Como Tratar Uma Epilepsia Sem Medicamentos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

COMO TRATAR UMA

EPILEPSIA
SEM MEDICAMENTOS
William Rezende do Carmo
SOBRE O AUTOR

Dr. Willian Rezende do Carmo


Neurologista

Olá, meu nome é Willian Rezende, sou


médico neurologista, ou seja, sou médico
especialista que dedica-se ao estudo,
diagnóstico e tratamento das doenças que
comprometem o sistema nervoso (cérebro,
medula espinhal, raízes nervosas e nervos) e
músculos (doenças musculares, miopatias).
Especialista em dor, sono e distúrbio de
movimento (Parkinson).

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292
willianrezende.com.br
INFORME LEGAL:

As informações contidas em neste ebook têm caráter informativo


e educacional. O seu conteúdo jamais deverá ser utilizado para
autodiagnóstico, autotratamento ou automedicação.
Em caso de dúvida, o médico deverá ser consultado, pois,
somente ele está habilitado para praticar o ato médico,
conforme recomendação do Conselho Federal de Medicina.
O QUE É EPILEPSIA?
A epilepsia é um distúrbio neurológico. Isso significa que não é algo psicológico e sim
biológico, dos neurônios.
O distúrbio não é transmissível, ou seja, pode ter contato de pele, saliva e líquidos
sexuais: Não se transmite.
Epilepsia é a consequência da atividade excessiva e anormal nas células cerebrais
que se comportam de maneira hiperexcitável. Tem atividade elétrica acima do
normal.

GATILHOS DE CRISES (CAUSAS):


- Súbitas mudanças de intensidade luminosa;
- Luzes alternadas (estroboscópicas como as de boates);
- Uso de substâncias que aumentam excitabilidade neural(como drogas).
- Hiperpneia (respirar muito rápido);
- Dormir muito pouco;
- Dormir em excesso;
- Queda do estrogênio (período pré-menstrual);
- Consumo excessivo de álcool;
- Febre alta;
- Ansiedade;
- Cansaço;

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 01
TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO:

DIETAS CETOGÊNICAS
As dietas cetogênicas são uma alternativa dietética terapêutica para o tratamento
das epilepsias que não respondem a duas ou mais medicações, chamadas
epilepsias refratárias. São dietas com alto teor de gordura e restrição de
carboidratos e açúcares. Existem diferentes tipos, como a dieta cetogênica clássica
e a dieta de Atkins modificada.

O que é a Dieta Cetogênica Clássica?


A dieta cetogênica clássica é utilizada há mais de 90 anos para o tratamento das
epilepsias refratárias. É constituída por um alto teor de gorduras (90% do valor de
calorias) sendo estas a base nutricional da alimentação. Também conta com taxas
restritas de carboidratos e proteínas, com uma relação de gramas de gordura por
gramas de proteínas mais carboidratos de 4:1.
Para sua preparação é necessário ter todos os alimentos preparados e pesados em
uma balança de precisão (balança digital de cozinha), e devem ser completamente
consumidos pelo paciente e rigorosa orientação do nutricionista.

O que é a Dieta de Atkins modificada?


A dieta Atkins modificada apresenta uma composição de 60% lipídios, 30% proteínas
e 10% carboidratos. Não possui restrições protéicas, e tem uma relação de gramas de
lipídios relacionada a grama de proteínas e carboidratos de 2:1.
As características percentuais de sua formulação oferecem maior facilidade em sua
preparação, são mais agradáveis ao paladar e permitem maior liberdade para
comer fora de casa.

Quem pode ser beneficiado pela dieta?


Crianças, adolescentes e adultos com epilepsia refratária podem ser beneficiados
com o uso da dieta cetogênica. A indicação dependerá da causa ou tipo de
epilepsia, e de outros aspectos que serão avaliados pela equipe de saúde, que
determinará se o paciente é ou não candidato ao tratamento com dieta. Mas
praticamente todo paciente pode realizar a dieta.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 02
O quanto a Dieta é efetiva no controle ou eliminação das crises?
A eficácia do tratamento é avaliada através do controle do número de crises.
Entre 15-20% dos pacientes alcançam um controle de crises completo, enquanto
60-70% alcançam uma redução significativa no número de crises. De qualquer forma
é preciso levar em conta que o tratamento com a dieta cetogênica sozinha, nem
sempre é eficaz.

