Chqao - Unipré - História Do Brasil
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HIS 0 1 A E X P A N S A O U L T R A M A R I N A EUROPEIA
grande extensão do império muçulmano e as riva-
lidades políticas internas criaram condições para a
A form ação de Portugal fundação do califado independente de Córdova.
Embora houvesse enorme arabização, a população
europeia manteve-se predominantemente cristã. E
Muitos povos invadiram e ocuparam a penín
foi exatamente o antagonismo religioso um dos
sula Ibérica, devido à sua localização e configura
principais motivos da luta para a expulsão dos
ção geográficas. Os iberos a ocuparam a partir do
mouros (árabes que viviam na península).
terceiro milênio a.C. Por volta do século VI a .C.,
houve a invasão dos celtas, originando a cultura O processo de expulsão dos árabes, chamado
celtibera. Reconquista, durou cerca de sete séculos. Foi um
verdadeiro movimento cruzadista no ocidente.
Comerciantes fenícios e gregos, também a par
Muitos cristãos ibéricos não aceitaram pacifica
tir dessa época, fundaram feitorias no litoral da
mente a dominação islâmica. Já no século VIII as
península, para a troca de produtos (escambo).
lutas aconteciam. Refugiados nas montanhas do
Interessavam a eles principalmente os minérios,
norte peninsular, grupos cristãos organizaram o
abundantes na península. Durante as guerras entre
reino das Astúrias e, no século IX, junto com
Cartago e Roma (séculos 111 e II a.C.), a península
outros reinos cristãos então formados, como Ara-
foi invadida e dominada pelos romanos. A região
gão, Castela, Navarra e Leão, aceleraram a luta
que hoje corresponde a Portugal foi ocupada após
contra os “infiéis”.
duras lutas contra os lusitanos, um povo celtibero.
EUROPA
AcJaplado de COTRIN. Gilberto. História Global ■BrasHe Geral. Sáo Paulo; Saraiva. 1997 ,
W
Incorporada ao domínio romano como Provín CU
cia Hispânica, na península ocorreu um rápido e Nesse século, conseguiram significativas vitó- §
profundo processo de romanização (administra rias contra os mouros, contando com o auxílio de 3
ção, comércio, língua, costumes, legislação, apa- muitos nobres franceses, engajados na guerra
relhamento urbano etc.). A civilização romana santa, mas também desejosos de receber terras em ^
deixou traços tão profundos que esta região é, troca dessa ajuda. Eram, geralmente, os secundo-
ainda hoje, culturalmente latina. gênitos de muitas famílias feudais, principalmente gi
da Borgonha, localizada no leste da França.
O enfraquecimento do Império Romano, a par £f
tir do século III, facilitou a penetração inicialmen Um deles, D. Henrique de Borgonha, recebeu ^
te pacífica e posteriormente violenta dos bárbaros. terras que correspondiam ao Condado Portucalen-
se, região compreendida entre os rios Minho e ><
A península Ibérica foi invadida, a partir do Douro. Em 1114, morreu D. Henrique de Borgo- s;
século V, pelos vândalos, suevos, alanos e, final nha. Seu herdeiro, D. Afonso Henriques, continu- cu
mente, visigodos, tradicionalmente chamados de ou a luta contra os mouros, mas também contra o w
“bárbaros”, que submeteram os demais e funda rei de Castela e Leão, de quem era vassalo, pela <
ram o Reino Visigótico. Paralelamente, consoli autonomia do Condado Portucalense. ,-i
dava-se a cristianização desses povos, por meio o
do trabalho catequético dos missionários. Mas, em Em 1139, D. Afonso Henriques se proclamou w
H
alguns casos, de forma herética. rei de Portugal. Alguns anos depois a Igreja e os ü;
castelhanos reconheceram o nascimento do novo
Finalmente ocorreu a grande invasão muçul reino ibérico. A independência estava consolida
mana, realizada através do estreito de Gibraltar. da, apesar de eventualmente os castelhanos tenta 3
Em 711, o general Tárik derrotou os visigodos e 4->
rem unificar toda a península sob seu domínio a
avançou pelo interior da península. A quase tota político. nj
lidade dela ficou sob dominação islâmica. Mas a o
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 7
I
Unlpré*
G en ealog ia da D in astia Borgonha
OCEANO
Afonso III - B eatriz G u llé n
A T L À W tC O
PEN ÍN SU LA
IB É R IC A
MundoMuçulmano A R Á B IA
OCEANO
I | Península Ar&bfca 779km
I | EipAnsãoIr-Unvj tNOlÓO
Adaptado de COTRIN, Gilberto. Historia Global - Brasil e Geral. São Paulo-, Saraiva. 1 9 9 7 .
A centralização monárquica ocorrida em Por Sobre a dinastia de Avis é que vai ser elabora
tugal possibilitou o desenvolvimento econômico, da a expansão marítima portuguesa. Sob o con
politico e cultural do reino. Nessa época foi fun trole do Infante D. Henrique de Avis - “ O NAVE
dada a Universidade de Coimbra, colaborando GADOR”, grandes sábios, cartógrafos e navegado
para a identidade nacional. A população continu res se reuniram na Escola de Sagres, não uma
ou crescendo e consolidando a posse do território. escola, mas sim um centro de pesquisa.
O comércio foi intensificado através dos contatos
com os comerciantes do norte da Europa e da
Itália. G e n e a lo g ia d a D in a s tia de A v is
A dinastia borgonhesa governou até a década Jo ã o I - F ilip a d e L e n c a s t r e
de 1380, quando então foi substituída pela Dinas 1360-1415
tia de Avis, vinculada à expansão maritimo- F e rn a n d o I
comercial. Rei de aragào
1261-1325
D u a rte « L e o n o r d e A ra g ã o H e n riq u e
Rei 1433-1438 o N avegador
I Duque di»Viseu
A fonso V - Is a b e l F e rn a n d o I - B e a triz
Rol 1432-81 I Duque- di> V l» *u I
143 3.7 0 I ___________
J o ã o II
Rol 1455-95 Leonor M anuel I
Rei 1495-1521
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unipré»
A EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA A centralização do Estado português ainda no
século XIV, a obtenção de informações técnicas,
os interesses da burguesia mercantil, da igreja, e
Chamamos de expansão marítima ao processo da nobreza, principalmente a partir do Infante D.
de saída do homem europeu em busca de riquezas Henrique, em busca de novas possessões territori
em outros continentes via Oceano Atlântico} co ais, possibilitaram a Portugal, entre 1415 e 1500,
nhecido à época como Mar Tenebroso. Cabe aqui diversas viagens e descobertas náuticas. Estas
ressaltar que este foi um processo lento, fruto da ações eram assim motivadas, ao mesmo tempo,
união de diversos fatores e interesses. Portugal foi pelo espírito de cruzada e cavalaria e por conside
o primeiro país da Europa a se atirar na aventura rações políticas e econômicas.
atlântica concorrendo para isso diversos fatores.
Vamos agora estudá-los. Novas tecnologias
Ocupou sempre lugar de destaque na econo A Escola de Sagres também foi responsável
mia lusa a atividade pesqueira, sendo esta a ori por aperfeiçoar várias tecnologias na área da na
gem da experiência portuguesa em navegação, vegação, o sextante (peça árabe utilizada na loca
mas o projeto expansionista português data do lização de meridianos através de estrelas), a bús
início do século XV. O comércio foi o grande sola (invenção chinesa utilizada pelos árabes para
motor da expansão marítima portuguesa, pois as localizar o norte verdadeiro através de unia agulha
famosas especiarias (pimenta, canela, gengibre, magnética).
noz moscada, etc.), para serem distribuídas para o Uma das invenções mais importante foi a ca
Norte da Europa, passavam pelos portos portu ravela com vela triangular que permitia a navega
gueses estimulando o comércio. No entanto, as ção em mar oceânico. A caravela navegava contra
especiarias atingiam preços absurdos quando o vento e tomava as viagens bem mais rápidas que
chegavam a Portugal devido à distância dos cen as antigas embarcações utilizadas no Mediterrâ
tros produtores e ao monopólio exercido pelas neo.
cidades italianas de Gênova e Veneza na compra
dos produtos em Constantinopla. A situação pio A primeira conquista portuguesa foi a cidade
rou de- pois de 1453, devido à tomada de Cons de Ceuta (1415), grande entreposto comercial no
tantinopla pelos turcos, dificultando o comércio norte da África, Em 1420, foram atingidas as Ilhas
de especiarias pelo Mar Mediterrâneo. de Madeira e Açores. Seguindo a política de con
tornar a costa africana para poder chegar às índias
A solução encontrada foi buscar um novo ca (Périplo Africano), o Navegador Gil Eanes, em
minho para se chegar à origem das especiarias: o 1434, dobra o cabo Bojador. Em 1488, Bartolo-
Oriente. O problema era como chegar. meu Dias conseguiu dobrar o cabo das Tormentas
(que passou a ser chamado de cabo da Boa Espe
EUROPEIA
rança). Coroando o projeto português, em 1498,
ifl A Escola da Sagres Vasco da Gama descobre o caminho marítimo
para as Índias, chegando a Calicute.
O Infante D. Henrique, filho do Rei D. João I,
estabeleceu no seu castelo na Ponta de Sagres em Enquanto a costa ocidental da África era ex
Portugal, um centro náutico conhecido como plorada, a navegação no Atlântico era um segredo
Escola de Sagres, que coletava informações de de estado, só quebrado por Colombo que preten ULTRAMARINA
mapas e instrumentos de navegações. Em Sagres, dia alcançar o Oriente pelo Ocidente navegando
com apoio e a proteção do Infante, reuniam-se para a coroa espanhola. Sua teoria teria dado certo
cartógrafos, matemáticos e peritos náuticos. A se não houvesse em seu caminho um continente
fundação deste centro de estudos está inserida desconhecido pelos europeus: a América. Sua
no contexto das transformações sociais pelas descoberta acirrou as relações entre Portugal e
quais a Europa passava naquele momento, com Espanha como verá a seguir.
01 A EXPANSÃO
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 9
Políticas: A tomada de Constantinopla pelos
turcos; Atuação da burguesia, que passou a finan
ciar parte das viagens marítimas; Formação dos
Estados nacionais absolutos capazes de financiar
o empreendimento.
Religiosas: Levar a fé católica a outros povos;
Busca do paraíso Terrestre.
Tecnológicas: Os grandes progressos náuticos,
muitas vezes copiados dos árabes, como: Bússola,
Astrolábio, Caravela, Portulanos; Mudança da
mentalidade europeia com o movimento humanis
ta que buscava explicações racionais para com
preensão do mundo.
O S T R A T A D O S F E IT O S C O M A
IE S P A N H A __________________ _____
guas do arquipélago de Cabo Verde, ficando as no litoral da Bahia. Após encontrar abrigo para a
terras a teste do mesmo meridiano para Portugal. esquadra fundear, explorar parte do litoral baiano,
O novo tratado garantia a Portugal não apenas as descer na terra firme, celebrar duas missas, alguns
rotas do Atlântico, como também uma parte da dias depois (2 de maio), a esquadra prosseguiu em
América, onde mais tarde Cabral fundaria o Bra direção às índias. Alguns degredados foram dei
sil. Observe o mapa: xados na nova terra e um navio comandado por
Gaspar de Lemos foi enviado a Portugal levando a
HIS
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10 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre*
No dia 26, é rezada a primeira missa, na B litora! extenso e recortado, apresentando bons
localidade chamada Coroa Vermelha por frei portos naturais;
Henrique de Coimbra, franciscano; o escri E Estado nacional centralizado, associado aos
vão Pero Vaz de Caminha escreve notícia do interesses mercantis;
descobrimento para que o navegador Gaspar
■ existência de uma burguesia dinâmica, ambi
de Lemos a leve a Portugal e noticie ao Rei e
ciosa de novas riquezas e mercados;
a Europa das novas possessões portuguesas.
0 Brasil teve vários nomes além de Pindara- B paz interna, contrastando com França e Ingla
ma como os índios a chamavam, foi batizada terra, envolvidas na Guerra dos Cem Anos
pelos portugueses como: Ilha de Vera Cruz, (1327-1453) e Espanha (ainda em luta contra
Terra de Santa Cruz e Brasil. os mouros);
O local chamado por Cabrai como um B apoio governamental à navegação, por meio
porto seguro é hoje identificado como Baía da Escola de Sagres.
Cabrália, ao sul da Bahia. Não se conhecem
B Existência de escolas de navegação;
as cartas de Cabral e as dos demais coman
dantes. As únicas que nos restam são a de B O rei e a burguesia mercantil de Portugal
Pedro Vaz de Caminha e as do Astrônomo uniram-se com o objetivo de expandir o co
Mestre João.
mércio marítimo;
b Tradição naval.
A INTENCIONALIDADE DO DESCOBRIMENTO:
OCEANO
ATLÂNTICO
■ Muifos historiadores admitem que
houvesse intencionalídade no desco
brimento, isto é, julgam que os portu
gueses já sabiam ou suspeitavam da
existência de terras ao Oeste do
Atlântico Sul. Entre os argumentos
podemos citar os seguintes:
■ A carta de Pero Vaz de Caminha não
demonstra surpresa com a nova des
coberta.
h D João 11 não aceitou a primeira de
marcação estabelecida pelo papa
Alexandre VI, através da Bula Inter As conseqüências da expansão marítima
Coetera.
■ A política de segredo dos governantes As grandes navegações representam um dos
portugueses. mais significativos acontecimentos da Idade Mo
derna. Entre as principais transformações trazidas
m Mestre João, físico e cirurgião do rei
por este processo podemos citar:
de Portugal, alemão de nascimento,
era dos mais categorizados astrôno B a mudança do eixo econômico euro
mos da época. Muito entendido na ar peu do Mar Mediterrâneo para os
te de determinar a longitude de leste e Oceanos Atlântico e Indico;
oeste, não haveria ele, sendo um dos
B decadência econômica das cidades
componentes da esquadra cabralina,
italianas; duas novas potências as
de corrigir com presteza a rota do
cenderam, Portugal e Espartha;
Cabo da Boa Esperança a Calicute?
bs europeização do mundo.
As outras conseqüências da expansão maríti
Causas do pioneirismo português nas nave
ma foram: a comprovação da esfericidade da
gações
terra; a ampliação do mundo conhecido com a
descoberta de novos continentes; alta dos preços
na Europa devido à entrada de metal precioso na
h posição geográfica estratégica, próximo à Europa; o fortalecimento da burguesia; o restabe
África e debruçado sobre o Atlântico; lecimento do escravismo; a formação de impérios
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i p r á
1139
do canhão).
1500
Capitulo:
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12 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Umipré»
5. A expansão marítima e comercial empreendida ■
EXERCÍ CI OS
pelos portugueses nos séculos XV e XVI está
ligada:
a) aos interesses mercantis voltados para as “espe
ciarias” do Oriente;
]. Durante o século XV, o comércio europeu com b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o
o Oriente foi ameaçado peto avanço dos turcos “Mar Oceano” (Mediterrâneo) em busca de ilhas
otomanos no Mediterrâneo. Neste sentido, pode fabulosas e grandes tesouros;
mos afirmar que a expedição de Cabral represen c) à existência de planos meticulosos traçados
tou: pelos sábios da Escola de Sagres, que previam
a) O coroamento dos esforços dos monarcas por poder alcançar o oriente pelo ocidente;
tugueses para reprimir militarmente os avanços
d) a diversas casualidades, aliadas aos conheci
dos turcos. mentos geográficos muçulmanos.
b) O empenho da Igreja em cristianizar o maior
número possível de infiéis.
6. Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado em 7
c) A busca de metais preciosos no litoral america
de junho de 1494, pode-se afirmar que objetivava:
no, necessários à continuidade do comércio com
as especiarias. a) demarcar os direitos de exploração dos países
ibéricos, tendo como elemento propulsor o desen
d) A possibilidade de controle exclusivo da rota
volvimento da expansão comercial marítima.
marítima pelo Cabo da Boa Esperança, porta para
o oriente. b) estimular a consolidação do reino português,
por meio da exploração das especiarias africana e
e) A tentativa de obtenção de novas terras para os
da formação do exército nacional.
nobres portugueses, empobrecidos desde a crise
feudal do século XIV. c) impor a reserva de mercado metropolitano, por
meio da criação de um sistema de monopólios que
atingia todas as riquezas coloniais.
2. Qual a primeira ordem religiosa que chegou ao
d) reconhecer a transferência do eixo do comércio
Brasil?
mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois
a) Jesuítas. das expedições de Vasco da Gama às índias.
b) Beneditinos. e) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a
exploração colonial após a destruição da invencí
EUROPEIA
c) Franciscanos. vel Armada de Filipe II, da Espanha.
d) Vincentinos.
e) Calvinistas. 7. A Escola de Sagres era:
a) Uma escola propriamente dita. ULTRAMARINA
3. O Brasil foi descoberto em 1500, portanto no b) Um centro náutico com reunião de cartógrafos,
século: cosmógrafos, marinheiros.
a) XVI b) XIV c) XV c) Uma instituição de caráter religioso.
d) XI11 e) XIX d) Uma organização derivada da cavalaria.
01 A EXPANSÃO
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 13
c) Possibilita a União Ibérica, colocando assim 1 c) Quem realizou a primeira viagem de circuna-
um ponto final nas hostilidades existentes entre [ vegação foi Martin Afonso de Souza.
Portugal e Espanha. \
d) O afluxo de metais americanos para a Europa
d) Favorece a descentralização política dos Esta- | provocou uma tremenda baixa de preços.
dos absolutistas influenciados pelos ideais iiumi- j
e) A tomada de Ceuta em 1415, pelos espanhóis, é
nistas. ;
o início do ciclo ocidental dos descobrimentos.
e) Desloca o eixo econômico do Mediterrâneo I
para o Atlântico, articulando Europa e América.
12. A expansão comercial e marítima europeia
iniciada a partir do século XV foi favorecida por
9. Acerca da expansão marítima comercial im- ! vários fatores. Assinale a alternativa correta:
plementada por Portugal, podemos afirmar que: )
a) A ascensão da burguesia e a centralização
a) a conquista de Ceuta marcou o início da expan
do poder nas mãos dos reis.
são, ao possibilitar a acumulação de riquezas para !
a manutenção do empreendimento; I b) A existência de grande quantidade de metais
preciosos na Europa, favorecendo a compra de
b) a conquista da Baía de Argüim permitiu à Por- !
especiarias ocidentais e a cunhagem de moedas.
tugal montar uma feitoria e manter o controle I
sobre importantíssima rota comercial intra- ! c) A necessidade de descobrir novos mercados de
africana. ! produtos manufaturados para abastecer o comér
cio europeu.
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda \
possibilitou a montagem de grande rede de abas- , d) A aplicação da teoria do liberalismo econômico
tecimento de escravos para o mercado europeu. . pelos soberanos com o objetivo de fortalecer o
Estado moderno.
d) o domínio português de Tiro e Sidon e o con- !
sequente monopólio de especiarias do Oriente , e) A mudança da rota marítima do Oceano Atlân
próximo tomaram desinteressante à conquista da , tico para o mar Mediterrâneo.
índia. i
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na i
13. Assinale a opção que caracteriza a economia
Ilha da Madeira, após 1510, aumentou o preço dos !
colonial estruturada como desdobramento da
escravos, tanto nos portos africanos, quanto nas !
expansão marítima europeia da época moderna.
praças brasileiras. ■
a) a descoberta de ouro no final do século XVII
aumentou a renda colonial, favorecendo o rompi
EUROPEIA
10. A expansão marítima europeia dos séculos i mento dos monopólios que regulavam a relação
XV e XVI permitiu: ■ com a metrópole.
a) a formação de domínios coloniais que dinami- < b) o caráter exportador da economia colonial foi
zaram o comércio europeu. < lentamente alterado pelo crescimento dos setores
de subsistência, que disputavam as terras e os
b) o crescimento do comércio de especiarias pelas ■
ULTRAMARINA
e) a colonização do tipo mercantilista, sem a inter- i anterior dos portugueses nas suas colônias orien
ferência do Estado e da Igreja. 1 tais.
e) a produção de abastecimento e o comércio
interno foram os principais mecanismos de acu
11. Assinale a alternativa correta: mulação da economia colonial.
a) Sob a proteção dos reis espanhóis, Cristóvão j
Capitulo: HIS
w w w .u n ip re .c o m .b r
14 Curso de HabiliSação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
tJnipr#»
■ c) D. Manoel
d) D. Matheus
e) D. José
__________ G A B A R I T O
15, Podemos citar como inovações tecnológicas,
que facilitaram as grandes navegações:
1. D 2. C 3. C 4. B
a) Caravela, bússola, Dakkar.
b) Búscola, Dakkar, binóculo. 5. A 6. A 7. B 8
c) Barca, bússola, sextante.
d) Caravela, bússola, sextante. 9. A 10. A 11. A 12. A
EUROPEIA
terras descobertas, para fazerem frente à ameaça
colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França.
e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com
os costumes e as religiões dos povos que habitas
sem as terras descobertas. ULTRAMARINA
a) Paris e Flandres.
b) Londres e Hamburgo.
c) Gênova e Veneza.
d) Constantinopla e Berlim.
e) Lisboa e Madri.
HIS
Capitulo:
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U nlpré
HIS 0 2 O SISTEMA COLONIAL
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16 Curso cfe Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pré»
Cristovão Jacques uma medida de caráter Tupínambás e os Tupiniquins, que viviam em
meramente paliativo. Por volta de 1528, à constante luta entre si e praticavam a
presença francesa era muito forte iiavia sério risco antropofagia ritual.
dos franceses ocuparem definitivamente nosso
Os outros grupos indígenas brasileiros além do
litoral.
tupi eram: Jê, Aruaque e Caraíba. Estes por sua
Claro que na presença francesa havia vez se subdividiam em diversas outras famílias de
interesses privados muito fortes em relação ao línguas.
Brasil, principalmente dos comerciantes ligados
ao mercado de tinturaria e aos mercadores dos O grupo tupi ocupava a área referente ao lito
portos de Dieppe, Honfleur e Rouen. ral brasileiro, desde o Ceará até São Paulo. Desta
região até ao Rio Grande do Sul, os Guaranis
Somado o interesse comercial tinha a política dominavam. O grupo Jê ocupava a região do Ser
governamental francesa de rejeição ao Tratado de tão se estendendo desde o Maranhão e Piauí até o
Tordesilhas. O rei Francisco I, até 1528, apoiava a Mato Grosso. Os Aruaques e Caraíbas ocupavam
ação dos comerciantes franceses no Brasil, a região Norte que inclui o Amapá, Pará e parte
principalmente após a ação repressiva da segunda do Amazonas.
expedição de Cristóvão Jacques. Em 1529,
concedeu “carta de corso” a um comerciante Os índios brasileiros praticavam a caça, a pes
francês a fim de minimizar os prejuízos que tivera ca, a coleta de alimentos das matas e a agricultura,
com o apresamento de seus navios por Cristóvão sendo os principais produtos a mandioca, milho,
Jacques. Para Portugal fazia-se necessário iniciar amendoim e feijão, seu método agrícola baseava-
um projeto de colonização e de defesa da costa, se na coivara, cujo princípio básico era a queima
este projeto era uma forma de manutenção das da realizada após as colheitas. Este método levava
terras do novo mundo sobre domínio Português. ao cansaço do solo e obrigava as aldeias a se des
locarem em busca de melhores regiões que os
alimentasse. Por isso, afirmamos que a maioria
dos índios brasileiros era seminômades. Neste
percurso, eram comuns os choques e guerras com
Os habitantes do Brasil antes de Cabral outras tribos na disputa pelo território.
de animais marinhos, deixando os restos dos ali devido à concorrência de outras nações que
mentos (cascas de moluscos e esqueletos de pei chegavam às índias para comercializar. Logo, a
xes) na própria área de habitação. Alguns samba coroa portuguesa associada à burguesia mercantil,
quis datam de 10 mit anos atrás. iniciou pioneiramente entre os Estados modernos,
uma nova forma de exploração econômica das
02 O SISTEMA
São comuns também as pinturas rupestres, en terras americanas, que não se assemelhava ao
contradas nas paredes rochosas das cavemas, em simples escambo nem se baseava na extração
lajes de pedras e em fragmentos de rochas. Trata- predatória de metais preciosos.
se de desenhos de figuras humanas e de animais,
cenas de caça e pesca. No Brasil, já foram catalo A primeira expedição colonizadora foi
gados mais de 220 abrigos usados por esses gru comandada por Martim Afonso de Souza, que
pos pré-históricos, com cerca de 9 mil figuras chegou em 1530 e trazia cerca de quatrocentas
HIS
pintadas. As mais famosas estão em cavemas de pessoas, entre elas trabalhadores, padres e
Minas Gerais e do Piauí. soldados. Martim Afonso de Souza veio de
Capitulo:
América.
colonos.
