í t i c o d e a r te é o
im it a ç ã o das p o r c e la n a s de Saxe, c o m p o r ta n d o p a i q u e m a is s e a d a p t a a o c r it é r io b r a s i l e i r o cie c l a s s i f ic a ç ã o
sa g e n s e f ig u r a s , d o u r a d o s , f l o r e s c m r e le v o c e s c u l d o “ V ie u x P a r is " , p o s t o e m p r á t ic a p e la m a io r ia dos
t u r a s . <! ) a n t iq u á r io s , le ilo e ir o s , m u s e ó lo g o s e c o le c io n a d o r e s ,
Em 1766, L u iz XV a m e n iz a as r e s t r iç õ e s para sen d o d e se a s s in a la r que a c r ít ic a do a u to r d e que
e s t im u la r e d e s e n v o l v e r a p r o d u ç ã o f r a n c e s a e m q u a l i as p eças m arcadas da r e g iã o p a r is ie n s e devam te r
dade e v o lu m e . E no seu r e in a d o to m a u m a m e d id a c la s s ific a ç ã o à p a r te é p le n a m e n te a p lic a d a n o B r a s il.
de e le v a d o a lc a n c e : a o b r i g a ç ã o p o r p a r t e d o s f a b r i P ara n ó s, sã o ch am adas de “ V ie u x P a r is ” as
c a n t e s d e a p o r s u a s m a r c a s n o s p r o d u t o s , p o r é m a in d a p eças do p e r ío d o in d ic a d o que não o sten ta m in d i
reserv a p ara S è v r e s o m o n o p ó lio d o u so d o d o u r a d o e c a ç õ e s n o v e r so , p o is q u a n d o a s tê m sã o e n tã o d e s ig
d a p o lic r o m ia ! nadas por d a s. As p eças c l a s s i f ic a d a s de m a n e ir a
E sta s ú lt im a s e x i g ê n c i a s não eram de regra se geral por " V ie u x P a r is " , a p r e se n ta m um a decoração
g u id a s p e lo s f a b r ic a n t e s , e is que n u m erosos a t e liê s p o lic r o m a d a v a r ia d a e m q u e s e s o b r e le v a a a p lic a ç ã o
b u r la v a m a q u e le s p r iv ilé g io s e a sse g u r a v a m -s e da do ouro fo sco ou b r ilh a n t e ; às vezes as p eças são
i m p u n id a d e , procurando o b te r a p ro teçã o dc a lt o s lo t a lm e n t c b r a n c a s c o m to d a a d e c o r a ç ã o d o u r a d a ,
d ig n it á r io s d o R e i n o e m e s m o d e p a r e n t e s d o R e i , Um c r ité r io a n á lo g o e x is te c o m r e la ç ã o à c la s s i
P o r f im , e m 1 7 8 7 , o g o v e r n o real su sp e n d e to d a s fic a ç ã o dc p e ç a s c h in e s a s : quando a peça não apre
a q u e la s r e s t r iç õ e s e lib e r a a p r o d u ç ã o p a r a a c o n c o r se n ta " n ie n - h a o ” ( n o s p e r ío d o s d e e x p o r ta ç ã o p a r a o
r ê n c ia fra n ca d e m e r c a d o . O c i d e n t e ) é c l a s s i f ic a d a d e n t r o d o t e r m o a m p l o e v a g o
D iz -n o s G eorges F o n ta in e : “Q ue fo i so b r e tu d o de “ P o r c e la n a C ia , das ín d ia s ” que, com o sa b em ,
em P a r is q u e a q u e l a c o n c o r r ê n c ia f o i a m a is t e m í v e l ' ’. a b a r c a um m u n d o d e v a r ia n te s d e c o r a tiv a s ; e m c o n tr a
C a b e a e s t a a lt u r a u m a p r e lim in a r p a r a s it u a r m o - p a r t id a q u a n d o a p e ç a é m arcada co m o “ n ie n -h a o "
n os en tre d u as c o n c e iw a ç õ e s q u e p o d e m le v a r a c o n a í e n tã o , a u to m a tic a m e n te é c la s s if ic a d a c o m o nom e
f u s õ e s : O q u e ê c o n s i d e r a d o “ P o r c e l a i n e d c P a r is ” , e d a d in a s tia o u c o m o “ P o r c e la n a d a C h in a ” p ara d is tin
o que é cham ado “ V ie tix P a r is " . Os c r i t é r io s p ara g u i- la d a o u t r a .
d e f i n i - l a s d iv e r g e m m esm o n a F ra n ça . A c o n t e c e a in d a , c o m r e la ç ã o à p r o d u ç ã o fr a n c e sa
D iz -n o s o n o s s o e s p e c i a l is t a em p o r c e la n a eu ro do p e r ío d o , q u e q u a n d o a s p e ç a s s ã o n it id a m e n t e d e
p é ia , D r. A n tô n io de A v e ila r F ern a n d es, a u to r de e s tilo d e fin id o e n ã o tr a z e m in d ic a ç ã o n o v e r s o , p r e v a -
569
le c e e n tr e n ó s a in d ic a ç ã o d o e s tilo s o b r e a d e s ig n a ç a c D en tro d esse c r ité r io , n o sso s ín d io s com o ta m a n h o
dc “ V ic u x P a r is ” . A s s i m um a xícara com as carac d e s u a s i g a ç a b a s e s t a r ia m d a n d o u rn a a lt a d e m o n s t r a ç ã o
te r ís tic a s d o e s tilo D ir e tó r io , 1 I m p é r io o u d a R e s t a u d e c u ltu r a !, . ,
r a ç ã o f r a n c e s a q u e n ã o ua?- m a r c a , e e m b o r a se T o r n o u - s e p r a x e d o E s t a d o f r a n c ê s , n a m o n a r q u ia
e n q u a d r e n o g ê n e r o V ieux P a r is , é c a t a l o g a d a p r e f e r e n - ou n a r e p ú b lic a , o b s e q u i a r g o v e r n o s e p e r s o n a g e n s
c ia lm e n te pelo estilo que o sten ta ou p e la m arca que ilu s t r e s c o m v a so s e b a ix e la s e s p e c ia is encom endados
p o rta . à M a n u f a t u r a , já q u e r e p r e s e n t a v a m e l e s , n a r e a l i d a d e ,
M a s v o lte m o s à s p o r c e la n a s d e S è v r e s: a c o p la m -s e um a das fa c e ta s m a is b r ilh a n t e s da c u lt u r a e a r te
a e la lo g o as fa m o s a s P o r c e la n a s de P a r is q u e ir ã o g a u le s a s .
d e in íc io d a r v ig o r o s o e e x c e p c io n a l r e n o m e a o s p r o S è v r e s n o q u a d ro d a s a rtes m e n o r e s se m p r e c o n s
d u to s fr a n c e s e s , p e la q u a lid a d e e p e lo s e n s o a r t ís t ic o , t it u iu o o r g u lh o do a rtesa n a to fra n cês, ju n to com a
e n t r e o s q u a is se in c lu e m as peças c o n h e c id a s por M a n u fa tu r a R eal dc G o b e lin s , e a m b a s a té h o je sã o
“ V i e u x P a r is ” ,
m a n tid a s p e lo E sta d o , em b o ra d e fic itá r ia s , com o um
D ada a e x c e lê n c ia do c a u lim de S t, I r ie ix no p a d r ã o v i v o d e c u lt u r a e v i r t u o s i s m o a r t ís t ic o .
L im o u s in , a g r u p a -se n a q u e le d ep a rta m en to fra n c ê s e
A s s im , se m p r e h o u v e a p r e o c u p a ç ã o d e e s c o lh e r
n a d d a d e d e L i m o g e s a m a i o r i a d a s f á b r ic a s f r a n c e s a s
h o m e n s n o tá v e is p a r a d ir ig i-la s , f o s s e m e l e s c e r a m is t a s
q u e e x p o r ta r a p o r c e la n a p a r a o B r a s il, m o rm e n te na
da envergad u ra d e um T h eod ore D e c k , en tre o u tr o s,
s e g u n d a m e t a d e d o s é c u lo .
fo ssem e le s q u ím ic o s de renom e, com o é o caso d c
S ã o p o is , g r o s s o m o d o e s te s tr ê s c e n tr o s : S èvres,
H cnry R e g n a u lt. D isp ô s em to d a a t r a je tó r ia p ercor
P a r is , L i m o g e s , q u e ir ã o a b a s t e c e r o B r a s il e c o n t r ib u ir ,
r id a c d e e s t i l o s r e p r e s e n t a d o s d e s d e L u i z X V I ( 1 7 7 4 -
e m m a i o r p a r c e la , p a r a o e n r iq u e c im e n to do n o sso
1 7 9 3 ), D ir e tó r io (1 7 9 5 -1 7 9 9 ), 1 ° I m p é r io (1 8 0 4 -
a c e r v o d o sé c u lo X I X ,
1 8 1 4 ) , R e s t a u r a ç ã o ( 1 8 1 4 - 1 8 3 0 ) c 2 . ° I m p é r io ( 1 8 5 2 -
S o b r e S è v r e s , h á q u e a s s in a la r q u e d a t a d c 1756
1 8 7 0 ) , d e e q u i p e s d e p r im e ir a g r a n d e z a d e d e s e n h i s t a s ,
o se u im p u ls o quando c t r a n s f e r id a c in c o r p o r a d a
p in to r e s , e s c u lto r e s e q u ím ic o s ,
a q u e l a m a n u f a t u r a f a m o s a à f á b r ic a d e V i n c e n n e s , s o b
Foi a s s im que v ie r a m a s u r g ir a lé m das p a sta s
o s a u s p íc io s d o rei L u iz X V e de M ada m e d e P om -
m a is a p e r f e i ç o a d a s cm p o r c e la n a , o s s e u s i n i g u a lá v e is
padour. A té e n tã o era so m e n te f a b r ic a d a p o r c e la n a
e fa m o so s b is c u it s c a in d a to n a lid a d e s que a té h o je
m o le d e e x c e le n t e q u a lid a d e e m a m b o s o s cen tro s.
sã o a d m ir a d a s c o m o o “ b le u du r o i” em 1749 (em
Em 1 7 7 1 , a d q u ir e L u i z X V a s j a z id a s d e S t. I r ie ix
V i n c e n n e s ) , o a z u l tu r q u e s a e m 1 7 5 2 e e m V in c e n n e s ,
p a r a o f o r n e c i m e n t o d o c a u lim às m a n u fa tu r a s. A fá
o a tr a e n te R o s e P a m p a d o u r , q u e ta m b é m c h a m a m d e
b r ic a de S è v r e s p a ssa por s é r ia s d i f i c u l d a d e s e v ic is
Du B arry em 1 7 5 7 , e a in d a e m 1 8 0 4 , o “V e r t E m p i -
s it u d e s c o m a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a e o D i r e t ó r i o , p o r é m
re” , c r ia d o por V auqueJm .
graças à d ir e ç ã o de um n o tá v e l d ir e t o r , A le x a n d r e
Q u a n t o à s f o r m a s e à d e c o r a ç ã o , a lé m d o f a b r ic o
B r o n g n ia r d (1 8 0 0 a 184 7 ) e a o a p o io o fic ia l r e sta b e
dos v a s o s m o n u m e n t a is , d a c o n f e c ç ã o d e p la c a s , d e
l e c i d o , t o r n a - s e u m a d a s m a is im p o r t a n t e s e a f a m a d a s
e sta tu e ta s e o b je to s de adorno, Sèvres ta m b ém se
f á b r ic a s e se u s p r o d u to s a lin h a m -s e en tre o que de
n o ta b iliz o u p e la s é r ie de p r im o r o s o s s e r v iç o s , ta n to
m e l h o r s e p r o d u z iu n o O c i d e n t e ,
d e ja n ta r c o m o d e “ d e je u n e r ” ( d e c h á o u c a f é ) .
S o b N a p o le ã o , c o n tin u a su a t r a je tó r ia no cam po
da q u a lid a d e e da a r te . A e u f o r ia provocada p e la s D ada a. e x c e l ê n c i a de seu s a rtesã o s, a r t is t a s e
v j r ó r ia s d o G rande C orso, in v a d e a a lm a g a u le s a c d ir e t o r e s , S è v r e s i n f l u e n c i o u c o n s i d e r a v e l m e n t e o m e io
S èvres p a ssa a ser um dos v e íc u lo s d o e n a lte c im e n to c e r â m i c o f r a n c ê s , c o m a n d a n d o a s f o r m a s e d it a n d o a
de se u s fe ito s , r e p r o d u z in d o na p o r c e la n a to d a um a d ecoração d u r a n te la r g o te m p o .
570
Secs. X V I U / X I X PORCELANAS FRA N CESA S
Sèvres
527
528
572
v o lt a to d o um r e p e r t ó r io a r t ís t ic o , so b r e tu d o de s é r ie v is t o s a em e s tilo n e o -c lá s s ic o com b u sto s p in
a fr e sc o s, c o m q u e r e s s u s c it a v a m d e c o r a ç ã o c fo r m a s. ta d o s d e p e r s o n a g e n s fa m o s o s c o m o C a r lo s X (1 8 2 9 )
N essa concepção Sèvres d is ta n c io u -s e da su a d o s d u q u e s d e B e r r y e D ’A n g o u l ê m e ( 1 8 2 4 ) , d c
m a io r r iv a l n o C o n t in e n t e a f a m o s a f á b r ic a d e M e i s s e n N e m o u r s ( 1 8 4 5 ) , d e O r le a n s ( 1 8 4 8 ) e tc . (E m ile T il-
o u d e S a x e q u e d isp u to u c o m e la a p r im a z ia a r t ís t ic a tn a n — P o r c e la in e s d e F r a n c e — P a r is , 1 9 5 3 ).
n a E uropa, ten d o p or su a v ez ta m b ém um a s é r ie d e F e l iz m e n t e no B r a s il e x is te a r ep resen ta çã o
s e g u id o r a s , ta n to na A le m a n h a com o a lh u r e s . de m ú lt ip la s p e ç a s d a q u e la m a n u fa tu r a e e n tr e e la s ,
S a x e in te g r a v a d e r e g r a o b r a n c o n a d e c o r a ç ã o — um a d a s m a is b e la s l á r e p r o d u z i d a s , é o “ cefret” do
c o n c e b ia a p a sta com o um fu n d o de p a lc o sob re o p r ín c ip e d c J o in v ille , em e x p o s iç ã o no M u seu Im p e
q u a l o s p e r s o n a g e n s e otiL ros m o t i v o s c o l o r i d o s ir ia m r ia l. O u tr a s há, im p o r t a n t e s p r e se n te s do governo
ganhar r e a lc e e d esta q u e fo rm a n d o s ilh u e t a sob re o fra n c ê s a P ed ro II c a p r e s id e n te s b r a s ile ir o s , r e c o lh i
fu n d o c la r o ou a in d a c o n c e b ia a p a sta com o um a d o s a o M u s e u I m p e r ia l e a o M u s e u d a R e p ú b l i c a . H á
to a lh a b r a n c a onde ganhavam r e a lc e os o b je to s n e la ta m b ém s e r v iç o s b ra so n a d o s encom endados por t it u
p o u sa d o s. D u as co n cep çõ es, du as e s c o la s . la r e s b r a s ile ir o s , c o m o o C o n d e d e B o a V i s t a , G o v e r
M as v o lte m o s a S èvres: q u a n to aos seu s tem a s, nador de P ernam buco, o V is c o n d e de C a v a lc a n ti, o
a lé m dos da e p o p é ia g u e r r e ir a , a d o ta m seu s a r t is t a s , B arão de Q u a r t im , e t c . A S o c ie d a d e I m p e r ia l, com o
s o b r e t u d o o s c l á s s i c o s , a s s im c o m o c ó p i a s d e q u a d r o s d is s e m o s , prezava so b rem o d o a p o r c e la n a fra n cesa c
c é le b r e s a n t ig o s c coevos e acom panha os m o d is m o s en tr e e la s a d e S è v r e s.
em v o g a , c o m o o s r e fle x o s d e A r t-N o u v e a u e d o D e c o . E n tre v á r io s i n v e n t á r io s q u e. t e s t e m u n h a m a su a
E n t r e o s m a is c o n h e c i d o s c it a m o s : p r e s e n ç a , c i t a m o s o d o C o m e n d a d o r B r a z M a r t in s d a
C o s ta P a s s o s , d c 1 S 6 3 , n o s s o a n te p a s s a d o , o r iu n d o d e
1779 - S e r v iç o d o C a r d e a l , P r í n c ip e d e R o h a n P a u G r a n d e , c m V a s s o u r a s , n o q u a l f ig u r a m “ T r in t a e
da I m p e r a t r iz d a R ú s s i a , C a t a r in a II s e is x íc a r a s de p o r c e la n a de Sèvres a v a lia d a s em
d e B u ffo n se te n ta m il r é is (7 0 S G 0 0 ) (J u íz o da P r o v e d o r ia —
1783 — d e V e r s a lh e s R io d e J a n e ir o — 1 8 6 2 , a r q u iv o d o a u t o r ) , N o l e i l ã o d o
1784 — o f e r e c i d o p o r L u i z X V I a o rei G u s P aço fo ra o u tr a s p o r c e la n a s fr a n c e sa s, há r e f e r ê n c ia
ta v o I I I , d a S u é c ia ( l o t e 1 . 1 0 0 ) a d o is g r a n d e s v a s o s d e S è v r e s , a v a lia d o s
1805 — E n c y c lo p é d i q u e e m 3 0 0 5 0 0 0 , E x is te ta m b é m o b e lo s e r v iç o d e “ I z a b e l e
__ M a r li d ’G r ( a b a de ou ro) G a s t o n ” , o u s e j a d a P r i n c e s a I z a b e l e d o C o n d e d ’E u ,
1808 — d a I t á lia m a r c a d o , d e p o s s e d a F a m ília I m p e r ia l.
d o E g it o E en tre c o le c io n a d o r e s b r a s ile ir o s , e x is te m ta m
1811 — C a m a fe u s b ém v á r ia s p eças d a q u e le s fa m o so s s e r v iç o s c ita d o s ,
1813 — das D am as dos P aços p r a t o s e x íc a r a s , c o m o é o c a s o d c N c w t o n C a r n e ir o ,
1815 — d a s D a m a s c é le b r e s d a A n t ig u id a d e Jo sé E duardo L o u r e ir o , A n tô n io de A v e lla r F ernan
1833 — V is ta s d e F r a n ç a d e s , V v a . S e b a s tiã o L o u r e s , V v a . A n t ô n io V ila r e s d a
1841 — F lo r e s t a l S ilv a , D a v i d C a r n e ir o , A l f r e d o S iq u e ir a F i l h o , e t c .
1848 — d o s D ep a rta m e n to s De n o ta r -s e a in d a com o e x c e p c io n a l, a s é r ie dc
1855 — N a p o le ã o III p ra to s c o m r ep resen ta çõ es d e p á ssa ro s que f a z p a rte
1859 — d e L ’E l y s é e do tíco e se le c io n a d o acervo da F undação C r e s p i-
1881 D u p le s s is (m o tiv o s ja p o n e s e s ) -P ra d o , m arcad o. A n to n ío A v e lla r F ernandes (A s
e tc , etc, . . fa ls a s p o r c e la n a s de Sèvres in D iá r io C a r io c a —
1 0 .0 9 ,1 9 4 4 ) nos in f o r m a q u e S è v r e s f o i d a s f á b r ic a s
O u tr a s é r ie d e s e r v i ç o s f a m o s o s é a d o s C a s t e l o s m a is c o p ia d a s , ta n to no e s tr a n g e ir o (A le m a n h a ,
r e a is e d a n o b r e z a , c o m o o d e F o n t a i n e b l e a u , M a l m a i - Á u s tr ia , e t c .) com o na p r ó p r ia F rança ( N e u iliy su r
s o n , D 'E u . N e u i l i y , T r ia n o n , C o m p iè g n e , e t c . S e in e , S a in t A m a n d L e s E a u x , S a n s o n ) e n o s a d v e r te
C om r e f e r ê n c ia aos s e r v iç o s d e chá e de ca fé in d ic a n d o a lg u m a s das precauções que devem p rece
( s e r v iç o s d e “ d e je u n e r ” o u se ja d e d e sje ju m ) há um a d er um a com p ra de p eças com a q u e l a m a r c a c é le b r e .
■* *
B 1 B L I O G RA F I A
(! ) G eorges Fontaine — o i. cit. pá g, 118. (5 ) G eorges F ontaine —- "L a Céramique Française" — Paris
— 1965.
(2) R egina de P unval de G uillebo.v — “Porcelaine de
Paris I77Û-IS50” — Office de Livre — 1972 -— Suíça,
(3) G eorges F ontaine — "La Céramique Française — Jenny D rêvfus — "Louca Brasonada” — ín Anuário do Mu
pág. 129. seu Histórico Nacional, ano HL
( 4 J Prefácio ao Catálogo de Exposição de Sèvres no século C láudio Bardi -— "Á porcelana no Brasil" — in Cruzeiro,
XIX — Museu dc Sèvres, 1975 — págs. II, 23 e 37. págs. 5 /6 — 1954.
573
XII - PORCELANAS DE PARIS
u a n to às P o r c e la n a s de P a r is , a o p r im e ir o I m p e r a d o r , e c u j a d e c o r a ç ã o s e e n q u a d r a
a s s im e n t e n d i d a s a s q u e s ã o d a na d e s c r iç ã o a c im a de R e g in a M . R e a l, com cores
r e g iã o d e P a r is e e x i b e m ou o v i v a s , o u r o , f l o r e s e g u ir la n d a s . A c r e s c e p a r a c o r r o b o -
n o m e d o p r o te to r d a m a n u fa tu r a ç ã o d a p r o c e d ê n c i a d e f a b r ic o q u e c o n h e c e m o s p e ç a
ra, d a rua, do n e g ó c io ou do com a q u e la m a r c a n o fr e te e m d o u r a d o .
a r t is t a , l i m i t a r - n o s - e m o s a i n d i DAGOTY — D u ch esse d ’A n g o u l ê m e — 1785-
car a lg u m a s das p r in c ip a is e -1 8 6 7 — Suas o r ig e n s são co n fu sa s; c o n sta que
a q u e l a s d e q u e e x i s t e m e s p é c i m e s n o B r a s il, E s s a s f a D a g o ty se in s ta lo u e m 1 7 8 5 n a r u a S à in t G i i l e s , p e r t o
m o s a s p o r c e l a n a s , t a m b é m d e p r im e ir a q u a l i d a d e s e d e “ l a P la c e R o y a l c ” e q u e m a i s t a r d e s e a s s o c i o u a
e s t a b e l e c e i a in n a r e g iã o p a r is ie n s e , d e p o i s q u e a d e s H o n o r é . E m 1 8 0 4 , c o u ta c o m a p r o te ç ã o d e J o se fm a
c o b e r ta d o c a u lim t o m o u p o s s ív e l e m F ra n ça , a p ro e p a ss a a ser c o n h e c id a c o m o M a n u fa tu r a d a Im p e r a
d u ç ã o d a p o r c e la n a . tr iz , p a s s a n d o c m 1 8 1 5 p a ra a d e n o m in a ç ã o d a D u q u e
E sses n ú c le o s que lá se fo rm a r a m com a r t is t a s s a d * A n g o u lê m e q u e a s s u m e o p a t r o c í n i o d a e m p r e s a .
p r ó p r i o s , g ir a m c o m o s a t é lit e s n a ó r b it a d e S è v r e s q u e , A p o r c e la n a é de b e la q u a lid a d e ; a decoração
c o m o v i m o s , p a s s o u a r e p r e s e n t a r n a f o r m a ç ã o g a u le s a bem c u id a d a e v a r ia d a ê tip ic a m e n te de e s tilo l.°
o f o c o ir r a d ia n t e d c p r e s t íg io e q u a lid a d e . I m p é r io .
NAST — Ruc P o p in c o u r t — 1 7 8 2 -1 8 3 5 . O
M a rca H o n o ré o u D a g o ty p o r e x te n so , o u en tã o
e s ta b e le c im e n to fo i fu n d a d o por Jean N epom ocenc
e s ta m p ilh a d o em v e r m e lh o M m e. Ia D u c h e s s e d ’A n -
H e r m a n n N a s t , n a s c i d o n a Á u s t r ia e m 1 7 5 4 , v e m p a r a g o u lê m c (o u a in d a a n t e s d e 1810 L .S . Ia S e y n i e ) ou
a F ra n ça em 1 7 8 0 , e a í s e e m p r e g o u n u m a te liê c e r â
B a ig n o l, p o r e x te n s o .
m ic o , Em 1782, in s t a i o u - s e por su a co n ta na ru a
E x is te b e lo s e r v iç o e n c o m e n d a d o por D om João
P o p in c o u r t e d e s e n v o lv e u s o b r e m o d o se u n e g ó c io c o m
VI c c o n h e c id o por “ R e in o U n id o ” por o ste n ta r o
u rn a p o r c e l a n a b a s t a n t e a lv a e m u i t o d u r a .
b r a s ã o o f i c i a l d e P o r t u g a l , B r a s il e A l g a r v e s n a b o r d a
A tr a v e sso u c o m d ific u ld a d e o p e r ío d o r e v o lu c io
d o s p ra to s ra so s e fu n d o s e n o cen tro d o s d e so b r e
n á r io , m a s p r o s p e r o u d e n o v o s o b o I m p é r io . P r o d u
m e s a . C a r l o s F r e d e r i c o d a S i l v a ( A D u q u e s a d ’A n -
z iu ta m b ém b is c u its no gênero de W edgw ood azul
g o u lê m e e o s s e r v iç o s d a C a s a d e B r a g a n ç a , in " O
c la r o e c in z a , sen d o ta m b ém u tiliz a d o em p ê n d u lo s
E s p e lh o ” — D ezem bro d e 1935) in fo r m a q u e d e p o is
d e r e ló g io s e e m m ó v e is .
d o s l e i l o e s d o s p a ç o s , b o u v e d i s p e r s ã o d e p e ç a s , m u it a s
C o n to u com a c o la b o r a ç ã o d o s e s c u l t o r e s P a jo u
das q u a ís v ie r a m a ser r e c o lh id a s p e lo s a n t iq u á r io s
e K la g m a n e de v á r io s p in to r e s de S èvres, M arca:
e c o le c io n a d o r e s . E n tre e le s — M arechal E m ig d ío
m o n o g r a m a N .S . o u N A S T . E x is te m n o B r a s il m u it a s
T a llo n e q u e a s c e d e u a o D r . J o ã o d o R e g o B a rro s, c
peças m arcadas NAST, se ja m x íc a r a s , se ja m p ra to s
e n t r e e s t e s o s s e r v i ç o s i n é d i t o s c h a m a d o s d a s “ F lo r e s " ,
c o m o o s “P á ssa ro s d e D o m J o ã o V I ” . (E x is te m ta m
dos “ B ic h o s ” , das “ C asas” , dos " P á ssa ro s” , que
b é m o u t r o s s e r v i ç o s d e “ P á s s a r o ” , in d i c a d o p o r C a r lo s
s e r v ia m dc c o m p le m e n to ao a p a r e lh o da D u q u esa
F r e d e r ic o , c o m o sen d o da s é r ie “ J o a n in a " , d e M m e .
d ’A n g o u I ê m e ( c o n h e c i d o p o r s e r v i ç o d o R e i n o U n í d o ) .
la D u c h e s s e D ’A n g o u l ê m e . )
P o r c e la n a s s im ila r e s e n c o n tr a m -s e ta m b é m n a c o le ç ã o
L O C R Ê -à la C O U R T IL L E — 1 7 7 1 -1 8 4 1 . No
do a n tig o d o le c io n a d o r o o m a n d ã n te A ndrade P in t o
lu g a r c o n h e c i d o p o r B a s s e C o u r t i i le , L o c r c d c R o i s s y
(s e r v iç o d a s C a s a s ) n o I n s titu to H is tó r ic o e G e o g r á
e s ta b e le c e u -s e em 1771, E le era casad o com um a
f ic o B r a s ile ir o .
a l e m ã e v i v e u a lg u m t e m p o n a A l e m a n h a , r a z ã o p e la
Dc H onoré, co n h e c e -se ta m b ém um s e r v iç o
q u a l a s u a p r o d u ç ã o à s v e z e s é c o n h e c i d a p o r a le m ã .
r e c e n te m e n te id e n tific a d o p e lo c o le c io n a d o r , D r . D u ílio
T e v e b o n s c o la b o r a d o r e s c o m o R u s s in g e r — (1 7 7 4 )
C r is p im F a r in a , c o m o s e n d o d o V i s c o n d e d e A r a c a t y .
que v e io d a M a n u fa tu r a d e H o s c h t e d e P o u y a t em
O le ilã o d o p a ç o a c u s a n u m e r o s a s p e ç a s e r e m a
1800. C o n to u com a p r o te ç ã o do Duque de B êrry.
n e s c e n te s d e s e r v iç o s fr a n c e se s:
S eu s p r o d u to s eram de fin o a c a b a m e n to e m u it o
t r a n s lú c id o s . lo t e — 8 3 8 — Q u in h e n ta s e s e s s e n ta e o ito p e ç a s ,
Segundo R e g in a M. R e a l, a d ecoração era a zu l e o u r o c o m f a is õ e s — 3 : 8QO$OOQ —
“em cores v iv a s , ouro, flo r e s e g u ir la n d a s em p o li (s e r v iç o c o n h e c id o p o r “ C a ç a ” )
c r o m ia (. . . ) m a rca d u a s to c h a s c r u z a d a s . D e s fig u r a lo te — 8 5 7 — 1 D e z e s s e t e x í c a r a s c o m g u a r n iç õ e s
d a s p e l o s a r t is t a s , p a s s a r a m a s p e ç a s a s e r c o n f u n d i d a s de p ra ta — 2 :$ 1 0 0 $ 0 0 0 (r e sto de um
com m a r c a s s e m e lh a n te s d e r iv a d a s d a s e s p a d a s c r u z a p r e se n te de N a p o le ã o III à I m p e r a t r iz
das de S axe” . D on a T ereza)
E x is te n o M u se u I m p e r ia l u m r ic o p ra to com a lo t e — 836 — S e r v iç o fr a n c ê s, d u z e n ta s e v in te
coroa I m p e r ia l e a s ig la P X , c l a s s i f ic a d o p o r a q u e le e c in c o p e ç a s , v e r d e co m a s arm as im p e
m u s e u c o m o fa z e n d o p a r te d e u m s e r v iç o p e r te n c e n te r ia is -- 1 :0 0 0 1 0 0 0
575
lo te — ? — s e r v i ç o m a r c a d o M . L . ( I m p e r a t r iz D is p u n h a de um a boa fo r m a ç ã o a r tís tic a , te n d o
D o n a L c o p o ld in a ) d a M a n u fa tu r a c e s id o a lu n o de G ros, V ia jo u p e la E uropa e fe z um
F oecy. e s tá g io em S èvres, m o n ta n d o d e p o is um a te liê em
B e lle v iíle . E m 1830 com s e u Irm ã o M o r d o c h é e , c o m
( F , M a r q u e s d o s S a n to s — O le ilã o d o P a ç o d e p r o u u m a p e q u e n a m a n u fa tu r a a n tig a d e F o n la ih e b le a u .
S ã o C ristó v ã o , in A n u á r i o d o M u s e u I m p e r ia l — Em 1 8 6 2 , v e n d e u a f á b r ic a a u m d o s s e u s a s s is
P e tr ó p o lís — 1 9 4 6 ) , t e n t e s , J a c q u e m in , q u e f i c a t a m b é m com o s m o ld e s e
m o d e lo s . Em 1863, Jacob P e tit, in s t a lo u -s e na R ua
E x is t e m a in d a n u m e r o s o s s e r v iç o s fra n ceses sem F a r a d is - P o i s s p n i e r è e m P a r is . A m a r c a é J .P . c m azul
m arca com o é o caso do b e lo s e r v iç o do ca sa m en to o u i n c is a . A id e J a c q u e m in s ã o q u a t r o e s p a d a s c r u z a d a s
de D om P edro I co m D o n a A m é lia — um d o s raros o u a s s u a s in i c i a i s . E x i s t e m p e ç a s n o B r a s i l , n a B a h ia
e x e m p la r e s : um a grande t ig e la com a in d ic a ç ã o do (a n tig o M u s e u d o E s ta d o ) e n o M u s e u d a R e p ú b lic a .
d is t r ib u id o r e m F r a n ç a — B a r u c h & C ie — e p erten ce T h eod ore D eck r e v e lo u -s e u m p e s q u is a d o r in c a n
à c o l e ç ã o d o D r . M a r c o s C a r n e ir o d a C u n h a . O u t r o b e lo s á v e l. F o i p a ra a F r a n ç a o q u e D e M o r g a n e M o r r is
e r ic o s e r v i ç o p o l i c r o m a d o é o d o p r ín c ip e d e J o i n v i l le . fo ra m para com a I n g la t e r r a . M e r g u lh a no p assad o
Ao encerrarm os e ste le v e c o m e n t á r io so b re as para d e le fa z e r e m e r g ir c o lo r id o s p e r d id o s ou em
“ P o r c e la n a s de P a r is ” não podem os d e ix a r de fa z e r d e s u s o , d a n d o - l h e s n o v a v i t a li d a d e , D o s e s m a l t e s p e r s a s
m enção a d o is gran d es v u lto s da p rodução a r t ís t ic a fa z r e s s u r g ir seu s to n s fra n co s e in te n s o s e d e n tr o
fr a n c e sa , e m b o r a n ã o se e n q u a d r e m e le s n a q u e la d e s s a g a m a f a z s u r g ir u m a n o v a t o n a l i d a d e q u e t o m o u
c la s s ific a ç ã o . T r a ta -s e d e J a c o b P e tit ( 1 7 9 6 - 1 8 6 3 ) e o n o m e d e ‘" b le u -v e r t T h e o d o r e D e c k " . D o s m o s a i c o s
T heodore D eck (1 8 2 3 -1 8 9 1 ), cu ja s obras ta m b ém i t a l i a n o s s e in s p ir a p a r a a p lic a r n a c e r â m i c a o s f u n d o s
c o n tr ib u ír a m para a d o rn a r s a lõ e s im p e r ia is e r e p u b li d ou rad os.
canos n o B r a s il. D eck e r a d e o r ig e m a l s a c ia n a e f e z s e u a p r e n d i
O p r im e ir o r e v e l o u - s c u m e x í m i o c e r a m is t a e s c u l- zado de c e r a m is ta em E s tr a sb u r g o , na A I s á c ia . Em
tu r e o ú lt im o um e stu p e n d o c o lo r is ta , c o n q u is ta n d o 1 8 6 5 , in s ta la -s e c o m se u ir m ã o e m P a r is e i n i c i a u m a
a m b o s u m lu g a r d e d e s t a q u e n a H is t ó r ia d a C e r â m ic a . produção d i v e r s if i c a d a ta n to de f a ia n ç a (co m im it a
J a e o b P e t it i n s p ir a - s e n o R o c o c ó , t o r c e e r e t o r c e ções de retra to s da R en ascen ça I ta lia n a ), com o de
su as o b ra s, e s ta tu e ta s , fra sco s, v a so s, c a s tiç a is , e t c ., g r é s e d c p o r c e l a n a . P a r t i c i p o u c o m b r i l h o d e d iv e r s a s
n u m a m a n i p u l a ç ã o n o v a e t u r b u le n t a d e tr a ta r a m a t é e x p o s iç õ e s in te r n a c io n a is . Foi ch am ado a d ir ig ir a
r ia , r e v e l a n d o u m im p r e s s i o n a n t e v ir tu o s is m o e s c u ltó M a n u fa tu r a de Sèvres em 1887 e f a le c e u em 1891
r ic o a lia d o à e s c o lh a d e um a gam a a tr a e n te e su a v e se m le m p o p ara m a rca r c o m se u ta le n to su a p a ss a g e m
d e c o l o r i d o s e n i g e r a l d e t o n s a q u a r e la d o s . n a q u e la e m p r e s a .
576
XIII - LIMOGES
íe r r e V e r ie t W , a s s im s e e x p r e s s a : V ê - s e a s s im u m a s é r ie d e b e l a s x í c a r a s , p a r t e e m
“ A o la d o d e S è v r e s e d a s g ra n p u r o e s tilo n e o - c lá s s ic o , “ v e ille u s e s ” , v a s o s b a la ú s tr e s ,
des m a n u fa tu r a s e s t r a n g e ir a s , ja r r a s e s p a lm a d a s , e t c ., no gênero h a b itu a lm e n te
L i m o g e s , c o n s e g u i u a s s u m ir u m a c o n h e c id o p o r “ V ie u x P a r is ” . E a m a io r ia d e s s a s p e ç a s
p o s iç ã o , que b a sta n te m o d e sta n ã o s ã o m a r c a d a s, o q u e n o s le v a a s u p o r q u e p o d ia m
no f im do s é c u lo X V III e na e s ta r s e n d o v e n d id a s n a é p o c a p a ra c o n c o r r e r , d a d a a
p r im e ir a m e t a d e d o s é c u l o X I X , s u a ,, b o a a p r e se n ta ç ã o , com os p r o d u to s da r e g iã o
to r n a -se n o tá v e l lo g o d e p o i s d e 1 8 5 0 ”, p a r is ie n s e .
A e sta o b serv a çã o p e r t in e n t e , p e r m it im o - n o s A in d a r e c e n te m e n te deparam os com b e la x íc a r a
p onderar que na p r im e ir a m e ta d e do s é c u lo X I X , a im p é r io com p ir e s , em d esen h o s s é p ia s , m arcada
p o r c e la n a era a in d a b a sta n te c a r a e m r e la ç ã o a o p r e ç o “ N a s t ” , p o r é m , s o b u m a f a i x a d o u r a d a n o f r e t e h a v ia
da f a ia n ç a f in a c o rre n te e q u e a q u e le p e r ío d o rep re um a m arca L IM O G E S ! E sse e x e m p lo ilu s t r a que a
se n ta v a o apogeu d o s p r o d u to s d e S è v r e s e d a s P o r s u a q u a l i d a d e p o d e le v a r a c o n f u n d i r c o m o s p r o d u t o s
c e la n a s de P a r is , que a b a fa m a c o n c o r r ê n c ia de c l á s s i c o s d a r e g iã o p a r i s i e n s e ,
q u a is q u e r o u tr o s cen tro s fr a n c e se s, já que m e r e c ia m Na se g u n d a fa s e , d e p o is de 1 8 5 0 , L im o g e s su r
a p r e f e r ê n c ia das e lite s s o c ia is por seu s in v e j á v e is preende o m e io m e r c a n t il e a r tís tic o . T o r n a -se um
p r e d i c a d o s d e q u a lid a d e e b e l e z a . M a s h á , n o e n t a n t o , c a d in h o o n d e b o r b u lh a m a t iv id a d e , c r ia t i v i d a d e c t i n o
q u e m d ig a q u e “ d e p o i s d c 1 7 8 4 , a p r o d u ç ã o ( d e L i m o - c o m e r c ia l. N e s s e p e r ío d o d e s v e n c ilh a m - s e o s fa b r ic a n
ges) p o d e c o n fu n d ir -s e c o m a d e S èvres. A d eco ra çã o tes do L im o u s in d e fin itiv a m e n te da canga p a r is ie n s e
so b re fu n d o b ranco f o i lá o b je to de c u id a d o s p a r t i que lh e d it a v a a t é c n ic a e os rum os d e c o r a tiv o s c,
c u la r e s " aK seg u ra d e su a p u ja n ç a , o u sa ta m b é m c r ia r m o d e l o s e
p r o t ó t i p o s q u e ir ã o s e r a p r e c i a d o s p e l a c l i e n t e l a f r a n
P o r é m , a p a r t ir d e 1 8 5 0 , c o m o d i z V e r i e t “ L i m o
cesa c e s t r a n g e ir a .
g e s to r n a -se n o tá v e l” . E is s o p o r q u e p ô d e a p a r e lh a r - s e
L im o g e s p a ssa no se to r c e r â m ic o a ser para a
p a r a u m a p r o d u ç ã o e m la r g a e s c a l a s e m d e s m e r e c e r d a
F rança o que S ta ffo r d sh tr e fo i para a I n g la t e r r a : o
q u a lid a d e e da boa a p r e se n ta ç ã o de seu s a r t ig o s , o
s e u v iv e i r o f é r t il d e p r o d u ç ã o e c r i a ç ã o .
q u e l h e a b r iu c a m i n h o p a r a a c o n q u i s t a d e p a r t e d a s
e lite s , c o m o ta m b ém p ô d e s e r a p r e f e r id a p e la c l a s s e M o d e r n o c r e n o m a d o c e r a m ó g r a fo fr a n c ê s, G e o r
ges F o n t a i n e <5> a s s im encara a produção d a q u e le
m é d ia f r a n c e s a e e s t r a n g e ir a , p o i s no preço já c o m
p e t ia c o m a f a i a n ç a f in a . c e n t r o ... " L im o g e s so u b e b r ilh a r ta n to p e la q u a li
dade de su a s p eças, su a decoração, con heceu ta n to s
F. J . D ’A ! b i s tJ> d iz : “ L i m o g e s , à la fin d u s i è c l e
p e r ío d o s fe liz e s , que não é p resu n çoso p e n sa r-sc que
a é t é la C a p it a t e d e Ia p o r c e i a m e e t n 'e n a r ie n s u ” .
da b r ilh a r á de novo e a in d a m a is a n te s d e p ouco
O u tr o a sp e c to que a c r e d ita m o s d e v a ser c o n s i tem p o ” ,
derado n a lu t a de L im o g e s para d e sfr u ta r um lu g a r
P a r a t e r - s e u m a i d é i a d e c o m o s e f o r m o u a q u e le
a o s o l, n o d if íc il d u e l o c o m a s f a m o s a s e t r a d ic io n a is
d in â m ic o n ú c le o o le ir o , p a s s a m o s a r e s u m ir a c r o n o
m a n u fa tu r a s fr a n c e sa s , é a r e v e la ç ã o d e su a e x tr e m a
l o g i a d c s u a h i s t ó r ia e a s e q u ê n c i a d o s m o v i m e n t o s d e
v e r s a t ilid a d e . C o n f o r m e p u d e m o s v e r i f i c a r d e “ v i s u ”
s u a c r ia ç ã o , s e g u n d o E d ith M o n n o n i:
n o M u s e u A d r ie n D u b o u c h é , se g u in d o p a sso a p a sso
a e v o l u ç ã o d a s f o r m a s e d a d e c o r a ç ã o d o s s e u s a r t is 1771 — O rei L u iz X V a d q u ir e a s j a z id a s d c c a u lim
t a s , d i s t i n g u i m o s d u a s f a s e s d i s t in t a s , N a p r im e ir a d e d e S t. I r ie ix .
f o r m a g e r a l, p r o c u r a m a n t e r o s p a d r õ e s d e Sèvres e 1771 — A s p r im e ir a s p e ç a s e m p o r c e la n a s ã o f a b r i
d a s P o r c e l a n a s d e P a r is . E m q u e s t ã o d e e s t i l a s , a p r o cad as em L im o g e s p o r M a s s ié & G r c lle t .
d u ç ã o fr a n c e sa d o s é c u lo X V I I I in flu e n c ia -s e n a p o r 1774 — P a t r o c í n i o d o C o n d e d ’A r t o i s e m e lh o r ia d o s
c e l a n a d e S a x e , q u e a d o t a a t e m á t i c a c h i n e s a . J á V in - p r o d u to s q u e p o r ta m a m a r c a C .D .
cennes en tre 1738 e 1743, em su a p o r c e la n a m o le 1784 — O r e i a d q u ir e o e s t a b e l e c i m e n t o q u e s e t o r n a
in c lu i no seu v o c a b u lá r io d e c o r a tiv o as fa m o sa s f ilia l e d e p e n d e n t e d e S è v r e s .
