Produção Musical - Apostila 03 Versão AIMEC

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Produção Musical 2

Aula 17 Arranjos II
..
Objetivos:
Revisão de fraseologia
é muito recente. Sendo assim, no universo da música eletrônica
não encontramos formas convencionadas como existem na músi-

.. Análise estrutural
Estruturação do arranjo usando uma música de referência
Criando a estrutura do arranjo em Real Time
ca erudita e popular, como é o caso do choro tradicional. Mesmo
assim, já temos nela algumas características peculiares como o
“corpo” (onde há o desenvolvimento da música) e os “breaks”, que
são partes com menos elementos que geram a expectativa para a
Introdução entrada da próxima parte.
A definição da estrutura do arranjo é uma etapa crucial para a Temos abaixo algumas músicas eletrônicas dispostas na tela de
música. Cada estilo musical geralmente traz entre suas caracterís- arranjo para observarmos os corpos (partes mais densas) eos
ticas uma forma musical que é adequada para a sua finalidade. A “breaks” (partes menos densas).
cultura eletrônica é um movimento de vanguarda, pois sua criação
Produção Musical 3

Revisão de fraseologia OBS:


.
O sinal “+” antes do nome do elemento indica que ele “entrou”
Conforme vimos na aula de arranjos,temos 4 principais elemen-

..
tos fraseológicos: .
no arranjo.
O sinal “-” antes do nome do elemento indica que ele “saiu” no

..
motivo (1 Bar)
semi-frase (2 Bars)
frase (4 Bars)
.
arranjo.
O sinal “=” indica que a peça indicada tem estrutura idêntica à
peça anterior a ela.
período (8 Bars) maioria das composições, e consequentemente
seus arranjos, obedecem um padrão de organização em períodos Bloco A: (6 peças)
(8 Bars). Observamos também que, geralmente, todos os tipos de 1A: + kick, + snare, + open hat
músicas são formadas por “peças” de 8 compassos (Bars) que 2A: + FX
trazem consigo um novo acontecimento. 3A: + bass, + perc
4A: + intro lead (*) virada
Análise estrutural 5A: + lead 1 + bass com cadência harmônica (c.h.) OBS: Im–
A melhor maneira de aprender a arranjar suas músicas é fazen- IVm–bVI–Im / Im–IV–II°–Im
do a análise estrutural de músicas da sua preferência. Assim você 6A: + frase de transição do lead 1
verá as diferentes formas usadas por vários produtores, escutará Break A (2 peças)
qual é o efeito que cada uma proporciona e conseqüentemente 1 br A: - drum (kick/snare/open hat), – perc, + stab
terá maior consciência para estruturar suas músicas conforme o 2 br A: - bass + FX (*)virada de 4 bars (+ bass, + lead)
resultado sensorial que você deseja alcançar.
Bloco B: (3 peças)
Como fazer: 1B: + bass (c.h.), + drum, + perc, - stab, + lead 2 OBS: perceba
a) Coloque a música a ser analisada em um canal de áudio na tela que a base de 1B é igual a de 6A
de arranjo. 2B: = (*) virada de um bar
b) Arrume os warp points (como foi ensinado na aula de re-edit) 3B: + stab
c) Ajuste o Fixed Grid em 8/1 (8 Bars) utilizando ctrl+1 e ctrl+2 Break B (4 peças)
d) Edite a faixa (ctrl+e) cortando parte por parte (corpo, breaks) e 1 br B: - drum, - perc, - bass, + shake
coloque a cor (bot. dir. do mouse) e o nome (ctrl+r) que desejar em 2 br B: + FX
cada uma delas. 3 br B: + bass (c.h.)
e) Re-edite cada parte, dividindo-a em peças (8 bars). 4 br B: + bass (sem c.h.) (*) virada de 4 bars (+ drum)
f) Conte o numero de peças que há em cada parte
g) Escute e descrimine a entrada e a saída de cada elemento,
Peça por peça.

Exemplo:
Produção Musical 4
Bloco C: (3 peças) Procedimento para gravar na tela de arranjo
1C: + lead 2 Na tela de session, clique duas vezes no Stop da barra global
2C: = para se certificar que a gravação vai começar no primeiro Bar da
3C: frase de transição do lead 2 (*) virada 1bar
Break C (1 peças) ..
tela de arranjo
Clique no Global Record Button (barra global)
1 br C: - drum, - perc, + stab (c.h.) OBS: a cadência harmônica
do stab é identica à usada no bass .
No Quantization Menu (barra global), selecione a opção 4 Bar.
Dispare cena por cena, respeitando o número de bares que
cada uma deve tocar.
Bloco D: (4 peças)
1D: + bass (sem c.h.), + perc + envelope de volume no stab
2D: =
3D: - bass OBS: você pode monitorar o processo pressionando o tecla "Tab"
4D: + FX (atalho para alterar a visualização entre 'tela de arranjo'/'tela de
Estruturação do arranjo usando cenas'). Para otimizar esta monitoração, ajuste a lupa da tela de
uma música de referência arranjo para mais ou menos 12 Bars (uma peça e meia) e ative a
função "Follow" localizada à direita do Arrangement Position.
Depois de feita a análise estrutural, crie o seu arranjo fazendo
uma analogia entre os elementos da sua composição de acordo
com suas características sonoras e/ou função na música. Por exem-
Set Time to Insert
plo: se a música de referência tem close hat e a sua não, porém
entre os elementos que você criou há uma percussão de divisão
rítmica rápida. Eles provavelmente serão os elementos análogos
(close hat da referência e a sua percussão).
Monte o seu arranjo incluindo e retirando os seus elementos
musicais de acordo com as entradas e saídas dos elementos da
música de referência.
Depois de estruturar cada bloco musical, escute a parte da música
que você já fez e avalie se está condizente com o efeito que você
procurava. Siga o mesmo procedimento até chegar ao fim da música. Depois de gravar todo o pre-arranjo, vá para a tela de arranjo
para corrigir os possíveis erros que cometeu na sua execução e/
OBS: Se desprenda pouco a pouco do uso de arranjos de referên- ou fazer nele as alterações desejadas.
cia, siga seus instintos, acredite na sua percepção. Se achar que o Para isso temos uma ferramenta: Ctrl+i (set time to insert). A
seu break deve ser maior, não deixe de fazê-lo! Lembre-se que a ação dele é sempre realizada para a direita. Por exemplo:
música do outro produtor é só uma referência para você aprender

das você não precisará mais das referências. ..


a criar seus próprios arranjos. Após algumas produções finaliza- a) se você quiser inserir um Bar após o bar 32:
clique na barra do quantize ao lado direito do bar 32,
Criando a estrutura do arranjo em Real Time .pressione ctrl+i
digite "1" no espaço referente à compassos (retângulo da es-
A tela de cenas (session view) do Ableton Live possibilita a cria-
ção de arranjo em real time. Muitos produtores preferem trabalhar
desta forma criar a estrutura do arranjo intuitivamente, ativando e
.
querda)
pressione duas vezes Enter

mentos no decorrer do arranjo. ..


desativando os clips de acordo com as entradas e saídas dos ele- b) se você quiser apagar o bar anterior ao bar 32 (31):
clique na barra do quantize ao lado direito do bar 30

.
Segue abaixo algumas dicas para otimizar o seu desempenho
utilizando este método de composição da estrutura do arranjo: .
pressione ctrl+i
digite "-1" no espaço referente à compassos (retângulo da

.
transfira os loops dos elementos da música e suas variações
para os clips slots do seu respectivo canal
organize os loops e suas variações por cores e/ou renomeando-
.
esquerda)
pressione duas vezes Enter.

.os conforme suas características


coloque os clips que melhor interagem entre si na mesma cena
(linha) (o ideal é fazer uma cena para cada bloco musical)
Produção Musical 5

Aula 18 Viradas, Fills e Envelopes de Efeito


..
Objetivos . Ajuste o valor deste parâmetro (na interface do efeito) com o

..
Envelopes de Efeitos em clips
Dummy Clips
FILL IN e FILL OUT
.
valor máximo a ser atingido durante a automação (100%).
Determine a automação no 'Sample Display / Note Editor' al-
terando o valor do parâmetro de 0 a 100%.
Variações e Viradas

Introdução
Nesta aula vamos abordar alguns recursos primordiais para dar
mais naturalidade e vida à rígida estrutura inicial do arranjo. Trata-se
de variações criadas em trechos do arranjo criteriosamente escolhi- DICA: Para agilizar este processo, você pode selecionar o
dos para valorizar a introdução/retirada de elementos musicais ou parâmetro do efeito que deseja automatizar clicando sobre ele.
simplesmente para manter o interesse do ouvinte ao longo da músi- Desta forma, quando retornar ao 'Envelope Box' ele já estará no
ca. Outra prática interessante é o uso de envelopes de efeito para campo de seleção.
alterar as características sonoras intrínsecas dos elementos, afim de
conferir-lhes maior "movimento" e realçar (ou recriar). UNLINKED
Na janela 'Envelope Box' temos a opção 'Region/Loop' que pode
1. Envelopes de Efeitos em clips
Já falamos em aulas passadas sobre os envelopes sonoros bá-
sicos, conhecidos também como envelope ADSR (Attack, Decay,
..
tem duas opções de ajuste:
Linked: limita o tamanho do envelope ao tamanho do loop
Unlinked: permite que o usuário determine a região de ação
Sustain e Release). O sinônimo de envelope sonoro, envoltória do envelope sem limite de tamanho
sonora, ajuda a compreensão do seu conceito: conjunto das ca-
racterísticas físicas de uma onda sonora e, por consequência, sua
sonoridade. Envelopes de efeito alteram estas características para
melhor se ajustar no arranjo. Automação de efeito é a variação
programada do(s) parâmetro(s) de um processador de audio que Logo, com esta função temos a pos-
será realizada no decorrer do tempo, resultando em um novo en- sibilidade de fazer uma automação que
velope sonoro. varie entre as repetições do loop. Para
No Ableton Live temos duas maneiras de programar automações: isso, basta ajustar a duração do enve-
na tela de arranjo e nos clips (tanto de audio quanto de MIDI). lope em um tamanho diferente do loop.

Para realizar a automação de clip você deve realizar os passos

.
abaixo:
Ative a visualização do 'Envelope Box' clicando na letra 'e'
localizada no canto inferior esquerdo do 'Sample Editor' (audio)

.
ou do MIDI Editor (MIDI).
Selecione o processador de efeito (campo de seleção superi-
2. Dummy Clips
A tradução de Dummy é bobo, burro, esses clips são chamados
or) e o respectivo parâmetro (campo de seleção inferior) em que assim pois não geram nenhum som, mas nem por isso que eles
irá fazer a automação. deixam de ter grande valia. Os Dummy Clips são usados para exe-
cutar automações nos parâmetros dos efeitos inseridos no canal
onde eles estão alojados, mas que serão aplicados ao som prove-
niente de outro(s) canal(is) do seu projeto. Na prática, o uso desta
técnica aumenta as possibilidades de variação dos elementos que
constituem a sua música agregando uma nova camada de diferen-
tes características sonoras. Em performances ao vivo é uma po-
derosa ferramenta de interação com o público porque te possibili-
dade de aplicar variações sonoras quando você bem entender,
podendo surpreende-los a qualquer momento.
Produção Musical 6

.
Para montar os Dummy Clips:
Abra o patchbay do Ableton. (Essa ferramenta permite que
você faça o roteamento do audio entre os canais sequenciador
4. Variações e Viradas
Depois de definida a estrutura estrutura do arranjo, a presença de
variações sutis nas repetições dos seus elementos conferem mais
.
sejam eles de áudio, MIDI, grupos ou return).
Selecione o canal que receberá a automação em 'Audio From'
naturalidade ao arranjo, deixando-o menos monótono ao ouvinte.
Quer seja uma variação do músico durante a gravação em um arran-
.
no canal de áudio dos dummy clips.
Ajuste o 'Monitor' no patch bay do canal dos dummy clips para
jo de banda, quer seja uma variação do kick entre peças em um
arranjo de música eletrônica, cabe ao produtor ponderar quantas
.
o modo 'In' (habilitando-o a receber o áudio de outras fontes).
Coloque o dummy clip nos clip slots deste canal.
vezes e onde irão ser realizadas. Por menores que sejam estas mo-
dificações, é comum (principalmente entre produtores iniciantes) pecar
tanto por excesso quanto por falta destes detalhes.
Além dos dois exemplos citados acima, também se enquadram
neste caso o uso de pratos (crash, splash) e efeitos de ambiência.