Portugal: em princípio Portugal adotou o co
Seus principais feitos foram:
Capítulo:
w w w .u n i p r e .c o m .b r
18 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
b) contatos com o náufrago Diogo Álvares, N Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia
o Caramuru, na baía de Todos os Santos;
d Porto Seguro: Pero Tourinho
c) exploração de todo o litoral sul, chegan
o Bahia de todos os Santos: Francisco Pe
do até o Rio da Prata;
reira Coutinho
d) envio de unia expedição ao sertão para
verificar a existência de riquezas. Os oi te São Vicente: Martim Afonso de Souza
tenta homens que a constituíam desapa h Pernambuco: Duarte Coelho
receram;
e) fundação de São Vicente, em 1532, a
primeira vila do Brasil, com a ajuda de Caplt«uilas tkrodttártat
João Ramaího. o
Os colonos foram distribuídos entre São Vi
cente e a vila de Piratininga, fundada no planalto.
Os primeiros administradores foram nomeados, e
instalados os primeiros órgãos judiciais e fiscais.
Terras foram distribuídas aos colonos e construída
uma fortaleza para sua proteção. Plantou-se cana-
de-açúcar na região litorânea vicentina, com bons
resultados e construiu-se, em 1533, o nrimeiro
engenho no Brasil, o “Engenho São Jorge dos 0 740 kni
Erasmos”. Após o regresso de Martim Afonso, ---------1 1
Brás Cubas fundou Santos, em 1545.
B R A S IL
■ Carta de Doação : Título de posse dado
pelo Rei, e a propriedade de 10 léguas de
terra ao longo da costa, dividida em qua
tro ou cinco lotes, isentos de qualquer
tributo, exceto o dízimo. Concedia, ain
da, o privilégio de fabricar e possuir en
genhos d ’água e moendas.
Em 1548, foi criado o sistema de Governo Ge Provedor-mor — encarregado dos impostos.
ral, mas as capitanias continuaram existindo. Capitão-mor — encarregado da defesa das
Porém, aos poucos, as donatarias iam sendo con
costas do Brasil.
fiscadas por abandono ou comprados os direitos
dos herdeiros. Assim, elas eram paulatinamente Alcaide-mor — responsável pela segurança.
transformadas em capitanias reais. Em 1759, o
Marquês de Pombal, ministro do rei, extinguiu as
últimas capitanias hereditárias. Fatos importantes ocorreram durante a sua
O governo português foi levado a criar o Go administração, como a fundação de Salvador, em
verno Geral porque a grande maioria das capitani 1549, para ser a capital do govemo; a chegada dos
as havia fracassado. Também porque havia a primeiros jesuítas, liderados por Manoel da Nó-
necessidade de melhor defender o território de brega; a introdução de gado no Nordeste; funda
ataques de navios estrangeiros e proteger os colo ção de vilas como Santo André, na região planal-
nos dos ataques indígenas. Finalmente, se em tina da capitania de São Vicente; criação do pri
Portugal havia um sistema administrativo centra meiro bispado, na Bahia,
lizado, na colônia não podia ser diferente.
Para instalar a sede do Governo Geral, a Coroa
desapropriou a capitania da Bahia, indenizando Segundo governo geral (1553/1558):
seu proprietário.
O instrumento legal que criou o novo sistema O segundo governador geral do Brasil foi Du
foi o Regimento de 1548, também chamado Re arte da Costa. O seu govemo é tido como fraco,
gimento de Tomé de Souza, nome do primeiro pois ocorreu a invasão francesa na Guanabara,
governador. Ele continha os direitos e deveres dos onde foi fundada a França Antártica, em 1555,
governadores, e pouca modificação sofreu ao (tentativa de estabelecer uma colônia francesa de
longo do período colonial. Cabia a ele coordenar a povoamento no Brasil, de caráter protestante).
defesa interna e externa do território, incentivar a Também é fundado em 25 de janeiro de 1554, o
economia, organizar a administração pública e a colégio São Paulo de Piratininga, por José de
iustica e cobrar os impostos e taxas devidos ao Anchieta, onde hoje é a cidade de São Paulo.
governo metropolitano.
Porém, no seu govemo, os índios se organi
zam na Confederação dos Tamoios. A tribo dos
Tamoios (quer dizer mais antigo do lugar), orga
Primeiro governo geral (1549/1553): nizados, impôs resistência ao domínio lusitano,
não só no Rio de Janeiro, mas em todo o litoral
sul, até São Vicente. Em 1575, Antônio de Sale
Em 1549, chegou ao Brasil o primeiro gover
ma, com uma força de 400 portugueses e de 700
nador geral, Tomé de Souza, trazendo consigo
índios aliados, provenientes do Espírito Santo,
funcionários, soldados, artesãos e padres jesuítas. derrota a confederação dos Tamoios, pondo fim à
O regimento Geral era a carta que dava auto primeira resistência organizada contra o domínio
ridade ao governador, suas obrigações e deveres. português.
As funções do Governo Gera! eram: Exercer a
justiça na colônia; Comandar a defesa da costa
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C u rso de Habilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais
U nlpré
í
Cunhambebe ação dos jesuítas Nóbrega e Anchieta, que se
ofereceram como intermediários nas negociações,
Foi o chefe da confederação dos gm pos tupi-
conseguiu a paz com os índios, isolou os franceses
nambás, chamada Confederação dos Tamoios,
que foram derrotados. Porém, em uma batalha,
contra os portugueses e seus aliados os tupini-
Estácio de Sá morreu atingido por uma flecha
quins. Consta que era um homem notável pela
tamoia.
capacidade de controlar todos os recôncavos e
angras através de canoas, atacando São Vicente e As dificuldades de comunicação e administra
Santos, por mar, bem como pela abordagem às ção levaram, em 1572, D. Sebastião, novo rei de
caravelas que passavam por aqueles portos ou Portugal, a dividir o Brasil em dois governos. O
neles fundeavam. Seu nome seria conhecido e governador do Norte, D. Luís de Brito, tinha sob
temido por todos os navegantes da costa, que lhe sua jurisdição as capitanias acima de Porto Segu
atribuíam os mais espetaculares feitos. Conside ro. A capital era Salvador. Ao Sul, com sede no
rado guerreiro excessivamente ousado, não res Rio de Janeiro, o governo foi exercido por D.
peitava peças de artilharia e gabava-se de ter Antônio Salema.
comido mais de "dez m il" de seus inimigos.
Dois Governos:
Fatos mais importantes do govemo de Duarte
Um no Norte e outro no Sul
da Costa: a chegada de outro grupo de jesuítas,
entre eles José de Anchieta; estímulo à imigração
de mulheres órfãs para se casarem com colonos; Com a morte de Mem de Sá, o rei nomeou D.
fundação do Colégio de São Paulo, por Nóbrega e Luís de Vasconcelos para ser o quarto governador
Anchieta, em 1554, origem da cidade do mesmo geral da colônia. Ele foi, porém, atacado por pira
nome; invasão francesa da baía de Guanabara. tas franceses e morreu antes de chegar ao Brasil.
espanhol l _ _ |
dido, desta vez em dois grandes estados. As diver Vamos analisar o gráfico abaixo:
sas capitanias passaram a ser administradas em
dois blocos que durariam até 1774. Eram eles:
■ Estado do Grão-Pará e Maranhão (da O Ciclo do Pau-brasil
Amazônia ao Ceará): a capital era São Luís.
Transformou-se mais tarde em Estado do Grão
Pará, com capital em Belém. O pau-brasil era conhecido na Europa desde os
COLONIAL
w w w . unipr.e . com. br
22 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
O trabalho dos indígenas era voluntário. Tra Assim, Portugal colocou-se em uma posição
balhavam em troca de pequenos objetos reluzen intermediária. O Brasil produzia açúcar, exporta
tes (espelhos) ou de utensílios como facas, ma do para Portugal e, posteriormente, a maior parte
chados, tesouras etc. O trabalho era obtido através seguia para a Holanda, para ser distribuída no
do escainbo. ou seja, a troca de produtos e servi mercado europeu. Embora, certamente, todos os
ços. Mas a exploração do pau-brasil nào foi res três se beneficiassem, o lucro maior pertencia aos
ponsável diretamente nela colonização do pais. As holandeses por estarem em contato direto com os
feitorias eram abandonadas quando a madeira em maiores consumidores. Além disso, os holandeses
torno delas se esgotava. Femão de Noronha pror possuíam vasta rede de comercialização na Euro
rogou o contrato de arrendamento até 1515. pa.
A produção açucareira tinha por base o PLAN-
TATION, cujas características fundamentais eram a
O Ciclo do Açúcar
produção ser voltada para a exportação, grande
propriedade (latifúndio), monocultura e utilização
de mão-de-obra escrava, predominantemente
O açúcar era uma especiaria rara na Europa 110
negra.
início dos Tempos Modernos. Originário da índia,
era trazido pelos mercadores italianos que o com Diversos fatores colaboraram para a utilização
pravam dos árabes. do escravo negro. A inadaptabilidade do índio ao
trabalho sedentário; o fato de que entre os índios o
A grande procura, bons preços, a facilidade de
cuidado com as plantações era uma tarefa femini
colocação do produto no mercado europeu e a
na; sua forte resistência à escravização, procuran
perspectiva de enormes lucros estimularam, no
do fugir. A maior motivação para a substituição
século XV, o plantio da cana nas ilhas do Atlânti
da mão-de-obra indígena pela do escravo negro
co (Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé)
foi financeiro.
com bons resultados. Contudo, foi no Brasil que a
lavoura alcançou grande extensão e sucesso. O uso do africano se ajustava aos interesses
dos colonos, pois era trazido na condição de es
O litoral nordestino apresentava condições na
cravo já adaptado ao trabalho agrícola; o tráfico
turais favoráveis para o plantio. Solo de massapê e
era benéfico ao governo português, que cobrava
clima quente e úmido beneficiavam a lavoura
impostos sobre a mercadoria importada.
canavieira. Porém, a produção açucareira exigia
grandes investimentos na instalação do engenho
nos transportes, na aquisição de mão-de-obra
escrava negra e na comercialização do produto na O engenho
Europa, em um momento em que Portugal se
Três eram os elementos arquitetônicos básicos
encontrava descapitalizado. A solução foi conse
de uma fazenda canavieira: a casa-grande, resi
guir um sócio capitalizado.
dência do senhor de engenho, que nela vivia com
Desde a criação da rota marítima Mediterrâneo - sua família e agregados, símbolo do seu poder,
mar do Norte, contornando a península Ibérica, pois também era o local de onde ele administrava
havia uma estreita vinculação comercial entie toda a propriedade; a senzala, habitação coletiva
Portugal e os Países Baixos. Quando os judeus do escravos, e a capela, local de serviços religio
foram expulsos de Portugal, muitos optaram por sos.
COLONIAL
peu, que inclusive era refinado em Amsterdã. assalariado, encarregado da manutenção das peças
do engenho. Posteriormente, os senhores de enge
nho passaram a adquirir produtos vindos da Euro
pa, importando desde utensílios domésticos até
remédios e produtos alimentícios. O que os des
capitalizava.
HIS
Capitulo:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 23
Inicialmente, devido às dificuldades de comunica A principio, o gado era criado na própria fa
ção com a Metrópole, a importação de produtos zenda canavieira, fornecendo força de tração,
artesanais era custosa. Assim, procurou-se produ transporte, alimento e matéria prima (couro).
zir tudo o que era possível no próprio engenho. Entretanto, à medida que ocorreu a expansão da
Geralmente, havia um mestre marceneiro, assala área cultivada, a criacão de gado foi deslocada
riado, encarregado da manutenção das peças do para o interior. As terras do litoral foram reserva
engenho. Posteriormente, os senhores de engenho das para o cultivo da cana, uma vez que eram
passaram a adquirir produtos vindos da Europa, mais férteis. Afinal, o açúcar propiciava o grande
importando desde utensílios domésticos até remé lucro para a Metrópole.
dios e produtos alimentícios. O que os descapita
No sertão organizou-se uma criação extensiva
lizava.
e itinerante, influenciada pelas condições geográ
A cana era trazida ao engenho em carros de ficas. Era uma forma primitiva de criação. O gado
boi. Na casa da moenda, ela era moída em cilin era criado solto, até mesmo itinerante, no campo,
dros rotativos, movidos por força animal (trapi- sem cuidados especiais. O que permitiu expandir
che) ou hidráulica (engenhos reais). Como o ele a fronteira da colônia portuguesa para o interior
mento principal na produção do açúcar era o en do continente.
genho, toda a propriedade passou a ser chamada
As fazendas de criação espafharam-se pelo
de engenho.
sertão do Nordeste, no século XVII, de preferên
Muitos fazendeiros não tinham capital, próprio cia ao longo dos cursos d ’água. Muitas fazendas
ou em forma de empréstimo, para construir o seu possuíam mais de três léguas de extensão. A pene
engenho. Plantavam cana e utilizavam um enge tração do gado no Nordeste foi facilitada pelo rio
nho próximo para produzir açúcar. Eram as “fa São Francisco, o “Rio dos Currais” , pela vegeta
zendas obrigadas”. O pagamento pelo uso do ção rasteira e pela presença dos “lambedouros”
engenho correspondia à metade do açúcar obtido (barrancos de sal bruto).
(meação).
O gado bovino fornecia carne e leite para con
O litoral nordestino tomou-se o maior produ sumo, além do couro, matéria-prima para o arte
tor mundial no final do século XVI (1580). O sanato. Os engenhos movidos a força animal ne
mercado europeu estava em expansão e não havia cessitavam de muitos bovinos, muares e eqüinos.
grande concorrência internacional.
O transporte do açúcar era feito em lombo de
Mas esta situação se modificou quando os ho burro, daí a importância da criação desses animais
landeses passaram a produzir açúcar nas Antilhas, para a empresa açucarei ra.
a partir da metade do século XVII (la grande
As fazendas de criação no sertão expandiram-
crise). Agravou-se a crise com a grande descober
se rapidamente. Eram estabelecidas com relativa
ta de ouro, na última década desse século, ocor
facilidade, pois não havia tanta necessidade de
rendo o deslocamento do eixo econômico do Nor
capital. O vaqueiro (peão) era pago pelo proprie
deste para o Centro-Sul.
tário com uma cria a cada quatro nascidas e man
tidas vivas. Portanto, a mão-de-obra era livre e
assalariada (em espécie), e predominava o mame-
Pecuária luco, cruza das etnias branca e indígena.
A interiorizacão das fazendas de gado alargou
COLONIAL
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24 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré*
A importância histórica desses produtos refe
re-se no fato de representarem a base econômica
Os Escravos para a posse da Amazônia, além de constituírem,
também, incentivo para o desbravamento do inte
rior do país em geral, sendo, portanto e para além
Para montar a empresa açucarei ra, era neces de uma tentativa do Estado para recujieim- uma
sária mão-de-obra em grande quantidade. Os posição de controle do mercado europeu de espe
índios foram os primeiros a serem escravizados, ciarias, a in te n sifíc ^ o úa busca de drogas do
mas foram lentamente sendo substituídos pelo sertão pode.tamKm ser considerada como um dos
negro africano. Os motivos foram: a diminuição vetore1- influiu no movimento de colonização
drástica do número de indígenas no litoral, a opo oconido no Norte do Brasil como reação à pre
sição da igreja católica a escravização do indio e o sença de europeus em território luso-brasileíro.
fato do comércio negreiro trazer mais lucros pni.i
a coroa. Estes produtos eram extraídos com a explora
ção da mão-de-obra indígena e permitiram como
Os africanos vinham pam o Hiasil, transporta já foi dito a fixação de núcleos de povoamento e
dos em navios negreircs também conhecidos catequese dos índios da região.
como navios himbeiros, pois em média morriam
40% dos escravos por eles transportados.
Os africanos que vinham para o Brasil eram Outras atividades econômicas
basicamente de duas etnias: bantos (Angolanos e
Moçambicanos) e os sudanenes (Nigerianos, Gui
né e Males). O trabalho escravo foi então o sus- Outras atividades econômicas de destaque
tentáculo da sociedade colonial brasileira. O tráfi eram: o tabaco, o algodão e agricultura para o
co negreiro tornou-se um lucrativo comércio. abastecimento interno - o primeiro era produzido
Eram vendidos nos mercados, dormiam nas sen principalmente na Bahia e era exportado para a
zalas e em troca de seu trabalho recebiam apenas África, sendo utilizado no escambo do comércio
roupas e comida para a sobrevivência. Os negros negreiro. Integrava o comércio entre Brasil, Por
reagiam à escravidão evitando a reprodução (para tugal e África.
que os filhos não nascessem escravos), cometendo
O algodão predominou no Maranhão, na se
suicídio, matando feitores, capitães-do-mato e
gunda metade do século XVIII, voltado para o
senhores ou fugindo para quilombos.
abastecimento da nascente indústria têxtil inglesa.
Quilombos eram comunidades formadas por Era uma atividade monocultora, latifundiária e
negros, índios e todos aqueles que por algum escravista, tal qual o açúcar. Seus momentos de
motivo, haviam escapado da relação com senho apogeu estiveram vinculados ao declínio da con
res. O mais importante foi o Quilombo dos Pal- corrência norte-americana, por problemas internos
mares, localizado no atual estado de Alagoas, que (guerra de independência, no século XVIII; e
permaneceu por quase um século. Milhares de guerra de secessão, no século XIX).
negros viviam em Palmares, em uma área de cerca Agricultura para abastecimento intemo ou de
de vinte e sete mil quilômetros quadrados. Produ Subsistência era realizado junto as principais
ziam cana-de-açúcar, milho, feijão, mandioca, atividades econômicas. Por exemplo, cada enge
banana e batata-doce. Em 1694 foi destruído pelo nho possuía uma pequena área destinada à produ
paulista Domingos Jorge Velho, contratado pelos
COLONIAL
www.unipré.com,br
C u rso de H abilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais 25
ipré»
quezas fantásticas povoavam sua mente, como sendo o número de escravos o critério para a dis
uma serra coberta de metal precioso (“sabara- tribuição. Após a distribuição, os mineradores
buçu”). Nessa conjuntura, a própria Coroa os tinham o prazo de 40 dias para começarem a ex
incentivava por meio de títulos, honrarias e con ploração, sob pena de devolução.
cessões de terra.
Mesmo com a organização inicial, havia um
E o desejo se tomou realidade. Em 1693, o intenso contrabando de ouro, o que representava
bandeirante Antônio Rodrigues Arzão encontrava um grande prejuízo para a coroa. Desta forma, o
ouro na região do atual estado de Minas Gerais. rei decide estabelecer as Casas de Fundição, cuja
Em 1719, Pascoal Moreira Cabral, achava ouro finalidade era reunir todo ouro extraído, quintar o
em Cuiabá. Dez anos depois, Bernardo da Fonse ouro, ou seja, retirar 1/5 do ouro, paite que cabia à
ca Lobo descobria diamantes no Tijuco, região do coroa, e transformar todo o ouro em barras nume
Cerro Frio, hoje Diamantina (MG). radas que poderiam circular na colônia. A partir
Iniciava-se, então, uma verdadeira corrida ao do estabelecimento das Casas de Fundição, ficou
ouro no Brasil, atingindo as demais capitanias e a proibida a circulacâo do ouro em d ó o u em pepi
metrópole. O número de pessoas que saíam de tas. O sistema de impostos que vigorou nas Minas
era:
Portugal era tão grande que regiões inteiras fica
ram despovoadas de população adulta masculina. B 1/5 do ouro — 20 % de toda produção
pertencia ao rei.
Como a possibilidade de enriquecimento era
muito grande, pessoas de todas as camadas sociais h Capitação — cobrada sobre o número de
deslocavam-se para as regiões de mineração. escravos que o mineiro possuísse.
Brancos, pretos forros, mulatos, índios, plebeus
pobres e nobres ricos, padres, comerciantes, arte ■ Cotas os Fintas anuais — determinavam
sãos, marginais, mas, em geral, aventureiros. que uma quantidade de ouro devesse ser enviada
para Portugal, em princípio foram estabelecidas
30 arrobas que chegaram a 100 arrobas.
Os diam antes
OCEANO
locais em que os veios se aprofundavam na terra, Felisberto Caldeira Brant e irmãos, de 1749 a
a exploração era abandonada pela deficiência 1752, e o mesmo João Fernandes de Oliveira e
técnica, buscando-se novas áreas. seu filho de igual nome, famoso pela companheira
Chica da Silva, até o final do período.
Mas, como era feita a exploração? Veja, em
02 O SISTEMA
princípio, logo após a descoberta do ouro, por Foi esta a fase de apogeu da extração de dia
volta de 1695 na região de Minas Gerais, milhares mantes, cuja entrada no território europeu era
de pessoas seguiram para o locai o que acabou severamente regulamentada (decreto de 1753)
motivando conflitos. visando à manutenção dos elevados preços. Os
batalhões dos dragões asseguravam as medidas
A fim de organizar a exploração, a coroa por drásticas adotadas pela Intendència dos Diaman
tuguesa criou em 1702, a Intendència das Minas, tes, diretamente subordinada a Lisboa, não havia
HIS
órgão responsável pela demarcação, distribuição Câmara Municipais, juizes ou tribunais, tudo se
de datas e cobrança de impostos. A distribuição subordinando à vontade do intendente, mesmo as
Capitulo:
das datas (lotes de terras para exploração) seguia entradas e saídas da área.
os seguintes critérios: ao descobridor da jazida
cabiam duas datas (uma como descobridor e outra Apesar dc tamanha severidade existiam a mi
como mineiro), ao rei e ao guarda-mor outras neração e o comércio ilícito de diamantes, reali
duas. As restantes eram distribuídas por sorteio, zado pela figura lendária do garimpeiro, persegui
do pela administração, venerado pelo povo, e
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26 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Uniprá»
tendo na geografia acidentada da região o seu ■ A exploração da Colônia Fica bem carac
maior aliado. A partir de 1771 a exploração dos terizada na cobrança do “quinto”, que nem sempre
diamantes coube exclusivamente à coroa portu obedeceu às mesmas normas. As Casas de Fundi
guesa, sem contratadores, Veja na figura a seguir ção: só tinha valor o ouro fundido e marcado com
a extração de diamantes sob forte vigilância. o selo Real, sendo proibida a circulação de pepitas
ou do ouro em pó. Durante a fundição era deduzi
Com a mineração surgiu o tropeirismo, pois o
do o quinto da Coroa, derivando daí, a expressão
gado necessário para a região das minas vinha do
“quintar o ouro”;
Sul do Brasil. Surgiu o Caminho do Viamão,
ligando essa cidade a Sorocaba, em São Paulo. Ao hi Surgimento de novos grupos sociais
longo desse caminho foram surgindo inúmeras (comerciantes, médicos, etc.), formando uma
cidades. camada intermediária urbana;
Com a transferência do centro econômico para fl Transferência da capital de Salvador para
o cenLro-sul do Brasil, houve a mudança da capital o Rio de Janeiro;
para o Rio de Janeiro, em 1763.
■ Mudança do eixo econômico para o Cen-
A mineração acabou acarretando uma acumu tro-Sul;
lação de capital na Inglaterra, que era para onde ia
■ Interligação econômica entre as diversas
a maioria das riquezas do Brasil, pois Portugal
regiões;
pagava as manufaturas que comprava dos ingleses
com o ouro brasileiro. Essa riqueza acabou aju ■ Interiorização da colonização que antes
dando a Revolução Industrial da Inglaterra. estava fixada no litoral;
M Desenvolvimento do Rio de Janeiro,
principal porto de embarque do ouro para Portu
Transform ações na colônia gal;
a Desenvolvimento de um mercado inter
A descoberta do ouro acarretaria profundas no.
transformações na vida da colônia. A primeira
delas está ligada ao surto demográfico: o Brasil
que possuía cerca de 300.000 habitantes, em A importância da vida urbana
1700, passará para 3.000.000 cem anos depois.
