U3 Renasceçm
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MÚSICA NA RENASCENÇA
Objetivos
• Formular uma visão panorâmica sobre a música na Renascença com uma consciência da cronologia aproxima-
da de seus principais fatos e subdivisões periódicas.
• Identificar fatos e acontecimentos marcantes na história do pensamento e da prática musical na Renascença.
• Reconhecer algumas estruturas musicais históricas da renascença e as respectivas personagens históricas a
ela identificadas.
• Reconhecer a variedade de tipos formais musicais de acordo com a época e o local no qual eram praticados.
Conteúdos
• A Renascença: aspectos culturais.
• A música renascentista.
• Transição entre Idade Média e Renascença musical.
• Polifonia franco-flamenga.
• Polifonia imitativa.
• Polifonia homofônica-homorrítmica.
• Estilos nacionais na Renascença: frotolla, madrigal, chanson, lied, madrigal inglês e canções para voz e alaúde.
• Instrumentos musicais renascentistas.
• Música instrumental renascentista.
• Música na Reforma Protestante: o choral.
• Música na Contrarreforma: Polifonia após Concílio de Trento.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.
4) Ouça, com a maior frequência possível, os exemplos musicais sugeridos, buscando saboreá-los, inicialmente,
de forma prazerosa; posteriormente, busque perceber os aspectos comentados sobre os conteúdos aos quais
eles estão ligados.
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UNIDADE 3 – MÚSICA NA RENASCENÇA
1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, nesta unidade será abordado o período conhecido como Renascença ou
Renascimento, um momento histórico de grande efervescência artística e intelectual. Inicial-
mente, você verá um período de transição entre os estilos medieval de escrita musical e o
renascentista, ocorrido no início do século 15.
Você terá a oportunidade de conhecer como o estilo renascentista se firmou a partir da
segunda metade do século 15, por meio da linhagem de compositores franco-flamengos, de-
tentores de um estilo de escrita internacional (junção de estilos de vários locais).
Após a influência dos franco-flamengos, houve o surgimento dos estilos nacionais e da
produção musical em língua vernácula no século 16. Este será o começo, também, do prestí-
gio dos compositores italianos, especialmente, os que compunham madrigais. É também no
século 16 que haverá o crescimento da documentação da música instrumental e a produção
de música sacra no embate entre cristãos protestantes e cristãos católicos contrarreformistas.
Houve, também no final da Baixa Idade Média, uma grande migração de estudiosos bi-
zantinos devido ao processo de conquista de Bizâncio realizado pelos turcos otomanos. Tal
processo culminou, em 1453, com a tomada de Constantinopla e extinção definitiva do Im-
pério Bizantino. Com esses estudiosos, chegaram à Europa textos até então desconhecidos da
antiguidade clássica.
A maior parte dessa migração aconteceu em direção à península itálica e muitas dessas
famílias passaram a ser incentivadoras da produção cultural, prática que ficou conhecida como
mecenato.
Nesse contexto das práticas comerciais surge a burguesia, uma classe social não neces-
sariamente oriunda da nobreza das famílias reais, mas que consegue certos poderes por meio
do comércio. Esse é, também, um período de aumento da concentração populacional nas
cidades, o que acentuou uma tendência contraria ao feudalismo medieval.
O já referido fluxo de obras da antiguidade clássica influenciou o surgimento, na penín-
sula itálica, do movimento conhecido como humanismo. Este termo, assim como o termo Re-
nascimento, só passou a ser utilizado no século 16 (SILVA, 2009), mas designou uma crescente
valorização do homem como o centro dos valores da vida, em detrimento do teocentrismo
medieval.
O humanismo, apesar de surgir na Itália, expandiu-se para outras regiões da Europa.
Petrarca, poeta e pensador, é tido como o grande pioneiro do humanismo.
A partir desses propulsores, é possível entender a definição de Renascimento dada por
Silva:
O Renascimento, assim, foi a expressão das novas concepções de mundo que começavam a apare-
cer entre os ascendentes burgueses urbanos, razão pela qual a Itália, rica, comercial e urbanizada,
foi o ponto de partida e o ápice desse movimento. Para a mudança mental e artística era necessário
dinheiro, pois os grandes artistas da Renascença trabalhavam principalmente sob encomenda. Na
Itália, o secularismo da classe média começava a contestar as extravagâncias de um clero muito
mundano, e influenciou as transformações mentais, aliada à capitalização de banqueiros, comer-
ciantes, burgueses e da própria Igreja, enriquecidos com o próspero comércio com o Oriente (SIL-
VA, 2009, p. 360).
Pode-se observar três fases distintas de evolução do Renascimento no que diz respeito
à cultura geral: o Trecento (século 14), o Quatrocento (século 15) e o Cinquecento (século 16).
Mas você verá que, no que diz respeito à música, as mudanças estilísticas acontecem, de fato,
a partir do século 15.
Como artistas e literatos precursores do Renascimento, no Trecento, pode-se destacar
Giotto, Dante, Petrarca e Bocaccio. Do Quatrocento, Botticelli, Da Vinci e Brunelleschi. E, fi-
nalmente, do Cinquecento, Ariosto, Torquato Tasso, Maquiavel, Rafael e Michelângelo.
Os principais mecenas foram a família Medici (de Florença, século 15) e os papas (século
16).
Por fim, deve-se destacar que, em meados do Renascimento, a expansão marítima eu-
ropeia, capitaneada por Portugal e Espanha, traz uma nova onda de modificações no contexto
sócio-cultural-econômico. Por um lado, tal expansão intensificou o crescimento comercial eu-
ropeu e, consequentemente, a expansão da cultura renascentista. Por outro lado, essa inten-
sificação se deu para além do mediterrâneo, deslocando, mais ao fim do século 16, o poderio
comercial da península itálica.
Durante os anos de 1337 e 1453, ocorreu uma série de conflitos entre França e Ingla-
terra denominados de “Guerra dos Cem Anos”. As consequências políticas de tal conflito são
profundamente influentes no trânsito entre músicos ocorrido a partir do século 14 na Europa.
A música produzida na primeira metade do século 15 é o que se pode chamar, de fato, de tran-
sição entre Idade Média e Renascimento, pois possui ora características estilísticas medievais,
ora renascentistas.
Na França, um dos principais centros culturais da Europa, o ducado da Borgonha, que
era um feudo, tornou-se uma importante força.
É importante observar que os compositores desse período, embora se vinculem com
frequência à produção sacra, eram empregados dos reis e nobres em suas capelas reais (pe-
quenas igrejas ligadas aos nobres e aos seus palácios e que dispunham do serviço religioso
particular aos membros da nobreza) e não das catedrais mais diretamente ligadas ao papado.
O ducado de Borgonha tinha um grande aparato artístico, o que influenciou a arte deste
período. Os músicos das capelas circulavam pelos demais ducados e cortes por causa das fes-
tividades, o que possibilitou grande troca de estilos musicais. Essa troca de estilos aconteceu,
principalmente, entre Inglaterra, França e Itália.
peça polifônica composta para texto latino, desde que não fosse parte do ordinário da missa
(GROUT; PALISCA, 2009, p. 169).