..
Dicas:
Crie diversas variações de automação nos dummy clips;

. Experimente vários efeitos ao mesmo tempo;


É possível criar sub-grupos de canais com dummy clips para
ter um maior controle e possibilidade de variações.
Assista esse tutorial completo feito pelo professor Ilan Kriger:
http://www.youtube.com/watch?v=9QRsVo8ihc8

3. Fill In e Fill Out


Fill in e Fill out são elementos fraseológicos utilizados para intro-
duzir ou retirar os elementos musicais ou blocos musicais na es-
trutura do arranjo. A sua duração pode ser desde apenas um frag-
mento de compasso até uma peça inteira (8 bars). As decisões
tanto sobre duração quanto a de quais os elementos terão seus
próprios fills ou farão parte de um fill (in/out) de bloco musical de-
pendem da composição e o estilo musical que ela se enquadra.
Entretanto a presença de fills fica a critério do arranjador, pois não
há regra pré-determinada para o uso deste artifício.
Entre alguns exemplos de fill in e out estão viradas de bateria,
"puxadas" de guitarra e baixo, frases e anacruzes de elementos
melódicos.
No caso da música eletrônica, a omissão do kick é o tipo de fill
out mais usado e eficaz. Muitas vezes aliada a variação(ões) de
outro(s) elemento(s), pode-se omitir desde apenas o último kick da
peça (quarto tempo do compasso) até 4 compassos inteiros dos
elemento.
Produção Musical 7

Aula 19 Efeitos II
..
Objetivos:
Revisão efeitos Insert e Send/Return.
ÁUDIO EFFECT RACK
O Áudio effect rack nada mais é que um grupo de efeitos com

.. Como funcionam os Audio Effect Racks


Como funcionam os Instrument Racks
vários recursos embutidos, criação de layers / camadas e os
Macros que basicamente são controladores internos. Um botão

.. Midi Effect Racks


Beat Repeat
movimenta o parâmetro de vários efeitos. Surgiu na versão 6. Muito
interessante para fazer viradas e subidas e transformar um grupo

.. Erosion
Redux
de canais em efeitos nos breaks, subidas e afins.
Também é possível criar um rack de efeitos selecionando todos

. Vinyl Distorcion
Dica de envelopes
e pressionando o comando (Command + G MAC) (Cntl + G PC)

EFEITOS EM INSERT:
Para utilizar um efeito em insert, você arrasta para o canal desejado
e dosa a quantidade de efeito pelo DRY/WET (que em outras palavras
é um crossfader entre o som original e o efeito (seco/molhado).

Neste caso está 50% efeito e 50% som original.

EFEITOS EM SEND:
Você pode criar canais de RETURN clicando
com o botão direito na região dos tracks ou uti- Esses macros são botões que você “triga” com os parâmetros
lizando o atalho (Cntrl + Alt + T PC) (Command dos efeitos, como se fosse um controlador midi movimentando vá-
+ alt + T MAC) . E utilizar o mesmo efeito em rios botões ao mesmo tempo. Observe que o controlador APC 40
vários canais em quantidades diferentes. da Akai desenvolvido especialmente para o Ableton Live utiliza
essa lógica de 8 botões, então sempre que ligar efeitos em sua
Observe que cada canal tem seus SENDS. APC use e abuse dos Racks.
No momento que você aciona o botão de
SEND. Envia essa quantidade de db deste
canal para um canal de retorno (Return Track),
onde você aplicará o efeito desejado.
Lembre-se sempre que ao botar o efeito
no canal de retorno você deve deixar o dry/
wet sempre em 100%, pois deste canal
sairão apenas os efeitos. O som original já
está saindo pelo outro canal.

Quando pressionado o Map Mode você verá esta tela abaixo. As


áreas verdes são os botões que permitem ser “trigados” com os Macros.

Nos sends podemos optar em deixá-los em Pré ou Post.


Pré Mixer podemos diminuir o volume do canal que ele continua
enviando som para o Retorno, ou seja, o envio independe do volu-
me do canal de origem. Já em Post Mixer o envio depende do No exemplo acima o Macro 1 está movimentando a Freqüência do Fil-
volume do canal de origem. tro, ao mesmo tempo que aciona o Dry/Wet do Simple Delay. Também é
possível mapear os macros clicando com o botão direito nos parâmentros
desejados e direcionando para um dos 8 Macros disponíveis.
Produção Musical 8
É interessante trabalhar com o PAN das camadas
Perceba que também é possível utilizar os botões dos
macros para controlar o volume das camadas e panorâmica.

Observe que ao acionar o Map Mode abrirá a janela de


Macro Mappings no canto superior esquerdo da tela uma
janela que mostrara o parâmetro mínimo e máximo do efeito em
relação ao botão macro.
Instrument Racks
Teste fazer seqüências com Reverb, filtros, delay, chorus, aqui O Rack de instrumentos permite a criação de uma combinação
a sua criatividade conta muito. complexa de sintetizadores ligados no mesmo canal de MIDI em
um Instrument Rack. Os macros podem controlar todas as cama-
Layers/ Camadas: das do Rack.
A criação de layes pelo Áudio Effect Rack nada mais é que
transformar uma entrada de áudio em várias (como se criasse vá-
rios canais com o mesmo som) porém com a possibilidade de con-
trolar os parâmentros dos efeitos pelos mesmos macros e fazer
combinações incríveis de efeitos.
A janela de camadas está no botão:
Para a criação de novas camadas clique com o botão direito na
região (Drob Midi Effects, Audio Effects, Instuments or Samples
Here) ou apenas arraste os vsts e efeitos na região.
Para criar o mapeamento dentro do VST selecione a seta ao
lado do botão Liga/Desliga do instrumento.

Para criar uma nova camada clique com o botão direito na re-
gião (Drop Audio Effects Here) ou arraste efeitos nessa janela para
criar novos layers.
Cuidado com o volume de saída das camadas pois somando
cada uma o volume irá clipar.
Produção Musical 9
Pressione Configure e movimente os parâmetros desejados para o mapeamento que eles irão aparecer na janela.

Crie combinações para o mesmo macro movimentar filtros, panorâma, volume, efeitos e outros botões.

Beat Repeat .. Gate: O tempo que sua repetição ficará acionada;

. Pitch: Muda o pitch do som repetido;


Pitch Decay: Decay do pitch. Vai diminuindo o pitch conforme
o tempo vai passando;
Observe que também temos um Filtro para essa nossa repeti-
ção. Você pode fazer com que o som repetido saia em apenas
algumas freqüências.
Os botões abaixo (MIX, INS, GATE) são a forma com que o a

..
repetição entrará no mix.
MIX: sairá o som original mais o repetido

Como o nome já diz: repete a batida.


. INS: a hora que o repeat é acionado sai a música original
GATE: sairá apenas o som repetido
Essa ferramenta é muito poderosa para criar um groove em seus
Neste exemplo o efeito será acionado a cada um bar, e apenas sons, muito bacana também para performance ao vivo e
½ bar ficará se repetindo (pedaço amarelo que vai de 0 à 2.) no reciclagem de samples.

.
tempo de 1/16.
REPEAT: quando pressionado aciona o efeito por tempo ili-
.. Erosion
.
mitado;
CHANCE: trabalha com a probabilidade de acioná-lo, 100% irá
.
Amount: quantidade aplicada
Freq: em qual freqüência aplicará

.
acontecer sempre, 50% metade do tempo, e assim por diante. Width: funciona apenas nas funções Noise e Wide Noise. Defi-
Interval: É o intervalo: a cada quanto tempo você deseja que ne a “largura” do ruído.

.
ele se repita;
Offset: Como se fosse o start point nos samples, você pode,
por exemplo, fazer com que ele ao invés de repetir no início do

.
som como está configurado aqui, começar pelo final, etc.
Grid: Quanto tempo vai repetir. Se você deixar em 1 BAR,
ficará um loop de 1 bar do som, observe que logo abaixo tem um
botão que diz No Trpl: (NO TRIPLED), com ele acionado a bati-
da não ficará quebrada por exemplo 1/12 não funcionará, ape-

.
nas 1/2 , ¼, 1/8, 1/26/ 1/32 .....
Variation: Cria uma variação na repetição;
Produção Musical 10
Esse efeito degrada o sinal de entrada modulando um curto atraso com ruído ou uma onda senoidal, acrescenta ruídos ou distorções
(trabalha como se fosse tirando a qualidade do que entra. O som entra em 16 bits (exemplo), e ele faz uma redução desta taxa gerando
um som digital, isso também se chama “aliasing” ou “downsampling.)
O controle Frequency determina a cor ou qualidade da distorção. Caso o interruptor MODE esteja ajustado em Noise (Ruído), este
controle funcionará em conjunto com o parâmetro Width que define a largura da banda do ruído.
Em modo Sine, o controle Width não terá nenhum efeito.
Noise e Sine utilizam um único gerador de modulação. Por sua vez Wide Noise dispõe de geradores de ruído independentes tanto
para o canal esquerdo quanto para o direito, o que produz uma sutil expansão estéreo.
É uma ferramenta muito boa para reciclar loops, uma dica é fazer envelopes rítmicos em algum parâmetro como freqüência ou Width.

Redux Vinyl Distortion


Similar ao Erosion, reduz a quantidade da
taxa de amostragem do som.
“Tirando a qualidade do som que entra”. A
seção “Downsample” possui dois parâmetros:
HARD e SOFT Caso o Downsample esteja
ajustado em 1, todos os samples do sinal de
entrada são enviados para a saída, mantendo
o sinal inalterado. Caso esteja ajustado em 2,
somente um sample de cada um dos dois será
processado, dando lugar a um som mais “digi-
tal”. Quanto maior seja o valor deste parâmetro,
menor será a taxa de amostragem resultante e mais se degradará a Emula as distorções que são produzidas quando se reproduz
qualidade do som. O Downsampling é um processo parecido ao de um disco de vinil, provocadas pelas relações geométricas entre a
aplicar um efeito de mosaico sobre uma imagem: se parte da infor- agulha e o sulco do disco. Também conta com um gerador de ruí-
mação e se geram divisões marcadas entre os blocos. O interruptor dos parecido com o som “chiado” das pick ups.
de modo Downsample define se o processo realiza a interpolação O Tracing Model acrescenta distorção harmônica constante ao
em uma faixa pequena (“soft”, suave até 20 samples) ou se prescin- sinal de entrada. Para ajustar a quantidade de distorção, utilize o
de dela em uma faixa mais extensa (“hard”, duro até 200 samples). controle Drive ou clique sobre a janela XY da seção Tracing Model
O parâmetro Bit Reduction funciona de forma similar, mas enquanto e arraste o mouse verticalmente. Para ajustar a freqüência (color)
o downsampling utiliza uma grade de tempo, a redução de bits aplica da distorção, desloque o mouse horizontalmente.
o mesmo processo sobre a amplitude. Já Pinch Effect acrescenta harmônicos irregulares ao sinal de
Caso o botão de amplitude Bit Reducton esteja ajustado em 8, os entrada. Normalmente, estas distorções são produzidas fora de
níveis de amplitude serão quantizados em 256 passos (ou seja, 8 fase com desvio de 180 graus, gerando um som estéreo. O pinch
bits). Caso seja ajustado em 1 o resultado será radical: cada sample Effect dispõe dos mesmos controles que o Tracing Model, porém
conterá um sinal de nível completamente positivo ou negativo, sem gera um som bastante diferente.
valores intermediários. Bit Reduction define um sinal de entrada de O Controle Drive aumenta ou diminui a quantidade global de
0dB como sinal de 16 bits. Os sinais acima de 0 dB provocarão distorções originada por Tracing Model e Pinch. Pode ser 2 modos
distorção digital, e o LED vermelho de saturação acenderá. de distorções: Soft ou Hard. O modo Soft simula o som de um dub
Caso desative o Bit Resolution economizaremos uma parte do plate, já o Hard é o som mais parecido com o de um disco de vinil.
CPU. Tome cuidado com esse efeito, é importante que ligue um Crackle acrescente mais ruído ao sinal. A densidade do ruído é
equalizador depois dele para dar uma limpada no sinal. determinada pelo botão Density.
Produção Musical 11

Aula 20 Compressão e Limiter


..
Objetivos da aula
Apresentar o que é e quando usar compressão;
1. Apresentar o que é e quando usar compressão
O que é compressão? É a diminuição da diferença de volu-
.. Apresentar quais são os parâmetros de um compressor;
Apresentar quais são os parâmetros de um limiter e por que usá-lo;
mes de um som (conhecido como diminuição de dinâmica). Esse é
um processo usado por produtores tanto em elementos isolados
.. Apresentar como e por que fazer compressão de side-chain;
Apresentar como e por que usar compressão em paralelo;
Apresentar como e por que usar compressão de multi-banda.
quanto na masterização.

Em quais canais é preciso aplicar compressão: isso vai


depender muito do material que você está utilizando e também de
Introdução: como você quer combinar os elementos. No geral, se você tiver
A compressão e outros processsadores de áudio descritos nes- um elemento que em algumas partes da música soe alto e outras
ta aula são muito importantes para a produção musical e engenha- baixo, é por que você provavelmente precisa de um compressor
ria de áudio. Com eles é possível mixar e desenvolver timbres com para deixar a diferença das partes altas e baixas menor.
uma maior facilidade, como algumas vezes as mudanças podem Use a sua imaginação, basicamente qualquer elementos da sua
ser sutís mas não menos importantes, é importante que você te- música e até efeitos de send / return podem ser comprimidos. Al-

.
nha um bom ambiente de monitoração para atingir os melhores guns casos comuns são:
resultados. Vocal: como é comum o vocalista cantar partes mais altas e
A melhor forma de explicar compressão é pensar em uma gra- outras mais baixas, um compressor pode ajudar a colocar esse

.
vação de um vocal, onde em algumas partes o vocalista quase elemento na mixagem.
berrou e em outras ele sussurou. Ao tocar essa gravação junto Kick / Bumbo: é um dos principais elementos na música eletrô-
com outros elementos a parte alta pode ficar boa, mas mas a sus- nica, neste caso o compressor pode ser usado para engordar esse

.
surrada provavelmente vai ficar muito mais baica. elemento e trazê-lo à frente na mixagem.
Com o compressor é possível suavizar as partes altas e trazer Bass / Baixo: divide com o kick o papel principal na maioria dos
para cima as baixas e com isso manter um volume médio com gêneros de música, o compressor pode ser usado para dar mais
menos dinâmica que vai poder ser ouvida em conjunto com os presença a esse elemento, mas também para controlar a diferen-

.
outros instrumentos. ça de volume entre as notas tocadas.
Guitarra: pedais de equalização e distorção geralmente cau-
Vocal sem compressão: sam picos que podem facilmente "clipar" o canal. O compressor
pode ser usado para suavizar estes picos e também para dar mais

.
corpo a este elemento.
Elementos de percussão: o compressor pode ser usado para
dar mais presença a estes elementos bem como controlar a pre-

Vocal com compressão: .


sença de graves e brilho.
Sintezadores: compressores podem ser usados para ajudar na

.
mixagem e também para um uso criativo de sound design.
Música inteira: pode ser usado na música inteira para encorpar
a produção e também controlar picos.

