Apostila Biomedicina
Apostila Biomedicina
Apostila Biomedicina
COLEGIADO DE BIOMEDICINA
BIOLOGIA MOLECULAR
Londrina - PR.
2011
INTRODUÇÃO
Os avanços nos estudos da biologia molecular em eucariotos tem contribuido
significantemente para o entendimento da etiologia das doenças humanas. As técnicas de
recombinação dos ácidos nucleicos têm permitido aos pesquisadores identificar os vários
genes responsáveis por doenças hereditárias, avaliar os mecanismos de infecção dos
microrganismos, conhecer os processos que regulam a diferenciação e proliferação celular
(principalmente nos processos neoplásicos), entre outros. A biologia molecular vem também
apresentando aplicação bastante expressiva na pesquisa de marcadores genéticos úteis no
diagnóstico laboratorial. Por outro lado, as diferenças nas sequências do DNA, observadas
entre as espécies ou entre os indivíduos, são extremamente úteis para as análises forenses, os
testes de paternidade, a identificação de antígenos de histo-compatibilidade, a identificação de
allelos mutantes, a identificação de gêneros e espécies de bactérias, fungos, leveduras, vírus e
outros.
Nesta apostila serão abordados os princípios básicos de biologia molecular, bem como
serão descritas as aplicações da técnica de PCR e de outras tecnicas moleculares nos
diagnósticos clínico e nos testes de identificação.
(A) (B)
5’ fosfato 3’ hidroxila
C H 2 O H O H
P
O H
5
O
4 1 CH2
O
A T
3 2
O H
O CH 2
2-deoxiribose P
CH 2
O
C H 2O H G C
O H O
5
O CH2
4 1 P
P
3 2
CH2
O H O H O
ribose T A
O CH 2
CH 2
O
(C) C G
O CH2
H P
CH O H N H H N H O N H O H
3 N
3’ hidroxila 5’ fosfato
H N N N N
H N N H H
N N
( p a r a a c a d e ia ) ( p a r a a c a d e ia )
O H O H N
( p a r a a c a d e ia ) ( p a r a a c a d e ia )
T im in a A d e n in a
C ito s in a G u a n in a
Figura 1. Características estruturais das moléculas dos ácidos nucleicos. (A) Molécula do
açúcar. (B) Representação diagramática do arranjo antiparalelo das duas cadeias
polinucleotídicas do DNA. P representa o grupo fosfato. (C) Pareamento da bases na molécula
de DNA mostrando as pontes de hidrogênio.
Replicação
Toda vez que uma célula se divide, todo o seu conteúdo de DNA é duplicado na
íntegra, transmitindo em absoluto as informações genéticas contidas na célula precursora, esse
processo denomina-se replicação. A replicação ocorrre de forma semi-conservativa, com as
duas cadeias precursoras (DNA de dupla fita, dsDNA) servindo de molde para a síntese da
nova cadeia (Figura 2). Dessa forma, para a replicação ocorrer é necessário que dupla fita
precursora se abra formando 2 cadeias independentes (fita simples, ssDNA). Esse é um
processo energeticamente desfavorável e ocorre com a ação conjunta de uma proteina DNA-
específica e várias enzimas; sendo as fitas simples precursoras replicadas, então, de forma
independente e separada. A replicação pode ter início em vários sítios, mas cada origem de
replicação é utilizada uma vez, durante um simples ciclo celular. A fita filha é sintetizada pela
ação catalizadora da DNA polimerase III, enzima que utiliza como molde a cadeia precursora
e incorpora os nucleotídeos de forma sequencial na nova cadeia, produzindo-a de acordo com
a lei de pareamento das bases. Como essa polimerase sintetiza DNA na direção de 5' para 3',
a síntese de uma das cadeias complementares é realizada de forma contínua enquanto que a
outra é sintetizada discontinuamente. Os fragmentos da cadeia discontínua são ligados pela
enzima DNA ligase. Muitas outras proteínas estão envolvidas na estabilização e manutenção
da integridade das cadeias simples que são precursoras para a síntese da dupla fita, assim
como no reconhecimento dos sítios de iniciação. As DNA polimerases possuem também, além
da função de sintetizar polinucleotídeos, atividade exonucleásica ou "a correção de leitura" na
qual os nucleotídeos incorretamente incorporados são removidos. Essa propriedade é
fundamental para a manutenção a integridade da sequência original.
Transcrição
A síntese protéica não é resultante da leitura direta da sequência nucleotídica do DNA.