Como funcionam os mecanismos de ação para que a dieta tenha eficácia?


O mecanismo de ação é dado pela produção de corpos cetônicos (produtos da
quebra das gorduras) que acontece no fígado. Estes substituem a glicose como fonte
de energia, pois deixa-se de ingerir carboidratos(fonte principal de energia).
A cetose crônica, juntamente com baixos níveis de glicose induzem um efeito
anticonvulsivante direto e indireto ao estimularem também a produção de
neurotransmissores inibidores.
Os mecanismos completos da eficácia não são plenamente conhecidos, mas a dieta
cetogênica como forma de controle de epilepsia é conhecida há mais de 90 anos.

O que são as cetonas ou corpos cetônicos?


São formas de fonte energética para o organismo, assim como a glicose. Eles são
produzidos exclusivamente quando há pouco glicose no organismo, através da
quebra de gorduras.

Por quanto tempo dura a Dieta Cetogênica?


O ideal é manter a dieta por um período de 3 a 6 meses para avaliar sua eficácia. Se a
dieta se mostrar eficaz, a mesma pode ser mantida pelo tempo que for necessário
para o tratamento.

Quais efeitos indesejados podem ser causados pela Dieta Cetogênica?


Os efeitos colaterais que podem ser causados pela dieta cetogênica são vários e
podem se manifestar desde o início ou de forma tardia com o uso crônico da mesma.
A maioria destes efeitos são previsíveis e tratáveis. A constipação é um dos efeitos
colaterais mais frequentes: o aumento do consumo de fibras bem como o uso de
laxantes melhoram tais sintomas. Outro efeito frequente é o aumento do colesterol e
triglicerídeos, pelo qual é fundamental realizar controles clínicos e de laboratório
regularmente para controlar a aparição de efeitos não desejados associados à dieta.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 03
Que exames são necessários realizar antes do começo da Dieta?
Antes de iniciar a dieta será solicitada uma série de exames de laboratório para
determinar se o paciente tem condições de começar a dieta cetogênica. Alguns
exames irão descartar enfermidades metabólicas que contra-indiquem o uso da
dieta como tratamento da epilepsia, como acidose metabólica prévia ou algum grau
de insuficiência renal.

TRATAMENTO COM CANABIDIOL:


A cannabis é conhecida por muitos nomes - o mais comum é a maconha. Cannabis é
o nome latino mais utilizado pelos botânicos e empresas farmacêuticas. A palavra
maconha se refere às folhas e flores femininas da planta cannabis. A cannabis
medicinal é a planta inteira de maconha ou substâncias químicas na planta usada
para fins médicos.

Os canabinóides são substâncias na cannabis que agem nas células do corpo (nos
receptores de canabinóides) para causar algum efeito. Dois ingredientes incluem:

Ÿ Tetrahydrocannabinol ou THC: Causa os efeitos psicoativos de “ ficar alto” ou o

“barato”.
Ÿ Canabidiol ou CBD: Não causa efeitos psicoativos. Tem demonstrado efeitos

positivos em certos sistemas do corpo. Esta é a parte que tem sido eficaz na
redução de crises em algumas pessoas com epilepsia.

A síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-


Gastaut (LGS) são epilepsias graves de início na
infância que geralmente são refratárias à
medicação. Vários estudos estão sendo
desenvolvidos e muitas pesquisas já foram
publicadas, com o reconhecimento de que o uso
do CBD reduz significativamente as crises
convulsivas nesses casos. E o mais importante é
que teve melhora apenas com o canabidiol
isolado, sem o THC.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 04
Segundo a pesquisa Efeito do canabidiol nas crises convulsivas na síndrome de
Lennox-Gastaut, publicada no New England Journal of Medicine, em maio 2018, entre
crianças e adultos com síndrome de Lennox-Gastaut, a adição de canabidiol na dose
de 10mg ou 20mg, por quilograma de paciente, por dia, a um regime antiepilético
convencional, resultou em maiores reduções na frequência de crises convulsivas.

É importante ter em mente que o canabidiol é uma molécula extraída da maconha,


mas não a maconha, nem o óleo de maconha e nem o extrato da maconha. É um
produto que foi trabalhado quimicamente para retirar o THC e ficar apenas o
canabidiol. É muito improvável que alguém que faça alguma produção caseira
consiga produzir um produto realmente livre de THC e seja apenas canabidiol.

Reações Adversas Do Canabidiol:


Sonolência, diminuição do apetite, diarréia, infecção das vias respiratórias superiores,
pirexia (febres) e vômito.
Interações medicamentosas podem ocorrer.

CLORETO DE MAGNÉSIO:
O magnésio é um mineral encontrado no interior das células e ativa muitas enzimas
que são necessárias para o metabolismo dos carboidratos, gorduras e aminoácidos. É
essencial para o bom funcionamento dos músculos, nervos e para a formação de
ossos e dentes. De uma maneira geral, neutraliza e regula a influência do cálcio. Ele é
utilizado pelas glândulas supra renais em momentos de stress; mantém o potencial
elétrico (voltagem) através da membrana dos nervos e músculos e aumenta a
capacidade das células brancas do sangue para combater as infecções.
O Cloreto de Magnésio pode ser benéfico para uma ampla gama de doenças. No
Sistema Nervoso ele atua com efeito calmante da atividade neural e por isso é
indicado para promover a qualidade do sono e como relaxantes musculares.

Cloreto De Magnésio e Epilepsia:


Uma das opções de tratar a epilepsia sem medicamento é com o cloreto de
magnésio porque ela é marcada por níveis anormalmente baixos de magnésio no
sangue, no líquido espinhal e no cérebro, causando a hiper-excitabilidade nas regiões
do cérebro. O magnésio acalma os neurônios irritados e super-excitados, o que é
extremamente útil com ataques epilépticos.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 05
Há muitos casos relatados de epilepsia que melhoraram extremamente ou que
desaparecem com suplementos de magnésio. Em concentrações suficientes, o
magnésio inibe convulsões limitando ou retardando a propagação da descarga elétrica
de um grupo isolado de células do cérebro promovendo o descanso do cérebro.

Efeitos Colaterais do Magnésio:


De maneira geral são raras, mas ainda sim é possível que alguém tome magnésio em
excesso.
Diarréia: Suplementos de cloreto de magnésio, geralmente vendidos na forma de
comprimidos de libertação prolongada, comumente causam diarréia. O recomendado é
verificar com o seu médico se este sintoma persistir.
Reações alérgicas: Podem incluir dificuldade de respirar, sensação de aperto do peito,
erupção cutânea, urticária, coceira, inchaço da face, língua, lábios ou na boca.
Outros efeitos graves: Reflexos lentos ou náuseas, diminuição dos batimentos cardíacos,
visão dupla ou turva, sonolência acentuada.

Contra-indicações Do Cloreto De Magnésio:


Em caso de insuficiência renal ou paratireoide (sistema endócrino) deve ser
acompanhado por um médico.
Pacientes com colite ulcerosa ou Reto colite ulcerativa não devem tomar o cloreto de
magnésio porque alguns sintomas dessa inflamação incluem diarréia e desidratação.
A colite ulcerosa é uma doença inflamatória que ocorre na mucosa interna do intestino
grosso e do reto.
Uso de antibióticos: O uso do magnésio pode diminuir o efeito de alguns medicamentos.
Pacientes que fazem hemodiálise não podem tomar o cloreto de magnésio.

Como Usar o Cloreto de Magnésio:


O consumo mineral pode ser de diferentes maneiras, entre as melhores estão:
- Cloreto de magnésio em cápsulas;
- Composto mineral em tabletes;
- Através da diluição em água.
A dosagem do cloreto de magnésio pode variar de acordo com a finalidade com que
está se ingerindo. No caso da epilepsia, alguns estudos já foram desenvolvidos e
observados que de 450 a 500mg é uma dosagem para controle de crises, porém você
deve consultar o seu médico.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 06
COMO AMENIZAR NATURALMENTE OS SINTOMAS DA EPILEPSIA?

Adotando mudanças no estilo de vida para lidar com possíveis “gatilhos”.


As convulsões podem ser desencadeadas por vários gatilhos como:

Horários de tomadas de medicamentos: Esquecer tomadas, ou até mesmo atrasar


tomadas pode ser suficiente para se ter uma crise quando o nível do medicamento no
sangue está muito próximo do limite terapêutico.

Sair da rotina do sono: dormir pouco, dormir demais. Tem que dormir o suficiente. Mas
caso fuja da rotina habitual de sono maior a chance de uma crise. Se tem problemas
com sono, procure um especialista na área para te induzir a um melhor sono e,
consequentemente, menos sintomas.

Luzes estroboscópicas: Entrar em um local com luzes brilhantes e alternadas como


boates, festas, shows ou até mesmo a alternância entre sombra e luz solar durante uma
viagem em veículos em movimento. Para não ter essa irritação, basta fechar os olhos e
sair dessa exposição.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 07
Febre: Um desencadeante clássico de crises convulsivas. A pessoa com epilepsia deve
ter sempre à mão algum antitérmico, pois ao menor sinal de febre tomar alguma
dipirona ou paracetamol para evitar a febre e assim evitar a crise.

Ciclos hormonais: A queda do estrogênio, que leva ao período pré-menstrual e essa


mesma queda hormonal que causa as mudanças de humor da TPM (que é uma
desregulação neurológica causada pelos hormônios), também pode causar crises
convulsivas. Para ajudar nesses casos o médico pode estabilizar o nível de estrogênio na
segunda metade do ciclo menstrual.

Álcool e drogas: O álcool pode causar crises convulsivas tanto pela intoxicação (maior
nível de álcool no sangue) como pela saída do álcool. Quando o álcool sai do corpo ele
também deixa de inibir os neurônios e isso pode facilitar a ocorrência de crises
convulsivas.

Estresse: Aprenda a deixar de lidar com o que te incomoda e causa crises, realmente
não estando em contato com as situações do dia-a-dia ou aprenda com um bom
psicólogo a se fortalecer para saber lidar com situações recorrentes para não se
estressar e diminuir as crises.

Glicose baixa no sangue: Pode acontecer por diversos motivos, especialmente se a


pessoa tem tendência a diabetes ou mesmo quem não tem diabetes e ficou muito
tempo sem comer ou teve algum estímulo de queda de glicose.

Cafeína e alguns remédios: Evite muita cafeína ou outros estimulantes. Especialmente


medicamentos que facilitam de ter crises convulsivas, como Bupropriona ou
estimulantes como Ritalina, Modafinil ou outros.

#Dica
Alguns indivíduos possuem “gatilhos” únicos e bem específicos. Uma boa opção é ter um
diário para fazer anotações e tentar determinar quais são esses gatilhos (se existirem)
que o deixam mais sensível. Anote todas as convulsões, com a hora e a situação em que
aconteceram; não esqueça de adicionar as sensações (sabores, odores, alterações na
visão, dores, pressões) que notou durante a convulsão. Isso poderá ajudá-lo junto a um
neurologista, a delimitar o que está provocando o transtorno.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 08
COMO RECOMENDAÇÕES GERAIS:

Consuma mais água para


manter-se hidratado
Se possível, tome pelo menos oito copos de
água por dia: o sódio e o potássio, ambos
eletrólitos, auxiliam a carregar sinais
elétricos às células. Um desequilíbrio desses
nutrientes pode levar a uma convulsão.

Realize leves exercícios


Exercícios leves reduzem o número de
convulsões, tais como: caminhada, Cooper,
natação e ciclismo.
Aumentar o nível de atividade do corpo já
diminuirá a freqüência de episódios
epiléticos.
Tente, por exemplo, estacionar o carro mais
longe do seu trabalho ou dar uma volta
com o cão duas ou três vezes por dia.
Outra opção é assistir vídeos de yoga, tai chi
chuan ou qualquer tipo de atividade que o
ajudará a entrar em forma, à sua
velocidade e tempo.

Dr. Willian Rezende do Carmo


Av. Ibirapuera 2907, Conjunto 1618, Moema, São Paulo
Telefone: (11) 2533-0292 / site: willianrezende.com.br 09

Você também pode gostar