Pode-se destacar como características de sua música:
• textura homorrítimica (mesmo ritmo) entre as vozes;
• utilização de paralelismo de terceiras e sextas;
• uso de isorritmia.
No link a seguir, você poderá ouvir o motete Quam Pulchra Es, de John Dunstable. No vídeo, há uma partitura
que acompanha a gravação. Repare na sonoridade suave de sua composição, o que reflete o estilo de escrita já
mencionado:
• JOHN DUNSTABLE. Quam Pulchra Es. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qQjdEbZH2wI>.
Acesso em: 29 maio 2015.
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Dunstable também utilizava os modos maior e menor em suas composições, estilo que
irá influenciar os músicos da Borgonha, como Dufay e Binchois.
Música Francesa
A música francesa desse momento sofreu influências italianas e inglesas. Como você viu,
a ars nova chega à Itália no final do século, e os compositores italianos passam a utilizar as
formas fixas francesas em suas composições. O contrário também ocorre. Compositores fran-
ceses como Dufay, influenciados pela caccia italiana, utilizam pequenos pontos de imitação
em seus motetes. Outra característica italiana absorvida na música francesa é a utilização de
partes instrumentais. Nesse momento, os tenores passam a ser compostos.
Como exemplo do estilo francês desenvolvido nesse período, destaca-se a música reali-
zada no ducado de Borgonha (França).
Guillaume Dufay
Nasceu na França, mas trabalhou em diversos locais da Europa, inclusive na Itália. Com-
pôs, em abundância, tanto música sacra (incluindo missas, motetes, e músicas para o próprio
tempo da missa) quanto profana (incluindo ballades, virelais, rondeaux e alguns exemplares
das canções em italiano). A maioria de seu repertório secular foi escrito enquanto trabalhava
em uma corte na Itália.
Dufay utilizou a técnica do fauxbourdon em suas composições. Veja o exemplo de um
trecho de Ave Maris Stella, peça na qual a técnica é empregada com algumas variações que
evitam monotonia:
A seguir, você poderá ouvir o motete Ave Maris Stella, de Guillaume Dufay. Inicialmente, a gravação apresenta um
cantochão que é seguido da composição de Dufay. O momento da entrada do coro, após o cantochão, correspon-
de ao trecho apresentado na Figura 3. Observe a sonoridade da textura do fauxbourdon:
• DUFAY, G. Ave Maris Stella. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=O-25R_SaDao>. Acesso
em: 29 maio 2015.
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A seguir, você poderá ouvir o motete Nuper Rosarum Flores, de Guillaume Dufay. Repare como ainda aparecem,
neste motete, algumas cadências de Landini. No entanto, a cadência final já possui características renascentistas.
Isso reflete o modo como este compositor está situado na transição entre Baixa Idade Media e Renascimento:
• DUFAY, G. Nuper Rosarum Flores. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hGW2HL35kqY>.
Acesso em: 29 maio 2015.
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Para suas peças sacras, são notáveis os usos de imitação entre as vozes, chegando, em
certos casos, a formar cânones estritos.
Obras de Dufay–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Gilles Binchois
Gilles Binchois serviu na corte borgonhesa por trinta anos, a partir de 1430. Este é um
dos mais significativos compositores da Borgonha, tendo se destacado por suas chansons.
Compôs também música sacra, mas, nesta esfera, destaca-se pelo uso de um procedimento
chamado de contrafacta, que consistia na utilização de “peças vocais nas quais o texto secular
era trocado por um texto sagrado”, convertendo-as em obra sacra (STOLBA, 1998, p. 143). Foi
responsável por introduzir a chanson dentro da igreja.
A seguir, você poderá ouvir uma gravação da chanson Adieu, adieu, mon joileux souvenir, de Gilles Binchois:
• BINCHOIS, G. Adieu, adieu, mon joileux souvenir. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=qv83yN8wQwY>. Acesso em: 1 jun. 2015.
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Antoine de Busnois
Nas cronologias de estilo de época mais comuns nos livros de história da música, a Re-
nascença musical começa, de fato, ao redor de 1450. Apesar do período anterior apresentar
importantes modificações estilístico-musicais e culturais, muitas das características marcantes
do estilo renascentista só se afirmaram a partir da segunda metade do século 15.
No renascimento, é possível ver a predominância da música coral polifônica, muitas ve-
zes, com utilização de instrumento dobrando ou substituindo uma ou algumas vozes da parti-
tura. Há, também, o aumento significativo da quantidade de vozes das composições.
A abundância da música secular é mantida, mas as formas fixas medievais caem em de-
suso. Os compositores continuam a produzir música sacra, embora ao fazê-la buscassem um
estilo mais conservador, com menos vozes e menos inovações harmônicas.
No renascimento, há dois estilos vigentes, o que chamamos de estilo internacional e os
estilos nacionais.
Os estilos nacionais são os gêneros musicais seculares baseados nas línguas nacionais
(francês, italiano, espanhol, alemão, holandês, inglês etc.).
O estilo internacional, desenvolvido pelos franco-flamengos, tinha como base a polifonia
desenvolvida pelos franceses, mas agregava a imitação do cânon italiano (caccia) e a sonori-
dade do discante inglês (uso de intervalos de 6ª e 3ª como consonância e do fauxbourdon,
também inglês). O desenvolvimento desse estilo formado pela mistura de vários outros estilos
só foi possível pelo trânsito de compositores pelas cortes europeias em grande fluxo interna-
cional. Essas viagens e também a produção musical foram feitas com o financiamento cortesão
(mecenas), burguês ou papal.
Uma das características mais marcantes do renascimento é a utilização do contraponto
imitativo sistemático, como você notará, especialmente, nos compositores franco-flamengos.
Os franco-flamengos foram compositores de Borgonha. Eles eram contratados para o
trabalho musical de diversas cortes em outros estados europeus, e difundiram o já citado esti-
lo internacional e o contraponto imitativo.
Esse contraponto apresenta como caraterísticas os intervalos de terças e sextas como
consonâncias, reservando as quintas e oitavas para as cadencias finais. Neste período há uma
grande variedade cadencial e o desaparecimento de cadências medievais com a de Landini. As
escalas modais ainda são utilizadas, mas a sistematização da música ficta leva à definição das
escalas maior e menor, mais ao fim da Renascença.
Além do contraponto imitativo, uma das maiores conquistas deste período é o abando-
no do cantus firmus (cantochão) como base da composição.
No que diz respeito aos hábitos musicais, um dos fatores mais importantes ocorridos
no campo musical foi o desenvolvimento da impressão musical e da publicação de partituras
após a invenção da imprensa (1455) por Gutemberg e após o desenvolvimento das técnicas
de impressão musical (1498) por Ottaviano dei Petrucci. Esse fato possibilitou que a música
passasse a fazer parte do cotidiano das pessoas em uma prática musical doméstica de leitura
e interpretação de pequenas obras corais.