Este crescimento é devido ao fato de que, além do
natural fascínio exercido pelo ouro (chance de Nas regiões de mineração, os arraiais, embri
elevação social), a atividade mineradora surge ões de núcleos urbanos, facilitavam a prática do
numa época de crise econômica no Império Por comércio. Os garimpeiros necessitavam de um
tuguês. local onde pudessem negociar o metal obtido e
adquirir os produtos de que precisavam para a sua
Para a região mineradora são atraídos os ele
subsistência e instrumentos nas lavras.
mentos marginalizados pela crise da lavoura açu-
careira e a população das regiões pobres da colô A mineração fez com que surgissem centros
nia. De Portugal, cada ano, chegava levas de imi urbanos dinâmicos, o que permitiu o desenvol
grantes. Na Metrópole sucediam-se sem interrup vimento de uma arquitetura colonial mais original
ção as leis colocando empecilhos à emigração no século XVIII. A distância em relação ao litoral
COLONIAL
com resultados pouco práticos. O português, o forçava o uso de material local, como telhas colo
futuro emboaba, que antes não via oportunidade niais e pedra-sabão. O barroco dominava a deco
de progredir no Brasil, agora vê um novo horizon ração interna das igrejas de Minas, Bahia, Rio de
te, longe da Metrópole decadente. Janeiro e Pernambuco. A ornamentação exagerada
A economia açucareira era uma economia de manífestava-se nas rebuscadas colunas e entalhes
02 O SISTEMA
grandes proprietários, onde nenhum homem livre de madeira. Tudo revestido de ouro, refletindo nos
com reduzido capital poderia fazer riqueza, a templos as riquezas extraídas das minas. Um
economia mineira ao contrário era uma economia verdadeiro convite e estímulo para as pessoas
de pequenos capitais, onde até ex-escravos como adentrarem os locais sagrados.
Chico Rei poderiam enriquecer, dando oportuni
dade ao homem livre de elevar-se socialmente.
HIS
b : N o ano de 1709 foi criada a capitania de A primeira invasão francesa, comandada por
São Paulo e Minas de Ouro, destacada do Rio de Nicolau Durand de Villegaignon, ocorreu em
Janeiro, suprimindo a hereditária de São Vicente; 1555, quando os franceses invadiram o Rio de
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Curso de Habiülação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 27
U nipré
Janeiro, fundando uma colônia chamada FRANÇA Os Holandeses na Bahia (1624-1625)
AN TÁ RTICA.
Construíram um forte e aliaram-se aos Ta- Quando invadiram a Bahia, por ser a capital e
moios, índios da região revoltados contra os por a segunda região produtora de açúcar, os holande
tugueses, que estavam unidos na Confederação ses não esperavam que a Espanha reagisse, pois o
dos Tamoios. rei espanhol olhava com desprezo a economia
Os padres Manoel da Nóbrega e José de An- agrícola brasileira, que não podia ser comparada
chieta conseguiam pacificar os índios rebeldes e com a do Peru, o maior produtor mundial de ouro
uniram-se contra os franceses aos índios temini- e prata.
nós, chefiados pelo cacique Araribóia. Em 1567, De fato, os holandeses entraram em Salvador
durante a administração do governador geral Mem com a maior facilidade e até prenderam o gover
de Sá, após doze anos de luta, os franceses foram nador, Diogo de Mendonça Furtado, que foi
expulsos, com a ajuda de Estácio de Sá, sobrinho enviado para a Holanda. Mas não puderam sair da
do governador. capital, pois a população local, liderada pelo bispo
D. Marcos Teixeira, que substitui o governador,
Em 1612 os franceses voltaram a invadir o
logo organizou a resistência, promovendo ataques
Brasil e fundaram, no Maranhão, uma colônia,
de emboscadas aos invasores.
que chamaram de FRANÇA EQUINOCIAL. Os
franceses permaneceram por três anos no Mara D. Marcos Teixeira conseguiu reunir todos os
nhão e fundaram a cidade de São Luís, cujo nome baianos, inclusive os indígenas, na luta contra os
é uma homenagem ao rei francês Luís XIII. Em invasores: ele afirmava que o que estava em peri
1615 foram expulsos por Jerônimo de Albuquer go era a religião católica, ameaçada pelos holan
que e Alexandre de Moura. deses protestantes. A luta então tomou contornos
de lutas religiosas que culminaram com a expul
são dos holandeses da Bahia.
Os Holandeses
perseguições religiosas. Devido a isso, lutou para dra e facilmente tomaram Recife e Olinda (1630).
ficar livre da Espanha católica. Em 1581, ocorreu O governador de Pernambuco, Matias de Albu
sua independência. querque, sem condições de rechaçar os inimigos,
Para não ter sua economia esgotada, pois a resolveu evitar, pelo menos, que ampliassem suas
Espanha proibiu o comércio entre a Holanda e o conquistas. Os resistentes concentraram-se num
Brasil, os comerciantes holandeses fundaram a fortim no meio da mata, o Arraial do Bom Jesus,
HIS
Companhia das índias Ocidentais (W.I.C) para tomando-o centro de suas ações guerrilheiras. Ali
organizar expedições e ocupar domínios espa organizavam emboscadas e impediam as comuni
Capitulo:
w w w .u n ip re .c o in .b r
28 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre*
depois de um desentendimento com Matias de contra a dominação holandesa, que culminou com
Albuquerque (1632), de Domingos Fernandes a expulsão destes do Nordeste eni 1654.
Calabar, veio mudar completamente a sorte da
guerra, pois o mesmo tinha muita experiência na
luta de guerrilha e emboscada. A expansão territorial
Em 1635, quando caiu o úítimo reduto per
nambucano, o Arraial do Bom Jesus, só restou a
A colonização começou como era natural, pelo
Matias de Albuquerque retirar-se para Alagoas,
litoral, ponto principal de entrada em nosso terri
no que foi acompanhado por milhares de pessoas.
tório. Antes da fundação das capitanias, espalha
vam-se pela costa algumas feitorias. Com a expe
dição colonizadora de Marti m Afonso de Souza
Adm inistração de Nassau (1637-1644) começaram a surgir as vilas (a primeira foi São
Vicente). Com a instituição das capitanias, em
cada uma delas surgiu uma vila principal, mas
O primeiro cuidado de Maurício de Nassau somente com a instituição do Governo Geral, em
(enviado para governar os domínios holandeses 1548, é que são fundadas as primeiras cidades:
no Brasil), quando chegou ao nosso país, foi es Salvador, Rio de Janeiro e Filipéia de N. S ra das
tender para o sul o domínio da Holanda até o rio Neves (atual João Pessoa).
Sào Francisco e, à sua margem, fundou o forte
Maurício. Para o Norte, íevou a conquista até o
Ceará e o Maranhão. Apenas a Bahia escapou à
Conquista do interior e do litoral
invasão holandesa.
nordestino
Para restabelecer a economia canavieira, era
necessário reparar os engenhos danificados pela
guerra. Para isso, Nassau com ajuda da Compa Os franceses freqüentavam o litoral nordesti
nhia das índias Ocidentais emprestou dinheiro aos no, na região conhecida como litoral do pau-
proprietários a juros baixos e longo prazo. brasil. Não somente havia contínuo comércio de
O mais difícil, porém, seria abastecer os enge pau-brasil, mas ainda estabelecimentos fixos.
nhos de escravos, pois os centros fornecedores na Devido a isso, o governo enviou ao interior a ao
África estavam sobre domínio da Espanha; Nas litoral do Nordeste as chamadas expedições ofici
sau teve, por isso, de conquistar Angola, porto ais.
africano sobre domínio dos portugueses a partir de Em 1589, Cristóvão de Barros, com uma forte
então. expedição militar, derrotou os índios chefiados
Em 1640, houve a Restauração: Portugal liber por Boipeba e fundou a cidade Real de São Cris
tou-se do domínio da Espanha. Por não poder tóvão do Rio de Sergipe, subordinando a região,
enfrentar, ao mesmo tempo dois inimigos, Espa Sergipe d’EI Rey, à capitania Real de todos os
nha e Holanda, o rei D. João IV preferiu assinar Santos (Bahia).
com o governo holandês uma trégua. Os índios da região (Potiguares) eram aliados
Por essa trégua, Portugal reconhecia por dez dos franceses, com quem faziam escambo de pau-
anos as conquistas holandesas, o que deveria brasil e aves nativas, portanto inimigos dos portu
gueses. Com a presença de unia esquadra espa
COLONIAL
ca de todos os cultos.
Pessoa).
Devido aos altos custos de seu governo, Nas
sau também promoveu a reforma urbana de Reci Outra expedição foi organizada para conquista
fe. A W1C, insatisfeita com os resultados de seu do Rio Grande do Norte e do Ceará, chefiada por
governo, o substituiu em 1644, por uma junta de Manuel de Mascarenhas Homem e Jerónimo de
três comerciantes que resolveu cobrar imediata Albuquerque. Derrotando os inimigos, a expedi
mente as dívidas em atraso de todos os senhores ção alcançou o rio Potengi, em cuja foz se havia
HIS
Além disto, os novos governadores do Nordes Natal e o forte que a protege: Reis Magos. O con
te holandês determinaram o fim da liberdade reli quistador do Ceará (Núcleo de Nossa Senhora do
giosa impondo o protestantismo e diminuíram a Amparo — Fortaleza) foi o tenente Martim Soares
participação dos proprietários nas decisões políti Moreno, que se aliou ao chefe potiguar Jacaúna e
cas. Todas estas medidas provocaram uma revolta repeliu um desembarque dos franceses. Em 1611,
w w w .u n ip re .e o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 29
Umlpré»
fundou um forte perto da atual cidade de Fortale Resumo das conquistas
za.
territoriais
Com a conquista do Ceará era preciso expulsar
os franceses do Maranhão, e assim dominar a foz Ocupação do litoral: feitorias; vilas; cana-de-
do rio Amazonas. Ali estava sendo estabelecida açúcar; luta contra os invasores.
uma colônia Francesa, a França Equinocial. Desde
Conquista da Amazônia: forte de N. Sra.; ex
1594 haviam desembarcado na ilha do Maranhão.
pedição de Pedro Teixeira; ocupação missionário;
Em 1614, uma forte expedição composta de bandeiras; drogas do sertão.
portugueses, brasileiros e índios, sob a chefia de
Conquista do centro-sul: Bandeiras: expedi
Jerônimo de Albuquerque e do sargento-mor
ções; ciclos das bandeiras; caça ao índio; ouro;
Diogo de Campos Moreno, conseguiu alcançar o
diamantes; Conquista do Sul: expedições espa
Maranhão, fundando o forte de Santa Maria, em
nholas; missões; sete povos; Colônia de Sacra
frente à ilha ocupada pelos franceses.
mento.
A corte de Madri não admitiu a possibilidade
de dúvida quanto ao direito da coroa portuguesa
àquelas terras e e terminou a remessa de mais
A INTERIORIZAÇÃO E A FORMAÇÃO
forças. Aumentaram, assim, a pressão dos luso-
DAS FRO N TEIRAS
brasileiros. Jerônimo de Albuquerque fundou
novo forte na própria ilha do Maranhão. Em 1615,
os franceses estavam expulsos.
Entradas
Conquista do Grão-Pará
nuel da Nóbrega. Chegou com o primeiro gover Brasil pela ocupação territorial, mas foi preciso
nador geral, Tomé de Souza em 1549, iniciando a toda uma série de tratados para oficializar juridi
camente a situação.
formação das missões ou reduções (aldeamento
de índios catequizados). Os jesuítas promoveram Os principais tratados internacionais assinados
o processo de catequizaçâo dos índios, converten por Portugal para a fixação das fronteiras do Bra
02
O primeiro jesuíta a chegar ao Brasil foi Ma lecia que o rio Oiapoque, no extremo
noel da Nóbrega junto com o l" Governador norte do país, seria o limite de fronteira
Geral (Tomé de Souza)- O padre José de Anchieta entre o Brasil e a Guiana Francesa. O de
veio ao Brasil com a segunda leva de jesuítas. 1715 foi assinado entre Portugal e Espa
nha. Estabelecia que a Colônia do Sa-
www. unipre ç o m . b r
de Tordesilhas.
1509 - Diogo Alves Correia, o Caramuru, fun
da o Io estabelecimento português no Brasil.
1513 - Navios portugueses descobrem o rio
que posteriormente se chamara Rio da Prata.
HIS
w w w . u n i p r e .c o m . b r
32 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Umiprá»
EXERCI CIOS d) a manutenção da colonização lusa sobre as
índias.
e) a posse das terras brasileiras pela Coroa Lusa.
5. A exploração e o comércio do pau-brasil foram
1. A presença de corsários franceses no litoral
declarados monopólio da Coroa. Este dado provo
brasileiro durante o início do século XVI, consti
cou:
tuí séria ameaça ao domínio português na colô
nia. a) O envio de frotas francesas à costa brasileira,
para roubar pau-brasil.
Os interesses franceses prendiam-se à exploração
e comércio: b) A União Peninsular.
a) do açúcar c) A vinda de escravos negros para o Brasil.
b) do pau-brasil d) A vinda de D. João para o Brasil.
c) da borracha e) A luta dos cristão-novos contra a Coroa.
d) das drogas do sertão
e) do ouro 6. Os primeiros trinta anos de nossa História po
dem ser caracterizados pela:
a) luta pela posse do nosso litoral entre portugue
2. Com objetivo de combater os contrabandistas
ses e flamengos.
de pau-brasil, D. João III enviou ao nosso país as
esquadras de guarda-costas que, em 1516 e 1526, b) luta pela posse de nosso litoral entre ingleses e
foram comandadas por: portugueses.
a) Cristóvão Jacques c) exploração da Bacia Amazônica.
b) Matheus Machado d) fundação das primeiras cidades em nosso lito
ral.
c) Alonso Hojeda
e) exploração e comércio da madeira de tinturaria.
d) Yop de Mello
e) Souza Gonçalves
7. Na conquista e ocupação do solo brasileiro, o
estabelecimento de feitorias constituiu:
3. A decadência da exploração do pau-brasil é
a) necessidades policíadoras metropolitanas no
explicada, sobretudo:
ciclo do pau-brasil.
a) peia forma predatória da atividade, não se inte
b) entrepostos de troca feitos por portugueses e
ressando os exploradores pelo reflorestamento.
franceses, na primeira metade do século XVI.
b) pe]o aumento do custo dos fretes, relacionados
c) limites geográficos das Capitanias Hereditárias.
à decadência da frota lusa.
d) primeiras grandes fazendas de cultivo de cana-
c) pelo surgimento de novas atividades mais lu
de-açúcar.
crativas, como a lavoura açucarei ra. <
M
e) regiões delimitadoras no sertão para pesquisa S
d) pela utilização de corantes químicos pela indus O
aurífera.
trialização europeia. O
o
e) pela difusão do hábito do uso de roupas brancas
na Europa, a partir da ocupação muçulmana da 8. A exploração do pau-brasil, após a descoberta w
bacia mediterrânea. de 1500, criou núcleos populacionais estáveis, Eh
CO
pois esta atividade não tinha outra forma de se H
co
expandir. O
4, Na repressão ao contrabando de pau-brasil, no
a) A afirmativa está correta, CM
O
século XVI, estava em jogo:
b) A afirmativa enfatiza ideias fundamentais cor iO
a) a influência na colonização das Américas. M
retas. a:
b) o domínio inglês sobre os produtos tropicais
c) A afirmativa não está correta.
brasileiros.
d) A afirmativa está correta segundo a maioria dos
_c) o controle da colonização lusa sobre as Índias.
historiadores. a
O N>!
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
LJnlpré
e) A afirmativa está correta, mas a explicação 1 ■ e) patriarcal
ncorreta.
de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Contra a colônia veio o Alvará de D. Maria I,
conde de Oeiras e, finalmente, Marquês de em 5 de janeiro de 1785, que determinava a extin
Pombal. ção de todas as manufaturas têxteis no Brasil, com
exceção daquelas que se dedicavam à produção de
Inspirados nas novas ideias que circulavam na vestimentas para escravos.
Europa, chamadas de Iluministas, o primeiro
REBELIÕES
Seguindo essa política de fortalecimento polí relações entre colônia e metrópole). Em 1720, a
tico, Pomba] expulsou todos os jesuítas de Portu colônia virou vice-reinado e os governadores
gal e de seus domínios coloniais em 1759, e ainda gerais, vice-reis.
enfraqueceu alguns setores da nobreza.
A crise econômica pela qual Portugal passava
seria sanada, de acordo com Pombal, através da Insurreição Pernam bucana e o
intensificação dos laços coloniais deste pais com a nascimento do Exército Brasileiro
HIS
Além desses três lideres, também teve o papel A aclamação de Amador Bueno ocorreu em Io
destacado na Insurreição o paraibano André Vidal de abril de 1641. Dois dias mais tarde, Dom João
de IMegreiros, que já combatera os holandeses na IV foi aclamado rei também em São Paulo.
Bahia.
Mas nem todos os que lutavam na Insurreição E m certos aspectos, a U nião Ibérica chegou a fa
eram motivados por sentimentos nativistas. Ao vorecer o Brasil. Com ela, o Tratado de Tordesilhas
contrário, à frente do movimento estava senhores desapareceu na prática, ocorrendo a expansão das
de engenho que tinham colaborado com os inva fronteira s portuguesas além dos limites até então
sores e contraído elevadas dívidas com a Compa estabelecidos. E xp a n são ca usada principalm ente pela
nhia das índias Ocidentais. Com a divisa — Deus ação p re dadora dos paulistas, principal fa tor de seus
atritos com os jesuítas, que se fundam entavam na s
e Liberdade, os rebeldes tinham o propósito de
bulas papais, que proibiam o apresam ento e exco
também atrair para a luta os católicos mais fervo
m un gava m os escravizadores dos indígenas. Os p a u
rosos, que relutavam em aceitar a dominação dos
listas bandeirantes reuniram -se nas C âm aras de São
protestantes. No primeiro combate, o do Monte Paulo e S ã o Vicente e decidiram pela expulsão dos
das Tabocas (1645), os pernambucanos foram padres. 0 episódio ficou conhecido com o a "botada
vencedores e puderam tomar Olinda. dos padres p a ra fora". Os padres retiraram -se da
capitania, voltando a penas a lg u n s a n os depois.
Mas os confrontos mais importantes ocorre
ram nos Montes Guararapes — o primeiro, em
19 de abril de 1648, e o segundo, no ano seguinte,
Conjuração de "Nosso Pai" (1666)
ambos com a vitória dos pernambucanos.
Finalmente, em 1654, chegou ao Recife uma
esquadra portuguesa. Cercados por terra e por Revolta ocorrida em Pernambuco para depor o tH
S
mar, os holandeses assinaram a rendição da governador Jerônimo de Mendonça Furtado, que O
Campina do Taborda. era antipalizado pelo povo e acusado de corrup o
ção. Esse movimento também foi chamado de u
Em 1661, pela Paz de Haia, Portugal concor Xumbregas, apelido dado ao governador devido {/)
w
dava em pagar a indenização de 4 milhões de os seus vastos bigodes tufados, que lembrava a de o
t—!
cruzados para os holandeses desistirem definiti um general alemão que lutou ao lado dos portu
vamente da posse de terras brasileiras. Ü
gueses na guerra de libertação do domínio espa CQ
W
A expulsão dos holandeses do Brasil trouxe nhol. cc
duras conseqüências para a economia colonial. Ao Os habitantes de Pernambuco utilizaram uma co
se estabelecerem nas Antilhas. os holandeses <
procissão de extrema-unção, conhecida como 2
quebraram o monopólio de produção do açúcar M
Nosso Pai, em 9 de março de 1666, com o objeti
que por um século pertencera aos portugueses. <
vo de afastar o governador do palácio e assim QQ
Com técnicas mais evoluídas de cultivo da cana e 2
poder aprisioná-lo. O governador acompanhou a O
produção do acúcar. muito mais capacitados na CL.
procissão e, quando esta já se afastara do palácio,
sua comercialização, uma mentalidade bastante foi aprisionado pelo chefe da revolta, André de
influenciada pela capitalismo comercial, os ho Barros Rego.
landeses venceram a concorrência com os luso-
brasileiros. O ex-govemador Jerônimo de Mendonça Fur
tado foi então levado preso para Lisboa, de onde
seguiu para a Ásia, condenado à prisão perpétua. co
<
Aclam ação de Am ador Bueno (1641) CO
O
A Revolta de Beckman (1684) CO
H
Com a restauração terminou o domínio espa n?
nhol e subiu ao trono português o Rei Dom João
IV iniciava o governo da dinastia dos Bragança, No Maranhão, o preço dos escravos negros era
p
tendo sido reconhecido em todo o reino com fes muito caro, enfrentava-se uma grave crise econô u
’r-i
tas, menos em São Paulo, onde a população não mica, pois a empresa algodoeira da região sofria a
tá
via com bons olhos a separação com a Espanha, falta de mão-de-obra, sendo organizadas expedi o
porque os paulistas pretendiam manter o comércio ções para caçar índios das missões jesuíticas para
w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 37
trabalho escravo, o que causou um conflito entre Só no ano seguinte foi pacificada a região,
os colonos e os jesuítas. Em 1661, os religiosos da com a intervenção do governador do Rio de Janei
Companhia de Jesus foram expulsos do Mara ro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
nhão, voltando somente em 1680, quando o go O chefe dos paulistas era Manoel de Borba Gato,
verno português proibiu a escravização de índios um dos mais prestigiosos paulistas da região. Nos
das missões. conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram
várias derrotas e tiveram que abandonar muitas
Para solucionar a crise da falta de mão-de-obra
minas.
para a lavoura, o governo português criou, em
1682, a Companhia de Comércio do Estado do As conseqüências principais da Guerra dos
Maranhão (tinha o objetivo de abastecer a região Emboabas foram:
com escravos e comprar os produtos locais). Essa
companhia passou a ter a exclusividade sobre o a) Estabelecimento de normas que regulamen
comércio do Maranhão com a Coroa. tavam a distribuição de lavras entre emboabas e
paulistas e a cobrança do quinto.
No entanto a Companhia de comércio não sa
tisfaz, por falta de investimentos, as necessidades b) Criação da capitania de São Paulo e das
Minas Gerais do Ouro, diretamente ligada à Co
dos colonos do Maranhão, razão do grande des
roa, independente, portanto, do governo do Rio de
contentamento entre os colonos da região. Os
Janeiro (3 de novembro de 1709).
escravos africanos não chegavam em quantidades
suficientes, os preços das mercadorias vendidas c) Elevação da Vila de São Paulo à categoria
pela companhia estavam altos, enquanto estes de cidade (11 de junho de 1711).
pagavam um valor muito baixo pelos produtos
d) Pacificação da região das minas, onde sur
vendidos pelos colonos, como baunilha, cacau,
giu, depois das desordens causadas pela guerra, o
pau-cravo, cana-de-açúcar, algodão e tabaco.
alicerce de uma sociedade organizada.
Revoltou-se contra essas condições membros
e) Muitos paulistas foram para outras regiões,
da elite e do povo do Maranhão chefiados por
como Goiás e Mato Grosso, onde encontraram
Manoel Beckman, e por outros insatisfeitos como
ouro em 1718.
Francisco Deiró Inácio da Assunção e o Tomás
Beckman, irmão de Manoel. Derrubando o gover
no, declarou extinta a companhia e os jesuítas
COLONIAIS
res foram presos; a maioria deles foi condenada a urbano em Recife. Nesta cidade os comerciantes,
morte como os irmãos Beckman, outros foram chamados pejorativamente pelos olindenses de
presos e deportados. Os jesuítas puderam voltar “ Mascates”, queriam a elevação da povoação do
ao Maranhão, no entanto o governo português Recife à categoria de vila. Após o governo de
acabou com a exclusividade da Companhia de Nassau, Recife tomou-se mais importante que
POMBALINAS,
Comércio. Olinda.