Sabemos que o DNA está localizado no cromossoma do núcleo da célula e a síntese protéica
ocorre quase que na sua totalidade nos ribossomas, localizados no citoplasma. As informações
genéticas contidas na sequência nucleotídica do DNA têm que ser transferidas para uma
molécula intermediária que pode mover-se para o citoplasma, o RNA mensageiro (mRNA), e
que ordena, então, a síntese da proteina. O processo de síntese de mRNA é conhecido por
transcrição e o tamanho da molécula de mRNA é definido pela sequência de aminoácidos que
o ácido nucleico codifica.
Apenas uma das fitas do DNA é transcrita dando origem a uma única sequência de
mRNA para cada gene. A indicação de qual fita do DNA deve ser transcrita é orientada por
uma sequência específica denominada promotor, localizada antes (“upstream”) da sequência
a ser transcrita, que é reconhecida pela RNA polimerase (enzima sintetisadora de mRNA).
Como a RNA polimerase adiciona sequencialmente monofosfatos de ribonucleosídeo à
extremidade 3’ da cadeia de RNA em crescimento, a polimerização ocorre na direção 5’ - 3’.
Isto significa que cada molécula de mRNA será identica à sequência nucleotídica da fita de
DNA que não é transcrita. O mRNA transcrito é transportado para os ribossomos (RNA
ribossômico, rRNA) no citoplasma, onde ocorre a síntese protéica.
O material genético de certos virus (retrovirus) é o RNA e a informação genética segue,
portanto, a direção reversa (de RNA para DNA). Este processo é conhecido por transcrição
reversa, na qual a sintese de DNA é dirigida pelo RNA e a enzima responsável é denominada
transcriptase reversa. Essa enzima tem importante função no ciclo vital dos retrovírus.
Figura 3. Representação da molécula de DNA e RNA durante a transcrição: Apenas uma das
fitas de DNA serve de moldo para síntese da fita de RNA.
Tradução
A relação entre a sequência de nucleotídeos do DNA e a sequência de aminoácidos da
proteina correspondente é denominada código genético. Esse código é universal e é
encontrado em todos os organismos vivos. O código genético é lido em grupos de três
nucleotídeos, cada um codificando um aminoácido (Tabela 1). Cada sequência de
trinucleotídeo é denominada codon e a sequência de condons que codifica um polipeptídeo
específico é denominada cistron.
Fluxodainformaçãogenéticaintracelular
ReplicaçãoeTranscrcição
doRN A
Transcrição
Transcriçãoreversa
Estrutura Gênica
Os cromossomas constituem-se de uma longa e ininterrupta sequência de
nucleotídeos na qual estão dispostos muitos genes. O gene é uma unidade de herança
constituida por uma sequência nucleotídeos que carrega as informações necessárias para a
síntese de um dado polipeptídeo. O gene é uma entidade estável mas pode sofrer mutações,
sendo que a nova forma do gene é herdada de modo estável, exatamente como a forma que
lhe deu origem. Um gene pode existir em formas alternativas, denominadas alelos, que
determinam a expressão de alguma característica particular.
Embora todos genes funcionais sejam transcritos, a maioria do DNA genômico não é
totalmente transcrito. A quantidade total de DNA nuclear no genoma haplóide (gamético)
humano compreende 3 x 106 kb. Como a maioria dos genes tem 1 a 20 kb em comprimento,
deveria haver 1 milhão de genes, mas somente 3000 locos de doença foram identificados.
Mesmo considerando todos os outros genes que conferem as características normais como
altura e inteligência, uma grande porção do DNA genômico não tem função definida.
Entretanto, mais e mais tem se observado que este DNA tem funções importantes, incluindo o
controle de ação gênica.
Genes que são responsáveis pela síntese de enzimas específicas ou peptídeos são
denominados de genes estruturais, enquanto que os genes reguladores modificam os
efeitos dos genes estruturais.
Controle da expressão gênica
Nas células existem mecanismos moleculares que controlam o número e a quantidade
das proteinas produzidas. As diferenças na síntese proteica resultam de sinais moleculares que
controlam as taxas em que as moléculas de mRNA são transcritas a partir do DNA (controle
transcricional) ou traduzidas (controle traducional)
Polimorfismo de DNA
A análise do DNA humano progrediu na medida em que se conheceu a variabilidade de
sequências entre os indivíduos. Mini e microsatélites são sequências curtas, repetidas
consecutivamente, que estão distribuidas ao longo dos cromossomas humanos, representando
cerca de 40% do DNA. Sua natureza repetitiva faz com que sejam instáveis durante a
replicação do DNA de geração para geração. A consequência é que o número de repetições
dentro de uma sequência varia largamente entre os indivíduos. Em função dessa variabilidade
(polimorfismo de DNA), cada indivíduo, exceto gêmeos idênticos, terá um padrão ou perfil de
DNA pessoal (“Fingerprinting”). Esses perfis são usados para estabelecer a identidade dos
indivíduos em diversas situações.