Neste período, há também a proliferação de escritos científicos musicais ligados à acústi-
ca, à filosofia, à prática musical e à construção de instrumentos. É importante destacar o papel
especial desempenhado pelos tratadistas musicais (tratados entre ciência, filosofia, teoria e
prática) desse período:
• Complexus effectuum musices (1472-1475), de Johannes Tinctoris.
• Le Instituitioni harmoniche (1558), de Gioseffo Zarlino.
• Dialogo della musica antica e della musica moderna (1581), de Vicenzo Galilei (Pai de
Galileu Galilei).
No renascimento, você também verá a revalorização do ethos musical grego sob nova
perspectiva, mais independente da vida religiosa e mais próxima dos afetos e das disposições
morais individualistas.
Os compositores Franco-Flamengos
Como resultado do processo de expansão da influência do ducado da Borgonha, sur-
giu uma linhagem de compositores chamados de franco-flamengos. Tais compositores eram
oriundos de regiões que atualmente se encontram nos territórios do norte e nordeste da Fran-
ça, da Bélgica e da Holanda, e, por isso, são designados por franco-flamengos.
Informação:
“Flamengo” é uma designação para os povos originários de Flandres, um território integrante da
atual Holanda.
Esses compositores tiveram grande prestígio por toda a Europa. Foram cultivadores e
divulgadores de um estilo internacional ligado à música sacra e, também, divulgadores dos
estilos particulares de cada língua e nação, uma vez que atendiam às demandas de diferentes
cortes e carregavam as particularidades de uma corte para outra.
Este estilo internacional, chamado de franco-flamengo, era mais utilizado em obras sa-
cras, tais como motetes e missas. Ele era caracterizado por:
1) predomínio de música coral a capella, mas podendo-se usar instrumentos, em cer-
tos casos, para dobras ou linhas graves;
2) escrita polifônica a quatro, cinco ou mais vozes (era o auge da polifonia em número
de vozes independentes);
3) linhas melódicas mais similares entre as vozes, diferente do grande contraste entre
as características de cada voz na Idade Média: preocupação com a homogeneidade
da textura coral;
4) uso recorrente de contraponto imitativo;
5) privilégio de terças nos contrapontos, o que resultava em uma sonoridade tríadica
no interior das frases, guardando-se as quintas e oitavas para os finais das peças (era
comum o uso do fauxbourdon);
6) sonoridade modal;
7) influência gradativa e crescente da música dos estilos nacionais;
8) elaboração de regras e técnicas de contraponto para evitar elementos medievais,
tais como movimentos paralelos de quintas e oitavas entre as vozes;
9) menor uso de cantus firmus derivado do gregoriano. Mas quando usado, era tratado
de forma mais livre.
Os compositores franco-flamengos são também os grandes responsáveis pela divulgação
das músicas específicas de cada região, uma vez que transitavam entre cortes de toda Europa
para prestarem seus serviços; assim, eles carregavam obras musicais e influências estilísticas
de um lugar para outro.
Compositores como Tinctoris e Agricola faziam parte desta linhagem já no momento de
transição do estilo medieval para o renascentista. Uma vez firmado o estilo renascentista, os
compositores franco-flamengos dividem-se, grosso modo, em duas gerações:
• primeira geração (mais produtiva na segunda metade do século 15 e início do século
16): Johannes Ockeghem (1410-1497), Jacob Obrecht (1450-1505), Josquin des Prez
(1440-1521), Heinrich Isaac (1450-1517), Jean Mouton (1459-1522) e Pierre de la
Rue (1460-1518).
• segunda geração (mais produtiva na segunda metade do século 16): Adrian Willaert
(1490-1562), Nicolas Gombert (1495-1560) e Jacob Clement (1515-1556).
Todos os compositores franco-flamengos compuseram missas completas, movimentos
de missas, motetes e chansos. Com o adentrar do século 16, muitos deles trabalharam em
cortes italianas e, por isso, contam com gêneros italianos em seu catálogo de obras.
De todas as migrações possíveis desses compositores pela Europa, suas estadas em cida-
des e cortes italianas merecem destaque, pois a centralidade da produção musical desloca-se
da região franco-flamenga em direção à Itália, na medida em que o século 15 avança. Isso se
deve ao fato de que as cortes italianas possuíam um grande acúmulo de riqueza, decorrente
do comércio mediterrâneo, e gozavam de status ao contratar serviços desses tão prestigiados
compositores franco-flamengos.
Em meados de século 16, a passagem dos compositores franco-flamengos havia sido
suficiente para que compositores italianos herdassem sua maestria e desenvolvessem uma
escola de compositores nascidos nas regiões da península itálica.
Johannes Ockheghem
Em suas composições amplia a textura utilizada por Dufay e passa a utilizar cinco vozes.
Essas vozes passam a ter o mesmo grau de importância, assim, há o afastamento da prepon-
derância do superius na condução melódica, como era na música francesa. Ockeghem cria
melodias de grande fôlego, evitando as cadências; também utiliza a imitação entre as vozes,
mas esta não é feita de modo sistemático, ou seja, aparece em suas obras ocasionalmente.
Ma Bouche Rit––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A seguir, você poderá ouvir uma gravação da chanson Ma Bouche Rit, de Ockenghem, demonstrada na Figura 7:
• CLEMENT CONSORT. Ockeghem – Virelai ‘Ma bouche rit’ . Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=JXW2qbCmnm0>. Acesso em: 2 jun. 2015.
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A seguir, você poderá ouvir uma gravação da Missa Prolationum de Ockenghem. Ouça os pontos de imitação
realizados pela prolação.
• JOHANNES OCKEGHEM. Missa Prolationum – Kyrie. Disponível em: <https://youtu.be/ZWLsLAujZzI>.
Acesso em: 2 jun. 2015.
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Jacob Obrecht
Jacob Obrecht trabalhou em cortes na França, Bélgica, Holanda e, em especial, em Fer-
rara (Itália).
Em suas missas ainda utiliza o cantus firmus. Suas chansons são escritas, na grande
maioria, para quatro vozes.
A principal característica de suas composições sacras é o uso da imitação sistemática
entre as vozes.
No exemplo a seguir, o primeiro trecho da missa Pange Lingua, observe o jogo de imi-
tação entre as vozes. O superius (soprano) é uma imitação literal do tenor, enquanto o altus
(contralto) é uma imitação literal do bassus (baixo). Mas repare que as quatro primeiras notas
de cada uma das vozes constituem o mesmo motivo melódico executado, inicialmente, em Mi
e, posteriormente, em Lá. Este é um exemplo eficaz da característica maior do contraponto
franco-flamengo:
A seguir, ouça uma gravação da missa Pange Lingua, de Josquin de Prez, acompanhada de partitura. Repare tanto
nas texturas harmônicas quanto nas imitações:
• DESPREZ, J. Missa Pange Lingua. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3SH3drDXE8M>.
Acesso em: 2 jun. 2015.