Os poderosos senhores de engenho de Per
nambuco, empobrecidos, que residiam em Olin
Guerra dos Em boabas (1708-1709)
da, estavam endividados com os comerciantes
portugueses de Recife, que lhes emprestavam
03 AS REFORMAS
A concorrência dos recém-chegados às minas dinheiro a altos juros. Os recifenses, por sua vez,
(que não eram paulistas, eram os forasteiros, por designavam os habitantes de Olinda pelo apelido
tanto os emboabas), com os vicentinos ou bandei de pés-rapados, por estarem em dificuldades
rantes, deu origem a um conflito: a guerra dos financeiras, derivadas da decadência do açúcar,
"emboabas” designação dada pelos vicentinos a que sofria uma grande concorrência das ilhas das
todos os estrangeiros e não apenas aos portugue Antilhas.
ses. Escolheram os emboabas, em 1708, para Recife foi elevada, em 1709, pelo Rei Dom
chefiá-los, o Português Manuel Nunes Viana, a João V, à condição de vila. Este fato desagradou
HIS
quem os emboabas aclamaram governador, que os habitantes de Olinda, a vila mais antiga da
conseguiria expulsar os vicentinos do local, sobre capitania, embora mais pobre e menos povoada
Capítulo:
w w w .u n i p r e .c o m , b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxifíar de Oficiais 39
U nlpré
estudantes que tinham realizado cursos superiores A Inconfidência Carioca (1794)
fora do Brasil;
d) A independência das Treze colônias ingle
sas com o rompimento definitivo das coiõnias A Inconfidência Carioca foi muito diferente da
com a Inglaterra. mineira, embora tivessem ligações, pois tudo leva
a crer que foram os cariocas que forneceram li
Os Inconfidentes chamados assim por não po vros revolucionários para os mineiros. Portanto
derem revelar seu segredo, eram homens da elite foi uma revolta de caráter puramente literário,
de Ouro Preto. Entre eles estavam o cônego Car inspirada nas ideias. de liberdade vindas da Fran
los Correia de Toledo e Melo, José de Oliveira ça. O movimento divulgava essas ideias pelo
Rolim e Manoel Rodrigues da Costa; os militares interior do Brasil na forma de repasse de livros.
Francisco de Paula Freire de Andrade, Agostinho
Os inconfidentes cariocas eram: o poeta Ma
Lobo Leite, Antônio Melo, Joaquim Silvério dos
noel Inácio da Silva Alvarenga, Vicente Gomes e
Reis (delator do movimento), Joaquim José da
João Manso Pereira. Presos por dois anos, foram
Silva Xavier, o Tiradentes e os poetas Cláudio
logo soltos.
Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixo
to e Tomás Antônio Gonzaga.
Os planos dos inconfidentes eram: inconfidência Baiana (1798)
■ proclamar um govemo republicano;
■ criar uma universidade em Vila Rica; A Inconfidência Baiana foi a primeira conju
ração organizada no Brasil por populares, como
B criar indústrias;
soldados e alfaiates e é por isso conhecida tam
■ estabelecer a capital em São João Del- bém com o nome de Revolta dos Alfaiates.
Rei;
Os chefes da Inconfidência foram Lucas Dan
■ adotar uma bandeira, que conteria a frase tas e Luís Gonzaga das Virgens, que eram solda
latina: libertas quae sera tamen (liberdade ainda dos, João de Deus do Nascimento e Manoel Faus-
que tardia). tino dos Santos Lira, alfaiates. Foram iniciados
pela loja maçônica “Os Cavaleiros da Luz”, que
COLONIAIS
durante dois anos, mas no final somente Tiraden professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os
tes foi condenado à morte. Em 21 de abril de pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro,
Capitule:
1792, foi cumprida a sentença, no Rio de Janeiro. José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de
França Pires, foram acusados de envolvimento
“grave”, recebendo pena de prisão perpétua ou
degredo na África. Já os elementos pertencentes à
loja maçônica “Cavaleiros da Luz” foram absol
w w w .u n i p r e .c o m . b r
40 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
vidos deixando claro que a pena pela condenação O govemo foi implacável ao punir os revolto
estava ligada a que grupo social o réu pertencia, sos. Foram executados Domingos José Martins,
aos mais pobres a pena foi a morte, já os mais Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima, o
ricos o resultado foi a absolvição. Padre Miguelinho e mais oito implicados no mo
vimento. O Padre João Ribeiro Pessoa cometeu
suicídio e o Padre Roma já tinha sido fuzilado
A Revolução Pernam bucana de 1817 quando tentava conseguir adesões à causa revolu
cionária na Bahia.
A Revolução Pernambucana de 1817 contribu
Foi esta a última conjuração contra a coroa iu decisivamente para a Independência, que ocor
portuguesa. O contexto da revolução pemambu- reu pouco mais tarde. Muitos de seus participantes
cana é diferente, pois a corte portuguesa já tinha tiveram destaque durante o Primeiro Reinado.
chegado ao Brasil, desde 1808, e os pemambuca-
nos, insatisfeitos com a crise do açúcar e explora
dos pela exclusividade comercial exercida pelos
portugueses no comércio, gerou uma grande re ANOTAÇÕES
volta das elites do nordeste com a decadência
econômica e política da região e também dos mais
pobres que sofriam com os altos preços cobrados
pelos comerciantes portugueses, e estes se nega
vam a manter uma corte no Rio de Janeiro.
Influenciados pelos processos de independên
cia das colônias espanholas da América do Sul e
pelas ideias liberais que se espalhavam nesse
período, também tentaram implantar a indepen
dência do Brasil e a proclamação da República.
O governador de Pernambuco, Caetano Pinto
de Miranda Montenegro, teve informações dos
planos da revolta, mandando prender os rebeldes. co
Os rebeldes, então, anteciparam o movimento, que
<
teve início quando o Capitão José de Barros Lima
(apelidado “ Leão Coroado”) matou o Brigadeiro o
Barbosa de Castro. o
o
A rebelião então se desencadeou rapidamente C/J
w
e os rebeldes dominaram o govemo assim que o o
I—i
governador Caetano Montenegro fugiu para a
Corte no Rio de Janeiro. Os principais implicados m
na Revolução Pernambucana de 1817 foram:
Domingos José Martins, Domingos Teotônio
Jorge Martins Pessoa, Antônio Carlos Ribeiro de co
<
Andrada, Padre João Ribeiro Pessoa, Antônio i—i
Gonçalves da Cruz (apelidado “Cabugá”), José de <
Barros Lima, Padre Miguel de Almeida Castro
(Padre Miguelinho), José Inácio Ribeiro de Abreu o
a.
Lima {Padre Roma).
co
Os revoltosos organizaram um govemo provi
sório, cujas primeiras providências foram estender o
o movimento às outras capitanias, e procurar o W
QC
reconhecimento do novo governo no exterior.
CO
A revolta estendeu-se a Alagoas, Ceará, Paraí <
cn
ba e Rio Grande do Norte. o
co
O govemo revolucionário pernambucano du H
LG
rou pouco mais de dois meses. O govemo de D.
João VI enviou tropas e Recife foi cercada, por o
mar e por terra, por tropas que avançaram pela
Bahia, colocando os revoltosos em situação de 4-1
‘H
sesperada, desmantelando-lhes a resistência. Q.
nj
u
w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 41
EXERCÍ CIOS Sedição de Filipe dos Santos em Vila Rica, no
século XVIII, tiveram em comum o fato de que:
a) representavam uma tentativa de combater à
ação desempenhada pelo sistema de exploração
1. Os objetivos da Conjuração Baiana de 1798 , das Companhias de Comércio;
eram: 1 3) visavam a promover a autonomia de núcleos
1. instaurar a República no Brasil; 1 regionais, com a valorização do elemento nacio
nal;
2. libertar os escravos negros; í
c) apresentavam medidas reivindicatórias, sem,
3. extinguir o monopólio comercial; . contudo, oferecerem um projeto de separação
4. fundar uma universidade; i política de Portugal;
d) 1 e 4; ;
e) 3 e 5. ; 6. Relativamente às Rebeliões Nativistas:
a) eram movimentos isolados, que lutavam contra
pressões monopolistas portuguesas;
2. Locais onde tiveram lugar a Revolta de Beck- j
man e a Guerra dos Mascates, respectivamente: j b) todas as rebeliões estavam ligada à evolução
política do Ocidente;
a) Maranhão e Ceará; |
c) refletiam o elevado grau de politização da soci
b) Pernambuco e Paraíba; J edade colonial;
c) Maranhão e Pernambuco; | d) seus objetivos eram sempre emancipadores;
COLONIAIS
b) Francesa
c) Farroupilha
5. A Revolta de Beckman, no século XVII, a ■
■ Guerra dos Hmboabas, a Guerra dos Mascates e a ■ d) Eslava __ ______________________
w w w .p n i p r e . c o m . b r
42 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
J-.i-rS.! > í t*
Unapré1 . .
jjlÍK T O l
•
11. Cm aspecto que diferencia a Conjuração Mi i 14. Ele foi considerado um déspota esclarecido,
neira, de 1789, da Conjuração Baiana, de 1798, é i expulsou os jesuítas e transferiu a capital da colô-
que a última:
COLONIAIS
i nia para o Rio:
a) representou, pela primeira vez na História do ‘ a) D. João VI
Brasil, um movimento de caráter republicano;
i b) Marques de Pombal
b) preocupou-se mais com os aspectos sociais, a
liberdade do povo e do trabalho; ■ c) Marques de Távora
REBELIÕES
c) apresentou pela primeira vez, planos políticos e i d) Conde de Caravelas
ideológicos;
1 e)D . Jose I
d) representou o primeiro movimento apoiado por
grupos de intelectuais;
e) tinha caráter de protesto contra certas medidas
1 15. O Movimento que para alguns foi o embrião POMBALINAS,
1 da formação do Exercito Brasileiro foi:
do govemo, sem prender a separação de Portugal.
[ a) Inconfidência Baiana
j b) Conjuração dos alfaiates
12. A ocorrência das Conjurações, no Brasil, no
final do século XVIII, é explicada: | c) Insurreição Pernambucana
03 AS REFORMAS
govemo de D. José I;
J a) Rebelião de Beckman.
Capítulo:
w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 43
• e) Guerra dos Emboabas. ; d) ideal republicanista, estando seus líderes influ- ■
enciados pela Independência dos Estados Unidos.
| 17. (EsSA 2008) O responsável pela transferência
í da capital do Brasil de Salvador para o Rio de e) forte desejo de independência, inspirado nos
! Janeiro em 1763, foi: deais ilumínistas de igualdade e liberdade.
1 a) D. João VI.
! b) D.Pedro I. 21. (EsSA 2011) Em 1798, surgiu na Bahia um
movimento rebelde conhecido como Conjuração
] c) Marquês de Pombal Baiana ou Revolta dos Alfaiates, que contou com
1 d) D. Manuel. a participação das camadas sociais mais humildes.
Esse movimento
; e) Visconde de Barbacena.
A) pretendia fundar uma universidade e aproveitar
as jazidas de ferro da região.
1 18. (ESPCEX-2009) A decisão de Portugal de B) contava, no plano político, com elementos
I recriar as Casas de Fundição, por onde todo o adeptos da monarquia constitucional.
! ouro extraído deveria obrigatoriamente passar, é o
! motivo da C) defendia o estímulo à produção de couro e
charque, principais produtos da Bahia.
! a) Guerra dos Emboabas.
D) foi o primeiro movimento de rebeldia no Brasil
! b) Guerra dos Mascates. a questionar o Pacto Colonial.
! c) Insurreição Pernambucana. E) defendia a abolição da escravatura e o aumento
1 d) Revolta de Vila Rica. da remuneração dos soldados.
■ e) Inconfidência Mineira.
22. (EsSA 2011) No ano de 1817, na Província de
Pernambuco, deu-se uma revolta contra o governo
i 19. (ESPCEX-2009) As causas da Conjuração de D. João VI que ficou conhecida como
í Baiana (1798) estão relacionadas com
A) Revolução Liberal.
COLONIAIS
' desde a alta aristocracia até as camadas mais po- Pernambucana, que levou à expulsão do território
1 pulares, fazendo subir as tensões coloniais. brasileiro os invasores
1 d) conflitos eníre colonos e jesuitas, decorrentes ingleses
1 da utilização de escravos indígenas nas plantações
1 da região. franceses
j pio), o que provocou forte reação dos olindenses. a. nas reivindicações das camadas menos favore
cidas da Colônia;
| b) obstáculos que os jesuítas impunham à escravi-
| zação dos indígenas. b. no pensamento liberal dos filósofos da Ilustra
ção europeia;
| c) conflitos entre colonos em disputa pela riqueza
■aurífera. c. nos princípios do socialismo utópico de Saint-
Simon;
w w w .u n í p r e .c ó m .br
44 C u rso de Habilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais
- d. nas ideias defendidas pelos pensadores absolu- ■
J tistas;
| e. nas fórmulas políticas desenvolvidas pelos
1 comerciantes do Rio de Janeiro.
COLONIAIS
GABARITO
l.B 2. C 3. C 4. B 5. C
REBELIÕES
6. A 7. E 8. B 9. A 10. B
POMBALINAS,
16. E 17. C 18. D 19. A 20. B
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 45
U nlpré
H I S 0 4 A P R E S E N Ç A B R I T Â N I C A NO B R A S I L
A presença britânica no Os Tratados
Brasil
da às pressas devido à invasão de Portugal por mercadorias, provocado pelo Bloqueio Continen
tropas francesas. tal.
BRITÂNICA
regida por um govemo sediado na América. Fixada a Corte no Rio de Janeiro, cerca de
15.000 pessoas vieram aumentar a população da
Antes mesmo de organizar o seu ministério, cidade. O Brasil foi dotado de todos os órgãos
ainda sem instalar o gabinete, o príncipe regente administrativos e judiciários semelhantes aos de
teve de atender a pressão pela abertura do comér Portugal. Para aqui se transferiu o corpo diplomá
cio. José da Silva Lisboa, depois Visconde de tico existente em Lisboa e alguns órgãos foram
Cairu. teve então papel importante na medida criados:
HIS
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46 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré»
■ Imprensa Régia Caiena), muito superior às variedades de cana
cultivadas 110 Brasil, que concorreu para 0 aumen
■ Real Fábrica de Pólvora
to de nossa produção açucareira.
■ Arquivo Militar
Napoleão I empossa na Espanha um novo so
n Bibli oteca Nacional berano: seu irmão, José Bonaparte. A repercussão
desses acontecimentos na América espanhola teve
■ Teatro São João
conseqüências mais graves. Vários planos políti
■ Faculdades de Medicina no Rio e em cos se chocavam:
Salvador
1) Os argentinos visavam a uma incorporação
do antigo vice-reino do Prata, sob a hegemonia
de Buenos Aires;
2) Os uruguaios, sob a inspiração de Artigas,
pretendiam organizar uma federação das provín
cias vizinhas;
3) O príncipe D, João procurava realizar o ve
lho sonho português de estender o seu domínio até
o Prata e impedir a reocupaçâo do Rio Grande
pelos espanhóis;
4) D. Carlota Joaquina, na qualidade de repre
sentante da Casa de Bourbon de Espanha, sonhava
com a coroa do reino da Prata.
Conseguiu D. João vencer os adversários e in
corporar o território uruguaio sob o nome de Pro
víncia Cisnlatina. O Brasil atineiu. então, a sua
maior extensão: desde a Guiana Francesa até o
Prata.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
U nlpré
A Revolução Constitucionalista do Porto ■ O Partido Português, formado por co
merciantes e militares portugueses, defen
( 1820 )
dia a posição das Cortes, desejando a
imediata recolonização do Brasil e a recu
A situação dos comerciantes portugueses era peração de seus privilégios.
crítica. As concessões comerciais feitas à Inglater
O Partido Brasileiro, formado pela aristocra
ra haviam liquidado o monopólio comercial dos
portugueses sobre o Brasil, e ainda por cima o cia rural, comerciantes nativos e burocratas, pro
governo português, após a derrota de Napoleão, curava garantir as conquistas econômicas e admi
estava sob a responsabilidade de um lord inglês. nistrativas joaninas, sem se preocupar, a princípio,
com a independência. A insistência das Cortes de
Diante de tal quadro, em 1820, explode em Lisboa em recolonizar o Brasil fez com que o
Partido Brasileiro se inclinasse para o ideal eman-
Portugal, na cidade do Porto, um movimento
cipacionista, buscando preservar a estrutura social
revolucionário dirigido por militares e juizes e
e os privilégios da camada dominante intactos.
principalmente comerciantes. O objetivo da revo
Queriam uma independência controlada, com a
lução era dotar o país de uma constituição liberal
instalação de uma monarquia chefiada por D.
e consequentemente limitar o poder absolutista de
Pedro, sem os riscos de uma participação popular.
D. João VI. Ao lado do caráter liberal, existia
grande ressentimento pelas atitudes da corte no ■ Os liberais-radicais, englobando
Rio de Janeiro, mesmo depois de 1815, quando a população urbana, profissionais liberais
havia sido restabelecida a paz na Europa. e algumas facções da aristocracia rural
nordestina, tinham como ideal a indepen
A revolução se espalhou por todo o país. Um
dência política do Brasil, alterando o qua
governo revolucionário assumiu o poder e convo
dro social e instalando uma República,
cou eleições para a Constituinte, que teve o antigo
mas divergiam sobre uma possível altera
nome de Cortes Gerais Extraordinárias da Nação
ção do quadro social, uma vez que a abo
Portuguesa.
lição da escravidão não era desejo unâni
Embora com representantes brasileiros, a Re me entre os seus membros.
volução exigia nada mais do que a volta do Rei e
sua família para Portugal e a recondução do Brasil
à situação de colônia. Os representantes brasilei
ros não tiveram vez, e o rei D. João VI teve que O Fico
voltar a Portugal.
Os brasileiros compreenderam, então, que a
Agora preste atenção! O principal projeto das
partida de D. Pedro teria como conseqüência a
Cortes era recolonizar o Brasil. Isto implicaria
imediata recondução do Brasil à posição de colô
perda dos benefícios que a elite brasileira acumu
nia e talvez a perda da unidade do Brasil.
NO BRASIL
Os Partidos Políticos
Capitulo:
w w w . u n i p r e .c o m . b r
48 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre
O caminho para a independência do Brasil de
Portugal estava aberto e se consolidou quando D.
Pedro convocou em junho de 1822 uma assem-
bleia constituinte para elaborar uma constituição
para o Brasil, reforçando a ideia de que o Brasil A N O T A T Ò P S
não mais aceitaria as ordens de Portugal. No en
tanto, a Corte de Lisboa continuava enviando ............ ....... “ .............................. ...........
ordens ao Brasil levando então ao rompimento
definitivo expressado pelo “Grito do Ipiranga”. ____________________________________________
De volta de viagem a São Paulo, em outubro de
1822, D. Pedro foi recebido no Rio de Janeiro e ---------------------------------------------------
saudado como imperador do Brasil sendo coroado _________________________________
em dezembro de 1822.
A Independência do Brasil estava oficializada
e os interesses da etite brasileira: a escravidio, o ---------------------------------------------
latifúndio, foram preservados com a instauração ____________________________________________
de uma monarquia constitucional. O governo de
D. Pedro I, no entanto, não foi tão tranqüilo o
que veremos mais à frente. ---------------------------------------------
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 49
O nipre
EXERCÍ CI OS ■ b) Favoreceu o crescimento de nossa dependência ■
com Portugal.
c) Estruturou a formação de zonas livres e inde
pendentes como Pernambuco.
. O Correio Brasiliense, jomat dirigido por Hipó- ! d) Fortaleceu a influência francesa no nosso país
ito da Costa, na época da Independência, era !
principalmente depois dos tratados de 1810.
editado em: !
I
e) Tentou organizar os países da região do Prata,
a) Lisboa i principalmente apoiando o Uruguai.
I
b) Rio de Janeiro i
f
l
e) a aliança entre a Espanha e a França. j a) Favorecimento dos ingleses e o fim do tráfico
BRITÂNICA
1 negreiro.
I
I
I b) Favorecimento de Portugal e o fim do tráfico
4. O partido político surgido no processo de inde- J negreiro.
pendência, e que representava os ideais da aristo- I
cracia rural, (Grandes fazendeiros), eram: \ c) Apoio militar à Napoleão contra a Inglaterra.
1
04 A PRESENÇA
5. A 6. B 7. C 8. A
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9. D 10. E 11. B 12. A
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- 4-1 13. C 14. B 15. A 16. A
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52 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
LJmtpré
HIS 0 5 O P R O C E S S O DE I N D E P E N D Ê N C I A
Em maio de 1823, reuniu-se peia primeira vez
no Brasil uma Assembleia Constituinte, com a
O Processo de Independência do Brasil finalidade de elaborar, discutir e aprovar a nossa
primeira Constituição. Essa Constituição é cha
mada de Constituição da Mandioca, pois o direito
O Brasil não foi à única colônia que ficou in
a voto estava baseado em uma renda mínima, ou
dependente no início do século XIX. Quando
seja, o voto era censitário, definido pela medida
ocorreu a nossa independência, em 7 de setembro
de 150 alqueires de mandioca.
de 1822, algumas colônias da América já haviam
se tomado independentes de suas metrópoles. Os constituintes eram altas autoridades da
Igreja e grandes proprietários rurais. Ou seja,
A primeira colônia americana que se tornou
elementos da classe dominante que elaboraram
independente foram os EUA, em 1776. Os norte-
uma Constituição em que o Imperador só teria
americanos já tinham uma cultura bastante dife
poder figurativo.
rente da nossa. Por isso, a independência política
do Brasil apresentou diferenças em relação à in Ao lado, José
dependência da maioria dos países americanos. Bonifácio de An-
Graças às circunstâncias, no Brasil, adotou-se drada, uma das
uma Monarquia. Para a aristocracia, era a forma principais lideran
ideal de govemo, pois as estruturas sociais não ças políticas do
tinham stdo alternadas. Além disso, se manteria a Brasil.
escravidão.
As característi
cas do projeto de
constituição de
As lutas contra a Independência
1823 eram:
INDEPENDÊNCIA
mãos da classe de proprietário de terras e
com o apoio dos grandes proprietários rurais do escravos, pois definia que quem poderia
centro-sul, favoráveis à independência, D. Pedro votar e ser eleito para deputados e senado
contratou os serviços militares de mercenários. res eram os homens que tinham uma ren
Os chefes mercenários contratados foram lor da proveniente da agricultura.
de Cochrane, John Greenfell, Pierre Labatut,
James Norton, John Taylor e Thomas Crosbie.
É claro que este projeto desagradava a D. Pe
DE
Houve vários choques entre as forças portu dro I que pretendia se tomar um imperador com
guesas que lutavam contra a independência e as totais poderes sobre o Brasil. Desta forma, no dia
05 0 PROCESSO
tropas que representavam o govemo brasileiro. A 12 de novembro de 1823, com as forças militares
luta estendeu-se pela Bahia, Pará, Maranhão, sob o seu comando, D. Pedro I cercou o prédio e
Piauí e Província Cisplatina (amai Uruguai). Mas decretou que a Assembleia Constituinte estava
em todos esses lugares o govemo de D. Pedro dissolvida. Vários deputados foram presos, inclu
venceu os revoltosos. sive José Bonifácio. D. Pedro 1 tinha uma educa
Na metade de 1823, todo o país já estava sob o ção absolutista e a estava colocando em prática.
Isso lhe causaria mais tarde a sua renúncia ao
HIS
TRATADO DE 1825:
INDEPENDÊNCIA
n O Brasil pagaria a importância de dois tituinte de 1820 no Porto e lutou poli
milhões de libras esterlinas sendo ticamente pela independência apoian
1.400.000 libras como pagamento de do D. Pedro; posteriormente se afasta
uma dívida de Portugal junto à Inglater de D. Pedro I. Quando da abdicação
ra. do imperador se reconcilia com D.
II D. João VI poderia usar o título de Impe Pedro e passa a ser o Tutor (profes
rador Honorário do Brasil. sor) do Futuro D. Pedro II. É chama
DE
do de patriarca da Independência.
05 O PROCESSO
do poder político e os pesados impostos, provoca nos que passe por cima do meu cadá
ram em Pernambuco uma nova revolução em ver!” Uma baioneta atravessa o peito
Capitulo:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 55
UmSpré
■ Maria Quitéria de Jesus: Nasceu na Guerra da Cisplatina
pequena localidade de São José da
Itapororocas, no interior baiano, dis
farçou-se de homem e assentou praça A Cisplatina foi anexada ao Brasil por D. João
em um Regimento de Artilharia, para VI, em 1821. Seus habitantes, de origem espanho
lutar contra os portugueses. Transfe la, não aceitavam essa união. Em 1825, um mo
rida, posteriormente, para a infanta vimento revolucionário opunha-se ao Brasil, de
ria, Maria Quitéria integrou-se ao clarando a anexação da Cisplatina à Argentina.
“Batalhão de Voluntários do Príncipe Iniciou-se uma guerra entre Brasil e Argentina,
D. Pedro”, também conhecido como com muitas mortes e perdas materiais para ambos
“Batalhão dos Periquitos”, devido à os lados. Pressionado pelos brasileiros, que não
cor verde das golas e dos punhos dos concordavam com a guerra, D. Pedro aceitou
uniformes de seus integrantes. Era assinar o Tratado de Paz com a Argentina, sob a
conhecida como “soldado Medeiros”. mediação inglesa, em que se reconhecia a Inde
pendência da Cisplatina, que passou a se chamar,
a partir de 1828, República Oriental do Uruguai.