As sequências de microsatélites mais comuns no DNA humano são CA ou GT,
dependendo de qual das fitas de DNA está sendo lida, pois há milhares dessas sequências
espalhadas no DNA humano. O tamanho da repetição pode ser muito variável e pode fornecer
excelentes marcadores genéticos para estudar o comportamento fenotípido das famílias. A
maioria dessas sequências repetitivas não produz efeito deletério, entretanto foi demonstrado
que uma forma de retardo mental em homens, a síndrome do X frágil, é causada pela
expansão de um triplete (CGG) contendo 6 a 54 repetições. Verificou-se também que
disturbios neurológicos na distrofia miotônica e na doença de Huntington, estão associados a
alterações no tamanho dos microsatétiles. Esta descoberta forneceu a base científica para o
fenômeno de antecipação no qual os disturbios genéticos tornam-se mais severos nas
gerações subsequentes.
Muitas enzimas que atuam na replicação e transcrição tem sido purificadas e a sua
atividade biológica usada in vitro para reações moleculares específicas diretas. A maioria
dessas enzimas é isolada de bactérias, fungos, leveduras ou virus. Essas enzimas são
utilizadas das mais diversas formas, a saber: clonagem e amplificação de genes de interesse,
preparo de sondas de ácidos nucleicos, ensaios de hibridização, entre outras aplicações.
As nucleases representam uma categoria de enzimas específicas de ácidos nucleicos
que hidrolizam as ligações fosfo-diester dos polímeros de ácidos nucleicos, uma de cada vez.
As nucleases podem requerer um grupamento hidroxil terminal livre (exonucleases), com
especificidade de 3' para 5', ou podem atuar somente em ligações internas (endonucleases).
As nucleases podem ser específicas para DNA ou RNA. As nucleases DNA-específicas podem
catalizar apenas cadeias únicas (por exemplo, a S1 nuclease) ou cadeias duplas (DNAse I).
As endonucleases de restrição são nucleases encontradas naturalmente em
bactérias e são denominadas enzimas de restrição porque restringem sua atividade a DNA
estranhos. O DNA do hospedeiro não é atacado porque os sítios vulneráveis a suas próprias
enzimas são protegidos por um processo denominado metilação do DNA. Cada enzima é
designada de acordo com o organismo do qual é derivada. A EcoRI, por exemplo, é uma
enzima obtida de Escherichia coli cepa R e foi a primeira enzima desse tipo isolada. A maioria
das enzimas de restrição reconhecem sequências de 4, 5 ou 6 nucletídeos. Muito poucas
reconhecem sequências maiores. Algumas são denominadas isosquisomeros, por clivar em
diferentes sítios dentro de uma mesma sequência (Ex. XmaI e SmaI) e por clivar o mesmo sítio
mesmo sendo obtidas de diferentes microorganismos (Ex. HindIII e HsuI). Outras enzimas
reconhecem diferentes sequências com o mesmo sítio interno (Ex. BamHI e Sau3A). Para
cada região da molécula de DNA onde a sequência específica ocorre, a enzima de restrição
corta ambas as cadeias de forma reprodutível, formando extremidades assimétricas ou
coesivas (“stick-end”) ou simétricas ou cegas (“blunted-end”). Estas enzimas são utilissímas
para cortar duplas fitas de grande tamanho em fragmentos reprodutíveis e para preparar DNA
de diferentes fontes utilizado em procedimentos de clonagem.
As Ligases, como a DNA-ligase usada durante a replicação, catalizam a formação de
ligações fosfo-diester entre dois segmentos de ácidos nucleicos. As DNA ligases requerem a
presença de um molde complementar, no entanto, as RNA ligases não tem essa exigência para
o processamento do mRNA.
As Polimerases catalizam a síntese do polímero de ácido nucleico complementar
usando uma cadeia precursora como molde. Essas enzimas são fundamentais para a
clonagem e ampificação de genes. A Taq DNA polimerase, por exemplo, é uma enzima
extremamente útil para a amplificação do DNA in vitro pela reação de polimerização em cadeia
(PCR).
A transcriptase reversa, presente apenas nos retrovírus, cataliza a síntese de DNA a
partir de moldes de RNA ou DNA. Essa enzima tem importante função no ciclo vital dos vírus,
mas pode ser usada in vitro para procedimentos de clonagem e para o preparo de sondas de
DNA a partir de mRNA. A transcrição reversa constitui-se um método útil para produzir uma
copia complementar de um gene (denominado cDNA) a partir do mRNA. Dessa forma, o
genoma dos retrovirus pode ser identificado em amostras biológicas utilizando esse método.