Gravo com compressão ou


Com a menor diferença de dinâmica vai ser mais fácil encontrar deixo para comprimir depois?
o volume ideal para a gravação do vocal, esse tipo de técnica pode A princípio qualquer sinal que tenha muita variação dinâmica pode
ser usada em basicamente qualquer instrumento. precisar de um compressor. Grande parte dos profissionais de áudio
Nesta aula você vai aprender não só a compressão mais tradici- utiliza o compressor durante a gravação para garantir um alto nível
onal, mas também o funcionamente e aplicação de Limiter, Com- no meter do gravador e a ausência de distorção. Não há nenhum
pressão de Sidechain, Compressão em Paralelo e Compressão problema com esse tipo de procedimento, tão freqüente o rotineiro
de Multi-banda. em estilo pop, porém bom senso é indispensável. Se o sinal ficar
excessivamente comprimido, não será possível desfazer este pro-
cesso na mixagem.
Produção Musical 12

2. Apresentar quais são os Loop de percussão sem compressão:


parâmetros de um compressor
Threshold

Compressão aplicada nos picos e com ganho no sinal.

Medido em dB, define o limite onde o compressor vai começar a


agir. O threshold em -2dB significa que o sinal só será comprimido Como comprimir e manter a dinâmica natural do som?
quando exceder esta marca. Quanto mais baixo esse valor, maior Se a compressão for aplicada como no exemplo anterior, alguns
a atuação. timbres e padrões podem soar não muito naturais e dinâmicos,
Você vai usar um threshold alto (perto de 0dB) quando você qui- nestes casos o ideal é aplicar uma compressão com Threshold
ser comprimir apenas os picos, e um treshold baixo quando você baixo e um ratio baixo, o resultado é este:
quiser colocar o compressor para atuar no corpo do som.

Ratio (taxa de compressão)

Desta forma os picos são um pouco suavizados, mas a percep-


ção geral é que a passagem ainda mantém uma boa dinâmica com
elementos mais baixos e outros mais altos.

Gain (Ganho)

Representa em decibéis quanto do sinal que exceder o threshold


vai ser comprimido.
Exemplo: se o ratio estiver ajustado em uma taxa de 2:1 significa
que, a cada 2dBs que passarem pelo threshold, apenas 1 dB sairá.
Se passarem 20 dB, sairão apenas 10 dB e assim sucessivamente.

Alguns compressores permitem que você eleve a taxa até o infi-


nito, isso significa que todo sinal de áudio que exceder o threshold
será comprimido (neste caso o compressor vai virar um limiter).
Você vai usar ratio baixo (pouca compressão), quando quiser uma Para obter um ótimo resultado o ideal é que você siga a seguinte
mudança menor no áudio geralmente usado com threshold baixo ordem ao mexer em um compressor:
para encorpar um elemento e um ratio alto quando quiser limitar os 1 - Treshold, analisando no meter (medidor) quanto do áudio está
picos de um áudio, geralmente usado com o threshold alto. passando do limite estipulado;
2 - Aumente o ratio (taxa de compressão), quando você fizer isso,
Como cortar picos? o volume final do som processado vai cair (a não ser que você
Se você usar um Threshold alto que só deixe passar os picos e esteja utilizando um ratio de 1:1)
um ratio alto, você vai conseguir cortar os sons mais altos e com 3 - Como o volume reduziu, você pode agora aumentar o ganho
isso permitir dar um ganho para trazer todos os elementos juntos (gain) até o mesmo nível anterior.
para cima.
Produção Musical 13
Use o botão de ligar e desligar para verificar a diferença na dinâ- Snare sem compressão
mica do som.
Muitas vezes produtores iniciantes erram ao pensar que o com-
pressor deve aumentar o volume, ele pode aumentar depois de
reduzir os picos, mas para você perceber o resultado do sinal pro-
cessado e sem processamento em um mesmo volume para poder Snare com uma compressão com Attack e Releases rápidos
definir com mais facilidade se o sinal processado é melhor. Resultado: diminuição do volume do Transient
Nos compressores digitais você não deve atingir níveis maiores
que 0 (zero) porque irá gera uma distorção indesejada (clips). Mas
com compressores como o Rcompressor que foi desenvolvido a
partir de um modelo analógico, você pode e até deve fazer ele
bater no vermelho para aquecer o som. Quando o nível do áudio Snare com uma compressão com Attack rápido e e Release lento
atinge o vermelho no Rcomp, ele começa a limitar o áudio que esta Resultado: diminuição do volume geral do snare
excedendo utilizando neste extremo o algoritimo de um limiter L2
da Waves (mesma fabricante do Rcompressor).

Attack e Release
Snare com uma compressão com Attack lento e Release lento
Resultado: diminuição do volume do sustain do Snare

Como achar os parâmetros corretos?


Como cada um dos parâmetos é dependente do outro, faça dois
ou três ciclos passando por: Threshold, ratio, ganho, attack e release.
Erra quem não dá a devida importância para estes parâmetros.
O attack é medido em milissegundos e controla o tempo de res- Meters (medidores)
posta do compressor a um impulso sonoro. Quanto maior o tempo Muitos compressores apresentam três meters (medidores), com
de ataque, maiores os picos de intensidade que não serão compri- isso você tem um controle visual dos seguintes parâmetros: volu-
midos. Por outro lado, um tempo muito curto desse parâmetro irá me de entrada de áudio, volume de saída de áudio e quantidade
cortar a dicção de uma cantora, por exemplo. de dBs que estão sendo comprimidos.
O release controla o tempo que o volume leva para voltar ao
nível original após ser comprimido. Seu ajuste varia de 50
milisegundos até alguns segundos.
Releases curtos fazem o compressor acompanhar mudanças
rápidas de dinâmica, mantendo alto o nível de saída.
Você deve cuidar também com releases muitos longos, princi-
palmente no final da compressão, porque o compressor pode não
ter tempo suficiente para parar de agir até chegar o próximo kick.
Com isso o attack vai perder a função (só vai funcionar, por exem-
plo, no primeiro kick de uma musica ou seção).
Em alguns compressores existe um ajuste automático do release.

Mudança do resultado da compressão em releção ao


Attack e Release
Você pode conseguir resultados muito diferentes com as confi-
guração de attack e release
Exemplo: Compressão de um Snare
Produção Musical 14
COMPRESSOR NATIV
NA O DO ABLET
TIVO ON LIVE
ABLETON FF1 e FF2 O modelo FF1 é algoritmo do antigo compressor 1 do
As funções descritas acima são comuns para a maiorias dos Live e o FF2 é o modelo do antigo compressor 2. Nestes dois ca-
compressores, os listados a seguir são em sua maioria particula- sos eles conseguem analisar o áudio antes dele (lookahead) atin-
res do compressor do Ableton Live. gir o threshold.
FB - emula um compressor analógico e por isso não tem função
Tipos de envelope: “lookahead” para prever a entrada de áudio.

Lookahead

O attack e o release, respondem de 3 diferentes formas (seleci-

..
one um deles).
Peak: respondem aos picos curtos; Seleciona quantos milissegundos o compressor vai olhar a fren-
Rms: menos sensível a picos, respondem a média da dinâmi- te para prever a mudança de dinâmica

.
ca da fonte (volume mais alto e mais baixo);
Opto: utiliza uma forma não linear de release. Quando a re- Makeup:
dução de ganho se aproxima do zero, ele tende a diminuir a
velocidade do release.

Knee (joelho)

Com essa função ligada o compressor automaticamente analisa


o ganho e quantidade de áudio comprimido, aumentando o volume
do ganho para chegar o mais próximo possível do zero.

Esse parâmetro ajusta o quão rápido a compressão começará a


3. Apresentar quais são os parâmetros
agir. Muitos compressores têm esse parâmetro fixo em zero (hard
de um limiter e porque usá-lo:
knee) isso significa que eles rapidamente comprimem o sinal. Um compressor pode se especializar para se transformar em
um limiter, mas muitos desses processadores de áudio são espe-
Model cialmente produzidos para servir a esse propósito.

As principais diferenças do compressor e o limiter são:


No limiter o ratio e threshold são fixos. O ratio fico em infinito e o
threshold em 0dB (ou próximo disso). Muitas vezes no limiter o
attack e o release também são fixos.
O limiter é muito usado para comprimir picos de sons que esca-
pam do ratio de um compressor e também como último processo
na masterização de uma música (para não deixar nenhum som
"clipar" o sinal).
Produção Musical 15
Funções do limiter: O bass (baixo) deste projeto é constante e fica em cima do kick.
O áudio dele é assim:

Se for aplicado uma compressão de sidechain com o kick ati-


vando o compressor o resultado vai ser este:

Agora o kick (que acontece nos primeiros tempos), tem espaço


para tocar sem precisar dividir a sua força com o bass).

. Gain - não é o volume de saída e som de entrada, mede quantos Como fazer compressão de sidechain:

.
DB o som é aumentado e pressionado para o teto (ceiling);
Lookahead - mede quanto tempo o limiter vai poder olhar para
Use o projeto Compression and Sidechaining. Library > Lessons > Sets.

1. No canal do bass insira um compressor, com o preset De-Esser;


.
frente para preparar a sua ação;
Release - Pode ser automático (quando o botão auto está sele-
cionado) ou selecionado manualmente, define o tempo que o sinal

.
vai poder parar de ser comprimido;
Ceiling - é o volume máximo de saída, em uma masterização o ideal

.
é deixar pelo menos -0,1 para evitar que o som ultrapasse o zero dB;
Stereo - L/R - seleciona se o sinal vai ser processado da mes-

.
ma forma stereo ou de forma separada L/R;
Meter de quantidade de dBs reduzidos - demonstra quantos
decibéis estão sendo limitados.

4. Apresentar como e porque fazer


compressão de side-chain
A técnica de compressão de side-chain é essencial para a pro-
dução de música eletrônica. Na maioria dos estilo deste gênero o
kick (bumbo) e o bass (baixo) são os elementos principais. Como
eles tem frequências muitos duras e que não podem ocupar o
mesmo espaço eles podem acabar embolando ou se cancelando
com facilidade.
Diferente da compresssão tradicional que acontece em relação 2. Desligue a função de equalizador do Compressor (você vai que-
a altura do threshold, a compressão de side chain é ativada quan- rer neste caso comprimir todas as frequências da mesma forma).
do um elemento toca. O função fica desligada quando ela estiver cinza;
Exemplo: abra a lição do Ableton Live, Compression and
Sidechaining. Library > Lessons > Sets.
Produção Musical 16

.
3. Ligue o sidechain (função fica ligada quanto estiver em amarelo); Onde mais a compressão de side chain pode ser utilizada?
Kick contra Efeitos - experimente fazer o kick comprimir um

.
som contínuo de white noise;
Vocal contra Sintetizadores - o vocal pode com facilidade abrir

.
espaço nos sintetizadores;
Percussão versus sintetizador - a percussão pode movimen-

.
tar o sintetizador para que ele tenha mais espaço para tocar;
Kick versus Pad - neste tipo de compressão o pad ganha movimento.

4. Selecione o Audio From - Drums; Como fazer a compressão de


side chain não parar nunca?
Se você estiver fazendo uma forte compressão no bass, quando
ele parar o break este elemento pode ficar estranho e soar amador.
Para evitar isso, você só precisa duplicar o canal do kick e e
renomear o original para sidechain, deixe esse canal mutado e
com o kick fantasma tocando por todo o arranjo, dessa forma o
compressor vai ser ativado mas o som não vai ser ouvido. Com
isso vai ser possível tirar o colocar o kick sem se preocupar com
mudanças de volume no bass.

5. Apresentar como e por que


usar compressão em paralelo
Essa técnica permite que você faça a uma forte compressão em
5. Selecione o sub-canal. Na maioria das vezes só selecionar o um elemento ou música inteira sem perder a dinâmica do material.
canal de entrada já resolve. Como o canal Drums é um Drum Rack, O termo compressão em paralelo foi cunhado pelo famoso en-
você pode selecionar se a compressão vai ser ativada por todos genheiro de áudio Bob Katz em 1988, mas desde 1965 com o uso
os sons ou apenas um dos slots do Rack, Neste caso você só quer do Noise Reduction Dolby A é possível fazer esse tipo de proces-
que o kick ative por isso selecione ele no menu abaixo; so. Como essa técnica era muito utilizada por engenheiros de som
de Nova Iorque ela ficou conhecida como "New York Compression"

O que é a compressão em paralelo?