■ Almirante inglês Lord (Marquês do A guerra durou três anos e ajudou a arruinar a
Maranhão): Foi convidado pelo Go economia brasileira, que culminou com a falência
vemo brasileiro para comandar a re- do Banco do Brasil em 1829. A popularidade de
cém-criada Armada brasileira, o qual D. Pedro sofria mais abalos.
trouxe consigo mais quatro oficiais
II. A Questão do trono português — O direito
britânicos, dentre os quais João Pas-
de sucessão do trono português, com a morte de
coe Grenfell, que se destacou por D. João VI em 1826, passou a pertencer a D. Pe
prestar imensos e inestimáveis servi dro, que renunciou em favor de sua filha D. Maria
ços à nossa Pátria. O Almirante Co- da Glória. Sendo esta ainda criança, D. Miguel,
chrane assumiu o Comando-em- irmão de D. Pedro, ficou na regência do trono.
Chefe da Esquadra Imperial em 21 de Contudo, D. Miguel foi aclamado rei em 1828,
março de 1823, quando içou, no mas com o apoio da Santa Aliança. Para garantir os
tro da Nau Pedro I, o seu pavilhão de direitos de sua filha, D. Pedro entrou em conflito
Io Almirante da Marinha do Brasil. A com seu irmão. O envolvimento do imperador
Io de abril, partiu do Rio de Janeiro com a questão sucessória de Portugal gerou pro
com destino a Salvador levando as testos da elite brasileira que temia que D. Pedro
ordens do Ministro Cunha Moreira, tomasse para si o trono português e mantendo o
para que estabelecesse um rigoroso império do Brasil, reunisse as duas coroas colo
bloqueio, destruindo e tomando todas cando em risco a independência do Brasil.
as forças portuguesas que encontras
se, fazendo o maior dano possível ao III. A oposição liberal — As críticas eram pro
inimigo. fundas ao govemo de D. Pedro principalmente
INDEPENDÊNCIA
a) o sufrágio era indireto no que se referia às elei c) o governo do Príncipe não passou de um perío
ções gerais; do de transição em que a reação portuguesa, apoi
ada no Absolutismo do soberano, se conservou no
b) para ser eleitor era necessário possuir uma poder;
determinada renda anual;
d) as propostas do Partido Brasileiro contavam
c) as eleições eram efetuadas em dois turnos su com o apoio unânime dos Deputados à Assem
cessivos; bleia Constituinte de 1823;
d) o voto não era extensivo aos analfabetos e às e) as disputas entre conservadores e liberais repre
mulheres; sentaram diferentes concepções sobre a forma de
e) por ocasião das eleições, realizava-se o recen- organizar a vida econômica do país.
seamento geral da população.
c) II e III apenas;
d) I, li e III; GABA RITO
e) Nenhuma delas.
I.B 2. D 3. D 4. C 5. E
INDEPENDÊNCIA
8. A Inglaterra atuou a favor do Brasil para a 6, A 7. D 8. B 9. C 10. D
obtenção do reconhecimento de sua independên
cia, mas exigiu a extinção: II. B
c) da escravatura;
PROCESSO
d) do Pacto Colonial;
e) do acordo comercial de 1810.
O
deveu-se fundamentalmente:
HIS
mento libertador;
c) ao interesse da aristocracia territorial em pre
servar seus privilégios;
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 59
Umiprá"
HIS 0 6 BRASIL I MP E RI A L - P RI M E I R O R E I N A D O E
P E R Í O D O REGENCIAL
dos a sair do exército os elementos estrangeiros
e foi concedida anistia a todos os acusados de
Como vimos anteriormente, quando, em 7 de
crimes políticos anteriores e ainda, proibição dos
abril de 1831, D. Pedro 1 abdicou em nome de seu
ajuntamentos noturnos em praça pública, tomando
filho D. Pedro II, o futuro imperador do Brasil,
inafiançáveis os crimes em que ocorresse prisão
nascido em 02 de dezembro de 1825, tinha apenas
em flagrante.
5 anos e 4 meses de idade e, portanto, não poderia
assumir o govemo. Sendo assim, até 23 de julho A situação do país, no entanto, não era de
de 1840, quando D. Pedro II foi declarado de calma; vários motins e movimentos explodiriam
maior idade, o Brasil seria governado por regên na Bahia, em Minas, no Pará e em Pernambuco.
cias.
Houve quatro regências:
A Regência Trina Permanente {junho -
!. a Regência Provisória Trina; 1831/ outubro - 1835)
2. a Regência Permanente Trina;
3. a Regência Una do Padre Feijó; Reunido a 3 de maio o Parlamento tomou as
4. a Regência Una de Araújo Lima. primeiras resoluções relativas à futura Regência
Permanente, determinou-se que os regentes não
poderiam dispor das atribuições do Poder Mo
derador, anteriormente exercido por D. Pedro I,
A Regência Trina Provisória (abril-1831/
REGENCIAL
sentantes:
regentes seriam os deputados e senadores que
REINADO
w w w .u n i p r e .e o m .b r
60 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Restaurador ou Caramuru que dese questões, o Código ampliava as funções dos juizes
java a volta de D. Pedro I. de paz, que eram eleitos pelos cidadãos ativos, isto
é, aqueles que tinham renda, de uma determinada
localidade. Os juizes passaram a exercer o papel de
Toda a política, durante os quatro anos de go polícia local, com o poder de prender, formalizar a
verno da Regência Trina Permanente (1831 culpa e julgar. Em casos de urgência podiam con
1835). foi dominada pelo Ministério, do qual fazia vocar a Guarda Nacional e a polícia. Acima do juiz
parte o Padre Diogo Antônio Feíjó. Como Minis de paz, instituiu-se a figura do juiz municipal,
tro da Justiça e como representante da classe soci escolhido pelo presidente da Província. Foi abolida
al dominante, a aristocracia, o padre Feijó tinha a pena de morte, embora fosse mantida a pena do
que manter a ordem no país e evitar rebeliões que açoite. O Código regulava, também, o processo
criassem problemas para o governo. Ele só acei eleitoral e o recrutamento da Guarda Nacional.
tou o cargo de Ministro da Justiça quando lhe Todo o aparato montado por Feijó não foi o bastan
deram carta branca para acabar com as revoltas. te para lhe manter no poder. Sofrendo grande
oposição do senado, e sentindo-se sem apoio
Lina; pela unidade teriíoriai brasiKwa
político, em 1832, Feijó demitiu-se do Ministério da
Justiça e fracassou na sua tentativa de derrubar os
fáa&Oii! Revofuçào
regentes e ser o único regente no Brasil.
lia s a 1S41; Ftemarrtucana
.. . J **0 Lut» (tS i 7)
PARA U A H A N H ftÓ ' '
Ccnteda ração
do Equador
/ . 1 ' A w«*s s * 3 [tS24) O Ato Adicional de 1834
. . ■ ■/- /P E B N A U S iljd C M
Revolta Prüj&na
(1848 a 1850)
ív,--- BAHI* amador
I* Revolta ctac Maiès Em 1834, foi feita uma reforma na Constituição
Imperial Brasileira, com a aprovação do Ato Adici
1H
onal, assinado a 12 de agosto de 1834, adaptando O
Oceano Atlântico
princípios federalistas à monarquia. Foi redigido w
principalmente por Bernardo Pereira de Vasconce o
w
Fórta Alígrv los, um dos deputados mais influentes na Câmara, e Pd
Guerra dos FarrnpaB continha as seguintes inovações: o
Í1 8 3 5 a 1B45) p
o
'H
Ações do Ato Adcional tá
u
Oj
Para tanto, Feijó criou, em 1831, a Guarda d Criavaml-se nas pTovindas Assembléias Legislativas
em substituição aos antigos Conselho; Geiais. Essas
Nacional, que era formada principalmente por
novas câmaias piovindais podesiam legislai sobie o
aristocratas, isto é, por grandes proprietários e Q
a oiganizaçào civil, judiciáiia e eclesiástica local, <
membros do governo, cuja patente mais alta era a instiuçào. desapiopiiaçòes, funcionalismo, polícia e H
de Coronel. Como as patentes eram vendidas pelo economia dos municípios, viaçào e obras públicas. w
governo a preços muito altos, só um grande fa tá
zendeiro poderia ser Coronel. 2) Constitusa-se um teiiitóiio destacado da Província o
do T?io de Janeiro com o nome de Município ÍJeutTO
tá
w
A criação da Guarda Nacional deve-se ao fato (a Corte) deteiminando-se que noutio lugar se w
da posição das tropas que participavam das lutas estabelecesse a sede da província e sua lespectrva H
tá
políticas e posicionavam-se pela volta de D. Pedro Assembleia. Foi escolhida a vila de Piaí3 Giande. O)
futmamente elevada á categoria de ddade com o
I, no caso da oficialidade, e ainda reivindicavam
nome de Niteiói.
melhores soidos e mostravam-se contra as discri
<
minações racial e social, no caso das patentes 3} Deteiminava-se que a regência fosse una e o mandato H
do legente de 4 anos.
tá
mais baixas. Tudo isto tomava o exército suspeito w
cu
para garantir a ordem no país. Extinguia-se o Conselho de Estado s
Poitanto, a paitil de 1834, cada piovíncia passada
A Guarda Nacional provocou muita insatisfa
a tci a sua piópira Assembleia Legislativa, isto quer
ção e conseqüentes agitações nos meios militares, C/)
dizer que cada província passava a tei a libeidade <
pois se seguiu ao desmantelamento do exército. de criai algumas de suas piópiias leis. No entanto tá
CQ
o presidente da piovíncia, c3igo equivalente ao de
Em maio de 1831 o número de efetivos das
governado! de estado em nossos dias, continuava
tropas já havia baixado de 30 mil para 14.342
sendo nomeado pela coite do Kio de Janeito. CO
homens e, em 30 de agosto, reduziu-se ainda mais M
caindo para 10 mil homens. As demissões e licen
ças de militares foram facilitadas, enquanto ces
sou, por tempo indeterminado, o recrutamento A Regência Una de Feijó (1835-1837) P
militar. 4-»
'iH
CL,
Junto com a Guarda Nacional, aprovou-se tam Em 1835 houve eleição para Regente Uno, de O
bém o Código de Processo Criminal. Entre outras acordo com o Ato Adicional de 1834. Os princi-
w w w .u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 61
pais concorrentes nesta eleição foram o pernam política ficou insustentável principalmente após
bucano Holanda Cavalcanti e o paulista Diogo assumir publicamente ser favorável ao fim da
Antônio Feijó, ambos do Partido Liberal Modera escravidão, ferindo os interesses da elite proprie
do. tária brasileira. Sua saída fez os conservadores
chegarem ao poder. Acompanhe no quadro abaixo
Eleito por uma diferença bem pequena de vo
a evolução dos grupamentos políticos no período.
tos, Feijó teve de enfrentar uma forte oposição
política e algumas revoltas que agitaram o país, Logo, durante a regência de ARAÚJO LtMA,
como a Cabanagem no Grão-Pará, a Guerra dos verificou-se um aumento da centralização admi
Farrapos no Rio Grande do Sul e a Revolta dos nistrativa no Sudeste, o que resultou em novas
Malês, na Bahia. revoltas pelo país, a Sabinada na Bahia e a Balai-
—►Partido - -►Partido -
Regressisla C onservador
Liberais M o d o ra d o s,
(ou 'c h rm a n g o s l ' i
REGENCIAL
* G abinete da C onciliação
(1 6 5 3 /1 6 5 8 )
- Liga Progressista
Sociedade D e le nsorada
(1662 - 1868)
Liberdade e indepervdéncia
"Pnrlido’ Brasreiro_
Nacional
t
PERÍODO
Lâ>eiais Exaltados
E
Maioridade.
de Vasconcelos, criou o Partido Regressista.
Eram regressistas todos que se colocavam contrá O raciocínio era simples. Devido à “anarquia”
rios ao Ato Adicional. Foram os regressistas (an que se encontrava o Brasil, com a série de revoltas
06
tigos restauradores e liberais descontentes) que espalhadas pelo território nacional, era preciso
originaram posteriormente o partido Conservador, restaurar a ORDEM. Mas com as disputas políti
HIS
Já o Partido Liberal, surgiu do partido progressis cas, era impossível haver uma conciliação entre os
ta. partidos. Era preciso um símbolo que estivesse
Capitulo:
www .un.ip.re c om .b r
62 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiíiar de Oficiais
Unlpré»
O golpe da maioridade era portanto, uma for movimento, o govemo organizou uma violenta
ma dos liberais voltarem ao poder. A poiara maio repressão que, aliada à desorganização do caba
ridade do Imperador e esperar que ele, agradecido, nos, fez com que eles fossem vencidos na capital,
convocasse um ministério liberal. em 1836, pelas forças do govemo. A luta durou
até 1840, quando a província por fim foi pacifica
O golpe da maioridade era portanto, uma for
da. A Cabanagem deixou um saldo de 40.000
ma dos liberais voltarem ao poder. Apoiar a maio
mortes.
ridade do Imperador e esperar que ele, agradecido,
convocasse um ministério liberal.
REGENCIAL
Em julho de 1840, Araújo Lima, cedendo a pres Revolta dos Malês (Bahia 1835)
sões, pergunta ao Imperador se ele queria ser
Imperador em dezembro, quando faria quinze
anos, ou se queria já. O menino respondeu: “eu O malês eram escravos negros de religião mu
quero já!” çulmana que sabiam ler, escrever em árabe além
PERÍODO
de fazer contas. Por este motivo, estes escravos
Os principais responsáveis por este golpe foram eram utilizados por senhores como escravos de
os Liberais progressistas, que pretendiam derrubar ganho, isto é, escravos utilizados para a venda de
E
os regressistas do poder e assumir o controle polí produtos e que tinham livre circulação pelas cida
tico do país. des onde faziam comércio. Esta relativa liberdade
REINADO
no entanto não diminuía os castigos e a violência
Portanto, o golpe da maioridade deve ser entendi provocada por sua condição de escravo.
do também
como um golpe político na disputa pelo poder Os fatores que levaram à revolta dos Malês fo
- PRIMEIRO
entre os partidos Progressista e Regressista. ram: os maus tratos e castigos e a imposição da
religião católica.
Com este golpe, terminou o Período Regencial e Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de
começou, então, o Segundo Reinado e os progres 1500 negros, liderados por muçulmanos, entre
sistas chegaram ao poder, outros: Manuel Calafate, Aprígio e Pai Inácio,
armaram uma conspiração com o objetivo de
IMPERIAL
tante movimento popular do Brasil Regencial. Foi inferioridade numérica e de armamentos, acaba
feito por índios, negros e caboclos do Pará e que ram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional
HIS
viviam em habitações feitas de palhas (cabanas). e por civis armados, que estavam apavorados ante
Daí o seu nome: cabanos. a possibilidade do sucesso da rebelião negra.
Capitulo:
www.unipre.eom.br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 63
Onipré 1
riados e escravos.
nantes. pois era somente o govemo do Rio de
O fato que costuma marcar o início da revolta Janeiro quem nomeava os governadores para as
ocorreu em dezembro de 1838. O vaqueiro Rai províncias do Brasil.
mundo Gomes, conhecido como Cara Preta,
passava pela Vila da Manga, levando uma boiada
PERÍODO
Alves de Lima e Silva ao Maranhão, onde derro em reação à pesada taxação imposta ao charque e
tou os revoltosos na cidade de Caxias, no interior aos couros e à suspensão do pagamento das dívi
do Maranhão, recebendo o título de Barão de das do govemo imperial, A revolta explodiu em
Caxias e a nomeação para Governador da provín setembro de 1835.
cia. Terminava a revolta no Maranhão, já no go
BR A SIL
REGENCIAL
negociou do que reprimiu, isto se deve ao fato de
que a revolta foi o tempo inteiro liderada pelos ------------------------------------------------
estancieiros gaúchos.
PERÍODO
E
REINADO
PRIMEIRO
-
IMPERIAL
BRASIL
06
HIS
Capítulo:
w w w . u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 65
Unipré»
- e) Brasileiro ;
EXERCÍCIOS
[ 4, O resultado da discussão política e a aprovação
I da antecipação da maioridade de D. Pedro II re-
1 presentaram:
I. A abdicação de D. Pedro I pôs fim ao Primeiro ■ S a) o pleno congraçamento de todas as forças polí-
í Reinado e proporcionou as condições para a con- I ticas da época.
! solidação da independência nacional, uma vez
i que: ! b) a vitória parlamentar do bloco partidário libe-
] ral.
\ a) as lutas das várias facções políticas se resolve
! ram com a vitória dos Exaltados sobre os Mode- ; c) a trama bem-sucedida do grupo conservador
i rados; 1 que fundara a Sociedade Promotora da Maiorida-
! de.
b) as rebeliões anteriores à abdicação possuíam
! nítido caráter reívindicatório de classe; ! d) a anulação da ordem escravista que prevalecia
! sobre os interesses particulares.
i c) o govemo do Príncipe não passou de um perío-
I do de transição em que a reação portuguesa, apoi- ! e) a debandada do grupo político liderado por um
1 ava-se no Absolutismo do soberano que se con- I proprietário rural republicano.
i servou no poder;
! d) as propostas do Partido Brasileiro contavam I 5. O partido político que apoiava o Regente Feijó
! com o apoio unânime dos Deputados à Assem ! foi o:
! bleia Constituinte de 1823;
REGENCIAL
! a) Restaurador
; e) as disputas entre conservadores e liberais repre-
I sentaram diferentes concepções sobre a forma de 1 b) Brasileiro
' organizar a vida econômica do país. i c) Conservador
i d) Progressista
PERÍODO
i principal força durante a Guerra do Paraguai. ' rais moderados criando as Assembleias Legislati-
REINADO
I b) Paraná
] a) Regres sista
Capitulo:
REGENCIAL
d) Sabinada e Alfaiates;
e) Confederação do Equador e Praieira. 1. c 2. E 3. D 4. B 5. D
6. A 7. D 8. B 9. C 10. B
10. Uma das alterações na Constituição de 1824
PERÍODO
foi a criação da:
11.B 12. C
a) Lei Interpretai iva
b) Ato Adicional
E
c) Lei de Representação
REINADO
d) Poder Moderador
e) Conselho de Estado
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 67
Unlpré
HIS 0 7 B R A SI L I MP ERI AL - SE GU N DO R E I N A D O
no entanto na prática política esses partidos muito
se aproximavam.
O primeiro ministério criado após o golpe da
maioridade foi formado por elementos do Partido Daí a célebre frase citada por Oliveira Vianna
Liberal, principais responsáveis pela articulação (1883-1954): “Nada mais conservador do que um
do golpe e que assumiram o controle político do liberal no poder. Nada mais liberal do que um
país. conservador na oposição.”
O poder dos irmãos Andradas, os irmãos Cou- Praticamente não havia diferença entre os dois
tinho e os irmãos Cavalcante predominavam nesse e ambos defendiam, quase que exclusivamente, os
ministério e por isso ficou conhecido como o interesses da aristocracia. Lutavam entre si apenas
Ministério dos Irmãos. pelo poder político e mantinha excluído do poder
a maior parte da população brasileira, pois o voto
Com a convocação, pelo Imperador, de novas era censitário, isto é, dependia da renda da pessoa.
eleições para compor a nova Câmara de Deputa
dos, em 1840, o Ministério dos "irmãos” estava De 1853 a 1858 houve um período de paz e
disposto a usar de meios violentos para garantir a harmonia entre os partidos. Nesta época, José
vitória dos candidatos do Partido Liberal. Por isso Honório Carneiro Leão (Marquês de Paraná) criou
as eleições de 1840 ficaram conhecidas como um ministério formado por homens do Partido
eleições do cacete, pois além do uso de bandos de Liberal e do Partido Conservador e que se chamou
capangas que invadiram os locais de votação, Ministério da Conciliação. Com a extinção desse
muitas umas foram adulteradas. ministério, em 1858, as lutas recomeçaram.
O Partido Conservador não aceitou a vitória Em 1869, um grupo de liberais fundou um no
dos liberais nestas eleições e pressionaram D. vo partido, chamado Partido Radical, que deu
Pedro II para a convocação de novas eleições. origem, em 1870, ao Partido Republicano.
Com esses fatos D. Pedro II destituiu a nova Câ
mara dos Deputados, recém eleita, e convocou Épocas do predomínio dos Partidos: •‘A
novas eleições. Kegência de Feisó (1835-37) — Liberal 1
Os liberais de S. Paulo e Minas, não satisfeitos Regência de Araújo Uma ( 1837-40) — Conseivadoi
com a subida dos conservadores ao poder, toma
IB40-41 - Libeial
ram a dissolução da Câmara como pretexto para
fazer estourar a revolução de 1842. Seus mentores 1841-43 - Conseivadoi
eram Teófilo Ottoni, em Minas, e o Padre Diogo 1843-48 - Libeial
REINADO
1862-68 -L ib e ia l
1868-78 ~ Conservador
Liberais e Conservadores, tudo igual!?
1878-85 — Liberal
IMPERIAL
1865-89 — Conservado!
De 1840 a 1889, isto é, durante todo o Segun
do Reinado, apenas dois partidos políticos, o Li
beral e o Conservador, revezaram-se no poder.
O Parlamentarismo
BRASIL
As diferenças entre esses dois partidos, fica lítico em que o chefe do Poder Executivo é o
vam principalmente no campo do discurso políti primeiro-ministro. O Parlamentarismo no Brasil
HIS
co: os liberais geralmente defendiam um poder surgiu em 1847, quando foi criado o cargo de
político mais descentralizado, com um poder Presidente do Conselho de Ministros. A partir
Capitulo:
decisivo maior para as províncias, eram favorá desse momento, o Imperador, em vez de escolher
veis ao fim do tráfico negreiro, enquanto que todos os seus ministros, escolhia apenas o Presi
conservadores defendiam um Estado central forte; dente do Conselho de Ministros. O primeiro-
ministro, então, escolhia os demais ministros e
formava o seu ministério o qual deveria ser apro-
w w w . u n i p r e .com. b r
68 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
vado pela Câmara dos Deputados em busca do A revolta iniciada em Olinda, não durou um
voto de confiança. ano. Foi sufocada pelas forças do govemo. Entre
tanto, alguns rebeldes, liderados por Pedro Ivo,
No Parlamentarismo brasileiro o imperador
continuaram resistindo no interior por mais três
exercia um forte poder, pois ele podia dissolver a
anos, quando Pedro Ivo foi traído e preso. Em
Câmara ou o Gabinete caso ele não fosse aprova
1852, o govemo concedeu anistia aos revoltosos.
do e convocar novas eleições. Já que D. Pedro II
Completava-se a pacificação interna do país.
era o chefe do Poder Moderador, o Parlamenta
rismo que caracterizou grande parle do Segundo A Praieira foi uma das mais significativas re
Reinado ficou conhecido como "parlamentaris voltas sociais do Brasil. Teve a participação das
mo às avessas", pois no Brasil não era o parla camadas pobres da população pernambucana e
mento a principal força política e sim o impera encerrou o periodo de intensa agitação social
dor, que através do poder moderador podia subor iniciado no Periodo Regencial.
dinar os demais poderes.
Desta maneira, D. Pedro II conseguiu a ordem
política interna, intercalando gabinetes dos dois CEARÁ
partidos que se revezaram no poder até 1889. Ora
o ministério era formado pelo Partido Liberal, ora
pelo Partido Conservador, e era mantida a autori
dade centralizadora do Império. Í \
PERNAMBUCO
'Ytpcbcã
A Revolução Praieira (1848) Agvaf'rwtms f/Stivinhuúm
t ■
muito cultivado entre os árabes, tomando-se mais de riquezas, grande propriedade e monocultura
conhecido na Europa a partir do século XVI. O
HIS
exportadora.
café foi trazido para o Brasil contrabandeado pelo
aventureiro Palheta e foi no século XIX que se
Capitulo:
REINADO
encanamento de água, etc. Por sua ousadia, pas As Guerras Platinas
sou a ser o símbolo da época, chamada de Era
Mauá. No entanto, a força da elite brasileira vin
culada à agricultura e a concorrência inglesa, Entre 1851 e 1870, o Brasil participou de três
acabaram por sabotar o desenvolvimento industri guerras na região platina:
- SEGUNDO
al. Mauá foi à falência e junto com ele, acabava o
m contra Oribe, do Uruguai, e Rosas, da
surto industrial que levou seu nome.