PRINCÍPIOS DE ELETROFORESE
INTRODUÇÃO
Terminologia:
ânion: partícula carregada negativamente ou íon
cátion: partícula carregada positivamente
tampão: Uma mistura de substâncias que doam e aceitam proton com a função de manter a
concentração do proton (pH) constante ou dentro de um valor próximo. Um tampão pode ser
feito com uma mistura de um ácido fraco com o respectivo sal. Ex: ácido acético e acetato de
sódio.
Condutividade: a propriedade de uma substância conduzir a corrente elétrica. Numa solução
iônica, a soma do produto da concentração da carga e a mobilidade da mesma.
eletrodos: substâncias em contato com um condutor. A substância estão conectadas a fonte
elétrica.
Fonte elétrica: Equipamento que transforma corrente alternada em corrente contínua, que
possa ser controlada por um potenciometro, que permite variar a tensão, a corrente, a carga
elétrica que se quer aplicar no sistema. Esse equipamento, pode medir a tensão elétrica (em
Volts), a corrente elétrica(Amperagem), e a potência elétrica (Watts).
eletro-osmose; tendência da solução se mover em relação a uma substâncias estacionária
adjacente, quando uma diferença de potencial é aplicada.
força iônica: É a soma da concentração de todos ions na solução, medido pelo quadrado de
suas cargas.
mobilidade: a velocidade de uma partícula ou ion que é dado pela voltagem aplicada. Uma
medida relativa de quanto rápido um ions se movimenta em um campo elétrico.
Mobilidade efetiva: A real mobilidade de uma substância sob certas condições. Geralmente é
menor que a mobilidade devido a menor carga, ou resistência do suporte ou meio.
poder de resolução: E’ a habilidade de separar substâncias que migram muito próximas.
gel: É uma malha de fibras, ou de polímeros que é sólida, mas retém uma grande quantidade
de solventes nos poros ou nos canais internos das malhas.
1. Força na partícula
A força exercida em uma partícula carregada depende do campo elétrico, voltagem ou
volts por centímetro, e a carga da partícula, Q. A força sob a partícula carregada é o produto:
Feletrica=QV
Fresistência= fv
3. Mobilidade da partícula
Quando um campo elétrico é aplicado em uma partícula carregada, ela inicia a
migração. A força eletroforética e a fricçional se opõe uma a outra, e a velocidade dessa
aumenta até as forças se igualarem (Feletrico = Fresistencia ). A velocidade, v, que uma particula
alcança em um campo elétrico, V, é determinado por duas propriedades das partículas - sua
carga e seu coeficiente de fricção. Consequentemente, o valor de v/V é também uma
propriedade característica das partículas e é importante o suficiente para receber o seu próprio
nome: mobilidade.
4. Efeito do pH do meio
Cada íon possui sua carga e mobilidade muito particular. No entanto, quando a solução
contém uma substância a qual o pK é próximo do pH do meio, esta substância ocorre em
ambas as formas: a carregada e a não carregada.
A fração com uma carga será dependente do pK da substância e o pH da solução.
Quando o pH é igual ao pK de um ácido fraco, somente 50% das partículas estarão
carregadas. Uma unidade de pH abaixo da pKa, 90% das partículas estarão sob a forma
carregada. Desde que a carga efetiva de uma substância varia com o pH, a sua mobilidade
efetiva também varia com o pH.
O pH da solução é escolhido de tal forma, que a partícula a ser separada pela
eletroforese, se mantenha em um estado máximo de carga, para sua máxima separação. Os
tampões são substâncias iônicas por si, portanto, exercem a função de manterem o pH o mais
próximo possível da ideal e fazem parte do processo.
6. Carga e conformação
Como já se discutiu, o que determina a migração eletroforética é a carga da partícula
que se quer separar. Muitas vezes, a distribuição das cargas não estão desvinculadas a sua
conformação estérica, portanto, pode-se alterar a carga de uma partícula dependendo de sua
conformação, principalmente em se tratando de macromoléculas. As macromoléculas, em seu
estado relaxado, tendem a apresentar alguns eletrólitos ligados fortemente, portanto levando a
uma alteração na sua mobilidade.
8. Suportes
A grande meta da eletroforese é a separação de uma mistura heterogênea de
substâncias iônicas seja ela macromoléculas ou íons simples, em zonas completamente
identificáveis. Os suporte devem permitir a penetração do material a ser separado o máximo
possível e ainda delimitar o fluxo de volume (eletroforese convencional). A maioria dos suportes
oferecem esse princípio determinando o tamanho do poro para o movimento eletroforético das
macromoléculas. O tubo capilar também exerce esse efeito.