É o processo de dividir um sinal de áudio em duas fontes, uma
delas não nenhuma ou uma pequena compressão, enquanto a
segunda delas é comprimida em níveis maiores. As duas fontes
devem ser mixadas novamente para causar o efeito necessário.
Com isso é possível ao mesmo tempo comprimir o sinal e com
isso trazer os sons mais leves e baixos para cima, mas também
manter a dinâmica do som.

Como fazer uma forte compressão?


Para fazer essa ténica você vai precisar criar uma forte com-
pressão, ela pode ser atingida de pelo menos 3 formas com plug-

6. Mude o model - O modelo FF2 é o padrão para esse preset, ..


ins nativos do Ableton Live.
Compressor - com threshold baixo e ratio alto;
mas o modelo FF1 tem um som mais limpo e evita que ao cortar o
som o kick cause um clip no bass; .
Limiter - com forte gain (ganho);
Saturador - com uma quantidade média de drive.

7. Personalize os parâmetros - Modifique threshold, ratio, knee,


attack, release e output gain ao seu gosto.
Produção Musical 17
Como fazer compressão em paralelo no Ableton Live
O Ableton Live tem pelo menos 3 formas de fazer compressão
em paralelo:
..
Quando usar a compressão em paralelo?
Quando você quiser encorpar um elemento sem perder a dinâmica
Quando você quiser fazer uma segunda mixagem com uma ca-
1 - Duplicando o canal mada mais comprimida.
2 - Com o uso dos canais de send / return
3 - Com o Audio Effect Rack 5. Apresentar como e porque usar
Você pode usar em uma música apenas uma forma ou as 3 so- compressão de multi-banda:
zinhas ou combinadas. A compressão de multi-banda permite que você faça diferentes
compressões em diferentes frequências, esse tipo de técnica pode
1 - Duplicando o canal ser usado em elementos de uma músicas, mas é muito utilizado na
masterização (para resolver problemas de mixagens).
O Ableton Live tem um efeito de compressor de multi-banda na-
tivo, chamado Multiband Dynamics.
Muitas das funções dele são comuns no compressor, mas neste
caso a compressão vai ser aplicada apenas a uma banda de frequência.

Duplique o canal que você quer colocar o efeito de compressão em


paralelo, deixe o canal original sem compressão ou com muito pouco e
adicione uma forte compressão no outro canal, o volume dos dois devem
ser mixados novamente para não aumentar muito o volume original. .
Funções exclusivas do Multiband Dynamics:
Split Freq - permite mudar a frequência de corte entre as ban-
das, as bandas também poder ser ligadas e desligadas.
2 - Com o uso dos canais de send / return No centro da interface, você tem os compressores em cada ban-
da (2 em cada). Neste compressor é possível comprimir e expan-
dir (aumentar a dinâmica) tanto dos sons mais altos e mais baixos.

.
Ratio e threshold - são modificados o movimentar a barra e as
linhas dentro dela (quanto mais próximas mais ratio, quanto mais
Deixe o canal do elemento sem compressão, em um dos canais de distantes menos ratio ou expansão.
return faça uma forte compressão envie sinal para o canal de return. O volume final do áudio é marcado pelo medidor de volume de
cada banda, o volume original é apresentado pela marca amarela.
3 - Com o Audio Effect Rack

Você pode usar o Audio Effect Rack, use duas chains, uma de-
las sem compressão e na outra com uma forte compressão.
Produção Musical 18

Aula 21 Equalização
..
Objetivos
Os fundamentos da equalização
1 - Os fundamentos da equalização
Você já deve saber o que são frequências. Elas se referem dire-
.. Análise de espectro
Bandas e filtros
tamente à nossa percepção de “pitch”, do que é mais grave ou
mais agudo. O piano é um excelente exemplo pois as teclas mais a
.. Entendendo frequências, altura (pitch) e transientes
Usando filtro passa alta (high-pass)
esquerda trazem som mais graves e as da direita, mais agudos.
A frequência é medida em hertz (ciclos por segundo), o que sig-
. Evitando o erro
Dicas e aplicação prática
nifica o número de vibrações da onda sonora a cada segundo. Os
humanos conseguem ouvir os sons dentro de um espectro de
frequências que vai de 20Hz (muito grave) a 20kHz (muito agudo).
Introdução A oitava (oito notas do piano, o intervalo musical mais puro que
O processo de equalização consiste no ajuste de níveis relativos
existe) mais baixa percebida pelos humanos vai de 20Hz a 40Hz e
de volume das frequências de um sinal de áudio. Um equalizador é
pode ser sentida em nossos corpos tanto quanto percebida por
muito utilizado para abrir espaço na mix, onde novos elementos se
nossos ouvidos. Uma dobra no valor das frequências significa o
complementam ao invés de disputar por espaço ou, também, pode
aumento de uma oitava. A próxima acima fica entre 40Hz e 80Hz,
trazer mais brilho, encorpar os graves ou trazer mais “presença”
a seguinte, entre 80Hz e 160Hz, e assim por diante.
para um determinado instrumento. A equalização ainda pode ser
Graças a essa relação de multiplicidade, nossa percepção de
utilizada para “corrigir” sons, retirando frequências desagradáveis
frequências não segue uma escala linear, mas sim logarítmica.
ao ouvido do produtor.
Instrumentista e cantores precisam de um ponto de referência
Como em qualquer área da música, não existem regras absolu-
para que possam estar sempre afinados dentro de uma mesma
tas nos processos de equalização. Você pode trabalhar em um
lógica, portanto, por padrão, utiliza-se uma frequência padrão de
som de maneira completamente diferente de outros produtores, e
referência para a afinação de qualquer instrumento. Essa frequência
ambos podem estar chegando a um bom resultado. A verdade é
é um Lá (A) em 440Hz (a mesma frequência do sinal do telefone
que você nunca deverá parar de aprender, pois esta é uma ciência
analógico). Logo, todas as notas musicais se relacionam com uma
complexa que exige um bom conhecimento sobre áudio e acústica
frequência específica e esse conhecimento pode nos ajudar muito
(frequências, harmônicos, etc.), um bom treinamento para seus
nos processos de equalização. O diapasão é um instrumento utili-
ouvidos e muita prática. Seu gosto e as tendências estarão sem-
zado para realizar afinação de instrumentos. O mais utilizado repro-
pre mudando, este é um aspecto inerente à natureza da música, e
duz a frequência de lá em 440Hz.
também o que a torna tão fascinante.
Neste capítulo, aprensetamos algumas dicas de como começar
a desenvolver sua técnica na ciência da equalização.

A nota mais baixa em um baixo convencional é um Mi (E), que fica


logo acima de 41Hz, enquanto em um violão, o Mi (E) mais baixo está
logo abaixo de 330Hz. Isso é a frequência fundamental (root frequency)
dessas notas. Também haverão frequências acima da fundamental e
elas são chamadas de harmônicos. Os harmônicos vibram em
frequências que são múltiplos perfeitos da fundamental (2x, 3x, 4x, etc.).
Os primeiros harmônicos estão sempre uma oitava acima da funda-
mental, ou seja, possui o dobro da frequência, enquanto a segunda
está uma oitava mais uma quinta acima da fundamental.
Produção Musical 19

São os harmônicos que trazem o timbre aos instrumentos. O frequências que ficam aos seus lados irão diminuindo gradual e pro-
que você faz enquanto equaliza um instrumento é ajustar os níveis porcionalmente até voltar a 0dB. O Q irá determinar qual o tamanho
de volume relativos dos harmônicos como, por exemplo, subir o dessa curva, ou seja, o quão ressonante será o filtro. Um Q alto sig-
nível dos harmônicos mais altos traz mais brilho para o som. nifica que poucas frequências ao redor da selecionada serão afeta-
Lembre-se que vários sons também possuem frequências não das, enquanto que um Q baixo cria curvaturas mais graduais, afe-
harmônicas que não são relacionadas à frequência fundamental. tando mais frequências e criando uma sonoridade mais suave.
O som da respiração de um vocal é um exemplo disso, é um basi-
camente um pequeno “noise” filtrado, com pouca relação com a
nota que está sendo cantada. (noise é a presença de sons que
preenchem um range de frequências sem se relacionar com a
frequência fundamental, o oposto dos harmônicos).

2 - Análise de espectro
Para entender melhor o que acontece com o som, podemos co-
meçar utilizando um analizador de espectro. Ele nos mostra visu-
almente os níveis relativos de volume em relação as frequências
que estão sendo utilizadas, deixando bem clara a relação entre os
volumes das frequências de um som.
Os harmônicos serão representados, em um analizador de espec-
tro, como picos verticais, enquanto os noises aparecerão como linhas
horizontais sem picos (em frequências muito altas, os harmônicos po-
derão estar tão próximos que podem ser confundidos com noises).
Lembre-se que a disposição das frequências não está em or-
dem linear, e sim logarítimica. O intervalo que representa a distân-
cia entre 100Hz e 1000Hz é o mesmo que entre 1000Hz e 10.000Hz,
ou seja, uma oitava em ambos os casos. Você também encontrará as shelf curves, que são curvas de cor-
O Ableton possui um analizador de espectro nativo que pode ser te. A low shelf curve afeta todas as frequências à esquerda (baixas)
encontrado sob a aba Audio Effects - Spectrum. da frequência selecionada, enquanto que a high shelf faz o contrário,
afetando todas as frequências a direita daquela selecionada.
Como na bell type, possuímos um Q, que determinará a suavi-
dade da curva.

4 - Entendendo frequências,
altura (pitch) e transientes
A partir de um sintetizador, reproduzimos uma sine wave em 3
diferentes frequências: 100Hz, 1kHz, e 10kHz.

Você pode entrar no site www.voxengo.com, procurar a aba “Free


VST/AU Plugins” e baixar gratuitamente o plugin SPAN, um
analizador de espectro mais preciso e eficiente.

3 - Bandas e Filtros
Qualquer equalizador será dividido em um número de bandas,
cada uma capaz de trabalhar com filtros diferentes. Hoje em dia,
você pode determinar o tamanho e alcance de cada banda.
As bandas de médio deverão trabalhar com um bell type filter,
para aumentar ou diminuir o volume daquela frequência em espe-
cífico. Um bell type filter é uma rampa que sobe e desce igualmen- Como as sine waves (senóides) não possuem harmônicos,
te para ambos os lados, com seu pico na frequência selecionada. equalizá-las não altera o timbre do som, e sim o volume.
O Q (ou ressonância) é a intensidade dessas rampas, ou seja, se As ondas square (quadradas) são diferentes, pois possuem di-
você selecionar um ganho de +6dB para a frequência de 1kHz, a versos harmônicos (primeira, terça, quinta, etc.).
frequência de 1kHz sofrerá um ganho de +6dB, enquanto que as Eis o sinal de uma square wave em pitch de afinação (440Hz) e
Produção Musical 20
uma oitava abaixo (220 Hz). Experimente então brincar com high e low shelfs, atenuando as
frequências mais baixas e mais altas do som.
Começe com um high pass, cortando a partir da fundamental.
Você estará retirando progressivamente a fundamental e seus har-
mônicos mais próximos. Perceba como o resultado é um som com
mais brilho. Isso se chama equalização subtrativa e, muitas vezes,
nos traz um resultado melhor para conseguir brilho do que aumen-
tando as frequências mais altas a fim de atingir esse objetivo.
Experimente também um bell com Q baixo, de 0.5, no centro do
A seguir uma imagem de um equalizador cortando o terceiro e espectro (por volta de 3kHz). Suba e desça o volume. Veja como o
quinto harmônicos. Como nossa frequência raiz é 440Hz, nosso ter- som fica mais brilhante quando com ganho e escuro quando atenuado.
ceiro harmônico é 1320 Hz (440x3) e nosso quinto é 2200Hz (440x5).
Faça diversos testes, brinque com os equalizadores cortando e 5 - Usando filtro high pass
aumentando o volume dos harmônicos a fim de ouvir e se familia-
rizar com o efeito dos harmônicos indo e vindo, e como isso afeta o
timbre em geral.

Utilizar filtros high pass em todos os canais de sua track é um


hábito que você deve desenvolver. Dessa forma, você poderá se
liberar das frequências mais graves (muitas vezes inaudíveis) que
estão sempre dispostas a embolar sua mix. Procure fica apenas com
as frequências mais importantes de cada um dos instrumentos.
Um filtro não elimina de uma só vez todas as frequências abaixo
do ponto de corte, esse corte é gradual. Uma vez que a frequência
em que irá atuar for definida, um slope, medido em db por oitava,
entra em ação. Logo, um slope 12dB irá reduzir exatamente 12dB
por oitava, progressivamente.
Qualquer elemento irá se beneficiar do espaço criado pelo hábito
de filtrar os graves que não são utilizados em nossos instrumentos.
Procure rolar com o HP (high pass) a partir de 20Hz até encontrar
um ponto de corte que seja interessante para você (que não afete
diretamente as frequências principais de seu instrumento). Muitas
vezes achamos aquele grave do synth lindo, mas se temos um baixo
Ao olhar para o analizador de espectro, vemos que à medida que para ocupar aquele espaço, pode ser necessário atenuá-lo.
o som fica mais agudo, muitos harmônicos começam a se empilhar. As frequências baixas costumam ter grande importância e ocupar
Experimente um low pass acima de 7 kHz e veja como o som muito espaço na música, elas geralmente sustentam o som. Para ter
perde o brilho. um bom peso e definição nos graves, é importante que os elementos
que foram desenhados para estar lá soem limpos e muito bem.
Quanto menos grave, mais alta poderá ser sua mix, então, sur-
preendentemente, eliminar o excesso de grave do baixo também
pode ser uma boa idéia.
Então, qualquer frequência abaixo de 30 ou 40Hz pode ser cor-
tada com segurança. Essas frequências dificilmente conseguem
ser reproduzidas por qualquer tipo de soundsystem.
Muitos filtros também possuem o Q, ou ressonância, que traz
ganho às frequências posicionadas diretamente ao lado do ponto
de corte. Um pouco de ressonância, em doses muito moderadas,
pode ser bom para o som. Abaixo uma imagem de um filtro com
alta ressonância (Q).
Produção Musical 21

problemáticas.
Frequentemente, volte do solo para ouvir o elemento em si
interagindo com os outros instrumentos da música. Tenha paciência
e esteja preparado para ajustar outros canais conforme achar ne-
cessário, a fim de criar uma dinâmica que funcione em sua música.

7 - Dicas práticas de equalização


..
Para tocar sons "pesados":
Equalização com picos de agudo e graves, com pouco médio.
A distorção não precisa estar no máximo, basta estar clara.
Trabalhe com o High Pass na square wave gerada em sala de
aula. Teste outros formatos de onda e perceba como ele funciona.
Já o low pass pode ser usado para tirar as frequências altas de
..
Para tocar sons "leves":
Respeite o timbre natural de seu instrumento.
Pesquise muito bem a ambiência necessária ao seu som.
sons que não precisam de muita definição lá em cima, tais como o
kick e o baixo (cuidado para não exagerar, isso deixará sua músi-
ca inteira soando como se estivesse abafada). Ele também pode
A procura “daquele” timbre
É muito freqüente as pessoas acharem que para timbrar um som
ser utilizado como efeito em uma mix, causando um fade in/out.
ou equipamento existe alguma receita mágica que torna possível
O notch poderá ser utilizado com muita eficiência para eliminar
atingir o mesmo som de grandes artistas (independente do estilo)
frequências específicas. Ele é muito parecido com a bell curve com
através de regulagens específicas. No entanto cada música exige
o Q alto de um equalizador, porém ele traz silêncio absoluto para
um ajuste específico para cada elemento, portanto, tenha a certe-
aquela determinada frequência, ao invés de atenuar um determi-
za de regular adequadamente os efeitos de seus timbres para che-
..
nado número de dB.
High Pass - Deixa passar as altas
gar perto do que os profissionais chegam.
A equalização é um dos processos mais importantes de uma
..Low Pass - Deixa passar as baixas
Band Pass - Deixa passar uma determinada faixa de frequências
Notch - Elimina uma determinada frequência
produção, e sua finalidade em uma música é simples: Criar um
som claro, distinto e com brilho, mas que encaixe com os demais
sons e instrumentos da música.
6 - Evitando o erro Equalização Corretiva
Lembre-se que o objetivo maior da equalização é abrir espaço
Para trabalhar na correção da equalização dos seus samples,
para outros instrumentos na mix, fazendo com que tons e timbres
tire as freqüências altas (agudos) ou tire as freqüências baixas (gra-
encaixem-se perfeitamente.
ves) ou ate mesmo as medias, e assim por diante. Dentro dos pró-
Você percebeu que ao utilizar um bell na square e subir seu volu-
prios DAWs existem as opções de equalização individual por ca-
me, o timbre pareceu mais bonito por ter maior volume nos harmôni-
nal, assim como vsts que nos permitem trabalhar dessa forma.
cos centrais. Um erro que muitos iniciantes cometem é aumentar a
presença de muitos instrumentos, pois eles soam melhor quando
tocam sozinhos. O problema é que você pode acabar com uma mix
Equalização Intencional
Você também pode utilizar a equalização intencional com a fina-
sem espaços ou clareza (tudo está exagerado e competindo para
lidade de realçar algum timbre especifico em seu sample. Desta
ser ouvido naquela faixa de frequências). Também existe a razão de
maneira você trabalhará com o realce do grave, médio ou agudo
que as frequências fundamentais ficam mais baixas, logo é mais difí-
em cima do seu som.
cil conseguir acompanhar a melodia e harmonia da música.
Então, ao invés de aumentar a presença das frequências de todos
os instrumentos em uma mesma faixa de frequências, é melhor tê-los
9. Equalizadores
Temos as equalizações Paragráficas e Paramétricas, estas mes-
bem distribuídos por todo o espectro audível. Isso trará não só espaço
mas divididas em 2, 4, 6 e 8 canais de equalização. O Ableton
e clareza para a mix, como também a fará parecer mais alta nos mo-
possui opções de equalização individual por canal, como é o caso
mentos de explosão. Tudo depende, também, do seu arranjo.
do EQ Eight, encontrado no menu Audio Effects:
No início, será muito importante a utilização de analizadores de
Porém existem VSTs que também permitem a equalização. A
espectro para se guiar na mix. Ouça em solo para procurar
empresa Waves desenvolveu ótimas opções de VSTs de equalização.
frequências chatas ou problemáticas e tente imaginar se você gos-
Um é o Q8-Paragraphic EQ: Visite o site http://www.waves.com e
taria de ouvir aquelas frequências na sua mix como um todo.
faça o download dos demos da Waves com ótimos equalizadores.
Um bom caminho é aumentar 5dB e, com um bell, andar para a
esquerda e para a direita no espectro a fim de encontrar frequências
Produção Musical 22
O equalizador gráfico Nas duas colunas da esquerda você liga ou desliga um parâmetro
Este é um exemplo de um equalizador de 10 bandas típico. com os quadrados, e seleciona qual parâmetro trabalhar clicando
nas abas numeradas.
Na linha inferior você escolhe o tipo de equalização selecionan-
do um dos gráficos, que representam, respectivamente, “High-Pass”
(corta as freqüências inferiores ao valor de frequência escolhida),
“Low-Shelf” (atenua ou realça as freqüências inferiores ao valor de
frequência escolhida), “Bell” ou “Band-Pass” (atenua ou realça as
freqüências em torno do valor de freqüência escolhida), “Notch” ou
“Reject Band” (elimina uma região de frequências), “High-Shelf”
(atenua ou realça as freqüências superiores ao valor de freqüên-
cia escolhida) e “Low-Pass” (corta as frequências superiores ao
Observe que existem tantos faders (botões deslizantes) quanto
valor de freqüência escolhida). A figura a seguir apresenta três cur-
bandas de freqüências. A escala superior indica os dB de ganho ou
vas de EQ, ao redor de uma frequência central. O parâmetro 1 está
corte aplicados (podendo ser positivo ou negativo, ou seja, aumento
cortando as freqüências inferiores (“High-Pass”), o parâmetro 2 está
ou redução). Um equalizador gráfico típico não possui nenhum tipo
realçando as frequências naquele ponto (“Band-Pass”) e o parâmetro
de controle "factor Q", normalmente este já está pré-determinado.
três está cortando as freqüências superiores (“Low-Pass”).
O equalizador paramétrico

A freqüência central está em torno dos 800Hz e o aumento de


ganho ou "Gain" (aumento ou corte) está em torno de 9dB. Estes
dois valores são selecionados nos botões existentes ao lado da caluna
numerada. O terceiro botão existente é o que define o “fator Q”.
O "fator Q" é a largura das freqüências afetadas pelo filtro e é
medido em oitavas. Um "Q" alto, oferece uma curva estreita. Um
"Q" baixo, uma curva mais suave.

Aplicação prática
Depois de toda a teoria, é essencial a compreensão de como
Para que um equalizador possa ser chamado de equalizador isto de aplica de forma prática em uma mixagem. A equalização
paramétrico, este deve possuir um fator "Q" variável e também o pode ocorrer em diversas instâncias do nosso projeto, podendo
centro de freqüências variável. ocorrer nos canais individuais, nos subgrupos e até mesmo no canal
master. Portanto o principal é saber que a equalizaçao é mais uma
Opções de equalização ferramenta que temos para lapidar cada instrumento na nossa
Como exemplo, iremos utilizar o equalizador nativo do Ableton EQ mixagem, bem como agrupamentos de instrumentos da mesma
Eight. Ele possui oito faixas de freqüências que podem ser utilizadas. família como por ex.toda a bateria, vocais, sintetizadores...
Cada uma dessas faixas pode ser programada com um tipo de Nas próximas aulas, veremos mais dicas de como trabalhar com
equalização e também com valores de freqüência, ganho e Q diferentes. os equalizadores em cada tipo de instrumento e diversas outras
aplicações práticas.
Produção Musical 23

Aula 22 Efeitos de Ambiência


..
Objetivos da aula
Reflexão e suas propriedades

.. O que é o Eco (delay)


Aplicação de ambiência como efeito de INSERT
Aplicação de ambiência como efeito de SEND

Introdução
Por que nossa voz soa "mais forte" quando cantamos no ba-
nheiro? Porque a superfície lisa e dura dos azulejos favorece bas-
tante um fenômeno chamado reflexão. A compreenssão desse fe-
nômeno acústico também foi usada para orientação espacial. Anti-
gamente, em caso de nevoeiro por exemplo, utilizavam-se de bu-
Representação de um eco
zinas para estimar a presença de obstáculos a frente, calculando o
tempo de reflexão do som da buzina. O sonar de um submarino
funciona com base no mesmo princípio. O veículo emite ultra-som,
2.2 Reverberação (reverb)
O reverb é melhor notado em ambientes fechados e menores,
e com sensores acurados que calculam a reflexão, o sonar constroi
onde a a quantidade de reflexões é muita rápida e sucessiva, con-
a imagem tridimensional do ambiente. Curiosamente, esse é o
fundindo-se com o som emitido. Podemos dizer que o reverb é a
mecânismo de orientação espacial que os morcegos utilizam igual-
sucessão de ecos de um ambiente ao ponto de misturarem-se com
mente. Entretanto, não é qualquer superfície que será capaz de
o som original.
refletir o som, o que depende de algumas variáveis, como o com-
O reverb foi um recurso que ocorre não apenas em espaços,
primento de onda comparado ao tamanho da superfície, a nature-
mas também em corpos, e o principio foi bastante aplicado na
za da própria superfície. Existem superfícies que ao invés de refle-
música. O reverb de mola (spring reverb) é um desses casos, bas-
tir, irão absorver o som que recebem.
tante aplicado em amplificadores de guitarra. O dispositivo consis-
Na produção musical é essencial conhecermos esses princípios
te em uma calha que abriga uma ou mais molas que recebem o
pois manipular as reflexões é parte fundamental no processo de
sinal de áudio. A reverberação do som na mola é devolvida ao
timbrar e ambientar os instrumentos de uma música.
sinal. O plate reverb funciona a partir do mesmo principio, porém
1. Reflexão e suas propriedades no lugar da mola existe uma placa metálica.
Hoje em dia conseguimos reproduzir esses efeitos digitalmente,
É uma propriedade física das ondas de refletir-se ao encontrar
os quais são recursos essenciais em qualquer DAW. Os efeitos de
um obstáculo. Em se tratando de ondas sonoras, duas variações
ambiência em uma mixagem são importantíssimos na distribuição
desse fenômeno são particularmente relevantes para nós: o eco
espacial dos instrumentos. Além de atribuirem cor, também infe-
(delay) e a reverberação.
rem profundidade.
2. Eco (delay) e Reverb
O delay acontece quando percebemos a reflexão como uma re-
petição do evento original, ou seja, quando a emissão do som e a
sua reflexão são percebidas como dois eventos distintos. O fenô-
meno é melhor percebido em ambientes grandes o suficiente para
que o som refletido demore tempo necessário para ser percebido
como um evento distinto do som emitido. Um exemplo clássico é o
de quando um sujeito a 300m de um obstáculo (um muro, um edi-
fício, uma montanha) emite um grito. O som emitido percorre os
300m até o obstáculo e percorre a mesma distância ao ser refleti- Exemplo de reverb
do até chegar ao ouvido do sujeito, totalizando uma distancia per-
corrida de 600m. Sabendo que o som viaja a 340 m/s no ar, o que As características das reflexões podem variar de acordo com as
ocorre é que iremos perceber uma repetição do som emitido em circunstâncias. O formato e material das superfícies, bem como as
um intervalo de 1,7 segundos, tempo necessário para que o som características do espaço podem valorizar ou absorver diferentes
percorra a distância total. Trocando em miúdos, significa dizer que regiões do espectro auditivo. Isso significa que os ambientes e os
nesse caso temos um delay de 1,7 segundos. materias atuam como filtros, atribuindo cor tonal as reflexões.
Produção Musical 24
Na simulação digital desses fenômenos acústicos, temos uma 4. Efeitos de ambiência no insert do canal
porção de controles sobre as características que compõe esse
Efeitos de insert por natureza costumam ser efeitos que inseri-
cenário, nos permitindo uma quantidade enorme de variações a
mos no canal para modificá-lo (compressores, equalizadores,
disposição.
distorções, etc). Efeitos de ambiência podem assumir diferentes
comportamentos para alterar a qualidade do som.
3. Reverb do Ableton É bastante comum usarmos reverbs de duração muito curta atu-
ando como espécie de “equalizador”. Podemos deixar uma voz ou
uma percussão com som mais brilhante ou escuro inserindo um
reverb curto no canal. No entanto, o efeito é ligeiramente diferente
de um equalizador dedicado, pois a equalização acontece aconte-
ce nas reflexões, o que discretamente atribui uma característica
natural de ambiente ao sinal original.
Veja o exemplo de um reverb curto aplicado no insert de um
. Input Processing - é um low cut ou hi cut filter que pode ser aplica-
do no sinal original antes dos processamento, podendo ser controlado
canal de vocal:

via X-Y, onde X controla a frequência central e Y o bandwith.