Argentina;
■ contra Aguirre, do Uruguai;
A Questão Christie
IMPERIAL
rioridade empreendida pelo seu govemo. No en nela. Para eles, era importante que fosse mantida a
tanto algumas das suas atitudes nada diplomáticas liberdade de navegação na bacia platina, porque o
HIS
em alguns episódios, criaram uma atmosfera des Brasil comerciava na área e usava os rios para
favorável às relações anglo-brasileiras, marcadas chegar mais facilmente ao Mato Grosso.
Capítulo:
Prata.
Só então a Inglaterra, que observava os acon
tecimentos, resolveu aproximar-se da França para, A Guerra do Paraguai (1864-1870)
numa ação conjunta, porem termo à política de
- SE G U N D O
ram-se às tropas do uruguaio Rivera, que lutava O Paraguai, desde a sua independência em
contra Oribe, e às tropas de Urquizas, um argenti 1811, procurou se isolar dos conflitos platinos até
no inimigo de Rosas. a subida do ditador Francisco Solano Lopez, que
preocupado com a situação vulnerável do Para
Uma aliança entre Rivera do Uruguai, o Impé guai quanto as suas relações com o exterior, pro
BR A SIL
rio brasileiro e o general Urquiza, das províncias vocada pelo fato do país não ter uma saída direta
argentinas revoltosas de Comentes e Entre Rios, para o mar, iniciou uma postura mais agressiva
culminaram na derrota tanto de Oribe (Uruguai), buscando a conquista da liberdade de navegação
07
como de Rosas (Argentina). O governo argentino no estuário do Prata e um caminho rumo ao Ocea
passou para as mãos de Urquiza. no Atlântico. Mas para isso ele entraria em confli
HIS
Depois da vitória sobre Oribe, o Brasil partiu to com os interesses da Argentina, Brasil e Uru
para a luta direta contra Rosas. Em 1852, as tropas guai na região.
Capitulo:
brasileiras venceram as tropas argentinas na Bata O Paraguai, antes da Guerra, podia servir de
lha de Monte Caseros e Rosas fugiu para a Ingla exemplo para os outros países sul-americanos. Era
terra. um país que não dependia economicamente de
ninguém. Não admitia o capital estrangeiro e
w w w .u n i p r e .c o m . b r
72 Curso de Habiliíação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pre»
possuía uma moeda extremamente forte. Sem o armada chegava a 60 mil homens, enquanto que o
capita] estrangeiro o Paraguai havia criado side da Tríplice Aliança representava um terço deste
rurgia, estradas de ferro, telégrafos, fábricas de número. O Brasil foi o que mais enviou soldados
armas e de pólvora, fábrica de tecidos, de material (8 mil homens) e em sua maioria não eram treina
para construção, de papel, de tinta etc. Na época dos, pois a maioria do contingente brasileiro foi
de Francisco Solano Lopez, foi criado o serviço formada pelos Voluntários da Pátria, cidadãos que
militar obrigatório, se concedeu terra aos campo se apresentavam para lutar.
neses, o govemo controlava várias fazendas e não
A vantagem dos brasileiros estava em sua ma
havia analfabetos no país.
rinha de guerra: 42 navios com 239 bocas de fogo
O presidente Francisco Solano Lopez tinha e cerca de quatro mil homens bem treinados na
uma pretensão imperialista, que era a de formar o tripulação. E a maior parte da esquadra já se en
Grande Paraguai, formado pelo Paraguai, pelo contrava na região do Prata, onde havia atuado na
Uruguai, por regiões argentinas, pelo Rio Grande intervenção contra Aguirre. A vitória do Almiran
do Sul e pelo Mato Grosso, assim tendo uma saída te Barroso, na Batalha do Riachuelo (1865), foi
para o Oceano Atlântico. decisiva para a libertação do Rio Grande do Sul e
O nacionalismo econômico paraguaio pertur para a condução do conflito pois deteve a ofensiva
de López, que passou a se defender. Os para
bava os interesses da Inglaterra, interessada em
explorar os sul-americanos. A Inglaterra temia guaios, chefiados pelo General Estigarribia, ren
mie o nacionalismo paraguaio fosse exemplo para deram-se em Uruguaiana.
outros países como Brasil e Argentina. Fortalecidos os aliados, sob o comando de
Por tudo isso, a Inglaterra estimulou o conflito Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina e
contra o Paraguai. Para ela era fundamental que comandante da Tríplice Aliança, agora com um
exército de 50 mil homens bem treinados, inicia
Solano Lopez e o nacionalismo econômico para
guaio desaparecessem. Para a Inglaterra não foi ram a invasão do território Paraguaio no final de
difícil apoiar o Brasil e a Argentina a fazerem a 1865.
guerra contra o Paraguai, porque Solano Lopez Em 1866 travou-se a Batalha de Tuiuti, consi
pretendia conquistar terras destes dois países para derada a maior batalha campal da América do Sul.
formar o Grande Paraguai. Depois de vitorioso nesta batalha, o General Osó
rio, comandante das forças brasileiras, foi substi
tuído por Caxias, dando início à segunda fase da
A Guerra guerra do Paraguai. Caxias foi responsável por
uma série de vitórias nesta guerra, como, por
exemplo, as sucessivas vitórias no mês de dezem
A Guerra do Paraguai começou com a ofensi bro de 1868, (dezembrada), em Itororó, Avaí, §
va paraguaia quando Solano Lopez mandou apri Angostura e Lomas Valentinas. ^
sionar o navio brasileiro Marquês de Olinda e
todos os seus tripulantes, que se dirigia para o B O LÍV IA BRAStL
Mato Grosso e se encontrava perto de Assunção,
capital do Paraguai, com a justificativa de que o
Brasil violou o govemo uruguaio, em novembro o Cerro Corá:
de 1864. "S 1/3 /1 B 70
w.ww . u . n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 73
Tases da fjiiena Comandantes
alcançou o posto de al feres e aos 20 concluiu o
curso da Real Academia Militar com distinção.
1- Fase Marectial Osório (Marques de Hetval]
Veterano da independência, destacou-se na Bahia,
2- Fase Uifc de Lima e SRva (Duque de Caxias) combatendo as tropas de Portugal, que resistiam à
3- Fase Gastão de Oileans (Conde D TiU) emancipação. Lutou na guerra da Cisplatina. Ten
do sido promovido ao posto de major e designado
para o comando do batalhão do imperador, tropa
de elite subordinada a D. Pedro I. Após a abdica
ção, de Pedro I, chefiou a polícia militar da corte e
Conseqüências da Guerra atuou nas lutas do período regencial. Pacificou a
balaiada no Maranhão (1841), e as revoltas libe
rais de São Paulo e Minas Gerais, em 1842, foi
A Guerra deixou profundas marcas tanto no um dos responsáveis pelo fim da revolução Far
Brasil como no Paraguai. roupilha, tendo negociado de forma favorável a
paz. Foi Presidente da províncias do Maranhão
O Paraguai ficou arrasado. Aproximadamente (1839-41) e do Rio Grande (1842-46), lutou con
80% dos homens paraguaios morreram na guerra
tra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina), entre
e os que sobraram eram na maioria velhos, crian
1851 e 1855. Participou da guerra do Paraguai,
ças e aleijados. O povo paraguaio passou a viver assumindo a liderança do Exército Imperial em
basicamente da agricultura, por que a sua indús 1866, onde reorganizou o Exército Imperial, dan
tria foi paralisada. O Paraguai ficou endividado do uma estrutura profissional ao mesmo, e prepa
com o Brasil e a dívida foi perdoada, em 1943, rando para a vitória na guerra. O certo é que seu
por Getúlio Vargas. Ainda teve perdas territoriais. desempenho à frente das forças aliadas concorreu
Quanto ao Brasil, as conseqüências também de modo inquestionável para o triunfo final sobre
foram amplas. Morreram milhares de brasileiros. o inimigo. Dentre outros episódios, celebrizou-se
Os gastos com a guerra afetaram bastante a nossa nos combates de Estabelecimento, Avai, Lomas
economia e o govemo foi obrigado a pedir novos Valentinas, (a famosa Dezembrada) e a entrada
empréstimos externos. Com isso aumentou ainda vitoriosa em Assunção. Ocupada a capital para
mais a nossa dívida extema. guaia, o marechal deu por encerrada a sua missão,
retomando ao Rio de Janeiro em fevereiro de
Ao terminar a guerra passamos a ter um Exér 1869. Senador pelo Rio Grande do Sul desde
cito vitorioso e modernizado, onde muitos ofici 1846, integrava o Partido Conservador. Ocupou a
ais, geralmente vindos da classe média, não admi pasta da Guerra por três vezes, sendo que, em
tiam mais o Império escravista e passaram a aderir 1855, no govemo do marquês de Paraná, contribu
às campanhas abolicionistas e republicanas, como iu para a política de conciliação, assumiu a presi
veremos depois. dência do Conselho, função que voltaria a ocupar
REINADO
O Exército passava a ser, também, a possibili no 16.o e 26.o gabinetes do Segundo Reinado,
dade de ascensão para os ex-escravos e outras sendo que em 1875 coube-lhe encerrar a Questão
pessoas de baixa condição social. O crescimento Religiosa, concedendo anistia aos bispos de Olin
do exerci como força política e o contato de seus da e do Pará. Homem de confiança de D. Pedro II,
- SEGUNDO
oficiais com Repúblicas como Argentina e Uru recebeu o título de barão de Caxias (1841), sendo
guai, onde os militares tinham uma posição de elevado sucessivamente a conde (1845), marquês
liderança política, alimentou nos oficiais brasilei (1852) e Duque (1869), o único da nobiliarquia
ros o desejo de maior participação nos destinos do brasileira fora da família imperial. Faleceu a 8 de
império, fato que proporcionou o enfraquecimento maio de 1880, na fazenda Santa Mônica, na pro
IMPERIAL
Um Herói de Ver
dade Luís Alves de . ,
Crise da Monarquia e
Lima e Silva (Duque
proclamação da Republica
BR A SIL
de Caxias)- Patrono
do Exército Brasileiro kSé&Lj.
Nasceu na região da A crise do Império brasileiro está relacionada
07
Cunha Matos. Foi o estopim da crise. A oficiali Porém, o Império, com a prisão dos bispos, per
dade, por sua vez, considerou as punições aos deu a simpatia do clero e da população. Mais uma
colegas uma ofensa coletiva e questionou o go importante coluna de apoio ao Império caía.
vemo sobre o direito de livre manifestação da
classe militar. Para dirimir a questão, o gabinete
- SE G U N D O
plenos poderes para apresentá-lo ao imperador. América e queremos ser americanos”. Este mani
HIS
Em audiência com D. Pedro II, Deodoro conse festo, assinado por homens como Quintino Bocai
guiu não só a revogação do ato que proibia a ma úva, Rangel Pestana, Saldanha Marinho e outros,
deu origem ao Partido Republicano.
Capitulo:
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76 C u ís o d e Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
U if : :p í ' #
Em 1873, na cidade paulista de Itu, foi criado descentralizar o poder nos Estados, ainda possibi
o Partido Republicano Paulista (PRP), um dos litaria o domínio do govemo como um instrumen
principais partidos republicanos responsáveis pela to dos seus interesses de classe dominante econo
Proclamação da República. micamente.
Causas da Proclamação da República:
w w w .u n i p r e .c o m . b r
78 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pr#»
EXERCÍCIOS d) Quando D. Pedro II instituiu, em 1847, o cargo
de 1° Ministro procedeu a uma consulta ao povo,
isto é, fez um plebiscito;
1. Sobre a estrutura política do Brasil durante o
e) A Pasta ministerial intitulada no Império, ad
Segundo Reinado, podemos afirmar: ministrava tudo que dizia respeito à política inter
a) o Parlamentarismo brasileiro foi uma cópia do na, inclusive as finanças e a justiça.
britânico, refletindo politicamente o controle
econômico que os ingleses exerciam na época
sobre o país; 4. Assinale a informação correta sobre o 11 Impé
rio:
b) a partir de 1870, quando surgiu, o Partido Re
publicano teve possibilidades de concorrer vanta a) No século XIX já éramos exportadores de pro
josamente com os Partidos Liberal e Conservador, dutos manufaturados para a Inglaterra;
que até então dominavam o cenário político;
b) A utilização da mão-de-obra assalariada come
c) embora parlamentarista, a Monarquia brasileira, çou em São Paulo, antes de Lei Áurea;
na verdade, continuava concentrando poderes nas
c) São Paulo é, ainda hoje, o maior produtor de
mãos do Imperador, árbitro das questões que
café entre os estados brasileiros;
pudessem opor o Conselho de Ministros à Câmara
dos Deputados; d) O plantio do café iniciou-se no Vale do Paraíba
e caminhou em seguida para o oeste Paulista;
d) as grandes reformas sociais e políticas, tais
como a extinção do tráfico de escravos e a aboli e) Em meados do século XIX, o café perdia a
ção, foram obras do Partido Liberal, em função do liderança na luta das exportações brasileiras.
seu programa e de sua ideologia;
e) embora a Carta Outorgada de 1824 fosse man
5. O Positivismo é uma filosofia francesa que
tida, as reformas eleitorais empreendidas durante
influiu decisivamente no Brasil
o reinado de D. Pedro II possibilitaram a partici
pação ampla das diversas camadas sociais no a) para os eventos da Questão Religiosa em 1873;
processo de escolha de Deputados e Senadores.
b) na criação da Maçonaria;
c) na abdicação de D. Pedro I;
2. A aplicação da Bula Syllabus, de Pio IX, sem
d) na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mun
autorização de D. Pedro II, gerou um desentendi
dial;
mento entre a Igreja e o Trono. Esse desentendi
mento tomou o nome de Questão e) na origem e formação da República.
a) Padroado;
b) Confrarias; 6. Gabinete Reformista instituído por D. Pedro II
antes da Proclamação da República era chefiado
c) Beneplácito;
por:
d) Religiosa;
a) Eusébio de Queiroz
e) Autos de Fé.
b) Irineu Evangelista de Souza
c) Nicolau de Campos Vergueiro
3. Examinando-se o processo da evolução política
brasileira no século XIX considera-se CORRETA d) Visconde de Ouro Preto
a afirmativa: e) Zacarias de Góes Monteiro
a) A instituição do voto secreto só se implantou M
entre nós com a Constituição promulgada de CO
1891; 7. Comandante da segunda fase da guerra do Pa
raguai, liderou a dezembrada:
b) Pelo Ato Adicional à Constituição do Império
determinava-se o aparecimento do Município a) Marques de Erval.
CO
Neutro bem como passavam a existir as Assem- b) Conde D’Eu. I—
I
K
bleias Provinciais;
c) Duque de Caxias.
c) Quando se cxtinguia um mandato de Senador
no Império, o Poder Moderador, exercido pelo d) Visconde de Porto Alegre.
Imperador mandava que se fizessem eleições e) Conde de Baral.
indiretas para depois nomear um dos três mais
votados;
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 79
8. Um dos objetivos do Império na sua política d) se somente as afirmativas 1, 2 e 3 estão corre
platina era: tas.
a) garantir o governo Oribe; e) se somente a afirmativa 4 está correta.
b) impedir a reconstituição do Vice-Reino de
Buenos Aires;
11. A afirmação de que “o partido que sobe entre
c) preservar nossa hegemonia no Prata; ga o programa de oposição ao partido que desce e
recebe deste o programa de govemo”, relacionada
d) resguardar as fronteiras de Mato Grosso;
aos partidos políticos do Segundo Reinado, suben
e) defender a posição de López no Paraguai. tende que:
a) os políticos do império sempre tiveram plata
formas de atuação definidas;
9. A revolta conhecida pela denominação de Prai-
eira ocorreu em 1848 na Província de: b) os conservadores conduziram a vida partidária
do Império, mas os liberais governavam;
a) Pará.
c) a ameaça de radicalizações obrigava os partidos
b) Maranhão.
políticos à coesão;
c) Pernambuco. d) sendo a conciliação ideal constante na vida
d) Bahia. política do país, os partidos pouco se diferencia
vam na prática;
e) Minas Gerais.
e) as divergências entre as várias classes da socie
dade brasileira estavam representadas nos pro
10. “ Se o despotismo atrever-se gramas partidários.
REINADO
ção que a fundamenta e qtie, não obstante, deve Queiroz, o governo imperial extinguiu o tráfico
ser preservada: a escravidão” negreiro para o Brasil. A razão dessa medida foi:
(MATTOS, limar R. O Tempo Saquarema. RJ, a) a chegada de grande número de imigrantes
Hucitec, 1987, p. 85). A citação anterior se refere italianos cujo trabalho, além de barato, apresenta
- S E GU N D O
a um aspecto do processo de construção do Estado va um nível técnico mais alto;
Imperial pouco destacado pelas análises usuais,
sugerindo que: b) o temor da violenta repressão inglesa, sobretu
do após S845, quando foi aprovado o “Bill Aber-
a) O projeto de unificação e de centralização polí decn”;
tica do Império brasileiro foi executado pela elite
IMPERIAL
ilustrada de todo o país que, para ser bem sucedi c) o endividamento com os traficantes de escra
da, impôs a escravidão como instituição nacional, vos, dos proprietários rurais, interessados por isso
através do uso da violência; no tráfico interno;
nacional fosse pacífico e ameno; 18. (UFRO) Brasil Império, a Questão Abolicio
nista foi colocada em vigor:
Capítulo:
lidade de impedir a propagação de empresas fan Bill Aberdeen. Com relação a esse ato é correto
tasmas. afirmar:
HIS
REINADO
vitória expressiva do movimento abolicionista,
tornando irreversível o fim da escravidão;
d. As sucessivas leis. emancipacionistas foram
paralelas á progressiva substituição do trabalho
- SEG U N D O
escravo por homens livres;
e. A Lei Áurea, iniciativa da própria Coroa, visava
garantir a estabilidade e o apoio dos setores rurais
ao Império.
IMPERIAL
GABARITO
1. c 2. D 3. B 4. D 5. E
BRASIL
6. D 7. C 8. C 9. C 10. D
07
26. D
w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 83
Unipr#»
HIS 0 8 B R A S I L R E P Ú B L I C A
autonomia das Províncias; mandato temporário
dos senadores.
Fim do Império
As reformas do Gabinete Ouro Preto chegaram
tarde demais. No dia 14 de Novembro de 1889, os
Na Década de 1870 diversos republicanos ad conspiradores lançaram o boato de que o govemo
quiriram visibilidade, a partir da publicação do havia mandado prender o Marechal Deodoro da
Manifesto Republicano (1870), da Convenção de Fonseca e Benjamin Constant. Os republicanos
Itú (1873), e da militância dos Clubes Republica vão à casa de Deodoro, que estava doente, e con
nos, que se multiplicam a partir de então. Forte vencem-no a realizar uma quartelada.
mente influenciados pelo Positivismo (Benjamin Com esse pretexto, no amanhecer do dia 15 de
Constant), as suas ideias eram veiculadas pelo Novembro, o Marechal Deodoro sai de casa, atra
periódico A República. As propostas giravam em vessa o Campo de Santana e, do outro lado da
tomo de duas teses: a evotucionista (que admitia praça, conclama os soldados do batalhão em fren
que a proclamação era inevitável, não justificando te a se rebelarem contra o govemo. Oferecem um
unia luta armada) e a revolucionista, que defendia cavalo ao Marechal, que monta e, segundo teste
a possibilidade de que se pegasse em armas para munhos, tira o chapéu e proclama “Viva o Impe
conquistar a República. rador!”. Depois apeia, atravessa novamente a
Outros republicanos de destaque são Aristides praça e volta para casa. A quartelada prossegue
Lobo, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva. O com um desfile de tropas pela Rua Direita (atual
movimento pró-República no Brasil tomava pro Io de Março) até o Paço Imperial.
porções irreversíveis, mas para que a alteração na No Paço, o presidente do gabinete (primeiro-
forma de govemo se desse de forma democrática, ministro), Visconde de Ouro Preto, pede ao co
seria necessária uma Assembleia Geral majoritari- mandante do destacamento local, General Floria-
amente republicana, o que parecia distante de no Peixoto, que prenda os amotinados. Floriano se
ocorrer, pois a população não se mostrava simpá recusa e dá voz de prisão ao chefe-de-govemo.
tica à derrocada da monarquia.
O Imperador, que estava em Petrópolis, é in
formado e decide descer para a Corte. Ao saber do
golpe, reconhece a queda do govemo e procura
As reformas do Gabinete Ouro Preto
anunciar um novo nome para substituir Ouro
Preto. No entanto, como nada fora dito sobre
O govemo imperial, através do Gabinete do república até então, os republicanos mais exalta
dos, Benjamin Constant à frente, espalham o boa
Visconde de Ouro Preto, percebendo a difícil
to de que o Imperador escolherá Gaspar Silveira
situação política em que se encontrava, apresen
Martins, inimigo político de Deodoro desde os
tou, numa ultima tentativa de salvar o Império à
tempos do Rio Grande do Sul, para ser novo chefe
Câmara dos Deputados um programa de reformas
de govemo. Com este engodo, Deodoro é conven
políticas, do qual constavam:
cido a aderir à causa republicana. O Imperador é
■ A autonomia para as províncias; informado disso e, desiludido, decide não oferecer
resistência.
s A liberdade de voto;
A noite, na Câmara Municipal do Município
REPÚBLICA
O Govemo Imperial, percebendo, embora tar elite, sem nenhuma participação popular, sendo
diamente, a difícil situação em que se encontrava estes considerados “bestializados” do fato que o
Capítulo:
com o isolamento da Monarquia, apresentou à país enfrentava, nas palavras de Aristides Lobo
Câmara dos Deputados um programa de reformas em artigo de primeira página publicado no Diário
políticas, do qual constavam: liberdade de fé reli Popular de São Paulo no dia 17 de novembro de
giosa; liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento; 1889.
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84 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
maioria da população brasileira da participação
política.
A REPUBLICA VELHA
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 87
pré»
As leis em Canudos eram rígidas, estavam desafiar o poder da recém instalada República
proibidos: bebidas alcoólicas e prostituição; a brasileira, porém jamais pretendeu chefiar uma
produção de alimentos era solidária e dividida rebelião camponesa para derrubar a república. Seu
entre quem a produzia. No entanto, havia comér movimento messiânico foi deturpado do seu pro
cio em Canudos, por isto não podemos afirmar de pósito e serviu como pretexto para a repressão.
que se tratou de uma revolta socialista. Acusado de monarquista acabou morrendo junto
aos seus seguidores impiedosamente mortos em
Com sua atitude e atraindo cada vez mais se combate ou mesmo executados. A república dos
guidores, Antônio Conselheiro acabou se tomado coronéis não queria ver o perigo de gente humilde
muito perigoso para os fazendeiros, para a Igreja e se levantando contra o regime. Daí a destruição.
para o govemo local, pois Antônio Conselheiro
não pagava imposto. A guerra de Canudos se
inicia quando Antônio Conselheiro manda seus
GOVERNO DE CAMPOS SALES - 1898
jagunços irem pegar em um povoado vizinho uma
encomenda de madeira para a construção da nova 1902
igreja, que ele tinha pagado e não tinha recebido.
Foi a justificativa para o início das hostilidades
contra o povoado. O paulista Manuel Ferreira de Campos Sales
govemou de 15 de novembro de 1898 a 15 de
novembro de 1902. Ele efetivou a hegemonia
As quatro campanhas conua Canudos
cafeeira na política nacional ao articular a Política
Campanhas Fatos dos Governadores, numa relação de barganha
Govetnadoi da Bahia otdena uma política com as oligarquias estaduais, garantindo
expedição em defesa de Juazeiro que assim a eleição de um Legislativo pronto a aten
1* Campanha: tinha sido ameaçada poi jagunços
4 a 21 de de Antônio Conselhetio Expediçào der os projetos do Executivo. A política dos go
novembio de com 100 piaças comandada pelo ten. vernadores se tomou a base de sustentabilidade da
1896 Manuel Feneiia Segue até Uauá onde política do café-com-leite, ou seja, da hegemonia
é de?TOtada pelos jagunços no dia 21 de da oligarquia paulista e mineira, que em acordo
outubio.
definiam quem seria o próximo presidente do
Comandada peto Majoi Fiebònio de Brasil.