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Josquin acrescentou uma voz mais grave do que era comumente utilizado, o bassus, e
buscou estabelecer uma relação entre música e texto. Ele se preocupou em adequar a sua
música aos sentidos das palavras. A esse tipo de música foi dado o nome de música reservata
(GROUT; PALISCA, 2007).
Para salientar as palavras mais importantes do texto musical, eram utilizados cromatis-
mos, ornamentos e contrastes rítmicos e, desse modo, a música servia ao texto.
Em Josquin há um exemplo claro de música reservata no motete Absalon fili mi. No final
da peça, quando o texto diz “mas desça ao inferno chorando”, as vozes fazem um movimento
descendente na melodia e também na harmonia. Josquin desce abaixo de um Mib, movimen-
to incomum neste período (GROUT; PALISCA, 2007).
A seguir, ouça uma gravação do motete Absalon fili mi, de Josquin des Prez.
• DESPREZ, J. Absalon Fili Mi. Disponível em: <https://youtu.be/r8fXhTN-Zpw>. Acesso em: 2 jun. 2015.
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Segunda geração: Adrian Willaert e Jacob Clement
Da segunda geração de franco-flamengos serão destacadas as obras de Clement e Willa-
ert. O que diferencia esta geração da primeira são as características a seguir (GROUT; PALISCA,
2007):
Jacob Clement
Jacob Clement nasceu e trabalhou em territórios da atual Holanda. Sua produção segue,
em linhas gerais, as características estilísticas dos franco-flamengos anteriores. No entanto, foi
sob sua caneta que ficaram conhecidos os primeiros gêneros de música polifônica em língua
holandesa: o souterliedekens e o lofazgen (STOLBA, 1998, p. 166). Foram baseados em textos
preparados e publicados por Willem van Zuylen na Niejvelt (1540) contendo trechos de sal-
mos em holandês. Tais textos, após serem adaptados para melodias de canções populares,
receberam um tratamento polifônico a três vozes, dado por Clement, utilizando um superius
(soprano), tenor e bassus.
Gravação de Egos Flos Campi–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A seguir, você poderá ouvir uma gravação da chanson Egos Flos Campi, de Jacob Clement. Observe, na partitura,
os comentários a respeito da segunda geração de franco-flamengos.
• CLEMENT, J. Egos Flos Campi. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ev9owpVMPVA>.
Acesso em: 2 jun. 2015.
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Adrian Willaert
Adrian Willaert, também de origem holandesa, trabalhou em Veneza e é considerado o
grande formador da escola veneziana, continuada por alguns de seus discípulos como Cipria-
no de Rore, Nicolas Vicentino, Andrea Gabrieli e Giosefo Zarlino (estes são todos de origem
italiana).
sua música é a relação entre música e texto, utilizando cromatismos para salientar as palavras
importantes.
Dentre os gêneros nacionais italianos, compôs madrigais e villanesches. Algumas de suas
obras seculares em estilo italiano foram publicadas na coletânea Musica Nova (1559), a qual
contém 25 obras em estilo italiano baseadas em sonetos de Petrarca (GROUT; PALISCA, 2007).
Com Willaert, a influência recíproca entre italianos e franco-flamengos chega a seu auge
e marca a passagem para o próximo momento da Renascença, no qual os estilos nacionais
populares preponderarão.
Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
França
Chanson
Apesar das origens da chanson remontarem à Idade Média e terem perpassado a gera-
ção dos franco-flamengos, é possível dizer que, no início do século 16, os compositores fran-
ceses passaram a escrever um tipo de chanson mais marcadamente nacional, que possuía
características semelhantes à frótola italiana, pois eram canções ligeiras, bem ritmadas, de
textura predominantemente homofônica com a melodia principal na voz superior (GROUT;
PALISCA, 2007).
Os textos abrangiam uma gama bem ampla de temáticas, desde questões amorosas ou
jocosas, até comentários sérios de caráter moral.
Os principais compositores da chanson foram Claudin de Sermisy (1490-1562) e Clé-
ment Janequin (1485-1560).
Claudin de Sermisy
Claudin de Sermisy evitava os efeitos contrapontísticos e rítmicos complexos em suas
No link a seguir, ouça uma gravação com partitura da chanson Tant Que Vivrai, de Claudin de Sermisy.
• SERMISY, C. Tant Que Vivrai. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CW31yXZIrbM>. Acesso
em: 2 jun. 2015.
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Clément Janequin
Clément Janequin foi compositor de câmara do rei e ordenou-se clérigo. Em sua época
alcançou uma grande notoriedade e suas canções foram transcritas para instrumentos inú-
meras vezes. As características de suas chansons diferem das de Sermisy, especialmente, pela
textura: Janequin mantinha o uso da imitação e tinha uma predileção pela música descritiva.
Ele é um mestre das chansons descritivas, a quatro vozes, chegando, inclusive, a utilizar ono-
matopeias em busca do realismo.
La Guerre––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma das composições de Janequin que utiliza os recursos estudados é La Guerre. Ouça esta gravação e perceba
em 2min.40. e 3min.40. as onomatopeias.
• CLÉMENT JANEQUIN. La Guerre. Disponível em: <https://youtu.be/JY2rLfhJLmY>. Acesso em: 2 jun.
2015.
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Figura 17 La Guerre.
Já na segunda metade do século 16, a chanson sofreu forte influência do madrigal italia-
no. O compositor Orlando di Lassus foi o grande pivô desta influência. A mudança estilística
fica por conta de uma maior quantidade de imitação, de alterações de andamento e um maior
adensamento das vozes. Os compositores que seguiram tal mudança são Claude Le jeune
(1528-1600), Guillaume Costeley (1531-1606) e Jacques Mauduit (1557-1627).
A seguir, você poderá ouvir a chanson Susanne Un Jour de Orlando Di Lasso, um exemplar típico da influência do
madrigal na chanson francesa.
• ORLANDO DI LASSO. Susanne un jour. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wf1ulwBMkAk>.
Acesso em: 3 jun. 2015.
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Itália
Na primeira metade do século 15, a Itália passa por um período de pouca inspiração mu-
sical. Você viu que, nesse período, o estilo composicional dos franco-flamengos é que ganha
maior destaque. No entanto, no fim do século 15, na Itália, florescem as músicas nacionais,
que passam a influenciar outras regiões europeias.
Entre os gêneros nacionais italianos estão a frottola, o madrigal, laudes e sacra
rappresentazione e os canti carnascialeschi. Nesta obra, você estudará a frottola e o madrigal.
Frotolla
Floresceu entre o final do século 15 e início do século 16, composta em estilo silábico e
a quatro vozes, com estrutura rítmica bem marcada, harmonia diatônica simples, estilo homo-
fônico (homorrítmico) e com a melodia na voz principal (GROUT; PALISCA, 2007). Suas letras
eram de temática amorosa ou satírica.
As frotollas eram habitualmente executadas com um cantor na voz superior e as outras
vozes podendo ser tocadas por instrumentos ou cantadas.
Em meados do século 16, já se conheciam diversos arranjos de frotollas para ser canta-
dos por uma só voz e acompanhados, apenas, por um alaúde tocando uma redução das outras
vozes. Tal forma foi muito influente para o madrigal, também italiano, e para a chanson fran-
cesa. É importante destacar as frótolas, compostas por Marco Cara (1470-1525).
A seguir, você poderá ouvir uma gravação da frotolla Io Nom Compro Piu esperanza, de Marco Cara.
• CARA, M. Io non compro più speranza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Sf_8cEeIcIo>.
Acesso em: 3 jun. 2015.
Veja, também, uma gravação da frotolla El Grillo, de Josquin des Prez.
• DES PREZ, J. El Grillo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OI-bQ0RkArA&list=RDMs6Hc
n9POxo&index=4>. Acesso em: 3 jun. 2015.
A primeira gravação é de uma obra de um importante compositor italiano, e a segunda, de um franco-flamengo,
demonstrando o modo como os compositores do norte absorveram os estilos nacionais:
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Madrigal
O madrigal é o gênero nacional mais influente e praticado do renascimento italiano; da
segunda metade do século 15 ao início do século 16, é possível dizer que é o gênero musical
mais representativo do renascimento. Ele transcendeu os domínios da península itálica, che-
gando até a Inglaterra e influenciando os principais compositores deste período.
O madrigal era um gênero existente desde o século 14, mas sofreu profundas mudanças
no século 15, momento em que se originou a frótola. A frótola apresentava textos de baixa
qualidade, o que levou a uma exigência de melhor qualidade dos textos no madrigal, uma vez
que ela levou a uma decadência literária. Desse modo, o madrigal está estritamente ligado aos
gêneros literários do Renascimento.
O madrigal desenvolveu-se a partir de um círculo de admiradores da poesia, em espe-
cial, a de Petrarca. Tais admiradores valorizavam a riqueza sonora dessas poesias.
As principais fontes poéticas dos madrigais eram Francesco Petrarca (1303-1374), Pie-
tro Bembo (1470-1547), Jacopo Sannazaro (1457-1530), entre outros importantes poetas do
período.
As características marcantes do madrigal são (GROUT; PALISCA, 2007):
1) Valorização da musicalidade da palavra e do texto para a composição.
2) Utilização de textos de qualidade.
3) Música reservata: uso de cromatismos ou motivos melódicos que destacavam a
ideia poética musicalmente, como se a música representasse o texto.
4) Liberdade formal: não possuía repetição de partes, uma vez que cada trecho do tex-
to exigia uma música específica que o representasse. Desse modo, a forma depende
mais do significado do poema do que de uma estrutura musical fixa.
5) Independência das vozes: não há voz preponderante.
6) Escrita polifônica imitativa sem a utilização de cantus firmus.
7) Alternava texturas contrapontísticas (às vezes, até mesmo, imitativas) e texturas ho-
morrítimicas, com imbricamento entre as partes e, correspondentemente, entre os
versos da letra.
8) Até 1550, era composto predominantemente a quatro vozes; a partir de 1550, a nor-
ma passou a ser cinco vozes, com a existência de peças a dez vozes.
O madrigal passou por fases evolutivas. Inicialmente, era semelhante à chanson, mas,
com o tempo, deixou de ser uma forma estrófica e tornou-se uma forma livre.
Outra mudança que ocorreu com o tempo foi a utilização da imitação, que ocorre graças
à influência dos compositores franco-flamengos. No entanto, uma característica muito mar-
cante e que se mantém no decorrer do madrigal renascentista é a relação entre música e
texto, ou seja, a música deveria representar o texto. Desse modo, sempre que havia um novo
texto, havia, também, uma nova música, pois ela deveria servir à representação desse texto.
É possível medir e diferenciar a evolução da escrita dos madrigais pelo modo com que
os compositores utilizaram efeitos do cromatismo. Sua história é dividida em três momentos:
madrigal da fase inicial (early madrigal), madrigal clássico (classical madrigal) e madrigal tar-
dio (late madrigal), segundo Stolba (1998, p. 176-179).
A seguir, você poderá ouvir uma gravação do madrigal O Dolce Nocte, de Philippe Verdelot. Observe as caracte-
rísticas deste madrigal para comprará-lo aos que serão estudados posteriormente:
• VERDELOT, P, J. O Dolce Nocte. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WZrmbRmRPSI>.
Acesso em: 08 jun. 2015.
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Rore foi aluno de Willaert e em seus madrigais é possível observar maior dramaticidade
causada pelas mudanças de atmosferas durante as músicas e mudanças de texto. Pode-se
notar, também, um uso revolucionário de melodias cromáticas, o que ficou conhecido como
madrigal cromático.
A seguir, você poderá ouvir uma gravação com partitura do madrigal Calami Sonum Ferentes, de Cipriano de Rore.
Observe as imitações existentes neste madrigal, bem como as melodias cromáticas. De Rore foi aluno de Willaert
e herdou os procedimentos de imitação franco-flamengos.
• RORE, C. Calami sonum ferentes. Disponível em: <https://youtu.be/5qHYw1qd6r8>. Acesso em: 08 jun.
2015.
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Ouça Lagrime di San Pietro, uma obra a sete vozes de Orlando di Lasso.
• ORLANDO DI LASSO. Lagrime di San Pietro: I. Il magnanimo Pietro. Disponível em: <https://youtu.
be/8URQ0ZElT0Q>. Acesso em: 08 jun. 2015.
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A seguir, veja o exemplo do madrigal Solo e pensoso, cuja letra é um poema de Petrarca.
O primeiro verso diz:
“Só e pensativo, os mais desertos campos
Vou a passo tardo e lento.”
Para representar o texto, o soprano faz uma lenta subida cromática sem interrupção.
Observe o soprano na partitura:
Neste madrigal, é possível ver claramente a busca da representação do texto pela música.
Destaca-se como a principal característica dos seus madrigais o seu estilo altamente
cromático que, nesse período, era conhecido pelo nome de “colorismo”. Outras características
do seu madrigal é o uso de frases melódicas curtas, textura homofônica com seções imitativas
curtas, modulações súbitas e mudanças abruptas de tempo e modo.
Gravação de Moro, Lasso, al mio duolo–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A seguir, você poderá ouvir uma gravação com partitura do madrigal Moro, Lasso, Al Mio Duo, de Carlo Gesualdo.
Observe o cromatismo e a textura harmônica peculiar deste madrigal, bem como a utilização dos recursos de imi-
tação ou de homorritmia como expressão do texto. Observe, especialmente, o uso de dissonâncias para a palavra
e cromatismos para o verso “Ahi, mi dà morte”, ao final da obra:
• GESUALDO, Carlo. Sesto Libro di Madrigali: XVII. Moro, Lasso, Al Mio Duolontes. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=6dVPu71D8VI>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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Entre 1587 e 1638, publicou oito coleções de madrigais. As características de seus ma-
drigais é a utilização de cinco ou mais vozes, uso do cromatismo e representação da palavra,
assim como os madrigais dos seus contemporâneos. Seus livros de madrigais são um marco
do madrigal polifônico, pois demostram um perfeito domínio da técnica nesse estilo no final
do século 16.
Gravação de Lagrime d’Amante al Sepolcro dell’Amatta–––––––––––––––––––––––––––
Ao observar o vasto acervo histórico, é possível ter a impressão de que a prática instru-
mental cresceu a partir de, aproximadamente, 1450. No entanto, Grout e Palisca (2007) suge-
rem que esse é um grande engano. Na verdade, a prática instrumental sempre existiu durante
a Idade Média, mas, no Renascimento, com a mudança de ênfase da cultura musical sacra para
a secular, houve uma maior documentação da música instrumental. Deve-se destacar que,
embora comecem a surgir alguns gêneros instrumentais, neste período ainda era frequente
o fato de uma composição ser executada por um grupo vocal ou por um grupo instrumental.
No Renascimento, surgiram os tratados sobre construção de instrumentos, suas varieda-
des de famílias e suas maneiras de serem tocados, e estes eram, de forma inovadora, escritos
nas línguas regionais.
O tratadista e compositor de Michael Praetorius (1571-1621) publicou, em 1618, o tra-
tado Syntagma Musicum (tratado de música), no qual veiculava gravuras de instrumentos mu-
sicais usados no século 16. Os tratados de Virdung e de Praetorius são duas das principais
fontes que permitem, atualmente, saber sobre a disponibilidade e uso dos instrumentos na
Renascença.
É importante destacar o uso de instrumentos por famílias, de modo a se conferir grande
homogeneidade timbrística às formações instrumentais, à semelhança do modelo vocal. Por
exemplo, uma flauta corresponde à voz tenor, que seria a flauta tenor, outra corresponde ao
baixo, que seria a flauta baixo, e assim por diante.
Alguns instrumentos estudados no período da Idade Média, como as flautas doces, as
charamelas e os alaúdes, ainda eram utilizados no Renascimento. E ganham destaque, tam-
bém, os cromornes (sopro), sacabuxas ou sackbuts (sopro), violas (cordas) da gamba (de per-
na) e da braccio (de braço), clavicórdio (teclas) e cravo (teclas).
Conheça os instrumentos renascentistas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é importante que você assista ao vídeo, disponível no link a seguir, para conhecer as imagens e
os sons dos instrumentos renascentistas.
• KLARNET, I. Como soam os instrumentos renascentistas. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=k56fziINlE8>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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A seguir, você poderá ouvir uma gravação do Ricercar del duodecimo tuono de Andrea Gabrielli. Repare nas imi-
tações presentes nesta música:
• GABRIELLI, A. Ricercar del duodecimo tuono. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Cihvujvb_
pQ>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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A seguir, você poderá ouvir um conjunto de fantasias, escritas para o instrumento vihuela por Luís Milan:
• MILAN, L. Fantasia I a La VI. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bN_WYs-85KQ>. Acesso
em: 10 jun. 2015.
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Suas teses não foram aceitas pelo papado, o que culminou na separação entre os re-
formistas e a Igreja Católica. A reforma irradiou-se a partir de Wittenberg (atual Alemanha)
e afetou territórios germânicos, franceses, ingleses, escandinavos e algumas regiões do leste
europeu.
Reforma Protestante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para compreender melhor sobre a Reforma Protestante, assista ao vídeo indicado a seguir:
• FILME LUTERO. Disponível em: <https://youtu.be/xbPF-y4_I5M>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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A reforma protestante teve início no decorrer do século 16. Como contrapartida, o cato-
licismo lançou o movimento de Contrarreforma, no qual rebateu as teses luteranas e lançou
medidas de controle dos fiéis em seus domínios.
Na França, a tradução dos salmos católicos ficou por conta do reformador João Calvino,
criador da linhagem conhecida como calvinista. Em 1542, ele publicou uma antologia de sal-
mos, em francês, que se tornou o núcleo da música calvinista. Assim como os corais luteranos,
os salmos calvinistas eram, inicialmente, cantados em uníssono.
O primeiro livro de salmos calvinistas com composições polifônicas foi publicado por
Pierre Certon em 1546. Os mesmos salmos, uma vez traduzidos para o holandês, foram base
para composições polifônicas de Clement e de Jean Swelinck (1562-1621).
Na Inglaterra, a reforma assumiu o formato que ficou conhecido como Igreja Anglicana.
O anglicanismo surgiu, oficialmente, com a separação da Igreja Católica posta em marcha pelo
Rei Henrique VIII, em 1534. Também realizou a tradução dos textos bíblicos para o Inglês, além
de abolir os monastérios e de subordinar o poder religioso ao estado.
Os compositores ingleses da geração de John Taverner (1490-1545) e Tomas Tallis (1505-
1585) posicionam-se na passagem da liturgia católica para a anglicana. Por motivos políticos,
tal passagem não se deu de forma direta e objetiva, havendo certa alternância entre angli-
Contrarreforma
A contrarreforma católica teve início a partir do Concílio de Trento (entre 1542 e 1565),
conclamado pelo Papa Paulo III, após tentativas mal-sucedidas de reconciliação com os protes-
tantes. No que diz respeito à música sacra deste período, Grout e Palisca afirmam que:
As principais queixas que se fizeram ouvir no Concílio de Trento diziam respeito a seu espírito fre-
quentemente profano, evidenciado nas missas baseadas em cantus firmus profanos ou na imitação
de chansons, e à complexa polifonia que impossibilitava a compreensão das palavras da liturgia.
Além disso, houve quem criticasse o uso excessivo de instrumentos ruidosos na igreja e a pronún-
cia incorreta dos cantores (GROUT; PALISCA, 2007, p. 284).
Diante de tais argumentos, ficava claro que a reforma protestante só coroava um proces-
so de declínio da igreja medieval que viu seu rito se permear de práticas polifônicas das mais
diferentes variedades, fazendo com que suas escrituras sagradas fossem menos perceptíveis
aos ouvintes, distanciando-se dos objetivos iniciais da música sacra católica.
Apesar das reclamações expostas, o Concílio de Trento não aboliu a polifonia da Igreja
Católica. Pelo contrário, suas recomendações quanto à música não foram, ao final, muito ob-
jetivas. Elas pregavam o bom senso e comedimento na realização musical católica. No entanto,
a liturgia católica sofreu importantes modificações, formando-se o que ficou conhecido como
rito tridentino (nome derivado da palavra trento). Este rito tornou-se a base de toda a música
sacra católica após a contrarreforma.
A igreja católica valeu-se da música e da arquitetura de suas igrejas na tentativa de recu-
perar seus fiéis. Música e arquitetura deveriam remeter ao celestial. Na música, Palestrina foi
um importante compositor que teve o papel de reformular alguns cantos católicos.
Giovanni Perluigi da Palestrina (1525-1594) foi o compositor mais significativo do con-
texto. Nasceu na Palestrina, uma pequena cidade perto de Roma e trabalhou em algumas
capelas entre Roma e Palestrina. Em 1955, tornou-se o mestre da Capela Sistina, sede do Pa-
pado. Embora tivesse um grande envolvimento religioso com a igreja católica, Palestrina teve
vida secular, foi casado e teve filhos.
