30 - Clube Da Esquina

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Escola Estadual Pedro II

Disciplina: Língua Portuguesa


2º ano do Ensino Médio - Prof. Paulão
Atividade: Clube da Esquina – 03/08/2021

Clube da Esquina entre os jovens


Um momento brilhante da música brasileira. Um farol de luz, sons e poesia,
que atravessa os tempos.

Os jovens Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô Borges e Márcio Borges ao


lado do ex-presidente Juscelino Kubitschek em julho de 1971 em Diamantina.
Quarenta anos do Clube da Esquina 2
Wadson Ribeiro – Jornal Hoje em Dia - 19/12/2019

Encerrando a turnê que celebra os quarenta anos do lançamento do histórico


álbum Clube da Esquina 2, Milton Nascimento e diversos outros músicos
convidados emocionaram o estádio do Mineirão no último domingo. Em meio a
uma época tão empobrecida da música popular brasileira, o show de Milton
refresca a memória musical ao nos brindar com músicas que carregam em si
múltiplos significados de um período conturbado de nossa história. As canções
de Clube da Esquina 2 parecem ter sido escritas de forma atemporal, pois
passados 40 anos se apresentam mais atuais do que nunca.
O final dos anos setenta no Brasil foi marcado por um processo de distensão
lenta e gradual da ditadura que havia se instalado com os militares em 1964. É
nessa onda de esperanças e de novas utopias que Milton Nascimento reúne em
torno de si vários artistas para, após seis anos do lançamento do álbum Clube da
Esquina em 1972, lançar o Clube da Esquina 2. Lançado em 1978 pela EMI-Odeon
o disco duplo foi totalmente idealizado por Milton que retomava o projeto de
72. Nomes como Fernando Brant, Wagner Tiso, Marcio Borges, Ronaldo Bastos,
Murilo Antunes, Lô Borges, Flávio Venturini, Tavinho Moura, Toninho Horta,
Beto Guedes, entre outros destacados músicos, que posteriormente seguiriam
carreira solo de sucesso, faziam parte desse time de estrelas.
No álbum duplo, temas sociais e políticos aparecem em canções como “O que foi
feito devera/ O que foi feito de Vera” ou em “ Pão e Água”, a primeira
imortalizada na voz de Elis Regina. Outra marca presente no álbum é a ligação do
artista com os temas e o sentimento latino-americano. Canções como “San
Vicente” e “Canción por la Unidad de Latino Americana” ilustram essa tendência.
Além, é claro, da Bossa Nova, do Jazz e do Rock, que sempre influenciaram as
composições do movimento cultural mineiro, que tinha nas esquinas do bairro
de Santa Tereza, em Belo Horizonte, seus verdadeiros clubes sociais. Até mesmo
o nome do movimento cultural revela-se como vanguardista, pois ao se chamar
Clube da Esquina, reivindica os espaços urbanos como de apropriação de todos,
especialmente para se produzir arte e se consumir arte, ao ar livre, nas calçadas
e nas ruas.
O que realmente fez os 15 mil presentes ao show de Milton e de seus
convidados se emocionarem, é que na cabeça de cada um passou um filme
desses últimos quarenta anos do Brasil, um longo período de idas e vindas, de
avanços e de retrocessos. A esperança que marcava aquele tempo e a
desesperança que parece querer marcar os dias atuais. A indústria fonográfica
brasileira promove atualmente uma música para um consumo de massas eivada
de preconceitos, machismos, individualismo e consumismo. Tentam moldar o
comportamento da juventude e cultivar valores estranhos à identidade nacional.
A música brasileira, a exemplo das quatro décadas do Clube da Esquina 2, precisa
resgatar sua qualidade e estar comprometida com as mudanças que o mundo
exige. Precisa cantar a esperança, a paz, a solidariedade e descortinar o futuro.
Do show histórico no Mineirão, fica a certeza que os tempos bicudos que
marcam o momento atual passarão, que a esperança vai vencer a escuridão e
que os sonhos, assim como as utopias, nunca envelhecem.

“Sou do mundo,
sou Minas Gerais”
Clube da Esquina
O álbum Clube da Esquina, gravado entre 1971 e 1972 na Emi-Odeon, é
composto por dois discos, fato raro para a época, somando 63 minutos e 13
segundos de música. Ele contém 21 canções e, excetuando-se duas, todas são
compostas e interpretadas por um grupo de jovens músicos mineiros ainda
desconhecidos. Eles dão origem ao movimento musical conhecido pelo título do
álbum, em alusão ao ponto de encontro desses jovens na esquina das Ruas
Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Teresa, Belo Horizonte.
A iniciativa de produção do álbum é de Milton Nascimento (1942), naquele
momento reconhecido como compositor, intérprete e autor de quatro LPs. Ele
reúne amigos e parceiros mineiros para dar expressão a uma obra coletiva. Em
uma casa alugada em Niterói, Rio de Janeiro, ensaiam canções compostas por
Milton, os irmãos Márcio (1946) e Lô Borges (1952), Fernando Brant (1946-2015)
e Ronaldo Bastos (1948). Vários instrumentistas participam dos ensaios e da
gravação em estúdio, muitos deles da banda Som Imaginário, como Robertinho
Silva (1941) na bateria, Wagner Tiso (1945) nos teclados, Luiz Alves (1944) no
baixo, Tavito (1948) no violão, Laudir Oliveira (1940) na percussão, Toninho
Horta (1948) na guitarra. Há, ainda, Beto Guedes (1951) no violão e na guitarra,
Nelson Angelo (1949) no violão e Paulinho Braga nas percussões. Os arranjos são
de Wagner Tiso e Eumir Deodato (1943). Grande parte das canções é
interpretada por Milton Nascimento, mas cantam também Lô Borges e Beto
Guedes. Alaíde Costa (1935) participa na regravação, em novo arranjo, do samba
“Me Deixa em Paz” (1951), sucesso de Linda Batista (1919-1988) composto por
Monsueto Menezes (1924-1973) e Airton Amorim (1921).
As canções acabam consagradas pela crítica e introduzidas no cancioneiro da
moderna música popular, como “Tudo que Você Podia Ser”, “Cais”, “O Trem
Azul”, “Cravo e Canela”, “Um Girassol da Cor de seu Cabelo”, “San Vicente”, “Um
Gosto de Sol” e “Nada Será Como Antes”. A novidade musical que apresentam,
confere ao álbum lugar de destaque na produção cultural do país.

Na época do lançamento do álbum, movimentos das década anteriores, como


bossa nova, tropicalismo, MPB e jovem guarda, não apresentam mais a força
original e alguns de seus protagonistas trilham novos caminhos. Além disso, o
país vive sob ditadura militar, e a censura controla a ordem social e política do
país. Embora o momento seja pouco favorável às novas experiências, o clima
cultural internacional dos movimentos jovens aponta para a necessidade de
experimentalismos. Nessas circunstâncias, o álbum Clube da Esquina surge como
inovação, e Milton Nascimento consolida-se como intérprete e influente
compositor. Com uma escuta aberta, as composições e arranjos transitam pela
cultura regional mineira e pelos gêneros tradicionais da música brasileira. Sofrem
influência do rock, do jazz, do jazz-rock, da bossa nova, além de prenunciarem o
diálogo com a música latino-americana. A riqueza da obra está nesse
intercâmbio de gêneros, com criatividade nos arranjos, que deixam de ter papel
coadjuvante ou introdutório das canções. Revela-se, também, no desempenho
de jovens músicos que ousam em construções melódicas, progressões
harmônicas e improvisos. E, por fim, aparece nas interpretações vocais –
sobretudo a de Milton –, que alcançam a dimensão instrumental mais comum
no jazz do que na música popular brasileira.
Várias canções foram regravadas por músicos nacionais – como Elis Regina
(1945-1982), Nana Caymmi (1941), Simone (1949) e Joyce Moreno (1948) – e
internacionais – como a argentina Mercedes Sosa (1935-2009), a portuguesa
Eugénia Melo e Castro (1958) e os norte-americanos Wayne Shorter (1933),
Herbie Hancock (1940) e Sarah Vaughan (1924-1990). A cantora brasileira Vânia
Bastos (1956) reinterpreta parte do álbum em Vânia Bastos Canta Clube da
Esquina (2002).

Atividade:
Você conhece as músicas do Clube da Esquina? Costuma ouvi-las? Seus pais
escutavam estas músicas? Quais as suas preferidas? O que elas te lembram?
Faça um pequeno comentário.

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