21 Campanha:
Biito, com 543 piaças e 14 oficiais e 3
25 de outubio
médicos. Tjavessia do Cambaio, piimeno A política dos governadores se somava ao co-
de 1896 a 20
e segundo combate. Mais de 400 ronelismo, ou seja, o domínio político exercido
de janeiio de
jagunços mortos. Retiiada em fiente a
Í897
Canudos.
pelos latifundiários sobre uma população local
através da violência e do assistencialismo (favores
Expedição Moreira César, com 1.300
3* Campanha: prestados a uma população carente de apoio do
homens. Chega a Monte Santo e dali
8 de fevereiro govemo). Os coronéis exerciam influência sobre
paia Canudos, Assalto ao arraial em
a 3 de março
2 de março. Morte de Moreira César. os resultados das eleições já que o voto não era
de 1897
Expedição bate em letnada. secreto, o que facilitava o domínio sobre quem
Expedição comandada pelo Gen. AtI ut votava.
Oscai, dividida em duas colunas, uma
com 1.933 homens e a outra com Desta forma o sistema de controle estabelecido
2.350. Combate de Cocorobó. Duas por Campos Sales passava pelas três esferas de
41Campanha: colunas chegam a Canudos. Assalto ao poder: federal (controle sobre o congresso), esta
16 de junho a anaia!: 947 baixas. Chegam icforços de
dual (acordo com os governadores) e municipal
5 de outubio 2 brigadas da Bahia. Bombardeio sobre
de 1897 Canudos. Combate de Coxomongo. (apoio ao coronelismo). Ele entendia que a políti
REPÚBLICA
Mone Antônio Conselheiro no dia ca era um privilégio das elites e, assim, seu go
22. No dia 24 de setembio Canudos vemo foi uma democracia sem participação do
encontra-se sitiada. Assalto final em 1*
de outubio.
povo.
A política econômica de Campos Sales e de
seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, tam
BR AS IL
cio datava dos anos 70, não visava a impor uma tar negociar uma saída para a questão da dívida
reforma agrária nem encapava intuito político. extema.
Capitulo:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 89
Unlpré
O problema é que a reforma sanitária previa, GOVERNO DE HERMES DA FONSECA
como você acabou de ler, o combate aos vetores 1910-1914
das doenças {mosquitos e ratos) e a vacinação
obrigatória sem uma devida campanha de escla
recimento público, pelo contrário, com todo Influenciado por Pinheiro Machado, senador
autoritarismo do governo. A reforma Pereira gaúcho, seu govemo foi marcado pela “ POLÍTICA
Passos pôs abaixo cerca de 600 prédios do Centro DAS SALVAÇÕES", iniciada por militares que
para a abertura da Avenida Central (atual Rio tinham o interesse de “salvar" a política brasileira
Branco). O "bota abaixo” como ficou conhecido, da corrupção, quando os grupos de oposição nos
juntamente com a campanha de vacinação obriga Estados e os militares “hermistas" buscaram as
tória levou a população a se revoltar contra o sumir o poder, derrubando as oligarquias tradicio
govemo. nalmente dominantes. No Ceará, por exemplo, os
Entre 10 e 16 de novembro de 1904, o Centro tradicionais Aciolis perderam o poder, moralizan
foi palco de enfrentamentos entre a população que do-a.
sofria os efeitos das reformas e o govemo. Setores Sob seu govemo eclodiu no Rio de Janeiro a
da classe média, que também se colocaram contra “Revolta da Chibata" - em 1910, liderada pelo
a vacinação com um discurso moralista (se dizia marinheiro João Cândido, que dominou vários
que a vacina seria aplica nas partes íntimas) e navios da Marinha Brasileira, inclusive o São
militar, aproveitaram para tentar derrubar o go Paulo e o Minas Gerais para exigir: o fim dos
vemo que reprimiu as revoltas com energia. castigos corporais que ainda existiam na marinha,
a melhoria das condições dos marinheiros e au
mento dos soidos.
GOVERNO DE AFONSO PENA 1906-1909
A revolta se desenvolveu com os marinheiros
E tomando navios e assassinando oficiais que não
GOVERNO DE NILO PEÇANHA 1909-1910 aceitavam a revolta. Em seguida os marinheiros
ameaçaram bombardear a cidade, caso o govemo
não cumprisse suas exigências. Hermes da Fonse
Afonso Pena fez um bom govemo, falecendo ca negociou com os revoltosos, e mediante o
antes de terminar o mandato. No seu govemo comprometimento do govemo os revoltosos en
houve a abertura de estradas de ferro; deu prosse tregaram os navios sendo posteriormente presos e
guimento ao aperfeiçoamento do porto do Rio alguns sumariamente executados.
visando um escoamento mais rápido da produção;
promoveu reequipamento da Marinha, com a Seu líder, João Cândido, ficou preso durante
comprados Couraçados Minas Gerais e São Paulo; anos. Outros marinheiros foram enviados para o
houve a participação de Rui Barbosa na II Confe Norte do Brasil. Apesar da repressão, os castigos
rência da Paz, em Haia em 1907. corporais foram banidos do código disciplinar da
marinha.
Devido ao falecimento de Afonso Pena, assu
miu o poder o vice-presidente, Nilo Peçanha, Ainda durante seu gover
govemo no qual se criou o Ministério da Agricul no ocorreu a Revolta de Jua
tura; fundou-se o SPI (Serviço de Proteção ao zeiro (1914), liderada pelo
índio); realizaram-se eleições apresentando dois padre Cícero Romão Batista,
candidatos: Rui Barbosa e o Marechal Hermes da ídolo da religiosidade nordes
REPÚBLICA
mente competitiva da História da República. estado do Ceará. Tal situação elevou ainda mais o
A campanha civilista de Rui Barbosa, contrá carisma de padre Cícero que hoje é venerado
ria à ascensão de um novo militar ao poder, foi como santo e herói no sertão.
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90 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
a Alemanha e enviou uma missão médica para a termo, mas um reino encantado pleno de paz,
Europa. justiça e prosperidade.
Durante seu govemo o Brasil ingressa no pro As condições sociais da região eram tensas e
cesso de substituição de importações. Devido à difíceis, não só devido à rivalidade entre as fac
guerra na Europa o Brasil foi impedido de conti ções políticas comandadas pelos “coronéis” lo
nuar importando produtos europeus, já que as cais, como também às atividades de duas compa
indústrias de lá estavam em esforço de guerra. nhias inglesas: a Brazil Railway e a Southern
Diante desta situação, o Brasil passa a produzir Brasil Lumhers Colonisation que, tendo obtido
internamente o que antes importava (substituir amplas concessões territoriais em Santa Catarina,
importações). passaram a expulsar moradores e posseiros das
terras arrendadas.
Internamente seu govemo enfrentou a Guerra
do Contestado, liderada pelo líder religioso José Orientados pela palavra de um desses "mon
Maria e posteriormente pelo seu sucessor João ges”, José Maria, os sertanejos começaram a
Maria na fronteira do Paraná com Santa Catarina, pegar em armas. Reunidos em Taquaruçu, sob o
região contestada entre os dois estados, daí o clima dos festejos em homenagem ao Bom Jesus e
nome da revolta. sensíveis às leituras do “monge” de trechos do
Ao final do seu govemo, realizaram-se novas livro História do Imperador Carlos Magno e os
eleições e venceu novamente Rodrigues Alves, doze pares de França, os revoltosos resistiram as
que veio a falecer. O vice-presidente, Delfim investidas do exército que tentou desde o início
Moreira, convocou novas eleições que foram abafar a revolta. Ao final, os monges foram mor
disputadas por Rui Barbosa e Epitácío Pessoa. tos e os sertanejos massacrados pela força da
Venceu Epitácio. Ainda em seu govemo ocorreu a república que contou ainda com apoio de aviões
promulgação do Código Civil em 1917. no combate à revolta.
O movimento do Contestado deve ser inserido Esta crise está diretamente relacionada com as
no quadro das transformações sociais e econômi transformações já citadas que podemos enumerar:
cas ocorridas antes da República. Nas raízes do ■ Processo de industrialização e as manifesta
conflito são detectadas motivos de ordem material ções operárias que exigiam leis de amparo ao
e espiritual, já que nesta revolta encontramos o trabalhador e aumento de salários, que resul
Messianismo, exercido por pessoas que se intitu taram em grandes manifestações e greves,
lavam monges e pregavam para uma população principalmente nas grandes cidades.
sem apoio do Estado.
■ Crescimento de uma classe média nas gran
Portanto, os motivos da revolta são: a violên des cidades que se transformou na principal
cia dos coronéis da região sobre a população mais fonte de criticas aos procedimentos oligárqui-
humilde; a exploração da mão-de-obra camponesa cos.
por empresas estrangeiras (Brazil Railway e a
Southern Brasil Lumhers Colonisation), desapro n Movimento tenentista no Exército que reuniu
priação de terras dos camponeses para abertura de setores militares descontentes com a corrup
estradas e linhas férreas e ainda a pregação religi ção na república oligárquica.
osa dos monges messiânicos que unia os revolto ■ Surgimento do movimento modernista em
sos. São Paulo que propunha uma nova visão de
Particularmente, aqueles que apregoavam ser cultura e interpretação do Brasil.
portadores de dotes incomuns, intitulando-se No Govemo de Epitácio Pessoa, realizou-se
“monges”, surgiam pregando a redenção, atacan no Rio de Janeiro a Exposição Internacional co-
do a República e anunciando a chegada da mo
narquia, não uma monarquia no sentido usual do
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar cie Oficiais
Unlpré
tnemoratíva do Centenário da Independência tava movimentos no Amazonas, Pará e Rio Gran
(1922). de do Sul. Neste último estado, as tropas sob o
comando do capitão Luís Carlos Prestes seguiram
ao encontro da tropa paulista, reunindo-se em Foz
GOVERNO DE ARTUR BERNARDES do Iguaçu em 1925.
1922-1926 Da união da coluna paulista com a coluna gaú
cha formou-se a Coluna Miguel Costa-Prestes,
movimento militar que percorreu mais de 25 mil
Na sucessão presidencial de Epitácio Pessoa km (entre 1925 e 1927) pelo território brasileiro
começavam a se manifestar os primeiros sintomas em busca de apoio para derrubar o presidente
da luta pelo poder. As oligarquias dominantes Artur Bemardes.
lançaram o nome do político mineiro, Artur Ber-
nardes, que, obviamente, estava antecipadamente Este movimento foi duramente combatido e
eleito. A oposição juntou os estados “médios” e perseguido pelas forças de govemo, polícias esta
lançou a candidatura de Nilo Peçanha. Esse mo duais e jagunços de coronéis. Até Lampião o “rei
vimento ficou conhecido como “ Reação Republi do cangaço”, chegou a perseguir a coluna, que
cana”,
após dois anos se retirou para a Bolívia. Por este
movimento, Luís Carlos Prestes ficou conhecido
Durante a campanha eleitoral, ocorreu o publi como “cavaleiro da esperança" e obteve prestígio
cação pela imprensa oposicionista de algumas político.
cartas, cuja autoria era atribuída a Bemardes. Nas
cartas, o candidato situacionista atacava o mare Após se exilar na Bolívia, Prestes seguiu para
chal Hermes, então presidente do Clube Militar, e a URSS onde estudou as teorias comunistas, vin
o exército. do a se tomar líder do movimento comunista no
Brasil na década de 1930.
Mais tarde se apurou que Artur Bemardes ja
mais escrevera as cartas. Os oposicionistas pre
tendiam incompatibilizá-lo com as Forças Arma Movimento Modernista
das, única forma de impedir que fosse vencedor
ou tomasse posse.
Hermes da Fonseca fez um pronunciamento Movimento de caráter amplo que abrange to
atacando o governo. Foi punido, e o Clube Militar das as manifestações da cultura e da produção
fechado. Era a volta da Questão Militar. Para intelectual brasileira. Evidencia-se no Brasil, após
impedir a posse de Bemardes, várias unidades do a I Guerra Mundial tendo como marco a Semana
Exército se revoltaram, mas foram dominadas. A de Arte Moderna de São Paulo, realizada no
exceção foi o Forte de Copacabana. Isolados e teatro municipal paulista em fevereiro de 1922.
em desespero, os oficiais rebeldes se agruparam e O movimento pretendia romper com a produ
17 deles saíram as ruas para enfrentar os soldados
ção cultural brasileira que se acreditava copiar de
legalistas. A adesão de um civil os transformou
culturas importadas. Para os “modernos”, era
nos 18 do Forte. Dezesseis foram mortos a bala. preciso achar a verdadeira cultura brasileira em
Só escaparam dois feridos, Eduardo Gomes e suas raízes populares. As principais características
Siqueira Campos. Tomaram-se os heróis do te- deste movimento são:
nentismo.
■ Busca do modemo, original e polêmico;
REPÚBLICA
ruas;
Dois anos após o levante do Forte de Copaca m Paródias - tentativa de repensar a história e a
bana, ocorreram novos conflitos tenentistas que literatura brasileiras.
08
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92 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
B Nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, descontentes com a desmoralização do país) fa
identificado com as correntes de extrema di zem parte.
reita.
Nas eleições para a sucessão do Presidente
Os principais nomes do modernismo em sua Washington Luís, em 1929, a economia cafeeira
primeira etapa são: Mário de Andrade, Oswald de passava por uma grave crise, pois o preço do café
Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara estava muito baixo, graças à quebra da bolsa de
Machado, Menotti dei Picchia, Cassiano Ricardo, Nova York. Ocorre que os EUA eram responsá
Guilherme de Almeida, Plínio Salgado, Tarsilla veis pela compra de mais de 60% da produção de
do Amaral, Villa-Lobos, Di Cavalcanti. café brasileiro. Com as dificuldades econômicas
os EUA diminuíram drasticamente suas importa
ções, fazendo encalhar o café no Brasil e baixar o
GOVERNO DE WASHINGTON LUÍS preço no mercado internacional.
1926-1930 Washington Luís, implementou uma política
de apoio aos cafeicultores de São Paulo que inclu
ía a indicação de Júlio Prestes à presidência da
Último presidente da República Velha , tinha o República, fato que os mineiros, parceiros na
apelido de Estradeiro. Seu lema político era “go política do café-com-leite, não concordaram.
vernar é construir Estradas”. Foi responsável Assim, foi quebrado o acordo entre São Paulo e
pelas rodovias que ligam o Rio de Janeiro a Belo Minas Gerais, que visava o controle da presidên
Horizonte e o Rio de Janeiro a São Paulo. cia.
Seu Governo enfrentou os efeitos do colapso Minas Gerais aliou-se com o Rio Grande do
financeiro mundial iniciado com a quebra da Bol Sul e Paraíba, lançando a candidatura do gaúcho
sa de Nova York (outubro de 1929). Getúlio Vargas tendo o paraibano João Pessoa
como vice. A união dos três Estados chamou-se
Aliança Liberal.
A crise de 1929 A vitória eleitoral foi do candidato de São
Paulo, pois, apesar da perda do poder econômico,
os cafeicultores ainda representavam uma força
O final da Primeira Guerra Mundial marcou o política. Esse fato descontentou os grupos estadu
declínio da Europa e a ascensão dos Estados Uni» ais inimigos de São Paulo. A ideia da Revolução
dos como a mais importante potência econômica para derrubar os paulistas, surgiu primeiramente
do mundo. A indústria norte-americana era res com jovens políticos e tenentes descontentes com
ponsável por volta de 1920, por quase 50% da a supremacia do setor cafeeiro. O estopim foi o
produção mundial, vivendo o país um clima de assassinato de João Pessoa, na Paraíba.
euforia capitalista que ficou conhecido como o
American Way of Life (o estilo de vida america Acusando o governo de responsável pela mor
no), caracterizado por uma ânsia consumista. te de João Pessoa, os revolucionários iniciaram a
marcha em direção ao Rio de Janeiro, para derru
A Crise de 1929 foi provocada pela super pro bar o presidente e impedir a posse de Júlio Pres
dução de bens industriais e agrícolas naquele país. tes.
A fase de grande euforia e prosperidade econômi
ca norte-americana, foi substituída por uma terrí No dia 24 de outubro de 1930, antes da chega
vel crise econômica, de repercussão mundial. da dos revoltosos ao Rio, vários oficiais legalistas
REPÚBLICA
Vários foram os fatores que levaram a essa crise, do Exército e Marinha depuseram o presidente,
entre eles a superprodução da economia norte- entregando o governo ao chefe revolucionário:
americana, a recuperação econômica dos países Getúlio Vargas. Assim, encerrou-se a República
europeus, que diminuíram suas importações dos Velha, ou Primeira República.
EUA por volta de 1925, a grande concentração de
riqueza nas mãos dos capitalistas e a especulação
BR AS IL
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 93
Unlpré»
O Brasil exigiu a devolução do território e re A ERA VARGAS (1930-1945)
cebeu ganho de causa.
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94 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré
Govemo Constitucional (1934-1937)
Todas estas medidas tinham como alvo acabar
com a estrutura política dos governadores e do
A Nova Constituição Brasileira ficou pronta
coronelismo que, como já adiantamos, eram os
em 1934 e tinha um caráter liberal. Seus princi
pilares de sustentação da política do café-com-
pais pontos eram:
leite.
H Regime presidencialista com mandato de 4
Contudo, note que Minas Gerais que fazia par
anos;
te desta política, se mantém com representantes
no govemo provisório, o que atesta a permanência a Leis Trabalhistas (salário mínimo, oito horas
de algumas práticas políticas antigas, principal de trabalho por dia, repouso semanal remune
mente no que se refere a manutenção das relações rado, férias anuais);
no campo.
■ Voto secreto, introdução do voto feminino;
O problema é que os paulistas retirados do po
m Estado de sítio concedido pelo Congresso;
der, não aceitariam a perda do controle tão facil
mente. o que ficou comprovado no movimento de ■ Nacionalismo econômico (defesa das rique
1932. zas e potencialidades nacionais).
Com a nova Constituirão promulgada, Vargas
foi eleito por voto indireto, para um mandato de 4
A Revolução constitucionatista - 1932 anos, ou seja até 1938. No entanto acabou gover
nando o país até 1945.
Em 1932, eclodiu em São Paulo um movimen
to contra o govemo de Vargas. São Paulo havia
As transformações ideológicas
perdido sua autonomia, pois Vargas nomeou um
interventor militar de outro Estado, o Tenente O contexto mundial na década de 1930 foi
pernambucano João Alberto, que representava a
marcado pela grande depressão. Conseqüência
política centralizadora do govemo. Além disso, o
imediata da Crise de 1929 iniciada nos Estado
setor cafeeiro havia perdido sua hegemonia políti
Unidos, a grande depressão conciliava altos índi
ca, com o fim da República Velha.
ces de desemprego com baixa produtividade in
Os paulistas iniciam uma campanha exigindo dustrial. A miséria e a fome eram comuns entre a
um interventor “civil e paulista” e a volta à “cons- população europeia.
titucionalidade”, ou seja, a realização de eleições
para a formação de uma Assembleia constituinte. Neste contexto, se desenvolviam novas saídas
para a crise. A ideologia comunista teve grande
Na verdade, o que os paulistas pretendiam era a
influência sobre os trabalhadores, pois a URSS,
reabertura do Congresso, para desta forma, conse
exatamente por não seguir o capitalismo e não
guir retomar ao poder. Por trás do movimento,
depender dos EUA foi a única na Europa há não
estavam a velha oligarquia paulistana e setores da
sentir os efeitos da crise. Logo seu regime se
burguesia paulista, reunidos no Partido Democrá
apresentava, principalmente para a classe traba
tico, formado em 1926.
lhadora, como uma alternativa a ser seguida.
Para conseguir seus objetivos, esta elite paulis
No entanto, um outro caminho se apresentava.
tana conclama a população de São Paulo a se unir
O Fascismo surgido na Itália com Benito Musso-
REPÚBLICA
crescimento do comunismo.
O Comando militar da Revolução estava a
Neste sentido, a teoria fascista fez surgir novos
cargo de dois generais: Isidoro Dias Lopes e Ber
grupos pela Europa, principalmente nos países
toldo Klinger. Apesar dos amplos recursos
08
legalistas comandadas por Góes Monteiro. Mas Nazista e conseguiu chegar ao poder em 1933.
em 1934, o Brasil ganhava uma nova Constituição
Com medidas autoritárias, ideias racistas, cas
apítulo:
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economias de seus países atraindo simpatizantes ilegalidade, o PCB (Partido Comunista Brasileiro)
por todo mundo. tendo Prestes como líder, organiza um movimento
para derrubar o govemo e realizar uma revolução
No Brasil, as influências ideológicas chegaram
comunista no Brasil, chamada de Intentona Co
com força total, com simpatizantes do fascismo e
munista de 1935.
do comunismo formando partidos e movimentos
que influenciavam a vida nacional. Duas correntes Com conflitos armados no Rio de Janeiro, Na
políticas formaram-se: tal e Recife, a Intentona fracassou, em parte pela
falta de apoio e pelas ações descoordenadas. Var
❖ AIB - Ação Integralista Brasileira -
gas imprimiu violento combate e os militantes
Liderada por Plínio Salgado, um dos foram presos, e cassados posteriormente, como foi
representantes da primeira fase do o caso de Prestes e sua companheira Olga Bená-
modernismo era de tendência Fascis rio.
ta. Possuía um grande número de
adeptos, principalmente no Sul do Depois da repressão à Intentona Comunista,
Brasil, onde a colonização é de ori Vargas solicita Estado de Sítio e é atendido pelo
gem europeia. Os integralistas defen congresso. O Govemo tinha prometido eleições
diam: Estado autoritário, o culto a um para a presidência em 1937. Apresentaram-se os
chefe único da nação, combate ao seguintes candidatos: Armando de Salles Oliveira,
comunismo e o moralismo. Adotaram paulista e José Américo de Almeida.
como símbolo a letra grega sigma Entretanto, em 10 de novembro de 1937, Var
(£). Vestiam uniformes e saudavam- gas dá um auto golpe, fechando o Congresso,
se com a palavra tupi, ANAUÊ! (que suspendendo a Constituição e cancelando as elei
significa você é meu parente) e ti ções. O pretexto para o golpe foi uma suposta
nham como lema Deus, pátria e fa carta escrita pelos comunistas onde estavam lista
mília. dos os planos de uma nova tentativa de revolução.
❖ ANL - Aliança Nacional Libertadora No entanto, a carta e o plano chamado de PLANO
- Representava uma grande frente de COHEN eram falsos. Na verdade haviam sidos
oposição ao integralismo de Plínio criados pelo Capitão Olímpio Mourão, partidário
Salgado. Era presidido por Luís Car do integralismo. Mesmo assim, Vargas decretou o
los Prestes, aquele mesmo que junto
fechamento do Congresso apoiado por militares e
setores da burguesia. A descoberta do plano co
com Miguel Costa, liderou a Coluna
Miguel Costa Prestes contra o gover munista, PLANO COHEN, na verdade forjado
pelo govemo foi a desculpa que faltava para im
no de Artur Bemardes. A ANL, reu
plementação da ditadura do Estado Novo, que se
nia diversos segmentos sociais. Sin
estenderia até 1945.
dicalistas, trabalhadores, classe média
urbana, militares e partidários do
PCB. Portanto, tinha uma tendência
ao comunismo. Seus principais pon O Estado Novo (1937-1945)
tos eram: suspensão do pagamento da
dívida externa, nacionalização de
empresas estrangeiras, reforma agrá O período conhecido como Estado Novo é ca
ria e combate ao fascismo. Em pouco racterizado por um regime ditatorial implementa
tempo a ANL reunia um grande nú do por Vargas aliado a setores militares e burgue
sia. O processo de fechamento do regime come
REPÚBLICA
O crescimento da ANL e os ataques ao seu nova constituição, que ficou conhecida como
govemo levou Vargas a decretar o fechamento de polaca por se inspirar no modelo de constituição
seus núcleos acusando o movimento de ter liga da Polônia.
ções com o comunismo internacional. Uma vez na
08
HIS
Capitulo:
w w w .u n i p r e .c o m .b r
96 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Li:r ipré»
Constituição de 1937
A posição do Brasil
Como acabamos de ler, o Estado Novo foi
Antes do início da Segunda Guerra Mundial, a
marcado por forte centralização político-
ideologia do Estado Novo implantado por Getúlio
administrativa. Vargas governou sozinho, sem
Vargas, apontava para um provável alinhamento
partidos, mas plenamente apoiado pelos setores
do Brasil com os países do Pacto de Aço —Ale
militares e pela burguesia nacional.
manha e Itália e durante os primeiros anos da
Segunda Guerra Mundial, o govemo do Estado
Novo não tomou posição, mantendo neutralidade
Economia na Era Vargas
com respeito às nações envolvidas no conflito.