9. Eletroendosmose
O suporte não deve interagir com as moléculas a ser separadas, isso poderia impedir
ou inibir a separação. Uma interação comum que pode ocorrer, não é a adsorção usual do
material. Mais comumente é o efeito dos grupos carregados que estão ligados ao suporte, que
resulta em eletro-endosmose. Como exemplo típico temos o suporte ágar, que é muito utilizado
na eletroforese. O ágar é uma mistura de agarose e agaropectina. A agaropectina tem um
número relativamente grande de grupos carboxil, que em pH neutro tem contra-íons. Se o
campo elétrico for aplicado, os contra-íons irão se mover, mas o grupo carboxil ligados a matrix
(agar) não migrarão. Os contra-íons carreia solvente o suficiente para que produza um fluxo
significativo nesta direção, esse fenomeno denomina-se de eletro-osmose, que as vezes é
denominado de endosmose.
TIPOS DE SUPORTE
Os tipo de suporte podem variar desde uma solução de sacarose até em substância pouco
solúveis como fibras de celulose. Os suportes de meio contínuo mais comuns são: agar,
agarose, poliacrilamida e amido.
A porosidade ou a média do tamanho do poro em alguns suportes é fixo. Entretanto, em alguns
suportes podem ser controlados. Como exemplo, a mudança da concentração do gel de
agarose, agar e amido, pode mudar o tamanho do poro. O tamanho dos poros do gel de
poliacrilamida mais utilizados para macromoléculas está em torno de 5% a 10%, que separam
proteínas de 15.000 a 250.000 Daltons. Esse tipo de suporte separa tanto pelo tamanho do
poro como por carga elétrica.
TIPOS DE ELETROFORESE.
a. Dependendo da matrix
Eletroforese livre de Tiselius
Eletroforese em acetato de celulose
Eletroforese em gel de agar
Eletroforese em gel de agarose
Eletroforese capilar
b. pH de separação
pH ácido
pH neutro
pH alcalino
1. Gel de Agarose
Um dos métodos eletroforéticos mais comuns utilizados na prática diária em biologia
molecular é a de gel em agarose. Essa técnica muito simples, rápida, prática e apresenta boa
resolução na separação dos fragmentos de DNA, se comparados com outras bem mais
demoradas como a separação por ultracentrifugação em gradiente de densidade de sacarose.
Uma boa separação eletroforética do DNA utilizando gel de agarose depende de vários fatores:
Log=logo- Kr
Onde o é a mobilidade eletroforética livre e Kr é o coeficiente de retardamento, = a
constante que é relacionada as propriedades do gel e o tamanho e a forma da molécula em
migração.
Baseada nessa correlação podemos separar várias moléculas de DNA (de variado
tamanho) nas diferentes concentrações de agarose.
A corrente aplicada: A baixa voltagem, a razão da migração dos fragmentos de DNA linear é
proporcional a da voltagem aplicada. Entretanto, a medida que a carga elétrica aumenta, a
mobilidade dos fragmentos de DNA de alto peso molecular aumenta diferentemente. Dessa
maneira o intervalo efetivo da separação do gel de agarose decresce a medida que a voltagem
aumenta. Para obter a máxima resolução dos fragmentos de DNA, o gel deve ser submetido a
uma corrente de no máximo 5V/cm
1.7. Documentação:
O gel de agarose é facilmente documentado, utilizando um sistema de fotografia
instantânea ou sistema automatizado de captura de imagem. O filme mais sensível para essa
finalidade é fornecida pela Polaroid, tipo 57 ou 667, asa 3000. Sob a luz UV de no mínimo
2500uW/cm2 e uma boa máquina , utilizando filtro laranja, expõe-se por alguns segundos.
Recomenda-se para a máquina Polaroid modelo DS 34 uma abertura de 5,6 ou 8 e uma
velocidade de 4 ou 8 segundos, mas pode variar com a intensidade das bandas e do tamanho
do gel. Para padronização tente vários tempos de exposição com várias aberturas.
2. Gel de poliacrilamida
O gel de poliacrilamida é um suporte bastante utilizado em biologia molecular para
separação e caracterização de fragmentos de tamanho menores de DNA, que se tem
dificudade por geis de agarose. Descrito por Raymond & Weintrab em 1959. O produto de
polimerização da acrilamida, que é o monômero, com a N.N'metilenobisacrilamida, que realiza
a reação de "cross linking" ou reação cruzada, gera o suporte de poliacrilamida. A
polimerização ocorre por ligação vinílica, sob ação de catalisadores, o perssulfato de amônia,
cuja fonte de radicais livres é o N,N,N'N' tetrametilenodiamina(TEMED). Portanto, o oxigênio é
um inibidor da reação. O polímero formado são cadeias lineares de poliacrilamida, cuja reação
cruzada entre elas é dada pela bisacrilamida. O comprimento médio das cadeias é determinado
pela concentração relativa da acrilamida e a quantidade de bisacrilamida. Portanto a relação
entre a quantidade de acrilamida e bisacrilamida determina as propriedades físicas do gel, que
darão subsídios para separação nesse tipo de gel.
O gel de poliacrilamida é utilizado para os fragmentos menores que 1kb. Eles podem
ser preparados em uma variada concentração (3,5% a 20%), dependendo do tamanho do
fragmento de interesse para a separação e identificação.
ACRILAMIDA (%) INTERVALO DE SEPARAÇÃO (NUCLEOTÍDEOS)
3,5 10-1000
5,0 80-500
8,0 60-400
12,0 40-200
20,0 10-100
Os géis de poliacrilamida devem ser preparados entre duas placas de vidro, pois
necessita de um ambiente isento de oxigêncio para se polimerizar.
O tamanho do gel pode variar de 10cm de altura por 10cm de largura até 20 a 30cm de
largura por 40 a 100 cm de altura dependendo da necessidade do sistema; de espessura
normalmente para DNA utiliza-se 0,75 a 1,5 mm.
N = No 2n
Automação da PCR
O procedimento da PCR foi tão aperfeiçoada desde a sua primeira descrição, que na
atualidade transcorre de forma totalmente automática. Uma importante condição para isto foi a
substituição da DNA-Polimerase originalmente utilizada (extraída de E. coli) por uma DNA-
Polimerase termoestável extraída da bactéria Thermus aquaticus (Taq-polimerase). Desta
forma, os vários ciclos transcorrem, seguidamente, em um único tubo de ensaio, sem
necessidade de interrrupção para a adição de nova DNA-Polimerase ativa. Todos os reagentes
necessários (o DNA-template, os “primers”, a DNA-Polimerase, e os dNTPs) são misturados
com uma solução tampão que ajusta o pH ótimo da reação.
Um aparelho de PCR ou um termociclo repete o correspondente programa de
temperaturas. O operador deve apenas programar e dar início para que transcorra a
amplificação. Um ciclo dura em média três minutos. Assim, em uma hora, podem ser
produzidas cerca de um milhão de cópias e, em menos de duas horas, cerca de um bilhão de
cópias da seqüência de DNA de interesse.
O produto amplificado pode alcançar aproximadamente 10 6 cópias em 30 ciclos e pode ser
realizado em 2 horas.
A PCR é uma ferramenta na biologia molecular tão poderosa quanto a descrição das
enzimas de restrição e o Southern blot. Anunciado na Conferência da Sociedade Americana de
Genética Humana de 1985, a técnica de PCR tem sido utilizada de forma multidisciplinar com
um número crescente de publicações por ano(exemplo de 1985 a 1990 mais de 600).
Técnicamente muitas mudanças tem sido introduzidas melhorando cada vez mais e ampliando
a sua utilização. No entanto, é preciso salientar que para cada situação experimental, novas
modificações têm de ser introduzidas, de tal forma que é muito difícil descrever um único
procedimento para um uso generalizado. Por outro lado, é fundamental o conhecimento básico
das etapas envolvidas na técnica, para um desenho experimental com sucesso.
A utilização de PCR é tão ampla que podem ser editados compêndios sobre a
metodologia de PCR em cada especialidade diagnóstica. Na aplicação diagnóstica e,
particularmente, na Microbiologia a atuação da biologia molecular é muito ampla, apesar de
estar ainda no cunho de afirmação e de uso restrito à pesquisa e ao ensino. Porém, muitas
doenças infecciosas dependem de um diagnóstico rápido e seguro, que com certeza a única
solução está na PCR. A liberação para uso rotineiro no laboratório clínico ainda não é permitido
para toda as possíveis aplicações, no entanto, a necessidade de meios mais sensíveis e
precisos farão com que a técnica de PCR se torne uma ferramenta impressindível e quase
obrigatória no diagnóstico precoce de várias doenças, apesar do custo ainda estar um pouco
elevado.
A técnica de PCR é tão sensível que é capaz de amplificar uma simples
molécula de DNA e tal é a sua especificidade, que uma simples cópia de gene pode ser
extraida de uma mistura complexa da sequência genômica de forma rotineira e visualizada
como uma simples banda no gel de Agarose. Como se pode notar, a sensibilidade e a
especificidade que o método pode oferecer é algo singular. A PCR utilizando DNA polimerases
termoestáveis foi descrita pela primeira vez por Kary Mullis e patenteada nos EUA sob o n
4.683.195, em julho de 1987 e n 4.683.202.