“ f le u r s d e s I n d e s ” , im it a os “ b la n c s de C h in e " e as 1789 — B a ig n o l, c e r a m is ta en tra para a f á b r ic a do
c e n a s e p e r s o n a g e n s c h in e s e s o q u e red u n d ou em um C o n d e d e l a S e y n ie .
e s tilo p r ó p r io c o n h e c i d o p o r " C h in o is c r íc ” o u C h in e - 1796 — C om a r e v o l u ç ã o , a f á b r ic a é v e n d id a a tr ê s
s i c e s , n o d iz e r d o s a u d o s o p r o f e s s o r E n r iq u e S e h a e f - de se u s a n tig o s a r te s ã o s .
fe r s (4), A s e g u ir , s u b m e t e - s e a o s o f i s t i c a d o R o ç a i lie , 1797 — M u lt ip lic a m -s e as o fic in a s c e r â m ic a s em
L i m o g e s , n o lim ia r d o s é c u l o X I X , j á s e a d a p t a b e m L im o g e s e J e a n F r a n ç o is A illa u d d is tin g u e -s e
a o s p a d r õ e s p a r is ie n s e s . en tr e os fa b r ic a n te s e fu n d a seu p r ó p r io
577
e s ta b e le c im e n to q u e s e t o r n a o p r in c ip a l n o t o m o s d o s m o tiv o s (m éto d o c h a m a d o p e lo s fr a n c e se s
L i m o u s i n e d o m i n a a p r o d u ç ã o d a l . a m e ta » p o r “ c h a tir o n n é ” ta m b é m m u ito u s a d o n a f a ia n ç a ) e
d e d o s é c u lo X E X , o d a d e c a lc o m a n ia c o lo r id a .
1797 — B a ig n o i fu n d a s e u p r ó p r io e s ta b e le c im e n to A essa a lt u r a , o su cesso d e H a v illa n d era n o tá
d e s ta c a n d o -s e c o m o p r o d u to r d e b e la s p e ç a s v e l, O p r e s id e n te L i n c o l n já h a v i a a d q u ir id o u m se r
e m e s t i l o I m p é r i o e u m b r a n c o d c p r im e ir a , v iç o dc lu x o para a C asa B r a n c a , a b r in d o as p o rta s
1816 — F r a n ç o is I I A iíia u d a s s u m e a d ir e ç ã o da para o u tr a s en co m en d a s, ta n to de p r e s id e n te s com o
f á b r ic a d e s e u p a i e p r o c u r a d e s v e n c i lh a r - s e de m onarcas e da d ite s o c ia l de v á r ia s p a rtes do
d a in f lu ê n c ia d e S e v r e s e d e P a r is , m undo. j
1824 — P ie r r e T haraud, fa b r ic a n te lo c a l a d o ta o C h a r le i de H a v illa n d , seu f i lh o , r e s o lv e e sta b e
“ d é c o r i m p r im é ” u m d o s p r o c e s s o s d e t r a n s le c e r o u t r o e s t a b e l e c i m e n t o d a f ir m a e m P a r is , c o n h e
p o s i ç ã o n a s u a p r o d u ç ã o d e p o r c e l a n a ern c id o p o r A t e l i ê D ’A u t e i l c d e m a n e ir a p o s itiv a p a ssa
e s tilo I m p é r io , i m it a n d o o m esm o s is t e m a a c o m p le ta r a o b r a d o p a i e m L im o g e s , n a a tu a liz a ç ã o
a p l i c a d o e m C r e i l e M o n t c r e a u e m s u a f a ia n c v a r ia ç ã o da decoração. C o n tr a ta e le um c é le b r e
ç a f in a . g r a v a d o r , F é ltx B r a c q u e m o n d , c o m o d ir e t o r . P a ssa a
1839 — O f a b r ic a n t e Jean Pouyat in s ta la d o em fr e q u e n ta r a e lite de i n t e le c t u a i s e de a r t is t a s da
P a r is , t r a n s f e r e s e u e s t a b e l e c i m e n t o p a r a L i época, a ss im ila n d o d e le s , en tre o u tr a s in s p ir a ç õ e s , o
m o g es, o n d e produz brancos de e x c e le n te g o sto p e lo o r ie n ta l, p a r t i c u la r m e n t e o ja p o n is m o —
q u a lid a d e . a s s im com o o im p r e s s io n is m o , a p lic a d o à c e r â m ic a .
1842 — D a v id H a v illa n d , a m e r ic a n o , in s ta la um C o l o c a - s e a s s im en tre o s p re c u r so r e s d o A r t-N o u v c a u ,
grande a te liê para d ecoração c fa z grandes que e le encam pa e tr a n s m ite para L im o g e s , a tr a v é s
e n c o m e n d a s e m p e ç a s e m b r a n c o , c o m f e it io s das c r ia ç õ e s de se u s p r ó p r io s e s c u lto r e s c p in t o r e s .
p r ó p r io s , às f á b r ic a s d o s A i í i a u d , Pouyat e P ro d u z ta m b é m em P a r is , l o u ç a s v i d r a d a s ( t e r r e c u it e s
B a ig n o i, é m a ilte é s ) em s é r ie s so b erb a s. E n tre os p r in c ip a is
1853 — H a v illa n d , d a d o o s u c e s s o d c s e u s m o d e lo s , a r t is t a s que c o la b o r a r a m com o A te liê d ’A u t e i l ,
fu n d a su a p r ó p r ia f á b r ic a e d e s e n v o lv e a c ita -s e A lb e r t D am m ou se, P a ll a n d r e . B racquem ond,
e x p o r ta ç ã o para o e x te r io r , so b r e tu d o p a ra B o u r d e ile , B c a u c h a m p s , A u b e e nada m enos do que
os E sta d o s U n id o s , no que aos poucos é G a u g u in , Jean D u ffy e o p r ó p r io C orot em v á r ia s
acom panhado p e lo s o u tr o s p r o d u to r e s . p a is a g e n s .
E s ta m a n u fa tu r a , m a is d o q u e c e n te n á r ia , é u m a
D en tre to d o s a q u e le s p io n e ir o s , m e r e c e d e s ta q u e d a s p o u c a s q u e v ê m s e n d o m a n t id a s d e p a i p a r a f i lh o
a f ig u r a d c D a v i d H a v i l l a n d (1 8 1 4 -1 8 7 9 ). A e le d ev e a té a a tu a lid a d e . E m s u a lo n g a e p r o fíc u a e x is tê n c ia ,
L i m o g e s o s e u i m p r e s s io n a n t e s u r t o c o m e r c ia ! e a s u a m a is d e 3 0 0 m o l d e s f o r a m e s c u l p i d o s e m a i s d e 5 0 . 0 0 0
p ro jeçã o na 2 .a m e ta d e do sé c u lo X IX . E ra e le um d e se n h o s ex ecu ta d o s!
jo v em c o m e r c ia n te , d is t r ib u id o r dc lo u ç a in g le s a em
Na p a r te d e c o r a tiv a , o s s e u s s e r v iç o s , n u m a tr a
N ova Io rq u e. V is ita n d o L im o g e s , e n tu s ia s m a -s e p e la
j e t ó r ia a tra v és do te m p o , com o num a p ro jeçã o de
q u a l i d a d e d a p o r c e l a n a e a c r e d it a n d o n a s s u a s p o s s i b i
d ia p o s itiv o s c o lo r id o s , fa z d e s d o b r a r d ia n te d o s o lh o s
l i d a d e s c o m e r c i a i s , lá s e i n s t a l a e m 1 8 4 2 .
a e n o r m e s é r ie d e m o d e lo s q u e o e n g e n h o c r ia tiv o d e
R c v c I a - s e , a lé m de um e x tr a o r d in á r io h o m e m de
se u s p in to r e s p r o d u z iu para s a tis fa z e r a c li e n t e l a
n e g ó c io s , u m h á b il t é c n i c o n a c r i a ç ã o d e m o d e l o s , n a
b r a s ile ir a , já b a s t a n t e e x i g e n t e .
e s c o lh a d o s p r o tó tip o s d e c o r a tiv o s e n o a p r im o r a m e n
C o n té m esse acervo um a d e m o n str a ç ã o das
to d e p ro cesso s d e e sta m p a g e m e p in t u r a . D e in í c i o ,
v a r ia n t e s d e t e m a s e d esen h o s c das c r o m ia s e m p r e
a d q u ir e a p o r c e la n a cm branco dos m e lh o r e s p r o d u
gadas e um e x p r e s s iv o testem u n h o d c o rd em d id á t ic o
t o r e s lo c a is d e a c o r d o c o m o s m o ld e s p o r e le c r ia d o s .
na c a r a c te r iz a ç ã o dos p e r ío d o s e dos m o d is m o s no
A s e g u i r f a z d e c o r a r a s s u a s e n c o m e n d a s e m s e u a t e liê
c a m p o d a a rte q u e v ã o s e s u c e d e n d o .
o n d e , d e in íc io , a g r u p o u 1 0 0 a p r e n d iz e s e q u a tr o p r o
fesso res, p a ssa n d o d ir e ta m e n te à ex p o r ta ç ã o de seu s C om r e f e r ê n c ia aos s e r v iç o s p e r s o n a liz a d o s com
p r o d u to s p ara o m ercad o a m e r ic a n o . s ig la s , coroas ou b rasões fa b r ic a d o s por H a v illa n d
p o r P ie r r e T h a r a u d e o u t r o s f a b r i c a n t e s e m L im o g e s , d a s o c i e d a d e d a q u e l e B r a s il d e a n t a n h o e a t r a v é s d e la s
n o e n t a n t o a p a r c e la d e p a r t i c i p a ç ã o d o a r t is t a p in t o r . a n im a r a m , c o m su a p e r s o n a lid a d e , o p a lc o d e n o ssa
v id a s o c ia l, p o lític a o u fa m ilia r .
C o n s is te o p r o c e s s o d e H a v illa n d e m m arcar em
c h a p a d e c o b r e o s c o n to r n o s d o s d e s e n h o s e , a tr a v é s M erece um d e s ta q u e à p a r te a c o n tr ib u iç ã o d a d a
d a d e c a lc o m a n ia , tr a n sp o r ta r ta m b é m p a rte d a s co r e s p o r L im o g e s n a in te r p r e ta ç ã o d a d e c o r a ç ã o n a p o r c e
p a r a a p e ç a , U m a v e z tr a n s p o s to s o s c o n to r n o s e p a rte la n a n o s é c u l o X I X ,
do c o lo r id o , o p in to r dá se u to q u e p esso a l a m ão, P o n t i f i c a F . J . D ’A l b i s
n o a r r e m a te d o s a r te fa to s. “ A p liq u e m o s n o sso s c r ité r io s à época a tu a l c
E sse p r o c e s so a p r e se n ta um m e io term o e n tr e a te n te m o s e x tr a ir a s te n d ê n c ia s , e n ó s c o n s ta ta m o s q u e
produção m anual e a i n d u s t r ia l. N a r e a lid a d e é um a o g o s t o g e r a l d c u m a é p o c a g u ia a produção d ecora
i n t e li g e n t e a d o ç ã o d e v á r i o s p r o c e s s o s j á c o n h e c i d o s , t iv a " , O q u e n o s le v a a u m a x i o m a v e r d a d e i r o n a
O f a n t a s m a OU a m á s c a r a a d o t a d o s a n t e s n o f a i a n ç a c c iâ m ic a : q u e a d e c o r a ç ã o se g u e o g o sto c o rre n te n o
q u e p a s s a a s e r u t iliz a d a a p e n a s p a r a m a r c a r o s c o n - tem p o .
578
L i m o g e s n a s s u a s p r im e ir a s m a n i f e s t a ç õ e s , a c o m e v i d e n c i a t a m b é m o h á b il e m p r e g o d o o u r o , n o g ê n e r o
panha a regra e p e io f in a l do s é c u lo X V IIT , vai V i e u x P a r is , a s s im c o m o s e l a n ç a m a s p r im e ir a s x íc a r a s
a d o ta n d o os cân on es das grandes m a n u fa tu r a s ta n to em p é s d e garra.
fra n cesa s c o m o e s t r a n g e ir a s , e m que era d a d o ê n fa se P a r a s it u a r m e l h o r o l e i t o r d e n t r o d e s s e s e s t i l o s ,
à r e p r e s e n t a ç ã o d e r o s a s , r a m a g e n s e in s e t o s . r e p e t im o s o s r e s p e c t iv o s p e r í o d o s ;
S e g u e m -sc d e p o is , com o d is s e m o s lin h a s a tr á s,
p e ç a s n o E s tilo D ir e tó r io e Im p é r io , p o r e m em 1820, L u iz XVI 1 7 7 4 -1 7 9 3 - P e r ío d o m o n á r q u ic o
já com eça L im o g e s a dar in d íc io s de p e r s o n a lid a d e D ir e t ó r io 1 7 9 5 -1 7 9 9 - ” r e v o lu c io n á r io
p r ó p r ia com um a in o v a ç ã o p e c u lia r q u e é o u so de 1.° I m p é r io 1 8 0 4 -1 8 1 4 - ” m o n á r q u ic o
p e r la d o o u p e r o la d o , d e b e lo e fe ito n o s s e u s m o d e lo s R e sta u r a ç ã o 1 8 1 4 -1 8 3 0 -
em e s tilo R e sta u r a ç ã o . N e sta r ep resen ta çã o já se 2. ° I m p é r1i 8o 5 2 - 1 8 7 0 -
Xícara ilha e elegante de duns alças e pires com funda rchin'.lido [variante das famosas
Stearns conhecidas por "irgmbteuses” ou "ntancerinas” e cenas policromadas com ramagens
e acabamento dourado). Prato de sobremesa com decoração de cordões dourados t pretos
eont flores de permeio e dourado. Porcelana dura de Limoges, fabricada por Grelíet et
htassiê. Cortesia do fduscu Nacional de Ccràmicc de Sèvres.
N o p e r í o d o d a R e s t a u r a ç ã o j á c o m e ç a a s e m a n i A s s im , com a q u e la in s p ir a ç ã o , su r g e m d esen h o s
f e s t a r e n t r e o s f a b r ic a n t e s d c L i m o g e s u m a t e n d ê n c ia d e a n im a is , d e p e ix e s , d e p á s s a r o s , d e a lg a s, d e r a m a
na d ecoração de reto rn o à n a tu r e z a e ao b u c o lis m o g e n s , d e f l o r e s e m e s m o d c f ig u r a s t r a t a d a s à m a n e ir a
r o m â n tic o , c o m e ç a m a a p a r e c e r d e s e n h o s m a is l e v e s e ja p o n e sa . E ssa s rep r e se n ta ç õ e s de regra, obedecem
d e l i c a d o s c u tn t r a t a m e n t o m a is a l o n g a d o d o q u e a b a r - ta m b ém a um a c o m p o s iç ã o c a r a c t e r i s l ic a m e n t e ja p o -
r o c a d o d c h a ste s , r a m a g e n s e flo r e s , o q u e p r e n u n c ia r e s a q u a n to à o r d e n a ç ã o d a d e c o r a ç ã o , c o m a d e sc e n
c o m a c o m p o s i ç ã o l o n g i l ín c a v e g e t a l a e s g u i a e le g â n c i a t r a liz a ç ã o d o s m o t i v o s — a a s s im e t r ia d e s u a c o l o c a ç ã o
q u e m a r c a r á a lin h a m e s t r a d o A r t - N o u v e a u . a s s im c o m o o c a r á t e r l o n g j l í n e o d a s f o r m a s .
L im o g e s n ã o fo g e à in flu ê n c ia d e W e d g w o o d e
E ssa fa se d e c o r a tiv a c r ia d a por B raequem ond
p r o d u z , p e l o m e a d o d o s é c u l o , p e ç a s c m b ís c u i t a z u l
a lc a n ç o u b a sta n te su cesso e fo i rep resen ta d a com o
com a p l i c a ç õ e s b r a n c a s e m b a r b o t in a .
“S e r v i ç o P a r is ie n s e " n a s E x p o s i ç õ e s d e A r t e s D e c o r a
I n flu e n c ia -s e ta m b é m n o m o v im e n to in ic ia d o p e lo s
t iv a s e m 1 8 7 6 , e n a U n i v e r s a l d e 1 8 7 8 , a m b a s e m
c e r a m is ta s in g le s e s d c e s tiü z a ç ã o do fo lc lo r e o r ie n t a l,
P a r is . N ó s , a q u i n o B r a s i l , t e m o s v á r io s e x e m p l o s t í p i
e x e c u ta d a -p o r a r t is t a s j a p o n e s e s e b r it â n ic o s para a
c o s d e s s a f a s e e n t r e a s b a i x e l a s d c n o s s o s t it u la r e s ,
s u a c e r â m ic a , c h a m a d a p o r e l e s d e d e c o r a ç ã o o r ie n t a -
e n t r e e l e s . o m a is c a r a c t e r í s t i c o : o d o B a r ã o d e A v e i l a r
l is t a , q u e e n v o l v e t e m a s i n d i a n o s , c h i n e s e s c j a p o n e s e s .
e A lm e id a .
P orém o fa z e m p o r i n ic ia t iv a p r ó p r ia e d ã o -lh e
o u tr a a m p lit u d e d e i n t e r p r e t a ç ã o e a p l i c a ç ã o . A essa fa se se g u e m -se c o m p o s iç õ e s que ir ã o
Em 1 8 5 ó , F e lix B r a e q u e m o n d , o e x ím io g r a v a d o r , in s p ir a r - s e no I m p r e s s io n is m o fra n cês, por v o lta de
d e s c o b r e u m a s é r ie d e e s t a m p a s j a p o n e s a s c n e la s s e 1 8 8 2 , com c o lo r id o s s u a v e s e lu m in o s o s , e n tr e m e a n d o
in s p ir a p a r a m a r c a r n a F r a n ç a u m n o v o e c a r a c t e r í s t i c o o n a t u r a lis m o e o j a p o n i s m o q u e v i n h a m c a r a c t e r iz a n
g ê n e r o d e d e c o r a ç ã o q u e to m o u o n o m e d c ja p o n is m o . d o a s p r o d u ç õ e s a n t e r io r e s .
579
Em IS79, B r a c q u e m o n d c r ia o serviço de “Flcurs B arão de E n tre R io s
cr R u b a n s " q u e ir á c a r a c t e r iz a r m a is a c e n t u a d a m e n t e B a r ã o G e r a ld o d e R e z e n d e
o A r t-N o u v e a u n a F ra n ça . B arão d c M ir a n d a
E n tr e 1 8 7 9 e 1 8 8 9 , s« r g e o u tr o s e r v iç o d e n tr o d a B arão d e P o te n g y
m esm a in s p ir a ç ã o cm c °res fo r te s, c o n h e c id o por B arão d e P araúna
" F le u r s P a r is ie n n e s " . B arão de São C a r lo s
E n tre as n u m e r o sa s in d ic a ç õ e s de m arcas da B arão d e S a n ta H e le n a
fá b r ic a H avilland c m s e u s d i f e r e n t e s p e r í o d o s e x is t e B arão d e V ila F lo r
ta m b ém ap enas a s ig la (la c ô n ic a ) H & C .° m u it o B a r ã o G e r a ld o d e R e z e n d e
L e t c ... j
co rren te em s e r v iç o s n o B r a s il e q u e c o r r e s p o n d e p o r O u tr a f á b r ic a que, sob v á r ia s d e s i g n a ç õ e s , ta m
e x t e n s o a H a v illa n d & C o m p a n h ia , L im o g e s . bém m u ito e x p o r to u para o B r a s i l f o i: C h a r le s P illt -
N ós aqui n o B r a s il, d i s p o m o s d e u m m o s t r u á r io v u y t , C h . P il l i v u y t , C h a r le s P ii l i v u y t & C ia .
b a s t a n t e d i v e r s if i c a d o q u e ilu s t r a e s s a s d i f e r e n t e s f a s e s D am os a s e g u ir v á r io s t i t u la r e s b r a s ile ir o s que
por q u e p a sso u a p o r c e la n a fr a n c e sa n o s é c u lo X IX , d e l a s e s e r v ir a m :
m o rm e n te em su a se g u n d a m e ta d e , P r in c e s a Iz a b e l (x íc a r a d c c a fé c o m I, p o lic r o n ia d a )
H a v i l l a n d f o i u m a d a s f ir m a s f r a n c e s a s q u e m a i s V is c o n d e d o R io B r a n c o (1 8 7 1 )
c o n c o r r e r a m p a r a o. e n r i q u e c i m e n t o d c n o s s o a c e r v o , V is c o n d e d e S a n ta Iz a b e l
p o is grande p a r te da e lite b r a s ile ir a , in c lu in d o o V is c o n d e d e T a u n a y
Im p erad or, a P r in c e s a Iz a b e l, C onde D ’E u , D ona V i s c o n d e d e V i l l a R e a l d a P r a ia G r a n d e
M a r ia II e P r e s id e n t e s d e l a s e s e r v ir a m . E x i s t e m , p o is , B a r ã o d c A lm e id a R a m o s
c a ta lo g a d o s v á r io s s e r v i ç o s c o n s i d e r a d o s h i s t ó r i c o s o u B arão do C a te te
p e r s o n a liz a d o s , c o m o : B arão dc C a tu m b y
D om P edro II — p ra to do " S e r v iç o d e G a la " (ser V is c o n d e d c C a m p o A le g r e
v iç o esse, seg u n d o Jerm y D r e y fu s encom endado B arão d e D rum m ond
d u r a n te a m o n a r q u ia m as so m e n te e n treg u e em B arão d e G uam ã
1 8 9 2 ), em azu l e o u ro. B arão d e G uanabara
D ona M a r ia lf — b ranco co m co ro a dourada (P r in B arão d e I b it in g a
cesa do B r a s il, R a in h a d e P o r t u g a l ) . B arão de I t a p ic u r u M ir im
M arechal D eodoro da F o n seca — d o is s e r v iç o s : um B arão de I t a t íb a
com o n o m e “ D e o d o r o ” e o u t r o d e g a la c o m as B arão de J e q u iá
arm as da R e p ú b lic a , encom endado d u r a n te se u B arão d e M orenos
governo. B arão dc P enedo
D os e s ta b e le c im e n to s de H a v illa n d em d iv e r s o s B a r ã o d c Q u a r t im
p e r ío d o s sob d iv e r s a s d e s ig n a ç õ e s s a ír a m n u m ero sa s B arão do R io P r e to
b a ix e la s para a n o ssa s o c ie d a d e im p e r ia l, en tre e la s B arão d o R io R eal
para: B a rã o d e S ã o D to g o
C o n d e d c F ig u e i r e d o ( C h a r l e s F ie ld H a v i l l a n d ) B arão de S ão T h ía g o
C on d e de P arnahyba B arão de São F id e lis
B arão d e A n a ja z B a rã o d e V a sso u ra s
B a r ã o d c A v e lla r e A lm e id a (H & C .° L im o g e s ) e tc .. .
M ú l t ip l a s f o r a m a in d a a s f á b r i c a s f r a n c e s a s , a lé m
d e S è v r e s , d e H a v i l l a n d e d e P i l l i v u y t , q u e s e r v ir a m a
s o c i e d a d e im p e r ia l e r e p u b lic a n a , n o c o r r e r d o s é c u lo
X I X , e n t r e e la s :
S c h a l c h e r F á b r ic a d o C o n d e D ’A r t o i s B arão de íta b a ia n a ( M . I m p e r ia l)
D a g o ty — F . D o n m a r t in — P a r is V is c o n d e d e U ru ray
B a r ã o d e A la g o a s (M . H . N a c io n a l)
V is c o n d e d e U b á
M e h u n C .P , & C . ° F r a n c e B a r ã o d e T a tu h y (M . I m p e r ia l)
M a is o n H o u s s e :
F a u b o u r g S t. H o n o r é V i s c o n d e d e S a b ó ia (M . H . N a c io n a l)
E. P r im a r d — P a r is B arão de L o r e to
E . S. H onoré B arão de São L ourenço
V i s c o n d e d e A r a c a t y ( c o l . p a r t ic u la r )
V ie r z o n B arão d e V a r g e m A le g r e
K lo tz (J . H . K lo t z ) B arão de P o co n é
2 . ° B a r ã o d e C a m p in a s
H . H a c h e e t P e p in B a r a o d e G u a j a r á /2 .° B a iã o d e V a r g e m A le g r e
580
L e H a lle u r — V ie r z o n V is c o n d e d e G u a h y
M an sard B arão de M a to s V ie ir a
B a r ã o d e A t a i i b a N o g u e ir a
2 , ° B a r ã o d e P ir a c ic a b a
W illia m G u é r in & C ie . B a r ã o d e A r a ú j o M a ia
L . Z a s c r a i B o n d e a u & C ie . 2 .° B a rã o d e Ip a n em a
B . R e i L im o g e s B arão de I b ir o c a h y
M acé B arão de R ezende
P a u l B lo t B a r ã o d e G u á ja r á
H a c h e & C ie . B arão de V argem A le g r e
Jean Pouyat C o n d e d o P in h a l
B arão de S ã o D io g o
B arão d e S ão C le m e n te — (x íc a r a )
B a r ã o d e T e r c s ó p o lis
V is c o n d e d e O u r o P r e to
H e n r y B 0 2 ia t C o n d e d e Ip a n em a
B o u r g e o is ( M a r s e l h a ) M arquês d e V a le n ç a e B a r ã o d o R io B r a n c o
H . A r d a m & C ie . M a rq u ês d e S . J o ã o M a r c o s (x íc a r a )
D éroché " S e r v iç o p i n g o d e o u r o ” I m p e r ia l
J u lia n F il s — P a r is M arq u ês d e T r ê s R io s (te m o u tr o s e r v iç o in g lê s )
J u lie n F ils A in e M arquês d o P araná
B arão de N io a c
B arão d e S o le d a d e
B arão d e I b ir ã - M ir im
B arão d e S ã o S e b a s tiã o
M . R . F r a n c e L im o g e s B arão d e D ourado
L . P . d o s S a n to s — P a r is B arão d o L a d á r io
K lo t z B arão d e P oconé
2 .° B a r ã o d e V a s c o n c e llo s
M a n sa rd 2 .° B arão de P ir a c ic a b a
L ero sa y B arão d e P en ed o
M acé B arão de R ezende
G rand D ép ô t 21 ru e D r o u o t 2 .° B a r ã o d e V a le n ç a
581
a z u l o u in c is o . E x is te m n o B r a s il, n u m e r o so s e b e lo s R o y sto n -J o h n so n B ro s
e x e m p la r e s d essa m a n u fa tu r a , so b r e tu d o x íc a r a s em M ille r
e s t i l o I m p é r io . Severn
F ig u r a v a e l a t a m b é m n o ro l d o s p e r te n c e s im p e R o y a l D o u llo n
r ia is , e o l e i l ã o d o P a ç o a c u s a r e m a n e s c e n t e s d a q u e l a C o a lp o r t , W a r in g G illo w
p o r c e la n a : J. C le m e n ts o n
ío te 9 3 7 : u m v a s o d e p o r c e la n a d e V ie n a (r e tr a to SPO DE
d e F r a n c is c o I ) , 3 1 0 $ 0 0 0 — e a in d a H a n le y
u m a x íc a r a d e V ie n a , 1 9 0 5 0 0 0 . G a r la n d H & G
Na II E x p o s iç ã o de X íc a r a s A n t ig a s r e a liz a d a D avenpori
n o M u seu d a s B e la s A r t e s (1 9 5 3 ), en tre d u z e n to s c J. M e ie r S o n
se te n ta e u m a p e ç a s h a v ia o it e n ta e n o v e x íc a r a s d e l.C . M c a k u n H a n le y
V ie n a o que bem d e m o n str a o ap reço em q u e eram L os. H ughes & S o n L td .
t id a s . A lé m da t r a d ic io n a l f á b r ic a de V ie n a , e x is tia A d a m s T u s n ta lJ
o u tr a d e n o m e V ic to r ia ( c o le ç ã o O d ilo n d e S o u z a ) . M ason
C u llu m & S h a rp u s, L o n d o n
* * * M a p le & C .° L o n d o n
D e s d e o s é c u l o X V I I I , q u e a I n g la t e r r a d i s p u n h a D e S p o d e , q u e d e p o is d e 1 8 0 0 , ta m b ém p r o d u z iu
d e u m r o l n o t á v e l d e f á b r ic a s d e p o r c e l a n a d e p r im e ir a p o r c e la n a , e n c o n tr a m -s e a in d a x íc a r a s c o m decorações
q u a lid a d e com o C a u g h le y (1 7 1 5 ), B ow (1 7 3 0 ), p o lic r o m a d a s e cm branco c ouro (n o ssa c o le ç ã o ).
C h e ls e a (1 7 4 5 ). W o r cester (1 7 5 1 ), D erby (1 7 5 6 ), T am bém de a s s in a la r a b a ix e la do B arão de S ouza
P ly m o u t h ( 1 7 6 0 ) , B r is t o l ( 1 7 6 8 ) , ( H u d s o n M o o r e — L im a ( W , T . C o p e la n d ) em p o r c e la n a .
T h e O ld C h in a B o o k — p ág. 1 2 5 ) , C o a lp o r t o u D a f á b r ic a d c W o r e e s t e r , v á r i o s t i t u la r e s e n c o m e n
C o a lb r o o k d a le ( 1 7 9 6 ) , ( W .B . H o n e y E u r o p e a n C e r a d a ra m a p a r e lh o s , c o m o o B a r ã o d e P e n e d o , o V is c o n
m ic A r t-L o n d res s /d . pág. 135) e a in d a SPO DE d e d e M a c a é e n tr e o u tr o s,
d e p o is de 1800 (o b . e it. pág. 5 8 3 ). W edgw ood por
v o lta de 1808, in ic io u o f a b r ic o na f á b r ic a E t r u r ia * * *
de p o r c e la n a n o p e r í o d o d e T h o m a z B y e r le y (S c h a e
ffe r s — M a rk s and M o n o g r a m s — 1 4 .a e d iç ã o —
Da A le m a n h a um rol ex ten so de f á b r ic a s se
L on d res — pág. 6 7 6 ).
e ste n d e com v a r ia n te s d e fo r m a s e d e d ecoração. A
D e s s a s a p e n a s u m a p a r te p e q u e n a é lo c a liz a d a n o
c o m e ç a r p o r M e is s e n e a M a n u fa tu r a d e B e r lim
B r a s il. T e m o s o r ic o s e r v i ç o t r a z id o p e la F a m í l i a R e a l
( K .P .M .) , F u r sten b e rg , N y n p h e m b u r g o , F r a n k e n ta l,
d e P o r t u g a l , o “C r o w n D e r b y ” a i n d a d o s é c u l o X V I I I ,
L i m b a c h , F u l k a , I lm e n a u , R o s e n t h a l e P ir k e n h a m m e r ,
e v á r i a s r e f e r ê n c ia s n o s i n v e n t á r io s d o P a ç o d e p o r c e
fu n d a d a em 1 8 0 7 , em C a r ls b a d ( J e n n y D r e y f u s ) .
la n a s d e C o a lp o r t d c q u e i n f e l i z m e n í e n ã o sc c o n h e
cem o s e x e m p l a r e s im p e r ia is , S a i n t - H i l a ir c c it a a pre V á r ia s p e ç a s h is tó r ic a s s ã o d e p r o c e d ê n c ia g e r
sen ça de a p a r e lh o s in g le s e s d e W edgw ood ta n to em m â n ic a c o m o o b e l o s e r v i ç o d o M a r q u ê s d e A b r a n t e s ,
M in a s , c o m o n o R io G r a n d e ( s e m e s p e c i f i c a r s e tr a ta um dos s e r v iç o s da M arq u esa de S a n to s (sem sig la
d e fa ia n ç a fin a , ja s p e o u p o r c e la n a ) . ou b ra sã o ) e x is te n te no M u seu H is tó r ic o N a c io n a l
No le ilã o d o P a ç o , co n sta : (u m a tr a v e ssa ), o a p a r e lh o do p a u lis ta H o r á r io R o
d r ig u e s ( K . P . M . ) d e q u e e x is te u m e x e m p la r n o P a lá
lo te 812: U m s e r v i ç o d e l o u ç a I n g le s a W e d g w o o d , c io d o s B a n d e ir a n te s ( c o L O d ilo n d c S o u z a ) , u m s e r
azul e ou ro com flo r e s . v i ç o já d e s s e s é c u l o d o p r e s i d e n t e R o d r i g u e s A l v e s d e
do 1 ,° B a r ã o d c C a m p in a s ( M o r t l o c k & S o n s) e u s o n o a n t i g o P a l á c i o d o s C a m p o s E l f s c o s , d a f á b r ic a
d o M a rq u ês d e T r ê s R io s ( W illia m M o r tlo c k & R o s e n th a l. S e r v iç o d o C o n d e d e S â o M a m c d e (r a d ic a
S o n s). do no B r a s il) b ra sã o e fr is o dourado (M e is s e n ). E
a in d a u m s e r v i ç o c o m a s i n i c i a i s A . L , n a b o r d a c o s
A in d a o u tr o s f a b r ic a n t e s , a m a io r ia de pó de d iz e r e s T r e u u n d F e s t , d o p r in c ip e A u g u s to L e o p o ld o
pedra, ta m b ém n o s fo r n e c e r a m a r te fa to s e a p a r e lh o s , d e S a x c , C o b u r g o G o t a , n e to d e D o m 'P e d r o I I . E x is te
com o: a in d a um r ic o s e r v iç o de chá com as i n ic ia is M .A .
q u e p e r te n c e u ta m b é m a o M a r q u ê s d c A b r a n te s, se g u n
B a k e r C .° (S e r v iç o d c F a m u la g e m ) (p ó de p ed ra) do in fo r m a ç ã o de seu p o s s u id o r D r. Jo sé M ig u e )
W illia m M o r tlo c k S o n s M o n te ir o S o a r e s .
C h a m b e r la in s W o r c e s te r O u tr a s f á b r ic a s a le m ã s ta m b ém nos ex p o rta ra m
C o a lp o r t s e r v iç o s c o m o :
H e a ih c o t c C .°
A lm o n d S o n s W o llc r s o n — B a v á r ia
J o h n so n B ros S c h la g g e n w a ld
K y b c r - Ir o n s t o n e J. M e ie r S o n H & C .° S e lb — B a v á r ia
582
e n o t a r q u e a f o r a o s a p a r e lh o s F . R . , e n c i m a d a s p o r c o r o a r e a l e q u e s i g n i f i c a F á b r ic a
de d iá r io e de g a la , o m a is R eal F e r d in a n d e a ou F e r d in a n d o R ex d e b a ix o da
com um n a s c a s a s b r a s ile ir a s , d e g la s u r a c ta m b é m um N coroado a z u l, v e r m e lh o ou
f a b r ic o e u r o p e u e r a m a s ja r r a s , im p r e s s o . F u n c io n o u n o r m a l m e n te a té 1806 e d e p o is
e s t a t u e t a s , F ig u r in h a s e o s g r u d essa d a ta so fr e u v ic is s itu d e s v á r ia s , e x tin g u in d o -s e
p o s d e o u tr o s o b je to s d e a d o rn o d e f in itiv a m e n lc c m 1834.
d e fa b r ic a ç ã o a le m ã , fr a n c e sa e A p r o d u ç ã o d e ss e s três g r a n d e s c e n tr o s c e r â m i
a u s t r ía c a . T a m b é m p a r t ic ip a v a m t a n t o d e m e s a s , c o m o c o s , C a p o d im o n te — B uen R e tir o — N á p o le s , é
d e v it r in a s e d e e n f e i t e s d e n o s s o s in t e r io r e s , p e ç a s d a s c o n h e c id a c o m o “ P o r c e la n a B o u r b ó n ie a ” , p e lo fa to d e
f á b r ic a s de C a p o d im o n te , com o de V is ta A le g r e : seu s fu n d a d o r e s e p a tr o c in a d o r e s s e r e m r e is d a C a s a
b i b e l o t s , e s t a t u e t a s , v a s o s , s e r v i ç o s d e c h á e d e j a n ta r . d e B ourbon.
Q u a n t o a f á b r ic a d e V i s t a A l e g r e , f o i e l a f u n d a d a Em 1821, a f á b r ic a de N á p o le s vende p a rte de
em 1 8 2 4 , cm A v e i r o , p o r J o s é F e r r e ir a P i n t o B a s t o s , se u s m o d e lo s c m o l d e s a u m a f á b r ic a a n t ig a d e F l o
q u e a n t e s f a b r ic a v a v id r o . T e v e v á r io s t é c n i c o s p o r t u rença, ch a m a d a D ó c c ia . E sta h a v ia s id o fu n d a d a cm
g u eses e s a x ô n ic o s . A u g u s to F e r r e ir a P i n t o , f i lh o do 1 7 3 5 p e lo M a r q u ê s C a r lo s G in o r i e v e io a fic a r c o n h e
p r o p r ie t á r io , e s t u d o u e m S è v r e s o a p e r fe iç o a m e n to d o c id a p o r G in o r i, g o z a n d o de m e r e c id a fa m a , d a d a a
f a b r ic o d a c e r â m ic a . E m 1 8 3 4 , p r o d u z p o r c e la n a de q u a lid a d e e ap uro da decoração. F u n c io n a a té h o je
p r im e ir a . T a m b é m f a b r ic a v a v id r o s , so b r e tu d o copos s o b a d e n o m i n a ç ã o d e G i n o r i o u R i c a r d o G in o r i,
de v á r ia s cores e b e lo s fo r m a to s, a s s im com o p ir e s E x is te m p eças h is tó r ic a s n o B r a s il, c o m o o ser
com b ra sõ es, b u sto s dc p erson agen s e de so b era n o s v iç o d e c a ld o branco e ouro, com a coroa i m p e r ia l,
(D o m P e d r o I I , D u q u e d e B r a g a n ç a , D o n a M a r ia I I , m a r c a d o G in o r i e m v e r d e , c o m o ta m b é m tr a v e s s a s d e
e t c .) . S u a s p o r c e l a n a s , q u e in c lu e m e s ta tu e ta s , v a so s , um s e r v iç o p r im o r o s o c o m c e r c a d u r a d o u r a d a e m
b u s to s , s e r v iç o s d e m esa e d e ch á, eram d e s u p e r io r lig e ir o r e le v o , que p erten cera m à I m p e r a t r iz T h e r e z a
c a te g o r ia , não só q u a n to à p a sta , c o m o n o c a p r ic h o C r is tin a c o m um N c o r o a d o em v e r m e lh o n o v e r s o d a
dos d esen h o s de se u s e x c e le n te s p in to r e s , e p o d e -se F á b r ic a R e a l d e N á p o l e s (p e r ío d o de 1771 a 1 8 0 8 ),
m e s m o d iz e r q u e s e u s p r o d u t o s p o d i a m r iv a liz a r c o m a s s im com o a x íc a r a com p a rte d a m esm a cerca d u ra
o s m e lh o r e s d a E u r o p a . A t é h o je fu n c io n a m a s f á b r i com N coroad o em a z u l, t a m b é m a t r ib u íd a a o m e s m o
c a s d e p o r c e l a n a c a v id r a r ia , p r im a n d o e m e x ib ir s e u p e r í o d o . E s s a s p e ç a s f a z ia m p a rte d a c o le ç ã o d a V v a .
tr a d ic io n a l bom g o sto , sen so a r t ís t ic o c q u a lid a d e . J a y m e L o u r e ir o , e a s tra v essa s fo ra m a d q u ir i d a s p o r
V á r io s m u s e u s e c o le ç õ e s p a r t ic u la r e s p o s s u e m peças e la d e d e s c e n d e n t e d e n o s s a I m p e r a t r iz .
de V is ta A le g r e e a lg u n s s e r v iç o s de t it u la r e s , uns P r e s u m e - s e q u e d it a s p e ç a s t e n h a m s i d o t r a z id a s
m a r c a d o s o u t r o s n ã o , lh e s ã o a t r ib u íd o s . C o r n o o do p o r D . T h c r e z a C r is t in a d a I t á l i a , c o m o a c e r v o d e f a m í
B arão de P a r a m ir im (C o l. F undação C r e s p i-P r a d o ), lia , já q u e a i lu s t r e d a m a e r a p r in c e s a d a s d u a s S i c í
com ram os de fu m o e ca fé e as in ic ia is d o t it u la r , lia s , d a C a s a d o s B o u r b o n s .
c o m o ta m b ém o a p a r e lh o d o B a r ã o d e G u a r ib u , c o m D ó c c ia ou G in o r i a té 1821, u sa v a m arca pró
l í n d a s c e r c a d u r a s d if e r e n t e s . p r ia , ou se ja , um a e s t r e la com v á r ia s p o n ta s, com
A fá b r ic a d e C a p o d i m o n t e { 1 7 3 6 /4 3 -1 7 5 9 ) nos v a r ia d o s d esen h o s em cores, ou encavada, porém
arredores de N á p o le s fo i fu n d a d a por C a r lo s I I I d c d e p o is d e 1 8 2 1 , q u a n d o a d q u ir iu o s m o l d e s d a f á b r ic a
B o u r b o n , rei d e N á p o le s e das D u as S ic ília s a qual R eal d e N á p o le s d e F e r n a n d o IV , p a sso u e la a u sar
fu n c io n o u n a Itá lia a té 1 7 5 9 . N a q u e le a n o , o rei fo i ta m b ém o N c o r o a d o , ju n to c o m o u t r a s m a r c a s a lu s i
para a E sp an ha e lá fu n d o u a im p o r ta n te f á b r iç a v a s a G in o r i,
e s p a n h o la , c o n h e c id a por B uen R e tir o (1 7 6 0 -1 8 0 8 ), P odem p erceber os le ito r e s que essa s q u a tr o
p e r t o d e M a d r id . P a r a e l a le v o u o rei o s v in te e u m f á b r ic a s it a lia n a s q u e o p e r a v a m n o S é c u lo X I X , g e r a
m e l h o r e s a r t is t a s a l é m d e a r t e s ã o s , m a q u in a r ia , m o d e ram p a ra o s c o le c io n a d o r e s b a sta n te c o n fu s ã o n a s
lo s e m o l d e s , a s s im com o o s p ro cesso s d e f a b r ic o e fo r m a s, n a d e c o r a ç ã o e n a s m a r c a s, já q u e d u a s d e la s
d e c o r a ç ã o u s a d o s n a I t á lia . P r o d u z iu p a s t a m o le e d u r a eram da m esm a c id a d e de N á p o le s , em b ora fu n c io
d e p r im e ir a q u a l i d a d e e f u n c i o n o u a t é 1 8 0 8 . T a n t o a n an d o cm p e r í o d o s d i f e r e n t e s , o u tr a n a E s p a n h a c o m
f á b r ic a d e C a p o d i m o n t e c o m o a d e B u e n R e t i r o , u s a r a m a rtesã o s e m o ld e s ita lia n o s e a in d a um a o u tr a dc
u m a flo r d e ly s c o m o m arca em v e r m e lh o , em ouro F lo r e n ç a e m p r e g a n d o a lé m d e m o l d e s , a p r ó p r ia m a r c a
ou azu l so b a c o b e r t a , a l u s ã o à o r ig e m rea l fr a n c e sa d a s e g u n d a f á b r ic a n a p o l i t a n a .
d o fu n d a d o r e ta m b ém um M d coroad o em v e r m e lh o A n tô n io de A v e lla r F ern a n d es, em m in u c io s o s
{ a b r e v ia ç ã o d e M a d r id ) . e s tu d o s e m q u e a l i a v i v ê n c i a e a r g ú c ia d o p e s q u i s a d o r
A c o n te c e que O f ilh o de C a r lo s III, o rei F er ao c o n h e c im e n to dos tr a ta d o s c e r â m ic o s e s tr a n g e ir o s ,
nando IV , d e N á p o le s e "das D uas S ic ília s , ta m b é m d á -n o s um a lú c i d a versão sob re as c a r a c te r ís tic a s c
a m a n te da c e r â m ic a , r e s o lv e a b r ir nova m a n u fa tu ra as m a r c a s d e s s a s q u a t r o f á b r i c a s e m P o r c e la n a B o u r -
n o a n o d e 1 7 7 1 , n a c id a d e d e N á p o le s , p o rém n ã o b ô n iç a na R e v is ta d a A s s o c ia ç ã o B r a s ile ir a de A n ti
m a is n a l o c a l i d a d e d e C a p o d i m o n t e e s i m n a V ila q u á r io s ( n o v e m b r o e d e z e m b r o d e 1 9 7 1 ) , n o q u e b r in d a
R eal de P e r tíc e . E sta f á b r ic a d e n o m in o u -s e F á b r ic a com im p o r t a n t e c o n tr ib u iç ã o a b ib lio g r a f ia c e r â m ic a
R eal d c N á p o le s e p a sso u a u sa r a s s ig la s F .R .F . e b r a s ile ir a .