A economia neste período é caracterizada pela Em 28 de janeiro de 1942, na Terceira Confe
forte intervenção do Estado, principalmente na rência de Chanceleres Americanos do Rio de
implantação das indústrias de base. Foram cria Janeiro, o Brasil defendeu a política continental
das: de apoio aos Estados Unidos e anunciou o rom
•Ia Companhia Siderúrgica Nacional de Vol pimento de relações diplomáticas do Brasil com
ta Redonda os países do Eixo, e os americanos, graças a esse
apoio, vão financiar a construção da Companhia
*> Companhia Vale do Rio Doce (minérios) Siderúrgica de Volta Redonda (CSN). Em março,
Hidrelétrica de Paulo Afonso pelos acordos de Washington, foram cedidos
vários pontos do Nordeste do país para servirem
•t* Companhia Álcalis (química) de bases navais e aéreas aos norte-americanos.
•> Fábrica Nacional de Motores (FNM tam Esta atitude provocou a fúria de Hitler que or
bém chamada de Fenemê) denou que seus submarinos atuassem contra os
❖ Criação dos Instimtos do café, do álcool, navios brasileiros. Nos sete meses seguintes cerca
açúcar e pinho. de 19 navios mercantes brasileiros foram torpede- ^
ados.
CQ
o
O Brasil na segunda guerra mundial CLi
A participação brasileira g
Como vimos a crise econômica dos Anos 30
gerou descrença nas ideias liberais e democráticas O govemo brasileiro finalmente declarou
em ambas as parcelas da população de países guerra à Alemanha e à Itália em agosto de 1942,
desenvolvidos, principalmente na Europa. Nesses mas só após ajustes difíceis com os Estados Uni
países, surgiram e tomou o poder partido cuja dos e a Grã-Bretanha foi criada a Força Expedici
ideologia propunha um Estado autoritário, milita- onária Brasileira (FEB), que levou o Brasil ao <=>
rizado, nacionalista, expansionista e anticomunis teatro de operações na Itália. Para seu comando ui
ta, resultado do medo generalizado da burguesia foi convidado o general Mascarenhas de Morais. tc
capitalista de ver repetir em seus países o êxito da A campanha da FEB na Itália durou sete me
Revolução Russa. Para salvar os seus interesses as ses e 19 dias. De 16 de setembro de 1944, quando
elites europeias acabaram apoiando a ascensão um batalhão do 6° Regimento de Infantaria inici
das doutrinas totalitárias, que prometiam restabe ou a marcha que levaria as conquistas de Camaio- £
lecer a ordem e a disciplina social. re e Monte Prano, até 2 de maio de 1945, dia em u
w w w ..unipre .co m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 97
que a ordem de cessar fogo foi expedida pelo Fim do conflito
comando do V Exército americano, ao qual a FEB
De 8 de maio - data da rendição da Alemanha
era subordinada. A FEB lutou na Itália tanto na
e portanto do fim da guerra na Europa - até 3 de
região do rio Serchio durante outono de 1944,
junho a FEB foi empregada na ocupação militar
quanto no vale do rio Reno, em plena Cordilheira
do território conquistado e começou a preparar
Apenina. Nesta região os soldados brasileiros
seu retomo ao Brasil. Quando o Io Escalão re
enfrentaram um rigoroso inverno e o fogo cons
gressou ao Brasil, em 18 de julho de 1945 o Brasil
tante do Exército Alemão. Nossas maiores vitórias
contava 454 mortos, ficaram enterrados no cemi
foram: as conquistas de Monte Castelo, em 22 de
tério brasileiro localizado na cidade de Pistóia,
fevereiro de 1945, e de Montese, em 14 de abril, e
perto de Florença.
o aprisionamento da 148a Divisão Alemã em 28
de abril de 1945. A participação militar direta do Brasil na guer
ra, num primeiro momento, fortaleceu o regime e
ampliou o poder e o prestígio de setores civis e
A Batalha de Monte Castelo militares da classe governante. No entanto, logo
se evidenciou uma contradição, na medida em que
A missão mais importante que coube à FEB o Brasil apoiava as forças aliadas na sua luta con
foi a tomada de Monte Castelo. A elevação, do tra os regimes autoritários nazi-fascistas e, ao
minada pelos alemães, era uma posição estratégi mesmo tempo, mantinha internamente um regime
ca que impedia o 4o Corpo de Exército de prosse ditatorial que restringia a participação popular.
guir a marcha até Bolonha, objetivo maior do Esta contradição entre lutar a favor da liberal-
comando das Forças Aliadas na Itália. No dia 24 democracia ao lado dos Aliados na Europa e man
de novembro de 1944 foi feita a primeira ofensi ter uma ditadura 110 pais em muito contribuiria
va. Depois de se apoderarem do monte Belvedere, para a queda de Vargas e o fim do Estado Novo
ao lado de Castelo, os brasileiros sofreram uma em 29 de outubro de 1945.
violenta contraofensiva alemã que os obrigou a
abandonar as posições já conquistadas.
No dia 29 os Aliados iniciaram a segunda Queremismo
ofensiva a Monte Castelo, igualmente barrada
Movimento político surgido em maio de 1945
pelos regimentos de infantaria alemães. No dia 12
com o objetivo de defender a permanência de
de dezembro iniciou-se o também frustrado tercei
Getúlio Vargas na presidência da República. O
ro assalto dos expedicionários brasileiros a Monte
nome “queremismo” se originou do slogan utili
Castelo, que não durou mais de cinco horas.
zado pelo movimento: “Queremos Getúlio” .
Mesmo assim, as vanguardas da FEB consegui
ram chegar além da metade do caminho progra Diante das evidências de que a ditadura do Es
mado. tado Novo caminhava para 0 seu final, as forças
políticas que havia se oposto ao regime organiza
O dia 19 de fevereiro de 1945 foi a data esta
ram partidos politicos nacionais, que lançaram
belecida pelo comando do V Exército para o iní
candidatos, enquanto 0 próprio Vargas mantinha-
cio de nova ofensiva, que ficaria conhecida como
se numa posição dúbia em relação à possibilidade
Operação Encore. Nela seriam empregadas todas
de candidatar-se.
as forças do 4° Corpo de Exército, visando a ex
pulsar o inimigo do vale do rio Reno e persegui-lo Nesse contexto, surgiu em São Paulo, entre os
até o vale do rio Panaro. A missão dos brasileiros meses de março e maio, o movimento da panela
seria desalojar os alemães de Castelnuovo de vazia, manifestação pioneira em defesa de sua
REPÚBLICA
Vergato, do Monte Soprassasso e, mais uma vez, permanência na presidência. Logo em seguida,
de Monte Castelo. A grande vitória finalmente ainda no mês de maio, foi lançado o movimento
ocorreu em 21 de fevereiro. queremista, no Rio de Janeiro. Os queremistas
reivindicavam 0 adiamento das eleições presiden
Outras Batalhas e vitórias da FEB
ciais e a convocação de uma Assembleia Nacional
B RA SI L
w w w . u h i p r e .c o m . br
98 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
15;
Vv'•í • V-,
prá»
ANOTACOES
REPÚBLICA
BR AS IL
08
HIS
Capitulo:
w w w .u n i p r e .c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
qq
Spr£
EXERCÍCIOS d) Washington Luís
e) General Rondon
1. No govemo de Floriano Peixoto ocorreu:
a) A Guerra dos Canudos; 6. A Coluna Prestes foi um movimento reivindica-
tório dos tenentes que teve sua origem nos esta
b) A Revolta da Armada;
dos:
c) A Questão Religiosa;
a) Minas Gerais e São Paulo
d) A Campanha Civílista;
b) Rio de Janeiro e São Paulo
e) A Guerra dos Farrapos. c) Rio Grande do Sul e São Paulo
d) Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul
2. No século passado, ocorreu a Crise de 1929.
e) Minas Gerais e Rio de Janeiro
Assinale a alternativa que apresenta algumas das
suas causas.
7. Com relação a crise econômica de 1929, pode
a) Superprodução de mercadorias e a saturação
mos afirmar que:
dos mercados consumidores.
a) Resultou da queda das exportações, do pleno
b) Surgimento de ideologias, como fascismo,
emprego e do aumento do consumo interno nos
nazismo e o comunismo.
EUA.
c) Diminuição do crédito bancário e o aumento de
b) Ficou restrita a economia norte-americana,
impostos para as importações.
atingindo apenas o sistema bancário.
d) Equilíbrio entre a produção agrícola e o comér
c) Resultou principalmente da superprodução
cio. industrial que o mercado não conseguiu absorver.
e) Quebra da colheita e a demanda ilimitada da
d) Provocou a grande depressão econômica que se
indústria automotiva.
espalhou pelo mundo na década de 1930.
e) Foi conseqüência do mau planejamento dos
3. O líder do movimento que levou o Brasil a economistas adeptos do planejamento estatizante.
anexar o Acre foi:
a) Plácido de Castro
8. Com meu chapéu de lado, tamanco arrastando /
b) Amarilio de Yop Lenço no pescoço, navalha no bolso / Eu passo
gingando, provoco e desafio / Eu tenho orgulho de
c) Armando de Castro ser vadio. (Wilson Batista, 1933) Quem trabalha é
d) Floriano Ritter quem tem razão Eu digo e não tenho medo de
errar o bonde de São Januário leva mais um ope
e) Jeferson Viacava rário sou eu que vou trabalhar. (Wilson Batis-
ta/Ataulfo Alves, 1940)
depreende-se que:
a) Paraná
a) As mudanças visíveis nos conteúdos dos sam
b) Bahia bas sugerem adesão à ideologia do Estado Novo.
c) Amazonas b) As mudanças significativas de conteúdo decor
B RAS I L
a) Plínio Salgado
de gente pobre e humilde.
b) Luís Carlos Prestes
e) As letras das músicas estão distantes dos inte
c) Getúlio Vargas resses políticos do Estado Novo, que não se preo
cupava em fazer propaganda.
www. u n íp r e com.br
10 0 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
■ 9. Inicialmente o movimento tenentista era de ■ ■ 14. Sobre as reformas urbanas do começo do
\ caráter: ] século, no Brasil, podemos afirmar que:
] a) Nacionalista | a) Foi inspirada pelas reformas de Londres e Nova
York, na segunda metade do século XIX;
! b) Ateu |
b) Tiveram uma preocupação com a preservação
! c) Elitismo [
das construções coloniais, simbolos de nossa
! d) Fascistas J história;
1 e) Comunista 1 c) Deslocaram as populações pobres e de baixa
renda para as áreas reformadas;
d) Causou pequeno impacto sobre os centros ur
i 10. Foi o presidente eleito em 1930:
banos das principais cidades brasileiras;
i a) Getúlio Vargas I
e) Tiveram por objetivo modernizar as cidades,
í b) Luís Carlos Prestes 1 abrindo avenidas e melhorando os serviços urba
nos.
i c) Carlos Ritter ■
■ d) Júlio Prestes i
15. Em 10 de novembro de 1937, para justificar o
i e) Artur Bemardes i
golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio
Vargas discursava:
' 11. Os soldados brasileiros que lutaram na Itália, <
“Colocada entre as ameaças caudilhescas e o
' durante a segunda guerra, eram conhecidos como: ■
perigo das formações partidárias sistematicamente
■ a) Mercenários. i agressivas, a Nação, embora tenha por si o patrio
tismo da maioria absoluta dos brasileiros e o am
■ b) Infantes. >
paro decisivo e vigilante das forças armadas, não
‘ c) Pracinhas. ' dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos
quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão
1 d) Guerreiros. '
das medidas excepcionais que caracterizam o
j e) Heróis. 1 estado de risco iminente da soberania nacional e
da agressão externa.”
Baseando-se no texto acima, pode-se entender que
| 12. A Revolução de 1930: ;
a) Vargas fala em nome da Nação, considerando-
| a) Teve apoio dos agricultores; ; se o intérprete de seus anseios e necessidades;
| b) Seu líder era Getúlio Vargas; J b) A defesa da Nação está exclusivamente nas
[ c) Teve a participação de Luís Carlos Prestes; J mãos do Exército e do patriotismo dos brasileiros;
| d) Foi derrotada por Getúlio Vargas; [ c) Vargas delega às forças armadas o poder de
lançar mão de medidas excepcionais;
[ e) Foi feita pelos paulistas. ]
d) As medidas excepcionais tomadas estão na
relação direta da falta de formações políticas atu
REPÚBLICA
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 101
Unlprá*
!— ----- - '“ ; ' _ •
■ e) Intentona Comunista. ■ d) a especulação fmanceira e a criação de empre- ■
| sas fantasmas. !
| e) um programa de privatizações e a criação de \
! 17. (ESPCEX-20! I) A Segunda Guerra Mundial \ um imposto único. !
! (1939-1945) vitimou milhões de pessoas e alas-
| trou-se por terras, mares, oceanos e ares de quase
[ todo o planeta.
\ A postura brasileira durante o conflito, foi a de
GABARITO
I a) neutralidade durante todo o tempo, em virtude
I da posição pró-Eixo do govemo brasileiro.
1. B 2. A 3. A 4. B
! b) aliar-se ao Eixo, sem, no entanto, participar
diretamente do conflito com o envio de tropas.
S. D 6. C 7. D 8. A
! c) após declarar guerra ao Eixo, enviar a Força
; Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu
I em terras italianas. 9. A 10. D 11. C 12. B
1 d) manter neutralidade durante todo o conflito,
! pois o continente americano e os mares que o 13. E 14. E 15. A 16. E
tos. |
b) a emissão de papel moeda e a expansão do [
Capítulo:
crédito. |
c) o incentivo à imigração e o financiamento de ;
■ casas próprias. ____ ___;
w w w .un.ipre .c o m .br
102 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
p r é
HI S 0 9 A R E P U B L I C A P O P U L I S T A
de orientação nacionalista: PLANO LAFER. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou- J
Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico, se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de '
garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários fo i detida ,
também conhecido como Plano Lafer, nome do no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo 1
ministro Horácio Lafer; programa de investimen se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional ■
tos em setores da indústria de base, transportes e na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, [
serviços públicos a ser supervisionado pelo Banco mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. ■
A Eletrobrás fo i obstaculizada até o desespero. Não querem ,
Nacional de Desenvolvimento Econômico que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja 1
(BNDE), criado em 1951. independente. ■
O govemo nacionalista de Getúiio Vargas co Assumi o Govemo dentro da espiral inflacionária que [
meçou a entrar em crise a partir de 1953. graças a destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas ■
estrangeiras alcançaram até 500% ao ano. Na declaração de ,
disputa pelo monopólio estatal do petróleo inten valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de 1
sificada pela campanha do “O petróleo é nosso!” e mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, t
a tentativa do governo federal de controlar a re valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu j
messa de lucros provocaram o rompimento com preço e a resposta fo i uma violenta pressão sobre a nosso »
economia a ponto de sermos obrigados a ceder. ,
os liberais, A diretoria das empresas estrangeiras e
com o govemo Americano . Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo 1
a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em t
Para defender-se das pressões internas e exter silêncio, tudo esquecendo a mim mesmo, para defender o povo J
nas, Vargas recorre ao apoio das massas. Mas os que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a '
não ser meu sangue, Se as aves de rapina querem o sangue de ,
sindicatos também pressionam o governo e o alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu 1
empresariado por melhores salários e melhores ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de t
condições de trabalho. O movimento sindical vai, estar sempre convosco.
adquirindo força e autonomia diante do populismo Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo 1
do govemo. Já em 1954, a campanha antigetulista ao vosso lado, Quando a fom e bater à vossa porta, sentireis ,
vira conspiração, Políticos da UDN, jornalistas, em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. J
POPULISTA
e politico da UDN Carlos Lacerda, Da a justifica Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que J
tiva para a radicalização. Getúiio Vargas é res me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do 1
povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de ,
ponsabilizado pelo atentado, onde acabou mor quem fu i escravo não mais será escravo de ninguém, Meu J
rendo o major Rubens Vaz, da Aeronáutica, que sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será ■
fazia segurança para Carlos Lacerda, Getúiio é o preço do seu resgate.
pressionado a renunciar pela oposição politica e
09
da “República do Galeão”, pois a aeronáutica mias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha [
promoveu um IPM , para apurar a causa da morte vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente <
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida ,
do major Rubens Vaz , e o Galeão é um aeroporto
Capitulo:
www. u n i p r e . c om . b r
106 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
EXERCÍCIOS política do país. O Segundo Reinado, no entanto,
vai assistir, em 1848, à última rebelião provincial.
Todas as alternativas apresentam medidas políti
í. (U.E. Londrina — PR) A Confederação do •
cas adotadas a partir de 1840, com vistas à centra
Equador, em 1824, se caracterizou como um mo- I
lização política e ao restabelecimento da autorida
vimento de |
de do imperador, exceto:
a) emancipação política de Portugal. !
a) A antecipação da Maioridade de D. Pedro II e o
b) oposição à abertura dos portos. \ restabelecimento do Conselho de Estado.
c) garantia à política inglesa. \ b) A extinção da Guarda Nacional, que eliminou a
competição com o exército e o encarregou da
d) apoio aos atos do imperador. I
ordem local e nacional.
e) reação à política imperial. I
c) A modificação do Código do Processo Crimi
nal, que retomou o poder judiciário para o gover
no central.
2. (UFMG) A opção pelo regime monárquico no i
Brasil, após a independência, pode ser explicada i d) A retirada de atribuições políticas dos poderes
provinciais pelo Ato Adicional.
a) pela atração que os títulos nobiliárquicos i
exerciam sobre os grandes proprietários rurais.
5. (U.E. Londrina - PR) explodiu na província
b) pela crescente popularidade do regime rnonár- < do Grão-Pará o movimento armado mais popular
quico entre a elite colonial brasileira. > do Brasil (...). Foi uma das rebeliões brasileiras
c) pela pressão das oligarquias aliadas aos interes- 1 em que camadas inferiores ocuparam o poder...”
ses da Inglaterra e pela defesa a entrada de produ- < Ao texto pede-se associar
tos manufaturados. ■
a) a Regência e a Cabanagem.
d) pelo temor aos ideais abolicionistas defendidos ■
pelos republicanos nas Américas. < b) o Primeiro Reinado e a Praieira.
e) pelas transformações ocorridas com a instaura- 1 c) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
ção da corte portuguesa no Brasil e pela elevação '
d) o Período Jaonino e a Sabinada,
do país a Reino Unido. ■
e) a abdicação e a Noite das Garrafadas.
coloniais.
e) liberal-democrático, que defendia a soberania |
HIS
w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 107
1 foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil b) O poder moderador conferia ao imperador a ;
; em um período caracterizado proeminência sobre os demais poderes. J
[ a) por um regime centralizado na figura do impe- c) A abolição do Padroado, por influência liberal, [
| rador, impedindo a constituição de partidos políti- assegurou ampla liberdade religiosa. |
1 cos e transformações sociais na estrutura agrária.
I . d) A abolição progressiva da escravidão, proposta \
; b) pelo estabelecimento de um sistema monárqui- de José Bonifácio, foi uma das principais razões [
| co descentralizado, o qual delegou ás províncias o da oposição ao imperador D. Pedro I. !
1 encaminhamento da “questão servil”.
I e) A introdução do sufrágio universal permitiu a \
| c) por mudanças na organização partidária, o que participação política das camadas populares, pro- !
\ facilitava o federalismo, e por transformações na vocando rebeliões em várias partes do país. !
] estrutura fundiária de base escravista.
1
| d) por uma fase de transição política, decorrente
10. (Fuvest-SP) Pela “Lei de Terras” aprovada em I
| da abdicação de D. Pedro I, fortemente marcada
1 por um surto de industrialização, estimado pelo 18 de setembro de 1850: '•
j Estado. a) as terras foram cadastradas e o acesso a elas só ,
I era permitido sob forma de doação. >
J e) pela redefinição do poder monárquico e pela
] formação dos políticos, sem que se alterassem as b) o acesso à terra só era possível através da com- !
| estruturas sociais e econômicas estabelecidas. pra, proibindo-se a posse por ocupação. !
I
I c) regularizou-se a doação de lotes a imigrantes i
i
l com mais de cinco anos de trabalho na lavoura. I
| 8. (Fuvest-SP) “Mais importante, o pais é abalado
J por um choque de extrema gravidade; não mais os d) encerrou-se o regime de parceria e introduziu- .
I motins... mas verdadeiros movimentos revolucio- se o regime do colonato. >
| nários, com intensa participação popular, põem
| em jogo a ordem interna e ameaçam a unidade e) introduziu-se o sistema de posse por ocupação, i
[ nacional. Em nenhum outro momento há tantos substituindo-se as diversas propostas de reforma i
I episódios, em vários pontos do pais, contando agrária em andamento no Parlamento brasileiro. i
| com a presença a massa no que ela tem de mais
| humilde, desfavorecido,
t 11. (Fuvest-SP) Nas atas dos debates parlamenta- i
\ Daí as notáveis conflagrações verificadas no Pará, res e nos jomais brasileiros da década de 1850, i
| no Maranhão, em Pernambuco, na Bahia, no Rio encontram-se muitas referências, positivas ou •
J Grande do Sul.” negativas, à Inglaterra. Estas últimas, em geral, ■
1
j (IGLÉSIAS, Francisco. Brasil, sociedade demo- devem-se à irritação provocada em setores da i
J crática) sociedade brasileira por pressões exercidas pelo ■
I govemo inglês para a) diminuir gradativãmente a i
\ Este texto refere-se ao período utilização de escravos na agricultura de exporta- ■
I
! a) da Guerra da Independência. ção. '
I
b) dar ao protestantismo o mesmo status de reli- i
[ b) da Revolução de 1930.
POPULISTA
I
I objetivos sido alcançados em 1850. <
! 9. (Cesgranrio) A concretização da emancipação
e) subordinar a política externa brasileira a inte- >
política do Brasil, em 1822, foi seguida de diver-
resses ingleses na África e na Ásia. 1
! gências entre os diversos setores da sociedade, em
tomo do projeto constitucional, culminado com o
\ fechamento da Assembleia Constituinte.
09
w w w .u n i p r e .c o m . b r
108 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
■ b) o Brasil deixou de ser um país essencialmente • ; 3. Ato Adicional III. Maranhão
agrário, ingressando na era da industrialização. |
4. Sabinada IV. Pernambuco
c) a Amazônia passou a ter um grande destaque J
5. Confederação V. Rio de Janeiro
com o boom, desde 1830, da produção da borra- |
cha. I do Equador
Escolha a alternativa que tem a associação corre
d) ocorreram grandes transformações econômicas ta:
com as quais o Centro-Sul ganhou projeção em [
a) 1 -III; 2-1; 3 - V; 4-11; 5- IV;
detrimento do Nordeste. [
b) 1- II; 2- V; 3- III; 4-1; 5- IV;
e) As diversas regiões brasileiras tiveram um [
crescimento econômico, constante uniforme e J c) 1- III; 2- II; 3- V; 4- IV; 5-1;
progressivamente integrado. ]
d) 1 -IV; 2-1; 3 - V; 4 - III; 5 - II;
e) I - V; 2- III; 3- IV; 4- II; 5-1.
13. (Fuvest-SP) No século XIX, a imigração eu
ropeia para o Brasil foi um processo ligado
a) a uma política oficial e deliberada de povoa 16. (UFSC) Uma das principais reivindicações da
mento, desejosa de fixar contingente branco em Confederação do Equador (1824) era:
áreas estratégicas e atender grupos de proprietá a) congregar as províncias brasileiras entre si e
rios na obtenção de mão-de-obra. fazê-las dependentes do Poder Executivo;
b) a uma política organizada pelos abolicionistas b) exigir maior poder ao Executivo através do
para substituir paulatinamente a mão-de-obra Poder Moderador, que era a chave mestra da au
escrav a das regiões cafeeiras e evitar a escraviza- tonomia provincial;
ção em novas áreas de povoamento no Sul do
país. c) diminuir o despotismo do poder central, através
do desligamento e independência das províncias
c) às políticas militares, estabelecidas desde D. entre si;
João VI, para a ocupação das fronteiras do Sul e
para a constituição de propriedades de criação de d) reunir as províncias do Norte sob a forma fede
gado destinadas à exportação de charque. ra lista, com um govemo representativo e republi
cano;
d) à política do Partido Liberal para atrair novos
grupos europeus para as áreas agrícolas e implan e) extinguir os conflitos entre os grandes proprie
tar um meio alternativo de produção, baseado em tários e o Império pela abolição do tráfico negrei
minifúndios. ro.
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110 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais