Sistema de Classificação Dos Vegetais
Sistema de Classificação Dos Vegetais
Sistema de Classificação Dos Vegetais
Folhas Sagradas
Uma fatia de cenoura parece um olho humano. A pupila, íris e linhas raiadas
são semelhantes ao olho humano e, a ciência agora mostra que a cenoura
fortalece a circulação sanguínea e o funcionamento dos olhos.
O aipo, bok choy, ruibarbo e outros são idênticos a ossos.* Estes alimentos
atingem especificamente a força dos ossos. Os ossos são compostos por 23%
de sódio e estes alimentos têm 23% de sódio. Se não tiver sódio suficiente na
sua dieta o organismo retira sódio dos ossos, deixando-os fracos. Estes
alimentos reabastecem as necessidades do esqueleto.*
INTRODUÇÃO
O homem, desde o primitivo, sempre foi dependente do mundo vegetal. As
plantas são vitais para ele, sem elas a espécie humana não existiria. O
homem precisa principalmente, do oxigênio produzido pela plantas para
sobreviver.
Observando a natureza o homem descobriu as diversas utilidades dos
vegetais. Passou a utilizá-los como alimento, remédio, proteção contra as
intempéries (cobertura de casa – sapê – confecção de tecidos etc.) Como
alimentos as plantas são fontes de vitaminas, proteínas e sais minerais
indispensáveis para a manutenção da vida. Como remédio possuem principio
ativo na cura de doenças.
Os Jeje-Nàgó, oriundos do sudeste africano, até hoje, utilizam os vegetais não
apenas como alimento e remédio para o corpo, mas, também, para o espírito,
daí, sua utilização nos rituais, para prover o bem estar pessoal ou coletivo,
cortar magia negativa, afastar o sobrenatural maléfico, atrair sorte e
prosperidade, pedir proteção das divindades, provocar transe ou entrar em
contato com o mundo sobrenatural.
Com a diáspora Africana, ou melhor, com a vinda de negros africanos,
aprisionados como escravo, para a América, estes trouxeram seus rituais e
sua visão do mundo vegetal para o “Novo Mundo”. Foram diversos os grupos
etnicos que aqui aportaram em levas sucessivas. Primeiro o Grupo Banto nos
séculos XVI (Negros da Guiné) e XVII (Negros de Angola). Depois chegaram
os Jeje-Nàgó nos séculos XVIII e XIX (Negros da Costa-do-Marfim e do
Dahome), inclusive durante o período de proibição do tráfico entre 1816 e
1850.
A chegada dos Jeje-Nàgó no continente americano ocorreu principalmente
entre os anos de 1770 a 1850 em decorrência das guerras de conquista e as
quedas dos reinos de Öyö e Kétu (a partir de 1789) com o ataque do rei de
Abomey, capital do Dahome, a este dois reinos. Este rei, aliado dos
colonizadores europeus, forneceu grandes contigentes de escravos que foram
trazidos para a América.
Os Jeje-Nàgó ao chegarem no novo continente, se depararam com uma flora
tropical muito parecida com a de seu país de origem, porém, as espécies
vegetais em sua maioria lhes eram desconhecidas. Surgiu a necessidade de
utilizar em seus rituais plantas brasileira com características semelhantes às
africanas, então algumas espécies foram substituidas, tais como:
Iroko = Chlorophora excelsa por Ficus doliaria (Gameleira branca)
Amúnimúyè = Senecio abssinico por Centratherum punctatum (balainho de
velho)
Osun = Pterocarpus osun por Bixa Orellana (urucum)
Os africanos trouxeram:
- Dendezeiro (Elaeis guineensis L.) – Comércio.
- Mamona (Ricinus communis L.) – Comércio.
- Melancia (Citrullus vulgaris schrad.) Comércio
- Inhame ( Dioscorea sp.) – Comércio
- Quiabo (Hibiscus esculentus L.) – Comércio.
- Obí (Cola acuminata Schrad & Endl.) Liturgia.
- Orógbó (Garcinia cola Heckel) Liturgia
- Àrìdan (Tetrepleura tetraptera Taub.) Liturgia.
- Palha da costa, rafia natural (Raphia vinifera P. Beauv.) Liturgia
- Rinrin (Peperomia pellucida (L.) Kunth.) Liturgia.
AKO RERE
Uso nos terreiros:
Tem finalidade tanto benéfica (longa vida, proteção, boas amizades) quanto
maléfica pois, é utilizada também, em trabalho para separar e causar briga
entre pessoas. Ako rere (rêrê) significa “homem bom ou honesto” todavia
quando é pronunciado o ofó com finalidade de separar pessoas faz-se um
trocadilho e pronuncia-se “ako rèrè” (réré) onde rèrè significa “cansar ou
enjoar”
Yio máa wù mi ni
Asìmáwù
Yio máa wù mi ni
Nos seremos com certeza agradecidos
Asìmáwù
Nos seremos com certeza agradecidos
AJÍROMI
Uso nos terreiros:
“Apreciada pelo igbin (caracol) como alimento, daí ser chamada pelo "povo-de-
santo” de eró igbin, sendo que este nome significa "a calma ou o segredo do
caracol” . (Barros & Napoleão 1999:137)
Uso em Ifá:
AJÍFÀBÍ ÀLÁ
U
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Uso em Ifá:
AJÊ
Uso em Ifá:
ÀJÀGBON
Uso em Ifá:
ÀGÓGO IGÚN
Planta utilizada para Xangô, Oxosi e Obaluaiyé, conhecida nos terreiros pelo
nome de ewé ogbe àkùko que significa “folha crista de galo” . Tem a função de
proteger e defender contra feitiços, mas, também, atrai prosperidade.
Na “santeria”, em Cuba, este vegetal tem o nome lucumi aguéyí sendo usado
para Obàtálá e a Oxun.
Uso em Ifá:
Do odu Osá òfún em “trabalho para tomar alguma coisa de alguém” (Verger
1995:411)
Do odu Owonrín ìretè em “trabalho para fazer alguém cair num poço” (Verger
1995:427)
Ofó do Odú Ìwòrìbogbè (ìwòrì ogbè) – Para mandar o mal de volta. (Verger
1967:16 -17)
Bi’kú bá ri mi
K’ikú o má lè pa mi
Bi agógó igún bá so
A si se ’nu kóròlò s’odì
Se a morte olhar para mim
Que não seja capaz de me matar
Quando o bico do abutre colhe o fruto
Sua boca volta-se para o outro lado
Outros nomes yorùbá: àgógo igún, ògún, ogbe àkùkö, àkùkö dúdú, àkùkö
funfun (Verger 1995:677).
Nomes populares: Crista-de-galo, heliotrópio, borragem, erva-de-são-fiacre.
Nome latino: Heliotropium indicum L., Borraginaceae
ÀGBON
Uso em Ifá:
AGBÀWO
As folhas tem propriedade gún e são utilizadas para Xàngó e sua mãe,
Ìyámase.
Uso em Ifá:
ÀGBÀDÓ
“As folhas (ewe àgbàdo) são usadas em um trabalho para trazer boa sorte
(àwúre oríre) que se classifica no odú ìwòrì òfún, também chamado ìwòrì
àgbàdo” e em “trabalho para se obter favores das feiticeiras” (Verger
1995:41/42). Do odu Èjìogbè em “receita para tratar vômito e diarréia” (Verger
1995:185).
“A espiga de milho inteira, odidi àgbàdo, é usada em uma receita para ajudar
a mulher a ter um bom parto (awebí) classificada no odu que trata do
nascimento de crianças, (...) ogbè òtúrúpon ou ogbè tún omo pon” (Verger
1995:43)
“O sabugo do milho (pòpórò àgbàdo) é usado em trabalho para sair vitorioso
de uma luta (ìsegun ìjàkadi), classificado no odù ose méjì ou ose oníjà, “ose-
que-gosta-de-briga” (Verger 1995:43,351)
“A palha (háríhá) que envolve a espiga de milho é usada em uma receita para
ajudar a mulher grávida a sentir o corpo leve (...), classificada no odu ogbè
òtúrá ou ogbè aláso funfun, “ogbè-dono-da-roupa-branca” (Verger
1995:44,277)
O cabelo-de-milho é utilizado em “trabalho para conseguir proteção contra
Exu” do odu Ose òtúrá (Verger 1995:295).
“... os grãos de milho torrados (àgbàdo súnsun) são usados em trabalhos
para fazer um processo judicial cair no esquecimento (àwúre aforàn ou
ìdáàbòbò l’owo ejo) pertencendo ao odu ogbè òtùrá ou ogbè kòléjó, “ogbè-
não-tem-processo-na-justiça”.” (Verger 1995:44-45, 341), e em “receita para
tratar inchaço da barriga” do odu Ose ìká (Verger 1995:193).
Do odu Ose òtúrá consta um curioso “trabalho para juntar novamente partes
cortadas de um corpo” (Verger 1995:385)
Ofo ti nmu ní se oríre (Para ter boa sorte) do odu Ìwòrì wòfún (ìwòrì òfún),
AGBAÀ
Uso nos terreiros:
As sementes conhecidas pelo nome olibé, por serem redondas e grandes dão
a ideia de fartura, por isto são utilizadas nos assentamentos de Xango para
que este orixá proporcione prosperidade aos seus filhos.
Uso em Ifá:
ÀFÒMAN
Àfòman é o nome nagô dado a diversas plantas das famílias das lorantáceas,
polipodiáceas ou convolvulaceas que se utilizam do substrato de outros
vegetais. São chamadas de parasitas ou hemiparasitas.
Uso em Ifá:
ÀFÈRÈ
Classificada por como planta de Ifá, porém não consta nenhum trabalho.
Outros nomes yorubá: àfèè, afóforo, afóforo àfè, afèrè, amókóle, àyínyín, àférí
e àfèèrí. (Verger 1995:730)
ÀBO
Desconhecido, todavia sua utilização em Ifá aponta para um vegetal bom para
atrair prosperidade e proteção.
Uso em Ifá:
Do odú Ogbè ògúndá “Trabalho para acalmar alguém possuído por Xangô”
(Verger 1995:292-293)
Do odú Òfún ìwòrì “Trabalho para ter boa caça” (Verger 1995:334-335)
Do odú Òfún méjì “Trabalho para dominar alguém” (Verger 1995:344-345)
Do odú èjiogbè “Trabalho para conseguir muita riqueza” (Verger 1995:356-357)
e “Trabalho para fazer a chuva parar” (Verger 1995:396-397)
Do odú Okànràn méjì “Trabalho para prender um louco” (Verger 1995:382-383)
Do odú Okànràn ìretè “Trabalho para pegar um ladrão” (Verger 1995:398-399)
Do odú Okànràn òtúrá “Trabalho para conseguir descansar” (Verger 1995:398-
399)
Do odú ìwòrì òyèkú “Proteção contra agressão” (Verger 1995:432-433)
Do odú Ìrù ëkùn “Proteção para prender um louco” (Verger 1995:440-441)
Do odú Òsé ogbè (Proteção contra picada de cobra” (Verger 1995:446-447)
Do odú Okànràn ìwòrì “ Proteção contra animais selvagens” (Verger 1995:448-
449)
Do odú Ògúndá ogbè “Proteção contra ladrões” (Verger 1995:460-461)
ABIRUNPO
Uso nos terreiros:
Uso em Ifá:
Embora citada como planta de Ifá, não consta informação sobre seu uso.
ABÍKOLO
Uso em Ifá:
ABERE OLOKO
Usada para assentar Exu, no preparo de pós (Atin) com finalidade maléfica.
Folha gún (excitante).
Seu nome nagô significa “agulha do campo” devido o formato de suas
sementes. Usada medicinalmente para combater hepatite e icterícia.
Uso em Ifá:
ABEBE OXUM
Possui dois tipos, aquelas que medram em lugar seco, atribuída a Xango
normalmente o talo da folhas são avermelhados. As que nascem dentro da
água, atribuída a Oxum, cuja folha e talo são verdes.
Folha de fundamento na iniciação de pessoas de Xangô, pois não pode faltar
no àgbo e nos fundamentos da iniciação.
ÀBÁMODÁ
Uso nos terreiros:
rituais dos orixás, lavagem dos búzios utilizados nos jogos divinatórios e para
assentar Èxù de mercado.
Folha eró (calmante) usada para todos os orixás pois, serve para que um
desejo seja realizado, atrai prosperidade e dinheiro.
Uso em Ifá:
ABÀFÉ ILÉ
Uso nos terreiros:
Uso em Ifá:
ABÀFÉ
Uso nos terreiros:
Uso em Ifá:
Do odu Òfún ìwòrì em “trabalho para ter boa caça” (Verger 1995:335)