. Early Reflections - São os primeiros ecos que ouvimos logo que


o som é refletido pelas paredes de uma sala. Seu volume e distribui-
ção dão uma primeira impressão de como é a característica do am-
biente. O controle shape define a maior ou menor presença dessas
primeiras reflexões, bem como a transição desses para as reflexões Repare no tamanho muito pequeno da sala (size), Predelay muito
difusas posteriores. Quanto maior os valores, mais presente e curto, bastante presença de Early Reflections. Os outros parâmetros
inteligivel o sinal original. Valores mais baixos vão proporcionar um estão definindo a cor do ambiente, e dessa maneira a voz ganha
decay mais lento e suave das reflexões e um surgimento precoce do uma nova qualidade tonal, e uma sensação natural de espaço e
som difuso. O controle spin permite adicionar modulação nesse es- profundidade.
tágio da reflexão e também pode ser controlado via X-Y. Instrumentos de percussão, tons de bateria entre outras coisas

. Global Settings - o controle “Quality” define a qualidade do


processamento, tendo efeito direto na quantidade de CPU
também podem ser tratados com reverbs curtos insertados no canal.
Experimente você mesmo pesquisar esses conceitos na prática.
O efeito de delay utilizado como insert pode funcionar de manei-
consumida para a tarefa. Eco usa o mínimo de recursos do CPU, ra similar com ajustes de curta duração, entretanto, com ajustes
enquanto que “high” entrega uma qualidade mais rica possível, mais longos o delay pode assumir um comportamento rítmico atra-
pagando com mais uso de CPU. A opção “Mid” é um meio termo vés das repetições sincronizadas com o beat da música, podendo
entre as duas. O paramêtro “size” determina o tamanho do ambi- as repetições assumir diferentes valores como ou exemplo,
ente. Quanto maior a sala, maior a quantidade do som difuso, que repecições em semímimas, colcheias, tercinas e etc. As guitarras
faz uma transição suave entre delay e reverb. Do outro extremo - elétricas são as preferidas para esse tipo de aplicação.
uma sala muito pequena - ira proporcionar uma resposta bastante
colorida, um som mais metálico. O controle “Stereo Image” define Entenda os parâmetros do Delay do Ableton:
a horizonte da imagem stereo.

. Difusion Network - É a sessão de controles onde ajustamos as


características das reflexões tardias. O decay time define quanto
tempo demora até o som dissipar em um fator de 1 para 1000 (-
60dB) desde o sinal orginal. Existe um equalizador das reflexões
que determina a cor tonal das reflexões, permitindo-nos simular
características sobre os materiais do ambiente (pessoas, carpet,
azulejo, etc) Os parâmtros Echo Density e Scale são adicionais a Como podem perceber, o plugin tem controles para o canal es-
respeito da difusão do som, sua densidade e direção. Em salas querdo (L), direito(R), e para o mix dos dois (L + R). Cada canal
muito pequenas tem um grande impacto na coloração da difusão. possui um filtro com controles de frequência e bandwidth, sincronia
O controle Chorus adiciona modulação a difusão, tal qual o contro- com as figuras rítimcas (botões numerados com 1, 2, 3 … 16).
le Spin faz com as early reflections. O controle “feedback” determina a quantidade de repetições até
Produção Musical 25
o som dissipar gradualmente. Em 100% as repetissões são infini- Na indicação no canto direito inferior estão localizados os bo-
tas. O controle Pan distribui o sinal nos canais esquerdo e direito. tões S (send) e R (return) que habilitam respectivamente as vias
O equilibrio entre suas panorâmicas e volumes pode construir di- de mandada (sends) A, B e C de cada canal indicadas à esquerda,
ferentes tipos de imagem stereo, e pode ser especialmente e na direita os canais de return.
interassante quando a intenção for conseguir efeitos rítmicos. Selecionando o canal de return desejado, basta arrastar o plugin
do browser, exatamente como fazemos com os inserts.
5. Efeitos de ambiência via SEND e RETURN Nos sends dos canais, enviamos o sinal de cada canal através
A aplicação nessa situação é diferente do uso nos INSERTS, os dos knobs A, B ou C, de acordo com a nossa necessidade.
quais funcionam para alterar a qualidade do sinal. Quando usamos No exemplo acima temos um reverb dedicado a bateria no return
efeitos via SEND e RETURN, criamos um novo canal no mixer que A FX batera, um reverb no canal B Ambience abrigando as guitar-
contém o efeito, e a idéia ao invés de alterar o som do canal, é traba- ras, o teclado e o vocal. O canal C tem um delay longo que auxilia
lhar em conjunto com ele, somando ou subtraindo o efeito na mixagem. no release do reverb, recurso muito comum quando queremos
Outro conceito fundamental é que este novo canal auxiliar criado “molhar” um pouco mais a mixagem sem trazer a colaração do
está disponível para todos os canais, recurso que utilizamos frequen- reverb que pode começar a borrar o nosso som. Esse delay é um
temente para criar ambiências que abriguem muitos instrumentos da auxiliar na ambiência e pode ser usado em qualquer dos instru-
sua mixagem, como que se estivessem todos na mesma sala. mentos quando sentirmos necessidade de um pouco mais de pro-
Por essa mesma razão preferencialmente usaremos reverbs e fundidade no mesmo.
delays de duração mais longa, espaços maiores, para que pos-
sam assim abrigar e ambientar um grupo maior canais.

Veja um exemplo no Ableton:


Produção Musical 26

6. Considerações finais
. Não existe uma regra fixa ou imutável para lidar com esses con-
ceitos. O que existem são fundamentos e aplicações dos mesmos.
Experimente mecher com esses recursos e descobrir como soam
esses conceitos para o seu ouvido se familirizar com eles.

. Essa aula focou mais em reverbs e delays relacionados a ambien-


tes, entretanto, os reverbs de mola, plate reverbs e delays funcionam
sob os mesmos fundamentos. A diferença esta apenas nas proprie-
dades acústicas dos agentes de reverberação em cada dispositivo,
ou seja, a cor tonal que podemos extrair dos mesmos, sob os mes-
mos conceitos. E a boa notícia é que essas modalidades também
foram importadas ao mundo digital e estão disponíveis na nossa DAW.
Explore! Aplique nos seus vocais, snares, synths e etc. A “cereja do
bolo” pode estar em algum desses lugares.

. Cuidado! A boa mixagem exige a dose certa de cada coisa. Que-


remos que as pessoas escutem os efeitos que estamos colocando,
mas devemos tomar o cuidado de não exagerar na dose e fazer o
efeito sobrar a ponto de distrair o ouvinte da música. Normalmente
uma boa mixagem trabalha boa parte dos seus elementos com dis-
crição, e isso especialmente verdadeiro em se tratando de ambiência,
pra não colocarmos nossa música toda dentro de uma “Igreja vazia”.

. Baixos e kicks normalmente não são tratados com ambiência,


pois o espectro sub grabe tende a não responder muito bem. To-
davia, em alguns casos particulares o uso bastante discreto do
recurso pode dar a “cola” que faltava na mixagem. Experimente,
mas seja cauteloso.
Produção Musical 27

Aula 23 Tratamento de áudio


..
Objetivos
O início de tudo
A escolha dos timbres e samples
Se você perguntar para qualquer produtor musical com que ele

.. Como melhorar sua equalização


Dicas de compressão
gasta mais tempo dentro do estúdio, a resposta será unânime: Com
a escolha dos samples ou timbres. Dedique boa parte de seu tem-

. Noise reduction
Racks de tratamento de áudio
po para a escolha dos samples e loops. Tente achar samples de
boas empresas, com uma boa definição, peso e brilho para os ele-
mentos. Se você vai gravar os instrumentos, pode sair um pouco
Introdução mais caro, pois será necessário investir em bons pré-amplicadores
Na produção de qualquer tipo de música, boas ideias contam e uma interface de áudio de qualidade.
muito mas, sozinhas, não sustentam o trabalho de qualquer artis-
ta. É necessário que as músicas soem muito bem nas caixas de Preocupando-se com a mix
som de qualquer soundsystem e, para isso, produtores utilizam Organize bem seu projeto e preocupe-se com a mixagem desde o
diversos recursos a fim de trazer o polimento necessário para cada início, principalmente no que diz respeito aos níveis relativos de volu-
um dos elementos que formam a mix. me dos instrumentos e sua distribuição na imagem estéreo (pan).
O objetivo desta aula é mostrar algumas linhas gerais de como Vamos pensar um pouco. Todas as vezes que você traz um ele-
você pode trabalhar os elementos de sua música, conseguindo, mento novo para a música, seu volume se soma com os instru-
assim, um som que se aproxime mais das características que pro- mentos já presentes, causando um acréscimo de volume no canal
cura. Para isso, utilizaremos uma série de processos que você já do master. Logo, não deixar que cada instrumento passa de 0db
conhece, porém com muitas dicas de aplicação prática para você em seu canal pode não ser o suficiente para evitar que o áudio
experimentar em suas faixas. clipe (ultrapasse 0db) no master. Para evitar perda de qualidade
em sua mix, é fundamental que você trabalhe com uma boa folga
1. O início de tudo nos níveis de volume de cada um dos canais. Para fazer isso, você
O ouvido precisa construir sua música ao redor do elemento que terá maior
Como em qualquer área da produção musical, o mais importan- importância na faixa.
te é um bom ouvido. Não existem regras absolutas para realizar o É seu dever saber, desde o princípio, qual será o elemento com
tratamento de áudio de qualquer instrumento e dificilmente você o volume mais alto na mix. Nos casos da música pop ou rock, esse
irá encontrar dois produtores que utilizam os mesmos processos. elemento pode ser a guitarra ou o vocal, então é fundamental dei-
A habilidade mais importante que você precisa desenvolver para xar esse elemento com seu volume em, no máximo -4 ou -5db. Os
produzir músicas com qualidade é um ouvido refinado. Isso leva outros instrumentos irão soar mais baixo. Isso irá gerar uma dinâ-
tempo e necessita de muita análise sobre o trabalho de outros ar- mica e volumes agradáveis no master, deixando, ainda, uma so-
tistas para se conquistar. A dica aqui é sempre comparar sua mú- bra de volume que poderá ser importante para o processo de
sica, em processo de produção, com músicas de artistas que são masterização no futuro.
conhecidos pela qualidade de suas produções. No início, você pode Se você está produzindo música eletrônica, lembre-se que o kick
até trazer uma faixa de referência para dentro do projeto no Ableton é o elemento com o volume mais alto na mix. Isso implica em um
a fim de fazer comparações entre a sua faixa e sua referência (utlize sinal que deverá ser nivelado em, no máximo, -4db. Se sua música
a função solo do canal para fazer isso). Analise o peso dos ele- terá muitos elementos, o ideal é que esse valor seja ainda mais
mentos, a distribuição desses elementos entre as caixas, o arran- baixo, algo em torno de -6db.
jo, a timbragem, a maneira como tudo soa, etc. Após inúmeras
comparações, trabalhe a fim de chegar a um resultado final o mais 2. Como melhorar sua equalização
próximo possível de sua faixa de referência. Você já tem um bom entendimento sobre o que é equalização e
Aos poucos você irá aprender o que é um instrumento que soa como funcionam os equalizadores. Por isso, separamos algumas
bem ou mal. No início pode ser difícil, mas não desista. Muitas dicas práticas para aplicação em boa parte dos elementos que for-
vezes, quando estamos trabalhando em nossas primeiras faixas, mam a sua música. Essas dicas podem começar a ser exploradas
até gostamos de certas sonoridades que são consideradas de bai- por você em todos os seus projetos. Assim que um elemento novo
xa qualidade, mas isso não é o fim do mundo. Aos poucos você for inserido na música, procure já equalizá-lo a fim de melhorar
desenvolverá o feeling e o poder de percepção necessários para seu timbre e, principalmente, deixar espaço no espectro de
chegar a um resultado final com poder de absorção pelo mercado. frequências para que novos elementos possam ser inseridos sem
disputar por espaço na mix.
Separamos características gerais de cada um dos instrumentos
Produção Musical 28
separadas por faixas de frequências, ou seja, acentuando ou ate-
nuando essas frequências através de um equalizador, você terá
. 8 - 12kHz - Qualquer excesso de agudos pode ser retirado aqui.

mais ou menos dessas características. Lembre-se que cada caso Vocais


é um caso, as características aqui apresentadas podem não se Esse é um dos mais difíceis de todos. Equalizar um vocal da
aplicar em todas as situações. Lembre-se de nunca subir muito os maneira correta exige muita experiência e sensibilidade pois cada
volumes no equalizador. Remover harmônicos que não são muito caso é um caso e também depende do tipo de microfone que foi
interessantes tende a fazer com que os demais harmônicos se utilizado para captação. Teste cortar ou aumentar as frequências
sobressaiam um pouco mais. Nunca (exceto em casos muito es- próximas a 300Hz, os resultados podem ser variados mas essa
pecíficos) ultrapasse 4db de ganho em uma banda de frequências. costuma ser uma zona importante. Teste acentuar (bem pouco) a

Kick ..
região dos 6kHz para mais clareza.
100 - 250Hz - Traz o vocal mais para frente na mix.
A sensação de som abafado pode ser diminuída atenuando as
frequências próximas a 300hz. Tente acentuar um pouco a região ..250 - 800Hz - Sensação de abafamento.
1 - 6kHz - Traz presença.

.
entre 5kHz e 7kHz para trazer um pouco de definição e brilho.
50-100 Hz - Traz mais “chão” para o som. Um pouco de peso .6 - 8kHz - Clareza.
8 - 12kHz - Brilho.

.nos graves
100-250 Hz - Deixa o som mais “redondo”. Traz um pouco Piano

..
mais de presença. A sensação de abafamento pode ser reduzida atenuando
250-800 HZ - Zona de abafamento. Atenuação por aqui é boa ideia. frequências próximas a 300Hz. Traga mais clareza ao redor de

. 5-8kHz - Traz definição e brilho.


8-12kHz - Excesso de agudos.
6kHz (pouco ganho). Tome cuidado, o piano nem sempre deverá
ocupar espaço nos graves de uma música. Você deverá saber qual

Snare (caixa) ..
é a sua função na música.
50 - 100 Hz - Traz um pouco mais de “chão”.
Se o som de sua caixa estiver pouco definido e sem graça, tente
acentuar as frequências entre 60 e 120Hz. Tente acentuar a re- ..100 - 250 Hz - Presença na mix.
250 Hz - 1 kHz - Zona de abafamento.

..
gião próxima dos 6 kHz para mais presença.
100-250Hz - Traz mais peso para o som.
6-8kHz - Traz presença.
..
1 - 6 kHz - Traz presença.
6 - 8 kHz - Clareza.
8 - 12 kHz - Excesso de agudos pode ser retirado aqui.

Hi hats (pratos) Guitarra


Qualquer sensação de abafamento pode ser retirada através da Esse instrumento dependo muito da função que ele assumirá
atenuação próxima aos 300Hz. Experimente trazer mais brilho acen- em sua música e também de como foi feita a captação. A região

.
tuando um pouco a região dos 3kHz.
250 - 800Hz - Área de abafamento. Experimente atenuar es-
dos 300Hz é bem importante e poderá ser acentuada ou atenuada
dependendo da música. Subindo as frequências próximas de 3kHz

..
sas frequências.
1 - 6kHz - Traz presença.
você poderá trazer o instrumento mais para frente na mix e vice-
versa. Teste acentuar próximo à 6kHz para adicionar presença e

.6 - 8kHz - Mais clareza para o som.


8 - 12kHz - Brilho do som. .. em 10kHz para adicionar brilho.
100 - 250 Hz - Traz corpo.

Baixo .. 250 - 800 Hz - Área de abafamento


1 - 6 kHz - Traz para frente na mix.
Traga mais corpo para o som aumentando um pouco a região
dos 60Hz. A sensação de abafamento pode ser retirada na região
dos 300Hz. Se você precisa de mais presença, experimente trazer
. 6 - 8 kHz - Adiciona clareza.
8 - 12 kHz - Excesso de agudos pode ser retirado aqui.

..
um pouco mais para cima a região dos 6kHz.
50 - 100Hz - Traz peso e corpo.
Strings (instrumentos de cordas - violino, cello, etc)
Depende muito dos instrumentos e sua função na mix. Seguem

.
co mais de presença. ..
100 - 250Hz - Deixa o som mais “redondo”. Também um pou- algumas linhas gerais.
50 - 100Hz - Presença nos graves.

.
250 - 800Hz - Zona de “abafamento”. Experimente atenuar
um pouco nessa área. .. 100 - 250Hz - Corpo.
250 - 800Hz - Área de abafamento.

.
800 - 1kHz - Faz com que o baixo apareça em caixas peque-
nas, como as de um computador, telefone ou televisão.
6 - 8kHz - Traz definição para os agudos, também um pouco de presença.
.. 1 - 6kHz - Deixa o som mais “arenoso”.
6 - 8kHz - Adiciona clareza
8 - 12kHz - Brilho.
Produção Musical 29
Violão cos, fazendo com que os elementos interajam melhor entre si.
Qualquer sensação de abafamento pode ser retirada entre 100 - Cuidado para não exagerar nos níveis de compressão nos gru-
300Hz. Teste alguns cortes entre 1 - 3 kHz. Teste acentuar próxi- pos, faça tudo com muita calma e analise bem o que você está
mo a 5kHz para trazer presença. fazendo. Níveis de compressão muito altos nos grupos podem fa-
zer com que você perca a dinâmica que foi construída entre os
Synths e efeitos níveis de volume desses elementos.
Esses elementos não possuem linhas gerais pois variam muito Uma prática muito comum para a compressão de grupos é a
sua função de música para música. O importante é definir sua área utilização de compressores multi-banda. Através deles você pode
de atuação na mix e tentar atenuar as frequências que não apare- diminuir a dinâmica dos graves, por exemplo, sem afetar a dinâmi-
cem tanto quando tocadas com os demais instrumentos da músi- ca das demais frequências. Isso pode ser interessante para utilizar
ca. High pass em todos os canais é fundamental. na percussão, nos baixos e, até mesmo, nos synths, Trazendo mais
corpo e presença para os graves e mantendo o movimento nos
3. Dicas de compressão médios e agudos, por exemplo.
Quando trabalhamos com compressão, afetamos diretamente o
sinal de áudio e sua dinâmica. Durante a realização deste proces- Compressão e distorção paralela no baixo
so em um ambiente analógico, contamos com a adição de textura Seu baixo nunca soa nas caixinhas do computador ou em caixas
ao som através do processamento do áudio dentro de circuitos pequenas? Existe uma maneira de tentar resolver esse problema.
eletrônicos alimentados por uma fonte. Normalmente esse proces- 1 - Abra uma compressão paralela (via canal de retorno, dupli-
so traz para o som um riqueza e textura muito especiais. cando o canal ou através do rack de efeitos).
Compressores analógicos custam caro e podem ser difíceis de ser 2 - Filtre o sinal que está entrando para deixar passar apenas as
adquiridos logo no início de seu processo de produção. Por isso é fun- frequências próximas de 300Hz (entre 250 e 400 está OK).
damental que você procure alternativas para fazer seu áudio soar tão 3 - Com o sinal filtrado, faça uma compressão bem exagerada
bem (vindo de um ambiente 100% virtual) quanto o áudio processado nessas frequências.
em equipamentos analógicos em um estúdio profissional. 4 - Agora nivele os volumes do canal que está sendo utilizado
Para que isso aconteça, é importante saber que cada compres- em paralelo (cuidado para não exagerar).
sor virtual possui uma “assinatura”, uma textura que é adicionada 5 - Observe o resultado. Se não lhe agradar, experimente trocar
ao som através do processamento de algorítmos durante o a compressão por distorção e veja o que acontece.
processamento digital do áudio.
A melhor maneira de se conseguir um som mais rico é através da 4. Noise reduction
utilização de diversos compressores de marcar diferentes. Procure Sabe aquele sample que caíria muito bem em sua track mas,
expandir seu banco de plugins VST para realizar essa tarefa com por algum motivo, há algum ruído que você gostaria de retirar?
sucesso. O processo é bem simples, vamos ver como funciona. Pode ser o barulho do ambiente onde o som foi captado ou alguma
Em primeiro lugar, não iremos utilizar o make up gain de qual- sobra de frequências indesejáveis. Normalmente isso acontecerá
quer compressor. Com seu primeiro compressor (pode ser aquele quando você for gravar algum instrumento e se deparar com uma
que você usa com maior frequência) determine o nível de com- gravação que captou algo na sala como um ar condicionado ou,
pressão que você quer atingir. Feito isso, observe o valor de gain ainda, o som do próprio ambiente em uma captação externa.
reduction (GR), ou seja, a quantidade de sinal que está sendo com- Pois então, existe uma maneira de “limpar” esse material e ela
primida. Faça uma anotação mental desse valor. se chama noise reduction. Utilizaremos o plugin X-Noise da Waves
Se nosso gain reduction foi de 6db, por exemplo, iremos distribuir para entender como isso funciona.
essa redução de ganho entre 3 compressores diferentes, cada um
comprimindo 2db. Ao final da cadeia de compressão, ao invés de utilizar
o make up gain ou o output dos compressores, adicionaremos um limiter
para compensar os 6db atenuados no processo. Dessa maneira estare-
mos utilizando a “assinatura” de 4 dispositivos ao invés de apenas um.
Lembre-se de utilizar parâmetros de ratio, attack e release pare-
cidos em todos os compressores. Esse processo, por si só, já trará
uma riqueza muito maior para o som.

Comprimindo em grupos
Adquira o costume de agrupar os elementos de um mesmo gru-
po (percussão, bass, synths, vocais, efeitos, etc.) e comprimí-los
no buss ou grupo. Isso trará uma “cola” especial para esses blo-
Produção Musical 30
O X-noise trabalha sobre a análise de frequências para detectar e deste plugin.
eliminar sons que não queremos em nossa mix mas que podem es- Clicando no botão difference você poderá isolar o som que está
tar no ambiente. É um dispositivo de processamento em tempo real, sendo removido. Isso serve para você poder identificar qualquer
ou seja, você poderá ouvir os resultados do processo imediatamen- exagero na redução de ruído pois, quando ouvindo esse sinal, você
te, conforme estiver trabalhando com a manipulação do sinal. deverá evitar que ele contenha som do instrumento que você de-
Para nosso exemplo, utilizaremos a captação do microfone de seja manter.
um notebook comum. Ela é a gravação de uma caixa (snare drum) O attack determina o intervalo de tempo entre a primeira detecção
porém há o ruído de uma TV fora do ar no ambiente. Esse é um do ruído até o ponto em que o mesmo será totalmente reduzido. O
exemplo extremo mas que pode ser muito parecido com inúmeras release faz o contrário, determina o tempo que o plugin levará para
aplicações práticas (principalmente se você está fazendo takes de parar a redução de ruído após ela ter atingido seu nível máximo.
instrumentos microfonados em um ambiente com pouco ou ne- Utilize esses parâmetros com cautela. Instrumentos com notas
nhum isolamento acústico). muito curtas podem exigir valores menores de attack e release e
Basicamente, o que faremos é dizer para o software qual é a vice-versa.
frequência que gostaríamos de atenuar trabalhando com alguns Os controles de high shelf não são um equalizador como pare-
controles simples. Para isso, daremos o play em um trecho da gra- cem, mas afetam diretamente o threshold nas frequências mais
vação que possua apenas o ruído que desejamos eliminar. En- altas. Isso pode ser utilizado para remover com maior ou menor
quanto este ruído estiver tocando, clicamos no botão Learn e, an- intensidade estas frequências. Ajustando o ganho você define se a
tes do instrumento começar a soar, clicamos novamente para fi- atenuação será maior ou menor a partir da frequência estipulada
carmos apenas com o perfil do ruído. Isso acontecerá, geralmen- no controle freq.
te, no início ou final da gravação, em alguns casos até mesmo no Os controles resolution determinam a qualidade final do
break de uma música. processamento. em High, você tem a melhor qualidade, porém,
Learn: fará com que o plugin identifique o ruído e suas frequências. também uma utilização maior de seu CPU.
O X-Noise chama isso de profile, ou seja, o perfil do ruído e suas
características. Isso é o que fará a distinção entre o ruído e o sinal 5 - Racks de tratamento de áudio
de áudio. Se combinados, os efeitos de equalização e compressão podem
A linha branca gerada no gráfico é a delineação do perfil do ruí- fazer uma diferença incrível na qualidade de suas músicas. A par-
do (profile). tir da utilização dos conceitos aprendidos na aula de hoje, come-
çaremos a criar nossos racks de tratamento de áudio.
Esses racks consistem simplesmente da sucessão de
equalizadores, compressores e um limiter no final. Eles irão servir
para começar a dar um toque mais polido para os elementos que
irão formar seu arranjo e, consequentemente, sua mix.
Lembre-se que o mais importante é afinar o ouvido e utilizar os
processos (principalmente de equalização e compressão) de manei-
ra consciente, ou seja, sabendo a qual resultado você quer chegar.
No início, você poderá seguir o seguinte esquema para se guiar
durante suas primeiras experimentações:

Tenha certeza de que não existe atenuação de ruído enquanto o


learn estiver ativado (threshold e reduction em 0). Após ter dito
para o plugin qual é a frequência que você deseja atenuar, pode- Recomendamos a utilização de plugins VST para a realização
mos manipular o threshold e o reduction, eles irão funcionar como desse processo, procure os plugins da empresa Waves. Eles fa-
o threshold e o ratio de um compressor e servem exatamente para zem um bom trabalho e são amplamente utilizados em estúdios do
eliminar o noise do ambiente. mundo inteiro.
O threshold representa o nível o perfil de ruído, e o sinal abaixo Lembre-se de testar diferentes maneiras de tratar o som. De-
desse nível é removido, enquanto o que fica acima continua pendendo do tipo de elemento que você está trabalhando, poderá
inalterado. Reduction se refere ao nível de sinal retirado abaixo do ser interessante utilizar outras configurações que podem incluir
valor do threshold. gates, compressores ou limiters multibanda, etc.
Experimente começar com o threshold em 20 db e o reduction É muito importante que você utilize um equalizador no início da
em 75% para começar seus experimentos e, como sempre, de cadeia de tratamento de áudio de um instrumento ou grupo de ins-
utilizar seus ouvidos com muito cuidado para ajustar os parâmetros trumentos pois, dessa forma, você terá a oportunidade de compri-
Produção Musical 31
mir o sinal do áudio já equalizado e não corre o risco de dar mais
corpo ou presença para as frequências indesejadas do instrumen-
to (ou grupo).
Utilize mais de um compressor a fim de misturar a “assinatura”
de cada um deles, trazendo uma textura diferenciada para o som.
Após comprimir o sinal, poderá ser necessário um novo
equalizador para corrigir qualquer frequência indesejável que te-
nha sido acentuada durante o processo de compressão. Utilize as
dicas dadas anteriormente para trabalhar com os equalizadores.
O limiter vem no final da cadeia e servirá de alternativa ao uso
do make up gain dos compressores (lembre-se de deixá-los desli-
gados). Movimente o threshold até atingir o volume desejado, que
poderá ser o nível de sinal original no início do rack (volume de
input no primeiro EQ).
Agrupe os dispositivos (ctrl ou cmd + G). Agora é possível desligar
e ligar o rack a fim de comparar o sinal processado com o sinal não
processado do som. Teste fazer isso com o canal em solo e também
ouvindo a mix inteira, tente perceber se o que você está fazendo
está trazendo um resultado satisfatório. Procure chegar a elementos
bem definidos, que não estejam disputando por espaço na mix.
O segredo aqui é a experimentação e o processo de tentativa e
erro. Certamente você desenvolverá seus próprios truques e téc-
nicas, sabendo o que funciona para você em cada situação.
Produção Musical 32

Aula 24 Timbragem
..
Objetivos
O que é timbragem
co de samples facilmente encontrado na internet.
Lembre-se de escolher timbres provenientes de samples com

.. Layering de instrumentos
Distorção
muito cuidado. Busque instrumentos que combinem entre si e es-
tejam com boa qualidade de gravação. Uma vez que você tenha

. Stereo enhancers
Dicas para experimentação
encontrado seus preferidos, salve-os na biblioteca do Ableton para
utilização no futuro.

Introdução 2. Layering de instrumentos


Uma das qualidades mais interessantes para um produtor é a de Uma boa maneira de melhorar seus timbres é trabalhando com
deixar sua digital nas músicas em que produz, ou seja, deixar seu múltiplas camadas de instrumentos. Sobrepor diversos instrumen-
trabalho característico o suficiente para que qualquer pessoa, ao tos que tocam as mesmas notas é uma técnica muito antiga, que é
ouvir uma nova música, já saiba quem a fez. utilizada por orquestras há centenas de anos. Isso encorpa mais o
Existem diversas maneira de chegar a esse resultado. Muitos som e traz ao ouvinte a sensação de que um novo e diferente ins-
possuem um padrão de arranjos bem característico, outros são trumento está tocando, algo com timbre único.
conhecidos pela temática das letras de suas músicas, pela manei-
ra de processar seus efeitos e, muitos outros, tem seus timbres Sabe aquele pad que ficou magrinho em sua track? Experi-
pessoais e caracterísiticos. mente o seguinte:
Na aula de hoje, iremos estudar algumas maneiras de deixar Clique sobre o instrumento e pressione ctrl ou cmd + g. Isso irá
nosso som mais polido através do processo de timbragem de ins- criar um Instrument Rack. Agora clique no botão que nos mostra
trumentos. Novamente, não existem regras. Quando o assunto é as chains do rack.
timbragem, você pode ser criativo e experimentar as soluções mais
malucas que imaginar.

1. O que é timbragem?
O timbre é a característica do som que nos permite distinguir a
origem de sons parecidos em sua frequência, volume e duração.
O lá central do piano, por exemplo, situa-se em 440hz. A mesma
frequência poderá ser tocada em um violino, flauta ou xilofone e,
mesmo assim, conseguimos distinguir a fonte sonora da nota que
está tocando. Isso é o timbre e somos programados para distinguir
esses timbres desde muito pequenos.
Estudos apontam que conseguimos ouvir e distinguir a voz de nos- A partir daí, você pode jogar novos instrumentos na área circula-
sos pais mesmo antes de nascermos, ainda no útero da mãe. Atra- da abaixo. Isso fará com que os novos instrumentos sejam dispa-
vés dessa habilidade é que conseguimos saber quem está falando rados pelas mesmas notas MIDI, criando novas camadas para
ao telefone ou quais são os instrumentos presentes em uma música. compor o timbre daquele determinado instrumento.
Pense em um baterista, ele regula a timbragem de seu instrumen-
tos esticando ou laceando as peles de sua bateria. Instrumentos li-
gados em amplificadores terão uma flexibilidade muito maior para
achar a timbragem desejada. Cada marca e, às vezes, cada modelo
de amplificadores, microfones, pedais de efeito têm um padrão dife-
rente de timbragem. Instrumentos virtuais e sintetizadores possuem
infinitas possibilidades de timbragem.
Você poderá trabalhar de duas maneiras: gerando o som atra-
vés de sintetizadores ou processando o som através de efeitos. Utilize pelo menos 3 camadas, de preferência cada uma com um
Experimente muito os conceitos vistos nas aulas de síntese, hoje pad de sintetizadores diferentes. Uma delas será a principal e deve
iremos focar em como processar o sinal de áudio a fim de conse- ficar centralizada no pan (C), as outras duas serão um pouco mais
guir um resultado satisfatório em nossas músicas, sons que pos- atmosféricas e ficarão cada uma deslocada para um lado na imagem
sam ser característicos de nossas produções e que outros terão estéreo (utilize valores intermediários como na figura a seguir).
que suar muito para copiá-los, já que eles não estarão em um ban-
Produção Musical 33
1 - Insira o Simple Delay do ableton no canal dos hats.
2 - Deslique o sync de ambos os delays (L e R)
3 - Encontre valores alternados para o lado L e R, mas que fi-
quem abaixo de 30ms.

Muitas vezes, esse processo fará


com que seus hats soem mais na-
turais e com uma textura um pouco
melhor. Tente nivelar a quantidade
de efeito através do controle de dry/
wet e experimentar o que acontece
com diferentes níveis de feedback.
Utilize valores diferentes de attack e release para cada uma das
camadas a fim de trazer mais naturalidade para o som.
É seu dever saber qual dos instrumentos possui melhor defini-
ção nos graves, médios e agudos. Isso servirá para equalizar o
4 - Insira o GTR Stomp 2 da Waves (após o delay).
som, pois cada uma das camadas deverá ter uma faixa de
5 - Carregue um dos efeitos de distorção no primeiro slot para
frequências para atuar. Normalmente a camada que está centrali-
pedal (distortion/fuzz/overdrive). Obs: Você pode utilizar o
zada na mix terá os graves inalterados, enquanto as camadas da
saturator do Ableton para fazer isso.
esquerda e direita terão os médios e agudos originais. Você pode
utilizar o próprio EQ Three do Ableton para fazer esse processo.
Baixe o médio e agudo (algo que não ultrapasse 6db) da cama-
da central, baixe o grave e médio da camada que tem os agudos
mais bonitos e o grave e agudo da camada com a melhor definição
dos médios.
Depois disso, fora do rack, comprima o sinal das 3 camadas jun-
tas. Isso fará com que eles se fundam por completo, dando a sensa-
ção de ser apenas um único pad. Pronto, agora você tem um som
seu, único, que dificilmente será encontrado em outras músicas.

3. Distorção
Distorção é um efeito que traz ao som uma textura “quente” e
“suja”. Esse tipo de efeito é muito utilizado no rock e pode ser pro-
duzido por amplificadores específicos e processadores de efeitos
como pedais de guitarra e inúmeros plugins VST.
Se utilizada de maneira consciente, a distorção pode trazer aquele
corpo que seu som precisa. Experimente processar os timbres da
sua música através da utilização de um plugin de distorção (o 6 - Através do botão drive, nivele o nível de distorção e do botão
ableton possui alguns como o Saturator). Se você não gostar, ex- tone, ajuste até chegar ao brilho desejado.
perimente fazer isso em paralelo. 7 - Insira um filtro HP e elimine o excesso dos graves (experi-
Uma aplicação bem prática e funcional é a distorção de guitar- mente diferentes valores de ressonância).
ras, leads e pads, trazendo uma cara muito mais evoluída para o Deixe um dispositivo de distroção em um de seus canais de return
som. As vezes é só utilizar um pouco de distorção no grupo que e lembre-se de sempre testar para ver se seus timbres ficariam bem
sua mix muda de cara imediatamente. com um pouco de distorção em paralelo. Você regula o nível de
Experimente utilizar o pacote GTR da Waves em seus timbres. processamento paralelo através dos controles de send para esses
Ele foi desenhado para trabalhar especialmente com guitarras e canais de return. Mas lembre-se, não encha sua música de distorção,
possui diversos amplificadores e pedais de efeitos. Se utilizados escolha alguns elementos importantes para processar dessa manei-
em outros timbres, o resultado costuma ser bem interessante, até ra. Limiters também podem ser utilizados para processar o áudio em
mesmo para camadas de vocais. paralelo, você pode experimentar a utilização de um limiter com
Uma aplicação super simples e com um resultado bem interes- threshold bem baixo, a fim de saturar o som. Quando você pensa em
sante é o processamentos dos hats através de delay e distorção. timbrar seus elementos, experimentação é a chave.
Produção Musical 34

4. Stereo enhancers em grupos de instrumentos sem afetar elementos mono que se


Stereo enhancers são compressores desenhados para distribuir dispõem no centro do panorama. Isso permite manipular o estéreo
o som de diversas maneiras no pan (balanço) das caixas. Eles sem afetar tais instrumentos. Isso é muito útil para ser utilizado em
podem fazer com que seus instrumentos soem com melhor pro- suas posteriores masterizações. Ele, junto com o rotation, podem
fundidade e melhor distribuídos no ambiente. ser interessantes para o empilha-mento de camadas de sons ou
Para título de exemplo, utilizaremos o S1 Imager da Waves, pois efeitos em nossas músicas. Experimente utilizar este tipo de plugin
sua interface é muito intuitiva. Existem diversos stereo enhancers na maioria dos canais ou grupos de sua música para enriquecer a
no mercado, experimente quantos achar necessário e encontre distribuição dos elementos no ambiente.
um que satisfaça suas necessidades. 5. Dicas para experimentação
Racks de efeitos
Da mesma maneira que trabalhamos com layers de intrumentos,
podemos trabalhar com layers de efeitos. Podemos processar um
som em diversas camadas a fim de chegar à textura ou aos pa-
drões de modulação que procuramos para nossa música. Experi-
mente trabalhar com diferentes camadas de distorção, reverbs,
multi-filtros como os FabFilters, etc. Cuidado com os níveis de vo-
lume dessas camadas, evite deixar todas em um nível muito alto.
O timbre que você quer chegar pode depender muito dos níveis
relativos de volumes entre essas camadas.

Multi-filtros
No S1 Imager, nos concentraremos na manipulação de 3 parâmetros

.
principais: Width, Asymmetry e rotation.
Width: Controla a amplitude estéreo do som. Esse parâmetro
está diretamente relacionado com nossa percepção de profundi-
dade do som no ambiente. Teste diversos valores diferentes, cui-
dado para não deixar tudo extremamente aberto pois, quando você
distribui o som no estéreo da música, os elementos tendem a per-
der um pouco de seu peso. Uma dica para a manipulação do width
é imaginar que o ponto onde situa-se a marcação de -24dB seja a
cabine do DJ e o PA. A sua frente, o público e a pista. O gráfico
representará para onde você deseja que o som vá, como quer que
ele se distribua no espaço. Experimente abrir mais os elementos
de ambientação, efeitos, pads, etc. As vezes, kicks e hats também
podem soar bem se processados através de um stereo enhancer.

Procure conhecer plugins como os da linha FabFilter (Pro-Q e


Volcano). Eles consistem da sucessão de diversos filtros diferentes,
cada um com valores de ressonância diferente, além de inúmeros tipos
de modulação diferentes. Esse tipo de processamento é incrivelmente
eficaz quando procuramos algo diferente para nossas faixas, além de
permitir uma vasta quantidade de opções para automações.

Reverbs
Os reverbs são fundamentais para a construção de nossas mú-
sicas. Experimente utilizar pelo menos 3, um em cada canal de
return. Cada um desses reverbs exigirá um certo tempo de estudo
sobre como manipular seus parâmetros. Procure deixar cada um
deles com um valor diferente de decay time e não esqueça de

. Rotation: Controle que serve para jogar o som de um lado para


manipular a equalização interna desses efeitos. Geralmente ate-
nuar os agudos é uma boa opção. Reverbs do tipo Plate costu-

.
o outro no pan com a profundidade previamente definida pelo Width.
Assymmetry: Serve para distribuir o som de maneia assimétrica
no pan. Este controle é muito interessante pois pode ser utilizado
mam funcionar bem para os elementos de bateria. Nunca esqueça
de navegar pelos presets dos efeitos, além de sempre salvar seus
próprios sempre que chegar a um bom resultado.

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