5S3
I n fe liz m e n te a f á b r ic a G in o r i, u sa n d o a m arca fra n c ê s V te u x P a r is , so b re a s d e m a is , p o d e -se in f e r ir
a n t e r io r d o N c o r o a d o , in u n d o u o s m e r c a d o s c o m u m que esse fa to r e v e la a a fin id a d e la t in a p e lo a p a r a to ,
g é n e r o a t é h o j e c m f a b r ic a ç ã o , c o n h e c i d o p e l o s a n t i p e lo v is to s o c p e lo o s t e n s iv o , c a r a c te r iz a d o d e fo rm a
q u á r i o s d e " C a p o d im o n t e " c o m d e c o r a ç ã o p o l i c r o m a gera! p e lo em prego do dourado e fo r m a s e le g a n te s ,
so b recarregad a co m p e r s o n a g e n s , n in f a s , a n j o s e m co n tra a s o b r ie d a d e que é um a c a r a c te r ís tic a m a is
r e l e v o c o r o a s . E s s a s p e ç a s , e m b o r a a u t ê n t ic a s q u a r flo m a r c a n te d o s s a x õ e s , se ja m a n g lo s o u r c u tô n ic o s .
a o r i g e m , a p re se n ta m e n o r m e d i f i c u l d a d e d e c l a s s i f i A liá s, corroborando essa o b serv a çã o , l in h a s
c a ç ã o q u a n t o a o p e r í o d o d c f a b r ic o . a tr á s fiz e m o s a lu s ã o q u e a g ro sso m odo, a produção
Bastante representativa fo i a II E x p o s iç ã o dc de Sèvres propendeu p e lo m o n u m e n t a l, s o b r e t u d o no
X í c a r a s A n t ig a s - - M u s e u N a c i o n a l d e B e la s A r t e s — p e r ío d o n a p o lé ô n ic o (q u e te v e enorm e in flu ê n c ia no
n ovem bro 1953 — R i o d e J a n e ir o , B r a s il e n a C o r te , ta n to n o v e s tu á r io c o m o n o m o b iliá
E s s a e x p o s i ç ã o n o t á v e l r e u n iu d u z e n t o s e s e t e n t a r io e n a p o r c e l a n a ) , e t a m b é m p e la s o b r e c a r g a d e c o r a
e u m a x í c a r a s , s e n d o c e r t o q u e m u it a s f a m ília s b r a s i t iv a , o c u p a n d o de regra n o sé c u lo X I X , o fu n d o d a s
l e i r a s e m u it o s o u t r o s c o l e c i o n a d o r e s d e l a n ã o p a r t ic i p e ç a s, en q u a n to M e is s c n d a v a m a i o r ê n f a s e à p in tu r a
p a r a m c o m s e u s e x e m p l a r e s . P o r é m a r e u n iã o d e p e r t o is o la d a , d e ix a n d o liv r e o cam po da p o r c e la n a e por
d c t r e z e n t a s p e ç a s já s e r v e p a r a , d e ura i a d o , d e m o n s ta n to m a is le v e a a p r e se n ta ç ã o dos m o tiv o s . P orém
tr a r p a r le d o a c e r v o b r a s ile ir o ( t a n t o d e p e ç a s a d q u i h á q u e d iz e r , t a n t o n o q u e t o c a a o m o n u m e n t a l d c q u e
r id a s , já e x i s t e n t e s n o B r a s il, ■n a é p o c a p o r n o s s o s t e m o s n o B r a s i l d iv e r s a s p e ç a s , a lg u m a s h is t ó r ic a s
a n c e s t r a i s , c o m o o u t r a s a d q u ir id a s d e p o i s n a G u r o p a , r e c o lh id a s a m u s e u s d e s s e p e r ío d o , c o m o n o q u e c h a
ou t r a z id a s p e l o s a n t i q u á r i o s ) c o m o ta m b ém a p refe m a m o s dc so b reca rg a d e c o r a tiv a , q u e S è v r e s e m su a s
r ê n c ia q u e a n o s s a s o c i e d a d e d is p e n s o u a c e r t a s n a ç õ e s . p r o d u ç õ e s , fo s s e m c ia s as m e n o r e s c o m o a s m o n u m e n
A e s ta tís tic a le v a n ta d a p o r R e g in a M . R e a l d á o t a is , m a n tin h a um padrão a r t ís t ic o d ific ilm e n te u ltr a -
s e g u i n t e r e s u lt a d o , c i t a n d o a s q u a tr o p r in c ip a is p r o c e p a s s ã v e l. T a lv e z e s s a p rop en são te n h a s u a o r ig e m no
d ê n c ia s : m o v im e n to d a R en ascen ça em q u e a s fa ia n ç a s fr a n c e
sa s d e se u s m estr e s c o m o A b a q u e sn e , a e x e m p lo d a s
X íc a r a s fr a n c e sa s — 110 it a lia n a s , c o stu m a v a m p reencher de cores e dc d ese
” a u s t r ía c a s — 89 n h o s t o d a a s u p e r f í c i e ã d i s p o s i ç ã o d o a r tis ta .
” a le m ã s — 49 A I t á lia , c o m p a rte d c se u s p r o d u to s d a f á b r ic a
" in g le s a s — 5 d e N á p o le s , r e p r o d u z id o s p o r D ó c c la e G in o r i, a b u so u
d essa so b reca rg a d e c o r a tiv a , m o r m e n íe no gênero
E sse m o s t r u á r io não d e ix a de r e v e la r a t e n d ê n c o n h e c id o no c o m é r c io por C a p o d im o n te , com um
c ia d o g o s t o b r a s ile ir o n o c o r r e r d o s é c u l o X I X . E e m a m o n to a d o de f ig u r a s p o lic r o m a d a s e m r e le v o , ta n to
razão da m a n if e s t a p r e fe r ê n c ia p e la s p o r c e l a n a s f r a n em va so s co m o em g ru p o s d e e sta tu e ta s c m e sm o em
cesas e as a u s t r ía c a s , que acom p anh am o gênero s e r v iç o s d e c h á e d e m e sa .
584
X IV - ESTAM PAS DE PORCELANAS EURO PÉIAS DIVERSAS,
diferentes designações
A s e g u ir e s t a m p a m o s um a sé r ie de peças para
ilu s t r a r p a r t e d e s s e n o s s o a c e r v o e m l o u ç a s e s t r a n g e ir a s ,
o b e d e c e n d o d e m a n e ir a g e r a l, a s e g u in te se q u ê n c ia :
I — P o rc e la n a s B ra g a n tin a s d iv e rs a s (Ic o n o -
g rá fic a s e o u tra s ).
II — P o rc e la n a s fra n c e s a s e de o u tra s p ro c e
d ê n c ia s , p e rs o n a liz a d a s , o u n ã o .
Hl — P o rc e la n a Ic o n o g rá fic a ( in c lu s iv e p r o
p a g a n d a ).
IV — P o rc e la n a s inglesas,
V — P o rce la n a s alem ãs,
VI — S e rv iç o s O fic ia is .
Sec. XIX P O R C E L A N A S B R A G A N T IN A S
5S6
Séc. X IX PORCELANA BRAGANTINA
(lcQQOgrifica Imperial)
Ao alio duas ânforas. em puro estilo Império. Representam Dom Pedro, Duque de Bragança e Dona Maria tia
Glória, Princesa do Brasil, Embaixo as mesmas peças em tamanho maior, Estas duas ânforas que formam ptlr,
foram executadas após a abdicação de Dom Pedro I, quando ele e a nossa Princesa desembarcaram na Inglaterra,
já na Campanha de Restauração do Trono Português, usurpado por D. Miguel, isso porque na ânfora da direita,
vê-se uma galeota com diversos personagens e uma bandeira do lado direito, as.tim como Westminsler, o Tamisa
e pequenas embarcações de permeio, A ânfora com D. Pedro tem ao fundo um arranjo fantasioso da Bahia da
Guanabara em que se divisa, ã esquerda os Arcos e à direita a Igreja da Glória, As duas peças têm de altura
dS cm; a de Dom Pedro tem no verso a ouro, o brasão imperta! com coroa e ramos de café. A de D. Maria da
Glória traz no verso o brasão de Portugal curiosamente ladeado lambem de ramos de caíè.
Coleção Fernando Barreto.
Obs.; O colecionador Neiviort Carneiro possui ânfora panada, porém com alças diferentes, base assente em
pês de garra e paisagem de fundo definida.
Séc. X IX PORCELANA BRAGANTINA
(Icoiiográfica Imperial)
Ao alto t duas ânforas era estilo império representando bustos âe Dom Pedro (a da esquerda mais moço com fardamento dc gtíla
do Imperador do Brasil, e a da direita pouco mais velho já com fardamento de gala de Duque de Bragança c Regente do Reino
de Portugal). A ânfora da esquerda tem no verso o brasão imperial aplicado a ouro e faz parte da coleção dc Alexandre Fadai. Á
da direita tem no verso um medalhão com um ramalhete de flores, também a ouro. sem brasão. Â ânfora de baixo representa Dom
João VI e tem na cercadura dourada em volta do medalhão com seu retrato os seguintes dizeres: DOM JOÃO, R EY DE POR
TUGA L E DO BRASIL (&k), No verso em ouro as armas de Portugal. Estas duas últimas peças são da coleção de Fany e Medi tia
A ânfora da direita representa Dom Pedro / com fardamento oficial noJ P plano c tem como fundo a Igreja da Glória e a entrada
da baia de Guanabara t faz parte• da coleção Newtcm Carneiro.
58S
Séc. X IX PO RCELA N A S BRA G A N TIN A S
(Francesa)
538
589
Séc. X I X PORCELANAS BRAGANTINAS
53S
540
Í4 1
590
Séc, X IX PORCELANAS BRAGANTINAS
591
Séc. X I X PORCELANAS BRAGANTINAS
(Iconografia Imperial)
Far de jarros cm porcelana do género "Vieiíx Paris”, apresentando os retratos dos imperadores ainda jovens, moldurados por
cordame dourados em relevo, sob as arruas imperiais.Na parte de cima os jarros por inteiro e na de baixo detalhe dos medalhões.
Dom Pedro I! pbrta uma ponta da banda de Ordem do Cruzeiro (faixa azul) e na lapela o Tosão de Ouro e a placa da mesma
ordem, A Imperatriz Dona Thereza Cliristitut porta um discreto diadema sobre os cabelos penteados em bandós, utn duplo cotar
de. pérolas e um broche, atravessando o colo a banda da Ordem do Cruzeiro. Peça sem marca, altura 27 cm, de procedência fran
cesa presumivelmente. O Museu de Arte de São Paulo, Assis Cbatcuubriand, possui par idêntico. Cortesia Lourenço Luís Locombe
— Museu Imperial.
592
Sic. X IX PORCELANAS BRAGANTINAS
(Iconografia Imperial)
ff > >
593
Sec. X IX
PORCELANAS b r a g a n t in a s
[Francisas)
As cinco tigelas de cores c desenhos diferentes, casca de ovo, policromadas, de origent francesa, sem marca, f izr-
rum parte dos serviços do Paço ao tempo do Imperador Dom Pedro U: o conjunto das cinco constitui o que
de mais raro existe nas coleções brasileiras histéricas, conhecidas como “Coroinhas". Cortesia Antônio Avellar
Fernandes. A xícara e pires em verde e ouro (raríssimo) fa i parre de um serviço do Palácio de Queluz, do gêne
ro Pieux Paris, (que não veio para o Brasil, segundo informações do possuidor) tem o brasão do Reino Unido
e a marca Deroche.
Cortesia Newton Carneiro.
594
Séc. X IX PORCELANAS BRAGÀNTINAS
(P e ç a s P a la c ia n a s )
5S2
H58È8fâte&!
595
Sécs. X V l i t / X I X PORCELANAS BRAGANTINAS
(Im peratriz T her e ia Christina)
555
5.56
557
596
Séc, X IX PORCELANAS BRAGANT1NAS
(Im peratriz Thereza Christina)
597
Séc. X IX PO RCELA N A S B R A G A N TIN A S
(C o n d e (TE u e P rin c e s a l i a b e i)
Ao alto à esquerda, molheira de serviço de gola de riquíssima decoração em fundo azul, aplicações douradas e reservas com flores
e a sigla coroada dos Orléans, tendo por tenentes dois anjos com ramos de flores, marcado Sèvres, O serviço da direita com sigla
entrelaçada de Gaston e Izabcl, sob a coroa imperial, de que a molheira é um exemplo elegante, tem a marca de Sèvres —» existe o
mesmo serviço em complemento ao prinritivo com o marca Hebert Frères' rue de h Paix — Paris, O prato em baixo, cm branco
com a sigla e coroa dos Orléans, é proveniente do Polais de St. Cloué c marcado Sèvres e era o serviço de uso diário da Princesa
Izabet â do Conde d*Eu. A xícara de café, cm c a s c a d e ovo era de uso da Princesa c porta um I sob a coroa imperial, Essas peças
fazem parie da coleção de S. A . 1. Dom Pedro Gastão de Orléans e Bragança,
598
PORCELANAS BRAGANTTNAS
Ic o n o g rá fic a
{ P rín c ip e J e J o in v ille e p rin c e s a D o n a F ra n c is c a )
563
564
565
600
Séc. X IX PEÇAS BRAGANTINAS E COMEMORATIVAS
A ietrina de horda e formato recortados com coroa real £ frisos dourados faz parte do serviço da Princesa do Brasil, depois Rainha
Donu Maria / / de Portugal, marcado Hüviltand. O pires e xícara â esquerda com três reservas com folhagem dc fumo e café e nome
dc baWlhas de guerra do Paraguay sâo comemorativos daqueles eventos e conhecidos como peça rara dç nosso acervo (Coleção
üuilio Crispim Farina), A xícara aífa de caldo faz parte do serviço dc Dom Pedro I cont as armas imperiais e folhagem, gênero Vieux
Parts, sem marca. O prato em faiança fina amarelada (cream-cofoured waré) é de fabrico inglês e comemorativo da Independência,
sem marca (pertenceu ao Dr. Washington Luís Pereira de Souza). À xícara de porcelana branca com decoração dourada fez parte do
serviço do casamento dos Príncipes do Grão Partí — (porta um P e um E sob a coroa imperial, significando Dom Pedro dc Aitâm
sara e Princesa Elizabeth),
Coleção Palácio Grão Pará — Peirópolis.
601
Sécs. X V l ll / X I X PEÇAS PER SO N A LIZA D A S
( D j v e m s P ro c e d ê n c ia s )
571
572 573
602
Sêc. X IX PEÇAS PERSO N A LIZA D A S
(D iv e rs a s P ro c e d ê n c ia s )
575
■ixi.óy'
5 76
577 578
Sopeira em porcelana de Sèvres mareada, que pertenceu ao' Prato do serviço do Barão de Miranda, Júlio de Miranda r
Coude de Boa Visra — fV a o e ije o do Rcgo Barras (falecido em .Silva, falecido em 1881, marcado Hrsvilland, Limoges, com aba
1860), ouro e branco, pegador dourado e brasão policromado. gomtlc.de com flores miúdas e o brasão policromado ao Cenlru.
Fai pavernudor da Província de Pernambuco. Coleção Rogério Nogueira da Silva Rego.
Cortesia Instituto Arqueológico de Recife.
Prato dc aba com ramos de flores ao centro, as iniciais Prato do serviço do Barão e Visconde de São Lourenço, Fran
W, J. M T. A., do Barao de Paramlrim, do IP Reinado, entre
cisco Gonçalves Martins, de rica decoração com flores na aba
ramos de cafe e tabaco (lembrando 0 serviço conhecido por sobre fundo acinzentado e um friso perolado na estreita caldeira
tom ara Muntcspal) Dom Pedro 1, foi padrinho de casamento ao centro' coroa e duas iniciais.' S e L.
deste titular do fmpéno. (Mtgucl J o „ - Mnna de Jelve e Coleção Luís Pedreira Torres,
Argol to).
604
séc. xix PORCELANA HISTÓRICA OU PERSONALIZADA
581
583
Cromeira dó serviço do Barão de Santa Helena, José Joaquim Bule de um serviço de chá, que pertenceu ao Barão de Jtquiá
Monteiro da Silva, forma moderna (2.a metade elo século XIX), — fundo verde, arremates dourados e dentro de reserva retan
recortada, criação de Haviltand & Cic. Limogcr. gular uma coroa dourada e os dizeres “Barão de Jequiá”.
Cortesia Museu imperial. Cortesia Museu Histórico Nacional,
605
Séc. X I X PO RCELA N A FRA N CESA E FA IA N Ç A FIN A
( P e rs o n a liz a d a e C o m e m o r a tiv a )
585
584
O prato recortado de fundo “bleu du roP\ com filete e decoração dourados, tem dcnlrõ de ttm medalhão oval o retrato poticromado
do Visconde de Inhaúmat Joaquim José Ignácio encimado por coronel. Coleção de Marcos Carneiro de Mendonça (Rio). Segundo
Jenny Dreyjus (Anuário do Museu Histórico, voL XXV-estampa 56) o Visconde de Inhaúma, possuía também um serviço em
“Louça de Macau“, sem iniciais, do tipo "Pomhinkos", conforme a estampa por eia exibida.
O prato à direita é uma peça comemorativa (existem pratos em marrom e em azul) e ê de fabrico inglês (pô de pedra), Representa
a batalha de Lomas Vale minas, Vê-se uma aba com decoração quadriculada e pontilhada com seis reservas representando o retrato
de personagens da Guerra do Paraguay e dando seus nomes na seguinte ordem: Dom Pedro ll ao alto, à direita o Conde d*Eu e
no mesmo sentido o Marquês de H enal, o General Câmarat o Visconde de Inhaúma e o Duque de Caxias, No centro, episódio da
batalha e da morte de Solano Lopcz, com os dizeres embaixo: "A morte de Lo pez” (reg. n.° 2699 do Arquivo Museu Imperial).
No verso uma bandeira do Império e as palavras **Victôrias Brasileiras** e marcado W éc 7 -— Tunstall.
Cortesia de Celso Corrêa Dias e Luiz Lottrenço Lccombe.
Obs.: Ocupando parte da página, exibimos um fragmento de prato idêntico aonde se divisam ainda na parte inferior do medalhão
os dizeres: . .ONDE INHAÚMA**, referindo-se sem dúvida ao Visconde de Inhaúma. Tal fragmento (bastante gasto pela ação do
mar), foi encontrado na Traia do Guaecd, Município de São Sebastião — S. Paulo.
Devemos ao Dr. Ruy Qthake, presidente do Condephaat de SÒo Paulo e à suo equipe, <a gentileza dc mandar proceder à amphaçuo
do caco por nós cnconii ado.
Foto Júlio Abe,
606
Sêc. X I X PORCELANAS FRANCESAS PERSONALIZADAS
(A rm oriadas e com siglas)
Os dois pratos de cima são do serviço do Barão de Avcllar e Almeida (Vassouras) e são rodos diferentes, marcados Llniogcs. 0
prato em beiro à direita com as iniciais entrelaçadas C e P decorado a ouro com violetas, pertenceu ao Conde de Parnahyba
| i , rindo). Cortesia da E ima. Família, O prato de baixo à esquerda sem marca, pertenceu ao Conde de Morta Maia e exibe sob
ti " ' corcl''c dourtido dois emes maiusculos entrelaçados, além de ramagens de cores v iv a r. O prato ao centro está marcado A. Hisclte
A Cie. VtCTzon em vermelho e em verde A. H. & Cie. V. France Vierzon.. pertenceu a Francisco José Alvares da Fonseca (a v ó do
Autor) chefe da casa civil dos Presidentes Afonso Pena c V ;!o Peçonha. De notasse nessa série de pratos a decoração típica posta em
pratico e urante determinado período por Limoges (segunda metade do século X IX J e outras fábricas francesas, da interpretação dc
temas orientais, o que recebeu várias denominações como: Oríentaiismo, Japonismo, fndianismo, havendo também nesse período
outros generos inclusive pratos cotn inspiração impressionista.
607
Séc. X IX PO RCELA N A EU R O PÉ IA PER SO N A LIZA D A
(B ra so n a d a )
608
Séc. X I X PO R C E LA N A PER SO N A LIZA D A
(P o r c e la n a F ra n c e s a )
597
$n
Xícara no gênero "Vieux Paris", com pés de garra, presumi Xícara de um aparelho de chã, também no género "Vieux
velmente começo do século X IX , exibindo o retraio eximtu Paris" e que segundo informações da Exma. homilia, pertenceu
mente desenhado dc L. Vieira da Silva, ao Conselheiro Antônio da Silva Prado. Porcelana provavel
Cortesia do Museu Histórico Nacional. mente de Limoges. Coleção de E. P. Brancanle,
609
Sécs. X V t U / X I X PO RCELA N A S FRANCESAS
(P e rs o n a liz a d a e A n ô n im a )
Segundo classificação do Museu imperial, traia-se de um prato raso, de porcelana francesa, borda com cercadura cor âc vinho C
ornatos douriidos: ao fundo uma ave de plumagem rnulticolot ida: no dorso os dizeres: '*/.(' Couroucou rort'iitu'r. Entre Os cole
cionadores, este serviço i conhecido por “Joinville"; existem no Palácio Ducal de Guimarães, vitrinas çom peças similares, sem
marca. Os três pratos do centro com pássaro policromo, desenhos dourados são marcados Sèvres. O prato de baixo à esquerda com
símbolos çuerreiros na aba, lembra o período napoleônico c trai escrito na pedra de baixo em francês “Jacana du BrésiF’ (Jaçanã)
e o outro ã direita com aba em branco e dois listíis dourados, debaixo do pássaro cm primeiro plano, lê-se: "Savacott du Brísil".
Coleções Museu Imperial, Fundação Crespí-Prado e Autor.
610
sécs. xvm /xix PO RCELAN AS FRANCESA S
(Vários gêneros de Vieux Paris!
604
611
S ic. X I X PO RCELAN AS FRA N CESA S
(J a c o b P e tit)
60K
609
612
S ie . X I X PORCELANAS FRANCESAS
61 I fi! 2
613
Séc. X IX PORCELANAS DE DIVERSAS PROCEDÊNCIAS
(Anónimas e Personalizadas)
61?
O prato à direita ostenta as armas dos Duques de ta Rochcfõucautd; esuf assinado por Soirou e foi fabricado por ,
Coleção Newton Carneiro. í r i (1&2q s , ,,^
O prato da esquerda de riquíssima decoração com as letras C t D fnão identificadas), formadas com flores c rosas ao gênero d
peças de Madame Fotnpadottr e da Dst Barry, i do século XVI U c esttí marcada com um A, sob uma coroa real em vermelho
Segundo informações do Museu Mariano Procópio, trata-se da fábrica de André Mariç Lebouef 0778-1799) rtte Thiruus. um dos
estabelecimentos sob a proteção de Maria Antoniela■ Cortesia de Dona Geratda F, Armond Marques.
614
sécs. x v i n / x i x PORCELANAS DE DIVERSAS PROCEDÊNCIAS
(Uma personalizada)
616
617
619
615
Séc. X IX PORCELANA ICONOGRÁFICA
(Visias do Rio)
616
Sécs. X V U I/X IX PORCELANA ICONOGRÁFICA
(Vistas do Rio)
617
Séc. X X PORCELANA ICONOGRÁFICA
(São Luís do M aranhão e Campinas de São Paulo)
Os três pratos de porcelana branca C borda recortada, com v if íu í eni a::d, são provenientes de aspectos do começo do século, do
cidade de São Luís, apresentam a praça Gonçalves Dias, a Salão do Teatro São Luís, peças essas da coleção Osvaldo Soares e a
Praça toão Lisboa, da coleção de Adalgtsa Pinheiro Cosia, Estes prata i tratem a marca F K, Q, 2 (? ) e jazem parte do acervo da
Museu de São Luís. O prata de baixo ã direita, de borda recortada e pcilicrermuda, representa um dos monumentos de Campinas.
Cortesia de Mòrio Pimenta Camargo,
618
Secs, X IX '/X X PORCELANA DE RECLAME
630
619
Séc. X V III PO R C E L A N A IN G LESA
( C h e ls e a )
631
620
Sees. X V Hl/X IX PORCELANA INGLESA
632
621
Sees, x vm /x ix PORCELANAS INGLESAS
635
622
Sécs, X V 111/X I X PO RCELAN AS A LEM Ã S
(A rm o ria d a s e A n ô n im a s )
636 637
623
Séc. X IX SERVIÇOS O FIC IA IS
(Baile dá ilha Fiscal —- Império)
624
Sees. X IX /X X SERVIÇOS OFICIAIS
(República)
644
645
646 647
625
Sees. X IX / X X SERVIÇOS OFIC IA IS
CAntigo Palácio dos Campt» Eiíscos-SP)
650
626
Sécs. X IX /X X S E R V IÇ O S O F IC IA IS
(Presidência da República)
654
627
Sécs. X I X / X X S E R V IÇ O S O F IC IA IS
(Presidência da RcpúbJita)
Servido presidencial de borda festonada irregular, com a aba decorada em "bleu du roí" e azul esbatido, com togues dourados em
ramagens tiú centro o brasão poiicrornatlo da República, fabrico de Limoges, marcado / / & CP JL France — ffmãUand CP,
Limares, O segundo prato bronco, xomente com as armas da República, coloridas na aba e friso dourado (apagado) é âe Limoges,
f /*■ France' t tem a marca do distribuidor, no Rio de Janeiro: Casa Cypriano Rio de Janeiro, em vermelho. O prato de baixo
com decoração e o brasão dourados, é de fabrico brasileiro, da fabrica Brennand de Pernambuco (século XX). O prato de baixo dá
direita, de fita dccorúção da A-fanufatura Rca! de Bruxelas, representa uma série policromada de vistas de cidades belgas — fot
oferecido p c h rei Alberto ao Presidente Epitdcio Pessoa, por ocasiõt da comemoração da Independência em 1922. Cortesia de
Ecyla Castanheiro Brandão (Museu da República).
62 S
Séc. X X S E R V IÇ O S O F IC IA IS
662
663
629
sécs. X IX /X X SERVIÇOS O FIC IA IS
(Vasos <le Guerra)
O prato à esquerda com listei vente na borda e a coroa imperial sobre uma âncora e faixa embaixo fez pane do serviço do vaso
de Riterra lavarí da Marinha Imperial cuja descrição é a seguinte:
"lavar?' — Prato com friso azut esverdeado na borda £ na aba a coroa imperial sobre uma âncora e esta sobre uma cinta portando
o nome Javari. A porcelana é marcada A. Davebuy & Sandret Havre. Este vaso de guerra brasileiro tem uma história interessante.
Em )SVJ naufragou na baía do Rio de Janeiro próximo à ilha Fiscal, o monitor cncouraçado "Javari" sob o comando do capitão
tenente Afonso Augusto Rodrigues de Vasconcellos. Este navio abriu água abalado peta artilharia durante um combate com as
fortalezas da barra do Rio de Janeiro. Era do tipo-Solimôes que havia naufragado antes no Cui u Poiòrúo em i9 de Maio de IS92.
Informações gentilmente prestadas pelo seu possuidor Dr, Luís Pedreira Torres, O prato á direita fazia parte do serviço de gala do
cncouraçado São Paulo, de fabrico inglês (Couipori A. D.) — porcelana branca tendo na aba dois llsléis c delicados ornatos doura
dos e ao centro o brasao da República e sob ele o nome de “São Paulo" (ficha 229, do Arquivo do Museu da República) como
todos sabem o cncouraçado São Paulo, quando desativado foi vendido à Inglaterra e afundou durante uma tempestade r.o meio do
Oceano Atlântico. (Cortesia de Ecyla Casianheira Brandão). O prato de baixo com friso dourado tem a marea IJmoges UNIC, 12
rue de Paradis <' um escudo com três cruzes e as tetras S. M. Este prato fez parte do serviço de bordo da embarcação de guerra
"Duque de Caxias", tendo na aba um escudo coroado, este prato faria parte da coleção Odilon de Souza e hoje faz parte do acervo
do Puldcio Bandeirantes (São Paulo),
630
BIBLIOGRAFIA
(1) Pierre VERLET — "Les Grands Sirvices de Limoges in
Cahiers de la Céramique-Limoges, suplemenl n,° 13,
(2) G eorges F ontaine , ob, cit., pág. 128.
(3 ) F. J . D ’i l b i s — "Commentaires sur l'évolution des décors
au X IX et X X siècles in Cahiers de la Céramique Consacré
a Limoges1', suplement n.° 13, sfd,
(4 ) E nrique S c h a e f f e r s — "Chinesiccs" in A n a is d o M u s e u
Histórico e National, voL XXII — pág. 35,
(5) G eorges F ontaine — " L a C éram ique F rançaise " —•
pág. 158 — Paris, 1965.
Í6) F. J. D'àlbis, ob. çit.
631
XV - PORCELANA JAPONESA
obre a cerâmica japonesa, não outros, em 1542, quando três mercadores, Antônio da
resta dúvida que eia se fez pre Mota, Francisco Zaimoto, c Antônio Peixoto, lá che
sente no Brasil já nos meados garam. Logo os portugueses estabeleceram uma feitoria
do século XVIII, mas, sobre na Ilha de Kiou-Sou. Na história da vida do Padre
tudo, no século XIX, porém, Francisco Xavier® há informação de grande movi
'são escassas as referências a mento de venda dc mercadorias indianas, remédios,
respeito. tecidos e curiosidades ocidentais pelos portugueses —
Isso talvez, porque as porcelanas Companhias calcuia-se em 300 toneladas de ouro (cm moeda) por
das índias, de origem chinesa, como sabemos, domina ano que saíam do Japão. Os mercadores lusos frequen-
ram ampíamente o mercado e provavelmente as peças - tavam os portos de Bongo, Firando e Imari, confi
japonesas oriundas da região de Hizen, de Arita ou nando-se depois em Nagazaki, onde construíram uma
Imari ou de Kutani eram confundidas com aquelas de iihoía artificial chamada Décima, que mais tarde veio
clássica tradição em nosso meio, monneníe se conside a ser utilizada pela Companhia das índias Holandesas.
rarmos que eias tinham um ponto comum (entre outros) Nesta primeira fase dc comércio eram os portos
que era a sua procedência oriental, a decoração em da Nagazaki e Imari que davam escoamento à larga
geral diferente e exótica, em comparação com os co produção da porcelana nipônica da Província de Hizen,
nhecidos motivos ocidentais, europeus. Além disso, onde se localizavam numerosas fábricas, sobretudo de
conforme pudemos verificar no próprio Japão, pelo Arita que passou a ser conhecida no Ocidente como
menos relativo a peças do primeiro quartel do século '“louça de Imari", por causa do porto de embarque,
XIX, havia uma semelhança muito grande dc pasta como o porto de Macau, na China, deu o nome a
entre as chinesas de exportação e as originárias de um tipo íle porcelana azul e branca de exportação.
Tmari, de uso, sobretudo nas peças populares do gê Porém, este comércio interrompeu-se abruptamente
nero de Swatovv de coloração cinza-azul ado. E também em 1539, por um édito imperial proibindo aos portu
pelo fato dc a grande maioria das peças de exportação gueses sua presença no Japão: "A raça inteira dos
não trazerem marcas, o que colocava o público leigo portugueses, incluindo suas mães, domésticas e tudo
em dúvida quanto à procedência o que até hoje ainda que depende deles será exilado a Macau", reza uma
acontece com determinadas peças difíceis de classificar. das severas cláusulas daquele estatuto.
Existe ainda um outro fator a considerar por “A importação das mais antigas porcelanas japo
analogia. Sabemos que os holandeses carregavam suas nesas que se acham na Europa (é um fato mais ou
naus tanto com encomendas chinesas, como sobretudo, menos fora de dúvida) é devida aos portugueses que
japonesas, de que foram realmente os grandes distri as trouxeram entre 1550 e 1639” ®,
buidores na Europa. Porém, nem todos sabem que os Outras razões também concorreram para a ex
espanhóis do México, desde eras remotas, ou seja a pulsão dos portugueses e o massacre deles em 1641,
partir do século XVI, que a Nova Espanha (México do qual veio também a ser vítima a figura ímpar de
atual) mantinha um regular e intenso comércio com o São Francisco Xavier. Este intemerato e santo missio
Oriente, através da Capitai das Ilhas Filipinas, Manilha. nário havia chegado ao Japão em 1549 e se localizou
Este era um comércio direto das ilhas com o continente em Kagoshima, na Província de Satsuma, onde os
americano. É dito por abalizado autor mexicano que: portugueses se entregavam ao comércio da porcelana.
"Undoubtly the ruost important part of the gaileons No entusiasmo da Evangelização, os missionários
(de Acapulco ou de Manilha como eram chamados) portugueses, particularmente São Francisco Xavier,
consisted of íhousands of pieces of japanese and Chi- procuravam interferir nos motivos da decoração da
nese porcelain destined to satisfy western demand for porcelana, com temas religiosos católicos, coisa que
this fragile delicate and precious ware” W. também desagradava aos japoneses W.
Quanto aos holandeses conseguiram eles cartas
Assim, não resta dúvida que foi de porte a pre patentes para comerciar em 1611 e até se estabeleceram
sença dos artigos nipânicos, que por serem também
na ilha da “Décima", onde estiveram os portugueses,
de superior qualidade e beleza, eram aceitos pelas e as naus holandesas iniciaram intenso comércio. Se
elites, quando não confundidos com os chineses. gundo Kaempfer, a porcelana passou a constituir um
Vejamos como se processou esse intercâmbio artigo regular de comércio, calculando-se (de 1611
nipônico com a Europa e a América. em diante) uma média de centena de caixas. Em 1664,
Os lusitanos foram os primeiros europeus a trafi diz Jaquemarí que chegaram à Holanda quarenta e qua
carem com o Japão. Segundo uns autores, o seu tro mil,- novecentos e quarenta e três peças de porcela
contato teria se efetuado em 1534, quando até intro nas japonesas raras. No mesmo ano saíram de B atavia
duziram o uso das armas de fogo no Japão; segundo dezesseis mil quinhentas e oitenta peças de outras por-
633
PER ÍO D O S CERÂM ICO S DO JA PÃ O
667
fO Jõw o 834 x VÍ! T©tnjl 1124 ill 15 S h o o 1288 É 'S K a i 'O n 1648
634
celanas diversas recolhidas pela Companhia das Índias No que diz respeito aos artefatos destinados à
Holandesas<SL população, lembram eícs as peças conhecidas e classi
Arqueologicamente, constata-se que a primeira ficadas como Swatow, tanto pela impureza e coloração
porcelana, produzida no Japão, foi em Arita, na Pro das pastas, como pela espontaneidade e uma estili-
víncia de Hizen, fabricada por um coreano naturalizado, zação singela mas expressiva nos traços incisivos dos
Ti Cham Pyong, entre 1610 e 1619, embora haja desenhos, estes predominahtemcnte em azul e branco.
referências históricas que levam a supor que a pro A pasta empregada nessa faixa da produção
dução tenha sido iniciada no decorrer do século XVI, assemelha-se a ponto de confundir, a clássica pasta da
como vimos linhas atrás peias crônicas antigas. Essa porcelana Chinesa de Exportação que se apresenta
porcelana tomou o nome de Imari pelo fato de ser em geral em coloração cinza-azulada e uma superfície
embarcada naquele porto. enrugada. Dada essa semelhança, que vem de século,
De 1629 a 1643, a produção já adquire persona temos conhecimento de que serviços inteiros são
lidade com uma feição técnica c comercial definida. exportados em branco do Japão, para serem decorados
Porém nesses primórdios e mesmo mais adiante, tendo por artesãos chineses cm Hong-Kong, à maneira chinesa
em vista a vizinhança e ensinamentos ministrados por e no gênero de Companhia das índias.
seus tradicionais mestres chineses e coreanos, tanto as Quanto aos mercados externos eram preferidas
formas como a decoração revelam a influência destes as peças do gênero “brocado", de apresentação sobre
exímios ceramistas. carregada, porém vistosa, com prevalência dos esmal
A porcelana conhecida por velha Imari (Ko- tes vermelhos, azuis e dourados. Quanto aos dese
-Imari) apresenta duas fases significativas. A primeira nhos predominavam as variantes inspiradas na última
de 1644 a 1660, é iluminada pelo talento de Sakaida fase dc Wan-Li, de faixas geométricas ou reservas
Kakicmon, cujos descendentes irão revezar-se na di ocupando as largas abas dos pratos ou das malgas,
reção do estabelecimento à altura do genial oleiro, o tendo no centro uma reserva maior, às vezes circular,
qual irá notabílizar-se pelo emprego de um tom de contendo figuras ou variações fitoformes, quadrifólios,
vermelho e estilo próprio.
trifólios, etc., entre elas as “cestas de flores”.
O estilo que veio a formar profundas implicações,
Complementavam esses tipos as peças em azul e
acarretará tanto na Europa, como na própria China
e definirá um gênero decorativo japonês na Cerâmica, branco e as policromadas que deram fama a Kakiemon,
inspirado nas pinturas de Muromachi e outras mani de disposição assimétrica e todo um rol espeeifiea-
festações artísticas genuinamente nipônicas do começo mente dc encomenda com siglas, coronéis, legendas,
do grande período de Edo. Assim essa primeira fase emblemas, pavilhões c personagens com indumentária
já encerra duas escolas: a tradicional chinesa e a européia.
nafivista, genuinamente autóctone. De notar, segundo Emmanuel Cooper <7), que os
Segue-se a fase considerada como a Idade de artigos de exportação eram “de decoração elaborada
Ouro do Imari Antigo, que abrange perto'de um e de produção maciça”, o que nos leva a crer que ao
século — de 1661 a 1753. Nela aperfeiçoam-se a contrário da China, que só fabricava o melhor para
o seu mercado interno, fmari dava tanta atenção ao
qualidade do vermeiho, a composição das pastas, a
seu mercado externo quanto aos fornecimentos de sua
diversificação dos motivos; e a organização fabril e dite. Outro ponto citado pelo referido autor, é que
comercial se aparelham para enfrentar vasta demanda. Imari, já no século XVIII, não só fabricava excelente
Nesse período, Imari passa a assumir no Japão porcelana como passou também a desenvolver a
o papel de Chintehchen na China: tem que abastecer técnica do decalque (transfer-printing), Não especifica
o mercado interno, satisfazer o externo, fabricar arte o autor se esse “transfer-printing” era em cores ou
fatos ao gosto e ao uso domésticos e esmerar-se em monocromo, se sob a glasura ou sobre o vidrado.
atender a uma clientela ocidental exigente e sofisti Podemos no entanto afirmar, com peço de nossa
cada, através, mormente, dos mercadores holandeses. coleção, que no primeiro quartel do século XIX, o
Segundo Hazcl H. Gorham í© porcelanas japone “transfer-printing" em azul, sob o vidrado, era executa
sas chegavam a ser contrabandeadas fora do Japão por do eximiamente em peças de uso popular (de pasta
mercadores chineses para serem vendidas nas Índias cínza-azulada). Há informação que mais tarde também
Orientais Holandesas e até mesmo na índia. Informa foi utilizado o decalque colorido.
também que em 1664, uma das embarcações batavas Informa-nos outra autora, Hazel H. Gorham í8>
carregou mais dc quarenta e cinco mil peças de porcela que cedo no século XVIII, os japoneses começaram
na de Imari, diretamente para a Holanda, a usar uma espécie de máscara (estêncil) para fundos
Na parte doméstica sua produção destina-se à e cercaduras de peças.
todas as classes sociais, fabricam tanto o mais requin Utilizavam também um processo sui-generis,
tado e artístico adorno como o mais simples e utili prático e eficiente. Coziam a fogo alto, apenas parte
tário vasilhame. Fornecia ao Palácio Imperial de das cores que haviam escolhido para compor a decora
Kyoto, aos monges shintoistas, a aristocracia urbana ção e ao mesmo tempo riscavam em azul cobalto os
e rural e ainda ao Sho-Gun, como também a parte demais desenhos que numa segunda etapa, a fogo
menos afortunada da população. brando, seriam executados com outras cores. Assim já
Com referência aos produtos destinados aos ficavam delineados nas peças os outros motivos a
elementos oficiais eram eles esmerados, tanto em azui serem coloridos à temperatura diferente. Não c raro
e branco em que transudava a influência dc Wan-Li perceber-se cm peças do século XIX, os riscos de
como nos “brocados” em que transbordava o virtuo cobalto formando o contorno de outros motivos colo
sismo policromico e gráfico. ridos — sobretudo do dourado.
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Os japoneses por intermédio de Imari, tiveram o a valorização das flores e enLre elas a mais cantada
mérito raro, de atrasados no tempo no fabrico da pelos poetas, a rosa já celebrada por Ronsard, o prín
porcelana, de humildes e modestos discípulos dos cipe dos poetas franceses. Sobretudo, a figuração hindu,
coreanos e chineses, imporem-se rápida e progressiva- cuja representação é diferente da Ocidental, empre-
mente como grandes ceramistas, igualando, quando goii-a em suas faianças e porcelanas, chamando-as dc
não superando os mestres milenares em arte, cm qua “fleurs des Indes”, Os alemães não deixaram dc sc
lidade e em criatividade. R. Picard, J. P, Kerneis e prender também aos mesmos encantos e em sua cerâ
T. Bruneau (Lcs Comp. des Indcs, Arthaud) infor mica vem ela exotícamente denominada de "Indianisch
mam que o azul e branco japonês chegou em deter Biumert”.
minada época, a apresentar-se de melhor qualidade. O Japonismo encerra ainda em si uma importante
E no mercado internacional, a porcelana japonesa do característica que é a concepção introduzida por Kakie-
século XVII apresentava-se mais cara do que a chi rnon, o genial revolucionário da assimetria na pintura
nesa! O custo em certa época (século XVII) era dc no que foi seguido tanto com contrastes fortes de tons
0,64 florins para a japonesa e 0,14 para a chinesa como nas mais suaves nuances dc coloridos esvoaçados
Imari desempenhou sem dúvida um relevante por Kutani. Com a disposição dos motivos ou dos
papel na história da decoração universal e disputou volumes crõmicos de forma assimétrica (ao contrário
com a China a atenção e a preferência dos Ocidentais, do sistema do brocado, que preenche todo o campo
Aquela desde o século XVI, que havia acrescido ao da peça) e destacados sobre o fundo do prato, é con
repertório da Arte, o termo Chinesice, para designar ferida à composição, não só um destaque no desenho
um conjunto sui-generis, de ornatos e de composições. como leveza no conjunto. Esta concepção levou Yung-
Mais tarde no século XVIII, volta a penetrar esse -Cheng no seu curto reinado a adotar todo um largo
estilo, em grande pompa nos ambientes palacianos esquema baseado não só na assimetria como na esco
ocidentais, seja através dos biombos, tapetes, brocados lha de preferência dos temas florais, e, com essa dire
e móveis laqueados com verniz Martin, marfins e a triz singela, em contraste com a exuberância e o vir
porcelana chinesa, inspirando outros espécimes locais, tuosismo de Kang-Hsi, realiza uma série tão elegante
copiados à maneira chinesa na Europa e ainda cm c leve de criações, quanto pródiga de encantos e deli
pavilhões espalhados em jardins. No próprio Brasil, cadeza, a ponto de seus produtos revelarem-se dos
vamos encontrar aquela benfazeja inspiração oriental, mais reputados da dinastia Ching no mercado inter
diferente e bela, tanto na arquitetura como na ebanfs- nacional.
tica e na pintura, nos tetos apagoados de Ouro Preto O Japão, como dissemos, também influenciou os
e alhures, assim como, em arcas e portas de armários ceramistas do Imperador Kicn-JLung, a ponto deie
reproduzir durante largo período toda uma categoria
e de igrejas decoradas com as Chinoiseries. O mesmo
de padrões usados no Japão, tão importante esta pro
acontece com o Japão que desde o século XVI, através dução cm qualidade e quantidade c motivos copiados
das interpretações originalíssimas de Kakiemon e tam que passou a constituir uma sub-classificação da famo
bém dos excelentes produtos de Kutani na Província sa porcelana chinesa “Companhia das índias", conhe
de Kaga, passa também a impressionar o meio artís cida como “Chinese Imari*'.
tico europeu. Desse repertório chinês, destaca-se o motivo
Desde o século XVIII, que na Inglaterra (Chelsea, conhecido por “Cestas de Flores” (Flowers Baskct).
Bow, Worcester), na França (Chantílly, Strasburgo) Este belo ornato foi posto em evidência pelos argutos
e na Alemanha, se constata na produção a inspiração japoneses, que o foram exumar entre um dos oito
do novo, elegante e original repertório japonês. remotos símbolos sagrados do Taoismo. Este motivo
E o mais surpreendente é que na própria China, foi larga e exaustivamente empregado na azulejaria
durante certo período, é assinalada também aquela ç faianças flamengas, c como dissemos, profusamente
influência que não só se transmite à porcelana, como fabricado pelos chineses para o Ocidente c chega
a outros setores das artes menores como na tecelagem,
mesmo a causar confusão com as peças similares feitas
no marfim, na madeira e no jade, em que o artesão
chinês transplanta também parte dp folclore nipônico, em uma ou outra nação no mesmo período, tal a per
feição do desenho e a semelhança da pasta, Segundo
No século XIX, volta aquela tradição artística
pela década de 1870, num verdadeiro renascimento. King-Kong-Lee, “expert" chinês (Gammon Housc
Exumam-na do esquecimento em que haviam caído Hong-Kong), no século XVIII a pasta do “Chinese
vários ceramistas europeus entre eles; De Morris, De Imari”, é mais alva do que o similar japonês,
Morgan, Havilland, Dcck, etc., que aproveitaram para Imari, ta! qual no esplendor de sua Idade dc Ouro,
enfeitar o florido bouquet que veio a se constituir no continua a brilhar ainda intensamente na constelação
movimento do Art-Nouveau, que empolgou a Europa. dos países amantes do belo cerâmico daquele criado
Esse estilo japonês passou a ser conhecido por pelo engenho e sensibilidade humana. Há na porce
Oricntalismo, Japonísmo ou mesmo Indianismo, diferin lana, para os que sabem ler fora da rotina escrita e
do no tratamento da forma, do desenho e da cor por dos cânones clássicos, impostos à nossa formação, um
uma gama um tanto maior de variedades do estilo chinês poema gravado ou uma mensagem a ser captada, que
das “Chinoiseries", apegando a interpretação uniforme fala a alma sensível, através da elegância plástica das
clássica do folclore, do simbolismo e da religião, O formas, seja através da harmonia das cores ou dos
japonês tem por característica a prevalência dos temas motivos,
Ilorais e seus arranjos que seriam cotados no Oriente Imari continua a fabricar serviços de concepção
Médio (Pérsia e índia) e no Extremo Oriente, no moderna avançada como também a exemplo do que
Japão, para compor uma vasta e colorida mostra para ocorre na China, a reproduzir com notável arte os seus
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belos modelos antigos, mais apreciados peio público 2. ° — Quando o Senhor de Satsuma contrata
local e internacional. Destes aparelhos, são os mais Ninsei para trabalhar em Kagoshima com sua equipe,
conhecidos "The Dutch", cujo motivo vem sendo período cm que o produto é apenas conhecido por
repetido desde do século XVII, até hoje. Outro é a “louça dc Satsuma” .
cópia do serviço, lembrando as figuras de Luiz XIV 3. ° — Quando parte dos artesãos dc Ninsei
c Mme. de Montespan, que contínua cm fabrico. voltam a se estabelecer em Awata e esta cerâmica
Há também, segundo consta, exportação de peças passa a ser denominada de Kyo-Satsuma.
de porcelana cm branco, para serem decoradas fora. A As louças abrangendo esses três períodos ao que
decoração definitiva é procedida, a mór das vezes, em se pode deduzir, mantinham na realidade afinidades
ateliês particulares em Hong-Kong c à maneira chinesa, marcantes, já que tomaram expressão artística juntas
como os gêneros “Mandarim", “mille-flcurs”, "gravia- com a presença de Ninsei e a escola que lhe deu con
ta", etc. e também no gênero Companhia das índias, tinuidade. Consta que a idade de ouro de Satsuma foi
aproveitando pastas cinza ou verde azuladas. Em geral a primeira metade do século XIX.
essas peças vêm estampilhadas sobre a glas ura cm ver Essa louça de Satsuma tem características defi
melho com os dizeres “Dccorated in Hong-Kong”. Esse nidas, pois a sua pasta (de faiança fina) tem uma
tipo de pasta, segundo Lacrtc Ottoiano (S. Paulo) é coloração idêntica ao “crcam coloured wure”, ou seja
proveniente da região de Scto no Japão. ligeiramente cor de palha ou amarelada. Outra carac
Essas peças rodam por várias partes do mundo, terística: o fino e decorativo craquelé de seu vidrado.
dos mercados Orientais, para os Ocidentais, de lojas Quanto à decoração, é ela de regra, sobrecarre
variadas para antiquários, de antiquários para leilões. gada, com renas, personagens, cabeças, bustos, flores,
De Hong-Kong, China Town, Marché aux Puces e, etc., ocupando os temas quase todo o corpo das peças,
digamos também, Manaus correm também junto com sobressaindo o uso intenso do dourado e de cores
as reproduções chinesas modernas, como cavalos de suaves. Porém é de notar que parte de sua produção,
estilo Tang, as “ Famílias Negras”, os “céladons”, os de excelente qualidade, revela um artesanato dg alto
“flambes”, tanto em terracota como cm louça esmal padrão.
tada.
Não dispomos de dados até o presente, para afir
Acreditamos que enquanto o chinês nos fascina mar sobre a importação consignada ao Brasil, das
na elegância das formas e na técnica do fogo, o japo iouças japonesas; acreditamos que das aqui chegaram
nês, pelo tipo de decoração demonstra um espírito misturadas com as peças de Companhia das Índias,
mais livre, se o primeiro tenta nos mostrar o belo trazidas pelos portugueses ou pelos holandeses, Mas
material, o japonês nos transporta através da poesia pelo que vimos, Portugal teve a prioridade desse trá
a um belo subjetivo. fico durante quase um século, dc L542 a 1639, (embo
Não da cópta do belo natural que um Deus criou ra no final, compartilhada pelos flamengos quando
através da Natureza para nossa perene contemplação, começou a se processar a expulsão dos lusitanos
mas sim do belo criado pelas mãos humanas através daquele país).
da sensibilidade, interpretando a arte como sua mente Acreditamos que peças japonesas desse período
ímagjna livremente. quinhentista e seiscentista nao tenham chegado ao
Outro centro cerâmico japonês de interesse para Brasil por intermédio de Portugal; os inventários a
esse respeito sc calam.
o Brasil é o de Satsuma, já que mormente no século
XIX, cá vieram ter peças daquela procedência. Porém, os holandeses assumiram também com
Portugal esse comércio em 1611, continuando peio
Sobretudo de adorno como monumentais jarrões c
século XVII adentro, e segundo as crônicas fizeram
vastos medalhões, a concorrer nos nossos salões aristo regularmente grandes importações de porcelana japo
cráticos imperiais c republicanos, em estáticas postu nesa para distribuição.
ras, com os vasos de Sèvres em “bleu du roi”, e os Ê possível e provável que naquele período tenham
Capodimome, super povoados de anjos e figuras! trazido para o Brasil, além das faianças de Holanda,
Peio que se pôde apurar, o seu fabrico teve início as porcelanas japonesas que já vinham sc integrando
no século XVII, por coreanos que haviam se estabele em seus hábitos domésticos e de negócio, já que elas
cido na Tlha de Kyushu em águas japonesas. faziam parte considerável de sua extensa pauta de
Por volta de 1650, consta que o Senhor da Pro exportação para o resto da Europa.
víncia de Satsuma, que admirava os trabalhos dc Com referência ao século XVII, sabe-se que a
Nonomura de Ninsei, um famoso artista estabelecido importação também era volumosa c que a Holanda era
em Awata, em Kyoto, o contratou com sua equipe quase a exclusiva distribuidora na Europa.
para dirigir a fábrica de Satsuma em Kagoshima. Lã Os portugueses, conquanto mantivessem o mono
em Awata, Ninsei jã produzia artigos excelentes conhe pólio de exportação dc seus artefatos para o Brasil,
cidos por Faiança de Awata. Após a morte do brilhan não deixavam de trazer em suas naus também artigos
te ceramista, parte de seus discípulos se dispersa; uns tíe outros países consignados à Colônia — isso porque,
permaneceram em Satsuma, outros voltam a se esta se havia um édito real proibindo o comércio estran
belecer em Awata, em Kyoto. geiro com o Brasil, havia outro que permitia a entrada
Assim sobre a produção que reúne pontos em no país de artigos alienígenas uma vez que fossem
comum, dc Awata e Satsuma, há très tempos a con embarcados em naus lusitanas, conforme reza o alvará
siderar: régio dc 7 de novembro de 1770.
1,° — Nonomura Ninsei em Awata fabrica um Assim, havia peio menos no século XV1[f (e já
ripo cerâmico chamado de Faiança de Awata. vímos que também no XIX) uma brecha, o que vem
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explicar a proliferação de artigos estrangeiros no gões nas reservas e decoração a vermelho, ouro e verde,
Brasil, antes da abertura dos portos, como manteiga, com marca atribuída a Kutani (século XVIII).
queijos, vinhos, tecidos, cerveja, etc., inclusive a porce Outras peças, também do século XVIII, tipica
lana japonesa. mente Imari (Arita) são provenientes de Diamantina:
Nas recentes pesquisas realizadas no Nordeste, trata-se de pratos de sobremesa, com borda "ajourée"
em locais ocupados no século XVII pelos batavos, c faziam parte do serviço de mesa (junto com outro
certa mente serão encontrados fragmentos dessas visto aparelho chinês do tipo Macau) da famosa Chica da
sas louças, como a recuperação de naus afundadas em Sjva e do contratador de diamantes, não menos famo
nossa costa, provindas da carreira da índia, deverão so, João Fernandes de Oliveira, O remanescente desses
atestar a presença daqueles artigos. aparelhos encoi)lra-se com um dos seus descendentes,
Por enquanto conhecemos poucas peças de filia o colecionador Antenor Edmundo Horta, morador no
ção convincente. O sociólogo Prof. Gilberto Freire, Município dc Esmeralda, cm Minas. Várias coleções
esclarecido colecionador, entre belos exemplares de particulares detêm um mostruário diversificado dessas
porcelana variada que recheiam o seu aprazível reduto porcelanas nipónicas em que se incluem também,
de Apicucos, mostrou-nos um medalhão que havia pratos e jarros “Satsuma” adquiridos no Brasil, como
pertencido ao padre Morais (há uns cento e cinquenta a de Renato Magalhães G OUvêa c Armando Arruda
anos) — peça muita bonita, com faisão no centro, dra Camargo.
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Sécs. X V U IfX lX PO R C E L A N A JA PO N E SA
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SÉc. X I X P O R C E L A N A JA PO N E SA
674
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Sécs. X V lli/ X I X PO R C ELA N A JA PO N E SA
xy
Na parle dc cirna, uma rica travessa quadrada e ao lado, um prato vaiado tendo como motivo central a cesta de pores f"flower
baskci"), motivo Taoísta e copiado profusantcnte no Japão, c na faiança holandesa; o medalhão é da coleção do Dr, Armando Arru
da Camargo t o prato qut pertenceu a C hka da Silva, falecida em 1796, é de propriedade de Seu descendente, Sr. Antenor Horta.
A peça i dos meados do século XVIII, de fabrico de Imari, do género vasado (fret n-ork), motivo clássico (das cestas) conhecido
por “Waisunagni". A travessa oval ão centro é de procedência pernambucana c faz parte do coleção de Renato Magalhães Couvêa
(S. Paulo). O prato azul (com a reprodução do reverso) é um prato raro conhecido por “maço. o sapo e o peixe", inspirado etn
gravura holandesa. Ê atribuído â época de Kyo-Ho (1716-S735), proveniente de Jfirado.
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Séc. X IX PO R C ELA N A JA PO N E SA
680
679
682
681
642
Sécs. X V U I/X IX PO RCELANA JA PO N E SA
(Imari)
643
Séc. X IX PORCELANA JAPONESA
(Imari)
69 1
Ó44
Sécs. X V I I 1 / X I X PORCELANA JAPONESA
645
Séc. X IX PO R C E LA N A IM A R Ï
( d e e x p o rta ç ã o e u s o in te r n o )
646
B I B L I O G R A F I A
647
XVI - PORCELANA CHINESA
649
lira pois naquela companhia selecta que nos a única maneira de enfrentar aquela concorrência para
chegavam “as jóias preciosas de Joat-Cheou”, como os armadores americanos em franco e regular inter
cognominava o Padre d’Entrecalles a porcelana câmbio com o Extremo Oriente, era de comprar na
chinesa. China, o matéria] mais grosseiro c portanto o mais
Sc essa jóia não era um produto rutilante da barato. Porém estas importações não excluem a pre
Natureza, o era certamentc do engenho humano, dada sença de belas malgas policromadas com assuntos
a complexidade e a perícia exigidas para produzi-la. rorte-americanos, nem a presença de uma série de
O oleiro operava um milagre. Transformado em baixelas encomendadas ao Oriente para a sociedade
mago de um troço de terra informe fazia surgir das local como as de aba Fitz-Hugh, as policromadas
labaredas, numa metamorfose digna de um alquimista similares aos serviços do Conde de llamaraty e do
sobrenatural, um puro, cristalino e translúcido objeto Duque de Palmeia, em Portugal, entre tantas outras,
de arte. nem os diversos serviços com decorações de persona
Curioso notar que enquanto a civilização grega lidades como Martha Washington e outros diferentes
se pautou pelos padrões sóbrios e frugais dos povos ostentando a Ordem de Cinciimali ou o seio americano.
guerreiros e produziu a mais notável floração artística Mas o que é certo é que a China continuou a
naturalista, como das mais luminosas expressões cul exportar dentro de seu clássico c milenar critério —
turais de que se tem notícia, a oriental primou pela louça fina, louça regular e a “grossa" (como eram
exuberância e pelo tequiute, Esmerou-se tanto no luxo, conhecidas nos manifestos de bordo) e que segundo
na manifestação do fausto e do aparato, como na o gosto de cada região para lá mandava o gênero e
exaltação dos sentidos c também no apuro artístico. tipos que seus consumidores exigiam — salvo é claro
E no correr do tempo vamos assistindo à requisi os produtos especiais destinados aos Palácios Imperiais.
ção e integração pelo Ocidente a começar pelos Roma Pelo menos no que diz respeito ao Brasil, con
nos, daquela parafernália que nos encanta a vista, fala tinuamos no século XIX a importar todo aquele
ao paladar e incita à lascívia. mostruário variado que os fornos sempre acesos c
Não é sem razão que Baudelaire cm “Invitation ativos da velha Cathay exibia — fossem aparelhos
au Voyage”, diz ã sua bela, referindo-se ao Oriente e utilitários, fossem peças de adorno, tanto peças poli
aos barcos de lá vindos: cromadas em que se incluem as armoriadas com siglas
" . . . C'est pour assouvir como a gama variada dos azul e branco, cm que domi
Ton moindre désir navam os “ Pombinhos” ou “Salgueiro”, e ainda as
Qu’ils viennent du bout du Monde! peças carregadas de esmaltes grossos, conhecidas por
— Lá tout n’est qu’ordre et beauté "graviata", os mandarins de diferentes categorias e
Luxe, calme et volupté”. malgas e pratos grosseiros do género Swatow.
Pode-se dizer, que nesses cinco reinados que A prova dessa diversificação é exibida neste livro
cobrem o século XIX, não furam criadas novas “Fa em citações c estampas acrescida do material encon
mílias", nem novos esmaltes e novos nionocromos, ou trado na nau de Mont Serrat, cujos salvados são uma
outros gêneros inéditos que chegaram a celebrizar amostragem viva e positiva do material chinês por nós
vários reinados anteriores! importado.
Ao que parece, o gênero chinês e a inventiva de Mas devemos relembrar que aquela concorrência
seus oleiros já nos haviam legado o que de mais subli internacional entre artigos chineses e ocidentais e
me podia alcançar o homem no domínio do fogo e da disputa de mercado no Ocidente já vinha de séculos
matéria; restava a estes últimos imperantes apenas a anteriores, e que a preferência da sociedade ocidental
tarefa inglória de não desmerecerem do passado, des se manifestara francamenle de começo pelas porcela
dobrando-se para manter o alto padrão de sua louça nas chinesas e japonesas no cotejo com as faianças
fina c ao mesmo tempo produzirem em massa, artigos clássicas.
inferiores para contrapor-se em desvantagem, à mortal Nesse duelo, os produtos orientais haviam se
concorrência das faianças finas e das porcelanas euro conduzido galhardamente durante os séculos XVI,
péias, a mor parte delas produzidas industrialmente. XVII c XVIII, períodos em que eram disputados e
E diga-se que todo esse esforço chinês de pro que chegou a constituir mania a sua posse, co-habilari
duzir artigos finos, de reco pi ar serviços ainda em voga do com destaque nos palácios, nas mansões da nobreza,
como o cio tipo Macau, os mandarins e muitos outros, do clero e da burguesia com a faiança ibero-mourisca,
assim como artigos inferiores tipo Swalow, era feito a italiana, a francesa e outras.
na base de puro artesanato. Pórém no século XIX, a situação difere pois que
O Japão com suas magníficas produções sofreu, a partir do século XVIII, as porcelanas de Meissen
ao lado da China, das mesmas vicissitudes; porém [ 1709) e a seguir as de Sèvres e de Limoges e ainda
Imari no começo do século, em parte de sua produção, as inglesas entram no mercado, porém no começo ainda
passa a aplicar o decalque para minimizar esforços e a preços mais altos do que as orientais.
reduzir custos, assim como passou a utilizar-se tam Mas na segunda metade do século XIX, com a
bém do processo da máscara (estêncil). avalanche de vasilhame atraente com que a revolução
Há quem diga que pelo menos no que díz respei industrial abarrota os mercados a preços baixos, os
to aos Estados Unidos®, a produção chinesa no produtos chineses tendem a ser preteridos. Um fato
século XIX decaiu bastante em qualidade. no entanto que cabe observar é que acreditamos que
Acreditamos que esse fato se circunscreva ao o Brasil, tenha sido um dos últimos países a deixarem
mercado norte-americano, onde os produtos chineses dc importar regularmente as louças chinesas tão enrai*
lutavam para não serem desalojados pelos ingleses. E gadas estavam elas cm nossos hábitos, fossem as louças
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p e r s o n a l i z a d a ; e m a is f in a s p a r a a s u a e lit e com o os nuou a ser r e p r o d u z id o p e lo s c h in e s e s so b v a r ia n t e s
v a r ia d o s tip o s de azu l e branco, in c lu in d o -s e n esta d iv e r s a s d a d o o agrado de su a decoração, ch egan d o
s é r ie o p r o tó tip o p o p u la r c o n h e c i d o por P o m b in h o m esm o a té o s é c u lo a t u a l, so fr e n d o no en ta n to no
( W illo w T r e c ) e q u e era m a is c o n h e c id o p o r M a c a u . d ecorrer d o te m p o um a p r o n u n c ia d a d e g e n e r e s c ê n c ia
A s s im no B r a s il, d e p o is dc 1350, a p o r c e la n a ta n to d e p a sta c o m o d e d e s e n h o e c o lo r id o .
c h in e s a c o n t i n u o u a in d a a o l a d o d a s e u r o p é ia s , a s e r M as v o lta n d o ao tr á fe g o , G oa e M acau eram
a d q u ir id a p o r n o s s o s m a i o r e s , e m b o r a e m m e n o r e s c a la . s u b - d is t r ib u i d o r e s por fo rça da im p o s iç ã o da C oroa
A p r e fe r ê n c ia da e lite b r a s ile ir a com eçou a e do m o n o p ó lio d o c o m é r c io r e s n o l, a s s im os co n su
d iv id ir - s e en tre a o r ie n t a i e a o c i d e n t a l, já a o tem p o m id o r e s n o Ejtrasil a n t e s d a I n d e p e n d ê n c i a t in h a m que
d a In d e p e n d ê n c ia . P o r é m s o m e n te p e lo s id o s d e 1 8 7 0 , p a g a r o so b r e -p r e ç o d e to d o s o s a r tig o s q u e as naus
é que e la pende p r o n u n c ia d a m e n t e p e la s p o r c e la n a s p o r t u g u e s a s ía t n a d q u ir ir n a s f o n t e s c h i n e s a s d c e x p o r
e u r o p é ia s , so b r e tu d o de L ím o g e s por su a boa q u a li ta ç ã o c o m o C a n tã o , N a n k ím , S w a t o w , e tc .
d ad e, bom g o sto e grande v a r ie d a d e de padrões
D onde d e d u z ir -s e , é c la r o que a p o r c e la n a lá
a d a p ta d o s a o s m o d is m o s e m voga.
a d q u ir id a , a p esa r dos fa v o r e s fis c a is o u to r g a d o s por
D esap arece ou d im in u í s e n s iv e lm e n te o in t e r e s s e D om João V I, em 1 3 d e m a i o d e 1 8 1 0 , a in d a e r a m a i s
p e lo s s e r v iç o s m o n o g r a m a d o s o u se m s i g l a s o r ie n t a is , cara do q u e a q u e la a d q u ir id a n a s f o n t e s o r ie n t a is —
m e s m o p o r q u e le v a v a m e le s d o i s a n o s p a r a s e r e n t r e essa s itu a ç ã o , verem os m a is a d ia n t e , ir á m o d ific a r -s e
g u es, e n q u a n to os eu ropeus le v a v a m apenas a lg u n s a p ó s a I n d e p e n d ê n c ia , com g ra n d e p a rte d essa s c o m
m eses. pras efetu a d a s d ir e t a m e n t e nas fo n te s E x tr e m o -
O q u e fo g e a e s sa regra sã o as p eça s d e ad orn o - O r i e r u a is p e l o s b r a s ile ir o s .
m o n u m e n t a is com o ja rrõ es o r n a m e n t a is c h in e s e s e
In fo r m a -n o s P edro C a lm o n in p r e fá c io de “O
j a p o n e s e s p a r a e n f e i t a r o s g r a n d e s s a l õ e s d e P a lá c io s
B r a s il e a L ouça da ín d ia ” , q u e d e sd e 1 7 8 7 , barcos
d o G o v e r n o e d e m a n s õ e s s e n h o r i a i s , a o la d o d o s v a s o s
de arm adores e s ta b e le c id o s no B r a s il, d i s p u n h a m de
e â n fo r a s d e S è v r e s e d o s a b a r r o c a d o s C a p o d im o n le ,
c o n c e s s ã o d e t r á f i c o c o m o O r ie n t e e n o s c it a A n t ô n i o
d e d ú b io s p e r í o d o s .
da S ilv a L is b o a que cm 1832, p o s s u ía um a f r a g a ta
P e lo q u e v im o s , a e x t i n ç ã o o f i c i a l d a C o m p a n h ia em s e r v iç o de C a lc u tá para o R ecôncavo!
I n g le s a das ín d ia s O r ie n t a is e m 1334, não chegou a
M esm o fen ô m en o ocorre nos E sta d o s U n id o s ,
a f e ta r o f o r n e c i m e n t o d a p o r c e l a n a c h i n e s a n o B r a s il,
q u a n d o em 1834, com a e x t in ç ã o d a C o m p a n h ia d a s
que s e e s te n d e b em a lé m de 1 8 5 0 , c o m o já d i s s e m o s ,
ín d ia s I n g le s a s , os a m e r ic a n o s i n c e n t iv a m por su a
e q u e s e a r r a s ta m e s m o a t é o s é c u l o X X . O s a g e n t e s
c o n t a e c o m s e u s p r ó p r i o s a r m a d o r e s o c o m é r c i o d ir e t o
d a q u e la p o d e r o s a e m p r e sa e s ta b e le c id o s n o B r a s il n ã o
m a is se in t e r e s s a r a m por su a d is t r i b u i ç ã o , em p en ha com o O r ie n te , u san d o um t ip o de v e le ir o que se
m e n t o s , s a l v o p o r v á r io s a p r e s a m e n t o s o c a s i o n a d o s p o r A hedo
p ir a t a s in g l e s e s , h o l a n d e s e s , f r a n c e s e s e a t é d in a m a r C crv a n tes (R o eo có ) s o p e ir a Buda c/ b ra sã o
q u e s e s , n a r o ta e n t r e M a n i l h a e A c a p u l c o ! S e lv a N e v a d a
R e v ilta g ig e d ü
A c a p u l c o h a v i a s e t o r n a d o u n i c e n t r o d is t r ib u id o r
A c a d e m ia d e San C a r lo s d e la N u e v a E s p a n h a
d a q u e l e s p r o d u t o s n o C o n t in e n t e A m e r i c a n o e a n u a l-
J u r a m e n t o d e F e r n a n d o V I I e m V a íla d o J id
m e n te lá h a v ia um a f e ir a c o n c o r r id a onde o u tr o s
C o n d e d e ta C o r t in a
p a ís e s su l-a m e r ic a n o s , so b r e tu d o o P eru , ia m a b a s
P r o c la m a c io n dc C a r lo s I V
tec e r -se de p o r c e la n a fin a e m esm o rece b e r se r v iç o s
F ernando V II
b rason ad os en co m en d a d o s a tra v és dc A c a p u lc o e
F a m ília R o s a
M a n i l h a à C h in a .
F a m ília S a n c h o d e T e ja d a
A s s im , o M é x ic o d e sfr u to u d e s d e c e d o e in te n s a F a m ília G á lv e s
m e n te d a q u e le s r e fin a m e n to s o r ie n ta is . A in d a r e c e n te -
O o u t r o p a ís d a A m é r i c a q u e d e s d e o s p r im ó r d io s
m e n te fo ra m en co n tra d o s fr a g m e n to s de p o r c e la n a
r e c e b e u a q u e l e s s o r t i m e n t o s c o m o já v i m o s , f o i o n o s s o
c h in e s a , quando da a b e r tu r a de um a das lin h a s de p a ís . N a r e a lid a d e a f a m o s a “ L o u ç a d a í n d i a ” , a c o m
m e tr ô n a c id a d e do M é x ic o , seg u n d o In fo rm a çã o do p a n h o u d o r e m o to O u in h e n tis m o , o u se ja d o b e r ç o d e
d ir e t o r d o M u s e u d e T ó q u i o .
n o s s a f o r m a ç ã o , o c r e s c i m e n t o d o B r a s i l c o a p r im o r a
I m p o r t a v a m o s e s p a n h ó i s , p e ç a s e m m a r f im , c o m o m e n to d e su a s o c i e d a d e , p o r m a is d e tr ezen to s a n o s,
ta m b ém c a b e ç a s d e v ir g e n s e m ã o s d c s a n t o s , a v u ls a s c o m p a r t i l h o u ( p r e s e n t e à s m e s a s s o i a r e n g a s ) d o s h ã b i-
p ara serem e m b u t id a s cm su a i m a g in á r ia t a lh a d a na eos d e n o s s o s m a io r a is , s e j a n a in t i m i d a d e e r e c a t o d a s
N ova E sp an h a. A té c a s u la s de m is s a , e m brocados r e fe iç õ e s d iá r ia s , se ja n o s d ia s d e fe s t a , n a s e x ib iç õ e s
r ic o s e b ordados e x c e le n te s eram encom endados a d e g a la , a i n d a à l u z d e v e l a s , c a n d e l a b r o s e c a n d i e i r o s .
C h in a . H o je os m o s tr u á r io s dos m u seu s ou as paredes de
652
m u it a s c a s a s , o u v it r in a s a t e s t a m o b o m g o s t o e o J o h n M a w e , o in c a n s á v e l o b s e r v a d o r , e m 1 8 0 8 ,
a p e g o à t r a d iç ã o e c o m o p á g in a s s o l t a s d e u m á lb u m a i n d a c o m e n t a : “ A lo u ç a d e M a c a u , c o m o e r a c o n h e
de f a m ília que se m a n u s e ia com c a r in h o e r e s p e it o , c id a , p r o c e d ia de Shangai (? ) ...v in h a com o la str o
r e le m b r a n d o p a s s a g e n s de n o sso p a s s a d o , d a h is t ó r ia n o f u n d o d o s n a v i o s e s e j u lg a v a in d ig n a d e a p a r e c e r
d a a r te e d e n o s s o s c o s tu m e s . n a s m e s a s d a a r is t o c r a c ia e d a b u r g u e s ia o p u l e n t a , e r a
Sc c o n fr o n ta r m o s as r e fe r ê n c ia s h is t ó r ic a s e as r e le g a d a a o u s o d o s e m p r e g a d o s e d o s d e p e n d e n t e s d e
p eças a in d a e x is te n te s , haverem os dc c o n v ir que de b a ix a s itu a ç ã o s o c ia l. M a is a d ia n te p r o s s e g u e : “Q u a se
lo n g e o s é c u lo X I X se a p r e se n ta c o m o m a is r ic o e to d a s as fa m ília s de tr a ta m e n to p o s s u ía m b a ix e la s c
v a r ia d o a c e r v o e m P o r c e l a n a C h i n e s a . M ú l t ip l o s f a t o a p a r e lh o s dej chá da ín d ia , f e ito s às vezes de enco
res ir ia m concorrer para esse fa to , porém o fa to r m en d a s d e c o la d a s a g o s to d o p o s s u id o r c o m s e u b r a sã o
d e c is iv o fo i a c h e g a d a d a F a m ília R e a l e d a C o r te a o d e a r m a s q u a n d o t in h a
B r a s il e m 1 SO S, o n d e D o m J o ã o p e r m a n e c e u t r e z e a n o s . F r is a e le q u e a lo u ç a d e M acau (s ic ) em 1808
I m p r e s s i o n a n t e a q u e la m ig r a ç ã o ! U m c o m b o io e n o r m e s e d e s tin a v a à fa m u ta g e m e a p o lic r o m a d a (à s vezes
c o m p o s t o d e q u a r e n ta n a v io s , d e z e s s e is v a s o s d e gu erra a r m o r ia d a ) a o u so d a s d o n a s d e c a s a . O q u e é c erto ,
6 a in d a o u t r o s d e e s c o lta para t r a n s p o r t a r a F a m ília ta n to n o B r a s il c o m o n a E u r o p a , é q u e o p r e ç o d a q u e la
R e a l, a n o b r e z a m e t r o p o lit a n a e s e u s a g r e g a d o s , n a d a era in fe r io r à c o lo r id a ,
m enos do que 1 5 ,0 0 0 p e ss o a s! C o m e le v im o s e x a u s ti O q u e M a w e n ã o e s p e c ific a n e m n o s c o n ta é q u e
v a m e n t e n o " O B r a s il e a L o u ç a d a í n d i a ” , v e i o n ã o s ó e x is tia m v á r io s m o d e lo s d a c h a m a d a lo u ç a d e M a c a u ,
um a q u a n t id a d e a p r e c iá v e l de s e r v iç o s das ín d ia s , d a s m a is f in a s c o m o d a s m a i s g r o s s e i r a s e m a is b a r a
c o m o o s n o b r e s d e r e g r a , t r o u x e r a m o u f iz e r a m t r a z e r ta s. A c r e d ita m o s q u e se ja m e s s a s e as c o n h e c id a s p o r
p o s i c r io r m c n t e a s s u a s r ic a s b a i x e l a s . A c i d a d e d o R i o “ P o m b i n h o s ” a s q u e e le s e r e f e r e .
d e J a n e ir o , q u e c o n t a v a c o m 5 0 , 0 0 0 h a b it a n t e s c m C abe a esse r e s p e ito u m a e x p lic a ç ã o . O azu l e
1 8 0 8 , já e m 1 8 1 7 a p r e s e n t a v a u m a p o p u l a ç ã o d e m a is b r a n c o , a q u i n o B r a s il g e n e r ic a m e n te n a é p o c a , e a té
de 1 1 0 , 0 0 0 a lm a s ! E n e s s e p e r í o d o f o r a m c o n s t r u íd a s h o je , c h a m a d o de M a ca u , era m u ito r ep u ta d o d esd e
s e i s c e n t a s c a s a s e m o n t a d a s c e n t o e c in q u e n t a c h á c a r a s . o s p e r ío d o s d e K a n g -H s i e Y u n g -C h e n g c e r a m tid o s
A q u e le a flu x o d e r e a le z a e d a n o b r e z a p o r tu g u e s a em co ta çã o , com o e x p o r ta d o s em a p r e c iá v e l v o lu m e
e o c o n t a to d ir e to c o m o s f id a lg o s d o R e i n o , e s t im u la p a r a o O c i d e n t e ! E s t e t i p o d c l o u ç a a z u l c b r a n c a fin a
a s o c ie d a d e lo c a l em e x ib ir - s e à a ltu r a dos ilu s t r e s jã e r a c o n s ig n a d a e m i n v e n t á r io d e 1 7 2 5 c m T a u b a t é ,
“ e x ila d o s " . A e m u la ç ã o p o is fo i ta m b é m u m d o s fa to co rresp o n d en d o p o is aos p r o d u to s da d in a s t ia Y ung-
res que c o n t r ib u ír a m para que os e le m e n to s lo c a is -C h e n g , fa m o s o s p o r s u a b o a q u a lid a d e ; o u tr o s te s te
b r a s ile ir o s p a s s a s s e m a e n c o m e n d a r u m n ú m e r o a in d a m u n h o s e x i s t e m d e s s a p r im e ir a m e t a d e d o s é c u l o X V I I I
m a io r d e b a i x e l a s d o q u e n o s é c u l o a n t e r io r . d a p r e se n ç a d e s s e s “ M a e a u s ” fin o s n o B r a s il, c o m o
O u tr o f a to r fo i o fa to de que com a sed e da o s p ra to s e m b r e c h a d o s d o C o n v e n to d e S a n ta T e r e s a
M o n a r q u ia P o r t u g u e s a , e s t a b e l e c i d a n o R io , e P o r tu (M u seu de A r te Sacra d a B a h ia ) com o a s é r ie d e
g al o c u p a d o p e lo s fr a n c e se s d u r a n te c e r to p e r ío d o , o fr a g m e n to s de peças e p ra to s s a lv a d o s da nau de
c o m é r c io l u s it a n o o r ie n ta l p a s s o u a co n c e n tr a r -se M o n t S e r r a i, n a B a h i a .
n a q u e le p o r to . M e s m o f e n ô m e n o o c o r r ia n a F r a n ç a c o m a lo u ç a
O u tr o s f a t o r e s im p o r t a n t e s S u r g e m q u e v ê m f a v o de N a n k in , c o m o u tr a s v a r ia n t e s s o b r e a d e M acau,
recer a in d a m a is □ p resen ça da lo u ç a c h in e s a en tr e nom e dado ta m b ém g e n e r ic a m e n te à lo u ç a branco e
n ó s. D o m João V I, p o r d ecreto real d e 1810, is e n t a a zu l p r o v in d a d a C h in a e d e s tin a d a d e reg ra a o m e r
d e t o d o s o s im p o s t o s d e e n t r a d a a s m e r c a d o r ia s p r o c a d o fra n cês.
v in d a s d e O o a e M a c a u , A c o n t e c e q u e a p a r t ir d o m e a d o d o s é c u l o , já n a
O p r ó p r io m e str e P e d r o C a lm o n a s s in a la o fa to d in a s t ia K c e n - L u n g e s o b r e t u d o p e l o f in a l d a c e n t ú r ia
e a p o n ta o u t r o (!0); “A e sta c ir c u n s tâ n c ia a c id e n t a l e no c o r r e r d o s é c u lo X I X , q u e c e r to s tip o s d c p o r c e
( is e n ç ã o d e ta x a s ) a c r e s c e n t a - s e o u tr a s é r ie d e f a t o s ; la n a c h i n e s a p a r a a t e n d e r a u m a c o n c o r r ê n c i a e d e m a n
a d ir e t a c o m u n ic a ç ã o no f im do s é c u lo X V III a té d a en o rm es, se a b a sta rd a e c a i r e a lm e n te d e v a lo r e
1812 ou 1 8 1 4 , en tr e e s s e m e r c a d o d o B r a s il (B a h ia - q u a lid a d e . É o p e r ío d o c m que te m in íc io a in v a sã o
-R e c ife -R io ) e B o m b a im , C a lc u tá , M a c a u " . O n ú m e r o n o s m e r c a d o s o c id e n ta is d c u m tip o d e lo u ç a d e M a c a u
de lo j a s que m e r ca d eja v a m com a r t ig o s do C e le s te com o d e se n h o q u e se to m o u c lá s s ic o e c o m o p r o tó
I m p é r io no R io c n a B a h ia , era m u it o g r a n d e s e n d o tip o " G s P o m b in h o s ” o u “ S a lg u e ir o s ” ( W íllo w T ree)
a m a is a n t ig a a C asa da C h in a , fu n d a d a em 1809, com m u it a s v a r ia n te s de d esen h o s, dc p a sta m a is
c o n f o r m e n o s r e la t a F r a n c i s c o M a r q u e s d o s S a n t o s ( i l ) , gro ssa e m a is c in z a -a z u l a d a , ou de a z u is e s m a e c id o s
s e n d o q u e p e lo f in a l d o s é c u lo , so m a v a m a m a is d e e d e s e n h o s m a is g r o s s e i r o s d o q u e a q u e l e s d o c o m e ç o
s e t e n t a a s c a s a s q u e s ó n o R i o d c J a n e ir o c o m e r c i a v a m e d o s m e a d o s d o sé c u lo X V I I I .
com p o r c e l a n a s d iv e r s a s ! J u n to c o m esses “M a ea u s” d e carregação, exp or
A s c r ô n ic a s d o s v ia ja n te s n ã o d e ix a m de o b ser t a v a a C h i n a t a m b é m o u t r o s a r t ig o s i n f e r i o r e s p a r a o
v a r a p r o life r a ç ã o d a s lo u ç a s fin a s no B r a s il n esse B r a s il e a l h u r e s , a r t i g o s d e c o m b a t e , c o m o o s " m a n
1 q u a r te l d o s é c u l o . d a r in s " e os “ g r a v ia ta s ” , aos q u a is já f a lt a v a m a
M a r ia G r a h a m ( 1 8 2 0 / 1 8 2 3 ) , r e f e r in d o - s e à B a h ia , n i t i d e z e a p r e c i s ã o d o s d e s e n h o s , a f ir m e z a d a s c o r e s
in fo r m a : “B oa q u a n tid a d e d e b e la p o r c e la n a c h in e s a e a b o a q u a lid a d e d a p a sta .
e x i b í a - s e e m t o m o d a s a l a ” ( l i ) ; R e f e r e - s e a in d a a u m a P orém a lo u ç a bran co e a z u l, ta n to de adorno
c a s a n o R i o d e J a n e ir o , d a B a r o n e s a d e C a m p o s , e m com o u tilit á r ia — a que m a is perdurou na H is t ó r ia
q u e o b s e r v a e n t r e v á r io s o b j e t o s d e p r a t a a s “ e l e g a n e n o s m o s t r u á r io s c e r â m ic o s e a m a is c o p ia d a p e lo s
tes p o r c e la n a s da C h in a e s ta v a m c o lo c a d a s num a d ecoradores na E u ro p a , a in d a no sé c u lo X V Ü I con
g ra n d e m esa ” . tin u o u c o n h e c e n d o a p r e c iá v e l p r e s tíg io .
653
A s s im , na F rança, no s é c u lo X V 11I, M adam e A n o sso v er, e s se s fa to s en c o n tr a m e x p lic a ç ã o da
P o m p a d o u r , o a b a d e d e T e r n a y e o d u q u e d e P r a s lin e l i m in a ç ã o n a s p a u t a s d a A l f â n d e g a d o n o m e M acau
d e la f a z ia m u so . c dos d ife r e n te s tip o s u s a d o s n o B r a s il, d o "azul e
No lir a s it , o c o n tr a ta d o r d c d ia m a n te s J o ã o F e r b r a n c o ” . £ q u e a n te s d a I n d e p e n d ê n c ia , o s c o n ta to s
nandes de O liv e ir a , casad o com a fa m o sa C h ic a da er a m o b r ig a to r ia m e n te fe ito s c o m G o a e M a c a u c o m o
S i l v a , c o n s i d e r a d o " o m a is r i c ó s ú d it o d o r e i d e P o r sa b e m o s e e x c e p c io n a l e ra ra m en te c o m a lg u n s e n t r e
t u g a l, e m t o d a a s u a m o n a r q u ia " , t a m b é m a p r e s e n t a v a p o s to s in d ia n o s c o m o B o m b a im e C a lc u tá .
o seu a p a r e lh o , com o n u m ero so s o u tr o s b r a s ile ir o s P orém d e p o is da I n d e p e n d ê n c ia , a lé m do e s fr ia
c u ja s p e ç a s v ê m c o n s ig n a d a s em in v e n t á r io s . m e n to p o l í t i c o jc c o m e r c i a l d u r a n t e c e r t o te m p o com
Jenny D rey fu s c o n s ig n a que “o s p ra to s de P o r t u g a l, o B r a s i l f i c o u liv r e d c c o m p r a r d ir e ta m e n te
M acau" eram em pregados no P aço I m p e r ia l de São onde q u is e s s e , liv r e d o a r b ít r io dos preços lu s ita n o s ;
C h r is tó v á o e que a in d a no J a r d im da P r in c e s a , no a f in a l d e c o n t a s , c o m o d is s e m o s lin h a s a tr á s, m e r c a
parque d a q u e le p a lá c io , & v is to um r e m a n e sc e n te d o r ia s c o m o a p o r c e la n a c a s e s p e c ia r ia s eram ven
i n t a c t o d a q u e l e s e r v i ç o . D i z a i n d a a e r u d it a c o n s e r v a d id a s n a q u e l e s e n t r e p o s t o s p e l o s p r e ç o s i m p o s t o s p e l o s
dora que ao “ V is c o n d e de In h a ú m a ” são a t r ib u íd o s p o rtu g u eses — p o is e s s e s en tr e p o sto s, ta n to em s o lo
p r a t o s i d ê n t i c o s (14b h in d u c o m o c h i n ê s , v i v i a m p o r a s s im d iz e r , e x c l u s i v a -
V e ja m o s q u a l e r a o v a lo r d a lo u ç a a z u l e b ra n ca m e n te à c u sta d e ste c o m é r c io q u e lh e s p r o p o r c io n a v a
c h in e s a e m F ra n ça e d a p o li c r o m a d a e m 1767: p o lp u d o lu c r o e n tr e o p r e ç o d e c o m p r a e d e v e n d a .
S e r v iç o d c N a n k in com cen to e se te n ta e c in c o A s s im , fo r a m aos poucos se d e s lo c a n d o as c o m
p eça s— ( p r e ç o d e 2 1 1 a 2 1 7 lib r a s f r a n c e s a s ) . pras dos tr a d ic io n a is pom os de fo r n e c im e n to p ara
S e r v iç o p o lic r o m a d o (o u a r m o r ia d o ) — cen to e o u tr o s n o v o s e d ir e to s , c o m o C a n t ã o (o n d e se a b a ste
se te n ta e c in c o peças — (p r eço d e 3 0 0 a 500 lib r a s c ia m a n te s o s n e g o c ia n t e s lu s o s d c M a c a u , d e G o a e
fr a n c e sa s). de L is b o a ) e ta m b ém N a n k in , e n tr e p o s to fr a n c ê s q u e
O u tr o p o n to a p o n ta d o p o r R . P i c a r d (IÍ), é que por c erto v e n d ia m a is b a ra to do que M acau, onde
C a n tã o , p e lo f in a l do s é c u lo X V III, e x p o rta v a p e lo n u n c a f o i f a b r ic a d a p o r c e l a n a .
m e n o s tr ê s v e z e s m a is d e l o u ç a a z u l e b r a n c a d o q u e
A c r e d ita m o s q u e a lg u n s ite n s c it a d o s d a P a u ta d a
p o lic r o m a d a ,
A lfâ n d e g a d e 1 8 3 7 s e r v i r ã o d e e s c l a r e c i m e n t o <IT>;
E s t e s c o n fr o n to s r e v e la m a d ife r e n ç a e n tr e a q u e le s
d o i s t i p o s d e lo u ç a c h i n e s a e m 1767, em F r a n ç a , E ste — . . . “ A p a r e l h o s d e l o u ç a d a Í n d ia p in t a d a
f a t o e x p l i c a r i a a o b s e r v a ç ã o d e M a w e d e q u e a lg u m a s o u e s m a lta d a .................................................................. 1§200
f a m í l i a s n o B r a s il d e s t in a v a m a lo u ç a d e M a c a u (p r o — A p a r e lh o s d e lo u ç a da ín d ia o r d in á r io s ,
v a v e lm e n te a c o n h e c id a p o r P o m b in h o s ) p a r a a fa tn u - p in t a d a s sem ouro para chá, c o n te n d o
la g e m , p o r se u b a ix o c u sto cm r e la ç ã o à lo u ç a p o li- d o z e x í c a r a s e d o z e p ir e s p a r a c h á , s e i s
crom ada. x íc a r a s p a r a c h o c o l a t e , u m b u l e , u m a ç u
I n c lin a m o -n o s porém m a is p ara a versão de c a r e ir o , um a m a n te g u e ir a , um a le it e ir a ,
R . P ic a r d d e q u e o s s e r v i ç o s a z u l e b r a n c o d e b o a q u a u m a t i g e l a , tr ê s o u q u a t r o p r a t o s ................ 58200
l i d a d e f a z ia m p a r te d o d iá r io e o s p o lie r o m a d o s c o n s — A p a r e lh o s d e lo u ç a f in o s , p in ta d o s , es
t it u ía m s e r v iç o s d e c e r im ô n ia o u d e g a la n o s p a lá c io s m a lta d o s o u d o u r a d o s para ch á , c o n te n
e m ansões s o la r e n g a s . d o v in te e q u a tr o x íc a r a s , v in te e q u a tr o
O fa to r e a lm e n íe a c o n s ig n a r é que as lo u ç a s p ir e s , u m b u le , u m a ç u c a r e i r o , u m a c a f e
c h in e s a s ( e j a p o n e s a s ) er a m a b u n d a n te s n o B r a s il, n o t e ir a , u m a l e i t e i r a , u m a m a n t e g u e i r a , u m a
s é c u lo X I X . t ig e la , q u a t r o p r a t o s ................................................ 40S000
E m a b o n o d a a fir m a ç ã o , c ita m o s F r a n c is c o M a r — A p a r e lh o s d e lo u ç a azul de Cantão p ara
q u e s d o s S a n t o s d 6) q u e nos in fo r m a : “R ecorren d o à m e s a c o n t e n d o d o z e d ú z ia s d e p r a t o s s o r t i
p r ó p r ia o b s e r v a ç ã o , p o d e r e m o s d iz e r q u e o g o s t o p e l a d o s, d o z e p r a t o s t r a v e s s a s , d u a s t e r r in a s
p o r c e la n a im p o r ta d a d a C h in a fo i tã o in te n s o e m P o r com p ra to s p ara m o l h o , d u a s s a la d e ir a s ,
tu g a l q u a n to a q u i, so b r e tu d o na B a h ia onde de fo i q u a tr o p ra to s para fo m o , q u a tr o p r a to s
b a s t a n t e m a r c a d o . H á t r in t a a n o s ( n a d é c a d a d e 2 0 ) . p a r a g u iz a d o c o m ra m b o r, q u a tr o m a n te -
em S a lv a d o r , quem p a ssa sse por um a obra na h ora g u e ir a s d e b i c o e q u a t r o s a l e i r o s ................ 705000
d o a l m o ç o , v e r ia p e d r e ir o e o u t r o s o p e r á r i o s c o m e n d o — A p a r e lh o d c lo u ç a azul de Nankin p ara
em p ra to s c h in e s e s , às vezes de m a n d a r in s e g e r a l- a m esa c o m a s m e s m a s p e ç a s ....................... 2005000
m e n te c o u s a m e lh o r ” . — B u l e d c lo u ç a d a índia azul d e C a n tã o . 720
£ d e sc o b serv a r que a t e r m in o l o g i a d o m in a n te — B u l e d c lo u ç a a z u l d e N a n k i n ............ IS 440
n a é p o c a c o l o n i a l e m e s m o a c it a d a p e l o s c r o n i s t a s é — B u le d e lo u ç a d a ín d ia , p in ta d a e s m a lta
lo u ç a d a ín d ia e lo u ç a d e M a c a u . A m b a s c o n tin u a r a m d a e d o u r a d a f i n a ................... ........................ ...... 35200
a t e r c u r s o , p o r é m a d e M a c a u p a s s o u m a is c a r a c t e r i- -— C a n e c a s p in t a d a s o u e s m a l t a d a s d e l o u ç a
z a d a m e n te a in d ic a r a lo u ç a azu l e branco, o que da ín d ia o r d in á r ia .............................1 .................. 240
p ro sseg u e a té h o je p ara d e s i g n a r a r t ig o s m e n o s fin o s — I d e m , i d e m , d o u r a d a .................................. 480
n a q u e la s c o r e s , N o e n ta n to , h o u v e p e r ío d o s q u e essa — T e r r in a s d e l o u ç a d a Í n d i a a z u l d e C a n t ã o 4 5800
d e s ig n a ç ã o fo i o m itid a e n ã o u sa d a . — T e r r in a s dc lo u ç a da ín d ia azul de
A s s im no ano de 1837, ocorre, querem os crer, N a n k in .......................................................................... . I2 S O Ü O
o d e s a p a r e c im e n to d o te r m o M acau d o s a n a is f i s c a i s , — T e r r in a d e lo u ç a d ita , e s m a lta d a , p in ta
p o is na p a u ta d a A lfâ n d e g a n ã o é c o n s ig n a d a a su a da ou dourada fin a ............................................... 185000
p resen ça en tre os a r t ig o s im p o r ta d o s , aparecendo — T e r r in a d c 4 a 6 p o l e g a d a s d a í n d i a a z u !
o u tr o s n o m e s p ara in d ic a r a s d iv e r s a s v a r ie d a d e s d o de C a n tã o ................................................................... 15600
a z u l e b r a n c o im p o r t a d o . — Id e m , id e m , a z u l d e N a n k in ............................. 5$00Q
654
(A p a u t a c o n t í n u a c o m o u t r o s a r t ig o s , i n c l u s i v e p r e ç o s de que h a r ia n u m ero so s t ip o s de azu l e branco em
d e lo u ç a p ó d e pedra se m I n d ic a ç ã o de procedên u s o n o B r a s i l , j á d e o u t r o s c e n t r o s o r ie n t a is .
c ia , e tc , e t c .) O u t r o e n s i n a m e n t o n o s r e v e la o m e s m o d o c u m e n
C ita m o s n e sta r e la ç ã o , e n tr e a s n u m e r o s a s d e s ig to : q u e im p o r tá v a m o s d ife r e n te s q u a lid a d e s d e lo u ç a
n a ç õ e s , a p e n a s a s s e g u in t e s : da ín d i a e m 1 8 3 7 , d esd e “ a o r d in á r ia ” à “ p in ta d a ” ,
“ L ouça da ! n d i a p in t a d a e e s m a l t a d a ” e s m a lta d a e “d ourada f in a ” e p e la t a b e la de p reços
“ L ouça da ín d i a o r d in á r ia e p in t a d a ” p o d e - s e a q u ila t a r q u a l a d i f e r e n ç a d e v a l o r e s e n t r e o s
“ A p a r e lh o s d e lo u ç a fin o s , p in ta d o s , e s m a lta d o s e d i v e r s o s t ip o s d a l o u ç a a z u l e b r a n c o c o m o d o s d a l o u ç a
d o u ra d o s” d a ín d ia im p o r ta d o s p o r n ó s.
" A p a r e lh o d e lo u ç a a z u l d e C a n tã o ” D e n o t a i f a in d a a in t e n s i d a d e d o c o m é r c i o , d e p o i s
" A p a r e lh o d e lo u ç a a z u l d e N a n k in ” d e e x tin ta em 1834 a fa m o sa C o m p a n h ia d a s ín d ia s
“ B u le d e lo u ç a a z u l d e C a n tã o ” O c i d e n t a i s I n g le s a .
“ B u l e d e lo u ç a a z u l d e N a n k i n ” V e ja m o s o q u e se p ô d e s a lv a r d o a n o n im a to d a
“ T e r r in a s d e l o u ç a da ín d ia azu l d e C a n tã o ” p le to r a de lo u ç a s c h in e s a s im p o r t a d a s e a in d a e x is
‘T e r r i n a s d c lo u ç a da ín d ia azu l de N a n k in ” te n te s no B r a s il, com n u m ero so s s e r v iç o s c o n te n d o
e tc , etc. s ig la s q u e n ã o chegaram a in d a a ser id e n t i f i c a d a s ,
P o r e s ta s d e s ig n a ç õ e s , in f e r e - s e q u e su rgem d o is i n f e liz m e n t e .
novos n o m es q u e n ã o eram c o r r e n t e s n a t e r m in o l o g i a I r e m o s te n ta r r e la c io n a r a s lo u ç a s C o m p a n h ia d a s
c e r â m ic a b r a s ile ir a : o d e lo u ç a azul de C a n tã o e o ín d ia s p e r s o n a liz a d a s ou c o n s id e r a d a s h is tó r ic a s , das
d e lo u ç a a z u l d c N a n k i n , s e m co n ta r o term o “ lo u ç a q u e f o r a m p o s s í v e i s lo c a l i z a r a t é o m o m e n t o . N a p a r t e
da ín d ia a z u l” , o n d e na p a u ta fig u r a “o a z u l” p ara ilu s t r a t iv a e s t a m p a m o s a p e n a s u m a o u o u t r a d e s s a s
d i f e r e n c i a r d a lo u ç a d a ín d i a c o r r e n t e q u e c o r r e s p o n p e ç a s , já r e v e l a d a s e p u b li c a d a s e m o b r a s e s p e c ia liz a
d ia à lo u ç a c h in e s a p o l i c r o m a d a . A s s i m n ã o h á d ú v id a d a s , t a n t o n o B r a s il c o m o e m P o r t u g a l e a lh u r e s .
655
PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
BRA GANTINA S E PEPSONALIZA DAS
657
— B arão de São João M arcos — c o r a in i fic a m e n te a o s e r v iç o d o M a r q u ê s d e S ã o J o ã o M a r c o s
c ia l ......................... .................................. ........................ 1 7 7 2 -1 8 6 8 cm com p aração com o u tr o p a r e c id o d e o u tr a c o r , d e
—- L ° v is c o n d e d e C a b o F r io — s e m in ic ia l 1 7 7 7 -1 8 6 5 c o le ç ã o a m e r ic a n a .
— l . ° B a r ã o d e A le g r e t e ( c a s o u e m 1 8 5 3 } Há o u tr a s ob serv a çõ es ta m b é m a serem f e it a s
com r e fe r ê n c ia s a s im ilitu d e s d e a p a r e lh o s , c o m o por
J o ã o J o sé de A ra ú jo G o m e s
— s e m i n i c i a l ................... , , .................................. ? -1 8 6 2 e x e m p l o o d o c o n d e d e V iO a R e a l , c o m o C onde da
R ib e ir a G r a n d e , o s e r v iç o d o B a r ã o d e A r a ú jo G ó e s ,
— ■ P e d r o J o s é B e r n a rd e s
com o de A le x a n d r e E lo y P o r te lli, o a p a r e lh o de
(p a i da M arq u esa de Ita m a r a ty ) (tí
M an oel de Sahde e C a str o com o de João F e r r e ir a
tu lo 1887) (v iú v a 1 8 8 3 )
P in t o (in ic ia iá J F P ), casad o com C o n c e iç ã o C o sta
— V is c o n d e de In h aú m a — - se m in ic ia is C a r v a lh o , e c u jo s e r v iç o fo i d e u s o d e s e u f ilh o An
(lo u ç a M acau) ..................................................... 1 8 0 8 -1 8 6 9 tô n io da C o sta P in t o è que v e io a ser herdado em
(J o a q u im J o sé I g n á c io ) p a rte por D on a V e r id ia n a , m ã e do C o n s e lh e ir o An
(J cn n y D r e y fu s — in A n u á r io M u seu H is tó r ic o — tô n io P r a d o — s e r v iç o e s se e n o r m e , te n d o a o c e n tr o
v o l. X X V — E s ta m p a 6 6 ) . m o tiv o s d a s F á b u la s d e Ê sop o ( fic a a s s im r e tific a d a
a in fo r m a ç ã o d e fls . 3 2 2 d o liv r o “ O B r a s il e a L o u ç a
d) R e in a d o do Im p era d o r T 'o n g -T c ]ie 1 8 6 2 -1 8 7 4 d a í n d i a ” , e m q u e in f o r m a m o s q u e a s i n ic ia is e r a m
J S P e q u e o s e r v iç o fô r a e n c o m e n d a d o p e lo C a p itã o
J o a q u im d a S ilv a P r a d o ). A s s im q u a lq u e r a t r ib u iç ã o
— B arão d è M a ssa m b a rá
ao s e r v iç o ao B arão de Ig u a p e, não é p r o ced en te.
M a r c e lin o d e A v e lla r e A lm e id a — sem
T am bém de a s s in a la r a s e m e lh a n ç a dos d esen h o s de
in ic ia is (títu lo 1867)
c e r c a d u r a s d o s e r v iç o d o V is c o n d e d e C a b o F r io , c o m
— B arão da F on seca
o s e r v iç o do pai do V is c o n d e cie J a g u a r ib e , am bos
João F ig u e i r e d o P e r e ir a de B arras — com b o r d a s c o n h e c id a s in te m a c io n a lm e n te c o m o F itz -
com in ic ia is (títu lo 1867)
H u g h e q u e e r a m d o a g r a d o d o s a m e r ic a n o s . E ta m b é m
— 2.ü B arão, l.° V is c o n d e e C onde de e x is te um b e lo s e r v iç o com a m esm a cercadura de
T ta m a r a ty c o m i n ic ia is ...................................... 1 8 0 6 -1 8 8 3 f o l h a s d e v id e ir a e m e s m a l t e a z u l e d o u r a d o , id ê n t ic a
F r a n c is c o J o sé d a R o c h a ( f ilh o d e F r a n a d o B a rã o d e S o ro ca b a , porém ao in v é s d a s in ic ia is
c is c o J o s é d a R o c h a L e ã o l . ° B a r ã o d e BDP (B o a v e n tu r a D e lfim P e r e ir a ) o sten ta u m ram a
Ita m a r a ty ). E x is te o u tr o s e r v iç o her lh e t e d e flo r e s n o c e n tr a . A in d a d e s e n o ta r a s e m e
dado d o pai o I ,° B a r ã o , se m in ic ia is lh a n ç a d o s e r v i ç o s e m s i g l a s c o m p r e d o m i n â n c i a d e a z u l
— Thom az X a v ie r G a r c ia de A lm e id a e ouro do 1 B a r ã o d e Ita m a r a ty c o m o d o í D u q u e
— c o m in i c i a i s ................................... * .................. 1 7 9 2 -1 8 7 0 d e P a lm e ia e c o m o u tr o s e r v iç o e x is te n te n o s E s ta d o s
U n i d o s , a t r ib u íd o a 1805 ( v id e “ C h in a f o r th e W e s t ”
— B a r ã o d e T ie tê , c o m i n i c i a i s ...................... 1 7 9 3 -1 8 7 7
pág. 5 0 1 ).
J o s é M a n u e l d a S ilv a
A in d a h á s e r v iç o s q u e tê m s e m e lh a n ç a e n tr e si,
c o m o o b e lo a p a r e lh o d a M a r q u e s a d e Ita m a r a ty , o u
e) R e in a d o do Im p era d o r K o u a n g -S íu 1875-1907
se ja , do pai P edro J o sé B crnardcs e um o u tr o da
F a m ília L age, com in i c i a i s , do qual in fe liz m e n te fo i
— B arão d e A ra ú jo G ó e s
p e r d id a a p i s t a .
ín o c ê n c io M a r q u e s d e A r a ú jo G ó e s
— c o m i n i c i a i s ...................... ' ............................ ... ? -1 8 9 7 De n o ta r que a lg u n s s e r v iç o s são fr a n ca m e n te
— B a r ã o d e R a m a lh o “ m a n d a r in s ” , de e x c e le n te q u a lid a d e , com o c o do
J o a q u im I g n á c io R a m a l h o c o m in ic ia is - B arão d e M assam b ará e o u tr o s, q u e se i n s p ir a m na
DPAR ..................................................... ........................ 1 8 0 9 -1 9 0 2 q u e le e s tiio com o o M arquês d e T orres N ovas (es
ta m p a X L V d e “ O B r a s il e a L o u ç a d a ín d ia " ) o do
— B arão d e L essa — c o m in ic ia l L . . .. 1887
M a n u e l I g n á c i o M o n i z B a r r e t o d e A r a g ã o e a in d a u m
p ir e s com f ig u r a s e um a c h in e s a no cen tra to c a n d o
S o b r e e s s e s s e r v iç o s d o s é c u lo X IX , da m a io r ia v io la e u m b r a s ã o n a b o r d a , a tr ib u íd o à F a m ília A lb u
d e p e r s o n a g e n s b r a s ile ir o s , já h o u v e c o m e n t á r i o s s o b r e querque, por Jénny D r e y fu s c p erten cen te à c o le ç ã o
su a d e c o r a ç ã o . d e A n tô n io A v e iia r F e r n a n d e s,
D iz -n o s M a rq u es d o s S a n to s — ■ (o b . c it .) “q u e A in d a o s e r v iç o d e D . M a r ia C e c ília F o n t e s , em
d e t e r m in a d o s d e s e n h o s , f o r a m p r e f e r i d o s a q u i e c e r t o s “ b ie u dn r o í” , e ouro, com o o s e r v iç o ta m b ém t io
p ad rões cau savam a d m ir a ç ã o era P o r tu g a l a c o le c io s é c u l o X V I I I (,S), d o c o m a n d a n t e J o a q u im J o s é d e S i
n ad ores p o r tu g u e se s c o m o o V is c o n d e de C a r n a x id e q u e ir a , d ecorado à L u iz X V I, E ta m b ém e x is te um
que os d e s c o n h e c ia m em P o r t u g a l .” J o sé C u s tó d io p ra to c o m a s in ic ia is J S P , id ê n tic o a o s e r v iç o d a P a i
V d lo s o o u tr o c o le c io n a d o r d is s e -n o s : “E m P o r tu g a l, sa g em P equena, de D om João V I, com a d if e r e n ç a
há c erta s d e c o r a ç õ e s, q u e n ã o e n c o n tr a m o s e m lo u ç a a p e n a s d e h a v e r i n i c i a i s c o l o c a d a s n o c e n t r o , a o in v é s
c h in e s a d a q u i” . d a c l á s s i c a " p a is a g e m p e q u e n a " . A q u e l e p r a t o c o n s t o u
E sse fa lo ta m b ém já fo i o b servad o por a u to r e s d o lo t e 3 4 4 , d o le ilo e ir o T a lib e r íi, n o le ilã o d e ju n h o
in g le s e s ( “ C h in a fo r th e W est” ) , r e fe r in d o -s e e s p e c i d e 1 9 7 9 , em S ã o P a u lo .
* * *
658 *
B I B L I O G R A F I A
659
P O R C E L A N A S B R A G A N T IN A S
(Companhia das índias)
(Histórica)
700
660
Sic. XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
A ânfora da esquerda fa z parte do suplemento nobre dos serviços Companhia das índias (em geral par) para serent colocados sobre
aparadores ou mesas, este 1 corresponde ao serviço 11Paisagem Grande” considerado imperial. A ânfora da direita, polieromadq
faz parte do acervo da coleção M iguel Calmem, do antigo Museu do Estado da Bahia. A floreira de baixo de sóbria decoração faz
parte do conhecido aparelho da “Paisagem Pequena”.
661
Sees, X V I U f X l X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
( Persona lijada)
704
O bule faz parte do serviço de Francisco Tello de Menezes,
6 conde de Aveiras e I.0 M arquês de Vagos, nascido etn
Janeiro de 1723 r falecido no Rio. em Novem bro de 1813.
Veio para o Brasil com o m ordom o-m or da Princesa Dona Maria
Benedita e ocupou na Corte o elevado cargo de governador
das A rm as da Corre e dal Capitania do Ria de Janeiro (1811).
Ostenta o brasão dos Silvas que também era das ContJes de
A v eiras e coroa de marques. Vide E. F, Brancante, ob. cil„
pág. 352. Cortesia do M useu Nacional de A rte Antiga —
Lisboa.
662
Séc. XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
{Armoriadas c com siglas)
707
708
709
710
663
Séc. X IX P O R C E L A N A S C O M P A N H IA D A S ÍN D IA S
(Histórica)
711
664
séc. x i x
P O R C E L A N A S C O M P A N H IA D A S ÍN D IA S
(I3uqiie <lc Palm eia)
Etl< pralo faz parte de um serviço que pertenceu no i.° Duque de Palmeia e seus descendentes, inclusive ao S.° Conde de Palmeia, nas
cido em 11197. D. Domingos de Souza Hohtein-Beck e falecido em 1970. Metade do aparelho encontra-se hoje em mãos de uma de suas
ilustres descendentes a Erma. Condessa de Carnide. que o mantém em sua bela sala de estar em dois grandes armários envidraçados
junto cútn o serviço de chd c de café de mesma decoração com pequena variante de cercadura dourada. Na página seguinte exibimos o
serviço do Conde de Itamaraly, que apresetua pequenas diferenças com o ora exibido, sendo a mais em evidência o desenho de um pesse
gueiro florido à esquerda do Itamarasy e tinb pessegueiro florido no centro com mais dois arbustos (Palmeia). O fato de existirem serviços
parecidos em poder de personalidades diferentes é com um , pois costuma haver repetição de determinados aparelhos chineses em Compa
nhia das Indlas. Haja à viíiB o famoso serviço dos Pavões do século X V ÍU , reproduzido em várias séries e formatos e os serviços em >
azul e branco quase sempre fabricados cm série.
Acreditamos que 'tanto O serviço do t cv.de de Itamaraty, coma Ja Duque de Puhnela tenham sido adquiridos na Praça do Rio de Janeiro,
já que este últim o residia aqui onde desempenhou us funções do Ministro do Reino de Portugal, Brasil c Aigarves (1820), e onde sc revelou
ao fado de D om João Ví, como um dos seus mais ativos e argutos conselheiros políticos. O serviço de mesa do Duqite de Palmeia é acom
panhado de um serviço de chá que tem uma curiosidade: apresenta xícaras de diferente: formatos, tigelas, xícaras alias com alça redonda, xí
caras de dupla pança ou bojo (coma preferem os portugueses tipo "cabaça") copiando as alças, o form ato do século X V ÍH . A s xícaras de
café c de chá, têm uma cercadura dourada ao invés de folhas de parreira em esmalte azul dos pratos, travessas, terrinas, etc. Agradecemos
a oportunidade da visita e de apreciar os aparelhos do i ° Duque de Palmeia (de mesa, de chá c de café) assinv como as informações pres
tadas d a autorização de revelá-las, à cortesia da Uma, Sra. Condessa de Carnide., Sra. D.a Maria Luiza de Souza Holstein Beck de Arriaga
c Cunha. i
Coleção do Conde de Carnide, Sr. José Street de Arriaga c Curha Portugal).
665
Séc. X I X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
{Conde de Itanjaraty)
716
7)7
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Sees. XV111/XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
667
Sees. XV U l/X IX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
(armoriadas, com siglas e sem siglas)
722
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Séc. X I X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
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Sêc. XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
732
O pires policrOMãdo do serviço de chá ê um dos mais finos das coleções brasileiras; <2 pasta é de grande
translucidez* mais delgada e mais alva do que o comum das peças de exportação, chutnadas Companhia das
índias. A aba apresenta uma cena do folclore chinês, em tons azuis, verdes c amarelos, gênero conhecido por
porcelana “mandaria". N o ccniro dentro do círculo a sigla que corresponde à pessoa do fidalgo
Manoel fgnécio M oniz Barreto de Aragão (de Souza e M e n e z e s n a s c id o em Salvador cm J789 c falecido em
1865, O serviço é conhecido por Baronêsa de Alcniquâr; D ° Francisco Assis Vianna Moniz, Barreto dc Ara -
gdo, que herdou o aparelho de chá de seu pai.
Cortesia de Newton Carneiro.
671
Séc, XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Persoiulizodas)
(Brasonadas)
734
O prato ricamente decorado com folhai de parreira e uvas lenda tio centro o escudo cortado com armas
dos Saudes, dos Paes o dos Castros, com coronel de Conde, pertenceu a M anoel Paes de Sar.de e Castro,
fidalgo do Reino, foi nomeado em 1806 governador c capiiiío general de São Paulo, sem no entanto
tornar posse. Coleção Antônio Costa, Portuga!. (Vide E. F. ílrancante: ob, cit. págs. 322/323). E s isic um
serviço com idêntica decoração, porém, com asiinidais 3. F, P. que pertenceu ti João Ferreira Pinto cortt
tn'oiivüs dc fábulas de Esopo no centro,
A tigela de bairro no género mandarim, com as iniciais T. -V. .* coronel dentro de um circular dourado
pertenceu ü D. Á lvaro A ntônio de Noronha A branches Ccisletio Branco — l.° M arquês dc Torres Novas
e 7 ? Conde Valtadüres (Portugal). Entre outras funções desempenhou o cargo dc mordomo-mor de Dom
João V t e Dom redro IV. Seu pai, o 6.° Conde de Vatladares, fo i governador e capitão general de M inas
Gerais em 1768, (Vide E. F. Brancanie, ob. cit. páç. 356) M useu Histórico Nacional.
672
S éc, X IX
PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
735
O aparelho dc que faz parte este prato, de decoração delicada policromada, tendo as iniciais A .E.P-,
dentro de um círculo de flores , pertenceu ao Marechal Alexandre Eioy PortelH. nascido em Portugal €n\
1760 e que veio para o Brasil e m J 7 S I, onde desempenhou diversos cargos técnicos corno astrônomo, geó-
. grafo, engenheiro e militar, tendo prestado serviços »ia demarcação das fronteiras com as possessões
espanholas do Rio da Croata (Tratado de Sento Jldcíonsa). Fez parte do Exército Pacificador da Banda
Oriental e em I S I I foi graduado no posto de Marechal de Campo, Por ocasião da Independência optou
la cidadania brasileira. Sua filha, Sebasliana Be nr ve nu to Marques PortelH, casou-se com João Vieira de
Carvalho, nascido em 1791 em Ponugal e falecido cm 1847 no Rio, que fo i Conde e Marquês de La
ges, tendo sido Ministro da Guerra e do Império nove vez.es — o casal herdou o serviço que é conhecido
entre os colecionadores como do “Marquês de Lages1'. Existe no entanto serviço absolutamente similar
(porém com quatro iniciais no círculo central). Ignora-se que lenha sido este outro serviço encomen
dado a seguir por descendentes ou outros parentes ou par outra personalidade brasileira. (Vide E. F,
Brancante, oh. cif., pág. 2S8),
Cortesia de S. Victra de Carvalho,
673
PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
736
Thotnaz Xavier Garcia de Almeida, a quem pertenceu o prato t nasceu ú 14 de junho de 1792 , no Rio
Grande do Norte e faleceu em J.° de janeiro de J87Ô no Rio de Janeiro. F orm ado cm direito pela Uni
versidade de Coimbra, fo i deputado geral pelas Províncias do Rio Grande do N orte e Pernambuco ç
ministro do Supremo Tribunal. Segundo Presidente da Província de São Paulo, ocupou o carpo durante
quatro meses (de 19J 2.1827 a 18.04J 828) e em seguida fo i presidente de Pernambuco (1828/29) e da
Bahia ( ISSS a ÍS4Ô) e novamente de Pernambuco (1844 a I $45),
O prato, de aspecto vistoso e desenhos harmoniosos, é decorado s “rouge da ferrt c ouro; ao centro tem
um a grinalda dc flores conv pássaros formando semi-circulo, no. centro do qual se vêcrn a ouro: X. X.
^ Eurt dação Castro Maio, no R io de Janeiro , detém exposta a maioria deste serviço, inclusive sopci-
tüS W*iic Eugênia Fgas "Galeria dos Presidentes de São Pauto”, 1925, pág. 24 e A rnold Wildberger **Qs
Presidentes da Província da Bahia”, 1949, págs. 229/40),
Sêcs- X V U l / K Í K PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
737
675
Séc. XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
í Per so2 alijadas e Anônimas)
A faladeira de cima faz parte do serviço danificado no Museu Mariano Prccópio, conto M arquês de S. Marcos, ostentando do lado o “B" que
caracteriza a origem, de acordo com as informações de sua ilustre família. Â travessa & direita í toda em desenhos de rosas cm sépia, E ü prato
à esquerda faz parte do serviço que foi oferecido ao Barão de ítamalho, com quatro iniciais D .P.A .R , {Vide "O Brasil e a Louça da índia" —
pàg. 338). Estas peças falem parte da rira coleção em Companhia das Inif ias Históricas do Museu Mariano Bros ópio (Juiz de Fora — Minas)
c cortesia de Geraldo Ferreira Armrmil Marques. A grande travessa (35 cm) Companhia das índias, com decoração verde e ouro e. iniciais apaga
das, provavelmente pertenceu a personalidade brasileira, pois existem há muito outras peças no Brasil. Acervo tio Palácio dos Bandeirantes (sala
de fnrttnr — ala residencial) S. Paulo. Cortesia de Prrirtes KrigPmo da Silva Ramos. O prato n direita rnm unta rnm ao centro, maneira de
Mcissen, faz parte de um aparelho que acreditamos sefa antigo no país, pois colecionadores tradicionais o possuem; parte dele é de propriedade
do Dr. Cândido Guinlc dc Paula Machado. Coleção E. F. Brancante.
676
Séc. X I X P O R C E L A N A S C O M P A N H T A D A S ÍN D IA S
[ílisTúdcas c Anônimas) 745
O prato com friso mira e atai pertenceu 0o Visconde M Cachoeira, Jfj.tr lu ís de Carvalho e M ello. O prato â direita com
cestas de fiares, pertenceu, segundo classificação do Museu Marir.no Proa)pio, a Manoel Machado Coelho de Castro (sogro
de Mtiriano Procópio). No centro á esquerda ví-se detalhe do mesmo prato e à direita detalhe de prato que, segundo aquela
mesma fonte, pertenceu ti Rainha Dona Carlotti Joaquins, sem brasão ou iniciais. O prato em baixo à esquerda i em C om
panhia das Índias e do acervo do Mure:: Mariano Procopio, e o da direita de fundo chocolate com reserves cm branco c folha
gem e flores pollcromarlas, é do século X V U I e ê conhecido por "Batávia".
Cortesia de Geraldo Ferreira Armontl Marques (h til de Fora).
677
Sêc. X I X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Personalizadas)
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Sécs. X VilI/XIX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Po!icroma<!a e azul c branco)
A elegante sopeira, de formp bojada, com Uma grande travessa com faixas douradas e discreta decoração em azul, encerra iniciais
dentro de reservas grandes em lorota de circulo (século XI X) e faz pane da coleção do Dr. Oscar Americano N eto (S. Pauto),
A s demais sopeiras fazem parle do acervo da Fundação Maria Luísa e Oscar Americano. De notar-se à esquerda, duas variantes
do serviço conhecido por Pavões c as alças e pegadores das sopeiras : uma de form a hexagonal com alças cm cabeça de porco c
pega rococó, u outra dc form a oblonga, alças espalmadas e pega idêntica. Como ê sabido existem diversos serviços corri o mesma
decoração de pavões e peônius (Família Rosa) fabricados no correr do século XVIII, dado que aquele padrão era muito apreciado
na Europa, constando mesmo que o Faço Imperial possuía um ou dois serviços do gênero. (Vide E. F, Brancante — “O Brasil e tt
Louça da índia" — pàgs. 176 c 222).
À direito vê-sc uma série de tris sopeiras azul e branco, de motivos diferentes, do gênero conhecido entre nós por louça de Macau
(século XVÍ H).
679
Sêc. X I X PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
753 754
680
S ecs. XVIU /XÏX PORCELANAS COMPANHIA DAS ÍNDIAS
(Formatos Diversos)
681
XVII - PORCELANAS BRASILEIRAS
683
Principias do séc. XX PORCELANAS BRASILEIRAS
757
Depois dos ensaios t fabrico da porcelana por João Manso Pereira (fim do século X IV// e começa do XIX), somente em
J903 ê retomada a produção dela no Brasil, em Caeté, Minas. Em cima, bule e xícara de café ent porcelana, decorados a
ouro, sem marca. Ent 7975* já cm Sr,o Pauto, a Fábrica de Suma Catarina (FAGUNDES ,'i R AN ZIN I) no Bairro de Agua
Branca, produz porcelana dentro de elevada técnica, imitando porcelana austríaca, que serviu de modelo. Ás tres peças
exibidas com as iniciais E. F., correspondem ao nome do sócio fundador, EUCLYDES FAGUNDES r estão marcadas. De
notar que a firma citada contava logo de início com jmia equipe de primeira plana, com uni grande técnico italiano (con-
tratado por tres anos) o Sr. José Zappi — Presidente da Cooperativa de Imola rta Itália a foi decorador também o italiano
G, Miniali (Aristides Filrggi, ob. cit., púgs, 146-143-vcrso). A s belas jarras em biseuit já expostas linhas atrás (no mb-capitulo-
-Bisctiit) dão-nos uma amostra exuberante da capacidade da fábrica na parte artística desde sua fundação. Arquivo do Autor.
Cortesia da Extna. Família de Euclydcs Fagundes. 1
684
OITOCENTISMO BRASILEIRO
(c algumas referências do século XX)
ÍNDICE DO TEXTO
T PRODUTOS DF, OI A R I A
Esforço generalizado das Capitanias em produzir material cerâmico para seu uso
e exportação doméstica. Proliferação de olarias. Referências a pó de pedra, gra
nito, faiança, mezta-maiâlica e porcelana {alguns desses produtos só vêm a ser
fabricados no começo do século XX). Chegada da Corte c demanda maior. Refe
rências diversas sobre firmas e produção. Exposições na Corte. Telhas francesas
importadas e fabricadas no Brasil — Sacoman e a grande indústria moderna de
construção (1895).......................................................................................................... 419 a 423
II — IMAGINARIA
Reflexos da arte popular e folclórica através do barro: os barristas bonequeiros, as
artistas figureiros ou santeiros, os presepeiros, as paneleiras, as oleiras, etc.
Técnicas rudimentares e improvisadas de decoração e cozimento. As “Paulisti-
nhas". Referências â importação de imagens em louça vidrada, em faiança e
em porcelana....................................................................................... .... ................. _. 425
Hl — CACHIMBOS
Histórico de suas origens e usos. Colombo. Karl Clusius, Jean Nicot, Catarina de
Médicis. Cultivo na Amazônia e fabrico de cachimbos de vários estilos e decorações
variadas com representações zooantropomorfas, fitoformes e geométricas. Relato
de viajantes. Produção em Minas, Santarém, etc. Técnicas de fabrico ........... 427 a 433
685
V — AZULEJOS
VI — FAIANÇA-MAIÓLICA — M EIA-FAIANÇA
VII _ FAIANÇA-FINA
Diferentes países fornecedores do Brasil. Centros de produção em Portugal, do
século XVÜ l ao XIX, Participação francesa com as "Faiencerics de Sarreguemi-
nes", com variados gêneros, inclusive iconográfico de personagens e logradouros
públicos. Luneville. A presença do consórcio Villeroy & Boch, com suas numero
sas subsidiárias no mercado brasileiro. Contribuição da Holanda com diversos
estabelecimentos em Maestricht e em Wich, seus pratos com iconografia de cida
des, monumentos', etc. Bandejas e outros artefatos de origem (checa, com icono
grafia brasileira do começo do século X X . A predominância inglesa no forneci
mento variado de artigos cerâmicos — referências históricas ao pó de pedra,
Wedgwood e Spode. Novos processos de decoração —- o decalque. Pioneiros, A
volta do lustre e suas variedades. Processo foto-cerâmico ou fotográfico e seu
largo emprego na iconografia em geral. Padronagem variada e relação dos modelos
mais conhecidos dos diversos centros de fabrico ingleses e algumas indicações
contidas no verso das peças. Alguns dos distribuidores no Brasil. A decoração
enormemente diversificada. Azul e branco, "azul borrão’’ ou "azul borrado", Po-
ticromados. A contribuição à nossa iconografia. Grande sortimento de produtos
populares e finos para a sociedade imperial e a própria Corte. Relação de serviços
e peças históricas cm faiança fina, Indicações dos códigos comerciais ingleses para
localização de períodos de fabrico. Diferentes designações da Fábrica Spode e
sucessores. Louça tipo Granito, fabricada no Paraná, em Colombo, pela firma
Zacharias á Cia. do Coronel Zacharias de Paula Xavier —- Histórico. Marcas dc
Francisco Busato, seu antecessor, fabricante de louça em faiança e em meia-faiança
e louça vidrada. Marcas da Fábrica de Colombo de louça granito (1)02 a 1909).
Louça pó de pedra, fabricada em São Paulo -— Fábrica Santa Catarina, (Euclydes
Fagundes) e Romeu Ranzini. Histórico.................................... . ............. .. ............. 503 a 550
VIII — BISCUIT
Aplicações — Pastas diversas ~ Wedgwood — Spode — Os "boccaro" chi
neses e outros. Sèvres e o uso do biscuit de pasta dura, sua farna. A produção
686
de figurinhas e de estatuetas, bustos, etc. O biscuit nos ambientes brasileiros __
Capodimome — , Sèvres, Jacob Petit, Viena, Wedgwood, Meissen, Vista Alegre,
etc. Fabrico brasileiro de João Manso Pereira (século XVIII) e da Fábrica de Santa
Catarina em São Patdo (1912/13J.................. ..................................... .................... 55 / a 555
XI — SÈVRES
Descoberta do caulim na França e a fundação da Real Manufatura de Sèvrcs e
os privilégios dados pela Coroa à sua produção. Porcelana de Paris e porcelana
Vieux Paris, diferença. Incorporação a Sèvres da famosa fábrica de Vincennes
de pasta mole em 1776 — A sua enorme expansão e fama de sua produção e
e os principais ceramistas e artistas renonwdos que nela colaboraram. Caracte
rísticas de sua produção. Serviços famosos........................ ........................................ 569 a 573
XIII — LIMOGES
Diversos núcleos cerâmicos, estabelecidos em Limoges e no Limousin, depois da
descoberta do caulim em St. Irielx e do patronato inicial de Luiz XV. Seu papel
na produção francesa da segunda metade do século. Suas criações tanto técnicas
como artísticas. Havilland e seu talento de empresário e ceramista — Félix
Bracquemor.d e o japonismo. Parte dos serviços encomendados a Havilland e ã
Pilíivuyt, pelos titulares brasileiros. Relação de outros fabricantes franceses que
serviram parte da sociedade brasileira e outros europeus (austríacos, ingleses,
alemães, portugueses e os "bourbõnicos")................................................................... 577 a 584
687
XV — PORCELANA JAPONESA
Os lusitanos no Japão no século X V I. São Francisco Xavier — Expulsão dos
Portugueses, instalação dos Holandeses (1611), Arita (1610/1619) a primeira
fábrica que tomou o nome de Ima ri (porto de embarque) — Ko-lmari (Sakaida
Kakiemon) - - Períodos Cerâmicos — Produção, categorias, estilos. Idade do
Ouro de Imari (1661-1753). Influência no Ocidente. O Japonismo, Satsuma
(século X V II) — Nonomura de Ninsei (Kyolo). Fases do fabrico. Pasta de faiança
fina ("cream coloured ware"). Exportação volumosa e de boa qualidade no
século XIX. ............................................................... í .......................................... .. . 633 a 64 J
Breve notícia sobre fábrica em Caeté, centro oleiro tradicional mineiro, que rei
nicia o fabrico da porcelana nos primórdios do século X X , e sobre a Fábrica de
Santa Catarina, em São Paulo, que em 1913 produz serviços de chá.................... 683 a 6 8 J
688
OITOCE íN TISMO BRASILEIRO
PRODUTOS DE OLARLA
n.°
366 — Garrafa com tampa poUcromada, com brasão Imperial (duas vistas).
367 — Folha catálogo acessórios de construção — Fábrica Devezas (1910),
368 — Telhas, lajotas, tijolos, (estrangeiros e nacionais).
IMAGINÁRIA
CACHIMBOS
370 — Três estampas, pintores estrangeiros (Guillobel e Chambeliain).
371 — Dois grupos de fotografias de cachimbos mineiros.
372 — Prato chinês (século X V 111) com cena de fumante no centro, em baixo
cavaleiro com pipa.
373 — Cinco modelos de cachimbos antigos,
374 — Dois cachimbos de Santarém. .
689
396 - Azulejos relevados portugueses (fundo arnarelo e fundo azul),
397 — Variação sobre motivos de rosas (azul e branco).
398 — Azulejo conhecido por "Bicho e estrela" ou "Cobrinha", azul e branco.
399 — Azulejaria portuguesa diversa no Brasil.
400 — 7dem, idern.
401 - Azulejaria holandesa a alemã, diversos períodos, no Brasil,
402 - Azulejaria francesa de diversas fábricas, no Brasil,
403 — Árt-Nouveau e Art-Deco — azulejos, frisos, etc., no Brasil.
404 — Azulejaria diversa de Estilo e procedência, j no Brasil.
405 — Azulejaria diversa (Ârt-Nouveau), no Brasilí
406 — Azulejaria diversa no Brasil.
407 — Placa em terracota, de logradouro público.
408 — Placa com seis azulejos (azul e branco).
409 — Placas ern cerâmica policrornada, indicativas de estabelecimentos.
410 — Placa cerâmica com numeração domiciliar.
411 — Catálogo (folha) da Fábrica de Devezas (Portugal).
412 — Idem, idem.
413 — Idem, idem.
414 — Exemplo de fachadas compostas de azulejos.
415 — Idem, idem.
416 — Temas florais e geométricos.
417 — Fachada em Minas (com detalhes composta de azulejos).
418 Fachadas em Manaus compostas de azulejos.
419 — Fachadas com azulejos portugueses.
420 — Idem, idem — ternas florais e lineares.
421 — Fachadas diversas — Salvador.
422 — Fachadas com temas florais e geométricos.
423 — Revestimentos de fachadas em Árt-Nouveau e Art-Deco (Belém).
424 — Mostruário de Azulejos da Fábrica de Sarreguemines.
425 — Idem, idem.
426 ~ Idem, idem.
427 — Mostruário de azulejos da Fábrica Vitleroy & Boch.
428 — Idem, idem.
429 — Idem, idern.
431 — Três azulejos branco e azul portugueses em fim de sub-capítulo.
AZULEJARIA ESPANHOLA:
430 — Diversos modelos de diferentes períodos.
FAIANÇA:
431-A — Artística poncheira fabricada no Rio (policrornada).
432 — Idem, idem fabricada em Portugal — Museu Nacional Soares dos Reis.
433 — Dois exemplares de louça ornamental portuguesa (vasos de jardins).
4 3 4 — Boião com armas imperiais brasileiras — l.° reinado (Fervença —
Portugal).
435 — Sopeira azul e branco de Vila Nova de Gaya — Portugal.
436 — Prato sem marca atribuído a Bica dos Sapatos ■— Portugal.
437 — Boião século X V II1 — fabrico de Viana,
438 — Prato atribuído ao fabrico de Coimbra.
439 — Idem — Extrcmóz.
440 — Travessa, também atribuída a Extremóz.
441 — Pires policromado marcado Sacavém,
442 — Travessa e prato em branco e azul, cópias de motivos do século XVII,
443 — Ponteira de telhado de casa de Belém,
690
FAIANÇA FINA (Iconografia Personalizada)
ICONOGRAFIA URBANA:
464 — Vista da Glória (inglês).
465 — Vista do Passeio Público (inglês).
466 — Vista da Glória (inglês).
467 — Vista do Largo da Lapa.
468 — Vista do Botafogo.
469 — Vista da Quinta da Boa Vista.
470 — Vista do Pão de Açúcar.
471 — Outra vista do Passeio Público.
472 — Vista da Ilha Fiscal (Boch & Fr es. K cramis).
473 — Vista do Retiro (Petrápolis), idem, idem,
474 — Vista da Praia do icarahy (Niterói), idem, idem.
475 — Vista do Corcovado (bondinho), idem, idem.
476 — Igreja Matriz Taubaté — 5. Paulo.
477 — Fábrica de cerveja "Cascatinha" — Petrápolis (marcado Sarreguemines}.
478 — Outra vista de Icarahy (marcado Sarreguemines).
479 — Outra vista da Ilha Fiscal (mureado Sarreguemines).
480 —- Vista da Estrada do Niemeyer e Pedra da Gávea (marcado Sarre
guemines).
481 — Estátua de Dom Pedro I —- Rio (Maastricht).
482 —- Vista do Vale do Anhangabaú — S. Paulo.
483 — Palácio Monroe (Ria) — (Maastricht).
484 — Estação da Luz —- São Paulo (Maastricht).
485 — Bandeja com vista de Copacabana (fabrico lcheco).
486 — Bandeja com vista da Estrada Niameyer e Pedra da Gávea (fabrico
tcheco).
487 — Cinzeiro (1922) Pedra da Gávea.
488 — Bandeja com vista do Pão de Açúcar (tcheco).
489 — Medalhão em azul (luar) da descida da Av. Niemeyer, Rio (trunca
inglesa Devon).
490 — Leiteira com vista do Pão de Açúcar (fabrico tcheco).
491 — Enseada de Botafogo e Corcovado (fabrico tcheco}.
492 — Bandeja com vista de Copacabana e Guanabara no fundo (fabrico tcheco).
493 — Três pratos fabrico Sarreguemines com. monumentos e paisagens paulistas.
ICONOGRAFIA MILITAR
494 — Quatro pratos da Fábrica de Sarreguemines com representações de corpo~
rações militares.
691
ic o n o g r a f ia n a v a l e a é r e a
ART-NOUVEAU E ART-DECO
BISCUIT
692
GRÉS
593
563 -— Cofre de luxo, presente de casamento da rainha da França ao Príncipe
de Joinville, marcado Sèvres.
564 — Xícara e pires com efígie Imperatriz Dona Leopoldina.
565 — Prato aba lilás, flores, ouro, serviço Dona Leopoldina, sem marca,
566 — Terrina branca, friso e coroa dourados — Serviço Dona Maria II —
Haviltand.
567 — Xícara de caldo, Pedro I, "Vieux Paris'’, com armas imperiais.
568 —- Prato em faiança fina inglesa, comemorativo da Independência.
56Ç — Xícara e pires brancos com friso dourado, jsigla P.E. coroado (serviço
casamento do Príncipe do Grão Pará), !
570 — Xícara e pires comemorativos guerra do Paraguai.
694
602 — Prato com pássaro do Brasil (Savacou) sem marca,
603 — Bule no estito clássico Vieux Paris.
604 —• Castiçal estilo rococó, francês.
605 — Bule gênero Vieux raris,
606 — Frasco marcado Jacob Petit.
607 — Castiça! marcado Jacob Petit.
608 -—- Prato do Marquês do Paraná, atribuído à Jacob Petit.
609 — Estatueta de Netuno — Jacob Petit.
610 — Tigela e pires. Vieux Paris.
6Í1 — Xícara e pires “Pompeiano".
612 — Xícara e pires " Vieux Paris".
613 -— Pires marcado Vista Alegre.
614 — Prato com iniciais C.D. (fábrica André Marte Leboeuf).
615 — Prato com armas Duque de la Rochefoucault (fabrico Locrâ).
616 — Par de candelabros, base de porcelana, figuras.
617 — Caneca e pires-pássaros, marcado Viena.
618 — Par de figuras cie adorno, sem marca.
619 — Jarro com duas figuras -— marcado Meissen.
PORCELANA INGLESA
631 — Prato inglês, policromado com influência japonesa, marcado Chelsea.
632 — Prato policromado do serviço de Dom João VI, marca Royal Crown
Derby.
633 — Prato policromado, influência Imari — Royal Crown Derby.
634 — Xícara e pires, porcelana mole, tons azuis e laranja, marca SPODE.
635 — Grupo de duas xícaras com pires, marcas Derby e Worcester.
PORCELANA ALEMÃ
636 Prato rococó, pertenceu ao Marquês de Âbrantes, marca Saxe.
—
637 Prato com sigla e coroa Imperial do ser\’, âo Duque de Saxe, marca Saxe.
—
638 Bule, fundo azul, ouro, reserva com personagens, marcado Berlim.
—
639 Potichc fundo lilás, grande reserva central com cena, marcado A.R.
—
(Augusto Rex),
640 — Estatueta de Napoleão "Passagem dos Alpes”, de David, marcada
Nymphemburg.
SERVIÇOS OFICIAIS
641 —Serviço do baile da liba Fiscal (bandeira Imperial e Alemã).
642 —Serviço do baile da Ilha Fiscal (bandeira Imperial e Portuguesa).
643 —Serviço do baile da Ilha Fiscal (bandeira imperial e Espanhola).
644 —Serviço de gala da Presidência (azul e ouro) Havilland.
645 Serviço do Ministério das Relações Exteriores (República).
—
646 Azeitoneira, serviço antigo do Palácio dos Campos Elyseos (ao tempo
—
do Dr. Rodrigues Alves).
647 — Prato do mesmo serviço.
695
648 — Serviço do Palácio dos Campos Elyseos, encomendado pelo Dr. Arman-
do Salles de Oliveira, marcado Wedgwood.
649 — Idem, idem, encomendado pelo interventor Dr. Adhemar de Barros,
650 — Idem, idem, encomendado pelo Dr. Júlio Prestes, marcado Minton’s.
651 — Tampa do serviço já mencionado adquirido pelo Dr. Rodrigues Alves,
para o palácio.
652 — Prato da Presidência com os dizeres ",Deodoro" (Havilland).
653 — Ázeitoncira do mesmo serviço.
654 — Prato de doce, xícara e pires com os dizerçs "Deodoro" (Havitíand).
655 — Prato do serviço do presidente Arthur Berhardes.
656 — Xícara e pires de outro serviço do mesmo presidente.
657 ~ Prato de. gaia da Presidência com marca de Havilland.
658 — Prato da Presidência, branco no verso tem a marca do distribuidor,
Casa Cypriano.
659 — Prato da Presidência, fabrico de Brennand.
660 — Prato do serviço oferecido pelo rei Alberto ao presidente Epitdcio
Pessoa em 1922.
'661 — "Veilleuse" do serviço jd mencionado da Presidência (Casa Cypriano),
662 —- Travessa de peixe, serviço da Presidência (Limoges).
663 — Prato do serviço do Palácio da Aclamação (Bahia), marcado L.P.
& Limoges.
664 — Prato do serviço do vcso de guerra Javari da Marinha Imperial.
665 — Prato do serviço do encouraçado São Paulo, marcado Coatport A.D,
666 — Prato do serviço do vcso de guerra "Duque de Caxias", marcado
Limoges Unic.
PORCELANA JAPONESA
696
698 — Série de quatro potinhos, sendo que o terceiro é decorado pelo sistema
decalque — Irnari.
699 — Quatro poünhos e uma leiteira com sistema de decoração (azul), sob a
glasura e sobre o vidrado — Irnari,
697
737 — Três peças — Marquês da Vila Real da Praia Grande, Visconde de Cabo
Frío e Barão de Alegrete (pela ordem).
738 — Saladeira do serviço conhecido por Marquês de São João Marcos.
739 — Detalhe da saladeira, com um B. dourado (Barão ou Betim).
740 — Serviço que pertenceu ao Barão de Ramalho (com iniciais do ofertante
D.P.A.R.).
741 — Travessa da coleção Museu Mariano Procàpio.
742 — 77«v&r.ra com iniciais apagadas do Palácio Bandeirantes.
743 —- Prato Companhia das Índias com uma rosa. j
744 — Prato que pertenceu ao Visconde da Cachoeira, José Luiz de Carvalho
e Mello, com iniciais.
745 — Prato que pertenceu a Manoel Machado Coelho de Castro.
746 -— Parte do prato de cima e parte de um outro atribuído à Dona Caríota
Joaquim.
747 — Prato Companhia das índias, decoração azul e sépia.
748 — Prato tipo Baiávia, fundo chocolate e reservas,
749 —■ Prato de sobremesa (iniciais apagadas) do l.° Conde de Itamaraty.
750 — Idem, idem, com decoração diferente e as iniciais ainda visíveis F.J.R.
751 — Prato com as iniciais Í.A.G. que pertenceu ao Barão de Araújo Goes.
752 — Uma sopeira da coleção de Oscar Americano Neto e uma série de
sopeiras da Fundação Maria Luísa e Oscar Americano.
753 — Série de quatro xícaras diferentes Companhia das índias, século XI X.
754 — Sopeira com iniciais T.F.C.B., não identificada,
755 — Urna ânfora, um jarro, dois vasos policromos.
PORCELANAS BRASILEIRAS
756 — Bule, xícara c pires da Fábrica de Caeté, Minas.
757 — Peças de serviço de chã e café da Fábrica Santa Catarina.
698
GLOSSÁRIO
1) Termos em portugüês
2) Termos em inglês
3) Termos em francês
4) Termos em espanhol
TERM O S EM PORTU GU ÊS
(Perfil de Pratos)
ftL d to
CLnontiò 0
t ie .b o n .d o , a ba aba, bonda
d zb fu u ri
n e v ítiA Q - ta n d a z
— A — Azulejo Iglográfíco — Azulejo com representação dc Santos.
Azulejo relevado — Azulejo que apresenta relevos.
Acanalada ~ Peça canelada, Azulejos, técnicas de decoração — (Do árabe al-zulciclia).
Adobe — Tijolo cru (técnica antiga dc construção) barro A decoração com azulejo foi aplicada no Próximo Oricnle
misturado com palha. Os mouros o introduziram na Es quatro milênios a,C. Os egípcios usavam-no nas paredes paru
panha e Portugal c este no Brasil. melhor refrescar o ambiente. Os assírios c babilônios do
Afta ba — Gomil (Pérsia). séc. XIII a.C. até o séc. VI a.C., faziam tijolos esmal
"A jau ré" — Termo francês; transí tirado, vasado, fenes trado, tados pintados com esmaltes coloridos com figuras, Na
incestado, Europa a técnica mais em uso, antes do séc. XII, era
"A th arei lo” — Variedade de potes cilíndricos, mais altos ou a do sgraffiato ou sgraffito ou gral fito (em francês
mais baixos, mais largos ou mais estreitos, com ou sem “décor en creux” ): os desenhos eram gravados a mão
ligeiro estrangulamento no centro, com ou sem alça, com através de uma camada de argila branca, a qual era em
ou sem tampa; a forma já era encontrada na Pérsia (ai- parte completa mente raspada para mostrar o fundo
- barani) e na Síria no séc, XII e na Espanha mourisca marrom da pasta do azulejo. Os azulejos de Dclfl, sobre
a partir dos sécs. XV e XVI e eram usados para con tudo os avulsos e os planos, sofriam outro processo
servar artigos farmacêuticos e unguentos. Seu uso passou decorativo: para apressar o trabalho dos artistas pintarei,
para a Itália e o resto da Europa, a decoração inclui era usado um cartão furado, colocado sobre o azulejo e
brasões, retratos {amatorii), o nome abreviado do conteúdo, sobre o qual colocava-se o pó de carvão para deixur
etc, Existe uma série magnífica no Brasil dos sécs. XV c marcado na pasta o delineamento do desenho a scr seguido
XVI, de antiga famosa coleção (A. Imbert — Parts) cm pelo artesão.
exposição no Museu de Arte de São Paulo. Esse processo com variantes, è chamado em Portugal de
Atbarrada — Vaso sem asa em que se costumam pôr flores, fantasma. Há outros processos usados pelos franceses e
pichei de barro com bico. ingleses, como o chamado de estêncil. Estes pelo último
Alcarraza (árabe) — Espécie de bilha dc barro porosa, moringa. quartel do séc. XVIlí, se utilizavam da transposição
Aleanfôr — Cânfora. da imagem na decoração, através de diversos processos,
Alcatruz — Vasilha que os árabes usavam para tomar água, como o ‘Transfer-printing" e variantes como o decalque
no Brasil significa tubos de barro, de pedra ou dc pa c a litografia, assim como o processo fotográfico ou
pelão-betumado; condutores de água (recipiente dc água foto-cerâmico (1870).
colocados nas rodas d'ãgua dos engenhos).
Alguidar —- Vaso de barro vermelho ou vidrado, com maior
circunferência do que fundo. — B —
Alizar — Termo árabe (al-tzur) faixa de azulejos e também
dá-se o mesmo nome ao enquadramento de portas ou dc liarias de água à barba ou degolada ou sangradeira —- Bacias
janelas com cercaduras ou barra de azulejos. com pequeno recorte circular na aba, as pequenas tu m
Almofla -— Vaso dc barro mais largo do que alto, princt- usadas como sangradeiras e as maiores para barba.
palrnenle para lavar as mãos; tigela de fundo largo e Bacias de cloaca — Latrina.
caldeira quase perpendicular.
“Bãccini” ou “ Tondo” — Medalhões dc cerâmica que se
Almotalia — Pequeno vaso de forma cônica para azeite
(cn graxadeira). embutiam na parede na Itália até o séc. XV, para deco
Almudc — Vaso que contém medida dc capacidade para ração ou marcar a data da fundação de prédio, ou o
líquidos, dc doze canadas ou quarenta c oito quartilhos nome do proprietário ou de uma mansão.
(antiga medida de cercais). Barbotina — Caldo ou nata dc argila cm suspensão na água,
"Amoriui" — Cupidos muito usados na Itália na decoração chamada também pelos oktros de lambugem (Joaquim
do séc. XVII. Vasconcellos. ob. cit. pág. 83).
Anil — Índigo. Banisln-bonequdro — Artesão que produz figuras dc presépio
Aulefixo-acroterio — Peças de cerâmica, colocadas nos telhados (Bahia), corresponde a artista fjgurelro.
c cimalhas, como arremate dc fachadas, no Norte do país, Barrote — O mesmo que pau a pique.
chamavam também de ponteiras (reminiscência dos “ acro- Bata — Pequeno maço dc madeira para sovar o barro antes
terium" gregos e romanos). , de colocá-lo na roda.
Anverso — Parto anterior do prato. Batega — Bacia.
Arabescos — (Árabe) Na decoração islâmica consiste cm deco
ração plana de linhas ou fitas intrincadas e entrelaçadas, Batente — Peça de madeira plana Com cabo para acertar os
formando um desenho abstrato. Como decoração popular tijolos que sofreram deformação. (Joaquim de Vascon-
mourisca era muito usada, porém sem formas de animais, cclios, ob. ciL pág. 47, est. 55).
os louceiros espanhóis é que aduziam desenhos zoomorfos Belarmino ou belanníne — Tipo de jarro piriforme em grés,
e antropomorfos. Esses desenhos influenciaram mais tarde produzido na região do Reno, para vinho, tendo na frente
o barroco do Norte como ornamento. No séc. XfX na moldada uma máscara com barba, fabricado a partir do
Inglaterra esses desenhos eram também chamados dc século XV. Segundo umas das versões, o nome provim
"Morcsques”. do Cardeal Roberto Belarmíno que se opôs a reforma
Aranhões —- Tipo de decoração encontrada na faiança portu nos países protestantes.
guesa. Este motivo ornamental (séc, XVO) sofreu uma “ Bianco supra azzuro” — Termo italiano para designar a
evolução que na forma primitiva apresentava a "pedra aplicação de desenhos brancos sobre um fundo azul,
sonora" dos chineses, modificado por sucessivas estilizações, conseguindo com a mistura do esmalte esianífero com
transformou-se mim motivo parecido com um inseto. corante forte azul no caso o cobalto usado mais na maió-
Daí provém o nome “aranhões” (ca lá logo do “Museu lica italiana dos sécs. XVI c XVI [. A China passou
das janelas Verdes" -— 1938 — pág, 10, estampa 101). a utilizar-se do processo por volta de 1730/40, como
Argila —- Barro de diversas cores e composições, inclusive decoração ou complemento dela.
branco.
Bitlia — Vaso de barro bojudo com gargalo curto, com uma
Azul de cobalto — Mineral que tem por base o alumínaio de asa, com duas asas c boca larga é chamado cântaro,
cobalto. Continua sendo o ingrediente mais usado na
decoração, sob o vidrado do azul e branco. Primeiramente Biscuit — Pasta dc matérias primas selecionadas, cozidas à
usado pelos Persas, foi introduzido na China durante a temperaturas elevadas e que se destina a moldagem de
dinastia Yuan (280-1368) c foi extensivamente empregado bustos, estatuetas, flores, adornos, branco de aspecto de
durante a dinastia Ming. A cor oscila entre um azul mármore (Sèvrcs, Capo dimonte, Saxc, Viena, etc.), rara-
cinzento e escuro para a pura safira. Provinha oiigí- mente de cor. Por extensão, também pode-se considerar
nalmentc das montanhas do BcluchistSo na Pérsia. É um biscuit, qualquer pasta cerâmica depois de cozida e antes
mineral que suporta altas temperaturas, daí scr chamado de vidrada. Enehaeotc em Portugal.
também de azul de fogo alto (até 1500a). Bispote ■— Vaso de quarto dc dormir (urino!) com tampa, do
Azulejos enxaquetados — Azulejos cuja disposição das peças inglês "piss-pot”, pinico, bacia dc mesa de cabeceira,
lembram, o tabuleiro de xadrez. Uispotcira — É a mesa dc quarto na qual se guarda o bispote
Azulejo estampado — Também dito de “estampilhado”. (eriado-mudo). ,
703
"Buccaro" —. "Bocara” ou "Buccaro” — Termo cerâmico protetor dos oleiros, havendo até na Atenas antiga um
italiano para designar peças que exibem parte ou todo bairro denominado Cerâmica, ocupado pr in ci palm ente
de seu corpo etn terracota; a China as fabricava na pro pcios oleiros.
víncia de Yi-Shing. Os ingleses as chamam tic “Red Cerámicn Aplicada — Assim considerados os tijolos murais
Porcelain” ou "Red China", Há referências que peças do e dc piso, os azulejos, os ladrilhos, as placas e ladrilhos
gênero eram também importadas do México e que Talavcra cerâmicos.
também fabricava peças idênticas. Cercea — Peça de metal com o perfil do prato e que Se
Ru ião — Vaso em geral bojudo forma de balão ou piriforme, aplica para dar-lhe a forma do anverso quando está girando
havendo também boiões tubulares (cilíndricos com estran no tomo.
gulamento na parte média ou não). Chacota — Barro cozido ou terracota.
(Vide "Faianças de Farmácia” — Catálogo de Exposição Cbamota — Material cerâmico refratário ao calor de granu
em Lisboa — 1972 da Biblioteca Nacional). lação grosseira.
Bordai to 'Pinheiro — Raphael Bordallo Pinheiro em 1884. Chávena — Taça dc capacidade de meia xícara, usuaímente
depois de ter estado no Brasil, onde se distingue pela designando xícara.
excelência de seus desenhos e charges políticas, funda em “Chinoiserie” — Decoração inspirada cm motivos chineses,
Caldas da Rainha, importante fábrica (vide faianças) (2° chínesiee.
capitulo). Colo — Parte superior da peça, antes da boca e do pescoço.
Bule de doentes — Em forma de taça — asa lateral, cobertura Corantes — Óxidos variados (cromo, ferro, zinco, cobre,
abaulada e abertura em forma de leque, esmaltado antimônio, estanho, etc.) que servem para a decoração.
(séc. XIX). Corneta — Espécie de manga de corpo cilíndrico com boca
*’ alargada, canudo de boca larga (“ comet” em francês).
“ Coveto” — Termo italiano para designar a caldeira de um
— C — prato ou travessa.
Covilhete — T ífdinha, pequena malga, pequeno prato de parede
Cabaça — Vaso de diferentes dimensões que tem a forma de levantada, existe o termo com o mesmo sentido em espanhol
uma cabaça, fruto que costuma ter uma cintura apertada "cubillcle”, empregado em leilões (Duran —- Madrid, catá
on uni estrangulamento no seu corpo que fax parecer ter logo — Dez. 1970),
duas seções ou um bojo duplo. Cravilha — Peça refratária que serve para separar as peças
Desde Knng-Hsi que eles são fabricados na China e no forno.
Imari ainda os produz.
Cabelo, ou fio de cabelo — Diz-se de pequena fissura na peça. — D —
Caçamba — Pode ser vasilha ou recipiente e também tem o
mesmo nome das rodas d'agua de engenho em Portugal.
Esse tipo do caçamba lem o nome regional de "Alcatruz Decoração caügráfica — Muito usada na Europa medieval,
de nora”. no Oriente Médio e na Espanha Mourisca (Manises),
Caçoula ou caçoila — Tigela que vai ao fogo. tanto em vasilhames como em azulejos.
Calcetamento — Ladrübamento das ruas ou revestimenlo de Decoração fitnfonne ou fitomorfa — Decoração corn desenhos
pedra. de plantas, folhagens.
Calibrar — Operação de dar forma no tomo ao anverso do Decoração flabetifonne — Decoração em forma de leque.
prato com a cercea, peça feita com o perfil exterior da Desenhos miúdos — Tipo de decoração encontrada na faiança
peça. portuguesa do séc, XVII (José de Queiroz).
Caligrafia — Provém do grego Kalos (belo) + graphein
(escrever), (Ubirajara Dolácio Mendes — Noções de — E —
Paleografia — Arquivo do Estado de S. Paulo — 1953).
Cantape — Pera ou cerâmica gravada em relevo. Enrhacotar — Cozer a louça antes de vidrar.
“Camélia Grande” —- Tipo de decoração poiicroma de azulejos Encbacole — o mesmo que biscuit. ,
portugueses com a estilizaçáo daquela flor, em geral for Eagoho ou eu gobe — Caldo de argila ou de argilas escolhidas
mada por quatro pedras. para revestir a terracota e esconder-lhe o fundo, usado
Cniigirãu — Vaso grande de boca Inrga com um bico pequeno desde a Antiguidade na Pérsia. Nossos Índios da Amazônia
e sem pé, para beber vinho; também caneca de cerveja. já o empregava ao tempo das Descobertas. Os romanos
Origem inglesa, 1761, John Asprey cm Staffordshire, o usavam desde o l.° séc. a.C., para obter um vermelho
modelou a primeira caneca cnm uma figura grotesca que uniforme chamado de Terra Sigiiatã, também chamado de
passou a ser conhecida por "Toby Jug'1 e obtendo largo barbo tina.
sucesso passou a ser copiada c modificada com outro Earolaraento —- Técnica indígena de enrolar cilindros de barro
gênero de personagens por numerosas fábricas inglesas. na confecção de peça cerâmica também chamada de “as
Em Portugal ainda no séc. XVIII, elas são copiadas, pirai” e de "colombin” , peins espanhóis e franceses.
sobretudo por Viana c as fábricas do Porto, representando Enxugo — Secagem para eliminar umidade antes da peça ser
as figuras populares da época, como lavadeiras, peixeiras, submetida à cozedura.
etc. Devezas e a Fábrica do Choupelo em Gaia as fabri Escudela — (Do latim “scutela”) Pequena malga baixa com
caram. Bordallo Pinheiro no fim do século também dela asas ou orelhas.
se utilizou. Esgrafito — Técnica de decoração dc desenhar linhas incisas
Cantos de azulejo — As peças avulsas de Delft, costumam sobro o corpo da peça.
apresentar desenhos nos quatro cantos, o chamado "cabeça Esmalte —- £ uma camada de vidro opaca, branca ou colorida,
de boi", a "flor de lis", o "o aranhiço", e “o cravo”; as colocada sobre as peças, vidrado.
portuguesas de desenho avulso, cm gera) apresentam nos Estêncil — Sistema de usar uma leia furada em pontinhos
cantos "estrelinhas” ou "pétalas". para delinear o desenho com pó de carvão, o qual será
Cnulim — Substância argilosa branca que entra na composição seguido pelo artista. H á várias variantes. Os portugueses
da porcelana composta de feldspato (petuntze) alumina, chamavam-no de “máscara” ou dc “fantasma” . É tanto
quarlzo, etc, empregado nos azulejos como no resto dos objetos
Caxixts — Miniaturas de louça grande caprichosamente irabn. cerâmicos.
Ihadas, moringas, pratos, panelas, fruteiras, tigelas, frigi
deiras, quartílhas, etc, (Bahia).
"Céiadon” — Nome dado ãs porcelanas monoeromas vidradas — F —
de cor olívada; constitui um dos principais produtos de
exportação da Coréia, da China e do Iapão e até hoje Faetiza — 0 centro italiano mais famoso de fabrico da
são eles fabricados no Oriente. maiólica e que com o tempo c pela alta qualidade de
Cerâmica — Provém do étimo grego Keramos, chifre oco de seus produtos acaba dando o nome de faiança a essa
animal, servindo como copo ao homem primitivo. Existe categoria cerâmica introduzida na Europa pdos árabes.
também a versão de que provém do termo Kcramik que Faiança — Feita com argila de grande plasticidade, tempe
designa argila e ainda segundo J. Vasconcellos, a palavra ratura de cfc 900°. É porosa c pouco resistente e recoberta
seria originária do nome Céramus que segundo a mito de esmalte- opaco â base de compostos de chumbo
logia grega era filho do Deus Bacco e de Ariana e era (transparente) e estanho branco (opaco).
704
Faiança ao fogo alto —» Faiança cozida a alia temperatura o Gome — Caldeira, figurou em Catálogo de leilão de Jaime
que [imita o número <3e cores (víoicla, castanho, preto, ver Leal da Costa no Rio de Janeiro, como designando caldeira
melho, verde, amarelo, azul) que não se desintegram ao da peça, em julho dc 1951, pág. 3, descrição do lote 16
calor. e lote 18 (prato fundo). Segundo o antiquário e numismata
Faiança ao fogo bramiu — Faiança cozida entre 800° a 1.100°, José Claudíno da Nóbrega, esta expressão é originária
no chamado fogo de mufla ou reverbero o que estende da numismática onde é chamado dc Gome o espaço ou
a gama de cores a serem aplicadas. a faixa que fica na moeda entre o motivo central e a
Faianças de Farmácia — Existem três variedades: a) boióes borda.
tubulares, os mais numerosos de íorma aproximadamente Grés-cerâmico — Composição de contextura muito forte,
cilíndrica, pois apresentam um estrangulamento n 2 parte impermeável, de grão fino, cozida a alta temperatura,
media. Também se índuern neste grupo os boiões em que entrando em semi-fusão ou vitriíicação total (A. Pilcggi
não se verifica tal estrangulamento, geralmente são recentes — ob. cit.) ou pasta dura e muito densa, sonora, imper
(fins dos sécs. XVII e XIX); b) boiões bojudos de forma meável, de grão fino opaco mt lustrado feita com argila
mais vulgar, estes podem tomar uma forma acentuada plástica stlicosa e saibro (G. Barroso — Introdução
de balão ou mostrarem uma configuração pinforme; Técnica Museus, vol. II — pág, 376).
c) os espécimes menos vulgares e também mais antigos Servem os grés comuns para o fabrico de tubos, manilhas,
são as garrafas de faiança (vide Exposição de Faianças sifões, etc., para construções, e os grés finos para em
Portuguesas dc Farmácia — Biblioteca Nacional Lisboa, pregos diversos, como botijas, louça resistente, etc. (J, de
1972). Vasconcclíos, ob. cit. pág. 84).
Faiança fina — Faiança fina ou inglesa: Segundo Alexandre "steingut” —- nome dado ao grés na Alemanha e à uma
Bronguiart (Sèvres), a faiança fina pertence aos produtos variedade de faiança fina — (Villeroy & Boch e outras
de pasta dura e opaca, branca iufuzível ao fogo de porce fábricas).
lana e com vidrado de chumbo. Porém, a sua composição “steinzueg" — uma das variedades de grés, em particular
è diferente da clássica faiança Ou majolica. Sua pasta é os fabricados por Bõitger no primeiro quartel do séc.
XVIII em Meíssen.
produto de vários ingredientes, conforme a fábrica que
os aplica, é compacta e de forma gerai esbranquiçada, Gretado -— (“Craqueíé") Processo aplicado no verniz, para
provocar rachaduras no esmalte; estalado.
dispensando o engobe. Existe um sem número de varie Greiarnento — Trincas nos esmaltes que se alastram em conse
dades como pó dc pedra, granito, etc. Chamada pelos quência de diferenças de temperatura.
franceses dc "faience fine" ou “terre de pipe anglaise" “Grotesco” — Conjunto de ornamentos fantasiosos em que
e pelos ingleses dc "cream coloured ware” ou "queen’s sobressaem animais, figuras, folhagens — típico do período
ware” ou “white earthenware", os alemães a chamam de da Renascença.
"s Seingut" (V illeroy & Boch). K cozida à temperatura mais
elevada do que a faiança verdadeira e recoberto de esmalte
transparente, em geral plumbífero, — ti -
Fnïünça ou porcelana "craquelée"’ — Desde Sung que foi
adotado pelos chineses o processo, dando a impressão de “ Hua" — Termo chinês para designar a decoração usada na
que a peça está coberta por uma rede ou partida em porcelana Míng primitiva e no século XVIII na porcelana
átomos ligados entre si. 0$ tipos de rachas (craques) branca, também chamada de decoração “secreta" que con
grandes são chamados dc "pé dc caranguejo” e as pe siste em formar desenhos furando a pasta e recobrindo-a
quenas de “escamas de peixe" ou “truité", por sua □penas com esmalte transparente.
semelhança com as escamas das trutas. Gustavo Barroso
a denomina de faiança ou porcelana “estalada", assim
como vários autores portugueses.
Faiançn ou Porcelana Marmorizada ou Marmoriada — Peças Identificação entre pasta mole e pasta dura — Esfregando-se
imitando o veiado de diversos mármores. a área não vidrada de uma peça com a unha esta serã
Feldspato —■ Em chinês peturUze, um dos componentes da lixada, em se tratando de pasta dura, e se for pasta mole
purcelftna chinesa e japonesa. Ele tem seu ponto de fusão serã a unha que deixará sua marca, Um caco pode ser
a 1.951)“ quando s e . transforma mima espécie de vidro facilmente identificado, porquanto a pasta dura parte-se
natural; loma-sc cristalino, como cristal de rocha (a pedra como vidro, deixando arestas compactas, enquanto a mole.
do muiratitan é uma das variedades do feldspato); o ao partir-se, exibe sua contextura granular, como torrões
étimo é alemão: fdd^cam po, spatcepedra. dc açúcar.
Figulina — O u argila magra é o barro mais usado nas olarias, hiftiga — Espécie de bilha.
próprio para tdhas e tijolos, com pouca plasticidade, ao
contrário das chamadas argilas gordas com maior plástica
(L dc Vasconcclíos, op, cit. pág. 27), — J —
Em francês existe a palavra “figulinc” que nada tem a
ver com a primeira definição. Esta palavra francesa era João Manso Pereira — Ceramista, químico, mineraiogista e
empregada por Bernard de Paüssy no séc. XVI para professor de Humanidades no Rio de Janeiro. Localizou
designar as suas louças com objetos, cobras, lagartos, o caulim na Ilha do Governador c foi oficialmente o
peixes etc,, copiadas do natural c cobertas com esmaltes descobridor na América do Sul da porcelana dura, produ
coloridos; depois o termo '‘figurine” passou a ser empre zindo vários produtos “como camafeus, cadilhos e outtos
gado para obras do mesmo gênero na França, sobretudo vasos” que enviou à Portugal, à Rainha Dona Maria I, em
para pequenas estatuetas. 1793 e 1795. Tem suas marcas registradas em vários
Frete -— Parte central do reverso do prato limitada por um tratados cerâmicos estrangeiros.
debrum (Campos e Sonsa-Loiça Brasonada).
Frita — £ uma composição de argila com vários materiais vilri- — L —
ficáveis formando unia pasta que é considerada como
"Porcelana Artificial" ou “ Porcelana Mole" ou "Pasta Lareira — Muito comum na Eu topa, lareiras e pequenos
Branda”.
fomos revestidos de cerâmica como decoração e para
Fundentes dos esmaltes — Substâncias diversas: areia branca, aquecimento de interiores (azulejos, placas cerâmicas,
quartzo feldspatos (petuntze) borax, ácido bórico, nitrato, tijolos esmaltados, refratários ou não).
carbonato de cálcio, de soda, de cal, sal marinho. Na Vila de São Paulo, é consignada a presença de lareira
FusibitUlade —- A argila pura é infuzível, porém à alla em 1733 "e fazer-ihe de íijollo hua lareira de tijollo
temperatura com os componentes estranhos de que está com suas costas do mesmo tijollo para defender as ma
impregnada, pode-se tomar fuzível. deiras”. (Atas da Câmara de São Paulo, vol. X — pág, 278).
Lastra — Massa cerâmica.
“Ling Lung” — Trabalho vasado e fenestrado (ajourée) na
— G — porcelana chinesa.
Listei õu Lís li lo — Filete.
Gigo — Termo bastante empregado nos relatórios da Alfândega Louça (ou loiça) — “Denominação genérica, compreendendo
colonial, iratam-sc de cestas que traziam mercadorias. todos os produtos manufaturados da Cerâmica, compostos
705
de substancias minerais, sujeitas a uma ou mais queimas” suas "Frotas das índias” e poste ri o rmente em fins do
(A. Pilcggi, ob. cit.5, "São de loiça os objetos de barro séc. XVI, pelas naus das Companhias das índias Orientais de
cozida, faiança, gris ou porcelana” (José de Campos e diferentes nações. Em português a, expressão era aplicada
Sousa — pág, 27). Também há os que a caracterizam indífereotemente para designar tanto a "Porcelana da
como categoria à parte e cientificamente a definem como China” (de categoria e classificação superior) como a
"Massas cerâmicas, de argilas, sílica e fundentes alcalinos porcelana chinesa de exportação (dc categoria inferior e
(feldspato) ou alcalinos terrosos (óxidos de cálcio ou classificações diversas). Ainda no século XIX, a mordomia
magnésio) denominadas também de Terraglia, maiólica, da Fazenda Imperial de Santa Cruz, continuava a arrolar a
Faiança ou louça de pó dc ped ra, grani to, etc." (Rev. porcelana Companhia das índias como “Louças das índias” ,
Brasileira dc Cerâmica). “Há também em uso designar-se distinguindo-se, porém duas peças de “louça de Macau”,
a louça e porcelana, considerando primeiro Eudo que não azul e branco). (Vide Arquivo do Distrito Federal, citado
é porcelana" — Marques dos Santos. por Gastão ^'Penalva in Anuário do Museu Imperial —
Louça Armoriada — Com desenhos de brasões, escudos 1942 — pãgs, 117 a 148 e pág. 124, nota 7). Há também no
legendas, armas, coronéis, siglas coroadas, elmos, vírois, Brasil a referência a “louça da índia Azul” a "Louça Azul
pavilhões, mantelele, tenentes e snporlcs, paquifes, cte. de Nankin” e a de Cantão (Pauta da Alfândega de 1837)
Loitça de Barro — Produto de argila de uma ou mais quali e parte dos autores ingleses aplicam aquela expressão geral
dades sem composição específica, de massa porosa, de louça da índia:
adquirindo a cor após a queima de acordo com as tona Indian China — Indian Poreelain — Indian China Class
lidades das argilas empregadas (terracota). — aplicável somente para os tipos de exportação, incluindo
Louça dc Caelé — (Vide louças mineiras). a Família Verde e outras.
Lonça de Cantão — Há uma enorme variação de tipos expor “Esta classe deve incluir toda porcelana feita cm quanti
tados saídos por aquele porto, pois que Cantão era o dade para exportação ã Europa . . . as formas na
grande empório chinês da venda da porcelana até com maioria dos casos são européias”. Os franceses, cm parle
exposições regulares para expor os produtos chineses para aplicavam o mesmo termo para a mesma classificação
os mercadores e agentes das várias Companhias das Índias e (A. Jacquemart — Histoiy of Cera mie Art — Tradução
Londres, 1877).
armadores que operavam com o Oriente, Boa parte das
encomendas feitas à China, eram fabricadas no interior, Louça Islâmica ou Maometana — Lonça produzida no Oriente
com a aplicação das cores à fogo alto c terminadas as Próximo desde o séc. IX na Pérsia (Irã), na Meso-
outras cores e a decoração à fogo brando nos múltiplos potâmia (Iraque) Turquia e no Egito, provenientes de
ateliês de CánIão. Exportava tanto a louça azul c branca vários locais, como Minai, Amol, Kashan, Gabri, Lakabi,
como tt policromada. Na pauta da Alfândega Brasileira Ravy, Nishapur e Sultanabad, nesta classificação incluent-se
(1837) há menção de “terrinas de louça da índia azul as louças de Rakka e Iznik e as dc Fostat.
de Cantão". Louça dc Iznik — Louça fabricada em Iznilí (antiga Nicéa)
Louça Decalcada — Existem vários processos de transposição, na Anatolia, Turquia, não longe de Istambul do outro
para decorar a louça tndustrialmente — o principal deles lado do Bósforo, Era feita çom unta pasta arenosa c
é chamado de decalque — uma variante do "transfer- usual mente coberta com um engobe branco com mistura
-printing". Esses processos vieram a dar enorme impulso de óxido de chumbo, às vezes com parte de estanho, tipo
tt produção, inglesa e européia, com a imitação sobretudo esse conhecido como "tnezia-maióUca" ou meia-faiança.
do azul e branco e dos motivos chineses — ( 1* 0 0 1 binhos e A glasura cobre as cores usadas cm temperatura alta t
outros) e reprodução dc vistas de cidades, monumentos, os desenhos são sob coberta. As peças primitivas deco
alegorias, bustos de personagens, motivos históricos e radas com motivos florais eram cm azul escuro e claro
patrióticos. Existem pratos com vistas do Rio, de cidades c inspiradas nas peças da dinastia Ming. Em geral essas
brasileiras como à passagens da guerra do Paraguai, vasos louças eram pintadas cotn cores fortes c brilhantes, tanlo
dc guerra, etc. o azul como a turquesa, o venle e o vermelho.
Louça de Delft — Faiança (também feita na Inglaterra, onde Louça dc Jaspe — Considerada como grés fino e mesmo porce
era chamada de Ddft-Ware ou English Dclft-Ware) que lana artificial. Fabricada por Wedgwood 1774 (vide Jasper
era também conhecida por maiólica holandesa (Dutch no Glossário em inglês).
Maiólica), produzida na Holanda que no começo sofreu Louça ou porcelana Jesuítica -— Os jesuítas mantiveram contato
a influência italiana (primeira metade do séc. X V I). com a Corte Chinesa e cm função desse contato acabaram
O impulsa da indústria da cerâmica em Delft, teve lugar por influenciar a decoração da. porcelana com desenhos
no meado do séc, X V II, quando os oleiros ou louceiros, religiosos sobretudo bíblicos executados por eles próprios
ocuparam pnrte das cervejarias desocupadas pelo declínio como os irmãos Beilevüle (1684) e os pintores Ghcrarditií
desta indústria. Acontecendo que no mesmo período a Com Castigiioni (1725) e Aiticri,.. e dessa forma direta ou
panhia das Índias Orientais, importava enorme quantidade indire tumente criaram um género novo que se caracteriza
de porcelana oriental, primeiro no séc. X V I, comprando pelos desenhos à "encre de Chine” — toques cor dc rota
os exemplares cm Lisboa para distribuição para a sua (nouge dc fer) e ouro; posteriormente a gama de motivos
clientela nórdica, depois indo direta mente íi China, estabe ampliou-se largamente com Lemas mitológicos, com cópias
lecendo o comércio direto. de gravuras e quadros célebres c outros temas, inclusive
Assim, os fabricantes de Delft habituaram-se a admirar eróticos. Há os que consideram dentro desta classificação
os motivos chineses e neles encontraram uma fonte de esses lemas não religiosos. Os antiquários e leiloeiros
inspiração copiando os modelos eom grande sucesso. As portugueses costumam chamar de “Figuras Européias" as
mais finas peças foram produzidas èntre 1640 e 1740. peças que apresentam figuras poli cromadas.
Louça de "Deus” — Louça de barro feita pelos escravos Louça de Lisboa — Produtos cerâmicos provenientes da região
(copos, jarros, pkhorrss, cabaças, etc,, nos feriados de Lisboa, consignados nos inventários vicenlinos do
e dias santos). E porque assim cratn feitos nos lazeres séc. XVI t.
dos dias consagrados à Igreja, esses objetas tornavam Louça nu porcelana de Macau — Porcelana chinesa de deco
aquela designação (C J. da Costa Pcteira, op. cil. pág. 78). ração branco e azul (sob o vidrado) muito reputada no
Louça Fotográfica — Louça decorada eom um processo usado [empo de Kang-Hsi e que os chineses continuaram a
por Wedgwood de fixar o motivo fotográfico de 1870 reproduzir imensamente com motivos chineses para o
cm diante — (G, Savage e H. Newman — "An Hlustraled mercado externo, variando estes motivos conforme o
Dictionnary of Ceramics" — Londres — 1974), Também período sendo o mais popular, conhecido por “ Pom-
chamado de processo FotocerSniico (Thèfese Th ornas, de binhos” muito copiado pelos, ingleses. No Brasil é comu-
Villeroy & Boch -— Mettalach), meníe chamada de louça dc Macau pelo nome do porto
Louça Histórica e Louça Anônima — Para distinguir mim e entreposto português que a exportava comprando-a no
plano sócio-histórico a classificação da cerâmica antiga, mercado chinês, John Mawe em viagens ao interior no
adotamos o critério de dividi-la cm duas grandes seções: Brasil (1808) consígnou-se sua presença no Rio no princípio
a histórica ou personalizada c a anônima. A primeira do séc. XIX, designando de “louza azul de Macau" (pág.
quando é filiada a uma personagem c a segunda quando 108) assim como outros viajantes como Maria Graiham
desconhece-se p possuidor da peça. (Vide 29 Capitulo e também consta de inventários desde 1725 (Taubaté)
"Faiança”, in fine textus). como também vem arrolada Registro da Alfândega d o .
Louça da índia ou Porcelana da índia — Designa a porcelana Rio de Janeiro (O Espelho, Rio n9 11 — de 1822/23),
chinesa introduzida na Europa pelos portugueses com as que consigna a entrada em 14 de março de 1823 de “ qua
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renta c uma caixas de louça e doze caixotes provenientes lo u ça ou Porcelana da China — £ assim chamado o produto
de Macau”. As finas são conhecidas hoje por “azul e bran chinês mais fino e apurado, fabricado para uso interno,
co”, sem menção a Macau. pelas fábricas imperiais chamadas de Kin-Io (K.un, magis
Louça ou porcelana "Manda riu” — “ . . . profusamente deco trado e Io, fábrica). Campos e 'Sousa, ob, cit.
rada é um dos tipos bastardos característicos da decadência Louça ou Porcelana da Companhia das índias — É a porcelana
da porcelana chinesa de encom enda...” (José Campos e fabricada na China para os mercados ocidentais com
Sousa — "Loiça Brasonada" — pág. 50). Começada a desenhos e formas inspiradas no Ocidente, c mesmo com
fabricar no séc. XVH1 a sua decoração representa grupos desenhos e formas chinesas, porém fabricadas em série
de mandarins, tendo por fnndo a paisagem ou interior de c dc qualidade inferior pelas fábricas ou olarias chamadas
habitação, às vezes também com personagens mitológicos de Man-Io (Man-povo — Io-olaria). Muitos ccramôgrafos
ou divindades budistas ou taoístas, ou quadros repre dão-lhe outra denominação, como “Chinese Export Por
sentando procissões, casamentos ou outras cerimonias (I. V. celain” ou “Indian China” — “Indian Porcelain” —
Jorge, ob. cit.) em voga até o começo do séc. XIX, “Indian China Class” e aiguns de “Chinese Lowestoft."
porém continua a ser fabricada até hoje. Os ingleses on "Oriental l-owcsloft"; outros mais recensesneme a cha
também chamam de louça mandaria (Mandarin warc) os mam de “Porcelana Chinesa de Encomenda". Dessa por
produtos da fábrica de Lowestoft que imitavam a poli celana da Companhia das índias, existe unta enormidade
cromia e os motivos chineses. Durante algum tempo de tipos c de formas e a reprodução de um sem número
houve quem chamasse os serviços Companhia das índias de assuntos, como bíblicos, galantes, marinhos, de caça,
Chineses dc "Lowestoft" ou Oriental Lowestoft c como de esporte, históricos, políticos, maçónicos, heráldicos,
sendo fabricado nessa fábrica inglesa. mon ogra mados, mitológicos e cópias de grasniras e quadros
Louça de Maragogipínho — (Bahia) — Louça popular feita clássicos.
por mulheres com brunimento feito com seixo liso deco laruça ou Porcelana de Iroari — A paleta de Itrtart é de um
ração a tinia esmalte (verde, vermelho e branCo), azul escuro sob o vidrado e esmalte vermelho indiano,
combinados com muito dourado em modelos confusos, em
Louças de Manises -— Grande centro oleiro espanhol, nos geral cobrindo quase toda a peça com desenhos de crisân
subúrbios da cidade de Valência, tendo começado sua temos, peómas e dragões c outras “chinoiseries". Ela
produção no séc. XV, chegando a exportar suas louças
e azulejos no estilo hispano-mourisco. inspirou-se nas sedas c lacas orientais que agradavam aos
europeus. Os produtos embarcados em Imari, já eram
Louças Mineiras — Ma via no séc. XIX vários centros (sendo exportados pelos portugueses e em grande quantidade pelos
que apenas um chegou até nós) em Minas produzindo holandeses cm 1680, Os europeus copiaram bastante aqueles
louça: Congonhas do Campo, Vila Rica (Sarameuha),
motivos c formas sobretudo Meissen e Chantilly (pratos
Caeté. Mariana (São Caetano), Prados, Guro Branco, e tigelas octogonais c hex agon ais e vasos com secção qua
Tüquaruçu, Moitdéos (loucetro com forno), Barbacena, etc. drada), A natureza assimétrica da decoração de Arita,
São em geral louças vidradas e meias faianças, algumas . deve ter inspirado parte do estilo rococó.
de elaborada fatura c grande diversidade de formas: Louça ou Porcelana de Kakiemrm —- Kâkiemon foi o fundador
pratos, sopeiras, botões, vasos, potes, canecas, cuscuzeiros, dc uma família de oleiros que trabalhava em Arita, distrito
etc. Ou amo a decoração, às vezes com desenhos coloridos japonês, cerca dc 1650/1720. Suas composições a mor
ou em relevo com cordames, folhagens, galhos, flores e das vezes eram assimétricas e desbastadas, especial mente
ninda faixas impressas diferentes, inclusive em “guil- com galhos floridos c ameixas, com rochas e outras pai
loclté" à maneira da ourivesaria; quanto à crontia há sagens. As peças eram pintadas em agradável cor de
predominância dos fundos pardos do alaranjado, do tijolo (brique), verde e lilás, muitas vezes complementadas
avermelhado, do verde, do creme, do melado e do branco, com amarelo e turquesa, douração ou azul sob o vidrado.
etc, (Vide E. F. Brancante “Achegas sobre Cerâmica do Esses produtos foram copiados por Meissen, Bow, Chelsea,
séc. XIX no Brasil e Louças Mineiras” in Rev. Paul is- Worcester, etc.
tâniã rt° 79 — S. Paulo), Louça ou Porcelana “Sangue dc boi" — Glasura vermelha
Louça ou porcelana de Nankin — Louça do gênero da de (cobre) empregada pelos chineses (lang-yno) desde o séc,
Macau que se destinava ao mercado francês e tomou c XIV e com sucesso cm Ming. Atinge o apogeu com os
nome de Nankin tia França, também pelo nome do porto monocromos do período de Kang-Hsi,
de exportação e feitoria francesa. Difere do azul e branco Louça ou Porcelana de Swatow — Nome dado a um tipo dc
conhecido por Macau, Queremos crer que é louça mais porcelana provinciana exportada pelo porto de Swatow
fina e apresenta variantes de desenho e muitas vezes tem (defronte à Formosa) e proveniente dc vários centros olei
toques dourados, o que não acontece com aquela. O ros, presumindo-se fabricada nos arredores de Chírtíechen,
Brasil também importou a louça azul e branco de Nankin ou em Fu-Kien, no Amtam em Toiikim e na própria cidade
com esse nome: consta na Pauta da Alfândega Brasileira de Swatow e bastante exportada do porto de Swatow
em 1837, vários arrolamentos com seu preço como terrinas para o Japão, as Filipinas, Índias e Ocidente. Porcelana
de "louça da índia azul e Nankin 12$1300 — aparelho popular na China em azul e branco (às vezes em verde,
de louça azul e Nankin 200SOOO, etc." turquesa, e vermelho) com glasura forte, desenhos espon
Louça de Osso —- Uma louça translúcida, composta com farinha tâneos, sem precisão, pinceladas carregadas dc tinta —
de osso. reproduz tanto modelos clássicos chineses como os dc
Louça de Pedra Sabão (Soup Stone) — Pedra sabão ou estea- Ming, como outros filoformes c epigrafia islâmica, Muitas
tita (silteato de magnésia), descoberta em Cornwali peças vêm marcadas com o duplo círculo (doublering),
(Inglaterra) foi empregada na cerâmica pela primeira vez, o que indicaria também a sua origem de Chintcchen.
pela fábrica Lund de Bristol em 1749, depois cm Uver- Louças desse género de Swatow $So encontradas no Brasil
p o o l.. . 1770, Worcester 1751/1820 e Caughiey 1775/ em diversas sítios.
1799. Hoje, são fabricadas louças com aquele material, Louça do Reino — Termos empregados nos inventários pau
consideradas como porcelana. listas para designar determinadas louças provindas da
Louça pó de pedra —-T em semelhança com porcelana, é de Metrópole no séc. XVIt.
composição diferente coro a moagem do feldspato e do Louça Talavera de La Reina -— Faiança espanhola de primeira
quartzo a pó náo muito fírto, pois as partículas ficam qualidade, frequente nos inventários paulistas do séc. XVII
visíveis e desiguais em tamanho, dando a impressão de (Vide glossário cm espanhol).
pó de pedra. No comércio para efeito de propaganda é Louça Transtuzenie — (Translucent Ware) diz-se da porcelana
chamada meia porcelana (A. PíSeggi, ob. ctL). chinesa ornamentada com furos na pasta, recobertos
Louça ou Porcelana de Arita — Porcelana japonesa que apre apenas de glasura o que a deixa em parte transparente
senta dois estilos de decoração: o Kâkiemon (do nOme da (os furos ovalados são chamados de “grain de ri z" pelos
famosa família de ceramistas) e o Iroari (do mesmo nome franceses).
do porto de embarque). Louça Vítrificada — na composição da massa, são incluídas
Lo aça ou Porcelana da Batávia — Porcelana chinesa de expor matérias primas diversas que depois de levadas ao forno
tação (Companhia das Índias), de fundo chocolate com em alta temperatura, atingem o coeficiente máximo vitri-
reservas em azul ou policromas encomendadas à China ou ftcável inabsorvenic de grande resistência praticamente
ainda pintadas à jesuíta c exportadas pelos holandeses pelo como o grés cerâmico (usada também como a porcelana
seu porto de Batávia. para artigos sanitários).
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Louça de Yl-Shiug — Grés chinês, vide "Boccaro". — o —
Lucai Delia Itobblu — Nascido em Florença (1388-1481) íoi
quem pela primeira vez aplicou o esmalte vitrificável, Olarias chinesas — Duas categorias:
obtendo baixos relevos de belo efeito e cunho pessoal. a) a das fábricas imperiais “kun-lo” (kun=magislrado e
Passou seu ateliê à Audrea delia Robbia (1455-1525) seu Io—fábrica) ç as populares "Man-Io” (Man=povo).
sobrinho, e estes a seus filhos. Os trabalhos realizados As primeiras tinham a preocupação dc fabricar louça
por esta família foram tão notáveis que influenciaram perfeitíssima, as segundas não se preocupavam com
outros países. (A. Pilcggí, ob. cit.) Lucca foi aluno dc a perfeição e seu objetivo era fabricar louça por um
Leonardo da Vinci c ames de se dedicar à cerâmica foi preço tão baixo quanto possível (José de C. c Sousa,
ourives. Foi mestre de Francisco Nicoloso "Pfsano” que ob. cit. pig. 56).
se notabilizou na Espanha na arte da maiólica. Criou Oliis — Utensílios dc barro de cozinha.
medalhões, molduras largas, cabeças de anjos, flores e Oria — Borda, margem, cercadura. Também filete.
frutos. Origem — Em cerâmica serve para designar o local onde a
Lustre — Em francês “Décor á reflets métalliques” deco peça é fabricada; difere de procedência ou proveniência,
ração de reflexos metálicos — a produção do lustre Orladura — Cercadura.
provêm do Próximo Oriente no séc. IX (Pérsia, Meso- Ourela — Oria-margcm — cercadura,
potâmla) talvez do Egito. Na Espanha, em Málaga e Uveiro — Recipiente pequeno para colocação do ovo.
Valência (M anises) como também Aragão e outros locais
nos sécs. XIV, XV c XVI; os oleiros mouros produziam
a louça hispano-mourisca com lustre. Na Itália, também — F —
era empregado no séc, XV c começo do XVI, a cidade
de Gubbio mantém como característica o emprego do
Palangana — O termo é empregado pelo poeta Gregário de
lustre cm suas produções. Vide glossário em inglês. Mattos (1633/96) como designando peça de porcelana
(vide obras de "Gregórío de Mattos” — 2° Satírica —
torno V pág, 358 — cd. Ac, Brasileira de Letras).
— M — A palavra designa travessa, tabuleiro e varia de forma
(tigela grande ou malga no Norte c em Portugal) “é vaso
de barro que tem muita circunferência e pouco pé e
Malegueiros ou matugueiros — Artesãos que faziam cerâmica serve para lavar as mãos e oultos ministérios1* (síc).
à moda de Málaga cm fornos do tipo de Veneza, isto F, João Pacheco “Divertimentos Eruditos” tomo I — pág,
é, que fabricavam faiança. ' 348-1734 —Lisboa.
Malga — Tigela vidrada, bronca ou do cor. Campos e Sousa — ("Brasõens”) estampa manifestos de
Malólien — Espécie de terracota, ou louça de b ano cozido, naus vindas de Macau em que constam numerosas paian-
mas recoberta de esmalte opacificnnte (e às vezes eoul ganas, inclusive palanganas '‘rrieyans1’.
reflexos metálicos). Maiórea fez as primeiras peças do Palmatória — Castiçal com cabo.
gênero, leva geralmente dois cozimentos (A. Pileggi, ob. Papeleiras — Designação em Goiás das mulheres que fabricam
cit.). Diz-se também de certas louças italianas fabricadas panelas, moringas e outros artefatos cerâmicos de forma
segundo o gosto dos ateliês introduzidos na Itália pelos artesanal.
árabes ou pelos espanhóis das Ilhas Baleares. Francisco Pasta de arroz cozido —- Diz-se da pasta da porcelana Compa
Nicoloso, denominado o Pisano, desenvolveu a técnica da nhia das índias que apresenta um aspecto granulado pelo
maióitea em Talavera. Faiança, fato do caulim e outros ingredientes não terem sido devi-
Mangas — Filtro afunilado para líquidos e também vasos damente tratados (em francês: “Patê peau cTorange”). Em
cilíndricos altos com boca mais larga do que o corpo, inglês: "chicken-skin".
“Marli'' — Aba ou borda ou listei (em geral dourado) do Paulistiulias — Classificação aceita para designar as pequenas
prato ou travessa. O termo sofrç várias interpretações imagens de culto doméstico, fabricadas em São Paulo,
entre autores e rauseólogos franceses. Adotamos o critério com características próprias. Também são chamadas “pau-
Ustinhas" as telhas tipo colonial menores do que as antigas.
de Midi cl Bcurdeley de considerá-lo como aba.
Pedra — Termo em cerâmica para designar o azulejo, unidade.
Maromba — Máquina de amassar o barro,
Perne — Peça refratária que serve para separar as peças
Míirnst — Marga, mistura de argila e calcário, usado em olaria. dentro do forno (há também trempes c cravílhas para
Mmiabanls — Martaban uu Martavnn — Grandes vasos em o mesmo fim).
grés (Sião « adjacências) — içados a bordo com espe Pérsica — O mesmo que cariáttde.
ciarias, azeite, cereais, água, etc,
Pichei — Vaso cora gargalo estreito e asa %ervindo para
Mussaroca — Ornato encontrado sob numerosas variantes nos tirar vinho nos tonéis.
azulejos coloniais, representa uma csLilização da pinha e Picho — O mesmo que pichei, pequeno pote dc barro.
d apresentado em gera] cm agrupamento de quatro pedras. Pichorra — Bule,
"Mexano" — Tijolo requeimado ou vidrado, próprio para Fivcteiro — Pote em que se queimam substâncias aromáticas
revestimento de pisos, degraus, etc. (Cat, Guia M. Janelas Verdes, 1938).
Mil Flores — Motivo de decoração encontrado na porcelana Pó dc pedra —■ Uma das variantes da Faiança Fina (vide
chinesa que consiste no agrupamento de uma multidão de texto — 19 capítulo — “Faiança Fina” ),
flores e pétalas, policromadas — chamado na França de “Porcelana’* — Como provincial is mo luso podia também signi
"Miüc-Fleurs” e na Itália de “ Müle-Fiori”. O tema já ficar pequena tigela c mesmo xícara.
era usado pelos egípcios e romanos. Porcelana -— Provém da palavra italiana porcela que designa
Moedas portuguesas (denominações mitigas no Brasil) — Vide uma espécie de concha lisa c branca. Divide-se em tenra,
a pauta das avaliações da Alfândega do Rio do ano dc branca, mole ou artificial, (temperatura 1200° a 130CF)
1N2Ó (Tipografia Plancher Biblioteca Nacional). e dura (1300° a 1500°). fi utilizada para uso domestico,
Muleta — Pequena roda com caracteres gravados para im dc laboratório, para eletrotécnica, adorno, etc ..
primir decorações na pasta cerâmica, quando ainda mole. Porcelana de Médici — (Mole): esta famosa porcelana é uma
Moringa ou Moringue — Espécie de garrafão de barro, às das variedades de pasta mole, a primeira a ser feita na
vezes com forma d e , ânfora, próprio pai*a. guardai/ e Europa. Ê sabido ter sido produzida sob o patrocínio de
refrescar a água. Francesco I e Maria dc Médici de 1575 a 1587 c foi
criada pelo italiano Bernardo Buontalenti cm Florença,
segundo citação dc Antônio Avellar Fernandes. Co
nhecem-se duas peças datadas: um frasco com as armas de
— N — Felipe II no Museu dc Louvrc e um medalhão com o
retrato dc Franccsco (1586). Formas e desenhos variados
inspirados na faiança italiana e também em motivos
"Nien-hao” — Nicn=ano, pcríodo-hao=nome) são idíogramas orientais de exportação chinesa para a P é rsia ... (W, B.
que designam a marca chinesa indicando o período c o Honey, ob. cit.). O Museu Nacional de Arte Antiga
imperador reinante. (Lisboa) possui dois belos exemplares. Ao que parece, segun-
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do Gian Cario Bojani (do Museu da Cerâmica de Faenza) metal), como sobrevivência do hábito que já vinha do
acredita-se que só devam existir umas sessenta peças conhe medievo de lavar as mãos na mesa com as bacias e
cidas e segundo este erudito diretor já foi descoberta a sua gomis que eram passados entre os convivas, nas casas
fórmula receatemente por peritos alemães. nobres.
Porcelana Americana — Feita pela primeira vez em pequena Prato ladeira — Travessa de carne, tem umas canduras,
quantidade cm Savannah, por volta de 1730, por Andrew convergindo para urna concavidade maior, onde vem ter
Duçhé, O começo real. industriai, foi a fábrica de Bonnin o molho das carnes.
and Morris estabelecida em Filadélfia, 1769. Prato de "dessert" — Prato de sobremesa, designação adotada
Porcelana Dura (em chinês “Tzn") — Pasta composta de argila no Inventário da Cozinha de São Cristhovão em 1855
branca (caulim) quartzo, feldspato ou minerais de compo (Guilherme Aulcr).
sição análog3, cozida à alta temperatura. Estrutura sólida Prato Meão — Prato de sobremesa.
branca, vitriíicada, translúcida e sonora, descoberta na Prato sopetro 4 - Prato de sopa, termo usado cm Portugal.
China no período T ang (61S a 906 d.C.) e na Europa, Pratos travessas com ralos ou grelhas — Designação no Inven
na Alemanha, em 1709 por Frederico Bottger e no Brasil tário do Paço de S., Cristhovão, de 1855, para as travessas
em 1793 por João Manso Pereira. Sua composição é de e nas quais se sobrepõe uma peça perfurada e sobre a
50% de caulim, 25% de feldspato e 25% de quartzo qua] se coloca o peixe, ficando o molho na parle inferior
conforme a variação das dosagens a porcelana dura é de da travessa.
melhor ou de pior qualidade. Produtos de Barro — (China) os produtos cerâmicos que nlo
Porcelana Família Negra — São chamadas as peças chinesas eram porcelana, vidrados ou não, inclusive as faianças
de fundo negro (opaco ou brilhante), podem ser roono- tinham o nome genérico de Tao e a porcelana de Tzit.
cromas (Ming) ou com desenhos (período de K’ang-Hsi) Púcara — Pequeno vaso de barra com asa, caneca. Em
e cores da Família Verde. A classificação destas "famílias” liturgia, os copos altos de prata e ouro, que levavam
que são quatro, deve-se ao ceramógrafo francês Albert água ou vinho são chamados de vasos puriScadoies ou
Jacqucmart, que se baseou na predominância de deter púcaros.
minadas cores na decoração das peças chinesas.
Porcelana da Família Amarela — Decoração usada no reinado
de Kang-Hsi (1662-1722), na qual a paleta da Família — Q —
Verde é empregada com aplicações de amarelo em várias
combinações. Quartilho — Caneca contendo a medida de líquido corres
Porcelana Mote ou Tenra, Branca ou Artificial — Pasta mais pondente a 1/4 da canada ou quatro martelos. No Brasil,
rica em feldspato e esmalte com óxido de chumbo, a correspondia a 0,6665 litros.
porcelana inglesa leva fosfato de cal e barita, a francesa
(no começo de Sevres) com calcário (e mistura de pá de
alabastro) e fundente uma frita composta de areia süicosa — R —
-—- é reconhecida por seu tom lev emente amarelada
(Etouillet — Die. des Arts des Let ires et des Ciences). Roda de oleiro ou torno — Peça com um eixo vertical giratório
Porcelana “Vieux Paris” — Nome dado de acordo coro Antônio e duas rodas em tabuleiros redondos, o de baixo acionado
Avellar Fernandes, citando Auscher, à porcelana "Vieux pelos pés, no de cima é depositada a massa para ser
Paris"; representa um estilo de decoração com flores modelada pelas mãos.
soltas e bouquets esparramados sobre o corpo da peça Rodeiro — O mesmo que torneiro, oleiro que trabalha na
e constitui um estilo à parte. O uso porém no Brasil roda ou torno.
entre os antiquários e colecionadores e mesmo na França "R o a Pompadour" — Cor de fundo rosa, Também chamado
entre alguns centros 6 de estender aquela classificação de Rose Dubarry, introduzida por Sèvres em 1758, ha
as peças com muito ouro, fabricadas do fim do séc. XVIII vendo quem atribua sua descoberta à Hellot. porém, os
até 1850. arquivos da Real Manufatura, indicam Xhroriet como seu
Porca la nos ou Louças Bragautloas — Terminologia adotada descobridor em 1758, apesar de haver peças com data
por Francisco Marques dos Santos pura designar a Cerâ anterior, de 1756 (segundo citação de Antônio Avellar
mica filiada aos Braganças, ou seja à Família Real Fernandes).
Portuguesa e a Imperial Brasileira. "Rouge de fer” — Vermelho ferrugem, muito usado na
Porrões — Vasos compridos de base afilada e bocal pequeno porcelana Companhia das Índias, dos sees. XVIII e XIX.
— (lembram formas antigas de açúcar).
Prásino — Nome antigo da cor verde.
Prate iras — Travessas, — S -—
1’ralel -— Diminutivo de prato.
Prato — Segundo um autor Fr. Domingos Vieira, Grande
Die, Português — vol. II — Porto — 1873, o étimo Serrilha — Decoração usada pelos Jouceiros portugueses
provém do grego “plalys” (largo): "Peça de metal, barro imitando serra, colocada entre a aba e a caldeira, também
ou pau errv que se serve a comida nas mesas”. Segundo chamado de “Corda".
o Novo Diclionnario da Língua Portuguesa — 2a ed. Simbologia Chinesa (Animais):
Lisboa, 1853, a palavra prato provém do francês Fang (a Fenis) -— Ave fabulosa, misto de faisão e pavão,
"plat" (chato c prato) “peça mais ou menos cova de emblema da Imperatriz, símbolo de virtudes e mere
louça, metal ou madeira, sobre a -qual servem-se iguarias cimentos.
na mesa". O prato compõe-se de várias partes, ou seja, A cegonha —- Longa vida.
fundo caldeira, aba a borda. A face destinada ao uso O papagaio — Aviso às rnuiheres para serem fiéis aos seus
chama-se anverso e a outra, verso, A parte centra] do maridos.
verso, limitada por um debrum, chama-se frete. (Vide I. O pavão -- Posição oficial, importância. "N a simbologia dos
Campos e Sousa, ob, dt.). ornatos, o pavão representa a ressurreição, pois em todas
Prato Co vo — Prato fundo, porém sem aba (do tipo chinês). as primaveras ihe crescem novameníe as belas penas caídas
Prato Fundo — Prato de sopa, prato covo, no outono" (Corona Lemos, ob. cit.).
Prnto galinheiro — Designação seiscentista em Portugal para O ganso — Felicidade doméstica.
os pratos coves ou fundos. A pega —- Alegria.
Prato de guardanapo — Prato raso. Á tartaruga — (Kwei) é também emblema de longevidade.
Prato de “água às mãos” •— Termo empregado nos inventários O morcego t a and o rinha — Boro augúrio.
paulistas como o nome indica, trata-se de peça de O boi, o touro — Emblemas da primavera e agricultura.
cerâmica (provavelmente prato fundo e grande) na qual Dragões — Na decoração chinesa existem com vários signi
lavavam-se as mãos, após a refeição, pois é sabido 1que ficados o dragão celestial, .o espiritual, o dos Tesouros
no Quinhentismo e Seiscentismo, tanto europeu como Ocultos, o Imperial (com cinco garras).
bandeirante eram raros os talheres que constituíam óbjeto O canteiro, o bode —- Emblemas de aposentadoria,
de luxo e requinte; a tais peças correspondiam as “toalhas O unicórnio — (Ki-Lin) um dos quatro fabulosos animais,
de água, as mãos", também citadas nos inventários para O peixe — (Yu) dois peixes representam a felicidade conjugal.
enxugar as mãos, após tê-las lavado no "prato”. No séc. A pérola — Cercada de laços representa o talento.
XIX intensificou-se o emprego das lavandas (porém de A concha — Emblema de próspera fornada,
uso individual) ou "tigela de lavar" (de louça, crista! ou A borboleta — Cupido chinês.
709
O sapo — Com (rés pernas {de cuja boca sc desprende fumo) Tiipeíro — Especialista em armar a taipa.
representa a Ciência, pois lhe falta alguma cousa, □ fumo Talba -—> Vasilha de barro.
representando a emanação da sabedoria. Taleiga — Vaso contendo medida amiga pára líquidos e
Simbologia (Flores): cereais.
A peònía — Representa a primavera, como também a riqueza Tardoz -—- Parte posterior do prato, ou reverso.
e a nobreza é emblema da beleza feminina, do amor e Terracota — Argila cozida ao fogo, artificialmente.
do afeto. “Têtc a tête” —. Jogo de duas xícaras para casal com bandeja.
O lótus — O verão e a pureza. Tigílão — Malga grande.
Ü crisântemo — O outono e a longevidade, com dezfôseis Tigela de lavar — Bacia, termo empregado no Inventário do
pétalas é considerado emblema imperial do Japão. Paço de São CrUthovão em 1S55 (Guilherme Auler).
A flor da ameberira — D inverno, Tijolo ou lejolo — /Peça de barro cozido, destinada à construção.
O pessegueiro em flor — Casamento, longevidade. Temperaturas de cozedura em média de artefatos cerâmicos —
A romã — A posteridade através dc numerosa descendência. Louça ordinária 700?; tijolo e telha 1,000"; faiança esta-
A Flor dc Lótus — Lien Psua. Pureza. nífera 900?; faiança fina 1.200?; Grés 1,400?; Porcelana
Siiubologin (Cores): 1.500?.
O amarelo ouro — é símbolo de grandeza e riqueza, cor Torneiro — Artesão que Opera no tomo.
sagrada para os chineses, pois é cor de Ruda.
O verde — Ê alegria na China e cor sagrada dos Muçulmanos.
O azul — Se for claro £ melancolia amorosa e se for escuro
é eternidade.
O branco — Luz, pureza e paz, Variegar — Colorir de várias cores, matizar.
O negro — É símbolo de revolta para os mongóis e virilidade Vilrifrcítção — A argila que forma uma pasta cerâmica assim
para os persas. como os indutos que conslítuem os vidrados, são produtos
Sovar o barro — Amassar o barro, batendo-o com a bata, vitrificávçis, A vitrificação se opera a determinada tempe
antes de colocar na roda. ratura, variando conforme as composições (J. Vasconcellos,
Smukba — Vasilha de cerca de quatro cilindros, usada em op. rit, pág. 103).
Coimbra. Vitriíícável — Se diz do material que é suscetível de ser
transformado em vidro, os silícatos são vitrificáveis.
Vidrado — ê uma camada de vidro transparente.
— T —
710
T E R M O S E M IN G R E S
(Perfil de Pratos)
^ho n t -
bohdgA oh o/ l
b a ck:
— A — os ingleses também os fabricam, com versos no fundo
ou a efígie de Napolcão ou simplesmente um olho.
Areanists — Oleiros que guardam os segredos e as fórmulas Charger — Sinônimo de dísh, geralmcme circular ou ova!
dos processos cerâmicos das fábricas. para servir came, também servia para pendurar-se na
Armorial Porcelain —• Porcelana armoriada. parede — Medalhão.
Artificial Porcelain — O mesmo que porcelana branda, tenra Chicken Skin — O mesmo que “orange skin", É chamado
ou mole na Inglaterra no séc, XVIII, era feira com em português pasta dc arroz, o que acontece quando a
diversos componenies (Bone Ash Porcelain, à base de pasta é ondulada, o que os chineses, e também os ingleses,
ossos calcinados — Soaprock ou Soapstone, à base dc chamavam dc pele de galinha e outros de casca de
pedra sabão), etc. laranja. Muito íreqiknte na cerâmica chinesa (de Mirsg
“ Art-Nouveau” Tiles — Willian dc Morgan (Morris & Co) c nas Companhias das índias) c japonesa.
rcdescobre as fórmulas do "lustre” e dos esmaltes faentinos “China" —- ê usado comumente na Inglaterra como sinônimo
e os azuis e verdes de Ixnik e desde 1880 produz azulejos de “ware , louça ou porcelana.
de novo estilo representando lírios, nenúfares, amapolas, China Clay — Caulim.
cisnes, pavões, ramos, paisagens exóticas, etc. Chinaman — Importador ou negociante de porcelana oriental.
Ash Tray — Cinzeiro, China Stone -—- Feldspato (petunlze),
Chinese Dinner Bowl — Tigela chinesa sem asas que serve
— El — para jantar.
Chinese Export Porcelain — Porcelana Companhia das índias
Bali Clay — Argila plástica. (vide glossário cm português).
Balustrc — Balaústre, termo empregado pelos ingleses eir, Clay — Argila.
cerâmica para designar vasos píriformes, porém menos Cobalt Blue —- Mineral que tem por base o aluininato de
bojudos que lembram a silhueta de ura balaústre. cobalto. Continua sendo o ingrediente mais usado para
Rand — Faixa. “o azul e branco" sob o vidrado. Primeiramente usado
Basal Ring — O mesmo que frete de uma peça (anel de base) pelos persas, foi introduzido na China durante a dinastia
Base — Base. Yuan (1280-1368) e foi exlcnsívamente usado durante a
Basiu — Bacia (de fonte). dinastia Ming.
Batavia Ware — Louça de Batávia, tipo dc porcelana chinesa Cockspur — Suporte refratário para manter as peças no forno
— perues ou cravilha.
assim eharaada por ser exportada pelo porto holandês Cock-Turrcn — Sopeira etn forma de galo feita pelos chineses
de Batávia cm lava, de onde na primeira metade do séc. no reinado de Chícn-Luug (1736-1796). Peças cm porce
XVII era embarcada para a Europa peia Companhia lana cm forma de galo e galinhas, eram fabricadas cm
Holandesa das Índias Orientais, cia tem uma cor chocolate Meissen desde 1734.
lustrosa, com reservas em leques pintadas cm Família Coffee Pot — Cafeteira.
Rosa e azul, ou a tinta preta tipo Nankin, chamam-na
também dc cor de café com leite. Imitada cm Meissen e Coiling — Método primitivo dc lazer potes com cilindros de
em outros centros. barro (sistema de aspirai).
Ilcnlccra vases -— Vasos altos de boca larga sem asas (também Cover Dísh — Prato coberto.
Crazing — (Em francês “craquelure” , “tréssaillage"): Vidrado
usados em altares).
• fragmentado devido a contratação do esmalte ao esfriar
Black Rasiilt ou Egyptian Black — Basalto negro ou preto antes do corpo da peça.
egípcio, são chamados os grés pretos muito duros, sobre Cream Coloured Ware ou Queen’s Ware ou AVhíte Earthen Ware
os quais se aplicava a decoração em relevo imitando i — Chamada de "faiança fina inglesa” pelos franceses, é
cerâmica antiga da Grécia, Especialidade da fábrica de
Wedgwood. composta de uma argila mais branca e de areia fina e
não tem necessidade de ser coberta de esmalte opaco ou
Bleeding — Borrão (azul borrado) muito comum na loufi de um engobc como ocorre com a faiança, basta uma
pó de pedra inglesa, diz-se quando uma cor mislurs-st glasura transparente diretamerae sobre a pasta, cozida à
com outras ou com o branco do fundo. temperatura mais elevada do que a faiança verdadeira
iJody —- Corpo.
Cream Pitcher — leiteira.
"Boccaro” Ware — Grés vermelho da região de Yi-Shing, Crest — Escudo, brasão.
lembrando a cerâmica italiana do tipo “ Boccaro" — Cup and Saucer — Xícara e pires (na porcelana chinesa a asa
louça com cor da terracota, às vezes decorada em releve na xícara só aparece no fim do séc. XVIII).
ou pintada, também chamada de ‘'red-porcelain” ou Cups — Taças.
“red-china” e “rosso antko” por Wedgwood, ha também
a versão de que essas peças eram fabricadas rto México — D —
e na Espanha de onde os portugueses a importavam,
(tone Ash ou Bone Porcelain — Pasta feita eoni as cinzas dos Delft ware — Louça de Delft, nome também empregado pelos
ossos calcinados que é branco puro, usadas cm combinação ingleses para designar a faiança.
com os ingredientes da pasta dura da porcelana, processo Dessert Plate — Prato de sobremesa.
patenteado em 1748 por Thomas Frye de Bow — passos Diaper Border — Aba decorada com arabescos; a palavra
depois a ser chamada de "English Bone Porcelain" — "diaper” empregada isoladamente refere-sc a um desenho
também conhecida por porcelana fosfatada. ornamental com desenhos geométricos.
Bone China — Também chamada de louça ou porcelana Dinner Plate -— Prato de jantar.
inglesa Josiah Spode (1794), introduziu a$ cinzas dc ossos Dlsh —- Sinônimo de prato, porém indica pratos maiores e
na porcelana com um bom resultado. medalhões (acima de 12 polegadas).
Bowl — Boi, malga, tigela, Drug Pot — “Albarelio”, pote de farmácia.
Ilrocade pattems — Motivo muito usado na porcelana de Dutch Tiles — Azulejos holandeses. Havia os azulejos de
Arita, com vermelho, azul e dourado imitando brocado. desenhos avulsos e composições de painéis.
Também às vezes chamado de decoração japonesa. Muita
copiado na Europa e também na China na primeira metade — E —
do séc. x v m .
Rrcovn Ware —- Grés marrom com vidrado salino (salt-glazed Ear — Pequena protuberância numa peça que serve de alça
Stone ware); processo patenteado em 1671 por Dwight e (orelha).
era aplicado no séc. XVII em Noulngham, Derbyshirc, Egg Cups — Copinhos de ovos.
Londres e alhures. A cor pode variar de marrom choco- Egg Ornament — Decoração de bordas e cercaduras cora a
late à parda c a decoração impressa ou esculpida. Servia repetição de ‘'óvulos" — de origem clássica, também
para muitos usos a;é castiçais, estatuetas, canecas, etc, empregada na ebtmislica e na ourivesaria, seu uso começou
Kiittcr Dísh -— Mantegueira. no fim do séc, XVI.
Egg Shell Porcelain — Porcelana chamada de casca de ovo,
— C — devido a sua mínima espessura; fabricada na China no
período Yung-Ho (1403-1424), c copiada profusamer.te em
Candlcsticks — Candelabros. períodos posteriores (Kang-Hsi e Kien-Lung) e também no
Chaniber Pot — Urino! — Sèvres e Meissen fabricaram no Japão a partir do séc. XVI1L Os chineses a chamavam de
séc. XVIH belos exemplares. No começo do século XIX, T o T a i (sem corpo).
713
Emifficl — Esmalte. Hybrid Bone Ash Paste — Caulim e granito cm combinação
Encaustlc Tiles — Incrustação de argilas formando desenhos com cinza de ossos coberto com glasura de ebumbo,
cm azulejos ç ladrilhos, processo primitivamente usado no produzem a chamada “‘Bonc Forcebin" que é mais fraca
Medievo sobretudo cm catedrais c revivido no período do que a porcelana de pasta mole, muito usada peias
Victoriano. fábricas Worcester, Spode e Dcrby.
Engraved Designs — Desenhos gravados na pasta.
Ewer — Gomil. — I —
— F — ludion China — Ou indiac Porceiain ou ladian China Ciass,
“louça da fadia”, somente aplicável na Inglaterra para os
Faiance — Faiança, tipos de exportação da China para o Ocidente,
Featbcr-Edge — Borda com desenhos representando penas, índia Ware — Termo usado na Inglaterra — sinónimo de
rnuílo usada pelos ceramistas ingleses e franceses, desde Indian China no sic. XVIII, para designar a louça
o scc. XVIIL importada da China — louça da índia,
Feldspar Porcclain — Porcelana incluindo rocha feldspática Isinid décoration — Usado nos ladrilhos e azulejos medievais,
fabricada por íosiah Spode em 1820. processo retomado no período Victoriano: argilas compri
Ftange — Borda de vaso. midas ou incrustadas no corpo do azulejo (vide cncauslie).
Fiat Top >— Tampa achatada ou plana. Ironstnne — Louça tipo granito ou “granité China".
Flint — Uma forma de sílica que constitui um dos ingredientes
da faiança fina inglesa (crcam colourcd ware), também
quartzo. — 3 —
Floor Tiles —- Ladrilhos.
Floiter Basket — Cesta de flores, motivo que corresponde no Japanese Ware — A cerâmica japonesa, de grande mérito,
folclore chinês, a um dos símbolos ou emblemas dos usava também o grés, havendo fábricas famosas que
Oito Imortais do Taoísmo — seita religiosa — A Religião manufaturavam fina louça de barro e faiança fina (crcam
Suprema — fundada na China no sée. VI antes de Cristo coloured ware) como Saisuma, e porcelana dc primeira
por Lao Tseu (Bouiltet, M, N. Dictionnaire "Universal, as fábricas de Arita, Kutani, Hizen, Imari, Hirato. Não só
1872, Paris>. Motivo amplamente copiado na cerâmica a China copiou diversos modelos japoneses como também
japonesa e holandesa. a Europa, Holanda, Alemanha e Inglaterra, cm particular
Food C arritr — Marmita, inspirada cm modelos chineses c de Imari, Kutani e Kaltiemon.
japoneses. J*r — Jarro — pode ter várias formas, a oviforme corresponde
Foot-rim — O anel de base das peças cerâmicas, frete, “stand". ao boiãe.
"basal ring". Jasper — Louça fina contendo 50 % de sulfato de bário de
Frit — Frita, mistura de diversos materiais que servem para pasta dura de finos pigmentos, às vezes ligeirametUc
obter um produto que se assemelha com a pasta da translúcida, sem glasuras, introduzida no comércio por
porcelana artificiai, Jost3h Wedgwood cm 1774, classificada como grés fino,
Fruit Basket — Fruteira. e ás vezes também como porcelana artificial. De 1785
em diante foi muito copiada na Inglaterra, França (Sèvres)
c Alemanha. Sofriu um só cozimento em geral e algumas
— G — peças dc uso eram vidradas no interior (segundo cozi
mento). Muito usadas para o fabrico de vasos, placas,
Gartlen Scats — Tamboretes, cilíndricos ou poligonais, feitos botões, camafeus, medalhões c ornamentos de móveis,
de grés ou ric porcelana a partir da dinastia Ming, deco A decoração em geral era sobre fundo de cor uniforme
rados em azul sob o vidrado ou cotn esmaltes poiicromos, lilás, azui, verde claro, amarelo ou preto (sem ser Black
bastante exportados t ainda fabricados. Na China são Basait ware) relevos brancos.
mais de uso externo nos jardins do que no interior das Jng .— Cântaro, caneca, bilha, moringa.
casas.
Gílding — Dou ração,
Ginger Jnr — Jarro, feitio de botão. — K —
714
See. XIX BISCUIT
B u s to d e D o m P e d r o I e I m p e r a t r i z D o n a A m é lia
516
5 17
555
e n ta n to rei a tiv a m e n te fá c il d istin g u ir as p eças fa b ric a d a s — R ■
—■
lo ta lm tn te etn L o w e sto ft e as im p o rta d a s d a C h in a e
d e c o ra d a s n a In g la te rr a . R e d p o rc e la in o u B e d C h in a — E ra o n o m e d a d o n o s sees.
L u s tre o r lu s te r — D e c o ra ç ã o c o m iris a çõ es m e tá lic a s. O s p e rsa s, X V II e X V I II p a r a o g rés v e rm e lh o n ã o v id ra d o (o c h a
os M o u ro s, o s E sp a n h ó is (M á la g a , V a lê n c ia e M a n izes) e os m a d o B o c c a ro w a re ) e a te r r a c o ta , f e ito s e m Y i-S h ín g n a
italia n o s, e m a is ta r d e o s in g leses p r in c ip a lm e n te , fiz e ra m C h in a c p a r a as im ita ç õ e s fe ita s n a E u ro p a c n o M é x ic o .
in te n so uso d esse p ro c e ss o . E x istem m u ita s v a rie d a d e s: o N a E u ro p a f ic a ra m fa m o s o s o s g ré s (stein euet) d e B d ttg e r
“ c o p p e r lu s tr e ” (b a se a d o n o c o b re), o “ g o ld lu s tr e ” n o l? q u a rte l d o sé c . X V III.
(d o u ra d o ), o “silv e r lu s tr e ” (im ita n d o st p ra ia ) e o “ rose R e lie f d e c o r a tio n — D e c o r a ç ã o e m re le v o .
lu s tre " (d e riv a d o d o o u ro ) e le. O B rasil im p o rto u lo u ç a R e tic u la te d w a re - L o u ç a f re ta d a (fra n c ê s -a jo tlre é ) v a sa d a .
c o m lu s tre n o sec. X IX , ta n to d a In g la te rr a c o m o da R ic e g ra in d e c o r a tio n — U s a d a n a d e c o r a ç ã o c h in e sa c o n sis
F ra n ç a (S a rre g u e m ín e s), tin d o d e p e q u e n a s p e rfu ra ç õ e s f e ita s n o c o rp o d a peça,
c m f o r m a d e g rã o d e a r ro z c c o b e rta s co m a g la s u ra ,
— M — té c n ic a o riu n d a d a P é rs ia n o sé c . XVT1I.
715
— T — — V •—
T a b le w a re s — S e rv iç o s d e m esa. V a se i— V a s o .
T a n k a rd — C an eca. Y e fie ta b le d ish — L e g u m e ira .
T e a B a ttle — B u le d e ch á.
T e a P o t — B u le d e chá. — W —
T e a S ets — C o n ju n to d e chá.
T in G la z e d E a rth e n w a re o n T in G la z e d W a re — F a ia n ç a , W a re — T e m v á rio s sig n ific a d o s p o d e n d o d e s ig n a r g e n e ric a
ta m b é m c h a m a d a n a In g la te rr a d e D c lftw a rc o u E n g lis h m e n te v a s ilh a m e , lo u ç a o u c e râ m ic a . E x em p lo s:
D e lftw a re . C h íu e s c w a re — P o rc e la n a c h in e s a ;
T ile s — À z u le jo s. G o m b r o tn w .ire — P o rc e la n a d e G o m b ro m ;
T o b y ju g — C a n e c a (co m fig u ra s , etc.), p a r a to m a r c e rv e ja D ó lít v a r e — L o u ç a d e D c lf t fa ia n ç a ;
o u v in h o , c a n g irã o . E u r th e n w a re — L o u ç a d e b a r r o nfio v itrific a d a ;
Top - O m e s m o q u e “ c o v e r” , t a m p a d e ja r ro . S to n e w a re — G ré s;
T r a n s f e r o u T r a n s f e r P rin tin g — P ro c e sso d e tr a n s p o r ta r o s T ro n s to n c w a re — L o u ç a tip o g ra n ito .
d e s e n h o s p a r a o b isc u it c o m p a p é is im p re g n a d o s c o m u B o n e asll w a re — P o rc e la n a f o s f a ta d a (m o le ) o u “ lo u ç a
d e osso ” ;
tin ta d o s d e s e n h o s - - m is tu r a d o c o m Óleo q u e é o v e íc u lo
d e s sa tra n s fe rê n c ia — o s p a p é is e o ó leo d e s a p a re c e m n a T e a ta b le w a r e — L o u ç a d e ch á.
c o c ç ã o d e ix a n d o o s d e s e n h o s c as c o re s n a s peças. T r a W a te r b o ttlé -— G a r r a f a d c á g u a , p o d e ta m b é m te r v á ria s
d u z -se p o r d e c a lq u e . , f o rm a s in c lu siv e a p ir if o r m e u s a d a n a P é rsia c p e lo s
M a o m e ta n o s .
T r a n s lu c e n t w a re — P o rc e la n a tra n slu z c n te : d iz-sc d a p o r c e
W e ll — ( B o tto m ) F u n d o d c u m a p e ç a , " b a s a l r iu g '1.
la n a c h in e s a o r n a m e n ta d a c o m fu ro s n a p a s ta re c o b e r to s
W ín e B rrttle — G a r r a f a d e v in h o .
a p e n a s p e la g la sitra , o q u e a d e ix a c m p a r te tr a n s p a r e n te .
T r a y — B a n d e ja . W in e P o t — P o te d e v in h o ,
Y i-S h in g -W a re — P a s ta d e g ré s m a r r o m , a v e rm e lh a d a o u p re ta
T re llis -— T ra n ç a d o n a d e c o ra ç ã o .
d e se rv iç o s d e c h á m u ito p o p u la r n a E u ro p a e f in a m e n ie
I iir e e n a n d c o v e r — T e r r in a c o m ta m p a . d e c o r a d a co m b a ix o e a lto re le v o e p r o fu s a m e n te c o p ia d a
T u re e n a n d s ta n d — T e rr in a e tra v e ss a d e b a ix o (p ré s c n to ir). n o O c id e n te , ta n to n a I n g la te rr a (E le rs) c o m o n a A le m a n h a
T u rn ta b le — M e s a o u to m o d e o le ir o q u e so m o v im e n ta c o m (B ò ltg e r). É ta m b é m c h a m a d a d e " B o c c a ro w a re ” , R ed
os p é s e as m ão s. P o rc e la ín o u R e d C h in a .