Saiki e cols, 1985, Mullis e cols,1986, Mullis e Faloona 1987 introduziram as diversas
aplicações do PCR para a comunidade científica e atualmente é inesgotável a sua aplicação
prática tanto na pesquisa básica como na aplicada.
Em termos práticos, podemos dizer que um protocolo geral pode ser seguido, mas com
a ressalva da necessidade da optimização para cada tipo de aplicação. Os principais
problemas citados na literatura para a padronização pode-se assim resumir: Não detecção do
produto, baixo rendimento do produto desejado, presença de bandas não específicas devido a
“mispriming” ou “misextension” dos “primers”, formação de dímeros dos “primers” que
competem pela amplificação com o produto desejado, mutação ou heterogeneicidade devido a
erro de incorporação.
1. A reação pode ser realizada no volume de 100l ou 50l. Escolha o volume a ser usado.
2. Para o volume de 100l, colocar em um tubo de 0,5 ml com tampa com fechamento
hermético.
2.1. DNA a ser amplificado 105 a 106 moléculas(“target DNA” ou “Template”)
2.2. 20 pmol de cada “primer” (ou iniciadores,Tm>55C é preferido)
2.3. 20 mM Tris-HCl (pH8,3, 20C)
2.4. MgCl 2 1,5 mM
2.5. Kcl 25 mM
2.6. Tween 20 a 0,05%
2.7. 100g/ml de gelatina autoclavada ou albumina bovina livre de nuclease
2.8. 50 M de cada dNTP(dATP, dGTP, dCTP, dTTP)
2.9. 0,2 a 2 unidades de Taq polimerase
2. Deoxinucleotídeo trifosfato:
Se a solução de uso for preparada a partir de solução estoque é necessário
neutralizar para pH 7,0, seguida de determinação espectrofotométrica da concentração. A
solução primária deve ser preparada a 10mM, distribuida em alíquotas e estocada a -20C. A
solução de trabalho recomendada é de 1mM de cada dNTP. A estabilidade dos dNTPs após os
vários ciclos de amplificação permanece em aproximadamente 50% da concentração inicial. Na
reação, a concentração recomendada varia de 20 a 200M para um resultado com boa
especificidade e reprodutibilidade. Deve-se utilizar as mesmas concentrações de dNTP ou
valores equivalentes, isto minimiza os erros de incorporação. Quanto menor a concentração de
dNTPs menor o risco de “mispriming” ou erro de incorporação de nucleotídeos. A quantidade
mínima recomendada é de 20M de cada dNTP para 100l de reação, quantidade suficiente
para sintetizar 2,6 g de DNA ou 10pmol de uma sequência de 400bp. Ultimamente se
estabeleceu que 2M foi capaz de dar uma alta sensibilidade de detecção e amplificação de
pontos de mutação do gene ras. De qualquer modo, para cada experimento deve-se encontrar
uma quantidade ótima.
3. Concentração de Magnésio.
A concentração de magnésio é bastante importante, pois afeta a
hibridização(“annealing”), a temperatura de separação do DNA alvo (“melting”), o produto de
PCR, a especificidade do produto, a atividade da enzima Taq, leva à formação de dimerização
de “primer”, prejudicando a fidelidade do experimento. A concentração dos ions Mg ++ deve estar
entre 0,5 a 2,5 mM acima da concentração total do dNTPs. Sempre deve-se considerar a
concentração de EDTA na amostra que pode interferir na concentração dos íons Mg ++.
4. Outros componentes
O tampão recomendado para o PCR é o TRIS-HCl na concentração de 10 a 50
mM com pH entre 8,3 a 8,8 medido a 20C. Este tampão dipolar tem um pKa de 8,3 a 20C e
um pKa de -0,0021/C, portanto, o pH verdadeiro de 20mM de TRIS pH 8,3 a 20C varia de 7,8
e 6,8 durante as condições de termociclagem.
Pode-se adicionar cerca de 50mM de KCl na mistura de reação para facilitar a
hibridaçào dos “primer”. O Cloreto de sódio a 50 mM, ou KCl abaixo de 50 mM inibe a atividade
da Taq polimerase.
O DMSO (dimetilsulfoxido) é util para a reação de amplificação com Klenow
fragmento de E. coli DNA polimerase I; 10% de DMSO inibe a atividade da Taq polimerase em
50%, apesar de Chamberlain e cols. o recomendarem para amplificação de sequências
multiplas, na mesma reação.
