6 Tecnicas e Jogos Pedagogicos-1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

6.

Técnicas e Jogos Pedagógicos


6.1. Actividades - modo de emprego
Como preparar uma actividade formativa

As actividades a desenvolver em formação apresentam-se sob inúmeras formas e


dimensões: podem ser simples ou complexas, curtas ou longas, relacionadas ou não com
o contexto profissional dos formandos, fisicamente activos ou passivos, seguidos ou não
por observadores, orientadas para os indivíduos ou para os grupos, realizadas
individualmente, em pequenos ou em grandes grupos, etc.

A actividade produzirá uma experiência de aprendizagem válida se o formador tiver em


conta na sua concepção/aplicação:

os formandos a quem se destina (nomeadamente, no que disser respeito a quem


são, o que fazem e onde o fazem);
as intencionalidades formativas;
a necessidade de elaborar procedimentos claramente definidos;
instruções claras para os participantes e observadores;
o estabelecimento de prazos adequados ao tipo de actividade;
a necessidade de a inserir num momento apropriado da formação;
a condução da fase de exploração da actividade;
as estratégias avaliativas mais adequadas.

O melhor modo de tomar consciência da importância das actividades em contexto de


formação é utilizá-las e analisar constantemente as suas experiências, de modo a poder
melhorá-las.

Para assegurar que uma determinada actividade proporciona aos formandos uma experiência
de aprendizagem de qualidade, o formador deve colocar a si mesmo as seguintes questões:

1. Porquê esta actividade? É o melhor meio para obter o resultado desejado?

2. É realista e pertinente? Ou demasiado teórica?

3. O procedimento é facilmente entendido pelos formandos? É necessário escrever


as instruções?

4. O papel dos formandos é claro?

5. É necessária uma pequena introdução para preparar terreno?

6. Os tempos previstos para cada fase são realistas? A fase de exploração tem
tempo suficiente?

7. A actividade é apresentada num momento oportuno do programa?

8. Foram acautelados todos os materiais necessários?

9. Estão previstos observadores? Se sim, estão correctamente instruídos?

10. É necessário criar uma ficha de síntese para distribuir aos participantes no
final, de modo a facilitar as aquisições?

11. Como são avaliados os resultados?

95
6.2. Técnicas e jogos pedagógicos

Para aprender nomes


Num contexto activo de formação, os participantes são tão importantes como o formador.
Quando são chamados pelos nomes sentem-se mais importantes e a relação fica mais
individualizada. Há vários modos de sabermos rapidamente os nomes de todos. Eis
algumas sugestões:

1. TAREFA DE APRENDIZAGEM DE NOMES


Peça aos participantes para fixar o maior número possível de nomes, seja levantando-
se e dirigindo-se aos outros para se apresentarem ou lendo as placas identificativas
em cima das mesas. Após alguns minutos, pare a actividade e peça a todos para
taparem (ou guardarem) todos os elementos identificativos. Só então poderá
desafiar os participantes para olharem à volta e referirem os nomes dos outros.

2. CADEIA DE NOMES
Peça a cada participante para, quando se apresentar, referir também o nome do
colega que se apresentou imediatamente antes. A primeira pessoa só diz o seu
nome, a segunda dirá dois (o próprio e o do colega anterior), a terceira três, etc.
À medida que a cadeia vai aumentando, haverá cada vez mais nomes para referir,
mas já terão sido repetidos várias vezes. Poderá convidar os participantes a fazer
acompanhar o seu nome de um movimento físico que também terá de ser repetido.
Esse movimento físico pode constituir uma mnemónica.

3. CARTÃO IDENTIFICATIVO PARA ENCONTRO


Dê a cada participante um cartão com o nome de outro formando e peça-lhe que
encontre o dono do cartão. A tarefa estará terminada quando todos tiverem o
cartão com o seu nome.

4. CARTÃO IDENTIFICATIVO PERSONALIZADO


Proporcione materiais a todos os participantes que lhes permitam criar um cartão
de identificação que contenha, entre outros possíveis, os seguintes elementos:

- Caligrafia interessante;
- Logo pessoal;
- Signo do Zodíaco;
- Objecto ou animal que simbolize uma qualidade pessoal;
- Livro, filme, revista preferidos.

De seguida, peça às pessoas que se encontrem e aprendam os nomes umas das


outras.

5. PASSAGEM DE TESTEMUNHO
Disponha as mesas em círculo e dê a um dos participantes um objecto que possa
ser facilmente atirado e agarrado (uma bola, por exemplo). Esse participante diz
o seu nome e atira o objecto a outro. Continue a actividade até se apresentarem
todos os participantes. Quando chegar ao último, peça-lhe que refira o nome de
um colega e que lhe atire o objecto. Quem recebe, diz o nome de quem o atirou
e refere o nome da pessoa a quem vai passar.

Adivinha de 9 pontos
Trata-se, provavelmente, da adivinha mais antiga e a mais utilizada na formação.

Formato da apresentação
O desenho pode ser afixado no quadro e acompanhado de instruções orais, ou distribuído
em fotocópias aos participantes com instruções escritas. Como se trata de uma adivinha
bastante conhecida, convém pedir aos que a conhecem para não revelar a solução.
Contudo, acontece frequentemente que, mesmo os que já a viram, tenham esquecido
a solução.

Instruções
Colocar a mina do vosso lápis sobre um dos pontos e traçar quatro linhas direitas passando
sobre cada um dos outros pontos, sem levantar o lápis da folha nem passar de novo
sobre linhas já traçadas.

96
Ao fim de alguns minutos perguntar se alguém descobriu a solução. Neste caso, pedir a
essa pessoa para dar a resposta ao grupo (enquanto o grupo trabalhava, o formador
reproduziu a adivinha no quadro a grande escala). Se ninguém descobriu a resposta, o
formador apresenta-a.

Exploração
Perguntar "O que nos ensina esta solução?". As respostas serão, por exemplo, que nos
ensina a ultrapassar as fronteiras no momento em que se resolve um problema; a
desembaraçar-se da visão em túnel; e a ousar adoptar novas abordagens e correr riscos.

Segunda fase
"Podem fazer a mesma coisa com três traços?" Isto exige uma solução ainda mais
inovadora, e poucos ou nenhuns formandos lá chegarão.

Traçar as linhas verticalmente inclinando-as um pouco: nalguma parte no infinito


elas juntam-se e legitimam teoricamente o resultado de três linhas mostrado na
figura.

Terceira fase
"Quem pode ligar os nove pontos com um só traço?" Encorajar assim o grupo a fazer uso
da criatividade que, espera-se, tenha sido estimulada nas experiências anteriores. O
grupo pode, então, imaginar as seguintes soluções (se necessário, o formador oferece
uma ou duas possibilidades para estimular a reflexão).

1. Utilizar um rolo de pintura ou um pincel largo, e aplicá-lo sobre a folha para


traçar uma só linha.
2. Unir os pontos com uma linha curva, como na figura seguinte. (Ninguém disse
que a linha tinha que ser direita!).

97
3. Traçar os nove pontos muito perto uns dos outros, como na figura seguinte,
de modo a poder cobri-los com um só traço feito com uma caneta de filtro muito
grossa. (Ninguém disse que os pontos eram inamovíveis).

4. Alinhar os nove pontos uns debaixo dos outros e uni-los com um traço.

1. Dobrar duas vezes a folha de papel no sítio dos pontos e depois traçar
uma linha sobre as carreiras de pontos reunidos numa só.

2. Escrever "um só traço" sobre cada um dos nove pontos, de modo que
as palavras se juntem, como na figura seguinte. (A questão era "Pode ligar
os nove pontos com um só traço?").

um só traço um só traço um só traço

um só traço um só traço um só traço

um só traço um só traço um só traço

Aplicações práticas da adivinha

Pôr em evidência a necessidade de adoptar uma abordagem ampla e flexível


para a resolução dos problemas. Não deve restringir-se a limitações, regras
imaginadas, interdições, etc..
Libertar a criatividade apelando para a imaginação.
Superar as tendências para se deixar limitar na planificação de carreira: "Nunca
serei bem sucedido na prova de matemática" / "Nunca conseguirei fazer a prova
de matemática", "Nunca conseguirei/alcançarei o concurso de entrada nesta
escola", "Eles nunca se casarão (um negro ou uma pessoa com mais de 50 anos)".
Ultrapassar os preconceitos e os estereótipos: assim como eliminamos a priori
as possíveis soluções de um problema partindo de falsas hipóteses (por exemplo,
que não se deve ultrapassar os limites), do mesmo modo, o julgamento que temos
sobre as pessoas pode estar tingido de preconceitos e de ideias falsas. Por outras
palavras, não limitar as nossas possibilidades de compreender o que eles são
verdadeiramente e o que eles podem fazer.
Demonstrar, no quadro de uma formação para a afirmação de si próprio, que
existem, frequentemente, outras soluções para além da habitual abordagem tímida
e improdutiva que consiste no abandono.
Encorajar a correr riscos: "Porquê limitar-se a soluções provadas e seguras?"
"Porquê não sair de caminhos explorados?".

98
Corrida de carros
Objectivos
Demonstrar rapidez num trabalho de equipa.
Desenvolver agilidade mental e capacidade de raciocínio.
Desenvolver a imaginação e a criatividade.

Tamanho do grupo
Diversos subgrupos de cinco a sete membros cada um.

Tempo exigido
Aproximadamente vinte minutos.

Processo

1. A tarefa de cada subgrupo consiste em resolver, na maior brevidade possível,


o problema da Corrida de Carros, conforme explicação na folha, que será entregue
a cada pessoa do grupo;
2. A seguir, lê-se, em voz alta, o conteúdo da folha, e formam-se os diversos
subgrupos para o início do exercício;
3. Todos os subgrupos procurarão resolver o problema da Corrida de Carros, com
a ajuda de toda a equipa (isto é, todos os indivíduos do grupo);
4. Obedecendo às informações constantes da cópia da Corrida de Carros, a solução
final deverá apresentar a ordem em que os mesmos carros estão dispostos com
a respectiva cor, conforme chave anexa;
5. Será vencedor da tarefa o subgrupo que apresentar primeiro a solução do
problema;
6. Terminado o exercício, cada subgrupo fará uma avaliação acerca da participação
dos membros da equipa, na tarefa grupal;
7. O animador poderá formar o plenário com a participação de todos os membros
dos subgrupos, para comentários e depoimentos.

Corrida de carros

Oito carros, de marcas e cores diferentes, estão alinhados, lado a lado, para uma corrida.
Estabeleça a ordem em que os carros (e respectiva cor) estão dispostos, baseando-se
nas seguintes informações:

1. O Ferrari está entre os carros vermelhos e cinza.


2. O carro cinza está à esquerda do Lotus.
3. O McLaren é o segundo carro à esquerda do Ferrari e o primeiro à direita do
carro azul.
4. O Tyrrell não tem carro à sua direita e está logo depois do carro preto.
5. O carro preto está entre o Tyrrell e o carro amarelo.
6. O Shadow não tem carro nenhum à esquerda: está à esquerda do carro verde.
7. À direita do carro verde está o March.
8. O Lotus é o segundo carro à direita do carro creme e o segundo à esquerda
do carro marrom.
9. O Lola é o segundo carro à esquerda do Iso.

Solução
1. O Shadow, cor azul.
2. O MacLaren, cor verde.
3. O March, cor vermelha.
4. O Ferrari, cor creme.
5. O Lola, cor cinza.
6. O Lotus, cor amarela.
7. O Iso, cor preta.
8. O Tyrrell, cor marrom.

99
O dólar desaparecido
Apresentação
Apresentar os seguintes dados oralmente ou por escrito.

Três agricultores itinerantes param para passar a noite num motel de uma pequena
cidade, e alugam apenas um quarto para os três. O recepcionista, um substituto, pede-
lhes 30 dólares, que eles pagam sem questionar. Mais tarde, o recepcionista titular
descobre que os três agricultores pagaram demasiado. Ele chama o seu filho mais novo
e diz-lhe: "O substituto enganou-se na tarifa para o quarto 42. Ele fez-lhes pagar cinco
dólares a mais. Tens aqui cinco notas de um dólar. Reparte-os pelos três viajantes."
É, naturalmente, um problema difícil de aritmética para o jovem. Mas, como é um rapaz
prudente, contenta-se em dar a cada um deles um dólar e guarda as outras duas notas.
Ao regressar ao escritório do motel, reflecte na nova tarifa de que os três viajantes
beneficiaram: nove dólares por pessoa (30 dólares divididos por 3 = 10 dólares, menos
um dólar = 9 dólares). Mas diz consigo: "Três vezes nove é igual a vinte-e-sete dólares,
e eu tenho dois dólares, o que só faz vinte-e-nove dólares. Onde está o outro dólar?"

Exploração
Perguntar: "O que se passa aqui?"
Resposta: o adolescente tenta resolver demasiados problemas de uma vez. Ele encara
o problema simultaneamente (e inutilmente) sob dois ângulos diferentes: quanto é que
os viajantes pagaram pelo quarto de motel, e o dinheiro que circula fora do quarto.
O que o jovem deveria fazer é pôr a trabalhar logicamente o hemisfério esquerdo do seu
cérebro e constatar simplesmente três factos bem definidos: 1) os três viajantes pagaram
27 dólares; 2) o motel meteu em caixa 25 dólares (30 dólares menos os cinco restituídos);
3) o jovem tem agora dois dólares no seu bolso.
Nestes termos, não se põe nenhum problema para o rapaz.
Mas, se ele persistir em concentrar-se sobre duas questões sem relação e as associar,
uma de entre elas não tendo qualquer interesse, ele nunca compreenderá nada.

Moral
Tentar definir um problema nos termos mais simples, mais coerentes e mais claros; não
fazer trabalhar o hemisfério direito (pensamento criativo) sobre um problema que interessa
ao hemisfério esquerdo (lógica).
Os contabilistas, que necessariamente fazem trabalhar muito o seu hemisfério esquerdo,
veriam imediatamente que não desapareceu nenhum dólar. Eles considerariam simplesmente
as despesas (27 dólares correspondentes a 25 na caixa do hotel e 2 no bolso do jovem
homem)
A despesa inicial dos viajantes - 30 dólares - apresenta-se agora assim: o hotel recebeu
25 dólares, os clientes recuperaram 3 dólares e o adolescente atribui-se generosamente
uma gorgeta de 2 dólares.
Então porquê esta confusão? O nosso guarda-livros faria notar que o engano nasceu do
facto do rapaz ter somado um haver (2 dólares) a uma despesa (27 dólares) em vez de
somar a outro haver (25 dólares)!

Um autor, ROBERT H.LONG, director dos estudos avançados do Bank Administration


Institute (Park Ridge, Illinois), analisou esta história em função dos princípios da resolução
dos problemas e da actividade dos hemisférios direito e esquerdo.
Ele afirma que uma má aptidão em resolver os problemas resulta muitas vezes da
utilização exclusiva de um hemisfério. Pelo contrário, uma reflexão coordenada que faça
apelo aos dois hemisférios do cérebro permite encontrar facilmente as soluções.
Ele espera que esta adivinha ilustre como a formulação do problema, a sua linguagem
e a sua lógica podem aumentar a dificuldade mais do que criar uma solução. Long analisa
assim a adivinha: a associação de pontos de vista diferentes sobre a situação criou uma
ilusão verbal - e um problema insolúvel - já que estes dois pontos de vista ficam associados
numa mesma formulação do problema."

Enfim, eis aqui um último incidente pessoal que ilustra o poder do pensamento criativo
do hemisfério direito num simples problema de escritório. Long pediu à dactilógrafa para
pôr bolinhas num manuscrito, estes círculos que precedem os elementos de uma
enumeração, como:

comunicação,
motivação e
inovação.

100
A dactilógrafa respondeu que era difícil conseguir isso com o seu tratamento de texto e
perguntou a Long se os travessões fariam a mesma função. Este concordou. Alguns dias
mais tarde, chegou ao escritório um manuscrito de um autor exterior, com belas "bolinhas",
que reaparecem em vários lugares. Então, Long observou que uma série de pontos pretos
não foram "cheios" e eram simplesmente "o".

Comunicação
Motivação
Inovação

O autor tinha encontrado uma solução criativa para o problema das bolinhas, escrevendo
à máquina simples "o" depois preenchendo-os de uma caneta de filtro preta com ponta
espessa!

Em seguida, Long perguntou a várias dactilógrafas profissionais se elas podiam fazer, se


necessário, "bolinhas" nos seus documentos. Nenhuma o podia. (Elas podiam muito bem
utilizar pontos ordinários para fazer pequenos pontos pretos.). Long mostrou a cada uma
delas o manuscrito com os "o" cheios e os "o" vazios. Elas ficaram de boca aberta.

Questão: Faz-se suficiente esforço para ensinar as pessoas a utilizar o hemisfério direito
do seu cérebro?

Adivinha da janela
Apresentação
As instruções são dadas oralmente, pois o grupo deve visualizar uma janela de garagem,
de atelier, de armazém, etc.

No armazém que o senhor X construiu, a única janela existente dá iluminação insuficiente.


O sr. X decidiu multiplicar por dois a quantidade de luz do dia que entra no armazém,
sem modificar a altura e a largura da janela. Mediu então a janela, verticalmente e
horizontalmente, como um bom marceneiro. A janela mede 30 cm. Em seguida, faz
quatro cortes em volta da janela. Conseguiu: daqui em diante entra duas vezes mais luz
no armazém. Mede a janela aumentada: ela continua a medir 30 cm. de altura sobre 30
cm. de largura. Como pode ser?

Solução
A janela tomou a forma apresentada na figura 1.

Exploração
Perguntar: "O que nos diz esta adivinha sobre a comunicação e a percepção?"
Depois de propor esta resposta: "Vocês tinham no pensamento a imagem tradicional da
janela quadrada; a imagem que eu tinha era a mesma janela quadrada mas "inclinada"
assentando sobre um canto.
Imaginamos janelas diferentes porque as nossas experiências, os nossos ambientes, são
diferentes. Portanto, a nossa percepção do mundo é diferente.

Assim, se tentamos comunicar sem "corresponder" nem mudar as nossas percepções,


teremos problemas.
Não esquecer que o sentido é dado pelo indivíduo e que os indivíduos são diferentes;
portanto, devemos informar-nos do sentido que damos às coisas para estarmos certos
de compreender o sentido com que os outros o percebem.

101

Você também pode gostar