716
TERM O S E M FRAN C ÊS
(Perfil de Pratos)
e.nvnà.6 o M h lo X z - p tc u t
fiaccond ou
fa o s i d u A Z - m a J i & t esc/ adio, - m a KtÃ
b o s td ijJ ic i n i & A i c u A z
- bcLáÁÍVL„
ta Z o n
fizvejiA
— A — B o rd P o ly lo b é — B o rd o r e c o r ta d o d e p r a to o u tra v e ss a , poli-
lo b a d o .
A ig u iè re — G o m il. B o u rd a lo u e — U rin o l coCn ta m p a p a r a se n h o ra s .
A ile — A b a d e p r a to . B o r d u r e (m a rlí) A b a , b o rd a .
A lh a rc l — A Jb arelIo . B o rd u re in té r ie u re — C a ld e ir a d o p r a to o u d a tra v e s s a , lam -
A n se — A lç a . b ém c h a m a d a d e “ r a c c o r d 1'.
A rg ile — A rg ila . B o u g e o ir — C a stiç a l.
A rtis a n — A rte sã o . B o u q u e tiè re s — F lo re ira s .
A s sie tte (p la te ) — P ra to (raso ). B o u te ille — G a r r a f a .
A ssie tte à d e s se rt — P ra to d e so b re m e sa . B riq u e — ■ T ijo lo (A p a la v r a p ro v ê m d o c e lta bric).
A s sie tte à p o ta g e (cre u se ) — P ra to d e s o p a (fu n d o ). B ro c — J a r rai
A te lie r — O fic in a . B r u le - p a rf u m í — Q u e im a d o r d e p e rfu m e s , d e fu m a d o r.
— B — — C —
719
D e c o r à gu iria fit! es — D e c o ra ç ã o d c festõ e s m a is u s a d a em G r a n d f e u — D iz-sfl d o s fo rn o s d e a lta te m p e r a tu ra q u e c o z e m
M o u s tte rs m u ito e m v o g a n o séc. X V i n , ta n to n a c e rã - a p o r c e la n a e o u tr a s c e râ m ic a s e fu n d e m d e te rm in a d o s
. m ic a o c id e n ta l c o m o n a c h in e s a d e e x p o rta ç ã o . e s m a lte s.
D é c o r à la c o rn e oti n u c o ru e t — D e c o ra ç ã o m u ito u s a d a n a G ris a ille — P in tu ra c in z e n ta d e u m a só c o r, im ita n d o b a ix o
Id a d e M é d ia p a r a p in ta r p in g o s re d o n d o s, lin h a s e p a l a r e le v o e n ã o re p ro d u z in d o , se n ã o o c la r o e o e s c u ro (d o n d e
v ra s u sa n d o o s a p a r e lh o s d c c o n fe ite iro s (b ico s, c a n ó p lia s , o n o m e c h ia ro s c u ro q u e lh e d e u a Itá lia ), (M . N . B o u illet,
bisnagas}. ob. d l ) .
D é c o r n u P u c b o ir — O m e s m o q u e “ d é c o r au p o n c ís " ; estê n c il - H —
(m á s c a ra ) c o m o u so d e b o n e c a d e c a rv ã o o u p o lv ilh o .
D é c o r in c b é — D e c o ra ç ã o in cisa. H a u s m a le r — T ra d u ç ã o lite ra l: “ p in to r e m c a s a " , a rtis ta que
D é c o r P e rsa n — D e c o ra ç ã o p e r s a q u e co n siste c m r a m o s d c a d q u ir ia a lo ú ç a e m b ra n c o e a d e c o ra v a e m se u a teliê,
flo re s , tu lip a s , ja c in to s, n a rc is o s e m a rg a rid a s c o m p á s sa ro s. ( C h a m brelan)'.
D is q u e — M e d a lh ã o . H u ilie r — G a lh e te iro .
D o r u re — D o u ra ç ã o .
D o u b le -g o u rd e — P e ç a c e râ m ic a q u e le m b ra o f o rm a to d e u m a
c a b a ç a e assim é c h a m a d a " b o jo -d u p lo ” , “ d u p la p a n ç a ” , J a tte — V a s o re d o n d o e se m re b o rd o . D ie t, U n iv . d e I a lan g u e
c o m p o s ta d c d o is c o rp o s g lo b u la re s su p e rp o s to s o u lig a F ra n ç o is e , 2 è m e c d ., P a ris — P .C .V . Fioíste, 1803.
d o s, N o p e río d o d e K a n g -H si fo ra m fa b ric a d a s m u ita s
J a c o b P e tit — C e ra m is ta b rilh a n te e e x ím io m o d e la d o r. D is
p e ç a s d esse fo rm a to .
tin g u e -se p o r u m s o p r o d e fa n ta s ia e m o v im e n to cm o p o
— E — siç ã o à rig id e z e s e v e rid a d e d o E stilo Im p é rio , im p rim in d o
à s s u a s p e ç a s unv c a r á te r q u a s e d c o u riv e s a ria . P etit c rio u
F c la fs — D iz-se e m c e râ m ic a de. la s c a s na p eça u m e s tilo q u e se b a s e o u n u s It a d iç õ e s, já a n u n c ia n d o o
É c u e lle — E sc u d e la ; m a lg a b a ix a c o m a lç a s la te ra is. r o m a n tis m o em s u a s p ro d u ç õ e s ; n ã o se in te re ss o u p o r b a i
E m a il — E s m a lte . x e la s, a n ã o s e r p o r “ lésé à te tc ” e “ s o lita ire s ” , em c o m
É m a iíia g e n u tre n ip c — E s m a lta ç ã o d a p e ç a m e rg u lh a n d o -a n o p e n s a ç ã o p r o d u z ia p eças a v u lsa s, re ló g io s, c a s tiç a is, vasos
liq u id o . e m e s tilo ro c o c ó . S u a p o r c e la n a é b o a , o v id ra d o b rilh a n te ,
É m a u x c lo iso n n e s — E sm a lte s s e p a ra d o s n a p e ç a e q u e n ã o a s c o re s su a v e s e b e m a p lic a d a s . F o i o r e p re s e n ta n te m ais
se m istu ra m a p ó s o c o ai m en to, p e r fe ito d o s “ b ib e lo ts " c p r e c u r s o r d a p o rc e la n a c o n te m
E n c rie r — T in te iro , p o r â n e a , M a n tin h a c m 1S30 s u a fá b ric a c m F o n ta in e b le a u
E n g o b e — E n g o b e , b a rb o tin a . e e m 1834 fix o u -s e e m B e lle V ïlîe.
J a rd in iè r e — Ja rd in e ira .
— F —
F a ç o m ia g e — M o d e la g e m m a n u a l. — K —
F a ie n c e — F a ia n ç a ,
F a ie n c e fin e — T a m b é m c h a m a d a p e lo s fra n c e se s d e “ fa ie n c e K a o lin — - C a u lim ( n a F ra n ç a o p rim e iro c a u lim foi d e s c o b e rlo
fin e a n g la is e ” o u " te r r e de p ip e ” e p e lo s in g lese s d e e m S a in í-Y rie u x , p e r to d e L im o g es) c m 1796, p o r M m e.
“ c r e a m -c o lo u red w a re " o u “ Q u e e n ’s w a r e ” (W e d g w o o d ) D a r n e l, m u lh e r d e u m c iru rg iã o , q u e se in te re sso u em
o u a in d a d c “w h ite e a rth e n w a re " ; é c o m p o s ta d e u m a m a n d a r e x a m in a r, p e n s a n d o q u e se rv isse p a r a fa z e r sa b ã o .
a rg ila m a is a lv a e d e a r e ia fin a , ele . e n ã o le m n e c e s s i
d a d e d e se r c o b e rta d e e s m a lte o p a c o o u d e u m en g o b e
c o m o a c o n te c e c o m a f a ia n ç a clá ssic a ; b a s ta u m a g la su rn
L a m b re q u in — D e c o ra ç ã o d e festõ es p e n d e n te s.
tra n s p a re n te s o b re a p a s ta b r a n c a , É co z id a a te m p e r a tu ra
L a v a b o — P ia , la v a n d a .
m a is e le v a d a d o q u e a fa ia n ç a v e rd a d e ira . N a re a lid a d e
L é g u m ie r — L c g u m e ira .
re p re s e n ta o q u e é c h a m a d o d e f r ita o u se ja , m is tu r a s de
L im o g e s — ■ V ide te x to d o 2o c a p itu lo “ P o rc e la n a s O c id e n ta is " .
a rg ila s c o u tro s in g re d ie n te s p a r a f o r m a r a p a s ta .
L tth ó c é ra m e — O m e sm o q u e grés.
F a ie n c e p a trio tiq u e — F a ia n ç a r e p re s e n ta n d o a le g o ria s, cen a s,
fig u ra s , b a n d e ira s e d iz e re s d e o rd e m h istó ric a .
— M —
F ê liire - f ile — P e q u e n a tr in c a n a p e ç a c e râ m ic a c o n h e c id a
a q u i p elo s c o le c io n a d o re s p o r “ c a b e io ” . M a g o t — F ig u ra s g ro te sc a s feilas tia C h in a , cm p o rc e la n a e
E cu d e n u m f it — D iz-se d o s f o m o s d e b a ix a te m p e r a tu r a p a ra o u tr o s m a te ria is (a p a la v ra d e s ig n a ta m b é m m acaco),
c o z e r d e te r m in a d a s c e râ m ic a s e f u n d ir d e te rm in a d o s M a jo ltq u e — M a ió lic a , fa ia n ç a .
e sm a lte s. M a rb r é — M a rm o riz a d o o u m a rm o ria d o .
Figti litre — T e rm o e m p re g a d o p o r B e rn a rd d e P aJissy n o séc. M a rli — A b a , b o rd a , listei.
X V I p a r a d e s ig n a r a s su a s lo u ç a s c o m o o b je to s, c o b ra s , M a rli d e n te lé — B o rd a d e n te a d a .
la g a rto s, p e ix es, c a ra n g u e jo s , etc., c o p ia d o s d o n a tu r a l e M a rs e ille — C e n tr o p r o d u to r d c b o a c e râ m ic a , e m 1765 f a b r i
co b e rio s c o m g las u ras c o lo rid a s . D e p o is o te r m o “ fig n lin c ” c o u p o r c e la n a e a n te s e d e p o is e x c e le n te f a ia n ç a d e fo g o
p a sso u a se r e m p re g a d o p a r a a s o b ra s d o m e s m o g ê n e ro . d e m u fla ; e x p o rto u p a r a o B rasil m u ito s dos se u s p ro d u to s
F ig u rin e - - F ig u ra s, n o séc. X IX , s o b re tu d o te lh a s p a r a S ão P a u lo de v á ria s
F ile ta g e s — F ilc ta g e n s. f á b ric a s ,
F la m b e a u — T o c h e iro , M a s c a ro n s — C a rr a n c a s .
F o n d a n ls — F u n d e n te s . M a s tic — S ão c h a m a d a s a s fa ia n ç a s c u ja d e c o ra ç ã o s e c o m p õ e
F o n ta in e c l c u v e tte — F o n te e b a c ia . d e e s m a lte s o p a c o s e tra n s p a r e n te s s e p a ra d o s e n tr e si.
F o n ta in e e t so n b a ssin — F o n te ( c o n ju n to d e r e s e r v a tó r io de " M e z z a -m a ió lic a " — T e r r a c o ta re v e stid a d e um e n g o b e c o m
á g u a e b a c ia ). m is tu r a d e a rg ila s e ó x id o d c c h u m b o , p ro c e sso m u ito a n t i
F 'o u r — F o rn o . g o j á u sa d o p e lo s ro m a n o s ; e x is te m v á ria s fó rm u la s , v a ria m
F o u r à re v e rb e re — F o rn o d e “m u f la ” ( b a ix a te m p e r a tu ra ) . c o n f o rm e a s re g iõ e s.
F o u r n ia in tr a u x — F á b r ic a f ra n c e s a q u e n o sec. X IX , m u ito M o u le — M o ld e ,
e x p o r to u a z u le jo s p a r a o B ra s il. A in d a fu n c io n a c o m o g r a n
d e e m p re sa , corn a z u le jo s m o d e rn o s e c ó p ia d e a n tig o s. — P —
F ria b le — F riá v e l, q u e b ra d iç o .
P a u s e — A p a r te b o ju d a d a p e ç a .
F ritte — ( D o la tim frig e r e - fr ita r) P a s ta jã c o z id a u m a vez, frita . P e n d u le s — R e ló g io s d e a d o r q o e m c e râ m ic a , cm g eral c o lo
T e m o sig n ific a d o tie u m a c o m p o s iç ã o d e v á rio s m a te ria is, c a d o s o b r e m ó v e is e la r e ira s .
in c lu siv e q u a rtz o p a r a a p r e p a r a ç ã o d a p a s ta ; a p o rc e la n a P ic h e ts — V a s o s c o m a lç a s p a r a v in h o .
d c M ediei £ c o n s id e ra d a u m a f r ita (M u s e u I n te rn a tio n a le
F ié d m ic h e — P e d e s ta l, b a s e d e c e r â m ic a fe ita ju n to c o m a
d e F a e n z a — Itá lia ).
p e ç a (m o lh e ira s c o m se u p r a to c o la d a ).
P la q u e e x -v o to — P la c a (e m c e râ m ic a ) dc ex -v o to .
— G —
P la t — P ra to , c o m p õ e -se d e trê s p a rte s : b a ssin -fu n d o ; r a c c o r d -
G la ç u re — G la s u ra , v id ra d o , c o b e rta . -c a ld e ira , a ile -a b a (c a t. E x p . S èv re s, 3 S e te m b ro , 1973).
G o b e te t — P e q u e n o c o p o . P ia l à c a h o te — P r a to c o v o , p r a to a tig e la d o , tip o c h in é s,
G o tilo t — G a rg a lo . se n t a b a .
G o u r d e — E sp écie d e c a n til e m c e râ m ic a , te n d o às v ezes fo rm a P la t à b a r b e — T ra v e s s a f u n d a c o m r e e n trâ n c ia c irc u la r p a ra
to g lo b u la r; g a rra fa d e p e re g rin o . o pescoço.
720
P la í o v a le avcc íg o u f lo ir — T ra v e s s a o v a l à q u a l se so b rep õ e — R —
u m a p e ç a p e r fu r a d a so b re a q u a l se c o lo c a o p eix e, escor- R e b o rd — B o rd a .
ro n d o o m o lh o n a p a rte in fe rio r d a tra v e ssa ; n o in v e n tá rio R in c e a u x R am ag en s.
d o P a ç o d e S ã o C ristó v ã o d e 1855, c o n s ta m " p r a to s , t r a R o se P o m p a d o u r — T o m d e r o s a (s e g u n d a m e ta d e d o séc.
v e s sa s c o m ra lo s e p e ix e ira s e d o is ra lo s " . X V I II ) , d e s c o b e rto p e la m a n u f a tu r a d e S è v re s, ta m b é m
P la te a u -— T ra v e s sa . c o n h e c id o c o m o "R o se D u b a r ry " , vide g lo ssá rio ern
p o rtu g u ê s .
P lo m u re — T e rm o a rc a ic o p a r a g lasu rp .
R o u g e d e f e r (ro u g e c o ra il) -— D e c o ra ç ã o a v e rm e lh o fe rro ,
P o ig n é e d e c a n n e — C a b o d e b e n g a la . m u ito u s a d a n o sé c. X V I II (v e rm e lh o fe rru g e m ) n a p o r
P o m m e a u — P e g a d a p e ç a , p a rte su p e rio r d a so p e ira , p e g a c e la n a c h in e s a .
d o r, e tc . R o u le a u , v a s e r o u le a u — R o lo , v a so c ilín d ric o .
P o n i i f — F o l h a c o m o tr a ç a d o d a c o m p o s iç ã o c u ja s lin h a s são
p e r fu r a d a s e so b re a q u a l é a p lic a d a u m a b o n e c a c o n te n d o — S —
p ó p r e to ; se rv e p a r a o d e c o ra d o r s itu a r seu d e s e n h o . E stê n S a liè re — S a le iro .
cil, m á s c a ra , fa n ta sm a . S a rre g u e m in e s — F á b r ic a f ra n c e s a n a A lsá e ia — F r a n ç a . Im
P o n c is ( p o n â f , p o n d l ) — E stê n c il {vide g lo ssário e m p o rtu g u ê s). p o r ta n te c e n tr o d e p ro d u ç ã o d e f a ia n ç a fu n d a d a e m 1790
P o rc e la in c d e C h in e — C la ssific a ç ã o d a p o rc e la n a c h in e s a d e p o r P a u lo U tz s c h c n e id e r e m a n tid a a tra v é s d o séc. X IX
p r im e ir a q u a lid a d e (v id e g lo ssá rio e m p o rtu g u ê s). p o r s e u s d e s c e n d e n te s . P ro d u z ia v á rio s tipos d e c e râ m ic a ,
in c lu in d o ta m b é m f a ia n ç a f in a e g rés n o g ê n e ro d e W c d -
Poreelaine d e la C o m p a g titc d e s In d es — P o rc e la n a d a C ia . d as
g w o o d e lo u ç a - v id ra d a e " b o n e c h in a p o r e d a i n ” e “ lu s
ín d ia s (vide g lo ssá rio e m p o rtu g u ê s).
tr e " n o se c . X I X , g rés im p é rio , fu n d o s c re m e e fig u ra s
P o rc c ln in c d e P a r ts — A ssim c h a m a d a a p ro d u ç ã o d e p o rce erri p r e to , f u n d o a z u l c o m fig u ra s c m b ra n c o . E x p o rto u
la n a d o s d iv e rso s ate liê s c fá b ric a s situ a d a s n a re g iã o de b a s ta n te p a r a o B rasil n o fim d o sec. X IX e p rim e iro
P a ris, q u e c o m e ç o u co m o a te liê d e M a rie M o re a u , a in d a q u a r t e l d o sé c . X X , in d u s iv e p r a to s co m v istas d e lo g ra
n o séc, X V III, q u e fo i a p rim e ira a f a b ric a r p o rc e la n a ciíí d o u ro s p ú b lic o s d e S ão P a u lo , efíg ie s d e p re sid e n te s d a
P a ris. D e m u ito s d e sse s a ic tté s , c o m o D a g o ty N a s l, R e p ú b lic a , e tc . (fa ia n ç a fin a ). F a b r ic o u ta m b é m a z u le jo s
D e n u c lle , D u c h c se d 'A iig o u lê m e , e tc ., tem o s e x e m p la re s c p a in é is d e e s tilo A rt-N o u v e a u (M u s e u d o s A z u le jo s —
n o Brasil, L isb o a ).
P o rc e la in c d u re — P o rc e la n a d u ra . S a u p o u d re u s e — P o lv ilh a d o r.
P o re e la in e te n d re iia tu rc lic — p o re e la in e p h o sp lia tiq u e — S e a u — B a ld e p a r a p ô r g a rra fa s .
P o rc e la n a m o le n a tu ra l in v e n ta d a p elo s c e ra m is ta s in g le S erv ice b la s o n u é — A p a r e lh o b ra s o n a d o .
ses e in te rm e d iá ria ertire a p o rc e la n a d u r a c a a rtific ia l S erv ice d e d e je û n e r — S erv iço d e c h á o u d e c a f é (v e r C a ta
(m ole) c o n té m ossos c a lc in a d o s , a lé m d o c a u lim e fe ld s lo g u e d e l’E x p o s itio n d e 1975 à S èvres, “ P o rc e la in e s de
p a to n a p a s ta , c o n h e c id a ta m b é m p o r p o rc e la n a fo sfá tic a S è v re s a u X IX s iè c le " , p â g . 19).
q u e m e lh o r a d a p o r S po d e, p o r v o lta d e 1799 e 1805, S e rv ic e d e ta b le ■— A p a r e lh o d e m ess.
p a s so u a c o n s titu ir Limo e s p e c ia lid a d e c e râ m ic a das m ais S o u c o u p e — P ire s.
u sa d a s n a In g la te rra . S o u d u re — S olda.
P o rc e la in c te n d re o u p atê te n d re — P o te e la n a m o le o u p asta S o u p iè rc o u te rrin e — S o u p d r a o u le rrin a .
b ra n d a . S o u s lasse — P ire s.
P o re e la in e V ieiix P a ris — é c o s tu m e n o B rasil, d e n o m in a r-s e S ta tu e tte s — E s ta tu e ta s .
assim as p o rc e la n a s d e c o ra d a s p o r ate liê s p a rtic u la re s de S u c rie r — A ç u c a re iro .
P a ris, q u e n ã o o s te n ta m m a rc a e m g e ra l f in a m e n te p in ta S u rto u t d e ta b le — . C c n ir o d e m esa de lo u ç a (o u m é ta l),
d a s, às v ezes so m e n te a o u ro , a b ra n g e n d o o fim do séc.
X V III nté m e a d o s d o X IX , lim o g e s ta m b é m p ro d u z ia no
— T —
m e s m o g ê n e ro c u m o u se m m a rc a , c o m o se vê n o M useu T a b a tiè re — T a b a q u e ira .
lo c a l A drícri D tib o u c h c . T a lo n — F r e te de p ra to s o u tra v e ss a s.
S e g u n d o A u s c h e r, c ita d o p o r A n tó n io À v e lla r F e rn a n d e s, T a b o u r e t — T a m b o re te .
o estilo " V ie u x P a ris" c o n s istiria d e flo re s e s p a rs a s n a peça T asse — X íc a ra .
(flc u rs jetées) e d o u ra d o . T a s s e à b o u illo n —- T a ç a ou x íc a ra d e caldo.
T a ss e à g la c e — T a ç a p a ra so rv ete (n o se rv iç o d e C a ta rin a
P u rte -ru u n tre — P o rta re ló g io .
II d a R ú ssia , 1778, fe ito e m S èvres, c o n s ta m v arias).
P a r te -p a ra p lu ie — P o rta g u a rd a -c h u v a , em g eral d e fo rm a
T a s s e c o u v e rte — T a ç a c o b e rla .
c ilín d ric a .
T e in te — T o n a lid a d e .
P o t à c rè m e — C rc m e ira . T e rr e c u ite -— T e rr a c o ta ,
P o t à f a rd s — P o te d e c o sm é tic o s (as p eças ch in e sa s, le m b ra m T e rr e v e rn iss é e — Q u a n d o a te rra p o ro s a ê c o b e rta d ’u m a
u m a m a r m ita c o m v á ria s p e ç a s su p e rp o s ta s, co n te n d o cad a e u p a o u d e u n i v e rn iz tra n s p a re n te in c o lo r o u c o lo rid o ,
u m a, u rn a v a rie d a d e d e u n g u e n to s ). e la to m a o n o m e d e lo u ç a v id ra d a (E . S. A u sc h e r).
P o t à c a u e t e u v e ite — M o rin g a , b acia. T e rr in e p la te — P r a to c o b e rto .
P o t d e c h a m b re (sem ta m p a ) — U rin o l. T e tê à te té — Jo g o d e d u a s x íc a ra s, d o is p ire s e b a n d e ja
P ot à p o m m ad e — Pode de p om ada, p a r a ca sa i.
P o t à tire — B u le d e c h á, T h é iè re — B u le d e c h á .
P o te rie — (D e p o t = p o te ) E s ta p a la v ra d e sig n a a o m esm o T o u r à p o tie r — T o n lu de o le iro .
te m p o io d o v a so de a rg ila e a in d ú s tria d o o le iro . E sta T o u rn a g e — M o d e la g e m n o to rn o ,
in d ú s tria a b ra n g e a f a b ric a ç ã o d e to d a e sp écie d e v aso , T o n m e a u — . T o r n o c e râ m ic o .
v a s ilh a m e e u te n s ílio s fe ito s d è a rg ila e o u tro s m a te ria is T o u rn e u r — A r te s ã o q u e tr a b a lh a n o to rn o , to rn e iro .
(M . N , B o u illet, o b . c it.) lo u ç a o u lo iça. T re illis — T ra n ç a d o n a d e c o ra ç ã o .
T re m b le u s e — C o n ju n to d e x íc a r a e p ire s, c o n te n d o este u m a
P o te rie à p o tie r — T é c n ic a d e m o d e la r a p e ç a c o m o to rn o , a r m a ç ã o d e c e r â m ic a n o c e n tro p a r a a p o io d a x íc a ra (em
tr a b a lh o c o n ju g a d a d o s p és e d a s m ão s, e s p a n h o l m a n c e rin a ).
P o te rie a ii p a tm ic r — S in ó n im o d e " e o lo m b in ” , fo rm a p r im i T ru c a g e — C o n tr e f a ç ã o , fa lsific a ç ã o .
tiv a d e ir-se m o d e la n d o a p e ç a c o m c o rd õ e s cilín d rico s T u ile s — T e lh a s .
su p e rp o s to s d e a rg ila o u d e p a s ta , té c n ic a c o n h e c id a p o r — V —
asp ira i ou se rp e n tin a .
V a is e lle — ( D o la tim vas, v a s is = v a s o ) T e rm o c o le tiv o q u e
P o te rie v e ru lssé e — L o u ç a v id ra d a . d e s ig n a o coo ju n to d e to d o s os v aso s o u v a s ilh a m e s
P o tic h e — V a so d e c o ra d o , q u a s e s e m p re c o m la m p a , fo rm a c o n c a v a d o s , m a is o u m e n o s g ra n d e s, s e rv in d o ao u so
g lo b u la r o u p irifo rm e . o r d in á r io d a m e sa c o m o tra v e ssa s, p ra to s , so p e ira s,
P o d e r — O le iro , lo u c e iro , ; c a ç a ro la s , etc.
P o ts à b iè re — C a n e c a s d e c e rv eja. V a se d e n u i t c o u v e rt — U rin o l com ta m p a .
P o ts d e p h a rm a c ie — P o le s d e f a rm á c ia , a lb a re llo . V e rn is — V e rn iz .
P rls e iito ir — P e ç a (tra v e s s a o u p ra to ) d e a c o m p a n h a m e n to , em V e r n is ,a u s e l — V e rn iz sa lin o , fin o , in co lo r.
g e ra l d a s so p e ira s, d e in a n te g u e ira s, a ç u c a re iro s , p ra to s V e rn is s a lin — V e rn iz o u v id ra d o d e snl m a r in h o q u e lev ad o
c o b e rto s, etc . ao f o itto se to r n a fin o e tra n s p a re n te .
P risc — P e g a , p e g a d o r d e u m a p e ç a c e râ m ic a . V e rs e u s e à C ouvercle — J a r r a c o m ta m p a .
721
TERM O S E M ESPAN H O L
(Perfil de Pratos)
p la t o
bohd&, ottWLa
725
H — P a lm e ia — O r n a to im ita n d o fo lh a d c p a lm e ir a u sa d o n a c e r â
m ic a , te c id o s , ta p e te s e le , c o ra c s tü is a ç c e s v a ria d a s.
H u e lln — A ç ã o e e fe ito d c c a lc a r — sin a l q u e d e ix a u rn a P a n e le s ■—- P a in é is.
lâ m in a u u f o rm a n o p a p e l o u e m o u lr o m a te r ia l s o b re o P a n z a — P a r te b o ju d a d a p e ç a .
q u a l se e s ta m p a u m d e se n h o . P a te r n a — V id e V a lê n c ia .
P e lo s — O q u e é c h a m a d o de “ c a b e lo ” p e lo s a n tiq u á r io s e
— J — c o le c io n a d o re s b ra s ile iro s , c o rre s p o n d e a u m a p e q u e n a
fis s u ra n a p eça.
Ja rro — Ja rro . P e n ta g r a m a — S elo d e S a lo m ã o , r e p re s e n ta d o p o r u m a e s tre la
J iç a ra s — X íc a ra s . d e c in c o p o n ta s , os. c in c o s e n tid o s p a r a o s ju d e u s e os
J o f a in a — V a s ilh a c ô n c a v a d e g ra n d e d iâ m e tr o e p o u c a p r o f u n c in c o liv ro s d e M o y sé s.
d id a d e , u s a d a g e ra l m e n te p a r a la v a r-s e a s m ão s. P ila s d e á g u a B trádU a o u b e n d ife ra s — P ias d e á g u a b e n ta .
P ifo r r o — B ic o cie c â n ta r o s .
— L — P la c a s — G r a n d e s ta b o le ir o s d e b a r ro c o z id o c o m p in tu r a e
v id r a d o ( fr e q u e n te e n tr e o s m u ç u lm a n o s ) p a r a u so m u ra l,
L á b io — O u “ b o r d e d e l a b o c a ” , b o c a l d a p e ç a .
ta m b é m p o d e d e s ig n a r tra v e ss a .
L a b o re s — A z u le jo s fa b ric a d o s n a té c n ic a d c " e u e n c a ” ou
P la c a s c e r â m ic a s n u m e r a d a s — N o ú ltim o te r ç o d o séc. X IX
a re sta .
a F r a n ç a e x p o r to u p a r a o B ra s il e A rg e n tin a a z u le jo s
L e b rillo — P e ç a s g ra n d e s d e a b a e s tre ita , p a r e d e a lia c f u n d o
m a io re s c o m n ú m e r o s p a r a re g is tr o d o m ic ilia r ( M a n h a
c h a to , ta m b é m c h a m a d a s d e jo fa in a s .
N a n n i, o p . c it.) f u n d o a z u l *. n ú m e r o s e m b ra n c o , assim
L e g u m b re ra — L e g u m e ira .
c o m o p a r a d e s ig n a ç õ e s d e ru a s .
L o s e ta s — P e q u e n a s p la c a s d e c e râ m ic a q u e c o n fo rm e su a
P la n lilla — T á b u a o u p r a n c h a c o r ta d a co m os m e sm o s â n g u lo s ,
c o n s titu iç ã o e a c a b a m e n to , p o d e m s e r ta n to la d rilh o s
c o m o a z u le jo s . T a m b é m sã o u sa d a s n a c o r n a tu r a l de f ig u ra s e ta m a n h o s q u e h á d e t e r a su p e rfíc ie d e u m a p e ç a
v e rm e lh o se m d e s e n h o s p a r a c o m p o r p a in é is ju n to co m c s o b re a q u a l se a p lic a a c o r c o m b ro c h a g ro ss a p a r a
a z u le jo s p in ta d o s . r e p ro d u z ir u m d e s e n h o e m s é rie e m s ilh u e ta .
F ia titio s -— P ire s.
L o z a — B a rro fin o c o z id o e e s m a lta d o c o m q u e s e fa z e m
p ra to s, x íc a ra s , etc., lo u ç a o u lo iça, F la to — P ra to .
L o z a d e p e d e m a ] — L o u ç a p ó d c p e d ra . P ta to d e p o s tre o u p la tito — P r a to d e so b re m e s a .
L u stre — T é c n ic a á r a b e d e d e c o ra ç ã o c o m iris a ç õ e s m e tá lic a s . K lato p la y o — P r a t o ra so .
F la to s o p e ro o u p la ío h o o d o — P r a t o d e so p a o u p r a to fu n d o .
— M — P lo m o — - C h u r a b ò .
726
T ü la v e ra dc L a R e in a — P rin c ip a l f á b ric a d e fa ia n ç a n o s T iitfe ro s — T in te iro s .
sécs. X V I e X V I I n a E s p a n h a e cu jo s p r o d u to s c o n s ta m T ra c e ria — O rn a m e n to s g e o m é tric o s d o re p e r tó r io d e c o ra tiv o
re p e tid a m e n te d o s in v e n tá rio s p a u lista s . T e v e trê s g ra n d e s gótico.
p e río d o s n o séc X V I; a z u le jo s , p ra to s g ra n d e s, fu n d o s T re u z a d o — T r a n ç a d o (Ireillis).
b ra n c o , p in ta d o s em a z u l, n o c e n tro f ig u ra s o u an im a is, T r e p a __ U m a v a r ia n te d o c s ta rc id o ( m á s c a ra o u fa n ta s m a ,
le b re s, c e g o n h a s , g a rç a s e n a s b o rd a s m a rip o s a s o u _ d e estê n c il) in v e n ta d o n a C a ta lu n h a , c o n s ta n d o d c u m p a p e lã o
s e n h o s cm a ra b e s c o s e ra m a g e n s . O s e g u n d o p e río d o e n c e r a d o c o m o s d e s e n h o s v a s a d o s s o b re o q u a l p a ssa-se
c o rre s p o n d e a o séc, X V I I e m q u e ta m b é m f a b ric o u v aso s a b ro c h a c o m tin ta p a r a re p ro d u z ir d ire ta m e n te o d e s e n h o .
p o ü c ro m o s o u a z u is e g a r ra fa s e a tin g e O se u a u g e co m
m o tiv o s d e c a ç a , c e n a s d e b a ta lh a , p e rs o n a g e n s e o te rc e iro —* U ~
n o sé c . X V II í q u a n to a d o ta o g o sto f ra n c ê s n a d e c o
ra ç ã o c o m g u irla n d a s, flo res, etc . E m 1810 a fá b ric a U m b o — P ra to c o m p r o tu b e râ n c ia n o c e n tro , in flu ê n c ia d a s
fe c h a d e s tru íd a p e lo s fra n c e se s e ingleses. E m 1868 h o u v e s a lv a s d e p r a ta d a o u riv e s a ria m e d ie v a l o n d e o f o rm a to
u m re s s u rg im e n to c o m G u ilh e rm e Z u ria g a c em 1908 é m u ito c o m u m .
E n riq u e G r ijó , te n to u re n a s c e r a c e râ m ic a p rim itiv a
d e c o ra n d o p e ç a s d e e s tilo re n a s c e n tis ta e b a rro c o . F u n c io n a — V —
a té h o je . N o séc. X V I I a f á b ric a e x p o rto u b a s ta n te
lo u ç a p a r a S ã o P a u lo , d e a c o rd o c o m o s in v e n tá rio s V a lê n c ia , P a te r n a c M a n iz c s — E m 1341, a p a re c e m os p ri
v ic e n tin o s d o séc. X V II. m e iro s a te liê s c o m lo u ç a s d e r e fle x o s m e tá lic o s n a E s p a n h a ,
T a lte r — O fic in a , in d o a té o s sé cs. X V e X V I . E x is tia m ate liê s e m P a te r n a
T apa — T am pa. e M a n izes n o s a r ra b a ld e s de V a lê n c ia . S eus te m a s e ra m
T a p ic e s — D e c o ra ç ã o p e rs a e m u d é ja r d e su p e rfíc ie s c o m d c in flu ê n c ia á ra b e e c r is tã (g ó tic o , f ra n c ê s o u ita lia n o ).
p o sta s d e a z u le jo s im ita n d o o s d e s e n h o s d o s ta p e te s A trib u i-s e à P a te r n a fa ia n ç a s d c e stilo s a rc a ic o s com
o rie n ta is. a n im a is, p e rs o n a g e n s o u e le m e n to s flo ra is c m v e rd e e em
T a r r o s d e b o tic a — B o iõ cs d c fe itio p irifo rm e e ta m b é m m a n g a n ê s, s o b re f u n d o b ra n c o , M a n iz e s, n o séc. X V I, in
b ilh a s d e f a ia n ç a c o m to r n e ira em b a ix o p a ra u so n as c lin o u -se e m m a n te r o estilo p u r a m e n te o r ie n ta i, c o m
fa rm á c ia s , in sc riç õ e s á ra b e s e a p lic a ç ã o d e lu s tr e . M ais ta r d e p a s so u
T a z a — X íc a ra , ta ç a . à d e c o ra ç ã o f lo r a l. A. p ro d u ç ã o ê m u ito g ra n d e o c h e g a
T a r a s c o n ta p a d o r e s — T a ç a s p a r a ca ld o s co m ta m p a s . a e x p o r ta r p a r a a A m é ric a . F a b r ic a to d a a s o rte de
T e rr a sig ila ta — C e râ m ic a r o m a n a q u e c o m e ç o u n o p rim e iro o b je to s e f o rm a s c e râ m ic a s , se rv iç o s d e m e sa , a z u le jo s,
c â n ta ro s , v a s o s , cíc., a té o fim d o sé c . X V III.
séc, a .C . d e c o r a d a co rn en g o b e c co m d e se n h o s im p re sso s.
V a sija — V a s ilh a , c o m p õ e -se d e “ p ie d e p a n z a y c u e llo "
T e te ro s — B u les d e ch á,
d iv id e tn -s e e m v a s ilh a s p a r a d e p ó s ito , v a s ilh a s p a r a tira r
T ib o r — V a so s u sa d o s n o M é x ico , c u ja s d im e n sõ e s v a ria v a m
a e n c h e r o u tro s re c ip ie n te s, v a s ilh a s d e v e rte r e p a r a b e b e r.
d e l í cm a 1 ,5 0 m .!
V a so p a r a re tre te — U rin o l.
T ie rr a d e p ip a —- F a ia n ç a fin a .
T in a g ra — P o te p ir if o r m e se m a lç a s . V id — V id e ira .
727
AGRADECIMENTOS DO AUTOR
PARTICULARES:
729
Carlos de Oliveira Bailor — São Paulo Luís Braga — Recife
Celso Correa Dias — São Paulo (t) Luís Miguel Sci.lf — Belém
Claudine Richard — México Lourenço Luís Lacombe — Pelropôlis
Cláudio Henrique Bastle — São Pauto Exma. Família Marquês da Fronteira — Portugal
Clotilda Machado de Carvalho -— Rio Comandante Max Justo Guedes — Rio
Ctóvís Burnay - - Rio Manoel Bran cante — São Paulo
Conceição da Cosia Neves — São Paulo Maria Helena Brancanre — ■Sc.o Pauto
Cyrillo Otiolani — Curitiba Maria Elisa Pereira Bueno — São Paulo
Exma. Família Conde Castro ■' Sola — Portugal (t) Maria Manuela Mota — Lisboa
Exma. Família Condes de Carnide — Portugal Maria Helena Costa e Silva — São Paulo
David Carneiro — Curitiba Maria Teresa ef José Gomes Ferreira — Lisboa
Duiliõ Crispim Farina — São Paulo Mário F. Simoès — Belém
Domingos Gonzáíes Marli — Espanha Maria Clementina da C. Quaresma — Portugal
Dotn Clemente da Silva Nigra — Vassoures Mário Pimenta de Camargo — São Paulo
Ecyia Castanheiro Brandão — Rio Marcus Linnet — Londres
Edmundo de Vasconcellos — São Paulo Marcos Vieira da Cunha — Vassouras
Everardo Magalhães Castro — Rio Michel Etlin — São Paulo
Enei Mota Tribusi Neves — Maranhão Myriam Cintra Gordinho — Vassouras
Exma. Família Euchdes Fagundes — S. Paulo (f) Maurício Meireiles ■— Minas
Expedito Bastos —- Belo Horizonte Mathias Mancou Bittencourt <— Bahia
Almtc. F. E. Carneiro Ribeiro — Rio Maurício e Rachel Brener — Rio
Federico A Idao — Buenos Aires Mercedes Roseis -— Salvador
Fernando Barreto — São Paulo Max Ouang — Suo Paulo
Fernando Medeiros — São Paula Miguel Osório Monteiro Soares — Rio
Fernando Soares — São Paulo Matilde Pessoa de Figueiredo — - Lisboa
Florindo dos Santos — Lisboa Marcos Carneiro de Mendonça — Rio
Francisco Roberto — São Pauto Nélson Guimarães — São P a u to
Francisco Mancada — Lisboa Néíio Migliorini — São Paulo
Francisco de Paula Gordilho — Salvador Nicia Camargo — São Paulo
Floriano Cantpolina de Rezende Camargo — S. Paulo Newton Carneiro — - Curitiba
Gilberto CFic.cc br - S. Paulo Odyla Mathias — São Paulo If)
Gonçalo Sampaio e Mello — Paraná Oldemar Blasi — Paraná
Gaby Dietzen — Paris — Mettalach — Alemanha Osmirio de Oliveira Barreto — Ceará
Geraida Ferreira Atm ond Marques — Minas (f) Oscar Seílos Braga — Rio
Gaston Adler — São Paulo Paulo Arena — São Paulo (t)
Gian Cario Bojani — Itália Pauto Afonso Machado de Carvalho — Rio
Haydée Nascí mento — São Paulo Paulo e Vera Sampaio Chermont — Belém
Henrique Lindcnbergh Filho Paulo Menano — Santos
Herminio LunardclU — São Paulo Patrice Sonnenberg — Paris
Hernanl Silva Bruno — São Paulo Paulo Pt oi cnç ar.o —■ Tan balé
S>a. Gon Sião — - Pequim Pauto Duarte — São Paulo
izabei di Canossa — São Paulo Paulo Vasconcellos — São Paulo
Israel Pinheiro Filho — • Mmas Plácido Gutierrez — Rio (t)
Irineu Ângulo — São Paulo Peter Naumann — São Paulo
Irene Quilhá — Portugal Pietro Maria Bardi — São Paula
J V. G. Múllet — Londres Pedro de Oliveira Ribeiro Neto — São Paulo
João Gonçalo do Amaral Cabral — Portugal Plínio de Mendonça — São Paulo
ire coce? Kiigel — P a r ir Pedro A. Palott — Puebla México
J. P. Leite Cordeiro — S. Paulo Peregrine Pollen — . Londres
Jacques Pilon São Paulo (f) S, A /. D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança
Jean Louis Pilon — S. Paulo S. A. 1. D. Pedro Henrique de Orleans tf Bragança
João Eduardo Penteado -—• S Paulo Raphael Salinas Calado — Lisboa
João Moss — Rio Rogério Nogueira da S ih a Rego — São Paulo
João Teixeira ■— Rio Roberto Paranhos do Rio Branco — São Paulo
João Marino — S. Paulo Rubo Antônio Muller. — ■ Soo Paulo
João Luiz Maninho — Rio Renato Magalhães Gouvêa — São Paulo
José Claudino da Nábrega — São Paulo Renata Crespi da Silva Prado — São Paulo
José Antônio Gonsalves de Mello — Recife Raul Lima — Rio
José de Campos c Sousa — Portugal {}) R. C. Kennedy — Londres
José ds Harros Martins — S. Paulo Buy Sampaio e Mello — Paraná
José Ferreira Lopes — Tóquio Ruy Othake — São Paulo
José Roberto Teixeira Leite ~ São Paulo Rita Corrêa Dias — São Paulo
José Lopes Filha — Alagoas Roberto J. Charleston — Londres
José Leandro de Barros Pimentel — São Paulo San:Fui Leite d’Aprile — São Paulo
José Maria Jorge — Portugal Sebastião Ribeiro Loures — f ito (t)
José Eduardo Loureiro — São Paulo Serafim Santiago Braga — Pernambuco
José Paranhos do Rio Branco — São Paulo Sérgio d ’A z z f — São Paulo
José Silva — Lisboa Stanislaw Herstal — São Paulo
Julian Thompson — l Fing Kong Sylvia Sodré Assumpção — São Paulo
King Kong Lee — Hong Kong Trinidad Sanchez Pacheco — . Espanha
F. L. d'Aibis — Ha villand — Limoges Thèresc Thomas — Mettalach — Alemanha
Laurie Ottaiano ■— São Paulo Horst Knoff Udo — Salvador
Imuyd Ribeiro Escobar — São Paulo Vinícius Stein Campos — São Paulo
Sr. Li Wu Pin — Pequim Vaictitim Calderon Salvador (t)
Lúcia F. de Mello Falkenberg — São Paulo Walter Dias de Andrade — Salvador
Dr. Luís Pedreira Torres — Salvador (f) Walter Dias da Silva — Minas
Exma. Família Luiz Nazareno de Assumpção — 5, Paulo if) Yurik de Beauregard (Sarreguemines)
Luís Barbosa de Oliveira — Suo Paulo r Zatdir Lima — Buenos Aires
130
R E F E R Ê N C IA S SO B R E T R A B A L H O S
DO AUTOR