A gelatina, a proteína (albumina bovina, 100(g/ml) e o detergente não iônico
como o Tween 20(0,05-0,1%) podem ser utilizados para estabilizar as enzimas, mas muitos
protocolos tem dispensado a sua utilização.
8. Número de ciclos.
O número de ciclos dependerá da quantidade de DNA inicial, quando todos os
parâmetros estão optimizados. Um erro comum que se comete é um excesso de número de
ciclos. Segundo Kary Mullis “Se você tem que ir mais que 40 ciclos para amplificar uma simples
cópia de gene, existe alguma coisa seriamente errada com o seu PCR”. Muitos ciclos pode
aumentar a quantidade e a complexidade de produtos não específicos. Obviamente, um
número muito baixo dará um baixo rendimento do produto desejado.
9. Iniciadores (“Primers”)
A concentração dos “primers” entre 0,1 a 0,5 mM são, na maioria das vezes,
satisfatórios. Concentrações maiores podem promover “mispriming” e acúmulo de produtos não
específicos e podem aumentar a probabilidade de gerar um artefato independente do
“template” denominado de “primer-dimer”(dimerização de primer). Produtos não específicos e
dimerização de “primer” são por si só substratos para o PCR e competem com o produto
desejado pela enzima, dNTPs, e os primers, resultando em baixo rendimento do produto
desejado.
Algumas das regras gerais para um bom desenho de primers eficientes seriam:
de 18 a 28 nucleotídeos em comprimento, tendo cerca de 50 a 60% de G+C na sua
composição. A temperatura de “melting” (Tm) dos pares de primers deve ser adequada. Para
esse propósito, pode-se usar a regra da prática de 2C para o A ou T e 4C para o G ou C.
Dependendo da aplicação, o Tm entre 55C e 80C são os recomendados. Deve também evitar
a complementaridade na porção 3’ do par de "primers", pois isso pode promover a formação de
artefatos de dimerização de primers e reduzir a produção do produto desejado. Outra
observação é evitar três ou mais C+G na porção 3’ dos primers que pode promover
“mispriming” na sequência rica em G+C. Deve-se evitar, quando possível, a presença de
sequências palindrômicas dentro dos primers. Se ainda, depois desses cuidados, continuar a
falhar, é salutar então tentar outro par de primers. Uma razão menos óbvia para alguns primers
falharem é a presença de estrutura secundária no DNA “template”. Neste caso, substituir com
7-deasa-2’deoxiGTP o dGTP e avaliar. O desenho de primers para propósitos especiais
também podem ser elaborados tais como a adição de sítios de enzimas de restrição, mutação
in vitro, ATG “start codon”, e outros.
random NdeI+iniciador
3’ GCG TTT CGA GTC TAA CCA ATC ATT TTA GAA TCT TCG 5’
5’GCT TCT AAG ATT TTA CTA ACC AAT CTG AGC TTT GCG 3’
TRANSCRIPTASE REVERSA
Por possuir essa enzima, que atua "ao reverso", que o HIV e outros vírus semelhantes
são chamados de retrovírus. Após a entrada do retrovírus na célula hospedeira, a transcriptase
reversa utiliza os nucleotídeos presentes no citoplasma para montar uma fita de DNA senso
negativo a partir de sua fita de RNA senso positivo, utilizando comoprimer um tRNA presente
no nucleocapsídeo, associado ao genoma. Após a síntese do duplex RNA/DNA,
uma ribonuclease (RNAse H) é incumbida de degradar a fita de RNA viral por hidrólise, a partir
da extremidade 3', deixando a fita simples de (-) DNA solta nocitoplasma. A transcriptase
reversa completa essa fita de DNA, tornando-a uma dupla hélice de deoxinucleotídeos. Esta
dupla fita de DNA viral, denominada provírus, poderá ser integrada ao DNA da célula
hospedeira com auxílio da enzima integrase. O processo de cópia do genoma do HIV, que
envolve transcrição reversa, está sujeito a uma frequência de mutação equivalente a um erro a
cada 104 bases adicionadas. Tento em vista que o HIV possui um genoma de
aproximadamente 104 bases, isso representa um erro a cada transcrição reversa do genoma,
ou seja, é um processo impreciso, que gera um grande número de mutações, benéficas ou
maléficas aos vírus.
O isolamento desta enzima permitiu a adaptação da tecnologia da PCR, que é
destinada a amplificação a partir de moldes de DNA, para permitir a amplificação a partir de
moldes de RNA, chamada RT-PCR (transcrição reversa - PCR)
Questionário
02) O que é PCR (do inglês, Reação em Cadeia da Polimerase)? Quais são os
seus componentes essenciais?