Figura 29 Palestrina.
Palestrina não teve, de fato, uma participação ativa no Concílio (STOLBA, 1998; GROUT,
PALISCA, 2007), mas seu estilo composicional foi, posteriormente, tomado como um modelo
para a continuidade da polifonia católica. Isso se deve ao fato de que a escrita de Palestri-
na conserva o requinte e o detalhe da polifonia franco-flamenga, a consciência das sonori-
dades harmônicas provenientes dos madrigais venezianos, sem usos de cromatismo, e uma
maior clareza de compreensão dos textos em relação aos seus antecessores (STOLBA, 1998,
p. 203-204).
Nos séculos posteriores, foi tomado como modelo, também, para o ensino do contra-
ponto. Diversos mestres do contraponto analisaram sua obra e deduziram regras de escrita e
combinação de melodias a fim de melhor instruir seus alunos. Desses, é possível citar o Gradus
Ad Parnassum (1725) de Johann J. Fux. Tal fenômeno é repetido até a atualidade no ensino
universitário e conservatorial dessa técnica.
Mais ao final de sua vida, Palestrina foi o responsável pela revisão dos livros do graduale
romano, a fim de fazer as adaptações necessárias no rito tridentino.
Além de sua obra sacra, sem dúvida, de maior importância, ele também compôs música
secular, especialmente, madrigais. Suas peças sacras possuem um grande número de missas
e motetes. Muitas vezes utilizava cantus firmus, mas noutras compunha livremente. Compôs
também peças sacras menores, como hinos, ofertórios, magnificats e litanias.
A seguir, veja a Missa Papae Marcelli, de Palestrina. Nos primeiro link, você poderá ouvir o Kyrie e, no segundo, o
Gloria. Ambos contêm a partitura no vídeo. Ouça as gravações e observe os conteúdos estudados:
• PALESTRINA, G. P. Kyrie Missa Palestrina. Disponível em: <https://youtu.be/NS44tTf3BSQ>. Acesso em:
10 jun. 2015.
• PALESTRINA, G. P. Missa Papae Marcelli - Palestrina. Disponível em: <https://youtu.be/5k3bfqQ1SpU>.
Acesso em: 10 jun. 2015.
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Outros importantes compositores de música sacra do final do século 16 são Tomás Luís
de Vitoria (1548 – 1611) e Orlando di Lasso (1532-1594). Victoria foi contemporâneo de Pa-
lestrina em Roma e compôs apenas música sacra.
Já Lasso possui um vasto leque de gêneros e estilos que vão da música secular à música
sacra com igualdade de importância. Trabalhou em diversas cortes por toda a Europa e pode
ser considerado o compositor mais versátil do século 16.
3.1. RENASCENÇA
Cromornes
• CRUMHORN TRIO. Susato: Die Ver Branlen. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=6Pthv29TgRE>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Flautas Doces
• AS FLAUTAS RENASCENTISTAS DE SÃO PAULO. Apresentação no IA UNESP. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=K_tWTRdAMO0>. Acesso em: 11 jun.
2015.
• ZABU TRIFÁSICO. Bergerette “Don Vient”. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=RILbXgFPkxY>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Alaúde
• BURMESTER, R. Instrumento com estilo: alaúde renascentista. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=kCbHDT0qGTA>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Sacabuchas
• LES SACABOUTIERS DE TOULOUSE. Falconiero: Passacaglia. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=PxOEvNHkyqM>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Charamela (Shawm)
• LODICO, J. Shawm. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=egifq8lEEu0>. Acesso em: 11 jun. 2015.
• SHAWM CONSORT. 04 Shawm. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=PMJ_jt209jg>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Você viu, ao final desta unidade, o impacto que os movimentos da Reforma Protestante
e da Contrarreforma Católica exerceram na produção musical sacra do período. No caso da
reforma luterana e calvinista, a passagem se deu de forma tensa, mas em uma direção única.
A seguir, você tem referências de textos, vídeos e documentários a respeito da música e dos
compositores deste período.
• BBC. Sacred Music with Simon Russel, 2: Palestrina and the Popes. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=IFbb-1hHkmI&list=PLtnzwFUT1dF09uI5dFsKN
moIMxzT0bAdP&index=2>. Acesso em: 11 jun. 2015.
• BBC. Sacred Music with Simon Russel, 3: Tallis, Byrd and
the Tudors. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=hBPk38sSUUI&list=PLtnzwFUT1dF09uI5dFsKNmoIMxzT0bAdP&index=3>.
Acesso em: 11 jun. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desem-
penho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os
conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Como se pode definir um fauxbourdon?
a) Composição realizada a partir de um cantus firmus, sempre com uma nota na voz superior para cada nota
da voz inferior (cantus firmus), privilegiando-se sonoridades de quintas e quartas entre as vozes.
b) Uma composição escrita a duas vozes que evoluía, predominantemente, em sextas paralelas com uma
terceira voz acrescentada na execução, movendo-se, invariavelmente, uma quarta abaixo do soprano.
c) Era uma forma de canção, inicialmente, composta para dança, com uma frase de refrão e outra frase (ou
conjuntos de frase) como estrofe para as quais a letra se modificava.
d) Composição em estilo silábico e a quatro vozes, com estrutura rítmica bem marcada, harmonias diatônicas
simples, estilo homofônico (homorrítmico) e com a melodia na voz principal.
2) Quais os nomes dos registros vocais apresentados por Antoine Busnois, no século 15, que deram origem ao
atual nome das vozes:
a) Tenor, duplum, quadruplum, triplum.
b) Tenor, baixo, contralto, soprano.
c) Contratenor bassus, tenor, contratenor altus, superius.
d) Bassus, tenere, vox principais, vox organalis.
e) Contrabaixo, contratenor, contralto, contrasoprano.
3) Quais das afirmações, a seguir, não correspondem com as características do estilo musical renascentista?
a) Predominância da música coral polifônica, mas com utilização de instrumento dobrando ou substituindo
uma ou algumas vozes da partitura.
b) Limite rígido da quantidade de vozes de uma partitura (no máximo quatro vozes).
c) Coexistência de repertório sacro e secular, mas com aumento significativo da quantidade e da variedade
de repertório secular.
d) Utilização sistemática das formas fixas medievais da música secular.
e) Uso comum de contraponto imitativo, melismas para repertório sacro ou secular, de caráter sério e predo-
mínio de contraponto homorrítmico e melodias silábicas para o repertório secular popular.
f) Proliferação de gêneros musicais seculares baseados nas línguas nacionais (francês, italiano, espanhol,
alemão, holandês, inglês etc.), paralela a um estilo internacional para o repertório sacro desenvolvido
pelos franco-flamengos.
g) Contraponto baseado nos intervalos de terças e sextas como consonâncias, reservando as quintas e oita-
vas para finais cadencias; uso restrito de dissonâncias entre as vozes respeitando um tratamento fino de
preparação e resolução.
h) Uso sistemático e obrigatório da cadência de Landini.
i) Uso tardio das escalas modais, no entanto, com as estruturas dos acordes de tríades (maiores e menores)
subjazendo sem uma teorização harmônica.
j) Utilização sistemática da musica ficta que colaborou, mais ao fim da Renascença, para a tendência em
utilizar apenas duas das escalas modais que viriam a se configurar como escala maior e escala menor.
4) Qual das alternativas, a seguir, lista apenas nomes de danças que eram praticadas como música instrumental
no Renascimento?
a) Caccia, allemanda, gaillard, pavane.
b) Minueto, carol, passamezzo, ballet.
c) Ballade, caccia, carol, Reel.
d) Ballet, pavane, gaillarde, allemande.
e) Ballade, tocata, fantasia, courante.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) b.
2) c.
3) b, d e h.
4) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Então, o que achou da música renascentista? Você pôde, certamente, perceber os efei-
tos da secularização, da cultura escrita musical e os efeitos das mudanças de poderio político
e econômico dos estados na sonoridade que há na música renascentista, não?
A eclosão de uma música instrumental e de uma textura harmônica, que vão, gradativa-
mente, se tornando melodias com acompanhamento, trouxe importantes avanços da música
renascentista em direção à prática musical moderna cotidiana. Esses assuntos foram trabalha-
dos nesta unidade.
Na Unidade 4, atente-se para o modo como as mudanças do final da Renascença influen-
ciaram na caracterização da música barroca e ajudaram a concretizar uma das mudanças mais
significativas da música ocidental: o advento da noção de tonalidade em harmonia.
6. E-REFERÊNCIAS
FERNANDES, A. J.; KAYAMA, A. G. A sonoridade vocal e a prática coral na Renascença: subsídios para a performance da música
renascentista. Revista Claves, João Pessoa, 2008 nº 5, maio de 2008. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.
php/claves/article/view/2874>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Sites pesquisados
BINDER, F. Histórias da Música – Estudo Dirigido. Disponível em: <http://fernandobinder.wordpress.com>. Acesso em: 11 jun.
2015.
CASTAGNA, P. A. Homepage. Disponível em:<http://paulocastagna.com>. Acesso em: 11 jun. 2015.
CHORAL PUBLIC DOMAIN LIBRARY. Homepage. Disponível em: <http://www1.cpdl.org/wiki/index.php/Main_Page>. Acesso
em: 11 jun. 2015.
IMLSP PETRUCCI MUSIC LIBRARY. Homepage. Disponível em: <http://imslp.org>. Acesso em: 11 jun. 2015.
Lista de figuras
Figura 2 Motete: Quam Pulchra Es de John Dunstable. Disponível em: <http://www.uma.es/victoria/varios.html#dieciseis>.
Acesso em: 29 maio. 2015.
Figura 3 Fauxbourdon em Ave Maris Stella de Dufay. Disponível em: <http://www3.cpdl.org/wiki/images/4/43/Dufay-AveM.
pdf>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 4 Fragmento do motete Nuper Rosarum Flores. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/images/7/72/Dufay_
Nuper_rosarum_flores_PML.pdf>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 5 Imitações literais em Ave Regina Coelorum de Dufay. Disponível em: <http://www3.cpdl.org/wiki/index.php/Ave_
Regina_coelorum_a_4_(Guillaume_Dufay)>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 6 Johannes Ockheghem. Disponível em: <http://www.musicaantigua.com/johannes-ockeghem-uno-de-los-mas-
influyentes-y-respetados-musicos-de-su-epoca/>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 7 Chanson “Ma Bouche Rit de Ockeghem”. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/images/6/6a/Ma_bouche_rit.
pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 8 Missa Prolationum. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a1/Ockeghem_
Prolationum_Kyrie_full.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 9 Jacob Obrecht. Disponível em: <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/o/obrecht.htm>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 10 Imitação em Jacob Obrecht. Disponível em: <http://s.ytimg.com/vi/vGIA8TVz-9w/0.jpg>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 11 Josquin des Prez. Disponível em: <http://www.nndb.com/people/611/000093332/>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 12 Kyrie da Missa Pange Lingua, de Josquin des Prez. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/images/d/d2/
Josquin_Des_Prez_Missa_Pange_lingua.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 14 Adrian Willaert. Disponível em: <http://www.classical.net/music/comp.lst/acc/willaert.php>. Acesso em: 2 jun.
2015.
Figura 15 Motete O Salutaris Hostia a seis vozes, de Willaert. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/images/0/09/
Willaert-O_Salutaris_Hostia.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 16 Tant Que Vivrai. Disponível em: <http://www1.cpdl.org/wiki/images/8/89/042.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2015.
Figura 17 La Guerre. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JY2rLfhJLmY>. Acesso em: 3 jun. 2015.
Figura 18 Chanson: Margot Labourez Les Vignes, de Roland d’Lassus. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/
images/9/94/487.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2015.
Figura 19 Frotolla Signora, Un Che V’Adora, de Marco (ou Marchetto) Cara. Disponível <http://www2.cpdl.org/wiki/
images/9/90/169.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2015.
Figura 20 O Dolce Nocte. Disponível em: <http://www3.cpdl.org/wiki/images/8/81/O_dolce_nocte.pdf>. Acesso em: 08 jun.
2015.
Figura 22 Madrigal da fase clássica: Calami Sonum Ferentes, de Cipriano de Rore. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/
wiki/images/8/8b/Rore_Calami.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2015.
Figura 23 Luca Marenzio. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fb/Luca_conte_Marenzio,_
Komponist_des_16._Jahrhunderts.jpg>. Acesso em: 08 jun. 2015.
Figura 24 Solo e pensoso. Disponível em: <http://www2.cpdl.org/wiki/images/e/e8/Marenzio%2C_Solo_e_pensoso.pdf>.
Acesso em: 08 jun. 2015.
Figura 25 Carlo Gesualdo. Disponível em: <http://www.cinquerighe.it/2013/09/07/ist_gesualdo_8_sett_400_anni_dalla_
morte_del_principe_genio_della_musica/Ist_Gesualdo_Gesualdo_copia.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2015.
Figura 26 Claudio Monteverdi. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/02/Bernardo_Strozzi_-_
Claudio_Monteverdi_(c.1630).jpg>. Acesso em: 10 jun. 2015.
Figura 27 Lutero. Disponível em: <http://drw6y4cub0f0o.cloudfront.net/sites/4/2014/10/lutero.jpg>. Acesso em: 10 jun.
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Figura 28 Choral polifônico protestante Vom Himmel Hoch Da Komm Ich her, de Hans Leo hassler. Disponível em: <http://
www2.cpdl.org/wiki/images/sheet/hassler/hass-vom.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.
Figura 29 Palestrina. Disponível em: <http://www.8notes.com/images/artists/palestrina.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2015.
Figura 30 Missa Papae Marcelli, de Palestrina, em edição com claves antigas utilizadas para cada voz. Disponível em: <http://
www2.cpdl.org/wiki/images/2/27/Pal-papdwn5.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.
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